Livro Texto Unidade III
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Unidade III
5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM GINECOLOGIA
Nesta unidade serão discutidas as doenças sexualmente transmissíveis, o câncer de colo de útero e
de mama e a assistência de enfermagem a fim de prevenir, diagnosticar e tratar essas doenças.
As DSTs são consideradas um dos problemas mais comuns de saúde pública no mundo. Sabe‑se
que as estratégias de prevenção primária, como o uso do preservativo; e secundária, diagnóstico e
tratamento, podem permitir o controle das DSTs e das suas consequências.
O enfermeiro está inserido nesse cenário a fim de promover ações de prevenção primária e secundária
nas Unidades Básicas de Saúde e possui autonomia para avaliar pacientes com queixas relacionas às
DSTs, diagnosticá‑las, tratá‑las e prevenir a ocorrência dessas doenças na população brasileira.
Portanto, o enfermeiro deve utilizar protocolos propostos pelo Ministério da Saúde e colocar em
prática o seu conhecimento e suas habilidades técnicas em ginecologia.
Apesar dos avanços na Atenção Básica, as DSTs ainda não são consideradas uma emergência e, por isso,
muitas vezes, quando a população procura o serviço com alguma queixa relacionada às DSTs, uma consulta é
agendada. O ideal seria atender de imediato, pois os sintomas podem desaparecer e o paciente pode não retornar.
• a troca de informações sobre DSTs e Aids, suas formas de transmissão, sua prevenção e seu tratamento;
• a adesão ao tratamento;
O ideal é que os parceiros sejam trazidos para aconselhamento, diagnóstico e tratamento pelos
próprios pacientes. No caso do não comparecimento dos parceiros convidados, outras atividades poderão
ser desenvolvidas, de acordo com as possibilidades de cada serviço.
Serão considerados parceiros, para fins de comunicação ou convocação, os indivíduos com quem
o paciente se relacionou sexualmente entre 30 e 90 dias, segundo o quadro a seguir, excluindo‑se os
parceiros de mulheres com corrimento por vaginose bacteriana e candidíase (BRASIL, 2005).
Ao chegar no serviço de saúde, o parceiro deve ser considerado um portador da mesma síndrome
ou doença que acometeu o paciente, mesmo que não apresente nenhum sintoma ou sinal, e receber o
mesmo tratamento recomendado para a sua condição clínica.
Quadro 6
Sinais e
Transmissão
Síndrome sintomas DST Agente Tipo Curável Secreção
sexual
mais comuns
Treponema
Sífilis Bactéria Sim Sim Não
pallidum
Haemophilus
Cancro mole Bactéria Sim Sim Não
ducreyi
Presença da
Úlceras Herpes Herpes simplex Vírus Sim Não Não
úlcera genital
Klebsiella
Donovanose Bactéria Sim Sim Não
granulomatis
Chlamydia
Linfogranuloma Bactéria Sim Sim Não
trachomatis
Corrimento vaginal
Corrimento Vaginose
Múltiplos Bactéria Não Sim branco‑acinzentado, pode ser
vaginal ou bacteriana
bolhoso, odor vaginal tipo peixe
cervical,
Corrimento branco‑amarelado
prurido, dor Candidíase Candida albicans Fungo Não Sim
tipo coalhada
na micção,
dor durante Neisseria Corrimento endocervical
Gonorreia Bactéria Sim Sim
a relação gonorrhoeae geralmente amarelo, purulento
Corrimentos
sexual ou
Corrimento
dispareunia, Chlamydia
Clamídia Bactéria Sim Sim endocervical geralmente
odor fétido, trachomatis
amarelo‑esverdeado, purulento
pode ocorrer
edema e Corrimento vaginal
hiperemia de Trichomonas amarelado‑esverdeado, bolhoso,
Tricomoníase Protozoário Sim Sim
vulva vaginalis fétido, purulento, abundante e
às vezes com prurido
Presença da Papilomavírus
Verrugas Condiloma Vírus Sim Não Não
verruga humano
Adaptado de: Brasil (2005).
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Unidade III
Nesse contexto, a abordagem proposta pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2005) visa apresentar
as síndromes, o agente etiológico, o fluxograma e as condutas que o profissional deverá tomar se
diagnosticada determinada DST.
Úlceras
A abordagem sindrômica para as úlceras genitais ocorrem da seguinte maneira por meio do fluxograma:
Sífilis
É uma doença infectocontagiosa, endêmica, causada pelo Treponema pallidum. O principal sintoma
da doença é o cancro duro, a lesão inicial da sífilis. Essa fase é chamada de sífilis primária. É geralmente
uma lesão única, ulcerada indolor, com bordos endurecidos, fundo liso, brilhante e secreção serosa escassa.
A lesão aparece entre 10 e 90 dias (média de 21) após o contato sexual infectante. É acompanhada de
adenopatia regional não supurativa, móvel, indolor e múltipla.
Na sífilis secundária, as manifestações clínicas iniciam‑se dois meses após o contágio. Além de
lesões cutâneas, ocorrem lesões mucosas, micropoliadenopatia, febre, mal‑estar geral, dores articulares,
cefaleia, rouquidão e perda de peso.
Na sífilis terciária, as lesões tornam‑se mais localizadas e circunscritas, porém são mais destrutivas,
sendo o exemplo típico a goma, caracterizada por nódulo que amolece e úlcera, podendo drenar
material necrótico.
Para o diagnóstico, as reações sorológicas utilizadas são o Veneral Disease Research Laboratory
(VDRL) e teste de absorção de anticorpos treponêmico fluorescente (FTA‑ABS), que são testes com base
em antígenos lipídicos e treponêmicos, sendo a combinação dos dois resultados o melhor método para
detecção da sífilis e de suas fases.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
O VDRL deve ser solicitado para todo portador de DST e para gestantes, como rotina, no período
pré‑natal. Os testes tendem a tornarem‑se reativos a partir da segunda semana após o aparecimento do
cancro (sífilis primária) e ficam mais elevados na fase secundária da doença.
• Penicilna G benzatina, 2,4 milhões UI, via intramuscular (IM), em dose única (1,2 milhão UI em cada nádega).
• Doxiciclina 100 mg, via oral (VO), de 12/12 horas, por 14 dias ou até a cura clínica (contraindicado
para gestantes e nutrizes).
Cancro mole
É uma doença causada pelo Haemophilus ducreyi, mais frequente nas regiões tropicais, e de
transmissão sexual.
As manifestações clínicas são múltiplas lesões dolorosas, a borda é irregular, apresentando contornos
eritemato‑edematosos e fundo irregular recoberto por exsudato necrótico, amarelado, com odor fétido,
que, quando removido, revela tecido de granulação com sangramento fácil. No homem, as localizações
mais frequentes são no frênulo e sulco balanoprepucial; na mulher, na fúrcula e face interna dos
pequenos e grandes lábios. É mais comum nos homens.
• Azitromicina 1 g, VO, em dose única, ou ciprofloxacina 500 mg, VO, de 12/12 horas, por 3 dias
(contraindicado para gestantes, nutrizes e menores de 18 anos) ou eritromicina (estearato)
500 mg, VO, de 6/6 horas, por 7 dias (indicado para gestantes).
• Ceftriaxona 250 mg, via IM, em dose única (indicado para gestante).
Herpes genital
É causada pelo vírus herpes simples, que é transmitido por contato direto com lesões ou
objetos contaminados.
As lesões são do tipo vesículas. No homem, localizam‑se mais frequentemente na glande e prepúcio;
na mulher, nos pequenos lábios, clitóris, grandes lábios, fúrcula e colo do útero.
Nas gestantes portadoras de herpes simples, deve ser considerado o risco de complicações obstétricas.
A infecção primária materna, no final da gestação, oferece maior risco de infecção neonatal do que o
herpes genital recorrente. O maior risco de infecção ocorre durante a passagem do feto pelo canal de parto.
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Unidade III
• Para o primeiro episódio: aciclovir 200 mg, de 4/4 horas, 5x/dia, por 7 dias ou 400 mg, VO,
8/8 horas, por 7 dias.
• Para episódio recorrente: aciclovir 400 mg, de 12/12 horas, por até 6 anos.
Em gestantes, deve‑se evitar tratar recidivas e tratar o primeiro episódio em qualquer trimestre da gestação.
A dor pode ser aliviada com analgésicos e anti‑inflamatórios. O tratamento local consiste em: solução
fisiológica ou água boricada a 3%, para limpeza das lesões.
Donovanose
Pode ocorrer uma lesão isolada ou múltiplas lesões, incialmente, observa‑se uma lesão nodular
localizada no subcutâneo que evolui para úlcera do tipo granulomatosa, de aspecto vermelho, com
borda plana e hipertrófica, bem delimitada.
• Doxiciclina 100 mg, VO, 12/12 horas por, no mínimo, 3 semanas ou até cura clínica.
• Eritromicina (estearato) 500 mg, VO, de 6/6 horas por, no mínimo, 3 semanas ou até a cura clínica.
• Sulfametoxazol/Trimetoprim (800 mg e 160 mg), VO, de 12/12 horas por, no mínimo, 3 semanas,
ou até a cura clínica.
• Tetraciclina 500 mg, de 6/6 horas, durante 3 semanas ou até cura clínica; ou azitromicina 1 g, VO,
em dose única, seguido por 500 mg/dia, VO, por 3 semanas ou até cicatrizar as lesões.
Linfogranuloma venéreo
É uma doença sexualmente transmissível causada pela Chlamydia trachomatis. Muitas vezes as lesões
não são percebidas. Os principais sinais e sintomas da doença são úlceras que geralmente desaparecem
após 3 a 5 dias, e posteriormente voltam a aparecer com aspecto inflamado e com presença de sangue
e pus, acompanhadas de febre, mal‑estar, vômitos, dor na cabeça, costas e articulações, emagrecimento,
suor noturno, inflamação no reto e linfonodos na região inguinal que, se não tratados, evoluem para
rompimento espontâneo e com saída de pus.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
A obstrução linfática crônica leva à elefantíase genital, que na mulher é denominada estiomene.
Podem ocorrer fístulas retais, vaginais, vesicais e estenose retal.
Na maioria dos casos, o diagnóstico é feito em bases clínicas, não sendo rotineira a comprovação
laboratorial. O teste laboratorial identifica anticorpos contra todas as infecções por clamídia, e se torna
positivo após 4 semanas da infecção.
Além disso, é necessário que o profissional realize as seguintes ações complementares essenciais,
que valem também para as outras síndromes, como:
• Vacinar contra hepatite B, se a idade for inferior a 30 anos (restrito por disponibilidade da vacina).
• Orientar para que a pessoa conclua o tratamento mesmo se os sintomas ou sinais tiverem desaparecido.
• Encorajar o paciente a comunicar a todos os seus parceiros(as) sexuais do último mês, para que
possam ser atendidos e tratados. Fornecer ao paciente cartões de convocação para parceiros(as)
devidamente preenchidos.
• Marcar o retorno para conhecimento dos resultados dos exames solicitados e para o controle de
cura em 7 dias.
• Após a cura, usar preservativo em todas as relações sexuais, caso não exista o desejo de engravidar,
ou adotar outras formas de sexo mais seguro.
O fluxograma dos corrimentos vaginais e cervicites deve ser utilizado quando não estiver disponível
a microscopia.
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Unidade III
Avaliação de Risco
(OMS) Anamnese e avaliação de risco + exames ginecológicos
•Paciente com múltiplos
parceiros sem proteção
• Parceiro com sintomas Critérios de risco positivo e/ou sinais de cervicite com
muco pus/teste do cotonete/friabilidade/sangramento
• Paciente pensa ter sido do colo
exposta a uma DST
• Paciente proveniente
de região de alta Não Sim
prevalência de gonococo
e clamídia
Tratar gonorreia
e clamídia
Sim Não
Tratar Causa
candidíase fisiológica
A vagina é habitualmente úmida, devido à contínua secreção da região vulvar, das glândulas de
Skene, de Bartholin, da descamação celular, do muco cervical, bem como de outros líquidos de origem
tubária e endometrial.
A flora vaginal possui bacilos de Dordelein e outras bactérias, além de pequena quantidade de
polimorfonucleares.
Lembrete
As vulvovaginites são processos inflamatórios e/ou infecciosos que acometem o trato genital
feminino inferior e que se manifestam em graus variáveis de desconforto vaginal, como prurido vulvar,
dispareunia, ardor vulvar e vaginal, hiperemia e edema.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
Evidencia‑se por um aumento do conteúdo vaginal de diferentes aspectos. O enfermeiro deve saber
diferenciar o conteúdo vaginal fisiológico do patológico.
As vulvovaginites podem ser causadas por agentes infecciosos endógenos (vaginose bacteriana
e candidíase), por agentes sexualmente transmitidos (tricomoníase), ou por fatores físicos
(traumas), químicos (uso de lubrificantes e de absorventes internos e externos), hormonais (hiper e
hipoestrogenismo), anatômicos e orgânicos (imunodepressão secundária à doença sistêmica ou outras
imunodepressões). A prática de coito vaginal imediatamente após o coito anal e o uso de DIU podem
favorecer as vulvovaginites, alterando a flora vaginal.
A vaginose bacteriana pode ser causada por diversas bactérias, dentre elas, a mais comum é a
Gardnerella vaginalis, e por outros microrganismos anaeróbicos, o principal tratamento medicamentoso
é o metronidazol 400‑500 mg de 12/12 horas VO por 7 dias.
A leucorreia que essa inflamação provoca é homogênea, acinzentada, não alcança grande volume,
eleva o pH até 5,5 ou mais, possui odor desagradável, semelhante a peixe podre, provocado por enzimas
produzidas pelas bactérias anaeróbicas. Na maioria das pacientes, é assintomática.
Geralmente, o fluxo vaginal aumenta, torna‑se espesso, caseoso, branco‑amarelado, muitas vezes,
descrito pela mulher, como semelhante à coalhada ou à nata do leite.
Para o tratamento, geralmente, são utilizados cremes vaginais à base de nistatina e educação
sobre higiene genital, atividade sexual, higiene de roupas íntimas e, no caso de desconforto ou dor
na região vulvovaginal, são indicados banhos de assento. A atividade sexual pode ser desencorajada
durante o tratamento.
Um dos principais medicamentos prescritos é o miconazol, creme a 2%, via vaginal, uma aplicação
à noite ao deitar‑se, por 7 dias.
A oftalmia gonocócica precisa ser tratada imediatamente, para prevenir dano ocular. A terapia
recomendada é a seguinte: ceftriaxona 25 a 50 mg/kg/dia, via IM, no máximo 125 mg em dose única.
A profilaxia, no período pós‑neonatal, deve ser realizada rotineiramente com nitrato de prata a 1%
(Método de Crede), aplicação única, uma hora após o nascimento.
A clamídia é causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, pode ser transmitida para o recém‑nascido
na passagem pelo canal de parto.
Nos homens, pode causar epididimite e orquite, e, nas mulheres, pode ultrapassar as trompas e
causar doença inflamatória pélvica (DIP). A doença ainda pode ocasionar infertilidade tanto no homem
quanto na mulher.
As manifestações clínicas são disúria, poliúria e presença de uma secreção fluida amarelo‑esverdeada
e purulenta. Nas mulheres, podem aparecer sangramento intermenstrual e dor pélvica.
Azitromicina 1 g, VO, em dose única, ou doxicilina 100 mg, VO, de 12/12 horas, durante 7 dias.
A vagina pode ter um aspecto de framboesa, disúria e polaciúria são os sintomas urinários mais comuns.
Observação
Saiba mais
No atendimento motivado por DST, prevenção do câncer de colo de útero e mama, os profissionais
de saúde devem conhecer a anatomia e a fisiologia do trato genital feminino. Nesses casos são
recomendados exame clínico e exame genital minuciosos.
Anamnese
• Identificação:
— Nome.
— Idade.
— Situação conjugal.
— Profissão.
— Ocupação atual.
— Data de nascimento.
— Número do prontuário.
— Naturalidade.
— Escolaridade.
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Unidade III
• Motivo da consulta.
• Hábitos de vida:
— Etilismo e tabagismo.
• Antecedentes pessoais:
— Gerais:
— Ginecológicos:
– idade na menarca;
– história de cauterização;
– problemas mamários;
— Obstétricos:
– paridade (P);
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
– neomortos e natimortos;
Após a coleta de dados, é necessário que a mulher esvazie a bexiga e seja orientada a tirar as roupas
e colocar o avental com a abertura para frente.
Mamas
A inspeção das mamas deve ser realizada pelo enfermeiro, considerando os seguintes aspectos:
— Verificar a simetria.
107
Unidade III
— Realizar a palpação com mãos espalmadas e pontas dos dedos, as mamas devem ser palpadas
de forma circular, de fora para dentro e no fim sendo realizada a expressão do mamilo a fim de
identificar a presença de secreção.
— Identificar possíveis alterações, como: pele com aspecto de casca de laranja (câncer), sinais
flogísticos, massas, secreções, áreas de condensação e nódulos.
• Localização (quadrantes).
• Tamanho.
• Mobilidade.
• Mamilo.
• Sensibilidade.
• Linfonodos palpáveis.
Cabe ao enfermeiro, no momento do exame das mamas, realizar a ação educativa sobre a realização
do autoexame das mamas. Essa ação educativa será abordada posteriormente.
Abdômen
O exame físico do abdômen deve ser realizado por meio da inspeção, ausculta, percussão e palpação. Pode
ser realizado considerando a divisão dos quatro quadrantes ou das nove regiões e em sentindo horário.
• Inspeção:
• Ausculta:
— A ausculta deve ser realizada com o estetoscópio por pelo menos 2 minutos. Os sons normais
da ausculta abdominal são denominados de ruídos hidroaéreos. Quando ocorrem em maior
quantidade, devido ao aumento do peristaltismo, é possível auscultar sons hiperativos, como
ocorre em diarreias. Quando ocorrem em menor quantidade, são denominados de sons
hipoativos, em caso de peritonite e íleo paralítico.
• Percussão:
— A percussão deve ser realizada em todo o abdômen a fim de identificar os sons como:
• Palpação:
— A palpação deve ser realizada em todo o abdômen a fim de identificar massas, regiões dolorosas
e a presença de órgãos.
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Unidade III
— Pode ser feita a palpação superficial, profunda e a realização de manobras especiais, como o
sinal de Bloomberg, que verifica a presença de dor abdominal à descompressão rápida e pode
indicar peritonite.
O exame ginecológico deve ser realizado com a mulher em posição ginecológica ou de litotomia.
Deve‑se observar:
• Higiene.
• Períneo:
— Avaliar integridade.
O útero é mantido na posição graças ao aparelho de fixação do assoalho pélvico. Devido às funções
do aparelho genital, como a reprodução, pode ocorrer o prolapso. Entre os prolapsos genitais, pode
ocorrer a colpocele, projeção da coluna rugosa do terço inferior da vagina.
A colpocele pode ser anterior, ou seja, colpocistocele e, geralmente, é associada à cistocele, que é o
prolapso de bexiga. Nesse caso, ocorre desconforto pélvico, incontinência urinária de esforço, polaciúria,
retenção urinária e possível infecção.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
• Toque vaginal:
— O toque vaginal pode ser simples (unidigital ou bidigital) ou combinado (toque feito com uma
mão na vagina e outra no abdômen):
– o toque vaginal simples possibilita avaliar o assoalho perineal e sua tonicidade, modificações
da vagina e do colo do útero;
Exame especular
O exame especular tem a finalidade de visualizar as partes acessíveis do aparelho genital feminino
(colo uterino e vagina). Também possibilita a coleta de material para colpocitologia oncótica, conhecido
por preventivo ou Papanicolau.
Esse exame é o método mais difundido mundialmente para o rastreamento de células cancerosas e
pré‑cancerosas. Também é utilizado na detecção de outras alterações, por exemplo, vulvovaginites.
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Unidade III
Existem vários tamanhos de espéculos, que são classificados em pequeno, médio e grande ou 1, 2 e 3,
e o espéculo para mulher que ainda não teve relação sexual. Pode ser de aço ou de material descartável.
• O tamanho pequeno (1) deve ser utilizado em pacientes que não tiveram parto vaginal, muito
jovens, muito magras ou menopausadas.
• O espéculo médio (2) deve ser usado para todas as outras situações.
Não se deve utilizar vaselina para lubrificar o espéculo, pois pode alterar o resultado do exame. Se
necessário, apenas lubrificar com solução fisiológica ou água destilada, antes de sua introdução.
Faz parte da consulta de enfermagem coletar material cérvico‑vaginal para exame citológico, a fim
de reduzir a morbimortalidade por câncer de colo uterino.
• Não fazer uso de duchas e cremes vaginais, pelo menos, 48 horas antes do exame.
• Não manter relações sexuais, pelo menos, nas 48 horas que antecedem o dia do exame.
• Mesa ginecológica.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
• Foco de luz.
• Espéculo.
• Pinça de Cheron.
• Gazes.
• Cuba redonda (para acondicionar solução de lugol, se for realizar teste de Schiller).
• Lixeira.
A técnica para coleta de material cérvico‑vaginal para colpocitologia oncótica deve ser realizada da
seguinte maneira:
• Identificar a lâmina com o lápis preto com o número do prontuário e as iniciais do nome da
paciente.
• Colocar as luvas.
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Unidade III
• Retirar o excesso de muco ou corrimento vaginal se estiver presente com auxílio da pinça Cheron
e de uma gaze.
• Coletar secreção da endocérvice com a escovinha. Introduzir no orifício externo toda a extremidade
com cerdas da escovinha e realizar um movimento de 360º, após colocar a secreção na lâmina,
realizando movimentos rotatórios. Desprezar a escovinha no lixo.
A B
Teste de Schiller
O teste de Schiller consiste na aplicação da solução de lugol no colo uterino com a finalidade de
identificar alterações celulares, mediante a fixação do iodo nas áreas ricas em glicogênio.
O teste será considerado negativo se houver a fixação do iodo tingindo o colo marrom.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
Na ausência de glicogênio, o tecido permanecerá da mesma cor, pois o iodo não será fixado e
o teste será Schiller positivo. Isso ocorre na presença de alterações celulares (células displásicas
ou carcinomatosas).
É importante descrever no relatório do exame físico e na ficha que será enviada ao laboratório a área
do colo em que o teste de Schiller foi positivo (não corou).
O autoexame das mamas deve ser realizado de forma periódica pela mulher, conforme apresentado
a seguir:
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2006a) preconiza que o exame pelo método de Papanicolau seja
realizado a cada três anos, após a obtenção de dois exames com resultados negativos, com intervalo de
um ano entre eles.
Dessa forma, o enfermeiro deve orientar que o exame seja realizado anualmente, até a mulher obter
dois exames com resultados negativos. Também deve encorajar a procura do serviço para a coleta do
Papanicolau e em caso de ocorrência de alguma DST.
115
Unidade III
Para prevenir gestações indesejadas e DSTs, o enfermeiro deve aproveitar a consulta de enfermagem
em ginecologia para orientar sobre os métodos contraceptivos que são disponibilizados de forma
gratuita pelo governo e encorajar o seu uso.
Deve, também, focar o uso do preservativo, pois além de evitar a gravidez, também previne a
ocorrência de DST.
Lembrete
O câncer de colo de útero é o segundo tipo de câncer mais comum que ocorre em mulheres. Sabe‑se
que devido a sua alta incidência e mortalidade, a atenção volta‑se para prevenção e detecção precoce
desse evento nas mulheres.
Nesse cenário, sendo o enfermeiro um membro da equipe multidisciplinar na Atenção Básica, cabe a
ele atuar de forma preventiva, garantido a detecção precoce e o tratamento oportuno.
A ocorrência do câncer de colo do útero envolve alterações celulares que têm uma progressão
gradativa, lenta e silenciosa e é por isso que é uma doença curável quando descoberta no início.
Os principais fatores de risco para a ocorrência do câncer de colo uterino são (BRASIL, 2014):
• Imunossupressão.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
Sendo o HPV o principal fator de risco, é necessário que o enfermeiro conheça os principais aspectos
dessa doença.
Ela é causada pelo papilomavírus, vírus capazes de infectar a pele e mucosas. Existem mais de 150
tipos de HPV, dos quais 40 podem infectar o trato genital e 12 podem provocar câncer (tipos 16, 18, 31,
33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59) (BRASIL, 2014).
O HPV de tipos 16 e 18 causam a maioria dos casos de câncer do colo de útero em todo o mundo
(cerca de 70%). Eles também são responsáveis por até 90% dos casos de câncer de ânus, até 60% dos
cânceres de vagina e até 50% dos casos de câncer vulvar (BRASIL, 2014).
O vírus HPV é altamente contagioso, sendo possível contaminar‑se com uma única exposição,
e a sua transmissão acontece por contato direto com a pele ou mucosa infectada. A principal
forma é pela via sexual, que inclui contato oral‑genital, genital‑genital ou mesmo manual‑genital
(BRASIL, 2014).
Na maioria dos casos, o HPV não apresenta sintomas e é eliminado pelo organismo espontaneamente.
Existe uma fase pré‑clínica, sem sintomas, com transformações intraepiteliais progressivas importantes,
em que a detecção de possíveis lesões precursoras são realizadas por meio da realização periódica do
exame preventivo do colo do útero (BRASIL, 2014).
A lesão progride lentamente, por anos, antes de atingir o estágio invasor da doença, quando a cura
se torna mais difícil, senão impossível. Nessa fase os principais sintomas são sangramento vaginal,
corrimento e dor.
O diagnóstico das verrugas anogenitais pode ser feito em homens e em mulheres por meio do exame
clínico. As lesões subclínicas podem ser diagnosticadas por meio de exames laboratoriais (citopatológico,
histopatológico e de biologia molecular) ou do uso de instrumentos com poder de magnificação (lentes
de aumento), após a aplicação de reagentes químicos para contraste (colposcopia, peniscopia, anuscopia).
E, para distinguir a lesão benigna da maligna, são realizadas biópsias e confirmação histopatológica
(BRASIL, 2014).
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Unidade III
O exame Papanicolau detecta as alterações que o HPV pode causar nas células e um possível câncer,
mas não é capaz de diagnosticar a presença do vírus, no entanto, é considerado o melhor método para
detectar o câncer do colo de útero e suas lesões precursoras.
Com relação ao resultado da amostra de colpocitologia oncótica (Papanicolau) que foi colhida e
encaminhada ao laboratório, será classificada em:
• amostra insatisfatória;
• amostra satisfatória.
• obscurecimento por sangue, inflamação, áreas espessas, má fixação, dessecamento etc., que
impeçam a interpretação de mais de 75% das células epiteliais.
Nesses casos não é possível dar algum diagnóstico e, por isso, o exame deve ser repetido.
• esfregaço purulento, obscurecido por sangue, áreas espessas, dessecamento etc., que impeçam a
interpretação de aproximadamente 50 a 70% das células epiteliais.
Também o resultado pode indicar se há uma lesão precursora, ou seja, neoplasia intraepitelial
cervical (NIC), que dependendo de sua gravidade, poderá ou não evoluir para câncer.
NIC I é a alteração celular que acomete as camadas mais basais do epitélio estratificado do colo do útero
(displasia leve). Cerca de 80% das mulheres com esse tipo de lesão apresentarão regressão espontânea.
NIC II é a existência de desarranjo celular em até três quartos da espessura do epitélio, preservando
as camadas mais superficiais (displasia moderada).
NIC III é a observação do desarranjo em todas as camadas do epitélio (displasia acentuada e carcinoma
in situ), sem invasão do tecido conjuntivo subjacente.
As lesões precursoras de alto grau (NIC II e III) são encontradas com maior frequência na
faixa etária de 35 a 49 anos, especialmente entre as mulheres que nunca realizaram o exame
citopatológico (Papanicolau).
Após 6 meses, espera‑se a regressão espontânea das lesões (Ascus, Agus, NIC I e efeito citopático
compatível com HPV), isso ocorre em cerca de 80% dos casos. Caso o resultado continue alterado, a
mulher deve ser encaminhada para a colposcopia.
119
Unidade III
A colposcopia consiste na visibilização do colo através do colposcópio (um aparelho que possui
iluminação e lentes de aumento), após a aplicação de soluções de ácido acético, entre 3% e 5% e lugol. É
um exame usado para avaliar os epitélios do trato genital inferior e, quando necessário, orientar biópsia
e cirurgia de alta frequência (CAF).
A CAF é um procedimento que utiliza um bisturi elétrico de alta frequência para a retirada de uma
lesão. Esse aparelho simultaneamente corta e faz a hemostasia do leito cirúrgico sem causar danos
ao tecido removido. O objetivo desse tratamento cirúrgico é retirar totalmente a lesão intraepitelial,
promovendo o controle local da doença e a mutilação mínima, por esse motivo tem que ser feito sob
observação colposcópica. É realizado no ambulatório e tem como grande vantagem a possibilidade de
utilização do fragmento para estudo histopatológico e afastar a possibilidade de invasão do estroma.
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o primeiro entre as
mulheres. É, provavelmente, o mais temido pelas mulheres, devido à sua alta frequência e, sobretudo,
pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria imagem pessoal.
O câncer de mama tem origem em uma lesão no DNA herdada ou adquirida, a qual produz alterações
no padrão de multiplicação celular. As células tumorais tendem a invadir a camada que dá sustentação
ao tecido dos ductos mamários, chamada membrana basal. Quando isso ocorre, o câncer é considerado
invasivo. Se não houver infiltração da membrana basal, o tumor é considerado in situ (BRASIL, 2006a).
É relevante apresentar que desde o início da formação do câncer até a fase em que ele pode ser
descoberto pelo exame físico, ou seja, quando tem em torno de 1 cm de diâmetro, passam‑se, em média,
10 anos (BRASIL, 2006a).
No início da fase subclínica (nódulo impalpável), tem‑se a impressão de crescimento lento, porque
as dimensões das células são mínimas. Porém, depois que o tumor se torna palpável, a duplicação é
facilmente perceptível. Se não for tratado, o tumor desenvolve metástases (focos de tumor em outros
órgãos), mais comumente para os ossos, pulmões e fígado. Em 3 a 4 anos do descobrimento do tumor
pela palpação, ocorre o óbito (BRASIL, 2013a).
120
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
• A idade constitui outro importante fator de risco, havendo um aumento rápido da incidência com
o aumento da idade.
• A nuliparidade.
São definidos como grupos populacionais com risco elevado para o desenvolvimento do câncer de mama:
• Mulheres com história familiar de, pelo menos, um parente de primeiro grau (mãe, irmã ou filha)
com diagnóstico de câncer de mama, abaixo dos 50 anos de idade.
• Mulheres com história familiar de pelo menos um parente de primeiro grau (mãe, irmã ou filha)
com diagnóstico de câncer de mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária.
• Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia
lobular in situ.
Os sintomas do câncer de mama palpável são o nódulo ou tumor no seio, acompanhado ou não de
dor mamária. Podem surgir alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos ou retrações
ou um aspecto semelhante à casca de uma laranja. Podem também surgir nódulos palpáveis na axila.
Observação
Rastreamento significa detectar a doença em sua fase pré‑clínica, enquanto diagnóstico precoce
significa identificar câncer da mama em sua fase clínica precoce (BRASIL, 2013a).
• Autoexame: deve ser realizado por mulheres de qualquer faixa etária, mensalmente, após a
menstruação. Toda a equipe de saúde deve estar atenta para as oportunidades de orientação
quanto à realização periódica do autoexame pelas usuárias.
121
Unidade III
• Exame clínico das mamas: deve ser realizado pelo menos uma vez por ano pelo profissional de
saúde (ginecologista, generalista ou enfermeiro), principalmente em mulheres com mais de 35 anos
de idade, quando em consulta ou em outras oportunidades (por exemplo, na coleta de citologia
oncótica) independente da queixa.
• Exame clínico das mamas: para todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade, com periodicidade anual.
Esse procedimento é ainda compreendido como parte do atendimento integral à saúde da mulher,
devendo ser realizado em todas as consultas clínicas, independente da faixa etária.
• Mamografia: para mulheres com idade entre 50 a 69 anos de idade, com intervalo máximo de
2 anos entre os exames.
• Exame clínico das mamas e mamografia anual: para mulheres a partir de 35 anos de idade,
pertencentes a grupos populacionais com risco elevado de desenvolver câncer de mama.
É garantido o acesso ao diagnóstico, tratamento e seguimento para todas as mulheres com alterações
nos exames realizados no Sistema Único de Saúde.
O exame deve ser realizado pelo enfermeiro a fim de identificar alterações clínicas nas mamas.
A inspeção pretende identificar sinais de câncer de mama. Seus sinais precoces são: achatamentos
dos contornos, abaulamentos ou espessamentos da pele das mamas.
Na palpação o enfermeiro deve examinar cada área do tecido mamário e aplicar três níveis de pressão
em sequência: leve, média e profunda, correspondendo ao tecido subcutâneo, ao nível intermediário e
mais profundamente à parede torácica. Devem‑se realizar movimentos circulares com as polpas digitais
do 2º, 3º e 4º dedos da mão como se tivesse contornando as extremidades de uma moeda. A região da
aréola e da papila (mamilo) deve ser palpada e não comprimida.
122
PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
De forma geral, os resultados do exame clínico das mamas (ECM) podem ser interpretados de
duas formas: normal ou negativo, caso nenhuma anormalidade seja identificada pela inspeção
visual e palpação, e anormal, caso achados assimétricos necessitem de avaliação posterior e possível
encaminhamento para especialista (referência).
Mamografia
A mamografia é a radiografia da mama que permite a detecção precoce do câncer, por ser capaz de
mostrar lesões em fase inicial, muito pequenas (de milímetros) (BRASIL, 2006a).
Os laudos mamográficos, denominados de Breast Imaging Reporting and Data System (BI‑RADS),
são apresentados levando em consideração a evolução diagnóstica e a recomendação da conduta, não
se deve esquecer da história clínica e do exame físico da mulher.
Cirurgia
A cirurgia poderá ser conservadora ou radical. Será conservadora quando retira apenas uma parte da
mama (quadrantectomia) e radical quando retira toda a mama, ou seja, mastectomia (a cirurgia deverá
ser complementada pela radioterapia).
Categoria Risco de
Interpretação Recomendação
BI‑RADS câncer
Necessita avaliação adicional.
0 Inconclusivo Encaminhar para a unidade de referência.
Benigno: as mamas são simétricas e não há massas,
1 distorção arquitetural ou microcalcificações suspeitas 0,05% Exame de rotina.
presentes.
Benigno: não há evidência mamográfica de malignidade.
É uma avaliação normal, mas, é descrito o achado
benigno no laudo mamográfico: fibroadenomas; Exame de rotina (unidade de referência/
2 0,05%
múltiplas calcificações secretórias, lesões que contenham serviço de ginecologia).
gordura (cistos oleosos, lipomas, galactoceles e densidade
mista, hamartoma).
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Unidade III
Categoria Risco de
Interpretação Recomendação
BI‑RADS câncer
Seguimento precoce (unidade de
3 Provavelmente benigno Até 2% referência)
4 Provavelmente suspeito >20% Encaminhar para unidade de referência
Encaminhar para unidade de referência de
5 Provavelmente maligno >75% alta complexidade
Lesão já biopsiada e diagnosticada como maligna, mas Encaminhar para unidade de referência de
6 100%
não retirada ou tratada. alta complexidade.
Quimioterapia
Radioterapia
É um tratamento à base de aplicação de radiação direcionada ao tumor ou ao local deste e tem por
objetivo, se realizada antes da operação, reduzir o tamanho do tumor, e, se depois da operação, evitar
o retorno da doença.
A radiação bloqueia o crescimento das células e deve ser utilizada apenas na área afetada. As
aplicações duram cerca de 15 minutos e devem ser feitas diariamente, variando de 25 a 30 aplicações.
Ao examinar o nódulo retirado durante a cirurgia, uma pequena e fina fatia dele é retirada para
que nela seja feito um importante exame: o imunohistoquímico ou receptor hormonal. Por meio desse
exame, detecta‑se a causa do tumor que pode ser estimulado pelo estrogênio ou pela progesterona.
Se a causa do carcinoma for o estrogênio, deve‑se optar pelo tratamento que visa bloquear a ação
estrogênica.
• Realizar o exame clínico das mamas e orientar a realização do autoexame pelas próprias mulheres.
• Receber resultados e encaminhar aquelas cujo resultado mamográfico ou cujo exame clínico
indiquem necessidade de maior investigação para consulta com o médico ginecologista da unidade.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
• Realizar reuniões educativas sobre câncer, visando à mobilização e conscientização para o cuidado
com a própria saúde; à importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama;
à quebra dos preconceitos; à diminuição do medo da doença e à importância de todas as etapas
do processo de detecção precoce. É preciso enfatizar o retorno para a verificação do resultado e
dos tratamentos necessários.
• Realizar a busca ativa na população‑alvo das mulheres que nunca realizaram o ECM.
• Realizar a busca ativa das mulheres que apresentaram laudo mamográfico suspeito para
malignidade e não retornaram para buscar o resultado.
Saiba mais
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Unidade III
Resumo
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PROPEDÊUTICA E PROCESSO DE CUIDAR NA SAÚDE DA MULHER
Exercícios
Questão 1. (FGV 2014, adaptada) Em relação ao exame preventivo do câncer do colo do útero,
analise as afirmativas a seguir.
I – O exame não deve ser feito no período menstrual, pois a presença de sangue pode prejudicar o
diagnóstico citológico.
II – A coleta na endocérvice é feita utilizando‑se uma espátula de madeira (tipo espátula de Ayre) do
lado que apresenta reentrância, raspando a mucosa em movimento rotativo de 360º em torno de todo
o orifício cervical.
III – A amostra de fundo de saco vaginal não é recomendada, pois o material coletado é de baixa
qualidade para o diagnóstico oncótico.
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D I e II, apenas.
E) I e III, apenas.
I – Afirmativa correta.
Justificativa: o exame deve aguardar o 5º dia após o término da menstruação para não prejudicar o
diagnóstico citológico.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a amostra de fundo de saco vaginal é recomendada apenas em situações especiais, para
mulheres submetidas à histerectomia total.
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Unidade III
Questão 2. (INSTITUTO AOCP 2014) Sobre o câncer de colo de útero, assinale a alternativa correta.
A) Cistos de Naboth são afecções ginecológicas, muitas vezes, relacionados à metaplasia decorrente
da injúria cervical causada pelo HPV.
B) A parte externa do colo do útero, chamada de ectocérvice, é revestida por um tecido de várias
camadas de células cilíndricas produtoras de muco: o epitélio colunar simples.
C) As lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau representam as lesões verdadeiramente
precursoras do câncer do colo do útero.
D) A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à realização do exame de
citopatologia oncótica.
E) Para fins de rastreamento, o exame citopatológico deve ser iniciado aos 25 anos de idade para as
mulheres que já tiveram atividade sexual.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: cistos de Naboth são o entupimento das glândulas que fabricam o muco e não são
maléficas à saúde da mulher.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa correta.
Justificativa: para fins de rastreamento, o exame citopatológico deve ser oferecido para mulheres
entre 25 e 64 anos de idade, que já tiveram atividade sexual.
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