TCC - Suele Karolainy Nascimento Lopes - Eng. Civil Cesb Bacabal 2023

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIOR DE BACABAL


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL BACHARELADO

SUELE KAROLAINY NASCIMENTO LOPES

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE LIXÃO E ATERRO SANITÁRIO: ESTUDO DE


CASO EM BOM JARDIM - MA

Bacabal - MA
2023
SUELE KAROLAINY NASCIMENTO LOPES

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE LIXÃO E ATERRO SANITÁRIO: ESTUDO DE


CASO EM BOM JARDIM - MA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


ao curso de Engenharia Civil da Universidade
Estadual do Maranhão – UEMA, para obtenção
de grau de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientadora: Prof.ª Esp. Valéria de Freitas Lima

Bacabal - MA
2023
N241a Nascimento, Suele Karolainy.

Análise comparativa entre lixão e aterro: Estudo de caso em


Bom Jardim-MA / Suele Karolainy Nascimento – Bacabal-MA, 2023.

00 f: il.
Monografia (Graduação) – Curso de Engenharia Civil
Bacharelado - Universidade Estadual do Maranhão-UEMA/ Campus
Bacabal-MA, 2023.
Orientador: Prof. Esp. Valéria de Freitas Lima
1.Lixão 2. Aterro Sanitário 3.Saneameto Básico
4. Preservação Ambiental

CDU: 628:628. 4 (81)

Elaborada por Poliana de Oliveira J. Ferreira CRB/13-702 MA


SUELE KAROLAINY NASCIMENTO LOPES

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE LIXÃO E ATERRO SANITÁRIO: ESTUDO DE


CASO EM BOM JARDIM – MA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


ao curso de Engenharia Civil da Universidade
Estadual do Maranhão – UEMA, para obtenção
de grau de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientadora: Prof.ª Esp. Valéria de Freitas Lima

Aprovado em: / /

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________
Profª. Esp. Valéria de Freitas Lima (Orientadora)
Universidade Estadual do Maranhão

_____________________________________
Profª. Esp. Natália Barros Falcão Cutrim
Universidade Estadual do Maranhão

____________________________________
Profº. Esp. Denny Gonçalves Dos Santos
Universidade Estadual do Maranhão
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por toda oportunidade recebida e pela


força dada para nunca desistir.
Agradeço aos meus irmãos, por todo apoio dado durante a realização do
curso.
Agradeço aos meus pais e familiares, por me ajudarem de diversas
maneiras.
Agradeço aos meus amigos e colegas, que estivem comigo nessa jornada.
Agradeço aos meus professores ao logo de todo o curso, por todo o
ensinamento dado e pela dedicação.
Agradeço à minha orientadora, por toda atenção que recebi para a
execução deste trabalho e pelo direcionamento dado.
Agradeço à coordenação do curso de Engenharia Civil, por todo apoio dado
durante o curso e pelos esclarecimentos recebidos.
Agradeço à Universidade Estadual do Maranhão, pelo apoio inestimável,
pela dedicação de seus professores e pela oportunidade de crescimento acadêmico
que me foi oferecido durante minha jornada de estudos.
Agradeço também pelo ambiente propício ao aprendizado e pela estrutura
que me permitiu a realização deste trabalho.
RESUMO

Com o crescimento populacional ocorreu a expansão das cidades, fazendo com que
aumente a quantidade de resíduos gerados. Com isso, esses resíduos muitas vezes
são descartados em lixões ou vazadouros, como é o caso da cidade de Bom Jardim,
causando diversos impactos socioambientais. Por esses motivos, a Lei 12.305 de
2010, coloca um Novo Marco Legal Regulatório do Saneamento Básico, determinando
que até agosto de 2024 seja extinto os lixões em cidades com população inferior a 50
mil habitantes. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é fazer o comparativo entre o
lixão a céu aberto e a utilização de aterros sanitários em Bom Jardim – MA. E, para o
levantamento de dados foram realizadas visitas no local, fazendo o registro fotográfico
e analisando as circunstâncias físicas. Além disso, foi realizado o levantamento dos
impactos ambientais observados, utilizando o modelo de check-list e a matriz de
interação, para melhor demonstração desses impactos. Portanto, para solução dos
problemas encontrados e para que exista disposição final ambientalmente adequada
dos resíduos sólidos, foi sugerido a implantação de um aterro sanitário, que deve
considerar as particularidades da região sendo indispensável um Estudo de Impacto
Ambiental (EIA).

Palavras-Chaves: lixão; aterro sanitário; saneamento básico; preservação ambiental.


ABSTRACT

With population growth, cities expanded, causing an increase in the amount of waste
generated. As a result, this waste is often discarded in landfills or dumps, as is the
case in the city of Bom Jardim, causing various socio-environmental impacts. For these
reasons, Law 12,305 of 2010 establishes a New Regulatory Legal Framework for Basic
Sanitation, determining that by August 2024, landfills in cities with a population of less
than 50 thousand inhabitants will be abolished. In this sense, the objective of this work
is to make a comparison between the open dump and the use of landfills in Bom Jardim
– MA. And, to collect data, site visits were carried out, taking photographic records and
analyzing the physical circumstances. Furthermore, a survey of the observed
environmental impacts was carried out, using the checklist model and the interaction
matrix, to better demonstrate these impacts. Therefore, to solve the problems
encountered and to ensure that there is an environmentally adequate final disposal of
solid waste, it was suggested the implementation of a sanitary landfill, which must take
into account the particularities of the region, making an Environmental Impact Study
(EIA) essential.

Key Words: dumping ground; landfill; basic sanitation; environmental preservation.


.
LISTA DE SIGLAS

ABETRE - Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e


Efluentes
ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais
CEG – Companhia Estadual de Gás
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio
EIA – Estudo de Impacto Ambiental
ETE – Estação de Tratamento de Esgoto
ETE – Estação de Tratamento de Esgoto
GEE – Gases do Efeito Estufa
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LC – Licença Provisória
LO – Licença de Operação
LP – Licença Prévia
OMS – Organização Mundial de Saúde
PEAD – Geomembrana de Polietileno de Alta Densidade
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos
RCD – Resíduos de Construção Civil
RIMA – Relatório de Impacto Ambiental
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ilustração do funcionamento de um aterro controlado ....................... 24


Figura 2 – Ilustração do processo de captação de biogás ................................... 28
Figura 3 – Esquema de aterro sanitário ................................................................... 31
Figura 4 – localização da cidade de Bom Jardim - MA ......................................... 32
Figura 5 – Localização da cidade de Bom Jardim ................................................. 33
Figura 6 – Situação do lixão de Bom Jardim - MA ................................................. 35
Figura 7 – Aves no lixão de Bom Jardim - MA ........................................................ 35
Figura 8 – Entrada do lixão de Bom Jardim ............................................................ 36
Figura 9 – Resíduo despejado fora do local do lixão ............................................. 36
Figura 10 – Comparativo da população total atendida pela coleta de resíduos
domiciliares de Bom Jardim em relação ao Maranhão e ao Brasil ..................... 37
Figura 11 – Comparativo da população urbana atendida pela coleta de resíduos
domiciliares de Bom Jardim em relação ao Maranhão e ao Brasil ..................... 38
Figura 12 – Comparativo da população rural atendida pela coleta de resíduos
domiciliares de Bom Jardim em relação ao Maranhão e ao Brasil ..................... 39
Figura 13 – Local do lixão atual da cidade de Bom Jardim .................................. 44
Figura 14 – Imagem aérea do aterro sanitário de Marituba - PA......................... 45
Figura 15 – Despejo de resíduo em célula de aterro sanitário............................. 46
Figura 16 – Rejeitos sendo espalhados e compactados ....................................... 46
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – check-list referente aos impactos causados pelo lixão .............................. 41


Quadro 2 – Matriz de impacto ambiental causados pelo lixão de Bom Jardim - MA ... 42
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparativo da massa de resíduos domiciliares coletados diariamente em


relação a habitantes de Bom Jardim em referência ao Maranhão e ao Brasil ........ .....40
Tabela 2 – Comparativo da coleta seletiva de resíduos sólidos, e recuperação do total
de resíduos coletados no município, no estado e no país ............................................ 43
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12
1.1 Justificativa ...................................................................................... 13
1.2 Objetivos........................................................................................... 14
1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................... 14
1.2.2 Objetivos Específicos ......................................................................... 14
2 Fundamentação teórica ................................................................................... 14
2.1 Saneamento Básico ......................................................................... 14
2.2 Resíduos sólidos ............................................................................. 16
2.3 Lixão a céu aberto ............................................................................ 18
2.3.1 Impactos socioambientais .................................................................. 20
2.4 Aterro Sanitário ................................................................................ 22
2.4.1 Aterro Controlado x Aterro Sanitário .................................................. 23
2.4.2 Impactos Ambientais .......................................................................... 25
2.4.3 Avaliação de Impacto Ambiental ........................................................ 26
2.4.4 Biogás ................................................................................................ 27
2.4.5 Critérios para funcionamento e instalação ......................................... 29
3 METOLOGIA ................................................................................................... 32
3.1 Procedimentos Metodológicos ....................................................... 32
3.2 Área De Estudo ................................................................................ 32
3.3 Coleta dos resíduos sólidos local .................................................. 33
3.4 Cenário do lixão local ...................................................................... 34
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 37
4.1 Situação do lixão local..................................................................... 37
4.1.1 Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) ............................................ 40
4.1.2 Proposta de mitigação de impactos ................................................... 43
4.2 Proposta de aterro sanitário............................................................ 43
4.2.1 Análise econômica ............................................................................. 47
5 CONCLUSÃO ................................................................................................ 47
12

1 INTRODUÇÃO

No cenário global em constante evolução, a questão dos resíduos sólidos


urbanos (RSU) se destaca como um desafio premente, com impactos significativos no
meio ambiente e na qualidade de vida das populações. Além disso, a produção
excessiva de resíduos e a sua gestão inadequada têm consequências particularmente
acentuadas nos países em desenvolvimento.
Não só isso, mas os vazadouros ou lixões a céu aberto surgem como
“solução” imediata para o descarte dos resíduos sólidos, por conseguinte, provoca
relevantes impactos negativos ao meio ambiente. E, de acordo com Almeida e Silva
(2018), a geração e armazenamento de resíduos sólidos são identificados como um
dos desafios fundamentais na gestão ambiental urbana. Isso se deve ao fato de que
estes têm sido responsáveis por sérios problemas ambientais e de saúde pública.
A saber, a responsabilidade em relação aos resíduos sólidos, como coleta,
transporte, tratamento e disposição final, no município de Bom Jardim – Ma é da
prefeitura municipal. E, o destino final dos despejos ocorre no lixão implantado ainda
no ano de 2020, com operação que apresenta danos ambientais, como poluição do
solo, do ar, água e desmatamento.
Dito isso, uma opção para diminuir os danos causados seria a coleta
seletiva, que contribui para reduzir a quantidade de rejeitos que seriam descartados.
Bem como, acontece em países desenvolvidos, em que a quantidade de rejeitos
gerados é quase nula, contribuindo com o meio ambiente e a com a economia local
(SZIGETHY; ANTENOR, 2020).
Ainda que, de acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre
Saneamento - SNIS (2021), exista coleta seletiva no município estudado, essa medida
alcança menos de 1% da população faz essa prática. Desse modo, a busca por
soluções eficazes para minimizar esses impactos, conduziu à exploração de
alternativas como os aterros sanitários, uma vez que este um dos métodos mais
promissores para lidar com o problema.
Além disso, influenciado pela legislação e diretrizes, como a lei federal
12.305 de 2010 e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), o uso de aterros
sanitários ganhou destaque como uma abordagem direcionada a mitigar os efeitos
nocivos do descarte inadequado de RSU. Neste contexto, o aterro sanitário emerge
13

como uma opção viável, alinhada com regulamentações ambientais e tecnologias


inovadoras.
Por outro lado, diversos cuidados devem ser tomados na instalação de um
aterro sanitário. Isto é, quando o resíduo é coberto, é gerado o chorume e o biogás,
que quando não coletados e tratado geram diversos impactos no meio ambiente. Além
disso, devem ser concedidas pelo órgão competente as licenças para a instalação e
operação do aterro sanitário, além da viabilidade técnica e econômica que devem ser
analisadas antes da instalação.
Portanto, neste projeto exploraremos a importância dos aterros sanitários
como uma medida estratégica para abordar os desafios associados à disposição de
resíduos sólidos urbanos. E, investigaremos como a implementação de aterros
sanitários pode contribuir para a preservação do meio ambiente, a saúde pública e o
desenvolvimento sustentável, avaliando sua eficácia e adaptabilidade no município de
Bom Jardim – MA.

1.1 Justificativa

Os problemas causados pelo descarte indevido em lixões são uma


realidade preocupante para a população dessa região. Isso se deve ao fato de que os
problemas ambientais e os riscos à saúde são cada vez maiores. Por conta disso,
houve a necessidade de avaliar os impactos ambientais causados pelo lixão a céu
aberto no município de Bom Jardim – MA.
Com isso, a realização deste estudo de Análise Comparativa entre Lixão e
Aterro Sanitário, é de suma importância devido à urgente necessidade de abordar e
aprimorar a gestão de resíduos sólidos no município, fazendo um levantamento da
atual situação.
Desse modo, os aterros sanitários surgem como uma sugestão para a
disposição final, ambientalmente adequada, como exigida pela Lei 12.305 de 2010.
Ou seja, com a implantação do aterro busca-se contribuir com o meio ambiente,
reduzindo significativamente os impactos ambientais e cumprindo com a legislação
vigente.
14

Não só isso, mas a transição dos lixões para os aterros sanitários, não
apenas é imperativa para a preservação do meio ambiente, mas também para a
promoção da saúde pública e o estímulo ao desenvolvimento socioeconômico local.
Assim, através desta pesquisa busca-se fornecer subsídios e
recomendações embasadas em análises criteriosas, a fim de orientar políticas
públicas e ações efetivas que resultem em uma gestão de resíduos sólidos mais
eficiente, responsável e em conformidade com as demandas atuais e futuras da
cidade de Bom Jardim - MA.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Fazer o comparativo entre o lixão a céu aberto e a utilização de aterros


sanitários em Bom Jardim – MA.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Verificar a situação atual da disposição dos resíduos sólidos na cidade em


estudo;
• Analisar os impactos ambientais do lixão a céu aberto no município;
• Identificar as principais medidas de mitigação de impactos ambientais em um
projeto de aterro sanitário para Bom Jardim – MA;
• Propor estratégias viáveis de implementação e monitoramento de aterros
sanitários para aprimorar a gestão de resíduos em Bom Jardim – MA.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Saneamento Básico

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o saneamento básico


refere-se ao gerenciamento de todos os elementos ambientais que têm o potencial de
causar efeitos prejudiciais ao bem-estar físico, mental e social dos indivíduos. Dessa
15

forma, o saneamento básico não se restringe somente à água tratada e resíduos, mas
também, à importância de gerenciar todos os elementos ambientais que podem e
afetam a saúde e o bem-estar da população.
Além disso, a preocupação com o saneamento básico no Brasil tem
crescido cada vez mais, visto que as doenças causadas pela sua ausência têm
aumentado significativamente, principalmente em regiões mais vulneráveis. De
acordo com a Folha Metropolitana (2021), em 2021, o país teve aproximadamente 130
mil internações por doenças relacionadas a falta de saneamento básico.
Não só isso, mas de acordo com Leoneti et al (2011), até o ano de 2000
ocorreu pequenos avanços na área do saneamento básico. Por conseguinte, isso
contribuiu para uma expressiva desigualdade e deficiência, especialmente no que se
refere ao acesso à coleta e tratamento de esgoto. Porém, atualmente o setor tem
recebido maior atenção do governo, com uma considerável quantidade de recursos
destinados a investimentos.
No entanto, o investimento e a atenção recebidos não são o suficiente. E,
segundo Júnior e Saiani (2006), os índices de cobertura de saneamento básico no
Brasil estão abaixo dos registrados em países com níveis semelhantes de
desenvolvimento, além disso, o país carece de uma política coordenada para superar
as deficiências nesse setor.
Isso se deve ao fato de que devido aos impactos na qualidade de vida,
saúde, educação, trabalho e meio ambiente, o saneamento básico requer a
colaboração de diversos agentes em uma extensa rede institucional. No Brasil, essa
área é caracterizada por uma deficiência de acesso, especialmente no que diz
respeito à coleta e tratamento de esgoto (LEONETI, et al, 2011).
Existe ainda uma forte desigualdade regional com relação ao saneamento
básico, uma vez que os estados da região sudeste e sul ultrapassam 90% dos
domicílios com abastecimento de água na zona urbana, em contrapartida, a região
norte não chega nem a 70%. A discrepância é evidenciada também com relação à
instalação da rede de esgoto e fossa séptica, em que os estados da região sudeste
possuem uma média de 86,83% das residências da zona urbana com esses sistemas
enquanto a região norte somente 46.72% (JÚNIOR, SAIANI, 2006).
Com isso, a falta de saneamento básico resulta em vários problemas,
incluindo a propagação de doenças transmitidas pela água, por conseguinte,
representa um desafio comum nos países em desenvolvimento para a saúde pública.
16

Bem como, as crianças e jovens são os mais impactados, enfrentando, entre outros
problemas, comprometimentos no desenvolvimento físico e intelectual devido a
condições endêmicas como diarreia crônica e desnutrição (LEIVAS et al., 2015;
MENDONÇA e MOTTA 2009; ARAÚJO et al., 2009, apud ZIERO et al., 2016).
Portanto, o avanço no saneamento básico é fundamental para reduzir as
desigualdades sociais e proporcionar uma melhor qualidade de vida para a população.
E, a conscientização sobre a importância do saneamento, juntamente com
investimentos contínuos e esforços coordenados em todos os níveis de governo, são
essenciais para enfrentar os desafios existentes.

2.2 Resíduos sólidos

Quando se trata de resíduos sólidos é destacada a Lei 12.305 de 2010, que


instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Esta estabelece diretrizes
para a gestão integrada de resíduos sólidos no Brasil. Além disso, busca a promoção
da sustentabilidade ambiental, social e econômica na gestão de resíduos sólidos.
Dessa forma, a Lei 12.305/2010, em seu artigo 3º, estabelece o conceito
de resíduos sólidos como:
XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado
resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se
procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados
sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos
cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL,
2010 [s.p.]).

Apesar de haver semelhança entre os termos lixo e resíduo sólido, o


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apud Cabral (2019), defende que
só é considerado resíduo aquele lixo que não pode mais ser sujeito a soluções
tecnicamente ou economicamente viáveis, considerando a adoção da tecnologia mais
avançada disponível.
Dito isso, Cabral (2019), define resíduos sólidos como qualquer material
que perdeu sua utilidade original, sendo descartado por não poder mais ser
reaproveitado, reutilizado ou reintegrado à cadeia produtiva.
Nesse contexto, de acordo com Silva (2020), os resíduos sólidos podem
ser classificados em função da sua natureza física, composição, periculosidade e
17

origem. Bem como, a Lei 12.305 de 2010, no seu art. 13, classifica os resíduos quanto
a sua origem e quanto a sua periculosidade, que podem ser:
I - quanto à origem:
a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em
residências urbanas;
b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de
logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;
c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os
gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”,
“g”, “h” e “j”;
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas
atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações
industriais;
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde,
conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos
órgãos do Sisnama e do SNVS;
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas,
reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes
da preparação e escavação de terrenos para obras civis;
i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e
silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas
atividades;
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos,
terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de
fronteira;
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou
beneficiamento de minérios;
II - quanto à periculosidade:
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam
significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo
com lei, regulamento ou norma técnica;
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”.
(BRASIL, 2010 [s.p.])

Não só isso, mas a NBR 10.004 de 2004, traz classificações semelhantes


ao da Lei supracitada, entretanto, aprofunda na classificação quanto a periculosidade,
dessa forma, temos que:
a) Resíduos classe I - Perigosos;
b) Resíduos classe II – Não perigosos;
- Resíduos classe II A – Não inertes;
- Resíduos classe II B – Inertes
Resíduos da classe I são aqueles que podem ser inflamáveis, corrosivos,
reativos, tóxicos e patogênicos. Já os da classe II são subdivido em classe II A não
inertes - resíduos que possuam propriedades como biodegradabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água – classe II B inertes, que, quando
18

submetidos ao contato dinâmico e estático com a água destilada ou desionizada, não


apresentam nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores
aos padrões de potabilidade da água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e
sabor (NBR 10.004/2004 apud CABRAL, 2019).
Além disso, a lei 12.305/2010, foi importante para que de fato começasse
a regulamentação e a mínima fiscalização sobre os resíduos sólidos. E, Cabral (2019),
defende que, entre os objetivos, se destaca a não geração, redução, reutilização,
reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, juntamente com a disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos. Bem como, no âmbito dos instrumentos,
merecem realce os planos de resíduos sólidos, a implementação da coleta seletiva e
as iniciativas de educação ambiental.
Nesse sentido, existe ainda uma discrepância regionalizada com relação a
coleta de resíduos sólidos. Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe, 2022), enquanto o Sudeste, Sul e
Centro-Oeste já superaram o índice de cobertura de coleta em relação à média
nacional, as regiões Norte e Nordeste registraram índices próximos a 83%, privando
uma parte específica da população do acesso aos serviços regulares de coleta
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) nessas áreas.
Com isso, observa-se que um dos maiores problemas com relação aos
resíduos sólidos no Brasil é em relação a disposição final. E, de acordo com Silva
(2020), em muitas ocasiões, os resíduos sólidos são descartados inadequadamente,
ocasionando riscos à saúde pública devido à sua periculosidade. Além de grande
parte desses resíduos ser depositado em áreas a céu aberto, sem receber tratamento
adequado.

2.3 Lixão a céu aberto

Os lixões, também conhecidos como vazadouros, são espaços ao ar livre


destinados ao desperdício de resíduos, sem considerar as condições ambientais de
descarte local. (ALMEIDA E SILVA, 2018).
Ademais, os resíduos depositados nesses locais possuem diversas
origens, sendo que a grande maioria não passou por nenhum tratamento prévio para
ser depositado diretamente no solo e os lixões geralmente são afastados do centro da
cidade.
19

Entretanto, existem alguns municípios em que esse local se encontra a


poucos metros das cidades, com casos de menos que um quilômetro de distância.
Não só isso, mas nesses locais não ocorrem um controle de entrada e saída,
permitindo que qualquer pessoa entre sem equipamentos adequados e sendo exposta
a diversos tipos de contaminação.
Nesse sentido, o Brasil possui mais de 200 milhões de habitantes, isso faz
com que seja um dos países que mais gera resíduos sólidos (incluindo materiais,
substâncias e objetos descartáveis). Por conseguinte, a disposição final adequada
desses resíduos deveria seguir tratamentos viáveis economicamente, conforme a
legislação e as tecnologias existentes. Porém, uma parcela considerável ainda é
despejada a céu aberto, lançada em redes de esgoto ou até mesmo queimada
(SZIGETHY; ANTENOR, 2020).
De acordo com a ABRELPE (2022), quase 40% de todo resíduo gerado no
Brasil, que chega a ser aproximadamente 29,7 milhões de toneladas de lixo, continua
tendo uma destinação inadequada. Isso sugere um cenário preocupante em termos
de gestão de resíduos, que implica a necessidade de políticas mais eficientes e de
ações urgentes para lidar com essa questão.
Esse fenômeno pode ocorrer devido que a questão dos lixões se agrava
devido à ausência de um sistema de coleta seletiva eficaz. Isso resulta na mistura de
materiais recicláveis com o lixo comum, causando danos adicionais ao meio ambiente
e à saúde pública. Além disso, a falta de conscientização da população sobre a
relevância da destinação correta dos resíduos sólidos também contribui para a
persistência desse problema (SZIGETHY; ANTENOR, 2020).
E, por ser considerados uma alternativa econômica e acessível, os lixões
são predominantes em pequenos centros urbanos, ocasionando uma série de
problemas para a comunidade local. Assim, torna-se necessário adotar outras formas
de destinação de resíduos para mitigar tais questões.
A saber, com o Novo Marco Legal Regulatório do Saneamento Básico,
trazido pela Lei 14.026 de 2020, fica decretado até 2 de agosto de 2024, para
municípios com população inferior a 50 mil habitantes a disposição final
ambientalmente adequada, como fala no art. 54 da mencionada lei.
Ademais, a Lei 12.305 de 2010, traz o conceito de disposição final
ambientalmente adequado como sendo “distribuição ordenada de rejeitos em aterros,
observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à
20

saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos”. Ou


seja, como disposição final, a lei recomenda a utilização de aterros sanitários.

2.3.1 Impactos socioambientais

De acordo com a resolução CONAMA N.º 001/86, Apud Silva (2020),


impacto ambiental é qualquer modificação nas propriedades físicas, químicas e
biológicas do ambiente, resultante de ações humanas, que afete direta ou
indiretamente: a saúde, segurança e bem-estar da população; as atividades sociais e
econômicas; a vida selvagem; as condições estéticas e sanitárias do entorno; e a
qualidade dos recursos ambientais.
Além disso, Costa et. al. (2016), destaca que no Brasil o gerenciamento e
a disposição de resíduos sólidos representam um dos principais fatores na geração
de impactos ambientais. Resultando em riscos significativos para a saúde pública.
Isso se deve ao fato de que a escassez de locais apropriados para a
disposição final de resíduos sólidos ainda persiste como um desafio enfrentado pela
maioria dos municípios brasileiros. Ou seja, um dos maiores problemas com relação
aos resíduos sólidos é a falta de locais adequados para a destinação final deles.
Nesse sentido, a quantidade de lixo gerado e o crescimento populacional
estão intimamente ligados, uma vez que quanto mais pessoas, mais resíduos é
gerado. Nesse contexto, Gomes e Belem (2022), defendem que o aumento nos
índices de consumo e à negligência em relação aos resíduos sólidos, têm provocado
desordem ambiental e representam um sério problema para a saúde pública.
Não só isso, mas de acordo com Silva (2020), a disposição de resíduos em
lixões é uma prática inadequada, uma vez que o depósito direto sobre o solo pode
causar danos ambientais significativos. Por conseguinte, isso resulta na contaminação
do meio ambiente e dos corpos d'água, tanto superficiais quanto subterrâneos, devido
à liberação de substâncias como chorume, tintas e resinas por meio da lixiviação.
A saber, um dos maiores contaminantes do solo e das águas subterrâneas
é o chorume que, de acordo com a NBR 8419/1992, é um líquido resultante da
decomposição de substâncias presentes nos resíduos sólidos, com características
como coloração escura, odor desagradável e alto índice de DBO (Demanda
Bioquímica de Oxigênio), já lixiviação é entendido como transporte, através de
líquidos, de determinadas substâncias presentes nos resíduos sólidos urbanos.
21

Consequentemente, os efeitos gerados pela disposição imprópria de


resíduos sólidos urbanos, depositados em lixões e/ou aterros controlados, têm um
impacto direto nas condições ambientais. Isto é, esses locais representam fontes
constantes de poluição da água, solo, vegetação, vida selvagem e emissões de CO2.
Adicionalmente, tais áreas também afetam significativamente a saúde da
população circundante, em uma área que se estende por até 60 km. Estimativas
apontam que, entre 2016 e 2021, os gastos totais com saúde no Brasil para tratar dos
problemas decorrentes da destinação inadequada de resíduos atingiram a marca de
1,85 bilhão de dólares (ABRELPE, 2022).
Os impactos ambientais causados por um lixão têm caráter permanente,
pois quando são executadas as ações, os efeitos continuam a se manifestar. Mesmo
com a desativação do lixão, vai continuar a produção de gases (contaminando o ar) e
o chorume vai permanecer contaminando o solo e as águas (COSTA, et. al. 2016).
Nesse sentido, uma prática muito comum em lixões a céu aberto é a queima
do lixo para reduzir o volume. Os catadores utilizam essa técnica para retirar os
materiais de seu interesse, que geralmente são metais como o ferro e o alumínio.
Essa queima contribui diretamente para aumentar o efeito estufa, por meio da
liberação de gases resultantes de reações químicas exotérmicas entre os
combustíveis sólidos presentes no lixo, como plásticos, papéis e madeira, juntamente
com um comburente, como o oxigênio. Essa reação emite gases prejudiciais ao meio
ambiente e aos organismos vivos (SILVA, 2020).
De acordo com a ABRELPE (2022), para que ocorra uma diminuição na
emissão de GEE (Gases do Efeito Estufa), o que deve ser feito inicialmente é o
encerramento das instalações de destinação imprópria, cujas emissões, provenientes
da decomposição e queima de resíduos a céu aberto, representam fontes diretas no
processo de aquecimento global. Essas práticas também são uma fonte constante de
poluição. Dentre os gases, destaca-se o metano, por ser considerado 28 vezes mais
agressivo ao meio ambiente do que o CO2.
Mas também, segundo Gomes e Belem (2022), para reduzir os impactos
dos resíduos sólidos, é necessário que a comunidade participe ativamente por meio
de programas educacionais. E, esses programas devem enfatizar práticas
sustentáveis e a prevenção de danos ambientais. Além disso, para lidar com essa
questão, é crucial que as pessoas adotem aos princípios de reduzir, reutilizar e reciclar
22

(princípio dos 3Rs), ou seja, reduzir o consumo ao essencial, reutilizar ao máximo e


promover a reciclagem.

2.4 Aterro Sanitário

A NBR 8419 de 1992, traz o conceito de aterro sanitário como sendo:


Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar
danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos
ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os
resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume
permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada
jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário (NBR 8419/1992,
pg. 1).

Dito isso, um aterro sanitário é um local projetado e construído para a


disposição final adequada de resíduos sólidos urbanos. Estes, são provenientes de
atividades residenciais, comerciais, industriais e institucionais, são depositados,
compactados e cobertos com camadas de solo ou materiais apropriados para reduzir
o impacto ambiental.
Ademais, a gestão de um aterro sanitário envolve a aplicação de técnicas
que buscam reduzir os danos causados à saúde pública e ao meio ambiente,
controlando a contaminação do solo, água subterrânea e atmosfera decorrentes dos
resíduos.
Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), a
destinação final ambientalmente adequada inclui a: reutilização, reciclagem,
compostagem, recuperação, aproveitamento ecológico e a disposição em aterros.
Outra parte da legislação destaca os aterros como uma das principais
formas de disposição final dos rejeitos sólidos, e isso enfatiza a importância do aterro
sanitário para minimizar os impactos causados pela geração descontrolada de
resíduos sólidos.
Da mesma forma, a ABRELPE (2022), ressalta os aterros sanitários como
uma forma de destinação final adequada e destaque que em 2022, o Brasil destinou
cerca de 46,4 milhões de toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos (correspondente a
61% do resíduo coletado) à aterros sanitários.
Apesar de a maioria do resíduo possuir destinação adequada, de acordo
como a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes
(ABETRE), em 2020, das 5570 cidades brasileiras, cerca de 2,7 mil ainda descartam
23

os resíduos de maneira irregular (como os lixões), o que corresponde a quase 50%


dos municípios.
Contudo, mesmo que o aterro sanitário seja considerado uma maneira de
destinação adequada para resíduos sólidos, a PNRS (2010) defende que, além de ser
um dos seus princípios, a gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos devem ser
respeitados as seguintes ordens de prioridades: não geração, redução, reutilização,
reciclagem, tratamento de resíduos sólidos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos (utilização de aterros).
Ou seja, essa hierarquia busca promover a prevenção da geração de
resíduos, o uso consciente dos recursos, a minimização da produção de lixo e o
incentivo ao reaproveitamento e à reciclagem, visando reduzir os impactos ambientais
causados pelo descarte inadequado dos resíduos sólidos.
Portanto, enquanto países subdesenvolvidos estão buscando a destinação
final em aterros sanitários, os países desenvolvidos já estão pesquisando alternativas
para a extinção dos aterros sanitários. Um exemplo disso é, segundo Szigethy e
Antenor (2020), em 2005, foi proibido na Alemanha o envio de resíduos domésticos e
industriais não tratados para aterros sanitários.
E, em 2012, foi aprovada a lei de economia circular, que busca medidas
que desempenhe um papel significativo na destinação adequada dos resíduos no
país. Bem como, na atualidade, aproximadamente 13% dos produtos adquiridos pela
indústria alemã são fabricados a partir de materiais reciclados. Além disso, mais de
250 mil pessoas estão empregadas na cadeia de gestão de resíduos.

2.4.1 Aterro Controlado x Aterro Sanitário

Os termos aterros controlados e aterros sanitários as vezes são entendidos


como sinônimos, entretanto, possuem definições diferentes. O aterro controlado é um
método de disposição final de resíduos sólidos urbanos em uma área sem
impermeabilização ou previamente impermeabilizada.
Nesse processo, os resíduos são compactados e organizados por um trator
para melhor arranjo. Em seguida, o lixo compactado é coberto por barro da
proximidade, para evitar a propagação de odores, a presença de insetos
transmissores de doenças (como moscas, mosquitos, baratas, ratos, etc.), animais
prejudiciais e a ocorrência de combustão espontânea devido à falta de oxigênio,
24

minimizando assim os riscos de impactos ambientais e para a saúde pública


(FALCÃO; ARAUJO, 2005 apud SOARES, et. al. 2007).
No aterro controlado configura-se como uma etapa intermediária entre os
antigos lixões e os aterros sanitários, comumente representando uma atualização
operacional e física desses espaços. Contudo, persistem questões de contaminação
do solo e das águas superficiais, uma vez que não são implementados sistemas de
coleta para líquidos percolados (chorume) e gases prejudiciais, e tampouco há a
impermeabilização do solo (ECO RESPONSE, 2021).
Diferentemente dos lixões, a área é isolada, com controle de acesso restrito
e direcionada apenas para resíduos não perigosos. Após cada fase de disposição, os
resíduos são compactados e cobertos com uma camada de solo; ao final do processo,
a área é revestida com camadas de argila e solo, seguido pelo plantio de gramíneas
(ECO RESPONSE, 2021). Na figura 1, é ilustrado o funcionamento de um aterro
controlado.

Figura 1 – Ilustração do funcionamento de um aterro controlado

Fonte: Viasolo, apud Martins (2019)

Ademais, de acordo com a ABRELPE (2022), os aterros controlados


possuem impacto ambiental similar aos lixões e são considerados de igual modo como
uma destinação final inadequada. E, entre suas metas do Planares (Plano Nacional
de Resíduo Sólidos), a primeira é para a extinção dos lixões e dos aterros controlados
25

até 2024. No entanto, para cumprir tal objetivo, é necessário alto investimento no
processo de tratamento de resíduos sólidos.
Desse modo, uma das principais diferença entre aterro controlado e aterros
sanitários é que o segundo possui uma impermeabilização do solo de maneira mais
eficiente. Em resumo, o aterro sanitário é uma instalação mais avançada, com
sistemas de proteção ambiental mais eficientes e estrutura para receber uma
variedade maior de resíduos. O aterro controlado, por sua vez, é menos estruturado
e pode representar um estágio de transição entre práticas mais antigas de disposição
de resíduos e métodos mais modernos e controlados.

2.4.2 Impactos Ambientais

Ainda que a utilização de aterros sanitários seja para reduzir os impactos


ambientais causados pela disposição final inadequada de resíduos, essa técnica
causa danos ao meio ambiente, podendo se estender para a população vizinha.
E, de acordo com Campos (2008), na região onde um aterro sanitário é
estabelecido, e nas áreas próximas, frequentemente ocorrem impactos negativos que
vão desde a desvalorização de propriedades até a poluição ambiental, resultantes de
deficiências no projeto ou questões operacionais.
Esses impactos negativos podem se manifestar de várias maneiras,
incluindo a contaminação do solo e da água devido ao vazamento de substâncias
tóxicas ou produtos químicos, além do impacto social que pode afetar a comunidade
local.
Ademais, a região onde um aterro sanitário está localizado torna-se
socialmente indesejável devido a vários fatores, como a degradação visual. E, para
mitigar esses impactos, as autoridades públicas supervisionam ativamente os aterros,
visando preservar a saúde e o bem-estar da população local (CAMPOS; CAZARINI,
2010).
Nesse sentido, faz-se necessário o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que
de acordo com Campos e Cazarini (2010) é um processo legal que avalia os efeitos
que um projeto pode ter no meio ambiente, identificando tanto os impactos positivos
quanto os negativos. Assim, ele fornece informações detalhadas para auxiliar na
tomada de decisões e na gestão dos impactos ambientais durante o desenvolvimento
do projeto.
26

Não só isso, mas segundo a resolução CONAMA 01 de 1986, para a


instalação e execução de aterros sanitários, é necessário que seja elaborado o EIA e
o relatório de impacto ambiental (RIMA) da área de instalação.
Bem como, uma outra resolução que trata sobre os aterros sanitários é a CONAMA
404 de 2008. Nela são dispostas diversos critérios e diretrizes a serem obedecidos
para que seja dada o licenciamento ambiental, como: vias adequadas, observância
de distâncias mínimas exigidas por lei, local que permita a implantação do
empreendimento com vida útil de pelo menos 15 anos, utilização de áreas que
atendam a legislação municipal de Uso e Ocupação do Solo, entre outros critérios.
Com isso, é notória a preocupação com o local onde vai ser instalado o aterro
sanitário, buscando minimizar os impactos negativos causados.
A saber, uma das exigências da CONAMA 404 de 2008, é que para a
instalação de um aterro, deverá ter a apresentação de um projeto para encerramento,
restauração e monitoramento da área degradada por antigos lixões, incluindo
propostas para futura utilização do espaço, juntamente com um cronograma detalhado
de implementação
No entanto, apesar dos impactos negativos que existem na instalação de
um aterro sanitário, segundo Lima et. al. (2020), os impactos mais relevantes são de
caráter positivo e trazem benefícios para o município, aprimorando a qualidade do
ambiente, tanto social quanto econômico, e contribuindo para a saúde da comunidade
local.

2.4.3 Avaliação de Impacto Ambiental

A Lei nº 6.938 de 1981, dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,


que trouxe a Avaliação de Impacto Ambiental e o Licenciamento Ambiental, como um
de seus instrumentos que buscam conciliar o progresso econômico e social com a
preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico.
Assim, a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é um procedimento técnico
que auxilia no licenciamento, consistindo na avaliação minuciosa dos efeitos
ambientais gerados por atividades ou empreendimentos (IBAMA, 2016).
Além disso, a avaliação de impacto ambiental representa um instrumento
de política ambiental que engloba uma série de procedimentos para examinar de
27

forma sistemática os impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, programa,


plano ou política) e suas alternativas desde o início do processo.
Dessa forma, os resultados dessa avaliação são apresentados de maneira
adequada junto ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, visando à
consideração desses resultados por parte destes últimos (MOREIRA 2002, apud
ALMEIDA; SILVA 2018).
Nesse contexto, vale destacar os conceitos de magnitude e importância dos
impactos ambientais e, de acordo com Spadotto (2002), esses dois fatores constituem
os principais pontos dos impactos ambientais, pois informam a importância dos
mesmos.
Dito isso, a Magnitude refere-se à dimensão de um impacto em termos
absolutos, representando a medida da mudança em um atributo ambiental, expressa
em termos quantitativos, ou seja, o quando um determinado impacto aumentou
durante um certo período de tempo. Já a importância é a avaliação do nível de
relevância de um impacto em relação ao elemento ambiental afetado e aos outros
impactos presentes (SPADOTTO, 2002).
Diante disso, um impacto pode ter aumento significativamente em um certo
período (grande magnitude), mas pode não ser tão importante como um outro que
prejudica mais o meio ambiente (importância maior).
Nesse sentido, uma das abordagens empregadas para avaliar os impactos
ambientais gerados pelo vazadouro é o uso de check-list, uma ferramenta consistente
em uma lista de verificação amplamente aplicada em estudos iniciais para identificar
os impactos ambientais (MORAES; D’AQUINO, 2016).
O modelo de check-list é amplamente empregado devido à sua
simplicidade, praticidade e facilidade de aplicação. Esse modelo foi desenvolvido com
base em um diagnóstico ambiental dos elementos físicos, bióticos e socioeconômicos.
Sua aplicação tem como finalidade realizar um levantamento dos impactos mais
relevantes identificados nesses meios. (NOGUEIRA; DANTAS, 2023).

2.4.4 Biogás

Um dos problemas causados na destinação final do lixo, tanto em aterros


quanto em lixões, é com relação a geração de gases do efeito estufa, que são
altamente prejudiciais ao meio ambiente.
28

Segundo Figueredo (2011), com a decomposição do resíduo sólido ocorre


a geração do biogás que normalmente é composto por cerca de 60% de metano, 35%
de dióxido de carbono e 5% de uma combinação de outros gases, como hidrogênio,
nitrogênio, gás sulfídrico, monóxido de carbono, amônia, oxigênio e aminas voláteis.
Dito isso, Ensinas (2003), argumenta que quando o metano gerado em
aterros não é adequadamente controlado, seja por meio de sistemas de coleta e uso,
ou por meio da queima em flares, isso intensifica o impacto do efeito estufa. Esse
fenômeno não apenas preocupa em relação à área local de geração, mas também
tem implicações significativas nas questões ambientais globais.
Diante disso, os projetos para aproveitamento do biogás de aterros
sanitários visam principalmente a utilização da energia gerada pela decomposição do
lixo. E, esse gás pode ser convertido para atender diferentes necessidades
energéticas, como a produção de eletricidade, vapor ou até mesmo como combustível
para veículos (ENSINAS, 2003).
Para a captação do biogás nos aterros, é instalada uma rede coletora
composta por drenos verticais perfurados, que são succionados por sopradores.
Esses equipamentos, movidos a motores elétricos, geram uma pressão negativa na
célula do aterro.
Além disso, para remover condensados das tubulações e reduzir a umidade
do biogás, são empregados purgadores e desumidificadores. Após passar por
sistemas de controle de pressão, temperatura e vazão, o biogás é direcionado para o
flare (que são os queimadores) ou para o sistema de geração de energia elétrica
(FIGUEREDO, 2011). Na figura 2, é ilustrado o processo de captação de biogás.

Figura 2 – Ilustração do processo de captação de biogás

Fonte: Belo e Coelho (2022).


29

De acordo com Muylaert (2000 apud LANDIM; AZEVEDO, 2008), um dos


primeiros projetos de utilização do biogás oriundo de aterro sanitário, foi em 1970, no
aterro sanitário de Caju no rio de janeiro. Esse biogás produzido era transportado por
um gasoduto até a Companhia Estadual de Gás (CEG), durante 4 km e posteriormente
passado por procedimento para ser utilizado em residências no estado.
Ou seja, o biogás proveniente de aterros sanitários, embora possa
apresentar riscos ambientais e sociais se não for adequadamente gerenciado,
também possui um valor comercial significativo quando é capturado e tratado de
maneira adequada.
A gestão eficaz do biogás não apenas reduz as emissões de gases de
efeito estufa, contribuindo para um ambiente mais limpo, mas também pode se tornar
uma fonte rentável de energia, incentivando práticas sustentáveis na gestão de
resíduos.

2.4.5 Critérios para funcionamento e instalação

As normas referentes aos critérios para a instalação de aterro sanitário são


a NBR 8419 de 1992, que trata sobre a apresentação de projetos de aterros sanitários
de resíduos sólidos urbanos; e a NBR 13896 de 1997, que trata dos aterros de
resíduos não perigosos – critérios para projeto, implantação e operação.
Bem como, em toda atividade que pode ser danosa ao meio ambiente, é
necessário o licenciamento ambiental, e para isso existem três licenças. A primeira é
a Licença Prévia (LP), que aprova a concepção e localização do empreendimento,
posteriormente existe a Licença de Instalação (LC), autoriza a instalação do
empreendimento, e por fim, a Licença de Operação (LO), que permite a operação do
empreendimento.
Essas licenças devem ser concedidas pelo órgão competente, que
geralmente são os Conselhos Estaduais de Politicas Ambiental da Secretaria Estadual
de Meio-ambiente de seu estado (BRASIL, 2018).
Nesse sentido, um dos critérios mais discutidos para a instalação de um
aterro sanitário é o local. Dessa forma, a NBR 13896/1997, traz diversos critérios a
serem atendidos, entre eles: o aterro deve ser localizado a uma distância mínima de
200 metros de qualquer recurso hídrico; declividade do terreno entre 1 % e 30%; esteja
localizado a pelo menos 500 metros de qualquer núcleo populacional; a distância até
30

o lençol freático deve ser de pelo menos 1,50 m; e permitir somente a entrada de
pessoal autorizado.
Ainda segundo a norma, nenhum descarte pode ser admitido em um aterro
sem que tenha sido previamente avaliado para identificar suas características físicas
e químicas. Essa medida visa garantir que os resíduos depositados nos aterros sejam
conhecidos antes de sua disposição, evitando possíveis impactos negativos ao meio
ambiente e à saúde pública.
Ademais, a NBR 13896 de 1997, recomenda a construção de aterros com
vida útil mínima de 10 anos. Por outro lado, a CONAMA 404 de 2008, um dos critérios,
condições e diretrizes é que o aterro sanitário garanta pelo menos 15 anos de
operação. Esse prazo mínimo de operação é crucial para garantir a eficiência do
sistema de provisão de resíduos sólidos, promover a proteção ambiental e atender às
necessidades de gestão de resíduos de forma adequada.
Logo após a definição do local, de acordo com Landim e Azevedo (2008)
vem a fase de preparação do terreno. Para isso, é inicialmente feito a drenagem das
nascentes no local, seguida da compactação do solo. Posteriormente, é instalada uma
manta impermeabilizante, que deve ser coberta com pelo menos 50 cm de argila para
garantir a proteção mecânica e impedir que o chorume penetre no solo.
De maneira semelhante, de acordo com Figueredo (2011), inicia-se com o
revestimento do solo por uma geomembrana de polietileno de alta densidade (PEAD)
para prevenir a contaminação. Em seguida, os resíduos são compactados passando
pela redução de volume e cobertos por camadas de terra. O chorume é coletado e
direcionado para estações de tratamento de efluentes. Simultaneamente, o biogás
capturado pode ser utilizado como fonte de energia por meio de geração elétrica ou
submetido à queima controlada.
Quando o resíduo solido é recebido no aterro sanitário, ele é disposto em
células, que podem ser de 3 a 4 metros. O resíduo é espalhado e com a ajuda de um
trator, ele é compactado até alcançar a altura da célula. Logo após, é coberto com
uma camada de solo de aproximadamente 40 cm de altura e compactado, finalizando
mais uma célula (MENDONÇA; MOREIRA, 2023).
Na figura 3, é ilustrado um modelo de aterro sanitário, onde estão dispostas
as três fases do projeto, que são o setor que já está concluído, o em execução e o
setor em preparação. No esquema é possível visualizar os drenos para o chorume,
31

assim como para as águas superficiais. Além disso, existem também os drenos de
gás, onde é captado o biogás.

Figura 3 – Esquema de aterro sanitário

Fonte: Diprotec GEO (2018)

De acordo com Medonça e Moreira (2023), há ainda um plano de inspeção


e isolamento que visa identificar e corrigir problemas específicos ou acidentais. Para
evitar tais situações, são realizadas inspeções regulares e sistemáticas que abrangem
diferentes áreas, como o sistema de isolamento, vias de acesso, pátios de circulação,
áreas de operação, tratamento de lixiviados e sistemas de monitoramento.
Nesse contexto, é evidente a necessidade de cumprimento rigoroso das
normas e leis pertinentes para garantir o gerenciamento adequado do aterro sanitário,
em conformidade com as diretrizes dos órgãos ambientais. Tal conformidade é
essencial para preservar o meio ambiente, garantir a saúde pública e promover
práticas sustentáveis na gestão de resíduos sólidos
32

3 METODOLOGIA

3.1 Procedimentos Metodológicos

Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico em que foram


destacados artigos relevantes sobre o tema. Além disso, a pesquisa efetuada foi do
tipo descritiva-exploratória, na qual verificou-se a situação atual da disposição dos
resíduos sólidos na cidade de Bom Jardim – MA.
Em seguida, foram realizadas visitas ao lixão local com o propósito de
coletar informações. Para isso, foram feitos registros fotográficos, avaliação visual
para analisar os impactos causados e a degradação ambiental e feita uma
comparação entre o lixão a céu aberto e a utilização de aterros sanitários.

3.2 Área De Estudo

O presente estudo foi realizado na cidade de Bom Jardim no estado do


Maranhão, localizada a 282 km de São Luís, capital do estado. O município possui,
segundo o último censo do IBGE (2022), uma área territorial de 6.588,380 km² (figura
4 e 5), e uma população de aproximadamente 33.100 pessoas.
Ademais, a cidade está localizada nas coordenadas 04º 44' 30" S e 44º 21'
00" W. E, na figura 4 e 5 é possível observar a localização da cidade de Bom Jardim
no estado do Maranhão.

Figura 4 – localização da cidade de Bom Jardim - MA

Fonte: Adaptado de IGBE (2022)


33

Figura 5 – Localização da cidade de Bom Jardim

Fonte: Adaptado de Google Maps (2023)

3.3 Coleta dos resíduos sólidos local

A coleta de resíduos sólidos na cidade é por meio de caçamba de lixo ou


caminhão compactador, que passam pelas ruas principais (centro da cidade) todos os
dias e nos bairros em média duas vezes na semana. No entanto, na zona rural, em
sua grande parte, não conta com a coleta de lixo, sendo este descartado na residência
do próprio morador, ou localidade próxima.
Não só isso, mas no município, praticamente não existe a coleta seletiva, o
que dificulta ainda mais o trabalho dos catadores de lixo ou até mesmo a reciclagem
desses materiais. Ademais, a coleta dos resíduos nas residências e comércios são
levados para um local próximo à cidade (aproximadamente 10 km do centro da cidade)
em que é despejado em um terreno a céu aberto.
Desse modo, todo o descarte de resíduos é feito de maneira inadequada,
pois o lixo é simplesmente despejado no solo, gerando diversos problemas que
poderiam ser evitados com a adoção de medidas que reduzissem a quantidade de
lixo, incentivando a reciclagem e o reaproveitamento de materiais.
34

3.4 Cenário do lixão local

Uma das alternativas utilizadas no lixão da cidade de Bom Jardim para a


redução do volume de lixo, é a queima do lixo. Muitas vezes são os próprios catadores
que utilizam essa prática para “limpar” o lixo e assim retirar o material de seu interesse,
que muitas vezes é o ferro. Com isso, essa prática tem causado diversos danos à
saúde da população local, pois a fumaça gerada pela queima vai a quilômetros de
distância, prejudicando principalmente pessoas em situações de risco ou vulneráveis.
Nesse sentido, no lixão da cidade encontra-se resíduos de diversas partes
da cidade como doméstico, hospitalar, industrial, orgânicos, eletrônicos, Resíduos de
Construção Civil (RCD), resíduos de jardins e áreas verdes, resíduos de açougues e
restos de animais, entre outros.
Bem como, é observado os animais sendo atraídos pelos resíduos, que
representam um risco significativo de transmissão de doenças, especialmente para a
comunidade catadora que habita nessa área. E, durante as visitas, observou-se que
quando é formado um acúmulo de lixo em determinado local, uma carregadeira vai
até o lixão para espalhar e, caso necessário for, mudar o local do lixo. Situações de
visíveis impactos ambientais.
Com isso, para levantamento dos impactos causados, foi utilizado o check-
list adaptado por Campos (2008), que de acordo com Araújo (2015), consiste em uma
lista simples que abrange os indicadores do ambiente natural e humano usados para
avaliar os efeitos de um projeto, plano ou programa, bem como de suas diferentes
opções de localização ou tecnologia.
Juntamente com o modelo de check-list é a utilizado as matrizes de
interação, que são usadas para identificar, avaliar e visualizar as interações entre
diversos componentes do meio ambiente e as atividades humanas, como projetos de
desenvolvimento, obras de infraestrutura, ou outras intervenções que possam afetar
o ambiente. A matriz de interação veio como uma atualização ou melhoria do check-
list, tentando suprir as necessidades e lacunas trazidas por ele (ARAÚJO, 2015).
Nas figuras 6 e 7, é possível visualizar a atual situação do lixão local. Nota-
se a presença de aves, animais mortos, e lixos provenientes de todos os locais da
cidade.
Outro ponto observado foi a grande quantidade de moscas no local que, de
acordo com Gomes e Belém (2022), podem ser vetores de doenças como febre tifoide,
35

cólera, amebíase, disenteria, giardíase, ascaridíase, leishmaniose, febre amarela,


dengue, malária, leptospirose, peste bubônica e tétano. Nesse contexto, os autores
destacam ainda baratas, mosquitos e ratos como transmissores dessas doenças.

Figura 6 – Situação do lixão de Bom Jardim - MA

Fonte: Autor (2023)

Figura 7 – Aves no lixão de Bom Jardim - MA

Fonte: Autor (2023)


36

Na figura 8, observa-se a entrada do lixão. É possível perceber que o


resíduo é despejado antes mesmo de chegar no local, fato similar está disposto na
figura 9, em que se nota resíduos despejados fora da área do lixão.

Figura 8 – Entrada do lixão de Bom Jardim

Fonte: Autor (2023)

Figura 9 – Resíduo despejado fora do local do lixão

Fonte: Autor (2023)


37

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Situação do lixão local

A cidade de Bom Jardim no Maranhão tem 56 anos de fundação e uma


população de 42.010 habitantes, sendo que 41,96% (17.627 hab.) estão localizados
na zona urbana e 58,04% (24.383 hab.) na zona rural (IBGE, apud SNIS, 2021).
Bem como, o lixão da cidade de Bom Jardim está localizado a 10 km de
distância do centro da cidade. Este, é relativamente novo, com apenas 3 anos de
operação, tendo início em janeiro de 2021. Além disso, a coleta de resíduos sólidos é
realizada por meio de caminhões compactadores e caçambas, que passam pela
cidade e seu entorno.
Nesse sentido, segundo dados do Sistema Nacional de Informação sobre
Saneamento (SNIS, 2021), do total da população atendida, somente 22.146 de
habitante (52,72 %) tem acesso à coleta de lixo (Figura 10), ou seja, quase metade
dos moradores não estão sendo atendidos com a coleta de resíduos sólidos.

Figura 10 – Comparativo da população total atendida pela coleta de resíduos domiciliares de Bom
Jardim em relação ao Maranhão e ao Brasil

Fonte: SNIS (2021)


38

Não só isso, mas em relação a zona urbana, 90,86% (16.018 pessoas) têm
acesso ao serviço de coleta de resíduos (Figura 11), enquanto na zona rural, essa
porcentagem diminui significativamente para apenas 25,13% (6.128 habitantes) da
população atendida (SNIS, 2021).

Figura 11 – Comparativo da população urbana atendida pela coleta de resíduos domiciliares de Bom
Jardim em relação ao Maranhão e ao Brasil

Fonte: SNIS (2021)


39

Figura 12 – Comparativo da população rural atendida pela coleta de resíduos domiciliares de Bom
Jardim em relação ao Maranhão e ao Brasil

Fonte: SNIS (2021)

Isso destaca uma discrepância significativa no serviço de coleta de


resíduos sólidos entre a zona rural e urbana, revelando a necessidade urgente de
expandir e aprimorar a cobertura dessas áreas para garantir um manejo mais eficaz
dos resíduos. Essa diferença se dá por muitas vezes os povoados se distanciarem
uns dos outros, dificultando o manejo impedindo que exista uma política mais eficiente
para a coleta de resíduos sólidos.
Mas também, com relação a quantidade de resíduos gerado no município,
a pesquisa mensura que cada pessoa produza 1,02 kg de resíduos por dia (Tabela
2), o que dá aproximadamente 18 toneladas na zona urbana e 24,87 toneladas na
rural, totalizando mais de 42 toneladas de resíduos gerados todos os dias.
40

Tabela 1 – Comparativo da massa de resíduos domiciliares coletados diariamente em relação a


habitantes de Bom Jardim em referência ao Maranhão e ao Brasil
Média do Média do
Município Estado País
Massa de resíduos domiciliares
e públicos coletados per capita 1,02 0,89
1,07 kg/hab./dia
em relação à população total kg/hab./dia kg/hab./dia
atendida
Massa de resíduos domiciliares
1,29 1,02
e públicos coletados per capita 1,07 kg/hab./dia
kg/hab./dia kg/hab./dia
em relação à população urbana
Fonte: Adaptado SNIS (2021)

Tendo como base essas estimativas, pode-se deduzir que o lixão local
recebe 22,58 toneladas de rejeitos todos os dias. Além disso é comum a prática de
descartar animais mortos ou restos de animais no local destinado ao lixão, uma ação
realizada até mesmo pelos próprios moradores.
Durante as visitas no local, pode-se perceber que não existe nenhum
controle de entrada e saída, como também pessoa para controlar o recebimento do
resíduo, o que permite livre acesso a qualquer indivíduo. Isso evidencia uma falta de
regulamentação e supervisão no acesso ao local de descarte de resíduos. Por
conseguinte, não apenas coloca em risco a segurança e a gestão apropriada dos
resíduos, mas também permite que qualquer pessoa descarte materiais sem
considerar as normas ou procedimentos adequados para o descarte

4.1.1 Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)

O quadro 1 apresenta uma lista (por meio do modelo de check-list) dos


principais impactos ambientais observados, decorrentes do lixão na cidade de Bom
Jardim.
41

Quadro 1 – check-list referente aos impactos causados pelo lixão

ASPECTOS PARÂMETRO CRITÉRIO


Apresenta sinais de erosão não
Alteração na capacidade do uso do
Solo e sim
solo
Subsolo
Dano ao relevo sim
Desvalorização das áreas próximas sim
Proximidade de núcleos habitacionais distância > 500m
Ar Emissão de odores Forte
Queima de resíduos sim
Presença de chorume a ceu aberto sim
Água
Distância de água superficial distância > 200m
Alteração na paisagem - impacto visual sim
Paisagem Existe projeto de readequação à não
paisagem anterior
Presença de animais mortos sim
Presença de animais vivos sim
Outros
Presença de vetores de doenças sim
Presença de catadores sim
Fonte: Adaptado de Campos (2008)

Alguns parâmetros não foram possíveis analisar com maior precisão, como
a permeabilidade do solo e a profundidade do lençol freático, por falta de
equipamentos adequados. Entretando, percebe-se que a presença do lixão impacta
todos os sistemas (físico, bipotico e antrópicos), sendo o solo o principal afetado.
Vale destacar também os terrenos vizinhos que sofrem com a presença do
lixão. O lixo levado pelo vento ou por animais, espalha-se pela proximidade, e há
relatos de engasgamento de animais com sacolas plásticas.
Além do check-list, foi elaborada também a matriz de interação, que tenta
suprir as necessidades do procedimento anterior, ou seja, é uma forma mais
atualizada para fazer o levantamento dos impactos ambientais.
Dito isso, no quadro 2, é disposto a matriz de interação que foi preenchida
com base em observações no lixão de Bom Jardim – MA.
42

Quadro 2 – Matriz de impacto ambiental causados pelo lixão de Bom Jardim - MA

ATRIBUTOS
MEIOS/IMPACTOS TIPO MAGNITUDE IMPORTÂNCIA DURAÇÃO
+ - +/- P M G 1 2 3 4 5 6
MEIO FÍSICO
Aumento dos processos x x x x
erosivos
Alteração na
capacidade de uso da x x x x
terra
Dano ao relevo x x x x
Poluição do solo x x x x
Emissão de odores x x x x
Queima de lixo x x x x
MEIO BIÓTICO
Redução da capacidade
de sustentação da x x x x
fauna
Redução da biota do
solo
x x x x
Redução da x x x x
biodiversidade nativa
MEIO ANTRÓPICO
Alteração na paisagem x x x x
Desvalorização de
terrenos vizinhos x x x x
Fonte: Adaptado de Sobral apud Araújo (2015)

Por meio da matriz de interação, pode-se perceber que no meio físico foram
listados 6 tipos de impactos negativos, onde 4 foram de grande magnitude, 3 de
grande importância e 4 de longa duração. Já no meio biótico foram dispostos 3
impactos negativos, em que um foi de grande magnitude, todos de alta importância e
um de longa duração. E para finalizar, no meio antrópico, foram listados dois tipos de
impactos, em que todos foram de grande magnitude, assim como de alta importância
e longa duração.
Portanto, pode-se afirmar que assim como no modelo de check-list, a matriz
de interação trouxe que o meio mais afetado foi o meio físico, principalmente pelo
grande impacto negativo causado no solo.
43

4.1.2 Proposta de mitigação de impactos

Como medida para reduzir os impactos causados por conta do lixão a céu
aberto, é recomendado primeiramente a redução, reutilização, reciclagem e
tratamento dos resíduos sólidos, como já disposto pela Lei 12.305 de 2010.
Entretando, como esses parâmetros nem sempre são alcançados, é sugerido que
ocorra a coleta seletiva na cidade.
Segundo dados do SNIS (2021), no município de bom jardim possui coleta
seletiva, entretanto, não é eficiente, visto que recupera somente 0,24% dos resíduos
totais gerados (Tabela 2).

Tabela 2 – Comparativo da coleta seletiva de resíduos sólidos, e recuperação do total de resíduos


coletados no município, no estado e no país
Média do Média do
Município Estado País
Parcela da população urbana com cobertura
0,05% 22,61%
de coleta selitiva porta a porta
Taxa de recuperação de recicláveis em
0,24% 1,77% 3,36%
relação aos resíduos domiciliares e públicos
Fonte: Adaptado SNIS (2021)

Nesse sentido, essa política deve ter incentivos, por parte do município,
para que ocorra essa reutilização e reciclagem de materiais, reduzindo a quantidade
que são despejados como rejeitos.
Além disso, pode existir ainda a criação de uma cooperativa com o objetivo
de realizar a coleta seletiva, reduzindo os impactos ambientais causados, podendo
gerar renda e emprego dentro da cidade. E, outra alternativa somada a esta, é a
utilização de aterro sanitário para minimizar os impactos causados pelo descarte
irregular do lixo.

4.2 Proposta de aterro sanitário

Para solução dos problemas encontrados por conta do lixão, e para


cumprimento da legislação vigente (Lei 12.305 de 2010, que trata sobre a Política
Nacional de Resíduos Sólidos), foi recomendado a instalação de um aterro sanitário,
44

visto que promete ser uma alternativa eficaz para a destinação final de resíduos
sólidos.
O aterro sanitário foi proposto no mesmo local do atual lixão (figura 13),
visto que possui aproximadamente 13,58 ha e perímetro de 1842,17 metros, espaço
suficiente para a sua instalação e operação.
Além da área do lixão, existem áreas próximas que, de acordo com a
gestão atual, será utilizada futuramente como deposito de lixo.

Figura 13 – Local do lixão atual da cidade de Bom Jardim

Fonte: Adaptado de Google Eath (2023)

Para análise da viabilidade da implantação do aterro sanitário na área


sugerida, seguiu-se as recomendações das normas para a execução e funcionamento
de aterros sanitários são a NBR 8419 de 1992, que trata sobre apresentação de
projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos e a NBR 13896 de 1997,
que discorre sobre aterros de resíduos não perigosos para projeto.
Esta norma estabelece os requisitos mínimos necessários para o
planejamento, instalação e funcionamento de aterros de resíduos não perigosos,
visando garantir a proteção adequada das águas superficiais e subterrâneas
próximas, assim como a segurança dos operadores dessas instalações e das
comunidades vizinhas.
45

Além destas normas, a Lei 12.305 de 2010, que institui a Política Nacional
de Resíduos Sólidos, foi também empregada como referência para abordar as
soluções dos problemas identificados nos lixões.
Assim, tendo como base as normas supracitadas, foi realizado uma
verificação com o objetivo de determinar se o local do atual lixão se enquadra para a
construção de um aterro sanitário.
Desse modo, o local deve satisfazer alguns critérios trazidos, como:
suportar até 10 anos de operação, distância até corpos d’água de pelo menos 200
metros, distância até o núcleo urbano de no mínimo 500 metros, entre outros fatores
que devem ser obedecidos e respeitados.
O ideal seria que nenhum resíduo fosse dado como rejeito, porém, como
isso ainda não é possível, desse modo, o aterro sanitário faz-se necessário. Este, vem
como uma sugestão para a minimização dos impactos negativos causados pelo lixão.
Diante disso, vale destacar que quando um aterro sanitário é mal
gerenciado, ele pode gerar prejuízos também ao meio ambiente. É comum os casos
de despejo de resíduos fora das valas, mal compactado, entrada de pessoas sem
autorização e a contaminação do solo e das águas, gerando problemas nos
ecossistemas locais e colocando em risco a saúde pública.
Isso se verifica no aterro sanitário de Marituba – PA, o único no estado, e
que segundo Passos e Martins (2023), o aterro sanitário, está gerando revolta na
população por conta dos impactos causados. Em uma das paralisações, foi apontado
que ele não está de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos. O aterro
tinha um tempo estimado de operação de 15 anos, porém terá que encerrar já em
2023. Na figura 14, é possível observar uma imagem área do aterro sanitário.

Figura 14 – Imagem aérea do aterro sanitário de Marituba - PA

Fonte: Passos e Martins (2023)


46

Existem diversas maneiras de dispor os resíduos em aterros, mas os mais


comuns são os em formato de célula, por possuir uma estrutura mais simples e
eficiente. O tamanho e profundidade das valas dependem da caraterísticas físicas do
terreno, respeitando as distancias até o lençol freático e águas superficiais, mas é
comum que as valas tenham entre 3 e 4 metros de profundidade.
As valas são construídas com declividade variando de 20% a 30%, para
melhorar o escoamento dos líquidos. O resíduo é despejado por um caminhão no pé
do talude (figura 15) e depois são empurrados por um trator de esteira que passa entre
3 a 5 vezes por cima do resíduo para que tenha uma melhor compactação (figura 16).
Depois de cessado a célula, o trator vai cobrir com uma camada de 20 a 30 cm de
material de cobertura, que geralmente é argila (CTRCI, 2007).

Figura 15 – Despejo de resíduo em célula de aterro sanitário

Fonte – CTRCI (2007)

Figura 16 – Rejeitos sendo espalhados e compactados

Fonte: CTRCI (2007)

O tratamento do chorume originado em um aterro sanitário pode ser tratado


em uma estação de tratamento (ETE). Já o gás gerado, pode e deve ser coletado e
posteriormente utilizado para fins comerciais ou queima.
47

4.2.1 Análise econômica

Os custos para instalação e operação de um aterro sanitário variam


bastante. Segundo uma pesquisa da FGV, juntamente com a ABETRE (2019), para a
construção de um aterro em um município, produzindo aproximadamente 100
toneladas de lixo por dia, seria necessário um investimento de aproximadamente 52
milhões de reais, esse valor já inclui a operação do aterro em um período de 20 anos
assim como o encerramento deste.

5 CONCLUSÃO

Os lixões ou vazadouros a céu aberto impactam, negativamente, a


população, o meio físico, biótico e antrópico. Por conta disso, a extinção desse tipo de
destinação final já é discutida há vários anos, porém requer uma readequação e um
esforço significativo em educação ambiental para obter o engajamento da população
nessa causa.
Os danos causados pelo lixão não podem ser mensurados com precisão,
pois inclui diversos fatores, porém, durante as visitas, pode-se concluir que existe um
descuido muito grande com a disposição dos resíduos. Assim, um dos sistemas mais
afetado é o físico, mais precisamente o solo, visto que ocorre o despejo dos rejeitos
sem nenhum tratamento prévio diretamente no solo.
Desse modo, é importante uma política de fiscalização e um maior esforço
para cumprimento das leis vigentes, principalmente obedecendo a Lei 12.305 de 2010,
e aos marcos para a extinção dos lixões a céu aberto instituído pela Lei 14.026/2020,
que é até 2024.
Dito isso, o aterro sanitário é uma proposta para a redução dos impactos
causados pelo lixão da cidade, buscando reaproveitar o terreno e reparar os danos
causados. E, apesar dos impactos causados pela implantação de um aterro sanitário,
os benefícios têm se mostrado superiores.
Nesse sentido, durante a pesquisa, pôde-se constatar que os custos para
implantação e operação de um impacto podem não ser viáveis para pequenos centros
urbanos como é o caso de Bom Jardim – MA, porém, existe a possibilidade de fazer
acordos ou convênios com cidades próximas, para que esse custo seja reduzido.
48

Outro fato constatado é que não existe um projeto geral de aterro sanitário,
cada caso existe uma particularidade que deve ser respeita, o que faz com que os
gastos variem de região para região. Uma vez que, uma das maiores preocupações é
com relação a poluição das águas próximo do aterro, pois quando contamina o lençol
freático, os danos não ficam limitados apenas aquele local.
Portanto, a transição dos lixões para aterros sanitários é crucial para reduzir
os impactos no meio ambiente e na saúde pública. Essa transição não se resume
apenas à instalação de aterros sanitários protegidos, mas também envolve educar a
população sobre a separação e o descarte adequado de resíduos sólidos. Além disso,
é fundamental o respaldo e a implementação de políticas públicas voltadas para a
gestão sustentável de resíduos, atualização, melhoria da preservação ambiental e do
bem-estar coletivo.
49

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