Admin, UNIPAR Saude 8920
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SOSTER, C. B.; FERREIRA, M. DA. R.; DORNFELD, D.; EINLOFT, F. M. S.; FAJARDO, A. P.;
ROMER, C. M.; BERTONCELLO, K. C. G. Ensino técnico de enfermagem e as metodologias ativas
de ensino-aprendizagem: uma revisão integrativa. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR.
Umuarama. v. 26, n. 3, p. 1267-1286, set./dez. 2022. :
ABSTRACT: Nursing technicians comprise the largest workforce in the health area, however, there
are few publications on the training of this professional. This study aimed to identify in the literature
the active teaching-learning methodologies used in the formative process of technical courses in
DOI: 10.25110/arqsaude.v26i3.20228920
1
Mestra em Avaliação e Produção de Tecnologias para o SUS. Grupo Hospitalar Conceição, Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). E-mail: [email protected]
2
Mestra em Avaliação e Produção de Tecnologias para o SUS. Grupo Hospitalar Conceição.
E-mail: [email protected]
3
Mestra em Enfermagem. Grupo Hospitalar Conceição, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
E-mail: [email protected]
4
Doutora em Ciências da Saúde. Grupo Hospitalar Conceição. E-mail: [email protected]
5
Doutora em Educação. Grupo Hospitalar Conceição. E-mail: [email protected]
6
Mestra em Ensino na Saúde. Grupo Hospitalar Conceição. E-mail: [email protected]
7
Enfermeira, Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
E-mail: [email protected]
ISSN 1982-114X Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, Umuarama, v. 26, n. 3, p. 1267-1286, set/dez. 2022 1267
Ensino técnico de enfermagem...
nursing. The method used was an integrative literature review that included studies indexed in the
databases Virtual Health Library (VHL), SciELO, MEDLINE, CINAHL, Web of Science, and
SCOPUS, published between 2011 and 2021. This review was structured into five methodological
steps and the data were analyzed qualitatively. It identified 988 records, from which 6 articles were
selected, totaling 151 subjects and 24 public and private educational institutions. The interventions
identified were: storytelling, mentoring, feedback, problematization, and simulated practice.
Teachers and students recognized the positive influence of active methodologies in the formative
process of nursing technicians. Despite being qualified, the teachers expressed insecurity about using
this method, and institutional investment and support is needed, as well as an appreciation of the
teaching staff in order to promote this practice. A scarcity of studies with methodological quality
about technical education in nursing is also noteworthy, showing an incipient scientific interest in this
area.
KEYWORDS: Technical education in nursing; Teaching practice in nursing; Learning; Nursing
education; Nursing teachers.
RESUMEN: Los técnicos de enfermería constituyen la mayor fuerza de trabajo en el área de la salud,
sin embargo, existen pocas publicaciones sobre la formación de este profesional. Este estudio tuvo
como objetivo identificar en la literatura las metodologías activas de enseñanza-aprendizaje utilizadas
en el proceso formativo de los cursos técnicos de enfermería. El método utilizado fue una revisión
bibliográfica integradora que incluyó estudios indexados en las bases de datos Virtual Health Library
(BVS), SciELO, MEDLINE, CINAHL, Web of Science y SCOPUS, publicados entre 2011 y 2021.
Esta revisión se estructuró en cinco pasos metodológicos y los datos se analizaron cualitativamente.
Se identificaron 988 registros, de los que se seleccionaron 6 artículos, con un total de 151 sujetos y
24 instituciones educativas públicas y privadas. Las intervenciones identificadas fueron: narración de
historias, tutoría, retroalimentación, problematización y práctica simulada. Docentes y estudiantes
reconocieron la influencia positiva de las metodologías activas en el proceso de formación de los
técnicos de enfermería. Además de estar cualificados, los profesores manifiestan inseguridad en el
uso de este método, por lo que es necesaria una inversión y apoyo institucional y la valoración del
cuerpo docente para fomentar esta práctica. También destaca la escasez de estudios con calidad
metodológica sobre la formación técnica en enfermería, lo que demuestra un incipiente interés
científico en esta área.
PALABRAS CLAVE: Enseñanza técnica en enfermería; Práctica docente en enfermería;
Aprendizaje; Enseñanza de la enfermería; Profesores de enfermería.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com a pesquisa “perfil da enfermagem no Brasil”, publicada em 2015, profissionais
de nível auxiliar e técnico correspondem a 77% da força de trabalho da enfermagem no Brasil. São
trabalhadores com formação de nível médio, acrescida de um curso profissionalizante, que prestam
assistência de enfermagem em baixa e média complexidade e estão presentes na maioria dos serviços
de atenção à saúde no país (MACHADO et al., 2017; AZEVEDO; BALSANELLI; TANAKA, 2021).
Apesar da figura de um profissional não enfermeiro que cuida da pessoa enferma estar
retratada em diversos relatos de tempos longínquos, a regulamentação da educação profissional de
enfermagem no Brasil data de 1961. Uma década depois, a lei n° 5.692 de 11 de agosto de 1971
definiu os cursos profissionalizantes de enfermagem como cursos de nível médio (FERREIRA et al.,
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SOSTER, C. B. et al.
2022), sendo reconhecida pela Lei 7.498 de 25 de junho, de 1986 e regulamentada pelo decreto do
Conselho Federal de Enfermagem n° 94.406 de 8 de junho de 1987 (BRASIL, 1986; BRASIL, 1987).
A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, publicada em 1996, pela primeira
vez foi referenciada a formação de profissionais ativos e reflexivos, endossando as discussões que
vinham ocorrendo no período. Esse momento configurou o início da transição de uma formação
tecnicista e procedimental rumo a um processo crítico-reflexivo de ensino (FONTANA; PINTO;
MARIN, 2021).
Nessas circunstâncias, fez-se necessário que os cursos de educação profissional técnica de
nível médio em enfermagem adequassem seus processos educativos a fim de superar o modelo de
ensino hegemônico. Para alcançar a mudança de paradigma, as metodologias ativas são inseridas
como estratégia educacional que contribui para a aproximação da teoria à prática, possibilitando um
processo de formação dinâmico e flexível, que incentiva e apoia uma atuação ativa do discente
(CHIANCA-NEVES; LAUER-LEITE; PRIANTE, 2020; FERREIRA et al., 2022).
As metodologias ativas se caracterizam pela inter-relação entre educação, cultura e sociedade,
sendo desenvolvida por meio de métodos ativos e criativos, centrada na aprendizagem por
experiências e com a intenção de desenvolver a autonomia do aprendiz (BACICH; MORAN, 2018).
Esta concepção surgiu a partir do movimento chamado Escola Nova, que visava promover a
aprendizagem por meio da reflexão sobre as experiências, orientadas por iniciativa e cooperação
(WESTBROOK; TEIXEIRA, 2010). Aproximando-se do pensamento freiriano, a Escola Nova
desenvolveu-se a partir da problematização da realidade (FREIRE, 1996). Nesse sentido, ensinar
significa promover situações que despertem a curiosidade dos educandos, incentivando reflexões e
questionamentos sobre a realidade para a construção de novos conhecimentos (CHIANCA-NEVES;
LAUER-LEITE; PRIANTE, 2020).
Os técnicos de enfermagem compõem uma categoria com expressiva representatividade no
cuidado à saúde, devendo assumir uma postura crítico-reflexiva em sua prática. Este fato justifica a
preocupação com a formação deste profissional. Uma vez que se tem nas metodologias ativas um
modo inovador de ensino para a qualificação da formação técnica em enfermagem, o presente estudo
objetiva identificar na literatura as metodologias ativas de ensino-aprendizagem utilizadas no
processo formativo dos cursos técnicos em enfermagem.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura sobre uso de metodologias ativas em cursos
técnicos em enfermagem. Este método de pesquisa consiste em uma abordagem que possibilita a
inclusão de estudos com diversas metodologias e permite integrar resultados e conclusões,
contribuindo para a ampliação do conhecimento acerca de um fenômeno de interesse. Para
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Ensino técnico de enfermagem...
desenvolver este estudo, foram percorridas cinco fases: 1) Identificação do problema; 2) Pesquisa na
literatura; 3) Avaliação dos estudos incluídos; 4) Análise dos dados; 5) Apresentação
(WHITTEMORE; KNAFL, 2005).
8
O Thesaurus Brasileiro da Educação consiste em um vocabulário controlado que reúne termos e conceitos, chamados
descritores, que são destinados à indexação e à recuperação de documentos e informações em determinado campo do
saber (Brasil, 2022).
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SOSTER, C. B. et al.
Figura 1: Descritores controlados utilizados na estratégia de busca dos estudos por base de dados. Porto Alegre, RS,
Brasil, 2022.
Base de Estratégia de busca
dados
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3. RESULTADOS
A busca resultou na identificação de 988 registros: 23 na BVS, 205 na SciELO, 599 na Web
of Science, 41 na MEDLINE, 3 na CINAHL, 117 na Scopus e um artigo foi incluído a partir das listas
de referências. Excluídas as duplicações (77), 912 registros foram avaliados em seus títulos e
resumos. Quinze registros foram recuperados para leitura integral. Após leitura minuciosa, seis
artigos foram incluídos nessa revisão integrativa. A descrição gráfica da busca está representada na
Figura 2.
Figura 2: Fluxograma de seleção de estudos no formato PRISMA 2020, demonstrando as fases de identificação, triagem
e inclusão de estudos desta revisão integrativa. Porto Alegre, RS, Brasil, 2022.
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SOSTER, C. B. et al.
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Ensino técnico de enfermagem...
Tabela 1: Caracterização da amostra de docentes quanto a sexo, idade e titulação e experiência. Porto Alegre, RS,
Brasil, 2022.
Sexo Tempo de
Titulação
Identificação do Amostra Docentes n docência
Feminino Masculino Idade máxima
Estudo total (n) (%) (média em
n(%) n(%) n(%)
anos)
Especialista
4(36,7%)
A 11 11 (100%) 10 (90,9%) 1 (9,1%) 24-45 -
Mestre
7(63,3%)
Graduado
1(5,2%)
Especialista
14(73,8%)
F 19 19 (100%) 17 (89,5%) 2 (10,5%) 25-47 6,4
Mestre
3(15,8%)
Doutor
1(5,2%)
Fonte: as autoras
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SOSTER, C. B. et al.
Tabela 2: Caracterização dos estudos por título, ano, país de publicação, tipo de publicação, método e amostra. Porto
Alegre, RS, Brasil, 2022.
Identifi- Tipo de publicação
cação do / periódico (Qualis Método do
Título do artigo Autores País Amostra
Estudo enfermagem/ Estudo
(ano) educação)
A (2016) Prática de Ribeiro G; Brasil Publicação de Estudo 11 docentes de
biossegurança no Pires DE; Enfermagem exploratório cursos técnicos
ensino técnico de Scherer descritivo de enfermagem
enfermagem MDA. Trabalho, educação em 2 escolas
e saúde (B2/A2)
Fonte: as autoras.
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Ensino técnico de enfermagem...
Tabela 3: Síntese dos dados extraídos dos estudos quanto aos seus objetivos, limitações, resultados e conclusões. Porto
Alegre, RS, Brasil, 2022.
Identifica-ção
Objetivos Limitações Resultados e conclusão
do estudo
A Compreender a Foram incluídos O acesso ao conhecimento e a disponibilidade de recursos
percepção dos somente qualificados e adequadamente quantificados são essenciais
docentes sobre o docentes na para o ensino prático das medidas de biossegurança.
ensino prático amostra. As instituições de ensino necessitam propiciar espaços que
das medidas de sensibilizem os educandos sobre o tema.
biosseguran-ça.
E Avaliar o Não foi descrita. O estudo destaca a metodologia problematizadora como uma
processo de estratégia que viabiliza uma aprendizagem significativa,
ensino- apesar da limitação da formação didático-pedagógica das
aprendizagem docentes. Concluiu que este método contribuiu para a
em um curso aproximação das distintas realidades dos discentes e garantiu
técnico de um espaço de fala para discentes em situação de
enfermagem à vulnerabilidade.
luz da
problematiza-
ção.
F Descrever o Não foi descrita. O estudo conclui que metodologias inovadoras são essenciais
processo de para o ensino em saúde. Define o storytelling como um
construção e método viável, tanto em sala de aula quanto nos meios
avaliação de um digitais. Destaca a necessidade do comprometimento e da
instrumento que qualificação docente para o uso deste recurso.
utiliza o
storytelling no
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SOSTER, C. B. et al.
ensino técnico
em
enfermagem.
Fonte: as autoras.
4. DISCUSSÃO
Os achados são apresentados em três categorias temáticas: 1) Metodologias ou didáticas ativas
de ensino-aprendizagem; 2) Desafios enfrentados para implementação do ensino profissional técnico
de nível médio a partir do uso de metodologias ativas; e 3) Características metodológicas dos estudos.
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pouco suas potencialidades ao utilizá-lo de forma unidirecional, do docente para o discente, sem
perspectiva de aprimoramento discente ou docente. O estudo destacou que inclusive as enfermeiras
mais experientes podem beneficiar-se desta prática e que esta estratégia, quando adequadamente
utilizada, contribui para o aprendizado da equipe. Os autores ressaltaram que é tão importante o
estudante ser capaz de receber feedback e melhorar o seu desempenho a partir disso, quanto aprender
a dar feedback de forma eficaz e respeitosa e que isso contribui para a qualificação da prática
(ALTMILLER et al., 2018).
A contação de histórias, storytelling, consiste em um método de comunicação baseado na arte,
amplamente utilizado no entretenimento e educação, que motiva o interlocutor a refletir sobre os
acontecimentos e o contexto. Ouvir histórias provoca emoções que contribuem para o
desenvolvimento da mente, formulação e reformulação de concepções e pontos de vista. Por sua
composição, o cérebro humano armazena informações e eventos através de histórias contextualizadas.
Desta forma, as informações obtidas de através do storytelling são melhor compreendidas e retidas
na memória (RAHIMI, 2019). No campo do ensino em saúde ele contribui para contextualização de
cenários e estimula os estudantes a refletir sobre as decisões e consequências, promovendo, além de
aprendizado sólido, a necessidade de gerenciamento das emoções (ZARE et al., 2021).
O estudo F (SIEGA et al., 2021) relatou que o storytelling contribuiu para problematizar a
realidade e promover a aprendizagem significativa, mas as limitações de formação didático-
pedagógica dos docentes são um fator limitador para seu uso. Em uma revisão integrativa que
investigou o uso do storytelling no ensino da prática clínica para enfermeiros, os autores observaram
que esta prática é benéfica para o processo de ensino-aprendizagem, contribui para o desenvolvimento
das habilidades de comunicação interprofissional e com o paciente. Destacaram ainda que, por meio
do storytelling, ocorrem insights e que estes facilitam o aprendizado através da atribuição de sentido
ao que está sendo visto, configurando uma metodologia eficaz para o ensino clínico em enfermagem
(TIMPANI et al., 2021).
O artigo C (SANTOS; BACKES, 2021) relatou o uso do mentoring durante atividades e na
capacitação pedagógica dos docentes do curso, não como um programa de formação docente, mas
como uma ação pessoal apoiada institucionalmente. De acordo com as autoras, essa prática – onde
enfermeiras novatas são acolhidas e “mentoradas” por docentes experientes – favorece o
desenvolvimento e inspira uma cultura de acolhimento, incentivando uma relação colaborativa entre
as docentes e entre a gestão e o corpo docente. Para elas, esse caminho impacta positivamente para a
construção de conhecimentos sobre o contexto da educação, o currículo e os objetivos da formação.
Também consideraram que favorece a unidade e o alinhamento no trabalho docente, levando em conta
as características dos discentes e as adaptações necessárias ao conteúdo ensinado. Finalmente, as
autoras pontuaram que o compartilhamento do conhecimento é fundamental pelo potencial de dar
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SOSTER, C. B. et al.
suporte ao docente novato e lhe proporcionar boas condições de trabalho. Os achados deste estudo se
assemelham aos encontrados em uma revisão integrativa, na qual o mentoring é descrito como um
processo que proporciona ao par de envolvidos uma oportunidade para desenvolver laços mais
próximos nas relações de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento mútuo (MOKEL et al.,
2022).
Sabe-se que o mentoring é uma estratégia que facilita a dialogicidade, o sentido de cooperação
e o trabalho coletivo compartilhado, sendo possível utilizá-la tanto na relação entre docentes quanto
entre discentes. Dessa maneira, um estudo descreveu o processo de mentoria entre estudantes,
destacando em seus resultados como um processo fluido, que, apesar de desafiador, é benéfico para
o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que estabelece a responsabilidade dos próprios
estudantes com o seu aprendizado. Os autores destacaram ainda que este processo propicia um
desenvolvimento coletivo e o senso colaborativo e inclusivo entre a comunidade estudantil
(DUBLEY et al., 2021).
Nas produções A (RIBEIRO; PIRES; SCHERER, 2016) e B (OLIVEIRA et al., 2017) foram
discutidas estratégias inovadoras para o desenvolvimento de atividades tidas como convencionais.
Uma delas é o trabalho de conclusão de curso, que, neste caso, foi desenvolvido a partir de uma
construção problematizadora (OLIVEIRA et al., 2017). Outra estratégia, descrita pelo estudo A é o
ensino de medidas de biossegurança a partir de uma metodologia de prática observada (RIBEIRO;
PIRES; SCHERER, 2016). Alguns autores consideram que essas iniciativas são importantes no
processo de desenvolvimento de um ensino ativo, tendo este como um caminho a ser construído por
docentes e discentes com o objetivo de formar profissionais de saúde competentes para a tomada de
decisão (LARA et al., 2019; BIFFI et al., 2020).
Já o estudo E (VIEIRA et al., 2019) referiu-se à metodologia da problematização como uma
estratégia de ensino-aprendizagem que possibilita aos docentes do ensino técnico em enfermagem
dialogarem sobre o cotidiano vivenciado pelos discentes. Esta ação, prevista no plano de curso,
propiciou a aproximação do conhecimento prévio, trazido pelos discentes, com os assuntos a serem
estudados e tornou o processo educacional mais dinâmico e participativo. Esses achados se
assemelham com as considerações de um estudo recente, no qual a problematização foi descrita como
uma forma de alcançar a transformação do processo de ensino aprendizagem sobre os conteúdos a
serem estudados, especialmente na área da saúde (SOUSA et al., 2021).
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pedagógico que rompesse com o modelo tradicional de ensino e que colocasse o discente na
centralidade do processo de ensino-aprendizagem.
Neste sentido, o estudo C (SANTOS; BACKES, 2019) identificou que o docente novato (até
cinco anos de atuação), mesmo com formação específica, pode enfrentar dificuldades pedagógicas ao
iniciar suas atividades. Em complemento, os estudos B (OLIVEIRA et al., 2017), D (MONTES;
RODRIGUES; AZEVEDO, 2019) e F (SIEGA et al., 2021) conceberam que as fragilidades da
formação docente podem ser um empecilho para a implementação de novos métodos de ensino, ainda
que os docentes possuam formação específica e experiência na docência. Contudo, ainda assim, os
quatro estudos citados reconheceram a importância da inovação no ensino.
Em relação à utilização de metodologias ativas, entende-se que exigem maior envolvimento e
preparo pedagógico do docente. Este deve valorizar o conhecimento prévio do discente, envolvê-lo
em diversos cenários de aprendizagens que incitam a curiosidade, o fazer e pensar sobre o fazer,
desenvolvendo, dessa forma, o pensamento crítico. Para tanto, o docente deve ser flexível frente à
imprevisibilidade que pode estar presente nos espaços educativos que colocam o discente como
protagonista (DIAS-LIMA et al., 2019; LARA et al., 2019).
Os estudos incluídos nesta revisão apresentaram resultados que indicam a preocupação e
despreparo dos docentes para o uso das metodologias ativas, sendo esta a principal dificuldade
relatada. Embora se considere legítima esta percepção por parte dos docentes, um estudo recente
(PRADO; FREITAS, 2021) identificou diferença estatisticamente significativa entre a competência
autoavaliada e a competência desejada dos docentes no que se refere às habilidades de ensino,
relacionando uma insegurança desses profissionais para o uso das metodologias ativas. Frente a isso,
o estudo recomendou a necessidade de qualificação docente nas áreas de desenvolvimento de
metodologias e escolha de recursos didáticos para o ensino. Desse modo, espera-se que o docente que
atua na formação profissional em enfermagem tenha conhecimentos e experiências práticas, pois
quem ensina deve saber fazer; ao mesmo tempo, faz-se necessário que este profissional saiba o que
ensinar e, principalmente, como ensinar.
Concordante com as considerações anteriores, o estudo B (OLIVEIRA et al., 2017) apontou
para a complexidade da atividade docente e a necessidade de aperfeiçoamento contínuo deste
profissional. O estudo C (SANTOS; BACKES, 2019) referiu que o exercício da docência, por vezes,
pode ser vivenciado com insegurança, sentimento de solidão e de inadequação do fazer frente às
necessidades do cotidiano, o que pode até levar ao abandono da carreira. Além disso, enfatizou a
carência de docentes para educação técnica de nível médio. O estudo A (RIBEIRO; PIRES;
SCHERER, 2016) complementa a discussão, destacando que a precariedade das instalações físicas e
a falta de bibliotecas e de laboratórios equipados das instituições de ensino profissional em
enfermagem dificulta a utilização de metodologias inovadoras. Esse tema foi citado como resultado
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SOSTER, C. B. et al.
secundário por um artigo que discutiu o uso das metodologias ativas no ensino superior (MACEDO
et al., 2018).
5. CONCLUSÃO
Esta revisão integrativa possibilitou analisar a produção científica sobre as metodologias
ativas de ensino-aprendizagem utilizadas e como influenciaram no processo formativo dos cursos
técnicos em enfermagem.
A utilização tanto de metodologias ativas quanto de didáticas ativas de ensino-aprendizagem
contribui para o desenvolvimento dos discentes de nível técnico em enfermagem, incentivando um
comportamento crítico e comprometido, refletido na prática profissional. Isso vem ao encontro do
rompimento de um percurso formador historicamente tecnicista e procedimental.
Os artigos descreveram o uso de simulação para ensino prático de medidas de biossegurança,
a problematização, o mentoring, o feedback e o storytelling. Todos os estudos analisados
consideraram positivo o uso das metodologias ativas e concluíram que sua implementação qualifica
o processo de ensino-aprendizagem. A maioria dos participantes reconheceu a influência positiva das
metodologias ativas no processo formativo de técnicos em enfermagem. Contudo, foi destacado que
o despreparo e a insegurança docente frente ao método, associados à falta de estrutura e de espaços
apropriados, são fatores que dificultam a sua implementação.
O sentimento de insegurança e de incapacidade dos docentes para o uso de metodologias
ativas em sala de aula, apesar de terem formação especializada e experiência na área da educação,
sinaliza a necessidade de investimento e apoio institucional. Para fomentar essa prática, é preciso que
a gestão do ensino busque qualificar o processo de formação e a valorização do seu corpo docente.
Por fim, entre as limitações desta pesquisa, identificou-se a escassez de estudos com qualidade
metodológica acerca da educação técnica em enfermagem, evidenciando um interesse científico
incipiente nesta área. Este fato aponta para a necessidade de incentivar o desenvolvimento científico
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Ensino técnico de enfermagem...
e valorizar a educação profissional de nível técnico em enfermagem nos âmbitos científico, político
e social.
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SOSTER, C. B. et al.
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