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UNIVERSIDADE INTERNACIONAL DE INTEGRAÇÃO DA LUSOFONIA AFRO-

BRASILEIRA- UNILAB

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADA


(ICSA) BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA

EUNICE AMÉLIA DE MAGALHÃES YANGO

POLÍTICAS DE PERMANÊNCIA DE MÃES DISCENTES NA UNILAB:


DESAFIOS E DIFICULDADES ACADÉMICAS

REDENÇÃO-CE
EUNICE AMÉLIA DE MAGALHÃES YANGO

POLÍTICAS DE PERMANÊNCIA DE MÃES DISCENTE NA UNILAB:DESAFIOS


E DIFICULDADES ACADÊMICAS

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


apresentado como requisito parcial ao Curso de
Bacharelado em Administração Pública,
vinculado ao Instituto de Ciências Sociais
Aplicadas (ICSA) da Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-
Brasileira - UNILAB, para a obtenção do grau
de bacharel do curso de Administração Pública.
Orientador: Prof. Dr. Pedro Rosas Magrini

REDENÇÃO, 2020-CE
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Sistema de Bibliotecas da UNILAB
Catalogação de Publicação na Fonte.

Yango, Eunice Amélia de Magalhães.

Y22p

Políticas de permanência de mães discente na Unilab: Desafios e


dificuldades acadêmicas / Eunice Amélia de Magalhães Yango. -
Redenção, 2023.
0f: il.

Monografia - Curso de Administração Pública, Instituto De


Ciências Sociais Aplicadas, Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Redenção, 2023.

Orientador: Prof. Dr. Pedro Rosas Magrini.

1. Maternidade. 2. Universidade. 3. Políticas de permanência.


I. Título

CE/UF/Dsibiuni CDD 306.8743


AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, quero agradecer a Deus pela força e inspiração e pela saúde que me
deu de poder começar e concluir esse trabalho. Em seguida, quero agradecer a minha família
que sempre estiveram na retaguarda me impulsionando e orando para que eu não desistisse,
especificamente a minha mães (Amélia Bernardo Magalhães Yango), ao meu pai (João Sacaia
Yango), que apesar de não estar mais aqui fisicamente, os seu ensinamentos e exemplos de
vidas continuam bem vivos em mim, ao meu irmão mais velho (Gelson Bernardo Yango) por
todo apoio que tem prestado para nós, a minha irmã e companheira, a que acompanhou e tem
acompanhado as minhas lutas de perto, Lóide Yango, a tia Lú, tio Toy, tia Engrácia, tia Jandira,
tia Zata, tia Pombinha, minha cunhada Neuza, a Felícia,Faustina, Rúbem, Misael, Miguel,
Leila, Maria, Benny Strong, Beni Grande, a Mel, a Gel, a Mila, Sansão, Joel, Eliabe, Vick,
Diná, e ao pai Evangelista Fernandes.

Quero também agradecer à pessoa que esteve comigo na frente deste trabalho, ao meu
orientador, professor e doutor Pedro Magrini, muito obrigada pela paciência, colaboração, pela
prestatividade, atenção e cuidados que sempre tiveste comigo, o meu muito obrigada mesmo.

Em seguida, quero agradecer aos meus amigos, os que de perto vêm acompanhado-nos
nesta luta: Coragem, Pedro Mateus, Carlos, Garcia, Maria, Telma Silva, Eugênio, Sirax,
Morena, Belchior, Papy Caluaco, Argentino, Batista, João Evangelista, Sadrack, Vital, Diego
langa, Diego Dilukila, ao Candiengue que também me deu muita força e me ajudou bastante,
GF, a casa das Lú’s (Luisa, Luhénia, Lesliana, Lucinda e a Mawete), Cristina, a todo o pessoal
da minha entrada, sem esquecer da família Morenos (Ani, Mariama, Carla, Miguel, Júlio,
Ismael, Dinís, Neto, e o Pedro), que mais do que colegras da mesma entrada e do mesmo curso,
nos tornamos numa família, Rebeca, Pedro poéta, Cristiano Paim, Paulo MI, Regina, Isabel,
Emília, Neumira, Nunu Rorckito, mamy’s Esperança e Nuza.

Também quero agradecer aos amigos que me têm acompanhado e apoiado mesmo
estando do outro lado (Angola e França): Carla Sabido, Armando Luís, Gerson Valente,
Sebilson, Rosário, Aniceto, Jeremias Asaf, Jordão, Telma Cleotilde, Levi, Engrácia, Maria
Yeta, Maria Exclusiva, Ilídio Baião, André Barreto, aos Asaf’s, as mananciais, a Leonilda,
Augusta, Marília Ananias
Agradeço também aos meus líderes: José Ailton e Sineide, Roderigues e Miriam, Obed
e Rayane, Isaias e Flaiane, Adriano e Juçara, Ana Ester. Minha gratidão também aos irmãos de
Redenção e Sambaqui.

Não ia deixar de agradecer a todas a mulheres que participaram dessa pesquisa (Ceará e
Bahia), que tiraram alguns minutos do seu tempo para atender a nossa necessidade (obter os
resultados), o nosso muito obrigada pela tua colaboração, não olharam para trás quando as
procurei pela segunda vez, o nosso muito obrigado mesmo. Desejo tudo de bom para vocês, e
que continuem nessa vossa força implacável, que Deus abençoe vocês e os vossos filhos.

Quero também aqui, agradecer a professora Andréia, talvez ela já nem lembra, mas ela
me ajudou quando mais precisei, alguém com quem eu não contava, e nunca passaria pela
minha cabeça que alguém na posição e condição dela me ajudaria, o meu muito obrigada
mesmo, que Deus lhe retribua o que a senhora fez por mim quando precisei.
DEDICATÓRIA

Quero dedicar esse trabalho a toda minha


família, em especial aos meus pais, João Sacaia
Yango e Amélia Bernardo de Magalhães
Yango, aos amigos que acompanharam a
minha jornada, de perto ou à distância. Aos
professores do curso. E principalmente a todas
as mulheres, mães acadêmicas, guerreiras, em
especial as que participaram diretamente, sem
receio, deste trabalho. Partilhando conosco
suas experiências como mães acadêmicas.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo conhecer as dificuldades de mães universitárias na conciliação
de tarefas, da maternidade e da universidade, e em função disto, analisar as políticas de permanência
para mães universitárias na universidade em questão, bem como, entender a eficiência destas políticas
no dia-a-dia dessas mulheres, mães universitárias. O trabalho é descritivo e qualitativo, e as técnicas
usadas para a obtenção dos resultados foram os questionários e as entrevistas, com a participação de
dez (10) estudantes da UNILAB, de diferentes cursos, nacionalidades e idades, nos municípios de
Redenção no Ceará e em São Francisco do Conde na Bahia. Com os resultados obtidos, percebeu-se
então a falta de estrutura e políticas eficientes da universidade para albergar as mulheres que se
encontram nestas condições, ao mesmo tempo, percebeu-se que, apesar de todas elas enfrentarem os
mesmo desafios, as mães universitárias internacionais, acabam tendo mais dificuldades ainda por não
poderem receber o apoio de seus familiares. Nesse sentido, ficou evidente que, apesar dos espaços que
as mulheres vêm conquistando e assumindo, a maternidade constitui-se ainda um desafio para elas e
mais ainda quando precisa conciliá-la com outras atividades, acadêmicas ou profissionais.
Palavras chaves: Maternidade. Universidade.Políticas de Permanência.

The present work aims to understand the difficulties of university mothers in reconciling tasks,
motherhood and university, and as a result, to analyze the permanence policies for university mothers at
the university in question, as well as, to understand the efficiency of these policies in day-to-day life of
these women, university mothers. The work is descriptive and qualitative, and the techniques used to
obtain the results were questionnaires and interviews, with the participation of ten (10) UNILAB
students, from different courses, nationalities and ages, in the obtained, it was then noticed the
university's lack of structure and efficient policies to accommodate women who find themselves in
these conditions, at the same time, it was noticed that, despite all of them facing the same challenges,
international university mothers , end up having even more difficulties because they cannot receive
support from their family members. In this sense, it became evident that, despite the spaces that women
have been conquering and assuming, motherhood is still a challenge for them and even more so when
they need to reconcile it with other activities, academic or professional.

Keywords: Maternity. University.Permanence Policies


SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................................... 7
Metodologia .............................................................................................................. 11
A Divisão Sexual Do Trabalho e a Maternidade ...................................................... 14
Resultados e Discussão ............................................................................................. 18
Considerações finais .................................................................................................. 24
Referências ................................................................................................................. 26
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1 INTRODUÇÃO

Nesta pesquisa veremos a questão da maternidade, desde as suas formas mais restritas –
uma decisão pessoal, até as mais abrangentes – uma questão familiar/cultural. Como afirma
Barbosa e Rocha-Coutinho (2007), a maternidade pode ser um processo, que para muitos pode
ser maravilhoso e até o auge da feminilidade como muitos pensam, como pode ser um momento
de grande vulnerabilidade. Ter um bebé pode ser sensacional, pois ele, na sua inocência,
proporcionam momentos incríveis e excepcionais a mãe, entretanto, devido às variações
hormonais, bem como questões sociais complexas, que ocorrem durante um determinado
período durante e após a gestação, pode criar na mãe um sentimento de incapacidade, muitas
das vezes por não conseguir dar conta de tudo a sua volta, principalmente de coisas das quais
ela geria com toda a normalidade.

Podemos dizer que há elementos históricos profundos sobre a maternidade. Segundo


Barbosa e Coutinho-Rocha (2007, p. 183) “os papéis sexuais tradicionais ditavam que as
mulheres deveriam valorizar a maternidade e que era inadequado se elas não se tornassem
mães. Assim, era difícil para a mulher abrir mão da maternidade e optar por outras formas de
realização”. Para Correia (1998, p. 366), “a atitude perante a concepção e perante a gravidez
varia no mundo. Numas sociedades, a gravidez é festejada como a prova de fertilidade, noutras
nem tanto[...]” .

Nesse ponto, percebemos a questão da maternidade numa visão familiar/cultural, onde a


mulher cresce ciente de que o seu único papel, ou que o auge da feminilidade é a maternidade,
fazendo assim, com que essa mulher abra mão das demais atividades para atender uma
necessidade “natural” e cultural. Aqui, a mulher não tem muito poder de escolha, aqui a mulher
se submete a cultura.

Ora, segundo as pesquisas das mesmas autoras, nem todas as mulheres têm esse desejo
de ser mães, por essa razão, no parágrafo acima mencionamos que uma das formas mais
restritas da maternidade é a decisão pessoal, tomada pelo casal de ter ou não filhos. Muitas por
receio de que gravidéz venha interferir no seu progresso ou rotina acadêmica e profissional
acabam adiando a maternidade. Ou seja, “as mulheres engajadas em sua ascensão profissional
muitas vezes não querem interrompê-la em prol da maternidade, pois a carreira –assim como
os cuidados envolvidos na criação de um filho, especialmente em seus primeiros anos de vida
“(BARBOSA e ROCHA-COUTINHO, 2007, p. 164).
8

De um modo geral podemos considerar que esta mudança de mentalidade teve


repercussões em duas grandes linhas: por um lado, permitiu a muitas mulheres
viverem a maternidade alegre e orgulhosamente, realizando-se numa actividade
sentida como útil e gratificante. No entanto, por outro lado, desencadeou noutras
mulheres um certo mal estar pois, por uma espécie de pressão ideológica
sentiram-se obrigadas a ser mães sem que esse fosse um real desejo.
Consequentemente, a sua vivência da maternidade caracteriza-se por uma certa
culpabilidade e frustração não encontrando neste papel satisfação pessoal. [...]
(CORREIA, 1998, p. 369).

Esse fato se torna muitas vezes um desafio quando estamos falando de estudantes, que
no decorrer da graduação acabam engravidando, e outras, que depois de terem filhos optam por
retornar aos estudos. Nessa senda, esse trabalho busca entender como as mulheres/mães
discentes de diversos cursos e nacionalidades da Universidade da Integração Internacional da
Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) têm harmonizado as suas tarefas como mães e estudantes
universitárias.

No presente trabalho, busca-se saber quais são as políticas institucionalizadas pela


UNILAB para auxiliar estas mães acadêmicas e a eficácia dessas políticas no dia a dia destas
mulheres. E, em função disto, a nossa problematização consiste no seguinte: quais as políticas
de permanência para mães discentes adotadas pela Unilab? Quais têm sido as dificuldades das
mães discentes da Unilab nos períodos letivos? Que meios a instituição tem usado de modo a
dar a conhecer a existência destas políticas às mães discentes?

Para tanto, o presente trabalho tem como objetivo estudar os desafios e dificuldades que
as mães discentes universitárias enfrentam durante a sua trajetória estudantil e como estas
conseguem conciliar as atividades maternas, bem como as atividades acadêmicas. Como elas
conciliam o papel de mãe e o papel acadêmico. Tendo como sujeitas de estudo as mães
discentes universitárias da UNILAB, além de compreender a vida destas mulheres, também
nos interessa saber o posicionamento da instituição quanto às suas políticas para apoiá-las nesse
período, principalmente.

Nesta pesquisa focaremos também em conhecer as políticas públicas de permanência


para mulheres mães universitárias existentes na UNILAB, conhecer a sua eficácia no cotidiano
dessas mulheres mães, no período de 2018-2021. Saber quais as suas dificuldades e desafios,
principalmente neste período de pandemia que estamos passando por uma experiência quase
nunca vivida por essas mães e não só. Saber como elas conseguem conciliar todas essas tarefas,
a maternidade e as atividades acadêmicas.
9

O tema em questão é relevante para mulheres que acabam concebendo durante operíodo
da sua formação acadêmica e outras que adentrarem na instituição sendo mães, mostrando o
seu interesse na formação independente de qualquer coisa ou acontecimento. E que, muitas das
vezes essas acabam por abandonar a universidade por não conseguirem dar conta das duas
atividades, a maternidade e a universidade, outras acabam diminuindo a frequência e até
mesmo o desempenho acadêmico após a maternidade.

É fundamental lembrar a histórica falta de apoio do Estado com creches, por exemplo e
considerar a importância de que essas mulheres tenham apoio financeiro ou apoio e
acompanhamento psicológico nas IES, de modo a não entrarem em depressão principalmente
agora, nesse período de pandemia, de aulas assíncronas e síncronas onde parece que as
atividades acadêmicas dobraram, estão mais complexas que o habitual. O apoio financeiro seria
para, ao menos, ajudar na contratação de uma babá para cuidar do bebé enquanto ela estiver
em aulas ou a realizar suas atividades acadêmicas que requerem dela foco e concentração e,
desse modo, ter um bom desempenho, não tanto quanto antes, mas já vai ser de grande ajuda.

É muito comum falar da depressão pós-parto, entre tantas outras vulnerabilidades,


principalmente na chegada do primeiro filho mais ainda quando não foi planejado, pois é aí
onde a ficha caiu completamente e percebe-se o quanto a chegada dele pode implicar numa
mudança completa em sua rotina. Por isso, um acompanhamento psicológico seria de grande
ajuda, para ajudar essas mulheres com todas essas mudanças que podem causar estresse,
ansiedade e até mesmo levá-las à depressão por conta de toda essa mudança, e como ela precisa
e deve adaptar-se com toda essa mudança. Desse modo, também estariam a diminuir o índice
de mulheres que abandonam a universidade por conta da maternidade e a contribuir para um
país com mais mulheres profissionais qualificadas.

A pesquisa em questão é de abordagem qualitativa que se desenrolou por três etapas. A


primeira se deu através do procedimento técnico bibliográfico, através de revisão bibliográfica
de autores e autoras que deram seu parecer sobre o assunto, como Prates (2018) e Lima (2017)
entre outros que iremos mencionar ao longo do trabalho.

A segunda se deu através da aplicação de um questionário de dez (10) questões que foi
aplicada para as mães discentes universitárias da UNILAB e, posteriormente, na terceira etapa,
foram feitas entrevistas para aprofundar o questionário com essas mesmas mães discentes.

Sabendo-se das dificuldades que essas mães encontram na conciliação entre a


maternidade a universidade, propõe-se esse tema com o objetivo de trazer a reflexão as
instituições, especificamente UNILAB, o quão vantajoso e benéfico seria para essa mulheres a
10

eficácia e a efetividades das políticas de permanência para essa mulheres enquanto estudantes
ativas na universidade.

O presente trabalho está dividido da seguinte forma: primeiro, a introdução; segundo, a


metodologia, onde estaremos narrando os caminhos que se trilhou para que se chegasse aos
objetivos propostos pelo trabalho; em terceiro, o referencial teórico, onde estaremos trazendo
os pareceres e ideais de alguns autores e consequentemente discutir essas idéias. Em quarto,
apresentaremos os resultados que se obteve ao longo da pesquisa e discuti-las; em quinto a
conclusão e por fim, as nossas referências.
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2 METODOLOGIA

O presente trabalho é de abordagem qualitativa de caráter descritivo, por ser de análise


subjetiva, pois os dados coletado e encontrados em bibliografias foram analisados criticamente,
onde a conclusão foi feita segundo a interpretação que obtivemos das bibliografias,
documentos, questionários e entrevista com essas mães, dos quais tivemos acesso e que nos
ajudaram a atingir o nosso objetivo. Além de obtermos essas informações, descrevemos as
experiências dessas mulheres ao longo desse período de academia. Segundo Gerhardt e Silveira
(2009, p. 31) “a pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas,
sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc.”.

Segundo Selltiz et al. (1965) apud De Oliveira Maxwell Ferreira (2011 p. 21) a pesquisa
descritiva “busca descrever um fenômeno ou situação em detalhe, especialmente o
que está ocorrendo, permitindo abranger, com exatidão, as características de um indivíduo,
uma situação, ou um grupo, bem como desvendar a relação entre os eventos”.

O método usado para a pesquisa, foi o método hipotético dedutivo, pois formulamos
hipóteses a fim de identificar e solucionar os problemas levantados. O método hipotético-
dedutivo, segundo Diniz Marco Túlio Mendonça (2015), consiste em se perceber problemas,
lacunas ou contradições no conhecimento prévio ou em teorias existentes. A partir desses
problemas, lacunas ou contradições, são formuladas conjecturas, soluções ou hipóteses.

Quanto aos procedimentos, usou-se o bibliográfico através do qual foi feito uma revisão
bibliográfica de autores e autoras que deram seu parecer sobre o assunto como Prates (2018) e
Lima(2017) entre outros, e o documental, pois, além de pesquisas em artigo e textos científicos
para comparar as ideias dos autores sobre o mesmo assunto, procuramos também outras fontes
que nos concederam informações cruciais para concluirmos esta pesquisa.

Para Santos (2000), a pesquisa documental é realizada em fontes como tabelas


estatísticas, cartas, pareceres, fotografias, atas, relatórios, obras originais de qualquer natureza
– pintura, escultura, desenho, etc), notas, diários, projetos de lei, ofícios, discursos, mapas,
testamentos, inventários, informativos, depoimentos orais e escritos, certidões,
correspondência pessoal ou comercial, documentos informativos arquivados em repartições
públicas, associações, igrejas, hospitais, sindicatos. Portanto, consideramos outras fontes
confiáveis que abordam sobre a mesma temática.

Quanto ao procedimento bibliográfico, para Fantinato Marcelo (2015) a pesquisa


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bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, publicadas


por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web site. Qualquer
trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador
conhecer o que já se estudou sobre o assunto.

Como técnica para coleta de dados e para o alcance dos nossos objetivos, usou-se a
entrevista e o questionário. Gil António Carlos (2008), define o questionário como a técnica de
investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o
propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores,interesses,
expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado etc.

O mesmo autor define a entrevista como a técnica em que o investigador se apresenta


frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que
interessam à investigação. A entrevista é, portanto, uma forma de interação social mais
especificamente e uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar
dados e a outra se apresenta como fonte de informação.

A princípio, se pensava em uma única ferramenta, no questionário, mas percebeu-se que


algumas respostas estavam meio vazias, não nos deram informações que realmente
precisávamos, principalmente as questões fechadas. Foi daí que decidimos correr para outra
técnica de coleta de dados, a entrevista que aprofundaram as questões em aberto.

O tipo de entrevista usada na nossa pesquisa foi a semiestruturada, pois na medida em


que decorria a entrevista foram surgindo novas questões, outras inquietações, questões não
previstas, que não faziam parte do nosso roteiro. Para Minayo (2010) apud Batista et al (2019,
p. 8) “a entrevista semiestruturada combina perguntas fechadas e abertas. Nesse tipo de
entrevista o entrevistado tem liberdade para se posicionar favorável ou não sobre o tema, sem
se prender à pergunta formulada”.

Houve, portanto, uma certa inquietação quanto a aplicação dessa técnica, a entrevista,
tendo em conta a situação em que nos encontramos, a questão da covid 19, e toda a questão do
distanciamento social. Entretanto, levamos em conta todos esses aspectos e achamos melhor
não desistir de usá-la tomando todas as precauções, sobretudo o distanciamento social.

Pensamos, portanto, em marcar entrevistas com essas mulheres a partir do google.meet,


uma das plataformas mais usadas nesse período de pandemia, ou mesmo fazer a entrevista por
via telefónica. Já que por conta da situação atual não podemos correr o risco de realizá-la
presencialmente. Trata-se de um método de coleta de dados para obtenção dos resultados,
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usados nesta pesquisa foi por via telefônica (para umas ligamos, com outras falamos pelo
whatsapp). Tivemos que fazer uma entrevista individualmente, pois os horários entre elas
chocavam, foi daí que pensamos em marcar a entrevista individual com cada uma delas, por
via telefônica.

Para a seleção das participantes, usou-se então a chamada amostragem ou técnica bola
de neve, porque as participantes foram indicadas por pessoas que conheciam mulheres que se
encaixavam na temática que a nossa pesquisa aborda. Vinuto (2014, p. 203) diz que:

tipo de amostragem nomeado como bola de neve é uma forma de amostra não
probabilística, que utiliza cadeias de referência. Ou seja, a partir desse tipo
específico de amostragem não é possível determinar a probabilidade de
seleção de cada participante na pesquisa [...]. [...] Solicita-se que as pessoas
indicadas pelas sementes indiquem novos contatos com as características
desejadas, a partir de sua própria rede pessoal, e assim sucessivamente e,
dessa forma, o quadro de amostragem pode crescer a cada entrevista, caso
seja do interesse do pesquisador.
A grande sociabilidade entre estudantes/mães e, provavelmente, as redes de apoio
mútuo foram centrais na identificação das entrevistas e nos resultados dessa pesquisa.
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3 A Divisão Sexual Do Trabalho E A Maternidade

Segundo Prates e Gonçalvez (2018), a mulher na atualidade tem conquistado espaço no contexto
social, sendo comum haver a existência de mulheres nas mais diversas ocupações, como estudantes,
professoras, advogadas, donas de casa, gerentes de empresas, donas de empresa, etc. Entretanto,
podemos perceber que a mulher ainda continua acumulando funções, tendo que geralmente relacioná-
las com a maternidade.

Para falar desse acumulo de funções, precisamos acessar o conceito de divisão sexual do
trabalho, um conceito que entende que determinados trabalhos são próprios e de natureza de um
determinado sexo, enquanto que outras são próprias e de natureza de outro. Hirata e Kergoat (2007,
p.599) definem a divisão sexual do trabalho como “a designação prioritária dos homens à esfera
produtiva e das mulheres à esfera reprodutiva e, simultaneamente, a apropriação pelos homens das
funções com maior valor social adicionado (políticos, religiosos, militares etc.).” E elas vão além dessa
definição, trazem em seu artigo dois princípios de organização para conceituar com mais profundidade
a questão da divisão sexual do trabalho.

O primeiro princípio é o da separação, que é quando se vê e percebe os privilégios masculinos


quanto a questão de posição que são socialmente destinadas para homens e posições que são
socialmente destinadas para mulheres, ou seja, trabalhos que são de natureza feminina e trabalhos que
são de natureza masculina. O segundo seria o princípio hierárquico, que reforça a ideia de que alguns
trabalhos são mais relevantes que outros, ou seja, enaltece alguns e rebaixa a outros, e obviamente, os
trabalhos considerados irrelevantes são os trabalhos feitos por mulheres, o que por sua vez, eram
trabalhos não remunerados, supostamente de natureza feminina. Segundo Hirata e Kergoat (2007, p.
600): “[...] torna-se então coletivamente “evidente” que uma enorme massa de trabalho é efetuada
gratuitamente pelas mulheres, que esse trabalho é invisível, que é realizado não para elas mesmas, mas
para outros, e sempre em nome da natureza, do amor e do dever materno”.

Surgem então os movimentos feministas como uma das formas de protesto a esse tipo de
pensamento opressor, que olha as mulheres como seres somente capazes de reproduzir, cuidar das
famílias, das coisas de casa/serviços domésticos e os homens como provedores. As demandas
históricas são amplas, entre elas está o modo como o trabalho doméstico é visto e que este trabalho
viesse a ser reconhecido, não simplesmente como um trabalho direcionado à mulheres, mas como
trabalho mesmo, tal como uma trabalho profissional, trabalho produtivo, como era nomeado os
trabalhos praticados por homens. O trabalho doméstico deveria ser abordado do mesmo modo e
consideração que um trabalho profissional.
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E o que é mais espantoso é a maneira como as mulheres, mesmo plenamente


conscientes da opressão, da desigualdade da divisão do trabalho doméstico,
continuam a se incumbir do essencial desse trabalho doméstico, inclusive entre as
militantes feministas, sindicalistas, políticas, plenamente conscientes dessa
desigualdade. Mesmo que exista delegação, um de seus limites está na própria
estrutura do trabalho doméstico e familiar: a gestão do conjunto do trabalho delegado
é sempre da competência daquelas que delegam (HIRATA e KERGOT, 2007, p. 607).

Apesar deste manifesto femenino, quando se fala do modelo de conciliação dentro da divisão
sexual do trabalho, percebemos que, ainda assim, a questão de conciliar a vida familiar e profissional,
acaba sempre recaindo para a mulher, independentemente da posição e função do casal, e da carga
horária do trabalho dos mesmo, elas ainda sentem-se na obrigação de chegar em casa e cuidar do que
se julga ser unicamente da responsabilidade dela, cuidados com a casa, filhos e companheiros.

Com o passar dos tempos, parece então que fica evidente que as mulheres vêm conquistando um
espaço considerável na sociedade, contudo também permanece em sua vida um acúmulo de tarefas
pelas quais se responsabilizam, inclusive uma responsabilidade enorme que é de cuidar do/os seu/s
filho/s.

Segundo Araújo e Moura (2004) apud Ribeiro (2016) pontua-se que por muito tempo, o exercício
da maternidade e todas as questões inerentes a ela, foram quase que estritamente vinculadas às
mulheres. Por envolver ações biológicas como gestacionar, parir e amamentar vinculou-se a
maternidade com a maternagem e atribuíram estas às mulheres dentro da instituição familiar.

A mulher pode cancelar uma reunião, deixar de lado alguma atividade ou


responsabilidade para atender a necessidade do seu filho, o que requer de emergência a sua
presença, mas nunca deixar a sua responsabilidade como mãe para atender as suas outras
responsabilidades. Essas atitudes associadas naturalmente à maternidade não são normalmente
vistas e aceitas quando se trata da paternidade.
Para Kitzinger (1978) apud Correia (1998, p.366), o sentido da maternidade pode variar
muito conforme as classes sociais, as culturas e o período histórico: “O estilo de maternidade,
é uma expressão da cultura e engloba um sistema de valores relacionados com o que é a mulher
e, também com o que é o filho; as atitudes para com ela variam de acordo com a classes
sociais”. Complementando a visão do autor, é fundamental pensar nas mudanças de
maternidade na história em toda sua diversidade.

Segundo Ribeiro (2018), conscientizar-nos de que é inegável o avanço nos direitos das
mulheres e suas participações sociais ao longo da história, mas é preciso destrinchar
minuciosamente este assunto, para entender o quanto ainda se faz necessário mudar e melhorar
16

a vida das mulheres que lidam com o acúmulo de jornadas de trabalho.

Segundo Raupp (2004) apud Menezes et al. (2012, p. 30), na década de 1970 surgiram
muitos movimentos sociais que lutaram pelo direito às creches como um direito das mulheres
trabalhadoras, em virtude do aumento da participação no mercado de trabalho após mudanças
ocorridas com a expansão industrial, com o crescimento das cidades e as modificações na
organização e estrutura das famílias. A autora ressalta a ocorrência decentros de cuidados de
crianças nos campus universitários norte-americanos como alternativapara os acadêmicos que
tinham filhos e filhas. A autora ainda afirmou que encontrou dificuldades para encontrar
informações sobre creches universitárias no Brasil.

A realidade do direito às creches não se vivencia em muitos países. Ainda é uma luta e
um quebra cabeça encontrar universidades com creches universitárias. Lima (2007) apud
Menezes et al (2012, p. 30) reuniu em seu artigo relatos de universitárias que tiveram filhos
durante o período acadêmico, nestes aparecem alguns dos problemas que estas mães tiveram
com a chegada da criança e a conciliação com os estudos.

Na fase da gestação, a mãe não fica se preocupando com questões do tipo: com quem a
criança vai ficar; como ele deve estar agora; será que comeu? Ela já está há muitas horas sem
mamar, etc, porque ela o carrega em seu ventre para onde quer que for. Tudo começa a ficar
mais complicado ainda quando a criança chega ao mundo, porque aí vem as preocupações
maternas. E por não terem uma resposta satisfatória, muitas delas acabam por tomar a decisão
de dar uma pausa na formação com a intenção de retomar mais tarde de modo a ter mais tempo
com seu filho e acompanhar o seu crescimento de perto, o que seria quase difícil de fazer
enquanto se estuda. Segundo Dias e Soares (2019, p. 19), “existe ainda a dificuldade para lidar
com a distância das crianças, principalmente quando estas estão em período de amamentação,
onde o vínculo mãe e bebê é profundo e de vital importância”.Pois, essa fase é muito delicada
para a criança ter o afeto da mãe, porque em parte, o bom desenvolvimento da criança vai
depender muito da relação que ela vai ter com a mãe, o que vai requerer a presença da mãe
quase integralmente.

Várias mulheres sofrem bastante na tentativa de conciliar a maternidade e a formação,


muitas acabam por atrasar as aulas e até mesmo faltando por tentar dar conta e garantir que está
tudo certo com o seu bebê, mais ainda, por não saber onde ou com quem deixá-lo. Ainda temos
casos de mães que não encontram pessoas disponíveis que possam auxiliá-las cuidando do
bebé, enquanto elas estudam ou trabalham. Assim sendo, decidem abrir mão da formação, (com
previsão de retomar assim que o bebé atingir uma certa idade ou pelo menos ter com quem
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deixar) para cuidar do seu filho. Mas, infelizmente, muitas acabam não voltando mais.
Diante desse tema, em que a autora trata dos sentimentos que a mãe passa, meses no
início da relação com o bebé e o que nos chama mais a atenção, refere-se à necessidade
que a mãe sente de se sentir amada pelo seu filho. Acreditamos que essa é uma das piores
aflições que uma mãe pode sentir, pois esse reconhecimento que um filho dá para a mãe
é a recompensa mais reconfortante no período pós-parto. Quando ela se sente amada por
seu filho tende a ficar mais tranquila, alegre e confortável, sentindo-se mais apta às suas
atividades de rotina. Contudo, não é isso que ocorre em todos os lares. Na grande
maioria, a mãe tem que ausentar-se do convívio com seu filho para poder voltar ao
trabalho ou estudo, fazendo que aconteça a quebra do laço familiar. Durante esse
período, a criança terá que ser cuidada por outra pessoa para suprir a falta da mãe (LIMA
e BARBOSA, 2017, p. 13).

É verdade que a mãe enquanto universitária vai precisar de ajuda para garantir os
cuidados de seu filho, mas de maneira nenhuma isso pode tirar o papel da maternidade. A
presença da mãe é indispensável na vida da criança. É necessário que a mãe esteja sempre por
perto, principalmente nos primeiros meses onde vai se criar os primeiros laços de afeto entre
mãe e filho. Onde o filho vai se sentir amado pela mãe e mãe pelo filho.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para atingirmos os objetivos primordiais desta pesquisa, que é analisar e compreender as


políticas de permanência para as mães estudantes na UNILAB, foi elaborado um questionário
semi-aberto e o mesmo foi aplicado para algumas mães ainda vinculadas a UNILAB (Ceará e
Bahia).

O questionário é composto por dez questões, das quais sete são fechadas, onde as
participantes assinalaram as opções das quais se encaixavam e três das questões são abertas,
onde as participantes fizeram um breve relato sobre o que lhes foi questionado. E são essas
perguntas e respostas que estão nos mostrando se o nosso objetivo foi atingido ou não,
através dos resultados que obtivemos e que estaremos discutindo aqui.
A primeira pergunta foi feita concernente ao número de filhos. Para não expormos os nomes
das nossas participantes, procuramos usar um nome fictício. A tabela abaixo, nos ilustrará o
resultado que tivemos quanto à primeira questão.

Tabela 1 - Nomes fictícios das participantes com as respectivas nacionalidades, idade, curso
e número de filhos.

Participantes Nacionalidade Idade Curso Nº de


Filhos
Mãe 1 Cabo- 24 Enfermagem Um (1)
Verdiana
Mãe 2 Cabo- 26 Administraç ão Um (1)
Verdiana Pública
Mãe 3 Guineense 23 Humanidad es Um (1)

Mãe 4 Angolana 25 Administração Um (1)


Pública
Mãe 5 Brasileira 27 Química Dois (2)

Mãe 6 Angolana 24 Letras Um (1)

Mãe 7 Brasileira 25 Administraç ão Dois (1)


Pública
Mãe 8 Brasileira 23 Enfermagem Um (1)

Mãe 9 Santomense 25 Enfermagem Um (1)

Mãe 10 Brasileira 22 Humanidades Um (1)


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Uma das questões importantes feitas às entrevistadas se referia ao cuidado de seus filhos no
momento em que estavam na universidade. Três das participantes afirmaram que deixavam a criança
com os avós, três delas deixam com o marido, duas deixam com a babá e duas deixam com os
amigos.
Alguns relatos ilustram essa realidade:

“No princípio foi um pouco difícil, eu deixava a minha filha brincando sem supervisão na
maioria das vezes isso porque a hora que fazia as minhas atividades o pai dela ia para universidade,
mas agora que ela está crescida ela fica vendo tv ou brincando com os seus brinquedos e eu
aproveito fazer as minhas atividades”. (mãe 6).
“Complicado, mas o meu filho fica com minha mãe ou tento junto a ele fazer as minhas
atividades ou nos últimos casos não faço.” (Mãe 10).
“Inicialmente eu tive que levar ela para universidade para não desistir nem da
amamentação e nem dos estudos, agora ela fica co. Minha mãe para ver se eu possa assistir
algumas aulas, já em outras vamos assistindo juntas aquele jogo.de cintura e muita resistência que
o corpo negro conhece bem.”(Mãe 5).
“Complicado, mas o meu filho fica com minha mãe ou tento junto a ele fazer as minhas
atividades ou nos últimos casos não faço” (Mãe 8).
“Complicado, mas o meu filho fica com minha mãe ou tento junto a ele fazer as minhas
atividades ou nos últimos casos não faço. Eu tive que adaptar uma nova realidade para fazer as
minhas tarefas quando meu filho ta dormir" (Mãe 7).
Questionadas sobre a necessidade de terem que levar os filhos para a universidade, cinco
responderam dizendo que não o fizeram ainda e cinco disseram que sim, que já tiveram essa
necessidade de levar a criança para a universidade.
Como podemos observar, das que já tiveram a necessidade de levar o filho para a
universidade, na sua maioria são estudantes internacionais. Na entrevista que fizemos, a mãe 1, mãe
3, mãe 4 e a mãe 6, afirmaram que tiveram que levar os filhos para a universidade porque os horários
de aulas delas, algumas vezes, coincidiam com os horários de aulas do pai da criança, ou seja, dos
maridos, que também são estudantes.
A mãe 10 disse que teve essa necessidade porque o marido havia se atrasado e não tinha
combinado com ninguém com quem pudesse deixar a criança. Nesse sentido, vemos sempre a
primazia do cuidado materno frente a paternidade.
Já as mães 2, 5, 7, 8 e 9, tinham sempre com quem deixar, pelo que não viam necessidade
em levá-los.
Após buscarmos saber sobre a necessidade de levá-las para a universidade, procuramos saber
20

sobre as suas experiências dentro da instituição de ensino com os filhos. Duas das participantes
disseram que foi uma experiência boa, uma disse que foi mal, duas disseram que foi normal e outras
cinco, não se aplicava pois não os levavam.
Quando procuramos saber o porque elas diziam que a experiência foi boa, normal e até
mesmo porque foi mal, a mãe 1 disse: “Foi bom. Foi uma experiência muito legal, até cheguei a
pensar que não ia dar certo, e também que minha bebê não ia me deixar assistir aula, mas foi super
tranquilo, ela se comportou muito bem, foi uma experiência boa”.
A mãe 3 corroborou, em parte, e disse: “meu filho até que estava um pouco comportado,
mas, sabe aquela sensação do tipo, está bom para ser verdade? Pois é, sentia que a qualquer momento
ele ia fazer confusão e me tirar da aula, só esse pensamento não me deixava muito concentrada. Nas
outras vezes eu tive que sair para amamentá-lo. Por isso digo que não foi tão mal nem tão bom”.
A mãe 4 e 6 demonstram não ter uma boa experiência e mostra o peso social da amamentação
e até culpabilização:“ele não incomodou muito, uma ou outra vez tive que sair para amamentá-lo e
sentia que estava atrapalhando a aula, mas fazer o que né? Era a única opção que eu tinha para ir na
aula ou levava ele ou levava falta. Mas não foi uma boa experiência não! (Mãe 4).
A mãe 6 disse:“muito mal, sério, desde aquele dia, decidi não levar mais a minha criança
para universidade, ou pelo menos, não naquela aula. Sabe aquele olhar do tipo “ou controla a criança,
ou vão pra fora? Pois é, foi bem desse jeito, e a minha bebê que não parava, não se aquietava, estava
com cólicas, tentei explicar isso, mas não deu muito certo. Ela parou a aula para o intervalo, e eu
me senti culpada, muito culpada. Não deu, não naquele dia, porque nos outros, ela até que se
comporta, fora os dias que está/estava doente. Foi muito mal, sabe, muito mal!”.
A mãe 10 disse: “Assim, posso dizer que foi boa né, ela não incomodou, passou quase a aula
toda dormindo e só acordou quase no final da aula. E outra vez em que ela brincava e botava todo
mundo a brincar também, foi engraçado. Na maioria das vezes ela se comporta bem, então, as
minhas experiências foram boas”.
Interessante pensar que a condicionante de uma boa experiência está vinculada ao
comportamento da criança. Uma criança “comportada” que não chora e não “causa maiores”
problemas é aceita socialmente no espaço da sala de aula, mas aquela que está inquieta e chora não,
causando grandes desconfortos nas mães. A amamentação também parece ainda ser um tabu e
central nas más experiências.
Em seguida, procuramos saber sobre as reações dos professores e colegas ao levarem as
crianças na aula quando não tinham com quem deixar.
A solidariedade das colegas pareceu evidente em dois relatos, a mãe 1 respondeu dizendo:
“Foi bem tranquilo, tanto o professor como os colegas foram bem compreensivos. A mãe 10
comentou: “a reação deles foi boa, os colegas queriam ajudar a carregar ela, tinha até vezes que
quando incomodava eles/as pediam pra levar ela pra passar um ar, então, foi melhor do que esperei”.
21

A Mãe 6 voltou a falar da má experiência, mas também ressaltou o apoio dos colegas: “o dia
que mais me marcou foi o que já falei na questão anterior. Mas os colegas reagiram bem, e ficaram
até com dó de mim”.
Já a mãe 4 disse: “A reação dos professores como dos colegas foram bem normal, minha
bebê, na altura era bem tranquila, incomodava mais quando tinha fome e eu tinha que sair para
mamentá-la”.
A sensação de incômodo nos olhares ficou evidente no relato da Mãe 3: “Sabe aquela
sensação de que você está interrompendo alguma coisa mas as pessoas só olha e você consegue
perceber a partir do olhar? Era bem assim, nalgumas vezes”. “É bem difícil e nem sempre os
professores entendem. Busco criar cronogramas de atividades, não deixar trabalhos para entregar
no último momento e divido as tarefas domésticas com o companheiro (que também é
universitário).”
Quando perguntadas sobre a necessidade de reduzir disciplinas, sete das participantes
responderam que sim e três responderam dizendo que não, nunca tiveram necessidade de diminuir
disciplinas. Para a Mãe 1: “sim, tive que diminuir o número de disciplinas para poder conciliar a
maternidade e a universidade”, mesma opinião da Mãe 9:”com certeza, não dava para levar as duas
coisas sem baixar a guarda de uma, e claro, preferi o meu filho.
Já a mãe 5, 7 e 10 mostram que o apoio da família e, sobretudo, a paternidade ativa foram
fundamentais na conciliação das atividades:”não, continuei no mesmo ritmo e sempre tive a ajuda
do meu parceiro e familiares” (Mãe 5).
“Não, tive o meu bebê dois meses antes da pandemia, estava de licença, depois chegou a
pandemia e assistia às aulas de casa e minha mãe e meu marido ajudaram muito” (Mãe 7).
Mãe 10:”não, até então, tem dado para gerir as duas coisas, com ajuda do meu parceiro e
familiares, minha mãe e meus irmãos”.
Bem, ao analisarmos essa temática percebemos que cada uma dessas discentes têm as suas
particularidades, todas enfrentam uma certa dificuldade sendo mães e estudantes universitárias ao
mesmo tempo, entretanto, ao analisarmos essa questão, percebe-se então que a maioria das discentes
que já tiveram necessidade de reduzir disciplina para dar conta das duas grandes tarefas em que
estão submetidas, na sua maioria são estudantes internacionais.
Logo, percebe-se que, apesar de todas encontrarem uma dada dificuldade na conciliação
dessas tarefas, as internacionais tendem a passar por dificuldades maiores por estarem distante da
família e de uma rede de acolhimento por muitas delas serem mães de primeira viagem, conforme
podemos observar no primeiro quadro, quanto a questão do número de filhos.
Por não terem os familiares por perto, acabam por sofrer mais com essa questão, e nesses
casos, as únicas pessoas com quem elas podem contar são o parceiro e a comunidade, que chegam
a ser os familiares os amparadores dessas mulheres.
22

E não só, como é sabido, a universidade dispõe dos auxílio até o tempo determinado para o
fim do curso. Do tipo, se o curso for de cinco anos, a universidade vai auxiliar até esse período, se
passar desse período a universidade corta o auxílio. As discentes nacionais, se por ventura, sentirem
a necessidade de reduzir as disciplinas e terminar fora do prazo e lhes for cortado o auxílio, estão
em casa, os familiares podem ajudar, mas e as internacionais? Como vão fazer para se manter na
universidade e consequentemente no país? Então, a instituição deve analisar rigorosamente essa
questão sobre o aumento do tempo de permanência juntamente com a manutenção dos auxílios.
A pergunta seguinte se refere às estratégias de conciliar a maternidade com as atividades
acadêmicas e algumas das respostas foram bem interessantes, pois o planejamento das atividades
acadêmicas sempre está condicionado à rotina dos filhos:
“Busco sempre trabalhar com o tempo, acordo mais cedo enquanto ele está dormindo e faço
as leituras, estudo e dou um jeito na casa. Quando ele acorda dou maior atenção nele. Não tem
sido fácil, mas dá jeito de conciliar”(Mãe 1)
“Faço um cronograma que é fundamental para conciliar os meus estudos, assim como os
cuidados com a filha e comigo mesmo. Não é nada fácil, é exatamente desafiador.”(Mãe 2)
“Eu tive que adaptar uma nova realidade fazer as minha tarefa quando meu filho ta
dormir”.(Mãe 3).
“Não é uma tarefa fácil, mas cada dia aprendo novas técnicas, tem dias que arrumo a casa
enquanto ela brinca, depois dou de comer e coloco ela para dormir e sento para estudar e fazer
trabalhos. Tem dias desesperador que, ela não aceita ficar no chão, só quer o meu colo, chora o
dia todo, esses são os dias mais difíceis, pois não consigo fazer nada e também o pai não está aqui,
vivo sozinha com ela, o que torna tudo mais complicada ainda” (Mãe 4).
Como podemos analisar aqui, essas mulheres procuram, de todas as formas, se desdobrarem
a fim de conseguir conciliar a maternidade e a universidade, o que fica evidente não ser uma tarefa
fácil.
Sobre o aporte da universidade com auxílios ou estrutura de apoio específico para mães
discentes, nove das participantes disseram que não tinham e só uma disse que sim. Nisso percebemos
que essas discentes não recebem auxílio especial ou específicos para mães discentes. Elas recebem
auxílios básicos, como a maioria dos estudantes da universidade (moradia, alimentação, etc), mas
nada específico, direcionado unicamente para mães discentes.
Vale ressaltar que a universidade também não tem creches, que seria o meio ideal para
auxiliar essas discentes que não têm com quem deixar as crianças. Então, a universidade não está só
em falta com auxílios específicos para essas discentes, como também a falta de uma creche, apesar
da tentativa recente do Centro Integrado de Atenção ao Desenvolvimento Infantil (CIADI), que
surgiu a partir da colaboração dos professores, pais e mães discentes na UNILAB, em parceria com
a PROPAE e gestão pública dos municípios do Maciço de Baturité, para promoção da educação
23

infantil, com atividades destinadas a crianças com idade de 4 a 10 anos, no horário de 13h30 às
17h, no período de março a julho de 2020, mas que foi afetado pela pandemia.
Sobre os auxílios internos, foi perguntado se elas conheciam algum programa de assistência
às mães na UNILAB. Duas das participantes disseram que sim e oito delas disseram que não. Nesta
questão procuramos saber sobre os tipos de programas assistenciais que a instituição tem para com
estas mães. Portanto, seis das participantes ignoraram, porque na questão anterior e oito delas
responderam que não sabiam nem tinham conhecimento sobre programas de assistência às mães na
instituição. Entretanto, quatro delas responderam a essa questão: “Estava participando de um grupo
de pais da UNILAB, foi dito que teríamos ajuda mas até agora nada.” (Mãe 4). Segundo a Mãe 5:
“Nunca soube, caso tenha ou fosse criado seria uma ajuda para nossa permanência em sala de
aula”.“Bom, nesse pandemia não pude ter ajuda desses programas. Mas sei do acompanhamento
médico e regime especial” (Mãe 7). Só conheço o regime especial e mesmo assim acho pouco tempo
ofertado (3 meses), no meu caso eu não pedi pois o ensino já estava remoto por causa da pandemia,
mas acho que prejudica o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade como é
recomendado pela OMS. Assim como, o vínculo e a constante preocupação de uma mãe recente”
(Mãe 10).
Ora, o regime especial é um direito didático-pedagógico dos acadêmicos. Na UNILAB, esse
regime é exclusivo para gestantes ou estudantes que apresentam alguma doença que pode colocar
em risco tanto a própria vida como a de outros colegas, mas nesse caso específico, falaremos,
simplesmente, do regime especial para gestantes. Para tal, a gestante fará um requerimento diante
da DRCA mediante um formulário. Após isso, a requerente será analisada e avaliada pelos médicos
da universidade para posteriormente lhes ser concedido o requerimento. Feito isso, as discentes
serão acompanhados pelos docentes das disciplinas dos quais estão matriculados, através de
atividades domiciliares.
É fundamental salientar que o regime especial não é um favor que a universidades faz para
essas mães discentes, mas um dever que a mesma está cumprindo, pois se trata de um direito das
mães discentes e um dever da universidade concedê-las como mandam as normas: Lei nº 1.044/69;
Lei nº 6.202/75; e Lei nº 10.421/02.
Internamente, a UNILAB tem a NUASE, que é um programa de atendimento médico e de
enfermagem, responsável pelo controle da ação de saúde da comunidade acadêmica, tanto nacional
como internacional. São eles também os responsáveis pelos processos de regime especial e
fundamentais em possíveis acompanhamentos e validação do direito das mães discentes. Contudo,
não fica claro a questão de como se dá esse acompanhamento para mães discentes, principalmente
nos primeiros dias após ter dado à luz.
24

5 CONSIDERAÇÕES fINAIS

Apesar das mulheres terem conquistado seu espaço na sociedade e mostrado a sua força
e o que elas são capazes, a conciliação entre a maternidade e as atividades acadêmicas vêm
sendo um seus maiores desafios. Percebeu-se nessa pesquisa, que apesar dos esforços que elas
fazem para conciliar a maternidade com a academia, esta tem sido uma tarefa difícil,
desafiadora.

Como estudantes, já é perceptível as dificuldades para concluir uma graduação, como


mãe e universitária, torna-se mais difícil ainda, pois neste último caso, a atenção estará
completamente dividida entre a maternidade, cuidados com o cônjuge (se tiver), com a casa e
outras mais responsabilidades. E na maioria das vezes, estas mulheres lidam com isso sozinhas,
sem o apoio dos familiares, marido e até mesmo da universidade, demonstrando que a divisão
sexual do trabalho acarreta sobretudo, a sobrecarga para as mulheres.

Dentro da universidade, além do cumprimento da lei Nº 6.202, de 1975 que ampara as


estudantes em período de gestação em regime de atividades domiciliares que é instituído pelo
Decreto-lei nº 1.044, de 1969, percebeu-se ao longo da pesquisa que a universidade não tem
maiores políticas ou programas internos de apoio a estas discente. Ficou notório que não
existem na UNILAB programas e políticas internas que acudam a estas mulheres. Não existe
um auxílio especial, direcionado para essas mulheres, além do auxílio comum, que todos os
estudantes recebem, e por outro a universidade não tem creche, o que ajudaria bastante estas
mulheres nos cuidados com os filhos.

Pois, a preocupação dessas mulheres começa a partir do momento que elas têm de
procurar com quem deixar os filhos, ao que na maioria das vezes foram obrigadas a levá-los
para a universidade por não ter com quem ficar, até um ambiente adequado na instituição para
cuidarem dos filhos.

Muitas vezes essas mulheres tiveram que amamentar seus filhos nos pátios da universidade,
tiveram que trocar as fraldas de seus filhos em salas de aulas por cima das cadeiras e nos pátios
por cima das mesas, tiveram também que banhá-las nos banheiros coletivos, sem a higiene
necessária, mas era a única opção que a universidade apresentou a elas, não tinham escolhas,
porque nos banheiros da instituição não tem trocadores para bebês ou uma outra estrutura especial,
temática de fundamental importância dentro das políticas internas da instituição.

Para uma sociedade que luta e clama por inclusão e igualdade, essa questão também deveria
ser levada em consideração, deveria ser uma regra ou lei quando se pensar na construção de
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prédios, principalmente prédios públicos.


Portanto, podemos entender que para que exista a permanência destas discentes e mães
na universidade, a instituição precisa de um olhar mais profundo e empático para essas
mulheres, criando políticas e programas internos para amenizar a fadiga e os desafios
enfrentados por estas mulheres. E muitas das vezes têm que trabalhar com a falta de
compreensão por parte dos professores, colegas e até mesmo de servidores.
E, pode-se observar que a cada ano surgem novas mães, e a universidade precisa estar
preparada de todas as formas para ampará-las para garantir a sua permanência na universidade. Além
do acolhimento, também é importante um maior diálogo com a comunidade a partir de campanhas
e diálogo franco e aberto sobre educação sexual e reprodutiva, temáticas que não foram abordadas
neste trabalho.
26

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