DUE Resumo
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História
No final da II Guerra Mundial, o problema da recuperação, estabilização
e defesa da Europa colocou-se em especial acuidade. Os EUA haviam dado um
importante contributo na vitoria sobre as forças nazis e envolviam-se agora na
reconstrução da Europa, nomeadamente, através da garantia de defesa militar
face ao bloco comunista e do Plano de Marshall de reconstrução económica.
Em 9 de maio de 1950, Robert Schumann, ministro francês, avança com a
ideia de construção de uma comunidade europeia, que, através de realização
concretas e pacificas, conseguisse aprofundar a solidariedade de facto entre os
povos europeus com base num acervo de valores capazes de fazer face ao
totalitarismo, de base fascista, comunista e capitalista.
Os tratados fundadores
Este projeto assentou em 2 tratados: o primeiro foi o Tratado de Paris,
de 8 de abril de 1951, instituiu a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço,
tendo como contratantes a França, a República Federal Alemã, a Bélgica, a
Itália, a Holanda e o Luxemburgo. A SECA caraterizava-se pela sua
supremacia e federalismo funcional.
Em 1957 é celebrado o Tratado de Roma, pelo qual se institui a
Comunidade Económica Europeia (CEE). Previa-se, aí, um processo de
integração por fases, começando na criação de uma união aduaneira e
progredindo para o estabelecimento de um mercado único, assente na livre
circulação de mercadorias, pessoas, serviços e capitais.
Numa convenção anexa ao Tratado de Roma estabeleceu-se o Tribunal
de Justiça e o Parlamento Europeu, como órgãos comuns às 3 comunidades, e
o Comité Economico e Social, como órgão comum da CEE e da CEEA. Pela via
do Tratado de Bruxelas, de 8 de abril de 1965, operou-se a fusão dos
principais órgãos de direção e decisão das três comunidades, passando a
haver apenas um Conselho e uma Comissão.
A Cimeira de Haia. Em 1969, veio concretizar uma significativa
mudança, anunciando 3 objetivos primordiais:
O Tratado de Maastricht
Este tratado (ou Tratado da União Europeia), assinado m 1992, tinha dois
objetivos principais: criar a EU e alterar os tratados comunitários. As
principais alterações operadas com este tratado foram as seguintes:
A cidadania europeia
O conceito de cidadania europeia assenta no direito de livre circulação
residência, no direito de sufrágio ativo e passivo nas eleições municipais e
para o Parlamento Europeu, no direito à proteção diplomática fora da EU por
qualquer Estado-membro e no direito de petição e queixa perante os órgãos da
UE. A cidadania europeia funda-se num estatuto de igualdade jurídica,
assente no princípio da proibição da discriminação em relação de
nacionalidade. Trata-se de uma cidadania complementar e de sobreposição,
dependente das leis de nacionalidade dos Estados-membros, que não pretende
substituir.
Tratado de Amesterdão
Foi aprovado em 1997, entrando em vigor em 1999, tendo vindo a
alterar o Tratado da UE e os tratados das 3 comunidades. Este tratado veio
reforçar o fundamento democrático, de Estado de Direito e de direitos
humanos da UE. Entre as principais inovações conta-se a comunitarização de
algumas matérias do terceiro pilar- Justiça e Administração Interna. Verifica-
se a incorporação no Tratado do acervo dos acordos intergovernamentais do
sistema de Schengen. Noutro prisma, institui um procedimento de tutela
política do cumprimento dos direitos fundamentais, podendo levar à aplicação
de sanções ao Estado infrator.
Tratado de Lisboa
Foi assinado em 2007, mas só entrou em vigor m 2009. Este foi
ratificado pelos parlamentos de todos os Estados, exceto a Irlanda. Este
tratado funciona como uma solução de compromissos. Por um lado, se ele
mantém algumas caraterísticas do PTCE; por outro, ele introduz algumas
alterações no equilíbrio institucional que aquele projeto proponha.
Algumas alterações relativas às instituições da UE foram as seguintes:
Dupla legitimidade democrática do edifício constitucional europeu;
Simplificação do sistema jurídico;
O Parlamento é reconhecido como legislador de pleno direito, em estrita
igualdade com o Conselho no processo legislativo ordinário, este vê,
ainda, crescer os seus poderes de controlo político;
Reestruturação profunda do Conselho Europeu;
O Conselho permanece como órgão central no exercício dos poderes
legislativo e executivo da UE;
Consagração das funções da Comissão;
Alteração do sistema jurisdicional;
O BCE e o Tribunal de Contas são elevados à categoria de instituição;
É atribuído aos Parlamentos Nacionais um papel de fiscalização da ação
da União.
3. A cidadania europeia
3.1 Cidadania e nacionalidade
A nacionalidade repousa num vínculo genuíno e efetivo a um determinado
Estado. A cidadania consiste no complexo de direitos que caraterizam uma
pessoa enquanto sujeito de uma determinada comunidade.
d) Direito de Petição
Este direito encontra-se consagrado no art.24º TFUE. Segundo o disposto
neste artigo todos os cidadão da UE têm:
(1) Direito de petição ao Parlamento Europeu;
(2) Direito de petição ao Provedor de Justiça Europeu;
(3) Direito de se dirigir a qualquer umas das instituições europeias do art.
13º TUE por escrito. Este direito é também reconhecido a qualquer
pessoa singular ou coletiva residente ou sedeada num Estado-membro
(art. 24º/3 TFUE).
Art.25º TFUE: em coerência com o seu carater evolutivo e dinâmico, o
Conselho tem incluído novos direito no âmbito da cidadania da União,
designadamente:
Direito ao nome;
Direito à família
O âmbito da cidadania da União também conheceu grande desenvolvimento
com o Tratado de Lisboa, nomeadamente com A Carta dos Direitos
Fundamentais da União:
Art.11º/4 TUE: É um mecanismo de democracia participativa, onde se permite
a iniciativa dos cidadãos. Os organizadores da iniciativa devem formar um
comité formado por, pelo menos, 7 pessoas residentes em, pelo menos, 7
Estados-membros. A Comissão tem, neste âmbito, amplos poderes:
Não registar uma iniciativa que seja considerada contraria aos valores
da União, ou que seja abusiva;
Considerar inadmissível uma proposta se esta se referir a uma matéria
em que o ato jurídico da UE não possa ser adota por falta de
competências;
Não iniciar um procedimento normativo ou de iniciar um procedimento
com conteúdo distinto do solicitado na iniciativa.
Internas
Externas- intracomunitárias ou extracomunitárias.
O Parlamento Europeu
É composto pelos representantes dos cidadãos da União, eleitos por sufrágio
universal direto e secreto por um mandato de 5 anos. O regime interno do PE
define as seguintes questões:
Votação do Parlamento
A regra de deliberação no PE é a maioria de votos expressos (art.231º TFUE). A
votação deverá sempre respeitar o quórum constitutivo: de 1/3 dos deputados.
Em matérias de grande sensibilidade, as regras são mais exigentes:
o Dupla maioria: 2/3 dos votos expressos correspondendo à maioria dos
deputados eleitos nos casos (art.234º TFUE)
o Maioria dos votos expressos, correspondendo à maioria dos deputados
eleitos em algumas decisões em matéria orçamental
o 3/5 dos votos expressos, correspondendo à maioria dos deputados
eleitos quando esteja em causa a confirmação de alterações ao
orçamento apresentado pelo Conselho e que este tenha rejeitado
(art.314º/7/d TFUE).
Funções do Parlamento
a) Função legislativa: o parlamento exerce esta função em conjunto com o
Conselho (art.14/1º TUE). No entanto, não vigora o princípio do
parlamentarismo com primazia democrático-legislativa, do PE, nem
vigora uma prerrogativa geral de iniciativa legislativa por parte do
Parlamento. Mas o PE, pode, por maioria, solicitar à Comissão que lhe
apresente propostas sobre questões carecidas de atos de execução dos
Tratados; caso esta não apresente a proposta deve justificar-se (art.
225º TFUE). O PE tem competência para participar nos procedimentos
de produção normativa. O Tratado de Lisboa veio equiparar o PE ao
Conselho, que passou a ser o processo legislativo ordinário.
b) Função de consulta: o PE desempenha importantes funções consultivas
(art. 14/2º TUE), podendo intervir em processo legislativo especial ou
na tomado de decisões do Conselho sem direito do voto. Ele é
consultado regularmente pelo Alto Representante sobre questões de
política externa, segurança e defesa (art.36º TUE). O parecer do PE
pode surgir inserido num verdadeiro procedimento normativo (art. 294º
TFUE).
c) Funções de nomeação e eleição: cabe-lhe eleger os seus membros,
Presidente e a sua Mesa (art.14/4º TFUE). Cabe-lhe ainda eleger o
Presidente da Comissão e dar voto de aprovação do colégio de comissão
antes da sua nomeação. Cabe também ao PE eleger o Provedor de
Justiça (art.228/2 º TFUE)
d) Funções de controlo de fiscalização: diversos órgãos têm dever de
informação para com o PE, devendo apresentar um relatório anual. O
PE tem ainda poderes de interpelação, audição (art.230º TFUE) e
inquérito (art. 226º TFUE).
e) Função de apreciação de petições: o PE tem competências para
apreciara as petições dos cidadãos. Os cidadãos da UE têm o direito de
petição nos termos do art. 20º/2/d TFUE.
f) Função de aprovação de moções de censura: o PE tem a faculdade de
aprovação de moções de censura à Comissão (art. 234º TFUE). A adoção
da moção de censura por maioria de 2/3 dos votos que representam a
maioria dos membros do PE conduz à demissão coletiva da Comissão.
g) Função orçamental: o PE exerce a função orçamental juntamente com o
Conselho (art.14º/1 TUE). A ambos cabe a elaboração e aprovação do
orçamento anual da UE (art.314º TFUE). O PE realiza ainda uma
atividade de controlo orçamental e financeiro da UE.
h) Função de controlo interorgânico: o PE tem legitimidade processual ativa
para interpor ações junto do TJUE (arts. 263º/2 e 265º TFUE) e
solicitar-lhe a emissão de pareceres (art. 218º/11 TFUE).
A Comissão Europeia
É um órgão colegial composto por pessoas independentes (art.17º TUE).
Esta é considerada a guardiã da ordem politica. Cabe-lhe proteger o interesse
geral da UE. Procura promover o bem-estar, de forma totalmente independente
dos Estados-membros (art.17º/3 TUE). Este é, portanto, um órgão colegial,
não governamental e de indivíduos. A sua composição é elaborada da seguinte
forma:
Indigitação do Presidente da Comissão pelo Conselho Europeu e sua
aprovação pelo PE;
Escolha dos Comissários pelo Conselho em acordo com o Presidente
tendo em conta as propostas dos Estados-membros;
Aprovação global da Comissão pelos PE;
Nomeação da comissão pelo Conselho Europeu por maioria qualificada.
Funções da Comissão
a) Funções de iniciativa: a esta cabe a tomada de iniciativa de
programação anual e plurianual da UE (art.17º/1 TUE). A sua iniciativa
assume um especial relevo no exercícios dos poderes legislativos. O
princípio geral do exclusivo da iniciativa legislativa da Comissão visa
assegurar que as iniciativas legislativas no seio da UE sejam motivadas
por uma avaliação dos interesses globais da União e não apenas por
uma avaliação nacional de interesses. Os desvios às propostas da
Comissão requerem unanimidade do Conselho. Também encontramos
poderes de iniciativa da Comissão no domínio da alteração dos Tratados
(art. 48º/2/6 TUE). Os poderes de iniciativa da Comissão estão sujeitos
as princípios da atribuição de competências, da subsidiariedade, da
proporcionalidade e do financiamento.
b) Função normativa: em princípio, os atos legislativos da EU só podem
ser adotados sob iniciativa da Comissão, salvo se expressamente os
Tratados dispuserem de modo diferente (art. 17º/2 TUE). A Comissão
dispõe de um poder significativo de decisão e confirmação, quanto ao
momento, conteúdo, forma, modo e densidade das medidas normativas
adotadas. A Comissão exerce poderes normativos próprios (poderes que
lhe são atribuídos diretamente pelos Tratados; art. 55º/3/d, 106º/3
TFUE) e poderes normativos delegados (existência de atos legislativos de
delegação de competências normativas da Comissão; art. 290º TFUE).
c) Função orçamental: também o exercício da função orçamental é da
iniciativa da União. A esta compete reunir as previsões das receitas e
das despesas para o exercício orçamental seguinte. O projeto do
Orçamento será apresentado ao PE e ao Conselho.
d) Função executiva (importante): a Comissão vela pela aplicação dos
Tratados e das medidas adotadas pelas Instituições comunitárias por
força destes (art. 17º/1 TUE). A mesma dispõe de competências
especificadas para a emissão de atos individuais concretos e de
execução (art. 105º 126º, 43º, etc TFUE). A função executiva implica
ainda o dever de execução do Orçamento juntamente com os Estados-
membros (317º TFUE).
e) Função de vinculação internacional: esta participa no processo de
vinculação internacional da UE, podendo formular recomendações ao
Conselho sobre as negociações (art.218º/3 TFUE).
f) Função de representação externa: a Comissão tem a oportunidade de
estabelecer uma ampla rede de contactos internacionais.
g) Função de representação dos Estados membros: a Comissão goza de
privilégios e imunidades. Cabe-lhe representar a UE juntos dos
tribunais nacionais.
h) Função de supervisão económica e orçamental: a Comissão está no
centro do sistema híbrido e multinível de governação financeira, e
orçamental da UE. Esta tem competências para desencadear
procedimentos de défice, divida e desequilíbrio macroeconómico
excessivos. No chamado Semestre Europeu os Estados-membros
submetem à Comissão os projetos de orçamento, cabendo a esta
controlar a observância dos requisitos mínimos para a conceção e
operação das leis orçamentais nacionais. A Comissão pode objetar os
projetos de orçamento nacionais e exigir alterações. A Comissão tem
ainda outros poderes de supervisão e controlo da disciplina orçamental
dos Estados, podendo conduzir à adoção de sanções.
i) Funções de controlo: a Comissão tem importantes poderes de
controlo, sob supervisão do TJUE (art.17º/1 TUE). Esta dispõe de
poderes de recolha de informação e verificações necessárias (art. 337º
TFUE), tem o dever de investigar queixas que lhe são apresentadas
pelos particulares e de controlar a utilização dos fundos pelos Estados,
tem o poder de intentar ações de incumprimento do direito da UE
contra os Estados membros de acordo com o disposto nos arts. 258º e
260º TFUE.
Funções do Conselho
1. Função legislativa: o Conselho exerce a função legislativa junto com o
PE (art.16º/1 TUE). Ambos assumem o papel principal na criação do
direito secundário da UE.
2. Função orçamenta: o Conselho exerce a função orçamental juntamente
com o PE (art.16º/1 TUE). Ele aprecia o projeto de orçamento proposto
pela Comissão (art. 314º/2/3 TFUE).
3. Funções de coordenação: o Conselho exerce importantes funções de
definição das políticas e de coordenação e complementação,
nomeadamente no domínio económico, ou de competências paralelas
(art.4º/3, 5º, 6º e 16º/1 TUE).
4. Função de vinculação internacional da UE (arts. 216º e 218º TFUE): o
papel do Conselho é especialmente importante na fase de negociação,
ouvindo o PE sempre que tal seja exigido. No processo, ele deve seguir
as recomendações que lhe sejam formuladas pela Comissão ou pelo Alto
Representante.
5. Função de alteração dos tratados: o Conselho participa no processo de
alteração dos tratados recebendo propostas no processo de revisão
ordinária e remetendo-as para o Conselho Europeu (art. 48º/2 TUE).
6. Função de iniciativa: o Conselho pode solicitar estudos e propostas à
Comissão, tendo em vista a realização dos objetivos dos Tratados (art.
241º TFUE).
7. Função de Controlo: o Conselho goza de legitimidade processual ativa
para intentar ações de controlo da legalidade dos atos e das omissões
das instituições e órgãos da UE (arts. 263º e 265º TFUE).
8. Função de recursos humanos: o Conselho tem um papel importante no
fixação do vencimento, subsídios, abonos e pensões de alguns membros
de instituições (art.234º TFUE). Juntamente com o PE também lhe cabe
aprovar o Estatuto dos Funcionários e o regime aplicável a outros
agentes da UE (art. 336º TFUE).
O COREPER
O Comité dos Representantes Permanentes é um órgão auxiliar do Conselho,
composto pelos representantes dos Estados membros em Bruxelas, que
prepara os trabalhos do Conselho e exerce os mandatos que este lhe confia,
assegurando um ligação entre os Governos dos Estados membros e o
Conselho. As competências co CEREPER aplicam-se a todos os domínios da
atividade do Conselho, não obstante a existência de Comités específicos.
O Conselho Europeu
É composto pelos Chefes de Estado ou de Governo dos Estados
membros, pelo seu Presidente e pelo Presidente da Comissão. Nele participa,
ainda, o Alto Representante (art.art.15º/2 TUE). Os Chefes de Estado ou de
Governo podem ser assistidos por um Ministro e o Presidente da Comissão por
um membro da Comissão. Este, inicialmente, não era incluído no elenco de
instituições do Tratado da CE.
O Conselho Europeu é hoje o principal órgão de direção política da UE
(art.13º/2 TUE). Este elege o seu presidente por maioria qualificada, por um
mandato de 2 anos e meio, sendo que o Presidente eleito não pode exercer
qualquer mandato no seu país. O Presidente do Conselho Europeu tem as
seguintes funções: