INFLAMAÇÃO
INFLAMAÇÃO
INFLAMAÇÃO
A inflamação é uma resposta protetora dos tecidos vascularizados contra infecções e danos
teciduais.
Seu objetivo primordial é eliminar os agentes causadores da lesão celular, como
microrganismos ou toxinas, e as consequências desta lesão, como células e tecidos
necrosados.
Sinais Cardinais da Inflamação (manifestações):
São calor, rubor (vermelhidão), tumor (inchaço),
dor e perda de função.
Causas da Inflamação:
Infecções e Toxinas Microbianas: Causas comuns
e clinicamente importantes, com respostas variando
de leves a graves.
Necrose Tecidual: Inflamação desencadeada
independentemente da causa da morte celular,
incluindo isquemia, trauma, lesão física e química.
Corpos Estranhos: Podem induzir inflamação por
si só ou por carregar microrganismos.
Substâncias Endógenas: Como cristais de urato
(gota) e cristais de colesterol (aterosclerose).
Reações Imunes (Hipersensibilidade): O sistema
imune danifica os tecidos do indivíduo, levando a
doenças autoimunes e alergias.
Consequências de Respostas
Inflamatórias Persistentes:
Doenças Autoimunes e Alergias: Respostas imunes prejudiciais que são persistentes e
difíceis de curar.
Inflamação Crônica: Associada a morbidade e mortalidade significativas.
◦ Pode contribuir para doenças metabólicas, degenerativas ou genéticas, como diabetes
tipo 2, doença de Alzheimer e câncer.
Mecanismo de Ação:
Envolve o recrutamento de células e moléculas do sistema imunológico, como leucócitos
fagocíticos, anticorpos e proteínas do sistema complemento. Estes componentes circulam
normalmente no sangue, mas podem ser rapidamente direcionados para áreas afetadas no
corpo.
Durante a inflamação, leucócitos e proteínas são liberados e direcionados contra agentes
estranhos (microrganismos, tecidos lesados ou necróticos).
As células e moléculas recrutadas são ativadas para exercer suas funções na eliminação de
substâncias nocivas ou indesejáveis.
Encerramento da Inflamação:
◦ Incluem decomposição e dissipação dos mediadores inflamatórios e vida curta dos
leucócitos nos tecidos.
◦ Ativação de Mecanismos Anti-inflamatórios
◦ Processo de Reparo Tecidual Após Inflamação: icluem regeneração das células
sobreviventes e cicatrização por meio de tecido conjuntivo.
Importância para a Saúde:
◦ A inflamação é essencial para a sobrevivência, pois sem ela, infecções não seriam
eficientemente combatidas.
◦ Contribui para o processo de cicatrização de feridas e para a recuperação de tecidos lesados.
◦ Atua para evitar que tecidos lesados permaneçam constantemente em estado de infecção ou
necrose.
Inflamação Defeituosa: Pode também gerar doenças
◦ Manifestações: Aumento da suscetibilidade a infecções devido à inflamação insuficiente.
◦ Causas Comuns:
▪ Redução no número de leucócitos, essenciais para a resposta inflamatória.
Substituição da medula óssea (fonte de células progenitoras dos leucócitos) por
câncer.
Supressão da medula óssea por terapias anticancerígenas e tratamentos de rejeição de
enxerto.
Mediadores Químicos
Origem e Função: Produzidos por células hospedeiras (macrófagos, células dendríticas,
mastócitos) em resposta a estímulos nocivos.
Ações:
Induzem e regulam a resposta inflamatória.
Promovem o efluxo de plasma e recrutamento de leucócitos para o local da lesão.
Ativam os leucócitos para destruir e remover agentes agressores.
Importância Farmacológica: A maioria dos medicamentos anti-inflamatórios visa
mediadores específicos.
Reconhecimento de microrganismos:
Receptores Celulares para Microrganismos:
Fagócitos, células dendríticas e outras células expressam receptores para detectar patógenos.
Receptores Toll-like (TLRs) são cruciais nesse processo, detectando padrões moleculares
associados a patógenos (PAMPs).
◦ TLRs estão localizados nas membranas plasmáticas e endossomos, detectando tanto
microrganismos extracelulares quanto os ingeridos.
Respostas a PAMPs: Estimulam a produção de proteínas secretadas e de membrana,
incluindo citocinas inflamatórias, antivirais (interferons) e outras que ativam linfócitos.
Sensores de Lesões Celulares:
Receptores Citosólicos:
◦ Reconhecem padrões moleculares associados aos danos (DAMPs), como ácido úrico, ATP,
redução de K+ intracelular, DNA liberado no citoplasma.
◦ Inflamassomo:
▪ Um complexo multiproteico ativado pelos receptores que induz a produção de
interleucina-1 (IL-1), desencadeando a inflamação.
Mutações de ganho de função nos receptores citosólicos podem causar síndromes
autoinflamatórias. Antagonistas de IL-1 são tratamentos eficazes.
Proteínas Circulantes:
Sistema Complemento:
◦ Reage contra microrganismos e produz mediadores de inflamação.
Lectina Ligante de Manose e Colectinas:
◦ Reconhecem açúcares microbianos, promovendo a ingestão dos microrganismos e a
ativação do sistema complemento.
INFLAMAÇÃO AGUDA
Dilatação de Pequenos Vasos Sanguíneos: Aumenta o fluxo sanguíneo para a área lesada.
Acúmulo de Leucócitos e Fluidos no Tecido Extravascular: Causa edema (acúmulo de
líquido rico em proteínas plasmáticas).
Sinais e Sintomas da Inflamação Aguda:
◦ Vermelhidão (Rubor) e Calor: Devido ao aumento do fluxo sanguíneo.
◦ Tumefação (Tumor): Resultado do acúmulo de líquido extravascular.
◦ Danos nos Tecidos e Perda de Função (Functio Laesa): Devido à liberação de
metabólitos tóxicos e proteases por leucócitos ativados.
◦ Dor: Associada à liberação de prostaglandinas, neuropeptídeos e citocinas.
Inflamação Serosa:
Tem como característica principal a exsudação de fluidos pobres em células com efusão
(acumulo de líquidos nas cavidades do corpo.)
◦ Ocorre em espaços criados por lesões na superfície epitelial ou cavidades do corpo
(peritônio, pleura, pericárdio).
Características do Fluido:
◦ Geralmente não infectado e com poucos leucócitos.
◦ Derivado do plasma (por aumento da
permeabilidade vascular) ou de
secreções de células mesoteliais (por
irritação local).
Exemplos Clínicos: Bolhas na pele
devido a queimaduras ou infecções virais
representam acúmulo de fluido seroso.
Inflamação Fibrinosa
Formação:
◦ Ocorre quando há grande extravasamento vascular e/ou presença de um estímulo
procoagulante local.
◦ A permeabilidade aumentada permite que proteínas de alto peso molecular como o
fibrinogênio atravessem.
Fibrinogênio se converte em fibrina no espaço extracelular que é depositada no espaço
extracelular formando uma rede.
◦ Fibrina pode ser dissolvido e removido por meio de processos de fibrinólise e ação de
macrófagos.
Se a fibrina não for removida, pode estimular o crescimento de fibroblastos e vasos
sanguíneos, levando à cicatrização que seria a organização das fibras.
◦ causar espessamento fibroso e obliteração do espaço pericárdico se o exsudato for em
grande quantidade.
Características Histológicas:
◦ Visualizada como uma malha eosinofílica de filamentos ou coágulos amorfos sob
microscopia.
Apendicite Aguda:
Causa: Obstrução da luz do apêndice e subsequente invasão bacteriana.
◦ Obstrução pode ser causada por fecálitos, tecido linfoide, parasitos, corpos estranhos,
tumores, entre outros.
◦ Aumento da pressão intraluminal compromete o fluxo venoso e favorece a proliferação
bacteriana.
Aspectos: Inicialmente, há hiperemia, edema e aumento de volume do apêndice, com serosa
opaca e cobertura por exsudato fibrinopurulento.
◦ A inflamação inicia na mucosa e se dissemina por todas as camadas do apêndice.
▪ Em casos avançados, pode ocorrer ulceração da mucosa e destruição das camadas
musculares.
Apendicite aguda é definida pela infiltração da parede muscular do apêndice por exsudato
de neutrófilo.
Abscessos:
Progressão para Inflamação Crônica: Acontece quando a resposta inflamatória aguda não
consegue ser resolvida.
◦ Causas da Persistência: Pode ser devido à continuação da presença do agente
prejudicial ou interferência no processo normal de cicatrização.
◦ Características: A inflamação se mantém por um período prolongado, com mudanças
nos tipos de células envolvidas (como a predominância de linfócitos, macrófagos e
células plasmáticas).
INFLAMAÇÃO CRÔNICA:
Pode durar semanas ou meses, diferindo da inflamação aguda que é de curta duração.
Inflamação, lesão tecidual e tentativas de reparo ocorrem simultaneamente em diferentes
proporções.
Início: Pode seguir uma inflamação aguda ou começar de forma insidiosa (latente e
progressiva) sem sinais de uma fase aguda anterior.
Causas:
Infecções Persistentes:
◦ Microrganismos Difíceis de Erradicar: Incluem
micobactérias, certos vírus, fungos e parasitas.
▪ Geralmente provocam hipersensibilidade do
tipo tardio.
▪ Por exemplo, uma infecção bacteriana aguda
pulmonar pode evoluir para um abscesso
pulmonar crônico.
Tem como padrão morfológico a Inflamação
Granulomatosa.
Doenças de Hipersensibilidade:
◦ Autoimunes: Como artrite reumatoide e esclerose múltipla, onde autoantígenos causam
inflamação crônica e danos teciduais.
◦ Doenças Alérgicas: Por exemplo, asma brônquica, causada por respostas imunes
excessivas a antígenos ambientais comuns.
◦ Podem ter episódios repetidos de inflamação e mistura de padrões de inflamação aguda e
crônica. Fibrose pode ser predominante nos estágios avançados.
Algumas formas de inflamação crônica podem ser importante na patogenia de doenças que
não são convencionalmente consideradas distúrbios inflamatórios. Estas incluem doenças
neurodegenerativas, como doença de Alzheimer, síndrome metabólica e diabetes tipo 2
associado, e certos tipos de câncer nos quais as reações inflamatórias promovem o
desenvolvimento tumoral.
Morfologia:
Ao contrário da inflamação aguda, que se
manifesta por alterações vasculares, edema
e infiltração predominantemente
neutrofílica, a inflamação crônica
caracteriza-se por:
Infiltração de células mononucleares,
que incluem macrófagos, linfócitos e
plasmócitos.
Destruição tecidual induzida pelo agente
ofensivo persistente ou pelas células
inflamatórias.
Tentativas de cura pela troca do tecido
danificado por tecido conjuntivo, pela
angiogênese (proliferação de pequenos
vasos sanguíneos) e, em particular, pela
fibrose.
Células Mediadoras da Inflamação Crônica:
Macrófagos:
Macrófagos são os principais agentes em reações inflamatórias crônicas.
Funções: Incluem a secreção de citocinas e fatores de crescimento, destruição de invasores e
tecidos estranhos, e ativação de linfócitos T.
◦ Como Fagócitos: Atuam na filtragem de partículas, microrganismos e células
senescentes.
◦ Células Efetoras: Eliminam microrganismos nas respostas imunes celulares e humorais.
Desenvolvimento e Origem:
Originam-se de células-tronco hematopoéticas na medula óssea e de progenitores do saco
vitelino embrionário e fígado fetal.
Conhecidos como monócitos quando na corrente sanguínea.
Linfócitos:
Microrganismos e antígenos ambientais ativam linfócitos T e B.
Atuam como mediadores da imunidade adaptativa, ampliam e propagam a inflamação
crônica, especialmente persistente e grave em certos contextos.
Células T CD4+ e suas Funções:
◦ Secretam citocinas e promovem diferentes tipos de inflamação
◦ Células TH1:
▪ Produção de IFN-γ: Ativa macrófagos pela via clássica.
▪ Defesa: Envolvidas na defesa contra bactérias, vírus e em doenças autoimunes.
◦ Células TH2:
▪ Secretam IL-4, IL-5, IL-13: Recrutam e ativam eosinófilos e ativam macrófagos
pela via alternativa.
▪ Defesa contra parasitas helmintos e em inflamações alérgicas.
◦ Células TH17:
▪ Secretam IL-17 e Outras Citocinas: Induzem a secreção de quimiocinas que
recrutam neutrófilos.
▪ Participam na defesa contra certos tipos de bactérias e vírus.
Febre
O que causa a febre são as prostaglandinas, produzidas por células vasculares e
perivasculares do hipotálamo.
Pirogênios: substância que induz a febre.
◦ LPS (pirogênio exógeno) estimula a liberação de citocinas TNF, IL-1 (pirogênios
endógenos).
◦ Os pirogênios endógenos vão atuar nas enzimas cicloxigenases que convertem ácido
araquidônico em prostaglandinas
▪ Prostaglandina PGE2 atua na produção de neuroransmissores que ajustam a
temperatura
Os anti-inflamatórios reduzem a febre por meio da inibição da síntese de prostaglandinas.
Leucocitose:
Aumento na contagem de leucócitos, geralmente para 15.000 a 20.000 células/mL, podendo
atingir 40.000 a 100.000 células/mL em casos extremos.
Reações leucemoides: Elevações extremas na contagem de leucócitos, similares às
observadas na leucemia.
Causas da Leucocitose:
Inicialmente ocorre devido à liberação acelerada estimulada por citocinas como TNF e IL-1
de células do pool de reserva pós-mitótico da medula óssea.
Associado ao aumento no número de neutrófilos imaturos no sangue (desvio à esquerda)
Infecções prolongadas induzem a proliferação de precursores na medula óssea.
Estimulada pelo aumento da produção de fatores estimuladores de colônias (CSFs).
◦ Assim, se a inflamação for sustentada, a produção de leucócitos pela medula óssea
aumenta, um efeito que normalmente é superior à compensação pela perda dessas
células na reação inflamatória.
Termos:
◦ Neutrofilia: infecções bacterianas leva a um aumento na contagem de neutrófilos Linfocitose em Infecções Virais:
Infecções virais como mononucleose, caxumba e rubéola podem causar aumento no número de linfócitos (linfocitose).
Eosinofilia em Alergias e Parasitas: Aumento no número de eosinófilos no sangue em algumas alergias e infestações
parasitárias. Leucopenia em Certas Infecções: Diminuição do número de leucócitos circulantes em infecções como
febre tifoide e algumas causadas por vírus, Rickettsiae e protozoários.