Intervenção IRA

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CR2

2021/2022

INTERVENÇÃO NA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA


As intervenções de fisioterapia incluem drenagem postural, exercícios respiratórios,
vibração, hiperinsuflação manual, tosse, huffing e sucção. O posicionamento e a
mobilização corporal e os exercícios devem ser as intervenções de primeira linha para
pacientes com disfunções do sistema cardiopulmonar. (Wong W. P., 2000)

Unidade de Cuidados Intensivos (UCI)


Fisioterapeutas estão envolvidos no manejo de pacientes com condições
respiratórias agudas, subagudas e crônicas e na prevenção e tratamento das sequelas
de imobilidade (GOSSELINK et al., 2008).
A disfunção respiratória é uma das causas mais comuns de doença crítica que
necessita de internação na UTI. Falha de qualquer um dos dois componentes primários
do sistema respiratório (membrana de troca gasosa ou bomba ventilatória), pode
resultar na necessidade de ventilação mecânica para manter a troca de gás adequada e
assumir alguns, se não todos, do trabalho de respiração. Os objetivos da fisioterapia na
disfunção respiratória são melhorar a ventilação global e/ou regional e a conformidade
pulmonar, reduzir a resistência das vias aéreas e o trabalho de respiração, e limpar
secreções das vias aéreas. O posicionamento e a mobilização do corpo são opções
potentes para o tratamento que podem otimizar a oxigenação melhorando a ventilação,
correspondência V/Q, usando dependência gravitacional para aumentar o recrutamento
alveolar e perfusão pulmonar (GOSSELINK et al., 2008).

Paciente não entubado


Intervenções destinadas a aumentar o volume inspirado afetam a expansão
pulmonar, ventilação regional, resistência às vias aéreas e conformidade pulmonar. As
intervenções destinadas ao aumento do fluxo expiratório incluem expirações forçadas
(ativas e passivas). Ativamente, estes podem ser com a glote aberta (um huff), ou com
a glote fechada (uma tosse). A tosse assistida manualmente, utilizando compressão
torácica ou abdominal, pode ser indicada para pacientes com fraqueza muscular
expiratória ou fadiga. Todas as técnicas expiratórias forçadas dependem de um volume
inspirado adequado e podem precisar ser acompanhadas de intervenções para
aumentar o volume inspirado, se o volume inspirado estiver reduzido contribui para
uma tosse ineficaz (GOSSELINK et al., 2008).
Posicionamento:
Posição ereta sentado: O posicionamento é muito importante em doentes com
IRA, sendo que, a posição ereta é usada caso o paciente esteja consciente, com
a relação ventilação-perfusão ideal e a excursão do diafragma seja ótima nessa
posição (o trabalho respiratório também pode se encontrar reduzido nessa

Cristiane Kilian
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posição). O ciclo ativo de técnicas respiratórias pode ser feito com: períodos de
controle respiratório, respiração profunda, mobilização/exercício e tosse. Para
aumentar o volume inspiratório, o paciente é instruído a inspirar
profundamente, até o volume de reserva inspiratório e depois expirar
passivamente. (Wong W. P., 2000)
Decúbito lateral: Com os pulmões afetados voltados para cima, para melhorar a
a oxigenação dos alvéolos por meio do aumento dos volumes pulmonares em
pacientes com doença pulmonar unilateral. Porém ter o cuidado para não
prejudicar o pulmão não afetado, por estar para baixo. Sempre avaliar caso a
caso.
Semi-reclinado: a posição 45° pode ser uma alternativa para evitar o risco de
refluxo gastroesofágico e aspiração.

O insuflador mecânico pode ser usado para fornecer uma pressão inspiratória
seguida de uma alta força expiratória negativa, através de uma máscara facial. Isso
aumenta o volume e o fluxo expiratório e, portanto, é indicado quando o paciente é
incapaz de limpar secreções (GOSSELINK et al., 2008).
A sucção das vias aéreas é, dependente de acordos locais, praticados por
médicos, enfermeiros e fisioterapeutas e é usado apenas para limpar secreções centrais
que são consideradas um problema primário quando outras técnicas são ineficazes
(GOSSELINK et al., 2008).

Pacientes entubados e ventilados


O posicionamento e a mobilização do corpo podem otimizar a mobilização das
secreções e oxigenação das vias aéreas, melhorando a ventilação, o recrutamento
alveolar e a correspondência de V/Q (GOSSELINK et al., 2008).
Posicionamento: Para pacientes ventilados, a posição em pronação pode
melhorar a mecânica pulmonar e as trocas gasosas, isso pois essa posição
melhora o recrutamento alveolar, a redistribuição da ventilação para áreas
dorsais (onde está a maior parte dos alvéolos) que permanecem bem
perfundidas, bem como a homogeneização da distribuição do volume corrente e
possível melhora da drenagem postural de secreções.
A homogeneização da distribuição do volume corrente pode reduzir o
estresse/tensão do tecido e, consequentemente, pode diminuir os efeitos
prejudiciais da ventilação mecânica, proporcionando benefícios adicionais além
do associado à oxigenação melhorada. Outros efeitos colaterais incluem
melhorias na hemodinâmica.

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Além disso, as consequências do decúbito ventral podem melhorar a


sobrevivência dos pacientes: Extensão e duração reduzidas de hipoxemia grave;
Menor propensão a lesão pulmonar induzida por ventilador; reduzida ocorrência
de pneumonias associadas ao ventilador.
Entretanto, deve-se ter atenção, pois o decúbito ventral pode ter efeitos
adversos negativos, como: extubação não planejada e risco de um episódio de
hipoxemia potencialmente catastrófica; intubação brônquica inadvertida;
desenvolvimento de úlceras / úlceras de pressão (lesão mais citada); edema
facial/periorbital; complicações oculares; instabilidade cardiovascular;
deslocamento de linha intravenosa; diálise renal/ problemas de fluxo da linha de
filtração que interferem no suporte renal; hipertensão intracraniana; e lesões do
plexo braquial. (Bloomfield R, Noble DW, Sudlow A., 2015)

A hiperinflação manual/do ventilador, a pressão positiva expiratória final (PEEP)


e a sucção das vias aéreas podem auxiliar na liberação de secreção. Os objetivos da
hiperinsuflação são prevenir atelectasias, reexpandir os alvéolos colapsados, melhorar
a oxigenação, melhorar a conformidade pulmonar e facilitar o movimento das secreções
em direção as vias aéreas centrais (GOSSELINK et al., 2008).

Ambulatório
Status de ambulatório precoce tem sido associada a melhores desfechos
funcionais e menores taxas de reinternação em pacientes hospitalizados. Estudos
indicam que indivíduos admitidos em unidade ambulatorial após uma estadia na UTI
capazes de deambular são mais propensos a ir para casa. No entanto, indivíduos que
nunca tiveram ambulação são mais propensos a serem readmitidos na UTI. Esses
achados apoiam ainda mais a importância da ambulação em pacientes gravemente
doentes como forma de melhorar a probabilidade de alta do hospital e a capacidade de
ir para casa (TRAN et al., 2020).

Assim, iniciar a fisioterapia voltada para a mobilidade no início do plano de


cuidado desses sujeitos não é apenas importante para prevenir a perda muscular e a
imobilidade subsequente, mas também é um aspecto crítico da fisioterapia necessária
para melhorar os resultados e a qualidade de vida geral (TRAN et al., 2020).

Cristiane Kilian
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Referências bibliográficas

GOSSELINK, R. et al. Physiotherapy for adult patients with critical illness:


Recommendations of the European Respiratory Society and European Society of
Intensive Care Medicine Task Force on Physiotherapy for Critically Ill Patients. Intensive
Care Medicine, v. 34, n. 7, p. 1188–1199, 2008.
TRAN, D. H. et al. Ambulatory status is associated with successful discharge home in
survivors of critical illness. Respiratory Care, v. 65, n. 8, p. 1168–1173, 2020.
Wai Pong Wong, Physical Therapy for a Patient in Acute Respiratory
Failure, Physical Therapy, Volume 80, Issue 7, 1 July 2000, Pages 662–
670, https://doi.org/10.1093/ptj/80.7.662
Bloomfield R, Noble DW, Sudlow A. Prone position for acute respiratory failure in adults.
Cochrane Database of Systematic Reviews 2015, Issue 11. Art. No.: CD008095. DOI:
10.1002/14651858.CD008095.pub2.

Cristiane Kilian
Morgana Arend

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