Dissertacao Flaviana Lupatini
Dissertacao Flaviana Lupatini
Dissertacao Flaviana Lupatini
Flaviana Lupatini
Orientador: Prof. Dr. Marcos Barcellos Café
GOIÂNIA
2015
FLAVIANA LUPATINI
Área de Concentração:
Produção Animal
Orientador:
Prof. Dr. Marcos Barcellos Café – EVZ/UFG
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Emmanuel Arnhold – EVZ/UFG
Prof. Dr. José Henrique Stringhini – EVZ/UFG
GOIÂNIA
2015
DEDICO
Muito Obrigada!
viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 15
2. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................ 17
2.1. Importância da conversão alimentar na cadeia avícola ..................................................... 17
2.2. Influência das linhagens na variável conversão alimentar ................................................ 18
2.3. Efeito da ambiência na variável conversão alimentar ....................................................... 21
2.4. Influência do tipo de instalação do galpão na variável conversão alimentar .................... 24
2.5. Efeito do manejo na variável conversão alimentar ............................................................ 27
3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 34
3.1. Coleta de dados .................................................................................................................. 34
3.1.1. Variáveis qualitativas ..................................................................................................... 34
3.1.2. Variáveis quantitativas .................................................................................................. 35
3.2. Seleção dos dados .............................................................................................................. 36
3.3. Preparação dos dados ........................................................................................................ 37
3.4. Análise Estatística ............................................................................................................. 37
4.1. Média de todas as variáveis qualitativas e quantitativas. .................................................. 38
4.2. Análise das variáveis qualitativas ...................................................................................... 39
4.3. Análise das variáveis quantitativas .................................................................................... 44
4.4. Regressão Polinomial ........................................................................................................ 48
4.5. Análise de variância por categoria de conversão alimentar .............................................. 49
5. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 52
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 53
ix
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
CA - conversão alimentar
CV - coeficiente de variação
GMD - ganho médio diário
mm - milímetros
Mg/m³ - miligrama por metro cúbico
M/S - metros por segundo
P+ - pressão positiva
P- - pressão negativa
P - probabilidade
PPM - parte por milhão
R - nome do software de estatística
R² - Coeficiente de determinação
xiii
RESUMO
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de identificar quais variáveis produtivas
apresenta maior impacto na conversão alimentar de frangos de corte. Foram utilizados dados
de produção de uma agroindústria do centro-oeste do Brasil. Foram coletados resultados de
campo no período de janeiro de 2012 a setembro de 2013, totalizando 2.978 lotes de frangos
de corte. A amostra era composta de lotes da linhagem Cobb e Hubbard, não sexados. Os
dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey
(5%). Foi realizada a análise de variância em modelo misto para as seguintes variáveis
qualitativas: ano, período do ano, linhagem, incubatório, tipo de incubadora, tipo de aviário e
homogeneidade de peso dos lotes ao nascimento. Os dados das variáveis quantitativas: peso
ao nascimento, peso aos 7, 14, 21, 28, 35 e 42 dias, peso ao abate, idade de abate,
mortalidade, ganho médio diário e tempo de intervalo de lotes foram submetidos à análise de
correlação e regressão polinomial. Na soma de quadrados no modelo misto, as variáveis que
apresentaram maior impacto na conversão alimentar foram: período do ano com 39,90%, tipo
de aviário com 35,70% e linhagem com 17,80%. Entre as variáveis quantitativas a que
apresentou maior correlação com a conversão alimentar foi o ganho médio diário, - 0,57
(P<0,01). Cada grama a mais no ganho médio diário resulta em nove gramas a menos na
conversão alimentar. Lotes que apresentaram menor taxa de mortalidade, mostraram maior
correlação entre ganho médio diário e conversão alimentar. Assim, no presente estudo, as
variáveis que apresentaram maior impacto na conversão alimentar foram: ganho médio diário
e período do ano.
ABSTRACT
The feed conversion is one of the more indexes monitored by poultry agroindustry, in order to
keep their production costs within bounds economically viable. The present study was
conducted in order to identify which variables productive have the greatest impact on feed
conversion of broilers. Was used production data of poultry agroindustry in the central-west
of Brazil. The field results were collected from January 2012 to September 2013, a total of
2,978 broilers flocks. The sample is composed of lots of commercial strains Cobb and
Hubbard, not sexed. Was made analysis of variance with Tukey Test (P> 0.05), and analysis
of variance in mixed model for the following qualitatives variables: year period, commercial
strains, hatchery, incubator type, type of poultry house, homogeneity of flock weight at birth.
The correlation and regression polynomial for the following quantitative variables: birth
weight, weight to 7, 14, 21, 28, 35, 42 days, weight slaughter, slaughter age, mortality,
average daily gain and time interval between flocks on the field. Statistical analysis was made
through the statistical program R. The sum of squares in the mixed model, the variables that
presented the greatest impact on feed conversion were: period of the year with 39.90%, type
of poultry house with 35.70% and lineage with 17.80%. Between quantitative variables that
had a greater correlation with the feed conversion ratio is the average daily gain,-0.57 (P <
0.01). Each gram in average daily gain results in nine grams in feed conversion. Flocks that
showed lower mortality rate, showed greater correlation between average daily gain and feed
conversion. Thus, in the present study, the variables that presented the greatest impact on feed
conversion were: average daily gain and period of the year.
Key words: average daily gain, cost of production, economic viability, mortality.
1. INTRODUÇÃO
frangos, portanto, gerir com eficácia os índices de conversão alimentar significa fazer com
que a ave produza o máximo possível de carne com o mínimo de ração.
A conversão alimentar é um dos fatores que mais impactam no custo de produção,
por isso, o gestor precisa conhecer todas as variáveis que podem interferir na conversão
alimentar e determinar como cada uma delas interfere na conversão alimentar, fazendo a
análise econômica dessas perdas.
Dessa forma, o gestor pode traçar um plano de ação para minimizar os fatores que
mais influenciam o aumento do custo de produção, com isso, o processo de tomada de decisão
passa então a ser baseado em dados e não sobre opiniões empíricas. E o resultado é a melhor
gestão de custos, o que garante a competitividade e permanência das agroindústrias em um
mercado globalizado.
Assim, para a indústria aumentar a eficiência produtiva é importante analisar
dados de variáveis que possivelmente influenciam a conversão alimentar, especialmente
variáveis relacionadas ao custo da ração. Os programas de análise estatística são ferramentas
que podem ser utilizadas pelas agroindústrias para auxiliá-los que tipo de análise utilizar.
Diante do exposto, objetivou-se com esse trabalho utilizar dados de produção que
as agroindústrias costumeiramente coletam, e por meio de programa estatístico, identificar
quais variáveis de produção estão apresentando naquele momento maior impacto na
conversão alimentar de frangos de corte.
17
2. REVISÃO DA LITERATURA
g, com conversão alimentar de 1,83. Os lotes mistos tem potencial genético para alcançar aos
48 dias peso de 3.281 g e conversão alimentar de 1,816.
Na Tabela 02 é possível perceber a evolução de desempenho da linhagem Cobb
500 desde 1990 e a perspectiva para 2020.
O potencial dos machos da linhagem Ross, permite que eles atinjam aos 48 dias
de idade o peso de 3.595 g e a conversão alimentar de 1,82. As fêmeas dessa linhagem tem
potencial para chegar aos 48 dias de vida com 3.040 g e a conversão alimentar de 1,86. Os
lotes mistos podem atingir o peso de 3.318 g com 48 dias e conversão alimentar de 1,8415.
Independente da linhagem, analisando as Tabelas 2 e 3, observa-se que a ave
atinge conversão alimentar mais eficiente até os 21 dias de idade, posteriormente essa
conversão alimentar se eleva de forma mais acentuada, pois o custo energético com mantença
aumenta. Além disso, a partir dos 20 dias, o aumento da densidade de quilo por metro
quadrado, aumenta a competição entre as aves. Frente a isso, faze-se necessário intensificar as
técnicas de manejo a ambiência para que a conversão alimentar não aumente além do que é
esperado para a linhagem.
Souza et al.23 estudaram o efeito das quatro estações do ano na região norte do
Paraná sobre o desempenho de lotes de frangos de corte aos 43 dias de idade. Foi observado
que os lotes do período de inverno que consumiram 4.325,29 g de ração pesaram 2.474,63 g,
com conversão alimentar de 1,74. Os lotes criados no verão consumiram 3.748,66 g de ração
e pesaram 2.246,04 g com conversão alimentar de 1,66. Os lotes criados na primavera
consumiram 4.361,02 kg, pesaram 2.474,63 g e conversão alimentar de 1,58. Já os lotes
criados no outono consumiram 3.783,40 g, pesaram 2.474,63 g e apresentaram conversão
alimentar de 1,65. Observa-se que no inverno o consumo de ração foi maior e também houve
uma conversão alimentar mais alta que quando comparada ao verão. Isso possivelmente
aconteceu porque no inverno a ave precisa gastar energia para manter a sua temperatura
interna.
Savegnani et al.24 avaliaram o comportamento de frangos de corte entre 21 e 49
dias de idade, utilizando diferentes combinações de temperatura e umidade. Os autores
perceberam que as aves diminuíam o tempo passado nos comedouros e bebedouros conforme
o aumento da idade e de acordo com o aumento do estresse térmico provocado pelo aumento
da temperatura e umidade. Quanto mais velha a ave mais sensível ao calor. Aves expostas a
temperaturas e umidade elevadas deixam de comer para diminuir o incremento calórico
proveniente do aumento do metabolismo.
Independente da região do Brasil onde esteja situada uma integração avícola
comercial é necessário à adoção de tecnologias, associadas ao manejo para dar às aves as
condições ambientais adequadas para que elas sejam eficientes na conversão de ração em
carne. Lembrando que isso só irá acontecer se o bem-estar estiver sendo respeitado.
aviário, que quando em funcionamento cria um sistema de vácuo parcial de dentro do aviário,
forçando a saída do ar de dentro para fora da instalação. No modelo de pressão positiva têm-
se duas possibilidades: o sistema de pressão positiva transversal e o sistema de pressão
positiva longitudinal26.
Independente do tipo de instalação utilizada é importante maneja-la para que seja
garantida a temperatura e umidade ideal para as aves em cada fase da vida e as concentrações
adequadas de dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), amônia (NH3) e os
níveis de poeira no ar, visando manter a qualidade do ar dentro das instalações, conforme
descrito no Quadro 0117.
aviários com pressão positiva, mas com comedouros e bebedouros manuais apresentaram
peso de 2.615,33 g, conversão alimentar de 1,52 e ganho médio diário de 58,48 g. As aves
criadas em aviários de pressão positiva e com comedouro e bebedouro manual, foram mais
eficientes em transformar ração em quilos de peso vivo, mesmo em aviário onde há menos
tecnologia que visam dar mais conforto às aves.
Bueno e Rossi28 avaliaram o desempenho de dez lotes de frangos de corte criados
no estado de São Paulo, sendo cinco lotes criados em aviários com pressão negativa e cinco
lotes com pressão positiva em diferentes estações do ano, conforme descrito na Tabela 05.
GPD (g) 50,18 50,94 53,32 52,57 56,14 54,37 50,27 54,04 52,02 51,44
CA= Conversão Alimentar; GPD= Ganho de Peso Diário; P+= Pressão positiva; P-= Pressão negativa.
Fonte: Adaptado de Bueno e Rossi28
Para manter a temperatura nos níveis ideais é importante que as cortinas estejam
bem vedadas impedindo a formação de áreas frias. Entrada de ar frio, como demostrado na
Figura 03, faz com que a área de alojamento diminua, as aves se agrupem buscando se
aquecer, diminuindo o consumo de ração e aumentando o dispêndio de energia para promover
o aumento da temperatura corporal31.
Na segunda semana a melhor temperatura para conversão alimentar foi 24°C e para peso
corporal foi 26 e 27°C.
Associado a temperatura ideal nos primeiros 14 dias de vida do pinto, deve-se
garantir também a qualidade do ar, promovendo a oxigenação da área do pinteiro. Menegali33
avaliou o efeito de três sistemas de ventilação mínima (natural, positiva e negativa) sobre o
desempenho de frangos de corte do alojamento até 21 dias de idade. Nos sistemas de
ventilação mínima positiva e negativa o acionamento dos equipamentos era feito de uma a
seis vezes por hora. No sistema de ventilação mínima natural a renovação de ar era feita por
manejo de cortina. Aos sete dias de idade a melhor conversão alimentar foi observada no
sistema de ventilação mínima natural, sendo de 1,31. Os sistemas de ventilação mínima
negativa e positiva apresentaram a mesma conversão alimentar, 1,56. É importante salientar
que a temperatura do ambiente do pinteiro ficou abaixo da temperatura de conforto para a
idade.
O estímulo ao consumo de ração é outra prática de manejo importantíssima, pois
dela depende especialmente o desenvolvimento dos sistemas esquelético e gastrointestinal da
ave14. O trato digestório da ave é importante para converter o alimento ingerido pelo animal
em nutrientes que ele precisa para mantença, crescimento e produção34.
Leandro et al.35 avaliaram o efeito de placebo e um ácido orgânico, administrado
no período pré-eclosão, no desenvolvimento do intestino de frangos de corte submetido a oito
e 36 horas de jejum pós-eclosão. O comprimento do intestino das aves que receberam ácido
orgânico, mas que ficaram 36 horas de jejum foi de 80,2 cm. Já o comprimento do intestino
das aves que receberam ácido orgânico e ficaram 8 horas apenas de jejum foi de 88,1 cm. Ou
seja, mesmo com a suplementação via ovo, se houver um tempo grande de ausência de
consumo de ração, o desenvolvimento do intestino da ave será prejudicado.
Na Figura 04 tem-se o comparativo do desenvolvimento do intestino de quatro
pintos de cortes após 24 horas de alojamento, dois pintos com papo cheio e dois com papo
vazio. Isso deixa clara a importância do estimulo ao consumo de ração para o
desenvolvimento do sistema gastrointestinal.
A proporção adequada de comedouro por ave deve sempre ser respeitada. Na
primeira semana além da proporção de um comedouro tipo prato para 60 a 70 aves,
recomenda-se cobrir 50% da área do piso com papel e colocar sobre esse papel 50 gramas de
ração para cada ave14.
30
TABELA 06 – Consumo de água para frangos em temperaturas de 21°C em litros para 1.000
aves
Bebedouro Tipo Nipple
Idade em Dias
Macho Fêmea
7 62 58
14 112 101
21 181 162
28 251 224
35 309 278
42 350 320
49 376 349
56 386 365
Fonte: Ross39
3. MATERIAL E MÉTODOS
Hubbard 51 lotes. Quanto ao sexo as aves eram alojadas em lotes contendo machos e
fêmeas, ou seja, lotes mistos.
d) Incubatório: empresa e outros. Denominou-se “empresa” o incubatório da própria empresa
e “outros,” incubatório de terceiros. Assim, os lotes de frangos poderiam ter sido
incubados no incubatório da própria empresa, ou ter sido incubado em incubatórios de
empresas terceirizadas. Obteve-se 2.802 lotes incubados no incubatório da própria
empresa e 176 lotes incubados em outros incubatórios.
e) Incubadoras: estágio único e estágio múltiplo. Foram obtidos 2.222 lotes incubados em
incubadoras de estágio múltiplo, 708 lotes incubados em incubadoras de estágio único e
48 lotes incubados em incubadoras classificada como outras.
f) Tipo de aviário: pressão positiva e pressão negativa. Foram obtidos 866 lotes de aviários
de pressão negativa e 2.112 lotes de aviários de pressão positiva.
g) Homogeneidade do peso ao nascimento: lotes homogêneos e lotes não homogêneos. Por
lotes homogêneos deve-se entender, lotes de pintos com o mesmo peso ao nascimento.
Eles poderiam ser de lotes de matrizes diferentes, mas tinham o mesmo peso médio ao
nascimento. Por lotes não homogêneos deve-se entender que os pintos tinham pesos
médios diferentes ao nascer. Esses pintainhos eram agrupados para formar um lote a ser
alojado em uma granja integradora. Obteve-se 1.846 lotes considerados homogêneos,
1.114 lotes considerados não homogêneos e 18 como outros.
Após a seleção dos dados o número de lotes reduziu de 3.271 para 2.978, uma
redução de 8,9%.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela 08 – Média das variáveis qualitativas e quantitativas de lotes mistos de frangos de corte
criados no estado de Goiás entre 2012/2013
Médias das Variáveis
Categorias
Peso de Abate Intervalo de Lotes Mortalidade GMD (g)
Ano 2012 2.946 20,38 4,097 60,70
Ano 2013 2.981 21,17 5,109 60,47
Período Chuva 2.893 20,41 4,048 58,55
Período Frio 2.977 22,20 4,812 61,07
Período Seca 2.997 19,40 4,567 61,76
Linhagem Cobb 2.958 20,71 4,523 60,57
Linhagem Hubbard 3.072 19,88 3,755 62,82
Incubatório Empresa 2.960 20,71 4,554 60,60
Incubatório Outros 2.961 20,58 3,808 60,68
Incubadora Estágio Múltiplo 2.960 20,64 4,264 60,63
Incubadora Estágio Único 2.957 20,84 5,297 60,50
Aviário Pressão Negativa 3.054 20,18 4,987 62,44
Aviário Pressão Positiva 2.922 20,91 4,314 59,86
Peso Nasc. L. H. 2.958 20,65 4,371 60,60
Peso Nasc. L. N. H. 2.964 20,80 4,732 60,64
Peso Nasc. L. H.: peso ao nascimento de lotes homogêneos; Peso Nasc. L. N. H.: peso ao nascimento de lotes
não homogêneos.
seja, além da temperatura ambiente há outros fatores que estão impactando negativamente na
conversão alimentar.
Tabela 09 – Resultados das variáveis qualitativas e o seu respectivo impacto nos índices de
conversão alimentar de lotes mistos de frangos de corte criados no estado de
Goiás entre 2012/2013
Variável Categoria Média CA CV (%) P
2012 1,740a
Ano 3,06 < 0,001
2013 1,763b
Chuva 1,764c
Período Seca 1,749b 3,06 < 0,001
Frio 1,738a
Cobb 1,750b
Linhagem 3,10 < 0,001
Hubbard 1,707a
Empresa 1,750b
Incubatório 3,12 0,0757
Outros 1,742a
Estágio Único 1,761b
Incubadora 3,09 <0,001
Estágio Múltiplo 1,746a
Pressão Positiva 1,755b
Tipo aviário 3,08 <0,001
Pressão Negativa 1,736a
Peso Lotes Homogêneos 1,747a
3,11 <0,001
ao nascimento Lotes Não Homogêneos 1,754b
*Médias seguidas por letras diferentes na mesma coluna são estatisticamente diferentes pelo teste Tukey (P<0,05).
CA=conversão alimentar.
Segundo Furlan e Macari16, a ave tem dificuldade de perder calor quando se tem
alta temperatura associada com alta umidade. Isso pode explicar o fato de no período de
chuva a conversão alimentar ter se apresentado pior quando comparado com o período de
seca. O mesmo aconteceu nos trabalhos de Medeiros et al.20, onde encontraram conversão
alimentar de 1,89 em lotes com temperaturas de 32°C e umidade relativa do ar de 34%, e
conversão alimentar de 1,94 em lotes com temperatura de 32° C, mas com umidade relativa
do ar de 76%.
O resultado de melhor conversão alimentar no período de frio, estão de encontro
ao que Souza et al.23 encontraram na região noroeste do Paraná, no inverno a melhor
conversão alimentar foi de 1,53 e no verão a pior conversão alimentar foi de 1,66.
Outro fator que pode explicar a pior conversão alimentar no período da chuva é o
aumento de desafio de Clostridium perfringens. Segundo Hafez44, esse microrganismo
presente de forma controlada no intestino das aves, na cama, no solo e na própria ração se
desenvolve em temperatura entre 12 a 50°C, tendo como temperatura ótima para seu
desenvolvimento por volta dos 42°C, sendo que a alta umidade favorece ainda mais o
desenvolvimento desse agente.
41
direcionamento dos piores ovos para as máquinas de estágio único e os melhores ovos para as
máquinas de estágio múltiplo.
A pior conversão alimentar observada em lotes oriundos de incubadoras de
estágio único contrataria o posicionamento de Gonzales48, que aborda os benefícios da
incubação de estágio único, principalmente no que diz respeito às condições sanitárias das
salas de incubação, mantendo constante a perda de umidade, facilitando o controle da
temperatura e as trocas gasosas, tudo isso melhorando a qualidade do desenvolvimento
embrionário resultando em um pintainho de melhor qualidade na primeira semana.
Calil49 também demonstrou resultados de conversão alimentar melhores com
incubadoras de estágio único quando comparado com incubadoras de estágio múltiplo. Lotes
oriundos de incubadoras de estágio único apresentaram conversão alimentar de 1,640,
enquanto os lotes oriundos de incubadora de estágio múltiplo apresentaram conversão
alimentar de 1,710.
Os lotes criados em aviários de pressão positiva apresentaram conversão alimentar
de 1,755 e os lotes criados em aviários de pressão negativa tiveram conversão alimentar de
1,736 (P<0,001). Os melhores índices de conversão alimentar em aviários de pressão negativa
podem ser explicados por essas instalações proporcionarem melhores condições de ambiência,
especialmente o controle da temperatura e umidade, permitindo que a ave gaste menos
energia para manter a temperatura corporal.
Esses resultados concordam com os encontrado por Souza et al.23, onde os lotes
criados em aviários de pressão negativa tiveram conversão alimentar de 1,63, já os lotes de
frangos de corte, criados em aviários com pressão positiva apresentaram conversão alimentar
de 1,69.
Bueno e Rossi28 avaliaram o desempenho de dez lotes de frangos de corte criados
no estado de São Paulo em aviários com pressão negativa e pressão positiva, em diferentes
estações do ano. Os autores observaram grandes variações de resultado presente no trabalho.
Pode-se inferir que além do tipo de aviário e da estação do ano, tem-se outros fatores que
podem interferir na conversão alimentar, como por exemplo: sanidade do lote, manejo,
relação equipamentos x ave e desperdício de ração.
Quando se compara tecnologias utilizadas nas construções dos aviários, é preciso
sempre associar o resultado apresentado por elas e à qualidade do manejo aplicado em cada
granja. E a qualidade do manejo depende do nível de conhecimento e treinamento que o
granjeiro possui.
43
investimento dos aviários de pressão negativa e buscar melhorar a ambiência nos períodos de
chuva e seca.
Para que a ave ganhe peso ela precisa ingerir o alimento e não gastar energia para
manter a homeotermia. Para Ferket e Gernat54 de forma geral a ave deve consumir volume de
água duas vezes maior que a quantidade de ração ingerida. Fornecer água em quantidade e
qualidade adequada para as aves é o primeiro passo para garantir o consumo adequado de
alimento. Deve-se dar atenção especialmente nas fazes onde se tem maior quantidade de
46
quilos de ave por bebedouro tipo nipple e se há a garantia da quantidade adequada de água por
quilo de ave por dia.
Uma das grandes causas de desuniformidade de lotes é quando a competição por
comedouros e bebedouros é muito grande. Isso faz com que as aves submissas não tenham
acesso à ração e água. Segundo Ferket e Gernat54, os comedouros e bebedouros nunca devem
estar completamente ocupados pelas aves. Quando estão plenamente ocupados pelas aves
indica que está havendo competitividade, isso afeta o consumo de água, que vai influenciar o
consumo de ração e consequentemente o ganho de peso e conversão alimentar.
Outro fator que interfere no consumo e consequentemente o ganho médio diário
são situações de estresse ambiental54. Quando a ave entra em estresse ambiental ocorre à
queda da absorção de nutrientes e redução da motilidade intestinal, afetando o ganho de
peso57.
Souza57 encontrou redução de consumo de ração de 13,52% e 16,30% em aves
entre 22 a 42 dias de vida, submetidas ao estresse calórico de 32°C continuo, e estresse
calórico cíclico, onde as aves ficaram oito horas em temperatura de 32°C e o restante do
período das 24 horas em zona termoneutra, respectivamente. A conversão alimentar foi de
1,99 e 1,74, para o estresse continuo e para o estresse cíclico, respectivamente. Cassuce32
também encontrou influencia do aumento da temperatura ambiente no ganho de peso e na
conversão alimentar especialmente na terceira semana de vida da ave.
Ferket e Gernat54 colocam a qualidade do ar e da cama como fatores que afeta o
consumo e ganho de peso, especialmente nas primeiras semanas de vida da ave. Os desafios
imunológicos e as doenças também irão afetar o consumo e ganho médio diário, causando
impacto negativo na conversão alimentar. É obvio que os desafios entéricos tem impacto
negativo no consumo e na conversão alimentar, mas qualquer antígeno que montar uma
resposta imune irá causar depressão no consumo.
A resposta imune inata é nutricionalmente mais exigente e adversa à ingestão de
alimento que a resposta adquirida. Aproximadamente 70% da redução do desempenho que
ocorre durante desafio sanitário pode ser atribuída à queda de consumo de alimento e 30%
devido à ineficiência do uso dos nutrientes.
Segundo Esmail37, outro fator que afeta o consumo da ração é a sua forma física.
As rações peletizadas melhoram tanto o ganho de peso quanto a conversão alimentar. Porém é
necessário avaliar a qualidade do pellet na granja e não na fábrica de ração. O autor cita
também que para cada 10% a mais de partículas finas no pellet, pode-se esperar redução de
0,01 na conversão alimentar.
47
De acordo com a equação, a cada um grama a mais no ganho médio diário, tem-se
a redução de nove gramas na conversão alimentar. Apesar do R² ajustado ser pequeno 0,3299,
deve-se levar em consideração que esses resultados são provenientes de dados de campo e não
de experimento controlado.
Na Tabela 14 observa-se a simulação realizada, calculando o impacto em redução
do volume de ração consumido mensalmente, considerando a redução de 9 gramas na
conversão alimentar, em alojamento estimado de um milhão de aves por mês, com o mesmo
peso de abate, 2.800 g.
Tabela 14 – Redução do volume de ração consumido por meio da redução de nove gramas na
conversão alimentar
CR Economia de Ração
PV (kg) CA Vol. Aves Alojadas Mês CTR (Ton)
(kg) Tonelada Mês
2,8 1,750 4,9000 1.000.000 4.900,00
25,20
2,8 1,741 4,8748 1.000.000 4.874,80
PV = peso vivo; CA = conversão alimentar; Vol. Aves alojadas = volume de aves alojadas mês; CTR = consumo total de
ração.
49
Uma das possíveis causas para esse resultado, é que a amostragem do trabalho foi
retirada dos dados de aves de menor peso ao nascimento que conseguiram recuperar a
diferença em relação às outras categorias. Boas práticas de manejo e ambiência contribuem
para que os lotes de frangos de corte consigam recuperar o peso, mesmo quando são alojados
com peso menor que outros lotes.
Quanto ao peso aos 7 dias, para a obtenção de uma conversão alimentar A, os
lotes devem atingir peso médio de 180,11 g; para uma conversão alimentar B, o peso médio
deve ser de 178,91 g e os lotes que apresentaram aos 7 dias o peso de 176,07 g, apresentarão
conversão alimentar C (P<0,001). Um fator que chama atenção novamente é que a variável,
intervalo de lotes, não apresenta influencia significativa nas taxas de conversão alimentar
(P<0,451). Isso pode ter acontecido em função da empresa primar por intervalo de lotes acima
de 10 dias.
51
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5. CONCLUSÃO
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