Resumo Da Palesta 1, 2, 3 o Calvinismo de Abraham Kuyper, Elisio
Resumo Da Palesta 1, 2, 3 o Calvinismo de Abraham Kuyper, Elisio
Resumo Da Palesta 1, 2, 3 o Calvinismo de Abraham Kuyper, Elisio
Este trabalho apresenta o resumo das três primeiras palestras, que são os três
primeiros capítulos do livro, do teólogo e filósofo Dr. Abraham Kuyper (1837-1920). Ele
foi um calvinista de origem holandesa, envolvido nas áreas académicas e políticas da
Holanda.
A primeira condição
Ela pode manter-se parcial em suas operações ou tem de abraçar todo nosso ser e
existência pessoal?
Ela pode manter um carácter normal, ou deve revelar um carácter anormal, isto é, um
carácter soteriológico?
Para a primeira pergunta, a religião existe por causa de Deus ou por causa do homem,
é respondida da seguinte forma: “A religião do homem não deve ser egoísta e por
causa do homem, há ideais por causa de Deus”.
O autor em causa deixa claro que ela não existe por causa do homem e, sim, por
causa de Deus.
“Ela não deve operar mediatamente pela intervenção humana, mas directamente do
coração”. A religião por causa de Deus exige que cada coração humano deva dar glória
a Deus, de sorte que nenhum homem pode comparecer no lugar de outro, tendo cada
homem que comparecer por si mesmo.
Já para a terceira pergunta, ela pode manter-se parcial em suas operações ou tem de
abraçar o todo de nosso ser e existência pessoal, em resposta rematou:
“Ela não pode permanecer parcial, como correndo ao lado da vida, mas deve exercer
controlo sobre toda nossa existência”. Para o modernista, a religião deve se restringir, o
órgão religioso não deve manifestar-se no todo do ser humano, mas limitar-se ao
campo dos sentimentos ou da vontade.
Com a mesma ideia de restrição, Roma acabou por enclausurar a religião nas
masmorras de seus próprios santuários, e tudo que esteja a parte do estritamente
consagrado, torna-se participante do lado profano da vida.
Pode-se dizer que é com um projecto de reforma cultural de Abraham Kuyper (1837-
1920) que surge o neocalvinismo como amplo movimento de reforma da igreja na
Holanda. Este é o sistema que hoje a igreja cristã deve reconhecer como bíblico”. Esta
obra é fruto de suas palestras proferidas em 1898 nos Estados Unidos. É neste mesmo
livro que encontramos também a mais extensa nota biográfica sobre Abraham Kuyper
em português. Filho de pastor, Kuyper nasceu no dia 29 de Outubro de 1837 em
Maasluis, na Holanda. Estudou na Universidade de Leyden onde se destacou, obtendo
depois, na mesma universidade, o título de Doutor em Teologia Sagrada.
Nos tempos de estudante universitário Kuyper tendia por alinhar-se à corrente que era
tomada como teologia liberal. Um exemplo frequentemente citado sobre isto é que
Kuyper chegou a aplaudir um de seus professores quando este “abertamente negou a
ressurreição corporal de Jesus”
Uma outra experiência fundamental teria sido a sua leitura da novela O Herdeiro de
Redcliffe, de Charlotte Yonge. Esta leitura teria levado Kuyper a sentir “em sua própria
alma um reconhecimento irresistível da realidade de cada experiência espiritual pela
qual o herói do livro” passou.
Kuyper acabou conquistando aquelas pessoas que passaram a orar intensamente pela
sua conversão. E, foi assim que realmente começou a sua vida cristã demonstrando
seguidas vezes a sua gratidão por aquela experiência no povoado de Beesd.
O que dizer de Génesis 1:28? Não tem nada a ver connosco hoje? Com certeza tem.
Não há dúvida de que aqui Deus fala de uma tarefa definitiva ou missão dada ao
homem. Mas esse chamado ao mandato cultural tem hoje a mesma força que tinha
para Adão? Claro que não. A noção de mandato cultural, na verdade traz em si mesmo
uma conotação legalista. É um termo que não pertence ao contexto da graça e do
pacto da graça. Quando Deus deu este mandato, (se preferirmos chamar assim), a
queda não havia ainda acontecido. Quando Adão pecou, no entanto, ele não estava
mais na posição de cumprir este mandamento. Foi Cristo, o segundo Adão, que tomou
para si esta responsabilidade de cumprir a tarefa que havia sido dada ao homem no
princípio.
Deus não desistiu do Seu mandato original; antes, em Cristo, Ele mesmo cumpriu este
mandato. Por Sua obediência Ele guardou a Lei por nós. E como resultado de Sua obra
salvífica, o carácter da nossa tarefa e actividade mudou fundamentalmente. Boas
obras, culturais ou não, são agora realizados pelos crentes por gratidão e nunca por
temor.
Por esta e outras razões, o termo mandato cultural deve ser evitado. Como o Dr. W.H.
Velema diz: “como termo ele não reflete qualquer relação com a obra de Cristo e nos
coloca a todos de volta na linha de partida. Nossa tarefa tem lugar após Cristo ter
trazido uma reviravolta decisiva na história do mundo”.
Os fieis a obra de Jesus para realizarem boas obras, eles sempre unem o imperativo
ao indicativo. Em outras palavras, o mandamento de fazer é sempre dado com base na
obra realizada de Cristo. Toda nossa actividade espiritual é fundamentada em Sua
actividade salvífica.
Em Genesis 1:29; 2:5;3:17ss a palavra parece nos dizer que há uma conexão entre
trabalhar e comer e que o pecado tornou o trabalho difícil. Há de concordar que há
implicações aqui para a cultura num sentido mais abrangente, mas tambem alerta-se
contra o perigo de se ler nos versos mais do que aquilo que eles de fato afirmam.
Cultura, no sentido de desenvolver o que Deus colocou em Sua criação de forma
seminal, em sua visão, diz mais respeito à consequência do que a um mandato
específico. Porque Deus criou o homem à Sua imagem e com o desejo de reproduzir-
se.
A raça humana irá povoar a terra, e no processo uma cultura desenvolverá aquilo que
vai além do comer e beber, de tal forma que o homem possa ainda usufruir muitas
coisas boas.
Este é o ensino claro do Novo Testamento. Como Paulo escreve aos Filipenses, “Fazei
tudo sem murmurações e sem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e
sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na
qual resplandeceis como luzeiro no mundo, preservando a Palavra da Vida; para que
no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente”
(Fl 2:14-16; também Ts 3:13; 5:23; 2 Pe 3:14).
Enquanto seja esse o nosso chamado como cristãos de tentar causar esse tipo de
impacto no mundo, não deveríamos nos empolgar com falsas esperanças de sucesso.
Nós não devemos pensar que o Reino de Deus virá através de nossos esforços, sejam
eles resultados culturais ou missionários. O máximo que podemos ver são os poucos
sinais da vinda do reino.
Este reino é basicamente uma realidade escatológica, e até onde sua plenitude é
manifestada visivelmente, ele ainda é uma realidade futura. Durante esta dispensação
ele é basicamente interno, espiritual e invisível. “O Reino dos céus”, disse Jesus, “está
dentro de vós”.
Cristo, agora, governa no coração do Seu povo e Ele é Rei da Sua Igreja e reconhecido
como tal. De fato, Cristo é também Rei do mundo, mas, até seu retorno, Satanás
continua governando, ainda que na ilegalidade, como príncipe deste mundo, e até
quando esta dispensação findar, o mundo inteiro jaz na iniquidade [ou no maligno,
Satanás] (I Jo 5:19).
Referências bibliográficas