Direito Das Coisas

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Direito Civil

Direito das Coisas


2ª Edição
Abel Fernandes Gomes mani Barbugiani
Adriano Pilatti eixinho
Alexandre Ber
Ana Alice De Carli
Anderson Soares Madeira ra de Melo
André Abreu Costa Marcus Mauricius Holanda
Beatriz Souza Costa Maria Celeste Simões Marques
Bleine Queiroz Caúla
Daniele Maghelly Menezes Moreira Océlio de Jesus Carneiro
neiro de Morais
Diego Araujo Campos
Enzo Bello
Firly Nascimento Filho
Flávio Ahmed
Frederico Antonio Lima de Oliveira Leonardo El-Amme Souza e Silva da Cunha
Frederico P
Geraldo L. M. P
Gina Vidal Marcilio P

Denis Borges Barbosa (in memoriam)


Marcos Juruena Villela Souto (in memoriam)

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Leonardo Estevam de Assis Zanini

Direito Civil
Direito das Coisas
2ª Edição

Editora Lumen Juris


Rio de Janeiro
2019
Copyright © 2019 by Leonardo Estevam de Assis Zanini

Categoria:

Produção Editorial
Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.

Diagramação: Rômulo Lentini

A LIVRARIA E EDITORA LUMEN JURIS LTDA.


não se responsabiliza pelas opiniões
emitidas nesta obra por seu Autor.

É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer


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constitui crime (Código Penal, art. 184 e §§, e Lei nº 6.895,
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Todos os direitos desta edição reservados à


Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.

Impresso no Brasil
Printed in Brazil

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
________________________________________
Apresentação

O presente curso de direito civil foi elaborado com o propósito específico


de servir como obra didática. A exposição da matéria é feita de forma clara e
condensada, mas sem deixar de cuidar, de maneira panorâmica e atual, dos
elementos técnicos mais relevantes.
Dá-se ênfase às disposições do Código Civil de 2002, seguindo-se a ordem
de apresentação escolhida pelo legislador. O trabalho adotou metodologia clássica
de exposição, a qual parece conduzir a melhores resultados no aprendizado.
Seu conteúdo examina tanto os temas tradicionais como os debates doutri-
nários e os questionamentos jurisprudenciais mais recentes e relevantes, o que in-
clui a influência do direito constitucional na construção hodierna do direito civil.
A despeito de não ter sido elaborada uma obra com a profundidade de
um tratado, acredita-se que o rigor e a precisão técnica, que caracterizam este
trabalho, permitem sua utilização como relevante fonte de informação e pes-
quisa não somente para estudantes de graduação, mas também para todo o
público da área jurídica.
O objetivo foi elaborar um livro útil, claro, conciso e eficiente, que efeti-
vamente auxilie no preparo dos estudantes de graduação, mas que igualmente
seja de grande valia como material de consulta para estudantes de pós-gradu-
ação e profissionais do direito.
Espero que esse trabalho seja de agrado do leitor.
São Joaquim da Barra, janeiro de 2020.
Leonardo Estevam de Assis Zanini
Sumário

1. Introdução ............................................................................................................. 1

1.1 Noções fundamentais .................................................................................. 1

1.2 Conceito e denominação .............................................................................. 3

1.3 Direitos reais e direitos pessoais ................................................................. 4

1.3.1 Teoria clássica (ou realista) ................................................................. 5

1.3.2 Teoria personalista (ou monista) ....................................................... 6

1.4 Classificação dos direitos reais .................................................................... 9

1.5 Figuras assemelhadas aos direitos reais ................................................... 11

1.5.1 Obrigação propter rem ...................................................................... 11

1.5.2 Ônus real ............................................................................................ 12

1.5.3 Obrigações com eficácia erga omnes .............................................. 13

1.6 Características dos direitos reais............................................................... 13

1.6.1 Direito absoluto .................................................................................. 13

1.6.2 Direito de sequela e direito de preferência .................................... 15

1.6.3 Taxatividade ....................................................................................... 16

1.6.4 Aderência ............................................................................................ 18

1.6.5 Exclusividade...................................................................................... 19

1.6.6 Publicidade ......................................................................................... 19

2. Ideias Gerais sobre a Posse ............................................................................... 21

2.1 Origem .......................................................................................................... 21


2.2 Teorias sobre a posse ..................................................................................22

2.2.1 Teoria de Savigny ...............................................................................22

2.2.2 Teoria de Jhering ............................................................................... 25

2.3 Qual a teoria adotada pelo Código Civil? ................................................28

2.4 Conceito de posse ........................................................................................ 29

2.5 Natureza jurídica da posse.........................................................................30

2.6 Objeto da posse: posse de coisas e posse de direitos .............................. 32

2.7 Distinção entre posse e detenção ..............................................................34

2.8 Distinção entre posse e propriedade ........................................................ 37

2.9 O ius possessionis e o ius possidendi........................................................ 39

3. Classificação da Posse ........................................................................................ 41

3.1 Espécies de posse ......................................................................................... 41

3.2 Posse direta e posse indireta ...................................................................... 41

3.3 Posse exclusiva e composse ........................................................................43

3.4 Posse justa e posse injusta .........................................................................45

3.5 Posse de boa-fé e posse de má-fé ...............................................................50

3.6 Transformação da posse de boa-fé em posse de má-fé .......................... 52

3.7 Posse natural e posse civil ..........................................................................54

3.8 Posse ad interdicta e posse ad usucapionem ........................................... 55

3.9 Posse pro diviso e posse pro indiviso .......................................................56

3.10 Posse nova e posse velha ........................................................................... 57

4. Aquisição e Perda da Posse ............................................................................... 59

4.1 Introdução .................................................................................................... 59


4.2 Aquisição da posse ...................................................................................... 59

4.3 Aquisição originária e derivada da posse ................................................ 61

4.4 Modos originários de aquisição da posse ................................................ 62

4.5 Modos derivados de aquisição da posse .................................................. 63

4.6 Quem pode adquirir a posse .....................................................................68

4.7 Presunção de posse da coisa móvel........................................................... 69

4.8 Perda da posse ............................................................................................. 69

4.9 Casos de perda da posse ............................................................................. 70

4.10 Perda da posse para quem não presenciou o esbulho .......................... 72

5. Efeitos Jurídicos da Posse: Proteção Possessória ........................................... 75

5.1 Considerações iniciais ................................................................................ 75

5.2 Autotutela: a legítima defesa e o desforço imediato ............................... 76

5.3 Ações tipicamente possessórias................................................................. 78

5.3.1 Ação de manutenção de posse ................................................................80

5.3.2 Ação de reintegração de posse ............................................................... 81

Interdito proibitório .......................................................................................... 82

5.4 Ações possessórias: generalidades ............................................................ 83

5.4.1 Natureza das ações possessórias ...................................................... 83

5.3.2 Competência ...................................................................................... 83

5.4.3 Legitimação ativa e passiva nas ações possessórias ......................84

5.4.4 Legitimação passiva nas invasões coletivas de imóvel ................86

5.4.5 Caráter dúplice das ações possessórias........................................... 87

5.4.6 Fungibilidade das ações possessórias .............................................88


5.4.7 Cumulação de pedidos...................................................................... 89

5.4.8 A liminar na ação possessória .........................................................90

5.4.9 A exceção de domínio nas ações possessórias. .............................. 91

5.5 Outras ações de interesse do possuidor ...................................................94

5.5.1 Nunciação de obra nova....................................................................94

5.5.2 Embargos de terceiro ........................................................................96

5.5.3 Imissão de posse ................................................................................97

5.6 Proteção possessória das servidões...........................................................98

6. Demais Efeitos da Posse .................................................................................. 101

6.1 Efeitos da posse em relação aos frutos.................................................... 101

6.2 Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa ........................ 103

6.3 Efeitos em relação às benfeitorias ...........................................................104

6.4 Direito de retenção .................................................................................... 105

7. Da Propriedade em Geral ................................................................................109

7.1 Introdução .................................................................................................. 109

7.2 Noção histórica da propriedade .............................................................. 110

7.3 Fundamento jurídico da propriedade..................................................... 113

7.4 Conceito de propriedade .......................................................................... 115

7.5 Propriedade e domínio ............................................................................. 117

7.6 Características da propriedade ................................................................ 119

7.8 Elementos constitutivos da propriedade ................................................122

7.9 Propriedade plena e propriedade limitada .............................................124

7.10 Extensão do direito de propriedade ......................................................125


7.11 Abuso do direito de propriedade ...........................................................128

7.12 A garantia constitucional da propriedade e sua função social..........129

8. Aquisição da Propriedade ............................................................................... 135

8.1 Sistemas de aquisição da propriedade .................................................... 135

8.1 Aquisição originária e derivada da propriedade................................... 137

8.2 Aquisição a título singular e a título universal da propriedade ......... 138

9. Modos de Aquisição da Propriedade Imóvel................................................ 141

9.1 Aquisição pelo registro do título ............................................................. 141

9.2 Sucessão hereditária .................................................................................. 144

9.3 Acessão imobiliária ................................................................................... 145

9.3.1 Conceito e formas ............................................................................ 145

9.3.2 Fundamento ..................................................................................... 146

9.3.3 Formação de ilhas ............................................................................ 147

9.3.4 Aluvião .............................................................................................. 149

9.3.5 Avulsão ..............................................................................................150

9.3.6 Álveo abandonado ........................................................................... 151

9.3.7 Construções e plantações ............................................................... 152

10. Usucapião ........................................................................................................ 157

10.1 Conceito .................................................................................................... 157

10.2 Terminologia ............................................................................................158

10.3 Pressupostos da usucapião ..................................................................... 159

10.4 Usucapio libertatis................................................................................... 164

10.5 Espécies de usucapião ............................................................................. 165


10.5.1 Usucapião extraordinária ............................................................. 165

10.5.2 Usucapião ordinária ...................................................................... 166

10.5.3 Direito intertemporal aplicável à usucapião


extraordinária e ordinária ............................................................. 168

10.5.4 Usucapião especial rural ............................................................... 169

10.5.5 Usucapião especial urbana ........................................................... 170

10.5.6 Usucapião urbana coletiva do Estatuto da Cidade ................... 172

10.5.7 Usucapião por abandono do lar conjugal ................................... 174

10.5.8 Usucapião indígena ....................................................................... 176

10.5.9 Usucapião extrajudicial................................................................. 177

11. Modos de Aquisição da Propriedade Móvel ............................................... 181

11.1 Ocupação .................................................................................................. 181

11.2 Achado do tesouro .................................................................................. 184

11.3 Tradição .................................................................................................... 186

11.4 Usucapião ................................................................................................. 189

11.5 Especificação ............................................................................................190

11.6 Confusão, comistão e adjunção ............................................................. 193

11.7 Descoberta de coisa alheia perdida ....................................................... 195

12. Perda da Propriedade ....................................................................................197

12.1 Alienação .................................................................................................. 198

12.2 Renúncia ...................................................................................................199

12.3 Abandono .................................................................................................200

12.4 Perecimento do objeto ............................................................................202

12.5 Desapropriação........................................................................................202
13. Direitos de Vizinhança: Parte Geral ...........................................................209

13.1 As relações de vizinhança ......................................................................209

13.2 Conceito de prédio vizinho.................................................................... 211

13.3 Direitos de vizinhança e servidão predial ........................................... 212

13.4 Natureza jurídica ..................................................................................... 213

13.5 Uso anormal da propriedade ................................................................. 214

13.5.1 Espécies de atos nocivos: atos ilegais, abusivos e lesivos .......... 216

13.5.2 Critérios para aferir a normalidade ou


anormalidade da utilização do imóvel ......................................... 218

13.5.3 Soluções para a composição dos conflitos..................................220

13.6 Ação de dano infecto .............................................................................. 221

14. Direitos de Vizinhança: Parte Especial .......................................................225

14.1 Árvores limítrofes....................................................................................225

14.2 Passagem forçada ....................................................................................228

14.3 Passagem de cabos, tubulações e outros condutos ............................. 231

14.4 Águas e vizinhança .................................................................................232

14.4.1 Águas que fluem naturalmente do prédio superior .................. 233

14.4.2 Uso de fontes naturais...................................................................234

14.4.3 Águas artificialmente levadas ao prédio superior.....................235

14.4.4 Poluição de águas...........................................................................235

14.4.5 Represamento de água ..................................................................236

14.4.6 Aqueduto ou canalização de águas .............................................237

14.5 Limites entre prédios e o direito de tapagem ......................................238


14.6 Limites entre prédios e a ação demarcatória .......................................240

14.7 Direito de construir ................................................................................242

14.7.1 Limitações e responsabilidades ....................................................242

14.7.2 Responsabilidade do proprietário da obra e do construtor .....243

14.7.3 Devassamento da propriedade vizinha.......................................244

14.7.4 Águas e beirais................................................................................246

14.7.5 Paredes divisórias ..........................................................................247

14.7.6 Uso do prédio vizinho ...................................................................249

14.7.7 Obras construídas em infração


às regras do direito de construir ...................................................250

15. Condomínio em Geral................................................................................... 251

15.1 Conceito ............................................................................................. 251

15.2 Condomínio e comunhão de direitos ............................................ 253

15.3 O condomínio e a propriedade em mão comum ........................ 253

15.3 Modalidades de condomínio .......................................................... 255

15.4 Direitos dos condôminos no condomínio voluntário .................256

15.5 Deveres dos condôminos no condomínio voluntário ................. 261

15.6 Administração do condomínio ......................................................262

15.7 Extinção do condomínio .................................................................263

15.8 Condomínio necessário ou forçado ...............................................264

16. Condomínio Edilício .....................................................................................267

16.1 Considerações iniciais ............................................................................267

16.2 Esboço histórico ......................................................................................268


16.3 Terminologia ............................................................................................269

16.4 Natureza jurídica ..................................................................................... 270

16.5 Instituição e constituição do condomínio edilício ............................. 271

16.6 Direitos dos condôminos ...................................................................... 276

16.7 Deveres dos condôminos........................................................................ 278

16.8 Sanções pelo descumprimento dos deveres ......................................... 281

16.9 A administração do condomínio edilício ............................................283

16.10 Obras no condomínio ...........................................................................289

16.11 Despesas do condomínio......................................................................290

16.12 Extinção do condomínio edilício ........................................................ 291

16.13 Condomínio de lotes .............................................................................292

17. Condomínio em Multipropriedade..............................................................295

18. Propriedade Resolúvel ...................................................................................301

18.1 Conceito .................................................................................................... 301

18.2 Hipóteses de propriedade resolúvel ......................................................302

18.3 Resolução por condição ou termo ........................................................303

18.4 Resolução por causa superveniente ......................................................305

19. Propriedade Fiduciária ..................................................................................309

19.1 Introdução ................................................................................................309

19.2 Conceito .................................................................................................... 311

19.3 Objeto ........................................................................................................ 312

19.4 Modo de constituição ............................................................................. 313

19.5 Pagamento por terceiro .......................................................................... 314


19.6 Direitos e obrigações do fiduciante ....................................................... 315

19.7 Direitos e obrigações do fiduciário ....................................................... 315

19.8 Pacto comissório ..................................................................................... 316

19.9 Procedimento no caso de inadimplemento ........................................ 317

19.10 A prisão civil do depositário infiel ...................................................... 318

20. Superfície ......................................................................................................... 321

20.1 Introdução ............................................................................................... 321

20.2 Conceito ...................................................................................................323

20.3 Usos e vantagens do direito de superfície ............................................324

20.4 Direito de superfície e enfiteuse ............................................................325

20.5 Modos de constituição ........................................................................... 327

20.6 Sobrelevação ............................................................................................330

20.7 Obrigações do superficiário ...................................................................330

20.8 Transferência do direito de superfície .................................................. 331

20.9 Direito de preferência ............................................................................. 331

20.10 Extinção do direito de superfície ........................................................ 333

20.11 O direito de superfície no Código Civil e no Estatuto da Cidade .....334

21. Servidões.......................................................................................................... 337

21.1 Considerações iniciais............................................................................. 337

21.2 Conceito .................................................................................................... 337

21.3 Natureza jurídica ..................................................................................... 338

21.4 Condições de existência.......................................................................... 339

21.5 Características ........................................................................................341


21.6 Classificação das servidões ....................................................................343

21.7 Modos de constituição ...........................................................................347

21.8 Exercício das servidões ...........................................................................350

21.9 Obras necessárias à conservação e ao uso das servidões ................... 352

21.10 Ampliação compulsória da extensão da servidão ............................. 353

21.11 Remoção da servidão ............................................................................ 353

21.12 Extinção da servidão .............................................................................354

21.13 Ações relativas à servidão .....................................................................356

22. Usufruto ..........................................................................................................359

22.1 Conceito ................................................................................................... 359

22.2 Características .........................................................................................360

22.2 Modos de constituição ........................................................................... 361

22.3 Objeto do usufruto..................................................................................363

22.4 Distinção entre usufruto e fideicomisso ..............................................365

22.5 Classificação.............................................................................................366

22.6 Direitos do usufrutuário ........................................................................368

22.7 Deveres do usufrutuário ........................................................................ 371

22.8 Destruição e seguro ................................................................................ 373

22.9 Extinção do usufruto .............................................................................. 374

23. Uso ...................................................................................................................379

24. Habitação ........................................................................................................ 381

25. Direito do Promitente Comprador ..............................................................383

25.1 Introdução ................................................................................................383


25.2 Evolução legislativa .................................................................................383

25.3 A disciplina no Código Civil de 2002 ..................................................386

25.4 Natureza jurídica .....................................................................................386

25.5 Requisitos .................................................................................................387

25.6 Constituição do direito real ...................................................................388

25.7 A necessidade de outorga conjugal .......................................................390

25.8 Adjudicação compulsória .....................................................................390

25.9 Extinção ....................................................................................................392

26. Laje ...................................................................................................................393

27. Direitos Reais de Garantia........................................................................397

27.1 Crédito e garantia ....................................................................................397

27.2 Distinção entre privilégio e direito real de garantia ...........................398

27.3 Espécies de garantias...............................................................................399

27.4 Direitos reais de garantia .......................................................................400

27.5 Requisitos para eficácia contra terceiros ..............................................402

27.6 Capacidade para a constituição da garantia real ................................403

27.7 Garantia real oferecida pelo condômino ..............................................405

27.8 Objetos que podem ser dados em garantia real ..................................405

27.9 Vencimento antecipado da dívida .........................................................405

27.10 Proibição do pacto comissório .............................................................408

27.11 Indivisibilidade do direito real de garantia ........................................409

27.12 Responsabilidade do devedor pelo remanescente da dívida ........... 411


28. Penhor ............................................................................................................. 413

28.1 Conceito.................................................................................................... 413

28.2 Constituição............................................................................................. 414

28.3 Penhor e penhora .................................................................................... 415

28.4 Penhor comum ........................................................................................ 416

28.5 Direitos do credor pignoratício ............................................................. 416

28.6 Obrigações do credor pignoratício ....................................................... 418

28.7 Extinção do penhor ................................................................................ 419

28.8 Penhor legal .............................................................................................420

28.9 Penhor rural .............................................................................................421

28.9.1 Disposições gerais ..........................................................................421

28.9.2 Penhor agrícola .............................................................................423

28.9.3 Penhor pecuário.............................................................................423

28.10 Penhor industrial e mercantil..............................................................424

28.11 Penhor de direitos e títulos de crédito................................................425

28.12 Penhor de veículos ................................................................................428

29. Hipoteca .......................................................................................................... 431

29.1 Conceito .................................................................................................... 431

29.2 Sujeito ........................................................................................................432

29.3 Objeto........................................................................................................432

29.4 Forma ........................................................................................................434

29.5 Pluralidade de hipotecas ........................................................................435

29.6 Abandono liberatório do imóvel hipotecado ......................................436


29.7 Direito de remição ...................................................................................436

29.8 Garantia hipotecária de dívida futura ou condicionada ...................438

29.9 Prazo da hipoteca ....................................................................................438

29.10 Cédula hipotecária ................................................................................439

29.11 Loteamento ou condomínio sobre imóvel dado em hipoteca .........440

29.12 Espécies de hipoteca ..............................................................................440

29.13 Registro da hipoteca..............................................................................443

29.14 Extinção da hipoteca .............................................................................444

29.15 Hipoteca de vias férreas ........................................................................446

30. Anticrese .........................................................................................................449

30.1 Conceito e antecedentes históricos .......................................................449

30.2 Constituição da anticrese.......................................................................450

30.3 Direitos e deveres das partes ................................................................. 451

30.4 Extinção da anticrese..............................................................................453

Bibliografia ............................................................................................................455
1. Introdução

1.1 Noções fundamentais


Na sociedade em que vivemos as carências humanas são praticamente
infinitas, mas os meios para a satisfação dessas necessidades são limitados.
Muitas necessidades são satisfeitas pela apropriação de coisas corpóreas, que
garantem a sobrevivência e o progresso do ser humano. Contudo, a detenção
dessas coisas encontra limites na sua própria existência, o que inevitavelmente
levaria à luta pela sua apropriação1.
Em face desse problema, partindo do reconhecimento da propriedade priva-
da, é imprescindível que o ordenamento jurídico regulamente as relações existentes
entre as pessoas e as coisas corpóreas, estabelecendo, notadamente, quem são os
titulares de determinados direitos, bem como quais poderes essas pessoas terão2.
Tal tarefa é atribuída ao direito das coisas, que regula o poder das pesso-
as sobre tais objetos e os modos de sua utilização econômica3. Trata-se de um
dos ramos do direito civil que sofreu maior influência do direito romano e que
encontra grande homogeneidade no direito comparado dos países de sistema
romano-germânico4. No Brasil a matéria está prevista no Livro III da Parte
Especial do Código Civil.
O direito das coisas assume cunho patrimonial e contém, precipuamen-
te, disposições sobre a posse, a propriedade, bem como sobre as prerrogativas
que derivam do direito de propriedade, ou seja, os direitos reais sobre coisas
alheias. Esses direitos são considerados desmembramentos da propriedade,
compreendendo os direitos de gozo ou fruição, os direitos de garantia e os
direitos de aquisição5.

1 MOTA PINTO, Carlos Alberto da. Teoria Geral do Direito Civil, p. 144-145.
2 WOLF, Manfred; WELLENHOFER, Marina. Sachenrecht, p. 1.
3 GOMES, Orlando. Direitos Reais, p. 7.
4 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, v. 5, p. 21.
5 BESSONE, Darcy. Direitos reais, p. 8.

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Leonardo Estevam de Assis Zanini

A matéria cuida somente das coisas corpóreas (res corporales), que são
aquelas que se revelam aos sentidos6, correspondendo à categoria célebre da
res quae tangi possunt do direito romano7. Além de ser uma coisa corpórea, é
necessário que tenha conteúdo econômico, o que é apurado em função da sua
raridade e utilidade. Assim, as coisas que não são úteis e raras não interessam
à matéria em estudo. Coisas extremamente abundantes, como é o caso do ar
atmosférico ou da água do mar, não despertam cupidez no espírito humano,
não havendo que se falar na necessária apreciação econômica, requisito exigí-
vel pelo direito das coisas. Também estão fora do seu âmbito todas as normas
que cuidam da apropriação de coisas na perspectiva do direito público8.
As coisas incorpóreas (res incorporales) igualmente não são objeto de
estudo do direito das coisas, que alcança, conforme foi mencionado, somen-
te os objetos corpóreos9. No entanto, admitiu-se, no passado, que o direito
das coisas compreendia tanto objetos corpóreos como incorpóreos10. A partir
do desenvolvimento da teoria dos direitos intelectuais, os objetos incorpóre-
os foram paulatinamente sendo retirados do contexto do direito das coisas,
passando a integrar disciplinas autônomas. Desse modo, os direitos autorais
e a propriedade industrial, que disciplinam as relações jurídicas envolvendo
criações intelectuais, estão sujeitos à legislação especial11.
Pode-se então afirmar que as coisas incorpóreas não integram o direito
das coisas. E nesse contexto, a expressão “propriedade literária, científica e ar-
tística”, encontrada no Código Civil de 1916, não deve ser utilizada, uma vez que
não atende a técnica jurídica, já que não existe a propriedade de uma criação
intelectual12. Todavia, é imprescindível compreender que o suporte material da
criação intelectual é uma coisa, mas a criação intelectual não o é13. É dizer: uma

6 ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Civil: Teoria Geral, v. 1, p. 286.


7 PAGE, Henri de; DEKKERS, René. Traité élémentaire de droit civil belge, t. 5, p. 544-545.
8 DUARTE, Rui Pinto. Curso de Direitos Reais, p. 11-12.
9 MEINCKE, Jens Peter. Römisches Privatrecht: Einführung, p. 61.
10 BITTAR, Carlos Alberto. Direitos Reais, p. 2-3.
11 Conforme ensina Ascensão, o direito de autor e os diretos sobre bens industriais não podem ser
considerados “nem uma propriedade nem um direito real” (ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito
Civil: Teoria Geral, v. 1, p. 287).
12 NADER, Paulo. Curso de direito civil, v. 4, p. 97.
13 LEIPOLD, Dieter. BGB I: Einführung und Allgemeiner Teil, p. 500.

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Direito Civil – Direito das Coisas

música é uma criação intelectual, mas o suporte material onde ela é armazena-
da, que pode ser um DVD, é uma coisa na acepção da disciplina aqui estudada.
O núcleo do direito das coisas é o direito de propriedade, que é o mais am-
plo e completo direito subjetivo sobre uma coisa corpórea, significando que essa
coisa é atribuída ao seu titular de forma imediata, o que lhe permite o exercício
desse direito sem necessitar da prévia permissão de qualquer outra pessoa14.

1.2 Conceito e denominação


O direito real, segundo a concepção clássica de Lafayette, é “o que afeta a
coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob certos respeitos e a segue em po-
der de quem quer que a detenha” 15. Nessa mesma linha, assevera Silvio Rodri-
gues que se trata do “direito que se prende à coisa, prevalecendo com a exclusão
da concorrência de quem quer que seja, independendo para o seu exercício da
colaboração de outrem e conferindo ao seu titular a possibilidade de ir buscar a
coisa onde quer que se encontre, para sobre ela exercer seu direito” 16.
Outra definição bastante célebre é apresentada por Clóvis Beviláqua, que
considera o direito das coisas como “o complexo de normas reguladoras das
relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem.
Tais coisas são, ordinariamente, do mundo físico, porque sobre elas é que é
possível exercer o poder de domínio” 17.
Em relação à denominação da matéria, o Código Civil usa a nomenclatura
“Direito das Coisas” ao tratar do seu Livro III. Essa designação é clássica no
direito brasileiro e tinha sido consagrada no Código Civil de 1916, sendo man-
tida pelo Código Civil de 2002. Apesar disso, também há no texto do Código
Civil de 2002 a expressão “Direitos Reais”, que encabeça o Título II do Livro do
“Direito das Coisas”. As duas expressões remontam à tradição jurídica alemã,

14 WOLF, Manfred; WELLENHOFER, Marina. Sachenrecht, p. 1.


15 PEREIRA, Lafayette Rodrigues. Direito das coisas, p. 25.
16 RODRIGUES, Silvio. Direito civil, v. 5, p. 5.
17 BEVILÁQUA, Clóvis. Direito das Coisas, v. I, p. 11.

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Leonardo Estevam de Assis Zanini

que dá preferência à expressão “Direito das Coisas” (Sachenrecht), e à tradição


jurídica francesa, que privilegia a nomenclatura “Direitos Reais” (Droits réels)18.
No Brasil, os manuais que tratam da matéria usam as duas expressões.
Assim, existem autores que preferem utilizar “Direito das Coisas”, enquanto
outros seguem a tradição francesa, empregando a expressão “Direitos Reais”.
No que toca à sua significação, há aqueles que usam indistintamente os
dois termos, entendendo que ambos possuem conceito e objeto idêntico, cui-
dando exatamente da mesma matéria19. Outros estudiosos, entretanto, dão
um sentido mais amplo para o vocábulo direito das coisas, abrangendo inclu-
sive a posse, e um sentido mais estrito para os direitos reais, excluindo dessa
denominação a posse.

1.3 Direitos reais e direitos pessoais


No direito civil é bastante tradicional a distinção entre os direitos reais,
que também são chamados de direitos absolutos, e os direitos pessoais, igual-
mente conhecidos como direitos obrigacionais20. Ao lado da tradição, essa dis-
tinção também apresenta grande relevância teórica e prática no âmbito dos
direitos patrimoniais21.
Não obstante muitos doutrinadores discutam a atualidade dessa distin-
ção e apontem dificuldades no que toca ao seu rigor científico, o fato é que ela
foi adotada pelo Código Civil, bem como é objeto de exame dos livros sobre a
matéria, seja no Brasil ou no exterior22. Trata-se, portanto, de divisão secular,
já conhecida dos romanos, e que, apesar da sua antiguidade, ainda hoje se
mantém atual23.
Esse assunto é analisado como introdução ao estudo do direito das coi-
sas, uma vez que a distinção entre direitos reais e pessoais é importante para

18 SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de Direito civil, v. VI, p. 8.


19 BESSONE, Darcy. Direitos reais, p. 3.
20 CORNU, Gérard. Droit civil: Introduction. Les personnes. Les biens, p. 419.
21 EISENHARDT, Ulrich. Einführung in das Bürgerliche Recht, p. 480.
22 GOMES, Orlando. Direitos Reais, p. 9.
23 CORNU, Gérard. Droit civil: Introduction. Les personnes. Les biens, p. 419.

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