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COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS

O que é uma má notícia?


 Qualquer informação que influencia negativamente a perspectiva de
futuro.
 Afeta o domínio cognitivo, emocional, comportamental e espiritual.
 Altera a dinâmica familiar.
 Uma preocupação comum é a de como a má notícia irá afetar o paciente,
sendo esta uma justificativa para o fato de escondê-la.
 De fato, a forma com que a má notícia é apresentada pode afetar a
compreensão dos pacientes sobre ela e o seu ajustamento à mesma.
 Os fatores mais importantes para pacientes quando recebem más notícias
são as competências do profissional, sua honestidade, atenção, o tempo,
um diagnóstico direto e compreensível e o uso de um linguajar claro.
 Os resultados de numerosos estudos mostram que os pacientes
geralmente desejam uma revelação franca e empática de um diagnóstico
terminal ou outras más notícias.
 Transmitir más notícias aos doentes pode gerar situações de estresse nos
profissionais de saúde, que, muitas vezes, tentam evitar essa tarefa
usando técnicas de distanciamento.
 A transmissão de uma má notícia deve ser alvo de uma preparação
prévia, ser efetuada num ambiente de privacidade, no tempo adequado,
estabelecendo uma relação terapêutica.
 A comunicação deve ser feita em linguagem compreensível, uma vez que
se está lidando com as reações do doente e dos seus familiares.
 É importante avaliar se o paciente está pronto para ouvir a notícia, o
quanto deseja saber, e só então seguir em doses pequenas de
informação, respeitando e acompanhando-lhe o ritmo.
 No ato de comunicar, é importante criar um clima de confiança não
apenas pelo que é dito, mas também pela compreensão mostrada na
expressão facial, no tom de voz e nos gestos.
 Não podemos nunca nos esquecer da comunicação não verbal, tal como
o toque, o silêncio, o contato visual, uma expressão facial reconfortante,
pois esses são elementos importantes para oferecer suporte emocional
ao doente.
 Não existem palavras certas para dar más notícias, contudo existem
vários princípios que permitem que as más notícias possam ser dadas de
forma sensível e de modo que o destinatário as compreenda.
 Nesse sentido, é pertinente realçar o protocolo SPIKES que pretende ser
um apoio para profissionais de saúde nos seu contato com os doentes e
familiares para a transmissão de informação sensível, nomeadamente
transmissão de más notícias.
 O Protocolo SPIKES possui seis etapas e o principal objetivo é habilitar o
profissional de saúde a recolher informações dos pacientes, fornecer
informação médica na linguagem que o paciente entenda, além de dar
suporte emocional ao paciente ou familiar.
 ETAPA 01: Planejando a entrevista
 Primeiro busque alguma privacidade, se não tiver uma sala, feche as
cortinas, tenha lenços de papel caso o paciente chore. Envolva pessoas
importantes, peça ao paciente para escolher um ou dois representantes
da família. Sente-se, isso demonstra que você não vai sair correndo da
conversa. Conecte-se com o paciente mantendo contato visual, se for
necessário toque no braço, segure sua mão, enfim, procure uma maneira
de se conectar e se assegure de que não será interrompido nem mesmo
pelo celular.
 ETAPA 02: Avaliando a percepção do paciente
 Pergunte antes de contar. Faça perguntas como “o que já lhe foi dito sobre
seu quadro clínico até agora?”. Nesse momento você terá a oportunidade
de corrigir desinformações e moldar a má notícia para a compreensão do
paciente.
 ETAPA 03: Obtendo o convite do paciente
 Enquanto a maioria dos pacientes demonstra o desejo de obter
informações detalhadas sobre a sua doença, evolução e tratamento,
outros preferem nem saber especialmente que tem doenças mais graves.
Nesse caso, você deve se colocar à disposição para sanar qualquer
dúvida futura ou para conversar com um familiar, quando for a vontade do
paciente.
 ETAPA 04: Dando conhecimento e informação ao paciente
 É necessário usar uma linguagem acessível ao paciente, evitando ser
muito duro ou frio com frases como “não há mais nada que possamos
fazer por você”. Até porque sempre tem algo que possamos fazer, como
o controle da dor ou outros sintomas, e melhorar assim a qualidade de
vida desse paciente. As informações podem ser passadas aos poucos,
certificando-se periodicamente de que o paciente ou familiar estejam
entendendo.
 ETAPA 05: Abordar as emoções dos pacientes com respostas
afetivas
 As reações emocionais dos pacientes podem variar desde o silêncio até
a incredulidade, choro, negação ou raiva. O médico pode oferecer apoio
e solidariedade ao paciente com uma resposta afetiva. “Posso ver como
isso lhe entristece” ou “sinto ter que lhe dizer isso” ou “isso também é
muito difícil para mim”, entre outras. É imprescindível dar apoio até que o
paciente se recomponha, dê o tempo necessário para que isso ocorra.
 ETAPA 06: Estratégia e resumo
 Antes de discutir um plano de tratamento, é importante perguntar ao
paciente se ele está pronto para essa discussão e se aquele é o momento
ideal. Quando a conduta é paliativa, é importante que o paciente entenda
cada parte do manejo e não superestime sua eficácia. Para isso, envolva-
o nas decisões e garanta a total compreensão.

Referências:
 AFONSO, S. B.C.; MINAYO, M. C. S. Notícias difíceis e o posicionamento
dos oncopediatras: revisão bibliográfica. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de
Janeiro, v. 18, n. 9, p. 2747-2756, 2013.
 GUARDA H, GALVÃO C, GONÇALVES M. Apoio à família. In: Barbosa
A, Neto IG, editores. Manual de Cuidados Paliativos. Lisboa: Faculdade
de Medicina de Lisboa, Centro de Bioética, Núcleo de Cuidados
Paliativos; 2006. p. 415
 LEAL F . Transmissão de más notícias. Revista Clínica Geral. 2003; (19):
40-3.
 MAGALHÃES J. Comunicação em cuidados paliativos: transmissão de
más notícias. Servir. 2005; 53(5): 219-25.
 MONTEIRO, D. T. et al. Morte: o difícil desfecho a ser comunicado pelos
médicos. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 15, n. 2, p. 547–567,
2015.
 PEREIRA M. Má notícia em saúde: um olhar sobre as representações dos
profissionais de saúde e cidadãos. Texto & Contexto Enferm. 2005; 14(1):
33-7.
 ROCHA A, PIRES M, Vilão Ó. Os dilemas dos profissionais de saúde.
Oncológica. 2004; (32): 34-6.

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