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Aula 1

Princípios Básicos do Behaviorismo

Profrª. Christiane Delúsia


Disciplina: As teorias cognitivo-
comportamentais
Objetivos:

- Definir comportamento;
- Relacionar comportamento e adaptabilidade;
- Apresentar as propriedades do reflexo inato.
 1. O que é comportamento? 2.
Qual a função do comportamento? 3. Como uma personalidade e/ou repertório comp
ortamental é
formado? 4. Como a espécie humana selecionou comportamentos ao longo do seu des
envolvimento
filogenético para que pudesse se adaptar, prosperar e evoluir? 5. Qual a função do refle
xo inato? 6.
Qual a relação entre os reflexos inatos e as condições neurológicas em um desenvolvim
ento normal
(reflexo de: Moro, Babinski, pupilar etc) e qual a utilidade desses reflexos para adaptabili
dade da
espécie? Por exemplo: Reflexo da Sucção. O que aconteceria a espécie se ao longo do
desenvolvimento filogenético não tivéssemos selecionado esse comportamento do refle
xo da sucção e
tivéssemos que aprender a sugar e a engolir? Qual a relação entre os reflexos inatos e a
s condições neurológicas em um desenvolvimento normal
(reflexo de: Moro, Babinski, pupilar etc) e qual a utilidade desses reflexos para adaptabili
dade da
espécie? Por exemplo: Reflexo da Sucção. O que aconteceria a espécie se ao longo do
desenvolvimento filogenético não tivéssemos selecionado esse comportamento do refle
xo da sucção e tivéssemos que aprender a sugar e a engolir?
Reflexos inatos

 Alteração no ambiente que produz uma


alteração no organismo (no corpo);
 “Preparação mínima” do organismos para
começar a interagir com o ambiente e para
ter chance de sobreviver;
 Todos os animais apresentam reflexos inatos;
 Fazem parte do comportamento desde o
nascimento, por isso são chamados reflexos
inatos;
Ex.: Quando a luz incide sobre a pupila, ela se contrai;
Quando entra em lugar muito quente começa a suar;
Reflexo

 Linguagem cotidiana = resposta


 Psicologia = relação entre o que o
individuo fez e o que aconteceu
antes de ele fazer.

É UMA RELAÇÃO ENTRE


ESTIMULO E RESPOSTA
Estímulo e resposta
(em relação a comportamento)
 S – parte ou mudança em uma parte do
ambiente;
 R – mudança no organismo;
 Reflexo – relações entre um estímulo e uma
resposta na qual o estímulo elicia a resposta;

S R
Evento S R
Cisco no olho
Sineta do jantar
Ruborização
Luz no olho
Lacrimejo
Arrepio
Salivação
Leis do reflexo
 São as constâncias nas relações entre estímulos e
respostas;

1 - Lei da intensidade – magnitude


A intensidade de um estimulo é diretamente proporcional
à magnitude da resposta.
Leis do reflexo
2 - Lei do limiar
Para todo reflexo existe uma intensidade mínima do
estimulo necessária para que a resposta seja eliciada
Leis do reflexo
3 - Lei da latência
Tempo ocorrido entre a apresentação do estímulo e a
ocorrência da resposta.
Quanto maior a intensidade do estímulo, menos a latência
entre a apresentação desse estimulo e a ocorrência da
resposta
Quanto maior a
intensidade do
estímulo, maior a
duração da
resposta
Efeitos de eliciações
sucessivas da resposta:
habituação e potenciação

Quando o mesmo estímulo


é apresentado várias vezes
em curtos intervalos de
tempo, na mesma
intensidade, podemos
observar um decréscimo
na magnitude da resposta.
Efeitos de eliciações
sucessivas da resposta:
habituação e potenciação

Para alguns reflexos, o efeito de eliciações


sucessivas é exatamente o oposto da habituação
Reflexo e os estudos das
emoções
 As emoções surgem em função de
determinadas situações, de determinados
contextos, podendo também ser pensamento,
lembrança, música, palavra.

 Reflexos inatos são comportamentos


característicos das espécies, desenvolvidos ao
longo da filogênese.
Reflexo aprendido:
Condicionamento Pavloviano

Processo e
procedimento
pelos quais os
organismos
aprendem novos
reflexos
Condicionamento Pavloviano
e o estudo das emoções
 Se os organismos podem aprender novos
reflexos, podem também aprender a sentir
emoções (respostas emocionais) que não
estão presentes em seu repertório
comportamental quando nascem;
 Um reflexo é condicionado a partir de outro
existente;
 É difícil controlar as emoções pois elas são
respostas reflexas (respondentes).
Generalização respondente

 Após um condicionamento, estímulos


semelhantes fisicamente ao estimulo
condicionado podem passar a eliciar a
resposta condicionada em questão.

 Em alguns casos a resposta condicionada


pode ocorrer na presença de partes do
estimulo condicionado;
Gradiente de generalização

 Variação da magnitude da resposta em


função das semelhanças físicas entre os
estímulos
Extinção respondente

 Diminuição gradual da força de um reflexo pela


apresentação repetida do estimulo
condicionado na ausência do estimulo
condicionado.
 Ex: Som do aparelho do dentista sem dor.
Recuperação espontânea

 Reaparecimento de uma resposta


condicionada ou não condicionada após
um período de extinção, porém com menor
força;
Contracondicionamento

 Condicionar uma resposta contrária a


produzida pelo estimulo condicionado;
Dessensibilização
sistemática
 Consiste em dividir o processo de extinção
em pequenos passos;
 Behaviorismo é um conjunto de ideias sobre
a análise do comportamento, não a
ciência em si;
 Watson (fundador do behaviorismo),
atacou a ideia de que a psicologia era a
ciência da mente, assinalando que nem
introspecção nem analogias com a
consciência animal produziam os resultados
que pudessem ser produzidos pelos
métodos de outras ciências.
Idealismo e Materialismo

 Para o idealismo, as causas dos fenômenos


comportamentais estão nas ideias, ou seja, o
comportamento se baseia em causas
imaginárias e constructos hipotéticos,
distanciando-se da dimensão física e natural do
homem;
 Ex. de concepções idealistas: as atribuições causais dos povos primitivos
para causa das doenças, da pouca produtividade nas colheitas, das
pragas, pestes ou entre outros, era determinada pelo deus Sol, pela Lua...por
forças cósmicas não alcançadas pelo homem. Nada se podia fazer para
evitar.

 Esse tipo de concepção é chamada de


idealismo objetivo, no qual as causas dos
fenômenos estão fora do organismo;
 Idealismo subjetivo, as causas dos
fenômenos são constructos hipotéticos e
imaginários, mas que se situam dentro do
indivíduo e não fora dele (Camillo, 1988).
 Ex.: psicanálise e o cognitivismo, para as
quais, em geral, as causas dos
comportamentos estão no inconsciente ou
nos processos mentais, respectivamente.
 Parece existir uma circularidade muito
grande nessa argumentação, pois, ao
mesmo tempo em que o comportamento é
causado pelo inconsciente ou pelos ditos
processos mentais, a única prova de
existência dos mesmos é o próprio
comportamento (Matos, 1993).
 Para o behaviorismo radical, todos os
fenômenos estão em uma dimensão
natural, saindo de um dualismo mente x
corpo, no qual um conceito metafísico
(mente, inconsciente, ego etc.) é
responsável pelo comportamento, para
uma concepção monista de homem.
 A ideia não gera comportamento, pois
tanto os eventos comportamentais quanto
as ideias estão em uma mesma dimensão
natural.
 As explicações sobre os fenômenos
comportamentais devem ser feitas através
de causas naturais, reais e passíveis de
observação, ainda que só do próprio
indivíduo que observa.
Causa do Comportamento

Se uma ideia não causa um


comportamento, o que o causa?
Como explicar a raiva, a paixão, o
ódio?...
Causa do Comportamento

 Para o behaviorismo radical, a paixão, a


raiva, o ódio etc., são os próprios
comportamentos;
 O behaviorismo radical não nega
sentimentos, emoções ou a importância da
significação de uma experiência para um
indivíduo, porém não toma emoções,
sentimentos, nem a significação deles como
causa dos comportamentos, e, sim, como
maneiras de se comportar.
 A análise do comportamento é um
modalidade de discurso psicológico crítico
dessa visão de homem e da correspondente
sobrevalorização do que ocorre
privadamente ao indivíduo.
 Não ignora a chamada “experiência
subjetiva”, ou deixa de reconhecê-la como
constitutiva do fenômeno comportamental,
mas não atribui a esses eventos uma
centralidade na explicação do
comportamento humano;
 Busca na relação do homem com o mundo
uma explicação tanto para sua experiência
subjetiva quanto para seu comportamento
publicamente partilhado” (Tourinho, 2001).
 Para o behaviorismo radical, a causa do
comportamento não está dentro do
indivíduo, em alguma instância causadora
ou mediadora do comportamento, mas,
sim, no ambiente, mesmo que seja o
ambiente interno (o próprio organismo),
uma vez que o organismo é considerado
parte do ambiente.
 O comportamento é a relação do
organismo com o ambiente, levando em
consideração a estrutura genética e a
história de vida do referido organismo;
 Watson rejeitava a introspecção como meio
para se obter informações e conhecimento;
 Adotou como critério o observável consensual,
o que estivesse fora desse critério não poderia
ser estudado;
 Não negava a existência da mente ou de
processos cognitivos, mas afastava-se deles,
pois não havia como estudá-los, uma vez que
são eventos inacessíveis à observação e não
poderiam ser tomados como ponto de partida
para o estudo do comportamento, nem como
causa dele (Matos, 1993)
 Postura dualista pois a mente e os processos
mentais estão em uma dimensão e os
comportamentos em outra;
 Mecanicista porque transmite uma ideia causal
de encadeamento unidirecional, sequencial e
linear;
 Determinista, pois para toda resposta existiria
um estímulo eliciador específico;
 Reducionista, pois reduziu e igualou o homem
a uma máquina;
 Alguns behavioristas rejeitaram esse modelo
e assumiram uma outra postura, em que o
estímulos ambientais gerariam nas pessoas
processos mentais que seriam a causa do
comportamento - behaviorismo mediacional,
no qual processos cognitivos mentais
mediariam a ação dos estímulos ambientais
no organismo, maneira de pensar ainda
dualista e mecanicista. Atualmente,
chama-se esse tipo de behaviorismo de
cognitivismo (Matos, 1993).
 Com esse paradigma S→R, a teoria de
Watson apresentava grandes problemas para
explicar uma série de comportamentos. Então
Skinner explica comportamentos que não
cabem no paradigma estímulo-resposta a
partir da noção de comportamento
operante.

 O comportamento operante é aquele cuja


causa primeira não está determinada, mas
cuja consequência pode ser observada
 Skinner não rejeitou a introspecção, ele a
aceitou, mas não como método, e, sim,
enquanto um tipo de comportamento verbal
(Matos,1993). Ele a aceitou como forma de
observação e obtenção de conhecimento
sobre o próprio indivíduo.
 Outro motivo de grande confusão para
muitas pessoas é a noção de ambiente no
behaviorismo radical de Skinner.
 Algumas pessoas só conseguem entender
ambiente como físico estrutural (a casa, a
escola etc.), enquanto para Skinner,
ambiente inclui o ambiente social com todo
o tipo de relação pessoal, interpessoal e
com o próprio ambiente. Por isso, mesmo
morando na mesma casa, tendo os mesmos
pais, estudando na mesma escola e tendo
a mesma carga genética (gêmeos
univitelíneos), se encontram pessoas
diferentes, pois o ambiente físico pode ser o
mesmo, mas o ambiente social não.
 Uma das críticas infundadas sobre o
behaviorismo radical é que ele não aceitaria
nada que tenha a palavra INCONSCIENTE.
 Não aceita inconsciente enquanto estrutura
causadora e controladora do
comportamento, enquanto “lugar” onde
ficam guardados determinados materiais,
memórias sobre acontecimentos da vida.
 Comportar-se de maneira inconsciente é não
estar consciente do comportamento
enquanto todo; é não estar ciente do porquê
do comportamento ou de que o
comportamento é função, nem das suas
consequências. É não poder descrever as
relações funcionais entre contexto e
comportamento (Skinner, 1991).
 Outro grande problema que o behaviorismo
radical enfrenta é a associação
inadequada que as pessoas fazem com o
nome de certos processos estudados nessa
corrente da Psicologia. Fala-se em punição,
condicionamento e... pronto!
 O behaviorismo radical fala em punição,
reforço, condicionamento, extinção
enquanto processos que permitem certos
comportamentos, e não porque defenda
nenhum desses processos em detrimento de
outros
 Condicionamento, para o behaviorismo
radical, é dar condições para que o sujeito
possa se comportar de forma consciente e
de acordo com as consequências dos seus
comportamentos - e não transformar o
repertório comportamental de uma pessoa
em comportamento reflexo, levando-a a se
comportar segundo o paradigma S→R;
Referências:

 MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. Princípios básicos de anál


ise do comportamento. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.
 BAUM, W.
Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura e
evolução. 3. ed. Porto
 Guimarães, R. P
Deixando o preconceito de lado e entendendo o Behavio
rismo Radical, onde os autores
refutam as tradicionais críticas ingênuas ao behaviorismo.
Psicol. cienc. prof. 23 (3) • Set 2003

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