Bones - Shantel Tessier

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Sinopse

Bones

Ganhei meu nome por quebrar os ossos de uma criança que implicava com meu irmão mais
novo, mas foi só aí que tudo começou.
Meu coração negro anseia por violência, e ser um King me dá muitas oportunidades.

Quando um amigo me pede ajuda porque alguém que ele ama está em perigo, fico feliz em
fazê-lo. Afinal, meus amigos são poucos e são minha família.

Assim que a tiver, farei o que for preciso para protegê-la. Ela acha que está no inferno, mas
isso é brincadeira de criança em comparação com o que ela teria enfrentado.

Ela é completamente inocente e completamente fora dos limites. Mas isso não é suficiente
para me impedir de fazer o que faço de melhor: pegar o que é meu.

Mia

Nasci em uma família mortal da máfia, mas sou ninguém. Para o mundo, eu não existo.

Arrastada de Las Vegas quando criança e enviada para a Itália para minha proteção, tornei-
me invisível. Até que encontraram um uso para mim. Agora sou uma carta que meu pai pode
jogar. Uma chance de lucrar com o nome da família pelo lance mais alto.

Tirada de minha casa, fui vendida a um King. Seus duros olhos azuis não fazem prisioneira.
Ele é apenas mais um rostinho bonito para esconder o mal e de forma alguma meu salvador.

Agora eu sei como é o inferno porque estou vivendo isso. Mas justamente quando penso
que posso finalmente ser livre, tudo desmorona, e o King que pensei que acabaria comigo é o
único que pode me salvar.

Tudo o que eu queria era ser alguém, mas agora gostaria de ter permanecido um ninguém.
Playlist
“Find Me” by TeZATalks
“Dead To Me” by Melanie Martinez
“Want It” by SoMo
“Blood//Water” by grandson
“King” by Niykee Heaton
Prólogo
Bones

Doze anos de idade

— Dillan, deixe-me dizer-lhe o que o levará a esta vida. — Meu pai se


senta à minha frente na mesa enquanto eu como um lanche. — Mostre-me
um homem apaixonado e eu lhe mostrarei sua maior fraqueza.

Eu franzir a testa. — Não tenho certeza do que você quer dizer.

— Quero dizer, ele vai colocá-la em primeiro lugar antes de qualquer


outra coisa, até ele mesmo. — Pegando seu copo de uísque, ele o joga de
volta. Meu pai está sempre bebendo. Não importa se são seis horas da
manhã ou meia-noite. — Você e seu irmão terão muitos inimigos, filho. E
cada um deles saberá disso.

— Por que teríamos inimigos? — Eu não sou burro. Tenho idade


suficiente para saber que meu pai faz coisas obscuras com homens muito
poderosos que são tão ricos quanto maus.

Ele sorri como se o que eu disse fosse engraçado. — Porque vocês dois
terão o que os outros querem.
— Amor? — eu questiono.

— Não. — Ele bufa. — Kingdom.

Eu não quero isso, mas guardo esse pensamento para mim. Ele já sabe
como me sinto em relação ao hotel e ao cassino que possui com seus dois
sócios - os Três Wisemen. Meu pai simplesmente não se importa. Nenhum
deles faz. Eu, junto com meu irmão mais novo e dois melhores amigos, não
teremos escolha a não ser assumir o controle um dia.

Meu pai levanta o copo vazio e olha para ele enquanto fala comigo. — O
amor torna o homem fraco. Porque um homem apaixonado prefere salvá-la
do que a si mesmo.

Meus olhos caem para a mesa e penso em suas palavras. — Mas você se
casou com a mamãe, — eu digo, olhando para ele. Eu nunca consideraria
meu pai fraco.

Os cantos de seus lábios se transformam em um sorriso sinistro. — Eu


não disse que um homem não precisa de uma mulher. Eu disse que um
homem apaixonado é vulnerável. Embora as mulheres sejam úteis por
alguns motivos. — Seus olhos encontram os meus. — Você descobrirá isso
mais tarde na vida.
Capítulo Um
Bones

Quatorze anos depois

Sento-me à minha mesa no décimo terceiro andar do Kingdom quando


minha porta se abre, batendo na parede interna com um estrondo. Eu olho
para cima para ver Luca Bianchi, um amigo de longa data, invadindo o
grande espaço.

— Ei... — Eu paro quando ele enfia as mãos nos bolsos de sua calça
preta e começa a andar. Seus sapatos batem no chão de mármore. — Luca?

— O que você faria se Grave estivesse com problemas? — ele pergunta,


sua voz soando áspera.

Coloco meu celular na mesa e me inclino para trás na cadeira, cruzando


meus braços tatuados sobre o peito. Eu fico com raiva do meu irmão, mas
ele ainda é meu irmãozinho. — Eu pagaria a fiança dele. — Não importa o
custo ou a situação. Eu tenho feito isso toda a minha vida. — Ele está com
problemas? — Eu pergunto, ficando preocupado.

Acabei de ver Grave ontem à noite, quando tivemos nossa reunião de


domingo na casa de April e sua casa. Ele parecia bem. Melhor do que bem,
na verdade. Ele e April anunciaram o noivado. Acredito com cada parte de
mim que aquela mulher salvou sua vida. Grave estava seguindo uma
estrada que o levaria à morte mais cedo ou mais tarde. Mas ele se
apaixonou e ela exigiu mais dele. Ele a amava o suficiente para dar a ela.

— Não. Não se trata de Grave.

Eu franzir a testa. — É sobre Nite? — Oliver Nite-Bianchi é seu irmão


adotivo. Os pais de Luca acolheram Nite quando o encontraram nas ruas.
Acredito que seu pai fez isso para aumentar seu exército, mas, no final, ele
deu a Nite uma vida com a qual ele só poderia sonhar.

— É sobre mim. — Luca suspira pesadamente.

Minha carranca se aprofunda. — Você precisa que eu salve você de


alguma coisa? Basta nomeá-lo.

Luca é o melhor amigo dos Kings desde que éramos jovens. Seu pai -
John Bianchi - é um Don; o líder da máfia ítalo-americana. Nossos pais
eram parceiros de negócios em certo sentido. Nós promovemos essa
tradição. Até fiz negócios com Luca - Glass é um dos clubes de strip-tease
de elite de Las Vegas - como seu parceiro silencioso. Bem, digo silêncio,
mas tenho certeza de que todos sabem e apenas me deixam acreditar que
não.

Ele arranca o paletó Armani dos ombros e o joga do outro lado da sala,
onde cai no tapete preto. Então ele está desabotoando sua camisa branca.

— Luca... — Eu me endireito. — O que diabos está acontecendo?


Ele me ignora. Em vez disso, ele continua a se despir, chutando os
sapatos pelo meu quarto e desabotoando a calça enquanto joga a camisa.
Em segundos, ele está apenas com sua cueca boxer preta.

— Que diabos está fazendo? — Eu exijo, ficando frustrado porque meu


amigo está se despindo na minha frente. Eu nunca o vi assim.

— Estou provando a você que não estou conectado, — ele se apressa.

Meu corpo fica tenso com suas palavras. Por fazer parte da Máfia, ele
sabe o que é exigido dele quando está prestes a espalhar alguma
informação. Os Kings também usam esse método. Você nunca sabe quem
pode estar ouvindo suas conversas. Se você quer ser confiável, então você
prova sua lealdade.

O que ele fez que ele não pode deixar de fazer? E por que diabos ele
viria me pedir ajuda? Certamente, eu não sou sua única opção.

Ele se abaixa, tira o celular do bolso da calça no chão e digita antes de


colocá-lo na minha mesa.

Eu olho para ele, ignorando o telefone. Seus olhos escuros encontram os


meus. Se eu não soubesse melhor, diria que eles são aguados.

Eu me levanto, minha preocupação crescendo a cada segundo. —


Haven está bem? — Sua esposa é a única pessoa que pode fazê-lo sentir.
Ele tem corpos enterrados no deserto. Pelo amor de Deus, eu o vi torturar
homens adultos sem nem mesmo piscar. Tem que ser a esposa dele. Ela é a
única pessoa com quem ele se importa.
Em vez de responder, ele se inclina para a frente e pressiona o play no
vídeo que abriu em seu celular.

— Número trinta e seis, — grita um homem no vídeo.

Meus olhos caem para assistir a tela.

Alguém está gravando uma pequena sala. Vários holofotes no chão de


concreto sujo brilham em uma parede de tijolos pretos com um único
gancho.

Sento-me na cadeira e pego o telefone, me perguntando em que diabos


ele se meteu.

— Eu disse o número trinta e seis, — o homem estala. O telefone


começa a se mover antes que ele o segure firme novamente.

Uma mulher é arrastada à vista por outro homem. Ela usa o que antes
era um sutiã de renda branca e calcinha combinando. Parece que ela rolou
no chão sujo. Mas não é isso que faz meu coração disparar. Não. É o fato de
ela ter um capuz preto sobre a cabeça e os pulsos estarem amarrados na
frente dela. O cara bate as costas dela contra a parede de tijolos e puxa o
excesso de corda acima de sua cabeça para amarrá-la no gancho. Ele a
segura no lugar e então sai de vista. Ela luta na posição, chutando os pés
descalços e torcendo o corpo de um lado para o outro o melhor que pode,
mas não é bem uma luta.

Faço uma pausa e olho para o meu amigo. Ele está de costas para mim.
— Luca... isso é tráfico sexual, — eu digo sem rodeios. — Que porra você
está fazendo? Vendendo ou comprando escravos? — Ele se encolhe, mas
não responde.

Eu sei que o pai dele lida com isso, mas isso não é algo que Luca jamais
concordaria.

Eu volto para o telefone em seu silêncio e aperto o play novamente. Ela


luta com os braços esticados acima da cabeça. A luta inútil a deixa cansada
e seus movimentos lentos. O gancho é alto o suficiente para que ela fique
na ponta dos pés. Suas costelas estão aparecendo e a calcinha está caindo
de seus ossos estreitos do quadril. Ela é pequena. Se eu tivesse que
adivinhar, diria que talvez cinco e duas e cem libras. A maneira como suas
costelas se projetam através de sua pele bronzeada a faz parecer
desnutrida.

— Vire-a, — grita o homem que grava.

O cara que a colocou ali agarra sua cintura para girá-la, e ela começa a
lutar com ele novamente. Ouvindo atentamente, posso ouvir suas palavras
murmuradas. Eles a amordaçaram ou ela colocou fita adesiva na boca. Ela
consegue chutá-lo na virilha, forçando-o a recuar.

— Cadela, — ele rosna. Agarrando o capuz, ele enfia a cabeça dela no


tijolo. Seu corpo está pendurado lá – nocauteado.

— Apresse-se, — o cara filmando ordena.

O outro esfrega o pau e depois a gira para que ela fique de costas para a
câmera. Ele se afasta enquanto ela cai contra a parede. O cara filmando
retruca: — Tire a calcinha dela.
O homem volta para a cena e os puxa pelas pernas dela antes de enfiá-
los no bolso como se fosse um souvenir.

Eu dou uma olhada rápida em Luca, e ele se moveu para as janelas do


chão ao teto com vista para a Strip. Ele está com a cabeça no vidro e os
olhos fechados. Eu posso ver claramente seu peito subindo e descendo a
cada respiração devido ao fato de sua camisa de botão estar no meu chão.

Volto ao vídeo.

Ela ainda está pendurada lá, inconsciente. Agora nua da cintura para
baixo. Sua pele bronzeada seria impecável, exceto pelos hematomas nas
coxas e na parte superior das costas. Alguns pontilham seus braços frágeis.
Não vejo nenhuma cicatriz ou tatuagem visível.

A bolsa preta sobre a cabeça representa o fato de que a aparência não


importa. Só o corpo dela faz. É o que ela pode oferecer a um homem.
Mostra como ela pode ser usada. E o fato de ela não poder falar também
diz muito. Você não pode dizer não a um homem quando não tem voz.

E para aprofundar o argumento, o cara dá um tapa na bunda dela. O


som ricocheteia nas paredes da sala em que estão, fazendo-os rir.

— Próximo, — diz o cara, e aquele que deu um tapa na bunda dela a


remove do gancho na parede e a carrega para fora do quadro. O vídeo
para.

Eu passo a mão pelo meu rosto e coloco o telefone dele na minha mesa.

Levantando-me da cadeira, vou até as janelas do chão ao teto com vista


para Las Vegas. São três horas da manhã. Só abro as grossas cortinas pretas
à noite para ver as luzes da Strip iluminarem a cidade. É a única vez que
me importo em ver esta cidade.

— Quantos? — Eu pergunto. Por alguma razão, ele decidiu que a quer.

— Dez milhões, — ele responde, abrindo os olhos e olhando para Sin


City. Sua mandíbula aperta.

— Porque ela? — Eu pergunto. Ele tem uma esposa. Talvez Haven a


queira. Talvez ela tenha percebido o que acontece nos bastidores da Máfia,
viu o vídeo e quer salvá-la. As mulheres sempre se emocionam.

Ele empurra a janela e se vira para mim. — Aquela mulher que você
acabou de ver é Mia Rosa Bianchi. Minha irmãzinha.
Capítulo Dois
Bones

Sento-me à mesa escondida no canto de um salão de baile na cidade de


Nova York. Venho frequentemente à cidade. Às vezes para negócios, mas
principalmente para se divertir. Esta viagem não é nenhuma dessas. Este é
um leilão de elite. Apenas os idiotas mais ricos e sádicos comparecem. Hoje
à noite, estou fazendo o papel de um deles.

O grande salão de baile é mal iluminado e a música do elevador toca


suavemente nos alto-falantes acima. Fileiras e mais fileiras de mesas
redondas estão em ambos os lados de um corredor. Um palco fica na frente
da sala e uma cortina de cetim preto pende atrás dele do teto ao chão.
Mulheres vestindo minúsculos shorts pretos e sutiãs de renda combinando
andam com bandejas, servindo os convidados. Homens vestidos com
ternos de três peças que custam mais do que a maioria das casas
distribuem pás numeradas para cada participante. Nenhum nome é
necessário, disseram-me quando paguei minha taxa para entrar. Dez mil é
o que eles cobram por um “prato”.

— É para caridade. — Foi o que o homem disse. — Para alimentar as crianças


famintas por dois anos.
Eu bufo, tomando um gole do meu uísque. Sério? Eles não veem a
ironia?

Não que eu não queira alimentar as crianças famintas na África. Os


Kings e eu doamos para instituições de caridade em todo o mundo. Mas
deve haver uma maneira melhor de arrecadar dinheiro do que sequestrar e
vender mulheres.

Meu celular vibra e eu o tiro do bolso do terno para ver se é de Luca.

Luca: você está aí?

Eu sim. O leilão está prestes a começar.

Luca: Obrigado novamente. Eu devo a você.

Eu nem me dou ao trabalho de responder. Para que são os amigos?

— Aqui está, senhor. — Um homem coloca um pequeno livro preto


sobre a mesa à minha frente.

Estendo a mão para pegá-lo, abrindo o couro macio e folheando-o. É um


cardápio das mulheres sendo leiloadas. Passo a mão pelo rosto enquanto
examino as páginas. Sem fotos, apenas nomes e informações sobre cada
garota. Eu deveria ter trazido Cross - outro King - comigo. Ele teria apenas
incendiado o lugar, e então poderíamos ter resgatado todas essas mulheres.
Mas ninguém sabe que estou aqui, exceto Luca. Os Kings acham que estou
na cidade para “jogar”. Quando eu disse a eles que tinha que ir para Nova
York, todos riram e balançaram a cabeça como se pensassem que eu estava
vindo molhar meu pau no fim de semana.

Se apenas.

Meus olhos chegam à última página e leio o nome dela – Mia Rosa
Bianchi. Eles fizeram dela o evento principal. Sem preço ou lance inicial. Eu
não estou surpreso. Só o nome dela é o que trará o dinheiro. Além de seu
nome, afirma as duas coisas mais importantes sobre ela. Ela tem vinte anos
e é inocente.

Uma virgem? Porra, por algum motivo, isso torna o vídeo dela que
assisti dez vezes pior.

As luzes diminuem, banhando-nos quase na escuridão total, e noto que


os números em meu remo brilham. Agora faz sentido. Mais fácil para eles
verem quem está segurando o quê. Acendem-se os holofotes que cobrem o
palco. A música diminui até que você não consegue mais ouvi-la, e uma
mulher que parece estar na casa dos cinquenta entra na plataforma com o
microfone na mão. Ela dá um sorriso para a multidão, vestida com um
vestido de cetim branco que lembra um vestido de noiva. É justo com
decote em V, exibindo seus grandes seios falsos e cauda longa, mas ela não
tem aliança no dedo. Me faz pensar que ela está aproveitando esta
oportunidade para ser a noiva com que sempre sonhou. — Boa noite,
senhores. Quero agradecer por suas generosas doações esta noite. O leilão
começará em dez minutos.
Pouco mais de uma hora depois, observei doze mulheres sendo
vendidas. Bem, tenho certeza que a última foi uma menina.
Definitivamente com menos de dezoito anos. E todos eles tinham um
sorriso no rosto. E não o sorriso de morrer de medo, mas um sorriso
genuíno de que vou atendê-lo. É o meu propósito na vida sorrir. Não tenho
certeza se eles se voluntariaram ou o que diabos está acontecendo. Afinal,
pensei que fosse sobre tráfico sexual.

— Em seguida, temos Mia, — a voz da mulher anuncia nos alto-


falantes. — Inocente e linda. Deixamos o melhor para o final, senhores.

Os homens já estão segurando suas placas, prontos para dar lances, mas
ninguém sobe na plataforma.

Minha mão segura o copo de uísque antes de jogá-lo de volta. Não


consigo tirar aquele vídeo dela da cabeça. Assisti há cinco dias. O que
aconteceu com ela desde então? Quanto tempo eles a tiveram antes de
gravarem?

Eu olho para o palco, esperando que ela seja trazida de mãos e joelhos
acorrentada com um saco na cabeça. Mas isso não é o que eles planejaram
para ela esta noite.

Uma mulher é empurrada para o palco. Ela tropeça, caindo sobre o


quadril. Suas palmas batem no palco escuro, e longos cabelos escuros
protegem seu rosto da multidão. Uma coroa preta que parece mergulhada
em glitter cai de sua cabeça e cai no chão ao lado dela.

Ninguém faz barulho. Ela está vestida com um vestido de noite preto.
Você não pode ver a frente por causa de como ela está curvada no palco,
mas você pode ver a parte de trás. Ele desce, expondo a pele beijada pelo
sol, e para no topo de sua bunda, onde aparecem duas covinhas.
Observamos silenciosamente enquanto ela respira pesadamente. Seu corpo
treme e sua coluna é proeminente. Ela até passou fome. Nenhum sinal
físico de abuso, porém, como eu vi no vídeo. Ou eles se curaram ou os
cobriram, o que me faz pensar há quanto tempo o vídeo foi filmado antes
de ser enviado para Luca.

Um homem invade o palco. É o mesmo do vídeo. Aquele que ela chutou


nas bolas. — Levante-se, — ele ordena, agarrando seu braço.

Ela tenta empurrá-lo para longe, mas ele não a solta.

— Richard. — Alguém rosna ao lado do palco. — Deixe-a.

Com a boca em uma linha dura, ele sai do palco com a mesma raiva
com que entrou.

O silêncio cai mais uma vez.

Ela fica lá por mais alguns minutos antes de começar a se mover. Ela
fica de joelhos primeiro; longos cachos escuros ainda cobrem seu rosto. Em
seguida, seus saltos. Ela balança um pouco, mas consegue se levantar e
então se vira para a multidão. Olhos azuis prateados - tão claros quanto o
céu em um dia ensolarado - olham para todos nós das luzes do palco que
brilham sobre ela. O vestido é baixo na frente e nas costas, mostrando dois
seios perfeitamente redondos. Eles parecem intocados. O sutiã que eles a
vestiram no vídeo que enviaram a Luca não fez nada por eles. Sua
respiração pesada enche a grande sala enquanto ela se inclina e pega a
coroa que caiu de sua cabeça. A multidão engasga quando ela o parte ao
meio e deixa cair os pedaços aos seus pés.

— Vocês são todos bastardos, — ela rosna, exibindo um conjunto de


dentes brancos perfeitamente retos.

Os homens levantam seus remos e os lances começam. Cinco mil, dez


mil, vinte mil, o número sobe um segundo. Todo mundo a quer. Mas sou
eu quem a levará para casa.

Eu me levanto, abotoando meu paletó. — Dez milhões, — eu grito.

As pás caem quando as cabeças se voltam para me encarar. Alguns em


estado de choque, outros em inveja. Quem diabos pagaria dez milhões por
uma mulher que eles simplesmente jogariam em uma jaula? Esta sala pode
estar cheia de baleias, mas nenhuma delas distribuirá tanto dinheiro por
um escravo. Não é inteligente, de qualquer maneira. Os homens mais ricos
podem ser os mais baratos às vezes. E eles não vão pagar tanto por buceta.

A mulher corre para o palco com o microfone na mão. — O leilão


chegou ao fim, — afirma ela, incapaz de conter seu sorriso de comedor de
merda.

Envio uma mensagem rápida para Luca.


Eu: Ela é toda minha.

Mia

Sou arrancada do palco e quase desço as escadas de novo. Então eu sou


girada e minhas mãos são puxadas na minha frente e cruzadas nos pulsos.
Uma gravata é colocada em torno deles e apertada, beliscando minha pele.
Eu alcanço e fecho minhas duas mãos, acertando um golpe em seu rosto.

— Cadela, — Richard rosna e então me bate com tanta força que me


joga em uma mesa ao lado do corredor. Isso me atinge bem no estômago,
tirando o ar de mim. Meu rosto arde e sinto gosto de sangue. Ele agarra
meu cabelo e puxa minha cabeça para trás, colocando seu rosto na frente
do meu. Seus lábios estão tão próximos dos meus que quase se tocam. Ele
solta um suspiro profundo, e eu tenho que engolir o vômito do cheiro de
cigarro. — Foda-se, você não vale a pena. Não importa o quanto estou
sendo pago para lidar com você.
Eu cuspo sangue e saliva em cima dele, e isso me dá outro golpe no
rosto. Desta vez com o punho. Tão forte que me derruba e caio no chão de
concreto frio. Eu fecho meus olhos e mordo minha língua apenas para não
choramingar quando meu quadril bate novamente. Vou ficar todo
machucada, mas me recuso a deitar e aguentar. Eu vou lutar contra eles,
não importa o quê. Eu escolho a força. Eles terão que arrastar meu corpo
frio e morto para os fundos antes que eu me deite e pegue o que quer que
esses bastardos doentios tenham planejado. Se algum desses homens achar
que estou pegando leve, vou provar que estão errados. Eu tenho quatro
irmãos. Minha família é da Máfia, pelo amor de Deus. Eu tenho lutado
contra eles toda a minha vida. Eu posso lidar com a porra de um soco e um
tapa.

— Recebo um desconto se minha mercadoria estiver danificada? — uma


voz profunda pergunta atrás de mim. Ele parece tudo, menos preocupado
com o estado em que me colocou.

— Ela cuspiu na minha cara, — lamenta Richard, puxando um lenço de


bolso de seu terno caro e passando-o sobre o rosto enquanto olha para
mim.

Eu sorrio para ele do chão. Eu vou chutá-lo no pau, mas ele dá um


passo para trás, esperando por isso. — Pedaço de merda…

Uma mão agarra meu braço, me cortando, e sou puxada para ficar de
pé. — Vamos, — ordena a voz profunda.
— Foda-se. — Eu luto contra seu domínio. Não consigo ver seu rosto
devido ao meu cabelo cobrir metade do meu, e ele está me forçando a
andar na frente dele.

Uma porta é aberta no final do corredor, e tento ajustar meus olhos à


escuridão. É noite onde quer que estejamos, e o calor que me atinge deixa
minha pele instantaneamente úmida. Eu vou correr, mas a mão em meu
braço aperta. Unhas cravam em minha pele e eu grito, meus joelhos
dobrando quando ele me empurra pela porta dos fundos de uma limusine
esperando por nós no beco.

Soprando os fios soltos do meu rosto, eu olho ao redor por dentro. Está
escuro aqui também. Luzes roxas contornam os dois bancos em cada
extremidade e um sofá que corre ao longo do lado oposto do bar.

Rastejo pelo carpete preto o melhor que posso até o outro lado do carro.
Eu me jogo no pequeno banco e me viro para a porta dos fundos quando
ela se fecha. Respirando pesadamente, tiro meu cabelo do rosto o melhor
que posso e encaro o homem que me comprou como se eu fosse um gado
que ele vai abater e alimentar seus alegres homens.

As luzes roxas que revestem o teto iluminam seu rosto. Um par de olhos
azuis duros encara os meus, emoldurados por cílios escuros, nariz reto e
maçãs do rosto esculpidas. A falta de iluminação faz com que ele pareça
assustadoramente bonito, vestido com um terno preto e uma camisa de
botão combinando. Ele é um lobo em pele de cordeiro. Um rostinho bonito
para esconder o mal. Não há príncipes encantados no meu mundo. Apenas
feras que lutam e abrem caminho através das massas para chegar ao topo.
— Pronto, Nigel, — ele ordena, sem tirar os olhos dos meus.

— Sim, senhor, — diz o motorista sentado atrás de mim. Eu me viro


para vê-lo assim que ele fecha a divisória, fechando-nos juntos.

Engulo em seco, virando-me para enfrentar o monstro. — Onde estamos


indo? — Eu pergunto nervosamente. Ele mora nos Estados Unidos? Até
onde ele vai me levar? Eu não tenho um telefone. Eu nem tenho uma
identidade. Fui levada apenas com a roupa do corpo, que não era muita
coisa.

Estou na piscina da casa veneziana do meu pai na Itália. Meus braços estão ao
lado enquanto olho para a piscina de borda infinita e para o oceano. Está calmo à
noite. É também a minha hora favorita para nadar. Eu ouço a porta de vidro
deslizante abrir atrás de mim, e eu olho por cima do meu ombro para ver um dos
meus irmãos mais velhos, Matteo, sair vestido com seu terno de três peças carvão.

Eu engulo nervosamente. Ele nunca vem me visitar. Ele fica nos Estados
Unidos. Os gêmeos moram aqui, mas me deixam em paz. Eu nem existo para eles,
e prefiro assim.

— O que você está fazendo aqui? — Eu pergunto, olhando em volta para ver
que somos apenas ele e eu.

— Aqui a negócios. — Essa é a sua resposta enigmática.

— Bem, os gêmeos não estão em casa, — eu digo e volto minha atenção para o
oceano escuro.
— Na verdade ... — Eu vejo seus sapatos pararem na beira da piscina com o
canto do meu olho. — Você é o trabalho.

Eu não tive um segundo para escapar. Ele se abaixou, agarrou meu


cabelo e me arrastou para fora da piscina chutando e gritando. Então ele
colocou um pedaço de pano sobre minha boca. Eu lutei contra ele com tudo
que eu tinha, mas eventualmente, meu corpo me traiu e eu estava fora.
Quando acordei, estava em uma cobertura em Nova York. Fui despida,
lavada e depilada. Tocada da cabeça aos pés para me fazer parecer um
milhão de dólares. Para me tornar desejável. Eles me drogaram. Eu sei que
eles fizeram. Eu tenho momentos que estão faltando. Dias mesmo. Não
tenho certeza de quanto tempo se passou ou se ainda estamos em Nova
York. Tudo o que sei é que quando acordei, meu corpo estava dolorido e
havia hematomas visíveis que estavam lá há dias, a julgar pela cor.

— Faça justiça à nossa família, — meu irmão Matteo me disse antes de eu


desmaiar na Itália. Então, hoje, fui deixada no leilão com um capuz na
cabeça.

O homem se recosta em seu assento, quebrando nosso olhar. Seus olhos


descem pelo comprimento do meu corpo e param na minha coxa. Meu
vestido tinha uma fenda na lateral, mas desde que Richard me empurrou
para baixo, ela rasgou até meu quadril do lado direito. Você pode ver a alça
da minha calcinha de renda preta.

Ele não me responde quando seus olhos retornam aos meus.


— Ei, idiota? — Eu estalo. — Onde diabos você está me levando?

Ele se serve de um gole da garrafa que está no balde de vidro. — Se


você não ficar em silêncio, eu vou fazer você. — Ele finalmente fala
diretamente comigo, parecendo entediado.

Oh, esse filho da puta... — Vai me bater até a submissão? Vou chutar sua
bunda, — eu aviso, desejando ainda estar de salto alto. A nitidez do salto
pode ser útil quando você quer furar o olho de alguém.

— Não, — ele responde no mesmo tom, mas vejo um brilho em seus


olhos. Algo me diz que ele vai ser um daqueles filhos da puta doentes que
gostam de provar seu domínio. Ele gira sua bebida, o gelo tilintando, e seus
olhos caem para o meu quadril exposto novamente. — Vou tirar sua
calcinha e amordaçá-la com ela.

Minha mandíbula aperta enquanto minhas mãos amarradas se fecham


em meu colo. — Tentando me silenciar para que eu não possa gritar
estupro? — Homem típico que tem que forçar uma mulher para que ele
sinta que está no controle.

Sua bebida para em sua mão e ele parece estranhamente satisfeito em


responder a essa pergunta. — Se eu decidir foder você, você escolherá tirar
suas roupas para mim.

A audácia. Reviro os olhos. — Sem chance, idiota.

Tomando aquela bebida, ele a coloca no frigobar e começa a desabotoar


o paletó antes de tirá-lo. Ele o coloca cuidadosamente no assento ao lado
dele. Em seguida, ele abre as abotoaduras, arregaçando as mangas até a
camisa preta. Tatuagens cobrem seus braços e juntas - principalmente
pretas com muito pouca cor nelas. Não consigo ver exatamente o que são
daqui, mas avisto um anel de caveira em seu dedo anelar direito. Parece
estranhamente familiar, mas não consigo identificá-lo.

Eu não estou surpresa, no entanto. Todos os meus irmãos usam um anel


de ouro cafona em seus dedos para significar sua conexão com o nosso
mundo. É assim que os cultos gostam de mostrar que têm poder.

Uma vez satisfeito e confortável, ele se abaixa e pega uma pequena


lancheira. Enfio-me ainda mais no banco quando ele se senta no longo
banco à minha direita. — Fique longe, — eu ordeno, colocando minhas
mãos para cima.

Ele agarra meu braço e me puxa do assento. Meus joelhos batem no


chão e meu corpo cai entre suas pernas abertas. Minha respiração acelera,
meu coração agora disparado com o medo do desconhecido. Ele segura
minhas mãos amarradas na frente dele com uma mão e a outra vai para a
lancheira. Ele pega uma bolsa de gelo. — Segure isso na sua cara, — ele
ordena, olhando para mim.

— O que? Estou muito feia para você agora que estou com hematomas?
— Eu rosno. Se for esse o caso, vou bater minha cara na porta todos os dias.

Ele se inclina para baixo, seu rosto a centímetros do meu. Sua colônia
cara e sufocante me cobre como um cobertor, dificultando a respiração. Eu
tento me afastar, mas ele me segura no lugar. — Se você vai usar
hematomas, eles serão das minhas mãos. Ninguém mais.
Eu não desvio o olhar de seu olhar e disparo: — Prefere suas mulheres
pretas e azuis?

Ele enfia a mão livre no bolso e tira um canivete. Ele abre a lâmina e eu
respiro fundo. Eu fecho meus olhos quando ele abaixa até meu rosto, mas
eu sinto a amarra se abrindo, meus pulsos se separando no processo. Então
ele está empurrando a bolsa de gelo na minha mão direita. — Eu não vou
dizer isso duas vezes, — diz ele antes de me afastar.

Eu caio de bunda, minhas costas batendo no frigobar. Ele volta para seu
assento original perto da porta e pega sua bebida, me dispensando.
Capítulo Três
Bones

Eu a observo voltar para o banco em frente a onde eu me sento. Ela é


muito menor em altura e tamanho geral do que parecia no palco. Ela tem
pernas longas e finas, e seu pescoço é tão frágil que eu poderia envolvê-lo
com toda a minha mão - facilmente quebrável. Não tenho certeza se isso é
natural ou de desnutrição.

Ela olha pela janela, segurando a bolsa de gelo ao lado do rosto. Me


irrita que o homem patético tenha batido nela. Homens como ele são
fracos. Ele precisava de uma surra. Eu vou fazer isso. Mais tarde. Seu
vestido de noite deveria fazê-la parecer uma princesa, mas está rasgado em
sua coxa, e meus olhos continuam indo para o material de renda que cobre
sua boceta.

— Onde é a casa? — ela pergunta, sem se preocupar em olhar para


mim.

Tomo um gole da minha bebida.

Sua cabeça se vira lentamente para finalmente me olhar nos olhos. Seu
rosto de porcelana está tenso, nariz enrugado, olhos parecendo menores a
cada segundo enquanto ela olha para mim. Eu meio que espero que ela
jogue a bolsa de gelo no meu rosto. E isso me excita.

Lute comigo, linda.

Ela suspira pesadamente, fazendo seu peito subir e descer com irritação.
— É em outro país?

— Isso importa? — Eu finalmente pergunto.

— Sim, — ela sussurra, batendo a bolsa de gelo em seu colo. — Você


está me sequestrando.

Eu mordo de volta um sorriso. — Querida, eu paguei por você.

Isso só parece enfurecê-la mais. Ela começa a falar uma língua diferente.
— Com licença?

Suas palavras são interrompidas e ela respira fundo, a ação fazendo seu
peito subir novamente, e desta vez, eu me permito observar a forma como
seus seios saltam com o movimento, deixando meu pau duro.

— Eu chamei você de filho da puta pomposo e egocêntrico, — ela


esclarece com uma mordida e acrescenta, — em italiano.

Eu tomo um gole do meu copo e sorrio por trás dele. Ela é exatamente o
que eu esperava que uma mulher Bianchi fosse - fodidamente fogo.

Meu celular toca e eu o tiro do bolso para ver que é Luca. — Olá?

— Então correu tudo bem? — ele sai correndo. — Você está com a Mia?

— Sim, — eu digo, tomando outro gole.


Ele solta um longo suspiro. — Obrigado, Bones. — O som de apreciação
em sua voz faz meu peito apertar. Por que ele a manteve em segredo todos
esses anos? Onde diabos ela esteve? Se ele se importava tanto, por que
permitiu isso? Entre ele e os Kings, poderíamos tê-la protegido. Ele tem
que saber que teríamos feito tudo o que ele precisava por ela. Tudo o que
ele tinha que fazer era pedir. Nós protegemos os nossos. Eu considero Luca
um irmão.

Eu olho para ela para ver seus lindos olhos já nos meus. O brilho suave
das luzes roxas faz com que pareçam exóticos, como um diamante raro.
Um olhar de preocupação cobre seu rosto bonito e machucado. A bolsa de
gelo agora está no chão - há muito esquecida.

— Você a salvou, — ele sussurra, então limpa a garganta. — Mas você


faz o que tem que fazer. Você entende?

— Eu entendo. — Eu o reconheço, e seus olhos se arregalam. Sua mente


pensa nas piores possibilidades de com quem estou falando e o que estou
concordando em fazer a respeito dela.

Eu não sou seu aliado. Eu preciso dela com medo de mim. Eu preciso
que ela queira fugir de mim. Ela precisa temer por sua vida. Eu tenho que
ser exatamente como os monstros que a colocaram nesta situação em
primeiro lugar.

— Ligue-me quando estiver pronto. — Luca desliga.

Trancando meu celular, coloco-o ao meu lado onde está minha jaqueta e
ordeno: — Venha aqui.
Ela engole nervosamente, e posso ouvir sua respiração acelerar. Seus
olhos disparam para o assento ao meu lado. Minhas pernas se abrem. —
Venha aqui. — Eu aponto para o chão entre eles. Eu não quero a bunda
dela ao meu lado. Eu a quero ajoelhada entre meus pés. Vou tratá-la como
ela espera ser tratada - se eu fosse um homem comprando uma mulher
para usar.

— Eu…

— Você não quer que eu vá buscá-la, — eu aviso, desfazendo minha


gravata e rasgando-a do meu colarinho antes de jogá-la também no assento
e desfazer o primeiro botão da minha camisa, precisando ficar mais
confortável. O ar aqui está muito quente, sufocante.

Ela deve ter visto o aviso escrito em meu rosto, porque ela cai de joelhos
e caminha lentamente pelo chão em seu vestido de noite. Ela para muito
longe de mim. Estendo a mão, agarro seu cabelo e a puxo pelo resto do
caminho. Ela grita quando eu trago seu rosto para o meu. Suas mãos vão
para minhas coxas, segurando minha calça. Ela está ofegante. Aqueles
grandes olhos azuis prateados são grandes. Um conjunto de lábios
carnudos pintados de vermelho se separaram. Seu peito sobe rapidamente
a cada nova respiração que ela dá. Eu deixo meus olhos caírem para seu
decote e lambo meus lábios, dando a ela um sinal claro do que estou
pensando.

— Por favor…— ela implora baixinho.


Meus olhos olham para os dela. — O que aconteceu com essa
mentalidade de foda-se? Desistiu tão facilmente? — Eu arqueio uma
sobrancelha.

Ela lambe os lábios nervosamente, mas só me deixa difícil imaginar


jogá-la no chão aqui e transar com ela. Aposto que ela nem é virgem. Quem
é com vinte anos hoje em dia? Especialmente em uma família como os
Bianchis. Seu pai provavelmente a vendeu pelo lance mais alto quando ela
tinha doze anos. É assim que esses filhos da puta doentes funcionam.

— Você é muito bonita, — eu digo honestamente. Não há razão para


mentir para ela. De qualquer forma, ela não vai se lembrar de muita coisa
quando acordar amanhã. Eu agarro seu cabelo com mais força.

Ela mostra seus dentes brancos e retos e me olha nos olhos, cuspindo: —
E você é um merda.

Minha mão livre sobe e envolve seu pescoço. Seus olhos se arregalam
quando aperto a pele delicada de cada lado. Eu não digo nada. Em vez
disso, eu apenas a observo. Odiando o que tenho que fazer com ela. Não é
culpa dela. Ela é uma vítima da vida em que nasceu. Mas isso faz parte do
plano. Seus braços voam sem rumo. Seus punhos atingiram meu peito e
braços. Ela não tem espaço para realmente ter o impulso de me machucar.
Não como se ela pudesse, mesmo que quisesse.

Seus lábios entreabertos estão começando a ficar azuis. Ela pode perder
a consciência em dez segundos. Cinco minutos sem oxigênio para seu
corpo desligar completamente. Ela faz barulho, tentando respirar. Seus
olhos azuis prateados estão se afogando em lágrimas que escorrem por
suas bochechas machucadas.

— Tão bonita, — eu sussurro, observando a vida se esvaindo dela.

O que John Bianchi faria se eu deixasse o cadáver dela na porta da


frente? Exatamente assim? Com minhas marcas de mão cobrindo seu
pescoço. Ele nem se importaria. Ele permitiu que ela fosse vendida. Mas e
Luca? Eu o trairia. E Mia? Ela seria um dano colateral - um preço a pagar
que nunca foi sua dívida.

Seus braços caem para os lados e seu corpo relaxa assim que o carro
para. Eu observo seus lindos olhos rolarem para trás em sua cabeça, e eu a
deixo ir.

Seu corpo pequeno cai no chão aos meus pés. Sua pele bronzeada e
sedosa está vermelha com a irritação da minha mão. Ela tosse enquanto seu
corpo treme incontrolavelmente antes de começar a chorar.

Eu bufo. Ela é tão frágil, como uma flor delicada que seria arrancada
por uma brisa.

A família Bianchi - John e seu irmão, Marco, criaram seus filhos para
lutar contra a porra do mundo. Como matar com uma faca, uma arma ou
um punho. Mas tudo o que eles ensinam a suas mulheres é deitar e abrir as
pernas. E para trabalhar na cozinha.

Minha porta se abre e eu me abaixo, agarrando seu cabelo grosso e


puxando-a para fora do carro.
Mia

Eu não consigo respirar. Meu rosto lateja como um tambor. O sangue


corre em meus ouvidos. A saliva enche minha boca e escorre pelos cantos
dos meus lábios machucados. Eu não consigo engolir. Minha garganta está
muito dolorida. Cru.

Ele me arrasta para dentro de uma casa e sobe uma escada pelo meu
cabelo. Eu tento acompanhar, mas minhas pernas não funcionam. Então eu
deixei ele fazer todo o trabalho. Eu mal sinto a picada no meu couro
cabeludo. Ele me empurra por uma porta e eu caio de cara no chão. Meu
corpo convulsiona enquanto continuo a tossir.

Ele me deixa lá, e vejo seus sapatos pretos brilhantes se afastarem de


mim. Eu ouço o barulho de vidro e depois gelo. Ele se ajoelha diante de
mim e eu olho para ele com olhos lacrimejantes.

— Beba isso. — Ele enfia um pequeno copo cheio de líquido âmbar na


minha cara. O forte odor cheira a bourbon. É a bebida preferida do meu
irmão Luca. Eu nunca bebi uma bebida alcoólica na minha vida. Não vou
começar agora.

Quando viro o rosto para longe dele, ele segura meu queixo com a mão
livre e leva o copo aos meus lábios, obrigando-me a beber. Ele invade
minha boca e me sufoca. Eu tusso, fazendo com que um pouco escorra
pelos cantos da minha boca e caia no meu peito e vestido. Mas ele não
desiste. Ele me obriga a beber tudo. Quando ele puxa e solta, eu abaixo
minha cabeça, tossindo e ofegante.

Lágrimas queimam meus olhos e começo a soluçar. Não me considero


tão frágil, mas nesse ritmo estarei morta amanhã.

Eu pisco as lágrimas frescas e fecho meus olhos. A sala começa a girar.


— O que ... — Minha voz é áspera, e eu me encolho com a dor quando falo.
Eu engulo. — Eu... — Minha língua parece pesada. Abro os olhos e vejo um
homem parado no canto que nunca vi antes. O cara da limusine se ajoelha
diante de mim mais uma vez. Ele me olha sem emoção. Eu não consigo
mais me segurar em minhas mãos. Eu vou cair, mas suas mãos vão para
baixo de mim, e ele me abaixa no chão de madeira. Eu pisco para ele
lentamente. Tudo é pesado. Eu olho em volta sem rumo, mas tudo o que
vejo são formas borradas. — O que aconteceu? — Nunca fiquei bêbada,
mas isso não parece certo.

Eu sinto a mão dele em minha bochecha machucada e me inclino para


ela, um gemido escapando dos meus lábios com a sensação de calor
enquanto meu corpo treme no chão frio.

Seus olhos azuis são a última coisa que vejo antes de tudo ficar preto.
Capítulo Quatro
Bones

Seus olhos se fecham e eu me abaixo, pego-a em meus braços e a deito


no sofá de couro. Eu me viro para encarar um bom amigo meu que mora
em Nova York - Tristan Decker - que está parado no canto. — Isso
funcionou rápido, — eu observo.

Ele concorda. — Disse que daria certo. — Ele caminha até seu corpo
adormecido e passa a mão sobre seu pescoço machucado antes de olhar
para mim. — Desempenhar um papel?

— Algo parecido. — Eu enfio minhas mãos pelo meu cabelo. Não sou
abusivo com as mulheres. Eu gosto de sexo violento? Sim. Mas eu nunca
simplesmente corri e bati em uma mulher ou sufoquei alguém que não me
pediu para fazer isso enquanto estávamos fodendo. Eu odeio ter que
machucá-la e fazê-la me temer.

Ele bate no meu ombro. — Não se preocupe muito com isso. — Seus
olhos caem sobre ela. — Uma mulher bonita como ela não duraria uma
semana na jaula de alguém.
Tristan viu o lado mais sombrio desta vida - o tráfico sexual. Ele e seu
irmão Avery sabem como é para as mulheres serem usadas e jogadas fora
com o lixo quando não servem mais ao seu propósito. Ou quando não
conseguiram sobreviver ao que seus donos os fizeram passar.

A porta do escritório de Tristan se abre e Nigel entra. — Senhor, o jato


está abastecido e pronto.

— Obrigado pela ajuda, — digo a Tristan e estendo minha mão.

Ele o sacode. — Ligue-me a qualquer hora.

Espero nunca mais ter que ligar para ele para uma situação como essa.
Eu me abaixo e pego seu corpo flácido em meus braços e desço as escadas e
saio pela porta da frente para a limusine. Nigel abre a porta dos fundos
para mim e eu entro com ela.

Eu vou colocá-la no longo banco à minha esquerda, mas em vez disso,


eu a mantenho no meu colo.

Dezoito anos de idade

— Luca? — Chamo pelo meu amigo assim que entro em casa. — Luca? —
Deixo minha mochila no grande foyer e subo a escada à direita, procurando por ele.

Ele me disse para encontrá-lo aqui depois da escola porque precisava falar
comigo sobre algo. Eu entro em seu quarto para encontrá-lo vazio. Fechando a
porta, tiro meu celular do bolso da calça jeans e começo a ler uma mensagem que
recebi da minha foda de sempre enquanto continuo pelo longo corredor até a sala de
mídia.

Emilee: Meus pais foram passar a noite. Venha aqui?

Eu: Esteja lá depois do treino.

Vou clicar em enviar apenas quando ouço alguém atrás de mim. Eu me viro
para ver o cabelo escuro esvoaçar quando alguém entra em outro corredor.

— Olá? — Eu pergunto, embolsando meu celular. — Luca?

Encontrando-me com o silêncio, volto para onde pensei ter visto algo. Virando
a esquina bem a tempo de ver uma porta fechada bem no final do corredor. Eu faço
o meu caminho até ele. — Luca, isso não é engraçado, — eu rosno.

Assim que chego à porta, eu a abro e paro rapidamente. Uma garota pula para
trás com um grito.

Quem diabos é essa? Eu me pergunto, olhando para ela. Ela tem o cabelo escuro
solto e usa um vestido de verão branco. Seus olhos azul prateados estão arregalados
e imediatamente se abaixam para olhar seus pés descalços.

— O que você está fazendo aqui? — Eu pergunto, dando uma olhada rápida ao
redor do quarto. Tem paredes brancas, carpete bege e uma cama trenó branca
forrada com cetim rosa. Uma cômoda alta fica à direita, e é isso. Já estive nesta casa
um milhão de vezes, mas nunca neste quarto. — Quem é você? — Eu pergunto,
avançando mais no espaço.
Eu nunca a vi antes. Ela parece mais jovem do que eu. — Eu te fiz uma
pergunta, — eu retruco quando ela apenas fica parada lá.

Ela pula para trás, mas consegue olhar para mim com seus olhos grandes. —
Ninguém, — responde sua voz suave.

Eu corro minha mão por seu rosto coberto de lágrimas. Seus hematomas
ficam mais escuros com o punho daquele cara. Minhas impressões digitais
são proeminentes em seu pescoço delicado. Eu deveria saber então que ela
precisava de ajuda. Que algo tão frágil não sobreviveria no inferno.
Fechando os olhos, suspiro e espero que funcione. Porque por mais que eu
queira ajudá-la, ela não é minha para manter.

Mia

Eu abro meus olhos pesados para um quarto desconhecido. Está escuro,


deixando-me saber que é noite, mas posso distinguir as paredes brancas
nuas e o piso de mármore combinando com a luz no pátio que flui através
das cortinas transparentes que cobrem as portas de vidro corrediças.
Colocando meus pés descalços no chão frio, vejo que ainda estou usando o
vestido preto.

De pé, o quarto balança um pouco e coloco minha mão na lateral da


cama para ajudar a me manter de pé. Minha cabeça lateja e o sangue corre
em meus ouvidos.

Eu me abaixo, pego o tecido do meu vestido e o puxo para cima para


verificar se ainda estou de calcinha. Deixo escapar um suspiro de alívio
quando vejo que a calcinha preta ainda está no lugar e não há sangue entre
minhas pernas. Eu esperava o pior. Por que outro motivo o homem me
drogaria?

Levantando a cabeça, largo o vestido e ouço qualquer barulho na casa,


mas não ouço nada. Eu faço meu caminho até a porta e me encontro em um
corredor. Meus pés pisam suavemente no chão enquanto faço meu
caminho para uma sala de estar no final do corredor.

Meus pés param quando vejo o homem da limusine parado do lado de


fora na varanda dos fundos. As portas de vidro deslizantes se abrem para o
oceano. A brisa suave e o cheiro do oceano me dão um tapa na cara.

Como se pudesse sentir minha presença, ele se vira para mim. Ele está
segurando uma bebida do que parece ser uísque em uma das mãos. A
outra enfiou no bolso da calça preta. Parece que ele fez na limusine com as
mangas de seus botões enrolados nos antebraços, expondo seus braços
tatuados e musculosos.
Ele entra na casa e eu dou um passo para trás.

— Eu não vou te machucar, — diz aquela voz profunda.

— Eu não acredito em você. — Eu levanto meu queixo, mas meus


joelhos tremem com a forma como ele ocupa o espaço na sala. Ele o
consome. Tenho a sensação de que poderíamos estar em um campo aberto
e ainda assim não haveria espaço suficiente.

Ele sorri, levando o copo aos lábios e tomando um gole antes de colocá-
lo na mesa de centro de vidro. — Sente-se. — Ele aponta para o sofá
enquanto cai na cadeira de espaldar alto em frente a ele.

Os cabelos da minha nuca se arrepiam com a antecipação do que ele


planeja fazer comigo. A vontade de correr é forte. Mas não tenho certeza
para onde iria ou como chegaria lá. Mas tentar tem que ser melhor que a
alternativa, certo?

Não há como dizer o que ele planeja fazer comigo. Limpando minhas
mãos suadas em meu vestido, dou mais um passo para trás enquanto ele
me observa com um olhar de desafio em seus olhos. Como se ele quisesse
me perseguir. Dou mais um passo para trás e me viro, dando-lhe as costas,
pronta para sair correndo pela porta da frente quando ele fala. — A casa
mais próxima fica a um quilômetro de distância. Acha que pode me
ultrapassar?

Engulo o nó na garganta com sua ameaça. Sua altura por si só lhe daria
uma vantagem. Seus passos seriam duas vezes mais longos que os meus.
Sem mencionar o fato de que estou descalça e ele não. E o que ele faria
quando me pegasse? Punir-me? Arrastar-me de volta pelo meu cabelo? Ele
já fez isso uma vez. Eu não duvidaria que ele fizesse isso de novo.

Virando-me, lentamente vou até o sofá e me sento, tentando puxar o


vestido sobre minha coxa para que ele não veja minha calcinha, mas isso
realmente não funciona. O rasgo é muito alto.

— Você não tem nada que eu já não tenha visto, — diz ele secamente.

Estendendo a mão, pego a almofada e a coloco sobre o meu colo e o vejo


revirando os olhos. A ação o faz parecer um homem normal. Não um filho
da puta sádico que vai me estuprar e deixar seus amigos terem a vez.

— Todos os seus pertences foram entregues há uma hora, — afirma


antes de terminar a bebida. Ele se levanta e eu faço o mesmo, mas ele
aponta para mim. — Fique sentada.

Meus dentes rangem, mas faço o que me mandam, agarrando o


travesseiro para salvar minha vida.

Ele volta para a sala, colocando uma caixa na mesa de centro. — Isso é
seu. — Ele abre e pega um telefone celular. — O único contato que você
terá com o mundo é comigo.

Eu bufo. — Claro que é.

Ele olha para mim através de seus longos cílios escuros e depois volta
para a cela. Felizmente, tenho números memorizados. Bem, não muitos,
mas os que importam. Eu sabia que chegaria o dia em que minha família
me levaria da Itália, deixando-me indefeso. Tive muito tempo sozinho com
meu telefone para memorizar os números para os quais precisaria ligar
para obter proteção quando esse dia chegasse.

— Nem pense em entrar em contato com Luca.

Meu estômago afunda com suas palavras, e ele olha para mim
novamente. Eu o encaro, minha espinha enrijece e todo o ar sai dos meus
pulmões.

Ele estende o telefone, mas eu não o pego. Eu não posso me mover. Ele
conhece meu irmão. Por que e como ele conheceria Luca?

Colocando-o na mesa de centro, ele se recosta na cadeira, casualmente


deixando cair as mãos nas coxas. O cara está o mais relaxado possível, e
estou tendo dificuldade para respirar. Ele inclina a cabeça, suas
sobrancelhas escuras se juntando, e eu sinto a umidade em meu rosto.
Estou chorando.

— Ele não pode te ajudar, — ele diz. As palavras são ditas tão frias que
causam arrepios em todo o meu corpo.

— Você... você o machucou? — consigo sair.

— Não. — Ele balança a cabeça. — Não sou quem você pensa que sou,
— acrescenta ele vagamente.

— Você me drogou, — eu digo, minha respiração presa. — Tentou me


matar. Quem devo pensar que você é?

— Eu fiz o que precisava ser feito para levar você a um lugar seguro. Se
eu não tivesse te drogado, você teria embarcado em um avião comigo?
— Foda-se, não, — eu retruco, sentindo raiva desse homem agora. Ele
está mentindo para mim.

Ele balança a cabeça como se estivesse feliz com a minha resposta. Isso
apenas prova seu ponto. — Esta é a sua nova vida. E se você quiser seguir
em frente, você tem que deixar seu passado ir.

Não. Eu me recuso a acreditar nisso. — Mas Luca...

— Luca não pode salvar você. — Ele me interrompe. — Eu sou a única


pessoa que você contata se precisar de algo.

Eu bufo, mas ele ignora.

— Você tem uma nova identidade. Nome, carteira de habilitação, cartão


do seguro social... — ele se levanta e pega uma caixa da mesa da cozinha e
a joga na mesinha de centro. — Tudo o que você precisa está aqui: conta
corrente, certidão de nascimento e cartão de crédito.

— Então... — Eu passo a mão pelo meu cabelo, tentando compreender o


que diabos está acontecendo. Minha cabeça ainda deve estar enevoada por
causa das drogas. — Você quer que eu me afaste de Luca?

— Eu quero que você sobreviva, — ele afirma. — Eu não paguei dez


milhões de dólares para você ser sequestrado e morrer na próxima semana
porque você fez algo que não deveria ter feito.

Eu fico de pé, ignorando a forma como a sala balança com o movimento


rápido. — Você não me conhece. — Dando-lhe as minhas costas. Começo a
sair da sala. — Você não sabe…
— Eu sei que sua família estava vendendo seu corpo para o maior lance,
— ele grita.

Eu paro lentamente, virando-me para encará-lo para ver que agora ele
está de pé com os braços cruzados sobre o peito. — Luca foi quem me
procurou.

Eu balanço minha cabeça. — Eu não acredito em você. Ele teria vindo e


me salvado pessoalmente.

— Você estava sendo vendida, — ele rosna com os dentes cerrados


como se ele se importasse. — Ele não poderia comprar você. Ele não
poderia enviar Nite para comprar você. Tinha que ser eu. Alguém que você
não conhecia. Tinha que parecer real. — Caminhando até mim, fico parada
no lugar, deixando-o chegar perto. Ele para, e eu pisco, novas lágrimas
escorrendo pelo meu rosto.

— Não, — eu sussurro, recusando-me a acreditar em uma maldita


palavra que esse estranho me diz.

Foi real. A maneira como ele olhou para mim, falou comigo e a maneira
como ele me maltratou. Luca nunca teria permitido que alguém me tratasse
daquele jeito, nem mesmo um amigo dele. Esta é uma maneira deste
homem me manipular. Faça-me pensar que estou segura com ele quando
ele é o verdadeiro inimigo. Ele provavelmente é o melhor amigo de Matteo,
e eles armaram para mim. Pensando que vou ver isso como uma sensação
de segurança, apenas para eles me atacarem quando eu baixar a guarda. É
por isso que ele também mencionou Nite.
— Quem você acha que me ligou na limusine? — ele pergunta.
Estendendo a mão, os nós dos dedos correm pela minha bochecha
manchada de lágrimas, fazendo-me tremer. — Eu não me importo se você
ficar aqui ou se você fugir no momento em que eu sair por aquela porta. —
Deslizando a mão no meu cabelo, ele o agarra e gentilmente puxa minha
cabeça para trás. Abaixando o rosto para o meu, ele faz uma pausa pouco
antes de seus lábios tocarem os meus, e eu prendo a respiração. Seus lindos
olhos azuis perfuram os meus azuis prateados enquanto ele entrega a
ameaça que eu estava esperando. — Mas se você sair desta casa, esteja
preparada para fugir pelo resto de sua vida.
Capítulo Cinco
Bones

Eu não estava planejando esperar que ela acordasse. Eu ia deixar o


dinheiro, o cartão de crédito e a licença junto com o celular na mesa com
um bilhete. Mas isso não parecia suficiente. Primeiro, eu precisava que ela
me temesse, mas agora, preciso que ela tema seu passado.

Ela não sobreviverá sozinha.

Eu ignoro isso, no entanto. Ela nunca teve a chance de ser


independente, mas isso não significa que ela não possa fazer isso. Significa
apenas que ela precisa de uma ajudinha. Eu sou a única opção para ela.

— Você... você vai voltar? — ela pergunta, tropeçando em suas


palavras.

— Não, — eu digo, soltando seu cabelo e passando minha mão pelos


longos cachos. — Não, a menos que você precise de mim.

A maneira como seus olhos se arregalam me permite saber que minhas


palavras a pegaram desprevenida, e eu odeio que meu pau reaja à maneira
como ela responde. Como se eu fosse a última pessoa na terra para quem
ela ligaria.
Ela dá um passo para trás e permito que minha mão caia dela. Ela
lambe os lábios. — Onde estamos?

— Malibu, — eu respondo.

Ela solta um suspiro de alívio por não estar em outro país. Pelo que eu
sei, ela nunca esteve em lugar nenhum, exceto em Las Vegas e na Itália.

— Prometa-me, — eu ordeno.

Seus olhos se fixam nos meus e se estreitam. — Prometer o quê?

— Que você não vai ligar para ninguém além de mim. — Eu preciso
ouvi-la dizer isso. Ou talvez eu esteja apenas ganhando tempo para não
deixá-la. Assim que saio desta casa, ela fica sozinha e não posso protegê-la
se não estiver aqui.

— Não vou ligar para ninguém além de você, — diz ela, incapaz de me
olhar nos olhos. Um sinal claro de que ela está mentindo.

Agarrando seu queixo, empurro sua cabeça para trás, olhando para ela.
— Isso não é um jogo.

— Eu não estou …

— Pare de mentir para mim, — eu rosno, cortando-a. — Você vai


colocar os outros em perigo.

Ela se afasta e esfrega o queixo. — Mas você espera que eu acredite que
você não se importa de se colocar em perigo? — Ela bufa. — Sim, eu
duvido muito disso. Você é como todo mundo e não dá a mínima para
mim.
Eu cerro minhas mãos, mas não respondo porque os eventos que nos
levaram a este momento provariam que qualquer argumento que eu tenho
é uma mentira.

Cruzando os braços sobre o peito, ela empurra o quadril para fora. A


que tem a fenda rasgada na coxa, e posso ver o osso ilíaco. Meus olhos
traçam ao longo da calcinha de renda preta que eu sei que cobre sua boceta,
e passo a mão pelo meu rosto.

Saia, Bones.

Minha mente grita, mas não consigo fazer minhas pernas se moverem.
Assim que eu sair de casa, não haverá motivo para voltar porque sei que
essa mulher nunca vai me ligar para nada. Eu deveria ter ido embora antes
que ela acordasse.

— Algo mais? — ela exige, olhando para mim.

Decidindo que esse é o meu sinal para dar o fora daqui, começo a
caminhar em direção à porta da frente. Mas antes que eu possa sair da sala,
eu paro. Voltando-me para encará-la, noto que ela endurece quando olho
para ela.

Sabendo que esta será minha única chance, volto para ela, e ela dá um
passo para trás, mas, felizmente, o sofá impede sua retirada. — Mais uma
coisa. — Aproximo-me dela, seguro seu rosto com as duas mãos,
segurando-a imóvel, e sua cabeça cai para trás. Olhos azuis prateados do
tamanho de moedas olham para mim com emoções misturadas – meio
terror e confusão. Eu lambo meus lábios. Então eu abaixo o meu para o
dela.

Ela engasga, seus lábios se separando nos meus. Eu não forço minha
língua em sua garganta ou a empurro de costas como eu quero. Em vez
disso, mantenho meus lábios nos dela, provando o bourbon das drogas que
dei a ela. Eu os deixo demorar por alguns segundos e, quando me afasto,
vejo seus olhos se abrirem. Ela parece atordoada, quase em um estado de
sonho. Mas não posso ignorar a forma como seu corpo se inclina para o
meu, como se ela precisasse de mim para ajudá-la a segurá-la.

Passo o polegar em seus lábios e nem tenho certeza se ela está


respirando agora. Sem outra palavra, eu me viro e saio da casa, deixando-a
para trás como eu deveria fazer o tempo todo.

Mia
Fico paralisada no meu lugar na sala de estar e ouço a porta da frente
abrir e fechar. O homem misterioso me comprou, me drogou e me beijou. E
então saiu da minha vida, sabendo que nunca mais o veria.

Provo o uísque de seu beijo. Nunca gostei do cheiro de álcool, muito


menos de uma bebida. Ele forçou um pouco na minha garganta, e agora eu
lambo meus lábios, saboreando o gosto.

Meus joelhos se dobram e eu caio no sofá, a sala se enchendo com


minha respiração pesada. Estendendo a mão, eu corro meus dedos
trêmulos sobre meus lábios entreabertos. Ele sabia que aquele era meu
primeiro beijo? Por que ele fez isso? Ele poderia ter me forçado a fazer
muito mais. No entanto, tudo o que ele fez foi tocar seus lábios nos meus.
Eu queria beijá-lo de volta. Minha mente estava gritando que seria minha
única chance de não ser eu mesmo.

Mais uma vez, estou sozinha. O fato de ele ser ousado não me
apavorava. Foi a forma como meu corpo reagiu. Minha pele formigava, o
sangue corria em meus ouvidos e eu não conseguia respirar.

Eu congelo.

Piscando, eu deixo cair meus olhos para o telefone na mesa de centro.


Abrindo os contatos, há apenas um programado - Dillan. Ignoro esse
número e meus dedos entorpecidos percorrem a tela, incapaz de me conter.

Eu não tenho controle.


Segurando o telefone no meu ouvido, ele toca uma vez, duas vezes.
Bem quando penso que ele não vai responder. Ele para, o som do silêncio
me encontra do outro lado.

— Olá. — Engulo o nó na garganta e percebo que estou tremendo.

— Quem é? — Eu ouço a voz familiar e sinto meu coração bater mais


uma vez.

— Mia, — eu sussurro.

— O que…? — ele se afasta. — Mia, por que você está me ligando? —


ele rosna.

Lágrimas brotam dos meus olhos e eu mordo minhas unhas. — Eu... ele
disse para não ligar para você.

— Você não deveria, — meu irmão retruca.

— Luca. — eu fungo. — Não sei o que está acontecendo. Ele disse que
você o enviou. Mas ele… ele me drogou. — Minha garganta se fecha em
mim.

Ele solta um longo suspiro. — Era a única opção, Mia. — Sua voz soa
aflita. — Mas você precisa ouvi-lo. — Ele abaixa a voz para um sussurro. —
Essa foi a única maneira que consegui pensar para salvar você.

— Mas …

— Por favor, perdoe-me, Mia.

— Luca...
Ele desliga e eu puxo o celular do meu ouvido para ver que ele não está
mais lá. Sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto enquanto me recosto no
sofá e desligo o celular. Eu não vou ligar para ninguém, nunca. Eu estou
por conta própria.
Capítulo Seis
Bones

Eu verifico meu relógio enquanto estou saindo do meu jato particular


em Las Vegas. Passa um pouco das seis da manhã. O sol está nascendo e
estou terminando meu terceiro Red Bull da noite. Meu Lamborghini
Reventon escurecido me espera dentro do hangar. Entrando no meu carro,
ouço meu celular tocar e atendo.

— Olá?

— Ela me ligou, — Luca rosna em saudação.

Eu suspiro. — Não estou surpreso. Eu esperava que ela procurasse a


única pessoa em quem ela achava que podia confiar. Mesmo que eu
dissesse a ela para não fazer isso, eu sabia que ela faria. Ela está confusa e
assustada. Provavelmente uma pilha de nervos que vou aparecer em casa e
forçá-la a fazer coisas inimagináveis.

Ele solta um bufo. — Eu não espero que você entenda, Bones.

— Por que você não tenta me explicar, Luca, — eu disparo para ele,
pisando no acelerador e ouvindo meu carro rugir.
— Fiz o que tinha que ser feito. — Ele sai na defensiva.

— Sim, continue dizendo isso a si mesmo, — eu digo com os dentes


cerrados.

Clique. Ele desligou na minha cara.

Sentando-me no meu assento, eu corro pela estrada para Kingdom,


sabendo que vai ser um longo dia. Assim como todo o resto.

Entro em nossa garagem particular e saio do carro. Caminhando até o


elevador, examino meu cartão-chave e subo no elevador até o décimo
terceiro andar. Sempre houve antipatia e superstição com o décimo terceiro
andar. Kingdom tem quatro torres, e apenas a torre um tem um décimo
terceiro andar em funcionamento. Os outros pulam de doze para quatorze.

Os outros Kings e eu não somos nem um pouco supersticiosos. Então,


quando assumimos o Kingdom, fizemos o décimo terceiro andar nosso.

Saindo do elevador, viro imediatamente à direita, empurrando as portas


duplas de vidro abertas para a nossa sala de conferências. Temos
bloqueadores aqui, tornando qualquer dispositivo eletrônico inoperável.
Realizamos reuniões aqui com algumas pessoas muito poderosas ao redor
do mundo. A última coisa que queremos é que alguém use isso contra nós.
Meu irmão já está sentado em sua cadeira com um Monster e uma barra
Crunch nas mãos. O cara nunca se importou com o que ele coloca em seu
corpo - drogas incluídas.

Cross se senta na frente dele, abrindo e fechando um Zippo como


sempre. Ele gosta de queimar merda. O irmão de sua namorada está
sentado ao lado dele com uma expressão preocupada no rosto. Derek tem
medo de nós. Por uma boa razão.

Titan está sentado à sua direita, braços cruzados sobre o peito e uma
carranca no rosto.

— Você acabou de voltar de Nova York? — Grave pergunta enquanto


eu tomo meu lugar na cabeceira da mesa.

— Sim, — eu minto para o meu irmão.

— Deve ter sido uma viagem movimentada, — Titan observa, olhando


por cima da minha camisa amassada. Os caras e eu temos a suíte Royal no
quinquagésimo andar, também conhecido como Royal Floor. Vou correr
até lá depois da nossa reunião matinal e tomar um banho.

— Vamos começar, — sugiro, acenando para Derek, pronto para acabar


logo com isso.

— Eu estava pensando. — Meu irmão coloca os braços tatuados na


mesa preta, inclinando-se para a frente. — Outro dia, pedi a Alexa para
continuar administrando a Crown para mim até que eu encontrasse um
substituto.
Todos nós, os quatro Kings, administramos o Kingdom juntos, mas os
outros também têm suas próprias responsabilidades dentro do hotel e do
cassino. Cross tem Tit-For-Tat - sua loja de tatuagens. Titan supervisiona
nossas Queens - nossas discretas garotas de programa. Homens vêm de
todo o mundo para se encontrar com nossas garotas. Você ficaria surpreso
com quem pagaria para passar a noite com uma Queen. Temos alguns
homens de alto perfil em nossa lista. Grave administra o Crown, uma de
nossas casas noturnas. E eu? Além da Kingdom, possuo vários outros
negócios.

A lembrança do que ele disse vem à mente.

Todos nos sentamos ao redor da mesa de jantar formal de Grave e April. Uma
reunião de domingo que começou a parecer mais uma tradição para nós agora.
Crescemos juntos e, embora tenhamos nossas divergências, somos todos uma
família que parece continuar crescendo. Grave tem April. Titan tem Emilee e Cross
tem Alexa. Eu não poderia estar mais feliz por meus melhores amigos e pela vida
que eles encontraram para si mesmos.

— Ei, Alexa, — Grave começa.

— Hum? — Ela olha para ele, desacelerando a mastigação.

— Você se importa de ficar no Crown? Isto é, até que o Lucky's volte a


funcionar e eu possa encontrar outra pessoa para assumir?

Ela olha para Cross, confusa, e então de volta para ele. Ela engole a comida. —
Eu não me importo, mas não quero tirar isso de você.
— Você não está. — Ele estende a mão e pega a mão de April, levando-a aos
lábios. Ele beija os nós dos dedos dela, e ela cora. — Quero voltar para casa e ficar
com minha esposa depois de um longo dia no Kingdom.

Alexa começa a assentir. — Sim, claro, isso é...

Um silêncio cai sobre a sala e April começa a rir.

— Não! — Jasmine respira, as palmas das mãos batendo na mesa. — Você se


casou sem nós? — ela pergunta incrédula.

— Não, mas ... — April levanta a mão esquerda e sorri brilhantemente,


mostrando o enorme diamante em seu dedo anelar. — Temos um casamento para
planejar.

Eu sempre soube que Grave não seria capaz de continuar comandando


a Crown. Como adicto em recuperação, achei que seria muita tentação. O
álcool sozinho seria uma distração. Nós não somos estúpidos. Apesar de
não traficarmos drogas, sabemos que elas circulam dentro das boates.

— Não entendo. — Derek olha em volta rapidamente. — O que isso tem


a ver comigo?

— Bem, eu quero oferecer Crown a você, — afirma Grave.

Todo mundo olha para o cara, e ele se senta mais ereto. Seus olhos se
arregalam quando ele aponta para si mesmo como se houvesse mais de um
Derek na sala. — Eu? — ele pergunta.

— Por que não? — Meu irmão toma um gole de seu Monster. — Você
ajudou Alexa a administrar o Lucky's, certo?
Derek assente, os olhos ainda arregalados de surpresa.

— Alexa abrirá o novo clube em breve e ela não poderá administrar os


dois. Não pretendo voltar para o Crown. Então... — Ele dá de ombros. —
Isso faz sentido.

Alguma merda aconteceu com Alexa e Lucky's - o bar que ela recebeu
quando Lucky faleceu. Está atualmente em construção. Mas Cross está
determinado a abri-lo e melhor do que nunca o mais rápido possível.

— Já falei com os outros Kings e achamos que seria uma boa


oportunidade para você, — continua Grave.

Ele nos mandou uma mensagem sobre isso ontem à noite enquanto eu
estava sentado na praia esperando Mia acordar. Estávamos todos de
acordo que manter Derek por perto era uma boa ideia. E que melhor
maneira de fazer isso do que colocá-lo para trabalhar no Kingdom. Onde
podemos ter olhos nele o tempo todo.

— Isso é... — Ele olha para Cross, que apenas o encara, abrindo seu
Zippo, sem revelar seus sentimentos sobre o assunto. Ele não poderia se
importar menos. Se necessário, Cross o incendiaria aqui e agora. — Uma
ótima oportunidade. — Derek engole nervosamente. — Mas o Lucky's
estava em uma escala muito menor...

— Falei com Alexa esta manhã. — Grave o interrompe. — Ela disse que
continuaria trabalhando lá com você até abrir o novo clube. Dessa forma,
você não estará fazendo isso sozinho logo de cara. Isso lhe dará tempo para
obter algum treinamento.
Derek passa a mão pelo cabelo escuro. — Isso seria bom. — Ele acena
para si mesmo. — Obrigado rapazes.

— Então está decidido, — eu digo, pronto para terminar esta reunião e


continuar com o meu dia. Eu preciso me enterrar no meu trabalho para
tirar da minha mente a linda morena que está hospedada na minha casa de
praia. Eu quero me chutar na bunda por não instalar câmeras lá. Se tivesse,
teria a opção de vigiá-la sempre que quisesse. Não importa o quão
assustador isso me faça soar.

Cross fecha seu Zippo e estende a mão, batendo com a mão no ombro
de Derek, e ele se encolhe com o contato. — Foda-nos, e eu vou te matar.
Você entende?

— Ah, eu nunca...

Titan dá uma risada áspera. — Já ouvimos isso antes.

— Eu prometo. — Derek levanta as mãos. — Não vou decepcionar


vocês.

Com isso, eu me levanto e saio da sala de conferências, sem me


preocupar em dizer mais nada. As pessoas podem falar muita merda. Eu
gosto de ação, e só o tempo vai provar que ele está certo.

Voltando ao elevador privativo, entro e aperto o botão do


quinquagésimo andar, tirando meu celular do bolso. Vou até o nome dela e
passo o mouse sobre ele. Sinto que deveria ligar para Mia. Ela
provavelmente está ainda mais assustada agora depois de falar com Luca.
Ele apenas reiterou o que eu disse a ela - ela está sozinha.
Ele estava arrasado quando me procurou pedindo ajuda. Nós dois
sabíamos que eu era sua única esperança e que não era uma coisa boa.

— O que quer dizer com ela é sua irmã? — Eu exijo. — Desde quando você
tem uma irmã? — Talvez ela tenha sido adotada como os pais dele adotaram
Oliver Nite.

— Ela é seis anos mais nova que nós, — Luca responde com a voz rouca. —
Minha mãe teve uma filha antes de eu nascer. Meu pai a matou...

— Jesus!

— Depois disso, ela me teve, seguido por Matteo, depois meus irmãos gêmeos.
Eles foram atrás de outro menino e ela teve Mia. — Ele se vira para olhar para
mim. Seus olhos escuros estão desesperados, e isso faz meu peito apertar. Eu já vi
esse olhar antes. Ele fará qualquer coisa para realizar qualquer plano que tenha
elaborado. — Eu estava lá quando Mia nasceu. Minha mãe implorou ao meu pai
para ficar com ela. E ele disse que Mia poderia ficar, mas chegaria um momento em
que ela ganharia seu sobrenome.

Eu passo a mão pelo meu cabelo.

— O papel dela era sempre ser uma arma, Bones. Ele queria usá-la.

— Para que? — Eu pergunto. — Como ele vai usá-la quando ninguém sabe
sobre ela?

— Você.
— Quanto a mim? — Eu estalo, inquieto com esta informação e o que eu vi no
vídeo.

— Ele queria que ela se casasse com você. Então ele poderia ter o Kingdom.

— Isso é loucura, — eu afirmo e me viro para ir embora.

Ele agarra meu braço, me parando. — Você não entende. Na Máfia, você se
casa pelo poder. O nome dela ligado ao seu dá muito disso ao meu pai. Isso o torna
ainda mais intocável. Ela sempre foi uma carta a ser jogada quando ele precisava
ganhar uma mão. E seu Kingdom é o que ele sempre quis.

— Eu não acredito nisso, — murmuro. É ridículo, realmente.

— Ele veio até mim alguns meses atrás e disse que era hora de Mia se
apresentar e fazer sua parte. Eu o dispensei. Tentei ganhar tempo, sabendo que
você e Mia nunca estariam. Mas eu não posso mais fazer isso, Bones. — Ele soca
seu peito nu. — Não posso salvá-la.

— E?

Passando a mão pelo rosto, ele suspira. — E Matteo me enviou aquele vídeo há
uma hora.

— Como você sabe com certeza que é ela no vídeo? — Estendo a mão, tentando
pensar em algo que possa aliviar sua preocupação. — Não mostrava o rosto dela.

— Porque eu sei! — ele estala e então respira fundo. — Matteo me ligou depois
que eu assisti, ou eu estaria aqui antes. Disse que foi apanhada na semana passada.
O vídeo foi feito na Itália e depois ela foi colocada em um avião de carga e enviada
para Nova York junto com as outras.
— Por que ele ligaria para você e diria isso?

— Porque ele sabe que sou o único que se importa com ela e fará o que for
preciso para salvá-la do futuro que meu pai decidiu para ela.

Inclino a cabeça e esfrego os olhos. — O que você quer que eu faça?

— Eu preciso que você compre Mia.

— Foda-se, Luca, — eu assobio. — O que eu vou fazer com ela?

— Deixe ela ir.

— Deixá-la ir para onde? — Ele faz parecer que ela é um pássaro que eu
deveria deixar voar.

Ele se vira, me dando sua visão de perfil, e olha para a cidade. — Você tem
muitas casas de veraneio. Preciso que você a compre e depois a envie para uma
delas.

— Eu...

— Não me diga para onde você a mandou. — Ele me interrompe.

— Luca…

— Faça o que você precisa fazer, — acrescenta enigmaticamente.

— O que diabos isso significa?

— Eu poderia enviar Nite, mas Mia o conhece. Não podemos deixá-la saber que
não é real. Não tenho mais ninguém para enviar. E eu conheço minha irmã, Bones.
Se você não comprá-la e outra pessoa comprar... ela vai morrer.
— Luca, este é... — Começo a andar e passo a mão pelo cabelo. — O que você
está me pedindo para fazer é…

— Eu estou te implorando, Bones. — Ele agarra meus ombros, fazendo-me


parar. Isso é estranho, considerando que ele ainda está vestido apenas com sua
cueca boxer. — Não posso mais salvá-la. Ela precisa de você. Por que você acha que
meu pai a está colocando em um leilão? Para vendê-la ao maior lance. Se você não
fizer isso, alguém o fará. E nós dois sabemos que quem quer que seja vai usá-la
exatamente como aquele vídeo pretendia mostrar.

Eu não entendo, no entanto. Assim que eu comprá-la e libertá-la, seu pai


saberá. Ele estará atrás de nós. O que o impedirá de procurá-la? Ele não vai
desistir tão facilmente, vai? — Seu pai vai saber que fui eu quem a comprei, — eu
argumento.

Ele balança a cabeça. — É tudo anônimo. Ele receberá o pagamento, e isso é o


máximo que ele saberá. Isso evita que o vendedor seja pago e, em seguida, roube o
produto de volta.

— Ele vai procurá-la, — resmungo.

— Não. Assim que receber o dinheiro, ele vai esquecê-la. Ele está usando seu
sobrenome para lucrar com ela.

— Não sei nada sobre tráfico sexual, Luca. Mesmo se eu quisesse ajudá-la, o
que eu faria? Onde ela estará? Como faço para entrar…?

— Eu não sei nada disso. — Ele suspira, seu rosto caindo. — Matteo quer que
eu sofra, sabendo que nosso pai a está vendendo porque não cumpri minha parte no
acordo.
— Eu não posso acreditar nisso. — Dou-lhe as costas e começo a andar pela
sala. — Você deveria ter me contado. Pelo menos me dar um aviso, então eu
poderia ter ganhado algum tempo para ela.

— Eu não sabia como você reagiria…

— Nós cuidamos dos nossos! — Eu grito, ficando mais irritado a cada


segundo. — Você acha que eu teria deixado isso acontecer se soubesse das
possibilidades do que ele faria com ela?

— Não estou aqui para discutir com você sobre o passado. Estou aqui
implorando para que me ajude a dar a ela uma chance de um futuro. Você vai nos
ajudar ou não?

— Eu farei isso, — eu rosno, não feliz com esta situação, mas que outra escolha
esta mulher tem? Eu vi o vídeo e sei que as opções dela são sombrias.

O silêncio cai sobre a sala, e então ele acena com a cabeça antes de começar a se
vestir e sair correndo do meu escritório, sem dizer mais uma palavra.

Sento-me à mesa e passo a mão pelo rosto. — Porra! — eu assobio.

Pego meu celular e ligo para um de meus amigos que mora em Nova York. Ele
atende no segundo toque. — Olá?

— Ei, eu preciso de um favor.

— O que é isso? — Tristan Decker pergunta.

— Sabe de algum leilão chegando em breve? — Se alguém sabe, Tristan sabe.


Este é o seu negócio. Esta é a vida dele.

Ele começa a rir. — Desde quando você gosta de comprar arte?


— Estou fazendo um favor para alguém.

— Acontece que uma remessa foi entregue na semana passada. O leilão da


carga é daqui a cinco dias. Dizem que muitas baleias estarão lá para ver a arte.
Você está querendo comprar ou apenas observando?

— Comprar. Dez milhões.

Ele assobia. — Droga, isso é um grande favor.

Conte-me sobre isso. — Preciso de algo para depois de comprar.

— Depois de …?

— Você sabe, para que eu possa enviar a arte para o comprador. — Continuo
falando em código. Você nunca pode ser muito cuidadoso nos dias de hoje. Até os
celulares podem ser adulterados. É por isso que conduzimos todas as nossas
reuniões de negócios em uma sala equipada com bloqueadores.

— Ahh, eu tenho o que você precisa. Depois de efetuar a compra, traga na


minha casa que eu já deixo a pronta entrega.

Eu fiz o que precisava ser feito. E eu preciso deixá-la ir. O elevador toca
e eu suspiro, guardando meu celular. Quanto menos contato eu tiver com
ela, melhor. Ela nunca vai me ligar, e isso é o melhor para nós dois.
Capítulo Sete
Mia

Três semanas depois

“Find Me” de TeZATalks toca em meus ouvidos enquanto me aproximo


da casa de praia. Desacelerando para uma caminhada, removo os fones de
ouvido e entro pelas portas de vidro da frente, colocando o celular sobre a
mesa no foyer. Respirando fundo para acalmar meu coração acelerado, vou
até a cozinha.

A casa fica sozinha à beira-mar. A parte de trás da casa nada mais é do


que janelas de vidro deslizantes do chão ao teto. Eu as deixo abertas o
tempo todo. Eu gosto de ouvir o oceano. A brisa e o cheiro me lembram a
Itália. Mesmo estando presa naquele castelo, sinto falta da vista e do clima
quente. Será que foi por isso que o homem que me comprou me mandou
para cá?

Eu sonho com ele. A maneira como ele me beijou e depois saiu. Eu


odeio a maneira como meu corpo reage a ele, mesmo durante o sono.
Acordo sozinha com a pele formigando. Então eu corro. Isso ajuda a limpar
minha mente. Eu tento esquecê-lo, mas nunca parece funcionar. Ele ainda
está aqui, exigindo atenção. Sua presença enche a casa grande. Seu perfume
paira no ar. Mesmo o oceano não pode mascará-lo.

Eu vou me virar e entrar na sala, mas congelo. Um calafrio sobe pela


minha espinha e me paralisa onde estou. Alguém está aqui. Minha pele
formiga e fico arrepiada. Não vi nenhum carro na garagem quando voltei.
Mas, novamente, eu só fiquei fora por cerca de trinta minutos. Não corri
tanto quanto antes. — Olá? — Eu chamo.

O silêncio me cumprimenta e minha respiração fica mais alta. O sangue


corre em meus ouvidos, e eu engulo. — Eu sei que você está ai. — Eu posso
sentir isso. A frieza no quarto. Talvez o homem esteja aqui para me
expulsar. Ou para me levar de volta para o meu pai. Vou implorar para que
ele não me obrigue a ir. Este é o mais livre que já senti na minha vida, e isso
é muito triste.

O riso vem de trás de mim, e meu estômago revira. Dois sons distintos
que eu conheço toda a minha vida.

Eu me viro para ver meus irmãos, Matteo e os gêmeos parados ali.


Matteo se encosta na porta de vidro.

— O que você está fazendo aqui? — Eu pergunto, dando um passo para


trás. Como eles me encontraram?

— Mia? — Matteo, um dos meus irmãos mais velhos, suspira,


balançando a cabeça. Aquele que me arrancou da piscina e me drogou. —
A pergunta é: o que você está fazendo aqui?
Procuro qualquer coisa que possa usar para me defender. Mas mesmo
que eu tivesse uma arma carregada nas mãos, eles ainda me matariam
antes que eu pudesse usá-la contra eles. Nosso pai os treinou como
cachorros. Dinheiro. Poder. Matar. Isso é tudo que eles sabem. Buceta é
exatamente o que eles fazem para se divertir. Um homem pode conseguir isso
em qualquer lugar, meu pai sempre diz.

Os olhos de Matteo correm para cima e para baixo em minhas calças


pretas de ioga e sutiã esportivo vermelho. Faz minha pele arrepiar quando
ele sorri para mim como se eu fosse outra de suas prostitutas.

— Lugar legal. — Lorenzo acena com a cabeça, olhando ao redor


enquanto caminha em direção à cozinha aberta.

— Por favor saia. — Eu respiro enquanto as lágrimas ardem em meus


olhos. Não quero que me machuquem e também não quero que destruam
esta casa. Não tem fotos nem decoração, mas não precisa. Algumas coisas
são naturalmente bonitas.

Matteo esfrega o queixo, empurrando o vidro. — Receio que não


possamos fazer isso.

— O que você quer? — Eu dou um passo para trás.

Matteo me puxa para ele, batendo meu corpo no dele. Eu tento afastá-lo,
mas ele me segura com força. Sua mão desliza para baixo da minha calça
de ioga de cintura alta para segurar minha bunda. — Pare! — Eu grito de
horror, meu coração batendo forte.

— Matteo, — diz Lorenzo, parecendo entediado. — Ela é sua irmã.


— Então? — Matteo se inclina e beija meu pescoço suado. Sinto bile na
garganta. — Boceta é boceta, e meu pau está duro no momento.

Eu bati meus punhos em seu peito. Ele me empurra para longe, fazendo
minhas pernas baterem em uma mesa ao lado do sofá. O som dela
raspando no chão enche a sala enquanto tento ficar de pé.

Ele ri de mim.

— Precisamos que ela ainda seja virgem, — acrescenta Gabriel,


finalmente falando. Ele sempre foi o quieto.

Matteo sorri. — Você sabe que as virgens são minhas favoritas.

— Vou encontrar uma para você mais tarde. — Ele revira os olhos.

Eu ficarei doente.

— Eu poderia foder a boca dela. — Ele encolhe os ombros


descuidadamente.

— Eu vou morder, — eu aviso. De jeito nenhum vou deixá-lo chegar tão


perto de mim.

Ele ri. — Existe um dispositivo conhecido como mordaça de aranha.


Isso impede que sua boca se feche. — Meus olhos se arregalam que ele sabe
disso. — Eu poderia enfiar o que eu quiser na sua boca e você não seria
capaz de fazer nada a respeito.

— Por quê você está aqui? — Eu exijo, sabendo que eles não vieram
aqui para me foder. Mesmo que o bastardo doente tenha considerado isso.
Meu pai me manteve trancada na Itália a maior parte da minha vida
com os gêmeos, mas Matteo nunca me visitou. Acho que meu pai fez isso
por um motivo. Ou pelo menos gosto de pensar que ele tentou me proteger
daquele monstro.

Lorenzo pula do balcão da cozinha. — Estamos aqui para mandá-la de


volta.

Eu balanço minha cabeça. — Eu não vou voltar para a Itália.

— Você está indo para Las Vegas. De volta para Bones

Bones? Que tipo de nome é Bones? Vegas? É onde morávamos antes de


meu pai me mandar para a Itália. — Não …

Matteo estende a mão e segura meu rosto com força. Seus dedos cavam
em minhas bochechas, me fazendo choramingar. — Você vai fazer o que
você foi criada para fazer e abrir suas malditas pernas, — ele rosna. — Sua
boca foi feita para chupar pau, não para falar. Você está no fundo do poço
da autoridade e fará o que você disser.

— Ele não me quer, — eu tento. — Ele quase me matou. — Mesmo que


isso seja verdade, ele não o fez por algum motivo. Uma parte de mim sabe
que ele estava tentando me ajudar. Por que outro motivo ele pagaria todo
aquele dinheiro, me drogaria e depois me mandaria embora? Não tive
comunicação desde aquela noite, três semanas atrás. Eu tenho um celular,
mas só tem um número - acho que é o número dele, já que não o reconheci.
Não sei por quê. Tenho certeza de que ele tinha o número do telefone que
me deixou, mas não tive contato com ele. Bones pode ter poupado minha
vida, mas ele não tinha planos de me ver novamente.

— Se você não voltar de boa vontade, vamos forçá-la a voltar. — Ele me


solta.

— Por que você me quer com esse cara Bones? — Eu pergunto enquanto
as lágrimas se acumulam em meus olhos. Dou uma olhada rápida ao redor,
me perguntando por que Luca não está aqui. Ele nunca iria deixá-los me
machucar. Luca sempre foi meu salvador. Meu protetor. Ele é o único da
família que parece se importar comigo.

— Papai quer Kingdom, — ele afirma, me empurrando para longe.

Meu peito aperta com isso, sabendo exatamente o que ele quer dizer. Eu
deveria saber - o anel de caveira na mão do homem. Eu sabia que parecia
familiar. Eu conheci Bones uma vez. A muito tempo atrás. — Ele é um
King, — sussurro mais para mim mesmo.

Eu sei o que é Kingdom. Meu pai costumava trabalhar com o Sr. Reed,
um dos proprietários de hotéis e cassinos. Eu poderia não ter permissão
para ter uma vida, mas eu sabia o que e quem era minha família. E meu pai
trabalhava muito em nossa casa. Eu vi do que ele é capaz e sei com quem
ele lidava no dia a dia. Todos estavam tão doentes quanto ele.

— Como... como minha volta para Bones ajudaria meu pai a conseguir
Kingdom? — Eu me pergunto em voz alta, tentando entender isso.

— Porque os Kings são donos do Kingdom agora. Eles têm há anos.


Balanço a cabeça, procurando o sofá antes de cair nele. Mas o que isso
tem a ver comigo? — Como vou fazer isso acontecer voltando para ele?

Gabriel ri como se eu tivesse acabado de contar uma piada.

Matteo suspira. — Eu culpo papai por isso. Ele não ensinou merda
nenhuma a ela.

Os olhos de Lorenzo encontram os meus. — Você o seduz. Faça ele se


apaixonar por você.

Uma risada borbulha na minha garganta, mas o olhar nivelado que ele
me dá me faz engolir. — Você está falando sério?

Eles não dizem nada.

— Vou te dar duas semanas.

Lorenzo bufa, cortando Matteo. — Duas semanas? Fala sério, cara. Este
é o Bones. — Lorenzo me olha de cima a baixo, mas com desgosto, não com
luxúria.

Graças a Deus.

— Ele não vai se apaixonar por ela em questão de duas semanas. Ela
nem sabe como seduzir um homem. — Ele inclina a cabeça para o lado. —
Eu te dou três meses.

— É impossível, — eu argumento. — Nenhuma quantidade de tempo


vai me ajudar a conseguir isso. Vocês não o conhecem...
— Ah, nós conhecemos. — Matteo me interrompe. — Sabemos do que
ele gosta. O que ele almeja. E você vai ser a puta que ele precisa para
quebrá-lo.

Minhas mãos se fecham no meu colo. — Ele quase me matou.

Matteo sorri. — Garotas como você tornam tão fácil conseguir o que
queremos. — Ele suspira e eu franzo a testa, sem ter ideia do que ele está
falando. — O cara gosta de mulher submissa.

Engulo em seco, sabendo exatamente o que isso significa, mas ainda


pergunto. — Submissa?

Ambos acenam com a cabeça, mas é Gabriel quem responde. — Bones


gosta de uma mulher que rasteja de joelhos, implorando para ser fodida.

Eu posso ver isso. A maneira como ele dominava a limusine era tudo
que eu precisava saber sobre ele. Ele comanda a sala. — Bem, desculpe,
mas não sou eu. — Posso ter sido protegido a vida inteira, mas ainda tinha
internet, e os gêmeos sempre tinham garotas indo e vindo na Itália. Eu sei o
que é sexo, embora não tenha experiência nisso. Não importa quantos
romances eu li, eles não poderiam me preparar para o que ele quer. Eu me
levanto do sofá e começo a andar pela sala. — E ele quase me sufocou até a
morte, — eu retruco, tentando encontrar desculpas para Bones não me
querer. — O que eu diria quando eu simplesmente aparecesse de volta? —
Eu rosno. Eles são loucos.

Matteo acena com a mão no ar. — Nós cuidaremos disso.

Quase reviro os olhos. — Como?


— Não se preocupe com isso.

— Você está me pedindo para fazer o impossível, — eu cuspo.

— Não é tão difícil pra caralho, — Matteo estala, ficando irritado. —


Você se deita e abre as pernas. Deixe-o foder o buraco que ele quiser, como
ele quiser.

Lorenzo passa a mão pelos cabelos. Ele diz que está ficando irritado
também.

— Eu não quero.

— Não importa o que você quer, porra! — Matteo grita. — Você vai
voltar, e se não for de bom grado, vou deixar você na porra da porta dele,
nua e dentro de uma caixa!

Engulo algumas palavras bem escolhidas, não querendo ser atingida.


Tem sido bom não ter uma mão no meu rosto. — Por que papai quer tanto
Kingdom, afinal? É apenas um hotel.

Isso os faz rir. — Mais uma vez, papai não ensinou nada a ela, —
acrescenta Matteo.

— E ele tem três outros parceiros de negócios. — Havia três outros


Kings; Bones tinha um irmão que se chamava Grave, depois outros dois.
Eles disseram que os Kings são os donos agora. Isso faz quatro deles. —
Papai recebendo o corte de Bones não vai ajudá-lo.

— Vamos nos preocupar com isso, — diz Lorenzo.

Matteo me dá aquele sorriso nojento de novo.


— O que? — Meu coração dispara quando eles trocam um olhar. Eles
vão machucar os Kings? Essa é a única maneira de conseguirem tudo isso.

Gabriel acena uma vez para ele.

— O que? — Eu exijo.

Matteo dá um passo em minha direção. — Estamos aqui para ajudá-la,


mana.

O medo me paralisa com suas palavras. Ele nunca me chamou assim


antes.

— Para que servem os irmãos mais velhos, afinal?

— Torne-o bom, — diz Lorenzo a Matteo

— Fazer o que é bom? — Eu tremo, minhas pernas dobram.

— Você vai ver. — Matteo sorri logo antes de seu punho atingir o lado
da minha cabeça.

Meu corpo bate no chão duro e implacável, e meus ouvidos começam a


zumbir. Eu me enrolo como uma bola quando sinto um sapato me atingir.

Uma mão agarra meu cabelo e minha cabeça é levantada. Matteo se


ajoelha diante de mim, gritando na minha cara, mas não consigo ouvi-lo. A
dor é muito forte, o toque muito alto. Sinto o gosto de sangue e meu
estômago revira quando o engulo. Felizmente, a escuridão me leva mais
cedo ou mais tarde.
Bones

Estou sentado em meu escritório; é quase meia-noite e estou terminando


de escrever um e-mail quando minha porta se abre. Eu olho para cima para
ver Titan entrar. Ele se joga no banco à minha frente e coloca as mãos atrás
da cabeça com um sorriso de comedor de merda no rosto.

— O que você quer? — Eu pergunto, não estou de bom humor.

— Você tem estado irritado nas últimas semanas. Mais do que o normal.
O que aconteceu?

— Nada, — eu minto.

Honestamente, eu não sei o que diabos há de errado comigo. Eu só


estive em pânico. Mas já se passaram mais de duas semanas. Começou
depois que prometi a Luca que faria um favor a ele. Como eu deveria saber
que era para a porra da irmã dele? Achei que exigiria algumas balas, um
pouco de sangue e talvez cavar uma cova. Mas não. Foi muito mais
profundo do que eu poderia imaginar.
Eu a levei para a Califórnia e a deixei em minha casa de praia. Tenho há
anos e nunca usei. Uma das coisas que não contam sobre ser
multibilionário é que, se você quiser continuar assim, não terá folga.

De qualquer forma, nunca fui muito do tipo que gosta de férias. Prefiro
manter a cabeça no meu trabalho. Eu quero saber cada pequena coisa
acontecendo no meu negócio a qualquer segundo. Mas desde que a deixei
em casa, ela está em minha mente.

A maneira como seu corpo se fundiu ao meu quando a beijei. Era como
se ela não tivesse controle. Apenas como eu. Isso manteve minha mente na
sarjeta desde então.

— Estou prestes a ir para casa. — Titan se levanta, chamando minha


atenção. — Precisa que eu faça alguma coisa antes de sair?

Eu vou dizer a ele para dar o fora daqui, mas meu celular toca. Pego e
vejo que é Lane, um médico que usamos para Kingdom. Ele cuida de
nossas Queens e em qualquer outro momento nos encontramos em uma
situação que requer um médico. Eu franzir a testa.

— O que é isso? — Titan pergunta.

— Não tenho certeza. — Segurando meu celular para ele ler a tela, suas
sobrancelhas se juntam. Apertei o atendimento antes que tocasse de novo.
— Você está no viva-voz, Lane. Estou aqui com Titan, — eu o informo em
saudação.

— Bones. — Ele suspira e acrescenta: — Titan.

— O que está acontecendo? — Titan pergunta a ele. — Tudo certo?


— Achei que vocês deveriam saber que Luca está a caminho.

— O que você quer dizer com o ele esta a caminho? — Eu pergunto. —


Para que? — Ele deveria estar trabalhando no Glass agora.

— Eu tenho que fazer isso rápido, — ele se apressa. — A ambulância


deve chegar a qualquer segundo.

— Do que diabos você está falando? — Titan estala impacientemente.

— Haven me ligou do celular de Luca. Disse que o encontrou no Glass.


Felizmente, eu já estava aqui no hospital esta noite. Peguei um turno extra,
— ele divaga.

— Vá direto ao ponto, — Titan exige.

— Tudo o que sei são vários ferimentos a bala.

— Porra. — Titan cai em sua cadeira.

— Fiz o meu melhor para manter isso em segredo e rapidamente montei


uma equipe que sei ser a melhor e manterei a boca fechada. Mas eu sugiro
que você chegue aqui o mais rápido possível e traga NDAs. A última coisa
que você quer é que o mundo saiba que ele foi baleado, colocando Haven
em mais perigo do que ela já está. — Ele desliga.

— Filho da puta! — Titan pula da cadeira e sai correndo do meu


escritório para pegar o que precisamos. Encontro o nome de Haven no meu
telefone e ligo para ela.

Ela atende imediatamente. — Bones...


— Lane me ligou. — Vou direto ao ponto e a ouço fungar. — Titan e eu
estamos a caminho. Não fale com ninguém, entendeu? Ela precisa entender
o quão terrível é essa situação. Posso consolá-la mais tarde.

— S-Sim. — Ela soluça. — Havia tanto sangue…

— Nem uma palavra, Haven. — Eu a interrompo, precisando que ela


controle suas emoções por um segundo. Ela pode chorar no meu ombro
quando eu chegar lá. — Isso é importante. Não podemos deixar ninguém
saber que ele está lá.

— Eu não vou, — ela concorda com uma fungada.

— Esteja lá em breve. — Desligo, pego minhas chaves na mesa e corro


para o elevador, onde me encontro com Titan.
Capítulo Oito
Mia

Sento-me na praia com os joelhos encostados ao peito, aproveitando a


brisa da noite. Eu não tenho certeza da hora. Está escuro. A água parece
preta. Já faz alguns dias desde que meus irmãos apareceram e me
ameaçaram. Eu não dormi um minuto. Com muito medo de que eles
estejam me observando e voltem quando virem que eu não saí para fazer o
que eles pediram.

Estou começando a delirar. Acho que estou vendo coisas que não estão
realmente lá. Eu não tenho certeza. Em um minuto, a figura está de pé no
canto do quarto e, no próximo, ela se foi.

Dillan me deixou com dinheiro e um cartão de crédito, mas não sei para
onde ir. Eu entro na cidade. Fica a apenas alguns quilômetros de distância,
e eu aproveito o sol e o ar fresco. Bem, eu fiz.

Quando acordei da surra, rastejei até o banheiro, tomei um banho


quente e fui para a cama. Esta é a primeira vez que me aventuro fora disso
desde então. Eu precisava ver o oceano, ouvir as ondas e respirar o ar
fresco do mar. A bela casa foi contaminada. Não é mais seguro e não tenho
ideia de para onde ir.

Meu corpo dói. Às vezes é difícil respirar. Eu tive uma dor de cabeça
por um dia inteiro, mas finalmente passou. Não tenho certeza de quanto
tempo mais posso fazer isso. Fique acordada e se preocupe quando eles
aparecerem novamente.

Estou cansado. Exausta.

Preciso ligar para Luca. Dillan e Luca disseram para não ligar para ele,
mas as coisas mudaram. Dillan disse que Luca pediu que ele me levasse
para me manter segura. Eu não estou mais seguro. Não vou ligar para
Dillan. Mas talvez Luca possa falar com ele por mim? Se eu ligar para Luca
e contar tudo a ele, ele pode avisar Dillan sobre o que meus irmãos e meu
pai planejam fazer. Conte a ele tudo o que sei para que ele fique avisado.
Não quero que Dillan morra ou coloque os outros Kings em perigo. Não
sou uma assassina como meu pai criou meus irmãos para serem. Mas,
principalmente, não quero ver meu pai vencer. Ele não merece o Kingdom.
E se eu não conseguir para ele, ele seguirá um caminho diferente.

Tomando uma decisão, eu me levanto para ficar de pé e faço o meu


caminho para a casa com as pernas bambas. Eu mantenho todas as luzes
acesas o tempo todo. Tropeço pelo corredor até a última porta à direita.
Meu celular fica na mesa de cabeceira. Minha única maneira de me
comunicar com um mundo que continua tentando se livrar de mim.
Não tentei ligar para Luca desde que ele me disse para não ligar. Eu
apenas rezo para que ele responda. Talvez eu me sinta melhor depois de
falar com ele. Talvez eu consiga dormir assim que ouvir a voz dele.

Ele toca uma vez... duas vezes... e eu mordo meu lábio quebrado. Meu
estômago revira com a ideia de que ele vai me ignorar.

— Olá? — uma voz feminina responde.

— Haven? — Eu pergunto, meu coração disparado. Por que ela está


atendendo o celular dele?

— Sim. — Ela funga. — Quem é?

— Sou eu, Mia. — O fato de Luca não ter esse número salvo em seu
telefone apenas prova ainda mais o que ele me disse quando liguei para
ele. Ele não tinha intenção de falar comigo novamente. — Eu estava
ligando para falar com meu irmão.

— Oh, meu Deus ... — ela engasga. — Mia. Luca... Luca está com
problemas.

Bones
— Aqui, — eu digo, entregando a Haven uma xícara de café.

— Obrigada. — Ela o pega com um bocejo enquanto enxuga o rosto


coberto de lágrimas com a mão livre.

Entrego a Emilee, a esposa de Titan, o dela, e ela me agradece antes de


voltar a esfregar as costas de Haven.

Já estamos no hospital há horas. O sol vai nascer em breve e estou na


minha terceira xícara de café. A cafeína não parece estar funcionando.
Normalmente não sou um daqueles caras que precisam dormir muito, mas
a adrenalina passou e consumiu o pouco de energia que me restava.

Eles nos colocam sentados em uma sala privada. Quando chegamos,


uma enfermeira já estava sentada com Haven e nos informou rapidamente
sobre sua condição. Titan se deu ao trabalho de obter NDAs assinados por
qualquer pessoa que tivesse visto ou ouvido falar que Luca estava aqui,
exceto aqueles que trabalhavam com ele no momento. Eles terão que
assinar assim que ele sair da cirurgia.

Eu ando até os assentos em frente a Emilee e Haven, sentando ao lado


de Titan.

— Quem você acha que fez isso? — ele me pergunta baixinho para que
as meninas não possam ouvir. Não queremos preocupar Haven. Mas tenho
certeza que o pensamento já passou pela cabeça dela - ela é a próxima?

Eu balanço minha cabeça, incapaz de responder a isso. A lista tem uma


milha de comprimento. Você não faz parte da Máfia sem ter um alvo em
você. Inclinando-me, certifico-me de falar igualmente baixo. — Assim que
tivermos notícias de sua condição, irei até Glass e verei o que posso
encontrar.

Nosso amigo foi baleado. Várias vezes. Pelo que sabemos, ele não
disparou sua arma, o que me faz pensar que foi pessoal. Quem fez isso
sabia onde ele estaria e queria que ele se sentisse confortável. Desconhece
qualquer ameaça. Caso contrário, estaríamos cuidando do cadáver do
desgraçado agora, em vez de esperar a palavra se Luca vai viver ou morrer.

— Você não deveria estar lá sozinho. Eu irei com você, — afirma Titan,
então se afasta, não deixando espaço para discutir com ele.

Meu celular toca e eu o tiro do bolso para ver que é o Grave. — Olá? —
Eu respondo, me levantando e saindo da sala, seguindo pelo corredor
silencioso para que os outros não possam ouvir minha conversa.

— Qualquer palavra? — ele pergunta em saudação.

— Não. Ele ainda está em cirurgia, — eu respondo, encostando-me na


parede.

Ele solta um longo suspiro. — April está pedindo para alguém abrir a
floricultura para ela. Estaremos a caminho em breve.

— Ok. — Eu aceno para mim mesmo.

— Falei com Cross e ele está a caminho. Deve estar aí a qualquer


momento.
Grave e Cross já estavam em casa na cama quando Titan e eu chegamos
ao hospital. Tentamos ligar para os dois, mas eles não atenderam. Meu
irmão coloca o telefone no silencioso quando vai para a cama. Se ele não
está no Kingdom, ele está fora. Na verdade, ele gosta de passar tempo com
sua futura esposa - suas palavras exatas para mim quando perguntei a ele
sobre seu telefone não estar ligado quando tentei ligar para ele uma noite.

— Falei com Nigel há uma hora. Ele está cuidando de tudo no Kingdom
até chegarmos lá. Não há nada que possamos fazer por Luca aqui, mas não
vamos embora até sabermos que ele saiu da cirurgia. Mesmo assim, ele não
estará livre, mas não vamos deixar Haven aqui sozinha.

— Um segundo, querida. — Eu o ouço chamar April. — Ok, ela está


quase pronta, — ele me informa. — Em breve estaremos aí. — Ele desliga e
eu coloco meu celular no bolso.

Caminhando de volta para a sala, sento-me ao lado de Titan assim que a


porta se abre atrás de mim. Eu pulo e me viro, esperando que seja Lane,
nos contando como foi a cirurgia ou uma enfermeira para nos atualizar,
mas eu congelo quando vejo a morena pequena correndo.

Meu coração acelera ao vê-la. — Mia? — Eu questiono, pensando que


devo estar errado. Talvez a falta de sono esteja me fazendo ver merda.

Ela para, seu longo cabelo escuro batendo em seu rosto coberto de
lágrimas. — Bones? — Seus olhos azuis prateados se arregalam quando
encontram os meus.
Ela me chamou de Bones, o que significa uma de duas coisas. Ou ela
percebeu quem eu era ou sabe desde que a comprei em Nova York, e fingiu
que não. Não tenho certeza de qual deles quero que seja verdade.

— O que você está …?

— Mia! — Haven se levanta, interrompendo Mia quando ela a vê. — Oh


meu Deus. Estou tão feliz que você conseguiu. — Ela corre até ela,
puxando-a para um abraço.

Que porra ela está fazendo aqui? Isso é tudo que consigo pensar enquanto
olho em seus olhos lacrimejantes. Eles ficam colados aos meus enquanto
seus braços se agarram a Haven. Como se ela pensasse que sua cunhada
pode salvá-la de mim.

— Diga-me que ele está bem, — ela pede a Haven, engolindo em seco.

— Ele está em cirurgia, — responde Haven, ainda segurando-a. — Eles


não vão nos contar nada de novo.

Os olhos de Mia ainda estão nos meus, e eu fecho minhas mãos,


tentando descobrir como ela descobriu sobre Luca e por que ela veio aqui.
Ela tinha que saber que seu pai era quem a estava vendendo. E se ele
estivesse aqui? Por que ela arriscaria sua liberdade quando Haven poderia
mantê-la atualizada com a condição de Luca?

— Quem diabos é Mia? — Titan pergunta. Com o braço nas costas da


minha cadeira, ele se virou para olhar para eles.

— Eu sou a irmã de Luca, — ela responde a ele, seus olhos finalmente


deixando os meus para encontrar os dele.
Passo a mão pelo cabelo, tentando colocar meus pensamentos em
ordem. Ela não pode estar aqui. Ela tem que ir.

Emilee parece surpresa e Titan parece confuso. Nite parece tão chocada
quanto eu por ela estar aqui em carne e osso.

— Por que você está aqui, Mia? — pergunto, contornando a fileira de


cadeiras até eles enquanto meu choque passa. Eu não a droguei e a mandei
para um esconderijo por nada.

— Meu irmão foi baleado, — ela estala, finalmente se afastando de


Haven. — Onde mais eu estaria?

— Como você sabe...

— Eu disse a ela. — Haven me interrompe.

Eu cerro minhas mãos. — Eu disse para você não dizer nada.

— Ela é irmã dele, — Haven diz defensivamente.

— Você precisa ir, — eu resmungo, segurando seu braço.

— Dillan, não... eu tenho que ficar aqui. — Ela funga, chamando-me


pelo meu primeiro nome. — Eu tenho que estar com ele. Isto é minha
culpa.

O que ela quer dizer com isso é culpa dela? Por que ela pensaria isso? —
Mia…

— Solte ela, Bones, — Haven exige, tentando puxar o braço de Mia para
fora do meu aperto. — Você a está machucando, — ela acrescenta e
empurra com mais força.
Eu me solto e caminho até Oliver Nite-Bianchi, o irmão adotivo de Luca,
que já está empurrando uma Jasmine adormecida de seu ombro e se
levantando. — Eu quero que ela vá embora, — eu digo a ele.

Ele concorda.

— Bones? — Ouço Haven chamar, mas a ignoro. Ela não vai mudar
minha opinião.

— Agora. — Ela não pode estar aqui. E se o Sr. Bianchi chegar? A vida
dela está em perigo, e fiz uma promessa ao meu melhor amigo, que pode
perder a vida. Eu vou manter isso, porra. — Eu a quero no jato e pronta
para partir em uma hora. — Vou mandá-la para o Alasca mesmo que tenha
que comprar uma propriedade lá para mantê-la.

— Bones? — Ordens de refúgio.

— O que? — Eu estalo, virando-me para encará-la.

— Algo está errado, — Haven chora enquanto segura Mia.

Meus olhos vão para ela, e ela está respirando pesadamente, com a mão
pressionada em seu lado. — Mia? — Eu passo até ela, e ela olha para mim.
Seus lindos olhos encontram os meus antes de rolarem para a parte de trás
de sua cabeça, e seus joelhos começam a dobrar. Meus braços vão para fora,
pegando-a antes que ela possa bater no chão.
Capítulo Nove
Mia

Abro meus olhos pesados, minha visão um pouco embaçada.


Estendendo a mão, esfrego os olhos e os abro novamente. Desta vez, vejo
que não estou mais na sala de espera, mas deitada em uma cama de
hospital. Sento-me e o quarto gira. — O que? — Minha mão vai para a
minha cabeça latejante. — O que aconteceu? — Eu me pergunto.

— Você desmaiou, — uma voz anuncia à minha direita.

Olhando por cima, vejo as costas de Bones parado na janela que eu não
havia notado. Deitada na cama, suspiro, passando a mão pelo meu cabelo.
— Por que estou em uma cama? Querido Senhor, eles me admitiram? Por
favor não. Eu preciso estar com Luca. Não aqui em uma cama só minha.

Ele se vira lentamente para me encarar, com as mãos nos bolsos da


frente da calça jeans. Seus olhos perfuram os meus como se eu tivesse feito
algo errado. Ele sabe. — Ainda não. — Ele finalmente fala, quebrando o
silêncio tenso.

— Ainda? — eu grito. — Não posso...


— Eles queriam fazer alguns testes primeiro, — acrescenta ele,
recostando-se casualmente no parapeito da janela e cruzando um tornozelo
sobre o outro.

Eu olho para o teto, incapaz de encontrar seu olhar intimidador agora.


Mais uma vez, estou vulnerável. Não tenho tempo para isso, nem Luca. Eu
sabia que ficar três dias e três noites sem dormir me alcançaria. — Luca? —
Eu consigo sair, embora meu peito aperte. Eu fiz isso. Haven nunca vai me
perdoar. Eu nunca vou me perdoar. Eu deveria ter fugido no momento em
que ele me deixou na Califórnia. Mas não tenho nada em meu nome. Não é
meu nome verdadeiro. Dillan tentou me dar tudo o que eu precisava, mas
nunca estive totalmente sozinho. Eu não tinha certeza do que fazer ou para
onde ir. Sem experiência de trabalho. Nenhuma habilidade para a vida que
qualquer adulto precisaria para sobreviver. Fui criado para depender de
outra pessoa para sobreviver.

— Ainda em cirurgia, — ele responde.

— Há quanto tempo? — Engulo o nó na garganta.

— Quase seis horas.

Eu enterro meu rosto em minhas mãos, tentando acalmar meu coração


acelerado. Seis horas? Não sei nada sobre cirurgias, mas parece muito
tempo. — Isso é tudo minha culpa.

— Por que você está aqui, Mia?

Abro os olhos para ver que ele se moveu para ficar ao pé da minha
cama. Seus olhos azuis escuros me encaram.
— Eu... Luca... — Meu coração bate forte no peito com a minha traição.
No que eu fiz. Eu nunca poderei retirá-lo. Eu deveria ter tomado a
promessa do meu irmão como o que era - uma ameaça. Eu nunca pensei
que eles iriam atrás de Luca. Mas agora faz sentido. Ele tem estado do meu
lado. Por que não matar meu único aliado?

Ele cruza os braços tatuados sobre o peito com o meu silêncio


prolongado. — Vou perguntar mais uma vez. Por quê você está aqui?

Eu cerro minhas mãos. — Eu te disse. Meu irmão foi baleado.

Ele inclina a cabeça para o lado. — Vamos tentar isso de novo. Você
aparece com hematomas em vários lugares, um lábio cortado e uma
concussão, e espera que eu acredite que você voltou por Luca? —
Balançando a cabeça, ele acrescenta: — Pela última vez, por que você está
aqui?

— O que? — Eu respiro. Eu pressiono minha mão no meu lado dolorido


e fecho meus olhos. Execute testes. Eles sabem. Eu não tinha pensado na
minha aparência quando corri para Las Vegas para ficar com meu irmão e
minha cunhada. Não me olho há dias, sabendo que não é uma visão bonita.

— Mia. — Ele grita meu nome com o meu silêncio.

Eu inclino minha cabeça e sussurro: — Eu não disse nada a eles. — Ele


tem que saber que eu nunca faria isso. É por isso que Luca está em cirurgia
em primeiro lugar.

— Quem? — ele exige.


Eu quero rir que ele ainda não montou, mas por que ele faria? Ele não
conhece o plano de meu pai para mim. Para ele. Ele está tão no escuro
quanto Luca estava.

Eu levanto meu queixo e olho para ele de pé no final da minha cama.


Ele tem os braços tatuados cruzados sobre o peito e as pernas bem abertas.
Ele está vestido com uma camiseta preta e jeans desbotados. Sua
mandíbula é tão afiada que poderia cortar vidro. Ele parece extremamente
chateado. E ele vai querer me matar depois que eu contar o que sei, mas ele
merece saber a verdade. Posso ter nascido na máfia, mas não vivo de
acordo com o código moral deles. Não vou morrer protegendo os segredos
de meu pai. — Eles vieram até mim. Disse-me que isso iria acontecer.

— Quem diabos são eles, Mia? — ele rosna.

Eu ignoro sua impaciência. — Eles querem Kingdom, — digo em vez


disso.

Ele bufa. Acho que isso não é uma surpresa. Assim como meu irmão
tem uma longa lista de inimigos, imagino que os Kings também tenham.

— Mia! — ele grita, e eu me encolho.

— Meu pai, — eu saio correndo, olhando para ele através de meus cílios
escuros, e acrescento suavemente, — ele quer o seu Kingdom.

Ele apenas olha para mim com um olhar de aborrecimento em seus


olhos frios. Eu não sou nada mais do que um problema para ele. Assim
como eu sou para todos os outros.
Lambendo meu lábio machucado, eu suspiro. — Alguns dias atrás,
meus irmãos vieram até mim – os gêmeos e Matteo – e me disseram para
voltar para você. Para fazer o que fosse necessário para que você se
apaixonasse por mim e se casasse comigo. — Eu fungo. — Meu pai quer
você morto junto com o resto dos Kings. Ele quer o seu Kingdom, — eu
abaixo minha voz. — E ele quer que eu faça isso.

Seu silêncio continua.

— Eu não ia fazer isso. — Eu balanço minha cabeça, incapaz de


encontrar seus olhos depois da minha confissão. Quão estúpido meu pai
deve pensar que Bones é para se apaixonar por mim – uma mulher que ele
nem sabia que existia. Ele sabe que não tenho experiência. Ele me beijou e
eu congelei. Eu nem sabia o que fazer. Não tenho nada a oferecer além do
meu corpo. Uma mulher só serve para uma coisa na minha família. E tenho
certeza que Bones consegue isso em qualquer lugar. — Juro. Eu...

— Como você está se sentindo, senhorita? — uma enfermeira entra na


sala perguntando, e eu agradeço a interrupção. É difícil respirar aqui com
Bones também ocupando a sala. Preciso de um pouco de espaço e ar fresco.
É como se eu estivesse de volta à limusine com a mão dele em volta da
minha garganta.

— Tudo bem. — Jogo o cobertor de cima de mim. — Como está Luca?

— Ele acabou de sair da cirurgia e está sendo transferido para a UTI. O


médico virá e falará mais com você sobre isso.

Eu concordo.
— Esta é uma boa notícia, senhorita.

— Obrigada. Posso vê-lo? — Eu pergunto.

Ela me dá um sorriso gentil. Praticado com perfeição. Acho que ela me


daria o mesmo se tivesse que me dizer que ele faleceu devido aos
ferimentos. — Sinto muito, mas não no momento.

A porta se fecha e fico sozinha com ele mais uma vez. Eu não posso nem
encontrar seus olhos agora. Muito envergonhada. Constrangida. Luca é
tudo o que tenho e minha própria família queria tirá-lo de mim. Até onde
eles irão agora se Luca morrer? Eles vão me culpar por isso também.

Bones

— Diga alguma coisa, — ela sussurra, mantendo os olhos na cama.

Não tenho nada a dizer. Eu sei o que o pai dela quer. Ela acha que ele
simplesmente decidiu pegar o que é meu? Ele não vai conseguir. Não
importa quanta boceta ele tente jogar em mim.
Descruzo os braços e passo a mão pelo cabelo. Minha mais nova
preocupação é ela e meu melhor amigo, que está lutando pela vida.

Três dias atrás, eles apareceram e a espancaram. Informaram que ela


pagaria o preço final por não obedecer ao comando deles. — Por que você
não me ligou?

Seus olhos lentamente olham para cima para encontrar os meus.

— Por que você não me ligou quando eles apareceram em casa? Eu


disse para você me ligar se precisar de alguma coisa. — Eu só havia
deixado um número para ela em seu celular, e estava sob Dillan. Eu estava
com medo se ela me conhecesse como Bones, ela teria muito medo de me
procurar. Eu pensei que Dillan me fazia soar mais compreensível e gentil.
Pensando nisso agora, percebo que parece estúpido, já que quase a
sufoquei e depois a droguei.

— Você me sequestrou. Me drogou, — ela rosna, ouvindo meus


pensamentos, e meus olhos se estreitam nela. — Então me despachou. Por
que eu ligaria para alguém que não quer nada comigo?

Eu cerro minhas mãos. Eu fiz isso para salvá-la. Para levá-la o mais
longe possível de mim, mas aqui está ela com hematomas. Eles usaram
Luca para conseguir o que queriam. Até onde eles estão dispostos a ir?

Ela olha para mim, parecendo tão pequena naquela cama grande. Seu
cabelo escuro está solto e emaranhado em vários lugares. Seus olhos azul
prateados parecem opacos e cansados. Seus lábios carnudos estão secos.
Ela parece tão desnutrida quanto quando a comprei. Por que ela não tem se
cuidado? — Quanto tempo eles ficaram lá? — Eu pergunto em vez disso,
precisando saber os detalhes.

— Não sei. — Ela dá de ombros. — Depois que ele me jogou no chão e


me chutou, eu desmaiei. Quando acordei, eles tinham ido embora.

Minha mandíbula aperta. — Todos eles tocaram em você? — Três


homens contra uma mulher já é horrível o suficiente, mas então ser alguém
do tamanho dela? Sem mencionar que eles são a porra dos irmãos dela.
Eles queriam assustá-la, agredi-la, mas não a ponto de matá-la. Não, eles
queriam que ela voltasse rastejando para mim, fingindo precisar de ajuda.
Me dando a chance de ser o salvador e me apaixonar pela donzela em
perigo. E quando ela não o fez, eles foram atrás de Luca, sabendo que isso
bastaria. É a única pessoa que significa alguma coisa para ela. Ele nunca a
traiu - não como o resto de sua família, de qualquer maneira.

Ela balança a cabeça. — Matteo fez todo o trabalho.

Nesse momento, a porta se abre novamente e Haven entra correndo. —


Oh, meu Deus, Mia. — Ela corre para a cama e a abraça com força. — A
enfermeira me disse que você estava acordada e conversando, —
acrescenta Haven. — Eu tinha que ver você.

Eu me viro e saio do quarto e começo a andar pelo corredor vazio.


Olhando para cima, vejo Lane caminhando em minha direção, ainda
vestido com seu uniforme ensanguentado. Eu engulo, encontrando-o no
meio do caminho.

— Luca...?
— Ele está estável. Por agora. — Ele coloca as mãos nos quadris e eu
solto um longo suspiro. — Mas ele não está fora de perigo.

Eu aceno, imaginando que seria o caso. — E Mia? Você conseguiu ver os


resultados do teste dela? Eu não queria mais ninguém olhando para eles.
Uma pessoa a menos para quem temos que dar um NDA.

Eu já sabia que nada estava quebrado, mas eles fizeram outros testes
assim que ficou claro que ela havia sido espancada. Adicione o fato de que
seu irmão havia sido baleado. Eu queria que ele fosse muito minucioso.

— Os testes de estupro deram negativo, junto com o teste de gravidez.


Como lhe foi dito anteriormente, ela provavelmente teve uma concussão da
laceração na cabeça encontrada, mas é tarde demais para dizermos agora.

Eu não esperava que seus irmãos a estuprassem, mas nunca se sabe. Eu


não colocaria nada além deles neste momento. — Algo mais?

— Ela estava desidratada e meu palpite é que ela não dorme há dias.
Talvez devido ao ataque. As vítimas reagem de forma diferente a qualquer
tipo de trauma. Adicione privação de sono, fome e estresse em relação a
Luca, e isso pode ser a causa do desmaio.

— O que você sugere para a recuperação? — Eu pergunto. Minha


preocupação agora é ter certeza de mantê-la segura. Não posso permitir
que ela e Luca morram.

— Honestamente, não vai demorar muito para ela se recuperar. Ela


precisa comer regularmente. Mesmo que ela não esteja com fome. Vou
passar-lhe uma receita de comprimidos para náuseas, caso ela fique doente.
A melhor coisa para ela agora é descansar.

Eu aceno, recuando.

— Eu preciso falar com Haven.

— Ela está no quarto de Mia. — Aponto para a porta dela e ele passa
por mim para falar com elas em particular.

Encostando-me na parede, fecho os olhos, passando a mão pelo rosto.


Agora que porra eu faço?

— Ele foi colocado em um quarto particular de UTI, — Titan fala,


caminhando pelo corredor até mim. — Como você pediu. E em sua própria
ala. NDAs foram assinados.

Eu aceno em direção à porta de Mia. — Lane está falando com Haven e


Mia agora.

Seus olhos deslizam para ele, mas ele não menciona o elefante na sala -
quem é ela e como eu a conheço. Em vez disso, ele diz: — Vou pedir
segurança privada 24 horas por dia para Luca.

— Cuidado nunca é demais, — concordo com ele.

— E ela? Quer o mesmo?

— Ela não vai ficar aqui por muito mais tempo. — Ela será liberada
hoje. Não há nada que eles possam fazer por Mia. Ela deveria ter
procurado tratamento imediato quando foi agredida. Eu diria que o fato de
Luca ter sido baleado a ajudou. Caso contrário, ela teria desmaiado sozinha
na minha casa de praia. Mas, novamente, ele foi baleado por causa dela, ou
assim ela pensa.

Ouvindo a porta do quarto de Mia abrir, olho para ver Haven sair e
literalmente correr em minha direção.

— Você e Mia podem ficar na minha casa, — digo a ela. Titan, Grave e
Cross estarão ao lado. É a nossa própria comunidade privada e fechada.
Ninguém entra ou sai sem o conhecimento dos Kings. — Sua casa não
estará segura e alguém precisa cuidar dela. — Eu nunca estou em casa de
qualquer maneira. Eu moro no Kingdom.

— Eu não vou a lugar nenhum, — afirma ela.

— Haven... — Digo o nome dela, sem vontade de discutir com ela.

— Quando não estiver no quarto do Luca, estarei na nossa casa.

— Receio que você não possa ficar lá, — digo a ela. Luca vai viver, e não
posso arriscar que os irmãos Bianchi vão para a casa deles e machuquem
Haven. Luca não gostaria de viver se sua esposa fosse morta.

— Então eu vou ficar aqui com Luca, — ela oferece. — Mas acho que vai
ficar tudo bem. Honestamente, vou pedir a Nite que contrate segurança
extra para a casa. Ele pode ficar lá com Mia.

— Não. Haven…

— Eu entendo que você nunca amou ninguém, Dillan, — ela diz meu
nome verdadeiro, e meu maxilar aperta. — Mas meu marido foi baleado! E
eu não vou deixá-lo, porra. — Com isso, ela sai pisando duro no corredor.
Titan arqueia uma sobrancelha como se para me perguntar o que eu
esperava que ela fizesse. Nem todo mundo é tão insensível quanto eu. Em
vez de me defender, eu me afasto, precisando colocar algumas coisas em
ordem para Haven, já que ela vai ser teimosa. Mas ela estava certa sobre
uma coisa, Luca e sua casa precisam de segurança extra. Mesmo que Mia
pense que isso tem a ver com ela, isso não significa que quem fez isso não
tenha outras oportunidades em mente.
Capítulo Dez
Mia

Estou colocando minhas meias e sapatos. O médico veio e me viu há


uma hora. Ele colocou Haven e eu a par de Luca e disse que a papelada
havia sido iniciada para minha libertação. Ele me deu algumas receitas,
mas disse que a principal coisa que eu precisava era descansar.

Eu não vou conseguir nenhum. Não quando meu irmão está aqui em
coma induzido por drogas. Haven tem me mantido atualizada desde que o
médico nos informou o que aconteceu com ele. Acontece que Luca foi
baleado duas vezes. Uma no peito e outra na perna. Por isso a cirurgia
demorou tanto. Eles pensaram que ele iria perder a perna, mas
conseguiram salvá-la. Ele está estável, mas ainda é uma subida difícil.

A porta se abre e eu olho para cima para ver Dillan entrando. Termino
de amarrar meus tênis e pego minha bolsa na cama. — Estou indo embora.

— Você vai esperar que a enfermeira a acompanhe em uma cadeira de


rodas, — ele responde categoricamente.

Eu empurro meu quadril para fora. — Estou bem.

— É política do hospital.
— Oh. — Eu nunca estive em um antes. Ele pode estar mentindo para
mim. Eu olho para ele, e ele está olhando para mim intensamente. Olhos
azuis examinam meu lábio arrebentado e meu cabelo bagunçado. Tentei
escová-lo, mas precisa ser lavado. Eu tenho cabelos longos e grossos. É
sempre emaranhado facilmente.

— Você tem alguma notícia sobre Luca? — Eu pergunto, me


perguntando por que ele está de volta aqui. Eu não o vejo desde que ele
saiu quando Haven veio me ver.

— Você está voltando para casa comigo, — afirma ele.

Eu ri disso. Uma risada profunda e dobrada que faz meu lado já


dolorido doer. — Eu nunca teria imaginado que você fosse um comediante,
Bones.

— Estou falando sério, Mia.

Minha risada para. Seus olhos não revelam nada, mas suas mãos
cerradas sim. Ele não quer que eu vá com ele tanto quanto eu não quero
estar perto dele. — Eu não preciso da sua ajuda, — eu rosno e sigo em
direção à porta.

Ele dá um passo na minha frente, me fazendo parar. — Na verdade,


você provou que não pode cuidar de si mesma.

— Eu não preciso de uma babá, — eu retruco.

Ele dá um passo à frente, fechando a pequena distância entre nós, e eu


inclino minha cabeça para trás para olhar para ele. Sua altura é intimidante.
Eu odeio a forma como meu estômago vibra quando ele está tão perto.
Que tudo em que consigo pensar é no beijo que ele me deu antes de se
virar e me deixar para trás em sua casa de praia. E a maneira como ele me
encarou na limusine. A maneira como seus olhos olhavam para o meu
corpo como se ele quisesse. Sentir qualquer coisa por ele é um grande não.
Não como se ele fosse sentir outra coisa senão aborrecimento por mim, mas
ainda assim. Minha família vai garantir que eu nunca seja feliz. E eu odeio
o fato de gostar de como ele me encara - não sou um pedaço de carne. Nem
para ele, nem para ninguém. Mas quando você é ignorada por toda a sua
vida, o primeiro sinal de qualquer atenção faz meu corpo esquentar.

— Quando foi a última vez que você dormiu? — ele exige.

Eu franzo a testa com a pergunta estranha. — Eu acabei de acordar …

— Você desmaiou, — ele me corrige. — Quando foi a última vez que


você comeu alguma coisa?

Bufando, cruzo os braços sobre o peito. — Você não é meu... — Eu paro.

— Não é o quê? — Ele sorri, gostando do fato de me intimidar.

Foda-se ele. — Eu quase disse pai. Mas, de certa forma, você é igual a ele.
— Não vou me conter quando se trata deste King. Eu não preciso. Se eu o
irritar, talvez ele me deixe ir.

Aquele sorriso cai de seu rosto, e ele se aproxima ainda mais, seu peito
agora batendo no meu, e eu prendo a respiração. — Tenha muito cuidado
com o que você diz, Mia, — ele avisa.
Isso apenas faz com que essas borboletas se intensifiquem. — Por que?
— Eu pergunto, endireitando meus ombros, não querendo desistir dele. A
fraqueza é mortal em minha família. E não importa o quanto eu esteja
apavorada com ele, não vou demonstrar. — Você vai me mandar embora
de novo? — Por favor faça. Isso nos poupará muitos problemas.

Eu observo a maneira como seus olhos azuis escurecem enquanto ele


olha para mim, as mãos em punhos ao lado do corpo, e sei pela maneira
como ele está respirando que está tentando se acalmar. Só posso imaginar
que tipo de homem ele é quando não se contém.

— Faça. — Eu o isco. — Coloque suas mãos em volta da minha garganta


e me sufoque. Assim como você fez da última vez que estive com você. —
Dillan é um filho da puta. Lembro-me das histórias sobre ele e os Kings
quando crianças. Era meu décimo terceiro aniversário quando meu pai me
mandou embora. Os Kings e Luca eram seis anos mais velhos que eu. Bem,
exceto por Grave, que era um ano mais novo que o resto. Ele era apenas
cinco anos mais velho que eu. Mas ouvi histórias sobre os Kings, e eles já
estavam destruindo Las Vegas. Não foi difícil descobrir que tipo de homem
eles se tornariam quando crescessem.

Ele levanta a mão e eu me encolho. Aquele sorriso voltou aos seus


lábios. Ele abre o punho e passa os nós dos dedos tatuados pelo meu rosto.
O anel de caveira é frio contra a minha pele. Minha respiração falha e meus
joelhos ameaçam ceder. A última vez que ele me tocou, ele me beijou. Meus
lábios se separam por conta própria com esse pensamento. — Se é isso que
vai te dar algum descanso. Eu sou um solucionador de problemas.
Meu coração começa a bater forte no meu peito com a facilidade com
que ele me ameaça. A lembrança dele me sufocando na limusine vem à
mente. Ele era forte, e eu era muito fraco. Engulo o medo, tentando acalmar
meu coração e arqueio uma sobrancelha. — Então, porra, faça isso. — Não
tenho certeza se quero que ele me sufoque ou me beije. Neste ponto, acho
que daria as boas-vindas a qualquer um.

A porta se abre e eu me afasto dele, respirando trêmula. Sua mão cai


para o lado. — Olá senhorita. — A enfermeira de antes entra com uma
cadeira de rodas. — Você está pronta para sair daqui? — Ela sorri para
mim, depois olha para ele. — O Dr. Lane me disse que ela vai para casa
com você.

Meu estômago afunda. O médico? O que ele disse para o médico


permitir isso?

— Ela vai, — ele confirma.

— Excelente. — Ela acena com a cabeça uma vez. — Se você quiser


estacionar seu carro até a entrada, encontraremos você lá fora.

Ele sai do quarto e eu sento na cadeira de rodas com a bolsa no colo. —


Você viu Haven Bianchi? — Talvez se eu puder encontrá-la, posso
convencê-la a ir para a casa dela e de Luca.

— Sim, senhora. Bones falou com o Dr. Lane, e ele mexeu alguns
pauzinhos. Luca foi colocado em um quarto de UTI particular em sua
própria ala, e ela vai ficar com ele.

Bones falou com o Dr. Lane? Haven pode ficar com ele?
Eu caio para trás na cadeira de rodas e me agarro à minha bolsa. Por
que Dillan faria isso por ela? Talvez seja para Luca? Todos eles são amigos.
Eu sou a pária. O fardo.

Ela me empurra para a dura luz da tarde. Meus olhos se estreitam para
ver um carro preto fosco parado na entrada. Parece algo que ele dirigiria.
Elegante e caro. Provavelmente uma edição limitada. Tenho certeza de que
custou a ele o que alimentaria um pequeno país por um ano.

— Aqui vamos nós, — diz a enfermeira alegremente. Ela está feliz por
eu ter saído do hospital. Esse é o objetivo deles. Eu quero tropeçar e cair de
cara no chão, então ela vai ter que me internar novamente. Pelo menos isso
significaria que eu ficaria mais perto de Luca.

Eu me levanto da cadeira de rodas e ele dá a volta na frente do carro


para abrir a porta do passageiro para mim. Eu caio nela, e ele a fecha.
Apenas me mostrando como ele está irritado com essa situação.

Olho para o interior preto e fecho os olhos. O carro cheira a sua colônia
naquela noite na limusine. Limpo, como linho fresco. Quando suas mãos
estavam em mim, seu rosto estava a centímetros do meu. Então me lembro
do beijo. Seria inocente para outra pessoa, mas para mim? Arrepios sobem
ao longo dos meus braços com esse pensamento, e eu estremeço. Foi o meu
primeiro. Duvido que ele saiba disso. E se tivesse, duvido que o tivesse
feito.

Ele se senta no banco do motorista e se afasta da entrada. Prendo um


suspiro ao ver como estou perto de Luca. Pelo menos eu sei que Haven está
com ele. Luca não iria querer me ver de qualquer maneira, mesmo se
estivesse consciente. Ele ficaria tão desapontado comigo agora por vários
motivos.

— Por que você convenceu o médico a deixar Haven ficar no quarto de


Luca? — Pergunto-lhe. Eu sinto que Dillan não é o tipo de cara que mente
para você. Ele lhe dirá a verdade, não importa o quanto você odeie ouvi-la.

— Porque ela queria ficar com o marido, — vem sua resposta fria.

— Bem, eu queria estar com meu irmão, — eu digo a ele.

Ele me ignora, colocando o pulso esquerdo no volante. Meus olhos


deslizam por seus braços musculosos e tatuados e noto como sua camiseta
preta é apertada contra seus ombros largos. Meus olhos continuam na tinta
em seu pescoço. Vem até sua mandíbula definida. Isso o faz parecer mau e
sexy ao mesmo tempo. Como algo proibido, mas do qual não se pode ficar
longe. O tipo de cara que qualquer mãe não gostaria que sua filha
namorasse. Não por amor de qualquer maneira. Não, um homem como
Dillan é um foda-se e te abandona quando fica entediado - o que
provavelmente não demoraria muito. Tenho certeza de que seu telefone
está cheio de mulheres para quem ele poderia ligar a qualquer momento, e
elas rastejariam de quatro para que ele lhes desse um segundo de seu
tempo.

Quando ele vira a cabeça, seus olhos azuis encontram os meus por um
rápido segundo antes de ele desviar o olhar, me pegando olhando, mas ele
permanece em silêncio.
Fechando os olhos, inclino a cabeça para trás no encosto e respiro fundo.
Vai ser uma estadia muito longa em Las Vegas porque não vou embora até
que meu irmão acorde, e também não vou fugir depois disso. Desta vez,
terá que ser ele quem me enviará fisicamente para longe.

Bones

Passo pelo portão de ferro preto de nossa propriedade que tem um K


dourado no meio. Os Kings e eu temos um complexo de mais de duzentos
acres com nossa própria segurança privada, onde cada um de nós
construiu uma casa. Costumávamos morar no Kingdom, mas os outros se
apaixonaram no ano passado e agora passam as noites aqui, em vez de no
Kingdom. Exceto para mim. Prefiro nosso Royal Floor no quinquagésimo
andar do que morar aqui.

Estaciono em minha casa, dirijo sob a passarela e dou a volta na


garagem. Desligo o carro e olho para Mia. Sua cabeça repousa no encosto
de cabeça, inclinada para ficar de frente para a janela do passageiro.
Sento-me e espero que ela olhe para mim. Para me dar aquele olhar que
ela faz tão bem, mas não vem. — Mia? — Eu pergunto, estendendo a mão
para ela. Eu coloco minha mão em seu ombro, dando-lhe um aperto suave,
e sua cabeça cai para me encarar, o cabelo cobrindo a maior parte dela. Eu
empurro para trás de sua orelha. — Mia? — Eu pergunto novamente.

Seus lábios carnudos estão ligeiramente entreabertos e seus olhos estão


fechados, seus cílios longos e grossos descansando em suas bochechas
machucadas. Meus olhos caem em seu peito, e eu o observo subir e descer
uniformemente com cada respiração. Ela desmaiou.

Uma parte de mim está aliviado. Ela precisava disso, e eu não queria
sufocá-la para conseguir isso. O fato de ela ter me desafiado em seu quarto
de hospital a fazê-lo me excitou. E eu odeio isso. Mia Bianchi não é para
mim. Mesmo que eu a queira. Não há um homem neste planeta que diria
que ela não é atraente. Há uma razão pela qual seu pai a manteve
escondida do mundo por toda a vida - porque ela é uma arma. Para usar
conforme sua conveniência.

Eu saio do meu carro e caminho para o lado do passageiro. Abrindo a


porta, eu me curvo e coloco um braço sob suas pernas, o outro atrás das
costas, e a levanto para fora do carro, fechando a porta com meu quadril.

Entro em minha casa pela garagem, passando pela lavanderia e lavabo.


Caminhando mais pelo longo corredor, abro a última porta à direita - meu
quarto.

Eu a deito na cama e ela nem se mexe. Ela está de costas com os braços
estendidos para os lados. Ando até o final da cama e tiro seus sapatos e
meias, colocando-os no banco. Então eu volto para ela. Olho para o rosto
dela e passo o polegar sobre a fenda no canto do lábio.

Mantive minha palavra com Luca, consegui uma passagem, voei para
Nova York, comprei-a, encontrei-me com Tristan, droguei-a e a despachei.
No entanto, aqui está ela, dormindo na minha cama em Las Vegas. Ela usa
uma camiseta rosa e shorts jeans. Olhando para baixo em seu corpo, eu
olho sobre suas pernas. Ela tem uma contusão no joelho. Uma pequena em
sua coxa. E eu sei que debaixo da camisa ela tem mais.

E isso levanta outra questão - como diabos eles sabiam onde ela estava?
E porque? Luca disse que eles não iriam querer ela. Que seu pai não se
importaria para onde ela fosse, desde que conseguisse seu dinheiro. Então,
minha pergunta é: quem está realmente atrás dela? Seus irmãos ou seu pai?
Por pior que pareça, por que eles pararam? Mia disse que desmaiou e,
quando acordou, eles haviam sumido. Se é tudo sobre dinheiro, seu pai já
recebeu os dez milhões. Por que não matá-la ali mesmo?

Acho que poderia tê-la escondido melhor e não tê-la mandado para
uma das minhas casas de veraneio. É minha culpa. Ela disse que eles
disseram a ela para voltar para mim. Mas o leilão deveria ser anônimo.
Como eles sabem que fui eu quem a comprou?

Achei que mandá-la embora era a coisa certa. Eu corro meus dedos
sobre seu queixo e pescoço. Eu posso sentir seu pulso, lento e constante.

Agora que porra eu faço?


Capítulo Onze
Mia

Eu acordo em um quarto escuro. Sento-me e passo as mãos pela


camiseta. Ainda estou vestida, mas meus sapatos e meias sumiram. Minhas
mãos vagam ao longo da cama ao meu lado para o meu telefone, mas não o
encontro. Inclinando-me para o outro lado, encontro uma mesinha de
cabeceira e toco algo que parece um abajur. Giro o botão no topo e ele
ilumina a sala.

Paredes da cor de uma tempestade. Pisos de madeira preta com um


tapete cinza escuro. Uma cama de dossel preta fica no centro. Deito em
cima de lençóis de seda preta e fronhas combinando.

Eu saio da cama e balanço meus pés. Grossas cortinas pretas correm ao


longo da parede oposta. Eu me aproximo, abrindo-os para revelar uma
piscina olímpica e uma banheira de hidromassagem anexa, mas não
consigo ver muito mais. Está muito escuro.

— Quanto tempo eu dormi? — Eu me pergunto através de um bocejo.

— Quase doze horas.


Eu giro ao som de sua voz e coloco minha mão no meu peito enquanto
ele entra em um conjunto de portas duplas abertas. — Dillan, — eu respiro.
— O que você está fazendo aqui?

— Eu moro aqui, — afirma ele, trazendo uma bandeja para o lado da


cama. Ele a coloca para baixo e começa a caminhar até mim.

Eu fico como uma estátua, tentando lembrar o que aconteceu por


último. Eu estava no hospital. Eles me deram alta... passeio de carro...
Fechei os olhos só por um segundo — é a última coisa de que me lembro.
— Como eu...? — Eu paro com essa pergunta estúpida. Só havia uma
maneira de entrar nesta casa: ele me carregou e tirou minhas meias e
sapatos. O pensamento faz minhas bochechas ficarem vermelhas. Eu
continuo me encontrando em posições vulneráveis com ele.

Ele para diante de mim e estende a mão, passando as mãos pelo meu
lado, e eu prendo a respiração, odiando que eu gosto do jeito que ele está
sempre me tocando. — Como estão suas costelas?

Meus olhos se erguem para ele quando suas mãos param, mas ele não
as afasta. Ele é o primeiro homem a me tocar, na limusine, Califórnia, aqui
em seu quarto. Meu coração dispara e o sangue corre em meus ouvidos.
Espero que ele não perceba como minha respiração falha com o contato. —
Tudo bem, — eu minto. Meu lado ainda dói. — Por que você me deixou
dormir por tanto tempo?

— Você precisava disso. — Ele dá um passo para trás, suas mãos caindo
do meu corpo.
O fato de ele não me tocar mais me permite pensar com clareza e me
ajuda a lembrar por que estou aqui, fazendo com que meus olhos se
estreitem nele. — Preciso ficar com meu irmão.

— Acabei de desligar com Haven. Ele não está pior, nem melhor. E você
não pode ir vê-lo.

Deixei escapar um longo suspiro. — Eu não preciso da sua permissão


para fazer algo.

— Tecnicamente, eu possuo você, — ele diz como se estivesse falando


sobre comprar um carro. Como se eu fosse algo tão insignificante que pode
ser comprado e vendido como um objeto.

Meu sangue ferve instantaneamente com essas palavras. — Não diga


isso. — Eu consigo sair com os dentes cerrados.

— Ou o que? — Ele inclina a cabeça.

Esta tem sido minha vida por vinte anos. Homens me possuindo.
Primeiro meu pai, mas depois ele me vendeu, esperando que algum
bastardo me comprasse e pudesse ficar com a fortuna deles. Eu sou uma
carta a ser jogada. Um brinquedo para ser usado. Só porque Dillan não
compartilha meu sangue não significa que ele tenha menos poder sobre o
que faço, quem vejo e aonde vou. Estou tão impotente com ele como
sempre estive em toda a minha vida.

— Isso é o que eu pensei, — diz ele antes de virar as costas para mim e
sair da sala.
Eu mordo meu lábio e me viro para olhar pela janela novamente. Eu
sinto falta da Itália. Eu não sabia o quanto amava aquela prisão. Passei a
maior parte dos meus dias na piscina. Talvez seja disso que eu preciso.
Silêncio.

Eu destranco a porta de vidro deslizante, saio e começo a tirar minhas


roupas. Eu preciso me sentir livre. Eu preciso limpar minha cabeça. Este é o
único lugar que tenho para fazer isso.

Bones

Volto para a suíte master para tomar um banho. Estive em meu


escritório aqui em casa nas últimas doze horas enquanto ela dormia. Eu
preciso ir para o Kingdom, mas minha bunda precisa de um banho
primeiro. Vou entrar no banheiro, mas paro quando olho pela porta de
vidro deslizante e vejo que ela está na piscina.

Ela está de costas para mim enquanto fica na beira da parte rasa. Ela se
abaixa e tira a camisa por cima da cabeça. Seu cabelo cai, cobrindo suas
costas machucadas. Então ela empurra o short pelas pernas finas e os chuta
para o lado, expondo uma calcinha preta de algodão.

Eu ando até a porta de vidro deslizante e observo enquanto ela desce


lentamente os degraus, afundando seu corpo ferido na água. Está escuro lá
fora, mas as luzes da piscina iluminam a água. Ela lentamente afunda nele,
prendendo a respiração. Empurrando a parede, não nadando muito longe e
levanta a cabeça, respirando fundo antes de se virar e voltar, sabendo que
seu corpo não está em condições de ir até o fundo.

Ela sai de novo, com a cabeça para trás e afasta o cabelo escuro do rosto.
Eu a vejo estremecer com o quão dolorido seu corpo deve estar enquanto
tenta pegar leve. Eu deveria ir lá e tirá-la disso. Dizer a ela que ela ainda
não pode nadar. Seu corpo precisa de tempo para curar. Mas eu não. Em
vez disso, fico aqui olhando para ela como um perseguidor.

Seus olhos se abrem e se fixam nos meus. Ela mergulha na água,


cobrindo o peito. Eu odeio dizer a ela que já a vi praticamente nua naquele
vídeo que seu irmão me mostrou.

Abro a porta de vidro e saio para a noite quente. — Vou para o


Kingdom por algumas horas. Vamos até o hospital pegar o carro quando
eu voltar.

Ela franze a testa. — Que carro?

— Eu suponho que você dirigiu meu carro. — Ela inclina a cabeça para
o lado. — O que eu tinha estacionado na casa de praia. — Tenho um
Bentley Continental GT que deixo lá. Estou muito feliz por ela ter voltado.
Ele apenas fica lá e nunca vê a luz do dia. Ele precisa ser conduzido. Ela
pode dirigir até aqui enquanto fica comigo.

— Oh. — Seus olhos se abaixam e gotas de água escorrem de seus


longos cílios. — Ainda está lá.

— No hospital, sim, eu sei.

— Não, ainda está em Malibu.

Eu franzir a testa. — Então como você chegou aqui?

— Haven me enviou seu jato particular. Por isso demorei tanto para
chegar. Eu tive que esperar que ele me pegasse na Califórnia.

É apenas um pouco mais de uma hora de voo e o tempo de viagem é de


cerca de cinco horas. Mas teria sido mais fácil dirigir do que esperar o jato
chegar. — Por que você simplesmente não dirigiu? — As chaves estavam
penduradas na garagem. Eu não queria que ela ficasse presa.

— Eu não sei como, — ela sussurra.

— Como você não sabe dirigir? — Eu bufo.

Ela ainda paira sob a água, bem contra o lado, protegendo seu corpo de
mim. Seus braços ainda cobrem seus seios, e seu cabelo flutua ao seu redor
como uma nuvem negra. Seus olhos azuis prateados encontram os meus.
— Nunca me ofereceram essa oportunidade de liberdade.

Eu passo a mão pelo meu cabelo. Jesus! Por que Luca pelo menos não
ensinou essas coisas a ela? Opções cotidianas que tomamos como
garantidas. — Eu vou te ensinar. — Eu decido. A mulher precisa saber
dirigir um maldito carro.

Seus olhos se iluminam e ela fica de pé em toda a sua altura, então a


água chega ao peito em vez do pescoço. Um sorriso tão largo que ilumina
seu lindo rosto. Porra, meu pau se contrai em meu jeans. — Você irá?

Eu limpo minha garganta. — É claro. Todos devem saber dirigir um


carro.

Ela morde o lábio inferior e seus olhos olham para mim com uma
suavidade que faz meu peito apertar. — Obrigada, Dillan, — ela sussurra, e
minha respiração falha com a forma como ela diz meu nome. É a primeira
vez sem uma mordida. Além disso, ninguém nunca me chama pelo meu
nome. É sempre Bones.

Eu aceno para ela. — Estarei de volta em algumas horas. — Então eu me


viro e saio do quarto, nem mesmo me incomodando com o banho. Porque
se eu fizer isso, estarei me masturbando imaginando ela de topless na
minha piscina.

Estou sentado atrás da minha mesa quando Titan entra no meu


escritório. — Você está aqui cedo esta manhã. — Ainda nem tivemos nossa
reunião diária na sala de conferências.
— O que você quer? — Eu pergunto sem sequer olhar para ele.

— O que você tem? — ele pergunta, sentando-se.

Eu coloco meus cotovelos sobre a mesa e olho para ele. — Última


chance. O que você quer?

Ele apenas sorri. — Então Mia? — Eu suspiro, sabendo que essa


conversa viria. — Quem diria que Luca tinha uma irmãzinha.

Sim, quem diabos sabia? — Eu não. — Mentira. Mesmo que eu não me


lembrasse dela, eu sabia que ela existia. Eu nunca teria imaginado que ela
era uma Bianchi.

Estendendo a mão, ele passa a mão pelo rosto. — O que você vai fazer
com ela?

— Com licença? — Eu pergunto, piscando. Ele faz parecer que ela é algo
que eu posso simplesmente devolver.

— Bem, o mundo não tem ideia de que ela existe. Como você vai manter
isso em segredo?

Sento-me no meu lugar.

— Olha... pelo jeito que eu vi você e Nite reagirem a ela correndo para o
hospital, vocês dois sabiam que ela existia. Eu nem vou perguntar como.
Mas ela obviamente está escondida. Agora ela está fora. — Ele abre bem os
braços tatuados. — Os Bianchis têm muitos inimigos - caso em questão,
nosso amigo está em coma depois de ser baleado - e Mia tornar sua
presença conhecida pelo mundo pode causar ainda mais problemas. Para
ela. Para você. Os Bianchis em geral.

Eu nunca pensei sobre isso. Luca disse que ela seria usada como arma,
mas o que aconteceria se alguém realmente colocasse as mãos nela? Seu pai
não daria a mínima para o que aconteceu com ela. Ele provou isso
vendendo-a pelo lance mais alto. Ela disse que ele quer Kingdom, mas os
pontos não se alinham. Se outra pessoa a tivesse comprado, quem sabe
onde ela estaria agora. Ele já pegou o dinheiro dele. O pai dela a mandou
de volta para cá porque sabe que fui eu quem a comprou? Os nomes nunca
foram usados no leilão privado. Eu não precisei assinar nada. Pagamos
nossa taxa de mesa em dinheiro, e foi isso. A transferência eletrônica não
foi rastreável. Se alguém vazasse qualquer informação sobre os leilões,
você seria morto. Sem perguntas. Então isso me faz pensar como eles
sabem que eu fiz isso.

Tento dizer a mim mesmo que ela não é problema meu, mas então
penso em Luca. Não posso permitir que alguém o use contra ela dessa
maneira. Não posso pedir ajuda aos irmãos dela. Eles já deram a ela uma
linha do tempo antes de virem atrás dela novamente.

— Convoque uma reunião, — digo a ele. — A sala de conferências em


trinta. E mande uma mensagem para Nite. Eu quero ele lá também.

Ele acena com a cabeça e se levanta sem dizer mais nada. Pego meu
telefone e faço algumas ligações.

Uma hora depois, entro em nossa sala de conferências para ver meu
irmão, Titan, Cross, junto com Nite já sentados na mesa preta feita sob
medida que acomoda facilmente vinte pessoas. Um crânio é esculpido no
meio e Kingdom é escrito em ouro em cada extremidade. É aqui que
realizamos todas as nossas reuniões de negócios. Temos bloqueadores
bloqueando qualquer tipo de dispositivo elétrico aqui.

— Você está atrasado, — meu irmão anuncia, olhando para o relógio.

Eu bufo. Como se nunca tivesse se atrasado para uma reunião antes.


Inferno, houve dias que se passaram, e nenhum de nós sabia onde ele
estava.

— Isso é sobre o quê? — ele pergunta quando eu não reconheço sua


declaração anterior.

Cross dá uma risada. — Eu posso adivinhar.

Sentada na cabeceira da mesa, jogo algumas pastas no centro e falo. —


Temos um problema.

— Bem, você terá que ser um pouco mais específico. — Meu irmão ri,
estendendo a mão para um.

— Os Bianchis, — acrescento.

A mandíbula de Grave se afia, abrindo-a. — E eles?

— Mia está destinada a roubar Kingdom, — eu anuncio.

O silêncio cai sobre a sala, e cada um olha para mim. Então os Kings
começam a rir e até Nite sorri. O cara é mudo. Todos nós temos nossa arma
preferida, e ele escolheu o silêncio. — Como ela vai fazer isso exatamente?
— Perguntas cruzadas.
— Ela deveria se casar comigo, — eu respondo.

Todas as risadas param e eu me inclino para trás no meu assento.

— Espere o que? — Grave pergunta, seus olhos examinando


rapidamente os papéis à sua frente, verificando se não é uma certidão de
casamento ou algo assim. Certificando-se de que não perdi a cabeça.

Cross sacode a cabeça.

— Você está falando sério? — Titan parece cético, nem mesmo se


preocupando em pegar sua pasta.

Eu concordo. — Luca veio até mim cerca de quatro semanas atrás. Me


mostrou um vídeo da Mia. Ela havia sido traficada para sexo...

— Foda-se, — Titan sibila, me interrompendo.

— Me disse que ela estava sendo enviada para Nova York. Dei um
telefonema, recebi um convite para um leilão e a comprei, — explico da
maneira mais simples possível.

— Diga-me que você está brincando. — Grave resmunga. — Por que


você está nos dando registros médicos, então? — Ele aponta para a pasta
aberta à sua frente. — A quem eles pertencem?

Eu continuo. — Eu a enviei para morar em minha casa em Malibu. Tudo


estava indo bem. Então, três dias atrás, Matteo e os gêmeos de alguma
forma a encontraram na minha casa de praia. Disse a ela para voltar - o pai
dela quer o Kingdom e vai usá-la para obtê-lo.
Cross empurra o assento para trás e fica de pé perto das janelas que vão
do chão ao teto. Puxando seu Zippo para fora, ele começa a mexer nele.

— Então envie-a de volta, — exige Grave. — Em algum lugar onde eles


não vão encontrá-la, porra.

Isso não vai funcionar. — Ela os recusou. — Ele bufa, não acreditando
nisso. — Quando ela disse não, eles deram a ela três meses para me fazer
apaixonar por ela, casar com ela, e seu pai terá Kingdom.

Titan zomba. — Merda não funciona assim.

Grave coloca os cotovelos sobre a mesa e passa as mãos pelos cabelos.


— A menos que ela se case com Bones, e então ele mate os dois. — Ele dá
de ombros. — Então ele tem um testamento forjado que deixa suas ações
do Kingdom para ele e, claro, tudo o que ele fizer em nome de Mia.

— Ainda não funciona assim, — argumenta Titan.

— Vai funcionar como John Bianchi quiser girar, — Grave responde a


ele. — Veja o que George fez com Emilee.

A mandíbula de Titan se aguça com a menção de sua esposa e seu pai.


— Vocês estão olhando para isso da maneira errada. — Ele se mexe em seu
assento. — John não tem nada se não tiver Mia. Então... — Ele levanta bem
as mãos. — Ele não pode conseguir o que ela não tem acesso.

— Exatamente o que você está sugerindo que façamos? — Cross


pergunta, virando-se para nos encarar.

— Nós cuidamos...
— Não se atreva a dizer que nós a matamos, — eu o interrompo.

Titan suspira. — Não me diga que você não pensou nisso.

Ignoro esse comentário. — Não. Não vamos matá-la. Ela é inocente.

Bufa grave. — É o que ela diz. — Meu irmão argumenta.

Eu coloco minhas mãos na mesa. — Ela se recusou a voltar para Las


Vegas depois que eles a agrediram e, três dias depois, Luca foi baleado.
Você não acha que é uma grande coincidência?

Nite apenas fica parado, olhando para a mesa, e posso ver sua mente
tentando recuperar o atraso. Veja se há algo que ele perdeu.

— Espere um minuto. — Grave levanta o dedo. — Você está dizendo


que acha que o irmão de Luca atirou nele para atraí-la de volta para cá?

— Isso é exatamente o que penso. — Eu concordo.

— Os Bianchis são implacáveis, — acrescenta Titan.

— Estes são os registros médicos de Luca? — Grave pergunta, franzindo


a testa e pegando sua pasta mais uma vez. — Eles foderam com ele antes
de atirar nele?

— Não. Eles são da Mia.

— O que você quer dizer? — Rosnados cruzados. — E por que você os


tem?
— Falei com Lane. Eles bateram nela e a deixaram lá na minha casa de
praia. Mia acha que porque ela não veio correndo para mim em Las Vegas,
eles foram atrás da única pessoa que ela ama.

— Então, o que fazemos? — Cross pergunta, abrindo e fechando seu


Zippo.

— É simples. Bones não se casa. John não pode fazer nada sem essa
conexão, — responde Grave. — Quero dizer, ele não vai se casar com ela.
— Ele ri como se isso fosse absurdo.

— Então você está colocando uma linha do tempo na vida de Mia, —


Titan argumenta como se ele se importasse se ela morresse. — Se ela
recebeu três meses, o que acontecerá no final desse período?

— Vamos nos preocupar com isso então. — Grave dá de ombros,


olhando para mim. — Mas enquanto isso, eu a esconderia tão bem que até
você esqueceria onde a colocou.

Sento-me e suspiro, sabendo que ele está certo. Eu não posso protegê-la.
Não como ela precisa. Quanto mais milhas entre nós, melhor. Se ela ficar
aqui, seus irmãos vão pensar que ela é inútil e vão matá-la. Se eu mandá-la
embora, eles vão pensar que ela é inútil e matá-la. Ou pior, vendê-la
novamente.

— Ouça-me, — Titan continua. — E se ele se casasse com ela?

Grave bufa e Cross ri.

— Estou falando sério, — argumenta. — Você se casa com ela, mas tem
um acordo pré-nupcial hermético. Um cônjuge só pode obter uma
porcentagem do que você tem depois de se casar. Ele tinha ações do
Kingdom antes de se casar com ela. Portanto, ela não pode tocá-lo.

— Muito arriscado. — Cross sacode a cabeça.

— Foi isso que você e Emilee fizeram? — Grave arqueia uma


sobrancelha, olhando para Titan. — Você fez um acordo pré-nupcial
hermético?

— Não, — Titan rosna como se isso fosse ridículo. — Casei com minha
esposa porque a amo, não porque estava encurralado.

— Bones não está encurralado, — argumenta Grave. — Pelo que


sabemos, Mia está mentindo. — Ele aponta para mim. — Quantas mulheres
tentaram conseguir o que temos? Bastante. Não é incomum que as
mulheres usem sua boceta para um dia de pagamento.

Um silêncio cai sobre a sala enquanto todos o encaram. Ele arqueia uma
sobrancelha. — Vocês estão sugerindo que April engravidou de propósito?
— ele exige.

— Você disse isso. — Titan balança a cabeça. — Não nós.

Grave empurra os papéis para fora da mesa e começa a subir para


chegar ao Titan, mas Cross agarra a parte de trás de sua camisa, puxando-o
para trás.

— Seu filho da puta...

— Chega! — Eu grito, interrompendo Grave e me levantando da minha


cadeira.
Titan suspira. — Nenhum de nós acha que April estava tentando
prender você. — Ele joga as mãos para cima em sinal de rendição. — Mas
isso afeta a todos nós. Se John colocar um pé, ele encontrará uma maneira
de pegar tudo.

É por isso que eu disse a eles. Sempre fui uma pessoa muito reservada.
O que eu faço não é da conta de mais ninguém, mas isso os inclui. Somos
todos parceiros iguais. Se alguém é atacado, todos nós estamos sob ataque.

— Talvez estejamos olhando pelo ângulo errado, — Cross diz


lentamente, empurrando Grave em seu assento. — Encontramos quem foi
atrás de Luca primeiro. Você disse que Mia tem uma linha do tempo? —
Ele olha para mim, e eu aceno. — Então temos tempo lá. Mas quem atirou
em Luca pode estar fugindo enquanto falamos. Então, vamos começar lá
primeiro e depois voltar quando necessário.

— Por onde começamos? — Grave pergunta, colocando as mãos nos


cabelos. — Não temos nada para continuar.

— Glass, — Eu respondo quando todos olham para mim. — Foi lá que


ele foi baleado. Nós temos vigilância. Se ninguém viu nada, as câmeras
viram. — Tenho estado muito ocupado desde que trouxe Mia do hospital
para casa e ainda não tive a chance de ir ao Glass. Eu ia assistir as câmeras
lá, mas posso fazer isso daqui tão bem quanto.

Todos nós entramos em meu escritório e eu aciono a vigilância da Glass


no meu computador. Depois de fazer login e voltar para ontem,
observamos enquanto a tela fica preta.
— Bem, isso é conveniente. — Cross suspira.

— Aqui…— Pego um pedaço de papel do papel timbrado do Kingdom


preto — tem um círculo dourado e um K no meio — e anoto um endereço.
— Titan, você e Nite vão buscá-lo e trazê-lo de volta aqui. Nos
encontramos lá embaixo.

— Entendi. — Titan acena com a cabeça antes de ele e Nite se virarem e


saírem do meu escritório.

Meu irmão se vira para mim. — Você nunca foi aquele cara que pensa
com o pau, então não comece agora. — Então ele sai furioso.

— Ignore Grave, — Cross me conta, e eu afasto sua preocupação.

Mas mal sabe ele, meu pau está gritando bem alto agora. E tudo em que
consigo pensar é em Mia deitada nua na minha cama debaixo de mim com
minha mão em volta de sua garganta novamente.
Capítulo Doze
Mia

Não nadei por muito tempo. Meu lado doía demais para realmente
apreciá-lo. Em vez disso, sentei-me na parte rasa, apenas absorvendo o
calor da noite.

Saindo do chuveiro, entro em seu quarto e vejo uma porta à direita.


Esperando que seja um armário, sorrio quando estou certa. É grande - o
chão é de mármore branco com um desenho preto embutido em forma de
diamantes, e faz frio em meus pés descalços. À minha direita está um
conjunto de gavetas de cômoda. Abro o de cima e vejo relógios de várias
cores e tamanhos, todos de grifes caras. A segunda gaveta está cheia de
abotoaduras. Fechando-a, eu me viro e olho em volta para ver as fileiras e
mais fileiras de roupas penduradas. À esquerda, nada além de sapatos -
tudo, desde tênis a botas e sapatos sociais. Alguns ainda estão em suas
caixas.

Aproximando-me de uma das prateleiras, corro meus dedos sobre as


camisas sociais, sentindo a maciez do tecido. Chego até suas camisetas e
tiro a toalha do meu peito. Ficando na ponta dos pés, tiro uma preta. Diz
Kingdom em letras douradas. Eu deslizo. Um ombro cai, as mangas
descem até os cotovelos e a bainha chega até o meio da coxa. É enorme,
mas não tenho nada para vestir aqui. Além disso, é muito macia e tem o
cheiro dele.

Quando Haven me contou o que aconteceu com Luca, entrei em pânico,


peguei o que pude, que era apenas meu telefone e minha bolsa, chamei um
Uber e cheguei ao aeroporto privado o mais rápido que pude. Não sei
como vou conseguir minhas coisas aqui.

Abrindo outra gaveta, encontro sua cueca boxer. Não tenho nenhuma
calcinha extra e me recuso a ficar sem. Coloco um par preto e rolo a faixa
algumas vezes, esperando que isso ajude a mantê-los no lugar.

Saindo do armário, apago a luz e saio do quarto. Está no primeiro


andar. Eu ando pelo corredor até uma abertura. É a sala de estar. Também
parece que ninguém está aqui. Paredes vazias, cinza escuro, e sem
almofadas, cobertores ou decorações de qualquer tipo.

Viro a esquina e subo as escadas. Meus pés descalços afundam no


carpete macio enquanto minha mão agarra o corrimão escuro. Chego ao
topo e viro à direita. A segunda porta à esquerda está parcialmente aberta,
então entro.

É uma sala de mídia. Eu o reconheço porque a casa do meu pai na Itália


tinha um. Tem uma tela enorme na frente da sala. Três fileiras de cinco
cadeiras de couro preto com luzes neon azuis embaixo delas.

A parede do fundo tem prateleiras de filmes. Vou até lá, escaneio os


DVDs e encontro o que parece ser um álbum de fotos. Lembro-me de
minha mãe dizendo que faria um para mim, mas nunca o fez. Não sei por
que precisaria de fotos para me lembrar de uma infância inexistente.

Pego-o, sento-me no chão de pernas cruzadas e abro-o. A primeira


página tem uma foto de Dillan e uma mulher. Eu já a vi antes. No Hospital.
Cabelos escuros, olhos azuis. Eu não sei o nome dela. Mas ela está parada
em um corredor com ele. Parece uma escola, mas não tenho certeza. Eu
nunca fui, apenas pelo que vi em programas de TV. Ele está com o braço
sobre os ombros dela. Ela está segurando uma bolsa Louis Vuitton em uma
mão e seu celular na outra. Ela tem um sorriso brilhante no rosto. Ele olha
para a câmera, parecendo quase entorpecido. O flash ilumina seus olhos
azuis duros e mandíbula afiada. Ele não tem nenhuma tatuagem que eu
possa ver - não como ele tem agora - e isso o faz parecer tão jovem. Ele está
vestindo uma camiseta branca com jeans. Ela está vestida com saltos de
grife, uma saia e um suéter. Ela está inclinada para ele, ambos os braços em
volta de sua cintura.

Viro a página e vejo outra foto dele. Ele está em um campo de beisebol
desta vez. Vestido com um uniforme azul e branco que diz Wildcats, ele
tem um bastão em uma mão, uma bola na outra e está sorrindo. Aquele
que mostra seu sorriso deslumbrante e duas covinhas. Ele é lindo.

Voltando novamente. Vejo outra foto e franzo a testa. Ele está vestindo
uma camiseta como a minha, mas é branca com letras pretas onde se lê
Kingdom no peito. Ele ainda não tem nenhuma tinta visível. Ele está lá com
meu irmão Luca em um corredor ao lado de um conjunto de portas duplas
de vidro. Eu inclino minha cabeça para o lado. — Por que isso parece
familiar? — Eu sussurro para mim mesmo. — Como se eu já tivesse visto
isso antes. — eu não o conhecia. Eu nunca conheci os Kings…

Doze anos de idade

Eu ando por um corredor e paro quando vejo um cara parado do outro lado.

Luca tem uma visita? Não é incomum meus irmãos receberem amigos. Mas
sempre me dizem para ficar no meu quarto sempre que receberem alguém.

Seu corpo enrijece e ele começa a se virar, mas corro pelo corredor e entro no
meu quarto. — Olá? Luca? — Ele chama.

Eu bato a porta.

— Luca, isso não é engraçado, — ele rosna.

A porta é aberta e eu pulo para trás com um grito quando o garoto entra no
meu espaço.

Olhos azuis rapidamente examinam a sala e então pousam em mim, e eu deixo


cair os meus pés descalços.

— O que você está fazendo aqui? — ele pergunta. — Quem é você? — Ele
questiona, entrando mais no meu quarto.

— Eu te fiz uma pergunta, — ele responde quando eu não respondo.


Eu salto para trás, mas olho para ele, meu coração disparado. Minha respiração
é errática. Ninguém deveria saber que eu existo. Eu vou ter problemas. Se eu tiver
sorte, talvez ele não diga nada. — Ninguém, — eu respondo suavemente.

Ele vai abrir a boca, mas ouço meu irmão. — Bones?

O menino se vira para Luca, e eu fecho a porta, me trancando lá dentro.

— Quem diabos está naquele quarto? — Eu ouço o cara perguntar ao meu


irmão.

Ele suspira, repetindo minhas palavras. — Não é ninguém…

— Eu vi ela. Luca, seu pai não teria um 'ninguém' nesta casa. Especialmente
uma criança. Quem diabos é ela?

— É complicado, — responde Luca.

— Então simplifique para mim, — Bones exige.

— Eu...

— Rapazes. — Ouço meu pai interrompê-los.

— Bones. — A voz de outro homem vem do outro lado que não reconheço.

— Pai. — Eu ouço o cara chamado Bones responder.

— Estamos indo para o Kingdom. Tenho alguns negócios para tratar. Vocês
virão, — o homem que ele chama de pai ordena.

— Pai, tenho treino de beisebol em uma hora, — argumenta o garoto.

— E eu não dou a mínima! — o homem estala. — Essa merda não é


importante. Kingdom vem em primeiro lugar, não importa o quê.
— Sim, senhor, — o garoto conhecido como Bones rosna.

Eu ouço seus sapatos batendo no chão e então silêncio.

Abrindo a porta, espreito pela fresta para ver que estou sozinha novamente.
Fechando-a, inclino minhas costas contra ela e deslizo até minha bunda e solto um
longo suspiro. Meu pai vai ficar tão chateado se souber que alguém me viu.

Aquele era o Dillan! Eu nunca soube o que aconteceu com o amigo de


Luca me vendo. Meu irmão voltou para casa mais tarde naquela noite,
ensanguentado e de mau humor. Não ousei falar com ele depois que ele
passou um tempo sozinho com nosso pai. O sangue nunca me incomodou.
Eu sabia que éramos uma família da Máfia. Cresci pensando que o pai de
todo mundo se — livrava— de qualquer problema que surgisse. Que era
perfeitamente normal entrar em uma sala e ver dinheiro espalhado com
drogas e armas. Eu sabia que não devia tocá-los. Luca me ensinou tudo o
que eu precisava saber sobre nossa família. Nossos pais voltaram para
Nova York - de onde era nosso pai - quando eu era muito jovem. Meu pai
ia e voltava bastante, mas minha mãe raramente o fazia. Pelo que ouvi, ela
estava muito ocupada bebendo e tomando seus remédios para ficar
acordada durante o dia e dormir à noite. Ela tinha quatro filhos que meu
pai não permitia que ela controlasse. E eu? Bem, eu não existia para
ninguém. Exceto Luca. Ele garantiu que eu tivesse as melhores babás que
me ensinariam sobre o mundo. Quando me mudei para a Itália aos treze
anos, elas seguiram. O que elas não me ensinaram, aprendi na TV e nos
livros. Posso nunca ter me formado no ensino médio, mas pelo menos sabia
ler. Essa foi a única coisa que Luca foi inflexível que aprendi quando era
mais jovem. Meu pai não se importava se eu soubesse amarrar meus
sapatos. Para ele, minha única razão de existir era eventualmente usar em
seu benefício. E as mulheres não precisam de cérebro para deitar de costas
e abrir as pernas.

Virando a página, vejo outra foto de Dillan. Ele está em uma cama de
hospital. Ele está com o braço direito engessado e, como antes, parece vazio
de qualquer emoção - uma alma quebrada. A garota está com ele
novamente. Ela se senta ao lado da cama dele, conversando com outra
garota. Ela tem cabelo loiro descolorido. Eu também a conheço. Ela estava
no hospital ontem à noite. Ela estava dormindo no ombro de Nite. Ele a
afastou dele quando Dillan ordenou que ele se livrasse de mim.
Novamente.

Isso não faz nada além de provar o quanto sou uma pária. Todos eles
são amigos há anos. E eu sou apenas a irmã de Luca que ninguém sabe que
existiu.

Bones
O telefone do meu escritório toca e eu atendo. — Olá?

— Senhor, Nite e Titan estão no frigorífico e prontos para você, — Nigel


me informa.

— Obrigado. — Eu desligo e saio do meu escritório, parando no meu


irmão. Entro no sala de Grave para encontrá-lo sentado em sua mesa,
recostado em sua cadeira com suas botas de combate pretas apoiadas na
superfície e falando em seu telefone celular.

— É o que você quiser, — diz ele, sorrindo. — Se você quer isso, então
pegue. — Ele bufa. — É claro …

Eu limpo minha garganta e ele abaixa os pés, sentando-se ereto.

— Ei amor, eu tenho que ir. Sim, volto logo para casa. Eu te amo. — Ele
desliga rapidamente.

Saio e paro no escritório de Cross. — Eles estão aqui. — Eu coloco


minha cabeça para dentro, e ele está digitando no computador, me
mostrando um dedo por um segundo.

Caminhando pelo corredor, chego à frente do nosso escritório e aperto o


botão do elevador. Ele se abre, e eu entro e me viro bem a tempo de ver
Grave e Cross vindo em minha direção, então eu o mantenho aberto para
eles.

Parado silenciosamente na caixa de vidro, aperto o botão para nos levar


para baixo, e meu irmão se vira para mim. Aqui vamos nós.
— Você realmente não acredita nela, não é?

— Eu faço. — A coitada não está mentindo.

— Ela é uma Bianchi, — acrescenta Grave. — Nós não fodemos com


eles.

— Luca…

— Somos amigos de Luca desde pequenos. Não fazemos negócios com


Matteo ou com os gêmeos. E com certeza não vamos para a cama com um
Bianchi que nunca soubemos que existia.

Minha mandíbula aperta, mas eu não digo nada. Ele está certo, mas isso
é diferente. Ela é diferente. Tenho sangue em minhas mãos, mas não vou
adicionar o dela a isso. — Fiz uma promessa a Luca, — digo com os dentes
cerrados.

— Sim, bem... — Grave olha para Cross. — Todos nós sabemos com que
facilidade eles são quebrados. — O elevador apita antes que a porta se abra
e Grave saia furioso.

Olho para Cross, e ele está abrindo e fechando seu Zippo. Se ele foi
afetado pelo que Grave acabou de dizer, ele não demonstra. Cross fez a
Grave uma promessa de não dormir com a melhor amiga de sua noiva.
Claro, Cross quebrou e dormiu com Alexa, e ela recentemente foi morar
com ele. Eu gosto dela, e Cross a ama.

Grave sempre esteve drogado ou bêbado. Agora que está limpo e


sóbrio, acho que Grave se sente fora de controle. Estão acontecendo coisas
nas quais ele não tem voz.
Descemos o corredor e entramos pela porta de metal no final do
corredor, entrando no frigorífico. Nite e Titan já estão lá dentro com
Jeremy.

O homem pula de pé. — Bones …

Eu levanto minha mão. — Sente-se.

Jeremy lambe os lábios nervosamente. — Bones …

— Se você não se sentar, vou quebrar suas rótulas, — adverte Titan


casualmente.

Deixando escapar um suspiro irritado, Jeremy faz o que ele disse.

— O que aconteceu? — Vou dar a ele uma chance de me contar como as


coisas aconteceram ontem à noite. Vamos ver o que ele faz com isso.

— O que você quer dizer? — ele pergunta, inclinando a cabeça para o


lado.

Colocando a mão no bolso da minha calça jeans, digo a ele: — Essa não
foi a resposta correta.

Titan agarra seu braço e o estica sobre a mesa enquanto eu abro meu
canivete e o apunhalo na mão com ele.

Seu grito estridente enche a sala de concreto enquanto o sangue jorra


instantaneamente na superfície. Eu o arranco e limpo o sangue do meu
jeans antes de fechá-lo e colocá-lo de volta no bolso. Titan o solta e ele cai
da cadeira como manteiga derretendo no chão, segurando o braço
esquerdo no peito, chorando. Então Titan se abaixa, agarrando seu corpo
trêmulo, e rasga sua camisa por cima da cabeça.

— Coloque a mão na mesa, — eu ordeno.

Titan o pega com as mãos sob os braços e o senta na cadeira. Ranho e


baba escorrem por seu rosto e peito nu enquanto Nite aparece atrás dele.
Titan entrega a camisa a ele, e Nite a enrola antes de enfiar um pouco na
boca de Jeremy enquanto a segura no lugar.

Grave fica ao lado da mesa, levanta a camisa e tira o cinto de couro


preto da calça jeans. Ele então envolve o antebraço de Jeremy e puxa com
força, cortando o suprimento de sangue. Cross vem até a frente da mesa e
remove seu colar de cruz e isqueiro. Ele corre a chama ao longo do metal
enquanto Titan abre a tampa de uma garrafa de água e a derrama sobre o
ferimento de Jeremy, lavando o sangue. Ele chora em sua mordaça quando
Titan pega sua própria camisa e enxuga a água com a ponta do tecido,
secando-a.

Cross fecha o Zippo e pressiona a cruz no ferimento de faca na mão de


Jeremy. Ele soluça atrás da mordaça enquanto Cross faz isso várias vezes
antes de ser cauterizado. Então todos o soltam e dão um passo para trás.

— Eu tenho a noite toda, — digo a ele.

Tentando recuperar o fôlego, ele arranca a camisa da boca. Olhos


lacrimejantes encontram os meus. — Eu não...
— As câmeras não funcionam. — Eu interrompo qualquer mentira que
ele estava prestes a me contar. Embora eu não estivesse mentindo, eu tenho
a noite toda, isso não significa que eu queira passar a noite toda aqui.

— Entrou um homem, — ele sai correndo, segurando seu braço.

Ah, agora estamos chegando a algum lugar. — E?

— E ele me perguntou se você estava disponível.

Minhas sobrancelhas se erguem. — Eu?

Ele acena com a cabeça rapidamente e cheira. — Eu disse a ele que não,
mas Luca estava lá. No escritório. E ele me perguntou que horas fechamos.
— Ele fecha os olhos com força e começa a chorar novamente.

— E? — Eu estalo, fazendo-o pular.

— Ele me pagou mil dólares em dinheiro para cortar as fitas de


segurança, — ele admite vergonhosamente.

Eu alcanço e esfrego meu queixo. — Você deixou alguém atirar em Luca


por mil dólares?

— Não. Não. — Ele balança a cabeça rapidamente. — Atirar? Ele não


disse isso. Ele nunca disse que ia machucar Luca.

— Que porra você pensou que ele ia fazer? — Bufa cruzada.

— Ele queria falar com Bones. Ele perguntou por ele pelo nome...

— Todo mundo sabe quem diabos é Bones. — Titan dá um tapa na nuca


dele.
— Mas por que ele pensou que eu estaria lá? — Eu falo meus próprios
pensamentos. Se alguém quisesse falar comigo, poderia ter aparecido aqui
na Kingdom ou me ligado. Os Kings não se escondem. Não precisamos.

— Sério? — Grave arqueia uma sobrancelha com a minha pergunta. —


Por quanto tempo você espera que todos nós finjamos que você não possui
metade da Glass?

— Não é de conhecimento público. — Eu ignoro sua pergunta anterior.

— Os Bianchis sabem, — Titan fala.

— Você conhecia o cara? — Grave pergunta a Jeremy.

— Não. Nunca o vi antes.

Meus olhos vão para Titan, e ele dá de ombros, pensando no que eu


estou. Todo mundo em Las Vegas sabe quem diabos são os Bianchis. Então,
se não era um dos irmãos de Luca, quem diabos era? Pego o canivete e o
abro mais uma vez.

— O que você está fazendo? — Jeremy tenta pular de sua cadeira, mas
Nite o segura pelos ombros enquanto fica atrás da cadeira. — Eu te contei
tudo o que sei.

— Você fez, — eu concordo. — Mas você também vendeu Luca por mil
dólares, e eu não posso aceitar isso. — Quem atirou em Luca sabe que esse
cara é fraco. Colocaram um alvo na cabeça dele, talvez de propósito. De
qualquer forma, ele não é confiável. Não com meus negócios e não com a
vida de Mia.
— Espere. Espere. — Ele levanta as mãos em sinal de rendição. — Posso
te ajudar...

— Não, você não pode. — Eu o interrompo. — Noite.

Ele agarra o cabelo e puxa a cabeça de Jeremy para trás enquanto eu


estendo a mão e corto a lâmina em seu pescoço de orelha a orelha. Seu
corpo estremece enquanto o sangue escorre da ferida e desce pelo peito nu.

Um problema abaixo. Faltam apenas mais cem.


Capítulo Treze
Mia

Eu estou na ilha da cozinha quando ouço uma porta abrir e fechar.


Dillan está em casa. Meus olhos se arregalam, olhando em volta, sabendo
que não era a porta da frente. Ele deve estar vindo pela garagem. Esta casa
pode ser grande, mas é estranhamente silenciosa e me dá arrepios. Quase
tem uma sensação abandonada. Tenho medo de não conseguir dormir
depois de me deitar. Eu poderia ter que ficar acordada várias noites apenas
para dormir por uma.

Fico parada, tentando acalmar minha respiração. De repente, fico


nervosa. Eu continuo jogando aquela vez que eu o vi repetidamente na
minha cabeça. Embora ele dissesse que conhecia Luca, ele sabia quem eu
era quando me comprou em Nova York? Ele tinha que ter se lembrado de
mim, certo? Mas por que ele simplesmente não me contou? Tanta coisa
poderia ter sido explicada. Eu o teria visto como um aliado, não como um
homem rico e sádico que estava me comprando como um brinquedo para
me torturar sexualmente. Eu teria implorado para ele ligar para Luca antes
que ele me deixasse em Malibu. Talvez Luca realmente tivesse falado
comigo.
Eu poderia me chutar por não reconhecê-lo na limusine. Ele parece
diferente, mas também o mesmo. É difícil de explicar.

Seus sapatos batendo no chão de mármore me avisam que ele está


chegando perto, e eu esfrego minhas mãos suadas na camiseta... merda!
Percebo que mal estou vestida. Eu lavei minha roupa, mas ainda não tinha
trocado. Ainda estou usando sua maldita cueca boxer.

Eu poderia fazer isso bem rápido. Contornando a ilha, vou sair da


cozinha assim que ele entra sob o arco. Ele para ao mesmo tempo que eu
quando me vê. Olhos azuis caem para meus pés descalços e percorrem
minhas pernas, peito e rosto. Quando seus olhos encontram os meus, ele
está praticamente rosnando.

Não tenho tempo para processar por que ele está com raiva de mim,
porque tudo em que consigo pensar é que ele está coberto de sangue. Não
está em suas mãos ou braços. Posso dizer pela linha em seus antebraços
que ele os lavou. Mas está salpicado em seu pescoço tatuado e roupas. É
assim que eu imaginei que um King das Trevas seria - eles massacram seus
inimigos. Eu passo em direção a ele. — Dillan…

Ele dá um passo para trás e eu paro mais uma vez, sem saber o que vou
fazer. Eu cresci com isso. Sangue não me assusta. Certa vez, vi meu pai e
Luca matarem um homem porque faltavam dois mil dólares em um
empréstimo que meu pai lhe dera. — Você está... você está bem? — consigo
sair.

Ele lentamente acena com a cabeça. — Tudo bem, — ele corta, e seus
olhos caem de volta para as minhas pernas.
Percebo mais uma vez que estou vestindo uma de suas camisetas. —
Desculpe, — murmuro, agarrando a bainha e tentando esticá-la mais do
que já é. Apenas faz o decote descer, expondo mais do meu peito. — Eu
não tenho nenhuma roupa aqui. O que eu usei está na secadora. Espero que
não se importe…

— Está bem. — Ele olha para longe de mim, seus olhos passando por
toda a comida que eu fiz.

— Eu pensei que você estaria com fome, — eu digo baixinho, incapaz de


encontrar seu olhar. Isso é tão estranho. Nunca desejei tanto estar trancada
em nossa casa na Itália quanto agora.

Há uma longa pausa antes que ele fale novamente. — Eu vou tomar
banho. — Observo seus sapatos girarem e o ouço se afastar.

Eu me inclino contra a ilha e solto um longo suspiro, dizendo a mim


mesma que sou uma maldita Bianchi, e não vou deixar que o fato de eu ter
uma boceta permita que ele me trate como se eu fosse a porra de uma flor.

Bones
Estendendo a mão, eu agarro a parte de trás da minha camisa e a rasgo
para cima e sobre a minha cabeça enquanto desço o corredor para o meu
quarto, tentando ignorar o que acabei de ver.

Ela está na minha cozinha, praticamente nua e cozinhando.

Meu pau está duro pra caralho enquanto minha mente percorre as
diferentes posições em que eu poderia transar com ela.

— Dillan?

Eu paro e me viro para encontrá-la no corredor, me seguindo como um


cachorrinho perdido. Ela fica lá vestida com uma das minhas camisas do
Kingdom e nada mais. Eu me pergunto se ela está usando sutiã. Minhas
mãos coçam para descobrir. Em vez de arrancar a camisa dela, agarro a que
acabei de tirar de mim.

— O que? — Eu latido e ela pula.

— Eu... — Seus olhos azul prateados observam meu peito nu e meus


braços. Eles correm lentamente sobre a tinta com a qual me cobri nos
últimos anos. A maioria das pessoas não entende, mas eu não dou a
mínima. — Hum, eu só queria ver se você estava bem. — Aqueles lindos
olhos alcançam os meus novamente, e eu arqueio uma sobrancelha. Ela se
importa se eu estou bem?

Decidindo testar as águas, dou alguns passos, diminuindo a distância.


Ela não recua. Estendo a mão e empurro um pouco de cabelo atrás da
orelha. — Você não está com medo? — A maioria das mulheres que vê um
homem que as comprou, drogou e as despachou ficaria apavorada se visse
aquele homem novamente.

— Eu já vi sangue antes, Dillan. E sei o suficiente sobre os Kings para


entender o que você vai fazer para garantir que Luca esteja seguro.

Claro, ela tem. Mesmo que seus pais tenham se livrado dela, ela ainda
estava aqui até os treze anos. Ela já viu o suficiente. Sabe o suficiente. —
Estou bem, — digo a ela.

— Podemos ir ver Luca depois do seu banho? — ela pergunta, seus


grandes olhos cheios de esperança.

— Não. — Eu dou um passo para trás.

Seus ombros caem. — O que? Você disse …

— Esqueça o que eu disse, — digo a ela, virando-me para terminar de


caminhar pelo corredor e entrar no meu quarto. — Você não vai para o
hospital. Você não vai nem sair desta casa. — Entro no banheiro e fecho a
porta, mas ela imediatamente se abre, e me viro para ver que ela também
entrou. — Mia…

Ela me dá um tapa na cara. — Eu não vou …

Eu envolvo minha mão em torno de sua garganta e a empurro contra a


parede perto da porta, batendo suas costas contra ela. Respirando
pesadamente, eu olho para ela. A mulher não demonstra medo. Ela não
deve ter mais do que cinco e duas e cem libras. Já vi homens adultos com
mais medo de mim. — Você não tem uma palavra a dizer aqui. Você
entende? — Eu pergunto com os dentes cerrados.
— Eu não serei sua prisioneira, — ela cospe. Suas mãos chegam ao meu
peito nu e ela tenta me afastar.

Eu entro nela, empurrando meu corpo contra o dela, prendendo-a


contra a parede. — Ninguém sabe que você existe. — Seu corpo se amolece
contra o meu, e seus lábios se abrem como se esse fato nunca tivesse
ocorrido a ela, e agora que ela percebe isso, é incapacitante. — Eu pedi a
todos no hospital que assinassem NDAs para garantir que ninguém falasse
de você. — Os Kings estavam certos. Se a pessoa errada soubesse onde ela
estava, estaria acabado. E Luca nunca me perdoaria. — Então, ou você se
esconde aqui na minha casa, ou eu te despacho de novo. — Eu inclino meu
rosto para o dela e inalo seu cabelo. Tem o cheiro do meu xampu. Porra, o
pensamento dela nua no meu chuveiro faz meu pulso acelerar. — E eu te
mando para algum lugar onde você não tenha chance de escapar. —
Puxando para trás, eu olho para ela, e seus olhos azuis prateados estão
nadando em lágrimas. Eles procuram no meu qualquer sinal de que estou
blefando. Eu não estou. Mandá-la embora seria a melhor coisa para nós
dois. Não só porque a vida dela está em perigo, mas também porque meu
pau está duro, e tudo que eu quero fazer agora é arrancar essa camisa,
dobrá-la e comer sua boceta. — Você entende?

Ela funga e levanta o queixo; suas mãos agarram meus antebraços,


cravando as unhas em minha pele. — Capisco perfettamente. — Ela fala em
italiano, e meu pau estremece dentro da minha calça jeans. Algo na forma
como a voz dela soa quando ela fala italiano faz meus joelhos fraquejarem.
Endireitando os ombros, ela repete em inglês. — Eu entendo perfeitamente,
Bones.
Não perco o fato de que ela me chama pelo meu apelido. Ela está me
tratando como um King. Bom. Eu não sou amigo dela. Soltando seu
pescoço, dou um passo para trás. Ela solta meus braços e estende a mão
para esfregar sua pele agora macia. Eu não estava segurando ela tão
apertado. Não como da última vez.

A primeira lágrima cai em seu rosto, e eu a observo rolar por seu lábio e
queixo antes de cair na camisa. Ela apenas fica lá, olhando para mim,
parecendo derrotada. Sua mente está finalmente dizendo a ela que ela
também não terá liberdade aqui. É a Itália de novo. Mas pelo menos ela
estava sozinha lá. Aqui, ela me tem - seu próprio guarda de segurança
pessoal em uma prisão fechada.

Todos nós fazemos o que deve ser feito. Meu pai me disse uma vez. Eu tive
que aprender isso da maneira mais difícil, e ela também aprenderá.

— Saia, — eu ordeno enquanto ela continua parada ali.

Ela pisca e novas lágrimas correm por seu rosto. Lentamente, seus olhos
se erguem para encontrar os meus, e eles ficam frios com um olhar de puro
ódio neles. Meu nome acabou de ser adicionado à longa lista de pessoas
que ela odeia. O que é bom, desde que eu esteja no topo. Eu sou uma
pessoa competitiva. — Luca mentiu.

Eu inclino minha cabeça para o lado com essa afirmação. — Sobre?

— Vocês. Os Kings. Ele disse que você era diferente da minha família,
mas você não é. Vocês são todos iguais. Controladores e manipuladores. —
Ela empurra a parede, dando um passo em minha direção.
O canto do meu lábio se levanta. — Eu faço o que precisa ser feito. Não
importa o preço.

Para isso, ela não diz nada. Meus olhos caem para suas pernas nuas
novamente, e meu pau me lembra que ainda pensa que a ideia de ela e eu
nus é a melhor maneira de lidar com a situação. Eu tenho que concordar.
Estendendo a mão, eu desfaço meu cinto, e ela endurece. Meus olhos
encontram os dela mais uma vez. — Eu vou tomar banho. Ou você fica nua
e se junta a mim ou dá o fora. — Eu os desabotoo, seguido pelo zíper.

Ela solta um bufo e então se vira, saindo do banheiro e batendo a porta.


Eu quis dizer isso mais como uma ameaça do que como um convite. Mas
eu estaria mentindo se dissesse que não estou desapontado por ela não ter
me aceitado.
Capítulo Quatorze
Mia

— Eu o vi, — eu rosno para Luca enquanto ele está no meu quarto.

Passando a mão pelo cabelo, ele suspira. — Eu disse a ele que você não era
ninguém.

Eu me encolho com suas palavras, embora seja a mesma coisa que eu disse ao
homem estranho que estava no meu quarto ontem. — Ele é um King. — Ouvi
Luca chamá-lo de Bones. E embora nunca tenha conhecido os Kings, sei quem eles
são.

— Sim, — ele concorda. — Mas ele não será um problema. Ele deixou para lá e
tem muita coisa acontecendo para se lembrar de você.

Suas palavras fazem meu peito apertar. Eu sempre sou esquecido. Eu deveria
estar acostumado com isso agora, mas de alguma forma, ainda dói saber com que
facilidade alguém pode esquecer que você existe. — Mas e se ele se lembrar de
mim? — Eu pergunto, tentando não deixá-lo ouvir a esperança em minha voz.

— Se ele fizer isso, ele não vai dizer nada, — ele me garante. — Os Kings não
são nada como nosso pai. Ou nossos irmãos, aliás. — Caminhando até mim, ele me
dá seu sorriso gentil que sempre me faz sentir segura. — Os Kings não vão usar
você contra meu pai. Eles não são esse tipo de gente. Eles são os mocinhos.

Eu deveria saber que Luca estava mentindo. Os Kings tinham apenas


dezoito anos quando vi Dillan pela primeira vez. Agora eles são homens
adultos, administrando um Kingdom. Eles farão qualquer coisa para se
livrar de qualquer ameaça que apareça em seu caminho, e eu sou isso para
eles agora.

Sento-me em sua ilha com um pedaço de lasanha na minha frente. Não


toquei porque não estou mais com vontade de comer. Dillan acabou de me
dizer que sou uma prisioneira. Novamente. Pelo menos na Itália, eu sabia o
que esperar. Eu esperava ansiosamente pelas visitas de Luca. Pela primeira
vez, estou no mesmo estado que ele e nem consigo vê-lo. E se ele não
conseguir? Eu nem vou conseguir me despedir. Não posso aceitar isso
como uma resposta.

Eu ouço Dillan entrando na cozinha, mas me recuso a olhar para cima


ou reconhecê-lo de qualquer forma. Foda-se ele! Foda-se os Kings e foda-se
minha família. Todos eles podem ir para o inferno.

— Aqui. — Ele deixa cair uma caixa na minha frente, fazendo um


barulho de tapa. — Cadê o celular que deixei com você na casa de praia?

Eu olho para ele através de meus cílios, esperando que o bastardo pegue
fogo com meu olhar. — Vai tirar essa liberdade de mim também?

— Sim, — afirma ele, estendendo a mão para mim.


Minha mandíbula aperta, e eu bato minhas mãos na ilha da cozinha,
ficando de pé em toda a minha altura. Ele tem facilmente mais de um
metro e oitenta de altura. Mas eu fui pequena toda a minha vida. Isso não
significa que vou deixar alguém maior passar por cima de mim. — Se você
quiser, vai ter que pegar. — Não é como se eu tivesse alguém para ligar
além dele e Haven de qualquer maneira, mas ainda assim, é o ponto. Ele
está tentando me isolar de todos. Talvez ele queira que eu enlouqueça? É
alguma besteira de psicologia reversa. Eu vi na TV.

Seu lábio inferior começa a tremer, e então ele começa a rir de mim,
como se jogasse a cabeça para trás de tanto rir.

Eu ando ao redor da ilha da cozinha e o empurro.

Sua risada para e ele agarra meus pulsos com suas mãos fortes,
puxando meu corpo contra o dele. Ele acabou de tomar banho e o cheiro de
seu sabonete líquido enche meu nariz. Tem cheiro de cedro. Muito mais
refrescante do que o cheiro de sangue de quando ele chegou. Ele olha para
mim, e ainda posso ver o riso em seus lindos olhos azuis. Ele acha isso
engraçado.

— Mia…

— Eu não vou deixar você fazer isso! — Eu defendo. — Eu irei ver Luca.
E eu vou falar com quem eu quiser.

Soltando meus pulsos, ele estende a mão e pega a caixa que colocou na
minha frente. Colocando-o em minhas mãos, ele dá um passo para trás,
cruzando os braços sobre o peito.
— O que é isso? — Eu pergunto, olhando para ele.

— Abra, — ele ordena.

Soltando um bufo, arranco a tampa e faço uma pausa no que vejo antes
de olhar de volta para ele. Aquele mesmo sorriso lindo que ele tinha
naquela foto com o taco de beisebol está em seu rosto agora. Deus, ele
realmente é lindo para um homem. Mais do que qualquer homem deveria
ser.

— Este é o seu novo telefone, — afirma ele, pegando a caixa de mim e


removendo o dispositivo preto. — Quero seu telefone antigo porque temia
que talvez seus irmãos colocassem um rastreador nele quando fossem e
vissem você. Este … eu tinha entregue enquanto estava no Kingdom. E... —
Ele aperta um botão na lateral, e eu o ouço tocar. — Tem o número de todo
mundo. Eu carreguei mais cedo no meu escritório durante o trabalho, então
é bom ir.

Eu mordo meu lábio nervosamente quando ele entrega para mim.

— Emilee mora ao lado, assim como Alexa e April. Jasmine não está
longe.

Lágrimas ardem em meus olhos e minha respiração fica presa na


garganta. Esta é a maior liberdade que eu já tive. Eu olho para ele.

— Não quero te isolar, Mia. — Ele estende a mão e segura meu rosto
com sua mão quente, e meu pulso começa a acelerar com seu toque macio.
— Mas eu vou te proteger. Mesmo que isso signifique fazer coisas com as
quais você não concorda. — Com isso, ele se afasta e se vira para sair da
cozinha.

— Dillan? — Eu chamo.

— Sim? — Ele se vira sob o arco.

— Meu telefone antigo está na mesa de cabeceira carregando.

Ele acena com a cabeça uma vez e depois se vira, desaparecendo mais
uma vez.

Eu caio em uma banqueta na ilha e abro minha lista de contato. Eles


estão todos lá. Jasmine, Haven, April e Alexa. Junto com Cross, Grave,
Titan e Bones. Luca também está lá e Nite. Um cara chamado Nigel.
Lembro-me dele da limusine. Ele era o motorista.

Seguro o telefone contra o peito e sorrio ao ouvi-lo tocar várias vezes


seguidas.

Abro uma mensagem que diz VADIAS no topo e leio o chat.

Jasmine: Café da manhã?

April: Estou térreo.

Alexa: Claro.

Jasmine: Empire?
Suspiro, sabendo que não importa o que seja o Empire, não posso ir
para lá. Embora Dillan tenha sido gentil o suficiente para me dar um
telefone com o número de todos, não tenho dúvidas de que ele não vai me
deixar sair de casa para ficar com as meninas.

Emilee: Não. Ouvi dizer que Mia não pode sair em público.

April: Podemos fazer no meu? Eu vou cozinhar.

Soa bem.

Todos elas respondem com.

Jasmine: Vejo vocês às seis.

Sorrio com o fato de terem pensado em me incluir em algo tão simples.


Café da manhã. Apenas garotas se reunindo para sair antes do dia
começar. Como elas conseguiram esse número? Bones deve ter dado a elas
antes mesmo de trazê-lo para casa para mim.

Sinto que deveria estar nervosa porque não conheço nenhuma delas. Eu
não vi Haven responder a elas, mas talvez seja porque ela está no hospital
com Luca.
Bloqueio a tela e coloco na ilha da cozinha, aquele sorriso ainda no
rosto. Tenho planos com as meninas pela manhã, e nem importa que eu
não as conheça.

Bones

Eu a observo ao virar da esquina. Ela se senta na ilha, sorrindo para o


telefone. Um dos telefonemas que fiz esta noite foi para conseguir um novo
para ela. Eu não tinha ideia do que todos os irmãos dela faziam para ficar
de olho nela quando apareciam na Califórnia. O mínimo que poderiam ter
feito era conseguir o número dela. Esta foi a minha melhor opção.

Estou cortando qualquer contato que ela tenha com o mundo que não
seja o que eu aprovo. E esse será um círculo muito fechado. Meu círculo.

Empurrando a parede, eu ando de volta pelo corredor para o meu


quarto. Pego o celular antigo dela no criado-mudo e vou até a garagem.
Agarrando um martelo, coloco-o na minha bancada de ferramentas e bato
nele até que esteja em pedaços.
Então vou até a pia, encho de água e coloco dentro. Nunca é demais ter
certeza. Entrando na casa mais uma vez, volto para o meu quarto para
encontrá-la de pé no final da minha cama king-size Alasca1.

Ela ainda usa minha camisa, e meu pau me lembra que a punheta que
me dei no chuveiro não foi boa o suficiente. — O que? — Eu rosno, irritado
comigo mesmo.

Ela cruza os braços à sua frente e deixa cair o rosto no chão. Isso me
lembra de quando a vi tantos anos atrás, quando eu não tinha ideia de
quem ela era. Eu deveria ter feito Luca me contar. Mas nossos pais
acabaram nos levando para Kingdom, e digamos que eu tinha outras coisas
na cabeça. E com o tempo, acabei apagando essa memória. Eu acreditei
quando ela disse que não era ninguém. Era quase como se eu tivesse
sonhado com a interação entre nós.

— Posso ir tomar café da manhã com as meninas? — ela pergunta


baixinho. Seus olhos se erguem e ela olha para mim através de seus cílios
longos e escuros.

Eu odeio que minha mente instantaneamente a imagine de joelhos


olhando para mim assim. — Não.

Sua cabeça se levanta, e ela solta um bufo com a minha recusa. — As


meninas estavam trocando mensagens e querem tomar café da manhã na
casa de Grave e April para que eu possa ir.

1
Eu passo a mão pelo meu cabelo. — Isso é bom. — Um sorriso cresce em
seu rosto. Igual aquele quando ela estava na piscina e quando eu disse a ela
que iria ensiná-la a dirigir. — Mas volte aqui depois.

Ela acena em compreensão. — Obrigada.

Meu peito aperta por ela estar me agradecendo por atravessar a entrada
da garagem para tomar café da manhã com algumas mulheres que ela nem
conhece. — De nada, — eu digo sem jeito.

— Você estava com fome? — Ela muda de assunto.

— Não. — Estou morrendo de fome, mas não vou dizer isso a ela. Eu
tenho que levantar logo. Agora, eu só quero dormir e esquecer a morena
seminua no meu quarto.

— Oh, tudo bem. — Seu rosto cai. — Vou limpar a cozinha. — Ela passa
por mim, mas para na porta. — Onde estão seus cobertores?

Eu me viro para encará-la. — Cobertores? Para que?

— Preciso de um cobertor para o sofá. — Ela aponta para o corredor


atrás dela. — Eu visitei a casa está noite, e este é o único cômodo que você
tem móveis. Bem, além da sala de estar.

— Eu nunca estou aqui, — eu digo defensivamente. Como se eu


precisasse explicar por que tenho uma casa de dez quartos, mas apenas
móveis suficientes para encher um apartamento de um quarto. Não quero
fazê-la dormir no sofá. A pobre menina já passou por tanta coisa. — Você
pode ficar com a minha cama, — digo a ela.
— Oh não, tudo bem, — ela se apressa. — Posso dormir no sofá.

— Está decidido, — eu rosno. — Você vai dormir na minha cama. —


Com isso, dou-lhe as costas e entro no meu banheiro, batendo a porta atrás
de mim. Caminhando até a pia, abro a torneira e jogo um pouco de água no
rosto.

Ouvindo meu celular tocar no quarto, eu volto lá e pego na minha mesa


de cabeceira para ver se é Titan. Os Kings e eu raramente dormimos muito.
Nossos corpos estão acostumados a isso agora. — Olá? — Eu estalo.

— Acabei de receber uma ligação e parece que precisamos ir ao


aeroporto, — diz ele em saudação.

— Para que? — Eu pergunto, olhando para o relógio para ver que são
quase duas da manhã.

Os irmãos Mason administram o aeroporto. Três pessoas que eu


desprezo. Mas acabamos fazendo um acordo com eles recentemente.
Fizemos negócios com eles em busca de diamantes para ajudar Cross. Não
é a ligação que eu teria feito, mas é o que é.

— Turner chamou um cara para brigar hoje à noite se gabando de ter


roubado um clube de strip-tease algumas noites atrás.

Eu franzir a testa. — Mas, até onde eu sei, nada foi roubado do Glass.

Ele suspira. — Eu concordo, mas é algo que vale a pena investigar.


Mesmo que não seja o Glass, podemos ter uma pista de algo que possamos
usar.
— Encontro você lá fora em cinco, — desligo e vou até o meu armário.
Agarrando um moletom do Kingdom, coloco meu celular no bolso. Então
eu entro na cozinha. Meus pés param por conta própria com o que vejo.

Mia está de costas para mim, parada na máquina de lavar louça. Ela está
curvada, colocando pratos sujos nele. A minha camisa que ela usa sobe,
expondo suas coxas nuas para mim. Sua pele parece ter sido beijada pelo
sol, e eles parecem tão macios. Imagino-me andando por trás dela e
passando minhas mãos por suas pernas, chegando por baixo da camisa e
puxando minha cueca para baixo que posso ver daqui para expor sua
boceta para mim.

— Dillan?

Eu pisco para ver que ela agora está virada, olhando para mim. — Eu
tenho que ir. — Eu limpo minha garganta.

Ela franze a testa, mas não diz nada.

— Voltarei mais tarde. — Com isso, eu me viro e saio da minha casa,


agradecendo a minha estrela da sorte que os irmãos Mason precisam me
ver. Talvez eu goste deles, afinal.

Titan já está sentado do lado de fora da minha casa em seu carro. Eu


caio no banco do passageiro do Maserati vermelho maçã doce. — Grave
não atendeu o telefone, — ele me informa.

— Ele provavelmente está dormindo. — Eu olho para a casa dele e


nenhuma luz está acesa. Grave ficava acordado por dias ou dormia por
dias quando usava. Agora que o garoto está limpo, ele dorme sempre que
pode.

— Cross está nos encontrando lá. Ele está no clube com Alexa ajudando-
a a prepará-lo para a grande reabertura.

Saímos do portão e inclino a cabeça para trás, fechando os olhos por um


segundo. É um erro. Porque tudo o que imagino sou eu e Mia na minha
cozinha. Seu corpo deitado na mesa da minha sala de jantar como um
banquete, e minha cabeça entre as pernas dela com as mãos no meu
cabelo...

— Você está bem? — Titan pergunta, trazendo-me de volta à realidade.

— Sim. — Eu deito e me sento mais ereto.

— Vamos chegar ao fundo disso, — ele me garante. — Vamos descobrir


quem diabos atirou em Luca.

Certo? Esse precisa ser meu foco principal. Não a linda morena cujo pai
dirige a máfia ítalo-americana. — Não está somando.

— Qual parte? — ele pergunta, entrando na estrada.

— Tudo isso. — Eu dou de ombros. — Mia tinha tanta certeza de que


foram seus irmãos que atiraram em Luca. A linha do tempo combina com
isso.

Ele se mexe em seu assento, e eu olho para ele. — O que? — Eu exijo


quando vejo sua mão apertando o volante.
Ele me dá uma rápida olhada antes de colocar sua concentração de volta
na estrada. — Você realmente acredita nela?

— Eu faço. — Concordo com a cabeça e olho pela janela do passageiro.


— Eu vi o olhar em seu rosto no hospital. A pobrezinha estava morrendo
de medo.

— Apenas case com ela então.

Minha cabeça vira para a esquerda, e eu olho para ele. — Você não pode
estar falando sério?

Ele dá de ombros. — Não é como se você estivesse se guardando para


alguém especial. — Titan ri. — Faça a porra do maior casamento do século
e case-se com ela. Dê a eles um show e esfregue na porra da cara de John. E
se o que os irmãos dela contarem for verdade, então o pai dela vai agir e
nós estaremos prontos. — Seus olhos encontram os meus, e vejo o quão
sério ele está antes de voltar para a estrada. — Ele pode ser John Bianchi,
mas nós somos os malditos Kings. E isso significa alguma coisa.

O aeroporto é apenas isso - outrora um aeroporto que foi abandonado


anos atrás. Que Tanner, Turner e Trey Mason possuem. É o Kingdom deles.
Mas onde cobrimos nossas atividades ilegais com coisas brilhantes e caras,
eles nem se preocupam em cobrir o quão corruptos são. Senta-se nos
arredores de Las Vegas em duzentos acres. Tem cinco andares do
aeroporto original, e o hotel ao lado foi transformado em apartamentos que
eles alugam, chamados Mason Towers. Onde o abrigo antiaéreo ficava
embaixo do aeroporto agora é sua masmorra pessoal.

Os policiais não vêm aqui, não importa o quê. Os Mason os têm em sua
folha de pagamento, junto com muitos outros nomes importantes de Las
Vegas. O pai deles costumava administrá-lo, depois o entregava a eles.
Assim como nossos pais nos deram o Kingdom.

Nunca quis essa vida, mas não sou o tipo de cara que faz meia-boca em
nada, então dedico minha vida ao nosso negócio. Isso nos deu uma vida
com a qual a maioria apenas sonha.

— Titan, Bones. — Turner Mason acena para nós quando entramos em


seu escritório. Ele está enchendo uma mochila preta cheia de armas que
estão alinhadas sobre uma mesa. Turner é o irmão do meio. Ele é seu
músculo, assassino de aluguel e corre para o Cartel. De todos os irmãos
Mason, você não quer irritá-lo. Eu nunca gostei dele. Ou qualquer um
deles, aliás. Trey e Grave tiveram alguns problemas no passado, e Tanner,
o irmão mais velho, levou a culpa por eles. Ele passou algum tempo na
prisão, mas recentemente foi libertado. Claro, eu não descobri até que fosse
tarde demais. Meu irmão escolheu manter suas atividades ilegais em
segredo de mim. Nenhum de nós realmente sabe o que aconteceu até hoje.

— Titan disse que você tem alguém para nós? — Eu vou direto ao
ponto.

Ele concorda. — Tanner o tem no porão.


Titan e eu saímos do escritório assim que a porta se abre, e Cross entra
com Grave. — Você não atendeu minha ligação, — Titan diz ao meu irmão.

— Desculpe, o telefone morreu. Mas eu estava no clube com Alexa e


Cross. O que nós temos?

— Nós estávamos apenas indo para descobrir, — eu respondo,


passando por ele e saindo da sala.

Fazendo nosso caminho para o abrigo antiaéreo, ficamos em silêncio.


Não tenho muito a dizer e minha mente ainda está repassando o que Titan
disse no carro sobre se casar com Mia. Ele fez parecer que casar com ela era
uma transação comercial. Redija um contrato, assine e dê uma grande festa.
Ele estava certo quando disse que eu não estava me guardando para aquela
pessoa especial. Eu disse a mim mesmo que nunca me casaria. A vida de
um King não é fácil. Por que trazer uma mulher para isso? Ela esperaria
muito de mim e, eventualmente, de uma família. Eu não quero ser meu pai.
Eu não quero ver meu filho ter que viver o tipo de vida que eu tenho. Ou
uma filha? Que porra eu faria com uma filha? Eu seria um marido horrível
porque o Kingdom viria primeiro. E o mesmo que um pai - meus filhos
provavelmente nem saberiam quem eu sou. Fazer um favor a Luca e fazer
com que Mia adote meu sobrenome são duas coisas muito diferentes.

E não vamos esquecer o que meu pai me disse - mostre-me um homem


apaixonado e eu lhe mostrarei sua maior fraqueza. Não posso dizer que ele está
errado porque Titan, Grave e Cross farão de tudo para garantir que nada
aconteça com suas rainhas. Mesmo que isso signifique morrer por elas. Não
estou dizendo que isso é uma coisa ruim. Se você ama alguém, deve fazer
qualquer coisa por essa pessoa. Considero todos os Kings meus irmãos, até
Luca e Nite. Portanto, as palavras de meu pai fazem sentido porque eu não
apenas mataria por eles, mas também morreria por eles.

— Tudo certo? — meu irmão me pergunta.

— Tudo bem, — eu rosno. Porra, por que todo mundo se importa como
eu me sinto agora? Eu gostava mais quando eles eram solteiros e muito
ocupados com suas próprias vidas agitadas para prestar atenção em mim.
Agora que todos eles fecharam alguma boceta, eles estão no meu negócio
como se fosse sua própria vida.

— Onde está a garota? — Grave continua perguntando como se ela


fosse muito insignificante para lembrar seu nome.

— Meu lugar. — Onde mais ela estaria? Ele espera que eu a mantenha
ao meu lado com uma coleira presa? Eu tenho que escondê-la, então com
certeza não a traria aqui.

— Eu disse a ele que ele deveria se casar com ela. — Titan ri de novo
como se fosse uma piada.

— Essa é a pior ideia que você já teve. — Bufa Grave.

— É um meio para um fim. — Titan dá de ombros. — John sairia do


esconderijo junto com seus filhos...

— Falando de filhos. — Grave o interrompe. — Luca mataria Bones


assim que ele acordasse. Há uma razão pela qual eles a estão escondendo.
— Não vejo isso como um problema. — Cross finalmente fala. — Bones
nos disse que Luca o enviou para ajudá-la. É óbvio que ele confia nele com
ela.

Ele não deveria. Não paro de pensar em transar com ela desde que a
forcei a entrar na limusine.

— Sim, bem...

— Vocês podem simplesmente calar a boca? — Eu estalo, cortando


Grave.

Felizmente, eles ouvem.

Saindo do elevador para o abrigo antiaéreo, passamos pelos antigos


túneis. Depois de passar pelas celas da prisão alinhadas de cada lado,
entramos pela porta no final da cela onde eles mantêm seus convidados
especiais. Estivemos aqui recentemente quando Cross precisava de
respostas.

Um cara está sentado amarrado a uma cadeira. Tanner Mason está de


costas para nós, os braços cruzados sobre o peito. Quando entramos, ele se
vira para nós. — Kings. — Ele dá um passo para o lado. — Tenho um
presente para você.

Grave Bufa. — Só é um presente se ele tiver algo a nos dizer.

O cara olha para nós através de seu rosto quebrado. Não tenho certeza
se os Mason fizeram isso ou se foi por causa da luta dele aqui. — Ouvi
dizer que você estava se gabando de ter roubado um clube de strip, — eu
digo.
Ele levanta o queixo e olha para mim.

— De repente, ele não tem mais nada a dizer. — Tanner sorri. — Vamos
consertar isso. — Ele caminha atrás dele e agarra um punhado de seu
cabelo, puxando sua cabeça para trás.

Grave agarra seu rosto, apertando com força suficiente para forçar sua
boca a se abrir, e ele estende a mão livre para Cross. — Me dê uma faca.

O cara começa a se debater na cadeira.

Cross recupera seu canivete e o abre, entregando-o a Grave. Ele o


segura até o queixo.

— Ok, ok... — o homem sai correndo. — Não foi o Glass. — Ele olha
para mim.

Eu inclino minha cabeça para o lado. — Qual foi? — Sendo um King,


ouvimos sobre tudo o que acontece.

Grave dá um passo para trás, deixando-o ir. — Era Mansion. Um amigo


meu trabalha lá e me ajudou a configurá-lo.

Eu esfrego meu queixo. — Então você não sabe nada sobre Glass e Luca
Bianchi sendo baleados?

Seus olhos se arregalam, e eles disparam ao redor da sala. — Luca foi


baleado? Porra, cara, ele está bem?

Titan me dá um olhar de “eu avisei”. Todo mundo conhece Luca, e


ninguém ousaria ir atrás dele a menos que fosse sua própria família. Foi
por isso que Luca não sacou sua arma. Ele nunca viu isso chegando.
Cross já pegou o celular e o levou ao ouvido. Eu olho para ele. —
Obrigado. — Ele desliga. — É verdade. A Mansion foi invadida e mais de
cem mil foram levados.

Fim da linha. Porra! Não tenho certeza do que esperava encontrar, mas
uma parte de mim já sabia qual seria o resultado.

— O que você quer fazer com ele? — Tanner pergunta.

— Deixe Nicholas saber onde encontrá-lo. — Nick é dono da Mansion.


Ele pode cuidar de sua própria bagunça. Ele pode nos pagar depois por
entregá-lo.

— Espera. Não! — o cara sai correndo e nós o ignoramos, virando-nos


para sair da cela enquanto ele tenta se salvar.

— O que fazemos agora? — Cross pergunta, embolsando seu celular.

— Ir para a cama. — Grave boceja. — Eu não sou como vocês. Eu


preciso dormir.
Capítulo Quinze
Bones

Titan puxa para trás do Glass. Saindo, nós dois subimos as escadas de
metal até o segundo andar, e eu uso meu cartão-chave para destrancar a
porta. Abrindo-a, entramos no corredor e olho para o sangue manchado no
carpete.

— Foda-se, — Titan sibila, deixando a porta se fechar atrás dele.

— Haven nos disse que ele estava inconsciente quando ela o encontrou.
— Conversamos com ela o tempo todo no caminho para o hospital. Ela
estava sozinha e apavorada. Queríamos que ela soubesse que estávamos a
caminho. Ela nos disse que o encontrou caído de bruços no corredor. Como
se ele tivesse rastejado pelo chão. O que não faz o menor sentido. Por que
não chama um de nós? O que ele iria encontrar no corredor para salvá-lo?

Seguimos a mancha de sangue até o escritório e vemos a enorme


mancha de sangue na frente da mesa. Lidamos com sangue durante toda a
nossa vida, mas é diferente quando você sabe que pertence a alguém que
considera da família. O fato de quem quer que fosse estar me procurando
torna tudo pior.
— Sangue respingado na mesa, — Titan observa.

— Talvez ele estivesse parado na frente dela, — eu ofereço. Pela


maneira como o sangue cobre o carpete e a mesa, dá para perceber que ele
não estava sentado na cadeira.

— Onde estava a arma dele? — Titan dá a volta na mesa e começa a


abrir as gavetas.

— Foi com ele. — Falei com o detetive que apareceu no hospital quando
chegamos. Ele prometeu que descobriria quem fez isso, mas todos sabemos
que a polícia não vai poder fazer merda nenhuma. Eles não podem
controlar a Máfia. Além disso, eles são facilmente comprados. Eu disse a
eles para se afastarem, seguirem em frente e ficarem fora do nosso
caminho. Ele parecia mais do que feliz em aceitar e aceitar a pilha de
dinheiro que entregamos. — Haven tirou de seu coldre e me deu enquanto
estava no hospital. Está no meu cofre em casa.

Titan acena com a cabeça. — Ele disparou?

— Não. — Eu chequei. Ainda havia uma câmara, e o carregador estava


carregado, com a trava de segurança desligada como sempre.

Titan suspira, passando a mão pelo rosto. — Lane disse que a bala em
sua perna entrou por trás. Mas a do peito entrou pela frente.

Concordo com a cabeça, cruzando os braços sobre o peito.

— Talvez ele estivesse de pé, de frente para a mesa. Alguém entrou e


atirou na perna dele. Ele se vira e eles atiram em seu peito.
— Faz sentido. Mas se eles já tinham a vantagem, por que esperar que
ele se virasse para atirar no peito? Ou por que ir para a perna e o peito? Um
tiro na nuca e ele teria caído morto.

— Talvez eles não quisessem matá-lo? — ele sugere.

Eu balanço minha cabeça. — Não. Acho que eles o queriam morto. Mas
também acho que eles queriam que Luca visse quem eles eram e sofresse.
Como um último foda-se. Eu me encolho com minhas próprias palavras.

Titan percebe e suspira. — Isso não é sua culpa, — ele oferece.

Eu dou uma risada áspera que não tem humor. — Claro que é. Eles
estavam aqui para mim.

— Não sabemos disso.

— Jeremy...

— Jeremy era um merda, e não podemos confiar em nada do que ele


disse para nós, — Titan me interrompe.

— Mas e se ele estivesse certo? E se isso não tiver nada a ver com Mia?
— Eu ofereço. — E tudo a ver comigo.

Ele balança a cabeça. — É coincidência demais. Tem que estar conectado


de alguma forma. Mas temo que apenas Luca possa nos ajudar a descobrir
isso.

Falei com Haven mais cedo, e ele ainda está em coma induzido por
drogas. Eles fizeram alguns testes e estou esperando uma resposta dela
sobre a atividade cerebral.
— O que você vai fazer sobre o clube? — Titan continua.

— Tenho uma equipe chegando logo pela manhã. Estava fechado hoje e
estará fechado amanhã também. Eles disseram que poderiam rasgar tudo e
substituí-lo amanhã à tarde. Então estará aberto a partir de amanhã à noite
novamente. No momento, nada foi divulgado sobre o que aconteceu com
Luca. Eu gostaria de mantê-lo assim. Se eu fechar o clube por muito tempo,
as pessoas podem começar a fazer perguntas. Além disso, não posso fazer
isso com as meninas. Dançarinas exóticas escolhem Glass porque nós
cuidamos delas. Algumas têm filhos, pais doentes para cuidar ou estão
pagando a faculdade. Não vou deixar que isso atrapalhe a renda deles.

Ele se levanta da cadeira e se levanta. — Vou te ajudar. Apenas deixe-


me saber o que preciso fazer e quando preciso estar aqui.

— Obrigado. Agradeço, — digo, sabendo muito bem que não vou


deixar que ele me ajude. Se isso tem a ver comigo, não vou colocar
ninguém em perigo. Ainda estou de pé, o que só pode significar uma coisa:
quem quer que seja, virá atrás de mim novamente.

Titan me deixa em casa e eu entro na casa para encontrá-la silenciosa e


escura. Ando pelo corredor até minha suíte master e lentamente abro a
porta. Ela tem as cortinas abertas para as portas de vidro deslizantes, as
luzes da varanda traseira dando ao quarto um brilho suave.

Incapaz de me conter, eu ando ao lado da cama e a vejo dormindo, as


cobertas puxadas até o queixo. Seus lábios estão ligeiramente entreabertos
e alguns fios cobrem seu lindo rosto de porcelana. Estendo a mão e os
afasto, deixando meus dedos tatuados sentirem sua pele macia.

— Dillan. — Ela geme meu nome e meu pau aperta contra o interior da
minha calça jeans.

Porra, não faço sexo há quase quatro meses. Foi antes de eu assistir
aquele vídeo dela no meu escritório. Nem sei dizer quantas vezes me
masturbei só de pensar nela desde que a deixei na Califórnia. É patético,
realmente.

— Sim, estou de volta, — digo a ela, esperando que ela abra os olhos e
acorde, mas ela não o faz. Em vez disso, ela respira fundo e começa a
roncar suavemente.

Ela está fora.

Meu telefone vibra no meu bolso, e eu o pego para ver que é Titan me
dizendo que está tomando banho e depois indo para o Kingdom.

Decidindo que preciso fazer o mesmo, viro as costas para ela e vou para
o banheiro. São quase quatro da manhã. Tenho um longo dia pela frente e
não tenho tempo para me distrair com ela. Sei que ela estará aqui quando
eu voltar porque não tem para onde ir.
Mia

Fui dormir sozinha e acordei sozinha. Não que eu esperasse que Dillan
estivesse em casa. Ele praticamente saiu correndo de casa quando voltou
para me encontrar com nada além de sua camisa.

Olhando para o meu celular, vejo que são cinco para as seis. Depois de
vestir minhas roupas limpas de quando cheguei, saio de sua casa, sentindo
o ar quente em minha pele. Não posso dizer que senti falta de Vegas
porque também fui prisioneira aqui. Pelo menos na Itália, eu tinha rédea
solta em casa e podia ir às compras. Ninguém sabia quem eu era ali. Não é
como se eles conhecessem minha família aqui. Meu pai sempre esteve nas
manchetes nos Estados Unidos. As pessoas sabiam que ele estava na Máfia
e fazendo coisas ilegais. Ele foi preso várias vezes, mas nada ficou preso.
Minha mãe ou um dos meus irmãos - quando tivessem idade suficiente
para dirigir - iria pagar a fiança. Acho que o sistema só queria o dinheiro
dele. Eles veriam uma oportunidade de parecer que estavam fazendo seu
trabalho enquanto recebiam um bom dia de pagamento.
O sol nascente me permite ver o maciço e exclusivo beco sem saída. Eu
estava dormindo quando ele me trouxe aqui, então não consegui ver a casa
por fora. Quatro casas ficam em uma ferradura, mas as casas são distantes
umas das outras. Eles estão cercados por uma parede de pedra alta com um
portão de ferro preto com um K dourado no meio. Uma guarita fica lá com
sua segurança. No centro das casas há um grande clube.

Não tenho certeza para qual casa vou. Descendo os seis degraus de
pedra, vejo um carro entrar pelo portão do outro lado da propriedade. É
um carro esporte branco que estaciona na primeira casa à minha direita. A
porta do lado do motorista se abre e uma ruiva sai. Ela olha para mim e
empurra seus grandes óculos de sol quadrados até o topo de sua cabeça. —
Mia? — ela chama.

Eu levanto minha mão e dou um aceno desajeitado como se houvesse


outra mulher do lado de fora da casa de Bones que poderia se chamar Mia.

Ela volta para o carro e liga. Eu paro de andar e a observo recuar, e ela
vem até a frente da casa dele e abre a porta do passageiro para mim. —
Entre.

Deslizo para dentro e estendo a mão direita. — Mia, — eu me apresento


nervosamente.

Seus olhos olham para minha mão e acho que ela está prestes a rir de
mim, mas em vez disso ela a agarra, puxa meu corpo pelo console central e
me abraça. Seu cabelo ruivo curto cheira a pêssego. — Eu sou Jasmine. —
Ela se afasta.
Eu concordo. Pensei isso. Ela era a loira nas fotos de quando eles
estavam no colégio. Ou talvez fossem da faculdade. Eu não sabia. Mas ela
também estava no hospital, dormindo no ombro de Nite quando cheguei.

— Bem, Mia, é um prazer conhecê-la. — Ela engata a marcha e dirige ao


redor do semicírculo de volta para a casa em que estava originalmente.

— Você também.

Saindo, ela olha para mim por cima do ombro. — Você conhece alguma
das garotas?

Eu balanço minha cabeça. — Apenas Haven. — E eu nem a conheço tão


bem. Luca a trouxe para casa na Itália uma vez. Eu a amei imediatamente,
mas nunca mais a vi. Não até o hospital ontem.

Ela me dá um sorriso. — Ela não estará aqui hoje. Mas prometo que
somos inofensivas.

Entro em casa com ela e ela grita: — A vida da festa está aqui.

Vamos até a cozinha e vejo uma mulher parada perto do fogão. Seu
cabelo roxo escuro está preso em um coque bagunçado. Ela usa um par de
shorts jeans e uma regata branca. Ela dá uma olhada rápida por cima do
ombro — seus olhos azul gelo encontrando os meus — e sorri. Um piercing
de diamantes pende de seu nariz. — Bom dia, senhoras.

— April, esta é a Mia. Mia, estamos e April, — Jasmine nos apresenta.


— A noiva de Grave.

Eu aceno para ela. — Olá.


— Ei, sinta-se em casa, — diz ela, voltando a cozinhar.

— Onde estão Emilee e Alexa? — Jasmine pergunta, jogando um


morango na boca enquanto se inclina contra a grande ilha.

Eu fico sem jeito ao lado da mesa, querendo oferecer minha ajuda, mas
também não querendo passar dos limites. Não tenho certeza se essas
mulheres me convidaram porque se sentem obrigadas ou apenas estão
realmente interessadas em me conhecer.

— Emilee deve estar aqui a qualquer momento. Não tenho certeza de


onde Alexa está, — ela responde.

— Ela provavelmente ainda está na cama. Ela estava no clube ontem à


noite.

— Sim, Grave e eu subimos lá para ajudar ela e Cross com algumas


coisas. Mas os Kings acabaram tendo que ir para o Aeroporto, — completa
April. — Grave não chegou em casa antes das quatro. Ele ficou em casa o
tempo suficiente para tomar banho e partiu para Kingdom.

— Estou aqui! A festa pode começar. Uma morena entra na sala, e eu sei
quem ela é. Ela está nas fotos com Bones que encontrei. E ela estava com
outro dos Kings no hospital. Meus olhos avistam o diamante em seu dedo,
me dizendo que ela também está noiva de um ou já é casada.

— Estava na hora. — Jasmine pega uma garrafa da mão da morena. —


Vamos beber. Mimosas por toda parte.
— Oi. — A garota vem até mim e estende a mão direita. — Eu não
consegui conhecê-la adequadamente na outra noite. — Ela sorri
timidamente. — Emilee.

— Mia. — Estendo a mão e agito. — Prazer em conhecê-la.

— Gostaria que fosse em melhores circunstâncias. Sinto muito pelo


Luca. Você falou com Haven? — Ela pergunta.

— Não. — Eu suspiro. — Eu não quero incomodá-la. — Ela sabe que


estou aqui e entrará em contato comigo se precisar de mim.

Emilee assente.

— Falando nisso, — Jasmine limpa a boca com um guardanapo. —


Onde você esteve?

— Jasmine . Isso não é da nossa conta. — April a repreende, golpeando


seu braço com uma espátula.

— O que? — Ela pula para trás, rindo. — Vocês estão todas pensando a
mesma coisa.

— Está tudo bem. — Eu dou a ela um sorriso suave. — Estive na Itália.

— Toda sua vida? — Jasmine pergunta

— Em geral. — Puxei uma cadeira e me sentei à mesa.

Jasmine pega uma jarra de suco de laranja na geladeira e abre a rolha do


champanhe que pegou de Emilee. — E você voltou por causa de Luca?
— Sim. — Eu olho para minhas mãos. Todas essas mulheres são
obviamente muito próximas de Haven e Luca. Não quero que saibam que
sou a razão de ele estar em coma. — Eu liguei para Luca e ela atendeu,
contando o que aconteceu com ele.

— Falando no que aconteceu... — Jasmine fala, servindo algumas


bebidas em taças. — Alguém sabe se os caras descobriram o que queriam
no Aeroporto?

Emilee balança a cabeça. — Eu estava dormindo quando Titan voltou, e


ele se foi antes que eu acordasse.

— Falei com Grave antes de ele sair esta manhã, — afirma April,
empilhando um pouco de bacon em um prato coberto com uma toalha. —
Eles confrontaram um cara que os irmãos Mason estavam segurando, mas
simplesmente não era o que eles queriam ouvir.

A porta se abre novamente e uma loira descolorida entra na cozinha. Ela


está com o cabelo preso, mechas caindo para todo lado, vestida com uma
camiseta do Kingdom e calça de moletom preta junto com o que imagino
ser a maquiagem de ontem à noite. Ela tem uma tatuagem cruzada na parte
interna do pulso que parece estar pegando fogo. Percebo que ela não está
usando anel e não a vi no hospital na outra noite.

— O que diabos aconteceu com você? — Jasmine ri, olhando para ela.

— Estou exausta. — Ela cai em uma das cadeiras da mesa. — Ainda não
fui para a cama.

— Mia, esta é Alexa, a namorada de Cross. — Emilee a apresenta.


Eu concordo. A cruz em seu pulso interno agora faz mais sentido.
Aposto que tem a ver com Cross. — Prazer em conhecê-la.

Seus olhos azuis encontram os meus e se suavizam. — Sinto muito por


saber de Luca.

— Obrigada, — eu sussurro, empurrando um pouco de cabelo solto


atrás da minha orelha sem jeito.

Toda vez que alguém menciona seu nome, meu peito aperta a ponto de
ser difícil respirar.

O celular de Alexa toca e ela o tira do bolso. — Olá? — Ela responde,


colocando o cotovelo na mesa e o rosto na mão. — Foda-se, — ela sibila. —
Eu esqueci. Vou para lá agora. — Desligando, ela deixa cair o telefone na
mesa.

— O que é isso? — Jasmine pergunta.

— Esqueci que o empreiteiro estaria no clube hoje. Eu tenho que ir...

— Eu vou conhecê-la, — ela oferece, caminhando até ela. — Vá para


casa e descanse um pouco. Você vai voltar hoje à noite depois que Cross
sair, certo?

Alexa morde o lábio inferior por um segundo e depois acena com a


cabeça. — Sim. Obrigada. Não deve levar mais de vinte minutos. Ele só
quer revisar algumas mudanças que fizemos. Há um conjunto extra de
desenhos atualizados para ele levar.
Jasmine esfrega as costas e Alexa deita a cabeça na mesa. Jasmine olha
para mim. — Quer ir comigo?

— Eu... — Fazendo uma pausa, não consigo me forçar a dizer não a ela.
Ela apenas ofereceu minha liberdade como se não fosse nada. Como se
qualquer um pudesse entrar em um carro e ir aonde quiser.

— Ela não deveria ser vista em público, — Emilee a lembra.

— Não é público. — Jasmine revira os olhos. — É um clube. Isso está


fechado. Não é como se fosse sábado à noite e o lugar estivesse lotado. O
empreiteiro nem vai pensar duas vezes sobre ela estar lá.

Eu me levanto da mesa e aceno com a cabeça. Eu quero sair. Mesmo que


seja apenas para ficar sozinho em outro lugar. Bones não é meu dono, não
importa o quanto ele pense que é. E daí se ele pagou dez milhões por mim?
Eu não estou a venda. Eu tenho permissão para ter uma vida e tomar
minhas próprias decisões. E começo por este. — Eu adoraria ir.
Capítulo Dezesseis
Mia

Trinta minutos depois, ela está chegando a um clube. Um cara já está


esperando por ela do lado de fora.

— Sinto muito, — ela diz a ele, abrindo a porta.

— Não se preocupe, — diz ele, entrando conosco. Jasmine estava certa.


Ele não me dá atenção.

Eu olho ao redor do grande espaço aberto e uma parede espelhada atrás


do bar. Tem um palco na frente para música ao vivo. Há um bar principal à
direita e o que parece menor do outro lado, ao lado do palco. Parece
inacabado para mim, o que faz sentido, já que ela está dando ao
empreiteiro os planos atualizados, mas o que eu sei sobre administrar um
clube? Absolutamente nada.

Alexa também estava certa; o homem não ficou muito tempo. Ele
discutiu algumas coisas com Jasmine enquanto eu vagava por aí, e então
ela o levou para fora.

— Este lugar é bom, — eu digo quando ela volta de trancar a porta da


frente depois que o cara sai.
— Obrigada. Só precisava de um pouco de amor, — ela diz vagamente,
e eu não a pressiono mais para me contar o que aconteceu com ele. Não é o
meu lugar. — Eu vou descer as escadas para Kink bem rápido. Tudo bem?

— É claro. — Eu concordo.

Eu a sigo por um lance de escadas e por uma porta. — Uau, — eu digo.


É como noite e dia lá de cima. Isso é algo que eu imagino que você veria em
Nova York. Paredes de couro preto e branco com botões de prata no
material. — O que é este lugar? — Eu pergunto.

— Aqui é Kink. Alexa, Bones e eu somos os donos.

— Dillan? — Eu pergunto, surpreso.

Ela balança a cabeça, ligando alguns interruptores de luz. —


Tecnicamente, ele é nosso parceiro silencioso. Como alguns homens ainda
acreditam que as mulheres não podem fazer nada sozinhas, tínhamos que
tê-lo na papelada.

Concordo com a cabeça como se soubesse do que ela está falando, mas
não sei. Eu não sou uma empresária. — Então, o que é isso exatamente? —
Eu continuo enquanto ela entra em um escritório e se senta em uma mesa.

— É um clube de sexo - BDSM.

— BDSM? — Eu pergunto lentamente.

— Sim. — Ela sorri para mim com orgulho. — Qualquer um pode fazer
o que quiser com quem quiser, desde que assine os formulários de
consentimento. — Balançando as sobrancelhas, ela acrescenta: — Tantos
paus quanto uma mulher pode precisar. — Acenando com o braço, ela olha
para a papelada. — Sinta-se à vontade para dar uma olhada, se quiser. Isso
só vai me levar um minuto.

Quando sua família decide fazer você desaparecer, o tempo passa


terrivelmente lento. Descobri que a melhor maneira de passar o tempo era
lendo. Achei o romance sombrio o meu favorito. Eu amo quando a heroína
se apaixona pelo vilão. O amor proibido que você não deveria querer.
Posso nunca ter feito sexo, mas li sobre isso nos livros. Entendo que nem
todo mundo tem esse tipo de vida sexual, se é que tem. Mas isso não
significa que eu não saiba nada sobre o estilo de vida BDSM.

Curiosa para ver o clube, saio de seu escritório e ando por um corredor.
No final, viro à esquerda e entro na área aberta da pista de dança/bar com
banquetas pretas e tampo de mármore preto. Um espelho corre ao longo da
parede contornado por luzes brancas cintilantes. Isso parece estar mais
adiantado com a construção do que o clube no andar de cima.

Eu atravesso para o outro lado e desço outro corredor. Janelas


quadradas permitem que você veja diferentes cômodos. Entro na primeira
à direita. Uma mesa de couro preto tem o que parecem ser cintos de couro
para restrições colocados estrategicamente ao longo da mesa. Eu corro
minhas mãos sobre ele, sentindo o quão macio é.

A parede do fundo é de couro branco e também tem amarras


penduradas em vários lugares - pulsos, tornozelos, pescoço e cintura.

— Que porra é essa, Jasmine? — Eu ouço uma voz familiar gritar.


— Ela está bem, Bones. — Suas vozes se aproximam. Saio do quarto
para o corredor assim que os vejo vindo em minha direção. — Veja. Ela
está inteira e não há mais ninguém aqui. — Jasmine para com a mão no
quadril.

Bones

Eu olho para Mia enquanto ela está parada no corredor, vestida com as
mesmas roupas que ela usou para entrar no hospital. Isso me lembra que
ainda preciso pegar os pertences dela na minha casa de praia. — Que porra
você está fazendo? — Eu atiro para ela.

Ela dá um passo para trás, mas levanta o queixo. — Como você sabia
que eu estava aqui? — Seus olhos vão para Jasmine, que balança a cabeça.

— Eu lhe fiz uma pergunta. — Evito responder a dela. — Eu disse para


você voltar direto para minha casa depois do café da manhã.
— Não fale com ela assim, — Jasmine me ataca por trás. Eu me viro
para encará-la e ela continua: — Ela é uma mulher adulta e pode fazer o
que ela quiser.

Ignorando-a, viro-me para encarar Mia mais uma vez.

— Sinto muito, — diz Mia em voz baixa, olhando para as mãos.

— Não se desculpe com ele, Mia. Você não deve nada a ele. — Jasmine
rosna.

Eu me viro para encarar Jasmine novamente. Agarrando seu braço, eu a


arrasto de volta para seu escritório e fecho a porta atrás de nós.

— Que porra há de errado com você? — Jasmine grita comigo.

— Você tem alguma ideia do que está fazendo? — Eu fico na cara dela.
— Você a está colocando em perigo.

— Perigo de quê? — Ela zomba. — O único perigo que vejo para ela é
você.

Dou um passo para trás e passo a mão pelo meu cabelo. Cross tinha
falado com Alexa, que o informou que Jasmine e Mia tinham ido ao clube,
e eu estava furioso. Além de tudo que estava acontecendo, eu tinha que
persegui-las. — Você não entende, Jasmine. — Eu suspiro. — Apenas sair
de casa a coloca em risco.

— Então me explique. — Ela coloca as mãos nos quadris.


Eu caio na cadeira em frente a sua mesa e olho para ela. — Achamos
que foi um dos irmãos Bianchi quem atirou em Luca. — Seus olhos se
arregalam. — Em uma tentativa de atrair Mia de volta para cá.

— Eu...

— Ela desmaiou no hospital porque os meninos Bianchi a agrediram


alguns dias antes de Luca ser baleado. Ela precisa ficar escondida por
enquanto. Ninguém pode saber dela. Ainda não. Não até que tenhamos
uma pista sobre quem diabos atirou em Luca e como posso protegê-la.
Você entende isso?

Ela cai em seu assento e acena com a cabeça. — Desculpe, eu não


sabia…

— Agora você sabe. Então, em vez de me dar o discurso de 'ela não me


responde', por favor, fique fora disso. — Com isso, eu me levanto e saio de
seu escritório em busca de Mia. Eu a encontro na última sala à direita.

Ela fica em frente a uma grade de ferro, passando os dedos por ela.

Eu me inclino contra a parede acolchoada e cruzo os braços sobre o


peito, observando-a. Sua respiração acelera, e eu daria qualquer coisa para
ouvir o que ela está pensando.

Olhando para cima, ela encontra meus olhos, e suas bochechas ficam
vermelhas. Lambendo os lábios, ela pergunta: — Você possui parte do
Kink?

Então ela está conversando com Jasmine. — Apenas no papel. —


Quando Jasmine veio até mim com sua ideia, eu disse a ela que a ajudaria
da maneira que pudesse. Eu acredito no que ela e Alexa estão fazendo. Não
tenho dúvidas de que elas podem administrar este lugar e torná-lo muito
lucrativo. Mas como sempre, alguém estava em seu caminho, e eles
precisavam de alguém com pau.

— Você gosta desse tipo de coisa? — Seus olhos percorrem o banco que
está à sua frente.

— Já sou membro há algum tempo, — respondo honestamente. Eu me


juntei ao local de Nova York depois que Tristan e Avery Decker nos
levaram para lá enquanto tentávamos encontrar uma pista para Titan e
Emilee.

Ela engole, seus olhos caindo para o chão.

Eu vou até ela, e eles se aproximam dos meus. Estendendo a mão,


coloco seu cabelo atrás da orelha, deixando meus dedos correrem por seu
pescoço, sentindo seu pulso acelerar.

Meus olhos procuram os dela enquanto meu pau endurece em minhas


calças. Eu adoraria amarrá-la em um desses quartos, colocar uma placa de
não perturbe e mantê-la aqui. Fazer dela sua nova prisão. Seu próprio
inferno. Isso garantiria sua segurança. Ninguém jamais pensaria em
procurá-la aqui, e eu poderia usá-la como e quando quisesse. É uma vitória
para mim.

— Dillan. — Ela sussurra meu nome, lambendo os lábios nervosamente.

Minha mão desliza para a nuca dela, emaranhando-se em seu cabelo,


enquanto a outra envolve sua cintura, puxando-a para mim. Seus olhos
ficam pesados quando ela sente meu pau pressionado em seu abdômen.
Não vou fingir que não a quero. Isso é idiota. — Alguém já beijou você
além de mim, Mia? — Eu pergunto, lambendo meus lábios.

— Não, — ela responde sem fôlego.

Tão inocente. Tão pura. Gostaria de saber por que isso me excitou ainda
mais. — Você já gozou para um homem antes? — Obviamente, se ela
nunca foi beijada, duvido que alguém a tenha tirado do sério.

Suas bochechas ficam vermelhas e ela vai olhar para baixo, mas minha
mão em seu cabelo aperta para mantê-lo no lugar, forçando-a a olhar para
mim.

Foi por isso que fiz essa pergunta a ela. Porque eu queria ver o desejo
em seus olhos. Ouça o pequeno gemido que escapa de seus lábios
entreabertos. Ela pode ser inocente, mas não é por escolha.

Eu abaixo meus lábios em direção aos dela e, no último momento,


mergulho meu rosto em seu pescoço e pressiono o meu em sua pele.

Seu corpo se amolece contra o meu, suas mãos agarram minha camisa,
tentando me puxar ainda mais para perto dela. E sei que se quisesse,
poderia tê-la aqui e agora. Mas não tenho tempo para isso. Eu tenho que
me lembrar que ela não é para mim.

Então eu a solto e dou um passo para trás. Então me viro e saio do


quarto, ouvindo-a me seguir.
Capítulo Dezessete
Mia

Sento-me no banco do carona de Dillan, minhas pernas esfregando uma


na outra. Incapaz de ficar confortável. Minha pele está úmida, minha
boceta latejando e posso sentir o suor na minha nuca.

Kink me deixou toda excitada.

Eu não sei por quê.

Bones gosta de uma submissa. Matteo me disse. Eu sabia o que ele queria
dizer, mas não pensei muito nisso. Agora é tudo em que consigo pensar.

Eu o pego olhando para mim por um rápido segundo antes de colocar


os olhos de volta na estrada. Ele está me levando para casa. Como uma
criança em apuros, ele está me levando de volta para sua casa, onde
passarei o dia todo sozinha. Provavelmente estou de castigo e não poderei
passar mais tempo com as meninas.

Estou sendo punida por querer uma vida normal. Por querer um pouco
de liberdade.
Inferno, eu sou uma maldita virgem de vinte anos. Nunca usei nenhum
brinquedo. A única coisa que já tive para me aliviar foi um chuveiro. Bem,
eu também usei os jatos da banheira de hidromassagem do meu pai
algumas vezes, mas isso não era o mais confortável.

Ele quase me beijou no Kink. Eu nunca conheci esse tipo de


necessidade. Meu corpo estava vibrando. Minhas coxas se apertaram. Mas,
em vez disso, ele beijou meu pescoço e se afastou. Ele está brincando
comigo. Provavelmente acha engraçado. Eu sou apenas um jogo para ele.
Se ele tem que cuidar de mim, é melhor se divertir um pouco com isso.

Meus olhos vão olhar para Dillan com o canto do meu olho, tentando
olhar discretamente. Ele está vestindo uma camisa preta com calças pretas.
As mangas de sua camisa estão arregaçadas para mostrar seus braços
cobertos de tinta. E ele tem os dois primeiros botões abertos.

Ele é incrivelmente atraente. O tipo de sensualidade que você sabe que


sua mãe odiaria se você o trouxesse para casa. Mas ele também é
assustador. Como andar mais rápido por um beco se você o visse sozinho,
meio assustador. Isso é o que o torna tão interessante. Quando você olha
para ele, seu coração começa a disparar de medo e antecipação.

Um par de óculos escuros cobre seu rosto, mas posso ver a visão lateral
de seus cílios quando ele pisca.

O som de seu telefone tocando no carro silencioso me faz pular. Grave


ilumina seu traço. Ele estende a mão para a tela em seu painel e pressiona a
resposta. — Sim?
— Encontro-a? — Sua voz enche o carro e eu reviro os olhos.

Excelente. Agora todos pensam que sou uma fugitiva.

— Sim. Estamos indo para casa agora, — responde Dillan, mudando de


faixa na rodovia.

— Ok. Quanto tempo antes de você voltar?

— Vou trabalhar de casa hoje, — anuncia.

— O que? — Eu latido.

O som ininteligível que Grave faz me diz que ele está chateado porque
Dillan está ficando em casa para tomar conta de mim como uma criança.

Afundo no banco e observo a cidade passar enquanto dirigimos pela


rodovia.

— Que tal hoje a noite? — Graves rosna.

— Eu tenho que estar no Glass às sete. Então eu encontrarei vocês lá por


volta da meia-noite. — Dillan desliga sem se despedir. Tenho a sensação de
que é mais, então não consigo obter nenhuma informação da conversa
deles.

— Não preciso de babá, — digo quando o silêncio toma conta do carro


novamente.

— No entanto, aqui estou levando você para casa no meio do dia, — ele
fala.
Na verdade, ainda não são nem oito da manhã, mas não o corrijo. Fico
em silêncio o resto do caminho de volta para a casa dele. No momento em
que ele estaciona na garagem, eu pulo para fora e corro para o banheiro.

De pé no chuveiro, seguro o borrifador na mão, debatendo se devo


colocá-lo entre as pernas. Para gozar. Faz tanto tempo que não sinto nada.
Desde que eu era capaz de obter qualquer tipo de satisfação de qualquer
coisa.

Por que não uso Dillan? Não é como se eu estivesse tentando prendê-lo.
Ou assumir o negócio dele para dar ao meu pai. E eu sei que ele entende
isso; caso contrário, ele teria me despachado no primeiro avião que saísse
daqui quando eu voltasse correndo. Ou já me matou.

Você sabe que elas são minhas favoritas. Meu irmão tinha dito. É como se
eles colocassem ser virgens acima de nossas cabeças. Como se ser virgem
fosse algo que eles pudessem aceitar a qualquer momento. Não estou
guardando para alguém especial. Eu simplesmente não tive a chance de
estar com ninguém.

Eu tentei uma vez, mas Nite me deu um fora. Ele sempre esteve lá e
cuidando de mim. Ele era o único cara que eu era próxima que não era
realmente sangue. Mesmo que minha mãe e meu pai o tivessem adotado.
Mas muita coisa aconteceu. Eu sou a razão pela qual ele não fala mais.
Então, qualquer chance que eu tinha lá se foi. Mas Dillan? Ele é algo novo.
Algo que eu possa usar a meu favor. Outros se aproveitaram de mim, então
por que não consigo algo para mim agora?
Decidindo, coloco o chuveiro de volta no lugar e começo a ensaboar
meu corpo, sabendo exatamente o que vou fazer.

Eu tenho vinte anos, filho da puta. Não uma garotinha. É hora de agir
como tal.

Eu ando por seu armário. Estendo a mão, correndo meus dedos ao


longo de suas camisas de botão. Escolho uma branca, tiro-o do cabide e
coloco-o. As mangas são muito longas e a bainha quase atinge meus
joelhos, mas o material é macio e fresco contra minha pele.

Eu não bebo, mas gostaria de ter algo para tomar um gole agora. Só
para acalmar meus nervos. Eu odeio o quão nervosa eu estou. Homens
como Dillan dormem com mulheres experientes. Subo as escadas,
passando as mãos pelo corrimão. Chegando ao topo do patamar, a maciez
do tapete quase faz cócegas em meus pés.

Olho para a direita e vejo a porta do escritório aberta. Respirando


fundo, abro a porta e entro.

Ele está sentado em sua mesa, com o telefone nas mãos e digitando nele.
Eu tenho um momento de pânico. E se ele não me quiser? Isso é estúpido.
Por que ele iria me querer? Eu não tenho nada para oferecer a ele. Mas não
é isso que aprendemos desde tenra idade - a usar nossos corpos?

Ele olha para cima, seus olhos encontram os meus e ele para de digitar.

Recusando-me a recuar, forço minhas pernas a me levarem até ele.


Dillan não é o tipo de homem que quer uma mulher tímida. Não. Muitas
mulheres dariam tudo para estar onde estou agora, e eu me recuso a
continuar sendo uma menina.

Se eu decidir foder você, você escolherá tirar suas roupas para mim. Isso foi o
que ele disse para mim na limusine naquela noite. Eu não tinha ideia de
como ele estava certo e me recuso a aceitar um não como resposta.

Seus olhos caem para meus pés descalços e lentamente correm sobre
minhas pernas enquanto eu vou para sua mesa. Sua tatuagem no pescoço
se move enquanto ele engole, mas fora isso, ele está completamente imóvel.

Não sei explicar, mas a maneira como ele olha para mim me dá a
coragem de que preciso.

Pisando entre a mesa e a cadeira, inclino minha bunda contra a


superfície, de frente para ele. Ele se recosta na cadeira, seus olhos
encontram os meus, e eu engulo o nó na minha garganta.

Seu telefone cai no chão. — Mia...

— Eu quero você, — eu digo, interrompendo-o antes que ele possa me


recusar. Eu vou me tornar uma mulher hoje. Mesmo que eu tenha que
implorar a ele, vou conseguir o que quero. Meu pai ensinou meus irmãos a
pegar o que queriam. É hora de fazer jus ao nome Bianchi.

— Não deveríamos, — ele protesta, mas a maneira como seus olhos


azuis escurecem quando eles caem para minhas pernas expostas me diz
que ele está lutando uma batalha que estou prestes a vencer.

Estendendo a mão, pego suas mãos de seu colo e as coloco em minhas


coxas nuas por baixo de sua camisa.
Ele não se afasta. Em vez disso, seus dedos cavam na pele sensível, me
fazendo tremer. — Você está dizendo que não me quer? — Prendo a
respiração, esperando que ele responda. Ele poderia me negar, e isso
pioraria nossa situação ruim. Porque eu teria que fugir por
constrangimento.

Ele se levanta lentamente, suas mãos subindo até minha cintura,


puxando a camisa para cima no processo. Ele se eleva sobre mim. — Vai
doer.

— Primeira vez para tudo, — eu digo. Todo mundo tem que fazer sexo
pela primeira vez. Eu quero que o meu fique com ele.

Seus olhos procuram os meus, e a dúvida preenche minha mente mais


uma vez. Ele não me quer. Eu sou um incômodo. Um problema temporário
do qual ele está tentando se livrar.

Quando ele tira as mãos de debaixo da minha camisa, sinto as lágrimas


começarem a arder em meus olhos, mas ele estende a mão e a abre. Eu
suspiro quando os botões voam pela sala, expondo meu corpo para ele.

Suas mãos voltam para a minha cintura, e ele as percorre sobre minhas
costelas. Minha respiração pesada enche a sala. Meu primeiro instinto é me
cobrir. Um homem nunca me viu nua antes, e suas persianas podem estar
fechadas, mas as luzes estão acesas. Ele pode ver cada centímetro de mim
tão perto.
Estendo a mão e envolvo meus dedos em torno da borda de sua mesa
para mantê-los no lugar. Não posso dar a ele um motivo para parar agora
ou fazê-lo pensar que não estou pronta.

— Foda-se, — ele geme. — Você é tão linda, Mia.

Estremeço com suas palavras enquanto suas mãos sobem até meus
seios. Estou no lado menor em um tamanho 40. Eu odeio isso. Eu sempre
me senti autoconsciente sobre eles.

— Dillan, — eu ofego, meus quadris empurrando em sua mesa,


precisando dele para fazer alguma coisa, mas ele está apenas olhando para
o meu corpo.

Sua mão desliza pelas minhas costas e até meu pescoço. Ele agarra meu
cabelo e puxa minha cabeça para trás, e eu grito em seu escritório, sugando
a respiração.

Ele abaixa os lábios no meu pescoço e beija com ternura meu pulso
acelerado.

Soltando a mesa, agarro seus antebraços. — Dillan, por favor, —


imploro, quase em lágrimas. Minha boceta está latejando, minhas pernas
tremendo. Estou envergonhada e excitada.

Sua mão livre agarra meu quadril, e ele envolve minha perna em torno
dele, o movimento fazendo com que minha bunda deslize em direção a ele,
e eu sinto o quão duro ele está em suas calças. — Oh, Deus, — eu
choramingo.
Seus lábios trilham meu pescoço até minha mandíbula, e então ele está
em meus lábios. Eu me abro para ele, deixando-o assumir o controle e fazer
o que quiser comigo.

Sua língua entra na minha boca, e a minha encontra a dele com desejo.
Eu quero prová-lo. Para saber como é ser desejada.

Ele tira a mão do meu cabelo e ambos agarram minha bunda, me


levantando da mesa. Eu envolvo meus braços ao redor de seu pescoço
enquanto minhas pernas apertam em torno de sua cintura.

Ele me carrega até o sofá e me deita nele. Seus lábios se libertam dos
meus, e eu respiro fundo quando ele cai de joelhos no final do sofá. Meu
coração começa a acelerar. Eu não estou nervosa. O completo oposto, na
verdade. Estou morrendo de fome por algo que nem sabia que existia.

Lentamente, ele está abrindo minhas pernas trêmulas, e minha mão


instintivamente cobre minha boceta.

Ele abaixa a cabeça para olhar para mim. — Você não pode ser tímida
agora, Mia. — Ele agarra minhas mãos e as remove. Meus olhos estão fixos
nos dele enquanto me observam. Sua língua corre pelos dentes. Deixando
cair a mão direita na minha boceta, ele passa os nós dos dedos sobre ela,
seu anel de crânio frio contra a minha pele em chamas. Eu chupo uma
respiração profunda com a sensação disso.

Ele se ajusta, abaixando o peito no sofá, a cabeça perto da minha boceta.


— Dillan... — Eu suspiro. — O que …?
— Você está me dizendo para parar? — Ele pergunta, olhando para
mim através de seus cílios escuros.

— Não, — eu sussurro.

Mantendo os olhos nos meus, ele passa a língua sobre meu clitóris
inchado.

Meus quadris levantam por conta própria, e eu bato minhas mãos


trêmulas sobre meu rosto – envergonhada e impaciente.

— Relaxa, Mia. — Ele dá um beijo suave na parte interna da minha coxa


e sinto meu corpo inteiro tremer. — Essa parte não vai doer nada.

Suas mãos deslizam por baixo das minhas coxas, jogando minhas
pernas trêmulas sobre seus ombros. Seus dedos cavam em minha bunda,
levantando-a um pouco do couro. Eu deixo cair meus braços para os lados
e respiro fundo, olhando para o teto.

Meus quadris empurram por conta própria quando sinto sua língua em
mim novamente.

Percebo que estou ofegante e tento equilibrar minha respiração


enquanto sinto sua língua. Desta vez, ele empurra para dentro de mim, e
eu gemo com a sensação do que só posso explicar como calor e energia.
Tudo começa a formigar, da ponta dos dedos aos dedos dos pés.

Minhas costas arqueiam e minhas mãos vão para o meu peito por conta
própria, segurando meus seios. Ele continua a me beijar da forma mais
íntima, e eu começo a me afogar. A água quente corre pelo meu corpo,
assumindo o controle. Fecho os olhos e, estendendo a mão, encontro sua
cabeça. Meus dedos passam por seu cabelo, e eu ofego. Com os quadris
balançando, os lábios entreabertos e o corpo convulsionando, eu o seguro,
rezando para que nunca pare.

Eu não posso falar. Nem tenho certeza se estou respirando. Tudo parece
escurecer, como se a onda tivesse me puxado para baixo da superfície, me
segurando. Então ele explode. Minha boceta pulsa e meu corpo começa a
suar e ficar arrepiado.

Antes que eu possa me recuperar, ele puxa a cabeça das minhas pernas
trêmulas e começa a se despir.

Bones

Eu a lambo dos meus lábios, olhando para ela no sofá. Seus olhos
pesados encontram os meus, mas ela parece distante. Atordoada.

— Incrível, — eu sussurro, minha mão segurando seu seio direito. Um


gemido áspero escapa de seus lábios entreabertos.
Sentando-me, pego meu pau dolorosamente duro em minha mão e o
acaricio algumas vezes, sentindo os cinco halteres ao longo do eixo - meu
Jacob’s ladder. Eu nunca dormi com uma virgem desde que fui perfurado,
então não tenho certeza de como eles vão afetá-la sendo sua primeira vez.
Mas independentemente disso, o sexo por si só vai machucá-la.

É por isso que eu a comi primeiro. Eu queria que ela estivesse relaxada e
já satisfeita, caso isso a machucasse demais e ela me dissesse para parar.

Seus olhos pesados se fecham e eu me inclino, pressionando meu corpo


contra o dela. Minhas mãos vão até seu cabelo e puxo sua cabeça para o
lado, meus lábios encontrando seu pescoço, deixando uma trilha de beijos
até sua orelha. — Última chance.

— Por favor? — ela implora, os calcanhares de seus pés cavando em


minhas costas enquanto ela envolve suas pernas ainda trêmulas em volta
de mim.

Inclinando-me sobre o cotovelo esquerdo, alcanço entre nossos corpos


com a mão livre e agarro meu pau. Eu pressiono em sua boceta encharcada,
empurrando lentamente a ponta para dentro sem sequer me preocupar em
usar um preservativo. Qualquer pensamento racional deixa minha mente
no momento. Ela finalmente está me dando o que eu queria desde que a vi
em Nova York. É como se ela estivesse me concedendo um desejo, e eu vou
ser o idiota que tirará vantagem disso.

Meu rosto cai para seu pescoço. — Porra. — Faz tanto tempo desde que
estive com uma virgem. Esqueci como era. Há a resistência, sua boceta
apertada segurando meu pau da melhor maneira. Isso faz minha respiração
prender. Empurrando meus quadris para frente, eu a penetro um pouco
mais.

Ela arqueia o pescoço, um grito trêmulo saindo de seus lábios.

— Pare? — eu questiono.

Ela estende a mão, suas mãos segurando meu rosto, e puxa meus lábios
para os dela. Eu me abro, aprofundando o beijo imediatamente, engolindo
seu choro enquanto empurro para dentro dela simultaneamente.

Empurrando todo o caminho para dentro dela, eu paro e afasto meus


lábios. Minha cabeça cai em seu pescoço e beija suavemente a pele úmida,
dando-lhe um segundo para recuperar o fôlego. E eu também. Ela é tão
apertada; Eu quero explodir agora.

Ela abre os olhos e as lágrimas escorrem pelo rosto.

— Mia...

— Não pare, — ela me interrompe, respirando pesadamente.

Faço uma pausa, minhas mãos segurando seu rosto. — Estou


machucando você.

— Estou bem, — ela me tranquiliza, seu corpo arqueando, pressionando


seu peito no meu.

Meu pau lateja dentro dela e eu gemo. Minha mente me diz para parar,
mas alguém tem que ser ela primeiro, e eu quero que seja eu. Ela me
escolheu. Levantei os olhos do meu telefone para vê-la entrar no meu
escritório e pensei que estava vendo merda por falta de sono. Eu tentei
negá-la. Para dizer a mim mesmo para não fazer isso. Mulheres como Mia
deixam os homens de joelhos. Já não estou pensando com clareza. Não usar
preservativo. Eu sempre uso um. Ela é virgem, então acho que ela não está
tomando anticoncepcional. Mas isso não vai me impedir de gozar dentro
dela. De jeito nenhum vou retirar. Eu quero ver aquela linda boceta
vazando meu esperma.

Sentando-se, ela estende a mão para mim, pensando que estou parando.
— Dillan...

Puxando suas pernas ao redor dos meus quadris, enfio meus braços
atrás de seus joelhos e os abro bem.

Ela arqueia o pescoço, gritando, e eu começo a me mexer. Minha


respiração acelera quando meus olhos caem para olhar para o meu pau
dentro de sua boceta molhada coberta por seu esperma. Há um pouco de
sangue, e eu lambo meus lábios, imaginando colocar minha cabeça entre as
pernas dela, mas me contenho. Tenho medo de que, se eu parar, ela mude
de ideia.

— Oh, Deus ... — Ela para, suas mãos empurrando contra as almofadas
do sofá.

— Eu não vou parar, — eu a advirto.

Ela balança a cabeça rapidamente, fazendo com que seu cabelo grude
em seu rosto coberto de lágrimas.
Meus quadris começam a se mover agressivamente enquanto eu abaixo
meus lábios nos dela, engolindo os gritos enquanto tento me impedir de
gozar cedo demais.
Capítulo Dezoito
Mia

Deito no sofá de Dillan em seu escritório, minha respiração começando


a voltar ao normal, mas minhas pernas ainda estão tremendo. Quase
comicamente. Eu as trago para cima, dobrando os joelhos, e isso só os faz
tremer ainda mais.

Ele se levanta e me pega. Fico mole em seus braços, incapaz de


perguntar o que estamos fazendo ou por que ele está me carregando para
baixo. Entrando em seu quarto, ele me deita na cama e vai para o banheiro.
Ele sai com uma toalha um segundo depois.

— Abra as pernas, — ele ordena, de pé ao lado da cama.

Eu engulo nervosamente e faço o que ele diz. Cobrindo o rosto com as


mãos, estremeço ao sentir a toalha na minha buceta. Eu quero chorar. Está
tão sensível agora. Eu me pergunto se sempre será assim.

Ele puxa a toalha e então sinto suas mãos em meus pulsos. Ele os
remove do meu rosto e paira sobre mim. Seus lindos olhos azuis percorrem
meu rosto antes de cair em meus lábios trêmulos. Quando penso que ele
está prestes a me beijar, ele se levanta e estende a mão para mim. —
Vamos.

Ele me ajuda a sair da cama e me leva ao banheiro principal. Então ele


abre uma porta no final do banheiro. Tudo o que tem é um banheiro. Eu
ando para dentro, e ele fecha atrás de mim, me segurando lá dentro
sozinha.

Eu uso o banheiro e mordo meu lábio inferior para não chorar quando
me limpo. Estou tão dolorida.

Assim que termino de usar o banheiro, abro a porta e saio para vê-lo
sentado ao lado da banheira. Ele tem a água corrente.

Ele se levanta, e meus olhos caem para seu pau. Ainda está duro e tem
um pouco de sangue - minha inocência. Algo que eu nunca pensei que
seria capaz de doar. Algo que meu pai estava tentando vender pelo lance
mais alto. Eu estive protegida toda a minha vida e finalmente consegui me
entregar. Meu valor acabou de cair e não poderia estar mais feliz com esse
pensamento. Mesmo que Dillan tenha pago por isso.

— Mia, — ele diz suavemente meu nome, e eu pisco, interrompendo


meus pensamentos para ver que ele está parado na minha frente com as
mãos em cada lado do meu rosto.

Percebo que minha respiração voltou a acelerar. Seus polegares


acariciam minhas bochechas, e percebo que estou chorando, e ele está
enxugando as lágrimas.
Suas sobrancelhas escuras se juntam e seus olhos procuram os meus
antes de ele soltar um longo suspiro. — Eu não deveria...

— Não me arrependo. — Eu sei o que isso parece. Que estou um


desastre emocional agora. Eu nem poderia dizer a ele quantas vezes chorei
até dormir na Itália. Como eu estava sozinha. Como eu senti que a morte
seria o único alívio que eu teria.

— Eu faço. — Ele suspira.

Meu peito aperta com suas palavras.

— Eu deveria ter dito que não.

Eu cerro minhas mãos, empurrando-o para longe de mim, e dou um


passo para trás quando ele não se mexe, suas mãos caindo para os lados. —
Sinto muito por ter forçado você a fazer algo contra sua vontade, — eu
digo com os dentes cerrados. — Não vai acontecer de novo. — Passando
por ele, eu vou para fora, mas ele agarra meu braço, me girando. — Foda-
se...

Ele me puxa para ele e bate seus lábios nos meus. Meus braços
envolvem seu pescoço e pressiono meu corpo contra ele, gemendo em sua
boca. Suas mãos agarram minha bunda, e ele me levanta antes de colocar
minha bunda no balcão de mármore frio.

Eu me afasto, ofegante. — Eu pensei que você não me queria?

Ele encosta a testa na minha, demorando um segundo para recuperar o


fôlego. — Você merece coisa melhor, Mia. — Afastando-se, ele olha para
mim, seus lindos olhos azuis cheios de simpatia. — Não sou melhor do que
eles.

Envolvendo minhas pernas em torno de seus quadris, eu o puxo contra


mim, meus dedos agarrando seu cabelo. — Estou tão cansada de pessoas
me dizendo o que é bom para mim. Quando posso escolher?

Ele corre os nós dos dedos tatuados pela minha bochecha antes de
colocar mechas de cabelo emaranhado atrás da minha orelha. — Se você
tivesse uma opção para escolher, não seria eu.

— Dillan...

— Você não teve a chance de ver o mundo, Mia. Para experimentar o


que outras mulheres têm. Mas eu prometo a você que vou mostrar a você.

O mundo? Agora, eu me contentaria com o hospital para ver meu irmão.


— E?

— E o que?

— Então o que?

Ele inclina a cabeça para o lado. — Então você pode escolher.


Capítulo Dezenove
Mia

Deito na cama de Dillan com uma tigela de sorvete em uma das mãos e
o controle remoto na outra, passando pelos canais. Já faz uma semana
desde que praticamente me joguei em cima dele em seu escritório. Ele deu
um telefonema e mandou entregar todas as minhas coisas de sua casa em
Malibu. Já guardei o pouco que havia no meu próprio armário. Fiquei
surpresa quando ele me mostrou que tinha um dele e um dela. Claro que
estava vazio, assim como o resto da casa.

Eu estou sempre sozinha. Dillan raramente está em casa. Ele me disse


isso uma vez, mas tenho a sensação de que ele também está se afastando
para me evitar. De qualquer maneira, estou sozinha à noite. Assim como eu
estava na Itália.

Eu me tornei amiga das garotas, mas April e Emilee estão em casa com
os caras à noite, enquanto Jasmine e Alexa estão no clube e Kink
trabalhando. Elas estão se preparando para a inauguração em breve. Ainda
não tenho permissão para sair em público, então tenho que me esconder
aqui.
Decidindo sobre um programa de culinária, eu inclino minhas costas
contra a cabeceira da cama e jogo o controle remoto ao meu lado na cama
enquanto começo a comer meu sorvete assim que meu celular toca.

Pego na mesinha de cabeceira e franzo a testa quando vejo que é um


número bloqueado. Dillan me disse que havia salvado todos os números
de que eu precisava para este novo telefone. Mas talvez seja uma linha
particular de Kingdom, e ele está me ligando dela.

Atingindo a resposta, eu sorrio. — Ei?

— Olá, mana, — sussurra uma voz familiar.

Minhas costas endurecem. — Como você conseguiu esse número? — Eu


pergunto, minhas mãos tremendo instantaneamente.

Matteo ri. — Você realmente acha que aquele castelo escuro que ele
mantém você vai te salvar? — Eu engulo nervosamente, olhando ao redor
do quarto escuro. A única luz é da TV. — Estamos sempre de olho em você,
Mia.

— O que você quer? — Eu pergunto, tentando engolir o nó que se forma


na minha garganta. Eu odeio o quão certo ele está. Ninguém pode se
esconder ou fugir da minha família. Eu não sou diferente.

— Tic tac, — diz ele vagamente.

— O que isso significa?

— Isso significa que você está ficando sem tempo. Faça Bones...
— Não posso. — Eu o interrompo. Podemos estar fazendo sexo, mas
isso não significa nada. Ele não vai me amar. Meus irmãos não sabem que
contei a ele sobre o plano deles. Mas mesmo que ele não soubesse, ele
ainda não se apaixonaria por mim.

— Tenho um incentivo para você. Olhe suas mensagens.

Eu puxo o telefone do meu ouvido e olho para ele quando ele vibra, me
alertando sobre uma mensagem de texto recebida. Eu abro e reproduzo o
vídeo. E justamente quando penso que Matteo não pode ser pior humano,
ele prova que estou errado.

— Faça acontecer, Mia. Ou daremos você de graça. Ele desliga.

Bones

Entro em minha casa e tiro minha jaqueta de couro preta, verificando


meu relógio. Passa um pouco das seis da manhã e estou exausto. Ter que
dividir meu tempo entre Glass e Kingdom esta semana está me esgotando.
Titan está ajudando com as coisas na Kingdom, mas está ficando irritado
com o fato de eu não permitir que ele ajude na Glass. E isso não está
adicionando Kink à minha agenda. Posso ser um parceiro silencioso, mas
Alexa e Jasmine querem minha opinião sobre a construção. Com o qual
estou mais do que feliz em ajudar. E ontem mesmo, tive que correr
loucamente até Kink porque Jasmine ameaçou matar o encanador.

Giro a maçaneta da minha suíte master lentamente para não acordar


Mia. Mas entrando, percebo que ela não está aqui. Franzo a testa,
caminhando até a porta do banheiro e abrindo-a também. Eu ouço o
chuveiro funcionando. Eu vou desviar o olhar, mas percebo que ela está
vestida com uma camiseta minha e um short de algodão, sentada no chão,
sob o pulverizador.

— Ei? — Vou até lá e abro a porta de vidro. — O que você está fazendo
acordada tão cedo? — Não vou nem perguntar por que ela está usando
roupas no meu chuveiro.

Ela está com as costas contra o azulejo, os joelhos puxados até o peito e
a cabeça apoiada nos joelhos.

— Mia? — Chamo seu nome, mas ela não se mexe.

Estendo a mão para sentir a água, e está gelada. — Cristo, — eu assobio,


estendendo a mão e desligando. Eu arranco a toalha da haste e a abro. —
Há quanto tempo você está aí? — Eu exijo.

Ainda nenhum movimento ou resposta.

Entro no chuveiro e me abaixo. Enrolo a toalha em volta dela e coloco


minha mão sob seu queixo, forçando-a a olhar para mim. Seus olhos estão
vermelhos e inchados, seus lábios em um tom claro de azul, e noto seu
pequeno corpo tremendo. — O que aconteceu? — Esfrego a toalha em seus
braços, tentando aquecê-la.

— Ele me ligou, — ela sussurra.

Minhas mãos ficam lentas. — Quem?

— Meu irmão.

Como ele conseguiu o número? — O que ele queria? — Acho que não é
Luca porque falei com o Dr. Lane ontem à noite e ele ainda estava em
coma.

— Mandou-me um vídeo.

Soltando-a, saio do chuveiro, rezando para que não seja o que eu vi. Seu
telefone está no balcão, e eu o abro, preparado para ver suas mensagens,
mas ela já o abriu, e está pausado em um vídeo dela em uma sala escura. —
Porra! — Eu assobio, virando e jogando o telefone. Ele bate na parede e
quebra a tela. Girando para encará-la, vejo que ela está olhando para ele no
chão. — Eu vou te dar um novo.

— Não importa. — Ela abaixa a cabeça novamente até os joelhos. — Ele


está me observando.

Volto para o chuveiro e agarro seus braços, colocando-a de pé. Agora


não é hora de ela fechar ou desistir. Preciso que ela me conte tudo o que
sabe. — Ele disse que?
Ela tenta se afastar de mim, mas eu apenas cavo mais meus dedos em
seus braços, recusando-me a soltá-la. — Por favor…?

— Mia! — Eu bato o nome dela. — Isso é sério. O que ele disse?

Ela ergue os olhos para os meus e funga. — Tic tac.

Soltando-a, eu suspiro, passando minhas mãos pelo meu cabelo. Eu sei


exatamente o que diabos isso significa. Eles deram a ela um prazo e,
embora ela ainda tenha tempo, ela não está se movendo rápido o suficiente
para eles. Se eles estão de olho nela, então esperam um show, e não estão
vendo nenhum. — Então nós damos a eles o que eles querem, — eu afirmo,
sabendo o que precisa ser feito. Titan estava certo em certo sentido. Eu
tenho que ganhar algum tempo para ela enquanto espero que Luca acorde.
Neste ponto, ele é nossa única esperança.

— O que você quer dizer? — ela pergunta, seus lábios e ombros


tremendo. Não perco o fato de que minha camiseta que ela usa está
molhada e grudada em seu corpo. Eu posso ver seus mamilos duros
cutucando o tecido.

— Ele quer um show, então vamos dar a ele um. Vamos a público e os
fazemos pensar que os sinos de casamento estão em nosso futuro.

— Não. — Ela balança a cabeça, o cabelo molhado grudado no rosto. —


Não, Dillan. Não podemos…

— Sim, nós podemos.

— Casamento? Você está falando sério? Ele vai te matar no momento


em que souber que somos casados, — ela rosna.
— Não faremos isso amanhã. Ou na próxima semana. Nem precisamos
anunciar um noivado. Basta fazer parecer que há uma possibilidade para
um. — Tudo o que temos a fazer é parecer que estamos apaixonados. Isso
satisfará John por um tempo.

— Meu pai vai pressionar por um casamento rápido.

Eu entendo que ela foi mantida no escuro durante toda a sua vida. E
mesmo que ela não tenha permissão para estudar, ela é inteligente. Mas ela
não entende como as coisas funcionam. Mesmo que nos casássemos, o pai
dela não teria acesso ao Kingdom imediatamente. Como ela disse, ele teria
que me matar primeiro. Ou nós dois. De qualquer maneira, estaríamos
mortos. — Eu não dou a mínima para o que ele quer, — eu decido dizer.

Ela suspira. — Obviamente, você tem, ou não estaria fazendo isso. Você
nem está pensando.

— Estou pensando em maneiras de salvar sua vida, — eu latido,


confuso sobre por que eles enviaram aquele vídeo para ela. Eles não podem
divulgá-lo ao público porque isso exporia sua operação ilegal. Por que
escondê-la por tanto tempo para expô-la em seu tráfico sexual? É um
movimento idiota. — Eles colocaram as mãos em você. Eles atiraram em
Luca. O que você acha que eles farão a seguir? Eu aponto para o corpo dela
e rapidamente desvio o olhar, tentando não ficar de pau duro agora.

— Oh, então eu devo acreditar que você se importa comigo? — ela


estala.
— Eu não, — eu minto. Continuo me lembrando que fiz uma promessa
a Luca e pretendo cumpri-la. Mas ela não precisa saber disso. — Você
deveria estar me agradecendo.

Ela bufa. — Agradecendo você? Para que? Sequestrando-me?


Drogando-me? Me largando no meio do nada e me deixando indefesa?

Meus dentes rangem. — Ninguém deveria saber onde você estava.

— Bem, alguém fez! — Sua voz se eleva.

— Mia...

— Eu não comecei a foder você para dar a ele o que ele quer. — Agora
ela está gritando comigo.

— Eu nunca disse que você fez. — Eu não pensei uma vez que ela está
realizando seu plano. Mia é fácil de ler. E permitir que eu transasse com ela
era um foda-se para o pai dela. Era a única situação sobre a qual ela tinha
controle.

— Não vou deixar ele ganhar. Ele não merece isso…

— Acalme-se. — Eu agarro seus braços e puxo seu corpo molhado e


trêmulo para mim, suas roupas molhadas encharcando as minhas.

— Eu não sou eles. — Ela olha para mim com lágrimas nos olhos. —
Eles não vão me usar. — Ela funga. — Não mais. Eu não vou fazer isso,
Dillan.
Eu beijo seu cabelo molhado, tentando pensar em um plano. Eu sempre
soube que tinha que inventar um. Achei que teria um pouco mais de
tempo.

— Eu só preciso desaparecer, — ela sussurra.

— Não, — eu argumento. — Não vamos fazer isso de novo. — Não


posso acompanhá-la e estar aqui para Luca enquanto dirijo três negócios ao
mesmo tempo. Você também não pode continuar transando com ela se ela estiver
fora.

— É inútil. Ninguém pode vencê-los. — Ela se afasta de mim e pega a


toalha, envolvendo-a, embora ainda esteja completamente vestida.
Baixando os olhos para o chão de mármore, ela diz: — Terminar seria
melhor.

Eu franzir a testa. — Terminar o quê? — Ela não me responde. Ela


apenas continua a olhar para o chão. — Mia? — Eu entro nela, levantando
seu queixo para onde ela tem que olhar para mim. — Terminar o quê? —
Eu exijo desta vez.

— Não espero que alguém como você entenda de onde venho.

— Me teste. — Ela não pode estar falando sobre morrer. Minha falta de
sono está fodendo com a minha audição. Tem que ser.

Ela lambe os lábios. — Quando eles apareceram na casa de praia,


Matteo agarrou minha bunda e falou sobre me foder até que um dos
gêmeos o impediu. — Ela engole. — Sim, eu prefiro morrer agora do que
ter meu próprio irmão me estuprando. — Ela se afasta de mim e minha
mão cai ao meu lado como uma pedra em um penhasco. — Não posso
continuar correndo. Eles vão me encontrar. E Matteo vai conseguir o que
quiser. — Lágrimas se acumulam em seus olhos. — Você não vê? Só estou
viva para cumprir as ordens do meu pai. Assim que eu for sua esposa, sua
vida acabou e a minha também.

— Eu posso te salvar. — Digo as palavras antes mesmo de pensar nelas.

Ela dá um passo para trás em mim, o canto de seus lábios carnudos


levanta, me dando um sorriso simpático, e ela coloca a mão no meu
coração acelerado. — Minha vida não vale o custo.

Neste momento, eu odeio todos os Bianchis. Até Luca. O que ele achava
que ia acontecer com ela? Por que ele não a protegeu de seu pai?

— Ninguém mais precisa se machucar por minha causa, — acrescenta


ela suavemente.

— Ninguém se machucou por sua causa. — Sei que ela sente isso por
Luca, mas até agora nada nos levou a acreditar nisso. Se alguma coisa, ele
foi ferido por minha causa. Os Kings não chegaram nem perto de descobrir
nada. Não há nada além de silêncio nas ruas. Mas em algum lugar, alguém
tem que saber alguma coisa.

Ela suspira. — Luca não é o primeiro.

Franzindo a testa, eu pergunto. — O que isso significa?

— Nite.

— E ele? — Eu pergunto, entrando nela.


Seus olhos azuis prateados encontram os meus. — Ele não pode falar…
por minha causa. O que aconteceu com ele é minha culpa.

— O que aconteceu com ele, Mia? — Eu exijo. Os Kings não sabem os


detalhes sobre a recusa de Nite em falar. Disseram-nos que ele escolheu
fazer um voto de silêncio.

Ela inclina a cabeça, cruza os braços em volta do peito e fecha os olhos.


Ela está fechada. Não vou obter mais informações dela sobre isso no
momento.

Eu sou tudo que essa mulher tem. Não sou conhecido como Bones à toa.
Eu possuo a porra de um Kingdom. Eu cavei buracos para enterrar corpos
no deserto. Eu acabei com tantas vidas e agora tenho a chance de salvar
uma. Decidindo o que devo fazer, tiro meu celular do bolso e disco um
número que sei que pode ajudar.

— Bem, bem, bem, — ela cumprimenta através de um bocejo. Claro, eu


a acordei. — É o infame Bones me chamando. O que posso fazer por você
tão cedo? — Ela ri, acrescentando: — É melhor você ligar para me dizer que
está a caminho.

— Não é esse tipo de ligação, — eu digo, dando uma olhada rápida em


Mia, e ela está olhando para seus pés descalços. — Quero contar uma
história. Uma história exclusiva. — Os Kings têm escrito merda sobre nós
há anos. Éramos jovens demais para administrar um império. Então foi
nossa crueldade derrubar qualquer um que se interpusesse em nosso
caminho. Então foi para nossos relacionamentos. Com quem estávamos
fodendo. Grave foi preso várias vezes no passado por uso de drogas e
álcool. Isso sempre o colocou na frente e no centro. Mas consegui ficar
claro. Nunca fui visto com uma mulher e mantenho meu nariz limpo e
minha mente no trabalho.

— Estou ouvindo, — diz ela, mudando de posição na cama.

— Estarei no Winstons esta noite com os Kings. Chego às oito e meia.


Esteja pronta.

Ela dá uma risada áspera. — Eu sei que alguns estão obcecados por
você, Bones, mas eu não acho que onde você está comendo vai virar
manchete.

Eu sorrio. — Será. Eu estarei chegando com alguém. Alguém especial.

— Oh? — Eu tenho o interesse dela. — Quem é ela para você?

Eu olho para ver Mia em pé na frente do chuveiro, a toalha enrolada em


seu corpo ainda molhado e roupas por baixo. Ela parece apavorada com
seus olhos arregalados e lábios trêmulos. — Você deve fazer suposições, —
eu respondo.

Há uma longa pausa antes que ela pergunte. — O nome dela?

— Não estou dando, — eu afirmo. Ninguém sabe que essa mulher


existe, e eu fiz aqueles que assinam um NDA. Se eu der um nome, os
Bianchis saberão que é uma armação. Precisamos que pareça que ela está
me apaixonando por ela. Que vou levá-la para um bom jantar, não que
vamos brincar com eles.
Ela bufa com a minha falta de vontade de lhe dar qualquer informação.
— Existe algo específico que você quer que eu acrescente à história?

Os grandes olhos de Mia encontram os meus e eu sorrio. — Corra com


isso. — Eu desligo.

— Para o que foi aquilo? — Mia pergunta, seus ombros tremendo.

— Aquilo era uma repórter. Ela vai tirar fotos e inventar todo tipo de
merda. Estaremos em todas as notícias de primeira página e nas mídias
sociais amanhã.

— E? — ela pergunta, mordendo o lábio inferior nervosamente.

— E isso vai chegar ao seu pai. Ele nos verá como um casal feliz.

Ela balança a cabeça suavemente, seu cabelo molhado grudado em suas


bochechas. — Dillan, você não tem que...

— Está feito, Mia. — Eu interrompo tudo o que ela estava prestes a


dizer.

Aceitando minha recusa em deixar isso de lado, ela pergunta: — O que


dizemos quando ele pergunta por que vim para Vegas em primeiro lugar?
Ele deve saber que meus irmãos me encontraram na Califórnia.

— Dizemos que foi Luca. — Eu ando até ela, fechando a pequena


distância. Estendendo a mão, pego uma mecha de cabelo molhado e a
enrolo no dedo enquanto a encaro. — Você estava perturbada com o que
aconteceu com seu irmão, e eu a consolei. — Não precisamos mentir sobre
essa parte. Especialmente porque achamos que foram os Bianchis que
machucaram Luca para atraí-la para cá. Vamos deixá-los pensar que têm
essa vitória.

— Você realmente acha que isso vai funcionar?

— Absolutamente. — O pai dela não vai se importar como ela acabou


em meus braços, desde que ela fique lá.

Solto seu cabelo e pego meu telefone mais uma vez para enviar uma
mensagem. — Vá para a cama e descanse um pouco. Você vai ter um dia
agitado.

— Por que? — ela pergunta, suas sobrancelhas escuras se juntando.

— Você tem um dia de garotas planejado.

Seu rosto se ilumina e seus lábios se abrem. — O que …? — Mas depois


cai de novo. — Não tenho dinheiro. Meus irmãos pegaram aquele dinheiro
que você me deu.

— Não se preocupe com isso.

Uma hora depois, estou saindo do elevador privado no décimo terceiro


andar do Kingdom na torre um e entrando em nossa sala de conferências
para ver Nite já esperando por mim. Eu mandei uma mensagem para ele
depois da minha conversa com Mia e disse a ele para me encontrar aqui o
mais rápido possível. Nigel se deixou entrar.
Deixando meu celular sobre a mesa, desabotoei minha camisa e a joguei
na superfície preta também. Ele olha para mim com um arco de sua
sobrancelha. Eu me pergunto se ele está pensando o que eu estava
pensando quando Luca invadiu meu escritório e começou a se despir. Abro
o cinto, abro o zíper da calça social e jogo-a nas costas de uma cadeira.
Mantendo meus braços bem abertos, eu giro em um círculo, vestido apenas
com minha cueca boxer preta. Ele está aqui o suficiente para saber que
temos bloqueadores para dispositivos eletrônicos, mas preciso que ele
entenda que somos apenas nós. E nada está sendo registrado.

Soltando meus braços ao meu lado, eu olho para ele. — Por que Mia
acha que ela é responsável por seu voto de silêncio? — Eu exijo.

Ele passa a mão pelo rosto, deixando escapar um longo suspiro. Então
ele também se levanta e começa a se despir, ficando só de cueca. Ele se vira,
me mostrando que não está conectado, e cai de volta em seu assento. Eu
fico de pé.

— Era tudo mentira, — diz ele com a voz rouca.

Nite quase nunca fala. Todo mundo pensa que ele é mudo, mas os
Kings e eu sabemos a verdade - ele prefere ficar em silêncio. — O que
exatamente?

— Rossi – o rival de John – queria informações sobre os Bianchis. Ele me


sequestrou; pensou que eu iria falar. E quando eu não quis, eles cortaram
minha língua. — Meus olhos se arregalam. — Na época, pensamos que era
sobre Mia, mas era apenas uma manobra. Quando perceberam que eu não
servia para eles, me deixaram na porta de Luca. Junto com a minha língua.
Felizmente, Luca me levou às pressas para o hospital e eles conseguiram
recolocá-la. Mas John viu uma oportunidade, e eu decidi continuar
fingindo ser incapaz de falar.

Eu passo a mão pelo meu cabelo, tentando processar e dar sentido a


tudo o que ele acabou de dizer. — Não entendo. Por que você achou que
era sobre Mia? Como ele sabia sobre ela? — Eu pensei que ela era um
grande segredo. Concedido, Rossi está morto agora. Os Kings ajudaram
Nite e Luca a enterrá-lo no deserto.

— Rossi e John eram amigos antigamente, antes de serem rivais.


Quando Mia nasceu. Achamos que ele iria usá-la contra os Bianchis. Desde
que ele sabia que John queria mantê-la em segredo.

— E?

— Recentemente descobrimos que não tinha nada a ver com ela e tudo a
ver com Haven.

— A esposa de Luca. Por que eles se importariam com ela? Eles não
eram casados naquela época? Se isso for verdade, isso aconteceu quando
estávamos na faculdade. Estávamos no último ano quando Nite sumiu por
algumas semanas. Quando voltou, nunca mais falou em público.

— Essa não é minha história para contar, — afirma ele, cruzando os


braços sobre o peito, e sei que não estou conseguindo mais nada dele.

— Você precisa falar com Mia, — digo a ele.

Ele balança a cabeça. — Estou há tanto tempo sem falar. Eu não vou
começar agora.
Eu cerro minhas mãos. — Ela merece saber a verdade.

Inclinando-se para a frente, ele coloca os antebraços sobre a mesa. — Há


muitas coisas neste mundo que Mia merece, mas isso não significa que ela
vai conseguir.
Capítulo Vinte
Mia

Depois que Dillan ligou para uma repórter esta manhã, tirei a roupa e
me arrastei para a cama dele, finalmente conseguindo dormir um pouco.
Mas foi apenas um grande pesadelo. O vídeo passou várias vezes na minha
cabeça. Era eu. Mesmo que nunca tenha mostrado meu rosto, eu sabia o
momento em que eles me arrastaram para dentro da sala.

Eu odeio não me lembrar disso. Eu sabia que Matteo havia me drogado


em algum momento porque faltava tempo. Mas eu nunca imaginei que era
isso que tinha acontecido. Acordei tentando me lembrar e esperando poder
juntar outras partes que se foram, mas não tive tanta sorte.

Matteo queria me assustar e funcionou. Depois que desligou, ele me


enviou uma mensagem de texto de voz - disse que seria minha vida. Da
próxima vez, ele simplesmente me entregaria de graça se eu não fizesse o
que precisava ser feito. Estou em Las Vegas há apenas dez dias, mas não
estou indo rápido o suficiente para eles.
Então Dillan teve essa ideia maluca de dar ao meu pai o que ele queria?
Ele não entende que não será suficiente? Dê a meu pai um centímetro e ele
tomará uma milha. Ele forçará seu caminho até que não haja como pará-lo.

— Estou tão animada com o jantar de hoje à noite, — afirma Jasmine,


tirando-me da minha cabeça. Ela pegou as meninas e eu trinta minutos
atrás para fazer compras.

Sento-me no banco do passageiro de seu SUV enquanto April e Alexa se


sentam no banco de trás. “Dead to Me” de Melanie Martinez é
interrompida e uma voz feminina assume. — Você tem uma nova
mensagem do Big Daddy Dick. — A voz passa a ler o texto em voz alta. —
Pare de me ignorar, mulher! Vou te dar até meia-noite e, se você não me
responder até lá, vou aparecer na sua casa, derrubar a porta e amarrá-la na
cama. Vou foder aquela doce boceta de maneiras que você nem sabia que
eram possíveis enquanto meu cinto está enrolado em seu pescoço. Então,
quando eu tiver o suficiente dessa boceta, vou passar para essa sua boca
espertinha porque nós dois sabemos o quanto você adora engasgar com
meu pau. Por fim, vou dobrar você sobre meus joelhos com as mãos
amarradas nas costas e bater em sua bunda até que fique preta e azul antes
de prendê-la no chão e foder também. Você não poderá andar por uma
semana, muito menos sentar. E isso é uma maldita promessa!

Segue-se um silêncio antes de Emilee começar a assobiar. — Droga.


Talvez você devesse comprar lingerie para ele enquanto fazemos compras
hoje. Dê a ele algo para roubar antes que ele faça o que quer com você.
— Uma ordem de restrição parece mais apropriada, — brinca April com
uma risada.

Jasmine apenas sorri, estendendo a mão e pressionando ignorar no


texto, e a música mais uma vez enche o carro.

— Você vai responder a isso? — Eu pergunto de olhos arregalados.

— Não. — Ela me dá uma olhada rápida e pisca. — Um homem é tão


bom quanto sua palavra.

Ela para em um estacionamento para o que parece ser um enorme


edifício de concreto.

— Onde estamos? — Eu pergunto, olhando em volta. Não há muitos


carros aqui. Achei que íamos fazer compras? Embora eu imaginasse que
seria em algum lugar isolado, para que o público não me visse. Isso não
parece um shopping center de qualquer tipo. Honestamente, eu esperava
estar em algum lugar que Dillan pagou para fechar só para nós. Ele é
extremo assim.

— Este é o armazém, — Jasmine responde enquanto todos nós saímos


do SUV e entramos. Fileiras e fileiras de roupas abrangem o grande espaço.
— É onde eles guardam todas as roupas das Queens.

— Huh? — O que é uma Queen?

— Eles têm de tudo – Gucci, Fendi, Armani… Qualquer marca que você
quiser, — acrescenta ela.
— Eu acho que você ficaria linda em qualquer coisa branca, — acrescenta
Emilee.

— Não. — Jasmine agarra meu ombro e me gira para encará-la. — Sua pele é
sempre dessa cor ou você tem se bronzeado?

Não tenho que passar muito tempo fora. — Natural.

Ela bufa. — Sortuda.

— Seu cabelo é sempre tão escuro assim ou você o pinta? — Ela passa a mão
por ele.

Adormeci com ele molhado depois de tomar banho frio, então está ondulado
agora. — Natural. — Nunca pintei meu cabelo antes, não porque não quisesse,
mas porque nunca tive a oportunidade de fazê-lo.

— Olá, senhoras, — uma mulher nos cumprimenta.

— Olá, Geórgia. — Emilee sorri para ela.

— Você deve ser a Mia. — Ela se vira para mim.

— Sim, senhora.

— Vamos. Acabei de receber uma remessa. Disseram-me para garantir


que as senhoras tivessem algo que nunca tivesse sido usado.

— Todas nós? — Jasmine pergunta.

— Sim, senhora.

Passamos por um conjunto de portas duplas nos fundos. Dez prateleiras


se alinham em uma parede à nossa direita.
— Posso fazer uma sugestão? — A senhora que eles chamavam de
Georgia olha para mim.

— Sim por favor.

— Eu acho que isso seria absolutamente deslumbrante em você. — Ela


remove o cabide que tem uma bolsa de roupas presa a ele. Lê Oscar De La
Renta em letras brancas. Ela abre o zíper da bolsa e tira o tecido do vestido,
e as garotas suspiram.

— Sim. Essa é exatamente a cor que eu estava pensando para ela, —


Jasmine grita.

Bones

Entro em minha casa e vou direto para a suíte master. Vir aqui tanto
parece estranho. Acho que estive aqui mais na semana passada do que
desde que comprei.
Eu não queria Mia no Kingdom. Embora seja mais conveniente para
mim, há muitos olhos e muitas pessoas falando. Eu a mantive escondida
porque queria manter o Sr. Bianchi na dúvida. Agora é hora de mostrá-la
ao mundo.

Entrando no quarto, vou direto para o closet dela. Entrando, faço uma
pausa no que vejo. Mia fica no centro, de costas para mim. Seu cabelo está
sobre o ombro. O vestido cor de champanhe desce pelas costas, onde o
material de cetim se junta em sua bunda, dando-lhe um efeito enrugado
antes de cair pelas pernas.

Meu pau está duro e minhas mãos estão fechadas. Eu não deveria
desejá-la do jeito que eu faço. Ela é tudo em que sempre penso. Eu sabia
que seria assim. Meu irmão estava certo. Eu nunca deixei meu pau me
controlar antes, mas faz com ela. Eu desejo o gosto dela quando acordo de
manhã.

Ela levanta os braços e tenta fechar um colar.

Eu limpo minha garganta. — Deixe-me.

Ela salta ao som da minha voz, mas não se vira para mim.

Aproximo-me dela, pego a corrente e a prendo. Meus dedos tocam sua


pele e não consigo evitar. Passo-os por sua espinha, fazendo-a estremecer.

Ela se vira para me encarar, e meus olhos varrem o vestido com corte
em V. Seus seios são menores do que a maioria das mulheres com quem
estive no passado. Mas estou obcecado com ela. Eu amo isso em um
mundo cheio de mentiras, ela é real. Sem piercings, sem tatuagens - sua
pele é impecável. Meus olhos viajam para cima e sobre seu pescoço frágil
até seu rosto. Grandes olhos azuis prateados olham para mim, cheios de
apreensão.

Ela acha que eu sou louco!

Que o que estou fazendo é uma loucura. Mas talvez eu não esteja
fazendo isso pelo pai dela. Talvez eu esteja sendo egoísta e fazendo isso por
mim mesmo? Talvez eu queira ser o único a exibi-la. Ela é meu troféu. Algo
que só eu já tive. Ninguém mais a tocou, beijou ou fodeu com ela.

Seus olhos são delineados com delineador preto na parte superior e


inferior, tornando-os ainda mais proeminentes. Seus lábios são de cor nude
e seus cílios parecem ter sido mergulhados em tinta. Ela morde o lábio
inferior nervosamente. — A senhora disse que esta é uma boa cor, — diz
ela em voz baixa. Se eu já não soubesse que ela estava nervosa, sua voz a
teria delatado.

Eu dou um passo para trás e olho para ele. É colante até chegar aos
quadris dela. Tem duas fendas, deixando um pequeno pedaço no centro.
Eu me abaixo, agarrando o material macio em minha mão e puxo para o
lado para ver que ela está usando uma calcinha da mesma cor. Imagino
arrancá-la, virá-la e dobrá-la sobre a ilha para fodê-la aqui e agora. — Fica
perfeito em você. — Eu larguei isso.

Ela cora e desvia o olhar. Eu seguro seu rosto, seus olhos voltando para
os meus. — Dillan. — Meu nome está sem fôlego em seus lábios, e lamento
ter marcado a porra de um jantar esta noite. Prefiro ficar aqui, sozinho, na
cama com ela.
Suas mãos vão para a minha cintura e seus lábios se separam. Eu abaixo
o meu para o dela, e ela se abre para mim, deixando-me prová-la.

Porra, ela é inebriante. É assim que o vício é para Grave? Nesse caso,
agora sei por que ele nunca conseguia parar. Minha mão livre desliza em
seus cabelos cacheados e inclino sua cabeça para trás.

Eu me forço a me afastar, e seus olhos se abrem. — Mais tarde, — eu


prometo e beijo sua testa. Então eu me viro e a deixo no armário para
tomar um banho. Eu preciso de um frio.
Capítulo Vinte e Um
Mia

Sento-me no banco do carona do carro de Dillan enquanto ele nos leva


ao restaurante. Meu coração martela no meu peito. Não sei por que estou
tão nervoso. É apenas um jantar com amigos. As mulheres fazem isso o
tempo todo. Nunca estive perto de todos os Kings ao mesmo tempo e das
garotas. Não neste tipo de situação.

Dillan estende a mão e desliza a mão entre uma das fendas do meu
vestido e agarra minha coxa.

Minha boceta aperta. É incrível o que seu corpo pode desejar quando
experimenta. Eu sempre soube que estava perdendo não apenas a interação
humana, mas apenas o desejo de um toque. O sexo é ótimo, mas deixe isso
de lado. Do jeito que ele me toca aqui e me beija ali. Isso me faz uma poça
de água a seus pés.

Agora eu entendo porque as mulheres fazem coisas estúpidas por um


homem com quem elas não poderiam ter futuro.

— Você está bem? — ele pergunta.


— Sim, — eu respondo e percebo que minhas pernas estão quicando, e
ele pode sentir isso. — Só um pouco nervosa. — Eu não posso mentir para
ele.

— Não fique. Todo mundo vai te amar. — Ele olha e sorri para mim -
um sorriso cheio de dentes brancos que mostra duas covinhas e faz seus
olhos brilharem com as luzes do painel.

Sinto-me molhada entre as pernas e rezo para que a fina calcinha de


algodão que uso seja grossa o suficiente para impedir que o vestido de seda
mostre o quanto ele me afeta.

Ele para o carro em frente ao nosso destino e tira a mão da minha coxa.
Minha pele agora está fria. — Espere por mim, — ele ordena e, em seguida,
abre a porta.

— Boa noite, Bones. — Eu ouço um homem cumprimentá-lo que está do


lado do motorista do carro.

— Tony. — Dillan o reconhece. — Parabéns pelo bebê. Como ele e a


esposa estão?

Eu sorrio com sua pergunta. Ele soa tão “normal”. Você nunca
imaginaria que ele é um multibilionário que anda com a Máfia e mata
pessoas.

— Ela está ótima. Ele também. Obrigado pelo presente.

— Claro, — diz ele, e eu o vejo dar a volta no carro. Eu respiro fundo e


passo minhas mãos suadas pelas minhas coxas nuas antes de ajustar meu
vestido. Eu odiaria ser notícia de primeira página porque mostrei minha
buceta para o mundo.

Dillan abre minha porta e estende a mão. — Maravilhoso.

Eu tenho que me lembrar que isso é apenas um ato. Não consigo sentir
nada por esse homem notório, mas é difícil. Estendendo a mão, pego sua
mão e permito que ele me ajude a sair do carro. Ele fica rente ao chão, então
é um pouco mais difícil de sair com este vestido. É lindo, porém - com sua
seda cor de champanhe, fendas duplas na altura das coxas e decote em V
profundo com alças finas, estou praticamente nua. Eu nem experimentei no
armazém. Todas as meninas concordaram que este era o único, e eu mal
podia esperar para colocá-lo para Dillan como se eu fosse seu prêmio para
se exibir. Eu me rebaixei a um objeto para um homem só para poder ver o
fogo em seus olhos quando eles percorrem meu corpo.

Levantando-me, ele fecha minha porta e vejo o cara com quem ele
estava falando entrar e sair dirigindo com ele. Ele segura meu rosto, e meus
olhos se erguem para ele, e aquele olhar que passei a desejar está lá. Por
mais que eu quisesse sair hoje à noite como um casal normal sairia para
jantar com amigos, eu também queria que ele arrancasse esse vestido de
mim e me levasse para a cama.

Abaixando os lábios no meu ouvido, ele sussurra: — Você parece uma


rainha esta noite, Mia.

Afastando-se, ele se inclina e me beija. Minhas mãos agarram seu paletó


enquanto suas mãos deslizam em meu cabelo. Ele inclina minha cabeça
para trás, dando-lhe acesso completo à minha boca.
Ele se afasta e começa a nos conduzir em direção às portas duplas que
um homem mantém abertas de cada lado.

É um corredor longo e estreito até um elevador. Um homem aperta o


botão e Dillan acena para ele, murmurando um agradecimento. Ela se abre
e entramos, onde Dillan empurra o vigésimo andar. Subimos em silêncio.
Meu coração martela no peito, e espero que ele não perceba que minha
mão está suada na dele.

Quando o elevador para, a porta se abre e entramos no restaurante


enquanto vozes abafadas atingem nossos ouvidos. Está mal iluminado e
uma única vela de haste longa fica no meio de cada mesa. O lugar me
lembra um aquário com nada além de vidro ao redor do restaurante,
mostrando a cidade iluminada à noite.

— Boa noite, Bones, — a senhora de pé atrás de uma estação de


recepção nos cumprimenta.

— Boa noite, Judy.

Ele parece conhecer todo mundo, mas eu não esperaria nada menos de
um King. É estranho que todos o chamem de Bones e não seu nome
verdadeiro. Eu me pergunto se ele odeia que eu o chame de Dillan.

A mulher me olha de cima a baixo e depois olha para ele. Talvez seja só
eu, mas ela parece ter um olhar questionador em seus olhos escuros. Quase
como se perguntasse por que ele está aqui comigo. Ou talvez sejam apenas
minhas inseguranças tirando o melhor de mim.

— O resto do nosso grupo chegou? — ele pergunta.


Ela assente, sorrindo. — Eles fizeram. Me siga. — Virando-se, ela se
afasta e nós a seguimos.

Dillan se inclina e sussurra em meu ouvido: — Respire, linda.

A maneira como ele me chama de linda não ajuda minha respiração. Faz
acelerar. Meu pulso está acelerado, e eu tenho que lembrar meus pés de
andar nesses Christian Louboutins pretos de 15 centímetros para não
tropeçar e cair de cara no chão. Isso me faz odiar minha família ainda mais.
Como algo tão simples nunca deveria parecer assim.

Ela nos conduz a uma mesa redonda ao lado da janela onde todos já
estão sentados.

— Droga, garota. Eu sabia que aquele vestido seria fogo. — Emilee


assobia, levantando-se de sua cadeira, e minhas bochechas ficam vermelhas
quando ela se aproxima para me abraçar.

Puxo minha mão da dele bem a tempo de abraçá-la.

— Vai ficar ainda melhor no chão depois, — afirma Jasmine, e as


meninas riem.

Haven se levanta e dá a volta para me abraçar também. — Alguma


novidade com Luca? — Eu pergunto a ela suavemente.

Ela se afasta, balançando a cabeça. — Não. — Seus dedos brincam com


meu cabelo e eu franzo a testa.

— Eu odeio não ter conseguido vê-lo ainda, — eu admito.


Ela me dá um sorriso suave. — Eu sei, mas depois desta noite, vai ser
diferente.

Concordo com a cabeça, sabendo que ela está certa. Eu só tenho que
terminar o jantar, e então posso vê-lo amanhã.

Haven retorna ao seu lugar, e Dillan puxa uma cadeira, gesticulando


para que eu me sente. Eu lentamente me abaixo para o couro branco,
tentando posicionar meu vestido corretamente e cruzar uma perna sobre a
outra. A fenda dupla na frente não é a mais conveniente. — Obrigada, —
eu digo suavemente.

Ele se senta ao meu lado. — Mia, você conheceu as mulheres, mas não
teve a chance de conhecer Titan, Grave e Cross. — Ele aponta cada um.

Eu aceno para cada um, fazendo contato visual, embora eu queira


rastejar para debaixo da mesa e me esconder até que o jantar acabe. — É
um prazer conhecer todos vocês.

Titan sorri para mim enquanto Cross acena com a cabeça. Grave apenas
olha para mim, e eu engulo nervosamente. Isso vai ser exatamente como eu
imaginei - terrível. Não perco o fato de que Nite não está aqui. Pergunto-
me onde ele está esta noite. Talvez ele esteja com Luca, já que Haven está
aqui conosco.

Dillan desliza a mão por baixo da mesa e mais uma vez desliza os dedos
entre minhas pernas cruzadas, descansando-os na minha coxa. Respiro
fundo, decidindo que esta noite será minha primeira noite a beber álcool
voluntariamente.
Bones

Posso sentir como ela está tensa. Minha mão descansa entre suas pernas
em sua coxa. O cetim fresco caiu para o lado, cobrindo minha mão. Se eu
quisesse, poderia deslizar minha mão entre suas pernas até sua boceta.
Foder com os dedos bem aqui na mesa e depois lamber meus dedos para
limpá-los como se ela fosse meu prato principal. Mas não vou. Se ela fosse
qualquer outra mulher, eu o faria, mas Mia não é qualquer outra mulher.
Ela provavelmente pularia da mesa. No momento, ela é uma gata tímida,
pronta para correr e se esconder a qualquer momento.

Eu vou consertar isso. Só vai levar tempo.

Ela está tomando uma taça de champanhe. Eu pedi para ela. Eu a


observava bem de perto e percebi que ela estava perdida quando olhou
para o cardápio por alguns minutos, tentando decidir o que beber.

Ela leva o copo aos lábios quando meu irmão fala. — Então, Mia, você
foi ver Luca?
Estreito meus olhos em Grave. Ele sabe que ela não tem permissão para
subir lá.

— Eu...

— Ainda não, — eu a interrompo.

Mia leva a bebida aos lábios novamente, tomando um gole maior dessa
vez.

Ele se recosta na cadeira e April bate em seu ombro. — Grave…

— Eu apenas imaginei que você gostaria de vê-lo, já que você é o


motivo de ele estar lá. — Ele corta April.

Mia engasga com a bebida.

— Grave! — April se agarra a ele.

— Já chega, — rosno para ele, sentando-me ereto e puxando minha mão


de sua coxa.

— O que? — Ele arqueia uma sobrancelha para mim. — Isso era para
ser um segredo?

— O que ele quer dizer? — Haven olha para mim, e eu suspiro. —


Bones? — ela estala, seus olhos indo para Mia, que está terminando sua
bebida. Ela vai ficar bêbada, se ainda não estiver. Eu sei que a garota nunca
bebe. — Do que ele está falando?

Jasmine abaixa a cabeça, assim como Emilee. No que diz respeito às


mulheres, eu só contei a Jasmine, então acho que Titan contou a situação
para sua esposa. April puxa a mão de Grave e bate o guardanapo na mesa,
levantando-se e indo embora. Grave dá um sorriso malicioso para Mia
antes de se levantar e seguir sua noiva.

— É melhor alguém começar a explicar o que ele quis dizer, — Haven


ordena.

Mia respira fundo. — Eu...

— Este não é o lugar, — eu digo antes que ela possa dizer a Haven o
que está acontecendo. Não tenho certeza se estamos de olho em nós agora.
A última coisa de que precisamos é de todos nós brigando nas redes sociais
amanhã com uma manchete sobre Luca ter levado um tiro e ser culpa de
sua irmã.

— Não é o lugar? — Haven suspira. — Meu marido está em coma e


Grave está culpando Mia. — Ela olha para a cunhada. — Diga-me, Mia, —
ela exige. — O que diabos ele quis dizer?

Ela lambe os lábios. — Ele eu. — Mia pigarreia. — Matteo e os gêmeos...

— Já chega, — eu latido, fazendo-a pular. — Não vamos discutir isso


aqui.

O silêncio cai sobre a nossa mesa, e Haven olha para Mia, esperando
que ela termine, mas os olhos lacrimejantes de Mia estão em sua taça de
champanhe vazia. Depois de alguns segundos, Haven se levanta e sai
furioso.

— Haven? — Mia pula de pé.


— Não. — Eu me levanto, agarrando o braço de Mia para impedi-la de
correr atrás de Haven.

Ela se vira para me encarar, com os olhos cheios de lágrimas. — Ela


merece saber.

— Discordo. — Titan é quem fala. — O conhecimento dela não vai


mudar o que aconteceu. Isso só vai deixá-la chateada com você por causa
de uma situação sobre a qual você não tem controle.

— Mas eu fiz. Esse é o problema, — ela sussurra. — Eu poderia ter


evitado isso.

— Mia.

— Eu preciso de um minuto. — Ela arranca o braço do meu aperto e


agarra seu vestido, pegando-o do chão, e eu a vejo entrar no banheiro do
outro lado do restaurante.

— Você poderia…?

— Sim. — Jasmine e Emilee já estão de pé e indo atrás dela antes que eu


possa terminar meu pedido.

— Bem, isso é um desastre, — afirma Cross, pegando seu uísque e


jogando-o de volta.

— Eu voltarei, — eu anuncio e começo a sair.

Titan também se levanta. — Bones, não, — ele sai correndo, mas eu já


estou caminhando em direção ao elevador.

Grave e April estão de costas para mim enquanto esperam.


— Por que você faria isso? — Eu a ouço perguntar ao meu irmão
quando me aproximo deles.

— Precisava ser dito. Haven merece saber, — ele responde a ela


enquanto a porta se abre. — Ela está usando ele. Mia o enganou...

Eu venho atrás dele e empurro suas costas, empurrando-o para dentro


do elevador que está esperando, cortando qualquer besteira que ele estava
prestes a dizer sobre mim.

— Bones, — April grita, estendendo a mão para mim, mas Titan me


seguiu e a agarrou enquanto a porta se fecha com Grave e eu dentro antes
que ela possa entrar.

— Que porra há de errado com você? — Eu fico na cara dele.

Ele arruma o paletó que consegui tirar do ombro. — Você acha que eu
vou sentar e deixá-la arruinar nossas vidas? Para o que trabalhamos tanto?

— Ela não fez isso, — eu grito, fechando minhas mãos e tentando não
nocauteá-lo.

— Luca pode morrer. — Ele pressiona as mãos no meu peito, me


empurrando para trás, e eu estico o pescoço. Já faz um tempo que meu
irmão e eu não lutamos fisicamente, e eu realmente não quero bater nele.
— Por causa dela. Você não entende isso? Ele me empurra novamente, me
jogando contra a parede. — E então quem você acha que eles virão atrás?
Huh?

— Jesus, é disso que se trata? — Eu atiro para ele. — Eu sou um adulto,


Grave. Eu não preciso que você cuide de mim.
— Eu finalmente tenho uma vida. — Ele aponta para o peito. —
Finalmente tenho uma razão para viver. Eu amo April com tudo o que
tenho, mas não posso perder você, Bones. — Balançando a cabeça, ele baixa
os olhos para o chão. — Não posso …

— Ei. — Eu agarro seu rosto e forço seus olhos nos meus. — Nada vai
acontecer comigo. Eu prometo. Mas eu tenho que fazer o que preciso para
salvá-la. Por favor, entenda isso.

Grave sempre sentiu as coisas mais do que qualquer um que eu


conheço. Era por isso que ele era um viciado. Ele sempre dizia que era para
se sentir vivo, mas acho que era para entorpecer tudo. Esquecer que nossa
mãe morreu quando éramos jovens e o fato de nosso pai agir como se ele
não existisse. Grave sempre teve um desejo de morte. Foi assim que ele
ganhou seu apelido. As drogas iriam ajudá-lo a viver de acordo com isso.
Ele está limpo agora, e estou apenas percebendo como isso o afetou. O
quanto ele se preocupa em perder o que finalmente percebeu que tem.

— Mesmo que isso signifique arruinar todos nós? — ele pergunta. —


Porque é isso que eles farão na primeira chance que tiverem.

— Não vai chegar a isso. — Farei o que for preciso para garantir que ela
seja cuidada sem que os Bianchis toquem nos Kings e suas rainhas. Mesmo
que isso signifique me render a eles. — Eu...

— Você não pode prometer isso, Dillan, — ele me interrompe. — E


mesmo que você acredite, eu não acredito. — Ele dá um passo para trás e
meus braços caem para os lados novamente. — Você precisa deixá-la ir
novamente. Mande-a embora.
— Eu não posso fazer isso, — eu digo honestamente.

Ele olha para mim, seus olhos azuis endurecendo e sua mandíbula
afiada. — Você a fodeu.

Não foi uma pergunta, então não respondo.

Jogando a cabeça para trás, ele dá uma risada áspera. — Não posso
acreditar nisso. — Seus olhos encontram os meus novamente, e ele
empurra um dedo no meu peito. — Explique-me novamente como ela não
está usando você.

— Ela não está.

— Besteira! — ele grita.

A porta se abre assim que o elevador idêntico ao nosso lado soa. April
vem correndo para o nosso no próximo segundo. Titan aparece, parado do
lado de fora dele.

— Grave. — Ela respira o nome dele.

— Vamos para casa. — Ele passa o braço sobre os ombros dela e sai do
elevador.

Titan pisa na minha, e a porta se fecha novamente. Ele aperta o botão do


restaurante. — Não vou mentir. Eu esperava que ele fosse nocauteado no
chão. Obrigado por me salvar de ter que lidar com uma April perturbada.

Eu passo a mão pelo meu cabelo. — Foda-se, — eu assobio.

— Coloque-a em primeiro lugar, — ele fala.


Eu olho para ele. — Os Kings...

— Estamos bem, Bones. Nós podemos cuidar de nós mesmos. Faça o


que você tem que fazer.

Eu me encolho com suas palavras. Luca me disse essas mesmas


palavras, e eu já falhei com ele. — Não é tão simples assim. — Titan faz
parecer tão fácil, mas sinto que estou sendo puxado em centenas de
direções diferentes. Nunca fiquei tão confuso sobre quais ações tomar ou
como lidar com algo. Estou sempre no controle. Mia jogou tudo fora. Sei
que preciso protegê-la e o farei. Só não tenho certeza de como posso.

— É, — diz ele simplesmente.

— Como assim? — Eu exijo.

— Ninguém está do lado dela. Ninguém nunca a colocou em primeiro


lugar. Nem Luca. E foda-se ele por esperar que você a colocasse em
primeiro lugar. Tudo o que ela tem é você. — Ele suspira. — Eu colocaria
minha esposa em primeiro lugar, não importa o quê.

— Isso é diferente. Ela é sua esposa.

— Mia não vai ser sua?

Meus olhos se fixam nos dele.

— Não é por isso que estamos aqui? Para chamar a atenção de John e
mostrar a ele o quanto você ama a filha dele. E você não faz nada pela
metade, Bones.
Ele tem razão. O elevador para e voltamos para a mesa. Vejo Mia
sentada conversando com Emilee e Jasmine.

— Dillan. — Ela se levanta quando me vê. — Onde todos foram? — ela


pergunta, referindo-se a Grave e April.

— Eles saíram.

— O que? — Seus olhos se arregalam. — E Haven?

— Ela também se foi, — responde Cross. — Enquanto vocês estavam no


banheiro, ela voltou e pegou a bolsa. Saiu sem uma palavra.

— Eu tenho que ir procurá-la. — Mia vai embora.

Eu a mantenho no lugar. — Não. Falaremos com ela amanhã.

— Dillan…

— Eu prometo. Ok? Amanhã.

Lambendo os lábios, ela finalmente me dá um aceno de cabeça e eu


puxo sua cadeira.
Capítulo Vinte e Dois

Mia

O jantar passou lentamente. Eu não falei muito. O que havia para falar?
Todos pareciam tensos. Até Titan continuou olhando para Dillan. E ele
olhou de volta como se eles tivessem alguma conversa silenciosa
acontecendo.

Foi estranho. E acabei ficando bêbada. Depois de três taças de


champanhe, Dillan teve que me ajudar a entrar no elevador. Para o inferno
com as fotos e manchetes que estão espalhadas por toda a internet de mim
amanhã. Não importa. Nada disso vai.

Luca vai me odiar se acordar, e minha cunhada já me odeia. Eu nunca


deveria ter ficado naquela casa de praia quando acordei depois que ele me
drogou. Eu deveria ter corrido o mais longe e o mais rápido que pude
enquanto tive a chance. Então meus irmãos não teriam me encontrado, e eu
não teria matado a única pessoa da minha família que realmente se importa
comigo.

— Vamos sair, — Jasmine anuncia quando saímos do elevador no


primeiro andar.
— Eu não acho…

— Vamos. — Jasmine mostra o lábio inferior para Dillan enquanto


caminhamos pelo corredor estreito para ficar do lado de fora. — É uma
noite. Alexa e eu precisamos disso antes que os clubes abram e estejamos
ocupadas todas as noites. Vamos sair, tomar uns drinks e dançar.

— Você tem que estar em casa à meia-noite, — Emilee a lembra com


uma risada.

— Oh sim. — Ela sorri. — Tenho planos para mais tarde. — Jasmine


refere-se ao seu texto de Big Daddy Dick que ela recebeu enquanto
estávamos a caminho do armazém hoje cedo.

Bones olha para mim, e eu aceno. Eu nunca saí antes, então por que
não? Minha noite já está foda. Não pode piorar. — Ok. Vamos seguir vocês,
— ele diz enquanto o manobrista para o carro.

Abrindo minha porta, Dillan pega minha mão e me ajuda a entrar. Eu


caio de bunda e empurro minhas costas nuas contra o assento de couro
preto e fecho meus olhos.

— Ei. — Sinto uma mão na minha coxa e dou um pulo, abrindo os olhos
de repente. Dillan está inclinado sobre o console central, uma mão na
minha coxa, a outra segurando meu rosto. Quando ele entrou no carro?

— Não precisamos sair, — ele me diz.

— Eu quero. — Quero esquecer esta noite, a luta e o fato de que


estraguei tudo. — Estou bem. Promessa. — Mentira.
Mas ele parece acreditar porque se afasta e vai embora. Eu inclino
minha cabeça para trás contra o encosto de cabeça novamente e fecho meus
olhos, sentindo a forma como minha cabeça gira e noto que minha língua
está pesada.

Dillan estaciona o carro em uma vaga ao lado de um Maserati


vermelho, e vejo Titan sair antes de abrir a porta do passageiro para
Emilee. Jasmine estaciona em seguida e sai de um BMW i8 branco.

Dillan pega minha mão e atravessamos o estacionamento lotado.


Contornando um prédio, vejo uma longa fila de pessoas esperando para
entrar. — Está sempre cheio assim? — Eu pergunto.

— Oh sim. — Jasmine é quem me responde, colocando uma mecha de


seu cabelo ruivo atrás da orelha.

Eu tento acompanhar Dillan enquanto passo por todos que estão na fila
e subo um lance de escadas.

— Kings. — Um homem com uma prancheta sorri para nós. — Não


estava esperando todos vocês esta noite.

— Decisão de última hora, — Cross o informa.


— Eu sei como é isso. — O cara anota alguma coisa e depois abre as
portas pra gente. — Dê-nos dez, e Damian terá sua mesa de costume
pronta.

Entramos no prédio e o som de graves altos atinge meus ouvidos. O


chão sob meus calcanhares vibra e as luzes piscam, dificultando o foco em
qualquer coisa. — Você vem muito aqui? — Eu grito no ouvido de Dillan.

Ele balança a cabeça e se abaixa para falar comigo. — Cross e Grave


costumava.

Nunca vi tanta gente em um só lugar antes. Assisti a programas de TV e


filmes em que as pessoas dançam em clubes, mas este tem três andares.
Um bar se alinha nas paredes à nossa esquerda e direita com uma pista de
dança no meio. As escadas estão em frente e levam a uma área de loft.
Olhando para cima, vejo pessoas olhando para o primeiro andar.

Dillan me puxa através da massa de pessoas enquanto Cross e Alexa


nos levam até o bar na parte de trás. Ele se inclina e pergunta: — O que
você gostaria?

Afastando-me, encontro seus olhos. No momento em que o vi pela


primeira vez na limusine, pensei que ele era lindo para um homem. Mau,
mas bonito, no entanto. Ele sempre tem esse olhar em seu rosto como se ele
odiasse o mundo. Ou talvez seja apenas eu e a posição em que o coloquei.
Mas agora, com todas as luzes de neon piscando, elas brilham com a cor
azul mais bonita que já vi. Acho que pode ser o álcool falando. Não existe
um ditado sobre como o álcool faz você achar alguém atraente que
normalmente não acharia? Mesmo assim, não pode ser isso porque eu já o
encontro assim.

— Surpreenda-me, — eu digo, lambendo meus lábios entorpecidos, e


seus olhos caem para a ação.

Estendendo a mão, ele segura meu rosto, seu polegar correndo sobre
eles antes de seus olhos encontrarem os meus novamente. Minhas coxas
apertam e meus lábios se abrem. Um convite aberto que quero o dele no
meu.

Mas ele se afasta e fica de frente para o bar, pedindo algumas bebidas.
Meus ombros caem.

Claro, ele não vai me beijar em público. Este é um relacionamento falso.


Não é real. Não do que ele está tentando convencer o mundo de qualquer
maneira. Sim, nós fizemos sexo, mas não é como se ele fosse empurrar meu
vestido para cima, me curvar sobre o bar e me foder para todos verem.

Ele é o filho da puta do Dillan Reed - Bones - um King. Multibilionário.


Ele provavelmente tem pelo menos cem mulheres agora explodindo seu
telefone, implorando para transar com ele. Agir como se estivesse
interessado em mim em público arruinaria sua reputação de playboy.

Virando-se, ele me entrega uma bebida. Levo o canudo aos lábios e


tomo um gole. Meus olhos se fecham e eu gemo quando o líquido frutado
desliza pela parte de trás da minha garganta. Droga, isso é bom. Isso é
álcool?
Abrindo-os, eu congelo, meus lábios ainda em torno do canudo quando
o vejo me observando.

Eu puxo a bebida de volta e aceno com a cabeça uma vez. — É bom. —


Eu jogo fora.

Pisando em mim, ele remove a bebida da minha mão e a coloca no bar.


— Eu disse que gostei, — eu grito por cima da música, pensando que ele
não me ouviu da primeira vez.

Sua mão cai no meu pescoço, e eu engulo, minha pele ficando arrepiada.
Abaixando a cabeça, ele sussurra em meu ouvido, enviando um arrepio na
espinha. — Dance comigo.

Sem esperar por uma resposta, ele se afasta e agarra minha mão, me
arrastando para a pista de dança. As pessoas se separam de nós como se ele
fosse o fodido Moisés, e os homens acenam com a cabeça para ele como se
o conhecessem pessoalmente.

“Want It” de SoMo começa a tocar. Eu nervosamente olho em volta,


mas ele segura minha bochecha.

— Olhe para mim.

— Eu nunca dancei antes, — eu admito. Meu coração dispara de


nervosismo, embora eu queira que ele me puxe para perto de seu corpo e
passe as mãos em mim, fazendo minha pele esquentar. Porra, estou com
tesão e bêbada.

— Primeira vez para tudo. — Ele repete a mesma coisa que eu disse a
ele quando ele me disse que sexo iria doer.
Quando ele me puxa para ele, eu derreto. Suas mãos agarram meu
corpo, movendo meus quadris ao som da música. Seus olhos estão nos
meus com tanta intensidade que me pergunto o que ele está pensando.

— Eu quero que você me foda, — eu digo, querendo que ele saiba o que
está em minha mente. Envolvendo meus braços ao redor de seu pescoço,
eu o puxo para mim. A necessidade de estar o mais próximo possível
enquanto os outros se deparam conosco.

Ele geme, abaixando seus lábios perto dos meus, mas não perto o
suficiente para tocar. Mais uma vez, ele está se recusando a me beijar em
público. — Mia…

Movendo minha cabeça para o lado, passo minha língua pelo lado de
seu pescoço até sua orelha e acrescento: — Como você gosta.

Suas mãos apertam meus quadris dolorosamente, e eu fecho meus


olhos, imaginando-o dentro de mim e fazendo isso. Me machucando.
Marcando-me.

Uma de suas mãos desliza pelas minhas costas nuas e agarra meu
cabelo, puxando meu rosto de seu pescoço, forçando-me a olhar para ele
sob as luzes piscantes. — Você não sabe do que está falando.

— Kink, — eu digo, e ele arqueia uma sobrancelha com a palavra. — É


disso que você gosta, certo? — Puxo minhas mãos de seu pescoço e as
deslizo pelas laterais de sua camisa de botão, sentindo seus músculos
tensos. Eles me dão água na boca.
Talvez eu seja ingênua, ou talvez eu seja uma daquelas garotas burras
que fazem de tudo para agradar um homem, mas eu quero mais. Talvez
seja para mim. Quero que Dillan Reed me foda, seja meu dono. Para me
consumir. Eu preciso dele para tirar minha mente de tudo na minha vida
fodida e me ensinar algo novo. Mostre-me como é estar com um King.

Bones

Ela olha para mim, seus olhos pesados por causa do álcool. Quando ela
disse que queria que eu transasse com ela como eu gostava, pensei que ela
tinha enlouquecido. Eu sei que ela não teve nenhum parceiro sexual antes
de mim, mas como ela pode pensar que eu não gostei de trepar com ela?
Então ela mencionou Kink, e fez sentido. Ela quer dizer que quer que eu a
domine.

Não posso dizer que não pensei nisso. É assim que sempre fui com as
mulheres no passado. Mas todos eles eram um meio para um tipo de
situação final. — Tem certeza disso? — Eu pergunto.
Ela balança a cabeça, com os olhos nos meus lábios, as mãos segurando
meus quadris. Estou tão fodidamente duro, e ela sabe disso. Eu posso
sentir seu corpo balançando contra meu pau, tentando me provocar. Ela
nem sabe o significado dessa palavra, mas vou ensiná-la.

Ela quer algo diferente esta noite, então vou dar a ela. — Vamos. — Eu a
puxo para fora da pista de dança com uma mão enquanto pego meu celular
com a outra. Verifico a disponibilidade do The Palace e o coloco de volta no
bolso. — Estamos fora, — digo aos caras.

— Já vai embora? — Jasmine choraminga, olhando para Mia. Ela está


muito ocupada engolindo o que sobrou da bebida que Emilee lhe entregou.

— Sim. Nós vamos para o Kingdom.

Titan sorri, sabendo exatamente o que estou prestes a fazer. Já


dividimos o quarto antes. — Divirta-se. — Ele pisca para Mia, fazendo-a
franzir as sobrancelhas de sua confusão com suas palavras.

Eu a levo para fora do clube e para o meu carro, abrindo a porta do


passageiro para ela. Ela fica quieta enquanto dirigimos pela cidade e
paramos na garagem particular que os Kings dividem no Kingdom.

Ajudando-a a sair do carro, vamos até a entrada privativa. — O que


você está fazendo aqui? — ela pergunta.

— Você vai ver, — eu digo vagamente.

Nigel está parado no canto atrás de uma mesa. — Bones, tudo bem? —
ele pergunta.
Eu aceno para ele. — Sim. Nós vamos ficar aqui esta noite.

Pegando um cartão-chave da minha carteira, eu o digitalizo. As portas


do elevador se abrem e entramos. Pressionando o décimo sexto andar,
agarro seu braço no momento em que a porta se fecha e a giro para me
encarar. — Não é tarde demais para mudar de ideia, — eu sussurro,
segurando seu rosto.

Ela me dá um sorriso bêbado e então pressiona seus lábios gentilmente


nos meus, deixando-me saber que ela está pronta.

O elevador apita e nós caminhamos por um corredor até uma porta


onde se lê O Palácio – toda Rainha precisa de um palácio escrito em ouro rosa.
Eu pressiono o código para destrancar a porta, abro para ela e a conduzo
para dentro.
Capítulo Vinte e Três

Mia

Com a mão na parte inferior das minhas costas, ele me guia para a sala
mal iluminada. Tem um grande foyer com uma única luz roxa brilhando
sobre nós. Isso me lembra o clube, apenas sem o movimento intermitente.

Caminhando por um corredor até uma sala aberta, meus olhos


rapidamente examinam a área. Parece Kink. Apenas uma versão menor
dele. Não há salas separadas ou janelas para as pessoas assistirem. Apenas
nós — eu e ele.

— O que é este lugar? — Eu pergunto, caminhando até o que parece ser


um banco. — Esse é o Kink também?

— Não, — ele responde, vindo atrás de mim. Ele chega ao redor da


minha cintura, suas mãos deslizando na fenda do meu vestido, e minha
respiração fica presa quando seus dedos rastejam ao longo da minha pele
para entrar na minha calcinha. Minha cabeça cai para trás contra seu
ombro. — Este é o Palácio. Nossas Queens usam.

— Queens? — Eu sussurro, meus quadris empurrando contra sua mão,


silenciosamente implorando por mais.
Sua mão livre se estende para envolver minha garganta, e a umidade se
acumula entre minhas pernas. — Kingdom tem um serviço de
acompanhantes. Elas são nossas Queens.

Fecho os olhos e respiro fundo. — Dillan. — Minha mão encontra a dele


e agarro seu pulso. — Eu preciso de mais. Por favor.

Ele beija o lado do meu rosto e então afasta as duas mãos, deixando
minha pele fria. — Você confia em mim? — ele pergunta suavemente.

— Sim, — eu respondo sem hesitar. Porque eu faço. Com a minha vida.

— Vire-se.

Um arrepio percorre minha espinha ao som de seu comando. Sua voz é


tão fria, como se fosse a primeira noite na limusine. Faz algo em mim que
não posso negar. Isso me deixa ligado. Fazendo o que me foi dito, eu me
viro para encará-lo. Ele estende a mão e passa o polegar sobre meus lábios.
Eu os separo e ele enfia na minha boca. Eu chupo, e ele solta um rosnado.

Afastando-se, ele engancha os dedos em cada alça do meu vestido e


empurra o tecido para baixo do meu corpo. Fico parada, deixando-a cair
em meus saltos. Pegando minha mão, ele me puxa para frente para sair
dela, e meu corpo empurra o dele. Eu posso sentir o quão duro ele está,
fazendo meu coração disparar. Fizemos sexo pelo menos dez vezes desde a
primeira noite, há uma semana, e não dói mais. Dolorida, sim, mas não é
doloroso. Tornou-se uma dor surda, uma necessidade que só ele pode
satisfazer.
Ele enfia as mãos na minha calcinha, e ela também cai pelas minhas
pernas trêmulas. — Você vai deixar seus saltos, — ele me informa.

Eu concordo. — Ok. — Eu concordaria com praticamente qualquer


coisa agora.

Agarrando minha mão, ele me leva até a grande cama que fica no meio
do quarto. — Engatinhe na cama, de frente para o estribo. — Ele dá um
tapa na minha bunda ao comando, e eu grito com a dor que ele deixa.

Ele vai até a ponta da cama enquanto eu me sento de joelhos, de frente


para ele. Há um estribo alto de aparência de madeira com três orifícios. Ele
a destrava, puxando-a para cima. — Venha aqui. — Ele gesticula com a
mão livre para seguir em frente.

Engolindo nervosamente, eu me aproximo dele. — Uma mão em cada


buraco. Sua cabeça no meio.

Meu coração dispara e paro por um segundo, meus olhos encontrando


seu olhar. Ele arqueia uma sobrancelha como se perguntasse se eu tenho
coragem de fazer o que ele diz ou se vou desistir. Respirando fundo, eu me
inclino, colocando meus braços nos orifícios de cada lado do meu pescoço.
Ele estende a mão e tira o cabelo das minhas costas para pendurar do lado
do meu rosto antes de fechar a metade superior para baixo, e eu olho para
vê-lo prendê-lo no lugar.

Eu me ajoelho para tentar aliviar a dor entre minhas pernas.

Sem dizer nada, ele desaparece de vista e eu tento segui-lo, mas do jeito
que estou curvado, sou forçado a olhar para o chão. A parte de trás da
minha cabeça bate no estribo, tornando impossível levantar minha cabeça
totalmente.

Não consigo ouvir nada por causa da minha respiração pesada e sangue
correndo em meus ouvidos. Tento soltar meu braço, mas os buracos são
muito pequenos. Ele me segurou, e eu me ajoelho, choramingando.

— Eu nem comecei ainda, linda, — eu fecho meus olhos enquanto sinto


minha boceta apertar. Maldito. Só a voz dele me faz querer gozar.

A cama afunda atrás de mim e vou fechar as pernas, mas ele dá um tapa
na parte interna da minha coxa. — Mantenha-as bem abertas.

— Dillan. — Seu nome é ofegante. Minha cabeça pende e meu cabelo


cobre a maior parte do meu rosto. — Por favor.

Ele não diz nada. Em vez disso, sinto algo envolver meu tornozelo
direito. Então ele abre mais minhas pernas, fazendo minha bunda abaixar
um pouco e minhas costas arquearem mais. Mordo meu lábio inferior para
não gritar enquanto ele estica meu corpo ao ponto de doer. Algo envolve
meu outro tornozelo e não consigo mais mover minhas pernas. Estou
completamente imóvel.

Minha respiração falha quando sinto seus dedos correrem sobre minha
boceta, manchando a umidade antes de enfiar um dedo em mim. Tento
empurrar meu corpo contra ele, mas não consigo. Eu cerro minhas mãos
em frustração.

Ele ri da minha impaciência. — Tão gananciosa. Eu gosto disso.

— Por favor? — Eu imploro, lutando contra o estribo.


— Você está tão molhada, Mia. — Seus dedos entram em mim
novamente, e eu choramingo quando ele começa a me foder com eles. Mas
eles se foram muito cedo.

— Dillan, — eu rosno. Eu não sabia que ele ia me torturar.

— Sim, linda? — Eu posso ouvir o riso em seu tom.

— Foda-me, — eu exijo sem fôlego, não me importando com o quão


desesperada eu pareço ou como meu corpo está bem aberto para ele ver.

Bones

Eu me levanto da cama e tiro meu paletó, então arranco minha gravata


da minha camisa de botão. Eu levo meu tempo desfazendo minhas
abotoaduras, meus olhos devorando-a presa à cama. Ela está nua, exceto
pelos saltos. Coloquei seus tornozelos em algemas de couro presas por tiras
conectadas em cada lado da cama, mantendo suas pernas bem abertas para
mim.
Choramingos e gemidos de frustração saem de seus lábios perfeitos
enquanto ela luta contra a posição em que a coloco. Sempre precisei de
controle dentro e fora do quarto. E ela está entregando seu corpo para mim
como eu quiser. Só um idiota deixaria isso passar.

Minha camisa cai de meus ombros, e eu rastejo de volta para a cama. Eu


deito de costas e deslizo minha cabeça entre suas pernas para que sua
boceta fique bem na frente do meu rosto. Ela está encharcada e implorando
para que eu pegue. Eu envolvo meus braços em torno de suas coxas e a
puxo para baixo em meu rosto. O som dela gemendo na nova posição só
me faz sorrir.

Eu lambo sua boceta. Sinto seu corpo tenso enquanto chupo seu clitóris
inchado em minha boca. O som que ela faz me faz rosnar. Meu pau está
lutando contra a minha calça. Mas agora é sobre ela.

— Oh, Deus ... — Ela está ofegante.

Eu não desacelero. Eu tenho sido suave com ela. Alguns até chamariam
isso de fazer amor. Mas eu não tive a chance de transar com ela de verdade.
Fazê-la minha. Usá-la. Essa é a chance.

Tirando meus braços de suas coxas, deslizo meus dedos dentro dela
enquanto minha boca continua a fodê-la.

Ela está balançando contra a minha boca, seu corpo tenso. O som dela
chamando meu nome penetra em meus ouvidos, e posso sentir o quão
perto ela está.
Eu não desisto ou paro. Não, fico com mais força até ela gozar no meu
rosto.

Saindo de baixo dela, eu me sento e me viro para olhar para ela


enquanto lambo meus lábios molhados. Ela está tremendo, o corpo coberto
de suor, e posso ouvi-la tentando recuperar o fôlego.

Eu me levanto da cama e vou ficar na frente dela. — Minha vez, linda.


— Estendendo a mão, abro o zíper da minha calça e puxo meu pau duro
para fora. Sua cabeça está pendurada no estribo, o cabelo tão comprido que
quase bate no chão.

Abaixando-me, pego tudo em minhas mãos e seguro na base de seu


pescoço, levantando-o ao mesmo tempo. — Abra para mim, Mia. É hora de
eu foder esses lindos lábios. Ela ainda não me deu um boquete.

Eu corro a cabeça do meu pau ao longo de seus lábios entreabertos, e ela


olha para mim através de cílios lacrimejantes. — É isso. — Eu sorrio para
ela. — Escancarar. — Eu empurro meus quadris para frente, e ela tenta se
afastar. Eu sei que a boca dela nunca foi fodida antes, então vou tentar ser o
mais gentil possível, mas não vou prometer nada a ela.

Empurrando-o mais para dentro, ela engasga e eu puxo para fora. Ela
tosse, então enfio dois dedos em sua boca, e novas lágrimas correm por seu
rosto. Eu decido até onde poderei ir e removo meus dedos de sua boca para
dar a ela um segundo para recuperar o fôlego. — Respire pelo nariz, Mia,
— digo a ela.
Agarrando meu pau novamente, deslizo-o de volta em sua boca à
espera e, em vez de soltá-lo, agarro a base com força e começo a fodê-la.
Fechando meus olhos, jogo minha cabeça para trás e deslizo minha mão
para cima e para baixo em meu eixo e meus piercings enquanto enfio meu
pau em sua boca.

Ela engasga, mas eu ignoro. É bom demais. Estou muito perto de gozar.
Meu corpo enrijece, e eu saio bem a tempo de acariciá-lo, gozando em seu
lindo rosto.
Capítulo Vinte e Quatro

Mia

Eu deito nua na cama ao lado de Dillan. Acabamos de tomar banho no


Palácio. Meu corpo ainda treme e dói para engolir. Mas não consigo parar
de sorrir. Eu me sinto estúpido. Ser usado deveria ser tão bom?

Ele desliza a mão sobre minha cintura e vira seu corpo para o meu lado.
— Como você está se sentindo? — Ele pergunta, apoiando-se em seu
antebraço para olhar para mim.

Eu olho para cima, encontrando seu olhar. — Excelente.

Seus olhos procuram os meus, mas não há um pingo de felicidade, e


meu sorriso vacila. — Como-como você se sente? — Eu tropeço em minhas
palavras.

Ele não responde. Em vez disso, sua mão sobe pelo meu corpo, onde ele
envolve seus dedos em volta da minha garganta. Eu arqueio meu pescoço e
engulo contra ele, fazendo-me estremecer. Seus olhos azuis são duros, e
meu coração começa a acelerar novamente.

— Eu machuquei você, — diz ele suavemente.

— Estou bem, — eu sussurro. — Promessa.


Sento-me e sua mão cai do meu pescoço. Eu me levanto e monto em seu
corpo nu. Suas mãos vão para meus quadris nus. Eu olho para o peito dele.
Ele tem uma tatuagem de uma caveira com uma coroa inclinada, entre
muitas outras. Eu corro meus dedos sobre ele. — Como você conseguiu o
nome Bones? — Eu me pergunto.

Estendendo a mão, ele enrola algumas mechas do meu cabelo em seu


dedo. — Havia um garoto que ficava implicando com meu irmão. Sentei-
me e assisti algumas vezes, mas não queria intervir. Achei que só iria
piorar as coisas para ele. Então a escola acabou um dia, e eu vi o garoto
enfiar o rosto do meu irmão na parede e quebrar o nariz. Eu o puxei para
fora do Grave e quebrei vinte de seus ossos com minhas próprias mãos. Fui
suspenso. — Ele dá de ombros. — Mas quando voltei para a escola, todos
me chamavam de Bones. Apenas travou.

— Quantos anos você tinha? — Eu pergunto.

— Uh... — Seus olhos caem para os meus seios antes de voltar para os
meus. — Ensino fundamental.

Meus olhos se arregalam. — Você era tão jovem.

Ele concorda. — Fomos ensinados a lutar desde pequenos.

— Como meus irmãos, — eu sussurro, e seus olhos suavizam. — Você já


desejou que sua vida fosse diferente?

Ele não responde, mas sua mão cai do meu cabelo.


Meus olhos caem para a tatuagem em seu pescoço, incapaz de encontrar
seus olhos. Ele se senta, suas mãos indo para os dois lados do meu rosto.
Ele gentilmente beija minha testa.

— Mia...

Seu celular tocando o interrompe. Ele bate na minha coxa e eu rastejo


para longe dele. Deitada de costas, eu o vejo sair da cama e ir até onde suas
calças estão no chão, e ele tira o celular do bolso. — Olá? — Ele passa a mão
pelo cabelo escuro. — Sim. Posso estar aí em trinta minutos. — Ele desliga
e caminha até onde meu vestido e calcinha estão no chão.

Ele caminha de volta para mim e se inclina, beijando suavemente meus


lábios antes de soltá-los no meu peito. — Vista-se. Temos de ir.

— Onde estamos indo? — Eu me sento.

— Estou levando você de volta para casa para deixá-la, — ele diz antes
de entrar no banheiro, e eu sei que é tudo o que ele vai me dizer.

Bones
Na manhã seguinte, sento-me na minha mesa no momento em que meu
celular toca.

— Olá? — Eu respondo quando vejo quem é.

— Mia Rosa Bianchi, — diz Marsha Wells em saudação.

Sento-me na minha cadeira. Droga, até eu estou surpreso com a rapidez


com que ela descobriu isso. — Alguém realmente fez o dever de casa.

— Não exatamente. — Ela bufa. — Por mais que eu adorasse receber o


crédito, foi uma dica anônima.

— Dica anônima, — repito, não gostando da forma como essas palavras


soam.

— Sim. Tirei duas fotos de vocês juntos no momento em que chegaram


e as postei. Demorou apenas uma hora para alguém entrar em contato
comigo.

— Eu vejo.

— Eu sinto que você está escondendo uma história ainda maior de mim.

— Não sei do que você está falando.

— Bem, o mesmo interlocutor anônimo também me informou que Luca


está no hospital por causa de um ferimento à bala.

Meus dentes rangem. — Não posso acreditar em todas as fontes…


— Verdadeiro. Mas aconteceu de eu ter alguém seguindo Haven depois
que ela saiu correndo do restaurante. Quer explicar por que ela foi direto
para o hospital? Disseram-me que Oliver Nite também foi visto lá.

Eu não digo nada sobre isso.

Ela ri do meu silêncio. — Vou lhe dar vinte e quatro horas para me
contar uma história melhor, Bones, ou vou espalhar a história de Luca por
toda a internet.

Minha mão agarra o celular.

— Ela é linda. — Ela continua. — Exatamente como eu esperaria que


uma princesa da máfia parecesse.

Não gosto do jeito que ela fala sobre Mia, como se a estivesse
ameaçando. — Marsha...

— E eu estou supondo que há uma razão para ninguém saber que ela
existe. Assim que eu contar ao mundo sobre sua existência e que Luca está
em coma, ela terá um grande alvo na cabeça. Não seria uma pena se algo
acontecesse com ela? — Clique.

— Droga. — Eu jogo meu telefone assim que a porta se abre. Titan


entra, pulando para trás para evitar ser atingido por ele voando pela sala.

Ele se abaixa para pegá-lo do tapete. — Você tem um visitante, — ele


anuncia.

— Estou ocupado, — eu rosno.

— Bones? — Haven diz suavemente, entrando atrás dele.


Eu balanço minha cabeça. — Não tenho tempo…

— Venho pedir desculpas.

— Eu não preciso disso. — Eu aponto para a porta. — Vá embora.

— Bones, por favor? — Lágrimas enchem seus olhos.

Passando minhas mãos pelo meu cabelo, eu suspiro. — Eu não …

— Jasmine veio ao hospital esta manhã. Ela me contou tudo sobre Mia.
Por que você não...?

— Ela não queria que você soubesse. Achou que você iria culpá-la.

— Eu …

— O que você fez. Então você acabou de provar que ela estava certa, —
eu indico.

Seu lábio inferior começa a tremer. Não tenho tempo para essa merda
hoje.

— Eu preciso que você mate John Bianchi.

Titan bufa.

— Você não acha que eu faria isso se fosse uma opção? — Eu rosno.

— Tem que ser. — Ela continua. — É a nossa única opção.

— Não, não é, — eu retruco. — Nós estivemos na cama com a Máfia


toda a nossa vida, Haven. Se o matarmos, isso colocará um alvo em nossas
cabeças. Todos os nossos aliados se virarão contra nós. — Eu balanço
minha cabeça.
— Por favor?

— Não, não vou colocar o resto dos Kings em perigo. — E acho estranho
que John não tenha aparecido. Quero dizer, seu filho mais velho está na
UTI porque foi baleado e seu pai não está em lugar nenhum? Algo
simplesmente não está certo sobre isso. John Bianchi é um imbecil sádico,
mas Luca comanda tudo aqui em Las Vegas para seu pai. Eu sei que Nite
assumiu a operação por enquanto, mas ainda assim, John deveria ter se
dado a conhecer aqui agora.

— Luca faria qualquer coisa para salvar Mia.

— Ele a deixou, porra! — eu grito. — Eu o conheço minha vida inteira.


Eu o vi praticamente no dia a dia nos últimos dez anos, e ele nunca a
mencionou. Ele até teve a chance de confessar quando eu a vi, e ele
escolheu mantê-la em segredo.

— Foi ele quem a mandou embora. — Ela funga.

Eu bufo. — Isso faz ainda menos sentido.

— Para salvá-la, — acrescenta Haven.

— Que bem isso fez para ela, — eu argumento.

— Eles não vão parar até que Luca esteja morto. Eles sabem que ele é o
único que se preocupa com ela.

Eu tenho, mas guardo isso para mim. Muito já está acontecendo para
adicionar combustível a este fogo. Se Haven soubesse como eu me sentia,
então ela usaria isso contra mim. Faça-me sentir culpada ainda mais do que
já me sinto.

— Estou grávida. — Ela começa a chorar.

Eu bato meus cotovelos na minha mesa e passo minhas mãos pelo meu
cabelo. Bem, este vai ser outro dia de merda.

— Foda-se, — Titan sussurra, virando-se para as janelas do chão ao teto


com vista para a Strip.

O silêncio enche a sala enquanto ela se senta no sofá perto de Titan e da


janela. Minha porta se abre silenciosamente, e eu olho para ver Mia entrar
na sala. Ela para quando percebe Haven sentada com os olhos olhando
para as mãos no colo.

Respirando fundo, Haven fala baixinho: — Estávamos tentando


engravidar e eu estava atrasei. Eu apenas senti isso. Eu sabia que era. Eu
mal podia esperar até que ele chegasse em casa, então corri e fiz um teste.
Eu fui até Glass. Eu usei o banheiro primeiro porque queria fazer o teste
para mostrar a ele. Quando subi as escadas, ele estava deitado no corredor.
A porta dos fundos ainda nem tinha sido trancada. — Seus olhos âmbar
lacrimejantes encontram os meus. — Eu preciso que você encontre os
irmãos de Luca e John. Eu preciso de vocês para matá-los.

— Não podemos fazer isso. Sinto muito, mas isso não muda nada. —
Titan é quem fala.

— Muda tudo! — ela grita, pulando de pé e virando-se para encará-lo.


— Eu preciso que você os mate para salvar minha família. Para salvar Mia,
Luca e nosso bebê. — Ela coloca a boca em concha para silenciar um
soluço, e Mia caminha atrás dela, colocando a mão em seu ombro. Haven
gira e imediatamente abre os braços enquanto Mia a abraça. Ambas
choram.

Eu me levanto do meu assento e caminho até Titan.

— O que você quer fazer? — ele me pergunta.

— Convoque uma reunião em quinze minutos. Leve todos para lá.


Incluindo Haven, mas me dê um minuto com Mia.

Ele acena com a cabeça e caminha até as meninas. Ele os separa. —


Venha, vamos pegar uma água para você.

Mia enxuga os olhos e depois esfrega as mãos na calça jeans.

Pego meu telefone na mesa onde Titan o colocou e ligo de volta para o
último número.

— Sim? — ela desenha a palavra.

— Eu tenho uma história melhor. Mas preciso que me dê até sexta-feira.

Ela leva alguns segundos para responder antes de dizer: — É melhor


que seja bom. — Então ela desliga.

— O que você está fazendo? — Mia me pergunta.

— O que precisa ser feito. — Então eu pego a mão dela e a puxo do meu
escritório.
Capítulo Vinte e Cinco

Mia

Dillan me arrasta pelo corredor até um conjunto de portas duplas de


vidro e me empurra para dentro. Tem uma longa mesa preta com uma
caveira esculpida junto com Kingdom em cada extremidade. Ele puxa a
cadeira na cabeceira da mesa e me conduz para ela.

— O que estamos fazendo aqui? — Eu pergunto.

— Tendo uma reunião. Os outros chegarão a qualquer momento, — ele


responde, consultando o relógio.

Eu olho para cima quando a porta se abre e o resto dos Kings entra. É a
primeira vez que vejo Grave desde o jantar de ontem à noite. Eu odeio o
quanto me incomoda que ele não goste de mim. Como se eu tivesse que
provar que estou em seu círculo. A parte triste é que eu quero.

— O que está acontecendo? — Cross pergunta, entrando atrás de Titan.

Dillan espera que todos entrem e se acomodem. Haven se senta ao meu


lado, segurando com força uma garrafa de água. Dillan agarra as costas da
cadeira em que me sento e se inclina sobre ela. — Acabei de falar com
Marsha. Meu plano ontem à noite saiu pela culatra.
— Como assim? — Grave pergunta. Sentando-se ereto, ele tem sua
atenção em seu irmão.

— Quão ruim? — Cross indaga.

— Muito ruim, — ele responde, empurrando a cadeira. Olho por cima


do ombro para vê-lo cruzar os braços sobre o peito. — Uma ligação
anônima informou a ela quem era Mia.

Titan franze a testa. — Como isso é ruim? Queríamos o nome dela


divulgado.

Dillan acrescenta: — É verdade, mas essa pessoa também mencionou


que Luca estava no hospital devido a um ferimento à bala.

Titan bufa. — Temos NDAs em todo aquele lugar. Ela está


alcançando…

— Ela tinha alguém seguindo Haven na noite passada quando ela saiu
do restaurante. Eles sabem que ela foi direto vê-lo e que Nite estava lá.

Haven abaixa o rosto, deixando escapar um suspiro, sentindo-se mal


por sua reação na noite passada.

— Porra. — Grave bate com os punhos cerrados na superfície preta da


grande mesa.

— Então a pergunta é: quem diabos é essa pessoa anônima? —


Demandas cruzadas.

— Tem que ser um dos meninos Bianchi, — assume Grave.


— Não, — argumenta Dillan. — Eles disseram que foi um tiro. Não
feridas. Quem ligou não sabe a verdade. Apenas uma parte dela.

— Bem, isso faz sentido, considerando que nem temos certeza de que
foi um dos Bianchis. — Cross encolhe os ombros.

— Tivemos forte segurança em Luca. Ele não teve nenhum visitante


além dos que estão nesta sala. — Titan é quem fala. — Além de Nite, e
todos nós sabemos que ele não está falando com ninguém.

Todo mundo olha para mim, e eu endureço. — O que? Eu não disse


nada.

— Quem mais sabe que você existe? — Grave arqueia uma sobrancelha,
recostando-se em seu assento.

— Ninguém, — eu saio correndo.

— Besteira.

— Grave, — Dillan estala para ele.

— E o leilão? — Titan oferece. — Você disse que a comprou em Nova


York. Tinha que haver pessoas lá que a viram.

Dillan balança a cabeça novamente. — Ninguém lá diria uma palavra. É


muito fechado. Tudo era anônimo. Se alguém me reconhecesse e decidisse
falar, seria morto. Eles não arriscariam suas vidas pelo nome dela.

— Havia aquele cara, — eu digo, e todos olham para mim mais uma
vez.

— Quem? — Dillan rosna.


— Ele estava lá. Naquela casa para onde você me levou depois. Lembro-
me vagamente de um cara naquela sala para onde Dillan me arrastou.

— Onde diabos você a levou? — Grave se encaixa nele.

Ele suspira. — Aquele era Tristan Decker, e ele não diria uma palavra a
ninguém.

— E agora? — Cross pergunta, todos obviamente concordando com ele


porque ninguém discutiu o fato de que esse tal de Tristan pode ser o autor
da ligação anônima.

— Ela acha que estou escondendo uma história melhor, — responde


Dillan.

— Não há mais nada para contar. — Grave joga de volta sua bebida
energética de um só gole. — Nós poderíamos mover Luca...

— Muito arriscado. — Dillan balança a cabeça, nem mesmo permitindo


que seu irmão termine a frase. — Ela me deu vinte e quatro horas antes de
tornar a história pública. Eu disse a ela que tinha uma melhor, mas para me
dar até sexta-feira. Ela concordou.

O silêncio cai sobre a sala e sinto a mudança de temperatura. Esfrego


minhas mãos suadas em meu jeans e mordo meu lábio inferior.

Grave é quem a quebra. — Que porra você vai dar a ela, Dillan? — Ele
rosna seu primeiro nome, e eu observo seu corpo enrijecer. Tenho a
sensação de que eles não se chamam pelos nomes de batismo com
frequência.
— Sexta à noite... — Ele olha para mim, e eu prendo a respiração. —
Mia e eu vamos anunciar nosso noivado.

Bones

— Você está maluco? — Grave grita, pulando de pé.

Eu o ignoro, mantendo minha atenção em Mia. Ela parece apavorada


agora. Olhos arregalados, lábio inferior tremendo, ombros tremendo. —
Não, Dillan. Nós não temos que fazer isso, — ela sussurra.

Grave bufa, ainda convencido de que ela está brincando comigo.

— Eu acho que é uma grande ideia. — Titan acena com a cabeça.

— Claro que sim, — Grave rosna para ele.

— A pessoa que ligou anônima revelando a saúde de Luca põe em risco


a todos muito mais do que um noivado. Ela precisava de uma história
melhor. Isto é melhor. Maior, — explica Titan.
Grave dá uma risada áspera. — Uma história melhor seria que você e
Bones fodem sua esposa.

Haven inclina a cabeça e os olhos arregalados de Mia vão para Grave.


Ele percebe e sorri. — Oh, seu futuro noivo não lhe disse isso? — Ela olha
para mim, e meus dentes cerram. — Sim, — Grave continua, e seus olhos se
voltam para os dele. — Bones começou a transar com Emilee no ensino
médio e durante a faculdade...

— Grave, — adverte Titan.

Isso não o impede. — Então ela correu de volta para cá porque estava
com problemas e começou a abrir as pernas para Titan, que foi gentil o
suficiente para dividi-la com Bones…

— É o bastante! — Titan grita, ficando de pé.

— Você sabe o que. — Grave joga as mãos para cima. — Vocês todos
fazem o que quiserem, mas me deixem fora disso. Eu não estou perdendo o
que eu trabalhei pra caramba por causa de uma boceta, e tenho certeza que
não vou morrer por alguém que não dá a mínima para nós. — Ele se vira e
sai, abrindo as portas duplas de vidro com tanta força que fico surpresa por
elas não quebrarem.

— Farei o que você quiser que eu faça, mas tem certeza de que esse
plano vai funcionar? — Cross me pergunta, ignorando a explosão de
Grave. Ele olha para Mia, que agora está olhando para a mesa, e acrescenta:
— O último não foi tão bem.
— Sim. — Neste ponto, tem que. Esse sempre seria o próximo passo
depois de anunciá-la ao mundo. Está acontecendo mais cedo do que eu
queria.

— Eu vou para o hospital, — Haven finalmente anuncia, levantando-se.


Ela está pronta para dar o fora daqui.

— Eu irei com você. — Mia se levanta e começa a caminhar em direção


à porta, e eu a seguro pelo braço.

— Ela estará lá, — eu digo a Haven, e ela sai. — Mia... — Eu me


interrompo, sem saber se devemos falar sobre nosso noivado falso ou sobre
o fato de que eu comi a esposa do meu melhor amigo. Não durmo com
Emilee desde que ela e Titan se casaram. Ela pertence a ele agora. Mas o
que Grave disse era verdade. Eu não posso negar isso.

Mia escolhe por mim. — Eu não tenho escolha, certo? — Ela arqueia
uma sobrancelha em desafio, e eu cerro os dentes. — Eu nunca tive a opção
antes. Por que eu pensaria que conseguiria uma agora?

— Estou protegendo você, — eu rosno.

— Não. — Ela puxa a mão do meu aperto. — Você está dando ao meu
pai o que ele quer. — Empurrando seu peito no meu, ela mostra os dentes.
— Eu nunca pensei que você seria o tipo de King que se curvava a
qualquer um. Acho que eu estava errada. — Então ela sai furiosa da sala.

Passando a mão pelo meu cabelo, volto para o meu escritório,


ignorando Titan e Cross, que ainda estão sentados em seus assentos
olhando para mim. Claro, Titan invade meu escritório assim que me sento
em minha mesa. — Você vai deixá-la ir para o hospital?

Eu inclino minha cabeça. Eu só quero um maldito dia para mim.


Apenas um. — Sim. — Eu suspiro.

— Por que? — Ele pensa. — Marsha....

— Ela postou duas fotos nossas ontem à noite tentando descobrir quem
era Mia. Ela conseguiu. Ela pode não ter publicado a história que eu queria
que ela contasse esta manhã, mas o rosto de Mia está lá fora. — Assim que
eu digo isso, meu celular toca, e eu pego para ver que é uma mensagem de
Lola - uma mulher que eu costumava transar em Nova York até que ela
ficou muito pegajosa e queria que eu conhecesse seus pais. Eu cortei
imediatamente depois disso. Eu olho para ele.

Lola: Oi querido, estou em Las Vegas...

Não me dou ao trabalho de ler o resto. — Se ela quer ir ver Luca, não
vou impedi-la. Além disso, Nite está lá em cima. Temos segurança em toda
aquela ala particular para onde mudei Luca. A vida dele e a de Haven
correm tanto perigo quanto a de Mia.

— Não deixe Grave chegar até você, — acrescenta ele suavemente. —


Ele está passando por muita coisa.
— Sim, eu sei. — Ele e April podem parecer estar bem, mas quem sabe o
quanto eles ainda estão sofrendo. Não espero que o que eles passaram
desapareça da noite para o dia. — Eu vou falar com ele. — Eu fico.

Titan olha para o telefone. — Ele me mandou uma mensagem depois


que saiu da sala de conferências. Dizia sair por algumas horas, — afirma
ele. — Eu disse a ele para tirar o dia de folga, mas ele disse que voltaria.

Eu franzir a testa. — Onde ele foi?

Titan passa a mão pelo rosto. — Ele precisava ir a uma reunião.

Concordo com a cabeça e me sento, entendendo por que meu irmão está
atacando do jeito que está agora. Ele é um viciado. Todos os dias, ele
acorda e precisa se lembrar de que quer ser melhor do que era. Para si
mesmo, para April, para seus futuros filhos. E alguns dias, você precisa de
um pouco mais de ajuda do que outros.

Eu odeio pensar que minhas escolhas de vida estão contribuindo para


isso.

Titan se joga no assento em frente à minha mesa. — Então, sobre esse


noivado…

— Talvez Grave esteja certo. — Eu suspiro. — Talvez haja uma maneira


melhor de ganhar o tempo que preciso do que colocar Mia nisso. — Por
mais que eu queira protegê-la, meu plano não é piorar a vida dela. E neste
ponto, não tenho certeza do que o pai dela está fazendo.

— Só quero lembrá-lo de que acho que um casamento é sua melhor


aposta.
Eu concordo. — Então você disse.
Capítulo Vinte e Seis

Mia

Sento-me no banco do carona de Haven, olhando pela janela enquanto


ela nos leva ao hospital. Eu finalmente consigo ver meu irmão, e minha
mente está em Dillan.

Nunca pensei que teria a chance de me casar com o homem dos meus
sonhos. Você não pode conhecer alguém quando está trancado em uma
casa por toda a sua vida.

— Se isso significa alguma coisa, Bones não faria algo a menos que ele
pensasse que era certo, — Haven fala, quebrando o silêncio.

— De repente, você está do lado dele? — Eu pergunto, não me


importando em olhar para ela.

Ela suspira pesadamente. — Não quero que mais ninguém se


machuque. Bones pode protegê-la.

— Ele não pode me salvar, — eu digo suavemente. Meu peito aperta,


sabendo o quanto isso é verdade. Meus irmãos sabem onde estou e
internaram Luca no hospital. Eles cortaram minha linha de vida. Dillan
pode pensar que está em vantagem, mas não. E mesmo que o faça, não o
fará por muito tempo.

— Não é como se você realmente tivesse que se casar com ele, —


continua Haven. — Apenas faça parecer que é crível. Faça um show. — Ela
ri. — Os Kings são bons nisso.

Fico em silêncio pelo resto do caminho até o hospital. Estacionamento,


entramos e pegamos o elevador até o décimo andar. A porta se abre e vejo
Nite de pé contra uma parede perto de uma porta. Ele está olhando para o
celular, digitando.

Eu costumava pensar que estava apaixonada por ele. Nite era o único
homem da minha idade que sabia que eu existia, que não era parente de
sangue. Mesmo que meus pais o tenham adotado quando éramos mais
jovens. Mas eu sou a razão pela qual ele é do jeito que é. É por isso que eu
sabia que ele nunca me acharia atraente. Homens como ele e os Kings não
se apaixonam por garotas como eu. Digo garotas porque eles preferem
mulheres. E eu não sou isso. Não tenho experiência de vida ou educação.
Se eu conseguir sobreviver a isso, serei vendido novamente. É tudo sobre o
quanto meu sobrenome pode trazer.

— Alguma novidade? — Haven pergunta a ele.

Olhando para cima, ele balança a cabeça e sinto meu peito apertar. Eu
fiz isso com ele. Fez dele um mudo. Muitas pessoas não sabem, mas eu sou
a razão pela qual ele não tem voz.
Eu sigo Haven até a porta, e ela a abre para eu entrar. Seu quarto é
grande, com uma área de estar ao lado de uma janela com vista para Vegas.
Estamos alto o suficiente para ver a Strip daqui. Destacam-se as quatro
torres que dizem Kingdom no topo. Quase como se estivesse rindo de mim.
Um lembrete de que minha vida é uma piada.

Não é o fato de que Dillan está realmente fingindo me amar. É que ele
vai deixar meu pai pensar que ele ganhou. Essa é uma pílula difícil de
engolir quando você está engasgando com ela há anos.

— Ei, querido, — Haven diz, caminhando até a cama. — Adivinha


quem veio te ver?

Meus olhos finalmente olham para meu irmão e meu estômago revira.
Ele tem tubos e fios por toda parte. Um está em sua garganta. Sua pele
parece cinza. O quarto emite um calafrio que me faz estremecer.

Eu paro, recusando-me a chegar mais perto.

— Está tudo bem, — percebe Haven. — Dizem que ele pode não estar
acordado, mas pode nos ouvir. — Ela me dá um pequeno sorriso. — Tenho
certeza que ele adoraria saber que você está aqui.

Balanço a cabeça e engulo o nó na garganta. — Não...

— Mia. — Caminhando até mim, ela pega minha mão. — Sinto muito
por culpá-la, mas isso não é sua culpa. Não se culpe.

— Mas isso é. — Eu cheiro. — E eu sinto muito.

— Não é. Nada disso é. Nós sabemos disso, e ele sabe disso.


Se ele acordar, vai me odiar. Ela não sabe que ele queria que eu ficasse
longe. Que quando liguei para ele, ele me disse para não entrar em contato
com ele. Tudo o que posso fazer é provar que sinto muito, e ainda não
descobri como.

Bones

Eu estaciono meu carro na frente da casa, não estaciono na garagem nos


fundos porque não vou ficar aqui por muito tempo. Passa um pouco das
duas da manhã e preciso estar no Glass às quatro para fechá-lo. Entrando
em casa, paro e escuto. Esta silencioso. Ou Mia está dormindo ou decidiu
ficar no hospital esta noite. Não tenho notícias dela desde que elas
deixaram Kingdom hoje cedo, e odeio o quanto isso está me deixando
louco. Nunca esperei que uma mulher me ligasse. Ou me importei em
saber onde elas estavam. Eu sempre fui o único ocupado demais para
enviar mensagens de texto ou ligar de volta. A coisa mais próxima que já
tive de um relacionamento foram meus anos de colégio e faculdade com
Emilee. Nunca fomos um casal, mas tínhamos o entendimento de que
éramos exclusivos. Ela me deu o que eu precisava no quarto sem a besteira
de namorada pegajosa. Ela não esperava que eu a amasse, e não senti
necessidade de fingir que a amava.

Fazendo meu caminho para o quarto, abro a porta para ver que ela está
na cama. Nite me mandou uma mensagem mais cedo dizendo que eles
planejam manter Luca em coma um pouco mais.

Meu celular toca e eu olho para baixo para ver que é April. — Olá?

— Bones, — ela sussurra meu nome. — Espero não ter acordado você.

— Não. Você está bem. Tudo certo? — Enquanto faço a pergunta, já


estou caminhando em direção à porta da frente da minha casa e saindo na
minha varanda para olhar a deles. Vejo que várias luzes dentro da casa
estão acesas. Eu franzir a testa. Ela sempre acorda cedo por causa da
floricultura que ela possui, então é estranho ela acordar tão tarde.

— É Grave. — Ela suspira. — Eu tentei ligar para Titan, mas ele não
atendeu. Então eu vi seu carro estacionado na frente.

Desço correndo os degraus de pedra antes mesmo de ela terminar a


frase.

Há uma longa pausa antes que ela pergunte. — Você pode vir?

— Já estou a caminho. O que está errado? — Eu questiono, meu coração


disparado, pensando no pior. Meu primeiro pensamento é que ele teve
uma recaída - engoliu muitos comprimidos. Ele está de cara no próprio
vômito e é muito pesado para ela se mexer.
— E-eu não sei. — April funga. — Ele não fala comigo. Eu tentei ligar
para Titan, — ela repete. — Eu sinto muito. — Ela começa a chorar.

— Não se desculpe. Estou a caminho. — Desligando, começo a correr


pelo beco sem saída até a casa deles. Titan e Grave ficaram muito próximos
este ano. Mais do que eram antes. Titan é quem o deixou na reabilitação.
Odeio que Grave achasse que não podia falar comigo como podia falar com
Titan, mas não me importava com quem meu irmão mais novo falava,
desde que ele procurasse ajuda quando precisasse.

Estou começando a suar quando subo correndo os degraus, e ela me


encontra na porta. Eu noto seus olhos vermelhos e nariz escorrendo. Sua
maquiagem está borrada em alguns lugares e completamente apagada em
outros. Ela está segurando um maço de lenços na mão. Seu cabelo roxo está
preso em um coque bagunçado, mas alguns pedaços caem ao redor de seu
rosto. Ela pega seu roupão de seda preta e o envolve para cobrir sua blusa
branca de alças finas e shorts de algodão combinando.

— Onde ele está? — Eu pergunto, sugando a respiração.

— Cozinha, — ela sussurra.

Eu praticamente corro pelo corredor e corro para a cozinha, parando.


Ele se senta à mesa, de frente para as cinco janelas retangulares do chão ao
teto que dão para o beco sem saída. As cortinas estão abertas para que você
possa ver nosso clube privado no meio.

Meus olhos varrem rapidamente sua vista de perfil, verificando se há


sangue ou qualquer sinal de ferimentos, mas não vejo nenhum. Ele está
vestindo uma camiseta preta, exibindo a tatuagem de April em seu braço
que Cross fez. Ele está com o jeans rasgado e ainda com as botas de
combate. Ele fica imóvel, uma mão segurando um copo de uísque, a outra
segurando a garrafa aberta.

— Kyle? — Digo seu nome, sentando-me à sua direita na cabeceira da


mesa. Ele não reconhece minha presença, e me pergunto se ele já está
drogado com alguma coisa. — Grave. O que está errado? — Eu pergunto,
precisando que ele fale comigo. — Não podemos ajudá-lo se você não nos
disser o que há de errado.

Ele pisca, baixando os olhos azuis para a mesa. — Você já se testou? —


Ele pergunta, sua voz baixa e áspera, me fazendo franzir a testa com sua
pergunta. Antes que eu possa responder, ele bufa. — Pergunta estúpida.
Você não tem limites.

— Isso não é verdade. — Eu estendo minha mão para a dele, mas ele se
afasta, então eu me afasto e coloco as minhas na mesa.

Seus dedos ficam brancos, segurando o copo e a garrafa com mais força,
como se eu fosse tirá-los dele.

— Não sou alcoólatra. — Ele dá uma risada áspera. — Falou como um


verdadeiro alcoólatra, hein? — Levantando o copo, ele o aproxima do rosto
e o encara como se ele tivesse a resposta para todos os seus problemas. —
Quero dizer, eu nunca precisei de uma bebida. Eu gostava de uma bebida.
Há uma diferença. Eu precisava dos comprimidos, cocaína…— Ele engole,
colocando o copo de volta na mesa, mas não largando, e confessa: — Sinto
falta.
Eu ouço algo à minha esquerda e olho para ver April encostada na
parede sob o arco na extremidade da cozinha. Ela está atrás dele, onde ele
não pode vê-la. O olhar de dor em seus olhos faz meu peito doer.

— Eu odeio sentir. — Ele cheira. — Eu estava indo tão bem. Tudo


parecia melhor. Mas... mas eu continuo tendo os sonhos. Pesadelos. — Ele
se corrige e abaixa a voz para um sussurro. — Sobre o bebê.

Olho para April, e ela está segurando o roupão com uma das mãos. A
outra está sobre sua boca quando ela começa a chorar silenciosamente com
suas palavras.

— Mas não sou eu. É como uma experiência fora do corpo. — Ele franze
a testa, confuso com esse pensamento. — Estou parado assistindo April
chorar. E eu não posso ajudá-la. Eu não posso falar com ela. Eu... — Ele
funga novamente. — Estou desamparado. Mas eu posso sentir dor. A dor
dela. É diferente de tudo que já senti antes. Aleijante. E percebo que não é
ela que está chorando. Sou eu. Meu peito está tão pesado que não consigo
respirar. Ele levanta o copo mais uma vez, mas desta vez, ele o bate na
mesa, fazendo-o chacoalhar.

Olhando para April, ela agora tem as duas mãos sobre a boca e o nariz
enquanto as lágrimas escorrem pelo rosto.

— É insuportável. O pensamento dela sentindo isso. — Ele balança a


cabeça. — E então, como um soco no rosto, acabou e não há mais nada. Ela
se foi, e eu estou me observando. O velho eu. Estou sozinho em uma sala,
chapado pra caralho. Digo a mim mesmo para parar. Mova-se. Levante-se.
Mas eu não posso. Eu me vejo cheirar uma linha enquanto grito para não
fazê-lo. E estou entorpecido. — Ele olha para mim pela primeira vez, e seus
olhos nadam em lágrimas. Isso faz minha respiração prender. Que eu não
posso ajudá-lo. Que eu não posso salvá-lo de si mesmo. — Toda a dor se
foi, — diz ele, desviando o olhar. — E por aqueles poucos segundos, a vida
voltou a ser o que era – um buraco negro de nada. Nada existe. Não para
mim. Há apenas silêncio, e percebo o quanto sinto falta disso. Mas então.
— Ele engole. — Então eu acordo coberto de suor, tentando recuperar o
fôlego. Eu olho e April está dormindo. Ela... — Ele pigarreia. — Ela parece
tão pacífica e digo a mim mesmo que é por isso que tenho que me manter
forte. Para ela. Porque ela é muito forte.

— Kyle...

Ele joga o copo de uísque e ele quebra uma das janelas, o vidro voando
por toda parte. Observo o corpo de April tremer enquanto ela desliza pela
parede, puxando os joelhos contra o peito, ainda cobrindo a boca e o nariz
enquanto soluça.

— Eu acordei hoje. — Ele com raiva enxuga as lágrimas de seu rosto


que começaram a cair. — E pela primeira vez em muito tempo, eu ainda
queria ficar chapado. Vê-la não era suficiente. Porque eu sou fraco pra
caralho. — Ele dá uma risada áspera. — Foi por isso que comprei esta
garrafa. — Ele a joga para cima, pegando-a com a mão direita. Seu anel de
caveira ressoa contra o vidro. — Eu pensei que uma garrafa não faria mal.
Que se eu tomasse alguns copos, talvez me ajudasse a dormir. Nocauteie-
me e mantenha os pesadelos longe. Era como se eu estivesse em um sonho,
me vendo parar na loja de bebidas e comprar. — Segurando-o, ele franze o
rosto e depois o joga em outra janela, quebrando-o também.

O som do vidro quebrando me faz estremecer.

— Essa é outra coisa que me deixa fraco. — Batendo os cotovelos na


mesa, ele abaixa a cabeça, agarrando o cabelo.

— Não, você não é, — eu digo a ele, limpando o nó na minha garganta.


— Você é a pessoa mais forte que eu conheço.

Ele bufa, suas mãos caindo. — Eu sou um bastardo. O que eu disse para
Mia no jantar na outra noite...

— Não se preocupe com isso.

— O que eu disse a ela no Kingdom...

— Grave, está tudo bem. Você já passou por muita coisa.

— Pare de dar desculpas para mim, — ele grita para mim. — Você
sempre me dava cobertura quando se tratava de mamãe e papai. — Ele
abre os braços. Seus olhos lacrimejantes agora olhando para mim. — Não
há mais ninguém além de você e eu agora. Então pare de fingir que não sou
um idiota.

O silêncio cai sobre a sala, e eu respiro fundo. — Você não é...

— Eu apenas pensei que fazer os outros sentirem dor me faria sentir


melhor. — Ele me interrompe, suavizando suas palavras. — E-eu só quero
não sentir nada. — Ele engasga as palavras. — E April. Ela merece melhor.
Pela primeira vez desde que a conheci, pensei em me afastar dela no
caminho do trabalho para casa esta noite. Dando a ela uma chance de algo
melhor. O que ela merece, mas nada... — Ele bate os punhos na mesa. —
Nada menos que a morte faria a dor de perdê-la desaparecer. E essa é outra
razão pela qual sou tão fodidamente fraco. — Ele abaixa a voz. — É como
papai sempre disse: o amor torna o homem fraco.

Eu me encolho com sua escolha de palavras. Ele as parafraseou, mas é


exatamente o que nosso pai quis dizer. — Ele estava errado. — Estendo a
mão para ele, mas ele empurra minhas mãos para longe e pula de pé, a
cadeira raspando no chão de mármore. — Grave...

— Isso é o que me torna um bastardo. — Ele grita novamente enquanto


lágrimas de raiva correm por seu rosto. — Porque eu não seria forte o
suficiente para deixá-la ir. — Ele respira fundo e nós a ouvimos soluçar.

Ele se vira e seus ombros caem quando ele vê que ela está ouvindo. Ela
fica com os pés trêmulos e corre para ele, os braços abertos, e os envolve
em torno dele. — Não me deixe. Por favor... por favor, não me deixe, — ela
chora, agarrando-se a ele para salvar sua vida enquanto seus braços
permanecem ao seu lado.

— Sinto muito, — ele sussurra, tanta dor evidente em três pequenas


palavras. Fechando os olhos, ele repete. — Sinto muito, April.

— Não. — Ela se afasta, colocando as mãos em cada lado do rosto dele.


— Não. Nunca se desculpe.

— É minha culpa, — ele continua, os ombros tremendo.

— Não...
— Se você não tivesse me conhecido, então você não saberia a dor que
eu fiz você passar. O bebê…

— Não, — ela rosna, ficando com raiva dele por se culpar por algo que
ele não tinha controle. — Isso não é verdade.

— Eu não bebi, — ele diz a ela, balançando a cabeça rapidamente.

— Eu sei. — Ela balança a cabeça, fungando, tentando se recompor.

— Eu não usei drogas…

— Eu sei, querido. Eu sei.

Ele abaixa o rosto, encostando a testa na dela. — Eu... amo você, — ele
engasga.

Ela solta um soluço antes de lamber os lábios. — Eu te amo.

Suas pernas falham e ele cai na cadeira, e ela vai com ele, montando em
seu colo. Ele envolve seus braços ao redor dela, balançando-os suavemente
para frente e para trás.

— Grave! — Eu ouço Titan chamar, e a porta da frente se fecha. —


April! — Ele corre para a cozinha para nos encontrar e para.

Eu me levanto da mesa e me viro para encará-lo. Seus olhos arregalados


procuram os meus e depois meu rosto. Seu olhar de preocupação se
transforma em pânico, e percebo que estava chorando silenciosamente. —
O que aconteceu? — ele pergunta. — Sinto muito por ter perdido sua
ligação. — Seus olhos vão para as janelas quebradas. — O que...?

— Está tudo bem, — digo a ele, me recompondo. — Todos estão bem.


Capítulo Vinte e Sete

Mia

Abro meus olhos pesados para o quarto escuro e me sento. — Dillan? —


Eu chamo, pensando ter ouvido alguma coisa. Pego meu celular e vejo que
são quase quatro da manhã.

Empurrando as cobertas, saio da cama e entro no banheiro. Ouço o


chuveiro ligado antes de vê-lo. Bones está sob o pulverizador, de costas
para mim. Ambas as mãos na parede, cabeça baixa. Esta escuro aqui. Ele
não tem nenhuma luz acesa, apenas algumas sob as bancadas, dando um
brilho suave à grande sala.

Estendendo a mão, tiro a camiseta do Kingdom que uso e deslizo a


calcinha pelas pernas antes de abrir a porta de vidro do chuveiro. Seus
músculos ficam tensos enquanto ele deixa a água escorrer sobre seu corpo
tatuado. Eu posso ouvir sua respiração pesada durante o chuveiro. Eu
coloco minha mão em suas costas e ele pula, girando, e eu dou um passo
para trás.

Ele olha para mim, e eu franzo a testa quando vejo que seus olhos estão
vermelhos. — Dillan...
Estendendo a mão, ele me corta e me puxa para ele. Sem dizer uma
palavra, ele abaixa seus lábios nos meus e me beija. Fervorosamente.
Tirando meu fôlego.

Suas mãos deslizam em meu cabelo e ele inclina minha cabeça para trás,
sua boca dominando a minha. Quero ficar com raiva dele depois do que
descobri hoje sobre ele e Emilee, mas não tenho o direito de ficar. Ele teve
uma vida antes de mim, e eu não posso mudar isso. Acho que é por isso
que me concentrei mais em nosso próximo noivado falso do que no que
realmente queria falar.

Afastando-me, respiro fundo e abro os olhos para olhar para ele. —


Você está bem? — Eu pergunto baixinho, passando minhas mãos por suas
costas lisas, sentindo o quão tenso ele está enquanto o chuveiro o borrifa.

Ele não responde, mas não precisa. Eu já sei a resposta, e é não. Algo
está errado. Em vez disso, seus olhos percorrem meu rosto e pescoço. Eles
caem no meu peito, e ele lambe os lábios molhados.

— Fale...

Seus lábios descem nos meus novamente, me cortando, e ele nos gira,
me empurrando contra a parede. Sua mão cai para minha coxa, e ele a
levanta, envolvendo-a em torno de seu quadril. Então ele está deslizando
para dentro de mim sem nenhuma preliminar. Dói, forçando-me a gemer
em sua boca.

Eu me afasto de seus lábios para inspirar, e ele enterra o rosto no meu


pescoço, sem se importar. Ele começa a me foder, forte e rápido,
empurrando minhas costas contra a parede quente de azulejos enquanto a
água cai sobre nós. E eu deixo ele pegar o que ele precisa de mim. Ele está
sofrendo. Eu posso sentir isso na forma como seus dedos cavam em minha
coxa. A maneira como sua respiração acelera e o fato de que ele se recusa a
me olhar nos olhos.

Eu envolvo meus braços em torno dele e aperto. — Está tudo bem, —


digo a ele, sem saber o que ele precisa, apenas sabendo que quero que ele
saiba que posso dar a ele.

Ele não desiste. Ele bate em mim com mais força e minha respiração
falha. Ele deixa cair a mão do meu cabelo para a minha outra coxa e levanta
também, ambos os pés agora fora do chão do chuveiro.

Eu os envolvo em torno de seus quadris estreitos, enganchando-os


juntos, tentando segurar seu corpo molhado e escorregadio.

Ele resmunga, suas mãos batendo na parede acima da minha cabeça, e


eu inclino as minhas para o lado para tomar ar fresco porque estou
engasgando com a água que espirra sobre nós de cima.

Isso não é nada como as outras vezes que fizemos sexo. Até a noite
passada no Palácio parecia íntima. Isso é uma distração para ele.

Eu coloco as duas mãos em seu cabelo. — Estou aqui, — digo a ele sem
fôlego, e ele se afasta o melhor que pode com minhas pernas em volta dele,
batendo em mim. — Bem aqui.

Ele está sendo tão rude que é doloroso, e as lágrimas começam a arder
em meus olhos, mas eu não o impeço. Tenho a sensação de que este
homem nunca está tão vulnerável quanto agora. Então eu aceito. Deixe-o
me usar. É bom ser necessário pelo menos uma vez. Para ajudar alguém em
vez de causar dor.

— Dillan...

Ele estende a mão e dá um tapa na minha boca, me calando, e eu fecho


meus olhos, respirando pesadamente pelo nariz. Ele solta um gemido,
batendo em mim mais uma vez, e eu sinto seu corpo endurecer contra o
meu enquanto seu pau pulsa dentro de mim.

Ficamos assim por alguns segundos enquanto ele tenta recuperar o


fôlego, e então ele puxa a cabeça do meu pescoço e tira a mão da minha
boca. Respiro fundo, engolindo um pouco de água. Ele abaixa meus pés no
chão e eu choramingo quando ele sai. Ele dá um passo para trás,
tropeçando, passando as mãos pelo cabelo escuro para afastá-lo do rosto.
Seus olhos permanecem no chão. Sem dizer uma palavra para mim, ele se
vira e sai do chuveiro. Agarrando a toalha pendurada no gancho, ele a
enrola em si e sai do banheiro.

Desligo a água e saio eu mesma. Agarrando a toalha sobressalente,


enrolo em volta de mim e saio correndo para encontrar o quarto vazio. Vejo
a porta de seu armário aberta e entro para vê-lo se vestindo, puxando uma
calça cinza escura. — Onde você está indo? — Eu pergunto, encostado no
batente da porta.

— Trabalhar. — Sua resposta é cortada.

Eu franzir a testa. — São quase quatro da manhã.


Ele não diz nada sobre isso, apenas coloca uma camisa preta de botões e
começa a abotoá-la. Uma vez feito isso, ele coloca meias e sapatos. Ele se
vira para sair, mas eu me levanto, bloqueando. — Fale comigo, — eu
exorto.

— Estou atrasado. — Isso é tudo o que ele diz e passa por mim. Então
ouço a porta do quarto abrir e bater.

Eu rastejo para a cama com o cabelo molhado e seu esperma escorrendo


da minha boceta, preocupada que algo tenha acontecido e eu nunca saberei
o que foi porque ele está emocionalmente fechado para mim.

Sento-me silenciosamente ao lado da cama de hospital do meu irmão.


Uma rápida olhada no relógio me diz que é quase meia-noite.

Haven se senta em sua cama e esfrega os olhos, bocejando. — Alguma


novidade? — ela pergunta.

— Não. — Solto sua mão fria e a coloco em sua cama.

Ela passa a mão pelos cabelos emaranhados. — Estou exausta.

— Vá para casa. Só por uma noite e descanse um pouco, — digo a ela.


Ela não pode conseguir muito aqui. É uma boa configuração, mas ainda
não está em casa. Eles vêm todas as horas da noite e do dia, verificando
Luca e fazendo testes. As máquinas apitam constantemente. Ela merece ir
para casa e ter uma boa noite de sono.

— Eu não posso ir para casa, — ela sussurra. — Tudo lá me lembra dele


estar aqui.

— Venha para casa comigo, — ofereço, sabendo que Dillan não tem
nenhum outro quarto preparado para visitas. Posso colocá-la em seu
escritório. O sofá é muito confortável. Ela só precisa de alguns cobertores e
um travesseiro. Ela terá todo o segundo andar para ela.

— Não. — Ela balança a cabeça suavemente. — Eu não quero


bombardear você e Bones.

Eu olho para as minhas mãos no meu colo. — Ele não vem para casa há
três dias. — A última vez que o vi foi no armário. Ele se vestiu e saiu sem
dar nenhuma explicação e não voltou mais. Bem, não que eu tenha visto.
Acho que ele poderia estar lá enquanto eu dormia. Ele está me evitando.
Não tenho certeza do que fiz, mas odeio o desconhecido.

— O que? — Sua cabeça se levanta para olhar para mim. — Ele está
hospedado no Kingdom?

Eu dou de ombros. — Não sei. Não ouvi falar dele. Nenhum telefonema
para dar o fora de sua casa. Ou enviou uma mensagem de texto para me
dizer que nosso relacionamento de mentira acabou. Nem porra. Estou
sozinha para descobrir isso sozinha.

— Em três dias? — ela rosna.

Eu aceno com a cabeça e me levanto.


— O que aconteceu com vocês dois ficando noivos? — ela me lembra.

— Até onde eu sei, ainda está acontecendo. — Eu dou de ombros, não


muito preocupado com isso. Algo me diz que isso não vai acontecer. Não
se ele for tão inteligente quanto pensa que é. — Vem ficar comigo. Apenas
uma noite. Você precisa de uma boa noite de descanso.

Ela se levanta e vai até a cama de Luca. Passando a mão na testa dele,
ela dá um sorriso triste. — Sim, isso soa bem. — Inclinando-se, ela beija o
cabelo dele. — Volto amanhã.

Bones

Entro em minha casa e vou direto para a cozinha. Eu paro na geladeira


quando ouço meu telefone tocar. Tirando-o do bolso, vejo que é uma
mensagem de texto.

Lola: Eu estou te ligando. Estou na cidade por mais alguns dias. Quero
ver você.
Eu ignoro. Abrindo a geladeira, a luz acende. Eu olho para cima para
ver Haven parada ali. Seus olhos vermelhos me deixaram saber que ela
estava chorando. Provavelmente porque Luca ainda não acordou.

— O que você está fazendo, Bones? — ela rosna.

— O que você está fazendo, Haven? — Eu jogo sua própria pergunta de


volta para ela enquanto pego uma garrafa de água na geladeira.

— Por que você está fazendo isso? — Ela evita minha pergunta como eu
me esquivei da dela.

— Fazendo o que? — Eu passo a mão pelo meu cabelo. Estou exausto e


sem muita vontade de jogar agora.

— Por que você está empurrando Mia para longe? Você diz que vai
anunciar um noivado e depois a ignora?

Eu passo por ela. — Não tenho tempo para isso...

— Quer saber o que eu acho?

— Não. — Não me importo.

— Eu acho que você está se apaixonando por ela.

Eu paro e me viro para encará-la. — Você não sabe do que está falando.

— Você é um monte de coisas, Bones, mas você é péssimo em mentir. —


Ela caminha até a mesa e cai em uma cadeira. — É por isso que você está
evitando ela.
— Eu não estou evitando ela. — Não é uma mentira total.

Não quero vê-la desde a noite em que fui na casa de Grave e April.
Nosso pai nos criou para não sentir nada. Grave nunca foi esse cara, mas eu
era. E então, quando vi seu colapso naquela noite, tive um sentimento
avassalador de raiva e culpa. Eu senti como se minhas mãos estivessem
atadas e não consegui ajudá-lo. Então Mia entrou no chuveiro e percebi que
precisava dela. Enquanto eu estava fodendo com ela, tudo que eu
conseguia pensar era que entendi por que Grave parou e comprou aquela
garrafa de uísque a caminho de casa. Mia é a minha bebida preferida.
Minha droga para entorpecer o mundo. Ela sabia que eu estava sofrendo, e
eu apenas a usei. E o pior é que ela deixou.

— Por que você não vem para casa? — Haven exige como se ela fosse a
esposa que espera por um marido que ela nunca consegue ver.

— Porque eu não sou capaz. — Eu bato minha mão na mesa, fazendo-a


pular. Baixando a voz, acrescento: — Estou trabalhando no Kingdom
durante o dia e no Glass à noite.

— Existem três outros Kings.

— O Glass não é responsabilidade deles, — argumento.

— E o noivado? — ela pergunta.

— E daí? — Eu suspiro.

— Você está cancelando?

Eu não respondo.
— Então você vai fingir que está noivo, e depois? — Ela continua no
meu silêncio: — Terminar com ela em uma semana?

Eu permaneço em silêncio.

— Por que você simplesmente não diz a ela como se sente?

— O que você quer que eu diga, Haven? — Eu levanto meus braços bem
abertos, e então eles caem para os meus lados.

— Isso é sobre o seu orgulho? — ela imagina.

— Não. — Eu bufo, caindo em uma cadeira em frente a ela. Minhas


pernas estão cansadas demais para ficar de pé. — Verdade. — Eu suspiro.
— Porque se eu disser a ela como me sinto, ela vai ficar. E não serei como
ele. — Eu balanço minha cabeça. — Eu não vou ser como o pai dela e
mantê-la prisioneira. — Assim que essa merda com a família dela for
resolvida, ela e eu anunciaremos publicamente que encerramos as coisas.
Então ela estará livre para seguir em frente e viver sua vida como quiser.

— Jesus, — ela sussurra. — É isso que você acha que é o amor? Uma
sentença de vida.

Eu não respondo a ela. Em vez disso, tomo um gole da minha água.

— Estar apaixonado— ... ela faz uma pausa ... — é como saber que o sol
nascerá amanhã. — Olhando para mim, ela suspira. — Não é nada como
uma prisão, Dillan. Mia nunca soube como é ter alguém que a ame. Não
como o tipo de amor que eu sei que ela quer. E não me venha com essa
merda de dizer que não sabe amar. — Abro a boca, mas ela continua: —
Amar alguém é colocá-lo em primeiro lugar.
Eu me encolho com suas palavras; quão perto eles estão do que meu pai
costumava dizer a meu irmão e a mim.

— E você já fez isso com Mia. Portanto, não seja tão duro consigo
mesmo, Bones. — Ela me dá um sorriso gentil. — Definitivamente, não a
ignore. Ela foi ignorada a vida toda.

Haven se levanta e sai da cozinha, mas para. — Espero que você não se
importe, mas Mia preparou seu escritório para eu ficar esta noite. Então,
espero que você não esteja em casa para trabalhar. Estou cansada.

— Não, — eu digo a ela, e com isso, eu a ouço subir as escadas para ir


para a cama.

Tomando outro gole, decido desabafar. Preciso pensar e libertar minha


mente. Então, em vez de ir para a cama, vou para o porão.

Acendendo a luz, olho para as quatro gaiolas de rebatidas enquanto as


luzes zumbem. Beisebol era meu sonho. A certa altura, pensei que seria a
minha vida, mas no fundo, uma parte de mim sabia que isso nunca
aconteceria. Então me machuquei e me disseram que nunca mais jogaria.
Meus sonhos de ser profissional acabaram.

Meu pai ficou emocionado porque me queria no Kingdom tanto quanto


possível. Honestamente, estou surpreso que ele tenha me permitido
frequentar a faculdade. Para ele, não era necessário. Ele já havia
estabelecido o Kingdom para entregar ao Grave e a mim, então por que
perder tempo com um diploma?
Tirando minha camisa, pego um bastão pendurado na parede e abro a
gaiola. Entrando, nem me incomodo com luvas ou capacete. Eu nunca faço.

Eu ando pelo interior da jaula até o outro lado e ligo a máquina de


arremesso. Então eu faço meu caminho de volta para a frente e tomo minha
posição, pronto para acabar com eles.
Capítulo Vinte e Oito

Mia

Acordo e vejo que estou sozinha na cama, mas não fico surpresa porque
Dillan está me evitando. Levantando-me, vou ao banheiro e verifico meu
celular para ver se ele ligou ou mandou uma mensagem. Nada.

Suspirando, decido ir até a cozinha para pegar uma bebida. Estou


voltando para a cama dele quando vejo uma porta ligeiramente aberta
embaixo da escada que eu não tinha visto antes.

Eu vou na ponta dos pés até ela e abro suavemente o resto do caminho.
Um lance de escadas acarpetadas pretas leva ao que imagino ser um porão.
Vejo que as luzes estão acesas. Pensando que deveria voltar para a cama,
ouço um estalo.

Fechando a porta atrás de mim, desço as escadas para uma sala aberta.
E, como eu suspeitava, é um grande porão aberto. Possui paredes pintadas
de preto e piso epóxi cinza com pé direito alto.

Dillan está parado no que parece ser uma gaiola retangular feita de uma
rede do chão ao teto. Ele segura um bastão de beisebol nas mãos enquanto
veste apenas um par de jeans que ficam baixos em seus quadris estreitos.
Um dispositivo na outra ponta atira uma bola e ele a acerta. O estalo
segue quando seu bastão faz contato com a bola, fazendo-a voar pela
gaiola.

Ele reajusta o bastão, dobra os joelhos e outra bola voa diretamente para
ele. Mais uma vez, ele bate, fazendo um som de grunhido.

Encontro um banco comprido contra a parede embaixo de um suporte


com bastões de beisebol e me sento.

Ele não me notou. Mas sou fácil de ignorar.

Outra bola é lançada e ele balança, errando esta. Ele solta um


xingamento baixinho, como se estivesse jogando e decepcionando seu time.

A próxima bola é lançada contra ele e ele balança, acertando-a.

Eu observo a maneira como seus músculos das costas se contraem em


sua postura. A maneira como sua mandíbula se afia antes de ele atacar. E a
maneira como seu abdômen fica tenso quando ele respira fundo.

O homem é lindo. É tão injusto como estou atraída por ele, sabendo que
ele simplesmente vai se afastar de mim quando tudo isso acabar. Que meu
tempo com ele é limitado, e quem sabe quando será.

Ele acerta mais um e então se levanta em toda a sua altura. Largando o


bastão para pendurar ao seu lado, ele se vira para sair da jaula, e seus olhos
pousam nos meus, fazendo-o parar.
Eu fico em silêncio. O que há para dizer neste momento? Ele está me
evitando e eu o estou perseguindo. Parece bastante óbvio para mim quem é
o obcecado aqui.

Ele limpa a garganta e sai da jaula. Caminhando até mim, ele pendura o
bastão e pega uma toalha de uma prateleira, enxugando o rosto suado.

— Você vem aqui com frequência? — Eu quebro o silêncio


constrangedor.

— Não tanto quanto eu gostaria. — Ele me surpreende ao responder.

— É legal, — eu digo estupidamente. É exatamente o que eu esperaria


que um King tivesse.

— Todos nós temos um, — acrescenta.

— Gaiolas de rebatidas?

— Porões. — Ele aponta para uma porta no canto do outro lado. —


Existe um túnel que sai de cada casa.

Claro, existe.

— Grave tem uma pista de boliche. Cross tem gaiolas de rebatidas como
eu, e Titan tem um campo de tiro.

Tenho a sensação de que nenhum deles é usado com frequência.


Abaixando a cabeça para evitar seu olhar, eu, no entanto, não consigo
evitar o elefante na sala. — Por que você está me evitando? — Eu pergunto
baixinho.
Sentindo sua mão agarrar meu queixo, ele me obriga a olhar para ele. —
Eu não estou evitando você.

— Então onde você esteve? — Eu odeio me importar com o que ele tem
feito. Que ele tomou minha mente. Preenchendo-o com pensamentos de
que ele esteve com outra pessoa. Uma mulher com quem ele não foi
forçado a ter um relacionamento falso. — Eu posso sair se você quiser.

Suas sobrancelhas escuras puxam para baixo. — Por que eu iria querer
isso?

— Então você pode voltar para casa, — eu respondo. — Eu não quero


que você não volte para casa porque eu estou aqui.

Soltando meu queixo, ele agarra minha mão e me puxa para ficar de pé.
— Dillan...

Ele me interrompe, seus lábios nos meus. O beijo é carinhoso e não


melhora a situação. Só me deixa ainda mais confusa sobre o que estamos
fazendo. Não há razão para me beijar agora. Ninguém para quem se exibir.
Estou pensando demais e sei disso. Mas eu não sou um foda-se e deixe-os
tipo de mulher. Ele tem que saber o que está me fazendo passar.

Ele me levanta do chão, envolvo minhas pernas em volta de sua cintura


e ele se senta no banco. Puxando sua boca livre da minha, ele rasga minha
camisa e sobre minha cabeça. Abro sua calça jeans e puxo seu pau para
fora. Ele está tão duro quanto eu estou molhada.

Porra, eu não deveria estar tão atraída por este homem. Eu não deveria
precisar dele tanto quanto preciso.
Sua mão vai para o meu cabelo, puxando meus lábios de volta para os
dele. Sua outra mão agarra minha bunda, seus quadris balançando para
frente e para trás enquanto minhas mãos caem entre nossos corpos.

— Você não vai me deixar, — ele rosna, se afastando dos meus lábios
agora inchados novamente.

— Não? — Eu pergunto sem fôlego.

— Não. — Sua mão cai entre nós, e ele empurra minha calcinha para o
lado, deslizando seu pau na minha boceta, me fazendo choramingar. —
Você vai ficar aqui. Comigo. Para todo sempre. — Suas mãos caem em
meus quadris, e ele move meu corpo, balançando-os para frente e para trás,
fodendo seu pau. Nunca fizemos isso antes. Mas mesmo que eu esteja por
cima, é ele quem me controla.

— Ok, — eu concordo. Minha cabeça cai para trás, dando a seus lábios
acesso ao meu pescoço. Ser sua prisioneira soa muito bem para mim. —
Apenas não pare, — eu choramingo.

— Nunca. — Ele agarra minhas mãos e as empurra para trás,


segurando-as como reféns em uma das suas enquanto a outra sobe e
envolve minha garganta, tirando meu ar. Eu não luto com ele, dando a ele
o que ele quer. Dillan Reed pode fazer o que quiser comigo, e percebo que
imploraria por isso.
Deitamos em sua cama, tendo acabado de terminar a segunda rodada.
Eu escarrancho em seus quadris, meus dedos traçando a cicatriz em seu
braço. É difícil ver devido à tinta, mas depois de encontrá-lo, você não
pode perder. — Eu vi a foto sua no hospital com o braço engessado, — eu
digo baixinho, preenchendo o silêncio.

Ele está embaixo de mim, um braço tatuado sob a cabeça. O outro


descansa no meu quadril, seus dedos massageando suavemente minha
pele.

— O que aconteceu? — Eu pergunto quando ele não reconhece minha


declaração anterior.

Ele fica quieto por um longo segundo antes de soltar uma respiração
lenta. — Quebrei meu braço.

Meus olhos encontram os dele. Isso era óbvio. — Como? — Eu


pressiono para ver o quanto ele vai se abrir para mim. Nunca alguém me
contou sobre si mesmo antes.

— Emilee queria sair naquela noite. Houve um concerto para todas as


idades em um clube. A noite não foi como planejamos, — ele responde
vagamente.

Eu estava pensando em como mencioná-la, mas ele simplesmente


mencionou. Então eu viro a conversa para ela. — Ela estava nas fotos que
eu vi.
Ele acena com a cabeça uma vez. — Ela e Jasmine fizeram álbuns de
recortes para nós antes de nos formarmos na faculdade.

— Você sempre foram próximos, — eu me pergunto, mas ele não


responde. Acho que, tecnicamente, não foi uma pergunta. Tomando uma
respiração instável, pergunto o que estou morrendo de vontade de saber
desde que Grave me contou sobre eles. — Você ama ela? — Quem sabe
quando o verei novamente. Ou quando isso vai acabar. Quero saber tudo o
que há para saber sobre Dillan Reed. E até onde eu sei, ele pode voltar a me
evitar em breve.

Suas sobrancelhas se juntam, seus olhos azuis procurando os meus. —


Ela é casada com Titan. — Como se isso explicasse tudo.

— Nós dois sabemos que às vezes o casamento não é igual ao amor, —


afirmo. A Máfia não se casa por amor. Eles se casam pelo poder. Luca teve
sorte de se casar com Haven. Ele teve que lutar por ela e, às vezes, achei
que meu pai não permitiria.

Ele agarra meus quadris, me levanta e me coloca na cama ao lado dele.


Eu o empurrei longe demais. Ele vai me calar. Mais do que ele já fez. Mas
ele me surpreende ao se deitar e se virar de lado para me encarar. Seus
dedos correm suavemente sobre meu queixo enquanto seus olhos
encontram os meus. — Eu amei Emilee o máximo que pude naquela época
da minha vida. — Estou prestes a dizer que não entendo quando ele
continua. — Começamos a ficar juntos, então minha mãe faleceu no meu
último ano do ensino médio. Emilee estava lá para mim quando eu
precisava dela.
Por alguma razão, essa palavra me deixa com mais ciúmes do que amor.
Eu quero que ele precise de mim. Eu entendo o quão solitário pode ser não
ter ninguém.

— Tínhamos um entendimento. Era estritamente sexo. Ela nunca foi


uma daquelas mulheres que precisavam de mais. E eu sou aquele cara que
não ia dar mais.

Meu peito aperta com suas palavras.

— Fui egoísta. — Seus olhos caem para o meu pescoço, e seus dedos
sentem meu pulso acelerado. Estou prestando atenção em cada palavra que
ele diz. Querendo conhecer o Dillan que o mundo não tem o privilégio de
conhecer. — Eu sabia o que Titan sentia por ela, mas não me importava. Eu
precisava muito dela para compartilhá-la. — Seus olhos encontram os
meus. — Eu sabia que se ela lhe desse a chance, ele a tiraria de mim.

— Então o que aconteceu? — Eu pergunto, lambendo meus lábios. —


Entre você e ela?

— No último ano da faculdade, eu estava prestes a assinar com a MLB,


mas quebrei o braço e esse sonho acabou. Eu odiava tudo. Todo o mundo.
Eu a excluí. Mais do que eu já vinha fazendo. Então eu, Titan e Cross nos
formamos e assumimos o Kingdom. Nunca mais falei com ela. Ela se
mudou para Chicago depois de se formar. Eu me enterrei na vida que fui
forçado a ter. Ela fugiu dela. — Ele dá de ombros. — Então, quando ela
voltou, Titan aproveitou a chance. — Ele dá um sorriso suave como se
estivesse realmente feliz por eles.
— Mas vocês três dormiram juntos desde que ela voltou? — Eu
acrescento, lembrando o que Grave havia dito.

— Nós fizemos, — ele concorda. — Isso não significa que ela e Titan se
amam menos. Significa apenas que eles se sentiram confortáveis em
permitir que eu me juntasse a eles. Sexo é diferente de amor, Mia. Eles não
são iguais.

A maneira como ele diz isso me faz sentir estúpida, como se eu não
devesse sentir nada por ele só porque o deixei usar meu corpo. Mas não
tenho certeza se posso separar os dois. Não como ele. Sinto algo por Dillan
e entendo como isso é idiota. Um King nunca poderia amar ninguém. Meus
olhos caem para seu peito tatuado. — Você ainda…?

— Não. — Ele responde antes mesmo que eu possa terminar. — Não


desde que eles se casaram. E eu não vou. Ela é a esposa dele. E eu nunca
cruzaria essa linha.

— Você aceitaria, se eles pedissem? — Eu pergunto, incapaz de me


impedir de olhar para ele.

Seus olhos azuis procuram os meus, e prendo a respiração, sabendo o


que ele vai dizer. Eu nem deveria ter perguntado. Claro que sim. Por que
não? Que tipo de homem recusaria isso? Definitivamente não é um King.
Ele provavelmente teve várias mulheres ao mesmo tempo. Ele
provavelmente fez coisas que eu nem sei que existem.

Eu viro de costas para ele e vou sair da cama para tomar banho, mas ele
agarra meu braço me puxando de costas. — Dillan...
Ele monta em meus quadris, prendendo meus braços nos lençóis de
seda perto da minha cabeça. — Estou aqui com você, Mia, — ele sussurra,
abaixando o rosto no meu pescoço. — Eu só estou fodendo você, e você só
estará me fodendo.

Eu arqueio minhas costas, minha boceta ainda molhada das outras duas
vezes que ele me fodeu esta noite.

Soltando um dos meus pulsos, ele levanta os quadris, posicionando-se


entre as minhas pernas, abrindo-as bem. Fazendo-me gritar enquanto
vamos para a terceira rodada.

Bones

Na manhã seguinte, entro no Kingdom sentindo-me bem descansado,


embora não tenha dormido muito na noite passada. Passei o pouco tempo
que estava em casa na cama com Mia.
Meu celular toca quando as portas do elevador se abrem, e tiro do bolso
de trás para ver se é Marsha. Suspirando, bato em atender. — Eu disse me
dê até sexta-feira.

— Desculpe filho da puta! — ela grita no meu ouvido.

Ela fala tão alto que eu a afasto da minha orelha. — Jesus...

— Você acha que é dono de todo mundo! — Ela continua gritando. —


Seu pedaço de merda.

Clique.

— Bem. — Aquilo foi estranho.

Colocando meu celular no bolso, olho para a recepcionista e ela sorri


gentilmente para mim. — Eles estão na sala de conferência esperando por
você, Bones.

Abro as portas e vejo todos já em seus lugares, inclusive meu irmão.


Seus olhos azuis estão na bebida energética em suas mãos.

— Acabei de receber uma ligação interessante. Alguém pode me dizer


do que se tratava? — Eu pergunto, sabendo que alguém nesta sala tem algo
a ver com isso.

Grave se recosta em seu assento, seus olhos encontrando os meus. — Eu


fiz isso.

— O que exatamente você fez? — eu questiono.


— Eu tenho seguido Marsha. — Abrindo um envelope que está à sua
frente, ele joga alguns papéis na minha frente. — Eu enviei isto para ela
esta manhã.

Separando-os, eu olho para as fotos dela montando um homem que está


deitado em uma cama. As mãos dele estão nos quadris dela. As janelas
estão abertas, mostrando seu peito nu, e você pode ver a aliança de
casamento em seu dedo esquerdo. Obviamente, Marsha não é casada.

— O que estamos vendo exatamente? — Titan pergunta, pegando um.

— Esse é James Knowles.

— James Knowles como promotor, James Knowles? — Perguntas


cruzadas.

— Sim. — Graves acenos de cabeça.

— Ele não é casado com Marsha, — acrescenta Titan.

— Não. Eles estão tendo um caso. — Ele olha para mim. — Eu quero
que você tenha o que eu tenho com April. Mas eu quero que você encontre
por conta própria e não seja forçado a isso. Se Mia é a pessoa certa para
você, ótimo. Mas foda-se quem pensa que pode dizer a um King o que
fazer.

Eu caio no meu lugar.

— Então você a fez recuar? — Titan pergunta a Grave.

— Eu disse a ela que se ela divulgasse alguma coisa sobre Luca estar no
hospital, eu pessoalmente deixaria essas fotos dela e de James para sua
esposa. Então eu me certificaria de que eles vazassem online. — Ele dá de
ombros. — Não tenho certeza do que ela vai postar agora, mas ela não vai
esperar pelo seu anúncio de noivado nesta sexta-feira.

— Obrigado, Grave, — eu digo, mas uma parte de mim está


desapontado por não anunciar meu noivado com Mia. Eu não sei como me
sentir sobre isso.
Capítulo Vinte e Nove

Mia

Agora que minha foto está online, posso sair em público. Dillan não
quer que eu saia sozinha, então liguei para Jasmine hoje para saber se ela
queria ir almoçar. Felizmente, ela passou e me pegou na casa de Dillan
para me levar ao Kingdom para comer com as meninas.

Estamos caminhando para o carro dela quando ela olha para mim por
cima do ombro. — Quer dirigir?

Meus pés param. — Sério? — Eu não posso manter a emoção fora da


minha voz.

— É claro. — Ela balança as chaves de seu SUV na minha frente.

De repente, estou nervosa. O carro dela é caro. Eu odiaria bater no


prédio. Então eu ficaria em dívida com ela e com os Kings. — Não sei.

— Eu prometi que te ensinaria a dirigir.

Eu me viro para ver Dillan saindo de sua entrada privada, descendo os


degraus vestido com uma camisa preta com as mangas arregaçadas,
mostrando seus antebraços tatuados e calças combinando. Ele fica tão bem
de preto.
— Mas...

— Entre. Vou sentar na parte de trás, — Jasmine me diz, e engulo


nervosamente. Não posso dizer não a ambos.

Eu deslizo para o banco do motorista enquanto Jasmine rasteja para


trás, e Dillan se senta à minha direita, fechando a porta. Sinto o suor
começar a escorrer na minha testa.

— Qual é a primeira coisa que você faz? — ele me pergunta.

Uh … — Ligar o carro?

— Não. — Jasmine corre para a beirada de seu assento e enfia a cabeça


no espaço da frente. — A primeira coisa que uma mulher faz é trancar as
portas. No momento em que você fecha a porta, você as tranca.

Eu olho para Dillan, e ele parece tão confuso quanto eu com a


declaração dela. — Trancar as portas? — eu questiono.

Ela acena com a cabeça uma vez. — Existe uma coisa chamada tráfico
sexual. — Dillan endurece com a resposta dela. — E é muito real. Eu
experimentei isso em primeira mão. — Antes que eu possa perguntar o que
ela quer dizer exatamente, ela continua: — Eu também ouvi histórias. Não
é apenas a indústria do tráfico, mas as mulheres sendo levadas em geral. —
Ela lambe os lábios. — Esta mulher estava em Oregon. A câmera de
vigilância a mostrou saindo da loja para o carro. Quando ela entrou, ela se
virou para colocar a bolsa no banco de trás e, ao fazer isso, um cara abriu a
porta e a puxou para fora. Outro carro parou ao lado dele, e ele a jogou no
banco de trás e foi embora com ela. — Ela levanta o dedo indicador. —
Outra era de uma mulher no Texas. Ela estava dirigindo a caminhonete do
namorado. A câmera de vigilância a mostrou entrando na loja. Havia uma
caminhonete estacionado três vagas adiante. Um cara saiu do banco do
passageiro e a seguiu para dentro enquanto o cara que estava dirigindo
saiu e se arrastou para baixo da caminhonete. Quando a mulher foi voltar
para a caminhonete, o homem que estava embaixo cortou seu tendão de
Aquiles e rastejou para fora da caminhonete enquanto o que a seguia para
dentro a agarrou e eles fugiram.

— Jesus, — eu suspiro.

— Eles encontraram o corpo dela três dias depois em um campo. Ela


havia sido abusada sexualmente e assassinada. Os registros dentários
tiveram que confirmar sua identidade.

Eu engulo, e a mandíbula de Dillan se afia.

— E nunca, quero dizer, nunca cheire algo que alguém lhe dá, —
Jasmine continua.

— Por que alguém me daria algo para cheirar? — Eu pergunto de olhos


arregalados.

— Tipo, eu li onde homens e mulheres ficam em estacionamentos


fingindo vender flores ou fazendo mulheres cheirarem amostras de
perfume. De qualquer forma, a questão é que eles foram misturados com
algum tipo de mistura que fez suas vítimas desmaiar quase imediatamente.
Então eles levariam as mulheres.
Eu engulo nervosamente enquanto olho para Dillan. Ele está olhando
pelo para-brisa, o maxilar cerrado e os braços cruzados sobre o peito.

— E nunca deixe alguém pegar seu telefone emprestado para ligar para
um ente querido, — afirma ela. — É uma manobra. Eles vêm até você e
dizem 'oh, ei, meu telefone morreu; posso usar o seu para chamar meu
marido, irmã, mãe '... tanto faz. Apenas para ligar para a pessoa que está do
lado de fora em uma van sombria. Eles pegam seu celular, invadem seu
telefone e rastreiam você horas depois, enquanto você está dormindo em
sua cama. Quero dizer, algumas pessoas diriam que Deus testa você para
ver se você é gentil. Mas hoje em dia, você não pode se dar ao luxo de ser
legal. Deus não está testando você. Eu prometo. Ele não está enviando um
anjo disfarçado para ver se você merece uma vida melhor após a morte.
Seja uma vadia. Diga não e salve-se. Vou arriscar ir para o inferno a
qualquer momento por ter sido mutilada e deixada em uma vala.

— Que porra é essa, Jasmine? — Dillan late. — Onde você leu toda essa
merda?

— A Internet. Ou em um show de crimes da vida real. Você não assiste


TV? — ela pergunta, mas não o deixa responder. — Está em todos os
noticiários em qualquer dia. Inferno, eu fui seguida em torno de um alvo
uma vez. Eu imediatamente encontrei um gerente e disse a ele. Ele me
escoltou para fora. — Ela começa a vasculhar a bolsa e tira o que parecem
ser orelhas de coelho de metal. — Você precisa de um desses. — Ela coloca
seus dois dedos nos buracos e os segura no pescoço tatuado de Bones. — Se
um homem colocar as mãos em você, você enfia isso na jugular dele. — Ela
finge demonstrar em Bones. — Todo o caminho até que seus dedos estejam
na porra da garganta dele. Então você arranca aquela vadia. Quando ele cai
no chão, ofegante, você fica de pé sobre ele e vê o filho da puta sangrar até
a morte. — Ela me dá um sorriso brilhante. — E uma vez que você sabe que
o diabo veio para recolher sua maldita alma, então você chama a polícia.
Um homem morto não pode processá-la por tentativa de homicídio. É a sua
palavra contra a dele. E ele vai mentir para salvar a própria pele. Estou
sempre observando meus arredores. Quando estou caminhando para o
meu carro à luz do dia, olho para os carros pelos quais passo para ver seu
reflexo atrás de mim para ter certeza de que não estou sendo seguido. Eu
sempre tenho uma arma comigo também. Apenas no caso de eu achar que
uma bala fará um trabalho melhor. Mas você não pode simplesmente andar
por aí com um desses nas mãos. Não como você pode suas chaves.

Estendo a mão e tranco a porta.

— É isso! — Dillan se encaixa, desbloqueando-o imediatamente. — Não


estamos treinando hoje. — Ele sai do carro, batendo a porta e me fazendo
pular.

— O que? — Eu suspiro. — Dillan... — Mas ele não consegue me ouvir


enquanto contorna a frente do carro. Ele abre a porta do lado do motorista
e me puxa para fora.

— Mas você prometeu….

— Eu menti. — Ele me interrompe, puxando-me ao redor do carro e me


colocando no banco do passageiro de seu veículo que estava estacionado a
poucos carros de Jasmine. Ele bate a porta do carro.
Que porra? Eu olho para cima para ver sua boca, — Sinto muito, —
antes de ele entrar no banco do motorista.

Bones

Entro em casa e ela está me seguindo. Eu posso ouvir os saltos de seus


sapatos batendo no chão de mármore.

— Dillan! — ela exige.

Eu a ignoro, entrando no quarto.

— Nós tínhamos um acordo! — ela grita.

— Eu menti. — Começo a desabotoar os botões da minha camisa. Eu


não terminei o trabalho do dia. Inferno, mal é meio-dia, mas meu humor
piorou o suficiente para que eu não volte. Vou trabalhar em casa o resto do
dia.

Ela vem para ficar diante de mim, as mãos nos quadris e lábios finos. —
Então estou terminando esse relacionamento falso.
Eu ri disso.

Ela solta um grunhido. — Estou falando sério.

E eu também. Nunca pensei em como o mundo é perigoso para uma


mulher. Especialmente uma mulher como Mia Bianchi. O nome dela está
por aí agora. Nós nos tornamos públicos. Todo mundo sabe que ela existe.
Cada inimigo que seu pai tem faz dela seu alvo favorito. Todos os inimigos
que já tive a tornam um alvo fácil. Porra, eu fui tão estúpido.

— Estou falando sério! — Ela grita. — O relacionamento falso acabou e


eu estou fora daqui. — Ela se vira para o armário e eu agarro seu braço,
girando-a.

Segurando seu rosto, deixo meus olhos caírem em seu peito. Está
subindo e descendo rapidamente com sua respiração pesada.

— Estou indo embora. — Ela levanta o queixo.

— Você não vai a lugar nenhum, Mia. — Meus olhos encontram os dela.
— Você pertence a mim.

— Foda-se, Dillan! — Ela vai se virar de mim.

Eu agarro seu braço, puxando-a para mim. Soltando-a, eu me inclino e


agarro suas coxas, levantando-a do chão e batendo sua bunda no balcão.
Minhas mãos vão para o cabelo dela, e eu a beijo.

Suas mãos sobem e ela empurra meu rosto para longe. — Pegue isso de
volta, — ela exige.

Eu sorrio. — Com licença?


Seus olhos se estreitam em mim. — Eu disse para pegar de volta.

— Não. — Eu coloco minhas mãos em cada lado de seu rosto. — Não


vou aceitar nenhum dos dois de volta. Um, porque não vou deixar você ir a
lugar nenhum. E dois, porque você pertence a mim.

— Eu não sou sua propriedade, — ela estala.

— Você tem razão. Você não é minha propriedade. Você vai ser minha
esposa. — Ela engole enquanto passo a mão em seu cabelo. Eu não disse a
ela que não precisamos mais ficar noivos. Uma parte de mim ainda quer
continuar com isso. Mas não seria mais fingimento. — E isso pode não
significar nada para você, mas significa algo para mim. — Eu concordo
com isso.

Lambendo os lábios, ela sussurra: — E o que isso significa exatamente?

— Que eu vou te proteger. Que vou garantir que ninguém nunca te


machuque. Que vou passar o resto da porra da minha vida colocando você
em primeiro lugar. E isso inclui não colocar você em perigo. — Meu pai
estava certo - vou colocá-la antes de tudo, inclusive de mim.

— Todo mundo pode dirigir, Dillan. — Ela revira os olhos como se eu


estivesse sendo dramática.

— Vou comprar um carro e um motorista para você. — Um daqueles


tanques de nível militar. Problema resolvido.

— Quero uma vida normal, — argumenta.


Eu odeio dizer isso a ela, mas ela nunca vai querer uma dessas. Não
como uma Bianchi e definitivamente não como uma Reed.
Capítulo Trinta
Bones

Estou sentado em meu escritório na Kingdom quando minha porta se


abre. — Só porque você está no negócio comigo não lhe concede acesso ao
meu escritório sempre que quiser, — informo Jasmine.

— Na verdade, é exatamente isso que significa. — Ela se senta na frente


da minha mesa, me avisando que vai ficar um pouco.

— Você pode ir, — eu a dispenso.

— Acho que vou ficar. — Ela me dá um sorriso brilhante e irritante

— Jasmine, — eu rosno.

— Você está sendo um idiota. O que está acontecendo?

— E você está enfiando o nariz onde não deveria. — Jasmine nunca vem
me visitar, então sei exatamente o que isso tem a ver.

— Sabe... nunca considerei você como seu pai— … ela dá de ombros …


— mas vejo isso cada vez mais com Mia.
Eu cerro minhas mãos para evitar estender a mesa e envolvê-las em
volta do pescoço até que seus olhos rolem para trás de sua cabeça. — Saia,
— eu ordeno com os dentes cerrados.

Ela se levanta e caminha até a parede. Tirando uma foto dela, ela corre
os dedos sobre o vidro e sorri. — Vocês todos tiveram outros sonhos. —
Caminhando de volta, ela o coloca na minha mesa na minha frente. — Você
queria algo mais.

— Sim, bem, nem sempre conseguimos o que queremos, não é? — Eu


pergunto, arqueando uma sobrancelha, e ela ignora minha pergunta.

— Eu sei que você tem sentimentos por ela.

Eu bufo.

— Mas acredite em mim, você quer alguém que escolha ficar com você,
não porque seja forçado.

Meus olhos encontram os dela.

— Não seja seu pai, Dillan. Você tem a chance de dar a alguém o que
você nunca teve. Ela precisa da sua ajuda e merece viver uma vida, seja
com você ou não. — Com isso, ela sai do meu escritório.

Eu pego a foto. É de Cross, Titan e eu no campo de beisebol da


faculdade. Meu irmão, Grave, tirou a foto. Ele odiava esportes. Bem, além
disso, ele nunca seria capaz de passar nos testes de drogas.

Inclinando-me para trás no meu assento, eu suspiro. — Porra. —


Jasmine tem razão. E eu odeio isso.
É um pouco depois do meio-dia quando minha porta se abre e meu
irmão entra. — Ei, — eu digo, sentando na minha cadeira e dando a ele
toda a minha atenção. Ele parece estar melhor. Mas eu pensei que ele
estava melhor antes, e ele obviamente não estava.

— Como vão as coisas? — Pergunto-lhe.

Ele concorda. — Bem.

— O casamento? — Eu empurro. Não consigo falar com ele em


particular desde aquela noite em sua casa. Depois que Titan chegou,
mandamos April e Grave para a cama enquanto ficávamos para trás
limpando os cacos de vidro da cozinha. Uma equipe estava lá na manhã
seguinte para substituir as janelas.

— Ainda está acontecendo. — Ele dá uma risada suave.

— Isso não foi o que eu quis dizer.

Ele se senta no banco em frente a mim. — Você ama ela? — ele


pergunta.

Eu não respondo.

— Eu te amo, Bones. Como irmão, como melhor amigo e como pai. —


Ele suspira. — Você praticamente me criou. E se é isso que você quer, então
eu vou apoiá-lo. — Ele faz uma pausa, lambendo os lábios. — Mas eu
quero que você seja feliz. Você merece isso. — Olhando para as mãos no
colo, ele continua: — Quero que você descubra o que tenho com April.

Vou abrir a boca quando meu celular começa a tocar. Pegando-o, eu


franzo a testa, vendo que é Haven. — Tudo certo? — Eu pergunto em
saudação, já pulando para os meus pés.

— Ele está acordado. — Ela funga. — Luca está acordado e está


perguntando por você e Mia.
Capítulo Trinta e Um

Bones

Mia e eu corremos para o hospital, a mão dela na minha. Saí correndo


de Kingdom e passei na minha casa para buscá-la. Liguei para ela no
caminho e ela já estava se arrumando. Haven ligou para ela também para
lhe contar as boas notícias.

Eu aceno para o guarda quando passamos por ele. Solto sua mão, abro a
porta e a conduzo para dentro com minha mão em suas costas.

Luca se senta em sua cama, seu rosto pálido instantaneamente


franzindo a testa para nós. Achei que ele ficaria chateado comigo assim que
acordasse e percebesse o que eu estava fazendo.

— Ei. — Mia vai até ele, abraçando-o gentilmente. — Como você está se
sentindo?

— Dê-nos um segundo, — Luca diz a ela.

Suas sobrancelhas escuras se juntam. — Luca... eu não acho...

— Dê-nos um segundo! — ele grita, fazendo-a pular.


Ela endireita os ombros e abre os lábios, mas antes que ela possa
discutir com ele, meus olhos encontram os dela. — Está bem. — Estou
tentando neutralizar uma situação ruim entre eles. Ele acabou de acordar
da porra de um coma. A última coisa de que preciso é uma briga entre
irmãos.

Ela se vira, seu cabelo escuro batendo em seu rosto com o movimento, e
sai furiosa da sala.

— Você não precisava gritar com ela, — digo a ele.

Ele vira sua atitude irritada para mim. — Que porra você está fazendo,
Bones?

— O que você perguntou, — eu digo, evitando a resposta real.

Ele pega o controle remoto e aumenta o volume da TV. Eu olho para ele
e me xingo quando vejo uma foto de Mia e eu nos agarrando na tela.

— Um dos herdeiros do Kingdom – Dillan Reed, conhecido como Bones


– foi visto em Sin City com quem conhecemos como a Princesa da Máfia –
Mia Bianchi. Os dois aparentemente moram juntos em sua casa nos
arredores de Las Vegas. O casal tem sido visto muito ultimamente, mas é
claro que eles estão juntos há algum tempo. Os dois não têm vergonha de
seu afeto público. Eu vejo sinos de casamento em um futuro próximo…

Então foi isso que Marsha acabou fazendo depois que Grave
interrompeu a história que ela queria publicar? Eu não estou surpreso. Ela
provavelmente sabia que Luca não aprovaria o que eu estava fazendo e
esperava me foder da melhor maneira possível. Ou ela quer um alvo em
Mia. Marsha ameaçou que a vida de Mia poderia estar em perigo se o
público soubesse quem ela era e que seu irmão estava em coma.

— Não foi isso que eu pedi para você fazer, — ele rebate, desligando
como se já tivesse visto o suficiente. — Eu disse a você para despachá-la.

— Eu fiz isso. Ela voltou, — eu rosno defensivamente.

Ele bufa. — Você espera que eu acredite que ela escolheu voltar aqui
para você exibi-la como um maldito troféu?

— Não! — eu grito. — Ela voltou aqui porque Haven disse a ela que
você levou um tiro.

Sua mandíbula se aguça e seus olhos deslizam para a porta. — O que


ela estava fazendo conversando com minha esposa? — ele exige.

Solto um longo suspiro e caminho até a janela com vista para Vegas. Eu
odeio esta cidade. Eu sempre quis sair. Acho que foi por isso que comprei
uma casa de praia isolada em Malibu e uma cabana de madeira nas
montanhas. Tenho até uma cobertura em Nova York. Eu nunca consigo
usar nenhum deles, porém, e nunca o farei.

— Bones? — ele comanda o meu silêncio.

— Quem atirou em você? — Eu pergunto, mantendo minhas costas para


ele.

— Não importa, porra. — Ele bufa.

— Sim. — Eu me viro para encará-lo, colocando minhas mãos nos


bolsos da minha calça jeans. — Quem atirou em você?
Ele olha para longe de mim, sua mandíbula afiada. Ele parece uma
merda. A cor dele é amarelada. Ele perdeu um pouco de peso, suas
bochechas encovadas, lábios rachados. — Não sei. — Baixando os olhos
escuros para as mãos que estão em seu colo, ele suspira. — Eu não dei uma
olhada neles.

Eu franzir a testa. — Você tem certeza?

— Claro, — ele estala. — Por que eu mentiria sobre isso? — Seus olhos
encontram os meus.

— E se eu dissesse que foram seus irmãos? — Eu ofereço, vendo como


ele se sente sobre essa ideia.

Ele dá uma risada áspera que o faz recuar de dor. — Não. Eles são
estúpidos, mas não têm desejo de morrer.

Apoiando as costas no parapeito da janela, cruzo um tornozelo sobre o


outro. — Eu enviei Mia para minha casa de praia na Califórnia. E três dias
antes de você ser baleado, ela recebeu visitas.

Suas sobrancelhas se juntam. — Quem? Quem você disse que ela estava
lá?

— Nenhuma alma. — Eu balanço minha cabeça. Bem, tecnicamente, isso


não é verdade. Nigel sabia que ela estava lá porque foi comigo, mas
conhece todos os segredos dos Kings. Ele nunca diria. — Mas isso não
impediu que seus irmãos a encontrassem.
— Espere. — Ele levanta a mão. — Meus irmãos a encontraram na
Califórnia? — Eu concordo. — O que isso tem a ver com o motivo de ela
estar aqui agora?

— Eles a agrediram...

— Porra!

— E disse a ela para voltar para mim. Fazer com que eu me apaixonasse
por ela e me casasse com ela.

Ele me encara por um longo segundo. Seus olhos estão cheios de


confusão, então ele ri. — Ai. — Ele coloca a mão na barriga. — Não me faça
rir, Bones.

— Parece que estou brincando? — Eu arqueio uma sobrancelha.

Ele se senta mais ereto. — Você não pode estar falando sério…

— Três dias depois, ela ligou para o seu telefone e Haven atendeu. Disse
a ela que você tinha acabado de levar um tiro. Haven mandou o jato para
ela, e Mia apareceu enquanto você estava na cirurgia.

— Eu não …

— Todos nós pensamos que eles machucaram você para trazê-la de


volta quando ela não se moveu rápido o suficiente para eles.

Ele deita a cabeça no travesseiro e solta um longo suspiro.

— Naquela noite em meu escritório, você me disse que seu pai me


queria com ela. Por que? — Eu exijo.
— Ele quer Kingdom, — Luca diz simplesmente. — Ele sempre fez. Diz
que seu pai o deixou fora de sua parte.

Concordo com a cabeça, voltando-me para a janela novamente. Eu já


sabia disso, mas queria ouvir de novo. Certifique-se de que não estou
perdendo a cabeça ou enlouquecendo. Porque isso soa muito louco. — Ele
só pensa que alguma boceta vai me fazer entregar minha vida?

— Ei! — ele estala atrás de mim. — Essa é minha irmã.

— Cuidado, Luca. Parece que você realmente se importa com ela, — eu


digo secamente.

— Seu filho da puta! — ele estala.

Eu me viro para vê-lo tentando sair da cama, mas ele está conectado a
muitas máquinas. E ele é muito fraco. Ele pode estar acordado, mas não
será ele mesmo por um tempo.

A porta se abre e Mia entra correndo na sala. — O que está


acontecendo?

— Fique longe dele, Mia, — ele rosna, ainda tentando sair da cama.

— Luca...

— Onde está Nite? — ele exige, interrompendo sua irmã. — Eu quero


ele aqui. Agora!

— Vou ligar para ele para você. — Pego meu celular e abro o número
dele.

— Não, Dillan…
Ele atende a ligação, mas não fala. — Ei, eu preciso que você venha
buscar Mia. Ela está no hospital. Luca está acordado e quer que você cuide
disso. — Meus olhos duros encontram os grandes dela. Eu odeio a forma
como meu peito aperta com o pensamento de ter que ir embora - entregá-la
como se ela não significasse nada para mim. Mas sempre fui aquele cara
que faz o que tem que ser feito. E eu tenho que deixá-la ir por causa dela.
Ela estará mais segura longe daqui, longe de mim. — Ela é seu problema
agora. — Eu desligo. — Ele está a caminho, — eu digo e coloco meu celular
no bolso, saindo do quarto.

Mia

— Que porra você disse? — Eu exijo, olhando para o meu irmão.

Ele está curvado, suor cobrindo sua testa, e ele está segurando seu
estômago. Ele olha para mim através de seus cílios, sugando uma
respiração profunda. Tudo o que ele fez foi gritar comigo e parece que
correu uma maratona. — É o melhor, — diz ele vagamente.
— Luca...

— Nite pode levar você a algum lugar. — Ele me interrompe. —


Qualquer lugar é melhor do que aqui. — Resmungando, ele abaixa a voz
para falar consigo mesmo. — Deveria saber que Nite era uma escolha
melhor desde o início.

— Lu...

— Ele vai ficar lá com você. — Ele me interrompe novamente. Furioso,


ele acrescenta: — Você acha que pode manter suas mãos para si mesma
com ele?

Minha boca se abre com sua pergunta.

— Se você tiver vontade, lembre-se de que ele é seu irmão adotivo.

Por que estou sendo julgada pelo que eles fizeram durante toda a vida?
Devo ficar virgem para sempre? Eu não deveria estar feliz? Encontrar
alguém para se apaixonar? Não estou sugerindo que Dillan poderia me
amar. Mas tem que haver alguém lá fora para mim, certo? Caso contrário,
por que tentar viver? Por que continuar lutando?

— Não! — Eu balanço minha cabeça, e ele arqueia uma sobrancelha


para mim, pensando que estou respondendo a sua pergunta anterior, mas
não estou. Eu me recuso até mesmo a reconhecer isso. — Eu quero ficar
aqui. Com você. — Com Dillan. Ele me fez sentir segura. Ele me mostrou
como é ser desejada. Mesmo que seja uma mentira.
— Isso não está em discussão, Mia, — ele retruca, então respira fundo.
Deitado, ele estremece. — Eu preciso que você dê o fora daqui e se afaste
de Bones.

Lágrimas ardem em meus olhos. Porque? O que Dillan disse a ele sobre
mim? Que estou no caminho? Algo para o qual ele não tem tempo? Eu sei
que ele está ocupado entre Kingdom e Glass, mas não é como se eu
precisasse de uma babá. Eu posso cuidar de mim mesmo. Ele não precisa
estar comigo o tempo todo.

— Se o que ele disse é verdade, e a família está atrás de você, então você
precisa se esconder.

— Não, — eu sufoco, a palavra esconder fazendo minha garganta


fechar. Eu sou a porra de um Bianchi, e um Bianchi não se esconde no
escuro. Não os que importam de qualquer maneira. Estou tão cansada de
não ser notada. Por que meus pais simplesmente não me entregaram
quando bebê, eu nunca vou saber.

— Sim, — ele resmunga com os dentes cerrados.

A porta se abre e eu me viro, esperando ver Dillan, mas é Haven. —


Que diabos está fazendo? — Ela corre até ele.

— Eu preciso me levantar, — ele diz a ela. — E dar o fora daqui.

— Você esteve em coma, Luca, — ela rosna para ele. — Você não vai a
lugar nenhum.

— Eu não vou embora. — Eu queria soar mais assertivo, mas saiu


estridente devido ao nó na minha garganta. Ele nem ouve. Em vez disso,
ele continua a discutir com sua esposa. Eu limpo minha garganta e levanto
meu queixo. — Eu não vou embora, — eu digo, fechando minhas mãos
desta vez.

Ambos olham para mim e, antes que Luca possa abrir a boca para me
dizer o que fazer, acrescento: — Sou uma adulta e estou cansada de ser
tratada como uma criança.

— Mia...

— Eu vou fazer o que eu quero, porra! — Minha voz se eleva. — E isso é


ficar aqui em Las Vegas. E sua bunda não pode me obrigar a ir embora. —
Com isso, eu me viro e saio de seu quarto. Meus saltos batem no chão
enquanto sigo pelo corredor até o elevador.

Pego meu celular, preparado para ligar para alguém para vir me buscar,
e decido o número de Jasmine. Ela parece ser aquela que me manteria em
segredo. Os outros são casados ou noivos de um King.

O elevador apita e a porta se abre quando coloco o telefone no ouvido


depois de ligar para o número dela. Toca uma, duas, três vezes. — Ei, você
ligou para Jasmine. Deixe-me uma mensagem rápida.

— Ei, Jasmine, é a Mia. Você pode me ligar quando tiver uma chance,
por favor? — Eu desligo, não querendo dar a ela muitas informações.
Receio que ela ligue para Dillan antes de me ligar de volta.

Pisando na calçada do lado de fora do hospital, penso nas minhas


opções. Eu poderia pegar um Uber para me levar para Kink. Ou me leve
para a casa de Luca, mas não quero ser pega lá. Ele vai me despachar.
Posso ir para um hotel, mas não tenho dinheiro. Bem, isso é mentira.
Dillan me deu um cartão de crédito, mas ele poderia rastreá-lo.
Provavelmente é por isso que ele me deu em primeiro lugar.

Minha melhor aposta é Kink. Se Jasmine não estiver lá, talvez Alexa
possa me dizer onde ela está. Quando saio da calçada para pegar um táxi,
algo pressiona minhas costas, me fazendo parar. Meu corpo enrijece, minha
respiração escapando de meus pulmões.

Uma mão envolve meu cabelo e gentilmente o junta antes de empurrá-


lo para colocá-lo sobre meu ombro esquerdo. Arrepios cobrem meu corpo
quando sinto lábios em minha orelha direita. — Você parece perdida.

Meus olhos se fecham com a voz familiar e engulo o nó na garganta. —


Matteo. — Eu sussurro o nome dele.

— Onde está o seu King? — Ele pergunta, o objeto duro pressionado


nas minhas costas, cavando em minha espinha através da minha camisa. É
uma arma. Eu sei isso.

Recusando-me a responder, fico quieta. Não vou dar a ele a satisfação


de saber onde Dillan está. Ele terá que fazer o trabalho sozinho para
descobrir isso. Mas nós dois sabemos que ele é apenas um dos dois lugares
- Kingdom ou Glass. Isso é tudo com o que ele se importa.

— Então parece que ele treinou você bem. — Ele ri. — Um fantoche
perfeito.

Eu giro e bato meus punhos em seu peito. Sua mão se aproxima,


envolvendo minha garganta com tanta força que me corta o ar. Agarro seu
antebraço, tentando torcer sua pele para forçá-lo a soltá-lo, mas é inútil.
Começo a arranhar seu rosto, ouvindo-o rir enquanto consigo rasgar sua
pele. Nunca vou vencê-lo, mas vou cair lutando.

Em segundos, meu corpo começa a convulsionar, implorando por ar, e


meus braços caem para o lado, incapaz de segurá-los mais. Ele observa
meus lábios se abrirem enquanto tento respirar, mas não consigo nada. Ele
abaixa a arma para o lado e sorri para mim, tão cruel que faz meu sangue
gelar. Lágrimas borram minha visão, e quando penso que ele não pode me
machucar, ele diz a única coisa que me apavora.

— Está tudo bem, Mia. O Pai não se importa mais com o seu Kingdom.
Ele decidiu outra maneira de você ganhar o nome Bianchi.

Meus olhos ficam pesados. Meu corpo tenso relaxa, aceitando seu
destino, e dou as boas-vindas à escuridão. É melhor do que a alternativa.

Sua risada é a última coisa que ouço antes de tudo ficar preto.
Capítulo Trinta e Dois

Bones

Estou dentro do frigorífico, despejando minha raiva em um homem que


está roubando dinheiro de nós quando a porta se abre e Titan entra.

Ele apoia as costas contra a porta, cruzando os braços tatuados sobre o


peito. — O que você quer? — Eu pergunto antes de socar o cara na cara.

Porra, estou com um humor horrível agora.

— Vou esperar, — ele responde.

Eu soco o cara de novo e ele cai da cadeira. Eu escolhi não amarrá-lo.


Estou na luta agora. Eu me abaixo e agarro sua camisa, colocando-o de pé e
batendo suas costas na parede. Eu vou bater nele de novo, mas ele se
esquiva, fazendo meu punho bater na parede. — Foda-se, — eu assobio, e o
cara me empurra de volta.

Eu bati na mesa. Felizmente, está aparafusado e, enquanto ele corre


para mim, levanto o pé. Minha bota atinge seu peito, derrubando-o. Eu o
puxo para cima e agarro a parte de trás de seu cabelo, batendo seu rosto na
mesa várias vezes até que seu corpo relaxe.
Soltando-o, ele cai no chão, nocauteado. Eu me viro para enfrentar
Titan, cerrando minha mão que atingiu a parede, tentando avaliar se está
quebrada. — O que? — Eu estalo.

— Turner me ligou. Adivinha quem estava no aeroporto?

— Não sei. — Eu suspiro, não querendo jogar este maldito jogo. —


Quem diabos foi?

— Matteo.

Eu franzir a testa. — Por que diabos ele estaria lá? — Eu pergunto. Luca
seria visto lá, mas não os outros. Eles são muito tensos para esse ambiente.
Eles são bons demais para os irmãos Mason e o aeroporto.

Ele dá de ombros. — Turner disse que estava lá assistindo a um jogo de


pôquer, mas não ficou muito tempo. Saiu depois que ele recebeu um
telefonema.

Alguém bate na porta e Titan se afasta para abri-la. Cross entra e olha
para o cara desmaiado no chão. — Você não está atendendo o seu celular.
— Seus olhos encontram os meus.

— Eu estive ocupado. — Desliguei e deixei no meu carro depois que saí


do hospital. Eu não queria correr o risco de Mia me ligar e me implorar
para deixá-la ficar. Eu não poderei me afastar dela novamente. Eu já fiz isso
duas vezes.

— Haven me ligou. Ela disse que está tentando entrar em contato com
você. — Cross continua.
— Luca está bem? — Titan é quem pergunta.

— Sim, — ele responde, mas mantém os olhos nos meus. — Eles não
conseguem encontrar Mia.

Eu endureço. — O que você quer dizer com eles não podem encontrar
Mia? Ela está com Nite. Essa é a única razão pela qual a deixei lá porque
Luca disse que queria que ela fosse com ele.

Cross balança a cabeça. — Nite chegou ao hospital e não foi encontrada


em lugar nenhum. Luca ligou imediatamente para o Dr. Lane, e eles iriam
checar as câmeras de segurança...

Passo correndo por eles e saio pela porta do frigorífico, correndo para o
elevador. — Foda-se, — eu rosno, abrindo a porta para as escadas e
correndo até o saguão principal que é a nossa entrada privada. Abro as
portas de vidro e desço as escadas correndo para o estacionamento dos
fundos e para o meu carro. Eu avisto os Kings saindo enquanto eu canto
meus pneus na calçada.

Entro no escritório principal da segurança do hospital. — Onde diabos


ela está? — Eu exijo.
Nite está parado na frente de alguns monitores. Haven está ao lado dele
com a mão sobre a boca, e Luca está sentado em uma cadeira de rodas à
direita. Algumas máquinas às quais ele ainda está conectado estão em rolos
ao lado dele. A sala está em silêncio mortal na minha entrada.

— É melhor alguém me responder, — eu exijo com os dentes cerrados.

Haven se vira para mim, com lágrimas escorrendo pelo rosto. — Matteo
está com ela.

— Não. — Eu respiro. Ela é a verdadeira razão pela qual ele está na


cidade? Se sim, então por que ir ao aeroporto? Ele queria que soubéssemos
que ele estava aqui antes de levá-la? — Como ele...?

— Está nas câmeras, — Haven sussurra. Um segurança do hospital


aperta um botão e eu a vejo entrar no enquadramento de uma das telas. Ela
está com o celular no ouvido. Você pode vê-la falando, mas não consegue
ouvir o que ela está dizendo.

Você vê Matteo entrar no quadro atrás dela, mas ela não percebe a
presença dele. Ele abre o paletó, tira a arma do coldre e aponta para as
costas dela. Meu coração dispara enquanto observo seu corpo enrijecer. O
tempo parece passar enquanto ele fala com ela, e ela se vira. Ela bate no
peito dele, mas ele envolve a mão em sua garganta, sufocando-a até ela
desmaiar. Ele a deixa cair no chão, batendo a cabeça na calçada. Ele coloca
a arma de volta no coldre antes de se abaixar para pegá-la no momento em
que um carro se aproxima. A porta traseira se abre por dentro e ele entra
com ela antes de partir. Deixando sua cela no chão atrás dele. A tela pára
na parte de trás do carro.
— A marca? — Eu pergunto rudemente. Minha mente tentando pensar
em alguma maneira de nos dar uma dica de onde ele a levou.

— É roubado, — responde o guarda.

— O telefone dela…

Haven se vira e o estende para mim.

— A última pessoa para quem ela ligou foi Jasmine. — Ela funga
quando eu pego na minha mão trêmula.

Ouço a porta se abrir atrás de mim, mas a ignoro, sabendo que são
apenas os Kings. Eles não estavam muito atrás de mim.

— Para onde ele a teria levado? — Haven me pergunta, seus olhos


lacrimejantes encontrando os meus.

Como eu iria saber? Eu tinha a localização dela no telefone, mas ele


deixou para trás. Não há como encontrá-la agora. Pelo que sei, ela nem está
mais no estado de Nevada. O pai dela está em Nova York. Então ele
poderia levá-la para lá ou de volta para a Itália.

— Merda. — Eu ouço Titan suspirar enquanto ele reproduz o vídeo


para eles serem pegos.

— Ele vai ligar para você, certo? — Haven morde o lábio inferior, ainda
olhando para mim com expectativa. — Eles a queriam com você. Então eles
vão te ligar.

Com isso, Luca vira sua cadeira de rodas para olhar para mim. — Isto é
tudo culpa sua.
— Luca...

— Ele fez isso! — Luca grita sobre Haven.

— Não é culpa do meu irmão, — Grave retruca para ele. Eu não sabia
que ele tinha vindo com Titan e Cross.

— Ele a fez querer ficar, — argumenta Luca. — Se ela tivesse saído…

— Matteo a teria encontrado não importa aonde ela fosse, — Titan diz a
ele.

Coloco minhas mãos em cada lado de sua cadeira de rodas e me inclino


para seu rosto. — Isso é culpa da sua família. Isso inclui você. E prometo
que vou encontrá-la, mas vou massacrar cada um deles. Você e Mia serão
os únicos Bianchis vivos quando eu terminar. — E com isso, empurro a
cadeira e giro, saindo da sala.

Mia
Abro meus olhos pesados e instantaneamente me arrependo. As luzes
brilhantes machucam meus olhos sensíveis, e o cheiro da morte me dá
vontade de vomitar.

Piscando, começo a tossir, fazendo minha cabeça já latejante latejar


ainda mais. Levantando meu rosto, olho em volta para ver que estou em
uma sala grande. Estou sentada em uma cadeira, meus pulsos amarrados
às pernas traseiras com uma corda. Meus tornozelos estão amarrados às
pernas da frente com o mesmo material implacável.

Minha cabeça cai para trás e fecho os olhos, engolindo em seco. A dor
na minha garganta me faz estremecer.

— Já é hora de você acordar. — Ouço Matteo à distância. — Eu estava


com medo de ter matado você.

— Isso seria gentil de sua parte, — murmuro.

Sua risada enche a sala. Eu abaixo minha cabeça e abro meus olhos para
olhar para ele. Ele puxa uma cadeira para o centro da sala para se sentar à
minha frente. Ele o gira para trás e o monta, colocando os antebraços na
parte de trás dele. Ele inclina a cabeça para o lado. — Eu só tenho uma
pergunta para você.

Eu apenas o encaro, tentando descobrir onde estamos. Eu não


reconheço, mas isso não é surpreendente. Estou limitado quanto a onde
posso ir desde que voltei a Las Vegas.

— Se eu te fodesse agora, você ainda sangraria no meu pau?

Meus dentes rangem, mas me recuso a responder.


Sua risada enche a sala quando ele se levanta da cadeira e caminha até
mim. Tento me encolher na cadeira, mas não adianta. Não há para onde ir.

Ele caminha atrás de mim e passa a mão por cima do meu ombro,
deslizando a mão para baixo na minha camisa, esticando meu colarinho
para agarrar um seio, e eu começo a lutar contra minhas restrições.

Sinto seus lábios em minha orelha. — Eu sabia que você seria a putinha
dele. Era inevitável.

— Você está doente pra caralho! — Eu grito, tentando lutar contra ele,
mas não consigo.

— Ah, irmã. — Ele ri, fazendo os cabelos do meu pescoço se arrepiarem.


— Você não tem ideia de como os homens podem ser doentes. Ainda não,
mas você vai. — Ele puxa a mão e eu caio na cadeira, tentando recuperar o
fôlego.

— Seja o que for que você planejou, Dillan não vai cair nessa, — digo a
ele, esperando irritá-lo.

Sua risada cresce a ponto de machucar meus ouvidos. — Você acha que
isso tem algo a ver com Bones? — Ele balança a cabeça. — Papai não quer
seu Kingdom. Nunca quis, na verdade.

Meu corpo fica tenso. — O que você quer dizer? Nunca quis? — Eu
pergunto, tendo um mau pressentimento.

Ele vem para ficar na minha frente. Colocando as duas mãos nas minhas
coxas nuas, ele crava os dedos na minha pele, fazendo-me suspirar quando
ele coloca o rosto na frente do meu. — Os gêmeos e eu estávamos apenas
pregando uma peça em você, Mia.

— Não...

— Quero dizer, não é todo dia que um King paga dez milhões por um
pedaço de bunda. — Ele empurra minhas pernas, e elas começam a tremer.
Seus olhos negros percorrem meu corpo amarrado à cadeira, e ele sorri,
abaixando as mãos no cinto. Ele a desfaz e eu começo a gritar e me debater
na cadeira. Sua mão batendo em meu rosto me acalma. Mas apenas o
suficiente para recuperar o fôlego. — Vamos ver se essa boceta valeu a
pena.

— Foda-se! — Eu grito, lágrimas escorrendo pelo meu rosto. — Seu


filho da puta...

Ele me dá um tapa novamente, me interrompendo.

— Matteo, — uma voz late para ele. — Deixa a em paz.

Respiro fundo, observando Richard entrar na sala. Que porra? Achei


que nunca mais teria que vê-lo depois que ele me deu um tapa quando me
arrancou daquele palco no leilão. — Como? Você está ajudando ele?

— De que outra forma você acha que eu sabia quem comprou você? —
Matteo pergunta rindo.

— Mas. — Eu baixo meus olhos para o chão, tentando descobrir o que


estou perdendo. — Você atirou em Luca. — Eu olho para Matteo. — Você
atirou em nosso irmão para me trazer de volta aqui. Para me forçar a voltar
para Dillan.
— O que aconteceu com Luca foi uma desgraça, mas garanto, não atirei
nele. E se eu fosse atirar em nosso irmão, com certeza não faria isso por sua
causa. — Ele ri disso.

O telefone de Richard toca e ele o tira do bolso. Ele lê um texto e depois


olha para Matteo. — Temos três dias.

Meu estômago afunda com isso. Não tenho certeza do que isso significa,
mas um pressentimento me diz que não é nada bom. Matteo confirma isso
quando ele sorri para mim. — Estamos prestes a descobrir quanto você
vale.
Capítulo Trinta e Três

Bones

Fico em silêncio no quarto do nosso hotel, olhando pela janela do chão


ao teto que dá para a cidade. Sinto como Luca parecia quando entrou em
meu escritório semanas atrás — perdido, confuso e cem por cento
apavorado.

Procuramos por Mia em Las Vegas e não encontramos nada. Entramos


em contato com todas as pessoas que já conhecemos - esgotamos todos os
contatos para ficar de olho. Para ouvir qualquer coisa que pudesse nos
levar a ela - e não consegui nada. Achamos que se alguém pudesse nos
ajudar, seria o aeroporto. Tanta coisa acontece lá que alguém tinha que
saber alguma coisa. Mas, novamente, só ouvimos o silêncio. Então, quando
recebi um telefonema de Tristan, que me informou sobre outro leilão em
Nova York neste fim de semana, os Kings e eu pulamos em meu jato
particular e voamos para cá.

— Luca está ligando de novo. — Eu ouço Titan dizer.


Eu o ignoro. Não falo com Luca desde que cumpri minha promessa de
matar todos os membros de sua família. Um por um, cada um pagará pelo
que fizeram com ela. Não só agora, mas tudo ao longo dos anos.

Tenho olhos e ouvidos no pai deles, mas ainda não posso tocar em
ninguém. Não até que ela esteja em meus braços novamente. Quando eu
souber que ela está segura, irei atrás deles. E honestamente, Luca está na
minha lista negra também. Ele terá que provar para mim que merece viver
depois do papel que desempenhou na vida dela. Mesmo que seja pequeno
em comparação com seus outros irmãos. Nite é o único que está seguro no
momento, e isso sempre pode mudar.

— Bones?

— Diga a ele para ir para o inferno, — eu rosno para Titan, virando


minhas costas para a janela para encarar o quarto.

Meu irmão está sentado no sofá, os braços cruzados sobre o peito,


olhando para mim. Eu não queria que ele viesse. Eu disse a ele para ficar
para trás. Eu sei que demorou muito para ele deixar April sozinha em casa
depois de seu recente colapso na mesa da sala de jantar. Mas ele se recusou
a me ouvir, e Jasmine nos disse que ficaria com April para não ficar sozinha
enquanto estivéssemos fora.

Titan suspira, guardando o celular no bolso, mas não diz mais nada.

Vou sair da sala e meu irmão se levanta de um salto. — Onde você está
indo?
— Eu preciso de um banho. — Eu ando pelo corredor até o quarto dos
fundos. Entro no quarto, sem me preocupar em acender a luz, e vou até o
banheiro adjacente. Tirando minhas roupas, ligo o chuveiro e entro na água
antes mesmo de esquentar.

Eu coloco minhas mãos na parede e inclino minha cabeça, a água fria


fazendo meu corpo ficar arrepiado. Meu coração dispara e minha mente
vagueia para o pior. Aquele vídeo que Luca me fez assistir se repete várias
vezes na minha cabeça mais uma vez. O que eles fizeram com ela desta vez.
Eles gravaram ela de novo? Eles bateram nela? A estuprou? Tudo é
possível. Ela não é mais virgem. Eu tirei isso dela.

Sua virgindade era algo que eles queriam vender. Agora que acabou, ela
valerá menos? Eles vão tirar vantagem disso e fazer o que quiserem com
ela antes que ela seja vendida novamente? E se ela não estiver aqui em
Nova York e já tiver ido embora?

Não poderei viver comigo mesmo se a perder. Eu deveria ter enfrentado


Luca e dito a ele para se foder quando ele me disse para entregá-la a Nite,
mas eu estava tão chateado comigo mesmo. Sempre tive um plano e fiz
questão de pensar antes de agir. Não foi o caso dela. Já fiz coisas que pensei
serem as melhores, mas acabaram sendo as piores.

Como ir a público com ela. Isso foi estúpido pra caralho. Ela era o
segredo mais bem guardado e eu a mostrei ao mundo. O pai dela queria
isso? Esse era o plano dele o tempo todo? Para mostrar sua melhor arma?
Torná-la mais desejável por estar indisponível? Os homens sempre vão
querer o que não podem ter. E Mia Rosa Bianchi é definitivamente o que
todo homem deseja.

Terminando o banho, me recomponho, lembrando a mim mesma que


preciso descansar um pouco. Eu não tenho muito em meses. E se eu planejo
salvá-la, preciso estar no meu melhor jogo.

Estou de pé na pia escovando os dentes com uma toalha enrolada nos


quadris quando ouço uma batida na porta do banheiro. — Sim? — Eu
pergunto com a boca cheia de pasta de dente.

Ele se abre e Titan entra, guardando o telefone no bolso. — Tristan


acabou de ligar.

— E? — Eu pergunto, a escova de dentes parando.

— Ele acabou de ser informado de que o leilão é amanhã à noite. E Mia


está nisso.

Eu largo a escova de dentes e lavo minha boca antes de me virar para


encará-lo. — Como ele sabe com certeza?

Ele dá de ombros. — Ele não disse. Só que ele leu uma lista de nomes e
o dela foi mencionado.

Passo a mão pelo meu cabelo úmido, deixando escapar um longo


suspiro.

— Esta é uma boa notícia, Bones. Ela está aqui em Nova York. E amanhã
à noite, ela será sua novamente.
Ele se vira, me deixando sozinha mais uma vez, e eu coloco minhas
mãos na borda da bancada, segurando o mármore preto. Ele está certo
sobre uma coisa. Amanhã à noite, comprarei Mia pela segunda vez. E
pagarei o que for preciso para garantir que ela volte para casa comigo pela
última vez.

Mia

Fui arrastada para um avião em Las Vegas - o jato particular de Matteo -


e levada para Nova York, onde me mantiveram em um depósito. Um que
meu pai usa desde antes de eu nascer para fazer seu trabalho sujo. Um
lugar onde os policiais não vão porque são pagos. Se eles querem manter
sua família segura, eles ficam longe.

Desta vez é diferente da última vez que eu estava sendo vendida. Não
há hotel caro. Não há mulheres que fizeram meu cabelo, maquiagem ou me
depilaram. Não estou vestida com um vestido de noite para mostrar o que
posso oferecer.
Em vez disso, estou de pé com uma camiseta branca grande demais que
pende de um ombro e cai de joelhos. Estou descalça e meu cabelo está uma
bagunça emaranhada. Pedaços caíram em meu rosto machucado. Ainda
dói. Como uma dor latejante que não passa. Eu posso sentir uma mecha de
cabelo presa na minha cabeça onde eu estava sangrando uma vez. Eles não
me permitiram tomar banho. Acho que eles não se importam com minha
aparência ou se eu fedo.

Matteo envolve seus dedos em volta do meu braço, beliscando minha


pele, e eu choramingo. Eu tento me afastar, mas é claro que não funciona.
Eu nem sei por que tento neste momento. Estou muito fraco para lutar com
ele agora. Esta manhã, eles me deram alguns biscoitos e uma garrafa de
água. Eles me querem o mais fraco possível. Eles não estão mais
interessados na luta. Apenas conformidade.

— Papai sabe o que você está fazendo? — Eu rosno.

Ele bufa, mas não responde. Depois do que ele me disse sobre nosso pai
em Las Vegas, não tenho mais certeza do que é verdade ou mentira. Matteo
e os gêmeos estiveram por trás disso o tempo todo? Meu pai já fez parte
disso? Obviamente, ele permitiu que eu fosse vendido pela primeira vez,
mas ele realmente queria Kingdom? Ele estava atrás de Dillan e dos Kings?

— Mais dois, e ela está de pé, — anuncia Richard, aparecendo ao virar


da esquina. — Aqui. — Ele segura um dispositivo que se assemelha a uma
arma de plástico. É preto e tem o que parece ser uma agulha muito curta na
ponta.
— Segure-a. — Matteo me empurra para os braços de Richard. Eu
instantaneamente começo a lutar, batendo meus punhos em seu peito e
rosto. Qualquer coisa posso entrar em contato.

— Foda-se, você é um pé no saco, — ele rosna, agarrando meu cabelo.


Eu grito quando ele me puxa para longe dele. Girando-me, ele me empurra
de cara na parede e puxa meus braços para trás. Ele desliza algo áspero
sobre eles, e eu sinto o zíper apertar em volta da minha pele.

Eu grito a plenos pulmões, pedaços do meu cabelo agora na minha boca


e meus olhos fechados para tentar segurar as lágrimas. Eu odeio que eles
me vejam fraca.

— Segure-a ainda, — Matteo late.

Uma mão agarra meu cabelo, puxando-o do meu ombro, e sinto algo
pressionar a base do meu pescoço antes que uma dor aguda faça meus
joelhos cederem. Eu caio no chão, minha respiração momentaneamente
paralisada quando uma dor persistente em meu pescoço me deixa sem
fôlego.

— Levante-a. Ela é a próxima, — meu irmão exige.

Sou puxada pelos cabelos para me levantar, e Richard precisa me jogar


por cima do ombro porque não consigo fazer minhas pernas funcionarem.
Espero que tudo o que eles fizeram comigo me mate, porque não posso
continuar assim - ser o brinquedo deles para jogar e usar.

Quando me coloco de pé, um capuz é colocado sobre minha cabeça e


agradeço pela escuridão. Mesmo que seja uma falsa sensação de segurança,
porque não quero ver o que está lá fora para mim. Não preciso ver a
multidão ou quem está dando lances. Não será um King bonito e tatuado
vindo me resgatar. Não dessa vez.

Mãos agarram meus ombros, me segurando no lugar, quando ouço uma


voz sussurrar em meu ouvido através do capuz. — Vá ganhar algum
dinheiro para nós, puta.

Sou empurrada para a frente como da última vez, mas consigo


permanecer de pé. Não vou conseguir me levantar facilmente com as mãos
amarradas nas costas e um capuz na cabeça. Eu odiaria cair de um palco,
mesmo que seja nisso que estou.

Eu congelo. O sangue correndo em meus ouvidos é tão alto que só


consigo ouvir minha respiração pesada. Estou suando, meu corpo frio e
tremendo. O capuz está grudado na minha pele junto com o meu cabelo, e
o ranho escorrendo pelo meu rosto misturado com as lágrimas que agora
estou chorando.

Minhas pernas tremem, e aquela dor na base do meu pescoço se


intensifica para uma sensação de queimação. Eu quero arranhar, mas não
tenho esse luxo.

Parece horas que fico congelada no lugar enquanto os homens olham


para o que tenho a oferecer a eles. Minha camisa é agarrada e sou puxada
para trás em um corpo rígido. O capuz é arrancado da minha cabeça e
estou de volta ao corredor. Estou sugando a respiração após a respiração,
tentando acalmar meu coração acelerado. Sinto como se estivesse prestes a
ter um ataque cardíaco. Isso é uma coisa? Alguém da minha idade pode ter
um?

— Bom trabalho, irmãzinha. — Matteo agarra meu queixo com força,


forçando-me a olhar para ele. — Seja uma boa vagabunda e mostre a ele
um bom momento. Dê a ele o valor do seu dinheiro. E quando decidirmos
que ele já está farto, iremos buscá-lo.

Eu cuspo na cara dele. Assim como eu fiz Richard. Foda-se eles e sua
mentalidade sádica. Em vez de me dar um tapa, ele ri. — Nos vemos em
breve. — Ele enfia o capuz de volta na minha cabeça e agarra meu braço.

Sou puxado para a frente até parar. — Ela é toda sua.

Prendo a respiração.

— É melhor ela valer a pena. — Eu ouço uma voz desconhecida dizer, e


meu coração para. Uma parte de mim estava rezando, esperando que
Dillan me salvasse novamente. Mas quem acabou de falar prova que eu
estava apenas sonhando porque não era ele.

— Você vai ter que me avisar sobre isso. — Matteo ri.

Minha camisa é agarrada mais uma vez, e me vejo caminhando para


frente.

Eu estou entorpecida. Meu corpo aceita seu destino de uma vida de


servidão como escrava sexual. Eu vou ser vendido mais e mais. Usado para
o prazer doentio do meu irmão. Uma forma de ganhar dinheiro. Não
importa quanto ele já tem, porque eu posso trazer mais.
O homem não me diz nada. Em vez disso, ele me conduz com o capuz
na cabeça. Ouço o som de uma porta rangendo ao se abrir, e então ele está
me ajudando a entrar no que imagino ser um carro. Couro fresco atinge
minhas pernas enquanto a camisa sobe enquanto eu me sento. Então o
capuz é arrancado da minha cabeça.
Capítulo Trinta e Quatro

Bones

Olhos azuis prateados pousam nos meus enquanto me sento em frente a


ela na limusine.

— Mia. — Eu corro até ela.

Seus olhos se enchem de lágrimas, mas ela não diz nada. Colocando
minhas mãos em seus ombros, eu a puxo para mim para que Tristan possa
cortar o zíper que prende seus pulsos. Ele estava me mandando mensagens
o tempo todo em que estava lá enquanto ela estava no palco. Eu odiava não
poder estar lá, mas não podíamos arriscar que seu irmão me visse. Desde
que sabíamos que ele estava por trás disso.

Ele os solta e eu a recosto em seu assento. — Ei, você está bem. — Eu


seguro seu rosto molhado. Meus olhos procuram os dela, mas ela os fecha e
seu corpo começa a tremer.

Eu envolvo meus braços em torno dela e a puxo para fora do assento.


Sentando-me na minha, eu a trago para o meu colo. — Eu tenho você. Eu
tenho você, Mia.
Seus braços envolvem meu pescoço e começo a balançá-la para frente e
para trás suavemente, esfregando suas costas. Ela deve estar exausta.
Quero perguntar a ela tudo o que ela passou nos últimos três dias sem
mim, mas me abstenha. Agora não é a hora.

— Você... me deixou. — Ela soluça.

Eu a seguro com mais força. — Eu sinto muito. Eu prometo que nunca


mais vai acontecer, — eu prometo a ela. A única maneira de deixá-la é se
eles me matarem, e eu gostaria de vê-los tentar.

Ela se afasta e eu a deixo. Ela continua sentada no meu colo e tira o


cabelo do rosto molhado. — Meu pescoço, — diz ela entre soluços.

— O que há de errado com isso? — Eu pergunto, meus olhos caindo


para ele. Ele a havia sufocado. Talvez ele tenha feito isso mais de uma vez.

— Matteo ... — Ela engole. — Ele fez algo na minha nuca. — Permito
que ela rasteje do meu colo e se sente ao meu lado no banco. Segurando o
cabelo para o lado, ela se inclina para a frente e segura o cabelo para que eu
veja seu pescoço. — Bem aqui. — Sua mão livre corre sobre a base de seu
pescoço.

— Dispositivo de rastreamento, — Tristan fala.

Eu olho para ele. — Um dispositivo de rastreamento? — Eu repito. Foi


assim que a encontraram pela primeira vez na minha casa de praia? Não.
Não pode ser. Se ela tivesse um, Lane teria pego quando ele fez uma
varredura de corpo inteiro no hospital depois que ela apareceu e desmaiou.
Ou... ela disse que desmaiou então. Eu acho que eles poderiam ter
removido enquanto ela estava fora.

Tristan assente. — Esse é o plano deles. Para vendê-la. Sequestre-a e


venda-a novamente. — Ele olha para ela, seus olhos suavizando. — Dessa
forma, eles podem tirar dela o máximo de dinheiro possível. Acontece
muito.

Minhas mãos em punho. — Como podemos removê-lo? — Mesmo


enquanto faço a pergunta, sei a resposta.

Ele abre a faca que ainda segura por ter cortado a braçadeira. — Nós
cortamos.

— O que? — ela grita, soltando o cabelo e sentando-se ereta. — Não. —


Seus olhos arregalados vão para os meus. — Não. Não, não.

— Mia...

— Por favor. Não faça isso, — ela implora, me interrompendo.

— Tem que sair, ou eles vão te encontrar de novo, — digo a ela.

Lágrimas correm por seu rosto machucado e ela funga.

Tristan enfia a mão no paletó e tira um frasco. Felizmente, ela está


ocupada demais olhando para as mãos no colo para se importar com o que
ele está fazendo. Ele então pega um copo de vidro e o uísque no frigobar.
Ele coloca os dois no copo e o estende para ele.

— Aqui, — eu estendo o copo, e seus olhos injetados encontram os


meus. — Você deve estar com sede. — Entregando a ela, ela agarra o copo
em suas mãos e o engole. Algumas gotas escorrem pelo queixo até a
camiseta imunda.

Ela suga uma respiração profunda, e o copo cai de suas mãos aos meus
pés. — O que …?

Seus olhos arregalados encontram os meus, e eu seguro seu rosto. —


Tinha que ser feito, — eu digo a ela, e então seus olhos se fecham. Eu a
pego em meus braços e puxo seu corpo flácido para o meu colo. Meus
olhos encontram os dele.

Ele dá de ombros. — Eu estava preparado para drogá-la, se necessário.

Eu disse a ele o que Luca me disse uma vez. Faça o que você precisa fazer.

— Mensagem de noite. Faça com que ele nos encontre o mais rápido
possível.

Ele balança a cabeça, abrindo a lâmina mais uma vez e a estende para
mim. Virando-a de bruços o melhor que posso, pego a faca enquanto ele
puxa o cabelo de seu pescoço.

Pego minha mão livre e apalpo seu pescoço até encontrar a pequena
protuberância. É tão pequeno que eu nunca teria notado. Empurro a lâmina
em sua pele e faço um pequeno corte. O sangue instantaneamente começa a
escorrer pelos lados do pescoço dela e na minha calça.

Empurrando meu polegar e o dedo indicador em sua pele aberta, pego


o dispositivo e o puxo para fora. Tristan estende o copo vazio para mim, e
eu o coloco dentro. Então pego uma camisa que trouxemos conosco.
Honestamente, eu esperava que ela estivesse nua. Jasmine tinha feito uma
mala para Mia enquanto tínhamos uma reunião na minha casa ontem e
discutimos nossos planos de trazer Mia de volta com todos. Fiz questão de
pegar uma roupa daquela bolsa para ela esta noite, já que seu vestido
estava rasgado da última vez.

Eu pressiono a camisa na ferida, aplicando pressão quando a limusine


para.

Mia

Acordo em um quarto desconhecido. Sento-me, ofegante, o pânico


apertando meu peito. Levantando-me, o quarto balança, e eu bato meu
quadril na mesa de cabeceira ao lado da cama, fazendo-a chacoalhar.

Ouço uma porta se abrir atrás de mim e corro em direção à outra que
vejo no lado oposto da sala. Assim que chego à maçaneta da porta, um
braço serpenteia em volta da minha cintura, praticamente me levantando
do chão. Eu solto um grito, mas uma mão bate na minha boca, me
cortando. Eu começo a chutar e tentar agarrar qualquer coisa que eu possa
tocar.

— Shh, você está bem. — Ouço uma voz em meu ouvido. — Você está
bem, Mia, — repete.

Meu corpo cansado fica mole em seus braços, e ele tira a mão da minha
boca, permitindo-me respirar fundo. Colocando-me de pé, ele me gira, e eu
olho para cima em um par de olhos azuis. Aqueles que pensei que nunca
mais veria.

Eu bato nele o mais forte que posso. O que provavelmente não é muito.

— Mia...

Eu faço isso de novo. — Você me drogou. Novamente.

Ele agarra meus dois pulsos e os bate contra a parede, me prendendo a


ela com seu corpo. Seus olhos se estreitando para mim agora. — Eu não
tinha outra escolha.

— Eu não queria...

— Viver? — Ele me interrompe. — Essa era a nossa única opção. E não


tive tempo de discutir com você sobre isso. — Soltando-me, ele dá um
passo para trás e passa a mão pelo cabelo escuro. — Porra! — Ele grita.
Então ele fixa seus olhos em mim mais uma vez. — Isso precisava ser feito.
E nós tínhamos um prazo muito curto. Eu iria segurá-la e forçá-la a beber
ou fazê-lo de bom grado.
Cruzo os braços sobre o peito e me inclino contra a parede. Minhas
pernas ainda estão bambas e a sala ainda está girando. Eu não teria feito
isso sozinha. Sou muito teimosa para isso, e nós dois sabemos disso.

Entrando em mim, ele segura meu rosto, e suas feições duras suavizam
um pouco. — Como você está se sentindo?

Eu apenas olho para ele.

Ele suspira. — Por favor fale comigo. Você pode estar brava, mas eu
preciso saber como você se sente.

Baixo meus olhos para sua camiseta do Kingdom que abraça seu peito
definido e ombros largos. — Estou cansada. — Eu finalmente digo. Porra,
eu senti tanto a falta dele. Eu odeio que ele me enganou. Mais uma vez,
Dillan Reed me salvou. Porque? Por que não me deixa ir? Era outro favor
para Luca? Eu duvido. Luca me queria longe de um King.

— Você precisa de mais descanso. Ainda não saiu do seu sistema. — Eu


o ouço através da minha divagação interna.

— Eu quero um banho, — eu argumento, olhando para ele. Eu me sinto


nojenta e fedorenta.

— Que tal um de banheira? Dessa forma, não preciso me preocupar com


você caindo no chuveiro. — Ele oferece.

— Tudo bem.

Eu permito que ele me puxe para o banheiro e olho em volta enquanto


ele prepara um banho para mim. Obviamente, estamos em um hotel caro.
Eu posso dizer pelos azulejos brancos e dourados na parede. A banheira de
canto é enorme, com três degraus até para entrar nela. O chuveiro é em
estilo romano com vidro para que você possa ver a parede de azulejos
pretos no interior que possui três chuveiros. O chão é de mármore branco.
É o que eu esperava de um King. Mas onde estamos? — Há quanto tempo
estou fora? — Eu pergunto.

— Apenas algumas horas. Eu não te dei tanto quanto da última vez.

— Obrigada, — eu digo secamente, revirando os olhos.

Ele se levanta em toda a sua altura, virando-se para mim. Eu ainda


estou com minha camiseta, e ele olha para mim com expectativa. Mas eu
me recuso a tirá-la até que esteja sozinha. Tenho vergonha de como estou
por baixo. Quão fodidamente fraca eu fui. Quantas vezes Matteo me bateu
ou me esbofeteou.

Os olhos de Dillan caem para os meus pulsos, e eu os escondo atrás das


costas, esperando que ele não veja as marcas das restrições. Tenho certeza
de que ele já olhou para mim enquanto eu estava inconsciente, mas algo
sobre ter que olhá-lo nos olhos me deixa nervosa. Ele tem esse tipo de
poder sobre mim.

Aproveitando a dica, ele caminha até mim e se inclina, me dando um


beijo suave na testa. Prendo a respiração, sabendo que não escovo os
dentes desde não sei quando, e sem mais uma palavra, ele sai do banheiro,
fechando a porta atrás de si e me deixando tomar banho sozinha.
Enquanto coloco meu corpo machucado na água escaldante, deixo a
primeira lágrima cair. Esta é a última vez que chorarei pela minha família.
Estou mais determinada do que nunca a fazer jus ao nome Bianchi. E tenho
a sensação de que vou ter que fazer isso pelas costas de Dillan. Caso
contrário, ele pode me drogar novamente.

Sento-me no sofá do que agora sei ser a suíte da cobertura no centro de


Nova York, recém-banhada e me sentindo uma nova pessoa. A névoa das
drogas já se foi há muito tempo. Quando terminei o banho, encontrei uma
camisa e um short de algodão sobre a cama em que havia acordado.
Quando finalmente saí do quarto, o serviço de quarto estava sendo
entregue. Sentei-me e comi como um animal enquanto os Kings me
observavam. Eu não me importava com minhas maneiras.

— O que nós sabemos? — Titan pergunta enquanto está sentado no sofá


ao lado de Cross. Grave saiu um segundo atrás para atender um
telefonema. Tristan, amigo de Dillan, está sentado no balcão da cozinha.

— Estávamos errados sobre meu pai, — eu digo.

— Errado como? — Cross é quem pergunta.

— Matteo disse que meu pai não se importava com Kingdom ou os


Kings. — Eu o olho nos olhos. Um novo eu está aqui e não tenho vergonha
dela. — Disse que ele e os gêmeos estavam apenas fodendo comigo. E que
ele percebeu que eu poderia ganhar mais dinheiro com o tempo do que ele
conseguiria de vocês.

Um silêncio cai sobre a sala.

— Não que isso mude alguma coisa. — Titan quebra a tensão. — Se é


ele quem está vendendo você, ele é um problema.

— O que você quer dizer com se? — Eu pergunto baixinho.

Dillan fala. — Não confio em Matteo. Ele poderia dizer que seu pai está
por trás disso, mas não vou acreditar na palavra dele.

— Havia algo sobre o leilão que era como o último? — Titan me


pergunta.

— Não tenho certeza, — eu digo honestamente. — Eles colocaram um


capuz na minha cabeça.

— Eles? — Dillan pergunta.

Eu concordo. — Matteo e Richard.

— Richard estava lá? — Ele se levanta.

— Quem é Richard? E como você o conhece? — Grave pergunta, e eu


olho para as janelas do chão ao teto, sem perceber que ele voltou de sua
ligação.

— Ele é um pedaço de merda. Não o conheço pessoalmente, mas ele


estava no vídeo que o Luca me mostrou. E ele estava no primeiro leilão.
Não pensei muito nisso antes, mas talvez ele tenha um papel maior nisso
do que eu pensava.

Meu corpo fica tenso com as palavras de Dillan. O vídeo que Luca
mostrou a ele? Do que ele está falando?
Capítulo Trinta e Cinco

Bones

— O que você quer fazer? — Titan me pergunta.

Sento-me no sofá enquanto Mia se senta ao meu lado. Ela parece melhor
do que cinco horas atrás, quando Tristan saiu do leilão com ela. Ainda há
um toque de tristeza em seus olhos, mas isso vai passar com o tempo. Eu
vou ter certeza disso.

O fato de Richard estar envolvido desta vez me faz pensar no que


aconteceu com ela. Eu o observei bater nela. Sem contar tudo o que ele fez
com ela no vídeo que Luca me mostrou.

Inclinando-me para a frente, coloco o cotovelo nos joelhos. — Mia tinha


um rastreador nela. Eu o removi e entreguei a Nite, que se livrou dele.

— Livrou-se como? — Cross pergunta.

— É em um avião para a França, — respondo. Tivemos que inventar


uma espécie de pano de fundo para Tristan, a fim de colocá-lo no leilão.
Não era como antes, onde nomes e informações pessoais não importavam.
Não havia necessidade de ternos e livros de couro preto com detalhes
importantes sobre as mulheres vendidas. Tristan usou um pseudônimo, e
nós mentimos sobre ele residir em Paris.

— Então, quanto tempo você acha que temos antes de eles irem buscá-
la? — Grave é o outro que fala.

— Eu diria cinco dias. No máximo, — diz Tristan. — O dinheiro foi


transferido, então eles receberam imediatamente. Não há razão para fazê-
los esperar, — acrescenta. — Eu diria que precisamos sair amanhã cedo. —
Tristan acena para Mia, que se senta silenciosamente ao meu lado. — Nós a
levamos de volta para Las Vegas e depois seguimos para a França. Faça
com que eles venham até nós. Eles nunca vão esperar isso.

— Pena que você não poderia ter colocado um neles. Isso tornaria muito
mais fácil localizá-los.

Eu coloco minha mão em sua perna, e ela se afasta de mim. Eu franzo a


testa para ela, e ela estreita os olhos em mim. Que porra? Por que ela está
com raiva de mim? Acabei de comprar ela. Novamente. Concedido, só me
custou dois milhões desta vez. Matteo não está esperando por dez milhões
quando sabe que vai aceitá-la de volta e vendê-la novamente.

— Mia...

— O que você quer dizer com o vídeo que Luca mostrou a você? — ela
exige.

Porra! Eu disse isso? — Não sei …

— Que vídeo Luca tinha? — ela rosna, ficando de pé.


Eu olho para ela e me levanto também, não gostando do fato de ela
estar olhando para mim. — Não é nada.

— Não é nada, Dillan, — ela estala. — Eu só sei de um vídeo com


Richard e eu nele. E quando eu mostrei a você, você não mencionou que já
tinha visto antes.

— Mia...

— E Luca está em coma há semanas. Então quando foi que o Luca te


mostrou um vídeo meu e do Richard?

O silêncio cai sobre a sala e posso sentir os olhos de todos em nós. Eu


não percebi o que eu tinha dito. Mas agora não posso negar. Ou mentir
sobre isso. — Antes de te comprar. A primeira vez.

Seus lábios se abrem e seus olhos se arregalam. — O que? Porque?


Como você…?

— Luca invadiu meu escritório tarde da noite e pegou o vídeo. Matteo


tinha enviado para ele, sabendo que Luca iria querer salvar você. Mas ele
não podia fazer isso, então ele trouxe para mim. Eu...

Ela me dá um tapa, me cortando. — Todo esse tempo. — Dando um


passo para trás, ela aperta os lábios para mim. — E você nunca me contou.

— O que você esperava que eu dissesse? — Eu rosno.

— A verdade, — ela estala.

— Você nem se lembrava disso. Por que eu traria isso para você? —
Nunca achei importante mencionar algo do qual ela não se lembrasse.
Então, quando ela assistiu, ela ficou perturbada. Como ela sabendo que eu
já vi isso mudaria alguma coisa?

— Eu não posso acreditar nisso, — ela sussurra para si mesma.

Eu estendo a mão para ela. — Mia.

— Não me toque! — ela grita, se afastando. — Você mentiu para mim.

— Eu te salvei! — eu grito. — Várias vezes.

Ela bufa. — O que você quer que eu faça, Bones? — Ela me chama pelo
meu apelido, e isso me faz ranger os dentes. Eu me acostumei tanto com ela
me chamando de Dillan que não gosto que ela me chame de Bones. Ele é
um homem diferente. E sinto que uma parte de mim mudou por ela. Só
não tenho certeza se isso é bom ou ruim. — Você fica me lembrando disso
como se quisesse algo em troca. Quer que eu rasteje até você?

Eu bufo. — Não seja ridícula.

— Quer que eu beije seus pés? Mostrar o quanto sou grata?

— Você deveria ser grata. — Eu vou até ela e meus olhos se estreitam.
— Se não fosse por mim, você seria apenas mais uma prostituta esgotada.
Distribuído como sua família pretendia.

Seu rosto cai, e instantaneamente me arrependo de minhas palavras.


Nunca tive que defender minhas ações ou me explicar para ninguém. Vai
levar algum tempo para se acostumar.

Ela lambe os lábios e fala baixinho. — Você me comprou. E você me


fodeu. Por favor, explique-me como ser sua prostituta é diferente? — E sem
esperar por uma resposta, ela se vira e marcha para a suíte master, batendo
a porta atrás de si.

— Brigando como um verdadeiro casal. — Grave ri para si mesmo, e eu


estreito meus olhos nele. — Vocês dois podem ter uma chance nisso, afinal.

Mia

Ele tinha visto o vídeo antes mesmo de eu saber que existia? Isso me faz
sentir totalmente violada. Ele me viu em um estado tão vulnerável e
escolheu esconder isso de mim. E se Matteo nunca tivesse enviado para
mim? Será que Dillan simplesmente nunca teria me contado que existia?

A porta se abre, batendo na parede interna, e eu me viro para vê-lo


entrar atrás de mim. — Cai fora! — Eu grito, apontando para ele assim que
ele se fecha.

Ele caminha até mim, agarra meu rosto com as duas mãos e me força a
olhar para ele. — Não espero nada de você, Mia. A primeira vez que salvei
você foi porque Luca me implorou.
— Ótimo, — eu estalo. — Agora eu sou seu caso de caridade. Não me
faça mais nenhum favor. — Eu tento me afastar, mas ele me mantém no
lugar.

— A segunda vez foi porque não consigo viver sem você.

Meu coração bate forte com suas palavras. E meus olhos se arregalam,
olhando para ele.

Seu olhar procura o meu antes de falar baixinho. — Tenho muito


poucos arrependimentos, Mia. Mas os que eu tenho, são vocês.

— O que você quer dizer? — Eu sussurro, com medo da resposta, mas


precisando saber.

— Afastando-se de você todos esses anos atrás. Acreditando em você


quando você disse que não era ninguém. — Ele solta meu rosto e passa a
mão pelo meu cabelo. — Deixando você na Califórnia. E me afastando de
você quando Luca me disse para ficar longe.

Minhas mãos sobem e seguram seus antebraços tatuados. — Dillan…

— Não contei sobre esse vídeo porque não queria que você soubesse
que ele existia. Então, quando Matteo enviou para você, tudo que eu
conseguia pensar era em maneiras de salvá-la.

— Você fez. — Não posso negar que ele fez mais por mim do que
qualquer outra pessoa. — Mas você tem que esperar algo.

Seus olhos caem para os meus lábios antes de passar o polegar sobre o
meu inferior. Posso sentir meu coração batendo forte e minha respiração
acelera enquanto espero por sua resposta. — Não posso mentir para você,
— diz ele, fazendo meu coração parar. — Eu quero algo.

Eu engulo. Eu não posso pagá-lo de volta. Minha família tem dinheiro,


mas eu pessoalmente não. Eu não tenho casa. Nenhum carro. Inferno, eu
nem teria um telefone celular se não fosse por ele. — O que é isso? — Eu
sussurro, com medo do que ele vai dizer.

— Você, — ele responde, e eu sinto as lágrimas arderem em meus olhos.


— Tudo o que eu quero é você. — Ele dá um passo para dentro de mim,
pressionando seus quadris nos meus. — Dê-me a chance de fazer o que eu
deveria ter feito oito anos atrás.

— O que é que foi isso?

— A chance de mostrar que você é alguém.

Antes que eu possa dizer qualquer coisa, ele abaixa seus lábios nos
meus. Eu não hesito. Eu envolvo meus braços em volta do seu pescoço e
permito que ele me beije. Seus dedos cavam em minhas coxas, e ele me
levanta do chão. Eu envolvo minhas pernas em torno dele, e ele me leva
para trás antes que eu o sinta me deitando na cama.

Ele se afasta o suficiente para remover minha camisa, e então seus lábios
estão de volta nos meus. Estou tentando enfiar meu short pelas minhas
pernas quando ele se afasta mais uma vez para fazer isso sozinho,
certificando-se de levar minha calcinha com eles.

Então eu estou puxando sua camisa sobre a cabeça e desabotoando sua


calça jeans. Eu não posso deixá-lo nu rápido o suficiente. A necessidade de
tê-lo dentro de mim é muito grande. O que é loucura, considerando que eu
queria arrancar a cabeça dele segundos atrás. Nunca experimentei emoções
como essa antes.

Já estou molhada, e uma olhada rápida me diz que ele está duro. Ele
pega seu pau na mão e o empurra para dentro de mim. Eu arqueio minhas
costas, ofegante ao senti-lo me esticando para acomodar seu tamanho.

— Foda-se, Mia. — Ele geme em meu ouvido, e isso faz minha


respiração engatar.

— Dillan. — Estou ofegando seu nome enquanto meus dedos cavam em


suas costas musculosas.

Afastando-se, ele se senta, colocando os braços sob meus joelhos e


abrindo mais minhas pernas.

Eu agarro meu cabelo, gritando quando ele bate em mim enquanto


observa seu pau deslizar para dentro e para fora da minha boceta
encharcada. Meus olhos pesados o observam morder o lábio inferior e sua
respiração acelera. Estendendo a mão, eu coloco minhas mãos em seu peito
duro, curtindo o show. Eu nunca poderia ter o suficiente dele.

Passei toda a minha vida pensando que morreria sozinho. Mas Dillan
me ensinou como é ser desejado, e eu nunca poderia voltar atrás. E é isso
que me assusta. Ele já se afastou de mim antes, então o que o impede de
fazer isso de novo?

Uma sensação começa a crescer e meus olhos se fecham.


— Olhe para mim, Mia, — ele ordena rudemente. O som de seu corpo
batendo contra o meu enche a grande sala.

Abrindo meus olhos pesados, eu o vejo pairando sobre mim. — Eu


quero que você me observe enquanto você goza.

Meus lábios estão entreabertos e estou ofegante. Seus olhos caem dos
meus antes de correr pelo meu corpo. Ele lambe os lábios, e eu cavo minhas
mãos nos lençóis de cada lado do meu corpo enquanto ele mantém minhas
pernas abertas para ele.

Estou gritando seu nome enquanto o calor lambe minha pele,


queimando-me viva. No fundo da minha mente, percebo que todos na
suíte podem me ouvir, mas simplesmente não consigo me importar o
suficiente para ficar quieta.

Estou tremendo incontrolavelmente quando ele sorri, olhando entre


minhas pernas. — Eu nunca vou me cansar de ver você gozar no meu pau.

Eu choramingo.

Ele se inclina para baixo, pressionando seus lábios nos meus enquanto
seus quadris levantam. Ele me fode até ficar rígido, gozando dentro de
mim. Eu fecho meus olhos, incapaz de mantê-los abertos por mais tempo.
Capítulo Trinta e Seis

Bones

Ela está deitada ao meu lado com os olhos fechados, dormindo


profundamente. Eu a limpei depois que terminamos, e ela nem se mexeu.
A pobrezinha ainda está exausta.

Levanto-me da cama, pego meu celular no bolso da calça jeans e digito


um número, enviando uma mensagem rápida. Uma vez feito isso, eu me
visto e saio do quarto, fechando a porta atrás de mim.

Titan está em seu telefone sentado no sofá, Cross e Grave estão ambos
de pé na cozinha, e Tristan está nas janelas do chão ao teto. Eu ando até ele.
— Obrigado novamente pela ajuda hoje.

Ele concorda. — Você sabe que vou ajudá-lo no que puder. — Seus
olhos vão para a porta fechada da suíte master e depois de volta para mim.
— Ela tem que voltar para Las Vegas.

— Eu sei.

— Você tem homens que você pode colocar nela? Ela vai precisar de
escolta 24 horas por dia. Até sabermos quem mais está envolvido, não
podemos arriscar a segurança dela.
— A única pessoa em quem confio que não está aqui é Luca, e ele não
está em condições de protegê-la. — Eu suspiro pesadamente. Nite é outra
opção, mas já estará na França. Ele está com o rastreador e vai ficar lá com
ele até chegarmos. Não podíamos simplesmente enviar um rastreador e
entregá-lo. Precisa de algum tipo de movimento.

— Vou ligar para Avery, — diz ele, tirando o celular da calça.

— Ele não está no Canadá? — Eu pergunto. Avery é seu irmão mais


velho. Eu não sou tão próximo dele quanto sou de Tristan, no entanto.

Tristan assente. — Mas você pode confiar nele.

— Eu sei onde eles estão.

Tristan e eu nos viramos para ver uma Mia sonolenta parada do lado de
fora da porta do quarto, completamente vestida mais uma vez.

— Quem? — Grave pergunta, enfiando um pedaço de torta na boca que


ele pediu ao serviço de quarto.

— Meu irmão e Richard. Eu sei onde eles estão.

— Onde? — Tristan chega antes de mim.

— Quando chegamos a Nova York, eles me levaram para o armazém do


meu pai. Foi onde me mantiveram até o leilão. Eles ficam lá.

— Você viu seu pai? — Eu pergunto, e ela balança a cabeça.

Olho para Tristan e ele dá de ombros. — Talvez seja nossa melhor


aposta, — ele afirma, entendendo minha pergunta silenciosa.
Passando a mão pelo meu cabelo, eu suspiro. — Mande uma mensagem
para Nite. Diga a ele para largar o rastreador e voltar, — eu ordeno a Titan,
e ele acena com a cabeça.

— Mas eu pensei que precisávamos dele para ficar lá com ele, —


argumenta Grave.

— Foi quando queríamos que eles viessem até nós. Se conseguirmos


alcançá-los antes que saiam de Nova York, não há razão para ele estar lá.
Ele precisa estar aqui com Mia enquanto vamos atrás do irmão dela e de
Richard.

Ela dá um passo em minha direção. — Dillan, eu posso ajudar.

— Absolutamente não. Você vai ficar aqui na suíte com Nite.

— Mas...

— Sua vida não está em debate, Mia, — eu a interrompo. Ela já teve


muitas ligações por pouco. Eu não estou correndo nenhum risco. Se eles
perceberem o que estamos fazendo e de alguma forma colocarem as mãos
nela, nunca mais a verei. Matteo a mataria apenas para provar um ponto. E
eu não seria capaz de viver sem ela.

Seus olhos percorrem a sala como se esperassem que alguém a apoiasse.


Isso não vai acontecer. Nenhum homem nesta sala permitiria que a mulher
que ama se colocasse em perigo para ajudar.

— Nite respondeu. Ele disse que vai largar o rastreador e voltar logo.

Eu concordo. — Estaremos prontos.


Mia

Sento-me na ponta da cama enquanto Dillan veste uma calça jeans preta
e uma camiseta preta. Meus braços estão cruzados sobre o peito e meu
cabelo está molhado do meu banho recente. Estou vestindo nada além de
uma toalha. Tentei descansar um pouco ontem à noite, mas não aconteceu.

Este é o nosso segundo dia aqui em Nova York. Depois que ele recusou
minha ajuda, eu fiquei puta. Ele me deu um beijo de boa noite e eu lhe dei
as costas. Levou apenas alguns segundos antes que ele estivesse roncando.
Fiquei acordada, olhando para o teto escuro e pensando nos últimos vinte
anos da minha vida. Ou falta dela.

Ele não sabe, mas eu também tenho um plano. Um que vai mostrar a ele
que não sou tão indefeso. Quero que Dillan saiba que eu o quero, não
preciso dele.

— Vai ficar tudo bem, — diz ele, e eu olho para ele.


Ele acha que estou preocupado com sua segurança. Eu não estou. Não
realmente, de qualquer maneira. Não tenho dúvidas de que Dillan fará o
que se propõe a fazer. Eu odeio que ele queira me manter embrulhado em
plástico bolha.

Caminhando até mim, ele coloca as mãos em cada lado do meu corpo e
inclina o rosto no meu. — Você estará segura aqui. Nite está ficando para
trás. E assim que terminarmos, eu volto.

Eu permaneço em silêncio, e ele suspira. Inclinando-se para frente, ele


gentilmente beija minha testa e então se levanta em toda a sua altura. —
Tudo vai acabar logo. — Com isso, ele se vira e sai do quarto.

Caindo de costas, olho para o teto e fecho os olhos, respirando fundo.


Meu relógio começou oficialmente a contar. Quem sabe quanto tempo eu
tenho? Abrindo os olhos, corro para o banheiro, sabendo que é agora ou
nunca. Eu rapidamente amarro meu cabelo em um rabo alto. Não posso
arriscar que fique no meu caminho.

Indo até o armário, abro a mala que ele havia me trazido. Procuro
algumas roupas quando vejo uma pequena bolsa Gucci preta escondida em
um compartimento com zíper. Franzindo a testa, eu abro e sorrio quando
vejo uma nota. — Uma garota nunca é cuidadosa demais. — E eu sei
exatamente quem o colocou lá.

Uma vez vestida, abro a porta do quarto bem a tempo de ver Nite entrar
em outro quarto do outro lado da grande sala de estar. Ele é como todos os
outros, acha que não vou revidar. Que vou apenas sentar aqui e esperar
que Dillan volte. Cuidar do meu irmão e do Richard é apenas parte do
problema. E eu sei que o que eles estão prestes a fazer vai começar uma
guerra. Um que eu não estou disposta a arriscar. Os Kings têm muito a
perder. Não apenas seu Kingdom, mas também seus entes queridos.
Muitas pessoas já foram feridas por minha causa. Eu sou a única que pode
parar isso.

Saindo da suíte master, fecho a porta suavemente atrás de mim para


que ele pense que fui para a cama. Então ando na ponta dos pés pela suíte e
saio pela porta da frente, fechando-a o mais silenciosamente possível.

Ando pelo corredor até o elevador. Sentindo meu coração bater forte no
peito, rezo silenciosamente para poder sair sem que Nite me pegue. Eu não
ficaria surpreso se Dillan colocasse algum tipo de alarme silencioso nessas
malditas portas.

Aperto o botão do nosso elevador privado, observo por cima do ombro


a porta da cobertura se abrir, mas nada acontece.

O ping que me avisa que o elevador chegou me faz estremecer, e eu


pulo para dentro, apertando repetidamente o botão para as portas
fecharem até que ele me feche. Quando isso acontece, encosto as costas nele
e fecho os olhos, mais uma vez me preparando para o que tenho que fazer.
Danem-se as consequências.
Capítulo Trinta e Sete

Bones

O sol caiu, e eu sento no banco do passageiro do carro de Tristan


enquanto ele voa pela estrada. Titan, Grave e Cross estão atrás de nós no
Cadillac Escalade que alugamos sob o pseudônimo de Tristan.

Eu engatilho a arma, colocando uma bala na câmara, e coloco-a na


minha coxa, sentindo o metal pesado. Isso me acalma. Já faz muito tempo
desde que fiz algo sangrar pelo bem maior. Geralmente é relacionado ao
trabalho.

Eu não estava mentindo quando disse a ela que meus arrependimentos


a envolviam. Tenho outros em minha vida? É claro. Mas eram aqueles
sobre os quais eu não tinha controle. Eu escolhi comprá-la e deixá-la. Em
dobro.

Tristan sai e vejo os Kings seguirem pelo espelho lateral.

Ele dirige em silêncio pelos próximos quinze minutos enquanto Nova


York fica menor no retrovisor. O armazém que o Sr. Bianchi tem fica bem
no oceano. Muitos navios importam e exportam mercadorias para John. A
máfia tem as mãos em tudo e qualquer coisa que possa ser vendida.
Fiquei apavorado quando descobri que Mia estava em outro leilão aqui
porque imaginei que ela iria direto para o estaleiro depois. Que eles a
colocariam em um contêiner de transporte, e isso seria tudo. Ela iria
embora para sempre sem nenhuma maneira de rastreá-la.

— Nós vamos ter que estacionar e andar, — eu informo Tristan. — Ele


está vigiando o armazém. Não quero que eles saibam que estamos
chegando. Nite nos informou tudo o que precisávamos saber sobre o
depósito por mensagem de texto antes de retornar a Nova York.

Ele concorda. — Quão longe?

— Eu diria que pelo menos uma milha.

Meu celular toca e eu olho para baixo, pensando que seja Mia, mas é
Luca. Apertei ignorar. Eu ainda não estou falando com ele. Ele me manda
uma mensagem imediatamente.

Luca: Atenda o maldito telefone.

Eu vou desligá-lo, mas paro. Não posso fazer isso, caso Mia ou Nite
precisem de mim. Luca sabe o que estou fazendo aqui e não está tentando
me impedir. Ele simplesmente não gosta que eu o culpe pela situação dela.
A verdade é que nós dois somos responsáveis por isso. Eu sou apenas o
único que decidiu fazer algo sobre isso.
Tristan desacelera seu carro, entrando em uma estrada onde ele
contorna um prédio de tijolos antes de parar. Está um silêncio mortal aqui.
Nem mesmo as luzes da rua zumbindo.

Saindo do carro, vejo Titan parar atrás de nós. Eles saem e abrem o
porta-malas, pegando o que precisam.

— Pronto? — Eu pergunto, enfiando minha 9mm na parte de trás da


minha calça jeans enquanto pego a Glock que meu irmão me entrega.

— Pronto. — Eles acenam com a cabeça.

— Vamos, — eu digo quando Tristan bate seu porta-malas, e


começamos a caminhar, sabendo que estou prestes a fazer algo que nunca
pensei que faria.

Mas não é assim que as guerras começam? Um homem se apaixona por


alguém que não deveria.

Mostre-me um homem apaixonado e eu lhe mostrarei sua maior fraqueza.

As palavras do meu pai ecoam na minha cabeça e eu sorrio. Ele não


poderia estar mais errado. Meu celular começa a tocar e todos nós
paramos. Eu o puxo para fora, pensando que é Luca de novo, mas vejo que
é Nite.

— Que porra é essa? — Grave pergunta, imaginando por que Nite está
ligando. O homem escolhe ficar mudo. Ligaremos para ele, mas nunca
esperamos que ele fale.

Apertei atender e coloquei no viva-voz. — Nite...?


Ele nem me deixa terminar antes de sair correndo. — Mia se foi.

Mia

Saio do táxi e fico na calçada da movimentada rua de Manhattan. O


problema de ser um Don é que ninguém nunca foderia com você. E a
polícia é paga.

Entro na pizzaria com a cabeça erguida e os ombros para trás. Este


negócio foi passado de meu bisavô para meu avô e para meu pai. Luca ou
Nite serão os próximos, pois tenho certeza de que serão os únicos dois
Bianchis vivos restantes.

Os primeiros doze anos da minha vida foram passados em Las Vegas,


mas meus pais me trouxeram para Nova York algumas vezes. E passei
aqueles raros dias aqui, sentado na mesa do canto com minha babá, onde
ela me ensinou apenas o suficiente para saber que essa não era a vida que
eu queria viver.
O lugar está morto a essa hora - depois das dez da noite. Passo pelas
mesas vermelhas redondas e vou para os fundos. Abrindo a porta, entro no
escritório. Cinco homens estão em pé ao redor de uma mesa onde meu pai
está sentado.

— Mia? — ele late quando me vê. — Que porra você está fazendo aqui?
— Ele olha para trás e me pergunto se está esperando que Dillan ou Luca
estejam comigo.

— Eu vim ver você, — eu respondo enquanto seus homens me encaram.


Dois deles até têm as mãos nas armas enfiadas nos coldres. Os outros três
não me veem como uma ameaça. Esse é o erro deles.

— Mia! — Minha mãe pula de um sofá de couro desgastado, correndo


para mim. Ela envolve seus braços em volta de mim, levantando meus pés
do chão. — Oh meu Deus. — Colocando-me no chão, ela se afasta e coloca
as duas mãos no meu rosto. Seus olhos azuis prateados que se parecem
com os meus se enchem de lágrimas enquanto olham para os cortes e
contusões como se ela se importasse com o que eu passei. — Oh meu Deus.
Meu bebê. — Ela está chorando agora e fungando.

Eu não sinto nada por ela. Ela pode não ter opinado sobre que tipo de
vida eu fui criada para viver, mas também não fez nada para me proteger.
Implorei a ela que me deixasse ficar em Las Vegas quando meu pai e Luca
me disseram que era melhor ir para a Itália. Então eu implorei a ela para
ficar comigo lá, e ela me deixou sozinha para voltar para casa e ficar com
meu pai. Se eu tiver a sorte de ter um filho, nunca o deixarei por meu
marido. Mas também nunca me casaria com um homem que me fizesse
escolher.

— Senhor? — um de seus homens pergunta. Claramente confuso sobre


como lidar com minha chegada.

— Nos deixe. — Ele acena com a mão no ar e todos os homens saem da


sala, deixando-me sozinha com meus pais.

— O que você quer, Mia? — ele pergunta, recostando-se na cadeira com


os braços cruzados sobre o peito. — Como você conseguiu sair da Itália?

Aquilo me diz que ele não tem ideia do que eu passei. Ele não ordenou
que Matteo me sequestrasse e me vendesse a um King. Mas para descobrir
exatamente o quanto ele sabe, eu pergunto: — Você realmente esperava
que eu conseguisse seu Kingdom?

Ele sorri. Seus olhos negros caem para os meus Nikes e sobem pelas
minhas pernas nuas, por cima do meu short e depois pelo meu peito. A
maneira como seu sorriso cresce faz minha pele se arrepiar. Então eles
encontram os meus novamente. — Houve um tempo em que eu ia usar
você para conseguir o que eu merecia. — Meus olhos se estreitam nos dele.
— Mas um King nunca poderia se apaixonar por ninguém. Não importa o
quão boa seja a buceta. — Quando ele se levanta, dou um passo para trás
em direção à porta para colocar algum espaço entre nós.

Eu odeio que meu estômago afunde com suas palavras. Que ele poderia
me fazer questionar as intenções de Dillan comigo. Sempre me disseram
que não sou ninguém, então é difícil acreditar no contrário. Mesmo quando
um King tenta convencê-lo de que você é alguém.

— Você sabia que Matteo me vendeu? — Eu pergunto e odeio que


minha voz trema.

Ele joga a cabeça para trás, rindo, e eu olho para minha mãe para ver
sua reação. Ela está com a cabeça baixa e os braços cruzados sobre o peito.
Posso ver pela maneira como seus ombros tremem que ela está chorando
silenciosamente.

Ela sabia! Tive a sensação de que sim, mas não queria acreditar. — Por
que? — Eu grito, e as lágrimas ardem em meus olhos. Eu odeio que eu me
importo. E eu odeio ainda mais que ele ache minha falta de vida divertida.

— Você sempre quis ser nada, Mia. — Ele dá um passo mais perto de
mim. — Você pode abrir as pernas para um milhão de homens. — Outro
passo. — Mas você ainda não seria nada.

Ele me alcança e sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto


olho para ele.

— Você deveria me agradecer. — Ele inclina a cabeça para o lado.

— Por me vender pelo lance mais alto? — Eu latido.

— Por fazer você valer alguma coisa. — Inclinando-se para o meu rosto,
ele acrescenta: — Se não fosse pelo nome Bianchi, você teria sido dada de
graça.
Eu cuspo em seu rosto, e ele coloca a mão sobre minha boca, segurando
dolorosamente minhas bochechas e me empurrando para trás. Minha
cabeça bate na parede com tanta força que minha visão fica turva, e caio de
joelhos enquanto a dor dispara na minha nuca. Ao longe, ouço minha mãe
gritar enquanto minha cabeça começa a latejar como um tambor.

Estou tentando recuperar o fôlego e piscar os pontos e as lágrimas


quando o ouço rir. — Você deveria ter me deixado matá-la quando eu quis.
Ela não nos serviu de propósito.

Levantando minha cabeça, eu olho para suas costas enquanto ele


começa a se afastar de mim.

— Felizmente, nunca é tarde para resolver um problema, — acrescenta.

Eu me levanto, enfio a mão no bolso de trás do meu short e deslizo


meus dedos nos orifícios de metal do chaveiro de orelhas de coelho que
encontrei na minha bolsa. Obrigada, Jasmim. Esta é minha única chance. Eu
sabia que vir aqui acabaria com a vida de alguém, e havia a possibilidade
de ser a minha.

Correndo, solto um grito quando pulo em suas costas. Ele gira, jogando
minhas costas contra a parede, e o aperto firme que minhas pernas têm em
torno de sua cintura afrouxa um pouco com o contato.

— Sua puta do caralho! — Ele grita. Sua mão passa por cima do ombro
e consegue agarrar meu rabo de cavalo. Ele a puxa e eu grito.
Estendo a mão e dou um tapa em seu rosto para tentar obstruir sua
visão, e ele tropeça em sua mesa. Ele inclina a cabeça e aproveito a
oportunidade para enfiar as orelhas de coelho de metal em seu pescoço.

Quando eu o arranco, o sangue espirra em mim. Ele cai de joelhos, me


levando com ele. Eu o esfaqueio novamente. E de novo. Até que minha
mão perde o controle porque o chaveiro está escorregadio.

Gritos perfuram meus ouvidos e me pergunto se sou eu. Algo duro


atinge meu corpo, e eu estou de costas, olhando para um rosto que se
parece com o meu. Minha mãe está em cima de mim, batendo no meu rosto
e no meu peito.

— Sua putinha ingrata! — ela grita, saliva voando de sua boca para se
misturar com o sangue de meu pai. — Você o matou! — Ela me dá um
tapa. — Você percebeu o que fez? — Claro, ela o escolhe. Sempre tem. Ele
estava prestes a me matar, e ela ficaria parada e apenas assistiria isso
acontecer. — Você vai morrer por isso! — Seu punho acerta minha
bochecha, e eu torço meu corpo para deitar de lado embaixo dela e ver o
chaveiro que havia escorregado de minhas mãos. Estendo a mão e agarro.
Virando-me de costas, levanto minha mão e enfio as orelhas em seu
pescoço em sua garganta.

Arrancando-o, sinto mais sangue me cobrir e engasgar com ele. Tirando


seu peso morto de cima de mim, fico de joelhos no momento em que a
porta se abre. Eu fiz isso. Não importa se eu morrer aqui ou não, pelo
menos fiz o que disse a mim mesmo que faria. Eu tropeço em meus pés
assim que os guardas do meu pai entram.
— Que porra você fez? — um cara grita, investindo contra mim.

Levanto o chaveiro e ele bate no meu antebraço com o dele, arrancando-


o da minha mão. Segurando minha garganta, ele me levanta. Colocando
seu rosto na frente do meu, ele me faz engasgar com o cheiro de fumaça de
cigarro.

Eu mostro meus dentes, e ele solta meu pescoço, mas antes que eu possa
respirar, ele bate o punho no lado da minha bochecha.

A dor explode na lateral do meu rosto e pescoço, e então sou agarrada


pelo cabelo e jogada de cara na mesa do meu pai. Seu computador e papéis
vão cair no chão. Minha respiração é tirada mais uma vez com o impacto.
O gosto de sangue enche minha boca e eu cuspo na superfície.

Ele me segura com sua grande mão em volta do meu pescoço. — Chame
Matteo, — o homem ordena a um dos outros guardas que agora se juntou a
nós.

A lateral do meu rosto desliza sobre a mesa por causa da baba que
escorre pelo canto da minha boca. Vejo dois dos outros guardas verificando
o pulso de minha mãe e meu pai. Quando eles percebem que não é uma
possibilidade, eles os movem para o canto. Jogar o corpo da minha mãe em
cima do meu pai.

Um telefone é colocado ao meu lado e vejo que está ligando para meu
irmão no viva-voz.

— Olá? — Eu ouço sua voz, e meus olhos se fecham. Ele deveria estar
morto.
— Tenho uma surpresa para você, — afirma o guarda.

— Você sabe o quanto eu amo isso, — brinca Matteo. — É melhor ela ser
uma loira com grandes seios falsos.

Abro a boca para gritar com ele, mas o guarda bate com o lado do meu
rosto na mesa, fazendo-me gemer enquanto minha visão entra e sai.

— Mais como uma morena com peito achatado. — O homem ri. —


Sério, você nunca vai acreditar em quem apareceu, — o cara me segurando
diz alegremente. Eles não se importam que seu chefe esteja morto porque
sabem que meu irmão agora o herdará. Eles têm segurança no trabalho.

— Quem? — ele pergunta.

— Sua prostituta de uma irmã.

Eu tento me livrar de seu aperto, mas ele aperta seus dedos na parte de
trás do meu pescoço. Eu cerro os dentes, recusando-me a dar a ele a
satisfação de que ele está me machucando.

— Você-você tem Mia? — ele pergunta, parecendo inseguro. Isso faz


sentido, considerando que eu deveria estar na França agora por meio do
rastreador que ele colocou no meu pescoço.

— Fala, vadia! — o homem rosna enquanto o outro segura o telefone na


minha cara.

Eu me recuso a dar a eles o que eles querem. Então o cara me segurando


puxa minha cabeça para fora da mesa e o outro aponta uma faca para
minha garganta, seu rosto na frente do meu. — Diga oi ao seu irmão, ou
vou cortar esse seu rostinho bonito. — Ele me dá um sorriso de dente torto.
— Eles nem mesmo serão capazes de te entregar.

Sinto a lâmina fria pressionada contra minha pele e respiro fundo,


esperando que isso me dê algum espaço, mas não funciona. Seu sorriso se
alarga quando ele vê o que estou fazendo.

— Ela é muito bonita, cara, — acrescenta ele, seus olhos caindo para os
meus lábios entreabertos enquanto prendo a respiração. — É uma pena que
ela não seja mais do que uma prostituta agora.

Mostrando meus dentes, eu rosno. — Vá se foder. — E cuspir na cara


dele. É a única opção de que sou capaz.

O cara me segurando me puxa para cima e me joga do outro lado da


sala na parede oposta.

Caindo no chão como uma boneca de pano, eu rolo, sugando uma


respiração profunda, apenas para ficar cara a cara com o corpo da minha
mãe morta. Sangue pinga de seu rosto, olhos abertos e nos meus. Eu me
levanto o mais rápido que posso e luto contra a parede, empurrando o
cabelo coberto de sangue do meu rosto agora machucado. Meu rabo de
cavalo alto agora está solto, o cabelo caindo por todo o meu rosto.

— Estou a caminho, — resmunga Matteo.

— Não posso prometer que ela estará inteira. — O cara que segurava o
telefone desliga e o joga no chão antes de esmagá-lo com a bota. Ele dá um
passo em minha direção, e o cara que me jogou o agarra, fazendo-o parar.
— Não tocamos nela até que Matteo chegue. — Ele olha para mim. —
Seja o que for que você planejou para ela, ele fará com que seja dez vezes
pior quando vir o que ela fez.

— Isso não significa que não podemos brincar com ela, certo? — ele
pergunta, sorrindo.

Um dos guardas que não disse uma palavra vai até a mesa e abre uma
gaveta. Ele puxa algumas braçadeiras e eu me levanto para correr, mas sou
recebida por outro guarda. Ele me pega e me joga de volta na mesa, onde
meus braços são puxados para trás e presos. Não consigo evitar as lágrimas
que escorrem pelo meu rosto. Matteo vai me matar. Mas quando ele vir o
que fiz, será uma morte lenta e dolorosa.

Por que ele está vivo? Onde estão Dillan e os Kings? Eu começo a
chorar.

— Vai ficar tudo bem, puta, — diz um dos guardas. — Não vamos
matar você. Apenas brincar com você. — Todos riem da situação em que
me coloquei.

Eles não são por isso que estou chorando. É o fato de que não consegui
dizer a Dillan o que sentia por ele antes de partir. Ele ia começar uma
guerra por mim, e eu estraguei tudo. A essa altura, tudo o que posso fazer
é rezar para que ele e os Kings se esqueçam de mim, porque não vou
sobreviver de jeito nenhum. Uma vez eu disse a ele que não valia a pena, e
eu quis dizer cada palavra.
Capítulo Trinta e Oito

Bones

Nós paramos na pizzaria assim que Matteo entra.

— Você acha que ela está aqui? — Tristan pergunta.

— Ela tem que estar. — Depois que recebemos a ligação de Nite, nos
viramos e voltamos para nossos carros para ir ao hotel procurá-la quando
decidimos que nossa melhor aposta era esperar por Matteo e ver o que ele
fazia. Com certeza, não era dez minutos depois, e ele estava em seu carro
dirigindo para a cidade.

Mia partiu por um motivo. E estou rezando para que ele nos leve até
ela.

A porta da pizzaria se abre e dois guardas saem. Ambos cruzam os


braços sobre o peito e olham em volta. Eles têm sangue nas mãos e é óbvio
que não é deles. Tristan olha para mim. — Pronto?

— Vamos. — Abro a porta e saio do carro. Eles levantam suas armas


quando nos avistam, mas somos mais rápidos. Já dei um tiro na cabeça de
um deles. Tristan acerta o outro com um tiro no peito. Ambos caem mortos.
— Cross? — Eu chamo, caminhando em direção à porta da frente.

— Peguei, — ele responde, chegando com Grave e Titan atrás de nós.

Entramos na pizzaria e os três arrastam os dois guardas para dentro do


prédio, indo imediatamente ao trabalho. Eu queria fazer Matteo e Richard
sofrerem, mas isso não vai acontecer. Esta é uma missão de resgate agora.
Entre, salve Mia e dê o fora. Mate qualquer um que estiver no meu
caminho o mais rápido possível.

Tristan e eu seguimos para a porta fechada com nossas armas prontas.


Eu dou um passo para trás e olho para ele. Ele balança a cabeça e, em
seguida, abre a porta com um chute.

Eu entro com minha arma levantada e mato um guarda. Outro pula na


minha frente e eu atiro nele também. Apontando minha arma, vou atirar
novamente, mas percebo quem está na frente dela. Mia.

Ela fica na frente de uma mesa com o braço de Matteo em volta de sua
garganta, enquanto ele se esconde atrás de seu pequeno corpo. Uma rápida
olhada ao redor me mostra que seu pai e sua mãe estão mortos. E eu
entendo porque estamos aqui - ela os matou.

Bom para ela.

Eu levanto a arma, apontando direto para o rosto dele, mas ele a move
para onde ela está. — Deixe-a ir, — eu exijo.

Ela está tremendo, coberta de sangue, e seus braços estão atrás das
costas. Eu quero ficar chateado e gritar com ela, mas isso tem que esperar.
Eu preciso dela viva para fazer isso.
— Di-llan. — Ela engasga o meu nome. — Eu sinto muito.

Eu a ignoro, recusando-me até mesmo a tirar os olhos de seu irmão. Ele


tira o braço do pescoço dela e, em vez disso, coloca a mão sobre a boca
dela, abafando seus gritos. — Onde está Richard? — Eu pergunto a ele em
vez disso. Não temos certeza de onde diabos ele está.

Matteo ri. — Luca te mostrou o vídeo dela, certo?

Eu aperto minha arma.

Matteo lambe a lateral do rosto dela, fazendo-a gritar e fechar os olhos.


— Aposto que ele não mandou aquele em que brincava com o corpo
inconsciente dela.

Eu fico tenso.

— Claro, ele não transou com ela. — Ele ri. — Uma prostituta gasta vale
muito menos.

— Deixei. Ela. Ir, — eu exijo, a arma agora tremendo em minhas mãos.


Eu poderia atirar, mas arriscaria acertá-la.

Eu ouço um tiro vindo de dentro da pizzaria, significando que os Kings


mataram outro guarda. Eu me pergunto quantos são.

Pisando à minha esquerda, Tristan vai para a direita. Nós dois tentamos
tirar um tiro melhor. Se pudermos nos mover lentamente para ficar de cada
lado dele, um de nós pode pegar um.

Ele dá um passo para trás, puxando-a com ele. Soltando sua boca, ele
agarra seu cabelo, puxando sua cabeça para trás. Forçando-a a olhar para o
teto, ele coloca uma faca em seu pescoço. Eu a vejo engolir em seco e olhar
para Tristan. Ele acena com a cabeça uma vez.

— Por que você está aqui, Bones? — ele pergunta, rindo loucamente. —
Por causa dela? — Outra risada. — Não me diga que você se apaixonou por
ela? — Matteo não me deixa responder. — Seu pai não te ensinou nada
sobre buceta?

Titan, Cross e Grave entram na sala, armas levantadas e apontadas para


Matteo e Mia. Matteo olha dos três para mim e sorri.

— Última chance, Matteo, — acrescento. — Você está em menor número


e não tem para onde ir. — Ele sabe isso. A questão é, ele vai levá-la para
baixo com ele?

Eu recebo minha resposta quando ele começa a enfiar a faca em seu


pescoço, fazendo-a gritar para a sala. O sangue escorre pelo pescoço e pela
camisa, o tecido o absorvendo.

— Tristan, agora! — eu grito.

Uma arma dispara, acertando Matteo no ombro.

Ele a empurra para longe dele no chão, e todos nós começamos a atirar.
Seu corpo treme quando as balas o preenchem. O tiroteio para e segue-se o
silêncio. O som do toque enche meus ouvidos enquanto seu corpo sem vida
cai na cadeira atrás da mesa.

Eu abaixo minha arma e corro para onde ela está deitada no chão. Cross
corta o amarra e eu aplico pressão em seu pescoço. Ela está inconsciente,
mas respirando. Envolvendo seu pescoço o melhor que posso, eu a pego
em meus braços. — Ela precisa de um médico.

— Eu tenho um. — Tristan me ajuda a aplicar pressão na ferida


enquanto me levanto e a carrego para fora.

Mia

Abro os olhos para outro quarto desconhecido. Estou em uma cama


grande com lençóis brancos e frescos que cheiram a lavanda. As paredes
são cinza claro e o carpete é branco. Olhando em volta, vejo cortinas
transparentes penduradas na frente de janelas do chão ao teto com vista
para uma varanda.

Eu me estico e uma dor sobe pelas minhas costas. Eu coloco minha mão
no meu pescoço para sentir algum tipo de curativo. Saindo da cama, olho
para baixo e percebo que ainda estou vestido com roupas manchadas de
sangue.
Eu matei meus pais. Mas o que aconteceu com Matteo? Dillan? Os
Kings? Quem ganhou essa luta? Lembro-me de ver meu irmão entrar no
escritório e saber que estava tudo acabado. Mas então Dillan estava lá.
Salvando-me.

Ouvindo algo do outro lado da porta do quarto, vou até lá com as


pernas trêmulas. Abro e saio para um corredor. Nada nesta casa é familiar.
Isso me faz pensar se é outra das casas de Dillan.

Ando pelo corredor até uma sala de estar aberta. Minha respiração fica
presa em meus pulmões quando o vejo de pé, de costas para mim, olhando
para a TV pendurada na parede. Titan e Grave estão sentados em um sofá,
também de costas para mim. Tristan e Cross estão no meio da conversa,
mas param quando eles me veem.

— Bones. — Tristan chama sua atenção e então acena para mim.

Eu quero caminhar até ele, mas a TV tem meus pés plantados onde
estou. É a pizzaria. A que meus pais possuem. Está em chamas, bem, o que
resta dele, o que não é muito. Tudo parece derretido enquanto os
bombeiros tentam apagá-lo, mas está iluminando o céu da meia-noite. — O
que aconteceu? — consigo perguntar.

Meus olhos encontram os de Dillan, e ele caminha até mim. Estendendo


a mão, ele segura minha bochecha suavemente. Seus lindos olhos azuis
suavizam antes de falar. — Tivemos que garantir que nenhuma evidência
fosse deixada para trás.
— Então você queimou? — Eu pergunto, certificando-me de que
entendi. Enquanto observo Cross abrindo e fechando um Zippo, algo me
diz que foi ele quem acendeu tudo.

— Como você está se sentindo? — Dillan pergunta, seus olhos caindo


para o meu pescoço.

Dou um passo para trás e sua mão cai. — Mas por que? — Eu pergunto,
meus olhos voltando para a TV.

— Mesmo que sua família tenha a polícia no bolso, não queríamos


arriscar que alguém encontrasse suas impressões digitais ou sangue no
local. Era a única forma de garantir que tudo fosse destruído. — Grave é
quem responde.

Dillan volta para mim, gentilmente segurando minhas bochechas e me


forçando a olhar para ele. — Como você está se sentindo?

Sinto as lágrimas picarem meus olhos. Vinte anos e eu só tive Luca do


meu lado. E até ele tinha seus limites de quanto poderia me proteger.

— Mia. — Ele suspira meu nome.

— Apenas cansada, — eu saio rouco. Tentando não se emocionar.


Finalmente estou livre. Mas e agora? Para onde eu vou? O que eu faço?
Minha respiração acelera e minha garganta aperta.

— Mia, olhe para mim, — ele exige.

Lágrimas enchem meus olhos a ponto de distorcer minha visão, e meu


peito começa a arfar.
— Mia. — Eu o ouço, mas ele parece distante.

Esperei toda a minha vida por isso, mas não posso deixar de pensar que
cometi um erro. Agora Dillan não tem motivos para me manter. Para me
proteger. Eu disse a ele que não era um caso de caridade, mas era
exatamente o que eu era para ele.

— Mia. — Ele me dá uma pequena sacudida, e consigo me concentrar


em seus olhos. — Você está bem. Eles se foram, Mia. Eles não podem mais
te machucar.

Claro, isso é o que ele está pensando. Por que eu ficaria chateado por
eles estarem mortos? Que desejei algo durante toda a minha vida e, agora
que o tenho, não tenho certeza se o quero. Ele vai me deixar, e eu vou ficar
sozinha de novo. Luca não fala comigo depois do que fiz. Tantas pessoas
morreram por minha causa. Eu não deveria ser o próximo?

— Mia! — Dillan estala na minha cara, e eu pisco enquanto novas


lágrimas rolam por minhas bochechas latejantes. — Não vou a lugar
nenhum, — afirma. Colocando sua testa na minha, ele solta um longo
suspiro. Minhas mãos sobem e agarram seus braços musculosos,
recusando-se a soltá-lo. — Estou bem aqui, Mia. Eu prometo. Eu estou bem
aqui.
Epilogo
Bones

Estou entrando no meu carro para sair de Kingdom quando recebo uma
mensagem.

Nite: Temos um problema.

Eu suspiro. É sempre uma porra de alguma coisa. Eu nunca me


importei em deixar este lugar antes. Inferno, eu vivi aqui. A casa que
construí com os Kings ficou vazia por meses a fio. Agora mal posso esperar
para ir para casa. Porque é onde ela está. A mulher por quem estou
apaixonado.

Eu: Onde você está?

Nite: Kink.
Eu coloco meu carro em marcha e guincho meus pneus indo nessa
direção. Quinze minutos depois, entro no clube pela porta da frente e vejo
Alexa e Cross discutindo sobre o que a maioria dos casais discute: dinheiro.

— Isso é demais, Cross, — ela rosna, colocando as mãos nos quadris


enquanto olha para o piso de mármore que ele colocou no palco.

Seus lábios se contraem e ele começa a rir. — Você não pode estar
falando sério agora.

— Já falei que você não vai pagar por tudo isso, — argumenta. — Além
disso, quem diabos coloca mármore em um clube? Laminado ou azulejo é o
melhor.

— Eu te disse... — Ele me vê andando pelo que será a pista de dança e


acena para mim.

Eu aceno de volta e desço para o porão, deixando-os discutir. Ela tem


lutado contra ele o tempo todo. Alexa e Jasmine abriram negócios juntas.
Ambas são donas do clube e do Kink. Alexa deveria pagar para reformar o
clube e Jasmine estava gastando sua herança do Kink. Então houve um
acidente no bar que Alexa originalmente possuía aqui, e Cross interveio
para reconstruí-lo melhor do que nunca. A remodelação de Alexa deveria
ser feita com um orçamento pequeno. Cross assumiu, pagando tudo cem
por cento, e ele não faz nada pequeno, muito menos barato.

— Eu disse absolutamente não. — Eu ouço Jasmine estalar.

Parece que todos estão de mau humor esta noite. — O que está
acontecendo? — Eu venho atrás dela no corredor.
Ela se vira, estreitando os olhos em mim antes de olhar para Nite. —
Você está falando sério? Você mandou uma mensagem para ele?

Ele cruza os braços sobre o peito, olhando para ela.

— Seu fofoqueiro, — ela grita.

— O que está acontecendo? — Repito, virando-me para perguntar ao


homem que está à sua direita. Eu sei que Nite não vai me responder.
Talvez ele me ajude a entender por que diabos ela está tão chateada.

— Ela está recusando meus serviços. — Ele aponta para ela, e ela bufa,
afastando a mão dele do rosto.

— Malditas crianças. Todos vocês. — Ela dá um passo para cima dele e


Nite agarra seu braço, puxando-a para trás.

— Escritório, — eu exijo, e Nite a arrasta para longe. — Dê-nos dez


minutos, — digo ao homem para quem liguei esta manhã, e ele solta um
bufo, mas acena com a cabeça.

Entramos no escritório e Nite a coloca na cadeira em sua mesa. Nite e eu


nos sentamos em frente a ela.

— Isso só pode ser uma piada. — Ela olha para mim.

— Olha, eu falei com Hooke... — Ela revira os olhos ao ouvir o nome


dele. Ele é dono do local Kink em Nova York. Não a culpo por odiar o
bastardo machista, mas seu clube é um sucesso. E mesmo sendo o parceiro
silencioso de Alexa e Jasmine - no papel - não vou lucrar com isso. Eu
quero que seja um sucesso para ela e Alexa também. — Precisamos dessas
câmeras de segurança.

— Você está ouvindo a si mesmo? Não podemos colocar câmeras dentro


de um clube de sexo, Bones. É um processo esperando para acontecer.

Eu balanço minha cabeça. — Eles estarão apenas nos corredores. Não


nos quartos.

— Não!

Meus dentes rangem. — Isso é para salvar nossas próprias bundas,


Jasmine. — Eu tento argumentar com ela.

— Eles assinam NDAs, — ela argumenta.

— Sim, eles têm, mas apenas os membros. Não a companhia que trazem
com eles, — eu a lembro. — E precisamos dessas câmeras para provar que
alguém anda voluntariamente por um corredor e entra em um quarto. —
Hooke recentemente teve um processo de um terceiro que entrou e tentou
dizer que eles foram trazidos para lá contra sua vontade. As câmeras que
ele instalou mostram o contrário. Hooke venceu e o acusador teve que
pagar.

Ela inclina a cabeça para o lado em pensamento. Seu cabelo vermelho


curto cobre uma parte de seu rosto. Quando penso que ela finalmente
entendeu, ela diz: — Não.

Nite bate com as mãos na mesa, e ela balança com sua força, fazendo-a
pular. Ele fica de pé. — Isso não é uma porra de debate! As câmeras estão
sendo instaladas, e é isso!
O silêncio segue sua explosão. Observo a raiva deixar seu rosto
enquanto empalidece. Nite lentamente abaixa de volta em seu assento, e
seus olhos arregalados vão para os meus. Eu acho que ela esperava que eu
ficasse tão surpreso que ele falou porque aquela raiva voltou ao rosto dela
e seus olhos estreitados voltaram para os dele.

Ela se levanta, estendendo a mão sobre a mesa e dá um tapa no rosto


dele. — Seu filho da puta! — ela grita com ele. Então ela se levanta e sai do
escritório, batendo a porta atrás dele.

Sento-me no meu lugar, passando a mão pelo meu rosto. Estou exausta.
E ainda tenho mais um lugar para onde ir depois disso. — Você não
precisava dizer nada, — digo a ele.

Ele me surpreende novamente ao acrescentar: — Eu conheço aquela


mulher e você não ia ganhar. — Ele se levanta e se vira para a porta para
sair, murmurando baixinho: — Ela é tão teimosa quanto parece.

Verificando meu relógio, vejo que é quase uma hora da manhã quando
entro no quarto de hospital de Luca e o vejo sentado em sua cama. Ele
parece melhor do que quando o vi pela última vez. Não falei com ele desde
que o informei que iria matar sua família. Ele finalmente parou de enviar
mensagens de texto e me ligar.
Ele desliga a TV e olha para o relógio na parede depois de me ver
entrar. — Um pouco atrasado para o horário de visita, não acha?

— Eu sabia que você estaria acordado. — Você não passa a vida inteira
trabalhando a noite toda e depois dorme automaticamente. Nossos corpos
não são programados dessa forma. — Sozinho? — Eu olho para a cama que
eles têm aqui para Haven e percebo que ela não está lá.

— Ela está na sua casa.

— Oh sim. Noite das garotas. — Mia me lembrou duas vezes esta


semana. As coisas estão loucas desde que voltamos de Nova York na
semana passada. O fato de termos colocado fogo na pizzaria manteve as
coisas no mínimo quando se trata do show de merda que eu esperava. Mas
ainda temos muita coisa acontecendo. E Luca tem uma longa recuperação
pela frente. Com a morte de John e Matteo, Nite assumirá os negócios da
família. Ninguém tem nenhuma pista agora sobre onde os gêmeos estão.
Provavelmente em uma suíte de cobertura em algum lugar cheirando
cocaína na bunda de mulheres - fazendo o que eles fazem de melhor.

Eu jogo uma pequena bolsa preta em sua cama, e ele enfia a mão lá
dentro, tirando uma pequena caixa. Seu corpo fica tenso, sabendo
exatamente o que é. Colocando-o de volta no saco, ele olha para mim. — É
você que vem pedir minha permissão para se casar com minha irmã?

Eu bufo. — Como amigo e parceiro de negócios, respeito você, Luca.


Como irmão da mulher que amo, não. — Sua mandíbula se afia. — Eu não
estou perguntando. Estou aqui para dizer que pedirei Mia em casamento.
— Achei que ele merecia pelo menos isso.
Ele deita a cabeça no travesseiro e solta um suspiro. — Eu não queria
essa vida para ela. — Inclinando o rosto, ele encontra meus olhos. — Ela
merece coisa melhor.

Eu não posso discutir com isso. — Concordo. E eu vou dar a ela. — Eu


pego o saco e viro de costas para ele enquanto ele fala novamente, me
fazendo parar.

— Meu pai tinha a polícia no bolso. Eles podem nunca descobrir o que
aconteceu com ele e minha mãe, mas assim que perceberem que seus
cheques não vão chegar, eles continuarão procurando uma resposta.

Eu me viro para encará-lo. — Está resolvido. — E com isso eu saio do


quarto dele.

Mia

Já se passaram duas semanas desde que voltamos de Nova York para


Las Vegas. As meninas e eu passamos o dia todo em um spa nos
preparando para esta noite. Grave tem uma luta no Kingdom. É estranho
que a vida pareça tão normal. Ou pelo menos o que eu acho que é normal.

Eu pego meu telefone e ligo para qualquer uma delas sempre que eu
quiser. Ontem mesmo, eu estava preparando o jantar, e houve uma batida
na porta. Era Alexa trazendo uma garrafa de vinho que ela achou que eu
gostaria de experimentar. E ela estava certa. Foi muito bom.

É como um sonho. Melhor que um sonho, na verdade. Dillan está me


dando aulas de direção e acho que estou começando a fazê-lo mudar de
ideia sobre um motorista.

É bom ser livre. Para poder tomar minhas próprias decisões.

Paramos no Kingdom na limusine que os Kings enviaram para nos


buscar. Agradecemos aos manobristas e subimos as escadas e passamos
pelas portas de vidro. Alexa e April estão rindo de algo que Jasmine disse,
e eu estou de mãos dadas com Haven, que está sorrindo para mim.

Eu dou uma olhada rápida no grande saguão e sua grande escadaria.


Tem carpete preto repleto de manchas douradas que combinam com o
chão. O corrimão também é preto e um lustre que parece estrelas cadentes
pende do teto do segundo andar no centro da escada. O círculo dourado e
o K no centro estão embaixo dos meus saltos Gucci. Estive aqui mais vezes
do que posso contar nas últimas semanas, mas nunca vi isso parecer assim.

As rosas vermelhas estão por toda parte. Tantos, o cheiro deles é


avassalador. Eu amo isso. Isso me lembra a floricultura de April. As pétalas
estão sentadas no chão e nas escadas. Eles também parecem estar enrolados
no corrimão que leva até a escada.

— Gostou? — Jasmine me pergunta.

— É lindo, — eu digo e olho para ela para ver que ela já está olhando
para April. — Você fez isso? — Eu pergunto a ela, e ela acena com a cabeça.
Ela tem estado tão ocupada nos últimos dias que não tenho passado muito
tempo com ela. — É impressionante.

— Eu estava esperando que você aprovasse, — diz ela. Seus lábios


pintados de roxo estão sorrindo tanto que mostram seus dentes brancos
brilhantes.

Eu franzir a testa. — Por que?

Todas as suas cabeças se viram para olhar para as escadas, e as minhas


seguem em seu silêncio. Minha respiração fica presa em meus pulmões
quando vejo Dillan de pé no topo vestido com uma camisa preta de botão
com as mangas arregaçadas para mostrar seus braços tatuados e calças
combinando com as mãos enfiadas nos bolsos da frente. Ele é tão lindo.

As luzes começam a piscar de telefones celulares e câmeras enquanto as


pessoas se reúnem. Eu dou uma olhada rápida ao redor e, em seguida,
concentro minha atenção de volta nele quando ele começa a descer as
escadas. Ele dá o último passo e percebo que meu coração está batendo
forte.

— Mia. — Ele pega minhas mãos e eu prendo a respiração. A sala está


muito silenciosa para quantas pessoas se reuniram ao redor.
— Dillan. — Consigo respirar o nome dele.

Ele me mostra aquele sorriso que me dá frio na barriga e deixa meus


joelhos fracos. — Eu sinto muito.

Eu franzo a testa com o pedido de desculpas. Minhas pernas começam a


tremer enquanto meu cérebro tenta processar o que diabos está
acontecendo e por que todos estão nos observando.

— Uma vez eu me afastei de você. — Ele dá um passo para trás,


soltando minha mão direita, e ela cai para o meu lado como uma pedra de
um penhasco. — Mas se você me der uma chance. — Ele enfia a mão no
bolso da calça com a mão livre e depois se ajoelha. Ouço alguém suspirar,
mas não estou nem respirando. — Eu prometo que vou passar o resto da
minha vida ao seu lado. — Soltando minha outra mão, ele abre a caixa
preta em sua mão, e vejo o grande diamante vermelho em forma de pera
no centro com uma auréola de diamante ao redor.

Desta vez, eu suspiro quando minhas mãos voam para minha boca. —
Dillan. — Seu nome é falado suavemente em meus lábios trêmulos.

— Eu disse que você escolheria, Mia. Só espero que você me escolha. —


Ele me dá um sorriso suave, antes de acrescentar: — Eu te amo, Mia. Você
poderia...

— Sim! — Eu grito, balançando a cabeça rapidamente enquanto sinto as


lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

As pessoas começaram a gritar, algumas rindo de como eu estava


impaciente e interrompendo-o. Mas ele apenas me dá um grande sorriso e
desliza o anel no meu dedo. Ele então se levanta, me pega e me gira antes
de colocar seus lábios nos meus e me beijar. Minhas mãos se enroscam em
seu cabelo e deixo que ele me devore enquanto gemo em sua boca.

Ele se afasta muito rapidamente e me coloca de volta em meus


calcanhares. — Eu não posso acreditar. — Eu fungo, olhando em volta para
as flores mais uma vez com as quais ele decorou o saguão. — Todas essas
pessoas... — Os flashes estão disparando enquanto eles tiram fotos, e
alguns estão nos gravando. Nunca pensei que Dillan seria o tipo de cara
que daria um show para os outros.

Ele estende a mão, empurrando uma mecha de cabelo atrás da minha


orelha. — Quero que todos vejam o quanto você é amada, Mia. Você é meu
alguém, e eu queria que o mundo soubesse disso.

Meu corpo se funde ainda mais com o dele, e ele envolve seu braço livre
em volta da minha cintura para me segurar. Depois de passar uma vida no
escuro, este King vai me mostrar como é ser vista por quem eu sou - dele.
Epilogo Dois
Bones

Mia: Quando você estará em casa?

Eu: Em cerca de uma hora.

Eu digito a resposta para minha noiva e, em seguida, coloco meu celular


no bolso. Olhando para cima, vejo o homem preso à cadeira no meio da
sala. Ele se debate, tentando quebrar a corda com a qual Titan o amarrou.

— Você tem sido um homem ocupado, — eu digo.

Ele olha para mim, mostrando os dentes. — Você não tem ideia. Isso
deveria me assustar?

Grave ri e Cross sorri, abrindo e fechando seu Zippo. Eu ignoro sua


pergunta. — Mas eu tenho uma ideia do que você tem feito. — Ele
endurece com minhas palavras.

— Não deveria ter demorado tanto para juntar as peças, mas no


momento em que o fiz, elas fizeram todo o sentido. — Dou um passo em
direção à cadeira.
— Você não sabe de nada, — ele rosna.

— Você era o único que sabia que eu tinha comprado Mia. Foi você
quem a entregou para mim. Seus olhos se estreitam com isso. — Eu pedi a
Tristan para obter suas imagens de vigilância naquela noite do leilão, e o
que você saberia? Você me seguiu até a casa dele e, imagino, até o
aeródromo privado. Mas como você sabia para onde eu fui?

Ele bufa, recusando-se a responder.

— Cross, — eu digo, e ele empurra a parede, caminhando até nós. Ele


abre o Zippo novamente e o acende antes de colocá-lo no rosto de Richard.

Ele se afasta o melhor que pode, observando com o canto dos olhos. —
Espere. Espere. Espere, — Richard sai correndo.

Cross olha para mim e eu dou de ombros. Por que não deixar o homem
falar. Cross fecha o Zippo e dá um passo para trás da cadeira.

— Fale, — Grave rosna.

— Desde o começo, — acrescento. Sei bastante pelas mensagens no


telefone de Matteo que tiramos de seu bolso antes de colocarmos fogo na
pizzaria, mas ainda faltam algumas coisas.

— Eu... — Richard lambe os lábios. — Matteo me ligou e disse que seu


pai lhe disse para se livrar de Mia da maneira que quisesse. — Eu cerro
minhas mãos. — Eu disse que a levaria. — Ele para, e o silêncio se arrasta.
Cross acende seu Zippo novamente e Richard corre para terminar. — Ele
não reconheceu minha oferta. Então perguntei por que seu pai estava
esperando até agora para se livrar dela. Ele disse que seu pai havia
prometido a John um casamento arranjado, mas como ele faleceu
recentemente, isso não aconteceria. Então ela não era mais necessária.

Sinto os olhos do meu irmão em mim, mas não consigo desviar o olhar
de Richard. Não tenho dúvidas de que meu pai fez tal acordo. Ele estava
sempre disposto a fazer algo para ganhar dinheiro. E tenho certeza de que
John estava oferecendo um bom dinheiro por isso.

— Eu disse a ele para não matá-la. Que havia uma maneira de lucrar
com o nome dela... — Ele para.

— O leilão. — Titan termina sua frase.

Richard acena com a cabeça rapidamente. — Eu soube quem você era


no momento em que o vi sentado no meio da multidão. Liguei para Matteo
e ele disse para ficar de olho em você.

— Então você o seguiu depois. — Bufa Grave.

— Mas você não sabia para onde eu fui. Então, como você sabia onde
ela estava? Eu me pergunto. Deve ter sido ele quem disse aos irmãos dela
que ela estava na minha casa de praia.

Ele fica em silêncio e Cross suspira. Em vez de puxar seu Zippo desta
vez, ele bate o rosto de Richard na mesa. — Continue, — ele exige.

Richard respira fundo, o sangue escorrendo pelo rosto agora. — Matteo


acabou conferindo a lista das propriedades que você possui. — Ele lambe
os lábios machucados e eu fecho os olhos. Claro que sim. Porra, eu fui tão
estúpido. — Ele a observou por algumas semanas, esperando que você
voltasse. — Ele ri disso. — Ele realmente pensou que você iria bater
naquele traseiro naquela primeira noite. Mas quando você nunca mais
voltou e ela não tinha visto uma única pessoa, ele decidiu que precisava de
alguns reforços.

— E quando ela não correu de volta para Bones, você ajudou atirando
em Luca. — Titan adivinha como as coisas aconteceram depois que seus
irmãos a espancaram.

Ele inclina a cabeça e sua risada enche a sala. — Você não poderia estar
mais errado.

Dou um passo à frente e dou um soco no rosto dele, fazendo sua cabeça
virar para trás. — Então nos faça entender, — eu grito, não com humor
para essa merda.

Sangue fresco escorre por seu rosto. Seus olhos piscam para limpar a
névoa. — Matteo me ligou e disse que a estava mandando de volta para
você. Ele sabia que ela sairia correndo como uma cadela assustada. — Ele
cospe sangue em mim, que cai na minha camisa. — Eu disse a ele que você
nunca cairia nessa. Ela era inútil, e que ele pegou seu dinheiro, e ele
deveria apenas dá-la para mim. Caso contrário, ele deveria apenas matá-la.

Eu bati nele de novo, e a pele tatuada cobrindo meus dedos quebrados


se partiu com o osso quebrado. Cross agarra seu cabelo e puxa sua cabeça
para trás, forçando-o a olhar para mim. — Luca? — Eu exijo com os dentes
cerrados, precisando de mais.
Ele me dá um sorriso sangrento. — Eu estava lá para você. Eu queria
você morto. — Seu olho esquerdo está inchado e fechado, mas o direito se
estreita para mim.

— Se ela não voltasse para Bones, você poderia levá-la. — Grave é quem
fala.

— Mas você não estava lá, — ele cospe com raiva. — Eu sabia que Luca
era quem ligou para você e o enviou para salvá-la porque Matteo disse que
havia enviado a ele o vídeo de nós. Pensei em ir em frente e cuidar dele.

— Cuidar de mim depois. — Eu aceno, compreendendo.

— Como você impediu que os Bianchis soubessem que foi você quem
atirou em Luca? — Maravilhas de Titan. — Eles teriam te matado na hora.

Ele balança a cabeça, tentando livrar o cabelo do aperto de Cross, mas


não adianta. Quando ele não responde de imediato, Cross enfia o rosto na
mesa novamente. — Matteo não se importava. — Ele grita, mas consegue
continuar. — Com Luca fora do caminho, ele seria o próximo na fila para
assumir. Além disso, ele sabia que Luca tinha muitos inimigos para contar,
e Matteo estava mais focado em Mia. — Seu único olho bom encontra o
meu. — Ele era obcecado por vocês dois. — Ele cerra os dentes sangrentos.
— E você caiu na isca. Ela era o segredo mais bem guardado até você
arruiná-la! — ele grita comigo. — Desfilou com ela como a porra da
prostituta que ela era...
— Você quer dizer que poderia levá-la contra sua vontade, e ninguém
iria procurá-la porque ninguém sabia que ela existia, — Grave rosna,
interrompendo-o. — E quem fez, não se importou.

— John estava prestes a matá-la. Eu a salvei! — ele grita.

— Você ajudou a sequestrá-la e vendê-la! — Eu grito de volta na cara


dele antes de socá-lo novamente, sentindo mais ossos quebrarem.

Cross dá um passo para trás e Richard começa a rir loucamente. O som


ricocheteia na caixa de concreto em que estamos, fazendo os cabelos da
minha nuca se arrepiarem. Estou com tanta raiva que estou tremendo. —
Você acha que a pegou primeiro? — Ele olha para mim através de seus
cílios. O olho bom está começando a inchar agora também. — Você pode
ter transado com ela primeiro, mas fui o primeiro a tocá-la. — Ele ri mais
uma vez, seus lábios quebrados se transformando em um sorriso
sangrento. — Drogada e nua... a vadia nem soube.

Grave empurra a parede, indo para ele, mas eu coloco minha mão para
fora, batendo em seu peito e fazendo-o parar. Richard é meu. Embora eu
esteja grato por meu irmão querer defender sua futura cunhada, ninguém o
toca além de mim.

Seu olhar cai para Grave, então de volta para mim. — Lembre-se disso
da próxima vez que foder aquela boceta inútil.

O sangue corre em meus ouvidos com suas palavras. Matteo mencionou


outro vídeo, mas nunca encontrei nenhum em seu telefone. Provavelmente
uma coisa boa. O que eu vi me assombrou por semanas e ainda o faz às
vezes.

Minhas pernas começam a se mover e percebo que estou caminhando


em sua direção. Colocando as duas mãos em cada lado da cadeira, eu me
inclino e bato meu rosto no dele, jogando-o para trás. Seu sangue cobre
meu rosto e sinto uma dor de cabeça instantânea. — Coloque-o no carro, —
eu ordeno, empurrando a cadeira e virando de costas para ele. Vamos
enterrá-lo no deserto esta noite. — Já ouvi o suficiente.

Sua risada enche a sala, me fazendo parar, e me viro para encará-lo.


Inclinando-se o melhor que pode, ele cospe sangue no chão de concreto. —
Mas tenho muito mais a dizer.

— Nada que valha a pena ouvir, — eu digo, me virando e abrindo a


porta.

— Como está seu braço? — ele pergunta.

Faço uma pausa novamente, ouvindo sua risada ficando mais alta.

— E a porra do braço dele? — Titan exige, e me viro para ver que ele
está com a mão em volta do pescoço de Richard. — Huh? — Ele grita na
cara dele, então se afasta, socando-o. — Puta merda!

A cabeça de Richard pende para trás enquanto ele respira fundo antes
de abaixar para olhar para mim. — Você acha que aqueles caras
escolheram aleatoriamente segui-lo naquela noite? — Ele sorri para Titan.
— Eu estava um pouco decepcionado. Eu teria fodido sua cadela também.
Sinto todos os olhos dos Kings em mim, mas os ignoro. Meu coração
está batendo forte no meu peito. Como ele sabe disso? Nunca contamos a
ninguém. Não falo sobre o que aconteceu naquela noite. Nenhum de nós
sabe.

— Vamos, — eu digo, envolvendo meu braço em torno de Emilee, tentando


mantê-la de pé. Ela está perdida. Eu só tinha água. Eu tenho um torneio neste fim
de semana e tenho que estar em campo no início da manhã. Ela está me implorando
para ir a esse show há semanas, então pensei, por que não? Não faria mal sair. Não
sou muito festeiro, mas gosto da banda que estava tocando.

— Não podemos ir para minha casa, Bones... — Soluço. — Meus pais estão em
casa.

— Nós vamos para a minha. — Meu pai não dá a mínima para o que eu faço.
Além disso, ele está em Nova York agora se encontrando com o Sr. Bianchi. Ele
disse algo sobre o futuro do Kingdom, mas eu não estava realmente ouvindo.
Espero que ele venda suas ações para que eu não precise me preocupar com isso.

Eu sou um veterano na faculdade. Emilee está no segundo ano. Seus pais ainda
acham que ela é virgem. Não há um buraco que eu não tenha fodido em seu corpo.
Eu abro a porta do lado do passageiro para ela, e ela cai nela.

Eu a fecho e dou a volta para o lado do motorista. Ligando, saio da vaga de


estacionamento e ela já está se inclinando, abrindo o zíper da minha calça jeans. —
Espere, — eu digo a ela, empurrando-a para longe. Não estamos longe da minha
casa.
Sentando-se, ela suspira pesadamente. A última coisa que preciso é que ela
vomite em cima de nós. — Vocês...

A lateral do meu carro é atingida, interrompendo suas palavras, seguido por


um grito. Sinto cheiro de fumaça e meu rosto arde. Estendo a mão para ela, mas
ouço o som de metal rangendo à minha esquerda. Então há mãos em mim. Eu sou
puxado para fora do carro. Eu não consigo ver. Tudo embaçado. Meus olhos
queimam. Posso ouvir Emilee gritando ao longe, mas não consigo alcançá-la. —
Em...

A dor explode na lateral do meu braço e eu rolo para longe dela. Algo me atinge
nas costas, tirando o pouco fôlego que me restava. Sangue enche minha boca e
começo a tossir. O que parece mãos me agarrando, e ouço um estalo, seguido por
uma dor inimaginável. Então tudo fica preto.

A risada de Richard me traz de volta ao presente. — Você nunca


encontrou aqueles caras que te arrastaram para fora do carro e te
espancaram, não é? — ele pergunta.

Não. Acordei no hospital após uma cirurgia de emergência, descobri


que tinha um braço quebrado entre outros ferimentos. Mas acabou. A única
coisa que eu sempre quis não era mais uma possibilidade. Minha carreira
no beisebol havia terminado. Tanto quanto eu sabia, minha vida também.

— Engraçado o que você faz por dinheiro, — acrescenta ele, sorrindo


para mim. — Seu pai pagou a esses homens quinhentos dólares. Total. Para
levá-lo para fora.
O silêncio segue. Meu coração acelera com suas palavras. Eu sempre
soube que era um alvo naquela noite. Eu só não sabia por quê. Achei que
talvez fosse alguém da faculdade. Ou eu fodi com um deles antes e foi
retaliação. Mas nunca pensei que meu próprio pai estivesse por trás disso.

Sua risada enche a sala. — Você acha que ele deu a mínima para sua
carreira no beisebol? Ele tinha cem milhões em jogo com John. Você não
valia nada para ele, a menos que tomasse seu lugar no Kingdom e se
casasse com a princesa da máfia. Então o bastardo morreu. E bem, John
sabia que sua chance no Kingdom havia acabado.

Cross dá um passo de volta para ele. O Zippo aceso em seu pescoço


mais uma vez. — Foi você. Foi você quem deu a denúncia anônima para
Marsha. — Era assim que as notícias diziam que Mia era - a princesa da
Máfia. — Mas por que? Você disse que ela era o segredo mais bem
guardado? Por que você a revelaria ao mundo?

Ele aperta a boca, recusando-se a responder.

— Inimigos. — Grave é quem fala. — Se o mundo soubesse com quem


Bones está, colocaria um alvo em sua cabeça. Cada inimigo que ele já teve
viria atrás dela, sabendo que ela seria sua fraqueza.

Richard me queria morto para poder levar minha Rainha. Essa é a única
maneira que ele iria pegá-la. Sobre o meu cadáver. Eu nunca vou desistir
dela. E não pretendo morrer tão cedo para dar a ele essa oportunidade.
Então eu vou fazer o que precisa ser feito.
— Bones? — Grave chama minha atenção, colocando a mão no meu
ombro, e eu pulo para trás.

Richard ri da minha inquietação, sabendo que ele me pegou. É hora de


acabar com isso. Minha rainha está me esperando em nossa casa, em nossa
cama. E eu quero estar lá, segurando ela, transando com ela. Lembrando a
mim mesmo que posso ter falhado com ela antes, mas isso não vai
acontecer de novo. Eu serei aquele com quem ela pode contar.

Indo até o armário, abro e pego o que preciso antes de ficar atrás de
Richard. Ele está tentando olhar por cima do ombro para me ver de ambos
os lados, mas não consegue. Agarro o arame sanfonado em cada ponta e
começo a enrolá-lo em seu pescoço.

Ele está gritando, o sangue instantaneamente escorrendo pelo pescoço e


peito enquanto eu o envolvo três vezes. Uma vez satisfeita por ter feito o
suficiente, seguro as pontas, sentindo as lâminas afiadas cravando em
minhas palmas. Mas eu não desisto. Em vez disso, puxo com mais força,
observando-os cortarem seu pescoço como se fossem minhas mãos. — Vou
segurar isso aqui até você cortar sua própria garganta. — Eu rosno com os
dentes cerrados.

— Se eu fosse você, faria isso rápido, — acrescenta Titan, e Grave ri.

Seu corpo se debate na cadeira por apenas um minuto antes de parar, e


então cede. Eu solto o fio, e ele não se move, as lâminas agora cravadas em
seu pescoço fazendo exatamente o que eu pretendia.

— Cristo, Bones. — Grave suspira, olhando para minhas mãos.


Eu baixo meus olhos para olhar para eles também e vejo sangue. —
Estou bem, — eu digo, limpando-os no meu jeans, pronto para dar o fora
daqui.

— Vai. — Titan acena para a porta, lendo minha mente. — Nós


cuidaremos dele.

Normalmente, eu não deixaria os Kings para limpar minha bagunça,


mas, pela primeira vez, tenho um motivo para querer ir para casa. Eu
murmuro meus agradecimentos e saio correndo pela porta.

Chego em casa em menos de quinze minutos. Entro em casa e vou


direto para o chuveiro. Ligando a água, tiro a roupa e entro. Assim que me
viro para deixar a água lavar o sangue, vejo Mia entrando no banheiro,
esfregando os olhos sonolentos. Eu a acordei.

— Dillan? — Ela abre a porta e entra, sem nem mesmo se preocupar em


tirar a camiseta do Kingdom. — Você está bem? — Seus grandes olhos
azuis prateados caem para minhas mãos ensanguentadas antes de
encontrar as minhas. — O que aconteceu?

— Estou bem, — eu digo, estendendo a mão para ela, e ela não vacila
quando eu agarro seus quadris com minhas mãos ensanguentadas e puxo
seu corpo rente ao meu.

— Mas...

Eu abaixo meus lábios nos dela, e ela não hesita em me beijar de volta.
Eu a giro, pressionando suas costas contra a parede. Minhas mãos cortadas
e ensanguentadas agarrando a bainha de sua camiseta, precisando dela nua
e meu pau dentro dela. Precisando me lembrar que ela me pertence. Esta
noite, amanhã e o resto da minha vida.

Doze anos de idade

— Nenhum homem que se preze se casa por amor, Dillan, — ele afirma
enquanto se senta à minha frente na mesa.

— Então por que casar? — Eu me pergunto.

— Pelo poder. Fortuna. — Recostando-se na cadeira, seus olhos encontram os


meus. — Você vai se casar um dia, mas será quem eu escolher para você. Pense
nisso como uma transação comercial.

— E se eu não quiser? — Eu pergunto.

Seus olhos endurecem nos meus antes de responder. — Os Reeds não são
fracos, filho. Você não é uma ovelha filha da puta. Você é um maldito Rei. E um
Rei faz o que for preciso para governar seu Reino, entendeu?

— Sim senhor.

Afastando-me, observo-a abrir os olhos pesados e, pela primeira vez


desde que meu pai morreu, gostaria que ele ainda estivesse vivo. Ele nunca
mais mencionou o casamento. Era como se nunca tivéssemos tido aquela
conversa, e agora percebo porquê. Em algum lugar ao longo da linha, ele
encontrou a mulher com quem me forçaria a casar. Pena que o filho da
puta não está aqui para ver o quanto eu a amo.

Ele estava certo sobre uma coisa. Eu sou a porra de um Rei e governarei
meu Reino com minha Rainha. Mas ela virá primeiro, mesmo que isso
signifique destruir tudo o que tenho para ela.

— Eu te amo, — digo a ela.

Seus olhos procuram os meus, a preocupação neles é evidente. — Eu te


amo, — ela sussurra, seus olhos caindo para o meu peito nu, e eu abaixo
meus lábios nos dela novamente, pronto para provar a ela o quanto.

Fim

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