Aula 03
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SAÚDE
AULA 3
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fidelidade, afeto, hospitalidade, paciência, atenção, entre outras. No âmbito da
saúde, de maneira geral podemos definir a humanização como um conjunto de
valores, atitudes e recursos inerentes à relação profissional-paciente,
englobando a compreensão integral do usuário, para além de sua condição de
doente (Martins; Slob, 2018; Garcia et al., 2016; Ferreira; Artmann, 2018).
Reconhecendo a importância da humanização em saúde, em 2003 o
Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Humanização (PNH). Esta
política tem como objetivo a aplicação dos princípios do Sistema Único de Saúde
(SUS), implicando em mudanças na assistência e na gestão de serviços de
saúde, influenciando na satisfação dos usuários e no aumento da qualidade da
saúde pública brasileira. Na perspectiva da PNH, a humanização não é vista
como um programa, mas sim como uma política aplicável em todos os cenários
de atenção e gestão do SUS, atuando a partir das seguintes diretrizes:
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ao acompanhante (nos casos previstos pela legislação) e o direito à
informação (Brasil, 2013; Brasil, 2010).
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• S – Strategy and summary (resumindo e organizando estratégias):
demostre ao paciente que ele não está só. Apresente uma estratégia de
abordagem de enfrentamento do problema, seja ela de suporte,
terapêutica, paliativa, entre outras (Cruz; Rieira, 2016).
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Nas práticas em saúde, rotineiramente profissionais se deparam com
situações complicadas que envolvem a dor e o sofrimento físico, psicológico,
social e espirituais. Embora estas situações façam parte do cotidiano de
profissionais do setor de saúde, estudos apontam o despreparo dos mesmos
frente a essas temáticas. O modelo de saúde atual baseia-se na prevenção,
diagnóstico, tratamento e reabilitação frente às patologias ou problemas de
saúde. Entretanto, tal modelo tem se mostrado ineficiente frente às doenças sem
cura ou avançadas, tais como as neoplasias, doenças neurodegenerativas,
doenças infecciosas incuráveis, problemas cardiovasculares avançados, dentre
outras (Lima et al., 2017).
Outro problema dos sistemas de saúde frente o processo de morte e
morrer é a inexistência ou escassez de políticas e práticas que impliquem aos
profissionais de saúde habilidades frente a finitude da vida. Além disto, os
currículos dos cursos da área de saúde apresentam limitações frente ao tema, o
que fomenta na formação acadêmica deficitária (Lima et al., 2017; Costa; Duarte,
2019).
Tais fatores resultam na dificuldade de profissionais de saúde em lidar
com questões voltadas à morte e a terminalidade, complicando a abordagem
holística ao paciente e seus familiares. Costa e Duarte (2019) afirmam que
especialistas propõem “o estudo da “ética na morte” durante a formação de
profissionais da saúde, de modo a estabelecer reflexões éticas relativas ao
cuidado no morrer”.
No enfrentamento, as doenças sem possibilidades terapêuticas ou a
processos que envolvam a terminalidade, é fundamental a presença de
profissionais de saúde na abordagem do paciente e de seus familiares. O
estabelecimento de algumas ações prévias pode facilitar o processo de luto dos
familiares, incluindo o preparo do cuidador principal, medidas educativas e
preventivas para familiares (Farber, 2013).
Também se faz necessária a abordagem multiprofissional do paciente em
sua totalidade, abordando aspectos físicos, psicológicos, espirituais, emocionais
e sociais. O cuidado adequado ao paciente em terminalidade, promovendo seu
bem-estar, qualidade de vida e alívio de sintomas resultam na morte digna e
tranquila. Práticas de cuidado espiritual também são de grande valia, incluindo o
apoio emocional e a escuta empática, conforme aceitabilidade do paciente. Além
disto, após o falecimento do paciente, é fundamental que a equipe de saúde
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preste o devido apoio e solidariedade aos familiares e amigos, auxiliando em seu
processo de luto e enfrentamento diante à perda (Farber, 2013).
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Canadá, Bélgica e Colômbia são exemplos de nações que adotaram a permissão
e regulamentação de tais práticas, desde que seguidas as exigências e
disposições da lei. Na Suíça não há lei proibitiva para execução de suicídio
assistido, embora tal prática não seja permitida se a motivação for a liberação de
vagas em leitos de hospitais ou a minimização de gastos financeiros de
familiares relativos à manutenção do doente (Brandelise et al., 2018; Costa;
Duarte, 2019).
No Brasil, a eutanásia e o suicídio assistido são práticas proibidas e são
caracterizadas como homicídio piedoso ou instigação ou auxílio ao suicídio,
passíveis de pena frente ao Código Penal Brasileiro. O Código de Ética Médica
(CEM) também proíbe tais práticas, a partir do seu artigo n. 41 que veda ao
médico abreviar a vida de alguém, ainda que a pedido deste ou de seu
representante legal (Ferreira; Porto, 2019; Brandelise et al., 2018).
3.3 Mistanásia
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TEMA 4 – DIRETIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE
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aos procedimentos terapêuticos ou cuidados que poderá sofrer futuramente,
sendo que sua manifestação é relatada quando ele ainda está apto a tomar
decisões; já o segundo difere-se por determinar um representante elegido pelo
paciente, que terá o poder de decisão frente a tratamentos médicos enquanto o
paciente estiver incapacitado a longo prazo (Nogario et al., 2020).
Esse instrumento baseia-se nos princípios bioéticos tais como a
autonomia, beneficência e não maleficência, assegurando ao paciente a morte
digna de acordo com seus desejos, evitando-se a obstinação ou futilidade
terapêutica. Por esse ângulo, a aplicação das DAV traz inúmeros benefícios, não
somente ao paciente, mas também ao seus familiares e profissionais de saúde.
Como prós, o estabelecimento de uma diretiva norteia e oferece respaldo
à equipe de saúde, resolvendo muitos problemas morais e bioéticos que podem
surgir diante da incapacidade do paciente.
As DAV também auxiliam no manejo de possíveis conflitos entre
profissionais de saúde e familiares, pois ambos os grupos podem basear-se no
respeito à autonomia do paciente, minimizando, assim, desconfortos, dúvidas,
indecisões e, até mesmo, implicações legais, uma vez que a real vontade do
paciente está devidamente documentada (Nogario et al., 2020; Cogo et al.,
2017).
Apesar da importância da temática, discussões relativas às DAV são
pouco abordadas em nossa sociedade, inclusive por profissionais de saúde. Tal
fato deve-se à inexistência da descrição de tal instrumento na legislação
brasileira, ficando restrita sua abordagem aos conselhos profissionais da área
da saúde.
Outros fatores que agem como barreira na implementação das DAV são
as crenças e parâmetros culturais que, muitas vezes, tendem a negar a
naturalidade da morte, buscando incessantemente a cura, mesmo quando ela já
não é mais possível (Nogario et al., 2020).
Com base no conteúdo apresentado, podemos concluir que os
profissionais da saúde devam visar o cumprimento das vontades dos pacientes,
assegurando-lhes a sua dignidade.
A partir das DAV, esses direitos são garantidos ao indivíduo fora de
possibilidades terapêuticas, cabendo à equipe de saúde promover valores e
atitudes pautadas na bioética, auxiliando o paciente e familiares neste processo.
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TEMA 5 – DILEMAS ACERCA DA MORTE ENCEFÁLICA
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A obra de Veatch (2014) cita três posicionamentos gerais em relação ao
conceito de morte, sendo estes:
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NA PRÁTICA
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FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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FONTES, C. M. B. et al. Comunicação de más notícias: revisão integrativa de
literatura na enfermagem. Rev. Bras. Enferm., Brasília, v. 70, n. 5, p. 1089-1095,
Oct. 2017.
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SILVA, P. R. Transplante cardíaco e cardiopulmonar: 100 anos de história e 40
de existência. Rev Bras Cir Cardiovasc, São José do Rio Preto, v. 23, n. 1, p.
145-152, Mar. 2008.
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