SILVILENE GOMES TCC Mulheres Nazis

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CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE ITAITUBA – LTDA

FACULDADE DE ITAITUBA – FAI


CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

SILVILENE GOMES DE SOUZA

AS MULHERES DO NAZISMO E O CAMPO RAVENSBRUCK: a história


das mulheres mais temidas no período da segunda guerra mundial

Itaituba - PA
2018
SILVILENE GOMES DE SOUZA

AS MULHERES DO NAZISMO E O CAMPO RAVENSBRUCK: a história


das mulheres mais temidas no período da segunda guerra mundial

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade de Itaituba para obtenção do título de
Licenciada Plena em História.

Orientadora: Prof.ª Mestra em História Raquel Peres


Rocha.

Itaituba - PA
2018
SOUZA, Silvilene Gomes de

AS MULHERES DO NAZISMO E O CAMPO RAVENSBRUCK: a história das mulheres


mais temidas no período da segunda guerra mundial / Silvilene Gomes de Souza.
Itaituba: FAI, 2018.

73f. il.

Orientadora: Raquel Peres Rocha

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de Itaituba, 2018.

1. Mulheres. 2. Ravensbruck. I. Rocha, Raquel Peres. II. Faculdade de Itaituba. Itaituba,


BR – PA, 2018.
SILVILENE GOMES DE SOUZA

AS MULHERES DO NAZISMO E O CAMPO RAVENSBRUCK: a história


das mulheres mais temidas no período da segunda guerra mundial

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade de Itaituba para obtenção do título de
Licenciada Plena em História.

Orientadora: Prof.ª Mestra em História Raquel Peres


Rocha

BANCA EXAMINADORA:

Presidente: ____________________________________________ Nota: ______


Prof.ª Mara Aparecida do Nascimento, Esp.

Avaliadora: ____________________________________________ Nota: _______


Prof.ª Djalmira de Sá Almeida Barros. Dra.

Orientadora: ___________________________________________ Nota: _______


Prof.ª Raquel Peres Rocha, Ma.

Resultado: _____________________________________________ Média: ______

Data: 17 de março 2018.


A minha família, em especial a minha
mãe Rosa Gomes e ao meu pai Abílio Elói,
que me sempre me apoiaram nessa
caminhada e pelo seu amor e carinho
dedicados a mim, a eles minha eterna
gratidão.
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente a Deus, que sempre me deu forças para continuar


minha jornada acadêmica e que não permitiu que eu desistisse diante das dificuldades
que surgiram ao longo desses quatro anos de curso, pois sem ele não teria chegado
até aqui.
Agradeço aos meus pais Rosa Gomes e Abílio Elói, que me ajudaram bastante.
Aos meus irmãos e aos meus filhos por terem acreditado em mim. Não poderia
esquecer também dos meus professores que contribuíram para o meu aprendizado e
que sempre me motivaram a seguir em frente.
Principalmente a minha professora e orientadora Raquel Peres que me ajudou
bastante nesse projeto, a sua paciência para comigo em todos os aspectos, na qual
jamais permitiu que eu desistisse.
Aos meus colegas do curso especialmente Jailson Soares e Thaiana Costa e
Faculdade de Itaituba.
Conservei amigos, enfrentei derrotas,
venci obstáculos, bati na porta da vida, disse-
lhe: não tenho medo de vivê-la.
“Augusto Cury”
RESUMO

O presente trabalho visa abordar a questão da história das mulheres, enfatiza o


papel que elas tiveram ao participar do regime nazista no período da Segunda Guerra
Mundial e suas práticas, dentro do campo Ravensbruck, no qual foi criado para receber
somente mulheres, entender os principais motivos que contribuíram para que as
mulheres nazistas se tornassem integrantes do regime que cometeu crimes contra a
humanidade. A pesquisa está voltada para ações dessas mulheres que fizeram parte
da máquina de destruição de Hitler, cujos planos estavam inseridos a criação de uma
Alemanha totalmente ariana. As práticas dessas mulheres nazistas dentro do
movimento contribuíram para dar continuidade aos planos de extermínio de pessoas
consideradas inferiores pelo movimento. Para essas mulheres que procuravam uma
forma de mudar de vida, puderam encontrar dentro do regime a oportunidade de
exercer funções que dariam a elas a chance de provar suas habilidades. As
metodologias utilizadas no presente Trabalho de Conclusão de Curso foi o
levantamento bibliográfico de autores que subsidiaram a presente pesquisa, como
Oliveira (2015) e Saidel (2009). Foi utilizado o caráter qualitativo para interpretar as
informações levantadas durante a pesquisa teórica. Na primeira fase dessa pesquisa
faz-se um contexto histórico da Primeira Guerra Mundial, seus antecedentes para sua
eclosão, no qual houve um desfecho para os países vencedores e vencidos, e suas
consequências ao término da mesma. A segunda fase aborda a eclosão da Segunda
Guerra e a Alemanha tendo a participação nesse conflito, na qual surge a figura de
Hitler e sua ideologia nazista. Chegando ao foco da pesquisa que são as mulheres
nazistas e o campo Ravensbruck, o crime cometido por elas contra outras mulheres, o
fim do campo e a punição das mesmas que o comandavam.

Palavras chaves: Segunda Guerra Mundial, Mulheres, Ravensbruck.


ABSTRACT

The present paper aims to address the issue of women's history, emphasizes
the role they played in participating in the Nazi regime during the Second World War and
its practices within the Ravensbruck camp, where it was created to receive only women,
to understand the main reasons which contributed to the Nazi women becoming
members of the regime that committed crimes against humanity. The research is
focused on the actions of these women who were part of Hitler's machine of destruction,
where their plans were inserted the creation of a totally Aryan Germany. The practices of
these Nazi women within the movement contributed to continuing the extermination
plans of people considered inferior by the movement. For these women seeking a way
to change their lives, they were able to find within the regime the opportunity to perform
functions that would give them a chance to prove their abilities. The methodologies used
in the present work of completing the course were through the bibliographic survey of
authors who subsidized the present research as Oliveira (2015) and Saidel (2009), it
also used the qualitative character to interpret the information raised during the
theoretical research. The first phase of this research is a historical context of the first
world war, its antecedents for its outbreak, in which there was an outcome for the
winning and defeated countries, and their consequences at the end of it. The second
phase deals with the outbreak of the second war and Germany taking part in this
conflict, where the figure of Hitler and his Nazi ideology emerges. Arriving at the focus of
the research are the Nazi women and the Ravensbruck camp, the crime committed by
them against other women, the end of the camp and the punishment of those who
commanded it.

Keywords: World War II, Women, Ravensbruck.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 12
2.1 A 1ª GUERRA MUNDIAL ......................................................................................... 12
2.1.1 O início da 1ª Guerra Mundial............................................................................. 15
2.1.2 Desfecho: vencedores e vencidos ..................................................................... 22
2.1.3 As consequências da guerra .............................................................................. 24
2.2 ORIGENS DA 2ª GUERRA MUNDIAL ..................................................................... 25
2.2.1 Adolfo Hitler e a ideologia nazista ..................................................................... 27
2.2.2 Hitler e os campos de concentração ................................................................. 38
2.3 AS MULHERES E SUAS HABILIDADES PARA MATAR ......................................... 42
3 METODOLOGIA DA PESQUISA................................................................................ 44
3.1 TIPO DE PESQUISA ................................................................................................ 44
3.2 AMBIENTE DA PESQUISA ...................................................................................... 46
3.3 DESCRIÇÃO DA PESQUISA ................................................................................... 48
4 RESULTADO DA PESQUISA .................................................................................... 50
4.1 A HISTÓRIA INICIAL DO CAMPO RAVESNBRUK ................................................. 50
4.1.1 A estrutura do campo ......................................................................................... 50
4.1.2 As mulheres que serviram aos propósitos de Hitler ........................................ 51
4.2 AS MULHERES NAZISTAS E OS CRIMES COMETIDOS POR ELA DENTRO DO
CAMPO .......................................................................................................................... 54
4.2.1 Algumas profissionais que trabalharam para o regime nazista ...................... 55
4.2.2. Erna Petri, a única mulher condenada pelos seus crimes ............................. 66
4.2.3 O desfecho desse julgamento para as mulheres Nazistas do Campo
Ravensbruck ................................................................................................................. 68
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 70
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 72
9

1 INTRODUÇÃO

A presente monografia traz como tema as mulheres do nazismo e o campo


Ravensbruck: A história das mulheres mais temidas no período da Segunda Guerra
Mundial. Ao analisar os períodos das grandes guerras mundiais, percebe-se que não é
abordada a questão da participação de mulheres nos campos de concentração, pouco
se sabe da trajetória dessas mulheres, o que elas faziam, ou como acabaram fazendo
parte de um período tão cruel da história da humanidade.
O objetivo geral dessa pesquisa é entender os motivos que contribuíram para
que as mulheres nazistas se tornassem integrantes do regime que cometeu crimes
contra a humanidade. Analisar as formas de como essas mulheres comandavam os
campos de extermínio. Além de compreender os reais motivos que as tornaram
assassinas cruéis, como também identificar as práticas de torturas que elas
executavam nos campos de concentração.
Para melhor nortear a pesquisa, utilizaram-se algumas questões: O que levou
essas mulheres a fazerem parte do grupo de extermínio no período da Segunda Guerra
Mundial? Quais eram os crimes que elas cometiam a outras mulheres no campo
Ravensbruck? Essas mulheres que participaram dos assassinatos e torturas nos
campos de concentração foram punidas e condenadas pelos crimes hediondos contra a
humanidade?
Para alcançar os objetivos traçados, o presente trabalho fez-se uso da pesquisa
Bibliográfica com caráter qualitativo, representada por uma revisão bibliográfica de
livros, artigos e sites da internet.
Torna-se importante abordar essa temática devido à falta de informações que
não são encontradas nos livros didáticos e que poucos conhecem, pois, existiam
mulheres que atuaram nos campos de extermínio e que foram capazes de cometer as
piores atrocidades contra outros seres humanos.
Torna-se relevante fazer uma pesquisa sobre essas mulheres por causa da falta
de informações sobre seus envolvimentos dentro do campo, e ao mesmo tempo é
fundamental entender os que as levaram a participar de um regime tão radical, qual era
sua ideologia e como tiveram a frieza de assassinarem milhares de pessoas inocentes.
10

A execução dessa pesquisa justifica-se em virtude, do pouco que se tem escrito


sobre as mulheres nazistas. Apesar dos livros didáticos abordarem sobre a Primeira e a
Segunda guerra mundial, um conflito que marcou o mundo, e ao mesmo tempo com
tantos autores escrevendo sobre elas, o que se pode perceber é que pouco se falam
nessas mulheres e os crimes que praticavam contra outras mulheres dentro do regime
nazista.
Muitos ainda desconhecem essa parte da história, pois há poucos relatos sobre
elas, e o que se sabe é que apenas existiam homens que comandavam tais
procedimentos e que existiam apenas campos de concentração voltados para os dois
sexos e não unicamente para a mulher. No entanto, não é como se lê nos livros
didáticos, existiram outros campos destinados exclusivamente para as mulheres e
quem os comandava eram também mulheres que eram treinadas para isto.
A presente monografia aborda um dos grandes acontecimentos históricos do
mundo, que foi o início da Primeira Guerra Mundial, os motivos que antecederam esse
conflito, o que aconteceu com os países vencedores e derrotados e as consequências
que essa guerra causou para o mundo. Diante dos fatos ocorridos, os resultados para
os países vencidos não agradaram muito, o que acabou gerando um sentimento de
vingança, o qual foi um dos motivos que fizeram com que eclodisse uma Segunda
Guerra ainda mais terrível.
O sentimento de revanche fez com que Hitler conseguisse chegar ao poder e,
assim, pôr em prática sua ideologia nazista, iniciando um dos períodos mais negros da
história da humanidade, com seus ideais de superioridade alemã, deu início à
perseguição contra os judeus, enviando todos para os campos de concentração para
que fossem exterminados.
Vale ressaltar, que não foi o suficiente para executar seu plano de assassinatos
em massa, não se satisfazendo com os campos já abertos para receber as pessoas
marcadas para morrer dentro do seu regime, foi construído outro campo de
concentração exclusivo para receber somente mulheres. Mulheres estas que aderiram
ao nazismo, compactuaram veemente com o funcionamento desse lugar, faziam parte
desse regime, e comandava as atividades dentro e fora do campo. As mulheres
nazistas fizeram seu papel sem nenhum remorso, as enfermeiras que se alistavam para
11

trabalhar dentro dos campos, cometeram assassinatos, torturas, seguiam às ordens de


seus superiores sem contrariá-los.
As secretárias que exerciam funções no escritório do regime eram competentes
e a elas foram designadas selecionar os números de pessoas que deveriam morrer.
Porém, foram as esposas dos oficias, homens de confiança de Hitler, que mais
cometeram assassinatos. Foi a chance que tiveram para provar que eram mais do que
esposas, que poderiam ir mais além do que seus companheiros imaginavam, sendo
assim tiveram a oportunidade de mostrarem que também saberiam ser assassinas, sem
nenhum remorso. Ao término da Segunda Guerra o campo foi invadido, e as mulheres
que eram prisioneiras ainda foram encontradas vivas, foram libertadas, mas levariam
consigo os traumas do terror e as torturas vividas.
Com o julgamento pós-guerra, muitos sobreviventes puderam testemunhar as
atrocidades vividas por elas, e as mulheres nazistas que compactuaram e que foram
acusadas como assassinas, foram para o banco dos réus. Algumas se fizeram de
vítimas com o objetivo de serem absolvidas, e até foram liberadas por faltas de provas
consideradas insuficiente pelos promotores. Somente uma mulher pagou pelos crimes
que cometeu dentro do campo, fora condenada à prisão perpétua, porém depois de 25
anos foi liberada, o que acabou deixando uma sensação de injustiça a todos os
sobreviventes que serviram de testemunha de acusação contrastais mulheres que
tiveram a coragem de matar milhares de mulheres, a sangue frio.
12

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A 1ª GUERRA MUNDIAL

A Primeira Guerra Mundial foi um conflito que ocasionou inúmeras mortes de


civis e militares, o país entrou em guerra devido a alguns desses fatores que teriam
surgido ao longo dos anos, e que aos poucos terminou provocando uns dos conflitos
mais sangrentos da história (MELLO, 2008).
Ainda segundo Mello (2008) disputas coloniais se tornou intensas entre diversos
países, o revanchismo francês foi alimentado, a questão Alsacia-Lorena e a questão
balcânica, foram alguns desses fatores que desencadeou essa grande guerra. “A
principal razão do conflito mundial iniciado em 1914 foi o chamado choque de
imperialismo.
Segundo o autor supracitado, as nações se empenharam em uma corrida
armamentista, e iniciaram uma extensa disputa por colônias, pois alguns países
queriam expandir-se para aumentar seu poderio econômico. Tais disputas entre as
potências acabaram criando algumas divergências entre elas, a tensão e a rivalidade
foram consequências dessas ambições imperialistas as quais puderam ser
manifestadas através de alguns fatores. De acordo com o autor:

Desde a guerra Prussiana, de 1870, que provocou a queda do Segundo Império


francês e a unificação política da Alemanha, cristalizou-se a rivalidade franco-
germânica. Essa situação agravou-se pelos termos o tratado que obrigou a
França a ceder as regiões da Alsaci-Lorena, rica em minérios, e a pagar aos
alemães uma altíssima indenização. Unificada com ferro e carvão em
abundância, recebendo capital indenizatório, Alemanha industrializou-se,
enquanto a França encontrava dificuldades para continuar seu desenvolvimento
(MELLO; ITASSU, 2008, p.280).

Com a vitória da Alemanha sobre a França, essa desde então, começou a nutrir
um sentimento de ódio e vingança sobre a Alemanha, na qual não aceitava perder um
território tão rico e ainda serem obrigadas a arcar com uma indenização tão alta. Os
franceses começaram a difundir um nacionalismo exagerado que era exclusivamente
relacionado a Alemanha. As novas gerações francesas foram sendo educadas sob o
desejo de revanche, o que acabou despertando a necessidade de vingar a humilhação
13

sofrida por ele, na qual teriam como objetivo recuperar a Alsacia-Lorena (MELLO;
ITASSU,2008).
Os fatores que contribuíram para o aumento da tensão entre os países foram a
rivalidade econômica e o imperialismo, na qual todos os países imperialistas
industrializados buscaram formas de fazer com que os países concorrentes tivessem a
dificuldade de se expandirem economicamente nessa disputa imperialista. Alemanha e
Inglaterra era um dos países com mais desenvolvimento, o que contribuiu para que
essa concorrência entre ambas se tornassem mais grave entre si.

A primeira Guerra Mundial foi sem dúvida, produto da combinação de


competição econômica, chauvinismos nacionais, rivalidades imperialistas e dos
expansionistas das nações mais poderosas [..]. Noutros termos, o grande
conflito foi provocado pelo desejo, evidente em cada uma das grandes nações
da época de refazer os espaços econômico-político europeu e extra europeu de
acordo com suas respectivas ambições nacionais e imperialistas.
(RODRIGUEZ,1994, p.35)

Para Rodriguez, (1994), outro fator importante foram disputas coloniais,


concorridas pelas nações industrializadas, teve como consequência a briga pelas
colônias da África e Ásia, para os países potentes industriais as conquistas desses
territórios resolveriam seus problemas, pois dessa forma poderia utilizar-se que seriam
o monopólio capitalista, tendo assim o total domínio sobre o que era adquirido na
produção e com isso controlariam as fontes fornecedoras de matéria prima.
Entretanto anseios pela conquista de tais territórios, esses países europeus não
tiveram outra saída senão buscarem em outros países para firmarem um acordo, com a
única finalidade de não despertarem conflitos entre as nações, o que de certa forma
não teve o resultado esperado, pois foi diante de tantas ambições territoriais, que
acabaram sendo geradas divergências e quebra de acordo entre essas nações. Os
alemães e ingleses eram os principais envolvidos por essa disputa econômica, a qual
nenhumas dessas potências queriam perder.
Diante desse contexto, a Europa além de passar por diversos problemas
economicamente, ainda vivia constantemente sobre ameaças de conflitos gerados por
um âmbito político. Não foi difícil para os países menores, sujeitos a perderem seus
territórios, contribuírem com o nascimento de alguns movimentos voltados para o
sentimento nacionalista (RODRIGUEZ, 1994).
14

Nessas regiões na qual as potências exerceriam sua superioridade, e tiveram a


oportunidade de expandirem o imperialismo, emergiram o nacionalismo. Com o
nascimento desse originaram-se grupos que eram integrantes desses movimentos,
dentre eles surgiram: o Pan-eslavismo, cujo movimento defendia que todos os povos
que fossem de origem eslava fossem unidos no mesmo país. Existiu também o Pan-
germaniano era um acordo em que os líderes da Alemanha tinham como finalidade
fazer com que os países com tivessem origem germânica fossem consolidados
(RODRIGUEZ, 1994).
Na França, surgiu o sentimento de revanche com o mesmo objetivo, que era a
junção de um agrupamento de pessoas que dividissem as mesmas culturas e
costumes, pois a finalidade era terem todos esses povos sob o mesmo estado, dessa
forma, seria importante destacar que, na Europa, foram criados os principais
movimentos nacionalistas com o desejo de concretizar tais objetivos (RODRIGUEZ,
1994).
A hostilidade entre as potências europeias foi aumentando a ponto de qualquer
ato poder despertar o começo de uma guerra, entre as tantas divergências e tensões
coincidiu com a crise de Marrocos e das ilhas balcânicas o que contribuiu para o
acirramento dos dois blocos, o que provocaria a guerra mundial.
De acordo com o autor supracitado, por volta dos anos de 1905 e 1911,
aconteceu a crise de Marrocos, os dois países França e Alemanha por muito pouco não
iniciaram a guerra, cujo motivo da disputa seria a conquista da região marroquina, no
Norte da África com o objetivo de que os governos alemães e franceses resolvessem as
divergências entre si.
Em 1906, na cidade espanhola de Algeciras, foi realizada uma conferência
internacional para tentar solucionar o problema dos dois países envolvidos pela disputa
desse território. Foi decidido que Marrocos ficaria sob o domínio da França, e o restante
das faixas de terras que fazia parte do sudoeste africano seria entregue ao governo
alemão. No entanto, a decisão que foi tomada na conferência não agradou muito à
Alemanha, o que a levou em 1911, a começar um novo conflito, com a finalidade de
conquistar os territórios da África, porém a França não almejava iniciar novamente outra
disputa, então para impedir a guerra, ela achou melhor abrir mão de uma grande parte
do Congo Francês para a Alemanha.
15

A crise balcânica: As potências também travavam uma disputa pela conquista da


península balcânica, diante de tanto conflito, o império otomano foi enfraquecido, o que
acarretou no desenvolvimento do nacionalismo. O desejo da Áustria de se expandir e
com essa expansão consegui anexar a região da Bósnia Herzegovina, o que não
deixou a Sérvia muito feliz, já que o interesse dela era juntar todas as regiões que eram
formadas por eslavos e formar um único país, formando assim a grande Sérvia.
Diante disso, então houve uma reação da parte dos movimentos nacionalistas,
que não aceitaram que a Bósnia Herzegovina fosse anexada ao país austríaco, foi
contra essa junção que acabou despertando a ira dos movimentos nacionalista sérvio o
que contribui para que se desse início a guerra (RODRIGUEZ 1994)

2.1.1 O início da 1ª Guerra Mundial

Com as disputas das potências industrializadas, a corrida armamentista e a


propagação do nacionalismo e o revanchismo eram fatores suficientes para começarem
uma guerra, porém apesar de tantos motivos, o que levou ao início da guerra, foi um
duplo homicídio em Sarajevo. No ano de 1914, a debilitação do Francisco José já não
era nenhuma novidade para a população da Áustria. Seu herdeiro, o belicoso Francisco
Ferdinando, preparava-se para assumir o poder e então executar o seu programa de
reforma (RODRIGUEZ 1994).
O estopim para a eclosão do conflito mundial, que afetaria não só a Europa, mas
sim, outros países, e levaria a um saldo de milhões de mortos, deu-se com o
assassinato do Arquiduque, cometido por jovem participante da mão-negra, cujo nome
Gravilo Prinzip. De acordo com o autor:

Em 28 de Junho de 1914, um domingo, dia de São Vito e de luto para sérvios,


pois então se celebrava o aniversário de batalha de Kosovo que em,1389,
selara o destino do reino feudal da Sérvia diante das tropas otomanas, teriam
início manobras militares do exército austro-húngaro na Bósnia. Embora ciente
dos riscos que corria ao se expor diante de uma população bosníaca
passionalmente nacionalista e pró- Sérvia, o Arquiduque Ferdinando, cuja
coragem pessoal chegava às raias do fatalismo, resolveu ir a Sarajevo para
presidir a cerimônia de abertura militares austríacas declarando na ocasião que
“os soldados nunca serão capazes de entender minha ausência (RODRIGUES,
1994, p.51)
16

O Arquiduque não teve nenhuma preocupação com sua segurança, já que ele
mesmo iria visitar um país na qual o sentimento nacionalista era bastante evidente. O
governador não tomou nenhuma medida de segurança para proteger o Arquiduque,
pois que existiriam vários motivos para a proteção do mesmo, ora Ferdinando visitara
um país na qual o nacionalismo era pregado com veemência, pois, as organizações
teriam de sobra para eliminar os líderes da Áustria (RODRIGUEZ, 1994).
Vários atentados foram cometidos com a finalidade de aniquilarem o Arquiduque,
mas somente um foi concretizado. Sabe-se que a Sérvia não participou desse atentado,
pois o país não estaria disposto no momento a gerar um conflito. E enquanto o
Arquiduque percorria as ruas da cidade, foi atingido juntamente com sua esposa por
tiros, exatamente ao meio-dia de 28 de junho, o casal austríaco foi executado a tiros de
revolver pelo estudante Gravilo Prinzip, um patriota sérvio, vindo a óbito no local do
crime (RODRIGUEZ, 1994).
A morte do Arquiduque Ferdinando e sua esposa não mudaram a vida da
população e o ritmo continua o mesmo, pois não acreditariam que um simples homicídio
ocasionaria o país a iniciar uma guerra tão violenta, na qual milhares de soldados
perderiam suas vidas e a população em geral, sofreria com os danos causados pelas
consequências do conflito. O assassinato de Ferdinando, não gerou muita polêmica
para alguns países, pois até mesmo a Áustria não demonstrou nenhuma comoção
diante da tragédia já que o mesmo não era muito amado por alguns, devido seu
pensamento e ideia que não agradavam ao país. Segundo Rodriguez (1994, p.53),
“somente os militares poderiam tirar proveito da tragédia, propondo uma guerra de
retaliação contra o governo Belgrado”.
Os partidos que pregavam a paz não queriam que se iniciasse uma guerra e não
estariam dispostos a sujeitarem-se às exigências feitas pelos militares. No entanto,
apesar das recusas dos partidos que pregavam a paz, os setores militares continuavam
tentando atiçá-los, afirmando que o atentado ao arquiduque teria sido planejado na
Sérvia, e levado o plano para ser executado pela mão negra (RODRIGUEZ, 1994).
Segundo Rodriguez (1994), o atentado ao Arquiduque foi planejado pela Bósnia
e não pelo Belgrado, como os militares imaginavam, o líder era Gravilo Prinzip e as
suas ideias foram executados pelo movimento que surgiram na Bósnia, cujo movimento
era denominado mão negra, alguns jovens bosnianos mantinham uma ligação com
17

esse movimento. Os grupos desses jovens contavam com um suporte para dar esse
prosseguimento aos seus ideais, era oferecido um apoio sendo que estes era o
recebimento de armas, balas, na qual esses jovens também passariam por treinamento
militar. No entanto, alguns participantes da mão negra enxergavam as coisas de um
ângulo diferente do que era objetivado pela mão negra, suas ideologias iam além dos
ideais que esse movimento pregava, e com tal antagonismo em relação a esses
pensamentos seria inevitável controlá-los, pois estariam obcecados em executar seu
plano e ninguém teria a capacidade de detê-los.
Quando a Alemanha, cuja capital era Berlim, foi noticiada do episódio do
assassinato do arquiduque, na ocasião não pode tomar nenhuma decisão sobre o que
ocorrera, já que os principais líderes do país não se encontravam no momento, o
embaixador austríaco precisou viajar urgentemente para a capital da Alemanha na
qualbuscava uma resposta para solucionar o problema. Então, não restou outra
alternativa, senão o secretário do estado recebê-lo e encontrarem juntos uma solução
que viesse resolver o impasse em que os dois países se encontravam (RODRIGUEZ,
1994).
O secretário sabia da real situação política da Europa, e tentou amenizar os
ânimos causados pela tragédia, sendo sabedor que, se a Áustria partisse contra a
Sérvia, acabaria gerando uma guerra, já que diante de tal crise, a Rússia apoiaria os
sérvios. De acordo com o autor:

No Estado-Maior Alemão, a crise gerada pela morte de Francisco Ferdinando


provocou reações mais perigosas para a paz mundial: muitos almirantes
achavam terem chegado a hora de uma guerra preventiva contra a Rússia, cujo
acelerado rearmamento preocupava as autoridades militares de Berlim.
Lamentavelmente, as atitudes de Kaiser em resposta ao atentado de Sarajevo
reforçaram posições defendidas pelos setores mais belicosos do aparelho do
Estado germânico. No dia 30 de junho, Guilherme II declarava: “agora ou
nunca! Devemos por tudo em pratos limpos com os sérvios, já (RODRIGUEZ,
1994, p. 55).

A Áustria contava com o apoio de Berlim, e devido à situação em que se


encontravam, resolveram tomar a decisão de obter uma resposta contra o episódio
ocorrido, então a Sérvia no dia 23 de julho recebeu o ultimato da Áustria, impondo a ela
que buscasse uma forma de responder ao seu aviso, dando-lhe um pequeno prazo
para obtenção de respostas (RODRIGUEZ, 1994).
18

Os austríacos queriam que o governo sérvio arrumasse uma maneira de acabar


com os movimentos nacionalistas e seus simpatizantes, desejava também que fosse
permitida a participação dos representantes da política na apuração do inquérito sobre
a morte do Arquiduque, para poderem apreender os que teriam sido os responsáveis
pela morte do Ferdinando, porém, encontrariam um obstáculo nesse último, pois jamais
seus territórios seriam abertos para serem investigados pela Áustria. Tinha-se a ideia
de que se o governo sérvio rejeitasse um dos itens que teriam sido imposto, eles
encontrariam outro tipo de exigências, e não seria tão radical quanto foram as primeiras
(RODRIGUEZ, 1994).
Porém, nada saiu como o que foi pensado e planejado. A Áustria anunciara
declaração de que iniciará a guerra contra Belgrado, então no dia 29 de julho ocorre o
início do conflito. A Rússia, em contrapartida, também ordenou que as tropas russas
começassem a operar nas fronteiras, para começar o ataque a Áustria. A Alemanha,
sabedora do poderio bélico russo, no dia 30 de julho, deu uma advertência a São
Petersburgo, que ordenava a parada com os envios das tropas militares russas, no
entanto, ela não foi ouvida, então como retaliação no dia 1° de agosto, a guerra contra
a Rússia foi declarada pela Alemanha (RODRIGUEZ, 1994).
Com a guerra declarada aos países, a população de todos os lados almejava
pela guerra, não se imaginavam que o conflito duraria mais tempo como o imaginado,
porém, a guerra se estendeu mais tempo do que previa e não atingiu países não
apenas os que faziam parte das alianças, mas os neutros também foram duramente
atingidos pela guerra, na qual milhares de pessoas perderam suas vidas deixando um
saldo exorbitante de mortos e feridos (RODRIGUEZ, 1994).
Com a guerra declarada em 28 de julho de 1914, a política de aliança foi
reforçada e os países que detinham o poder bélico começara a se organizar para atacar
os países adversários. De acordo com o autor:

Nos sete dias seguintes, aliados se juntaram aos dois países. A Alemanha lutou
ao lado da Áustria, França, Rússia e Grã-Bretanha formaram outra aliança. Em
uma semana, cinco grandes potências e diversas outras menores estavam
prestes a lutar (BLAINEY; GEOFREY, 2011, p. 52).

Os países que não eram considerados industrializados e não teriam a mínima


capacidade de terra em uma guerra, estavam em constante observação, pois não
19

poderiam tomar uma decisão de entrar no conflito, pois, ao tomar essa atitude, teriam
que ter ciência de que estariam tomando um bom posicionamento ao consolidar sua
escolha, pois, não teriam a convicção se era mais vantajoso fazer parte da disputa ou
seria melhor ficarem neutros em relação a guerra (BLAINEY, 2011).
Após o pronunciamento da guerra, um mês depois a Alemanha teve um inimigo
declarado, o Japão. Em 1914, a Alemanha teve o apoio dos turcos, e quando menos se
esperava a Itália acabou trocando de lado. Com toda essa situação, outros países
começaram a se organizar e aceitando a guerra, iniciando assim um conflito em alta
escala, na qual não teria a mínima ideia que seria totalmente longa e devastadora
(BLAINEY, 2011).
No início da guerra, o sentimento de nacionalismo estava à flor da pele, o conflito
era desejado, mas não saberiam da dimensão que a mesma poderia ter. “Esperava-se
que os sindicatos e partidos trabalhistas em alguns dos países em combate se
manifestassem contra a guerra”. No entanto, o que aconteceu foi que algumas etnias
acabaram aderindo um sentimento de patriotismo, o alistamento militar já não era mais
considerado uma obrigação, mas sim um desejo de ser participante num conflito,
acreditando que seriam vitoriosos e que a guerra não se estenderia por muito tempo
(BLAINEY, 2011).
Devido às disputas por conquistas de novos territórios e com receio de as
tensões entre as potências tornarem-se mais radicais, cada país tomou a decisão de
que precisariam fabricar mais armamentos e reforçar seu exército, pois a qualquer
momento as rivalidades viriam à tona e seria inevitável a eclosão de uma possível
guerra.
Como os países tinham o mesmo objetivo, tiveram a convicção de que se
fizessem uma aliança entre os países, formando assim um acordo cuja finalidade era
manter-se unidos, caso eclodisse algum conflito, diante disso, qualquer país que
entrasse em uma guerra os aliados tomavam-se as dores dando apoio ao país, os
pactos de aliança foram então firmados em dois blocos, denominadas Tríplice Entente,
a tríplice Aliança, na qual a Alemanha, Itália e Império Austro húngaro fariam parte do
bloco da Aliança e a Entente seria composta pelos países da França, Inglaterra e
Rússia e com a declaração da guerra, cada um deu seu apoio ao país ao entrar no
conflito. (MAGNOLI, 2006). A guerra foi dividida em duas fases, de acordo com o autor:
20

A Guerra de Movimento começa em agosto, com a invasão de Luxemburgo e


da Bélgica pela Alemanha, e termina em fins de dezembro de 1914, com
primeira Batalha do Marne e corrida para o mar. [..] A fracassada ofensiva
franco-britânica em Artois, em junho de 1915, marca o início da Guerra de
posição; a vitória aliada na batalha de Amiens, em agosto de 1918, é seu fim.
Nos últimos meses de 1915, do mar do Norte à fronteira da Suíça, numa linha
geral de 800 km, de Ostende-Ypern-Lille-Soissons-Reims-Verdum-Nancy-
Belford, a Frente Ocidental está estabilizada. Os dois lados cavam trincheiras,
para passar o inverno, até que a chegada da primavera permitisse retomar a
guerra de movimento. As trincheiras ficaram por três anos, até o fim, marca
inesquecível da Grande Guerra (MAGNOLI, 2006, p. 356-360).

A guerra de movimento durou alguns meses até 1915, o que a caracterizava era
o deslocamento das tropas militares para o território inimigo, o que acabou não tendo
muito sucesso, pois, a estratégia deixava os soldados desprotegidos já que esses
teriam que avançar em áreas abertas, o que facilitou para os seus adversários contra
A segunda fase deu-se, com a guerra de trincheiras na qual os soldados
cavavam valas com uma profundidade de 2,5 metros com a finalidade de evitar que o
inimigo conseguisse se aproximar das tropas. As trincheiras eram protegidas com
arame farpado os soldados colocavam sacos de areia para a proteção e melhoria de
sua defesa contra os bombardeios das tropas adversárias. No entanto, as trincheiras
não contribuíram muito beneficamente para a proteção desses soldados, pois os
mesmos ficavam a mercê de alguns fatores que os levaram ao desgaste físico e
emocional (MAGNOLI, 2006).
Os combatentes tiveram que enfrentar o frio, durante os longos tempos de
batalha, em que muitos morriam por causa da frio, a chuva contribuía para que as valas
cavadas para a proteção dos soldados ficassem encharcadas, sem ter um escoamento
da água, gerada pela chuva, o que acabava dificultando a vida dos militares, viviam
sobre os outros corpos, pois os soldados mortos pelas tropas inimigas eram deixados
nas trincheiras, devido à impossibilidade de serem retirados das valas uma vez que a
qualquer tentativa de saída sem planejamento dos combatentes poderiam causar-lhe a
morte (CROUZET, 1996).
Então, não havendo alternativa senão a serem obrigados a ficarem dividindo o
espaço com os mortos, o que contribuía para o surgimento de doenças, devido à
decomposição dos corpos, fazendo assim com que insetos e animais que transmitiam
doenças, tornassem os soldado vulneráveis e o sistema imunológico também era
afetados, contribuindo para a morte desses e os que não vinham a óbito pela artilharia
21

inimiga, acabavam morrendo devido as doenças e à falta de higienização nas


trincheiras (CROUZET,1996). De acordo como autor:

Nunca os homens tiveram de suportar tantas provações como combatentes


desta guerra, sobretudo a partir do momento em que estabilizaram as frentes
de luta. Mantidos nas posições durante o inverno de 1914 e 1915, em
trincheiras mais ou menos profundas, expostos sem abrigo, não só aos
bombardeios e os ataques de surpresa, mas ao frio e a chuva, mal abastecidos,
amiúde devorados pela vermina privados do sono pela necessidade da atalaia,
os soldados vivem dentro d’água, com lama até os joelhos (CROUZET, 1996, p.
52).

Conforme Crouzet (1996), a vida nas trincheiras não era uma tarefa fácil, pois
viviam em constantes tensões, o contra-ataque dos adversários ficaram mais
agressivos, pois os bombardeios não eram mais apenas térreos, mas sim aéreos, o que
acabou contribuindo para a decadência das tropas opostas. Os soldados, cada dia mais
exaustivos por causa dos combates ficavam mais fragilizados, devido a uma
alimentação escassa, começavam a sentir a ausência de suas forças para lutar em uma
guerra que já teria se estendido mais tempo que se esperava.
Um dos momentos decisivos para o final do conflito foi a entrada dos Estados
Unidos na guerra e a saída da Rússia. Os Estados Unidos era um grande fornecedor de
produtos bélicos para os países em combate, até então se mantinha distantes dos
conflitos, porém, essa posição começa a mudar diante das circunstâncias de alguns
episódios acontecidos. A Alemanha como uma estratégia das disputas em fevereiro de
1915, a Inglaterra soube do anúncio na qual Alemanha declarava bloqueio,
interceptando todos os navios que levassem mercadorias para supri-los (CROUZET,
1996).
Conforme Rodriguez (1994), o bloqueio não atingiu somente os países
envolvidos nesse conflito, mas também os países neutros começaram a ser atacado
pelo governo alemão, o que viria a contribuir para que os Estados Unidos, dois anos
mais tarde, após o início do conflito, saísse da neutralidade, tendo motivos suficientes
para entrar na guerra.
A Alemanha agindo de uma forma impensada, não saberia e nem teria a mínima
ideia de que estaria travando sua derrota no combate, considerando que os Estados
Unidos era quem disponibilizava muitos recursos para suprir os países que estavam no
22

conflito, também teriam capacidade suficiente para enviar suas tropas para atacar os
países, sendo que dispunha de um grande poderio bélico e materiais utilizados na
guerra. De acordo com o autor:

Aos poucos, contudo, os Estados Unidos demonstrariam publicamente uma


crescente solidariedade aos países da Entente, fornecendo a eles ajuda
econômica e apoio financeiro. Em abril de 1917, os Estados Unidos declararam
guerra aos impérios centrais. Inúmeros foram os fatores que levaram a
administração americana a tomar essa atitude extrema: em primeiro lugar, a
campanha submarina alemã que claramente ameaçava as exportações
americanas; em segundo, a saída da Rússia da guerra, o que depurava a
Entente de seu componente antidemocrático; em seguida que o Segundo Reich
procurava estabelecer uma aliança com o México visando a desequilibrar as
relações de forças no continente norte americano e, por fim, o torpedeamento
do navio americano Vigilentia. Todos esses elementos convenceram a opinião
pública e o congresso americano de que era chegada hora do envio de suas
tropas para o Velho Mundo. Sob o comando do general Pershing, um milhão e
meio de americanos atravessariam o Atlântico em direção aos ensanguentados
campos franceses (RODRIGUEZ, 1994, p. 63).

Diante de tantos fatores, a Alemanha não deixou alternativa aos Estados Unidos
se não declarar guerra, o que contribuiu para o final dessa, apesar do governo
estadunidense querer manter-se neutro diante dos conflitos que assolavam os países
aliados, ela não mantinha nenhum interesse em fazer parte de tal combate, pois seria
mais vantajoso oferecer recursos que viabilizassem o abastecimento de produtos que
seriam utilizado durante a guerra, o que de certa forma contribuiu para a ascensão na
economia do país, mas apesar de tanta rejeição, o governo americano não conseguiu
manter sua neutralidade por muito tempo, em vista que o governo alemã já teria ido
longe demais, e que tinha a certeza de que era o momento de contra atacar Alemanha
e os países que eram aliados a eles (RODRIGUEZ 1994).

2.1.2 Desfecho: vencedores e vencidos

Em julho de 1918, os alemães são atacados pela força norte-americano,


franceses e ingleses, a Alemanha ficou encurralada e não tinha mais as mínimas
condições de sustentar os combates, foram obrigadas a recuarem. Após a rendição e
saída de outros países, o armistício é assinado pelo Imperador Carlos I da Áustria, e no
dia 11 de novembro, o acordo de paz foi então assinado pela Alemanha, o qual
23

estavam redigidas duras condições, o que deixaria o país muito rebaixado


(RODRIGUEZ, 1994).
Com as rendições dos países derrotados foi realizada em Paris, uma conferência
cuja presença dos países derrotados estaria fora de cogitação. Essa conferência pode
contar com a participação dos países vencedores, na qual cada nação era
representada por um líder, as reuniões eram organizadas por três países que seriam a
França, Inglaterra e Estados Unidos, a conferência discutida iniciou-se com a
elaboração de um tratado na qual foram estabelecidas em documento algumas
exigências dos países considerados vencedores. (RODRIGUEZ, 1994). De acordo com
o autor:

No final de abril de 1919, os termos do Tratado de Versalhes estavam redigidos


e a Alemanha recebeu ordem de enviar seus delegados para ouvi-los[..].No dia
7 de maio, o texto do tratado foi lido para os representantes do governo
revolucionário alemão. Prontamente, o conde Von Brockdorff-Rantzau, ministro
do Exterior e chefe da delegação da Versalhes, retrucou dizendo que os termos
eram demasiadamente duros. Clemente respondeu à observação do nobre
germânico informando-lhe que Berlim teria três semanas para resolver se
aceitaria ou não as determinações dos aliados. O prazo deve de ser
prolongado, pois o governo alemão preferiu demitiu-se a assinar o tratado. Os
vencedores fizeram alguns retoques nos termos do documento e notificaram a
Berlim, que se o acordo não fosse ratificado pelos alemães até as 7 horas da
tarde de 23 de junho, tropas aliadas invadiriam o território germânico
(RODRIGUEZ,1994, p.67-68)

O Tratado de Versalhes, sendo assim chamado, foi finalmente terminado em 28


de junho de 1919, em que constavam os termos que eram destinados aos países
perdedores e no qual eles seriam incumbidos de cumprirem. A Alemanha não teve
outra saída, a não ser assinar. As cláusulas que constava no acordo eram bem rígidas,
o que deixou a Alemanha revoltada com as punições imposta (RODRIGUEZ,1994).
Foram impostos ao governo alemão que o mesmo teria de devolver a Alsacia-
Lorena para a França, os territórios que existiam os minérios deveriam voltar para o
governo francês. Na questão de segurança, o tratado exigia que Alemanha reduzisse
seu quadro de militares, seu exército não poderia de forma alguma ultrapassar a
quantidade de cem mil, sendo que seu armamento seria de artilharia leve, ficava
restringido e que não poderia utilizar-se de aviões e nem fazer o uso dos seus navios,
que os mesmos deveriam ser entregues aos países vitoriosos (RODRIGUEZ 1994).
24

Como se não fosse bastante a humilhação sofrida pela Alemanha no pacto de


Versalhes, ainda foi punida financeiramente, deveria assumir sua culpabilidade pelo
início da guerra, sendo obrigada a pagar uma indenização bilionária, os governos
alegaram que tiveram prejuízos causados pela guerra, alegando que o conflito teve seu
início devido ao governo alemão ter despertado seu o começo (RODRIGUEZ, 1994).

2.1.3 As consequências da guerra

Após quatro anos de conflitos e um resultado incalculável de um saldo de


pessoas mortas e feridas, a Europa encontrava-se devastada e enfraquecida
economicamente, por causa das duras punições impostas pelo Tratado de Versalhes os
países vencidos foram os que mais perderam (VIZENTINI, 2002). De acordo com o
autor:

As consequências da guerra mundial foram terríveis. Morreram oito milhões de


soldados, nove milhões de civis, e posteriormente, mais seis milhões devido a
epidemia da gripe espanhola. Vinte milhões de pessoas ficaram inválidas.
Assim foi o conflito moderno com mais mortos civis que militares (VIZENTINI,
2002, p. 140).

Devido a esse conflito sangrento, muitos dos sobreviventes da guerra ficaram


com sequelas devido às armas tóxicas utilizadas na zona de combate, os soldados que
conseguiram sobreviver poderiam voltar para casa, mas muitos não conseguiram levar
sua vida como antes, devido ao trauma de participarem da guerra, acabaram
desenvolvimento problemas psiquiátricos: pessoas mutiladas, mulheres viúvas, foi o
saldo que a 1ª guerra deixou (VIZENTINI, 2002).
No entanto, os que mais tiveram vantagens em cima desses conflitos, foram os
Estados Unidos, pois antes de se envolver diretamente na guerra, forneciam materiais
bélicos, ou seja, vendiam seus produtos aos países que participavam do combate, o
que contribuiu para a sua ascensão econômica, também oferecia empréstimos, diante
disso conseguiram a obtenção de lucros enormes, com isso acabou tornando-se uma
das maiores potências desenvolvidas do mundo (VIZENTINI, 2002).
A derrota alemã e a humilhação sofrida pelo Tratado de Versalhes acabaram
contribuindo para a expansão de um sentimento exacerbado ao nacionalismo, fazendo
25

assim, com que novas ideologias surgissem, tais sentimento de revolta e vingança
dariam a Alemanha o desejo de uma revanche o que levaria a eclosão da Segunda
Guerra Mundial (VIZENTINI, 2002).

2.2 ORIGENS DA 2ª GUERRA MUNDIAL

No ano de 1939 a 1945 aconteceu um dos mais sangrentos conflitos da história,


a 2º Guerra Mundial, na qual milhares de pessoas morreram entre eles militares e civis.
Com o término da Primeira Guerra Mundial no período de 1914 a 1918, foi criado um
acordo, em que todos os países que foram vencidos teriam que assinar, sem terem o
direito de questionar. O acordo propunha que deveriam pagar altas indenizações aos
países vencedores, o que acabou deixando os países perdedores revoltados.
(MAGNOLI, 2006).
Com o decorrer do tempo, os países derrotados, após assinarem esse acordo,
que para eles foram humilhantes, começaram a cultivar e a fortalecer um sentimento
nacionalista, que seriam a vontade de poder vingar-se devido às imposições que o
acordo lhes impôs. Os países vencidos principalmente a Alemanha, começara então a
despertar um forte desejo de iniciar um novo conflito com o intuito de vingar-se dos
países que deixou a nação humilhada (MAGNOLI, 2006).
Segundo Magnoli (2006), o intervalo entre as duas Grandes Guerras Mundiais
marcou um período de imensas reviravoltas e crises profundas que assolaram a
Alemanha, devastada pela derrota na 1° Guerra Mundial, essa ficou em uma situação
comprometedora diante das imposições feita pelo tratado de Versalhes. Ao término da
1ª Guerra em 1918, o mapa geopolítico mundial foi redefinido, o nacionalismo ficou
mais ainda revigorado e foi um dos principais motivos da Primeira Guerra, uma vez que
países buscavam expandir seus impérios, o que acabou culminando o despertar da
guerra entre as nações.
O grande conflito deixou a Alemanha totalmente arruinada, o Tratado de
Versalhes foi de extrema exigência, obrigando o governo alemão a pagar uma alta
indenização aos países vencedores, o rearmamento foi proibido, além de que, deveria
devolver todos os territórios que teriam conquistado na 1° Guerra. (MAGNOLI, 2006).
De acordo com o autor:
26

O mapa da Europa havia mudado. Pelos acordos firmados em 1919, surgiram


novos países: Polônia, Tchecoslováquia, Áustria, Hungria, países bálticos. Mas
o centro determinante da política europeia era realmente a Alemanha.Com a
criação da Tchecoslováquia, por exemplo, a Alemanha perdeu parte de seu
território e mais de 3 milhões de habitantes. O mesmo se deu com a Polônia,
que se formou dividindo o território alemão pelo famoso “corredor polonês”. Os
países vitoriosos encontram-se e firmaram o celebre Tratado de Versalhes, que
foi imposto à Alemanha. Pelo tratado, a Alemanha foi considerada a grande
responsável pela guerra (MAGNOLI, 2006, p. 385).

Por causa da alta indenização que a Alemanha teve que pagar aos países
vitoriosos ela ficou com a economia abalada, momentos de crises, deixando o país
instável, as oscilações constantes, devido aos altos e baixos da economia acabaram
afetando a política, o que contribuiu para a eclosão de revoltas e despertando a
esperança de que surgiriam tempos melhores, e além de tudo, esperavam
ansiosamente vingar-se por causa da humilhações que sofreram por terem saído da
Primeira Guerra como perdedores e totalmente destruído financeiramente (MAGNOLI,
2006).
O endividamento da Alemanha, o alto índice de desemprego e o seu orgulho
nacional saindo gravemente ferido, acabaram motivando o governo alemão a procurar
por soluções que viesse a tirar a Alemanha do caos em quase encontravam,
(MAGNOLI, 2006).
Segundo Maioli (2004), Hitler não aceitava as humilhações que seu país sofrera,
e as nações após 1918, buscavam por estabelecer a paz entre os países, porém Hitler
com seus ideais não simpatizava com tal ideia, na sua percepção para que a Alemanha
pudessem se recuperar, os tratados que poderiam estabelecer tal tranquilidade
deveriam ser quebrados, já que para alavancar a economia teria que investir nas
produções de materiais bélicos, e isso estava vetado devido uma das cláusulas que
estavam vinculadas ao tratado de Versalhes. De acordo com o autor:

O problema relevante, que as nações tiveram que enfrentar depois de 1918, foi
o da criação de um mundo pacífico [...]. A estabilidade da paz, somente poderia
ser assegurada pela eliminação da violência e a substituição dos métodos
legais nas questões internacionais [...]O espírito que Hitler representava
recusava-se a admitir que os desejos da Alemanha pudessem ficar
comprometidos por concessões feitas a outras nações. Esses desejos
tornaram-se "direitos" que não poderiam ser preteridos, que nem mesmo
ficariam sujeitos a negociações, mas teriam que ser concedidos à Alemanha -
ou a consequência seria a guerra (MAIOLI, 2004, p .4-5).
27

A Alemanha perdera milhares de alemães na guerra e a perda de uma grande


parte de território privou o governo alemão de poder ter outras fontes de
abastecimentos, pois, os recursos que exploravam e que mantinha a economia ativa
vinham desses territórios, dificultando assim a chance de se reerguer novamente já que
as reparações que o tratado impôs, a mesma precisaria fazer uso desses recursos para
executar o acordo que tivera que assinar em ressarcir os países vencedores, pois como
ficou claro no tratado, a Alemanha era a única responsável pelo início da guerra e
deveria pagar por isso (MAIOLI, 2004).
Como estavam proibidas de organizarem militarmente e seu rearmamento foi
indeferido, não podendo arcar com os custos que lhe foi obrigado a pagarem, pois ao
perder suas colônias, também perdera as fontes que mais poderia ajudá-la na
execução das indenizações, Alemanha viu-se cada vez mais se afundando em uma
crise, o que resultou em um sentimento de rancor ao Tratado de Versalhes, o que
acabou se tornando um dos motivos mais importantes para o início de um novo conflito
ainda mais devastador (MAIOLI, 2004).

2.2.1 Adolfo Hitler e a ideologia nazista

Figura 1 – Hitler em um comício, em 6 de julho de 1939. Fonte: https://jornalggn.com.br/noticia/a-vida-de-


hitler-em-imagens.

Adolf Hitler foi o líder da Alemanha Nazista de 1934 a 1945. Hitler deu início a
Segunda Guerra Mundial e, devido a suas práticas de políticas fascistas acabou
causando a morte de milhares de pessoas (HITLER, 1925).
28

O ditador Adolf Hitler nasceu na Áustria, em 20 de abril de 1889. Quando tinha


três anos de idade, a família se mudou para a Alemanha. Hitler não tinha uma boa
relação com seu pai, pois esse não aprovava seu interesse em artes visuais, preferindo
que ele seguisse a carreira na área de negócios. Além da arte, o nacionalismo alemão
deixou muito interessado, e devido a esse interesse, a autoridade Áustria Hungria
terminou sendo rejeitada por ele e foi essa paixão pelo nacionalismo que acabou
motivando e transformando a vida do grande ditador. Em seu livro, Hitler comenta:

Nessa cidadezinha do In, imortalizada pelo martírio de grandes alemães,


bávara pelo sangue, austríaca quanto ao governo, moravam meus pais no fim
do ano 80 do século passado, meu pai como funcionário público, fiel cumpridor
dos seus deveres, minha mãe toda absorvida nos fazeres domésticos e,
sobretudo, sempre dedicada aos cuidados da família. Na minha memória,
pouco ficou desse tempo, pois, dentro de alguns anos, meu pai teve que deixar
a querida cidadezinha e ir ocupar novo lugar em Passau, na própria Alemanha
(HITLER, 1925, p.07).

Após a morte de seu pai, abandonou a escola mudando-se para Viena, na qual
começou a trabalhar para poder se sustentar, como pintor, ao tentar entrar para
academia de artes visuais, pois tinha convicção de que seria aceito, porém acabou
sendo rejeitado pela instituição. O jovem austríaco não reagiu bem ao ser negada a sua
entrada para a universidade, pediu que o diretor da escola que explicasse porque ele
não teria sido admitido, os seus desenhos mostraram que não tinha nenhuma
habilidade com a arte.
No entanto, e que visivelmente se via era sua vocação para arquitetura, abatido
pela negação, e com o sonho frustrado de ser pintor, após algum tempo resolveu que
iria ser arquiteto, porém, seria uma tarefa difícil já que se negou em aprender na escola
profissional, e que, de certa forma, iria dificultar sua inserção na Escola de arquitetura.
Com a falta desse quesito, Hitler não teve outra alternativa a não ser desistir da carreira
de ser um grande profissional da pintura (HITLER, 1925).
A vida de Hitler em Viena não foi fácil, passou por muitas dificuldades, pois
perdera os recursos financeiros deixados pelo pai, conheceu a miséria, o contato com
pessoas miseráveis não deixou Hitler entusiasmado, devido sua situação financeira,
precisou fazer moradia em albergues e, mesmo dividindo o teto com pessoas
totalmente diferentes dele, nunca deixar de expor suas opiniões e não ocultou sua
29

frieza contra tudo e contra todos que tivesse uma visão contrária a ele. De acordo como
autor:

Hitler exercitou esporadicamente os traços de reserva, de frieza e


camaradagem apenas temporária que tanto o caracterizavam; defendendo suas
opiniões de maneira intransigente, apaixonado por suas próprias ideias,
fazendo julgamentos severos de tudo aquilo que o desagradava, ele aspirava
por feitos heroicos desde o quarto miserável onde vivia ,falando sobres os
deuses e os heróis de Richard Wargner com entusiasmo de uma adolescente, e
elaborando planos grandiosos de arquitetura (OLIVEIRA, 2015, p 31).

Apesar de ser austríaco, Hitler entrou para o exército alemão e acabou lutando
na Primeira Guerra Mundial na qual foi ferido em campo, Fe condecorado com bravura.
No entanto, a derrota da Alemanha o deixou muito amargurado, pois não aceitava que
seu país tinha saído aniquilado da guerra (HITLER, 1925).
Com a punição imposta à Alemanha pelo tratado, Hitler ficou profundamente
abalado, e com tal situação acabou cultivando um sentimento de vingança, pois não
aceitara a derrota da Alemanha (HILTER, 1925).
Conforme o episódio da Alemanha, ao sair derrotada do conflito contribuiu, para
reforçar o seu patriotismo, Hitler tinha o mesmo pensamento da maioria dos
nacionalistas, tinha a convicção de que os líderes civis e marxistas tinham traído o
exército alemão, achava inaceitável a cláusula do Tratado de Versalhes, que afirmava
que o início da guerra era de inteira responsabilidade da Alemanha.
Hitler ficou indignado, e tal indignação fez com que o mesmo despertasse o
desejo e vontade de fazer com que Alemanha voltasse a usufruir o prestígio que tinha
antes de perder a guerra, o que contribuiu para concretizar seus ideais, em que sua
ideologia nazista acabou se desenvolvendo e sendo uma das coisas mais importante
para Hitler, e que seria seu ponto principal para finalmente chegar ao poder (HITLER,
1925).
Com sua estadia em Viena, Hitler começou a perceber que a propaganda seria
uma arma eficaz para divulgar projetos políticos, e que, usando-a de maneira correta,
poderia atingir as massas e que estas poderiam ser favoráveis aos seus planos
políticos (OLIVEIRA, 2015). Segundo o autor:
30

Ao que tudo indica, foram anos de miséria em Viena, as disputas mesquinhas o


dia a dia, a ingrata luta pela sobre vivência, a existência insípida no albergue, a
escola onde Hitler desenvolveu até um grau patológico sua ausência de
compaixão, a ideia do mais brutal combate essa verdadeira escola de baixeza
moldou, portanto, aquele jovem; o qual era destituído de talentos especiais,
descontente consigo mesmo e com o mundo inteiro, e devorado pela ambição
(OLIVEIRA, 2015, p. 35).

Para Oliveira (2015), Hitler era um jovem de temperamento forte, na qual sempre
preferiu manter-se distante dos colegas em que dividia o mesmo quarto, sonhava
tornar-se uma pessoa com uma posição importante, e que muitas vezes achava que
seria uma tarefa difícil. No entanto, seu sonho estava prestes a ser realizado, aos
poucos pode finalmente ter a esperança que seus dias estavam perto de mudar. Ao
frequentar uma cervejaria em Munique seu caminho cruzou com um homem que, de
certa forma, mudaria o rumo de sua vida, conheceu e se relacionou com Anton Drexler,
que lhe ofereceu um programa partidário. Ora, sem dúvida, nem um desses convites
seria a chance de Hitler começar a pôr em práticas seus planos políticos e firmar sua
ideologia. Segundo o autor:

Drexler é o fundador do partido nacional-socialista, a ele soube descobrir “a


formula mágica” de galvinizar as massas operárias mediante o apelo ás ideias
socialistas, tão sedutoras, porém, revestidas de nacionalismo, através dessa
fórmula o partido conseguiu agregar à sua volta muitos descontentes, que se
julgavam vítimas da política econômica e social nascida do Tratado de
Versalhes; pouco importava que a cartilha nacional-socialista fosse semelhante
à pregada por outros partidos; de qualquer modo o partido passou a existir
como um campo de ação aberto para Hitler. O que distinguia este último dos
numerosos outros oradores que Munique conheceu nessa época era a
persistência com que apresentava suas ideias; mas essa persistência, na
verdade, refletia o único desejo de alcançar o poder; para Hitler jamais importou
“a verdade de uma ideia-se conteúdo ideológico; essa ideia deveria apenas,
servi aos interesses dele próprio (OLIVEIRA, 2015, p.39).

Depois de tudo que passara em Viena, as humilhações e dificuldades, finalmente


pôde dar início aos seus discursos ideológicos, em que tinha a chance de modificar os
pensamentos da população, fazendo com que a mesma, que ansiava por uma solução
plausível pra acabar como males que Alemanha estava passando, viesse a apoiá-lo,
pois seria com o apoio das massas que poderia chegar a ocupar uma posição
importante na área política, pois seria somente chegando ao poder que teria como pôr
em execução todos os seus planos para fazer com que Alemanha recuperasse o
prejuízo causado pelo Tratado de Versalhes (OLIVEIRA, 2015).
31

Ao assumir o partido, Hitler eufórico com a oportunidade, pode então demonstrar


sua capacidade e eloquência de atrair as massas populares com seus discursos
motivadores, chamando à atenção da população que ansiava com alguém que pudesse
com suas ideias, levar a Alemanha novamente a um país sem problemas financeiros e
sociais (OLIVEIRA, 2015). Conforme o autor:

Adolfo Hitler vinha de uma cidade à beira da Áustria, onde seu pai era um oficial
secundário da alfândega. Um suposto artista, ele assimilou parte do anti-
semitismo de Viena e parte do patriotismo que borbulhava em Munique quando
a deflagração da primeira guerra Mundial. Alistando-se no exército alemão,
ganhou a Cruz de Ferro por sua coragem na frente ocidental. Tendo sido um
entre os soldados alemães que, em 1918, ficaram atordoados com a perda
moral em casa, quando a moral ainda estava sólida em muitas partes do
exército sob forte pressão, Hitler deu vazão a seu senso de traição no regresso
à vida civil, infiltrando-se nas margens da política. Em 1919, com 30 anos de
idade, ele se tornou chefe de um pequeno partido político da Baviera, o Partido
Nacional-Socialista Alemão do Trabalho. Seu partido desenvolveu um exército
particular, que se sobressaia em lutas de rua contra os marxistas e outros
partidos de esquerda (BLAINEY, 2011, p. 169).

Hitler contava com um dom que poucos teriam, tinha uma habilidade para
oratória, no momento em que ele falava as pessoas que os escutavam ficavam
perplexas diante dele. Os alemães diante do sentimento de revolta pelo fato da nação
querida ter saído devastada por causa da guerra, sentiam-se confiante diante de seu
discurso, ele falava exatamente o que a plateia gostaria de ouvir, nas reuniões em que
se encontrava se sobressaia, pois com o amor que dedicara à Alemanha, e sua
indignação de vê-la totalmente prejudicada, após o término da guerra, ao falar contava
com uma forte energia e força era em suas palavras que os alemães encontravam a
esperança de que seu país poderia dar a volta por cima (BLAINEY, 2011).
Hitler percebeu que era o momento de tirar vantagens em benefício próprio,
devido ao caos que o governo alemão estava vivendo, ele soube aproveitar bem esse
momento de medo e angústia. Iniciou então um discurso na qual defendia que a nação
teria sido a mais prejudicada, soube despertar o orgulho alemão e alimentar um
sentimento de revolta e indignação, pois, enfatizava que a derrota da Alemanha teria
sido injusta (OLIVEIRA, 2015).
O povo alemão, buscando por soluções que viessem a dar um fim no período de
crise e estagnação que a Alemanha estaria passando, começou a ver em Hitler a
solução para esses problemas, então o grande ditador compreendeu que esse seria o
32

grande momento para alavancar sua carreira na política e alcançar seus objetivos
traçados. O perfil de Hitler era de liderança, o que o levou rapidamente à liderança do
partido, o que deu–lhe a chance de colocar seu plano em prática (OLIVEIRA, 2015).
Segundo o autor:

Ao dispor do partido, isto é, ao ter à sua disposição pela primeira vez, uma
máquina partidária, com seu programa-o que menos lhe importava, aliás, seus
afiliados, correspondentes, caixa e panfletos, Hitler colocou em prática seu
talento simplificador, isto é, sua capacidade inegável, que atrai tantos os
historiadores, de apresentar de maneira cabal tudo aquilo que as massas
sentem, mas não conseguem exprimir por si só (OLIVEIRA, 2015, p.40).

Após o término da Primeira Guerra Hitler foi convidado por Drexler para fazer
parte de seu partido, na qual as ideais antissemitas e nacionalistas começaram a fazer
parte de sua vida, pois fazia parte de um partido pelo qual o presidente mantinha certa
paixão por tais sentimentos. O símbolo do partido fora desenhado por Hitler, e seu dom
oratório foi sendo notado e admirado, pois seus discursos eram extremamente aceitos
pelas massas que o ouviam. Hitler foi conquistando seu espaço e não demorou muito
para substituir Anto Drexler como presidente do partido (OLIVEIRA, 2015).
Os expectadores que frequentavam regularmente as reuniões organizadas por
Hitler, foram se enfeitiçando por seus discursos, um encontro foi realizado em uma
cervejaria de Munique, na qual Hitler afirmou que uma revolução havia iniciado e que
um novo governo teria sido formado (OLIVEIRA, 2015).
Depois do golpe declarado por Hitler, houve uma longa batalha que acarretou em
algumas mortes, porém o golpe não teve êxito acabou, sendo reprimida, a tentativa de
golpe liderada por Adolf Hitler ficou conhecida como Putsch da Cervejaria. Segundo o
autor:

Em meio a outras tentativas de golpe de Estado, sem muito alcance, aliás, no


contexto político da época, Hitler também veio arquitetar a sua; era preciso agir:
essa é a origem do famoso “Putsch”, o gole fracassado de Munique, em
1923.Não dispondo ainda de todo o apoio necessário, não sendo ainda
suficientemente conhecido e dotado de prestígio fanáticos, é verdade, mas
ainda pouco preparados para o embate político, Hitler não apenas perdeu
vários companheiros na repressão que se seguiu, mas também foi ele mesmo
preso, julgado e condenado à prisão (OLIVEIRA, 2015, p.44-45).
33

Foi na cadeia que Hitler deu início ao seu livro “Minha Luta”, onde escreveria
uma parte de sua história e onde também seu ódio para com os judeus aparece de
modo bem claro, após ser preso tornou-se bem conhecido em todo o país, conseguiu
conquistar o apoio de muitas pessoas tornando-se seus seguidores, muitos deles iam-
lhe visitar na prisão. Seus projetos jamais foram abandonados, ou seja, com seu dom
oratório, Hitler conquistou as massas e com isso pode dar início à execução de seus
planos políticos e enraizar sua ideologia com o propósito de que a população por fim
acreditasse e defendesse a ideia de que somente os alemães poderiam ser
considerados puros (HITLER, 1925).
Ao ser liberto, Hitler acabou conquistando seu poder absoluto, tendo a
oportunidade de colocar em prática todos os seus planos. Seu objetivo maior era fazer
com que a Alemanha voltasse ao topo, e que o país reconquistasse tudo o que perdera
devido à derrota da Primeira Guerra Mundial (HITLER, 1925).
Em seu livro “Minha Luta”, escrito no período que estiver preso Hitler deixou claro
seu antissemitismo e seu ódio pela raça judia, relata ainda que foi em Viena que
começou a se interessar pelo movimento antissemita e percebera que os judeus
estavam em todos os lugares, o que o deixava ainda mais furioso, Hitler comparava a
raça judaica como se fosse uma praga que acabaria contaminando o povo alemão, e
seu sentimento de raiva e ódio que Hitler despertou pelos judeus, culminou em uma das
mais atrocidades cometida contra a humanidade (HITLER, 1925). De acordo com Hitler:

Quem, cautelosamente, abrisse o tumor haveria de encontrar, protegido contra


as surpresas da luz, algum judeuzinho. Isso é tão fatal como a existência de
vermes nos corpos putrefatos. O judaísmo provocou em mim forte repulsa
quando consegui conhecer suas atividades, na imprensa, na arte, na literatura e
no teatro. Protesto mole já não podiam ser aplicados. Bastava que
examinassem os seus cartazes e se conhecessem os nomes dos responsáveis
intelectuais pelas monstruosas invenções no cinema e no drama, nas quais se
reconhecia o dedo do judeu, para que se ficassem por muito tempo revoltado.
Estava-se em face de uma peste, peste espiritual, pior do que a devastadora
epidemia de 1348, conhecida pelo nome de Morte Negra. E essa praga estava
sendo inoculada pela nação (HITLER, 1925, p.36).

O livro “Mein Kampf” (Minha Luta) tornou-se um guia ideológico do nazismo, e


serviu de base para as pessoas que faziam parte do partido Nazista. Nesse livro, os
judeus foram bastante descriminados e foi na qual Hitler pode expressar todo o seu
ódio contar os mesmos dando mais convicção a sua ideologia (HITLER, 1925).
34

Ele acreditava que o povo alemão era superior as demais raças e que para
manter a pureza da raça, era necessário que todos lutassem em prol dessa causa. Ele
relata ainda que essa pureza devesse estar em risco, pois o país contava com muito
judeus e que estes deveriam ser eliminados, pois eram raças inferiores e que se não
fosse tirado de circulação acabariam contaminando a raça ariana (HITLER, 1925).
A população ficou atraída com as ideias antissemitas e racialistas de Hitler, com
isso, ele conseguiu que o país quase todo o apoiasse. O desejo de toda a população
era que a Alemanha se levantasse e saísse da crise em que vivia, e Hitler conseguia se
encaixar no perfil de liderança que ela almejava, pois ele seria o homem ideal que
poderia conseguir com que Alemanha se reerguesse novamente. Ao sair da prisão
conseguiu aderir mais adeptos para o seu partido ganhando força no âmbito político
(COGGIOLA, 2015).
No ano de 1929, houve um acontecimento catastrófico, que ficou conhecido
como Crack da Bolsa de Nova Iorque, o que fez com que a população alemã ficasse
temerosa, pois essa crise de 29 afetaria a economia alemã, e diante tal situação as
ideologias nazistas caíram no gosto da população (COGGIOLA, 2015). De acordo com
o autor:

A crise de 1929, na Alemanha, agravou os resultados da hiperinflação de 1923,


depois de uma “prosperidade” relativamente breve [..]. Os trabalhadores
industriais sofriam, com o desemprego de massa, uma miséria densa, na qual a
procura de um emprego parecia interminável. A juventude carecia de qualquer
perspectiva de trabalho, ou de vida “normal”: milhões de jovens viraram
“nômades”, muitos enchiam os “campos de trabalho”. [..] O desespero e a
cólera se voltavam contra o governo, frequentemente ocupado pelos socialistas
(SPD). Toda esperança, todo “bode expiatório”, eram aceitos: o nazismo, em
escala maior que o fascismo italiano, foi capaz de mobilizar a pequena
burguesia desesperada [..]. (COGGIOLA, 2015, p.24).

Segundo Coggiola (2015), com o crescimento de sua popularidade, Hitler


consegue chegar ao poder em 30 de janeiro de 1933, com um cargo abaixo do
presidente do governo alemão, e após alguns anos consegue dar início a ditadura
alemã. O programa nazista aos poucos vai sendo colocado em prática. Hitler defendia
que todos os povos alemães deveriam ser unidos em um só país, os negros e judeus
fossem eliminados, a eliminação de outras etnias também era defendida pelo ditador.
35

Os comunistas, as testemunhas de Jeová e os homossexuais também não ficaram fora


da lista de Hitler.
Quando Hitler foi nomeado a chanceler do Reich, ele pode então dar início a seu
método de governo, implantou um regime ditatorial e seus pensamentos nazistas
começaram a serem colocados em prática, seu ódio e repulsa aos judeus ficaram cada
vez mais visíveis, o que acabou na perseguição de milhares deles (OLIVEIRA, 2015).
Hitler, com o poder nas mãos, começou a executar seus planos, que era o
reerguer a nação alemã, e para isso, deveria quebrar o acordo do Tratado de
Versalhes, na qual estava enclausurado que o governo alemão não poderia se rearmar,
Hitler começou a investir na indústria de materiais bélico, pois seria uma dos fatores
que conseguiriam levantar a Alemanha financeiramente, já que a venda dos produtos
bélicos seria muito lucrativo e que geraria empregos e renda para a população
desempregada e sem perspectiva de vida (OLIVEIRA, 2015). Segundo o autor:

Enquanto, na política exterior, Hitler simulava ser o arauto da paz e


compreensão entre os povos, buscando no diálogo e na compreensão mútua a
saída para os problemas em crise, derrotado na primeira grande guerra e
humilhado pelo Tratado de Versalhes, no plano interno ele deu curso imediato a
toda a sua intolerância política e ao seu arraigado antissemitismo; com rapidez
inacreditável surgiram os campos de concentração nos quais inimigos e
opositores deveriam ser internados para fins de “reeducação” (OLIVEIRA, 2015,
p. 36).

Hitler então, começou a dar continuidade aos seus planos monstruosos, os quais
teve tempo de organizá-los enquanto esteve preso. Logo em seus discursos, deixava
claro que a Alemanha estava infectada de pessoas que ele julgava serem inferiores as
suas raças, ou seja, os judeus que se encontravam dispersos pelo continente europeu
deveriam ser exterminados. Finalmente, com o poder nas mãos, Adolfo Hitler deu vida
aos seus sonhos de conseguir que Alemanha fosse uma nação totalmente pura, e isso
só seriam possíveis com a destruição de outras raças consideradas inferiores pelo
ditador (OLIVEIRA, 2015).
Em 1935, após Hitler se autoproclamar Fuhrer-chanceler (chefe ou guia) o que
lhe permite ter todo o poder concentrado sobre si, ele se reúne com seu partido, na
cidade de Nuremberg, onde ele propõe a criação de novas leis que viessem proteger o
povo alemão da contaminação por povos de outras raças subjugados inferiores. As leis
36

criadas pelo chanceler eram nocivas demais ao povo judeu, uma vez que tinha como
finalidade privar a raça judia de uma vida comum, sendo que até os judeus que haviam
se batizado em outra religião também foram incluídas na lei de Nuremberg (OLIVEIRA,
2015).
Segundo essa lei, denominada de Proteção do Sangue Alemão e Cidadania do
Reich, acabou dificultando a vida do povo judeu, os quais foram proibidos de se
envolver em questões políticas, seus direitos foram violados e de maneira alguma
poderiam ter contatos íntimos com uma pessoa considerada alemã (OLIVEIRA, 2015).
O autor declara ainda:

Entretanto, as leis de Nuremberg atraem nossa atenção por seus títulos


pomposos: a primeira delas “para a proteção do sangue e da honra alemã,
proibia rigorosamente o casamento inter-racial, ou seja, a união conjugal entre
judeus e alemães, por implicar na contaminação dos arianos por não arianos;
ficavam igualmente proibidas as relações sexuais entre as duas “raças”
consideradas sob a perspectiva nazista.[..] A segunda lei, a da “Cidadania do
Reich” excluía os não arianos do círculo dos cidadãos, expatriando-os, por
assim dizer, dentro de seu próprio país; enquanto isso os arianos eram
considerados como os únicos cidadãos. Ambas as leis tinham como fim
expresso extorquir aos judeus os direitos que lhes tinham sido outorgados pela
legislação imperial prussiana concedendo-lhes plena cidadania; o programa
político nazista só poderia ser realizado mediante a implantação de tais leis,
coerentes com o antissemitismo do partido (OLIVEIRA, 2015, p.39).

Com a lei de Nuremberg ditada começou a perseguição aos judeus, e de acordo


com outras leis, não só a raça judia começou a ser perseguida como também outros
grupos, que na concepção do Reich eram indignas de viverem sob o mesmo país,
dentre eles estavam inseridos os poloneses, homossexuais entre outros. As duras leis
que foram criadas por Hitler tiraram os direitos de cidadania desses povos, onde todos
eram considerados como uma raça de indivíduos que não poderia, de forma alguma,
viver em solo alemão, considerando esses, tomar o poder, tendo em vista de realizar
seus planos terríveis, não mediu esforços para que suas leis fossem executadas,
alegando que somente os alemães considerados puros poderiam exercer e gozar de
plenos direitos de sua cidadania (OLIVEIRA, 2015).
Com a divulgação dessas leis, a população teve a convicção de que as raças
inferiores deveriam ser exterminadas da face da terra, favorecendo assim a violência e
dando início a um período mais terrível da história. Os alemães iniciaram assim uma
perseguição implacável contra os judeus, ciganos, etc. (OLIVEIRA, 2015).
37

Hitler, em seu discurso, pregava a suposta superioridade alemã em relação a


outras raças, um dos episódios mais violentos de seu governo ficou conhecido como a
Noite dos Cristais em 1938, por causa de um jovem judeu que teria atacado um
diplomata da embaixada alemã, de certa forma, acabou deixando o ditador enfurecido,
e acabou dando ordem a um subordinado para incentivar os alemães a criarem uma
forma de se vingarem (OLIVEIRA, 2015). De acordo com o autor:

[..] Hitler, furioso, incitou o chefe da propaganda, Goebbels, a fazer um discurso


conclamando os alemães a vingança, o inflamado discurso, como era usual da
parte de Goebbels, levou às ruas milhares de partidários do nazismo que
promoveram um rol de devastações contra propriedades de judeus e contra os
próprios judeus, essa foi a “Noite dos Cristais” (OLIVEIRA, 2015, p.41).

Diante desses acontecimentos, deu-se início às mais violentas perseguições aos


judeus, muitos tentaram fugir do país, outros pensaram mudar de religião e até abdicar
de sua nacionalidade, tudo para poderem sobreviver ao ódio dos alemães e terem suas
vidas poupadas, porém com as leis ditadas, ficou impossível de conseguir ficar isentos
dessa perseguição, e com as novas leis, mesmo que os judeus se convertesse para
outra religião não teriam muita chance, em vista que todos estavam inseridos nos
planos de perseguição de Hitler, independentemente de qualquer situação (OLIVEIRA,
2015).
Não foram somente os judeus que fizeram parte do plano de Hitler, em ser
eliminadas do solo alemão, ele inseriu também as prostitutas, as pessoas que vagavam
sem rumo, os mendigos e até alcoólatras foram inseridos nessas leis abomináveis.
A grande quantidade de pessoas que deveria ser eliminada levou Hitler a pensar
e criar uma estratégia para que seu plano de extermínio em massa, fosse concluído
eficientemente, o que levou a construção dos campos de concentração e extermínio,
tendo em vista que, somente dessa forma, poderia dar início ao plano de higiene racial
no que consistia em banir do país, todos que não teriam o sangue alemão nas veias e
que não seriam considerados totalmente arianos “puros”.
Foi nos campos de concentração que o povo judeu e outras raças tiveram a
certeza que viveriam os mais terríveis dos tormentos de suas vidas, sem perspectiva de
vida, e que estariam sujeitos as mais horríveis humilhações antes de serem
assassinados (OLIVEIRA 2015).
38

2.2.2 Hitler e os campos de concentração

Figura 2 – Entrada do campo principal de Auschwitz, com uma tabuleta sobre o portão que dizia: O
TRABALHO LIBERTA. Fonte: https://www.tudosobrecracovia.com/campo-concentracao-auschwitz

Após Hitler chegar ao poder, ele iniciou uma terrível perseguição ao povo de raça
judia, pôs em prática a limpeza racial, que seria o extermínio de raças inferiores à raça
alemã. Milhares de pessoas foram mortas para satisfazer os desejos do ditador e para
dar continuidade ao seu plano de eliminar todo ser que ele considerasse inferior a raça
ariana (OLIVEIRA, 2015).
Milhares de mortes aconteceram, e o povo judeu era quem ficava no topo, com
número 1º da lista de Hitler, mas cidades foram dizimadas devido à mortandade
acometida pelas tropas nazistas (OLIVEIRA, 2015). De acordo com o autor:

Para os esquadrões SS e os milicianos o método de extermínio era o seguinte:


de um modo geral os judeus eram reunidos na praça principal; quem se
escondia era imediatamente fuzilado após denúncia feita, muitas vezes, até por
crianças não judias; depois, escoltados por soldados SS ou miliciados, os
judeus eram conduzidos aos bosques mais próximos ou áreas pantanosas, e lá
metralhados à beira de valas escavadas pelos homens mais fortes dentre eles
(OLIVEIRA, 2015. p.71).

Hitler percebeu que, devido à quantidade de prisioneiros capturados, necessitava


de uma medida mais extrema e viável que viesse facilitar o extermínio em massa e que
39

não dificultasse o trabalho de seus soldados, criou os campos de concentração. O lugar


seria ideal para enviarem os judeus e outros povos considerados impuros por Hitler. Os
judeus aprisionados eram levados para os campos, onde seriam expostos a mais
terrível tortura e humilhações, homens, mulheres e crianças estavam destinados ódio
de Hitler (OLIVEIRA, 2015).
Os nazistas que faziam parte do esquadrão SS aumentaram o ritmo de mortes
dos poloneses e judeus, quando estes não eram fuzilados, morriam de fome ou
doenças, devido às condições de moradia que lhe eram impostas. Os prisioneiros que
eram enviados aos campos de concentração eram obrigados a trabalharem em regime
forçado, e muitos deles morriam devido às condições a que eram submetidos a viver
(OLIVEIRA, 2015).
Com os campos de concentração criados, as mortalidades em massa ficaram
mais fáceis de acontecer, os prisioneiros não eram mais somente judeus, mas sim
prisioneiros de guerra, os homossexuais, os ciganos, os deficientes físicos. Muitos não
tinham ideias do que os aguardavam a serem presos e mandados para os campos.
Segundo o autor:

As futuras vítimas eram bem recebidas por um gentil oficial das SS que lhes
dava a seguinte exolicação: estavam sendo enviadas para campos de trabalho
na Alemanha; para viagem, entretanto, necessitavam com urgência de um
banho de desinfecção e higiene. Depois de deixar seus pertences depositados
em cestas identificadas, os prisioneiros eram introduzidos em furgões
adaptados como uma espécie de ambulância, um ambiente hermeticamente
fechado, no interior do qual desembocava um cano de escapamento,
diretamente ligado ao motor a fim de eliminar o monóxido de carbono; durante a
operação, que durava de vinte a trinta minutos com a morte de todos os
ocupantes da cabina (OLIVEIRA, 2015, p.79).

Com o mito da superioridade alemã, Hitler como solução final em que o


extermínio das raças inferiores deveria ser executado com total sucesso, pois a raça
ariana deveria ficar livre de qualquer tipo de ameaça que viesse a prejudicar a pureza
do sangue alemão. Foram criados mais campos de extermínios, onde todos os povos
que não fossem puros deveriam serem eliminados da face da terra.
Os judeus aprisionados eram submetidos a terríveis experimentos médicos, a
mortalidade não se deu somente com os assassinatos, mas também devido aos maus
tratos, o cansaço devido o trabalho pesado e duras condições de higiene, a fome e
40

vulnerabilidade a doenças, também contribuíram para a mortalidade em peso nos


campos de concentração (OLIVEIRA, 2015).
Dos campos de concentração existentes sob o comando do nazismo, o maior
deles foi Auschwitz-Birkenau, que tinha a capacidade de aprisionar muitos prisioneiros,
Birkenau era um campo que foi construído e anexado a Auschwitz. O campo foi criado
a partir de 1940, e logo ficou conhecida devido às atrocidades que eram cometidas
dentro do mesmo, apesar e atender uma grande demanda de pessoas condenadas por
Hitler, foram criados ainda 40 campos menores, que tinha como objetivo, as
concentrações de pessoas forçadas ao trabalho escravo que seriam para a fabricação
de armamentos param fomentar as necessidades da guerra (OLIVEIRA, 2015).
O campo Auschwitz era vigiado diariamente, eram cercadas por arames farpados
e constantemente as patrulhas faziam as rondas rotineiras para evitar que os
prisioneiros tentassem qualquer tipo de fuga (OLIVEIRA, 2015).
Foram nesses campos que os crimes aconteceram, e que serviu muito bem para
os propósitos de Hitler, que almejava por uma Alemanha pura e uma raça superior às
demais e, diante disso, para tal desejo ser realizado todas as raças inferiores,
principalmente os judeus, deveriam ser exterminadas da face da terra. De acordo com a
fala do autor:

[...] As barreiras de arame farpado também isolavam os campos menores uns


dos outros e o complexo de Auschwitz-Birkenau de todos eles; havia ainda
algumas áreas especiais como a “a área dos ciganos” e a área dos judeus
tchecos”; toda essa organização, naturalmente, visava à “solução final”,
extensiva a outros grupos considerados como inferiores pelos nazistas
(OLIVEIRA, 2015, p.93).

Milhares de pessoas foram enviadas aos campos de concentração, ao chegar


nesses campos era feita uma seleção que separaria as que estavam aptos para o
trabalho dos que eram considerados incapazes para o serviço, aqueles que não
tivessem nenhuma utilidade eram imediatamente enviados para as câmaras de gás.
Para os nazistas, não importava a origem e nacionalidade dessas pessoas, o que
importava era o critério de avaliação que eles seguiam e que de certa forma adiava a
morte de alguns, era apenas a aptidão física. Os que eram selecionados capazes para
o trabalho eram se tornavam escravos e eram obrigados a se submeterem a tatuagens
na qual era sua identificação (OLIVEIRA, 2015).
41

As vítimas que eram consideradas inaptas para o trabalho escravo eram


enviadas para as câmaras de gás, elas não suspeitavam que estivessem caminhando
rumo à morte, pois achavam que estaria indo tomar banho para a desinfecção. Eram
levadas para um lugar mais próximo, caso as câmaras de gás estivessem lotadas,
aguardando a sua vez (OLIVEIRA, 2015).
Conforme Miklos (1974), um médico que sobreviveu aos campos de extermínio
relata as atrocidades que tivera que ver nos campos de concentração, pois era um
prisioneiro, porém devido a sua profissão foi isento de ser enviado para a morte, pois
suas habilidades serviriam para ajudar os outros médicos a realizar as atividades dentro
dos campos. Porém, foi submetido a presenciar episódios lamentáveis, experiências
médicas, e a ver milhares de pessoas morrerem sem nenhuma chance de salvação. De
acordo com o autor:

Havia 3.000 pessoas na sala, homens, mulheres e crianças. Alguns soldados


chegaram e anunciaram que todos deveriam ficar completamente despidos em
10 minutos. Os velhos, avós e avôs; as crianças; esposas e maridos; todos
ficaram surpreendidos e chocados por essa ordem. Os velhos, os paralíticos e
os loucos foram ajudados pelos homens do Sonderkommando, que vieram
especialmente para isso. Em dez minutos todos estavam completamente nus,
[..] abrindo caminho entre a multidão, um SS escancarou as portas de um largo
portão no fundo da sala. Meus compatriotas passaram imediatamente desta
sala para a outra igualmente bem iluminada elas. Todos haviam entrado. Uma
voz metálica gritou: — SS e Sonderkommando deixem a sala. Eles obedeceram
e saíram. As portas se fecharam e as luzes se apagaram. Em cinco minutos
todos estavam mortos. Eles tinham acabado de matar três mil inocentes. Senti
que era meu dever para com meu povo e para com o mundo ser capaz de fazer
um relato pormenorizado do que tinha visto caso, graças a alguma
circunstância miraculosa, eu viesse a sair vivo dali (MIKLOS, 1974, p.63 - 64).

Os campos de concentração foram designados para atender uma grande


quantidade de pessoas que, para a concepção de Hitler, não deveriam viver, o
extermínio em massa foi à saída que o ditador encontrou para eliminar facilmente as
raças que eram consideradas inferiores a raça ariana. Dentro desses campos
aconteceram os mais terríveis crimes que alguém poderia cometer contra a
humanidade. Para Hitler no importava como essas pessoas iriam serem tiradas de
circulação, mas somente de como sua ideia de raça puramente ariana seria executada
e concluída com êxito (MIKLOS, 1974).
42

2.3 AS MULHERES E SUAS HABILIDADES PARA MATAR

Figura 3 – Imagens das esposas dos oficiais Erna Petri (esquerda), Liesel Wilhaus (centro) e Vera
Wohloauf (direita). Fonte: Mulheres do Nazismo.

Quando Hitler assumiu o poder ele sabia exatamente o que iria fazer para
conseguir realizar seu plano mirabolante de recriar uma Alemanha sem contaminação,
nesse contexto ela buscava exterminar todos os que não estavam em sua concepção,
aptos para fazerem parte de um país superior aos demais. Deu-se início a uma política
de extermínio, com a finalidade de fazer com que todos que fossem contrários ao
projeto de Hitler para constituir uma nação pura, fossem eliminados (LOWER, 2014).
Cabe destacar que as mulheres que tiveram muita importância dentro do regime
nazista foram às mulheres que casaram com os oficiais que faziam parte das SS ou da
polícia que servia a Hitler, ou seja, as esposas. Algumas que começaram como
secretárias acabavam se tornando companheira legitima dos que estavam na frente dos
comandos de assassinatos nem todas exerciam tal função dentro do escritório, na qual
eram organizadas as listas das pessoas que iriam morrer.
No entanto, se envolveram diretamente nos crimes, foram nesse momento que
deixaram claro que concordavam com o nazismo e com tudo que estava acontecendo.
Ao conseguir o matrimônio, e com a guerra em andamento e a política de limpeza racial
que Hitler implantou durante seu governo, seus maridos necessitavam se ausentar para
executarem as ordens do Reich (LOWER, 2014).
Algumas preferiam acompanhar seus maridos nas viagens, e de certa forma
acabaram despertando em si o desejo de terem um papel ativo nas mortes de pessoas
43

judias. Apesar do período em que estavam vivendo houvesse aceitação das mulheres
exercendo alguma atividade que para os homens era função do sexo masculino, muitas
ainda mantinham viva a ideologia em relação ao casamento, que o papel da mulher
enquanto esposa era servir o marido, sendo uma boa mãe e cuidadosa do ambiente
familiar. Mas não se resumia somente a isso, deveriam ser parceiras de seus
companheiros em qualquer ocasião ou atividade ilegais, mesmo que para isso tivessem
que compactuar com atrocidades cometidas pelos seus esposos, e que tal apoio dado
aos maridos acarretasse nas mortes de milhares de pessoas inocentes (LOWER,
2014). De acordo com a autora:

Na hierarquia do poder nazista, a raça compartilhada por marido e mulheres


podia suplantar a desigualdade de gênero. As mulheres imitavam os homens no
trabalho sujo do regime, o trabalho necessário à futura existência do Reich,
porque eram racialmente iguais (LOWER, 2014, p.54).

Ao casar-se com os oficiais de Hitler, viram a chance de usufruírem de tal


ascensão para saciar os desejos mais obscuros que teriam alimentado com a ideia da
ditadura nazista, seu antissemitismo foi aflorado, se beneficiando dos status de esposa
que havia conquistado puderam participar mais ativamente nas mortes e práticas de
torturas contra o povo judeu (LOWER, 2014).
Cada uma a sua maneira praticava assassinato sem o menor pudor se
prevalecendo da autoridade de seus maridos dentro dos campos e dos guetos. Muitas
foram acusadas de assassinatos em massa, mas não obtiveram provas suficientes para
condená-las (LOWER, 2014).
44

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 TIPO DE PESQUISA

Para executar o presente trabalho a metodologia usada foi a modalidade da


pesquisa qualitativa, na qual foram embasados os argumentos presentes, buscando
entender e compreender as origens e a evolução de um grupo, investigando e
analisando todas formas de acontecimentos, dando a importância necessária para que
nada passe despercebido. Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 269):

A metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais


profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece a
análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitude, tendências de
comportamento, etc.

A pesquisa embasada na modalidade qualitativa, não se preocupa com dados


numéricos, mas no aprofundamento das análises de todo um contexto histórico,
levando em consideração, um envolvimento direto com o que está sendo estudado.
Para Gil (2008), a pesquisa bibliográfica é utilizada como suporte para a
construção da monografia, o pesquisador utilizou-se de vários livros como referências
para poder desenvolver o tema escolhido, foram analisadas diversas obras de autores
renomados, dos quais pode-se extrair as informações necessárias para embasar a
pesquisa. Conforme a fala do autor:

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,


constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase
todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há
pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Partes
dos estudos exploratórios podem ser definidas como pesquisas bibliográficas,
assim como certo número de pesquisas desenvolvidas a partida técnica de
análise de conteúdo (GIL, 2008, p. 50).

A pesquisa bibliográfica é imprescindível para a elaboração de qualquer trabalho


de caráter científico, cabe ao pesquisador fazer uma seleção minuciosa das referências
que serão utilizadas na realização de sua pesquisa, com o intuito de reforçar seus
argumentos que serão baseados, em obras publicadas.
45

Para Burke (1992), com as novas mudanças feitas pelos novos historiadores que
surgiram na terceira geração, a historiografia passa a ser vista de uma forma diferente
em relação a história tradicional, onde apenas era embasada na visão positivista onde
apenas se importavam com o feito do sujeito considerado importantes.
Com a história tradicional, os historiadores não encaravam o papel da mulher
com um fator importante dentro da história. Os que seguiam a linha positivista se
preocupavam-se apenas em estudar e inserir questões que tivesse envolvimento
político e militar, na qual o homem era o único sujeito a ser considerado importante
dentro da história, e devido a esse fator, a mulheres não poderia fazer parte desse
mundo, ficando assim esquecida, o que foi conveniente para que não as inserisse e
nem fosse consideradas a hipótese de ser um elemento que deveria ser estudado e
incluído dentro dos acontecimentos históricos, essa visão positivista em que as
mulheres eram excluídas e discriminadas (BURKE, 1992).
É contra essa visão de que a história não deve ser constituída somente de
pessoas que fazem parte de um status elevado, que surge uma nova história. Ela
começa a ser vista por um ângulo diferente, percebendo que os fatos históricos nação
se restringiram apenas nas pessoas que fazem parte da elite, mas toda os que
constituem a sociedade, a história nova faz assim uma definição mais detalhada e
abrangente do acontecimento. Ela começa a dar a importância nos elementos da
sociedade como um todo.
Segundo o autor: “Os historiadores tradicionais pensam na história como
essencialmente uma narrativa dos acontecimentos, enquanto a nova história está mais
preocupada com a análise das estruturas” (BURKE, 1992, p.12).
A história nova surge para quebrar os conceitos que a história tradicional
defendia, de acordo com a nova visão de estudar detalhadamente os fatos históricos,
dava-se a oportunidade de novas histórias serem incluídas dentro desse contexto.
A história das mulheres era deixada de lado pelos historiadores tradicionalistas, a
história dos homens era a única a ser estudada, a mulher como sujeitos históricos eram
subordinados aos demais. De acordo com Burke:
46

A maior parte da história das mulheres tem buscado de alguma forma incluir as
mulheres como objetos de estudo, sujeitos da história. Tem tomado como
axiomática ideia de que o ser humano universal poderia incluir as mulheres e
proporcionar evidencia e interpretações sobre as várias ações e experiências
das mulheres do passado (BURKE, 1992, p. 77).

Foi com o surgimento da nova história, com novos historiadores puderam criar
uma forma diferenciada de ver e de mostrar como a história deveria ser feita através
dessa nova maneira de pensar que permitiu e abriu as portas para que a mulheres
também fizessem parte e pudesse ter participação ativa dentro da historiografia, pois na
história tradicional ela não era considerada importante tornando se um objeto
secundário dentro da sociedade, onde prevalecia a ideia e era executada de que
somente os homens poderiam fazer parte dos estudos e que o papel de historiador
caberia exclusivamente a eles (BURKE, 1992).
Ao ser explorado e possibilitar a inserção da história da mulher como elemento
importante a ser estudada, a historiografia adquire novos elementos para desenvolver
os estudos aprimorados sobre os acontecimentos históricos permitindo que a classe
feminina desempenhe o papel ativo ao se tornar sujeito da história.

3.2 AMBIENTE DA PESQUISA

Figura 4 – Mapa da Alemanha oriental e ocidental. Fonte: https://www.todamateria.com.br.


47

O presente trabalho foi desenvolvido através de Pesquisas Bibliográficas cujo


tema, foi a principal atuação das mulheres na Alemanha durante a 2ª Guerra Mundial
pois ela seria o palco dos acontecimentos que serviram de base para o levantamento
dos dados para dar suporte ao tipo de pesquisa escolhido. Alemanha foi um palco de
muitas guerras, sendo duas mais devastadoras, deu origem a um período sombrio que
assolou o país.
Conforme Fulbrook (2016), por volta de 800 anos a.C, deu-se o processo de
ocupação da Alemanha, os primeiros habitantes foram os fineses e depois de algum
tempo, os celtas, porém estes acabaram abandonando o território, devido às tribos
germânicas. A Alemanha, no período medieval, tornou-se um estado poderoso. Mas
fora nos anos 845 que o país se tornou independente, e em 936 começou a ser
chamado de Sacro Império Romano Germânico.
A Alemanha no século XVI passou por algumas transformações no âmbito
religioso, no período da reforma protestante acabou sendo dividida, pois as lutas
religiosas fizeram com que a população alemã se dividisse em católico e protestante,
sendo assim a Alemanha se dividiu em Alemanha do Norte que seria os que aderiram
ao protestantismo e Alemanha do Sul, que faziam parte do catolicismo.
A unificação da Alemanha se deu por volta do século XIX, no ano de 1914 e
1818 a Alemanha passou por um dos períodos, mas negro da história, se envolveu em
um dos maiores conflitos mundiais, acabou se aliando com alguns países formando
assim a tríplice aliança. Porém, a mesma saiu devastada da guerra, após o tratado de
Versalhes, foi culpada pelo início da guerra, na qual foi obrigada a pagar uma alta taxa
de indenização, seu exército foi reduzido. Conforme cita Fulbrook (2016, p.157), o
tratado de Versalhes de 1919 responsabilizou principalmente a Alemanha com a infame
cláusula de “culpa da guerra”.
O país passava por crise econômica devido as duras penalidades do tratado de
Versalhes, a população almejava por uma mudança, foi no ano de 1930, Hitler
conseguiu um cargo alto dentro do governo alemão, e com isso pode então assumi o
controle do país, com suas ideologias e sentindo-se injustiçado com a derrota do seu
país, implantou o regime nazista, com suas propostas de levar a Alemanha a um
patamar melhor, acabou iniciando um novo conflito, no qual ficou conhecida como
Segunda Guerra Mundial, diferente da 1ª guerra, Hitler começou uma perseguição
48

implacável contra os judeus. Porém, a Alemanha mais uma vez saiu da guerra como
um a perdedora.
Ao termino da segunda guerra o país alemão foi dividido em Alemanha oriental e
ocidental, um país em dois, os capitalistas e os socialistas. De acordo com a autora:

A diferença mais óbvia entre as duas Alemanha evidente a qualquer observador


casual nos anos 1980 era entre os padrões de vida. A Alemanha Ocidental era
obviamente uma sociedade ocidentalizada, próspera e consumista, no qual
carros novinhos corriam em alta velocidade por autoestradas bem preservadas-
superlotadas-e onde, apesar dos lamentos cada vez maiores sobre “morte das
florestas”, a atmosfera geral era de um ambiente limpo, bem mantido e de
riqueza material. A Alemanha Oriental, em contraposição, passava para os
visitantes a impressão de insípida, entediante e poluída pela fumaça negra
produzida pelo linhito, com carros menores e inferiores sacolejando em estrada
de pedra esburacadas (com exceção das autoestradas com boa manutenção,
que iam da Alemanha Ocidental para Berlim Ocidental), com residências em
mau estado e lojas restritas com produtos limitados e de baixa qualidade
(FULBROOK, 2016, p. 234).

O muro de Berlim dividia as duas Alemanha e foi derrubado em 1990, ocorrendo


assim à reunificação. Apesar de o país ter passado por duas guerras mundiais e sai
assolada, acabou se reestruturando e se tornando um dos países mais desenvolvidos.

3.3 DESCRIÇÃO DA PESQUISA

A referida pesquisa foi embasada através de leituras de autores renomados


como Ivo Maioli (2004), em que aborda as etapas da Segunda Guerra Mundial como se
deu todo o processo de invasão aos outros países que foram atacados pelo ditador
nazista Adolfo Hitler.
Para dar suporte a questão das mulheres que serviram ao movimento nazista, foi
utilizada como referência a obra da autora americana Wendy Lower (2014), uma
pesquisadora que procurar reunir dados comprovadores que não foram somente os
homens que se tornaram assassinos e compactuaram com as atrocidades cometidas
pelo nazismo, e que as mulheres alemãs tiveram uma participação ativa em relação aos
assassinatos em massa.
Outro livro utilizado para embasar meu trabalho foi da autora Saidel (2009), onde
a mesma procurou se aprofundar sobre os acontecimentos dentro do campo
Ravensbruck, onde a mesma deixa clara e sem dúvida que houve mesmo esse campo
49

construído exclusivamente para receber as pessoas somente do sexo feminino, a


autora faz uma abordagem detalhada da vida dessas mulheres judias dentro do
mesmo, apesar do livro ter como tema as mulheres judias, ela não só relata sobre a
vida dessas mulheres, mas como também permiti saber com eram tratadas as outras
mulheres que não judaica, mas que eram de outra classes, os castigos e as torturas
constantes e experiências que elas sofriam dentro do campo de extermínio, como eram
classificadas para poder distinguir uma classe da outra, fazem parte dessa obra que foi
de fundamental importância para dar suporte a esse projeto.
Para dar prosseguimento ao trabalho, fez-se uso do livro de Peter Burke, no qual
ele tenta em sua publicação demonstrar as diferenças entre a história nova e
tradicional, foi através de sua obra que ele deixou claro que a história não se resumia
apenas aos feitos dos grandes acontecimentos voltados apenas para os homens que
fariam parte de uma elite, mas que todas as pessoas independentemente de sua classe
social deveriam ter importância dentro dos estudos históricos,
No qual argumenta que a história da mulher era deixada de lado, que mesma
não teriam tanta importância para uma sociedade onde prevalecia os ideais masculinos,
e que foi devido à quebra de tais conceitos, que começaram a ver a história diferente
dos demais historiadores e que a nova visão pode dar oportunidade de fazer com que a
mulher tivesse a chance de exercer o seu papel com sujeito a ser estudado dentro de
uma sociedade totalmente machista.
50

4 RESULTADO DA PESQUISA

4.1 A HISTÓRIA INICIAL DO CAMPO RAVESNBRUK

4.1.1 A estrutura do campo

O campo de concentração nazista Ravensbruck foi construído com a finalidade


de receber as mulheres prisioneiras durante o regime, foi um lugar onde aconteceram
terríveis tortura e assassinatos em massa de pessoas do sexo feminino Ravensbruck
está localizando a 90 km de Berlim, no ano de 1939 a 1945 foi aprisionada em torno de
132 mil mulheres e meninas, nas quais mais de 100 mil não tiveram a chance de
sobreviverem (SAIDEL, 2009).
A guerra estava preste a eclodir, isto era inevitável, entendeu que seria de uma
extrema necessidade a construção de um campo voltado só para apreensão das
mulheres que não faziam parte do regime nazista. Por volta do mês de novembro de
1938 foi dado início a construção do campo que visava atender a demanda de mulheres
que as tropas nazistas aprisionariam. Como cita Sidel (2009, p.29-30), “a primeira leva
consistiu 876 mulheres que chegaram em maio de 1939, a maioria delas antifascistas
alemãs, tanto social democrata, como comunistas, algumas judias [...]o objetivo original
do campo era encarcerarem e punir prisioneiras políticas, enquanto a Alemanha de
preparava para a guerra e usá-las como trabalhadoras escravas”.
Conforme a autora supracitada, com o número elevado de mulheres presas,
algumas negociações foram iniciadas com o objetivo de que pudessem adquirir
terrenos na comunidade de Ravensbruck, começaram a construí-lo e até o ano de 44
precisou passar várias ampliações. Porém, antes de enviarem mulheres prisioneira para
Ravensbruck, muitas já se encontravam há alguns anos em prisões. O terreno que
serviu para construir o campo e que seria o pior lugar onde uma pessoa pudesse residir
encontrava-se em uma localização onde poderiam muito bem camuflar as atrocidades
que aconteciam dentro do campo, pois era um lugar isolado onde jamais alguém
poderiam desconfiar qual era a principal finalidade do campo. De acordo com a autora:
51

Até 1940, a área do campo era aproximadamente 21 metros quadrados,


cercada por um muro de mais de 4 metros de altura, coberto por arame farpado
eletrificado. Dentro dos muros erguia-se uma edificação de madeira para lavar e
cozinhar, e dezesseis barracas. Destas, duas eram usadas como enfermarias
de prisioneiras (Reviers) e as outro catorze constituíam alojamentos para as
prisioneiras, dispostas de ambos os lados da Lagerstrasse, a via principal do
campo. Essas primeiras barracas estavam equipadas com 135 camas e
subdividiam-se em dois dormitórios, duas salas de jantar, um banheiro e um
escritório para o supervisor da SS do bloco (SAIDEL, 2009. p.32).

Em 1939, após o início da guerra o campo estava pronto para receber as


prisioneiras dentre ela, prisioneira políticas, judias, testemunha de Jeová entre outras.
As mulheres que eram enviadas para Ravensbruck eram obrigadas a trabalharem
durante horas e o serviço era extremamente pesado para uma mulher executar, o que
acabavam deixando-as exaustivamente cansadas (SAIDEL, 2009).
Ao longo que a guerra se estendia a quantidade de prisioneira aumentava no
campo já não estava mais suportando ao número elevado de mulheres que eram
enviadas a Ravensbruck, de acordo com a pesquisa o campo fora construído para
receber em torno de 3 mil mulheres, porém a estatística aumentava cada vez mais,
fazendo assim com milhares de mulheres ficassem aglomeradas por falta de espaço
(SAILIDEL, 2009).

4.1.2 As mulheres que serviram aos propósitos de Hitler

Figura 5 – Oficiais nazistas brincam com as tigelas vazias em Auschwitz. Fonte: www.dw.com.pt-br.

As mulheres que compactuaram com as atrocidades de Hitler contra a


humanidade e aderiram a causa do regime eram extremamente jovens, as mulheres
52

que exerciam atividade de secretária tinha uma faixa etária de 18 a 25 anos, foram
também responsáveis pela organização dos assassinatos em campo. Para ser uma
guarda no campo, precisava que atendesse a idade desejada pelo regime. As
enfermeiras que exerciam sua função nas zonas de guerra, no qual por muitas vezes
acabavam assistindo a experimento médico, e que de vez enquanto fazia aplicação de
injeções letais fazia parte de um grupo de profissionais muito jovens que se formaram
para salvar vida e ao adentrar para atender aos objetivos de Hitler, acabaram
contribuindo para abreviar a morte de muitos (LOWER, 2014).
As mulheres que se alistavam para fazerem parte do movimento e exercerem a
função de guarda ou supervisora da SS, a SS eram uma tropa constituída por homens
de elite, todos selecionados pela considerada “pureza” racial e pela fidelidade
incondicional ao Partido Nazista a maioria eram jovens que não contava com algum tipo
de formação profissional e devido a busca por oportunidades melhores foram alvos
fáceis de serem convencidas de que as políticas nazista de Hitler seriam a melhor
alternativa para transformar Alemanha no país em que todos desejavam que fossem.
Foram manipuladas pelo regime de terror que cobria a Alemanha, o sistema soube
trabalhar muito bem as convicções ideológicas, fazendo com que essas jovens
despertassem o sentimento nacionalista e assim fossem usadas pelo nazismo(LOWER,
2014).
Algumas até se interessaram em trabalhar para o movimento apenas para
poderem ter um trabalho e ganhar algum dinheiro, porém, as ideias nazistas foram aos
poucos atraindo essas mulheres, aos poucos foi se deixando envolver com o partido
nazista, e acabaram aderindo os planos de Hitler, ajudando-o no escritório do partido
onde pôde de certa forma ser útil para o movimento (LOWER, 2014).
Quando Hitler assumiu o poder ele pode então dá início a execução de seus
planos que eram voltados para uma Alemanha puramente ariana, deu-se início a uma
ditadura, onde enfatizaram claramente que a exclusão racial seria a saída para tirarem
do mapa às pessoas que não eram dignas de continuarem vivas, na visão de Hitler. Foi
de acordo com sua ideologia que começaram então as perseguições, as mulheres que
faziam parte de outro sistema condenado por Hitler e as que se recusavam em aceitar o
mesmo como governante também estavam inseridas nessas perseguições. Com o
aumento de mulheres capturadas pelo regime houve a grande necessidade de
53

aumentarem o número de guarda femininas para comandarem as mulheres presas no


campo (LOWER,2014). Segundo a autora:

Que o “asilo de Moringen foi transformado no primeiro campo de concentração


o Reich com internas femininas, inclusive testemunhas de Jeová, que eram
pacifistas e que se recusavam a aceitar Hitler como seu supremo salvador. [..]o
aumento de prisioneiras significava um aumento de guardas femininas
recrutadas na organização de Mulheres do Partido Nazista” (LOWER, 2014, p.
22-23).

Com o decorrer da guerra e o aumento de prisioneiros, algumas mulheres se


ofereceram para trabalharem no campo como guarda do regime nazista, tiveram a
necessidade de enviarem médicas femininas para atuarem dentro do campo, houve um
grande número de mulheres voluntárias e que foram recrutadas e treinadas para
exercerem a função de guarda, pois para muito delas, executar tal tarefa mesmo que
fosse a um lugar onde seriam cometidos assassinatos, seria uma boa oportunidade de
arranjar um trabalho assalariado. E seria o local ideal para algumas dela que carregava
dentro de si, algum sentimento voltado para atos de plena maldade (LOWER, 2014).
Como foi falada anteriormente, a maioria das mulheres que foram selecionadas
para comandar as prisioneiras dentro do campo tinha pouca formação, e algumas das
guardas eram até criminosas ou prisioneiras, e era usada para o serviço como um meio
de se reabilitarem ao sistema nazista. Quando o treinamento das mulheres que iriam
para o campo como guarda feminina terminava elas eram submetidas a um juramento,
e ao adentrar no lugar mais sombrio e usufruindo de um cargo poderia exercer assim o
poder que o nazismo teria dado a elas, dando início assim as mais terríveis crueldades
contra as mulheres que eram prisioneiras de Ravensbruck (LOWER, 2014). A autora
relata:

Pelo menos 35 mil mulheres foram treinadas como guardas de campo de


concentração, a maioria em Ravensbruck [..]. As voluntárias desse serviço
macabro viam os locais de extermínio em massa como lugares de emprego e
oportunidade. O uniforme era impotente, o salário bom e a perspectiva de
exercer poder era sedutora (LOWER, 2014, p.23).

O campo foi construído com a finalidade de atender a demanda das mulheres


prisioneiras de Hitler, ao serem enviadas ao campo muitas delas nem puderam
imaginar que o mesmo seria pode-se dizer que seria praticamente administrado por
54

outras mulheres. Não tiveram a capacidade de pelo menos levantar a hipótese que os
guardas que ficariam com a função de monitorá-las e até castigá-las seriam do mesmo
gênero. E que seriam capazes de cometer as mais duras e que seria incapaz de sentir
remorso por tal atitude, causando o sofrimento de várias mulheres, saciando um desejo
de ódio e poder ao ver tanta vulnerabilidade diante delas (LOWER, 2014).
Por causa da guerra a mulheres começaram a ter o seu espaço, podendo assim
buscar uma formação profissional para dar início a um a participação maior na
sociedade, apesar da Alemanha necessitar da mão de obra feminina, por causa da
saída dos homens de alguns setores de trabalho para irem para frente de batalha,
ainda prevalecia à ideia de que para a mulher caberia apenas função de esposa e
procriadora, pois caberia a ela colocar filhos saudáveis e com o sangue puramente
alemão no mundo, para assim poderem construir uma Alemanha composta apenas por
pessoas totalmente arianas (LOWER, 2014).
E foi com o a ascensão do nazismo que muitas dessas mulheres tiveram a
oportunidade de serem inserida ao mercado de trabalho e poderão demonstrar que não
tinha nada de sexo frágil, como era de costumes os homens comentarem, e para
enfraquecer essa ideia tiveram a oportunidade de demonstrar que poderiam até serem
melhores do que os homens, exercendo assim funções que eram destinadas a eles, e
que dependendo da ordem que recebiam para executar dentro do campo não
hesitariam em obedecê-las. Foi nesse período onde elas buscavam encontra o seu
lugar no seio da sociedade que poderiam trazer à tona seu lado mais sombrio e
desumano. Sendo capazes de realizarem os piores crimes torturas contra outras
pessoas do mesmo sexo (LOWER, 2014).

4.2 AS MULHERES NAZISTAS E OS CRIMES COMETIDOS POR ELA DENTRO DO


CAMPO

Para Saidel (2009), os sofrimentos das mulheres prisioneiras que eram enviadas
a Ravensbruck, pelos oficiais nazistas foram de extrema brutalidade, sem nenhuma
piedade as guardas praticavam todos os castigos que poderiam ser aplicados contra
uma pessoa. Não somente as guardas que eram escolhidas para observar e comandar
o campo, com o objetivo de fazer cumprir todas as ordens de seus superiores, como
55

também as esposas dos homens de confiança de Hitler, faziam uso de tais punições
contra as prisioneiras, quando iam junto com seus maridos nas visitas ao campo
Ravensbruck. De acordo com a autora:

Uma sobrevivente, Gemma LaGurdia Gluck, evocou uma tortura


particularmente grotesca e sádica: “Havia a ’sala de do gelo’ em Ravensbruck,
onde pelo menor delito a gente era obrigada a ficar descalça horas a fio em
cima do gelo. Para um castigo severo, muitas prisioneiras eram despidas e
jogadas na sala de gelo. Não admira que tantas ficaram permanentemente
doentes em decorrência dos campos” (SIDEL, 2009, p.30).

4.2.1 Algumas profissionais que trabalharam para o regime nazista

Figura 6 – Imagem das secretárias Gertrude Segel (esquerda) e Lisellote Meier (direita).
Fonte: As mulheres do Nazismo.

Quando Hitler colocou em prática seus planos tinha em mente um país


totalmente limpo e puro de pessoas consideradas indignas de viver em solo alemão,
deu-se início a uma dura perseguição implacável contra os judeus, e outros tipos de
pessoas entraram nos planos loucos dele. Não somente os judeus, mas os ciganos,
deficientes, homossexuais, lésbicas e os demais que não compartilhavam os mesmos
ideais dele, foram alvos que teriam que serem exterminado para poder dar início a
construção de uma Alemanha totalmente ariana (SAIDEL, 2009).
56

Nem as mulheres conseguiram ficar fora do ódio do ditador, ao serem


capturadas eram enviadas para o campo Ravensbruck para trabalharem como
escravas, ao chegar eram tratadas como animais tinham seus cabelos raspados o que
já acarretava uma grande humilhação. Para ser mais fácil a identificação delas dentro
do campo, recebiam um triangulo de cores, o que relacionavam a sua nacionalidade, as
que faziam parte de algum partido político, grupo étnico e até opção sexual, todas eram
identificadas dessa forma (SAIDEL,2009). De acordo com a autora:

Os nazistas dividiram as prisioneiras em categorias especificas, identificadas


por meio de triângulos com código de cor característicos nos seus uniformes:
amarelo para as judias, vermelho para as prisioneiras políticas, roxo para as
testemunhas de Jeová, preto para as associais e verde para as criminosas.
Algumas prisioneiras judias eram também classificadas como políticas e
usavam um triângulo vermelho e outro amarelo, dispostos como uma estrela de
Davi (SAIDEL, 2009, p.43).

Para Saidel (2015) já não bastava sentir a sensação de terror ao ser levada para
o campo de concentração ainda eram submetidas a viver constantemente humilhadas
dentro dele, ao ser diferenciado por cores que a designavam o que eram ou deixava de
ser, com essas identificações estavam sujeitas a terem que conviver diariamente com
humilhações por causa de sua etnia ou opção sexual. Era grande número de mulheres
aprisionadas, sendo obrigada a usar tal identificação se tornariam alvos mais fáceis
para possíveis humilhações das guardas femininas (SAIDEL,2009).
Para Saidel (2009), ao serem enviadas para o campo, as mulheres eram
destinadas ao trabalho escravo, a alimentação era precária o que contribuía para que a
mesmas ficassem com o organismo debilitado, ficando vulneráveis a certos tipos de
doenças, as punições eram constantes e severas, milhares delas morreram na câmara
de gás. Segundo a autora:

Havia muitos métodos para assassinar as mulheres em Ravensbruck, além da


superlotação inviável e das rações de fome. Esses métodos incluíam trabalho
forçado, tortura, fuzilamento (num corredor concebido especialmente para esse
fim) injeção letal, experiências “médicas”, inanição ou gases tóxicos, tanto fora
quanto dentro do campo (SAIDEL, 2009, p.36).

O cotidiano dessas mulheres prisioneiras era de extremo sofrimento, as torturas


praticadas pelas mulheres que comandavam o campo eram de altíssimos requintes de
57

crueldade, eram sujeitas a conviver com o cansaço físico e psicológico, pois as mesmas
andavam lado a lado com a morte, pois, sabiam que a qualquer momento poderiam ser
selecionadas para entra na lista dos quês estavam marcadas para morrer.
As mulheres que se interessavam em trabalhar no período da guerra deveriam
passar por vários treinamentos, com os homens partindo para o conflito, houve a
necessidade da mão-de-obra feminina foi nessa carência, que algumas mulheres viram
a oportunidade de poderem exercer tal atividade (LOWER, 2014).
Conforme Lower (2014) as professoras e enfermeira começaram a trabalharem
para o regime nazista essas profissões eram valorizadas já que o primeiro serviria bem
ao propósito de Hitler, pois educaria os jovens alemães para o florescimento do
sentimento nacionalista. As mulheres que exerciam a profissão de enfermeira foram
bastante requisitadas no período da guerra, algumas tiveram participação e
presenciaram os assassinatos, trabalhavam nas enfermarias dos campos. Além de
suas funções de cuidar dos enfermos que vinha ferido por causa da guerra, visitava os
hospitais com a finalidade de selecionar pessoas que eram consideradas indignas de
viver, os doentes mentais e físicos faziam parte desse quadro, e após a seleção os
levavam para morrerem na câmara de gás. A autora comenta:

Consolavam os homens da SS e os soldados que recuavam antes de atirar nas


vítimas a curta distância. Visitavam guetos em inspeções sanitárias oficiais e
visitavam guetos também em caráter particular, por curiosidade ou desejo de
obter objetos e serviços. Ficavam nas plataformas de trem enquanto judeus
trancados nos vagões imploravam por socorro. Foram as primeiras
testemunhas do Holocausto na Europa, e algumas cometeram assassinato em
massa quando o programa de eutanásia se expandiu da Alemanha para a
Polônia (LOWER, 2014, p. 39).

Num período na qual a guerra existia e prevalecia foi fácil transformar uma bela
profissão em uma atividade cruel, o nacionalismo e ideologia foram transformando a
vida das enfermeiras que era formada para salvar a vida ou aliviar a dor de alguém,
porém isso foi ficando cada vez mais distante de ser exercida. Muitas das enfermeiras
se transformaram em assassinas contribuindo assim para a realização dos objetivos de
Hitler, pois além de fazerem parte de um regime onde pregava superioridade do povo
alemão e mortes em massa como uma solução para a limpeza de uma Alemanha
58

contaminada por raças sujas, elas acabaram contribuindo e facilitando assim a morte de
milhares de pessoas (LOWER, 2014).
Algumas das enfermeiras que ficou mais conhecida por se utilizarem de sua
profissão para causar assassinato em massa, foram Pauline Kneissler, tinha a
responsabilidade de fazer a lista onde continha os nomes dos pacientes que faziam
parte de um grupo que não poderiam continuar vivendo, doentes mentais e físicos, e
até aqueles que não tinham uma enfermidade seria, para serem mortos na câmara de
gás. Além de participar da seleção de pessoas que eram levadas para serem mortas,
teve seu envolvimento direto nos assassinatos, abreviando a morte de milhares de
seres humanos e causando–lhe dor, sem nenhuma piedade (LOWER, 2014). De
acordo com a autora:

Kneissler, fez carreira de matadora em Grafeneck Hadamar e outros locais de


“eutanásia” na Alemanha, dando assistência nos procedimentos de gás,
deixando pacientes morrerem de fome e aplicando injeções letais na física e
mentalmente doentes praticamente todos os dias durante cinco anos (LOWER,
2014, p.46).

Diante de tal crueldade com os pacientes, Kneissler foi considerada umas das
melhores matadoras do regime Nazista, o que acabou tendo a aprovação de Hitler para
ser transferida para outro local, onde havia um grupo especial de pessoas treinadas e
capacitadas para matar (LOWER, 2014).
Apesar de muitas enfermeiras participarem indiretamente e diretamente dos
crimes dentro dos campos e até fora deles, o mérito não ficaria com elas. Dentro do
regime nazista, as secretárias não ficariam de fora de oportunidade de demonstram sua
eficiência para Hitler. Outra categoria que teve grande influência nas mortes de pessoas
e que muitas não tinham nenhuma profissão especifica, eram as esposas dos oficiais
de Hitler (LOWER, 2014).
Muitas saíram de suas casas para conseguirem trabalho dentro do movimento
onde exerceriam atividade de arquivistas, telefonista. Muitas buscavam uma ascensão
profissional e a carência da mão de obra feminina nos escritórios alemãs, seria ideal
para as mesmas realizarem seus sonhos profissionais. Algumas viram no partindo
nazista a porta de entrada para conseguirem uma promoção onde trabalhavam muitas
delas se filiaram ao partido (LOWER, 2014).
59

Com a eficiência de algumas dessas jovens que trabalhavam no escritório da


Gestapo, demonstraram muita disciplina dentro do regime e foram aos poucos
mudando de atividade. E algumas dessas atividades estariam relacionadas a
organizações dos assassinatos em massa. De acordo com a autora:

As secretárias que trabalhavam nesse notório departamento do aparato de


terror nazista tinham um determinado perfil. Muitas eram membros ou
participavam ativamente em organização do Partido antes de partirem para o
leste. Eram mulheres serias, seguras de si, que não se intimidavam com o
edifício da Gestapo. Em vez disso, as interessadas nesse emprego o viam
como um lugar para trabalhar (LOWER, 2014, p.50-51).

Algumas dela até se destacaram dentro do escritório, e foram promovidas a


cargos mais elevados dos que exerciam, demonstraram tamanha e lealdade. O regime
buscava pessoas que pudessem ser de confiança, as decisões que eram tomadas
dentro do escritório exigiam de total e absoluto sigilo. E que sobre nenhuma hipótese
poderia ser quebrada. Foi nesse momento que muitas tiveram a oportunidade de serem
promovidas para outros cargos mais importantes dentro do escritório, pois
demonstraram serem devotas ao regime (LOWER, 2014).
Com a grande demanda de mulheres trabalhando dentro do escritório que
recebiam ordem de Hitler, uma grande maioria não pode ser acusada de terem
participado diretamente do genocídio, porém compactuaram com as execuções devido
a função que exerciam cabia elas fazerem e organizarem a lista onde estavam todos os
judeus que deveriam ser executados (LOWER, 2014).
As mortes de milhares de judeus pelo regime nazista, no qual pregava
superioridade alemã, contaram com inúmeras participações de mulheres, ao participar
de tal crime, eram extremamente violentas quando fosse preciso. Porém nem todas que
se designaram ir para o Leste mantinha esse ódio pela raça judaica ou por outros
grupos étnicos, no entanto a constante convivências com pessoas antissemitas
acabaram de certa forma as corrompendo e alimentando-as quanto ao ódio racial, as
experiências que vivenciaram acabaram transformando-as em pessoas devotas ao
movimento Hitleriano (LOWER, 2014).
A maioria que contribuíram com as SS, praticando algum crime contra um judeu
ou com outra tipo de pessoas, não foram somente as mulheres que eram recrutadas
para serem guardas femininas do campo de concentração, as que estavam inseridas
60

dentro desse cenário de terror e que fizeram parte da matança, eram funcionárias que
atendiam ao regime com secretárias, algumas não tinha função alguma eram apenas
esposas dos oficiais de Hitler, as funções eram variadas e cada uma agia com sua
particularidade, mas isso não foram suficientes para impedi-las de demonstrar uma
aptidão voltada para a perversidade. De acordo com a autora:

[..]. As mulheres do nazismo vieram de vários extratos sociais: classe


trabalhadora e classe rica, com instrução e sem instrução, católica e
protestantes, urbana e rural. Todas eram ambiciosas e patriotas. Em graus
variados, todas tinham características de ganância, antissemitismo, racismo e
arrogância imperialista. Eram todas jovens (LOWER, 2014, p.134).

Conforme Lower (2014) todas as mulheres que fizeram parte do nazismo foram
de extrema crueldade e contribuíram para que o plano de eliminarem os judeus fosse
executado, todas compactuaram com a ideia da superioridade alemã e aceitaram
veemente a usar de violência contra outros povos que não eram considerados alemães
puros, alegando que seria necessário usar de tais ferramentas para que o plano de ter
um país totalmente ariano fosse concluído.

4.3 O FIM DO CAMPO RAVENSBRUCK E A PUNIÇÃO DE QUEM OS COMANDAVAM

4 3.1 As mulheres sob julgamento

Para Lower (2014) no final da Segunda Guerra, muitos criminosos de guerra


haviam sido aprisionados, as pessoas que haviam sido presos pelos alemães nazistas,
esperavam ansiosamente a sua liberação. Os promotores americanos viviam sendo
pressionados para que realizassem logo os julgamentos dos homens e mulheres que
estavam sob custodia na espera de serem julgados.
A organização SS foi declarada criminosa, porém as mulheres que trabalharam
como secretaria, atendentes, estenografa faxineiras e outros trabalhos de pequeno
status que trabalharam na Gestapo e no escritório da SS não foram acusadas dos
crimes de guerra pelo Tribunal Internacional de Nuremberg. De acordo com a autora:
61

Inspetoras em todo Reich e no Leste que revistavam mulheres e crianças judias


em busca de pertences nas estações de trem ou chegada aos campos, e
secretárias que transmitiam ordens de matar, que selecionavam trabalhadores
e roubavam bens dos judeus as pessoas pertencentes a essas categorias não
seriam automaticamente investigadas como criminosas de guerra (LOWER,
2014, p. 137).

Os advogados das mulheres que participaram de alguma atividade do regime


nazista tiveram como argumento de que as integrantes do nazismo principalmente as
estenografas não tinham conhecimento das políticas criminosas executadas pelos seus
superiores e que as mesmas não contavam com nenhuma autorização para terem
cometidos tais crimes (LOWER, 2014).
As mulheres que foram capturadas e presas sobre a acusação de assassinato
em massa, após término da segunda guerra, foram investigadas. Mas os promotores
teriam que temerem mãos argumentos fundados para poderem obter a condenação das
mulheres que participaram desses crimes. Porém somente uma foi declarada culpada.
Muitas dessas mulheres alegaram que não sabiam e nem participavam desses
assassinatos. As lealdades que essas mulheres mantinham em relação aos seus
maridos, evitaram que as mesmas os delatassem, mesmo que tivessem participado das
mortes e das torturas, ou apenas tivessem observado seus esposos cometerem tais
crimes, elas jamais os entregariam, o que também acabou dificultando o trabalho dos
promotores (LOWER, 2014).
Conforme Lower (2014) uma das mulheres que estavam sendo acusadas era
Johanna Altvater, casou-se e mudou seu sobrenome para Zelle, estava em liberdade.
Foi a julgamento no dia 18 de setembro de 1978, alegava ser inocente. Ela era acusada
pela morte de 09 mil judeus que acontecera nos guetos, e pelos homicídios em massa
que ocorreu no ano de 1942 durante os meses de setembro a novembro. Apesar dos
testemunhos dos sobreviventes alegando que Johanna teve participação nas mortes
dos judeus os promotores não tiveram provas suficientes para conseguir sua
condenação e a mesma acabou sendo absolvida. De acordo com a autora:
62

Acusada, Johanna Altvater Zelle se declarou uma mulher sensível, que


abominava a violência. Admitiu ter visto deportações, mas disse que só tinha
ouvido falar em fuzilamentos. Tentando angariar a simpatia do tribunal, alegou
que durante a guerra era apenas uma jovem, apenas uma secretária que tinha
sido mandada para o Leste. Essa imagem conflitava com os artigos de jornais
que mostrava o riso em seu rosto ao ouvir os depoimentos sobre a “loura
assassina” com um chicote na mão que obrigava os judeus a caminhar para a
morte. Excertos de depoimentos de que ela atraia crianças com doces e as
matava a tiros, as jogava da sacada e contra o muro do gueto, também tiveram
lugar na cobertura da imprensa (LOWER,2014, p.145).

Após ouvirem todos os testemunhos, a promotoria pediu que Zelle fosse


condenada à prisão perpétua e fosse presa imediatamente alegando que a mesma não
estava sob custódia durante o julgamento. O juiz acabou negando os dois pedidos e
Zelle foi absolvida por falta de provas contundentes. Em novembro 1979 Johanna
Altvater foi considerada inocente. Porém, a absolvição da ré causou uma revolta na
população, as pessoas que eram parentas das vítimas do nazismo realizou no centro
da cidade um protesto contra a liberação da acusada (LOWER, 2014).
Foi a partir de julho de 1980 o caso foi reaberto pelo Supremo Tribunal Federal
(Câmara de Apelação Criminal) O tribunal alegara que não foi dada pelo Juiz que
presidiu o julgamento na época, a devida importância ás evidencias. O segundo
julgamento foi iniciado em março de 1982, novas testemunhas foram ouvidas, e a
reunião das provas e de depoimentos já perdurava aproximadamente por 20 anos. E
para a surpresa de todo o promotor deu fim ao processo no fim de novembro, pedindo
ao Tribunal que Zelle fosse absolvida. Ele argumentou que apesar dos testemunhos, as
credibilidades dos mesmos estavam em dúvida, e que mesmo que as histórias fossem
verídicas, os depoimentos recolhidos não conseguiram constituir provas objetivas. O
fato de que Zelle era anti-semita isso era inquestionável, porém não podiam condená-la
por assassinato, simplesmente por falta de insuficiências de provas (LOWER, 2014). De
acordo com a autora:

Em dezembro de 1982, Zelle[...] foi absolvida pela segunda vez. Houve outro
protesto, seguido por uma enxurrada de críticas da imprensa na Alemanha e
em outros países. Zelle morreu em Detmuld em 2003, uma semana antes de
seu aniversário de 85 anos. No caso de Johanna Altvater Zelle, a falta de
evidencias escritas nos tempos da guerra levou à sua absolvição, apesar de o
promotor acreditar que ela brutalmente crianças judias num gueto na Ucrânia
(LOWER, 2014, p.146).
63

As mulheres como Gertrude Segel, Liesel Willhaus, Josefine Block, Vera Wohlauf
e Erna Petri também participara dos crimes nazistas, eram esposas dos oficiais de
Hitler, porém os promotores tiveram dificuldades em encontrar dados consistentes que
comprovassem que as esposas dos homens da SS, tivessem tido algum envolvimento
com os assassinatos. E as mesmas só tiveram atenção a promotoria, devido ao fato
dos seus esposos terem participado dos crimes, na qual os testemunhos das pessoas
que sobreviveram a esses massacres, davam seus depoimentos que as mulheres
desses oficiais também teriam sua culpabilidade nas mortes de outros judeus (LOWER,
2014).
No ano de 1947 a 1948, Gertrude Segel Landau foi detida, ao ser interrogada a
mesma negou todas as acusações. Ao ser pressionado, ela argumentou que muito
tempo havia se passado e que se lembrava de pouca coisa. E que ainda não era
casada Com Felix, era apenas uma namorada e que pelo fato de ser apenas uma
simples secretaria, não teria como ter participado de tais crimes. Alegou ser inocente e
que jamais tivera envolvimento nos assassinatos e que seu marido fora o único
responsável pelas mortes dos judeus.
Segundo (LOWER, 2014, p.147) “Gertrude bancava a submissa com as
autoridades do pós-guerra como uma demonstração de sua inocência nos tempos de
guerra”. Usou os argumentos de que não era criminosa, e que após ser intimada não se
recusou a comparecer no Tribunal e que respondera todas as perguntas da promotoria,
e que o único culpado teria sido seu ex-marido e era este quem deveria estar sendo
perseguido já que se encontrava foragido, diante de tais argumentos não tiveram como
acusá-la Gertrude pelos crimes de guerra (LOWER, 2014).
As investigações para capturarem as criminosas de guerra continuaram, e
chegou até Josefine Block outra mulher acusada de ter participado de crimes contra os
judeus. De acordo com a autora:

As investigações austríacas revelaram uma rede vienense de perpetradores e


cúmplices nos escritórios da SS e da polícia na Galícia, o antigo território dos
Habsburgo na Ucrânia. Dessa rede faziam parte secretárias e esposas de
chefes da SS.Em Outubro de 1946,a polícia austríaca prendeu a vizinha de
Gertrude, Josefine Block, em seu apartamento na Apollogasse. Essas duas
perpetradoras de Drohoby moravam mais uma vez na mesma rua em Viena.
Josefine Block foi acusada de crime contra a humanidade, crimes de guerra e
assassinato. Durante uma busca em seu apartamento, polícia encontrou fotos
dos tempos de Guerra (LOWER, 2014, p.148).
64

Após a interrogação Block falou que em algumas ocasiões estivera presente nos
momentos que aconteceu tais crimes, mas que em nenhum momento confessou sua
participação nos assassinatos, e tão pouco alguém foi machucado ou espancado por
ela. Josefine Block alegou tentou de todas as formas parecer inocente e que o
responsável pelas mortes dos judeus era seu marido que já havia falecido e que por
causa dele as vítimas a perseguiam.
Em seu depoimento declarou que teria salvado a vida de alguns sobreviventes, e
a acusou um judia de que para salvar sua própria vida abandonou a filha, que tinha
apenas um ano de idade. Diante de tais argumentos o Tribunal acabou absolvendo
Bloch das acusações (LOWER, 2014).
Segundo a autora supracitada depois de uma década após a absolvição de
Block, no ano de 1960, finalmente Vera Wohlauf foi interrogada sobre as atividades de
seu esposo no período que acontecia a guerra Wohlauf quis testemunhar apesar de
não ser obrigada a fazer isso. No dia 19 de novembro de 1964 a mesma e os
investigadores se encontraram pela parte da manhã onde foi questionada a sua estadia
na Polônia, na qual havia ocorrido um massacre contra os judeus, Wohlauf afirmou que
não estivera em tal local, evitando assim que provassem sua participação nos
assassinatos. Segundo a autora.

Wohlauf respondeu que chegou a Radzyn no final de julho de1942, pulando os


períodos dos massacres no gueto em agostode1942, Vera disse que retornou a
Hamburgo em setembro. Apesar de sua afirmação de ter ficado apenas em
Radzyn enquanto esteve na Polônia, o interrogador a localizou em Miedzyrzec,
onde ocorrera os massacres (LOWER, 2014, p.149).

Vera foi questionada sobre os crimes que haviam acontecido e se em algum


momento participara das mortes dos judeus, a mesma afirmou que presenciou o
assassinato de uma mulher idosa o viu o gueto ser esvaziado, mas que não teve
nenhum envolvimento com as mortes, alegou que não sabia do que acontecia nos
guetos e nem da participação do seu esposo nesses crimes. Depois de seus
argumentos, a promotoria não teve provas suficientes para conseguir sua condenação,
devido ao fato de não poderem provar que a mesma estivesse presenciada, ou
participado das mortes dos judeus.
65

Elisabeth “Liesel” Willhaus também foi uma das mulheres que foi indiciada por
assassinato em massa, seus crimes não ficaram escondidos como a mesma queria.
Liesel era casada e seu esposo tinha sido enviado para lutar na guerra onde acabou
sendo morto em ação, em marco de 1945 Liesel ficou viúva e com um filho ainda
pequeno para criar, sem condições financeiras voltou a morar com a família e após
algum tempo conheceu um advogado no qual acabou contraindo o matrimonio
(LOWER, 2014).
Em 1964 foi investigado, porém apesar de alguns relatos sobre sua atividade nos
tempos de guerra, não havia documentos que comprovassem que os depoimentos das
testemunhas que deporão contra ela, eram verdadeiros, mesmo que Liesel tivessem
presente nas cenas dos crimes e tivesse participado dos assassinatos, não poderiam
responsabilizá-la. E diante de faltas de provas, os investigadores não tinham
argumentos suficientes para acusá-la e conseguirem uma condenação (LOWER, 2014).
De acordo com a autora:

Os promotores alemães observaram que uns números notáveis de pessoas


testemunharam contra Willhaus. Nem todos eram sobreviventes judeus, cujas
lembranças e depoimentos eram considerados menos confiáveis por muitos
tribunais alemães. Na verdade, alguns que depuseram contra ela eram ex-
colegas de seu marido na SS. Todos os que depuseram, bem como os
promotores que levantaram os casos, se mostraram chocados com o
comportamento da esposa do comandante, que “ia contra todas as nações
preconcebidas do caráter feminino”. Contudo, por motivos que permanecem
obscuros, ela foi libertada (LOWER, 2014, p.152).

Apesar dos testemunhos dos sobreviventes do regime nazista, muitas das


mulheres que foram acusadas de terem organizado e participado dos assassinatos
contra os judeus não foram condenados dados apurados pela pesquisadora revela que
talvez a única mulher que realmente foi condenada pelos crimes de guerra e
assassinatos fora Erna Petri.
66

4.2.2. Erna Petri, a única mulher condenada pelos seus crimes

Figura 7 – Imagem de Erna Petri, na prisão. Fonte: Mulheres do Nazismo.

No ano de 1961 Petri foram capturadas, 17 pessoas testemunham contra ela e


de acordo com os testemunhos a promotoria conseguiu formar uma linha de acusação,
na qual a mesma era responsável pelas torturas, maltrato e mortes dos trabalhadores e
de judeus, em setembro de 1962 Petri foi a julgamento (LOWER, 2014).
No período em que esteve presa, Petri era submetida a constantes
interrogatórios, os investigadores queriam arrancar uma confissão da mesma, para
poderem usar para conseguir sua condenação. Assim que Erna foi levada à prisão
manteve seus argumentos alegando ser inocente, e que não tivera nenhuma
participação das mortes pelo qual era acusada.
Porém com o passar dos dias sobre confinamento e exaustivos interrogatórios,
não teve mais condições de manter sua versão e acabou cedendo e confessando seus
crimes. A mesma declarou que tinha medo de ser punida e de certa forma tinha a
esperança de que seu marido assumisse a culpa por tais assassinatos. Ainda em seu
depoimento declarou que teria matado algumas crianças e que ela e seu esposo
combinaram de manter segredo em relação ao acontecido, pois não tinha autorização
pelos oficiais da SS, para realizar tal atividade e que poderia acabar sendo investigada
pelos mesmos (LOWER, 2014).
Na época, apesar de existir mulheres que eram integrantes do regime nazista e
que até participavam de alguns assassinatos mostrando uma personalidade diferente
do que os homens estavam acostumados a terem em relação ao sexo feminino, ainda
predominava a ideia de que certas atividades deveriam ser restringidas a mulher e que
67

somente aos homens cabia o direito de exercer certas funções (LOWER, 2014). De
acordo com a autora:

No julgamento, Erna e Horst disseram ao juiz que, durante a guerra, eles


tinham decidido manter silêncio sobre Erna ter atirado nas crianças[..]Como
Erna não era autorizada oficialmente a matar judeus, havia uma chance de ser
interrogada por um investigador da SS. Ademais, disse Horst, ele não queria
que a Esposa fosse objeto de falatórios. Um homem sádico era aceitável, e até
eficiente, para “subjugar os nativos”. Mas uma mulher sádica era um problema
em potencial, um alvo de vingança até de constrangimento. A própria Erna
parecia insegura a respeito de como suas ações seriam recebidas (LOWER,
2014, p.154)

Erna relatou que antes de assassinar as crianças alimentou-as, achava que com
esse argumento poderia acabar deixando o tribunal comovido por suas ações de
bondade antes de matar crianças inocentes a sangue frio. Diante das confissões de
Petri, o tribunal deu o veredicto condenando Erna a prisão perpetua. Porém, quando foi
levada para prisão para cumpri sua pena, a mesma deu início a longas apelações,
tentou argumentar que era inocente, retirando assim todas as confissões.
No dia 18 de setembro de 1963, Petri entrou com uma apelação insistentemente
afirmou que jamais teria assassinado alguém e que em nenhum momento de sua vida
teve a chance de segurar uma arma. Por mais de duas décadas Erna tentou apelar por
sua liberdade, apesar de ter seu pedido negado constantemente, ela tentou fazer com
que seu caso fosse reaberto (LOWER, 2014).
O caso de Erna Petri foi revisto pelos juristas alemães, da Alemanha Ocidental e
diante da revisão do mesmo, muitos políticos que estavam presos conseguiram serem
libertados e ouros tiveram a oportunidade de ter sua pena reduzida. Erna contava com
o apoio dos filhos que buscavam incansavelmente a libertação da mãe, que estava
cumprindo prisão perpetua. Apesar de tantas apelações feitas com a alegação de que
Erna já teria passado mais de duas décadas aprisionadas, Petri continuava presa,
mantendo assim a sentença dada pelos tribunais (LOWER, 2014). De acordo com a
autora:

Erna Petri, apesar de não ter obtido perdão nem reabilitação, acabou sendo
libertada. Voltou para casa em 1992, por motivo de saúde[..]. Erna morreu em
julho de 2000.Havia comemorado seu aniversário de 80 anos poucos meses
antes (LOWER, 2014, p. 156).
68

Para Lower (2014) a quantidade condenação das pessoas que eram acusadas
de crimes nazistas eram muito pequenas, e seria bem provável que se Erna morasse
na Alemanha ocidental, a mesma poderia até ir a julgamento, mas dificilmente seria
condenada a ter que passar o resto de sua vida na prisão, provavelmente voltaria a
fazer parte da sociedade, como se não tivesse cometido nenhum crime de assassinato.

4.2.3 O desfecho desse julgamento para as mulheres Nazistas do Campo


Ravensbruck

Para Lower (2014) muitas mulheres foram acusadas por crimes de guerra, mas
nem todas foram condenadas apesar de muitos relatos dos testemunhos, na qual
declaravam que muitas agiam com uma frieza incompreensível. O regime nazista foi
uma porta aberta para que algumas tivessem a chance de provarem que eram tão
capazes quanto aos homens de serem perversas e que poderiam realizar tais tarefas,
nos qual eram designados somente ao sexo masculino.
Porém, os que as uniam para participarem de tantos assassinatos era o
antissemitismo. O movimento nazista cada vez mais alimentava seu ódio pelos judeus,
que eram considerados inimigos do Reich. E o único sentimento que as moviam eram
justamente essa aversão a essa raça, e as demais que não se enquadravam como
pessoas consideradas puras pelo regime nazista, tinham a sensação de que estavam
cumprindo o seu dever o que contribuiu para cometer inúmeros assassinatos (LOWER,
2014). De acordo com a autora:

[..]muitas poucas mulheres foram acusadas depois da guerra, e menos ainda


foram julgadas e condenadas. Depoimentos de sobreviventes, muitas vezes as
únicas evidências disponíveis, não eram considerados suficientemente fortes, e
muitas das rés, especialmente as com aparência maternal e dócil não pareciam
capazes de cometer aquelas atrocidades (LOWER, 2014, p.157).

Mesmo com os depoimentos dos sobreviventes, a promotoria não conseguiu


reunir provas irrefutáveis para conseguir a condenação das rés, muitos não acreditavam
que essas mulheres seriam capazes de tais atrocidades contar a vida humana, pois
eram aparentemente dóceis. E mesmo diante de documentos que relatava que muitas
mulheres trabalhavam nas agências do regime nazista, que era uma organização
69

criminosa, não teve tanta seriedade como imaginavam. O que de certa forma acabou
sendo conveniente para as mulheres que estavam sendo acusadas (LOWER, 2014).
Para Lower (2014) os homicídios e tortura praticados por essas mulheres
aconteceram e houve testemunhas isso é fato, porém não foi dada a devida importância
para a causa, justamente porque eram mulheres e muitas foram influenciadas por seus
companheiros o que foi muito conveniente para elas, sem provas contundentes para
condená-las e assim saíram impunes e livre para viverem sua vida tranquilamente como
se nada tivesse acontecido.
Enquanto as vítimas que sobreviveram a esse período de terror, teriam que
conviver com o sentimento de injustiça, ao saber que nenhuma dessas mulheres que
cometeram tais brutalidades foi condenada e saíram impunes, cabendo somente a elas
carregar para sempre consigo as marcas e os traumas da dor de um sofrimento até os
finais de seus dias.
70

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que essa pesquisa embasada na Revisão Bibliográfica, com o intuito


de expor um pouco mais dos acontecimentos históricos que ficaram marcados no
período da Segunda Guerra Mundial, abordou o contexto das mulheres alemãs e a sua
participação nas guerras e no pós-guerra na vida delas.
Foi de extrema importância narrar um pouco mais da história das mulheres
dentro do episódio de um dos conflitos mundiais que impactou o mundo, porque a
mulher não aparece na história, ficando sempre a margem da sociedade e como sujeito
secundário.
Para a acadêmica foi importante reconstruir a importância da mulher dentro da
História, visando assim, seu envolvimento como um sujeito ativo, mostrando, que a
mulher sempre representou um papel fundamental na construção dos fatos históricos.
Ao elaborar o trabalho foi percebido que não seria uma tarefa fácil, pois o tema
iria abordar um assunto ainda pouco conhecido pelos jovens que estudam o Ensino
Fundamental e Médio, porém, foi percebido que nos livros didáticos não existem
nenhum relato que mostra que no período da segunda mundial, houve um campo de
concentração voltado unicamente para as mulheres.
Os livros de História relatam muito pouco sobre o campo Auschwitz e o campo
Ravensbruck, e que seria um lugar ideal para aniquilar as pessoas, mas que não faziam
distinção entre os sexos, ou seja, era para receber homens e mulheres, no entanto,
ainda nos livros, o conteúdo é muito pouco, para o que se deveria falar e expor desses
campos, e ainda mais mostra que havia um campo na qual foi exclusivamente
construído para receber somente pessoas do sexo feminino.
Ao decidir a escolha do tema, foi realizada a escolha sucinta dos livros que
serviram de embasamentos para o estudo, as obras que foram de extrema importância
para poder auxiliar-me nessa jornada acadêmica, contou com alguns autores
renomados como Rochelle G. Saidel (2009), Demétrio Magnoli (2006), Mary Fulbrook
(2016) e Peter Burke (1992).
A metodologia escolhida contribuiu para ampliar mais os conhecimentos sobre as
duas Guerras Mundiais, principalmente sobre o regime imposto pelo ditador Adolf Hitler
e sobre as mulheres que fizeram parte desse movimento, no qual suas participações
71

dentro do mesmo tiveram grande impacto na vida de milhares de outras mulheres


consideradas “associáveis” dentro desses quadros deficientes a prostitutas, judias etc.,
que eram alvos na visão da ideologia de Hitler para ter um país totalmente puro e
ariano deveriam morrer. Foi preciso fazer uso de vários livros e artigos que falavam
sobre os campos de concentração e sobre a participação das mulheres que aceitaram a
fazer parte de um regime tão radical como o nazismo.
Através desse trabalho os leitores e estudantes que ainda não possuem um
conhecimento sobre o campo de concentração Ravensbruck voltado exclusivamente
para o sexo feminino, terão a oportunidade de saber mais sobre os fatos que ocorreram
no período da Segunda Guerra Mundial, não somente os conflitos, mas também sobre
as torturas, de como as mulheres nazistas permitiram-se a compactuar com esse
regime colaborando assim com as ideias de Hitler.
Para os alunos e acadêmicos e também para os leitores que buscam ampliar
mais o seu conhecimento em torno do assunto que e a Segunda Guerra Mundial e
principalmente o envolvimento das mulheres nazistas dentro desses acontecimentos
que tiveram um grande impacto na sociedade, e que ainda hoje causam uma grande
repercussão, pois, foi um período que ocorreram perseguições e assassinatos em
massa, nos quais milhares de pessoas inocentes foram executadas, na qual as
mulheres se tornaram um dos instrumentos essencial para concluir os projetos de Hitler
que seria reconstruir uma Alemanha totalmente pura.
Enfatizando assim o envolvimento da mulher dentro o contexto histórico,
mostrando que as mesmas sempre tiveram seu papel ativo dentro da sociedade,
mesmo que ficassem alienadas aos poucos elas foram se inserindo dentro da
historicidade, os efeitos e acontecimentos históricos não ficaram isentos de sua
participação. Ressaltando assim que mulher num contexto geral sempre teve seu papel
fundamental para a construção dos fatos que surgiram na história.
72

REFERÊNCIAS

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ed. São Paulo: Fundamental Educacional, 2011.

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São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1992.

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em: <https://raquelcardeiravarela.files.wordpress.com/.../oc-segunda-guerra-mundial-
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73

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SAIDEL, Rochelle G. As Judias do Campo de Concentração Ravensbruck. São


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VIZENTINI, Paulo G. F. Manual do Candidato: história mundial contemporânea (1776-


1991) da independência dos Estados Unidos ao colapso da União Soviética. In:
VISENTINI, Paulo F.; PEREIRA, Ana Lúcia D. Apresentação do Embaixador Georges
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Acesso em: 02 nov.2016.

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