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Manutenção em ambiente hospitalar

JOÃO MIGUEL LOUREIRO RIBEIRO


novembro de 2018
MANUTENÇÃO EM AMBIENTE HOSPITALAR

João Miguel Loureiro Ribeiro


1110736

2017/2018
Instituto Superior de Engenharia do Porto
Engenharia Mecânica
MANUTENÇÃO EM AMBIENTE HOSPITALAR
João Miguel Loureiro Ribeiro
1110736

Dissertação apresentada ao Instituto Superior de Engenharia do Porto para


cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia
Mecânica, realizada sob a orientação de Professora Doutora Sandra Ramos

2017/2018
Instituto Superior de Engenharia do Porto
Engenharia Mecânica
JÚRI

Presidente
Professor Doutor Raul Duarte Salgueiral Gomes Campilho
Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Mecânica do Instituto Superior de
Engenharia do Porto - ISEP
Orientador
Professora Doutora Sandra Cristina de Faria Ramos
Professora Adjunta do Departamento de Matemática do Instituto Superior de
Engenharia do Porto - ISEP
Arguente
Professora Doutora Maria João Fernandes Pereira Polidoro
Professora Adjunta da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do P.Porto

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AGRADECIMENTOS <OPCIONAL>

Um forte agradecimento à orientadora Professora Doutora Sandra Ramos sem a qual


esta dissertação não seria possível de concluir.

Um agradecimento à minha família por todo o apoio, força e coragem em todo o meu
trajeto académico.

Ainda um agradecimento final a quem me acompanhou nesta etapa da minha vida.

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RESUMO VII

PALAVRAS CHAVE
Manutenção hospitalar, Planeamento, Gestão da manutenção, Ativos físicos,
Indicadores Chave de Produtividade, Plano de Manutenção Preventiva

RESUMO

Cada vez mais tentamos preservar e manter os nossos bens e posses. Os edifícios são
dos maiores investimentos feitos quer por particulares quer por entidades coletivas.
Como tal, faz-se todos os possíveis para os manter funcionais pelo maior tempo
possível. A manutenção é a única opção viável e sustentável de preservação de
edifícios e equipamentos e está-lhe reconhecida essa capacidade em todo o mundo. A
evolução tem sido constante a nível de mentalidades, de métodos na manutenção e
ferramentas de gestão, conseguindo-se agora uma gestão focada na disponibilidade e
fiabilidade máxima de equipamentos e edifícios.
Contudo, nem toda a manutenção é igual. Esta é moldável à instalação em que é
aplicada e em que condições é executada. No caso desta dissertação , pretendeu-se
adaptar a manutenção a duas unidades hospitalares. Esta adaptação tem como base a
criação de um plano preventivo que permita manter a operacionalidade de toda a
infraestrutura com as peculiaridades e pormenores de um hospital. Juntando a
legislação em vigor com o know-how de técnicos de manutenção e gestores de
manutenção, gerou-se o plano que foi posto em vigor.
Sumariamente, verificou-se a necessidade de ajustes tanto a nível operacional como a
nível de planeamento já que a manutenção deve estar em constante melhoria.
Concluiu-se também que embora os edifícios sejam do mesmo âmbito, necessitam do
seu próprio Plano de Manutenção Preventivo (PMP) devido aos diferentes estados e
ambientes em que as infraestruturas se encontram. Os diferentes planeamentos e as
diferentes gestões têm de se moldar com as necessidades e ativos dos edifícios
hospitalares.

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ABSTRACT IX

KEYWORDS
Hospital maintenance, Planning, Maintenance management, Physical assets, Key
Performance Indicator, Preventive Maintenance Plan

ABSTRACT

Every day we try to keep our goods and possessions. Buildings are one of the most
expensive investments made by privates or associations. As so, every effort is made to
keep them functional for as long as possible. Maintenance is the only option viable and
sustainable. This is recognized around the world for buildings and equipment’s. The
evolution of maintenance has been high in terms of mentalities, maintenance methods
and managing tools, allowing a management focused in maximize reliability and
availability.
However, not all the maintenance is the same. It changes in order to fulfil the
necessities of the building that it’s applied. In the case of this dissertation, it has been
tried to apply maintenance in two health care buildings. The bases for the maintenance
plan are to maintain the normal working process of the hospitals with their unique
aspects. Combining the legislation, the know-how from the technicians and
maintenance managers it was generated a maintenance plan that was putted in to
work.
In summary, it was registered a need to adjust, at operational level as in planning, the
maintenance processes and methods because they need to be in constant
improvement.
Even thought the two building serve the same purpose, they need their own Preventive
Maintenance Plan (PMP) because they are involved in different environmental and
aging conditions. Different maintenance managing’s and planning’s must shape to
each need and each equipment’s of the hospital units.

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ABSTRACT X

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS XI

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

Lista de Abreviaturas
ACSS Administração Central do Sistema de Saúde
APA Associação Portuguesa do Ambiente
AVAC Aquecimento Ventilação e Ar Condicionado
DGS Direção Geral de Saúde
FMEA Modo de falha e análise de efeito (Failure Mode and Effect Analyses)
GTC Gestão técnica centralizada
Organização Internacional de Normalização (International Organization
ISO
for Standardization)
KPI Indicador chave de desempenho (Key Performance Indicator)
OERN Ordem dos Engenheiros Região Norte
pH Escala numérica adimensional de acidez
PMP Plano de manutenção preventiva (Preventive Maintenance Plan)
Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e
RECS
Serviços
RGEU Regulamento Geral de Edificações Urbanas
SIE Serviço de Instalações e Equipamentos
TPM Manutenção produtiva total (Total Produtive Maintenance)
UPS Unidade de potência constante (Uninterruptible Power Suplly)
UTA Unidade de tratamento de ar

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GLOSSÁRIO DE TERMOS XIII

GLOSSÁRIO DE TERMOS

Aptidão de um bem para cumprir uma função requerida sob


Fiabilidade determinadas circunstâncias por um período de tempo. (NP EN
13306, 2007).
Aptidão de um bem para cumprir uma função requerida sob
Disponibilidade determinadas circunstâncias num determinado instante ou durante
um intervalo de tempo (NP EN 13306, 2007).
Atividade primária em que o negócio em causa é especialista e
concentra todos os esforços do ponto de vista estratégico. É também
Core business
normalmente a actividade com maior participação na faturação
(Dicionário financeiro).

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ÍNDICE DE FIGURAS XV

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 – EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO (SAMPAIO, 2016) 28


FIGURA 2 – TIPOS DE MANUTENÇÃO (ADAPTADO DE (MAGALHÃES, 2012)). 29
FIGURA 3 – GESTÃO A REALIZAR PELO GESTOR DE MANUTENÇÃO (ADAPTADO DE (SILVA J. V., 2013)) 32
FIGURA 4 – AMBIENTE DE TRABALHO DO SOFTWARE A DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO GIM 35
FIGURA 5 – AMBIENTE DE TRABALHO DO SOFTWARE B DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO 36
FIGURA 6 – AMBIENTE DE TRABALHO DO SOFTWARE C DE GESTÃO DE MANUTENÇÃO 37
FIGURA 7 – IMAGEM DE VIDRO SIMPLES E CAIXILHARIA ALUMÍNIO DE JANELA TIPO EDIFÍCIO A 40
FIGURA 8 – IMAGEM DE TUBAGEM ENVELHECIDA DE VAPOR TIPO EDIFÍCIO A 41
FIGURA 9 – IMAGEM DE CALDEIRA A GÁS DE VAPOR TIPO EDIFÍCIO A 41
FIGURA 10 – IMAGEM DE EXEMPLO DE CORROSÃO EXTERIOR 42
FIGURA 11 – IMAGEM DE CALDEIRA GÁS TIPO EDIFÍCIO B 43
FIGURA 12 – IMAGEM DE EXEMPLO DE TABELA DE VERIFICAÇÃO (MANUTENÇÃO CONDUTIVA) 55

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ÍNDICE DE TABELAS XVII

ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 1 – EQUIPAMENTOS QUE SERÃO ESTUDADOS 46
TABELA 2 – PMP CALDEIRA VAPOR EDIFÍCIO A 46
TABELA 3 – PMP UTA BLOCO OPERATÓRIO EDIFÍCIO A 47
TABELA 4 – PMP COLETORES SOLARES EDIFÍCIO B 48
TABELA 5 – PMP CHILLER EDIFÍCIO B 48
TABELA 6 – PMP QUEIMADORES 49
TABELA 7 – PMP GERADORES 50
TABELA 8 – PMP COMPRESSOR DE AR MEDICINAL 51
TABELA 9 – PMP CISTERNAS 52
TABELA 10 – PMP PISCINAS 53

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ÍNDICE XIX

ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 23

1.1 Enquadramento ........................................................................................................................ 23

1.2 Objetivos ................................................................................................................................... 24

1.3 Estrutura da dissertação ............................................................................................................ 24

2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS .................................................................................... 27

2.1 Conceitos de manutenção ......................................................................................................... 27

2.2 Evolução da manutenção .......................................................................................................... 28

2.3 Tipos de manutenção ................................................................................................................ 29


2.3.1 Manutenção preventiva .......................................................................................................... 30
2.3.2 Manutenção corretiva ............................................................................................................. 31

2.4 Gestão da manutenção.............................................................................................................. 31


2.4.1 Legislação e normas de manutenção ...................................................................................... 33

2.5 Manutenção hospitalar ............................................................................................................. 34

2.6 Softwares de gestão de manutenção e sua influência ................................................................ 35

3 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................. 39

3.1 APRESENTAÇÃO DOS CASOS DE ESTUDO ................................................................................... 39


3.1.1 Caracterização dos edifícios .................................................................................................... 39
3.1.2 Edifício A.................................................................................................................................. 39
3.1.3 Edifício B .................................................................................................................................. 42

3.2 PLANOS DE MANUTENÇÃO E PROPOSTAS ................................................................................. 44


3.2.1 Proposta de um novo plano de manutenção .......................................................................... 44
3.2.2 Dificuldades e inércias de gestão da manutenção .................................................................. 53
3.2.3 Equipamentos fulcrais e abordagem aos mesmos .................................................................. 55
3.2.4 Procura de inovação e métodos a implementar e aprimorar ................................................. 56

4 CONCLUSÕES E PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS ........................................... 61

4.1 Conclusões ................................................................................................................................ 61

4.2 Proposta de trabalhos futuros ................................................................................................... 62

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ÍNDICE XX

5 BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES DE INFORMAÇÃO ............................................... 65

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21

INTRODUÇÃO
1.1 Enquadramento

1.2 Objetivo

1.3 Estrutura
23

1 INTRODUÇÃO

Este capítulo introdutório apresenta uma contextualização do tema tratado com


destaque particular na manutenção hospitalar, os objectivos do trabalho e, por fim,
um resumo breve dos capítulos que constituem esta dissertação.

1.1 Enquadramento

As unidades hospitalares são únicas e requerem exigências de gestão de manutenção


fora do comum. São edifícios normalmente de grandes dimensões e com
equipamentos especializados e projetados especialmente. As instalações técnicas têm
um valor elevado e incluem Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado (AVAC),
Gestão Técnica Centralizada (GTC), instalações elétricas, hidráulicas, saneamento,
equipamentos médicos, sistemas de segurança e incêndio. Tem de existir também um
olhar relevante sobre a microbiologia uma vez que são unidades hospitalares onde
podem estar doentes infeciosos e onde são feitas intervenções cirúrgicas pelo que
tudo tem de estar completamente esterilizado.
Por tudo isto, é necessária uma gestão da manutenção atenta, personalizada e sempre
disposta a entrar em ação 24 horas por dia. Nos dias que correm é basicamente
impossível manter uma equipa para cada especialidade. Como tal, a maior parte dos
gestores opta pela subcontratação de empresas especializadas e assim promover a
redução os seus custos em recursos humanos efetivos.
O gestor tem, portanto, a importância de aprimorar, solucionar e racionalizar todos os
recursos quer materiais quer humanos de manutenção para que a sua instalação ou
equipamento hospitalar se mantenha útil e eficiente pelo maior tempo possível. Esta
gestão é evidenciada por um plano de manutenção criado com base em indicações
legais e adequadas a cada equipamento e necessidade do mesmo.
Há perante a sociedade uma responsabilidade moral de manter os locais de apoio e
ajuda a nível de saúde que todos ajudamos, direta ou indirectamente, a construir. A
abrangência de especialidades numa unidade hospitalar é muito grande, levando a que
os gestores da manutenção tenham um conhecimento muito abrangente de todas
elas. Contudo, a manutenção hospitalar acarreta a responsabilidade de um grande
número de vidas que todos os dias passam pelo edifício. Esta responsabilidade,
embora muito subjetiva, acompanha gestores e técnicos todos os dias e em todas as
especialidades, que dão uma especial atenção a todo o trabalho realizado. Desde o
diagnóstico dos equipamentos médicos, ao pavimento regular dos passeios externos
(quedas) passando pela ventilação, estas devido à existência de doenças transmitidas

Manutenção em ambiente hospitalar João Ribeiro


24

pelo ar, a equipa de manutenção ou Serviço de Instalações e Equipamentos (SIE) tem o


um dever de manter tudo corretamente operacional e preservado.
A motivação desta dissertação surge da importância e interesse pessoal pela
manutenção hospitalar e com as atividades desenvolvidas a nível profissional.

1.2 Objetivos

Pretende-se com esta dissertação evidenciar a importância da gestão da manutenção


hospitalar, através da identificação dos pontos fulcrais da sua aplicação e do
enquadramento das dificuldades perante recursos humanos e materiais.
Simultaneamente, far-se-á a apresentação de um plano de manutenção preventivo
(PMP) dos elementos considerados mais fulcrais dos dois edifícios hospitalares. Nela
far-se-á ainda uma ponte entre os ativos técnicos, administrativos e de gestão
envolvidos no processo de manutenção do ponto de vista do gestor de manutenção e
salientar-se-ão as barreiras e inércias que este terá de ultrapassar para atingir os seus
objectivos.
Espera-se ainda que com esta dissertação se possa chegar aos envolvidos com o tema
ou aos que detêm atividades profissionais na área.

1.3 Estrutura da dissertação

Esta dissertação encontra-se estruturada em 4 capítulos.


1. No presente capítulo há uma introdução ao tema tratado com enfoque
particular na manutenção hospitalar e no que ela acarreta. Descrevem-se os
objetivos do trabalho e apresenta-se a estrutura da dissertação.

2. O capítulo 2 expõe os conceitos da área de manutenção. Não se pretende de


modo algum uma descrição completa e exaustiva de todos os conceitos da
área, mas apenas referir os necessários ao bom entendimento dos capítulos
seguintes. Apresenta também o estado da arte e ferramentas atuais disponíveis
à manutenção. Há ainda um aprofundar de informação sobre a gestão da
manutenção e manutenção hospitalar.

3. O terceiro capítulo apresenta os dois casos de estudo indicando as suas


peculiaridades e dificuldades encontradas pelos gestores de manutenção. É
realizada uma síntese dos problemas principais e feita uma descrição dos
edifícios incluídos nos casos de estudo.

Manutenção em ambiente hospitalar João Ribeiro


25

Define os equipamentos mais fulcrais de cada um dos edifícios e para estes é


apresentado um PMP que se julgou adequado. São identificadas as dificuldades
de colocar esse plano em vigor e como foi feita a abordagem de
implementação. Finalmente, procuram-se melhorias quer do plano realizado
quer da gestão de manutenção para o futuro.

4. Findando a dissertação, o Capítulo 4 exprime as conclusões e considerações


finais retiradas de todo o processo. Apresenta, ainda, as melhorias e trabalhos
futuros que possivelmente possam vir a ser realizados no futuro.

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26

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

2.1 Conceitos de manutenção

2.2 Evolução da manutenção

2.3 Tipos de manutenção

2.3.1 Manutenção preventiva

2.3.2 Manutenção corretiva

2.4 Gestão da manutenção

2.4.1 Legislação e normas de manutenção

2.5 Manutenção hospitalar

2.6 Softwares de gestão de manutenção e sua influência

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DESENVOLVIMENTO 27

2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

2.1 Conceitos de manutenção

Equipamentos e edifícios são investimentos de grandes quantias monetárias para


particulares e empresas, que fazem por tudo para que estes sejam rentáveis e
lucrativos. Quanto maior o tempo de utilização e menor o tempo de recuperação e
manutenção destes investimentos melhor. Para um aumento da vida útil, desempenho
e segurança, é necessário existir manutenção preventiva de edifícios e equipamentos.
Contudo, todos os equipamentos têm um tempo útil de vida. Este tempo é a duração
operacional do equipamento com ou sem manutenção.
Segundo a norma NP EN 13306 (2010), manutenção é a combinação das ações técnicas
administrativas e de gestão, durante o ciclo de vida de um bem, para o manter ou o
repor em estado operacional.
A manutenção tem o seu início na fase de conceção e projeto de todos os
equipamentos. O fabricante define a manutenção desejável para que o seu
equipamento possa ter uma maior fiabilidade e durabilidade. Assim a sua
disponibilidade será superior e o investimento no bem será mais rapidamente
amortizado.
Os equipamentos têm sofrido grandes alterações e evoluções ao longo dos anos. Estão
cada vez menos mecânicos e cada vez mais eletrónicos e especializados e
automatizados. Assim, torna-se mais difícil para a área técnica resolver os problemas
autonomamente. Contudo, todos os equipamentos na sua utilização e
operacionalidade sofrem desgaste e chegam em algum momento à avaria. Assim hoje
em dia verifica-se que nos edifícios se encontram várias empresas especializadas a
realizar manutenções e equipas residentes mais reduzidas. Deste modo, é possível ter
vários contratos de manutenção focados nas especialidades e reduzir possíveis
encargos com recursos humanos.
Atualmente conservação é feita principalmente por parte dos técnicos residentes que
mantêm o equipamento em funcionamento e, aquando a necessidade de manutenção,
é então requerida a empresa subcontratada para uma ação especializada.

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DESENVOLVIMENTO 28

2.2 Evolução da manutenção

A manutenção sempre existiu desde os primeiros passos da humanidade pois consiste


no simples fato de manter um objeto ou equipamento a executar a sua função. A
gestão da manutenção começou muito certamente com os primeiros líderes que
ordenavam pequenas reparações ou ajustes quer em ferramentas, quer em armas,
mas apenas começa a haver registo desta atividade no século XX (Neto T. C., 2017).
Com a produção em série e programas mínimos de produção, houve a necessidade de
criar equipas especializadas para apenas manutenção corretiva. Assim, a máquina
passaria menos tempo parada a aquando da ocorrência de uma avaria.
Apenas nos anos 50 houve uma restruturação dos processos de manutenção.
Impulsionada pela evolução aeronáutica comercial, criaram-se departamentos de
Engenharia de Manutenção com o objetivo de tornar mais expeditos e organizados os
processos administrativos de manutenção. Houve, assim, a implementação da
manutenção preventiva.

Figura 1 – Evolução da manutenção (Sampaio, 2016)

Nos anos 70, como observado na figura 1, no Japão nasceu a metodologia Total
Productive Maintenance (TPM) e após este período foi incluída a manutenção no
processo de certificação da norma ISO 9000. Esta ISO é atribuída quando a empresa
apresenta sistema de gestão e desenvolvimento sustentáveis e que deem garantias do
seu produto.
A partir dos anos 90, com a introdução da informática as atividades de gestão da
manutenção passaram para sistemas informatizados que organizam e lembram,
reduzindo ainda mais as falhas e as avarias no terreno. Passou-se também a realizar

Manutenção em ambiente hospitalar João Ribeiro


DESENVOLVIMENTO 29

uma manutenção preditiva que evita a falha e paragem do equipamento aumentando


a rentabilidade do mesmo.
Atualmente, há uma procura de Indicadores chave de desempenho1 (KPI) constante,
de modo a que se possa evidenciar e justificar os elevados custos de manutenção. Com
a simplificação de consulta dos softwares de manutenção, é possível extrair facilmente
esses KPI que permitem ao gestor ou responsável da manutenção manter sob controlo
as suas equipas e pontos de situação.

2.3 Tipos de manutenção

Existem diferentes tipos de manutenção que, apesar de se diferenciarem nas suas


características, têm objetivos comuns já referidos.
Tradicionalmente, podem referir-se dois tipos de manutenção que diferem entre si
devido ao tipo de atividades. Por sua vez, estas podem ser subdivididas como
evidencia a figura seguinte:

Figura 2 – Tipos de manutenção (Adaptado de (Magalhães, 2012)).

Vários autores divergem da estrutura explicita na figura 2, principalmente separando a


paliativa da corretiva. Neste trabalho, foi assumida esta estrutura e será justificada nas
definições a jusante.

1
Key Performance Indicators na literatura em Inglês

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DESENVOLVIMENTO 30

2.3.1 Manutenção preventiva

Este tipo de manutenção consiste em trabalhos de prevenção de defeitos que,


prolongados, originaram a paragem ou baixo rendimento de trabalho do equipamento.
Este processo pode servir também para verificação prévia de males maiores e tem
como objetivo a redução máxima de paragens e disponibilidade do equipamento
(Piedade, 2012).
Esta manutenção segue um plano estipulado que tem como base as recomendações
do fornecedor, condições do equipamento, utilização, importância e local da
instalação. Por vezes tem bases em legislações que obrigam a vistoria ou calibração de
equipamentos. Contudo, em Portugal há pouca legislação que obrigue a realização da
manutenção a seguir um planeamento rígido. Na maioria dos casos, desde que se
evidencie que há um plano de manutenção e que é cumprido, é o suficiente aos olhos
da legislação portuguesa.
Esta manutenção tem ainda grandes impactos a nível de eficiência energética, custos
de reparação e segurança, isto porque, na maior parte das vezes, as afinações,
lubrificações e ajustes levam a que os equipamentos e edifícios se mantenham
operacionais.

2.3.1.1 Manutenção preventiva planeada

Esta é a manutenção preventiva mais complexa e na qual é previsto até substituição de


alguns componentes devido ao seu desgaste criado durante a atividade do
equipamento.
É criada pelo gestor de manutenção e ajustada num plano: o plano de manutenção
preventivo anual. Neste plano, estão incluídos todos os equipamentos com elevado
valor e importância, para que a sua boa condição seja mantida bem como o seu bom
funcionamento.
A periodicidade existente neste tipo de manutenção pode variar bastante consoante o
desgaste e importância do equipamento. É essencial que a periodicidade seja
adequada uma vez que envolve recursos humanos e materiais para a sua execução
(Piedade, 2012).

2.3.1.2 Manutenção preventiva condutiva

A manutenção condutiva é fulcral no dia a dia de um equipamento ou edifício. É a


manutenção feita para verificar parâmetros específicos de componentes ou
equipamentos de extrema necessidade e prioridade. Funciona como inspeção do
equipamento e alerta para alterações e sintomas quase impercetíveis quando
corretamente analisada.

Manutenção em ambiente hospitalar João Ribeiro


DESENVOLVIMENTO 31

Com este tipo de manutenção, é possível prevenir ocorrências graves e tem como
principal função a monitorização para um acompanhamento próximo (Piedade, 2012).

2.3.2 Manutenção corretiva

Após esgotar todas as prevenções, todos os equipamentos e peças têm ciclos e tempos
de vida os quais não podemos adiar ad eternum. Como tal, os equipamentos acabam
por parar e necessitam de recondicionamento. Ora uma manutenção corretiva tem
como perspetiva a reposição do correto funcionamento. É executada após o
reconhecimento de uma avaria (EN 13306,2010). É um método mais dispendioso de
manutenção uma vez que envolve a substituição de uma peça e a paragem forçada do
equipamento (Placca, 2017).

2.3.2.1 Manutenção corretiva ou curativa

Este procedimento é aplicado quando o equipamento está em avaria ou muito


próximo de avariar e tem de ser intervencionado. Não é planeado e normalmente tem
custos mais elevados que a manutenção preventiva pois envolve substituição e
paragem de um equipamento. Pode muitas vezes ter origem numa manutenção
paliativa que não resolveu totalmente o problema.
Em situações utópicas, esta manutenção não ocorre com a introdução da manutenção
preditiva.

2.3.2.2 Manutenção corretiva paliativa

Muitas vezes, devido há urgência da reparação e eventual falta de peças em stock ou


necessidade de arranjo complexo, a manutenção correctiva paliativa é o tipo de
manutenção mais utilizada. A manutenção paliativa tem um objetivo imediato de
remendar apenas. Procurando uma solução fixa, prossegue à posteriori para uma
manutenção corretiva (Piedade, 2012).

2.4 Gestão da manutenção

Devido à enumera diversidade de equipamentos existentes, um gestor da manutenção


enfrenta todos os dias uma enorme variedade de desafios e trabalhos.
A gestão da manutenção inclui todas as atividades de gestão de recursos e pessoal que
tem como propósito delineação de objetivos, estratégias e as respetivas
responsabilidades, respeitantes à manutenção (Neto J. P., 2015).

Manutenção em ambiente hospitalar João Ribeiro


DESENVOLVIMENTO 32

Nos dias de hoje, a gestão da manutenção é indispensável e é vista como uma mais
valia das empresas: na redução de custos, mantimento e melhoria da eficiência dos
equipamentos, fiabilidade de produção, quer em qualidade quer em quantidade.
A gestão da manutenção tem de se reger de forma a que cumpra a norma ISO 9000
para que possa ter uma acreditação e assim reconhecimento do seu correto trabalho
(Cyrino, 2016).
Há ainda nos edifícios uma obrigatoriedade de existência de um plano de manutenção
preventivo pelo Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e
Serviços (RECS) para a instalação. Contudo, este regulamento apenas dá indicações
para os sistemas de climatização e consumo energético, recomendando-se vivamente
que as outras especialidades sejam incluídas num plano de manutenção.
Existem várias normas para ajuda e organização da gestão da manutenção e sua
implementação. A norma NP 4483:2009 fornece os parâmetros de um sistema de
manutenção eficaz. Assim, é possível implementar políticas de manutenção com vista
ao cumprimento de objetivos de desempenho dos seus processos.

Figura 3 – Gestão a realizar pelo Gestor de Manutenção (adaptado de (Silva J. V., 2013))

De acordo com a norma EN 13306:2017, a gestão da manutenção diz respeito a:


“...todas as atividades da gestão que determinam os objetivos, a estratégia e as
responsabilidades respeitantes à manutenção e que os implementam por meios, tais
como o planeamento, o controlo e supervisão da manutenção e a melhoria de métodos
na organização, incluindo os aspetos económicos.”
Manutenção em ambiente hospitalar João Ribeiro
DESENVOLVIMENTO 33

Um gestor da manutenção deve incluir o seu plano de manutenção, por tudo o que foi
dito, a gestão técnica, económica e funcional, como consta na figura 3.
Há, assim, vários métodos de fazer a gestão da manutenção e melhorar
continuamente o seu processo e eficácia. Com o método TPM, por exemplo, que tem
como objetivo analisar, corrigir e evitar as manutenções corretivas sendo mais simples
definir prioridades nos equipamentos e encontrar potenciais riscos na manutenção
preventiva se esta estiver com frequências desajustadas. Em suma, a fiabilidade dos
equipamentos será melhorada devido à maior prioridade dada aos equipamentos mais
problemáticos, levando a uma manutenção mais cuidada desses.

2.4.1 Legislação e normas de manutenção

A gestão da manutenção na sua atividade tem de seguir diretivas, normas e legislação


que diferem de país para país. Em Portugal está principalmente legislado a atividade
de construção e reabilitação mas quase inexistente as atividades de manutenção
(Morgado, 2012). Assim, apenas os equipamentos mais relevantes e que representam
um maior perigo têm poucas diretrizes de ações de manutenção.
Das mais relevantes para o caso que se irá seguir, serão principalmente as
manutenções elevadores, sistemas de refrigeração, equipamentos sob pressão e
instalações eléctricas. Seguem-se os respetivos decretos-lei (OERN, 2018):

• Decreto Lei nº 79/2006 – Obriga a existência de um plano de manutenção para


os edifícios. Este será referenciado mais aprofundadamente mais à frente;
• Decreto-Lei n.º 90/2010 – Manutenção e inspeção de equipamentos sob
pressão. Neste caso aplicados aos geradores de água quente cujo produto PS.V
seja menor ou igual a 10 000 bar.litro e cuja potência útil máxima seja menor
ou igual a 400 kW;
• Decreto-Lei nº 145/2017 – Manutenção e reporte de quantidade de gases
fluorados (APA, 2018);
• Decreto-Lei n.º 320/2002 – Estabelece o regime de manutenção para
ascensores e monta cargas ;
• Decreto-Lei n.º 96/2017 - Estabelece o regime das instalações elétricas
particulares inclusive manutenção (DRE, 2018)

Existe ainda muita legislação associada às obras e reconstruções que são conduzidas
pela manutenção. A legislação de edificação e projeto a nível hospitalar tem muitas
nuances e uma exigência acima da média. Dessa forma todas as obras realizadas no
hospital tem de ser cautelosamente preparada e estudada para que satisfaça os
requisitos legislativos.
As principais alterações costumam ser a nível de climatização e criação de áreas assim
ficam aqui as principais legislações que abrangem as áreas referidas:

Manutenção em ambiente hospitalar João Ribeiro


DESENVOLVIMENTO 34

• Decreto-Lei nº 113/2013 – Regulamento de Desempenho Energético de dos Edifícios


e Comércio e Serviços (RECS) (Neto J. P., 2015)
• Decreto-Lei nº 38382 de 7 de Agosto de 1951 – Regulamento Geral de Edificações
urbanas (RGEU) com sucessivas alterações até aos dias de hoje.

Em suma, há uma grande liberdade de planificação de ações de manutenção que dá


uma responsabilidade acrescida ao gestor de manutenção na execução do PMP.

2.5 Manutenção hospitalar

Um hospital tem inúmeras peculiaridades e exigências devido às atividades praticadas


no edifício. Assim, deve haver uma atenção redobrada nas áreas da segurança, higiene
e disponibilidade de equipamentos. Os diversos departamentos técnicos do SIE têm de
responder de maneira indicada a garantir o correto funcionamento do edifício. Os
equipamentos médicos devem ter uma manutenção especializada e deve ser
acompanhada de perto, uma vez que são o core business destes edifícios.
A diversidade de doenças virais e necessidades de espaços limpos nos hospitais
comparativamente a outros edifícios leva a que, por lei, haja especificações de
concepção que devem ser mantidas com manutenção atenta. Por exemplo, as zonas
cirúrgicas exigem um cuidado extremo com a filtração e a renovação do ar, pois de
acordo com a portaria nº 353ª de 2013, segue padrões muito rigorosos de conceção.
Contudo, mesmo sendo um edifício de tanta importância, não existe legislação ou
regulamentação que imponha métodos ou periodicidades de manutenção para os
hospitais (Machado, 2013). Cabe, assim, ao gestor da manutenção priorizar os
equipamentos para a correta e adequada realização do PMP. No entanto, não deixam
de existir algumas recomendações quer por parte da Direção Geral de Saúde (DGS)
quer por parte da Associação Central do Sistema de Saúde (ACSS). Nestas
recomendações, há indicação de valores e estados aceitáveis para ambientes e
equipamentos. Embora não haja legislação específica para a manutenção hospitalar,
esta tem de ser capaz de entender as necessidades da infraestrutura e adequar a sua
preventiva e corretiva para o bom e adequado funcionamento da mesma.
A manutenção hospitalar enquadra quatro principais atividades (Lobo, 2017):

• A realização de manutenção de equipamentos em geral e do edifício;


• A garantia da segurança operacional do hospital;
• A gestão de novos projetos e melhorias;
• A coordenação de obras no recinto hospitalar.

Comparando a manutenção de edifícios hospitalares com a manutenção de edifícios


comuns aparentemente não há quase diferenciação. Contudo, os equipamentos que

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DESENVOLVIMENTO 35

necessitam de intervenções de manutenção são muito mais específicos, de grande


importância e responsabilidade. Os valores a que podem ascender equipamentos
médicos e o dano que podem causar a pacientes por estarem com anomalias são
muito elevados o que faz com que o cuidado e o acompanhamento dos mesmos seja
redobrado.
A nível da segurança operacional o SIE tem de garantir que os pavimentos estão livres
de defeitos para pessoas com fraca mobilidade, que o ar tem qualidade para que não
haja riscos eminentes de contaminação e que em casos de emergência todos os meios
funcionem e estejam operacionais.

2.6 Softwares de gestão de manutenção e sua influência

Os softwares de gestão da manutenção existem para a melhor organização,


planeamento e realização das tarefas de manutenção. É, assim, possível ter um registo
informatizado e menos físico, reduzindo toneladas de papel de intervenções, rapidez
de consulta e maior rapidez de fluxo de informação.
Hoje em dia, há várias opções de escolha para as empresas. Algumas mais abrangentes
nas diferentes áreas de gestão, outras mais simples mas todas com o objetivo de
simplificar e otimizar a gestão da manutenção.

Figura 4 – Ambiente de trabalho do Software A de gestão da manutenção GIM

São muitas as funcionalidades disponíveis nestes softwares. Com os softwares, A


(figura 4), B (figura 5) e C (figura 6) há a opção de gerar ordens de trabalho, consultar

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DESENVOLVIMENTO 36

equipamentos em armazém, obter listas manutenções preventivas, concluídas e por


concluir, bem como manutenções correctivas, do mesmo modo. O técnico deixa de se
ter de deslocar ao departamento ou gabinete de manutenção para receber as suas
ordens de trabalho e pode concluí-las à distância desde que tenha também acesso à
internet.
São uma ferramenta que, como poderemos ver mais à frente, exigem algum esforço
de adaptação aquando da sua implementação e arranque, mas que depois de
introduzida por completo é extremamente útil. Mesmo para efeitos de auditoria e
qualidade são uma ferramenta muito optimizada que obriga o seguimento de passos já
estipulados eliminando assim alguns atalhos.

Figura 5 – Ambiente de trabalho do Software B de gestão da manutenção

Contudo, estes tipos de softwares não estão aptos a alguns métodos de manutenção
como, por exemplo, o Método de Falha e Análise de Efeito (FMEA)2. Estes softwares
não fazem a triagem ou identificação dos equipamentos mais fulcrais, apenas
recolhem a informação e calendarizam-na. Assim, o gestor terá de fazer todo o
trabalho de análise e produção de planeamento e, posteriormente, fazer o upload
dessa informação.
O investimento de uma empresa neste tipo de softwares demonstra a sua vontade em
melhorar continuamente a sua manutenção. É algo que não deixa de ser uma despesa
fixa anual em licenças para a empresa. Muitos dos objetivos traçados para os gestores
da manutenção passam por estes softwares ficando assim ainda mais evidenciada a
importância dada a este tipo de ferramenta.

2
Failure Mode and Effect Analysis na literatura em inglês

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DESENVOLVIMENTO 37

Figura 6 – Ambiente de trabalho do Software C de gestão de manutenção

De todos os sistemas apresentados o mais atual é o software B que tem um layout


muito mais intuitivo que os outros dois. Obviamente, o seu custo de desenvolvimento
e custo de licença é muito superior. Contudo, a eficiência do gestor e da sua equipa
prevê-se superior neste interface. Este tipo de software mais intuitivo permite também
ao gestor ter mais facilidade na altura de pedir à equipa uma interação direta de
abertura de ordens de trabalho e ainda o fecho das mesmas. Após a inclusão dos
técnicos neste processo, o gestor tem mais tempo para o planeamento, avaliação e
gestão que lhe são pedidos.

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DESENVOLVIMENTO 38

DESENVOLVIMENTO
3.1 Apresentação do caso de estudo

3.1.1 Caracterização de edifícios

3.1.2 Edifício A

3.1.2.1 Equipamentos e equipas

3.1.3 Edifício B

3.1.3.1 Equipamentos e equipas

3.2 Planos de manutenção e propostas

3.2.1 Implementação de um novo plano de manutenção

3.2.2 Dificuldades e inércias de gestão de manutenção

3.2.3 Equipamentos fulcrais e abordagens dos mesmos

3.2.4 Procura de inovação e métodos a implementar e aprimorar

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DESENVOLVIMENTO 39

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 APRESENTAÇÃO DOS CASOS DE ESTUDO

O trabalho efetuado foi em torno de dois edifícios de serviços de saúde hospitalar de


grandes dimensões que estão no ativo 24 horas por dia 365 dias por ano. Por motivos
de confidencialidade, foi designada a distinção dos edifícios A e B para a dissertação.
Este capítulo pretende fazer uma descrição, não exaustiva, de cada um dos edifícios.

3.1.1 Caracterização dos edifícios

Há muitas diferenças entre os referidos edifícios desde a zona geográfica ao tipo de


doente ou cliente que frequenta o estabelecimento. Todos os aspetos contam no que
toca à preparação da manutenção, urgência dos pedidos e prioridades de resolução.
Contudo, nenhum deles tem serviço de urgência o que facilita em muito o trabalho da
equipa de manutenção.

3.1.2 Edifício A

Enquadrado no centro da cidade e com cerca de 30 anos, este edifício já denota


alguma fadiga nos seus elementos. Apesar de algumas renovações devido a
necessidades do edifício e de regulamentos, os equipamentos deste edifício estão
próximos do seu fim de vida útil o que obriga a um cuidado redobrado na altura da
manutenção dos mesmos. As suas maiores fachadas estão viradas a sul e a norte e é
constituído por 10 andares no total. É envolto também em áreas verdes e detém um
parque de estacionamento a toda a volta.
Devido à sua idade, este edifício tem as suas tubagens hidráulicas e de vapor já
bastante deterioradas e os episódios de fugas não são tão raros como seria desejado.
As caixilharias, representadas na figura 7, são em vidro simples e alumínio sem caixa
de ar o que no Verão e Inverno traz um desconforto substancial e a nível energético é
bastante dispendioso.
A energia térmica é fornecida por caldeiras a vapor que, a montante, através de
permutadores de calor fazem a troca energética com a água. Esta por sua vez é
distribuída por todo o edifício quer para banhos quer para aquecimento central em
sistema fechado. A sua ventilação mecânica é restrita a alguns andares e o
aquecimento central está disseminado por todo o edifício através de radiadores.

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DESENVOLVIMENTO 40

Figura 7 – Imagem de vidro simples e caixilharia alumínio de janela tipo edifício A

A nível de serviços, esta unidade hospitalar presta serviços na área de cirurgia


ortopédica e plástica, fisioterapia, imagiologia e as consultas das mais variadas áreas
de especialidade. Este edifício apresenta também uma cantina e uma cozinha que
abastece não só todos os pisos como também outras unidades hospitalares sendo esta
uma área também importante de preservação.

3.1.2.1 Equipamentos e equipas

Em concordância com as instalações, a equipa residente é numerosa e tem uma média


de idades muito elevada. Muitos estão na manutenção desde que o hospital iniciou
funções o que implica que carreguem um conhecimento absoluto das instalações. Este
conhecimento transmite-se através da rápida deteção do problema dos equipamentos
com sintomas quase impercetíveis e uma antevisão dos problemas muito grande. Esta
informação, quando passada ao gestor da manutenção, é muito facilitadora para um
correto planeamento de manutenção.
Os equipamentos estão bem tratados embora com evidências da sua avançada idade
como exemplificado na figura 8. Componentes que avariam e estão descontinuados,
necessidade de profundas reparações para os equipamentos estarem operacionais
foram dos principais sintomas registados depois de uma avaliação do estado da
instalação e seus equipamentos.

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DESENVOLVIMENTO 41

Figura 8 – Imagem de tubagem envelhecida de vapor tipo edifício A

Na figura 9, podemos ver um queimador acoplado à respectiva caldeira de vapor.


Verifica-se que é um sistema já com alguma idade e os seus sistemas de segurança de
pressão são feitos por pesos no topo da caldeira.

Figura 9 – Imagem de caldeira a gás de vapor tipo edifício A

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DESENVOLVIMENTO 42

3.1.3 Edifício B

A estrutura, edificada na última década, está situada perto do mar o que torna o
ambiente exterior muito agressivo para os materiais que a constituem (figura 10). Por
ser um edifício tão recente, todas as leis e normas de construção mais recentes foram
cumpridas o que o tornam, supostamente, num edifício mais fiável, sustentável e
concordante com as novas políticas ambientais.

Figura 10 – Imagem de exemplo de corrosão exterior

Contudo, também devido a ser novo, os seus materiais são mais frágeis e menos
duradouros. O gesso cartonado, por exemplo, está muito presente levando a que a
longevidade de paredes e tetos seja inferior.
Ao invés, os seus envidraçados são de caixilharia dupla e vidro duplo. A refrigeração e
aquecimento do edifício são proporcionados por unidades de tratamento de ar que
abrangem todos os pisos. Há presença de painéis solares que permitem um
aproveitamento energético gratuito da energia solar nos dias de maior calor.
Os equipamentos são novos e de grande qualidade o que permite um conhecimento
mais aprofundado das necessidades de manutenção e de utilização dos mesmos,
reduzindo assim riscos de paragens por avaria.
As suas fachadas principais estão viradas para poente e nascente. Tem um parque
subterrâneo e um edifício técnico apenas para os equipamentos mais relevantes do
edifício. A sua produção de calor vem de 3 caldeiras de gás, evidenciadas na figura 11
que aquecem diretamente a água que se distribui pelos banhos, piscina e tratamentos.

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DESENVOLVIMENTO 43

Figura 11 – Imagem de caldeira gás tipo edifício B

Os principais serviços oferecidos por este edifício são a fisioterapia, as consultas


externas e o internamento. Tem interposto alimentar que permite receber os
alimento, aquecê-los e, por vezes, cozinhar refeições rápidas.

3.1.3.1 Equipamentos e equipas

Este edifício é bastante recente e tem uma boa qualidade de equipamentos o que
facilita em muito a manutenção. Contudo, a nível de construção tem vários defeitos e
os materiais, como referido anteriormente, são frágeis. Há GTC (GTC) por todo o
edifício que pode ser consultada e gerida apenas de um ponto. Esta situação facilita
testes, ajustes e controlo de alarmes à manutenção reduzindo em muito as
deslocações aos equipamentos.
As equipas residentes são muito curtas e há uma procura da subcontratação de
serviços de manutenção para colmatar as suas necessidades. As equipas residentes
ficam assim com as tarefas de diagnóstico, encaminhamento e eventuais emergências
que ocorram. Há assim uma necessidade de ajuste de planeamento com os
subcontratados de modo a que tudo esteja concordante e o gestor tenha um
conhecimento real das manutenções realizadas.
Devido aos cortes no orçamento da manutenção nas gestões anteriores muita
manutenção preventiva de substituição de peças foi rejeitada levando a que apenas
em manutenção corretiva os problemas fossem reparados. Assim, apesar de o edifício
e equipamentos serem recentes houve um envelhecimento exagerado dos mesmos.

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DESENVOLVIMENTO 44

3.2 PLANOS DE MANUTENÇÃO E PROPOSTAS

No decorrer dos trabalhos, foram implementados novos métodos e melhorias na


manutenção de duas unidades hospitalares. Estas duas unidades eram muito distintas
principalmente pela diferença de idades de construção e conceção. Existe, assim,
também uma grande diferença em termos de abordagem de manutenção.
A análise dos equipamentos no edifício A, devido à avançada idade dos equipamentos
foi principalmente qualitativa pois baseou-se nas experiências de manutenção dos
técnicos residentes. Evidenciaram também algumas melhorias nas tarefas existentes
no passado que poderiam ser implementadas bem como as essências do serviço do
SIE.
No edifício B, foi feita uma análise mais quantitativa já que havia inúmeros
documentos técnicos que ajudaram na implementação do plano preventivo. Foi
possível verificar a manutenção aconselhada pelo fabricante, a planeada e a realizada.
Os primeiros meses foram dedicados à tarefa de recolher o máximo de informação
possível. Seguiu-se a definição de tarefas de manutenção a realizar para cada tipo de
equipamento de modo a garantir as exigências legais, adaptar às exigências do
fabricante e moldar à manutenção já implementada anteriormente. Mesmo com a
predominante existência de subcontratos neste edifício, foram incluídos no PMP quase
todos os equipamentos.

3.2.1 Proposta de um novo plano de manutenção

Para uma execução correta de um plano de manutenção é necessário o conhecimento


da instalação e necessidades da mesma, equipamentos e zona geográfica. É preciso
também ter em conta as exigências de qualidade existentes para que todas sejam
cumpridas e para que haja aprovação nas auditorias.
De acordo com o decreto de lei 79/2006 do PMP devem constar:
1. “A identificação completa do edifício e sua localização;
2. A identificação e contactos do técnico responsável;
3. A identificação e contactos do proprietário e, se aplicável, do locatário;
4. A descrição e caracterização sumária do edifício e dos respectivos
compartimentos interiores climatizados, com a indicação expressa:
a. Do tipo de actividade nele habitualmente desenvolvida;
b. Do número médio de utilizadores, distinguindo, se possível, os
permanentes dos ocasionais;

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DESENVOLVIMENTO 45

c. Da área climatizada total;


d. Da potência térmica total;
e. A descrição detalhada dos procedimentos de manutenção preventiva
dos sistemas energéticos e da optimização da QAI, em função dos vários
tipos de equipamentos e das características específicas dos seus
componentes e das potenciais fontes poluentes do ar interior;
f. A periodicidade das operações de manutenção preventiva e de limpeza;
g. O nível de qualificação profissional dos técnicos que as devem executar;
h. O registo das operações de manutenção realizadas, com a indicação do
técnico ou técnicos que as realizaram, dos resultados das mesmas e
outros eventuais comentários pertinentes;
i. O registo das análises periódicas da QAI, com indicação do técnico ou
técnicos que as realizaram;
j. A definição das grandezas a medir para posterior constituição de um
histórico do funcionamento da instalação.”

Iniciaram-se os trabalhos com o inventário dos equipamentos, dividindo-os pelos


diferentes grupos e famílias. A lista seguinte indica as famílias de equipamentos
considerados:

1. Aquecimento Ventilação e Ar condicionado


2. Instalações Eléctricas
3. Instalações de água fria sanitária
4. Água Quente Sanitária
5. Sistemas de ar comprimido e vácuo
6. Equipamentos médicos
7. Equipamentos de cozinha
8. Elementos construtivos
9. Saneamento
10. Sistemas de proteção e segurança
11. Instalações de vapor
12. Instalações de combustível
13. Portas automáticas
14. Voz e dados

Após a identificação das famílias foram realizadas as divisões de cada equipamento.


Resultam assim cerca de 300 tipos de equipamentos que devem ter a sua manutenção
preventiva.

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DESENVOLVIMENTO 46

Abordar-se-á aqui apenas os equipamentos mais prioritários das instalações A e B,


devido há extensa quantidade de tarefas e tipos de equipamentos. São
obrigatoriamente prioritários os equipamentos de emergência, os produtores de calor,
sistemas de ar medicinal, piscinas e unidades de tratamento de ar (UTA) evidenciados
na tabela 1. Acresce a isto a necessidade de monitorização e manutenção das
instalações hidráulicas do edifício já que tem vários pontos terminais e muitos podem
não ser usados, levando à geração de microbiologia. O edifício A inclui também uma
torre de refrigeração que é um equipamento referenciado na proliferação de
legionella.

Tabela 1 – Equipamentos que serão estudados

Edifício A Edifício B
Caldeira vapor Coletores solares
UTA Bloco operatório Chiller
Queimadores
Geradores Elétricos
Compressor de ar medicinal
Cisternas
Piscinas

Na tabela 2 está evidenciado o plano de manutenção preventiva para a caldeira de


vapor que para além disto tem de ter obrigatoriamente um técnico encartado durante
o seu período de funcionamento. Este equipamento pode gerar enormes danos uma
vez que acumula grandes pressões e temperaturas. É essencial para o bom
funcionamento do edifício A por ser o produtor de vapor para esterilização de
utensílios médicos, produção de calor para água potável e climatização.

Tabela 2 – PMP caldeira Vapor edifício A

Mensal Comprovar o correto acoplamento entre o queimador e a caldeira


Mensal Comprovação dos níveis de água
Mensal Comprovação do estado dos órgãos de segurança e controlo
Mensal Revisão do sistema de tratamento de água
Mensal Comprovar funcionamento
Mensal Inspeção visual da caldeira
Trimestral Deteção de fugas na rede de combustível
Semestral Limpar o circuito de fumos da caldeira
Semestral Comprovar o estado do material refractário

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DESENVOLVIMENTO 47

Semestral Comprovar a operacionalidade do controlo automático


Revisão e limpeza de filtros de água, se existirem, somente na
Semestral
caldeira
Anual Deteção de fugas na rede de combustível
Anual Verificação do estado do isolamento térmico da caldeira
Anual Inspeção visual da caldeira
Anual Verificação da regulação da pressão de combustível
Anual Abrir a caldeira e limpar as partes metálicas
Anual Contraste e ajuste de termómetros e manómetros (*)
Anual Comprovar automatismos
Comprovar o estado de corrosão da zona mais desfavorável:
Anual
retorno
5 em 5 anos Inspeção COMPLETA da caldeira por entidade certificada (*)

O (*) significa que as tarefas preventivas são obrigatórias por lei para este
equipamento.
Na tabela 3, estão as tarefas preventivas que se julgou necessárias para uma correta
conservação e funcionamento das unidades de tratamento de ar do edifício A. Têm de
ter uma atenção especial, uma vez que ventilam espaços como o bloco operatório e,
assim sendo, a limpeza de filtros e condutas é de extrema necessidade.
Tabela 3 – PMP UTA bloco operatório edifício A

Mensal Revisão do estado da transmissão motor-ventilador


Mensal Revisão e limpeza dos filtros de ar
Mensal Revisão mecânica do módulo de humidificação (legionella)
Mensal Medição da temperatura do ar de retorno
Mensal Medição da temperatura do ar de insuflação
Semestral Limpeza da calha de recolha de condensados
Acionamento das válvulas de isolamento das baterias de
Semestral
permutação de calor
Semestral Comprovação do funcionamento das válvulas automáticas
Comprovação do funcionamento dos motores de acionamento das
Semestral
comportas de ar
Semestral Revisão e limpeza das secções de recuperação de calor
Semestral Revisão do sistema de controlo automático associado
Revisão e limpeza dos filtros de água associados ao equipamento,
Semestral
se existirem
Anual Medição do consumo de energia elétrica por fase
Anual Comprovação dos dispositivos de segurança: relés térmicos, etc.
Anual Reaperto das ligações eléctricas

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DESENVOLVIMENTO 48

Anual Revisão do estado das baterias de permutação de calor


Anual Registo de pressão diferencial (pressostatos)
Comprovação do estado dos componentes de controlo
Anual
(contactores, interruptores de fluxo de ar)
Comprovação do funcionamento do sistema automático de
Anual
controlo
Anual Comprovação e ajuste da proteção diferencial (elétrica)
Anual Limpeza de condutas

Na tabela 4, estão evidenciados os trabalhos preventivos que foram estipulados para


os coletores solares do edifício B. Estes dão um apoio substancial na produção de
energia térmica na água do edifício.

Tabela 4 – PMP Coletores solares edifício B

Anual Inspeção coletores, suportes de fixação, ligações, vidros, corrosão


Inspeção circuito solar e tanque de armazenamento: isolamento
Anual
térmico, verificação/limpeza de sujidade, pressão.
Anual Verificação proteção anticongelamento fluído – densímetro
Verificação da válvula de segurança e da válvula misturadora,
Anual
regulando-a se necessário.
Verificação do bom estado de funcionamento de relógios,
Anual
termóstatos, sensores e programadores.
Monitorização dos parâmetros do sistema (pressão, temperatura,
Anual
controlador e respetivas funções), de acordo com o projeto.
Verificação da proteção contra corrosão: circuito solar (com fita de
Anual
pH), Tanque de armazenamento

Na tabela 5, o chiller do edifício B tem as tarefas preventivas estipuladas. Este


equipamento tem uma grande importância para o bem estar dos ocupantes do edifício
no Verão. Uma vez que a área de envidraçados dos quartos de internamento é
considerável, há um aquecimento substancial nos mesmos. Como tal, a ausência do
funcionamento deste equipamento cria desconforto nos pacientes e deve ser cuidado
para que não pare ou avarie.

Tabela 5 – PMP Chiller edifício B

Trimestral Verificar o funcionamento da resistência do cárter.

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DESENVOLVIMENTO 49

Trimestral Verificar níveis de óleo no cárter.


Semestral Limpar condensadores e evaporadores.
Anual Registar a potência absorvida
Anual Verificar o estado do isolamento térmico
Verificar estado dos filtros de ar, limpar ou substituir se for
Anual
necessário
Anual Reapertar de contactos elétricos.
Anual Testar o funcionamento do sistema de controlo automático
Anual Verificar o estado de funcionamento dos dispositivos de segurança.
Verificar a estanquidade e ausência de fugas e níveis de gás
Anual
refrigerante e óleo (*).
Efectuar o registo no RAE afim de anualmente se proceder à
Anual
comunicação à APA de (*):
Bienal Substituir óleo e filtros desidratadores.
5 em 5 anos Verificar o estado dos componentes e proteção contra a corrosão.
5 em 5 anos Revisão do estado interior dos equipamentos multitubulares.
Desmontar e verificar o estado dos limitadores de pressão e
5 em 5 anos
elementos de segurança.
Verificar o estado das placas de identificação, repondo as
5 em 5 anos
deterioradas.

Tanto no edifício A como no B, os queimadores são equipamentos de trabalho


contínuo e de extrema importância uma vez que no, edifício A, fornecem calor para a
geração de vapor, águas sanitárias e climatização e, no edifício B, apenas as últimas
duas. Estes equipamentos devem ser cuidados preventivamente com elevada
frequência para que não parem. Assim a tabela 6 tem o planeamento preventivo que
se achou adequado para estes equipamentos.
Tabela 6 – PMP Queimadores

Mensal Deteção de fugas na rede de combustível


Mensal Comprovação do estado dos elementos de segurança
Mensal Limpeza e verificação da chama piloto e das faíscas
Mensal Limpeza e verificação do sistema de segurança contra incêndio
Mensal Limpeza e verificação dos queimadores
Mensal Limpeza e verificação dos injectores
Mensal Verificação da segurança e encravamentos do queimador
Semestral Revisão do sistema de controlo automático
Anual Reaperto de contactos elétricos
Anual Limpeza e verificação do filtro de rampa

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DESENVOLVIMENTO 50

Anual Verificação da regulação da pressão de combustível


Anual Verificação do pressostato de gás de rampa
Anual Limpeza e verificação de elétrodos
Anual Limpeza e verificação do visualizador
Anual Limpeza e verificação de célula fotoeléctrica
Anual Limpeza e verificação do canhão
Anual Limpeza e verificação de electroválvulas
Anual Verificação de programador e do detetor de incêndio
Anual Verificar a operacionalidade do servomotor da comporta de ar
Anual Contraste e ajuste de termómetros, manómetros e pressostato de ar
Anual Limpeza e verificação da sonda vigilante de chama

Os edifícios e os equipamentos estão cada vez mais dependentes de energia elétrica.


Os hospitais não são exceção e os equipamentos médicos que assistem os doentes
muitas vezes necessitam de alimentação permanente. Os geradores juntamente com
as unidades de potência constantes (UPS)3 asseguram essa alimentação ininterrupta
em caso de falhas de energia temporárias e têm de estar operacionais para estas
situações. Assim a melhor maneira de o assegurar é com manutenção regular como
previsto na tabela 7.

Tabela 7 – PMP Geradores

Trimestral Verificação e troca, se necessário, de filtros de ar


Trimestral Verificação do nível de agua no radiador e possíveis perdas
Trimestral Verificação de chaves e nível do tanque
Trimestral Nível de óleo no cárter e bomba de injecção
Trimestral Verificar baterias (electrólito) e conectores
Inspeção do quadro de manobras - aparelho de manobra, fusíveis,
Trimestral
sinalização
Trimestral Testar carregadores de baterias
Trimestral Verificar correias do ventilador e bomba de água
Purga de água dos filtros de separadores no depósito se for
Trimestral
necessário
Trimestral Limpeza geral do motor e sala
Ensaiar sistema de enchimento de combustível no tanque (bomba
Trimestral
de transferência)
Trimestral Comprovação da temperatura do óleo

3
Unit Power Supply na literatura em inglês

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DESENVOLVIMENTO 51

Trimestral Anotação do número de horas antes do teste


Ensaio funcionamento - 30 minutos - em carga progressiva - registo
Trimestral
de tensão/corrente de saída, a frequência.
Trimestral Limpeza de filtros de ar dos turbos
Anual Reaperto e limpeza geral do quadro
Troca da água, acrescentar anticongelante/anti corrosão ao
Anual
radiador
Trocar filtros de combustível, mangueiras do circuito de
Anual
refrigeração e cartuchos de filtros de óleo
Fazer análises de óleo e troca se for necessário (em todo o caso a
Anual
cada três anos)
Verificação de mangueiras de óleo e combustível, trocando os que
Anual
seja necessário
Anual Comprovação e/ou troca de correias se necessário
Anual Troca de baterias, se necessário
Comprovação de resistências de aquecimento de água e de óleo,
Anual
assim como do termostato de corte de aquecimento.
Verificação de aparelhos de medida e comparação c/ equipamento
Anual
digital
Verificação escovas alternador, e pressão das molas suporte de
Anual
escovas em anéis deslizantes
Anual Verificação regulação estática no alternador
Anual Verificação escovas motor de arranque
Anual Limpeza geral do conjunto motor-ventilador
Anual Limpeza geral do circuito de refrigeração

Os doentes nos hospitais muitas vezes têm debilidades respiratórias e necessitam de


ajuda nesse processo. Assim, a introdução de compressores de ar medicinal que
substituem as garrafas individuais veio diminuir a despesa e a logística necessária para
que o ar medicinal chegasse aos pacientes. Sempre com garrafas como reserva, caso o
compressor entre em avaria, o compressor é preservado com a realização de algumas
preventivas bem como condutivas. Na tabela 8, estão inseridas apenas as tarefas
preventivas.
Tabela 8 – PMP Compressor de ar medicinal

Semestral Verificar o nível de óleo e estado do mesmo.


Semestral Verificar rolamentos, ruídos, temperaturas altas.
Semestral Verificar existências de fugas de ar e óleo em tubos e mangueiras.
Semestral Medir a tensão da linha.
Semestral Rever conexões de tubagens.

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DESENVOLVIMENTO 52

Realizar a revisão conforme as instruções do fabricante e


Anual
condições de operação.
Anual Verificar pressostatos de trabalho.
Revisão e limpeza do módulo de refrigeração, se formar parte do
Anual
próprio compressor
Anual Medir temperatura do bloco compressor.
Anual Verificar perdas de radiadores.
Anual Verificar as proteções do ventilador.
Anual Verificar funcionamento válvula mínima pressão e detetar fugas.
Anual Trocar filtro de óleo
Anual Trocar o óleo a cada 500h de funcionamento
Anual Verificar as conexões e terminais elétricos.
Anual Lubrificação de rolamentos
Anual Verificar funcionamento do ventilador.
Anual Verificar o relé de sobrecarga térmica do motor
Verificar a pressão de arranque e paragem, corrigir se for
Anual
necessário.
Anual Verificar a regulação dos tradutores de pressão ou similar
Anual Verificar silenciador de descarga em vazio (limpeza e ajuste).
Anual Verificar tubo colector de óleo, trocar filtro
Anual Verificar perdas nas selagens dos blocos
Anual Medir consumo por fase do compressor

Na tabela 9, está evidenciada a manutenção preventiva que se achou por bem assumir
para as cisternas dos dois hospitais. Estas reservas de água são para consumo humano
e como tal é necessário assegurar que se encontram devidamente funcionais e limpas
de modo a que haja segurança no fornecimento. Está também previsto, para além
desta manutenção, a verificação diária das mesmas que revê níveis de água e
obstrução de enchimento e drenagem.
Tabela 9 – PMP Cisternas

Trimestral Verificar sistema de enchimento.


Trimestral Verificar sondas de nível.
Trimestral Verificar a operatividade do transbordo
Trimestral Verificação da deterioração de elementos de ligação e vedação.
Semestral Limpeza e desinfecção

As piscinas têm, diariamente, um elevado número de utentes de fisioterapia. Devido à


sua temperatura e ambiente, a microbiologia é um problema muito frequente. Assim,

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DESENVOLVIMENTO 53

é necessário um cuidado diário nestes sistemas que detêm vários equipamentos. A


dosagem de químicos pode ser feita manualmente ou através de um controlador com
sondas de leitura. No edifício A, este dispositivo electrónico, até à data, não existe,
sendo a dosagem de cloro e pH feita manualmente. No edifício B, apesar de o sistema
ser electrónico, faz-se um acompanhamento regular do estado do mesmo.
Tabela 10 – PMP Piscinas

Diária Verificação do estado geral da área técnica


Verificação da quantidade de químicos nas cubas e encher caso
Diária
necessário
Diária Verificação dos valores de cloro e pH
Diária Verificação do consumo de água da piscina
Bidiária Limpeza dos filtros de areia
Bidiária Aspiração da piscina
Semanal Limpeza dos tanques de compensação
Quinzenal Testes de microbiologia
Verificação de valores de cloro-ph com testes externos e calibração
Mensal
do aparelho de medição caso necessário
Mensal Limpeza de tubos de quartzo das lâmpadas UV
Mensal Limpeza de pré-filtro das bombas de água
Mensal Revisão do estado do sistema doseador
Trimestral Troca de água e reposição de valores recomendados de cloro-ph
Trimestral Limpeza do tanque principal
Semestral Verificação do estado da lâmpada UV
Anual Substituição de sondas de cloro-ph
Anual Verificar estado geral das bombas
Anual Verificar estado geral dos filtros de areia
Anual Verificar estado geral das tubagens
Bianual Verificação do estado da areia dos filtros. Trocar se necessário

É determinante perceber que os planos de manutenção apresentados são mutáveis


com a evolução do estado dos equipamentos e devem fazer-se ajustes sempre que se
entendam necessários no decorrer da vida útil do equipamento. Deve haver uma
melhoria constante nestes planeamentos de modo a chegar a valores elevados de
disponibilidade e fiabilidade.

3.2.2 Dificuldades e inércias de gestão da manutenção

Um gestor de manutenção está frequentemente sujeito ao stress que a sua profissão


lhe proporciona uma vez que está a responder a problemas que surgem. Tem um

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DESENVOLVIMENTO 54

papel de extrema importância na primeira abordagem e filtragem das ocorrências que


lhe são transmitidas e têm o dever de responder e orientar em concordância.
Os principais objetivos de um gestor da manutenção hospitalar são:

• Recolher feedback diário dos técnicos sobre os equipamentos mais críticos;


• Arquivar os dados históricos para, no futuro, a deteção de problemas seja
facilitada;
• Planear a conservação ao máximo todos os equipamentos e instalações
evitando assim os tempos de paragem;
• Reduzir tempos de intervenção através de preparação prévia do trabalho;
• Responder rapidamente e minimizar emergências;
• Aumentar o tempo de vida dos edifícios e equipamentos;
• Prever e planear as futuras paragens de modo a reduzir impactos na atividade
do hospital;
• Aumentar a fiabilidade das máquinas;
• Relacionar os custos da manutenção com o uso correcto e eficiente do tempo;
• Gestão e supervisão da equipa técnica;
• Verificação do cumprimento de subcontratos.

A seu cargo o SIE tem as especialidades de:


Construção, eletricidade, climatização, rede de fluidos e canalização, serralharia e
carpintaria, produção de vapor e água quente. Podemos, assim, verificar a extrema
necessidade de coordenar os técnicos com as suas diferentes polivalências para a
resolução de problemas nestas áreas. Estas ocorrências, juntamente com a
necessidade de manter a manutenção preventiva dentro do planeado, requerem
ativos com reportes organizados e com o maior detalhe possível para que se possa
melhorar no futuro.
As equipas devem ser numerosas e devem funcionar 24 horas por dia já que estas
unidades hospitalares têm internamento. Assim sendo, deve estar sempre pelo menos
um elemento da manutenção para pelo menos prevenir alguma ocorrência mais séria.
A gestão de turnos deve ser feita quer pelo chefe de equipa das variadas áreas quer
pelo gestor de manutenção. Assim, assegura-se a passagem de trabalhos preventivos e
corretivos consoante o horário disponível.
Como vimos anteriormente, os softwares de manutenção ajudam em muito a atuação
dos gestores de manutenção. A supervisão fica muito mais facilitada e simples caso
todos os técnicos realizem um trabalho correto no software. No entanto, é difícil de
incutir este tipo de sistema a técnicos com idade avançada e pouca familiarização com
tecnologias. Inicialmente, foi passado para papel o serviço requisitado aos técnicos
para, posteriormente, ser passado eletronicamente para uma maior eficácia e controlo

Manutenção em ambiente hospitalar João Ribeiro


DESENVOLVIMENTO 55

da gestão da manutenção. Contudo, a informatização do processo acabou por não


ocorrer e preferiu-se a integração de um elemento administrativo que daria apoio ao
gestor. Mantiveram-se, apesar de tudo, processos que possibilitaram a chegada de
informação já organizada ao gestor para que este pudesse refletir e agir da melhor
maneira face às manutenções preventivas e às manutenções corretivas.
No entanto, muita da inércia das operações corretivas prende-se com o facto de haver
necessidade de material não existente em stock. A manutenção é um departamento
que raramente funciona de forma independente e necessita de inúmeras autorizações
superiores para poder avançar com os seus trabalhos.

3.2.3 Equipamentos fulcrais e abordagem aos mesmos

Como descrito acima, as análises feitas foram qualitativas sendo que os equipamentos
fulcrais foram os mais problemáticos e mais necessários. Para além da manutenção
preventiva estes equipamentos por serem tão prioritários têm manutenção condutiva
que requer visualização diária ou semanal de alguns prâmetros.

Figura 12 – Imagem de exemplo de tabela de verificação (manutenção condutiva)

Considerou-se as piscinas o elemento mais crucial e passível de maior verificação já


que é um sistema que está diretamente em contacto com os utentes. Podem ocorrer
muitas situações e reclamações graves caso as piscinas não estejam dentro dos valores
recomendados de pH e cloro de acordo com a circular normativa nº 14/DA da DGS. É
portanto necessária a intervenção e supervisão recorrente das equipas técnicas nas

Manutenção em ambiente hospitalar João Ribeiro


DESENVOLVIMENTO 56

piscinas. Foram estipuladas quatro visitas diárias de confirmação de valores das


piscinas e correção dos mesmos, caso necessário.
Já a nível dos geradores, todos os dias os valores de temperatura, níveis de fluidos e
amperagens eram verificados, em cada turno, para assegurar a prontidão do
equipamento caso ocorressem falhas elétricas.
Todos os equipamentos cruciais na instalação foram alvo de manutenção condutiva já
que esta é a melhor opção para manter os equipamentos sobre constante vigia e
deteção prematura de problemas.
De entre os, equipamentos do edifício A mais imprescindíveis destacam-se as suas
caldeiras a vapor. Estes equipamentos que fornecem energia térmica e vapor para o
edifício, podem se tornar em bombas devido às suas elevadíssimas temperaturas.
Assim, a sua vigilância é, de lei, constante por fogueiros encartados. A manutenção
pretende-se rigorosa e proactiva de modo a colmatar erros em fases precoces. A
preventiva é assim mais regular e encurtada no espaço de tempo de modo a manter o
equipamento operacional o maior tempo possível sem que sejam necessárias ações
corretivas. Felizmente, este edifício conta com três caldeiras, sendo que duas estão a
trabalhar continuamente no inverno, para suprimir os picos de necessidade térmica, e
apenas por uma nos meses de maior calor. Fica assim sempre uma caldeira de reserva
para a eventualidade de uma das caldeiras de vapor ter de parar abruptamente por
algum motivo. Devido à baixa solicitação das caldeiras no Verão, devem ser deixadas
para essa altura intervenções de maior complexidade, risco e dimensão.

3.2.4 Procura de inovação e métodos a implementar e aprimorar

Após o desenvolvimento e entrada em funções da gestão da manutenção, poder-se-á


ter acesso a planos de manutenção externos de subcontratados. Assim, foi possível
reajustar as manutenções existentes com as efetuadas pelos subcontratados. Desta
forma, não houve tarefas discordantes entre o proposto pelos gestores de
manutenção e os fornecedores de serviços externos. Para efeitos de salvaguarda em
caso de problema e de eventuais necessidades extraordinárias ao serviço externo, isto
é fulcral. Embora grande parte dos subcontratados entram nas instalações por ter
propostas mais adequadas aos cadernos de encargos do cliente, pode haver sempre
alguns desvios que o gestor de manutenção ache justificável efetuar que não estejam
contemplados no contrato celebrado.
Futuramente, terá de haver uma reunião com a equipa técnica executante para
aprimoramento das tarefas do PMP. É muito difícil acertar na “receita” de um plano de
manutenção há primeira e, tal como dito anteriormente, um PMP deve estar em
contínua evolução. Assim, em reunião com a equipa, haverá espaço para sugestões

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DESENVOLVIMENTO 57

várias de melhoria que poderão oportunamente ser inseridas no Plano Preventivo e


mesmo relativamente a procedimentos internos.
Poderá também ser aproveitado o facto de haver um chefe de secção ou piso nas
unidades hospitalares que possam efetuar uma checklist básica diária e a reportem
para manter alguns equipamentos mais fulcrais sobre manutenção condutiva.
Denominada de Total Produtive Maintenance (TPM), esta metodologia poderia ser
muito bem adaptada e aplicada às unidades hospitalares. Isto permite uma maior
disponibilidade da equipa técnica, uma vez que não necessita de se deslocar e gastar
tempo nessa verificação básica necessária. É um processo um pouco difícil de
implementar pois as pessoas executantes que assumem esse papel diário como
acréscimo de trabalho, acolhem-no por vezes com muita relutância. Contudo, é
inevitável a necessidade de verificação de alguns equipamentos diariamente e, com a
carga de trabalhos do SIE, por vezes não é possível essa verificação.

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59

CONCLUSÕES

4.1 Conclusões

4.2 Proposta de trabalhos futuros

<TÍTULO DA TESE> <NOME DO AUTOR>


CONCLUSÕES 61

4 CONCLUSÕES E PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS

Após esta experiência, foi possível refletir e analisar o que foi efetuado de modo a
melhorar e evoluir. Neste capítulo, serão explanadas essas avaliações e conclusões
sobre o trabalho realizado. Serão ainda contemplados potenciais trabalhos para um
futuro próximo.

4.1 Conclusões

O processo de recolha de informação necessária para a realização de um cadastro e


posterior plano de manutenção é tão moroso quanto a complexidade das instalações e
equipamentos. Nos casos dos hospitais que apresentam grande complexidade a nível
de equipamentos e infraestruturas, o processo de cadastro, como foi principalmente
feito no edifício A, é extremamente demorado e pode prolongar-se durante vários
meses para além do levantamento inicial. Uma vez que os registos relativos a
equipamentos eram quase inexistentes no edifício A, foi de extrema necessidade o
cadastro in loco dos equipamentos, dando inclusive para avaliar o estado dos mesmos.
Embora muito lento, e desanimador por vezes, verificou-se que este processo é
obrigatório e irá compensar a montante na realização do PMP. A abordagem e
periodicidade dadas pelos gestores de manutenção dependeram diretamente da
verificação in loco do estado dos equipamentos e da instalação em ambos os edifícios.
Verificou-se, ainda, que a inércia de grande parte dos trabalhos se deveu à falta de
material e à lenta adjudicação pelo cliente de peças e materiais suplentes. Por outro
lado, a falta de dados deveu-se à falta de capacidades tecnológicas e informáticas dos
técnicos do edifício A enquanto que no edifício B a existência de subcontratados
facilitou esse processo.
Concluiu-se, ainda, que é de extrema necessidade a existência de um software de
manutenção nestes edifícios, quer por subcontratados especializados quer pela equipa
residente, uma vez que denotaram graves problemas que poderiam ser evitados com
um acompanhamento mais rigoroso e apoiado pelos softwares de gestão da
manutenção. Assim, para além de responsabilizarem e identificarem mais facilmente o
autor da manutenção preventiva, estes softwares evitam esquecimentos por parte do
gestor da manutenção, pois a sua ferramenta de trabalho principal o relembra. Para
além disto, o registo e acompanhamento de equipamentos é mais próximo e facilitado
do que os anteriores arquivos existentes da gestão anterior.

Manutenção em ambiente hospitalar João Ribeiro


CONCLUSÕES 62

Finalmente, pode-se concluir que não é ainda possível obter os KPI ou outros
indicadores em tão pouco tempo de atividade, que sejam confiáveis. Os primeiros
meses de atividade, como já foi referido, foram totalmente dedicados à recolha de
informação e cadastro. Nos meses seguintes, houve uma procura de integração
pessoal e de desenvolvimento de métodos de trabalho com as equipas residentes e
subcontratos, sendo difícil a interação com o sistema informático no edifício A. Neste
com a inicial inexistência de processo informatizado e a falta de controlo da anterior
gestão, a análise comparativa entre a anterior gestão efetuada e a gestão
posteriormente implementada apenas pode ser qualitativa, não permitindo a extração
de dados quantitativos relativos às melhorias registadas.

4.2 Proposta de trabalhos futuros

Tomando em conta o trabalho realizado, e às conclusões que nele se chegaram, poder-


se-ia seguir a linha de análise dos KPI de uma instalação hospitalar, na qual se compara
os valores iniciais e posteriores à implementação de melhorias no PMP. Por outro lado,
seria possível uma abordagem de comparação entre a manutenção industrial e a
hospitalar, evidenciando as suas maiores diferenças e semelhanças nos processos de
gestão da manutenção bem como de indicadores de ordens de trabalho realizadas,
tempos de paragem de equipamentos, fiabilidade, entre outros.

Manutenção em ambiente hospitalar João Ribeiro


63

BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES


DE INFORMAÇÃO

<TÍTULO DA TESE> <NOME DO AUTOR>


Bibliografia 65

5 BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES DE INFORMAÇÃO

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