Avaliação SUS
Avaliação SUS
Avaliação SUS
OS DESAFIOS DA
AVALIAÇÃO EM
SAÚDE
2016 1
EM SAÚDE
2016
Ana Emilia Figueiredo de Oliveira
Regimarina Soares Reis
1ª Edição
Unidade XIV
São Luís
2016
Copyright © 2016 by EDUFMA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
Profa. Dra. Nair Portela Silva Coutinho
Reitora
Prof. Dr. Fernando Carvalho Silva
Vice-Reitor
Profa. Dra. Ana Emilia Figueiredo de Oliveira
Coordenadora Geral da UNA-SUS/UFMA
EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
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João Gabriel Bezerra de Paiva; Katherine Marjorie Mendonça de Assis; Luan Passos
Cardoso
Normalização
Edilson Thialison da Silva Reis - CRB 13ª Região, nº de registro - 764
ISBN: 978-85-7862-570-2
CDU 614.2:351
p.
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 9
2 A AVALIAÇÃO PARA QUALIFICAÇÃO DO SUS................................................... 10
3 SISTEMA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO SUS.................................. 15
3.1 Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde – IDSUS............................ 17
3.2 Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde (PNASS)..................... 22
3.3 Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica
(PMAQ).................................................................................................................... 26
4 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DO
SUS.......................................................................................................................... 35
4.1 Monitoramento e avaliação do processo de formulação dos instrumentos de
gestão do SUS........................................................................................................ 37
4.2 Monitoramento e avaliação do conteúdo dos instrumentos de gestão do >>
SUS.......................................................................................................................... 40
4.3 Monitoramento e avaliação do uso dos instrumentos de gestão..................... 45
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 53
1 INTRODUÇÃO
9
2 A AVALIAÇÃO PARA QUALIFICAÇÃO DO SUS
10
IMPORTANTE!
11
e métodos necessários ao fortalecimento das práticas de
monitoramento e avaliação do SUS.
III - articular e integrar as ações de monitoramento e avaliação
executadas pelos órgãos e unidades do Ministério da Saúde.
IV - desenvolver metodologias e apoiar iniciativas que qualifiquem
o processo de monitoramento e avaliação do SUS.
V - Viabilizar e coordenar a realização de estudos e pesquisas
visando à produção do conhecimento no campo do
monitoramento e avaliação do SUS.
VI - desenvolver ações com órgãos de controle interno e externo,
com outros órgãos da Administração Federal e com entidades
das áreas de informação e avaliação, visando a ampliar a
qualidade do monitoramento e avaliação do SUS.
VII - participar da coordenação do processo colegiado de
monitoramento, avaliação e gestão das informações do SUS.
VIII - sistematizar e disseminar informações estratégicas para
subsidiar a tomada de decisão na gestão federal do SUS
(BRASIL, 2011).
12
Unidades Básicas de Saúde. Seu êxito está condicionado à capacidade
dos gestores de mobilizar os atores locais em direção às mudanças das
condições e práticas de atenção, gestão e participação orientados por
diretrizes pactuadas nacionalmente. Esse é um exemplo de iniciativa da
esfera federal que fomenta a vivência avaliativa e pode desencadear o
comportamento das organizações de saúde para um processo de trabalho
pautado em processos de monitoramento e avaliação. A seguir veremos
que o PMAQ constitui os sistemas de monitoramento e avaliação do SUS
(BRASIL, 2015c).
Outros processos locais podem e precisam ser pensados para
complementar o exercício da prática avaliativa, até que alcancemos algum
status de institucionalização desse movimento. Precisamos aumentar
a visibilidade da utilidade potencial da avaliação, evidenciando como ela
poderá melhorar, facilitar, qualificar o trabalho em saúde. Não se deve
esperar pelas condições ideais para superação de problemas estruturais
que insistem em dificultar o aprimoramento e a qualificação da atenção
básica e do SUS (FELISBERTO, 2006).
Importante destacar ainda a publicação da Portaria
nº 1.517, de 24 de julho de 2013 que institui o Grupo de
Trabalho para a Elaboração da Política de Monitoramento e
Avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS).
13
O fomento dessa “cultura avaliativa” requer a qualificação da
capacidade técnica nos diversos níveis do sistema de saúde, ou seja,
os profissionais de saúde precisam estar prontos para avaliar e usar os
resultados da avaliação no seu cotidiano de trabalho; os usuários precisam
ser capazes de compreender como a avaliação resulta a seu favor; os
gestores devem conseguir usar a avaliação como uma das principais
ferramentas de trabalho. Para Felisberto (2004), somente assim será
viável uma efetiva associação das ações de monitoramento e avaliação
como subsidiárias ou intrínsecas ao planejamento e à gestão, dando
suporte à formulação de políticas, ao processo decisório e de formação
dos sujeitos envolvidos.
Por fim , destacamos as características de uma cultura avaliativa
voltada para a qualificação dos serviços de saúde (TROCHIM, 2002):
ü Perspectiva orientada para ação.
ü Orientada para ensino.
ü Diversa, inclusiva, participativa, responsiva e fundamental-
mente não hierárquica.
ü Humilde e autocrítica.
ü Interdisciplinar.
ü Honesta, procurando a verdade.
ü Prospectiva e com o olhar à frente.
ü Enfatizará processos justos, abertos, éticos e democráticos.
14
3 SISTEMA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO
SUS
15
E então a responsabilidade de monitorar e avaliar é do gestor local ou
da iniciativa federal?
Perceba que, além dos mecanismos de monitoramento e avaliação
relacionados às realidades e planejamentos locais, existe um processo
sistêmico que busca contemplar o SUS em sua perspectiva macro e ofe-
recer subsídios avaliativos aos gestores de saúde. Ambos os processos
não são excludentes e não há relação de superioridade entre eles. Dessa
forma, o fundamental é que as equipes de planejamento reconheçam a
necessidade de articulação entre os processos de monitoramento para
que as informações produzidas sejam aproveitadas da melhor maneira
possível na prática do trabalho em saúde.
Por exemplo, ao mapear a situação de saúde, como etapa inicial
da elaboração do Plano de Saúde, posso utilizar informações oriundas
do PNASS. Para elaborar os indicadores de acompanhamento da
Programação Anual de Saúde do meu município, devo considerar os
últimos resultados do PMAQ. O IDSUS pode servir de referência para as
reuniões de monitoramento que envolvam participação popular, como
indicador de compreensão democrática. Se o Plano de Saúde do meu
município contempla o fortalecimento das Redes de Atenção à Saúde,
seria incoerente não aderir ao PMAQ.
É preciso garantir o diálogo e a coerência entre as iniciativas para
que o esforço avaliativo seja aproveitado na totalidade do seu potencial e
para que os atores institucionais enxerguem como ele pode ser utilizado
na prática cotidiana.
Antes de passarmos ao detalhamento do Sistema de
Monitoramento e avaliação do SUS, ressaltemos, resumidamente, a
definição e objetivo dos instrumentos de gestão. (Quadro 1)
Quadro 1- Definição e objetivo dos instrumentos de gestão.
IMPORTANTE!
INSTRUMENTOS DEFINIÇÃO
Registro das intenções e
resultados a serem alcançados
Plano de Saúde (PS) no período de quatro anos,
expressos em objetivos,
diretrizes e metas.
16
Registro da operacionalização
das intenções que constam
no Plano de Saúde. Deve
Programação Anual de Saúde (PAS) apontar o conjunto de ações
voltadas à promoção, proteção
e recuperação da saúde, bem
como à gestão do SUS.
Registro dos resultados
alcançados com a execução da
Relatório Anual de Gestão (RAG) PAS. Deve orientar eventuais
redirecionamentos que se
fizerem necessários no PS e na
PAS.
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Planejamento do SUS
(PlanejaSUS): uma construção coletiva: trajetória e orientações de operacionalização.
Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 318p. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
17
IMPORTANTE!
18
èè Quais os objetivos específicos do IDSUS?
• Avaliar a rede de atenção à saúde quanto ao acesso e
resultados das ações e serviços de saúde na vigilância em
saúde e na atenção básica, especializada ambulatorial e
hospitalar, assim como de urgência e emergência.
• Identificar e avaliar problemas e deficiências do SUS,
subsidiando a superação destes.
• Ser referência para a construção de pactos de
compromissos entre gestores do SUS.
èè O que o IDSUS avalia?
• O SUS que atende aos residentes de cada município
brasileiro: na vigilância em saúde e na atenção básica
e especializada realizada no município de residência e
na atenção especializada realizada nos municípios de
referência, de uma região, de um estado ou nacional.
• O SUS que atende aos residentes em cada região de
saúde, estado, região brasileira e em todo o território
nacional.
19
Quadro 2 - Modelo avaliativo do Índice de Desempenho do SUS (IDSUS).
20
Quadro 3 – Indicadores adotados para compor o Índice de Desempenho do SUS (IDSUS).
ATENÇÃO BÁSICA
residente.
ATENÇÃO BÁSICA
INDICADORES DE EFETIVIDADE
Fonte: Adaptado de: OLIVEIRA, P.T. R.; SELLERA, P.E.G.; REIS, A.T. O monitoramento e a Avaliação
na gestão do Ministério da Saúde. Revista Brasileira de Monitoramento e Avaliação, n.5,
jan./jun. 2013.
21
AGORA É COM VOCÊ!
22
estabelecimentos de atenção especializada e dando origem ao PNASS
(BRASIL, 2015a).
De maneira geral, o PNASS visa avaliar todos os estabelecimentos
de atenção especializada em saúde, ambulatoriais e hospitalares,
contemplados com aporte financeiro proveniente de programas, políticas
e incentivos do Ministério da Saúde.
As seguintes dimensões são avaliadas (BRASIL, 2015b):
• Estrutura.
• Processo.
• Resultado.
• Produção do cuidado.
• Gerenciamento de risco.
• Satisfação dos usuários em relação ao atendimento recebido.
Vejamos a seguir o detalhamento dos objetivos e da
operacionalização do PNASS que implicam nos serviços e esferas
gestoras municipal, estadual e federal.
23
Foram excluídos os estabelecimentos hospitalares considerados
como Hospitais de Pequeno Porte (HPP), definidos como aqueles
que tinham 49 leitos ou menos (leitos de especialidades mais os
complementares). Os HPP foram objeto de avaliação pelo Departamento
de Atenção Hospitalar e Urgências do Ministério da Saúde (DAHU/SAS/
MS) por meio de outro tipo de instrumento de avaliação. Somente serão
avaliados pelo PNASS os HPP que possuam algum tipo de habilitação de
acordo com os critérios citados anteriormente.
èè Como é a estrutura de funcionamento do PNASS?
O PNASS possui um conjunto de três instrumentos avaliativos
distintos (BRASIL, 2015a):
Roteiro de itens de verificação - avalia basicamente os vários
elementos da gestão e é composto por cinco blocos que, por sua vez, se
subdividem em 30 critérios ou tópicos (questões abertas/qualitativas).
Quadro 4 – Roteiro de itens de verificação.
BLOCOS CRITÉRIOS
1. Gestão de contratos
2. Planejamento e organização
I
GESTÃO 3. Gestão da informação
ORGANIZACIONAL 4. Gestão de pessoas
5. Modelo organizacional
6. Gerenciamento de risco e segurança do paciente
7. Gestão da infraestrutura e ambiência
II 8. Gestão de equipamentos e materiais
APOIO TÉCNICO E
9. Alimentação e nutrição (Serviço/Unidade)
LOGÍSTICO PARA
A PRODUÇÃO DE 10. Assistência farmacêutica
CUIDADO 11. Processamento de roupas e materiais
12. Serviços de apoio técnico e administrativo à atividade finalista do
estabelecimento
13. Integração nas Redes Atenção à Saúde (RAS)
III
GESTÃO DA 14. Protocolos administrativos e clínicos
ATENÇÃO À SAÚDE 15. Gestão do cuidado
E DO CUIDADO 16. Acesso à estrutura assistencial
17. Atenção imediata – urgência e emergência
18. Atenção em regime ambulatorial especializado
19. Atenção em regime de internação
IV 20. Atenção em regime de terapia intensiva
SERVIÇOS/
21. Atenção cirúrgica e anestésica
UNIDADES
ESPECÍFICAS 22. Atenção materna e infantil
23. Atenção em Terapia Renal Substitutiva
24. Atenção em Hemoterapia
25. Atenção em serviços de reabilitação
24
26. Obrigações dos estabelecimentos e responsabilidades
27. Atenção Radioterápica
V
ASSISTÊNCIA 28. Atenção em Oncologia Clínica
ONCOLÓGICA 29. Atenção Hematológica
30. Atenção Oncológica Pediátrica
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Pnass: Programa Nacional de Avaliação de
Serviços de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2015a.
25
AGORA É COM VOCÊ!
26
O PMAQ representa um modelo de avaliação de desempenho
dos sistemas de saúde, que pretende mensurar os possíveis efeitos
da política de saúde visando subsidiar a tomada de decisão, garantir a
transparência dos processos de gestão do SUS e dar visibilidade aos
resultados alcançados, além de fortalecer o controle social e o foco do
sistema de saúde nos usuários. Ratifica-se a potencialidade da Atenção
Básica enquanto lócus privilegiados para o exercício do monitoramento
e avaliação para fins de institucionalização desses processos (BRASIL,
2015d).
27
O programa eleva o repasse de recursos do incentivo federal para
os municípios participantes que atingirem melhora no padrão de qualida-
de no atendimento. O primeiro ciclo do programa foi lançado em 2011, e
em 2015 foi iniciado seu 3º ciclo com a participação de todas as equipes
de saúde da Atenção Básica (Saúde da Família e Parametrizada), incluindo
as equipes de Saúde Bucal, Núcleos de Apoio à Saúde da Família e Centros
de Especialidades Odontológicas que se encontrem em conformidade
com a PNAB (PORTAL DA SAÚDE, 2016a).
28
ü Transparência em todas as suas etapas, permitindo-se o
contínuo acompanhamento de suas ações e resultados pela
sociedade.
ü Envolver e mobilizar os gestores federal, estaduais, do Distrito
Federal e municipais, as equipes de saúde de atenção básica e
os usuários em um processo de mudança de cultura de gestão
e qualificação da atenção básica.
ü Desenvolver cultura de planejamento, negociação e
contratualização, que implique na gestão dos recursos
em função dos compromissos e resultados pactuados e
alcançados.
ü Estimular o fortalecimento do modelo de atenção previsto
na Política Nacional de Atenção Básica, o desenvolvimento
dos trabalhadores e a orientação dos serviços em função das
necessidades e da satisfação dos usuários.
ü Caráter voluntário para a adesão tanto pelas equipes de saúde
da atenção básica quanto pelos gestores municipais, a partir
do pressuposto de que o seu êxito depende da motivação e
proatividade dos atores envolvidos.
29
Figura 2 – Fases do PMAQ -3º Ciclo.
FASE 1 FASE 2 FASE 3
Adesão e Contratualização Certificação Recontratualização
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Programa
Nacional de Melhoria do Acesso e da qualidade da atenção básica: Manual Instrutivo 3º
Ciclo (2015 - 2016). Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
30
èè Autoavaliação - 10% da nota de avaliação.
31
• Coordenação do Cuidado:
- Percentual de recém-nascidos atendidos na primeira se-
mana de vida.
• Resolutividade:
- Percentual de encaminhamentos para serviço especia-
lizado.
- Razão entre tratamentos concluídos e primeiras consul-
tas odontológicas programáticas.
• Abrangência da oferta de serviços:
- Percentual de serviços ofertados pela Equipe de Aten-
ção Básica.
- Percentual de serviços ofertados pela Equipe de Saúde
Bucal.
• Para o NASF foi pactuado 1 (um) indicador:
- Índice de atendimentos realizados pelo NASF.
32
O instrumento de avaliação externa contempla elementos
relacionados às características estruturais e de ambiência na Unidade
Básica de Saúde e disponibilidade de equipamentos, materiais, insumos e
medicamentos que serão observados pelo avaliador de qualidade, assim
como elementos relacionados a organização do processo de trabalho que
serão verificados mediante entrevista com profissionais de saúde.
As questões que compõem o instrumento de avaliação externa
guardam coerência com os padrões descritos no instrumento de
autoavaliação (AMAQ). Esses documentos estão disponíveis no site do
Departamento de Atenção Básica.
Após o processo de avaliação externa, as equipes serão
classificadas, conforme o art. 6º, § 1º, da portaria GM/MS nº 1.645, de 2 de
outubro de 2015, (BRASIL, 2015d):
• Desempenho Ótimo.
• Desempenho Muito Bom.
• Desempenho Bom.
• Desempenho Regular.
• Desempenho Ruim.
O não cumprimento dos compromissos previstos na Portaria
GM/MS nº 1.465, de 02 de outubro de 2015, e assumidos no Termo de
Compromisso celebrado no momento da contratualização no PMAQ,
assim como as diretrizes e normas para a organização da atenção básica
previstas na Portaria GM/MS nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, a equipe
terá seu desempenho classificado como Insatisfatório. Nesse caso, o
gestor municipal deixará de receber o valor de incentivo referente a essa
equipe (BRASIL, 2015).
Em maio de 2012, o Ministério da Saúde iniciou o primeiro ciclo
do PMAQ visitando 17.304 equipes que atendem no SUS – o equivalente
a 53,3% do total de equipes de saúde da família no país (32.809) - que
aderiram ao programa em 3.972 municípios brasileiros (PORTAL DA
SAÚDE, 2016b).
Na avaliação, o componente relacionado à opinião dos cidadãos
também está sendo considerado. Já foram ouvidas as percepções de mais
de 47.000 brasileiros a respeito da qualidade da atenção básica, o que será
33
utilizado no momento da definição do volume de recursos financeiros que
serão transferidos aos municípios (PORTAL DA SAÚDE, 2016d).
34
4 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DOS
INSTRUMENTOS DE GESTÃO DO SUS
REFLETINDO!
35
juízo de valor e identificar fragilidades e potencialidades é necessário
observar como referência o que seria esperado.
Etapa Perguntas básicas
36
tação é facultada às esferas de gestão (BRASIL, 2010). O objetivo desse
modelo de avaliação sugerido é possibilitar um autodiagnóstico que sub-
sidie os gestores no fortalecimento e institucionalização das ações de
planejamento. Logo, os gestores que tem interesse em qualificar o pro-
cesso de planejamento podem lançar mão dessa metodologia como um
passo inicial para fortalecer essa área. Afinal, para que de fato seja possí-
vel instituir o planejamento no cotidiano da gestão, capilarizando-o para
todos os níveis organizacionais, é imprescindível valorizar e dar visibilida-
de às áreas/setores/profissionais da função planejamento.
O método proposto pelo Ministério da Saúde contempla os itens
descritos a seguir como referência (parâmetro) para o processo de
formulação do PS, PAS e RAG (BRASIL, 2010).
37
èè Parâmetros para avaliar a formulação dos instrumentos de
maneira geral
38
ü O Conselho de Saúde da respectiva esfera participa do
processo de formulação do PS.
ü O processo de elaboração do PS utiliza vários insumos/
instrumentos disponíveis, como: PPA; relatórios de
conferências de saúde; planos regionais e municipais de saúde;
relatórios de avaliação do Plano vigente; relatórios anuais de
gestão.
39
Na formulação do RAG adota-se uma proposta metodológica
com instrumentos padronizados, sendo realizada de forma sistemática
por meio de objetivos definidos, estratégias de ação, cronograma de
execução e instrumental próprio.
O processo de formulação do RAG faz uso dos diferentes insumos
disponíveis, como: PPA; relatórios de conferências de saúde; planos
regionais e municipais de saúde; relatórios de avaliação do Plano vigente;
relatórios anuais de gestão.
Podemos perceber, a partir das referências citadas, que no
processo de formulação dos instrumentos de gestão devem ser
consideradas suas relações com as demais esferas; a estrutura da área;
a capacidade dos instrumentos em influenciar o processo de decisão; o
exercício das competências/atribuições específicas da esfera em termos
de planejamento; uso do incentivo financeiro federal para implementação
do sistema de planejamento; aplicação das diretrizes, uso da metodologia
e dos instrumentos do Sistema de Planejamento do SUS como referencial.
Como devem ser os conteúdos do PS, PAS e RAG para que sejam
focados na institucionalização da avaliação?
A complexidade dos contextos, as diferenças estruturais e
organizacionais entre as diferentes esferas de gestão, e até mesmo
dentro de uma mesma esfera de gestão, requerem que estejamos atentos
40
ao que explicitam, afirmam, corroboram, abrangem o conteúdo desses
instrumentos. É preciso estar atento de forma permanente para que os
acordos registrados de fato coadunem com a necessidade de saúde da
população e sejam exequíveis, monitoráveis e avaliáveis.
REFLETINDO!
41
èè Parâmetros para avaliar o conteúdo do PS
42
ü O PS foi apreciado e aprovado pelo Conselho de Saúde
respectivo.
ü O conteúdo do PS guarda relação com as prioridades do Pacto
pela Saúde.
ü O conteúdo PS é expresso por um texto claro, objetivo, sucinto.
43
èè Parâmetros para avaliar o conteúdo do RAG
44
As referências citadas podem ser organizadas em dimensões que
precisam ser observadas na elaboração do conteúdo dos instrumentos,
quais sejam:
ü Visão de conjunto dos instrumentos, em termos daquilo que
esses conteúdos explicitam.
ü Inter-relação entre os três instrumentos, considerando que
o PS se operacionaliza a partir da PAS e seus resultados se
explicitam no RAG.
ü Nível de adesão dos formuladores às diretrizes de
operacionalização; clareza e objetividade do texto; atualidade
e o foco das informações que sustentam a análise da situação
de saúde e da gestão na esfera respectiva.
ü Proposição de ações e metas anuais que vão permitir o
cumprimento do estabelecido no PS; aspectos relacionados
ao previsto e ao executado em termos físico, orçamentário e
financeiro.
ü Abordagem dos itens essenciais previstos nas diretrizes do
sistema de planejamento o SUS.
A ideia dessas referências não é engessar os processos de
elaboração, os conteúdos e uso dos instrumentos de gestão, mas
sim possibilitar um olhar crítico sobre as áreas de planejamento das
secretarias de saúde, identificando oportunidades de melhoria desse
processo no âmbito da gestão. E então, o que você proporia como
melhoria no conteúdo dos instrumentos da esfera de gestão em que você
atua ou que você tem aproximação?
Como o PS, PAS e RAG devem ser usados para que contribuam com
a institucionalização da avaliação?
Tratar da utilização dos instrumentos de gestão talvez seja um
dos grandes pontos a ser analisado. Afinal, independente das diversas
possibilidades do processo de formulação, e daquilo que o conteúdo dos
45
instrumentos expressa, se o PS, PAS e RAG se constituírem em mera
formalidade para recebimento de recursos e que será engavetada tão
logo realizada, tudo perde o sentido.
46
colocar o cotidiano no centro e se permitir o diálogo. A movimentação dos
trabalhadores que habita os corredores e as conversas na hora do café
pode ser convidada a inventar novas práticas. Quando há muito “rádio
corredor” é por que faltam espaços para conversas, acordos e novas
combinações (EPS EM MOVIMENTO, 2014).
47
ü Os instrumentos são utilizados como referência no momento
da tomada de decisão por parte dos gestores (Secretários e
dirigentes do SUS).
ü As equipes dos serviços do SUS têm os instrumentos de
planejamento como referência: usam os instrumentos como
base para formulação de suas programações específicas; citam
a análise situacional, os objetivos, as metas, os resultados
em falas, em entrevistas; usam como referência para decidir
sobre uma nova estratégia; ou até mesmo fazem crítica ou
questionam os instrumentos.
ü Os instrumentos servem como referência para os colegiados
de gestão na esfera respectiva, são apontados como
documentos de referência pelo conselho de saúde respectivo,
são utilizados como base para a elaboração do PPA, da LDO e
da LOA na esfera respectiva e são utilizados por outros setores
de governo, especialmente os vinculados aos determinantes e
condicionantes da saúde.
ü A esfera de gestão tem uma proposta (programa/projeto)
de monitoramento e avaliação dos instrumentos básicos de
planejamento (PS, PAS e RAG), de modo que os indicadores
e metas do PS são monitorados na periodicidade apontada
no Plano; e as ações e metas da PAS são monitoradas na
periodicidade apontada na Programação.
ü A última avaliação realizada na PAS demonstra que os
resultados alcançados pelas ações foram satisfatórios e que a
execução das ações previstas foi satisfatória.
ü O processo de monitoramento e avaliação resultada em
adequações/modificações no PS e na PAS.
ü A área/setor de planejamento coordena processos de
monitoramento e avaliação promovidos na esfera de gestão.
Conforme as referências citadas, é possível perceber que a apli-
cação prática dos instrumentos pode ser avaliada a partir das seguintes
dimensões: orientações para a formulação de outros instrumentos na
48
respectiva esfera de gestão e aspectos relativo ao monitoramento e ava-
liação do PS e PAS.
Sobre o monitoramento e avaliação da formulação, conteúdo e
uso dos instrumentos de planejamento, conclui-se que as referências
apresentadas pretendem subsidiar a análise permanente desses
processos, evitando a estagnação e engavetamento de instrumentos.
Trata-se de parâmetros que podem guiar as equipes de planejamento
para um lócus de excelência, aproximando-as da tão desejada
institucionalização da avaliação.
Compreende-se que fazer essa análise de modo global demanda
a realização de esforço complexo, dependendo da estrutura e logística
disponível, e do tamanho das equipes de planejamento. Sabe-se que nos
diversos municípios brasileiros as secretarias de saúde possuem grande
diversidade de configuração. Uma possibilidade é fazer uma análise do
atual processo a partir de um setor ou uma amostra dos responsáveis
pela condução do processo de construção dos instrumentos. Pode-se
ainda pensar em iniciar pela análise de um dos instrumentos ou uma das
três etapas (formulação, conteúdo, uso), em vez de implementar todas as
etapas de uma vez.
49
50
CONSIDERAÇÕES FINAIS
51
52
REFERÊNCIAS
53
_____. _____. Secretaria de Atenção à Saúde. Avaliação na Atenção
Básica em Saúde: caminhos da institucionalização. Brasília: Ministério
da Saúde, 2005. Disponível em: < http://189.28.128.100/dab/docs/
publicacoes/geral/avaliacao_ab_portugues.pdf>. Acesso em: 12 jul.
2016.
54
FELISBERTO, E. Da teoria à formulação de uma Política Nacional de
Avaliação em Saúde: reabrindo o debate. Ciência & Saúde Coletiva, v.
11, n. 3, p. 553-563, 2006.
55
REIS, A. T. Experiência setoriais: o monitoramento nas áreas da
educação e saúde. In: SEMINÁRIO: GESTÃO DA INFORMAÇÃO E
MONITORAMENTO DE POLÍTICAS SOCIAIS, 2., Brasília: Ministério da
Saúde, 2014. Disponível em: <http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/
handle/1/1038/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20-%20Afonso%20
Teixeira%20(MS)%20-%20Painel%202.pdf?sequence=2>. Acesso em:
13 jul. 2016.
56
EM SAÚDE
2016
58