Atuação Da Fisioterapia Respiratória E Principais Técnicas Utilizadas em Recém-Nascidos Com Síndrome Do Desconforto Respiratório Agudo (Sdra)
Atuação Da Fisioterapia Respiratória E Principais Técnicas Utilizadas em Recém-Nascidos Com Síndrome Do Desconforto Respiratório Agudo (Sdra)
Atuação Da Fisioterapia Respiratória E Principais Técnicas Utilizadas em Recém-Nascidos Com Síndrome Do Desconforto Respiratório Agudo (Sdra)
Resumo
A prematuridade traz muitas alterações para o recém-nascido e, entre elas, destaca-se a Síndrome
do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) ou Doença da Membrana Hialina. Pode ser iden-
tificada ao nascer pela presença do desconforto respiratório. A fisioterapia tem como papel mi-
nimizar as consequências dessas alterações através de técnicas e manipulações. O objetivo deste
estudo é demonstrar as principais técnicas da fisioterapia respiratória para o tratamento de pa-
cientes com SDRA. Trata-se de uma revisão da literatura qualitativa e descritiva, tendo como
discussão manobras de recrutamento alveolar, posicionamento adequado, ventilação protetora e
seus efeitos. Foi possível observar, a partir da análise dos estudos da área, que, apesar de avanços
no entendimento da patogênese da SDRA, essa ainda resulta em significativa mortalidade.
dade, especialmente aqueles com baixo peso. Isso de recrutar unidades alveolares colapsadas, au-
se deve, sobretudo, ao uso de surfactante similar mentando a área pulmonar disponível para a troca
ao produzido pelo organismo humano, do suporte gasosa e, consequentemente, a oxigenação arterial
ventilatório mecânico e do progresso e aprimora- (BEZERRA, 2004; GONÇALVES, 2005).
mento profissional de técnicas de estimulação pul-
A segunda pode ser considerada em pacientes ne-
monar, que são importantes na elevação das taxas
cessitando de elevados valores de pressão positiva
de sobrevida daqueles com incapacidade respirató-
expiratória final (PEEP) e FIO2 para manter a ade-
ria, tendo-se em mente a antecipação e a prevenção
quada saturação de oxigênio (SaO2) ou pacientes
das possíveis complicações geradas pela própria
com lesão pulmonar aguda (LPA)/SDRA grave, a
doença e da prematuridade. (PRIGENZI et al., 2008;
menos que o paciente seja de alto risco para con-
ANDREANI; CUSTODIO; CREPALDI, 2006).
sequências adversas da mudança postural ou esteja
A Doença da Membrana Hialina (DMH), ou Sín- melhorando rapidamente (AMATO et al., 2007).
drome do Desconforto Respiratório (SDR), possui
Uma vez que os tratamentos descritos acima pro-
várias características específicas, sendo definida por
movem uma série de alterações pulmonares, inclu-
infiltrações bilaterais na radiografia pulmonar, rela-
sive na mecânica pulmonar, abre-se a hipótese de
ção entre pressão parcial arterial de oxigênio/fração que a ventilação protetora, agregada à manobra de
inspirada de oxigênio (PaO2/FiO2) < 200 mmHg e recrutamento alveolar e posicionamento adequa-
pressão capilar pulmonar (PCP) < 18 mmHg, sendo do, pode ser efetiva no tratamento da SDRA.
a forma mais grave da lesão pulmonar aguda (LPA)
(PINHEIRO; LISBOA; HOLANDA, 2011). Assim, o objetivo deste estudo é demonstrar, atra-
vés de uma revisão de literatura, as principais téc-
Observam-se, logo após o nascimento, os sinais nicas da fisioterapia respiratória para o tratamento
típicos de angústia respiratória neonatal. Os sin- de pacientes com Síndrome do Desconforto Res-
tomas são: taquipneia ou bradipneia, gemido ex- piratório Agudo, definir os tipos de técnicas mais
piratório, batimento da asa do nariz, retração da utilizadas no tratamento da SDRA, explicar os be-
caixa torácica, cianose e edema de extremidades nefícios da fisioterapia respiratória e relatar os efei-
(ARAÚJO, 2007). tos deletérios oriundos da má utilização das técni-
cas e terapias respiratórias.
De acordo com Araújo (2007) e Sarmento (2007),
uma vez estabelecido o diagnóstico, as medidas te-
rapêuticas visam, fundamentalmente, conservar a 2. Metodologia
oxigenação, ventilação e o pH adequados, além de
medidas gerais de manutenção térmica, calórica e O presente trabalho trata de uma revisão da li-
hídrica do RN. teratura, que é um tipo de pesquisa elaborada a
partir de material já publicado, constituído, prin-
O início do tratamento ventilatório é influenciado cipalmente, de livros, artigos científicos, jornais,
pela decisão de administrar surfactante. Os objeti- boletins, monografias, dissertações, teses, material
vos, uma vez instituída a ventilação mecânica, são cartográfico e internet, com o objetivo de colo-
de limitar o volume corrente sem diminuir o volu- car o pesquisador em contato direto com todo o
me pulmonar ou promover atelectasia, desmamar e material já publicado sobre o assunto da pesquisa
extubar tão logo possível (CLOHERT et al., 2005). (PRODANOV; FREITAS, 2013).
As manobras de recrutamento alveolar (MRA) e a Este estudo apresenta uma abordagem qualitativa
posição prona podem ser utilizadas no tratamen- e descritiva sobre a importância da fisioterapia res-
to da SDRA. A primeira técnica utiliza o aumento piratória na SDRA, utilizando as bases de dados de
sustentado de pressão na via aérea com o objetivo textos e artigos como LILACS, SciELO.
Nesse processo, foram encontrados apenas 25 ar- mais homogênea do parênquima pulmonar (COS-
tigos sobre o tema abordado e, desses, foram utili- TA; ROCHA; RIBEIRO, 2009).
zados 10 artigos nacionais, publicados no período
entre 2002 e 2016 por tratarem de aspectos rele- b | Ventilação de Alta Frequência (VAF)
vantes sobre o assunto. Quanto às estratégias ventilatórias não convencio-
Para proceder a eventuais buscas, utilizaram-se nais, como ventilação de alta frequência (VAF),
os descritores: Doença da Membrana Hialina; Fi- sua utilização em pacientes com SDRA é muito
sioterapia respiratória; Síndrome do Desconforto importante pelo fato de utilizar baixos VC com
Respiratório Agudo. alta frequência respiratória. Sua função é reduzir
a hiperdistensão e a abertura e fechamento cícli-
3. Resultado e Discussão cos, permitindo que o pulmão permaneça estático
durante toda a ventilação, a frequência respirató-
3.1. Tipos de Técnicas utilizadas ria alta permite a manutenção da PaCO2 normal
no tratamento da SDRA e consegue manter a oxigenação adequada (AMA-
TO et al., 2007).
As estratégias ventilatórias utilizadas atualmente
na SDRA são: Ventilação protetora com uso de bai- c | Ventilação em posição prona
xo volume corrente, pressão de platô menor que
A posição prona é uma nova terapia utilizada para
30 cm H2O, uso de pressão expiratória positiva fi-
SDRA e outras doenças que necessitam melhorar a
nal, ventilação protetora com alto PEEP, ventilação
oxigenação. É uma terapia de baixo custo e estudos
ciclada a volume x ciclada a pressão, manobra de
demonstram que melhora a oxigenação em 60 a
recrutamento alveolar, ventilação mecânica não
70% dos pacientes SDRA. Seus efeitos podem ocor-
invasiva, ventilação de alta frequência, insuflação
de gás traqueal, ventilação com a relação inspira- rer devido à melhora da relação entre ventilação e
tória e expiratória invertida, ventilação em posição perfusão, aumento do volume pulmonar ao final da
prona (LUQUE et al., 2011). expiração e mudanças regionais de ventilação asso-
ciadas a alterações mecânicas da parede torácica.
Devido à vasta gama de técnicas utilizadas para o
tratamento da SDRA, segue a descrição das técni- Mas, por outro lado, mesmo melhorando a oxige-
cas mais utilizadas por obterem resposta rápida ao nação, a posição prona não reduz a mortalidade
tratamento, segundo a literatura: por não prevenir o avanço da lesão pulmonar, não
sendo recomendada em todos os pacientes com
a | Manobra de Recrutamento Alveolar (MRA) SDRA, somente nos mais hipoxêmicos (PAIVA;
Na tentativa de minimizar os prejuízos causados BEPPU, 2005; ROTTA; STEINHORN, 2007).
pela SDRA, são propostas estratégias de proteção
pulmonar. A MRA é uma estratégia que vem sendo 3.2. Benefícios da Fisioterapia Respiratória
utilizada na VM para pacientes com SDRA. Há vá- A fisioterapia respiratória é utilizada há muitos
rias formas de aplicação da MRA, mas, basicamen- anos, com o objetivo de prevenir a instalação de in-
te, consiste na aplicação de altos níveis de pressão fecções respiratórias e, quando estas já estão insta-
inspiratória com o objetivo de expandir os alvéolos ladas, promover um tratamento adequado, evitan-
colapsados para aumentar a pressão parcial arterial do complicações secundárias (SHEPHERD, 2002).
de oxigênio (PaO2), e na utilização de altos níveis
de PEEP, necessários para a manutenção do ganho De acordo com Pires et al. (2004), a fisioterapia
atingido. Tem como objetivo melhorar as trocas respiratória também pode auxiliar na manutenção
gasosas através do recrutamento máximo de uni- das funções vitais pela prevenção e/ou controle
dades alveolares, proporcionando uma ventilação sintomático de doenças pulmonares, circulatórias
Abstract
Prematurity brings many changes to the newborn and, between them, there is the acute respiratory
distress syndrome ( ARDS ) or hyaline membrane disease. It can be identified at birth by the pre-
sence of respiratory distress. Physical therapy has the role to minimize the consequences of these
changes through techniques and manipulations. The aim of this study is to demonstrate the main
techniques of respiratory therapy for the treatment of patients with ARDS. This is a literature review,
qualitative and descriptive. Finding the literature alveolar recruitment maneuvers, proper positio-
ning, protective ventilation and its effects. It was observed from the analysis of area studies, that des-
pite advances in understanding the pathogenesis of ARDS, this still results in significant mortality.
Keywords
Hyaline membrane disease. Respiratory fisioterapy. Syndrome of acute respiratory distress.
ANDREANI, G.; CUSTÓDIO, Z. A. O.; CREPALDI, M. PAIVA, K. C. de A.; BEPPU, O. S. Posição prona. Jornal
A. Tecendo as redes de apoio na prematuridade. Ale- Brasileiro de Pneumologia, São Paulo, p. 332-340, 2005.
theia, n.24, p.115-126, jul./dez. 2006. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/pdf/aletheia/n24/n24a11. PINHEIRO, B. V.; LISBOA, L. F. M.; HOLANDA, M. A.
pdf>. Acesso em: 19 ago. 2016. Fatores de Risco na Síndrome do Desconforto Respira-
tório Agudo. Pulmão Rj, Ceará, v. 20, n. 1, p.13-18, 2011.
ARAÚJO, A. M. A importância da fisioterapia respirató-
ria no neonato com doença da membrana hialina. 2007. PIRES, N.R.C.; RAMOS, E.M.C.;RAMOS, D. Transpor-
51f. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) - tabilidade e Viscoelasticidade do Muco Brônquico de
Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Veiga de um Paciente com Bronquiectasia, Expectorado após a
Almeida, Cabo Frio, 2007. Tapotagem e o Aparelho Flutter®VRP1: estudo de Caso.
Rev Bras Fisioterapia, Presidente Prudente, p. 165-168,
BEZERRA, R.M.S. Fisioterapia respiratória em UTI ba- 2004.
seada em evidências. In: AZEREDO, C.A.C.; BEZER-
RA, R.M.S. Manobras de fisioterapia respiratória na UTI. PRIGENZI, M. L. H. et al. Fatores de risco associados à
Rio de Janeiro: SOS Pulmão / CUCA, 2004. mortalidade de recém-nascidos de muito baixo peso na
cidade de Botucatu, São Paulo, no período 1995- 2000.
CLOHERT, J. P; EICHENWALD, E. C; STARK, A. R. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v.8,
Manual de neonatologia. In: HONRUBIA, D.; STARK, n.1, p. 93-101, jan./ mar., 2008.
A. R. Doenças respiratórias: síndrome de desconforto
respiratório. Rio de Janeiro. Guanabara Kogan, 2005. PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. de. Metodologia do
trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do
COSTA, D. C.; ROCHA, E.; RIBEIRO, T. F. Associação trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Universi-
das manobras de recrutamento alveolar e posição prona dade FEEVALE, 2013.
na Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo. Rev
Bras Ter Intensiva. São Paulo, v.21, n.2, p.197-203, 2009. ROTTA, A. T.; STEINHORN, D. M. Conventional me-
Disponível em: <https://www. scielo.br/pdf/rbti>. Aces- chanical ventilation in pedi-atrics. Jornal de Pediatria,
so em: 20 ago. 2016. Rio de Janeiro, p. 100-108. 2007.
DELCLAUX, C. et al. Treatment of acute hypoxemic SARMENTO, G.V. Fisioterapia Respiratória em Pedia-
non hypercapnic respiratory insufficiency witch contin- tria e Neonatologia. São Paulo: Manole, 2007.
uous positive airway pressure delivered by a face mask: SHEPHERD, R. B. Fisioterapia em Pediatria. 3 ed. São
a randomized controlled trial. JAMA, v. 8, n.18, p. 2352- Paulo: Santos, 2002.
2360, 2000. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.
gov/pubmed>. Acesso em: 20 ago. 2016. TIMENETSKY, K. T.. O Paciente com Síndrome do Des-
conforto Respiratório Agudo. In: LUQUE, A. et al. Tra-
GONÇALVES, L.O; CICARELLI, D.D. Manobra de re- tado de Fisioterapia Hospitalar: assistência integral ao
crutamento alveolar em anestesia: como, quando e por paciente. São Paulo: Atheneu, 2011, cap. 74, p. 819-825.
que utilizá-la. Rev Bras Anestesiol., v.55, n.6, p.631-8, 2005.