Mila Maia - Jogando Com O Oponente (RL)
Mila Maia - Jogando Com O Oponente (RL)
Mila Maia - Jogando Com O Oponente (RL)
Prólogo
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Catorze
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Vinte e seis
Vinte e sete
Vinte e oito
Vinte e nove
Trinta
Trinta e um
Trinta e dois
Trinta e três
Trinta e quatro
Agradecimentos
Sobre a autora
Leia também
Créditos
Sinopse
Assim que cheguei ao nosso quarto, notei que a Brie ainda não tinha
chegado, então fui arrumando as coisas para adiantar.
Coloquei o vinho para gelar no frigobar e juntei as nossas camas
para que pudéssemos nos deitar confortavelmente para assistirmos aos
filmes clássicos que sempre víamos em noites como essa.
Olhei as horas e percebi que já era para Briella ter chegado. Talvez a
fila da pizzaria estivesse grande, mas ela não tinha me mandado nenhuma
mensagem, o que era bastante incomum.
Alguns minutos depois, quando já estava colocando o meu pijama,
minha melhor amiga entrou no quarto com três pizzas empilhadas em sua
mão.
— Nem me esperou, né, apressadinha? — ela questionou, colocando
as pizzas sobre a penteadeira.
— Eu ia esperar, mas você não chegava nunca. A fila da pizzaria
estava muito grande? — perguntei, abrindo uma das caixas e pegando uma
fatia da pizza de muçarela.
— Até que não estava tão grande, mas encontrei o Dylan na fila e
nós conversamos um pouco enquanto esperávamos. — ela respondeu,
enquanto pegava seu pijama e sua necessaire.
— Hum, você e o Dylan, hein... Quando vai me dizer o que
realmente tá acontecendo entre vocês dois para que a gente possa sair em
um encontro duplo? — comentei antes de tirar outro pedaço da fatia.
— Eu preciso ir tomar banho, volto daqui a pouco! — concluiu,
saindo apressadamente pela porta.
— Você pode fugir, mas essa noite você não me escapa, Briella
Tompson! — gritei bem alto para que ela escutasse.
Enquanto eu esperava, liguei a televisão e fui procurar o primeiro
filme da nossa noite de garotas, o clássico, Como se fosse a primeira vez.
Quando Briella voltou para o quarto, nos sentamos na cama com as
pizzas e duas taças cheias de vinho. Esperei que ela estivesse bem
confortável onde estava e comentei:
— Eu gosto do Dylan, sabe? Ele é o único além do Dominic que
conversa comigo naquele apartamento.
— As coisas com a April ainda estão difíceis?
— Estão, ela acha que eu estou brincando com o coração do
Dominic por ter me visto jantar com o Luke naquele dia. — expliquei.
— Falando no diabo, semana que vem os jogos voltam, como você
se sente com isso? — ela perguntou preocupada.
— Um pouco ansiosa, não vou negar, mas estou pensando no que
posso fazer para mudar isso. Conversei com a Natasha aqui do dormitório
antes de viajar e ela me disse que o Luke a assediou também e que
provavelmente já deve ter feito isso com outras garotas no campus.
— E não houve denúncias, né? Porque acho que ele não se manteria
na posição em que está se alguém tivesse dito algo.
— Esse é o problema, amiga. Para fazer alguma coisa a minha
palavra só não basta, a reitoria não faria nada quanto a isso.
— Realmente, mas nós vamos pensar em alguma coisa. — ela
concluiu, me abraçando.
Voltamos a prestar atenção no filme e enquanto eu bebericava um
pouco do meu vinho, Briella disse:
— Não existe nada entre mim e o Dylan, não sei nem se somos
amigos. Eu gosto de conversar com ele, me sinto muito bem ao lado dele,
mas é só isso. Desabafamos sobre os nossos problemas um com o outro,
mas ele nunca demonstrou querer nada além disso.
— Quando ele me perguntou sobre você, pareceu muito interessado,
mas eu o acho tímido, então talvez se você tomar a iniciativa alguma coisa
aconteça.
— Não sei se quero atrapalhar isso que já temos. Tenho medo das
coisas ficarem estranhas e ele se afastar. Um dos melhores momentos do
meu dia é quando conversamos no trabalho, mesmo com toda essa situação
do pai dele e tal. Além de você, ele é a única pessoa que eu não sinto
nenhum julgamento quando falo sobre a minha vida.
— Isso é maravilhoso, Brie. Desde o que aconteceu com o pai do
Joe a sua resistência em confiar em outras pessoas aumentou e eu fico
muito feliz em ver você confiando em alguém. — falei e ela expirou o ar
que nem parecia estar segurando.
— Vamos parar de falar da minha inexistente vida amorosa e vamos
falar sobre a sua mãe. O que a sua vó lhe contou? — Briella questionou
antes de morder a sua fatia de pizza calabresa.
Bebi um longo gole de vinho e disse:
— Ela me contou que a minha mãe traiu o meu pai quando a Claire
era pequena e eu ainda não tinha nascido.
— Não acredito! A tia Kris?! — ela exclamou, surpresa.
— Ela mesma. Vovó me disse para eu não me apegar a isso e o
Dominic me disse a mesma coisa quando eu lhe contei, mas é algo que
simplesmente não sai da minha cabeça. Ele não merecia isso. — desabafei.
— É uma situação muito complicada, amiga. Mas foi há muito
tempo e talvez o melhor seja você não se apegar a isso mesmo. Só vai fazer
você criar caraminholas nessa cabeça e isso não vai mudar em nada o
relacionamento dos seus pais.
— Eu sei, é só muito estranho ver que a minha mãe não é a pessoa
que eu imaginava que era.
— Ninguém é perfeito, Kath. — ela disse, apertando uma das
minhas mãos — Agora me conta sobre a parte romântica da sua viagem.
Quero saber de tudo, quer dizer quase tudo, me poupa dos detalhes
sórdidos. — ela concluiu e nós duas gargalhamos.
Procurei o meu celular pela cama e comecei a lhe mostrar as fotos
que eu havia tirado em Portofino.
--
No decorrer da semana, vi Dominic muito pouco. Além de eu estar
me dedicando muito ao projeto, Dom estava ajudando Matthew com alguns
processos e estava indo todos os dias para casa dele após as aulas e isso
dificultava muito que víssemos um ao outro.
Na manhã de sexta-feira quando estava saindo da cafeteria, Dominic
me ligou e eu atendi rapidamente.
— Oi, amor!
— Oi, cariño! Que tal jantarmos juntos hoje? Acho que consigo
finalizar as coisas hoje à tarde.
— Essa é uma proposta muito tentadora, mas Claire me mandou
uma mensagem ontem pedindo que eu fosse com ela hoje para casa dos
meus pais.
— Amanhã tem o evento de caridade da clínica dos seus pais, né?
Com tantos documentos na cabeça acabei esquecendo.
— É amanhã sim, a Claire vai discursar e talvez queira que eu a
ajude com isso.
— Entendo, nos vemos amanhã então. Contaremos aos seus pais?
Ou melhor à sua mãe?
— Acho melhor não, ela surtaria se tirássemos o foco do evento e é
isso que aconteceria se contássemos — hesitei um pouco antes de continuar
— Podemos contar no jantar de aniversário do meu pai, no fim de semana
que vem.
— Eu gosto dessa ideia.
— Eu também. Vai ser um jantar mais íntimo do que o evento do
fim de semana, creio que basicamente estarão pouquíssimas pessoas além
das nossas famílias.
— Ótimo! Sinto sua falta.
— Eu também. — falei a ele e depois de trocarmos algumas
declarações, nos despedimos e eu desliguei, seguindo para minha aula.
Quando estava entrando no prédio mexendo no meu celular, acabei
não prestando tanta atenção no caminho e esbarrei em alguém.
Levantei o meu rosto e encontrei o Luke, ele segurou os meus
braços me impossibilitando de sair do lugar.
— Você já pode me soltar. — avisei, encarando-o.
— Acho que não quero fazer isso. — ele falou, segurando os meus
braços ainda mais forte.
— Você está me machucando, me solta agora! — exclamei,
completamente furiosa.
— Eu não entendo, Kath. — ele disse, aproximando seu rosto do
meu pescoço — Por que você não quer ficar comigo? — ele questionou,
enquanto eu mexia o meu corpo tentando ficar o mais distante possível dele.
— Porque eu não quero, custa você entender isso? E se você não me
soltar agora, eu vou na reitoria reportar isso a eles. — avisei-o firmemente e
o vi se afastar um pouco de mim, sem me soltar.
— Pode ir, aproveita e manda um oi para o meu pai por mim. — ele
concluiu, soltando os meus braços e me dando um beijo na bochecha antes
de se afastar completamente.
Extremamente enojada, fui até o banheiro e enquanto eu lavava o
meu rosto, todas as peças se encaixaram na minha cabeça e de repente tudo
fez sentido.
Talvez todas as meninas que o Luke tinha assediado tivessem
denunciado, mas como o reitor era o seu pai, todas as queixas contra ele não
resultavam em nenhuma punição.
Respirei fundo e caminhei até a sala, mas durante todo o dia foi
difícil prestar atenção na aula com tanta coisa rondando os meus
pensamentos.
Dezoito
Essa semana havia sido tão corrida que eu mal tinha tido tempo para
fazer outra coisa, além de estudar muito e tentar recuperar o tempo perdido.
Fiz a segunda chamada das provas – que estavam bem mais difíceis
por serem provas diferentes - e além disso, me esforcei para prestar atenção
nas aulas, pois tinha perdido muito conteúdo.
Durante esses dias, conversei muito com o meu pai. Ele ainda estava
internado, mas seguia tendo uma recuperação muito boa que nos dava
esperanças de que ele fosse logo para casa. Conversei bastante com
Matthew também. Ele me ligava todos os dias e nós conversávamos um
pouco. Era difícil criar um vínculo como aquele nessa altura do
campeonato, mas nós estávamos tentando.
Em meio a essa rotina louca de estudos, levei Banguela no petshop e
oficializei sua adoção, além de me certificar que ele tivesse todos os
cuidados necessários.
Hoje era sexta-feira e eu estava esperando Matthew em frente a
saída da Dorfstan, iríamos juntos a uma clínica para fazer o exame de DNA
e depois almoçaríamos em um restaurante próximo à praia.
Fui conferir as horas no relógio no exato momento em que seu carro
estacionou ao meu lado. Entrei e nós seguimos para a clínica, conversando
sobre a universidade e as coisas que ele havia feito enquanto estudava.
Ao chegarmos lá, todo o processo foi mais rápido do que eu
esperava. Preenchemos uma ficha com algumas informações e foi tirado
uma amostra de saliva minha e do Matthew. Teríamos que esperar entre
duas ou três semanas até que o resultado saísse.
Saímos da clínica e seguimos para o restaurante. Ao chegarmos lá,
nós dois escolhemos a mesma opção de camarão que tinha no cardápio.
— Não sabia que você gostava também. — ele comentou, após o
garçom recolher nossos pedidos.
— Eu amo, mas ninguém da minha família é muito fã. Comi um
prato com camarão em Portofino faz algumas semanas e posso te afirmar
que foi uma das melhores coisas que já comi na vida. — revelei a ele.
— Ainda não conheço a Vila de Portofino, mas está na lista dos
lugares que quero muito conhecer, você foi com o Dominic, certo? Lembro
que ele ganhou esse passeio no leilão. — ele perguntou e eu tomei um
longo gole do meu vinho, antes de responder.
— Hum, sim. Eu fui com o Dominic, nós estamos juntos na época.
— E não estão mais? Desculpa ser tão intrometido, mas Dominic é
um rapaz incrível, me ajudou tanto com um caso uns dias atrás.
— Eu sei, ele me contou que estava trabalhando com você, mas nós
dois estamos dando um tempo. Foi muito difícil descobrir que ele estava me
escondendo coisas também e apesar de amá-lo, ainda estou magoada. —
desabafei.
— Entendo e acho melhor mudarmos de assunto, pois quero ver o
seu lindo sorriso de novo, então, que tal compartilharmos as nossas
melhores histórias de viagens? Acho que isso é algo que temos em comum.
Amamos viajar. — ele disse, sorrindo para mim. Eu retribuí o gesto e logo
depois, comecei a lhe contar sobre um viagem memorável à Noruega, onde
vi as belíssimas auroras boreais pela primeira vez.
--
Quando cheguei em casa, meu gatinho correu até mim e eu me
abaixei para pegá-lo e acariciei seus pelos. Quando me levantei, coloquei
minha bolsa sobre o balcão e Briella apareceu com duas xícaras em mãos,
aquilo era no mínimo estranho.
— Sua mãe está aqui? — perguntei, pois o Joe ficaria conosco esse
fim de semana, então talvez ela tivesse trazido ele ao invés da Briella ir
buscar.
— Não, mas sua mãe está. — ela respondeu e eu engoli em seco,
estagnando no mesmo lugar.
— O que ela está fazendo aqui? Por que você a deixou entrar, Brie?
— Eu não posso barrar sua mãe na porta, Kath! Apesar de não
concordar com as coisas que ela fez, ela é sua mãe e disse que veio
conversar com você. — ela disse, segurando minhas mãos.
— Eu não quero conversar com ela! Por que ela não pode respeitar o
meu tempo e esperar?
— Ela é sua mãe, você sabe bem como ela é e se não quiser
conversar com ela, só escuta o que tem para te falar. — minha amiga me
aconselhou e eu concordei com ela.
Apesar de não me sentir minimamente pronta para encarar a minha
mãe, caminhei até o meu quarto onde a encontrei me esperando, sentada na
cadeira próxima a minha escrivaninha.
— Katherine, que bom que resolveu aparecer. Estou te esperando
faz um bom tempo. — ela falou assim que me sentei em sua frente.
— Você não me avisou que viria. — rebati, rudemente.
— Eu sei. Não vim aqui para discutir, tenho pensado muito nos
últimos dias e resolvi fazer terapia. — ela comentou, colocando os óculos
de sol sobre a cabeça.
— Que bom, tenho certeza de que a terapia só te trará benefícios.
— Sim, tenho lido muito sobre e pensei se você não gostaria de
fazer terapia comigo. — ela declarou, me encarando e eu fiquei surpresa
com o convite.
— Nós duas fazendo terapia juntas? — questionei para ver se eu
tinha mesmo entendido certo.
— Sim, eu sei que cometi muitos erros em relação a maneira como
te tratei e tudo o que fiz durante esses anos. Quero de algum jeito me
desculpar por isso. — ela falou com os olhos molhados e imediatamente
senti vontade de chorar também — Sei que não fui uma boa mãe e só tomei
total consciência de que tinha errado tanto quando te vi chorando naquele
hospital, me senti um monstro e não uma mãe. — ela concluiu antes de
começar a chorar copiosamente na minha frente.
Derramando algumas lágrimas, me agachei diante dela e abracei
suas pernas encostando a cabeça em um gesto muito semelhante ao que eu
fazia quando criança.
Ela acariciou os meus cabelos, enquanto soluçava e me pediu
desculpas inúmeras vezes. Aquela foi a primeira vez que senti minha mãe
tão vulnerável a ponto de sentir verdade em cada palavra que ela me dizia.
Foi a primeira vez em muito tempo que eu senti que ela me amava.
--
Na manhã seguinte, acordei escutando muitos passos pela casa, o
que era bem estranho, então me levantei rapidamente para ver o que estava
acontecendo.
Noite passada havia sido difícil, eu e minha mãe conversamos por
horas até ela ir embora. Foi uma conversa, longa e difícil, porém
extremamente necessária. Nos reconectamos bastante depois daquela
conversa.
Quando cheguei na sala, encontrei Joe correndo pelo apartamento.
Meu afilhado tinha crescido bastante desde a última vez em que eu o tinha
visto.
— Joe! — exclamei e ele parou onde estava, se virando para me ver.
— Oi, dinda! — ele disse, correndo até mim.
O peguei no colo e o enchi de beijos enquanto ele me falava com
seu dialeto infantil tudo o que tinha feito antes que eu acordasse.
— O que vocês irão fazer hoje? — perguntei à Briella, enquanto eu
brincava com o Joe.
— Vamos no zoológico com o Dylan. — ela respondeu com um
sorriso.
— Passeio em família! Amo! Se divirtam muito! — falei, colocando
o Joe no chão.
— Não quer ir com a gente? — ela questionou, enquanto arrumava
uma mochilinha para o meu afilhado.
— Não! Vou deixar vocês irem em família mesmo! — falei e ela riu,
fechando a mochila.
Fui preparar meu café da manhã e nesse meio tempo, Dylan
apareceu e eu apreciei, encantada, eles saindo juntos.
Trinta e um
Algumas vezes eu ainda parava para pensar e refletia se isso era real
mesmo. Minha mãe e eu estávamos construindo, a cada semana, um
relacionamento melhor onde eu me sentia cada vez mais amada e onde
conhecíamos melhor uma a outra.
No decorrer dos últimos dias, iniciamos as sessões de terapia com
uma terapeuta muito recomendada pelas amigas da minha mãe. Na primeira
sessão, Kris me disse o quanto estava feliz por estarmos ali, dando aquele
passo. Nós choramos muito e com o passar das sessões, eu sentia que as
coisas só melhoravam.
Além de estar me relacionando melhor com a Kris, meu
relacionamento com Matthew ia muito bem também. Nós continuávamos
conversando todos os dias, frequentávamos a casa um do outro e
almoçávamos juntos toda semana. Ele era um homem muito divertido e em
alguns dias receberíamos o resultado do teste.
Meu pai Willian também estava se recuperando bem. Hoje ele
receberia alta e estávamos preparando uma surpresa para ele em casa.
Minha mãe tinha ido buscá-lo enquanto eu e a Claire cozinhávamos o
almoço.
— A costela está quase pronta! — falei, fechando o forno. Olhei
para Claire e a observei terminando de fritar as batatas.
— Vê o macarrão para mim? Tá quase pronto! — ela pediu e eu abri
a panela, parti um com o garfo e vi que estava bom sim.
Como Claire estava ocupada, resolvi começar a temperar o
macarrão. Enquanto colocava alguns temperos que cheiravam muito na
panela, minha irmã colocou a mão sobre a boca e saiu correndo da cozinha.
Me dividi em terminar de fritar as batatas e temperar o macarrão,
antes de ir até ela. Encontrei a Ava sentada em frente ao banheiro, no quarto
da minha irmã.
— Cadê a sua mãe? — perguntei à minha sobrinha.
— Tá no banheiro. Ela tá com a barriga dodói, vomitou tudo. — ela
explicou, com seu jeitinho infantil.
Bati na porta e questionei:
— Claire, estou aqui! Abre a porta! Quer que eu te leve no hospital?
— Não precisa, eu fiquei enjoada com o cheiro dos temperos lá na
cozinha, já coloquei tudo para fora. — ela disse, saindo do banheiro.
— Tem algo que você não tá me contando, Claire? — indaguei,
encarando-a.
Minha irmã demorou um pouco para entender do que eu estava
falando e respondeu esperançosa:
— Você acha que pode ser?
— Não custa testar. Você tem algum aí na sua bolsa ou eu preciso
dar uma saidinha rápida para comprar?
— Não precisa, eu sempre ando com um na bolsa. — ela falou,
pegando o teste de gravidez e voltou para o banheiro.
Enquanto esperava o resultado, eu e Ava brincamos com as bonecas,
já que a minha sobrinha parecia tão alheia a conversa que eu havia tido com
sua mãe. Minutos depois quando Claire saiu do banheiro com o teste em
mãos aos prantos, eu soube que tinha dado positivo.
Eu seria tia novamente.
No momento em que os meus pais chegaram, houve uma
comemoração dupla, pela alta do meu pai e pela gravidez da Claire. Nos
sentamos todos juntos à mesa e durante o almoço, interagimos como uma
família de verdade.
Depois de almoçarmos, observei encantada ao lado do meu pai, Kris
e Ava brincando no jardim. Meu celular alertou para uma mensagem da
Meredith. Ela estava me convidando para uma festa que teria no campus
mais tarde. Falei com ela que veria com Briella e liguei para minha melhor
amiga.
— Brie! Festa na república do Nick hoje. Meredith acabou de me
convidar, vamos? — perguntei, assim que ela atendeu.
— Katherine? É você mesma que está me convidando para uma
festa? Logo eu? Acho que não vou em uma desde que tive o Joe. — ela
respondeu, rindo um pouco.
— Exagerada! Mas vem comigo, vamos comemorar o quase fim do
semestre. — implorei, usando a voz mais convincente que eu tinha.
— Tá bom, eu vou! Acho que tenho o vestido perfeito para usar essa
noite! — ela disse, cedendo às minhas vontades e começando a se animar.
— Ah, mal posso esperar para vê-lo! Vou para casa cedo para nos
arrumarmos juntas.
— Te espero! — nos despedimos e eu desliguei.
Meu pai se virou, me encarando e disse:
— Toma cuidado nessa festa! Não beba nada que lhe oferecerem.
— Eu sei me cuidar, pai! — respondi, o abraçando apertado e nesse
exato segundo o meu celular tocou.
Era o Matthew.
— Oi, Matthew! Tudo bem? Aconteceu alguma coisa? —
questionei, me levantando.
— Oi, querida. A clínica acabou de me ligar. Eles queriam me dar o
resultado, mas eu acho que deveríamos estar juntos nesse momento. Você
está no seu apartamento? — ele perguntou.
— Estou na casa dos meus pais, mas posso te encontrar na sua casa,
já que não é tão longe assim. Eles vão te ligar em quanto tempo?
— Em vinte minutos.
— Dá tempo então, está nervoso?
— Nem um pouco. Cada minuto que passei com você durante essas
semanas me fizeram ter mais certeza de que você é minha filha.
— Também não penso mais que seja uma mentira da minha mãe,
nos vemos em alguns minutos. — falei, me despedindo e desligamos.
Voltei até onde meu pai estava e avisei:
— Preciso ir!
— Mas já? Achei que a festa seria só à noite. — ele indagou.
— Tenho que passar em um lugar antes. — respondi, beijando suas
bochechas, omitindo para onde eu iria. Tínhamos decidido – Matthew e eu
– que só contaríamos que ele era o meu pai biológico quando tivéssemos o
resultado do exame.
Me despedi da Ava e da minha mãe e segui para casa do Matthew.
Como cheguei antes dos vintes minutos, Matthew ligou para a
clínica e solicitou os resultados, ele segurou a minha mão quando a mulher
ao telefone disse:
— O resultado do exame realizado na nossa clínica afirma que há
sim um vínculo paternal entre Matthew Sanders e Katherine Taylor.
Respirei aliviada e não contive o sorriso ao abraçar Matthew. Ele
também estava muito contente e me chamou de filha inúmeras vezes
enquanto nos abraçávamos.
Claramente estávamos os dois emocionados. Depois de um longo
abraço. brindamos juntos ao dia em que, oficialmente, eu ganhei mais um
pai e que ele ganhou uma filha.
Trinta e dois
FIM
Agradecimentos
Essa foi uma das experiências mais intensas que já tive com a
escrita, me dediquei muito para desenvolver essa história, me apaixonei por
seus personagens no decorrer da escrita e agora estou muito feliz em poder
dividir esse livro com vocês.
Aos meus incríveis leitores, muito obrigada pelo apoio e carinho,
seja lendo as minhas histórias aqui ou no wattpad, saibam que vocês me
impulsionam demais a continuar escrevendo.
As minhas amigas, Lidiane Souza e Esthefanny Bezerra, muito
obrigada por todo o carinho que vocês tiveram com esse livro, os
comentários que vocês fizeram foram essenciais para o desenvolvimento
dessa história.
E por fim, obrigada a você que está lendo, espero que tenha gostado
da Katherine e do Dominic e da história que eles começaram a construir
juntos.
Sobre a autora