O Verbo
O Verbo
O Verbo
O verbo é, segundo Celso Cunha e Lindley Cintra (1999, p. 377), “uma palavra de forma
invariável que exprime o que se passa, isto é, um acontecimento representado no tempo”.
Mário Vilela (1999) diz-nos que o verbo é uma categoria gramatical que representa os modos
da realidade objectiva no seu enquadramento temporal. Isto significa que o verbo é uma
palavra que exprime o que se passa, anunciando uma acção ou exprimindo a qualidade, o
estado ou a existência de uma pessoa, animal ou coisa.
Por exemplo:
- O aluno escreve. – Trata-se de uma acção praticada pelo sujeito no presente.
- O aluno é inteligente. – Exprime uma qualidade do sujeito no presente.
- O aluno esteve atento. – Exprime um estado no passado.
- Existirão bons alunos. – Exprime existência no futuro.
O verbo também se caracteriza por constituir o centro da frase, uma vez que todas as restantes
palavras se agrupam em seu redor, podendo mesmo, por si só, constituir uma frase completa,
como é o caso de, por exemplo, “Escutai!”.
Para além da significação de verbo, as gramáticas oferecem-nos a noção de que o verbo é a
palavra mais variável da língua portuguesa, pois varia, como referimos anteriormente, em
modo, tempo, voz, número e pessoa.
Flexões do Verbo
O Número e a Pessoa
O Modo
O modo é definido por Lindley Cintra e Celso Cunha como “as diferentes formas
que toma o verbo para indicar a atitude (…) da pessoa que fala em relação ao facto
que enuncia.” (1999, p. 378). Assim, o modo em que se encontra o verbo permite-
nos aferir a postura do sujeito relativamente ao acontecimento que expressa,
indicando a sua atitude que pode ser de certeza, de dúvida, de suposição, de mando,
etc.
Na língua portuguesa podem evidenciar-se três modos: o modo indicativo, o modo
conjuntivo, que em castelhano chamamos de subjuntivo, e o imperativo. O verbo
apresenta também formas nominais, como é o caso do particípio, do gerúndio e do
infinitivo. Contudo, o infinitivo é passível de flexão por meio das desinências
pessoais, particularidade que é própria da língua portuguesa e que, por essa razão,
não existe em castelhano o chamado infinitivo conjugado.
Passemos então ao estudo de cada um destes modos em particular:
O Tempo
A Voz
Em relação à voz, existem na língua portuguesa três vozes: a voz activa, a voz passiva e a voz
reflexiva.
No primeiro caso, na activa, o facto expresso pelo verbo é praticado pelo sujeito: A Andreia
comeu um gelado; no segundo, o facto expresso pelo verbo é sofrido pelo sujeito O gelado foi
comido pela Andreia; no terceiro caso, na voz reflexiva, o facto expresso pelo verbo é
representado como praticado e sofrido pelo sujeito A Andreia penteou-se.
Quanto à voz passiva importa mencionar que o particípio concorda em género e em número
com o sujeito: O jardim foi regado; Os jardins foram regados. É também importante referir
que além do verbo ser, existem outros verbos auxiliares que, em combinação com o
particípio, podem formar a voz passiva, como é o caso dos verbos que exprimem estado
(estar, andar, etc.), mudança de estado (ficar) e movimento (ir, vir).
Classificação do Verbo
Os verbos regulares flexionam mediante o paradigma, exemplo que representa o tipo usual da
conjugação. Assim, se tomarmos como exemplo os verbos cantar, comer e partir como
modelos da 1ª, 2ª e 3ª conjugações respectivamente, apuramos que qualquer verbo regular da
1ª conjugação constrói o seu tempo como cantar, os da 2ª, como comer e os da 3ª conjugação,
como partir, já que todos eles são verbos regulares.
Quando os verbos não flexionam de acordo com o paradigma da sua conjugação, como os
verbos estar, ser, ir, entre outros, são chamados de verbos irregulares e, por isso, conjugam-se
de forma diferente.
Os verbos que não têm certas formas, como falir e abolir são chamados de verbos defectivos.
Dentro desta divisão é costume os gramáticos incluírem além dos verbos unipessoais, os
verbos impessoais, que só são usados na 3ª pessoa do singular, como é o caso dos verbos
meteorológicos como, a título de exemplo, trovejar e chover.Relativamente aos verbos
abundantes, estes possuem, segundo a Nova Gramática do Português Contemporâneo, duas
ou mais formas equivalentes, daí o nome abundante. Essa abundância surge, principalmente,
no particípio, já que, por exemplo o verbo aceitar, pode apresentar os particípios aceitado,
aceito e aceite.
Função do Verbo
Tendo em conta a sua significação, um verbo, quanto à sua função, pode ser principal ou
auxiliar.
O principal é aquele verbo que tem significação plena e que é nuclear de uma oração: Vou ao
cinema; Dancei uma valsa. O verbo auxiliar, como o próprio nome indica, serve para auxiliar
as formas nominais de um verbo principal, juntando-se a ele e formando locuções que
anunciam matizes significativas especiais: Tenho feito ginástica; Hão-de vir mais pesos. Os
verbos auxiliares mais comuns na língua portuguesa são os verbos ter, haver, ser e estar, dos
quais falaremos de seguida mais detalhadamente.
Verbos Auxiliares
As locuções verbais são formadas pela junção de um verbo auxiliar a um verbo principal.
Nestas locuções conjuga-se apenas o auxiliar, já que o verbo principal aparece numa das
formas nominais, ou seja, surge sempre no particípio, no gerúndio ou no infinitivo impessoal.
Em português, como referimos anteriormente, os verbos ter, haver, ser e estar são os verbos
auxiliares de uso mais frequente, mas devido à não uniformidade da norma linguística para
determinação dos limites dos verbos auxiliares, o rol dos verbos auxiliares costuma alterar de
gramática para gramática.
Os verbos auxiliares ter e haver aplicam-se com o particípio do verbo principal e denotam um
facto acabado, repetido ou contínuo, formando os tempos compostos na voz activa: Tenho
feito ginástica; Haviam comprado pesos. Contudo, se o infinitivo do verbo principal for
antecedido da preposição de, exprime, respectivamente, a obrigatoriedade ou o forte propósito
de praticar o facto: Tenho de fazer ginástica; Havemos de comprar pesos.
Quanto ao verbo auxiliar ser, este emprega-se com o particípio do verbo principal para formar
os tempos da voz passiva da acção: Ginástica foi feita por mim; Pesos foram comprados por
nós.
Conjugações
;Segundo a Nova Gramática do Português Contemporâneo quando falamos em
conjugações referimo-nos à conjugação de um verbo, ou seja, em dizer um verbo em todos os
modos, tempos, pessoas, números e vozes.
Existem, em português, três conjugações, caracterizadas pela vogal temática. Assim, a
primeira conjugação compreende os verbos que têm a vogal temática –a; a segunda
conjugação abarca os verbos que têm a vogal temática –e; a terceira conjugação compreende,
normalmente, os verbos que têm a vogal temática –i.
Assim:
Conjugação 1ª 2ª 3ª
Vogal temática -a -e -i
Exemplo
Verbos Transitivos
São aqueles que precisam de um complemento para ter sentido completo e podem ser de dois tipos:
“Ler a revista.”
“Ler o livro.”
“Ler a notícia.”
“Precisar de ajuda.”
“Precisar de comer.”
“Precisar de ir embora.”
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
Pedem um objeto direto e um objeto indireto ao mesmo tempo, indicando quem ou o quê e, também, de
quem, para quem, com quem, de quê, para quê, a quê, etc.
Exemplo:
O verbo “agradecer” faz surgir a pergunta “agradecer o quê e a quem?”. Veja algumas opções que
complementam:
Verbos Intransitivos
São aqueles que não pedem nenhum complemento para ter sentido completo. Não precisam de objeto
direto ou objeto indireto. O verbo sozinho transmite uma ação completa que começa e termina no sujeito
da oração.
Eles podem ser enriquecidos com a adição (não obrigatória) de adjuntos adverbiais.
Exemplo
Repare nas frases que podemos formar com o verbo “dormir”:
“Eu dormi.”