Aula 03

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 19

BIOÉTICA E FORMAÇÃO EM

SAÚDE
AULA 3

Prof. Vitor Mocelin Zacarkim


CONVERSA INICIAL

Bioética, tanatologia e a finitude da vida

Nos últimos anos, as práticas em saúde sofreram mudanças em


decorrência da rápida evolução técnico-científica. Com o surgimento de novos
recursos diagnósticos e terapêuticos, a assistência de saúde tornou-se mais
prática e fundamentada, beneficiando usuários, tratamento de sintomas ou
patologias. Neste sentido, profissionais de saúde têm se dedicado a sempre
buscar a cura e a qualidade de vida dos usuários.
Visto que propósitos curativos e a recuperação de pacientes consistem na
principal finalidade das profissões da área de saúde, ao se depararem com a
morte, esses profissionais tendem a apresentar sentimentos de insuficiência.
Embora estes tenham plena ciência do ciclo da vida, a impossibilidade de
recuperação de um paciente acarreta impotência, frustração, tristeza e luto.
Neste sentido, discussões referentes a morte e finitude da vida devem
estar presentes desde a formação acadêmica, auxiliando no preparo emocional
para enfrentamento dessas situações. Além disso, também é fundamental que
profissionais da saúde moldem seus valores e atitudes objetivando a atenção
integral ao usuário durante esse processo, reconhecendo a importância do
atendimento humanizado a pacientes e familiares diante das más notícias.

TEMA 1 – HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE E A COMUNICAÇÃO DE MÁS


NOTÍCIAS

Sob a ótica do paciente, a qualidade na assistência em saúde não está


vinculada apenas à disponibilidade de estrutura física, recursos tecnológicos e
profissionais de saúde qualificados. A percepção do paciente em relação à
qualidade de serviços de saúde é subjetiva, sendo assim, a perspectiva de
satisfação dos usuários também está vinculada às relações interpessoais,
incluindo aspectos como a humanização, hospitalidade e acolhimento (Boeger,
2011; Garcia et al., 2016).
O conceito de humanização é bastante amplo e de difícil definição. Por
um lado, a humanização está atrelada a atender o indivíduo holisticamente,
suprindo em totalidade suas necessidades psicológicas, físicas, sociais e
espirituais, baseando-se em qualidades, como a ética, empatia, solidariedade,

2
fidelidade, afeto, hospitalidade, paciência, atenção, entre outras. No âmbito da
saúde, de maneira geral podemos definir a humanização como um conjunto de
valores, atitudes e recursos inerentes à relação profissional-paciente,
englobando a compreensão integral do usuário, para além de sua condição de
doente (Martins; Slob, 2018; Garcia et al., 2016; Ferreira; Artmann, 2018).
Reconhecendo a importância da humanização em saúde, em 2003 o
Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Humanização (PNH). Esta
política tem como objetivo a aplicação dos princípios do Sistema Único de Saúde
(SUS), implicando em mudanças na assistência e na gestão de serviços de
saúde, influenciando na satisfação dos usuários e no aumento da qualidade da
saúde pública brasileira. Na perspectiva da PNH, a humanização não é vista
como um programa, mas sim como uma política aplicável em todos os cenários
de atenção e gestão do SUS, atuando a partir das seguintes diretrizes:

• Acolhimento: tem como objetivo a construção de uma relação satisfatória


entre o paciente e profissionais de saúde, por meio da escuta ativa e
qualificada frente às demandas apresentadas pelo indivíduo. Visa atender
com equidade e integralidade o usuário de acordo com sua
vulnerabilidade ou particularidade.
• Ambiência: consiste na criação de espaços físicos confortáveis e
acolhedores que auxiliam na criação de um ambiente de atendimento em
saúde humanizado.
• Gestão participativa e cogestão: refere-se à inclusão de novos sujeitos
nos processos de análise e decisão do gerenciamento em saúde.
• Clínica ampliada e compartilhada: refere-se a abordagem integral ao
paciente, considerando a complexidade de seu processo saúde-doença e
suas respectivas particularidades. Neste sentido, cabe ao profissional de
saúde o diálogo qualificado, envolvendo o paciente na tomada de decisão
relativa ao tratamento ou cuidado de saúde.
• Valorização do trabalhador: diretriz que inclui a visibilidade à
experiência dos profissionais do SUS, assegurando sua participação nos
espaços de gestão.
• Defesa dos direitos dos usuários: os serviços de saúde devem
incentivar o conhecimento dos usuários em relação aos seus direitos
garantidos por lei e assegurar que eles sejam cumpridos. Como o direito

3
ao acompanhante (nos casos previstos pela legislação) e o direito à
informação (Brasil, 2013; Brasil, 2010).

1.1 Comunicação de más notícias em saúde

Conforme abordamos no tópico acima, a humanização sob a perspectiva


da PNH engloba a abordagem integral ao usuário, considerando suas
particularidades, dignidade e autonomia, bem como o direito à informação,
inclusive sobre seu estado de saúde e processo doença. Com base na
concepção de humanização em saúde, a comunicação é ponto fundamental na
produção de efeitos desejáveis na relação profissional-paciente. Para Vogel &
colaboradores (2019) a comunicação em saúde está presente em diversos
cenários do cotidiano de profissionais da saúde, sendo que as “habilidades
comunicativas em profissionais de saúde permitem desencadear relações
interpessoais de qualidade”.
Leal-Seabra e Costa (2015) afirmam em sua pesquisa que a comunicação
adequada em saúde favorece a participação do paciente e seu envolvimento nas
decisões clínicas, promovendo o bem-estar, satisfação e adesão ao tratamento,
além de reduzir queixas relativas à conduta de profissionais da saúde.
Embora a comunicação seja um elemento rotineiro no cotidiano de
profissionais da área da saúde, estes nem sempre estão devidamente
preparados para transmitir informações ao paciente, sobretudo na comunicação
de más notícias. A má notícia pode ser conceituada como quaisquer informações
que envolvam temática desagradável ou aborrecedora relacionada a um impacto
negativo ou mudança drástica na vida do paciente, alterando suas perspectivas
futuras e seu prognóstico (Fontes et al., 2017; Vogel et al., 2019).
Sob esta perspectiva, as más notícias são atribuídas às doenças graves
ou terminais, tais como as neoplasias, ou problemas de saúde que interferem na
qualidade de vida do paciente, ou ainda, notícias relacionadas à morte ou a sua
aproximação. A comunicação de más notícias geralmente é realizada ao
cuidador principal, familiar ou diretamente ao próprio paciente, tendo impacto
direto a quem recebe e transmite tais informações, gerando estresse e angústia
aos envolvidos neste processo (Leal-Seabra; Costa, 2015; Fontes et al., 2017;
Vogel et al., 2019).
A inabilidade de profissionais de saúde na comunicação de más notícias
pode acarretar reações negativas ao paciente ou seus familiares, de tal modo
4
que eles jamais esquecerão. Neste cenário, torna-se de suma importância que
os profissionais que compõe a equipe multiprofissional de saúde tenham
conhecimento quanto à abordagem apropriada de más notícias, contribuindo
para humanização do serviço que participam (Fontes et al., 2017).
Pesquisadores da área têm se dedicado na criação de instrumentos que
facilitem a aquisição e compreensão destas habilidades. Neste sentido, o
protocolo SPIKES é um exemplo de instrumento para um novo modelo de
comunicação com pacientes e familiares, sobretudo na comunicação de más
notícias. Com a adoção desta ferramenta, o profissional da saúde sente-se mais
seguro para repassar as informações necessárias, viabilizando que o paciente
ou familiar receba a notícia da melhor forma possível. Esse protocolo é composto
por seis passos, sendo eles:

• S – Setting up (preparando-se para o encontro): ensaiar a conversa


mentalmente pode ajudar você a se preparar. Escolha um local silencioso,
privado e tranquilo para a abordagem. Busque escutar o paciente e
demonstre atenção. Recomenda-se que o paciente esteja acompanhado
por um familiar, a fim de auxiliar no suporte emocional.
• P – Perception (percebendo o paciente): antes de comunicar a notícia,
questione o paciente quanto ao seu grau de informação em relação ao
seu estado atual de saúde e quais suas expectativas. Busque usar
perguntas abertas.
• I – Invitation (convidando para o diálogo): você precisa identificar a
quantidade de informação que o paciente deseja saber. Caso ele
expresse vontade de saber integralmente seu estado de saúde este
deverá ser informado. Entretanto, caso o paciente não queira saber
integralmente as informações relativas à sua saúde, ofereça compartilhá-
las com um familiar ou retornar posteriormente.
• K – Knowledge (transmitindo as informações): informe o paciente que
você não trará boas notícias. Isto poderá diminuir o impacto da
comunicação da má notícia. Transmita as informações de maneira clara,
com linguagem compatível ao entendimento do paciente.
• E – Emotions (expressando emoções): ofereça suporte emocional e
expresse empatia e solidariedade ao paciente.

5
• S – Strategy and summary (resumindo e organizando estratégias):
demostre ao paciente que ele não está só. Apresente uma estratégia de
abordagem de enfrentamento do problema, seja ela de suporte,
terapêutica, paliativa, entre outras (Cruz; Rieira, 2016).

TEMA 2 – REFLEXÕES ACERCA DA MORTE PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE

As atitudes humanas de enfrentamento acerca do processo de morte e


morrer são resultado de experiências pessoais em relação à morte, bem como
da influência de concepções sociais, culturais, religiosos, espirituais e filosóficos.
Em grande parte das pessoas, a morte gera sentimentos negativos, tais
como o medo, angústia, sofrimento e ansiedade. Atualmente, a visão perante a
morte é resultante de fatores sociais que incluem a carência de debates sobre a
temática em escolas e universidades, bem como o processo de “hospitalização
da morte” (Lima et al., 2017).
Até o começo do século XX, na sociedade ocidental, o momento da morte
era caracterizado pela presença do doente em seu leito, próximo de entes
queridos e amigos, possibilitando a despedida e realização de rituais religiosos
no próprio domicílio. A partir da expansão de serviços de saúde e da evolução
tecnológica deste setor, o processo de morte passou a ocorrer nos hospitais.
(Lima et al., 2017; Costa; Duarte, 2019).
Essa migração de local acarretou mudanças na percepção social perante
a morte, tornando este processo temeroso e dramático. Outro problema
decorrente da “hospitalização da morte” é que, por muitas vezes, há
estranhamento dos familiares em participar deste processo, acarretando
processo de falecimento sem a presença de amigos e familiares (Lima et al.,
2017; Costa; Duarte, 2019).
Por mais que culturalmente tentemos abstrair a morte, inevitavelmente ela
faz parte do ciclo vital de todo o ser humano. Entretanto, refletir acerca da morte
nos gera uma angústia existencial e sentimentos de ansiedade e apreensão
perante a temática. Pensar sobre a própria morte suscita questionamentos sobre
nossa existência, nossas escolhas e sobre como estamos vivendo. Refletir sobre
a própria mortalidade, bem como o hábito de discutir, dialogar, estudar e pensar
sobre o processo de morte pode auxiliar na quebra deste estranhamento perante
a finitude da vida (Farber, 2013; Lima et al., 2017).

6
Nas práticas em saúde, rotineiramente profissionais se deparam com
situações complicadas que envolvem a dor e o sofrimento físico, psicológico,
social e espirituais. Embora estas situações façam parte do cotidiano de
profissionais do setor de saúde, estudos apontam o despreparo dos mesmos
frente a essas temáticas. O modelo de saúde atual baseia-se na prevenção,
diagnóstico, tratamento e reabilitação frente às patologias ou problemas de
saúde. Entretanto, tal modelo tem se mostrado ineficiente frente às doenças sem
cura ou avançadas, tais como as neoplasias, doenças neurodegenerativas,
doenças infecciosas incuráveis, problemas cardiovasculares avançados, dentre
outras (Lima et al., 2017).
Outro problema dos sistemas de saúde frente o processo de morte e
morrer é a inexistência ou escassez de políticas e práticas que impliquem aos
profissionais de saúde habilidades frente a finitude da vida. Além disto, os
currículos dos cursos da área de saúde apresentam limitações frente ao tema, o
que fomenta na formação acadêmica deficitária (Lima et al., 2017; Costa; Duarte,
2019).
Tais fatores resultam na dificuldade de profissionais de saúde em lidar
com questões voltadas à morte e a terminalidade, complicando a abordagem
holística ao paciente e seus familiares. Costa e Duarte (2019) afirmam que
especialistas propõem “o estudo da “ética na morte” durante a formação de
profissionais da saúde, de modo a estabelecer reflexões éticas relativas ao
cuidado no morrer”.
No enfrentamento, as doenças sem possibilidades terapêuticas ou a
processos que envolvam a terminalidade, é fundamental a presença de
profissionais de saúde na abordagem do paciente e de seus familiares. O
estabelecimento de algumas ações prévias pode facilitar o processo de luto dos
familiares, incluindo o preparo do cuidador principal, medidas educativas e
preventivas para familiares (Farber, 2013).
Também se faz necessária a abordagem multiprofissional do paciente em
sua totalidade, abordando aspectos físicos, psicológicos, espirituais, emocionais
e sociais. O cuidado adequado ao paciente em terminalidade, promovendo seu
bem-estar, qualidade de vida e alívio de sintomas resultam na morte digna e
tranquila. Práticas de cuidado espiritual também são de grande valia, incluindo o
apoio emocional e a escuta empática, conforme aceitabilidade do paciente. Além
disto, após o falecimento do paciente, é fundamental que a equipe de saúde

7
preste o devido apoio e solidariedade aos familiares e amigos, auxiliando em seu
processo de luto e enfrentamento diante à perda (Farber, 2013).

TEMA 3 – ASPECTOS ÉTICOS E CONCEITOS EM TANATOLOGIA

A tanatologia é uma disciplina que tem como finalidade o estudo científico


sobre a morte e o processo de morrer. Além de saberes relativos a aspectos
médicos e científicos da morte, a tanatologia alia conhecimentos das ciências
humanas e sociais na significância da morte e do processo de morrer para o
indivíduo e seus familiares, bem como para aqueles em fase de luto. Neste
sentido, Farber (2013) afirma que as ciências da saúde encontram na tanatologia
recursos e instrumentos que norteiam ações neste contexto.
Sendo assim, é fundamental que todos os profissionais de saúde que
assistem pacientes com doenças incuráveis e ameaçadoras à vida tenham pleno
conhecimento dos conceitos alvos de reflexões e discussões bioéticas acerca da
morte e da terminalidade. Neste sentido, se faz necessária a abordagem de
conceitos como a eutanásia, mistanásia, distanásia, suicídio assistido e cuidados
paliativos.

3.1 Eutanásia e suicídio assistido

Brandalise e colaboradores (2018) afirmam que o “suicídio assistido e a


eutanásia são práticas realizadas para abreviar a vida de pacientes que estão
em sofrimento insuportável e sem perspectiva de melhora”. A eutanásia consiste
no ato intencional de proporcionar ao indivíduo uma morte indolor visando alívio
de dor e sofrimento acarretados por doença incurável. Desta maneira, a
eutanásia ativa caracteriza-se quando um terceiro, a pedido do doente,
administra-lhe substância letal, abreviando-lhe a vida e consequentemente
aliviando seu sofrimento físico, psicológico, emocional e espiritual.
Por outro lado, no suicídio assistido o paciente, de forma intencional, com
ajuda de terceiros, põe fim à própria vida, ingerindo ou autoadministrando
medicamentos ou agentes letais. Práticas de eutanásia e suicídios assistidos são
permitidas e regulamentadas em diversos países para pacientes com doenças
terminais irreversíveis, aliadas ao sofrimento físico ou mental insuportável e
constante que não pode ser aliviado, tal como no câncer avançado por exemplo,
desde que haja um pedido livre e voluntário do paciente. Holanda, Luxemburgo,

8
Canadá, Bélgica e Colômbia são exemplos de nações que adotaram a permissão
e regulamentação de tais práticas, desde que seguidas as exigências e
disposições da lei. Na Suíça não há lei proibitiva para execução de suicídio
assistido, embora tal prática não seja permitida se a motivação for a liberação de
vagas em leitos de hospitais ou a minimização de gastos financeiros de
familiares relativos à manutenção do doente (Brandelise et al., 2018; Costa;
Duarte, 2019).
No Brasil, a eutanásia e o suicídio assistido são práticas proibidas e são
caracterizadas como homicídio piedoso ou instigação ou auxílio ao suicídio,
passíveis de pena frente ao Código Penal Brasileiro. O Código de Ética Médica
(CEM) também proíbe tais práticas, a partir do seu artigo n. 41 que veda ao
médico abreviar a vida de alguém, ainda que a pedido deste ou de seu
representante legal (Ferreira; Porto, 2019; Brandelise et al., 2018).

3.2 Distanásia, ortotanásia e cuidados paliativos

A distanásia caracteriza-se pela prática de procedimentos, métodos e


técnicas que prolongam exageradamente o processo de morte de um paciente
incurável. Trata-se de ações realizadas por profissionais de saúde com objetivo
de salvar um doente fora de possibilidades terapêuticas. Na distanásia, há uma
aplicação exacerbada de procedimentos que não mudarão o curso natural da
doença, caracterizando-se em futilidade terapêutica (Costa; Duarte, 2019).
Já a ortotanásia tem sua origem etimológica associada à “morte correta”.
Neste sentido, na concepção da ortotanásia, pacientes portadores de doenças
incuráveis avançadas devem ter seu processo de morte da maneira mais
tranquila e com menor sofrimento possível, viabilizando-se uma morte natural
(Costa; Duarte, 2019; Ferreira; Porto, 2019).
Sendo assim, na ortotanásia, fica restrito o uso de procedimentos ou
tecnologias que visam prolongar artificialmente a vida de um paciente portador
de doença terminal. Nestes casos, a suspensão ou limitação de suporte
terapêutico evita o sofrimento desnecessário do paciente, sem antecipar sua
morte. Na ortotanásia, o processo de morte natural é viabilizado, uma vez que a
morte não é antecipada (eutanásia) ou prolongada (distanásia) (Costa; Duarte,
2019; Ferreira; Porto, 2019).
Na perspectiva de pacientes com doenças ameaçadoras à vida e “fora de
possibilidades de cura” surge a perspectiva dos Cuidados Paliativos. Os
9
Cuidados Paliativos têm por finalidade prestar cuidados integrais ao paciente e
seus familiares, visando o controle de sintomas, minimização do sofrimento e
aumento da qualidade de vida por meio de uma equipe multiprofissional.
Na abordagem paliativa, o paciente é abordado em sua totalidade, ou
seja, trata para além de seus sintomas físicos e dor. Considera o paciente um
ser biopsicossocial, abordando também suas questões psicológicas e espirituais,
sua autonomia, e proporcionando uma finitude digna (Caveião et al., 2018).
No âmbito dos cuidados paliativos, a sedação paliativa não deve ser
confundida com eutanásia. A primeira consiste no uso de medicamentos
sedativos para aliviar sintomas intratáveis ou refratários na fase final de vida de
um doente incurável. Por exemplo, um doente portador de enfermidade
avançada com franca dispneia (falta de ar) que não teve seu sintoma aliviado
por meio de medidas já estabelecidas pode beneficiar-se da sedação paliativa
para minimização do seu sofrimento. Já na eutanásia, conforme abordamos no
decorrer deste tema, a partir da aplicação de substância letal, provoca a morte
do paciente (Menezes; Figueiredo, 2019).

3.3 Mistanásia

O termo mistanásia é relativo a “morte infeliz”, derivando dos termos


gregos mys (infeliz) e thanathos (morte). Caracteriza-se por uma morte
miserável, precoce e evitável em decorrência da violação do direito à saúde,
especialmente no que se refere aos indivíduos vulneráveis e desfavorecidos
socialmente. Na grande parte dos casos, a mistanásia atinge os excluídos do
seio social no que se diz respeito a falta de acesso a infraestrutura, serviços de
saúde e condições mínimas para a manutenção de uma vida digna (Ferreira;
Porto, 2019).
Na mistanásia, a morte ocorre por problemas sociais, econômicos ou
políticos, incluindo a pobreza, violência e exclusão social. Neste sentido, faz-se
necessária a conscientização e atuação de governantes e autoridades na
criação de programas sociais e políticas públicas que garantam o acesso a
saúde, educação, moradia e outros aspectos básicos para subsistência humana
(Ferreira; Porto, 2019; Jorge Filho, 2017).

10
TEMA 4 – DIRETIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE

No início do século XX, as condutas médicas eram baseadas no


paternalismo, em que o médico toma decisões sem consultar as escolhas ou
preferências do paciente. Sendo assim, neste período, o médico era o único
responsável em relação aos procedimentos a serem executados no paciente,
incluindo os gravemente enfermos, portadores de condições irreversíveis ou em
terminalidade.
Gradativamente, com o passar do tempo e com base em discussões
éticas e sociais, o protagonismo e a autonomia do paciente passaram a ser
levados em consideração pelos profissionais de saúde. Desta maneira, hoje o
paciente participa ativamente na tomada de decisão sobre seu estado de saúde,
bem como nas determinações relacionadas a procedimentos terapêuticos ou
paliativos (Nogario et al., 2020; Veatch, 2014).
Com a intensão de promoção do livre exercício da autonomia do paciente
frente ao seu processo saúde-doença, foi publicada em 2012 pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM) a resolução de n. 1995, que dispõe sobre as
Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV).
As DAV são consideradas a expressão oficial documentada dos desejos,
prévia e expressamente manifestados pelo paciente em relação aos
tratamentos, procedimentos ou cuidados que ele quer, ou não, receber caso
fique incapacitado de expressar autonomamente sua vontade (Nogario et al.,
2020; Gomes et al., 2018).
Com o estabelecimento das DAV, é assegurado ao paciente recusar-se a
tratamentos inúteis que não proporcionam a sua cura ou alívio de sintomas, os
quais apenas prolongam sua dor e sofrimento, caracterizando-se em atos de
distanásia.
A partir desse instrumento, a autonomia do indivíduo perante a
terminalidade é preservada, já que por meio deste o paciente expressa sua
vontade em receber suporte intensivo, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação
mecânica, dieta enteral ou parenteral, fluídos intravenosos, medicamentos, entre
outros (Gomes et al., 2018).
O estabelecimento e as aplicações das DAV estão intimamente ligados
aos Cuidados Paliativos. Esse instrumento pode ser caracterizado em dois
diferentes tipos: o primeiro consiste na expressão do próprio enfermo em relação

11
aos procedimentos terapêuticos ou cuidados que poderá sofrer futuramente,
sendo que sua manifestação é relatada quando ele ainda está apto a tomar
decisões; já o segundo difere-se por determinar um representante elegido pelo
paciente, que terá o poder de decisão frente a tratamentos médicos enquanto o
paciente estiver incapacitado a longo prazo (Nogario et al., 2020).
Esse instrumento baseia-se nos princípios bioéticos tais como a
autonomia, beneficência e não maleficência, assegurando ao paciente a morte
digna de acordo com seus desejos, evitando-se a obstinação ou futilidade
terapêutica. Por esse ângulo, a aplicação das DAV traz inúmeros benefícios, não
somente ao paciente, mas também ao seus familiares e profissionais de saúde.
Como prós, o estabelecimento de uma diretiva norteia e oferece respaldo
à equipe de saúde, resolvendo muitos problemas morais e bioéticos que podem
surgir diante da incapacidade do paciente.
As DAV também auxiliam no manejo de possíveis conflitos entre
profissionais de saúde e familiares, pois ambos os grupos podem basear-se no
respeito à autonomia do paciente, minimizando, assim, desconfortos, dúvidas,
indecisões e, até mesmo, implicações legais, uma vez que a real vontade do
paciente está devidamente documentada (Nogario et al., 2020; Cogo et al.,
2017).
Apesar da importância da temática, discussões relativas às DAV são
pouco abordadas em nossa sociedade, inclusive por profissionais de saúde. Tal
fato deve-se à inexistência da descrição de tal instrumento na legislação
brasileira, ficando restrita sua abordagem aos conselhos profissionais da área
da saúde.
Outros fatores que agem como barreira na implementação das DAV são
as crenças e parâmetros culturais que, muitas vezes, tendem a negar a
naturalidade da morte, buscando incessantemente a cura, mesmo quando ela já
não é mais possível (Nogario et al., 2020).
Com base no conteúdo apresentado, podemos concluir que os
profissionais da saúde devam visar o cumprimento das vontades dos pacientes,
assegurando-lhes a sua dignidade.
A partir das DAV, esses direitos são garantidos ao indivíduo fora de
possibilidades terapêuticas, cabendo à equipe de saúde promover valores e
atitudes pautadas na bioética, auxiliando o paciente e familiares neste processo.

12
TEMA 5 – DILEMAS ACERCA DA MORTE ENCEFÁLICA

Para Santos, Moraes e Massarollo (2012) “comunicar a morte de um


paciente é, provavelmente, uma das tarefas mais difíceis que os profissionais de
saúde têm de enfrentar, pois implica um forte impacto psicológico aos familiares”.
Todavia, ao pensarmos a respeito da morte encefálica, a comunicação desta má
notícia pode trazer consigo impactos ainda maiores.
Por se tratar de uma pauta muito recente, muitas pessoas ainda não
compreendem o conceito de morte encefálica, gerando angústia, aflição e
dúvidas aos familiares, colocando profissionais de saúde frente a dilemas.
Historicamente, a morte foi associada e reconhecida exclusivamente por
critérios relacionados ao não funcionamento das funções cardiorrespiratórias.
Entretanto, a partir do século XX, avanços nas ciências da saúde, tais
como o desenvolvimento de novos fármacos, suporte intensivo e o advento da
ventilação mecânica permitiram a manutenção das funções pulmonares e
cardiovasculares em pacientes com danos neurológicos severos e irreversíveis.
Tal fato, consequentemente, suscitou em novos debates em relação ao que era
compreendido como o conceito de morte (Rodrigues Filho; Junges, 2015).
Sem dúvida, outro fato que despertou interesse de profissionais da saúde
e pesquisadores frente ao estudo da morte e morte encefálica foi o advento do
transplante de órgãos e tecidos. O primeiro transplante cardíaco em humanos
realizado com sucesso foi realizado pelo cirurgião Christiaan Barnard, em 3 de
dezembro de 1967, no Hospital Groote Schuur, na África do Sul. A partir da
realização de transplantes cardíacos, surgiram reflexões a respeito da definição
de morte (Silva, 2008).
Neste sentido, o conceito de morte relacionado à cessação respiratória e
parada cardíaca foi descaracterizado, surgindo, assim, o conceito de morte
relacionado à atividade cerebral. Essa mudança conceitual gerou inúmeros
problemas de ordem técnica e ética, que ainda são palco de discussões até os
dias de hoje, já que envolve aspectos científicos, sociais, culturais, religiosos,
políticos, entre outros (Oguisso; Schimdt, 2019).

13
A obra de Veatch (2014) cita três posicionamentos gerais em relação ao
conceito de morte, sendo estes:

• Morte cardíaca: perda irreversível das funções cardiorrespiratórias.


• Morte encefálica: perda irreversível das funções do encéfalo, em sua
totalidade.
• Morte das funções superiores do cérebro: relaciona-se à perda
irreversível das áreas do cérebro responsáveis pela consciência e outras
funções essenciais.

Com o surgimento desses conceitos, entidades profissionais se


dedicaram na criação de normativas para regulamentação de procedimentos
relacionados à morte encefálica, auxiliando técnico e eticamente os profissionais
envolvidos neste processo. Atualmente, a regulamentação vigente quanto aos
critérios diagnósticos da morte encefálica no Brasil é a resolução n. 2.173 de
2017 do CFM. Além de estabelecer aspectos técnicos quanto à realização de
exames comprovadores da morte encefálica, a presente resolução também
assegura a dignidade e a segurança do paciente frente a esses procedimentos
(Oguisso; Schimdt, 2019).
Neste cenário, a morte encefálica gera impactos severos para família,
incluindo a tomada de decisão sobre a doação de órgãos e tecidos do ente
falecido. Entretanto, tal situação também é passível de inúmeras discussões de
ordem bioética. A morte encefálica é equivalente à morte? Os aparelhos que dão
suporte a vida podem ser desligados diante da morte encefálica? Quem deve ser
o responsável por decidir se os órgãos serão ou não doados? É eticamente
correto designar um responsável para essa tomada de decisão quanto ao corpo
de outrem (Santos; Moraes; Massarollo, 2012)?
Aspectos sociais, culturais, religiosos, espirituais e políticos estão
envolvidos nesses dilemas presentes no cotidiano de profissionais de saúde.
Cabe a estes prestar atendimento humanizado a familiares diante da
situação de morte encefálica, incluindo sentimentos de solidariedade, apoio,
empatia, entre outros. Ressaltamos, ainda, que a autonomia do paciente deve
ser respeitada, caso ele tenha manifestado desejo de doação de órgãos.

14
NA PRÁTICA

Dilemas bioéticos relacionados à assistência em cuidados paliativos e ao


enfrentamento do processo de morte e morrer são comuns no cotidiano de
profissionais de saúde.
Vamos supor o seguinte caso: paciente de 55 anos, sexo feminino,
portadora de neoplasia mamária do tipo carcinoma ductal invasivo, estadiamento
clínico IV.
A paciente em questão apresenta múltiplas metástases pulmonares,
hepáticas, ósseas e de sistema nervoso central, caracterizando a doença como
incurável. Em decorrência da progressão óssea da doença, a partir da invasão
de estruturas da coluna cervical e torácica, a paciente apresenta dificuldade de
locomover-se e muita dor, utilizando opioides para tratamento álgico. Também
apresenta sinais e sintomas de desnutrição, dificuldade respiratória e fadiga.
Após apresentar dispneia franca, a paciente dá entrada em um Pronto
Atendimento de um hospital geral próximo de sua residência, acompanhada de
sua filha de 25 anos. Ao chegar na instituição, durante a consulta de triagem, a
filha informa o diagnóstico da mãe e que ela estabeleceu Diretivas Antecipadas
de Vontade (DAV) perante o manejo do seu quadro.
Sem saber do que se tratava a DAV, o enfermeiro encaminhou a paciente
para sala de emergência e impediu a entrada da filha, alegando que se tratava
de uma situação de urgência. Ao ser admitida no setor, o médico sob auxílio da
equipe de enfermagem e do fisioterapeuta realizou uma intubação endotraqueal,
estabelecendo-se, assim, a ventilação mecânica para a manutenção artificial da
função respiratória da paciente. Ela ainda foi encaminhada para Unidade de
Terapia Intensiva (UTI), onde a nutricionista indicou a passagem de uma sonda
nasoenteral, alegando que a paciente estava desnutrida.
Após 24 horas da admissão na UTI, a paciente sofreu uma parada
cardiorrespiratória e foi a óbito. A paciente faleceu desacompanhada, longe de
seus entes queridos, uma vez que na UTI da instituição não era permitida a
permanência de acompanhantes.
Diante do caso que apresentamos, quais erros foram cometidos pelos
profissionais de saúde em relação à paciente e aos seus familiares? Quais
princípios bioéticos foram desrespeitados? Os profissionais e a instituição de
saúde podem sofrer consequências legais perante o caso apresentado?

15
FINALIZANDO

Nesta aula, abordamos os principais dilemas enfrentados por profissionais


de saúde no enfrentamento a morte e terminalidade, bem como seus fatores
facilitadores e dificultadores. Em relação às decisões clínicas frente às doenças
avançadas, conclui-se que a autonomia do paciente é soberana no que se diz
respeito à execução de procedimentos ou tratamentos.
Cabe à equipe de saúde prestar atendimento integral ao paciente,
abordando questões psicológicas, emocionais, sociais, espirituais e físicas,
viabilizando a finitude digna. Também se faz necessário o envolvimento de
familiares nesse processo, incluindo assistência e apoio para o enfrentamento
perante a perda e o luto.

16
REFERÊNCIAS

BOEGER, M. Hotelaria Hospitalar. 1. ed. Barueri: Manole, 2011. (Coleção


Manuais de Especialização Albert Einstein)

BRANDALISE, V. B. et al. Suicídio assistido e eutanásia na perspectiva de


profissionais e acadêmicos de um hospital universitário. Rev. Bioét., Brasília, v.
26, n. 2, p. 217-227, June, 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional


de Humanização. HumanizaSUS: documento base para gestores e
trabalhadores do SUS. Brasília: 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional


de Humanização. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização - PNH. 1ª
ed. 1ª reimpr. Brasília: 2013.

CAVEIÃO, C. et al. Publicações internacionais em enfermagem sobre cuidados


paliativos. Enfermagem Brasil, São Paulo, v.17, n. 1, p. 55-66, 2018.

COGO, S. B. et al. Assistência ao doente terminal: vantagens na aplicabilidade


das diretivas antecipadas de vontade no contexto hospitalar. Rev. Gaúcha
Enferm., Porto Alegre, v. 38, n. 4, p. 1-8, 2017.

COSTA, B. P.; DUARTE, L. A. Reflexões bioéticas sobre finitude da vida,


cuidados paliativos e fisioterapia. Rev. Bioét., Brasília, v. 27, n. 3, p. 510-515,
Sept. 2019.

CRUZ, C. O.; RIERA, R. Comunicando más notícias: o protocolo SPIKES. Diagn.


Tratamento, São Paulo, v. 21, n. 3, p. 106-8, 2016.

FARBER, S. S. Tanatologia clínica e cuidados paliativos: facilitadores do luto


oncológico pediátrico. Cad. saúde colet., Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 267-271,
Sept. 2013.

FERREIRA, L. R.; ARTMANN, E. Discursos sobre humanização: profissionais e


usuários em uma instituição complexa de saúde. Ciênc. saúde coletiva, Rio de
Janeiro, v. 23, n. 5, p. 1437-1450, maio. 2018.

FERREIRA, S.; PORTO, D. Mistanásia × Qualidade de vida. Rev. Bioét.,


Brasília, v. 27, n. 2, p. 191-195. June, 2019.

17
FONTES, C. M. B. et al. Comunicação de más notícias: revisão integrativa de
literatura na enfermagem. Rev. Bras. Enferm., Brasília, v. 70, n. 5, p. 1089-1095,
Oct. 2017.

GARCIA, I. F. et al. Humanização na Hotelaria Hospitalar: um diferencial no


cuidado com o paciente. Revista Saúde e Desenvolvimento, Curitiba, v. 10, n.
5, p. 197-207, jul-dez. 2016.

GOMES, B. M. M. et al. Diretivas antecipadas de vontade em geriatria. Rev.


Bioét., Brasília, v. 26, n. 3, p. 429-439, Dec. 2018.

JORGE FILHO, I. Bioética: fundamentos e reflexões. 1. ed. Rio de Janeiro:


Atheneu, 2017.

LEAL-SEABRA, F.; COSTA, M. J. Comunicação de más notícias pelos médicos


no primeiro ano de internato: um estudo exploratório. FEM, Barcelona, v. 18, n.
6, p. 387-395, dez, 2015.

LIMA, R. et al. A morte e o processo de morrer: ainda é preciso conversar sobre


isso. Rev. Min. Enferm., Belo Horizonte, v. 21, e. 1040, p. 1-4, 2017.

MARTINS, A. M. F.; SLOB, E. M. G. B. O Idoso e a Humanização do Ambiente


Hospitalar: Contribuições para a Enfermagem. Revista Saúde e
Desenvolvimento, Curitiba, v. 12, n. 13, p. 176-189, 2018.

MENEZES, M. S.; FIGUEIREDO, M. G. M. C. A. O papel da sedação paliativa


no fim da vida: aspectos médicos e éticos - Revisão. Rev. Bras. Anestesiol.,
Campinas, v. 69, n. 1, p. 72-77. Jan, 2019.

NOGARIO, A. C. D. et al. Implementação de diretivas antecipadas de vontade:


facilidades e dificuldades vivenciadas por equipes de cuidados paliativos. Rev.
Gaúcha Enferm., Porto Alegre, v. 41, e20190399, p. 1-6, 2020.

OGUISSO, T.; SCHMIDT, M. J. O exercício da enfermagem: uma abordagem


ético-legal. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Kogan, 2019.

RODRIGUES FILHO, E. M.; JUNGES, J. R. Morte encefálica: uma discussão


encerrada?. Rev. Bioét., Brasília, v. 23, n. 3, p. 485-494, Dec. 2015.

SANTOS, M. J.; MORAES, E. L.; MASSAROLLO, M. C. K. B. Comunicação de


más notícias: dilemas éticos frente à situação de morte encefálica. O Mundo da
Saúde, São Paulo, v. 1, n. 36, p. 34-40, 2012.

18
SILVA, P. R. Transplante cardíaco e cardiopulmonar: 100 anos de história e 40
de existência. Rev Bras Cir Cardiovasc, São José do Rio Preto, v. 23, n. 1, p.
145-152, Mar. 2008.

VEATCH, R. M. Bioética. 3. ed. São Paulo: Pearson Education, 2014.

VOGEL, K. P. et al. Comunicação de Más Notícias: Ferramenta Essencial na


Graduação Médica. Rev. bras. educ. med., Brasília, v. 43, n. 1, supl. 1, p. 314-
321, 2019.

19

Você também pode gostar