TECA
TECA
TECA
INTRODUÇÃO
CARACTERISTICAS DA PLANTA
A teca é uma espécie que pertence à família Lamiaceae (MORETTI, 2013),
apresentando hábito pioneiro, sendo caducifólia, com queda de folhas no período de menor
precipitação pluviométrica (FERREIRA e MELO, 2006). O tronco é retilíneo, podendo
apresentar ou não raízes tabulares em razão das diversas estratégias de manejo e do material
genético empregado (FIGUEIREDO et al., 2005).
A madeira possui alburno de coloração amarelada a esbranquiçada, geralmente
delgado, e o cerne é castanho-amarelado. Possui anéis de crescimento nítidos e diferenciados
nos cortes transversais. O lenho é moderamente duro e oleoso ao tato (COSTA et al., 2007).
As folhas são opostas, elípticas, coreáceas e ásperas ao tato, dotadas de pecíolos curtos
ou ausentes e ápice e base agudos. Os indivíduos adultos possuem folhas, em média, com
comprimento de 30 a 40 cm por 25 cm de largura. Nos indivíduos mais jovens, com até 3
anos de idade, as folhas podem atingir o dobro dessas dimensões. Possui flores brancas e
pequenas dotadas de pecíolos curtos, dispostas em grandes e eretas inflorescências do tipo
panícula. Seus frutos consistem de drupas subglobosas de mais ou menos 1,2 cm de diâmetro.
As sementes de um a quatro estão protegidas por um tecido duro (endocarpo) envolvido por
uma compacta e densa cobertura feltrosa (mesocarpo). Este conjunto está incluso em um
invólucro vesicular inflável de consistência membranosa (exocarpo) (VIEIRA, 2002).
CARACTERISTICAS EDAFOCLIMÁTICAS
O bom crescimento e alta qualidade da madeira estão associados à profundidade do
solo, boa capacidade de retenção de água, solos aluviais com boa drenagem, ricos em cálcio,
fertilidade mediana; relevo suave, temperatura média anual entre 22 e 27 ºC; precipitação
anual de 1500 a 2500 mm, com uma estação seca de 3 a 5 meses com precipitação máxima de
50 mm (VIEIRA, 2002).
A Teca é uma espécie que não suporta sombreamento mesmo no período juvenil, por
esta razão nos climas equatoriais com precipitações uniformemente distribuídas durante o ano
todo, ela não desenvolve bem. Caso não haja uma estação seca bem definida, a Teca tende a
ser dominada por espécies folhosas não caducifólias. Apesar de ser uma espécie de luz, o
comprimento do dia parece não ter efeito sobre o crescimento e desenvolvimento da Teca,
pelo menos no estágio de muda (VIEIRA, 2002).
No Brasil, a espécie é cultivada em locais com precipitação média anual entre 1.500
mm a 2.750 mm, temperaturas máximas de 35 ºC a 40 ºC e mínimas de 15 ºC a 20 ºC, com
três a quatro meses de período seco, o que são consideradas condições ideais ao seu
desenvolvimento da espécie (PELISSARI, 2014).
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
A Teca deve sua importância e valor tanto pelas propriedades físico-mecânicas
desejáveis da madeira quanto pela característica bioecológica agressiva, robustez e seu bom
desenvolvimento. As principais características da Teca são: durabilidade, estabilidade,
facilidade de pré-tratamento, resistência natural ao ataque de fungos, insetos, pragas e brocas.
Desenho, cor e densidade são outros aspectos qualitativos importantes, além da ausência de
nós e de defeitos na tora. Devido as suas características e propriedades únicas e superiores, a
Teca é a madeira de folhosa mais valorizada no mundo (VIEIRA, 2002).
A madeira da Teca, considerada nobre, é utilizada principalmente para a fabricação de
móveis e revestimento de embarcações. A espécie tem grande procura no mercado mundial,
podendo alcançar preços até três vezes superior à do mogno, sendo utilizada na produção de
móveis, esquadrias de alto padrão, construção naval, postes, dormentes, chapas e decoração
(FIGUEIREDO et al., 2005; MACEDO et al., 2005).
SOLO E PREPARO
Pelissari (2014), descreve que a teca se desenvolve em uma grande variedade de solos
e formações geológicas, porém tem preferência pelos de textura franco-arenosos a argilosos,
profundos e de boa drenagem, com terrenos planos, ou pouco declivosos, e férteis.
O pH é uma das mais importantes propriedades do solo para a teca (PELISSARI et al.,
2012), estando diretamente ligado à disponibilidade de nutrientes do solo (LIMA et al., 2010).
Entretanto, não há consenso entre os seus níveis ideais para o desenvolvimento da teca.
Autores OMBINA (2008) determinou que o intervalo de pH de 6,0 a 8,0 é considerado como
o melhor para os povoamentos da teca na Índia e Mianmar, a passo que MOLLINEDO
GARCIA (2003) e GONZÁLEZ (2010) estabeleceram que a teca não deva ser cultivada em
sítios com pH inferior a 5,5, pois o seu crescimento é limitado pela redução na disponibilidade
de diversos elementos essenciais no solo.
METODOS DE PROPAGAÇÃO
Os métodos de propagação vegetativa da teca frequentemente utilizados são a enxertia,
no qual ocorre a união de duas plantas para o desenvolvimento da parte aérea; a estaquia,
método em que as raízes adventícias são induzidas em estacas geralmente juvenis; a
mergulhia, no qual o ramo é podado e colocado para enraizar quando ainda faz parte da planta
mãe e destacadas após o enraizamento, e a micropropagação (ANDRADE et al., 2010), que
consiste no cultivo asséptico de pequenos segmentos de plantas, no qual são estimuladas a se
multiplicar e, posteriormente, colocados a enraizar, regenerando uma plântula (GALVÃO,
2000).
A germinação da semente da teca é demorada e irregular, pois necessita de muita
umidade, a semente da teca também necessita de muito calor para germinar (CÁRCERES
FLORESTAL, 2006).
PLANTIO E ESPAÇAMENTO
Na maioria dos plantios envolvendo a teca, a área é preparada de maneira
convencional, com a passagem de uma grade de disco e sem aplicação de adubos
(FIGUEIREDO, 2001). Iniciativas de cultivo mínimo foram desenvolvidas por Henrique
(2007) em Cáceres, Mato Grosso.
É feita a marcação das covas de acordo com o espaçamento definido, que pode variar
de 1 a 4 metros entre linhas e de 1 a 3 metros entre plantas, sendo que o mais utilizado em
Rondônia é de 1,80 m x 1,80 m, com opções de 3 m x 2,5 m e 3 m x 2,0 m (VIEIRA, 2002).
Ainda conforme Vieira (2002), o plantio é feito através da abertura de covas ou por
sulcos. Coloca-se uma muda por cova, de modo que o colo fique na linha da superfície do
solo. Além disso, outros cuidados devem ser tomados, como: observar nas mudas de “toco”, o
lado da raiz para não plantar invertida e nas mudas com recipientes remover as embalagens.
Recomenda-se o plantio no período das chuvas de novembro a janeiro. Depois de duas
semanas de plantio, faz-se uma vistoria na área para identificar o percentual de falhas que não
deve ultrapassar a 10%, caso contrário, realiza-se o replantio.
MANEJO FLORESTAL
A Teca com sua agressividade, robustez e seu bom desenvolvimento não necessita de
tratos culturais complexos, porém deve-se manter o terreno limpo no primeiro ano de cultivo,
pois a mesma não tolera competição com gramíneas e outras ervas daninhas (VIEIRA, 2002).
Durante o primeiro ano é necessário manter o terreno bem carpido; no segundo ano, o
sombreamento proporcionado pela teca evitará em boa parte o desenvolvimento do “mato”,
reduzindo a necessidade de capinas e roçadas; de um modo geral, a partir do terceiro ano,
esses tratos culturais podem ser dispensados. O controle das gramíneas e ervas daninhas
poderá ser mecânico (gradagem, roçada) ou químico (com herbicidas) (CÁRCERES
FLORESTAL, 2006).
O primeiro desbaste é feito no 5º ano, sendo que o aspecto da madeira de
reflorestamento Teca nessa fase é roliço e ainda não tem grande valor comercial, mas pode ser
usada como mourões, escoras, vigamentos de construções rústicas. O segundo desbaste
acontece aos 8 anos, com essa idade a madeira pode ser serrada para a produção de sarrafos,
lambris, painéis de sarrafos colados, etc. Os outros desbastes ocorrem nos anos 10, 11, 14,
17, 20, 22 e 25. A partir do terceiro desbaste, a madeira pode ser utilizada para fabricação de
móveis finos (CÁRCERES FLORESTAL, 2006).
PRAGAS E DOENÇAS
Alfenas (2023), descreve que diversas doenças, tais como as manchas foliares,
causadas por diferentes patógenos (Phomopsis tectonae, Calonectria cylindrospora,
Rhizoctonia solani, Myrothecium roridum e Xanthomonas sp.), a antracnose, causada por
Colletotrichum gloesporioides, o oídio, causado por Phyllactina guttata e Uncinula tectonae,
a galha, causada por Meloidogyne javanica e a podridão de estacas, causada por Myrothecium
roridum e Fusarium sp., já foram encontradas no Brasil sem causar grandes prejuízos, mas
apresentam potencial de perdas no futuro com a expansão das plantações e dos ciclos
sucessivos da cultura.
Ainda segundo o autor atualmente, a ferrugem causada por Olivae neotectonae, a
murcha-de-ceratocystis, causada por Ceratocystis fimbriata, a murcha-de-ralstonia, causada
por Ralstonia solanacearum, e a podridão radicular de causa complexa são consideradas as
principais doenças da cultura da teca no Brasil, em função dos prejuízos econômicos que
podem gerar.
A ferrugem causada por Olivae neotectonae é uma doença de fácil detecção, que
incide tanto em viveiro quanto em plantios no campo. Nas plantas infectadas, observam-se
manchas de coloração marrom escuro (necróticas) na face adaxial da folha e a presença de
pústulas amarelas na face abaxial (ALFENAS, 2023).
A murcha-de-ceratocystis, causada por Ceratocystis fimbriata, é uma doença que pode
levar a planta à morte, e, quando não, reduz significativamente seu crescimento e o valor da
madeira produzida. As infecções ocorrem a partir do solo, por meio das raízes ou pelas podas,
e atingem o sistema vascular da planta (ALFENAS, 2023).
A murcha-de-ralstonia causada por Ralstonia solanacearum ainda não foi relatada
oficialmente em teca no Brasil, no entanto se trata de uma doença importante, com ocorrência
já confirmada em outros países. Assim, como a murcha-de-ceratocystis, é uma doença
vascular que pode levar a planta à morte. A principal forma de disseminação dessa bacteriose
é através do plantio de mudas infectadas, portanto é fundamental fazer vistorias periódicas,
tanto em viveiro quanto em campo, a fim de minimizar os impactos causados pela doença e
evitar a disseminação por mudas infectadas (ALFENAS, 2023).
Embora as áreas plantadas com teca estejam em ampla expansão, a experiência
brasileira ainda é incipiente. Portanto é essencial e estratégico para o Brasil realizar
investimentos privados, em parceria com as instituições de pesquisa, em programas de
melhoramento genético, em silvicultura e manejo e, principalmente, em proteção florestal,
para garantir a sustentabilidade econômica dos projetos de investimento e impedir que
doenças bióticas e abióticas comprometam o retorno esperado (ALFENAS, 2023).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS