O Termo
O Termo
O Termo
intencional de força física ou de poder, seja na realidade ou apenas em ameaça, que possa
causar danos a si próprio, outras pessoas ou comunidades. A partir dessa definição mais geral
de violência, é válida a reflexão: será que nossas palavras e gestos são capazes de causar danos
a outras pessoas? Se sim, como seríamos capazes de utilizar uma comunicação não violenta?
Desde esse ponto, podemos pensar em quais seriam inúmeros os benefícios de conseguir
abordar uma situação de um ponto de vista pacífico, sem causar danos nem a nós mesmos,
nem a outras pessoas. Os ambientes de trabalho e de convívio social poderiam se tornar muito
mais leves, saudáveis e descomplicados.
Vamos conferir mais sobre esse conceito, sua utilização e história, assim como algumas dicas
de como colocá-la em prática no dia a dia? Confira o conteúdo preparado especialmente para
você a seguir:
Comunicação não violenta é um conjunto de técnicas que visam uma comunicação
mais empática e que vão de encontro com um pensamento mais humanizado e menos
discriminatório, necessário para os dias atuais.
Desse modo, essa teoria acredita que somos capazes de conseguir resultados ainda mais
promissores se utilizarmos uma linguagem afetuosa, levando a um maior crescimento
individual e social.
A Comunicação não violenta pode ser utilizada em qualquer esfera da vida, incluindo relações
íntimas, escolares, familiares, profissionais, na terapia, conflitos, aconselhamentos,
negociações, disputas, debates, entre outros, e envolve não só o que falamos, mas também
gestos, comportamentos, expressões…
É importante ter em mente que, na maioria das vezes, a comunicação violenta não vem com
grosserias ou utilização de palavras de baixo-calão. Muitas atitudes podem ser consideradas
violentas sem nem ao menos percebermos.
Exemplos:
Utilizar sentimentos, ações e pensamentos como forma de culpar outras pessoas, usando
forças impessoais, regras, autoridades, regulamentações e limitações sociais para impor algo
que representa uma vontade ou necessidade nossa.
Exemplos:
Eu odeio brigar com você, mas é o que amigos devem fazer de vez em quando.
Olha, eu não acho que é justo dar mais tempo para você cumprir essa tarefa.
3. Demandar
Exemplos:
Caso você não seja uma pessoa que aprende rápido, seu lugar não é conosco.
Vou ter que dar uma avaliação negativa caso você não cumpra sua tarefa.
Que pena que você foi demitido(a). Pelo menos é mais experiência para você da
próxima vez!
Desde quando você está doente? Já foi a uma consulta médica? Quando você volta ao
trabalho? Acha que consegue entregar sua tarefa até o fim de semana?
Na década de 60, o psicólogo norte americano Marshall Rosenberg desenvolveu uma nova
abordagem para a resolução de conflitos baseados em grandes líderes mundiais, como
Martin Luther King e Mahatma Gandhi. Tal abordagem foi testada no seu trabalho em conjunto
com os movimentos sociais que aconteciam em sua cidade natal, Detroit.
Por muito tempo, sua teoria foi utilizada por muitas pessoas, inclusive educadores,
treinadores e colegas do ramo ao redor do mundo. Apesar disso, seu primeiro livro sobre o
assunto só foi publicado no ano de 1999. A comunicação não violenta continuou a se
desenvolver com o passar dos anos, alcançando outros ramos ainda mais distantes, como
desenvolvimento pessoal, terapia, trabalho social, gerenciamento de negócios, etc.
A comunicação não violenta anda lado a lado com a identificação de nossas necessidades.
Desse modo, a importância principal da comunicação não violenta é a possibilidade de
compreender quais são nossas necessidades não compreendidas e das pessoas ao nosso
redor. Assim, podemos de fato começar a pensar em como resolver conflitos.
Outros pontos pelos quais a utilização das técnicas da comunicação não violenta é importante:
Faz com que a honestidade seja vista com bons olhos, ao conseguirmos priorizar
nossas necessidades.
A Comunicação não violenta é composta por quatro fatores principais, e são eles:
a) Consciência
b) Linguagem
A linguagem é o elo principal de toda comunicação humana. É por ela que somos capazes de
transmitir mensagens e decodificar códigos que exprimem nossos anseios, desejos,
necessidades e sentimentos. Desse modo, os signos (como palavras, sinais) são componentes
primordiais da forma como nos relacionamos, nos conectamos e até motivo de nosso possível
distanciamento de certas pessoas.
c) Empatia
Saber quando e como ouvir as demais pessoas, mesmo em discordância, é um dos fatos
primordiais da CNV. A empatia não é somente para com as outras pessoas, mas conosco
também. Devemos ser capazes de reconhecer quando precisamos de algo e saber pedir por
isso.
d) Relações de Poder
Saber como utilizar sua influência para as demais pessoas é um dos pilares da comunicação
não violenta. Você, sendo uma pessoa educadora, líder ou gestora, sabe compartilhar seu
poder com as demais pessoas, ou você a utiliza diretamente nelas? A compreensão das
relações de poder e como elas se adequam na comunicação é importante, uma vez que isso
pode gerar medo e angústia em pessoas menos influentes.
Evitar conflitos
Os quatro passos apresentados anteriormente são mais gerais e poderão se aplicar a diversas
situações. Entretanto, muitas situações vão apresentar conflitos únicos e com uma variação e
complexidade de sentimentos tão grande que nem sempre será tão fácil comunicar-se de
forma não violenta.
Assim sendo, vamos conferir cinco situações diferentes, cada qual com perguntas que
auxiliarão você a treinar a adoção de uma comunicação não violenta. Confira:
ESCUTA ATIVA
Selecione uma pessoa que você não se dá bem em sua vida e pergunte-se:
“Eu gostaria de saber se eu compreendi exatamente o que você disse, posso repetir?”
“Será que houve algo que eu disse que poderia ser mal interpretado?”
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
Utilize para quando houver pontas soltas em relacionamentos interpessoais, ou questões não
resolvidas.
“Eu explorei as questões de ambos os lados, inclusive as que não são tão evidentes?”
Pergunta #2 — Identificação
“Eu fui capaz de identificar quais dessas questões é a mais urgente para ambos os
lados?”
“Eu consegui montar um plano de ação que soluciona ambas questões mais urgentes,
e, ao menos, algumas das outras questões menores?”
Pergunta #4 — Cooperação
“Eu adotei um tom de cooperação durante todo o processo e permiti que a outra
pessoa atuasse tanto quanto eu na resolução?”
Utilize para quando você tiver um acesso de raiva e não conseguir mais discutir no momento.
“Quais são os sinais que me dizem que é melhor não discutir no momento?”
Pergunta #2 — Acalmando-se
“O que foi que me acalmou quando eu deixei o conflito suspenso por um momento?”
Pergunta #3 — Insight
“O que eu percebo agora que eu me acalmei que eu não conseguia perceber antes e o
que eu queria naquele momento?”
“Agora que me acalmei, percebi o que eu queria e o que não conseguia ver quando
estava com raiva, qual a melhor abordagem para voltar ao assunto em questão?”
Pergunta #1 — Teimosia
“Eu estou insistindo no mesmo pensamento repetitivamente, mesmo sabendo que ele
não me leva a lugar nenhum?”
Pergunta #3 — Persuasão
“Eu estou insistindo excessivamente em uma ideia que a outra pessoa não quer e
estou utilizando de mecanismos de manipulação para conseguir essa solução?”
Pergunta #4 — Críticas
ATRIBUIÇÃO DE CULPA
Reflita nessas perguntas quando tentar identificar se está transferindo a culpa para outras
pessoas. Volte e centre-se apenas nos seus sentimentos e necessidades.
“Eu estou dizendo coisas com intenção de machucar, pois não sei expressar minhas
necessidades?”
“Eu estou conseguindo lidar com os sentimentos de culpa/vergonha que estou tendo
agora?”
“Eu estou tentando culpabilizar outra pessoa por um sentimento que é exclusivamente
meu?”
Pergunta #4 — Frustração
“Esse sentimento é de fato raiva ou é apenas frustração por conta de uma necessidade
minha?”
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Vamos conferir agora alguns exemplos adotados que ilustram a utilização de uma comunicação
não violenta. Cada um desses exemplos é, na verdade, uma adaptação de exemplos utilizados
nos escritos do próprio idealizador da teoria, o Marshall Rosenberg.
A pessoa educadora então propõe que a criança comece a utilizar uma comunicação não
violenta com os amigos e amigas. Dessa forma, a criança teria que dizer o que estava sentindo
sempre que algo que a incomodasse acontecesse, como por exemplo: “Poderia se afastar da
minha carteira, por favor? Eu sinto raiva quando as pessoas ficam muito próximas de mim”.
Por meio disso, a pessoa educadora é capaz de identificar as raízes das frustrações e das
necessidades não compreendidas da criança. Isso faz com que ela se sinta mais livre e possa
expressar maior criatividade em sala de aula, resultando em um comportamento menos
agressivo e mais empático.
O ambiente hospitalar é um dos mais difíceis de se estabelecer uma comunicação que seja não
violenta, isso porque é um ambiente repleto de pessoas passando por situações difíceis em
suas vidas.
Suponhamos que haja um médico ou médica que tenha pacientes com quadros irreversíveis,
ou seja, doenças as quais as curas ainda não foram encontradas. Tal profissional poderia, ao
invés de nutrir medo e angústia, demonstrar que tem interesse real em escutar a pessoa
paciente e ajudá-la a enxergar como viver sua vida dia após dia da melhor forma.
Isso fará com que as pessoas pacientes se acalmem e sejam gratas, e, em troca, o médico ou
médica terá maior motivação em prosseguir com sua carreira e profissão, sendo capaz de
enxergar pacientes além de suas condições médicas.
O impulso comum nesse caso seria proteger-se e explicar que mesmo que ele faça parte de um
país, ele pode não compactuar com sua atuação. Entretanto, Marshall apenas ouviu a pessoa e
compreendeu que a origem desse “ataque” a sua pessoa vinha de uma profunda necessidade
que tinha de um lugar digno e seguro para viver, assim como educação de qualidade, liberdade
política, e outras condições de vida básicas.
Essa compreensão fez com que a raiva da pessoa se dissipasse e ela passasse a enxergar
Rosenberg como um aliado. Mais tarde, o psicólogo foi convidado para jantar na casa da
pessoa.
Também conhecido como “ciclo da comunicação não violenta”, esses 4 passos são essenciais na
adoção de comportamentos que levarão a sua comunicação a ser menos violenta. Vamos
conhecê-los?
1 – Atenção
Esse primeiro passo envolve distanciar por um minuto da situação e observá-la com cautela.
Ouça, veja e utilize todos os demais sentidos com bastante atenção para averiguar a situação
no momento. É crucial que, nesse primeiro momento, essa observação seja apenas uma
exposição consciente dos fatos, sem nenhum juízo de valor. Afinal, para a CNV, a observação é
diferente do julgamento.
Esse primeiro passo vai garantir que você se prepare para os passos seguintes, afinal,
aumentará sua percepção e compreensão da situação.
2 – Questionamento interno
Após coletar informações suficientes acerca da situação que acabou de ocorrer, é hora de ter
sinceridade em relação aos próprios sentimentos. Não é fácil a tarefa de tentar reconhecer
qual o sentimento que está aflorado no momento, nem mesmo quando se trata de nós
mesmos.
É importante não sentir culpa ou vergonha por sentimentos, sejam eles quais forem. Pois,
ignorá-los ou fingir que eles não existem resultará em uma possível comunicação violenta, sem
contar que o próximo passo não será possível.
É crucial conseguir identificar quais são os sentimentos envolvidos no momento, já que eles
estão intimamente ligados com alguma necessidade. Tanto os sentimentos quanto as
necessidades andam na mesma direção, em conjunto. Dessa forma, compreender os
sentimentos permitirá que haja uma abertura para a compreensão das necessidades.
As perguntas que surgirão são: “por qual razão eu me sinto assim?” ou “ O que eu preciso para
parar de me sentir assim?”. Após identificadas as necessidades por meio dessas respostas, você
poderá, por fim, realizar a proposta para a outra parte do conflito.
4 – Proposta
Uma vez que você notou que existe uma necessidade que lhe incomoda, é o momento de
tentar resolvê-la. Desse modo, apresente, de forma empática também com os sentimentos e
necessidades de outras pessoas, uma proposta ou pedido. Caso a pessoa se recuse ou não
consiga, tente mudar a proposta até atender sua necessidade ou até a pessoa compreender o
que necessita ser feito ou dito.
Deve-se manter em mente que a proposta deve ser bem elaborada e pautada em objetivos
assertivos e explícitos, para não causar confusão na mensagem.
Uma vez que você foi capaz de fazer isso para você mesmo, repita o processo colocando-se no
lugar da outra pessoa envolvida no conflito. Assim, será mais fácil compreender as
necessidades da outra pessoa e tentar chegar a um ponto em comum em que ambas
necessidades sejam satisfeitas.
As dinâmicas, tanto em grupo como individualmente, são atividades que ajudam a fixar algum
conhecimento ou levar-nos a uma reflexão acerca de determinado tópico. Separamos duas
dinâmicas para se fazer focando no aprendizado de comunicação não violenta, confira:
Ações e Intenções
2. Escreva nesse pedaço de papel, utilizando uma caneta ou lápis, algo que você disse ou
fez que deixou você refletindo acerca dessa ação.
Essa dinâmica é importante para fazer com que pensemos melhor em nossas ações e
intenções. Você ajudou uma pessoa no trabalho, pois você quer vê-la progredir ou porque
sabia que a pessoa supervisora estaria olhando? Você fez a tarefa de alguém para ajudá-la ou
ensiná-la uma lição?
Faz-de-conta
Essa dinâmica deve ser feita em duplas. Cada pessoa integrante da dupla representará um
papel. A primeira pessoa tentará personificar a empatia, e a outra tentará fazer o exato oposto
disso. Após alguns minutos de conversação, troquem de papel.
Após a atividade, pratiquem um pouco de CNV e compartilhem como cada pessoa se sentiu em
cada papel. Essa atividade é importante para ilustrar como a ausência de empatia pode
despertar sensações ruins e angustiantes, assim como também reforça a importância de uma
comunicação não violenta.
A comunicação não violenta auxilia em diversas áreas. Entretanto, a área da educação tem um
ganho adicional com essa prática, uma vez que ela torna o processo de aprendizado mais
fluido e garante melhores relações interpessoais em sala de aula.
Faltas e Abstenções;
A pessoa educadora termina exausta e com uma relação desgastada com os alunos e
alunas.
Para adotar a CNV em sala de aula, algumas mudanças são necessárias. A pessoa educadora
precisa mudar sua própria comunicação primeiro e depois ensinar como se comunicar de
maneira não violenta para os alunos e alunas. Depois, todas as regras e questões das aulas
precisam ser repensadas de forma a não ferir as diretrizes da CNV, como já demonstramos
acima como pode acontecer. É preciso sempre esperar o melhor dos alunos e alunas para
conseguir ter uma aula positiva e construtiva.
Com uma correta implementação da comunicação não violenta em sala de aula, várias
vantagens poderão ser observadas, como já relatado por educadores e educadoras que o
fizeram:
Estudantes trazem outros e outras que não estavam vindo para a sala;