Kelen

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Universidade Federal

do Pará

Kelen Gomes de Souza

RESÍDUOS SÓLIDOS DA CIDADE DE


MANAUS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Instituto de Tecnologia
Mestrado Profissional e Processos Construtivos e
Saneamento Urbano

Dissertação orientada pelo Professor Dênio Ramam Carvalho de Oliveira

Belém – Pará – Brasil

- 1 2014
-
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
MESTRADO EM PROCESSOS CONSTRUTIVOS E SANEAMENTO URBANO

RESÍDUOS SÓLIDOS DA CIDADE DE MANAUS

KELEN GOMES DE SOUZA

Belém-PA, Dezembro de 2014.


SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
MESTRADO EM PROCESSOS CONSTRUTIVOS E SANEAMENTO URBANO

RESÍDUOS SÓLIDOS DA CIDADE DE MANAUS

KELEN GOMES DE SOUZA

Orientador: Prof. Dr. Dênio Ramam Carvalho de Oliveira

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Mestrado Profissional em
Processos Construtivos e Saneamento
Urbano do Instituto de Tecnologia da
Universidade Federal do Pará -
(ITEC/UFPA) como requisito para a
obtenção do título de Mestre em Processos
Construtivos e Saneamento Urbano com
ênfase em Saneamento Urbano.

Belém-PA, Dezembro de 2014.

ii
RESÍDUOS SÓLIDOS DA CIDADE DE MANAUS

KELEN GOMES DE SOUZA

Esta Dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em


Processos Construtivos e Saneamento Urbano, área de concentração Saneamento Urbano de
acordo com o Regimento do PPCS, e aprovada em sua forma final pelo Programa de
Profissional em Processos Construtivos e Saneamento Urbano (PPCS) do Instituto de
Tecnologia (ITEC) da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Aprovada em _______ de ____________________ de 2014.

_____________________________________________________________
Profo. Dr. Dênio Ramam Carvalho de Oliveira
(Coordenador do PPCS – UFPA)

COMISSÃO EXAMINADORA:

_____________________________________________________________
Prof. Dr. Dênio Ramam Carvalho de Oliveira
(Orientador – UFPA)

_____________________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo de Souza Picanço
(Examinador Externo – UFPA)

_____________________________________________________________
Prof. Dr. Bernardo Borges Pompeu Neto
(Examinador Interno – UFPA)

iii
DEDICATÓRIA

Dedico,

Aos meus queridos e amados pais, Guilherme Souza


(in memorian) e Neuza Gomes, que ao seu modo, em
todos os momentos estiveram presentes, apoiando
meus projetos de vida, sendo sempre meus exemplos de
vida. E em especial ao meu filho Guilherme Leite e ao
meu esposo Denis Leite, que souberem compreender
as minhas ausências e acreditaram plenamente no
sucesso da conclusão deste trabalho.

iv
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao dom da vida que é concedido por DEUS, e nos brinda
todos os dias com a oportunidade de fazermos sempre algo melhor.
Em segundo, ao meu orientador Dênio Ramam Carvalho de Oliveira, por dispor de
todo seu conhecimento, paciência, experiência e apoio em todo o processo deste trabalho.
Ao meu filho e esposo, minha mãe, e a todos os meus familiares pelo apoio e
incentivo de forma direta ou indireta.
Aos meus colegas de turma do Mestrado em PPCS com ênfase em Gestão Ambiental
- UFPA, que cada um do seu jeito e ao seu tempo, me ajudaram a superar muitas dificuldades,
em especial a Margareth Normando, Mauro Barreto e Luciano Moreira que sempre
estiveram presentes em cada etapa para conclusão deste curso.
A todos os professores do Mestrado em PPCS - UFPA, que carregam nos ombros a
árdua tarefa de ensinar, e acreditam que transmitindo seus conhecimentos podem contribuir
para um futuro melhor.
A FUCAPI, instituição na qual trabalho, que me incentivou em todos os momentos
a concluir o Mestrado.
Aos meus queridos alunos, que souberem compreender em vários momentos minha
ausência na sala de aula, em prol do desenvolvimento e conclusão deste trabalho.
As famílias moradoras do bairro Zumbi dos Palmares que foram muito receptivas e
tiveram a disponibilidade de nos dar informações as quais foram relevantes e essenciais para
o desenvolvimento desta dissertação.
Aos colaboradores da SEMULSP e todos os órgãos públicos, que foram muito
solícitos a respeito dos questionamentos feitos para o desenvolvimento do projeto.
E por fim a todos que acreditaram que seria possível, cumprir esta jornada com êxito.

v
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise da gestão do sistema de resíduos
sólidos do bairro Zumbi, na zona leste da cidade de Manaus. O processo metodológico
utilizado ocorreu por meio de visitas técnicas ao bairro, e aos órgãos responsáveis pela gestão
dos resíduos urbanos para criação de um banco de dados, com o acompanhamento de registro
fotográfico, foram observados os procedimentos básicos e os possíveis impactos decorrentes
do acondicionamento e descarte dos resíduos produzidos nas residências do bairro, o mais
preocupante na gestão dos resíduos do bairro Zumbi, está relacionado aos resíduos
descartados de maneira inadequada no meio ambiente, dado que o sistema de coleta pública
só abrange 42% do bairro. A coleta seletiva deverá ser reestabelecida, reduzindo assim
impactos socioambientais. Neste sentido, intervenções públicas, administrativas e integradas
de gerenciamento de resíduos sólidos, devem ser discutidas e implementadas no bairro, pois
o sistema de gestão de resíduos sólidos no bairro Zumbi perpassa por fragilidades em todas
as suas atividades, desde a produção e acondicionamento, coleta e destino final, mas que
através de um sistema integrado entre administração pública, empresas privadas e população,
todos estes aspectos negativos serão minimizados e o meio ambiente preservado para as
futuras gerações.

Palavras-chave: Educação ambiental. Resíduos Sólidos. Gestão de resíduos.

vi
ABSTRACT

To this end, this study aims to analyze the solid waste system management Zumbi
neighborhood in the east of the city of Manaus. The methodological process used was
through technical visits to the neighborhood, and bodies responsible for the management of
municipal waste will create a database with the accompanying photographic record, the basic
procedures and the possible impacts of packaging were observed and disposal of waste
produced in homes in the neighborhood, the more worrying in waste management Zombie
neighborhood , is related to the waste disposed of improperly in the environment, as the
public collection system covers only 42% of the neighborhood. The separate collection
should be restored, thus reducing environmental impacts. In this sense, public interventions,
administrative and integrated solid waste management, should be discussed and
implemented in the neighborhood, for the solid waste management system in Zumbi
neighborhood permeates weaknesses in all its activities, from production and packing,
collection and final destination, but through an integrated system of public administration,
private companies and population, all these negative aspects will be minimized and the
environment preserved for future generations.

Keywords : Environmental education . Solid Waste . Waste management.

vii
SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................ vi
ABSTRACT ........................................................................................................... vii
LISTA DE TABELAS .......................................................................................... x
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... xi
LISTA DE SIGLAS ............................................................................................... xii

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO ........................................................................ 01


1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................ 01
1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 03
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................... 03
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 03
1.3.2 Objetivo Específicos ................................................................................... 03
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ........................................................................ 04
1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ............................................................ 04

CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................. 05


2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 05
2.2 PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL ............................. 05
2.3 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO AMAZONAS ............................. 07
2.4 CONCEITO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ......................................................... 09
2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................... 12
2.6 PROCESSO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS .................................. 13
2.6.1 Desenvolvimento Sustentável ..................................................................... 15
2.6.2 Coleta Seletiva ............................................................................................. 16
2.6.2.1 Pontos de Entrega Voluntária – PEV ......................................................... 17
2.6.3 Reciclagem ................................................................................................. 18
2.6.4 Destinação dos Resíduos ............................................................................ 19
2.7 LEGALIZAÇÃO DA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ........................... 20

viii
CAPÍTULO III – METODOLOGIA ................................................................... 22
3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................... 22
3.2 TIPOLOGIA DA PESQUISA .......................................................................... 22
3.3 COLETA DE DADOS ...................................................................................... 23
3.4 ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................ 23
3.4.1 Histórico da área - Zumbi antigo ................................................................. 23
3.4.2 Zumbi atual .................................................................................................. 25

CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ..... 26


4.1 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 26
4.1.1 Gestão de resíduos sólidos da área em estudo ........................................... 26
4.1.2 Atores sociais e as esferas administrativas (Públicas e Privadas) envolvidos
na gestão de resíduos sólidos ......................................................................... 29
4.1.3 Sistema de coleta de resíduos sólidos domésticos no bairro Zumbi .......... 33
4.1.4 Pontos de fragilidade no sistema de gestão de resíduos sólidos ................. 37
4.1.4.1 Cobertura do sistema de coleta de resíduos sólidos .................................... 37
4.1.4.2 Limpeza de logradouros públicos .............................................................. 37
4.1.4.3 Coleta seletiva ............................................................................................. 38
4.1.5 Análise da geração per capita: Indicadores da qualidade do sistema de
gerenciamento de resíduos domésticos no bairro Zumbi ................................. 40
4.1.6 Adequações no Sistema de Gerenciamento ................................................ 41
4.1.6.1 Geração de Emprego e Renda ..................................................................... 43
4.1.6.2 Redução de Impactos Ambientais .............................................................. 44
4.1.6.3 Educação Ambiental ................................................................................... 45

CAPÍTULO V – CONCLUSÃO e SUGESTÕES .............................................. 46


5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 46
5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................... 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 50

ix
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Cobertura da coleta direta e indireta de resíduos sólidos urbanos -


1989-2007 (em %) ............................................................................... 06
Tabela 2.2 - Resultado preliminar do PLAMSAN em Fevereiro de 2012 ........... 08
Tabela 2.3 - Empregos diretos gerados pelo setor de limpeza urbana na Região
Norte ................................................................................................. 15
Tabela 4.4 - Empresas privadas que trabalham com material reciclável no Bairro
Zumbi ................................................................................................ 31
Tabela 4.5 - Preço de compra dos materiais recicláveis de cada empresa por
quilo .................................................................................................. 32
Tabela 4.6 - Rotas e logradouros percorridos no sistema de coleta de resíduos
sólidos domésticos no Bairro Zumbi ................................................ 33
Tabela 4.7 - Origem dos resíduos coletados pelas concessionárias e terceiro ..... 35
Tabela 4.8 - Composição Gravimétrica do lixo domiciliar na zona leste da
Cidade de Manaus ............................................................................. 40

x
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Quadro evolutivo das formas de disposição final de RSU no Brasil
conforme PNSB e a PNRS................................................................. 05
Figura 2.2 - Conteineres com cores diferenciadas para a coleta de materiais
recicláveis.......................................................................................... 16
Figura 2.3 - Ilustração de um Local/Ponto de Entrega Voluntária de Resíduos
Sólidos .............................................................................................. 18
Figura 3.4 - Mapa do bairro Zumbi dos Palmares, cidade de Manaus-AM ........... 24
Figura 4.5 - Lixeira da Rua Padre Zózimo, no bairro Zumbi dos Palmares ........... 26
Figura 4.6 - Lixeira inapropriada na Rua João Bosco Bornier, no bairro Zumbi
dos Palmares ..................................................................................... 27
Figura 4.7 - Sacolas de Lixo na Rua João Bosco Bornie, no bairro Zumbi dos
Palmares ........................................................................................... 28
Figura 4.8 - Esgoto poluído na Rua Antenor Cavalcante, bairro Zumbi dos
Palmares ........................................................................................... 28
Figura 4.9 - Material Reciclável em Empresa, no bairro Zumbi dos Palmares .... 29
Figura 4.10 - Carro Coletor de resíduos sólidos na Rua Santa Tereza, no bairro
Zumbi ............................................................................................... 34
Figura 4.11 - Habitações em encostas e regiões de mata ciliar do igarapé, no
bairro Zumbi ..................................................................................... 35
Figura 4.12 - Resíduos sólidos descartados nas margens e leitos dos igarapés ....... 36
Figura 4.13 - Resíduos sólidos da construção civil na Rua Irmã Creusa, no bairro
Zumbi ............................................................................................... 36
Figura 4.14 - Limpeza da Alameda Cosme Ferreira, no Bairro Zumbi dos
Palmares ........................................................................................... 38
Figura 4.15 - Pontos de entrega voluntária (PEVs) – Escola Anita Garibaldi ......... 39
Figura 4.16 - Pontos de entrega voluntária (PEVs) - Escolas municipais ............... 39

xi
LISTA DE SIGLAS

AAM - Associação Amazonense de Municípios


ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública de Resíduos
Especiais
AMLURB - Autoridade Municipal de Limpeza Urbana
APP - Áreas de preservação permanente
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
EIA - Estudos de Impacto Ambiental
FUNASA - Fundação Nacional de Saúde
IPAAM - Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas
LIFER - Liga Feminina do Estado do Amazonas
MMA - Ministério do meio Ambiente
NBR - Normas Brasileiras Regulamentadoras
PLAMSAN - Planos Municipais de Saneamento e de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos dos Municípios do Estado do Amazonas
PMGIRS - Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos
RCC - Resíduos de Construção Civil
RIMA - Relatório de Impacto Ambiental
RSD - Resíduo Sólido Doméstico
RSS - Resíduos Sólidos de Saúde
RSU - Resíduo Sólido Urbano
SDS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
do Amazonas
SEGEORH - Secretaria Executiva Adjunta de Geodiversidade e Recursos Hídricos
SEMULSP - Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente
SNVS - Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
SUASA - Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária
TRSD - Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares
TRSS - Taxa de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde

xii
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A problemática dos resíduos sólidos urbanos é mundial. O município de Manaus vem


enfrentando um grande desafio que é o de promover uma gestão de forma integrada dos
mesmos. Vários estudos acadêmicos e técnicos já foram e vêm sendo desenvolvidos no
município abordando questões relacionadas aos resíduos sólidos e outros abordando
aspectos sociais sobre o tema (CHAVES, 2008). Porém, a relevância do presente estudo no
contexto acadêmico é a de proporcionar uma abordagem que compreenda um levantamento
de dados abrangente a partir da literatura nacional e local e da vivência pessoal sobre os
aspectos da reciclagem de resíduos urbanos, relacionados ao poder público municipal.
O crescimento populacional e o intenso processo de urbanização, aliados ao consumo
dos recursos naturais são uma combinação de fatores que podem facilmente conduzir a um
desequilíbrio ambiental. Nesse contexto os resíduos produzidos pela atividade humana são
uma ameaça para a nossa própria qualidade de vida, uma vez que seu tratamento e destinação
final afetam a saúde ambiental (CUNNINGHAM; CUNNINGHAM e SAIGO, 2005).
Nesta perspectiva, a gestão dos resíduos sólidos urbanos é uma ferramenta aplicada
que permite a interação entre os diversos atores que fazem parte da cadeia que interliga todos
os processos envolvendo resíduos sólidos. É o processo que compreende as ações referentes
a tomadas de decisões políticas e estratégicas quanto aos aspectos institucionais,
operacionais, financeiros, sociais e ambientais relacionados ao resíduos sólidos, ou seja,
referem-se ao manejo dos resíduos nas etapas de segregação, coleta, manipulação,
acondicionamento, transporte, armazenamento, transbordo, triagem, tratamento, reciclagem,
comercialização e destinação final dos resíduos sólidos, englobando dessa forma toda a
logística dos resíduos sólidos, que vai desde a geração até o destino final (LIMA, 2005).
Com isso foram estabelecidas diretrizes e metas para o planejamento e a
operacionalização de sistemas integrados de gestão de resíduos sólidos, sendo que todos os
municípios da Federação deverão erradicar, até agosto de 2014, seus eventuais lixões ou
aterros controlados sob pena de enquadramento das respectivas prefeituras em situação de
improbidade administrativa além de outras penalidades como aplicação de multas e
contingenciamento de recursos (BRASIL, 2010 a,c,d; CNM, 2011).
Considerando que a região amazônica dentre as demais regiões brasileiras, é a que
apresenta os piores índices referentes ao saneamento básico no país (PNSB, 2008) fica ainda

1
mais evidenciada a urgência por soluções práticas às suas municipalidades. Assim,
considerando os prazos legais da nova legislação, suas determinações e as deficiências da
região norte no quesito saneamento.
Nesse sentido, o presente estudo visa analisar a gestão dos resíduos sólidos urbanos
do bairro Zumbi dos Palmares, na zona leste da cidade de Manaus e, assim identificar os
principais problemas relacionados à gestão de resíduos sólidos no bairro, descrevendo os
aspectos positivos e negativos desse processo, incorrendo assim na consolidação de um
diagnóstico que servirá de base para a proposição de ações e intervenções administrativas,
visando a otimização da gestão dos resíduos sólidos domiciliares no referido local.
A coleta destes resíduos não é realizada em todas as vias públicas do bairro, visto
que a população descarta seus resíduos sólidos urbanos nos córregos próximos e vias
públicas, poluindo esses córregos e as vias públicas, causando assim danos ambientais e a
saúde da comunidade. E quando ocorre o período das chuvas (enchentes), é muito comum
que as vias fiquem alagadas, e devido à isto o lixo retorna as ruas e as edificações, devido
ao descarte incorreto desses resíduos urbanos, os resíduos sólidos resultantes das diversas
atividades antrópicas, desde os primórdios, constituíram um dos graves problemas a
sociedade. Nos dias atuais essa condição torna-se mais frequente, dado o acelerado
crescimento populacional e a falta de políticas públicas relacionadas à questão dos resíduos
sólidos.
Dentre os principais fatores, que atrapalham o gerenciamento adequado, destaca-se
o intenso consumo que ocorre na sociedade contemporânea, que acarreta em uma maior
quantidade de resíduos sólidos e ocasiona prejuízos aos recursos naturais, bem como o
desperdício de energia. Como consequência, têm-se a poluição do ambiente e a ameaça à
saúde pública devida o não tratamento, acúmulo ou a inadequada destinação final destes
resíduos.
No que concerne à qualidade do Sistema de Coleta, este deve representar em sua
execução universalidade dos serviços prestados, pontualidade e atendimento ao cronograma
previamente definido e limpeza eficiente dos logradouros públicos, condições estas não
verificadas no bairro, ocasionando assim a contaminação dos recursos hídricos, problemas
ambientais, sociais e de saúde pública.

2
1.2 JUSTIFICATIVA

A geração de resíduos sólidos não é o problema em si, sendo este representado por
um acondicionamento incorreto, destinação e até mesmo um sistema de coleta pouco eficaz,
que geram problemas em várias esferas administrativa, influenciando diretamente toda a
população do bairro. Uma grande quantidade de resíduos urbanos é gerada todos os dias,
resíduos estes que podem trazer diversos problemas se não tiverem uma destinação
adequada, mas que por outro lado podem gerar empregos se administrados corretamente.
Assim, pode ser identificado no bairro Zumbi, logradouros públicos sujos, poluição dos
recursos hídricos, e de forma geral, problemas gerenciais no sistema de coleta de resíduos
sólidos.
Diante destes fatores o assunto escolhido foi analisar a gestão dos resíduos sólidos
urbanos do bairro Zumbi dos Palmares, abrangendo um levantamento e identificação dos
principais problemas existentes, e diante dos resultados identificados no estudo, apresentar
possíveis soluções para melhoria dos problemas na gestão de resíduos sólidos, buscando
oportunizar uma vida mais saudável, bem como um ambiente mais limpo.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar a gestão de resíduos sólidos urbanos do bairro Zumbi dos Palmares, na zona
leste da cidade de Manaus.

1.3.2 Objetivos Específicos

 Identificar os atores sociais e as esferas administrativas (públicas e privadas)


envolvidos na gestão dos resíduos sólidos do bairro;
 Determinar os pontos de fragilidade no sistema de gestão de resíduos sólidos;
 Reconhecer as potencialidades locais, iniciativas privadas e recursos humanos
atualmente alocados no sistema de gestão de resíduos sólidos do bairro;
 Propor adequações e intervenções administrativas para melhoria no sistema da gestão
de resíduos sólidos do bairro.

3
1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Este trabalho tem grande relevância, não só para a população do bairro Zumbi, mas
para toda a cidade de Manaus, pois mostra a situação do sistema de gestão de resíduos sólidos
domésticos como um todo no bairro, com embasamento teórico adequado, que poderá servir
de base para diversos outros trabalhos acadêmicos ou como um projeto bem detalhado para
que a administração pública possa utilizar para melhorias das questões relacionadas a este
sistema.

1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

A dissertação é composta por 5 capítulos, e está organizada da seguinte forma:


Capítulo I - Introdução – evidenciando a justificativa, objetivos, relevância do estudo e a
estruturação do trabalho. Capítulo II – Referencial teórico – descrevendo o conceito,
classificação e processo de gestão de resíduos sólidos domésticos e legalização desta gestão.
Capítulo III – Metodologia – descrevendo todo o método científico utilizado, tipo de
pesquisa e área de estudo. Capítulo IV – Análise dos resultados – descrevendo todo sistema
de gestão de resíduos sólidos no bairro Zumbi, seus atores sociais e as esferas
administrativas, sistema de coleta, pontos de fragilidade, cobertura do sistema, limpeza dos
logradouros, coleta seletiva, análise da geração per capita, adequações no sistema com
relação à geração de emprego e renda, redução de impactos ambientais e educação ambiental
e o último Capítulo V – Conclusões e sugestões, e pôr fim as referências bibliográficas.

4
CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo a revisão bibliográfica é fundamentada por autores especialistas em


gestão de resíduos sólidos, tomando como base a análise do sistema de gestão de resíduos
sólidos urbanos do bairro Zumbi dos Palmares, localizado na zona leste de Manaus.

2.2 PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL

De acordo com as três últimas edições da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico


(PNSB) de 1998, 2000 e 2008 (Figura 2.1) a existência de lixões diminuiu de 88,2% em
1998 para 72,3% em 2000 e 49,8% em 2008, respectivamente. Por outro lado, os aterros
controlados – lixões a céu aberto com requisitos mínimos de impermeabilização – subiu de
9,6% para 22,3% e depois para 22,5% seguindo-se a mesma sequência cronológica. E para
aqueles que dispunham de aterros sanitários – destinação ambientalmente adequada dos RSU
– houve um aumento de 1,1% em 1998 para 17,3% em 2000 e 27,7% em 2008 no total de
municipalidades brasileiras (IBGE, 2010). Considerando que a meta da Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS) consiste em erradicar lixões e aterros controlados até agosto de
2014, o atual panorama deverá sofrer uma considerável variação.

GRÁFICO DE ÁREA: EVOLUÇÃO QUANTO À DISPOSIÇÃO


FINAL DE RS NO BRASIL CONFORME A PNSB E A PNRS.

Lixão Aterro Controlado Aterro Sanitário


1,1%
100%
9,6% 17,3%
27,7%
80%
22,3% 100,0%
60% 22,5%
88,2%

40% 72,3%

49,8%
20% 0,0%
0,0%
0%
1989 2000 2008 2014

Figura: 2.1: Quadro evolutivo das formas de disposição final de RSU no Brasil conforme
PNSB e a PNRS. (Adaptação - IBGE, 2010.)

5
Em estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (ABRELPE, 2011) a geração de RSU no Brasil registrou um crescimento
expressivo entre 2009 e 2010 superando a taxa de crescimento populacional urbano que foi
de aproximadamente 1%, sendo que houve um aumento de 7,7% na quantidade de RSU
coletados em 2010 em comparação a 2009.
Segundo Milanez (2010), apesar da cobertura da coleta de RSU em áreas urbanas
estar em processo de crescimento no Brasil, os números ainda apresentam-se muito
desiguais, principalmente nas regiões Norte e Nordeste que apresentam as menores taxas de
atendimentos dos serviços bem como as maiores discrepâncias entre domicílios rurais e
urbanos como mostra a tabela 2.1.

Tabela 2.1 - Cobertura da coleta direta e indireta de resíduos sólidos urbanos – 1989-2007
(em %) (IBGE 1990, 1993, 2010 apud MILANEZ, 2010)
Ano 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007
Cobertura Geral
Brasil 62,9(1) 66,5(1) 72 78,3 83,2 84,8 87,4
Zona Urbana
Brasil 78,3 81,4 86,7 92,4 94,9 96,3 97,9
Norte 55,4 56 64,1 77,3 85,3 89 95,3
Nordeste 62,2 65,9 73,7 83,7 88,4 90,8 94,2
Sudeste 85,2 88 91,9 96,1 97,8 98,7 99,3
Sul 83,4 89,8 94,7 97,4 98,1 98,8 99,4
Centro-Oeste 74,7 77,6 86 94,1 95,7 97,4 98,6
Zona Rural
Brasil 3,2(1) 6,7(1) 10,4(1) 17,5(1) 15,7(1) 21,7 28,6
Norte ND ND ND ND ND 16,7 22,5
Nordeste 3,5 6 7,5 10,5 8,7 11,4 16,9
Sudeste 2,8 9,7 15,2 25,8 27,9 38,2 45
Sul 5,1 6,6 12,5 22,9 20,5 30,7 44,5
Centro-Oeste 3,3 2,2 7,3 20,9 11,3 20,5 21,6
NOTA: ND = Não Disponível

Desta forma, apesar de consideráveis avanços no cenário nacional, o setor de RSU


ainda carece de melhoras significativas, tanto no que diz respeito às formas de gestão como
nas metodologias empregadas nos processos de planejamento e de avaliação desses sistemas
(IBGE, 2010), cada vez mais complexos. Um dos grandes entraves reside justamente na falta
de conhecimentos técnicos e administrativos que colocam por terra ganhos duramente

6
conseguidos, bem como a simples descontinuidade de administrações em função de
mudanças governamentais nas esferas municipais a cada eleição.
No Brasil, é fato comum que muitos destes aterros, depois de algum tempo
implementados, terminam por se transformarem em lixões (MIILANEZ, 2010). Nestes
casos, apesar da iniciativa louvável por parte de algumas prefeituras, incoerências políticas
e operacionais terminam por comprometer principalmente as unidades de disposição final.
Com as novas determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), as
Prefeituras em geral se veem agora obrigadas a desenvolver a gestão propriamente dita além
de se atentarem para novas formas de regulação visto que os RS gerados passam agora a ter
responsabilidades compartilhadas, mas também diferenciadas entre os atores envolvidos,
sejam eles públicos ou privados e a sociedade em geral.

2.3 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO AMAZONAS

De forma geral, o Estado do Amazonas ainda não dispõe de uma Política Estadual de
RS, no entanto, de acordo com informações da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável (SDS) do Amazonas o setor que estaria incumbido de
formular a política seria a Secretaria Executiva Adjunta de Geodiversidade e Recursos
Hídricos (SEGEORH) que também tem a missão de promover o uso sustentável da
geodiversidade e dos recursos hídricos (SDS, 2011). No que se refere ao panorama do setor
de RS no Estado, o interior ainda apresenta quadros bastante precários. De acordo com Lelis
e Miranda (2005) a disposição final em 2005 era o maior agravo. Naquele ano, nenhum dos
61 municípios dispunha de aterros sanitários, sendo comum a presença de vazadouros a céu
aberto e próximos a cursos d’água ou em áreas alagáveis.
Em 2011, o quadro não apresentaria grandes mudanças. De acordo com Stroski
(2011), dos 62 municípios do Estado, 57 ainda estão dispondo seus RS em vazadouros a céu
aberto, sendo que 03 despejam em “aterros controlados” (Manaus, Carauari e Tefé) e 02
(Coari e Maués) estão implementando seus aterros. Para o autor, os lixões do Estado
caracterizam-se por estarem dispostos em solos inadequados, sem a preparação exigida pelas
normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e muitos se
encontram em áreas de preservação permanente (APP), próximos a cursos d’água e áreas de
várzea.
Para o mesmo autor, o ideal seria que os aterros sanitários pudessem apresentar um
horizonte mínimo de vida útil para 20 anos além de todos os equipamentos e procedimentos

7
necessários ao monitoramento e avaliação conforme as normatizações pertinentes às
unidades. Apesar dos números do Amazonas acusarem um panorama desfavorável, o Estado
foi pioneiro no cenário nacional pós-promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) a articular um programa para a elaboração de Planos Municipais.
A partir da iniciativa da Associação Amazonense de Municípios (AAM) em parceria
com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas
(SDS) e apoio do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) assinou-se um
termo de cooperação interinstitucional para o desenvolvimento de um programa de apoio
aos municípios interioranos na elaboração de seus respectivos planos municipais de gestão
de RS, sendo o mesmo assinado em 17 de março de 2011, na Assembleia Legislativa do
Estado do Amazonas (ALEAM) (AAM, 2011).
Em 18 de Julho do mesmo ano foi lançado o Programa de Apoio à Elaboração dos
Planos Municipais de Saneamento e de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos dos
Municípios do Estado do Amazonas (PLAMSAN) que contou com R$ 1 milhão do Governo
do Estado do Amazonas e contrapartida de R$ 1,8 milhão dos 58 municípios que aderiram
ao Programa. Desta forma o PLAMSAN, através de sua equipe de técnicos em cooperação
com os colaboradores designados por cada municipalidade, desenvolveu o diagnóstico do
saneamento básico de 59 municipalidades, visto que Manaus (capital) e Juruá não
participaram, e o Município de Itamarati foi desligado uma vez que desenvolve seu plano
com apoio da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) (PLAMSAN, 2012).
De acordo com os resultados preliminares o panorama do saneamento básico no
Amazonas apresentava duas realidades. Uma que era repassada pelos municípios através do
preenchimento dos formulários e outra que era aferida pelos técnicos do próprio PLAMSAN,
na tabela 2.2 e apresentado a dicotomia entre esses dados.

Tabela 2.2: Resultado preliminar do PLAMSAN em Fevereiro de 2012


(Adaptado de SILVA-JÚNIOR, 2012)
% da avaliação com % da Avaliação com
Setores do Saneamento
base nas respostas dos base no diagnóstico do
Básico
município PLAMSAN
Abastecimento de água 91% 23%
Esgotamento sanitário 38% 2%
Resíduos sólidos 84% 28%
Drenagem urbana 29% 6%

8
De acordo com Silva-Júnior (2012) apesar de 84% dos 59 municípios avaliados
realizarem a coleta de RS domésticos e comerciais todos os despejavam em lixões, sendo
que em 88% realizava-se a limpeza urbana. No que se refere à Coleta Seletiva apenas 9%
dispunha dos serviços, sendo que apenas 8% desenvolviam a compostagem. Quanto ao
tratamento dos resíduos sólidos originários dos serviços de saúde (RSS) apenas 5% dos
municípios realizava alguma forma de tratamento, e em apenas 17% os garis dispunham de
condições seguras de trabalho.
Quanto aos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS)
estes deverão ser aprovados pelas respectivas Câmaras Municipais para que assim, os
municípios possam ter acesso aos recursos financeiros do Programa de Aceleração do
Crescimento – PAC-2 (AAM, 2011), o qual contará com aproximadamente R$ 1,5 bilhão,
alocado junto ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Ministério das Cidades (COSTA;
ADJUTO, 2011).
No entanto vale ressaltar que estes municípios deverão elaborar seus respectivos
Projetos Executivos e demais estudos de viabilidade técnica e ambiental com fins de obterem
às licenças prévias, (LP) de implantação (LI) e de operação (LO) dos aterros, além de
extinguir e biorremediar seus lixões. Neste sentido, o termo de referência (TR) do IPAAM
servirá de balizador aos projetos, fornecendo as orientações necessárias quanto aos
procedimentos técnicos a serem adotados (STROSKI, 2011).
Levando em consideração a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente –
Conama Nº404/2008, que determina que os municípios que gerem até 20 t/dia de RS devem
dispor de aterros de pequeno porte e estarem dispensados da produção de estudos de impacto
ambiental (EIA) e relatório de impacto ambiental (RIMA), 55 dos 62 municípios do
Amazonas se enquadram nesta categoria (BRASIL, 2008). Neste caso, apenas os municípios
de Manaus, Coari, Itacoatiara, Manacapuru, Parintins, Tabatinga e Tefé se enquadrariam nas
determinações de um aterro de grande porte. No entanto, tal perspectiva considera somente
cada municipalidade isoladamente desprezando fatores como proximidades logísticas comuns
em regiões metropolitanas que favorecem a adoção de consórcios.

2.4 CONCEITO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Existem inúmeras definições para resíduos sólidos, está relacionada as diferentes


abordagens do termo lixo, resíduo sólidos e rejeito. Comumente o primeiro é utilizado de
forma corriqueira e está relacionado a questão de ordem social e econômica, e o segundo

9
está ligado a questões técnicas de origem, composição e disposição (ORNELAS, 2011). Já
a Lei no.12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), define o termo rejeito, como:
Resíduos sólidos que, depois de esgotados todas as possibilidades de tratamento e
recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não
apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada
(BRASIL, 2010).
Segundo Demajorovic (1996) “o termo lixo foi substituído por resíduos sólidos, e
estes, que antes eram entendidos como meros subprodutos do sistema produtivo, passaram
a ser encarados como responsável por graves problemas de degradação ambiental”. Além
disso, resíduos sólidos diferenciam-se do termo lixo porque, enquanto este último não possui
qualquer tipo de valor, já que é tudo aquilo que devem apenas ser descartados, aqueles possui
valor econômico agregado, por possibilitarem o reaproveitamento no próprio processo
produtivo. Estas novas características contribuíram para tornar prioritária, dentro do setor
público nos países desenvolvidos, a política de gestão de resíduos sólidos, demandando um
comportamento diferente dos setores públicos, produtivo e de consumo.
Para Lima (2005) e qualquer resíduo que resulte das atividades diárias do homem na
sociedade. Estes resíduos compõem-se basicamente de sobras de alimentos, papeis,
papelões, plásticos, trapos, couro, madeira, latas, vidros,c lamas, gases, vapores, poeiras,
detergentes, e outras substancias descartadas no meio ambiente. Na mesma linha a ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas, através da ABNT 10.004:2004 – Resíduos
Sólidos – conceitua resíduo como:
Resíduos nos estados sólidos e semisólidos, que resultam de atividades da
comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e
de varrição. Ficam incluídos também nesta definição os lodos provenientes de sistemas de
tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição,
bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento
na rede pública de esgotos ou corpos de água (ABNT, 2004).
O conceito de resíduos sólidos vem sofrendo constantes mudanças “[...] o que era
constituído como resíduo há 20 anos hoje pode não ser mais. E aquilo considerado resíduo
hoje poderá não ser no futuro” (FIORENTIN, 2002). Sabe-se que a melhor forma de se
conhecer os resíduos sólidos gerados em um determinado município é feito por meio de sua
identificação, seguida dos processos de classificação e quantificação.

10
Segundo Massukado (2014), “no âmbito da gestão dos resíduos sólidos, a
classificação é fundamental, pois permite ao gerador do resíduo identificar com facilidade o
seu potencial de risco”, além de identificar as melhores alternativas de tratamento e
disposição final. Dentro da política de gestão dos resíduos sólidos estão incluídos controle,
produção, armazenamento, recolhimento, transferência e transporte, processamento,
tratamento e destino final dos resíduos sólidos, ou seja, todos os produtos e subprodutos em
sua fase final do sistema econômico, tanto ao que se refere ao lixo convencional quanto ao
lixo considerado tóxico.
Pode-se dizer que nos dias atuais, existe certa consciência de que, além disso, a
política dos resíduos sólidos deve também está presente de forma que possa garantir que os
resíduos sejam produzidos em uma menor quantidade já nas suas fontes geradoras. A gestão
de resíduos envolve uma inter-relação entre aspectos administrativos, financeiros, legais, de
planejamento e de engenharia, “cujas soluções são interdisciplinares, envolvendo ciências e
tecnologias provenientes da engenharia, economia, sociologia, geografia, planeamento
regional, saúde pública, demografia, comunicações e conservação” (RUSSO, 2003).
Portanto, entende-se que a gestão dos resíduos sólidos passa por diversos pilares
estruturantes que constituem uma política integrada, de que se destacam: adaptação de
sistemas integrados, baseada na redução na fonte, na reutilização de resíduos, na reciclagem,
na transformação dos resíduos onde está incluída a incineração energética e a compostagem,
e a deposição em aterros (energéticos e de rejeitos). São exatamente no âmbito desta
abordagem que os modernos conceitos de gestão de resíduos sólidos, em muitos países,
deverão seguir propostas para o equacionamento dos problemas destes resíduos, merecendo
destaque as seguintes recomendações, como afirma Magera (2005):

a) A prevenção através da redução do volume de resíduos na fonte geradora, dando


ênfase no desenvolvimento de tecnologias limpas nas linhas de produção e
análise do ciclo de vida de novos produtos a serem colocados no mercado. É
necessário que se estabeleçam critérios para reduzir o lixo de forma a influenciar
padrões de produção e consumo;
b) A reutilização reaproveitamento direto sob a forma de um produto, tal como as
garrafas retornáveis e certas embalagens reaproveitáveis;
c) A recuperação procura extrair dos resíduos algumas substâncias para um
determinado uso como, por exemplo, os óxidos de metais;

11
d) A reciclagem promove a transformação de matérias-primas de fácil purificação
como, por exemplo, papel, vidro, alumínio;
e) O tratamento busca a transformação dos resíduos através de tratamentos físicos,
químicos e biológicos;
f) A disposição final promove práticas de disposição final ambientalmente correta
e segura;
g) A recuperação de áreas degradadas identifica e reabilita áreas contaminadas por
resíduos (ação reparadora);
h) A ampliação da cobertura dos serviços ligados aos resíduos inclui o
planejamento, desde a coleta até a disposição final.

2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Quanto à classificação dos resíduos, os detalhes técnicos são obtidos na NBR


10.004:2014. Esta norma trata da classificação dos rejeitos de uma forma ampla dividindo-
se nas seguintes classes:

 Classe I ou perigosos: são aqueles que em função de suas características


intrínsecas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade ou patogenicidade,
podem apresentar riscos à saúde pública ou ao meio ambiente;
 Classe II ou não inertes: são aqueles que podem apresentar características de
combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, com possibilidade de
apresentar riscos à saúde e ao meio ambiente, não se enquadrando nas
classificações de resíduos de classe I ou classe III;
 Classe III ou inertes: são aqueles que não se decompõem no solo, não oferecem
riscos à saúde e que não apresentam constituintes solúveis em água em
concentrações superiores aos padrões de portabilidade (ABNT, 2004).

Sob uma forma específica e usual de gerenciamento de lixo, é mais prático e didático
classificá-lo sobre o compromisso empresarial para a reciclagem, que vem sendo adotada na
Políticas Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, 2010), em seu Art. 13 como:

 Lixo Domiciliar: aquele originado na vida diária das residências, constituído por
restos de alimentos, produtos deteriorados, jornais e revistas, garrafas e

12
embalagens, papel higiênico e fraldas descartáveis e ainda uma infinidades de
itens domésticos.
 Lixo Comercial: aquele originado nos estabelecimentos comerciais e de
serviços, tais como supermercados, bancos, lojas, bares, restaurantes, etc. O lixo
destes estabelecimentos tem um forte componente de papel, plástico, embalagens
diverso, material de asseio tais como papéis-toalha, papel higiênico.
 Lixo Público: são aqueles originados dos serviços de limpeza pública urbana,
incluídos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, de galerias,
córregos e terrenos baldios, podas de árvores, etc. Inclui-se ainda a limpeza de
locais de feiras livres ou eventos públicos.
 Lixo Hospitalar: constituem os resíduos sépticos os que contêm ou
potencialmente podem conter germes patogênicos. São produzidos em serviços
de saúde, tais como: hospitais, clínicas veterinárias, laboratórios, farmácias,
postos de saúde, etc. Este lixo é constituído de agulhas, seringas, gazes,
bandagens, algodões, órgãos e tecidos removidos, animais usados em teste,
sangue coagulado, remédios, luvas descartáveis, filmes radiológicos, entre
outros.
 Lixo Especial: são o lixo encontrado em portos, aeroportos, terminais
rodoviários ou ferroviários. Constituem os resíduos sépticos, que podem conter
agentes patogênicos oriundos de um quadro de endemia de outro lugar, cidade,
estado ou país. Estes resíduos são constituídos por material de higiene e asseio
pessoal, restos de alimentação e outros.

2.6 PROCESSO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

De acordo com Grippi (2006) “O gerenciamento integrado do lixo municipal deve


começar pelo conhecimento de todas as características desse lixo, pois vários fatores
influenciam neste aspecto”, tais como: número de habitantes no município; poder aquisitivo
da população; condições climáticas predominantes; hábitos e costumes da população e o
nível educacional. Ainda deve levar em consideração as estimativas de lixo geradas per capta
no município, visando planejamento adequado das atividades de coleta entre outros
controles.

De acordo com a Lei Municipal nº1411/2010 do art. 8 no âmbito do sistema de


limpeza urbana, são considerados usuários:

13
I. O munícipe-usuário, entendido como a pessoa física ou jurídica que gerar
resíduos ou auferir proveito decorrente da prestação dos serviços de limpeza
urbana;
II. A pessoa jurídica responsável pela coleta, remoção e triagem de resíduos, em
relação aos operadores de tratamento e destinação final;
III. A Prefeitura Municipal de Manaus, representando a coletividade ou parte dela
(MANAUS, 2013).

O autor ainda relata quanto à disposição final do lixo urbano no Brasil, que 80%
ocorremos em lixão a céu aberto, 13 % em aterros controlados; 5% em aterros sanitários;
1% usina de reciclagem; 0,9% usina de compostagem e 0,1% usina de incineração. No
Brasil, de cada 100 habitantes, 75 moram em cidades e o restante na zona rural. Esta
migração crescente da zona rural para as grandes cidades desequilibra o gerenciamento do
lixo, forçando as prefeituras a “correrem contra o tempo” para disponibilizar lugares para a
colocação correta do lixo urbano, sendo produzidas, diariamente, cerca de 250 mil toneladas
de lixo (GRIPPI, 2006).
Para Conceição (2014) “Os 449 municípios dos sete Estados da região Norte geraram
em 2012, a quantidade de 13.754 toneladas/dia de RSU, das quais 84,23% foram coletadas.
Crescimento de 2% no total coletado e aumento de 0,7% na geração de RSU em relação ao
ano de 2011”. A comparação entre os dados relativos à destinação adequada de RSU não
apresentou evolução de 2011 para 2012 na região. Dos resíduos coletados na região, cerca
de 70%, correspondentes a 7.522 toneladas diárias, ainda são destinados para lixões e aterros
controlados (CONCEIÇÃO, 2014). Do ponto de vista ambiental, pouco se diferenciam dos
próprios lixões, pois não possuem o conjunto de sistemas necessários para proteção do meio
ambiente e da saúde pública.
A situação mostrada segundo a mesma autora relata que: “Os municípios da região
Norte aplicaram em 2012, em média, R$ 4,21 por habitante/mês nos serviços de coleta de
RSU e R$ 6,77 por habitante/mês na prestação dos demais serviços de limpeza urbana”.
(CONCEIÇÃO, 2014). Estes valores somados resultam em uma média mensal de R$ 10,98
por habitante para a realização de todos os serviços relacionados com a limpeza urbana das
cidades.
A quantidade de empregos diretos gerados pelo setor de limpeza urbana nos
municípios da região Norte, em 2012, foi de 22.329 postos de trabalho. O mercado de
serviços de limpeza urbana da região movimentou a quantia de R$ 1,62 bilhão, registrando

14
um crescimento de 8,1% em relação a 2011, (ABRELPE, 2012). Na tabela 2.3 pode-se
verificar a relação dos empregos gerados nos setores públicos e privados.

Tabela 2.3 – Empregos diretos gerados pelo setor de limpeza urbana na Região Norte
(ABRELPE, 2012)
EMPREGOS NA REGIÃO NORTE
Públicos Privados Total
2011 2012 2011 2012 2011 2012
9.392 10.066 12.033 12.263 21.425 22.329

Com o advento da Revolução Industrial e os altos investimentos em tecnologia,


vários hábitos foram surgindo na população mundial, decretando um novo tipo de
comportamento, que cada vez mais vem produzindo lixo de forma alarmante (PEREIRA
NETO, 2007). Daí vem, então, a preocupação como destino final adequado dos resíduos
sólidos urbanos, visando o bem-estar da população e diminuindo a utilização de recursos
naturais. Com isso começou a se pensar nos cuidados necessários que se deveria ter com o
lixo, tanto no momento de produção, como destino final, principalmente em informação
sobre os manejos com os diferentes tipos de resíduos.

2.6.1 Desenvolvimento Sustentável

Para a preservação do meio ambiente o tratamento do lixo deve ser considerado como
uma questão de toda a sociedade e não um problema individual. A Constituição Federal em
seu art. 225 regulamenta com relação à saúde do ser humano: “Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo para
os presentes e futuras gerações” (BRASIL, 2014).
O grande desafio da atualidade é promover o desenvolvimento sustentável entendido
como desenvolvimento capaz de satisfazer as necessidades presentes sem comprometer as
necessidades das futuras gerações. No entanto, o conceito de desenvolvimento sustentável
vincula-se à preocupação na manutenção e na existência de recursos naturais para a
continuidade das gerações futuras. Apesar das economias poderem apresentar diferentes

15
interpretações, elas deverão estar centradas no objetivo comum, inerente ao conceito de
desenvolvimento sustentável e nas estratégias necessárias para sua execução.
Para isso a administração correta dos resíduos sólidos no Bairro Zumbi é
indispensável, melhorando o meio ambiente, na utilização deste meio como direito de todo
cidadão beneficiar-se das riquezas naturais de forma a não prejudicá-las, vivendo em
harmonia comunidade e natureza. Principalmente pelo o Bairro ter uma grande riqueza
natural que precisa ser preservada para as futuras gerações.

2.6.2 Coleta Seletiva

Nas grandes cidades, a coleta seletiva é tida como um instrumento de incentivo à


reutilização, à redução e à separação do material para a reciclagem buscando com isso, uma
mudança de comportamento, principalmente quando se trata de desperdícios inerentes à
sociedade de consumo. A coleta seletiva consiste na separação dos materiais já na fonte
produtora para que possam ser posteriormente reciclados. Para que se torne uma realidade,
porém, é necessário “[...] informar e orientar a população a acondicionar separadamente os
diferentes tipos de materiais e que os órgãos responsáveis pela coleta a realizem de modo
seletivo, encaminhando os resíduos a um centro de triagem” (OLIVEIRA; CARVALHO,
2004).
A coleta seletiva é uma forma de recolhimento de materiais recicláveis (Figura 2.2):
papéis, plásticos, vidros, metais e orgânicos, previamente separados na fonte geradora e que
podem ser reutilizados ou reciclados. Esse processo pode ser implantado em bairros, escolas,
centros comerciais ou outros locais que trabalhe junto com o sistema da coleta de materiais
recicláveis, servindo também como método educativo na medida em que sensibiliza a
comunidade sobre os questionamentos do desperdício de recursos naturais e da poluição
causada pelo lixo (COELHO et al., 2010).

Figura: 2.2: Conteineres com cores diferenciadas para a coleta de materiais recicláveis.
(http://reciklacao.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.html)

16
A inscrição com os nomes dos resíduos e instruções adicionais, quanto à segregação
ou quanto ao tipo de material, é objeto de padronização com relação à coleta seletiva, com
isso cada tipo de contendedores tem de acordo com o material que deve ser eliminado como
regulamenta a Lei 275/2001. A coleta dos resíduos sólidos deve ser precedida de uma
separação simples nas fontes geradoras. Em geral, a separação ocorre em categorias, tais
como: lixo e material reciclável, material orgânico e material inorgânico, lixo seco e lixo
úmido, etc. Esse tipo de coleta é chamado por alguns de coleta diferenciada e não coleta
seletiva, pois esta última seria associada a uma separação ou pré-seleção mais rigorosa, como
a dos resíduos orgânicos de diversos recicláveis, já separados em plásticos, papéis, vidros e
metais. Ocorre que a coleta seletiva de resíduos sólidos não é a separação de materiais em
si, mas uma etapa entre esta separação e o processo de reciclagem ou outro destino
alternativo aos aterros e incineradores.
Desta forma, um programa de coleta seletiva de lixo deve fazer parte do Plano de
Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos do Município, articulando-se, de maneira
integrada, com as demais técnicas a serem adotadas para o tratamento e destinação do lixo.
É importante salientar que, qualquer que seja o método eleito para tratamento do lixo:
compostagem, incineração, reciclagem, ou combinação destes, sempre haverá uma parcela
maior ou menor de rejeitos, não sendo eliminada, em nenhuma das hipóteses, a necessidade
de instalação de aterro sanitário. O aterro sanitário é a forma de destinação final dos resíduos
sólidos que contempla os requisitos de proteção ambiental, como impermeabilização, coleta
e tratamento do chorume, coleta e queima dos gases, cobertura periódica do lixo com terra
ou material inerte, conforme NBR 8419 (ABNT, 2004). Sem estas providências, o lixo se
torna foco de doenças, insetos e roedores, além de causar poluição do ar e das águas
subterrâneas. Alguns administradores e técnicos argumentam que os programas de coleta
seletiva são muito caros, em parte movidos pela ideia errônea de que os mesmos deveriam
dar lucros à administração municipal.

2.6.2.1 Pontos de Entrega Voluntária – PEV

O município deve dispor de uma ou mais unidades para a entrega voluntária de


resíduos volumosos domésticos ou comerciais, de fácil acesso à população, podendo ser
operados através de parcerias com organizações de catadores de materiais recicláveis
barateando os custo de operação. Resíduos gerados a partir da capina ou poda também
podem estar conjugados (Figura 2.3) (MMA, 2010)

17
Para a efetividade da rede de instalações se faz necessário um planejamento físico
prévio com a setorização de todas as eventuais áreas necessárias para cada tipo de resíduo
recebido. Para isso, são necessários estudos que dimensionem a real quantidade de resíduos
gerados, considerando seus fluxos e destinos, em observância às metas preestabelecidas
entre organizações e a comunidade de forma a permitir o avanço consistente dos resultados
a cada período de planejamento. São normatizados pela NBR 15.112 (Ibid.)

Figura 2.3 – Ilustração de um Local/Ponto de Entrega Voluntária de Resíduos Sólidos


(MMA, 2010)

2.6.3 Reciclagem

A definição de lixo dada no início deste trabalho induz ao pensamento de reutilização


e de reciclagem, pressuposto básico para a obtenção efetiva de economia, de energia e de
proteção dos recursos naturais. Portanto, reciclagem é o resultado de uma série de atividades
através das quais materiais que se tornariam lixo ou estão no lixo, são desviados, sendo
coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura
de outros bens, feitos anteriormente apenas como matéria prima (GRIPPI, 2006).
A reciclagem está fortemente vinculada a princípios sanitários, ambientais,
econômicos, sociais, educacionais, políticos e institucionais. Daí, os benefícios da
reciclagem são: diminuição da quantidade de lixo a ser desnecessariamente aterrado;
preservação dos recursos naturais; economia proporcional de energia; diminuição da
poluição ambiental; atividades em educação ambiental; melhoria da saúde pública; melhoria
da qualidade de vida da população; e geração de empregos, diretos e indiretos.

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A reciclagem teve um grande aumento com a figura do catador, que ajuda na limpeza
das vias públicas através do seu trabalho. Milhares de pessoas tiram seu sustento da coleta
de materiais recicláveis das ruas, tanto nas regiões metropolitanas do Brasil como em outros
países em desenvolvimento. Antigamente os sucateiros ou garrafeiros faziam seu pregão de
porta em porta, comprando ferro, vidro e papel, que revendiam às indústrias recicladoras. O
crescimento desordenado das cidades fez surgir à figura do catador, que retira das ruas,
separa, classifica e vende estes mesmos materiais (CONCEIÇÃO, 2014).
O catador hoje é bem visto pela sociedade, tanto que já existem associações
legalizadas para esta atividade. O recolhimento de materiais recicláveis por eles são vendido
para diversas empresas ou mesmo para autônomos que por sua vez vendem a outros que
reciclam todos os produtos. Para o trabalho adequado com recicláveis, temos também a
atividade de coleta ponto a ponto, onde são disponibilizados locais adequados para entrega
de materiais e também temos a coleta porta a porta através de carros coletores adequados
para este fim.

2.6.4 Destinação dos Resíduos

No Brasil, a maior parte dos municípios ainda não destina os seus resíduos de modo
adequado, depositando-os no solo, em sua maioria, em lixões e aterros controlados. Para
entendermos melhor, Conceição (2014) nos explica: Lixões a céu aberto também conhecido
como vazadouros são locais onde ocorre a simples descarga dos resíduos sem qualquer tipo
de controle técnico. É a forma mais prejudicial ao ser humano e ao meio ambiente, pois
nestes locais geralmente se estabelece uma economia informal, resultante da catação dos
materiais recicláveis e ainda a criação de animais domésticos que posteriormente são
consumidos tais como: aves, gado e suínos, nestes últimos principalmente.
Segundo a ABNT (2004), aterro controlado é: Técnica de disposição de resíduos
sólidos urbanos (RSU) no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública, e a sua
segurança, minimizando os impactos ambientais, método este, que utiliza princípios de
engenharia para confinar os resíduos sólidos (RS), cobrindo-os com uma camada de material
inerte na conclusão de cada jornada de trabalho.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos da Lei nº 12.305 (2010) define, em seu
Artigo 3º “destinação final ambientalmente adequada, a destinação de resíduos que inclui a
reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou
outras destinações” (BRASIL, 2010), admitidas pelos órgãos competentes do Sistema

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Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
(SNVS) e do Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA), entre elas a
disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou
riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.
Muito significativa é a Resolução n° 275 de 25 de Abril 2001 do Conselho Nacional
do Meio Ambiente - CONAMA, que “considera que a reciclagem de resíduos deve ser
incentivada, facilitada e expandida no país, para reduzir o consumo de matérias-primas,
recursos naturais não renováveis, energia e água.” (BRASIL, 2014). Segundo a resolução,
considera-se a necessidade de reduzir o crescente impacto ambiental associado à extração,
geração, beneficiamento, transporte, tratamento e destinação final de matérias-primas,
provocando o aumento de lixões e aterros sanitários.

2.7 LEGALIZAÇÃO DA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

O poder público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela


efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política Nacional de Resíduos
Sólidos. De acordo com a Constituição Federal, cabe ao poder público municipal o trabalho
de zelar pela limpeza urbana e pela coleta e destinação final do lixo. Com a lei da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, a tarefa das prefeituras ganha uma base mais sólida com
princípios e diretrizes, dentro de um conjunto de responsabilidades que tem o potencial de
mudar o panorama do lixo no Brasil (FUZARO; RIBEIRO, 2005).
A Lei de Crimes ambientais nº 9605 de fevereiro de 1998, dispõe sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá
outras providências. Em seu artigo 54, parágrafo 2º, inciso v, “penaliza o lançamento de
resíduos sólidos, líquidos ou gasosos em desacordo com as exigências estabelecidas em leis
ou regulamentos”. No parágrafo 3º do mesmo artigo, a lei penaliza quem deixar de adotar,
quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de
dano ambiental grave ou irreparável (ALBUQUERQUE, 2014).
A Lei Orgânica Municipal de Manaus promulgada em 05 de abril de 1990 reitera a
competência reservada do Município para organizar e prestar, direta ou indiretamente, por
meio de permissão ou de concessão, dentre outros, os seguintes serviços: “(1) abastecimento
de água e esgotamento sanitário; e, (2) limpeza pública, coleta, tratamento e disposição final
de lixo (art. 8º, inc. VII alíneas “b” e “f”). Compete, ainda, ao Município fixar as tarifas dos
serviços públicos” (MANAUS, 2014).

20
O Amazonas discute ações para o tratamento de rejeitos de resíduos sólidos e a
erradicação dos lixões nos municípios do Estado. Conforme a Lei 12.305, aprovada em 2010
no Congresso Nacional, as Prefeituras devem apresentar o Plano Municipal de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS) até agosto de 2010 e construir aterros sanitários
até agosto de 2014.
A Lei 12.305 é uma das principais leis relacionadas aos resíduos sólidos, em seu Art.
4º regulamenta: A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios,
objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotadas pelo Governo Federal,
isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou
particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado
dos resíduos sólidos (BRASIL, 2010).
Com relação à Gestão o Art. 9º afirma “Na gestão e gerenciamento de resíduos
sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução,
reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos.” (BRASIL, 2010). Estas normas nacionais devem ser observadas por
todas as outras leis, tanto estaduais como municipais, levando em conta suas
regulamentações, pois seus argumentos são bem consistentes, colocando em evidência a
necessidade de se cuidar do manejo do lixo, cuidando do meio ambiente.

21
CAPÍTULO III – METODOLOGIA

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os métodos utilizados na investigação deste estudo foi feito a partir de pesquisa


bibliográfica, documental e com levantamento de dados secundários que se resume em
literatura sobre o assunto, através de livros, jornais, revistas, documentos históricos e
entrevista informais com os moradores sobre os resíduos gerados no bairro.

Para Severino (2007), o método descritivo exploratório e o quantitativo descritivos,


consiste em investigação de pesquisa empírica cuja principal formalidade é o delineamento
ou análise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas, ou
isolamento de variáveis principais ou chave. Utilizam várias técnicas como entrevistas,
questionários, formulários etc. e empregam procedimentos de amostragem. A pesquisa
descritiva foi feita através de observações qualitativas e pesquisa de campo com análise de
situações cotidianas relacionadas ao sistema de gerenciamento de resíduos sólidos, tendo
como principal foco o sistema de armazenamento “in loco”, coleta, reaproveitamento de
recicláveis e resíduos orgânicos. Os procedimentos metodológicos da pesquisa
contemplaram ações de identificação de forma precisa e compreensiva, sob o escopo da
esfera administrativa, como é a gestão de resíduos sólidos no bairro Zumbi dos Palmares,
zona leste da cidade de Manaus e assim sugerindo as possíveis melhorias.

3.2 TIPOLOGIA DA PESQUISA

Quanto ao tipo de pesquisa relacionada aos fins a investigação foi descritiva. A


Pesquisa descritiva buscou expor as características do tema, esclarecendo os fatos reais da
gestão de resíduos, tendo como finalidade prática propor sugestões para resolução de
problemas concretos.
Segundo Lakatos (2007), neste aspecto considerado como o conjunto das atividades
sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo
– conhecimentos validos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros
e auxiliando as decisões do cientista. Deste modo, é um conjunto de procedimentos que
servem de instrumentos para alcançar os fins da investigação, usando um método de pesquisa
científica.

22
Para Vergara (2009), a pesquisa descritiva expõe características de determinada
população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre
variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que
descreve, embora sirva de base para tal explicação. É uma pesquisa de opinião insere-se
nessa classificação.
Quanto ao tipo de investigação foi realizado: a pesquisa de informações, dados e
documentos publicados ou disponibilizados pela SEMULSP, empresa privada
concessionaria da coleta de resíduos sólidos, empresas de compra e venda de materiais
recicláveis e “catadores” autônomos do bairro Zumbi dos Palmares; pesquisas descritivas
com observações “in loco” não participantes; análise qualitativa e registro fotográfico para
entender como acontece a gestão de resíduos e seus problemas. No esclarecimento sobre o
processo de gestão de resíduos sólidos no bairro, obtiveram-se informações das devidas
empresas que trabalham com este tipo de atividade na área de estudo, entendendo melhor as
questões relacionadas à coleta e reciclagem do lixo. Também conversando com autônomos
entendendo como é realizado todo o processo de reciclagem.

3.3 COLETA DE DADOS

Tomando como objeto de estudo o bairro Zumbi dos Palmares, localizado na zona
leste da cidade de Manaus, a coleta de dados foi realizada como fundamento para o estudo,
destacando a rotina e os costumes dos moradores no que concerne a acomodação e o descarte
dos resíduos sólidos urbanos do bairro. Isto ocorreu com o mapeamento através de fotos do
local e através de dados coletados junto a SEMULSP, e entrevista informal junto aos
moradores do bairro. Outro instrumento de coleta de dados foi feita através de pesquisa
bibliográfica realizadas em livros, artigos e material fotográfico.

3.4 ÁREA DE ESTUDO

3.4.1 Histórico da área – Zumbi antigo

O bairro Zumbi dos Palmares segundo informação dos moradores formou-se de uma
grande área verde pertencente à Congregação Salesiana, onde funcionava um seminário e
um projeto da escola agrícola, local servia de retiro para religiosos e pessoas ligadas à
congregação, além de oferecer cursos e serviços sociais aos moradores do bairro São José
Operário e adjacências. No local existiam diversos pomares de fruteiras e uma fonte de água

23
que abastecia uma piscina natural: a nascente do Igarapé do Quarenta. Em setembro de 1986,
cerca de trezentas famílias, que haviam sido expulsas da invasão Cê Que Sabe, na
comunidade São Sebastião, bairro do Aleixo, invadem o local. A data oficial de fundação do
bairro é o dia 22 de setembro de 1986, quando a irmã Helena, coordenadora das ocupações,
ergueu uma lona, numa clareira, e lá abrigaram-se as pessoas que seriam os primeiros
moradores do Zumbi dos Palmares” (SILVA; FRANÇA, 2011).
Depois da primeira invasão do bairro Zumbi dos Palmares, sete anos depois
ocorreram novas invasões no local que deram origens aos Zumbi II e Zumbi III. Enquanto
os ocupantes do Zumbi I eram, em sua maioria, ex-moradores da comunidade de São
Sebastião, no Zumbi II, a ocupação foi feita por moradores vindos do bairro Morro da
Liberdade. O bairro passou por um lento processo de implantação de infraestrutura básica,
com suas ruas sendo pavimentadas somente por volta de 1990, após a visita do então
governador Amazonino Mendes à localidade. A figura 3.4 mostra a divisão do bairro Zumbi,
com suas respectivas vias (ruas).

Figura 3.4 – Mapa do bairro Zumbi dos Palmares, cidade de Manaus-AM


(IMPLURB, 2014)

Com relação à divisão, o bairro foi divido em três etapas I, II e III, no entanto, o
Diário Oficial do Município de Manaus lei nº 1401, de 14 de Janeiro de 2010, em seu artigo
4º o Bairro se constituiu em uma única divisão Zumbi dos Palmares que começa na Avenida

24
Autaz Mirim com a Rotatória do São José Operário, contornando até a Avenida Cosme
Ferreira, desta até a Rua Marcelo Santos, desta até o Igarapé do Zumbi (MANAUS, 2010).
Em 1999, os problemas de infraestrutura no bairro ainda chamavam a atenção da imprensa,
tanto que um jornal da época defendia a implantação de melhores condições de moradia para
os habitantes do Zumbi dos Palmares, como a implantação da rede de saneamento e água,
classificando o bairro como uma invasão desordenada.

3.4.2 Zumbi atual

Atualmente, o bairro conta com aproximadamente 32.882 habitantes (AMAZON


SAT, 2014), que vivem em cerca de 133 ruas e outros becos e vielas. O bairro Zumbi
localiza-se na zona leste de Manaus, limita-se com os bairros de São José operário, Armando
Mendes, Grande Vitória e Nova Luz. A população do bairro tem à disposição dois campos
de futebol. Com relação à renda da população, visto que a maioria dos moradores não possui
o ensino médio completo, resta a ocupação na construção civil ou no comércio, ficando
evidente pela quantidade de bares na área.
O bairro Zumbi dos Palmares ainda hoje enfrenta muitos problemas de infraestrutura
básica, como ruas sem pavimentação, além da falta de segurança, prostituição e desigualdade
social, famílias ainda moram em beira de barrancos. O bairro sofre com a carência de escolas
de educação infantil, falta de postos policiais e delegacia. Conta-se com rondas da polícia no
bairro, mas que são apenas em ruas principais e com poucos policiais, não inibindo os crimes
que acontecem ao longo do dia. As ações do poder público são restritas, e conta apenas com
sete escolas públicas, sendo três estaduais e quatro municipais, além de dois postos de saúde
sob responsabilidade da prefeitura e um ambulatório, e o corpo de bombeiros que ampara o
bairro e os adjacentes. Outras organizações podem ser identificadas no bairro, como a LIFER
(Liga Feminina do Estado do Amazonas), diversos comércios de segmentos variados, a
Escola Agrícola e a congregação Nossa Senhora do Carmo, que realiza diversos trabalhos
sociais, como cursos profissionalizantes, além da manutenção de uma creche, a única do
bairro.

25
CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Na gestão de resíduos sólidos, muitas atividades são realizadas desde a produção até
seu destino final, sendo que a administração pública, empresas e pessoas estão envolvidas.
No bairro Zumbi, o gerenciamento dos resíduos sólidos foi avaliado no sentido de verificar
os elementos norteadores da qualidade deste sistema.

4.1.1. Gestão de resíduos sólidos da área em estudo

No bairro Zumbi do Palmares, as edificações são em sua maioria de alvenaria, onde


muitas foram construídas próximos de barrancos e nas proximidades de igarapés. Um dos
maiores problemas de infraestrutura é a falta de saneamento básico, o abastecimento de água
é reduzido e falta de coleta seletiva de lixo. Observa-se muito lixo descartado em vias
públicas, por falta de lixeiras apropriadas e por não ter horário fixo de passagem do caminhão
de coleta de lixo, e por outro lado os moradores não têm consciência e descartam o seu lixo
em qualquer horário e em qualquer lugar e de qualquer maneira, como é mostrado na figura
4.5

Figura 4.5 - Lixeira da Rua Padre Zózimo, no bairro Zumbi dos Palmares
(Pesquisa de campo, 2013)

26
A utilização de lixeiras é um hábito antigo, ajudando a manter o lixo acondicionado
em lugar apropriado dentro das residências que, em sua maioria, tem lixeiras comuns, de
pequeno porte, adquiridas no comércio local, ou que compram por encomenda em ferragens
ou improvisadas artesanalmente com madeira, papelão, etc. Posteriormente, o lixo destas
lixeiras menores é acondicionado em sacolas plásticas que depois são colocadas em um
recipiente maior, uma lixeira em frente às residências, para a coleta final. Essas lixeiras em
frente às residências não são apropriadas, pois na maioria das vezes são fabricadas com
barras de aço (Figura 4.6) e os grandes vãos possibilitam que resíduos menores caiam sobre
as calçadas, acumulando-se assim uma grande quantidade de lixo, que dificulta a passagem
de água para os esgotos. As pessoas dão preferência a esse tipo de lixeira por serem mais
economicamente mais baratas, mas o material usado não é durável.

Figura 4.6 – Lixeira inapropriada na Rua João Bosco Bornier, no bairro Zumbi dos
Palmares (Pesquisa de campo, 2013)

Entretanto, algumas residências não possuem nem mesmo esse tipo de lixeira e o lixo
é depositado em sacolas plásticas que ficam dependuradas em cercas e muros ou até mesmo
em vias públicas. Com isso, animais rasgam alguns sacos e espalham o lixo (Figura 4.7) e o
carro coletor recolhe apenas as sacolas que não foram danificadas. Como não há serviço de
varrição constantemente nos logradouros, os detritos remanescentes atraem ratos, moscas e
baratas, e as ruas ficam sujas e poluídas.

27
Figura 4.7 – Sacolas de Lixo na Rua João Bosco Bornie, no bairro Zumbi dos Palmares
(Pesquisa de campo, 2013)

Na época das chuvas, estes resíduos são levados (arrastados pelas chuvas) para os
esgotos e igarapés, causando danos ao meio ambiente e à saúde pública. Na figura 4.8 é
mostrado o lixo que é levado pelas águas das chuvas para os esgotos, os esgotos a céu aberto
poluem o solo e contaminam as águas, pois ficam obstruídos e geram o acumulo de água em
vias públicas e edificações, este é um dos problemas graves que o lixo causa.

Figura 4.8 - Esgoto poluído na Rua Antenor Cavalcante, bairro Zumbi dos Palmares
(Pesquisa de campo, 2013)

28
No bairro Zumbi não existem associações de catadores e nem cooperativas, apenas
autônomos que catam lixos recicláveis nas ruas e que utilizam na associação do bairro São
José IV e a Cooperativa do Jorge Teixeira, e alguns realizam a venda do material reciclável
de forma independente. Esses autônomos coletam metais nas vias públicas por conta própria
e revendem para outros autônomos que por sua vez vendem para empresas que pagam um
preço maior. Observa-se na Figura 4.9, o material reciclável acondicionado em contêineres
depois da compra, onde foi separado e está pronto para ser entregue nas empresas de
reciclagem.

Figura 4.9 – Material Reciclável em Empresa, no bairro Zumbi dos Palmares


(Pesquisa de campo, 2013)

4.1.2 Atores Sociais e as Esferas Administrativas (Públicas e Privadas) envolvidos na


Gestão de Resíduos Sólidos

Os atores sociais envolvidos diretamente no sistema de gestão de resíduos sólidos no


bairro Zumbi, zona leste do município de Manaus, podem ser enquadrados em três esferas:
público-privada, privada e particular. A Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços
Públicos (SEMULSP) é a responsável pela formulação e implementação da política de
limpeza pública urbana do município de Manaus, garantindo à população o acesso aos
serviços de limpeza pública urbana em condições adequadas. Para isso utiliza os métodos de
coleta convencional, coleta seletiva, limpeza periódica de bairros, limpeza de igarapés,
varrição diurna e varrição noturna, destinação final do lixo em aterro sanitário e programas

29
de conscientização e educação ambiental aplicados em escolas, prédios públicos, empresas
privadas, praças ao ar livre, etc. (MANAUS, 2014).
A Lei nº 1.411 dispõe sobre a organização do sistema de limpeza urbana do
município de Manaus; “autoriza o poder público a delegar a execução dos serviços públicos
mediante concessão ou permissão; institui a taxa de resíduos sólidos domiciliares - TRSD, a
taxa de resíduos sólidos de serviços de saúde - TRSS e dá outras providências” (MANAUS,
2013). Neste sentido, no bairro Zumbi a gestão ocorre em uma esfera público-privada, pois
se pode observar através do levantamento de dados realizado pelo presente estudo, a
intervenção de uma empresa que atua no bairro sob o regime de concessão em contrato
firmado com a SEMULSP – Prefeitura Municipal de Manaus. Participando de concorrência
pública a empresa adquiriu concessão pelo termo nº 016/2005 firmado em 01/08/2005 pela
prefeitura segundo a Coordenadora da Educação ambiental da referida empresa.
Segundo Pozza (2014), no âmbito do direito administrativo, concessão é o ato pelo
qual uma pessoa coletiva de direito público encarrega outra entidade, que costuma ser
particular, de explorar certo serviço público de caráter empresarial, serviço do qual tinha
exclusividade. A pessoa que concede assume o risco, e transfere temporariamente para ela o
exercício dos direitos correspondentes.
A mesma autora discute que: “Se trata de uma gestão indireta de um serviço público,
onde a empresa concessionário, desempenha uma função pública, e deve respeitar as
instruções da administração, para que o serviço público concessionado mantenha a sua
natureza, embora seja gerido por uma entidade privada” (POZZA, 2014).
De acordo com informação da coordenadora de educação ambiental da empresa
concessionária, esta atua na área de serviços urbanos desde a década de 1980, já em Manaus
está a pouco tempo, prestando serviços de limpeza urbana, e gerenciando o aterro sanitário.
“Ao aliar eficiência, qualidade dos serviços, investimento em pesquisa e tecnologia e a busca
pela superação na satisfação de seus clientes, destaca-se esse segmento.”
Sua missão é realizar a limpeza e coleta de resíduos urbanos, com qualidade
diferenciada e responsabilidade socioambiental atendendo as necessidades dos clientes.
Busca ser reconhecida pela população como uma das melhores no seguimento de limpeza
urbana. Tem como valores, ousadia com responsabilidade, compromisso com a qualidade,
respeito nas relações, foco no resultado (EMPRESA MARQUISE CONSTRUTORA, 2014).
Na esfera privada, a partir da avaliação in loco, foram identificados no bairro zumbi
três empresas que atuam diretamente com resíduos sólidos passíveis de atuar na área de
reciclagem, como centro de compra de materiais, como descreve a tabela 4.4:

30
Tabela 4.4 – Empresas privadas que trabalham com material reciclável no Bairro Zumbi
(Pesquisa de campo, 2013)
Empresa Privada Tipo de Material Atividade
A Plástico (PP*, PE*, carcaças de Compra/Coleta de
tanquinhos, lavadoras, ventiladores, Doação/Preparação
paletes de plástico, grades de /Revenda
refrigerante e resíduo de indústrias
plásticas).
B Metais (Alumínio, Ferro, bateria, Compra/Revenda
cobre, zinco e motores de máquinas).
C Papelão Compra/Coleta de
Doação/Revenda
* PP – Polipropileno, PE – Plástico Mole. Polietileno.

A Empresa A, de acordo com o relato de um funcionário consultado, a empresa tem


administrado o negócio há 6 anos, trabalhando com alvará de funcionamento, realizando
compra de materiais diversos, de autônomos e “sucateiros” que trabalham pelo bairro
revendendo essas sucatas para empresas que reciclam estes resíduos. Seu quadro de
colaboradores é composto por 8 funcionários que atuam como atendentes, carregadores,
operadores e administrador geral.
A Empresa B é legalizada atuando há 10 anos com compra direta de autônomos de
material reciclado, todo tipo de metal, como: bateria cobre ferro, alumínio, zinco e motores
de máquinas e etc. Assim acumulam em contêineres e depois segue para a fábrica de
reciclagem. Atividades estas informadas por um funcionário da empresa. Sua missão é
oferecer aos seus parceiros e clientes serviço de beneficiamento de resíduos metálicos com
qualidade, tornando-os mais eficazes, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e
crescimento da sociedade, aumentando o grau de satisfação dos clientes, incentivando a
prática dos princípios éticos de condução dos negócios, o respeito ao meio ambiente e a
qualidade de vida dos colaboradores.
Tendo como valores o desenvolvimento sustentável, a valorização do ser humano,
comportamento ético e responsabilidade social. Sua visão de futuro é ser líder em
gerenciamento de resíduos metálicos da região norte, reconhecida pelos parceiros, clientes e
mercado, pelo grau de qualidade dos produtos e serviços e comprometimento com o meio
ambiente. Tem em seu quadro de colaboradores no bairro, dentro do depósito, apenas 05,
que realizam atividades de atendimento, motorista, carregador e despachante.
A empresa C trabalha há 2 anos com reciclagem de papelão, com atuação informal,
através do recebimento de doação de empresas e compra por 15 centavos de real o quilo, de

31
catadores autônomos. Também têm os catadores de latinhas. Nesta empresa trabalham 2
pessoas, sendo o administrador e ajudante, que fazem serviços de coleta, armazenagem e
despacho. Os materiais que as empresas trabalham têm diferentes composições, cada um
com seu valor diferenciado para compra, todos servindo para reciclagem, todas as três
empresas são apenas compradoras, armazenam e vendem para empresas de reciclagem. De
acordo com o tipo de material cada empresa têm seus valores, conforme descreve a tabela
4.5:

Tabela 4.5 - Preço de compra dos materiais recicláveis de cada empresa por quilo
(Pesquisa de campo, 2013)
EMPRESA MATERIAL PREÇO POR
QUILOGRAMA
Para-choques (ABS) R$ 0,50
Baldes e Bacias Plásticas (PP) R$ 0,50
Cadeiras Plásticas (PP) R$ 0,50
Tanquinhos Plásticos (PP) R$ 1,00
A Carcaças de TVs e condicionadores de ar (PS) R$ 0,50
Isopor (PS) R$ 0,50
(PVC) Flexível R$ 0,50
Sacos Plásticos (PEBD) R$ 0,60
Sacos Bolhas (PE) R$ 0,70
Engradados de Bebidas (PE) R$ 0,50
Garrafas (PTS) R$ 1,00

Bateria R$ 1,00
Alumínio R$ 1,70
B Cobre R$ 10,00
Metal R$ 4,00
Alumínio grosso R$ 1,00
Ferro R$ 0,25

C Papel e Papelão R$ 0,15

Também atuam neste meio, coletores autônomos de materiais recicláveis, que atuam
no recolhimento dos materiais diretamente nas empresas ou em logradouros públicos para a
venda, e de acordo com o tipo de material recolhido, nas empresas especificadas no quadro
4.1. Estes catadores têm grande importância no processo de gestão de resíduos sólidos,
ajudando a limpar o meio ambiente. Todos vivem em condições precárias, precisando
realizar este serviço para ajudar no sustento da família.

32
4.1.3 Sistema de Coleta de Resíduos Sólidos Domésticos no Bairro Zumbi

A empresa concessionária disponibiliza os serviços referentes a limpeza pública em


85,7% da semana (6 dias da semana). O serviço de coleta de resíduos atua em um turno único
que engloba 4 funcionários, sendo um motorista e três agentes de limpeza, percorrendo três
rotas para a cobertura completa da coleta no bairro Zumbi (Tabela 4.6).

Tabela 4.6 - Rotas e logradouros percorridos no sistema de coleta de resíduos sólidos


domésticos no Bairro Zumbi
(Informações da Coordenadora da empresa concessionária, 2013)
Rota Logradouros percorridos
Rota nº 720 Inicia na Rua Bom Jesus, no Zumbi as Rua Santa Inês, Santo Estevão,
Monte Serra, Creuza Coelho, Oscar Homero, Chico Mendes,
finalizando na Alameda na Feira.
Rota nº 725 Inicia na Rua Nova Luz, Dr. Basílio, Drª Telma, Dr. Edson, Dr.
Ademar, Dr. Nélio, Sr. Do Bonfim, Buriti, Telmário, Padre Marcelino,
Pegorado, Dr. Abreu, Dr. Eloiza, Dr. Cirilo, Santa Rita, Tucumã, Açaí,
Patoa, Palmito, Marajá.
Rota nº 731 Inicia na Rua Santa Inês, Índio Ajuricaba, Rua Santo Estevão, Padre
Zózimo, Irmã Creuza Coelho, Rua João Bosco Bornier, Dr. Resende,
Rua São Paulo as Travessas Marechal Rodon, São Lourenço, Joana
Dárc, Rua Maria Isabel, Zig Zag: Padre Ramamin, Mauricio Lopes e
Nestor Paz, desce a Rua Antenor Cavalcante, Continental, Zig-Zag:
Odimar Santana, Castro Alves, Socorro de Castro de Ré, Rua Padre
Ramin, Mauricio Lopes, Nestor Paz, Travessa Portugal, Rua Marcelo
Santos, concluindo na rua H do Armando Mendes.”

As rotas de coleta apresentadas são realizadas em 54 ruas do bairro, mas como o


bairro tem 130 ruas, a coleta abrange apenas 42% do bairro, deixando de ser atendidas 58%
das ruas do bairro Zumbi. De acordo com informações da Coordenadora da Empresa de
Coleta a rota é elaborada de forma que o veículo coletor esgote sua capacidade de carga no
percurso estabelecido para então se dirigir ao local de tratamento ou disposição final dos
resíduos coletados. No estabelecimento da rota, roteiro ou itinerário de coleta é considerado
o menor percurso improdutivo possível. Os percursos improdutivos são aqueles trechos em
que o veículo não realiza a coleta, servindo apenas para seu deslocamento de um ponto a
outro. Para que isto ocorra, os seguintes critérios e regras práticas são considerados: início
da coleta próximo à garagem; término da coleta próximo à área de descarga; coleta sentido
descendente quando feita em vias íngremes; percurso contínuo: coleta nos dois lados da rua.

33
Para cada itinerário é elaborado um roteiro da área, em mapa ou croqui, indicando
seu início e término; o percurso efetuado; os pontos de coleta sem acesso a veículos e os
trechos com percurso morto e manobras especiais, tais como ré e retorno. A roteirização da
coleta é um processo dinâmico e é acompanhado periodicamente visando observar se há
variação na geração de resíduos em cada trecho ou setor, se novas ruas foram pavimentadas
etc., para efeito de alteração e ajustes nos roteiros originais. Como já mencionado
anteriormente a figura 4.10 mostra a coleta sendo realizada por três agentes de limpeza e um
motorista que utilizam luvas e botas para se proteger, como descreve a coordenadora da
empresa coletora de lixo.

Figura 4.10 – Carro Coletor de resíduos sólidos na Rua Santa Tereza, no bairro Zumbi
(Pesquisa de campo, 2013)

Esta coleta é realizada com uma quantidade mínima de funcionários que trabalham de
uma maneira exaustiva, “sempre correndo” para atender todas as ruas de sua rota. Diante
desta coleta cai muito lixo no chão, devido à pressa. A empresa trabalha com modalidades
diversificadas de coleta, de acordo com o tipo de material, que tem diferentes formas e
composições, por isso devem ter cuidados de locomoção diferenciados, como mostra a tabela
4.7 para melhor entendimento:

34
Tabela 4.7 - Origem dos resíduos coletados pelas concessionárias e terceiros
(Manaus, 2010)
Modalidades Origem dos resíduos
Coleta Domiciliar Resíduos de domicílios, pequenas indústrias, comércio, bancos,
escolas, e outros locais seguindo roteiros previamente definidos.
Remoção Mecânica Resíduos originados após a realização de mutirões de limpeza.
Incluem-se nesta classificação todos os resíduos que não podem
ser recolhidos de forma manual e que não sejam domiciliares
Coleta Seletiva Resíduos recicláveis (papel, plástico, vidro, metal) segregados na
fonte, coletados nos domicílios por caminhões específicos e
encaminhados às associações de catadores para triagem,
beneficiamento e comercialização.

O resíduo com maior volume de coleta encontrado no bairro Zumbi é o lixo orgânico.
Os rejeitos vêm em segundo lugar, como roupas usadas, trapos e borrachas foram os resíduos
encontrados com maior frequência. (MANAUS, 2013). Pelas informações observadas nem
todas as vias públicas são atendidas pela coleta, sendo assim muitas ruas ficam cheias de
lixo, onde as pessoas descartam seu lixo em qualquer lugar, como mostra a figura 4.11 e
4.12, pois mesmo depois da limpeza dos igarapés, o lixo se acumula, ocasionado a poluição
do mesmo.

Figura 4.11: Habitações em encostas e regiões de mata ciliar do igarapé, no bairro Zumbi.
(Pesquisa de campo, 2013)

35
Figura 4.12: Resíduos sólidos descartados nas margens e leitos dos igarapés
(Pesquisa de campo, 2013)

Diante da poluição dos igarapés, a preocupação é com as doenças que podem ser
causadas pela água contaminada. Os moradores descartam “entulhos” (resíduos da
construção civil) nas vias públicas em qualquer lugar achando que os coletores farão a coleta
destes materiais. Sabemos que a empresa que faz coleta de lixo não é responsável por coletar
este tipo de material, somente pela limpeza de lixo doméstico. Sendo que segundo a
Coordenadora da empresa concessionária a coleta deste tipo de material é feita de acordo
com o planejamento da SEMULSP. A figura 4.13 mostra o RSC depositado indevidamente
em logradouros públicos:

Figura 4.13 - Resíduos sólidos da construção civil na Rua Irmã Creusa, no bairro Zumbi
(Pesquisa de campo, 2013)

36
Foram implantadas PEVS nas Escolas Municipais do Bairro, mas diante de
observação “in loco” nas mesmas verificou-se que nenhuma conta com este serviço.
Segundo a pedagoga de uma das escolas (informação pessoal), em 2011 foram implantadas
as PEVs, e durante um ano funcionou, mas no ano de 2012 os moradores deixavam o lixo
que se acumulava, pois o carro coletor demorava a passar. O aterro sanitário de Manaus,
localizado no KM 19 da AM-010, é o único atualmente no estado do Amazonas. Com uma
área total de 752.376 m2. Pelo menos 61 municípios amazonenses terão quatro anos para
substituir os lixões por aterros sanitários.
A norma faz parte da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em
agosto de 2011. A operação do atual aterro está sob a responsabilidade da empresa Tumpex,
que compartilha a operação com a empresa Marquise Construtora, sob a supervisão e
coadministração da SEMULSP. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos,
Amazonas terá que construir pelo menos 61 aterros até 2015.

4.1.4 Pontos de Fragilidade no Sistema de Gestão de Resíduos Sólidos

A gestão de resíduos sólidos no bairro Zumbi tem sido tema de discussão, pois possui
diversos pontos de fragilidade no seu sistema, e que precisam ser revistos, melhorados ou
mesmo implantados.

4.1.4.1 Cobertura do Sistema de Coleta de Resíduos Sólidos

Um dos piores é a área de cobertura, como se observa na tabela 4.4 onde abrange
apenas 42% das vias públicas do bairro, pois de acordo com pesquisas, existem 130 ruas e a
coleta é feita apenas em 54, assim não é nem a metade das ruas do bairro. Deixando de
coletados resíduos na maioria das ruas. Sendo assim, os moradores acabam por fim dando
um descarte inadequado para os seus resíduos.

4.1.4.2 Limpeza de Logradouros Públicos

A limpeza dos logradouros públicos é realizada através do processo de varrição e


coleta dos resíduos nas vias principais do bairro (Figura 4.14), onde existem centros
comerciais e feiras. Esta limpeza é realizada todos os dias, por garis da própria Prefeitura.
Diante deste cenário, está limpeza sendo realizado apenas em vias principais, o restante das

37
vias do bairro ficam com muito lixo acumulado, principalmente nas laterais das vias, que
escoam para os esgotos, entupindo-os e poluindo as águas.

Figura 4.14 - Limpeza da Alameda Cosme Ferreira, no Bairro Zumbi dos Palmares
(Pesquisa de campo, 2013)

4.1.4.3 Coleta Seletiva

Um dos problemas da coleta seletiva é a falta de organização dos catadores,


principalmente por não existir cooperativas e associações no bairro. Outro problema são os
pontos de entrega voluntaria de resíduos (PEV), que se encontram desativados, pois os
caminhões de coleta demoravam a vir buscar os resíduos segregados, e assim foram
desativadas. Os PEVs funcionavam em escolas municipais, e ficava localizado na entrada

38
da escola, mas atualmente não está em funcionamento, uma das escola era a Anita Garibaldi,
e mais outras duas escolas, conforme mostra a figura 4.15 e 4.16.

Figura 4.15 - Pontos de entrega voluntária (PEVs) – Escola Anita Garibaldi


(Pesquisa de campo, 2013)

Figura 4.16 - Pontos de entrega voluntária (PEVs) - Escolas municipais


(Pesquisa de campo, 2013)

Os Pontos de entrega voluntária (PEV) são plataformas que reúnem contenedores


dispostos para recebimento de materiais recicláveis de forma voluntária, disponibilizados

39
para a coleta seletiva. São pontos que aperfeiçoam o gerenciamento dessas frações
específicas de resíduos. Apenas pequenos volumes devem ser conferidos aos PEVs.
(MANAUS, 2010).

4.1.5 Análise da geração per capita: Indicadores da qualidade do sistema de


gerenciamento de resíduos sólidos no Bairro Zumbi.

Segundo dados coletados: “A produção de lixo é bem ampla em todo o mundo e está
causando graves problemas, principalmente ao aumento da geração de lixo”. (ABRELPE,
2012,). “A produção per capita de lixo no Brasil varia de 0,3 a 1,1 kg dia-1 e a população
brasileira gera 230 mil toneladas de lixo diariamente” (CEPAM, 2014). Conforme a
publicação "Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil", “no Amazonas, 3.250 toneladas de
lixo foram geradas por dia, mas, somente 2.734 toneladas foram recolhidas, média de 1,04
kg de lixo por habitante coletado diariamente” (ABRELPE, 2012). “Já em Manaus o per
capita é de 0,898 kg/hab./dia e de 1. 671 t/dia” (MANAUS, 2013).
Na zona leste da Cidade de Manaus “é produzido por dia 219,722 toneladas, sendo
que cada habitante gera 0.659 kg/dia de lixo domiciliar”. (MANAUS, 2013). Este lixo
domiciliar é dividido em diversos tipos de componentes tendo um percentual diferente de
produção na zona leste, como mostrado na tabela 4.8.

Tabela 4.8 - Composição Gravimétrica do lixo domiciliar na zona leste da Cidade de


Manaus (SEMULSP, 2013.)
COMPONENTES FRAÇÃO PERCENTUAL
POR COMPONENTE
Matéria orgânica 27,56
Recicláveis 48,47
Papel e papelão 18,56
Tetrapak 0,85
Pet 5,84
Plástico duro-pead 4,25
Plástico mole-pebd 2,99
PP e PE 6,29
Metais 5,24
Isopor 1,26
Vidro 3,19
Madeira 2,08
Rejeitos 21,93
TOTAL 100,0

40
O total de toneladas coletadas por dia no bairro Zumbi segundo funcionário da
SEMULSP é de 17 t/dia e que cada habitante por dia produz 0,48 kg de lixo, dados de 2013.
Diante desta realidade apresentada existe a convicção de que é muito pouco produzido por
habitante, pois já segundo dados para o Brasil um habitante produz mais de 1 kg de lixo por
dia, dessa forma os resíduos produzidos não são coletados na integridade tanto em Manaus
como no bairro Zumbi dos Palmares.

4.1.6 Adequações no Sistema de Gerenciamento

A partir das dados sobre os atores sociais envolvidos (SEMULSP e Empresa


concessionária), observações e avaliação “in loco” do sistema de gerenciamento de resíduos
sólidos urbanos do bairro Zumbi, verificou-se que várias adequações necessitam ser
urgentemente implantadas para otimização da gestão de resíduos no bairro, estando estas
enquadradas em três esferas (geração de emprego, trabalho e renda, redução de impactos
ambientais e educação ambiental), de acordo com os preceitos estabelecidos pela Lei
12.305/2010, e propostas definidas a partir das discussões resultantes da Conferência
Nacional de Meio Ambiente, realizada em Brasília no ano de 2013.
A gestão de resíduos sólidos urbanos no bairro Zumbi é gerida administrativamente
de forma individualizada, empresas trabalham cada uma com atividades diferentes que não
são compartilhadas entre si: uma empresa concessionária realiza coleta domiciliar, a
Prefeitura realiza varredura, capinação e coleta de resíduos, empresas privadas compram
resíduos recicláveis, catadores e sucateiros recolhem os resíduos recicláveis jogados nas ruas
e moradores juntam lixo em casa em um único recipiente. Uma gestão que precisa de ajustes
administrativos. O poder Público precisa incentivar e normatizar no bairro uma Gestão
Integrada, onde empresas, autônomos e comunidade possam realizar um trabalho conjunto.
Pois existem exemplos em outras cidades desta Gestão que está dando resultados
satisfatórios. Um exemplo de manejo a ser seguido é o da cidade de Belo Horizonte, como
afirma a Prefeitura de Belo Horizonte (BELO HORIZONTE, 2014), que está dando um
exemplo a ser seguido por todo o Brasil.
No começo da década de 1990, o município adotou um sistema de Gestão Integrada
de Resíduos Sólidos, com ações voltadas à melhoria dos serviços de limpeza urbana (coleta
e tratamento de resíduos, varrição, capina etc.), qualificação e valorização do trabalhador da
limpeza urbana e promoção da participação da sociedade na discussão e na busca de soluções
para a questão do lixo. Como parte do Programa de Gestão Integrada de Resíduos, o

41
município promove a separação dos materiais nas fontes geradoras e o tratamento dos
resíduos. Com a colaboração da comunidade, dos catadores e de grandes geradores de
resíduos, como sacolões, supermercados e construtoras, foi possível ampliar a reciclagem no
município.
Dentre os programas implantados destacam-se o programa alimentar, a coleta
seletiva de papel, metal, vidro e plástico, a compostagem e a reciclagem de entulho da
construção civil. A coleta seletiva em Belo Horizonte é feita através de dois modelos: ponto
a ponto e porta a porta. Adotada inicialmente, a coleta ponto a ponto caracteriza-se pela
colocação de contêineres em locais de entrega voluntária - LEVs, instalados em vários
pontos da cidade. Hoje são cerca de 540 contêineres para papel, metal, vidro e plástico.
(BELO HORIZONTE, 2014).
O papel, o metal e os plásticos recolhidos pela prefeitura nos LEVs são destinados
aos catadores de papel e a renda da comercialização do vidro é destinada à Santa Casa de
Misericórdia. A Prefeitura iniciou também a coleta seletiva porta a porta buscando Ampliar
a abrangência deste serviço e facilitar a adesão por parte da população. Essa modalidade é
feita com caminhões especialmente adaptados para esse fim ou carrinhos motorizados, que
diminuem o esforço do catador de papel.
Algumas vantagens desse tipo de ação segundo Conceição (2014):
Cada 50 quilos de papel usado, transformado em papel novo, evita que uma árvore
seja cortada. Pense na quantidade de papel que você já jogou fora até hoje e imagine quantas
árvores você poderia ter ajudado a conservar. Com um quilo de vidro quebrado, faz-se
exatamente um quilo de vidro novo. E a grande vantagem do vidro é que ele pode ser
reciclado infinitas vezes. Agora imagine só os aterros sanitários: quanto material que está lá,
ocupando espaço, e poderiam estar sendo reciclados [...].
Em 2003, foram recolhidos por meio da coleta seletiva cerca de 7.000 toneladas de
materiais reciclável – papel, plástico, vidro e metal, com média mensal de 580 toneladas. O
programa alimentar combate desperdício de alimentos que antes iriam ser descartados por
sacolões e supermercados. Após serem processados, os alimentos ainda próprios para o
consumo são encaminhados a entidades beneficentes. O programa de compostagem dos
resíduos orgânicos adota a coleta diferenciada dos resíduos orgânicos gerados, com a
produção de adubo utilizado em hortas escolares, parques e jardins públicos. A reciclagem
do entulho da construção civil é realizada com o aproveitamento de entulho reciclado para
fabricação de blocos e artefatos, e base e sub-base para pavimentação de obras públicas.
Segundo o Caderno de Brasília Ambiental (2009):

42
O serviço de Coleta Seletiva em Brasília abrange toda a cidade. A coleta é realizada
em dias alternados, cumprindo um roteiro fixo com dias quando só se coleta materiais
reciclados e em outros o lixo orgânico. A participação das associações e cooperativas de
catadores de matérias recicláveis é bastante efetiva apoiada por força de lei, onde Decreto nº
5940/06 institui a separação dos recicláveis descartados pelos órgãos da administração
pública federal direta e indiretamente.
No município de Curitiba a experiência é considerada modelar para o país, tem
credibilidade da ONU, onde ganhou prêmio especial pelo modelo em relação ao tratamento
e à disposição do lixo (CALDERONI, 2003). Segundo Calderoni (2003) o que diferencia o
modelo de Curitiba dos demais programas de coleta seletiva é a forma de mobilização da
população por toda a cidade onde o serviço abrange todas as zonas da cidade. O que chama
atenção no programa é a destinação dos resíduos coletados. Em Curitiba todo material é
doado para entidades assistenciais, é feita sua triagem e posteriormente são vendido, 20%
do valor apurado é da instituição responsável e os 80% são distribuídos para outras
instituições. Com esse tipo de gestão foi prolongada a vida útil do aterro sanitário da cidade.
Estas experiências confirmam que se pode diminuir de forma considerável o lixo em
nosso bairro e que o mesmo pode servir de subsistência para muitos se for usado e descartado
de forma adequada, basta que os órgãos competentes iniciem um processo de
conscientização junto à população, colocando em prática um projeto de educação Ambiental
audacioso, que vise um manejo adequado do lixo e que as conquistas de outras cidades nos
sirvam de encorajamento. Acima de tudo é preciso em primeiro lugar os órgãos públicos que
trabalham diretamente com a limpeza pública levem a sério e façam o projeto funcionar, e
assim a população continuará ajudando.

4.1.6.1 Geração de Emprego e Renda

Os resíduos sólidos descartados no bairros geram muitos empregos, principalmente


informais, catadores que coletam recicláveis nas vias públicas e vendem para outros
autônomos ou empresas, tendo muitas vezes como renda principal esta atividade. Os
autônomos chamados “sucateiros” que compram de casa em casa produtos danificados,
vendendo seguidamente para empresas que reciclam ou que consertam estes produtos. Há
empresas que compram resíduos de diversas naturezas, vendendo-os e assim gerando
diversos empregos no bairro. A geração de emprego e renda no bairro relacionado à coleta
de resíduos ainda é pequena. É necessário melhorar os pontos de coleta, priorizando

43
trabalhos organizados, onde todas as ruas do bairro sejam atendidas, otimizando o acumulo
de lixo nas vias públicas e beneficiando trabalhadores informais.

4.1.6.2 Redução de Impactos Ambientais

Diante da produção de resíduos sólidos produzidas no bairro, grandes impactos são


percebidos no meio ambiente; o acúmulo de lixo nas vias, que entope bueiros causando
alagações e os demais seguem nos esgotos desaguando nos igarapés poluindo-os, e todo seu
entorno. O acúmulo de lixo nas ruas e lixeiras também estimula a proliferação de insetos e
roedores, que transmitem doenças. Dependendo do local e como o lixo é descartado no
ambiente este pode ocasionar a contaminação dos lençóis freáticos, mas o lixo que é coletado
no bairro tem destinação para o aterro sanitário da cidade de Manaus, distante do bairro,
assim acredita-se que diminui a poluição dos lençóis freáticos do bairro.
Segundo BRASIL (2014):
Problemas sérios causados pela precária disposição final do lixo é a disseminação de
doenças, a contaminação do solo e de águas subterrâneas pelo chorume, a poluição pelo gás
metano (gerado na decomposição da matéria orgânica presente no lixo), a falta de espaço
para o armazenamento, entre outros. O teor de matéria orgânica (C, H, O, N) do lixo
brasileiro é de 60% conferindo-lhe bom potencial energético. O Poder Calorífico Inferior
(PCI) médio de resíduo domiciliar é de 1.300 kcal/kg (5,44 MJ/kg). De acordo com a
tecnologia empregada e com a composição físico-química dos resíduos, estima-se a
produção de 0,035 MW/tonelada de lixo, através de incineração.
O próprio cheiro do acúmulo de lixo gera poluição do ar, que é muito incômodo para
todos. Todo este lixo que é descartado em locais inadequados causa impacto tanto no meio
ambiente como em nossas vidas; cada resíduo tem um tempo de decomposição e alguns com
tempos bem longos. O próprio igarapé do bairro que antes era limpo, servindo para
atividades domésticas, hoje é um esgoto a céu aberto. Para a redução de impactos no meio
ambiente, o gerenciamento de lixo deve ser adequado a sua geração, coletando e realizando
limpeza em todas as vias.
A coleta feita pela empresa concessionária tem uma importância muito grande, no
momento em que coletam ajudam para que estes não tenham um destino inadequado pela
população. Já o trabalho de varrição e coleta de resíduos pelos garis da prefeitura nas vias
contribui para melhoria do bem estar, por termos uma visão das ruas limpas e que estes
resíduos não serão escoados para os igarapés do bairro. Muito ainda precisa ser feito para

44
minimizar a redução desses impactos, principalmente com um trabalho de educação
ambiental direcionado à população.

4.1.6.3 Educação Ambiental

A educação ambiental no bairro é realizada constantemente pelas escolas com aulas


e palestras sobre a importância de preservar o meio ambiente, gerenciando em casa e na rua
o lixo de forma adequada. A Emenda 12 de 17/09/2001 no seu Art. 289 regulamenta: “A
educação Ambiental será proporcionada pelo Município na condição de matéria
extracurricular e ministrada nas escolas e centros comunitários integrantes de sua estrutura
e do setor privado [...]” (MANAUS, 2012).
As campanhas de educação ambiental são realizadas somente na semana do meio
ambiente sob responsabilidade da prefeitura, buscando esclarecer a população sobre os
efeitos que o lixo pode causar ao meio ambiente. O trabalho de educação ambiental no bairro
precisa melhorar, sendo trabalhado de forma regular e durante todo o ano através de palestras
no bairro e panfletos explicativos sobre cuidados com o lixo.

45
CAPÍTULO V – CONCLUSÃO e SUGESTÕES PARA TRABALHOS
FUTUROS

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base no levantamento bibliográfico e nas visitas realizadas em campo, foi


possível destacar que o sistema de gestão de resíduos do bairro Zumbi, per passa por muitas
dificuldades, sendo necessário uma intervenção mais efetiva dos órgãos públicos envolvidos
e de toda a população, dado que um dos maiores problemas é o de infraestrutura e a falta de
saneamento básico, onde o abastecimento de água é reduzido e falta de coleta seletiva de
lixo. Observou-se um grande volume de lixo descartado em vias públicas, pela falta de um
sistema de coleta de lixo mais eficaz e abrangente, pois o carro de coleta pública só abrange
42% das vias do bairro nas ruas do bairro, e por outro lado os moradores não têm consciência
e descartam seu lixo em horários inapropriados, em qualquer lugar e de qualquer maneira.
Os atores sociais envolvidos no sistema de gestão de resíduos sólidos no bairro
Zumbi, podem ser enquadrados em três esferas: público-privada, privada e particular. A
Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos (SEMULSP) é a responsável pela
política de limpeza pública urbana do município de Manaus, garantindo à população o acesso
aos serviços de limpeza pública urbana em condições adequadas. Neste sentido, no bairro
Zumbi a gestão ocorre em uma esfera público-privada, pois podemos observar, a intervenção
de uma empresa que atua no bairro sob o regime de concessão em contrato firmado com a
SEMULSP – Prefeitura Municipal de Manaus. Na esfera privada, a partir da avaliação in
loco, foram identificados no bairro zumbi três empresas que atuam diretamente com resíduos
sólidos passíveis de atuar na área de reciclagem. Também atuam neste meio, os catadores
autônomos de materiais recicláveis, que trabalham no recolhimento desses materiais.
Os maiores pontos de fragilidades do sistema de gestão de resíduos do bairro Zumbi
são: o sistema de coleta de lixo, que abrange somente 42% das vias do bairro, não tendo um
fluxo continuo e horários estabelecidos (fixos) para a realização da coleta de lixo, a falta de
pontos do coleta seletiva, para um melhor aproveitamento dos matérias que podem ser
reutilizados e/ou reciclados, havendo a necessidade da criação desses PEVs ou reativação
das que já existem nas escolas municipais e pôr fim a falta de consciência da população do
bairro, a população precisa ser esclarecida quanto às implicações do descarte incorretos de
resíduos, suas causas e consequências. Precisa, também, ser informada sobre a lei da Política
Nacional de Resíduos Sólidos. Fazendo uma reflexão de toda a gestão de resíduos sólidos

46
do bairro, tendo a convicção que precisa trabalhar com uma gestão integrada, como já foi
visto anteriormente em outras cidades que usufrui de ótimos resultados. Criando um sistema
onde todas as empresas trabalhem com um manejo adequado, utilizando todas as fases
empresariais de redução de resíduos sólidos ou não, dependendo da sua realidade. É
necessário também que sejam criadas Cooperativas e associações de catadores no bairro para
organizar de forma correta o trabalho destas pessoas, valorizando seu trabalho, sendo estes
legalizados perante a Prefeitura, e assim criando oportunidades de trabalho e renda para esses
profissionais que estariam dando sua contribuição para a melhoria da gestão de resíduos do
bairro Zumbi.

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Conforme tudo o que foi exposto neste estudo em relação a gestão de resíduos sólidos
do bairro Zumbi dos Palmares, percebeu-se a necessidade da implementação de algumas
diretrizes para a melhoria do sistema de gestão desses resíduos. Então as sugestões são as
seguintes:
 Regularizar junto aos órgãos competentes (SEMULSP e prefeitura) um horário
regular e fixo para a passagem do carro de coleta desse resíduos, e aumentar a
abrangência de cobertura das ruas contempladas com a coleta (pública).
 Reativação dos PEVs, para que haja uma coleta seletiva mais efetiva, e os
resíduos que podem ser reutilizados, não sejam descartados no meio ambiente, e
assim diminuindo a quantidade de resíduo que vai para o aterro sanitário.
 Criação de cooperativas para os catadores, gerando assim emprego e renda a
esses autônomos, e com essa pratica diminuir quantidade de resíduos descartada
no meio ambiente.
 Campanhas de conscientização ambiental com toda a população do bairro, sobre
os preceitos básicos de descarte, destino e acomodação desses resíduos gerados
no bairro.

47
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