Alegacoes Finais

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Marinho & Silvério Advogados Associados

MERITÍSSIMO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL ADJUNTO CRIMINAL DA


COMARCA DE ARARUAMA - RJ

Processo 0004088-85.2021.8.19.0052

JORGE ANTONIO BARBOSA LIMA, já qualificado nos autos do processo


em epígrafe, sem endereço eletrônico na qual para intimações indica o endereço
profissional de seus patronos sito à Avenida Getúlio Vargas, n.º 221, Sala 606,
Centro, Araruama/RJ, CEP: 28970-000, endereço eletrônico:
[email protected], vem mui respeitosamente perante Vossa
Excelência, com fulcro no artigo 403, §3º do Código de Processo Penal
apresentar:

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS

Em virtude das razões de fato e de direito que passa a aduzir.

DOS FATOS

O Ministério Público imputa ao SAF a prática de Descumprimento de Medidas


Protetivas de Urgência previstas no art. 24-A da Lei nº 11.340/2006 e art. 147-
A, §1º, II, do Código Penal proferida nos autos do processo em epígrafe.

Narra a inicial acusatória que no dia 30 de janeiro de 2023, em via pública, no


Centro de Araruama/RJ teria Jorge descumprido decisão judicial que deferiu
Av. Getúlio Vargas n.°221, sala 606, Centro, Araruama – RJ.
Tel.: (22) 974015678 ou (22) 998348536
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medidas protetivas de urgência e ainda, que no dia 23 de maio de 2023, na
direção de veículo automotor, passou em alta velocidade próximo à ofendida,
que andava em via pública.

A denúncia foi recebida pelo juízo competente e, após regular instrução


processual, a defesa passa a apresentar suas Alegações Finais, com o objetivo
de demonstrar a ausência de provas suficientes para a condenação do réu e,
ainda, abordar outras questões relevantes para o deslinde da causa, como a
prescrição da pretensão punitiva, mencionada a seguir na preliminar.

DO MÉRITO

DA VERDADE DOS FATOS

O SAF é motorista e trabalha com transporte escolar. A SV ciente de suas


rotas diárias, o perseguia de forma reiterada, fotografando seu veículo
pessoalmente e solicitando que outras pessoas também o fizessem (sua irmã
por exemplo).

DA FALTA DE TIPICIDADE

No tocante a suposta prática de descumprimento de medida protetiva, observa-


se que falta TIPICIDADE, explico: No dia 30 de janeiro de 2023, o SAF estava
no estacionamento da Igreja Universal do Reino de Deus, após a realização do
culto, da qual é membro há anos, localizada no Centro de Araruama-RJ - outra
vez lugar de frequência habitual do SAF e o que era sabido pela SV - quando
foi abordado pela mesma solicitando uma documentação de seu filho. Que
Jorge ainda a alertou que eles não poderiam manter contato devido a
manutenção das medidas protetivas, o que foi ignorado pela mesma.

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Luciene se aproximou do réu de forma voluntária e consciente e, assim


fazendo, revogou tacitamente a medida protetiva de urgência e, não havendo
mais tal “medida”, não há de se falar em fato típico.

O art. 5º, XXXIX, da Constituição Federal e de modo idêntico, o art. 1º do


Código Penal dispõe narram:

“não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal”.

Trata-se do princípio da legalidade, portanto, não havendo tipicidade,


inexiste fato típico e, consequentemente, não há crime, devendo o réu ser
absolvido com fulcro no art. 386, III, do CPP.

DA FALTA DE DOLO ESPECÍFICO

No tocante a suposta prática de descumprimento de medida protetiva, observa-


se que falta DOLO ESPECÍFICO visto que o “segundo descumprimento” tratou-
se de caso fortuito de encontro em local público. O réu não teve a intenção de
descumprir as medidas protetivas.

Ocorre que o SAF tem por trajeto profissional diário o logradouro “Estrada
Embaixador São Vicente”, via esta que exige uma velocidade razoável
diferente de vias arteriais, coletoras e locais; estas últimas permitem trafegar
em baixa velocidade.

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Na ocasião narrada da peça acusatória, o SAF estava trafegando na
velocidade permitida, cumprindo sua agenda de distribuição das crianças em
suas respectivas escolas.

O elemento subjetivo do crime previsto no artigo 24-A é o dolo. Não há


previsão da modalidade culposa. Não é razoável presumir que o agente não
encontraria fortuitamente a SV em via pública, principalmente nos horários em
que exerce seu ofício de motorista escolar, tendo em vista que ele trabalha e
ambos residem na mesma localidade. Não havendo DOLO de
descumprimento da medida protetiva, não há que se falar em crime,
devendo o réu ser absolvido com fulcro no art. 386, III, do CPP.

DAS TESES SUBSIDIÁRIAS

Caso Vossa Excelência não acolha as teses acima expostas e entenda pela
condenação do réu, requer que a pena seja fixada observando-se as diretrizes
a seguir:

A fixação da pena-base no mínimo legal ante a ausência de circunstâncias


judiciais desfavoráveis ao réu (art. 59 do CP).

É cabível também a fixação do regime aberto, uma vez que a pena restará
fixada abaixo dos 4 (quatro) anos, sendo o réu primário (art. 33 §2 “c” do CPP).

É cabível ainda Excelência, a concessão de suspensão condicional da pena


prevista no art. 77 do CP.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência:

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1. No mérito, a absolvição do réu com base na FALTA DE TIPICIDADE e
na AUSÊNCIA DE DOLO ESPECÍFICO com fulcro no art. 386, III, do
CPP.

2. Subsidiariamente, caso não sejam reconhecidas “falta de tipicidade” e a


“ausência de dolo específico”, requer-se a aplicação da pena no mínimo
legal e a substituição da pena privativa de liberdade por multa, conforme
previsão do artigo 60 do Código Penal, dada a primariedade do réu, a
ausência de antecedentes criminais e a inexistência de circunstâncias
judiciais desfavoráveis.

3. a fixação do regime aberto, uma vez que a pena restará fixada abaixo
dos 4 (quatro) anos, sendo o réu primário (art. 33 §2 “c” do CPP).

4. a concessão de suspensão condicional da pena prevista no art. 77 do


CP.

Nestes Termos
Pede Deferimento.
Araruama, 26 de fevereiro de 2024.

GECÉ SILVÉRIO CRUZ DA SILVA


OAB/ RJ 212.748

GUSTAVO MARINHO DOS SANTOS


OAB/RJ 212.600

TIAGO LIMA CARDOSO


OAB/RJ 248.165

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