Doenças Crônicas e Longevidade Desafios para o Futuro
Doenças Crônicas e Longevidade Desafios para o Futuro
Doenças Crônicas e Longevidade Desafios para o Futuro
DOENÇAS
E LONGEVIDADE:
CRÔNICAS
DESAFIOS PARA
EOLONGEVIDADE:
FUTURO
DESAFIOS PARA O FUTURO
Nome 01
Nome
José 02 de Noronha
Carvalho
Nome 03
Leonardo Castro
Paulo
NomeGadelha
04
ORGANIZADORES
ORGANIZADORES
Fundação Oswaldo Cruz
Ministra da Saúde
Nísia Trindade Lima
Presidente
Mario Santos Moreira
Diretor
Rodrigo Murtinho
Vice-diretora de Pesquisa
Mônica Magalhães
Vice-diretora de Ensino
Mel Bonfim
Coordenador
Paulo Gadelha
Coordenador adjunto
José Carvalho de Noronha
Coordenador executivo
Leonardo Castro
Coordenadora editorial
Suelen Carlos de Oliveira
1a Edição: Edições Livres, 2023
Coordenação geral
Rodrigo Murtinho
Coordenação editorial
Mauro Campello
Revisão
Ingrid Basto Szklo
Jorge Moutinho
Diagramação
Ronieri Gomes
Fotos da capa
Amir Mohammad | Unsplash
Fred Kearney | UnsPlash
Mika Tapani | UnsPlash
Roberto Delgado | Unsplash
Salvador Scofano | Acervo Comer pra quê? | Fiocruz Imagens
CDD 362.6
Prospecção Estratégica do
Sistema de Saúde Brasileiro
É com grande satisfação, portanto, que entregamos ao público este livro, que –
assim esperamos – faz jus à relevância e urgência do tema, e desejamos a todos uma
leitura tão profícua quanto prazerosa.
Paulo Gadelha
Coordenação da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030
Leonardo Castro
Coordenação Executiva da Iniciativa Saúde Amanhã
AUTORES
Ana Amélia Camarano
Graduação em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1973), Mestra em Demografia
pela Universidade Federal de Minas Gerais (1975) e Doutora em Estudos Populacionais pela London
School of Economics (1995). Atualmente é Pesquisadora da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais
(DISOC) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Arthur Welle
Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas (2016), Doutor em
Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas (2022).
Jorge Félix
Graduação em Comunicação Social pela Universidade Gama Filho (1989), Mestre em Economia
Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2009) e Doutor em Ciência Sociais pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2018). Atualmente é Professor da Universidade de
São Paulo na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (USP-EACH) e pesquisador associado da
Fapesp.
Leo Maia
Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em
Ciência Política pela Universidade Federal Fluminense (UFF)e Doutorando em Saúde Pública
pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ). Atualmente é pesquisador colaborador
do Grupo de Informação em Saúde e Envelhecimento (GISE) do Instituto de Comunicação e
Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz (ICICT/Fiocruz). Atua principalmente nos
temas de indicadores de saúde, envelhecimento e monitoramento de políticas públicas na área
da saúde.
Gráfico 1 – Número médio de doenças crônicas da população idosa por sexo e grupos de 35
idade – Brasil.
Tabela 1 – Proporção de idosos que têm doenças crônicas por tipo de doença e sexo – Brasil. 36
Gráfico 2 – Proporção de idosos com dificuldade para as ABVDs por sexo e grupos de 37
idade – Brasil.
Tabela 2 - Proporção da população idosa com dificuldade para as ABVDs que precisa de 37
ajuda e recebe, por sexo e grupo de idade - Brasil, 2019.
Gráfico 4 – População de 60 anos ou mais de idade por sexo (observada e projetada), Brasil. 40
Tabela 4 – Projeção da população idosa até 2040 desagregada por sexo e grupos de 41
idade, Brasil.
Tabela 5 - Pessoas de 60 anos ou mais que declararam receber ajuda nas ABVDs segundo 43
o tipo de ajuda por sexo e o custo da ajuda Brasil, 2019.
Capítulo 2
Tabela 4 - Distribuição das Instituições de Longa Permanência para Idosos por Região, 69
população maior de 60 anos e maior de 75 anos e razão entre elas e o número de ILPI.
Tabela 7 – Distribuição das Instituições de Longa Permanência para Idosos, segundo a Região. 74
Brasil 2016-2019.
Tabela 8 - Síntese dos Termos de Fomentos firmados para equipagem e manutenção das 77
Instituições de Longa Permanência para Idosos – ILPI de 2019 a 2021.
Capítulo 3
Tabela 1 – População absoluta e relativa de idosos de 60 anos e mais, 65 anos e mais e 80 anos 114
e mais – Brasil: anos selecionados entre 1950 e 2100 (em mil).
Gráfico 1 – População absoluta e relativa de idosos de 60 anos e mais, 65 anos e mais e 80 115
anos e mais – Brasil: 1950 – 2100.
Capítulo 4
175
Gráfico 1 – Distribuição percentual da mortalidade geral. Brasil, 1930 a 2019.
Gráfico 2 – Percentual de óbitos de idosos e não idosos. Brasil, 1979 a 2019. 176
Gráfico 3 – Percentual dos 10 grupos de causas mais frequentes de mortalidade, segundo 177
gênero. Brasil, 2019.
Tabela 1 – Expectativa de vida e expectativa de vida aos 60 anos, segundo sexo e total, Brasil. 178
Tabela 2 – Idade média à morte e desvio padrão segundo raça/cor – Brasil, 2019. 179
Gráfico 4 – Número de óbitos de pessoas idosas segundo grupos de causas – Município do 180
Rio de Janeiro, 2010 a 2021.
Gráfico 5 – Percentual mais frequente de internações entre pessoas idosas, segundo gênero. 181
Brasil, 2019 a 2020.
Tabela 4 – Percentual de idosas que nunca realizaram exame de mamografia, de internações e 184
de óbitos de idosas por câncer de mama, segundo regiões. Brasil, 2013 e 2019.
Tabela 5 – Prevalência de idosos com incapacidade funcional para as atividades básicas e 189
instrumentais da vida diária segundo região e gênero. Brasil, 2019.
Gráfico 6 – Prevalência de problema crônico de coluna, segundo faixa etária. Brasil, 2013. 190
Tabela 6 – Prevalência de sintomas depressivos e perda de vitalidade entre pessoas idosas. 195
Brasil, 2019.
Tabela 7 – Prevalência de alguma deficiência visual, auditiva, locomotora ou mental entre 200
pessoas idosas, segundo região e gênero. Brasil, 2019.
Gráfico 6 – Prevalência de estado de ânimo muito ruim, alguma deficiência (auditiva, 201
visual, mental ou locomotora) e 3 ou mais doenças crônicas não-transmissíveis na
população idosa, segundo grupos etários. Brasil, 2019.
Gráfico 7 – Cobertura de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e taxa de Internações por 213
Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP) da população idosa no estado do Rio de
Janeiro, 2008 – 2019.
Capítulo 5
Capítulo 6
Figura 1 – População por idade, segundo sexo, em 2020 e projeções para 2040, Brasil. 291
Tabela 1 – Gastos com saúde segundo função de cuidado e tipo de financiamento 296
– Brasil, 2019.
Figura 2 – Distribuição (%) dos gastos por idade e sexo, segundo grupos funcionais e 302
tipo de financiamento – Brasil, 2019.
Figura 3 – Gasto per capita (mil), segundo idade, sexo, grupo funcional e tipo de 304
financiamento – Brasil, 2019.
Figura 4 – Distribuição (%) da população por idade e sexo, segundo cobertura de planos 305
ou seguros de saúde – Brasil, 2019 e 2040.
Figura 5 – Gastos totais com cuidado em saúde (R$ milhões) e razões entre os gastos de 307
2040 e 2019 por idade, segundo sexo, grupo funcional e tipo de financiamento, Brasil,
2019 e 2040.
Figura 7 – Distribuição dos gastos com internações por idade e sexo, ao longo da vida 313
(RLEb,a) e condicionados à sobrevivência (RELs,a), Brasil 2019.
Apêndices
Tabela B.1 – Despesas correntes (em R$ milhões) do SUS (HF 1.1), dos planos e seguros 327
de saúde (HF 2.1) e das famílias (HF 3.1), segundo funções de cuidados de saúde (ICHA-
HC) – Brasil, 2019.
Tabela B.2 - Composição dos grupos de cuidado selecionados para a projeção 328
segundo funções de saúde
Tabela B.3 – Distribuição (%) dos gastos SIA-SUS por idade, segundo o tipo de 330
documento de registro – Brasil, 2019.
332
Figura C.1 – Esperança de vida da idade a, Brasil 2019.
SUMÁRIO
Prefácio 15
Alexandre Kalache
31
Capítulo 1
Os idosos brasileiros: muitos além dos 60?
Ana Amélia Camarano
56
Capítulo 2
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e dos custos
de instituições de longa permanência para idosos
Karla Cristina Giacomin
110
Capítulo 3
Modelo assistencial contemporâneo para os idosos: necessidade atual e emergência
para as próximas décadas
Renato Peixoto Veras
170
Capítulo 4
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
Dalia Elena Romero
Leo Maia
224
Capítulo 5
Economia da Longevidade: uma “resposta construtiva” para o envelhecimento
populacional no Brasil
Jorge Félix
286
Capítulo 6
Perspectivas para o gasto com saúde diante do envelhecimento populacional
Mirian Martins Ribeiro
Laura de Almeida Botega
Fernando Gaiger Silveira
Luciana Mendes Santos Servo
Theo Ribas Palomo
Arthur Welle
PREFÁCIO
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de julho de 2022,
revelaram que o número de pessoas acima de 30 anos no Brasil alcançou 56% da
população. Há uma década, não chegava a 50%. Estamos envelhecendo de forma
extraordinariamente rápida. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),
foram necessários 145 anos para a França dobrar a proporção de pessoas idosas
(consideradas aquelas com mais de 60 anos) de 10 para 20%. O Brasil o terá feito
em 19 anos, entre 2011 e 2030. Comparando nosso país com o Canadá, em 2015, a
proporção de idosos era cerca de metade da do país do Norte, respectivamente, de
12,7 e 25,2 %. As projeções indicam que em 2050 seremos tão ou mesmo um pouco
mais envelhecidos que tal país, ambos acima de 30%. A diferença é que o Canadá
tem, grosso modo, a casa em ordem: meio ambiente, sistema de saúde, educação,
empregos dignos, políticas públicas centradas em direitos humanos. E é um país
preocupado com o envelhecimento populacional! Não há universidade canadense
que não conte com departamentos dedicados a seus múltiplos aspectos, desde
pesquisa básica e gerontológica ao treinamento de profissionais preparados para
lidar com o envelhecimento, não só, mas, em particular, no que toca a saúde. Para
efeito de comparação, apenas 10% das faculdades de medicina no Brasil têm um
departamento de Geriatria.
Os capítulos que compõem essa valiosa publicação chamam atenção para vários
aspectos do envelhecimento populacional no Brasil.
Ana Amélia Camarano, sempre tanto nos ensinando, de forma criteriosa e criativa,
nos mostra em particular o impacto demográfico da pandemia, que será sentido por
muitos anos mais. Destaco um dos pontos centrais de seu texto: “Além de resultar em
mortes precoces, com impacto na expectativa de vida e no crescimento da população
em geral, em especial na idosa, a pandemia da Covid-19 está acentuando as incertezas
antes existentes quanto às condições de saúde, renda e autonomia que experimentarão
os idosos no futuro. Pelo menos até o momento, os idosos brasileiros estão perdendo 4,3
anos do tempo que poderiam ainda viver. Como recuperar isso é uma questão ainda
não equacionada – e certamente levará muito mais tempo do que foi gasto na redução.”
Ana Amélia ressalta o fato de o isolamento social ter tido, como uma de suas
consequências, um aumento de transtornos mentais (como depressão, ansiedade) e
de perturbações na saúde em geral, por ter levado muitos brasileiros, idosos ou não,
a postergar a procura de serviços de saúde para tratamento de condições agudas
ou crônicas. Além disso, muitos apresentaram perda de massa muscular e perdas
cognitivas, independentemente da idade ou de ter sido o indivíduo diagnosticado
ou não com Covid. E sequer podemos avaliar ainda os impactos da chamada Covid
longa. A consequência é clara: uma pressão ainda maior sobre a demanda de
cuidados e de serviços de saúde, em um contexto de redução da capacidade da
família de cuidar.
Outro aspecto que Ana Amélia salienta em seu capítulo é o efeito adicional da
pandemia à feminização do envelhecimento, considerando a menor mortalidade
sofrida por mulheres em relação aos homens. O componente de gênero é
fundamental em qualquer análise sobre o envelhecimento – como o fato de que
mulheres idosas têm maior probabilidade de ficarem viúvas e de viverem sozinhas,
frequentemente em situação socioeconômica desvantajosa. Além disso, embora
vivam mais do que os homens, como salienta Ana Amélia, elas passam por um período
maior de debilitação física antes da morte do que eles, tornando-se, portanto, mais
dependentes de cuidado. Por serem, tradicionalmente, as principais provedoras de
cuidado, o descompasso irá gerar um número ainda maior de mulheres carentes de
cuidados no contexto de famílias cada vez menores e menos disponíveis para prover
esse cuidado. Como ela afirma, “No Brasil e na maioria dos países, especialmente
naqueles de baixa e média renda, onde os níveis agregados de riqueza são menores e
os sistemas de bem-estar são subdesenvolvidos, o ônus financeiro do envelhecimento
é predominantemente suportado por famílias ou indivíduos mais velhos, levando à
precariedade de financiamento e falta de investimento para permitir o desenvolvimento
do setor”.
Karla ressalta o quão longe estamos de ter um Estado acolhedor, que cumpra
sua obrigação constitucional; que repassa o cuidado para famílias despreparadas,
desamparadas, empobrecidas, onde esse cuidado tem uma forte conotação
da disparidade de gênero, já que o fardo é muito maior para as mulheres. “É
desalentador perceber que o governo federal, por intermédio da SNDPI [Secretaria
Nacional de Promoção e Defesa da Pessoa Idosa], em três anos, em caráter excepcional
e com recursos de emendas parlamentares, conseguiu apoiar apenas um milésimo das
ILPI do Brasil.”
Ainda que nas dimensões do Cuidado haja uma ordem hierárquica – o autocuidado
em primeiro lugar, seguido pelo cuidado informal (leia-se, voluntário, da família,
do círculo social), o comunitário (de profissionais da saúde e assistência social,
remunerados – via de regra, mal – para exercê-lo) e, finalmente, o institucional
(majoritariamente, hospitalar), os recursos vão na via inversa – priorizando o
institucional, pouco para o comunitário, menos ainda para o informal até chegar
a quase nada para possibilitar às pessoas o autocuidado de modo sustentável. A
lógica que prevalece é a “hospitalocêntrica”, a prioridade é de “tratar da doença” (com
frequência, tardiamente), não de evitar seu surgimento. Dessa forma, sacrificam-se
as chances de prevenção, reabilitação e redução do impacto na funcionalidade.
Disso resulta uma população que envelhece precocemente e mal, refletindo as
desigualdades e a falta de políticas que deem suporte à promoção e ao letramento
para a saúde, a prevenção e um esforço interdisciplinar, visando o retardamento de
doenças e fragilidades, ou seja, pela manutenção da independência e da autonomia
pelo mais longo período de vida possível.
Renato conclui ser primordial que os anos a mais de vida que ganhamos nas
últimas décadas sejam vividos com qualidade, dignidade e bem-estar. Isso requer
uma forma diferente e inovadora de cuidar da saúde e proporcionar qualidade de
vida aos usuários – seja no Sistema Único de Saúde (SUS), ou no setor privado. E
chama atenção de que, para tanto, é essencial bem treinar os profissionais da saúde
e da assistência social, conforme as orientações das agências internacionais voltadas
para a temática do envelhecimento. É, em última análise, o que vem fazendo a UnATI
há tantos anos e a que se propõe o bem-vindo Instituto do Envelhecimento Humano
da Uerj, sob sua direção.
Algo aprendi para o resto da vida quando fiz o mestrado em Saúde Pública na
London School of Hygiene and Tropical Medicine, em 1975, através de uma asserção
do eminente Professor de Epidemiologia Geoffrey Rose. A mensagem era simples: o
que não se mede, permanece invisível. E o que é invisível, é ignorado. Aqui, o grande
mérito do capítulo escrito por Dalia Romero e Leo Maia. Terá sido, sem dúvida, um
esforço hercúleo, demonstrando competência e discernimento, garimpar tantos
dados para traçar um perfil do envelhecimento da população brasileira. Outro mérito
que assinalo, a coautoria: uma pesquisadora tarimbada, com uma visão e formação
internacionais, de contribuições sólidas, Dalia, com o Leo, que, imagino, seja um
jovem. Essas parcerias são fundamentais, contribuindo para criar um manancial
de novos talentos através da interação dos mais experientes com os talentos que
continuarão a segurar o bastão.
Em 2018, a esperança de vida ao nascer era de 80,3 anos para mulheres e 76,8 anos
para homens; já aos 60 anos, os números eram de 24,6 e 20,8 anos, respectivamente,
para mulheres e homens. Nem por isso as mulheres viviam melhor que os homens.
A prevalência da maioria de doenças crônicas era acentuadamente maior entre
mulheres que entre homens. Por exemplo, hipertensão arterial (61,6 contra 49,7%),
problemas da coluna (35,3 e 25,5%), artrites e reumatismo (25,7 e 8,3%), depressão
(15,8 e 6,6%); só em relação a doenças cujo desfecho é comumente mais letal há
uma prevalência maior entre homens que mulheres – como câncer (6,3% entre
mulheres, 7,4% entre homens) e acidente vascular cerebral (5,0% entre mulheres e
6,4% entre homens).
Dalia e Leo mostram que 33,4% dos homens idosos não apresentavam nenhuma
doença crônica, enquanto para as mulheres idosas a percentagem cai para 25,9%.
Já 34,4% das idosas acumulavam mais de três doenças crônicas, enquanto entre os
homens idosos a percentagem cai para 20%.
A conclusão é clara. As mulheres vivem mais que os homens, mas sofrem muito
mais de doenças crônicas, que levam à dependência e à perda de qualidade de vida –
como já indicado por Ana Amélia. Cuidam de seus parceiros, geralmente mais velhos
que elas, e terminam a vida sós, necessitando de cuidados, sem saber se vão poder
arcar com eles – sobretudo as que tiveram menos filhos ou nenhum. Novamente, a
questão de gênero e cuidado, já apontada em outros capítulos, se evidencia.
Tendo a concordar com ele salientando que é preciso virar esse jogo. A ainda
incipiente atenção de startups no setor, em nosso país, precisa de incentivos em
face das demandas que a rapidez do nosso envelhecimento exigirá. Os países em
desenvolvimento que primeiro desenvolverem tecnologias eficientes e de baixo
custo poderão não só beneficiar sua própria população, como também terão o
potencial de exportá-las para muitos outros.
A pandemia foi um sinal de alerta. Ela não inventou as mazelas nacionais, apenas
as desnudou. Entre tais mazelas, o idadismo estrutural. Somos um país que não
aprende facilmente com as lições das crises, que não passa a limpo sua história.
Sequer respeitamos o luto daqueles que perderam avós, pais, filhos, amigos queridos.
Foram, no mínimo, 700 mil mortes prematuras; a maioria poderia ter sido prevenida.
Ao invés de empatia, solidariedade, compaixão, o luto teve como resposta a dor
silenciada, o escárnio.
É com esse espírito que, inspirados pelo singular Pequeno Manual Antirracista,
livro de Djamila Ribeiro, o coletivo Velhices Cidadãs, do qual sou cocoordenador, está
escrevendo o Pequeno Manual Anti-idadista, a 84 mãos. Somos 42 coautores, um
grupo interdisciplinar e intergeracional. Precisamos romper barreiras e ser ativistas.
Em comum com todos os outros “ismos”, o idadismo é nutrido por quatro “Is”: a
Ideologia de um grupo que acha que vale mais que outro; a Institucionalização de tal
ideologia (implementando mecanismos e criando barreiras); o Interpessoal (quando
tudo é feito para colocar o “outro” inferior, para baixo, minando sua autoestima, sua
autoconfiança) até terminar no quarto “i”, o da Internalização – o objetivo final da
ideologia supremacista, quando a vítima, o discriminado, acaba aceitando que não
vale mesmo tanto quanto os outros. Em um país como o nosso, graças a um quinto “i”,
o da Inequidade, caldo de cultura que facilita e incentiva todo tipo de discriminação,
temos em mãos uma tarefa complexa. Somente com determinação daremos conta.
E para isso precisamos da contribuição acadêmica que esse conjunto de textos tão
bem ilustra.
Alexandre Kalache
Introdução
De acordo com a legislação brasileira (BRASIL, 2003), a população idosa é formada
por um grupo etário muito longo, 60 anos ou mais – ou seja, inclui pessoas com 60,
70, 80, 90 e 100 anos ou mais. Só isso já acarreta uma grande heterogeneidade; ter 60
anos é diferente de ter 80, por exemplo. Por isso, é comum que ela seja dividida em
dois subgrupos pelos estudos acadêmicos e demográficos para efeitos de políticas
públicas: idosos novos (60-79 anos) e muito idosos (80 anos ou mais). Este último
grupo recebeu prioridade especial por parte do Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003).
Além disso, citam-se outras heterogeneidades advindas do gênero, da cor, do estrato
social, o que faz com que pessoas da mesma idade envelheçam diferentemente.
31
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Método
O trabalho consiste na elaboração de um cenário de crescimento da população
brasileira entre 2020 e 2040 e da demanda de cuidados por parte da população
idosa, buscando captar o efeito da mortalidade pela Covid-19. A elaboração desse
cenário contou com uma grande dificuldade, que foi a escassez de dados: a não
realização do Censo Demográfico de 2020, o atraso na divulgação de informações
sobre nascimentos e mortes e a forma como os dados de óbitos foram agregados
para fins de divulgação.
32
Os idosos brasileiros: muito além dos 60?
Foi feita também uma projeção da população idosa que demandará cuidado e dos
custos monetários do atendimento dessa demanda, inclusive para aqueles que são
cuidados por pessoas não remuneradas. Assumiu-se que cada idoso teria apenas um
cuidador e que este seria pago pelo valor médio percebido por aquele remunerado.
33
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Resultados
Em 1980, a população idosa era constituída por cerca de 7,2 milhões de pessoas, o
que representava 6,1% do total da população brasileira. Em 2010, esse contingente
atingiu cerca de 20,5 milhões, representando 10,8% da população total. Em 2018,
projetou-se que esse contingente estaria em torno de 28milhões de habitantes
em 2020 (IBGE,2018). Mas ao longo de 2020, foram registrados 151.757 óbitos1 de
idosos pela Covid-19 não computados nessa projeção.
Os idosos brasileiros declararam ter em média 1,8 doença crônica em 2019, sendo
essa média mais elevada entre as mulheres, 2,4; estima-se, portanto, que cerca de
25,8 milhões de idosos reportaram ter pelo menos uma doença crônica nesse ano.
Apresenta-se no Gráfico 1 o número médio de doenças crônicas investigadas pelas
Pesquisas Nacionais de Saúde (PNS) de 2013 e 2019 para a população idosa, por
sexo e por grupos de idade.
1 Portal da Transparência. Central de Informações do Registro Civil [internet]. Disponível em: https://transparencia.registrocivil.org.br/especial-co-
vid. Acesso em: out. 2021.
34
Os idosos brasileiros: muito além dos 60?
35
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
TABELA 1
PROPORÇÃO DE IDOSOS QUE TÊM DOENÇAS CRÔNICAS POR TIPO DE DOENÇA E SEXO
BRASIL
2013 2019
HOMEM MULHER TOTAL HOMEM MULHER TOTAL
Doença de coluna ou costas 24,1 31,2 28,1 25,5 35,3 31,1
Artrite ou reumatismo 9,7 21,6 16,4 8,3 25,7 18,2
Diabetes 16,1 19,7 18,1 18,9 21,2 20,2
Hipertensão 45,3 54,8 50,6 49,3 59,4 55,0
Doença do coração 12,3 10,7 11,4 13,2 13,1 13,1
Depressão 4,8 13,2 9,5 6,6 15,8 11,8
Colesterol alto 17,0 30,0 24,3 19,9 32,8 27,2
Pelo menos uma doença crônica 73,1 81,2 77,7 60,1 86,2 74,9
Fonte: IBGE/PNS.
36
Os idosos brasileiros: muito além dos 60?
TABELA 2
PROPORÇÃO DA POPULAÇÃO IDOSA COM DIF ICULDADE PARA AS ABVDs
QUE PRECISA DE AJUDA E RECEBE, POR SEXO E GRUPO DE IDADE
BRASIL, 2019
PRECISA RECEBE
HOMEM MULHER TOTAL HOMEM MULHER TOTAL
60 - 69 27,5 20,8 23,4 90,9 88,5 89,6
70 - 79 32,6 30,8 31,4 93,8 92,9 93,2
80 ou mais 46,6 55,3 52,4 97,3 98,2 97,9
Total 34,0 33,9 34,0 94,0 94,3 94,2
Fonte: IBGE/PNS.
37
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
38
Os idosos brasileiros: muito além dos 60?
39
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
a feminina entre 2019 e 2021. A perda estimada para os idosos é de cerca de 3,5 e
5,1 anos para homens e mulheres, respectivamente.
40
Os idosos brasileiros: muito além dos 60?
TABELA 4
HOMENS
GRUPO ETÁRIO
2020 2025 2030 2035 2040
0 6.498.612 7.348.306 5.772.788 4.917.988 4.487.328
5 6.485.457 6.486.764 7.331.922 5.760.383 4.907.817
10 7.557.766 6.448.603 6.448.705 7.292.748 5.732.626
15 8.033.537 7.404.061 6.321.965 6.336.844 7.182.960
20 17.265.045 15.187.422 13.500.944 12.482.097 13.359.720
30 16.804.719 16.742.000 14.716.504 13.122.216 12.168.837
40 14.104.714 15.913.393 15.684.196 13.845.699 12.398.376
50 11.327.592 12.666.376 13.966.325 13.879.396 12.353.292
60 7.677.918 9.215.867 10.040.262 11.275.653 11.409.156
70 4.006.579 5.238.015 6.225.987 7.048.416 8.213.835
80 1.603.675 1.372.608 1.763.433 2.179.655 2.562.233
TOTAL 101.365.614 104.023.415 101.773.031 98.141.094 94.776.180
MULHERES
GRUPO ETÁRIO
2020 2025 2030 2035 2040
0 6.202.134 7.015.705 6.320.433 5.515.165 4.697.758
5 6.195.178 6.193.471 7.003.244 6.309.473 5.505.833
10 7.564.591 6.181.771 6.177.982 6.986.625 6.295.306
15 8.068.332 7.518.314 6.142.338 6.142.183 6.950.221
20 17.415.442 15.503.661 13.578.653 12.219.861 13.031.074
30 17.157.101 17.179.106 15.246.139 13.365.863 12.039.845
40 14.421.377 16.634.070 16.507.791 14.680.898 12.897.104
50 11.728.206 13.480.418 15.254.521 15.209.393 13.589.046
60 8.177.878 10.185.893 11.379.442 13.026.583 13.137.142
70 4.435.893 6.144.040 7.498.492 8.617.625 10.140.294
80 1.957.877 2.189.580 2.900.050 4.073.980 5.528.126
TOTAL 103.324.008 108.226.028 108.009.087 106.147.648 103.811.750
TOTAL
GRUPO ETÁRIO
2020 2025 2030 2035 2040
0 12.700.746 14.364.011 12.093.221 10.433.152 9.185.086
5 12.680.635 12.680.235 14.335.166 12.069.856 10.413.650
10 15.122.357 12.630.374 12.626.687 14.279.373 12.027.932
15 16.101.869 14.922.375 12.464.303 12.479.027 14.133.181
20 34.680.487 30.691.084 27.079.597 24.701.958 26.390.793
30 33.961.820 33.921.106 29.962.643 26.488.079 24.208.682
40 28.526.091 32.547.463 32.191.988 28.526.596 25.295.479
50 23.055.798 26.146.794 29.220.845 29.088.789 25.942.338
60 15.855.796 19.401.760 21.419.704 24.302.236 24.546.298
70 8.442.472 11.382.055 13.724.479 15.666.040 18.354.130
80 3.561.552 3.562.188 4.663.483 6.253.634 8.090.359
TOTAL 204.689.622 212.249.443 209.782.117 204.288.742 198.587.929
41
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
42
Os idosos brasileiros: muito além dos 60?
Pelos dados da PNS de 2019, observa-se que são os familiares não remunerados
os principais cuidadores dos idosos dependentes (Tabela 5). Incluíram-se na mesma
tabela os valores médios pagos anualmente aos cuidadores remunerados, com
base no valor declarado à PNAD Contínua do terceiro trimestre de 2021. Estimaram-
se também os gastos que as famílias poderiam ter se pagassem os cuidadores não
remunerados de acordo com o valor médio recebido pelo remunerado. A tabela 6
apresenta uma síntese dos resultados das projeções e dos valores monetários que
as famílias teriam que arcar se fossem pagar todos os cuidadores.
TABELA 5
PESSOAS DE 60 ANOS OU MAIS QUE DECLARARAM RECEBER AJUDA NAS ABVDs
SEGUNDO O TIPO DE AJUDA POR SEXO E O CUSTO DA AJUDA
BRASIL, 2019
TIPO DE AJUDA (Por 1000 Habs) CUSTOS (Em Milhões R$)
HOMEM MULHER HOMEM MUL HER
Não Remunerada* 1.115,7 1.872,6 14.961,5 25.111,5
Remunerada no domicilio 123,0 440,5 5.907,8 2.195,5
Não recebe 58 118
Fonte: IBGE/PNS.
* Se fossem pagos com base no salário do cuidador remunerado de 2021.
Discussão
O crescimento do contingente da população idosa brasileira foi resultado de
elevadas taxas de fecundidade no período 1950-1970 (baby boom) e da redução da
mortalidade em todas as idades, em curso no país desde os anos 1950. A queda da
mortalidade nas idades mais avançadas tem contribuído para que esse segmento
populacional, o qual passou a ser mais representativo no total da população,
sobreviva por períodos mais longos, resultando no envelhecimento pelo topo. Este
altera a composição etária dentro do próprio grupo, ou seja, a população idosa
também envelhece.
43
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
44
Os idosos brasileiros: muito além dos 60?
Também utilizando-se de dados da PNS de 2013, Melo & Lima (2020) encontraram
uma prevalência de múltiplas morbidades entre os idosos brasileiros (53,1%). Os do
sexo feminino, mais envelhecidos, que não eram solteiros, especialmente os viúvos,
e que possuíam plano de saúde, exibiram maior carga de morbidades. O fato de se
ter plano de saúde pode ter propiciado maior diagnóstico e afetado as medidas de
carga de saúde.
45
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Ministério da Saúde,2 55,9% das internações por Covid-19 na rede SUS foram de
homens, proporção semelhante à observada para os óbitos por Covid-19.
46
Os idosos brasileiros: muito além dos 60?
Taxas de mortalidade são fortemente afetadas por idade e sexo, o que se acentua
no caso de síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) e, consequentemente, da
Covid-19. Observou-se um acréscimo no total de óbitos da população total entre
2019 e 2021, principalmente entre os homens, a despeito da predominância da
população feminina. Embora os óbitos pela Covid tenham atingido populações
de qualquer idade, têm incidido de forma mais grave entre os idosos, dada a alta
prevalência de múltiplas morbidades. De acordo com o Boletim Epidemiológico do
Ministério da Saúde,3 cardiopatia e diabetes foram os principais fatores de risco para
mortalidade por Covid-19 entre os idosos brasileiros falecidos na última semana de
janeiro de 2022.
Reconhece-se que os óbitos por Covid poderiam ter ocorrido por outra causa,
já que esse grupo populacional é acometido por múltiplas morbidades, mas isso
não foi possível controlar. Da mesma forma, acredita-se na existência de uma
mortalidade indireta pela Covid, ou seja, daquelas pessoas que morreram por outra
3 Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico Especial n. 98. Doença pelo coronavírus – Covid-19, 2021.Dispo-
nível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/boletins-epidemiologicos/covid-19/2022/boletim-epide-
miologico-no-98-boletim-coe-coronavirus.pdf/view. Acesso em: 02 fev 2022.
47
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
causa, por não terem conseguido ou não terem procurado tratamento médico dada
a pandemia.
48
Os idosos brasileiros: muito além dos 60?
49
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Pode refletir maior heterogeneidade da nova coorte de idosos, mas será reforçado
pela dinâmica demográfica.
Além disso, pouco se sabe sobre as sequelas deixadas pela Covid, e seu impacto na
demanda por cuidados só será devidamente conhecido após passada a pandemia.
Estudos mencionam problemas cardíacos e neurológicos, depressão e ansiedade
como resultado da doença (Estrela et al., 2021). Xie, Bowe & Al-Aly (2021), em análise
feita para os Estados Unidos, identificaram 33 sequelas que afetam os sistemas
nervoso, mental, neurocognitivo, cardiovascular ou gastrointestinal. A gravidade
50
Os idosos brasileiros: muito além dos 60?
das sequelas é mais severa nos indivíduos com precárias condições de saúde e varia
com a gravidade da infecção. No entanto, elas são importantes também para os
indivíduos que não foram hospitalizados pela Covid. Como esse grupo representa
a maioria das pessoas que foram infectadas, pode significar um grande número de
sequelados pressionando o sistema de saúde e de cuidados.
51
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Dos 2,4 milhões de idosos que declararam precisar de ajuda, apenas 23,4%
declararam receber ajuda remunerada. A preços de 2021, isso significou um gasto
anual de R$ 7,6 bilhões. Para remunerar os demais, seriam precisos mais R$ 40,1
bilhões. Ou seja, poucas famílias terão acesso ao cuidado remunerado se não houver
uma ajuda do Estado, o que pode fazer diferença na qualidade da atenção recebida.
No caso brasileiro, a ajuda financeira da seguridade social para que o segurado possa
pagar por esse tipo de serviço só ocorre no caso da aposentadoria por invalidez.
a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal;
b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado;
Considerações finais
Não há dúvida de que o alongamento das vidas é uma das conquistas sociais mais
importantes da segunda metade do século XX. Expectativas de vida em torno de
cem anos foram projetadas para os países em desenvolvimento para meados deste
século. Mas mudanças nem sempre acontecem em uma única direção. Avanços e
retrocessos são parte da História. Além de resultar em mortes precoces, com impacto
5 Ver http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. Acesso em: 03 fev 2022.
52
Os idosos brasileiros: muito além dos 60?
Agradecimentos
53
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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55
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
2
Envelhecimento da população brasileira:
Projeções da demanda e dos custos de
instituições de longa permanência para idosos
1. Introdução
Os “cuidados de longa duração” (CLD) se referem aos cuidados continuados ou
serviços que as pessoas mais velhas precisam para ajudá-las a realizar as atividades
relativas a cuidados pessoais e tarefas domésticas, bem como para manter relações
sociais (Muir, 2017). A denominação CLD se origina da tradução da expressão inglesa
long-term care e se refere ao “apoio material, instrumental e emocional, formal ou
informalmente oferecido por um longo período de tempo às pessoas que o necessitam,
independentemente da idade” (Camarano, 2010).
56
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
Uma política pública de cuidados de longa duração (CLD) poderia ser compreendida
como uma tentativa de equilibrar as responsabilidades concorrentes entre os
indivíduos, as famílias, o Estado e o mercado no desenvolvimento de programas
para atender às necessidades humanas. Pensar políticas públicas de CLD significa
analisar os dados empíricos disponíveis e vislumbrar possíveis cenários futuros, na
expectativa de colaborar para reduzir iniquidades e apontar lacunas no sistema de
informações ou falhas da gestão.
57
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
2. Percurso metodológico
De acordo com a norma mais recente que regulamenta o funcionamento de
unidades de acolhimento para idosos, a RDC – Anvisa nº 502/2021:
“Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI): instituições governamentais ou não governamentais, de
caráter residencial, destinada a domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos,
com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade e dignidade e cidadania” (Brasil, 2021).
Talvez por essa razão, ao contrário das informações sobre vagas em unidades de
internação ou número de consultas na atenção primária, para os CLD não há fontes de
dados contínuas, oficiais e comparáveis que possam informar as políticas regionais
ou nacionais, inclusive aquelas referentes às ILPI (Lacerda et al., 2021). O país carece
de informações básicas sobre estas instituições, por exemplo: quantas são; onde
estão localizadas; qual a sua natureza jurídica; que serviços e atividades oferecem
58
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
3. Resultados
Na literatura e na legislação se encontram referências a ILPI, casas de repouso,
lares, hotéis, asilos (Camarano, 2010) e, mais recentemente, clínicas geriátricas.
É importante reconhecer que a dificuldade de se caracterizar uma ILPI não existe
apenas no Brasil. Em pesquisa feita em 18 países por Stanford et al. (2015) sobre
nursing homes, concluiu-se que se tratava de uma residência coletiva, que oferece
cuidados 24 horas por dia para pessoas com necessidades de saúde e que requerem
ajuda para as atividades da vida diária (AVD). Em 37% dos países pesquisados,
embora não sejam uma enfermaria, médicos visitam as instituições, que podem
contar ou não com profissionais da área de saúde e oferecer ou não cuidados
paliativos e terminais. Também oferecem CLD e/ou reabilitação com o objetivo
de evitar internações hospitalares e facilitar altas, funcionando como cuidados de
transição (Stanford et al., 2015).
59
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
60
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
outras informações que não foram incluídas neste estudo. Do presente estudo
participaram todas as ILPI que alimentaram o Banco de Dados do Censo SUAS- 2019.
Além dessas ainda existem residências inclusivas para adultos e pessoas com
deficiência que não são objeto deste capítulo.
1 Aprovada pelo Conselho Nacional da Assistência Social, conforme resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009.
61
de equipamentos de auto-ajuda;
- Outras formas: incluem casas de passagem, residências inclusivas para pessoas com deficiência.
- Outras formas: incluem casasCRÔNICAS
DOENÇAS de passagem, residências
E LONGEVIDADE: inclusivas
DESAFIOS PARApara pessoas com deficiência.
O FUTURO
Além dessas ainda existem residências inclusivas para adultos e pessoas com deficiência que não são
Alémcapítulo.
objeto deste dessas ainda existem residências inclusivas para adultos e pessoas com deficiência que não são
O Censo SUAS 2019 identificou 1.784 serviços de acolhimento destinados a
objeto deste capítulo.
pessoas
O Censo idosas,
SUAS 2019 conforme
identificou 1.784 apresentado na Tabela
serviços de acolhimento 1.
destinados a pessoas idosas, conforme
O Censo
apresentado SUAS1.2019 identificou 1.784 serviços de acolhimento destinados a pessoas idosas, conforme
na Tabela
Tabela 1 – Tipo
apresentado e oferta
na Tabela 1. de serviços de acolhimento credenciados junto ao Sistema
Tabela 1 – Tipo e oferta de serviços de acolhimento credenciados junto ao Sistema Único de Assistência
Único de Assistência Social. Brasil, 2019
Social. Brasil,
Tabela2019
1 – Tipo e oferta de serviços de acolhimento credenciados junto ao Sistema Único de Assistência
Social. Brasil, 2019 Censo SUAS 2019
Tipo
N % SUAS 2019
Censo
Abrigo Tipo
institucional (Instituição de Longa N 93,55 %
1.669
Permanência para Idosas/os
Abrigo - ILPI) (Instituição de
institucional Longa
Casa-lar 75 1.669
4,20 93,55
Permanência para Idosas/os - ILPI)
República 19 1,07
Casa-lar 75 4,20
Outros 21 1,18
República 19 1,07
Total 1.784 100,0
Outros 21 1,18
Total 1.784 100,0
Fonte: Secretaria
Fonte: Nacional
Secretaria de Assistência
Nacional Social,Social,
de Assistência 2022. 2022.
O númeroFonte:
de ILPISecretaria Nacional
credenciadas dese
ao SUS Assistência Social, 2022. no país (Gráfico 1).
distribui desigualmente
O número de ILPI credenciadas ao SUS se distribui desigualmente no país (Gráfico 1).
Gráfico 1O –número de ILPIproporcional
Distribuição credenciadasdas
ao SUS se unidades
1.784 distribui desigualmente
de acolhimentonoinstitucional
país (Gráficopara
1). idosos,
segundoGráfico 1 – SUAS,
a Região – Censo Distribuição
2019. proporcional das 1.784 unidades de acolhimento
Gráfico 1 – Distribuição proporcional das 1.784 unidades de acolhimento institucional para idosos,
institucional para–idosos,
segundo a Norte
Região segundo
Censo SUAS, 2019. a Região – Censo SUAS, 2019.
Nordeste Sudeste
Sul Centro-oeste
Norte 2% Nordeste Sudeste
Sul Centro-oeste
11%
12%2%
11%
12%
16%
16%
59%
59%
62
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
Quanto à natureza jurídica, apenas 195 (10,9%) ILPI eram governamentais, sendo
185 (10,4%) municipais, 10 (0,5%) estaduais e nenhuma federal. Quando analisado
o tempo de implantação da unidade de acolhimento, 42,8% do total de ILPI existem
Fonte: Secretaria Nacional de Assistência Social, 2022.
há mais de 40 anos (N=763). Contudo, no mesmo Censo, chama atenção o fato
de que das 297 unidades de acolhimento destinadas a adultos com deficiência,
Quanto à natureza jurídica, apenas 195 (10,9%) ILPI eram governamentais, sendo 185 (10,4%)
44,1% (N=131) foram criadas nos últimos cinco anos, o que sugere um aumento da
municipais, 10 (0,5%) estaduais e nenhuma federal. Quando analisado o tempo de implantação da
demanda deste tipo de serviço (dados não apresentados).
unidade de acolhimento, 42,8% do total de ILPI existem há mais de 40 anos (N=763). Contudo, no
A distribuição
mesmo Censo, dao população
chama atenção fato de que dasidosa acolhida
297 unidades quanto ao
de acolhimento sexo eaàadultos
destinadas faixa com
etária está
apresentada
deficiência, na Tabela
44,1% (N=131) 2. nos últimos cinco anos, o que sugere um aumento da demanda
foram criadas
deste tipo de serviço (dados não apresentados).
Tabela 2 – Distribuição da população idosa acolhida segundo o sexo e a faixa
A distribuição da população idosa acolhida quanto ao sexo e à faixa etária está apresentada na Tabela 2.
etária – Censo SUAS 2019
Tabela 2 – Distribuição da população idosa acolhida segundo o sexo e a faixa etária – Censo SUAS 2019
Sexo
Total
Faixa etária Homem Mulher
N % N % N %
Menor de 60 anos 1.755 5,65 1.537 4,76 3.292 5,19
60 a 79 anos 19.954 64,21 15.779 48,84 35.733 56,38
80 anos ou mais 9.365 30,14 14.990 46,40 24.355 38,43
Total 31.074 100,0 32.306 100,0 63.380 100,0
Fonte: Secretaria Nacional de Assistência Social, 2022.Erro! A referência de hiperlink não é válida.
Fonte: Secretaria Nacional de Assistência Social, 2022.
A maioria das ILPI (68,71%) afirma não ter restrições quanto ao acesso de públicos
A maioria das ILPI (68,71%) afirma não ter restrições quanto ao acesso de públicos específicos, conforme
específicos,
apresentado na Tabelaconforme
3. apresentado na Tabela 3.
63
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Acolhidos
Sim
Características pessoais atualmente
N % N %
Pessoas com Doença Mental (Transtorno Mental) 1.222 68,50 12.145 19,16
Fonte:Fonte:
Secretaria Nacional de Assistência Social, 2022.
Secretaria Nacional de Assistência Social, 2022.
Quanto aos profissionais das equipes que atuam nas instituições, no Gráfico 2
Quanto aos profissionais das equipes que atuam nas instituições, no Gráfico 2 está apresentada sua
está apresentada sua distribuição percentual nas ILPI credenciadas ao SUAS.
distribuição percentual nas ILPI credenciadas ao SUAS.
Gráfico
Gráfico 22 – Distribuição
– Distribuição percentualpercentual
dos profissionaisdos profissionais
que atuam em Instituiçõesque atuam
de Longa em Instituições
Permanência
Gráfico
para 2 – Distribuição
Idosos percentual dos profissionais que atuam em Instituições de Longa
– Censo, 2019.
dePermanência
Longa Permanência para2019.
para Idosos – Censo, Idosos – Censo, 2019.
8,96860986547
Profissional de nível superior para atividades de lazer (educador/ terapeuta ocupacional)
085
Profissional de nível superior para atividades de
8,97
lazer (educador/ terapeuta ocupacional) Médico 13,9
Médico 13,9
Fisioterapeuta 35,87
64
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
- O segundo estudo, o Censo FN-ILPI 2021 (Lacerda et al., 2021), foi realizado por
um grupo de pesquisadores pela Frente Nacional de Fortalecimento às ILPI (FN-
ILPI)3 que buscou retratar um panorama das ILPI do Brasil (Maiores detalhes estão
disponíveis em Lacerda et al., 2021).
65
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
para a busca de uma instituição são a carência financeira e a falta de moradia, o que
talvez explique o fato de as ILPI integrarem a rede de serviços da assistência social.
Muitas delas são pequenas, têm menos de dez residentes e funcionam em casas,
representando 10% das instituições segundo a pesquisa do IPEA (Camarano, 2008a;
Camarano, 2008b; Camarano, 2008c; Camarano, 2008d; Camarano, 2008e).
Este censo identificou 3.548 instituições distribuídas por 29,9% dos municípios
brasileiros, sendo 65,2% filantrópicas; 28,2% privadas com fins lucrativos e 6,6%
públicas ou mistas, com maior concentração na Região Sudeste e nas cidades maiores.
Aproximadamente 84 mil pessoas com mais de 60 anos viviam em instituições, em
sua maioria pequenas (com média de 30,4 residentes/ILPI), que atuavam quase em
plena capacidade (90% dos leitos ocupados), graças a recursos provenientes dos
residentes e/ou familiares (57%) seguidos pelo financiamento público (federal,
estadual ou municipal), em torno de 20% (Camarano, 2008a; Camarano, 2008b;
Camarano, 2008c; Camarano, 2008d; Camarano, 2008e).
66
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
Além disso o número de instituições públicas era muito pequeno, 170 (5,2%)
entre 3.294 instituições, a maioria municipal. Das instituições que responderam
ao Censo IPEA (Camarano, 2008a; Camarano, 2008b; Camarano, 2008c; Camarano,
2008d; Camarano, 2008e), 40,8% declararam receber financiamento público, mas,
ainda assim, o financiamento público constituía apenas 20,2% dos recursos das
instituições – e, nas filantrópicas, público-alvo do financiamento, constituía 21,9%.
67
Fonte: Secretaria Nacional de Assistência Social, 2022.
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
68
Maiores detalhes estão disponíveis em Domingues et al. (2021).
Envelhecimento
Na Tabela 4 é apresentado o númerodade
população brasileira: projeções
ILPI identificadas em todo da o
demanda e
país, conforme o Censo da FN-ILPI
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
2021 (Lacerda et al., 2021; Domingues et al., 2021), e dados do IBGE (2021) sobre a quantidade de
residentes acima de 60 anos – universo de idosos - e de 75 anos – parcela idosa potencialmente mais
Tabela 4 - Distribuição das Instituições de Longa Permanência para Idosos por
demandante de CLD - nas regiões brasileiras.
Região, população maior de 60 anos e maior de 75 anos e razão entre elas e o número
de Tabela
ILPI. 4 - Distribuição das Instituições de Longa Permanência para Idosos por Região, população maior
de 60 anos e maior de 75 anos e razão entre elas e o número de ILPI.
População de Razão entre População de
Mapeamento Razão entre a
Maiores de 60 a população Maiores de 75
Região de ILPI população 75
anos 60 anos e anos
anos e +/ILPI
n % n (x mil)* % +/ILPI n (x mil)** %
Fonte: Lacerda
Fonte: et al.,
Lacerda et 2021.
al., 2021.
ILPI: Instituição de Longa Permanência para Idosos
ILPI: Instituição de Longa Permanência para Idosos
* Dados do IBGE (2018), Porcentagem da população acima de 60 anos em relação ao total com mais de 60 anos do Brasil;
** Dados do IBGE (2018), Porcentagem da população acima de 75 anos em relação ao total com mais de 75 anos do Brasil
69
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
TabelaTabela 5 - Distribuição
5 - Distribuição domunicípios
do número de númeropor deestado
municípios
e Região por estadode
e percentual e Região e que
municípios percentual de
municípios
contêm que
pelo menos umacontêm
Instituiçãopelo menos
de Longa uma Instituição
Permanência para Idosos.de Longa Permanência para Idosos.
**ILPI:
***DFInstituição
- 33 regiões de Longa Permanência
administrativas, para
consideradas Idosos;
como município para efeitos de análise
É notável a diferença regional no que diz respeito à oferta de CLD. Os estados com
maior número de ILPI são: São Paulo (34,3%), Minas Gerais (15,9%) e Rio Grande do
Sul (15,6%), enquanto os estados da Região Norte concentram apenas 1,1% das ILPI
do país. Quando se analisa a razão entre o número de pessoas idosas e o número de
ILPI disponíveis na região, as Regiões Nordeste e Norte se mostram menos supridas
deste tipo de equipamento quando comparadas a Sul e Sudeste (Lacerda et al.,
2021).
Dos 5.570 municípios do país, apenas 36% (N=2.018) dispõem de ILPI. Observa-se
que os estados que apresentaram maior número de municípios com pelo menos uma
ILPI foram, em ordem decrescente: Rio de Janeiro (71,7%), São Paulo (62,4%), Goiás
(65,4%), Mato Grosso do Sul (60,8%) e Minas Gerais (56,1%) (Tabela 5). Destaque
deve ser dado ao estado do Piauí, em que apenas 2,2% dos municípios dispõem de,
ao menos, uma ILPI (Lacerda et al., 2021).
Os cinco municípios com maior número de ILPI são: São Paulo com 810 (11,3%),
Porto Alegre com 287 (4,1%), Belo Horizonte com 268 (3,8%), Rio de Janeiro com
223 (3,1%) e Curitiba com 130 (1,8%). Na Figura 2 está apresentado o mapa da
distribuição geoespacial das ILPI no Brasil, por município (Lacerda et al., 2021).
71
Os cinco municípios com maior número de ILPI são: São Paulo com 810 (11,3%), Porto Alegre com 287
(4,1%), Belo Horizonte com 268 (3,8%), Rio de Janeiro com 223 (3,1%) e Curitiba com 130 (1,8%). Na
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Figura 2 está apresentado o mapa da distribuição geoespacial das ILPI no Brasil, por município (Lacerda
et al., 2021).
Figura 2 - Mapeamento da distribuição geoespacial das Instituições de Longa
Figura 2 - Mapeamento da distribuição geoespacial das Instituições de Longa Permanência para Idosos
Permanência para Idosos no Brasil, por município, Brasil.
no Brasil, por município, Brasil.
72
de 55,6% no número de municípios com pelo menos uma ILPI. Na Tabela 6 é apresentada a evolução do
Envelhecimento
número de ILPI conforme os Censosda- IPEA
população brasileira:(Camarano,
2008-2010 projeções da 2008a;
demandaCamarano,
e 2008b; Camarano,
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
2008c; Camarano, 2008d; Camarano, 2008e) e FN-ILPI 2021 (Lacerda et al., 2021) e a comparação com o
Tabela
número 6
de- ILPI
Evolução no número
credenciadas de Instituições
ao SUAS, conforme de Longa(Brasil,
o Censo SUAS-2019 Permanência
2020). para Idosos
conforme
Tabela 6o- Censo
EvoluçãoIPEA 2008-2010
no número e o Censo
de Instituições FN-ILPI
de Longa 2021. para Idosos conforme o Censo
Permanência
IPEA 2008-2010 e o Censo FN-ILPI 2021.
Número de ILPI*
Oferta de ILPI
Região Censo Censo SUAS-2019
Censo IPEA Censo FN- Variação
SUAS em relação ao
2008-2010** ILPI 2021*** em %
2019**** Censo FN-ILPI-
2021*** em %
Sudeste 2.255 4.232 +88 1.060 25,0
Sul 693 1.874 +170 280 14,9
Centro- 249 351 +41
200 57,0
Oeste
Nordeste 302 493 +63 206 41,8
Norte 49 79 +61 38 48,1
Total 3.548 7.029 +146% 1.784 25,4
Fonte: Dados da pesquisa “Características das instituições de longa permanência para idosos”
Fonte: Dados da pesquisa “Características das instituições de longa permanência para idosos” (Camarano
(Camarano 2008a; 2008b; 2008c; 2008d; 2008e); Frente Nacional de Fortalecimento às ILPI (Lacerda et
2008a; 2008b; 2008c; 2008d; 2008e); Frente Nacional de Fortalecimento às ILPI (Lacerda et al, 2021);
al, 2021); Secretaria Nacional de Assistência Social, 2022.
Secretaria Nacional de Assistência Social, 2022.
*ILPI: Instituição de Longa Permanência para Idosos;
*ILPI: Instituição de Longa Permanência para Idosos;
14
73
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Fonte: Secretaria
Fonte: Nacional de Nacional
Secretaria Assistência Social,
de 2022. Disponível Social,
Assistência em: https://aplicacoes.mds.gov.br/snas/
2022. Disponível em:
vigilancia/index2.php. Acessado em: 18 de janeiro de 2022
https://aplicacoes.mds.gov.br/snas/vigilancia/index2.php. Acessado em: 18 de janeiro de 2022
Estes dados refletem o descompasso entre a oferta de vagas nos sistemas público
e privado, enquanto
Estes dados refletem oadescompasso
populaçãoentre
idosa, especialmente
a oferta a maiorpúblico
de vagas nos sistemas de 75eanos continuou
privado, enquanto a
mantendo
populaçãouma
idosa,taxa de crescimento
especialmente anual
a maior de da ordem
75 anos continuoude 4% ao ano.
mantendo uma taxa de crescimento
anual da ordem de 4% ao ano.
No SUAS, a ILPI está tipificada na Proteção Social Especial de Alta Complexidade
(Brasil, 2009).
No SUAS, a ILPISegundo a tipificação,
está tipificada as ILPI
na Proteção Social sãodedefinidas
Especial para o(Brasil,
Alta Complexidade acolhimento de
2009). Segundo
pessoas idosas,asmas
a tipificação, ILPI a institucionalização
são deveriade
definidas para o acolhimento serpessoas
provisória
idosas,e,mas
excepcionalmente,
a institucionalização
de longa
deveria permanência,
ser provisória e,quando esgotadas
excepcionalmente, detodas
longa as possibilidades
permanência, quandodeesgotadas
autossustento
todas as
possibilidades de autossustento e convívio com os familiares. Isso praticamente a restringe a situações
e convívio com os familiares. Isso praticamente a restringe a situações excepcionais
excepcionais de negligência ou violação de direitos (Brasil, 2009).
de negligência ou violação de direitos (Brasil, 2009).
Uma possibilidade para o adiamento ou prevenção da institucionalização poderia acontecer pela oferta
Uma possibilidade para o adiamento ou prevenção da institucionalização
de Centros-dia para apoiar famílias com idosos frágeis, a depender das condições dos idosos.
poderia acontecer pela oferta de Centros-dia para apoiar famílias com idosos
Infelizmente ela é irrisória: dos 1.664 Centros-dia credenciados ao SUAS, prepondera a atuação da
sociedade civil em 93% das unidades, mas apenas 22% dos atendimentos são destinados a idosos com
deficiência e suas famílias (Brasil, 2020).
74
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
frágeis, a depender das condições dos idosos. Infelizmente ela é irrisória: dos 1.664
Centros-dia credenciados ao SUAS, prepondera a atuação da sociedade civil em
93% das unidades, mas apenas 22% dos atendimentos são destinados a idosos com
deficiência e suas famílias (Brasil, 2020).
II - cofinanciamento da estruturação da rede socioassistencial dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
incluindo ampliação e construção de equipamentos públicos, para aprimorar a capacidade instalada e
fortalecer o Sistema Único da Assistência Social - SUAS” (Brasil, 2012a).
75
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
5 Este Edital visou ao credenciamento de organizações da sociedade civil para realizar o mapeamento das ILPI para distribuição de material para
higienização do ambiente, Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para as pessoas idosas institucionalizadas, e aos profissionais de saúde des-
sas ILPI e cesta básica pessoas idosas residentes dessas instituições, firmados com dispensa do chamamento público, no contexto da pandemia da
Covid-19.
6 Para maiores informações, acesse os links: https://www.gov.br/participamaisbrasil/ilpi3 e
https://www.gov.br/participamaisbrasil/cndi.
76
sociedade civil.
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos adesíntese
Na Tabela 8 está apresentada instituições
dosde Termos
longa permanência para idosos
de Fomentos firmados para a Equipagem e
manutenção das Instituições de Longa Permanência para Idosos – ILPI de 2019 a 2021 6.
Tabela 8 - Síntese dos Termos de Fomentos firmados para equipagem e manutenção
Tabela 8 - Síntese dos Termos de Fomentos firmados para equipagem e manutenção das Instituições de
das Instituições de Longa Permanência para Idosos – ILPI de 2019 a 2021.
Longa Permanência para Idosos – ILPI de 2019 a 2021.
Fonte: Brasil,
Fonte: 2022.
Brasil, 2022.
*FNI: Fundo Nacional do Idoso;
*FNI: Fundo Nacional do Idoso;
** SNDPI: Secretaria Nacional de Direitos da Pessoa Idosa.
A**análise
SNDPI: Secretaria
nominal Nacional de Direitos
das ILPI aponta da Pessoa Idosa.Erro!
que das 70 ILPIA referência de hiperlink
beneficiadas, novenãooé válida.
foram
emAmais
análisede um das
nominal termo de fomento,
ILPI aponta o que
que das 70 ILPI significa
beneficiadas, noveque apenas
o foram 61deILPI
em mais foram
um termo de
contempladas.
fomento, o que Os resultados
significa apresentados
que apenas sugerem que
61 ILPI foram contempladas. a Secretaria
Os resultados Nacional
apresentados de
sugerem
Direitos da Pessoa
que a Secretaria Idosadecontemplou
Nacional a menos
Direitos da Pessoa de um milésimo
Idosa contemplou a menos dedo
um universo
milésimo dode ILPI,
universo
se considerado o Censo
de ILPI, se considerado FN-ILPI.
o Censo FN-ILPI.
OO Ministério
Ministério da Cidadania,
da Cidadania, porreferiu
por sua vez, sua vez, referiu
dificuldades de dificuldades de acesso
acesso a essa informação, pois aa gestão
essa
informação, poisosavalores
federal transfere gestão federal
de modo transfere
automático os valores
aos municípios, denacional
fundo modoa fundo
automático
municipal,aos
sem
especificação
municípios, da destinação
fundo nacional dosa mesmos. Ou seja, o Ministério
fundo municipal, não tem informações
sem especificação de quanto dos
da destinação cada
município de fato repassou às unidades de acolhimento para idosos credenciadas ao SUAS.
mesmos. Ou seja, o Ministério não tem informações de quanto cada município de
fato repassou às unidades de acolhimento para idosos credenciadas ao SUAS.
5 Este Edital visou ao credenciamento de organizações da sociedade civil para realizar o mapeamento das ILPI para
De toda forma,
distribuição aspara
de material ILPIhigienização
filantrópicas se apoiam
do ambiente, na de
Equipamentos permissão de utilizar
Proteção Individual até
(EPI) para 70%
as pessoas
da idosas
rendainstitucionalizadas,
da pessoa idosa e aos profissionais de saúde dessas ILPI e cesta básica pessoas idosas residentes dessas
para o custeio, conforme o Estatuto do Idoso (art. 35)
instituições, firmados com dispensa do chamamento público, no contexto da pandemia da Covid-19.
(Brasil, 2003). Quanto à fonte de renda de custeio da institucionalização em ILPI
6 Para maiores informações, acesse os links: https://www.gov.br/participamaisbrasil/ilpi3 e
https://www.gov.br/participamaisbrasil/cndi.
17
77
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Outra questão ainda não equacionada: quanto custa uma vaga em uma instituição
privada? A resposta é muito variável e depende da quantidade de pessoas acolhidas,
dos serviços oferecidos, da hotelaria, das demandas de cuidado, da localização
geográfica da instituição. Hipoteticamente, vamos propor os custos para uma ILPI
que acolha 15 (quinze) residentes e respeite as normas trabalhistas e a RDC 502/2021
(Brasil, 2021).
78
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
Com
Com enfermeira e
Resumo Financeiro cuidadore
Técnico de Enfermagem
s
Fonte:
Fonte: Frente
Frente Nacional
Nacional de Fortalecimento
de Fortalecimento à ILPI,
à ILPI, 2022.
2022.
* Estes
* Estes dados
dados não não nem
incluem incluem nem onem
o pro labore, provalores
labore, nem
para valores para recuperar
um empreendedor um empreendedor recuperar
o capital investido. o capital
investido.
** 23 Profissionais exigidos pela RDC 502/2021: 1 Responsável Técnico; 4 Cuidadores - 2 turnos diários (Art. 16, II); 4 Auxiliares de
Enfermagem; 4 Técnicos de exigidos
** 23 Profissionais Enfermagem; 4 Enfermeiras;
pela RDC 502/2021:1 Terapeuta ocupacional;Técnico;
1 Responsável 1 Auxiliar 4
deCuidadores
lavanderia (Art.
- 216turnos
VI); 2 Auxiliares
diários
de cozinha (Art. 16,
(Art. 16, II); V);4 3Auxiliares
Auxiliares limpeza (Art. 16, IV)
de Enfermagem; 4 Técnicos de Enfermagem; 4 Enfermeiras; 1 Terapeuta
ocupacional;
*** Despesas 1 Auxiliar
com o imóvel: de lavanderia
Aluguel; (Art. 16 VI);
impostos; manutenção; 2 Auxiliares
Água; de cozinha
Luz; Gás; Alimentos; (Art. TV
Telefone, 16,e V); 3 Auxiliares limpeza
internet.
(Art. 16, IV)
Os
***valores
Despesasobtidos representavam
com o imóvel: de manutenção;
Aluguel; impostos; quatro a seis salários-mínimos,
Água; Luz; Gás; Alimentos; em valores
Telefone, TV e
de internet.
2021.7 Atualizados para 2022, o custo per capita passa para R$5.341, 82, quando a
7
valores obtidos representavam de quatro a seis salários-mínimos, em valores de 2021. Atualizados
ILPIOsemprega somente cuidadores de idosos, ou para R$ 7.584,83, quando emprega
para 2022, o custo per capita passa para R$5.341, 82, quando a ILPI emprega somente cuidadores de
7 Em 2019, o Fórum de Instituições Filantrópicas de São Paulo estimou em R$4.800,00 o custo mensal de uma ILPI. No mesmo ano, o salário mínimo
era de R$ 998,00 e a média salarial dos brasileiros era de R$ 2.261,00, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e variou
idosos, ou para R$ 7.584,83, quando emprega técnicos de enfermagem e enfermeiros. Esses valores
entre as regiões brasileiras: Sudeste: R$ 2.585,00; Sul: R$ 2.499,00; Centro-Oeste: R$ 2.498,00; Norte: R$ 1.711,00; Nordeste: R$ 1.539,00. A média
salarial brasileira difere da renda média per capita, a qual é determinada por meio da divisão dos ganhos totais de uma família pelo número de
representam
moradores na casa. Emo2019,
dobro oumédia
a renda maisperque o triplo
capita daera
brasileira renda mensal
de R$ 1.430, da grande
variando maioria
de R$ 1.726,00 das Sudeste;
na Região famíliasSul:brasileiras.
R$1.705,00; Cen-
tro-Oeste: R$1.586,00; Nordeste: R$883,00 e R$876,00 na Região Norte. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101892.
pdf. Acessado em: 17 de fevereiro de 2022.
Apesar dos esforços, este trabalho apresenta lacunas de informações que necessitam ser consideradas:
não foi possível estabelecer a quantidade de vagas ofertadas no nível privado; a qualidade dos serviços,
seja pelo SUAS ou pela oferta do mercado, nem o montante de investimento público para as ILPI.
79
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
4. DISCUSSÃO
A Constituição Federal (Brasil, 1988) estabelece uma responsabilidade
compartilhada entre as famílias, a sociedade e o Estado pelo bem-estar dos idosos.
Porém, desse tripé constitucional, somente as famílias têm assumido o seu papel,
com limites, e ainda sendo cobradas pela insuficiência de cuidados decorrentes da
falta de políticas de CLD (Giacomin et al., 2018).
80
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
Por sua vez, Leitner (2003) analisou diferentes tipos de familismo. No âmbito
do cuidado de idosos, a autora define um familismo forte quando da existência
de transferências monetárias pagas à família para cuidar; um fraco familismo
caracterizado pela ausência desses aportes; e um desfamilismo, que seria medido
pelo maior percentual de idosos que precisam de cuidados e que os conseguem por
meio de cuidados formais.
O terceiro modelo, proposto por Saraceno & Keck (2010), distingue o familismo
por negligência, quando são baixos tanto a provisão pública de serviços, quanto o
apoio financeiro para cuidados; o familismo apoiado, quando existe auxílio público,
em geral por meio de transferências financeiras; e a desfamiliarização, quando
ocorre a individualização dos direitos sociais, com redução das dependências e
responsabilidades familiares.
81
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Além disso, embora a legislação brasileira (Brasil, 2003; Brasil, 1988) destaque
a família como a principal responsável pelos cuidados com os idosos, a
contemporaneidade trouxe mudanças culturais, sociais e econômicas, que
repercutem no cuidado do idoso.
82
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
83
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Para as mulheres, os limites temporais se dobram e multiplicam entre trabalho doméstico e profissional,
opressão e exploração, se acumulam e articulam, e por isso elas estão em situação de questionar a separação
entre as esferas da vida – privada, assalariada, política – que regem oficialmente a sociedade moderna (p. 254).
84
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
Para Passos & Machado (2021), as mulheres de classe média e rica conseguem
minimizar a desigualdade da divisão sexual do trabalho por meio do acesso a serviços
de cuidado no mercado, delegando, em geral, a outras mulheres as atividades
domésticas e de cuidado aos filhos (Hirata, 2016) e aos idosos. Elas contratam
empregadas domésticas ou diaristas, contam com escolas e creches de tempo
integral para a guarda dos filhos, ou, quando precisam cuidar de idosos, contratam
cuidado domiciliar formal ou casas de repouso privadas. No Brasil é alto o quantitativo
de mulheres que vendem sua força de trabalho no setor de emprego doméstico. Em
2018, segundo dados da PNAD Contínua, 14,5% das mulheres ocupadas estavam
no emprego doméstico, enquanto apenas 1% dos homens estava nessa ocupação.
O emprego doméstico no Brasil é uma ocupação tipicamente feminina e negra: a
presença das mulheres negras, em 2018, foi 8,7 pontos percentuais maior do que a
das brancas (Passos & Machado, 2021).
85
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Por sua vez, quando comparado a agências de bem-estar social em muitos países
de alta renda, o SUAS oferece um escopo de ação mais amplo, que inclui a gestão de
benefícios assistenciais em dinheiro e a prestação de serviços sociais. Os Centros de
Referência em Assistência Social (CRAS) desempenham um papel semelhante aos
Centros de Saúde do SUS (CS) e oferecem uma ampla gama de serviços para pessoas
de todas as idades, com destaque para a proteção e o fortalecimento dos vínculos
familiares e a garantia dos direitos humanos. Contudo, a cobertura dos CRAS não
é universal, estando restrita a áreas altamente vulneráveis e de risco social (CNAE,
2022; Brasil, 2009; WHO, 2021).
86
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
87
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Nesse sentido, recentemente o PMC (Aredes et al., 2021) foi objeto de um projeto
de avaliação mais amplo denominado “Melhorando a eficácia e eficiência dos
Serviços de Saúde e Assistência Social para Idosos Brasileiros Vulneráveis - IHOB”
(2018–2021)12, cujo principal objetivo era fornecer evidências para apoiar políticas
para reduzir as estadias desnecessárias de idosos em hospitais e ILPI. A etapa inicial
do IHOB versou sobre o mapeamento e a análise do desenvolvimento e da operação
do PMC e a segunda etapa, sobre os resultados e impactos evidenciados (Lloyd-
Sherlock, Giacomin & Sempé, 2022).
O PMC foi avaliado com base nos dados disponíveis entre 2011 e 2018 (Aredes
et al., 2021). Neste período, 1.980 idosos foram admitidos no Programa. Para sua
operacionalização, o que inclui a contratação dos cuidadores e demais profissionais
necessários à gestão de recursos humanos e administrativos, o volume médio de
recursos investidos ronda os U$ 890.000,00/ano. Cerca de um terço das pessoas
inscritas no PMC (variação de 29,3% em 2014 a 45,9% em 2018) deixou o programa
e foi substituído por novos membros. O principal motivo para desligamento do PMC
foi o óbito do idoso (45,0% dos casos). Porém, dado que o programa assiste pessoas
idosas vulneráveis, tanto do ponto de vista da saúde e funcional, quanto social, o
óbito não é um desfecho surpreendente. O segundo motivo mais frequente (26,3%)
foi a mudança de local de residência e, portanto, a perda do registro local no PMC,
seguido de a família reassumir o cuidado em 22,0% dos casos. A institucionalização
12 Maiores detalhes podem ser encontrados em Arêdes et al. (2021).
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Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
aconteceu em 11,0% das vezes e 7,2% das saídas foram devidas à reabilitação da
pessoa idosa (Aredes et al., 2021).
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
80000 6000
60000
4000
40000
2000
20000
0 0
2016,000 2021,000 2026,000 2031,000 2036,000
Na contramão desse cenário está a programação do gasto social brasileiro para os próximos 20 anos. Além de
não priorizar a provisão de cuidados, o futuro é de cortes orçamentários. A partir da promulgação da Emenda
Constitucional n. 95, os gastos primários do governo federal estarão congelados, em termos reais, nos valores
de 2016, o que interditará maiores investimentos em políticas sociais para lidar com as crescentes demandas de
saúde e de cuidado que acompanham o envelhecimento populacional. (p.18)
92
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
tradicional sobre a ILPI, que a associa à ideia de uma instituição total, caracterizada
por práticas restritivas, controladoras e de uma cultura manicomial. Essa visão é
reforçada pela mídia quando apresenta a ILPI atrelada a situações de abandono
familiar ou violência, o que reforça os preconceitos. Contudo, a ideia de uma família
que sempre cuida também é parte de uma cultura que idealiza a reciprocidade dos
filhos, o que não se revela na prática. Camarano e Barbosa (2016) questionam:
A partir desse panorama, pergunta-se como se pode definir uma instituição de longa permanência no Brasil
e qual seria o seu papel? Pelo que foi visto, parece que se pode falar que elas cumprem dois papéis. Fornecem
abrigamento para idosos pobres, o que deve estar associado à sua origem; e cuidados para idosos frágeis. Isso,
porém, não caracteriza exatamente os dois tipos de instituições, muito embora o perfil dos residentes varie
segundo a natureza jurídica. São poucas as instituições que contam só com idosos independentes ou só com
idosos dependentes. Não há um consenso entre os especialistas se a instituição deveria aceitar apenas idosos
com o mesmo grau de dependência (2016, p. 508).
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Para a política de Saúde, cuja atuação está mais pautada na fiscalização do que
no cuidado à população institucionalizada, a ILPI é identificada na Atenção Primária
como um domicílio coletivo e considerada um serviço de baixa complexidade
(Born & Boechat, 2016), mas isso não assegura atenção regular à população idosa
institucionalizada.
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Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
Longevidade (Kalache, 2014) é acompanhada por uma demanda cada vez maior de
CLD que exigem um continuum de serviços de cuidados ao longo do curso de vida,
para o qual os sistemas de saúde e de assistência social não estão preparados.
95
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
A primeira estaria sustentada pelo familismo (Passos & Machado, 2021; Esping-
Andersen, 1999; Leitner, 2003; Saraceno & Keck, 2010) e pelo sexismo (Hirata,
2016) presentes na cultura e nas políticas brasileiras. Culturalmente, a questão
da proteção às pessoas idosas dependentes de cuidados fica relegada apenas à
responsabilidade das famílias e não tem sido compartilhada com a sociedade e o
governo como constitucional e legalmente estabelecido (Brasil, 2003; Brasil, 1988).
Esta prática não considera os custos do cuidado para as famílias, para a pessoa
cuidada e para a pessoa que cuida, especialmente para as mulheres (Hirata, 2012).
A omissão governamental no apoio às famílias tem sido tolerada pela sociedade
brasileira (Giacomin & Couto, 2010; Giacomin et al., 2018), como se a questão do
envelhecimento fosse uma questão de âmbito privado (Camarano, 2010; Debert,
1999).
96
Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
apoio governamental. Para quem não tem tais recursos, espera-se que familiares
o façam – em geral, mulheres, que não são remuneradas para cuidar, e precisam
deixar o trabalho ou o estudo para fazê-lo (Giacomin et al., 2018), ou tentam conciliar
o trabalho com o cuidado às custas de uma sobrecarga física e emocional que
permanece invisível à sociedade e ao Estado brasileiros (Hirata, 2016). Essa prática
aumenta ainda mais o risco de desproteção na velhice para as pessoas que cuidam
(Camarano, 2010).
Por isso, a ILPI precisa ser incluída nas diferentes políticas de Estado, enquanto
um equipamento das cidades e da própria política de assistência social para o
fortalecimento de vínculos sociocomunitários -– não necessariamente a última
opção, de modo a se contrapor à concepção de ILPI sempre atrelada a “pobreza,
abandono e exclusão social”. Será necessário desconstruir a imagem de ILPI como
última opção e da família como instituição idealizada e perfeita, uma vez que os
dados apontam que a família não consegue suprir metade das demandas das pessoas
idosas (Duarte et al., 2010). De fato, as famílias precisam ser apoiadas, mas ainda
assim a demanda por ILPI continuará a existir. Negar a existência das instituições ou
a demanda por cuidados não as fará desaparecer.
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Destaca-se que 99% dos idosos brasileiros vivem na comunidade. Assim, as ILPI,
únicas representantes da sociedade civil, na tarefa constitucional de cuidar, são
colocadas no lugar de vilãs, por não conseguirem cumprir normas idealizadas,
descoladas da realidade. Este lugar em que a sociedade e o Estado as colocam,
além de não contribuir para alteração das não conformidades legais, é injusto por
demais. A pandemia demonstrou o quanto elas estavam sozinhas e desamparadas
em cumprir uma função que é de todos, inclusive daqueles que as condenam.
Para quebrar este círculo vicioso perverso, a sociedade e o Estado devem abrir
mão de suas posturas de juízes para assumir um papel de parceiros, colaboradores
e de respeito, mesmo quando estiverem cumprindo o papel de conferir as boas
práticas e apoiar a melhoria dos cuidados. A mudança de paradigma nesta relação
é possível e urgente. Todos cumprindo suas obrigações, todos contribuindo, todos
participando das soluções.
A pandemia deixou claro que, quando essas instituições são apoiadas pela
sociedade civil organizada (FN-ILPI), elas conseguem melhorar os desfechos de
óbito e contaminação, diante do cenário epidemiológico previsto. É importante
reconhecer que esta atuação da sociedade civil não teve qualquer caráter
regulatório, mas de apoio e educação para as boas práticas nas instituições. Isso
possibilitou prevenir óbitos por Covid-19 em ILPI, inclusive naquelas ILPI privadas
em condições precárias, que existem como resultado da falta de oferta e da falta
de transparência quanto ao acesso a vagas reguladas pelo SUAS. Assim, elas se
estabelecem para responder a uma demanda social que não está adequadamente
tratada pelo poder público.
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Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Para intervir nesse cenário é preciso trazer esta questão para a sociedade e
assumir o risco social do cuidado (Camarano, 2010) por meio de políticas públicas
que respondam com honestidade e compromisso ao desafio de envelhecer em um
país tão desigual, trabalhando para reduzir as desigualdades e não para reforçá-
las. Dessa feita, as ILPI, sejam elas públicas, privadas ou filantrópicas, poderiam
contar com algum mecanismo para verificar se o serviço contratado corresponde ao
serviço prestado. Se se utilizasse no SUAS a mesma lógica do SUS, seria necessária
uma Agência Reguladora dos Serviços Suplementares de Assistência Social, à
semelhança daquela que regula planos privados de saúde. Isso poderia evitar abusos
e violências, mas principalmente favorecer o aprimoramento do cuidado. Porém,
nota-se a ausência deste debate nos conselhos de direitos das pessoas idosas e das
políticas de assistência social, saúde, habitação.
É preciso superar a lógica de uma instituição “total” onde as pessoas perdem toda
a sua autonomia, independentemente de sua condição funcional, física ou cognitiva.
A pessoa idosa deve estar no centro do cuidado, como protagonista, participando
de todo o planejamento, desde sua admissão, sinalizando seus desejos, valores e
preferências, podendo optar pelos cuidados com o fim de vida. A redução de funções
físicas e psicológicas do residente, no curso da institucionalização, pode resultar em
diminuição e/ou perda de seu controle sobre as atividades cotidianas. Contudo, para
as pessoas idosas, a possibilidade de fazer escolhas e manter sua autodeterminação
e, por conseguinte, estar no controle da própria vida na fase que precede a morte,
é fundamental para a manutenção da sua dignidade, da sua liberdade de ir e vir, do
seu lazer, e da sua individualidade (Villas-Boas et al., 2021; Brasil, 2003).
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dos custos de instituições de longa permanência para idosos
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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Envelhecimento da população brasileira: projeções da demanda e
dos custos de instituições de longa permanência para idosos
Agradecimentos
À Profª. Dra. Yeda Duarte e ao advogado Eduardo Camargos Couto pela cuidadosa
leitura do texto.
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
3
Modelo assistencial contemporâneo para
os idosos: necessidade atual e emergência
para as próximas décadas
Renato Peixoto Veras
Introdução
É possível, no Brasil, envelhecer com saúde e qualidade de vida? Oferecemos a
resposta neste documento, que apresenta a proposta de um modelo assistencial
resolutivo e com excelente relação custo-benefício, em linha com o que há de mais
contemporâneo no cuidado integral para o grupo etário dos idosos.
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Na atualidade, chegar aos 80, 90 anos ou até mais se tornou algo relativamente
comum. Entretanto existe uma enorme preocupação com o modelo de cuidado
utilizado, pois tudo que não desejamos é que os anos adicionais de vida sejam de
sofrimento, dor e custos elevados.
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A transição demográfica
Todas as projeções demográficas feitas na década de 1980 sobre o crescimento do
grupo etário dos idosos se confirmaram. Se houve algum erro, foi por subestimação,
pois os números se revelaram ainda mais expressivos do que então se imaginava
(Kalache, Veras, & Ramos, 1987; Ramos, Veras & Kalache, 1987; Veras, Ramos &
Kalache, 1987).
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O número de idosos de 65 anos e mais era de somente 1,6 milhão em 1950, passou
para 9,2 milhões em 2020 e deve alcançar 61,5 milhões em 2100. O crescimento
absoluto está estimado em 38,3 vezes. Em termos relativos, a população idosa de 65
anos e mais representava 3% do total de habitantes de 1950, passou para 9,6% em
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2020 e deve atingir mais de um terço (34,6%) em 2100 (um aumento de 11,5 vezes
no percentual de 1950 para 2100).
Os idosos de 80 anos e mais eram 153 mil em 1950, passaram para 4,2 milhões
em 2020 e devem alcançar 28,2 milhões em 2100. O crescimento absoluto foi de
espetaculares 184,8 vezes em 150 anos. Em termos relativos, a população idosa dessa
faixa etária representava somente 0,3% do total de habitantes de 1950, passou para
2% em 2020 e deve chegar a 15,6% em 2100 (aumento de impressionantes 55,2
vezes sobre o percentual de 1950 para 2100).
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das projeções da ONU. Mas o número absoluto de idosos vai continuar crescendo,
sendo que o pico de idosos de 60 anos e mais (79,2 milhões de pessoas) e de 65 anos
e mais (65,9 milhões) será alcançado em 2075. O pico de idosos de 80 anos e mais
(28,5 milhões) será somente em 2085. Nas duas últimas décadas do século XXI, o
número absoluto de idosos vai diminuir. Todavia o percentual de idosos continuará
subindo, trazendo novas responsabilidades e oportunidades (Alves, 2019).
Todos esses dados mostram que o futuro do século XXI será grisalho, ou seja,
o percentual de idosos no mundo alcançará patamares jamais vistos na história.
O caso brasileiro não é muito diferente, mas nosso processo de envelhecimento
populacional é mais robusto, com percentuais de idosos bem acima dos percentuais
globais. Do ponto de vista demográfico, este é um tema de crucial importância, já
que os países ricos registraram crescimento etário gradual ao longo de todo o século
XX e, com seu poderio econômico, tiveram muito mais tempo para oferecer a essa
parcela da população melhor estrutura e facilidades.
O Brasil precisa assumir como tarefa a garantia de qualidade de vida dos seus
idosos, os quais, assim como grande parte da população, têm baixa escolaridade e
pouca proteção social. Sofrem ainda, no campo da saúde, com múltiplas patologias
crônicas1 (Veras & Estevam, 2015), que exigem acompanhamento constante e
cuidados permanentes (Moraes et al., 2019), gerando impacto econômico para a
sociedade (Szwarcwald et al., 2016) em função da demanda crescente por serviços
de saúde. As internações hospitalares dos idosos se tornam-se mais frequentes e o
tempo de ocupação do leito é maior quando comparado com outras faixas etárias.
Há, portanto, uma enorme implicação econômica, previdenciária e social.
O envelhecimento humano não pode ser visto como um peso. Precisamos alocar
políticas sociais para esse público. No campo da saúde, devemos manejar os cuidados
1 Doenças crônicas são um conjunto de doenças relacionadas a causas múltiplas, caracterizadas por início gradual, de prognóstico usualmente in-
certo, com longa ou indefinida duração. Apresentam curso clínico que muda ao longo do tempo, com possíveis períodos de agudização, podendo
gerar incapacidades. Requerem intervenções associadas a mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo.
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Muitas dessas doenças crônicas constituem um conjunto de agravos que faz com
que hoje muitos autores e instituições definam seus portadores como “pacientes
crônicos em situação de complexidade”, o que é determinado por um perfil de
apresentação de cronicidade. Entre as características diferenciais mais prevalentes
desse grupo está a presença de várias enfermidades crônicas concorrentes, a grande
utilização de serviços de hospitalização urgente com diferentes episódios de ida ao
hospital durante um mesmo ano, a diminuição da autonomia pessoal temporária
ou permanente e a polimedicação. Além disso, pode haver fatores adicionais, como
idade avançada, viver sozinho ou com pouco apoio familiar e episódios de quedas,
entre outros (Veras & Oliveira, 2016).
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O cientista David Sinclair (Amorim & Sinclair, 2021; Chultz et al., 2020), que está
à frente de um laboratório na Universidade de Harvard e pesquisa por que razão
envelhecemos, disse recentemente que é possível retardar o envelhecimento se o
encararmos como uma doença que precisa ser tratada.
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O que mantém a estabilidade dos genes geração após geração? Por muitos anos,
a ciência buscou a resposta para essa pergunta; e ela foi encontrada nos telômeros,
que logo se tornaram o centro das atenções das pesquisas biológicas em genética
do envelhecimento.
Nas células somáticas (não germinativas), ocorre a perda dos telômeros com o
passar do tempo, por meio da replicação celular. Células germinativas, presentes
nos testículos e ovários, não apresentam encurtamento dos telômeros, pois têm
uma enzima chamada telomerase (ausente em células somáticas), com capacidade
de produzir telômeros a partir de um molde de RNA.
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Segredo da juventude?
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Não podemos modificar a idade, mas podemos e devemos agir sobre os fatores
que contribuem para preservar o comprimento dos telômeros.
Grande parte das pesquisas sobre telômeros não tem a ver com uma aspiração
estética de longevidade, mas sim com a potencial cura de doenças. Em 2009, três
pesquisadores americanos obtiveram o prêmio Nobel de Medicina por seu trabalho
sobre o envelhecimento das células e sua relação com o câncer.
Elizabeth Blackburn, Carol Greider (Allsopp et al., 1992) e Jack Szostak pesquisaram
os telômeros e descobriram que a enzima telomerase pode proteger os cromossomos
do envelhecimento. Essa enzima contribui para impedir o encolhimento dos
telômeros com a divisão celular, o que ajuda a manter a juventude biológica das
células.
A espanhola Maria Blasco, que trabalhou com Greider nos Estados Unidos e é
diretora do Grupo de Telômeros e Telomerase do Centro Nacional de Pesquisas
Oncológicas em seu país, esteve à frente das pesquisas de uma técnica capaz de
atuar sobre o glioblastoma (câncer de cérebro bastante agressivo), bloqueando
sua capacidade de se regenerar e se reproduzir. Esse efeito é obtido atacando os
telômeros das células cancerígenas.
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O telômero de uma pessoa normal perde 50 a 60 pares de bases por ano, mas um
paciente com deficiência de telomerase pode perder de 100 a 300 pares por ano.
Aqueles que receberam danazol, contudo, apresentaram aumento em 386 pares de
bases, em média, ao longo dos dois anos de tratamento.
Embora os resultados do estudo sugiram que as drogas podem ser usadas para
reverter um dos fatores biológicos do envelhecimento, ainda não está claro se os
benefícios do tratamento superariam os riscos em pessoas saudáveis, especialmente
se a terapêutica envolver o uso de hormônios sexuais.
Estudo com 2.401 participantes demonstrou que quanto mais atividades físicas
as pessoas praticam, mais se alongam seus telômeros, comprovando a importância
da prática regular de exercícios para prevenir o envelhecimento.
Pessoas obesas têm telômeros mais curtos do que as magras. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde, a obesidade mantém relação com um Índice de
Massa Corporal (IMC) superior a 30. Mas os indivíduos obesos que perdem peso
vêm os seus telômeros se alongarem. Quanto mais massa gorda se perde, maior é o
alongamento dos telômeros.
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uma estratégia que, em médio e longo prazos, poderá reduzir internações e outros
procedimentos de muito maior custo (Veras, 2019a).
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Uma certeza todos temos: a cada ano que passa, o custo da saúde aumenta e a
qualidade assistencial piora. Um sistema assim se torna insustentável. É hora de pôr
em prática o que todos defendem, mas não fazem.
Envelhecimento e saúde
A saúde pode ser definida como uma medida da capacidade individual de
realização de aspirações e da satisfação das necessidades, independentemente da
idade ou da presença de doenças (Veras & Estevam, 2015). Assim, uma avaliação
geriátrica eficiente e completa, a custos razoáveis, torna-se cada vez mais premente.
Seus objetivos são o diagnóstico precoce de problemas de saúde e a orientação de
serviços de apoio onde e quando forem necessários, para manter as pessoas em
seus lares. A história, o exame físico e o diagnóstico diferencial tradicionais não são
suficientes para um levantamento extenso das diversas funções necessárias à vida
diária do indivíduo idoso (Veras et al., 2014).
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• ser validado para a população e para a condição a ser verificada (Ramos, Veras
& Kalache, 1987);
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A inovação necessária
As transformações socioeconômicas e suas consequentes alterações nos estilos
de vida dos indivíduos nas sociedades contemporâneas – com mudança de hábitos
alimentares, aumento do sedentarismo e do estresse, além da crescente expectativa
de vida da população – colaboram para a maior incidência de enfermidades crônicas,
que são hoje um sério problema de saúde pública (Lima-Costa et al., 2018).
O modelo de cuidado
Nos projetos internacionais, o médico generalista ou de família absorve
integralmente para si de 85% a 95% dos seus pacientes, sem necessidade da ação
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O modelo inglês, o National Health Service (NHS), tem como figura central o
médico generalista de alta capacidade resolutiva, o chamado general practitioner
- GP3 (Veras, Ramos & Kalache, 1987), que estabelece um forte vínculo com o
paciente (Tanaka & Oliveira, 2007). O acesso a esses profissionais é garantido a
todos independentemente de renda ou condição social, à semelhança do nosso
Sistema Único de Saúde (SUS) (Castro et al., 2019). Ao fazer seu registro com um GP,
o cidadão britânico recebe assistência médica pública e gratuita em unidades de
saúde compostas por médicos generalistas e enfermeiros. Qualquer atendimento
necessário, desde que não seja de extrema urgência ou em função de algum
acidente, será feito ali (Turner & Clegg, 2014). O modelo norte-americano, por outro
lado, opta pelo encaminhamento do paciente para inúmeros médicos especialistas.
São dois países ricos, de grande tradição na medicina. Utilizam, no entanto, sistemas
diferentes, que proporcionam resultados também bastante distintos (Veras, 2015b).
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O esforço deve ser empreendido para manter os pacientes nesses níveis leves,
visando preservar sua qualidade de vida e sua participação social. A meta é concentrar
nessas instâncias mais de 90% dos idosos (Oliveira, Veras & Cordeiro, 2018).
Mesmo não sendo idosos, a epidemiologia mostra que é a partir dessa idade
que as doenças crônicas começam a se manifestar. E quanto mais precocemente
for estabelecida a estrutura de um modelo de educação em saúde e prevenção,
maiores serão as chances de sucesso.
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O ingresso
O ingresso se dá por meio de uma ação denominada “acolhimento”, que acontece
em duas etapas. A primeira tem cunho administrativo e institucional, quando é feita
ampla exposição das ações propostas, enfatizando sobretudo a promoção da saúde
e a prevenção de doenças. O usuário tem assim uma compreensão abrangente
e didática do modelo e de toda a dinâmica de cuidados diferenciados que serão
ofertados, visando melhorar sua saúde e qualidade de vida. Do mesmo modo, a
participação do idoso deve ser incentivada, porque faz parte desse modelo de
atenção à saúde (Moraes, 2009).
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(Chultz et al., 2020) com o desempenho do idoso, no total de 40 pontos. Além das
perguntas, algumas medidas, como a circunferência da panturrilha, a velocidade
da marcha e o peso/índice de massa corporal, são incluídas para aumentar o valor
preditivo do instrumento (Moraes, 2012).
A Escala de Lachs é utilizada após o ICVF-20. Ela visa detalhar alguns tópicos e permite
uma robustez maior para os resultados. Esta estratégia de utilizar os dois melhores
instrumentos epidemiológicos busca ampliar a confiabilidade dos resultados.
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• Escala de Lawton – avalia atividades instrumentais (Aguiar & Assis, 2009; Lawton
& Brody, 1969).
• Cartão de Jaeguer – avalia a acuidade visual (Abicalaffe, 2008; Costa & Santos, 2018).
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O GerontoLine se diferencia dos call centers, tão comuns nos serviços de saúde
tradicionais, os quais normalmente funcionam com pessoas mal preparadas, que
abusam do “gerundismo” 7 (São José &Teixeira, 2014) e não oferecem nenhum
suporte se a pergunta ou dúvida do cliente estiver fora do script.
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• definir o risco clínico de cada paciente da sua carteira e gerenciar suas demandas
de cuidados junto com o enfermeiro;
• monitorar internações;
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E o monitoramento, por fim, tem como principal objetivo manter o paciente sob o
radar da dupla que gerencia sua saúde. Conforme o grau de fragilidade, os pacientes
receberão contatos mais frequentes. No entanto toda a carteira de clientes será
monitorada, no mínimo, uma vez ao mês. Os contatos serão realizados via telefone
ou pelo aplicativo e seguirão um protocolo estruturado para garantir a efetividade
da abordagem e assegurar que os históricos de informações e dados eletrônicos
da saúde dos beneficiários estejam apropriadamente atualizados para otimizar o
acesso das equipes de saúde e do próprio beneficiário.
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Grupos terapêuticos
Os grupos terapêuticos são uma estratégia de abordagem em grupo com
pacientes que apresentam a mesma comorbidade. Em rodas de conversa e palestras
interativas, os participantes terão a oportunidade de compreender melhor a
patologia abordada e tirar suas dúvidas, gerando uma ação autopreventiva.
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Fisioterapia
A adesão ocorre a partir do encaminhamento médico com diagnóstico clínico. A
avaliação fisioterápica utiliza um questionário estruturado e a Escala de Tineti. Seu
objetivo é identificar as alterações músculo-esqueléticas que produzem limitações
funcionais e definir o programa de tratamento adequado aos indivíduos – que
poderá ser desenvolvido de forma individual ou em grupo.
Nutricionista
Atendendo o encaminhamento do geriatra, o nutricionista fará uma avaliação
do cliente com base nos dados clínicos, bioquímicos, antropométricos e dietéticos,
considerando a funcionalidade, os hábitos alimentares e de vida (atuais e pregressos),
o déficit sensorial, as alterações gastrointestinais e comportamentais, entre outros
aspectos com potencial de comprometer a ingestão alimentar e, por conseguinte, o
estado nutricional. Informações referentes à organização familiar e dos cuidados, à
renda e ao local de residência também são consideradas.
Oficineiros
Essa é a designação habitualmente dada aos instrutores das atividades
realizadas diariamente no âmbito do Centro de Convivência. Esses profissionais são
gerontólogos especializados nas práticas que desempenham.
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Centro de convivência
Com o gradativo aumento da população idosa, surgiram alguns programas
educacionais voltados principalmente para o lazer. A primeira experiência brasileira
de educação para adultos maduros e idosos foi implementada pelo Serviço Social
do Comércio (SESC) com os grupos de convivência. Eles surgiram na década de 1960,
com programação elaborada com base em atividades de lazer. Eram assistencialistas,
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Paralelos
Diante da necessidade de construção de múltiplas estratégias de suporte àqueles
que necessitam de proteção e cuidados, propomos uma outra reflexão: a quem cabe
o cuidado da criança e do idoso? Responder esta questão implica traçar paralelos
entre ambos.
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O lugar do cuidado
O grupo de idosos está crescendo e envelhecendo, os baby-boomers estão
chegando à terceira idade. Cada vez se vive mais e cresce também toda a tecnologia
de cuidado dessa fase, que pode durar 40 anos. É necessário multiplicar e valorizar
os espaços de convivência. As soluções são mistas: individuais e singulares, mas
também coletivas.
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Por muito tempo, a instituição “creche” suscitou certa estranheza, por ser
associada ao orfanato, local onde crianças eram abandonadas (Ramos et al., 2013).
Instituições que cuidem do idoso durante algumas horas do dia, como o centro
de convivência, podem guardar também parentesco indesejável com os asilos,
atualmente denominados “instituições de longa permanência” e, algumas vezes,
locais de abandono de velhos.
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Conclusão
Nos últimos anos, tenho me dedicado ao estudo do cuidado integral do idoso e ao
aperfeiçoamento dos modelos assistenciais. Na condição de diretor da UnATI/UERJ
e editor da RBGG, mais do que uma opinião, a tendência que percebo é o desejo,
6 A Universidade Aberta da Terceira Idade da UERJ (UnATI/UERJ) é um centro de estudos, ensino, debates, pesquisas e assistência voltado para
questões inerentes ao envelhecimento, que vem contribuindo para a transformação do pensamento da sociedade brasileira sobre seus ido-
sos.
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E é por entender que as mudanças, a cada ano que passa, são cada vez mais
necessárias, que estou novamente apresentando essa reflexão ao público acadêmico
e formador de opinião do setor de saúde, pois ainda precisamos de mais uma dose
do remédio que, espero, levará à cura do nosso modelo assistencial.
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O modelo ideal de atenção ao idoso deve ter como foco a identificação de riscos
potenciais. Ao monitorarmos a saúde em vez da doença, direcionamos o investimento
para uma intervenção precoce, o que resulta em chances mais generosas de reabilitação
e em redução do impacto na funcionalidade.
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168
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
4
A epidemiologia do envelhecimento.
Novos paradigmas?
Dalia Romero
Leo Maia
Introdução
O século XX é caracterizado por diversas disciplinas como o século das grandes
mudanças em todos os campos da sociedade e do conhecimento. Esse século trouxe
a era do automóvel, do átomo, dos antibióticos, da TV, da internet, entre muitas
outras, acompanhadas por grandes revoluções sociais e duas guerras mundiais.
170
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
Ainda que a pandemia tenha mostrado que uma população pode “rejuvenescer”, é
importante reconhecer que o processo de envelhecimento coletivo é uma tendência
mundial que traz importantes desafios para a sociedade e que a relevância desse
processo não pode apenas se fundamentar no nível e na tendência da proporção
de pessoas idosas numa população. Questões intrínsecas ao envelhecimento dos
seres humanos, especialmente relacionadas às condições de saúde, devem ser
consideradas em todo planejamento e nas intervenções de programas e políticas
públicas.
171
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Em geral, duas perspectivas são identificadas nos estudos sobre a velhice. Uma,
de ordem sociológica e psicossocial, que foca no afastamento e na invisibilidade da
pessoa idosa na sociedade e argumenta a favor dos direitos e do pleno exercício da
cidadania nessa faixa etária. Outra perspectiva, clínica-médica, da epidemiologia,
foca nas doenças e síndromes geriátricas que surgem na velhice, cujas evidências
sustentam, em muitos casos, a necessidade de mudanças do sistema de saúde para
responder às demandas da longevidade.
172
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
173
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Essa teoria contém uma visão evolucionista e funcionalista e, por isso, tem sofrido
importantes críticas e sugestões de mudança. Luna (2002), ao analisar a situação
epidemiológica do Brasil, observou que o processo de transição não se dava de forma
linear, nem homogênea, pelo que conclui que no país há: 1) uma sobreposição de
etapas – doenças infecciosas e degenerativas convivem com grande peso absoluto e
relativo; 2) um movimento de contratransição caracterizado pelo ressurgimento em
peso de diversas doenças infecciosas; 3) uma incerteza de uma resolução do processo
de transição, em um país profundamente marcado por desigualdades sociais. O
autor demonstra que o pretenso movimento de eliminação das doenças infecciosas
não só não se verificou, a partir de exemplos como a epidemia da AIDS, como
também que os mesmos fatores relacionados ao progresso, ao desenvolvimento
socioeconômico e à modernidade se comportam como determinantes da transição
dos processos na direção inversa, propiciando o surgimento e a disseminação de
novas e velhas doenças infectoparasitárias (Luna, 2002, p. 232).
174
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
Fontes: 1930-1980: Dados nº7, RADIS, Fiocruz. Estimativas de Araújo (2012). 1990-2019: Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM). Estimativas elaboradas pelos autores.
175
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
176
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Estimativas elaboradas pelos autores.
177
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
1). Tal aumento foi ligeiramente maior para os homens. No entanto, as vantagens
femininas na expectativa de vida ao nascer se manteve alta (7 anos de diferença). No
que diz respeito à expectativa de vida aos 60 anos, observa-se um comportamento
contrário, ou seja, há um ganho de anos de vida mais acentuado entre as mulheres,
o que gera um aumento nas vantagens femininas em relação aos homens (passou
de 3,5 para 3,8 anos de diferença). Vale destacar, contudo, que essas estimativas
foram obtidas através das Tábuas de Mortalidade do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), o qual utiliza a projeção da mortalidade elaborada a partir dos
dados do Censo Demográfico de 2010, desconsiderando o aumento dos óbitos
decorrentes da pandemia de Covid-19 na população brasileira no ano de 2020.
178
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
em relação à população branca e amarela (Tabela 2). A idade média à morte dos
indígenas sequer alcança a faixa etária dos quinquagenários: é 28,3 anos menor do
que a dos amarelos e 23,2 anos menor do que a dos brancos. Por sua vez, negros
morreram em média 8,1 anos antes do que a população branca e 13,2 anos antes do
que a população amarela. Ademais, negros e indígenas também possuem um maior
desvio padrão em relação à idade média à morte do que brancos e amarelos, ou seja,
há uma maior concentração de óbitos em idades mais avançadas entre brancos e
amarelos, enquanto a mortalidade de indígenas e negros ocorrem em idades mais
dispersas. Desse modo, observa-se que as conquistas de anos adicionais de vida não
se dão de forma equitativa entre diferentes grupos sociais. Ainda hoje, o direito a
envelhecer é negado a determinados grupos raciais e étnicos no Brasil.
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Estimativas elaboradas pelos autores.
179
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
180
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
181
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
doenças crônicas nesse grupo etário. Isso porque, segundo a teoria da transição
Wepidemiológica, elas se tornarão um dos principais desafios relativos à Saúde do
Amanhã em um Brasil envelhecido, devido ao comprometimento que geralmente
causam à funcionalidade humana, gerando incapacidade e aumentando a
dependência para a realização das atividades da vida diária.
A prevalência é maior entre as mulheres idosas para a maior parte das doenças,
à exceção de alguma doença no coração, câncer, AVC, alguma doença no pulmão
e insuficiência renal crônica. Homens idosos mais frequentemente relatam não ter
nenhuma doença crônica não transmissível (DCNT) em relação às mulheres idosas
(23,2% e 15,8%, respectivamente), além de terem menor prevalência de 3 doenças
crônicas não-transmissíveis ou mais (34,4% e 20,0%, respectivamente). Não obstante,
essas diferenças devem ser analisadas com cautela, levando em consideração que
as disparidades na prevalência observadas nos inquéritos não necessariamente
refletem a realidade. A prevalência relatada depende do diagnóstico da doença.
Sabe-se que os homens utilizam menos os serviços de saúde (Malta et al., 2017)
e, quando o fazem, muitas vezes a doença está em um estágio avançado (Gomes,
182
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
2008), fato que pode explicar a maior (ou igual) mortalidade de homens por essas
doenças (ver Tabela 1) em contraste com a menor prevalência relatada por eles.
Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) (2019). Estimativas elaboradas pelos autores.
183
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
do país. Apesar das diferenças regionais terem se reduzido entre 2013 e 2019, as
desigualdades no acesso aos serviços de saúde persistem. As diferenças observadas
no acesso ao diagnóstico colocam dúvidas na veracidade das taxas de óbitos e
internações por câncer de mama nas regiões mais desassistidas. Sem um diagnóstico
adequado não seria correto afirmar que o risco de morte por câncer de mama das
idosas da região Norte seja 38% menor que na região Sul do país, conforme mostra
a Tabela 4.
Fontes: (1) Pesquisa Nacional de Saúde, PNS (2013 e 2019). Estimativas elaboradas pelos autores. (2) Estimativas
obtidas no Sistema de Indicadores de Saúde e Acompanhamento de Políticas do Idoso, SISAP-Idoso.
184
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
específico a violência (Souza et al., 2018), também será uma preocupação central
para a sociedade brasileira e para o SUS nos anos vindouros.
No século XXI, os estudos sobre a velhice têm focado sua atenção em construtos
que englobam a diversidade de fatores que determinam o envelhecimento e que
dão conta da qualidade de vida, independentemente de atrelar isso a uma doença
crônica. A OMS, na busca de uma perspectiva positiva do envelhecimento, propôs
o termo, mencionado anteriormente, “envelhecimento ativo” e, mais recentemente,
“envelhecimento saudável”. Nesse contexto, dois conceitos-chave são formulados
para abordar a saúde da pessoa idosa: capacidade funcional e capacidade
intrínseca. Esses conceitos são ratificados pela OMS no Relatório Mundial sobre
Envelhecimento e Saúde de 2015 (World Health Organization, 2015) e no plano
Década do Envelhecimento Saudável (Organização Pan-Americana da Saúde, 2020),
com a finalidade de popularizar o novo paradigma sobre o envelhecimento.
“O envelhecimento saudável pode ser uma realidade para todos. Ele demandará uma troca de foco de se
ter o envelhecimento saudável como a ausência de doença para a promoção da habilidade funcional que
permite à pessoa idosa ser e fazer aquilo que valoriza. Serão necessárias ações de melhoria do envelhecimento
saudável em múltiplos níveis e em múltiplos setores, de modo a prevenir doenças, promover a saúde, manter a
capacidade intrínseca e viabilizar a habilidade funcional” (Organização Pan-Americana da Saúde, 2020, p. 3).
185
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
quais compreendem desde as atividades básicas para uma vida independente até as
ações mais complexas da rotina diária. A CF é composta da capacidade intrínseca da
pessoa, das características do ambiente que afetam essa capacidade e das interações
entre as pessoas e essas características (World Health Organization 2015), onde:
- A capacidade funcional é a combinação e a interação da capacidade intrínseca
com o contexto em que a pessoa habita.
- A capacidade intrínseca é a combinação de todas as capacidades físicas e mentais
da pessoa.
- O ambiente inclui todos os fatores do mundo exterior que formam o contexto da
vida. Inclui - do nível micro até o nível macro - a família, a comunidade e a sociedade
em geral. No meio ambiente há uma série de fatores que englobam o contexto
construído, como as pessoas e seus relacionamentos, as atitudes e os valores, as
políticas de saúde, os sistemas que as sustentam e os serviços que prestam (Üstün
et al., 2003).
5.1 Funcionalidade
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, conhecida
como CIF, publicada pela OMS em 2001, tal qual a Classificação Internacional de
Doenças (CID), proporciona uma linguagem unificada e padronizada, como um
sistema de descrição da saúde e de estados relacionados à saúde. A CIF permite
identificar as diversas dimensões que afetam a qualidade de vida e que definem o
estado de saúde das pessoas.
Os domínios da CIF são descritos com base na perspectiva do corpo, do indivíduo
e da sociedade em duas listas básicas: (1) Funções e Estruturas do Corpo, e (2)
Atividades e Participação. Essas se relacionam com os fatores ambientais que
interagem com todos estes construtos. Dessa maneira, a CIF evita classificar o estado
de saúde apenas a partir da doença e melhor define as consequências da doença,
do contexto e das condições de vida acumuladas durante a vida.
A CIF foi um passo crucial para a concretização de um novo paradigma da
saúde da pessoa idosa ao explicar as múltiplas faces do Envelhecimento saudável
a partir da Interação dos Componentes da Funcionalidade (Figura 1), que vão
186
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
Esse novo paradigma, embora mensurável, não é de fácil captação através das
estatísticas produzidas sobre a saúde da população. Inquéritos populacionais têm
tentado incorporar perguntas sobre as dimensões e interações dos componentes da
CIF, mas ainda não existe um consenso sobre a mensuração da funcionalidade (Castro
et al., 2016). Alguns instrumentos proporcionam escore sobre a vulnerabilidade ou o
perfil de capacidade funcional, mas estes variam quanto aos resultados (Alves, Leite
& Machado, 2008). Perguntas aos idosos acerca da capacidade para a realização de
atividades são as mais utilizadas, as quais geralmente são avaliadas por meio do
187
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Baseados no conceito utilizado por Alves (2007), definimos neste trabalho como
pessoas com incapacidade funcional aquelas com alto grau de dificuldade e/ou que
necessitam de ajuda para executar tarefas cotidianas básicas ou mais complexas
necessárias para a vida com autonomia. A PNS 2019 permite identificar ambos os
critérios. Pessoas idosas que precisam de ajuda ou tem muita dificuldade ou não
conseguem sozinhas comer, tomar banho, ir ao banheiro, vestir-se, andar em casa
de um cômodo ao outro ou se deitar tem incapacidade funcional para as atividades
básicas da vida diária (ABVD). Assim, a partir dos dados da PNS 2019, pode-se
afirmar que 9,6% das pessoas idosas tinham tal tipo de limitação. Por outra parte,
uma em cada quatro (25,1%) das pessoas idosas possuíam incapacidade funcional
para realizar as atividades instrumentais da vida diária (AIVD), como fazer compras,
administrar finanças, tomar os remédios, ir ao médico ou sair utilizando transporte
(ônibus, metrô, táxi ou carro).
188
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) (2019). Estimativas elaboradas pelos autores.
Como visto na Tabela 3, o problema de coluna é uma das condições crônicas mais
prevalentes na população idosa (Tabela 4). Esta é a principal causa de anos vividos
com incapacidade (Hurwitz et al., 2018) e a primeira causa de perda de qualidade
de vida entre idosos (Hoy et al., 2014). Um problema como este pode ser tratado
antecipadamente se investirmos em prevenção e promoção da saúde por meio, por
exemplo, da educação física nas escolas primárias e núcleos de saúde da família.
Os ganhos provenientes de sua prevenção se tornam ainda mais relevantes se
considerado que a maioria das pessoas que alcançam aos 50 anos de idade sem
problema de coluna não chegam a desenvolvê-lo depois, conforme demonstrado
189
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Gráfico 6. Prevalência de problema crônico de coluna, segundo faixa etária. Brasil, 2013.
Diversos são os estudos que demonstram que o trabalho de cuidar está associado
a uma perda na qualidade de vida e do bem-estar dos cuidadores familiares, gerando
190
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
até mesmo problemas em suas saúdes mental e física (Shi et al., 2020; Anjos, Boery
& Pereira, 2014). Isso ocorre porque, na falta de um suporte social adequado, o
trabalho de cuidar se torna exaustivo, já que demanda grande quantidade de tempo,
dedicação e recursos e frequentemente provoca uma sobrecarga física e emocional.
Desse modo, o escopo de desafios do novo paradigma do envelhecimento deve
contemplar não apenas aqueles voltados à população idosa, as também aqueles
enfrentados pelos seus cuidadores, ainda mais se considerarmos que o verificado
processo de redução da natalidade levará a uma diminuição das famílias e,
consequentemente da oferta de familiares cuidadores.
191
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
192
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
A vitalidade diz respeito aos fatores fisiológicos do indivíduo que podem levar
à perda de capacidade intrínseca. Um de seus principais determinantes é o estado
nutricional da pessoa idosa. A má-nutrição pode levar à perda de massa muscular,
fato que está diretamente ligado à capacidade locomotora. Sua detecção pode
ser captada por profissionais de saúde da atenção primária, a partir da apreensão
da dieta do indivíduo, das mudanças no peso e, por vezes, a partir de exames de
193
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
sangue. Seu manejo pode vir através do aconselhamento nutricional e nos casos
mais graves a partir da suplementação alimentar (Organização Pan-Americana da
Saúde, 2020). Duas perguntas da PNS 2019 que podem ser utilizadas como proxy
da vitalidade referem-se à perda de apetite e ao sentimento de cansaço/falta de
energia nas últimas duas semanas. Ambas tinham como alternativas de resposta:
nenhum dia, menos da metade dos dias, mais da metade dos dias e todos os
dias. Dessa maneira, estimamos que 18,7% das pessoas idosas têm alta perda de
vitalidade, correspondente às duas últimas alternativas em pelo menos uma das
duas perguntas.
194
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
Tabela 6. Prevalência de sintomas depressivos e perda de vitalidade entre pessoas idosas. Brasil, 2019.
Sentiu-se Falta de
Problemas Falta de Falta de Sentiu-se Sentiu-se mal Pensou em se
cansado/sem prazer ou
com sono concentração apetite deprimido consigo ferir
energia interesse
Nenhum
57,9% 65,1% 81,1% 80,3% 73,2% 72,7% 86,8% 95,8%
dia
Menos da
metade 17,3% 20,4% 11,3% 10,9% 17,2% 16,9% 8,4% 2,6%
dos dias
Mais da
metade 8,4% 6,3% 3,5% 4,1% 4,6% 5,1% 2,4% 0,8%
dos dias
Quase
16,3% 8,2% 4,0% 4,7% 4,9% 5,3% 2,4% 0,8%
todos dias
Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) (2019). Estimativas elaboradas pelos autores.
195
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
196
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
Por mais que o modelo das trajetórias hipotéticas se aplique a nível individual,
seus pressupostos poderiam explicar o porquê de grupos sociais diferentes
197
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
198
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
Definindo pessoas com deficiência como aquelas com alto grau de dificuldade ou
incapacidade permanente de enxergar, se locomover, ouvir ou realizar atividades
habituais em decorrência de limitação nas funções mentais ou intelectuais,
estimamos a prevalência de deficiências entre a população idosa para o ano de 2019.
Os resultados são apresentados na Tabela 7. A prevalência das deficiências referidas
entre pessoas idosas no Brasil foi alta (24,8%). Dentre elas, as mais prevalentes foram
as deficiências locomotoras (17,6%) e visual (9,2%). Na comparação, segundo grandes
regiões, chamam a atenção as mesmas disparidades encontradas nos indicadores
de incapacidade funcional (Tabela 5). Norte e Nordeste foram aqueles com maior
percentual de pessoas idosas com deficiência (27,6% e 29,0%, respectivamente), fato
que novamente demonstra a determinação do contexto nas condições de saúde e
vida da população. Mulheres, se comparadas com homens idosos, apresentaram os
199
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
200
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
201
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
202
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
203
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
O Brasil, depois da Turquia, teve a segunda maior prevalência padronizada por idade
de demência (1.037 casos por 100.000 habitantes), segundo estimativas realizadas
em 195 países pelo grupo de Carga da Doença (Nichols et al., 2019). Entretanto,
os autores constatam grandes inconsistências entre dados de causa de morte e
dados de prevalência ao longo do tempo, assim como entre países. Verificaram que,
enquanto as taxas por idade de mortes por demência aumentaram cinco vezes, a
prevalência de demência no mesmo período se manteve estável. Concluem que a
melhora da captação e padronização da informação sobre demências é um grande
desafio para todos os países.
204
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
geral ficam mais tempo na residência, pelo que também é papel da Atenção Básica
encaminhar para avaliação especializada aqueles com sintomas como: alterações
neurológicas, psiquiátricas ou comportamentais ou aqueles com fatores de risco
importantes (por exemplo, tentativa de suicídio). A preocupação da família é de
particular importância, especialmente porque um indivíduo pode compensar ou
negar seus problemas nos estágios iniciais. Nas visitas domiciliares das equipes
de Atenção Básica os profissionais podem conversar sobre esses aspectos com os
familiares.
205
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Na Guia, a OMS assinala que o mundo se uniu em torno da agenda 2030 das Nações
Unidas para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), mas reconhece
que os mesmos dificilmente serão alcançados sem ações e adaptações estruturais e
sociais (Organização Mundial da Saúde, 2020) e sem considerar o envelhecimento
saudável como o paradigma norteador.
206
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
“A abordagem ICOPE baseia-se no princípio de que as habilidades funcionais podem ser maximizadas quando
os serviços e os sistemas integrarem os cuidados de saúde e sociais para os idosos de forma a poderem responder
às suas necessidades próprias, isto é, com uma abordagem centrada na pessoa. A integração não significa que
as estruturas devam se fundir, mas sim que uma grande variedade de prestadores de serviços deverá trabalhar
em colaboração de forma coordenada dentro de um sistema. ICOPE é uma abordagem baseada na comunidade
que ajuda a reorientar os serviços de saúde e construir sistemas de cuidados a longo prazo baseados em um
modelo de cuidados centrado nas pessoas e coordenado” (Organização Mundial da Saúde 2020, p. 4).
207
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
208
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
depressivos. Cada roteiro começa com um teste de triagem, que pode ser realizado
por qualquer agente de saúde ou assistente social alocado na comunidade do
idoso, para identificar os idosos que provavelmente já sofreram alguma perda de
capacidade intrínseca.
Cuidar de quem cuida é importante não apenas para a saúde do cuidador, mas
também para o bem-estar da própria pessoa idosa demandante de cuidados. A
associação entre a sobrecarga do trabalho de cuidar com o abuso e os maus-tratos é
amplamente relatada na literatura (Kosberg, 1988; Lino et al., 2019). Se a sobrecarga
do trabalho de cuidar já se configurava como um grande problema, essa situação
piorou com a chegada da pandemia. No Brasil, conforme demonstrado por Romero
e colaboradores (2022), 27,7% dos cuidadores de idosos com dependência funcional
relataram um aumento acentuado na carga do trabalho de cuidar.
209
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
No Brasil, segundo Portaria de 2017 (Brasil, 2017), a RAS é definida como “arranjos
organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que
integrados por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir
a integralidade do cuidado e promover a atenção contínua, integral, de qualidade,
responsável e humanizada, bem como incrementar o desempenho do Sistema, em
termos de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária e eficiência econômica”.
210
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
causas evitáveis na população em geral (Pinto & Giovanella, 2018). O efeito positivo
da Atenção Básica na saúde da população idosa também tem sido evidenciado
(Marques et al., 2014; Rodrigues, Alvarez & Rauch, 2019). O indicador, consagrado na
literatura de saúde pública, chamado Internações por Condições Sensíveis à Atenção
Primária (ICSAP) tem contribuído para fortalecer essas evidências. Esse indicador
propõe uma série de agravos e doenças (como diabetes, asma e hipertensão) que com
uma adequada atenção primária não deveriam chegar ao ponto de levar à internação
(Billings et al., 1993). Reduzir o número de internações na população idosa é de
extrema relevância porque nessa faixa etária as hospitalizações representam riscos
para a deterioração das condições de vida e saúde do idoso e até mesmo de óbito.
Neste capítulo apresentamos o caso do Rio de Janeiro (RJ) para ilustrar a relação
entre as ICSAP e a cobertura da ESF. Em primeiro lugar, vale a pena mencionar que
até hoje em dia esta última é baixa se comparada com a média nacional que em
2019 era de 64%. Entretanto, o estado do Rio de Janeiro, entre 2010 e 2018, teve
rápida expansão da cobertura da ESF, passando de 33% a 57% da população coberta
(Gráfico 7).
Uma recente análise (Mendonça Guimarães et al., 2021), realizada com o objetivo
de avaliar o efeito da Reforma da Atenção Primária à Saúde nas taxas de ICSAP
no município do Rio de Janeiro, comparou três diferentes períodos de tempo
relacionados a importantes mudanças nas políticas de atenção primária no Brasil:
211
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Por outra parte, a ESF tem insuficiências para a população idosa. Macinko &
Mendonça (2018) observaram que o exame de visão geral não foi realizado em mais
da metade dos usuários idosos da ESF e menos de um terço dos idosos diabéticos
realizaram exame do pé.
212
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
Fontes: (1) CNES. Estimativas obtidas na plataforma E-gestor. (2) Sistema de Informações Hospitalares (SIH).
Estimativas obtidas no Sistema de Indicadores de Saúde e Acompanhamento de Políticas do Idoso, SISAP-Idoso.
213
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Considerações finais
O panorama epidemiológico realizado no presente trabalho apresentou diversos
- embora não todos - desafios que o envelhecimento populacional gera e, cada vez
mais, irá gerar à saúde pública brasileira. Esses vão desde o manejo da capacidade
funcional à prestação de cuidados, da atenção especial ao aumento da prevalência
das Doenças Crônicas Não Transmissíveis até a resolução de problemas associados
à miséria e à precariedade, como a fome e as doenças negligenciadas.
214
A epidemiologia do envelhecimento. Novos paradigmas?
215
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
5
Economia da longevidade: uma ‘resposta
construtiva’ para o envelhecimento
populacional no Brasil
Jorge Félix
224
Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
as políticas públicas, uma vez que intenta desenhar um cenário mais realista tanto
do percentual idoso em plena integração à lógica produtiva, incluindo os trabalhos
de cuidados não remunerados, como aqueles, de fato, em situação de dependência,
possibilitando um mapa e um diagnóstico da “economia do cuidado” (Zelizer, 2012),
a qual será abordada mais adiante.
Nesse século, é preciso lembrar, ainda se faz necessário destacar pelas agências
globais a importância de se reconhecerem, definitivamente, esses sentimentos e
necessidades da primeira infância na constituição cognitiva do indivíduo e, mais uma
vez, as razões apontadas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE, 2017) para convencer os gestores públicos de que dizem respeito
à saúde – pois o alerta consiste em risco maior de desenvolvimento de doenças
crônicas degenerativas na velhice para indivíduos sob negligência de toda ordem
na fase pré-escolar. Esse debate revela como é difícil para a economia absorver as
fases da vida consideradas “improdutivas”.
Assim ocorre com a velhice, cujo reconhecimento por parte do Estado tem
origem, no século XVIII, sob o caráter de prêmio e não de direito, quando os militares
franceses foram os primeiros a garantir a concessão de uma aposentadoria e, hoje,
225
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Nas últimas décadas, no entanto, como já dito, não sem uma intencionalidade
economicista, prevaleceu no debate público a ideia da reinvenção da velhice sob
2 Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU, 2020), as cinco megatendências do século XXI são a desigualdade, as mudanças climáticas, o
avanço tecnológico, o envelhecimento da população e a urbanização.
3 A Agência de Vigilância Sanitária regulamenta (RDC n. 283) os níveis de dependência de idosos institucionalizados no Brasil em graus 1, 2 e 3,
respectivamente, independente, parcial ou totalmente dependente de terceiros para as atividades da vida diária.
228
Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
Essa outra velhice revelada pela pandemia, por mais paradoxal à primeira vista,
é que vem possibilitando ações econômicas estruturais disruptivas com o dogma
da austeridade fiscal. A pandemia rompeu com o que Woodward (2016) chamou
de “segredo público” em torno da velhice dependente e dos cuidados de longa
duração. Esse segredo, continuando com a autora, é determinado como tal porque
a própria sociedade escolhe segredá-lo. A partir do rompimento desse segredo, a
economia do cuidado entrou na agenda global e vem suscitando políticas estatais
até então rejeitadas pelo mainstream econômico e político.
229
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Este ensaio é uma proposta de reflexão sobre esses novos conceitos e suas
possibilidades econômicas com base em um diálogo com a literatura e a exploração
de experiências internacionais em economia da longevidade capazes de serem
adaptadas e emuladas para a realidade brasileira, com o objetivo de oferecer
respostas construtivas para o bem-estar da população idosa.
230
Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
exclusivamente no aspecto fiscal4. Trabalhar por mais tempo, uma das principais
respostas padrão da política de austeridade fiscal, além de partir do princípio de que
todos estarão aptos às transformações tecnológicas laborais e de que todos sairão
ilesos das metamorfoses do mundo do trabalho, ou seja, uma ideia equivocada de
velhice, é uma resposta que esbarra em um teto imposto pela saúde, pela economia
e pela psicologia (Pallier, 2003; Han, 2015; Félix, 2018a).
Outro aspecto a pressionar por respostas para além das lentes fiscalistas é o risco
democrático. A redução de direitos sociais determinada pela política de austeridade
fiscal despertou um populismo político adormecido desde o fim da Segunda Guerra
Mundial pela implantação do Estado de Bem-Estar Social, sobretudo na Europa
(Judt, 2008; Hobsbawm, 1995). É preciso, portanto, equacionar financeiramente esse
seguro coletivo, e para tal as experiências têm demonstrado que é menos efetiva a
crença em delegar essa tarefa ao mercado (Solimano, 2017) do que a necessidade
de elaborar “respostas construtivas” com base em novos conceitos de políticas
públicas, como recomenda a Comissão Europeia (EPRS, 2015).
4 No âmbito privado, essa mudança (ou esgotamento) da visão fiscalista para a do potencial de geração de riqueza com base na dinâmica demo-
gráfica foi destacada pela consultoria Technopolis Group em maio de 2018 no documento AAL Market and Investment Report, um estudo para o
Programme Active and Assisted Living, da União Europeia (Technopolis, 2018).
231
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
indústria 4.0 e sua intersecção com a saúde, foram apresentadas nos anos posteriores
à chamada “Grande recessão” de 2007 e 2008 por entidades como OCDE (2014), G20
(2015), World Economic Fórum (WEF, 2015), United Nations Economic Commission
for Europe (UNECE, 2017) e Oxford (2014), entre outras.
233
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
Um dos exemplos é a empresa francesa Auxivia9. Há sete anos, ela surgiu como
startup e venceu a Burse Charles Foix, prêmio promovido pela organização não
governamental (ONG) Silver Valley, Île-de-France, uma aceleradora de startups
direcionada exclusivamente à economia da longevidade, financiada pelo Estado
(por meio da Caisse Nationale d’Assurance Vieillesse) e pela iniciativa privada10.
O principal produto da Auxivia é o eVe, um copo (verre, em francês) conectado à
internet para medir a quantidade de água bebida pela pessoa idosa, lembrá-la ou a
seus cuidadores de beber líquido e, assim, mitigar o risco de desidratação – um grave
problema na saúde pública das sociedades envelhecidas. A Auxivia hoje fornece o
eVe por assinatura, para Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs ou
Ephads, na sigla em francês)11 . Em 2016, abriu o capital em uma plataforma digital,
beneficiando-se de isenção de impostos para seus novos acionistas.
7 Não apenas na França, mas pelo menos nas seis principais economias europeias (Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Países Baixos e Espanha),
verifica-se essa penúria. Entre 1/02/2020 e 13/10/2021, enquanto houve queda na oferta de vagas para os setores de aviação (-38%), beleza (-10%)
e hotelaria e turismo (-6%), nos chamados serviços à pessoa aumentou a oferta em 52%, segundo a Eurostat (Le Monde, 2021).
8 O termo foi criado em 2013 pela investidora norte-americana Aileen Lee, fundadora da Cowboy Ventures, em artigo no jornal The New York Times
(NYT, 2015).
9 Ver: https://auxivia.com/. Acesso em: 16 mar. 2022.
10 Ver: https://www.silvereco.fr/ e https://silvervalley.fr/. Acesso em: 16 mar. 2022.
11 Établissements d’Hébergement pour Personnes Âgées Dépendantes (Estabelecimento para Abrigo de Idosos Dependentes).
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
A iniciativa francesa teve início com a convocação dos ministérios citados de todas
as grandes empresas francesas, estatais e privadas, além de outros atores principais
no campo do envelhecimento depois da crise sanitária nacional provocada pelas
canicules (a pior delas em 2003), quando centenas de idosos foram encontrados
mortos solitários em suas residências. Essas crises sanitárias provocaram uma
mobilização nacional para a busca de soluções. O Estado demandou das empresas
participação e inovação na economia da longevidade.
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Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
13 Os estudos de gestão ambiental usam o indicador da pegada ecológica (ecological footprint) para medir o impacto da ação humana no meio
ambiente. Esse indicador, ao longo do tempo, ganhou variantes de acordo com o tipo de interferência, como pegada plástica, pegada de carbono,
etc, ou de impacto em determinado componente natural, como pegada hídrica, por exemplo (Bassi, 2014).
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Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
Deaton (2017) alerta para a importância de se dar a devida atenção aos serviços
de saúde e de cuidado no PIB com a perspectiva de uma crescente longevidade
e questiona se as novas tecnologias estão de fato melhorando a vida de todos
ou ampliando as desigualdades. Ao discutirem a produtividade e a qualidade
dos empregos nas próximas décadas, Duflo e Banerjee (2020, p. 373) afirmam
que parece provável que os robôs nunca venham a ser inteiramente capazes de
substituir as mãos humanas no cuidado de crianças muito pequenas e de idosos
muito velhos, “embora possam complementá-lo de maneira bastante eficaz”; no
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
Essa foi apenas mais uma manifestação contra a indústria por parte de integrantes
do governo Jair Bolsonaro. Em 2019, o presidente da Petrobras, Carlos Castello
Branco, referindo-se ao seu setor, disse que o país precisava “abandonar o fetiche da
indústria” que prejudicava a extração mineral (Folha de São Paulo, 2019). A despeito
de a participação da indústria de transformação no PIB bater os 11,3% em 2018,
mesmo percentual de 1947 (Iedi, 2019) – como se toda a indústria automobilística
erguida nos anos 1950 tivesse simplesmente desaparecido –, muitos economistas
249
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
14 Sobre críticas a essa dicotomia, ver: Bresser-Pereira, Marconi & Oreiro (2016, p. 169-181).
250
Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
251
ou atua paralelamente a ela (Quadro 1). Dessa maneira, assim como o campo da saúde, os servi
cuidado serão, como apontados nos exemplos já citados, complexos e densos em conhecim
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
organizando-se segundo uma lógica industrial e como um espaço de inovação oferecendo os m
umriscos
espaço de inovação oferecendo
e oportunidades por meio da os mesmos
economia dariscos e oportunidades por meio da
longevidade.
economia da longevidade.
Quadro
Quadro 11 –– Comparativo
Comparativobásico
básicododo Ceis
Ceis e do
e do Ceisac
Ceisac
Ceis Ceisac
Direito à saúde Direito ao cuidado
Geopolítica da inovação Geopolítica do envelhecimento
Serviços complexos e lógica Gerontecnologia
industrial
SUS SUAS e debate sobre cuidado
como 4º pilar da seguridade
social
Base química, biotecnológica, Base mecânica, eletrônica, IA,
mecânica, eletrônica TIC e robótica assistiva
Promoção e prevenção e Prevenção, atenção e inserção
atenção integral social com foco no bem-estar
Garantir maior independência do Evitar dependência do mercado
mercado externo externo nas próximas décadas
Fonte: Elaborado pelo autor.
Fonte: elaborado pelo autor.
252
Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
254
Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
De acordo com o IE, os lares de idosos em grande parte dos países europeus
estão subfinanciados e têm menos trabalhadores do que deveriam para
atender à crescente demanda; contudo, uma parte cada vez maior das despesas
governamentais em cuidados com idosos está sendo destinada “para os cofres de
empresas transnacionais, que são um negócio crescente e muito lucrativo” (Público,
2021, p. 4). O consórcio constatou que investidores financeiros anônimos assumem
quotas cada vez maiores desses negócios e conseguem escapar de tributação sobre
os lucros – muitos deles obtidos com repasse de verba pública – “transferindo as
suas receitas para centros offshore”.
Nos últimos anos, afirma o IE, cresce em ritmo acelerado o negócio internacional
de lares de idosos geridos por meio de cadeias que dependem de uma intrincada
engenharia financeira. Essas grandes empresas compram pequenos grupos
nacionais com o intuito de concentrar posições e impor uma forma de gestão que
põe ainda mais em risco a qualidade dos cuidados prestados aos idosos. De acordo
com a investigação do IE, trinta empresas de private equity possuem 2.834 lares na
15 Público (Portugal), Der Tagesspiegel (Alemanha), Mediapart (França), Telex (Hungria), Aftenbladet e Bergens Tidende (Noruega), Dagens Nyhe-
ter (Suécia), EfSyn (Grécia), Il Fatto Quotidiano (Itália), Open Democracy (Reino Unido), Gazeta Wyborcza (Polônia), Falter (Áustria), Trends (Bélgi-
ca), Republik (Suíça), FTM (Países Baixos). E ainda as contribuições de: Wojciech Cieťla, Ingeborg Eliassen, Juliet Ferguson, Attila Kálmán, Nikolas
Leontopoulos, Anne Jo Lexander, Maria Maggiore, Stavros Malichudis, Sigrid Melchior, Leïla Miñano, Paulo Pena, Elisa Simantke, Nico Schmidt e
Harald Schumann, bem como Eelke van Ark (Follow the Money), Manuel Rico (InfoLibre), Gerlinde Poelsler (Falter), Jef Poortmans (Trends), Philipp
Albrecht (Republik).
255
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Europa com quase 200 mil vagas. Em janeiro de 2021, os 28 principais operadores
de lares na Europa eram privados e administravam 5.388 instituições com 455.559
residentes. Em 2017, os 25 maiores operadores de ILPIs na Europa, apenas três sem
fins lucrativos, administravam 369.132 residentes (Público, 2021, p. 5).
A francesa Orpea é a maior operadora da Europa, com mais de 110 mil vagas em
mais de mil instalações (incluindo algumas clínicas psiquiátricas e de reabilitação).
Entre 2015 e 2020, a empresa aumentou a sua capacidade em 65%. Empresa de
capital aberto, a Orpea tem como maior acionista o Fundo Público de Pensão do
Canadá (CPPIB, com 14,5%), e o valor de suas ações mais do que duplicou desde
2015, triplicando seu valor de mercado. No entanto, a dívida financeira líquida da
empresa é de quase 200% do capital devido à constante distribuição de dividendos
e pagamento a credores sob juros. Em 2019, foram 224 milhões de euros (Público,
2021, p. 7).
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Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
grupos de ILPIs de capital privado dos três países e, em todos os casos, descobriram
que as empresas usavam uma caixa de ferramentas bastante semelhante para
aumentar o retorno sobre o capital, isto é: 1) os private equity usam poucos recursos
próprios e a maior parte do investimento é de fundos de pensão, que entram
como coinvestidores ou credores; 2) o investimento é feito sobre endividamento
elevado, ampliando o risco de sustentabilidade a longo prazo, formando uma
espécie de bolha financeira que, ao estourar, como o caso relatado pelos autores
da Southern Cross, no Reino Unido, obriga o governo a cobrir o passivo sob pena
de os idosos perderem a residência, uma vez que a garantia dos empréstimos são
os próprios imóveis em operações de reestruturação financeira, ou seja, explorando
a fração imobiliária do capital financeiro, inclusive por meio de sociedades civis de
alocação imobiliária (SCPI) – ou os próprios residentes são obrigados a desembolsar
grandes quantias para realocar o imóvel; 3) nos casos de estouro da bolha, o lucro
dos investidores que se posicionaram no topo da pirâmide permanece intacto em
bancos de paraísos fiscais como Luxemburgo e Jersey.
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Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
17 Ao considerar a população idosa residente em ILPIs credenciadas no SUAS, o número encontrado pela Frente Nacional em Defesa das ILPIs é de
78 mil pessoas residindo nessas moradias (FN-ILPI, 2020).
259
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
A geopolítica do envelhecimento tem feito com que fique cada vez mais difícil
para as sociedades manterem o pacto de segredo em torno do cuidado, uma vez
que, no entender de Hochschild (2017, p. 73), essa é a nova forma de extração de
recursos do Terceiro Mundo – isto é, nas palavras da autora, “o ouro novo” do século
XXI, marcado pela longevidade humana e concretizado nas imigrantes ilegais
admitidas silenciosamente para serem destinadas aos cuidados de crianças e idosos
no hemisfério Norte. Também nessa perspectiva de uma subárea denominada
de gerontologia crítica, Neilson (2017, p. 54) aponta para “modos alternativos
de governança” diante da “crescente tensão entre os Estados-nação e os atores e
instituições globais produzida por essa fase distinta da história do envelhecimento”
na qual vive o século XXI20 .
260
Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
industrial focada em segmentos infantes (Bernard, Hallal & Nicolaï, 2013; European
Commission, 2015a, 2015b) de alta complexidade, portanto inviáveis de compensar
a balança comercial até o fim do século no caso de uma preferência exclusiva para
vantagens comparativas.
261
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
tecnologia, dez em moda, seis em arquitetura, três em finanças), e um título específico de bacharel em economia da longevidade será criado (DZ,
2019, p. 47).
22 Sobre políticas e modelos de certificação em cuidados de longa duração para idosos na Europa, ver Albouy e Moret (2021).
23 A Espanha tem cinco enfermeiras para cada mil habitantes, enquanto a média europeia é de 8,4 (países como Dinamarca e Finlândia atingem
16). Não existem os mesmos dados para cuidadoras de idosos (DZ, 2019).
24 Ver: http://www.diputaciondezamora.es/index.asp?MP=6&MS=176&MN=2&pag=&idvideo=51. Acesso em: 21 mar. 2022.
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
(-40), São Martino (-40), São Valentim (-40), Pinheiro Machado (-37), Alecrim (-36)
e Marques de Souza (-31 pessoas). O Rio Grande do Sul é o estado com maior
proporção de idosos do país e mais avançado na transição demográfica, portanto,
mais próximo de enfrentar “em algum momento da década de 2030”, nas palavras do
autor, esse grande desafio das sociedades superenvelhecidas do hemisfério Norte: o
decrescimento populacional (Alves, 2021a).
Só inovação é o suficiente?
Em relação ao exposto neste ensaio até aqui, é chegado o momento de ponderar
e estabelecer limitações. É preciso sublinhar que a intenção dessas políticas e
experiências internacionais é impulsionar o desenvolvimento econômico para
oferecer possibilidades de sustentação de um determinado modelo de Estado de
Bem-Estar Social, que está diante de inéditos desafios demográficos. De nenhuma
maneira esse ecossistema substitui, portanto, o imperativo de políticas de proteção
social. Como dito no início, o ecossistema é uma das respostas construtivas apontadas
pelos organismos multilaterais para o envelhecimento populacional – até porque,
em recente literatura econômica, é destacada a força restrita da inovação no atual
estágio da economia capitalista (Rodrik, 2016).
Essa literatura nos requisita certo ceticismo na crença de que o avanço tecnológico
tem como destino obrigatório melhorar o padrão de vida das sociedades. Rodrik
(2016) divide as opiniões sobre o futuro em três grupos: os tecno-otimistas, os
tecnopessimistas e os tecnopreocupados. A divisão é imposta por visões quanto
à relação de tecnologia versus emprego, desigualdade social e equidade, inclusão
versus exclusão e ainda questões relacionadas ao meio ambiente. É possível
acrescentar também o elemento demográfico.
265
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Ainda de acordo com Rodrik (2016), o que distingue essas perspectivas umas
das outras não é tanto a discordância sobre a taxa de inovação tecnológica. Existe
consenso, naturalmente, de que a inovação está progredindo rapidamente. O debate
é sobre se essas inovações permanecerão engarrafadas em alguns setores intensivos
em tecnologia que empregam os profissionais mais qualificados e representam
uma parcela relativamente pequena do PIB ou se espalharão para a maior parte
da economia – não criando novas necessidades, mas atendendo às demandas
novas e solucionando problemas. As consequências de qualquer inovação para a
produtividade, o emprego e a equidade dependem, em última análise, da rapidez
com que ela se difunde pelos mercados de trabalho e de produtos e por toda a
sociedade – o melhor exemplo, poderíamos citar, é o telefone celular.
266
Economia da longevidade: uma ‘resposta construtiva’ para o envelhecimento populacional no Brasil
Mas a conclusão do autor é de que só inovação não é suficiente. O que importa são
as consequências da produtividade da inovação tecnológica em toda a economia,
e não a inovação em si. A democratização da inovação é que eleva a qualidade de
vida. A inovação, afirma Rodrik (2016), pode coexistir com a baixa produtividade –
questão fundamental para uma sociedade superenvelhecida.
267
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Tal resposta construtiva pode também ser dada por meio de ações de inovação
social no interior de organizações com fins de lucro. Ou dentro das ações
conhecidas como ESG (Environment, Social, Corporate Governance), a nova
métrica dos mercados de ações e de papéis para a pontuação de crédito social ou
responsabilidade social. Apesar de avanços nos temas de meio ambiente segundo
as exigências em ESG, no que diz respeito ao pilar social, as corporações ainda
estão atrasadas nos compromissos com o grupo idoso ou nos desafios sociais do
envelhecimento populacional, tão relevantes quanto os do meio ambiente, como
apontam os organismos multilaterais. A participação de fundos de investimento em
ILPIs multadas ou condenadas por má prestação de serviços condiz com as práticas
ESG? Se a resposta for negativa, a ferramenta pode ser muito útil na construção da
economia da longevidade.
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
6
Perspectivas para o gasto com saúde
diante do envelhecimento populacional
Mirian Martins Ribeiro
Laura de Almeida Botega
Fernando Gaiger Silveira
Luciana Mendes Santos Servo
Theo Ribas Palomo
Arthur Welle
1. Introdução
O sistema de saúde brasileiro passou por mudanças profundas nos últimos trinta
anos com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) pela Constituição Federal de
1988. Esse sistema visa garantir acesso universal, igualitário e integral, por meio
de uma rede regionalizada de ações e serviços de saúde (Viacava et al., 2018). Os
resultados dessa ampliação de acesso são notáveis, com impactos sobre mortalidade
infantil e materna, por causas evitáveis, por exemplo (Souza et al., 2018; LeaL et al.,
2018). Apesar de todos os avanços, o SUS enfrenta grandes desafios. O nível de
financiamento público é insuficiente para garantir esse acesso, universal, igualitário
e integral ( Piola et al., 2013), e novas medidas, como a emenda constitucional nº
95, vêm agravar mais esse quadro de subfinanciamento. Em 2019, a participação do
financiamento público no total do financiamento da saúde no Brasil ficou em 43%
(Brasil, 2022), apontando, portanto, um sistema altamente dependente dos gastos
privados, reconhecidamente concentrados.
286
da população. A mudança na fecundidade, visível no Brasil a partir dos anos 1970
(Carvalho, 1973; Carvalho; Brito, 2005), tem consequências econômicas em diversos
setores (Alves, 2020; Baerlocher; Parente & Rios-Neto, 2019; Carvalho & Brito, 2005;
Alves, 2004). No caso dos sistemas de saúde, o aumento da população idosa é visto
como fator de pressão sobre os recursos e o financiamento do cuidado (Rios-Neto,
2005; Paiva & Wajnman, 2005; Rocha; Furtado & Spinola, 2020).
Este trabalho procura dialogar com os anteriores, tendo por foco as mudanças
demográficas e sua influência sobre os gastos com saúde no Brasil, propondo
avanço da análise para diferentes tipos de financiamento e funções da saúde. Para
isso, consideram-se dados recentes das Contas SHA – System of Health Accounts
(2019) – para o Brasil (Brasil, 2022), que avança em relação à Conta SUS, que foi
utilizada para elaborar uma estrutura de custos no trabalho de Rocha, Furtado &
Spinola (2021). Os dados mais recentes da Conta SHA incluem os gastos públicos e
287
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
privados, separando estes últimos entre intermediados por planos e aqueles diretos
do bolso. São adotadas bases de dados complementares para estimativas dos gastos
por funções de saúde por idade e sexo.
288
2. Gastos com saúde e composição populacional
289
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Projeção mais recente, realizada por Camarano (2022), parte de uma base de
2020, quando a pandemia já estava em curso no Brasil. A população projetada
para 2040 é 14% menor que a do IBGE (2018), e as diferenças variam com a idade
e sexo (Figura 1). A despeito das diferenças metodológicas e de premissas entre as
projeções, o que se sabe é que a dinâmica da mortalidade e da fecundidade em
curso acarretará uma estrutura populacional expressivamente mais envelhecida em
2040, comparada à que temos hoje. Isso afetará, dentre outras coisas, o volume de
serviços e de recursos gastos com saúde, porque o cuidado com a saúde varia ao
longo do ciclo de vida, conforme será brevemente discutido na seção 2.2.
290
Figura 1 – População por idade, segundo sexo, em 2020 e projeções para 2040, Brasil
1.1: População masculina (milhões) 1.2: População masculina: razão IBGE/Camarano (2022)
20,0 2,0
1,60
17,5 1,61,421,35
15,0 1,24 1,32 1,26
1,21
milhões
1..3: População feminina (milhões) 1.4: População feminina: razão IBGE/Camarano (2022)
2,0
20,0
17,5 1,6
15,0 1,29 1,23 1,30 1,22 1,22
milhões
1,151,06 1,10
12,5 1,2 1,00 1,05 0,99 1,41
10,0 1,161,16 1,11 1,15
0,8 1,01 1,05 1,07
7,5 0,960,960,98
5,0
0,4
2,5
0,0 0,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
Idade (limite inferior do grupo etário) Idade (limite inferior do grupo etário)
2020 IBGE 2040 IBGE 2020 2040
2020 Camarano (2021) 2040 Camarano (2021)
291
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
292
por motivo de parto (Castro; Travassos & Carvalho, 2002; Castro, 2004), há faixas de
idade para as quais os homens apresentam maiores riscos de internação e maior
intensidade de uso (Nunes, 1999; Ribeiro, 2005).
293
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
2017 e 2060, levariam a um aumento de R$ 303 bilhões (R$ 133 bilhões no setor
público e R$ 170 bilhões no setor privado) na necessidade de financiamento do
setor de saúde no Brasil. Os autores consideram necessidades de financiamento
para diferentes curvas de custos, de crescimento econômico e diferentes resíduos
(entendidos como aquilo que não está relacionado à demografia ou à renda). Em um
cenário de restrição dos gastos federais, haveria um aumento da pressão sobre os
gastos de estados e municípios, que também poderia vir com redução da qualidade
e ampliação das desigualdades.
O gasto total em saúde no Brasil exibe uma participação menor do SUS do que
os gastos do setor privado, seja por meio do sistema de saúde suplementar (planos
e seguros de saúde), seja diretamente pelas famílias para acesso aos serviços de
saúde. Como dito na introdução, a participação do gasto público reduziu segundo as
estimativas anteriores à pandemia da Covid-19. Assim, apesar de o país ter aplicado
aproximadamente R$ 711 bilhões em saúde ou 9,6% do seu Produto Interno Bruto
(PIB) em saúde em 2019, a maior parcela não está sendo aplicada por meio do SUS,
que prevê acesso universal para toda a população brasileira, sendo que 70% dessa
população tem acesso quase que exclusivamente por meio desse sistema. Em torno
de 27% da população brasileira é beneficiária de plano de saúde (IBGE, 2019) e
simultaneamente tem acesso via SUS, mas 32% dos recursos são aplicados por meio
de regimes de financiamento de planos e seguros de saúde voluntários (Brasil, 2022).
Outros 26% são pagos diretamente pelas famílias (gasto direto do bolso), quando se
consideram os gastos com regimes de financiamento identificados.
294
Além da análise da distribuição por regimes de financiamento, a Conta SHA
traz uma classificação por funções e prestadores de saúde. A classificação por
funções SHA permite discutir quanto do gasto é aplicado em atenção curativa
(HC 1), em atendimentos de reabilitação (HC 2), em cuidados de longo prazo (HC
3), em atendimentos complementares ao diagnóstico e tratamento (HC 4), em
medicamentos e produtos médicos (HC 5), atividades de vigilância, promoção e
prevenção em saúde (HC 6) e em gestão e regulação do sistema (HC 7).
As estimativas da Conta por funções mostram que a atenção curativa, na qual estão
concentradas a atenção em regime de internação e a ambulatorial, é majoritariamente
financiada por recursos públicos (regimes governamentais), os quais representavam
52,5% do total do gasto nessa função de atenção à saúde. Outros 36,9% eram gastos
em regimes de pré-pagamento voluntários, majoritariamente intermediados por
planos e seguros de saúde. As famílias participavam com 10,7% do financiamento
dessa função. Por outro lado, quando se analisa a distribuição do financiamento
de medicamentos e artigos médicos, esses são majoritariamente financiados pelo
gasto direto do bolso das famílias (87,7%), com uma participação pública de 10,0%
e uma pequena participação do financiamento intermediado por planos e seguros
de saúde (2,3%). Atividades de prevenção, promoção e vigilância em saúde são
majoritariamente financiadas com gasto público (89,6%), seguidas pelos planos
e seguros (7,4%) e pelo gasto direto (3,0%). Chama a atenção também a elevada
participação dos planos e seguros de saúde no gasto com gestão, respondendo por
64,4% do total dos gastos (Brasil, 2022).
295
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
3. Aspectos metodológicos
296
utilização de serviços de saúde (efeito demográfico puro), mantendo constantes os
outros fatores que podem afetar a taxa de utilização e/ou gastos (Strunk; Ginsburg
& Banker, 2006). Ele é indicado para projeções de curto prazo e para localidades
com taxas de utilização dos serviços de saúde e estrutura de custos relativamente
estáveis. No longo prazo, ele se torna limitado se há evidências de mudanças no
padrão ou nível de utilização (Evans et al., 2001).
Para descrever o efeito da estrutura etária sobre os gastos com saúde, considera-
se que o gasto total com cuidado de saúde em cada idade i (bens, serviços de
saúde e outros), num determinado período de tempo t, pode ser visto como
uma combinação de três componentes: 1) quantidade de pessoas que usam esse
cuidado; 2) quantidade média de cuidado utilizado por pessoa; e 3) gasto médio
desse cuidado (ver Apêndice B). Nesse exercício, a quantidade média do cuidado
e o gasto médio por idade foram mantidos constantes ao longo do tempo. O que
variou foi o número de pessoas que utilizam os cuidados em cada idade, em função
das mudanças demográficas previstas para 2040. Foram obtidas estimativas para
homens e mulheres, seguindo os passos descritos a seguir.
1) Foi estimada a estrutura (distribuição) dos gastos por idade em 2019 (ver
bases de dados no Quadro 1).
2) A distribuição obtida no passo 1 sofreu uma correção do nível. Ela foi aplicada
nos gastos totais obtidos nas Contas SHA-2019 para se obter o gasto total por idade.
4) Por fim, foram obtidos os gastos totais por idade em 2040, aplicando-se o
gasto per capita 2019 na população de 2040.
297
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Para se obter a estrutura de utilização e gastos por idade e sexo, foram utilizadas:
a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (PNS-2019), Sistema de Informações
Hospitalares (SIH-SUS 2019), o Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA-SUS
2019), a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2017-2018) e dados do Aviso
Beneficiários Identificados (ABI-2019) (Quadro 1).
dados ABI;
SIH/SUS e POF2017-2018
POF2017- população
Internações SIH/SUS dados ABI população 2019 e população
2018 2019-Datasus;
(Datasus) 2019-Datasus
PNS2019
POF2017-2018
POF2017-
Medicamento - - - - e população
2018
2019-Datasus
298
3.2. Gastos com internações ao longo do ciclo de vida
Para estimar os gastos ao longo do ciclo de vida, faz-se necessário ter estimativas
dos sobreviventes. Para os dados de sobrevivência, foi adotada a Tábua Completa de
Mortalidade do IBGE para 2019, considerando um número inicial de 100 mil pessoas
na coorte hipotética. Nesse caso, a coorte hipotética é formada considerando que
cada indivíduo nascido na população experimentasse as probabilidades de morte
e os gastos per capita de saúde por idade observados em 2019, ao longo de toda a
sua vida. Pelas estimativas do IBGE, as mulheres apresentavam uma esperança de
vida ao nascer de 80,1 anos, excedendo a masculina em sete anos. A esperança de
vida aos 80 anos era de 8,7 e 10,5 anos para homens e mulheres, respectivamente
(ver Figura A.2, Apêndice C).
299
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
onde CX,S é o gasto per capita observado entre os sobreviventes entre as idades
x e x+1, lx é o número de sobreviventes à idade exata x. A proporção dos gastos
observados após a idade x pelo indivíduo que sobrevive à idade x, RLEs,x, é dada por
Os gastos per capita com internações por idade foram obtidos a partir dos
microdados do SIH-SUS, assim como descrito na subseção “Projeções dos gastos
com saúde”. A diferença é que, para os gastos no ciclo de vida, consideramos no
denominador do gasto per capita toda a população brasileira, e não apenas aquela
sem acesso a planos ou seguros de saúde. Os gastos por idade dos sobreviventes
foram calculados excluindo-se as internações em que o desfecho tenha sido o óbito
do paciente. Para obter o gasto per capita dos sobreviventes, aplicou-se um fator de
ajuste por idade (wx), obtido pela razão entre os gastos médios das internações dos
sobreviventes e o gasto médio das internações com todos os indivíduos:
Com isso, assume-se que a relação entre gastos per capita por status de
sobrevivência é igual àquela observada entre os gastos médios por internação e
300
que ela não varia entre a população que morreu durante uma internação ou fora do
ambiente hospitalar.
4. Resultados
Para as internações, cerca de 11% (SUS) a 12% (planos) dos gastos totais estão
concentrados no primeiro grupo etário (0-4 anos). Apesar de a população SUS ser
menos envelhecida (Figura 4, seção 4.2), os pesos dos idosos (60 anos ou mais) são
maiores e respondem por 35,7% dos gastos totais, sendo 19,4% correspondentes
aos gastos com homens. Para planos e seguros, os idosos respondem por 27,4% dos
gastos, sendo o peso dos homens maior (15,5%) (Figura 2, painéis 2.1 e 2.2).
Quanto aos gastos das famílias, os idosos respondem por apenas 28,1%, e o
peso das mulheres (16,8%) supera o dos homens (11,3%). O peso das crianças de 0
a 4 anos é relativamente baixo e semelhante entre os três tipos de financiamento
(Figura 2). Os gastos com medicamentos também são mais elevados entre as
mulheres. A população feminina de 60 anos ou mais responde por 20,3% dos gastos
com medicamentos das famílias, enquanto os homens da mesma idade, por 14,4%.
301
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Figura 2 – Distribuição (%) dos gastos por idade e sexo, segundo grupos funcionais
e tipo de financiamento – Brasil, 2019
2.1: Distribuição dos gastos com internações por idade e sexo, 2.2: Distribuição dos gastos com internações por idade e sexo,
Idade (limite inferior do grupo etário)
2.3: Distribuição dos gastos ambulatoriais por idade e sexo, 2.4: Distribuição dos gastos ambulatoriais por idade e sexo,
Idade (limite inferior do grupo etário)
2.5: Distribuição dos gastos ambulatoriais por idade e sexo, 2.6: Desembolso direto (famílias), medicamentos
Idade (limite inferior do grupo etário)
Idade (limite inferior do grupo etário)
12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Fonte: Elaborado pelos autores com base em estimativas populacionais preliminares elaboradas pelo
Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância Sanitária; SIH e SIA-SUS (2019); PNS-2019; Brasil (2022); POF
(2017-2018).
302
A Figura 3 apresenta os gastos per capita estimados com base na distribuição
apresentada na Figura 2 e os dados da Conta SHA. Em 2019, o gasto per capita estimado
com internação na população SUS foi de aproximadamente R$ 476, entre homens,
e R$ 470, entre mulheres. Entre a população com acesso à saúde suplementar, esses
valores foram, respectivamente, R$ 1.560 e R$ 1.353, sendo expressivamente mais
elevados (Figura 3). De forma geral, os gastos decrescem com a idade e voltam a
crescer mais expressivamente a partir dos 40 anos, mas com uma inclinação mais
acentuada na curva de gastos dos homens, sobretudo na população com planos ou
seguros, em que os gastos per capita da população masculina chega a ser 2,2 vezes
maior que a feminina. Os gastos entre as mulheres se elevam no início do período
reprodutivo em razão, principalmente, de cuidados relacionados à saúde materna,
mas permanecem abaixo dos valores observados para os homens.
303
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Figura 3 – Gasto per capita (mil), segundo idade, sexo, grupo funcional e tipo de
financiamento – Brasil,
Figura 3 – Gasto per 2019
capita (mil), segundo idade, sexo, grupo funcional e tipo de financiamento –
Brasil, 2019
1.1: População SUS, internações 1.2: População com plano ou seguro, internações
4000 1,8 4000 2,5
1,5 2,2
1,4 1,5 1,6
1,4 A: População SUS, internações B: População com plano ou seguro, internações
2,0
3000 1,2 1,2 1,4 3000 1,7 1,6
1,1 1,1 1,2 1,6
1,0 1,2 1,2 1,5
2000 1,2
0,7 2000 1,0
4000 0,8 0,9
0,5 0,5 4000 0,8 1,0
0,6 0,6
1000 0,4 1000
0,5
3500 0,2 1,5
3500 1,50,0
0 0,0 0 1,4
0 5 10 15 20 25 30 1,435 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
3000 Idade (limite inferior do grupo) 3000 Idade (limite inferior do grupo)
1,2 1,2
SUS SUS razão homens/mulheres homens Mulheres razão homens/mulheres
1,1 1,6
2500 2500 1,1
1.3 População SUS, cuidado ambulatorial 1,2 1.4: População com plano ou seguro, cuidado ambulatorial
2000 D: População
2000 com plano ou seguro, cuidado ambulatorial
1,2 1,2
9000 C: População SUS, cuidado ambulatorial
1,6 1,8 9000 2,7 3,0
8000
1,4 9000 0,7
1,6 8000 1,0 2,7 2,5
70001,2 1500 0,9
1,2 80001,4 1500
7000
0,8
6000 1,1 1,1
0,5 1,1 1,2 1,8
0,5 70001,0 6000 1,7 2,0
5000 9000 0,8 0,7 0,8 5000 1,3 1,3 1,4 0,6
4000 1000 0,7 60000,8 1000 1,2 1,2 1,7
1,8 1,5
40001,0 1,0
3000 50000,6 1,3 1,3
3000
1,4 1,0
1,0 1,6
8000 40000,4 1,2 1,2
2000 1,0 2000 1,0 1,0
1000 500 30000,2 500 0,5
1000
0 7000 0,0 1,4
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 2000 0 0,0
1,2 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
01,2 1000 0
0
6000 5 10 Idade15(limite20
inferior do
25grupo)30 35
0 040
5 45
10 50
15 55
20 (limite
Idade 60
25 inferior
65
30 do grupo)
70
35 75
40 80
45 85
50
homens 1,1
mulheres 1,1
razão homens/mulheres 0 5 10 15homens
20 25 30 35mulheres
40 45 50 55 razão
60 1,1
65 70 75 80 85
homens/mulheres
304
4.2. Projeções dos gastos para 2040
Nesta subseção, são apresentados os resultados das projeções realizadas
com base nas estimativas apresentadas na seção 4.1. A Figura 4 apresenta as
distribuições etárias e por sexo segundo cobertura por plano ou seguro de saúde. A
população coberta exclusivamente pelo SUS (população SUS) é menos envelhecida,
comparativamente à população com cobertura de planos ou seguros de saúde, com
pesos menores para população acima de 30 anos. A população de 60 anos ou mais
representava 13,2% da população SUS e 15,7% da população com plano ou seguro.
Em 2040, esses valores saltam para 24,6% e 28,7%, respectivamente. O grupo de 0
a 4 anos, que mantém médias de gastos elevadas, pelo menos para as internações,
terá declínio em número absoluto e do seu peso, nesse período. Nesse contexto,
as mudanças médias observadas nos gastos dependem de forças que operam em
sentidos contrários: pressão para aumento dos gastos por causa do envelhecimento
e queda em razão do declínio do peso das crianças.
Figura 4 – Distribuição (%) da população por idade e sexo, segundo cobertura de
planos ou seguros de saúde – Brasil, 2019 e 2040
2019
10,0 7,5 5,0 2,5 0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 10,0
Fonte: Com base em estimativas populacionais preliminares elaboradas pelo Ministério da Saúde/SVS/
DASNT/CGIAE e PNS-2019. Disponível em https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnet/.
305
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
10,0 10,0 7,5 5,0 2,5 0,0 2,5 5,0 7,5 10,0
A Figura 5 apresenta os gastos totais para cada grupo etário segundo sexo,
tipo de financiamento e grupo funcional. A mudança observada nos gastos entre
2019 e 2040 se deve às variações dos contingentes populacionais em cada grupo
etário. Como a estrutura de gasto por idade e a cobertura por planos ou seguros
são mantidas constantes, as variações relativas dos gastos por idade são iguais para
todos os tipos de financiamento e grupos funcionais.
Observa-se que tanto para homens quanto para as mulheres abaixo de 50 anos,
os gastos diminuem entre 2019 e 2040. Para as crianças de 0 a 4 anos, os gastos
diminuem em torno de 38% (39% para os homens e 34% para as mulheres). A partir
dos 50 anos, os gastos aumentam, e as razões entre gastos de 2040 e 2019 atingem
2,14, para homens de 70-79 anos, e 2,08 para as mulheres no mesmo grupo etário.
306
Figura 5 – Gastos totais com cuidado em saúde (R$ milhões) e razões entre os gastos
de 2040 e 2019 por idade, segundo sexo, grupo funcional e tipo de financiamento,
Brasil, 2019 e 2040
lação feminina, internações, planos ou seguros 5.1: Razão entre gastos de 2040 e 2019 por idade
e SUS
2,08 2,09
2,17
1,50
1,54 1,58
1,10
0,86 0,88 0,87
0,77 0,76 1,11
0,65 0,70
0,88 0,89
0,75 0,78 0,72
0,59 0,66
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
SUS 2019 plano 2040 SUS 2040
Idade (limite inferior do grupo etário)
homens mulheres
lação feminina, cuidado ambulatorial, planos ou
seguros e SUS
5.2: População masculina, internações, planos ou seguros e SUS 5.3: População feminina, internações, planos ou seguros 5.1: Razão entre
12000 12000 e SUS
10000 10000
8000 8000
6000 6000
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
4000 4000 0,86 0,88
0,77 0,76
19 SUS 2019 plano 2040 0,65 0,7
2000 2000 0,88
0,75 0,78 0,7
0 0,59 0,66
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
0 5 10 15 20 25 30
plano 2019
pulação feminina, cuidado ambulatorial, desembolsoSUS 2019 plano 2040 SUS 2040 plano 2019 SUS 2019 plano 2040 SUS 2040
direto (famílias)
348 homens
315 330
5.4: População masculina, cuidao ambulatorial, planos ou 5.5: População feminina, cuidado ambulatorial, planos ou
35000 seguros e SUS 35000 seguros e SUS
218 286
253
176 251 30000 185 30000
220
120 25000 25000
157 167
20000 20000
30 89
15000 15000
34 10000 10000
15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
5000 5000
mulheres 2019 mulheres
0 2040 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
plano 2019 SUS 2019 plano 2040 plano 2019 SUS 2019 plano 2040
SUS 2040 SUS 2040
ção feminina, medicamentos, desembolso direto
(famílias)
1.055 1.046
plano 2019 SUS 2019 plano 2040 plano 2019 SUS 2019 plano 2040
SUS 2040 DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS
SUS 2040 PARA O FUTURO
5.8: População masculina, medicamentos, desembolso 5.9: População feminina, medicamentos, desembolso direto
direto (famílias) (famílias)
1.000 1.055 1.046
1.000
800 833
746 800 770
666 698 702
600 590 585 602 600 609 603
523 543 569 530 503
400 427
364 344 400 395
282 270 318 288
200 171 200 242
89 48
53 73 57 90
0 14 50
11 0
58 71
55 15
13 52
46
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
Fonte: Elaborado pelos autores com base em estimativas populacionais preliminares feitas pelo Ministério
da Saúde/SVS/DASNT/CGIAE (https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnet/); SIH; PNS-
2019; contas SHA (BRASIL, 2022); projeções populacionais de Camarano (2022).
308
No caso do cuidado ambulatorial, as variações dos gastos são maiores. Para a
população SUS, há um aumento de 26%, para homens, e de 22%, para as mulheres.
Diferentemente das internações, os gastos ambulatoriais aumentam mais entre a
população com plano ou seguro, com uma variação média de 31% entre os homens,
e 26% entre mulheres (Tabela 2).
Os gastos por desembolso direto têm variações maiores entre as mulheres. Para
Os gastos por desembolso direto têm variações maiores entre as mulheres. Para os
os serviços ambulatoriais, os gastos crescem em média 16% entre as mulheres e 8%
serviços ambulatoriais, os gastos crescem em média 16% entre as mulheres e 8% entre os homens.
entre
Paraososhomens. Para ooscrescimento
medicamentos, medicamentos, o crescimento
é da ordem de 23% e 14%,é da
paraordem dee23%
mulheres e 14%,
homens,
para mulheres e (Tabela
respectivamente homens, 2). respectivamente (Tabela 2).
Fonte: Elaborado pelos autores com base em estimativas populacionais preliminares feitas pelo Ministério
Fonte: Elaborado pelos autores com base em estimativas populacionais preliminares feitas
da Saúde/SVS/DASNT/CGIAE (https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnet/); SIH; PNS-
pelo Ministério da Saúde/SVS/DASNT/CGIAE (https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-
2019; contas SHA (Brasil, 2022); projeções populacionais de Camarano (2022).
saude-tabnet/); SIH; PNS-2019; contas SHA (Brasil, 2022); projeções populacionais de
Camarano (2022).
2 Nesse caso, partimos do pressuposto de que o gasto médio com internações dos sobreviventes é sempre menor do que o observado entre os
indivíduos que morreram ao longo da internação.
310
Figura 6 – GastoFigura
esperado a partir
6 – Gasto daa idade
esperado partir dax,idade
Brasil 20192019
x, Brasil
Fonte: IBGE – Tábua Completa de Mortalidade 2019; SIH/SUS 2019; Contas SHA (Brasil 2022).
Fonte: IBGE – Tábua Completa de Mortalidade 2019; SIH/SUS 2019; Contas SHA (Brasil 2022).
311
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Quanto à distribuição dos gastos ao longo da vida (RLEb,x), estima-se que aos 63 anos
o indivíduo dessa coorte tenha utilizado 50% dos gastos previstos com internações
durante sua vida (Figura 7, painel 7.1). Os gastos condicionados à sobrevivência à idade
x (RLEs,x) são mais concentrados nas idades mais elevadas, com o indivíduo atingindo
50% dos gastos aos 68 anos. O indivíduo que sobrevive aos 80 anos conta com uma
expectativa de vida de 9,7 anos (Figura C.1, Apêndice C) e com um estoque de 24%
dos gastos para serem utilizados até o final da vida (Figura 7, painel 7.1).
Essa distribuição varia em função do sexo (Figura 7, painéis 7.2 a 7.4). Ao nascer,
a previsão é que 15% dos gastos dos homens sejam observados após os 80 anos
(RLEb,x). Considerando aqueles que sobreviverão a essa idade (RLEs,x), esse valor
passa para 23%. Para as mulheres, as referidas proporções são, respectivamente, 19%
e 25%. Mas se considerarmos a mortalidade masculina, uma mulher sobrevivente à
idade de 80 anos teria 21% dos gastos para consumir até o final da vida.
312
Figura 7 – Distribuição dos gastos com internações por idade e sexo, ao longo da
vida (RLEb,a) e condicionados à sobrevivência (RELs,a), Brasil 2019
Figura 7 – Distribuição dos gastos com internações por idade e sexo, ao longo da vida (RLEb,a) e condicionados à sobrevivência (RELs,a), Brasil 2019
Fonte: IBGE – Tábua Completa de Mortalidade 2019; SIH/SUS 2019; Contas SHA (Brasil, 2022).
24
Fonte: IBGE – Tábua Completa de Mortalidade 2019; SIH/SUS 2019; Contas SHA (Brasil, 2022).
5. Discussão
Um aspecto importante que esses resultados apontam é a necessidade de
desagregação dos gastos por função de saúde, para investigação de efeitos
demográficos sobre eles. Embora haja um comportamento geral de crescimento
dos gastos com a idade, existem especificidades das funções de saúde que
interagem com esse perfil. Nos serviços hospitalares, há um efeito positivo na
variação dos gastos devido ao envelhecimento, mas que é compensado pela queda
das internações no primeiro grupo etário (0-4 anos). Isso ocorre porque, nesse
313
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
caso, o gasto per capita com internações é elevado e o grupo acaba tendo peso
relativo elevado no gasto total. Como apresentado na subseção 2.1, o número de
nascimentos passa a decrescer a partir de meados da década de 2010, tanto em
função da fecundidade menor como pelo menor contingente de mulheres em
idades reprodutivas. Entre 2020 e 2040, o número de nascidos deve passar de 2,984
milhões para 2,456 milhões, representando uma queda de 17,7%. Para os serviços
ambulatoriais, o gasto é relativamente pequeno para esses grupos etários, e o efeito
do crescimento da população acima de 60 anos sobressai, causando maior pressão
sobre os gastos.
314
e seguros, e a diferença aumenta entre os maiores de 70 anos. Cabe destacar que
esse resultado pode estar refletindo o padrão de acesso e utilização diferenciado
entre os sistemas, particularmente quando se trata do atendimento ambulatorial
especializado. Parte desse resultado pode ser reflexo das desigualdades de acesso
e dos vazios assistenciais maiores para grupos populacionais que dependem
exclusivamente do SUS.
3 Indicadores apresentados na subseção “Breve panorama recente de aspectos demográficos da população brasileira e expectativas para
2040”.
315
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
também foram afetados, como é o caso das mulheres em idade fértil. Entre 2019 e
2020, houve um crescimento de 25% de óbitos maternos, grande parte atribuída
à epidemia de Covid-19 (Fundação Oswaldo Cruz, 2021). A população projetada
utilizada neste trabalho (Camarano, 2022) buscou incorporar o efeito da mortalidade
por Covid-19 e apontou que o número de idosos em 2040 pode ser 3,4 milhões
abaixo do projetado pelo IBGE (2018). Adicionalmente, o choque da pandemia
trouxe consequências econômicas, como redução do PIB com consequências sobre
a situação fiscal (Rocha; Furtado & Spinola, 2020) que devem afetar o volume de
recursos destinados à saúde.
Por limitações nas bases de dados disponíveis, o exercício foi aplicado apenas para
os gastos com internações, para os quais é possível obter o status de sobrevivência
do indivíduo que usou o serviço. Essa informação permitiu estimar os gastos
médios esperados entre indivíduos sobreviventes a uma idade a. Isso é importante
na medida em que permite observar o que ocorre com os gastos se a mortalidade
muda ao longo do tempo, tanto em termos de nível quanto em termos de padrão
etário. Se houver uma compressão da mortalidade, por exemplo, espera-se que haja
cada vez mais sobreviventes nas idades mais jovens e que o efeito da mortalidade
seja sentido em idades cada vez mais avançadas. Isso indica que os gastos podem
continuar aumentando entre as idades superiores.
316
Cabe ressaltar a limitação da informação utilizada e que é necessário avançar no
alcance de dados mais apurados para ponderar os gastos por idade e sexo. Para o
SUS, os dados do SIA são limitados por terem uma grande parte dos gastos, que se
originam do BPA-C, sem informação individualizada. No caso dos planos e seguros,
os dados da ABI cobrem apenas cuidado de uma parte específica dos usuários:
aqueles que utilizaram o SUS e para os quais houve algum tipo de ressarcimento ao
sistema. Para o desembolso direto, os dados da POF 2017-2018 não têm informações
para as crianças abaixo de 10 anos. Além disso, a estrutura de utilização recorre a
imputações. As imputações de gastos para essas idades trazem um grau de incerteza,
além daqueles já comuns em pesquisas de inquérito: problemas de memória na
declaração, imprecisão das informações declaradas, não resposta, dentre outros.
317
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
6. Considerações finais
Este estudo fez as projeções dos gastos com saúde do Brasil para 2040 considerando
o componente demográfico, isto é, efeitos da distribuição demográfica e por sexo
nos gastos com saúde. Para tanto, trouxe uma contribuição ainda não explorada
pela literatura: fazer essa estimativa considerando diferentes tipos de financiamento
e funções de saúde para se observar o comportamento dos gastos para cuidado
ambulatorial, internações e medicamentos.
A despeito das limitações dos dados e das análises, o trabalho aponta para a
necessidade de avaliação do comportamento dos gastos com saúde segundo funções
de saúde e tipo de financiamento. Para estimativas detalhadas, é importante ter
acesso a dados mais completos e detalhados com informações individuais. No SUS,
há expectativa de avanços no sentido de ter um sistema de dados interconectados
e integrados, que permitam detalhamentos da utilização pelo menos por idade e
sexo. Além disso, espera-se que as informações da saúde suplementar avancem para
permitir a abertura dos dados conforme essas categorias de análise – e que novas
pesquisas de saúde e de orçamento das famílias sejam realizadas nos próximos
anos. Espera-se, também, que os dados de financiamento e gasto com saúde
possam avançar permitindo desagregações por idade e sexo. Essas informações são
importantes tanto para entender o padrão de utilização de serviços de saúde no
país quanto para ampliar a compreensão sobre o financiamento desses serviços.
Além disso, permitem discutir perspectivas do sistema de saúde brasileiro.
318
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324
Apêndice A – Indicadores de mudança demográfica
Apêndice A – Indicadores de mudança demográfica
Figura
FiguraA.1
A.1 ––Indicadores
Indicadores de mudança
de mudança demográfica,
demográfica, Brasil, 2010 a 2060
Brasil, 2010 a 2060
Fonte: Projeções
Fonte: populacionais
Projeções populacionaisdo
do IBGE,
IBGE, versão 2018;IBGE
versão 2018; IBGE(2018).
(2018).
325
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
onde Gji,t é o gasto total observado entre pessoas de idade i, determinado pelo
produto entre: pi,t (número de pessoas na idade i); sji,t (o número médio de serviços
utilizados por pessoa); e cti,t (custo médio dos serviços j para as idades i). O termo
entre parênteses na equação 1 fornece o gasto per capita com cuidados da função j
para cada grupo etário i (gji,t):
Assim, para projetar o gasto em saúde para 2040, como dito, foi utilizado o gasto
para 2019 e a projeção da população para 2040. Assim, teríamos o gasto com
cuidados j, em 2040, dados por
Parte dos dados da Conta SHA por funções de cuidados em saúde (HC) e regime
de financiamento (HF 1 a 3) está na Tabela A.1 (A.1.1 e A.1.2). Esses dados são
combinados com informações da POF, do SIA-SUS, SIH-SUS e da PNS conforme
procedimentos detalhados a seguir.
326
Tabela B1 – Despesas correntes (em R$ milhões) do SUS (HF 1.1),* dos planos e
seguros de saúde (HF 2.1)* e das famílias (HF 3.1), segundo funções de cuidados de
saúde (ICHA-HC) – Brasil, 2019
Planos e seguros
HC - Função de cuidados de saúde
SUS (HF 1.1) (HF 2.1) Famílias (HF 3.1)
HC - Função de cuidados de saúde Gasto
Peso
Gasto Peso (%) Gasto
Peso
(%) (%)
HC 1 - Atenção curativa 177.683 64,1 129.665 61,3
HC 1.1 - Internações gerais 69.974 25,2 72.024 34,1
HC 1.2 - Hospital dia para diagnóstico e tratamento (exceto reabilitação e de longo prazo) *** 579 0,2 4.002 1,9
HC 1.3 - Atenção curativa ambulatorial 103.514 37,3 53.640 25,4
HC 1.3.1 - Atenção curativa ambulatorial básica 45.950 16,6 7.164 3,4
HC 1.3.1.1 - Atenção ambulatorial básica 36.343 13,1 2.878 1,4
HC 1.3.1.2 - Atenção ambulatorial básica - Urgência 9.607 3,5 41.663 19,7
HC 1.3.2 - Atenção ambulatorial odontológica + 7.041 2,5 35.229 16,7
HC 1.3.3 - Atenção ambulatorial especializada (exceto reabilitação e longo prazo) 50.399 18,2 6.434 3,0
HC 1.3.3.1 - Atenção ambulatorial especializada 37.719 13,6 -
HC 1.3.3.2 - Atenção ambulatorial especializada - Emergência 12.680 4,6 -
HC 1.3.4 - Atendimento curativo ambulatorial - práticas alternativas 1 0,0 -
HC 1.3.9 - Atenção ambulatorial - não especificado 123 0,0 1.934 0,9
HC 1.4 - Atendimentos gerais em domicílio 3.616 1,3 -
Fontes: Brasil (2022) - Ministério da Saúde, IPEA. Fiocruz, 2022. Informações retiradas das Tabelas 2, 12 e 23
de Brasil (2022).
*HF 1.1: terminologia adota para Sistemas Universais de Saúde (SUS. no caso do Brasil): HF 2.1 : Planos e seguros de saúde
voluntários suplementares (regulados pela ANS): HF 3.1 Desembolso direto não relacionado a terceiros
327
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
Medicamentos e
HC 5 - Medicamentos e artigos médicos
outros
Total Percentual do gasto coberto pelas projeções 214.930 77,48 176.300 83,40
Fontes: Brasil (2022) - Ministério da Saúde, IPEA. Fiocruz, 2022. Informações retiradas das Tabelas 2, 12 e 23 de Brasil (2022).
Fontes: Brasil (2022) - Ministério da Saúde, IPEA. Fiocruz. 2022. Informações retiradas das Tabelas 2. 12 e 23
de Brasil (2022).
1) Foi estimada a estrutura dos gastos por idade e sexo em 2019: proporção de
gastos com cuidado j por idade e sexo, usando as bases complementares.
2) A estrutura estimada no passo 1 foi aplicada nos gastos totais com cuidado
j estimados nas Contas SHA-2019 (BRASIL, 2022), para se obter o gasto total por
idade e sexo: Gji,2019.
3) Foram estimados gji,2019 (gasto per capita) para 2019 pelo quociente entre
Gji,2019, obtido no passo 2, e a população por idade e sexo (pi2019), estimada pelo
Ministério da Saúde/Datasus: gji,2019=Gji,2019/pi,2019. Deve-se observar que gji,2019 é o
gasto per capita pelo tipo de financiamento considerado (SUS, plano ou seguro,
328
desembolso direto). Ele não representa o custo médio do cuidado utilizado, mas a
média de gastos por idade considerando-se toda a população exposta a cada tipo
de financiamento e não apenas a população que recebeu o cuidado.
4) Foram estimados os gastos totais por idade em 2040: Gji,2040 = gji,2019 * pi,2040.
O SIA e o SIH-SUS foram usados para estimativas de estrutura etária e por sexo
dos cuidados ambulatoriais e das internações, respectivamente. Como não houve
desagregação por tipo ou função de saúde, o pressuposto é que a estrutura
de utilização e dos gastos, assim como os gastos médios por idade e sexo, está
constante para todos os tipos de cuidado que compõem os gastos com internações
e ambulatoriais. Esses dados foram usados para as estimativas do SUS.
329
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
No caso do BPA-C, 79% dos gastos registrados não são desagregados por idade
e sexo (Tabela A.1.2). O referido boletim é responsável por cerca de 42% dos gastos
ambulatoriais; os seus dados sem desagregação respondem por 33,3% dos gastos
totais. Desse modo, a estrutura de gastos por idade e sexo dos gastos ambulatoriais
foi estimada usando aproximadamente 66,7% das informações do SIA. Cançado
(2020) analisou os dados do SIA e constatou que grande parte dos dados sem
informações de idade e sexo refere-se a procedimentos clínicos e de diagnóstico,
enquanto os procedimentos com dados individualizados concentram-se em
consultas e medicamentos. Assim, considera que se os procedimentos estiverem
relacionados entre si, a falta de informação individualizada poderia modificar o
gasto médio por pessoa, mas não a estrutura dos gastos por idade e sexo. Desse
modo, espera-se que os problemas sejam minimizados, já que estamos usando os
dados apenas para distribuir os gastos por idade e sexo, enquanto o valor per capita
é estimado com base nos montantes das Contas SHA.
Tabela B3 – Distribuição (%) dos gastos SIA-SUS por idade, segundo o tipo de
documento de registro – Brasil, 2019
Documento de Registro no SIA
330
Quanto ao sistema suplementar, a estrutura de gastos por idade e sexo e gji,2019
foi estimada usando dados ABI-ANS. Essas bases provêm dos dados de serviços
hospitalares e ambulatoriais dos beneficiários de planos ou seguros de saúde que
tenham sido financiados pelo SUS. Trata-se de informações utilizadas pela Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para ressarcimento ao SUS, por parte das
operadoras. Como é uma subamostra não aleatorizada de todos os beneficiários,
ela pode conter viés na estrutura e gasto médio por idade. No entanto, dada a
dificuldade de obtenção de dados mais adequados, esse procedimento foi adotado
considerando-se que a estrutura dada pelos dados ABI seja mais representativa,
comparativamente àquela obtida para o SUS por meio do SIH e do SIA.
A POF foi usada para construir a estrutura de gastos por idade e sexo e dos gastos
médios das famílias por grupo etário. Consideraram-se apenas os gastos com
cuidado ambulatorial e com medicamentos, uma vez que os gastos hospitalares com
desembolso direto são muito pequenos e a amostra é pequena para desagregação
331
DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
por idade e sexo. Como não há discriminação de gastos para idades de 0 a 9 anos,
os valores para essas faixas foram estimados por meio de regressão em razão dos
gastos do chefe. Foram incluídas dummies para as faixas 0 a 4 e 5 a 9 anos e variáveis
de controle (raça/cor, situação de domicílio, região, idade e escolaridade do chefe).
Os valores imputados para as crianças nessas idades foram descontados dos gastos
dos chefes.
Apêndice C – Metodologia e dados para estimativas dos gastos com internações no ciclo de vida
Apêndice C – Metodologia e dados para estimativas dos gastos com
internações no ciclo de vida
Figura C1 – Esperança
Figura de
A.2 vida da idade
– Esperança a,da
de vida Brasil
idade2019
a, Brasil 2019
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DOENÇAS CRÔNICAS E LONGEVIDADE: DESAFIOS PARA O FUTURO
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ISBN 978-65-87663-10-4
9 7 86587 663104
REALIZAÇÃO
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