Curso 250328 Aula 03 3006 Completo

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Aula 03

PM-RJ (Soldado) Noções de Direitos


Humanos - 2023 (Pós-Edital)

Autor:
Ricardo Torques

18 de Junho de 2023

05201664776 - Fernando augusto neves de barros de moraes


Ricardo Torques
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Sumário
Considerações Iniciais .................................................................................................................................... 3

Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica)......................................... 3

1 - Introdução ............................................................................................................................................ 3

2 - Direitos Albergados ............................................................................................................................. 4

2.1 - Direito à vida ................................................................................................................................ 6

2.2 - Direito à Integridade Pessoa ......................................................................................................... 7

2. 3 - Trabalhos Forçados ...................................................................................................................... 8

2.4 - Liberdade Pessoal ....................................................................................................................... 10

2.5 - Garantias Judiciais ...................................................................................................................... 13

2.6 - Princípio da Legalidade e da Retroatividade .......................................................................... 14

2.7 - Liberdade de Consciência e de Religião .................................................................................... 14

2.8 - Liberdade de Pensamento e de Expressão ................................................................................ 16

2.9 - Direito de Reunião ....................................................................................................................... 16

2.10 - Liberdade de Associação .......................................................................................................... 17

2.11 - Direito de Suspensão ................................................................................................................. 17

2.12 - Cláusula Federal ....................................................................................................................... 19

2.13 – Normas de Interpretação .......................................................................................................... 21

2.14 – Correlação entre Deveres e Direito ........................................................................................... 22

3 - Mecanismos de Implementação........................................................................................................... 22

4 - Comissão Interamericana de Direitos Humanos ................................................................................... 31

5 - Corte Interamericana de Direitos Humanos ......................................................................................... 35

6 - Resumos dos Principais Casos envolvendo o Brasil no Sistema Interamericano...................................... 42

Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos (Protocolo de San Salvador) ................... 45

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1 - Direitos Albergados ........................................................................................................................... 46

1.1 - Direitos Trabalhistas .................................................................................................................... 46

1.2 - Direitos Previdenciários................................................................................................................ 49

1.3 - Direitos à saúde .......................................................................................................................... 49

1.4 - Direitos à educação ..................................................................................................................... 50

2 - Mecanismos fiscalizatórios .................................................................................................................. 51

Outras Convenções ...................................................................................................................................... 52

Legislação Destacada ................................................................................................................................. 52

Convenção Americana De Direitos Humanos ............................................................................................. 52

Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos (Protocolo de San Salvador) ............... 63

Resumo ........................................................................................................................................................ 67

Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica) ................................... 67

Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos (Protocolo de San Salvador) ............... 76

Considerações Finais.................................................................................................................................... 77

Questões com Comentários .......................................................................................................................... 78

Outras Bancas ......................................................................................................................................... 78

Lista de Questões ...................................................................................................................................... 123

Outras Bancas ....................................................................................................................................... 123

Gabarito ................................................................................................................................................... 138

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CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje, em continuidade aos nossos estudos, iremos analisar o principal documento do Sistema
Interamericano, a Convenção Interamericana de Direitos Humanos, mais conhecida como Pacto San José da
Costa Rica. Além disso, veremos o Protocolo Adicional a essa convenção e falaremos, rapidamente, das
demais convenções do Sistema.

Essa é uma aula muito importante e tem sido objeto regular de cobrança em provas de concurso público.
Fique atento.

Boa aula!

CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS


(PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA)

1 - Introdução

O Pacto de San José da Costa Rica é o principal instrumento para a implementação dos Direitos Humanos no
âmbito da OEA. Editado em 1969, foi ratificado e promulgado pelo Brasil somente em 1992.

1969 1992 1992 1992

• Edição do • Aprovação • Ratificação •


Pacto de pelo e depósito Promulgaçã
San José Congresso pelo o interna
da Costa Nacional Presidente pelo
Rica. por meio da Decreto do
do Decreto República. Executivo n°
Legislativo 678/1992.

27/1992.

O decreto que promulgou internamente o Pacto de San José da Costa Rica estabeleceu uma reserva quanto
às visitas e às investigações in loco pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que somente poderá
ocorrer em caso de anuência expressa do Estado brasileiro.

Vejamos o artigo corresponde do Decreto que expõe essa ressalva.

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Art. 2° Ao depositar a carta de adesão a esse ato internacional, em 25 de setembro de


1992, o Governo brasileiro fez a seguinte declaração interpretativa: "O Governo do Brasil
entende que os arts. 43 e 48, alínea d, não incluem o direito automático de visitas e
inspeções in loco da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, as quais dependerão
da anuência expressa do Estado".

2 - Direitos Albergados

O Pacto de San José da Costa Rica previu apenas direitos de primeira dimensão, ou seja, direitos civis e
políticos. Em relação aos direitos de segunda dimensão – direitos sociais, econômicos e culturais – há
menção no artigo 26, dispondo que os Estados devem se comprometer a adotar providências, mediante
cooperação internacional, tendo em vista a necessidade de atingir progressivamente a efetividade dos
direitos decorrentes de normas econômicas, sociais de educação, ciência e cultura.

Logo:

direitos de extensivamente
direitos civis e
primeira previstos ao longo do
políticos
dimensão texto
PACTO DE SAN JOSÉ
DA COSTA R ICA há, apenas, menção
expressa à
direitos de direitos sociais,
implementação
segunda econômicos e
progressiva e de
dimensão culturais
atuação cooperativa
dos Estados-membros

Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

ARTIGO 26

Desenvolvimento Progressivo

Os Estados-Partes comprometem-se a adotar providências, tanto no âmbito interno como


mediante cooperação internacional, especialmente econômica e técnica, a fim de
conseguir progressivamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas
econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da
Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na
medida dos recursos disponíveis, por via legislativa ou por outros meios apropriados.

Os direitos sociais, econômicos e culturais somente foram disciplinados no denominado Protocolo Adicional
à Convenção Americana sobre Direitos, conhecido como Protocolo de San Salvador, que será analisado
adiante.

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PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA PROTOCOLO DE SAN SALVADOR


• direitos civis e políticos • direitos sociais, econômicos e culturais

Desde logo, devemos memorizar o quadro abaixo.

Os seguintes direitos civis e políticos são albergados no texto da Convenção1:

Direitos Albergados no Pacto de San José da Costa Rica


◊ Personalidade Jurídica ◊ Vida
◊ Integridade pessoal ◊ Proibição da escravidão e da servidão
◊ Liberdade pessoal ◊ Garantias Judiciais
◊ Legalidade e retroatividade da lei penal ◊ Indenização por erro judiciário
◊ Proteção da honra e da dignidade ◊ Liberdade de consciência e de religião
◊ Liberdade de pensamento e de expressão ◊ Direito de resposta
◊ Direito de reunião ◊ Liberdade de associação
◊ Proteção da família ◊ Direito ao nome
◊ Direitos da criança ◊ Nacionalidade
◊ Propriedade privada ◊ Direito de circulação e residência
◊ Igualdade perante a lei e proteção judicial

No que tange às garantias judiciais, a Convenção contemplou:

❖ Juízo natural e imparcial;


❖ Presunção de inocência;
❖ Assistência de um tradutor;
❖ Ampla defesa;
❖ Não autoincriminação; e
❖ Possibilidade de recorrer das decisões.

1
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos, p. 163.

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Dos diversos direitos constantes do Pacto, vamos destacar os principais.

2.1 - Direito à vida

O Pacto de San José da Costa Rica disciplinou o direito à vida no art. 4º:

Artigo 4º - Direito à vida

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido
pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida
arbitrariamente.

2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta
pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em
conformidade com a lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido
cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique
atualmente.

3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.

4. EM NENHUM CASO pode a pena de morte ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos
comuns conexos com delitos políticos.

5. NÃO se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do


delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado
de gravidez.

6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutação da
pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena de
morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente
(destacamos).

Pelo item 1, percebe-se a proteção à vida desde a concepção, o aborto e a eutanásia não foram
expressamente vedados, porém devem ser considerados exceção à proteção geral da vida e regrados de
forma fundamentada.

Dentro do assunto direito à vida, o dispositivo foi claro em determinar que não houve a abolição da pena
de morte. Essa modalidade de pena poderá ser mantida nos países que já a estabeleçam para os crimes mais
graves e após a sentença final proferida por tribunal competente.

De toda maneira, esses países não poderão aplicar a pena de morte a:

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a) delitos políticos (ou conexos);

b) menor de 18 anos quando da prática da infração;

c) maior de 70 anos; ou

d) mulher grávida.

Já em relação aos países que não adotam a pena de morte em seu ordenamento interno, esses não poderão
decidir institui-la após a internalização da Convenção Interamericana.

Assim:

• Não foi abolida no Pacto de San José da Costa Rica, uma vez que é
admitida nos países que já a prevejam para os crimes mais graves.
• Em nenhuma hipótese será aceita para: delitos políticos ou conexos,
PENA DE
para menores de 18 anos quando da prática do ato infracional, para
MORTE
maiores de setenta anos e para mulheres grávidas.
• Países que tenham abolido a pena de morte não poderão restabelecê-
la.

(CESPE - 2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
O Estado que abolir a pena de morte não poderá restabelecê-la.
Comentários
A assertiva está correta. É exatamente o que afirma o item 3 do art. 4º: "3. Não se pode restabelecer a pena
de morte nos Estados que a hajam abolido."

2.2 - Direito à Integridade Pessoa

O artigo 5º afirma a necessidade de respeito a integridade pessoal. Todos têm direito de ver respeitada sua
integridade física, psíquica e moral.

O Pacto veda a tortura e as penas cruéis, desumanas ou degradantes.

As pessoas privadas de liberdade devem ter sua dignidade respeitada e a pena não poderá passar da pessoa
do delinquente.

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Aqueles que se encontram em prisão provisória devem ficar separados dos já condenados e os menores
separados dos adultos.

A pena privativa de liberdade deve ter como finalidade a ressocialização do condenado.

ARTIGO 5

Direito à Integridade Pessoal

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.

2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou
degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito devido à
dignidade inerente ao ser humano.

3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente.

4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias


excepcionais, e ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas não
condenadas.

5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser separados dos adultos e
conduzidos a tribunal especializado, com a maior rapidez possível, para seu tratamento.

6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a


readaptação social dos condenados.

(CESPE - 2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
A pena de reclusão tem por principal finalidade a proteção da sociedade.
Comentários
A assertiva está incorreta. Como vimos a finalidade da pena de reclusão é a ressocialização do preso. Veja o
que diz o art. 5º: " 6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a
readaptação social dos condenados."

2. 3 - Trabalhos Forçados

De acordo com artigo 6º, do Pacto de San José da Costa Rica, a servidão e a escravidão são vedadas.
Contudo, países que tenham estabelecido a pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos
forçados, por sentença judicial, poderão manter esse tipo de pena, desde que não afete a dignidade nem a
capacidade física e intelectual do preso.

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Ainda sobre esse tipo de pena, o artigo 6º, 3, do Pacto, estabelece hipóteses que não constituem trabalhos
forçados.

ARTIGO 6

Proibição da Escravidão e da Servidão

1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a servidão, e tanto estas como o tráfico
de escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as formas.

2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países
em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa da liberdade acompanhada de
trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpretada no sentido de que proíbe o
cumprimento da dita pena, imposta por juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado
não deve afetar a dignidade nem a capacidade física e intelectual do recluso.

3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo:

a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de


sentença ou resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais
trabalhos ou serviços devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades
públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos à disposição de
particulares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado:

b) o serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por motivos de consciência, o
serviço nacional que a lei estabelecer em lugar daquele;

c) o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade que ameace a existência ou o bem-


estar da comunidade; e

d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais.

Em síntese:

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REGRA: vedado

pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos


forçados

EXCEÇÃO: depende de sentença judicial

TRABALHOS não pode afetar a dignidade ou a capacidade física e


FORÇADOS intelectual do preso.
trabalhos normalmente exigidos de pessoa reclusa em
cumprimento de sentença;
NÃO SÃO
CONSIDERAD serviço militar;
OS COMO
TRABALHO serviços exigidos em caso de perigo ou de calamidade;
FORÇADO: e

obrigações cívicas normais.

2.4 - Liberdade Pessoal

O artigo 7º, da Convenção Interamericana, trata dos direitos de liberdade e enunciou um dos direitos que
mais repercutiu no direito interno brasileiro.

Vejamos, primeiramente, o dispositivo:

Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal

1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.

2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas condições
previamente fixadas pelas Constituições políticas dos Estados-partes ou pelas leis de
acordo com elas promulgadas.

3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramento arbitrários.

4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da detenção e notificada,
sem demora, da acusação ou das acusações formuladas contra ela.

5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de
um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito
de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo de que
prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu
comparecimento em juízo.

6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal


competente, a fim de que este decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou

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detenção e ordene sua soltura, se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados-partes
cujas leis preveem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade
tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida sobre a
legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode
ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.

7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de
autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação
alimentar.

O artigo prevê, dentre seus direitos, que não poderá haver prisão por dívidas, exceto no caso de
inadimplemento de obrigação alimentar. O Brasil ainda adotava a prisão civil do depositário infiel. Segundo
prevê o art. 5º, LXVII, da Constitucional Federal:

LXVII - Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.

Não obstante essa previsão Constitucional, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos trouxe a
impossibilidade de prisão civil do depositário infiel. O STF, seguindo seu novo entendimento a respeito do
assunto, afirmou que o Pacto de San José da Costa Rica possui natureza de norma supralegal.

Em decorrência disso, não é possível que lei ordinária regulamente o dispositivo constante do art. 5º, LXVII,
da Constituição Federal, que permite a prisão do depositário infiel. Perceba que, nos termos do art. 5º, está
previsto que a restrição à liberdade somente poderá ocorrer na forma da lei. Como o dispositivo depende
de lei infraconstitucional para regulamentá-lo, mas o Pacto de San José da Costa Rica (que está
hierarquicamente acima da lei ordinária) veda tal regulamentação, torna-se impossível juridicamente a
instituição da prisão civil do depositário infiel no âmbito do direito interno brasileiro.

Resumindo esse entendimento, o STF editou a Súmula Vinculante 25 nos seguintes termos:

Súmula Vinculante 25.

É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.

Portanto:

Em razão da natureza supralegal dos tratados


internacionais de direitos humanos, consoante
posicionamento atual do STF, o Pacto de San José da
Costa Rica veda a regulamentação do art. 5º, LXVII, norma
de eficácia limitada, que prevê a possibilidade de lei
infraconstitucional prever a prisão do depositário infiel.

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(AOCP - 2021) O Juízo da 5ª Vara Cível de Ananindeua expediu mandado de prisão contra Roberto da Silva,
em razão deste ter se recusado a restituir ao Juízo, quando intimado, um veículo que havia sido, após
penhorado e removido, depositado em sua confiança. Fundamentou em sua decisão, o Juízo que a
Constituição Federal prevê em seu art. 5º, LXVII, a possibilidade de prisão civil do depositário infiel e que
não houve, desde 1988, emenda à constituição que revogasse referido texto, estando, portanto, em pleno
vigor. A respeito desse caso hipotético e considerando a interpretação e a aplicabilidade dos tratados
sobre direitos humanos no ordenamento jurídico brasileiro, assinale a alternativa correta.
A) Está incorreto o Juiz. O direito brasileiro não admite a prisão civil do depositário infiel, mesmo estando
essa hipótese expressamente prevista na Constituição, já que esta perdeu aplicabilidade diante do caráter
supralegal do artigo 7, nº 7, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, que proíbe qualquer prisão
civil por dívida, salvo a proveniente de obrigação alimentar, impedindo, assim, a eficácia das disposições
infraconstitucionais brasileiras que previam a prisão civil do depositário infiel.
B) Está correto o Juiz, uma vez que os tratados de direitos humanos são internalizados por legislação
ordinária e as disposições neles contidas que contrariem expressamente o texto constitucional brasileiro são
ineficazes em relação à jurisdição nacional.
C) Está correto o Juiz. É lícita a prisão civil do depositário infiel, já que a Convenção Americana sobre Direitos
Humanos não fora submetida ao rito do art. 5º, §3º, da CFB (1988) e possui status de legislação ordinária,
continuando em pleno vigor e aplicável o art. 5º, LXVII, da CF/88, e eficazes as leis infraconstitucionais que
preveem a prisão civil do depositário infiel.
D) Está incorreto o Juiz. Os tratados sobre direitos humanos aprovados no Brasil antes da EC 45, de 2004,
automaticamente receberam status de Emenda constitucional, já que, à época, não se exigia o procedimento
hoje previsto no art. 5º, §3º, da CFB (1988). Assim, é inconstitucional a prisão civil do depositário infiel que
fora revogada pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
E) Está incorreto o Juiz. Com base na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o Supremo Tribunal
Federal do Brasil decidiu pela inconstitucionalidade da expressão “e a do depositário infiel” prevista na parte
final do art. 5º, LXVII, da CFB (1988), optando pela redução do texto constitucional, pelo que é
inconstitucional a prisão civil do depositário infiel.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. O direito brasileiro não admite mais a prisão do
depositário infiel, mesmo havendo previsão expressa na constituição. Como vimos o status supralegal da
CADH impede a legislação infraconstitucional de regulamentar a matéria.
A alternativa B está incorreta. Como vimos é ilícita a prisão do depositário infiel. Segundo o STF os tratados
internacionais que versam sobre direitos humanos e são internalizados sem a observância do rito especial
previsto no art. 5 §3º da CF terão status de norma supralegal. Assim, embora haja a previsão na constituição
federal a prisão não poderá ser regulamentada por norma infraconstitucional e por isso não poderá ser
aplicada na prática.

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A alternativa C está incorreta. como vimos nas explicações da assertiva anterior a CIDH foi recepcionada com
status de norma supralegal e não como legislação ordinária como afirmado.
A alternativa D está incorreta. Para receberem status de Emenda Constitucional o tratado de direitos
humanos deve obedecer ao rito previsto no art. 5º §3º da CF.
A alternativa E está incorreta. Não foi esta a decisão do STF. Não houve declaração de inconstitucionalidade
do termo indicado, apenas não é possível regulamentar a prisão do depositário infiel.

2.5 - Garantias Judiciais

São diversas as garantias judiciais previstas no Pacto.

1-Direito a um juiz ou tribunal independente e imparcial;

2- Presunção de inocência;

3- Direito ao contraditório e ampla defesa;

4- Direito de ser assistido por um defensor proporcionado pelo estado;

5 - Direito a recurso entre outros.

Leia com atenção o texto legal:

ARTIGO 8

Garantias Judiciais

1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou
para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou
de qualquer outra natureza.

2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não
se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena
igualdade, às seguintes garantias mínimas:

a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não


compreender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal;

b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;

c) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua


defesa;

d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de


sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor;

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e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado,


remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio
nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o


comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz
sobre os fatos.

g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada; e

h) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.

3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma natureza.

4. O acusado absolvido por sentença passada em julgado não poderá se submetido a novo
processo pelos mesmos fatos.

5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os
interesses da justiça.

2.6 - Princípio da Legalidade e da Retroatividade

A lei deve prever as ações consideradas delituosas e isso deve ter ocorrido antes dos fatos praticados para
que se possa punir pelas ações ou omissões realizadas. A regra da legalidade e da anterioridade estão
positivadas na nossa constituição e no Código Penal.

Perceba, em regra, leis que tratam de crimes e penas não devem retroagir para atingir fatos anteriores,
porém se uma nova lei prevê uma situação mais benéfica ao delinquente ela irá retroagir para beneficiá-lo.

Esta previsão está no artigo 9º:

ARTIGO 9

Princípio da Legalidade e da Retroatividade

Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que forem
cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco se pode
impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da
perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delinquente será por
isso beneficiado.

2.7 - Liberdade de Consciência e de Religião

O direito à liberdade de consciência e de religião devem ser respeitados.

Devem ser respeitados:

1- Liberdade de conservar sua religião ou suas crenças;

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2- Direito de mudar de religião ou de crenças;

3- Liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto
em público como em privado;

4- Direito de educar seus filhos ou pupilos de acordo com suas próprias convicções.

Vejamos o que diz o artigo 12:

ARTIGO 12

Liberdade de Consciência e de Religião

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a
liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças,
bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou
coletivamente, tanto em público como em privado.

2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de
conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças.

3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita unicamente


às limitações prescritas pela lei e que sejam necessárias para proteger a segurança, a
ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos ou liberdades das demais pessoas.

4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que seus filhos ou pupilos recebam
a educação religiosa e moral que esteja acorde com suas próprias convicções.

(CESPE - 2021) À luz da Convenção Americana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
A sujeição do réu à medida restritiva representa exceção à proibição da limitação de sua liberdade de
conservar sua religião.
Comentários
A assertiva está incorreta. Embora a assertiva tenha um texto um pouco confuso é possível perceber que a
afirmativa trouxe uma exceção não prevista pela CADH. O texto afirma que ninguém pode ser objeto de
medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar
de religião ou de crenças. e por isso a questão está incorreta.

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2.8 - Liberdade de Pensamento e de Expressão

O Pacto garante o direito à liberdade de pensamento e de expressão. Veda a censura prévia, mas prevê
responsabilização ulterior em casos de abuso.

ARTIGO 13

Liberdade de Pensamento e de Expressão

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito


compreende a liberdade de buscar, receber e difundir informações e ideias de toda
natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma
impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.

O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito a censura prévia,
mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente fixadas pela lei a ser
necessárias para assegurar:

a) o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou

b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas.

3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais como o
abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de frequências
radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem por
quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de ideias e
opiniões.

4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo exclusivo
de regular o acesso a eles, para proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo
do disposto no inciso 2.

5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio
nacional, racial ou religioso que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime
ou à violência.

2.9 - Direito de Reunião

O Pacto reconhece o direito de reunião desde que pacífica e sem armas.

ARTIGO 15

Direito de Reunião

É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O exercício de tal direito só pode
estar sujeito às restrições previstas pela lei e que sejam necessárias, numa sociedade
democrática, no interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem públicas, ou
para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e liberdades das demais pessoas.

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2.10 - Liberdade de Associação

Todos terão o direto de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos,
trabalhistas, sociais, culturais, desportivos, ou de qualquer outra natureza. Os membros das forças armadas
e polícias podem ser privados deste direito.

ARTIGO 16

Liberdade de Associação

1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos,
políticos, econômicos, trabalhistas, sociais, culturais, desportivos, ou de qualquer outra
natureza.

2. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições previstas pela lei que sejam
necessárias, numa sociedade democrática, no interesse da segurança nacional, da
segurança ou da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os
direitos e liberdades das demais pessoas.

3. O disposto neste artigo não impede a imposição de restrições legais, e mesmo a privação
do exercício do direito de associação, aos membros das forças armadas e da polícia.

2.11 - Direito de Suspensão

Uma das regras mais importantes e conhecidas do Pacto é a que assegura o Direito de suspensão das normas
previstas no documento internacional. Direitos assegurados no Pacto de San José da Costa Rica poderão ser
suspensos nos termos do artigo 27, nos casos de guerra, de perigo público ou de emergência que ameace
a independência ou a segurança do Estado. Essa suspensão deverá ocorrer sempre por prazo determinado
e as situações emergenciais referidas não podem decorrer de práticas discriminatórias. O Estado que
exercer o direito de suspensão deverá informar os demais Estados-partes por meio do Secretário-Geral da
OEA.

Vejamos esse importante dispositivo:

Artigo 27 - Suspensão de garantias

1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace a


independência ou segurança do Estado-parte, este poderá adotar as disposições que, na
medida e pelo tempo estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as
obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais disposições não sejam
incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não
encerrem discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou
origem social.

2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos determinados nos


seguintes artigos: 3 (direito ao reconhecimento da personalidade jurídica), 4 (direito à
vida), 5 (direito à integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão e da servidão), 9
(princípio da legalidade e da retroatividade), 12 (liberdade de consciência e religião), 17

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(proteção da família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à


nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das garantias indispensáveis para a proteção
de tais direitos.

3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do direito de suspensão deverá
comunicar imediatamente aos outros Estados-partes na presente Convenção, por
intermédio do Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos, as disposições cuja
aplicação haja suspendido, os motivos determinantes da suspensão e a data em que haja
dado por terminada tal suspensão.

De toda forma, o item 2 referido acima prevê alguns direitos que não poderão ser suspensos, ainda que em
caso de guerra. O quadro abaixo sintetiza essas informações:

18
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DIREITO DE SUSPENSÃO

hipóteses:
• guerra;
• perigo público; e
• emergência que ameace a independência ou a segurança do Estado

temporário

não é autorizada a suspensão dos seguintes direitos:


• reconhecimento da personalidade jurídica;
• vida;
• integridade pessoal;
• proibição da escravidão e da servidão;
• princípio da legalidade e da retroatividade;
• princípio da liberdade de consciência e de religião;
• proteção da família;
• direito ao nome;
• direitos das crianças;
• direito à nacionalidade; e
• direitos políticos.

Dessa forma, o rol acima constitui um conjunto de direitos que não poderão ser suspensos em hipótese
alguma. Em razão disso, há doutrinadores que afirmam que esses direitos são normas “jus cogens”, na
medida em que não poderão ser excepcionados e devem ser reconhecidos por todos os países no âmbito
da OEA.

2.12 - Cláusula Federal

Outra regra importante constante do Pacto de San José da Costa Rica é a cláusula federal, disposta no artigo
28 nos seguintes termos:

Artigo 28 - Cláusula federal

19
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1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído como Estado federal, o governo


nacional do aludido Estado-parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção,
relacionadas com as matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.

2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das


entidades componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as
medidas pertinentes, em conformidade com sua Constituição e com suas leis, a fim de que
as autoridades competentes das referidas entidades possam adotar as disposições cabíveis
para o cumprimento desta Convenção.

3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem constituir entre eles uma federação ou
outro tipo de associação, diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário respectivo
contenha as disposições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo Estado,
assim organizado, as normas da presente Convenção.

O que o dispositivo transmite é a ideia de que os Estados-partes constituídos em forma de federação (como
o Brasil), não poderão alegar o descumprimento das disposições do Pacto de San José da Costa Rica sob o
argumento de que internamente essa competência é do ente federado (por exemplo, o Estado do Paraná).

Em um ente federado há distribuição de competências. Usemos o exemplo do Brasil, haja vista que há
determinadas competências privativas da União, outras dos Estados e outras dos Municípios. Há, ainda,
diversas competências concorrentes.

De fato, a vinculação ao Pacto é feita diretamente pelo Estado Federal, uma vez que possui personalidade
internacional. Assim, se determinado direito previsto no Pacto for de responsabilidade de um estado
federado, ao Estado Federal compete o dever de adotar as medidas cabíveis para que se proceda a
implementação interna do direito. Observe que não é possível que haja ingerência da União nos Estados,
todavia, a União deve empenhar esforços para que o Estado adote as medidas necessárias.

Assim, de acordo com Rafael Barreto2,

o Estado Federal deve cumprir todas as disposições da Convenção relacionadas com as


matérias sobre as quais exerce competência no plano interno e, em relação àquelas
matérias que sejam de competência interna das Unidades da Federação, ele deve tomar
todas as medidas para que os governos locais adotem as disposições necessárias ao
cumprimento da Convenção.

2
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos, rev., ampl. e atual. Bahia; Editora JusPodvim, 2012, p. 167.

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2.13 – Normas de Interpretação

O artigo 29 trata de normas de interpretação. Não é possível qualquer interpretação que possa suprimir o
gozo e o exercício de direitos e liberdade reconhecidos na Convenção, nas leis de qualquer dos Estados-
Partes ou outra convenção.

Não poderá, ainda, caber interpretações que excluam direitos e garantias que decorram da forma
democrática representativa de governo.

E por fim excluir ou limitar o efeito da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e outros atos
internacionais da mesma natureza.

ARTIGO 29

Normas de Interpretação

Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada no sentido de:

a) permitir a qualquer dos Estados-Partes, grupo ou pessoa, suprimir o gozo e exercício dos
direitos e liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a
nela prevista;

b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos
de acordo com as leis de qualquer dos Estados-Partes ou de acordo com outra convenção
em que seja parte um dos referidos Estados;

c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da
forma democrática representativa de governo; e

d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e
Deveres do Homem e outros atos internacionais da mesma natureza.

ARTIGO 30

Alcance das Restrições

As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao gozo e exercício dos direitos e
liberdades nela reconhecidos, não podem ser aplicadas senão de acordo com leis que
forem promulgadas por motivo de interesse geral e com o propósito para o qual houverem
sido estabelecidas.

ARTIGO 31

Reconhecimento de Outros Direitos

Poderão ser incluídos no regime de proteção desta Convenção outros direitos e liberdades
que forem reconhecidos de acordo com os processos estabelecidos nos artigos 69 e 70.

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2.14 – Correlação entre Deveres e Direito

Todos têm deveres e seus direitos são limitados pelos direitos dos demais em uma sociedade democrática e
pautada pela busca do bem comum.

ARTIGO 32

Correlação entre Deveres e Direitos

1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade e a humanidade.

2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos demais, pela segurança de
todos e pelas justas exigências do bem comum, numa sociedade democrática.

3 - Mecanismos de Implementação

No âmbito do Pacto de San José da Costa Rica, existem dois órgãos competentes para a implementação dos
direitos assegurados: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos – órgão de natureza executiva – e a
Corte Interamericana de Direitos Humanos – órgão de natureza jurisdicional.

ARTIGO 33

São competentes para conhecer dos assuntos relacionados com o cumprimento dos
compromissos assumidos pelos Estados-Partes nesta Convenção:

a) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Comissão; e

b) a Corte Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Corte.

Os mecanismos de implementação das normas da Convenção são os seguintes:

RELATÓRIOS COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS PETIÇÕES INDIVIDUAIS

artigo 42 artigo 45 artigo 44

A Comissão é o principal responsável pela fiscalização do cumprimento das regras do Pacto, sendo
responsável pelo recebimento e pelo processamento dos relatórios, das comunicações interestatais e das
petições individuais. Não existem maiores particularidades quanto a esses mecanismos, eles seguem os

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mesmos parâmetros (à exceção das petições individuais, cujas observações abaixo são importantes)
previstos nos demais tratados internacionais de direitos humanos que estudamos ao longo do curso.

ARTIGO 42

Os Estados-Partes devem remeter à Comissão cópia dos relatórios e estudos que, em seus
respectivos campos, submetem anualmente às Comissões Executivas do Conselho
Interamericano Econômico e Social e do Conselho Interamericano de Educação, Ciência e
Cultura, a fim de que aquela vele por que se promovam os direitos decorrentes das normas
econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da
Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.

Em relação ao mecanismo de petições individuais, o Pacto de San José da Costa Rica o estabeleceu de forma
compulsória. Ao contrário do que estudamos em outros tratados, os quais exigem declaração expressa do
Estado no sentido de submeter ao sistema de peticionamento individual, no Pacto de San José da Costa Rica
se o Estado-parte aderir ao seu texto, se submeterá ao mecanismo de petições individuais
automaticamente.

ARTIGO 44

Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legalmente


reconhecida em um ou mais Estados-Membros da Organização, pode apresentar à
Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por
um Estado-Parte.

• A mera assinatura do Pacto de San José da Costa Rica já


PETIÇÕES gera a submissão ao sistema de peticionamento individual.
INDIVIDUAIS • Não há necessidade, portanto, de declaração expressa do
Estado-parte aceitando esse mecanismo de implementação.

Ainda quanto às petições individuais, há importante regra – prescrita no artigo 44 –, segundo a qual qualquer
pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legalmente reconhecida em um ou mais
Estados-partes da OEA, poderá apresentar à Comissão as referidas petições, contendo denúncias ou queixas
de violação a direitos previstos no Pacto.

Assim, são legitimados para apresentar as petições individuais:

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Petições Individuais
Legitimados para
Vítima de violação ao seu direito humano;

apresentar as
Grupo de pessoas; e

ONGs legalmente reconhecidas.

Para o uso das comunicações interestatais, ao contrário, será necessária a declaração expressa do Estado-
parte reconhecendo a competência da Comissão para recebimento e exame de tais comunicações, quando
um Estado alega que outro violou as disposições constantes do Pacto.

ARTIGO 45

1. Todo Estado-Parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação


desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que
reconhece a competência da Comissão para receber e examinar as comunicações em que
um Estado-Parte alegue haver outro Estado-Parte incorrido em violações dos direitos
humanos estabelecidos nesta Convenção.

2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem ser admitidas e examinadas se


forem apresentadas por um Estado-Parte que haja feito uma declaração pela qual
reconheça a referida competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma
comunicação contra um Estado-Parte que não haja feito tal declaração.

3. As declarações sobre reconhecimento de competência podem ser feitas para que esta
vigore por tempo indefinido, por período determinado ou para casos específicos.

4. As declarações serão depositadas na Secretaria-Geral da Organização dos Estados


Americanos, a qual encaminhará cópia das mesmas aos Estados-Membros da referida
Organização.

Portanto:

PETIÇÕES INDIVIDUAIS COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS

Cláusula Obrigatória Cláusula Facultativa

Sobre as comunicações interestatais, leciona Flávia Piovesan3:

3
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, p. 333.

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os Estados-partes podem declarar que reconhecem a competência da Comissão para


receber e examinar comunicações em que um alegue que outro tenha cometido violação
a direito previsto na Convenção.

De acordo com a referida doutrinadora 4, a inversão que presenciamos no Pacto de San José da Costa Rica,
no qual as petições individuais constituem cláusula obrigatória e as comunicações interestatais constituem
cláusula facultativa, é importante porque “as comunicações interestatais podem ser usadas por certos
Estados para objetivos políticos e propósitos intervencionistas e que este risco existe em menor extensão
relativamente às comunicações privadas”. Dessa forma, ao estabelecê-la como cláusula facultativa essas
pressões são mais amenas.

O artigo 46, do Pacto, enuncia 4 requisitos de admissibilidade das petições e comunicações para que sejam
admitidas pela Comissão.

Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos
44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário:

a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com
os princípios de Direito Internacional geralmente reconhecidos;

b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o
presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;

c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de


solução internacional; e

d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o


domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que
submeter a petição.

2. As disposições das alíneas "a" e "b" do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando:

a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para
a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados;

b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos


recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e

c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.

4
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, p. 334.

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Vejamos:

1º. Esgotamento ou inexistência de recursos internos para reparação do direito humano violado ou
quando os recursos disponíveis forem inefetivos;
2º. Apresentação do expediente internacional no prazo de 6 meses a contar da decisão interna
insatisfatória;
3º. Não haja outro procedimento internacional apurando a questão (litispendência internacional); e
4º. Identificação com nome, nacionalidade, domicílio e assinatura (não são aceitas petições
individuais apócrifas).
No que tange ao esgotamento dos recursos internos devemos tecer alguns comentários adicionais. Leciona
Flávia Piovesan5 que “se deve dar ao Estado a oportunidade de reparar um suposto dano no âmbito de seu
próprio ordenamento jurídico interno, antes que se possa invocar sua responsabilidade internacional”. Esse
dispositivo, portanto, coaduna com a ideia de atuação subsidiária da proteção internacional dos Direitos
Humanos.

Além disso, o artigo acima referido, no item 2, expressamente excepciona a regra de esgotamento dos
recursos internos e o prazo de 6 meses, nos seguintes casos:

• Se não houver, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a
proteção do direito que se alegue violados;
• Se não houver permitido ao prejudicado, em seus direitos, o acesso aos recursos da jurisdição interna;
e
• Se houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.
Essas seriam as hipóteses em que os recursos internos foram inefetivos, sem efeitos concretos à pessoa que
teve seus direitos violados.

Pelo artigo 47 o Pacto prevê outra regra procedimental importante:

5
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, p. 330.

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Artigo 47 - A Comissão declarará inadmissível toda petição ou comunicação apresentada


de acordo com os artigos 44 ou 45 quando:

a) não preencher algum dos requisitos estabelecidos no artigo 46;

b) não expuser fatos que caracterizem violação dos direitos garantidos por esta
Convenção;

c) pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, for manifestamente infundada a


petição ou comunicação ou for evidente sua total improcedência; ou

d) for substancialmente reprodução de petição ou comunicação anterior, já examinada


pela Comissão ou por outro organismo internacional.

Assim, serão consideradas inadmissíveis as petições ou as comunicações interestatais que:

➢ Não preencher os requisitos de admissibilidade, previstos no artigo 46 acima analisados;


➢ O fato exposto não caracterizar violação a direito humano previsto no Pacto;
➢ As alegações forem manifestamente infundadas; e
➢ O expediente apresentado constitua reprodução de petição ou comunicação anterior.

Não forem esgotadas as vias internas;

Não for apresentada no prazo de 6


REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE

A petição e a comunicação não serão meses a contar da decisão interna;


aceitas se:
Houver litispendência internacional;
Fato exposto não caracterizar violação a
direito humano; Faltar identificação da parte
Alegações manifestamente infundadas; denunciante.
ou
Reprodução de petição ou comunicação
anterior.

Vamos verificar uma questão sobre o assunto:

(CESPE/PCPB/2022) A Convenção Americana sobre Direitos Humanos determina que, para uma petição ou
comunicação ser admitida pela Comissão Interamericana, entre outros requisitos, será necessário que
hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna.

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Esse princípio de direito internacional reconhecido na referida convenção denomina-se


A) princípio da indivisibilidade.
B) princípio da eficiência.
C) princípio da subsidiariedade.
D) princípio do dever de cooperação internacional.
E) princípio da boa-fé.
Comentários
A Alternativa C está correta. Como vimos em aula deve se dar ao Estado a oportunidade de reparar um
suposto dano no âmbito de seu próprio ordenamento jurídico interno, antes que se possa invocar sua
responsabilidade internacional”. Esse dispositivo, portanto, coaduna com a ideia de atuação subsidiária da
proteção internacional dos Direitos Humanos.

Recebida a petição ou a comunicação, a Comissão solicitará informações ao Estado acusado que deverá
prestar esclarecimento num prazo determinado (o Pacto de San José da Costa Rica não indica um prazo
específico), concedendo ao Estado a oportunidade para o contraditório. Recebidas as informações do Estado
acusado, a Comissão analisará a acusação.

Sendo insubsistentes as alegações, o procedimento será arquivado. Contudo, se houver razões justificáveis,
a Comissão procederá ao exame e à investigação do caso, podendo solicitar informações complementares
ao Estado acusado.

A Comissão envidará esforços no sentido de obter solução amistosa para a questão que lhe foi submetida.
No caso de solução amistosa, a Comissão deverá encaminhar ao Secretário-Geral da OEA um relatório
expondo os fatos e a solução adotada.

Por outro lado, não havendo solução amigável, igual relatório deverá ser enviado aos Estados-partes
interessados, contendo as conclusões da Comissão quanto à questão apresentada.

Decorrido o prazo de 3 meses após o envio dessas informações, caso os Estados-partes interessados nada
façam, a Comissão emitirá seu parecer e conclusões, indicando recomendações e fixando prazo para
reparação do direito violado. Após esse prazo, nova decisão pela maioria absoluta dos membros da Comissão
decidirá se as medidas tomadas foram suficientes para reparar a violação e se haverá a publicação, ou não,
do relatório para a comunidade internacional.

Durante os três meses acima referidos poderão os Estados interessados, ou a Comissão, submeter a
questão à Corte Interamericana, nos termos do art. 61, do Pacto. Trata-se, conforme enuncia a doutrina, de
mecanismo que judicializou o procedimento, reduzindo a influência política para solução de violações de
direitos humanos.

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Ricardo Torques
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RECEBIDA A COMUNICAÇÃO

Analisa os requisitos de
admissibilidade:
não
se estiverem
estiverem
presentes
presentes
solicita
arquiva informações ao
Estado acusado
Comissão analisará a
subsistência das
acusações:

insubsistente subsistente

tenta
arquiva solução
amistosa

se positiva se negativa

fará relatório que será


fará relatório que encaminhado aos
será enviado ao Estados-partes
Secretário-Geral envolvidos
da OEA
Prazo de 3 meses Se nada
para tomar fizerem:
providências Comissão, após
decorrido prazo de 3
meses:
decidirá acerca das
medidas tomadas decidirá se serão
publicadas as
informações da
questão à
comunidade
internacional

O mecanismo das inspeções “in loco” está previsto na alínea d, do artigo 48, do Pacto. Caso a Comissão
entenda que existam motivos suficientes para crer que haja violação de direitos humanos poderá, se for
necessário e conveniente, realizar uma investigação no Estado acusado, que autorizará, ou não, a visita in
loco. O Brasil, quanto a esse aspecto, desde logo, em Declaração Interpretativa, dispõe expressamente que:

“Ao depositar a Carta de Adesão à Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto
de São José da Costa Rica) em 25 de setembro de 1992, o Governo brasileiro faz a seguinte

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declaração interpretativa sobre os artigos 43 e 48, alínea d: "O Governo do Brasil entende
que os artigos 43 e 48, alínea d, não incluem o direito automático de visitas e inspeções "in
loco" da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, as quais dependerão da anuência
expressa do Estado".

Por fim, outro mecanismo de implementação previsto no Pacto de San José da Rica corresponde às medidas
cautelares. Em caso de grave e urgência, a Corte poderá, por conta própria ou da Comissão, solicitar ao
Estado-parte a adoção de medidas cautelares para evitar danos irreparáveis ao direito humano.

4 - Comissão Interamericana de Direitos Humanos

Criada pela Carta da OEA, a Comissão ganhou um salto qualitativo de competências e atribuições com o
Pacto de San José da Costa Rica.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos constitui o órgão executivo, no âmbito da OEA,


responsável pela promoção, pela observância e pela defesa dos direitos humanos no Sistema Americano.
Logo, sua principal tarefa é a responsabilização dos Estados em caso de descumprimento dos direitos civis e
políticos expressos na Carta e na Declaração Americana.

• Órgão da OEA, responsável por zelar pelos Direitos Humanos,


em especial pelo processamento das petições individuais.
PAPEL DA
• Órgão da Convenção Americana, responsável por analisar as
COMISSÃO
petições individuais, interpondo ação de responsabilidade
internacional.

Composta por 7 membros, de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos
humanos. Eleitos a título pessoal entre candidatos indicados pelos governos dos Estados-membros. Terão
mandato de 4 anos podendo ser reeleitos 1 vez. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional de
um mesmo Estado.

A Comissão tem por finalidade estimular a observância dos Direitos Humanos pelos Estados-partes, bem
como efetuar recomendações, preparar estudos e relatórios, solicitar informações dos Estados, responder

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às consultas formuladas por eles e atuar no recebimento e no processamento das petições individuais e das
comunicações interestatais.

ARTIGO 34

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos compor-se-á de sete membros, que


deverão ser pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de
direitos humanos.

ARTIGO 35

A Comissão representa todos os Membros da Organização dos Estados Americanos.

ARTIGO 36

1. Os membros da Comissão serão eleitos a título pessoal, pela Assembléia-Geral da


Organização, de uma lista de candidatos propostos pelos governos dos Estados-Membros.

2. Cada um dos referidos governos pode propor até três candidatos, nacionais do Estado
que os propuser ou de qualquer outro Estado-Membro da Organização dos Estados
Americanos. Quando for proposta uma lista de três candidatos, pelo menos um deles
deverá ser nacional de Estado diferente do proponente.

ARTIGO 37

1. Os membros da Comissão serão eleitos por quatro anos e só poderão ser reeleitos uma
vez, porém o mandato de três dos membros designados na primeira eleição expirará ao
cabo de dois anos. Logo depois da referida eleição, serão determinados por sorteio, na
Assembléia-Geral, os nomes desses três membros.

2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional de um mesmo Estado.

ARTIGO 38

As vagas que ocorrerem na Comissão, que não se devam à expiração normal do mandado,
serão preenchidas pelo Conselho Permanente da Organização, de acordo com o que
dispuser o Estatuto da Comissão.

ARTIGO 39

A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à aprovação da Assembléia-Geral e


expedirá seu próprio regulamento.

ARTIGO 40

Os serviços de secretaria da Comissão devem ser desempenhados pela unidade funcional


especializada que faz parte da Secretaria-Geral da Organização e deve dispor dos recursos
necessários para cumprir as tarefas que lhe forem confiadas pela Comissão.

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Enquanto órgão da OEA, a Comissão tem por função precípua a promoção, a observância e a defesa dos
Direitos Humanos, que, entre as atribuições, destacam-se:

ARTIGO 41

A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos direitos


humanos e, no exercício do seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:

a) estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América;

b) formular recomendações aos governos dos Estados-Membros, quando o considerar


conveniente, no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos
humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como
disposições apropriadas para promover o devido respeito a esses direitos;

c) preparar os estudos ou relatórios que considerar convenientes para o desempenho de


suas funções;

d) solicitar aos governos dos Estados-Membros que lhe proporcionem informações sobre
as medidas que adotarem em matéria de direitos humanos;

e) atender às consultas que, por meio da Secretaria-Geral da Organização dos Estados


Americanos, lhe formularem os Estados-Membros sobre questões relacionadas com os
direitos humanos e, dentro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que eles
lhe solicitarem;

f) atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício de sua autoridade,


de conformidade com o disposto nos artigos 44 a 51 desta Convenção; e

g) apresentar um relatório anual à Assembléia-Geral da Organização dos Estados


Americanos.

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Apresentar
relatório anual à
Assembleia
Atuar no recebimento e Geral
no processamento das Efetuar
petições individuais e recomendações
das comunicações.
ATRIBUIÇÕES DA
COMISSÃO
Responder às consultas
formuladas pelos Preparar estudos e
Estados-partes relatórios
Solicitar
informação dos
Estados-partes

A doutrina de Flávia Piovesan6 elenca seis funções da Comissão, nos seguintes termos:

a) Conciliadora – entre governos e grupos sociais;


b) Assessora – aconselhando governos;
c) Crítica – informa a situação de cada estado membro;
d) Legitimadora – quando um Governo decide reparar e sanar violações baseado no informe da
Comissão;
e) Promotora – Efetua estudos sobre os temas de direitos humanos;
f) Protetora – intervém em casos urgentes.

Para além das atribuições acima, com a edição do Protocolo de San Salvador, a Comissão assumiu novo papel.
Nesse sentido, leciona Sidney Guerra7:

Hodiernamente, possui também competência para a efetiva proteção dos direitos


humanos em razão do conhecimento de petições individuais e de comunicações
interestatais que contenham denúncias de violações aos direitos previstos na Convenção
Americana.

Deste modo, à Comissão é conferido o direito de receber denúncias de violação às regras prescritas na
Convenção, a partir das quais desenvolverá trabalho de exame e de investigação.

Ressalta-se que a provocação da Corte se dá tão somente pela Comissão ou pelos Estados-partes, vedando-
se à pessoa litigar diretamente na Corte Internacional.

6
PIOVESAN, F. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2022. E-book.
7
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos: curso elementar. 2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2014, p 153.

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Para que uma petição ou comunicação interestatal seja admitida perante a Comissão, a doutrina elenca
alguns requisitos, os quais dividem-se em requisitos formais e em requisitos materiais:

REQUISITOS FORMAIS

(i) A qualificação do interessado, indicando o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio, bem como a
assinatura da pessoa, grupo de pessoas ou órgão ou entidade representativa. Está-se a afirmar, portanto, a
impossibilidade de provocação da Comissão por intermédio de denúncia apócrifa.

(ii) Fatos que envolvem a violação a direito humano. Trata-se, em verdade, de informar o contexto fático,
trazendo elementos que viabilizem o exame pela Comissão. Em razão disso, devem ser levadas informações
comprobatórias, testemunhas, documentos etc.

(iii) Indicação do Estado que pretensamente violou os direitos humanos.

(iv) Indicação quanto à utilização do aparato interno de proteção aos direitos humanos.

REQUISITOS MATERIAIS

(i) Esgotamento dos recursos da jurisdição interna.

(ii) Apresentação da denúncia no prazo de 6 meses a partir de quando foi cientificado da decisão definitiva
interna.

(iii) A matéria discutida não pode ser objeto de outro processo internacional.

(iv) Não ocorrência da coisa julgada no âmbito da OEA ou em qualquer outro organismo de jurisdição
internacional.

(v) Fundamentação, sob pena de expressa improcedência.

Esses são os principais aspectos relativos à Comissão Internacional.

5 - Corte Interamericana de Direitos Humanos

A Corte representa o órgão jurisdicional do sistema interamericano de direitos humanos e constitui


excelente alternativa para a reparação da violação de direitos humanos.

Segundo Sidney Guerra8:

A Corte Internacional de Direitos Humanos se apresenta como instituição judicial


independente e autônoma, cujo objetivo é a aplicação e a interpretação da Convenção

8
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos: Curso Elementar, p. 162.

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Americana sobre Direitos Humanos. Trata-se, portanto, de um tribunal com o propósito


primordial resolver os casos protegidos pela Convenção Americana.

A Corte é composta por 7 juízes nacionais dos Estados que compõem a OEA, não sendo possível que haja
dois juízes de mesma nacionalidade. Os julgadores são eleitos por meio de Assembleia-Geral da OEA, pelo
voto da maioria absoluta dos membros, entre pessoas de alta autoridade moral e reconhecida competência
em matéria de Direitos Humanos, para mandato de 6 anos, admitindo-se uma reeleição.

Há, na Convenção, uma regra importante no que diz respeito à composição da Corte para fins de julgamento.
==b9955==

Consagrou-se o direito de o país que está sendo julgado possuir um juiz de sua nacionalidade dentro da
Corte, de modo que, caso entre os 7 juízes regulares não houver nenhum nacional do Estado acusado, será
possível a nomeação de um juiz ad hoc (apenas para aquele julgamento). O quórum deliberativo da Corte,
nos termos do artigo 56, será de 5 votos.

Fique atento aos legitimados para ingressar perante a Corte:

LEGITIMADOS PARA
INGRESSAR NA CORTE

Comissão
Interamericana
Estados-partes
de Direitos
Humanos
Vejamos uma questão sobre o tema:

(CESPE - 2022) Considerando a ordem jurídica internacional e a proteção contra violações de direitos
humanos, assinale a opção correta.
A) O esgotamento dos recursos internos é regra absoluta de admissibilidade de denúncias apresentadas à
Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
B) Ao sujeitar-se à jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o Brasil fragiliza os mecanismos
de proteção contra as violações de direitos humanos, haja vista as dificuldades ainda existentes para
interação institucional entre regimes normativos complementares.

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C) As normas imperativas de direito internacional geral podem ser derrogadas pela superveniência de norma
de direito internacional de qualquer natureza, desde que esta tenha como fundamento convenção
internacional.
D) Sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos produzirá, somente após a correspondente
homologação pelo órgão judicial interno, autoridade de coisa julgada internacional, com eficácia vinculante
e direta aos órgãos da administração pública.
E) Os tratados de direitos humanos incorporam obrigações de caráter objetivo que transcendem o primado
do pacta sunt servanda e da reciprocidade estatal para incorporar a noção de garantia coletiva e interesse
público superior.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O art. 46 da CADH prevê o esgotamento dos recursos internos porém o §2 do
mesmo artigo prevê as exceções. Veja: 2. As disposições das alíneas a e b do inciso 1 deste artigo não se
aplicarão quando: a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal
para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados; b) não se houver permitido ao
presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele
impedido de esgotá-los; e c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.
A alternativa B está incorreta. É exatamente o contrário. Os mecanismos de proteção contra as violações de
direitos humanos são fortalecidos.
A alternativa C está incorreta. Para derrogar uma norma jus cogens é preciso outra norma da mesma
natureza e não qualquer norma como afirmado.
A alternativa D está incorreta. Não é necessário homologação pois estamos falando de uma sentença
internacional e não de uma sentença estrangeira.
Dessa forma, a alternativa E é a correta e gabarito da questão. OS tratados de direitos humanos são
normativos e o descumprimento de uma das partes não exime as demais do cumprimento.

Sigamos com o conteúdo teórico.

Além disso, a Comissão deverá participar de todas as reuniões da Corte, seja nos processos em que for parte,
seja nos processos iniciados pelos Estados-membros, caso em que atuará como se fosse um fiscal.

Nos termos do artigo 61, do Pacto de San José da Costa Rica, somente os Estados-partes e a Comissão
Interamericana poderão submeter um caso à decisão da Corte. Não se confere, portanto, legitimidade às
pessoas, aos grupos ou às entidades.

Há, contudo, uma exceção contida no artigo 63, 2:

2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se fizer necessário evitar danos


irreparáveis às pessoas, a Corte, nos assuntos de que estiver conhecendo, poderá tomar
as medidas provisórias que considerar pertinentes. Se se tratar de assuntos que ainda não
estiverem submetidos ao seu conhecimento, poderá atuar a pedido da Comissão.

Logo, será possível à pessoa peticionar diretamente na Corte Internacional, desde que a situação já esteja
sendo analisada pela Corte Internacional.

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Uma pessoa poderá peticionar diretamente à Corte nos casos


graves e urgentes para evitar danos irreparáveis para que
Excepcionalmente
sejam tomadas medidas acautelatórias, nos procedimentos já
em andamento na Corte.

Por outro lado, se a questão ainda não tiver sido analisada pela Corte, o pedido individual somente será
submetido por intermédio da Comissão.

A Corte possui competência para resolver os litígios que lhes são submetidos (competência contenciosa),
bem como para responder questionamentos sobre a interpretação de determinada regra do Sistema
Interamericano e sobre a compatibilidade das leis internas com o Pacto de San José da Costa Rica
(competência consultiva). Essas consultas poderão ser realizadas pelos membros da OEA, bem como pelos
demais órgãos que compõem a estrutura da Organização.

No plano consultivo, qualquer membro da OEA poderá solicitar o parecer da Corte em relação à
interpretação da Convenção ou de qualquer outro tratado relativo à proteção dos direitos humanos. A Corte
poderá fazer o que a doutrina denomina de controle de convencionalidade, que consiste no parecer acerca
da compatibilidade dos preceitos da legislação doméstica em face dos instrumentos internacionais.

Em verdade, a Corte exerce ampla função consultiva, de forma que contribui para a uniformidade e para a
consistência da interpretação da Convenção Americana. Para tanto, a Corte faz estudos e análises
aprofundadas a respeito do alcance e do impacto dos dispositivos da Convenção.

Além disso, para a atuação da Corte Interamericana faz-se necessária declaração expressa do Estado-parte
reconhecendo a competência desse órgão como obrigatória para os casos envolvendo a aplicação do
sistema interamericano. Essa declaração poderá ser feita para situações específicas ou por prazo
indeterminado.

Segundo Rafael Barretto, o Brasil reconheceu por prazo indeterminado a competência da Corte, contudo,
exige que os Estados, que com ele litiguem, também tenham aceitado por prazo indeterminado a submissão
à Corte (cláusula de reciprocidade). Nosso país, contudo, não reconheceu a competência da Corte no mesmo
momento em que ratificou a Convenção.

Vejamos mais uma questão que aborda essa temática.

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(CESPE/PCPB/2022) Considerando a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, julgue os itens


subsequentes.
I Os Estados-partes e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos têm direito de submeter casos à
decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
II Se regularmente aprovada por lei nacional, a pena de morte poderá ser imposta a delitos aos quais não se
aplica atualmente em Estados signatários do Pacto de São José da Costa Rica.
III Qualquer pessoa pode apresentar à Comissão Interamericana petições que contenham denúncias ou
queixas de violação da Convenção Americana por um Estado signatário.
IV Em casos de necessidade e interesse nacional, a Convenção Americana poderá ser interpretada de tal
forma que exclua direitos e garantias que decorram da forma democrática representativa de governo.
Estão certos apenas os itens
A) I e II.
B) I e III.
C) I e IV.
D) II e III.
E) III e IV.
Comentários
Vamos analisar cada um dos itens.
O item I está correto. Como vimos apenas os Estados-Partes e a Comissão, como regra, possuem legitimidade
para submeter casos à decisão da Corte.

LEGITIMADOS PARA
INGRESSAR NA CORTE

Comissão
Interamericana
Estados-partes
de Direitos
Humanos
O item II está incorreto. De acordo com o art. 4.2 da Convenção Americana a pena de morte será mantida
para aqueles países que já a previam e não será possível ampliar o rol de delitos para além dos previstos.
2.Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais
graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com lei que estabeleça
tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos
aos quais não se aplique atualmente.

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O item III está correto. De acordo com o art. 44 qualquer pessoa ou grupo de pessoas ou entidade não
governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização poderão
apresentar petições.
O item IV está incorreto. O art. 29 veda a exclusão de direitos e garantias que são inerentes ao ser humano
ou que decorrem da forma democrática representativa de governo.
Assim, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

Sigamos com o conteúdo teórico.

No plano contencioso, a atuação da Corte é limitada à provocação pelos Estados-partes e pela Comissão.

os Estados-partes da OEA; e
POSSUI PODER DE PROVOCAR
A CORTE
a Comissão Interamericana
de Direitos Humanos

Assim, não há legitimação do indivíduo para provocar a Corte de maneira originária, ao contrário do
sistema europeu.

A partir do momento em que o Estado passa a ser parte do Pacto, reconhece como obrigatória e sem
restrições, de pleno direito e sem necessidade de qualquer outra declaração, a competência da Corte em
matéria de interpretação de aplicação do Pacto de San José da Costa Rica.

As decisões da Corte podem ser finais ou liminares. As decisões liminares, denominadas de “medidas
provisórias”, em decorrência de situações urgentes a pedido da vítima de violação aos Direitos Humanos
(quando a questão estiver submetida à Corte) ou a pedido da Comissão (ainda que a questão não esteja
submetida à Corte).

As decisões finais, por sua vez, decidirão a respeito do direito protegido, determinando que ele seja
assegurado caso reste configurada a violação a direito humano, bem como a reparação indenizatória à
vítima. Dessas decisões da Corte, NÃO é cabível recurso algum.

Contudo, das referidas decisões finais é cabível um pedido de esclarecimento à Corte no prazo de 90 dias a
contar da notificação da decisão, caso a parte interessada tenha dúvidas quanto à extensão do que fora
determinado pela Corte.

Vejamos uma questão que cobrou exatamente essa informação.

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(FCC - 2019) No tocante ao acesso, processo e decisões de órgãos internacionais de monitoramento de


direitos humanos, é correto afirmar:
A) Quando a Corte Interamericana de Direitos Humanos constatar que ocorreu a ruptura da ordem
democrática num Estado, poderá determinar, por voto de dois terços de seus membros, a suspensão do
exercício do direito de participação daquele Estado na OEA.
B) O Fundo de Assistência Jurídica do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, na fase de postulação
perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, pode ser utilizado para custeio do
comparecimento da vítima a audiências perante aquele órgão, mas não de testemunhas, que, nesse caso,
devem prestar depoimento por escrito.
C) Tanto a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, quanto as vítimas ou seus representantes podem
requerer a concessão de medidas provisórias, nos casos contenciosos que já se encontrem em conhecimento
da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
D) Quando houver atuação de Defensor Interamericano perante a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, a ele caberá a submissão ou não do caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos.
E) Em caso de inércia da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e das vítimas ou seus representantes
na condução do caso perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos, será determinado seu
arquivamento pela Presidência.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Não faz parte das atribuições da Corte Interamericana. Esta previsão está no
art. 9º da Carta da OEA que afirma ser atribuição da Assembleia Geral tomar a decisão pelo voto afirmativo
de 2/3 dos votos.
A alternativa B está incorreta. O art. 4º do Regulamento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos
inclui testemunhas e peritos.
A alternativa C está correta. É o que afirma o art. 63 2.
“ARTIGO 63 1. Quando decidir que houve violação de um direito ou liberdade protegido nesta Convenção, a
Corte determinará que se assegure ao prejudicado o gozo do seu direito ou liberdade violados. Determinará
também, se isso for procedente, que sejam reparadas as consequências da medida ou situação que haja
configurado a violação desses direitos, bem como o pagamento de indenização justa à parte lesada.
2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se fizer necessário evitar danos irreparáveis às
pessoas, a Corte, nos assuntos de que estiver conhecendo, poderá tomar as medidas provisórias que
considerar pertinentes. Se se tratar de assuntos que ainda não estiverem submetidos ao seu conhecimento,
poderá atuar a pedido da Comissão”.
A alternativa D está incorreta. De acordo com o artigo 61 apenas os Estados-partes e a Comissão
Interamericana têm direito de submeter um caso à análise da Corte.
A alternativa E está incorreta. De acordo como artigo 27 do Regulamento da Corte Interamericana de
Direitos Humanos a corte poderá atuar de ofício.

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Sigamos com o conteúdo teórico.

Além disso, a indenização à vítima será executada internamente no Estado, pelo procedimento interno
vigente para a execução de sentenças contra o Estado, razão pela qual, no Brasil, será observado o regime
de precatórios e as sentenças serão executadas perante a Justiça Federal.

Quanto à homologação, a posição predominante na doutrina é no sentido de que, uma vez que se trata de
sentença internacional (não de sentença estrangeira), não é necessário observar o procedimento de
homologação de sentença estrangeira perante o STJ. Contudo, até o presente não há posicionamento de
tribunal brasileiro a respeito do assunto, pois todas as condenações do Brasil perante a Corte Interamericana
foram espontaneamente adimplidas.

Vejamos uma questão que sedimentou esse entendimento.

(CESPE - 2015) Com relação ao sistema interamericano de proteção dos direitos humanos, julgue o
seguinte item.
As sentenças prolatadas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos podem, após homologação pelo
STJ, ser regularmente executadas em território brasileiro.
Comentários
A assertiva está incorreta.
A sentença prolata pela Corte Interamericana de Direitos Humanos é uma sentença internacional e não uma
sentença de Estado estrangeiro que irá ser aplicada no Brasil. Apenas a sentença estrangeira precisa de
homologação pelo STJ.
A sentença internacional proferida pela Corte é aplicável independentemente de homologação.

6 - Resumos dos Principais Casos envolvendo o Brasil no Sistema


Interamericano

Nesse tópico vamos, de forma sucinta e esquematizada, trazer os principais julgamentos envolvendo o Brasil
na Corte Interamericana de Direitos Humanos, tendo em vista que as provas, por vezes, cobram tais
assuntos.

CASOS OBSERVAÇÕES
Caso Ximenes (2006) O caso discutiu a morte de Damião Ximenes Lopes, portador de deficiência
mental, que foi submetido a condições desumanas e degradantes enquanto
encontrava-se internado para tratamento psiquiátrico no Ceará.
Por petição da irmã da vítima, a Corte Interamericana de Direitos Humanos foi
acionada e decidiu pela omissão do Estado brasileiro em apurar os fatos,

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condenando-o a indenizar a vítima (U$ 140.000), a investigar e sancionar os


responsáveis pela violação dos direitos de Damião, a publicar a sentença da
Corte no DOU e em jornal de grande circulação, bem como a desenvolver
programas de formação e de capacitação de médicos, em especial para o trato
de pessoas portadoras (rever termo) de necessidades especiais.
Caso Nogueira de Esse processo envolveu a discussão em torno de Francisco Gilson Nogueira de
Carvalho (2006) Carvalho, advogado defensor dos direitos humanos, que denunciou crimes
cometidos por grupo de extermínio envolvendo policiais e servidores públicos.
O processo, contudo, foi arquivado por falta de provas.
Caso Escher (2009) Esse processo discutiu interceptações telefônicas e monitoramento de linhas
feitas de forma ilegal e irregular pela Polícia Militar do Estado do Paraná,
violando regras do Pacto de San José da Costa Rica relativas ao direito de
privacidade.
Não se discutiu, nesse procedimento, a legalidade (ou melhor, o controle de
convencionalidade) da Lei de Interceptações Telefônicas.
O resultado do julgamento perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos
foi favorável às vítimas. Condenou-se o Estado brasileiro a indenizá-las (U$
20.000), a publicar nos meios oficiais parte do julgamento, bem como a
investigar os fatos que deram origem ao caso.
Caso Garibaldi (2009) Nesse caso, discutiu-se a responsabilidade do Estado brasileiro por omissão da
apuração e da responsabilização pelo homicídio de Sétimo Garibaldi, no Paraná.
A decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos foi favorável,
condenando o Brasil a indenizar os familiares da vítima (U$ 200.000), a publicar
a sentença no diário oficial e em jornal de grande circulação, dispondo, ainda, a
respeito do dever de o Estado apurar, com eficácia, o inquérito para identificar,
julgar e sancionar os responsáveis pela morte da vítima.
Caso Gomes Lund – O caso envolveu a responsabilidade do Estado brasileiro em investigar e apurar
Guerrilha do Araguaia as violações de direitos humanos decorrentes de detenção arbitrária, tortura e
(2010) desaparecimento forçado de 70 pessoas resultantes de operação do Exército,
que teve por finalidade acabar com a denominada Guerrilha do Araguaia.
Além disso, discutiu-se a validade da Lei de Anistia, uma vez que a não
investigação foi fundamentada na referida lei.
Em seu julgamento, a Corte Interamericana de Direitos Humanos decidiu que a
Lei de Anistia impede a investigação e sanção de violações a Direitos Humanos,
bem como que o Brasil violou direitos das vítimas e familiares. Fixa, ainda, o
dever de indenizar as vítimas e familiares interessados, bem como a
necessidade de publicação da decisão em diários oficiais e jornais de grande
circulação e, por fim, o dever de implementar políticas públicas para que ocorra
a promoção dos Direitos Humanos.

Caso Trabalhadores da O caso envolveu trabalho escravo e descumprimento da legislação trabalhista


Fazenda Brasil Verde em fazendas na região do município de Sapucaia no estado do Pará. Além disso
vs. Brasil (2016) dois adolescentes trabalhadores da Fazenda Brasil Verde que pertencia ao
Grupo Irmãos Quagliato desapareceram e nunca forma encontrados.
Trata-se da primeira condenação do estado brasileiro pela existência de
trabalho escravo em seu território.
A Corte reconheceu a proibição de trabalho escravo como norma Jus Cogens e
de obrigação erga omnes.

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Foi também a primeira vez que a Corte reconheceu a existência de uma


discriminação estrutural histórica.
Fixou os elementos para o conceito de escravidão e declarou a
imprescritibilidade do crime de escravidão.
Caso Favela Nova O caso envolveu a execução extrajudicial de 26 pessoas durante incursões da
Brasília vs Brasil (2017) polícia civil do estado do Rio de Janeiro na favela Nova Brasília. Durante as
incursões 03 mulheres foram submetidas à tortura e violência sexual.
Reconheceu-se a falha e a demora na investigação e punição dos culpados.
Alguns pontos relevantes devem ser destacados:
A defensoria pública da União e do estado de São Paulo atuaram como amicus
curiae no caso. Houve um repúdio aos autos de resistência à prisão.
Reconheceu-se a incompetência da polícia civil na investigação do crime. Foi
determinado que o Estado Brasileiro avaliasse a possibilidade de federalização
do processo e julgamento.
Povo indígena Xucuru O caso envolveu a violação dos direitos indígenas pela demora da demarcação
e seus membros vs de suas terras. O processo de demarcação levou mais de 16 anos. Foi a primeira
Brasil (2018) condenação envolvendo direitos indígenas. Acabou-se também protegendo
direitos ambientais (greening ou esverdeamento )
Caso Herzog e outros O jornalista Vladimir Herzog compareceu ao DOI/CODI para prestar declarações
vs Brasil (2018) depois de ser arbitrariamente detido e foi executado. A morte dele foi
apresentada como um suicídio. O Estado Brasileiro foi condenado por
unanimidade pela Corte IDH. A Corte afirmou a relatividade do princípio do ne
bis in idem no caso de crimes contra a humanidade. Afirmou a
inconvencionalidade da Lei da Anistia brasileira.

Vejamos uma questão que aborda os casos julgados pela Corte Interamericana.

(FCC - 2019) Em 2014, a Corte Interamericana de Direitos Humanos proferiu sentença na qual, entre outras
obrigações, determinou que o Brasil adotasse, em prazo razoável, medidas necessárias para tipificar o
delito de desaparecimento forçado de pessoas conforme os parâmetros interamericanos. Tal sentença se
refere ao caso conhecido como
A) trabalhadores da Fazenda Brasil Verde.
B) Amarildo Dias de Souza.
C) Setimo Garibaldi.
D) Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”).
E) Favela Nova Brasília.
Comentários

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Portanto, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O Estado Brasileiro foi considerado
responsável e foi determinado que adotasse medidas necessárias para tipificar o delito de desaparecimento
forçado de pessoas conforme os parâmetros interamericanos.

PROTOCOLO ADICIONAL À CONVENÇÃO AMERICANA DE


DIREITOS HUMANOS (PROTOCOLO DE SAN SALVADOR)
Conforme mencionamos acima, o Protocolo de San Salvador é responsável por acrescentar a proteção aos
direitos sociais, econômicos e culturais no âmbito do Sistema Interamericano. Editado em 1988, o Brasil
aderiu ao seu texto em 1996, sendo posteriormente aprovado pelo Congresso Nacional pelo Decreto
Legislativo nº 56/1995 e promulgado na ordem interna pelo Presidente da República pelo Decreto nº
3.321/1999.

1988 1995 1996 1999

• Edição do • Aprovação • Ratificação • Promulgaç


Protocolo pelo e depósito ão interna
de San Congresso pelo pelo
Salvador. Nacional, Presidente Decreto
por meio da do
do República. Executivo
Decreto nº 3.321.
Legislativo
nº 56.
De acordo com a doutrina, os direitos assegurados no Protocolo de San Salvador são os mesmos previstos
no âmbito do Sistema Global, de maneira mais específica no Pacto Internacional dos Direitos Sociais,
Econômicos e Culturais.

Por envolver direitos prestacionais de segunda dimensão, o artigo 1º prevê que a aplicação de seus direitos
deverá ocorrer de forma progressiva.

Artigo 1 - Obrigação de adotar medidas

Os Estados Partes neste Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos


Humanos comprometem‑se a adotar as medidas necessárias, tanto de ordem interna
como por meio da cooperação entre os Estados, especialmente econômica e técnica, até
o máximo dos recursos disponíveis e levando em conta seu grau de desenvolvimento, a
fim de conseguir, progressivamente e de acordo com a legislação interna, a plena
efetividade dos direitos reconhecidos neste Protocolo.

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1 - Direitos Albergados

Os seguintes direitos são albergados no Protocolo 9:

DIREITOS ALBERGADOS NO PROTOCOLO DE SAN SALVADOR


◊ Direito ao Trabalho ◊ Direito a condições justas, equitativas e satisfatórias
de trabalho
◊ Direitos Sindicais ◊ Direito à previdência social
◊ Direito à saúde ◊ Direito a um meio ambiente sadio
◊ Direito à Alimentação ◊ Direito à educação
◊ Direito aos benefícios da cultura ◊ Direito à constituição e à proteção da família
◊ Direitos da Criança ◊ Direito de proteção das pessoas idosas
◊ Direito à proteção de deficientes

1.1 - Direitos Trabalhistas

O direito ao trabalho vem assegurado nos artigos 6º e 7º do Protocolo de San Salvador e compreende o
direito mais extensamente tratado. O pacto garante a todos a oportunidade de obter os meios para levar
uma vida digna e decorosa por meio do desempenho de uma atividade lícita, livremente escolhida ou aceita.
Para tanto, os Estados-partes deverão empreender esforços para adotar medidas que objetivem:

1. o pleno emprego;
2. a orientação vocacional;
3. o desenvolvimento de projetos de treinamento técnico‑profissional, (em especial os destinados aos
deficientes);
4. a execução e o fortalecimento de programas que coadjuvem um adequado atendimento da família
para que possibilite à mulher o exercício do direito ao trabalho.

O tratamento ao direito do trabalho prossegue no artigo 7º, estabelecendo a necessidade de se garantir


condições justas, equitativas e satisfatórias de trabalho. Para tanto, prevê uma série de direitos e garantias,
quais sejam:

• Salário-mínimo;
• Salário equitativo àqueles que exercem igual trabalho;

9
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos, p. 170.

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• Liberdade de escolha da profissão que lhe convier;


• Direito à promoção, que levará em conta: qualificações, competência, probidade e tempo de serviço;
• Estabilidade no emprego, prevendo, no caso de desligamento imotivado, o direito à reintegração ou
indenização;
• Segurança e higiene no trabalho;
• Proibição de trabalho noturno ou em atividades insalubres ou perigosas para os menores de 18 anos
ou que possa colocar em perigo a saúde, a segurança ou a moral do trabalhador;
• Em relação aos menores de 16 anos, o trabalho deverá observar necessariamente o direito à
instrução obrigatória, não sendo admitido o trabalho em detrimento ao estudo;
• Limitação diária e semanal da jornada de trabalho, prevendo jornadas especiais para os trabalhadores
que laboram em atividades perigosas, insalubres e noturnas;
• Repouso, gozo do tempo livre, férias remuneradas, bem como remuneração nos feriados nacionais.

Artigo 6

Direito ao Trabalho

1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, o que inclui a oportunidade de obter os meios
para levar uma vida digna e decorosa através do desempenho de atividade lícita,
livremente escolhida ou aceita.

2. Os Estados-Partes comprometem-se a adotar medidas que garantam plena efetividade


do direito ao trabalho, especialmente as referentes à consecução do pleno emprego, à
orientação vocacional e ao desenvolvimento de projetos de treinamento técnico-
profissional, particularmente os destinados aos deficientes. Os Estados-Partes
comprometem-se também a executar e a fortalecer programas que coadjuvem o adequado
atendimento da família, a fim de que a mulher tenha real possibilidade de exercer o direito
ao trabalho.

Artigo 7

Condições Justas, Equitativas e Satisfatórias de Trabalho

Os Estados-Partes neste Protocolo reconhecem que o direito ao trabalho, a que se refere


o artigo anterior, pressupõe que toda pessoa goze desse direito em condições justas,
equitativas e satisfatórias, para que esses Estados garantirão em suas legislações internas,
de maneira particular:

a) remuneração que assegure, no mínimo, a todos os trabalhadores condições de


subsistência digna e decorosa para eles e para suas famílias e salário eqüitativo e igual por
trabalho igual, sem nenhuma distinção;

b) o direito de todo o trabalhador de seguir sua vocação e de dedicar-se à atividade que


melhor atenda a suas expectativas, e a trocar de emprego, de acordo com regulamentação
nacional pertinente;

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c) o direito do trabalhador a promoção ou avanço no trabalho, para o qual serão levados


em conta suas qualificações, competência, probidade e tempo de serviço;

d) estabilidade dos trabalhadores em seus empregos, de acordo com as características


das indústrias e profissões e com as causas de justa dispensa. Nos casos de demissão
injustificada, o trabalhador terá direito a indenização ou a readmissão no emprego, ou a
quaisquer outros benefícios previstos pela legislação nacional;

e) segurança e higiene no trabalho;

f) proibição de trabalho noturno ou em atividades insalubres ou perigosas para os


menores de 18 anos e, em geral, de todo o trabalho que possa pôr em perigo sua saúde,
segurança ou moral. No caso dos menores de 16 anos, a jornada de trabalho deverá
subordinar-se às disposições sobre ensino obrigatório e, em nenhum caso, poderá
constituir impedimento à assistência escolar ou limitação para beneficiar-se da instrução
recebida;

g) limitação razoável das horas de trabalho, tanto diárias quanto semanais. As jornadas
serão de menor duração quando se tratar de trabalhos perigosos, insalubres ou noturnos;

h) repouso, gozo do tempo livre, férias remuneradas, bem como pagamento de salários
nos dias feriados nacionais.

Relacionado com os direitos dos trabalhadores, está o artigo 8º, que prevê o direito de se organizarem
sindicatos, de se filiarem e desfiliarem deles, bem como a possibilidade de se organizarem em federações e
em confederações. Além disso, é assegurado o direito de greve.

Artigo 8

Direitos Sindicais

1. Os Estados-Partes garantirão:

a) o direito dos trabalhadores de organizar sindicatos e de filiar-se ao de sua escolha,


para proteger e promover seus interesses. Como projeção deste direito, os Estados-Partes
permitirão aos sindicatos formar federações e confederações nacionais e associar-se às já
existentes, bem como formar organizações sindicais internacionais e associar-se à de sua
escolha. Os Estados-Partes também permitirão que os sindicatos, federações e
confederações funcionem livremente;

b) o direito de greve.

2. O exercício dos direitos enunciados acima só pode estar sujeito às limitações e


restrições previstas pela lei, que sejam próprias de uma sociedade democráticas e
necessárias para salvaguardar a ordem pública e proteger a saúde ou a moral públicas, e
os direitos ou liberdades dos demais. Os membros das forças armadas e da polícia, bem
como de outros serviços públicos essenciais, estarão sujeitos às limitações e restrições
impostas pela lei.

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3. Ninguém poderá ser obrigado a pertencer a sindicato.

1.2 - Direitos Previdenciários

Trata-se da proteção a velhice e a incapacitação. Além disso se garante a proteção aos dependentes em caso
de morte.

Artigo 9

Direito à Previdência Social

1. Toda pessoa tem direito à Previdência Social que a proteja das consequências da
velhice e da incapacitação que a impeça, física ou mentalmente, de obter os meios de vida
digna e decorosa. No caso de morte do beneficiário, os benefícios da previdência social
serão aplicados aos seus dependentes.

2. Quando se tratar de pessoas que estejam trabalhando, o direito à previdência social


abrangerá pelo menos assistência médica e subsídio ou pensão em caso de acidente de
trabalho ou de doença profissional e, quando se tratar da mulher, licença-maternidade
remunerada, antes e depois do parto.

1.3 - Direitos à saúde

Toda pessoa deve ter assegurado o mais alto nível de bem-estar físico, mental e social. OS direitos são
amplos envolvendo a imunização, prevenção e tratamento. Além disso deve-se educar a população.

Artigo 10

Direito à Saúde

1. Toda pessoa têm direito à saúde, compreendendo-se como saúde o gozo do mais alto
nível de bem-estar físico, mental e social.

2. A fim de tomar efetivo o direito à saúde, os Estados-Partes comprometem-se a


reconhecer a saúde como bem público e, especialmente, a adotar as seguintes medidas
para garantir esse direito:

a) assistência primária a saúde, entendendo-se como tal à assistência médica essencial


ao alcance de todas as pessoas e famílias da comunidade;

b) extensão dos benefícios dos serviços de saúde a todas as pessoas sujeitas à jurisdição
do Estado;

c) total imunização contra as principais doenças infecciosas;

d) prevenção e tratamento das doenças endêmicas, profissionais e de outra natureza;

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e) educação da população com referência à prevenção e ao tratamento dos problemas


da saúde; e

f) satisfação das necessidades de saúde dos grupos de mais alto risco e que, por sua
situação de pobreza, sejam mais vulneráveis.

1.4 - Direitos à educação

Os Estados devem orientar-se para o pleno desenvolvimento da personalidade humana e deverá fortalecer
o respeito pelos direitos humanos, pelo pluralismo ideológico, pelas liberdades fundamentais, pela justiça e
pela paz.

➢ Ensino de primeiro grau – obrigatório e acessível a todos gratuitamente.


➢ Ensino de segundo grau – generalizado e acessível a todos pelos meios que forem apropriados
especialmente pelo estabelecimento progressivo de ensino gratuito.
➢ Ensino Superior – igualmente acessível a todos de acordo coma capacidade de cada um.

Artigo 13

Direito à Educação

1. Toda pessoa tem direito à educação.

2. Os Estados-Partes neste Protocolo convêm em que a educação deverá orientar-se para


o pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade, e
deverá fortalecer o respeito pelos direitos humanos, pelo pluralismo ideológico, pelas
liberdades fundamentais, pela justiça e pela paz. Convêm também em que a educação deve
tornar todas as pessoas capazes de participar efetivamente de uma sociedade democrática
e pluralista e de conseguir uma subsistência digna; bem como favorecer a compreensão, a
tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos,
e promover as atividades em prol da manutenção da paz.

3. Os Estados-Partes neste Protocolo reconhecem que, a fim de conseguir o pleno


exercício do direito à educação:

a) o ensino de primeiro grau deve ser obrigatório e acessível a todos gratuitamente;

b) o ensino de segundo grau, em suas diferentes formas, inclusive o ensino técnico e


profissional, deve ser generalizado e acessível a todos, pelos meios que forem apropriados
e, especialmente, pelo estabelecimento progressivo do ensino gratuito.

c) o ensino superior deve tornar-se igualmente acessível a todos, de acordo com a


capacidade de cada um, pelos meios que forem apropriados e, especialmente, pelo
estabelecimento progressivo do ensino gratuito;

d) deve-se promover ou intensificar, na medida do possível, o ensino básico para as


pessoas que não tiverem recebido ou terminado o ciclo completo de instrução do primeiro
grau;

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e) deverão ser estabelecidos programas de ensino diferenciados para os deficientes, a


fim de proporcionar instrução especial e formação a pessoas com impedimentos físicos ou
deficiência mental.

De acordo com a legislação interna dos Estados-Partes, os pais terão direito a escolher o
tipo de educação que deverá ser ministrada aos seus filhos, desde que esteja de acordo
com os princípios enunciados acima.

Nenhuma das disposições do Protocolo poderá ser interpretada como restrição da


liberdade das pessoas e entidades de estabelecer e dirigir instituições de ensino, de acordo
com a legislação dos Estados-Partes.

2 - Mecanismos fiscalizatórios

O Protocolo de San Salvador prevê dois mecanismos de implementação: o sistema de relatórios e as petições
individuais.

Quanto aos relatórios, eles deverão ser apresentados ao Secretário-Geral da OEA, que transmitirá ao
Conselho interamericano Econômico e Social e ao Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura,
nos termos do artigo 19, 1.

As petições individuais, por sua vez, são restritas aos casos de violação de direito de liberdade sindical e de
educação, nos termos do artigo 19, 6, do Protocolo. Essas petições serão recebidas e processadas pela
Comissão Interamericana de Direitos.

• Abrange todas as matérias.


RELATÓRIOS • Será apresentado ao Secretário-Geral da OEA, que
encaminhará ao Conselho Interamericano Econômico e Social e
ao Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura.

• Restringe-se à liberdade sindical e à educação.


PETIÇÕES • Será apresentada à Comissão Interamericana de Direitos
INDIVIDUAIS Humanos.

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OUTRAS CONVENÇÕES
Existem, no âmbito do sistema interamericano, diversas convenções internacionais específicas, que
objetivam a proteção de determinados grupos de pessoas vulneráveis. Como o edital não nos exigiu
expressamente o estudo de cada um desses textos, vamos apenas citá-los conforme quadro abaixo.

Protocolo à Convenção Americana sobre Vedou aos Estados-partes a utilização da pena de


Direitos Humanos Referente à Abolição da morte, exceto no caso de crimes militares graves e em
Pena de Morte tempo de guerra.
Vedou aos Estados-partes a prática da tortura,
Convenção Interamericana para Prevenir e
estabelecendo uma série de direitos e de mecanismos
Punir a Tortura
para garanti-los.
Convenção Interamericana para Prevenir, Conhecida como Convenção de Belém do Pará, que
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher resultou na criação da Lei Maria da Penha no Brasil.

Possui regras para investigação das pessoas que


Convenção Interamericana sobre o
desapareceram fruto das perseguições políticas
Desaparecimento Forçado de Pessoas
decorrentes dos regimes ditatoriais na América Latina.
Convenção Interamericana para a Eliminação
Traz regrativa específica para vedar e criar mecanismos
de Todas as Formas de Discriminação contra
de reparação às práticas discriminatórias contra
as Pessoas Portadoras (rever termo) de
pessoas com necessidades especiais.
Deficiência
Visa a prevenir o financiamento de atividades
Convenção Interamericana contra o terroristas, a reforçar o controle nas fronteiras e a
Terrorismo aumentar a cooperação entre as autoridades policiais
em diferentes países.

LEGISLAÇÃO DESTACADA

Convenção Americana De Direitos Humanos

 Art. 4º - direito à vida

Artigo 4º - Direito à vida

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido
pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida
arbitrariamente.

2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta
pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em
conformidade com a lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido

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cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique
atualmente.

3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.

4. EM NENHUM CASO pode a pena de morte ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos
comuns conexos com delitos políticos.

5. NÃO se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do


delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado
de gravidez.

6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutação da
pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena de
morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente
(destacamos).

 Art. 5º - Direito à integridade pessoal.

ARTIGO 5

Direito à Integridade Pessoal

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.

2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou
degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito devido à
dignidade inerente ao ser humano.

3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente.

4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias


excepcionais, e ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas não
condenadas.

5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser separados dos adultos e
conduzidos a tribunal especializado, com a maior rapidez possível, para seu tratamento.

6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a


readaptação social dos condenados.

 Art. 6º - Proibição da Escravidão e da Servidão

ARTIGO 6

Proibição da Escravidão e da Servidão

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1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a servidão, e tanto estas como o tráfico
de escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as formas.

2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países
em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa da liberdade acompanhada de
trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpretada no sentido de que proíbe o
cumprimento da dita pena, imposta por juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado
não deve afetar a dignidade nem a capacidade física e intelectual do recluso.

3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo:

a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de


sentença ou resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais
trabalhos ou serviços devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades
públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos à disposição de
particulares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado:

b) o serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por motivos de consciência, o
serviço nacional que a lei estabelecer em lugar daquele;

c) o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade que ameace a existência ou o bem-


estar da comunidade; e

d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais.

 Art. 7º - Direito à liberdade pessoal

Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal

1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.

2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas condições
previamente fixadas pelas Constituições políticas dos Estados-partes ou pelas leis de
acordo com elas promulgadas.

3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramento arbitrários.

4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da detenção e notificada,
sem demora, da acusação ou das acusações formuladas contra ela.

5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de
um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito
de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo de que
prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu
comparecimento em juízo.

6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal


competente, a fim de que este decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou

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detenção e ordene sua soltura, se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados-partes
cujas leis preveem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade
tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida sobre a
legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode
ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.

7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de
autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação
alimentar.

 Súmula Vinculante 25 - Vedação da prisão do depositário infiel.

Súmula Vinculante 25.

É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.

 Artigo 8º - Garantias Judiciais

ARTIGO 8

Garantias Judiciais

1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou
para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou
de qualquer outra natureza.

2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não
se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena
igualdade, às seguintes garantias mínimas:

a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não


compreender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal;

b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;

c) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua


defesa;

d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de


sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor;

e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado,


remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio
nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;

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f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o


comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz
sobre os fatos.

g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada; e

h) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.

3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma natureza.

4. O acusado absolvido por sentença passada em julgado não poderá se submetido a novo
processo pelos mesmos fatos.

5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os
interesses da justiça.

 Artigo 9º - Princípio da Legalidade e da Retroatividade

ARTIGO 9

Princípio da Legalidade e da Retroatividade

Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que forem
cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco se pode
impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da
perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delinquente será por
isso beneficiado.

 Artigo 12 - Liberdade de Consciência e de Religião

ARTIGO 12

Liberdade de Consciência e de Religião

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a
liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças,
bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou
coletivamente, tanto em público como em privado.

2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de
conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças.

3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita unicamente


às limitações prescritas pela lei e que sejam necessárias para proteger a segurança, a
ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos ou liberdades das demais pessoas.

4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que seus filhos ou pupilos recebam
a educação religiosa e moral que esteja acorde com suas próprias convicções.

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 Artigo 13 - Liberdade de Pensamento e de Expressão

ARTIGO 13

Liberdade de Pensamento e de Expressão

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito


compreende a liberdade de buscar, receber e difundir informações e ideias de toda
natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma
impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.

O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito a censura prévia,
mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente fixadas pela lei a ser
necessárias para assegurar:

a) o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou

b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas.

3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais como o
abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de frequências
radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem por
quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de ideias e
opiniões.

4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo exclusivo
de regular o acesso a eles, para proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo
do disposto no inciso 2.

5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio
nacional, racial ou religioso que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime
ou à violência.

 Artigo 15 - Direito de Reunião

ARTIGO 15

Direito de Reunião

É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O exercício de tal direito só pode
estar sujeito às restrições previstas pela lei e que sejam necessárias, numa sociedade
democrática, no interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem públicas, ou
para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e liberdades das demais pessoas.

 Artigo 16 - Liberdade de Associação

ARTIGO 16

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Liberdade de Associação

1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos,
políticos, econômicos, trabalhistas, sociais, culturais, desportivos, ou de qualquer outra
natureza.

2. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições previstas pela lei que sejam
necessárias, numa sociedade democrática, no interesse da segurança nacional, da
segurança ou da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os
direitos e liberdades das demais pessoas.

3. O disposto neste artigo não impede a imposição de restrições legais, e mesmo a privação
do exercício do direito de associação, aos membros das forças armadas e da polícia.

 Artigo 27 - Suspensão de garantias

Artigo 27 - Suspensão de garantias

1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace a


independência ou segurança do Estado-parte, este poderá adotar as disposições que, na
medida e pelo tempo estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as
obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais disposições não sejam
incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não
encerrem discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou
origem social.

2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos determinados nos


seguintes artigos: 3 (direito ao reconhecimento da personalidade jurídica), 4 (direito à
vida), 5 (direito à integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão e da servidão), 9
(princípio da legalidade e da retroatividade), 12 (liberdade de consciência e religião), 17
(proteção da família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à
nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das garantias indispensáveis para a proteção
de tais direitos.

3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do direito de suspensão deverá
comunicar imediatamente aos outros Estados-partes na presente Convenção, por
intermédio do Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos, as disposições cuja
aplicação haja suspendido, os motivos determinantes da suspensão e a data em que haja
dado por terminada tal suspensão.

 Artigo 28 - Cláusula federal

Artigo 28 - Cláusula federal

1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído como Estado federal, o governo


nacional do aludido Estado-parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção,
relacionadas com as matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.

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2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das


entidades componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as
medidas pertinentes, em conformidade com sua Constituição e com suas leis, a fim de que
as autoridades competentes das referidas entidades possam adotar as disposições cabíveis
para o cumprimento desta Convenção.

3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem constituir entre eles uma federação ou
outro tipo de associação, diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário respectivo
contenha as disposições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo Estado,
assim organizado, as normas da presente Convenção.

 Artigo 29, 31 e 31 - Normas de Interpretação

ARTIGO 29

Normas de Interpretação

Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada no sentido de:

a) permitir a qualquer dos Estados-Partes, grupo ou pessoa, suprimir o gozo e exercício dos
direitos e liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a
nela prevista;

b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos
de acordo com as leis de qualquer dos Estados-Partes ou de acordo com outra convenção
em que seja parte um dos referidos Estados;

c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da
forma democrática representativa de governo; e

d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e
Deveres do Homem e outros atos internacionais da mesma natureza.

ARTIGO 30

Alcance das Restrições

As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao gozo e exercício dos direitos e
liberdades nela reconhecidos, não podem ser aplicadas senão de acordo com leis que
forem promulgadas por motivo de interesse geral e com o propósito para o qual houverem
sido estabelecidas.

ARTIGO 31

Reconhecimento de Outros Direitos

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Poderão ser incluídos no regime de proteção desta Convenção outros direitos e liberdades
que forem reconhecidos de acordo com os processos estabelecidos nos artigos 69 e 70.

 Artigo 32 - Correlação entre Deveres e Direito.

ARTIGO 32

Correlação entre Deveres e Direitos

1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade e a humanidade.

2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos demais, pela segurança de
todos e pelas justas exigências do bem comum, numa sociedade democrática.

 Artigo 33 - Órgãos Competentes pelos meios de proteção.

ARTIGO 33

São competentes para conhecer dos assuntos relacionados com o cumprimento dos
compromissos assumidos pelos Estados-Partes nesta Convenção:

a) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Comissão; e

b) a Corte Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Corte.

 Artigo 34, 35, 36, 37, 38, 39 e 40 - Comissão Interamericana de Direitos Humanos

ARTIGO 34

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos compor-se-á de sete membros, que


deverão ser pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de
direitos humanos.

ARTIGO 35

A Comissão representa todos os Membros da Organização dos Estados Americanos.

ARTIGO 36

1. Os membros da Comissão serão eleitos a título pessoal, pela Assembléia-Geral da


Organização, de uma lista de candidatos propostos pelos governos dos Estados-Membros.

2. Cada um dos referidos governos pode propor até três candidatos, nacionais do Estado
que os propuser ou de qualquer outro Estado-Membro da Organização dos Estados
Americanos. Quando for proposta uma lista de três candidatos, pelo menos um deles
deverá ser nacional de Estado diferente do proponente.

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ARTIGO 37

1. Os membros da Comissão serão eleitos por quatro anos e só poderão ser reeleitos uma
vez, porém o mandato de três dos membros designados na primeira eleição expirará ao
cabo de dois anos. Logo depois da referida eleição, serão determinados por sorteio, na
Assembléia-Geral, os nomes desses três membros.

2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional de um mesmo Estado.

ARTIGO 38

As vagas que ocorrerem na Comissão, que não se devam à expiração normal do mandado,
serão preenchidas pelo Conselho Permanente da Organização, de acordo com o que
dispuser o Estatuto da Comissão.

ARTIGO 39

A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à aprovação da Assembléia-Geral e


expedirá seu próprio regulamento.

ARTIGO 40

Os serviços de secretaria da Comissão devem ser desempenhados pela unidade funcional


especializada que faz parte da Secretaria-Geral da Organização e deve dispor dos recursos
necessários para cumprir as tarefas que lhe forem confiadas pela Comissão.

 Artigo 42, 44 e 45 - Mecanismos de Implementação

ARTIGO 42

Os Estados-Partes devem remeter à Comissão cópia dos relatórios e estudos que, em seus
respectivos campos, submetem anualmente às Comissões Executivas do Conselho
Interamericano Econômico e Social e do Conselho Interamericano de Educação, Ciência e
Cultura, a fim de que aquela vele por que se promovam os direitos decorrentes das normas
econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da
Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.

Competência

ARTIGO 44

Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legalmente


reconhecida em um ou mais Estados-Membros da Organização, pode apresentar à
Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por
um Estado-Parte.

ARTIGO 45

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1. Todo Estado-Parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação


desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que
reconhece a competência da Comissão para receber e examinar as comunicações em que
um Estado-Parte alegue haver outro Estado-Parte incorrido em violações dos direitos
humanos estabelecidos nesta Convenção.

2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem ser admitidas e examinadas se


forem apresentadas por um Estado-Parte que haja feito uma declaração pela qual
reconheça a referida competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma
comunicação contra um Estado-Parte que não haja feito tal declaração.

3. As declarações sobre reconhecimento de competência podem ser feitas para que esta
vigore por tempo indefinido, por período determinado ou para casos específicos.

4. As declarações serão depositadas na Secretaria-Geral da Organização dos Estados


Americanos, a qual encaminhará cópia das mesmas aos Estados-Membros da referida
Organização.

 Artigo 46 - requisitos de admissibilidade das petições e comunicações para que sejam admitidas pela
Comissão.

Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos
44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário:

a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com
os princípios de Direito Internacional geralmente reconhecidos;

b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o
presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;

c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de


solução internacional; e

d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o


domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que
submeter a petição.

2. As disposições das alíneas "a" e "b" do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando:

a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para
a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados;

b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos


recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e

c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.

 Artigo 47 - regra procedimental para a petição ou comunicação:

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Artigo 47 - A Comissão declarará inadmissível toda petição ou comunicação apresentada


de acordo com os artigos 44 ou 45 quando:

a) não preencher algum dos requisitos estabelecidos no artigo 46;

b) não expuser fatos que caracterizem violação dos direitos garantidos por esta
Convenção;

c) pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, for manifestamente infundada a


petição ou comunicação ou for evidente sua total improcedência; ou

d) for substancialmente reprodução de petição ou comunicação anterior, já examinada


pela Comissão ou por outro organismo internacional.

Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos


(Protocolo de San Salvador)

 Artigo 6º e 7º- Direito ao Trabalho

Artigo 6

Direito ao Trabalho

1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, o que inclui a oportunidade de obter os meios
para levar uma vida digna e decorosa através do desempenho de atividade lícita,
livremente escolhida ou aceita.

2. Os Estados-Partes comprometem-se a adotar medidas que garantam plena efetividade


do direito ao trabalho, especialmente as referentes à consecução do pleno emprego, à
orientação vocacional e ao desenvolvimento de projetos de treinamento técnico-
profissional, particularmente os destinados aos deficientes. Os Estados-Partes
comprometem-se também a executar e a fortalecer programas que coadjuvem o adequado
atendimento da família, a fim de que a mulher tenha real possibilidade de exercer o direito
ao trabalho.

Artigo 7

Condições Justas, Equitativas e Satisfatórias de Trabalho

Os Estados-Partes neste Protocolo reconhecem que o direito ao trabalho, a que se refere


o artigo anterior, pressupõe que toda pessoa goze desse direito em condições justas,
equitativas e satisfatórias, para que esses Estados garantirão em suas legislações internas,
de maneira particular:

a) remuneração que assegure, no mínimo, a todos os trabalhadores condições de


subsistência digna e decorosa para eles e para suas famílias e salário eqüitativo e igual por
trabalho igual, sem nenhuma distinção;

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b) o direito de todo o trabalhador de seguir sua vocação e de dedicar-se à atividade que


melhor atenda a suas expectativas, e a trocar de emprego, de acordo com regulamentação
nacional pertinente;

c) o direito do trabalhador a promoção ou avanço no trabalho, para o qual serão levados


em conta suas qualificações, competência, probidade e tempo de serviço;

d) estabilidade dos trabalhadores em seus empregos, de acordo com as características


das indústrias e profissões e com as causas de justa dispensa. Nos casos de demissão
injustificada, o trabalhador terá direito a indenização ou a readmissão no emprego, ou a
quaisquer outros benefícios previstos pela legislação nacional;

e) segurança e higiene no trabalho;

f) proibição de trabalho noturno ou em atividades insalubres ou perigosas para os


menores de 18 anos e, em geral, de todo o trabalho que possa pôr em perigo sua saúde,
segurança ou moral. No caso dos menores de 16 anos, a jornada de trabalho deverá
subordinar-se às disposições sobre ensino obrigatório e, em nenhum caso, poderá
constituir impedimento à assistência escolar ou limitação para beneficiar-se da instrução
recebida;

g) limitação razoável das horas de trabalho, tanto diárias quanto semanais. As jornadas
serão de menor duração quando se tratar de trabalhos perigosos, insalubres ou noturnos;

h) repouso, gozo do tempo livre, férias remuneradas, bem como pagamento de salários
nos dias feriados nacionais.

 Artigo 8- Direitos Sindicais

Artigo 8

Direitos Sindicais

1. Os Estados-Partes garantirão:

a) o direito dos trabalhadores de organizar sindicatos e de filiar-se ao de sua escolha,


para proteger e promover seus interesses. Como projeção deste direito, os Estados-Partes
permitirão aos sindicatos formar federações e confederações nacionais e associar-se às já
existentes, bem como formar organizações sindicais internacionais e associar-se à de sua
escolha. Os Estados-Partes também permitirão que os sindicatos, federações e
confederações funcionem livremente;

b) o direito de greve.

2. O exercício dos direitos enunciados acima só pode estar sujeito às limitações e


restrições previstas pela lei, que sejam próprias de uma sociedade democráticas e
necessárias para salvaguardar a ordem pública e proteger a saúde ou a moral públicas, e
os direitos ou liberdades dos demais. Os membros das forças armadas e da polícia, bem

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como de outros serviços públicos essenciais, estarão sujeitos às limitações e restrições


impostas pela lei.

3. Ninguém poderá ser obrigado a pertencer a sindicato.

 Artigo 9º - Direito à Previdência Social

Artigo 9

Direito à Previdência Social

1. Toda pessoa tem direito à Previdência Social que a proteja das consequências da
velhice e da incapacitação que a impeça, física ou mentalmente, de obter os meios de vida
digna e decorosa. No caso de morte do beneficiário, os benefícios da previdência social
serão aplicados aos seus dependentes.

2. Quando se tratar de pessoas que estejam trabalhando, o direito à previdência social


abrangerá pelo menos assistência médica e subsídio ou pensão em caso de acidente de
trabalho ou de doença profissional e, quando se tratar da mulher, licença-maternidade
remunerada, antes e depois do parto.

 Artigo 10 - Direito à Saúde

Artigo 10

Direito à Saúde

1. Toda pessoa têm direito à saúde, compreendendo-se como saúde o gozo do mais alto
nível de bem-estar físico, mental e social.

2. A fim de tomar efetivo o direito à saúde, os Estados-Partes comprometem-se a


reconhecer a saúde como bem público e, especialmente, a adotar as seguintes medidas
para garantir esse direito:

a) assistência primária a saúde, entendendo-se como tal à assistência médica essencial


ao alcance de todas as pessoas e famílias da comunidade;

b) extensão dos benefícios dos serviços de saúde a todas as pessoas sujeitas à jurisdição
do Estado;

c) total imunização contra as principais doenças infecciosas;

d) prevenção e tratamento das doenças endêmicas, profissionais e de outra natureza;

e) educação da população com referência à prevenção e ao tratamento dos problemas


da saúde; e

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f) satisfação das necessidades de saúde dos grupos de mais alto risco e que, por sua
situação de pobreza, sejam mais vulneráveis.

 Artigo 13 - Direito à Educação

Artigo 13

Direito à Educação

1. Toda pessoa tem direito à educação.

2. Os Estados-Partes neste Protocolo convêm em que a educação deverá orientar-se para


o pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade, e
deverá fortalecer o respeito pelos direitos humanos, pelo pluralismo ideológico, pelas
liberdades fundamentais, pela justiça e pela paz. Convêm também em que a educação deve
tornar todas as pessoas capazes de participar efetivamente de uma sociedade democrática
e pluralista e de conseguir uma subsistência digna; bem como favorecer a compreensão, a
tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos,
e promover as atividades em prol da manutenção da paz.

3. Os Estados-Partes neste Protocolo reconhecem que, a fim de conseguir o pleno


exercício do direito à educação:

a) o ensino de primeiro grau deve ser obrigatório e acessível a todos gratuitamente;

b) o ensino de segundo grau, em suas diferentes formas, inclusive o ensino técnico e


profissional, deve ser generalizado e acessível a todos, pelos meios que forem apropriados
e, especialmente, pelo estabelecimento progressivo do ensino gratuito.

c) o ensino superior deve tornar-se igualmente acessível a todos, de acordo com a


capacidade de cada um, pelos meios que forem apropriados e, especialmente, pelo
estabelecimento progressivo do ensino gratuito;

d) deve-se promover ou intensificar, na medida do possível, o ensino básico para as


pessoas que não tiverem recebido ou terminado o ciclo completo de instrução do primeiro
grau;

e) deverão ser estabelecidos programas de ensino diferenciados para os deficientes, a


fim de proporcionar instrução especial e formação a pessoas com impedimentos físicos ou
deficiência mental.

De acordo com a legislação interna dos Estados-Partes, os pais terão direito a escolher o
tipo de educação que deverá ser ministrada aos seus filhos, desde que esteja de acordo
com os princípios enunciados acima.

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Nenhuma das disposições do Protocolo poderá ser interpretada como restrição da


liberdade das pessoas e entidades de estabelecer e dirigir instituições de ensino, de acordo
com a legislação dos Estados-Partes.

RESUMO
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica)

● INTRODUÇÃO

 Edição e internalização do Pacto.

1969 1992 1992 1992

• Edição do • Aprovação • Ratificação •


Pacto de pelo e depósito Promulgaçã
San José Congresso pelo o interna
da Costa Nacional Presidente pelo
Rica por meio da Decreto do
do Decreto República Executivo
Legislativo 678/1992
27/1992.

● DIREITOS ALBERGADOS

 O Pacto de San José da Costa Rica previu apenas direitos de primeira dimensão, ou seja, direitos civis e políticos.

extensivamente
direitos de primeira direitos civis e
previstos ao longo
dimensão políticos
do texto

PACTO DE S AN JOSÉ
DA COSTA RICA há, apenas, menção
expressa à
direitos sociais, implementação
direitos de segunda
econômicos e progressiva e de
dimensão
culturais atuação cooperativa
dos Estados-
membros

 Os direitos sociais, econômicos e culturais somente foram disciplinados no Protocolo de San Salvador.

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PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA PROTOCOLO DE SAN SALVADOR


• direitos civis e políticos • direitos sociais, econômicos e culturais

 Os seguintes direitos civis e políticos são albergados no texto da Convenção 10:

Direitos Albergados no Pacto de San José da Costa Rica


◊ Personalidade Jurídica ◊ Vida
◊ Integridade pessoal ◊ Proibição da escravidão e da servidão
◊ Liberdade pessoal ◊ Garantias Judiciais
◊ Legalidade e retroatividade da lei penal ◊ Indenização por erro judiciário
◊ Proteção da honra e da dignidade ◊ Liberdade de consciência e de religião
◊ Liberdade de pensamento e de expressão ◊ Direito de resposta
◊ Direito de reunião ◊ Liberdade de associação
◊ Proteção da família ◊ Direito ao nome
◊ Direitos da criança ◊ Nacionalidade
◊ Propriedade privada ◊ Direito de circulação e residência
◊ Igualdade perante a lei e proteção judicial

Ä No que tange às garantias judiciais, a Convenção contemplou:

❖ Juízo natural e imparcial;


❖ Presunção de inocência;
❖ Assistência de um tradutor;
❖ Ampla defesa;
❖ Não autoincriminação; e
❖ Possibilidade de recorrer das decisões.

● Direito à vida

 a proteção à vida desde a concepção, vedando-se a privação arbitrária da vida do nascituro.

 não houve a abolição da pena de morte.

• Não foi abolida no Pacto de San José da Costa Rica, uma vez que é
admitida nos países já a prevejam para os crimes mais graves.
PENA DE • Em nenhuma hipótese será aceita para: delitos políticos ou conexos, para
MORTE menores de 18 anos quando da práticado ato infracional, para maiores
de setenta anos e para mulheres grávidas.
• Países que tenham abolido a pena de morte não poderão restabelecê-la.

● Trabalhos Forçados

10
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos, p. 163.

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 a servidão e a escravidão são vedadas. Contudo, países que tenham estabelecido a pena privativa de liberdade
acompanhada de trabalhos forçados, por sentença judicial, poderão manter esse tipo de pena, desde que não afete
a dignidade nem a capacidade física e intelectual do preso.

 Em síntese:

REGRA: vedado

pena privativa de liberdade acompanhada de


trabalhos forçados

EXCEÇÃO: depende de sentença judicial

TRABALHOS não pode afetar a dignidade ou a capacidade física


F ORÇADOS e intelectual do preso.
trabalhos normalmente exigidos de pessoa reclusa
em cumprimento de sentença;
NÃO SÃO
CONSIDERAD serviço militar;
OS COMO
TRABALHO serviços exigidos em caso de perigo ou de
FORÇADO: calamidade; e

obrigações cívicas normais.

● Liberdades Individuais

 O artigo prevê, dentre seus direitos, que não poderá haver prisão por dívidas, exceto no caso de inadimplemento
de obrigação alimentar.

 Portanto:

Em razão da natureza supralegal dos tratados internacionais de direitos


humanos, consoante posicionamento atual do STF, o Pacto de San José da
Costa Rica veda a regulamentação do art. 5º, LXVII, norma de eficácia
limitada, que prevê a possibilidade de lei infraconstitucional prever a prisão
do depositário infiel.

● Direito de Suspensão

 Direitos assegurados no Pacto de San José da Costa Rica poderão ser suspensos nos termos do artigo 27, nos casos
de guerra, perigo público ou emergência que ameace a independência ou segurança do Estado. Essa suspensão deverá
ocorrer sempre por prazo determinado e as situações emergenciais referidas não podem decorrer de práticas
discriminatórias.

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DIREITO DE S USPENSÃO

hipóteses:
•guerra;
•perigo público; e
•emergência que ameace a independência ou a segurança do Estado

temporário

não é autorizada a suspensão dos seguintes direitos:


•reconhecimento da personalidade jurídica;
•vida;
•integridade pessoal;
•proibição da escravidão e servidão;
•princípio da legalidade e da retroatividade;
•princípio da liberdade de consciência e de religião;
•proteção da família;
•direito ao nome;
•direitos das crianças;
•direito à nacionalidade; e
•direitos políticos.
● Cláusula Federal

 O que o dispositivo transmite é a ideia de que os Estados-parte constituídos em forma de federação (como o Brasil),
não poderão alegar o descumprimento das disposições do Pacto de San José da Costa Rica sob o argumento de que
internamente essa competência é do ente federado (por exemplo, o Estado do Paraná).

● MECANISMOS DE IMPLEMENTAÇÃO

 No âmbito do Pacto de San José da Costa Rica, existem dois órgãos competentes para a implementação dos direitos
assegurados: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos – órgão de natureza executiva – e a Corte
Interamericana de Direitos Humanos – órgão de natureza jurisdicional.

 Os mecanismos de implementação das normas da Convenção são os seguintes:

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RELATÓRIOS COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS PETIÇÕES INDIVIDUAIS

artigo 42 artigo 45 artigo 44

 Em relação ao mecanismo de petições individuais, o Pacto de San José da Costa Rica o estabeleceu de forma
compulsória.

•A mera assinatura do Pacto de San José da Costa rica já gera a


PETIÇÕES submissão ao sistema de peticionamento individual.
INDIVIDUAIS •Não há necessidade, portanto, de declaração expressa do Estado-
parte aceitando esse mecanismo de implementação.

 São legitimados para apresentar as petições individuais:


APRESENTAR AS PETIÇÕES
LEGITIMADOS PARA

Vítima de violação ao seu direito humano;


INDIVIDUAIS

Grupo de pessoas; e

ONGs legalmente reconhecidas.

 Para o uso das comunicações interestatais, ao contrário, será necessária a declaração expressa do Estado-parte
reconhecendo a competência da Comissão.

 Portanto:

PETIÇÕES INDIVIDUAIS COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS

Cláusula Obrigatória Cláusula Facultativa

Ä a Convenção enuncia 4 requisitos de admissibilidade das petições e comunicações para que sejam admitidas pela
Comissão.

1º. Esgotamento ou inexistência de recursos internos para reparação do direito humano violado ou quando
os recursos disponíveis forem inefetivos;
2º. Apresentação do expediente internacional no prazo de 6 meses a contar da decisão interna insatisfatória;
3º. Não haja outro procedimento internacional apurando a questão (litispendência internacional); e

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4º. Identificação, com nome, nacionalidade, domicílio e assinatura (não são aceitas petições individuais
apócrifas).

Não forem esgotadas as vias internas;

Não for apresentada no prazo de 6 meses a


contar da decisão interna;
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE

A petição e a comunicação não serão aceitas


se:
Houver litispendência internacional;
Fato exposto não caracterizar violação a
direito humano;
Faltar identificação da parte denunciante.
Alegações manifestamente infundadas; ou

Reprodução de petição ou comunicação


anterior.

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Vamos rememorar o esquema que resume o trâmite das comunicações perante a Comissão.

RECEBIDA A COMUNICAÇÃO

Analisa os requisitos de
admissibilidade:

não estivem se estiverem


presentes presentes

solicita infomações
arquiva
ao Estado acusado

Comissão analisará a
subsistência das
acusações:

insubsistente subsistente

arquiva tenta solução


amistosa

se positiva se negativa

fará relatório que será


fará relatório que
encaminhado aos
será enviado ao
Estados-parte envolvidos
Secretário-Geral da
OEA
Prazo de 3 meses Se nada
para tomar fizerem:
providências
Comissão, após decorrido
prazo de 3 meses:

decidirá acerca das


medidas tomadas decidirá se serão
publicadas as
informações da
questão à
comunidade
internacional

● COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

Ä A Comissão Interamericana de Direitos Humanos constitui o órgão executivo, no âmbito da OEA, responsável pela
promoção, observância e defesa dos direitos humanos no Sistema Americano.

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•Órgão da OEA, responsável por zelar pelos Direitos Humanos, em


especial pelo processamento das petições individuais.
PAPEL DA COMISSÃO •Órgão da Convenção Americana, responsável por analisar as
petições individuais, interpondo ação de responsabilidade
internacional.

 Enquanto órgão da OEA, a Comissão tem por função precípua a promoção, observância e defesa dos Direitos
Humanos, entre cujas atribuições destacam-se:

estimular a
observância do
Pacto de San José
Atuar no recebimento e da Costa Rica
processamento das petições
individuais e das Efetuar recomendações
comunicações.
ATRIBUIÇÕES DA
COMISSÃO
Responder às consultas
formuladas pelos Estados- Preparar estudos e
parte relatórios

Solicitar informação
dos Estados-parte

 Para que uma petição ou comunicação interestatal seja admitida perante a Comissão, há alguns requisitos:

REQUISITOS FORMAIS

(i) A qualificação do interessado.

(ii) Fatos que envolvem a violação ao direito humano.

(iii) Indicação do Estado que pretensamente violou os direitos humanos.

(iv) Indicação quanto à utilização do aparato interno de proteção aos direitos humanos.

REQUISITOS MATERIAIS

(i) Esgotamento dos recursos da jurisdição interna.

(ii) Apresentação da denúncia no prazo de 6 meses de quando foi cientificado da decisão definitiva interna.

(iii) A matéria discutida não pode ser objeto de outro processo internacional.

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(iv) Não ocorrência da coisa julgada no âmbito da OEA ou em qualquer outro organismo de jurisdição internacional.

(v) Fundamentação, sob pena de expressa improcedência.

● CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

 A Corte representa o órgão jurisdicional do sistema interamericano de direitos humanos e constitui excelente
alternativa para a reparação da violação de direitos humanos.

 A Corte é composta por 7 juízes, nacionais dos Estados que compõem a OEA, não sendo possível que haja dois
juízes de mesma nacionalidade. Os julgadores são eleitos através Assembleia-Geral da OEA, pelo voto da maioria
absoluta dos membros, entre pessoas de alta autoridade moral e reconhecida competência em matéria de Direitos
Humanos, para mandato 6 anos, admitindo-se uma reeleição.

 Fique atento aos legitimados para ingressar perante a Corte:

LEGITIMADOS PARA
INGRESSAR NA CORTE

Comissão
Estados-parte Interamericana de
Direitos Humanos

 A Comissão deverá participar de todas as reuniões da Corte, seja nos processos em que for parte, seja nos processos
iniciados pelos Estados-membros, caso em que atuará como se fosse um fiscal.

 Será possível à pessoa peticionar diretamente na Corte Internacional, desde que a situação já esteja sendo analisada
pela Corte Internacional.

Uma pessoa poderá peticionar diretamente à Corte nos casos graves


e urgentes para evitar danos irreparáveis para que sejam tomadas
Excepcionalmente
medidas acautelatórias, nos procedimentos já em andamento na
Corte.

Ä A Corte possui competência para resolver os litígios que lhes são submetidos (competência contenciosa), bem como
para responder questionamentos sobre a interpretação de determinada regra do Sistema Interamericano e sobre a
compatibilidade das leis internas com o Pacto de San José da Costa Rica (competência consultiva).

 Em verdade, a Corte exerce ampla função consultiva, de forma que contribui para a uniformidade e consistência
da interpretação da Convenção Americana. Para tanto, a Corte faz estudos e análises aprofundadas a respeito do
alcance e do impacto dos dispositivos da Convenção.

 Para a atuação da Corte Interamericana faz-se necessária declaração expressa do Estado-parte reconhecendo a
competência desse órgão como obrigatória para os casos envolvendo a aplicação do sistema interamericano. Essa
declaração poderá ser feita para situações específicas ou por prazo indeterminado.

 No plano contencioso, a atuação da Corte é limitada à provocação pelos Estados-parte e pela Comissão.

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os Estados-parte da OEA; e
POSSUI PODER DE PROVOCAR A
CORTE
a Comissão Interamericana de
Direitos Humanos

 As decisões da Corte podem ser finais ou liminares. As decisões liminares, denominadas de “medidas provisórias”,
em decorrência de situações urgentes a pedido da vítima de violação aos Direitos Humanos (quando a questão
estiver submetida à Corte) ou a pedido da Comissão (ainda que a questão não esteja submetida à Corte).

 As decisões finais, por sua vez, decidirão a respeito do direito protegido, determinando que ele seja assegurado
caso reste configurada a violação a direito humano, bem como a reparação indenizatória à vítima. Dessas decisões
da Corte, NÃO é cabível recurso algum.

 Quanto à homologação, a posição predominante na doutrina é no sentido de que uma vez que se trata de sentença
internacional (não de sentença estrangeira), não é necessário observar o procedimento de homologação de sentença
estrangeira perante o STJ.

Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos (Protocolo de San Salvador)

 Edição e internalização:

1988 1995 1996 1999

•Edição do •Aprovação •Ratificação e •


Protocolo de pelo depósito Promulgaçã
San Salvador Congresso pelo o interna
Nacional, Presidente pelo
por meio do da República Decreto do
Decreto Executivo
Legislativo 3.321.
56.

● DIREITOS ALBERGADOS

 Os seguintes direitos são albergados no Protocolo11:

Direitos Albergados no Protocolo de San Salvador


◊ Direito ao Trabalho ◊ Direito a condições justas, equitativas e satisfatórias
de trabalho.
◊ Direitos Sindicais ◊ Direito à previdência social
◊ Direito à saúde ◊ Direito a um meio ambiente sadio
◊ Direito à Alimentação ◊ Direito à educação
◊ Direito aos benefícios da cultura ◊ Direito à constituição e proteção da família

11
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos, p. 170.

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◊ Direitos da Criança ◊ Direito de proteção das pessoas idosas


◊ Direito à proteção de deficientes

● MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS

• Abrange todas as matérias.


RELATÓRIOS • Será apresentado ao Secretário-Geral da OEA, que
encaminhará ao Conselho Interamericano Econômico e Social e
ao Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura.

• Restringe-se à liberdade sindical e à educação.


PETIÇÕES • Será apresentada à Comissão Interamericana de Direitos
INDIVIDUAIS Humanos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos nossa aula e os estudos dos do principal documento do Sistema Americano de Direitos Humanos.

Lembre-se: qualquer dúvida estou à disposição no fórum, na área do aluno.

Até a próxima aula.

Bons estudos a todos!

Ricardo Torques

[email protected]

@proftorques

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QUESTÕES COM COMENTÁRIOS

Outras Bancas

1. (INSTITUTO ACESSO/PC-ES - 2019) A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) fez uma
visita in loco ao Brasil, entre 5 e 12 de novembro de 2018, em função de convite formulado pelo Estado
brasileiro realizado em 29 de novembro de 2017. O objetivo foi o de observar a situação dos direitos
humanos no país. Entre os itens constantes de seu relatório, a CIDH apontou para “o grave contexto
de violações aos direitos humanos das mulheres negras e da juventude pobre da periferia. São os
pobres e os afrodescendentes aqueles que seguem sendo desproporcionalmente as principais vítimas
de violações aos direitos humanos no Brasil. Estes são mortos às dezenas e milhares, sem investigação,
julgamento, punição ou reparação adequados”. Os termos exarados encontram-se de acordo com as
atribuições da CIDH, que
a) pode solicitar que a Corte Interamericana requeira “medidas provisionais” dos Governos em casos
urgentes de grave perigo às pessoas, ainda que o caso não tenha sido submetido à Corte.
b) expede “Pareceres”, em caráter consultivo, à Corte Interamericana, sobre aspectos de interpretação
da Convenção Americana, podendo inclusive sugerir providências para solução dos problemas observados.
c) zela pelo cumprimento geral dos direitos humanos nos Estados-membros, publica as informações
especiais sobre a situação em um estado específico e as envia à Assembleia Geral da OEA para as sanções
cabíveis,
d) realiza visitas in loco aos países, ao receber petições individuais que alegam violações dos direitos
humanos, segundo o disposto nos artigos 44 a 51 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, com o
intuito de aprofundar a observação geral da situação, e/ou para investigar uma situação particular.
e) faz recomendações aos Estados-membros da OEA acerca da adoção de medidas para corrigir as práticas
de violações e adotar medidas de promoção e garantia dos direitos humanos.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Nos casos de extrema gravidade e urgência a Comissão
pode solicitar à Corte Interamericana a adoção de medidas provisórias quando os assuntos ainda não tiverem
sido submetidos ao seu conhecimento. Veja o parágrafo 2 do artigo 63 da Convenção Interamericana sobre
Direitos Humanos:

Artigo 63

2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se fizer necessário evitar danos


irreparáveis às pessoas, a Corte, nos assuntos de que estiver conhecendo, poderá tomar as
medidas provisórias que considerar pertinentes. Se se tratar de assuntos que ainda não
estiverem submetidos ao seu conhecimento, poderá atuar a pedido da Comissão.

A alternativa B está incorreta. A competência para emissão de pareceres é da Corte, não da Comissão:

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Artigo 64

2. A Corte, a pedido de um Estado membro da Organização, poderá emitir pareceres


sobre a compatibilidade entre qualquer de suas leis internas e os mencionados
instrumentos internacionais.

A alternativa C está incorreta. As informações devem ser enviadas à Corte na verdade, não à Assembleia,
podendo a Comissão, ainda, emitir opiniões e conclusões sobre o fato (não apenas informações), quando
não houver solução no prazo de 3 meses:

Artigo 51

1. Se no prazo de três meses, a partir da remessa aos Estados interessados do relatório


da Comissão, o assunto não houver sido solucionado ou submetido à decisão da Corte pela
Comissão ou pelo Estado interessado, aceitando sua competência, a Comissão poderá
emitir, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, sua opinião e conclusões sobre a
questão submetida à sua consideração.

A alternativa D está incorreta. A Comissão tem poder de investigação sobre os fatos potencialmente
violadores dos direitos humanos, no entanto, este poder de investigação não envolve a inspeção in loco, que
só acontece a pedido do próprio Estado.

A alternativa E está incorreta. As Recomendações da Comissão são utilizadas em relação à legislação e atos
normativos internos. Quando houver uma violação aos direitos humanos num caso concreto, não é caso de
emissão de recomendação:

Artigo 41

A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos direitos


humanos e, no exercício do seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:

b. formular recomendações aos governos dos Estados membros, quando o considerar


conveniente, no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos
humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como
disposições apropriadas para promover o devido respeito a esses direitos;

2. (IBFC/PM-BA - 2020) A Convenção Americana de Direitos Humanos, também chamado de Pacto de San
José da Costa Rica, foi assinado em 22 de novembro de 1969 e ratificado pelo Brasil em setembro de
1992. Ela busca consolidar entre os países americanos um regime de liberdade pessoal e justiça
pessoal, fundado no respeito aos direitos humanos essenciais, independentemente do país onde a
pessoa resida ou tenha nascido. Assim, quanto ao seu âmbito de proteção, analise as afirmativas
abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
( ) Não existe nenhuma relação entre o Pacto de San Jose da Costa Rica e a Declaração Universal dos Direitos
Humanos.

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( ) Sobre os deveres das pessoas, determina que toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade
e a humanidade.
( ) Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os
juízes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos fundamentais
reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal violação seja
cometida por pessoas que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais.
( ) Algumas disposições do Pacto de San José da Costa Rica podem excluir outros direitos e garantias que são
inerentes ao ser humano ou que decorrem da forma democrática representativa de governo.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.
a) V, V, V, V
b) V, V, F, F
c) V, F, F, V
d) F, F, V, V
e) F, V, V, F

Comentários

A assertiva I está incorreta. Na verdade, o Pacto reforça a proteção de direitos humanos contida na
Declaração e vai além, estabelecendo ainda outros direitos. A principal diferença entre eles é que a
Declaração tem abrangência mundial e o Pacto abrangência regional.

A assertiva II está correta. O Pacto prevê os deveres da pessoa em relação à família, à comunidade e à
humanidade:

Artigo 32. Correlação entre deveres e direitos

1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade e a humanidade.

A assertiva III está correta. Há previsão de direitos processuais no Pacto, o que inclui o direito de recorrer,
conforme o artigo 25:

Artigo 25. Proteção judicial

1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso
efetivo, perante os juízes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem
seus direitos fundamentais reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente
Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas que estejam atuando
no exercício de suas funções oficiais.

A assertiva IV está incorreta. Não é possível a exclusão de direitos humanos em qualquer hipótese, mesmo
com previsão em Tratado internacional.

A sequência correta é F - V - V - F, logo, nosso gabarito é a alternativa E.

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3. (IBFC/CBM-BA - 2020) Dispõe a Convenção Americana sobre Direitos Humanos que os Estados
americanos signatários reconheçam que os direitos essenciais do homem não derivam do fato de ser
ele nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa
humana, razão por que justificam uma proteção internacional, de natureza convencional, coadjuvante
ou complementar da que oferece o direito interno dos Estados americanos. Sobre os deveres dos
Estados e direitos protegidos, assinale a alternativa correta.
a) Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral,
desde o momento do nascimento
b) Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral, sendo permitida a
tortura em casos de terrorismo
c) Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica
d) Constitui trabalho forçado ou obrigatório o serviço militar
e) Autoriza a prisão do depositário infiel e do devedor de alimentos

Comentários

A alternativa A está incorreta. O Pacto adotou a teoria concepcionista, protegendo a pessoa desde o
momento da concepção, não desde o nascimento:

Artigo 4. Direito à vida

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser
protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado
da vida arbitrariamente.

A alternativa B está incorreta. A vedação à tortura é absoluta, não sendo lícita mesmo a quem praticou crime
de terrorismo:

Artigo 5. Direito à integridade pessoal

2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos
ou degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito devido
à dignidade inerente ao ser humano.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. O Pacto estabelece que toda pessoa deve ter sua
personalidade jurídica (personalidade perante o direito) reconhecida:

Artigo 3. Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica

Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica.

A alternativa D está incorreta. O Pacto veda a submissão de qualquer pessoa a trabalho forçado ou
obrigatório, mas afasta deste conceito o serviço militar:

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Aula 03

Artigo 6. Proibição da escravidão e da servidão

3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo:

b. o serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por motivos de consciência,
o serviço nacional que a lei estabelecer em lugar daquele;

A alternativa E está incorreta. Segundo o Pacto, ninguém deve ser detido por dívidas, exceto no caso de
inadimplemento de obrigação alimentar. A prisão do depositário equivale a prisão por dívida:

Artigo 7. Direito à liberdade pessoal

7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de
autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação
alimentar.

4. (Instituto AOCP/PC-ES-2019) A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, de 22 de novembro de


1969, também conhecida como Pacto de São José da Costa Rica, foi incorporada ao Direito Brasileiro
por meio do Decreto nº 678/1992. Segundo essa importante legislação internacional, é correto afirmar
que
a) as penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a punição, a reforma e a readaptação
social dos condenados.
b) toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território estiver domiciliada, se não tiver
direito à outra.
c) toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade
autorizada pela lei a exercer funções judiciais.
d) todo o acusado tem direito de defender- se, devendo, contudo, ser assistido por um defensor de sua
escolha.
e) em casos expressamente previstos em lei é autorizada a expulsão coletiva de estrangeiros.

Comentários

A alternativa A está incorreta. A finalidade da pena privativa de liberdade não envolve a punição, de acordo
com o Pacto:

Artigo 5. Direito à integridade pessoal

6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a


readaptação social dos condenados.

A alternativa B está incorreta. O que o Pacto prevê é o direito à nacionalidade do local de nascimento, não
do local onde a pessoa tenha domicílio:

Artigo 20. Direito à nacionalidade

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2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver


nascido, se não tiver direito a outra.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Esta é a previsão do que hoje se denomina audiência
de custódia, que é a condução do preso ao juiz para se averiguar as condições em que se deu a prisão. Veja
o que diz o parágrafo 5 do artigo 7 do Pacto:

Artigo 7. Direito à liberdade pessoal

5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz
ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser
julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que
prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu
comparecimento em juízo.

A alternativa D está incorreta. A assistência por defensor é escolha do acusado, não há imposição do Pacto:

Artigo 8. Garantias judiciais

2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto
não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em
plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:

d. direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor


de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor;

A alternativa E está incorreta. O Pacto proíbe a realização de expulsão coletiva de estrangeiros:

Artigo 22. Direito de circulação e de residência

9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.

5. (IBGP-GM/Pref Jacutinga-2019) De acordo com a Convenção Americana de Direitos Humanos ("Pacto


de San José da Costa Rica"), e CORRETO afirmar que:
a) Em alguns casos é permitida a pena de morte ser aplicada a delitos políticos e & delitos comuns, desde
que conexos com delitos políticos.
b) Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.
c) As torturas e as penas cruéis, podem ser liberadas por autoridades judiciárias.
d) Os processados não precisam ficar separados dos condenados, mas devem ser submetidos a tratamento
adequado à sua condição de pessoas não condenadas.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Há vedação expressa de aplicação da pena de morte aos delitos políticos ou
aos delitos comuns conexos:

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Artigo 4. Direito à vida

4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por delitos políticos, nem por
delitos comuns conexos com delitos políticos.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. A integridade das pessoas deve ser preservada,
conforme o Pacto:

Artigo 5. Direito à integridade pessoal

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.

A alternativa C está incorreta. É absolutamente vedada a imposição de tortura ou penas cruéis:

Artigo 5. Direito à integridade pessoal

2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou
degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito devido à
dignidade inerente ao ser humano.

A alternativa C está incorreta. Os processados (presos provisórios) devem permanecer sempre separados
dos presos já condenados em definitivo:

Artigo 5. Direito à integridade pessoal

4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias


excepcionais, e ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas não
condenadas.

6. (IADES/IRBr-2019) No que tange à relação do Brasil com as organizações internacionais, bem como aos
procedimentos de negociação e internalização de convenções e tratados internacionais, julgue o item
a seguir.
O Pacto de San José da Costa Rica, aderido pelo Brasil e reconhecido no respectivo ordenamento como
norma de caráter supralegal por decisão do Supremo Tribunal Federal, prevê, no próprio texto original,
direitos humanos de primeira e segunda gerações.

Comentários

A questão foi considerada incorreta porque o Pacto não prevê direitos de segunda geração em espécie,
apenas prevê o dever de implementação progressiva de normas econômico-sociais:

CAPÍTULO III

DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS

Artigo 26. Desenvolvimento progressivo

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Os Estados Partes comprometem-se a adotar providências, tanto no âmbito interno como


mediante cooperação internacional, especialmente econômica e técnica, a fim de
conseguir progressivamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas
econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da
Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na
medida dos recursos disponíveis, por via legislativa ou por outros meios apropriados.

Além do Pacto, há o seu Protocolo Adicional, o qual estabelece diversos direitos de segunda geração, mas
não é possível afirmar que a redação original contenha estes direitos. Logo, a assertiva está Errada.

7. (UNEB/CBM BA-2019) Assinale a alternativa que completa adequadamente o trecho destacado:


A Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos (Pacto São José da Costa Rica), art. 7º, 7.5 e o Pacto
Internacional dos Direitos Civis e políticos, art. 9º, 9.3, determinam que toda pessoa detida ou retida deve
ser conduzida sem demora à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções
judiciais, em até , audiência de custódia, viabilizando o comparecimento do preso perante a autoridade
judiciária no prazo máximo de , contados do momento da prisão [STF. ADPF 347 MC, rel. min. Marco
Aurélio, P, j. 9-9-2015, DJE, de 19-2-2106].
a) 30 dias e 24 horas.
b) 60 dias e 48 horas.
c) 90 dias e 72 horas.
d) 90 dias e 24 horas.
e) 60 dias e 24 horas.

Comentários

Vejamos ementa do julgamento mencionado na questão:

Ementa da ADPF 347-MC, Pleno, relator ministro Marco Aurélio, publicado em 19 de


fevereiro de 2016:

CUSTODIADO – INTEGRIDADE FÍSICA E MORAL – SISTEMA PENITENCIÁRIO – ARGUIÇÃO DE


DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADEQUAÇÃO. Cabível é a arguição de
descumprimento de preceito fundamental considerada a situação degradante das
penitenciárias no Brasil. SISTEMA PENITENCIÁRIO NACIONAL – SUPERLOTAÇÃO
CARCERÁRIA – CONDIÇÕES DESUMANAS DE CUSTÓDIA – VIOLAÇÃO MASSIVA DE DIREITOS
FUNDAMENTAIS – FALHAS ESTRUTURAIS – ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL –
CONFIGURAÇÃO. Presente quadro de violação massiva e persistente de direitos
fundamentais, decorrente de falhas estruturais e falência de políticas públicas e cuja
modificação depende de medidas abrangentes de natureza normativa, administrativa e
orçamentária, deve o sistema penitenciário nacional ser caraterizado como “estado de
coisas inconstitucional”. FUNDO PENITENCIÁRIO NACIONAL – VERBAS –
CONTINGENCIAMENTO. Ante a situação precária das penitenciárias, o interesse público
direciona à liberação das verbas do Fundo Penitenciário Nacional. AUDIÊNCIA DE
CUSTÓDIA – OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Estão obrigados juízes e tribunais, observados
os artigos 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de

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Direitos Humanos, a realizarem, em até noventa dias, audiências de custódia, viabilizando


o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas,
contado do momento da prisão.

A decisão determina que juízes e tribunais realizem audiência de custódia em até 90 dias, viabilizando o
comparecimento do preso perante autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas. Portanto, a
alternativa D é correta e é o gabarito da questão.

8. (CRS (PM MG)/PM MG-2019) Considerando as disposições contidas exclusivamente na Convenção


Americana Sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica – Decreto n. 678/1992), analise
as proposições abaixo e marque a alternativa CORRETA:
I. Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no caso de haver sido condenada em sentença
passada em julgado, por erro judiciário, exceto os criminosos reincidentes.
II. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade, exceto aqueles
considerados criminosos reincidentes, em virtude de sua não adesão ao contrato social.
III. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de conservar sua
religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, exceto os não cristãos, em virtude de
professarem religião não aceita.
IV. A lei deve proibir toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitação à
discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência, exceto a propaganda a favor da guerra quando
necessária ao fortalecimento do sentimento nacionalista.
a) Apenas duas alternativas estão incorretas.
b) Apenas a alternativa IV está correta.
c) Apenas a alternativa I está correta.
d) Nenhuma alternativa está correta.

Comentários

A assertiva I está incorreta. O direito à indenização é de todas pessoas, inclusive dos reincidentes:

Artigo 10. Direito a indenização

Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no caso de haver sido condenada
em sentença passada em julgado, por erro judiciário.

A assertiva II está incorreta. Toda pessoa deve ter sua honra e dignidade respeitadas, o que não exclui o
criminoso reincidente:

Artigo 11. Proteção da honra e da dignidade

1. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua


dignidade.

A assertiva III está incorreta. O direito de liberdade religiosa é de todas as pessoas, não só dos cristãos:

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Artigo 12. Liberdade de consciência e de religião

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica
a liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de
crenças, bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças,
individual ou coletivamente, tanto em público como em privado.

A assertiva IV está incorreta. O Pacto prevê que deve ser proibida a propaganda a favor da guerra:

Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão

5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao
ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao
crime ou à violência.

Como todas as assertivas estão incorretas, nosso gabarito é a alternativa D.

9. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Sobre a prisão civil, analise as seguintes afirmativas e a relação proposta
entre elas.
I. Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Políticos e à Convenção Americana sobre Direitos Humanos, não há mais base legal para prisão
civil do depositário infiel.
UMA VEZ QUE
II. O artigo 5°, LXVII, da Constituição Federal de 1988, no que diz respeito à prisão civil por dívida
do depositário infiel, foi revogado pela ratificação do Pacto de São José da Costa Rica.
A respeito dessas afirmativas e da relação entre elas, é correto afirmar que
a) a afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
b) as afirmativas I e II são verdadeiras, mas a II não é a justificativa da I.
c) as afirmativas I e II são verdadeiras, e a II é a justificativa da I.
d) a afirmativa I é falsa, e a II é verdadeira.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Analisaremos item a item:

Item I – verdadeiro. O Recurso Extraordinário 466.343, de relatoria do Min. Cezar Peluso, firmou
entendimento de que, desde a adesão do Brasil ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP)
em 1992 e à Convenção Americana de Direitos Humanos não há base legal para a aplicação da parte final do
art. 5º, LXVII da Constituição Federal.

Item II – falso. O art. 5º, LXVII não foi revogado e permanece vigente. O Pacto de São José da Costa Rica
derrogou as disposições infraconstitucionais que autorizavam a prisão do depositário infiel (art. 319 do
Código de Processo Penal e art. 4º, §2º da Lei nº 8.866/94). O RE 466.343, supramencionado, deixa claro: “É

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possível concluir que, diante da supremacia da CF/88 sobre os atos normativos internacionais, a previsão
constitucional da prisão civil do depositário infiel (art. 5º, LXVII) não foi revogada (...), mas deixou de ter
aplicabilidade diante do efeito paralisante desses tratados em relação à legislação infraconstitucional que
disciplina a matéria (...). Tendo em vista o caráter supralegal desses diplomas normativos internacionais, a
legislação infraconstitucional posterior que com eles seja conflitante também tem sua eficácia paralisada.”

10. (AOCP/PM-TO - 2018) O Pacto São José da Costa Rica foi recepcionado no ordenamento jurídico
brasileiro pelo Decreto nº 678/92. Acerca dessa norma internacional de proteção aos direitos humanos
ratificada pelo Brasil, assinale a alternativa correta.
a) A Convenção prevê que os pais e, quando for o caso, os tutores têm o dever de ensinar a seus filhos ou
pupilos a educação religiosa e moral oficial do Estado onde vivem.
b) A Convenção prevê que “Pode ser restabelecida a pena de morte nos Estados que a hajam abolido, desde
que de forma motivada”.
c) A Convenção prevê que ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos
países em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa da liberdade acompanhada de trabalhos
forçados, esta disposição não pode ser interpretada no sentido de que proíbe o cumprimento da dita pena,
imposta por juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade nem a capacidade
física e intelectual do recluso.
d) As pessoas podem ser condenadas por ações ou omissões que, no momento em que forem cometidas,
não sejam delituosas, se assim estiver disposto no direito aplicável. Pode, ainda, ser imposta pena mais grave
que a aplicável no momento da perpetração do delito. No entanto, se depois da perpetração do delito, a lei
dispuser a imposição de pena mais leve, o delinquente será por isso beneficiado.
e) Dentro do direito à proteção judicial, os Estados-Partes comprometem-se: a) a assegurar que a autoridade
competente prevista pelo sistema legal do Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que interpuser tal
recurso; b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e c) a assegurar o cumprimento, pelas
autoridades competentes, das decisões que julgarem convenientes de acordo com a discricionariedade do
órgão julgador.

Comentários

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. O Pacto de San José da Costa Rica prevê tais direitos
no art. 6º, §2º:

Artigo 6º. Proibição da escravidão e da servidão

1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a servidão, e tanto estas como o tráfico
de escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as suas formas.

2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países
em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa da liberdade acompanhada de
trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpretada no sentido de que proíbe o
cumprimento da dita pena, imposta por juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado
não deve afetar a dignidade nem a capacidade física e intelectual do recluso.

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A alternativa A está errada. De acordo com o art. 12, §4º da Convenção Americana de Direitos Humanos, os
pais têm o direito de oferecer educação religiosa a seus filhos, que esteja de acordo com suas próprias
convicções.

Artigo 12. Liberdade de consciência e de religião

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a
liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças,
bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou
coletivamente, tanto em público como em privado.

2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de
conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças.

3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita unicamente


às limitações prescritas pela lei e que sejam necessárias para proteger a segurança, a
ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos ou liberdades das demais pessoas.

4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que seus filhos ou pupilos recebam
a educação religiosa e moral que esteja acorde com suas próprias convicções.

A alternativa B está errada. A Convenção Americana veda o reestabelecimento da pena de morte nos Estados
em que tenha sido abolida.

Artigo 4. Direito à vida

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido
pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida
arbitrariamente.

2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos
delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em
conformidade com lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido
cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique
atualmente.

3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.

A alternativa D está errada. O artigo 9º da Convenção, ao tratar da legalidade e da retroatividade, dispõe de


modo distinto:

Artigo 9º. Princípio da legalidade e da retroatividade

Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que forem
cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco se pode
impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da
perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delinquente será por
isso beneficiado.

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A alternativa E está errada. O cumprimento das decisões não será de acordo com a discricionaridade do
órgão julgador.

Artigo 25. Proteção judicial

1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso
efetivo, perante os juízes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem
seus direitos fundamentais reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente
Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas que estejam atuando
no exercício de suas funções oficiais.

2. Os Estados Partes comprometem-se:

a. a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sistema legal do Estado decida
sobre os direitos de toda pessoa que interpuser tal recurso;

b. a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e

c. a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes, de toda decisão em que se


tenha considerado procedente o recurso.

11. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Considerando a Defensoria Pública, a tortura e a violência estatal, analise as
afirmativas a seguir.
I. Durante as entrevistas que antecedem a realização das audiências de custódia, o defensor público deve
questionar o preso entrevistado sobre a ocorrência de qualquer violação à integridade física ou psíquica do
conduzido, sem instaurar procedimento para averiguação do caso, uma vez que a Defensoria Pública não
exerce o controle externo da atividade policial.
II. Tortura é todo ato pelo qual são infligidos intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos
ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de intimidação, como castigo pessoal, como
medida preventiva, como pena ou com qualquer outro fim. Configura tortura a aplicação, sobre uma pessoa,
de métodos tendentes a anular a personalidade da vítima que não causem dor física ou angústia psíquica.
III. A Corte Interamericana de Direitos Humanos considera que o elemento essencial de uma investigação
penal sobre uma morte decorrente de intervenção policial é a garantia de que o órgão investigador seja
independente. Essa independência não implica a ausência de relação institucional ou hierárquica, podendo
o possível acusado pertencer ao mesmo órgão a que a investigação for atribuída.
Está(ão) incorreta(s) a(s) afirmativa(s)
(A) I e II, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.

Comentários

A letra C está correta e é o gabarito da questão, pois apenas os itens I e III estão incorretos.

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Vejamos cada item.

O item I está incorreto, porque apesar da Defensoria Pública não exercer o controle externo da atividade
policial - munus do Ministério Público, nos termos do art. 129, VII, da CF –, ao se deparar na entrevista que
antecede a realização de audiência de custódia com a ocorrência de tortura, a Defensoria Pública, que tem
a função institucional de atuar na preservação e reparação dos direitos de pessoas vítimas de tortura,
propiciando o acompanhamento e o atendimento interdisciplinar das vítimas, conforme o art.4º, VII, da LC
80/94, deverá intentar as medidas cabíveis.

O item II está certo, pois equivale à redação da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura:

Artigo 2
Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por tortura todo ato pelo qual são infligidos
intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos ou mentais, com fins de
investigação criminal, como meio de intimidação, como castigo pessoal, como medida
preventiva, como pena ou com qualquer outro fim. Entender-se-á também como tortura a
aplicação, sobre uma pessoa, de métodos tendentes a anular a personalidade da vítima, ou
a diminuir sua capacidade física ou mental, embora não causem dor física ou angústia
psíquica.

O item III está incorreto, pois no caso Favela Nova Brasília, a Corte considerou que o elemento essencial de
uma investigação penal sobre uma morte decorrente de intervenção policial é a garantia de que o órgão
investigador seja independente dos funcionários envolvidos no incidente. Essa independência implica a
ausência de relação institucional ou hierárquica, bem como sua independência na prática.

12. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Sobre a prisão civil, analise as seguintes afirmativas e a relação proposta
entre elas.
I. Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e à
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, não há mais base legal para prisão civil do depositário infiel.
UMA VEZ QUE
II. O artigo 5°, LXVII, da Constituição Federal de 1988, no que diz respeito à prisão civil por dívida do
depositário infiel, foi revogado pela ratificação do Pacto de São José da Costa Rica.
A respeito dessas afirmativas e da relação entre elas, é correto afirmar que
(A) a afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
(B) as afirmativas I e II são verdadeiras, mas a II não é a justificativa da I.
(C) as afirmativas I e II são verdadeiras, e a II é a justificativa da I.
(D) a afirmativa I é falsa, e a II é verdadeira.

Comentários

A letra A está correta e é o gabarito da questão, pois o primeiro item está correto e o segundo está incorreto.

Vejamos cada item individualizado.

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O item I está certo, pois de fato, com o Pacto de San José da Costa Rica (Convenção Americana sobre Direitos
Humanos), houve a derrogação das disposições infraconstitucionais que autorizavam a prisão do depositário
infiel, apesar do teor do art. 5º, LXVII, da CF/88:

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

A referida Convenção só permite a prisão civil na hipótese de inadimplemento voluntário e inescusável de


pensão alimentícia:

Art. 7º. Direito à Liberdade Pessoal.


7. Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não limita os mandados de autoridade
judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.

A esse respeito, o STF assentou:

Há o caráter especial do Pacto Internacional dos Direitos Civis Políticos (art. 11) e da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7°,
7), ratificados, sem reserva, pelo Brasil, no ano de 1992. A esses diplomas internacionais
sobre direitos humanos é reservado o lugar específico no ordenamento jurídico, estando
abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna. O status normativo supralegal
dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil, torna inaplicável a
legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de
ratificação. HC 95.967, Rel. Min. Ellen Gracie, 2ª Turma, julg. em 11/11/2008.

Como consequência, foi editada a Súmula Vinculante 25/STF que prevê que “é ilícita a prisão civil de
depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”.

O item II, em contrapartida, está incorreto, porque o art. 5º, LXVII, da CF permanece vigente. Foram
derrogadas disposições infraconstitucionais que autorizavam a prisão do depositário infiel, quais sejam o
art. 319 do CPP e o art. 4º, §2º, da Lei 8.866/94.

Neste sentido, é o STF:

[...]a previsão constitucional da prisão civil do depositário infiel (art. 5º, LXVII) não foi
revogada [...], mas deixou de ter aplicabilidade diante do efeito paralisante desses
tratados em relação à legislação infraconstitucional que disciplina a matéria. RE 466.343,
voto do rel. min. Cezar Peluso, P, j. 3-12-2008, DJE 104 de 5-6-2009, Tema 60.

13. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Sobre os Direitos Humanos e a sua proteção, assinale a alternativa correta.
(A) O status migratório de uma pessoa é transmitido aos filhos, não bastando o nascimento da pessoa no
território para a aquisição da nacionalidade, mesmo que a pessoa não tenha direito a outra nacionalidade
que não a do Estado onde nasceu.
(B) Em caso de emergência que ameace a independência ou segurança do Estado-Parte, este poderá adotar
disposições que suspendam obrigações contraídas em virtude da Convenção Interamericana sobre Direitos
Humanos.

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(C) É permitida a expulsão coletiva de estrangeiros somente em casos extremos e excepcionais, tais como o
de uma imigração em massa que gere, inadvertidamente, uma profunda crise migratória.
(D) Em obediência à garantia da independência e ao princípio da aderência ao território, o poder judiciário
brasileiro não está internacionalmente obrigado a exercer um “controle de convencionalidade” entre as
normas internas e a Convenção Americana.

Comentários

A letra B está correta e é o gabarito da questão, pois corresponde à previsão da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos:

Artigo 27. Suspensão de garantias


1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace a
independência ou segurança do Estado Parte, este poderá adotar disposições que, na
medida e pelo tempo estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as
obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais disposições não sejam
incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não
encerrem discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou
origem social.

Vejamos as demais assertivas.

A letra A está incorreta, porque a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos é no sentido
de que o status migratório de uma pessoa não é automaticamente transmitido para seus filhos:

156. Em face do exposto, e considerando o direito à nacionalidade dos filhos de migrantes


da República Dominicana de acordo com o dispositivo constitucional pertinente e
princípios internacionais de proteção aos migrantes, o Tribunal considera que: (a) O status
migratório de uma pessoa não pode ser uma condição para a concessão de nacionalidade
pelo Estado, porque o status migratório não pode jamais servir de justificativa para privar
uma pessoa do direito à nacionalidade ou ao gozo e exercício de seus direitos; (b) O status
migratório de uma pessoa não é transmitido aos filhos, e (c) O nascimento da pessoa no
território é o único fato que precisa ser comprovado para a aquisição da nacionalidade,
caso a pessoa não tenha direito a outra nacionalidade que não a do Estado onde nasceu.
Corte IDH. Caso das meninas Yean e Bosico vs. República Dominicana. Sentença de
8/9/2005.

A assertiva C está errada, pois a Lei 13.445/2017 (Lei de Migração) proíbe a prática de expulsão coletiva.
Confira:

Art. 3º A política migratória brasileira rege-se pelos seguintes princípios e diretrizes:


XXII - repúdio a práticas de expulsão ou de deportação coletivas.
Art. 61. Não se procederá à repatriação, à deportação ou à expulsão coletivas.
Parágrafo único. Entende-se por repatriação, deportação ou expulsão coletiva aquela que
não individualiza a situação migratória irregular de cada pessoa.

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A alternativa D está incorreta. O controle de convencionalidade implica em analisar se a legislação de um


país está de acordo com as Convenções e Tratados Internacionais firmados pela nação, e os quais se
comprometeu a cumprir; em outras palavras: verifica-se a aderência das normas internas, inclusive
constitucionais, aos Tratados e Convenções Internacionais.

No Brasil, o Controle de Convencionalidade é exercido por intermédio do Supremo Tribunal Federal (art. 102,
III, "a" e "b", CF) e do Superior Tribunal de Justiça. (art. 105, III, "a", CF). Cite-se, como exemplo, o caso em
que o STF assentou o status supralegal do Pacto de San José da Costa Rica (RE 466.343/SP).

14. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Acerca do(s) posicionamento(s) do STF (ADPF 153/DF) e da Corte
Interamericana de Direitos Humanos (Caso Gomes Lund e outros vs. Brasil) sobre a Lei nº 6.683/79 (Lei
da Anistia), quanto à sua extensão aos crimes praticados pelos agentes do Estado contra os que
lutavam contra o Estado de exceção, assinale a alternativa correta.
(A) Segundo o STF, a Lei estendeu a conexão aos crimes praticados pelos agentes do Estado contra os que
lutavam contra o Estado de exceção; daí o caráter bilateral da anistia. Enquanto que, para a Corte
Interamericana de Direitos Humanos, as disposições da Lei de Anistia brasileira não podem continuar a
representar um obstáculo para a investigação dos fatos nem para a identificação e punição dos responsáveis.
(B) Segundo o STF, as disposições da Lei de Anistia brasileira não podem continuar a representar um
obstáculo para a investigação dos fatos nem para a identificação e punição dos responsáveis. Enquanto que,
para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, a Lei estendeu a conexão aos crimes praticados pelos
agentes do Estado contra os que lutavam contra o Estado de exceção; daí o caráter bilateral da anistia.
(C) Tanto o STF, quanto a Corte Interamericana de Direitos Humanos, entenderam que a Lei estendeu a
conexão aos crimes praticados pelos agentes do Estado contra os que lutavam contra o Estado de exceção;
daí o caráter bilateral da anistia. A Lei nº 6.683/79 precede a Convenção das Nações Unidas contra a Tortura
e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes e não alcança, por impossibilidade
lógica, anistias anteriormente à sua vigência consumadas.
(D) Tanto o STF, quanto a Corte Interamericana de Direitos Humanos, entenderam que as disposições da Lei
de Anistia brasileira, que impedem a investigação e a sanção de graves violações de Direitos Humanos,
carecem de efeitos jurídicos. Em consequência, não podem continuar a representar um obstáculo para a
investigação dos fatos, nem para a identificação e punição dos responsáveis, nem podem ter igual ou similar
impacto sobre outros casos de graves violações de direitos humanos.

Comentários

A letra A está correta e é o gabarito da questão, pois está correta a descrição das posições divergentes do
Supremo Tribunal Federal e da Corte Interamericana. Confira a posição do STF:

Lei 6.683/1979, a chamada "Lei de Anistia". (...) A lei estendeu a conexão aos crimes
praticados pelos agentes do Estado contra os que lutavam contra o Estado de exceção; daí
o caráter bilateral da anistia, ampla e geral, que somente não foi irrestrita porque não
abrangia os já condenados – e com sentença transitada em julgado, qual o Supremo
assentou – pela prática de crimes de terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal. (...)
É a realidade histórico-social da migração da ditadura para a democracia política, da
transição conciliada de 1979, que há de ser ponderada para que possamos discernir o
significado da expressão "crimes conexos" na Lei 6.683. É da anistia de então que estamos
a cogitar, não da anistia tal e qual uns e outros hoje a concebem, senão qual foi na época

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conquistada. Exatamente aquela na qual, como afirma inicial, "se procurou" [sic] estender
a anistia criminal de natureza política aos agentes do Estado encarregados da repressão.
(...) A anistia da lei de 1979 foi reafirmada, no texto da EC 26/1985, pelo poder constituinte
da Constituição de 1988. Daí não ter sentido questionar-se se a anistia, tal como definida
pela lei, foi ou não recebida pela Constituição de 1988; a nova Constituição a [re]instaurou
em seu ato originário. (...) A nova ordem compreende não apenas o texto da Constituição
nova, mas também a norma-origem. No bojo dessa totalidade – totalidade que o novo
sistema normativo é – tem-se que "[é] concedida, igualmente, anistia aos autores de crimes
políticos ou conexos" praticados no período compreendido entre 2-9-1961 e 15-8-1979.
STF. ADPF 153, rel. min. Eros Grau, julgamento em 29/4/2010.

Já a CIDH, em sentido diverso, assim se manifestou:

As disposições da lei de anistia brasileira que impedem a investigação e sanção de graves


violações de direitos humanos “são incompatíveis com a Convenção Americana, carecem
de efeitos jurídicos” e não podem “continuar a representar um obstáculo para a
investigação dos fatos do presente caso, nem para a identificação e punição dos
responsáveis, nem podem ter igual ou similar impacto sobre outros casos de graves
violações de direitos humanos consagrados na Convenção Americana ocorridos no Brasil.
CIDH, Caso Gomes Lund e outros. “Guerrilha do Araguaia” Vs. Brasil, Exceções Preliminares,
Mérito, Reparações e Custas, sentença de 24 de novembro de 2010.

15. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Sobre os Direitos Humanos e a sua proteção, assinale a alternativa incorreta.
(A) O Estado não pode alegar sua estrutura federal para deixar de cumprir uma obrigação internacional de
Direitos Humanos. Os Estados devem assegurar o respeito e a garantia de todos os direitos reconhecidos,
sem limitação nem exceção alguma com base na referida organização interna.
(B) A liberdade em consentir desautoriza a alegação de ofensa aos Direitos Humanos. Ou seja, estes não
limitam a autonomia privada, principalmente em face dos reflexos da igualdade formal das partes.
(C) Para a Escola Positivista, os Direitos Humanos justificam-se graças a sua validade formal, tendo como
fundamento a existência da lei positiva, cujo pressuposto de validade se encontra em sua edição, conforme
as regras estabelecidas na Constituição.
(D) Os Estados-Partes possuem o dever geral de se adaptar às disposições da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos. Esse dever implica a supressão das práticas de qualquer natureza que impliquem violação
às garantias nela previstas, inclusive com a edição de medidas legislativas que forem necessárias para tornar
efetivas tais disposições.

Comentários

A letra B está incorreta e é o gabarito da questão, pois os direitos Humanos são indisponíveis e inalienáveis.
Cite-se, como exemplo, o famoso caso de “arremesso de anões” em circos na França, situação na qual as
pessoas com nanismo consentiam e ganhavam com isso, contudo, entendeu-se que ofendia toda a dignidade
de toda a coletividade de anões.

Vejamos as demais assertivas.

A alternativa A está correta, pois está de acordo com a redação do Pacto de San José de Costa Rica:

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Artigo 28 - Cláusula federal


1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído como Estado federal, o governo
nacional do aludido Estado-parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção,
relacionadas com as matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.
2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das
entidades componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as
medidas pertinentes, em conformidade com sua Constituição e com suas leis, a fim de que
as autoridades competentes das referidas entidades possam adotar as disposições cabíveis
para o cumprimento desta Convenção.
3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem constituir entre eles uma federação ou
outro tipo de associação, diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário respectivo
contenha as disposições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo Estado,
assim organizado, as normas da presente Convenção.

A alternativa C está certa, porque de fato, segundo a Teoria Positivista os direitos humanos fundamentam-
se na ordem jurídica posta, pelo que somente seriam reconhecidos como direitos humanos aqueles já
positivados.

A assertiva D está correta, pois está de acordo com a redação do Pacto de San José de Costa Rica:

Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno


Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido
por disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados-partes comprometem-se a
adotar, de acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições desta
Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar
efetivos tais direitos e liberdades.

16. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) De acordo com a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e o
Regulamento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, com a finalidade de decidir quanto à
admissibilidade do assunto, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos verificará se foram
interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de Direito
Internacional geralmente reconhecidos.
O assunto será admitido quando presentes uma das hipóteses a seguir, exceto:
(A) Houver atraso injustificado na decisão sobre os mencionados recursos.
(B) Não existir, na legislação interna do Estado, o devido processo legal para a proteção do direito ou dos
direitos que se alegue tenham sido violados.
(C) Os recursos previstos na legislação interna do Estado não possuírem efeito suspensivo para impedir a
violação do direito ou dos direitos que se alegue tenham sido violados.
(D) Não se tenha permitido, ao suposto lesado em seus direitos, o acesso aos recursos da jurisdição interna,
ou houver sido ele impedido de esgotá-los.

Comentários

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A letra C está incorreta e é o gabarito da questão, pois não há exigência de efeito suspensivo na regra de
esgotamento dos recursos internos, conforme se depreende do Regulamento da Comissão Interamericana
de Direitos Humanos:

Artigo 31. Esgotamento dos recursos internos


1. Com a finalidade de decidir quanto à admissibilidade do assunto, a Comissão verificará
se foram interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os
princípios de direito internacional geralmente reconhecidos.
2. As disposições do parágrafo anterior não se aplicarão quando:
a. não exista na legislação interna do Estado de que se trate o devido processo legal para a
proteção do direito ou dos direitos que se alegue tenham sido violados; [alternativa B].
b. não se tenha permitido ao suposto lesado em seus direitos o acesso aos recursos da
jurisdição interna, ou haja sido impedido de esgotá‐los; ou [alternativa D].
c. haja atraso injustificado na decisão sobre os mencionados recursos [alternativa A].

As demais alternativa estão corretas, pois constam no dispositivo acima.

17. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Segundo a Corte Interamericana de Direitos Humanos, no Parecer consultivo
sobre identidade de gênero, igualdade e não discriminação entre casais do mesmo sexo (OC 24/2017),
os critérios específicos em virtude dos quais é proibido discriminar, segundo o art. 1.1 da Convenção
Americana, não constituem um rol taxativo ou limitado, mas meramente enunciativo. Nesse sentido,
a redação desse artigo deixa em aberto os critérios, com a inclusão da expressão “outra condição
social”, para incorporar outras categorias que não tenham sido explicitamente mencionadas.
Nesse contexto, qual foi o princípio interpretativo utilizado?
(A) Pro genera
(B) Pro communitas
(C) Pro diversitas
(D) Pro homine

Comentários

A letra D está correta e é o gabarito da questão. O princípio da interpretação pro homine – que tem origem
no regime objetivo dos tratados internacionais de direitos humanos – impõe a necessidade de que a
interpretação normativa seja feita sempre em prol da proteção dada aos indivíduos e criou uma verdadeira
ordem pública internacional, impondo deveres em prol da proteção do ser humano.

A partir daí, toda obrigação internacional de direitos humanos não pode ser interpretada restritivamente
em prol dos Estados, mas sim em prol do destinatário da proteção, ou seja, o indivíduo. Assim, consolidou-
se na jurisprudência internacional de direitos humanos a interpretação sistemática do conjunto de normas
de direitos humanos, de modo a reconhecer direitos inerentes, mesmo que implícitos.

Uma segunda diretriz do princípio pro homine estabelece que a interpretação das eventuais limitações
permitidas de direitos contidas nos tratados internacionais deve ser restritiva. No Parecer Consultivo nº 02,

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a Corte Interamericana de Direitos Humanos sustentou que as reservas à Convenção Americana devem ser
interpretadas restritivamente, evitando, assim, a diminuição da proteção ao ser humano.

A terceira diretriz é relativa ao uso da interpretação pro homine na análise das omissões e lacunas das normas
de direitos humanos. No caso da “denúncia” peruana do reconhecimento da jurisdição obrigatória da Corte
Interamericana de Direitos Humanos em 1999, a Corte considerou desprovido de efeito tal ato, uma vez que
a Convenção Americana de Direitos Humanos, apesar de omissa quanto à possibilidade de denúncia do
reconhecimento da jurisdição obrigatória, possui dispositivo expresso que veda o retrocesso ou qualquer
diminuição na proteção já acordada ao indivíduo (artigo 29). Logo, a interpretação pro homine adotada foi
no sentido de considerar que a denúncia em tela corroía a proteção já fornecida ao jurisdicionado peruano,
o que tornava tal ato nulo. Assim, a Corte continuou a apreciar os casos contra o Peru, que, já após o fim da
Era Fujimori, reconsiderou sua decisão.

18. (FUMARC/PC-MG - 2018) Sobre a Corte Interamericana de Direitos Humanos, é CORRETO afirmar:
(A) O Estado brasileiro reconheceu a competência jurisdicional da Corte Interamericana em dezembro de
1998.
(B) É órgão jurisdicional do sistema regional, composto por 15 juízes nacionais de Estados Membros da OEA,
eleitos a título pessoal pelos Estados Partes da Convenção.
(C) A Corte Interamericana não apresenta competência consultiva.
(D) A Comissão Interamericana e os Estados Partes podem submeter um caso à Corte Interamericana,
admitida a legitimação do indivíduo, nos termos da Convenção Americana.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. De fato, como se afirma, o Estado brasileiro
reconheceu a competência jurisdicional da Corte Interamericana em dezembro de 1998. Esse
reconhecimento se deu por meio de um Decreto, o Decreto Legislativo n. 89, de 03 de dezembro de 1998.
Destaque-se que, apesar disso, esse reconhecimento só foi promulgado em novembro de 2002, pelo Decreto
n. 4.463.

A alternativa B está incorreta. Como sabemos, a Corte IDH é composta por 07 (sete) juízes, e não 15 (quinze).

A alternativa C, igualmente, está incorreta. A Corte IDH apresenta, sim, competência consultiva, conforme
se depreende, por exemplo, do Artigo 64, 1, da CADH. Confiram:

Artigo 64

1. Os Estados membros da Organização poderão consultar a Corte sobre a interpretação


desta Convenção ou de outros tratados concernentes à proteção dos direitos humanos nos
Estados americanos. Também poderão consultá-la, no que lhes compete, os órgãos
enumerados no capítulo X da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada
pelo Protocolo de Buenos Aires.

2. A Corte, a pedido de um Estado membro da Organização, poderá emitir pareceres sobre


a compatibilidade entre qualquer de suas leis internas e os mencionados instrumentos
internacionais.

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E a alternativa D, por fim, também está incorreta. Conforme foi apontado em nossas aulas, indivíduos não
podem submeter questões diretamente à Corte IDH. É preciso primeiro se ir à Comissão para que depois a
Comissão encaminhe os pleitos.

19. (IBFC/AGEPEN-MG - 2018) Assinale a alternativa correta. Segundo a CONVENÇÃO AMERICANA DE


DIREITOS HUMANOS (1969), toda pessoa acusada de um delito tem direito durante o processo às
seguintes garantias mínimas:
a) O processo penal deve ser privado, de modo a preservar os interesses da justiça e da sociedade
b) O direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um tradutor ou intérprete, caso não compreenda
ou não fale a língua do juízo ou tribunal
c) A comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada deve ser obrigatoriamente
bilíngue (inglês e língua oficial do pais, no qual aconteceu o delito)
d) A concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa será de 30 (trinta)
dias corridos, a contar da publicação em órgão oficial
e) Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro do prazo máximo de 7 (sete)
dias, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na
apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e
obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza

Comentários

Vejamos alternativa por alternativa:

A alternativa A está incorreta. De acordo com a CADH, o processo penal deve ser público (Artigo 8, 5), e não
privado como se afirma. Vejam:

Artigo 8. Garantias judiciais

(...)

5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os
interesses da justiça.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. De acordo com o Artigo 8, 2, “a”, da Convenção, é
direito do acusado ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não compreender ou não falar
o idioma do juízo ou tribunal.

A alternativa C está incorreta, uma vez que cria uma obrigação que não consta na Convenção (Artigo 8, 2,
“b”). Confiram:

Artigo 8. Garantias judiciais

(...)

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2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto
não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em
plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:

(...)

b. comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;

A alternativa D está incorreta, igualmente, uma vez que estabelece um prazo que consta na Convenção
(Artigo 8, 2, “c”):

Artigo 8. Garantias judiciais

(...)

2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto
não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em
plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:

(...)

c. concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua


defesa;

E a alternativa E está incorreta pelo mesmo motivo. Ela cria um prazo de 7 (sete) dias que não existe na
CADH (Artigo 8, 1). Vejam:

Artigo 8. Garantias judiciais

1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou
para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou
de qualquer outra natureza.

Sendo assim, é a alternativa B que está correta, sendo o gabarito da questão.

20. (FEPESE/PC-SC - 2017) É correto afirmar sobre a natureza e o regime jurídico da Corte Interamericana
de Direitos Humanos.
a) A Corte Interamericana de Direitos Humanos é uma instituição judiciária autônoma.
b) A Corte Interamericana de Direitos Humanos é uma instituição legislativa e consultiva.
c) A Corte Interamericana de Direitos Humanos é uma organização internacional que integra os Estados
Unidos da América.
d) A Corte Interamericana de Direitos Humanos é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos.

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e) A Corte Interamericana de Direitos Humanos equipara-se a um Estado estrangeiro nas suas relações como
os demais Estados Membros.

Comentários

A Corte Interamericana de Direitos humanos é uma instituição judiciária autônoma criada com o objetivo de
aplicar e interpretar a Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Ela possui função jurisdicional e
consultiva. Vejamos o que dispõe os arts. 2 e 3, da Corte:

Artigo 2. Competência e funções

A Corte exerce função jurisdicional e consultiva.

1. Sua função jurisdicional se rege pelas disposições dos artigos 61, 62 e 63 da Convenção.

2. Sua função consultiva se rege pelas disposições do artigo 64 da Convenção.

Artigo 3. Sede

1. A Corte terá sua sede em San José, Costa Rica; poderá, entretanto, realizar reuniões em
qualquer Estado membro da Organização dos Estados Americanos (OEA), quando a maioria
dos seus membros considerar conveniente, e mediante aquiescência prévia do Estado
respectivo.

2. A sede da corte pode ser mudada pelo voto de dois terços dos Estados Partes da
Convenção na Assembleia Geral da OEA.

Portanto, a alternativa A está correta e é o gabarito da questão.

21. (FAPEMS/PC-MS - 2017) Na seara dos tratados e das convenções internacionais sobre direitos humanos
incorporados pelo ordenamento jurídico brasileiro, destaca-se a Convenção Americana de Direitos
Humanos. Também conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, tal Convenção foi adotada em 22
de novembro de 1969, durante a Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos.
Sobre ela, é correto afirmar que
a) em seu bojo, dentre os direitos protegidos, destaca a proteção à família, embora se omita sobre o direito
da criança.
b) no âmbito regional trata-se do documento mais importante do sistema interamericano, excluindo a
subordinação ao sistema global de proteção dos direitos humanos.
c) estabelece como competentes para conhecerem os assuntos relacionados com o cumprimento dos
compromissos assumidos pelos Estados-Partes a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte
Interamericana de Direitos Humanos.
d) embora assinada em 1969, foi ratificada pelo Brasil apenas em 1988, possivelmente em razão da
resistência do regime militar em acolher os compromissos nela estipulados.
e) reitera princípios consagrados na Carta da Organização dos Estados Americanos, na Declaração Americana
dos Direitos e Deveres do Homem e no Estatuto de Roma.

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Comentários

A alternativa A está incorreta, pois a CADH prevê os direitos da criança em seu artigo 19. Vejamos:

ARTIGO 19

Direitos da Criança

Toda criança tem direito às medidas de proteção que a sua condição de menor requer por
parte da sua família, da sociedade e do Estado.

A alternativa B está incorreta. A CADH está subordinada a formar o sistema global de proteção aos Direitos
Humanos.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o art. 33, da Convenção Americana
de Direitos Humanos:

ARTIGO 33

São competentes para conhecer dos assuntos relacionados com o cumprimento dos
compromissos assumidos pelos Estados-Partes nesta Convenção:

a) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Comissão; e

b) a Corte Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Corte.

A alternativa D está incorreta. Através do Decreto nº 678/92, a CADH entrou em vigor no Brasil no mesmo
ano.

A alternativa E está incorreta. O Estatuto de Roma regulamenta a adoção do Tribunal Penal Internacional –
TPI, que foi criado em 1998, muito depois de 1969.

22. (UECE-CEV/SEAS – CE - 2017) Leia atentamente os excertos a seguir:


“[...] é um dos órgãos da OEA dedicados à proteção dos direitos humanos nas Américas. É sediada na cidade
de Washington, capital dos EUA, e tem suas atividades reguladas pelo Pacto de São José [...]”;
“[...] não é órgão jurisdicional, assemelhando-se, nesse sentido, aos órgãos de tratados da ONU. É composta
por sete membros, que deverão ser pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de
direitos humanos, eleitos pela Assembleia-Geral da OEA para um mandato de quatro anos, com direito a
uma reeleição subsequente”.
O órgão pertencente à Organização dos Estados Americanos — OEA —, a que os trechos acima se referem,
é denominado
a) Corte Interamericana de Direitos Humanos.
b) Conselho de Direitos Humanos da OEA.
c) Alto Comissariado da OEA para os Direitos Humanos.
d) Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

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Comentários

Tal como vimos em aula, os trechos apresentados na questão se referem à Comissão Interamericana de
Direitos Humanos, órgão da OEA.

Assim, a alternativa D é correta e gabarito da questão.

23. (UECE-CEV/SEAS-CE - 2017) Quanto à posição hierárquica do Pacto de São José da Costa Rica, no
ordenamento jurídico brasileiro, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal — STF —, é
correto afirmar que
a) tem hierarquia equivalente às Emendas Constitucionais.
b) tem caráter infralegal.
c) tem caráter supralegal.
d) tem hierarquia equivalente às Leis Ordinárias.

Comentários

Os tratados internacionais que versem sobre direitos humanos, mas que não tenham sido aprovados na
forma do art. 5º, §3º, da CF/88, tem caráter supralegal, por força do art. 5º, § 2º, da CRFB. Esse é o caso do
Pacto de San José da Costa Rica (ou Convenção Interamericana de Direitos Humanos).

Portanto, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão.

Destaque-se apenas, que existe doutrina relevante que defende que os Tratados Internacionais de Direitos
Humanos incorporados ao Direito brasileiro antes de 2004 (ano da Emenda Constitucional n. 45/04, que
introduziu o art. 5º, § 3º, da CRFB) como diplomas com status constitucional, com base no art. 5º, § 2º, da
CRFB, também. A questão, contudo, de forma muito honesta, pede a posição do Supremo que, de fato, é a
que se encontra na alternativa C e é a que deve ser adotada em questões objetivas.

24. (TRF-2ª R/TRF-2ªR - 2017) No que diz respeito à força legal da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, assinale a opção correta:
a) Por consistir em Tratado de Direitos Humanos firmado antes de 1988, mas promulgado internamente pelo
Brasil somente em 1992. o Tratado em questão atrai a incidência do § 2o do artigo 5o da Constituição, razão
pela qual as normas protetivas nele previstas ostentam caráter supralegal.
b) vigência da Constituição de 1988, mas promulgado internamente pelo Brasil somente em 2007, o Tratado
em questão atrai a incidência do § 3o do artigo 5o da Constituição, razão pela qual as normas protetivas nele
previstas ostentam caráter constitucional.
c) Por consistir em Tratado de Direitos Humanos firmado antes da vigência da Constituição de 1988, mas
promulgado internamente pelo Brasil somente em 1992, o Tratado em questão atrai a incidência do § 3o do
artigo 5o da Constituição, razão pela qual as normas protetivas nele previstas ostentam caráter supralegal.
d) Por se tratar de Tratado de Direitos Humanos firmado após a vigência da Constituição de 1988, mas
promulgado internamente pelo Brasil somente em 2007, o Tratado em questão atrai a incidência do § 2o do
artigo 5o da Constituição, razão pela qual as normas protetivas nele previstas ostentam caráter
constitucional.

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e) Sendo um Tratado de Direitos Humanos firmado antes da vigência da Constituição de 1988, mas
promulgado internamente pelo Brasil somente em 1992, o Tratado em questão atrai a incidência do § 3o do
artigo 5“ da Constituição, razão pela qual as normas protetivas nele previstas ostentam caráter
constitucionalizado.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Vejamos, primeiramente, o que dispõe os §§2º e 3º,
do art. 5º, da CF/88:

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes


do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem


aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Além disso, através do histórico julgado pelo STF, restou fixada a tese da supralegalidade de tratados
internacionais de direitos humanos não aprovados na forma qualificada para a aprovação de emendas
constitucionais.

25. (IBADE/SEJUDH-MT - 2017) Considerando a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, é correto
afirmar que:
a) estabelece que o direito à reunião não se submete à qualquer restrição.
b) não trata de delitos ou de direitos políticos.
c) permite a escravidão
d) o Brasil não é signatário desta Convenção.
e) a pena de morte não pode ser restabelecida nos Estados em que tenha sido abolida.

Comentários

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão, pois é o que dispõe o art. 4, 3, da Convenção Americana
sobre Direitos Humanos:

ARTIGO 4

Direito à Vida

3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.

Vejamos o erro das demais alternativas:

A alternativa A está incorreta, uma vez que o direito à reunião pode ser sujeito a restrições, sim, de acordo
com o Artigo 15 da CADH. Confiram:

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ARTIGO 15

Direito de reunião

É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O exercício de tal direito só pode
estar sujeito às restrições previstas pela lei e que sejam necessárias, numa sociedade
democrática, no interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem públicas, ou
para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e liberdades das demais pessoas.

A alternativa B está incorreta, uma vez que a Convenção trata sim de delitos e de direitos políticos (ex.:
Capítulo II, Direitos Civis e Políticos, Artigo 4, 4).

A alternativa C está incorreta, uma vez que a Convenção não permite a escravidão, que, como sabemos, é
proibida com força jus cogens.

E a alternativa D está incorreta, também, uma vez que, como sabemos, o Brasil ratificou e internalizou a
Convenção em 1992.

26. (FUNCAB/PC-PA - 2017) Sobre as garantias penais e processuais previstas na Convenção Americana
sobre Direitos Humanos, é correto afirmar que:
a) a duração razoável do processo, no que concerne à pessoa privada de sua liberdade, não encontra
referência explícita na Convenção, ao contrário da necessária e imediata apresentação da pessoa a um juiz,
expressamente mencionada.
b) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), analisando o art. 13 do Pacto de São José da
Costa Rica, entendeu que a incriminação do desacato não é compatível com o texto da Convenção.
c) determina a Convenção que todo processo penal deve ser público, sendo vedada qualquer espécie de
sigilo, a fim de que a sociedade possa fiscalizar a correta aplicação das garantias processuais.
d) o Pacto de São José da Costa Rica estabelece a presunção de inocência enquanto não provada legalmente
a culpa da pessoa, repudiando expressamente a execução da pena após sentença condenatória em segunda
instância.
e) a teoria concepcionista, que, em linhas gerais estabelece a proteção à vida desde o momento da
concepção, encontra respaldo no art. 4. da Convenção e determina de forma inquestionável o momento em
que surge a vida intrauterina e, consequentemente, a interpretação sobre a abrangência do abortamento
criminoso.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Vejamos o que dispõe o art. 7, 5, da CADH:

ARTIGO 7

5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou
outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada
dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o

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processo. Sua liberdade pode ser condiciona a garantias que assegurem o seu
comparecimento em juízo.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Para responder essa questão precisamos saber um
posicionamento específico da Comissão. A CIDH entendeu que as leis de desacato visam proporcionar maior
nível de proteção aos funcionários públicos em relação cidadãos privados, o que violaria o princípio de um
sistema democrático, com governo sujeito ao controle popular. Assim, o STJ, em um primeiro momento,
entendeu que a manutenção da prática de desacato como crime seria incompatível com a Convenção
Americana de Direitos Humanos e concordou com o parecer da Corte. Esse entendimento, contudo, foi
superado e hoje, a despeito do entendimento da Corte, tanto o STJ (3º Seção. HC 379.269/MS, Rel. para
acórdão Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 24/05/2017), quanto o STF (2ª Turma. HC 141.949/DF,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/3/2018 – Informativo 894), consideram o desacato como conduta
criminosa.

Ressalta-se que não é raro o fato de nossos tribunais superiores se posicionarem de forma contrária aos
entendimentos da Corte IDH. Outro exemplo, que costuma ser muito cobrado em provas, de posicionamento
nesse sentido, refere-se a Lei de Anistia (enquanto a Corte IDH considera inválidas essas leis, o Supremo já
reconheceu, no âmbito interno, a validade da Lei de Anistia brasileira).

A alternativa C está incorreta. Na Convenção não há essa determinação. O que a Convenção diz é que o
processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses da justiça (Artigo
8, 5).

A alternativa D está incorreta. De acordo com o art. 8, 2, da CADH, não há vedação expressa, mas sim,
implícita.

A alternativa E está incorreta. Com base no art. 4, 1 da CADH, existe proteção desde a concepção, mas não
vedação a práticas abortivas de maneira absoluta e total.

ARTIGO 4

Direito à Vida

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido
pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida
arbitrariamente.

27. (FEPESE/SJC-SC - 2016) Sobre a Corte Interamericana de Direitos Humanos, é correto afirmar:
a) Sediada em San José (Costa Rica) é uma instituição judiciária autônoma cujo objetivo é a aplicação e a
interpretação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
b) A Corte compor-se-á de cinco juízes, nacionais dos Estados membros da Organização, eleitos a título
pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de direitos
humanos.
c) Os juízes da Corte serão eleitos, em votação aberta e pelo voto da maioria absoluta dos Estados-Partes na
Convenção.
d) Os juízes da Corte serão eleitos por um período de seis anos e não poderão ser reeleitos.

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e) O quórum para as deliberações da Corte é constituído por quatro juízes.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. A Corte Interamericana é um dos três Tribunais
regionais de proteção dos Direitos Humanos, conjuntamente com a Corte Europeia de Direitos Humanos e a
Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos. É uma instituição judicial autônoma cujo objetivo é aplicar
e interpretar a Convenção Americana.

A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 52, 1, da Convenção Americana de Direitos Humanos, a
Corte está integrada por sete Juízes, nacionais dos Estados membros da OEA.

Artigo 52

1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacionais dos Estados membros da Organização,


eleitos a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida
competência em matéria de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para
o exercício das mais elevadas funções judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual sejam
nacionais, ou do Estado que os propuser como candidatos.

A alternativa C está incorreta. Com base no art. 53, 1, da referida Convenção, os Juízes são eleitos a título
pessoal pelos Estados partes, em votação secreta e pela maioria absoluta dos votos.

Artigo 53

1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação secreta e pelo voto da maioria absoluta dos
Estados Partes na Convenção, na Assembleia Geral da Organização, de uma lista de
candidatos propostos pelos mesmos Estados.

A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 54, 1, do Pacto de San José da Costa Rica, o mandato dos Juízes
é de seis anos e podem ser reeleitos uma vez mais pelo mesmo período.

Artigo 54

1. Os juízes da Corte serão eleitos por um período de seis anos e só poderão ser reeleitos
uma vez. O mandato de três dos juízes designados na primeira eleição expirará ao cabo de
três anos. Imediatamente depois da referida eleição, determinar-se-ão por sorteio, na
Assembleia Geral, os nomes desses três juízes.

A alternativa E está incorreta. Segundo o art. 56, do referido Pacto, o quórum para as deliberações da Corte
é de cinco juízes.

Artigo 56

O quórum para as deliberações da Corte é constituído por cinco juízes.

Lembre-se:

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Corte IDH Comissão IDH


7 juízes 7 membros
Poderão ser reeleitos uma vez Poderão ser reeleitos uma vez
Período de 06 (seis) anos Período de 04 (quatro) anos
Votação secreta Votação secreta
Maioria absoluta Maioria absoluta
Assembleia Geral da OEA Assembleia da OEA
Lista de até 03 (três) candidatos proposta por cada Lista de até 03 (três) candidatos proposta por cada
Estado parte (nacionais ou não; pelo menos um Estado parte (nacionais ou não; pelo menos um
não nacional, quando propostos três nomes) não nacional, quando propostos três nomes)
Sede: San José (Costa Rica) Sede: Washington DC (EUA)

28. (FEPESE/SJC-SC - 2016) Podem submeter casos para decisão da Corte Interamericana de Direitos
Humanos:
a) Apenas os Estados-Partes da Convenção Americana de Direitos Humanos.
b) Apenas a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
c) Qualquer pessoa e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
d) Qualquer pessoa e os Estados-Partes da Convenção Americana de Direitos Humanos.
e) Os Estados-Partes da Convenção Americana de Direitos Humanos e a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos.

Comentários

A Corte tem competência para conhecer de qualquer caso relativo à interpretação e aplicação das
disposições da Convenção que lhe seja submetido, sempre que os Estados Partes no caso tenham aceitado
sua competência contenciosa. Todo Estado Parte pode, no momento do depósito de seu instrumento de
ratificação ou adesão à Convenção Americana, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece
como obrigatória de pleno direito a competência da Corte.

Assim, com base no art. 61, 1 da Convenção Americana de Direitos Humanos, somente os Estados-partes e
a Comissão têm direito de submeter um caso à decisão da Corte.

Artigo 61

1. Somente os Estados-partes e a Comissão têm direito de submeter um caso à decisão da


Corte.

Portanto, a alternativa E está correta e é o gabarito da questão.

29. (UFMT/DPE-MT - 2016) Em relação ao processo de recebimento de uma petição direcionada à


Comissão Interamericana de Direitos Humanos por violação ao Pacto de São José da Costa Rica, de
1969, assinale a afirmativa correta.
a) A Comissão não poderá declarar a inadmissibilidade da petição ou comunicação com base em informações
supervenientes.

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b) A Comissão não poderá proceder a uma conciliação entre as partes conflitantes, seja pessoa ou grupo de
pessoas ou Estados, antes de submeter o caso à apreciação da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
c) A Comissão pode receber comunicação de violação a direitos humanos no pacto referido por Estado que
não tenha, no momento da ratificação da Convenção, declarado que reconhece a competência daquela,
mesmo que em desfavor de outro Estado-parte em igual condição.
d) A Comissão poderá arquivar a petição em que se alega violação de direitos humanos por um Estado, sem
instauração de qualquer investigação, após o recebimento de informações deste.
e) A Comissão não pode declarar inadmissível uma petição que seja substancialmente reprodução de outra
anterior que tenha sido examinada por outro organismo internacional.

Comentários

A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 48, 1, “c”, CADH, a Comissão poderá declarar a
inadmissibilidade da petição ou comunicação com base em informações supervenientes.

Artigo 48 - 1. A Comissão, ao receber uma petição ou comunicação na qual se alegue a


violação de qualquer dos direitos consagrados nesta Convenção, procederá da seguinte
maneira:

c) poderá também declarar a inadmissibilidade ou a improcedência da petição ou


comunicação, com base em informação ou prova supervenientes;

A alternativa B está incorreta. É possível a conciliação das partes no âmbito da Comissão.

f) pôr-se-á à disposição das partes interessadas, a fim de chegar a uma solução amistosa
do assunto, fundada no respeito aos direitos reconhecidos nesta Convenção.

A alternativa C está incorreta. Segundo o art. 45, 2, da CADH, a Comissão não admitirá nenhuma
comunicação contra um Estado-parte que não haja feito tal declaração.

2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem ser admitidas e examinadas se


forem apresentadas por um Estado-parte que haja feito uma declaração pela qual
reconheça a referida competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma
comunicação contra um Estado-parte que não haja feito tal declaração.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o art. 48, 1, da Convenção Americana
de Direitos Humanos.

A alternativa E está incorreta. Com base no art. 47, da CADH, a Comissão pode declarar inadmissível uma
petição que seja substancialmente reprodução de outra anterior que tenha sido examinada por outro
organismo internacional.

Artigo 47 - A Comissão declarará inadmissível toda petição ou comunicação apresentada


de acordo com os artigos 44 ou 45 quando:

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d) for substancialmente reprodução de petição ou comunicação anterior, já examinada


pela Comissão ou por outro organismo internacional.

30. (UFMT/DPE-MT - 2016) Sobre jurisdição e responsabilidade internacional, no que se refere à proteção
dos Direitos Humanos, assinale a afirmativa correta.
a) Os Estados que aderiram à Convenção Americana de Direitos Humanos submetem-se a sua jurisdição,
excluindo-se, assim, aquela prevista na Carta da Organização dos Estados Americanos, quando da violação
de direitos humanos.
b) Hoje, para que um Estado possa aderir à Organização dos Estados Americanos, deve ser membro da
Convenção Americana de Direitos Humanos.
c) A Comissão Interamericana de Direitos Humanos foi criada pela Convenção Americana de Direitos
Humanos, com a função exclusiva de receber denúncias de violação a direitos humanos nos Estados-
membros da Convenção.
d) A Convenção Americana de Direitos Humanos prevê um sistema de responsabilização por violação aos
direitos nela reconhecidos; os Estados que a ela aderirem, seguindo o procedimento de adoção de tratado
internacional, externa e internamente, exercem jurisdição subsidiária no que se refere à proteção desses
direitos.
e) A Comissão Interamericana de Direitos Humanos exerce dupla função na proteção de direitos humanos:
uma no âmbito da própria Organização dos Estados Americanos e outra dentro do sistema da Convenção
Americana de Direitos Humanos.

Comentários

A alternativa A está incorreta. A adesão à Convenção Americana de Direitos Humanos não exclui a vinculação
do estado-parte da OEA.

A alternativa B está incorreta. Não há vinculação entre os dois diplomas, eles são autônomos.

A alternativa C está incorreta. A Comissão foi criada em 1959. Em 1969 se aprovou a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos, que entrou em vigor em 1978 e que foi ratificada em setembro de 1997 por 25
países. Ademais, a Comissão tem duas funções, e não uma função exclusiva, como veremos a seguir.

A alternativa D está incorreta. Não se fala em jurisdição subsidiária do próprio Estado na proteção dos
Direitos Humanos. A proteção de um e outro é complementar.

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é


órgão dotado de dupla vinculação, órgão principal da OEA, encarregado de zelar pelos direitos humanos, e
órgão da Convenção Americana. A atuação da Comissão é idêntica nos dois âmbitos. Porém, apenas no
âmbito da Convenção há possibilidade de processar o infrator perante a Corte IDH.

31. (UFMT/DPE-MT - 2016) Sobre a eficácia na proteção dos direitos reconhecidos na Convenção
Americana de Direitos Humanos por instituições públicas no Brasil, assinale a afirmativa correta.
a) O Brasil deve cumprir, de forma voluntária, as decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

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b) Atualmente, graves violações a direitos humanos, assim caracterizados pela Convenção, deverão ser
julgadas na Justiça Federal.
c) A federalização dos crimes graves contra direitos humanos refere-se à obrigatoriedade do Estado em criar
mecanismos legais e administrativos para que tais sejam julgados pelo Superior Tribunal de Justiça.
d) Quando houver conflito de competência quanto a direitos que possam envolver caso grave de violação a
direitos humanos, caberá ao Supremo Tribunal Federal dirimi-lo.
e) Os Estados Federados no Brasil também se obrigam às disposições da Convenção, podendo ser
interpelados na Corte Interamericana de Direitos Humanos, por qualquer violação.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. De fato, a obrigatoriedade da implementação das


sentenças da Corte no nosso âmbito interno resulta de ato voluntário do Brasil, que reconheceu a
competência contenciosa da Corte. Vejamos o art. 62, 1, da Convenção:

Artigo 62

1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação


desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que
reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a competência da
Corte em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação desta Convenção.

A alternativa B está incorreta. De acordo com o §5º, do art. 109, da CF/88, a competência originária continua
sendo da Justiça Estadual. Há casos, em que o Procurador-Geral da República poderá suscitar o conflito de
competência, onde, se deferido, a lide irá para a Justiça Federal.

§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da


República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

A alternativa C está incorreta. Cabe ao STJ decidir sobre o pedido de deslocamento de competência (IDC)
suscitado pelo Procurador-Geral da República. Mas cabe à Justiça Federal o seu julgamento.

A alternativa D está incorreta. Conforme art. 109, §5º, já mencionado, a competência é do STJ, e não do STF.

A alternativa E está incorreta. Os Estados-membros Federados no âmbito de qualquer Estado não podem
ser interpelados na Corte Interamericana de Direitos Humanos. Essa interpelação só cabe ao Estado parte
da Convenção, que deve responder, inclusive, pelas violações perpetradas por seus Estados-membros à
CADH. Esse entendimento decorre da Cláusula Federal (Artigo 28, da CADH), que dispõe:

Artigo 28.

Cláusula federal

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1. Quando se tratar de um Estado Parte constituído como Estado federal, o governo


nacional do aludido Estado Parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção,
relacionadas com as matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.

2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das


entidades componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as
medidas pertinente, em conformidade com sua constituição e suas leis, a fim de que as
autoridades competentes das referidas entidades possam adotar as disposições cabíveis
para o cumprimento desta Convenção.

3. Quando dois ou mais Estados Partes decidirem constituir entre eles uma federação ou
outro tipo de associação, diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário respectivo
contenha as disposições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo Estado
assim organizado as normas da presente Convenção.

Essa, é uma das razões que justifica o incidente de deslocamento de competência (IDC), estampado acima.
Se é o Estado brasileiro quem vai responder internacionalmente por violações de direitos humanos
perpetradas em seu território, nada mais justo que a União intervenha em investigações relativas à essas
violações quando há (i) grave violação de direitos humanos, quando há (ii) risco de responsabilização
internacional do Estado brasileiro e quando há (iii) incapacidade das autoridades locais em dar o correto
tratamento às investigações.

32. (UFMT/DPE-MT - 2016) Sobre a Defensoria Pública na defesa dos direitos humanos, leia o texto.
[...] a Defensoria Pública, instituição essencial do sistema de Justiça pátrio, encarregada da orientação e
defesa das pessoas necessitadas, deve aprimorar a sua atuação na promoção e na defesa dos direitos
humanos, valendo-se inclusive, tanto interna quanto externamente, dos instrumentos e órgãos do Sistema
Interamericano de Direitos Humanos. (MAFEZZOLI, A. A atuação da Defensoria Pública na promoção e defesa
dos Direitos Humanos e o Sistema Interamericano de Direitos Humanos. São Paulo: Defensoria Pública do
Estado de São Paulo.)
Quanto ao exercício da atividade referida no texto e ao processo no Sistema Interamericano de Direitos
Humanos previsto no Pacto de São José da Costa Rica, de 1969, assinale a afirmativa correta.
a) A Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem a atribuição de formular recomendações aos
governos dos Estados signatários da Convenção.
b) Qualquer pessoa, grupo de pessoas, entidade não governamental legalmente reconhecida por um Estado
membro pode apresentar queixa ou denúncia diretamente à Corte Interamericana de Direitos Humanos.
c) O acesso à Corte Interamericana de Direitos Humanos é possível apenas após o esgotamento dos recursos
judiciais internos de um Estado membro para consecução dos dispositivos no Pacto.
d) O autor de uma petição ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos, na forma da Convenção, figurará
em todo o procedimento, prévio e judicial, tal qual um assistente litisconsorcial.
e) Conforme as disposições do Pacto, as recomendações em relatório preliminar e definitivo da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos em resposta à denúncia obrigam os Estados membros.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, pois é o que dispõe o art. 41, “b”, da CADH:

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Artigo 41 - A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos


direitos humanos e, no exercício de seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:

b) formular recomendações aos governos dos Estados-membros, quando considerar


conveniente, no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos
humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como
disposições apropriadas para promover o devido respeito a esses direitos;

A alternativa B está incorreta. Com base no Artigo 61 da Convenção Americana da Direitos Humanos,
somente os Estados Partes e a Comissão têm direito de submeter caso à decisão da Corte.

A alternativa C está incorreta, apesar de ser um requisito, há algumas exceções, conforme estabelece o art.
46, da CADH:

Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos
44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário:

a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com
os princípios de Direito Internacional geralmente reconhecidos;

b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o
presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;

c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de


solução internacional; e

d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o


domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que
submeter a petição.

2. As disposições das alíneas "a" e "b" do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando:

a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para
a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados;

b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos


recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e

c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.

A alternativa D está incorreta. O peticionante não figurará no procedimento apresentado perante a


Comissão. Não há previsão disso na Convenção. Ele será apenas comunicado, via relatório, da solução dada
do problema relatado.

A alternativa E está incorreta. As recomendações da Comissão, tal consta no art. 51, podem ou não sem
cumpridas pelo Estado. Dessa forma, está incorreto dizer que elas “obrigam” o Estado.

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33. (UFMT/DPE-MT - 2016) Em situação hipotética, o Brasil foi condenado em sentença da Corte
Interamericana de Direitos Humanos, que, dentre as determinações estabelecidas, condenou-o ao
pagamento de indenização à família de vítima de violação de direitos humanos em seu território. Sobre
essa sentença, assinale a afirmativa correta.
a) Essa sentença deverá ser apreciada pelo Supremo Tribunal Federal apenas para fim de aplicação da
condenação ao pagamento de indenização.
b) Da decisão não cabe apreciação pelo Supremo Tribunal Federal ou qualquer rito burocrático pelo Estado
para que possa ser efetivada.
c) A decisão da Corte deverá ser imediatamente executada no que tange às outras determinações, porém,
quanto à indenização, passará pelo exame do Supremo Tribunal Federal.
d) As determinações diversas da condenação ao pagamento de indenização devem ser apreciadas pelo
Supremo Tribunal Federal para manifestação quanto à possibilidade de interposição de recurso.
e) A decisão da Corte, em conformidade com o ordenamento jurídico pátrio e fontes de direito internacional
público, é inapelável em sua totalidade.

Comentários

A questão parece complicada, contudo, para responder corretamente basta que você soubesse que a decisão
da corte é inapelável.

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o art. 67, da CADH:

Artigo 67 - A sentença da Corte será definitiva e inapelável. Em caso de divergência sobre


o sentido ou alcance da sentença, a Corte interpretá-la-á, a pedido de qualquer das partes,
desde que o pedido seja apresentado dentro de noventa dias a partir da data da notificação
da sentença

34. (UFMT/DPE-MT - 2016) Sobre os efeitos no Brasil das disposições da Convenção Americana de Direitos
Humanos − o Pacto de São José da Costa Rica, de 1969, assinale a afirmativa correta.
a) Os direitos essenciais do homem não derivam do fato de ser ele nacional de determinado Estado, mas sim
do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana, porém a jurisdição da Corte Interamericana
de Direitos Humanos recai apenas sobre nacional de Estado signatário.
b) Ao assinar a Convenção, o Brasil se comprometeu a adotar todas as medidas necessárias à aplicação de
suas disposições, obtendo prerrogativa supralegal para aplicação imediata de medidas que possam ser, de
acordo com o ordenamento jurídico interno prévio, de competência exclusiva dos Estados federados.
c) A Convenção impõe que o Estado deva adotar não somente medidas legislativas, mas quaisquer outras
que se mostrem necessárias e adequadas à consecução de seus objetivos, mesmo que de natureza
administrativa.
d) A Convenção representa a consolidação de um constitucionalismo regional na América, vide o número de
Estados que a assinaram, somente permitindo recuo na proteção dos direitos nela dispostos na observância
da Lei Maior de cada país.

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e) No que se refere à cooperação a que se obriga o Estado signatário, este deve adotar procedimentos
internos de implementação do Pacto e, quando solicitado, entregar pessoas à Corte Interamericana de
Direitos Humanos.

Comentários

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Vejamos o art. 2º, do Pacto de São José da Costa Rica:

Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno

Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido
por disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados-partes comprometem-se a
adotar, de acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições desta
Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar
efetivos tais direitos e liberdades.

Vejamos o erro das demais alternativas:

A alternativa A está incorreta, uma vez que a jurisdição da corte não recai sobre nacionais (pessoas), mas
sobre Estados.

A alternativa B está incorreta, uma vez que viola a Cláusula Federal (Artigo 28, CADH). O Estado não pode
aplicar medidas de competência dos seus Estados Federados. O que ele deve fazer é agir para que os seus
Estados Federados cumpram com as suas obrigações. Vejam:

Artigo 28.

Cláusula federal

1. Quando se tratar de um Estado Parte constituído como Estado federal, o governo


nacional do aludido Estado Parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção,
relacionadas com as matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.

2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das


entidades componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as
medidas pertinente, em conformidade com sua constituição e suas leis, a fim de que as
autoridades competentes das referidas entidades possam adotar as disposições cabíveis
para o cumprimento desta Convenção.

3. Quando dois ou mais Estados Partes decidirem constituir entre eles uma federação ou
outro tipo de associação, diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário respectivo
contenha as disposições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo Estado
assim organizado as normas da presente Convenção.

A alternativa D está incorreta. Apesar de existirem adeptos à teoria do constitucionalismo regional, a


segunda parte da assertiva está incorreta. A CADH não confere aos Estados Partes a prerrogativa de
excepcionar as suas disposições, ainda que por meio das suas Constituições.

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E a alternativa E está incorreta, uma vez que não há que se falar em “entrega” para a Corte IDH. Além de a
Corte não julgar pessoas, mas só Estados, a “entrega” é um instituto específico do tribunal Penal
Internacional, previsto no Estatuto de Roma.

35. (Sim.FUNCAB/SEGEP-MA - 2016) Acerca da composição da Comissão Interamericana de Direitos


Humanos, assinale assertiva correta.
a) É composta por cinco comissários, eleitos pela Assembleia Geral da OEA, para mandato de dois anos, com
a possibilidade de uma recondução.
b) É composta por oito Comissários, eleitos pela Assembleia Geral da OEA, para mandado de três anos, com
a possibilidade de uma recondução.
c) É composta por cinco comissários, eleitos pela Assembleia Geral da OEA, para mandato de quatro anos,
vedada sua recondução.
d) É composta por dez comissários, eleitos pela Assembleia Geral da OEA, para mandato de dois anos, com
a possibilidade de duas reconduções.
e) É composta por sete comissários, eleitos pela Assembleia Geral da OEA, para mandato de quatro anos,
com a possibilidade de uma recondução.

Comentários

O art. 34, da CADH, estabelece que a Comissão é composta por sete membros, que deverão ser pessoas de
alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos humanos.

Artigo 34 - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos compor-se-á de sete membros,


que deverão ser pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de
direitos humanos.

Além disso, de acordo com o art. 37, 1, da CADH, os membros da comissão serão eleitos por quatro anos e
só poderão ser reeleitos uma vez, sendo que o mandato é incompatível com o exercício de atividades que
possam afetar sua independência e sua imparcialidade, ou a dignidade ou o prestígio do seu cargo na
Comissão.

Artigo 37

1. Os membros da Comissão serão eleitos por quatro anos e só poderão ser reeleitos um
vez, porém o mandato de três dos membros designados na primeira eleição expirará ao
cabo de dois anos. Logo depois da referida eleição, serão determinados por sorteio, na
Assembleia Geral, os nomes desses três membros.

Assim, a alternativa E está correta e é o gabarito da questão.

36. (FUNCAB/SEGEP-MA - 2016) No que tange à Corte Interamericana de Direitos Humanos, assinale a
assertiva correta.
a) Compete emitir opiniões consultivas.
b) Compete promover estudos e capacitação em direitos humanos.

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c) Compete receber petições de vítimas de violação de direitos humanos e recomendar reparação.


d) Compete criar relatórios especiais de direitos humanos em temas ou países.
e) é formada por sete juízes, escolhidos pelos Estados Partes da Convenção, para um mandato de quatro
anos e só poderão ser reeleitos uma vez.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. De acordo com o art. 64, 1, da CADH, à Corte compete
emitir opiniões consultivas.

Artigo 64

1. Os Estados-membros da Organização poderão consultar a Corte sobre a interpretação


desta Convenção ou de outros tratados concernentes à proteção dos direitos humanos nos
Estados americanos. Também poderão consultá-la, no que lhes compete, os órgãos
enumerados no capítulo X da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada
pelo Protocolo de Buenos Aires.

As alternativas B, C e D estão incorretas, pois retratam, todas, atribuições da Comissão e não da Corte.

Por fim, a alternativa E também está incorreta, uma vez que fala em quatro anos, quando a CADH fala em
seis.

37. (TRF-3ªR/TRF-3ªR - 2016) Consideradas as assertivas que se seguem, assinale a alternativa correta:
I. A Corte Interamericana de Direitos Humanos, órgão da Convenção Americana de Direitos Humanos, tem a
finalidade de julgar casos de violação dos direitos humanos ocorridos em países que integram a Organização
dos Estados Americanos (OEA) e reconheçam a sua competência, como o Brasil, que a reconheceu por meio
do Decreto Legislativo nº 89, de 1998, do Senado Federal.
II. O instituto do deslocamento de competência para a Justiça Federal poderá ocorrer, em qualquer fase
processual, com relação a inquéritos e processos em trâmite na Justiça Estadual, com a finalidade de
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratado internacional de direitos humanos do qual
o Brasil seja parte, mediante requerimento do Procurador-Geral da República perante o Supremo Tribunal
Federal, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos.
III. Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou
última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida contrariar tratado ou negar-lhe vigência.
IV. O Tribunal Penal Internacional, criado pelo Estatuto de Roma de 1998 promulgado pelo Decreto nº 4.388,
de 25.9.2002, tem competência para julgar crime de genocídio; crimes contra a humanidade; crimes de
guerra e crime de agressão, todos imprescritíveis, em relação às violações praticadas depois da entrada em
vigor do Estatuto de Roma.
a) As assertivas I e II estão incorretas.
b) Somente a assertiva II está incorreta.
c) Somente a assertiva IV está incorreta.
d) Todas as assertivas estão corretas.

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Comentários

Vamos analisar cada um dos itens.

O item I está incorreto. A Corte Interamericana de Direitos Humanos é órgão jurisdicional apenas da CADH,
portanto não faz parte da OEA, ao contrário da Comissão Interamericana de DH.

O item II está incorreto. De acordo com o art. 109, §5º, da CF/88, o incidente de deslocamento de
competência deve ser suscitado perante STJ e não no STF.

§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da


República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

O item III está correto, pois é o que dispõe o art. 105, III, “a”, da Constituição Federal:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

O item IV está correto, com base no art. 5º, 1, do Decreto nº 4.388/02:

Artigo 5o

Crimes da Competência do Tribunal

1. A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a


comunidade internacional no seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal
terá competência para julgar os seguintes crimes:

a) O crime de genocídio;

b) Crimes contra a humanidade;

c) Crimes de guerra;

d) O crime de agressão.

Além disso, o art. 29, da CF/88, prevê que os crimes da competência do Tribunal não prescrevem.

Portanto, a alternativa A está correta e é o gabarito da questão.

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38. (CS-UFGO/DPE-GO - 2014) No que se refere aos direitos humanos, quanto aos pactos internacionais e
à incorporação de normas internacionais em geral e dos tratados no ordenamento jurídico interno,
especialmente do Brasil, compreende-se que:
a) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem como uma de suas atribuições a de estimular a
consciência dos direitos humanos em relação aos povos da América.
b) o Pacto de São José da Costa Rica (1969) é uma das mais importantes normas internacionais e foi aprovado
imediatamente no Brasil, sem nenhuma restrição ou reserva
c) a Lei Maria da Penha resultou do descumprimento à decisão da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, que condenou o Brasil por negligência e omissão em relação à violência familiar e infantil.
d) o Supremo Tribunal Federal entendeu que os tratados internacionais de direitos humanos são normas
secundárias, assegurando o cumprimento da norma constitucional, que prevê asilo político exclusivo de
diplomatas.
e) o direito de renúncia de ser assistido por um defensor do Estado, segundo as convenções internacionais,
é assegurado ao acusado, ainda que fique sem defesa por si próprio ou por advogado constituído.

Comentários

Vejamos cada uma das alternativas.

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, uma vez que constitui uma das funções do Pacto de
San José da Costa Rica, conforme dispositivo abaixo citado:

Artigo 41 - A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos


direitos humanos e, no exercício de seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:

a) estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América;

A alternativa B está incorreta. O Pacto demorou para sem aprovado e internalizado em nosso ordenamento
jurídico. Vejamos a linha do tempo abaixo:

1969 1992 1992 1992

• Edição do • Aprovação • Ratificação •


Pacto de pelo e depósito Promulgaçã
San José Cogresso pelo o interna
da Costa Nacional Presidente pelo
Rica por meio da Decreto do
do Decreto República Executivo
Legislativo 678/1992
27/1992.

A alternativa C está incorreta posto que a condenação foi direta, não houve descumprimento pelo Brasil às
determinações da Comissão, que fixou indenização e obrigações ao Estado Brasileiro. A título de curiosidade,
vejamos algumas linhas sobre o caso Maria da Penha.

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Em 1998, a Sra. Maria da Penha Maia Fernandes, juntamente com duas organizações não-governamentais
(CEJIL-Brasil e CLADEM-Brasil) encaminharam à Comissão Interamericana, reclamou, contra o Estado
brasileiro, a defesa dos seus direitos humanos, em face das violações domésticas sofridas.

Relata-se que a Sra. Maria Penha sofreu diversas agressões e ameaça do seu ex-marido, sendo, inclusive,
vítima de tentativa de homicídio com dois tiros nas costas enquanto dormia, o que a deixou paraplégica. O
agressor tentou eximir-se da culpa e, duas semanas após, em nova tentativa de homicídio por parte do seu
ex-marido, ele tentou eletrocutá-la durante o banho. Não mais aguentando a situação, superou as emaças e
medo e separou-se.

Houve o ingresso da ação penal, com a produção de diversas provas dando conta da autoria dos fatos pelo
ex-marido, contudo, mesmo após 15 anos, ainda permanecia em liberdade, não havendo decisão definitiva.

Em face disso, a Sra. Maria da Penhora, juntamente com a CEJIL-Brasil e com a CLADEM-Brasil ingressa contra
o Brasil na Comissão Interamericana denunciando o padrão sistemático de omissão e negligência em relação
à violência doméstica e familiar contra as mulheres brasileiras.

Após o trâmite do procedimento internacional, o Estado brasileiro foi condenado por negligência, omissão e
tolerância em relação à violência doméstica contra as mulheres, fazendo uma série de recomendações, entre
as quais:

• Finalizar a apuração da autoria dos delitos praticados contra a Sra. Maria da Penha;
• Apurar a responsabilidade pelo atraso injustificado no trâmite processual interno; e
• Adotar políticas públicas voltadas à prevenção, punição e erradicação da violência contra a mulher.

Sobre a importância do caso Maria da Penha, ensina Flávia Piovesan12:

À luz desse contexto, o caso Maria da Penha permitiu, de forma emblemática, romper com
a indivisibilidade que acoberta este grave padrão de violência de que são vítimas tantas
mulheres, sendo símbolo de uma necessária conspiração contra a impunidade.

Em 2002, houve a prisão do réu, encerrando-se o longo ciclo de impunidade que envolveu o presente caso.
Posteriormente, em razão desse caso paradigmático foi votada e aprovada a Lei nº 11340/2006, que ficou
denominada de Lei Maria da Penha.

A alternativa D está totalmente incorreta, não é mesmo? Os tratados internacionais de direitos humanos
receberam tratamento privilegiado em nosso ordenamento, fato reconhecido e ratificado pelo STF, que
considerou os tratados internacionais como normas supralegais ou constitucionais a depender do quórum
de aprovação.

A alternativa E, por fim, também está incorreta. O erro está na parte final da assertiva, quando se diz “ainda
que fique sem defesa por si próprio ou por advogado constituído”. Segundo a CADH, durante o processo,
todo o acusado tem o direito de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua

12
PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos, p. 337.

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escolha (Artigo 8, 2, “d”), mas sempre ou um ou outro. O que não pode ocorrer é o acusado dispensar a
defesa pública e, ainda, não se defender por si próprio ou por advogado constituído.

39. (UESPI/PC-PI - 2014) A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica)
prevê, no item 2, do art.8º, como garantias judiciais, EXCETO,
a) necessária motivação das decisões judiciais.
b) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua defesa.
c) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.
d) direito de não ser obrigado a depor contra si mesmo, nem a declarar-se culpado.
e) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada.

Comentários

Pessoal, questão bastante tranquila. Para tanto devemos lembrar as garantias judiciais estabelecidas no art.
8º do Pacto de San José da Costa Rica. Vejamos o dispositivo abaixo e atentem-se para os destacados:

Artigo 8º - Garantias judiciais

1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou
na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de
qualquer outra natureza.

2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto
não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito,
em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:

a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um tradutor ou intérprete, caso


não compreenda ou não fale a língua do juízo ou tribunal;

b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;

c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa;

d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de


sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor;

e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado,


remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele
próprio, nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no Tribunal e de obter o


comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz
sobre os fatos;

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g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada; e

h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.

Portanto, a única hipótese não contemplada é a alternativa A, gabarito da questão.

40. (IBFC/PC-SE - 2014) O Decreto n° 678/92 promulgou a Convenção Americana sobre Direitos Humanos,
também conhecido como Pacto de São José da Costa Rica. Segundo entendimento pacificado pelo
Supremo Tribunal Federal, o referido diploma possui natureza jurídica de:
a) Norma constitucional.
b) Norma supralegal.
c) Lei ordinária.
d) Decreto legislativo.

Comentários

Embora não tenhamos tratado desse assunto nesta aula, vimos na Aula 00 que o Pacto de San José da Costa
Rica foi incorporado em nosso ordenamento jurídico como uma norma supralegal, em face da alteração
promovida pela EC nº 45/2004 e, notadamente, em razão do entendimento do STF ao se pronunciar sobre a
impossibilidade da prisão civil por dívida, dada a vedação constante expressamente no referido documento.

Portanto, a alternativa B é a correta e gabarito da questão.

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LISTA DE QUESTÕES

Outras Bancas

1. (INSTITUTO ACESSO/PC-ES - 2019) A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) fez uma
visita in loco ao Brasil, entre 5 e 12 de novembro de 2018, em função de convite formulado pelo Estado
brasileiro realizado em 29 de novembro de 2017. O objetivo foi o de observar a situação dos direitos
humanos no país. Entre os itens constantes de seu relatório, a CIDH apontou para “o grave contexto
de violações aos direitos humanos das mulheres negras e da juventude pobre da periferia. São os
pobres e os afrodescendentes aqueles que seguem sendo desproporcionalmente as principais vítimas
de violações aos direitos humanos no Brasil. Estes são mortos às dezenas e milhares, sem investigação,
julgamento, punição ou reparação adequados”. Os termos exarados encontram-se de acordo com as
atribuições da CIDH, que
a) pode solicitar que a Corte Interamericana requeira “medidas provisionais” dos Governos em casos
urgentes de grave perigo às pessoas, ainda que o caso não tenha sido submetido à Corte.
b) expede “Pareceres”, em caráter consultivo, à Corte Interamericana, sobre aspectos de interpretação
da Convenção Americana, podendo inclusive sugerir providências para solução dos problemas observados.
c) zela pelo cumprimento geral dos direitos humanos nos Estados-membros, publica as informações
especiais sobre a situação em um estado específico e as envia à Assembleia Geral da OEA para as sanções
cabíveis,
d) realiza visitas in loco aos países, ao receber petições individuais que alegam violações dos direitos
humanos, segundo o disposto nos artigos 44 a 51 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, com o
intuito de aprofundar a observação geral da situação, e/ou para investigar uma situação particular.
e) faz recomendações aos Estados-membros da OEA acerca da adoção de medidas para corrigir as práticas
de violações e adotar medidas de promoção e garantia dos direitos humanos.

2. (IBFC/PM-BA - 2020) A Convenção Americana de Direitos Humanos, também chamado de Pacto de San
José da Costa Rica, foi assinado em 22 de novembro de 1969 e ratificado pelo Brasil em setembro de
1992. Ela busca consolidar entre os países americanos um regime de liberdade pessoal e justiça
pessoal, fundado no respeito aos direitos humanos essenciais, independentemente do país onde a
pessoa resida ou tenha nascido. Assim, quanto ao seu âmbito de proteção, analise as afirmativas
abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
( ) Não existe nenhuma relação entre o Pacto de San Jose da Costa Rica e a Declaração Universal dos Direitos
Humanos.
( ) Sobre os deveres das pessoas, determina que toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade
e a humanidade.
( ) Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os
juízes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos fundamentais
reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal violação seja
cometida por pessoas que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais.

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( ) Algumas disposições do Pacto de San José da Costa Rica podem excluir outros direitos e garantias que são
inerentes ao ser humano ou que decorrem da forma democrática representativa de governo.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.
a) V, V, V, V
b) V, V, F, F
c) V, F, F, V
d) F, F, V, V
e) F, V, V, F

3. (IBFC/CBM-BA - 2020) Dispõe a Convenção Americana sobre Direitos Humanos que os Estados
americanos signatários reconheçam que os direitos essenciais do homem não derivam do fato de ser
ele nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa
humana, razão por que justificam uma proteção internacional, de natureza convencional, coadjuvante
ou complementar da que oferece o direito interno dos Estados americanos. Sobre os deveres dos
Estados e direitos protegidos, assinale a alternativa correta.
a) Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral,
desde o momento do nascimento
b) Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral, sendo permitida a
tortura em casos de terrorismo
c) Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica
d) Constitui trabalho forçado ou obrigatório o serviço militar
e) Autoriza a prisão do depositário infiel e do devedor de alimentos

4. (Instituto AOCP/PC-ES-2019) A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, de 22 de novembro de


1969, também conhecida como Pacto de São José da Costa Rica, foi incorporada ao Direito Brasileiro
por meio do Decreto nº 678/1992. Segundo essa importante legislação internacional, é correto afirmar
que
a) as penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a punição, a reforma e a readaptação
social dos condenados.
b) toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território estiver domiciliada, se não tiver
direito à outra.
c) toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade
autorizada pela lei a exercer funções judiciais.
d) todo o acusado tem direito de defender- se, devendo, contudo, ser assistido por um defensor de sua
escolha.
e) em casos expressamente previstos em lei é autorizada a expulsão coletiva de estrangeiros.

5. (IBGP-GM/Pref Jacutinga-2019) De acordo com a Convenção Americana de Direitos Humanos ("Pacto


de San José da Costa Rica"), e CORRETO afirmar que:

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a) Em alguns casos é permitida a pena de morte ser aplicada a delitos políticos e & delitos comuns, desde
que conexos com delitos políticos.
b) Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.
c) As torturas e as penas cruéis, podem ser liberadas por autoridades judiciárias.
d) Os processados não precisam ficar separados dos condenados, mas devem ser submetidos a tratamento
adequado à sua condição de pessoas não condenadas.

6. (IADES/IRBr-2019) No que tange à relação do Brasil com as organizações internacionais, bem como aos
procedimentos de negociação e internalização de convenções e tratados internacionais, julgue o item
a seguir.
O Pacto de San José da Costa Rica, aderido pelo Brasil e reconhecido no respectivo ordenamento como
norma de caráter supralegal por decisão do Supremo Tribunal Federal, prevê, no próprio texto original,
direitos humanos de primeira e segunda gerações.

7. (UNEB/CBM BA-2019) Assinale a alternativa que completa adequadamente o trecho destacado:


A Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos (Pacto São José da Costa Rica), art. 7º, 7.5 e o Pacto
Internacional dos Direitos Civis e políticos, art. 9º, 9.3, determinam que toda pessoa detida ou retida deve
ser conduzida sem demora à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções
judiciais, em até , audiência de custódia, viabilizando o comparecimento do preso perante a autoridade
judiciária no prazo máximo de , contados do momento da prisão [STF. ADPF 347 MC, rel. min. Marco
Aurélio, P, j. 9-9-2015, DJE, de 19-2-2106].
a) 30 dias e 24 horas.
b) 60 dias e 48 horas.
c) 90 dias e 72 horas.
d) 90 dias e 24 horas.
e) 60 dias e 24 horas.

8. (CRS (PM MG)/PM MG-2019) Considerando as disposições contidas exclusivamente na Convenção


Americana Sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica – Decreto n. 678/1992), analise
as proposições abaixo e marque a alternativa CORRETA:
I. Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no caso de haver sido condenada em sentença
passada em julgado, por erro judiciário, exceto os criminosos reincidentes.
II. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade, exceto aqueles
considerados criminosos reincidentes, em virtude de sua não adesão ao contrato social.
III. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de conservar sua
religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, exceto os não cristãos, em virtude de
professarem religião não aceita.
IV. A lei deve proibir toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitação à
discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência, exceto a propaganda a favor da guerra quando
necessária ao fortalecimento do sentimento nacionalista.
a) Apenas duas alternativas estão incorretas.
b) Apenas a alternativa IV está correta.

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c) Apenas a alternativa I está correta.


d) Nenhuma alternativa está correta.

9. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Sobre a prisão civil, analise as seguintes afirmativas e a relação proposta
entre elas.
I. Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Políticos e à Convenção Americana sobre Direitos Humanos, não há mais base legal para prisão
civil do depositário infiel.
UMA VEZ QUE
II. O artigo 5°, LXVII, da Constituição Federal de 1988, no que diz respeito à prisão civil por dívida
do depositário infiel, foi revogado pela ratificação do Pacto de São José da Costa Rica.
A respeito dessas afirmativas e da relação entre elas, é correto afirmar que
a) a afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
b) as afirmativas I e II são verdadeiras, mas a II não é a justificativa da I.
c) as afirmativas I e II são verdadeiras, e a II é a justificativa da I.
d) a afirmativa I é falsa, e a II é verdadeira.

10. (AOCP/PM-TO - 2018) O Pacto São José da Costa Rica foi recepcionado no ordenamento jurídico
brasileiro pelo Decreto nº 678/92. Acerca dessa norma internacional de proteção aos direitos humanos
ratificada pelo Brasil, assinale a alternativa correta.
a) A Convenção prevê que os pais e, quando for o caso, os tutores têm o dever de ensinar a seus filhos ou
pupilos a educação religiosa e moral oficial do Estado onde vivem.
b) A Convenção prevê que “Pode ser restabelecida a pena de morte nos Estados que a hajam abolido, desde
que de forma motivada”.
c) A Convenção prevê que ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos
países em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa da liberdade acompanhada de trabalhos
forçados, esta disposição não pode ser interpretada no sentido de que proíbe o cumprimento da dita pena,
imposta por juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade nem a capacidade
física e intelectual do recluso.
d) As pessoas podem ser condenadas por ações ou omissões que, no momento em que forem cometidas,
não sejam delituosas, se assim estiver disposto no direito aplicável. Pode, ainda, ser imposta pena mais grave
que a aplicável no momento da perpetração do delito. No entanto, se depois da perpetração do delito, a lei
dispuser a imposição de pena mais leve, o delinquente será por isso beneficiado.
e) Dentro do direito à proteção judicial, os Estados-Partes comprometem-se: a) a assegurar que a autoridade
competente prevista pelo sistema legal do Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que interpuser tal
recurso; b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e c) a assegurar o cumprimento, pelas
autoridades competentes, das decisões que julgarem convenientes de acordo com a discricionariedade do
órgão julgador.

11. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Considerando a Defensoria Pública, a tortura e a violência estatal, analise as
afirmativas a seguir.

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I. Durante as entrevistas que antecedem a realização das audiências de custódia, o defensor público deve
questionar o preso entrevistado sobre a ocorrência de qualquer violação à integridade física ou psíquica do
conduzido, sem instaurar procedimento para averiguação do caso, uma vez que a Defensoria Pública não
exerce o controle externo da atividade policial.
II. Tortura é todo ato pelo qual são infligidos intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos
ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de intimidação, como castigo pessoal, como
medida preventiva, como pena ou com qualquer outro fim. Configura tortura a aplicação, sobre uma pessoa,
de métodos tendentes a anular a personalidade da vítima que não causem dor física ou angústia psíquica.
III. A Corte Interamericana de Direitos Humanos considera que o elemento essencial de uma investigação
penal sobre uma morte decorrente de intervenção policial é a garantia de que o órgão investigador seja
independente. Essa independência não implica a ausência de relação institucional ou hierárquica, podendo
o possível acusado pertencer ao mesmo órgão a que a investigação for atribuída.
Está(ão) incorreta(s) a(s) afirmativa(s)
(A) I e II, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.

12. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Sobre a prisão civil, analise as seguintes afirmativas e a relação proposta
entre elas.
I. Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e à
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, não há mais base legal para prisão civil do depositário infiel.
UMA VEZ QUE
II. O artigo 5°, LXVII, da Constituição Federal de 1988, no que diz respeito à prisão civil por dívida do
depositário infiel, foi revogado pela ratificação do Pacto de São José da Costa Rica.
A respeito dessas afirmativas e da relação entre elas, é correto afirmar que
(A) a afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
(B) as afirmativas I e II são verdadeiras, mas a II não é a justificativa da I.
(C) as afirmativas I e II são verdadeiras, e a II é a justificativa da I.
(D) a afirmativa I é falsa, e a II é verdadeira.

13. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Sobre os Direitos Humanos e a sua proteção, assinale a alternativa correta.
(A) O status migratório de uma pessoa é transmitido aos filhos, não bastando o nascimento da pessoa no
território para a aquisição da nacionalidade, mesmo que a pessoa não tenha direito a outra nacionalidade
que não a do Estado onde nasceu.
(B) Em caso de emergência que ameace a independência ou segurança do Estado-Parte, este poderá adotar
disposições que suspendam obrigações contraídas em virtude da Convenção Interamericana sobre Direitos
Humanos.
(C) É permitida a expulsão coletiva de estrangeiros somente em casos extremos e excepcionais, tais como o
de uma imigração em massa que gere, inadvertidamente, uma profunda crise migratória.

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(D) Em obediência à garantia da independência e ao princípio da aderência ao território, o poder judiciário


brasileiro não está internacionalmente obrigado a exercer um “controle de convencionalidade” entre as
normas internas e a Convenção Americana.

14. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Acerca do(s) posicionamento(s) do STF (ADPF 153/DF) e da Corte
Interamericana de Direitos Humanos (Caso Gomes Lund e outros vs. Brasil) sobre a Lei nº 6.683/79 (Lei
da Anistia), quanto à sua extensão aos crimes praticados pelos agentes do Estado contra os que
lutavam contra o Estado de exceção, assinale a alternativa correta.
(A) Segundo o STF, a Lei estendeu a conexão aos crimes praticados pelos agentes do Estado contra os que
lutavam contra o Estado de exceção; daí o caráter bilateral da anistia. Enquanto que, para a Corte
Interamericana de Direitos Humanos, as disposições da Lei de Anistia brasileira não podem continuar a
representar um obstáculo para a investigação dos fatos nem para a identificação e punição dos responsáveis.
(B) Segundo o STF, as disposições da Lei de Anistia brasileira não podem continuar a representar um
obstáculo para a investigação dos fatos nem para a identificação e punição dos responsáveis. Enquanto que,
para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, a Lei estendeu a conexão aos crimes praticados pelos
agentes do Estado contra os que lutavam contra o Estado de exceção; daí o caráter bilateral da anistia.
(C) Tanto o STF, quanto a Corte Interamericana de Direitos Humanos, entenderam que a Lei estendeu a
conexão aos crimes praticados pelos agentes do Estado contra os que lutavam contra o Estado de exceção;
daí o caráter bilateral da anistia. A Lei nº 6.683/79 precede a Convenção das Nações Unidas contra a Tortura
e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes e não alcança, por impossibilidade
lógica, anistias anteriormente à sua vigência consumadas.
(D) Tanto o STF, quanto a Corte Interamericana de Direitos Humanos, entenderam que as disposições da Lei
de Anistia brasileira, que impedem a investigação e a sanção de graves violações de Direitos Humanos,
carecem de efeitos jurídicos. Em consequência, não podem continuar a representar um obstáculo para a
investigação dos fatos, nem para a identificação e punição dos responsáveis, nem podem ter igual ou similar
impacto sobre outros casos de graves violações de direitos humanos.

15. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Sobre os Direitos Humanos e a sua proteção, assinale a alternativa
incorreta.
(A) O Estado não pode alegar sua estrutura federal para deixar de cumprir uma obrigação internacional de
Direitos Humanos. Os Estados devem assegurar o respeito e a garantia de todos os direitos reconhecidos,
sem limitação nem exceção alguma com base na referida organização interna.
(B) A liberdade em consentir desautoriza a alegação de ofensa aos Direitos Humanos. Ou seja, estes não
limitam a autonomia privada, principalmente em face dos reflexos da igualdade formal das partes.
(C) Para a Escola Positivista, os Direitos Humanos justificam-se graças a sua validade formal, tendo como
fundamento a existência da lei positiva, cujo pressuposto de validade se encontra em sua edição, conforme
as regras estabelecidas na Constituição.
(D) Os Estados-Partes possuem o dever geral de se adaptar às disposições da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos. Esse dever implica a supressão das práticas de qualquer natureza que impliquem violação
às garantias nela previstas, inclusive com a edição de medidas legislativas que forem necessárias para tornar
efetivas tais disposições.

16. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) De acordo com a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e o
Regulamento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, com a finalidade de decidir quanto à
admissibilidade do assunto, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos verificará se foram

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interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de Direito


Internacional geralmente reconhecidos.
O assunto será admitido quando presentes uma das hipóteses a seguir, exceto:
(A) Houver atraso injustificado na decisão sobre os mencionados recursos.
(B) Não existir, na legislação interna do Estado, o devido processo legal para a proteção do direito ou dos
direitos que se alegue tenham sido violados.
(C) Os recursos previstos na legislação interna do Estado não possuírem efeito suspensivo para impedir a
violação do direito ou dos direitos que se alegue tenham sido violados.
(D) Não se tenha permitido, ao suposto lesado em seus direitos, o acesso aos recursos da jurisdição interna,
ou houver sido ele impedido de esgotá-los.

17. (FUNDEP/DPE-MG - 2019) Segundo a Corte Interamericana de Direitos Humanos, no Parecer


consultivo sobre identidade de gênero, igualdade e não discriminação entre casais do mesmo sexo (OC
24/2017), os critérios específicos em virtude dos quais é proibido discriminar, segundo o art. 1.1 da
Convenção Americana, não constituem um rol taxativo ou limitado, mas meramente enunciativo.
Nesse sentido, a redação desse artigo deixa em aberto os critérios, com a inclusão da expressão “outra
condição social”, para incorporar outras categorias que não tenham sido explicitamente mencionadas.
Nesse contexto, qual foi o princípio interpretativo utilizado?
(A) Pro genera
(B) Pro communitas
(C) Pro diversitas
(D) Pro homine

18. (FUMARC/PC-MG - 2018) Sobre a Corte Interamericana de Direitos Humanos, é CORRETO afirmar:
(A) O Estado brasileiro reconheceu a competência jurisdicional da Corte Interamericana em dezembro de
1998.
(B) É órgão jurisdicional do sistema regional, composto por 15 juízes nacionais de Estados Membros da OEA,
eleitos a título pessoal pelos Estados Partes da Convenção.
(C) A Corte Interamericana não apresenta competência consultiva.
(D) A Comissão Interamericana e os Estados Partes podem submeter um caso à Corte Interamericana,
admitida a legitimação do indivíduo, nos termos da Convenção Americana.

19. (IBFC/AGEPEN-MG - 2018) Assinale a alternativa correta. Segundo a CONVENÇÃO AMERICANA DE


DIREITOS HUMANOS (1969), toda pessoa acusada de um delito tem direito durante o processo às
seguintes garantias mínimas:
a) O processo penal deve ser privado, de modo a preservar os interesses da justiça e da sociedade
b) O direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um tradutor ou intérprete, caso não compreenda
ou não fale a língua do juízo ou tribunal
c) A comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada deve ser obrigatoriamente
bilíngue (inglês e língua oficial do pais, no qual aconteceu o delito)

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d) A concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa será de 30 (trinta)
dias corridos, a contar da publicação em órgão oficial
e) Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro do prazo máximo de 7 (sete)
dias, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na
apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e
obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza

20. (FEPESE/PC-SC - 2017) É correto afirmar sobre a natureza e o regime jurídico da Corte Interamericana
de Direitos Humanos.
a) A Corte Interamericana de Direitos Humanos é uma instituição judiciária autônoma.
b) A Corte Interamericana de Direitos Humanos é uma instituição legislativa e consultiva.
c) A Corte Interamericana de Direitos Humanos é uma organização internacional que integra os Estados
Unidos da América.
d) A Corte Interamericana de Direitos Humanos é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos.
e) A Corte Interamericana de Direitos Humanos equipara-se a um Estado estrangeiro nas suas relações como
os demais Estados Membros.
21. (FAPEMS/PC-MS - 2017) Na seara dos tratados e das convenções internacionais sobre direitos
humanos incorporados pelo ordenamento jurídico brasileiro, destaca-se a Convenção Americana de
Direitos Humanos. Também conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, tal Convenção foi
adotada em 22 de novembro de 1969, durante a Conferência Especializada Interamericana sobre
Direitos Humanos. Sobre ela, é correto afirmar que
a) em seu bojo, dentre os direitos protegidos, destaca a proteção à família, embora se omita sobre o direito
da criança.
b) no âmbito regional trata-se do documento mais importante do sistema interamericano, excluindo a
subordinação ao sistema global de proteção dos direitos humanos.
c) estabelece como competentes para conhecerem os assuntos relacionados com o cumprimento dos
compromissos assumidos pelos Estados-Partes a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte
Interamericana de Direitos Humanos.
d) embora assinada em 1969, foi ratificada pelo Brasil apenas em 1988, possivelmente em razão da
resistência do regime militar em acolher os compromissos nela estipulados.
e) reitera princípios consagrados na Carta da Organização dos Estados Americanos, na Declaração Americana
dos Direitos e Deveres do Homem e no Estatuto de Roma.

22. (UECE-CEV/SEAS – CE - 2017) Leia atentamente os excertos a seguir:


“[...] é um dos órgãos da OEA dedicados à proteção dos direitos humanos nas Américas. É sediada na cidade
de Washington, capital dos EUA, e tem suas atividades reguladas pelo Pacto de São José [...]”;
“[...] não é órgão jurisdicional, assemelhando-se, nesse sentido, aos órgãos de tratados da ONU. É composta
por sete membros, que deverão ser pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de
direitos humanos, eleitos pela Assembleia-Geral da OEA para um mandato de quatro anos, com direito a
uma reeleição subsequente”.

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O órgão pertencente à Organização dos Estados Americanos — OEA —, a que os trechos acima se referem,
é denominado
a) Corte Interamericana de Direitos Humanos.
b) Conselho de Direitos Humanos da OEA.
c) Alto Comissariado da OEA para os Direitos Humanos.
d) Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

23. (UECE-CEV/SEAS-CE - 2017) Quanto à posição hierárquica do Pacto de São José da Costa Rica, no
ordenamento jurídico brasileiro, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal — STF —, é
correto afirmar que
a) tem hierarquia equivalente às Emendas Constitucionais.
b) tem caráter infralegal.
c) tem caráter supralegal.
d) tem hierarquia equivalente às Leis Ordinárias.

24. (TRF-2ª R/TRF-2ªR - 2017) No que diz respeito à força legal da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, assinale a opção correta:
a) Por consistir em Tratado de Direitos Humanos firmado antes de 1988, mas promulgado internamente pelo
Brasil somente em 1992. o Tratado em questão atrai a incidência do § 2o do artigo 5o da Constituição, razão
pela qual as normas protetivas nele previstas ostentam caráter supralegal.
b) vigência da Constituição de 1988, mas promulgado internamente pelo Brasil somente em 2007, o Tratado
em questão atrai a incidência do § 3o do artigo 5o da Constituição, razão pela qual as normas protetivas nele
previstas ostentam caráter constitucional.
c) Por consistir em Tratado de Direitos Humanos firmado antes da vigência da Constituição de 1988, mas
promulgado internamente pelo Brasil somente em 1992, o Tratado em questão atrai a incidência do § 3o do
artigo 5o da Constituição, razão pela qual as normas protetivas nele previstas ostentam caráter supralegal.
d) Por se tratar de Tratado de Direitos Humanos firmado após a vigência da Constituição de 1988, mas
promulgado internamente pelo Brasil somente em 2007, o Tratado em questão atrai a incidência do § 2o do
artigo 5o da Constituição, razão pela qual as normas protetivas nele previstas ostentam caráter
constitucional.
e) Sendo um Tratado de Direitos Humanos firmado antes da vigência da Constituição de 1988, mas
promulgado internamente pelo Brasil somente em 1992, o Tratado em questão atrai a incidência do § 3o do
artigo 5“ da Constituição, razão pela qual as normas protetivas nele previstas ostentam caráter
constitucionalizado.

25. (IBADE/SEJUDH-MT - 2017) Considerando a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, é correto
afirmar que:
a) estabelece que o direito à reunião não se submete à qualquer restrição.
b) não trata de delitos ou de direitos políticos.
c) permite a escravidão
d) o Brasil não é signatário desta Convenção.

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e) a pena de morte não pode ser restabelecida nos Estados em que tenha sido abolida.

26. (FUNCAB/PC-PA - 2017) Sobre as garantias penais e processuais previstas na Convenção Americana
sobre Direitos Humanos, é correto afirmar que:
a) a duração razoável do processo, no que concerne à pessoa privada de sua liberdade, não encontra
referência explícita na Convenção, ao contrário da necessária e imediata apresentação da pessoa a um juiz,
expressamente mencionada.
b) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), analisando o art. 13 do Pacto de São José da
Costa Rica, entendeu que a incriminação do desacato não é compatível com o texto da Convenção.
c) determina a Convenção que todo processo penal deve ser público, sendo vedada qualquer espécie de
sigilo, a fim de que a sociedade possa fiscalizar a correta aplicação das garantias processuais.
d) o Pacto de São José da Costa Rica estabelece a presunção de inocência enquanto não provada legalmente
a culpa da pessoa, repudiando expressamente a execução da pena após sentença condenatória em segunda
instância.
e) a teoria concepcionista, que, em linhas gerais estabelece a proteção à vida desde o momento da
concepção, encontra respaldo no art. 4. da Convenção e determina de forma inquestionável o momento em
que surge a vida intrauterina e, consequentemente, a interpretação sobre a abrangência do abortamento
criminoso.

27. (FEPESE/SJC-SC - 2016) Sobre a Corte Interamericana de Direitos Humanos, é correto afirmar:
a) Sediada em San José (Costa Rica) é uma instituição judiciária autônoma cujo objetivo é a aplicação e a
interpretação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
b) A Corte compor-se-á de cinco juízes, nacionais dos Estados membros da Organização, eleitos a título
pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de direitos
humanos.
c) Os juízes da Corte serão eleitos, em votação aberta e pelo voto da maioria absoluta dos Estados-Partes na
Convenção.
d) Os juízes da Corte serão eleitos por um período de seis anos e não poderão ser reeleitos.
e) O quórum para as deliberações da Corte é constituído por quatro juízes.

28. (FEPESE/SJC-SC - 2016) Podem submeter casos para decisão da Corte Interamericana de Direitos
Humanos:
a) Apenas os Estados-Partes da Convenção Americana de Direitos Humanos.
b) Apenas a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
c) Qualquer pessoa e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
d) Qualquer pessoa e os Estados-Partes da Convenção Americana de Direitos Humanos.
e) Os Estados-Partes da Convenção Americana de Direitos Humanos e a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos.

29. (UFMT/DPE-MT - 2016) Em relação ao processo de recebimento de uma petição direcionada à


Comissão Interamericana de Direitos Humanos por violação ao Pacto de São José da Costa Rica, de
1969, assinale a afirmativa correta.

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a) A Comissão não poderá declarar a inadmissibilidade da petição ou comunicação com base em informações
supervenientes.
b) A Comissão não poderá proceder a uma conciliação entre as partes conflitantes, seja pessoa ou grupo de
pessoas ou Estados, antes de submeter o caso à apreciação da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
c) A Comissão pode receber comunicação de violação a direitos humanos no pacto referido por Estado que
não tenha, no momento da ratificação da Convenção, declarado que reconhece a competência daquela,
mesmo que em desfavor de outro Estado-parte em igual condição.
d) A Comissão poderá arquivar a petição em que se alega violação de direitos humanos por um Estado, sem
instauração de qualquer investigação, após o recebimento de informações deste.
e) A Comissão não pode declarar inadmissível uma petição que seja substancialmente reprodução de outra
anterior que tenha sido examinada por outro organismo internacional.

30. (UFMT/DPE-MT - 2016) Sobre jurisdição e responsabilidade internacional, no que se refere à proteção
dos Direitos Humanos, assinale a afirmativa correta.
a) Os Estados que aderiram à Convenção Americana de Direitos Humanos submetem-se a sua jurisdição,
excluindo-se, assim, aquela prevista na Carta da Organização dos Estados Americanos, quando da violação
de direitos humanos.
b) Hoje, para que um Estado possa aderir à Organização dos Estados Americanos, deve ser membro da
Convenção Americana de Direitos Humanos.
c) A Comissão Interamericana de Direitos Humanos foi criada pela Convenção Americana de Direitos
Humanos, com a função exclusiva de receber denúncias de violação a direitos humanos nos Estados-
membros da Convenção.
d) A Convenção Americana de Direitos Humanos prevê um sistema de responsabilização por violação aos
direitos nela reconhecidos; os Estados que a ela aderirem, seguindo o procedimento de adoção de tratado
internacional, externa e internamente, exercem jurisdição subsidiária no que se refere à proteção desses
direitos.
e) A Comissão Interamericana de Direitos Humanos exerce dupla função na proteção de direitos humanos:
uma no âmbito da própria Organização dos Estados Americanos e outra dentro do sistema da Convenção
Americana de Direitos Humanos.

31. (UFMT/DPE-MT - 2016) Sobre a eficácia na proteção dos direitos reconhecidos na Convenção
Americana de Direitos Humanos por instituições públicas no Brasil, assinale a afirmativa correta.
a) O Brasil deve cumprir, de forma voluntária, as decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
b) Atualmente, graves violações a direitos humanos, assim caracterizados pela Convenção, deverão ser
julgadas na Justiça Federal.
c) A federalização dos crimes graves contra direitos humanos refere-se à obrigatoriedade do Estado em criar
mecanismos legais e administrativos para que tais sejam julgados pelo Superior Tribunal de Justiça.
d) Quando houver conflito de competência quanto a direitos que possam envolver caso grave de violação a
direitos humanos, caberá ao Supremo Tribunal Federal dirimi-lo.
e) Os Estados Federados no Brasil também se obrigam às disposições da Convenção, podendo ser
interpelados na Corte Interamericana de Direitos Humanos, por qualquer violação.
32. (UFMT/DPE-MT - 2016) Sobre a Defensoria Pública na defesa dos direitos humanos, leia o texto.

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[...] a Defensoria Pública, instituição essencial do sistema de Justiça pátrio, encarregada da orientação e
defesa das pessoas necessitadas, deve aprimorar a sua atuação na promoção e na defesa dos direitos
humanos, valendo-se inclusive, tanto interna quanto externamente, dos instrumentos e órgãos do Sistema
Interamericano de Direitos Humanos. (MAFEZZOLI, A. A atuação da Defensoria Pública na promoção e defesa
dos Direitos Humanos e o Sistema Interamericano de Direitos Humanos. São Paulo: Defensoria Pública do
Estado de São Paulo.)
Quanto ao exercício da atividade referida no texto e ao processo no Sistema Interamericano de Direitos
Humanos previsto no Pacto de São José da Costa Rica, de 1969, assinale a afirmativa correta.
a) A Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem a atribuição de formular recomendações aos
governos dos Estados signatários da Convenção.
b) Qualquer pessoa, grupo de pessoas, entidade não governamental legalmente reconhecida por um Estado
membro pode apresentar queixa ou denúncia diretamente à Corte Interamericana de Direitos Humanos.
c) O acesso à Corte Interamericana de Direitos Humanos é possível apenas após o esgotamento dos recursos
judiciais internos de um Estado membro para consecução dos dispositivos no Pacto.
d) O autor de uma petição ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos, na forma da Convenção, figurará
em todo o procedimento, prévio e judicial, tal qual um assistente litisconsorcial.
e) Conforme as disposições do Pacto, as recomendações em relatório preliminar e definitivo da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos em resposta à denúncia obrigam os Estados membros.

33. (UFMT/DPE-MT - 2016) Em situação hipotética, o Brasil foi condenado em sentença da Corte
Interamericana de Direitos Humanos, que, dentre as determinações estabelecidas, condenou-o ao
pagamento de indenização à família de vítima de violação de direitos humanos em seu território. Sobre
essa sentença, assinale a afirmativa correta.
a) Essa sentença deverá ser apreciada pelo Supremo Tribunal Federal apenas para fim de aplicação da
condenação ao pagamento de indenização.
b) Da decisão não cabe apreciação pelo Supremo Tribunal Federal ou qualquer rito burocrático pelo Estado
para que possa ser efetivada.
c) A decisão da Corte deverá ser imediatamente executada no que tange às outras determinações, porém,
quanto à indenização, passará pelo exame do Supremo Tribunal Federal.
d) As determinações diversas da condenação ao pagamento de indenização devem ser apreciadas pelo
Supremo Tribunal Federal para manifestação quanto à possibilidade de interposição de recurso.
e) A decisão da Corte, em conformidade com o ordenamento jurídico pátrio e fontes de direito internacional
público, é inapelável em sua totalidade.

34. (UFMT/DPE-MT - 2016) Sobre os efeitos no Brasil das disposições da Convenção Americana de Direitos
Humanos − o Pacto de São José da Costa Rica, de 1969, assinale a afirmativa correta.
a) Os direitos essenciais do homem não derivam do fato de ser ele nacional de determinado Estado, mas sim
do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana, porém a jurisdição da Corte Interamericana
de Direitos Humanos recai apenas sobre nacional de Estado signatário.
b) Ao assinar a Convenção, o Brasil se comprometeu a adotar todas as medidas necessárias à aplicação de
suas disposições, obtendo prerrogativa supralegal para aplicação imediata de medidas que possam ser, de
acordo com o ordenamento jurídico interno prévio, de competência exclusiva dos Estados federados.

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c) A Convenção impõe que o Estado deva adotar não somente medidas legislativas, mas quaisquer outras
que se mostrem necessárias e adequadas à consecução de seus objetivos, mesmo que de natureza
administrativa.
d) A Convenção representa a consolidação de um constitucionalismo regional na América, vide o número de
Estados que a assinaram, somente permitindo recuo na proteção dos direitos nela dispostos na observância
da Lei Maior de cada país.
e) No que se refere à cooperação a que se obriga o Estado signatário, este deve adotar procedimentos
internos de implementação do Pacto e, quando solicitado, entregar pessoas à Corte Interamericana de
Direitos Humanos.

35. (Sim.FUNCAB/SEGEP-MA - 2016) Acerca da composição da Comissão Interamericana de Direitos


Humanos, assinale assertiva correta.
a) É composta por cinco comissários, eleitos pela Assembleia Geral da OEA, para mandato de dois anos, com
a possibilidade de uma recondução.
b) É composta por oito Comissários, eleitos pela Assembleia Geral da OEA, para mandado de três anos, com
a possibilidade de uma recondução.
c) É composta por cinco comissários, eleitos pela Assembleia Geral da OEA, para mandato de quatro anos,
vedada sua recondução.
d) É composta por dez comissários, eleitos pela Assembleia Geral da OEA, para mandato de dois anos, com
a possibilidade de duas reconduções.
e) É composta por sete comissários, eleitos pela Assembleia Geral da OEA, para mandato de quatro anos,
com a possibilidade de uma recondução.

36. (FUNCAB/SEGEP-MA - 2016) No que tange à Corte Interamericana de Direitos Humanos, assinale a
assertiva correta.
a) Compete emitir opiniões consultivas.
b) Compete promover estudos e capacitação em direitos humanos.
c) Compete receber petições de vítimas de violação de direitos humanos e recomendar reparação.
d) Compete criar relatórios especiais de direitos humanos em temas ou países.
e) é formada por sete juízes, escolhidos pelos Estados Partes da Convenção, para um mandato de quatro
anos e só poderão ser reeleitos uma vez.

37. (TRF-3ªR/TRF-3ªR - 2016) Consideradas as assertivas que se seguem, assinale a alternativa correta:
I. A Corte Interamericana de Direitos Humanos, órgão da Convenção Americana de Direitos Humanos, tem a
finalidade de julgar casos de violação dos direitos humanos ocorridos em países que integram a Organização
dos Estados Americanos (OEA) e reconheçam a sua competência, como o Brasil, que a reconheceu por meio
do Decreto Legislativo nº 89, de 1998, do Senado Federal.
II. O instituto do deslocamento de competência para a Justiça Federal poderá ocorrer, em qualquer fase
processual, com relação a inquéritos e processos em trâmite na Justiça Estadual, com a finalidade de
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratado internacional de direitos humanos do qual
o Brasil seja parte, mediante requerimento do Procurador-Geral da República perante o Supremo Tribunal
Federal, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos.

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III. Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou
última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida contrariar tratado ou negar-lhe vigência.
IV. O Tribunal Penal Internacional, criado pelo Estatuto de Roma de 1998 promulgado pelo Decreto nº 4.388,
de 25.9.2002, tem competência para julgar crime de genocídio; crimes contra a humanidade; crimes de
guerra e crime de agressão, todos imprescritíveis, em relação às violações praticadas depois da entrada em
vigor do Estatuto de Roma.
a) As assertivas I e II estão incorretas.
b) Somente a assertiva II está incorreta.
c) Somente a assertiva IV está incorreta.
d) Todas as assertivas estão corretas.

38. (CS-UFGO/DPE-GO - 2014) No que se refere aos direitos humanos, quanto aos pactos internacionais e
à incorporação de normas internacionais em geral e dos tratados no ordenamento jurídico interno,
especialmente do Brasil, compreende-se que:
a) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem como uma de suas atribuições a de estimular a
consciência dos direitos humanos em relação aos povos da América.
b) o Pacto de São José da Costa Rica (1969) é uma das mais importantes normas internacionais e foi aprovado
imediatamente no Brasil, sem nenhuma restrição ou reserva
c) a Lei Maria da Penha resultou do descumprimento à decisão da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, que condenou o Brasil por negligência e omissão em relação à violência familiar e infantil.
d) o Supremo Tribunal Federal entendeu que os tratados internacionais de direitos humanos são normas
secundárias, assegurando o cumprimento da norma constitucional, que prevê asilo político exclusivo de
diplomatas.
e) o direito de renúncia de ser assistido por um defensor do Estado, segundo as convenções internacionais,
é assegurado ao acusado, ainda que fique sem defesa por si próprio ou por advogado constituído.

39. (UESPI/PC-PI - 2014) A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa
Rica) prevê, no item 2, do art.8º, como garantias judiciais, EXCETO,
a) necessária motivação das decisões judiciais.
b) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua defesa.
c) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.
d) direito de não ser obrigado a depor contra si mesmo, nem a declarar-se culpado.
e) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada.

40. (IBFC/PC-SE - 2014) O Decreto n° 678/92 promulgou a Convenção Americana sobre Direitos Humanos,
também conhecido como Pacto de São José da Costa Rica. Segundo entendimento pacificado pelo
Supremo Tribunal Federal, o referido diploma possui natureza jurídica de:
a) Norma constitucional.
b) Norma supralegal.
c) Lei ordinária.

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d) Decreto legislativo.

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GABARITO
1. A 15. B 29. D
2. E 16. C 30. E
3. C 17. D 31. A
4. C 18. A 32. A
5. B 19. B 33. E
6. INCORRETA 20. A 34. C
7. D 21. C 35. A
8. D 22. D 36. A
9. A 23. C 37. A
10. C 24. A 38. A
11. C 25. E 39. A
12. A 26. B 40. B
13. B 27. A
14. A 28. E

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