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Tecido Nervoso
Marcela Santos Procópio
Tecido Muscular e
Tecido Nervoso
Introdução
Quando pensamos em tecido muscular, sempre imaginamos as nossas ações como
andar, correr ou nadar. Entretanto, também podemos lembrar do bombeamento
do sangue pelo coração, que é um órgão predominantemente formado por tecido
muscular. E durante o parto? A contração da musculatura uterina é imprescindível
para o nascimento do bebê. Apesar de todas as atividades citadas necessitarem
da atuação das fibras musculares, essas fibras possuem diferentes organizações
estruturais e proteicas, podendo formar o tecido muscular estriado esquelético,
envolvido na movimentação do corpo, o tecido muscular cardíaco e o tecido muscular
liso, presente na formação do útero. Neste conteúdo, estudaremos as características
gerais e as peculiaridades de cada tecido muscular.
Objetivos da Aprendizagem
Ao final deste conteúdo, esperamos que você seja capaz de:
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Características estruturais e funcionais do Tecido
Muscular Esquelético
O tecido muscular é formado por células alongadas com grande quantidade de
proteínas filamentosas no citoplasma. A associação dessas proteínas confere a
força necessária para a contração dessas células, utilizando a energia armazenada
nas ligações entre os grupos fosfato da molécula de trifosfato de adenosina (ATP)
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).
Mas você deve estar se perguntando como as diversas fibras musculares se organizam
para a formação de um musculo, não é?
Então, vamos utilizar o bíceps como exemplo. Ao dissecar esse músculo, inicialmente
é necessário romper um revestimento que envolve toda a estrutura denominada
epimísio, formado por tecido conjuntivo denso não modelado. Parte desse tecido se
estende para além do corpo do músculo fundindo-se ao tendão. Do epimísio partem
septos de tecido conjuntivo para o interior do músculo, que irão delimitar os fascículos,
recebendo a denominação de perimísio (Figura 2) (GARTNER; HIATT, 2014).
Os fascículos são formados pelo conjunto de fibras musculares, que são delimitadas
por tecido conjuntivo frouxo, denominado endomísio. Embaixo do endomísio encontra-
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se o sarcolema e os túbulos T (Figura 2). Cada fibra muscular, por sua vez, é constituída
por um conjunto de numerosas miofibrilas que são separadas entre si pelo citoplasma,
e dispostas em paralelo ao longo do eixo maior da célula.
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Curiosidade
O aspecto estriado das fibras musculares esqueléticas pode ser
observado após a preparação de rotina do tecido, pigmentação
das estruturas celulares pelos corantes hematoxilina e eosina, e
posterior observação em microscopia de luz. Para ver o resultado
desse processo acesse o atlas digital “Histologia interativa.
Histologia online. MOL – Microscopia on line”, disponível nos
links abaixo:
http://mol.icb.usp.br/index.php/8-3-tecido-muscular/
http://mol.icb.usp.br/index.php/8-4-tecido-muscular/
Mas, por que as fibras possuem aspecto estriado? Como os miofilamentos finos e
grossos se associam para promover a força necessária para a contração muscular?
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Figura 3 – Desenho esquemático da estrutura do músculo esquelético.
Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2007, p. 188).
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religação das pontes cruzadas. Essa ação coordenada em vários sarcômeros promove
a contração do musculo (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).
Saiba mais
A contração da musculatura estriada esquelética envolve uma
sequência de eventos moleculares e eletrofisiológicos. Para
entender melhor a sequência de eventos que possibilitam a
contração dessas células, assista aos vídeos, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=iqUl3nOPxFA
https://www.youtube.com/watch?v=-Mfo3Af5E3c
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Figura 4 – Complexo troponina e tropomiosina.
Fonte: Adaptada de Junqueira e Carneiro (2017, p. 197).
Nas fibras musculares, o controle da liberação dos íons cálcio pelo retículo
sarcoplasmático ocorre devido ao estímulo causado por uma sinapse neuromuscular,
que acontece entre um neurônio pré-sináptico e a placa motora (região do sarcolema),
na junção neuromuscular. À medida que o potencial de ação se propaga ao longo
da fibra muscular, ele invade os túbulos T, e estimula a liberação dos íons Ca2+ do
retículo sarcoplasmático para o sarcoplasma, desencadeando a sequências de
eventos responsáveis pela contração muscular (GARTNER; HIATT, 2014).
Curiosidade
Para entender melhor a sequência de eventos que envolvem a
sinapse neuromuscular, acesse o link e assista ao vídeo: “Sinapse
Neuromuscular: Animação”
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centro da fibra, e não na periferia celular, como nas fibras dos músculos esqueléticos
(Figura 5) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).
Curiosidade
O aspecto estriado das fibras musculares cardíacas pode ser
observado após a preparação de rotina do tecido e posterior
observação em microscopia de luz. Para ver o resultado desse
processo acesse o atlas digital “Histologia interativa. Histologia
online. MOL – Microscopia on line”, disponível nos links abaixo:
http://mol.icb.usp.br/index.php/8-7-tecido-muscular/
http://mol.icb.usp.br/index.php/8-8-tecido-muscular/
Os discos intercalares possuem duas regiões (Figura 6), compostas por complexos
juncionais formados por dois tipos de especializações principais: as junções de
adesão e as junções comunicantes.
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1. Junções de adesão:
2. As junções comunicantes:
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Características estruturais e funcionais do Tecido
Muscular Liso
O músculo liso é formado pela associação de células longas e fusiformes, com
espessamento no centro e afiladas nas extremidades, com núcleo único centralizado
e de formato elíptico (GARTNER; HIATT, 2014; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017)
(Figura 7).
Diferentemente dos outros tecidos musculares, a célula muscular lisa não recebe
a denominação de fibra e tampouco apresenta aspecto estriado, não possuindo
miofibrilas na sua constituição. As células musculares lisas ou leiomiócitos são
organizadas em feixes e são unidas por uma rede de fibras reticulares.
Curiosidade
O tecido muscular liso não apresenta estriações. Para observar a
organização desse tecido após a preparação de rotina do tecido,
acesse o atlas digital “Histologia interativa. Histologia online. MOL
– Microscopia on line”, disponível nos links abaixo:
http://mol.icb.usp.br/index.php/8-10-tecido-muscular/
http://mol.icb.usp.br/index.php/8-11-tecido-muscular/
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corpos densos presentes no citoplasma e nas placas densas presentes na membrana.
Os corpos densos são formados por desmina e/ou vimentina, além de moléculas de
actinina, uma proteína que ancora filamentos de actina em diversos tipos de células
do organismo (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).
Curiosidade
Para entender melhor como o cálcio estimula a contração da
musculatura lisa, acesse o link e assista ao vídeo: “Músculo liso -
Contração e excitação”.
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Figura 8 – Desenho esquemático do neurônio.
Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons (2020).
Os neurônios são formados pelo corpo celular, pelos dendritos e pelo axônio (Figura 8).
1. Corpo celular:
2. Dendritos:
A maioria das células nervosas tem numerosos dendritos, que partem do corpo
celular, aumentando a superfície de contato com terminações axonais de
outros neurônios. Os dendritos são afilados e tornam-se mais finos à medida
que se ramificam. Nas suas extremidades apresentam os espinhos dendríticos,
que recebem a maioria dos impulsos que chegam a um neurônio. O citoplasma
dessas estruturas é semelhante ao do corpo celular, porém não apresentam
complexo de Golgi (GARTNER; HIATT, 2014; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).
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Axônios:
Para que ocorra a condução do impulso nervoso, é necessário que essa mensagem
viaje de um neurônio para o outro, correto? Essa passagem da mensagem de um
neurônio para o outro é denominada sinapse. Além disso, a mensagem nada mais é do
que um sinal químico promovido por substâncias denominadas neurotransmissores
(Figura 9).
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Mas então, como ocorre a sinapse e como seria a atuação dos neurotransmissores?
De maneira geral, os neurotransmissores, tais como a acetilcolina, são liberados pelos
axônios dos neurônios pré-sinápticos em um espaço denominado fenda sináptica.
Esses neurotransmissores se ligam aos seus receptores na membrana dos neurônios
pós-sinápticos, fazendo que ocorra a abertura de canais iônicos específico para
cátions. Essa abertura possibilita a entrada de íons sódio na célula, causando a
despolarização da membrana. Quando a despolarização alcança um limiar, ocorre o
potencial de ação, que é transmitido ao longo do seu axônio. A membrana retorna ao
seu potencial de repouso quando os neurotransmissores são degradados por enzimas
nas fendas sinápticas.
Saiba mais
Para entender melhor sobre o potencial de repouso da membrana
e sobre o potencial de ação, acesse o link e assista ao vídeo:
“Potencial de ação: animação”.
Além dos neurônios, o tecido nervoso também apresenta outros tipos celulares
denominadas células da glia.
Saiba mais
Quer aprender como o efeito do envelhecimento na micróglia pode
elucidar evolução de doenças degenerativas? Então, acesse o link
e leia o artigo “Células de apoio do sistema nervoso ajudam a
entender o Alzheimer”.
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1. Oligodendrócitos:
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2. Células de Schwann:
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Referências
3. Astrócitos:
4. Micróglia:
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Componentes, características teciduais e
funcionais do Sistema Nervoso central
O Sistema Nervoso Central (SNC) é formado pelo encéfalo (cérebro, cerebelo e bulbo),
e pela medula espinhal.
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Componentes, características teciduais e
funcionais do Sistema Nervoso Periférico
O Sistema Nervoso Periférico (SNP) é constituído pelo tecido nervoso não situado no
SNC e está presente na constituição dos nervos e dos gânglios.
Atenção
Os nervos são formados por feixes de fibras nervosas, que por sua
vez, são formadas por um axônio envolvido por uma sequência de
células de Schwann revestidas por uma lâmina basal.
Os nervos são revestidos por uma faixa de tecido conjuntivo denso, chamada de
epineuro. Internamente, o conjunto de feixes de fibras nervosas de um nervo são
envolvidos por uma delgada bainha de tecido conjuntivo frouxo, denominada perineuro.
O epineuro pode emitir prolongamentos de tecido conjuntivo frouxo que separa
feixes ainda menores, cada qual com seu perineuro próprio. Entre as fibras nervosas
individuais, há uma delicada camada de tecido conjuntivo constituída principalmente
por fibras reticulares, chamada endoneuro (Figura 11) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017;
ROSS; PAWLINA, 2016).
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Os gânglios são acúmulos de corpo de neurônios localizados fora do SNC, envolvidos
por cápsulas conjuntivas. Os gânglios podem ser sensoriais ou do Sistema Nervoso
Autônomo (SNA) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2017).
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Conclusão
Ao longo desse conteúdo, aprendemos a identificar as características cito-histológicas
do tecido muscular e do tecido nervoso.
Além disso, vimos que a organização do tecido muscular liso se difere do tecido
muscular estriado por não apresentar sarcômeros e, portanto, não haver miofibrilas
e tampouco estriações. Nesse tecido, os miofilamentos se organizam de maneira
diferente, possibilitando uma contração lenta desse músculo.
Portanto, podemos concluir que o tecido nervoso e o tecido muscular são importantes
na execução de diversas funções vitais no nosso organismo, e que o estudo de suas
estruturas é necessário para o entendimento de patologias.
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Referências
ABRAHAMSOHN, P.; FREITAS, V. 8-3 Tecido muscular. Histologia Interativa Online,
Departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento, Instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade de São Paulo, [2020]. Disponível em: http://mol.icb.usp.
br/index.php/8-3-tecido-muscular/. Acesso em: 7 maio 2020.
AULA 15 - Contração muscular. [S. I.: s. n.], 2017. 1 vídeo (9min22s). Publicado pelo canal
Tiago Savignon. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=iqUl3nOPxFA.
Acesso em: 7 maio 2020.
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CONTRAÇÃO muscular – dublado. [S. I.: s. n.], 2019. 1 vídeo (4min24s). Publicado pelo
canal Fisio Ex - Prof. Alvaro Reischak de Oliveira. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=-Mfo3Af5E3c. Acesso em: 7 maio 2020.
FISIOLOGIA: Aula 13 - Músculo liso - Contração e excitação. [S. I.: s. n.], 2013. 1 vídeo
(17min59s). Publicado pelo canal EscolaCVI. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=nMVUpoVTE2E. Acesso em: 7 maio 2020.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto, atlas. 13. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
POTENCIAL de ação: animação. [S. I.: s. n.], 2017. 1 vídeo (3min5s). Publicado pelo
canal Anatomia e etc. com Natalia Reinecke. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=GAU4r0XleRU. Acesso em: 7 maio 2020.
ROSS, M. H.; PAWLINA, W. Atlas de histologia descritiva. 7. ed. Porto Alegre: Porto
Artmed, 2016.
SINAPSE neuromuscular: animação | Anatomia e etc. [S. I.: s. n.], 2017. 1 vídeo
(3min22s). Publicado pelo canal Anatomia e etc. com Natalia Reinecke. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=VoDjmSRkYyk. Acesso em: 7 maio 2020.
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