Motores de Combustão Interna II
Motores de Combustão Interna II
Motores de Combustão Interna II
1ª edição
Belém-PA
2009
© 2009 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas
____________ exemplares
2
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 6
5
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
OSM Gelmirez Ribeiro Rodrigues
6
1 REGULADORES DE VELOCIDADE
7
é importante quando se considera também o aspecto da segurança operacional do
motor diesel.
8
Um regulador é dito “isócrono” quando ele mantém constante a
velocidade do motor independente da variação de carga.
9
Regulador de velocidade pneumático
A figura 1.1 mostra um regulador do tipo pneumático. Mais utilizado em caminhões é
um dispositivo cujo funcionamento se baseia na diferença de pressões existente entre
duas câmaras, sendo uma delas situada no próprio coletor de admissão de ar do motor.
Para detectar as variações de velocidade, decorrentes das variações da carga, uma
válvula tipo borboleta é montada no interior de um tubo Venturi, situado no coletor de
admissão de ar do motor. Atuando no acelerador, o operador controla a abertura de
uma válvula borboleta. Para uma dada posição dessa válvula, a depressão abaixo dela
aumenta quando o motor acelera e diminui quando o motor desacelera. Observe que
um pequeno tubo comunica o orifício do detector de depressão com o regulador, o qual
está situado na bomba injetora de combustível. O efeito da depressão atua num
diafragma equilibrado por uma mola e conectado diretamente na haste de regulagem
das cremalheiras das bombas injetoras, controlando assim o débito de combustível e a
velocidade do motor.
10
Regulador de velocidade mecânico
A figura 1.2 mostra um arranjo esquemático de um regulador mecânico
centrífugo, conhecido simplesmente por “regulador mecânico” e ainda bastante usado a
bordo nos motores diesel das baleeiras, bomba de incêndio, compressor de ar de
emergência, etc. Para facilitar a compreensão do seu funcionamento, vejamos a
atuação do regulador nas condições de carga constante, aumento e redução da carga.
Carga constante
A alavanca do acelerador é colocada numa posição correspondente à rotação
desejada para a viagem. O eixo de comando do regulador gira porque sua engrenagem
de rotação recebe movimento de uma engrenagem de acionamento do motor. Há
11
equilíbrio entre a tensão da mola dos contrapesos e a força centrífuga, e justamente por
isso os contrapesos giratórios mantêm uma distância constante do eixo de comando do
regulador de velocidade (essa posição não varia enquanto a carga do motor é
constante).Isso faz com que não haja movimento axial na haste de regulagem das
cremalheiras das bomba injetoras. Assim, o débito das bombas, a potência e a
velocidade do motor são constantes.
Aumento da carga
A velocidade do motor diminui, provocando uma redução na força centrífuga. Os
contrapesos giratórios se aproximam do eixo de comando do regulador, empurrando o
colar de comando para baixo, fazendo com que a alavanca de comando da cremalheira
empurre a haste de regulagem para a esquerda, no sentido de abrir mais combustível
para os cilindros do motor. Assim, o fluxo de combustível vai aumentando até atingir a
velocidade que o operador havia ajustado no acelerador. Quando o equilíbrio é refeito,
os contrapesos giratórios voltam a ficar dispostos paralelamente ao eixo de comando
do regulador, restabelecendo desse modo o equilíbrio entre a tensão da mola e a força
centrífuga. O débito das bombas e a potência do motor, entretanto, aumentam.
Redução da carga
Quando a carga do motor é reduzida, a tendência do motor é “disparar”. A força
centrífuga aumenta e os contrapesos giratórios se afastam do eixo de comando do
regulador. Isso faz com que o colar de comando da alavanca da haste de regulagem
das cremalheiras suba e, por meio da alavanca de comando da cremalheira, desloque
axialmente a haste de regulagem das cremalheiras das bombas para a direita,
reduzindo a quantidade de combustível para os cilindros do motor. Quando isso
acontece, o equilíbrio entre a tensão da mola e a força centrífuga é refeito, agora com
um débito de combustível menor para a nova condição de carga. As reações do
regulador, a partir da condição de carga constante para as de aumento e diminuição da
carga podem ser observadas nas figuras 1.3. A, B e C.
12
Figura 1.3 – Lamb´s Questions and Answers on the Marine Diesel Engines
13
combustível para o motor; e outra que compensa a diferença no tempo de reação entre
o motor e o regulador.
14
Os contrapesos giratórios (4) e o conjunto da válvula piloto com sua bucha com
janela (5) fazem parte da seção sensível de velocidade do regulador. Como você pode
ver, a válvula piloto é acionada diretamente pelos contrapesos por meio da haste de
velocidade. O pistão compensador atuador (6), o pistão compensador receptor (7), e a
válvula de agulha (8) fazem parte da seção de compensação do regulador. A válvula de
agulha (8) controla o fluxo de óleo dentro e fora do sistema hidráulico de compensação.
15
1.6 Análise da ação do comando do limitador de carga (load limit)
Por meio de um outro botão de controle, do lado de fora do regulador, a came
(10) do limitador de carga pode ser girada para limitar o suprimento de combustível
para o motor. Como as posições na escala do botão de controle vão de 0 a 10, o motor
pode ser parado se o botão for girado para 0 (zero).
a) carga constante
Vamos admitir que conforme se apresenta na figura 1.5, o motor encontra-se
numa rotação fixa, porém com apenas metade da carga. Nesse caso, a válvula piloto
está cobrindo a abertura reguladora da sua bucha, os contrapesos giratórios estão na
posição vertical (por causa do equilíbrio da força centrífuga com a tensão da mola) e,
logicamente, a haste de regulagem das bombas injetoras de combustível não se
movimenta, mantendo constante o suprimento de combustível das bombas injetoras
para os cilindros do motor.
b) aumento da carga
Quando a carga é aumentada, a velocidade do motor tende a cair. Os
contrapesos giratórios fecham em direção ao seu eixo de rotação, permitindo que a
tensão da mola empurre a válvula piloto para baixo, descobrindo a abertura reguladora
(janela) da sua bucha. Assim, o óleo vindo da bomba de engrenagem passa para o
cilindro do pistão de força obrigando-o a subir. Como o pistão de força move-se para
cima, o pistão compensador atuador (6) o acompanha, levantando a pressão do óleo no
sistema de compensação. Esse aumento de pressão atua no cilindro do pistão
compensador receptor (7), empurrando a mola que por seu turno é ligada à válvula
piloto. Essa força empurra a válvula piloto em direção à posição de equilíbrio, fechando
a porta da seção de força. Ao mesmo tempo, há uma fuga de óleo do sistema de
compensação através da válvula de agulha para o depósito que, como você sabe, é o
próprio invólucro do regulador. Como a velocidade do motor foi restabelecida, os
contrapesos voltam à posição de equilíbrio, que é a vertical. Isso faz com que a válvula
piloto mova-se para baixo, fechando a abertura da seção de força. Agora o motor
funciona com uma carga maior, mas com a mesma velocidade que desenvolvia antes
do aumento da carga.
17
c) redução da carga
Na redução da carga a velocidade do motor aumenta. Isso faz com que a força
centrífuga supere a tensão da mola, afastando os contrapesos giratórios do seu eixo de
rotação. O afastamento dos contrapesos provoca a subida da válvula piloto permitindo,
assim, a saída do óleo do cilindro do pistão de força através da sua porta de
comunicação para o cilindro do pistão compensador receptor. Por causa da diminuição
da pressão sob o pistão de força, a sua mola empurra-o para baixo. Esse movimento é
transferido para a haste de regulagem das cremalheiras das bombas injetoras,
reduzindo, portanto, o débito de combustível para os cilindros do motor. O movimento
do pistão compensador receptor é retardado, porque a pressão do óleo no sistema de
compensação torna-se menor do que a do reservatório. Assim, através da válvula de
agulha, o óleo flui do reservatório para o circuito de compensação. O pistão
compensador receptor tende a puxar a válvula piloto para baixo, cobrindo a janela para
reduzir o fluxo de óleo do cilindro do pistão de força. Como você sabe a única maneira
de restabelecer-se o equilíbrio para a nova condição de carga é a volta dos contrapesos
para a posição vertical. O circuito de compensação atua sempre no sentido de reduzir o
efeito da seção de força. Isso balanceia as diferenças no tempo de reação entre o
regulador e o motor. A abertura da válvula de agulha deve ser criteriosamente ajustada,
de acordo com as peculiaridades de cada motor. Com relação ao ajuste da queda de
velocidade (speed droop), vamos supor que o ponto de apoio da sua alavanca de ajuste
(9) é movido da posição (a) para a posição (b). Ora, esse ajuste muda a resistência da
mola que a força centrífuga deve vencer para que os contrapesos giratórios alcancem a
posição vertical. Como você já sabe, os contrapesos devem estar na posição vertical
para possibilitar que a válvula piloto feche a abertura reguladora. Sem carga, a força da
mola será maior porque a alavanca (9) estará numa posição mais baixa, comprimindo
menos a mola. Assim, a força centrifuga que atua nos contrapesos giratórios deverá ser
maior. Por outro lado, na rpm de carga total e a alavanca (9) na posição mais elevada,
a força da mola será menor e menos força centrífuga será necessária para levar os
contrapesos giratórios para a posição vertical. Isso nos permite compreender que a
força não é uniforme dentro da faixa de velocidade do motor. Há uma variação na rpm
18
da condição de carga total para a de sem carga. Esta variação já se sabe que é a
queda de velocidade.
19
O botão do limitador de carga (load limit) limita hidraulicamente a carga imposta
ao motor, servindo também para parar o motor quando é girado para a posição “0”
Quando não está em uso deve ser mantido na posição “10”.
O botão do indicador do sincronizador (speed setting indicator) indica o número
de voltas que dá o botão do sincronizador.
A principal desvantagem é:
perda de controle ou governo em caso de falta de corrente.
Para prevenir o motor no caso de falta de corrente elétrica, os fabricantes
costumam fazer uma combinação do regulador eletrônico com o hidráulico. Assim, se,
por algum motivo, faltar corrente para a parte eletrônica do regulador que controla a
válvula solenóide do atuador, a parte mecânica atua como um sistema emergencial
para controlar a referida válvula. A figura 1.8 mostra o diagrama em bloco de um
regulador de velocidade eletrônico da Woodward Governor Company. Essa fábrica
domina grande parte do mercado mundial na área marítima, sendo muito comum a
instalação dos seus produtos nos navios de médio e grande porte da marinha mercante
brasileira.
21
Os reguladores fabricados pela Woodward são dispositivos de alta precisão e
confiabilidade, que dispensam cuidados especiais da parte dos operadores do motor.
22
(geralmente 15% da velocidade de regime) o dispositivo de sobrevelocidade deve
entrar em ação para atuar na haste de regulagem das bombas injetoras e cortar por
completo o suprimento de combustível para os cilindros, parando o motor
automaticamente. É um dispositivo normalmente eletro-pneumático figura 1.9, cujo
sensor está normalmente instalado na extremidade do eixo de manivelas e o atuador
bem próximo da extremidade da haste de regulagem das bombas injetoras. O
dispositivo de sobrevelocidade é encontrado nas máquinas primárias dos geradores de
energia elétrica. Um tipo muito comum é o que possui um sensor centrífugo que recebe
movimento do eixo de manivelas, e no momento apropriado libera ar para um cilindro
pneumático, cuja haste do pistão atua na haste de regulagem das bombas injetoras de
combustível.
23
2 POTÊNCIA E RENDIMENTO
25
Figura 2.2 – Indicador mecânico de diagrama
Fonte: DPC, MCI, Módulo 6 de CAD APMQ, RJ 2000
27
Figura 2.4 – Diagrama indicado de um cilindro de um MCP de 2 tempos
31
A fórmula da pmi é a seguinte:
S
pmi . R
L
S
pmi
R.L
sendo :
pmi pressão média indicada;
R cons tan te da mola do indicador;
S área do diagrama indicado; e
L comprimento do diagrama indicado.
As unidades são :
S cm
2
cm cm
3
R 2
kgf / cm kgf
L cm
2.2.1 – Exercício
Calcular a pmi referente ao diagrama da figura 13.2, sabendo que:
a) área encontrada por planimetragem = 48;
b) constante do planímetro = 10;
c) constante da mola do indicador = 0,06; ou seja, 0,06 cm medidos na escala
das pressões (ordenadas) equivale a 1 kg/cm2;
d) comprimento do diagrama = 7.2 cm.
Solução:
Sabendo que a constante do planímetro é igual a 10, encontraremos a área do
diagrama em cm2 dividindo 48 por 10 = 4,8 cm2. Em seguida, aplicamos a fórmula da
pmi.
32
S
pmi
R.L
4,8
pmi
0,06 x 7,2
pmi 11.1 kgf / cm 2
Wi
F .V
CV
75
33
Substituindo na fórmula os valores de F e V tem se :
0,7854 . D 2 P 2 C N
Wi x CV
75 60
2
Wi
0,7854 . D P . C . N
CV
2250
Chegamos até aqui partindo do suposto de que todos os cursos são motrizes, o
que não é verdade, pois tanto nos motores de 2 como nos de 4 tempos, apenas um é
motriz (expansão). Por isso, temos que acrescentar à fórmula um número “t” de tempos
do motor.
Logo :
0,7854 . D 2 . P . C . N
Wi CV
2250 . t
0,7854 . D 2 . P . C . N . n
Wi CV e
4500
0,7854 . D 2 . P . C . N . n
Wi CV
9000
As unidades são:
D diâmetro do cilindro m
P pressão média indicada kgf / m 2
C curso do êmbolo m
N velocidaderpm
34
Para obter-se a potência indicada em KW as fórmulas são;
0,7854 . D 2 . P .105 C . N . n.
Wi KW
1000
0,7854 . D 2 . P .105 C . N . n.
Wi KW
2 X 1000
Unidades;
D m
P pmi bar
C m
N rps
Solução:
1) cálculo da potência indicada em CV
0,7854 . D 2 . Pmi . C . N . n
Wi
4500
0,7854 x 0.6 2 x 12 x 10 4 x 2.1 x 120 x 7
Wi
4500
Wi 13300 CV
36
2) cálculo da potência indicada em KW.
Preliminares:
pmi= 12 kgf/cm2 = 12 x 0,9807bar= 11,768 bar
rpm=120 = 120 / 60 = 2 rps
0,7854 . D 2 . Pmi . C . N . n
Wi
4500
0,7854 x 0.6 2 x 11,768 x 105 x 2.1 x 2 x 7
Wi
1000
Wi 9782 kW
2.4.2 Exercício
Determine em CV e em kW a potência indicada de um motor de combustão auxiliar de
4 tempos que opera com os seguintes dados:
a) diâmetro do cilindro ...................... 250 mm
b) curso do êmbolo .......................... 450 mm
c) pressão média indicada................. 12 kgf/cm2
d) velocidade................................... 600 rpm
e)número de cilindros.......................... 6
Solução:
0.7854 x D 2 x Pmi x C x N x n
Wi
9000
0.7854 x 0.252 x 12 x 10 4 x 0.45 x 600 x 6
Wi
9000
Wi 1060 CV .
2.5.1 Exercício
Determine o valor da constante do cilindro de um motor que possui um diâmetro de 500
mm e um curso do êmbolo igual a 1600 mm.
0,7854 x D 2 x C
Cc
4500
0,7854 x 0,5 2 x 1,6
Cc
4500
Cc 0,0000698
Onde :
Wi potência indicada em CV
Pmi pressão média indicada em kgf / m 2
N velocidade em rpm
n número de cilindros do motor
38
Algumas vezes, ao invés da constante do cilindro (Cc), o fabricante
fornece a constante do motor (Cm). Nesse caso a fórmula da potência
indicada (Wi) deixa de ter o termo “n”.
2.5.2 – Exercício
Calcule a potência indicada de um motor diesel de 2 tempos com 5 cilindros, sabendo
que:
a) pmi = 14 kgf/cm2 = 14x104 kgf/m2
b) constante do cilindro Cc= 0,0000698
c) velocidade=150 rpm
Wi Pmi .Cc .N . n
Wi 140000 x 0,0000698 x 150 x 5
Wi 7329 CV
2.5.3 – Exercício
Calcule a potência indicada de um motor sabendo que:
a) pmi = 14 kgf/m2
b) constante do motor Cm = 0,000349
c) velocidade= 150 rpm
Wi Pmi .Cm .N
Wi 140000 x 0,000349 x 150
Wi 7329 CV
39
2.6 Potência efetiva
Por definição a potência efetiva é a que se encontra disponível à saída do eixo
de manivelas do motor. Ela é bastante menor que a potência indicada, por causa das
perdas por atrito somadas à energia necessária ao desenvolvimento dos tempos de
admissão, compressão e descarga, e também à utilizada para o acionamento de certos
componentes do motor, tais como: eixo de cames, válvulas, bombas injetoras, bombas
de óleo e de água do tipo dependentes, etc.
A potência efetiva pode ser determinada, conhecendo-se a indicada e o
rendimento mecânico ou a indicada e a potência de atrito, que estudaremos mais
adiante. Agora nos ocuparemos da obtenção da potência efetiva.
O freio de Prony
É o aparelho de freio mais simples que existe. Entretanto, entendendo o seu
princípio de funcionamento, pode-se compreender, sem dificuldade, a maioria dos
outros tipos de freios.
O aparelho de Prony , mostrado na figura 2.9 consta de duas telhas A e B que,
por meio de sapatas de fibra, ou madeira abraçam o volante ou extremidade do eixo do
motor. A telha superior A é fixada ao braço de alavanca C, em cuja extremidade mais
próxima do eixo do motor instala-se um contrapeso corrediço F1, o qual permite colocar
o aparelho em equilíbrio (conforme se apresenta na figura). Colocando-se o motor em
funcionamento, por exemplo, no sentido indicado pela seta, aperta-se suficientemente a
porca borboleta para permitir a aderência das sapatas A e B ao eixo. Assim, o eixo do
motor tenderá a arrastar o braço da alavanca C, no mesmo sentido de rotação. Esse
movimento fica limitado pelo esbarro superior E. Com o motor funcionando com as
rotações desejadas, vão-se colocando pesos conhecidos no prato D da balança , até
que a alavanca retome a posição de equilíbrio, ou seja: fique entre os dois esbarros E.
40
Sabe-se que o produto de uma força por um braço de alavanca denomina-se par motor
ou torque. Portanto, no Freio de Prony o par motor é o produto da força dos pesos
colocados na balança pelo comprimento L do braço da alavanca.
We
L.F .n
HP
716
We
L.F .n
kW
1000
onde:
L = em m
F = peso em kg
n = em rpm
41
O freio a água (water brake)
O freio a água, também chamado dinamômetro hidráulico, é um dispositivo
destinado à absorção e medição da potência produzida por um motor capaz de acioná-
lo, Para que o aparelho funcione, é necessário o suprimento de um fluxo de água
contínuo para absorver a energia mecânica e trocar o calor gerado no processo. O freio
à água (water brake) é dotado de um rotor aletado que gira no interior de uma carcaça
com estatores também aletados. A água entra na câmara do rotor axialmente, ao
centro. Pela ação centrífuga, a água é acelerada e lançada para a saída, formando um
anel no interior da câmara do rotor, que gira com rotação aproximadamente igual à
metade da velocidade do disco do rotor. Finalmente, a água sai da câmara do rotor
através do bocal situado na parte inferior da carcaça. A energia mecânica fornecida
pelo motor ao freio à água é absorvida e convertida em calor, o qual é gerado com a
passagem da água entre as aletas do rotor e dos estatores. O calço resultante aplica
uma resistência ao movimento de rotação do rotor e tende a girar a carcaça com igual
esforço. Esse esforço é transmitido, por meio de um braço fixado ao estator, a uma
célula de carga instalada a uma distância fixa da linha de centro do freio à água.
A figura 2.10 mostra um freio a água acoplado a um motor diesel, e a figura 2.11
mostra os componentes internos de um tipo de freio a água da Lindolm.
42
2.8 Fórmulas para o cálculo da potência efetiva
Como já mencionamos, a potência efetiva pode ser obtida por meio de um
dinamômetro. Mas além do dinamômetro, pode ser determinada com base na potência
indicada e no rendimento mecânico. Assim, podemos dizer que:
We
m ,
Wi
We Wi x m
Onde :
We potência efetiva;
Wi potência indicada; e
m ren dim ento mecânico
43
Os MCAs de bordo não dispõem de um mecanismo apropriado para a
obtenção dos diagramas cuja área é calculada para obter-se a pmi.
Todavia, conhecendo-se o rendimento do gerador, a potência efetiva
dos MCAs pode ser calculada a partir dos dados obtidos nos
instrumentos de medição existentes no Quadro Elétrico Principal ou
por meio de um medidor eletrônico como o MIP Calculator.
44
componentes do motor e vencer a resistência dos tempos de aspiração, compressão e
descarga.
Wa Wi We
Onde :
Wa potência de atrito
Wi potência indicada
We potência efetiva
2.12.1 Exercício
Calcule a potência de atrito de um MCP que desenvolvendo uma potência de 40500 CV
desenvolve uma potência efetiva de 3950 CV.
Solução:
Wa Wi We
Wa 40500 3950
Wa 36550 CV
45
2.12.2 Exercício
Qual a potência de atrito de um motor que, desenvolvendo uma potência indicada de
26000 HP, apresenta um rendimento mecânico de 90%?
Solução:
We
m We Wi x m
Wi
We 26000 x 0,9
We 23400 CV
Wa Wi We
Wa 26000 23400
Wa 2600 HP.
2.12.3 Exercício
Calcule em CV as potências indicada, efetiva e de atrito de um MCP de 7 cilindros que
opera com os seguintes dados:
a) diâmetro dos cilindros................................................ 650 mm
b) curso do êmbolo.......................................................1800 mm
c) pressão média indicada ...........................................11 kgf/cm2
d) rendimento mecânico.................................................90 %
e) velocidade angular ................................................... 120 rpm
f) número de cilindros................................................... 7
Solução:
Preliminares:
D = 650 mm = 0.65 m
C = 1800 mm =1.8 m
P = 11 kgf/cm2 = 11 x 104 = kgf/m2
46
0.7854 D 2 PCNn
Wi
4500
0.7854 x 0.652 x 11 x 10 4 x 1.8 x 120 x 7
Wi 12264,5 CV
4500
We
m We Wi m
Wi
We 122264,5 x 0.9 11038 CV
Wa Wi We
Wa 12264,5 11038 CV 1226,4 CV .
2.12.4 Exercício
Considere os mesmos dados do problema anterior e calcule as potências em kW.
Solução:
Preliminares:
P = pmi = 11 kgf/cm2 x 0,9807= 10.79 N/m2 = Pa
120 rpm / 60= 2 rps
5
0.7854 x D 2 x PCNn x 10
Wi
1000
0.7854 x 0.652 x 10.79 x 105 x1.8 x 2 x 7
Wi
1000
Wi 9020,8 kW
We Wi . m
We 9020,8 x 0.9
We 8118,7 kW
Wa Wi . We
Wa 9020,8 8118,7
Wa 902,1 kW
47
2.13 Finalidade do calculador MIP
O crescente número de máquinas e sistemas aliado ao reduzido número de
profissionais a bordo dos navios mercantes, vem contribuindo decisivamente para a
instalação de equipamentos eletrônicos de monitoração e controle dos motores. Esses
equipamentos assumem hoje uma importância relevante na manutenção das condições
desejadas de funcionamento dos mesmos., isso porque podem a qualquer instante,
fornecer informações preciosas para o controle das condições de funcionamento da
instalação, permitindo a observação, em tempo hábil, de possíveis desvios do
funcionamento normal da mesma.
Vários são os “softwares” utilizados na monitoração e controle dos motores
marítimos. Mas talvez o mais conhecido na marinha mercante brasileira seja o indicador
de pressão média, mais conhecido pelo nome em inglês de “MIP CALCULATOR”.
O MIP é um sistema de monitoramento dos cilindros do motor, que retrata as
curvas de pressão juntamente com os dados computados relativamente à compressão,
combustão e à injeção. Com o uso dos sensores de pressão pode monitorar até oito
motores, com um total de 56 cilindros.
O nk-5 padrão inclui uma tela colorida CRT para apresentação e um disquete
para armazenamento das curvas e dos dados referentes aos processos de injeção e
combustão do motor diesel.
O nk-5 padrão inclui uma tela colorida CRT para apresentação e um disquete
para armazenamento das curvas e dos dados referentes aos processos de injeção e
combustão do motor Diesel.
48
2.14 Instalação básica do calculador MIP
Como mostra a figura 2.12, os sensores do calculador são instalados nas
válvulas de teste existentes nos cabeçotes do motor, podendo também ser instalados
nos adaptadores das bombas injetoras de combustível.
Figura 2.12 – Arranjo geral da instalação do MIP Calculator Sala de Maquinas e na CCM
Fonte: DPC. Máquinas de Combustão Interna 6, CAD APMQ. RJ 2000
49
o aparelho indicador de diagramas tradicional, o calculador possibilita o reconhecimento
de problemas de avanços e atrasos à injeção, quebra ou desgaste de anéis, etc.
Possibilita também a identificação dos problemas a partir da análise das referidas
curvas e dos valores mostrados na tela, os quais podem ser impressos na impressora
conectada ao aparelho.
2.15 Rendimentos
Os três rendimentos do motor que mais interessam aos operadores são, sem
dúvida, o total, o térmico e o mecânico, definidos a seguir.
50
Rendimento térmico é a relação entre a energia recebida pelos êmbolos e o
potencial energético do combustível.
We
Rendimento total:
Wo
Wi
Rendimento térmico: ti
Wo
We
Rendimento mecânico: m
Wi
2.16.1 Exercício
Determine o rendimento de um motor que, queimando um combustível com um poder
calorífico igual a 10000 Kcal/kg, apresenta um consumo específico de 150 g/CVh.
Solução:
632000
Cesp. Pc
632000
150 x 10000
0,42 42%
51
2.16.2 Exercício
Sabendo que a potência efetiva e a indicada de um MCP são, respectivamente, 23800
e 26000 Hp, determine o seu rendimento mecânico.
Solução:
We
m
Wi
23800
m
26000
m 0,915 91,5% .
52
3 CONSUMO ESPECÍFICO DE COMBUSTÍVEL
m
Cesp
t.W
53
3.2 Diferença entre os consumos específicos indicado e efetivo
Quando o consumo específico se baseia na potência indicada Wi , é
denominado consumo específico indicado.
Quando o consumo específico se baseia na potência efetiva We , denomina-se
consumo específico efetivo. Na prática, sempre que se fala apenas em “consumo
específico de combustível”, subentende-se que se trata do consumo específico efetivo.
54
Na prática, conhecendo-se a densidade do óleo combustível, na temperatura
com que ele passa no oleômetro, e a potência efetiva do motor, o consumo específico
pode ser determinado a partir do volume registrado no referido medidor. Nesse caso, a
fórmula passa a ser:
v.d .1000
Cespe
t.We
onde :
v volume.......... .......... .....em litro
d densidade.......... .......... .Kg / l o mesmo que Kg / dm3
We potência efetiva........CV , KW ou HP
3.4.1 Exercício
Um motor diesel consome por hora 600 kg de combustível quando desenvolveuma potência
efetiva de 3500 CV . Se sua eficiência mecânica é de 85% , quais são os seus consumos específicos
efetivo e indicado?
Solução :
m
Cesp e
t.We
600.1000
Cesp e 171g / CVh
1.3500
We We
nm Wi
Wi nm
3500
Wi 4117,16 CV
0,85
55
m
Cesp i
t.Wi
600.1000
Cespi 145,7 g / CVh
1.4117,6
Obs : O número1000 utilizado na fórmula é para transformar a massa dada em kg para grama.
3.5.1 Exercício
Calcular o consumo específico de óleo combustível de um motor propulsor, que desenvolveuma
potência efetiva de 5500 BHP, apresentaum consumo horário registradono oleômetro de 900 l
de óleo pesado. Sabe se que a densidadedo produto a 20º C éde 0,94 kg / dm3 e a temperatura
com que o mesmo passa no medidor é de 90º C.
56
Solução :
Com base na tabela de densidadesa 20 º C , apresentada no final deste capítulo, observa se que
a densidadedo produto na temperatura de 90º C é de 0,984 kg / dm3 .
V .d .1000
Cespe
t.We
3
d 20 = 0,9840 Kg / dm
Após sua passagem pelo oleômetro, o óleo pesado passa ainda por
outro estágio de aquecimento antes de chegar à admissão das
bombas injetoras, podendo alcançar temperaturas que variam entre
110 e 145 ºC, como pode ser observado no diagrama de
viscosidade-temperatura encontrado no final desta unidade.
57
Mas para não ficarmos apenas com o método mencionado, vejamos uma
maneira de obtenção do consumo específico de um motor de pequeno porte, quando
não se conhece a densidade do combustível.
3600. P
Cespe
t .We
onde :
P peso em gramas
3600 número de segundosem uma hora
t tempo em segundos
We potência efetiva.
58
3.6 Cálculo do consumo específico corrigido pelo poder calorífico do combustível
Como sabemos, o poder calorífico é a quantidade de calor liberada pela queima
de uma unidade de massa de combustível. Lembramos também que há dois tipos de
poder calorífico: o superior e o inferior, e que, ao contrário do superior o inferior não
considera a água da combustão. Sabemos que ainda na fábrica o motor é ensaiado no
dinamômetro em diferentes regimes de carga, sendo que os valores das variáveis são
utilizados na construção das diversas curvas de desempenho do motor. Mas
normalmente utiliza-se no teste um óleo combustível leve enquanto que a bordo opera-
se o motor com óleo pesado. Assim, pode-se fazer no navio a correção do consumo
específico pelo poder calorífico do combustível, conforme demonstrado no seguinte
exercício:
3.6.1Exercício
Calcular o consumo específico corrigido pelo poder calorífico do combustível sabendo que os
dados obtidos a bordo foram os segu int es :
a) consumo horário médio registradono oleômetro.......... .......... .......... .......... .......... ...1160,5 litros
b) potência efetiva média.......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... .......... ....... 6300 BHP
c) temperatura do óleo na entrada do oleômetro.......... .......... .......... .......... .......... .......... 90º C
d ) poder calorífico inf erior especificado de fábrica.......... .......... .......... .... PCA 10200 Kcal / kg
e) poder calorifico inf erior de análise.......... .......... .......... .......... .......... ..... PCE 9920 Kcal / kg
f ) densidadedo oleo combustível a 200 C.......... .......... .......... .......... .......... .......... ...0,8960 kg / dm3
Obs : usar a tabela desta Unidade.
V .d .1000
Cesp
T .We
d 20ºC 0,8960
d 90ºC 0,8506
1160,5 x0,8506x1000
Cesp
1x 6300
59
9920
CE 2 156,9 x
10200
CE2 152,6 g / HPh .
We
Wo
ou,
632
Cespe xPc
onde :
Cespe consumo específico de combustível em g / CVh
3.7.1 Exercício
Qual é a eficiência total de um motor propulsor de dois tempos que queimandoóleo combustível
de 10400 kcal / kg apresentaum consumo específico de 145 g / CVh ?
Solução :
Sabe se que 1 CV 632 kcal
145 g 0,145 kg
632
0,145 x 10400
0,419 42%.
60
Quando o consumo específico é dado em g/HPh, usa-se 642 ao invés
de 632 kcal.
3.7.2 Exercício
Qual é a eficiência total de um motor propulsor de dois tempos que queimandoóleo combustível
de 10400Kcal / Kg apresentaum consumo específico de 147 g / HPh ?
Solução :
Sabe se que 1 HP 642 Kcal
147 g 0,147 Kg
642
0,147 x 10400
0,419 42%
61
DENSIDADES A 20ºC DE 0.8800 A 0.8980
Temp. .8800 .8820 .8840 .8860 .8880 .8900 .8920 .8940 .8960 .8980
°C
15.5 .8830 .8850 .8870 .8890 .8910 .8930 .8949 .8969 .8989 .9010
20.0 .8800 .8820 .8840 .8860 .8880 .8900 .8920 .8940 .8960 .8980
25.0 .8766 .8786 .8806 .8827 .8847 .8867 .8887 .8907 .8927 .8947
30.0 .8734 .8754 .8774 .8793 .8814 .8834 .8854 .8874 .8894 .8914
35.0 .8700 .8720 .8741 .8761 .8780 .8801 .8821 .8841 .8861 .8881
40.0 .8667 .8688 .8707 .8728 .8748 .8768 .8788 .8808 .8828 .8849
45.0 .8634 .8655 .8675 .8695 .8715 .8735 .8756 .8775 .8796 .8816
50.0 .8602 .8621 .8642 .8662 .8683 .8702 .8723 .8743 .8764 .8783
55.0 .8568 .8589 .8609 .8630 .8650 .8670 .8691 .8710 .8731 .8751
60.0 .8536 .8556 .8576 .8597 .8617 .8637 .8658 .8678 .8698 .8719
65.0 .8503 .8524 .8544 .8564 .8584 .8605 .8626 .8646 .8666 .8686
70.0 .8471 .8491 .8511 .8532 .8552 .8572 .8593 .8614 .8634 .8654
75.0 .8438 .8458 .8479 .8499 .8519 .8540 .8560 .8581 .8602 .8622
80.0 .8406 .8426 .8447 .8467 .8487 .8508 .8528 .8549 .8569 .8590
85.0 .8373 .8394 .8414 .8435 .8455 .8475 .8496 .8517 .8538 .8558
90.0 .8341 .8361 .8382 .8403 .8423 .8443 .8464 .8485 .8506 .8526
95.0 .8309 .8329 .8349 .8370 .8391 .8411 .8432 .8453 .8473 .8494
100.0 .8276 .8297 .8317 .8338 .8359 .8380 .8401 .8421 .8442 .8463
105.0 .8244 .8264 .8286 .8306 .8327 .8348 .8369 .8389 .8411 .8431
110.0 .8212 .8232 .8254 .8274 .8296 .8316 .8337 .8358 .8378 .8400
115.0 .8180 .8201 .8221 .8242 .8264 .8284 .8305 .8327 .8347 .8368
120.0 .8148 .8169 .8189 .8210 .8232 .8253 .8274 .8294 .8316 .8337
125.0 .8116 .8137 .8157 .8179 .8200 .8221 .8242 .8263 .8284 .8306
62
DENSIDADES A 20ºC DE 0.9800 A 0.9980
Temp. .9800 .9820 .9840 .9860 .9880 .9900 .9920 .9940 .9960 .9980
°C
15.5 .9829 .9849 .9869 .9889 .9910 .9930 .9950 .9970 .9990 .1.009
20.0 .9800 .9820 .9840 .9860 .9880 .9900 .9920 .9940 .9960 .9980
25.0 .9768 .9787 .9807 .9827 .9847 .9867 .9887 .9907 .9927 .9947
30.0 .9735 .9755 .9775 .9795 .9815 .9835 .9855 .9875 .9895 .9915
35.0 .9703 .9723 .9742 .9762 .9783 .9803 .9823 .9842 .9862 .9883
40.0 .9671 .9690 .9710 .9731 .9750 .9770 .9791 .9811 .9830 .9851
45.0 .9638 .9659 .9679 .9698 .9719 .9739 .9759 .9779 .9799 .9819
50.0 .9607 .9626 .9647 .9667 .9687 .9707 .9727 .9747 .9768 .9787
55.0 .9575 .9595 .9616 .9635 .9656 .9675 .9696 .9715 .9736 .9755
60.0 .9543 .9564 .9584 .9604 .9624 .9644 .9664 .9684 .9705 .9724
65.0 .9512 .9532 .9553 .9573 .9592 .9613 .9633 .9654 .9673 .9693
70.0 .9481 .9501 .9521 .9541 .9562 .9582 .9602 .9622 .9642 .9663
75.0 .9450 .9470 .9491 .9511 .9531 .9551 .9571 .9591 .9611 .9632
80.0 .9420 .9440 .9460 .9480 .9501 .9521 .9541 .9561 .9581 .9610
85.0 .9388 .9408 .9429 .9450 .9470 .9490 .9510 .9530 .9551 .9571
90.0 .9358 .9378 .9399 .9419 .9439 .9459 .9479 .9500 .9521 .9540
95.0 .9328 .9348 .9369 .9389 .9409 .9430 .9450 .9470 .9490 .9510
100.0 .9297 .9318 .9338 .9359 .9379 .9399 .9420 .9440 .9460 .9480
105.0 .9268 .9288 .9309 .9328 .9349 .9369 .9390 .9410 .9431 .9450
110.0 .9237 .9258 .9278 .9299 .9320 .9340 .9360 .9380 .9401 .9421
115.0 .9208 .9229 .9249 .9269 .9290 .9310 .9331 .9351 .9372 .9391
120.0 .9179 .9199 .9219 .9240 .9260 .9281 .9302 .9322 .9342 .9362
125.0 .9149 .9170 .9190 .9211 .9232 .9251 .9272 .9293 .9313 .9333
130.0 .9120 .9140 .9161 .9182 .9202 .9223 .9243 .9264 .9285 .9304
135.0 .9090 .9112 .9132 .9153 .9173 .9194 .9215 .9235 .9256 .9275
140.0 .9062 .9249 .9103 .9124 .9412 .9165 .9186 .9207 .9228 .9246
63
Como vimos, para o cálculo do consumo específico de óleo combustível
utilizamos o oleômetro, o termômetro antes do mesmo, uma tabela de conversão de
64
densidade, e a nota de entrega de óleo combustível que o fornecedor entrega a bordo e
que traz a densidade a 20 ºC (Brasil) ou 15 ºC (exterior). Entretanto, conforme a
viscosidade cinemática do mesmo (dada a 50 ºC em cSt (centistokes), por exemplo,
150, 180, 240, 320, 380 cSt, torna-se necessária a utilização de uma carta como a
mostrada acima para sabermos a que temperatura devemos aquecer o combustível
depois do óleômetro para que tenhamos a viscosidade recomendada antes das bombas
injetoras do motor. Evidentemente, para óleos de diferentes viscosidades, cada um terá
a sua temperatura e a sua viscosidade adequadas. Essa viscosidade é indicada no
viscosímetro instalado no próprio sistema de óleo combustível do motor e de pendendo
do óleo seu valor final situa-se entre 10 e 17 cSt, conforme o combustível utilizado.
Como pode ser visto no diagrama, a temperatura e a viscosidade são determinadas
para motores diesel lentos e rápidos.
3.7.3 Exercício.
Considerando motores de baixa e de média velocidade, para o óleo pesado de
180 mm2 (cSt) a 50 ºC, quais devem ser as temperaturas de aquecimento para que
sejam alcançadas as viscosidades recomendadas, antes das bombas injetoras?
Respostas
De cima para baixo, a linha inclinada do óleo pesado de 180 cSt é a sétima. Nos
pontos de encontro dessa linha com a superior e inferior de cada faixa (vermelha e
amarela) que obtemos as seguintes faixas de temperatura, conforme a velocidade do
motor::
a) para motores lentos de 113 a 123 ºC; e
b) para motores de média e alta velocidade de 122 a 137 ºC.
65
4 POSIÇÃO DO ÊMBOLO NO CILINDRO
66
Para utilizarmos o método acima mencionado precisamos conhecer os valores
dos seguintes itens:
a) raio da manivela que, como sabemos, equivale à metade do curso do êmbolo ou à
distância entre o centro do munhão e o centro do moente do eixo de manivelas
b) distância entre os eixos da biela ou conectora que, como sabemos, é a distância
linear que vai do centro do mancal de bucha, localizado no pé da conectora, ao
centro do mancal bipartido, localizado na cabeça da mesma; e
a) ângulo que a manivela faz com a linha do centro do cilindro correspondente.
Sempre que nos referirmos ao PMS, a projeção deverá ser feita no arco
superior. Da mesma forma, se quisermos saber a distância em relação
ao PMI, teremos que fazer a projeção no arco inferior.
68
Uma vez explicado o método de Müller, faremos agora o seguinte exercício,
utilizando a escala de 1:10.
4.1.1 Exercício
Determinar graficamente, pelo método de Muller, a posição do êmbolo no cilindro em relação
aos seus pontos mortos ( PMS e PMI ) sabendo que :
a) ângulo da manivela.......... .......... .......... .......... .......... .......... ..... 80º
b) distância entre os eixos da biela.......... .......... .......... .......... .... 600 mm
c) raio da manivela.......... .......... .......... .......... .......... .......... ....... 250 mm
69
4.2 Fórmula para a determinação da posição do êmbolo no cilindro
O valor de KA1 é dado pela incógnita L e o valor de BN pode ser det er min ado, pois é o raio
total menos o segmento dado por r. cos (conforme a figura 4.7 e o que reza a trigonometria no
capítulo decomposição do raio no eixo de x.
BN r r cos
x r 1 cos L 1 cos
AN
sen
L
AN L.sen
AN
Sen
r
AN r.sen
Assim,
71
L sen r sen
sen r.sen ou
r
sen sen
L
Substituindo na equação
cos 1 sen2 vem :
2
r
cos 1 sen2
L
72
Colocando se r e L em evidência,
x r 1 cos L 1 cos
2
r
cos 1 sen2
L
Tem se então,
r
2
x r 1 cos L 1 1 sen2 .
L
r
2
x r 1 cos L 1 1 sen
2
L
4.2.1 Exercício
Calcular em milímetros a distância que o êmbolo se encontra do seu PMI , quando a partir do
seu PMS a sua manivela descreve um ângulo de 210º. Sabe se que o curso do êmbolo é de
600 mm e a distância entre os eixos da biela é igual a 600mm.
L 900 mm
C 600
r 300 mm
2 2
r
2
x r 1 cos L 1 1 sen
2
L
300
2
x 300 1 cos 30º 900 1 1 sen 2
30º
900
x 300 1 0,866025403 900 1 0,97222225
x 40,1923791 900 1 0986013298
x 40,1923791 12,5880318
x 27,6 mm.
4.2.2 Exercício
Solucionar o problema anterior sem utilizar a fórmula geral.
73
BC AB
.sen 30º cos 30º
AC AC
BC AC .sen30º AB AC . cos 30º
BC 300x0,5 AB 300x0,866
BC 150 mm AB 259,8 mm
CD 2 BD 2 BC 2 BD AB AD
BD 900 150
2 2 2
AD BD AB
BD 787500 AD 887,4 259,8
BD 887,4 mm AD 627,6 mm
FD AD AC DE FD FE
FD 627,6 300 DE 927,6 900
FD 927,6 mm DE 27,6 mm
74
4.3.1 Exercício
Utilizando a fórmula geral encontre a distância em milímetros que o êmbolo se encontra do seu
PMS , quando amanivela faz um ângulo de 90º com o eixo geométrico do cilindro. Sabe se que
o raio da manivela vale 300 mm e que a distância entre os eixos da biela é de 900mm.
r
2
x r 1 cos L 1 1 sen2
L
300
2
x 300 1 cos 90º 9001 1 sen 90º
900
x 300 900 1 0.942809
x 351,5 mm
4.3.2 Exercício
Re solver o mesmo problema sem usar a fórmula geral :
AB 300 mm
BC 900 mm
900
AD AB BC
AD 300 900
AD 1200 mm
BC 2 AB 2 AC 2
AC 2 BC 2 AB 2
AC 2 9002 3002
AC 81000 90000
AC 848,5 mm
CD AD AC
CD 1200 848,5
CD 351,5 mm (em relação ao PMS )
75
O êmbolo percorreu 51,5 mm a mais da metade do seu curso, que no
caso é de 600 mm, pois o curso do êmbolo é igual a duas vezes o raio
da manivela.
Mas isso não ocorre no caso do mecanismo da biela infinita que é utilizada no
mecanismo de certas máquinas-ferramentas. E para a comprovação do que acabamos
de mencionar, deduziremos agora a fórmula geral aplicável à biela infinita, mostrada na
figura 4.10.
x BA1
x BC A1C
x r 1 cos
76
Esta expressão difere da obtida para a biela finita, ou seja, não tem a terminação
L 1 cos , cujo valor seria igual a zero.
Com efeito, para uma biela paralela ao eixo, o ângulo 0 e cos 1,
sendo, portanto,
L 1 cos 0
4.3.3 Exercício
Calcular a distância percorrida pela haste de uma máquina ferramenta quando a manivela
L
correspondente gira 90º a partir do seu PMS . Sabe se que a relação e o raio da
r
manivela é igual a 300 mm.
Solução :
x r 1 cos
x 300 1 cos 90º
x 300 1 0
x 300 mm.
4.4.1 Exercício
Calcular em milímetros a distância que o êmbolo se encontra no cilindro em relação ao seu PMS
no início da injeção de combustível , sabendo que :
a) raio da manivela.......... .......... .......... .......... 600 mm
b) distância entre oseixos da conectora...... 1400 mm
c) ângulo de avanço à injeção.......... .......... ..... 14º
77
Solução :
r
2
x r 1 cos L 1 1 sen
2
L
600
2
x 600 1 cos14º 1400 1 1 sen 2
14º
1400
x 600 1 0.9702957 1400 1 1 0.1836734 x 0.0585262
x 17,82258 1400 x 1 0.9946106
x 17,82258 7,54516
x 25,368 mm
78
No início da injeção, a marca que aparece na capa do seguidor da bomba
(peça interna móvel, em amarelo) deverá estar em coincidência com as marcas feitas
nas bordas da janela de sincronização, como mostrado na figura 4.11 B. Portanto, se a
marca do avanço à injeção estiver gravada no volante, basta você girá-lo e buscar o
ângulo correspondente à posição do início da injeção, Feito isto, verifique se houve ou
não a coincidência da marca da capa do seguidor da bomba com as marcas existentes
nas bordas da janela de inspeção. Se não houver, você pode retirar a bomba do motor
para ter acesso ao parafuso de regulagem, folgar sua porca e enroscá-lo ou
desenroscá-lo um pouco, até que se atinja a condição adequada, que é a mostrada na
figura 4.11 B. Não esqueça que quando se encontra o ponto certo, deve-se travar o
parafuso por meio da porca de fixação, antes de reinstalar a bomba em definitivo.
Uma outra maneira de ajustar o ponto é retirar ou colocar calços entre a face
inferior da carcaça da bomba e a plataforma do motor sobre a qual ela é montada.
Nos exemplos acima, consideramos que havia no volante a marca do início da
injeção. Se não houver essa marca, entretanto, pode-se procurar no manual o ângulo
de avanço e marcá-lo no volante da seguinte maneira:
a) aplica-se a fórmula para saber a quantos milímetros corresponde cada grau na
periferia do volante. Supondo um volante com 800 mm de diâmetro e um ângulo de
avanço à injeção de 15º, a quantidade de milímetros =x, temos:
.D . 800
x 6,981317 mm
360º 360
b) com esse valor basta medir em uma fita esse comprimento e a partir do PMS marcar
o avanço à injeção no volante e fazer a calagem da bomba da forma como foi
descrita anteriormente. A marca, entretanto, deve ser feita antes do PMS, se
considerarmos o sentido de rotação real do motor, como mostra a figura 4.12.
79
Figura 4.12 – Marca do uinício da injeção no volante de um motor
O último método, e talvez o mais preciso, é o que utiliza o valor encontrado para
a posição do êmbolo no interior do cilindro em função do ângulo da manivela, da
distância entre os eixos da conectora e do raio da manivela. Vejamos um exercício de
aplicação do mesmo.
4.4.1 Exercício
Deseja se fazer a calagem de uma bomba injetora BOSCH em um certo motor. No manual do
fabricante do mesmo encontramos os segu int es dados : curso do êmbolo 1000 mm, distância
entre os eixos da conectora ou biela 1500 mm e ângulo de avanço à injeção do combustível
20º .Pede se calcular a posição do êmbolo no cilindro no início da injeção e descrever como
deve ser feita a calagem, admitindo que o volante não possui a marca do avanço à injeção.
r 500mm
L 1500mm
20º
r
2
x r 1 cos L 1 1 sen2
L
500
2
x 500 1 cos 20º 1500 1 1 sen2 20º
1500
80
x 500 1 0,94 1500 1 1 0,111 0,117
x 500 0,06 1500 1 0,993
x 30 9,75
x 39,8 mm
Vimos que ”x” é a distância que o êmbolo se encontra do seu PMS no instante
em que a injeção deve começar. Logo, teremos agora que proceder da seguinte
maneira:
1) retira-se o cabeçote do motor;
2) coloca-se o êmbolo no seu ponto morto superior;
3) mede-se a distância entre a face superior do êmbolo e a face superior da
camisa;digamos que essa distancia vertical tenha sido 3,2 mm;
4) adiciona-se a esse valor o encontrado para a distância “x”, (que no caso foi de 39,8
mm), ou seja, 39,8 + 3,2 = 43 mm;
5) coloca-se essa medida em um calibre de profundidade e vai-se girando o eixo de
manivelas bem devagar, no sentido contrário ao de rotação do motor, até que se
encontre a posição desejada (43 mm) com o calibre situado sobre as bordas da
camisa. Feito isto, estaremos em condições de fazer a calagem da bomba, e
6) supondo-se que a bomba injetora é a BOSCH, já mencionada, depois de instalada a
marca do seu elemento móvel deverá apresentar-se conforme ilustra a figura 4.13 A;
caso isso não ocorra, estaremos com o motor avançado (figura 4.13 B) ou atrasado,
(figura 4.13 C).
Figura 4.13 – Janela de sincronização de uma bomba Bosch em três situações distintas
81
Quando o motor encontra-se avançado, devemos retirar calço (s) entre a
peça impulsora e o tucho, ou enroscar o parafuso de ajuste; quando o
motor encontra-se atrasado, devemos adicionar calços ou desenroscar
um pouco mais o parafuso de ajuste.
82
5 ESFORÇOS SOBRE OS ELEMENTOS MÓVEIS
83
Fn
Como tg a força normal à sup erfície de apoio no cilindro é :
Fp
Fn Fp . tb ;
Fp
e como cos e Fp Fb . cos , a força axial à biela é :
Fb
Fp
Fb ;
cos
Se sen
Ft
, então a força tan gencial no pino da manivela é :
Fb
Ft Fb . sen .
cos .
Fp
Fr
cos
O torque ou momento de torção pode ser dado por :
Mt Ft . r
Mas, se Ft Fb . sen , a equação do torque também pode ser :
Mt Fb . r . sen .
Note se que quando
0;
0 log o,
Ft 0 ;
Fr Fp ; e
Fb Fp.
84
A decomposição das forças em cada quadrante é mostrada graficamente na
figura 5.2.
; Ft Fb . sen ; Fr Fb . cos .
Fp
Fb
cos
Quadrante II
; Ft Fb . sen ; Fr Fb . cos .
Fp
Fb
cos
Quadrante III
; Ft Fb . sen ; Fr Fb . cos .
Fp
Fb
cos
Quadrante IV
; Ft Fb . sen ; Fr Fb . cos .
Fp
Fb
cos
85
5.1.1 Exercício
Calcule os esforços Fn, Fb, Ft , Fr e o par motor Mt , sabendo que :
a) ângulo da manivela a partir do PMS .......... .......... .......... ....... 45º
b) distância entre os eixos da biela.......... .......... .......... ........ 820 mm
c) força que atua sobre o êmbolo.......... .......... .......... ......... 60000 N
d ) raio da manivela.......... .......... .......... .......... .......... .......... .310 mm
Solução :
Cálculo do ângulo :
sen
sen r .
L
sen 45º
sen 0,31 x
0,82
sen 0,26732
arc sen 15º 30' 17".
Cálculo da força Fn
Fn Fp . tg
Fn 60000 x tg 15º 30' 17"
Fn 60000 x 0,2774166
Fn 16645 N 16,7 kN .
86
Cálculo da força Fb
Fp
Fb
cos
6000
Fb
cos 15º 30' 17"
6000
Fb
0,9636
Fb 62266 N 62,3 kN .
Cálculo da força Ft
Ft Fb . sen
Ft 62266 . sen 45º 15º 30' 17"
Ft 62266 x 60º 30' 17"
Ft 54196 N 54,2 kN .
Cálculo da força Fr
Fr FB . cos
Fr 62266 x cos 60º 30' 17"
Fr 62266 x 0,4923
Fr 30656 N 30,6 kN .
87
6 CURVA DO HÉLICE
88
Definidos os percentuais de potência, precisamos determinar os valores de RPM
aos quais submeteremos o motor ao dinamômetro, para que as potências acima
possam ser obtidas; para tal empregamos a fórmula:
3
Ne1 n1
Ne 2 n2
Ne1
n2 n1 3
Ne 2
14663
n110% 145 3 149,6 rpm
13330
13330
n100 % 145 3 145, rpm
13330
9997
n75% 145 3 131,7 rpm
13330
6665
n50% 145 3 115,1 rpm
13330
3332,5
n25% 145 3 91,3 rpm
13330
145 100%
149,6 x
x 103,2 %
145 100%
145 x
x 100%
145 100%
131,7 x
x 90,8%
89
145 100%
115,1 x
x 79,3%
145 100
91.3 x
x 62,9%
Com esses dados podemos finalmente traçar a curva do hélice conforme a figura
6.1.
p – para curva do hélice através do ponto MCR (curva de carga para a bancada de teste);
t – limite para o campo B;
A – campo ótimo para serviço contínuo;
B – campo no qual o motor só poderá funcionar durante um tempo limitado; e
MCR – potência máxima contínua (potência e rotação nominais a 100%.).
91
carga apresenta-se em posição praticamente correspondente à mesma pressão média
efetiva verificada no teste de fábrica (shop trial).
Atentando para a figura podemos notar esses relacionamentos. É evidente que a
posição do indicador de carga só deve ser tomada como exemplo. Na realidade, as
correlações entre a posição do mesmo e a pressão média efetiva válida para o motor
devem ser obtidas do seu respectivo registro de prova. No diagrama em estudo, a curva
(p) corresponde à curva do hélice através do ponto de potência nominal, ou seja, 100%
de potência e 100% de rotação (MCR). Quando o motor é destinado a acionar um navio
com hélice de passo fixo, ele é testado na fábrica de acordo com essa curva.
Entretanto, durante a prova de mar (shop sea) do estaleiro, com o navio novo,
completamente carregado, casco limpo e liso, a hélice deve, na rotação nominal,
absorver uma potência menor do que a potência nominal. Assim a curva do hélice
obtida é mais baixa ficando, portanto, uma reserva suficiente para o inevitável aumento
de consumo de potência.
O aumento de incrustações no casco, alterações de correnteza, aspereza, avaria
no hélice, águas rasas, etc., aumentam consideravelmente a resistência do casco, o
que faz com que o hélice absorva um torque muito mais elevado para manter as
rotações fixadas do que aquele absorvido durante a prova de mar. Assim, a pressão
média efetiva do motor e consequentemente a posição do indicador de carga se
elevam. Dessa maneira, o novo ponto de serviço situa-se à esquerda da curva do hélice
fixada anteriormente durante a prova de mar. Para reduzir a resistência adicional do
casco, só mesmo limpeza e pintura periódicas. Não obstante, as condições de navio
novo não serão mais alcançadas.
A carga térmica do motor depende fundamentalmente da pressão média efetiva.
Quando mais distante se situar a esquerda da curva (p) pior será o fornecimento de ar
para o motor e as condições de serviço serão mais desfavoráveis. A curva (t) indica a
rotação mais baixa com a qual se poderá viajar à determinada pressão média. No
diagrama, o ponto de serviço contínuo deverá situar-se no campo (A), ao passo que no
campo (B) só se poderá trabalhar por um período de tempo reduzido, durante o qual
dever-se-á proceder uma séria manutenção no sentido de melhorar a entrada de ar no
motor. Em caso de necessidade, as rotações poderão ser reduzidas até que os
92
resultados de serviço possam situar-se na faixa dos valores permissíveis. Reduzindo-se
as rotações, diminui-se um pouco a carga do motor, de maneira tal que o ponto de
serviço continua no campo B, uma vez que ele se movimenta ao longo da curva do
hélice, ou seja, semelhante a (p).
Figura 6.3 – Determinação da potência com base no índice médio das bombas injetoras
93
Com base na curva do hélice de um motor MAN mostrada na figura 6.3,
determinar a potência efetiva do motor com 97% da rotação nominal e com um índice
médio de admissão das bombas de 65,8.
Marca-se o percentual da rotação do motor (97% de 145 = 140,65 rpm) e a
admissão média das bombas injetoras. Do ponto de interseção, na curva do hélice,
traça-se uma linha horizontal para a esquerda obtendo-se na escala do percentual da
potência efetiva: (89% de 13330 = 11863,7 CV).
Relativamente ao consumo de combustível, vimos na unidade 3 que de posse do
valor da potência efetiva, do volume registrado no oleômetro, e da densidade do
combustível na temperatura com que o mesmo passa no referido medidor num
determinado tempo, pode-se obter facilmente o consumo específico e, a partir do
mesmo, os consumos horário, diáriol, etc.
94
7 CARTA PSICROMÉTRICA
96
25º C, para as mesmas condições de umidade relativa e de carga do exemplo anterior,
a quantidade de água condensada cairia para cerca de 4 TON/24h. Esses exemplos
evidenciam a necessidade que esses motores têm de possuir um adequado sistema de
drenagem que viabilize uma ótima condução.
A carta mostrada na figura 7.2, extraída do manual do motor Sulzer RL, nos
permite determinar a temperatura abaixo da qual ocorre a condensação. Nela são
usadas as seguintes notações para a determinação da temperatura do ar de lavagem e
da quantidade de água por quilograma de ar:
a) umidade relativa do ar ( );
b) temperatura ambiente (ºC);
c) pressão barométrica (Pbaro);
d) pressão do ar de lavagem (Psp);
e) temperatura do ar de lavagem; e
f) teor de água presente no ar (kg de água / kg de ar).
97
Figura 7.2 – Fonte: Manual SULZER
98
7.2 Sistema de dreno automático para caixão de ar de lavagem do MCP
A figura 7.3 mostra um sistema de dreno instalado no motor 6L6 OMC, no qual a
99
está sendo corretamente operado onde há condensação. Por outro lado, um fluxo só de
água indica um mau funcionamento do sistema.
Um dispositivo de alarme é utilizado para denunciar um possível nível alto de
água na carcaça do resfriador. Em condições ambientes secas, é normal um fluxo só de
ar no visor. Quando o navio navega em regiões tropicais com elevada umidade, muitas
vezes torna-se necessário abrir um pouco as válvulas de descarga para permitir uma
drenagem satisfatória para aquelas condições climáticas.
100
8 AVALIAÇÃO DA ESTANQUEIDADE DOS CILINDROS DO MOTOR
8.1.1 Exercício
Os valores abaixo foram obtidos das curvas mod elo de um motor de propulsãode 2 tempos,
cuja taxa de compressão é de 1 : 15. Pede se det er min ar o exp oente da compressão n1 .
102
Parte i
Pcomp abs 90,0 1,0 91 kgf / cm 2
Par lavabs 1.37 1.0 2.37
Solução :
n
P2 V1
P1 V2
P2
Tc n
P1
n1
log P2 log P1
log Tc
n1
log 91 log 2,37
log 15
n1
1,9590414 0,3747483
1,170913
n1 1,347
PARTE II
Admita como de serviço os valores abaixo, e encontre o exp oente da compressão politrópica n2 .
Pr essãodecompressão 77 kgf / cm 2
Pr essãodoardelavagem 1.12 kgf / cm 2
Pr essãobarométrica 1,033 kgf / cm 2
n2
log P2 log P1
log Tc
n2
log 78,033 log 2,153
log 15
n2
1,8922783 0,333044
1,1760913
n 2 1,325
103
A diferença entre os expoentes n1 e n2 pode sugerir problemas mecânicos.
mmHg x 13,6
Pr essão em kgf / cm 2
104
8.2.1 Exercício
Considerando os mesmos valores de pressão do banco de prova e de serviço utilizados
no exercício anterior, avalie as condições de es tan queidadedo motor, sem utilizar a sua taxa de
compressão.
Solução:
Pcompabs 91
38,4 kgf / cm 2
Parlavabs 2,37
Com este valor avalia se a leitura dos dados obtidos em serviço nas mesmas condições do
banco de provas.
104
A diferença entre a pressão prevista de 81,7 kgf/cm2 para a de 77
kgf/cm2, obtida em serviço por meio do indicador mecânico, pode ser
devida a problemas mecânicos.
105
Figura 8.1 – Curvas obtidas no teste de fábrica de um motor Sulzer 6KLB 90
106
9 ALINHAMENTO DO EIXO DE MANIVELAS
107
Mesmo que não haja suspeita de desalinhamento, a deflexão do eixo deve ser
verificada pelo menos uma vez ao ano, observando-se sempre as condições de
temperatura e carga mais próximas das observadas por ocasião das medições
anteriores.
Sempre que um desgaste irregular ocorre ao longo da linha dos mancais fixos do
eixo de manivelas, surgem mudanças na deflexão medida entre os braços de
manivelas. Qualquer alteração que ocorra a partir da deflexão natural pode ser
relacionada ao desalinhamento dos mancais principais, pois a mudança da deflexão é
proporcional às diferenças de alturas dos mancais principais. Tomam-se medidas de
deflexão para que se possa verificar, com rapidez, se os mesmos encontram-se dentro
dos valores aceitáveis, prescritos pelo fabricante do motor, ou se tais exigem um
realinhamento imediato do eixo.
Erros podem surgir em motores com eixos de manivelas rígidos e volantes ou
engrenagens relativamente leves. Em tais motores é possível para o eixo de manivelas
suportar o peso das engrenagens sem estar propriamente assentado em seus mancais
principais. As leituras das deflexões podem até parecer satisfatórias, mas assim que o
motor é colocado em operação, a pressão do gás no cilindro força o munhão a
assentar-se na parte baixa do mancal ou fazer ponte sobre ele. As flexões do eixo de
manivelas que então ocorrem causam um elevado estresse, o qual levará à falha
precoce. A localização da falha dependerá das proporções das várias partes do eixo de
manivelas e dos efeitos dos esforços levantados localizados.
Figura 9.2 – Fechamento dos braços Figura 9.3 – Abertura dos braços
110
Figura 9.4 – Manivela no PMI
b) gira-se o eixo por 90º (figura 9.5) e toma-se a leitura do flexímetro no ponto B;
c) gira-se o eixo por mais 90º (figura 9.6) e toma-se a leitura do flexímetro no ponto C;
111
d) finalmente, gira-se o eixo por mais 90º e toma-se a última leitura no ponto D, como
indica a figura 9.7.
112
Figura 9.12 – Instalação de um flexímetro mecânico
Figura 9.13 – Posição inicial do flexímetro Figura 9.14 – Posições das diversas medições
113
De posse de todas as leituras deve-se levar em consideração que a média
aritmética das leituras referentes às posições “X” e “Y” é igual a “B” e corresponde à
posição da manivela no seu PMI. Portanto, B = ½(X + Y). Obviamente, essas medidas
são tomadas em cada uma das seções do eixo de manivelas.
1 2 3 4 5 6 7
PRÓXIMO DO PMI (BOMBORDO) X 0 0 0 0 0 0 0
BOMBORDO P 5 1 6 -8 -3 3 1
PONTO MORTO SUPERIOR (TOPO) T 11 2 12 -15 -11 4 4
BORESTE S 5 2 5 -6 -7 3 5
PRÓXIMO DO PMI (BORESTE) Y 0 1 -1 2 0 -2 -0
PMI ½ (X+Y) = B 0 1 -1 1 0 -1 0
114
fabricante para cada tipo de motor, para que se avalie a necessidade ou não de
realinhamento do eixo de manivelas.
115
Figura 9.15 – Curva da flexão vertical do eixo de manivelas
116
TIPO Valores normais para novos ou Realinhamento recomendado Valor máximo permitido
recentemente revisados
1 2 1 2
K45GF CA 0.08 0.16 0.21 0.24 0.32
K67GF CA 0.12 0.24 0.31 0.35 0.47
K80GF CA 0.14 0.28 0.38 0.43 0.57
K50GF CA 0.15 0.30 0.42 0.48 0.64
117
estimativa do total do desgaste que ocorreu no munhão do eixo de manivelas. O valor
real do desgaste máximo será ligeiramente superior a esta.
Em motores velhos, particularmente quando dificuldades surgem com a
manutenção da pressão de lubrificação, os valores podem ser usados quando
ajustando-se mancais principais. Os valores podem também ser usados em casos
extremos quando fazendo alinhamento do eixo de manivelas utilizando um método ótico
ou o da corda de piano tracionada.
118
10 OPERAÇÕES DE MOTORES DIESEL
122
ampolas, pressões e temperaturas do óleo lubrificante, água de resfriamento, óleo
combustível, óleo ou água de resfriamento dos êmbolos, etc.
Com o navio em regime de viagem, devem-se obter os valores de pressão,
temperatura, nível, rpm, etc. a intervalos regulares. Nos navios modernos, um
computador faz automaticamente uma varredura das variáveis do motor a intervalos
regulares. Atenção especial deve ser dada ao nível e à qualidade do óleo lubrificante no
poceto, do óleo combustível no tanque de serviço, da água de resfriamento no tanque
de expansão, e do sistema de resfriamento dos êmbolos (se for por água). Os
lubrificadores mecânicos também devem merecer uma atenção especial, pois uma
pequena fuga de óleo ou a presença de ar podem impedir que o lubrificante chegue a
um determinado ponto da camisa do cilindro. Ruídos anormais no motor devem ser
levados muito a sério, pois podem representar sintomas de problemas graves.
123
g) desfazer a manobra do óleo de lubrificação do turboalimentador, caso o seu sistema
seja do tipo de gravidade;
h) caso o navio esteja em região de clima frio, se a temperatura ambiente se aproximar
de 2 oC, toda a água das jaquetas do motor deverá ser drenada, bem como a da
carcaça do turbocompressor. Evidentemente essa operação será realizada se o sistema
de aquecimento não for capaz de eliminar os riscos de congelamento; e
i) fazer o restante das manobras de regime de porto.
124
11 DEFEITOS, CAUSAS E SOLUÇÕES
A seguir, apresentamos uma lista dos defeitos mais comuns que ocorrem
nos motores diesel em geral e suas possíveis causas, independentemente do fato de
serem de pequeno, médio ou grande porte, novos, usados ou revisados.
132
a) má combustão devida a: combustível com número de cetano muito baixo, orifícios
das válvulas de injeção parcialmente obstruídos, falta de estanqueidade na válvula de
injeção devida à má vedação da válvula de agulha;
b) câmara de combustão com resíduos carbonosos devido a: filtro de ar obstruído,
impurezas no combustível, má pulverização, carbonização do óleo de lubrificação,
formação de gotas nos orifícios do pulverizador;
c) motor em sobrecarga devido a: regulador atuando inadequadamente ou avanço
exagerado do ponto de injeção; e
d) êmbolos demasiadamente quentes devido a deficiências no resfriamento.
133
Elevada temperatura do óleo lubrificante.
Causas:
a) baixo nível de óleo no cárter ou poceto;
b) desgastes na bomba de lubrificação;
c) má regulagem na válvula reguladora de pressão;
d) filtros sujos;
e) resfriador de óleo sujo;
f) baixa pressão da água de resfriamento devido à presença de ar;
g) válvula termostática de óleo presa ou mal regulada;
h) elevada temperatura da água doce de resfriamento;
i) motor em sobrecarga; e
j) desgastes nos mancais de sustentação.
Contaminações.
Causas:
a) água no óleo lubrificante devida a: cilindros apresentando rachadura, cabeçotes
rachados, fugas de água pelas juntas;
b) combustível no óleo lubrificante devido a: camisas de cilindros gastas, êmbolos
gastos, anéis de segmento gastos ou presos, falta de estanqueidade nas válvulas de
injeção;
c) partículas metálicas no óleo lubrificante devidas a: engrenagens com engrenamento
deficiente, dentes de engrenagens partidos, desagrega mento de metais dos mancais,
aros de êmbolo partidos ou produzindo limalha;
d) água no combustível devida a: serpentina de vapor de aquecimento do tanque de
serviço furada ou centrifugação deficiente; e
e) água de resfriamento contendo óleo ou graxa devida a: fugas no resfriador de óleo
lubrificante.
140
“Tentamos fazer o melhor, mas o nosso melhor sempre foi o inatingível”
OSM Gelmirez Ribeiro Rodrigues
141
REFERÊNCIAS
DPC. Máquinas de Combustão Interna. APMQ - Módulo 6, Rio de Janeiro. Rj, 2001.
http://www.leutert.com/doc/maritime/dowloads.s0z1pdf.Acesso 25/11/2009.
142
RODRIGUES, Gelmirez Ribeiro, OSM - Experiências Profissionais.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 20ª .ed. São Paulo:
Cortez. 1996
UNITEST. Marine Training Software. Virtual Engine Room 4 - 1998-2006, Stefan Kluj.
143