Analise Sonetos
Analise Sonetos
Surge et ambula!
Antero de Quental
O PALÁCIO DA VENTURA
Antero de Quental
NA MÃO DE DEUS
Antero de Quental
RETOMA | EDUCAÇÃO LITERÁRIA
PORTUGUÊS
12.º ano
Antero de Quental
Fontes
Célia Cameira, Ana Andrade, Mensagens 11, Texto Editora, 2018 (com adaptações)
Ana Catarino, Ana Felicíssimo, Isabel Castiajo, Maria José Peixoto, Sentidos 12 – Recordar textos e Obras, Asa, 2018 (com adaptações)
Noémia Jorge, Cecília Aguiar, Inês Ribeiros, Encontros 11, Porto Editora, 2019 (com adaptações)
Patrícia Nunes, Alexandre Dias Pinto, Entre Nós e as Palavras – Português – 11.º Ano, Santillana, 2016 (com adaptações)
Ministério da Educação, Instituto de Avaliação Educativa, IP
1
I. A angústia existencial
2
II. Configurações do Ideal
A obra poética de Antero é marcada pela busca de um ideal, que pode assumir
diferentes configurações.
Em primeiro lugar, como foi anteriormente referido, o «eu» faz a apologia da
necessidade de transformação da sociedade — processo em que o poeta teria
um papel fundamental. Esta vertente da poesia anteriana é influenciada pelos
ideais socialistas, que inspiraram as iniciativas políticas do poeta ao longo
da vida.
Em segundo lugar, o «eu» manifesta também a sua aspiração a um amor que
surge, muitas vezes, com contornos idealizados (e que é, por vezes, associado
a uma figura feminina também ela ideal).
Finalmente, é de destacar a busca da perfeição a nível ético — que está,
obviamente, também associada à aspiração à justiça social. Este processo
pauta-se por uma preocupação constante com a busca do Bem e da própria
santidade.
Antero acredita:
✓nos ideais de Amor, Justiça e Liberdade;
✓no primado da Razão;
✓no combate ético e ideológico para a construção de um mundo melhor e superior;
✓na capacidade e responsabilidade do indivíduo no devir histórico.
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III. Linguagem, estilo e estrutura
4
busca da felicidade («O palácio da ventura»), o papel do amor e da morte na vida dos
homens («Mors-amor»), entre outros.
Recursos expressivos
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PARA RELEMBRAR O QUE SE APRENDEU...
Surge et ambula!1
NOTA
1
«Levanta-te e anda» – alusão bíblica referente à cura de um paralítico por Cristo.
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consciencialização do poeta para a necessidade de mudar de atitude pois está em
causa um povo que precisa da solidariedade, "Escuta! é a grande voz das multidões! I
São teus irmãos" vv. 9, 10); no último terceto (síntese conclusiva), irrompe o apelo
para a ação - "Ergue-te" (v. 12) - destacando a importância da poesia como arma de
combate, como voz da revolução, apelidando o Poeta de "soldado do Futuro" (v. 12)
e "Sonhador" (v. 14).
Em todo o soneto se encontra um apelo para a necessidade de agir e que está
bem expressa na gradação verbal: "Tu, que dormes", "Acorda!", “Escuta!”, "Ergue-te",
"Faze". Este poema mostra bem a sua aposta na poesia como "voz da revolução".
Antero de Quental foi um verdadeiro apóstolo social, solidário e defensor da
justiça, da fraternidade e da liberdade. Mas as preocupações nunca o deixaram desde
que entrou nos meios universitários de Coimbra e se tornou líder da Geração de 70
que, em Lisboa, continuou a sua luta. É o próprio que, numa carta autobiográfica, de
14 de Maio de 1887, dirigida a Wilhelm Storck, afirma que: «O facto importante da
minha vida, durante aqueles anos, e provavelmente o mais decisivo dela, foi a espécie
de revolução intelectual e moral que em mim se deu ao sair, pobre criança arrancada
do viver quase patriarcal de uma província remota e imersa no seu plácido sono
histórico, para o meio da irrespeitosa agitação intelectual de um centro, onde, mais ou
menos vinham repercutir-se as encontradas correntes do espírito moderno. Varrida
num instante toda a minha educação católica e tradicional, caí num estado de dúvida e
incerteza, tanto mais pungentes quanto, espírito naturalmente religioso, tinha nascido
para crer placidamente e obedecer sem esforço a uma regra reconhecida. Achei-me
sem direção, estado terrível de espírito, partilhado mais ou menos por quase todos os
da minha geração, a primeira em Portugal que saiu decididamente e conscientemente
da velha estrada da tradição.»
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Análise do poema “O palácio da Ventura”
Cavaleiro:
Enumeração
dos obstáculos • Representa o triunfo
que o cavaleiro militar ou espiritual
enfrenta
• Serve geralmente
uma causa superior
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Versos 5-6 DESÂNIMO
Ideal ? Real
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura…
Metáforas
do desânimo:
a busca Reticências:
não tem desalento,
resultados prostração,
desencorajamento
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Versos 13-14 DESILUSÃO
10
Análise do poema “Na mão de Deus”
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Versos 1-4
Simbologia:
o eu poético configura-se como
Na mão de Deus, na sua mão direita, um dos escolhidos de Deus
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita. Sujeito o coração do eu poético
descansou na mão de Deus
Metáfora:
Ilusão = Palácio encantado
A Ilusão:
conjunto de sonhos
não concretizados —
foi abandonada
Versos 5-12
O eu abandonou o Ideal e a Paixão
Sonhos alimentados
Como as flores mortais, com que se enfeita durante toda a vida,
A ignorância infantil, despojo vão, numa «ignorância infantil»
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.
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Versos 13-14
Figura divina
Refúgio
Louis Janmot,
O ideal (c. 1854).
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Em síntese….
Antero de Quental
• Inquietação espiritual.
• Procura de algo que dê um sentido ou uma finalidade à existência humana.
• Aceitação de uma entidade que aparece, quase sempre, sob contornos vagos ou
indefinidos e que pode assumir o nome de Deus (Ex.: “Ignoto Deo”).
• Desejo de sonhar.
• Insatisfação perante um real sentido como demasiado frustrante ou limitado.
• Segundo o crítico literário António Sérgio, dualidade na personalidade do poeta,
dominado pelo:
– espírito crítico do filósofo (lucidez do intelecto; espírito apostólico; autodomínio;
consciência plena; concentração da atividade pensante; exaltação do amor e da
razão);
– temperamento mórbido do homem (canto da noite, do sonho, da submersão, da
morte, dissolução da personalidade; repouso da alma no Deus transcendente).
Linguagem, estilo e estrutura
Discurso conceptual
• É marcado por um elevado grau de elaboração formal.
• Recorre, com frequência, a conceitos (noções abstratas) filosóficos.
• Trata-se de uma poesia de ideias e questionação.
Soneto
• Ver manual Encontros 12, p. 383.
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ANTERO DE QUENTAL EM EXAME
Sonho oriental
Sonho-me às vezes rei, n’ alguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsâmica1 e fulgente2
E a lua cheia sobre as águas brilha…
Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1. Divida o soneto nas partes lógicas que o constituem, justificando a tua resposta.
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2002 | Português A | 2.ª FASE
Mors liberatrix1
(A Bulhão Pato)
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2016 |734|2.ª FASE
NOTAS
anelante (verso 3) – com desejo intenso; ansioso.
cavaleiro andante (verso 1) – herói das novelas de cavalaria medievais que busca um ideal de amor e de justiça.
fragor (verso 12) – ruído muito forte; estrondo.
Paladino (verso 3) – pessoa que defende alguém ou alguma coisa, de forma corajosa e tenaz.
pompa (verso 8) – esplendor; ostentação.
Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1. Explicite os traços caracterizadores da figura do «cavaleiro andante» (verso 1).
2. Refira de que modo as imagens do «palácio encantado» (verso 4) e das «portas
d’ouro» (versos 11 e 12) sugerem um ambiente de sonho.
3. Descreva os sucessivos momentos, ou fases, da busca representada no poema
4. Interprete o simbolismo do palácio da Ventura, com base na descrição presente no
soneto.
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