Linguas de Sinais Parte

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3.

ESTUDOS LINGÜÍSTICOS DAS LÍNGUAS DE SINAIS

Os estudos linguísticos das línguas de sinais iniciaram com Stokoe (1960),


apresentou uma análise descritiva da língua de sinais americana revolucionando a
linguística na época que concentrava-se nas análises de línguas faladas. Uma
análise no nível fonológico e morfológico.

3.1 FONOLOGIAS DAS LÍNGUAS DE SINAIS

Fonologia envolve o estudo das unidades menores que irão fazer diferença na
formação de uma palavra O par mínimo indica que ao mudar apenas uma unidade
mínima, ou seja, /p/ e /b/, em uma determinada combinação determinará mudança
de significado. Isso é o que acontece com os pares mínimos listados na língua de
sinais brasileira a seguir. Exemplo: os sons /p/ e /b/. As línguas humanas estão
organizadas em níveis hierárquicos em que frases são constituídas por uma
sequência de palavras e estas, por uma sequência de sons, correspondendo assim
à sintaxe, morfologia e fonologia. Apesar de ainda haver muito desconhecimento em
relação às línguas sinalizadas, os sinais não são gestos holísticos, ou seja, não
formam um todo indivisível. Os sinais são analisáveis como uma combinação de três
categorias linguísticas sem significado: configuração de mão, locação e movimento.
se mudarmos alguma característica de qualquer uma destas categorias, podemos
mudar o significado de um sinal. É possível, também, distinguir pares similares por
meio de diferenças no movimento dos sinais. Essa descoberta foi muito importante,
pois elevou as línguas de sinais ao mesmo patamar das línguas faladas, foi possível
mostrar que a ASL também apresenta uma das características fundamentais das
línguas humanas, que é a dupla articulação. De um lado existe um nível de
significado constituído de morfemas, palavras, sintagmas e sentenças e de outro um
nível sem significado que no caso das línguas faladas corresponde aos sons que
compõem as expressões com significado e nas línguas de sinais corresponde às
configurações de mãos. Continuando o paralelo entre as línguas faladas e
sinalizadas, as línguas de sinais também obedecem a restrições nas combinações
entre seus elementos.
Na ASL, o sinal composto BELIEVE é feito de dois outros sinais THINK e MARRY. A
fonologia das línguas de sinais também demonstrou similaridade com as línguas
faladas na organização dos elementos fonológicos. há uma estrutura sequencial
significativa, em que os elementos fonológicos ocorrem um após o outro,
equivalendo a uma sílaba. Um exemplo interessante é o sinal SURDO. Há uma
sequência formada de locação-movimento-locação. Outro aspecto da estrutura da
língua que envolve tanto a fonologia quanto a sintaxe é a prosódia. Esta envolve
ritmo, que separa as partes de uma sentença, proeminência, que enfatiza elementos
selecionados e entonação, que comunica outras informações importantes como os
diferentes tipos de sentença. Enquanto as línguas faladas usam o aumento e a
queda do pitch da voz, volume e pausa para obter esses efeitos, as línguas de sinais
aplicam expressões faciais, posturas corporais e rítmicas com forma e função
similares. A língua de sinais brasileira apresenta um conjunto de unidades menores
que são compostas pelas configurações de mãos (CM), pelas locações (L) e pelos
movimentos (M).

O conjunto de locações restringe-se ao espaço de sinalização que inclui o tronco, os


braços, o rosto e o espaço neutro a frente do sinalizante:
 EDUCADO (no braço),TELEVISÃO (no espaço neutro)
 EMPREGADA (abaixo da cintura), CONSEGUIR (na bochecha)
 AMARELO (no nariz), ALEMANHA (na testa)
 ÁGUA (no queijo), SABER (na fronte)
 SUPORTAR (no alto da cabeça)

Na língua de sinais, ainda não temos estudos que identificam os seus fonemas e
alofones, mas sabemos que isso acontece. Uma forma de identificar os fonemas
distintivos de uma língua é listar pares Mínimos: a) Quanto ao movimento, b)
Quanto à configuração da mão, c) Quanto à locação. Além destes três conjuntos de
unidades mínimas, Quadros e Karnopp (2004) ainda apresentam a orientação da
mão e as marcações não manuais. Neste exemplo, o sinal com a orientação da
palma da mão voltada para frente significa que está se ajudando alguém (uma
terceira pessoa do discurso). Se a orientação da mão estivesse virada para dentro,
o significado já seria outro: alguém (uma segunda ou terceira pessoa) me ajuda
(primeira pessoa do discurso). A direção do movimento associada à orientação da
palma da mão indica a fonte e o alvo da ação, ou seja, no exemplo acima, a fonte é
a primeira pessoa e o alvo é a terceira pessoa associada ao ponto estabelecido no
espaço à frente da sinalizante no qual a direção do movimento se move.

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