Livro Botanica Economica

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Juliana Nazaré Alves Souza

BOTÂNICA
ECONÔMICA

São Paulo,
2021
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AUTORA
TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Juliana Nazeré Alves Souza
Diretora-Superintendente Laura Laganá

Vice-Diretora- Emilena Lorenzon Bianco REVISÃO


Superintendente
Fernando de Oliveira Souza

Chefe de Gabinete da Armando Natal Maurício


Superintendência
PROJETO GRÁFICO
Coordenadora da Helena Gemignani Peterossi Jefferson Jeanmonod A, Santana
Pós-Graduação,
Extensão e Pesquisa

Coordenador de Ensino Rafael Ferreira Alves Informamos que é de inteira responsabilidade do(s)
Superior de Graduação autor(es) a emissão dos conceitos. Nenhuma parte desta
publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio
ou forma sem prévia autorização do CPS.
Coordenador de Ensino Almério Melquíades de Araújo
Médio e Técnico

Coordenadora de Marisa Souza


Formação Inicial e
Educação Continuada
FICHA CATALOGRÁFICA

Coordenador de Hamilton Pacífico da Silva


Infraestrutura Botânica Econômica/ Juliana Nazaré Alves Souza.
-- São Paulo: Centro Paula Souza, 2021.

Coordenadora de Gestão Ana Paula Garcia 74 p.: il. ; 19x28 cm.


Administrativa e Financeira Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-87877-18-1

Coordenador de Recursos Vicente Mellone Junior Publicação Digitalizada. PDF.


Humanos
1. BOTÂNICA ECONÔMICA. 2. ROTEIROS PEDAGÓGICOS.
3. METODOLOGIAS DE ENSINO. 4. APRENDIZAGEM NA
Coordenador da Assessoria Emilena Lorenzon Bianco PRÁTICA. I. Souza, Juliana Nazaré Alves. Título.
de Inovação Tecnológica
CDD 582.1
Coordenadora da Assessoria Dirce Helena Salles
de Comunicação

Rua dos Andradas, 140 - Santa Ifigênia - 01208-000 - São Paulo - SP


Dedico esse livro a minha mãe Olga Carneiro Alves
responsável pelo que sou hoje e ao meu marido Fernando
de Oliveira Souza pela força e apoio de sempre.
AUTORA: Juliana Nazaré Alves Souza

D
outora e Mestre em Ciências dos Materiais e
Aplicações Nucleares pelo IPEN/USP. Especia-
lista em Formação de Professores, Teorias do
Ensino e Aprendizagem e Educação a Distância pela
PUC-SP e em Designer Instrucional para EaD Virtual,
pela Universidade Federal de Itajubá. Graduada em
Ciências Biológicas e Pedagogia. Colaboradora volun-
tária no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
(IPEN-CNEN), no Laboratório do CTR - tecnologia das
Radiações na USP. Foi docente de Bioquímica Aplicada
na FATEC Luigi Papaiz e Gestão Ambiental, na FATEC
Itaquera, além de Biologia e Gestão Ambiental, na
ETEC Juscelino Kubitscheck de Oliveira. Conteudista
do Programa Especial de Formação Pedagógica de Do-
centes, no Centro Paula Souza/ Brasil Profissionalizado.
Participa do Grupo de Estudos SEED na Faculdade de
Educação da USP. Orienta TCC e é Tutora presencial
no curso de Pós Graduação - Especialização Gestão
em Saúde pela UNIFESP. Também é Orientadora de
TCC no Aperfeiçoamento Ensino e Aprendizagem na
Educação de Jovens e Adultos. Faz parte, desde 2015,
do corpo editorial da revista Perspectiv@as - Um olhar
para a educação de jovens e adultos. É coordenadora
de Projetos de Biologia e colaboradora de Análise Curri-
cular, todos pelo Centro Paula Souza.
B
otânica Econômica se torna fun-
damental para gerar informações
que possam subsidiar o manejo
sustentável das plantas extraí-
da, é através desse estudo que se
busca o conhecimento e o resgate do saber
botânico tradicional particularmente relacio-
nado ao uso dos recursos da flora e tem for-
necido muitos dados sobre as plantas úteis
do mundo. Espera-se promover a formação
continuada dos professores e Coordenado-
res, incentivando-os na busca por estraté-
gias de promoção nos estudos em Botânica,
ampliando assim as oportunidades para um
aprendizado de qualidade e o desenvolvi-
mento humano sustentável, para todos os in-
tegrantes das comunidades educativas.

Vamos juntos
nessa caminhada
ao conhecimento!

Juliana Nazaré Alves Souza


PREFÁCIO
A natureza possui biodiversidade suficiente para grande parte das necessidades humanas de
alimentação, saúde e proteção.
Um dos braços de grande importância dos estudos científicos é a Botânica, que é o estudo das plantas.
A diversidade de plantas, em especial no Brasil, é extrema e elas oferecem muitos benefícios
ao ser humano. As plantas trazem insumos para a elaboração de medicamentos, servem como
alimento com grande variedade e oferecem subsídios para a elaboração de materiais para ha-
bitação e vestuário.
Diante de tantas possibilidades e riqueza de oferta, a Botânica, aliada ao estudo da Antropo-
logia, que visa a compreensão do ser humano e suas necessidades tão complexas, tem uma
vertente que materializa essas necessidades por meio da associação com a Economia e reflete
sobre a utilização de todos os recursos da natureza em bens que possam viabilizar a vida com
maior qualidade e conforto.
As várias frentes em que os estudos botânicos podem desenvolver o bem estar das pessoas
passam pelo apoio aos processos industriais para entrega à sociedade os produtos beneficia-
dos e com oferta em larga escala, sem perder a qualidade e finalidade proposta pela origem.
Além dos processos industriais mencionados que se refletem na indústria da construção civil,
do vestuário, farmacêutica, de alimentos e da beleza, como exemplos, o desenvolvimento de
produtos orgânicos promovido por produtores dedicados a este tipo de produção e ganham
cada vez mais o mercado, pela qualidade e pela busca, de muitas pessoas, pelo conceito do
trinômio saúde, qualidade e sustentabilidade.
Neste pensamento, a Botânica também estuda as melhores formas de otimizar os produtos
que são objeto de sua pesquisa pelos critérios de economicidade e sustentabilidade para o
melhor benefício de seus consumidores finais
Todo estudo científico deve visar a melhoria da vida das pessoas e com a Botânica não poderia
ser diferente e dar finalidade aos produtos oriundos das pesquisas é fundamental. Com o apoio
de outra ciência, a econômica, pode-se dar escala para a pesquisa e fazê-la chegar a todos na
plena e adequada exploração de seus recursos.
A escola, em seu programa pedagógico, precisa incluir a reflexão e o debate acerca das pos-
sibilidades oferecidas pela Botânica Econômica para que os estudantes possam entender os
benefícios deste estudo e sua aplicação. É indispensável que a compreensão sobre a responsa-
bilidade de todos os envolvidos nas cadeias produtivas e sobre todos os subsídios que a natu-
reza oferece à manutenção da vida humana, em sua plenitude, são temas de muito interesse à
construção do conhecimento que a escola pode e deve oferecer.
Esperamos que todos que tiverem acesso a esta obra possam ampliar sua capacidade de di-
álogo sobre Botânica Econômica e, assim, incentivar os estudantes a descobrir o potencial da
natureza em seu cotidiano e como o ser humano é dependente deste bem.
Junto a este diálogo espera-se ainda que se desenvolva mais e mais o valor do manejo susten-
tável da natureza, bem como a produção de bens com muita responsabilidade para que os im-
pactos apurados sejam apenas e tão somente positivos para o homem e para o meio ambiente.

Lucilia Guerra
Diretora do Centro de Capacitação Técnica, Pedagógica e de Gestão
SUMÁRIO

1. Capítulo................................................................................................. 12

1.1 Conceitos de Botânica Econômica e Origens e Abordagem atual da Agricultura..................... 12

1.1.1 Conceitos de Botânica Econômica.......................................................................................... 12

1.1.2 Agricultura Mundial ................................................................................................................. 12

1.1.3 Diversificação de Culturas....................................................................................................... 14

1.1.4 Riscos e Precauções na Agricultura........................................................................................ 15

1.1.5 Aproveitamento direto de plantas de áreas naturais conservadas........................................ 16

1.1.6 Importância da conservação da diversidade e patrimônio genético das plantas de valor


econômico ......................................................................................................................................... 17

1.1.7 Manejo de recursos vegetais em comunidades naturais........................................................ 18

1.1.8 Métodos de manejo tradicional............................................................................................... 18

1.1.9 Manipulação de comunidades de recursos naturais .............................................................. 19

2. Capítulo ................................................................................................ 21

2.1 Botânica Econômica aplicada à conservação da Biodiversidade.............................................. 21

2.1.1 Conservação da Biodiversidade.............................................................................................. 21

3. Capítulo................................................................................................. 24

3.1 Principais Plantas de Interesse Econômico: Ruderais; Amiláceas; Oleaginosas;


Condimentares, Conservantes e Medicinais; Fontes de Proteínas e Plantas Frutíferas................. 24
3.1.1 Cercas-vivas como estratégia de produção agrícola ............................................................. 25

3.1.2 Plantas alimentares “estratégicas” – Amiláceas, Oleaginosas, Condimentares,


Aromáticas, Medicinais, Fontes de Proteínas e Plantas Frutíferas ................................................. 26

3.1.3 A venda direta e as novas plantas alimentares....................................................................... 28

4. Capítulo ................................................................................................ 30

4.1 Contexto Histórico e Econômico Botânica Econômica.............................................................. 30

4.2 Fibras Naturais ........................................................................................................................... 32

4.2.1 Propriedades das Fibras ......................................................................................................... 32

4.2.2 Estrutura Primária nas plantas................................................................................................ 32

4.2.3 Estrutura Secundária nas plantas............................................................................................ 33

4.2.4 Alguns exemplos de Fibras: Buriti, Coco, Jarina e Piaçava .................................................... 34

4.2.5 Formação das fibras naturais - Classificação das fibras


vegetais e classificação econômica.................................................................................................. 36

4.2.6 Organização dos Tecidos nas folhas - fibras........................................................................... 40

4.2.7 Organização dos tecidos nas raízes e nos Caules – fibras ..................................................... 41

4.2.8 Fibras - Organização dos Tecidos (Córtex).............................................................................. 42

4.2.9. Fibras - Organização dos Tecidos (Cilindro central), Caule (estrutura e classificação)........ 42

4.3 Madeira ....................................................................................................................................... 46

4.3.1 Propriedades da Madeira......................................................................................................... 46

4.3.2 Utilizações Econômicas da Madeira........................................................................................ 47

4.3.3 Métodos de conservação da Madeira...................................................................................... 47

4.4 Gomas ......................................................................................................................................... 48

4.4.1 Propriedades das Gomas......................................................................................................... 48

4.4.2 Características das principais Gomas alimentícias................................................................. 48

4.4.3 Utilização Econômica das Gomas ........................................................................................... 48

4.5 Resinas ....................................................................................................................................... 48

4.5.1 Propriedades das Resinas....................................................................................................... 49


4.5.2 Características das principais Resinas.................................................................................... 48

4.5.3 Utilização Econômica das Resinas.......................................................................................... 48

4.6 Óleos Essenciais ......................................................................................................................... 49

4.6.1 Propriedades dos Óleos Essenciais......................................................................................... 50

4.7 Taninos........................................................................................................................................ 50

4.7.1 Propriedades dos Taninos ....................................................................................................... 51

4.8 Corantes...................................................................................................................................... 51

4.8.1 Propriedades dos Corantes..................................................................................................... 52

4.9 Látex............................................................................................................................................ 52

4.9.1 Propriedades do Látex............................................................................................................. 52

4.9.2 Produtos de excreção vegetal................................................................................................. 53

4.10 Amido ....................................................................................................................................... 54

4.10.1 Propriedades do Amido......................................................................................................... 54

4.11 Pectina ...................................................................................................................................... 57

4.11.1 Propriedades da Pectina........................................................................................................ 57

4.12 Coloides..................................................................................................................................... 58

4.12.1 Propriedades dos Coloides.................................................................................................... 59

5. Capítulo................................................................................................. 62

5. 1 Etnobotânica e Etnofarmacologia.............................................................................................. 62

5.2 Tipos de vegetais classificados por princípio ativos (Plantas Medicinais, Plantas Tóxicas,
Plantas Alucinógenas, Plantas Inseticidas, Plantas Herbicidas e Plantas Biodinâmicas).............. 62

6. Capítulo................................................................................................. 66

6.1 Óleos Essenciais, Óleos Aromáticos e Óleos Voláteis - Utilização econômica......................... 66

6.1.2 Propriedades gerais dos Óleos Essenciais, Óleos Aromáticos e Óleos Voláteis.................... 66

6.1.3 Métodos de extração dos Óleos Essenciais, Óleos Aromáticos e Óleos Voláteis.................. 66

Referências Bibliográficas................................................................................................................. 68
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 - Esquema do caule mostrando a posição dos meristemas primários e os tecidos primários deles derivados........... 32

FIGURA 02 - Protoxilema Tumbergia sp................................................................................................................................................... 32

FIGURA 03 - Esquemas dos três tipos básicos de caules vistos em corte transversal........................................................................ 33

FIGURA 04 - . Resumo dos tecidos merismáticos .................................................................................................................................. 33

FIGURA 05 - Exemplo de Fibra (Palmeira Jarina).................................................................................................................................... 35

FIGURA 06 – Artesanatos feitos de Fibras Vegetais............................................................................................................................... 36

FIGURA 07 - Desenho esquemático mostrando a Ectoderme e Endoderme do caule........................................................................ 41

FIGURA 08 - Desenho esquemático mostrando a Medula do caule...................................................................................................... 41

FIGURA 09 - Desenho esquemático interno do Caule mostrando o Câmbio líbero-lenhoso, Câmbio


súbero-felodérmico entre outras estruturas............................................................................................................................................ 42

FIGURA 10 - Desenho esquemático interno do Caule mostrando a Coifa, Pelo Radicular entre outras estruturas......................... 42

FIGURA 11 – Tipos de Classificação de caules........................................................................................................................................ 43

FIGURA 12 – Espécie Pinus elliotti é a principal espécie produtora de resina cultivada no Brasil..................................................... 49

FIGURA 13 - Operações de extração da resina em povoamento de Pinus........................................................................................... 49

FIGURA 14 - Extração de óleos essenciais............................................................................................................................................... 51

FIGURA 15 - Extração e produção de látex no Brasil.............................................................................................................................. 53

FIGURA 16 - Esquema geral da interface entre o metabolismo primário e as vias de síntese dos metabólitos secundários......... 54

FIGURA 17 - Apresentação da utilização econômica do amido na indústria........................................................................................ 57

LISTA DE QUADROS
QUADRO 01 - Características gerais de madeira dura da madeira mole Estimativas dos grupos de
espécies conhecidas no Brasil................................................................................................................................................ 54

LISTA DE TABELAS
TABELA 01 - Estimativas dos grupos de espécies conhecidas no Brasil................................................................................ 14

TABELA 02 – Síntese dos métodos de manejo realizados por comunidades tradicionais nas regiões neotropicais........... 18

TABELA 03 - Alguns exemplos de sistemas de manejo de solo, vegetação, água etc., usados
por camponeses na América Latina......................................................................................................................................... 19

TABELA 04 – Espécies prioritárias para conservação no Bioma Amazônia........................................................................... 21

TABELA 05 – Produção anual de cultura diretas ou indiretas de fibras lignocelulósicas no Brasil...................................... 39

TABELA 06 - Características das principais gomas alimentícias............................................................................................ 47

TABELA 07 - Propriedades gerais do Amido............................................................................................................................ 56

TABELA 08 - Pectinas e acidez – Frutas para geleia............................................................................................................... 58

TABELA 09 - Tipos de cada sistema coloidal........................................................................................................................... 61

TABELA 10 - Principais princípios ativos com funções medicinais dos vegetais e informações a respeito de cada um...... 64
CAPÍTULO 01
1.1 CONCEITOS DE BOTÂNICA ECONÔMICA E ORIGENS E
ABORDAGEM ATUAL DA AGRICULTURA
1.1.1 Conceitos de Botânica Econômica

A Botânica Econômica trata das espécies úteis ao homem em seus aspectos sis-
temáticos, ecológicos, técnicos, econômicos, agronômicos e sociológicos (LAGO-PAI-
VA, 2015). Para ser bem-sucedida ela deve ser feita em equipe interdisciplinar com
botânicos, ecologistas, antropólogos, químicos, nutricionistas etc. (PRANCE, 1989).
Na perspectiva de seu uso prático a botânica econômica é o estudo das
plantas para a humanidade. Uma exibição em potencial poderia envolver um pou-
co de trigo ao lado de vários bens de consumo e produtos industriais diretamente
derivados do trigo, explicando diretamente suas origens. A botânica econômica
é vista por muitos cientistas como uma maneira de esclarecer o público sobre as
ligações entre os produtos manufaturados e o meio ambiente (SALATINO & BU-
CKERIDGE, 2016).
Já a Etnobotânica tem sido definida como “o estudo das inter-relações dire-
tas entre seres humanos e plantas” (FORD, 1978). A Etnobotânica é produto de mu-
danças históricas ocorridas dentro e fora da academia. CLÉMENT (1998), afirma que
ainda existe uma forte influência de interesses no âmbito da Botânica Econômica, a
qual direcionou os primeiros trabalhos sobre uso e conhecimento de plantas. Porém,
já começam a surgir estudos motivados por razões não econômicas.
A Etnobotânica e a Botânica Econômica compartilham lugares comuns des-
de que surgiram dentro e fora da academia. Ainda hoje, em muitos estudos, o limi-
te entre as duas abordagens é difícil de ser estabelecido. A Botânica econômica re-
flete uma abordagem essencialmente descritiva, fortemente carregada pela ideia
de registro e catálogo das plantas úteis de uma região, num esforço de reunir in-
formações sobre novos produtos. A Etnobotânica reúne sistemas de classificação
de plantas realizados por populações nativas e as primeiras teorias sobre relações
entre pessoas e plantas (CLÉMENT, 1998)

1.1.2 Agricultura Mundial

Existem mesmas espécies cultivadas em todo o mundo, cerca de aproxima-


damente 23.500 espécies conhecidas e 150 espécies cultivadas comercialmente.
As principais espécies cultivadas são o trigo, arroz, batata, batata-doce, mandio-
ca, cana-de-açúcar, beterraba, feijão, soja, sorgo, coco, banana, ervilhas, lentilha,
acelga, tomate, cevada entre outras espécies em uma população mundial de apro-
ximadamente 7,7 bilhões que necessita de alimento.

12 | BOTÔNICA ECONÔMICA ISBN 978-65-87877-18-1


H
á 500.000 anos atrás o Homo sapiens obtinha o seu alimento pela
colheita, caça e fogo. As sementes eram jogadas na terra sem muitos
recursos, já armazenavam grãos, as ferramentas para colheita eram
simples.

O filme chamado, “A Guerra do Fogo” de 1981, do Diretor Jean-Jacques An-


naud, aborda a pré-história tendo como meta retratar como decorreu a vida
do homem há 80.000 anos atrás, quando a terra era habitada por seres pri-
mitivos, vivendo em cavernas, em grupos nômades, especificando a espécie
Homo Sapiens tendo ao lado animais pré-históricos, como o tigre dente-de-
-sabre, o mamute, entre outros a qual o filme se refere, observando sua evo-
lução ao longo do tempo, suas descobertas e costumes. Era na natureza que
eles obtinham o seu alimento, matavam a sua sede, residiam e morriam. A
natureza oferece ao homem até uma espécie de armadilha para a captura de
seus alimentos: a areia movediça onde homens desavisados, ao cair nesta
areia, eram capturados por um grupo ali formado. Porém, objetivo central,
de acordo com o nome do filme, revelar como decorreu a descoberta do fogo.

Dica: É possível trabalhar em sala de aula questões para retratar a vida do ho-
mem pré-histórico, observando como viviam esses seres, os tipos de animais
que são visualizados, comida e o manejo e produção do fogo. Como no filme
são mostradas, várias espécies de homens, podemos estudar a evolução ao
longo do tempo, conforme a teoria de Darwin. Outro ponto importante, a ser
trabalhado são as primeiras manifestações de linguagem no homem, e como
já havia diferenças de uma tribo para outra.

Com o passar do tempo, os progressos na agricultura como irrigação, adu-


bos e maquinários contribuíram para a diminuição da mão-de-obra ficando apro-
ximadamente 95% da população em área urbana e 5% população em área rural.
Os desafios além da mudança na distribuição da população, há também
grande concentração de riqueza em pequena parcela de propriedades rurais, exis-
tem milhões de hectares de solos e pastagens degradados, grande ineficiência no
uso de água na irrigação, e o uso inadequado de agroquímicos oferece riscos à
saúde e ao meio ambiente, entre outros problemas. Em 1930 até 1980 surgiram
os alimentos híbridos na Engenharia genética o que também contribui para mais
desafios na agricultura.
Para compreender o Brasil do presente, vamos voltar cerca de 11.000 anos
atrás com a primeira agricultura que foi no Oriente chamado “o Crescente fértil”,
chamado assim devido ao arco formado pelas diferentes zonas assemelhar-se a
uma Lua crescente. A zona oeste em torno do Jordão e da parte superior do Eu-
frates viu nascer os primeiros e mais antigos assentamentos agrários, atualmente
localizam-se em Iraq ed-Dubb (Jordânia) e Tell Aswad (Síria), seguidos de perto
por Jericó, com os produtos (cevada, trigo, grão de bico, oliveira, tâmara, romã,
linho e uva-vinho). Na Ásia, a China era a maior produtora de (arroz, soja, manga e
Citrus em geral), África (Café, inhame e algodão), Américas, México e Peru (milho,
feijão, amendoim e batata), Estados Unidos (girassol, abóbora, pimentas e tomate)
e América do Sul (batata, abacaxi, cacau e mandioca).

ISBN 978-65-87877-18-1 BOTÔNICA ECONÔMICA | 13


Grande parte da alimentação humana no Brasil se baseia em algumas pou-
cas espécies: arroz, trigo, mandioca, milho, feijão, alho, cebola, banana, laranja e
poucas mais. Algumas dessas culturas estão fora das possibilidades de produção
do pequeno agricultor, quer por razões climáticas (trigo, alho, cebola), quer por
exigências ecológicas específicas (arroz).
O pequeno agricultor, ligado a essas culturas, vê-se vulnerável, presa de ins-
tabilidade alimentar. A solução desse quadro de insegurança alimentar pode ser
remediada pela alteração de hábitos alimentares, combinada à experimentação de
culturas que, se não são totalmente estranhas aos agricultores, ainda não foram
incorporadas à rotina agrícola.
Trabalho meritório é o da introdução, ensaio e divulgação de novas plantas
alimentares em cada região, cada assentamento humano, cada propriedade rural,
de forma que novas possiblidades alimentares e novas oportunidades agronômicas
e comerciais sejam testadas e comprovadas como viáveis. Ainda mais interessante
é que a economia nacional ganha com isso, pois muitas espécies, cujos produtos
eram importados a alto custo, passaram a ser cultivadas no Brasil, economizando
divisas, gerando empregos, retendo o homem no campo e diversificando a alimen-
tação de todos, com economia de recursos e variação do cardápio.
A maior vantagem da diversificação de culturas é a relativa independência de
variações imprevisíveis de fatores ambientes, como pluviosidade (excessos de chuvas
ou falta prolongada delas) e clima (ondas prolongadas de frio ou de calor). Em casos
de extremos indesejáveis desses fatores, nem todas as lavouras serão atingidas, e o
socorro pelas associações será sempre menos necessário do que aquele que atinge
regiões de monoculturas. Variações de preços de compras de produtos agrícolas são,
igualmente, menos prejudiciais em regiões com alta diversidade agrícola.
A independência alimentar e financeira dos pequenos agricultores é diretamen-
te dependente da diversificação de suas culturas, o que não significa que todos devam
plantar de tudo, mas que, no âmbito de cada comunidade, ou no universo de asso-
ciados de cada cooperativa ou associação de produtores, exista não só produção di-
versificada, mas fluxo garantido de produtos variados para consumo próprio. Feiras de
escambo podem ser realizadas, com trocas de produtos agrícolas, de forma a manter
variado o cardápio de cada família, como o mínimo de despesas. Essencial é que cada
família possua sua horta e seu pequeno pomar, nos quais a diversificação seja máxima,
em função do espaço e da disponibilidade de tempo.

1.1.3 Diversificação de culturas

Milhares de espécies de plantas são empregadas pelos homens como alimen-


tos, quer como fontes de amido, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais e fibras, con-
siderados nutrientes essenciais, como de especiarias empregadas para conservar e au-
mentar a palatabilidade dos alimentos. Recentemente passou se a ver alimentos como
medicamentos, constituindo os chamados “alimentos funcionais”, veja na tabela 01 as
estimativas dos grupos de espécies conhecidas no Brasil.

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Cada região tem as suas plantas nativas, que podem ser ensaiadas para a
cultura (LAGO-PAIVA & SANTOS, 2006).

Tabela 01: Estimativas dos grupos de espécies conhecidas no Brasil

46893 espécies para


São reconhecidas
a flora brasileira

Algas 4.774

Angiospermas 33.419

Briófitas 1.574

Fungos 5.720

Gimnospermas 30

Samambaias e Licófitas 1.376

Fonte: Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.


Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/. Acesso em 04 de abril de 2020.

Cada região possui suas plantas já adaptadas aos solos, à meteorologia, ao


clima e às correntes imigratórias. Fala-se, portanto, em regionalização do conheci-
mento de plantas úteis, mas seria, nesse contexto, inapropriado se referir a “plan-
tas não-convencionais”, uma vez que a grande maioria das plantas úteis é bastante
popular e de emprego convencional em certas regiões, apesar de desconhecidas
em outras (LAGO-PAIVA & SANTOS, 2006).

1.1.4 Riscos e precauções na Agricultura

A identificação positiva de novas plantas alimentícias, realizada, de pre-


ferência, por botânicos profissionais ou especialistas em plantas econômicas, é
parte indissociável das atividades agrícolas e culinárias. A planta de horta “arnica-
-da-horta” (Porophyllum ruderalis), e a própria “couve” (Brassica oleracea), ambas
alimentícias e inofensivas, podem ser confundidas com o “tabaco-paraguaio” (Ni-
cotiana glauca), extremamente tóxica, o que deverá ser mortal. A planta alimentícia
“gondó” ou “capiçoba” (Erechtites hieraciifolius), apreciada em Minas Gerais como
verdura, pode ser confundida com o “arrebenta-boi” ou “cega-olho” (Hippobroma
longiflora), planta venenosíssima. As folhas da “taioba” (Xanthosoma taioba) po-
dem ser inadvertidamente confundidas com as do “inhame” (Colocasia esculenta),
muito ricas em cristais de oxalato de cálcio, o que poderá provocar edema de glote
e sufocação.

ISBN 978-65-87877-18-1 BOTÔNICA ECONÔMICA | 15


Questão relevante é a recomendação de plantas portadoras de substâncias
anti-nutricionais, tóxicas, cancerígenas, irritantes abortivas ou alergênicas, que
podem trazer riscos desnecessários à saúde ou à segurança dos consumidores. É
o caso da “nogueira-de-iguape” (Aleurites moluccanus), cujas sementes têm sido
ocasionalmente preconizadas como fonte de alimento apesar de poderem conter
forbóis, substâncias tóxicas e ativamente cancerígenas (MATTOS, et al, 2011) sen-
do contaminante ambiente, ou seja, forbóis resultantes da deterioração das partes
da planta, acumulados no solo, podem contaminar pessoas, mesmo sem ingestão
dos frutos, não é razoável que espécies que possa acrescer riscos sanitários sejam
incorporadas à rotina alimentar.

1.1.5 Aproveitamento direto de plantas de áreas naturais


conservadas

Áreas naturais são essenciais à saúde do ecossistema agrário. No caso do


aproveitamento de plantas alimentares nativas, as matas, brejos, campos, cerra-
dos e mais áreas naturais poderão ser fonte direta de itens alimentares, quer para
uso interno das propriedades, quer para comercialização dos produtos. É o caso
da “castanha” (Bertholletia excelsa) e do açaí (Euterpe oleracea) na Amazônia, e do
“caju” (Anacardium occidentale) nas restingas nordestinas. No cerrado se encon-
tram diversos alimentos saborosos e de alto valor comercial, in natura e prepara-
dos, como: indaiá (Attalea geraensis), “pequi” (Caryocar brasiliense), “marolo” ou
“araticum” (Annona crassiflora), “mangaba” (Hancornia speciosa), “ananaz” (Ana-
nas microstachys) e “cajuí”(Anacardium humile). A polpa seca do “jatobá-do-cam-
po” (Hymenaea stigonocarpa), rica em proteínas de alto valor biológico, pode en-
riquecer bolos, biscoitos e outros alimentos utilizados para alimentação humana
(LAGO-PAIVA, 2014).
As áreas naturais sujeitas ao aproveitamento desses itens alimentares de-
vem ser submetidas a planos de manejo, de forma que não haja coleta excessiva, o
que garantirá a sobrevivência dos animais nativos e a própria existência das plan-
tas de interesse econômico.
Mesmo que algumas dessas espécies possam ser objeto de cultura espe-
cial, sempre se poderá enriquecer as áreas naturais com essas espécies, além de
existirem, nessas áreas, inúmeras matrizes para fornecimento de sementes.
As áreas naturais, conservadas, são estratégicas para o agricultor, para a
conservação das encostas, a hidratação lenta das encostas (reduzindo a necessi-
dade de irrigação), o abastecimento dos mananciais (e a consequente alimentação
das nascentes) e o abrigo de espécies de animais polinizadores das plantas agrí-
colas (incluindo abelhas sem ferrão - Meliponídeos e “mamangabas” - Apídeos),
além de albergarem predadores nativos (que reduzirão as perdas agrícolas devidas
a pragas) (LAGO-PAIVA, 2014).

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1.1.6 Importância da conservação da diversidade e patrimônio
genético das plantas de valor econômico

O Brasil ocupa cerca da metade do continente sul americano e abrange no-


tável diversidade climática, desde os trópicos úmidos até as zonas semiáridas e
temperadas, que contribuem para a formação de distintas zonas biogeográficas. A
extensão territorial e a multiplicidade de biomas levam a uma ampla diversificação
da flora, da fauna e dos microrganismos.
O País é o principal dentre aqueles de mega biodiversidade, detendo em
seu território entre 15 e 20% do número total de espécies do planeta. Apresenta a
mais diversa flora do mundo, número superior a 55 mil espécies descritas (22% do
total mundial), bem como alguns dos ecossistemas mais ricos em número de es-
pécies vegetais - a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado. A Floresta Amazônica
brasileira, com mais de 30 mil espécies vegetais, compreende cerca de 26% das
florestas tropicais remanescentes no planeta (MMA, 2020).
A biodiversidade é a base das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e
florestais e, também, para a estratégica indústria da biotecnologia. Apesar da rica
biodiversidade brasileira, grande parte de nossas atividades agrícolas está base-
ada em espécies exóticas. Portanto, é fundamental que o país intensifique inves-
timentos na busca de um melhor aproveitamento da riqueza natural que dispõe.
A utilização da biodiversidade depende da disponibilidade de matéria prima,
de investimentos em tecnologias e da criação de mercados. A exploração farma-
cológica da biodiversidade brasileira, por exemplo, está em seu início, com muito
campo aberto a pesquisa de novos recursos genéticos. Sabe-se que, atualmente,
os fitoterápicos representam aproximadamente 25% do mercado mundial o que
implica em uma movimentação financeira, para produtos derivados de recursos
genéticos, situada entre 500 e 800 bilhões anuais (MMA, 2020).
A exploração comercial de componentes do patrimônio genético requer e
envolve atividades diversificadas, como a bioprospecção, a pesquisa, a produção, a
transformação e a comercialização de uma gama de produtos, incluindo alimentos,
fármacos e fitoterápicos, cosméticos, fibras, madeiras, entre outros. A utilização
comercial de recursos genéticos autóctones é ainda incipiente no Brasil, apesar da
existência de um número elevado de espécies já domesticadas, ou em processo de
domesticação, que remontam aos primeiros povos americanos.
A domesticação de plantas nativas, incluindo aquelas já conhecidas e co-
mercializadas por populações locais e regionais, porém com pouca penetração no
mercado nacional ou internacional, é uma grande oportunidade a ser explorada.
No Brasil essa riqueza permanece subutilizada, particularmente em razão de pa-
drões culturais impostos e fortemente arraigados, que privilegiam produtos e cul-
tivos exóticos. No entanto, os mercados mais expressivos, tanto nacionais como
internacionais, estão ávidos por novas opções de produtos, razão pela qual os re-
cursos biológicos e genéticos do Brasil apresentam enorme potencial para satisfa-
zer estas demandas de mercado e gerar riquezas.

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O primeiro passo para o melhor aproveitamento dos recursos biológicos e
genéticos das plantas nativas brasileiras, visando ao desenvolvimento sustentá-
vel, é aferir o estado de conhecimento técnico-científico dessas espécies nas di-
versas regiões geopolíticas brasileiras (Norte, Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e
Sul). Com esses conhecimentos é possível elaborar um portifólio com abrangência
regional, que poderá servir de base para a definição de estratégias para ampliar o
aproveitamento de cada espécie priorizada, de importância econômica, atual ou
potencial, além de impulsionar o setor empresarial com novas oportunidades de
investimento (MMA, 2020).

1.1.7 Manejo de recursos vegetais em comunidade naturais

Muito se tem discutido sobre o impacto negativo da sociedade humana so-


bre a biodiversidade, em especial pelo forte desequilíbrio gerado pelas sociedades
industrializadas modernas que têm provocado, entre outras coisas, a redução da
diversidade genética e a superexploração e extinção de muitas espécies animais e
vegetais (CABALLERO, 1994).
Todavia, pouco se tem estudado sobre como populações tradicionais ex-
ploram, conservam e enriquecem a biodiversidade e influenciam a distribuição de
plantas que lhes são úteis, como relatou (ALBUQUERQUE, 1999) com relação ao
gênero Ocimum L. (Lamiaceae). A acumulação de informações sobre uso de recur-
sos naturais por populações tradicionais tem oferecido aos cientistas modelos de
uso sustentável desses mesmos recursos (ALBUQUERQUE, 1999).
Com base nesse pressuposto (SZABÓ, 1997) apresentou o conceito de “et-
nobiodiversidade” como o estudo da diversidade biológica influenciada não ape-
nas pelas condições ecológicas, mas também pelas tradições culturais e a experi-
ência ecológica acumulada por comunidades humanas mais ou menos tradicionais
durante o manejo sustentado de seu ambiente. Muitos pesquisadores já têm de-
monstrado tais afirmativas, desenvolvendo ou adaptando métodos para testar hi-
póteses relacionadas ao manejo tradicional de plantas (CABALLERO, 1994).

1.1.8 Métodos de manejo tradicional

O manejo dos recursos nas florestas tropicais obedece a dois tipos de ma-
nipulação: a de comunidades e a de espécies individuais. Esse enquadramento
foi assim reconhecido por outros pesquisadores: manipulação de vegetação em
massa e manipulação de plantas individuais, manipulação em massa (manejo silví-
cola) e como indivíduos (manejo arborícola); manejo sucessional que inclui os dois
métodos acima citados (reconhecidos neste texto) e foi definido como a alteração
do curso natural da sucessão nas florestas tropicais pelo favorecimento da distri-
buição de espécies úteis (BALÉE, 1989).

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De modo geral, os estudos focalizando o manejo tradicional das florestas
tropicais foram realizados com grupos indígenas da Amazônia. As informações e
exemplos sobre o manejo de espécies individuais foram baseados nas pesquisas
desenvolvidas principalmente com plantas comestíveis no México, considerando
que a Mesoamérica é um dos centros mais importantes de origem da agricultura e
domesticação de plantas do mundo, resultado de uma longa interação entre popu-
lações humanas e plantas (CABALLERO, 1994). Ambas as formas de manipulação
afetam a estrutura e a composição das comunidades e influenciam a evolução de
espécies individuais. As formas de manipulação antropogênica dos recursos vege-
tais acrescentaram importante diversidade genética já existente por causas natu-
rais, visto que o homem vai selecionando e mantendo diferentes genótipos que lhe
são úteis (CABALLERO, 1994).

1.1.9 Manipulação de comunidades de recursos naturais

Muitas pesquisas têm revelado que as culturas indígenas das regiões tropi-
cais manipulam com ótimo aproveitamento os seus recursos naturais.
BALÉE (1989) estima que aproximadamente 11,8% da floresta de terra fir-
me da Amazônia é antropogênica, sendo que a manipulação humana desse recur-
so foi fator cultural de grande importância na adaptação do homem à Amazônia. A
existência de extensas áreas de zonas antropogênicas nas florestas tropicais de-
ve-se ao sistema de manejo de plantas exercido pelas diversas etnias.
Na Tab. 2 (abaixo) sintetiza os diferentes métodos gerais de manejo tradi-
cional reportados na literatura. Na Tab. 3 (logo em seguida), por sua vez, evidencia
a diversidade dessas práticas tradicionais quando inseridas em um sistema com-
plexo de manejo dos recursos naturais e uso da terra. Nela é possível observar os
diferentes métodos de manejo.

Tabela 2. Síntese dos métodos de manejo realizados


por comunidades tradicionais nas regiões neotropicais.

Manejo de comunidades Manejo de espécies individuais

Plantações de espécies. Plantas coletadas.


Plantas domesticadas. Plantas sem domesticadas.
(sob manejo incipiente).
Plantas semi domesticadas. Tolerância.

Transplante de espécies úteis. Promoção.


(floresta primária ou secundária). Proteção
Capinação seletiva.
Poda do dossel. Plantas cultivadas.

Fonte: MAPES el al. (1997).

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Tabela 3. Alguns exemplos de sistemas de manejo de solo,
vegetação, água etc., usados por camponeses na América Latina.

Limitação
Objetivo Práticas de manejo
ambiental

Policulturas, agroflorestas, hortos fa-


Maximizar o uso de re-
Espaço limitado miliares, zonificação altitudinal, frag-
cursos ambientais e terra
mentação da propriedade, rodízios.
disponível.
Terraços, barreiras vivas e mortas,
“mulching”, coberturas vivas contínu-
Controlar a erosão, con-
Terrenos em declive as, alqueive.
servar a água.
Alqueives naturais ou melhorados, ro-
dízios e/ou associações com legumi-
Manter a fertilidade e re-
Fertilidade marginal do nosas, “composting”, adubos verdes e
ciclar a matéria orgânica.
solo orgânicos, pastoreio em campos e em
alqueives ou depois da colheita o uso
de sedimentos aluviais etc.
Cultivos em campos elevados.
Integrar a agricultura e as
massas de água.
Inundações ou exces- Uso de cultivos tolerantes a seca, “mul-
sos de água ching”, policulturas, uso de ciclo curto
Conservar a água e oti-
etc.
mizar o uso da umidade
Chuvas escassas ou
disponível.
pouco predizíveis Redução ou incremento da sombra,
podas, espaçamento de cultivos, uso
Melhorar o microclima.
de cultivos que toleram sombra, mane-
Extremos de radiação jo de vento com quebra-vento, cercas
e/ou temperatura vivas, trabalho mínimo, policultivos,
agroflorestas etc.

Super semeadura, tolerância de certos


danos, uso de variedades resistentes,
Proteger os cultivos,
semeadura em épocas de baixo poten-
reduzir as populações de
Incidência de pragas cial de pragas, manejo do habitat para
pragas.
incrementar inimigos naturais, uso de
plantas repelentes etc.

Fonte: ALTIERI (1988).

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CAPÍULO 02
2.1 BOTÂNICA ECONÔMICA APLICADA À CONSERVAÇÃO
DA BIODIVERSIDADE

Na biodiversidade a sua conservação é assunto de estudos e tema de dis-


cussão Junta a sociedade e instituições para buscar soluções, estudando as Inte-
rações das pessoas com as espécies de planta do lugar, unindo os fatores culturais
e ambientais num método coerente.
O método coerente para a conservação da biodiversidade inicia-se com
pesquisa quantitativa, e o primeiro passo é registrar as espécies existentes no es-
paço, reconhecer locais de uso para listar vegetação. A fitossociologia deve ser
realizada, pois assim se conhece toda a estruturada desde a horizontal e a vertical
sendo tudo amostrada. Após a mensuração, identificação, faz a coleta, adiciona o
sumário, realiza entrevistas estruturadas, padronizadas para verificar o significado
e o produto levantado pelas espécies mais interessantes, e se conclui o inventário
(OLIVEIRA, 2017).
Desenvolver sistemas de inventário e gerenciar as medidas corretas de con-
servação, criar cooperativas muito bem coordenadas com sistemas de mercado e
melhor empreitadas para conservação in situ e conservação ex situ significa criar um
plano de manejo, estratégias importantes para a conservação da biodiversidade.

2.1.1 Conservação da biodiversidade

O Brasil, onde se estima haver a maior biodiversidade existente no mundo e


uma ampla variedade de ambiente naturais, apresenta um crescente aumento na
destruição de seus biomas, dentre os quais pode-se destacar os avanços das ativi-
dades agrícolas, a extração madeireira e o crescimento desordenado nas cidades.
Neste contexto, a partir de uma importante iniciativa da EMBRAPA e do IBA-
MA, foi realizada a 1ª Reunião Técnica Sobre Recursos Genéticos de Plantas Medi-
cinais e Aromáticas, a qual reuniu profissionais e instituições de todo o Brasil que
estipularam as espécies medicinais e aromáticas prioritárias para a conservação
nos principais biomas brasileiros seguindo os critérios de pressão antrópica, fre-
quência e demanda do mercado (OLIVEIRA, 2010).
Dentre as espécies indicadas na reunião, treze encontram-se no bioma
Amazônia (VIEIRA et al., 2002) (Tabela 4). Não obstante, o conhecimento das co-
munidades locais sobre plantas medicinais tem nos últimos anos, proporcionado
um grande interesse no meio científico, sobretudo na área farmacêutica. Pesqui-
sadores em todo o mundo evidenciam a grande procura por estes vegetais, não só
por sua importância medicinal, mas também pelo potencial madeireiro que algu-

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mas espécies apresentam (CUNNINGHAM, 1993; LYKKE, 2000; ALBUQUERQUE,
2001; DALLE E POTVIN, 2004).

Tabela 04 – Espécies prioritárias para conservação no Bioma Amazônia.

Fonte: (VIEIRA et al., 2002).

Dentre as estratégias de conservação mais importantes figuram os treina-


mentos regulares de proteção, conservação e manejo entre os coletores das comu-
nidades locais, construção de viveiros que visem coletas sustentáveis, e proteção
de áreas altamente exploradas. HAMILTON (2004) ressalta o estabelecimento de
sistemas para inventário e monitoramento de plantas medicinais e a necessidade
de informações sobre o comércio, bem como o desenvolvimento de práticas de
coletas sustentáveis com estímulo para o desenvolvimento de microempresas por
comunidades rurais e indígenas.
SHINWARI & GILANI (2003) reforçam a necessidade de melhor cooperação
entre várias agências florestais e farmacêuticas, pois existe uma falta de coorde-
nação entre as comunidades locais e o grupo de comércio dos recursos naturais.
Por outro lado, esta falta de coordenação é justificada por KALA et al. (2004) uma
vez que não há clareza no comércio de plantas medicinais, sequer em relação à
frequência de uso e coleta. Estudos em botânica econômica ressaltaram ainda al-
gumas medidas para proporcionar um maior rendimento para comunidades locais,
no desenvolvimento de políticas e programas, como a criação de cooperativas,
aperfeiçoamento e análise de sistema de mercado, bem como uma avaliação da
sustentabilidade para cultivo e conservação de plantas medicinais e direitos de
propriedade intelectual (HAMILTON, 2004).
Uma das principais propostas para a eficiência da conservação é o envol-
vimento direto da comunidade, não unicamente pelo seu conhecimento local que
representa um forte elo nos debates a respeito da utilização dos recursos naturais,
mas pelas técnicas de plantio, manejo e proteção das espécies de seu meio, e
também pela herança cultural de cada comunidade construída ao longo de muitos

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anos (MARTIN, 1994). Nesse sentido, a botânica econômica tem se destacado for-
necendo subsídios para a análise da sustentabilidade de recursos naturais, onde
estudos devem ser realizados numa perspectiva voltada à conservação e uso sus-
tentável da biodiversidade, contribuindo para pesquisas interdisciplinares, priori-
zando as espécies e o saber local (ALBUQUERQUE, 2004).
No Brasil, (OLIVEIRA, 2007) estabeleceram prioridades locais de conser-
vação e sustentabilidade do extrativismo de plantas medicinais numa área de ca-
atinga no município de Caruaru, agreste do estado de Pernambuco, por meio da
união de competências biológicas e culturais. Além de registrar os conhecimentos
da população local, a pesquisa ainda contou com um estudo da disponibilidade
destas espécies em um fragmento de caatinga próximo a comunidade. Ao todo
foram identificadas 21 espécies medicinais, das quais por meio de um sistema de
classificação, que uniu competências ecológicas e usos locais.
É inegável a necessidade de consolidar práticas de conservação de plantas
medicinais por meio da integração conhecimento científico e o saber local ressalta-
mos a necessidade de mais estudos etnobiológicos que venham a ser desenvolvidos
numa perspectiva interdisciplinar capaz de obter consistentes informações particu-
lares de cada região, por meio do conhecimento tradicional como uso e conservação
do solo, estrutura da vegetação, disponibilidade de recursos, sistemas agrícolas sus-
tentáveis, taxas de extrativismo, e informações de mercado tanto da sobre-explora-
ção quanto do comércio ilegal dos produtos para que assim, estudos desta natureza
passem a contemplar melhores práticas de manejo, conservação e uso sustentável.
Vale ressaltar que o sucesso da pesquisa etnobiológica não está apenas no grande
número de informações obtidas por meio de entrevistas, mas principalmente pelo
respeito mútuo estabelecido entre o informante e o pesquisador.

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CAPÍTULO 03
3.1 PRINCIPAIS PLANTAS DE INTERESSE ECONÔMICO:
RUDERAIS; AMILÁCEAS; OLEAGINOSAS; CONDIMENTA-
RES, CONSERVANTES E MEDICINAIS; FONTES DE PROTE-
ÍNAS E PLANTAS FRUTÍFERAS

THOMAS (1988) mostra que plantas ruderais como alimentos nos ambien-
tes agrícolas surgem muitas espécies de plantas espontâneas ou ruderais; são as
chamadas “ervas-daninhas” ou “inços”. No entanto, entre elas existem diversas
espécies utilizadas tradicionalmente como alimentos, podendo garantir suprimen-
to quase ilimitado de verduras:
1) Amaranthus spp. (“carurus”);
2) Bidens pilosa (“picão-preto”);
3) Emilia fosbergii e Emilia sonchifolia (“serralha-vermelha”);
4) Erechtites hieraciifolius (“gondó ou “capiçoba”);
5) Lactuca canadensis (“almeirão-paulista” ou “almeirão-roxo”);
6) Pluchea sagittalis (“quitoco”);
7) Hypochaeris brasiliensis (“almeirãozinho-de-gramado”);
8) Porophyllum ruderale (“arnica-da-horta”);
9) Anredera cordifolia (“bertalha”);
10) Lagenaria siceraria (“abóbora-d’água”, “porongueira”, “cabaceira”, “caxi”);
11) Melothria pendula (“pepininho”);
12) Momordica charantia (“melão-de-são-caetano”);
13) Portulaca oleracea (“beldroega”);
14) Citrus limonia (“limão-capeta”, “limão-creme”, “limão-cravo”);
15) Urera aurantiaca (“cansanção”).

Existem muitas outras que, devidamente identificadas, poderiam concorrer


para manter abastecida e variada a mesa do agricultor. Algumas delas podem mes-
mo ser comercializadas.

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3.1.1 Cercas-vivas como estratégia de produção agrícola

As “cercas-vivas” são formações vegetais plantadas ou surgiram esponta-


neamente em faixas, geralmente ao longo de estradas e de cercas (BROMFIELD,
1959) ou entre talhões ou quadras de cultura; são muitas e relevantes as utilida-
des das cercas-vivas (LAGO-PAIVA, 2015) incluindo proteção contra animais do-
mésticos e contra invasores humanos e redução do impacto negativo de ventos
fortes sobre as culturas (função de quebra-ventos). Cercas-vivas, criadas e manti-
das pelo agricultor para diversas finalidades relevantes e mesmo essenciais, ainda
podem fornecer frutas, fibras e plantas medicinais para uso humano, desde que
manejadas pelo agricultor de forma inteligente e estudada.
Segundo BROMFIELD (1959) plantas de interesse alimentício providas de
espinhos e acúleos são as mais interessantes para condução em cercas-vivas,
aliando proteção e produção, entre elas:

1) “mandacaru” (Cereus jamacaru), árvore de frutos saborosos;


2) “pitaias” (Hylocereus undatus);
3) “figo-da-índia” (Opuntia ficus-indica), variedade com espinhos brancos, que
fornece frutos saborosos e ramos novos comestíveis, apreciados em Minas
Gerais e no Nordeste brasileiro (“palma”);
4) “Palma” ou “palmatória” (Opuntia monacantha), cujos ramos novos são ali-
mento saboroso e nutritivo, além de ser regulador intestinal, pela abundân-
cia de mucilagem;
5) “ora-pro-nobis” (Pereskia aculeata), trepadeiras com folhas comestíveis e
nutritivas, muito apreciadas em Minas Gerais, e produtora de frutos sabo-
rosos;
6) “quiabentos” (Pereskia grandifolia, Pereskia bahiensis, Pereskia violacea,
Pereskia sacharosa, Pereskia bleo), arbustos fornecedores de folhas igual-
mente comestíveis, nutritivas e saborosas;
7) “saborosa” (Selenicereus setaceus), “pitaia-amarela” (Selenicereus grandiflo-
rus) e “fruta-de-dragão” (Hylocereus undatus), de valor comercial acentuado;
8) “bocaiúva’ (Acrocomia totai e Acrocomia mokayayba), “macaíba” (Acroco-
mia ventricosa), “macaúba” (Acrocomia utilissima), que fornecem amêndo-
as riquíssimas em óleo alimentício e proteína de alto valor biológico, muito
apreciadas como alimento por crianças e adultos;
9) “tucuns”, “brejaúba” e “tucumãs” (Bactris e Astrocaryum), muitas espécies
de palmeiras de polpa apreciada em várias regiões;
10) “pupunha” (Bactris gasipaes), cujos frutos amiláceos saborosos podem
substituir parcialmente a mandioca, o arroz e a batata-inglesa;

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11) “framboesas” (Rubus brasiliensis, Rubus fruticosus), arbustos muito produ-
tivos, de frutos saborosíssimos e excelentes para geleias;
12) “jurubeba” (Solanum scuticum), arbusto com frutos saborosos, muito apre-
ciados como alimento e como tônico hepático. Os produtos gerados por es-
sas plantas, in natura ou processados em conservas, podem garantir boa
parte da dieta dos agricultores, além de gerar renda apreciável. Várias des-
sas espécies podem ser conduzidas como sebes, ou seja, cercas-vivas com
uma ou poucas espécies.

O espaço ocupado pelas cercas-vivas não é, portanto, perdido, mas ganho


para a agricultura orgânica, reduzindo seus custos, aumentando a segurança, a
estabilidade, a sanidade e a produtividade do sistema agrícola. As cercas vivas são
aliadas estratégicas do agricultor esclarecido e diligente.
Mais efetivas ainda serão as cercas-vivas que estiverem diretamente conec-
tadas com áreas de vegetação natural, como matas, cerrados, caatingas e brejos, tor-
nando-se “braços” dos sistemas naturais e aumentando sua sanidade e utilidade.

3.1.2 Plantas alimentares “estratégicas”

Certas espécies de plantas alimentares podem ser consideradas estratégi-


cas, por permitirem segurança alimentar e econômica ao agricultor organizado e
previdente. Essas culturas devem apresentar algumas características que, combi-
nadas, as tornam especialmente interessantes para os agricultores:
1) alta produtividade;
2) fácil condução;
3) garantir alimentos básicos e alimentos funcionais de boa aceitação pela
maioria das pessoas;
4) ser relativamente resistentes às flutuações interanuais meteorológicas ou
pluviais, como invernos especialmente quentes, verões muito quentes ou
secas recorrentes;
5) produzir ao longo do ano, sendo indiferentes a fotoperíodos;
6) não depender de práticas culturais complexas ou dispendiosas;
7) poder ser utilizadas tanto na subsistência quanto nas atividades produtivas e
econômicas. Essas culturas podem dar ao agricultor relativa independência
e estabilidade econômica e estacional, reduzindo suas compras de alimen-
tos. Novas oportunidades comerciais surgem, pois várias dessas culturas
podem ser fornecedoras de produtos de comercialização segura e mercado
garantido.

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a) Plantas amiláceas
“Mandioqueira” (Manihot esculenta), subutilizada no Brasil, quando pode-
ria, com o milho, sobrepujar o trigo em grande parte do Brasil, além de fornecer
produtos comerciais importantes; “bananeira-da-terra” ou “bananeira-pacová” e
“bananeiras” (cultivares de Musa, Musáceas), que, colhida imatura, é excelente
fonte de alimento energético e saboroso; “fruta-pão” (Artocarpus altilis), fruto ami-
láceo valioso em climas quentes (litoral, Centro-Oeste e Amazônia); “batata-doce”
(Ipomoea batatas); “pupunha” (Bactris gasipaes) outro fruto amiláceo promissor.

b) Plantas oleaginosas
“Macaúba” (Acrocomia sp.) e (Acrocomia viegasii), “bocaiúva’ (Acrocomia
totai) e outras espécies de Acrocomia (Palmáceas) são fontes extremamente pro-
missoras de óleo alimentar de grande aceitação e de gorduras industriais de am-
pla aplicação. O babaçu (Orbignya speciosa), de vasta distribuição no Brasil, cujo
potencial oleífero ainda permanece quase totalmente potencial, poderia ser al-
tamente compensador para pequenos agricultores e suas famílias, se submetido
a cultivo racional, que inclui condução em áreas naturais (com plano de manejo)
e plantio em bases racionais, com beneficiamento em agroindústria coletiva (de
associação). Existem muitas outras espécies promissoras de plantas oleaginosas
que poderiam ser exploradas no Brasil, tanto para fins domésticos, quanto comer-
ciais.

c) Plantas condimentares, aromáticas e medicinais


Condimentares e aromáticas
“Limoeiro-capeta” ou “limoeiro-cravo” (Citrus limonia);”açafrão” ou “aça-
frão-da-terra” (Curcuma longa); “gengibre” (Zingiber officinale), “canela” (Cinna-
momum zeylanium), “pimenta do reino” (Piper nigrum), “cravo” (Eugenia aromá-
tica), “noz moscada” (Myristica fragans), “baunilha” (Vanilla planifólia), “pimenta
vermelha” (Capsicum spp), “pimenta da Jamaica” (Pimenta officinalis), “menta”
(Mentha spp), “basilicão” (Ocimum basilicum),“orégano” (Origanum vulgare), “sál-
via” (Salvia spp), “salsa” (Petroselinum crispum), “erva-doce” (Foenuculum vulga-
re), “anis” (Pimpinella anisum), “estragão” (artemísia dracunculus) e “mostarda”
(Brassica nigra).

d) Fontes de proteínas
“Macaúba” (Acrocomia utilissima); “bocaiúva” (Acrocomia totai); “guariro-
ba” ou “gueiroba” (Syagrus oleracea); “cajueiro” (Anacardium occidentale), cujas
sementes são aditivo alimentar importante, com propriedades funcionais marcan-
tes, além de poder garantir renda apreciável; “ora-pro-nobis” (Pereskia aculeata) e
“quiabentos” (Pereskia grandifolia, Pereskia bahiensis, Pereskia violacea, Pereskia

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sacharosa, Pereskia bleo), extremamente produtivos, fornecendo folhas ricas em
proteínas; “abóboras” (Cucurbita maxima e Cucurbita moschata), que, além de
matéria-prima para alimentos e doces de alto valor comercial, fornecem, como
subproduto valioso, sementes de alto valor nutricional (VERONEZI & JORGE, 2012)
que podem ser importantes na alimentação familiar e ser vendidas torradas, como
alimento funcional valorizado; “favas”: “orelha-de-frade” (Lablab purpureus), e
“feijão-de-lima” ou “fava” (Phaseolus lunatus), que podem ser conduzidos sobre
arbustos e em cercas-vivas, sem ocupar áreas de cultura; “guandu” (Cajanus ca-
jan), que, além de contribuir ativamente para a nutrição familiar, tem alto valor de
venda (sementes ou farofa pronta), com apreciação geral, sendo parte da culinária
tradicional de várias regiões do Brasil.

e) Plantas frutíferas
“Bananeira-da-terra” ou “bananeira-pacová” (cultivares de Musa) e “bana-
neiras” (cultivares de Musa, Musáceas); “açaí” (Euterpe oleracea); “juçara” ou “pal-
miteiro” (Euterpe edulis); existe demanda para o aproveitamento da polpa de seus
frutos, análoga à do “açaizeiro” (Euterpe oleracea); a polpa, extraída em máquina
ou em peneiras, pode ser aproveitada na alimentação diária do agricultor e ser
industrializada (pelo menos congelada, por motivos sanitários) já embalada pela
associação, na forma de polpa, sorvetes simples ou mistos, bebidas refrigerantes
e energéticas, etc., todos de alto valor comercial e mercado cativo. As sementes,
ainda férteis após o processamento, retornam para a propriedade, podendo ser
lançadas nas matas, para formação de mais palmeiras.
Com manejo correto e muitas palmeiras na propriedade, pode-se aproveitar
a polpa e o palmito, com proveito para o agricultor, tanto financeiro, quanto sani-
tário e alimentar; As lagartas e outros insetos-praga podem ser parcialmente con-
troladas por animais nativos protegidos pelo agricultor (LAGO-PAIVA, 2015), não
chegando a atingir populações que sejam significativas na redução da produção.
As espécies sugeridas podem ser substituídas, em cada região, por espécies que
se destaquem por suas qualidades agrícolas, nutricionais ou organolépticas (sabor
e prazer na ingestão).
Os agricultores diligentes poderão selecionar as espécies, divulgando-as
entre seus vizinhos ou por meio de associações de agricultores, que deverão provi-
denciar cursos sobre o plantio e a utilização desses itens alimentares e comerciais.

3.1.3 A venda direta e as novas plantas alimentares

A venda direta de parte da produção, quer na própria propriedade, quer em


pontos de venda providenciados pela associação de produtores, ou em feiras-li-
vres municipais, apresenta boas vantagens para o agricultor:

28 | BOTÔNICA ECONÔMICA ISBN 978-65-87877-18-1


1) maior lucratividade, pela eliminação da figura do “atravessador” e do distri-
buidor;
2) possibilidade da comercialização de produtos frescos diversificados e de alta
qualidade (frutas e verduras, sucos frescos, feijões e favas) e de produtos
elaborados, como alimentos salgados (frescos, desidratados ou congela-
dos), café torrado e moído, frutas e verduras desidratadas, sementes (secas
ou torradas: amendoim, soja, macaúba, guariroba, caju, macadâmia, etc.),
rapaduras (puras ou com frutas ou especiarias), doces, geleias e sucos con-
centrados, bebidas fermentadas, vegetais fermentados (picles, chucrute,
pimentas), vinhos de frutas, iogurtes com frutas, temperos (alho com sal e
especiarias, açafrão e gengibre, pimentas desidratadas e em molho, vinagre
com ervas, molhos de raiz-forte ou wasabi), vegetais em conserva (picles
vegetais em salmoura temperada, conservas japonesas), além de mudas e
vasos de plantas alimentícias e condimentares, e muitos outros produtos;
3) demonstração, divulgação e escoamento e de itens alimentares pouco co-
nhecidos, ou mesmo desconhecidos da maioria da população, que, por suas
qualidades culinárias e importância alimentar e funcional, merecem ter pa-
pel na alimentação da população.

Muitos consumidores esclarecidos e curiosos são ávidos por novidades, não


hesitando em incorporá-las ao seu cotidiano alimentar, se aprovadas. A venda di-
reta tem o poder de fidelizar consumidores, que encontram, sempre no mesmo
local, produtos sadios, saborosos, variados e, muitas vezes, surpreendentes, como
desafios de consumo e alimentícios que podem ser compensadores para ambas as
partes. Dependendo da escala e da assiduidade de produção, o agricultor poderá
apor sua marca aos produtos, o que valerá como garantia de qualidade, especial-
mente se a associação de produtores (ou cooperativa) a validar com assistência
técnica competente (como selos de qualidade e análises de valor nutritivo).
Selos fornecidos por organizações de conservação da natureza, garantindo
que a propriedade conserva suas áreas naturais e seus recursos hídricos, são tão
valiosos, para muitos consumidores, quanto os selos de certificação de produtos
orgânicos ou embalagens sofisticadas.
A venda direta pode ser responsável por parcela significativa da movimen-
tação financeira das pequenas propriedades, além de garantir aos consumidores
produtos diversificados, sem agrotóxicos e de alta qualidade. Juntamente com
os alimentos podem ser oferecidos produtos artesanais, como peneiras, cestaria,
móveis de madeira, bambu e cipós, ornamentos, confecções, bem como mudas de
plantas ornamentais e outros produtos agrícolas ou produzidos em pequenas fábri-
cas rurais, além de serviços de fornecimento de hospedagem e guiagem a atrativos
turísticos regionais e acolhimento de turmas escolares em atividades didáticas.

ISBN 978-65-87877-18-1 BOTÔNICA ECONÔMICA | 29


4. CAPÍTULO
4. 1 Contexto Histórico e Econômico Botânica Econômica
A expansão da botânica econômica se deu junto com a expansão das gran-
des navegações, onde o homem sai à procura de grandes territórios para o cultivo
da agricultura.
Ao longo da história, as florestas têm sido úteis pelos produtos e benefícios
que delas provêm, tanto para a subsistência quanto para o comércio.
No início do século XX, o uso dos recursos florestais alavancou o desen-
volvimento do Brasil, com o processo de geração de renda via venda da madeira
pelo fornecimento de matéria-prima para construção civil, atrelado à expansão da
fronteira agrícola. Como estratégia, essa exploração esteve intimamente ligada à
questão colonizadora. Os agricultores tradicionais do Brasil incorporaram aos ele-
mentos da paisagem florestal uma forma de obter recursos para o consumo e su-
prir necessidades de renda durante o ano todo (CORADIN et., 2011).
O desenvolvimento florestal tem se limitado à utilização de apenas um pro-
duto, a madeira. Essas perspectivas resultam em uso intensivo dos recursos ma-
deireiros, em detrimento da constante desconsideração do restante do ecossiste-
ma florestal. Neste processo se gera perda iminente de importantes componentes
da agregação de valor aos recursos naturais (SANTOS et al., 2003).
Os produtos florestais não madeireiros constituem um meio de subsistência
para muitas comunidades, sendo também elementos significativos da economia
rural e regional. Fazem parte de uma prática ancestral, economicamente viável de
extração, que procura manter a estrutura e a funcionalidade da floresta.
O termo produto florestal não madeireiro (PFNM) se refere aos diferentes
produtos vegetais e animais que se obtêm de ambientes florestais, que podem
ser extraídos de florestas naturais, agroecossistemas e de árvores que crescem
espontaneamente. Podem ter utilização doméstica, ser comercializados ou ter sig-
nificado social, cultural ou religioso. Incluem frutas, fibras, sementes, plantas me-
dicinais, aromáticas e apícolas, materiais para artesanato, entre outros. São bens
de origem biológica diferentes da madeira, assim como serviços derivados das flo-
restas e do uso das terras vinculadas a estes sistemas (VANTOMME, 2001).
Vários estudos têm sugerido que o retorno econômico, em longo prazo, para
o manejo adequado dos Produtos Florestais Não Madeireiros que se encontram
em um hectare de floresta tropical sobrepõe os benefícios da produção de madeira
ou da conversão agrícola da área (STATZ, 1997).

30 | BOTÔNICA ECONÔMICA ISBN 978-65-87877-18-1


De acordo com (GRIMES et al.,1994), o manejo sustentável destes recur-
sos pode prover benefícios para a população local enquanto promove, simultane-
amente, a conservação dos ecossistemas florestais.

Os PFNM têm atraído considerável interesse global, nos últimos anos, devi-
do ao crescente reconhecimento de sua contribuição aos objetivos socioeconômi-
cos e ambientais. Incluir a conservação da diversidade biológica, uma vez que, ao
mesmo tempo em que mantém a floresta conservada, permite melhoria do bem-
-estar da comunidade que nela vive (FAO, 1992, 1994, 1995).

As informações relativas a usos e aplicações foram sistematizadas de acor-


do com as categorias indicadas em FAO (1992), ou seja:

 Ornamental: jardinagem, floricultura, decoração, arborização e/ou paisa-


gismo; apícola (produção de mel pelas abelhas).
 Forrageira: forragem para animais de criação.
 Alimentícia e/ou aditivos: partes comestíveis utilizadas na alimentação
humana, incluindo condimentos e temperos.
 Medicinal: medicina popular e/ou produto bioquímico de interesse farma-
cêutico, tanto para tratamento de humanos quanto de uso veterinário.
 Produto bioquímico: composto(s) químico(s) como tanino, corante, látex,
goma, resina, óleo e toxina, entre outros de interesse farmacêutico ou quí-
mico-industrial.
 Artesanato: confecções de utensílios e artefatos produzidos em escala ar-
tesanal, a partir de qualquer de suas partes, exceto tronco inteiro.
 Fibra: cordaria, cestaria, confecção de peças do vestuário e chapéus, entre
outros.
 Ecológico: sementes e plântulas usadas em programas de reflorestamento
ou recuperação de áreas degradadas, agrossilvicultura, cortina vegetal ou
recurso para a fauna.

Outros usos: usos diversos, não referenciados nas categorias anteriores,


como, por exemplo, o doméstico, para cobertura de casas, sombreamento
de cultivos, enchimento de travesseiros, jogos, fins religiosos ou místicos.

ELIAS & SANTOS (2016) realizaram uma pesquisa sobre os produtos flo-
restais não madeireiros e valor potencial de exploração sustentável da floresta

ISBN 978-65-87877-18-1 BOTÔNICA ECONÔMICA | 31


atlântica no Sul de Santa Catarina, os resultados obtidos evidenciam nos usos mais
frequentes das categorias: ecológico (37%), ornamental (24%), medicinal (10%),
apícola (8%) e produto bioquímico (7%), seguidas por alimentícia (6%), artesanato
(4%), forrageira (3%) e fibra (2%).

4.2 FIBRAS NATURAIS


4.2.1 Propriedades das Fibras Naturais

Fibras naturais, também chamadas de fibras lignocelulósicas ou vegetais,


morfologicamente são células esclerenquimatosas de forma tipicamente pro-
senquimatosa, ou seja, de comprimento igual a muitas vezes a largura (MEDINA,
1959). Comparadas às fibras artificiais, apresentam vantagens ecológicas (são
biodegradáveis, renováveis e carbono “free”, isto é, quando são compostas ou in-
cineradas liberam a mesma quantidade de dióxido de carbono consumida duran-
te seu desenvolvimento), vantagens sociais (geram empregos rurais), mecânicas
(mais leves e resistentes) e econômicas (são mais baratas, já que sua produção
requer pouca energia) (JACOB e THOMAS, 2002).
Fibras em Botânica são células longas, finas, geralmente de paredes espes-
sadas, lignificadas e sem protoplasto, esclerênquima.
Esclerênquima é o tecido vegetal responsável pela sustentação nas plantas.
Ocorre no corpo primário ou secundário da planta.

4.2.2 Estrutura primária nas plantas

O procâmbio se diferencia entre as derivadas do meristema apical, ele as-


sume o esboço do futuro sistema vascular do caule, que se desenvolverá a partir
dele, veja abaixo a figura 01 e 02 exemplos de estruturas primárias.
A diferenciação do xilema primário no caule é oposta à observada na raiz.
Isto é, no caule os primeiros elementos de protoxilema diferenciam-se interna-
mente (próximos da medual) e os elementos do metaxilema, formam-se mais dis-
tantes do centro. No caule o protoxilema é dito endarco, com o protoxilema interno
e a sua maturação é centrífuga, isto é, acontece do centro para a periferia. A dife-
renciação do floema se dá como na raiz, ou seja, é centrípeta, com o protoxilema
periférico e metaxilema mais próximo do centro do órgão. A posição do protoxile-
ma é, um dos elementos mais importantes para separar uma estrutura caulinar de
outra radicular.

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Figura 01. Esquema do caule mostrando a
posição dos meristemas primários e os tecidos Figura 02. Protoxilema Tumbergia sp.
primários deles derivados. Fonte: (RAVEN, et al. Biologia Vegetal, 2001).
Fonte: (RAVEN, et al. Biologia Vegetal, 2001).

4.2.3 Estrutura Secundária nas plantas

Como na raiz, a estrutura secundária do caule é formada pela atividade


do câmbio vascular, que dá forma os tecidos vasculares secundários, e do felogê-
nio que dá origem ao revestimento secundário - periderme.

Crescimento Primário x Secundário

Muitas plantas apresentam somente o crescimento primário como a totalidade das


monocotiledôneas e as dicotiledôneas herbáceas, em sua maioria anuais ou bianu-
ais; as gimnospermas, e as dicotiledôneas lenhosas (arbustivas e arbóreas - plan-
tas perenes) apresentam crescimento secundário, isto é, crescem em diâmetro e
produzem madeira (xilema secundário).

Os caules diferem bastante entre si, no arranjo e na quantidade de tecidos


vasculares primários e no acúmulo de tecidos secundários. O sistema vascular pri-
mário pode formar, entre outros: um cilindro contínuo - sifonostele com os feixes
bem próximos uns dos outros (Fig. 3 Parte A); um cilindro constituído de feixes se-
parados por faixas mais largas de parênquima interfascicular- eustele (Fig. 3 Parte
B) ou um arranjo mais complexo com os feixes isolados, distribuídos de maneira
caótica atactostele (Fig.3 Parte C).

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Figura 03 parte A, Figura 03 parte B, Figura 03 parte c
Figura 03. Esquemas dos três tipos básicos de caules vistos
em corte transversal. Fonte: (RAVEN, et al. Biologia Vegetal, 2001).

Agora veja na Figura 04 logo em seguida, um resumo dos tecidos meristemáticos.

Figura 04. Resumo dos tecidos merismáticos (Fonte: RAVEN, et al. Biologia Vegetal, 2001).

4.2.4 Alguns exemplos de Fibras: Buriti, Coco, Jarina, Piaçava

Atualmente diferentes tecnologias recebem investimentos que objetivam a


elaboração de materiais sintéticos que imitam as fibras naturais, mas especial-
mente que otimizam o uso e a aplicação destas fibras, dado a larga utilidade e
qualidade como material.
Exemplo de outras Fibras: Banana (Musa spp.); Coco (Cocos nucifera);
Curauá (Ananas erectifolius); Fique (Furcraea andina) Piteira (Furcraea gigantea);
Sisal (Agave sisalana); Taboa (Typha domingensis) entre outras.

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a) Buriti
O buriti foi classificado pelos naturalistas estrangeiros como umas das ár-
vores da vida, pois dele se aproveita tudo. As fibras, retiradas das folhas do buriti,
são bastante utilizadas no artesanato nordestino. O talo mais duro serve para fa-
zer cestas e cabos de vassoura. As tiras mais grossas são utilizadas na fabricação
de tapetes e esteiras e as mais finas são usadas em para confeccionar bijuterias,
chapéus, bolsas, toalhas de mesa, brinquedos etc.

b) Coco
As características da fibra, como coloração uniforme, elasticidade, durabili-
dade e resistência à tração e à umidade, oferecem muitas possibilidades de utiliza-
ção como matéria-prima natural para a indústria na fabricação de xaxins, esteiras,
cordas, tapetes, escovas, vassouras. A fibra de coco também pode auxiliar na área
agrícola como matéria-prima para controle de erosão e repovoamento da vege-
tação de áreas degradas. Por sua lenta decomposição, protege o solo diminuindo
a evaporação, aumentando a retenção e a atividade microbiana do solo. Tem-se
também utilizado esta fibra como reforço em matrizes poliméricas, por exemplo,
em compósitos com plásticos, apresentando vantagens quando comparada a ou-
tros materiais sintéticos, com relação a biodegradabilidade e a reciclabilidade.

c) Jarina
O marfim-vegetal ou jarina (Phytelephas macrocarpa) é uma palmeira de
crescimento lento com belas frondes que brotam diretamente do chão. Logo abai-
xo das folhas nascem grandes aglomerados fibrosos que consistem em frutos le-
nhosos bem compactos. As folhas (palhas) são utilizadas na cobertura de casas
por populações locais e as fibras para confecção de cordas. Contudo, a parte mais
usada da planta é a semente sendo a mais nobre da Amazônia para uso em bio-
jóias. O marfim vegetal é uma alternativa ecológica e prática, por se parecer com o
de origem animal.

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Na figura 05 logo em seguida, apresenta um exemplo da Palmeira Jarina.

Figura 05 - Exemplo de Fibra (Palmeira Jarina). Fonte: COSTA & RODRIGUES, 2006.

d) Piaçava
A palmeira (Attalea funifera), conhecida por piaçava ou piaçaba, é espécie
nativa e endêmica do sul do Estado da Bahia. Produtora de fibra longa, resistente,
rígida, lisa, de textura impermeável e de alta flexibilidade, essa palmeira se desen-
volve bem em solos de baixa fertilidade e com características físicas inadequadas
para a exploração econômica de muitos cultivos. A importância econômica da pia-
çaveira está na extração das suas fibras industriais, destacando-se a fabricação de
vassouras, enchimento nos assentos de carros, cordoaria e escovões.

4.2.5 Formação das fibras naturais - Classificação das fibras


vegetais e classificação econômica

As fibras vegetais são formadas por diversos componentes químicos cons-


tituídos a base de Hidrogênio (H) e Carbono (C), sendo os principais a celulose, a
hemicelulose e a lignina. De acordo com a sua origem as fibras vegetais podem ser
agrupadas em fibras de semente, raiz, caule, folhas e fruto do coco.
As palmeiras são importantes fornecedores de fibras. Dá-se o nome de pal-
meira às árvores pertencentes à família Arecaceae. No Brasil, ocorrem 390 pal-
meiras nativas, sendo a maioria originaria da região amazônica, que conta com 290
espécies. Das palmeiras podem ser extraídos diversos produtos, que são impor-
tantes principalmente em comunidades tradicionais. Dessa forma, estas plantas
apresentam importância no mercado local, nacional e internacional, seja na pro-
dução de palmito, polpa, fibras ou óleos.

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- Classificação das Fibras Vegetais
A) Fibras de sementes - Pêlos (Algodão, Paina, Taboa)
B) Fibras de folhas - Duras (Bainhas de feixes vasculares de monocotiledôneas
- Sisal)
C) Fibras de entrecasca – Moles (Extraxilemáticas de dicotiledôneas - Linho,
Juta, Rami, Cânhamo)
D) Fibras de Palmeiras – produzidas em Bainhas, Folhas, Frutas (Coqueiro, Pia-
çava, Tucum, Carnaúba, Buriti)

- Classificação econômica das Fibras


A) Fibras têxteis - longas, suportar tensão e dobrar-se com facilidade.
- Fibras de superfície - algodão
- Brandas ou liberianas – linho, cânhamo, Juta, Rami
- Fibras duras ou foleares – Sisal
Tequila (destilada) e Pulque (fermentada)

B) Fibras de escova - Rígidas, duras e resistentes, flexíveis


Piaçava - Palmeira vassoura (Attalea funífera)

C) Fibras para trançar - flexíveis, resistentes


Vime, esteiras, peneiras, balaios, chapéus, bambu (Bambusa SP), sapê (gramí-
neas), taquara (Merostachys sp) e (Phyllostachs sp).

D) Fibras para construção- telhados e paredes (gramíneas e palmeiras, pai-


nas para colchões e almofadas).

E) Fibras para papel – celulose (Eucaliptus sp (veio da Austrália), Pinus (veio


da América Central), Araucária – não é mais usada por sua falta).

F) Fibras para esponja – fruto bucha (Lufta cylindrica e L. acutangula, Curcu-


bitaceae (parente da abóbora).

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Abaixo na figura 06 são apresentados artesanatos feitos de fibras vegetais.

Figura 06. Artesanatos feitos de Fibras Vegetais.


Fonte: TODESCHINIMINAS, 2013.

Existem diversos tipos de fibras: genericamente, elas podem ser de origem


animal ou vegetal. No artesanato, as mais comumente utilizadas são as palhas e
fibras vegetais.
Normalmente, em natura, têm formato alongado, são filamentos, que po-
dem ser contínuos ou cortados, podendo ser fiados, para a formação de fios, linhas
ou cordas ou dispostas em mantas e esteiras, para a produção de papel, feltro ou
outros produtos.
O trançado de fibras vegetais é uma das artes mais antigas do mundo. As
populações tradicionais da Amazônia utilizam inúmeras fibras nativas da região
para tecer cestas, mandalas, bolsas e muitos outros produtos utilitários e deco-
rativos. Uma atividade que tradicionalmente atendia à necessidade de utensílios
e recipientes para o uso da própria família e comunidade se transformou em uma
oportunidade de geração de renda, que valoriza práticas sustentáveis de uso dos
recursos naturais, resgata saberes e habilidades tradicionais e valoriza a identida-
de cultural.
Muitas são as fibras vegetais utilizadas no artesanato brasileiro: cipós, jun-
cos, rattan, taquara, vime, fibra de bananeira, piaçava, sisal etc. Dependendo da
espécie que se utiliza, os processos de beneficiamento e transformação variam;
algumas não recebem tratamento e só são colocadas para secar, enquanto outras
são trançadas ainda úmidas. Existem diversos tipos de técnicas de trançado, os
tingimentos podem usar corantes naturais extraídos de folhas, sementes ou casca
de árvores (como o urucum, o eucalipto, a casca de cebola e açafrão, entre outros).
A importância das fibras naturais vem sendo tão enfatizada que em 2006 a
Assembléia Geral das Nações Unidas proclamou o ano de 2009 como “Ano Inter-
nacional das Fibras Naturais”. Vários eventos fomentando a discussão da impor-

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tância das fibras naturais não só para produtores e indústria, mas também para os
consumidores e o meio ambiente ocorreram ao redor do mundo, inclusive no Brasil,
durante o Congresso Internacional de Fibras Naturais, realizado em Salvador-BA.
A escolha do Brasil para sediar tal congresso não foi por acaso. Atualmente, o país
se destaca na produção de diversas fibras naturais, sendo o maior produtor mundial
de Sisal (Agave sisalana) e o quarto maior produtor de coco (Cocos nucifera).
O cultivo de plantas fibrosas, bem como a utilização de suas fibras, data de
6000 a.C. No entanto, a crescente substituição por fibras sintéticas como acrílico,
náilon, poliéster e polipropileno causa um impacto negativo na vida de milhões de
pessoas que dependem da produção e processamento das fibras naturais. Porém,
percebe-se uma tentativa por parte de vários pesquisadores em incentivar o cultivo
de plantas fibrosas devido à sua multiplicidade de aplicação, principalmente como
matéria-prima artesanal e industrial, extração de fármacos e de aditivos alimenta-
res, floricultura de corte e paisagismo. Do ponto de vista tecnológico, seu emprego
na produção de compósitos poliméricos contribui para evitar problemas de polui-
ção ambiental, uma vez que a mistura de fibras naturais com plásticos reciclados
pós-consumo (lixo) representa uma alternativa menos agressiva ao meio ambiente,
sendo aplicável em vários setores industriais (CARASCHI & LEÃO, 2001).
Dessa forma, para maximizar a utilização de tais fibras e torná-las mais
competitivas em relação às fibras sintéticas, é necessário conhecer suas caracte-
rísticas químicas e, se possível, extrair princípios ativos e/ou compostos eventual-
mente valiosos, com o objetivo de dar um sustentáculo econômico para a cultura
de plantas fibrosas além da própria fibra natural (a qual representa somente cerca
de 5% do peso da planta), veja abaixo a tabela 05 sobre a produção anual de cultu-
ra direta ou indireta de fibras lignocelulósicas no Brasil. A indústria está disposta a
cada vez mais utilizar as fibras naturais em seus produtos desde que haja redução
de custos e melhoria da qualidade. Esses requisitos são mais facilmente obtidos
com um melhor aproveitamento das plantas e seus resíduos através do conheci-
mento e compreensão de suas características físico-químicas e biológicas.
Como base para potenciais aplicações científicas e tecnológicas de sete
espécies de plantas fibrosas cultivadas no Brasil, sendo estas: “Banana” (Musa
spp.), “Coco” (Cocos nucifera), “Curauá” (Ananas erectifolius), “Fique” (Furcraea
andina), “Piteira” (Furcraea gigantea), “Sisal” (Agave sisalana) e “Taboa” (Typha
domingensis).

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Tabela 05 . Produção anual de cultura diretas ou indiretas de fibras lignocelulósicas no Brasil

*Produção anual de culturas diretas ou indiretas de fibras lignocelulósicas no Brasil.


Fonte: Ministério da Agricultura, 2009.

Uso pelo homem: Direto – indústria farmacêutica, conservantes, flavorizan-


tes etc. E indireto com cópia moleculares, precursores, grupos taxonômicos e evo-
lução. Ex. Planta papoula (morfina), cocaína ou anestésico.

4.2.6 Fibras - Organização dos Tecidos nas folhas

As folhas acumulam substâncias medicinais que podem ser utilizadas pelos


nossos antepassados. As fibras naturais eram muito utilizadas pelos nossos ante-
passados. Faziam-se colchões, travesseiros, tecidos etc. Hoje em dia essas fibras
foram substituídas pelas fibras artificiais - materiais sintéticos, porém, as fibras
naturais estão ganhando mercado atualmente.
- Bolsas de couro vegetal
- Produção de lápis – antes era usada a madeira da árvore chamada cacheta - ela
era explorada da região vale do Ribeira, hoje eles são feitos de pinus.
- Fabricação de papéis – para jornais, revistas, papéis em comum. Eles são feitos
através da celulose extraída de Eucaliptos e Pinus. Antes a celulose era extraída da
Araucária e hoje está proibido.
- Tecidos – extraídos da faia – tecido tencel.
Madeira e Cortiça: ocorrem nos caules, galhos e raízes de árvores. São compostos
por vasos e tecidos de sustentação. São plantas lenhosas: dicotiledôneas e gim-
nospermas. São células mortas ou vivas. Parede celular grossa constituída - de
celulose + lignina. Gimnospermas – madeiras brancas ou moles. Dicotiledôneas
– madeiras duras.

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OBS: os anéis de crescimento dizem aproximadamente a idade da planta.
Em clima temperado (EUA, Canadá) é diferente (1 anel por ano). Em lu-
gares de clima tropical, cada ano corresponde a um período de chuvoso.
Por isso, usa-se 2 anéis para contar 1 ano da planta, pois geralmente ecas
passam por 2 períodos chuvosos.

4.2.7 Fibras - Organização dos Tecidos nas Raízes e nos Caules

Raízes e caules jovens, cortados transversalmente, mostram que são


formados por uma reunião de tecidos. A disposição desses tecidos é específica em
cada órgão e constitui uma estrutura interna primária típica de cada um deles. Uma
estrutura secundária, mais complexa, pode ser vista quando ocorre um aumento
no diâmetro do caule e da raiz.
Se acompanhássemos uma célula meristemática que terminou de surgir por
mitose na extremidade de uma raiz, veríamos que ela vai se alongando, ao mesmo
tempo que vai se distanciando da extremidade em decorrência do surgimento de
novas células. A maior taxa de crescimento em extensão de uma raiz, ocorrerá,
portanto, na região situada pouco acima da região meristemática, denominada de
zona de distensão.
Após crescerem as células iniciam a sua diferenciação. Na região mais inter-
na, por exemplo, terá início a diferenciação dos tecidos condutores, enquanto na
região mais externa diferenciam-se parênquimas e tecidos de revestimento.
Estrutura do caule: Cerne – onde está o xilema; Alburno – está no floema
e câmbio; Xilema – lenho – cerne; Floema – líber – alburno/casca, veja na figura
07 e 08 logo em seguida, o desenho esquemático sobre a estrutura do caule.

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Figura 07 - Desenho esquemático mostrando
Figura 08 - Desenho esquemático mostrando a
a Ectoderme e Endoderme do caule. Fonte:
Medula do caule. Fonte: VIDAL, 1990.
VIDAL, 1990.

4.2.8 Fibras - Organização dos Tecidos (Córtex)

A região mais periférica da raiz jovem diferencia-se em epiderme, tecido


formado por d uma única camada de células achatadas e justapostas. Na região
abaixo da epiderme, chamada córtex, diferencia-se o parênquima cortical, consti-
tuído por várias camadas de células relativamente pouco especializadas.

4.2.9. Fibras - Organização dos Tecidos (Cilindro central), Caules


(estrutura e classificação)

A parte interna da raiz é o cilindro central, composto principalmente por


elementos condutores (protoxilema e protofloema), fibras e parênquima. O cilin-
dro central é delimitado pela endoderme, uma camada de células bem ajustadas e
dotadas de reforços especiais nas paredes, as estrias de Caspary. Essas estrias são
como cintas de celulose que unem firmemente as células vizinhas, vedando com-
pletamente os espaços entre elas. Assim, para penetrar no cilindro central, toda
e qualquer substância tem que atravessar diretamente as células endodérmicas,
uma vez que as estrias de Caspary fecham os interstícios intercelulares.
O caule das plantas vasculares completamente desenvolvido é um corpo sub-
cilíndrico formado por camadas sucessivas de diferentes tecidos..
 o córtex formado pela epiderme (nas plantas jovens) e pelo parênqui-
ma cortical; ou o súber nas plantas com crescimento secundário;
 o câmbio cortical (apenas nas plantas com crescimento secundário);
 o floema;

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 o câmbio vascular (apenas nas plantas com crescimento secundário);
 o xilema que, nas plantas com crescimento secundário, forma o lenho e
 a medula, a camada parênquima central (que, nas plantas com crescimento
secundário, pode ter desaparecido).

Morfologia externa do caule


 nó: Região caulinar geralmente delgada de onde partem as folhas.
 entre-nó ou meritalo: região caulinar entre dois nós consecutivos.
 Gema terminal/gema apical: situada no ápice, constituídas por escamas,
ponto vegetativo região meristemática, de forma cônica) e primórdios fo-
liares que o recobrem. Podem produzir ramos foliosos, flores e promover
crescimento. Há gemas nuas, isto é, sem escamas.
 gema lateral: De constituição semelhante à anterior e que pode produzir
ramo folioso ou flor. Situada na axila de folhas, chama-se também gema
axiliar. Muitas vezes, permanece dormente, isto é, não se desenvolve.

Veja na figura 09 e 10 abaixo, a estrutura do caule em diferentes ângulos:

Figura 09 – Desenho esquemático interno do Caule Figura 10 – Desenho esquemático interno


mostrando o Câmbio líbero-lenhoso e Câmbio sú- do Caule mostrando a Coifa, Pelo Radicu-
bero- felodérmico entre outras estruturas. Fonte: lar entre outras estruturas. Fonte: AGA-
AGAREZ, 1994. REZ, 1994.

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Considerando a consistência da planta veja na figura 08 abaixo, a classifica-
ções dos tipos de caules.

Figura 11 - Tipos de Classificação de caules. Fonte: AGAREZ, 1994.

Caule herbáceo - caule macio ou maleável com presença de tecido colen-


quimático e consequentemente com acúmulo da celulose junto à parede celular
(podendo, geralmente, ser cortado apenas com a unha);

Caule sublenhoso - é lignificado apenas na parte mais velha, junto à raiz, e


ocorre em muitos arbustos e ervas;

Caule lenhoso - amplamente lignificado, rígido e, em geral, de porte avan-


tajado, forma, por exemplo, os troncos das árvores.

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Tipos de caules considerando-se o desenvolvimento da planta
 erva;
 subarbusto;
 arbusto;
 árvore;
 liana;
 tronco.

Tipos de caules considerando-se a forma da planta


 caule anguloso;
 caule achatado ou comprido;
 caule bojudo ou barrigudo, exemplo: baobá;
 caule cilíndrico;
 caule cônico;
 caule estriado;
 caule sulcado.

Dentro dos vasos do xilema encontram-se estruturas chamadas de tiloses.


Essas tiloses servem para obstruir aquele vaso para eliminá-lo do uso. Serve para
cicatrização e casos de doenças no vegetal.
Resumidamente temos: Câmbio vascular – xilema (dentro), floema (fora). Filogê-
nio ou câmbio de casca – súber (flora) = súber (fora) = cortiça, filoderma (dentro).

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4.3 MADEIRA – PROPRIEDADES E
UTILIZAÇÕES ECONÔMICAS

No quadro 01 abaixo são apresentadas as principais características da ma-


deira dura e madeira mole.

MADEIRA DURA DE DICOTILEDÔNEA MADEIRA MOLE DE GIMNOSPERMA

Estrutura anatômica + complexa Estrutura anatômica + simples

Vasos verdadeiros Traqueídeos

Fibras verdadeiras + fibras traqueídeos Fibras não verdadeiras + fibras traqueídeos

Raios multisseriados Canais resiníferos abundantes

Quadro 01. Características gerais de madeira dura da madeira mole. Fonte. Autor.

4.3.1 Propriedades da Madeira

Mecânicas da madeira: Firmeza – resistência à força como tensão, com-


pressão e flexão. Rigidez – resistência às forças deformantes. Dureza – resistên-
cia a corte. Tenacidade - grande coesão entre os componentes.
Propriedades organolépticas: Cor; Odor; Resistência ao corte; Sabor; Peso es-
pecífico = densidade e Textura.
Fatores que influenciam nas propriedades da madeira:
Densidade: massa de lenho/volume de lenho = massa específica.
 Densidade < 0,5 – madeira leve – ex. pau balsa.
 0,5 a 0,7 moderadamente leve ou madeira pesada - ex. jatobá e Cabreúva.
 >0,7 pesadas - ex. Ipê, Pau-ferro.
Umidade: + 40% do peso da madeira é água. Quanto mais perda de água au-
mentada, a resistência aumenta. Se a perda for desigual pode provocar rachaduras
e deformações.
Durabilidade: Depende da resistência ao ataque de insetos, fungos... Ex: Tani-
nos, resinas e certas gomas podem proteger de predadores.

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4.3.2 Utilizações Econômicas da Madeira

Uso da Madeira como Combustível; Madeira serrada – construção civil, mar-


cenaria etc.; Papel, embalagens e serragem para forragem para gado; Celulose
e Lignina extraídas podem ser para utilização na produção de óleo combustível,
lubrificante, tecidos; resíduos fluídos de polpa da madeira – azeite de pinho, verni-
zes, resinas para sabão, aguarrais etc.
Medicamentos e alimentos: Tonoaria (tonéis, barris para bebidas) – mais
usado na Europa.
Cortiça = Periderme = Tecido morto (Filogênio)
Usos: Isolante (temperatura, som, choque); Impermeabilizante – boia; rolha.
Principal produtor = corticeira (Quercus sp) (Fagaceae) - Portugal, Espanha,
Argélia e França. 20 anos para o início da produção, produz por 500 anos.
No Brasil – Erytrina mulunga (Leguminosae). Interior do Brasil – produto de
pior qualidade e menor quantidade. Extração - retira da árvore, seca e prensa.

4.3.3 Métodos de conservação da madeira

a) Sem substâncias químicas: carbonização - uso de madeira para móveis,


estacas...
b) Com substâncias químicas:

 Produtos Oleosos: dissolvidos em óleo diesel, banho por 4 horas.


Banho frio por 2 horas para madeira ser enterrada. Empilhar como
fogueira, manter a sombra por 6 dias. Pentaclorofenol – melhor para
secar, porém não se degrada no solo. Produtos hidrossolúveis - pul-
verização (menos eficiente) sulfato de cobre, cal virgem e água.

 Madeira Verde: Métodos de substituição da seiva - produtos à base


de sais hidrossolúveis ou sulfato de Cobre. Banho até 4 horas após
com as madeiras em pé por 3 a 4 dias. Fica por 40 dias em local co-
berto e ventilado. Peças não podem ser maiores que 2,5m. Métodos
de imersão – madeiras imersas em posição horizontal por 5 a 6 dias.
Seca em local coberto e arejado por 48 horas.

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4.4 Gomas
4.4.1 Propriedades das Gomas

Produtos de extração vegetal: Gomas é o produto de decomposição celu-


lar principalmente da celulose.
Composição química: açúcares (carboidratos) + pectina, estado - colidal
(pastoso), solúvel em água, insolúvel em éter e álcool.
Para retirar a goma - através de cortes, ou “buraquinhos” chamados de
lenticelas.

4.4.2 Características das principais gomas alimentícias

Na tabela 06 abaixo são apresentadas as principais características das go-


mas alimentícias.

Tabela 06– Características das principais gomas alimentícias.


Fonte: GOMAS ALIMENTÍCIAS, 2019.

4.4.3 Utilização Econômica das Gomas

Usos da goma: adesivos, engomar tecidos, engomar papéis, liga em doces, tintas,
excipientes (cápsulas) para remédios.

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4.5 Resinas
4.5.1 Propriedades das Resinas

Resinas são basicamente compostas por terpenos e derivados, somados de al-


guns compostos orgânicos, em menor proporção, como óleos essenciais e ácidos car-
boxílicos. É um condensado com vários óleos essenciais. Ex. na ardósia passa resina,
canais resiníferos = são canais da planta que produz resina. Composição química: lipí-
dios, insolúveis em água, solúvel álcool e éter. Plantas encontradas: Burseraceae, Guti-
ferae, Leguminosae, Pinaceae, Anacardiaceae etc. Ela é antisséptica e cicatrizante. Uso:
verniz, impermeabilizante, sabão, perfume, incenso... (IF, 2005).
Além desse mecanismo que proporciona proteção para as árvores, os com-
ponentes voláteis presentes nos terpenos, principal componente das resinas, tam-
bém liberam um odor que atrai diferentes animais que se alimentam de insetos
herbívoros. Ao fazer isso, esses animais impedem que as árvores sejam prejudica-
das por insetos e patologias enquanto as resinas ainda não endureceram.

4.5.2 Características das principais Resinas

As principais características das resinas são: não serem solúveis em água,


endurecerem quando em contato com o oxigênio (oxidam-se), não desempenham
um papel direto nos processos fundamentais de manutenção da vida da planta e
são tipicamente convertíveis em polímeros.
A resina é composta principalmente de breu e terpeno ou terebintina
(C10H16O6). O breu é o resíduo não volátil que fica na cucúrbita depois da destila-
ção da resina. Ele é utilizado na produção de cola para papel, desinfetantes, graxas
para calçados, preparos para couro, produtos farmacêuticos, sabões, tintas, verni-
zes e outros produtos. A terebintina é um líquido volátil resultante da destilação da
resina, muito utilizada na indústria farmacêutica, orgânica e como solvente na in-
dústria de tintas. As coníferas, resinosas ou resiníferas estão entre as plantas mais
produtoras de resina e caracterizam-se por apresentar canais resiníferos. Veja na
figura 09 a espécie Pinus elliotti, a principal produtora de resina Brasileira e na fi-
gura 10, as principais operações de extração da resina em povoamento de Pinus.

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Figura 12. Espécie Pinus elliotti, é a principal Figura 13. Operações de extração da resina
espécie produtora de resina cultivada no Brasil. em povoamento de Pinus. Fonte: KRONKA
Fonte: KRONKA et al., (2005). et al., (2005).

Os derivados imediatos da destilação da resina na indústria: Parte volátil


(terebintina ou aguarrás), e Parte sólida (breu).
A resina das árvores do gênero Pinus apresenta cerca de 75 a 80% de breu e
de 16 a 18% de terebintina. Entre as espécies cultivadas no Brasil, o Pinus elliotti.

- Tipos de resinas
Resinas naturais - diferentes resinas são produzidas de maneira natural no
meio ambiente por diversas espécies de árvores, sementes, raízes e frutos, como
as coníferas (pinheiros). Em poucos casos, como a goma-de-laca, também podem
ser produzidas por insetos. Alguns exemplos de resinas naturais conhecidas e uti-
lizadas são: Âmbar; Incenso; Bálsamo do Peru; Resina de mamona; Breu (Floresta
Amazônica); Coplas sul-americanas; Laca; Goma-laca e Mirra.
Resinas sintéticas - algumas das principais resinas sintéticas existentes no mercado
são: Resinas fenólicas; Resinas epóxi; Resinas poliéster e Resinas polipropileno.
Resinas duras – exemplo: Pedra de âmbar (pedra amarela); insolúvel em
água, solúvel em álcool. Uso: tintas, vernizes, adesivos, plásticos...

4.5.3 Utilização Econômica das Resinas

A extração comercial da resina (resinagem) é uma prática florestal realizada há


bastante tempo, sendo conhecidas muitas das propriedades medicinais e usos da
resina desde os tempos da Grécia clássica. Atualmente, a resina continua a ser
considerada um produto de elevado valor do Pinus, sendo importante para a eco-
nomia de muitas regiões do mundo, inclusive no Brasil, gerando renda e empregos.

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A produção brasileira de resina de Pinus está muito próxima de 100 mil to-
neladas anuais. Nossa produtividade por hectare é uma das melhores do mundo,
atingindo em média 4,85 toneladas de resina bruta por hectare por ano. Isso sig-
nifica que devem existir no Brasil no mínimo 20 mil hectares de florestas de Pinus
elliottii e P.caribaea sendo resinados, sendo a espécie predominante o P.elliottii. O
Brasil está entre os países líderes em produção de resina de Pinus e existe enorme
potencial de crescimento (PINUSLETTER, 2010).
Os mercados de resina bruta e de terebintina estão muito aquecidos, em
função do aumento da demanda em países como China e Índia. A China é o maior
produtor mundial, mas também o maior consumidor. Em geral, no Brasil resinam-
-se cerca de 800 árvores por hectare, em povoamentos após o primeiro desbaste.
A extração começa aos 7 a 8 anos e se prolonga por cerca de 10 anos. A parte da
árvore que é resinada é a base, até uma altura máxima de 6 metros. Ao término da
resinagem, essa madeira da base em geral é destinada para fabricação de celulose
kraft, que não tem restrições a essa matéria 5r4r5 prima. Também as unidades
de fabricação industrial de páletes de madeira e até mesmo de painéis tipo MDF a
aceitam bem (PINUSLETTER, 2010).
A resina bruta, substância obtida logo após a extração, pode ser fracionada
em dois diferentes compostos: terebintina (fração volátil) e breu (fração sólida), os
quais são utilizados para a produção de inúmeros produtos como vernizes, colas,
tintas, esmaltes, solventes, fragrâncias e outros produtos comumente utilizados
como matéria-prima da industrialização da química fina. Os preços da resina se
mantiveram estáveis até a crise de 2008, quando os preços caíram sensivelmen-
te, e após uma forte recuperação, o seu topo foi em 2010, quando atingiu os R$ 4
mil / tonelada, período este que chamou muita atenção de todos, tanto resineiros
quanto consumidores e proprietários de florestas, e muitos imaginaram que os
preços permaneceriam elevados, porém os preços voltaram a cair, e mantiveram-
-se estáveis em 2012, com uma nova onda de alta em 2013 atingindo novos topos
(PINUSLETTER, 2010).
A composição dos preços da resina depende de muitos fatores, internos
e externos. O custo de produção. A oferta de matéria prima e demanda dos deri-
vados no mercado interno e externo, a oferta dos produtos asiáticos no mercado
internacional, variações cambiais, entre outros fatores.

4.6 Óleos Essenciais


4.6.1. Propriedades dos Óleos Essenciais

Óleos essenciais ou voláteis são produtos de metabolismo dos vegetais, po-


dendo ocorrer na raiz, tronco, folha, flor, fruto e semente. Porém, ocorrem predo-
minantemente nas bolsas oleíferas ou nos espaços intercelulares das folhas. Seus
principais componentes são os terpenos, os álcoois, os aldeídeos, as cetonas e
os ésteres. Os óleos voláteis podem ser extraídos dos tecidos vegetais mediantes

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arraste por vapor, maceração e extração por gordura ou por solvente. Dentre as
espécies florestais, os eucaliptos se destacam como produtores de óleo essencial.
A sua extração é normalmente feita através da destilação das folhas (arraste por
vapor), como ilustra a figura 11 a seguir:

Figura 14. Extração de óleos essenciais. Fonte: TRANCOSO et al., (2013).

O Brasil está colocado entre os países mais produtores de óleo de eucalipto. A


espécie mais plantada e que é usada comercialmente para a produção de óleo essen-
cial é o (Eucalyptus citriodora). Entretanto, o óleo desta espécie não é medicinal.
Os óleos essenciais são utilizados na fabricação de sabão, detergente, de-
sinfetante, cola de breu, verniz, plástico, lubrificante pastoso, produtos farmacêu-
ticos e outros produtos.

4.7 Taninos
4.7.1 Propriedades dos Taninos

Taninos são substâncias químicas da classe dos polifenóis, cuja proprieda-


de característica consiste em se combinarem com as proteínas das peles dos ani-
mais, tornando-as imputrescíveis, razão pela qual são empregadas no curtimento.
No Brasil, os curtumes utilizam o tanino procedente quase que exclusivamente da
casca de árvores.
A acácia-negra (Acacia decurrens), de origem australiana, apresenta de 30
a 40% de tanino na casca. Muito cultivada no Rio Grande do Sul, passou a ser a
principal fornecedora de tanino na região sul do país. Entre as espécies nativas
que produzem tanino em grande quantidade está o barbatimão (Stryphnodendron
barbatiman). É uma pequena árvore, dotada de casca espessa e que apresenta de
20 a 30% de matéria tanante. A espécie ocorre em todo o cerrado central e supri a
demanda dos curtumes dessa ampla região.

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4.8 Corantes
4.8.1 Propriedades dos Corantes

No passado, os corantes vegetais eram muito procurados, provavelmente


competindo com os condimentos, como objeto de comércio colonial. Todas as par-
tes do organismo vegetal podem conter corantes. O pau-brasil (Caesalpinia echi-
nata) apresenta em sua madeira dois pigmentos responsáveis pela cor vermelha
da madeira, a brasilina, (C16H4O6) e a brasileína (C16H3O5), matérias corantes
muito exploradas no passado e que deu origem ao nome de nosso país. Entre ou-
tras espécies produtoras de corantes, está o jenipapo (Genipa americana), originá-
ria da América Central e do Sul e das sementes destas árvores, os índios extraiam
uma tinta que era utilizada para pintar a epiderme.

4.9 Látex
4.9.1 Propriedades do Látex

Látex é uma emulsão resinosa natural, formada principalmente por hidro-


carbonetos complexos. O látex é um fluído leitoso encontrado em células secreto-
ras especiais, geralmente do floema. A seringueira (Hevea brasiliensis), nativa da
Floresta Amazônica brasileira, está entre as principais plantas dotadas de látex, de
real importância para a produção de borracha.
A seguir na figura 12, são apresentadas características de extração e produ-
ção de látex no Brasil, mostrando os sistemas suspensos de produção porta-en-
xertos de seringueira (Hevea brasiliensis) (GUIDUCCI et al., 2014).
Seringueira é uma árvore perene e de crescimento rítmico. Pertence à Família: Eu-
phorbiaceae, de espécie: Hevea brasiliensis e origem de Floresta tropical úmida.

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Figura 15. Extração e produção de látex no Brasil.
Fonte: (SOUZA, 2007); (JACOVINE et al., 2006).

4.9.2 Produtos de excreção vegetal

Açúcares (resultantes do metabolismo primário) e Amido (reserva/é um po-


lissacarídeo). Os açúcares e amido são resultantes do metabolismo primário. A
origem nos vegetais - metabolismo primário (fotossíntese).
A seguir na figura 13, é apresentado um esquema geral simplificado da inter-
face entre o metabolismo primário e as vias de síntese dos metabólitos secundários.

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Figura 16. Esquema geral da interface entre o metabolismo primário e as
vias de síntese dos metabólitos secundários. Fonte: TAIZ & ZEIGER (2009).

Açúcar são carboidratos (monossacarídeos - moléculas pequenas); Oligos-


sacarídeos (2 a 6 moléculas) - doce, solúvel, baixo peso molecular. Polissacarídeos
em geral insolúvel, insípido, alto peso molecular, por exemplo, amido (amilase e
amilopectina - milho e batata).
Localização no vegetal: Açúcares - todas as células e tecidos, frutos, cau-
les, raízes, bulbos, flores. Reserva: amido e sacarose. Amido contém plastídios,
amiloplastos que acumulam amido. Por exemplo: principais raízes e frutos.
Funções nos vegetais: Energia, reserva, estímulo de hormônios (auxina) e
termoproteção.

4.10 Amido
4.10.1 Propriedades do Amido

O amido é um carboidrato encontrado em abundância na natureza, só com-


petindo em quantidade com a celulose. Apresenta-se na forma de grânulos com
formato e tamanho dependentes da sua fonte botânica. Devido as suas proprieda-
des físico-químicas e funcionais exclusivas, este carboidrato tem grande impor-
tância nos mais diversos setores industriais. Na indústria de alimentos nacional e
na internacional o amido é utilizado como ingrediente, podendo, entre outras fun-

ISBN 978-65-87877-18-1 BOTÔNICA ECONÔMICA | 55


ções, facilitar o processamento, fornece textura, servir como espessante, fornece
sólidos em suspensão ou proteger os alimentos durante o processamento. Pode
ser utilizado na sua forma natural ou, por intermédio de processamentos adicio-
nais, dar origem a produtos como amidos modificados, xaropes de glicose, malto-
se ou frutose e maltodextrinas, entre outros (FRANCO et al., 2001).
Os grânulos de amido são misturas heterogêneas de duas macromoléculas,
amilose e amilopectina, que diferem no tamanho molecular e grau de ramificação.
A amilose é uma molécula essencialmente linear formada por unidades de glicose
ligadas em α-1,4, apresentando pequeno número de ramificações (BULÉON et al.,
1998), enquanto a amilopectina é uma molécula altamente ramificada, também
composta de unidades de glicose ligadas em α-1,4, mas com 5 a 6% de ligações
α-1,6 nos pontos de ramificação
A compreensão da estrutura dos grânulos de amido é importante no en-
tendimento de suas propriedades físico-químicas, as quais determinam o com-
portamento do amido natural ou modificado, nos mais diversos processos indus-
triais a que eles normalmente são submetidos. As propriedades de gelatinização
do amido estão relacionadas a vários fatores, incluindo proporção de amilose e
amilopectina, tipo de cristalinidade, tamanho e estrutura do grânulo de amido. A
amilopectina contribui para o inchamento do grânulo, enquanto a amilose e os lipí-
dios o inibem (FRENCH, 1984).
As fontes de amido mais utilizadas mundialmente são, em grande parte, as
de cereais como milho e trigo, e as de raízes e tubérculos, como mandioca, batata e
batata-doce. Pesquisas para utilização de outras raízes e tubérculos, como fontes
de amido, são recentes principalmente porque essas matérias-primas se desen-
volvem melhor em climas tropicais, onde está localizada a maioria dos países em
desenvolvimento (FRANCO et al., 2001).
Globalmente, do ponto de vista comercial, a extração do amido é realizada
a partir de duas principais fontes: a primeira por cereais - como milho, arroz e tri-
go; e a segunda por raízes e tubérculos - como a mandioca e a batata. No Brasil,
em virtude da alta disponibilidade do cereal, da facilidade para estocagem após
a colheita, da melhor adequação às condições climáticas; do aproveitamento de
praticamente todas as partes do grão (óleo, fibra, proteína e amido) e principal-
mente, pelo alto percentual de amido contido no grão, o milho é uma das fontes
mais utilizadas, principalmente as variedades milho (dent) e milho ceroso (waxy),
veja na Tabela 07 as principais propriedades do amido.
Outra fonte amplamente utilizada no país é a mandioca. De acordo com a
legislação brasileira, os amidos são produtos amiláceos extraídos de partes co-
mestíveis de cereais, tubérculos, raízes ou rizomas. No Brasil, os amidos extraídos
de tubérculos, raízes e rizomas são comumente denominados como fécula.
Os amidos têm uma imensidade de aplicações em todos os setores alimen-
tícios, devendo sua aplicação ser conduzida com base nas legislações vigentes de
cada país.

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Os derivados do amido são: amido solúvel, por exemplo, glúten; dentrina,
por exemplo, cola e goma; Glucose, por exemplo, mel “marca karo” e Nitro – ami-
do, por exemplo, explosivo.

Tabela 07. Propriedades gerais do Amido. Fonte: (CEREDA, M. et al.2002).

Com uma vasta gama de aplicações nos mais diversos segmentos, o amido
tem papel importante na indústria de alimentos, papel e corrugados, petrolífera,
construção civil, química, farmacêutica, têxtil, de bens de consumo e muitas ou-
tras. Destacando-se pela grande importância para a indústria alimentícia, entre as
inúmeras funções dos amidos, pode-se elencar viscosidade, cremosidade, estabi-
lidade, adesividades e formação de filme como as principais.

Veja na figura 14 abaixo, a presença de Amido na indústria.

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Figura 17. Apresentação da utilização econômica do
amido na indústria. Fonte: (CEREDA, M. et al.2002).

4.11 Pectina
4.11.1 Propriedades da Pectina

A pectina refere-se a uma família de oligossacarídeos e polissacarídeos, com


características comuns, todavia extremamente diversos em sua estrutura fina. São for-
madas de Ácido Poligalocturânico e arabinose; Ácido Poligalocturânico e galactose.
Sua distribuição e localização nos vegetais em diversos órgãos (frutos e regi-
ões interfibras). E suas Funções no vegetal: função estrutural (mantém as células se-
paradas); se encontra na primeira camada de formação (da membrana celulósica).
A pectina deve ser constituída de, no mínimo, 65% de ácido galacturônico
(VORAGEN et al., 2009).
Devido à grande variedade de matérias-primas existem também grandes
diferenças no poder geleificante de preparações de pectina. A pectina comercial
em pó pode ser classificada como de alta metoxilação (HM ou AM), com percentual
de grupamentos esterificados na cadeia (grau de esterificação ou DE) superior a
50%, porém na prática apresenta-se entre 50 e 75%, ou de baixa metoxilação (LM
ou BM), com DE inferior a 50%, na prática entre 20 e 45% (WILLATS et al., 2006).
Industrialmente, a pectina extraída é separada do bagaço utilizando pren-
sas hidráulicas e/ou centrifugação. Algumas vezes, ocorre gelatinização do amido
e é necessário tratamento enzimático preliminar com amilases. Subsequentemen-
te, o extrato é filtrado e, finalmente, concentrado.

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Na preparação de pectinas em pó, o extrato líquido concentrado é tratado
com solventes orgânicos ou certos sais metálicos para precipitar os polímeros. A
pectina precipita em concentrações de etanol mais elevadas que 45% (m/v). Me-
tanol, etanol e 2-propanol podem ser usados. Para minimizar o volume de álco-
ol, o extrato clarificado pode ser concentrado em evaporadores multiestágio até
3-4% de teor de pectina. O precipitado obtido pela adição de etanol é lavado pos-
teriormente para remover contaminantes na forma de metais pesados, resíduos de
agrotóxicos, ácidos, açúcares, compostos fenólicos, pigmentos e outros materiais
insolúveis em álcool. A pectina precipitada é coletada, seca e moída (WILLATS et
al., 2006). Veja na tabela 08 abaixo as pectinas e quantidade de acidez em deter-
minadas frutas.
A utilização econômica da Pectina: Indústria têxtil, por exemplo, linho. Em
alimentos (geleias, maioneses, estabilizadores de emulsões). Na medicina (anti-
diurético, contra prisão de ventre...).

Pectina
Pectinas e acidez Pouca Pectina e Pouca Pectina e
adequada e
adequada acidez adequada ácido
pouco ácido

Bananas verdes
Maças maduras
Figos verdes
Frutas cítricas Figos maduros
Melão maduro -
Goiabas maduras Damascos Romã
(pingo de limão
Uvas maduras Morangos Pêssegos
ou vinagre), por-
Amora Pêras
que o melão não
Maracujá
tem acidez.

Tabela 08. Pectinas e acidez – Frutas para geleia. Fonte: (CRUESS, 1973).

4.12 Coloides
Os coloides são misturas que apresentam o aspecto de soluções, isto
é, uma mistura homogênea, mas, ao fazer-se uma análise mais detalhada dos
componentes da mistura, percebemos que se trata de uma mistura heterogênea.
No nosso dia a dia, os coloides estão presentes nas mais variadas formas, como
leite, cremes, fumaça e neblina.
O leite, apesar de parecer uma mistura homogênea, é um exemplo de co-
loide. Os coloides são classificados como misturas heterogêneas com, pelo me-
nos, duas fases e são compostas por dispersante e disperso. O primeiro equivale
ao solvente de uma solução, e o segundo corresponde ao soluto e possui tamanho
médio de 1 nanômetro (nm) a 100 nm — 1 nm = 10-9 m. As partículas coloidais não
se sedimentam e não podem ser separadas por filtração simples, devido ao seu ta-

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manho. Por esse mesmo motivo, os sistemas coloidais possuem, em alguns casos,
a aparência de uma mistura heterogênea.

4.12.1 Propriedades dos coloides

Os princípios relacionados com os diferentes sistemas coloidais baseiam-


-se em propriedades comuns a todos os colóides: tamanho e elevada relação área/
volume de partículas (SHAW, 1975). As partículas dispersas podem ter tamanhos
diferentes e por isso o sistema coloidal é denominado polidisperso. Na prática, a
maioria dos colóides obtidos pelo homem é polidispersa. Os sistemas com partícu-
las de um mesmo tamanho são monodispersos. As macromoléculas de proteínas
sintetizadas biologicamente têm todas um mesmo tamanho e massa molecular,
por isso dão origem a colóides monodispersos. Diversos pesquisadores obtiveram
colóides monodispersos de polímeros sintéticos, de metais, de óxidos metálicos e
de cloreto de prata.
Sol é um colóides constituído de partículas sólidas finamente divididas dis-
persas em um meio de dispersão líquido. Outras denominações – hidrossol, orga-
nossol ou aerossol – são atribuídas segundo o meio de dispersão utilizado: água,
solvente orgânico ou ar, respectivamente. Quanto à interação entre as moléculas
da fase contínua e da fase dispersa, os sóis são classificados em liofílicos, que
apresentam partículas dispersas com maior afinidade com o solvente, são mais
estáveis e semelhantes à solução verdadeira, e liofóbicos, cujas partículas não
atraem fortemente as moléculas de solvente e coagulam ou precipitam facilmen-
te. Essas dispersões coloidais mais concentradas formam sistemas mais viscosos
denominados pastas, utilizadas, por exemplo, na fabricação de creme dental.
Gel é um colóides no qual a interação do líquido com partículas muito finas
induz o aumento da viscosidade, tornando-se uma massa com partículas organi-
zadas no meio de dispersão formando uma rede de partículas enfileiradas como
um colar. Esses colóides formam uma rede com natureza elástica e gelatinosa, tal
como gelatina ou geleia de frutas, ou como um sólido rígido como sílica gel, muito
usada em embalagens como agente secante. Géis podem contrair e eliminar o sol-
vente, processo este denominado de sinérese.
Espuma é um sistema coloidal constituído de bolhas de gás muito peque-
nas dispersas em um meio líquido, como no caso da espuma de sabão, ou em um
meio sólido, como a espuma de poli(estireno) conhecida como isopor®. As bolhas
podem coalescer, isto é, colidirem umas com as outras, e do encontro de duas for-
mar uma bolha maior. Esse processo de coalescência causa a quebra da espuma,
o que determina a instabilidade do sistema coloidal. É por isso que as espumas de
combate a incêndio são feitas com bolhas de gás carbônico provenientes de car-
bonato de sódio e sulfato de alumínio e estabilizadas com proteínas (sangue seco,
gomas) ou mais recentemente substâncias tensoativas, conhecidas como deter-
gentes, que previnem a coalescência (FIGUEIREDO et al., 1999; FERREIRA, 1999).

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As proteínas são boas estabilizantes de espumas em alimentos, tais como
clara de ovo batida em neve, marshmallow e creme chantili. Por outro lado, espu-
mas podem ser indesejáveis; por exemplo, os efluentes de matadouros não-tra-
tados adequadamente contêm grande quantidade de proteínas (sangue, tecidos
animais) que, se despejados nos rios, podem misturar-se com água contendo de-
tergentes e formar espuma devido à correnteza, causando transtornos ambientais.
Detergentes são substâncias sintéticas com propriedades tensoativas, isto é,
alteram a tensão interfacial quando dissolvidas em um solvente. A tensão interfacial
está relacionada com o trabalho necessário para manter as moléculas de uma fase na
superfície ou interface, permitindo, por exemplo, que a libélula pouse sobre a superfície
da água sem romper a película de água da superfície. Também denominados surfac-
tantes (do inglês surface active agents = surfactants), detergentes não são obtidos da
saponificação de óleo e gordura, tal como é o sabão. As moléculas associam-se em so-
lução, acima de uma determinada concentração crítica para cada detergente; por isso
são também conhecidos como colóides de associação.
Da associação das moléculas de detergente resultam as micelas, agregados
moleculares na faixa de tamanho dos colóides. Usados principalmente para limpe-
za na cozinha e para lavar roupas, os detergentes são aplicados também em meio
orgânico em óleos lubrificantes de motores e em gasolina, prevenindo, respecti-
vamente, o acúmulo de resíduos de carvão nos pistões e o crescimento de gomas
(polímeros) no carburador.
Emulsão e microemulsão são dispersões coloidais de um líquido em outro,
geralmente estabilizadas por um terceiro componente tensoativo (emulsificante)
que se localiza na interface entre as fases líquidas. Entre os emulsificantes mais
usados pode-se citar proteínas (ovoalbumina, caseína), gomas (gelatina), sabões e
detergentes, argilas e óxidos hidratados. Há dois tipos de emulsão, conforme a pro-
porção das fases: água em óleo, com gotículas de água dispersas na fase contínua
óleo, e óleo em água, gotículas de óleo dispersas em água. O termo óleo refere-se
à fase orgânica e água à fase aquosa. Esse sistema coloidal é vastamente utiliza-
do na apresentação de produtos farmacêuticos (cremes), alimentícios (maionese,
margarina, leite), industriais (petróleo, lubrificantes, asfalto).
Além da proporção das fases aquosa e orgânica, a natureza hidrofóbica/
hidrofílica do emulsificante determina a formação de emulsão água/óleo ou óleo/
água. Diferentes fenômenos ocorrem em emulsão, tais como:
i) cremeação (creaming), que resulta da flutuação das gotas dispersas para a
superfície da emulsão;
ii) coagulação das gotas, que causa a formação de agregados constituídos de
gotas individuais, processo este que também aumenta o creme;
iii) coalescência das gotas individuais, que formam gotas maiores até estender
a fase finamente dispersa a ponto de quebrar a emulsão. Exemplo de coa-
lescência é a coagulação das gotas de gordura pela ação de ácido acético
(vinagre) seguida da precipitação de caseína (proteína do leite).

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Abaixo na tabela 09 são apresentados os principais tipos de coloides e carac-
terísticas principais.

Tabela 09. Tipos de cada sistema coloidal. Fonte: (SHAW, 1975).

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5. CAPÍTULO
5. 1 Etnobotânica e Etnofarmacologia
A Etnobotânica é uma área recente, a primeira referência foi do (Harshber-
ger, 1890); e a primeira publicação dou do (FAULKES, 1958) pelo estudo das plan-
tas utilizadas pelos povos aborígenes (relação homem com o vegetal) refletindo
cultura, crenças e tradições de um povo.
Etnofarmacologia é o uso pelos povos das plantas que curam envolvendo
pesquisas multidisciplinares com Botânico, Historiador, bioquímico... resgatando
o conhecimento individual e descobrindo recursos naturais com Ética pelo uso da
propriedade intectual do conhecimento, início de patentes para exploração de pa-
íses mais desenvolvidos.
A Etnofarmacologia e outras áreas com uso da Botânica utilizam pratica-
mente a Metodologia:
- Estudos de campo (observação participante)
- Identificação de espécies vegetais, herbários e material de literatura dos povos
(inclusive textos ou diários não publicados).
- Exames esculturais, construções e pinturas.
- Exame sítios arqueológicos e plantas fósseis.
- Informantes (entrevistas).

5.2 Tipos de vegetais classificados por princípio


ativos (Plantas Medicinais, Plantas Tóxicas, Plantas
Alucinógenas, Plantas Inseticidas, Plantas Herbicidas e
Plantas Biodinâmicas)

 Plantas medicinais
Princípio ativo – cura enfermidades.

 Plantas tóxicas
Princípio ativo – provoca intoxicações leves ou agudas.

 Plantas alucinógenas
Princípio ativo – produz alterações no sistema nervoso central.

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 Plantas inseticidas
Princípio ativo- provoca morte de insetos; esterilização de machos, inter-
rompe ciclo vital.

 Plantas herbicidas
Princípio ativo - impede desenvolvimento de outras espécies vegetais eli-
minando competição. Ex. eucaliptos.

 Plantas biodinâmicas
Plantas que possuem princípio ativos. Ex. todas.

OS PRINCÍPIOS ATIVOS DAS PLANTAS MEDICINAIS


As pesquisas com plantas medicinais vêm do estudo da maneira de uso jun-
to a química, origem da Farmacologia. Estudo com extratos brutos (planta moída),
frações, substâncias isoladas, estruturas, síntese.
Química: fornecimento de substâncias isolada ou de análogos
Farmacologia: perfil farmacológico e toxicológico das substâncias isoladas
ou sistematizadas – testes pré-clínicos.
Farmacologia clínica: ensaios clínicos controlados, (1-Coleta, 2-secagem,
3-herborização).
Soluções extrativas (grau de fragmentação; agitação; temperatura, facilita
volátil, natureza solventes, pH e tempo).
Segundo FURLAN (1998), conhecer o que é produzido pelas plantas e o que
as torna possuidoras de efeito medicinal é fundamental para o uso terapêutico.
De modo geral as plantas apresentam diversas substâncias, que nelas tem função
sinergética, ou seja, estas substâncias produzidas e assimiladas têm a função de
nutri-la e protegê-la durante seu período de vida e podem ser encontradas em to-
das as partes do vegetal: raiz, caule, ramos, folhas, flores, sementes e ou frutos.
Atualmente, sabemos que algumas destas substâncias podem ter ação no
organismo humano e, se utilizadas de maneira correta, atuam como medicamen-
to, seja ele preventivo, paliativo ou curativo. Estas substâncias são chamadas de
princípios ativos e, embora uma planta apresente mais de um princípio ativo, ge-
ralmente, um grupo determina sua ação principal, de forma que uma planta medi-
cinal, mesmo possuindo diversas propriedades, sempre apresentará uma que se
sobressai.
É necessário ressaltar que fatores internos e externos podem afetar a con-
centração dos princípios ativos da planta. O estágio de desenvolvimento ou as di-

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ferenças que ocorrem entre as variedades são exemplos de fatores internos. Entre
os fatores externos podem ser citados o tipo de solo e as variações ambientais
como a temperatura, incidência de luz, altitude e taxa de umidade. (FURLAN, 1998)
Os princípios ativos são classificados de acordo com as classes de substâncias que
os constituem. Vejamos na tabela 10 a seguir os principais princípios ativos com
funções medicinais dos vegetais e informações a respeito de cada um:

Tabela 10. Principais princípios ativos com funções medicinais dos


vegetais e informações a respeito de cada um (FONTE: FURLAN, 1998).

O estudo das plantas medicinais envolve verificar:


Dose - Dose pequena (anestésico); Dose elevada (lesões e morte). Ex: morfina
Ecotipia - Condições ambientais afetam princípio ativo. Ex: condições ambientais
afetam princípio ativo. Ex: plantas que cultivam em locais, cimas diferentes po-
dem ter princípio ativo em excesso ou não.
Interações – Um remédio interfere em outro quando toma ao mesmo tempo. Ex:
antagonismo; neutra (sem interferência); sinergismo (soma e efeito).
Frequência de uso - Substâncias cumulativas; Dependência física e psicológica;
Tolerância (diminui resposta).

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Susceptibilidade de cada indivíduo - (As pesquisas são realizadas através - en-
trevistas). (Entrevistas Abertas: perguntas padronizadas, seguem mesma ordem
e maneira de aplicação possibilita comparação das respostas e facilita organiza-
ção. Entrevistas fechadas: perguntas preparadas de modo a levar informante a
acomodar suas experiencias e sentimentos nas categorias do investigador. Entre-
vistas informais é uma conversa sobre diversos temas. Entrevistas estruturais =
assunto (direcionado) previamente determinados com direcionamento de sequ-
ência e dinâmica, mas perguntas não são pré-determinadas).
Fitopreparação - Envolve maceração vegetal com solvente em temperatura
ambiente.
Tintura- vegetal triturado com solvente frio (geralmente álcool), ficando algum
tempo.
Digestão – vegetal mais solvente em banho-maria 37C.
Infusão- lançar vegetal sobre solvente fervente infuso.
Decocção – primeiro a maceração, depois aquece à ebulição, gera o decocto.
Xaropes - decocção mais viscosas com mais açúcar.
Pomadas- maceração e evapora solvente, fica massa ou solvente sólido (gordu-
ra).
Gás - infusão com princípio ativo volátil (inalação).
Farmácia Caseira
Chás e Infusão:
- Para bronquite – tomar quente.
- Para problemas digestivos – tomar frio ou gelado.
Tisana – adicionar a erva sobre água fervente, deixar 5 minutos e filtrar.
Vinho medicinal – maceração em vinho, deixar mais ou menos 8 dias. Exemplo
– alecrim para dor de garganta.
Suco medicinal - Pó - via oral ou tópico. Secar e triturar.
Unguento – pomada para uso imediato. Principalmente usado em animais.
Cataplasma – esmagar as ervas até formar uma pasta que é colocada sobre a
parte doente. Pode misturar azeite ou misturar a farinha com água e aplicar
envolvido em pano fino (Ex: furúnculo e tumores).

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6. CAPÍTULO
6.1 Óleos Essenciais, Óleos Aromáticos e Óleos Voláteis -
Utilização econômica
Os Óleos Essenciais, Óleos Aromáticos e Óleos Voláteis resumidamente são
utilizados na perfumaria; aromatizante; conservante; inseticida e terapêutico).
Formados: pelas 3 vias do metabolismo secundário (Malonato, Mevalonato e Chi-
quimato). Composição química variada - hidrocarbonetos, álcoois, ácido orgânico,
ésteres, aldeídos, cetonas, fenóis, compostos orgânicos nitrogenados e sulfura-
dos, terpenos.

6.1.2 Propriedades gerais dos Óleos Essenciais, Óleos Aromáticos


e Óleos Voláteis

Em geral são incolores podendo ser amarelos quando associados a caro-


tenoides ou esverdeados quando associados a clorofila. Aroma e sabor intenso
e agradável, variável. Densidade 0.84m a 1.17g/ml. Pouco polarizado (tem exce-
ções) – baixa solubilidade em água, mediana em álcool e completa em solventes
apolares com o éter, hexano e clorofórmio, pode ser solúvel em lipídeos e resinas.
Sensível a luz e ao ar (pode alterar propriedades).
Distribuição e localização – praticamente todos os vegetais produzem e
acumulam óleos essenciais. Ocorre em maior quantidade nas famílias: lauráceas,
mirtáceas, labiáceas, composta, rutáceas e umbelífera. Ocorre em todos os órgãos
vegetais, mais abundantes em flores (atrais polinizadores e repelir predadores e
alguns com propriedades antissépticas).

6.1.3 Métodos de extração dos Óleos Essenciais, Óleos Aromáticos


e Óleos Voláteis

 Arraste por vapor d’água sem pressão;


 Arraste por vapor d’água com pressão;
 Pressão mecânica;
 Extração por gordura fria;
 Extração com solvente.
Óleos essenciais são formados dentro de glândulas internas no parênquima nos
canais resiníferos (óleos essenciais dissolvidos em resinas), Pêlos glandulares que
podem ter a glândula excretora no ápice ou na base ou ainda envolvendo (ex. tri-
comas).

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Classificação:

Óleos essenciais aromáticos (tem anel benzênico) - são formados na via do


Malonato, de metabolismo secundário (ex. Eucaliptos - Eucaliptol – princípio
ativo (Mentol - Hortelã), e possuem estrutura aromática, exemplos: os produtos
produzidos por criptógamas.
Óleos essenciais terpenóides: quando são formados na via do Mevalonato. Ex.
Sálvia.
Óleos essenciais fenólicos: são formados na via do Chiquimato (princípio ativo
piperonal). Ex: orégano, pimenta do reino. Ex. orégano (princípio ativo - timol).
Óleos fixos: Lipídeos semelhantes a gorduras animais. Via Malonato.
Podem ser encontrados nas formas:
- Óleo de “cozinha”- sempre líquido (estrutura insaturada);
- Gordura - sólida ou líquida dependendo da temperatura (estrutura saturada);
- Cera - sólido, duro (estrutura monohídrica).
Composição química:
- Triglicérides;
- Ácidos graxos saturados (gordura - sólido);
- Ácidos graxos insaturados (óleo- líquido).
- Ceras - são ésteres de álcoois monohídricos, mistura são alcanos, insaturados.

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