Hfto U1 V2 2023
Hfto U1 V2 2023
Hfto U1 V2 2023
Conteudista
Prof. Me. Adriano Conrado Rodrigues
Revisão Textual
Prof.ª Esp. Lorena Garcia Aragão de Souza
OBJETIVOS DA UNIDADE
• Compreender os aspectos que influenciaram na formação da identidade
profissional e a relação entre diferentes culturas;
Este arquivo PDF contém o mesmo conteúdo visto on-line. Sua dis-
ponibilização é para consulta off-line e possibilidade de impressão.
No entanto, recomendamos que acesse o conteúdo on-line para
melhor aproveitamento.
2
Aspectos Ontológicos da
Terapia Ocupacional
“Se temos uma doença ocupacional, por que não uma terapia ocupacional?”
Essa frase foi proferida pelo então arquiteto George E. Barton, por volta de 1914.
Além de ser considerada a primeira vez em que o termo “terapia ocupacional”
foi citado, ela nos remete a uma situação de causa e efeito. Porém, uma análise
mais criteriosa nos leva à busca do entendimento sobre a complexidade do ser
humano, ou seja, questões relacionadas à sua existência, à sua consciência, ao
seu papel social e às atividades que desenvolve, ao ambiente em que interage, e
questões que auxiliem na manutenção da sua saúde e do seu bem-estar.
Figura 1 – Artigo de Hart e Albert Bushnell (1919, 15 de julho). War pensions and
something better
Fonte: THE MENTOR ASSOCIATION, 1919, n. p.
#ParaTodosVerem: artigo de jornal, datado de 15 de julho de 1919, composto de texto e foto de veteranos
de guerra pensionistas norte-americanos (Primeira Guerra Mundial), executando atividades manuais de
seus interesses, como proposta para reinserção social, dando a entender que a condução clínica seria
oferecida por terapeutas ocupacionais. Fim da descrição.
3
Certamente, isso influenciou ao longo do tempo a formação da identidade desse pro-
fissional, nos remetendo aos aspectos ontológicos e epistemológicos da profissão.
4
A literatura brasileira traz uma definição formulada pelo curso de terapia ocupa-
cional da Universidade de São Paulo (USP), como segue:
5
Há que atentar, ainda, para o fato de que uma história de caráter evolucionista
(continuidade e periodização linear) pode levar a uma ideia reducionista de pen-
samento ou realidade, o que também é característica de determinadas culturas e
respalda o uso de modelos ou determinadas abordagens em terapia ocupacional.
6
A Hull House era um abrigo de extrema importância para o movimento de mu-
lheres em Chicago, tendo contribuído para a formação política, profissional e
laboral de muitas mulheres, além de ter oferecido apoio a muitas famílias, prin-
cipalmente imigrantes.
Podemos dizer que foi o movimento desses abrigos sociais que permitiu que
muitas mulheres (brancas e de elites urbanas) se inspirassem e começassem a
desenvolver atividades laborais, uma vez que mulheres pobres, mulheres negras
(ou ambas) e mulheres pobres imigrantes, sempre trabalharam, de um modo
ou de outro, fora de seus espaços domésticos. Para Morrison e colaboradores
(2021), pela primeira vez, aquelas mulheres começaram a observar maneiras al-
ternativas de participação social, podendo optar por distanciarem-se de formas
tradicionais, como o casamento e a família.
Jane Addams e Ellen Gates Starr, como principais fundadoras da Hull House no
final dos anos de 1880, Julia Lathrop, uma das primeiras a se incorporar a essa
instituição, e Eleanor Clarke Slagle foram as primeiras mulheres responsáveis
pelas ações da Hull House. Esse trabalho, no âmbito da ação social, do lidar com
7
demandas da questão social da sociedade capitalista que se levantava sob os
alicerces estadunidenses, sob um enfoque político, começa também, para parte
dessas mulheres, a oferecer parâmetros para ações que, mais tarde, viriam com-
por propostas em torno da terapia ocupacional.
Depois de dois anos de trabalho, Meyer destacava Slagle como a principal refe-
rência para o serviço de terapia ocupacional.
Ao fim dessa experiência, Slagle regressa a Chicago, em 1913, para fundar a pri-
meira escola de terapia ocupacional.
Desde seus inícios, a terapia ocupacional foi considerada uma nova profissão
para mulheres, e, para legitimar-se como uma disciplina profissional a ser reco-
nhecida, buscou articulações com a medicina, até então um campo masculino e,
assim como hoje, com elevado reconhecimento e poder social. O papel dos ho-
mens dentro do mundo visível da medicina, e o das mulheres dentro da invisibi-
lidade das redes de caridade e de boas moças e senhoras de bem, conformaram
os mecanismos empregados pela primeira geração de terapeutas ocupacionais.
8
Elizabeth Tracy, enfermeira, uma das pioneiras no uso das ocupações como tra-
tamento e uma das primeiras a sistematizar suas reflexões.
A Primeira Guerra Mundial teve início em 1914, contudo, os Estados Unidos ape-
nas se inseriram de forma oficial em 1917, sendo assim, a profissão reconhecida
nesse mesmo ano nesse país não surgiu como resultado imediato da Guerra, e
sim nesse contexto.
A terapia ocupacional teve sua expansão nos Estados Unidos nas primeiras dé-
cadas do século XX, experimentando uma importante retomada dessa expansão
nos anos da Segunda Guerra Mundial e chegando na América Latina, enquanto
programa de formação profissional, a partir da década de 1950, configurando
uma segunda onda de crescimento.
Leitura
Leia, na íntegra, a tese de Pamela, intitulada
“Terapia Ocupacional, Território e Comu-
nidade: Desvelando Teorias e Práticas a
Partir de um Diálogo Latino-Americano”.
9
As epidemias de poliomielite e a história da loucura (principalmente pelas ideias
do tratamento moral) são alguns dos marcos importantes para abordar as histó-
rias da terapia ocupacional nos países latino-americanos.
Para as histórias da terapia ocupacional nos países da América Latina, tão impor-
tantes quanto os centros de reabilitação física criados ou impulsionados pelos
interesses postos em torno das epidemias de poliomielite foram os hospitais
psiquiátricos e as instituições que lidavam com pessoas tidas como loucas, ou
com problemáticas decorrentes da questão social, como detentos, pessoas em
situação de rua ou prostitutas.
10
Em 1940, a ONU passa a assumir a coordenação, o planejamento e o supri-
mento de reforços em áreas voltadas à reabilitação, partindo de diversas orga-
nizações, como a OMS, que se responsabilizou pela formação de profissionais
de reabilitação, como médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisiote-
rapeutas, entre outros. Em 1951, a ONU começa a enviar emissários para a
América Latina a fim de identificar possíveis locais para instalação de um centro
de reabilitação.
11
Quadro 1 – Ano de criação de programas de formação profissional em terapia ocupa-
cional, em cada país, instituição e cidade, nos dez primeiros anos
Ano de
País Instituição Cidade
início
Cidade do
México Hospital Infantil de México. 1957
México
Instituto de Reabilitação
Brasil do Hospital das Clínicas da São Paulo 1958
Universidade de São Paulo.
Instituto Universitário de
Brasil Reabilitação da Faculdade de Recife 1962
Medicina do Recife.
Facultad de Medicina –
Colômbia Bogotá 1966
Universidade Nacional de Colombia.
12
coletivo e nas relações sociais; a tessitura de redes formais e informais; a cons-
trução de vínculos por meio do uso das atividades; a horizontalidade e a disponi-
bilidade nas relações; e as estratégias para lidar com a vulnerabilidade social nos
âmbitos micro e macrossocial.
É sob esse olhar que surge a terapia ocupacional e que passaremos a abordar
a seguir.
13
Figura 3 – Foto dos fundadores da terapia ocupacional, em 1917
Fonte: crefito12.org.br
#ParaTodosVerem: seis pessoas (fundadores da terapia ocupacional) dispostas em fotografia, como segue,
fileira de trás, da esquerda para a direita: William Rush Dunton, Isabel Newton, Thomas Bessell Kidner;
fileira da frente, da esquerda para a direita: Susan Cox Johnson, George Edward Barton, Eleanor Clarke
Slagle. Fim da descrição.
14
• Em 1960, houve a criação do primeiro centro de reabilitação profissional
do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) – Brasil;
15
Leitura
Leia o artigo “Occupational Therapy Prac-
tice Framework: Domain and Process –
Fourth Edition” publicado pelo jornal “Ame-
rican Journal of Occupational Therapy” e
saiba mais.
16
Em uma análise atual, considerando dados da realidade geopolítica do Brasil e
dados do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Brasil sobre
a consolidação da terapia ocupacional nas práticas desse território, vemos que
(logicamente não limitando-se somente a isso) há uma maior densidade demo-
gráfica nos estados do Norte, do Centro-Oeste, do Sul e do Sudeste. Em contra-
partida, o consumo de saúde e educação (redes particulares) é mais evidente nos
estados do Sul e Sudeste e escassos no Norte (exceto no Pará), no Nordeste e no
Centro-Oeste. A renda familiar, com exceção do Amapá, também apresenta-se
mais baixa nos estados do Norte e do Nordeste do Brasil.
• O que fazer para que a equipe entenda o meu trabalho e as minhas atri-
buições?
17
Esse entendimento depende das variáveis interferentes do processo de trabalho
como terapeuta ocupacional, bem como do perfil, do propósito ou das caracte-
rísticas do meio de interação ou ambiente de relação. Essa correlação é o norte
que dirige a exposição de evidências e “boas práticas” profissionais.
Por outro lado, dada a complexidade das demandas de educação, saúde e assis-
tência social e da própria complexidade do ser humano, a falta de matriciamento e
a consequente fragmentação da rede, não só leva à ineficiência dos serviços, como
à desorganização e à descaracterização destes, além da frustração dos profissio-
nais. O reflexo disso se dá na falta de atenção às demandas e na formação de filas
infindáveis como constantemente é observado (ou até por alguns é vivenciado),
por cidadãos do Brasil que utilizam a rede pública de atenção básica à Saúde.
Cabe ressaltar, ainda, que segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, o núme-
ro correto de terapeutas ocupacionais é de um profissional para cada mil pessoas.
18
Vemos que o conceito de rede está intimamente ligado às prerrogativas dos ser-
viços, que por sua vez estão intimamente ligados às prerrogativas profissionais.
A partir disso, já temos parâmetros para responder as questões inicialmente
pautadas.
Avaliar a distribuição populacional nos permite ter uma base para planejamento
da cobertura da atenção, quando correlacionado com a distribuição dos progra-
mas e dos serviços.
Evidenciar a população que paga por saúde e educação, por exemplo, permite
que o gestor ou o profissional estabeleça prioridades na atenção, quando corre-
lacionado com as demandas igualmente avaliadas por região.
19
MATERIAL COMPLEMENTAR
Site
Portal Educação
https://bit.ly/44ujBN5
Vídeos
Leitura
MORRISON, R. et al. Por que uma Ciência Ocupacional na América Latina? Possíveis
relações com a terapia ocupacional com base em uma perspectiva pragmatista. Ca-
dernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 29, p. 1-13, 2021. Disponí-
vel em: < h t t p s : / / w w w . s c i e l o . b r / j / c a d b t o / a / f 8 F V w 6 f f p v R X g z J F 4 B x 8 7 G g / >. Acesso
em: 19/03/2023.