Livro Texto - Unidade I
Livro Texto - Unidade I
Livro Texto - Unidade I
à Saúde da Mulher
Autora: Profa Jaqueline de Oliveira Santos
Colaboradoras: Profa. Renata Guzzo
Profa. Raquel Machado Coutinho
Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Professora conteudista: Jaqueline de Oliveira Santos
Doutora em Ciências pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), mestre em Enfermagem
pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), especialista em Enfermagem
Obstétrica pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e enfermeira pela Escola de
Enfermagem da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Possui experiência na área de Saúde da Mulher. É
professora titular da Universidade Paulista (UNIP).
CDU 618
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
2
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Lucas Ricardi
Kleber Nascimento de Souza
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Sumário
Políticas de Atenção à Saúde da Mulher
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 CÂNCER DO COLO DO ÚTERO........................................................................................................................9
1.1 Controle do câncer do colo do útero...............................................................................................9
1.1.1 Aspectos conceituais e epidemiológicos...........................................................................................9
1.1.2 Infecção pelo HPV......................................................................................................................................9
1.1.3 Prevenção primária..................................................................................................................................11
1.1.4 Prevenção secundária.............................................................................................................................11
1.1.5 Atuação do enfermeiro......................................................................................................................... 13
2 CÂNCER DA MAMA......................................................................................................................................... 22
2.1 Controle do câncer da mama........................................................................................................... 22
2.1.1 Aspectos conceituais e epidemiológicos........................................................................................ 22
2.1.2 Fatores de risco......................................................................................................................................... 24
2.1.3 Quadro clínico........................................................................................................................................... 26
2.1.4 Prevenção primária................................................................................................................................. 27
2.1.5 Prevenção secundária e detecção precoce.................................................................................... 28
2.1.6 Tratamento................................................................................................................................................. 34
2.1.7 Linhas de cuidado.................................................................................................................................... 34
3 ABORTAMENTO................................................................................................................................................. 35
3.1 Aspectos conceituais........................................................................................................................... 35
3.2 Atuação do enfermeiro....................................................................................................................... 37
3.3 Abortamento inseguro........................................................................................................................ 37
3.4 Aspectos legais e éticos...................................................................................................................... 38
4 HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE ABORTAMENTO......... 39
Unidade II
5 INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS....................................................................................... 45
5.1 Aspectos gerais....................................................................................................................................... 45
5.2 Características das principais IST.................................................................................................... 45
5.3 Aspectos epidiomólogicos................................................................................................................. 46
5.4 Estratégias de atenção à saúde....................................................................................................... 47
5.5 Atuação do enfermeiro....................................................................................................................... 49
5.6 Prevenção das IST.................................................................................................................................. 49
5.7 Manejo das IST....................................................................................................................................... 52
5
5.8 Corrimento vaginal............................................................................................................................... 53
5.8.1 Candidíase vulvovaginal....................................................................................................................... 54
5.8.2 Vaginose bacteriana............................................................................................................................... 55
5.8.3 Tricomoníase.............................................................................................................................................. 56
5.8.4 Manejo do corrimento vaginal........................................................................................................... 57
5.9 Corrimento uretral................................................................................................................................ 59
5.9.1 Uretrite gonocócica................................................................................................................................ 60
5.9.2 Uretrite não gonocócica....................................................................................................................... 61
5.9.3 Manejo do corrimento uretral............................................................................................................ 61
5.10 Úlceras genitais.................................................................................................................................... 63
5.10.1 Sífilis........................................................................................................................................................... 64
5.10.2 Herpes genital......................................................................................................................................... 68
5.11 Doença inflamatória pélvica........................................................................................................... 70
5.12 Papilomavírus humano.................................................................................................................... 74
6 SAÚDE DA MULHER NO BRASIL................................................................................................................. 78
6.1 Análise da situação da saúde da mulher no Brasil.................................................................. 78
6.2 Mortalidade feminina no Brasil....................................................................................................... 80
6.3 Mortalidade materna no Brasil........................................................................................................ 82
Unidade III
7 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER................................................................................................................. 91
7.1 Violência de gênero.............................................................................................................................. 91
7.1.1 Aspectos conceituais.............................................................................................................................. 91
7.2 Violência contra a mulher no Brasil.............................................................................................. 94
7.2.1 Aspectos sociais e políticos.................................................................................................................. 94
7.2.2 Características da violência contra a mulher no Brasil............................................................ 96
7.3 Atenção à vítima de violência doméstica e sexual.................................................................. 98
8 SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA.............................................................................................................100
8.1 Direitos e saúde sexual e reprodutiva.........................................................................................100
8.2 Direitos e saúde sexual e reprodutiva no Brasil......................................................................104
8.2.1 Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM)..........................................105
8.2.2 Constituição Federal de 1988...........................................................................................................105
8.2.3 Lei nº 9.263, de 1996, que regulamenta o planejamento familiar....................................105
8.2.4 Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM)..............................106
8.2.5 Política Nacional dos Direitos Sexuais e dos Direitos Reprodutivos.................................106
8.2.6 Política Nacional de Planejamento Familiar...............................................................................107
8.3 Políticas de atenção à saúde da mulher no Brasil.................................................................107
8.3.1 Evolução das políticas públicas de saúde da mulher no Brasil –
um breve histórico............................................................................................................................................107
8.4 Humanização da assistência...........................................................................................................110
8.4.1 Aspectos teóricos................................................................................................................................... 110
8.4.2 Marcos políticos..................................................................................................................................... 110
8.5 Humanização da assistência no parto e nascimento...........................................................114
8.5.1 Humanização do parto e nascimento...........................................................................................114
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APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Trata‑se de um trabalho pedagógico inédito, que deve ser utilizado como apoio para o
desenvolvimento das habilidades e das competências técnico‑científicas relativas ao egresso da
graduação em Enfermagem.
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, as mulheres representam a maioria da população brasileira (51,5%). Também
constituem a maior clientela do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, possuem maior expectativa
de vida quando comparadas aos homens, ocupam cada vez mais espaço no mercado de trabalho e são
responsáveis pelo sustento de aproximadamente 37% das famílias no Brasil (BRASIL, [s.d.]c).
Em função das peculiaridades da anatomia e da fisiologia do organismo das mulheres, elas estão
sujeitas a doenças específicas, como o câncer do colo do útero. Ademais, também estão vulneráveis ao
desenvolvimento de doenças e complicações relacionadas às desigualdades de gênero presentes em
nossa sociedade. É importante destacar, ainda, que o processo de gestação, parto e puerpério, assim
como a produção láctea no aleitamento materno, acontecem especificamente no organismo da mulher,
integrando o seu ciclo vital.
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Nesse sentido, o profissional de Enfermagem deve estar preparado e capacitado para assistir à mulher
considerando os diferentes aspectos do seu ciclo vital, como a idade, a sexualidade, a reprodução, a
participação na força de trabalho, a responsabilidade social e as questões relacionadas ao gênero.
Para que a assistência de enfermagem na saúde da mulher e materna seja realizada de modo a
garantir a qualidade da atenção e considerando os preceitos da humanização, é necessário que o
enfermeiro aprofunde seus conhecimentos acerca da atenção à saúde da mulher e se qualifique na área,
por meio dos estudos e do desenvolvimento de pesquisas científicas que enfoquem a saúde da mulher.
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POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Unidade I
1 CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
O câncer do colo do útero ou cervical é definido pelo Ministério da Saúde do Brasil como a replicação
desordenada do epitélio de revestimento do referido órgão, comprometendo o tecido subjacente
(estroma), que pode invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância (BRASIL, 2013a).
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca) do Brasil, o câncer cervical é o terceiro tumor
mais frequente nas mulheres brasileiras e a quarta causa de morte na população feminina por câncer
no país. Estimava‑se para o ano de 2016 a ocorrência de 16.340 casos novos desse câncer e 5.430 óbitos
em função dessa afecção (BRASIL, [s.d.]a).
Uma das mais importantes descobertas na investigação etiológica do câncer cervical dos últimos 30
anos foi a demonstração da relação entre o papilomavírus humano (HPV) e esse tipo de câncer. Segundo
a evidência científica, a infecção persistente pelos tipos carcinogênicos de HPV é a causa da maioria dos
cânceres do colo do útero (BRASIL, [s.d.]a; 2013a; OPAS, 2016).
A infecção genital pelo HPV é muito frequente. Acredita‑se que em torno de 80% das mulheres
sexualmente ativas irão adquirir o vírus ao longo de suas vidas. No entanto, na maioria das vezes, a
presença do HPV no corpo humano não desencadeia a doença, apenas alguns casos evoluem para
o câncer. Cerca de 100 tipos de HPV já foram identificados e tiveram seu genoma mapeado. Destes,
40 tipos podem infectar o trato genital inferior e entre 12 e 18 são considerados oncogênicos ou
carcinogênicos (BRASIL, [s.d.]a; 2013a).
A causa primária das lesões precursoras e do câncer cervical é a infecção assintomática, persistente
ou crônica por um ou mais dos tipos de HPV de alto risco. A maioria dos mais de 100 tipos de HPV
9
Unidade I
não está associada ao câncer do colo do útero. Cerca de 70% dos casos de câncer cervical notificados
no mundo são causados por apenas dois tipos de HPV: 16 e 18. Outros quatro tipos de HPV de alto
risco (31, 33, 45 e 58) estão associados com menor frequência desse tipo de câncer. Dois tipos de HPV
de baixo risco (6 e 11) não causam o câncer, mas são responsáveis pela maioria das verrugas genitais
(condilomas), sendo associados a até 90% das lesões anogenitais (OPAS, 2016; BRASIL, 2016a).
A principal forma de transmissão do HPV é pela via sexual. De acordo com a Opas, quase todos
os homens e as mulheres contraem essa infecção pouco depois do início da vida sexual. O vírus é
transmitido pelo contato direto com a pele ou a mucosa infectada, que inclui o contato pele a pele das
regiões oral‑genital, genital‑genital e anal‑genital. Desse modo, pode ser transmitido mesmo sem que
haja a penetração (OPAS, 2016; BRASIL, [s.d.]a).
Assim como nas mulheres, as infecções pelo HPV em homens também costumam ser assintomáticas
e a maioria tem curta duração. Eles podem desenvolver câncer no ânus, mais comum nos homens que
fazem sexo com homens; na maioria das vezes, esse tipo de câncer também está associado ao HPV 16
(OPAS, 2016).
Embora a infecção por um tipo de HPV de alto risco seja a causa subjacente de quase todos os
casos de câncer do colo do útero, não é correto afirmar que essas infecções sempre causarão câncer. Na
verdade, a maioria das mulheres infectadas pelo HPV de alto risco não desenvolve câncer, pois grande
parte das infecções pelo vírus, independentemente do tipo, tem curta duração, e o organismo humano
os elimina espontaneamente em menos de dois anos (OPAS, 2016).
As condições que podem evoluir para a cronicidade da infecção por HPV e para o câncer ainda são
desconhecidas. Acredita‑se que haja influência de diferentes fatores de risco, tais como (OPAS, 2016):
• o tipo de HPV;
• o estado do sistema imunológico (pessoas imunocomprometidas, como as que vivem com HIV,
são mais propensas a infecção persistente por HPV e evolução mais rápida para lesões precursoras
e câncer);
• a paridade (número de filhos nascidos) e idade prematura por ocasião do primeiro parto;
• o tabagismo;
• o uso de contraceptivos orais por mais de cinco anos, hipótese ainda controversa.
A idade também pode ser considerada um fator de risco, visto que a maioria das infecções por HPV
em mulheres com idade inferior a 30 anos regride espontaneamente, enquanto nas mulheres com idade
superior a essa a infecção persiste com mais frequência (BRASIL, 2013a).
10
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à redução do risco de contaminação
pelo HPV, transmitido via sexual. O uso do preservativo (masculino ou feminino) em todas as relações
sexuais constitui uma das formas de proteção contra o câncer cervical. Outra intervenção importante
para reduzir as infecções por HPV é a imunização (BRASIL, 2013a; 2016a).
Em 2014, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), o Ministério da Saúde inseriu no
Sistema Único de Saúde (SUS) a administração da vacina contra HPV no calendário nacional de imunização
do adolescente. Trata‑se da vacina quadrivalente, que protege contra os tipos não oncogênicos 6 e 11
e os tipos oncogênicos 16 e 18. Inicialmente, a imunização limitou‑se às mulheres na faixa etária entre
9 e 14 anos de idade. Em 2017, os homens com idade entre 12 e 13 anos também foram inseridos no
PNI para receberem gratuitamente a referida vacina. A proposta do Ministério da Saúde é ampliar,
gradativamente, a faixa etária de vacinação entre os meninos. O esquema de vacinação atual é de duas
doses, administradas com intervalo de seis meses entre a primeira e a segunda dose (BRASIL, 2016a).
Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2016a), o objetivo da vacinação também para o sexo masculino é
prevenir os cânceres de pênis e verrugas genitais. Além disso, por serem os responsáveis pela transmissão
do HPV para suas parceiras sexuais, ao receberem a vacina, os homens colaborarão com a redução da
incidência do câncer de colo de útero e vulva nas mulheres, prevenindo também casos de cânceres de
boca, orofaringe, bem como verrugas genitais em ambos os sexos.
A prevenção secundária do câncer cervical deve ser realizada por meio da aplicação de estratégias
para a detecção precoce do câncer (abordagem de indivíduos com sinais e/ou sintomas da doença)
e para o rastreamento (realização de um exame em uma população assintomática, aparentemente
saudável, com o objetivo de identificar lesões precursoras ou sugestivas de câncer e encaminhá‑las para
investigação e tratamento) (BRASIL, 2013a).
A realização periódica do exame citopatológico cervical continua sendo a estratégia mais amplamente
adotada no Brasil para o rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras. Atingir
11
Unidade I
alta cobertura da população definida como alvo é o componente mais importante no âmbito da atenção
primária em saúde, para que se obtenha significativa redução da incidência e da mortalidade por câncer
do colo do útero (BRASIL, 2013a).
O Ministério da Saúde recomenda que não há indicação para o rastreamento do câncer de colo do
útero e seus precursores em mulheres sem história de atividade sexual. No caso de gestantes, deve‑se
seguir as recomendações de periodicidade e faixa etária como para as demais mulheres, entretanto,
existem recomendações conflitantes quanto à coleta de material endocervical. Apesar de não haver
evidências de que a coleta de material da endocérvice aumente o risco sobre a gestação quando utilizada
uma técnica adequada, outras fontes recomendam evitá‑la devido ao risco em potencial. Nesses casos,
recomenda‑se a análise caso a caso, pesando riscos e benefícios da ação. Gestantes aderentes ao
programa de rastreamento com últimos exames normais podem ser acompanhadas de forma segura
sem a coleta endocervical durante a gravidez. Por outro lado, para mulheres com vínculo frágil ao
serviço e/ou não aderentes ao programa de rastreamento, o momento da gestação se mostra como
valiosa oportunidade para a coleta do exame, devendo ser completa (BRASIL, 2016a).
Mulheres na fase climatérica ou após a menopausa devem ser rastreadas de acordo com as orientações
para as demais mulheres. Em mulheres parcialmente histerectomizadas (com permanência do colo do
útero) deve‑se seguir a rotina de rastreamento. Se a usuária for submetida à histerectomia total por
lesões benignas, sem história prévia de diagnóstico ou tratamento de lesões cervicais de alto grau,
ela pode ser excluída do rastreamento, desde que apresentem exames anteriores normais. Entretanto,
nos casos de histerectomia total por lesão precursora ou câncer do colo do útero, a mulher deverá ser
acompanhada de acordo com a lesão tratada (BRASIL, 2016a).
Em mulheres imunossuprimidas, o exame citopatológico deve ser realizado após o início da atividade
sexual, com intervalos semestrais no primeiro ano e, se normais, deve‑se manter seguimento anual
enquanto se mantiver o fator de imunossupressão. Em mulheres HIV positivas e com contagem de
linfócitos CD4+ abaixo de 200 células/mm3, deve‑se priorizar a correção dos níveis de CD4+ e, enquanto
isso, elas devem fazer o rastreamento citológico a cada seis meses (BRASIL, 2016a).
que não comparecem espontaneamente podem ser convocadas para a realização do exame. Após a
realização da coleta do citopatológico, cabe à Atenção Básica encaminhar o material para análise e
aguardar o recebimento dos laudos (BRASIL, 2013a).
Ao proceder ao exame físico específico de ginecologia, o enfermeiro deve realizar a inspeção dos
órgãos genitais externos, atentando para a integridade do clitóris, do meato uretral e dos grandes e
pequenos lábios vaginais e para a presença de lesões anogenitais. Durante o exame especular, deve‑se
observar o aspecto do colo do útero, a presença de secreção anormal ou friabilidade cervical e a presença
de lesões vegetantes ou ulceradas (BRASIL, 2016a).
A figura a seguir demonstra o aspecto normal do colo do útero ao realizar o exame especular:
As figuras apresentadas a seguir visam facilitar o entendimento sobre a identificação de lesões cervicais:
13
Unidade I
Antes de realizar o exame especular, o profissional deve orientar a usuária sobre o procedimento,
buscando esclarecer suas dúvidas e reduzir a ansiedade e o medo e preencher a requisição de exame
citopatológico do colo do útero (ficha). A realização de coleta de material citológico deve seguir as
normas técnicas de coleta, conforme padronizado pelo Inca e disposto no Caderno de Atenção Básica
do Ministério da Saúde (BRASIL, 2013a).
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POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
• o exame não deve ser feito no período menstrual, pois a presença de sangue pode prejudicar
o diagnóstico citopatológico; nesses casos, deve‑se aguardar o quinto dia após o término da
menstruação (BRASIL, 2013a).
O consultório ou sala de coleta deve ser equipado para a realização do exame ginecológico com:
mesa ginecológica; escada de dois degraus; mesa auxiliar; foco de luz com cabo flexível; biombo ou local
reservado para troca de roupa e cesto de lixo (BRASIL, 2013a).
• se for utilizado o espéculo metálico, ele deve ser esterilizado de acordo com as normas vigentes;
• espátula de Ayre;
• escova endocervical;
• pinça de Cherron;
15
Unidade I
• gaze;
• recipiente para acondicionamento das lâminas mais adequado para o tipo de solução fixadora
adotada pela unidade (frasco porta‑lâmina, tipo tubete, ou caixa de madeira ou plástica para
transporte de lâminas);
Previamente à coleta, o enfermeiro deve checar nome, data de nascimento e endereço da mulher;
explicar o propósito do exame citopatológico e as etapas do procedimento; colher informações sobre a
história clínica da usuária; preencher os dados nos formulários para a requisição de exame citopatológico
do colo do útero; preparar a lâmina (verificar se a lâmina está limpa, identificar a lâmina com as iniciais do
nome da mulher e o seu número de registro na unidade, com lápis preto nº 2 ou grafite, na extremidade
fosca) e, por fim, solicitar que a mulher esvazie a bexiga e troque a roupa, em local reservado, por um
avental ou camisola (BRASIL, 2013a).
A coleta do material para o exame citopatológico do colo do útero deve ser realizada na ectocérvice
e na endocérvice, em lâmina única. A amostra de fundo de saco vaginal não é recomendada, pois o
material coletado é de baixa qualidade para o diagnóstico oncótico.
• Lavar as mãos com água e sabão e secá‑las com papel‑toalha, antes e após o atendimento.
• Colocar a mulher na posição ginecológica adequada, o mais confortável possível, e cobri‑la com
um lençol.
• Observar atentamente os órgãos genitais externos, prestando atenção à distribuição dos pelos, à
integralidade do clitóris, do meato uretral e dos grandes e pequenos lábios e também à presença
de secreções vaginais, de sinais de inflamação e de veias varicosas e outras lesões, como úlceras,
fissuras, verrugas e tumorações.
16
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
• Colocar o espéculo, que deve ter o tamanho escolhido de acordo com as características perineais
e vaginais da mulher a ser examinada:
— Não deve ser usado lubrificante, mas em casos selecionados, principalmente em mulheres idosas
com vaginas extremamente atróficas, recomenda‑se molhar o espéculo com soro fisiológico.
— Iniciada a introdução, fazer uma rotação deixando o espéculo em posição transversa, de modo
que a fenda da sua abertura fique na posição horizontal.
• Abrir o espéculo lentamente e com delicadeza, após sua total introdução na vagina.
• Se houver dificuldade de visualização do colo do útero, sugira que a mulher tussa; não surtindo
efeito, solicite ajuda de outro profissional mais experiente.
• Observar as características do conteúdo e das paredes vaginais, bem como as do colo do útero.
— Encaixar a ponta mais longa da espátula no orifício externo do colo, apoiando‑a firmemente,
fazendo uma raspagem em movimento rotativo de 360° em torno de todo o orifício cervical, para
que toda a superfície do colo seja raspada e representada na lâmina, procurando exercer uma
pressão firme, mas delicada, sem agredir o colo, para não prejudicar a qualidade da amostra.
X 360º
17
Unidade I
X 360º
— A amostra ectocervical deve ser disposta no sentido transversal, na metade superior da lâmina,
próximo da região fosca.
— O material retirado da endocérvice deve ser colocado na metade inferior da lâmina, no sentido
longitudinal.
• Fixar, imediatamente, o esfregaço obtido na lâmina para evitar o dessecamento do material. Essa
conduta dependerá da apresentação do fixador, a saber:
— Fixação com álcool a 96% (considerada mundialmente como a melhor para os esfregaços
citológicos): colocar a lâmina dentro do frasco com álcool em quantidade suficiente para que
todo o esfregaço seja coberto, fechar o recipiente cuidadosamente e envolvê‑lo com a requisição.
— Fixação com spray de polietilenoglicol: borrifar a lâmina, que deve estar em posição horizontal,
imediatamente após a coleta, com o spray fixador, a uma distância de 20 centímetros.
18
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
• Retirar o espéculo delicadamente, inclinando levemente para cima, observando as paredes vaginais.
• Retirar as luvas.
• Informar sobre a possibilidade de um pequeno sangramento que poderá ocorrer depois da coleta,
tranquilizando‑a que cessará sozinho.
As lâminas devem ser enviadas para o laboratório o mais breve possível, para que o tempo
entre a coleta e o resultado não seja prolongado desnecessariamente. Devem estar devidamente
acondicionadas e acompanhadas dos formulários de requisição. O formulário deve estar preenchido
adequadamente e a identificação dever estar coincidente com a do frasco ou da caixa de porta‑lâmina
e as iniciais da lâmina.
Papanicolaou (1941) OMS (1952) Richart (1967) Sistema Bethesda (2001) Brasil (2006)
Classe I ‑ ‑ ‑ ‑
Classe II ‑ ‑ Alterações benignas Alterações benignas
Atipias de significado Atipias de significado
‑ ‑ indeterminado indeterminado
Displasia leve NIC I LSIL1 LSIL
Classe III Displasia moderada NIC II e NIC III HSIL2 HSIL
e acentuada
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Unidade I
HSIL HSIL
Classe IV Carcinoma in situ NIC III Adenocarcinoma in situ Adenocarcinoma in situ
(AIS) (AIS)
Carcinoma
Classe V Carcinoma invasor Carcinoma invasor Carcinoma invasor
invasor
Legenda:
1 – Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (do inglês low‑grade squamous intraepithelial lesion – LSIL).
2 ‑ Lesão intraepitelial escamosa de alto grau (do inglês high‑grade squamous intraepithelial lesion – HSIL).
A conduta a ser adotada pelo profissional de saúde dependerá do resultado do exame de citologia
oncótica cervical. Caso o resultado indique o encaminhamento a outro serviço, é fundamental realizar
uma solicitação de encaminhamento qualificada, com os dados relevantes sobre a usuária, sobre o
quadro clínico e sobre o resultado do exame. Além disso, é necessário que a equipe acompanhe essa
mulher durante todo o tratamento, avaliando a necessidade de intervenções durante esse processo
(BRASIL, 2013a).
Desse modo, a Atenção Básica em Saúde (ABS), em especial a Estratégia Saúde da Família (ESF),
tem importante papel na ampliação do rastreamento e monitoramento da população adscrita. É
atribuição da ABS a prestação de cuidado integral e a condução de ações de promoção à saúde, de
rastreamento e detecção precoce, bem como o acompanhamento do seguimento terapêutico das
mulheres nos demais níveis de atenção, quando diante de resultado de citopatológico de colo do
útero alterado (BRASIL, 2016a).
• Solicitar exames de acordo com os protocolos ou normas técnicas estabelecidas pelo gestor local.
• Examinar e avaliar as usuárias com sinais e sintomas relacionados ao câncer do colo do útero.
• Avaliar os resultados dos exames solicitados e coletados. De acordo com os protocolos e diretrizes
clínicas, realizar o encaminhamento para os serviços de referência em diagnóstico e/ou tratamento
dos cânceres de mama e do colo do útero.
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POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Saiba mais
21
Unidade I
Lembrete
2 CÂNCER DA MAMA
O câncer da mama é uma neoplasia maligna que resulta da proliferação desordenada de células
anormais. Estas surgem em função de alterações genéticas, que podem ser hereditárias ou adquiridas
por exposição a fatores de risco (ambientais ou fisiológicos). Tais alterações genéticas podem provocar
mudanças no crescimento celular ou na morte celular programada, levando ao surgimento do tumor
(BRASIL, 2013a).
O câncer de mama é considerado um problema mundial de saúde pública. É o tipo mais incidente
na população feminina no mundo e no Brasil, excetuando‑se os casos de câncer de pele não melanoma,
e responde por aproximadamente 28% dos casos novos a cada ano. Esse tipo de câncer também pode
acometer os homens, embora represente apenas 1% do total de casos da doença (BRASIL, 2015a; [s.d.]
a). É uma das principais causas de morte por câncer em países desenvolvidos e em desenvolvimento.
As taxas de mortalidade variam entre diferentes regiões do mundo, com as maiores taxas nos países
desenvolvidos (BRASIL, 2015a).
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) estima que em 2016
ocorreram 57.960 casos novos do câncer da mama e em 2013 aconteceram 14.388 óbitos em função da
doença, sendo 181 homens e 14.206 mulheres (BRASIL, [s.d.]a). Embora haja uma grande heterogeneidade
na distribuição de casos novos e de mortes por câncer da mama, as maiores taxas de incidência e
mortalidade ocorrem nas regiões Sul e Sudeste do País, e as menores taxas se dão nas regiões Norte e
Nordeste (BRASIL, 2015a).
O Brasil ainda apresenta diversas falhas na abordagem dessa importante morbidade e seu diagnóstico
e tratamento muitas vezes não são realizados em tempo oportuno. Isso gera menor sobrevida (em cinco
anos) das pessoas diagnosticadas quando comparadas às pessoas que vivem em países desenvolvidos
(50% a 60% contra 85%) (BRASIL, 2016a).
22
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
O processo de carcinogênese do câncer da mama geralmente é lento, o que significa que uma célula
pode levar vários anos para se proliferar e originar um tumor palpável. Esse processo apresenta os
seguintes estágios (BRASIL, 2013a):
A história natural do câncer de mama pode ser dividida em duas fases: pré‑clínica e clínica. A
primeira etapa compreende o intervalo de tempo entre o surgimento da primeira célula maligna e o
desenvolvimento do tumor até atingir condições de ser diagnosticado clinicamente; já a segunda fase
se inicia a partir desse momento (BRASIL, 2013a).
O carcinoma invasor pode permanecer por tempo variável como doença local, ou seja, limitada
apenas à mama, ou evoluir com propagação regional e disseminação à distância. No carcinoma da mama,
a disseminação ocorre sobretudo pelas vias linfáticas e menos frequentemente por via hematogênica
pura (BRASIL, 2013a).
23
Unidade I
Estágio Definição
0 Carcinoma in situ (carcinoma intraductal, carcinoma lobular, doença de Paget)
I Tumor <2 cm com linfonodos negativos
Tumor de 0 a 2 cm com linfonodos positivos (incluindo micrometástase N1, ou <0,2 cm), ou 2 a
II A 5 cm com linfonodos negativos
II B Tumor de 2 a 5 cm com linfonodos positivos ou> 5 cm com linfonodos negativos
Sem evidência de tumor primário ou tumor <2 cm com linfonodos envolvidos fixos, ou tumor>
III A 5 cm com linfonodos envolvidos móveis ou não móveis
Tumor de qualquer tamanho com extensão direta à parede torácica ou pele, com ou sem
III B envolvimento linfonodal, ou qualquer tamanho de tumor com envolvimento dos linfonodos
mamários internos
IV Qualquer metástase a distância (incluindo linfonodos supraclaviculares epsilaterais)
A etiologia do câncer de mama não é unicausal. Existem diversos fatores que aumentam o risco
de uma mulher desenvolver uma malignidade. Esses fatores podem ser mutáveis, quando associados
ao estilo de vida (fatores comportamentais/ambientais), ou imutáveis, como o sexo, a idade, a história
reprodutiva e os fatores endócrinos, genéticos e hereditários (BRASIL, [s.d.]a; SHOCKNEY, 2012).
Apresentamos a seguir uma relação dos fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama,
segundo o Ministério da Saúde (2013a):
• idade;
• menarca precoce;
• menopausa tardia;
• nuliparidade;
• exposição à radiação;
• obesidade;
24
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
• sedentarismo;
• história familiar;
• idade.
O simples fato de ser mulher é o principal fator de risco para o câncer de mama (SHOCKNEY, 2012).
A idade também é considerada um dos principais fatores que aumentam o risco de se desenvolver esse
tipo de câncer. Acredita‑se que o acúmulo de exposições ao longo da vida e as alterações biológicas
próprias do processo de envelhecimento aumentem esse risco. Cerca de 70 a 80% dos tumores da mama
são diagnosticados a partir dos 50 anos de idade. Assim, mulheres mais velhas, sobretudo a partir dessa
idade, são mais propensas a desenvolver a doença (BRASIL, [s.d.]a; 2013a).
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2013a), os grupos populacionais com risco muito
elevado para o desenvolvimento do câncer de mama são as mulheres com:
• histórico familiar de, pelo menos, um parente de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico
de câncer de mama, abaixo dos 50 anos de idade;
25
Unidade I
• histórico familiar de, pelo menos, um parente de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico
de câncer de mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária;
• diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ.
Esses grupos representam cerca de 1% da população. Recomenda‑se que essas mulheres sejam
acompanhadas com um olhar diferenciado, com indicação para rastreamento anual (BRASIL, 2013a).
• Coloração avermelhada da pele da mama, edema cutâneo semelhante à casca de laranja, retração
cutânea, dor ou inversão no mamilo, descamação ou ulceração do mamilo.
• nódulo palpável;
• endurecimento da mama;
• secreção mamilar;
• eritema mamário;
• retração ou abaulamento;
26
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Todos esses sinais devem sempre ser investigados pelo profissional de saúde. Contudo, como se
trata de um grupo heterogêneo de doenças, essas manifestações também podem estar relacionadas a
doenças benignas da mama.
No contexto geral, o Ministério da Saúde recomenda que os seguintes sinais e sintomas sejam
considerados como de referência urgente para serviços de diagnóstico mamário (BRASIL, 2015a):
• nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos, que persistem por mais de um ciclo menstrual;
• aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de edema, como pele com
aspecto de casca de laranja;
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2015a), para o controle do câncer de mama,
destacam‑se as ações de promoção de saúde desenvolvidas especialmente na ABS, que envolvem
o acesso à informação e a ampliação de oportunidades para controle do peso corporal e a prática
regular de atividade física, além do acesso amplo da população a informações claras, consistentes e
culturalmente apropriadas.
A prevenção primária do câncer de mama tem o objetivo de evitar a ocorrência da doença e suas
estratégias estão relacionadas ao controle dos fatores de risco reconhecidos. Embora os fatores genéticos/
hereditários e muitos relacionados ao ciclo reprodutivo da mulher não sejam passíveis de mudança, as
27
Unidade I
evidências demonstram uma redução do risco relativo para o câncer de mama de cerca de 4,3% a cada
12 meses de aleitamento materno, adicionais à redução de risco relacionada à maior paridade (BRASIL,
2013a). Desse modo, a amamentação é considerada um fator protetor (BRASIL, [s.d.]a).
A mastectomia profilática tem sido pesquisada como uma forma de prevenção primária do câncer
de mama em mulheres com risco muito elevado de desenvolvê‑lo. Contudo, as evidências sobre a
diminuição de incidência e a mortalidade por esse tipo de câncer por meio da mastectomia bilateral
profilática são muito limitadas. O Ministério da Saúde aponta que as evidências científicas existentes
são insuficientes para determinar se existe aumento da sobrevida de mulheres com história de câncer
de mama com a realização da mastectomia contralateral profilática (BRASIL, 2013a).
A detecção precoce do câncer é uma forma de prevenção secundária da doença que visa identificar
o câncer em estágios iniciais, no qual se pode ter melhor prognóstico da doença. É importante destacar
que os métodos existentes para a detecção precoce do câncer de mama não reduzem sua incidência,
mas podem diminuir sua mortalidade (BRASIL, 2015a).
O diagnóstico precoce é realizado com o objetivo de identificar as pessoas com sinais e sintomas
iniciais de uma determinada doença, zelando pela qualidade e pela garantia da integralidade assistencial
em todas as etapas da linha de cuidado da doença. Segundo o Ministério da Saúde e o INCA (BRASIL,
2015a), a estratégia de diagnóstico precoce do câncer de mama mais aceita no mundo nos últimos anos
é formada pelo tripé: população alerta para os sinais e sintomas sugestivos de câncer; profissionais de
saúde capacitados para a avaliação dos casos suspeitos; e sistemas e serviços de saúde preparados para
garantir a confirmação diagnóstica oportuna, com qualidade e garantia da integralidade da assistência
em toda a linha de cuidado (BRASIL, 2015a).
De acordo com as Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil, publicado pelo
Ministério da Saúde e pelo INCA (BRASIL, 2015a), o rastreamento do câncer de mama em população
de risco padrão inclui a mamografia, o autoexame das mamas (AEM), o exame clínico das mamas
28
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
A mamografia é o único exame utilizado para o rastreamento do câncer de mama, com capacidade
de detectar lesões não palpáveis e causar impacto na mortalidade pela doença, sendo por isso o
exame de imagem recomendado para o rastreamento desse tipo de câncer no Brasil. De acordo com
o Ministério da Saúde e o INCA (BRASIL, 2015a), a população‑alvo para o rastreamento por meio
da mamografia deve ser as mulheres com idades entre 50 e 69 anos. A recomendação é que essas
mulheres realizem a mamografia bianualmente, ou seja, uma a cada dois anos (bienal), pois não existem
evidências conclusivas sobre a existência de vantagens de periodicidades menores do que a bienal e os
danos aumentam consideravelmente com a maior frequência do rastreamento, podendo dobrar com a
periodicidade anual (BRASIL, 2013a; 2015a).
• Resultados incorretos:
— Suspeita de câncer de mama, que requer outros exames, sem que se confirme a doença. Esse
alarme falso (falso‑positivo) gera ansiedade e estresse.
— Câncer existente, mas com o resultado normal (falso‑negativo). Esse erro gera falsa segurança
à mulher.
• Exposição aos raios X: raramente causa câncer, mas existe um discreto aumento do risco quanto
mais frequente é a exposição. A mamografia diagnóstica, com finalidade de investigação de lesões
suspeitas da mama, pode ser solicitada em qualquer idade, a critério médico.
Para o Ministério da Saúde e o INCA (BRASIL, 2015a), não é recomendável o rastreamento com
mamografia em mulheres com menos de 50 anos de idade, pois os possíveis danos causados pela
intervenção superam os benefícios. Além disso, não existem evidências conclusivas sobre a eficácia do
rastreamento mamográfico em mulheres com 70 anos ou mais. Nesse grupo etário, a magnitude dos
danos associados ao sobrediagnóstico e ao sobretratamento tende a aumentar em função das causas
competitivas de mortalidade, mesmo em contextos nos quais a expectativa de vida é maior do que a
brasileira (BRASIL, 2015a). A atual recomendação é que a antiga ênfase em alcançar ampla cobertura
29
Unidade I
do rastreamento mamográfico deve ser substituída pela prioridade em garantir os possíveis benefícios e
diminuir os malefícios associados a essa prática.
O exame clínico das mamas (ECM) é utilizado como método para o rastreamento e para o diagnóstico
do câncer da mama. Para o médico, é um complemento essencial na investigação diagnóstica de
doenças mamárias e o primeiro método de avaliação diagnóstica na atenção primária. Como método de
rastreamento, o exame deve ser realizado rotineiramente pelo médico ou enfermeiro, no atendimento
às mulheres saudáveis e sem sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama. Ao contrário de seu papel
consagrado como método diagnóstico, o rastreamento por meio do ECM é alvo de grande controvérsia
na literatura científica (BRASIL, 2015a).
Embora o Consenso Brasileiro para o Controle do Câncer de Mama recomende o ECM como método
de rastreamento, não existem ainda evidências científicas suficientes para determinar a efetividade
e o balanço entre riscos e benefícios dessa prática, tanto isoladamente como em combinação com a
mamografia. Porém, o ECM representa uma importante alternativa para a detecção substancial de casos
de câncer de mama, em locais onde não existe o rastreamento mamográfico (BRASIL, 2013a).
Ressalta‑se que o ECM deve ser uma oportunidade para o profissional de saúde informar às mulheres
sobre o câncer da mama, os sinais de alerta, os fatores de risco, a detecção precoce e a composição e a
variabilidade da mama normal. Ainda, é parte integrante da investigação de lesões suspeitas de câncer
de mama e complementa a política de alerta à saúde das mamas como método de diagnóstico precoce
(BRASIL, 2013a).
O ECM deve incluir a inspeção estática, a inspeção dinâmica, a palpação das mamas e das cadeias
ganglionares axilares e supraclaviculares e a expressão aréolo‑mamilar.
A inspeção estática (veja a figura a seguir) é realizada com o objetivo de identificar visualmente
sinais sugestivos de câncer, tais como alterações no contorno da mama e ulcerações cutâneas ou do
complexo areolopapilar. Nessa etapa, a mulher pode se manter sentada com os braços pendentes ao
lado do corpo ou com os braços levantados sobre a cabeça (BRASIL, 2013a).
30
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Durante a inspeção estática, o profissional de saúde deve avaliar: número, simetria, volume,
consistência, forma, contorno, modificações cutâneas, tipo de mamilo (protruso, semiprotruso, invertido
ou pseudoinvertido) e modificações do mamilo e aréola (SHOCKNEY, 2012).
Para a realização da inspeção dinâmica (conforme a figura a seguir), o examinador deve solicitar que
a mulher eleve e abaixe os braços lentamente e realize a contração da musculatura peitoral, comprimindo
as palmas das mãos uma contra a outra adiante do tórax ou comprimindo o quadril com as mãos
colocadas uma de cada lado (BRASIL, 2013a). Deve‑se avaliar a presença de retração ou abaulamento
nas mamas (SHOCKNEY, 2012).
A palpação consiste no exame de todas as áreas do tecido mamário e linfonodos. Para palpar
as cadeias ganglionares axilares, a mulher deverá estar sentada, com o braço homolateral relaxado
e o antebraço repousando sobre o antebraço homolateral do examinador. A palpação das cadeias
ganglionares supraclaviculares deve ser realizada com a mulher sentada, mantendo a cabeça semifletida
e com leve inclinação lateral (veja a figura a seguir) (BRASIL, 2013a).
31
Unidade I
A palpação das mamas (veja a figura a seguir) é feita com a mulher em decúbito dorsal horizontal, com
a mão correspondente à mama a ser examinada colocada sob a cabeça. Cada área de tecido mamário deve
ser examinada aplicando‑se três níveis de pressão em sequência: leve, média e profunda, correspondendo
ao tecido subcutâneo, ao nível intermediário e mais profundamente à parede torácica. Devem‑se realizar
movimentos circulares com as polpas digitais do 2º, 3º e 4º dedos da mão em toda a glândula mamária.
Durante a palpação, devem‑se observar possíveis alterações na temperatura cutânea e a existência de
nódulos. Se um nódulo for identificado, o profissional deve fazer a sua descrição, incluindo informações
quanto ao seu tamanho, consistência, contorno, superfície, mobilidade e localização (BRASIL, 2013a).
32
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
A expressão areolomamilar é realizada para a pesquisa de descarga papilar. Deve ser feita aplicando‑se
compressão unidigital suave sobre a região areolar, em sentido radial, contornando a papila. A saída da
secreção pode ser provocada pela compressão digital de um nódulo ou área de espessamento, que pode
estar localizado em qualquer região da mama. A descrição da descarga deve informar se é uni ou bilateral,
uni ou multiductal, espontânea ou provocada pela compressão de algum ponto específico, assim como
definir sua coloração e a relação com algum nódulo ou espessamento palpável (BRASIL, 2013a).
O autoexame das mamas (AEM) é o procedimento em que a mulher observa e palpa as próprias
mamas e as estruturas anatômicas acessórias, visando detectar mudanças ou anormalidades que possam
indicar a presença de um câncer (BRASIL, 2015a).
Atualmente, o Ministério da Saúde e o INCA não recomendam o ensino do AEM como um método
para o rastreamento do câncer de mama. A prática ocasional da observação e da autopalpação das
mamas deve ser estimulada para o conhecimento do próprio corpo. Recomenda‑se que cada mulher
realize a autopalpação das mamas sempre que se sentir confortável para tal (no banho, no momento da
troca de roupa ou em outra situação do cotidiano), sem qualquer recomendação de técnica específica,
valorizando‑se a descoberta casual de pequenas alterações mamárias (BRASIL, 2013a; 2015a).
Para o Ministério da Saúde e o INCA (BRASIL, 2015a), aprender como as mamas aparentam em
diferentes situações pode ajudar a mulher a reconhecer o que é normal para ela. Resumidamente,
citam‑se cinco alterações que devem ser consideradas sinais de alerta para a mulher ao realizar o AEM:
2.1.5.3 Ultrassonografia
palpável sem expressão na mamografia (pela alta densidade do parênquima mamário ou localização
em “zonas cegas”); nos nódulos regulares ou lobulados, que possam representar cisto; e nas lesões
densificantes (assimetria difusa, área densa) que podem representar lesão sólida, cisto ou parênquima
mamário (BRASIL, 2013a; 2015a).
2.1.6 Tratamento
O tratamento do câncer de mama deve ser feito em unidades ou centros de assistência de alta
complexidade em oncologia (Unacon ou Cacon) que fazem parte de hospitais de nível terciário. Esse
nível de atenção à saúde deve estar capacitado para determinar a extensão da neoplasia (estadiamento),
tratar, cuidar e assegurar a qualidade da assistência oncológica (BRASIL, 2013a).
A doença deve ser tratada dentro de um contexto multidisciplinar, no qual a cirurgia e a radioterapia
têm papel fundamental no controle locorregional e a quimioterapia, a hormonioterapia e a terapia
biológica, no tratamento sistêmico. O tratamento deve ser individualizado e orientado não apenas pela
extensão da doença, mas também por suas características biológicas e pelas condições da mulher (idade,
status menopausal, comorbidades e preferências) (BRASIL, 2013a).
• Prevenção primária: intervém sobre fatores de risco modificáveis para o câncer de mama, ou seja,
estimula a manutenção do peso das pacientes em uma faixa saudável e a prática de atividades
físicas e aconselha a redução do consumo de álcool e a cessação do tabagismo.
• Prevenção secundária: realiza rastreamento conforme indicação e coordena o cuidado dos casos
positivos, fazendo a ponte com outros pontos da Rede de Atenção à Saúde quando necessário e
apoiando a família de forma integral; dá atenção às queixas de alterações reportadas e realiza a
investigação necessária visando à detecção precoce, encaminhando para a atenção especializada
quando indicado.
• Prevenção quaternária: evita ações com benefícios incertos para o paciente e a protege de
ações potencialmente danosas, não solicitando mamografia de rastreamento na população
menor de 50 anos e maior de 70 anos ou com periodicidade menor de dois anos; não estimula
o rastreamento; realiza rastreamento de forma individualizada, fornecendo informações claras
quanto aos benefícios e riscos da ação e compartilhando as decisões com o usuário.
34
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Destaca‑se, ainda, a importância de facilitar ao máximo o acesso de mulheres dentro da faixa etária
preconizada para as ações de rastreamento aos serviços de saúde. Cada local ou região deve planejar seus
processos de trabalho, incluindo estratégias que podem envolver a flexibilização da agenda das equipes
para as ações de rastreamento, a realização de busca ativa nos domicílios e espaços comunitários e a
solicitação de mamografia de rastreamento por parte de médicos e enfermeiros (BRASIL, 2015a).
Saiba mais
Observação
O exame clínico das mamas deve ser realizado pelo enfermeiro durante
a consulta de enfermagem. Nesse momento, é importante informar à
mulher sobre o câncer da mama, os sinais de alerta, os fatores de risco, a
detecção precoce e a composição e a variabilidade da mama normal.
3 ABORTAMENTO
O Ministério da Saúde do Brasil define abortamento como a interrupção da gestação até a 20ª ou
22ª semana de idade gestacional (IG) ou com o produto da concepção pesando menos que 500 gramas
(BRASIL, 2011a). Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o abortamento é entendido como a perda
do concepto com até 22 semanas de IG (OMS, 2013).
35
Unidade I
Embora sejam empregados como sinônimos, a palavra “abortamento” refere‑se ao processo de perda
do concepto, enquanto o termo “aborto” corresponde ao produto da concepção que é eliminado no
processo de abortamento (BRASIL, 2011a).
O abortamento pode ser classificado em precoce ou tardio. Quando a perda do concepto ocorre antes
de 12 semanas de IG, é chamado de abortamento precoce. Mais de 80% dos abortamentos espontâneos
acontecem precocemente. As anormalidades cromossômicas são consideradas as principais causas da
perda precoce do concepto (pelo menos 50% dos casos). Outras possíveis causas são a insuficiência
lútea, o uso de álcool, fumo e outras drogas, além da presença de doenças sistêmicas, como diabetes
mellitus descontrolado, lúpus eritematoso sistêmico e tireoideopatias. O abortamento tardio ocorre no
segundo trimestre de gestação, ou seja, após a 12ª semana de IG. A maioria dos casos é decorrente de
causas maternas, como a idade materna avançada e a paridade, a obesidade, as anomalias uterinas
congênitas, as infecções maternas, a insuficiência istmo‑cervical e os estados trombóticos (ALVES et al.,
2010; CASHION, 2012).
O abortamento recorrente ou habitual é definido como a perda espontânea de três ou mais gestações
antes de 20‑22 semanas de IG. A avaliação dos casais que vivenciam a perda recorrente da gravidez
normalmente inclui a cariotipagem de ambos os parceiros e a avaliação da cavidade uterina da mulher.
Segundo Cashion (2012), cerca de 60% a 70% desses casais poderão ter uma gestação bem sucedida
sem tratamento específico.
A conduta a ser adotada pela unidade de saúde que atende à mulher nessa situação depende da
classificação do tipo de abortamento espontâneo. Tradicionalmente, as ameaças de abortamento têm
sido tratadas com medidas de suporte. Entretanto, não existem terapias efetivas comprovadas para essa
36
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Em contraponto, muitas gestações são interrompidas por decisão pessoal da mulher, sendo induzidos
por ela ou realizados em condições inseguras (BRASIL, 2011a). Estimativas da OMS indicam que 22
milhões de abortamentos inseguros são realizados no mundo anualmente; desses, 98% ocorrem em
países em desenvolvimento (OMS, 2013).
De acordo com a OMS (2013), o abortamento realizado por pessoas sem habilidades necessárias e/ou
em um ambiente com padrões médicos inferiores aos exigidos provocam em torno de 47 mil mortes de
mulheres por ano no mundo. Por outro lado, nos lugares onde as leis e as políticas permitem a realização
de um abortamento seguro, a incidência e as complicações de um abortamento inseguro se reduzem a
um mínimo. Entretanto, somente 16% dos países em desenvolvimento permitem essa prática por razões
econômicas ou sociais em comparação a 80% dos países desenvolvidos.
A discussão sobre abortamento envolve uma intrincada teia de valores, que incluem aspectos legais,
morais, religiosos, culturais e sociais. Vulnerabilidades como a desigualdade de gênero, as normas
religiosas e culturais, a desigualdade de acesso à educação e as múltiplas dimensões da pobreza (como
a falta de recursos econômicos e de alternativas, a dificuldade de acesso à informação, os direitos
humanos, a insalubridade, entre outros) fazem com que o abortamento inseguro atinja, de forma mais
devastadora, as mulheres de comunidades pobres e marginalizadas (BRASIL, 2011a).
37
Unidade I
Dados do Ministério da Saúde indicam que 10% dos casos de abortamento atendidos nos hospitais
brasileiros são provocados pela própria mulher. As necessidades não satisfeitas de planejamento
reprodutivo, que envolvem as dificuldades de acesso aos métodos contraceptivos, a falta de informação
sobre anticoncepção, as falhas na sua utilização, o seu uso inadequado ou irregular e/ou a ausência
de acompanhamento nos serviços de saúde são motivos que impulsionam essa atitude. Para outras
mulheres, a gestação em decorrência de violência sexual é o fator motivador para a prática do
abortamento (BRASIL, 2011a).
No Brasil, o Artigo 128 do Código Penal de 1940 prevê o abortamento legalizado nas seguintes situações:
O Código Penal Brasileiro não exige qualquer documento para a prática do abortamento nos casos
decorrentes de estupro (violência sexual). Assim, a mulher violentada sexualmente não tem o dever legal de
noticiar o fato à polícia. Contudo, a mulher deve ser orientada a tomar as providências judiciais e policiais
cabíveis, mas caso ela não o faça, o direito ao abortamento seguro não lhe pode ser negado (BRASIL, 2011a).
O Artigo 20 do mesmo Código também prevê que os profissionais de saúde não devem temer as
possíveis consequências jurídicas caso a gravidez revele‑se, posteriormente, como não resultante de
violência sexual. No entanto, o consentimento da mulher é sempre necessário (BRASIL, 2011a).
Observação
• autonomia: direito da mulher de decidir sobre as questões relacionadas ao seu corpo e à sua vida;
• não maleficência: a ação deve sempre causar o menor prejuízo à paciente, reduzindo os efeitos
adversos ou indesejáveis de suas ações (não prejudicar);
• justiça: o profissional de Saúde deve atuar com imparcialidade, evitando que aspectos sociais,
culturais, religiosos, morais ou outros interfiram na relação com a mulher.
A atenção à saúde da mulher deve ser garantida em todo caso de abortamento, independentemente
de sua natureza, devendo estar alicerçado no respeito à liberdade, à dignidade humana e à autonomia.
Diante de um caso de abortamento inseguro, a conduta recomendada é “não fazer juízo de valor e não
julgar”, visto que o dever de todos os profissionais de saúde é acolhê‑la dignamente e envidar esforços
para garantir a humanização do seu atendimento, assim como a sua sobrevivência e, ainda, não causar
quaisquer transtornos e constrangimentos (BRASIL, 2011a).
com uma abordagem que respeite a autonomia das mulheres e seu poder de decisão, procurando
estabelecer uma relação de confiança com a mulher. A orientação em planejamento reprodutivo também
deve ser priorizada pelos profissionais de saúde que atendem à mulher em situação de abortamento.
• Identificar e avaliar as necessidades e riscos dos agravos à saúde em cada caso, resolvendo‑os,
conforme a capacidade técnica do serviço, ou realizando o encaminhamento para serviços de
referência, grupos de mulheres e organizações não governamentais (ONGs) feministas.
• Dar encaminhamentos aos problemas apresentados pelas mulheres, oferecendo soluções possíveis
e priorizando o seu bem‑estar e comodidade.
• Rede integrada com a comunidade e com os prestadores de serviço para a prevenção das gestações
indesejadas e do abortamento inseguro, para mobilizar recursos e para garantir que os serviços
reflitam as necessidades da comunidade e satisfaçam suas expectativas.
• Acolhimento e orientação para responder às necessidades de saúde mental e física das mulheres,
além de outras preocupações.
• Integração com outros serviços de atenção integral à saúde e de inclusão social das mulheres.
40
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Observação
Saiba mais
Resumo
41
Unidade I
Exercícios
Questão 1 (FUNRIO, 2014). Recentemente o Ministério da Saúde promoveu uma campanha nacional
de vacinação contra o HPV e foi destinada às meninas entre 11 e 13 anos. É importante que o enfermeiro
tenha conhecimentos sobre esta ação e possa orientar corretamente a população. A propósito desta
vacina indique a alternativa errada.
A) Cada menina deverá receber três doses da vacina para estar imunizada contra o HPV.
D) A vacina HPV pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas do Calendário Nacional
de Vacinação do Programa Nacional de Imunização.
42
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
E) O HPV é capaz de infectar a pele ou as mucosas e é responsável pela ocorrência de casos de câncer
de colo de útero.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: serão três doses (0, 60, 180 dias). O intervalo mínimo entre a primeira e a segunda
doses é de um mês, entre a segunda e a terceira doses é de três meses e entre a primeira e a terceira
doses é de quatro meses.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa correta.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: sim, pode ser aplicada no mesmo dia com outras vacinas.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: os HPV são vírus capazes de infectar a pele ou as mucosas. Existem mais de 150 tipos
diferentes de HPV, dos quais 40 podem infectar o trato genital. Destes, 12 são de alto risco e podem
provocar câncer (são oncogênicos) e outros podem causar verrugas genitais.
Questão 2 (EBSERH, 2016). O abortamento é uma das condições clínicas mais frequentes que se
apresentam com hemorragias do primeiro trimestre de gestação. Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), o abortamento se caracteriza como perda do concepto de _______, _____ de peso ou
_______ de comprimento. Preencha as lacunas e a seguir assinale a alternativa correta.
43
Unidade I
44