Produção de Biodiesel A Partir Do Cultivo de Microalgas
Produção de Biodiesel A Partir Do Cultivo de Microalgas
Produção de Biodiesel A Partir Do Cultivo de Microalgas
Rio de Janeiro
Março de 2012
PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DO CULTIVO DE MICROALGAS:
ESTIMATIVA DE CUSTOS E PERSPECTIVAS PARA O BRASIL
Examinada por:
iii
ao meu pai, minha mãe e minha avó e avô pela enorme dedicação devotada a
mim e pelos esforços realizados nos momentos difíceis
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família, especialmente aos meus pais Pierre e Mara, pela
tamanha dedicação devotada para propiciar, acima de tudo, uma educação de excelência
para os filhos. a minha irmã Tássia e ao meu avô Jumará
A pessoa mais amada por mim neste mundo, vó Vanda, por todo carinho,
dedicação, apoio etc., em todos os meus anos de vida. À minha namorada Anna Alice,
pela compreensão, apoio, paciência, incentivo, críticas, cobrança e amor dedicado a
mim.
Ao Prof. Marcos Freitas por aceitar ser meu orientador e me adotar como
pesquisador do IVIG, onde ganhei muita experiência que contribuiu para a realização
desta dissertação.
A Luciana do PPE e a Silvia pela imensa ajuda e contribuição dada para esta
dissertação. A todos os amigos do PPE e do IVIG, especialmente a Giuseppe Palermo,
Fábio Giusti. Rodrigo Wanick e Natália Carvalho.
À todos do PPE, em especial, a Sandrinha, por ser uma mão com todos os alunos
Paulo, Fernando pela ajuda, apoio, paciência prestados a qualquer hora.
Aos meus Amigos Alan, Thyago, Felipe Eduardo, Vinícius, Gustavo, Marcos e
Vitor,
v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
It's common knowledge that microalgae have huge potential to meet the growing
energy demand expected in the coming decades. These organisms have numerous
advantages over traditional terrestrial crops for biofuels production. Among these
advantages, microalgae have a high efficiency in converting sunlight into biomass,
which represents a productivity far beyond to that obtained by the main crops used as
feedstock for production of biofuels. Another feature in favor of microalgae is the fact
that they do not require high quality land and water, therefore, may be grown in
marginal areas, without competing with food production, a major issues against the
expansion of biofuel production. However, there is no common sense in the short term,
on the economic viability of biofuels production from microalgae. Thus, this paper
presents the main biological and technological aspects of biodiesel production from
microalgae and preliminarily estimates of production costs for hypothetical scenarios in
Brazil.
vii
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 1
viii
3.2 TECNOLOGIAS DE RECUPERAÇÃO DA BIOMASSA .............................. 64
3.3.2.3 Microondas.......................................................................................... 80
3.3.2.4 Homogeneizadores............................................................................ 81
ix
4.2.2 Design e Estimativa de Custos do Sistema de Recuperação de
Biomassa............................................................................................................. 112
x
LISTA DE FIGURAS
........................................................................................................................................ 33
Botryococcus braunii...................................................................................................... 36
Scenedesmus obliquus.................................................................................................... 37
Botryococcus braunii...................................................................................................... 38
Califórnia. ....................................................................................................................... 45
culturas de Anabaena...................................................................................................... 67
Figura 32: Dimensões do Raceway Paddle Wheel Open Pond. ................................... 106
Figura 33: Custo de capital do sistema de cultivo incluindo a lagoa, o sistema de mistura
Figura 34: Áreas localizadas em altitudes menores que 500m e assumido que
Figura 37: Composição dos custos de capital de sistemas de cultivo aberto. .............. 111
Figura 38: composição dos custos de capital sistema de recuperação de biomassa..... 115
geradores....................................................................................................................... 122
Figura 42: Participação de cada sistema no consumo total de energia elétrica............ 131
Figura 45: Composição dos custo de capital para o cenário II..................................... 142
Figura 46: Composição dos custos de operação do cenário II. .................................... 143
xiv
LISTA DE TABELAS
dos padrões................................................................................................................ 91
Tabela 18: Resumo dos custos de capital para sistemas de cultivo aberto............... 111
xv
Tabela 21: Resumo dos custos do sistema de centrifugação.................................... 114
Tabela 25: Resumo dos custos de capital para o sistema de digestão anaeróbica e
................................................................................................................................. 124
Tabela 30: Resumo dos custos operacionais para a planta de extração................... 134
Tabela 32: Resumo dos custos de capital para o cenário I. ...................................... 138
Tabela 33: Resumo dos custos operacionais para o cenário I .................................. 139
Tabela 34: Resumo dos custos de capital para o cenário II. ..................................... 141
Tabela 35: Resumo dos custos de operação para o cenário II.................................. 143
Tabela 36: Custos de capital, operação e de produção para os cenários III e IV. ..... 145
xvi
xvii
1. Introdução
materiais biológicos, incluindo matéria orgânica morta que não esteja fossilizada, e
sólidos quanto líquidos, bem como gases. Exemplos de biocombustível sólido são:
o biodiesel, que possuí como, matéria prima para a sua produção, diversos tipos de
óleos vegetais oriundos das mais diversos tipos de cultivo, como, por exemplo, soja,
quando o fogo foi descoberto. Desde então a madeira passou a ser um dos principais
Janeiro, ao final do século XVIII e início do século XIX, a iluminação pública tinha
1
deste momento, diversos países começaram a investir em combustíveis alternativos
vegetais como alternativa aos combustíveis derivados de petróleo, foi elaborado pela
resultantes das atividades agrícolas e do setor extrativista, foi proposta como uma
internacional, este programa foi abandonado em 1986 (Pousa; Santos; Suarez, 2007)
incentivo à produção foram ficando em segunda plano até que na década de 90, com
demanda por biocombustíveis vêm aumentando ano a ano, especialmente pela soma
2
Figura 1: Cenário de consumo de biocombustíveis até 2035.
Fonte: IEA,2010.
aumento da oferta, onde mais áreas terão que ser plantadas para suprir esta
veem ganhando cada vez mais espaço em detrimento dos primeiros. Outra questão
3
maiores impactos sobre o meio ambiente e o abastecimento de alimentos. Como
e que vem sendo objeto de estudo para fins energéticos, principalmente pelos Estados
Unidos, através do Programa de Espécies Aquáticas desde a década de 70, mas que
capacidade de produzir biomassa por unidade de área e tempo. Além disso, algumas
foram abordadas neste estudo. Entretanto, nos últimos anos, diversos estudos veem
cultivar esses organismos para uma produção em larga escala de biomassa para fins
4
produção de outros produtos com maior valor agregado, como pigmentos, onde a
energéticos.
que consiste em lagoa geralmente com dois canais, onde a circulação é realizada pelo
fechado e tem, como principais insumos de produção, energia solar, água CO2 e
outros nutrientes como nitrogênio e fósforo. Como o crescimento das microalgas (em
feita quase que diariamente. Essa coleta da biomassa ocorre em um sistema, que
geralmente apresenta duas etapas, e existem diversas opções tecnológicas para cada
uma delas. Após a coleta, a biomassa segue para um sistema de secagem para a
5
aumento no desmatamento, outro ponto importante contra as culturas
tradicionais.
rendimento de óleo (em litros /ha) das microalgas é cerca de 65% maior
à combustível fóssil.
econômicas que precisam ser vencidas para que essa matéria prima ganhe espaço no
premissas.
deste trabalho foi todo dedicado aos aspectos biológicos das microalgas.
focar nos grupos que apresentam alguma utilidade comercial atual ou potencial.
Depois, buscou - se elucidar como se dá o seu crescimento e quais são os fatores que
6
o influenciam. Além disso, tentou - se entender como funciona o mecanismo de
calculados, foi feita uma análise de sensibilidade dos principais parâmetros para
observar uma variedade maior de possíveis cenários de custo de produção. No final foi
feita uma avaliação se, com os preços atuais praticados nos leilões de biodiesel no
7
2. Biologia e Principais Usos das Microalgas
biológicas que fazem destes organismos matérias primas de extremo potencial, não só
para a produção de biocombustíveis, mas também para outros produtos de alto valor
será mostrado quais são os principais usos comerciais atuais para as microalgas.
funções importantes nos ambientes em que ocorrem. O universo das Algas abrange
colônias sem forma definida envolvidas por membrana mucilaginosa; outras espécies,
1
São organismos cujas células não apresentam envoltório nuclear e organelas
membranosas.
2
Por sua vez, células destes organismos apresentam envoltório nuclear e organelas
membranosas.
8
Com relação ao metabolismo, pode-se encontrar seres com diversos tipos, como
pode variar de 4 a 13, com até 24 classes, e varia entre 25 - 40 mil espécies descritas
(Bold and Wayne, 1985 apud Pratoomyot et al.,2005)A seguir, serão comentadas
algumas das principais classes e espécies que, atualmente, são cultivadas para algum
biocombustíveis.
mais similares com as células procarióticas das bactérias do que com as células
9
em três diferentes ordens, são elas: Chroococcales, Oscillatoriales e Nostocales. (Lee
2008)
fotossintetizante dominante dos oceanos tropicais e temperados (Lee, 2008). Por sua
cultivada com a finalidade de alimento humano e para animais, pertence a esta ordem.
gênero Anabaena que apresentam grande interesse público como uma fonte
Figura 2: Spirulina.
Fonte: Lundquist et al., 2010.
3
Estruturas especializadas na fixação de nitrogênio em cianobactérias.
10
De acordo com (Lee 2008) as cianobactérias apresentam três tipos de caminhos
No que diz respeito à ecologia das cianobactérias, eles são um dos organismos
mais bem sucedidos, sendo encontrados nos mais diversos habitats do planeta. As
supracitados.
aos organismos mais conhecidos como diatomáceas (Figura 3). São organismos
marcantes deste grupo é a presença de uma parede celular peculiar dividida em duas
metades conhecida como frústula. Essa parede é formada por sílica polimerizada
11
devido à presença de ficoxantina, um carotenoide que lhe atribui tal cor. Atualmente,
Dessa forma, esses organismos exercem um papel fundamental nas cadeias tróficas
são comumente utilizadas como alimento na maricultura de moluscos com alto valor
12
2.1.3. Classe Chrysophyceae
uns aos outros. A maioria das espécies ocorre em água doce e em águas com baixa
e mixotrófico.
De acordo com Lee (2008), algumas espécies desta Classe apresentam alto
insaturados. Por este fato, organismos pertencentes a esta classe são bons
Figura 4: Dinobryon
Fonte: Wim van Egmond
13
2.1.4. Classe Chlorophyceae
lâminas celulares (Raven, Evert et al. 1999) (Raven et al., 1999). As espécies de água
doces, são um exemplo de algas unicelulares móveis que utilizam dois flagelos para a
locomoção. As espécies do Gênero Dunaliella (Figura 5), que são cultivadas em larga
encontradas na flora microbiana dos solos (Raven, Evert et al. 1999)(Raven et al.,
4
Os flagelos são estruturas responsáveis pela locomoção.
14
Figura 5: Dunaliella salina apresentando altas concentrações de ß-caroteno.
Fonte: Bionutrition Co.
Sendo assim, quando o objetivo é utilizar esses organismos como matéria-prima para
15
Além disso, também é importante realizar uma triagem e caracterização de
Desta forma, esta seção irá elucidar os principais mecanismos responsáveis pelo
lipídios.
fotossintetizantes, nesta reação, a H2O doa elétrons para a redução do CO2 até
carboidratos tendo como coproduto o O2. A reação da fotossíntese pode ser dividida
em duas fases distintas (Figura 6): (1) a fase dependente de luz ou fase clara, e (2) a
fase independente de luz ou fase escura, dependente dos produtos produzidos na fase
clara.
16
Figura 6: Diagrama esquemático das reações da fotossíntese
Nas reações da fase clara, que ocorrem nos tilacóides dos cloroplastos, a energia
(Figura 7). A inclinação inicial α = Pmax / IK, onde Ik é a saturação da irradiação e Pmax é
5
Nicotinamida adenina difosfato é utilizado como agente redutor nas reações de
biossíntese.
6
Adenonisa Trifosfato é o maior transportador de energia nas células.
17
locais com baixa intensidade de irradiação a fotossíntese depende linearmente da
torna-se cada vez menos eficiente até alcançar um platô, onde o aumento da
fotoinibição.
Tax
a
de
Fot
oss
ínte
se
Irradiação
Figura 7: Resposta da fotossíntese à intensidade luminosa
Fonte:(Becker, 1994)
em biomassa em diversos grupos de plantas (Bolton and Hall 1991; Cornet, Dussap et
(Weyer, Bush et al. 2010) foi além e calculou essa eficiência, tanto a máxima
teórica quanto para o melhor caso, e a produção total de lipidios para os dois casos.
18
Idealmente, a taxa máxima teórica de crescimento de culturas de algas deve ser igual
utilizável pela fotossíntese, que corresponde a cerca de 40% - 46% da radiação solar
que chega à superfície do planeta. Cabe ressaltar que o máximo teórico não pode ser
alcançado, pois considera todas as eficiências iguais a 100%. Para o melhor caso,
Weyer et al. (2010) calculou uma eficiência de 6,3%. Os resultados são baseados
biológicos dos sistemas de produção. (Weyer, Bush et al. 2010) Essa eficiência
(1953). Em culturas de Chlorella ao ar livre e com luz solar plena, Burlew (1953)
foi reduzida a 22%, obteve-se uma eficiência de 6,3%, que é igual a eficiência
calculada, para o melhor caso, por Weyer et al. (2010). Em termos de comparação, as
plantas terrestres mais eficientes possuem uma eficiência 2,4%, para plantas C3, e
dos Estados Unidos encontraram diferentes eficiências que variavam de acordo com o
plantas pilotos foram construídas no Havaí e na Califórnia que são considerados como
7
A PAR corresponde ao espectro que possui comprimento de onda entre 400 nm – 700
nm.
19
os locais mais propícios para o cultivo em massa de microalgas nos Estados Unidos,
devido aos fatores ambientais que lhes são inerentes, como temperatura e intensidade
luminosa.
Production System) e foram utilizadas várias espécies, Platymonas sp., Amphora sp.,
realizados durante sete anos seguidos. Foram feitos diversos testes alterando-se os
variaram entre 0,6%, no primeiro ano de estudo, a aproximadamente 10% nos últimos
anos.
Ponds, que serão apresentados com maiores detalhes no Capitulo 3 deste trabalho,
com água proveniente da irrigação agrícola. Essa água continha altas concentrações
9%.
Sendo assim, após avaliar os resultados dos estudos práticos e teóricos, pode-se
forma, as eficiências da fotossíntese devem ser avaliadas com cautela, pois em outras
20
localidades do globo e outros sistemas de produção podem apresentar grande
Segundo Zemke et al. (2010), a taxa pela qual as microalgas convertem a luz do
Sol em biomassa, em termos de biomassa por área por tempo, considerando-se que
densidade de energia fornecida pela luz solar (Ed); a eficiência na qual a luz solar é
(Eb). A taxa de produção das microalgas (Pa), em termos de biomassa por área por
melhor caso e o caso convencional, para o Brasil. Pereira et al. (2006) apresenta o
mapa (Figura 8) com a média anual do total diário de irradiação solar global incidente
(Ed) no território brasileiro. O valor máximo de irradiação global – 6,5 kWh/m2 (cerca de
0,0234 Gj/m2)8 – ocorre no norte do estado da Bahia, próximo à fronteira com o estado
do Piauí. Essa área apresenta a média anual de cobertura de nuvens mais baixa do
Brasil.
8
1 kwh = 0,0036 Gj
21
Figura 8: Mapa da média anual de irradiação solar no território brasileiro.
Fonte: Pereira et al. (2006)
A partir deste mapa pode-se observar que o semiárido da região Nordeste está
entre uma das áreas mais propícias para o desenvolvimento de projetos relacionados
22
consideração, como, por exemplo, a declividade do terreno, disponibilidade hídrica e
de outros insumos.
A eficiência com a qual a luz é transmitida para as microalgas (σ) depende somente
microalgas seja feito em sistemas High Rate Ponds, onde a luz passará do ar para a
água e, portanto, haverá alguma reflexão, considera-se que a eficiência óptica máxima
teórica, será utilizado o valor encontrado em Weyer et al. (2010), 26.7%. Para a
estimativa do melhor caso para o Brasil será utilizada a eficiência máxima encontrada
nos experimentos realizados pelo ASP, 10%. e para o caso convencional será usada a
média dos valores encontrados nos estudos realizados pelo ASP, aproximadamente
6%.
23
Tabela 1: Composição celular de espécies de microalgas (em % de matéria seca).
Proteína Lipídios
Espécie Carboidratos (%) Ácidos Nucleicos (%)
(%) (%)
Scenedesmus dimorphus 8 - 18 21 - 52 16 - 40 -
Chlamydomonas rheinhardii 48 17 21 -
Chlorella pyrenoidosa 57 26 2 -
Spirogyra sp. 6 - 20 33 - 64 11 - 21 -
Dunaliella bioculata 49 4 8 -
Dunaliella salina 57 32 6 -
Euglena gracilis 39 - 61 14 - 18 14 - 20 -
Tetraselmis maculata 52 15 3 -
Porphyridium cruentum 28 - 39 40 - 57 9 - 14 -
Synechococcus sp. 63 15 11 5
Fonte:(Becker 1994)
considerada uma alga com 40% de lipídios (PCI, 37 MJ/Kg), 30% de proteínas e
ácidos nucléicos (23 MJ/Kg) e 30% de carboidratos (16 MJ/Kg), sendo o PCI total 26,5
24
Tendo todos os parâmetros calculados, pode-se estimar a produtividade máxima
teórica, o melhor caso e o caso convencional para o Brasil. Os valores dos parâmetros
2
Ed (MJ/m .d) 23,4 23,4 23,4
Ef 26,7% 10% 6%
foram encontradas no primeiro ano dos estudos. Sendo assim, pouco se sabia sobre
como funcionava a fisiologia das algas em culturas de larga escala. Nos anos
Essa grande variação nas produtividades ocorreu devido aos diversos parâmetros
Figura 9 apresenta os resultados e pode ser observado que a maior produtividade (50
25
diluída a cada 3 dias. De fato, a produtividade no terceiro dia era o dobro da
Produtividade
Eficiência da
D
Figura 9: Produtividade como função da diluição
Fonte: US DOE, 1984.
Uma possível explicação para esse fenômeno seria o fato de uma dada densidade
26
entrem em estado de saturação luminosa e fotoinibição, o que provoca a diminuição
da produtividade.
dissolvido, uma vez que em altas concentrações de oxigênio a principal enzima, que
Sendo assim, com relação a estes parâmetros, a produtividade da cultura irá variar
Os lipídios são substâncias com grande variedade química. Entretanto, exibem uma
vivos, as funções dos lipídios são tão diversas quanto à sua composição química. O
destes compostos e estão presentes na maioria dos organismos. Além disso, outros
9
O sitio ativo desta enzima não é absolutamente específico em relação ao dióxido de
carbono. O oxigênio compete com o dióxido de carbono pelo sitio ativo sendo a afinidade do
oxigenio maior, em altas concentrações, do que a do dióxido de carbono. No entanto, a função
metabólica desta reação não é clara, já que o produto obtido, fosfoglicolato, é um produto
metabolicamente inútil.
27
lipídios, mesmo que em pequenas concentrações, exercem funções cruciais, como
28
Nas microalgas os ácidos graxos mais comumente sintetizados possuem sua
cadeia de carbono variando entre C16 - C18, similar aos produzidos pelas plantas
superiores. Os ácidos graxos podem ser tanto saturados quanto insaturados (presença
Cyanobacteria 2 - 23 11 - 68 12 - 41 16 - 50
Chlorophyceae 1 - 70 21 - 66 6 - 16 17 - 53
Crysophyceae 12 - 72 - - -
Prymnesiophyceae 5 - 48 - - -
Cryptophyceae 3 - 17 - - -
Xanthophyceae 6 - 16 44 17 39
Rhodophyceae 1 - 14 41 - 58 42 - 49 -
Bacillariophyceae 1 - 39 14 - 60 13 - 44 10 - 47
nas microalgas são análogos aos das plantas superiores produtoras de óleos vegetais.
fotossintética, que pode sofrer redução por diversos estresses. Sendo assim, segundo
triacilgliceróis. Além disso, será incluído um quarto cenário, onde será considerado o
em relação à biomassa seca nas microalgas pode variar de 1% a 70%, sendo que os
triacilgleceróis (lipídios neutros) podem representar cerca de 11% a 68% dos lipídios
totais.
Produtividade (Pa)
2 99,35 37,21 25,34 25,34
(g/m /d)
Conteúdo Lipídios
40% 40% 20% 40%
Totais
Produtividade (PTAG)
107.200 35.430 10.000 24.128
(L/ha/a)
30
Fonte: Elaboração própria.
soja, que é cerca de 450 L/ha/ano. Além disso, o cenário com menor produtividade e
menor conteúdo lipídico é cerca de 85% maior que a produtividade da palma (6.000
L/ha/ano), uma das culturas terrestres mais produtivas, e para o melhor caso a
Soja* 450
Girassol* 955
Jatropha* 1.890
Palma* 6.000
estão condizentes com o que foi encontrado por diversos trabalhos. Nos trabalhos
realizados com culturas em larga escala pelo ASP, foram encontradas produtividades
Califórnia. Este resultado está muito próximo do que foi calculado para o cenário
31
Laws (1984), operando em sistemas de lagoas abertas, encontrou produtividades
al. (2009), obteve uma produtividade entre 0,2 - 0,28 L/m2/ano em uma cultura de
entre 0,079 L/m2/d à 0,43 L/m2/d, sendo os maiores valores encontrados em culturas
de Chlorella vulgaris. (Pruvost, Van Vooren et al. 2009; Pruvost, Van Vooren et al.
2011)
biomassa.
Sendo assim, muitos estudos foram e estão sendo realizados no intuito de elucidar e
Fig
ura 11: Conteúdo lipídico em diversas espécies de diferentes classes de microalgas.
a) Chlorophyceae; b) Bacillariophyceae; c) outras classes de algas eucarióticas; d)
Cyanophyceae. Círculos fechados representam o conteúdo lipídico de microalgas que
cresceram em meios com deficiência de nitrogênio e os círculos abertos em ambiente
nitrogênio - suficiente.
Fonte: Hu et al., 2008.
deficientes em nitrogênio. O maior conteúdo lipídico médio foi alcançado por espécie
33
da Classe Chlorophyceae, 45,7%, tendo espécies que atingirem níveis elevadíssimos,
70%.
síntese de carboidratos e lipídios (Siaut, Cuine et al. 2011). Além disso, sob condições
(2011) observou uma alta correlação entre o tipo e a quantidade dos compostos
biomassa. Para a produção de biodiesel, o ideal seria obter uma alta produtividade de
biomassa com uma alta produtividade de lipídios. Segundo Benemann et al. (1996), a
ácidos graxos (Sukenik and Livne 1991). Lv et al. (2010), utilizando Chlorella vulgaris,
faziam com que mudanças positivas no pH, [Mg2+] e NADPH, afetassem, também de
graxos, levando a um aumento do conteúdo lipídico (Lv, Cheng et al. 2010). Yeesang
similares (figura 12) aos de Lv et al. (2010), onde o conteúdo lipídico aumentava entre
10 2 2
1 µmol de fotóns/m /s = 0,219 W/m
35
Figura
12: Influência da intensidade luminosa sobre o conteúdo lipídico em 4 cepas de Botryococcus
braunii.
*As barras claras indicam culturas cultivadas em meio rico em nitrogênio e as barras escuras
em meio deficientes em nitrogênio. Fonte: (Yeesang and Cheirsilp 2011).
entanto, como pode ser observado na figura 13, a produtividade lipídica possui uma
36
Fi
gura 13: Influência da intensidade luminosa sobre o conteúdo lipídico em Scenedesmus
obliquus.
Fonte: (Ho, Chen et al. 2011).
Uma fato bastante interessante, encontrado por Benemann et al. (1990 apud
Benemann et al., 1996) e por Yeesang et al. (2011), foi a sinergia entre a deficiência
al., 1996).
37
relação à variação da salinidade é espécie-específica, podendo variar também entre
diferentes cepas da mesma espécie. Yeesang et al. (2011) demonstrou que em três
(figura 14). Entretanto esses resultados diferem do que foi observado por Ben-Amotz
et. al, onde o conteúdo lipídico era maior em meios mais salinos (Ben-Amotz,
Fi
gura 14: Efeito da salinidade sobre o conteúdo lipídico de 4 diferentes cepas de Botryococcus
braunii.
Fonte: (Yeesang and Cheirsilp 2011).
fator que influencia a composição dos ácidos graxos constituintes dos triacilgliceróis.
Uma tendência geral é o aumento da insaturação dos ácidos graxos com a diminuição
também pode afetar o conteúdo total de lipídios. Hu et al. (2008) indicou estudos
mais importantes são o cultivo para alimento humano ou ração animal, fonte de
compostos de alto valor como carotenoides e também o uso das microalgas nos
que utilizam combustível fóssil para geração de energia e também de indústrias com
alto grau de emissão destes gases (cimento, siderurgia). Entretanto, esta seção tratará
no Japão, no início da década de 60. Essa produção se deu graças aos avanços nas
pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Japão, Alemanha e Israel durante a década
de 50. O principal objetivo desta produção era fornecer alimento com alto valor
nutritivo. O cultivo da Chlorella era feito em lagoas circulares onde havia sistemas de
da cultura, já que o custo do ar enriquecido por CO2 era muito elevado (Richmond
2004).
A partir de então, a Chlorella vem sendo produzida nos últimos 45 anos e expandiu
sua produção para outros países, principalmente no Sudeste Asiático, como Taiwan e
Indonésia. Os principais usos atuais são como fonte de proteínas para os humanos e
como alimento para a maricultura. A produção de Chlorella que era de 200 t/ano, em
1975, saltou para 1.000 t/ano nos anos 80 e 2.000 t/ano nos anos 90 (Richmond
de US$ 20.000/t (Lundquist, Woertz et al. 2010). Os principais países produtores são
Japão e Taiwan (figura 15). Os sistemas de produção são bem diversificados e variam
Outra microalga largamente produzida como fonte de alimento devido ao seu alto
40
de alimento para humanos e animais ocorre há pelo menos 700 anos ( Richmond,
2004). Na década de 60, foi descoberto que as populações que viviam no entorno do
produção ocorre principalmente na Ásia e nos Estados Unidos. Até a década de 90, a
produção anual era cerca de 1.000 toneladas de biomassa. Hoje em dia, com o boom
5.000 t/a e a tonelada é vendida por US$ 10.000 ou mais dependendo da quailidade
estudos que sugerem que a utilização da Spirulina como fonte de alimento pode trazer
41
patológicos e prevenção do desenvolvimento de certos tipos de tumores (Richmond
2004).
Uma das espécies mais bem sucedidas em culturas de larga escala, devido à sua
áreas ensolaradas e com baixa densidade de nuvens, como, por exemplo, as áreas
salina, essa espécie requer meios de cultivo altamente controlados já que, devido à
sistemas, mas também ocorre produções em lagoas abertas. A astaxantina possui alto
(Lundquist, Woertz et al. 2010). Entretanto, a relativa pequena escala e o alto custo de
causar nenhum dano a saúde da população e também ao próprio meio ambiente, onde
esses efluentes estão sendo dispostos. O tratamento de efluentes pode ser dividido
tratamento terciário.
(SS), e 65% dos óleos e gorduras são removidas durante o tratamento primário. Algum
(principalmente CO2, NH3 e H2O). Vários processos biológicos aeróbicos são usados
não são removidos pelo tratamento secundário e, portanto, precisam ser removidos
efluentes de pequena escala (< 10 ha) e alguns poucos de larga escala (> 100 ha) que
utilizam as microalgas estão em operação nos Estados Unidos (figura 19) (Lundquist,
45
Fonte: Lundquist et al., 2010.
aeróbica da matéria orgânica presente no efluente. Por sua vez, com a degradação da
eutrofização de corpos hídricos onde são despejados efluentes sem tratamento. Wang
demonstrou que houve remoção total de nitrogênio que estava em concentrações altas
necessários possuem alto valor, o que eleva muito o custo de operação destes
sistemas.
46
3. Tecnologias de Produção de Algas: da Biomassa aos
Biocombustíveis
tecnologias existentes para o cultivo da biomassa. Estas vão desde sistemas abertos
biodiesel, cujo processo será apresentado na última seção em conjunto com outros
47
3.1 Tipos e Sistemas de Produção de Microalgas
Esses sistemas podem ser divididos em três tipos: os sistemas autotróficos, que
utilizam a luz do sol como principal fonte de energia e CO2 como fonte de carbono
compostos orgânicos (e.g., glicose, acetato) como principal fonte de energia e carbono
apresentam duas fases, uma autotrófica e outra heterotrófica. Este trabalho focará
quais sistemas de cultivo devem ser utilizados. Os fatores a serem avaliados incluem:
luz solar como a principal fonte de energia e o CO2 como fonte de carbono para o
48
Esses sistemas podem ser abertos, fechados ou híbridos. Os abertos, por sua vez,
podem ser extensivos, onde não há nenhum esforço para o manejo da cultura, e
intensivos onde há algum tipo de manejo para melhorar as condições do meio, com o
quanto os abertos.
empregam este tipo de cultivo. A principal razão para este fato é que esses sistemas
de microalgas. Estes sistemas podem variar desde lagoas abertas simples, sem
nenhum tipo de aparato mecânico para realizar a mistura da cultura, lagoas circulares,
sistemas conhecidos como high rate ponds ou raceway paddle wheel mixed open
fechado de recirculação em que uma turbina gera um fluxo que é guiado em torno de
49
Figura 21: Sistemas de cultivo.
A) Lagoas extensivas; B) Lagoas circulares; C) Raceway paddle wheel mixed open ponds.
argila, tijolo e cimento, ou materiais mais caros como PVC, fibra de vidro ou
comerciais utilizam membranas plásticas de longa duração, como, por exemplo, PVC
resistente a raios UV. Para reduzir os custos, alguns destes sistemas não usam
da cultura. Além disso, seu uso é restrito a determinados tipos de solo e condições
profundidade, que deve ser o mais raso possível (Benemann et al., 1996). Esse fato
concentração ótima de biomassa determinada por unidade de área e não por volume.
como por exemplo, manejo dos recursos hídricos e, mais importante ainda, o esforço
limitações operacionais como, por exemplo, grandes perdas de CO2 para a atmosfera,
superficial. Devido à natureza difusa da luz solar, esses sistemas devem possuir
esses sistemas requerem grandes áreas planas e com baixo custo a fim de torná-los
economicamente viáveis.
Cada qual dos três tipos de sistemas supracitados apresenta suas respectivas
disso, são muito caros, principalmente devido ao complexo sistema de mistura central,
que exibe alto custo de instalação e de energia para sua operação, e com os materiais
de construção (Richmond 2004). Sendo assim, não são muito indicados para plantas
51
Outros aspectos relevantes que devem ser considerados no design das plantas de
como, pH e salinidade.
menos eficientes quando comparadas com os sistemas fechados (seção 3.1.1.2). Este
fato pode ser atribuído aos aspectos negativos supracitados nesta seção. Os três
devido à difusão para a atmosfera, que resulta em uma redução de produtividade por
52
Devido a alguns problemas e peculiaridades técnicas e de operação dos sistemas
operacional-econômica dos sistemas raceway paddle wheel mixed open ponds. Esses
sistemas abertos foram solucionados. No entanto, isto não quer dizer que os sistemas
1992).
53
as mais utilizadas encontram-se: as tubulares, em colunas e em placas (Eriksen
2008a).
separado; e os reatores bifásicos, nos quais a fase líquida e gasosa estão presentes e
(Richmond 2004)
tubular horizontal que pode ser considerado como a primeira planta piloto de produção
de microalgas.
54
Hoje em dia as maiores plantas de produção em fotobiorreatores, como, por
Como pode ser visto na figura 22, o design básico de um fotobiorreator tubular pode
ar, permite a troca de gases com o meio externo onde ocorre a saída de O2 e a
entrada de CO2 no meio de cultura. Este pode ser fornecido por diversas fontes, como,
por exemplo, gases de combustão de termelétricas. Além disso, esse sistema fornece
conjunto de tubos feitos de vidro, plástico ou outro material transparente e tem como
principal objetivo expor ao máximo a cultura de microalgas à luz solar. Como visto
55
anteriormente, os tubos podem ser dispostos horizontalmente, verticalmente,
inclinados ou em espiral.
A disposição dos tubos deve ser feita de forma a maximizar a exposição à luz solar.
diâmetros maiores a luz se torna um fator limitante, já que não consegue penetrar
totalmente na densa cultura nos tubos (Chisti 2007). Além disso, o tamanho dos tubos
2008a).
estes foram descritos pela primeira vez por Samson e Leduy (1985) e Ramos de
Ortega e Roux (1986) em meados da década de 1980. Este sistema ganhou atenção
a alta densidade de biomassa obtida nesse tipo de sistema. Esse fato é de extrema
56
(1F) Primeira unidade do processo de produção;
(1L) Última unidade do processo de produção;
(2) Tubos perfurados para a injeção de bolhas de ar;
comprimido no interior da cultura;
(3) Sensor térmico;
(4) Sprinklers com água de arrefecimento do sistema;
(5) Termostato;
(6) Válvula solenoide;
(7) Reservatório contendo o meio de cultura;
(8) Bomba de injeção do meio de cultura no sistema,
(9) Tubo para suspensão a ar;
(10) Tubo de reciclagem (conecta a primeira e a última
Unidade);
(11) Tomada da coleta de biomassa;
(12) Reservatório da biomassa produzida;
13) Suprimento de ar comprimido;
(14) Suprimento de ar enriquecido com CO2;
(15) Porta de ar comprimido para o sistema de suspensão a ar;
(16) Porta de amostragem.
57
hidrodinâmico mais propício a causar estresse mecânico nas microalgas (Suzuki,
em coluna.
bolhas, que possui duas funções distintas: misturar o meio de cultura para criar o
cada vez mais este tipo de sistema de produção é utilizado em escala laboratorial e
fotobiorreatores. Este fato pode estar ocorrendo devido a estes sistemas de produção
58
apresentarem um maior controle sobre os principais parâmetros que influenciam a
produção de biomassa. Além disso, como pode ser visto na tabela 7, sistemas de
e operação.
59
3.1.2 Sistemas Híbridos
quanto os abertos (raceway paddle wheel mixed open ponds) para a produção de
60
A operação dos sistemas híbridos ocorre em duas fases distintas. A primeira fase
raceway paddle wheel mixed open ponds, onde a biomassa produzida na fase 1 será
luminosidade. Esse modelo conceitual de duas fases para se obter uma maior
trabalho, entretanto, nenhum sistema híbrido nem em fase piloto entrou em operação.
muito maior e esta é pura, o que permite uma rápida colonização e dominância nos
Huntley et al. (2007) foi o primeiro a utilizar este tipo de sistema, com o objetivo de
importante do trabalho realizado por Huntley et al. (2007) foi que a operação dos
Rodolfi et al. (2009). Neste caso, 22% da planta de produção seriam dedicados à
controláveis, e o restante (78%) seria para a segunda fase em raceway paddle wheel
mixed open ponds para aumentar o conteúdo lipídico através de estresse com a
61
deficiência de nutrientes e alta luminosidade. Com este sistema, Rodolfi et al. obteve
62
Os sistemas heterotróficos apresentam algumas vantagens quando comparados
heterotróficos não é limitada pela incidência luminosa. Além disso, esses sistemas são
operação destes sistemas são bem conhecidas, pois biorreatores e fermentadores são
foram obtidos, o que representa 1,5 - 2 vezes mais que em sistemas autotróficos.
caros, os custos giram em torno de US$ 2,4 por litro de óleo produzido (Li et al., 2007).
pela maior parte dos custos, cerca de 45%. (Li et al., 2007). Outro custo bastante
alternativos, os custos podem ser reduzidos à metade. Uma ótima alternativa para o
substrato seria o uso da vinhaça, resíduo da produção de etanol, que contém alta
carga orgânica e é um rejeito dispensado pela indústria, portanto com baixo custo de
alto custo, representa cerca de 20% - 30% do custo total de produção (Gudin and
Therpenier 1986; Davis, Aden et al. 2011) e desafios de cunho técnico e operacional
encontradas nos sistemas de produção, que tipicamente variam entre 0,3 - 0,5 g/L e
em alguns casos pode chegar a 5 g/L (Wang, Li et al. 2008), e ao tamanho celular das
conversão industrial da biomassa seria algo em torno de 300 g/L - 400g/L, o que
representa 100 - 1000 vezes mais do que a concentração inicial (Ginzburg 1993).
64
ultrassônica, consequentemente esta etapa é mais intensiva do ponto de vista
Não existe um método de recuperação de biomassa que seja adequado para todos
filtração e sedimentação (Elmaleh, Coma et al. 1991). De acordo com Boonaert et al.
carga negativa e, portanto, existem forças repulsivas que não permitem a agregação
das células. A carga negativa superficial das células das microalgas pode ser
65
ideal é empregar floculantes que não sejam tóxicos. Do ponto de vista econômico, o
redução das cargas negativas na superfície das células é realizada comumente pela
adição de sais como sulfato de alumínio (Al2(SO4)3), cloreto férrico (FeCl3) e sulfato
Jiang et al. observou que sulfatos poliméricos são mais eficientes do que sais
melhor separação dos flocos, trabalha em uma faixa maior de pH's, baixa
66
Figura 26: Comparação entre quatro coagulantes na recuperação de biomassa em culturas de
Anabaena.
Fonte: Adaptado de (Jiang, Graham et al. 1993)
células das microalgas, esses floculantes poliméricos formam pontes que agregam as
Outro polímero que recebeu bastante atenção por não ser tóxico foi a quitosana,
67
ambientes salinos. Estes experimentos mostraram que a eficiência da quitosana é
de 40 mg/L (Morales, de la Noüe et al. 1985). Com controle de pH, para obter a
mesma eficiência, a concentração utilizada foi de 20 mg/L, uma redução de 50%. Mais
de 150 mg/L (Heasman et al., 2000). Sendo assim, Heasman et al. (2000) concluiu
efeito de ponte induzido pelo floculante; (2) a densidade de carga do floculante; quanto
características e usos.
68
Tabela 9: Diferentes floculantes e principais características e aplicações.
Concentração pH
Floculante Tipo Aplicação
Ótima (mg/L) Ótimo
Sulfato de Alumínio Sais metálicos Tratamento de
80 - 250 5,3 - 5,6
(Al2(SO4)3) polivalentes efluentes
Sulfato Férrico Sais metálicos Tratamento de
50 - 90 3,0 - 9,0
(Fe2(SO4)3) polivalentes efluentes
Polímeros
Catiônicos
Tratamento de
Purifloc - 35 3,5
efluentes
Tratamento de
Zetay 51 Polietileno amina 10 >9
efluentes
Polímero diacetilado
Chitosan 40 - 100 8.4 Tratamento de água
de quitina
Fonte: Adaptado de (Shelef, Sukenik et al. 1984) Shelef et al.,(1984).
ponto de vista econômico, o custo deste processo é muito menor quando comparado
tempo demandado para o processo ocorrer é longo, o que pode ser uma desvantagem
da autofloculação.
69
3.2.2 Sedimentação por Gravidade e Centrifugação
como alimento para a aquicultura. Entretanto, não é um método muito indicado para a
al. 2008)
tubulares e centrífugas com tela perfurada. Por sua vez, as centrífugas de disco
podem ser divididas em: centrifugas que retém a fase sólida e, portanto, a
fase sólida de modo intermitente e centrífugas com bicos que descarregam os sólidos
continuamente.
70
Diversos tipos de centrífugas vêm sendo testadas desde a década de 1950
*Fator de concentração
Fonte: Adaptado de (Molina Grima, Belarbi et al. 2003)Molina Grima et al., (2003).
71
da biomassa; (2) o tempo de residência da biomassa no interior da centrífuga e; (3) a
diminuído pela redução do fluxo a ser processado e a distância de deposição pode ser
das centrífugas, esse método não é recomendado para uma etapa inicial onde a
concentração do lodo criado em uma etapa inicial que poderia ser realizada por
flotação.
microalgas por centrifugação. Em uma centrífuga com bicos de descarga com o eixo
rotacional a um angulo de 45º e 3.000 RPM, e um fluxo acima de 1.000 L/min com
70%, foram necessários 3.000 kWh/ton, o que representa o alto custo operacional. O
lodo criado (concentrado) continha apenas 1% de sólidos (Golueke and Oswald 1965)
ton/ano com custo total da biomassa de US$ 2.500/ton, dos quais 40% representa o
72
Portanto, como havia sido comentado anteriormente, conclui-se que a centrifugação
não é um método adequado para uma recuperação primária da biomassa, devido aos
partindo de um lodo inicial com uma composição de sólidos de 1-5% para alcançar
uma massa final com 15-20% de sólidos, ideal para a extração de lipídios para a
passando a mistura através de um meio filtrador onde o sólidos são retidos. Processos
eficientes para microalgas com tamanhos maiores que 70 µm, como, por exemplo,
possuem cerca de 30 µm. Outro problema ocorre devido à forma quase circular e à
filtradores.
Mohn (1980, apud (Molina Grima, Fernández et al. 2007)analisou alguns métodos
73
tanto à pressão quanto à vácuo. A melhor eficiência, um fator de concentração de 250
e um lodo final contendo 27% de sólidos, foi obtido na câmara de filtro prensado. A
Camâra de Filtro
Descontínuo Etapa única C. proboscideum 22 - 27 (245) 0,88
Netzsch
Necessita de pré-
Cinturão concentrado de 18
Contínuo C. proboscideum 0,5
prensado 4% sólidos (180)
suspensos
Filtro à pressão
Necessita de pré-
concentrado com 16
Filtro de sucção Descontínuo C. proboscideum
1,5% de sólidos (160)
suspensos
Rotatores
Etapa única e pré- 7,5
cilíndrico com Contínuo C. proboscideum 0,3
concentração (75)
peneira
5
Filtro cesto Descontínuo Pré-concentração C. proboscideum 0,2
(50)
Tambor de filtro
18
sem pré- Contínuo Etapa única C. proboscideum 5,9
(180)
revestimento
Necessita pré -
Contínuo após C. proboscideu,
Tambor de filtro concentrado com 37
Filtro à vácuo
o pré- Scenedesmus
pré-revestido fator de 2-5 vezes (2 - 18,5)
revestimento sp.
ao inicial
8
Filtro de sucção Descontínuo Estapa única C. proboscideum 0,1
(80)
9,5
Filtro Cinturão Contínuo Pré - concentração C. proboscideum 0,45
(95)
5–7
Filtro espessante Descontínuo Pré - concentração C. proboscideum 1,6
(50 - 70)
Fonte: Adaptado de (Molina Grima, Belarbi et al. 2003)
74
Para a recuperação de biomassa em culturas de microalgas menores (> 30 µm),
Bolier et al. 1995) (Petrusevski et al., 1995). Ultrafiltração e microfiltração com fluxo
Mackay et al. (1988, apud (Rossignol, Vandanjon et al. 1999)), para operações em
pequena escala (> 2.000 L), a aplicação da microfiltração com fluxo cruzado é mais
economicamente.
lodo com um conteúdo de sólidos secos da ordem de 5-20%. Esse material deve ser
75
secagem ao sol, secagem em baixa pressão, secagem por pulverização, tambor de
de material. Dessa forma, conclui-se que para operação em larga escala com o
Outros métodos de secagem mais eficientes, que porém, apresentam alto custo
produção a de produtos de alto valor comercial (< US$ 1.000). No entanto, este
posterior sublimação dos cristais de gelo por aquecimento leve e gradual sem haver
material à pressão parcial de vapor abaixo de 4,6 mmHg, o ponto triplo da água. São
necessários cerca de 2.800 kJ para cada kg de gelo removido (Chisti e Moo- Young,
1991 apud (Molina Grima, Fernández et al. 2007). Esse método apresenta uma
76
vantagem bastante interessante do ponto de vista da produção de biodiesel, que é a
de facilitar processos downstream, como, por exemplo, a extração de óleos, pois este
para extração de produtos de alto valor comercial, bem como a secagem por
Segundo Shelef et al. (1984), o tambores de secagem rotatórios são o método mais
1984) testou este método com biomassa produzida a partir do cultivo de Scenedesmus
sp. e o resultado obtido foi uma biomassa com excelentes qualidades. Este método
esterilizar a biomassa.
em duas etapas. A primeira etapa seria realizada através de secagem mecânica que
produziria uma biomassa com 30-50% de sólidos secos que seguiriam para a segunda
77
etapa onde seriam empregados os métodos convencionais de secagem, como, por
seca (Xu, Brilman et al. 2011). Apesar do surgimento de novos designs de secadores
mecânicos com alta eficiência (Jiang, Meng et al. 2010), nenhum resultado em escala
por sua vez, depende da espécie de microalga cultivada e das condições de cultivo, as
quantidade de lipídios obtida (Widjaja, Chien et al. 2009) (Widjaja et al., 2009). Por
78
A falta de informações relevantes sobre o estado atual da eficiência e aumento de
métodos diferentes vêm sendo realizados (Lee, Yoo et al. 2010). Alguns métodos,
com outros e, portanto, devem ser investigados com maiores detalhes. Enquanto
Apesar dos processos de extração de lipídios estarem em uma fase analítica, onde
rompimento das células, o uso de solventes que não requerem o rompimento celular, e
o uso de engenharia genética para fazer com que as microalgas secretem os lipídios
Para ser eficiente, qualquer solvente de extração deve ser capaz de: (1) penetrar na
matriz que envolve o material lipídico; (2) entrar em contato com este material lipídico
e; (3) solvatar o lipídio. Para ocorrerem tais fatos, qualquer processo de extração deve
levar em consideração que existem barreiras físicas, como a parede celular, que
dificultam o acesso dos solventes ao material lipídico. Geralmente, este fato requer
79
Sendo assim, o rompimento mecânico das células é uma importante etapa da
investigados (Chisti and Moo-Young 1986; Mendes-Pinto, Raposo et al. 2001; Lee,
Yoo et al. 2010; Halim, Harun et al. 2012) . A escolha do método de rompimento
3.3.2.2 Ultrassom
Nos testes realizados por Halim et al., (2012), este método não obteve um resultado
satisfatório.
3.3.2.3 Microondas
eficiente em vegetais terrestres (Cravotto, Boffa et al. 2008). Lee et al.(2010) avaliou a
80
eficiência de 4 tipos de métodos mecânicos (autoclavagem, bead beater, microondas e
microondas foi identificado como o mais simples, fácil e efetivo método de rompimento
3.3.2.4 Homogeneizadores
passar por um orifício estreito de uma válvula antes de serem liberados em uma
bem como pelo cisalhamento induzido pela queda de pressão experimentado pela
suspensão celular quando esta passa da válvula para a câmara (Chisti and Moo-
Young 1986). Nos testes realizados por Halim et al. (2012), este método de
rompimento celular foi o que obteve melhor resultado (Halim, Harun et al. 2012).
utilização de uma câmara cilíndrica fechada com um motor agitador contendo esferas
de trabalho da câmara (Molina Grima, Fernández et al. 2007) (Molina Grima et al.,
81
2004). Esse método necessita de um sistema de resfriamento de alta capacidade
devido às altas temperaturas que ocorrem por conta dos choques entre as
microesferas.
Bligh e Dayer, em 1959 (U.S.DOE 2010)(U.S. DOE, 2010). Esse método tradicional
fase que os lipídios podem ser recuperados. Uma desvantagem deste processo é que
a sua utilização em larga escala gera uma grande quantidade de resíduo de solventes
orgânicos, que podem causar impactos ambientais e danos à saúde dos trabalhadores
extraídos.
Molina Grima et al. (2004), o melhor solvente para a extração é o etanol (96%),
82
entretanto, compostos indesejáveis que incluem carboidratos, aminoácidos e
Alguns estudos mostraram que uma etapa anterior de rompimento celular aumenta
2008; Shen, Pei et al. 2009; Halim, Gladman et al. 2011). Uma desvantagem do uso
um aumento nos custos totais. Os solventes podem ser aplicados em material úmido,
Jones et al. 1996). Segundo este mesmo autor, há duas razões que explicam um
dos solventes é maior e ocorre uma maior transferência de massa. A segunda razão é
Uma alternativa bastante interessante tanto do ponto de vista econômico, por ser
o processo EAS pode utilizar a água como o solvente e este método passa a ser
conhecido como Extração com Água Subcrítica (U.S. DOE, 2010) (U.S.DOE 2010).
Eikani et al. (2007) comparou a eficiência deste método com outros métodos
83
tradicionais para a extração de óleos essenciais em Coriandrum sativum L. (coentro).
Apesar de ser menos eficiente quando comparado com métodos mais tradicionais,
esta técnica resulta em uma extração de óleos essenciais mais concentrados além de
al. 2007).
um fluído é forçado a temperaturas e pressões acima do seu ponto crítico (Fig. 27), ele
Cifuentes et al. 2006). Dessa forma, o estado supercrítico de um fluído foi definido
como sendo um estado no qual líquido e gás são indistinguíveis entre si, ou em um
84
possuindo uma densidade semelhante de um líquido e, por conseguinte, o poder de
solvatação similar.
A maioria das extrações com fluído supercrítico utiliza o CO2 como fluído principal,
pois este apresenta diversas vantagens sobre outros tipos de fluídos. O CO2 se torna
de 31,1 ºC e pressão de 72,9 atm), o que representa uma vantagem tanto do ponto de
85
vista técnico-operacional quanto do econômico, pois não é um processo
Outros fluídos utilizados por este método incluem: etanol, metanol, água, óxido nitroso,
e agricultura seguida pela industrial de combustíveis (Fig. 28). Herrero, Cifuentes et al.
2006.e Metzger and Largeau 2005 extraíram lipídeos de Botryococcus braunii com
extração com solventes em microalgas e concluiu que apesar de ter baixa reatividade
intensivos (e.g., destilação) para remover o solvente orgânico dos lipídios (Halim,
Por outro lado, a extração com CO2 supercrítico é rápida e não-tóxica. Tem uma
Também é não reativo com os lipídios. Este método permanece eficaz quando
e Biogás
produção de biodiesel pode ser feita através de duas rotas tecnológicas principais:
convertida em metano que pode ser queimado para gerar energia elétrica.
87
Figura 29: Processo de conversão de biomassa em energia.
animais já estão bem estabelecidos e os mesmos também podem ser aplicados para a
alquil ésteres de ácidos graxos de cadeia longa derivados de lipídios extraídos de uma
biomassa renovável, como, por exemplo, soja, palma e microalgas. Após a etapa de
extração (ver seção anterior), os lipídios extraídos das microalgas podem ser
88
monoacilgliceróis em glicerol. Em cada etapa um éster é produzido e, portanto, 3
tanto ácido quanto básico e um álcool que pode ser metanol, etanol ou butanol.
químicas mais vantajosas, como cadeia mais curta e polaridade, em comparação com
o etanol e o butanol (Ma and Hanna 1999). Para o Brasil, uma opção interessante
seria a utilização do etanol já que é o maior produtor mundial desta commodity, além
com catalisador básico requer que o conteúdo de ácidos graxos livres seja limitado a
89
Para o biodiesel produzido, a partir de microalgas, ser aceito tanto no mercado
devem estar dentro dos padrões nacionais, definidos pela Agência Nacional de
está relacionado com o tempo de atraso da ignição, i.e., o tempo que passa entre a
formação de cristais e à solidificação dos saturados. Por ter altos cloud points, o
pode trazer diversos problemas operacionais. Uma forma de contornar esse problema
graxos;
90
combustivel a ser oxidado em determinadas circusntâncias. Este fato afeta o biodiesel,
aumento da cadeia carbônica e com o grau de saturação dos ésteres graxos. Quanto
Viscosidade
Cinemática a 40 mm2/s 3,6 - 9,48 5,2 3,0 - 6,0 3,5 - 5,2 3,5 - 5,0
ºC
Densidade Kg/L 0,86 - 0,89 0,864 0,85 - 0,9 0,86 - 0,9 0,86 - 0,90
Numero de
- 45 - 65 - - > 51 -
Cetanos
Ponto de Fulgor °C 100 - 170 115 > 100 > 101 > 100
Ponto de
entupimento de °C 3 - 12 -11 < 19 0
filtro a frio
Índice de acidez mg KOH/g - 0,374 < 0,5 < 0,5 < 0,5
a b,e c d
Fonte: Elaboração própria a partir de: Brennan et al. (2010); Xu et al. (2006); ANP (2008); CEN
(2008).
Como pode ser observado através dos dados que constam na tabela X, o biodiesel
91
Xu et al. (2006) apresenta o perfil dos ésteres metílicos de ácidos graxos presentes
derivado de acido oléico, com 60,8%. Éster metílico de ácido oléico, éster metílico de
2006). De acordo com o mesmo autor, este fato resulta em um biodiesel de alta
qualidade.
Liquefação Botryococcus
- 300 3 64 45,9 - -
termoquímica braunii
Liquefação Dunaliella
- 300 3 42 34,9 - -
termoquímica tertiolecta
Chlorella
Pirólise Heterotrófico 450 0,101 57,9 41 32 10,1
prothothecoides
Chlorella
Pirólise Autotrófico 450 0,101 16,6 30 - -
prothothecoides
Chlorella
Pirólise Autotrófico 500 0,101 18 30 - -
prothothecoides
Chlorella
Pirólise Autotrófico 502 0,101 55,3 39,7 36,3 8,4
prothothecoides
Microcystis
Pirólise Autotrófico 500 0,101 24 29 - -
aeruginosa
92
O processo de liquefação termoquímica, também conhecido como liquefação
menores e com alta densidade de energia (Patil, Tran et al. 2008). Esse processo
ocorre em temperaturas médias (300 - 350 °C) e alta s pressões (5 - 20 MPa) auxiliado
e, portanto caro (McKendry 2002), entretanto, exibem vantagens que incluem poder
braunii obtiveram uma produção de bio-óleo de 64% (m.s.) com um PCS de 45,9
al. 1995).
óleo, por meio da liquefação termoquímica, pode-se concluir que esta tecnologia é
oxigênio (Goyal, Seal et al. 2008). A pirólise pode ser dividida em três diferentes
processos: pirólise ultrarrápida (pirólise flash), pirólise rápida e pirólise lenta. A pirólise
vapor (cerca de 1s); a pirólise rápida também é realizada a temperatura de 500 °C,
mas com um tempo de residência do vapor maior (10 - 20s); e a pirólise lenta ocorre
em temperaturas mais baixas (400 °C) e com tempos m uito longos de residência do
rendimento de 55,3% de bio - óleo com um PCS de 39,7 MJ/kg (Demirbas 2006).
de Biodiesel de Microalgas
94
alternativas de biocombustíveis. Um aspecto deste processo produtivo que eleva os
residual é gerada e pode ser aproveitada em outros processos, como, por exemplo,
aos sistemas de produção para reduzir os custos com o meio de cultura enriquecido.
chave na solução deste problema com a biomassa residual bem como com o balanço
objetivo de queimar o biogás para gerar energia. Este processo consiste na conversão
dióxido de carbono (CO2), com traços de outros gases como hidrogênio e sulfeto
95
fenômeno da metanogênese que também é realizado por microrganismos (Cantrell,
96
Algumas alternativas, como pré tratamentos físico-químicos, co-digestão e controle da
prima. De acordo com Esperancini et al., para um biodigestor de 1.400 m3, o custo de
97
4 Estimativa Preliminar de Custos e Perspectivas da Produção
que muitos países são dependentes do petróleo e este por sua vez é produzido por
incentivados por políticas públicas em diversos países entre eles o Brasil que é o
devem ser produzidos e ofertados no mercado mundial. Para suprir esta demanda
98
começou a levantar questões relacionadas à sustentabilidade desta fonte renovável de
energia.
contribuição real dos biocombustíveis para a redução das emissões de gases de efeito
ocorre com a soja no Brasil onde a fronteira agrícola está se expandindo para o bioma
começaram a ganhar atenção novamente nos últimos anos. Novamente porque essa
fonte de matéria prima foi investigada, com o intuito de produzir biodiesel, nas décadas
99
apresentará o design e operação dos principais sistemas de produção e uma
como visto no Capítulo 2, são regiões propicias para este tipo de atividade visto que
há uma alta incidência de energia solar por unidade de área e tempo, sendo este um
larga escala.
100
Para este estudo, todos os casos utilizam água salobra ou salina proveniente de
poços próximos às fazendas somente para recompor a água perdida por evaporação e
pelo blowdown11, e a água inicial para encher as lagoas de cultivo, a maior parte da
recuperação da biomassa o que permite uma maior produção de biodiesel por unidade
de água, tornando o processo mais sustentável. Com relação aos nutrientes, a maior
mercado. O CO2 pode ser fornecido tanto por CO2 puro ou por gases de combustão
como visto anteriormente. Para o cenário II parte do CO2 e dos nutrientes é fornecido
Para todos os cenários de produção foi definida uma área de 200 ha dedicada aos
sistemas de cultivo e mais 200 ha para as outras instalações, totalizando 400 ha. Com
relação à espécie de microalga, não foi definida nenhuma espécie específica para os 2
cenários de produção, pois são escassos estudos detalhados o suficiente que tenha
feito uma triagem das espécies de microalgas mais adequadas para a produção de
biodiesel no Brasil. Portanto, escolheu - se uma espécie hipotética que cumpra com os
11
O blowdown é a água drenada dos sistemas de cultivo para evitar o acúmulo de sais
101
Tabela 16: Premissas básicas adotadas em relação à microalga.
Parâmetros Valor Unidade
2
Produtividade* 25 g/m /dia
Lipídios Totais 25 %
2
Lipídios Totais 6,25 g/m /dia
Proteínas 15 %
Carboidratos 35 %
Outros Compostos 10 %
C 53,8 %
N 7,72 %
O 37 %
H 1,1 %
P 0,24 %
Produção de Biomassa 16.750 ton/ano
Produção Total de Lipídios** 4.187,5 ton/ano
Produção de Biodiesel 4.749.710,65 litros/ano
Densidade do biodiesel 0,864 Kg/l
*todas as produtividades são com base no peso seco da matéria orgânica
**Considerando um eficiência no processo de extração igual à 98%.
Fonte: Elaboração própria.
extrapolação com base em trabalhos disponíveis na literatura. Para este trabalho foi
estimativas adotadas neste estudo podem ser melhoradas com projetos adicionais de
P&D à curto e médio prazo (~5 anos). Além disso, esses experimentos foram
Assumiu-se que essa barreira pode ser transposta através do uso de um sistema de
102
produção de um inóculum, ou seja, uma cultura concentrada e pura da espécie da
pois os cenários utilizam sistemas de cultivo aberto onde a cultura está mais
e 1% do custo operacional.
microalgas.
principal solvente, foi selecionada. Tais plantas de extração devem possuir uma
103
3500 ton/dia. Portanto os custos de capital e operacionais foram rateados entre as 70
No que diz respeito à parte econômica da análise a maioria dos dados foi obtida
os custos em dólar foram convertidos para dólar 2011 através do CPI (Consumer Price
relação ao real para o ano de 2011. Os custos em reais foram convertidos em real
ideal seria converter os valores para dólar 2011 através do CEPCI (Chemical
Engineering Plant Cost Index). No entanto, essa informação não é de domínio público
Por sua vez, o fator de anualização foi calculado utilizando a seguinte equação:
Onde i igual a 15% a.a. é a taxa de desconto, uma taxa coerente para
investimentos desta natureza, n igual a 25 anos é a taxa de vida útil do projeto. Por
membrana ou plástico e soluções para evitar erosão nas encostas das lagoas.
(Weissmann e Goebel, 1987, Benemann et al. 1996), uma lagoa com circulação única
(2 canais) (Fig. 32). Existem configurações de lagoas com vários canais de circulação
105
Fi
gura 32: Dimensões do Raceway Paddle Wheel Open Pond.
Fonte: Adaptado de Lundquist et al., 2010.
extensa com uma razão comprimento/largura baixa fornece uma maior área da lagoa
influencia no custo do sistema como um todo, com canais mais estreitos sendo mais
lagoa e canais mais largos são mais custosos devido ao aumento no valor dos
106
Figura 33: Custo de capital do sistema de cultivo incluindo a lagoa, o sistema de mistura e de
suprimento de CO2.
Fonte: Weissmann e Goebel, 1987.
Desta forma, para o cálculo dos custo neste trabalho foram escolhidas lagoas
33. Os principais parâmetros do design das lagoas estão resumidos na tabela 17.
107
A primeira etapa de construção são os trabalhos no terreno, como terraplenagem,
Gobel (1987) para esta etapa giram em torno de R$ 33.617,69/ha. Estes valores
podem variar muito pois são dependentes das características do terreno. Para o Brasil,
entre as regiões mais propícias para o cultivo de microalgas a Região Norte e Centro -
Região Nordeste (figura 34). Portanto, os custos desta etapa serão diferentes
Fi
gura 34: Áreas localizadas em altitudes menores que 500m e assumido que apresentem
declividades moderadas.
Fonte: Harmelen and Oonk, 2006.
proteção de mantas geotêxtil. Esse foi o método selecionado para a estimativa dos
108
Um aspecto importante e que pode dobrar o valor de construção das lagoas é se
haverá ou não um revestimento interno. Esse revestimento pode ser feito com
que está não apresenta muitos solos com essas características. Por outro lado, a
sistema consiste em uma turbina com paletas movida por um motor. A função deste
sistema foi discutida no Capítulo 2. Os custos estimados para todo o conjunto (turbina
Fig
ura 35: Esquema do sistema de mistura na vista da seção transversal da lagoa.
Fonte: Adaptado de Lundquist et al. (2010).
109
com divisores que direcionam o fluxo aos borbuladores para obter um efeito de contra
que a planta de Roswell é de pequena escala adotou - se neste trabalho uma fossa
110
Tabela 18: Resumo dos custos de capital para sistemas de cultivo aberto.
infraestrutura/
Unidade de Produção Custo total (R$) Custo (R$/ha)
equipamento
Preparação do terreno 6.723.537,10 33.617,69*
Como pode ser visto na figura 37 quase metade dos custos são referentes ao
já que em terrenos mais irregulares um maior nível dos trabalhos supracitados será
111
4.2.2 Design e Estimativa de Custos do Sistema de Recuperação de
Biomassa
recuperar a biomassa. Para os sistemas de cultivo aberto esse processo deve ser
muito baixa, da ordem de 0,1 - 0,55% de sólidos. Sendo assim, para a produção de
volume processado. Para os cenários que utilizam o sistema de cultivo aberto cerca de
este estudo, para a primeira etapa é a floculação. Para definir o design do sistema de
dias, onde 1/3 das lagoas é drenado por dia. Este tempo é compatível com o clima
24.000 m3, um volume total de 200.000 m3/dia (8.000 m3/dia/lagoa) é processado pelo
sistema de floculação.
que é a necessidade de um sistema de tubulação grande para que esse volume seja
solução é instalar diversos tanques que atendam a diversas lagoas ao mesmo tempo.
112
m3 cada onde o processo todo é completado em 8 horas, portanto um tempo total de
vezes em relação à concentração inicial média que é de 300 g/m3. Portanto, o lodo de
microalgas final resulta em um volume de 5.000 m3 que seguirá para a segunda etapa
custos de capital.
O custo do sistema de floculação foi estimado com base nos estudos realizados por
do sistema de floculação.
113
Tabela 20: Resumo dos custos de capital do sistema de floculação.
Unidade de infraestrutura/
Custo total (R$)* Custo (R$/ha)
Produção equipamento
Tanque de
Revestimento interno 2.155.725,00 10.778,63
floculação
Tubulações válvulas e
3.249.500,00 16.247,50
bombas
maior parte deste custo (50%) é referente a instalação dos sistemas de tubulação,
capacidade de processamento de 120 m3/h. Sendo assim, para este trabalho adotou -
Os custos das centrífugas foram obtidas em contato direto com o fabricante e estão
114
A figura 38 apresenta a composição dos custos de capital para as duas etapas do
secagem rotativo SRL 3000 da empresa Lippel. Esse sistema de secagem tem uma
115
4.2.4 Design e Estimativa de Custos do Processo de Extração
pela Crown® Iron Works Company, uma das principais empresas fornecedoras de
Lundquist et al. (2010). No trabalho realizado por Lundquist et al. (2010) a planta de
extração tinha uma capacidade para processar 4.000 ton/dia de biomassa uma
capacidade próxima da planta sugerida para o presente estudo que apresenta uma
imersão contínua em contra - corrente que utiliza o hexano como solvente. A unidade
de volta ao processo.
Para a planta de 4.000 ton/dia utilizado por Lundquist et al. (2010) o custo de capital
para uma planta com capacidade de 3.500 ton/dia encontrou - se um custo de capital
total de R$ 51.296.875. Esse valor será rateado entre uma cooperativa de 70 fazendas
de 200 ha cada o que resulta em um valor de R$ 732.812,5 para cada fazenda. Este
raciocínio foi seguido com o objetivo de obter economias de escala já para uma única
fazenda o custo de capital por tonelada processada seria maior. A tabela 22 apresenta
116
os custos de capital total e por fazenda da planta de extração. A planta de extração é
raciocínio da estimativa feita para a planta de extração. Uma única planta centralizada
alimentada por uma cooperativa de 70 fazendas de 200 ha. As estimativas foram feitas
autora foi para uma planta capaz de produzir 100.000 toneladas de biodiesel por ano.
custos para a planta de 288.000 ton/ano seguiu a seguinte função exponencial (Remer
e Mattos, 2003):
O custo de capital total estimado por Encarnação (2008) para uma planta de
apresenta o resultado dos custos de capital calculados para a planta com capacidade
de 288.000 ton/dia definida para este estudo. Estimou - se um custo de capital total de
Planta de
Instalações e 1.559.064,40
transesterificação 12.004.795,92
construção
biogás que pode ser queimado em geradores para produzir energia elétrica para ser
Densidade Linear) com capacidade de 11.000 m3. Tais sistemas são bastante
microalgas são produzidas por dia, onde 25% é extraído como lipídios (12,5 ton/dia) e,
segurança).
70% (Collet et al., 2011), onde 70% do biogás é metano e 30% CO2. Então uma
fazenda de 200 ha produz um total de 25,2 toneladas de biogás por dia, considerando
com um PCI de 6,9 kWh/m3 (Collet et al., 2011) cerca de 51.000 kWh, considerando
um gerador com eficiência de 30%, podem ser gerados por dia. Sendo assim, adotou -
119
Tabela 24: Dados técnicos adotados para o sistema de digestão anaeróbica e
geradores.
Equipamento Parâmetro Valor Unidade
3
Capacidade 11.000 m
Geradores instalados 2
Operação 8040 h
Fonte: Elaboração própria.
115.507,20 para dois biodigestores com capacidade de 900 m3 1400 m3. Como existe
fabricante (General Eletric), onde, para geradores específicos para utilizar biogás
120
instalado. A tabela 25 resume os custos de capital para a implementação de sistema
Tabela 25: Resumo dos custos de capital para o sistema de digestão anaeróbica e
geradores.
infraestrutura/ Custo
Unidade de Produção 3 Custo total
equipamento (R$/m )*
Biodigestor 43,28 476.123,26
Terraplanagem/
18,14 199.520,64
escavações
Conjunto Limpeza do
24,34 267.764,64
Biogás
Sistema de Digestão Anaeróbica
Conjunto Secador do
19,10 210.067,44
Biogás
Reservatório de biogás
26,47 291.215,76
limpo
Sistema de tubulações e
5,88 64.645,68
vávulas
121
Figura 39: Composição dos custos de capital do sistema de digestão anaeróbica e geradores.
instalações e construções.
do sistema foi definido para atender a demanda nos períodos de pico, ou seja nos
meses de verão.
122
Figura 40: Evapotranspiração potencial, mm/mês, referente aos meses de dezembro, janeiro e
fevereiro.
Fonte: Amorim et. al. (1999)
cm/dia mais uma taxa de blowdown de 0,2 cm/dia. Portanto, para uma taxa de perda
hídrica de 0,63 cm/dia e uma área de 80.000 m2 por lagoa, cerca de 540 m3/lagoa/dia
são demandados como água de reposição e, um total de 12.600 m3 para uma fazenda
123
Tabela 26: Custos de capital para o sistema de abastecimento e distribuição de água.
infraestrutura/ 3
Unidade de Produção Custo (R$/m )* Custo total (R$)
equipamento
Tubulações 17,92 225.823,50
Estudos
83.750,00 83.750,00
hidrológicos
duas fontes diferentes. A primeira considera que o CO2 puro será comprado,
infraestrutura de transporte dos gases de combustão que serão utilizados como fonte
de CO2 nas fazendas e fará parte da análise de sensibilidade dos cenários I e II.
não for levado em conta o preço do CO2 em si, comparado aos custos do sistema de
gases de combustão. A distribuição do CO2 puro seria feita sob pressão e o conjunto
deste sistema, valor utilizado neste trabalho. Entretanto há a questão de mitigação das
tCO2/ton de biomassa, cerca de 42.380 toneladas de CO2 por ano são necessárias
124
para a produção em uma fazenda. Assumindo um fator de emissão médio para usinas
térmicas à gás natural de 0,61 tCO2/MWh (PNE 2030), e que metade CO2 seria
perdido durante à noite, pois não ocorre biofixação de carbono neste período, uma
usina de 25 MW operando 8.000 h/ano seria capaz de fornecer todo o CO2 necessário
combustão foram estimados a partir do estudo realizado por Kadam (1997). A tabela
27 apresenta os custos de capital para os dois sistemas que serão considerados. Para
sensibilidade.
tubulação e
CO2 puro** 762,13 152.425,00
bombas
Abastecimento
de CO2 Compressão e
238,86 10.122.077,76
Gases de secagem
combustão***
Transporte 118,26 5.011.531,26
*CO2 puro (R$/ha); Gases de combustão (R$/ton de CO2)
** Estimado a partir de Benemann et al.(1996)
***Estimado com base em Kadam (1997)
125
Infraestrutura
nutrientes às lagoas com base em Weissmann e Goebel (1987). O outros custos foram
estimados com base no trabalho realizado por Benemann et al. (1996). A tabela 28 a
Instalações, estradas,
5.083,63 1.016.725,00 1.016.725,00
drenagem**
Abastecimento e postes,
5.083,63 1.016.725,00 1.016.725,00
distribuição de energia** transformadores, fios
sistema de produção, foi calculado com base em um percentual (25%) em cima dos
incertezas das análises referentes ao design e aos custos adotados para os sistemas
foram calculados também como um percentual (15%) sobre o custo de capital total.
126
4.2.8 Custos Operacionais para os Cenários de Produção
4.2.8.1 Energia
uso de velocidades maiores que 0,25 m/s. A energia necessária para manter uma
velocidade de 0,25, selecionada neste trabalho, pode ser calculada através das
fórmulas de Manning para perdas de carga. Para o cálculo da perda de carga nas
gravidade. Portanto, a perda de carga nas curvas das lagoas (hc) é igual a 0,0127 m.
127
O mesmo valor foi considerado para a perda de carga no sistema de suprimento de
CO2.
Outra perda de carga importante é pela fricção com o fundo e com as laterais
(negligenciável) das lagoas. Essa perda de carga é calculada pela seguinte equação
de Manning:
igual a 1.790 m é extensão do canal. Sendo assim, a perda de carga por fricção no
fundo do canal é igual a 0,1812 m, sendo a perda de carga total igual a 0,2066 m.
para superar a perda de carga. Esse calculo é realizado pela seguinte equação:
128
Seguindo a cadeia de produção, o consumo de energia elétrica pelo sistema
apresenta uma potencia de 5.5 kW. Sendo assim, considerando 5.585 h de operação
que para bombear 1 m3 a partir de poços consome cerca de 0,4 a 0,8 kWh/m3
poços com 50 metros de profundidade próximos à fazenda. Com uma demanda diária
129
operacionais (energia, mão de obra e torre de água de resfriamento) em função da
(ANEEL 2011) , os custos com consumo de energia para uma fazenda de 200 ha são
da ordem de R$ 1.650.000,00/ano.
130
A figura 42 apresenta a participação de cada sistema no consumo de energia
2.745.676,06/ano.
131
são: CO2, nitrogênio na forma de amônia, fósforo na forma de superfosfato triplo e
em uma fazenda de 200 ha, o custos por tonelada de nutriente e os custos totais por
ano.
1
CO2 puro 2,2 42.380 100 4.258.938,75
2
Nitrogênio (amônia) 0,053 887,5 670,00 594.792,50
Fósforo (superfosfato
3 0,005 83,75 887,75 74.349,06
triplo)
4
Ferro (FeSO4) 0,005 83,75 234,50 19.639,36
1
Baseado em Benemann et al. (1996).
2
USGS
3
Idexmundi
4
Alibaba
5
Weissmann e Goebel (1987).
na tabela 30 abaixo. Esses custos foram estimados com base no trabalho de Kadam
132
Para o cenário II, onde ocorre a reciclagem de nutrientes, provenientes da
Para o CO2, a queima do biogás gera uma emissão de 8.442 tCO2 que é
injetada no sistema de distribuição. Para o cenário II, que utiliza CO2 puro como fonte
preço médio de floculantes (Alibaba, 2011). Além disso, o consumo adotado foi de
0,007 ton/ton de biomassa. Dessa forma, para uma produção de 16.750 ton/ano são
geração de calor. São necessários cerca 8,80 GJ/h (Comunicação pessoal Lippel)
demandados. De acordo com ANP (2011) o preço do gás nacional para o segundo
133
semestre de 2011 foi de US$ 11,56/MMBTU12 (R$ 18,35/GJ), assim sendo, o custo
dados da Crown® Iron Works Company obtidos para o trabalho realizado por
Lundquist et al. (2010) e são derivados do consumo de gás natural para geração de
Outros custos que tem relação com esta etapa mas não fazem parte
12
1 MMBTU = 1,055 GJ
134
estimados com base nos estudos realizados por Singh et al. (2010). O custo médio do
para o cenário I ocorre apenas o transporte fazenda - planta de extração, e que para o
são: metanol, metilato de sódio, ácido fosfórico, ácido cítrico, ácido clorídrico, soda
caustica e ácido sulfúrico. Além disso, são consumidas utilidades com energia elétrica,
135
Tabela 32: Custos operacionais da planta de transesterificação.
Quantidade Custo Custo total Custo por módulo
(ton) (R$/ton) (R$/ano) (R$/ano)*
Metanol 28.439 911,63 25.925.905,27 370.370,08
Metilato de
5.265,5 3.623 19.077.005,91 272.528,66
Sódio
Ácido
2.298 1.008,09 2.316.689,56 33.095,57
Clorídrico
Agua de
15.512 3,81 59.120,19 844,57
processo
Água de
402 1,22 491,99 7,03
resfriamento
Utilidades
Vapor de 15
117.513,3 103,17 12.124.236,27 173.203,38
Kgf/cm2
depreciação do capital, que apesar de não ser um custo desembolsável deve ser
incorporado na análise dos custos de produção.. Além disso, custos como overhead,
foram alocados com base nos custos totais de mão de obra. A justificativa para este
fato é que geralmente tais custos são mais sensíveis à base da mão de obra, do que à
136
Para os custos com mão de obra mais overheads, Benemann et al. (1996) atribuiu
capital total. Esse custos serão apresentados na próxima seção para cada cenário de
produção.
constante ao longo de todo o tempo de vida útil estimado para o bem. Como adotou -
equipamentos.
4.3.1 Cenário I
microalgas cultivadas em sistema aberto (raceway open ponds), tendo como fonte de
137
Tabela 33: Resumo dos custos de capital para o cenário I.
Unidade de Produção Custo total (R$)
cenário I, onde 50% destes custos são destinados a construção do sistema de cultivo
Nutrientes 4.947.719,69
Floculantes 392.787,50
Mão de obra 1.524.250,00
Manutenção 1.986.835,82
Depreciação 1.565.468,66
Fonte: Elaboração própria.
139
Figura 44: Composição dos custos de operação cenário I
da produção de biodiesel para o cenário I. Para uma taxa de desconto de 15% a.a. e
de óleo.
140
4.3.2 Cenário II
141
Figura 45: Composição dos custo de capital para o cenário II.
digestão anaeróbica que gera energia e recicla parte dos nutrientes necessários, há
dá, principalmente, pelas receitas obtidas com a venda de energia elétrica liquida
142
Tabela 36: Resumo dos custos de operação para o cenário II.
Outros Custos de Capital Custo total (R$)
Nutrientes 3.301.079,30
Floculantes 392.787,50
Mão de obra 1.524.250,00
Transporte da Biomassa 981.968,75
Manutenção 2.212.837,19
Depreciação 1.746.269,75
Fonte: Elaboração própria.
cenário II são 28% menores. Isso se deve principalmente à receita obtida com a venda
geradas pela venda de energia elétrica excedente e da economia feita pela menor
diferença é que nos cenários III e IV a fonte de CO2 são os gases de combustão de
uma usina termelétrica localizada a 100 km da fazenda. Esse fato gera um aumento
respectivamente, que são os maiores custos de capital dos cenários I e II. A tabela 37
IV.
144
Tabela 37: Custos de capital, operação e de produção para os cenários III e IV.
Custo de Custo de Capital Custo de Operação Custo de Produção
Capital (R$) Anualizado (R$) (R$/ano) (R$/L)
variar certos parâmetros, estes indicam o quanto da variação sofrida por eles altera a
variável sob análise (no caso deste trabalho o custo de produção do biodiesel).
uma grande variação na variável sendo analisada, isto indica que esta variável é
sensível a alterações no parâmetro. Por outro lado, quando há uma grande variação
no parâmetro e uma pequena variação na variável sob análise, este fato mostra que a
variável que está sendo avaliada é pouco sensível a mudanças naquele parâmetro
parâmetros que foram avaliados são: produtividade, conteúdo lipídico, preço do CO2,
Neste momento, cabe esclarecer que os cenários III e IV serão representados pela
lipídico base (utilizados como premissas deste estudo, cenário base) e baixa
Como pode ser observado na figura 47, o custo de produção de biodiesel para o
custos de produção. Para o conteúdo lipídico, um aumento de 100% (25% para 50%)
146
provoca uma redução de 47% nos custos de produção e uma redução 40% gera um
redução de 50% do preço do CO2 acarreta uma redução de 10% nos custos de
produção.
produção para o cenário I. Sendo assim, para um cenário em que o preço do CO2 seja
economicamente. Além disso, este trabalho não levou em conta o preço do CO2 cuja
custos de produção do biodiesel para o cenário I são reduzidos em 14%. Com relação
147
Figura 48: Análise de sensibilidade para o cenário II.
produção são mais significativas, quando comparadas com o cenário I, pelo fato de
que o cenário II utiliza a biomassa com maior eficiência pois, além da produção de
biodiesel há receitas pela venda da eletricidade gerada pela queima do biogás oriundo
56%.
148
Para o CO2, uma redução do preço do CO2 à metade resulta em uma redução de
aumento de 18% caso este sistema seja adotado no cenário II. A discrepância entre o
aumento do cenário II para o aumento do cenário I ocorre pelo fato de que os custos
No tocante a taxa de desconto, uma redução para 8% gera uma redução nos
custos de 16%, maior do que a redução obtida no cenário I. Este fato ocorre devido ao
avaliação esta representada na figura 49, que também apresenta o caso base,
utilizado para a construção dos cenários deste trabalho, e um caso não tão otimista
quanto o esperado.
149
Figura 49: Custos de produção de biodiesel de microalgas para casos alternativos de
produtividade e conteúdo lipídico.
e o conteúdo lipídico não forem como o esperado para a produção em larga escala, os
150
A título de ilustração as figuras 50 e 51 exibem o comportamento do custo de
cenário I e II.
151
4.3.5 Perspectivas para o Brasil
com a finalidade de produzir biodiesel (ANP, 2011). A segunda matéria prima mais
utilizado foi o sebo bovina, seguido pelo óleo de algodão (ANP, 2011).
comercialização do biodiesel o seu custo de produção deve ser comparável aos custos
152
de produção de biodiesel utilizando outras matérias primas e os praticados pelos
leilões realizados pela ANP. A tabela 39 apresenta os resultados dos leilões realizados
até 2010.
Até 2010, a média do preço médio de venda do biodiesel do 1º leilão ao 20º leilão
prazo.
153
incidência de impostos. E também pode - se constatar que o a produção de biodiesel
vantagens, como será discutido a seguir favorecem às microalgas como matéria prima
Figura 53: Preços médios e de referencia praticados nos primeiros 20 leilões de biodiesel e
os custos de produção do biodiesel para os cenários I e II.
diz respeito ao uso da terra. Além de apresentar uma maior produtividade por unidade
de área do que a maioria das plantas oleaginosas, o cultivo de microalgas pode ser
154
soja para produzir a mesma quantidade de biodiesel que as microalgas produzem em
(10.000 litros/ha/ano).
microalgas. Alta taxa de incidência solar, temperaturas médias acima dos 20 °C.
Essas condições colocam o Brasil em uma posição bastante favorável, para o cultivo
Unidos.
5 Conclusões e Recomendações
aos principais cultivos terrestres. Uma das principais vantagens é que o cultivo de
microalgas pode ser realizado em áreas de baixa aptidão agrícola, portanto, não
competindo com lavouras voltadas a alimentação, que é uma dos principais questões
das emissões de gases de efeito estufa de fontes estacionárias, como por exemplo
usinas térmicas que geram energia através da queima de combustível fóssil. Outro
papel importante que já é realizado pelas microalgas à décadas, mais que pode ser
155
expandido, é o de tratamento de efluentes domésticos. As microalgas apresentam a
tema de inúmeras discussões e análises. Entretanto não há uma direção muito clara a
ser tomada.
Foi com esse potencial em mente que este trabalho buscou avaliar se, com a
matéria prima, mais que mesmo assim investem nesta alternativa justamente pelo seu
enorme potencial.
Uma das principais conclusões deste trabalho foi que ainda há muitas barreiras a
serem transpostas para que ocorra um amplo desenvolvimento desta alternativa. Uma
das principais barreiras é com relação aos aspectos biológicos. E entre os aspectos
conteúdo lipídico. A solução para esta barreira é encontrar espécies que apresentem
156
um acúmulo natural de lipídios maior do que o normal ou então criar, através de
Do ponto de vista tecnológico existem diversas rotas que podem ser seguidas para
virtualmente quase nenhuma das tecnologias necessárias para a sua produção foram
ser perseguido para que o enorme potencial existente torne - se realidade. O potencial
desconhecida.
utilizado para geração de energia elétrica, além de reciclar parte dos nutrientes
produção do cenário I para o cenário II, cerca de 20%, o que demostra que a presença
tradicionais no Brasil.
não abaixo dos praticados para as culturas tradicionais. Além disso, os custos de
farmacêutica.
• Além disso, seria bastante interessante realizar uma análise espacial detalhada
produção.
158
• Outro aspecto que também deve ser avaliado para o Brasil, é a triagem e
produção.
159
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