RMMG - Revista Médica de Minas Gerais - Pneumotórax Espontâneo em Paciente Jovem - Relato de Caso
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RELATO DE CASO
Glendha Stephanie Martins1; Luana Turrissi1; Amanda Oliva Spaziani1; Laura dos Reis Ch
Cinthia Abílio1; Talita Costa Barbosa1; Leonardo Faidiga2; Raissa Silva Frota1,3; Ana Carolina B
Gorga4; Gustavo Faleiro Barbosa1; Raulcilaine Érica dos-Santos1; André Lanza Rizzo
Fernando Rocha5
RESUMO
Pode ser associado à profissionais que tocam instrumentos de sopro, pois as aspirações dos
longas e agressivas que são necessárias para o manuseio do instrumento culmina com a dimin
do volume corrente e consequentemente flutuações das pressões das vias aéreas, alter
importantes dos níveis de pressão expiratória final positiva (PEEP) e barotraumas. O pneumo
espontâneo também pode estar associado a afecções do tipo pneumonite por hipersensibilidade
são típicas nesse grupo de profissionais.20
O pneumotórax faz-se equivalente como primário uma vez que há ausência de alguma d
pulmonar já estabelecida, diferentemente do pneumotórax espontâneo secundário no qual
moléstia pulmonar sempre se associa com o quadro - exemplos: doença pulmonar obstrutiva cr
infecção pelo fungo Pneumocystis jirovecii (geralmente em pacientes portadores do víru
imunodeficiência humana ou imunodeprimidos), neoplasias, fibrose cística, síndrome de Mar
granuloma eosinofílico.4
No que se refere ao pneumotórax espontâneo primário, ainda é discutido se sua única causa s
rotura de lesões enfisematosas do pulmão (do inglês emphysema-like changes - ELC) as cham
blebs (vesículas enfisematosas subpleurais) e bullae (bolhas enfisematosas subpleurais), peq
sacos de ar formados entre a pleura e o tecido pulmonar que ao sofrerem ruptura espont
conduzem o ar para a cavidade pleural causando o pneumotórax espontâneo primário.6
Nesse sentido, estudos feitos com técnicas de fluorescência durante toracoscopia demonst
áreas de anormalidade distintas das zonas de ELC, caracterizadas por regiões porosas d
produzidas por processos inflamatórios, que também permitem a passagem de ar.2,7
Por fim, a tomografia computadorizada de tórax pode ser de suma importância para a
precisamente lesões do parênquima pulmonar e/ou mediastino. Há inúmeras alternativas terapê
para abordagem de pneumotórax espontâneo primário, podendo variar de acordo com os qu
clínicos encontrados, considerando as diferenças conforme a causa etiológica, volume e faixa etá
Paciente do sexo masculino, com 23 anos de idade, procurou um centro hospitalar no nor
paulista e deu entrada com queixa de dor torácica à direita e dispneia intensa há cinco dias. Re
início do quadro álgico torácico direito há dois meses, com piora gradual há quinze dias e evo
para dor de intensidade 10, pela escala verbal-numérica, há cinco dias em região subcostal direi
tipo pontada, em repouso, sem fatores de melhora ou piora, associada a náuseas e sem irradiaç
Julgou necessário procurar o pronto atendimento devido a dispneia presente aos mínimos esfor
agravada ao decúbito, tosse produtiva e dorsalgia persistente nos últimos cinco dias. Dura
atendimento, o paciente informou ser tabagista, etilista e usuário de drogas ilícitas, maconha e
de forma esporádica.
O abdome encontrava-se atípico, flácido, normotenso, com ruídos hidroaéreos presentes, ausên
cicatrizes, ausência de massas palpáveis, ausência de visceromegalias, indolor à palpação supe
e profunda, percussão sem indicação de hepatomegalia, esplenomegalia e espaço de traube
anatômico, sem sinais de macicez móvel e sem demais alterações clínicas.
:
Apresentava leucocitose sem desvio de 12500/mm3 no hemograma, tendo sorologias e testes rá
negativos.
No raio X de tórax apresentava pneumotórax de grande volume (< 3 cm) à direita, além diss
apresentava doença pulmonar subjacente, caracterizando um pneumotórax espontâneo do
primário.
Foi instituída então analgesia, ofertado oxigênio em cateter nasal, 1L/min, realizada dren
torácica em selo d'água e internação hospitalar que evoluiu sem intercorrências, permitin
paciente obter alta hospitalar em oito dias.
:
Figura 1. Radiografia de tórax: admissional (à esquerda); pneumotórax hipertensiv
região pulmonar direita (à direita).
DISCUSSÃO
O uso de drogas ilícitas como a maconha produz danos semelhantes àqueles atribuídos ao tabac
responsável por gerar o desenvolvimento de grandes bullae na periferia do ápice dos pulm
Contudo, o tempo de exposição à Cannabis é capaz de gerar as alterações e levar ao pneumo
porém essas modificações causadas são menores quando comparadas ao tempo necessár
exposição ao tabaco, devido possuírem mecanismos distintos de inalação entre a maconha
cigarro. É essencial que o usuário dessas substâncias interrompa o seu uso para evitar a recor
do pneumotórax espontâneo primário.9,11,12
Apresentam-se como outros fatores de risco para pneumotórax espontâneo primário, idade ent
e 34 anos e baixa massa corpórea. O fator hereditariedade também deve ser conside
Normalmente a ocorrência é em estado de repouso, mas podem vir à tona casos precipit
durante atividades físicas, em locais com altas altitudes e diferença de pressão. Além disso,
estudos são necessários para definir melhor os grupos de risco e a real incidência de recorrên
pneumotórax espontâneo secundário na população.13,14
Os Blebs têm origem com ruptura alveolar, seguida pelo ar passando através do septo interlobul
a região subpleural, descolando-a e formando uma vesícula enfisematosa subpleural.
deslocamento provocado pelo enfisema intersticial subpleural é pequeno, diferentemente da
que se trata de lesão enfisematosa pulmonar acinar distal ou parasseptal.
Em 1967, classificou-se o enfisema bolhoso, que origina as bullae em três tipos distintos: prim
formado por pequena quantidade de tecido pulmonar hiperinsuflado com base estreita
parênquima pulmonar no interior; segundo por sua vez é constituído por hiperinsu
relativamente menor com base larga, usualmente com parênquima no interior; terceiro corresp
a hiperinsuflação de uma grande parte do pulmão que alcança o hilo pulmonar, sem borda defin
com parênquima preenchendo toda a bolha.2
Uma toracoscopia realizada utilizando técnicas com fluorescência evidenciou que havia loca
vazamento de ar para o espaço pleural mesmo em áreas que pareciam sem alteração sob
branca comum. Desse modo, pode-se inferir que o processo patológico associado ao pneumo
espontâneo primário vai além da presença das lesões enfisematosas do pulmão e a ruptura d
bleb ou bullae pode não ser a única causa nem o único local de vazamentos de ar para o e
pleural.7,15,16
Em casos mais significativos como enfisema subcutâneo (condição clínica que ocorre quando
penetra nos tecidos sob a pele graças às rupturas aveolares), comum em pacientes na unida
terapia intensiva, devido uma saída acidental de tubo de drenagem torácica e acomodação do
compartimentos extraaveolarares, penetrando o tecido conjuntivo frouxo até chegar no media
em doente com pneumotórax espontâneo secundário e fístula broncopleural.
O paciente deve ser controlado periodicamente após a alta hospitalar, sendo necessários ex
clínicos e radiológicos. Recomenda-se não realizar esforço físico no primeiro mês após a al
atividades profissionais e sociais que não envolvam o esforço citado previamente podem ser libe
após quinze dias de resolução total do quadro de pneumotórax, garantindo a inexistênc
surgimento de fístula aérea ou problemas relacionados à expansão total pulmonar.1
É recomendado também que o paciente tabagista cesse o hábito, pois o tabagismo aumenta a c
de recidiva de pneumotórax espontâneo primário.19
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de 2020.
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