História Eclesiástica Antiga e Medieval
História Eclesiástica Antiga e Medieval
História Eclesiástica Antiga e Medieval
ANTIGA E MEDIEVAL
PROF. ME. MARCOS EDUARDO PINTINHA
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do
Nascimento
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Diretoria EAD:
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Primeiramente, deixo uma frase de Novakowski
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios
não vale a pena ser vivida.” PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Cada um de nós tem uma grande Diagramação:
responsabilidade sobre as escolhas que Alan Michel Bariani
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida Thiago Bruno Peraro
acadêmica e profissional, refletindo diretamente
em nossa vida pessoal e em nossas relações Revisão Textual:
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade
é exigente e busca por tecnologia, informação
Camila Adão barbosa
e conhecimento advindos de profissionais que Camila Cristiane Moreschi
possuam novas habilidades para liderança e Fernando Sachetti Bomfim
sobrevivência no mercado de trabalho. Patrícia Garcia Costa
De fato, a tecnologia e a comunicação Produção Audiovisual:
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, Adriano Vieira Marques
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
nos proporcionando momentos inesquecíveis.
Márcio Alexandre Júnior Lara
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Osmar da Conceição Calisto
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade,
capaz de formar cidadãos integrantes de uma Gestão de Produção:
sociedade justa, preparados para o mercado de Cristiane Alves
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
01
DISCIPLINA:
HISTÓRIA ECLESIÁSTICA: ANTIGA E MEDIEVAL
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................4
1. ESTUDO DA HISTÓRIA ECLESIÁSTICA....................................................................................................................5
2. FONTES DA HISTÓRIA ECLESIÁSTICA....................................................................................................................8
3. PAULO DE TARSO..................................................................................................................................................... 14
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................24
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
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Sejam imitadores de Deus como filhos queridos. Vivam no amor, assim como
o Cristo nos amou e se entregou a Deus por nós, como oferta e vítima, como
perfume agradável (EFÉSIOS 4, 1-2).
[...] o saber refletir, o saber fazer, o saber sentir, o saber conviver e o saber ser
visando a conhecer o campo teológico, a refletir construindo suas articulações e
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Com efeito, num mesmo Espírito fomos batizados todos nós, para sermos um só
corpo, ou sejamos judeus ou gentios, ou servos ou livres, e todos temos bebido
de um só espírito (1 CORÍNTIOS 12, 13).
A História é construída pelas fontes. A fonte histórica é tudo aquilo que possa fornecer
informações sobre os acontecimentos do passado, não são apenas os documentos escritos, também
os fósseis, as construções, os edifícios e objetos que carregam os vestígios e a memória daquele
período histórico. Para Boschi (2007, p. 33) é nesse “[...] diálogo com as fontes que começa a
interpretação histórica e surgem as semelhanças e as diferenças em relação às análises elaboradas
por outros pesquisadores”.
No prólogo do Evangelho, Lucas afirma que depois de uma acurada investigação escreve
sobre os acontecimentos, os seus escritos são a única fonte de reconstrução da narrativa apostólica
da história do cristianismo primitivo até o Concílio Apostólico. No livro dos Atos dos Apóstolos,
relata acontecimentos entre o final do primeiro século e começo do segundo, o grupo de apóstolos
A Carta a Diogneto é considerada uma joia da literatura cristã primitiva, surgiu para
responder à curiosidade de um pagão culto, desejoso de conhecer a nova religião que se espalhava
pelas províncias do Império Romano. O autor permanece desconhecido, mas existe a hipótese de
que o autor desta Apologia possa ser Quadrato, que apresentou esta carta ao imperador Adriano,
um texto dos primeiros tempos do cristianismo que teria sido escrita em Atenas, antes dos anos
70.
Os cristãos, de fato, não se distinguem dos outros homens, nem por sua terra,
nem por língua ou costumes. Com efeito, não moram em cidades próprias, nem
falam língua estranha, nem têm algum modo especial de viver. Sua doutrina não
foi inventada por eles, graças ao talento e especulação de homens curiosos, nem
professam, como outros, algum ensinamento humano. Pelo contrário, vivendo
em cidades gregas e bárbaras, conforme a sorte de cada um, e adaptando-se aos
costumes do lugar quanto à roupa, ao alimento e ao resto, testemunham um
modo de vida social admirável e, sem dúvida, paradoxal. Vivem na sua pátria,
mas como forasteiros; participam de tudo como cristãos e suportam tudo como
estrangeiros. Toda pátria estrangeira é pátria deles, e cada pátria é estrangeira.
Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos.
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Põem a mesa é comum, mas não o leito; estão na carne, mas não vivem
segundo a carne; moram na terra, mas têm sua cidadania no céu; obedecem
às leis estabelecidas, mas com sua vida ultrapassam as leis; amam a todos e são
perseguidos por todos; são desconhecidos e, apesar disso, condenados; são
mortos e, desse modo, lhes é dada a vida; são pobres, e enriquecem a muitos;
carecem de tudo, e têm abundância de tudo; são desprezados e, no desprezo,
tornam-se glorificados; são amaldiçoados e, depois, proclamados justos; são
injuriados, e bendizem; são maltratados, e honram; fazem o bem, e são punidos
como malfeitores; são condenados, e se alegram como se recebessem a vida.
Pelos judeus são combatidos como estrangeiros, pelos gregos são perseguidos,
e aqueles que os odeiam não saberiam dizer o motivo do ódio (CARTA A
DIOGNETO, 2020, p. 19).
Outra fonte muito utilizada é o autor Eusébio de Cesareia. Conhecido como o “pai da
história eclesiástica”, e devido às suas obras históricas também recebeu o título de “Heródoto
cristão”. No território do Império Romano, existiam muitas cidades com o mesmo nome de
Cesareia, nome utilizado para homenagear o imperador César, para diferenciarmos a cidade de
Eusébio: era a capital da província da Judeia, a sua fundação remonta ao período do Império
Persa, foi conhecida com outros nomes, mas foi no período do governador da Judeia Herodes,
Eusébio de Cesareia nasceu entre os anos 260 e 265 d.C., provavelmente em Cesareia,
na Palestina, entre o período da perseguição dos cristãos por Valeriano I (258-260) e o reinado
de Galiano (264-265), tornou-se sacerdote e foi sagrado bispo no ano 311. Considerado como
um intelectual tanto da literatura profana quanto sagrada, e pelo trabalho em elaborar extratos e
sumários da história dos primeiros séculos do cristianismo.
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Tais as notícias de Josefo sobre João. Igualmente faz memória de nosso Salvador,
no decurso da mesma obra, como segue: ‘Nesta época, viveu Jesus, um homem
Foi só depois do batismo no rio Jordão que teve início a missão de Jesus. João Batista é
apresentado no Evangelho de São Marcos como o mensageiro, porta-voz que clamava no deserto e
preparava o caminho da vinda do Salvador. João batizava com água, um ritual de arrependimento
e purificação dos pecados, ou seja, a preparação para a salvação, ainda afirmava que depois
dele viria alguém mais forte que batizaria com o Espírito Santo. Vivia em uma região muito
afastada das grandes cidades, João consumia os alimentos mais simples, inclusive mel silvestre
e gafanhotos. Ele acreditava em uma antiga profecia, segundo a qual Deus enviaria um novo rei
Davi para libertar a Palestina do domínio estrangeiro.
João Batista foi um profeta com muitos seguidores na Judeia, mesmo depois de 50 anos
de sua morte, em Éfeso, os apóstolos de Jesus encontram discípulos de João Batista, como o
judeu, chamado Apolo, natural de Alexandria. “[...] Era um homem eloquente e versado nas
Escrituras. Tinha sido instruído no caminho do Senhor e, no fervor do espírito, falava e ensinava
com exatidão o que se refere a Jesus, embora só conhecesse o batismo de João” (ATOS DOS
APÓSTOLOS 18, 24-25).
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Como descrito pelo evangelista Lucas, João Batista foi mais do que um simples profeta,
enviado como um mensageiro para preparar o caminho e dar testemunho de Jesus Cristo. Era
“[...] a Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor” (LUCAS 3, 4-6). Por isso,
afirma Lucas “[...] que dentre os nascidos de mulher não há um maior do que João” (LUCAS 7,
28).
A atividade de Jesus não era tão diferente dos outros mestres judeus daquela época. Como
outros rabis, andava de um lugar para outro levando sua mensagem, mas desde o começo o povo
reconheceu que Jesus era diferente, que a sua mensagem era incomum. Não que sua doutrina
era completamente nova e única, porque tanto Jesus como os outros rabis tencionavam expor
o significado do Antigo Testamento. Porém, o que era bem diverso no caso Dele era a estrutura
dentro da qual situou sua doutrina. Jesus fez questão de levar sua mensagem a toda classe de
pessoas que era considerada impura pelos judeus: os leprosos, prostitutas, coletores de impostos,
afirmando: “[...] Não são os que têm saúde que precisam de médicos, mas os doentes. Eu não vim
chamar justos, mas pecadores” (MARCOS 2, 17).
Os fariseus davam ênfase às ações externas que pudessem ser avaliadas e reguladas pela
lei. Jesus denunciava os fariseus e acreditava que era possível guardar todas as normas e, mesmo
assim, não agradar a Deus. Por isso, em toda sua doutrina ele estava mais preocupado com a
pessoa e não com a sua aparência, ou seja, para Jesus elas seriam reconhecidas pelas suas ações e
pelos frutos.
[...] Pelos seus frutos os conhecereis. Por acaso colhem-se uvas dos espinheiros
ou figos dos cardos? Do mesmo modo, toda árvore boa dá bons frutos, mas a
árvore má dá frutos ruins. Uma árvore boa não pode dar frutos ruins, nem uma
árvore má dar bons frutos. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e
lançada ao fogo. É pelos seus frutos, portanto, que os reconhecereis (MATEUS
7, 16-20).
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[...] a palavra ‘pagão’, habitante do pagus, aldeia rural, acabará por significar o
‘não-cristão’. Das 43 localidades das costas mediterrânicas onde, por fins do
século I, é possível encontrar núcleos bastante sólidos de cristãos – e serão
76, passado um século – todos têm nomes de aglomerados urbanos. Somente
no século IV, na época dos primeiros concílios, se encontrarão alguns bispos
provenientes de centros rurais entre o milhar e meio ou mais de bispos orientais
e ocidentais (DONINI, 2003, p. 94).
Para Thomas Kaufmann et al. (2012), o processo de escrita dos relatos da vida e pregação
Não aprofundaremos sobre as tensões das primeiras comunidades cristãs, mas é importante
saber que o evangelista Lucas apresenta a existência de, pelo menos, duas frações comunitárias
autônomas em Jerusalém, marcadas por cultura e língua diversas. Os doze apóstolos simbolizam
Israel reunidos em suas doze tribos e constituíam o núcleo do grupo de Jesus de língua aramaica,
chamados de hebreus. Existia o círculo dos sete responsáveis pelos serviços caritativos, em servir
as mesas e cuidar dos pobres, uma comunidade de língua grega, chamados de helenistas.
Tensões que no Concílio Apostólico em Jerusalém, por volta de 48 d.C., ocorre a tentativa
de estabelecer um diálogo entre os apóstolos sobre as práticas rituais diferentes, o tema principal do
Concílio foi a admissão de pagãos sem a exigência da circuncisão para fazer parte da comunidade
do povo de Deus. O judaísmo acreditava que a circuncisão era o sinal da aliança com Deus,
considerada a marca da identidade dos judeus, o que os distinguia dos outros grupos religiosos.
Foi no Concílio Apostólico que se preservou a unidade das comunidades cristãs, mediante o
reconhecimento da diversidade ritual e cultural.
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3. PAULO DE TARSO
Nos Atos dos Apóstolos encontramos a mais completa informação sobre as origens de
Paulo, considerado um dos apóstolos mais influentes do cristianismo, nascido na cidade de
Tarso, da Cilícia, atual Turquia, no ano 10 de nossa era. Paulo vivenciou toda a emergência do
Império Romano, durante o processo de transformação que o mundo antigo, sob os principados
de Augusto, Tibério, Gaio Calígula e Cláudio, acabando por ser condenado à morte, em Roma,
no tempo de Nero, por volta do ano 67 (RAMOS et. al., 2012).
A sua formação na juventude teve como preceptor Gamaliel, rabino judeu, em Jerusalém,
lugar onde recebeu uma formação farisaica. “Paulo nasceu e cresceu judeu, entendia hebraico,
Estêvão, porém, repleto do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória
de Deus, e Jesus, de pé, à direita de Deus. E disse: ‘Eu vejo os céus abertos, e o
Filho do Homem, de pé, à direita de Deus’, Eles, porém, dando grandes gritos,
taparam os ouvidos e precipitaram-se a uma sobre ele. E, arrastando-o para fora
da cidade, começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram seus mantos
aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejaram a Estêvão, enquanto este
invocava e dizia: “Senhor Jesus, recebe meu espírito”. Depois, caindo de joelhos,
gritou em voz alta: ‘Senhor, não lhes leves em conta este pecado’. E, dizendo isto,
adormeceu (ATOS DOS APÓSTOLOS 7, 55-60, grifo nosso).
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Aqueles que haviam sido dispersos desde a tribulação que sobrevivera por causa
de Estevão espalharam-se até a Fenícia, Chipre e Antioquia, e não anunciando
a ninguém a Palavra, senão somente a judeus. Havia entre eles, porém, alguns
cipriotas e cireneus. Estes, chegando a Antioquia, falaram também aos gregos,
anunciando-lhes a Boa Nova do Senhor Jesus. A mão do Senhor estava com
eles e um grande número, abraçando a fé, converteu-se ao Senhor (ATOS DOS
APÓSTOLOS 11, 19-21).
Estêvão é o primeiro mártir do cristianismo, e foi a partir do culto dos mártires que teve
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Paulo escreveu sobre as suas atividades missionárias e em muitas delas viajava sozinho;
em outras, estava acompanhado pelo casal Priscila e Áquila, fabricantes de tendas como Paulo,
profissão que garantia o sustento nas viagens e facilitava a estadia e o deslocamento, foram eles
que acompanharam Paulo a Éfeso. Levou sua missão para as cidades capitais das províncias
administrativas romanas:
[...] através da Galácia, dirigiu-se à costa ocidental da Ásia Menor, partiu de navio
para a Europa, através da cidade portuária de Neápolis atingiu a cidade veterana
romana de Filipos, onde fundou sua primeira comunidade cristã na Europa.
As próximas estações foram Tessalônica (capital da província da Macedônia),
Corinto (capital da Acaia) e Éfeso (capital da província da Ásia) (KAUFMANN
et al., 2012, p. 32).
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Foi graças à comunidade de Damasco que Paulo tomou conhecimento do novo método
missionário, livre da circuncisão, que como fervoroso fariseu, combatia com todos os meios. Em
Damasco, Paulo recuperou a visão e foi batizado, sendo acolhido generosamente pelas pessoas
que ele tencionava perseguir até a morte. Paulo derrubou os obstáculos étnicos e desenvolveu
um olhar universal sobre a humanidade “[...] já não há judeu nem grego, nem livre, nem homem,
nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (GÁLATAS 3, 28), pregou o civismo e a
obediência às autoridades. Em Romanos capítulo 13, versículo 1, afirmou que todos os homens
deveriam se submeter às autoridades constituídas, “[...] pois não há autoridade que não venha de
Deus, e as que existem foram estabelecidas por Deus. De modo que aquele que se revolta contra
a autoridade, opõe-se à ordem estabelecida por Deus”.
Encaminhou diversas cartas às comunidades em busca de promover a paz, exortava todos
os destinatários a viverem como verdadeiros irmãos em Cristo. Buscava alternativas para as ações
missionárias, propondo a organização dos serviços e funções, conforme os desafios do serviço à
Igreja que enfrentavam.
Naquela época, a maioria dos cristãos não teria acesso às cartas de Paulo e aos outros
textos teológicos, por causa do alto índice de analfabetismo, mas participavam nas orações e
ouviam a leitura das cartas e pregação dos discípulos, era pela transmissão oral e pela leitura dos
textos nas comunidades que as mensagens eram divulgadas.
A metrópole Edessa foi a primeira cidade cristã da Mesopotâmia, os cristãos afirmavam
que o seu fundador era um dos setenta e dois discípulos de Jesus, enviado em resposta a uma
carta escrita a Jesus pelo rei Abgar. Eles exibiam a carta como uma garantia que Edessa não seria
conquistada e tornou-se um amuleto popular, inscrito nas casas para livrar do mal. Essa grande
produção literária, envolta em lendas, a História de Abgar, chegou até nós na versão siríaca e na
versão grega de Eusébio de Cesareia († 339) em sua História Eclesiástica I, finalizada nos anos 324
ou 325. Narrativa divulgada entre as comunidades cristãs.
O rei Abgar, que reinava dignamente sobre as nações além do Eufrates, achava-
se consumido por terríveis sofrimentos corporais, incuráveis, ao menos diante
das possibilidades humanas. Como ouvisse falar muito do nome de Jesus e de
seus milagres unanimemente atestados por todos, enviou-lhe uma carta em que
suplicava que o livrasse daquela doença. Jesus não atendeu ao chamado, mas
honrou-o com uma carta particular, prometendo mandar-lhe um dos discípulos
para curá-lo e simultaneamente salvá-lo junto com todos os seus súditos.
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Por isso, no dia seguinte, bem cedo, Tobias tomou consigo Tadeu e levou-o a
Abgar. Quando chegou, os homens mais importantes da região estavam de pé,
ao redor do governador. Logo que ele entrou, Abgar teve de repente grandiosa
visão em torno da fisionomia do apóstolo Tadeu; por esta razão, Abgar prostrou-
se perante Tadeu, para espanto de todos os assistentes que não haviam visto
o espetáculo, presenciado somente por Abgar (cf. ATOS DOS APÓSTOLOS 9,7).
Este perguntou a Tadeu: ‘És de fato, discípulo de Jesus, o filho de Deus, que me
disse: ‘Enviar-te-ei um de meus discípulos a fim de te curar e dar-te vida?’ Tadeu
respondeu: ‘Fui enviado para junto de ti, porque acreditaste firmemente naquele
que me enviou. E agora, se crês nele, os desejos de teu coração serão realizados,
conforme acreditaste’ (MARCOS 9,23). Abgar lhe replicou: ‘Acreditei nele a tal
ponto que com um exército queria desbaratar os judeus que o crucificaram, senão
fosse o império romano’. Tadeu respondeu: ‘Nosso Senhor cumpriu a vontade de
seu Pai. E após tê-la realizado, voltou para junto do Pai’. Abgar lhe disse: ‘Também
eu acreditei nele e em seu Pai’. Respondeu Tadeu: ‘Por esta razão, imponho-te a
mão em seu nome’. E logo que o fez, o rei foi curado da doença e dos sofrimentos
que o afligiam. Admirou-se Abgar por ter experimentado o que ouvira acerca de
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[...] mas ainda para cima de 1500 viúvas e necessitados, todos alimentados pela
graça e bondade do senhor. A comunidade era também conhecida pela sua
generosidade para com os cristãos menos prósperos, em áreas assoladas pelos
bárbaros, em plena crise do século II (CHADWICK, 1969, p. 63).
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A escolha dos candidatos dependia da congregação, do clero e povo juntos, com o advento
no século IV, de um imperador cristão, o bispo das cidades mais importantes passou a ser um
atributo da nomeação imperial. O bispo deveria ser visto como um senhor da casa e a Igreja como
uma “Casa de Oração”, o bispo estava na sucessão dos apóstolos e era um cargo de intermediário
entre Deus e a comunidade. Segundo a tradição apostólica, o bispo ou epíscopo era uma “[...]
designação para um funcionário com cargo de supervisão e administração; diaconia de modo
algum designava apenas a relação subordinada de serviço de um homem livre, mas também os
mais diversos tipos de mediação” (KAUFMANN et al., 2012, p. 79).
Diversas transformações ocorrem a partir da expansão das comunidades cristãs,
muitas funções tornam-se cargos e passo a passo as comunidades acabam por integrarem-se na
sociedade romana. Em 313 d.C., sob o comando do império de Constantino Magno, ocorre o
reconhecimento legal do cristianismo por parte do estado romano, por meio do culto do Deus
único e da prática de uma cultura própria “[...] os grupos cristãos, mediante o reconhecimento de
sua religião, deixaram-se integrar nas estruturas imperiais: o Deus dos cristãos tornou-se o Deus
do império” (RAMOS et al., 2012, p. 49).
Não há como verificar exatamente os dados estatísticos desse período histórico, mas são
bem consistentes as informações que no final do século III o cristianismo estava concentrado nas
[...] Para o final do século III, com base em recentes estimativas que indicam a
população total do Império em 60 milhões, tem-se proposto a cifra de 6 milhões
de cristãos, o que, num crescimento contínuo (historicamente improvável) da
nova religião desde o início, elevaria seu número no ano 200 d.C. a cerca de
210 mil e no ano 250 d.C. a um pouco mais de 1 milhão de cristãos. Com isso,
certamente no início do século III os cristãos ainda seriam uma ínfima minoria
na população do Império (menos de 1%), o que tornaria mais compreensível o
fato de que ainda não tinham sido dignos de uma perseguição sistemática por
parte das autoridades (RAMOS et al., 2012, p. 52).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo da História Eclesiástica nos faz refletir sobre nossa vida e nossa própria história.
Lembre-se: a História é dinâmica e está sempre em movimento, não há História estática e sem vida,
em que não ocorre nenhuma mudança”, ou seja, estamos sempre mudando o nosso entendimento,
o nosso jeito de ver “as coisas”, as diferentes culturas e realidades ao nosso redor.
Na Unidade 1, vimos os grandes avanços ocorridos no final do século I e II, quando o
cristianismo ganhou muitos fiéis, inclusive nas classes altas do Império Romano. Na Unidade 2,
vamos estudar sobre os tormentos dos cristãos, no século III, muitos dos historiadores eclesiásticos
vão denominar esse período de perseguições como a Era dos Mártires.
Vamos com fé e coragem! Bons estudos!
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
02
DISCIPLINA:
HISTÓRIA ECLESIÁSTICA: ANTIGA E MEDIEVAL
EXPANSÃO DA FÉ E PERSEGUIÇÃO
AOS CRISTÃOS
PROF. ME. MARCOS EDUARDO PINTINHA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................26
1. A IGREJA DOS MÁRTIRES........................................................................................................................................27
2. LUTA CONTRA AS HERESIAS..................................................................................................................................34
3. CONSTANTINO: A IGREJA E O ESTADO..................................................................................................................40
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................45
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INTRODUÇÃO
O cristianismo teve uma ascensão fulminante. Em torno do ano 50, da era cristã, ele já
havia atingido todas as grandes cidades do Império Romano, sua mensagem foi aceita por pessoas
de todas as posições sociais. Sendo que o contato com outras manifestações culturais e religiosas
contribuíram para a organização e o enriquecimento do conteúdo doutrinário, definindo como
objetivo a conquista de um novo homem para a sociedade, o homem cristão.
O primeiro mártir do cristianismo foi Estêvão, apedrejado por aqueles que mataram o
Senhor, a primeira perseguição organizada contra os cristãos foi desencadeada pelo imperador
Nero, depois do incêndio da cidade de Roma, no ano de 64 d.C. O primeiro decreto oficial
contra o cristianismo só foi promulgado no século III, proibindo as reuniões nos cemitérios e
estabelecendo a distinção entre os chefes e os simples seguidores da mensagem cristã.
Pelo motivo de os cristãos recusarem-se a prestar o culto ao imperador e às divindades
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
De acordo com o direito religioso romano, no decreto instituído no ano 112 d.C. época
do imperador Trajano (98-117 d.C.), a confissão pública da pessoa que renegar a religião imperial
e confessasse pertencer ao cristianismo, ela seria considerada não só uma ateísta, mas inimiga
do Estado, delito que levaria o acusado a ser julgado diante do governador. Apesar da tolerância
dos romanos, até meados do século III, “[...] os governadores apenas mandaram executar alguns
Quando Nero viu consolidado seu poder, começou a empreender ações ímpias
e muniu-se contra o culto de Deus do universo. Não constitui, porém, nosso
objetivo no momento registrar a perversidade de que ele foi capaz. Uma vez
que foram muitos os que divulgaram a versão de seus atos, quem o desejar,
poderá depreender a crueldade e a loucura deste insensato, que sem motivo
acumulou milhares de assassínios. A sede de sangue nele chegou a tal ponto que
não poupou nem parentes, nem amigos. Igualmente tratou a mãe, os irmãos,
a esposa e inúmeros consanguíneos quais inimigos particulares e públicos,
eliminando-os por variados gêneros de morte. Debite-se-lhes ainda o fato de ter
sido o primeiro dos imperadores a mostrar-se contra a piedade para com Deus
(CESAREIA, 2016, p. 72).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Testemunho de Policarpo
A carta acerca dele prossegue nestes termos: Terminada a oração, na qual havia
rememorado todos os que alguma vez encontrará, pequenos e grandes, ilustres e
obscuros, e a igreja católica, espalhada por toda a terra, e tendo chegado a hora
de partir, montaram-no num asno e levaram-no à cidade. Era um dia de grande
sábado. O irenarca Herodes e seu pai, Nicetas, foram ao seu encontro. Fizeram-
no subir a seu carro, e sentados a seu lado, esforçaram-se por persuadi-lo, com
essas palavras: Que há de mal dizer: César é Senhor, sacrificar e salvar a vida?
No começo, ele não respondeu. Mas, como insistissem, replicou: ‘Não farei o que
me aconselhais’. Visto que não conseguiram persuadi-lo, injuriaram-no e fizeram-
no descer tão depressa do carro que na descida feriu a parte dianteira da perna.
Ele, contudo, não deu atenção a isso, como se nada tivesse sofrido, e avançou
voluntariamente e rapidamente, enquanto o levavam ao estádio.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Era, de fato, preciso que se cumprisse a visão que tivera, quando em oração viu o
travesseiro a arder, e voltando-se para os fiéis ao seu redor, prenunciara profeticamente:
‘Devo ser queimado vivo’. Fez-se isso mais rapidamente do que fora dito. A multidão
trouxe, imediatamente, das oficinas e dos balneários, lenha e gravetos; sobretudo
os judeus, conforme seu costume colaborava. Pronta a fogueira, Policarpo por si
mesmo despiu-se, e desamarrou o cinto; tentou tirar os calçados, o que antes não
fazia, porque sempre os fiéis se apressavam para lhe tocar o corpo; em tudo, por
causa da sua vida eminente, fora honrado mesmo antes de lhe aparecerem as cãs.
Logo em volta dele foram dispostos os materiais adequados para a fogueira. Como
se preparavam para fixá-lo, pregando-o, disse: ‘Deixai-me assim, pois aquele que me
concedeu aguardar com firmeza o fogo, conceder-me-á ainda, sem a garantia de
vossos pregos, ficar imóvel na fogueira. Por isso, não foi pregado, e sim amarrado.
Amarrado, com as mãos às costas, parecia um cordeiro escolhido, tirado de grande
rebanho, para se tornar um holocausto agradável a Deus onipotente (cf. Sb 3, 6).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Então, disse: ‘Pai de teu filho bem-amado e bendito Jesus Cristo, por meio do qual
adquirimos o conhecimento de ti, Deus dos anjos, das potestades, e de toda a criação,
da geração dos justos que vivem diante de ti, eu te bendigo porque me julgaste
digno deste dia e desta hora; de participar do número dos mártires, do cálice de teu
Cristo, para a ressurreição da vida eterna, do corpo e da alma, na incorruptibilidade
do Espírito Santo. Seja recebido entre eles diante de ti, hoje, um sacrifício gordo
e aceitável, conforme preparaste e manifestaste previamente, e que consumaste,
Deus sem mentira e verdadeiro.
Por isso e por todas as outras coisas, eu te louvo, te bendigo, te glorifico, pelo
eterno e sumo sacerdote, Jesus Cristo, teu filho bem amado, por quem a ti, com
ele, no Espírito Santo, glória seja dada agora e nos séculos futuros. Amém. Tendo
profetizado o Amém final da oração, os encarregados da fogueira acenderam o fogo
e enquanto brilhava uma grande chama, vimos um prodígio, nós a quem foi dado
ver, e que fomos preservados para anunciar aos pósteros estes eventos. Ora, o fogo
tomou o aspecto de uma abóbada, como uma vela de navio enfunada pelo vento,
e envolveu um círculo o corpo do mártir. Ele, no meio, não se assemelhava a carne
queimada, mas era qual ouro e prata purificados no cristo (cf. Sb 3,6). E aspirávamos
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Levados à força pelos magistrados aos interrogatórios diante da presença de todo o povo e
governador, eles sofriam toda espécie de humilhações e castigos, e eram torturados intensamente
para fazerem negar sua fé. Para isso, eram aplicadas chapas de cobre aquecidas ao fogo nos seus
membros mais delicados do corpo, eram açoitados e colocados em cadeiras de ferro, onde seus
corpos exalavam cheiro de gordura queimada, eles podiam ser condenados à crucificação, usados
como tochas humanas ou lançados às feras. Depois de mortos, os cadáveres eram vigiados noite
e dia, a fim de que nenhum fosse sepultado “[...] expostos de todos os modos e abandonados ao
ar livre durante seis dias; depois foram queimados e reduzidos a cinzas pelos malvados que as
jogaram no rio Ródano, a correr ali perto, a fim de nada restar deles sobre a terra” (CESAREIA,
2016, p. 143).
Apesar das perseguições e do martírio, não existem relatos que informam sobre revoltas
armadas ou conspirações dos cristãos contra os romanos. “[...] Os cristãos pagavam regularmente
os impostos e as taxas, cumpriam as diversas obrigações comunais e rezavam pelas autoridades,
seguindo a tradição neotestamentária” (KAUFMANN et al., 2012, p. 64).
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Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje; ele o será para a eternidade! Não vos
deixeis enganar por todas as espécies de doutrinas estranhas. Porque é bom
que o coração seja fortificado pela graça e não por alimentos, os quais nunca
foram de proveito para aqueles que disso fazem uma questão de observância
(HEBREUS 13, 8-9).
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Nos anos setenta do século II, ocorreu a crise do montanhismo, o padre frígio de nome
Montan dizia-se possuído pelo Espírito Santo e, juntamente com duas mulheres, Priscila e
Maximila, entregava-se a elocuções em estado de “êxtase”, isto é, não se encontrando na posse
das suas faculdades. “[...] O conteúdo da ‘Nova profecia’ era contrário à eliminação gnóstica da
esperança escatológica e insistia na ressurreição literal da carne e no fim iminente do mundo
(CHADWICK, 1969, p. 56).
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Irineu de Lyon (130-202 d.C.) escreveu contra Márcion e Valentino, sua argumentação
antimarcionista apoia-se na unidade entre o Velho e o Novo Testamento, ele apresenta a revelação
como um processo gradual e, assim, responde aos argumentos das dificuldades morais do Velho
Testamento. Para Irineu, Deus consentiu que o homem caísse para abafar o seu orgulho e para
ensinar pela disciplina e pela experiência, assim, a história da salvação corresponde a uma
educação progressiva, ou seja, “[...] Deus empurra a humanidade para a frente, passo a passo, num
longo processo culminado pela encarnação do Verbo divino num evangelho universal difundido
por todo o mundo pela igreja” (CHADWICK, 1969, p. 88).
Os fatores de transformação interna do cristianismo foram ocasionados, sobretudo, pelas
heresias e cismas. Na tentativa de a Igreja desenvolver uma teologia científica no cristianismo
antigo, ela elaborou uma heresiologia, uma lista segundo os critérios da época das heresias contra
a fé cristã, assim, muitas obras foram escritas para combater as heresias: “[...] Irineu escreveu sua
obra em cinco volumes Detecção e refutação da falsamente chamada gnose [...]. Logo em seguida,
Hipólito de Roma escreve Refutatio omnium haeresium, contra cerca de cinquenta heresias”
(KAUFMANN et al., 2012, p. 89).
Outro exemplo das heresias, surge no século III com Nani, nascido em 216, d.C. na
Pérsia, originário dos círculos de uma tradição batista judeu-cristã que, após uma primeira visão,
Nós cremos no único Deus, o Pai, todo-poderoso, que tudo criou, céu e terra,
o mundo visível e o invisível. E no único Senhor Jesus Cristo, filho unigênito
de Deus, nascido do Pai antes de todo tempo: Deus de Deus, luz da luz, Deus
verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial (homousios)
ao Pai; por meio dele tudo foi criado. Para nós homens e para nossa salvação
ele desceu do céu, foi encarnado do Espírito Santo e da virgem Maria e tornou-
se homem. Por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado,
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e subiu ao céu. Está sentado
à direita do Pai e voltará na glória, para julgar os vivos e os mortos; seu reino
não terá fim. Nós cremos também no Espírito Santo, que é Senhor e vivifica,
que procede do Pai (e do Filho), que com o Pai e o Filho é adorado e glorificado,
que falou pelos profetas, e na Igreja única, santa, católica (geral) e apostólica.
Nós cremos no único batismo para o perdão dos pecados. Nós esperamos a
ressurreição dos mortos e a vida do mundo que virá (KAUFMANN et al., 2012,
p. 138).
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O concílio era ecumênico quando a assembleia dos bispos tinha a colaboração do bispo
de Roma em concordância com os quatro patriarcas de Constantinopla, Alexandria, Antioquia e
Jerusalém. Decisão tomada no segundo concílio de Niceia, em 6 de outubro de 787, com o objetivo
de contestar as decisões do concílio realizado no palácio imperial de Hieria, em Constantinopla,
em 754 d.C. mais de trinta anos antes. Muitos concílios foram convocados, conforme os desafios e
disputas aconteciam em cada região e país onde já existia alguma forma de organização religiosa.
O quadro apresenta os concílios considerados ecumênicos:
Os Concílios Ecumênicos
Nº Local Ano Pontífice
1 Niceia (I) 325 Silvestre I
2 Constantinopla (I) 381 Dâmaso
3 Éfeso 431 Celestino I
4 Calcedónia 451 Leão I
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Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja,
e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do
Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na
terra será desligado nos céus (MATEUS 16, 18-19).
O termo ‘papa’, de origem grega, significa pai. Usado originalmente por todos
os clérigos, com o correr do tempo tornou-se uma titulação restrita aos bispos.
No final do século V, referia-se ao bispo de Roma e apenas no âmbito da Igreja
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No jardim da casa em Milão onde morava com seu amigo Alípio, lançou-se ao
chão soluçando. Ouviu então, de uma casa vizinha, a voz de uma criança, que
repetidas vezes cantarolava as palavras ‘tolle, lege’ (toma, lê). Agostinho, que
não conhecia semelhante cantiga infantil, entendeu isso como um sinal divino,
tomou nas mãos um volume das epístolas de Paulo que casualmente se encontra
por perto, e a primeira passagem que encontrou tornou-se o mote de sua nova
vida: Romanos 13, 13-14; ‘[...] nada de comilanças ou bebedeiras, nem volúpias,
nem luxúrias, nem brigas, nem rivalidades. Pelo contrário. Revesti-vos do
Senhor Jesus Cristo e não tenhais preocupações com a carne para satisfazer seus
maus desejos’ (KAUFMANN et al., 2012, p. 173-174).
[...] alguns vêem nele o libertador da Igreja, que aboliu definitivamente a ameaça
mortal da perseguição por parte do Estado pagão; outros creem-se no direito de
afirmar que Constantino e a virada constantiniana, assim chamada a partir do
seu nome, foram, na história, responsáveis pelo verdadeiro perigo para a Igreja,
pois Constantino abraçou a instituição de Cristo como que com tentáculos de
polvo, privando-a da liberdade mediante oferta de vantagens que o Estado lhe
podia proporcionar numa aliança incipiente, impedindo-lhe o distanciamento
de quaisquer organizações e poderes humanos necessários para a sua ação
(KAUFMANN et al., 2012, p. 95).
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Uma lei de Constantino de 321 encerrava os tribunais ‘no venerável dia do Sol’,
exceto para fins piedosos, relacionados com a liberdade de escravos, e opunha-se
ao trabalho dominical, salvo se fosse indispensável aos campos. Uma inscrição
descoberta perto de Zagreb recorda que Constantino mudara o velho hábito de
se trabalhar sete dias e reservara um dia em cada oito, apontando aos lavradores
o domingo como dia de mercado (CHADWICK, 1969, p. 138).
No início do cristianismo, a Igreja não podia possuir bens, mas no início do século
IV, na época do edito da tolerância de Galieno, em 260, muito dinheiro e terras começaram
a ser deixados em testamento para a Igreja. Constantino estabeleceu uma lei, no ano de 321,
autenticando tais legados, apesar de os estudos de muitos pesquisadores indicarem que já era
prática habitual essas doações, foi em consequência desta lei, que o século IV assistiu a um grande
aumento dos rendimentos das igrejas.
Constantino, em 325, prometeu eliminar os sangrentos combates dos gladiadores, mas
não cumpriu, só foi possível verificar algumas mudanças em 405, com o decreto imperial de
Honório. Com o passar do tempo, a relação entre os bispos e o imperador começa a passar por
mudanças devido às disputas e ao jogo de interesses dentro do império. Passa a ser questionada a
[...] Ambrósio deve ser louvado por ter se engajado sinceramente a favor da
separação das questões religiosas e políticas, dando assim os primeiros passos
rumo à independência da Igreja, na mesma medida, na tentativa de amordaçar
a consciência do imperador, acabou num caminho que levou ao ponto em que,
no final das contas, todas as decisões imperiais, por serem também decisões da
consciência ética, estavam submetidas ao juízo do bispo e da Igreja. Na Idade
Média, a mudança de curso ambrosiana tornou-se muito significativa para a
relação entre Estado e Igreja, entre imperador e papa (KAUFMANN et al., 2012,
p. 113).
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Devido à constante evolução teológica e dogmática da Igreja, no século IV, três grandes
correntes caracterizam a história eclesiástica, pontos de tensão: primeiro a relação da Igreja com
o Estado e a sociedade, a formação da vida intraeclesiástica e a rápida expansão do monacato e
a grande controvérsia acerca da Trindade de Deus. Disputas resolvidas por meio da convocação
dos diversos concílios ao longo da história, resultado não só da falta de clareza teológica, mas
também motivadas por disputas teológicas, que acabaram se transformando em verdadeiras lutas
pelo poder dentro da Igreja, e entre o Estado e a Igreja.
Com a morte de Constantino, em 22 de maio de 337, assume o poder o seu filho Constâncio
(337-361), um governo que pode ser caracterizado pela confusão política e eclesiástica. Até a
segunda metade do século IV, o paganismo era considerado a religião da maioria, personagens
de grande cultura e linhagem apoiavam a velha religião, mesmo assim, no governo de Constâncio
foram proibidos os sacrifícios, muitos templos do paganismo foram destruídos e no senado
romano havia cristãos em altas funções.
Em 359 o prefeito de Roma, Junio Basso, foi batizado no seu leito de morte e
sepultado num sarcófago decorado com cenas dos evangelhos, primorosamente
gravadas. Em Roma, 354, um calígrafo profissional chamado Dionísio Filocato,
O certo é que tanto os pagãos quanto os cristãos não aceitavam uma sociedade em que
a religião fosse excluída, sendo o papel do Estado somente para intervir nas controvérsias das
igrejas locais com a finalidade de defender a ordem pública.
[...] À medida que os bispos adquirem posição social iam recorrendo às insígnias
correspondentes, insígnias essas que se mantiveram ainda por muito tempo na
Igreja depois de abandonadas no uso secular. Por isso os bispos adotaram o uso
do báculo, mitra e provavelmente também do pálio. O hábito de beijar-lhes a mão
estabeleceu-se a partir do século IV. O anel só se generalizou no século VII e a
cruz peitoral apenas nas imediações do século XIII passou a ser especificamente
episcopal (CHADWICK, 1969, p. 179).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na Unidade 2, nos deparamos com a Igreja sofredora, a Igreja dos mártires, homens
e mulheres como nós, que ousaram dar a vida por um propósito, eles são valorizados até os
nossos dias como testemunhas, símbolo de esperança para a igreja continuar a viver e divulgar sua
mensagem de fé em um único Deus e salvador.
Depois estudamos um novo período da organização e expansão da Igreja pelo mundo, que
para manter a unidade luta contra as heresias, e no diálogo com as diferenças de entendimentos
convoca os Concílios.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
03
DISCIPLINA:
HISTÓRIA ECLESIÁSTICA: ANTIGA E MEDIEVAL
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................47
1. A CRISTANDADE MEDIEVAL...................................................................................................................................48
2. O MONAQUISMO......................................................................................................................................................58
3. AS HERESIAS MEDIEVAIS.......................................................................................................................................62
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................67
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Do mesmo modo que desenvolvemos o nosso estudo da primeira parte sobre a História
Eclesiástica da Antiguidade, continuamos afirmando que “a realidade do historiador está ligada
às fontes, à documentação de que dispomos”. Voltaremos em Agostinho, um dos principais
representantes desta instituição, que viveu na transição da Antiguidade para a Idade Média,
período de intensas transformações sociais e políticas.
A periodização histórica na História Eclesiástica pode seguir diferentes critérios. Alguns
estudiosos consideram o ano 313 como um marco divisor entre o fim do período heroico, da
Igreja testemunho dos mártires, e o início da Igreja poderosa, do imperador Constantino, em que
foi declarado o cristianismo como religião oficial de todo o Império Romano, como o início da
Idade Média. Outros utilizam como início o ano 476, quando o chefe germano Odoacro destrona
o último imperador romano do ocidente, Rômulo Augústulo.
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1. A CRISTANDADE MEDIEVAL
Refletir sobre a Idade Média nos dias atuais pode causar estranhamento. Em nossa
imaginação, a sociedade medieval remete aos filmes de capa e espada, castelos com dragões e
muita violência. Nosso olhar é de medo e terror, o que pode traduzir que ainda nutrimos certo
preconceito, com o período histórico visto como a idade das trevas ou da escuridão, marcado
pelo barbarismo na educação, pelo estilo gótico na arte, as epidemias e pestes, e a servidão dos
seres humanos. O que, na prática, pode significar uma visão falsa e equivocada desse período,
como se não tivesse oferecido nenhuma contribuição ou avanço significativo para o progresso da
Hoje torna-se cada vez mais comum uma periodização oriunda sobretudo da
área alemã e inglesa, que fala de uma ‘primeira Idade Média’ (da metade do
século V à metade do século X, aproximadamente), de uma ‘alta Idade Média’
(da metade do século X à metade do século XIII) e, enfim, de uma “baixa Idade
Média” (da metade do século XIII a todo ou quase todo o século XV) (PIERINI,
2014, p. 12).
Na primeira época da Idade Média, que vai do século V até o século X, tivemos as
invasões germânicas, árabes e mongóis, que convulsionaram todas as civilizações e provocaram
o deslocamento das populações, isso ocasionou a queda do império romano. No século VI,
testemunhamos a passagem do cristianismo de religião minoritária e combatida a religião
tolerada. As fronteiras estavam sendo pressionadas por movimentos migratórios dos chamados
“povos bárbaros”, que penetravam no território romano. No ano de 410, Roma foi parcialmente
destruída pelos visigodos chefiados por Alarico.
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A primeira onda de invasões aconteceu entre os séculos IV-V dos hunos, godos e alanos,
na região oriental, e dos vândalos, suevos e burgúndios na parte ocidental. Junto das várias
tribos germânicas, foram os godos os principais missionários e acabaram por se converter ao
cristianismo pouco depois de se fixarem no império. Para Chadwick (1969), a invasão dessas
populações no território romano implicou na aceitação do cristianismo e certa romanização dos
costumes, o que acabou contribuindo gradativamente na integração à cultura clássico-cristã.
A segunda onda, nos séculos V-VI, movimentou os francos, alamanos e bávaros, a
terceira onda foi nos séculos VI-VII, são os longobardos e ávaros e, ao mesmo tempo, ocorrem as
invasões, pelo mar, dos vikings, dos anglos, dos saxões e dos jutos. A quarta onda foram os povos
eslavos, em 517 conseguem atravessar o rio Danúbio, em 568 os longobardos chegam à Itália.
As invasões não param, a partir de 998, os mulçumanos penetram na Índia, entre 1039
e 1074, ocorrem as invasões dos turcos seljúcidas, e no oriente médio, a partir de 1206 e 1260,
surge a migração e a invasão dos mongóis liderados por Gêngis Khan (1162-1227) nas costas
do Pacífico ao mar Cáspio. A conquista mongólica acaba por consolidar entre 1280 até 1307,
aproximadamente, um breve período de unidade e tranquilidade, conhecido como tempo da
“paz mongólica”, uma federação de Estados do Mediterrâneo ao Pacífico.
Para entender a crise do Império Romano e da sua ordem social, é necessário retroceder
ao reinado de Cômodo (180 d.C.) surge um movimento de revolta na Gália, em consequência,
ocorreu uma pauperização dos trabalhadores do campo. O Império empobreceu devido às
grandes construções de Diocleciano (284-303) em Roma, e as reformas com excessivo luxo por
Constantino (323-337) em Constantinopla, sem recursos não se fez mais nada nas províncias:
as cidades que foram destruídas pelas invasões não foram reconstruídas, as minas foram
abandonadas e os jogos circenses interrompidos.
Na Idade Média, a riqueza era medida pela terra. O feudo era uma unidade territorial de
produção, sobre o domínio de um senhor feudal, e estava dividido em outras porções de terra: o
manso senhoril de uso exclusivo do senhor feudal, o manso servil que era a parte arrendada aos
servos para trabalharem na agricultura e produzirem os alimentos; e o manso comunal eram as
terras comuns a todos, como os bosques e pastos.
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O sistema de produção feudal pode ser definido pela descentralização política, o senhor
feudal exercia as funções judiciais em relação à população dependente, existia baixo nível técnico
e produtivo, a produção era dirigida para o consumo do mercado local, e o cultivo das terras do
Figura 1 - Castelo de Saumur “As ricas horas do Duque de Berry” (1410). Fonte: Pikabu (2021).
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No período da alta Idade Média, da metade do século X à metade do século XIII, surgem
as epidemias. Até o século VI, o que assustava as populações era a lepra, porém a partir da metade
do século, aparece a varíola e, pela primeira vez, a peste bubônica sucedeu-se cerca de vinte ondas
entre 541 e 767. “Dos séculos VIII ao XI, tendo desaparecido provisoriamente a peste e perdido
força as epidemias de lepra e varíola, aparecem duas novas epidemias, a do ‘fogo sagrado’ e da
gripe, bem como uma outra doença endêmica, a malária” (PIERINI, 2014, p. 33).
Na Idade Média, não existia nenhuma seguridade social, a exceção era a solidariedade
das famílias, a caridade surgia, a partir da doença e da fome, muitos asilos são construídos
pelas municipalidades com o dinheiro da cidade, mesmo quando é a igreja que lhes assegura
o funcionamento. Era dever de todo cristão ter misericórdia e agir com caridade, na sociedade
todos deveriam viver como irmãos. Não existia uma casa dos pobres, elas só aparecem no século
XVII, na Inglaterra, o work houses, as casas de trabalho onde os pobres trabalhavam e eram
abrigados.
A peste chegou à Europa Ocidental em 1347, a origem da peste foi na Ásia Central e
atacou a Itália através dos portos. Conforme análise do cronista Jean-Noël Biraben:
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Dentro e fora das velhas fronteiras na parte ocidental do império romano, desenvolveram-
se diversos tipos de cristandade, fazendo adaptações diante dos desafios das epidemias e das
invasões dos bárbaros. No ocidente europeu, formaram-se os reinos semipelagianos, que
praticavam o cristianismo ariano ou um cristianismo particular, com estrutura ascético-
monástica. Por isso, agora a missão dos católicos era estar “[...] totalmente empenhados em
convertê-los ou enquadrá-los no cristianismo ortodoxo, exceto quando passavam diretamente
do paganismo para o catolicismo, como ocorreu no caso dos francos” (PIERINI, 2014, p. 41).
A conversão dos francos a partir de 496 (ou de 506), data do batismo do seu
rei Clodoveu, e a conversão dos anglo-saxões na Inglaterra, de 597 em diante,
ocorreram diretamente do paganismo: mais superficial a dos francos, ao menos
sob a dinastia dos merovíngios; mais profunda e ativa a dos anglo-saxões, que
deram à Igreja missionários semelhantes aos irlandeses, como um Vilibrordo
e, sobretudo, um Vinfrido-Bonifácio. Este, que chegou ao continente em 718,
de acordo com os papas de então reformou a Igreja franca, trabalhou a favor
da subida dos carolíngios ao trono e da sua aliança com o papado e, sobretudo,
iniciou a conversão dos germanos que ainda continuavam pagãos, na Europa
central. Alguns deles, porém, só foram levados ao cristianismo através das
Entre 450 até 950 d.C., aproximadamente em cinco séculos, o cristianismo conseguiu
conquistar quase toda a área continental europeia e perdeu toda a orla africana, para o islamismo.
As aproximações e desencontros do cristianismo com essas populações promoveram diversas
transformações religiosas, ocorridas de uma maneira ou de outra, perceberam que Cristo era
mais “forte” do que os velhos deuses.
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A partir do ano 1000, as estradas para o oriente foram abertas por terra e por mar, o
comércio interno é retomado e se intensificam as peregrinações à Terra Santa, Santiago de
Compostela e Roma. Nesse período, levantou as “cruzadas”, expedições marcadas pela ação
militar e empreendimento comercial, misturadas com as peregrinações. O papa Urbano II (1042-
1099), o 159º papa da igreja, em 27 de novembro de 1095, diante dos bispos no Concílio de
Clermont, no sul da França, lançou o apelo à cristandade para castigar os “inimigos de Deus”,
reconquistar os lugares santos e libertar a Terra Santa. Disse Urbano II: “Cada um renuncie a si
mesmo e carregue a cruz!”.
[...] Um balanço geral deve, porém, reconhecer que, apesar de tudo, as cruzadas
conseguiram conter o avanço islâmico e salvar pelo menos a Europa ocidental
e centro-setentrional; e que, além disso, não provocaram somente confrontos,
mas também encontros frutuosos, sob muitos pontos de vista (PIERINI, 2014,
p. 106).
As principais cruzadas aconteceram entre o período de 1096 a 1270, entre elas, sete
expedições foram militares e outras eram verdadeiras procissões de civis, homens, mulheres e
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Para superar as dificuldades em obter recursos e recrutar cavaleiros para uma expedição
tão arriscada em terras distantes, Urbano II lançou uma série de proclamas, em que declarava
suspensas as dívidas dos cavaleiros que partissem nas cruzadas e indulgências que garantiam
o perdão dos pecados e a salvação depois da morte. Argumentava que era dever dos cristãos
libertar a Terra Santa e acenava que a conquista poderia trazer muitas vantagens econômicas.
O financiamento da campanha para a Cruzada era centralizada pela Cúria, todos os
detentores de cargos eclesiásticos deveriam contribuir com 5% de seus proventos, durante três
anos.
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2. O MONAQUISMO
Agostinho foi um dos primeiros a organizar uma comunidade clerical de tipo monástico
com seus sacerdotes. O monarquismo, naquela época, havia alcançado tal amplitude e tal variedade
que dele podiam se servir as mais diversas correntes teológicas. A conversão de Agostinho ao
cristianismo e o seu batismo aconteceram na Páscoa de 387, e contra a sua vontade foi ordenado
sacerdote no ano de 391, na cidade portuária de Hipo Regius, perto da atual Argélia, numa
ocasião em que a visitou. Ele não queria eximir-se dessa nova tarefa, transferindo sua residência
para Hipona, onde pretendia fundar um mosteiro.
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A VIDA MONÁSTICA
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Tornou-se monge. Passou a viver solitariamente numa gruta, em Subiaco (em latim
antigo sub-lacum). A esta gruta, seis séculos mais tarde, subiu São Francisco como
peregrino, e na ocasião alguém pintou na rocha o mais antigo retrato que se guarda
do pobre de Assis.
Depois de três anos de completa reclusão, na qual só contava com a ajuda de outro
monge que lhe fazia chegar, por uma corda, um pouco de comida, Bento começa
a ser descoberto pelos camponeses e pelos outros monges da região. Alguns
dentre estes o convenceram a ser seu Abade, em Vicovaro. Incapazes, porém,
de abandonar o relaxamento habitual e seguir o caminho da perfeição que Bento
lhe mostrava, tentaram envenená-lo. Mas foram surpreendidos pela força de sua
pureza: o cálice com a bebida mortífera partiu-se em pedaços quando o jovem
abade sobre ele fez o sinal da cruz.
Tendo voltado Bento a Subiaco, construíram-se ali, no correr dos anos, doze
mosteiros que seguiam sua orientação. No entanto, a fama de sua santidade
despertou infâmias de um pároco invejoso e Bento, para garantir a tranquilidade
de seus discípulos, decidiu abandonar aquele lugar. Tendo deixado superiores para
cada mosteiro, levou consigo apenas duas crianças que educava, Mauro e Plácido,
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BETTENCOURT, E.T. Vida Monástica. São Paulo: Mosteiro de São Bento, 1963.
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A doutrina sobre Deus que se segue serve como exemplo de aplicação das
considerações em torno dos princípios teóricos: que Deus existe, o intelecto
humano pode constatar pela cadeia regressiva de efeitos e causa última; que
desde toda a eternidade subsiste como Trindade, é uma verdade revelada que
Em 1323, o papa João XXII canonizou Tomás de Aquino e o elevou a Doutor da Igreja.
Ele representa, junto com o franciscano João Duns Scotus (1266-1308), o princípio sistemático
da correlação entre fé e razão, da tradição escolástica e da ciência renovada.
3. AS HERESIAS MEDIEVAIS
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Nas inquisições eclesiásticas as torturas eram muito raras e caíram em desuso por volta da
metade do século XIV, nos tribunais leigos elas se mantiveram até o início do século passado. O
desenvolvimento e a multiplicação das paróquias colocam os fiéis em contato mais frequente com
os seus pastores, entretanto, também banaliza a administração e a recepção dos sacramentos, os
casamentos passam a ser controlados pelas autoridades eclesiásticas.
A mendicância tornou-se quase um hábito, uma forma de vida, por isso, em todos os
campos da vida social foram criadas iniciativas lideradas pelo clero, pelos religiosos e pelos leigos
múltiplas associações, fraternidades e instituições que possibilitaram por meio de variadas formas
de voluntariado, uma assistência social contra a pobreza.
A heresia era um fenômeno de grupo, um homem isolado não configura uma heresia,
significava uma ameaça momentânea à ortodoxia. A formação de um grupo herético implicava
na ruptura com a comunidade de origem de seus membros. Para ser configurada como heresia,
era necessária uma conjunção de elementos e circunstâncias que ameaçavam o equilíbrio das
relações comandadas pela Igreja. Heresia significava escolha, aquele que se recusava a partilhar
dessa comunhão estabelecida institucionalmente.
Toda categoria social poderia fazer parte dos grupos heréticos, não era apenas o camponês,
o nobre ou comerciante, mas inclusive o clero poderia recusar o magistério da Igreja e romper
com a sua autoridade. Via de regra, o herético, apesar de sua nova crença, “[...] permanecia
comprometido com os valores de sua comunidade social e de trabalho, ficando ligado a dois
sistemas de vida e de valores às vezes diametralmente opostos” (QUEIROZ, 1988, p. 13).
O arianismo, por uma série de fatores de ordem política, defendia um forte nacionalismo
servindo para manter coesas as populações germânicas, evitando a fusão dos germanos com
os católicos, mas por volta de 540, com a conversão de Clóvis (466-511), rei dos Francos ao
catolicismo o arianismo desapareceu.
Por volta de 320 d.C. em Alexandria, o bispo Arius pregava uma versão original
e simples da Trindade. Para ele, na Trindade divina somente o Deus Pai era um,
eterno, inconcebido; o Filho Jesus Cristo, chamados pelos teólogos de Verbo,
Palavra de Deus, o Logos grego, teria sido criado por Deus; por sua vez, o
Logos teria criado o Espírito Santo. Nesta interpretação, somente o Deus Pai
era um deus integral, ao passo que as duas outras pessoas seriam divindades
subordinadas, na segunda categoria. Cristo não mais era Deus, apenas a primeira
das criaturas. Esse monoteísmo simples modificava o caráter da encarnação e,
consequentemente, da redenção e de todo o cristianismo. Em 325, o Concílio
de Niceia declarou Cristo consubstancial ao Pai, condenando assim o arianismo
(QUEIROZ, 1988, p. 16).
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[...] que Cristo não iria tocar em matéria criada pelo Diabo; por exemplo, os cinco
pães, com os quais Jesus teria alimentado a multidão no deserto, não seriam pães
materiais, mas os quatro Evangelhos e os Atos dos Apóstolos. Não reverenciavam
a Virgem Maria, ao contrário, utilizavam-se de uma linguagem chula ao
mencioná-la. Os sacramentos eram considerados inúteis, pois envolviam lidar
com a matéria. Desprezavam os ícones e os dias de festa. A cruz era detestada,
por ser um objeto material e o instrumento do assassinato de Cristo. A Igreja
ortodoxa era considerada falsa, abominavam sua liturgia e suas vestimentas. A
única oração admitida era o pai-nosso, que repetiam quatro vezes ao dia e quatro
vezes à noite. Renunciavam a quase todas as coisas do mundo. Não comiam
carne, não tomavam vinho. Desencorajavam o casamento. Confessavam-se
entre si e se absolviam, tanto homens como mulheres. Ensinavam o povo a
não obedecer aos senhores, denunciavam os ricos, abominavam o imperador,
ridicularizavam os conselheiros, condenavam os nobres, consideravam odiosos
aqueles que serviam ao imperador e proibiam os escravos de perfazer as tarefas
exigidas pelos senhores. Eram humildes, quietos e sóbrios como ‘carneiros’
(QUEIROZ, 1988, p. 24-25).
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No século XIV, surgiu o movimento dos flagelantes, pessoas que praticavam um tipo de
penitência admitida pela Igreja, devoção com muita aceitação popular com base na flagelação,
ritual que se espalhou por diversos países da Europa. Apesar de andarem em grupo, não tinham
qualquer tipo de organização e nem formavam uma seita religiosa. O movimento não tinha nada
de secreto, eles iam pelos caminhos e cidades, em grupos pequenos ou um pouco maiores, e
passavam o tempo se autoflagelando e chicoteando, ostentando suas chagas, as roupas rasgadas
e ensanguentadas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
04
DISCIPLINA:
HISTÓRIA ECLESIÁSTICA: ANTIGA E MEDIEVAL
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................69
1. REFORMA DA IGREJA...............................................................................................................................................70
2. OS GRANDES CONCÍLIOS ......................................................................................................................................74
3. CRISTANDADE E A ARTE CRISTÃ ..........................................................................................................................76
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................83
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INTRODUÇÃO
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1. REFORMA DA IGREJA
A cidade é o centro de poder e o principal lugar das trocas econômicas, que recorrem
ao uso das moedas como meio de troca essencial das mercadorias. Na cristandade, as moedas
são numerosas, os cambistas eram os especialistas, que depois serão os banqueiros, substituindo
nessa função os mosteiros. Na sociedade feudal, a Igreja foi a primeira instituição a se transformar
com a reforma Gregoriana.
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A ordem dos Cartuxos, fundada por Bruno em 1084, buscou reencontrar um estilo de
eremitismo primitivo, o desenvolvimento de uma ascese de quatro “graus espirituais”: com a
leitura e meditação, a oração e a contemplação. E a ordem de Cister, fundada por Robert de
Molesme, em 1098, sob a influência de São Bernardo, recorreu à mecanização, à metalurgia e
o progresso tecnológico na construção de moinhos, a fim de liberar mais tempo para a vida
espiritual. Segundo análise de Le Goff (2001), se o monaquismo conseguiu equilibrar o trabalho
manual e a oração, o movimento canônico estabeleceu o equilíbrio entre a vida ativa e a vida
contemplativa, entre o cuidado das almas e a vida comunitária.
O mundo dos leigos participa cada vez mais da vida religiosa e, apesar da
manutenção das barreiras entre clérigos e leigos, a presença destes últimos no
domínio religioso se afirma. Nas ordens novas, os irmãos leigos ou conversos
desempenham um papel cada vez mais importante. As ordens militares
desenvolvem uma certa fusão entre o religioso e o guerreiro, entre a vida religiosa
e a cavalaria (LE GOFF, 2001, p. 30).
O carnaval, que era na alta Idade Média uma festa rústica, camponesa, com forte
conotação pagã, invade a cidade, urbaniza-se, e aí se introduz uma contestação
ideológica. O carnaval transforma-se em algo que se opõe à quaresma, combate a
mentalidade penitencial e ascética da religião cristã, faz triunfar o riso, que volta
a ser, como na Antiguidade, algo próprio do homem, contra o pranto, expressão
da contrição e do arrependimento que devem caracterizar o homem pecador (LE
GOFF, 1998, p. 59).
No segundo Concílio de Latrão (1139), convocado pelo papa Inocêncio II, na tradição
católica, considerado como ecumênico, tratou entre os temas da reforma da Igreja a disciplina do
celibato, em que no:
No terceiro Concílio de Latrão (1179), o papa Alexandre III publicou o novo decreto de
eleição papal (Licet de evitanda), reduzindo o círculo de eleitores aos cardeais e estabelecendo a
maioria de dois terços como critério de aceitação para escolha do papa. A organização da Cúria
romana ocorre no pontificado de Urbano II (1088-1099), quando inicia a institucionalização do
papado da Alta Idade Média, o que significa que os cardeais participam cada vez mais na assessoria,
na formulação das decisões e na concessão dos privilégios papais, com as suas assinaturas.
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No terceiro Concílio de Latrão (1179), o papa Alexandre III publicou o novo decreto de
eleição papal (Licet de evitanda), reduzindo o círculo de eleitores aos cardeais e estabelecendo
a maioria de dois terços como critério de aceitação para escolha do papa. O papa era o curador
de almas e poderia interferir em todos os cargos e estruturas da Igreja, “[...] o papa tinha a
responsabilidade e o direito de admoestar e castigar cada cristão que se envolveu em pecado,
também reis e príncipes” (KAUFMANN et. al., 2014, p.34).
A partir dos séculos XII-XIII, desenvolve-se na arte cristã o tema da Sagrada Família, nas
casas dos nobres os quadros destacam a realidade das famílias nucleares.
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O período do final da Idade Média pode ser caracterizado por inúmeros conflitos entre
esfera política e espiritual, muitas disputas entre reis e papas, e internamente na Igreja, entre
os membros da Cúria. No século XIV, a Igreja enfrentou ameaças à sua unidade e autoridade
do papa, o grande Cisma Ocidental, entre 1378 até 1417. Diferente dos cismas da antiguidade,
resultado de questões relacionadas à fé, os cismas papais da Idade Média estão relacionados a
disputas políticas.
O papa Bonifácio VIII (1294-1303) foi o único que mandou erguer estátuas em sua
homenagem e mandou pela primeira vez celebrar o ano jubilar em Roma, em 1300. Em 7 de
setembro de 1303, aos 73 anos, o papa foi assaltado, espancado e feito prisioneiro em Anagni e,
após três dias, foi libertado, depois de um mês morreu de febre. O sucessor eleito Papa Bento XI,
antigo superior geral dos dominicanos, teve morte prematura, o que obrigou a convocação de um
novo conclave, que durou onze meses, na cidade italiana Perúgia.
Foi eleito o arcebispo da cidade francesa de Bordeaux, não era cardeal e não tinha
experiência da Cúria, adotou o nome de Clemente V (1305-1314), durante seu pontificado não
quis abandonar o país, permanecia em Lyon e, por diversas vezes, fez menção de viajar para
Roma, mas isso não ocorreu. “[...] Em vez disso utilizou-se, provisoriamente no início, a cidade
episcopal de Avignon, que deu o nome a essa época” (KAUFMANN et al., 2014, p. 119).
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Gregório com alguns soberanos na Itália, com o rei alemão Ruprecht (assembleia
dos príncipes em Frankfurt em 1409) e nove dioceses alemãs; Bento com os
reinos espanhóis. Em vez de dois papas, agora tínhamos, portanto, três. A Igreja
havia se tornado um monstrum trikephale (KAUFMANN et al., 2014, p.134).
Devido à situação de disputa e confusão na Igreja, dois temas começam a fazer parte em
todas as pautas: a teoria conciliarista e a reforma da Igreja. Para entender a teoria conciliarista,
entre o papa e concílio, é preciso pensar a relação entre o rei e o parlamento. Assim, as propostas
de reforma diante das desordens e da crise da Igreja estavam voltadas principalmente para
mudanças, visando melhorias na administração e promovendo maior segurança.
2. OS GRANDES CONCÍLIOS
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Com a preparação das condições para o aparelhamento do Estado moderno, não é difícil
imaginar que, na época, conciliar quem mais vai aproveitar da situação são os príncipes, com
o sistema de Igrejas nacionais, seguindo a tendência geral de adensamento da administração
territorial e dos pressupostos da confessionalização no século XVI, demonstrando que o ímpeto
por reformas ainda não se esgotou.
A história da Igreja do século XV, final do período da Idade Média, foi marcada por
Na arte sacra os santos e os seres divinos são despojados de qualquer traço que
possa indicar fraqueza ou sofrimento. Ricamente trajadas, altivas e solenes,
de dimensões super-humanas, são figuras alongadas e estritamente frontais.
Ressalta a visão ideal de um espaço imóvel e imutável.
Nos dois primeiros séculos, os cristãos não dispunham de lugares de culto fixos para
a ação litúrgica. O Batismo era realizado onde houvesse água. Para ouvir a Palavra de Deus e
celebrar a Eucaristia, serviam-se das salas amplas de algumas casas. À medida que a Liturgia
se vai estruturando, principalmente a partir do século III, quando as comunidades crescem
exponencialmente, tornaram-se necessários espaços maiores: a aula da celebração ganha
importância e surgem as basílicas. O termo ecclesia ou “basílica” é, então, usado para indicar o
lugar da reunião dos fiéis.
O cristianismo passa por numerosas e variáveis experiências artísticas, a formação de
novas e grandes cidades, entre elas, Bizâncio, se tornou Constantinopla, e cidades que resistiram
às invasões bárbaras e o despovoamento das cidades, devido à população foram para os campos
em busca da proteção dos senhores feudais.
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Estavam ali para estabelecer o ritual das liturgias numa correspondência mais
íntima com as perfeições do além, para ajudar os sábios a distinguir, sob o véu
das aparências, as intenções divinas, para orientar a meditação dos devotos,
para conduzir-lhes o espírito per visibilia ad invisibilia, como diz São Paulo. Os
homens de saber, condescendentes, atribuíam-lhes, além disso, uma função
pedagógica mais vulgar, encarregando-os de mostrar aos analfabetos aquilo
em que deviam acreditar (DUBY; LACLOTTE, 1977, p.16, grifo do autor).
O papa Gregório, o Grande, no século VII estava absolutamente convencido de que aquilo
que se ensina aos letrados pelo texto ensina-se aos que não sabem ler por meio da imagem. Em
algumas fachadas das igrejas, foram colocadas portas de bronze, onde os construtores esculpiram
imagens sobre os temas bíblicos vistos por todos, como forma de pregação muda.
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No período das Cruzadas, após o ano 1000, a busca por relíquias é intensificada, muitos
homens eram movidos pela intenção de procurar o túmulo de São Tiago, em Compostela, ou
o Santo Sepulcro, na volta traziam das viagens recordações dos monumentos, ornamentos e
relíquias dos santos.
E havia milagre por todo lado, pois as relíquias abundavam. Passado o ano 1000,
o monge Raul viu-as se multiplicarem, como um notável favor do céu, depois
de aplacada à cólera divina. Eram, de fato, muito necessárias. Mal surgia um
perigo, uma calamidade, passavam-nas em procissão solene; punham-nas ao
alcance da mão de quem quisesse fazer uma promessa. Partiam-se essas ossadas
em fragmentos menores, para distribuí-las melhor. Verdadeiras ou falsas, as
relíquias eram objeto de transações muito ativas. Raros eram os homens ricos
que não as guardassem em suas casas, que não as usassem sobre o corpo, e o
primeiro gesto de piedade era honrar essas parcelas do sagrado, cuidar delas,
revesti-las de ornamentos (DUBY; LACLOTTE, 1977, p. 50).
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JANSON, H.W.; JANSON, A. F. Iniciação à História da Arte. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1996.
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REFERÊNCIAS
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DEL ROIO, J. L. Igreja Medieval: a cristandade latina. São Paulo: Ática, 1997. (Coleção As
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DONINI, A. História do Cristianismo: das origens a Justiniano. Lisboa: Edições 70, 2003.
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REFERÊNCIAS
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LE GOFF, J. São Francisco de Assis. Trad. Marcos de Castro. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
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RAMOS, J. A.; (Coords.). Paulo de Tarso: Grego e Romano, Judeu e Cristão. Centro de Estudos
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