A Abordagem Didática Da Simulação Virtual No Ensino Da Química: Um Olhar para Os Novos Paradigmas Da Educação

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V Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE 2016)

Anais do XXII Workshop de Informática na Escola (WIE 2016)

A Abordagem Didática da Simulação Virtual no Ensino da


Química: Um Olhar para os Novos Paradigmas da Educação.
Gerla Myrcea Lima da Silva1, José Francisco de Magalhães Netto1, Renato
Henriques de Souza1
1
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática – PPGCIEM –
Universidade Federal do Amazonas – Manaus – AM – Brasil
[email protected], [email protected],
[email protected]
Abstract. The difficulties of learning chemistry have meant that teachers seek
the new educational and methodological alternative responses to change this
situation. We used the PhET simulation software with the aim of developing
cognition students regarding the interactions occurring in the microscopic
particles from substances facilitating the understanding of the chemical
content, in particular the state of matter. The research took place in a public
school in Manaus, a class of first year of high school. The data obtained from
observation and questionnaire were treated following the content analysis.
The simulation was effective in learning the content studied.

Resumo. As dificuldades de aprendizagem da Química têm feito com que


professores busquem nas novas alternativas didáticas e metodológicas
respostas para mudar essa situação. Utilizou-se o software de simulação
PhET com o objetivo de desenvolver a cognição dos alunos no que se refere
as interações que ocorrem nas partículas microscópicas das substâncias,
facilitando a compreensão dos conteúdos de Química, em particular, dos
estados físicos da matéria. A pesquisa aconteceu numa escola da rede pública
de Manaus, numa turma de primeiro ano do Ensino Médio. Os dados obtidos
da observação e questionário foram tratados seguindo a Análise de Conteúdo.
A simulação mostrou-se eficaz na aprendizagem do conteúdo estudado.

1. Introdução
As pesquisas no ensino de Química, nas últimas décadas, têm mantido foco nos
paradigmas emergentes da educação pautados na descoberta de novas abordagens e
metodologias didáticas que dêem conta de minimizar ou superar as situações críticas de
aprendizagem deixadas pelo método tradicional de ensino, os quais reduzem os
conhecimentos químicos a teorias desarticuladas e sem quaisquer aproximações com o
mundo real dos alunos.
Descontentes com os resultados de aprendizagem das ciências é que
pesquisadores e educadores têm buscado nos aparatos educacionais uma forma de
melhorar a qualidade do ensino. Neste sentido, entendemos que a integração da
tecnologia contribui de maneira significativa para o alcance das metas educacionais
propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+) (Brasil 2006).
Os softwares de simulação virtual, em particular o PhET, surgem como uma
estratégia diferenciada de ensino pelo fato de possuírem ferramentas de visualização
que facilitam a superação dessas dificuldades (Mendes et al. 2015) sendo, portanto,

DOI: 10.5753/cbie.wie.2016.339 339


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produto das relações do homem com a sociedade em resposta aos novos paradigmas
educacionais que objetivam superar as lacunas de aprendizagem deixadas pelo método
tradicional de ensino. Dentre os pesquisadores que vem acompanhando tais mudanças
citamos (Abreu et al.2006, Carpenter 2016, Andrade et al. 2015).
Este artigo tem por objetivo aplicar a simulação virtual PhET e descrever as
interações dos estudantes com a ferramenta na aprendizagem do conteúdo Estado Físico
da Matéria.
O artigo está estruturado em 5 seções: Na seção 2, são descritos os trabalhos
correlatos. Na seção 3, apresentamos o desenvolvimento metodológico. Na seção 4,
descrevemos os resultados. E, por fim, a seção 5 apresenta as considerações finais e
trabalhos futuros.

2. Trabalhos Correlatos
Os primeiros softwares computacionais voltados para a Química foram direcionados
para a área específica de físico-química, posteriormente, para as áreas de química
orgânica e inorgânica. No entanto, somente no final dos anos 90 é que os softwares
foram adaptados para atender não somente a pesquisa como também o ensino, servindo
como instrumentos de metodologia (Ribeiro e Greca, 2003).
A utilização dos softwares de simulação pode ser concomitante com as aulas
expositivas ou em detrimento das práticas laboratoriais, seja pela falta de equipamentos
ou por não ter profissionais capacitados para atuarem no mesmo. As tecnologias não
substituem os modelos consagrados de ensino, ao contrário, apresentam-se como
ferramentas auxiliares em prol de aulas mais dinâmicas, complementando o que essas
metodologias não conseguem alcançar em termos de visualização em tempo real do
fenômeno abordado na sala de aula.
Muitos pesquisadores tem trabalhado a simulação virtual PhET objetivando
melhorar o aproveitamento dos conteúdos de Química e aumentar a participação dos
alunos nas aulas. Destacamos seu uso no balanceamento das equações químicas (PhET
Balancing-chemical-equations) (Mendes et al.2015), onde os resultados apontam para o
fato de que o simulador promove mudanças na concepção de ciências pelo aluno, pois a
estratégia favoreceu a construção de conceitos microscópicos; na construção de
moléculas (Moore 2014), facilitando a interpretação e formação das fórmulas químicas.
Bertolini et. al (2013) em suas considerações afirmam que a vantagem de usar as
ferramentas de simulação no âmbito escolar está na facilidade de acesso e a fácil
obtenção destes, pois, pode ser feita em qualquer hora e lugar, sem precisar de alguém
para auxiliar, descartando riscos, além de favorecer a aprendizagem.
Os ambientes gamificados o qual têm despertado o interesse de professores e
pesquisadores de Química. Com características de um jogo, ou seja, competir, desafiar,
ganhar pontos, entre outros, é um game versátil prendendo a atenção dos alunos na
busca por resolver determinadas atividades e assim ganhar recompensas, (da Rocha et.
al. 2013; Ramos & Pimentel 2015). De acordo com as pesquisas realizadas pelos
autores, as principais contribuições da gamificação estão no ranking disponível no final
do jogo, exigindo maior concentração dos participantes nas tarefas executadas e no
âmbito pedagógico contribuem para a aprendizagem dos conceitos.

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Os resultados confirmam que por meio dos simuladores, o aluno é instigado à


por em prática suas ideias, elaborando suas próprias conclusões, levando-os ao que se
pretende no ensino que é aprender. Os critérios de aplicação devem satisfazer os
objetivos propostos pelo professor, pois não podem substituir as atividades concretas
por mais elaborado que seja o software em uso (Cox 2008). O fato de o computador se
transformar de “máquina de ensinar” para ferramenta educacional (Valente 1993) revela
que as tecnologias estão cada vez mais sendo aprimoradas para se tornarem recursos
didáticos essenciais na educação.
Giordan (2015) faz lembrar que as escolas estão inseridas em diferentes
contextos educacionais e tal fato é importante na escolha do software, que deve,
sobretudo, levar em consideração as habilidades que o aluno possui. Por oferecer
diversas maneiras de acesso aos fenômenos, é que seu uso precisa de ser
cuidadosamente planejado e sua aplicação consciente. Portanto, o professor ao associar
um software com finalidade educacional na sua metodologia de ensino, deve considerar
a fundamentação teórico-pedagógica do mesmo, com o intuito de confirmar se de fato
este atende aos objetivos propostos no seu plano de aula.
Devido as características didático e interativo do PhET é que fizemos uso dessa
ferramenta no ensino dos estados físicos da matéria mostrando-nos resultados
significativos no que se refere à redução das dificuldades de aprendizagem dos alunos
na apropriação dos conhecimentos químicos e a aproximação com a Química. Uma das
facilidades no uso do PhET está no contato com o objeto, os quais permite, por meio da
situação-problema, responder questões levantadas pelo aluno a partir dos seus
conhecimentos, valores e linguagens específicas, refletindo sobre suas ações e
interpretações, levando-o a erros e acertos, sendo cauteloso na busca de respostas
(Carvalho, 2013).
Em suma, as discussões acima não se encerram, pois elas são apenas expressões
de um diálogo iniciado. No entanto, consideramos neste trabalho que os discursos dos
autores são pertinentes, carecendo o exercício da curiosidade nas atividades que
permeiam o ensino e que esta sendo satisfeita, instigue a necessidade de continuar,
atribuindo assim mais rigor metódico aos resultados encontrados, além de validar as
novas ferramentas didáticas tecnológicas no ensino-aprendizagem das ciências.

3 Desenvolvimento Metodológico
O presente estudo foi realizado numa escola da Rede Pública do Estado do Amazonas,
Zona Leste, numa turma de 1o ano do Ensino Médio com 23 alunos, Vespertino, idade
entre 14 a 25 anos. O conteúdo abordado foi os Estados Físicos da Matéria. A coleta
aconteceu nos meses de setembro e outubro de 2015, 3h/a semanais, totalizando treze
encontros. A pesquisa é qualitativa. Como técnica de coleta de dados, optou-se pela
observação assistemática e questionário aberto. Assumimos a pesquisa-ação como
norteadora das atividades. Os dados abstraídos da observação e questionários foram
tratados segundo o instrumento de Análise de Conteúdo (Bardin 2011). Adotamos a
metodologia dos momentos pedagógicos (Delizoicov et al. 2011) adaptada da
abordagem de Paulo Freire, o qual consiste em dividir a atividade educativa em três
momentos pedagógicos, a saber: a) Problematização inicial - Etapa que se apresentam
as situações reais que os alunos conhecem e vivenciam; b) Organização do
conhecimento - Compreende a sistematização dos conhecimentos descritos no tema e

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na problematização inicial e; c) Aplicação do conhecimento - Na aplicação do


conhecimento, os conceitos adquiridos na organização do conhecimento são
sistematizados, para posterior análise e interpretação.

3.1 A Simulação Virtual PhET Estados da Matéria (1.10)


A simulação virtual foi realizada pelos alunos que desenvolveram a atividade seguindo
o tutorial fornecido para cada um deles. No material continha as questões de
investigação e instruções para que fizessem observações sistemáticas e anotações da
visualização. O simulador PhET (Figura 1) está disponível por meio do link:
https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulations/category/chemistry, pode ser baixado
livremente, versão em português. Além de simular experimentos e modelos químicos, o
PhET também faz simulações de conteúdos da Física, Biologia, Ciências da Terra e da
Matemática.

Figura 1: Tela inicia do PhET – Simulações químicas


Fonte: http://phet.colorado.edu/
Dentre as diversas simulações de Química, optamos pelo PhET “Estados da
Matéria” (Figura 2) devido abordar de forma bastante didática e interativa, por meio das
representações visuais, os conceitos inerentes necessários para a aprendizagem do
conteúdo estados da matéria, não alcançados nas aulas explanatórias, dificultando a
compreensão do mesmo.

Figura 2: Tela inicial do simulador Estados da Matéria


Fonte: http://phet.colorado.edu/

4 Resultados e discussões

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a) Problematização Inicial
Iniciamos a aula fazendo projeções de figuras com eventos do cotidiano, para que assim
fizéssemos o levantamento dos “termos” ou conceitos que os alunos tinham a cerca do
tema Estados Físicos da Matéria, relacionados ao tema de investigação. A
contextualização seguiu o proposto nas Orientações Curriculares Nacionais (OCN) de
forma que o conteúdo fosse desenvolvido não para tornar o conteúdo mais atraente ou
mais fácil de ser assimilado, mas, oferecendo meios para que o aluno, a partir das suas
vivencias, torne suas experiências como fonte inesgotável de conhecimento e
aprendizado (Brasil 2006).
Os alunos apresentaram dificuldades em lembrar os conceitos estudados no 2o
bimestre do ano letivo, além da falta de relação do conteúdo com o cotidiano. O
levantamento dos conhecimentos prévios foi classificado nas categorias: conceito,
mudança de fase e influência de fatores externos, conforme o Quadro 1.
Quadro 1. Classificação dos “termos” ou Conceitos Atribuídos pelos Alunos

Classificação “Termo” ou Conceitos

Conceito Como é a matéria; Sólido; Líquido; Gasoso


Condensação; Saindo do estado sólido para o
Mudança de Fase estado líquido; Liquefação; Descongelando;
Derretendo; Vaporização
Temperatura; Calor; Abaixamento da
Influência de
temperatura; “decomposição da naftalina” na
fatores externos
temperatura; Mudança de
Fonte: Elaboração Própria
Os resultados apontam a necessidade de reflexão por parte dos professores no
que diz respeito à contextualização dos conhecimentos químicos e sua relação com o
cotidiano para facilitar a aprendizagem dos conceitos químicos pelos alunos. É
necessário que o professor supere essa forma de ensino dissociado da vida (Schnetzler
2004) e leve o aluno a ver que a química está associada a maior parte das situações do
cotidiano.
A partir dos “termos” ou conceitos levantados, os alunos iniciaram a elaboração
de “problemas”, objetivando serrespondidas durante a abordagem do conteúdo. A
atividade proposta era nova para eles e até o presente momento nunca tinham sido
convidados a formularem suas próprias perguntas e, consequentemente, buscar
respostas para a solução das mesmas. Sem saber como iniciar o aluno A12 indagou:
“Mais eu nem sei como fazer uma pergunta. Eu não sei fazer essa coisa não!” (A12).
Neste momento, a aluna A1 exclamou: “Professora, eu mesmo tenho que
elaborar a pergunta? Eu não sei como fazer isso, me ensine!” (A1); A dificuldade de
domínio da língua materna foi nítida. Infelizmente, nossa cultura não ensina a elaborar a
“pergunta certa” com o intuito de desenvolver habilidades de raciocínio ou o ato de
questionar dos alunos.
É preciso que os professores desafiem os alunos a olhar diferente às situações
vivenciadas no cotidiano, pois, quando os alunos respondem a questões que são
formuladas a partir dos seus conhecimentos, valores, práticas e linguagens, isso mostra

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que eles passaram a ver as diversas situações que os cercam cientificamente, no entanto,
é preciso que os estudantes sejam inseridos nesse universo, (Carvalho 2013). Os alunos
formaram grupos e aos poucos foram se envolvendo e o diálogo sendo intensificado.
No Quadro 2 a seguir, estão listados na íntegra os problemas formulados pelos
alunos.
Quadro 2. Categorização das Perguntas Construídas Pelos
Alunos
CATEGORIAS PROBLEMAS ELABORADOS
O que é um fenômeno químico e físico? Quando
Fenômeno Físico e Químico podemos saber quando está acontecendo as mudanças e
quando é um fenômeno físico?
O que é fusão? Qual o nome se dá a mudança de um
Mudança de Estado Físico estado para o outro? E que existe alguma diferença qual
é essa diferença?
Qual é o ponto de ebulição do líquido para gasoso?
Quando uma panela está no fogo e a mesma esta
fervendo o que acontece? Qual é o nome que podemos
Temperatura
denominar essa fase? Quando botamos água para ferver
em uma panela, o que faz ela muda para o estado
gasoso?
Qual a ligação de estender roupa com estado físico e
matéria? O que faz ocorrer as mudanças climáticas? O
Mudanças do Clima
que o aquecimento global apresenta no estado físico da
matéria?
Fonte: Própria do Autor
Nas quatro categorias de análise geradas observou-se que os alunos ainda não
assimilaram conceitos básicos referentes ao conteúdo, além de apresentar dificuldades
em relacionar o assunto com as observações feitas no cotidiano, como sua ocorrência e
aplicação. A abordagem aplicada provocou uma mudança de atitude nos alunos, onde a
forma como se comportavam no final de cada aula era totalmente diferente das que
tinham inicialmente.
A análise dos resultados acima é o que chamamos de verdadeira motivação pela
ciência, ou seja, a descoberta pelo interesse, pela aproximação com o mundo, das
indagações sobre a estrutura e a natureza, o interesse em fazer perguntas e procurar as
próprias respostas, importante no processo de construção e apropriação do
conhecimento científico, no qual dependerá de como ele está aprendendo, ou seja, do
tipo de atividade de ensino e aprendizagem que o aluno está envolvido, (Pozo & Crespo
2009).
b) Organização do Conhecimento (Atividade com o Simulador PhET)
Nesta etapa trabalhamos a interdisciplinaridade para tentarmos reduzir as
lacunas conceituais de aprendizagem do conteúdo de estudo, levantado na
problematização feita pelos alunos. Portanto, convidamos o professor da disciplina de
Física do horário matutino para que, com seus conhecimentos e método de ensino
pudesse contribuir para a aprendizagem do conteúdo estados físicos da matéria. A
interdisciplinaridade oportunizou os alunos a compreenderem a dependência entre os

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conhecimentos das ciências química e física como ponto de partida para aprendizagem
significativa dos conceitos estudados na sala de aula.
A educação interdisciplinar é um diálogo que acontece entre os diferentes
saberes disciplinares mediando a (re) construção do conhecimento com a cultura
científica de cada ciência, formas de abordagens e ações. Assim, a enculturação
contextualizada na Química associada à interdisciplinaridade sólida suscita
conhecimentos adquiridos do ser humano na sua totalidade, a fim de ampliá-los em um
novo contexto, marcado pelos paradigmas socioambiental (Brasil 2006).
Posteriormente, seguimos para o Laboratório de Informática, onde continuamos
o conteúdo usando o simulador PhET. Devido às características didáticas do simulador
de visualizar e interagir com as partículas microscópicas por meio dos modelos
representativos, a abordagem usando esta ferramenta contribuiu significativamente para
a aprendizagem do conteúdo constatado a partir do desenvolvimento cognitivo dos
alunos observados na maneira como passaram a perceber, compreender e relacionar os
conceitos a partir das interações realizadas pelo simulador.
Embora não tivessem tido contato com um software de simulação e o desuso do
computador na escola, os alunos demonstraram na prática ter domínio e habilidade da
ferramenta computacional, interagindo facilmente com o simulador, como mostrado na
figura 1. Seguindo o tutorial respondiam as questões de investigação propostas.

Figure 1. Uso do Simulador PhET


Fonte: Própria do Autor
As tecnologias já estão integradas na vida social e cultural dos estudantes e é
dever da escola oportunizar os alunos a terem acesso a esses recursos que ora
encontram-se disponíveis nas instituições públicas estaduais, mas, são pouco usadas
como recurso didático ou mesmo são inseridas nos planejamentos bimestrais com o
intuito de melhorar a qualidade do ensino. Na questão 1, os alunos foram perguntados
se ao aquecer as partículas sólidas num sistema fechado, haveria alteração no estado
físico da matéria e de que maneira a pressão influenciara nesta mudança, o aluno A6
respondeu que “elas perdem energia e passam para o estado líquido e ao aumentar a
pressão, a temperatura diminui e o átomo perde a energia e entra para o estado
gasoso”.
Identificamos na resposta do aluno A6 uma confusão conceitual, pois na
pergunta afirmamos que as partículas são aquecidas. Isso implica dizer que a
temperatura aumenta e, conseqüentemente, a pressão também aumenta, e não o inverso
como afirmou o aluno. A resposta esperada/adequada para o fenômeno físico em

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discussão seria de que se o sistema é aquecido, logo, acarreta no aumento da


temperatura e consequentemente da pressão das partículas/moléculas, implicando,
portanto, na mudança do estado sólido para o estado líquido e posteriormente para o
gasoso. A resposta do aluno A12 está dentro do que consideramos esperado/adequado,
pois as relações conceituais foram feitas corretamente, como descrito: “Ao aquecer o
estado sólido as partículas começam a vibrar com intensidade e se agitam. A pressão é
aumentada”. Quando bem articulado e planejado, os simuladores sinalizam resultados
significativos na aprendizagem dos conceitos químicos, especialmente, dos fenômenos
microscópicos de difícil visualização.
Na segunda e última questão pedimos para que s alunos descrevessem o
comportamento da partícula/molécula no estado gasoso ao sofrer resfriamento. O aluno
A12 respondeu que “o estado gasoso ao se resfriar, as partículas começam a se
movimentar com pouca agitação, quanto mais aumenta o resfriamento, as partículas
vão se juntando até ficarem com pouca agitação”. O aluno A12 foi bem pontual em
descrever o resfriamento das partículas e usou com apropriação os conceitos científicos
do fenômeno físico em questão, o que nos permite inferir que ele sentiu menos
dificuldade em integrar os conceitos aprendidos na descrição do fenômeno simulado.
c) Aplicação do Conhecimento
Solicitamos que os alunos reelaborassem as perguntas formuladas na
problematização inicial usando os conhecimentos adquiridos nos encontros anteriores,
reelaborando-as com maior rigor e cientificidade. As perguntas estão descritas no
quadro 2 a seguir:
Quadro 2: Reelaboração dos Problemas Iniciais
CATEGORIAS PROBLEMAS REELABORADOS
Qual a diferença entre fenômeno químico e físico?
Fenômeno Físico e
Que relação as mudanças tem com a temperatura e a
Químico
pressão?
Mudança de Estado Como podemos saber o momento que ocorrem as
Físico mudanças de estados físicos da matéria?
No ponto de ebulição, o que define a mudança de
Efeito da
fase e por que as moléculas ficam muito agitadas
Temperatura
quando aquecidas?
Qual a ligação entre as mudanças climáticas e o
Mudanças do Clima aquecimento global e sua relação com o estado físico
da matéria?
Fonte: Própria do Autor
Observamos que as perguntas já apresentam mais rigor e objetividade.
Identificamos as palavras “relações, “temperatura”, “pressão”, “moléculas”
completando corretamente o sentido da pergunta. Portanto, os resultados apontam que
houve mudanças significativas na aprendizagem conceitual e cognitiva dos alunos,
sendo perceptíveis tanto na linguagem escrita, como também na organização lógica do
real sentido dos conceitos por eles estudados.
Nas respostas obtidas por meio do questionário de avaliação da abordagem
usando a simulação virtual, os alunos responderam: “[...] aprendi muito mais e minha
mente abriu pra esse universo da química (A1)”; “Ótima, conseguimos visualizar

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melhor, podemos compreender com uma facilidade imensa e imediata (A3)”; “Eu
avalio como uma boa forma de compreender e entender mais sobre a matéria (A6)”.

Os resultados apontam que a abordagem usando o software de simulação virtual


PhET mostrou-se como eficaz no ensino e aprendizagem dos conceitos químicos, pouco
assimilados apenas pelo método tradicional de ensino, que dificulta a construção dos
modelos mentais que facilitam o entendimento e compreensão das interações existentes
entre as partículas, bem como a influência dos fatores externos.

5 Considerações finais e Trabalhos Futuros


A análise dos registros mostrou que a abordagem do tema por meio da simulação virtual
foi bem aceita pelos alunos, pois, permitiu visualizar o fenômeno microscópico em
tempo real a partir das interações existentes entre as partículas. A aprendizagem do
conteúdo estados físicos da matéria foi evidenciada ao longo dos encontros por meio
dos exercícios avaliativos, levantamento de discussões e na maneira como descreviam o
fenômeno usando os conhecimentos científicos aprendidos nas aulas.
Enquanto ferramenta de aprendizagem, a simulação virtual contribuiu
significativamente com os modelos representativos dos fatores externos (temperatura e
pressão) e interações das partículas para a assimilação e compreensão dos conceitos
químicos dos estados físicos da matéria. Por suas características interativa, dinâmica e
de fácil manipulação, a simulação virtual despertou a curiosidade e o interesse dos
alunos que se divertiam enquanto aprendiam. O simulador PhET é bastante abrangente e
oferecem simulações em todos os campos da Química, podendo ser utilizado em todas
as séries do Ensino Médio.
Diante disso, como trabalho futuros pretendemos disseminar nas escolas da rede
pública estadual de Manaus os resultados positivos que podem ser alcançados com o
uso dos aparatos tecnológicos nas abordagens didáticas e metodológicas do ensino da
Química, os quais despertam a curiosidade dos alunos e os motivam buscar suas
próprias respostas para os problemas que surgem durante a investigação dos fenômenos.
Com efeito, alcançaremos os profissionais envolvidos no processo educativo para que
possam juntos repensar novas estratégias que culminem na aprendizagem significativa
dos alunos, além de por em prática as propostas dos documentos oficiais da educação.

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