Kiss Me in The Dark - Cora Reilly
Kiss Me in The Dark - Cora Reilly
Kiss Me in The Dark - Cora Reilly
07/2020
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SINOPSE
Eu nasci um monstro.
Crueldade corria nas minhas veias como veneno.
Corria nas veias de cada homem Vitiello, passando de pai para
filho, uma espiral interminável de monstruosidade.
Eu sou um monstro nato moldado em um monstro ainda pior pela
lâmina, punhos e palavras duras do meu pai. Fui criado para me tornar
o Capo, para governar sem piedade, para distribuir a brutalidade sem
pensar duas vezes. Criado para quebrar os outros.
Quando Aria me foi dada em casamento, todo mundo esperou
ansiosamente para ver o quão rápido eu a quebraria, como meu pai
quebrou suas mulheres. Como eu esmagaria sua inocência e bondade
com a força da minha crueldade.
Quebrá-la teria exigido pouco esforço.
Era natural para mim.
Eu era feliz sendo o monstro que todos temiam.
Até ela.
PRÓLOGO
Eu fui o garoto que matou seu primeiro homem aos onze de idade.
Eu era o adolescente que esmagou a garganta de seu primo aos
dezessete anos.
Eu sou o homem que se banha no sangue de seus inimigos sem
um lampejo de remorso, que saboreia seus gritos como se fosse uma
fodida sonata de Mozart.
Monstros são criados, não nascem.
Besteira.
Eu nasci um monstro. Crueldade corria nas minhas veias como
veneno. Corria nas veias de cada homem Vitiello, passado de pai para
filho, uma interminável espiral de monstruosidade.
Eu sou um monstro nato moldado em um monstro ainda pior pela
lâmina, punhos e palavras duras do meu pai.
Fui criado para me tornar capo, para governar sem piedade, para
distribuir a brutalidade sem pensar duas vezes.
Eu fui criado para quebrar os outros.
Quando Aria me foi dada em casamento, todos esperavam
ansiosamente para ver o quão rápido eu a quebraria como meu pai
quebrou suas mulheres. Como esmagaria sua inocência e bondade com
a força da minha crueldade, com brutalidade implacável.
Quebrá-la teria exigido pouco esforço.
Era natural para mim.
Um homem nascido um monstro, criado para ser um monstro,
destinado a ser um monstro para se tornar o Capo.
Eu era feliz sendo monstro que todos temiam.
Até ela.
Até Aria.
Com ela, não precisei esconder minha escuridão.
Sua luz brilhava mais do que minha escuridão jamais poderia.
Com ela, eu não queria ser o monstro. Eu queria protegê-la dessa
parte da minha natureza.
Mas eu nasci um monstro. Criado para quebrar os outros. Não
quebrá-la viria com um preço.
Um preço que um monstro como eu não deveria arriscar pagar.
CAPÍTULO 1
1
Esse é o apelido de Luca, significa o Torno.
Eu tinha visto o medo em seus olhos - o mesmo medo que vi nos
olhos de muitas pessoas desde que tinha esmagado a garganta de Junior.
Gottardo só conseguiu vomitar essa besteira porque se considerava
seguro como meu tio. Eu não podia acreditar que meu pai acreditava nele
e em Angelo... Ou talvez ele não acreditasse e gostasse de sua
humilhação. Ele definitivamente aumentara sua segurança e guardas
desde aquele dia, então sabia que ainda havia traidores entre nós.
— Eu sou mais homem do que todos juntos. Já matei mais homens,
fodi mais mulheres e tenho bolas maiores.
— Cuidado com o ego, — disse Matteo, rindo.
— Você tem uma espinha na testa, — eu murmurei. Era uma
mentira, mas, dada a vaidade de Matteo, eu sabia que era a melhor opção
para fazê-lo pagar por ser um idiota insuportável na maioria dos dias.
Como previsto, Matteo imediatamente tocou sua pele procurando
a falha ofensiva, depois estreitou os olhos e baixou a mão. Eu rolei meus
olhos com uma risada. Chegamos em frente ao segurança da Sphere. Ele
nos cumprimentou com um breve aceno de cabeça e deu um passo atrás
para nos deixar passar quando um cara na frente da longa fila que
esperava para entrar gritou. — Ei, nós chegamos aqui primeiro! E esse
cara não tem idade suficiente para estar em um clube.
Matteo e eu olhamos para o idiota. Ele estava se referindo a Matteo
e, claro, estava certo. Aos quinze anos, Matteo definitivamente não
poderia entrar em uma boate como essa, mas eu também não – só que
meu tamanho, fazia todos pensar que eu era mais velho.
Matteo e eu trocamos um olhar e fomos até o Boca Grande.
Algumas de suas bravatas desapareceram quando parei bem na frente
dele. — Tem um problema aí?
— Existem leis, — disse ele.
Matteo mostrou seu sorriso de tubarão que aperfeiçoou
recentemente depois de passar muitas horas na frente do espelho. —
Talvez para você.
— Desde quando meninos são permitidos em clubes? É um baile
escolar ou o que? — Disse o Boca Grande para o nosso segurança.
Matteo estava prestes a desembainhar a faca bem na frente de
todos, e tive vontade de deixá-lo se divertir quando uma mulher na fila
falou. — Ele não parece um menino para mim, — disse ela flertando com
Matteo.
— E você parece a minha próxima conquista, — acrescentou a
garota ao lado dela com um sorriso para mim.
Eu levantei uma sobrancelha. Matteo com seu charme de menino
brilhante sempre foi um ímã de menina, mas seu charme de predador
áspero definitivamente também tinha suas vantagens. As duas mulheres
eram altas, eram sexo ambulantes.
— Deixe-as entrar, — eu disse ao nosso segurança. Ele abriu a
barreira para que elas pudessem passar. — E ele e seus amigos estão
banidos da Sphere, — acrescentei.
O som de seus protestos nos seguiu até o clube, mas eu não dei a
mínima. Envolvi meu braço ao redor da loira ao meu lado, que apertou
minha bunda e me deu um sorriso sedutor.
Matteo e sua garota já estavam em uma luta de línguas por tudo
que valia a pena. — Existe um lugar onde podemos foder? — Perguntou-
me a loira, pressionando-se contra mim.
Eu sorri. Era assim que eu gostava. Mulheres que não precisavam
ser conquistadas, eram fáceis, não faziam perguntas. —Claro, — eu disse
a ela, pegando sua bunda e apertando-a.
— Seu pau é tão grande quanto o resto de você? — ela perguntou
enquanto eu a conduzia pela porta dos fundos para uma sala de
armazenamento.
— Descubra por si mesma, — eu rosnei, e ela o fez. No momento
em que a porta se fechou, ela se ajoelhou e sugou qualquer pensamento
sensato do meu cérebro. Seu batom manchava meu pau de vermelho
enquanto ela me chupava como uma fodida profissional. Eu inclinei
minha cabeça para trás e fechei meus olhos.
— Foda-se, — eu assobiei enquanto ela me trabalhava
profundamente em sua boca. Ela era melhor do que a maioria das
prostitutas com quem estive, e essas mulheres passaram anos
aperfeiçoando seu ofício. Eu relaxei contra a porta, cada vez mais perto
de derramar meu esperma na sua garganta.
Ela se mexeu e ficou tensa de um jeito que levantou minhas
suspeitas. O instinto fez meus olhos se abrirem um momento antes de
ela empurrar algo em direção a minha coxa. Eu ataquei, batendo no braço
dela. Uma seringa caiu e a loira correu para ela. Agarrando sua garganta,
eu a joguei para longe de mim. A parte de trás de sua cabeça colidiu com
as prateleiras de armazenamento com um ruído repugnante, e ela caiu
no chão. Respirando duramente, olhei para a seringa. Que tipo de merda
ela tentou me injetar?
Eu puxei minha calça e cambaleei até ela. Eu não me incomodei
em sentir seu pulso; seu pescoço estava torcido em um ângulo que não
deixava dúvidas sobre sua morte. Eu me inclinei e puxei suas calças para
baixo, revelando seu quadril. Havia uma cicatriz onde alguém havia
queimado uma tatuagem. Eu sabia que tipo de marca estava em sua pele:
as Kalashinkov (Ak-47) cruzadas da maldita Bratva que eles tatuavam na
pele de cada uma de suas prostitutas.
— Foda-se, — eu rosnei. Isso era uma armadilha, e eu tinha
entrado direto nela, deixei meu pau dominar o meu pensamento,
abaixando minha guarda. O incidente com meu primo não deveria ter me
ensinado melhor?
Eu me levantei. Matteo. Porra. Saí correndo da sala e procurei nos
outros quartos dos fundos. Nenhum sinal dele ou da outra prostituta
traidora. Eu atravessei a pista de dança, procurando na multidão por um
sinal do meu irmão, mas não o vi em lugar nenhum. Onde ele estava?
Saí do clube passando a multidão que esperava e virei a esquina
até chegar ao pequeno beco atrás da Sphere. Matteo estava ocupado
recebendo um boquete. Seus olhos também estavam fechados. Nós
éramos idiotas estúpidos. Nenhum maldito boquete valia a pena esquecer
a primeira regra em nosso mundo: não confie em ninguém.
A prostituta pegou algo em sua bolsa.
— Matteo! — Eu gritei, puxando minha arma. Seus olhos se
abriram, sua expressão uma mistura de aborrecimento e confusão antes
de registrar o que ela estava segurando em sua mão. Ele pegou a faca e
ela levantou a seringa para atacar. Eu puxei o gatilho e a bala atravessou
sua cabeça, jogando-a para trás. Ela caiu para o lado, a seringa caindo
da palma da mão.
Matteo olhou para a mulher, com a faca na mão e seu pau ainda
em exibição. Eu me movi em direção a ele e revelei a pele queimada sobre
seu osso ilíaco.
— Eu realmente gostaria que ela tivesse esperado eu gozar antes
de tentar me matar, — ele murmurou.
Eu me endireitei e fiz uma careta. — Por que você não levanta as
calças? Não há mais motivo para mostrar o seu pau.
Ele subiu as calças pelas pernas e fechou o cinto, depois olhou
para mim. — Obrigado por salvar minha bunda. — Ele me deu um
sorriso, mas estava desligado. — Você pelo menos teve seu final feliz
antes de sua conquista tentar acabar com você para sempre?
Eu balancei a cabeça. — A Bratva quase nos pegou. Nós dois
agimos como idiotas, deixando aquelas prostitutas estúpidas nos
conduzirem pelos nossos paus como adolescentes excitados.
— Somos adolescentes excitados, — brincou Matteo enquanto
embainhava a faca.
Eu olhei para a mulher morta.
— A outra prostituta também está morta? — Perguntou Matteo.
Eu balancei a cabeça. — Quebrei o pescoço dela.
— Suas duas primeiras mulheres, — disse ele com um toque de
cautela, seus olhos examinando meu rosto, procurando por Deus sabe o
que. — Você se sente culpado?
Eu considerei o sangue manchando o concreto e os olhos sem vida
da mulher. A raiva era a emoção predominante no meu corpo. Raiva de
mim por ser um alvo fácil, em pensar que uma mulher bonita não era
uma ameaça. E queimando em fúria pela Bratva por tentar me matar - e
pior, Matteo.
— Não, eu disse. — A única coisa que lamento é que as matei antes
que elas pudessem responder algumas perguntas. Agora vamos ter que
caçar alguns idiotas da Bratva e obter informações deles.
Matteo pegou a seringa e fiquei tenso, preocupado que pudesse cair
um pouco do veneno em sua pele por acidente. Eu não tinha dúvida de
que o que quer que estivesse ali levaria a uma morte excruciante. —
Precisamos descobrir o que há aqui.
— Primeiro, precisamos nos livrar dos dois corpos antes que os
frequentadores ou a polícia os encontrem. — Levantei meu telefone ao
ouvido, chamando Cesare. — Eu preciso de você na Sphere. Rápido.
— Tudo bem. Dê-me dez minutos — disse Cesare, soando como se
eu o tivesse acordado.
Cesare era mais meu homem do que soldado de papai e eu confiava
que ele mantivesse a boca fechada quando necessário. — Papai não vai
ficar feliz com isso, — eu disse.
Matteo me deu um olhar curioso. — Sobre cairmos em uma
armadilha ou que a Bratva tentou nos matar?
— O primeiro e talvez o segundo.
— Estou ficando cansado de pessoas tentando nos matar, —
resmungou Matteo, seu tom sério pela primeira vez.
Eu respirei fundo. — É assim que é. Como sempre será. Não
podemos confiar em ninguém além de nós.
Matteo sacudiu a cabeça. — Olhe para o pai. Ele não confia em
ninguém. Nem mesmo em Nina.
Ele fazia bem em não confiar na sua esposa considerando a
maneira como a tratava. Os casamentos em nosso mundo raramente
levavam a confiança, muito menos amor.
CAPÍTULO 3
LUCA, 20 ANOS DE IDADE
FRAGILE LONGING
Sofia sabe como é ser o prêmio de consolação.
Muito jovem.
Não loira.
E definitivamente não é a princesa do gelo.
A irmã dela é - era todas essas coisas. Perfeição. Até que ela não
era. Até que ela fugiu para ficar com o inimigo e deixou seu noivo para
trás.
Agora Sofia é dada a Danilo no lugar de sua irmã, sabendo que
nunca será mais do que a segunda melhor. No entanto, ela não pode
deixar de desejar o amor do homem por quem está apaixonada, mesmo
quando ele ainda pertencia a sua irmã.
Danilo é um homem acostumado a conseguir o que quer.
Poder.
Respeito.
A preciosa princesa de gelo.
Até que outro homem rouba sua futura noiva. Danilo sabe que,
para um homem em sua posição, perder a mulher pode levar à perda de
prestigio.
Orgulho ferido.
Sede de vingança.
Uma combinação perigosa - que Danilo não pode deixar para trás,
nem mesmo quando uma garota tão preciosa toma o lugar da irmã para
acalmá-lo. No entanto, ela tem uma falha: ela não é sua irmã.
Incapaz de esquecer o que perdeu, Danilo pode perder o que
recebeu.
PRÓLOGO
Sofia
Não cobiçarás.
Eu ansiava por Danilo, mesmo quando ele ainda era noivo da
minha irmã. Era uma paixão inocente de uma jovem garota. Fantasiava
como as coisas seriam se ele fosse meu. Meu cavaleiro de armadura
brilhante, meu príncipe da Disney.
Tinha sido o meu sonho favorito - até que uma mera fantasia se
tornou real quando minha irmã não quis se casar com Danilo.
O sonho virou pesadelo. A fantasia de uma garota boba explodiu.
Um homem que não me queria.
Eles dizem que não existem dois flocos de neve de forma idêntica,
cada um deles único.
Magnífica perfeição gelada.
Como a minha irmã.
Tentei imitá-la, mas uma imitação nunca seria a original. Eu era o
eco da melodia perfeita. Uma sombra de uma imagem imaculada. Sempre
menos. Nunca o bastante.
Serafina era quase perfeita aos olhos das pessoas quando ainda
estava por perto, e agora que ela se fora, nada além de uma lembrança
desbotada, sua ausência amplificava tudo o que ela era. Ela se tornou
maior que a vida.
Permaneceu em todos os cantos da casa e, pior ainda, na mente
das pessoas que ela deixou para trás.
Como você pode superar uma memória?
Você não pode.
Meus dedos tremiam enquanto alisava meu vestido de noiva. Não
era o meu nome que eles sussurrariam nos bancos hoje.
Porque eu era o prêmio de consolação.
A noiva substituta.
E pior – não era minha irmã.
Olhei para o meu reflexo, meu rosto nublado através do fino véu
diáfano. Vestida assim, eu quase parecia Serafina, menos os cabelos
loiros. Ainda menos. Sempre menos. Mas talvez Danilo visse as
semelhanças entre minha irmã e eu, e apenas por um segundo olharia
para mim com o mesmo desejo que costumava dirigir a Serafina.
Então ele perceberia que eu não era ela e o olhar de decepção
tomaria conta de seu rosto novamente.
Menos do que ele queria.
Arrancando o véu do meu cabelo, o joguei para longe, estava farta
de tentar ser outra pessoa. Danilo teria que me ver como eu era, e se isso
significasse que ele nunca me olharia duas vezes, que assim seja.
CAPÍTULO 01
Danilo
— Eu não posso casar com você.
As palavras da minha noiva ecoaram na minha cabeça. Olhando
para o anel de noivado que ela me devolveu, tentei identificar minhas
emoções - uma potente mistura de fúria e choque. O anel zombava de
mim na palma da minha mão. Serafina mal conseguia suportar minha
proximidade.
Conheço Serafina desde que me lembro. Não pessoalmente, mas
porque seu nome era sussurrado com reverência entre os meninos e até
homens em nossos círculos.
Uma verdadeira princesa do gelo, cuja beleza aparecia em muitas
fantasias.
Muitos queriam possuí-la, como mariposas atraídas por um objeto
brilhante. Quando ela me foi prometida com a idade de quinze anos, me
deleitei com a admiração e o ciúme dos meus companheiros homens
feitos. Eu ganhei o tão cobiçado prêmio, poderia chamá-la de minha.
Durante anos, contei os dias até o nosso casamento.
Tudo parecia estar indo a meu favor. Eu estava prestes a me tornar
o mais novo Underboss da Outfit, com apenas vinte anos, casando com
a sobrinha do Capo, a princesa do gelo. Eu me senti invencível.
Arrogância e orgulho são considerados pecado por muitos. Fui
severamente punido por eles.
Dias antes de eu assumir o cargo de meu pai como Underboss,
minha irmãzinha Emma sofreu um acidente de carro. Agora ela estava
presa a uma cadeira de rodas sem futuro pela frente. O mundo da máfia
não era gentil. Meninas e mulheres que tinham falhas óbvias eram
deixadas de lado como indignas, condenadas a uma vida nas sombras
como solteironas ou se casavam com o primeiro idiota que as aceitasse
como esposa.
No dia do meu casamento com Serafina, ela foi roubada de mim,
sequestrada por nosso inimigo mais cruel: a Camorra de Las Vegas.
Quando o Capo deles a mandou de volta para nós, ela não era a
mesma garota que conheci. Ela estava perdida para mim, quebrada além
do que eu poderia consertar.
Agora fui deixado com as ruínas do meu futuro meticulosamente
planejado.
Com uma irmã deficiente e de coração partido. Um pai moribundo.
Sem esposa. Fechei os olhos depois da minha ligação com meu pai. Ele
insistia que precisávamos exigir um vínculo com a família Cavallaro. Ele
queria a conexão com o Capo, e eu concordava, mas substituir Serafina
quando sua perda ainda me cortava como uma lâmina ácida parecia
impossível.
A vida tinha que continuar e eu tinha que parecer forte. Eu era
jovem. Muitos esperavam que eu falhasse na tarefa de governar
Indianápolis. Eles estavam esperando por esse momento, pela minha
queda. Enrolei meus dedos em um punho ao redor do anel e fui em busca
do meu Capo e do pai de Serafina.
Dez minutos depois, o pai de Serafina, Pietro Mione, seu irmão
Samuel e nosso Capo Dante Cavallaro se reuniram comigo no escritório
da mansão Mione, tentando resolver o problema do vínculo de casamento
quebrado. O assunto causaria uma onda de rumores,
independentemente do que decidíssemos hoje. Era tarde demais para
controlar os danos.
Eu soltei um suspiro. — Meu pai insiste que eu me case com
alguém da sua família, — eu disse sem emoção, mesmo quando meu
interior ardia de raiva e culpa. — É necessário um vínculo entre nossas
famílias, especialmente neste momento.
Pietro suspirou, afundando na cadeira. Samuel balançou a cabeça
com um olhar. — Serafina não se casará. Ela precisa de tempo para se
curar.
Eu lhe daria o tempo que precisasse, como havia dito, mas ela não
queria mais se casar comigo.
— Existem outras opções, — Dante disse.
Minha raiva aumentou. — Quais opções? Não vou aceitar a filha de
nenhum outro Underboss. Minha cidade é importante. Não vou me
contentar com menos do que foi prometido!
Dante fez uma careta. — Cuidado com o seu tom, Danilo. Sei que
é uma situação difícil, mas espero respeito.
Samuel parecia querer me atacar. — Você não poderá ter Fina!
— Você também não poderá ter Anna, — disse Dante.
Eu nunca tinha considerado sua filha uma opção. Se eu me
casasse com ela, isso só me causaria problemas. Eu duvidava que Dante
não enfiasse o nariz nos meus negócios se sua filha tivesse envolvida. —
Você precisa do meu apoio nesta guerra. Você precisa de uma família
forte para apoiá-lo.
— Isso é uma ameaça?
— Isso é a verdade, Dante. Acho que você é um bom Capo, mas
insisto em ter o que minha família merece. Não vou me contentar com
menos.
— Não vou forçar Fina a se casar, não depois do que ela passou, —
disse Pietro.
Dante assentiu. — Concordo.
Mesmo se eu ainda quisesse Serafina, entendia o raciocínio
deles. Ela não queria se casar comigo e eu não a forçaria a um vínculo,
quando já havia sofrido tanto recentemente. — Estamos em um impasse
então.
Havia apenas uma opção. Era uma que eu queria evitar, mas não
podia. Meu pai sugeriu imediatamente a irmã mais nova da minha ex-
noiva como substituta. Era uma ideia ridícula, mas a única opção viável.
Dante e Pietro se entreolharam, provavelmente considerando
exatamente essa opção. — É isso que você me pede, Dante?
— Pietro, se seguirmos as regras, Danilo poderia exigir se casar
com Serafina. Eles estavam noivos.
Eu esperei que eles resolvessem o que precisassem. Havia apenas
uma opção para o nosso problema.
Pietro abriu os olhos. Eles estavam duros, cheios de aviso. — Eu te
darei Sofia.
Meu pai estava certo.
Sofia. Ela era uma criança. Eu nunca sequer olhei para ela. — Ela
tem o que, onze anos? — Mesmo que fosse a única opção, uma nova onda
de raiva surgiu em mim. Raiva pela situação e raiva absoluta em relação
a Remo Falcone.
— Doze em abril, — Samuel corrigiu, fazendo uma careta para mim.
Suas mãos estavam enroladas em punhos, mas eu tinha a sensação de
que a raiva dele não era só para mim.
— Sou dez anos mais velho que ela. Prometeram-me uma esposa
agora.
— Você estará ocupado com esta guerra e estabelecendo seu
reinado sobre Indianápolis. Um casamento posterior pode ser uma
vantagem para você — disse Dante.
Dez anos mais nova que eu. Eu nem conseguia pensar nela como
uma mulher, minha esposa. Só de tentar imaginá-la adulta já me fazia
sentir um maldito pervertido. Serafina não era muito mais velha quando
a prometeram, mas sua idade era próxima a minha. Eu a queria mesmo
naquela época porque ela era a princesa do gelo, porque era tão bonita
que todos a desejavam.
Eu não podia imaginar desejar Sofia assim, não podia imaginar
desejá-la de jeito nenhum. Ela era uma criança. Ela não era sua irmã.
Eu ia matar Remo Falcone por roubar minha noiva, por quebrá-la
de uma maneira que impossibilitava que ela se casasse comigo. Eu
mataria tudo o que importava para ele também. Eu não descansaria até
destruir sua vida como ele destruiu a minha.
— Danilo? — Dante perguntou com cuidado e percebi que tinha me
distraído.
Não importava o que eu queria. Esse vínculo salvaria Emma. Era
tudo o que eu podia esperar neste momento.
— Eu tenho uma condição.
— Qual condição? — Dante perguntou em um tom cortante. Sua
paciência estava acabando. Estes últimos meses haviam testado a todos
nós.
Meus olhos se inclinaram para Samuel, que me olhou com olhos
estreitos. Eu poderia confiar nele com minha irmã? Mais do que em todas
as outras opções restantes. Papai casaria Emma em algum momento e
ninguém que valesse nada a queria. Ela seria exposta a alguém que
esperava melhorar sua posição, alguém que não a merecia.
— Ele se casa com minha irmã Emma, — eu disse.
O rosto de Samuel se contorceu em choque. — Ela está em uma...
Ele não terminou a frase. Bom para ele, porque eu queria matá-lo.
— Numa cadeira de rodas, sim. É por isso que ninguém de valor a quer.
Minha irmã merece apenas o melhor, e você é o herdeiro de
Minneapolis. Se todos vocês querem esse vínculo, Samuel terá que se
casar com minha irmã, e então me casarei com Sofia.
— Porra, — Samuel murmurou. — Que tipo de acordo distorcido é
esse?
— Por quê? Seu pai tem procurado por possíveis noivas, e minha
irmã é uma Mancini. Ela é um bom partido.
Samuel respirou fundo e depois assentiu. — Eu vou me casar com
sua irmã. — Eu arreganhei os dentes para ele, não gostando do seu tom.
— Então está resolvido? — Perguntou Pietro. — Você vai se casar
com Sofia e aceitar o cancelamento do noivado com Fina?
Eu assenti rispidamente. — Não é o que eu quero, mas terá que
servir.
— Terá que servir? — Samuel rosnou, dando um passo à frente
com os olhos estreitos. — É da minha irmãzinha que você está
falando. Ela não é algo que você aceita como prêmio de consolação.
Mas ela era o prêmio de consolação. Todos nós sabíamos disso. Eu
ri amargamente. — Você deve se lembrar disso quando encontrar minha
irmã.
— Chega, — Dante rosnou.
— O casamento terá que esperar até que Sofia tenha idade, — disse
Pietro, parecendo cansado.
Ele achou que eu queria uma noiva infantil? — Claro. Minha irmã
também não se casará antes dos dezoito anos.
Seis longos anos. Eu não estava triste por ter mais tempo para
estabilizar meu domínio sobre Indianapolis, essa era a única coisa que
eu odiava em me casar com Serafina, mas a queria e ela não podia
esperar muito tempo. Mas agora, agora eu teria tempo de sobra para
construir meu reinado, para me divertir um pouco mais - como o pai
apontou. Seis anos era muito tempo. Tanta coisa poderia acontecer até
lá. Eu não perderia outra garota. Eu garantiria que Sofia estivesse
segura, mais segura do que Serafina.
Pietro assentiu.
— Então está decidido, — eu disse.
— Eu tenho que voltar para casa em breve. Podemos resolver os
detalhes posteriormente. — Dante assentiu. — Só mais uma coisa. Não
quero que as notícias sobre o vínculo de Samuel com minha irmã saiam
ainda. Ela não precisa saber que isso foi um acordo na troca por Sofia.
Fui em direção à porta, querendo sair desta casa, desta cidade,
mas acima de tudo ficar longe de Serafina. Eu podia ouvir passos atrás
de mim, mas não me virei. Não havia mais nada a dizer, não hoje.
— Danilo, espere, — exigiu Samuel.
Estreitando os olhos, me virei. — O que você quer? — Tínhamos
chegado a um entendimento provisório enquanto tentávamos salvar
Serafina das garras de Remo Falcone, mas tive a sensação de que não
duraria. Nós dois éramos alfas que não lidavam bem com alguém que não
se curvava aos nossos desejos.
— Sofia merece mais do que ser a segunda melhor.
Provavelmente isso era verdade. Verdade para as duas
irmãs. Emma tinha recebido cartas duras do destino. Ela merecia apenas
o melhor. Ela conseguiria isso? Provavelmente não. — Vou tratar Sofia
com respeito, como sempre tratei Serafina. — Minha boca torceu,
expressando o nome dela. — Lembre-se de fazer o mesmo com Emma.
Samuel balançou a cabeça. — Quit pro quo? 2
Eu não disse nada. Isso era uma bagunça. Nós dois teríamos
garotas que não queríamos em um vínculo que garantisse nosso
poder. Samuel e eu éramos homens orgulhosos até o fim. Remo Falcone
pisara nesse orgulho. Um orgulho que queríamos reconstruir.
Eu estava começando a pensar que esse orgulho seria nossa queda.
Sofia
Eu ainda me lembrava da primeira vez que vi Danilo. Um ano antes
do casamento com minha irmã. Ele veio discutir detalhes com papai.
Movida pela curiosidade, fingi estar indo em direção à cozinha para
dar uma olhada nele. Ele estava no nosso saguão, conversando com o
papai, e no momento em que o vi, meu coração deu um pulo estranho
que nunca havia feito antes. Ele me deu um sorriso e novamente meu
coração bateu loucamente e minha barriga esquentou. Ele me lembrou
dos príncipes com os quais as meninas sempre sonhavam. Alto, bonito e
cavalheiro.
Eu achei que ele continuaria sendo uma fantasia para sempre e
toda a vez que fantasiava sobre ele, me sentia culpada - até que de
repente ele era meu. Pelo menos oficialmente, porque seu coração ainda
pertencia à minha irmã.
No dia em que descobri, estava sentada na mesa do meu quarto
quando alguém bateu na porta e meu pai entrou. Ele me mandou para o
meu quarto algumas horas atrás, como tantas vezes nos meses desde
que Fina havia sido sequestrada e mesmo agora que ela estava de
volta. Todo mundo achava que eu era jovem demais para entender o que
estava acontecendo.
— Sofia, posso falar com você? — Perguntou papai. Levantei os
olhos do meu dever de casa com uma pequena carranca. Sua voz parecia
estranha.
2
Quid pro quo é uma expressão latina que significa "tomar uma coisa por outra".
— Fiz algo de errado? — Essa era a única explicação para o pai ou
a mãe me procurarem. Eles andavam muito ocupados desde o sequestro,
então eu estava acostumada a ficar sozinha ou com minha prima
Anna. Eu não estava brava com eles. Eles estavam sofrendo muito. Eu
só queria que as coisas voltassem ao que costumavam ser. Eu queria que
fossemos felizes.
Papai veio até mim e tocou o topo da minha cabeça, com os olhos
tristes. — Claro que não, joaninha.
Eu sorri com o uso do meu apelido. Sempre lembrava o quanto ele
me amava, mesmo que nem sempre pudesse mostrar por causa de quão
ruins as coisas estavam.
— Vamos sentar lá, ok? — Ele apontou para o meu sofá rosa. Ele
foi até lá e afundou, parecendo cansado. Eu o segui e sentei ao lado
dele. Por um longo tempo, ele não disse nada, apenas me olhou de uma
maneira que fez minha garganta ficar apertada.
— Papai? — Eu sussurrei. — Fina está bem?
— Sim... — Ele engoliu em seco e pegou minha mão. — Você sabe
que temos regras em nosso mundo. Regras que todos nós temos que
seguir. Danilo não pode mais se casar com Serafina e, por isso, decidimos
prometer-lhe a ele.
Eu pisquei, chocada. Minha barriga tremeu loucamente. — Sério?
— Eu me encolhi com quão excitada soei.
Os olhos do papai se suavizaram ainda mais. Ele apertou minha
mão levemente. — Em alguns anos, você se casará com ele. Depois de
completar dezoito anos. Então você não precisa se preocupar com isso
agora.
Seis anos e seis meses. — Fina está triste?
Papai sorriu. — Não, ela sabe que as regras precisam ser seguidas.
Eu assenti lentamente. — Danilo realmente quer se casar comigo
quando eu crescer?
Eu não conseguia acreditar. Ele era tão bonito e
inteligente. Serafina e ele pareciam da realeza um ao lado do outro, como
um casal dos sonhos da Disney.
Papai beijou minha testa. — Claro que ele quer. Qualquer homem
ficaria grato por tê-la como esposa. Ele te escolheu.
Eu sorri para ele.
Ele me puxou contra ele com um suspiro profundo. — Oh,
joaninha. — Ele parecia triste, não animado, e eu não tinha certeza do
por que.
Sonhei com Danilo a noite toda. Eu mal podia esperar para falar
com Anna sobre isso. Ela viria hoje antes de voltar com sua família para
Chicago.
Eu tinha acordado antes do amanhecer, tonta demais para voltar
a dormir.
Deitada de bruços na minha cama, não conseguia parar de escrever
o nome de Danilo e o meu, uma e outra vez, não importa o quão infantil
isso fosse. Sofia Mancini parecia perfeito para mim.
Uma batida soou.
— Entre! — Gritei e rapidamente escondi meus desenhos tolos de
vista.
Fina entrou, cabelos loiros deslizando lindamente por seu
ombro. Ela estava de jeans simples e camiseta e não usava maquiagem,
mas ainda era a garota mais bonita que eu conhecia. Por que Danilo me
escolheria em vez dela? Ela já era adulta. Ela era a princesa perfeita para
alguém como ele.
Eu desviei o olhar dela, envergonhada por estar sendo mesquinha.
Fina havia sido sequestrada. Ela sofreu.
— Eu queria falar com você sobre Danilo. Presumo que papai já
tenha falado com você?
— Você está com raiva de mim? — Eu perguntei, preocupada que
Fina se sentisse mal porque agora não tinha um futuro marido.
— Raiva? — ela perguntou, parecendo confusa enquanto se
aproximava de mim.
— Porque Danilo quer se casar comigo agora e não com você.
— Não. Eu não estou. Eu quero que você seja feliz. Você está bem?
Apesar do meu constrangimento, mostrei meus rabiscos para ela,
querendo compartilhar com outra pessoa.
Os olhos de Fina se arregalaram. — Você gosta dele?
— Eu sinto muito. Gostava dele mesmo quando lhe
prometeram. Ele é fofo e cavalheiro.
O medo de sua reação explodiu através de mim, mas ela me
surpreendeu quando se inclinou e beijou minha cabeça. Alívio me
inundando.
Fina me olhou com um aviso. — Ele é um homem adulto, Sofia. Vai
levar muitos anos até você se casar com ele. Ele não chegará perto de
você até lá.
— Eu sei. Papai me contou. — Eu não me importava em esperar e
fiquei orgulhosa que Danilo concordou em esperar por mim por tantos
anos. Isso significava que ele realmente me queria.
— Então estamos bem? — Eu perguntei, ainda incapaz de acreditar
que Fina não estava brava comigo por ter tomado seu noivo.
— Melhor do que bem, — disse Fina e saiu. Hesitei e decidi segui-
la para pedir mais informações sobre Danilo. Eu não sabia muito sobre
ele. Quando cheguei à galeria e olhei para o saguão, vi Fina e Danilo.
— Sofia é uma menina. Como você pôde concordar com esse
vínculo, Danilo?
Meus olhos se arregalaram com seu tom rude. Eu achei que ela
estava bem comigo casando com Danilo? Ela não parecia.
Danilo parecia furioso. — Ela é uma criança. Muito jovem para
mim. Ela tem a idade da minha irmã, pelo amor de Deus. Mas você sabe
o que é esperado. E não vamos nos casar até que ela seja maior de
idade. Eu nunca toquei em você e não vou tocá-la.
— Você deveria ter escolhido outra pessoa. Não Sofia.
— Eu não a escolhi. Eu escolhi você. Mas você foi tirada de mim e
agora não tenho escolha a não ser me casar com sua irmã, embora seja
você quem eu quero!
Ele não me queria? Eu respirei fundo enquanto meu peito se
contraía de dor. Meus olhos formigaram com lágrimas.
Danilo e Fina ergueram os olhos.
Eu me virei e voltei para o meu quarto, onde me joguei na minha
cama e comecei a chorar. Papai mentiu para mim. Danilo não me
escolheu. Ele ainda queria Fina. Claro que ele queria. Ela era tão bonita
e loira. As pessoas muitas vezes lamentavam o fato de eu não ter herdado
o cabelo loiro da mamãe.
Alguém bateu na porta.
— Vá embora! — Eu enterrei meu rosto mais fundo no travesseiro.
— Sofia, posso falar com você? — Danilo disse.
Eu congelei. Danilo nunca tinha se aproximado de
mim. Lentamente me sentei e enxuguei os olhos. Pulei da minha cama e
verifiquei meu rosto no espelho. Meus olhos estavam inchados e meu
nariz vermelho. Fina ficava bonita chorando. Eu não.
Andei na ponta dos pés em direção à porta, meu estômago
revirando de nervosismo quando a abri. Danilo e Fina esperavam no
corredor.
Fina sorriu para mim, mas meus olhos foram atraídos para Danilo.
Eu tive que esticar o pescoço para trás porque ele era muito alto. Minhas
bochechas esquentaram, mas eu não podia fazer nada sobre a reação do
meu corpo a Danilo.
— Posso falar com você por um momento? — ele perguntou.
Tentei esconder meu choque e rapidamente olhei para Fina para
ver se estava tudo bem. — Claro, — disse ela.
Fui em direção ao meu sofá, subitamente constrangida com todo o
rosa do meu quarto. Eu duvidava que Danilo gostasse muito da cor. Eu
afundei no sofá, enrolando meus dedos em punhos no meu colo para
esconder o tremor. Danilo deixou a porta aberta e veio até mim. Seus
olhos examinaram meu quarto e eu me encolhi quando eles se
demoraram na variedade de bichos de pelúcia na minha cama. Eu não
me aconchegava mais com eles. Eu só tinha problemas para jogá-los
fora. Agora eu queria ter feito isso. Danilo deve pensar em mim como uma
garotinha boba agora. Ele se sentou ao meu lado, mas com muito espaço
entre nós. Esperando no corredor, Fina me deu um sorriso fraco e depois
sumiu de vista, mas eu sabia que ela estaria por perto.
Arrisquei um olhar para Danilo. Seu cabelo escuro estava penteado
para trás, mas levemente bagunçado e ele estava completamente vestido
de preto. Normalmente, eu não gostava de preto, mas em Danilo parecia
muito bonito.
Ele se virou para mim, seus olhos escuros se fixando nos meus.
Minha pele esquentou ainda mais e tive que olhar para o meu colo. Ele
limpou a garganta. — O que você ouviu no saguão não era para os seus
ouvidos.
Eu assenti. — Está tudo bem. Eu sabia que você queria
Serafina. — Minha voz tremia.
— Sofia, — Danilo disse com uma voz firme que me fez olhar para
cima. Eu não tinha certeza do que sua expressão significava. Ele
definitivamente não parecia feliz. — Eu escolhi você. Serafina e eu não
podemos mais nos casar depois do que aconteceu. Eu não queria magoar
seus sentimentos. Por isso falei aquilo.
Eu examinei seu rosto brevemente, mas depois desviei o olhar. Ele
parecia honesto, mas uma pitada de dúvida permaneceu em mim. O que
eu tinha visto lá embaixo não parecia um show para Fina. Danilo parecia
sinceramente desapontado por tê-la perdido. No entanto, eu queria
acreditar que ele realmente me escolheu como sua futura noiva, que
papai não precisou convencê-lo a fazer isso.
— Tudo bem? — ele perguntou. Eu forcei um sorriso.
— Sim.
— Ótimo. — Ele levantou e por um momento nossos olhos se
encontraram novamente. Sua boca se apertou de um jeito que eu não
entendi, então ele se virou e saiu.
Olhei para minhas mãos, dividida entre excitação e decepção.
Balançando os dedos, me perguntei quando ganharia um anel de
noivado. Fina ganhou o dela imediatamente quando nossos pais
decidiram o vínculo.
Mas talvez desta vez eles esperassem. Seria mal visto um
compromisso se tornar público tão pouco tempo depois que Fina foi salva.
Eu levantei e fui para a minha cama. Peguei meus bichos de
pelúcia e os joguei no chão, depois tirei alguns pôsteres embaraçosos de
cavalos das minhas paredes. Depois de remover alguns vestidos com
babados do guarda-roupa e colocá-los na pilha de bichos de pelúcia,
desci as escadas correndo para pegar um saco de lixo. Danilo queria
alguém tão equilibrada quanto minha irmã. Eu não poderia mais agir
como uma garotinha se quisesse que ele me desejasse.