TAFURI, Manfredo - Projeto e Utopia-Cap8
TAFURI, Manfredo - Projeto e Utopia-Cap8
TAFURI, Manfredo - Projeto e Utopia-Cap8
Mas não é, de modo algum, fácil conciliar um tal tipo de ·crítica com
estudos de projecto tendentes a esquivarem-se pela .ta ngente, ao enfren tar
dos temas mais prementes colocados pela situação actual.
· É inegável que nos encontramos perante diversos fenómenos concomi-
tantes. Por um lado, a inserção da. produção constru tiva nos planos globais
continua a reduzir a funcionalidade do papel ideológico da arquitectura. Por
outro lado, as contradições económicas e sociais que explodem de modo
cada vez mais acelerado no âmbito das estruturas' urbanas e territoriais, pa-
recem impor um compasso de espera à reorganização capitalista. Face ao
problema da racionalização do ordenamento urbano, as actuais forças políti-
co-económicas mostram não estar interessadas em encontrar em si mesmas· .
as forças e os instrumentos adequados à execução das tarefas indicadas pelas
ideologias arquitectónicas do movimento moderno.
Por o utras palavras, as aproximações da urbanística e às ideologias do
Plano aparecem éomo velhos ido/a a vender ao desbarato a coleccionadores
apaixonados por armas antigas - no que emerge claramente a inefectivida-
de da ideologia.
Postas per~nte o fenó meno da gestão capitalista directa do território,
as oposições «radicais» e porções do movime nto operário organizado evita-
ram o confro nto com os níveis mais elevados alcançados pelo desenvolvi-
mento capitalista, herdando as ideologias de recusa por este utili"zadas nas
primeiras fases do seu lançamento: contradições secundárias são assim toma-
das como primárias e . fundamentais.
A dureza da luta pelas leis urbanísticas (tanto em Itália como nos
EUA), pela reorganização do sector da construção, pelo urban renewal, ge-
rou a ilusão de que a batalha pela planificação poderia constituir um objecti-
vo tout-çourt da luta de classes .
E o problema não consiste sequer em contrapor planos bons a planos
maus: quando muito, e mpregando aqui a «astúcia das pombas», tratar-se-á
de conseguir discernir que condicionamentos das estruturas do plano são por
vezes congruentes com objectivos contingentes do sector operário. O que
equivale a dizer que, ao abandonar o sonho do «mundo novo» fruto da rea-
27 - Yamasak·i e Roth, World Trade Center em Nova Iorque; ao fundo, o cam-
panário setecentista da S t. Paul's Chapei. 115
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lização do princ1p10 de Razão feita Plano, não se opera qualquer «renún-
cia», nem se entrevêm silê ncios apocalípticos. Reconhecer a inacção de ins- seada na pacificação do ordenamento te rritorial não é «alternativa», mas
trumentos inofensivos é apenas um primeiro passo necessário, não esquecen- anacrónica.
do que existe sempre o perigo de ver apropriadas pelo intelectual «de clas- Os modelos de aná lise e previsão das localizações produtivas elabora-
se» missões e ideologias alij adas pelo adversário no decurso dos seus pró- das, desde os anos 30 até hoje, por Christaller, Lõsch , Tinbergen, Bos, etc.,
prios processos de racionalização(1°5). são pois criticados não tanto pelas suas carências particu lares ou com crité-
É e m todo o caso claro que qualquer luta do lado operário sobre os rios ideológicos, mas sim pela hipótese económica que pressupõem. Não sur-
problemas re lativos à estrutura urbana e territorial tem hoje que ajustar ge por acaso o interesse crescente por um teórico soviético dos anos 20,
contas com programas de e levada complexidade - mesmo, e é o caso dos como Preobraienskij, que surge cada vez mais claramente como um precur-
processos actualmente em curso no sector da construção, quando tal comple- sor de uma teoria de plano baseada explicitamente no desenvolvimento di-
xidade é devida às contradições internas ao ciclo económico global. Para nâmico, no desequilíbrio organizado, em intervenções que pressupõem revo-
além da crítica da ideologia, existe a análise «parcial» de tal realidade, em lucionamentos. estruturais contínuos(1°7). ·
que é sempre necessário reconhecer as linhas de tendê ncia ocultas, os objec- Convé~, no entanto, chamar a atenção para o facto de que a programa-.
tivos reais de estratégias contraditórias, os laços que unem e ntre si sectores ção sectorial - até pelo círculo fechado que nela se vem a fo rmar entre téc-
económicos aparentemente independentes. Há um trabalho to talmente por nica de intervenção e respectivos fins particulares - tem agido até agora, na
fazer; parece-nos, para uma cultura arquitectónica que aceite um tal terreno maior parte das vezes, com base em modelos eminentemente estáticos, se-
de operações. T rabalho esse que, tendo e m vista a sua utilização política, guindo uma estratégia baseada na remoção dos desequilíbrios.
para estar inserido em lutas concretas, tem como objectivo confro ntar o Passar da utilização de modelos estáticos para a elaboração de modelos
movimento operário organizado com os níveis mais e levados atingidos pela dinâmicos parece ser actualmente a tarefa imposta pelas exigências do de-
dinâmica do desenvolvimento capitalista e ligar momentos particulares a de- senvolvimento capitalista à actualização das técnicas de programação.
sígnios gerais. De simples «momento» do desenvolvimento, o plano vai-se impondo,
Mas para o fazer é necessário reconhecer, mesmo no sector das técni- de facto, como nova instituição política(1 08).
cas de planificação, os novos fenó menos e as novas forças protagonistas. É neste sentido que o puro e simples intercâmbio interdisciplinar - fa-
Refe rimo-nos já à crise daquilo que poderemos definir como a ideolo- lhado inclusive a nível prático - deve ser radicalmente superado.
gia do equilíbrio, no âmbito das disciplinas relativas à programação. É a his- Horst Rittel expôs com clareza as implicações da ·«teoria das decisões»,
tória dos planos quinquenais soviéticos, por um lado, e é o e nsinamento for-
necido pelas teorias económicas post-keynesianas, que sancionam tal cri- te, de M. Cacciari e P . Perulli , Piano economico e composizione di classe. li dibattito sull'indus-
se(106) . O equilíbrio revela-se também , na dinâmica te rritorial, como um ido- trializzazione e lo scontro político durante la NEP, Feltrinelli, Milão 1975.
107
) Cfr. M. Cacciari e P. Perulli, op. cit. Está actualme nte a ser e laborado pelo doutor Claudio
Lum ineficaz. No âmbito dos actuais esforços para realizar os desequilíbrios, (
Motta um estudo sistemático das teorias de Preobraf.ens kij.
para ligar indissoluvelme nte crises e desenvolvimento, revolução tecnológica 08
(' ) A proposta recentemente avançada por Saraceno, de superar os programas por ele definidos
e mudanças radicais da composição orgânica do capital, uma perspectiva ba- como possuindo objectivo, em prol de uma acção programada de tipo geral, insere-se já numa
visão do plano que faz jus a todos os esquematismos e à sectorialidade das teorias do plano
e laboradas nos anos 50-60. «Se a programação» - escreve Saraceno - «for de carácter geral,
('º') «D iante de nós» - escreveu Mario Tronti, n um e nsaio ainda fundam e nta l - «não temos tem e m essência o objectivo, totalmente distinto [relativamente aos projectos a longo prazo que
mais as grandes sínteses abstractas do pensamento burguês, mas o culto do mais vulgar empiris- abarcam determinados sectores da actividade pública], de organizar num sistema to!J.as as acções
mo como praxis do capital; não mais o sistema lógico do saber , os princípios da ciê ncia; mas a empreender na esfera pública; e la torna-se deste modo num procedimento mediante o qual se
uma massa desordenada de factos histó ricos, de experiê ncias desligadas, de grandes acções reali- confrontam os custos das várias acções propostas à actividade do governo, assim como o conjun-
zadas sem que nunca ningué m as tenha pensado. C iê ncia e ideologia funde m-se e contradizem-se to de tais custos com o conjunto dos recursos previsíveis, de modo a tornar possível a escolha da
de novo, e mbora já não numa sistematização das ideias com carácter d uradouro, mas nos acon- modalidade das acções a empreender e dos critérios a utilizar para obter os ditos recursos. Em
tecimentos q uotidianos da luta de classes[ ... ]. Todo o aparelho fu nciona l da ideologia burguesa caso de adopção de semelhante procedimento, seria mais apropriado falar de uma sociedade pro-
fo i entregue p elo capital nas mãos do movimento operário oficialmente reconhecido. O capital já gramada do que de uma economia programada» (Pasquale Saraceno, La programmazione negli
não gere a sua ideologia, fá- la gerir pelo movimento operário (.. .] . É este o mo tivo porque dize- anni 70, Etas Kompass, Milão 1970 , p. 28). Note-se que o programa geral a que se refere Sara-
mos que hoje a crítica da ideologia é uma tarefa interna do ponto de vista operário, que apenas ceno não c.onstitui efectivamente um plano vinc ulativo: tem por «única função tornar conhecido
em segunda instância respeita ao capita l» (M. Tronti, Marx, forza-lavoro, classe operaia, in Ope- de te mpos a tempos - provavelmente a intervalos não superiores a um ano - o estado do siste-
rai e capita/e, E inaudi, Turim 1966, p. 17 1, mas consultar também as páginas 177 e segs.). ma» (idem, p. 32). É significativa, a propósito, a solicitação de novas instituições capazes de
realizar a coordenação. A valorização positiva do método seguido na formulação do Projecto 80
(' 06 ) No que se refere à história económica da URSS, na fase de arranque do primeiro plano
confirm a a linha de tendência referida. «Ü que é efectivamente o Progetto 80?» - interroga-se
quinq uena l, vej a-se o n .º 1, 1971, de «Contropiano» dedicado ao Debate soviético sobre a indus- Saraceno (p. 52) - «É uma e numera ção sistemática dos problemas nacionais que neste momento
trialização, em que tal ponto de vista é desenvolvido sobre este tema específico. Cfr. actualmen- são considerados de máxima importância, assim como dos novos institutos que , melhor que os
existentes, se e ntende poderem dar solução a esses problemas; se o nosso sector público estivesse·
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desde que esta esteja inserida na autoprogramação dos siste mas ciberné ticos AV( R AGE N UWBER 0F OA ILY
hoje q ue confro ntar-nos, é relativamente a ele que as próprias experimenta- TELEPHONE Mt: SSACE S
ções didácticas são cham adas a tomar posição .
Nesta perspectiva, o que resta do pape l percorrido pela arquitectura?
Até q ue ponto a sua inserção em tais processos transfo rma a própria arqui-
já o rdenado num sistema no sentido a trás esclarecido, os redactores daque le docume nto teria m
produzido aquilo q ue foi designado por Program a - verifica». A pesar das pe rspectivas técnicas
de Saraceno não esta rem ise ntas de res íduos utópicos - veja-se a sua advogação de «um o rde-
namento e m virtude do qual as forças socia is ade re m m oralmen/e ao processo de utilização de
recu rsos requeridos para a solução [dos] proble mas» (idem, p. 26, sublinhado nosso) - a sua
crítica .ao programa quinq ue nal 1966-70 adere à transformação institucio nal do controlo do de-
senvolvimento, correcta mente caracte rizada na nota de Sandro Mattiuzzi e Stefania Pote nza,
Programmazione e piani terriloriali: /'esempio dei M ezzogiorno, «Contropiano», 1969 , n.0 3, pp .
685-717. O facto de as o piniões de Saraceno se inserire m num vasto processo de reestruturação
e m curso na praxis e na teo ria da programação, é provado po r toda uma série de to madas de
posição e m fa vor do plano co mo «política contínua e completame nte exercida». C fr. G iorgio
Ruffolo, Progetto 80: scelte, impegni, s1rumenti, «Mondo economico», 1969, n. 0 1.
(1 09 ) Horst Rittel, Ueberlegungen zur 111issenschaf1/ichen und polilischen Bedewung der Entscheid-
ungs1heorien, re latório do Studiengruppe für Systemforschung, He ide lberg, pp. 29 e segs., agora
no volume o rganizado por H . Krauch , W. Kunz e H . Ritte l, Forschungsplannung, O lde nbotJrg
Verlag, Munique 1966, pp. 110-29 .
("º) l bid. '
1.
(1 11 ) «As diversas etapas do itinerário seguido pela a nálise de Bense» - escre ve Pasquolotto -
«re presentam a necessária premissa e o próprio fundame nto das suas conclusões gerais, e d.efi-
tectura num simples factor económico, e em que medida as decisões toma- O destino da sociedade capitalista, numa tal base, não é efectivamente
das no seu âmbito específico se repercutem em estruturas mais vastas? É estranho ao projecto. A ideologia do projecto é tão essencial à integração
difícil encontrar respostas coerentes para tais inte rrogações no âmbito do ac- do capitalismo moderno em todas as estruturas e superestruturas da existên-
tual debate arquitectóqico . .E é compreeensível. cia humana, como o é a ilusão de poder opor-se a esse projecto com os ins-
Para os arquitectos, a descoberta do seu declínio como ideólogos acti- trumentos de um projecto distinto, ou de um «antiprojecto» radical.
xos, a constatação das enormes possibilidades tecnológicas utilizáveis para Pode até acontecer que existam muitas tarefas específicas para a arqui-
racionalizar as cidades e os territórios, juntamente com a constatação diária tectura. A nós interessa sobretudo saber porque é que até hoje a cultura de
da sua dissipação, o envelhecimento dos métodos específicos do projectar, inspiração marxista, com extremo cuidado e com uma obstinação digna de
mesmo antes' de poder verificar as suas hipóteses na realidade, geram .. um melhor causa, nunca negou ou encobriu culposamente esta simples verdade:
clima de a nsiedade que . deixa e ntrever no horizonte um panorama muito que, tal como não pode existir uma Economia política de classe, mas uma
concreto e temido como o pior dos males: o declínio do «profissionalismo» crítica de classe à Economia política, também não é possível criar uma esté-
do arquitecto e a sua inserção, já sem obstáculos tardo-humanísticos, em tica, uma arte, uma a rquitectura de classe, mas apenas uma crítica de classe
programas onde o papel ideológico da arquitectura é mínimo. à estética, à arte, à arquitectura, à cidade.
O facto de esta nova situação profissional, já real em países de capita- Uma crítica marxista coerente da ideologia arquitectónica e urbanística
lismo avançado, ser temida pelos arquitectos e esconjurada com as contor- apenas pode de~!llistificar realidades contingentes e históricas, de modo al-
sões formais e ideológicas mais nevróticas, é apenas um indício do retrogra- · gum objectivas ou universais, que se ocultam por detrás das categorias unifi-
dismo político de tal grupo intelectual. cantes dos termos arte, arquitectura, éidade: reconhecendo outrossim os no-
Depois de tere m antecipad<;> ideologicamente a férrea lei do plano, os vos níveis atingidos pelo desenvolvimento capitalista, e com os quais os mo-
arquitectos, incapazes de analisarem historicamente o caminho percorrido, vimentos de classe são chamados a confrontar-se.
revoltam-se contra as derradeiras consequências das promessas que contri- E e ntre as ilusões intelectuais a frustrar , a primeira é a que tende a
buíram para despoletar. E, o que é pior, tentam patéticos relançamentos antecipar, apenas com o valor da imagem , as condições de uma arquitectura
«éticos» da a rquitectura moderna, atribuindo-lhe tarefas políticas que só ser- «para uma sociedade libertada». Os que propõem uma tal divisa evitam
vem para acalmar provisoriamente furores tão abstractos quanto injusti- cjue'SÜonar-se sobre se, mesmo posto de parte o seu manifesto utopismo, tal
ficados. objectivo é perseguível sem uma revolução linguística , metodológica e estru-
Pois é necessário que se convençam disto: todo o ciclo da arquitectura tural, cujo alcance está be m para além da simples vontade subjectiva ou da
moderna e dos novos sistemas de comunicação visual nascem , desenvolvem- . simples actualização de uma sintaxe.
-se e entram e m crise como uma grandiosa tentativa - a última da grande A arquitectura moderna traçou as vias do seu próprio destino fazendo-
cultura figurativa burguesa -'- para resolver, no âmbito de urna ideologia -se portadora de ideias de racionalização de que a classe operária só está
cada vez menos actual , desequilíbrios, contradições e atrasos, típicos da · investida ein segunda instância, no âmbito de uma estratégia política autó~
reorganização capitalista do mercado mundial e do d~sen volvime nto pro- noma. Poder-se-á reconhecer a inevitabilidade histórica de ' tal fenómeno.
dutivo. Mas uma vez reconhecido como tal, já não é possível esconder a realidade
Nesta acepção, ordem e desordem acabam por opor-se e ntre si. Anali- última que torna inutilmente angustiantes as opções dos arquitectos desespe-
sados nos seus significados históricos reais, não há contradição e ntre cons~ radamente agarrados às ideologias disciplinares.
trutivisrno e «arte de protesto», e ntre racionalização da produção construtiva Inutilmente angustiantes - pois é inútil debatermo-nos no ·interior de
e subjectivismo informal ou ironia pop, entre plano capitalista e caos urba- cápsulas sem saída. A crise da arquitectura moderna não resulta de «cansa-
no, entre ideologia da planificação e poética do objecto. ços» ou «delapidações»: é antes a crise da função ideológoca da arquitectu-
ra. A «queda». da arte moderna é o último testemunho da am biguidade bur-
nem simultaneamente a total inadequação ·da proposta política de Benjamin à realida.de tecnoló- guesa, situada entre objectivos «positivos» e a desumana auto-exploração da
gica. A cadeia dos processos, que constituem a formalização radical dos e le mentos e das estrutu-
ras, dos valores e dos juízos pertencentes ao âmbito da estética e da ética, mostrou ser completa-
sua redução objectiva a mercadoria. Nenhuma «Salvação» é já possível en-
mente funcional ao ressurgimento da intencionalidade técnica (da technische Bewusstsein), que contrar dentro dela: nem vagueando, inquietos, em labirintos de imagens de
representa o seu próprio fundamento. Por sua vez, essa intencionalidade técnica apresenta-se tal modo polivalentes que resultam mudas; nem fechando-se no árido silên-
como o factor determin ante da construção de uma «nova Subjectividade», que trabalha para o cio de geometrias pagas pela sua própria perfeição .
projecto final de unia <<11ova Síntese»: o fio da inte ncionalidade técnica que tece a textura da É por este motivo que não é viável propor «Contra-espaços» arquitec-
Zivilisarion tecnológica conclui o seu trajecto da lntegration. Mas a realização de tal lntegration
não depende, evidentemente, apenas da o rganicidade de uma ideologia da tecnologia, mas depen- tónicos; a procura de uma alternativa, inteiramente inserida nas estruturas
de em grande parte da elaboração de uma política da tecnologia» (G. Pasqualotto, Avanguardia que condicionam o próprio carácter do projecto, é uma manifesta contradi-
e tecnologia, cit.. pp. 234-5). ' ção nos termos.
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A reflexão sobre a arquitectura, enquanto crítica da ideologia concre -
ta, «realizada» pe la própria arquitectura, só pode a lte rar-se e alcançar uma
dime nsão especificamente política.
Só . neste ponto - isto é, depois de ter excluído qua lquer ideologia dis-
ciplinar - é lícito re propor o tema dos novos papéis do técnico, do organi-
zador da construção, do planner, no âmbito das novas formas do desenvolvi-
mento capitalista. E , por conseguinte, das ta ngências possíveis ou das inevi-
táveis contradições e ntre um tal tipo de trabalho técnico-intelectual e as con-
dições materiais da luta de classes.
Neste sentido, a crítica sistemática das ideologias que acompanham os
fenóme nos do desenvolvimento capitalista não é mais do que um capítulo de
tar aÇÇão · política. Não esquecendo que a crítica da ideologia tem hoje uma
tarefa toda voltada para eliminar mitos impotentes e ineficazes, a que recor- ÍNDICE DAS ILUSTRAÇÕES
re, na maio r parte das vezes, como a miragens que permitem a sobrevivên-
cia de «esperanças projectistas» anacrónicas.
1. John Gwynn, figura do volume London e Westminster lmproved,
1766, .... .. ... .. . ... ................... . ....... .. ....... ...... . ............ ... . .. . . 17
2. Giovanni Battista Piranesi, ilustração do Campo Marzio dell'an-
tica Roma (1761-62), projecto da zona do Mausoleu de Adriano
do «Bustum Hadriani» ......... .. ... ..... ... ........ .... . ..... .. ..... ...... . 21
3. Em cima: vista da cidade de Washington da margem sul do Ana-
coatis Rive r, 1834. No centro e em baixo: vista prospectiva e
planimetria do projecto do centro de Washington, elaborado
pe la Sena te Park Commission, 1902 .. ..... .. . .... ...... . .... . .. .. . .. . . 30
4. Frederick Law Olmsted , plano do siste ma dos parques de Buf-
falo em relação ao plano de desenvolvimento urbano, 1876 .. .. 34
5. O transepto do C rystal e m Londres (1851), numa gravura oito-
centista . ....... . ......... .... ........ .... . .. ..... . ............ ...... . .. ... .. .. . .. . 37
6. Projecto de casas operárias, Londres, 1865 ........ ....... .. .. ...... . 39
7. Louis H . Sullivan, projecto teórico de cidade com arranha-céus
(de : «The Graphic», 19 de D ezembro de 1981 , V). Gravura de
H. von Hofsten ..... .... ..... .. .. .. . .. .. .... .. .. . .. . ...... ..... ....... ..... .. . 39
8. Francis Picabia , Tickets, 1920 ca., aguarela sobre papel , colecção
Schwarz, Milão ...... .. . . ....... : ... .. . ..... .. ....... .. .. ........ . .. .. .. .... .-:. 54
9. E. R . Graham (da Burnham & Co .) , Equitable Life Insurance
Building, New York City, 1913-1915 ... .... .... .. . .. .. ... ........ .. . .. . 60
10. Kurt Schwitters, vista do Me rzbau de Ha nnover , 1920 e segs.
(destruído) .. .. ...... ..... ........... .. ... .. ..... ...... ... ... ... ... .... ...... .. . . 65
11. Geo rg Groz, Friedrichstrasse, 1918 .. . .. ......... ... ... ...... . ... .... ... . 67
12. E m cima: Vlas tislav Hofman , estudo para casa de habitação, 1914
e Pavel Janak , estudo de fachada, 1913-1914. Em baixo VI. Hof-
man , estudo arquitectónico , 1913 ...... . ....... .... .... ....... ........ . .
13. Ludwig Hilberseimer, ilustrações do volume Grossstadtarchi-
,_ tektur, Stuttgart 1927 ....... ... ...... .................... ... .......... .. .... . 7.\
14. Pete r Behrens, vistas do hall central dos serviços administrativos
da Hoechst , em Frankfurt, 1920-1928 ................... ... .. .. ... .. . . 7~
122
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