TCC - Vinicius de Lima Cosentino

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

VINÍCIUS DE LIMA COSENTINO

DIMENSIONAMENTO DE UM BANCO DE BATERIAS INTERLIGADO EM UM


SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA SUPRIMENTO DE ENERGIA EM HORÁRIO DE
PONTA NOS BLOCOS UFASA DO CAMPUS GRAGOATÁ DA UFF.

NITERÓI
2021
VINÍCIUS DE LIMA COSENTINO

DIMENSIONAMENTO DE UM BANCO DE BATERIAS INTERLIGADO EM UM


SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA SUPRIMENTO DE ENERGIA EM HORÁRIO DE
PONTA NOS BLOCOS UFASA DO CAMPUS GRAGOATÁ DA UFF.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Corpo Docente do Departamento de
Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia da
Universidade Federal Fluminense, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título
de Engenheiro Eletricista.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Duailibe Monteiro

Niterói, RJ
2021
FICHA CATALOGRÁFICA GERADA EM:
http://bibliotecas.uff.br/bee/fichacatalografica
DIMENSIONAMENTO DE UM BANCO DE BATERIAS INTERLIGADO EM UM
SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA SUPRIMENTO DE ENERGIA EM HORÁRIO DE
PONTA NOS BLOCOS UFASA DO CAMPUS GRAGOATÁ DA UFF.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Corpo Docente do Departamento de
Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia da
Universidade Federal Fluminense, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título
de Engenheiro Eletricista.

Aprovado em 06 de Maio de 2021, com nota 8,7 (oito vg sete), pela banca examinadora.

Niterói
2021
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me sustentar firme durante a caminhada da


minha graduação. Pela força e provisão durante todos os momentos e pelo cuidado e amor
tão singulares durante toda minha jornada.

Não há palavras para expressar minha gratidão por todo o suporte dado pelos meus
pais, Marília Melo de Lima Cosentino e Savério Cosentino, não medindo esforços para ajudar
e prover os melhores meios para que eu pudesse me formar como engenheiro eletricista.

Agradeço também aos meus irmãos em Cristo da Igreja Evangélica Cristã Casa de
Oração em Nova Iguaçu por todo incentivo, torcida e orações recebidas ao longe desses anos.

Por fim, agradeço a todos envolvidos na minha caminhada pela UFF, amigos,
funcionários e professores, que, mesmo minimanente, me ajudaram nessa caminhada para
chegar até aqui.
Eu aprendi qual é o valor de um sonho alcançar

Eu entendi que o caminho pedras terá [...]

E ao olhar pra trás, tudo que passou

Venho agradecer Quem comigo estava

Ergo minhas mãos pra reconhecer...

E hoje eu sou quem eu sou

Pois Sua mão me acompanhava

Mas eu sei, não é o fim, é só o começo da jornada[...]

Só o Começo – Vocal Livre

“Estive em batalhas que ninguém me viu lutar aqui...”


Outono – Os Arrais
RESUMO

Este trabalho apresenta o dimensionamento de bancos de baterias para o


armazenamento de energia proveniente de sistema fotovoltaico de geração para um bloco de
cargas da Universidade Federal Fluminense, de maneira que, a carga estocada pelas baterias,
seja despachada durante o horário de ponta estabelecido pela consessionária de energia. São
mostrados alguns tipos de sistemas fotovoltaicos e uma explanação sobre a tecnologia
empregada nas baterias. O estudo é feito prevendo-se o consumo da carga dos blocos UFASA
do campus Gragoatá (Niterói-RJ), utilizando-se de uma metodologia para estimação dos
consumos médios mensais dos blocos estudados a fim de definir a capacidade dos bancos de
baterias necessária para o sistema proposto. É apresentada uma análise do retorno financeiro e
energético que o investimento no sistema proposto, se implementado, pode oferecer a
Universidade Federal Fluminense.

Palavras-Chave: Baterias, armazenamento de energia, horário de ponta, sistema


fotovoltaico, Sistema de Armazenamento de Energia (SAE).
ABSTRACT

This work presents the dimensioning of battery banks for the storage of energy from the
photovoltaic generation system for a charge block at the Universidade Federal Fluminense, so
that the charge stored by the batteries is dispatched during the peak hours established by the
concessionaire. power. Some types of photovoltaic systems and an explanation of the technology
used in batteries are shown. The study is directed, foreseeing the load consumption of the UFASA
blocks of the Gragoatá campus (Niterói-RJ), using a methodology to estimate the average monthly
consumption of the studied blocks in order to define the capacity of the battery banks necessary
for the proposed system. An analysis of the financial and energy return presented by the investment
in the proposed system, if implemented, can be offered by Universidade Federal Fluminense.

Keywords: Batteries, solar energy storage, rush hour, UFF


LISTA DE FIGURAS

Figura 1-1. Análise temporal da redução dos custos das baterias de lítio-íon. ......................... 16
Figura 2-1. Curva corrente x tensão característica dos módulos fotovoltaicos. ....................... 18
Figura 2-2. Sistema off-grid com armazenamento. .................................................................. 20
Figura 2-3. Representação de um sistema off-grid sem armazenamento. ................................ 20
Figura 2-4. Configuração de um sistema off-grid híbrido. ....................................................... 21
Figura 2-5. Configuração de um sistema on-grid ..................................................................... 21
Figura 2-6. Configuração de um sistema on-grid híbrido ........................................................ 23
Figura 3-1. Funcionamento de uma célula de bateria. .............................................................. 24
Figura 3-2. Funcionamento de uma bateria de Lítio. ............................................................... 25
Figura 3-3. Número de ciclos e capacidade de uma bateria de Lítio em função da tensão final
de carregamento. ....................................................................................................................... 27
Figura 3-4. Capacidade total de descarga de uma bateria de Lítio em função da sua corrente de
descarga .................................................................................................................................... 27
Figura 3-5. Curva característica de um módulo fotovoltaico com condições ideais de irradiância.
.................................................................................................................................................. 29
Figura 3-6. Curva característica de um módulo fotovoltaico com sombreamentos parciais. ... 29
Figura 3-7. Pontos de operação de um módulo fotovoltaico com MPPT e sem MPPT. .......... 30
Figura 3-8. Estágios de carregamento de uma bateria de Lítio. ............................................... 31
Figura 5-1. Foto e gráficos I*V do módulo CS6U-350P.......................................................... 36
Figura 5-2. Desenho técnico do posicionamento dos módulos ................................................ 37
Figura 5-3. Inversor Híbrido 100K-EX .................................................................................... 38
Figura 5-4. Especificações técnicas da bateria WB-LYP1000AHC ........................................ 43
Figura 5-5. Tempo de carregamento das baterias no sistema simulado no PVSyst. ................ 44
Figura 5-6. Arranjo físico das baterias WB-YP1000AHC ....................................................... 45
Figura 5-7. Diagrama unifilar do sistema on-grid híbrido proposto ........................................ 46
Figura 5-8. Diagrama de blocos (fluxograma) do sistema ....................................................... 46
Figura 6-1. Fluxo de caixa acumulado ..................................................................................... 50
Figura 6-2. Economia energética acumulada anual no horário de ponta.................................. 53
Figura 6-3. Economia energética acumulada anual no horário de fora de ponta ..................... 53
LISTA DE TABELAS

Tabela 3-1. Relação entre profundidade de descarga e número de ciclos de uma bateria de Lítio.
..........................................................................................................................................................26
Tabela 4-1. Consumo médio mensal fora ponta dos blocos UFASA. ...................................... 33
Tabela 4-2. Dados de consumo médio mensal retirados da fatura do campus Gragoatá. ........ 33
Tabela 4-3. Resultados de consumo diário na ponta e fora ponta dos prédios UFASA. ......... 34
Tabela 5-1. Dados do datasheet da placa solar. ........................................................................ 36
Tabela 5-2. Resultados das simulações feitas em Vertis (2018) para os painéis solares. ......... 37
Tabela 5-3. Datasheet do Inversor Híbrido 100K-EX .............................................................. 39
Tabela 5-4. Valores de Q e definição do banco para cada bloco UFASA. .............................. 42
Tabela 5-5. Dados do datasheet da célula de baterias WB-LYP1000AHC ............................. 43
Tabela 6-1. Investimento inicial total do projeto...................................................................... 48
Tabela 6-2. Composição tarifária A4 Verde ............................................................................. 48
Tabela 6-3. Valor de economia financeira anual ...................................................................... 49
Tabela 6-4. Fluxo de caixa ....................................................................................................... 50
Tabela 6-5. Resumo dos resultados encontrados/considerados: TMA, Investimento Inicial,
VPL, TIR e paybacks.
.......................................................................................................................................................... 51
Tabela 6-6. Consumos e demanda mensais do Campus Gragoatá.. ......................................... 51
Tabela 6-7. Economias de energia mensais. ............................................................................. 52
Tabela 6-8. Economias de energia anuais acumuladas............................................................. 52
Tabela 6-9. Redução de CO2 ....................................................................................................
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica


EPE Empresa de Pesquisa Energética
UFF Universidade Federal Fluminense
TIR Taxa Interna de Retorno
VPL Valor Presente Líquido
SFCR Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede
CC Corrente Contínua
CA Corrente Alternada
BMS Battery Management System
SPPM Segmento do Ponto de Máxima Potência
UFASA Unidades Funcionais de Administração e Salas de Aula
TE Tarifa de Energia (R$/kWh)
TUSD Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (R$/kWh)
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e prestação de Serviço
PIS Programa de Integração Social
COFINS Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
TMA Taxa Mínima de Atratividade
SELIC Sistema Especial de Liquidação de Custódia
LISTA DE SÍMBOLOS

kWh Unidade de Medida de Energia (quilo watt hora)


W Unidade de Potência (watt)
Ah Unidade de Medida de Energia
A Unidade de Corrente Elétrica
kVA Medida de Potência Elétrica
m2 Unidade de área
Wp Unidade de potência pico
V Unidade de tensão elétrica
𝑛1 Número de elementos do banco de baterias
𝑛2 Número de elementos do banco de baterias
𝑉𝑏 Tensão do banco de baterias
𝑉𝑚𝑖𝑛 Tensão mínima do inversor híbrido
𝑉𝑓𝑛 Tensão final de descarga da bateria
𝑉𝑓𝑙 Tensão de flutuação da bateria
𝑄 Capacidade mínima do banco de baterias
𝐸 Energia média diária consumida no horário de ponta
𝑃𝑑 Profundidade de descarga
Admáx Máxima corrente de descarga
Adn Corrente nominal de descarga
ton Unidade de medida de peso (tonelada)
𝜂𝑖𝑛𝑣 Eficiência do inversor
m Unidade de medida de comprimento (metro)
cm Submúltiplo de metro (centímetro)
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 15
1.1 Objetivos .................................................................................................................... 16
1.1.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 16
1.1.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 16
1.2 Estrutura do trabalho .................................................................................................. 17
2 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS DE ENERGIA ......................................................... . 18
2.1 Curva característica de corrente, tensão e potência ................................................... 18
2.2 Sistema fotovoltaico off-grid ..................................................................................... 19
2.2.1 Sistema off-grid com armazenamento. ............................................................... 19
2.2.2 Sistema off-grid sem armazenamento................................................................. 20
2.2.3 Sistema off-grid híbrido. ..................................................................................... 21
2.3 Sistema fotovoltaico conectado à rede (on-grid). ...................................................... 21
2.4 Sistema on-grid híbrido ............................................................................................. 22
3 BATERIAS .................................................................................................................... 24
3.1 Funcionamento das baterias ....................................................................................... 25
3.2 Baterias de Lítio ......................................................................................................... 25
3.2.1 Funcionamento das baterias de Lítio .................................................................. 26
3.2.2 Características das baterias de Lítio ................................................................... 24
3.2.3 Sistemas de controle para as baterias.................................................................. 27
3.2.3.1 Controlador de carga..................................................................................... 28
3.2.3.2 BMS.............................................................................................................. 31
4 APRESENTAÇÃO DO CASO ..................................................................................... 32
4.1 Análise da carga ......................................................................................................... 32
5 DIMENSIONAMENTO E MODIFICAÇÕES DO SISTEMA PROPOSTO ............... 35
5.1 Módulos fotovoltaicos ............................................................................................... 35
5.2 Inversor ...................................................................................................................... 38
5.3 Arranjo dos módulos fotovoltaicos ............................................................................ 39
5.4 Dimensionamento do banco de baterias .................................................................... 39
5.4.1 Número de elementos em série do banco de baterias ......................................... 40
5.4.2 Capacidade do banco de baterias ........................................................................ 41
5.4.3 Tempo de carregamendo no PVSyst dos bancos de baterias .............................. 44
5.4.4 Espaço físico ....................................................................................................... 44
5.5 Diagrama do sistema proposto ................................................................................... 45
6 ANÁLISE DE INVESTIMENTO E BALANÇO ENERGÉTICO ............................... 47
6.1 Análise 1 .................................................................................................................... 47
6.1.1 Investimento inicial ............................................................................................ 47
6.1.2 Retorno anual ...................................................................................................... 48
6.1.3 Fluxo de caixa ..................................................................................................... 50
6.2 Análise 2 .................................................................................................................... 51
6.2.1 Redução na emissão de CO2..........................................................................................53
7 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 57
15

1 INTRODUÇÃO

Em decorrência da grade quantidade de consumo na curva de demanda do sistema


elétrico brasileiro, observada entre o horário de 18 às 21 horas, a Resolução Normativa ANEEL
nº 456/2000, estabeleceu o modelo tarifário horo sazonal que diferencia as tarifas de energia de
acordo com o horário do dia para unidades consumidoras classificadas no grupo A, das
modalidades tarifárias azul e verde. O horário de ponta é definido como, em dias úteis, três
horas consecutivas compreendidas entre 17 e 22 horas, definidas pela concessionária local. O
consumo de energia elétrica durante este período pode ter um custo pra o consumidor de até
três vezes maior que no horário considerado fora de ponta. Em geral, a adoção da medida de
aumento da tarifa no horário de ponta, visa deslocar a curva de carga do sistema elétrico, para
aliviá-lo e evitar diversos problemas de um sistema no limite ou próximo disso.
Diante deste cenário, muitos consumidores brasileiros buscam soluções para mitigar o
impacto dessa maior tarifação durante o período de ponta. Entretanto, nem sempre é fácil fazer
uma redução de consumo efetiva durante este horário dada a particularidade de cada atividade
exercida pelas unidades consumidoras.
Umas das soluções mais utilizadas na tentativa de mitigar os custos mais elevados no
horário de ponta e, consequentemente, da conta de energia, é a adoração de sistemas de geração
diesel que atuam pontualmente durante o período de ponto de cada região. Contudo, de acordo
com levantamento feito na EPE (2015), o consumo de combustível requerido por um gerador
tem um grande peso no custo geral desses sistemas.
Além do baixo rendimento dos motogeradores, observa-se a tendência de crise relativa
às fontes de combustíveis fósseis, ocasionando o aumento dos preços no mercado, e também o
direcionamento do desenvolvimento tecnológico para a produção de energia a partir de fontes
renováveis, devido à preocupação com os impactos ambientais causados por esses combustíveis
(ZANCAN et al., 2006 apud CORRÊA et al., 2001).
A energia solar fotovoltaica é uma solução que vem ganhando grande espaço no
mercado atual graças a redução dos custos e um aumento na qualidade da fabricação dos
módulos fotovoltaicos, que atualmente já alcançam um elevado grau de desenvolvimento
tecnológico (COPETTI; MACAGNAN, 2007). Todavia é evidente necessidade de radiação
solar para geração de energia, que acaba acontecendo predominantemente no período fora
ponta, impede sua utilização como solução para substituir os geradores diesel. Diante disso, o
uso de alguma forma de armazenamento de energia se torna necessário para atingirmos o
objetivo de utilizá-la no horário de ponta. Diante desse cenário, uma solução interessante é a de
utilização de baterias.
16
A bateria eletroquímica de chumbo-ácido foi a primeira a despontar como uma boa
solução tecnológica para suprir a necessidade de armazenar energia proveniente de sistemas
fotovoltaicos. Isso ocorreu especialmente por causa do seu custo e disponibilidade, sendo uma
tecnologia de fácil adaptação para esta aplicação. Após ela, pode-se mencionar também a
tecnologia das baterias de íons de lítio, que despontam hoje como uma ótima opção para uso
nos sistemas de armazenamento de energia fotovoltaica. Porém, mais recentemente, surgiu uma
nova opção de tecnologia que pode ser utilizada como alternativa no armazenamento de energia
por meio de baterias, são as baterias de grafeno. Essa tecnologia apresenta diversas vantagens
em comparação com outros tipos de baterias. Porém, no presente momento, existem apenas
baterias de grafeno, disponíveis comercialmente, com capacidade de armazenamento menores
de 1Ah, o que torna inviável sua aplicação dada a capacidade exigida no caso estudado.
De acordo com Beck (2018), o mercado de baterias de lítio-íon vem, ao longo dos
últimos anos, apresentando crescente demanda por esse tipo de armazenamento de energia,
especialmente para uso em armazenamento de energia (grid) e veículos elétricos. E, olhando
para o custo desse tipo de tecnologia, houve um redução entre 2010 e 2017 de 70% no custo
por kWh. E, ainda segundo BECK (2018), a pespectiva é uma redução de quase 40% entre 2019
e 2030. Esta análise levou em consideração a avaliação da instituição internacional Bloomberg New
Energy Finance (BNEF) (BECK 2018).

Figura 1-1. Análise temporal da redução dos custos das baterias de lítio-íon.

Fonte: BECK (2018)

Diante do que foi apresentado, as baterias de lítio-íon surgem como a melhor opção a ser
empregada tendo em vista sua tecnologia, durabilidade e custo, adotando como base os dados e
contribuições do dimensionamento de um sistema fotovoltaico elaborado em Vertis (2018) para
dimensionamento de um sistema de armazenamento de energia elétrica para o caso proposto.
17
1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Dimensionar um banco de baterias de lítio-íon que armazene a energia gerada por um


sistema fotovoltaico, já dimensionado, para os blocos UFASA da UFF – Universidade Federal
Fluminense em Niterói, de forma que ele alimente todas as cargas necessárias durante o período
de ponta.

1.1.2 Objetivos Específicos

• Apresentar os tipos de sistemas fotovoltaicos;


• Estudar o funcionamento das baterias de lítio-íon;
• Dimensionar o banco de baterias para o sistema.
• Propor um sistema automático de gerenciamento horário da energia
• Fazer uma análise de retorno econômico e energético do projeto

1.2 Estrutura do trabalho

No capítulo 1, é apresentada a introdução do estudo, analisando as ideias iniciais,


alternativas e direcionamento escolhido.
No capítulo 2, são apresentados os principais tipos de sistemas fotovoltaicos utilizados
atualmente, analisando suas características a fim de se construir uma fundamentação teórica
para a escolha do sistema proposto no presente estudo.
No capítulo 3, é feita uma abordagem das principais características de funcionamento
das baterias, principalmente as baterias de íons de lítio.
No capítulo 4, é realizada a apresentação do caso analisado no presente trabalho,
contextualizando o local de instalação do sistema de baterias e apresentando os cálculos de
análise da carga.
No capítulo 5, são realizados os cálculos de dimensionamento do banco de baterias,
bem como as propostas de mudanças em relação aos trabalhos anteriores.
No capítulo 6, é realizada uma análise econômica da possível implementação do banco
de baterias no sistema, utilizando os índices financeiros como TIR, payback e VPL, além da
análise do balanço energético do sistema.
No capítulo 7, apresentada a conclusão do trabalho, fazendo síntese dos resultados
encontrados, e a(s) proposta(s) para os trabalhos futuros.
18

2 SISTEMAS FOTOVOLTAICOS DE ENERGIA

Os sistemas fotovoltaicos têm a capacidade de produzir energia a partir da irradiação


solar, transformando-a em corrente elétrica, que é transferida para dispositivos controladores e
conversores, armazenando-a em baterias, alimentando as cargas de uma unidade consumidora
ou até mesmo injetando-a diretamente na rede elétrica. Fabricada com um material
semicondutor, a célula fotovoltaica é responsável pelo “efeito fotovoltaico”, e seu princípio de
funcionamento se dá pela formação de diferença de potencial nos terminais de uma célula
eletroquímica causada pela absorção de luz (VILLALVA, 2015).

2.1 Curva característica de corrente, tensão e potência

Um módulo fotovoltaico não se comporta como uma fonte elétrica convencional, não
apresenta uma tensão de saída constante em seus terminais, como a de uma bateria elétrica. A
tensão elétrica depende da sua corrente e vice-versa. O ponto de operação do módulo
fotovoltaico, ou seja, o valor de tensão e corrente em seus terminais depende, do que está
conectado em seus terminais. A relação entre tensão e corrente é mostrada na figura 2-1. Todos
os módulos fotovoltaicos possuem uma característica semelhante (VILLALVA, 2015).

Figura 2-1. Curva Corrente x Tensão característica dos módulos fotovoltaicos.

Fonte: Villalva (2015).


19

O ponto de máxima potência apresentado acima é o ponto de operação onde os


módulos devem ser operados idealmente, pois é nessa situação que o aproveitamento energético
é maior.

Os sistemas fotovoltaicos podem ser separados em três grandes grupos:

• Sistema off-grid (também denominado como sistema desconectado da rede, ou


isolados)
• Sistema on-grid (também denominado como sistema fotovoltaico conectado à
rede – SFCR)
• Sistema híbrido

2.2 Sistema fotovoltaico off-grid.

Este tipo de sistema fotovoltaico é caracterizado como sistema isolado, pois em sua
essência ele está totalmente desacoplado da rede de distribuição de energia do local em que está
instalado. Os sistemas off-grid podem ser divididos em três grupos: com armazenamento, sem
armazenamento e híbridos.

2.2.1 Sistema off-grid com armazenamento.

Os sistemas off-grid tem como fonte de energia apenas os módulos fotovoltaicos, que
convertem a radiação solar em corrente elétrica. A tensão na saída desses módulos varia ao
longo do dia, já o banco de baterias, possui uma tensão mais estável, com valores nominais
normalmente de 12V, 24V, 36V ou 48V. Para resolver esse problema, utiliza-se um
equipamento chamado de controlador de carga. Por fim, o banco de baterias é conectado em
um controlador CC-CA (inversor), que converte a corrente e tensão contínuas oriundas dos
módulos fotovoltaicos e baterias, em corrente e tensão alternadas, que são utilizadas na maioria
dos equipamentos do nosso dia-a-dia (RESENDE, 2019). A figura 2-2 apresenta um esquema
simplificado deste tipo de sistema.
20

Figura 2-2. Sistema off-grid com armazenamento.

Fonte: Resende; Carlos (2019).

2.2.2 Sistema off-grid sem armazenamento.

Neste tipo de sistema, diferentemente do sistema off-grid com armazenamento, seu


funcionamento é limitado apenas ao período em que há geração de energia elétrica por meio do
sistema composto pelos módulos fotovoltaicos, ou seja, quando há irradiação solar. E a potência
gerada é diretamente proporcional a irradiância do sol em cada instante. Um sistema off-grid sem
armazenamento geralmente é utilizado para realizar trabalhos cinéticos durante o dia como, por
exemplo, em sistemas de bombeamento de água, mostrado a figura 2-3.

Figura 2-3. Representação de um sistema off-grid sem armazenamento.

Fonte: Pinho; Galdino (2014)


21
2.2.3 Sistema off-grid híbrido.

Este tipo de sistema é caracterizado por possuir mais de uma fonte de geração de
energia além da solar, como aerogeradores, gerador a diesel, entre outros. Ainda é possível
acoplar a esse sistema um banco de baterias para que a redundância de fontes de energia seja
maior, ou seja, para que haja energia mesmo na falta de uma das fontes principais.

Figura 2-4. Configuração de um sistema off-grid híbrido.

Fonte: Jensys (2019).

2.3 Sistema fotovoltaico conectado à rede (on-grid).

Os sistemas on-grid têm como característica principal a conexão junto a rede da


concessionária de energia elétrica de onde está instalado. Este tipo de configuração faz com que
a carga (unidade consumidora) também tenha capacidade de injetar energia no sistema, ou seja,
o sistema gerador fotovoltaico funciona como uma fonte de energia em paralelo com o sistema de
rede da concessionária. A figura 2-5 mostra um exemplo da topologia de um sistema on-grid.

Figura 2-5. Configuração de um sistema on-grid

Fonte: Pinho; Galdino (2014)


22
Resumindo o funcionamento, a energia elétrica excedente (gerada pelo sistema
fotovoltaico), ou seja, que é superior ao consumo da carga conectada, é injetada na rede da
concessionária. Essa quantidade de energia injetada na rede é computada como crédito de
energia que acaba sendo compensado quando a geração fotovoltaica não é suficiente para a
alimentação da carga. De forma análoga, se a carga demandar uma quantidade de energia maior
que o sistema fotovoltaico está gerando, a rede da concessionária atua gerando a parte da energia
que ainda é necessária para suprir a demanda da carga. Ou seja, a unidade consumidora é
faturada pela diferença do que foi consumido e gerado, porém sempre sendo cobrado o valor
da taxa de disponibilidade do sistema que abastece a unidade.
É de suma importância salientar que, por motivos de segurança, se houver necessidade
de manutenção na rede da concessionária onde ela necessite ser desligada, o sistema
fotovoltaico deve ser interrompido para não haver a possibilidade de fluxo reverso. A Agência
Nacional de Energia Elétrica regulamenta este tipo de fluxo bidirecional de energia pela
Resolução Normativa nº 482/2012 atualizada para a nº 687/2015.

2.4 Sistema on-grid híbrido

Um sistema fotovoltaico on-grid híbrido consiste basicamente na união dos conceitos


de dois sistemas: sistema fotovoltaico conectado à rede (on-grid) e sistema off-grid com
armazenamento. Na sua dinâmica de funcionamento é possível que a carga seja suprida tanto
pelos módulos fotovoltaicos durante os períodos de geração por energia solar e o excedente seja
injetado na rede da concessionária ou direcionada para o carregamento do banco de baterias.
Porém, mesmo quando não há fornecimento de energia por parte da concessionária local, com
a atuação da proteção anti-ilhamento por parte do inversor, um outro circuito é acionado,
fazendo com que seja possível a alimentação da carga seja realizada pelos módulos
fotovoltaicos ou banco de baterias. Dessa forma, a depender do tempo de falta de energia pela
concessionária, é garantida a alimentação da carga do sistema. Para que seja possível o chaveamento
seguro e automático entre os sistemas on-grid e off-grid é necessária a instalação de um inversor
solar híbrido no sistema.
Devido aos riscos de impactos negativos na qualidade e segurança do sistema da rede
pública de energia, assim como os sistemas on-grid, este tipo de sistema é pouco usual e os
equipamentos utilizados devem possuir o certificado do Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia – INMETRO. Devido ao fato de poucos inversores híbridos possuírem
essa certificação, são mais difíceis de serem encontrados no mercado (MAESTRI, 2018). Um
exemplo de sistema on-grid híbrido é mostrado na figura 2-6.
23

Figura 2-6. Configuração de um sistema on-grid híbrido

Fonte: http://secpower.com.br
24
3 BATERIAS

Trazendo uma melhor confiabilidade e melhorando a robustez do sistema fotovoltaico


de energia, a bateria é um componente de suma importância onde é armazenado o excedente
energético gerado pelos módulos fotovoltaicos, para a alimentação da carga, e utilização em
períodos onde não há irradiância solar, ou até mesmo em períodos onde a geração solar não é
suficiente para a demanda da carga (MAESTRI, 2018).

3.1 Funcionamento das baterias

Uma bateria é um conjunto de células ou vasos eletroquímicos, conectados em série


ou em paralelo, capazes de armazenar energia elétrica na forma de energia química por meio
de um processo eletroquímico de oxidação e redução (redox) que ocorre em seu interior
(PINHO; GALDINO, 2014).

Uma célula de bateria é constituída por 4 componentes essenciais:

• O anodo (ou eletrodo negativo), é o polo da bateria que sofre o processo de


oxidação, ou seja, aquele que perde os elétrons para o circuito;
• O catodo (ou eletrodo positivo), é o polo da bateria que sofre o processo de
redução, ou seja, aquele que recebe os elétrons para o circuito;
• O eletrólito, que é o meio condutor dos íons presentes na célula, transferidos
entre o anodo e o catodo;
• O separador, que não permite que um curto-circuito ocorra e condiciona o
fluxo de íons
Figura 3-1. Funcionamento de uma célula de bateria.

Fonte: Adaptado de https://www.tecmundo.com.br/.

A figura 3-1 apresenta o processo de carga (à esquerda) onde os elétrons fluem do


anodo para o catodo através da carga conectada. Já dentro da bateria, ou seja, no eletrólito, a
25
reação química provoca um fluxo de cátions do eletrodo (anodo) para o positivo (catodo) em
um fluxo de ânions no sentido contrário. Por outro lado, quando a bateria está recebendo
elétrons em um processo de recarga (à direita), os eletrodos invertem de polaridade, ficando o
anodo como positivo e o catodo como negativo, mantendo-se a direção dos fluxos (PEREIRA,
2013).

3.2 Baterias de Lítio

3.2.1 Funcionamento das baterias de Lítio

De forma similar ao descrito no item 3.1, a figura 3-2 descreve mais detalhadamente
como é feita.
Figura 3-2. Funcionamento de uma bateria de Lítio.

Fonte: Adaptado de http://qnint.sbq.org.br/.

Durante o processo de descarga, os íons lítio migram desde o interior do material que
compõe o anodo até dentro do material do catodo e os elétrons movem-se através do circuito
externo, como ilustrado na Figura 5. Portanto, os materiais de eletrodos são formados
geralmente por compostos de estrutura aberta (denominados compostos de intercalação), que
permitem a entrada e saída de íons lítio. No anodo, o grafite é o material mais comumente usado
porque, além de apresentar estrutura lamelar, é capaz de intercalar reversivelmente os íons lítio
entre suas camadas de carbono sem alterar significativamente sua estrutura. O catodo contém,
geralmente, um óxido de estrutura lamelar (LiCoO2, LiNiO2 etc.) ou espinel (LiMnO2), sendo
o óxido de cobalto litiado o material mais frequentemente usado pelos fabricantes de baterias
de íons lítio (BOCCHI, 2000)
Dos diversos tipos de sistemas de armazenamento por meio de tecnologia
eletroquímica, a bateria composta por Chumbo-ácido ainda é a tecnologia mais empregada
devido ao seu baixo custo em relação aos outros tipos (PINHO; GALDINO, 2014). Contudo,
as baterias de íons de Lítio, que serão as estudas nesse trabalho, apresentam diversos fatores
vantajosos em comparação as outras tecnologias existentes, conforme descrito abaixo:
26
• Baixa resistência interna;
• Não necessitam de manutenção se utilizado um BMS;
• Alta densidade de energia e de potência;
• Menor tempo de carregamento;
• Baixa taxa de autodescarga;
• Não apresenta risco químico;
• Não emite gases tóxicos;
• Maior ciclo de vida.

Outras vantagens das baterias de íons de Lítio são o fato de não possuírem o efeito
memória, a possibilidade de suportar altas taxas de carga e descarga e o baixo tempo de carga.

3.2.2 Características das baterias de Lítio

Segundo artigos publicados pela Battery University (2016 e 2017), o desempenho de


uma bateria é mensurado por sua capacidade e o jeito mais comum de estimar a vida útil de
uma bateria é através de ciclos. Entretanto esse método não é conclusivo, pois o que constitui
um ciclo não é bem definido e cada processo de carga e descarga pode ser parcial e não
completo. Os fatores que mais influenciam na vida útil da bateria são: profundidade de descarga
(Depth of Discharge – DoD), temperatura, corrente de descarga e máxima tensão de carga.
Submeter a bateria a grandes profundidades de descarga, altas temperaturas, correntes de
descarga elevadas e ultrapassar o limite de tensão no carregamento da bateria geram estresse e,
consequentemente, diminuem a vida útil da bateria. As baterias de lítio-íon não possuem efeito
memória, dessa forma, cargas e descargas parciais não as prejudicam e até prolongam a sua
vida útil. (MAESTRI, 2018).
A tabela 3-1 apresenta a relação entre o número de ciclos disponíveis em uma bateria
de lítio- íon de acordo com os valores de profundidades de descarga utilizados.

Tabela 3-1. Relação entre profundidade de descarga e número de ciclos de uma bateria de Lítio.

Profundidade de Descarga Nº de ciclos


10% 15000
20% 9000
40% 3000
60% 1500
80% 900
100% 600
Fonte: Adaptado de Battery University.
27
A capacidade de armazenar energia de uma bateria também varia de acordo com o
número de ciclos e sua tensão final de carregamento, como apresentado na figura 3-3. Além
disso, sua capacidade nominal varia em relação a sua taxa de descarga, ou seja, quanto menor
for a taxa de descarga em relação a sua capacidade nominal maior é a capacidade de
armazenar/fornecer energia da bateria. Isso é definido por curvas, mostradas na figura 3-4, que
é denominada de curvas de descarga de uma bateria. A taxa de carga/descarga de uma bateria
indica o valor de corrente aplicado ou retirado de uma célula em relação ao seu valor de
capacidade nominal.

Figura 3-3. Número de ciclos e capacidade de uma bateria de Lítio em função da tensão final de carregamento.

Fonte: Battery University.

Figura 3-4. Capacidade total de descarga de uma bateria de Lítio em função da sua corrente de descarga.

Fonte: Battery University.

3.2.3 Sistemas de controle para as baterias

Conforme já mencionado, o ciclo de vida de uma bateria é sensivelmente afetado pela


maneira que é conduzido o processo de carregamento e descarregamento da célula. Para que
esse processo seja conduzido da melhor forma são necessários equipamentos eletrônicos
28
específicos para realizar esse tipo de função. O equipamento utilizado para tal fim é chamado
de controlador de carga e é encontrado na maioria dos sistemas fotovoltaicos com banco de
baterias. No caso das baterias de Lítio, um controlador mais específico é necessário para melhor
desempenho e segurança do sistema, o chamado BMS.

3.2.3.1 Controlador de carga

Segundo Villalva (2015), os controladores de carga devem obrigatoriamente empregar


um sistema fotovoltaico. Eles têm a função de fazer a correta conexão entre painel fotovoltaico
e bateria, impedindo que as células sejam expostas a descargas e sobrecargas excessivas. O
inversor híbrido escolhido no presente estudo, que será analisado mais a frente, já possui a
conexão para o banco de baterias e faz a função de controle de carga e descarga dos bancos de
baterias. Mesmo não sendo necessário o dimensionamento do controlador de carga neste
trabalho, é importante o entendimento das funções deste equipamento, que são descritas a
seguir.

• Proteção de sobrecarga: Monitora o valor de tensão nos terminais da bateria,


impedindo que a célula continue sendo carregada mesmo após sua tensão final
de carga seja atingida.
• Proteção de descarga excessiva: Desconecta a carga alimentada quando o
banco de baterias atinge um nível crítico de carga. Se a bateria continuar sendo
descarregada após sua tensão mínima de descarga, sua vida útil pode ser
comprometida
• Gerenciamento da carga da bateria: Alguns controladores de carga mais
sofisticados oferecem essa função, que permite respeitar o perfil natural de
carga de acordo com as especificações de estágio de carregamento de cada tipo
de bateria.
Como visto na seção 2.1, os módulos fotovoltaicos apresentam uma curva
característica de tensão e corrente que define a potência que é entregue para as cargas ou
baterias. Esses valores estão diretamente relacionados as condições de irradiância
(fundamentalmente relacionada a corrente elétrica) e de temperatura da célula
(fundamentalmente relacionada a tensão). Além disso, sombreamentos parciais provocados
qualquer objeto ou estrutura ao redor provocam interferências na curva característica do gerador
fotovoltaico, como pode ser visto nas figuras 3-5 e 3-6.
29
Figura 3-5. Curva característica de um módulo fotovoltaico com condições ideais de irradiância.

Fonte: canalsolar.com.br

Figura 3-6. Curva característica de um módulo fotovoltaico com sombreamentos parciais.

Fonte: Adaptado de Kandemir (2017)

Sendo assim, é necessário que exista um mecanismo de controle eletrônico nos


controladores de carga que mantenha o gerador fotovoltaico operando sempre na tensão
correspondente ao ponto de máxima potência, maximizando a transferência de potência e
evitando as perdas (PINHO; GALDINO, 2014). Essa funcionalidade está presente em
controladores de carga mais tecnológicos, os chamados controladores com SPPM (segmento do
ponto de potência máxima), ou MPPT, em inglês. Na figura 3-7 é possível observar a diferença de
operação de um módulo fotovoltaico com e sem o auxílio da tecnologia do MPPT.
30
Figura 3-7. Pontos de operação de um módulo fotovoltaico com MPPT e sem MPPT.

Fonte: Villalva (2015)

Para que uma bateria tenha uma boa durabilidade, seus estágios de carga devem ser
respeitados. No primeiro estágio (estágio de carregamento pesado) a corrente é elevada ao seu
valor máximo dentro dos limites estabelecidos pelo controlador de carga. Considerando que a
bateria se encontra inicialmente descarregada, a sua tensão é baixa e tenta-se carregá-la da
maneira mais rápida possível, retirando toda a energia que o módulo fotovoltaico é capaz de
fornecer.
No segundo estágio (estágio de absorção), a bateria já está praticamente carregada,
mas para que sua carga chegue a 100% é possível ser feito um carregamento lento onde a sua
tensão é mantida constante e a corrente vai diminuindo lentamente, até chegar a um valor bem
pequeno (VILLALVA, 2014).
Por fim, no terceiro estágio (estágio de flutuação) é aplicada uma pequena carga na
bateria para que seja compensada a sua taxa de auto-descarga. A figura 3-8 mostra o
comportamento de corrente, tensão e capacidade de uma bateria de Lítio durante seu processo
de carregamento, segundo a Battery University.
31
Figura 3-8. Estágios de carregamento de uma bateria de Lítio.

Fonte: Battery University.

3.2.3.2 BMS

As baterias de lítio-íon apresentam uma série de vantagens em relação aos outros tipos
de tecnologias de baterias, porém requerem uma atenção maior quando o assunto é segurança
em operação. Devido à instabilidade dos materiais frente a sobrecargas, sobre descargas, curtos-
circuitos e altas temperaturas, é necessária a utilização do BMS (Battery Management System).
Visando evitar o colapso das baterias, ele emprega funções de monitoramento individual em
cada célula, que impede a continuidade de carga quando a bateria já apresenta tensão nominal,
analisando a tensão, o estado da carga e o nível mínimo de energia (SOARES, 2013).
32
4 APRESENTAÇÃO DO CASO

O campus Gragoatá é considerado o maior campus da Universidade Federal


Fluminense. De todas as construções deste campus, observa-se que onze delas seguem um
padrão arquitetônico denominado Unidades Funcionais de Administração e Salas de Aula
(UFASA). Estes prédios possuem cinco andares e aproximadamente cinco mil metros
quadrados, abrigando salas de aula, salas de multimídia, almoxarifado, mecanografia,
subestação e salas de serviços gerais. Os blocos A, B, C, D, E, F, G, H, M, N, O e P são os que
se encaixam nesta descrição (Vertis, 2018)
Em Vertis (2018), foi apresentado o dimensionamento e análise de impactos da
instalação de painéis solares em diversos locais no campus Gragoatá. Levando em consideração
esses resultados, o objetivo central dos cálculos mostrados neste trabalho será de mensurar a
capacidade de um banco de baterias de lítio-íon interligado ao sistema de geração de energia
fotovoltaica dimensionado por Vertis (2018), que seja capaz de armazenar a energia proveniente
dos painéis fotovoltaicos e que atenda toda a demanda energética de todos os prédios UFASA
no horário de ponta e, havendo sobra de energia, também no horário fora de ponta.

4.1 Análise da carga

Para iniciar o dimensionamento e especificações necessárias para o sistema proposto,


foi prevista a parcela de energia que a carga de cada Bloco UFASA consome no horário de
ponta. Como os dados que foram apresentados em Vertis (2018) são apenas da medição de
energia para todo o campus Gragoatá, não é possível obter um valor exato de consumo médio
dos blocos de interesse deste estudo. Porém, por meio de uma metodologia de
proporcionalidade entre os valores de fatura do campus Gragoatá e do resultado de consumo
médio no período fora de ponta dos blocos UFASA encontrados em Vertis (2018) e expostos
nas tabelas 4-1 e 4-2, tornou-se plausível encontrar um valor de consumo médio no período de
ponta dos prédios UFASA do campus Gragoatá.
33
Tabela 4-1. Consumo médio mensal fora ponta dos blocos UFASA.

Identificação da Potência dos Denominação das Consumo médio


Subestação trafos (kVA) Cargas mensal (kWh)

1500 Blocos F e G 45074,3


S01
500 Bloco H 15024,8
1250
S04 Bloco M 52586,7
500
S05 500 Bloco N 15024,8
S06 500 Bloco O 15024,8
S09 750 Bloco P 22537,2
S12 500 Bloco B 15024,8
S13 500 Bloco C 15024,8
S14 500 Bloco A 15024,8
S16 500 Bloco E 15024,8
S17 500 Bloco D 15024,8
Fonte: Vertis (2018).

Tabela 4-2. Dados de consumo médio mensal retirados da fatura do campus Gragoatá.

Fonte: Vertis (2018).

Utilizando uma metodologia de dividir o valor de consumo médio do campus (fora de


ponta) pelo valor de consumo médio calculado para cada bloco UFASA, é possível encontrar
um fator de proporcionalidade de consumo de cada prédio UFASA em relação ao consumo total
do campus. Com esse fator de proporcionalidade em mãos, podemos aplicá-lo no consumo
médio total do campus no horário de ponta e encontramos o valor de consumo médio mensal
no horário de ponta para cada um dos prédios UFASA. Também será considerando o número médio
de dias em um mês como 30 dias e assim podemos também apresentar o valor de consumo
médio diário para o horário de ponta dos prédios UFASA. A tabela 4-3, descrita abaixo,
apresenta os resultados obtidos.
34
Tabela 4-3. Resultados de consumo diário na ponta e fora ponta dos prédios UFASA.

Consumo Total Campus


Consumo Consumo Fora Demanda total do
Ponta de Ponta campus (kW)
(kWh/mês) (kWh/mês)
40871,4 330397,2 1498,2

Consumos Mensais Consumos Diários


Fator de
Blocos
Proporcionali Consumo Fora Consumo Consumo Fora Consumo
UFASA
dade de Ponta Ponta de Ponta Ponta
(kWh/mês) (kWh/mês) (kWh/dia) (kWh/dia)
Blocos F e G 7,3 45074,3 5575,9 1502,5 185,9
Bloco H 22,0 15024,8 1858,6 500,8 62,0
Bloco M 6,3 52586,7 6505,2 1752,9 216,8
Bloco N 22,0 15024,8 1858,6 500,8 62,0
Bloco O 22,0 15024,8 1858,6 500,8 62,0
Bloco P 14,7 22537,2 2787,9 751,2 92,9
Bloco B 22,0 15024,8 1858,6 500,8 62,0
Bloco C 22,0 15024,8 1858,6 500,8 62,0
Bloco A 22,0 15024,8 1858,6 500,8 62,0
Bloco E 22,0 15024,8 1858,6 500,8 62,0
Bloco D 22,0 15024,8 1858,6 500,8 62,0
Fonte: Autoria própria.

Assim sendo, os valores de energia requisitados pelas cargas dos blocos UFASA no
horário de ponta são os apresentados na última coluna da tabela 4-3. Estes valores, por se
tratarem de uma estimativa fundamentalmente baseada em Vertis (2018) serão considerados
como os mínimos necessários. Para o dimensionamento da capacidade das baterias, será
considerada o maior consumo (bloco M) tendo em vista a tendência de equalização das cargas
de cada bloco. Ou seja, os blocos UFASA, na prática, por se tratarem de blocos com a mesma
usabilidade, tendem a ter o mesmo consumo médio ao longo dos meses.
35
5 DIMENSIONAMENTO E MODIFICAÇÕES DO SISTEMA PROPOSTO

O sistema proposto em Vertis (2018) previa um sistema fotovoltaico on-grid, como


apresentado anteriormente na figura 2-5. No presente estudo, precisamos modicar o sistema
para on-grid híbrido, como apresentado na figura 2-6, pois agora iremos inserir um banco de
baterias dimensionado para o consumo no horário de ponta de cada bloco UFASA.
O sistema irá continuar conectado à rede pois somente a energia gerada pelos painéis
fotovoltaicos (posteriormente apresentada na tabela 5-2) não será suficiente para cada carga dos
blocos UFASA durante o período de um dia inteiro, como observado na tabela 4-3, logo, é
necessário que a rede faça a alimentação da carga durante os períodos sem geração fotovoltaica.
Um ponto importante é que, no sistema proposto nesse trabalho, iremos prever a
contribuição do sistema fotovoltaico já proposto em Vertis (2018), após o carregamento das
baterias, também no horário fora de ponta. Ou seja, o sistema como um todo irá contribuir para
suprir a carga de cada bloco UFASA e, na insuficiência energética do sistema CC/CA, a própria
rede irá alimentar normalmente as cargas.
O sistema fotovoltaico on-grid híbrido proposto é formado pelo seguinte conjunto de
equipamentos:
• Painéis solares
• Inversor on-grid híbrido
• Banco de baterias
• Sistema de Controle

Para o dimensionamento de um sistema fotovoltaico on-grid híbrido, é fundamental a


escolha correta dos modelos dos equipamentos a fim de compatibilizarmos os níveis de tensão
e potência entre eles. A seguir são apresentados os equipamentos já propostos e dimensionados
em Vertis (2018), fazendo a adequação ao modelo de inversor que será proposto para o presente
trabalho e fazendo todo o dimensionamento do banco de baterias de Lítio proposto.

5.1 Módulos fotovoltaicos

O modelo de módulo fotovoltaico proposto em Vertis (2018), foi o CS6U-350P da


Canadian Solar, de 350W com 1,95 m2 de superfície. A tabela 5-1 apresenta os dados técnicos
deste modelo de placa que foram retirados do datasheet do fabricante.
36
Figura 5-1. Foto e gráficos I*V do módulo CS6U-350P.

Fonte: Canadian Solar.

Tabela 5-1. Dados do datasheet da placa solar.

Potência nominal 350 W


Tensão de operação 38,1 V
Corrente de operação 9,21 A
Tensão de circuito aberto 46,2 V
Corrente de curto-circuito 9,79 A
Eficiência do módulo 0,18
Range de temperatura de operação -40ºC ~ +85ºC
Tensão máxima do sistema 1000 V
Coef. Temperatura (Potencia máx) -0,39 %/ºC
Coef. Temperatura (Corrente de circuito aberto) -0,29 %/ºC
Coef. Temperatura (Corrente de curto-circuito) -0,05 %/ºC
Fonte: Adaptado de Canadian Solar.

De acordo com Vertis (2018), o dimensionamento da quantidade de painéis solares levou


em consideração o espaço útil disponível nas coberturas dos blocos UFASA que são de 619,5
m2. Com essa área disponível, foram dimensionados 270 módulos, obtendo um somatório de
94,5 kWp de potência total instalada, que é resultado da multiplicação da quantidade de módulos
pela potência nominal individual. Na simulação apresentada em Vertis (2018), informa que, para
a localidade que está sendo aplicado o estudo, a inclinação que otimiza a produção de energia é
de 24º e a orientação ideal dos módulos fotovoltaicos no Brasil é para o Norte. A figura 5-2
apresenta a vista superior dos blocos UFASA com a projeção dos módulos fotovoltaicos
instalados.
37

Figura 5-2. Desenho técnico do posicionamento dos módulos.

Fonte: Vertis (2018)

A tabela 5-2 apresenta os resultados das simulações feitas em Vertis (2018) para o
dimensionamento dos painéis, que levaram em consideração todas as variáveis necessárias para
os painéis e local de instalação.

Tabela 5-2. Resultados das simulações feitas em Vertis (2018) para os painéis solares.

Fonte: Vertis (2018).

Como observado na tabela 4-3, a energia máxima requisitada no horário de ponta e


que será suprida pela bateria é de 216,8 kWh/dia. Assim sendo, considerando o arranjo de
painéis de Vertis (2018) que geram 363,3 kWh/dia conclui-se que o banco de baterias terá
energia suficiente para ser carregado e toda a energia restante poderá ser utilizada para abastecer
a carga do prédio durante o restante do dia.
38
5.2 Inversor

Um inversor é um dispositivo capaz de converter corrente contínua (CC) em corrente


alternada (CA). Nos sistemas fotovoltaicos, é necessária a instalação deste tipo de equipamento
devido a geração de energia proveniente dos módulos fotovoltaicos ou do banco de baterias ser
em corrente contínua. Existe uma diversidade de tipos de inversores para sistemas conectados
à rede, e o modelo de inversor proposto em Vertis (2018) não possui saída compatível com o
nível de tensão do campus 220V e não é um inversor híbrido. Um inversor híbrido é necessário
dada a necessidade de se conectar o banco de baterias no sistema para fornecimento de energia.
Assim sendo, na intenção de encontrarmos um inversor híbrido com saída trifásica 220V e com
potência compatível com a carga/sistema que estamos estudando, foi feita uma sólida pesquisa
com diversos fabricantes de inversores. Para nortear a gama de fabricantes especialmente, mas
não exclusivamente presentes no Brasil, foi utilizada a “Lista de Inversores: Enel Distribuição
RJ” conforme ENEL (2021). Esta lista é a lista de equipamentos aceitos para geração distribuída
na distribuidora que atende ao campus Gragoatá. Em suma, não foi entrado nenhum inversor
híbrido conforme especificações requisitadas. É plausível afirmar que não há no mercado um
inversor híbrido trifásico com 100kW de potência com saída 220V.
Em vista do que foi apresentado, este estudo decidiu por seguir os mesmos
equipamentos já apresentados em Franklin (2019), tendo a necessidade de instalação de
autotransformador abaixador na saída do inversor que está detalhado abaixo na tabela 5-3. O
inversor que iremos utilizar é o mesmo de Franklin (2019): autotransformador trifásico
Autovolth de 112,5 kVA 380/220 V.
O modelo de inversor utilizado foi o da linha 100K-EX do fabricante DS New Energy
de 100 kW. Conforme Franklin (2019), este equipamento está em linha com as necessidades
regulatórias vigentes do Brasil atualmente. A tabela 5-3 apresenta os dados técnicos (datasheet)
retirados do site do fabricante.
Figura 5-3. Inversor Híbrido 100K-EX.

Fonte: http://dsneg.com.
39
Tabela 5-3. Datasheet do Inversor Híbrido 100K-EX.

Potência nominal de saída (kW) 100


Corrente máx. de entrada (A) 384
Range de tensão de entrada (V) 520~900
Número de MPPTs 1
Range de tensão das baterias (V) 250~520
Máxima corrente de carga/descarga (A) 300
Tensão Nominal de Saída (V) 400
Range de tensão de saída (V) 340~460
Frequência Nominal de Saída (Hz) 60
Fonte: http://dsneg.com.

Neste estudo iremos aplicar o mesmo modelo de inversor todos os blocos UFASA
estudados. Iremos seguir por esse caminho dada a necessidade de padronização e possibilidade
de aproveitamento da energia dos painéis em qualquer momento do dia mesmo sendo a
principal motivação do estudo dimensionar o sistema para suprir a carga no horário de ponta.

5.3 Arranjo dos módulos fotovoltaicos

O arranjo dos módulos fotovoltaicos tem a principal premissa de respeitar as


especificações apresentadas na tabela 5-3 do item 5.2. Assim sendo, deve ser selecionado um
arranjo de módulos em série de forma que a tensão de circuito aberto fique dentro do range de
tensão de entrada do inversor e também a corrente de curto-circuito seja menor que a corrente
máxima de entrada contida nas especificações da tabela 5-3.
Fazendo os cálculos considerando os dados da tabela 5-1 e com o arranjo de 15 painéis
em série formando 18 strings em paralelo iremos chegar em uma tensão de circuito aberto de
831,6V (18*46,2) e uma corrente de curto-circuito de 146,8A (15*9,79). Esses valores
calculados estão dentro dos limites requeridos nas especificações do inversor escolhido.

5.4 Dimensionamento do banco de baterias

Para a escolha da bateria foi considerado o fabricante Thunder Sky, que tem como
portifólio baterias de lítio- íon, com células de LiFePO4 (fosfato de Lítio-Ferro) que são
aplicáveis para cargas que precisam de uma corrente elevada durante um período pequeno pois
tem a capacidade altas taxas de carga/descarga. As principais características de tensão que o
modelo de bateria escolhido para esse estudo possui são:
• Tensão final de descarga: 2,8V
• Tensão nominal: 4V
• Tensão de flutuação: 4,3V
40

5.4.1 Número de elementos em série do banco de baterias

Pra calcularmos o número de elementos em série de um banco de baterias levamos em


consideração a faixa de variação de tensão ou range de tensão do equipamento no qual será
conectado o banco de baterias(inversor). Assim sendo, devemos utilizar as seguintes equações:

(1)

(2)

Na equação (1), o termo 𝑉𝑚𝑖𝑛 representa a tensão de entrada do inversor e o termo 𝑉𝑓𝑛
representa a tensão final de descarga da célula da bateria.

Na equação (2), 𝑉𝑛 representa a tensão nominal de entrada no inversor e 𝑉𝑓𝑙 a tensão


de flutuação da célula da bateria.

Os valores de 𝑛1 e 𝑛2 representam os possíveis números de elementos em série do


banco. A solução ideal é encontrada quando 𝑛1 = 𝑛2 indicando o aproveitamento máximo da
bateria, porém o que ocorre normalmente são diferentes valores de 𝑛. Sendo assim, deve-se
analisar os valores encontrados para as diversas situações (carga, flutuação e descarga) a fim de
se escolher o menor número de elementos possível. O número de elementos representado pela
menor tensão final do elemento conduz a um cálculo de banco de baterias com menos
elementos, ou seja, uma solução mais econômica. (FRANKLIN, 2019)
Diante disso, foram calculados a seguir os valores de 𝑛 nas equações (3) e (4) levando
em consideração o range de tensão das baterias conforme tabela 5-3 do item 5.2.

250 𝑉 (3)
𝑛1 = ≅ 89
2,8 𝑉

520 𝑉 (4)
𝑛2 = ≅ 121
4,3 𝑉

Sendo assim, olhando para o aspecto econômico, foi tomada a decisão por 89
elementos da bateria Thunder Sky e, com isso, a tensão 𝑉𝑏 do banco será o resultado da
multiplicação entre o número de elementos da bateria (89) pelo valor da tensão nominal (4V)
41
de cada célula, como podemos observar na equação (5).

𝑉𝑏 = 89 ∗ 4 𝑉 = 356 𝑉 (5)

5.4.2 Capacidade do banco de baterias

A capacidade de armazenamento do banco de baterias deve ser, fundamentalmente,


suprir a demanda energética de cada bloco UFASA, no horário de ponta, conforme apresentado
na tabela 4-3. Dessa forma, iremos utilizar a equação abaixo para calcular a capacidade mínima
do banco de baterias para cada bloco.

(6)

Onde:
➢ Q é a capacidade mínima do banco de baterias em Ah;
➢ E é a energia média diária consumida no horário de ponta em Wh;
➢ 𝐕𝐛 é a tensão do banco de baterias;
➢ 𝐏𝐝 é a profundidade de descarga escolhida para o banco;
➢ 𝜂𝐢𝐧𝐯 é a eficiência do inversor escolhido.

Tendo em vista a ideia de termos o sistema operando por um longo período de tempo,
foi escolhida uma taxa de descarga de 70% que, segundo a tabela 5-4 que será apresentada mais
abaixo, proporciona uma vida útil de aproximadamente 7000 ciclos. Como esse estudo irá
considerar, aproximadamente, 5 dias por semana de carga/descarga ou 260 dias no ano, ou seja,
apenas nos dias que são contabilizados os horários de ponta, pode-se estimar uma vida útil de
mais de 25 anos para o banco de baterias. Como explanado no final do capítulo 4 adotaremos o
valor de maior consumo entre os blocos no horário de ponta, tendo em vista a mesma usabilidade
entre eles.
42
Tabela 5-4. Valores de Q e definição do banco para cada bloco UFASA.

Consumo Ponta Capacidade


Blocos UFASA
Máximo Comercial

Blocos F e G 𝑉𝑏 356
Bloco H 𝑃𝑑 0,7
Bloco M 𝜂𝑖𝑛𝑣 0,95
Bloco N
Bloco O
216,8 915,8 1000
Bloco P
Bloco B
(kWh/dia) (Ah) (Ah)
Bloco C
Bloco A
Bloco E
Bloco D

Fonte: Autoria própria.

Assim, a célula escolhida para cada bloco UFASA está apresentada na coluna
“capacidade comercial” da tabela 5-3, de acordo com o catálogo do fabricante Thunder Sky. De
acordo as capacidades comerciais oferecidas, foi escolhida a célula do modelo WB-
LYP1000AHC com capacidade nominal de 1000 Ah. As especificações técnicas da célula
retirada do datasheet do fabricante está detalhadaa na figura 5-4 e tabela 5-5.

A fim de verificar que a corrente fornecida pelas baterias é suficiente para abastecer a
carga estuda, é apresentado a seguir o cálculo de potência fornecida pelo banco de baterias
considerando os valores de corrente de descarga obtidos no datasheet da célula da bateria e
apresentados na tabela 5-5 além do valor de tensão do banco 𝑉𝑏 calculado no item 5.4.1.

𝑉𝑏 = 356V

Admáx = 10000A

Adn = 500A
Onde:
➢ 𝐕𝐛 é a tensão do banco de baterias;
➢ Admáx. é a máxima corrente de descarga da célula da bateria;
➢ Adn é a corrente nominal de descarga da célula da bateria.

Para preservar as baterias, foi considerada a corrente nominal de descarga para calcular
a potência forncedida pelo banco. Sendo assim, temos:

P = 356 𝑉 ∗ 500 A = 178kW. Logo, o valor é maior que o necessário para o sistema
(100kW)
43
Tabela 5-5. Dados do datasheet da célula de baterias WB-LYP1000AHC.
Capacidade Nominal 1000Ah
Carga 4,0V
Tensão de Operação
Descarga 2,8V
Corrente nominal de carga 500A
Máxima corrente de carga 3000A
Corrente nominal de descarga 500A
Máxima corrente de descarga 10000A
(80% Pd) >5000 ciclos
Ciclo de vida
(70% Pd) >7000 ciclos
Temperatura máxima da caixa 200°C
Carga -45°C~85°C
Temperatura de operação
Descarga -45°C~85°C
Taxa de autodescarga <1% (mês)
Peso 38kg +- 500g
Fonte: Adaptado de Thunder Sky.

Figura 5-4. Especificações técnicas da bateria WB-LYP1000AHC.

Fonte: Thunder Sky.


44
5.4.3 Tempo de carregamento no PVSyst dos bancos de baterias

Com base nos resultados obtidos em Franklin (2019), que utilizou o software PVSyst,
foi estimado o tempo de carregamento de 3 horas e 24 minutos para o banco de baterias do
Bloco M. Para chegar em tal resultado, Franklin (2019) inseriu todas as especificações técnicas
relativas aos módulos fotovoltaicos e banco de baterias, bem como suas disposições e arranjos
dos mesmos. A figura 5-5 apresenta o resultado da simulação obtida.

Figura 5-5. Tempo de carregamento das baterias no sistema simulado no PVSyst.

Fonte: Franklin (2019)

Este tempo de carregamento levou em consideração os dados de irradiação solar do


banco de dados públicos do MeteoNorm 7.2, que foram importados através do próprio software
PVSyst para a região da instalação em Niterói/RJ. (FRANKLIN, 2019).

5.4.4 Espaço físico

Já com todos os parâmetros elétricos e físicos do banco de baterias de cada bloco


dimensionado, será apresentada uma proposta de arranjo físico para as 100 células de 1000Ah.
Para isso foi utilizado o software AutoCad a fim de elaborar um arranjo das células do modelo
WB-YP1000AHC no seu respectivo suporte/prateleira conforme figura 5-8 apresentada a
seguir.
45
Figura 5-6. Arranjo físico das baterias WB-YP1000AHC.

Fonte: Autoria própria.

O modelo WB-YP1000AHC, de 1000Ah, tem um peso considerável por célula,


conforme tabela 5-5 são 38kg. Com isso em mente, as células foram divididas em três conjuntos
de prateleiras a fim de dividir o peso de forma mais exequível.

5.5 Diagrama do sistema proposto

Com o dimensionamento e escolha dos equipamentos do sistema proposto neste


estudo, foi elaborado um diagrama unifilar no software AutoCad para uma melhor visualização
do sistema, especialmente do ponto de vista dos controles que serão sugeridos para
gerenciamento de todo fluxo de potência do sistema, como mostram as figuras 5-10 e 5-11
46
Figura 5-7. Diagrama unifilar do sistema on-grid híbrido proposto.

Fonte: Autoria própria

Para esclarecer melhor como irá funcionar todo o sistema, a figura 5-9, a seguir,
apresenta a ideia geral do automatismo proposto ao sistema por meio de um diagrama blocos
(fluxograma). A principal premissa é que o controlador irá fazer a gestão horária do sistema
recendo informações da carga da bateria, da data, do horário e do dia da semana, além de
comandar as ações do inversor híbrido. Assim sendo, o inversor irá realizar a comutação entre
as diferentes alimentações para a carga em rampa, ou seja, sem causar desligamento
momentâneo da carga.
Figura 5-8. Diagrama de blocos (fluxograma) do sistema.

Fonte: Autoria própria


47
6 ANÁLISE DE INVESTIMENTO E BALANÇO ENERGÉTICO

Pra análise do retorno econômico e viabilidade do projeto para a universidade, serão


considerados os seguintes índices financeiros:
➢ TIR (Taxa Interna de Retorno)
➢ VPL (Valor Presente Líquido)
➢ Payback (cálculo que representa o tempo que levará o projeto gerar lucro).

Para esta análise é necessário o levantamento do valor necessário de investimento


inicial, bem como a elaboração de um fluxo de caixa para o projeto. Com isso, é possível prever
a economia anual e/ou mensal que o sistema irá proporcionar a fatura de energia da UFF.
É apresentada uma o balanço energético que o sistema irá proporcionar para a
universidade, levando em consideração todo o sistema apresentado nas figuras 5-10 e 5-11.

São apresentadas duas análises:

➢ Análise 1 - econômica: análise do retorno financeiro para a UFF


➢ Análise 2 – energética: análise do balanço energético para a rede do campus
Gragoatá da UFF.

6.1 Análise 1

6.1.1 Investimento inicial

Para começarmos a análise financeira/econômica, o primeiro passo é o levantar-se o


custo de todo material e equipamentos necessários para implementação no sistema. Para isso,
foi realizada uma pesquisa no mercado e alguns valores tiveram que ser estimados, dada a
complexidade dos componentes estudados como painéis solares, banco de baterias, inversor
híbrido, autotransformador e ainda os custos com instalação e infraestrutura de todo o sistema.
A tabela 6-8 demonstra um resumo dos valores de cada sistema divido por bloco e o custo total do
projeto.
48

Tabela 6-1. Investimento inicial total do projeto.

Blobo UFASA Blocos F e G Bloco H Bloco M Bloco N Bloco O Bloco P Bloco B Bloco C Bloco A Bloco E Bloco D
Capcidade
1000Ah 1000Ah 1000Ah 1000Ah 1000Ah 1000Ah 1000Ah 1000Ah 1000Ah 1000Ah 1000Ah
Bateria
Custo Painéis R$ 370.000,0 R$ 370.000,0 R$ 370.000,0 R$ 370.000,0 R$ 370.000,0 R$ 370.000,0 R$ 370.000,0 R$ 370.000,0 R$ 370.000,0 R$ 370.000,0 R$ 370.000,0
Custo Banco
R$ 670.000,0 R$ 670.000,0 R$ 670.000,0 R$ 670.000,0 R$ 670.000,0 R$ 670.000,0 R$ 670.000,0 R$ 670.000,0 R$ 670.000,0 R$ 670.000,0 R$ 670.000,0
de Baterias
Custo Inversor R$ 203.000,0 R$ 203.000,0 R$ 203.000,0 R$ 203.000,0 R$ 203.000,0 R$ 203.000,0 R$ 203.000,0 R$ 203.000,0 R$ 203.000,0 R$ 203.000,0 R$ 203.000,0
Custo
R$ 8.400,0 R$ 8.400,0 R$ 8.400,0 R$ 8.400,0 R$ 8.400,0 R$ 8.400,0 R$ 8.400,0 R$ 8.400,0 R$ 8.400,0 R$ 8.400,0 R$ 8.400,0
Autotrafo
Custo
R$ 1.000,0 R$ 1.000,0 R$ 1.000,0 R$ 1.000,0 R$ 1.000,0 R$ 1.000,0 R$ 1.000,0 R$ 1.000,0 R$ 1.000,0 R$ 1.000,0 R$ 1.000,0
Controlador
Custo Instalação e
R$ 243.000,0 R$ 243.000,0 R$ 243.000,0 R$ 243.000,0 R$ 243.000,0 R$ 243.000,0 R$ 243.000,0 R$ 243.000,0 R$ 243.000,0 R$ 243.000,0 R$ 243.000,0
Infraestrutura

Custo / Bloco R$ 1.495.400,0 R$ 1.495.400,0 R$ 1.495.400,0 R$ 1.495.400,0 R$ 1.495.400,0 R$ 1.495.400,0 R$ 1.495.400,0 R$ 1.495.400,0 R$ 1.495.400,0 R$ 1.495.400,0 R$ 1.495.400,0

Investimento Inicial Total do Projeto R$ 16.449.400,00 Investimento Inicial Total do Projeto

Fonte: Autoria própria

6.1.2 Retorno anual

Para mensurar a economia gerada ao longo do tempo com a instalação do sistema


proposto, é necessário, a partir do modelo tarifário incidente no campus Gragoatá da UFF,
verificar a tarifa de energia incidente sobre o sistema. Logo, como a modalidade tarifária do
campus é a do grupo A4, tarifa horo-sazonal verde.
As equações (7) e (8) mostram como serão realizados os cálculos para os valores de
tarifas durante o período fora de ponta e período de ponta. A tabela 6-2 e 6-3 mostra a
composição tarifária e os valores das alíquotas de ICMS e PIS/COFINS que incidem no cálculo
da fatura de energia do sistema.

Custo Energia𝐹𝑜𝑟𝑎 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 = (𝑇𝐸𝐹𝑃 + 𝑇𝑈𝑆𝐷𝐹𝑃) / (1 − 𝐼𝐶𝑀𝑆 – 𝑃𝐼𝑆-𝐶𝑂𝐹𝐼𝑁𝑆) (7)

Custo Energia𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 = (𝑇𝐸𝑃 + 𝑇𝑈𝑆𝐷𝑃) / (1 − 𝐼𝐶𝑀𝑆 – 𝑃𝐼𝑆-𝐶𝑂𝐹𝐼𝑁𝑆) (8)

Tabela 6-2. Composição tarifária A4 Verde.

Parcelas Período Preço (R$/kWh) IMPOSTOS


​Tarifa de Energia (TE) Ponta R$ 0,4473 ICMS 32%
​Tarifa de Energia (TE) Fora de Ponta R$ 0,2726 PIS/Cofins 5,0%
​Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) Ponta R$ 1,6760
​Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) Fora de Ponta R$ 0,1177 Custo da Energia
​Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) Demanda R$ 24,592 Período Custo (R$/kWh)
Ponta R$ 3,37
Fora de ponta R$ 0,62
Demanda R$ 24,59

Fonte: Autoria própria.


49

Como a principal premissa do presente estudo é que toda a energia necessária para
suprir a necessidade da carga durante o horário de ponta seja fornecida pelo banco de baterias
dimensionado, considera-se que, com sua implementação, os gastos com energia durante o
horário de ponta sejam, agora, considerados como nosso principal retorno financeiro. E, como
mostrado no item 5.1, percebe-se que os painéis fotovoltaicos geram, em média, uma energia
diária suficiente para o carregamento do banco de cada bloco UFASA e uma parcela de sua
geração é direcionada para a alimentação da carga durante o período fora ponta. Logo, serão
apresentados, na tabela 6-3, os valores de economia anual, levando em consideração os valores
da tabela 6-2, relativos da parte da energia gerada pelos painéis durante o período fora ponta e
do suprimento total de energia pelo banco de baterias durante o período de ponta. Para realizar
tal cálculo, serão utilizadas as equações (9), (10) e (11), conforme descrição a seguir:

𝐸𝑐𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙𝐹𝑜𝑟𝑎𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 = 11 ∗ 𝑃𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎𝐹𝑜𝑟𝑎𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 ∗ n°dias ∗ 12 ∗ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝐹𝑜𝑟𝑎𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 (9)

𝐸𝑐𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 = 11 ∗ 𝑃𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 ∗ n°dias ∗ 12 ∗ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 (10)

𝐸𝑐𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙Demanda = 11 ∗ 𝑃𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎Demanda Mensal ∗ 12 ∗ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎Demanda (11)

Tabela 6-3. Valor de economia financeira anual.

Geração de energia diária


pelo sistema fotovoltaico 363,3
(kWh)
Economia de Energia
Economia Financeira Anual
em cada bloco
Finais de
Dias úteis Finais de
semana/feriados Dias úteis
semana/feriados
21 dias em média
9 dias em média
Parcela de energia diária
fornecedida pelos painéis
consumida na ponta / 216,8 0,0 R$ 2.025.758,00 R$ -
carregamento das baterias
(kWh)
Parcela de energia diária
fornecedida pelos painéis
146,5 363,3 R$ 251.513,53 R$ 267.381,24
consumida fora de ponta
(kWh)
Demanda mensal reduzida pela
instalação do sistema 164,2 R$ 48.465,37
(kW)

Total R$ 2.593.118,15

Fonte: Autoria própria


50
Conforme apresentado no item 5.4.2 e considerando o sistema proposto no item 5.5, a
vida útil do sistema de armazenamento de energia a partir de baterias de lítio-íon é estimada
que seja em mais de 25 anos. Ou seja, o tempo de vida útil das baterias será similar ao esperado
para os painéis fotovoltaicos, que gira em torno dos 25 anos, o que dará um execelente ganho
financeiro e energético ao sistema conforme será apresentada na análise que a seguir.

6.1.3 Fluxo de caixa

A tabela a seguir apresenta o fluxo de caixa com a implementação do sistema proposto.


Tabela 6-4. Fluxo de caixa.
Ano Fluxo de Caixa Saldo Fluxo Descontado Fluxo Acumulado
0 -R$ 16.449.400,00 -R$ 16.449.400,00 -R$ 16.449.400,00 -R$ 16.449.400,00
1 R$ 2.593.118,15 -R$ 13.856.281,85 R$ 2.523.715,96 -R$ 13.925.684,04
2 R$ 2.593.118,15 -R$ 11.263.163,70 R$ 2.456.171,25 -R$ 11.469.512,79
3 R$ 2.593.118,15 -R$ 8.670.045,55 R$ 2.390.434,31 -R$ 9.079.078,48
4 R$ 2.593.118,15 -R$ 6.076.927,41 R$ 2.326.456,75 -R$ 6.752.621,74
5 R$ 2.593.118,15 -R$ 3.483.809,26 R$ 2.264.191,48 -R$ 4.488.430,26
6 R$ 2.593.118,15 -R$ 890.691,11 R$ 2.203.592,68 -R$ 2.284.837,57
7 R$ 2.593.118,15 R$ 1.702.427,04 R$ 2.144.615,75 -R$ 140.221,82
8 R$ 2.593.118,15 R$ 4.295.545,19 R$ 2.087.217,27 R$ 1.946.995,45
9 R$ 2.593.118,15 R$ 6.888.663,34 R$ 2.031.355,01 R$ 3.978.350,46
10 R$ 2.593.118,15 R$ 9.481.781,49 R$ 1.976.987,85 R$ 5.955.338,31
11 R$ 2.593.118,15 R$ 12.074.899,64 R$ 1.924.075,76 R$ 7.879.414,07
12 R$ 2.593.118,15 R$ 14.668.017,78 R$ 1.872.579,82 R$ 9.751.993,88
13 R$ 2.593.118,15 R$ 17.261.135,93 R$ 1.822.462,11 R$ 11.574.455,99
14 R$ 2.593.118,15 R$ 19.854.254,08 R$ 1.773.685,75 R$ 13.348.141,74
15 R$ 2.593.118,15 R$ 22.447.372,23 R$ 1.726.214,84 R$ 15.074.356,59
16 R$ 2.593.118,15 R$ 25.040.490,38 R$ 1.680.014,45 R$ 16.754.371,03
17 R$ 2.593.118,15 R$ 27.633.608,53 R$ 1.635.050,56 R$ 18.389.421,59
18 R$ 2.593.118,15 R$ 30.226.726,68 R$ 1.591.290,08 R$ 19.980.711,66
19 R$ 2.593.118,15 R$ 32.819.844,83 R$ 1.548.700,81 R$ 21.529.412,47
20 R$ 2.593.118,15 R$ 35.412.962,97 R$ 1.507.251,39 R$ 23.036.663,86
21 R$ 2.593.118,15 R$ 38.006.081,12 R$ 1.466.911,33 R$ 24.503.575,19
22 R$ 2.593.118,15 R$ 40.599.199,27 R$ 1.427.650,93 R$ 25.931.226,12
23 R$ 2.593.118,15 R$ 43.192.317,42 R$ 1.389.441,29 R$ 27.320.667,42
24 R$ 2.593.118,15 R$ 45.785.435,57 R$ 1.352.254,30 R$ 28.672.921,72
25 R$ 2.593.118,15 R$ 48.378.553,72 R$ 1.316.062,58 R$ 29.988.984,30

Fonte: Autoria própria.


Figura 6-1. Fluxo de caixa acumulado.

Fonte: Autoria própria


51
Foi adotada uma TMA de 2,75% ao ano, acordo com a taxa SELIC de abril de 2021.
Com a definição do valor do TMA, os valores de TIR, VPL, payback simples e descontado
(calculados em anos), foram calculados e os resultados encontrados estão apresentados na tabela
6-5 a seguir.

Tabela 6-5. Resumo dos resultados encontrados/considerados: TMA, Investimento Inicial, VPL, TIR e paybacks.

TMA 2,75%
Investimento Inicial R$ 16.449.400
VPL R$ 29.988.984
TIR 15,32%
Payback simples 7
Payback descontado 8

Fonte: Autoria própria

6.2 Análise 2

Para análise do ponto de vista do balanço energético são apresentados os dados ao


longo do tempo com a instalação do sistema estudado. Na tabela 6-6, os consumos e demanda
mensais, de acordo com Vertis (2018), sem considerar a geração solar junto com o sistema de
armazenamento e, na tabela 6-7 e 6-8, considerando a instalação de todo sistema proposto no
presente estudo (sistema fotovoltaico + baterias), são apresentados os dados de consumo
considerando as reduções anuais.

Tabela 6-6. Consumos e demanda mensais do Campus Gragoatá.

Economia Energética Mensal


40,87
Ponta (MWh)
Economia Energética Mensal
330,40
Fora de Ponta (MWh)
Economia Demanda Mensal (kW) 1498,20

Fonte: Autoria própria

Para os cálculos de contribuição de consumo mensal nos períodos de ponta e fora de


ponta são consideradas as equações (12) e (13) apresentadas a seguir.

Economia energética𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 = 11 * (21 ∗ 𝑃𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎 dias úteis + 9 ∗ 𝑃𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎 feriados e finais de semana) (12)

Economia energéticaFora Ponta = 11 * (21 ∗ 𝑃𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎 dias úteis + 9 ∗ 𝑃𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎 feriados e finais de semana) (13)
52
Ou seja, foram considerados, em média, 21 dias para consumo com tarifa horária
(ponta e fora de ponta) e 9 dias apenas com consumo fora de ponta (finais de semana e feriados
nacionais).
Tabela 6-7. Economias de energia mensais.

Economia Energética Mensal


50,09
Ponta (MWh)
Economia Energética Mensal
69,80
Fora de Ponta (MWh)
Economia Demanda Mensal (kW) 164,2

Fonte: Autoria própria

Tabela 6-8. Economias de energia anuais acumuladas.


Economia
Consumo Médio Economia Economia
Consumo Médio Economia Economia Energética
Anual Demanda Média Energética Anual Energética
Ano Anual Energética Anual Demanda Anual Acumulada Anual
Fora de Ponta Anual (MW) Fora de Ponta Acumulada Anual
Ponta (MWh) Ponta (MWh) (MW) Fora de Ponta
(MWh) (MWh) Ponta (MWh)
(MWh)
0 490,5 3964,8 18,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
1 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 601,1 837,6
2 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 1202,2 1675,2
3 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 1803,2 2512,8
4 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 2404,3 3350,4
5 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 3005,4 4187,9
6 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 3606,5 5025,5
7 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 4207,6 5863,1
8 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 4808,6 6700,7
9 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 5409,7 7538,3
10 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 6010,8 8375,9
11 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 6611,9 9213,5
12 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 7213,0 10051,1
13 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 7814,0 10888,6
14 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 8415,1 11726,2
15 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 9016,2 12563,8
16 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 9617,3 13401,4
17 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 10218,4 14239,0
18 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 10819,4 15076,6
19 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 11420,5 15914,2
20 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 12021,6 16751,8
21 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 12622,7 17589,3
22 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 13223,8 18426,9
23 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 13824,9 19264,5
24 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 14425,9 20102,1
25 490,5 3964,8 18,0 601,1 837,6 2,0 15027,0 20939,7

Fonte: Autoria própria


53
Figura 6-2. Economia energética acumulada anual no horário de ponta.

Fonte: Autoria própria

Figura 6-3. Economia energética acumulada anual no horário de fora de ponta.

Fonte: Autoria própria

6.2.1 Redução na emissão de CO2

A fim de encontrar-se uma relação entre a quantidade de energia economizada ao longo


dos anos e a redução de emissão de CO2 será utilizada a calculadora do SunEarthTools (2021)
que mostra a relação entre kWh e kg de CO2, considerando a matriz energética brasileira. Assim
sendo, a tabela 6-9 apresenta os dados da análise de redução de emissão de CO2 na atmosfera
que o sistema irá proporcionar.

1 MWh = 0,08677 ton de CO2


Fonte: SunEarthTools (2021)
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Tabela 6-9. Redução de CO2.
Economia Energética Acumulada Anual Economia Energética Acumulada Anual Economia Total Energética Anual Redução de Emissão de CO2
Ano
Ponta (MWh) Fora de Ponta (MWh) (MWh) (ton)
0 0,0 0,0 0,0 0,0
1 601,1 837,6 1438,7 124,8
2 1202,2 1675,2 2877,3 249,7
3 1803,2 2512,8 4316,0 374,5
4 2404,3 3350,4 5754,7 499,3
5 3005,4 4187,9 7193,3 624,2
6 3606,5 5025,5 8632,0 749,0
7 4207,6 5863,1 10070,7 873,8
8 4808,6 6700,7 11509,3 998,7
9 5409,7 7538,3 12948,0 1123,5
10 6010,8 8375,9 14386,7 1248,3
11 6611,9 9213,5 15825,3 1373,2
12 7213,0 10051,1 17264,0 1498,0
13 7814,0 10888,6 18702,7 1622,8
14 8415,1 11726,2 20141,4 1747,7
15 9016,2 12563,8 21580,0 1872,5
16 9617,3 13401,4 23018,7 1997,3
17 10218,4 14239,0 24457,4 2122,2
18 10819,4 15076,6 25896,0 2247,0
19 11420,5 15914,2 27334,7 2371,8
20 12021,6 16751,8 28773,4 2496,7
21 12622,7 17589,3 30212,0 2621,5
22 13223,8 18426,9 31650,7 2746,3
23 13824,9 19264,5 33089,4 2871,2
24 14425,9 20102,1 34528,0 2996,0
25 15027,0 20939,7 35966,7 3120,8

Fonte: Autoria própria


55
7 CONCLUSÃO

O principal objetivo do presente trabalho foi propor um sistema de armazenamento de


energia utilizando-se de baterias para suprimento energético completo no horário de ponta que
incide sobre o campus Gragoatá da Universidade Federal Fluminense. Tal estudo acaba sendo
referência para motivar possíveis investimentos econômicos na universidade e
desenvolvimento acadêmico do ponto de vista educacional e tecnológico.
Por meio de uma fundamentação teórica, apresentando as principais características de
um sistema de armazenamento de energia, em especial as baterias de lítio-íon, como também
os componentes e tipos de sistemas de geração de energia fotovoltaica, foi possível um
embasamento teórico conduzindo os cálculos e definições do sistema de armazenamento assim
como as considerações para a modificação e/ou melhorias no sistema fotovoltaico já
apresentado em outro estudo para o campus Gragoatá.
As principais mudanças propostas no sistema já dimensionado foi a alteração do tipo
de inversor utilizado (adotando um inversor on-grid híbrido), a adição de um banco de baterias
de lítio dimensionado para as cargas dos blocos no horário de ponta e a adoção de um sistema
de controle automatizado para efetuar a gestão horária do fluxo do sistema.
O resultado do retorno econômico com a implantação de todo o sistema foi embasado
através dos métodos de análise de investimentos. Os resultados dessa análise trouxeram, a partir
de uma TMA baseada na taxa SELIC de Abril/2021 e em um horizonte de 25 anos, um VPL de
R$ 29.988.984 e uma TIR de 15,32%. Esses resultados são relevantes exigindo um investimento
inicial de R$ 16.449.400. Dessa maneira, como apresentado, após 8 anos de investimento no
sistema, o retorno econômico será relevante para a universidade, isto é, o projeto tem um
payback em médio prazo.
Em relação ao balanço energético para o sistema, foram encontrados excelentes
resultados, com a redução de consumo anual no horário de ponta em 601,1 MWh, no horário
fora de ponta em 837,6 MWh e na demanda anual em 2,0 MW. Isso é capaz de trazer não só
um retorno financeiro ao campus como também benefícios ao sistema de distribuição interno e
externo, como alívio no fluxo de potência, redução das perdas técnicas e dos níveis de queda
de tensão. Além disso, o sistema é capaz de gerar uma redução de 124,8 toneladas de emissão
CO2 em um ano e, ao longo de 25 anos, sensíveis 3120,8 toneladas.
Assim sendo, como sugestão para trabalhos futuros, é possível apresentar um
detalhamento maior sobre o sistema de controle proposto, a fim de testar na prática o sistema,
talvez implementando-o fisicamente com o uso de um microcontrolador. Uma outra sugestão
56
é, em um momento mais sólido do mercado comercial das baterias de grafeno com maiores
capacidades de armazenamento, implementá-las ao sistema de acordo com o que já foi
apresentado a fim de melhorar o nível tecnológico e de inovação do estudo. Por fim, pode-se
aprofundar o estudo da geração de energia solar pelo sistema, tendo em vista a imprevisibilidade
de geração de energia por meio das células fotovoltaicas ao longo do tempo.
57
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