TUTORIAL 7 - Módulo 7
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● TIPOS DE IMUNOSSUPRESSÃO:
1. DEFICIÊNCIA DA FAGOCITOSE: neutrófilos e macrófagos tem como objetivo destruir agentes invasores por
meio de sua absorção. Os macrófagos também são essenciais para o funcionamento da resposta imune, por
apresentarem antígenos aos linfócitos, além de liberarem substâncias inflamatórias e citocinas.
- Disfunções na fagocitose podem ser devido a alterações quantitativas e qualitativas.
QUANTITATIVA: neutropenia em pacientes oncológicos em tratamento com quimioterapia, neoplasias que
atingem a medula óssea, linfoma, leucemia, mieloma e metástases ósseas. (Microrganismos mais associados
são Staphylococcus, bactérias gram-negativas e fungos como o Aspergillus).
2. DEFICIÊNCIA DAS CÉLULAS B: linfócitos B são responsáveis pela imunidade humoral pela resposta
imunológica através de anticorpos para neutralizar ou destruir os antígenos contra os quais foram gerados.
Também auxiliam na opsonização (ligação de anticorpo à superfície do agente infeccioso a fim de estimular
os fagócitos a destruí-lo);
- Deficiência primária: doenças genéticas raras ligadas ao cromossomo X que se manifestam durante os primeiros
anos de vida.
- Deficiência secundária: mais prevalente, inclui patologias como o mieloma múltiplo e a leucemia linfocítica crônica.
Apresentam risco aumentado de infecções por bactérias encapsuladas, as quais inibem a ação de neutrófilos e
macrófagos.
3. DEFICIÊNCIA DAS CÉLULAS T: imunidade humoral e celular.
- CD8: que induz apoptose de células infectadas por patógenos intracelulares;
- CD4: induzem resposta fagocitária dos macrófagos (Th1) e produção de anticorpos pelas células B (Th2);
- Deficiências de células T afetam ambos os traços de resposta imune. Predispõem os pacientes a doenças
virais, bacterianas, fúngicas e parasitárias, geralmente por patógenos intracelulares como micobactérias,
CMV, vírus Epstein Barr, Pneumocystis jirovecii, Cryptococcus neoformans.
- As deficiências adquiridas são mais comuns e ocorrem em associação a desnutrição, doenças
linfoproliferativas, fármacos imunossupressores e infecções virais como o HIV (células T CD4).
4. DEFICIÊNCIA DO SISTEMA COMPLEMENTO: conjunto de enzimas plasmáticas e da superfície celular que atua
no combate à infecções. Esse sistema promove a fagocitose pela opsonização de agentes infecciosos e lise
celular pela formação do complexo de ataque à membrana. (Podem causar infecções bacterianas
recorrentes, principalmente por bactérias encapsuladas).
5. DEFICIÊNCIA CAUSADA POR HIPOESPLENISMO: O baço produz anticorpos que atuam na opsonização
bacteriana (IgM). Pacientes com hipoesplenismo ou pós-esplenectomia apresentam risco aumentado de
infecções bacterianas como Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Staphylococcus aureus.
- Nos indivíduos com AIDS, a frequência e a causa da pneumonia
refletem a contagem de linfócitos CD4+, que é um indicador da
severidade da imunossupressão.
DOENÇAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO: bronquite e rinossinusite
agudas são prevalentes durante todos os estágios de infecção pelo HIV,
mais comuns em pacientes com baixas contagens de CD4+.
- Rinossunusite: febre, congestão nasal e cefaleia. Diagnóstico por TC.
Aumento da frequência de infecções por H. influenzae e Streptococcus
pneumoniae, além de mucormicose.
- A migração direta dos fungos se dá através do endotélio ou do transporte dos fungos dentro dos macrófagos até o
SNC.
- A cápsula criptocócica é resistente à fagocitose, e o seu polissacarídeo é associado a efeitos deletérios do sistema
imune do indivíduo.
- Infecções podem desencadear pouca ou nenhuma reação inflamatória tecidual.
- O polissacarídeo capsular é o antígeno medido como marcador de diagnóstico da infecção.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: refletem o local de infecção pelo fungo. Consiste em meningoencefalite e pneumonia,
infecções de pele e tecidos moles. Pode afetar qualquer tecido ou órgão.
- Sintomas do SNC: cefaleia, febre, letargia, déficits sensitivos e de memória, paresia de nervo craniano, déficits
visuais (perda da visão) e meningismo.
- Criptococose pulmonar: tosse, aumento da produção de escarro e dor torácica. Infecções fúngicas pulmonares. Na
criptococose apresentam febre, tosse, dispneia e hemoptise em alguns casos. Mais de 90% dos pacientes têm
infiltrados intersticiais focais ou difusos em RX de tórax. Podem ocorrer doenças lobar, cavitária, derrames pleurais e
linfadenopatia hilar ou mediastinal. Fungemia e infecção concomitante do SNC.
- Em pacientes com HIV, costuma se apresentar de forma disseminada. Os pulmões são a porta de entrada do fungo
mas podem ocorrer manifestações como meningoencefalite, criptococomas e cistos gelatinosos.
- Pode estar associada à doença prévia como diabetes e tuberculose.
- Lesões de pele são comuns na criptococose disseminada.
DIAGNÓSTICO: requer a demonstração de células leveduriformes em tecidos normalmente estéreis. Culturas de
líquido cerebrospinal e sangue positivas para células criptocócicas são diagnósticas de criptococose.
- Exame do LCS revela evidência de meningite crônica com aumento de níveis de proteína.
- Detecção do antígeno no LCS e sangue, com detecção do polissacarídeo no material.
TRATAMENTO:
- Criptococose em pacientes com infecção pelo HIV sempre requer tratamento agressivo e é considerada incrável a
menos que a função imune melhore.
- PRIMEIRA FASE (INDUÇÃO): reduzir a carga fúngica e aliviar os sintomas;
- SEGUNDA FASE: manutenção vitalícia para evitar recidiva clínica sintomática;
Beatriz Rodrigues de Souza - 231.1
- Criptococose pulmonar e extrapulmonar sem acometimento do SNC podem ser tratadas com fluconazol (200-
400mg/dia);
- Doenças mais extensas: acrescentar flucitosina (100mg/kg/dia) ao fluconazol por 10 semanas, com tratamento por
fluconazol vitalício.
- COM ACOMETIMENTO DO SNC EM HIV: tratamento de indução com AnB mais flucitosina por 2 semanas, fluconazol
por 10 semanas e terapia com fluconazol vitalícia em menor dose.
- Redução da pressão craniana pelo LCS mediante punção lombar terapêutica repetida e colocação de derivações.
PROGNÓSTICO E COMPLICAÇÕES: em pacientes com AIDS pode-se esperar que o tratamento antifúngico induza a
remissão, que pode ser mantida com a terapia supressora vitalícia.
- As complicações do SNC incluem déficits de nervos cranianos, perda da visão e comprometimento cognitivo.
- A SIRI pode ocorrer quando pacientes com AIDS possuem um rebote na imunidade em casos de criptococose
tratada, e a resposta imunológica aos antígenos da criptococose desencadeia uma reação inflamatória.
- Pode ser utilizado glicocorticóide para reduzir a inflamação.
COCCIDIOIDOMICOSE: Coccidioides immitis é um fungo endêmico no sudoeste dos EUA. Pode causar uma síndrome
pulmonar de reativação em pacientes com HIV.
- pacientes apresentam febre, emagrecimento, tosse e infiltrados reticulonodulares extensivos e difusos no RX.
Podem ser detectados nódulos, cavidades, derrames pleurais e linfadenopatia hilar.
ASPERGILOSE: O Aspergillus fumigatus é responsável
pela maioria dos casos de aspergilose invasiva, crônica
e pela maioria das síndromes alérgicas.
- Está presente em matéria vegetal em decomposição e
roupas de cama.
- Apenas exposições intensas são suficientes para
causar aspergilose adquirida na comunidade em
indivíduos sadios.
- Período de incubação varia de 2 a 90 dias após
infecção.
- Aspergilose pulmonar crônica ocorre após
tuberculose em 6 a 10% dos casos tratados.
- Não é diagnosticada em pacientes com AIDS quando não há tratamento com glicocorticóides ou neutropenia. Pode
ter manifestação clínica incomum no trato respiratório dos pacientes com AIDS causando traqueobronquite
pseudomembranosa.
FATORES DE RISCO E PATOGÊNESE:
- Neutropenia profunda e uso de glicocorticóides (risco proporcional à dose e ao tempo de duração);
- Disfunção de neutrófilos e fagócitos (infecção avançada pelo HIV);
- História de pneumonia ou DPOC;
- Infecção por influenza e terapia de oxigenação com membrana extracorpórea;
- A aspergilose broncopulmonar alérgica complica a asma e a fibrose cística.
ASPERGILOSE PULMONAR INVASIVA: ausência de sintomas, febre, tosse, desconforto torácico, hemoptise discreta e
dispneia. Diagnóstico geralmente por TC de tórax.
RINOSSINUSITE INVASIVA: febre, desconforto nasal ou facial, obstrução nasal sanguinolenta. TC ou RM de seios
paranasais não distinguem o agente etiológico.
TRAQUEOBRONQUITE: bronquite aguda ou crônica, traqueobronquite membranosa ou ulcerativa. Obstrução por
tampões de muco em pacientes imunocomprometidos.
BRONQUITE POR ASPERGILLUS, ASPERGILOSE DISSEMINADA (VÁRIOS ÓRGÃOS), ASPERGILOSE CEREBRAL (convulsões
e declínio do estado mental), ENDOCARDITE (contaminação durante cirurgia, usuários de drogas intravenosas),
ASPERGILOSE CUTÂNEA (inserção de cateter intravenoso e pacientes com queimaduras), ASPERGILOSE PULMONAR
CRÔNICA (cavidades pulmonares, manifestações sistêmicas, nódulos por Aspergillus), ASPERGILOMA (bola fúngica,
manifestação tardia, poucos sintomas), RINOSSINUSITE CRÔNICA POR ASPERGILLUS (seios etmoide e esfenoide,
obstrução da carótida), ASPERGILOSE BRONCOPULMONAR ALÉRGICA (reação de hipersensibilidade, escarro,
sintomas respiratórios);
Beatriz Rodrigues de Souza - 231.1
DIAGNÓSTICO: cultura, diagnóstico molecular, detecção
de antígeno e histopatologia. TC de tórax de alta
resolução (aspecto de vidro fosco), sorologia e PCR em
alguns casos.
TRATAMENTO: fármacos antifúngicos como voriconazol,
itraconazol, posaconazol, isavuconazol, caspofungina,
micafungina e anfotericina B.
FLUCONAZOL PARA PROFILAXIA CASO HAJA RISCO.
- Aspergilose invasiva é curável, mas as alérgicas e
crônicas não. 100% de mortalidade caso não haja
diagnóstico.
HISTOPLASMOSE: Histoplasma capsulatum é um fungo térmico dimórfico. Possuem forma característica de
macroconídios e microconídios, que são ovais e pequenos o suficiente para irem até os bronquíolos terminais e os
alvéolos.
- Solos enriquecidos com fezes de aves e morcegos facilitam o crescimento e a esporulação do Histoplasma.
PATOGÊNESE E PATOLOGIA:
- Assim que encontram os espaços alveolares, os microconídios são reconhecidos e aprisionados pelos macrófagos.
Então os microconídios se transformam em leveduras em brotamento. Essas leveduras são capazes de se multiplicar
dentro dos macrófagos em repouso.
- Neutrófilos e linfócitos são atraídos para o local da infecção.
- As leveduras usam os fagossomos como veículo para irem até os linfonodos de drenagem, onde se disseminam por
via hematogênica.
- A imunidade celular adequada se desenvolve em 2 semanas após a infecção.
- Células T produzem y-interferona para auxiliar os macrófagos e controlar a progressão da doença.
- A IL-12 e o fator de necrose tumoral a (TNF-a) desempenham papel na imunidade celular.
- Em hospedeiros imunocompetentes a infecção por H. capsulatum confere alguma proteção contra novas infecções.
- Nos pacientes com imunidade comprometida, a infecção não é controlada e contida, e pode disseminar-se por todo
o sistema reticuloendotelial.
- A HISTOPLASMOSE DISSEMINADA PROGRESSIVA pode envolver múltiplos órgãos como pulmões, medula óssea,
baço, fígado, glândulas suprarrenais e membranas mucocutâneas.
Pode causar infecção pulmonar primária. Mais comum é a doença disseminada, devido à reativação. Sintomas
respiratórios mínimos como tosse e dispneia.
- Doenças pulmonares como o enfisema prejudicam a depuração do Histoplasma podendo causar doença pulmonar
crônica. Caracteriza-se por inflamação progressiva, necrose tecidual e fibrose.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: varia de infecção assintomática a doença fatal, dependendo da intensidade da
exposição, do estado imune do indivíduo e da arquitetura pulmonar do hospedeiro.
- HDP é observada em imunocomprometidos, com fatores de risco como AIDS, extremos etários, uso de
medicamentos imunossupressores para prevenção ou tratamento de rejeição de transplante de órgãos.
- Espectro clínico com infiltrados pulmonares difusos intersticiais ou reticulonodulares causando insuficiência
respiratória, choque, coagulopatia e insuficiência de múltiplos órgãos.
- Febre, perda ponderal, hepatoesplenomegalia e trombocitopenia. Meningite ou lesões cerebrais, ulceração na
mucosa oral, sangramento do TGI e insuficiência suprarrenal.
- RX de tórax apresentam anormalidades em 50% dos pacientes com infiltrado difuso ou pequenos nódulos difusos.
Urina costuma ser positiva para antígenos do Histoplasma.
DIAGNÓSTICO: costuma ser fácil em regiões endêmicas.
- Cultura fúngica é o diagnóstico padrão para histoplasmose, porém os resultados podem levar até 1 mês e podem
ser negativos em casos menos graves.
- Na HDP, a positividade da cultura é maior com líquido da LBA, aspirado de medula óssea e sangue.
- Detecção de antígeno em líquidos corporais é útil no diagnóstico de HDP e histoplasmose pulmonar aguda difusa.
- O nível do antígeno também pode ser usado para avaliar a gravidade da doença em relação ao tratamento.