Goncalves Jose Renato Silva

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EFEITO DA SUBSTITUIÇÃO DO GRÃO DE MILHO PELO GRÃO DE MILHETO

(Pennisetum americanum), EM DIETAS DE BOVINOS DE CORTE EM

CONFINAMENTO

JOSÉ RENATO SILVA GONÇALVES

Engenheiro Agrônomo

Orientador: Prof. Dr. ALEXANDRE VAZ PIRES

Dissertação apresentada à Escola


Superior de Agricultura "Luiz de
Queiroz", Universidade de São
Paulo, para a obtenção do título
De Mestre em Agronomia, área de
concentração: Ciência Animal e
Pastagens.

PIRACICABA
Estado de São Paulo - Brasil
Março-2000
Dados Internacionais de catalogaçao na Publicação <CIP>
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO •Campus ·Luiz de ouelroz n/USP

Gonçalves, José Renato Silva


Efeito da substituição do grão de milho pelo grão de milheto (Pennisetum
americanum), em dieras de bovinos de corte em confinamento/ José Renato Silva
Gonçalves. - - Piracicaba, 2000.
70 p.

Disserração (mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2000.


Bibliografia.

1. Bovino de corte 2. Confinamento animal 3. Dieta animal 4. Digestão animal 5.


Grão de milho 6. Milheto 7. Silagem 1. Título

CDD 636.2084
AGRADECIMENTOS

À Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ/ USP) por meio

do Departamento de Produção· Animal, pela oportunidade de realização desse

curso.

À Fundação de Amparo â" Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP),

pela concessão da bolsa de estudos e financiamento do projeto.


Ao Prof. Dr. Alexandre Vaz Pires, pela orientação precisa, compreensão,

confiança, emizade e exempfo profissional.

À todos os professores do :Departamento de Produção Animal, pelos

preciosos ensinamentos e a oolaboração na condução desse trabalho.

Aos colegas Reinaldo Canha de Oliveira Júnior, Juliano Jose de Rezende

Fernandes, Paulo Garcez derOlíveira, pela amizade e pela agradável convivência.

Ao estagiário Adriano Bàrrichelo, pela amizade, e pela valiosa ajuda na

condução do experimento. d --

Aos estagiários do Clube de Práticas Zootécnicas (CPZ), pela amizade e

pelo auxilio prestativo quande solicitado.

Ao Sr. Laureano Alves da Silva e os demais funcionários do Departamento

de produção animal, que dir:eta b u indiretamente colaboraram com a execução

desse projeto.
ii

Ao Sr. Carlos César Alves e os demais funcionários do Laboratório de

Bromatologia do Departamento de Produção Animal, pelos ensinamentos e

colaboração nas determinações laboratoriais.

À Laísse Garcia de Lima, pelo amor, apoio e compreensão, sem a qual a

realização desse trabalho teria sido muito difícil.

E a todos aqueles que de alguma forma colaboraram com a execução

desse trabalho.

OBRIGADO.
I

A DEUS,
Sem o qual nada disso seria possível,

Aos meus queridos pais,

José e Marilena, pela formação, orientação, incentivo e apoio para

que eu pudesse chegar até aqui,

Aos meus queridos irmãos,

Pedro Paulo e Cláudia pela eterna amizade,

DEDICO.
SUMÁRIO
Página

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ vi

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... viii

RESUMO ................................................................................................................ ix

SUMMARY .............................................................................................................. xii

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 3

2.1 Silagem na alimentação de ruminantes ............................................................. 3

2.1.1 Princípios básicos da ensilagem ..................................................................... 5

2.2 Silagem de milho ............................................................................................... 6

2.3 Silagem de capim elefante ................................................................................. 7

2.3.1 Aditivos para a silagem de capim elefante ...................................................... 9

2.3.2 Técnicas para aumentar o teor de matéria seca das silagens de capins ........ 9

2.3.3 Uso de polpa de citros como aditivo na ensilagem do capim elefante .......... 11

2.4 Grãos de cereais na alimentação de ruminantes ............................................. 13

2.5 Milho ................................................................................................................. 15

2.6 Milheto .............................................................................................................. 16

2.7 Efeitos da substituição do grão de milho pelo grão de milheto ......................... 22

3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 24

3.1 Animais e instalações ....................................................................................... 24

3.2 Tratamentos ...................................................................................................... 24

3.3 Período experimental. ....................................................................................... 26

3.3.1 Coletas de dados referentes ao consumo de matéria seca ........................... 27


"
3.3.2 Coleta de amostras para a determinação da digestibilidade aparente no trato

digestivo totaL, ........................................................................................................27

3.3.3 Coleta de amostras para a determinação da digestibilidade aparente no

rúmen e intestinos ...................................................................................................28

3.3.4 Análises bromatológicas das dietas, sobras e fezes .................................... .29

3.3.5 Coleta do conteúdo ruminal para determinação do pH, ácidos graxos voláteis

(AGV) e amônia ......................................................................................................30

3.4 Análises estatísticas ........................................................................................31

4 RESULTADOS E DiSCUSSÃO ......................................................................... 34

4.1 Composição das dietas .................................................................................... 34

4.2 Efeito dos tratamentos sobre o consumo voluntário de matéria seca e

digestibilidade aparente no trato digestivo total dos nutrientes ............................. 35

4.3 Efeito dos tratamentos sobre os parâmetros ruminais .....................................41

4.3.1 pH ruminal. ....................................................................................................41

4.3.2 Concentração de nitrogênio amoníacal no rúmen .........................................43

4.3.3 Concentração ruminal de ácidos graxos voláteís ..........................................46

4.3.3.1 Ácidos graxos voláteis totais ...................................................................... .46

4.3.3.2 Ácido acético ...............................................................................................49

4.3.3.3 Ácido propiônico .........................................................................................51

4.3.3.4 Ácido butírico ..............................................................................................54

4.3.3.5 Relação acéticol propiônico ........................................................................56

5 CONCLUSÕES ....................................................................................................58

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFiCAS ....................................................................59


LISTA DE TABELAS

Página

1 Exigências hídricas de várias culturas em Akson, Colorado EUA. ..................... 18

2 Composição proximal do milheto grão (com base na matéria original) .............. 20

3 Composição de quatro vitaminas no grão de milheto (com base na matéria

originaL .................................................................................................................. 20

4 Composição mineral do grão de milheto (com base na matéria original) ........... 21

5 Composição energética do grão de milheto (com base na matéria original) ...... 22

6 Composição químico-bromatológica do milho, sorgo e milheto ......................... 23

7 Proporção dos ingredientes na dieta................................................................. 25

8 Composição aproximada das dietas.................................................................. 26

9 Quadro esquemático de análise de variância para o ensaio de consumo e

digestibilidade ........................................................................................................ 32

10 Quadro esquemático de análise de variância para o pH, ácidos graxos voláteis

e nitrogênio amoniaca!. .......................................................................................... 33

11 Composição bromatolágica das dietas ............................................................. 34

12 Efeito dos tratamentos sobre o consumo e a digestibilidade aparente no trato

digestivo total da matéria seca e da matéria orgânica ........................................... 36

13 Efeito dos tratamentos sobre o consumo e a digestibilidade aparente no trato

digestivo total da total da fibra em detergente neutro e da fibra em detergente

ácido.......................................................................................................................38

14 Efeito dos tratamentos sobre o consumo e a digestibilidade aparente no trato

digestivo da proteína bruta, amido e extrato etéreo .............................................. 39

15 Efeito dos tratamentos sobre o pH do fluído rumina\... ..................................... 42


VII

16 Efeito dos tratamentos sobre a concentração de amônia ruminal. .................... 44

17 Efeito dos tratamentos sobre a concentração total de ácidos graxos voláteis no

fluído ruminal (mM) ................................................................................................ 47

18 Efeito dos tratamentos sobre a concentração de acetato no fluído ruminal

(mM) ....................................................................................................................... 50

19 Efeito dos tratamentos sobre a concentração de propionato no fluído ruminal

(mM) ....................................................................................................................... 52

20 Efeito dos tratamentos sobre a concentração de butirato no fluído ruminal

(mM) ....................................................................................................................... 55

21 Efeito dos tratamentos sobre a relação acético/propiônico no fluído ruminal

(mM) ....................................................................................................................... 57
"1Il

LISTA DE FIGURAS

Página

1 Efeito dos tratamentos sobre o pH do fluído rumina!. ......................................... 43

2 Efeito dos tratamentos sobre a concentração de amônia rumina!. ..................... 45

3 Efeito dos tratamentos sobre a concentração total de ácidos graxos voláteis no

fluído rumina!. .................... .................................................................................... 48

4 Efeito dos tratamentos sobre a concentração de acetato no fluído rumina!. ...... 51

5 Efeito dos tratamentos sobre a concentração de propionato no fluído rumina!.. 53

6 Efeito dos tratamentos sobre a concentração de butirato no fluído ruminal ...... 55

7 Efeito dos tratamentos sobre a relação acético/propiônico no fluído ruminal .... 57


ix

EFEITO DA SUBSTITUiÇÃO DO GRÃo DE MILHO PELO GRÃo DE MILHETO

(Pennisetum americanum), EM DIETAS DE BOVINOS DE CORTE EM

CONFINAMENTO

Autor: JOSÉ RENATO SILVA GONÇALVES

Orientador: Prof. Dr. ALEXANDRE VAZ PIRES

RESUMO

Avaliou-se o efeito da substituição do grão de milho pelo grão de milheto,

em dietas contendo silagem de milho ou silagem de capim elefante aditivada com

13% de polpa cítrica seca e peletizada, sobre o consumo, a digestibilidade dos

nutrientes e os parâmetros ruminais. Seis garrotes Nelore, com peso vivo médio

de 250 kg, foram utilizados em um quadrado latino 6x6, com arranjo fatorial 2x3 (2

volumosos e três níveis de substituição de amido), constituindo os tratamentos: 1,

2 e 3, silagem de milho e 4, 5 e 6, silagem de capim elefante aditivada com 13%

de polpa cítrica seca e peletizada. Para cada volumoso, substituiu-se o amido do

grão de milho pelo amido do grão de milheto nas seguintes proporções: 100:0;

50:50; O: 100 na matéria seca do concentrado. A inclusão de milheto não afetou

(P> 0,05) o consumo e a digestibilidade dos nutrientes da dieta, com exceção da

digestibilidade do extrato etéreo e do amido que aumentaram com a inclusão de

milheto. A utilização da silagem de capim elefante aumentou (P<0,05) o consumo

e a digestibilidade da fibra em detergente ácido e a digestibilidade da fibra em

detergente neutro, enquanto que a silagem de milho aumentou (P<O,05) o


x

consumo de amido. A inclusão de milheto reduziu (P<O,05) os valores de amônia

e acetato ruminal, enquanto que a utilização da silagem de capim elefante

aumentou (P<O,05) as concentrações dos ácidos graxos totais, acetato, butirato e

a relação acético:propiônico.
xi

EFFECT OF REPLACING CORN GRAIN BY MILLET GRAIN (Pennisetum

americanum) ON BEEF CATTLE FEEOLOT DIET

Author: JOSÉ RENATO SILVA GONÇALVES

Adviser: Prof. Dr. ALEXANDRE VAZ PIRES

SUMMARY

Six Nelore steers (initial body weight 250 kg) were used in a 6 X 6 Latin Square

design to evaluate the effects of replacing com grain by millet grain on feed intake, nutrient

digestibility and ruminal parameters. A 2 X 3 factorial arrangement composed the

following experimental treatments: 1, 2 and 3 were com silage based and 4, 5 and 6 were

elephant grass silage added with 13% of dry citrus pulp. In each roughage, com grain starch

was replaced by millet grain starch in the foIlowing ratio: 100:0, 50:50 and 0:100 of

concentrate dry matter. Adding millet to the diet did not affected (P>0.05) feed intake and

nutrient digestibility, except ether extract and starch digestibility which increased as millet

was added to the diet. Elephant grass silage increased (P<0.05) feed intake and acid and

neutral detergent fiber digestibility. Com silage increased (P<0.05) starch intake. Millet

replacement decreased (P<0.05) ruminal ammonia and acetate. Elephant grass silage

increased (P<0.05) total fatty acids, acetate and butirate concentration and the

acetate:propionate ratio.
1 INTRODUÇÃO

o Brasil devido a sua vasta extensão territorial, associado ao clima tropical


existente em quase todo território nacional, destaca-se no contesto mundial como

uma das grandes potências para a produção de carne bovina. Essa característica

de clima tropical, permite ainda, o desenvolvimento de uma grande diversidade de

plantas forrageiras de elevado potencial produtivo.

O potencial produtivo das gramíneas tropicais em sistemas intensivos, pode

alcançar varores superiores a 80 toneladas de matéria seca por hectare por ano,

mantendo uma qualidade nutricional adequada, como é o caso do capim elefante

(Pennisetum purpureum). Essa elevada produtividade normalmente é

acompanhada de uma redução no custo da matéria seca produzida, o que pode

reduzir os custos de produção, e maior competitividade da carne brasileira no

mercado internacional.

Apesar da grande produtividade das plantas forrageiras tropicais, essas

apresentam sua produção concentrada nos meses quentes e chuvosos, ou seja,

de outubro a março (em quase todo território brasileiro), onde observamos 75 a

85% da produção anual das forragens, o que caracteriza o fenômeno denominado

de estacionalidade de produção das forragens. Essa característica das plantas

forrageiras exige a adoção de técnicas, que visem solucionar, ou, pelo menos
2

amenizar, os danos causados aos animais devido a falta de alimento nos períodos

secos.

A suplementação no período de escassez de forragens com dietas à base

de silagem de milho e grãos de cereais nobres, frequentemente utilizado em

países desenvolvidos, eleva o custo de produção nesse período. Essa técnica

muitas vezes é inviável econômica e operacionalmente, devido a falta de aptidão

do pecuarista para produção de cereais, indispensável à viabilização desse

sistema de produção.

Nesse sentido diversos trabalhos foram realizados buscando-se avaliar

alimentos e técnicas de produção alternativas, capazes de reduzir as áreas

destinadas a produção de alimentos conservados e os custos de produção, bem

como a major adoção pelos pecuaristas. Como por exemplo, pode-se sugerir uma

única planta forrageira tanto para exploração sob pastejo, como para a produção

de alimento conservado. Dentre as opções de plantas forrageiras, o capim

elefante foi um dos mais estudado para esse propósito, onde buscou-se

determinar os melhores intervalos entre cortes e pastejos, além de técnicas de

conservação capazes de proporcionar um desempenho animal satisfatório.

Associados a esses novos volumosos, também buscou-se a utilização de

novos alimentos concentrados, como por exemplo, os subprodutos das indústrias

de transformação de alimentos como o farelo de soja, polpa cítrica, farelo de

algodão e outros. Além disso, a utilização de grãos obtidos de culturas anuais

secundárias estabelecidas nas áreas agrícolas, principalmente sob a forma de

plantio direto, como é o caso do sorgo e do milheto, também podem colaborar com

a redução do custo de produção, devido ao seu menor custo de oportunidade e


3

não competirem com a alimentação humana, como é o caso do milho, trigo, aveia

e outros grãos tidos como nobres.

Diante disso, o presente trabalho objetivou avaliar os efeitos da substituição

do amido do grão de milho pelo amido do grão de milheto, no desempenho de

animais recebendo dietas contendo silagem de milho ou silagem de capim

elefante aditivada com 13% de polpa cítrica seca e peletízada, no consumo e

digestibilidade dos nutrientes e nos parâmetros ruminais.


4

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Silagem na Alimentação de Ruminantes

o processo de conservação de plantas forrageiras na forma de silagem é


muito antigo, sendo encontradas pinturas no Egito que mostram que os habitantes

daquela região já conheciam a técnica no período de 1000 a 1500 AC. Na Europa

central desde épocas remotas, essa técnica já era utilizada no aproveitamento dos

volumosos. para a utilização nos períodos de escassez. Os primeiros ensaios

técnicos foram conduzidos na França e Alemanha no século XIX, quando foi

possível armazenar, com sucesso, milho em fossos cavados no solo e difundir a

ensilagem por toda Europa e América (Faria, 1986).0 grande interesse dos

produtores no emprego da ensilagem se deve às variações climáticas que

ocorrem durante o ano, que promovem a desuniformidade de distribuição das

plantas forrageiras utilizadas como pastagem. Dessa forma, a conservação de

alimentos para a utilização durante os períodos críticos do ano, tomou-se prática

rotineira entre os criadores de bovinos de todo o mundo. Os princípios de

conservação dos alimentos na ensilagem consistem no controle das atividades

microbianas através da acidificação do meio com subprodutos da fermentação

microbiana, principalmente o ácido lático (Mc Donald, 1981).


5

No Brasil, existe um grande número de propriedades que utilizam a

ensilagem como técnica de produção de alimentos conservados, porém, alguns

quesitos básicos devem ser observados para a obtenção de uma silagem de

qualidade satisfatória.

2.1.1 Princípios Bãsicos da Ensilagem

Para a obtenção de uma silagem de qualidade é necessário que o meio

seja acidificado o mais rápido possível e, para que isso ocorra, é essencial que

seja liberado por parte dos microrganismos, ácidos orgânicos com elevado
.
potencial de acidificação, como é o caso do ácido lático. Para isso, o ambiente

necessita fornecer condições para a seleção dos microrganismos (Lactobacilos)

mais eficientes à produção desses ácidos orgânicos.

Para o favorecimento desses microrganismos, é de extrema importância a

condição de anaerobiose dentro do silo, a qual além de favorecer o

desenvolvimento das bactérias homoláticas, também atua na inibição da atividade

das bactérias produtoras de ácido butírico (Clostrídeos).

A inibição dessas bactérias normalmente se dá pelo aumento da

concentração hidrogeniônica do meio, devido ao aumento da concentração de

ácido lático, produzido pelas bactérias láticas. Porém, é difícil o estabelecimento

de um limiar de pH para a ocorrência de inibição, uma vez que o mesmo não

ocorre somente em função do pH, mas também em função do teor de umidade do


6

material a ser conservado. Quanto mais úmido o material ensilado, menor é o pH

necessário para que a inibição ocorra (McDonald, 1981).

Wieringa (1960), demonstrou que os clostrídeos são mais inibidos pela

carência de umidade do que pela acidez propriamente dita, podendo tolerar altos

níveis de ácidos e hidrogênio quando em meio úmido, e que sua resistência é

diretamente proporcional ao teor de umidade.

Para garantir um rápido abaixamento de pH, é necessário também a

existência de carboidratos solúveis em quantidade suficiente para que as bactérias

produtoras de ácido lático tenham substrato suficiente para seu crescimento e

reprodução, permitindo que uma grande quantidade de ácido lático seja liberada

para o meio.

2.2 Silagem de Milho

o milho vem sendo tradicionalmente utilizado como uma opção interessante


na forma de silagem para a alimentação animal, devido à sua potencialidade de

boas produções com alto valor nutritivo. Porém, é comum observar-se distorções

no processo de produção de silagem de milho, que normalmente estão associados

à falta de conhecimento das técnicas envolvidas no processo de produção, o que

resulta em silagens de milho de baixo valor alimentício (Nussio, 1991).

Quando a silagem de milho é feita seguindo as orientações técnicas, esta

apresenta várias características favoráveis à sua produção, principalmente no que

diz respeito à sua qualidade nutricional, que geralmente é função da elevada


7

porcentagem de grãos na matéria seca do material ensilado (Nussio, 1999) e

qualidade de colmos e folhas (Harrison et aI., 1996a). Essa elevada qualidade

nutricional permite que animais alimentados com silagem de milho apresentem

desempenho satisfatório.

Associado ao elevado valor nutricional, a planta de milho também apresenta

características desejáveis à produção de silagem, uma vez que o material é

cortado quando a planta apresenta aproximadamente 30% de matéria seca (Faria,

1986), o nível de carboidratos solúveis na planta no momento do corte é superior à

3% da matéria original, permitindo adequado fornecimento de substrato para a

acidificação do meio (Gutierrez e Faria, 1979). Além disso, existe no mercado,

disponibilidade de máquinas adequadas e eficientes para a colheita dessas

plantas.

2.3 Silagem de Capim Elefante

o capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum) foi introduzido no Brasil,


à partir de estacas procedentes de Cuba (Granato, 1924). Sua disseminação

ocorreu de forma rápida, em função do seu elevado potencial produtivo de matéria

seca e da sua utilização em diversos sistemas e formas de exploração (Carvalho,

1985). Dentre as utilizações do capim elefante, a produção de silagem vem

despertando grande interesse entre os produtores e os pesquisadores.

A recomendação atual de utilização do capim elefante para a produção de

silagem é que este seja cortado com aproximadamente 60 dias de crescimento,


8

pois nesse ponto é possível associar uma elevada produção de matéria seca, com

uma qualidade nutricional adequada. Porém, nessa fase o teor de matéria seca do

capim elefante se encontra inferior à 20% (Faria, 1971 e Silveira, 1976), e o

excesso de umidade é o fator mais limitante à obtenção de silagens de boa

qualidade. Segundo Mc Cullough (1977), a fermentação ideal no silo é esperada

quando a forragem a ser ensilada apresente entre 28 e 34% de matéria seca,

associada ao teor de carboidratos solúveis entre 6 e 8% da matéria seca. Essas

condições seriam suficientes para proporcionar fermentações láticas adequadas

desde que o poder tampão não fosse elevado.

Associado à elevada umidade, o capim elefante apresenta ainda uma baixa

disponibilidade de carboidratos solúveis por ocasião do corte (Gutierrez e Faria,

1979), o que reduz a disponibilidade de substratos para os organismos produtores

de ácido lático, limitando a produção de ácidos orgânicos, que não são capazes

de neutralizar a atividade de água do material. Dessa forma, para amenizar os

efeitos negativos da utilização do capim elefante para a produção de silagem, é

aconselhável a adoção de técnicas capazes de melhorar as condições de

fermentação no silo, como por exemplo o uso de aditivos capazes de melhorar a o

padrão de fermentação dentro do silo, reduzir a atividade dos microrganismos

decompositores, com consequente melhoria da qualidade da silagem produzida.


9

2.3.1 Aditivos para a Silagem de Capim Elefante

Aditivos são definidos como qualquer material adicionado à forragem no

momento da ensilagem, com a finalidade de estimular a fermentação lática ou

inibir a ação de microrganismos indesejáveis, inibir a deterioração aeróbia,

melhorar a qualidade nutricional e/ou reduzir a umidade dos materiais ensilados

(McDonald, 1981).

Como as gramíneas tropicais apresentam elevado teor de umidade e baixo

teor de carboidratos solúveis, esses fatores associados prejudicam drasticamente

o processo fermentativo. O uso de aditivos na ensilagem desses materiais

começou a ser estudado com a finalidade de melhorar as características

fermentativ?s das silagens de gramíneas tropicais, seja através do suprimento de

substrato para a fermentação (melaço), aumento da população de bactérias

produtoras de ácido láctico (aditivos biológicos), inibição de processos

fermentativos (ácido fórmico), ou através da diminuição da umidade (adição de

materiais de elevado teor de matéria seca).

2.3.2 Técnicas para Aumentar o Teor de Matéria Seca das Silagens de Capim

Diversas técnicas e aditivos tem sido estudados na confecção de silagens

de capim elefante, tendo como finalidade aumentar e/ou melhorar a qualidade da

silagem e/ou de sua fermentação.


10

Uma das alternativas estudadas foi o emurchecimento do material a ser

ensilado. Lavezzo (1993), Machado Filho e Mühlbach (1986) e Silveira (1973),

concluíram que o emurchecimento aumentava o teor de matéria seca, porém,

esse valor não atingia níveis adequados, Sobrinho (1998), concluiu que o

emurchecimento só é eficiente para elevar o teor de matéria seca, quando o

material apresenta umidade superior a 78,8%, e que apesar do aumento no

consumo voluntário promovido pelo emurchecimento, os coeficientes de

digestibilidade, porcentagem de NDT e ingestão de NDT, não foram afetados pelo

processo. Além disso, a exposição ao sol por períodos prolongados poderiam

elevar o teor de matéria seca, mas é de se supor que o valor nutritivo da silagem

também seja reduzido, devido a maior decomposição aeróbia por fungos e

leveduras. 'Existem ainda outros fatores que podem ser lembrados quanto à

adoção dessa técnica, como a dependência das condições climáticas, maior custo

de produção da silagem, maior dependência de maquinário e mão de obra,

fazendo com que a sua prática não seja uma técnica muito frequente.

Outra alternativa para diminuir a umidade do capim elefante seria a

utilização de materiais com elevado teor de matéria seca. Corsi et aI. (1971),

Carvalho (1984, 1985), Lavezzo e Campos (1977, 1978), avaliando o efeito da

adição de materiais com elevado teor de matéria seca, tais como fubá de milho,

feno, palha de arroz, palhadas, sabugo de milho, bagaço de cana, cama de

frango, parte aérea da mandioca e outros alimentos, verificaram que todos

tratamentos promoveram aumento da matéria seca, alterações no padrão de

fermentação no interior do silo e inibiram o desenvolvimento de bactérias

produtoras de ácido butírico. Porém, quando foram utilizados alimentos de baixo


II

valor nutritivo na aditivação do capim elefante, a silagem produzida apresentou

valor nutritivo reduzido (Lavezzo, 1993).

O processo de aditivação com materiais de baixa umidade, promove um

aumento no teor de matéria seca, reduzindo a necessidade de produção de ácidos

orgânicos. Ainda auxilia na redução da atividade da água contida no alimento,

reduz a exigência de carboidratos solúveis, garantindo assim um bom processo

fermentativo, inibe o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis e garante a

silagem de gramíneas tropicais um valor nutricional adequado e baixo custo de

produção.

São características interessantes ao ingrediente utilizado para aditivar o

capim elefante que apresente além do alto teor de matéria seca, alta capacidade

de absorver água, alto valor nutritivo, boa palatabilidade, elevado teor de

carboidratos solúveis, fácil manipulação, boa disponibilidade no mercado e baixo

custo de aquisição.

2.3.3 Uso da Polpa de Citros como Aditivo na Ensilagem do Capim Elefante

A polpa de citros seca e peletizada é um subproduto da fabricação do suco

de laranja, sendo composta de casca, bagaço e semente de laranja, que são

submetidos à duas prensagens, que reduzem a umidade a 65-75% e posterior

secagem até 90% de matéria seca para então ser peletizada e comercializada.

Para facilitar o desprendimento de água e reduzir a natureza hidrofílica da pectina


12

(principal carboidrato presente neste alimento) é feita a adição de hidróxido ou

óxido de cálcio antes das prensagens (Wing, 1982).

O uso de subprodutos cítricos na alimentação de ruminantes teve início em

1911 nos Estados Unidos, porém somente à partir de 1934 o processo de

secagem foi desenvolvido, principalmente, em virtude do interesse das

esmagadoras de laranja (Gohl, 1973; Wing, 1982).

Dentre os aditivos utilizados na confecção de silagem de capim elefante,

podemos destacar o uso da polpa de citros seca peletizada, pois essa atende

vários dos requisitos necessários à melhoria das características fermentativas do

material ensilado (Peres 1997). Entre as vantagens do uso da polpa de citros

como aditivo, podemos destacar: Elevado teor de matéria seca ao redor de 89-

90% (N R.ç., 1989); Capacidade de absorver água de até 145% do seu peso

(WING, 1982); Valor nutritivo correspondente a 90-95% do valor energético do

milho (N.R.C., 1989); Alta palatabilidade (HARRIS, 1975 e GOHl, 1971);

Carboidratos solúveis ao redor de 26% (FARIA et aI. 1972); Alta disponibilidade,

sendo o Brasil o maior produtor mundial, com a safra 98-99 estimada em 1 milhão

de toneladas (Rocha Filho, 1998); Por se tratar de um material seco e peletizado,

a sua manipulação é facilitada; Reduzido custo de aquisição, devido à quedas na

cotação internacional do produto (Carvalho, 1995).

Apesar da ampla utilização da polpa de citros na alimentação de

ruminantes, pouca informação existe sobre a sua utilização como aditivo de

silagens. FARIA et aI. (1972), utilizando polpa de citros seca e fresca com níveis

de 0, 5, 10, 15 e 20% e 20, 30, 40 e 50%, respectivamente, concluiu que teores


13

adequados de matéria seca foram atingidos somente com a inclusão de 15 e 20%

de polpa seca ao capim (27,94 e 32,41% de matéria seca, respectivamente).

Peres (1997), trabalhando com níveis de inclusão de O, 5, 10 e 15% de

polpa cítrica seca e peletizada na silagem de capim elefante, concluiu que a

adição de polpa cítrica, nos níveis de 10 e 15%, elevou o nível de matéria seca da

silagem para níveis adequados, proporcionou adequada fermentação microbiana

no silo e maior recuperação de matéria seca. A silagem com inclusão de 15% de

polpa de citros foi o único material que não apresentou perdas por efluente. Além

disso, no mesmo trabalho o autor verificou que o consumo voluntário e a

digestibilidade dos nutrientes, em ovinos, foram aumentados de acordo com o

nível de inclusão de polpa de citros.

2.4 Grãos de Cereais na Alimentação de Ruminantes

Os cereais são os maiores componentes energéticos das dietas utilizadas

para produção intensiva de bovinos, sendo o amido o principal componente dos

grãos de cereais, podendo esse representar de 60 a 80% da sua composição

(Guilbot e Mercier, 1985), concentrando-se principalmente no endosperma dos

grãos de cereais (Kotarski et aI., 1992).

O amido e os açucares são considerados as principais fontes de reserva

energética da maioria dos vegetais, sendo o amido constituído basicamente por

dois polissacarídeos principais: amilose e amilopectina. O conteúdo de amido e a

proporção entre os seus principais componentes variam de acordo com a espécie


]4

vegetal e dentro da espécie varia de acordo com o grau de maturidade (Kotarski et

aI., 1992; Rooneye Pflugfelder, 1986; Van Soest, 1994).

A amilose é um polissacarídeo linear, com unidades de D-glicose unidas

através de ligações glicosídicas do tipo a -1,4 que lhe confere uma estrutura

helicoidal. A amilopectina é um polissacarídeo ramificado com cadeia linear de

unidades de D-glicose unidas através de ligações glicosídicas do tipo a. -1,4, que

apresenta pontos de ramificação com ligações do tipo a. -1,6, com intervalos de 20

a 25 moléculas de glicose, e essa distribuição lhe confere estrutura esférica.

Ambas as formas se encontram unidas por pontes de hidrogênio que conferem

aos grânulos de amido regiões de forma bem organizadas (cristalinas), que são

resistentes à infiltração de água, e regiões não organizadas (amorfas), onde a

água se infiltra facilmente (Kotarski et aI., 1992; Rooney e PfIugfelder, 1986).

O tipo e a organização dos polímeros formadores do amido são capazes de

influenciar o processo de digestão do amido pelos animais. O ataque de amilases

durante a digestão do amido é iniciada na região amorfa, enquanto que a hidrólise

da região cristalina ocorre mais vagarosamente. Já a explicação para a menor

digestibilidade da amilose pode estar relacionada com a maior presença de pontes

de hidrogênio, o que limitaria a absorção de água pela molécula e

consequentemente a hidrólise enzimática. Outra teoria que explica a menor

digestibilidade da amilose está no fato de que a mesma se localiza principalmente

na região amorfa onde se apresenta complexada com lipídeos (Rooney e

PfIugfelder, 1986).
15

Outro fator que afeta a utilização do amido pelos animais é a presença da

matriz protéica ao redor dos grânulos de amido, que dificulta a ação das enzimas

digestivas (Kotarski et a!., 1992), sendo o efeito negativo da matriz protéica mais

pronunciado nos grãos de milho e sorgo do que nos demais cereais (Sniffen,

1980). Além da presença da matriz protéica, a natureza destas também afetam a

digestibilidade do amido (Simas, 1997). Dessa forma, a concentração, localização,

e o tipo de amido presente nos grãos dos cereais podem afetar significativamente

o desempenho animal.

2.5 Milho

Historicamente o milho sempre representou a principal cultura da agricultura

brasileira, não somente no aspecto quantitativo, como também no que diz respeito

à sua importância estratégica, por ser a base da alimentação animal e,

consequentemente, humana (Coelho, 1997).

O milho é altamente palatável e pode suprir toda a energia de uma ração.

Normalmente constitui no mínimo 50% das misturas de concentrados. Apesar da

elevada concentração de energia, apresenta níveis de proteína reduzido, o que

justifica a suplementação com fontes protéicas, além de minerais e vitaminas

(Bose, 1986).

Variedades de milho cerosas apresentam menores teores de amilose, o que

lhe proporciona maior degradabilidade que o milho comum (Guibot e Mercier,

1985). Além das variedades cerosas, ainda existem pesquisas visando o


16

desenvolvimento de variedades modificadas, como por exemplo, as variedades

ricas em proteína, variedades ricas em óleo e outras, porém, a baixa produção e a

baixa estabilidade no campo durante o desenvolvimento da cultura, vem limitando

o seu uso (Bose, 1986). As variedades de milho duro (flint) , apresentam menor

degradabilidade do que as variedades de milho mole (dent), porém, as variedades

de milho duro apresentam melhor capacidade de conservação, o que faz com que

essas ainda sejam as mais frequentemente cultivadas (Bose, 1986).

Bose 1986, em revisão à utilização do grão de milho na alimentação de

ruminantes, chegou à seguinte composição média: Amido, 70%; Proteína Bruta,

9,0%; Fibra Bruta, 2,1 %; Gordura, 3,5 a 4,0%; Cálcio, 0,023%; Fósforo, 0,0,27%;

Nutrientes Digestíveis Totais, 81 %; Energia Metabolizável, 3,8 Kcall Kg de MS.

Dentre as fontes de amido mais comumente utilizadas, o milho ocupou

posição de destaque, não só pelo seu comprovado valor nutritivo, mas também

pela tradição na cultura. Entretanto, apesar de muito cultivado e produtivo, o seu

uso na alimentação humana e dos animais monogástricos toma importante a

busca de novas alternativas eficientes e de menor custo para o arraçoamento de

ruminantes (Moron, 1994).

2.6 Milheto

A denominação milheto é utilizada em vários países para designar plantas

que produzem sementes de pequeno tamanho, como por exemplo, penicilária,

pasto italiano, capim charuto, pearl millet, cattail, bulrush, bajra, cumbo e sana.
]7

Existem assim, muitas espécies e variedades denominadas de milheto, sendo as

principais Pennisefum fyphoídes, Panicum miliacenum, Sefaria ifalica, Echinochloa

cruzgallii, Eleucine caracana e Paspalum scorbiculatum (Uma, 1982). Há

controvérsias em relação à denominação dentífica da espécie, que segundo o

mesmo autor, é designado de Pennisetum typhoides (Burn) Staff et Hulb ou

Pennisefum americanum (L.) Leeke, porém nesse trabalho será adotada a

segunda denominação.

O milheto (Pennesetum americanum (L.) Leeke) é segundo Ura (1977),

uma forrageira anual de verão de alto valor nutritivo, que pode ser utilizada tanto

para a produção de forragem como para a produção de grãos. Sendo consumido

como cereal e utilizado como substrato para a produção de bebidas alcóolicas

desde tempos pré-históricos, na Ásia, África e Europa. Segundo Rachie (1975),

estudos mostram que os milhetos foram os primeiros grãos cultivados pela raça

humana.

Em função das suas características fisiológicas, o milheto se adapta à solos

ácidos e de baixa fertilidade, os quais são bastante limitantes para outras culturas.

Essas características fazem com que algumas variedades de milheto se tornem

importantes opções de grãos em muitas regiões semi-áridas do mundo, como

índia e continente Africano, ocupando cerca de 26 milhões de hectares com a

cultura nessas regiões (Singh et aI., 1987).

Outra adaptação fisiológica do milheto é a sua resistência ao calor e baixo

requerimento de água, durante o ciclo. Segundo Burton (1972), a temperatura

ideal para o milheto é de 28°C durante o dia e 20°C durante a noite. Altas
18

temperaturas são requeridas para um crescimento rápido, principalmente nos

estádios mais avançados de desenvolvimento. A cultura também se desenvolve

no inverno desde que a temperatura não se situe abaixo de 16°C (Paulino, 1981).

Os cultivares de maturação precoce crescem na África Oriental para a

produção de grãos sob uma precipitação anual de 250 - 300 mm, enquanto que na

mesma área o sorgo granífero requer, no mínimo, 350 mm de precipitação

(Paulino, 1981). Segundo Duarte (1980), a semente de milheto é capaz de

germinar com menos umidade que outras espécies. Além disso, o milheto é uma

das plantas mais eficientes na utilização de água (Lima, 1982), conforme

observado na tabela 1.

Tabela 1. Exigências hídricas de várias culturas em Akson, Colorado, EUA.


Espécie - cultura gramas de água/gramas de M.S.
Panicum miliaceum (milheto) 282
Pennisefum americanum (milheto) 302
Sorghum bico/ar (sorgo) 321
Zea mays (milho) 370
Trificum sp. (trigo) 590
Fonte. Lima (1982)

O milheto não é resistente à seca caso essa ocorra na fase reprodutiva e

formação de grãos. A ocorrência de "stress" hídrico nessa fase pode causar a

morte ou redução nos níveis de produção.


19

Por apresentar elevado teor de proteína quando comparado com outros

grãos como milho, sorgo e trigo, o milheto tem sido utilizado na alimentação

humana, sob a forma de farinha, para a confecção de pães e derivados (Burton et

aI., 1972).

Andrews e Kumar (1992), em revisão sobre as características do grão,

observaram que não é descrita a presença de taninos, porém, a presença de

fenóis no grão foi detectada. O grão de milheto apresenta 75% de endosperma,

17% de gérmen e 8% de casca, sendo a proporção do gérmen no grão o dobro da

observada no grão de sorgo, o que contribui para melhorar o seu valor nutritivo.

No Brasil não existem estatísticas corretas sobre a área plantada com

milheto, sendo que a cultura começa a se destacar nas regiões agrícolas,

principalmente em sistema de plantio direto, para utilização como cultura

acompanhante, em geral associada ao cultivo da soja, impedindo dessa forma que

o solo permaneça desprotegido durante o período. Essa característica faz com

que em algumas épocas do ano ocorra grande disponibilidade de grãos para

comercialização, com preços relativamente baixos, devido ao baixo custo de

produção.

As pesquisas relacionadas ao valor nutritivo do grão de milheto para a

formulação de rações ainda são muito escassas, porém, algumas referências na

literatura nacional e internacional permitem ter uma noção da sua composição

químico-bromatológica. Nas tabelas 2, 3, 4 e 5 são apresentados os valores da

composição bromatológica, vitamínica e mineral dos grãos de milheto de acordo

com diferentes fontes, respectivamente.


20

Tabela 2. Composição proximal do milheto grão (com base na matéria original)


Fontes

Ensminger AEC NRC Feedstuffs


e Olentine (1987) aves (1995)
% da matéria original (1978) (1994)
Matéria seca 90,0 87,0 90,0 90,0
Extrato etéreo 4,0 4,0 4,3 3,6
Fibra bruta 6,8 8,0 3,0 6,5
Extrato não nitrogenado 64,1 60,5
Cinzas 3,0 3,5 3,2
Proteína bruta 12,1 11,0 14,0 11,5
1
Proteína digestível rum 6,8 7,0
Proteína digestível eq2 8,6
Ácido linoléico 0,8
1 Ruminantes
2 Equinos

Tabela 3. Composição de quatro vitaminas no grão de milheto (com base na


matéria original).
Fontes
AEC NRC aves Feedstuffs
Mg/ Kg na matéria original (1987) (1994) (1995)
Colina 790 793 789
Niacina 53,0 53,0 52,6
Ácido pantotênico 7,8 7,8 7,4
Riboflavina 1,6 1,6 1,6
21

Tabela 4. ComEosição mineral do grão de milheto {com base na matéria original}


Fontes

Ensminger AEC NRC Feedstuffs


e Olentine (1987) aves (1995)
% da matéria original {1978} {1994}
Cálcio 0,05 0,04 0,05 0,05
Fósforo total 0,28 0,30 0,32 0,30
Fósforo disponível 0,08 0,12
Potássio 0,43 0,43 0,43
Cloro 0,03 0,14
Sódio 0,04 0,04 0,14
Enxofre 0,13 0,13 0,13 0,13
ppm na matéria original

Ferro 40,00 25,00 40,00


Magnésio 0,16 0,16 0,16
Cobre 22,00 22,00 21,60
Cobalto 0,20
Selênio 0,70
Manganês 30,00 31,00 29,00
Zinco 13,00 13,00 13,90

o conhecimento detalhado da utilização do milheto como fonte de energia


em dietas de ruminantes pode viabilizar a sua adoção como fonte de amido em

sistemas intensivos. Atualmente existem poucos dados que forneçam com

elevada precisão, os níveis energéticos do amido do grão de milheto, bem como


22

os seus padrões de fermentação ruminal. Na tabela 5 encontram-se alguns

valores de concentração energética do grão de milheto, para algumas espécies,

de acordo com diferentes fontes.

Tabela 5. Composição energética do grão de milheto (com base na matéria


original).
Fontes

Ensminger AEC NRC Feedstuffs


e Olentine (1987) aves (1995)
% da matéria original (1978) (1994)
NDT ruminantes 59,00 70,00 69,00
NDT suínos 78,00 70,00
Mcall Kg de matéria original
ED 1 ruminantes 2,59
ED suínos 3,28 2,87
EM 2 ruminantes 1,22
EM suínos 2,70 2,79 2,88
EMa3 corrigida Aves 3,02 2,97 2,67 3,24
EMv4 corrigida Aves 3,37
Elm5 ruminantes 1,30
Elg6 ruminantes 0,74 0,83
EII 7 ruminantes 1,33 0,87
, Energia Digerivel; 2 Energia Metabólica; 3 Energia Metabólica aparente; 4 Energia Metabólica
verdadeira; 5 Energia Líquida de manutenção; 6 Energia Líquida de ganho; 7 Energia Líquida da
lactação.

2.7 Efeitos da substituição do grão de milho pelo grão de milheto

Utilizando grãos de milheto mais panícula em níveis crescentes de

substituição ao milho desintegrado com palha e sabugo, na dieta de cabras


23

leiteiras, França et aI. (1992) não constatou diferença significativa na produção de

leite de cabras delineadas em quadrado latino, em quatro períodos de 28 dias.

Hill e Hanna ( 1990 ), estudando dietas a base de milho, sorgo e milheto

para gado de corte, encontraram um menor valor de pH e uma menor relação

acetato:propianato para a ração com grãos de milheto em relação às dietas com

milho e sorgo, indicando a fermentação ruminal mais rápida do grão de milheto,

classificando o milheto como uma importante alternativa para compor o principal

grão em rações para confinamento, tabela 6.

Tabela 6. Composição químico-bromatologica do milho, sorgo e milheto.

Composição química (% MS) Milho Sorgo Milheto


Matéria seca 87,30 86,50 85,60
Extrato etéreo 4,60 3,50 5,10
Fibra bruta 2,20 2,20 1,80
Proteína bruta 10,70 12,70 14,30
Extrato não nitrogenado 81,20 80,00 75,70
FDN 18,60 10,60 17,00
FDA 5,10 5,80 5,00
Energia bruta (Kcall g MS) 4,49 4,51 4,61
Fonte. HiII e Hanna (1990)
24

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Animais e instalações experimentais

Foram utilizados seis garrotes nelore, com peso médio inicial em torno de

250 Kg, delineados em um quadrado latino 6 X 6. O experimento foi conduzido

nas instalações experimentais de bovinos do Departamento de Produção Animal

da ESAlQ-USP, durante o período de Maio a Setembro de 1999. Os animais

foram alqjados em baias individuais cobertas, do tipo "tie stall", providas de

bebedouros automáticos e cocho para a alimentação.

Os animais entraram no experimento após período de adaptação prévio as

instalações e as cirurgias de colocação das cânulas no rúmen e duodeno

proximal.

3.2 Tratamentos

Os tratamentos foram arranjados em um fatorial de tratamento do tipo 2 x 3,

da seguinte forma:
25

- Silagem de milho, com substituição do amido do grão de milho, pelo amido

do grão do milheto nas proporções de 100:0; 50:50; 0:100, na matéria seca do

concentrado, respectivamente.

- Silagem de capim elefante aditivada com 13% de polpa cítrica seca e

peletizada, com substituição do amido do grão de milho, pelo amido do grão de

milheto nas proporções de 100:0; 50:50; 0:100, na matéria seca do concentrado,

respectivamente.

A proporção dos ingredientes da dieta, bem como a sua composição


bromatológica, são demonstradas nas tabelas 7 e 8.

Tabela 7. Proporção dos ingredientes na dieta.


Dietas

Silagem de milho Silagem capim elefante'


Ingredientes milho2 mxm3 milheto~ milho mxm milheto

Silagem de milho 40,00 40,00 40,00


Silagem de capim elefante 40,00 40,00 40,00
Milho moído 35,50 19,08 35,50 19,08
Milheto grão moído 19,08 41,23 19,08 41,23
Farelo de soja 7,00 4,34 1,27 7,00 4,34 1,27
Caroço de algodão 15,00 15,00 15,00 15,00 15,00 15,00
Uréia 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50
Minerais e vitaminas 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00
'Silagem de capim elefante aditivada com 13% de polpa de citros seca e peletizada; LConcentrado
contendo 100% de milho grão moído; 3Concentrado contendo 50% de milho e 50% de milheto;
4Concentrado contendo 100% de milheto grão moído.
26

Tabela 8. Composição aproximada das dietas.


Dietas
Silagem de milho Silagem de capim elefante'
Composição t% da MS) milh02 mxm3 milheto~ milho mxm milheto

Proteína Bruta 14,00 14,00 14,00 14,00 14,00 14,00


Elg5 (Mcall kg MS ) 1,28 1,22 1,15 1,20 1,14 1,06
Fibra Detergente Neutro 29,79 31,47 33,40 28,55 30,22 32,16
Fibra Detergente Ácido 18,06 18,16 18,28 21,41 21,51 21,63
Gordura 5,83 5,91 5,99 5,43 5,51 5,59
Amido no concentrado 26,30 26,20 26,10 26,30 26,20 26,10
'Silagem de capim elefante aditivada com 13% de polpa de citros seca e peletizada; 2Concentrado
contendo 100% de milho grão moído; 3Concentrado contendo 50% de milho e 50% de milheto;
4Concentrado contendo 100% de milheto grão moído; 5Energia líquida de ganho.

Os .concentrados foram misturados previamente em um misturador

horizontal (marca Lucato, com capacidade de 500 Kg). Na hora do fornecimento

das dietas os volumosos e os concentrados nas suas respectivas proporções,

foram pesados e homogeneizados para cada animal individualmente e fornecida a

ração completa duas vezes ao dia (6:30 e 18:30 horas), "ad 'Iibitum, permitindo

sobras ao redor de 10%, que foram registradas diariamente.

3.3 Período experimental

o período experimental teve duração de 120 dias, sendo os primeiros trinta


dias destinados ao processo de adaptação dos animais as instalações e a cirurgia,
27

e o restante do período foi subdividido em seis sub-períodos de 15 dias, sendo

destinado os onze primeiros dias dos sub-períodos para a adaptação dos animais

as novas dietas e os quatro últimos dias para as coletas.

3.3.1 Coletas de dados referentes ao consumo de matéria seca

Os dados de consumo de matéria seca foram obtidos através da diferença

entre a quantidade de matéria seca fornecida e a verificada nas sobras. Para isso

as amostras das dietas fornecidas e das sobras do décimo primeiro ao décimo

quinto dia foram amostradas uma vez por dia e compostas por animal por período.

Após as coletas as amostras eram congeladas -10°C, visando a sua

conservação, para posterior secagem em estufa com ventilação forçada (55°C),

por 72 horas, para a determinação da matéria seca de acordo com A. O. A. C.

(1990).

3.3.2 Coleta de amostras para a determinação da digestibilidade aparente no

trato digestivo total

As digestibilidades dos nutrientes foram determinadas através da diferença

entre a quantidade de nutrientes presentes no material consumido pelos animais e

a quantidade desses mesmos nutrientes nas fezes. Par isso foram coletadas

durante os quatro últimos dias de cada sub-período amostras do oferecido e


28

sobras, com intervalos de doze horas, sendo essas compostas por animal e por

período. Além disso efetuou-se a pesagem do total de fezes excretadas pelos

animais nos cinco últimos dias de cada sub-período, sendo essas amostradas e

compostas por animal por dia, para a determinação da quantidade de matéria

seca em Kg excretadas nas fezes.

As amostras de oferecido, sobras e fezes, foram conservadas

congeladas -10°C, para posterior determinação de, matéria seca (MS), matéria

orgânica (MO), nitrogênio (N), fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente

ácido (FDA), lignina, extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), e amido. A

digestibilidade dos nutrientes foram calculadas da seguinte maneira:

Digestibilidade do nutriente (%)

=(Kg do nutriente consumido - Kg do nutriente nas fezes) x 100

Kg do nutriente consumido

3.3.3 Coleta de amostras para determinação da digestibilidade aparente no

rúmen e intestinos

Inicialmente a digestibilidade aparente no rúmen e intestinos seria

determinada através da utilização do óxido de cromo (Cr203), como marcador

externo de indigestibilidade, sendo esse fornecido no rúmen duas vezes por dia

(5,0 g/dose a cada 12 horas), via cânula ruminal, 10 dias antes do término das

coletas de cada período.


29

As amostras do conteúdo duodenal (n=24), foram coletadas a cada 4 horas,

com tempo inicial avançado de 1h, em cada dia de cada período. Após as coletas

as amostras eram compostas por animal e por período, congeladas -10°C,

visando a sua conservação, para posterior secagem em estufa com ventilação

forçada (55°C), por 72 horas e moídas em moinhos do tipo Wiley providos de

peneiras de 1mm, para a determinação de N, EE, FDN, FDA, lignina, MO, amido e

Cromo.

A digestibilidade no rúmen e nos intestinos seria calculada através da

concentração dos nutrientes e do marcador externo de indigestibilidade no

alimento consumido e no conteúdo duodenal. Porém é interessante ressaltar que

as determinações de Cromo no conteúdo duodenal não apresentaram resultados

satisfatórios, provavelmente devido a absorção de cromo pelo trato digestivo, o

que reduziu a sua recuperação e impediu a determinação da digestibilidade

aparente do rúmen e dos intestinos.

3.3.4 Análises bromatológica das dietas, sobras e fezes

A metodologia utilizada para a preparação das amostras para as análises

laboratoriais das dietas oferecidas e sobras já foram descritas anteriormente,

dessa forma será dada ênfase apenas para o procedimento de coleta e

preparação das amostras de fezes.

As amostras de fezes foram coletadas a cada 8h, com tempo inicial

avançado em duas horas por dia de cada período do décimo primeiro ao décimo
30

quinto dia de cada período coleta. Após as coletas as amostras eram compostas

por animal e por período, congeladas -1 DOC, visando a sua conservação, para

posterior secagem em estufa com ventilação forçada (55°C), por 72 horas e

moídas em moinhos do tipo Wiley providos de peneiras de 1mm.

As amostras de oferecido, sobras e fezes, foram analisadas para a

determinação da MS, MO, N e EE, de acordo com o A. O. A. C. (1990); FDN e

FDA, de acordo com o método de Van Soest et aI. (1991); lignina, de acordo com

Goering e Van Soest (1970) e amido de acordo com Poore (1981).

3.3.5 Coleta de conteúdo ruminal para determinação do pH, ácidos graxos

voláteis (AGV) e amônia

As amostras de conteúdo ruminal, foram coletadas no décimo

primeiro e décimo segundo dia de cada sub-período, com intervalos de quatro

horas, adiantando duas horasl dia. Os tempos de coletas foram representados

pelos tempos zero, antes do fornecimento das dietas pela manhã, e 2, 4, 6, 8 e 1D

horas após o fornecimento das dietas.

As amostras de conteúdo ruminal foram coletadas de quatro pontos

distintos do rúmen, após prévia homogeneização do conteúdo no interior do

rúmen, filtradas em quatro camadas de tecido de algodão (pano de frauda),

obtendo-se dessa forma, aproximadamente 200 ml de fluido ruminal filtrado, na

qual era determinado o pH das amostras imediatamente. Esses valores foram

determinados através de leitura direta em potenciômetro digital (Digimed TE-902).


31

Após a determinação do pH foram retiradas duas alíquotas de 30ml do

fluído ruminal, foram acrescentados 1,5 ml de solução 6 N de ácido clorídrico, que

foram conservadas congeladas a -10°C, para posterior determinação de NH3, e

AGV. Após o descongelamento as amostras foram centrifugadas a 11.000 9 a

4°C, durante 20 minutos, sendo uma fração do sobrenadante utilizada para a

determinação de N-NH 3, de acordo com o método calorimétrico descrito por

Chaneye Marbach (1962) e adaptado para ser usado em placas de microtítulo e

posterior leitura em aparelho do tipo Elisa Reader com absorvâncía de 550

nanômetros, que apresenta resultados em mgl dI.

a restante do sobrenadante foi utilizado para a determinação de AGV's de


acordo com Palmquist e Conrad (1971 b), utilizando cromatógrafo líquido gasoso,

CLG (HewJett Packard 5890, Series li), equipado com HP Integrador (HewJett

PackardCompany, Avondale, PA). a padrão interno foi ácido 2- etilbutírico e o

nitrogênio foi o gás de arraste. A temperatura do injetor, detector e coluna, foram

150, 190 e 115°C, respectivamente.

3.4 Análise estatística

o experimento foi conduzido segundo o arranjo fatorial 2x3 (dois volumosos


x três concentrados), no delineamento Quadrado Latino 6x6 (seis animais x seis

períodos), adotando-se para análise estatística o procedimento GLM do programa

estatístico SAS (1991). O quadro da análise de variância é mostrado na tabela 9.


32

Tabela 9. Quadro esquemático de análise de variância para o ensaio de consumo


e digestibilídade.
Causa de variação Graus de liberdade

Animal 5
Período 5
Volumoso 1
Concentrado 2
Resíduo 22
Total 35

As variáveis pH, AGV's e N-NH3 foram analisadas estatisticamente como

parcelas subdivididas no tempo. Os efeitos de Tratamento, animal e período,

foram test~dos com relação às parcelas. A interação horário de coleta x

tratamentos, foi testada com relação ás subparcelas. O quadro de análise de

variância é mostrado na tabela 10.

As diferenças entre os tratamentos, para as diversas variáveis avaliadas,

foram verificadas pelo teste Tukey, considerando 5% (P<0,05) como nível de

significância e até 10% como tendência (P<O,1 O).


33

Tabela 10. Quadro esquemático de análise de varíâncía para pH, AGV's e N-NH3 .
Causa de variação Graus de liberdade

Animal 5
Período 5
Volumoso 1
Concentrado 2
Resíduo A 22
Parcelas 35
Horário 11
Volumoso 11
Concentrado 11
Resíduo B 399
subparcelas 432
34

4 RESULTADO E DISCUSSÕES

4.1 Composição das dietas

Os valores da composição bromatológica das dietas encontram-se na

tabela 11.

Tabela 11. Composição bromatológica das dietas.


Silagem de milho Silagem de capim elefante'
(% da MS) Milho2 Mx~ Milheto'l Milho MxM Milheto
MO 94,52 94,35 94,57 91,94 91,88 92,10
PB 16,95 16,50 16,00 17,00 16,66 16,00
Amido 32,51 30,54 34,49 25,76 25,85 27,38
EE 5,10 5,64 5,30 5,00 5,51 5,15
FDN 30,13 30,35 30,29 32,81 33,16 33,00
FDA 16,37 16,68 16,42 20,11 20,48 20,13
'Silagem de capim elefante mais 13% de polpa de citros seca e peletizada; 2Concentrado contendo
milho; 3Concentrado contendo milho e milheto; 4Concentrado contendo milheto.
MO: Matéria Orgânica; PB: Proteína Bruta; EE: Extrato Etéreo; FDN: Fibra
Detergente Neutro
FDA: Fibra Detergente Ácido.

As dietas apresentaram níveis de Proteína Bruta (PB) semelhantes,

caracterizando-as como isoprotéicas. Os tratamentos onde os níveis de milheto

foram maiores, apresentaram menores teores de Proteína Bruta, pois a


35

concentração desse nutriente no grão de milheto utilizado era menor do que o

valor apresentado em tabelas.

De acordo com a tabela 11, verifica-se elevada variação entre os teores de

amido das dietas. Esse fato era esperado uma vez que ao calcular-se as dietas,

levou-se em consideração apenas a concentração de amido nos grãos de milho e

de milheto, o que gerou concentrados com níveis de amido próximos (38,2; 39,0 e

41,0; para os concentrados contendo milho; milho e milheto e milheto

respectivamente). Dessa forma nos tratamentos onde se utilizou silagem de milho,

a concentração de amido na dieta foi sempre superior as dietas que utilizaram

silagem de capim elefante.

O principal objetivo do trabalho foi comparar duas fontes energéticas, milho

e milheto; e duas fontes de volumosos, silagem de milho e silagem de capim

elefante aditivada com 13% de polpa cítrica seca e peletizada, fazendo-se

necessária a participação equitativa dos ingredientes na dieta.

4.2 Efeito dos tratamentos sobre o consumo voluntário de matéria seca e

digestibilidade aparente dos nutrientes no trato digestível total.

A utilização da silagem da silagem de capim elefante não apresentou efeito

significativo (P>O,OS) sobre o consumo e a digestibilidade da matéria seca,

matéria orgânica, PB e EE etéreo, quando comparada com a silagem de milho,

porém reduziu (P<O,OS) o consumo de amido e aumentou (P<O,OS) o consumo de

FDA e a digestibilidade da FDN e FOA (Tabelas 12,13 e 14).


36

Tabela 12. Efeito dos tratamentos sobre o consumo voluntário e a digestibilidade


aQarente no trato total da matéria seca e da matéria orgânica.
Silagem de milho Sil. capim elefante' Teste F
Mil. 2 MxM3 Mit.;{ Mil. MxM Mit. EMpS C7 veV*CI
P>
9
CMS, kg/dia 6,5 5,4 6,1 6,2 5,8 5,7 0,387 0,9854 0,2344 0,6501
DATT, kg 10 4,1 3,5 4,0 4,0 3,7 3,9 0,686 0,8597 0,2991 0,8629
DATT, %11 63,0 63,4 65,4 65,0 64,9 68,0 2,13 0,3051 0,4281 0,9528
CMO, kg/dia 12 6,2 5,1 5,7 5,7 5,3 5,3 0,362 0,5350 0,2138 0,6433
DATT, kg 13 4,00 3,4 3,8 3,9 3,5 3,1 0,265 0,8727 0,3031 0,8717
DATT, %14 64,5 65,8 67,1 67,2 67,3 70,4 2,018 0,1913 0,4071 0,9036
'Silagem de capim elefante aditivada com 13% de polpa de citros seca e peletizada;
2,3,4Concentrados contendo: milho; 50% milho e 50% milheto; milheto, respectivamente; 5Erro
médio padrão; '1:feito do volumoso; 7Efeito do concentrado; 8Efeito da interação
volumoso·concentrado; 9Consumo de matéria seca; 1O,110igestibilidade a~rente da matéria seca
no trato d~estivO total em kg e em porcentagem, respectivamente; 12Consumo de matéria
orgânica; 13, 40igestibilidade da matéria orgânica no trato digestivo total em kg e em porcentagem.

Em revisão a diversos trabalhos onde os subprodutos da indústria citrícolas

foram utilizados como aditivos na ensilagem de forragens, Wing (1982) menciona

que estes produtos contribuíram para melhor aceitação das silagens pelos

animais. Peres (1997) e Andrade (1998), trabalhando com ovinos, relatam que

essa não é uma característica exclusiva da polpa de citros, pois, verificaram

aumento no consumo conforme aumentava-se a inclusão de aditivos com elevado

teor de matéria seca, independente da origem. Esses autores, concluíram que o

aumento no consumo voluntário se deu em função das alterações nos padrões de

fermentação do material no silo e a melhoria do valor nutritivo, que foi verificada

nos materiais aditivados.

Ao estudar os efeitos dos níveis de adição de polpa cítrica na silagem de

capim elefante sobre o consumo e digestibilidade dos nutrientes em carneiros,


37

Peres (1997), verificou um aumento crescente no consumo e digestibilidade de

matéria seca à medida que a inclusão de polpa cítrica era aumentada (O, 5, 10 e

15% de polpa cítrica na matéria original). Além disso, os tratamentos com 10 e

15% de polpa cítrica apresentaram consumo e digestibilidade da matéria seca

superiores ao tratamento com silagem de milho. Cabe destacar que o autor

considera a silagem de milho utilizada como sendo de baixo teor de matéria seca

(25,1%).

No presente trabalho os valores de consumo de matéria seca e orgânica e

a digestibilidade aparente da matéria seca não diferem (P>0,30), para a silagem

de capim elefante e silagem de milho. Entretanto para a digestibilidade da matéria

orgânica s silagem de capim elefante apresentou tendência (P=O,19) a

superioridade em relação a silagem de milho, sugerindo similaridade aos dados da

literatura.

A utilização de polpa de citros como aditivos de silagem de gramíneas,

normalmente promove redução na utilização das frações nitrogenadas pelos

animais, uma vez que uma porção considerável da proteína da polpa de citros

peletizada normalmente está associada a fibra ou toma-se indisponível ao animal

devido à reação de Maillard, ocasionado possivelmente pelo processo de

aquecimento a que é submetida durante a sua secagem (Waldo e Goering, 1979).

Entretanto no presente trabalho não foi verificado redução na digestibilidade da

proteína bruta, provavelmente porque a proteína proveniente da polpa de citros

apresenta reduzida contribuição no total de proteína das dietas.

A adição de 10 e 15% de polpa de citros na silagem de capim elefante

proporcionou níveis de FON e FOA muito semelhantes aos da silagem de milho,


38

contudo, a digestibilidade dessas frações foi superiora (P<O,05) em relação à

digestibilidade dessas mesmas frações da silagem de milho (Peres, 1997).

Tabela 13. Efeito dos tratamentos sobre o consumo voluntário e digestibilidade


aparente no trato digestivo totalda fibra em detergente neutro e da fibra em
detergente ácido.
Silagem de milho Si!. capim elefante' Teste f

Mil. 2 MxM3 Mit.~ Mil. MxM Mit. EMpS V' C7 V*C!


P>
CFDN, kgldia9 1,9 1,7 1,9 1,9 1,9 1,9 0,116 0,2379 0,5104 0,4849
10
DATI, kg 0,7 0,7 0,8 0,9 0,9 1,0 0,098 0,0064 0,7454 0,8640
DATI, %11 35,9 40,6 37,5 47,2 49,5 51,8 4,124 0,0056 0,8318 0,7621
CFDA, kg/dia 11 1,0 0,9 1,01 1,2 1,2 1,2 0,067 0,0019 0,6078 0,5071
DATI, kg13 0,4 0,3 0,4 0,6 0,6 0,6 0,052 0,0001 0,8965 0,6553
DATI, %14 37,4 39,6 35,9 48,7 52,3 53,3 3,616 0,0003 0,8281 0,6253
'Silagem de capim elefante aditivada com 13% de polpa de citros seca e peletizada;
2.3.4Concentrados contendo: milho; 50% milho e 50% milheto; milheto, respectivamente; serro
médio padrão; 6Efeito do volumoso; 7Efeito do concentrado; 8Efeito da interação
volumoso·concentrado; 9Consumo de fibra em detergente neutro; 1o.11Digestibilidade aparente da
fibra em detergente neutro no trato digestivo total em kg e em porcentagem, respectivamente;
12Consumo de fibra em detergente ácido; 13.14Digestibilidade da fibra em detergente ácido no trato
digestivo total em kg e em porcentagem.

A substituição do grão de milho pelo grão de milheto não apresentou efeito

significativo (P>O,05) sobre o consumo e a digestibilidade da matéria seca,

matéria orgânica, proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente

ácido. O consumo de amido e de extrato etéreo não foi alterado, havendo

entretanto, efeito significativo (P<O,05) sobre a digestibilidade do amido e do

extrato etéreo (Tabelas 12, 13 e 14).


39

Tabela 14. Efeito dos tratamentos sobre o consumo e a digestibilidade aparente


da ~roteína bruta, amido e extrato etéreo no trato digestivo total.
Silagem de milho Sil. capim elefante' Teste f
Mil. 2 MxM! Mit.'t Mil. MxM Mit EMpS ~ C7 V*C8
P>
CPB, kg/dia 9 1,1 0,9 0,9 1,1 0,9 0,9 0,075 0,8430 0,1069 0,7719
DATT, kg 10 0,7 0,6 0,6 0,7 0,6 0,6 0,058 0,8513 0,1623 0,8826
DATT, %11 66,2 65,3 67,4 67,7 66,6 67,5 2,514 0,6750 0,8283 0,9615
CA, kg/dia 12 2,1 1,6 1,9 1,6 1,4 1,4 0,140 0,0020 0,0637 0,7049
DATT, kg 13 1,8 1,5 1,8 1,5 1,2 1,3 0,129 0,0040 0,1429 0,7340
DATT, %14 86,3 91,0 94,6 88,3 92,0 96,8 1,540 0,2626 0,0003 0,9131
CEE, kg/dia 1S 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,029 0,7386 0,7367 0,7093
DATT, kg 16 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,022 0,8552 0,1374 0,7196
DATT, %17 55,9 70,0 66,1 64,1 67,4 68,5 2,625 0,2105 0,0084 0,1413
'Silagem de capim elefante aditivada com 13% de polpa de citros seca e peletizada;
2,3,4Concentrados contendo: milho; 50% milho e 50% milheto; milheto, respectivamente; ~rro
médio padrão; sefeito do volumoso; 7Efeito do concentrado; 'l:feito da interação
volumoso·concentrado; 9Consumo de proteína bruta; 10,1'Digestibilidade aparente da proteína bruta
no trato digestivo total em kg e em porcentagem, respectivamente; 12Consumo de amido;
13,140igestibilidade do amido no trato digestivo total em kg e em porcento; 15Consumo de extrato
etéreo; 16,170igestibilidade aparente da proteína bruta no trato álQestivo total em kg e em
porcentagem, respectivamente;

o consumo e digestibilidade da proteína bruta não apresentaram diferença


(P<O,05) entre os tratamentos (Tabela 14), provavelmente em razão das dietas

serem isoprotéicas e apresentarem os mesmos níveis de consumo voluntário de

matéria seca.

o consumo de amido das dietas estudadas, apresentou-se alterado

(P<0,05), quando a silagem de milho foi utilizada, devido a maior concentração de

amido na silagem de milho. A digestibilídade da fração amido foi superior nas

dietas onde a fonte de energia foi o milheto (Tabela 14).

Vacas holandesas em lactação submetidas a dietas com níveis de inclusão

de 0,25,50,75 e 100% do amido do milheto em relação ao amido do milho em


40

dietas de vacas leiteiras, não apresentaram diferenças significativas (P<0,05) para

o consumo de matéria seca, matéria orgânica, PB, amido, FDN e FOA (Ribeiro,

1999).

Ao avaliar as características nutritivas dos grãos de milho, sorgo e milheto

em dietas de bovinos de corte, HiII et ai. (1990) observaram que a utilização do

milheto proporcionou reduções significativas (P<0,05) na digestibilidade da

matéria seca, matéria orgânica, fibra bruta, fibra em detergente neutro, fibra em

detérgente ácido e nutrientes digestíveis totais, enquanto que a digestibilidade do

extrato etéreo, proteína bruta e do extrativo não nitrogenado não foram alterados.

Ao avaliar os efeitos da substituição do milho pelo milheto em dietas de

cabras leiteiras, Gelaye et aI. (1997) e Terrill et aI. (1998), verificaram aumentos

significativos (P<O, 1O) na digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica,

energia bruta, PB e FON, nas dietas onde o milho era a principal fonte de energia

do concentrado, contudo nas dietas compostas apenas com ingredientes

concentrado, não foi verificado efeito significativo (P>O,10) na digestibilidade da

proteína bruta.

HíII et a!. (1996), trabalhando com bovinos de corte em terminação,

verificaram que a substituição de milho pelo milheto apresentou efeito significativo

(P>O, 1O) apenas sobre a digestibilidade do extrato etéreo, proteína bruta, energia

bruta e FDA.

Christensen (1984) avaliando a substituição do sorgo por mílheto em dietas

de gado de corte, observou que o grão de milheto apresenta incremento de 4% na

concentração de energia líquida em relação ao sorgo, proporcionando um

pequeno aumento no ganho de peso diário dos animais alimentados com milheto.
41

Utilizando grãos de milheto mais panícula em níveis crescentes de

substituição ao milho desintegrado com palha e sabugo, na dieta de cabras

leiteiras, França et ai. (1992) não constataram diferença significativa na produção

de leite de cabras delineadas em quadrado latino, em quatro períodos de 28 dias.

4.3 Efeito dos tratamentos sobre os parâmetros ruminais

4.3.1 pH ruminal

o efeito dos tratamentos sobre o pH do fluído ruminal está representado na


Tabela 15. Não houve diferença (P>O,05) nos valores de pH na interação

tratamento x tempo, porém, os valores médios diários de cada tratamento

(parcelas) e a sua variação durante o dia (subparcelas), foram alterados (P<O,05).

A variação média do pH durante o dia seguiu a curva padrão de fermentação

ruminal, como pode ser observado na Figura 1.

O efeito da substituição do milho pelo milheto só proporcionou diferença

(P<O,05) nos valores de pH, quando o volumoso utilizado foi a silagem de capim

elefante, onde foram observados maiores valores de pH nas dietas. Entretanto,

quando o volumoso utilizado foi a silagem de milho, a substituição do milho pelo

milheto não apresentou efeito sobre o pH (P>O,05) o que está de acordo com

Terril et aI. (1998); HiII e Hanna (1990); Gelaye et aI. (1997) e Ribeiro (1999). HiII

et aI. (1996), trabalhando com novilhos observaram diferenças significativas


42

(P<O,05) quando o milho foi substituído pelo milheto, sendo que as dietas

contendo milho apresentaram menores valores de pH.

Tabela 15. Efeito dos tratamentos sobre o pH do fluído rumina!.

Silagem de milho Silagem de Capim Elefante ~


Temposs Milho2 MxM3 Milheto~ Milho MxM Milheto Subparcelas7

O 6,53 6,SO 6,55 6,52 6,59 6,53 , a


653
2 6,45 6,40 6,36 6,49 6,62 6,51 , ab
647
4 6,25 6,47 6,31 6,31 6,52 6,40 , bc
638
6 6,23 6,32 6,24 6,25 6,43 6,41 , c
631
8 6,20 6,29 6,29 6,29 6,46 6,30 6,30c
10 6,40 6,44 6,34 6,37 6,48 6,46 , abc
641
Parcelas6 , b
634 , ab
640 635
,
b
, b
637 6,5~ , ab
644
'Silagem de capim elefante mais 13% de polpa de citros seca e peletizada; 2,3,4Concentrados
contendo: milho; 50% milho e 50% milheto; milheto; srempo em horas após a alimentação; 6Médias
das parcelas (tratamentos); 7Médias das subparcelas (tempo) .
abc Médias na coluna (subparcelas) e na linha (parcelas) seguidas de letras iguais, não diferem
entre si (P>O,05).

Owens e Goetsch (1988), relatam que dietas ricas em volumosos

apresentam valores de pH entre 6,5 e 7,0 o que favorece o desenvolvimento de

microrganismos celulolíticos. No presente trabalho, apesar da elevada proporção

de concentrado nas dietas, não foi observado nenhum valor de pH inferior a 6, o

que demonstra que todos os tratamentos permitiram um ambiente ruminar

adequado.
43

Efeito dos tratamentos sobre o pH ruminal

6,7

6,6

6,5

6,4

a 6,3
6,2

6,1

6,0 _
I
5,9 -1-----~---~----_---~----_---~

o 8 10

T1,T2,T3: Silagem de milho e concentrados contendo milho; 50% de milho e 50% de milheto;
milheto; T4, T5, T6: Silagem de capim elefante e concentrados contendo milho; 50% de milho e
50% de milheto; milheto.

Figura 1. Efeito dos tratamentos sobre o pH do fluído rumina!.

Os dados de pH observados no presente trabalho sugerem que níveis de

inclusão de milheto até 41 % da dieta, condicionaram um padrão de fermentação

ruminal mais adequado, que especialmente na silagem de capim elefante, onde a

digestibilidade de FDN e FDA tenderam a superioridade quando ocorreu a

substituição itegral do milho por milheto (Tabela 13).

4.3.2 Concentração de nitrogênio amoniacal no rúmen

Os efeitos da substituição do grão de milho pelo grão de milheto

sobre a concentração de amônia no rúmen, estão apresentados na Tabela 16. Foi


44

observada diferença (P<O,OS) na concentração de N-NH3 entre os valores médios

diários de cada tratamento (parcelas) e ao longo do dia (subparcelas). De acordo

com os dados da Tabela 16, verifica-se que os valores de nitrogênio amoniacal

apresentaram-se máximos ao redor de 2 horas após a alimentação e mínimos a

partir de 8 horas após a alimentação, como é ilustrado na Figura 2.

Tabela 16. Efeito dos tratamentos sobre a concentração de amônia runa!.


Silagem de milho Silagem de Capim Elefantei
Temposs Milho2 MxM3 Milheto4 Milho MxM Milheto Subparce
las7
O 18,93 12,43 11,47 19,93 17,20 17,59 16,23bC
2 23,26 16,19 16,03 27,68 19,18 24,19 21,09a
4 20,08 15,45 11,06 21,81 18,80 18,55 17,63b
6 17,74 13,64 11,80 20,98 16,16 16,10 15,91 bc
8 16,31 11,41 9,20 18,03 12,17 11,96 13,18c
10 15,51 13,42 11,29 17,87 13,17 13,06 14,05c
Parcelas6 , ab
1864 13,76c 11,81 cd 21,05a 15,92bc 16,91 b
'Silagem de capim elefante mais 13% de polpa de citros seca e peletizada; 2,3,4Concentrados
contendo: milho; 50% milho e 50% milheto; milheto; srempo em horas após a alimentação; 6 Médias
das parcelas (tratamentos); 7Médias das subparcelas (tempo).
abc Médias na coluna (subparcelas) e na linha (parcelas) seguidas de letras iguais, não diferem
entre si (P>0,05).

A inclusão do milheto nas dietas, independente do volumoso utilizado,

promoveu uma redução na concentração de nitrogênio amoniacal no fluído ruminal

(Tabela 16). Essa característica está de acordo com Gelaye et aI. (1997), que

observaram declínio nos níveis de nitrogênio amoniacal no fluído ruminal de

cabras em lactação a medida em que o milho foi substituído por milheto. Ao

avaliar os efeitos da inclusão de milheto em substituição ao milho em dietas de


45

vacas leiteiras, Ribeiro (1999), verificou uma tendência na redução dos níveis de

N-NH3 conforme a concentração de milheto era aumentada na dieta.

Concentração de N -NH3 no fluído ruminal

30,000 1

25,000

20,000

'ti
t.., 15,000
:J:
z
:Z

10 ,000

5 ,000

0 ,000 -I-----~----~---~----~----~---~
o 2 6 8 10
Horas após a alimentaç ão

I- - T1 - T2

T1,T2,T3: Silagem de milho e concentrados contendo milho; 50% de milho e 50% de milheto;
milheto; T4, T5, T6: Silagem de capim elefante e concentrados contendo milho; 50% de milho e
50% de milheto; milheto,

Figura 2. Efeito dos tratamentos sobre a concentração ruminal de nitrogênio


amoniacal.

A utilização da silagem de capim elefante apresentou maior nível de N

amoniacal que a silagem de milho, o que pode ser explicado pelo maior grau de

proteólise e deaminação nessas silagens

A concentração de nitrogênio amoniacal no fluído ruminal, está associada

tanto a fração proteica como a fração energética da dieta, uma vez que, ao ocorrer

a degradação de proteínas (da dieta ou células microbianas) e a hidrólise do

nitrogênio não proteico (dietético ou reciclado pela saliva ou corrente sanguínea)


46

no rúmen, promove a liberação de N-NH3 para o rúmen (Owens et aI., 1986). Os

microrganismos ruminais utilizam N-N~ para a produção de sua proteínas, dessa

forma, havendo maior disponibilidade de energia no meio, maior seria a síntese de

proteína microbiana e consequentemente a retirada de N-NH3 do fluído ruminal

(Shirtey, 1986).

Alimentos com maior disponibilidade de amido degradável no rúmen

possibilitam uma utilização mais eficiente do nitrogênio amoniacal (Plascencia e

Zinn, 1996; Poore et aI., 1993 e Santos, 1998). Dessa forma , como as dietas

contendo milheto apresentaram maiores concentrações e digestibilidade do amido

(tabela 14), esse fato pode ter contribuído para uma maior fermentação rumina I e

consequentemente maior produção de proteína microbiana, o que explicaria a

menor concentração de nitrogênio amoniacal no fluído ruminal dos animais

alimentados com as dietas contendo milheto.

4.3.3 Concentração ruminal de ácidos graxos voláteis

4.3.3.1 Ácidos graxos voláteis totais

Os dados médios da concentração molar dos ácidos graxos voláteis totais

encontram-se na Tabela 17. Não houve efeito (P>O,OS) da substituição do milho

pelo milheto sobre os valores médios diários da concentração de ácidos graxos


47

voláteis totais (parcelas), independentemente do volumoso utilizado, havendo

diferenças (P<O,05) ao longo do dia (subparcelas).

Tabela 17. Efeito dos tratamentos sobre a concentração total de AGV's no fluido
ruminal (mM}.
Silagem de milho Silagem de Capim Elefante'
Temposs Milho2 MxM3 Milheto4 Milho MxM Milheto Subparce
las7
O 55,13 62,02 49,80 69,60 71,24 68,91 62,786
2 68,58 72,03 64,17 75,09 73,68 72,90 71 ,08ab
4 75,95 70,11 63,13 86,39 75,09 83,64 75,72a
6 79,13 79,66 66,16 78,21 82,85 78,30 77,39a
8 77,83 74,37 63,19 82,19 76,50 77,59 75,28a
10 72,32 62,49 67,36 76,43 81,35 80,09 , ab
7334
Parcelas6 , ab
7149 70,11 ab 62,30b 77,99a 76,7ga 76,91 a
'Silagem de capim elefante mais 13% de polpa de citros seca e peletizada; 2,3.4Concentrados
contendo: milho; 50% milho e 50% milheto; milheto; ~empo em horas após a alimentação; ~édias
das parcelas (tratamentos); 7Médias das subparcelas (tempo).
abc Médias na coluna (subparcelas) e na linha (parcelas) seguidas de letras iguais, não diferem
entre si (P>O,05).

A concentração de ácidos graxos voláteis totais tendeu a apresentar pico de

concentração molar no fluído ruminal entre 4 e 8 horas após a alimentação (Figura

3). Esse comportamento está de acordo com OVJens e Goetsch (1988), que

verificaram concentrações máximas de AGV no fluído ruminal 2 a 4 horas após a

alimentação. Esse fato ocorreu porque durante a fermentação ruminal, os

microrganismos retiram dos alimentos energia para sua reprodução e crescimento,

liberando para o hospedeiro compostos intermediários denominados de ácidos

graxos voláteis, que se caracterizam como a principal fonte de energia para os

ruminantes (Ribeiro, 1999).


48

Concentração rum inal de AGV

100,00

90,00

80,00

I 70,00

~
E 60,00
2
~ 50,00

~u
-. . 40,00
a
u 30,00

20,00

10,00

o,oo+-----~---~---~---_---_--~
2 10

T1,T2,T3: Silagem de milho e concentrados contendo milho; 50% de milho e 50% de milheto;
milheto; T4, T5, T6: Silagem de capim elefante e concentrados contendo milho; 50% de milho e
50% de milheto; milheto.

Figura 3. Efeito dos tratamentos sobre a concentração ruminal dos ácidos graxos
voláteis totais (mM),

Ao avaliar níveis de inclusão de milheto na dietas de vacas em lactação

Ribeiro (1999), não observou diferença (P>O,05) na concentração média de ácidos

graxos voláteis totais entre os valores médios diários de cada tratamento. Esses

dados estão de acordo com o observado por Gelaye et aI. (1997), que avaliou a

substituição do milho pelo milheto em cabras em lactação. Hill e Hanna (1990),

trabalhando com bovinos de corte não observaram alterações nas concentrações

dos ácidos graxos voláteis totais no fluído ruminal 3,5 horas após a alimentação,

observando entretanto, aumento na concentração de AGV's totais nas dietas

contendo milheto, cerca de 7 horas após a alimentação Terril et aI. (1998),

trabalhando com bodes castrados e HiII et aI. (1996), utilizando novilhos,


49

observaram uma diminuição na concentração de AGVs totais quando substituíram

o milho pelo milheto.

4.3.3.2 Ácido acético

o efeito dos tratamentos na concentração de acetato no fluído ruminar está


representado na Tabela 18. A Figura 4 ilustra o comportamento do acetato no

fluído ruminal, onde observam-se os valores máximos de acetato entre 4 e 8 horas

após a alimentação.

A concentração de ácido acético no fluído ruminal é dependente da relação

entre carboidratos estruturais e não estruturais da dieta e a quantidade de

carboidratos fermentecíveis no rúmen (Ribeiro, 1999). As dietas contendo silagem

de capim elefante apresentaram maiores concentrações de acetato no fluído

rumina!. Esse fato pode ser em parte explicado pela maior concentração, consumo

e digestibilidade das frações fibra em detergente neutro e fibra em detergente

ácido das dietas contendo o volumoso mencionado. A substituição do milho pelo

milheto não apresentou diferença (P>O,05) na concentração de acetato no fluído

ruminal, independentemente do volumoso utilizado.


50

Tabela 18. Efeito dos tratamentos sobre a concentração de acetato no fluido


ruminal {mM}.
Silagem de milho Silagem de Capim Elefante1
Temposs Milho2 MxM3 Milheto4 Milho MxM Milheto Subparce
las7
39,05 44,69 36,36 52,81 54,28 51,98 , 6
4653
°
2 48,51 50,88 45,87 57,52 55,42 54,25 52,oaat>
4 53,27 47,58 45,84 63,37 57,06 63,29 55,07a
6 55,67 55,47 47,87 59,77 60,97 59,35 , 8
5652
8 54,62 52,53 46,18 62,11 57,43 58,20 55,188
10 50,76 45,24 48,13 58,48 60,11 60,67 , ab
5390
Parcelas6 50,31 bc 49,40c , c
4504 59,01 8 57,55ab , ab
5796
'Silagem de capim elefante mais 13% de polpa de citros seca e peletizada; 2,3,4Concentrados
contendo: milho; 50% milho e 50% milheto; milheto; srempo em horas após a alimentação; ~édias
das parcelas (tratamentos); 7Médias das subparcelas (tempo) .
abc Médias na coluna (subparcelas) e na linha (parcelas) seguidas de letras iguais, não diferem
entre si (P>0,05).

Houve diferença (P<0,05) na concentração de acetato no fluído ruminal ao

longo do dia (subparcelas), sendo que as características das curva de

concentração de acetato acompanharam o mesmo padrão observado para as

curvas de ácidos graxos totais, provavelmente refleteindo o padrão de

fermentação ruminal.

HiII et a!. (1996), Terril et aI. (1998), Ribeiro (1999), também não

encontraram diferença significativa na concentração de ácido acético no fluído

ruminal quando o milho foi substituído pelo milheto. Gelaye et a!. (1997) e HiII e

Hanna (1990), observaram efeito na substituição do milho pelo milheto, sendo

esse efeito provavelmente devido a avriações nos teores de FDN entre os

tratamentos, fato esse que justifica alterações significativas nos valores de ácido

acético.
51

Concentração ruminal de ácido acético

70,00 ,

60,00

50,00

i'"
g 4000
oi '
l!
E
II 30,00
c:
o
u
20,00

10,00

o,oo +--I----.-----~---______,_----~---~---~
o 2 4 6 8 10
Horas após a alimentação

T3 --tt- T4 - I t - T5 - + - T6 I

T1,T2,T3: Silagem de milho e concentrados contendo milho; 50% de milho e 50% de milheto;
milheto; T4, T5, T6: Silagem de capim elefante e concentrados contendo milho; 50% de milho e
50% de milheto; milheto.

Figura 4. Efeito dos tratamentos sobre a concentração ruminal de ácido acético


(mM).

4.3.3.3 Ácido propiônico

o efeito dos tratamentos na concentração molar de propionato no fluído

está apresentado na Tabela 19. Não houve efeito (P>O,05) sobre a concentração

de propionato entre os valores médios diários de cada tratamento (parcelas), nem

devido à interação tratamento x tempo, sendo entretanto a variação na

concentração de propionato ao longo do dia (subparcelas) afetada (P<O,05),

apresentando valores máximos entre 4 e 6 horas após a alimentação. A Figura 5


52

ilustra o efeito do horário de amostragem sobre a concentração de propionato no

fluído ruminal.

Tabela 19. Efeito dos tratamentos sobre a concentração de propionato no fluido


ruminal (mM}.
Silagem de milho Silagem de Capim Elefante ~
Temposs Milho2 MxM3 Milheto4 Milho MxM Milheto Subparce
las7
12,77 12,40 12,64 , 6
1256
°2 16,16
14,12
17,43
10,84
15,02
12,56
13,16 13,85 13,06 , ab
1478
4 18,32 16,56 14,19 18,25 13,57 15,50 16,07a
6 19,09 17,25 14,73 13,92 17,32 14,49 16,13a
ab
8 18,68 17,88 13,79 15,23 14,46 14,77 1580
,
10 17,38 13,86 15,67 13,48 16,43 14,66 , ab
1525
Parcelas6 17,07 16,18 14,04 14,43 14,67 14,19
'Silagem de capim elefante mais 13% de polpa de citros seca e peletizada; 2,3,4Concentrados
contendo: milho; 50% milho e 50% milheto; milheto; srempo em horas após a alimentação; ~édias
das parcelas (tratamentos); 7Médias das subparcelas (tempo) .
abc Médias na coluna (subparcelas) e na linha (parcelas) seguidas de letras iguais, não diferem
entre si (P>0,05).

Alimentos com altos teores de amido degradável no rumen geram uma

maior produção de propionato (Van Soest 1994). Dietas com elevados teores de

fibra em detergente neutro geram padrão de fermentação ruminal favorável à

produção de acetato. Nas dietas contendo milheto a maior concentração e

digestibilidade do amido associada aos elevados níveis de fibra em detergente

neutro, contribuíram para que as concentrações médias de propionato entre os

tratamentos não apresentassem diferenças (P>0,05). A utilização da silagem de

capim elefante, também não proporcionou alterações na concentração de

propionato.
53

Hill et aI. (1996); Terril et aI. (1998); e Ribeiro (1999), trabalhando com

novilhos, bodes e vacas em lactação, respectivamente, também não encontraram

diferença na concentração de propionato, quando o milho foi substituído pelo

milheto. Gelaye et aI. (1997), trabalhando com cabras em lactação, observaram

diminuição na concentração de propionato e HiII e Hanna (1990), utilizando

novilhos, observaram aumentos na concentração de propionato quando o milho foi

substituído pelo milheto.

Concentração ruminal de ácido proplônico

25.00

20.00

I~ 15.00
E
2
,g

!i! 10,00
c
8

5.00

o.oo +-----~---~---~---~----~--~
o 2 4 6 10
Horas após a iJIImentação

T1,T2,T3: Silagem de milho e concentrados contendo milho; 50% de milho e 50% de milheto;
milheto; T4, T5, T6: Silagem de capim elefante e concentrados contendo milho; 50% de milho e
50% de milheto; milheto.

Figura 5. Efeito dos tratamentos sobre a concentração ruminal de ácido

propiônico (mM).
54

4.3.3.4 Ácido butirico

o efeito dos tratamentos na concentração de butirato no fluído ruminal está


representado na Tabela 20. A substituição do milho pelo milheto, associada ao

volumoso silagem de capim elefante não proporcionou diferença (P>O,05) na

concentração de butirato no fluído ruminal entre os valores médios diários de cada

tratamento (parcelas). Quando o volumoso utilizado foi a silagem de milho a

concentração de butirato foi maior nos tratamentos contendo milho e milheto. Não

houve diferença (P>O,05) na interação tratamento x tempo e ao longo do dia

(subparcelas). A Figura 6 ilustra o comportamento da concentração molar de

butirato dentro dos tempos de amostragem.

HiII e Hanna (1990); Terril et aI. (1998) e Ribeiro (1999), trabalhando com

novilhos, bodes castrados trabalhando e com vacas em lactação, também não

encontraram diferença quando o milho foi substituído pelo milheto. Gelaye et aI.

(1997), utilizando cabras em lactação e HiII et aI. (1996), utilizando novilhos,

observaram uma diminuição na concentração de butirato, quando o milho foi

substituído pelo milheto.


55

Tabela 20. Efeito dos tratamentos sobre a concentração de butirato no fluido


ruminal {mM}.
Si/agem de milho Si/agem de Capim Elefante ~
Tempos5 Milho2 MxM3 Milheto 4 Milho MxM Milheto Subparce
las7
O 3,31 3,22 2,60 4,23 4,57 4,29 3,70
2 3,92 3,71 3,28 4,41 4,40 5,59 4,22
4 4,35 5,96 3,10 4,77 4,46 4,85 4,58
6 4,36 6,94 3,56 4,51 4,56 4,45 4,73
8 4,53 3,95 3,22 4,85 4,61 4,62 4,30
10 4,18 3,40 3,55 4,47 4,80 4,76 4,19
Parcelas6 , ab
411 , a
453 , b
322 , a
454 , a
457 , a
476
'Silagem de capim elefante mais 13% de polpa de citros seca e peletizada; 2;3,4Concentrados
contendo: milho; 50% milho e 50% milheto; milheto; ~empo em horas após a alimentação; 6 Médias
das parcelas (tratamentos); 7Médias das subparcelas (tempo) .
abc Médias na coluna (subparcelas) e na linha (parcelas) seguidas de letras iguais, não diferem
entre si (P>0,05).

Concentraçio rumina l de ácido butírico

8,00

7,00

6,00

fi 5,00

1
o 4,00

l3
~
3 ,00 -
-.I .

2,00

1,00

o,oo +-----~----~----~----~---~----~
10

T1,T2,T3: Silagem de milho e concentrados contendo milho; 50% de milho e 50% de milheto;
milheto; T4, T5, T6: Silagem de capim elefante e concentrados contendo milho; 50% de milho e
50% de milheto; milheto.

Figura 6. Efeito dos tratamentos sobre a concentração ruminal do ácido butírico


(mM),
56

4.3.3.5 Relação acéticol propiônico

Os valores da relação molar no fluído ruminal entre o acetato e o propionato

estão apresentados na tabela 21. Não houve diferença na relação

acetato/propionato quando o milho foi substituído pelo milheto e o volumoso

utilizado foi a silagem de capim elefante. Quando a substituição ocorreu utilizada a

silagem de milho como volumoso, as dietas contendo milheto foram as que

apresentaram maiores valores da relação. Os tratamentos com silagem de capim

elefante apresentaram maiores (P<O,OS) para a relação acetato/propionato devido

a maior concentração de acetato nos tratamentos onde a silagem de capim

elefante foi utilizada.

Não houve efeito (P>O,OS) na interação tratamento x tempo, nem ao longo

do dia (subparcelas) sobre a relação acetato/propionato, como pode ser verificado

na Figura 7.

HiII et a!. (1996); Terril et aI. (1998); e Ribeiro (1999), trabalhando com

novilhos, bodes castrados e vacas em lactação, respectivamente, não observaram

diferença na relação entre ácido acético e ácido propiônico. Por outro lado, Gelaye

et aI. (1997) observaram um aumento na relação acetato/propionato quando o

milho foi substituído pelo milheto em dietas de cabras em lactação. Ao contrário,

HiII e Hanna (1990), trabalhando com novilhos observaram redução na relação

acéticol propiônico.
57

Tabela 21. Efeito dos tratamentos sobre a relação acéticol propiônico no fluido
ruminal.
Silagem de milho Silagem de Capim Elefante 1
Temposs Milho2 MxM 3 Milheto4 Milho MxM Milheto Subparce
las 7
O 3,06 3,1 7 3,35 4,20 4,38 4,11 3,71
2 3,00 2,92 3,05 4,37 4,00 4,15 3,58
4 2,91 2,87 3,23 3,47 4,20 4,08 3,46
6 2,91 3,22 3,25 4,29 3,52 4,09 3,55
8 2,92 2,94 3,35 4,08 3,97 3,94 3,53
10 2,92 3,26 3,07 4,34 3,66 4,14 3,57
Parcelas 6 c bc b a a a
,
295 ,
306 ,
322 ,
413 ,
396 ,
409
'Silagem de capim elefante mais 13% de polpa de citros seca e peletizada; 2,3,4Concentrados
contendo: milho; 50% milho e 50% milheto; milheto; 5-y"empo em horas após a alimentação; 6 Médias
das parcelas (tratamentos); 7Médias das subparcelas (tempo) .
abc Médias na coluna (subparcelas) e na linha (parcelas) seguidas de letras iguais, não diferem
entre si (P>O,05).

Reação acéticolproplÕnico

5,00

4,50

4,00 F=- s;;

3,50

l ,OO

2,50
.-- íà . ~
~~
.---
___
.

2,00

1,50

1,00

0,50

0,00
10
Horas após. " mentaçlo

T1,T2,T3: Silagem de milho e concentrados contendo milho; 50% de milho e 50% de milheto;
milheto; T4, T5, T6: Silagem de capim elefante e concentrados contendo milho; 50% de milho e
50% de milheto; milheto.

Figura 7. Efeito dos tratamentos sobre a relação acetato/propionato no fluído


ruminal.
58

5 Conclusões

A substituição do grão de milho pelo grão de milheto em dietas de novilhos

confinados, contendo silagem de milho ou silagem de capim elefante aditivada

com 13% de plopa de citros seca e peletizada, concluí-se que:

- Os consumos de MS, MO, PB, EE, FDN, FDA e amido não foram afetados,

porém a digestibilidade aparente no trato digestivo total do EE e do amido foram

aumentadas com a inclusão de milheto.

- A utilização da silagem de capim elefante proporcionou menores teores de amido

na dieta, porém aumentou o consumo de FDA e a digestibilidade de FDN e

F DA.

-° pH ruminal aumentou, enquanto que a concentração molar no fluído ruminal

de N-NH3 e acetato, foram reduzidos com a inclusão de milheto.

- A utilização da silagem de capim elefante aumentou o concentração molar no

fluído ruminal dos AGV's totais, acetato, butirato e a relação acético/propiônico.

- Baseado nos dados obtidos, o milheto e a silagem de capim elefante, podem ser

'utilizados na alimentação de novilhos de corte, sem afetar o desempenho

produtivo.
59

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