Tese - Políticas e Práticas de Gestão de Pessoas
Tese - Políticas e Práticas de Gestão de Pessoas
Tese - Políticas e Práticas de Gestão de Pessoas
Florianópolis,
2018
2
4
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ...................................................................... 15
2 INTRODUÇÃO ........................................................................... 17
3 ASPECTOS TEÓRICOS ............................................................ 27
3.1 O CONCEITO DE FELICIDADE ........................................ 27
3.2 GESTÃO DE PESSOAS ....................................................... 31
3.3 GESTÃO DE PESSOAS E CONSTRUÇÃO DA
FELICIDADE ................................................................................... 33
3.4 ASPECTOS EPISTEMOLÓGICOS ..................................... 38
4 ESTRUTURA METODOLÓGICA DA TESE ......................... 43
4.1 OBJETIVO GERAL ............................................................. 43
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................ 43
4.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ..................................... 43
4.4 OS ARTIGOS DA TESE ...................................................... 44
4.5 ASPECTOS ÉTICOS ............................................................ 45
4.6 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO – A ESCOLHA DA
ORGANIZAÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS .......................... 45
4.7 PARTICIPANTES, INSTRUMENTOS E
PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ............................. 48
4.8 A ANÁLISE DOS DADOS EMPÍRICOS ............................ 50
4.8.1 Análise documental ..................................................... 50
4.8.2 Estudo empírico quantitativo descritivo e qualitativo
– Questionários ............................................................................ 51
4.8.3 Estudo empírico qualitativo – Entrevistas ................ 51
4.8.4 Estudo apresentando a triangulação dos dados ........ 52
5 OS ESTUDOS DA TESE ............................................................ 55
5.1 ESTUDO 1 – FELICIDADE NO TRABALHO E GESTÃO
DE PESSOAS: UMA REVISÃO ...................................................... 57
5.2 ESTUDO 2 - A PERCEPÇÃO DE TRABALHADORES
ACERCA DA SUA FELICIDADE E DA CONTRIBUIÇÃO DAS
PRÁTICAS DE GESTÃO DE PESSOAS ...................................... 109
5.3 ESTUDO 3 – POLÍTICAS E PRÁTICAS DE GESTÃO DE
PESSOAS E FELICIDADE NO TRABALHO – ESTUDO DE CASO
EM UMA ORGANIZAÇÃO EM PROCESSO DE MUDANÇA .. 165
14
APRESENTAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
não são seres isolados, de modo que eles interagem uns com os outros e
estão envoltos em um contexto organizacional complexo, que também
está inserido e mantém relações com um meio externo. Além disso,
Salanova e Llorens (2016) salientam que, embora o trabalho seja uma
parte importante da vida das pessoas, não é a única, ou seja, o
trabalhador precisa ser considerado como pessoa integral e inserido em
outros grupos.
Por meio dessas reflexões, é possível perceber que criar e
promover ações e estratégias orientadas para a felicidade é um desafio
complexo, que envolve diversos fatores, como já apontam Silva e Tolfo
(2012) e já mencionado aqui. Tal desafio, relaciona-se tanto com
aspectos materiais quanto imateriais. Os materiais estariam relacionados
a fatores como remuneração justa e adequada, instrumentos e materiais
para a realização do trabalho, e carga de trabalho. Ademais, os aspectos
imateriais referem-se a fatores como reconhecimento pelo esforço e pelo
trabalho realizado, possibilidades de crescimento pessoal e profissional,
bom relacionamento com os colegas e com a chefia, sentido do trabalho
e autonomia.
Outro aspecto que pode contribuir para a felicidade no contexto
laboral diz respeito a participação e o envolvimento dos trabalhadores.
Assim, o compartilhamento de valores pessoais e organizacionais, bem
como da missão e da visão organizacional, possibilita que as pessoas se
identifiquem e se comprometam mais com a organização em que
trabalham (Zanelli & Silva, 2008, Sousa & Porto, 2015). Além disso,
ações organizacionais referentes à responsabilidade social também
podem propiciar propósito e significado ao trabalho realizado (Aaker,
Rudd & Mogilner, 2011). Desse modo, ao perceber a relevância do
trabalho realizado e a congruência entre objetivos pessoais e
organizacionais, o trabalhador pode experimentar mais sentimentos
positivos em relação ao seu trabalho e à sua organização. Nesse sentido,
de acordo com estudo recente realizado por Sousa e Porto (2015), a
confluência entre valores pessoais e organizacionais afeta positivamente
a felicidade no trabalho.
Ademais, ressalta-se que as políticas e práticas de gestão de
pessoas devem contribuir para que os trabalhadores busquem maior
realização pessoal e profissional (Fiuza, 2010). Ainda em relação a isso,
Fiuza (2010) afirma que essa contribuição deveria ser objetivo
importante de uma organização, uma vez que as pessoas têm,
atualmente, um papel estratégico e relevante nas organizações. Para a
autora, a gestão de pessoas deve ser sustentada por teorias consistentes e
25
2 ASPECTOS TEÓRICOS
3
A dimensão pessoal foi acrescentada recentemente na definição, de modo
que não foi contemplada ainda pela parte empírica deste trabalho. Futuros
estudos, que já estão em construção, como o projeto de “Felicidade no
Trabalho” desenvolvido pelo LAPPOT, utilizarão também a dimensão
pessoal nas coletas de dados e análises.
31
pessoas deveria ter o papel de suporte, e enfatiza-se que essa área tem
um papel fundamental para a estratégia organizacional.
Os novos modelos de gestão de pessoas contribuem, portanto,
para a reflexão e a promoção de bem-estar, qualidade de vida e
felicidade no trabalho, pois passam a considerar os trabalhadores como
pessoas, com seus aspectos psíquicos e diferenças individuais, que
podem proporcionar também benefícios às organizações. Dessa forma,
os trabalhadores deixam de ser vistos como apenas um recurso a ser
utilizado e controlado por meio das políticas organizacionais e das
decisões das chefias (Fiuza, 2010). Assim, aspectos como autonomia do
trabalhador, reconhecimento, justiça organizacional, boas relações
interpessoais e participação nas tomadas de decisão passam a ser
discutidos e considerados, pois podem contribuir para a construção da
felicidade no trabalho.
Vale ressaltar que os termos políticas e práticas, embora muito
relacionados, não são sinônimos. O termo políticas refere-se ao
estabelecimento de um “tom geral”, em que determinadas práticas são
construídas e trabalhadas conjuntamente, visando o alcance de objetivos
específicos (Fiuza, 2010). Já o termo práticas diz respeito ao conjunto
de práticas ou atividades inseridas nas políticas, incluindo-se o
entendimento de hábito, rotina, ação (Demo, & Nunes, 2012). Assim,
por exemplo, “uma política de treinamento e desenvolvimento pode
concernir práticas de treinamento para o trabalho, de desenvolvimento
de carreira, de incentivo à formação, entre outras” (Fiuza, 2010, p. 65).
Ainda de acordo com Fiuza (2010), as políticas operacionalizam-
se por meio das práticas. Assim, as políticas são consideradas definições
constitutivas, em que, tipicamente, os conceitos são definidos em termos
de outros conceitos. As práticas, por outro lado, são definições
operacionais, que são componentes das políticas, e devem ser definidas
em termos de operações concretas e comportamentos físicos (Fiuza,
2010). As práticas, portanto, expressam e traduzem as políticas
definidas, dando concretude ao discurso. Assim, políticas que prezem
pelo incentivo da criatividade, por exemplo, podem orientar práticas
como a disponibilidade de um tempo livre no trabalho para que as
pessoas se dediquem a iniciativas próprias, ao desenvolvimento de
projetos e inovações. Os casos das empresas 3M e Atlassian,
apresentados por Teixeira (2012), representam essa operacionalização,
de modo que essas empresas têm criado períodos de ócio criativo, com o
intuito de estimular a criatividade dos trabalhadores. A seguir, será
discutido o papel da gestão de pessoas frente a construção da felicidade.
33
5
GlassDoor e Love Mondays são sites em que trabalhadores avaliam
anonimamente a empresa em que trabalham ou já trabalharam.
47
6
Dentre eles, haviam cerca de dez trabalhadores exclusivamente remotos
(home office), inclusive um dos sócios, que entrou na organização em 2015,
ano que ocorreu a redução de pessoal.
48
8
Variando de “1 – Discordo totalmente” até “5 – Concordo totalmente”.
9
Como este trabalhador reside em outro estado, a entrevista foi por recurso
online de áudio e vídeo.
10
No final do questionário, perguntava-se se a pessoa estaria disponível
para conceder entrevista a respeito do tema pesquisado.
50
11
Participaram desses testes piloto duas pessoas que trabalhavam em
organizações semelhantes à pesquisada.
12
Site da GlassDoor: https://www.glassdoor.com/index.htm.
13
Recentemente (setembro de 2016), o Love Mondays foi comprado pelo
GlassDoor. Ver reportagem de: SAMOLÃO, Karin. Glassdoor compra
Love Mondays, site de avaliação de empresas. In: Revista Exame. 08 set.,
2016. Disponível: https://exame.abril.com.br/negocios/glassdoor-compra-
love-mondays-site-de-avaliacao-de-empresas/#.
51
4 OS ESTUDOS DA TESE
Estudo 1: Felicidade no
trabalho e gestão de
pessoas: Uma revisão
Cristiane Budde
Narbal Silva
14
Artigo submetido a uma revista Qualis A2.
58
Introdução
Método
Resultados e discussão
Artigos relacionados
Palavras-chave Resultados ao tema (excluindo
também repetições)
“Gestão de pessoas”
AND “felicidade no
174 2
trabalho” (contém as
palavras)
“Gestão de pessoas”
AND “felicidade no
3 0
trabalho” (exatamente
essas palavras)
“Gestão de pessoas” e
“felicidade” 14 1
(exatamente)
“Felicidade no
11 3
trabalho” (exatamente)
64
“Happiness at work”
81 14
(exatamente)
“Management”
AND “Happiness at
work”
0 0
(contém as palavras e
exatamente as
palavras)
“People management”
0 0
AND “Happiness”
“Management” AND
1 0
“Happiness”
“Recursos humanos” e
“felicidade” 3 0
(exatamente)
“Bem-estar no
trabalho” AND
9 1
“Gestão de pessoas”
(exatamente)
Total 296 21
Fonte: Elaborado pelos autores.
“Management” AND 25 3
“Happiness”
“Management” 6 0
AND “Happiness at
work”
“People management” 6 0
AND “Happiness”
Total 46 3
Fonte: Elaborado pelos autores.
Demo, & Roure, 2012, Singh, & Aggarwal, 2017), e um deles trabalha
apenas com o conceito de bem-estar no trabalho (Agapito, Polizzi, &
Siqueira, 2015). Assim, às vezes, os artigos ponderam, inicialmente,
sobre a divergência dos conceitos para alguns autores, mas, na
sequência, adotam a visão de que o bem-estar é o conceito acadêmico, e,
portanto, citam o bem-estar como o estudo científico da felicidade,
como em Paschoal, Torres e Porto (2010), e em Horta, Demo e Roure
(2012). Esta constatação já foi apontada em pesquisa anterior por Silva,
Ribeiro, Budde e Tolfo (2017). Ademais, quatro artigos não deixaram
claro o seu posicionamento em relação à definição do conceito
(Henderson, 2000; Einarsdóttir, 2012; Del Bianco et al, 2016; Demo, &
Paschoal, 2016). Ao longo do texto, dois destes parecem utilizá-lo como
sinônimo de bem-estar (Einarsdóttir, 2012; Demo, & Paschooal, 2016),
de modo que definem apenas o que seria bem-estar no trabalho.
Vale ressaltar que é possível identificar na literatura a
diferenciação do bem-estar em quatro perspectivas, que são: bem-estar
subjetivo, bem-estar psicológico, bem-estar social e bem-estar no
trabalho (Ribeiro, Boehs, Farsen, & Biavati, 2017). O bem-estar
subjetivo está relacionado com a perspectiva hedônica, sendo composto
pelos elementos: satisfação com a vida, presença de emoções positivas e
ausência de emoções negativas (Ryan, & Deci, 2001). Assim, percebe-
se que artigos que consideram a felicidade como sinônimo deste tipo de
bem-estar, centram-se apenas nos aspectos relacionados aos prazeres
mais imediatos, a curto prazo, o que sugere uma perspectiva hedônica,
pautada no imediatismo, via de regra, destituído de significado e
propósito.
O bem-estar psicológico, por outro lado, foca-se na perspectiva
eudaimônica, pois se centra no desenvolvimento humano e em
capacidades para enfrentar os desafios da vida (Siqueira, & Padovam,
2008), e em questões relativas à significado e propósito. Já o bem-estar
social diz respeito à satisfação que os seres humanos experimentam no
contexto social em que se encontram (Keyes, 1998). Por fim, de acordo
com Siqueira e Padovam (2008), o bem-estar no trabalho, também
citado em uma publicação encontrada nesta pesquisa (Horta, Demo, &
Roure, 2012), relaciona-se aos sentimentos positivos da pessoa ao
67
15
Flow ou fluxo: o estado de !uxo ocorre em momentos em que o que
sentimos, desejamos e pensamos se harmonizam. Para Csikszentmihalyi,
(1999), nesses casos, a energia de um indivíduo estaria concentrada na
experiência, de modo que desaparecem pensamentos e sentimentos
contraditórios, a noção de tempo se esvai e as horas parecem passar como
minutos.
68
Quadro 3 - Conceito de felicidade das publicações que diferenciam o conceito de outros conceitos correlatos.
Fonte: Elaborado pelos autores com base nas buscas das bases de dados citadas.
73
Percebe-se pelo quadro 3, que mesmo nos nove (9) artigos que
utilizam o conceito de felicidade ou felicidade no trabalho (como
conceito próprio e não como sinônimo de bem-estar), há divergências na
sua definição. Alguns autores, como Salas-Vallina e Fernandez (2017),
focam-se em sentimentos positivos em relação ao trabalho e à
organização, enquanto outros autores destacam elementos como “ter
propósito” (Wickramasinghe & Perera, 2012), e “utilizar e desenvolver
as potencialidades” (Sousa, & Porto, 2015). Além disso, são citados
aspectos individuais que influenciam na felicidade, como a
personalidade (Fisher, 2010) e recursos pessoais do trabalhador como
felicidade pessoal, resiliência, vitalidade e equilíbrio vida pessoal-
trabalho (López, & Fierro, 2015). Uma definição diferencia-se
significativamente, já que, no artigo analisado, apresenta uma visão
orientada para a rentabilidade, ao apontar o conceito de felicidade como
uma mentalidade que permite maximizar o desempenho e alcançar o
potencial (Pryce-Jones, & Lindsay, 2014).
Vale ressaltar que, dentre os estudos identificados, apenas dois
relacionaram as políticas e/ou práticas de gestão de pessoas e o bem-
estar, que, nessas publicações, é considerado como sinônimo de
felicidade (ambos estudos brasileiros) (Horta, Demo, & Roure, 2012;
Souza, Bertolini, & Ribeiro, 2014). O artigo que tem como país de
origem o Sri Lanka (Wickramasinghe, & Perera, 2012) buscou
investigar as práticas de gestão de recursos humanos (GRH) adotadas
durante um período de recessão econômica e o impacto delas na
felicidade dos trabalhadores. Com os resultados, Wickramasinghe e
Perera (2012) concluíram que a comunicação de informações, o
gerenciamento de desempenho, a redução das recompensas financeiras e
a redução de benefícios preveem, de forma significativa, a felicidade
dos trabalhadores durante a recessão. Nesse sentido, destaca-se a
relevância acerca da comunicação de informações em períodos de
instabilidade e mudanças, já apontada por autores como Bidya (2009), e
de componentes relacionados ao desempenho e a aspectos materiais da
felicidade.
As demais publicações encontradas não tiveram como foco a
gestão de pessoas, mas, algumas trabalharam com questões relativas ao
74
16
Neste estudo, o bem-estar é considerado o estudo científico da felicidade,
sendo que o bem-estar no trabalho “integra três componentes: satisfação,
envolvimento com o trabalho e comprometimento organizacional afetivo”.
78
Considerações finais
Referências
Delle Fave, A., Brdar, I., Freire, T., Vella-Brodrick, D. & Wissing, M.
(2011). The Eudaimonic and Hedonic Components of Happiness:
Qualitative and Quantitative Findings. Social Indicators Research,
100:185-207.
Paschoal, T., Demo, G., Fogaça, N., Ponte, V., Edrei, L. A. M.,
Franchischeto, L. L., & Albuquerque, G. (2013). Bem-estar no
trabalho: cenário dos estudos brasileiros publicados na primeira
década do novo milênio. Revista Encontros Científicos: Tourism
and Management Studies, 2, 383-395.
Silva, N., Ribeiro, A. D. S., Budde, C. & Tolfo, S. R. (2017). Estado Del
Arte, descubrimientos y acciones efectivas referentes a la
costrucción de la felicidad en las organizaciones contemporáneas.
In: Erico Rentería Perez. (Org.). Entre lo disciplinar y lo
profesional: Panorama y experiências em psicologia
organizacional y del trabajo en iberoámerica. 1ed.m, Colômbia:
Editorial Universidad del Valle, 2017, v. 1.
Silva, N., Cervo, C. S., & Bento, A. (2018) Uma visão sistêmica do
comportamento organizacional positivo (COP). In: Silva, N. &
Farsen, T. C. (orgs). Qualidades psicológicas positivas nas
organizações: Desenvolvimento, mensuração e gestão. 1 ed., São
Paulo: Vetor.
intenção de sair da
organização”.
CAPES 201 Brasil Felicidade Paschoal, T., Testar o Quantitativo Bem-estar como
0 no trabalho: Torres, C. V., impacto do (regressão) estudo científico da
Revista de relações com & Porto, J. B. suporte felicidade. Define
Administraçã suporte organizacional bem-estar no
o organizacion e do suporte trabalho como “a
Contemporân al e suporte social sobre o prevalência de
ea social bem-estar no emoções positivas
trabalho. no trabalho e a
percepção do
indivíduo de que,
no seu atuar,
expressa e
desenvolve seus
potenciais e avança
no alcance de suas
metas de vida.”
CAPES 201 Brasil O bem-estar Rebolo, F. & Analisar os Análise Felicidade como
4 docente: Bueno, B. O. fatores de qualitativa de sinônimo de bem-
Acta limites e satis-fação no questionários estar subjetivo:
Scientiarum possibilidade trabalho e as e grupos refere-se a
s para a estratégias que focais “satisfação em
felicidade do geram e diversos domínios
professor no mantém o da vida, aos estados
trabalho bem-estar emocionais
93
salários da
Escala de
Suporte
Organizacion
al Percebido
e itens sobre
variáveis
sócio-
demográficas
CAPES 201 Brasil Well-Being Demo, G. & Buscar Validação de Não especifica o
6 at Work Paschoal, T. evidências de escala conceito de
Paidéia Scale: validade nos felicidade, mas ao
Exploratory EUA da escala longo do texto,
and de bem-estar parece trata-los
Confirmator no trabalho, como sinônimos.
y Validation validada Há bem-estar no
in the USA primeiramente trabalho quando o
no Brasil para “efeito positivo no
avaliar as trabalho prevalece
percepções dos sobre qualquer
empregados afeto negativo, e os
relativas ao trabalhadores
seu bem-estar experimentam a
realização pessoal
através do
desenvolvimento de
95
seu potencial
indivi-dual.”
CAPES 201 Espanh Felicidad em Moccia, S. Os objetivos Discussão Apresenta as
6 a el trabajo deste trabalho teórica diferentes
Papeles del (Happiness são apresentar definições sobre
Psicólogo / at work) a enorme felicidade,
Psychologist contribuição considerando a
Papers da psicologia visão hedônica, a
positiva e da eudaimônica, a de
filosofia para o união das duas, e.
tema da também, a visão de
felicidade e que felicidade e
sua influência bem-estar são
sobre o sinônimos.
trabalho e a
produtivida-
de, oferecen-
do uma
revisão de
vários
estudiosos
neste campo e
destacar as
diferenças
entre eles e,
especialmen-
96
te, encontrar
um consenso
sobre os
fundamentos
da felicidade
CAPES 201 Austrá- Happiness at Fisher, C. D. Analisar o que Discussão “A felicidade no
0 lia work se sabe sobre a teórica trabalho é um
International definição, conceito guarda-
Journal of causas e chuva que inclui
Management consequên- um grande número
Reviews cias da de construtos que
felicidade no vão desde estados
trabalho, de transição e
extraindo emoções até
também os atitudes
conhecimen- relativamente
tos da estáveis e
literatura de disposições
psicologia individuais
positiva em altamente estáveis
expansão ao nível da pessoa.
sobre a [...] No local de
felicidade em trabalho, a
geral. felicidade é
influenciada por
eventos de curta
97
duração e
condições
duradouras na
tarefa, trabalho e
organização.
Também é
influenciado por
atributos estáveis
de indivíduos,
como a
personalidade, bem
como o ajuste entre
o que o trabalho/
organização
fornece e as
expectativas,
necessidades e
preferências do
indivíduo.”
CAPES 201 Espanha On the road Salas-Vallina, Investigar a Validação de Define felicidade
7 to happiness A., relação entre escala. no trabalho como
Personnel at work López- liderança sentimentos felizes
Review (HAW) Cabrales, A., transformacio- em relação ao
Alegre, J. nal, capacidade trabalho em si, às
& Fernández, de caracterís-ticas do
R. aprendizagem trabalho e à
98
progridem na
consecução de seus
objetivos na vida
(auto atualização).
Conceito de
felicidade citado
como conceito
guarda-chuva.
CAPES 201 Espanha Organizatio- Salas-Vallina, Evidenciar as Quantitativo. A felicidade no
7 nal learning A., condições de Modelos de trabalho engloba
International capability Alegre, J. trabalho que equações atitudes positivas, a
Journal of and & Fernández, promovem o estruturais. saber, três
Health organization- R. comportamen- Dimensões:
Planning and nal to de cidadania engajamento,
Management citizenship organizacio- satisfação no
behaviour in nal, trabalho e
the health considerando o comprometimento
sector: papel da organizacional
examining capacidade de afetivo.
the role of aprendizagem
happiness at organizacional
work from a através da
gender felicidade no
perspective trabalho.
CAPES 201 Espanha The HRM- Salas-Vallina, Investigar a Quantitativo. Felicidade no
7 performance a. & relação entre Modelos de trabalho:
101
negativas
individuais e
organizacionais.
CAPES 201 Sri HRM Wickramasingh Investigar as Quantitativo. Felicidade no
2 Lanka practices e, Vathsala ; práticas de Análise trabalho, neste
Strategic during the Perera, Gayan gestão de fatorial e estudo, refere-se a
Outsourcing: global recursos regressão. fazer o que vale a
An recession humanos pena fazer,
International (2008-2010) adotadas por buscar objetivos
Journal empresas importantes e usar
durante o suas habilidades e
período de talentos durante a
recessão de recessão
2008-2010, seu econômica.
impacto na
felicidade no
trabalho (dos
funcionários) e
se há
diferenças
devido ao
tamanho da
empresa.
CAPES 201 Equador Determinant López, J. P. & Objetivos Quantitativo. Felicidade no
5 es de la Fierro, I. principais: Correlação e trabalho é um
Universidad felicidad en 1) explorar as regressão sistema fluido com
103
sistema de gestão, o
desenho do trabalho
e o valor social da
empresa. Esses
fatores finalmente
se conectan com os
recursos pessoais
do empregago,
como felicidade
pessoal, resiliência,
vitalidade, e
equilíbrio vida
pessoal-trabalho.
pessoas forças de
consideradas personalidade,
felizes no circunstâncias de
trabalho. trabalho e padrões
de desenvolvi-
mento de carreira.
CAPES 201 Islândia Happiness in Einarsdóttir, J. Entender como Etnografia. Não deixa claro
2 the neonatal os profissionais Observação qual definição de
International intensive de saúde, que participantes felicidade está
Journal of care unit: trabalham sob e entrevistas adotando. Apenas
Qualitative Merits of condições semi- pondera que a
Studies on ethnographic estressantes em estruturadas. maioria dos estudos
Health and fieldwork uma ala a considerado
Well-being eticamente sinônimo de bem-
sensível, estar subjetivo.
podem Resultados:
contrariar os Trabalhar com
lados negativos crianças e
do trabalho, de oportunidades para
tal forma que ajudar os outros, se
experimentam engajar em relações
a felicidade. sociais e
experimentar
orgulho
profissional
contribuiu para a
106
felicidade no
trabalho.
BVS PSI 201 Brasil A felicidade Del Bianco, T. Identificar Qualitativa. Não define
6 da S., Souza, E. L. quais as Estatística especificamen-te,
Urbe, Rev. população C., Oliveira, N. variáveis que Descritiva. mas utiliza o
Bras. Gest. trabalhadora S. M. & mais instrumento para
Urbana de Shikida, P. F. influenciam na medir a FIB: bem-
Cascavel/PR A. felicidade dos estar subjetivo,
segundo a trabalhadores saúde, uso do
métrica do do município tempo, vitalidade
de Cascavel, no comunitária,
índice de
Estado do educação, cultura,
Felicidade
Paraná. meio ambiente,
Interna
governança e
Bruta padrão de vida.
BVS PSI 201 Brasil Bem-estar Rocha Identificar o Quantitativo. Felicidade como
2 no trabalho: Sobrinho, F., & impacto de Análises de sinônimo de bem-
Rev. adm. um estudo Porto, J. B. variáveis correlação e estar.
Contemp. sobre suas demográficas, regressão. Define bem-estar
relações do clima social ocupacional como a
com clima e coping no prevalência de
social, bem-estar no emoções positivas
coping e trabalho. no trabalho e a
percepção do
variáveis
indivíduo de que,
demográfi-
no seu trabalho,
107
cas. expressa e
desenvolve seus
potenciais/habilidad
es e avança no
alcance de suas
metas de vida.
BVS PSI 200 Cuba Dirección Andalia, R. C., Estudar a Discussão Em termos gerais, a
8 por valores: & Pupo, J. C. relação teórica. qualidade de vida
ACIMED una gestión G. valores- se define como o
con la atitudes- bem-estar,
persona comportamento felicidade e
como centro s-resultados satisfação de um
como base para indivíduo, que
entender a oferece a
gestão por capacidade de
valores, cujo produção,
centro é a funcionamento ou
pessoa. sensação positiva
de sua vida.
BVS PSI 201 Brasil Políticas de Horta, P., Considerando Quantitativa. Bem-estar como
2 gestão de Demo, G., & que as políticas Análises de estudo científico da
Revista Adm. pessoas, Roure, P. de GP precisam Regressão e felicidade.
Contemp. confiança e contribuir para modelagem O bem-estar no
bem-estar: um maior bem- por equações trabalho foi
estudo em estar e estruturais concebido
uma fortalecer a conforme o
108
Cristiane Budde
Narbal Silva
Juliana Pacico Cerentini
Introdução
17
Artigo submetido a uma revista Qualis B1.
110
Método
18
Trabalhadores home office realizam a maior parte do trabalho (ou todo)
na própria residência, ou seja, fora do escritório da organização ou de
qualquer outro tipo de ambiente físico profissional (Barros, & Silva, 2010).
19
O GlassDoor se denomina como uma comunidade de emprego
transparente, em que são registradas milhões de opiniões, salários, fotos de
escritórios, etc., pelos próprios funcionários (ou ex-funcionários). Assim,
quem trabalha ou já trabalhou em uma determinada empresa, pode acessar o
site e escrever informações e avaliações sobre ela (é necessário um cadastro
no site para ter acesso às informações). O Love Mondays é um site brasileiro
de avaliações de empresas, salários e vagas de emprego. Portanto,
semelhante ao GlassDoor, disponibiliza avaliações reais anônimas de
trabalhadores a respeito da organização em que trabalham ou já
trabalharam.
116
20
A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética da
Univeridade Federal de Santa Catarina.
21
A dimensão pessoal do conceito de felicidade foi incluída apenas
recentemente no conceito de felicidade no trabalho proposto neste artigo, de
modo que não foi contemplada pelo questionário (construído e aplicado
antes desta inserção).
22
Crenças: verdades concebidas ou aceitas a partir da observação de fatos e
pela convivência em um grupo de pessoas (Schein, 1992). De acordo com
117
2012). Tem-se como pressuposto que quanto maior essa soma do score
(sendo o valor máximo 250), mais feliz a pessoa estaria em relação ao
seu trabalho, pois o ponto 5 representava aspectos relacionados a ser
mais feliz no trabalho. O objetivo da estatística descritiva é sintetizar
uma série de valores de mesma natureza, de modo a permitir que se
tenha uma visão global da variação desses valores, além de organizar e
descrever os dados encontrados por meio de medidas, tabelas e de
gráficos (Guedes, Martins, Acorsi, & Janeiro, 2013).
Assim, as questões fechadas do questionário foram utilizadas
neste estudo para descobrir fatos considerados importantes para a
felicidade dos trabalhadores, bem como para investigar sobre a
percepção da contribuição das políticas e práticas de gestão de pessoas
para a felicidade no contexto laboral. Depois, as questões abertas foram
analisadas de acordo com a análise de conteúdo de Bardin (2004),
composta por pré-análise, exploração do material e tratamento dos
resultados. Na pré-análise foram realizadas leituras “flutuantes” dos
dados, seguidas da exploração do material, ou seja, foi feita a
classificação das unidades de registro a partir das dimensões propostas
de felicidade no trabalho. Por fim, realizou-se o tratamento dos dados,
com a interpretação e inferências a partir dos resultados e literatura.
Foram quatro questões abertas realizadas: 1. O que você
compreende por felicidade no trabalho?; 2. Para você, é possível ser
feliz no trabalho? Caso positivo ou negativo, poderia justificar sua
resposta?; 3. É possível perceber (na sua empresa) relações entre
políticas e práticas de gestão de pessoas e a sua felicidade no ambiente
de trabalho? Caso positivo ou negativo, você poderia justificar sua
resposta?; 4. O que você considera que poderia melhorar em seu
ambiente de trabalho de modo a lhe proporcionar maior felicidade?. Ao
final, deixou-se também um espaço aberto para comentários, caso a
pessoa desejasse escrever algo além do que foi perguntado. Três
trabalhadores escreveram algumas considerações, que serão abordadas
posteriormente, como, por exemplo, a possibilidade que o questionário
propiciou no sentido de “serem ouvidos”.
As interpretações, tanto a respeito dos dados quantitativos,
quanto dos conteúdos qualitativos, foram realizadas a partir do conceito
de felicidade no trabalho e das dimensões relacional, espiritual e de
condições materiais de existências (pré-categorias). Além disso,
Resultados e discussão
28
Quando o coeficiente de variância é menor que 20%, pode-se dizer que há
um grupo homogêneo, pois a dispersão é pequena. Neste caso, a maioria
dos trabalhadores tem idade aproximada à média, ou seja, por volta de 29,5
anos.
120
29
Quando o Coeficiente de Variação (CV) é igual ou menor que 20%, pode-
se afirmar que há um grupo homogêneo (Shimakura, 2012).
121
Tabela 1 – Medidas descritivas dos itens que foram mais significantes para
os respondentes.
Itens relevantes Média DP CV
(sendo 1-Discordo totalmente e 5- (escala de 1 a 5)
Concordo totalmente)
Há relação de amizade entre os 4,8125 0,5266 10,94%
colegas de trabalho.
Tenho um bom relacionamento 4,625 0,5995 12,96%
com meus colegas de trabalho.
Existe boa comunicação entre os 4,5625 0,6092 13,35%
colegas de trabalho.
Há cooperação entre os 4,4375 0,8638 19,46%
colaboradores da organização.
Conheço os valores da 4,4375 0,691 15,57%
organização em que trabalho.
Identifico-me com os valores da 4,1875 0,8077 19,29%
organização em que trabalho.
Tenho flexibilidade de horários na 4,5 0,7071 15,71%
organização em que trabalho.
Tenho autonomia para realizar o 4,375 0,857 19,59%
122
meu trabalho.
Trabalhar nesta empresa faz com 4,5 0,5 11,11%
que eu evolua como profissional.
Considero que tenho os 4,375 0,6597 15,08%
conhecimentos necessários para
realizar o meu trabalho.
Ao realizar o meu trabalho, 4,5624 0,7043 15,44%
adquiro conhecimentos
relevantes.
Fonte: Elaborada pelos autores.
30
O número 1 correspondia a “Discordo totalmente”, o 2 a Discordo
parcialmente e o 3 a “Não concordo, nem discordo”.
124
31
As respostas se concentraram entre os números 3 e 5, sendo que
significavam: 3-Não concordo, nem discordo. 4-Concordo parcialmente. 5-
Concordo totalmente.
126
32
Downsizing: diminuição do tamanho da organização (Caldas, 2000).
127
33
Foram consideradas três dimensões de felicidade no trabalho para a construção do
questionário: condições materiais de existência, dimensão relacional e dimensão
espiritual, trabalhadas na revisão de literatura. A outra dimensão proposta refere-se à
dimensão pessoal, e engloba elementos da personalidade, autoconhecimento,
autoestima, otimismo, resiliência, etc. Esses aspectos também podem ser
desenvolvidos nas organizações, contudo, o desenvolvimento desta categoria se
encontra em processo de estudo, pesquisa e contrução pelos pesquisadores do
LAPPOT, de modo que será inserida em futuros estudos a respeito da felicidade no
trabalho.
130
dos”
Aspectos - Sentir que está 4 25% “[…] sempre
transcendent aprendendo descobrir coisas
ais/ constantemente novas, aprender
Espirituais” constantemente”
- Fazer o que 4 25% “Fazer o que
gosta/sentir-se gosto com amor”
realizado
- Percepção de 4 25% “[…] Ser capaz
contribuir para de gerar valor
os objetivos para a empresa”
organizacionais
- Possibilidade 3 18,75% “ter meu
de utilizar seus potencial utili-
conhecimentos zado 100%”
no trabalho
- Identificação 2 12,5% “Trabalhar em
com os valores conjunto para
e princípios da alcançar um
organização objetivo”
- Ter propósito/ 2 12,5% “Ter propósito”;
perceber senti- “Sentir que estou
do no que faz fazendo algo que
faça sentido e
traga algum valor
para o mundo/so-
ciedade.”
- Sentir-se satis- 2 12,5% “Se sentir satis-
feito feito”
- Sentir-se mo- 1 6,25% “Estar motivado
tivado para realizar o
trabalho”.
Fonte: Elaborado pelos autores.
34
O líder se comporta de acordo com seus valores e padrões pessoais (Walumba et
al, 2008; Cunha, & Esper, 2017).
135
[...].” (R6)
Um pouco - Percepção de “Antes haviam mais práticas
mudança após crise que deixavam o ambiente de
financeira trabalho mais feliz, a
- Falta de clareza sobre situação financeira mudou”
com quem conversar (R4)
em relação a “Em alguns pontos são
sugestões/decisões positivos, outros precisam de
melhorias. Normalmente o
poder de decisão está
terceirizado, não pertence a
pessoas a qual estamos em
contato. Muitas vezes não se
tem clareza se é melhor ir
direto à pessoas com poder
de decisão.” (R8)
“Já vivi situações em que a
empresa se mostrava muito
interessada nos funcionários
e fases em que as pessoas
parecem apenas prestadores
de serviço. Não vejo uma
busca contínua por saber
como as pessoas estão
realmente, como poderiam
melhorar o convívio, o
ambiente, o espaço e alegria
dos funcionários.” (R11)
Não tem - Trabalho remoto “No trabalho remoto, essa
certeza ou não (apenas uma pessoa que percepção é um pouco vaga.”
sabe disse não saber responder, (R15)
responder justificou)
- Aspectos 4 25%
financeiros
(bonificações,
participação nos
lucros,
reconhecimento
financeiro)
- Questões 3 18,75%
relativas ao
horário de
trabalho e folgas
- controle de
ponto
melhorado/
modificado;
-
flexibilidade
de horários;
- trabalho
remoto;
- folgas em
períodos
como Natal e
Ano Novo
- Alinhamento 2 12,5 %
entre cargo
(papel/contrato) e
funções/atividade
s exercidas;
- Planejamento de
carreira
- Incentivos para 2 12,5 %
aprendizado
(promoção ou
auxílio financeiro
para palestras,
cursos,
workshops,
especializações)
Dimensão - Maior 2 12,5 %
relacional proximidade
entre gestores e
demais
trabalhadores
147
(times) (pessoas
trabalharem
juntas)
- Mais reconhe- 2 12,5 %
cimento indivi-
dual e grupal
- Maior contato 2 (ambos 12,5 %
com outros exclusivamente
trabalhadores remotos)
- Mais atenção às 1 6,25%
pessoas
- Confraterniza- 1 6,25%
ções
- Abertura para 1 6,25%
feedbacks
anônimos
- Mais transpa- 1 6,25%
rência
- Líderes 1 6,25%
servidores (vide
discussão abaixo)
Fonte: Elaborado pelos autores.
Considerações finais
podem não perceber abertura por parte dos líderes para sugestões e
reinvindicações.
Contudo, cabe a reflexão de que a situação anterior vivenciada
pelos trabalhadores, com mais recursos, espaço físico mais amplo, com
Espaço Pub, lanches à disposição e atividades diferenciadas (massagens
e ginástica laboral, por exemplo), pode influenciar na percepção atual de
sua felicidade. Assim, se focados no que deixaram de ter na
organização, os trabalhadores podem se sentir menos felizes do que
quando valorizam os aspectos positivos existentes. Nesse sentido, o
momento pelo qual passa a organização, pode diminuir o nível
felicidade no trabalho percebido pelos trabalhadores. Apesar disso, os
respondentes do questionário tiveram, predominantemente, respostas
neutras ou positivas acerca da sua percepção de felicidade, e
declararam-se mais felizes atualmente do que em experiências de
trabalho anteriores, o que dá indícios de que esta organização contribui
para a felicidade dos seus trabalhadores, ainda que não de forma ideal.
Um ponto que merece destaque, diz respeito a algumas práticas
desenvolvidas e/ou incentivadas pela área de gestão de pessoas, que não
dependiam de fatores financeiros, mas que também acabaram se
perdendo em meio à situação financeira e de mudança da organização,
segundo relatos do questionário. Assim, os respondentes apontam a
necessidade de a gestão dar mais atenção às pessoas, de os líderes
estarem mais próximos dos demais trabalhadores, de reconhecimento
interpessoal e de estratégias de compartilhamento de conhecimento.
Essas ações, portanto, poderiam ser retomadas com a participação dos
trabalhadores, de modo a priorizar o que para eles é considerado mais
importante.
Assim, a pesquisa em questão traz reflexões importantes a
respeito do conceito de felicidade no trabalho e dos fatores que
contribuem para a felicidade dos trabalhadores e de como a gestão de
pessoas pode estar atenta a esses fatores, em especial em situações de
mudanças/crise. Como limitação deste estudo pode ser apontado o
número pequeno de respondentes, talvez por ser um questionário
extenso, com vários itens e também perguntas abertas. Apesar disso, as
respostas abertas, em especial, propiciaram descobertas importantes,
apontando para aspectos hedônicos da felicidade, como os
relacionamentos positivos vivenciados no cotidiano, e também
eudaimônicos, como a possibilidade de aprender e crescer e perceber
propósito no trabalho. Sugere-se também que novos estudos sejam
realizados, em diferentes contextos organizacionais e com número maior
154
Referências
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N. (2018). Qualidade de vida, Bem-estar e Felicidade no Trabalho:
sinônimos ou conceitos que se diferenciam? Interação em
Psicologia, Curitiba, v. 22, n. 1, abr. 2018. ISSN 1981-8076.
Recuperado de
https://revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/48288.
Mann, A., & Nelson, B. (2017). Thinking Flexibly About Flexible Work
Arrangements. Business Journal, Gallup. Disponível em:
http://news.gallup.com/opinion/gallup/223304/thinking-flexibly-
flexible-work-arrangements.aspx. Acesso em: 10 jan. 2018.
Nohara, J., Acevedo, C., Ribeiro, A., & Silva, M. (2010). O teletrabalho
na percepção dos teletrabalhadores. RAI - Revista De
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Silva, N., Ribeiro, A. D. S., Budde, C. & Tolfo, S. R. (2017). Estado Del
Arte, descubrimientos y acciones efectivas referentes a la
costrucción de la felicidad en las organizaciones contemporáneas.
In: Erico Rentería Perez. (Org.). Entre lo disciplinar y lo
profesional: Panorama y experiências em psicologia
organizacional y del trabajo en iberoámerica. 1ed.m, Colômbia:
Editorial Universidad del Valle, 2017, v. 1.
Cristiane Budde
Narbal Silva
36
Artigo submetido a uma revista Qualis B1.
166
Introdução
37
A dimensão pessoal da compreensão de felicidade no trabalho, proposta
neste estudo, foi incluída apenas recentemente no conceito, de modo que
não foi contemplada pelas entrevistas (o roteiro foi construído e as
entrevistas foram realizadas antes desta inserção).
169
Método
38
Termo utilizado em empresas de tecnologia, fazendo uma referência
irreverente a Hardware e Software.
39
No momento de coleta de dados na organização, alguns trabalhadores
estavam em processo de desligamento e outros sendo contratados, por isso
os trabalhadores da área de gestão de pessoas informaram um número
aproximado de trabalhadores.
171
40
CEO é a sigla inglesa de Chief Executive Officer, em português
normalmente se utiliza o termo “Diretor Executivo”. É a pessoa com maior
autoridade na hierarquia operacional de uma organização.
41
A organização horizontal reduz níveis hierárquicos e o trabalho é
organizado ao longo dos vários grupos interdisciplinares e autogeridos, que
trabalham em interação. Este tipo de estrutura organizacional, pode
contribuir com a autonomia e a velocidade na execução das atividades
(Severo et al, 2012).
42
O GlassDoor se denomina como uma comunidade de emprego
transparente, em que são registradas milhões de opiniões, salários, fotos de
escritórios, etc., pelos próprios funcionários (ou ex-funcionários). Assim,
quem trabalha ou já trabalhou em uma determinada empresa, pode acessar o
site e escrever informações e avaliações sobre ela (é necessário um cadastro
no site para ter acesso às informações). O Love Mondays é um site brasileiro
de avaliações de empresas, salários e vagas de emprego. Portanto,
172
Resultados e discussão
45
Por se tratar de uma empresa pequena, com poucos trabalhadores, os
dados sócio-demográficos de cada participante serão omitidos neste estudo,
visando a preservação do sigilo.
174
46
E2: Entrevistada 2.
175
individualmente e perguntou:
‘Você tem interesse em continuar
na empresa?’ [...] Aí algumas
pessoas já acabaram fazendo
outras entrevistas, interessaram
em sair... Aí falaram: ‘Já pretendo
sair mesmo’, outros falaram que
queriam ficar, que foi meu caso
[...]”.
E5 – Sem “[...] Boa parte das pessoas optou Percepção de justiça
cargo de em já procurar [outro emprego] organizacional e de
liderança porque não foi uma coisa tipo: fornecimento de
‘Acabou o contrato, essas pessoas informações,
vão sair’. Foi tipo: ‘Acabou o avaliados como
contrato. A gente não sabe o que positivos pelo
que vai acontecer’. E aí teve trabalhador.
pessoas que já foram procurar
outras coisas, porque tinham
filhos, tinham família, dívidas e
não podiam ficar esperando. [...]
Foi uma coisa meio natural
assim... Pelo que eu lembro, não
imagino que alguém tenha ficado
realmente desempregado. Todo
mundo que saiu, foi até às vezes
para um lugar melhor. Inclusive
muitas pessoas foram para fora do
Brasil.”
E7 – Sem “Quem manifestava interesse em Percepção de justiça
cargo de ficar ou sair, isso era considerado. organizacional,
liderança Teve uma pessoa que ela não era avaliada como
extremamente forte tecnicamente, positiva pelo
mas ela queria muito ficar. E ela trabalhador.
conversou direto com a sócia e
gestora de pessoas e ela acabou
ficando, por causa que ela
demostrou muito interesse em
ficar na empresa.”
Fonte: Elaborado pelos autores.
47
No total, haviam dez avaliações anônimas.
48
Os valores da organização foram omitidos (só serão abordados alguns ao
longo do artigo), visando preservar o sigilo. Estão escritos em inglês e são
compostos por expressões que visam resumir sua descrição. Apesar de não
constarem no site oficial, foram apresentados em uma postagem no Blog da
organização.
183
49
Trabalha com Data Science, que poder ser traduzido como “Ciência de
Dados”. Conceito utilizado para unificar estatísticas, análise de dados e seus
métodos relacionados.
190
50
Os feedbacks negativos (construtivos) ou de sugestão de melhorias
deveriam ser dados pessoalmente.
197
desenvolvimento individual tem acontecido, apenas quando o revisões anuais para ver se mudava
próprio trabalhador solicita. O plano o cargo […]. Hoje a gente ainda tem
de cargos e salários está aqueles papéis, né, em teoria qual é
desatualizado. Assim, muitos deles a progressão [...] eu não vejo isso
apontam que estão desempe-nhando hoje. Eu vejo isso quando acontece
atividades que vão além do cargo alguma coi-sa, [...] aí o funcio-nário
formal em que estão, de modo que a que vai lá e conversa, daí é que eles
remuneração também não condiz vão se preocupar realmente […].”
com as funções realizadas. (E5).
Benefícios materiais Disponibilização de frutas, ginástica “Na época do único cliente, tinha
laboral e massagens, e espaço pub ginásti-ca laboral. E hoje nada. Eu
para refeições e integração dos até falei pra pessoa do People Care:
trabalhadores. Os trabalhadores ‘Por que que a gente não bota um
afirmam compreender a ques-tão alarme e todo mundo alonga
financeira envol-vida, mas sentem agora?... Ou sei lá, vamos dar uma
falta de algum tipo de benefício, que caminhada, ou coisa assim’.” (E6)
poderia ser não material. Ademais, “Tinha o laboral, tinha fruta. Tinha
gostariam de ter, pelo menos, um fruta liberada lá pra galera. Então é
espaço para as pausas do trabalho, mais fácil você comer
em que ocorrem momentos de saudavelmente, daí. Mas hoje não
integração. tem nada.” (E5)
Ademais, como a ferramenta do TimeLine não está mais sendo
utilizada, há dificuldade em verificar as atividades realizadas, de acordo
com objetivos traçados para a mudança de cargo. Dessa forma, um dos
entrevistados comenta que, quando há a revisão anual, esta acaba
focando apenas nas últimas semanas de trabalho da pessoa, de modo que
a avaliação acaba perdendo sua objetividade: “Tem um plano de cargos
e salários. Só que como funciona? [...] A cada ano a gente tem um
review. [...] Até tem um sistema da Empresa [TimeLine], mas ninguém
usa. [...] Porque acho que ninguém vê valor nisso. Porque as pessoas
colocavam as coisas lá, mas elas estavam colocando as coisas que elas
estavam fazendo lá: para quem? Por quê? Falta um sentido. Daí nessas
reviews eles vão pegar esses feedbacks de uma semana da pessoa. Vão
ver: [...] ‘Ah, eu sei que ele tá entregando projeto, ele tá correndo com
outros projetos então... Tá, vou considerar um aumento’. [...]
Formalmente tem escrito cada coisa que precisa ter para subir de nível.
Só que isso não é usado. É tudo subjetivo.” (E7). Assim, outro
trabalhador também afirma: “planejamento de carreira não tem. Falam
que tem, mas não tem, porque eu nunca vi” (E6).
Além dos aspectos citados pelos trabalhadores, no sentido de
sentirem falta, há o apontamento da importância de algum tipo de
participação dos lucros (PL) da organização, sendo que, segundo um
entrevistado (E5), já foi iniciada uma discussão sobre o tema, mas a PL
não chegou a ser bem estruturada e colocada em prática. Os líderes
também comentaram sobre essa possibilidade e discussão inicial, sendo
que há o reconhecimento dessa expectativa dos trabalhadores por um
líder entrevistado: “Talvez eu sinta falta um pouco, mais do que eu vejo
do pessoal, de ter uma participação em lucros efetivos [...]. Não tanto
por mim, mas eu sinto mais para os liderados talvez” (E3). Esse fator
pode ser importante para os trabalhadores, de modo que pode
representar uma forma de retribuição pelo seu esforço. Siqueira e
Gomide Júnior (2014) afirmam que parece haver um consenso entre
pesquisadores no sentido de que, quando os esforços dos trabalhadores
são retribuídos por suas organizações, esses trabalhadores apresentam
melhores desempenhos. Os autores destacam ainda que estudos têm
apontado que essa percepção de retribuição relacionada aos esforços
(justiça de distribuição) também se relaciona a altos níveis de satisfação
no trabalho e ao comprometimento com a organização. Pina e Stoltz
(2011) ainda afirmam que a participação nos lucros pode proporcionar
efeitos positivos, como o aumento da identificação, da motivação e do
compromisso do trabalhador com os resultados da organização. Nesse
sentido, pode-se pensar que a percepção de retribuição pelos esforços,
203
“Eu acho que pouco. Eu acho que “Acho que isso não acontece. [...] É
todo mundo sempre opina, todo que assim, a gente não sabe o que tá
mundo pode falar, mas eu não sei se acontecendo. Por exemplo, agora
a efetividade disso nos processos pode estar acontecendo uma decisão
mais estratégicos são levadas em e ninguém sabe o que tá
consideração. Eu acho pouco.” (E3) acontecendo. Porque nada é
comunicado... Ninguém pede a
[...] a gente tem reunião de nossa opinião pra nada... Eles só
retrospectiva, então reúne quase todo tomam as deciões tudo sozinho e
207
não percebe muito propósito nas coisas que está fazendo, e não tem os
momentos de diversão que aconteciam antes.
Kets de Vries (2001) afirma que uma condição importante que
os líderes devem criar em uma organização é o sentido de competência,
na qual os trabalhadores percebem que há um sentimento de
crescimento e desenvolvimento pessoal permanente. A aprendizagem
contínua, portanto, é essencial para prevenir a estagnação, que no caso
do entrevistado 7 parece ter ocorrido, pois ele mesmo afirma que está
“parado”. Essa estagnação parece ocorrer também com outros
trabalhadores, que apontaram a necessidade de serem retomadas ações
de desenvolvimento pessoal e profissional. Evidencia-se, desse modo, a
relevância da dimensão espiritual da felicidade para esses trabalhadores.
Com a análise das entrevistas, nota-se que existem, portanto,
diferentes momentos na organização: um anterior ao corte de
trabalhadores, em que ocorriam práticas como incentivos à palestras,
treinamentos e cursos; incentivos à saúde e esportes (time de futebol,
vôlei, surfe, ginástica laboral, frutas disponíveis); processos de revisão
sistemáticos, em que eram repassadas as conquistas de cada trabalhador
e programado o seu desenvolvimento e progressão de carreira; além da
vivência de valores na prática, como feedback constante (no dia a dia e
por meio de uma ferramenta online: TimeLine), compartilhamento de
conhecimentos no cotidiano e em grupos de estudos e palestras
semanais, autodesenvolvimento. Ademais, haviam mais
confraternizações e espaço físico para integração (espaço pub), e uma
estrutura que proporcionava maior proximidade entre as pessoas, tanto
de colegas como em relação aos líderes, sendo que estes ficavam em
sala separada, mas com divisões de vidro. Observa-se, dessa forma, que
existiam políticas e práticas de gestão de pessoas orientadas para as
pessoas e para a construção da felicidade, ao considerar aspectos das
dimensões relacional, espiritual e condições materiais de existência.
O segundo momento se deu após a redução da organização, início
de reestruturação em três segmentos (três tipos de negócio) e a mudança
de local de trabalho. Tal modificação se deu tanto por características do
espaço físico, que, por questões estruturais do novo local, divide
trabalhadores em diferentes salas, e cria um distanciamento maior em
relação aos líderes (que ficam em sala separada, com paredes de
concreto), quanto por práticas de gestão de pessoas que não foram mais
realizadas. Além disso, de acordo com os relatos dos trabalhadores, os
valores organizacionais que antes eram praticados e reconhecidos,
atualmente parecem, às vezes, esquecidos, ou não mais condizentes com
212
51
Cruzamento; mistura; delimitar o que é separado e o que está interligado.
215
Considerações finais
Referências
Farsen, T. C., Boehs, S. T. M., Ribeiro, A. D. S., Biavati, V. P., & Silva,
N. (2018) Qualidade de vida, Bem-estar e Felicidade no Trabalho:
sinônimos ou conceitos que se diferenciam? Interação em
Psicologia, Curitiba, v. 22, n. 1, abr. 2018. Recuperado de
https://revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/48288.
Luthans, F., Avey, J. B., Avolio, B. J., & Peterson, S. J. (2010). The
development and resulting performance impact of positive
psychological capital. Human Resource Development Quarterly,
21(1), 41-67.
Mohrman, S.A. and Worley, C.G. (2009). Dealing with rough times: a
capabilities development approach to surviving and thriving. Human
Resource Management, Vol. 48 No. 3, pp. 433-45.
Silva, N., Ribeiro, A. D. S., Budde, C. & Tolfo, S. R. (2017). Estado Del
Arte, descubrimientos y acciones efectivas referentes a la costrucción
de la felicidad en las organizaciones contemporáneas. In: Erico
Rentería Perez. (Org.). Entre lo disciplinar y lo profesional:
Panorama y experiências em psicologia organizacional y del trabajo
en iberoámerica. 1ed., Colômbia: Editorial Universidad del Valle,
2017, v. 1.
Cristiane Budde
Narbal Silva
Introdução
52
Artigo submetido a uma revista Qualis B1.
230
& Porto, 2015; Fisher, 2010, Malvezzi, 2015) e que abrange tanto
emoções positivas e sentimentos de prazer (hedonia), quanto aspectos
referentes ao desenvolvimento, significado e propósito (eudaimonia)
(Dolan, 2015; Souza, & Porto, 2015; Keyes, 2007; Huta, & Ryan,
2010). A felicidade, portanto, envolve experiências de prazer e de
propósito, e pode ser gradativamente construída no ambiente físico e
psicossocial de trabalho.
Propõem-se, assim, que a felicidade no trabalho pode ser dividida
em quatro dimensões: condições materiais de existência, dimensão
relacional, dimensão espiritual e dimensão pessoal (Silva, Ribeiro,
Budde, & Tolfo, 2017). Assim, a primeira engloba questões mais
objetivas, referentes ao ambiente físico de trabalho, carga horária, além
da remuneração e benefícios recebidos. A segunda, diz respeito ao
ambiente psicossocial de trabalho e a qualidade das interações entre os
trabalhadores, envolvendo reconhecimento, confiança, empatia,
gratidão, cooperação, amizade, participação, respeito, transparência,
compartilhamento de aprendizagens. A terceira, denominada espiritual,
abrange propósitos pessoais e profissionais dos trabalhadores, bem
como os objetivos organizacionais percebidos como significativos e
relevantes, o uso e desenvolvimento de competências, motivação,
criatividade e inovação. Por fim, a dimensão pessoal se relaciona aos
aspectos de autoconhecimento, e de personalidade, em especial, a
autoestima e a autoeficácia, e também otimismo, esperança e resiliência.
Considerando o conceito de felicidade utilizado e as dimensões
que dele fazem parte (com todos seus componentes), observa-se a
relevância que as políticas e as práticas de gestão de pessoas podem ter
para o desenvolvimento da felicidade no trabalho. Dentre os aspectos
citados, é possível identificar, portanto, diversas ações que poderiam ser
planejadas e postas em prática, com o intuito de promover maior
felicidade no trabalho. Neste estudo, buscou-se identificar, portanto,
esses elementos na prática de uma organização de tecnologia, que,
segundo indícios verificados antes da coleta de dados, possui diversas
políticas associadas à felicidade no trabalho e que passou recentemente
por um processo de redução de pessoas (downsizing).
Método
53
Variando de: 1-Discordo totalmente, até 5-Concordo totalmente.
54
Na organização em que foi realizada a pesquisa, é utilizada apenas a
palavra líder, e não gestor. Contudo, às vezes utilizam o termo ‘CEO’, no
caso do principal fundador e sócio, e ‘diretora do People Care’ (para a
esposa do CEO e também fundadora).
55
Por se tratar de uma empresa pequena, com poucos trabalhadores, os
dados sócio-demográficos serão omitidos neste estudo, visando a
preservação do sigilo.
236
Resultados e discussão
56
Não serão apresentados todos os valores da empresa devido ao sigilo da
organização.
242
57
Review: Processo de revisão anual (ou com outra periodicidade), em que
se realizava um acompanhamento do trabalhador, forneciam-se feedbacks,
avaliações de desempenho e se traçavam novos objetivos.
246
People Care)
- Autonomia para os trabalhadores
Fonte: Elaborado pelos autores.
trabalho remoto
- Equilíbrio vida
pessoal e profissional
- Trabalhar de onde
quiser (sem local físico
fixo – relatado por um
trabalhador remoto)
- Os trabalhadores são
ouvidos pelos líderes
- Há momentos de
diversão no trabalho
Políticas de Políticas e práticas de Políticas e práticas de
gestão de pessoas gestão de pessoas gestão de pessoas
orientadas para a orientadas para a orientadas para a
felicidade felicidade de acordo felicidade (que estão
identificadas nos com líderes ocorrendo) de acordo
documentos com demais
trabalhadores
- Cultura de - Reconhecimento - Feedbacks (que ainda
feedback positivo - Feedback positivo acontecem, mas não
- Programa de - Atenção às pessoas no com tanta frequência)
Desenvolvimento cotidiano - Autonomia
Individual - Horas livres no - Flexibilidade de
- Flexibilidade de trabalho para outras horários
horários e trabalho atividades, como - Possibilidade de
remoto desenvolvimento e/ou trabalhar remoto
- Valores aprendizagens - Reconhecimento (não
organizacionais - Acreditar no monetário) (também
claros trabalhador mencionam que
- Incentivo a - Confraternizações acontece, mas não com
esportes e saúde - Frutas/lanches tanta frequência)
- Incentivo ao diariamente
Compartilhamento - Ginástica laboral e ** Relatam sentir falta
de ideias e massagem de várias práticas que
conhecimentos já ocorreram no
- Incentivos para o * Os líderes citaram passado e de mais
desenvolvimento todas essas políticas e atenção às pessoas no
pessoal e práticas, mas cotidiano
profissional reconhecem que muitas
- Desenvolvimen- delas não estão mais
251
58
O número 2 correspondia a “Discordo parcialmente”.
254
Considerações finais
59
Antes deste instrumento, foi utilizado outro, mais extenso, em que as
pessoas respondiam perguntas relacionadas aos conhecimentos e
habilidades de seus colegas (era chamado de Feedback 360º). Contudo,
segundo entrevista com gestão de pessoas, haviam poucas respostas, e o
instrumento foi reduzido para três questões. Atualmente, entretanto, este
também não estava sendo aplicado.
257
Referências
Cooper, C.L. (2009). Editorial: stress and the global recession. Stress
and Health, Vol. 25, p. 127.
Luthans, F., & Youssef, C.M. (2004). Human, Social, and Now Positive
Psychological Capital Management: Investing in People for
Competitive Advantage. Organizational Dynamics, 33, 143-160.
Silva, N., Ribeiro, A. D. S., Budde, C. & Tolfo, S. R. (2017). Estado Del
Arte, descubrimientos y acciones efectivas referentes a la costrucción
de la felicidad en las organizaciones contemporáneas. Em Erico
Rentería Perez. (Org.). Entre lo disciplinar y lo profesional:
Panorama y experiências em psicologia organizacional y del trabajo
en iberoámerica. 1ed.m, Colômbia: Editorial Universidad del Valle,
2017, v. 1.
construção. Vale ressaltar, porém, que a pesquisa foi realizada com uma
população específica, sendo que os participantes têm ensino superior
(completo ou, pelo menos, cursando) e, em alguns casos, pós-
graduação. Ademais, a remuneração é considerada como
adequada/satisfatória pela maioria deles. Assim, um estudo com pessoas
em situações de trabalho diferenciadas, pode evidenciar outros
elementos como importantes para a felicidade.
A construção da tese em formato de artigos, propôs a dificuldade
de, em um número relativamente reduzido de páginas, congregar os
achados teóricos e práticos, e as reflexões deles provenientes. Nesse
sentido, salienta-se o desafio que se impõe entre a profundidade e a
concisão.
Por fim, sugerem-se novos estudos, em outras organizações, com
número maior de participantes, buscando ampliar o conhecimento sobre
as políticas e as práticas de gestão de pessoas que podem contribuir para
a felicidade no trabalho. Além disso, pode-se pensar também em
estudos relacionando a felicidade no trabalho com outros conceitos
como, por exemplo, autoestima, autoeficácia, otimismo, engajamento e
contrato psicológico. Outro aspecto relevante para maior
aprofundamento diz respeito à felicidade dos trabalhadores
exclusivamente remotos, e ao papel da área de gestão de pessoas frente
a estes, uma vez que o trabalho se caracteriza de modo diferenciado,
sem muitas oportunidade de contato face-a-face.
REFERÊNCIAS
Cameron, K. S., Mora, C., Leutscher, T., & Calarco, M. (2011). Effects
of positive practices on organizational effectiveness. Journal of
Applied Behavioral Science, 47(3), 266-308.
Fulmer, I. S., Gerhart, B., & Scott, K. S. (2003). Are the 100 best
better? An empirical investigation of the relationship between
being “A great place to work” and firm performance. Personnel
Psychology, 56(4), 965-993.
Severo, E. A., Cruz, M. R., Dorion, E., Guimarães, J. C. F., & Pereira,
A. A. (2012). Estrutura organizacional das empresas inovadoras no
Brasil. Espacios. Vol. 33 (11).
10. Desde que entrei para esta empresa, considero-se uma pessoa mais
feliz profissionalmente.
Discordo totalmente Concordo totalmente
1 2 3 4 5
34. Por meio do meu trabalho consigo atingir meus objetivos pessoais.
Discordo totalmente Concordo totalmente
1 2 3 4 5
38. Trabalhar nesta empresa faz com que eu evolua como profissional.
Discordo totalmente Concordo totalmente
1 2 3 4 5
283
1 – Nunca
2 – Raramente (poucas vezes)
3 - Às vezes (Mais ou menos)
4 – Frequentemente (a maior parte do tempo) (Poucas vezes)
5 – Sempre
284
v Gestão de pessoas:
v Gestão de pessoas:
1. Na sua visão, qual é o papel da área de gestão de pessoas na sua
organização?
2. Quais são os valores principais que orientam as políticas e as
práticas de gestão de pessoas da organização? (valores da organização)
3. De modo geral, como as pessoas são geridas nesta organização?
Como você avalia o comportamento dos gestores diante dos seus
trabalhadores? (como é a relação com os subordinados?)
4. Você percebe coerência entre o discurso dos gestores e o
comportamento deles?
5. Na sua percepção, quais comportamentos definem um trabalhador
da sua empresa? (quais comportamentos são observados e relevantes)
6. O que você percebe que é valorizado para ser um trabalhador na
sua empresa? (o que se espera/quais comportamentos são esperados de
um trabalhador?)
Caso você tenha alguma dúvida ou não queira mais fazer parte do
estudo, favor entrar em contato pelo e-mail [email protected], pelo
telefone (48) 99155-6474, ou ainda pelo endereço dos pesquisadores:
AC Cidade Universitária, s/nº, CEP: 88040970, Departamento de
Psicologia, Laboratório de Psicologia Positiva nas Organizações e no
Trabalho (LAPPOT) sob a coordenação do Prof. Dr. Narbal Silva, sala
10B, térreo, Bairro Trindade, Florianópolis/SC.
A partir do exposto, convido-o(a) responder um questionário,
sendo que sua participação neste estudo é voluntária e, se você
concordar, solicito que assine abaixo, sendo que, você receberá uma via
original deste documento.
Desde já agradecemos.
__________________________
Cristiane Budde - Psicóloga, Mestre em Psicologia e Doutoranda
PPGP/UFSC
_____________________________
Profº Dr. Narbal Silva - Orientador PPGP/UFSC
Eu,______________________________________________, RG n.
______________, e-mail
_________________________________________, telefone ( )
____________ declaro estar ciente de que: li este documento e obtive
dos pesquisadores todas as informações que julguei necessárias para me
sentir esclarecido sobre os procedimentos desta pesquisa e de que se eu
tiver dúvidas em relação a ela, aos seus procedimentos, riscos ou
benefícios tenho o direito de contatar a pesquisadora a qualquer
momento visando esclarecimentos. Declaro que recebi, assinei e
rubriquei as páginas das duas vias deste Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido, uma que ficará comigo e outra será entregue ao
pesquisador responsável pela pesquisa. Desse modo, livre e esclarecido,
consinto em participar da pesquisa intitulada: “Políticas e práticas de
gestão de pessoas e felicidade no trabalho”, e autorizo que meus dados,
exceto meu nome, telefone e e-mail sejam utilizados na sua divulgação.
______________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
294
295
Caso você tenha alguma dúvida ou não queira mais fazer parte do
estudo, favor entrar em contato pelo e-mail [email protected], pelo
telefone (48) 99155-6474, ou ainda pelo endereço dos pesquisadores:
AC Cidade Universitária, s/nº, CEP: 88040970, Departamento de
Psicologia, Laboratório de Psicologia Positiva nas Organizações e no
Trabalho (LAPPOT) sob a coordenação do Prof. Dr. Narbal Silva, sala
10B, térreo, Bairro Trindade, Florianópolis/SC.
A partir do exposto, convido-o(a) a conceder entrevista, sendo que
sua participação neste estudo é voluntária e, se você concordar, solicito
que assine abaixo, sendo que, você receberá uma via original deste
documento.
Desde já agradecemos.
____________________________
Cristiane Budde - Psicóloga, Mestre em Psicologia e Doutoranda
PPGP/UFSC
_____________________________
Profº Dr. Narbal Silva - Orientador PPGP/UFSC
Eu,______________________________________________, RG n.
______________, e-mail ____________________________________,
telefone ( ) ____________ declaro estar ciente de que: li este
documento e obtive dos pesquisadores todas as informações que julguei
necessárias para me sentir esclarecido sobre os procedimentos desta
pesquisa e de que se eu tiver dúvidas em relação a ela, aos seus
procedimentos, riscos ou benefícios tenho o direito de contatar a
pesquisadora a qualquer momento visando esclarecimentos. Declaro que
recebi, assinei e rubriquei as páginas das duas vias deste Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, uma que ficará comigo e outra será
entregue ao pesquisador responsável pela pesquisa. Desse modo, livre e
esclarecido, consinto em participar da pesquisa intitulada: “Políticas e
práticas de gestão de pessoas e felicidade no trabalho”, e autorizo que
meus dados, exceto meu nome, telefone, e-mail e nome da empresa
onde trabalho, sejam utilizados na sua divulgação.
______________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa