Anais Camara 1826 TomoIII
Anais Camara 1826 TomoIII
Anais Camara 1826 TomoIII
TOMO TERCEIRO
RlO DE JANEIRO
1874
câ'nara dos DepLLados - Impresso em 0210112015 16:44 ~Página 1 de 11
·..
rodlll'h .ns· w\hoes, e \la~rã eo!lceder a -po~u . l' 0 . se conformaria com as lCIS ~uaeso to•
fãção actual <lo Brazil uma bem d!m.nuta ~x~nç:;Ó ~~iato~ me op-porei ·n isto ao _proj ecto, a ~eter-
. ·para que no fim de um tal _Peno do a n~o pos.. --· · · ·- de 25 ·anoos vein de tempos antigos, e
,conter seus vas\OSI eampQt, cuJa. despoTOaçlo agora mmaça0
Càna ra dos Depli:ados + Impresso em 02/01 /2015 16:44 +Pág ina 2 de 11
..
6 SESSÃO EU 1 DE .JÚLHO DE 1826
de terras, e de matos vão emigrando para a pro..: prosperidade; . as diversas circumstancias já da si~
vincia de Goyaz. ::-:: - · · ·· tuação topographica, e já da maior ou menor civi-
Se nós ~ão temos pois qua11to é necessario aos lisaQáo, difi'erença de costumes e interesses (diga-
nossos concidadãos ,muito menos devemos ter para mos políticos) tem dado occasião a essas convencões
aquelles estrangeiros, que sem darem as mais con- particulares de cada associacão, que nos põê, na
cludentes provas de desejo de viver comnosco, ou 'triste circumstancia de sermos estrangeiros â maior
de se amillgamarem cordialmente com a nação bra- parte de nossos semelhantes, circumstancias _tanto
zileira, querem enganar-nos, querem fazer zomba- mais tristes, quanto tornaria ainda mais desgracada
ria de nós, e retirar-se para as suas patrias clamando qualquer sociedade, que não tomasse medidâs de
a todo · o universo que somos ignorantes, pobres, prevenção para com os indivíduos, que devessemos
fracos, indignos de termos no nosso seio pessoas formar.
tão distinctas, tão benemeritas como elles estran- Appliquemos estes princípios geraes á nossa so-
geiros, que nos vierão i1luminar. Voto portanto ciedade nascente. Nós acabamos de separar-nos de
Sr. presidente, pela emenda do Sr. Souza França. outra sociedade não só para sacudir a tutella em
o. Sn . LINO CouTJNRO:- Sr. presidente, des- que esta nos tinha; mas até para reformarmos as
nossas instituições; estamos ainda longe da con-
gracado o Brazil, se cada um de nós se não gloriasse
de ·ser brazileiro. Ninguem se gloria mais do que solidação dessa reforma ; como ·pois queremos in-
eu; todavia não sou levado a fazer disto um tão distinctamente admittir consor.ios antes de concluir-
alto apreço, que possa parecer cap·ficho; todas as mos os nossos arranjos domesticos 1 Conheço que o
cousas neste mundo tem um valor racional. Brazil carece de povoadores, mas estou bem persua-
Eu approvo muito que se tenha em grande monta dido que não é facilitando a naturalisação, que elle
este titulo de cidadão brazileiro, e que se não seja será povoado.
tão franco ·em concedel-o a toda a gente; mas que Procuremos meios de melhorar nossa educacão,
se d~ga que não àeve haver lei de naturalisação, e de evitar a perda de immensos indivíduos, 'que
com ISto àe modo nenhum posso conformar-me. são viclimas entre nós da miseria e do desmazelo,
Todas as nacõos têm admittido esta lei para que consolidemos as nossas instituições, e nós augmen-
os estrangeiros possão entrar em seu seio; e porque taremos consideravelmente a nossa população, e a
Sr. presidente, havemos de fazer o contrario? Isso augmentaremos com cidadãos brazileíros.
seria negar o direito, que têm todos os homens de Bem longe estou de embaraçar por meus princi-
se fazerem membros de qualquer sociedade. cipios a colonisação dos estrangeiros no Brazil,
Disse o honrado membro que a população pelos antes convenho que uma e outra· se promovão ; o
proprios recursos, que offerece o paiz, virá a ser meio porém que me parece para isto conveniente
até desproporcionada, e que portanto se não deve não é outro mais, que a protecção do commercio, e
a garantia da propriedade.
facilitar a naturalisação, porque será um mal para O estrangeiro, que tiver a certeza de encontrar
as geracões futuras, isto é o mesmo que dizer que no Brazil essa p_rotecção, · e garanti~, correrá para
ao menino se não deve ensinar a andar, mas sim nós afim de aqu1 desenvolver a sua mdustria, e em-
deixai-o á lei da natureza. pregar os .seus capitaes, e até aspirará a naturali-
Tambem, Sr. presidentê, no calculo, que se fez sar-se brazileiro independentemente da maior, ou
do augmento da populàção teve-se em conta o que menor restriccão da lei. -
levarão as epidf:mias, as guerras, os desastres, as Sou portanto de parecer que se adoptem todas as
moi estias, etc? Nã-o de certo e altendidas estas cau- restricções, que têm sido propostas nas differentes
sas, desses milhões de l1abit.antes, que se calculou, emendas, admittindo todavia a modificaciio de prazo
apenas ficarã uma milessima. parte ; outro argu- de tempo, quando forem cazados com mÚlher brazi-
mento se trouxe a saber, que enchendo-se o paiz de leira, e augmentando um artigo, em que sejão con-
e.strangeiros nunca teria a nação caracter, ou nós siderados como tendo feito · declaração de querer
nunca poderíamos constituir uma verdadeira nação: naturalizar-se todos os estrangeiros, que tiverem
mas tão sómente uma amalgamação de todos esses residido constantemente no Brazil até a data da
estrangeiros. promulgação desta lei, umà vez que dentro de um
A America lngleza tem toda a qualidade de gente prazo determinado depois dessa promulgacão facão
que bano mundo, e comtudo tem caracter, e é uma a sua declaração; e é este o artigo, que, qúando ine
na cão respeitada; a nossa falta de caracter virá do levantei, disse seria n~cessario accrescentar.
grânde numero de escravos da raça africana, que O Sn. VAscoNcEÚ.os:-Sr. presidente, cu tambem
·entre nós conservamos : pois quando se vive com tenho muita honra em ser braZileiro, e é por isso
escravos não se póde ser livre (apoiado;) eu não mesmo que eu julgo que se não devem adoptar me-
· gosto de ser extremoso pelo pouco, nem extremoso didas, que ponbão em perigo a segurança da nossa
pelo muito ; portanto sou de parecer que facilitan- patria, por isso eu torno-me a declarar contra a
do-se alguma cousa a naturalisação se convidem os opinião de que se offereça aos estrangeiros o fôro
estrangeiros para nos virem ajudar na felicidade de cidadão brazileiro ; eu, Sr. presidente, se tivesse
deste tão vasto terreno; quando tivermos um go- de escolher uma patria, havia de adoptar aquella,
verno consolidado, então teremos caracter nacional. em que achasse boas instituiç<>es, e instituições de
O Sa. HotLUiDA CAVALCANTI : -Sr. presidente, longo tempo~ porque as oscilacões dos estados novos
depois de ter sido tão eruditamente debatida esta trazem sempre muitos perigos, esta além de outros
materia, en não tomaria a palavra, se não estivesse muitos é a opinião de João l aques Rousseau, a quem
persuadido da necessidade de um outro artigo, que reputo .por infa1livel em política ; do mesmo modo
deve ser incluído n~sta lei : todavia direi alguma o estrangeiro, que fizer o -seu calculo ])ara ir habitar
cousa na sua-gener~hdade. Os_homens que povoão em um novo paiz, se-vir a sua liberdade pouco se-
o nosso planeta, tem-se reunido em differentes so.., gura, e todas as suas instituições novas, não . que-
ciedades mais ou menos numerosas, afim de con- rerá de certo estabelecer-se nelle, excepto se fôr
correrem mutuamente para a _sua segurança, . e algum aventureiro, sem patria ; e isto é o que ha de
Câmara dos Deputados- Im presso em 02/01/2015 16:44- Página 7 de 11
9
Sr. deputado França, áquene, que tivesse feito ser- · sa:ria, então é preciso que ella seja feita com muita
viços muito importantes com dez annos de residen- cautella, e que nos ;venhão mais bens do que males,
cia, ainda assim _não se póde julgar igual a nós: afim de que os estrangeiros não tomem · conta de
porque nós até queremos bem ás cbusas más da nós. · .. · . .
nossa terra. : . . · . Sejão unicamente admittidos aquelles que fize-
Eu creio _que tal transfiguração é impossível fa- rem serviços á nacão, em agradecimento, - como
zer-se, pelo menos não vindo o estrangeiro de menor disse o Sr. França·, ou aquelles que viererp para
idade, é que tenha sido criado entre nós até a idade entre nós pequeninos, porque estes sim adquiriráõ
maior : Em quanto ao outro lado. porque se tem os nossos gostos e costumes, mas os seus pais não,
tratado a questão eu não sei que seja bom para nós que em vez de nos serem uteis nos podem embara-
. àdmittir · os estrangeiros, e dar-se-lhes empregos1 çar: supponhamos que temos uma guerra por exem-
estes empregos devem ser só na guerra, porque dara pio com a Inglaterra, e que aqui se achão muitos
conta delles (risadas 11.as ga~erias.) inglezes naturalisados; se vier .aqui uma expedicão
Não se diga que os estrangeiros se devem neces- Je tropas inglezas, havemos de pôr as armas·na
sariamente admittir, -eorque a constituição diz que mão desses naturalisados '?Não: porque as podem
haja lei de naturalisaçao, pois em outro artigo diz vóltar contra nós, e terão razão porque eu lambem
que se naturalisarâõ segundo a lei que se fizer, mas estando nas mesmas circumstancias não era capaz
se não se fizer não se naturalisaráõ: isto é o que eu de fazer mal a uma pessoa do meu paiz. (Apoiado.)
entendo, e não que por força se ha de fazer esta lei. R nenhum de nós que aqui estamos seríamos ca-
Um argumento se trouxe pretendendo que nós ti- pazes disso: (Apoiado) o mais que elles poderiãn
nhamos poder de dispensar no patrimonio dos fazer era não serem nem contra os seus, nem con-
nóssos filhos e netos; será de bom juizo 'l Eu creio tra nós.
que uão, porque fazemos injustiça aos nossos des- Portanto eu acho que não é de tanta necessidade
candentes, sem haver necessidade. esta lei de naturalisação nas circumstancias em que
Os estrangeiros são defendidos r.omo nós ou me- nos achamos, e que ella se póde disp·ensar: se se
lhor, pois elles têm o i·epresentante de sua nação, e assentar que se deve fazer na outra sessão, então se
mesmo até_ aqui elles têm sido mais respeitados do faça.
que muitos de nós. (Apoiado.) O SR. PRESIDENTE :-0 que o Sr. deputado quer ·
Elles têm a nossa lei em seu favor, e eu creio que não tem lugar. o ·regimento diz que as leis que vie-
aquelles que meditarem bem não hão de querer rem do senado terão duas discussões, que corres-
ser co-brasileiros comnosc~. Agora_ emquanto -ao pondão â 2" e 3a, e por uma indicação que aqui se
projecto, nã:. sei como um homem em tão pouco apresentou, venceu-se que houvesse uma unica dis-
tempo poderá avaliar bem se lhe convém ser brazi- cussão : isto é o· que se decidio ; portanto não póde
leiro; primeiramente como é que elle ha de passar a a camara rejeitar já o projecto inteiramente.
dec~arar que rejeita os ben~ de seu paiz ~eJ!l ter ex- O SR. VAscoNCELI.os:- Como se pó de perguntar
peri~entado os do que va1 g~zar? Eu cre10 qu~ só se é objecto de deliberação aquillo qu_!:) a constitui~
depOis que elle_p~der fazer bem esta comparaçao é ção manda fazer? Demais a constituição diz que
que se póde dec1dtr com alguma madurez~!: portanto compete ao poder executivo o p!J.ssar as cartas de
o tempo de_ 4 annos parece-me que é !DUltO pouco; naturalisação, eu daqui concluo que a constituição
o homem nao muda com tanta brevidade de gos- julga esta lei necessaria, seja mais restricta ou mais
tos e costumes, elle fica sendo .o mesmo por muito ampla ha de se fazer~
~mp<?, e ~ó uma doença, ou outras ca~sas extr~or- O SR. FERREIRA FRANCA :-A constituicão manda
dmar1as e q~e lhe podem alterar tao repentma- que o poder executivo dê cartas de natúralisação~
mente o phys_Ico. . _ . mas na fórma da lei que se fizer, quan~o se julgar
Po_r c~nsequen~Ia eu entendo que este proJecto necessaria; porque é claro que não ·deve ser feita
a PX:~e1ra ques_tao que deve soffrer é se ha. de. s~r senão no tempo em que possa ser util.
a~mlttldo ou nao, p~rque ·segundo ~ constltui~.O Eu · disse que convém saber se é já necessarüi
nao se deye fazer ._lei nenhuma, §_enao pela uti!l- agora, 011 não. Póde a nossa constituição ser-nos
da~e pubhca e mamfes~ 9ue della resul.te, e eu nao muito proveitosa sem esta lei? Eu creio que sim.. .
s~1 s~resulta alguma util1dade desta le1de natura- 0 SR. VERGUEmo: -Eu 0 que desejo saber é se
lisaçao, e se estamos ~m temp_o de l!. fazer. se admitte a votação sobre bases; a minha opinião
Havendo de s~r ~dla~a a discussao, por ser che- é contra1·ia, é que vá á commissão para. ouvidos os
gada a hora das ~~dica~oes, resolveu a camara que autores das emendas, se fazer a redacção.
ella se prorogasse, e dizendo . . Decidiu-se nesta conformidade, remettcndo-se to-
O Sn .. !'~SIDENTE:- Um Sr. dep~t&:_do lembrou das as emendas á com missão para ouvidos os seus
que_ ~enao u as emendas á· co~~Issao para ~s autores as redigir em fórma capaz de votação-, .sem
redigir .e~ f?rm~ .de se poder.: votar. sobre ~llas, pOis comtudo se fechar a discussão por haver amda.
como se achao e Isto-na realidade Imposs1vel: eu o quem tivesse a palavra para fallar sobrE: a mate-
propilnho_ portanto á camara, depois póde continuar riã. · ·
a d1scussao. . . . Leu então o Sr. secretario Maia o seguinte
O Sn-. VAscoNCELLOS:- O que se podia fazer já OFFICIO ·
erão certos apontamentos, como fixar os annos etc.,
para a commissão' sobre estes dados apresentar o « lllm. e Exm. Sr.- Accuso a·recepção do aviso
seu parecer. · de ·v. Ex. de 28 do corrente, com o requerimento·
o SR. FERREmA FRANÇA =-=-Se V. Ex. dá licença, do tenente coronel Francisco Lopes de Abreu, e-
eu quero saber se o -projecto passa ou não, pois pa- ()Utros credores -do vinculo . denominado.- do ·:Ja-
rece que ainda não ba necessidade desta lei já, e é guára.;._, e participo á V. Ex. que · na data deste
melhor, que ella se faça quando houver necessidade; Jicão .expedidas as ordens necessarias para _dar-_o
mas ·se a camara assentar que . esta lei é já neces- vice-presidente da província de Minas Geraes os
·a
Câmara dos Deputados - Im presso em 02101 /20 15 16:44- Página 10 de 11
~oradores . de S. Francis~o
sm;SAO
de Paula, na provincia
do Rio Grande do Sul, em que pedem para.ser a sua ~ -- .
freguezia elevada .a víllâ. · _ _--- ·
I. _
EM: 3 DE JULHO DE -1.826
RESOLUÇÃO DA .CAMARA _ .
.- · - _ · _
- Dlf!1. e Exm. Sr.~Inclusa remetto á V•.Ex: u~~
"
a Outro semelhante requerimento dos moradores relaçao d!JS _membros dest~-camara, com mdlcaçao-
do Piratiny, fazendo igual supplicaao conselho do d~s provmc1as, de:..que sao repre~ntantes, e dos
}'residente em 1824, sobre o qUal o conselho mandou dias em que tomarao assento, bem como as fol~as,
mformar -a camara respectiva, para com o parecer dos empregados · n;a mes~a ca_mara e su~ se_c retarta,
desta subir á presença de S. M. Imperial. . e das despezas feitas ate o fim do proxlDlo passado
cc As resoluções do conselho do presidente do mez, afim. de que Y. Ex. poss~ mandar pro~cd~r
anno de 1824, que dependião de approvação de ao r~spectlvo pagamento, deduzidas as qu_anttas Já
S. M. o Imperador, entrando neste numero a r~ceb1das, ~omo melhor assentar, á VIsta d!s
supplica, que se fez ao mesmo conselho, por parte ctrcumstanc1s do th~souro_, na fórma da resoluç~o
da villa do Rio Grande, para impetrar do mesmo da camara, commumcada a V. Ex. em meu omcxo
augusto senhor a graça da concessão do rendimento de 15 do mesmo mez. - .
da decima das casas da dita villa por alguns annos, Deus guarde a V. Ex. Paço da cama~a ~os .depu•
para extíncção das arêas que circulão por alguns tados, em ~ }o de Julho de 1826.-Jose. Rtcardo da
pontos· a mencionada villa ; pois que o conselho Costa Agtuar de Andrada.-Sr. VIsconde de ·
ouvindo a camara respectiva, tomou em consideração Baependy.
esta supplica e encarregou ao presidente de a levar ao
imperial solio, para ser deferida. Igualmente se Sessão em 3 de Julho de ~ 828
pede ao ministro o resultado do plano de melhora-
mento, que a commissão da villa do Rio Grande, PRESIDENCIA. DO SR. PEREIRA. DA. NOBREGA.
creada pelo dito conselho de 1824, propoz e que Procedendo-se á chamada ás 10 horas da manhã,
dependi~ de graça de S. U o Impera'!_o~r para se p~ presentes 69 . Srs. deputados, faltando
em pratxca, o .qual conselho encarr~gou ao presi- acharão-so
com participação de causa o Sr. l\Ion&enhor Pizarro :
"'~dente para assim o fazer:
~~~ Ultimamente pedir-se a estatística da província
e aberta a sessão, foi lida a acta da precedente pelo
no"~~o.que tenha vindo, e quando não rogar-se ao
Sr. secretario Maia, e foi approvada. .
Havendo-se logo ausentado da sala- os Srs. depu-
mini~~ra a ped~r a~ president~, _;isto que ~m
1823 se creu~ na capttal ·uma comm1ssao de estatts- tados membros da commissão de leis regulamentares
encarregàda da redacção das emendas ofl'erecidas nas
tica, e que ~---1824 o conselho lhe mandou dar sessões antecedentes ao 1o artigo-do projecto de lei,
andamento. »-Foi approvado o parecer.
vindo do senado, sobre a naturalísação dos estran-
O Sa. M .u A leu pelos Srs. secretarias, sobre o geiros e mais alguns Srs. autores das mesmas
requerimentodosofficiaes de pluma da secretaria da emendas declarou o Sr. presidente que por tal mo_-
camara este outro tivo se não podia principiar pela ordem do dia, e
<< PAR.;F;CER . portanto, concedia a palavra aos .senhores que qtti-
« Os secretarias vend~rimento dosomciaes zessem otrerecer projectos ou _indicações, bem como
da secretaria desta camara, em que pedem se lhes aos Srs. relatores do ·comm1ssões, que houvessem
augmente a quantia de 10$000 .mensaes. sobre a de produzir pareceres. Immediatamente disse
de 50, que se lhes assignou por ajuda de custo, até . O Sa. GETULio :-Sr. presidfnte, na sessão de
se fazer o regulamento geral ; e attendendo ás 18 de Maio fiz. uma indicação para se assignar a
razões, que principalmente expoem de se não dotacão de SS. 1\IM. U., e alimentos aos seus au-
deverem ter em menos conta·, que os officiaes da gustôs filhos. No dia 19 fez-se a 2• leitura, e a
secretaria do senado qne percobem o subsidio requerimento meu ficou adiada até que o ministro
mensal _de 608000, e de . lhes haver crescido . o da fazenda fizesse a esta camara remessa do balanço
· trabalho de mais uma hora por dia, depois que esta da receita e despeza do estado~ Como, porém, já se
camara lhes estabeleceu a sobredita ajuda de custo, acha satisfeita esta clausula, por isso requeiro que
são de parecer, que merece deferimento na fórma a indicação seja remettida á commissão de fazenda~
que requerem. , ' e que esta seja convidada a dar o seu parecer com
Paco da camara dos deputados, 1 de Julho de 1826. brevidade. -
-Assignados os Srs.secretarios. »-Ficou adiado. ~ - Havendo o Sr. presidente satisfeito a esta requi-
Ultimamente requereu o Sr. deputado Seixas, sição teve a palavra e se explicou por este modo
~e o seu projecto de lei, que fôra á commissão do
O SR. MARCOS ANTONIO :-Sr. presidente,. eu faço
cômmercio, sobre o estabelecimento de companhias igual supplica sobre a indicação que tive a honra de
de commercio do·interior, se ·imprimisse .com o qu~ apresentar a esta camara, a respeito das contas dos
fôra por emenda ofl'erecido pela mesma commissão hospitaes de caridade das províncias, (') a qual foi
que já sé mandára imprimir, por ser este o sentido remettida á commissão de petições . .Requeiro mais
em que o offerecera a commissão. a V. Ex. que convide a commissão de fazenda, para
Assim se
determinou. interpor com brevidade o seu parecer ãcerca de um
Como fosse chegada à hora, o Sr. presidente requerimento, que foi presente â camarada parte de
assignou para . ordem do- dia : 1o, ·continuação da um negociante da cidade. da Bahia, Antonio Yaz de
discussão do- projecto de lei sobre a naturalisação Carvalho, prejudicado pelas tropas. de Portugal du-
dos estrangeiros, 2°; continuacão da disclissão do rante a guerra da Independencia. :-
projecto· ·de ·lei sobre a emmfssão das cartas das O SR. BAPTISTA ·pERl!Uú. :-A commissão de fa•
academias medico-cirurgicas. 3°, discussão do zendâ,tem -mais de trinta requerimentos despacha-
projecto d-: lei sobre a responsabilidad~ dos ministros dos, e sobre a mesa estão alguns delles. O ~arecer, : ·
e conselhe1ros de estado ·em geral.
Levantou-se a sessão âs 3 horas da tarde.-/osé
Ricardo da Gosta Aguiar de A·il-drada. · {*) Veja-se a sessão de 19 de Junho.
SESSÃO EM 3 DE JULHO DE 1826 13
que pede o illustre deputado está prompto, mas não esperão toda a protecção, que em suas convenções
tem h a vi do lugar para se apresentar, em consequen- com aquella nação proponha as justas reclamacões
cia de ser pouco o tempo para os objectos da ordem do valor das propriedades arruinadas. Elles ·não
do dia. · pedem· que Ee lhes dê da fazenda publica, pois re-
O SR. MARcos ANTONIO :-Então se o parecer está conhecem que a nação não deve pagar os males que
feito, h a via agora lugar para se ler. o tmmigo causou, mas requerem que os damnos
Então convidando o Sr. presidente aos Srs. da recebidos sejão satisfeitos por aquella mesma na cão
com missão para satisfazerem a requisição do illustre de quem receberão estes prejuízos· enormes. Isto é'
deputado, leu o Sr. Baptista Pereira 6 seguinte o que Antonio Vaz de Carvalho e mui tos outro~
proprietarios prPjudicados pretendem nos requeri-
PARECER mentos que têm feito subir ao governo. Esta pois é a
"As commissões de fazenda e diplomatica exami- questão, que eu requeiro aos illustres membros da
narão o requerimento de Antonio Vaz de Carvalho, com missão tenhão em .sua consideração, para ser
da cidade da B~hia, em que pede indemnisação dos resolvida em conformidade dos principias do direito
prejuízos que soffreu a sua propriedade de e1!.genho natural e das gentes. ·
pela devastação e incendio no mesmo praticado pela O SR. SôuZA FRANÇA:- O illnstre orador, que
divisão luzitana, commandada pelo general Ma- acabou de fallar, para impugnar o parecer da com-
deira, em adio e vingança de ser o supplicante um mlssao, fez a apologia da mesma comrnissão e pa-
dos mais acerrimos brazileiros !autores da indepen- rece concluir de conformidade com o pare~er. Os
dencia; e é de parecer : que sendo duas as classes prej uizos que. os povos da Bahia receberão pela
de indemnisações a este respeito, uma de prejuízos guerra da independencia dividem-se em duas
motivados por defeza da patria e outra de damnos classes. Na primeira cantão-se os prejuízos causados
causados por hostilidades do inimigo, pertence á para a· defeza da patria contra o inimigo commum.
nação brazileir:a a indemnisação dos primeiros aos Parece que quando a patria necessita deitar abaixo
respectivos proprietarios, e não a dos segundos, u~a ·casa, arrazar um engenho, ou occupar as pro-
que se devem contemplar como effeito de causa pnedades de um cidadão particular, para as mano-
eventual, que cada nm particular deve soifrer. Como bras do exercito, ou ainda para o exercicio da arti-
porém no tratado feito com Portugal, art. 9', ha lharia, deve, a nação pagar pontualmente a este
lugar para estas reclamações, entende a mesma cidadão todos os damnos que lhe causara para a
commissão se deve reenviar ao governo o reque- defeza commum; pois o bem que resulta não é só
rimento do supplicante, para se mal)darem liquidar para aquelle cidadão, mas para todos que são bra-
os seus prejuízos e entrarem nas reclamações que o zileiros. .
mesmo governo deve fazer ao de Portugal, na con- Ha outra sorte de damnos, e nesta classe entrão
formidade do sobredito tratado. Paço da camara, 3 aquelles que o inimigo faz por sna utilidade. Estes
de Julho de 1826.-J. G. Ledo.-J. 8. Baptista Pe- estão fóra da ordem dos primeiros, e pertencem
reira.-José de Rezende Costa.-J}[. J. de Souza á especie dos eventuaes, que a ninguem compete
França. indemnisar. Eis aqui como a commissão discorreu
Sendo este parecer lido na mesa e posto em dis- sobre esta ma teria. Disse a commissão que pelos pre-
cussão, pedi o logo a palavra e orou por estes termos juízos desta segunda classr. o cidadão Carvalho não
O SR. MARCOS ANTONIO :-De nenhuma maneira tinha direito de exigir da nação a paga correspon-
me conformo com o parecer da commissão e até dente, mas que merecia toda a attenção para a re-
creio que dia não examinou <Jste negocio com toda. clamação que deve ter lugar segundo 9 tratado feito
a circumspecção. Os pacíficos habitantus da prpvin- entre o Brazll e PortugaL Eu estou persuadido que
cia da Bahia em um requerimento, que eu vi estando não haverá duvida sobre a execução deste tratado,
ainda naquella cidade, representarão ao governo e que de parte a parte se liquidará a conta sem em-
que as tropas luzitanas oppostas á nossa indepen- baraço. Espero, pois, que serão.indernnisad,os todos
dencia al'ruinarão muitas e ricas propriedades na os que soffrerão prejuízos na guerra.
província, sem berem para isso necessidade nas Todos os argumentos que expendeu o i!lustre
suas operações militares, e que, segundo os princi- preopinante, servem para demonstrar o dever em
pias recebidos em toda a Europa, e em todo o que está o ministerio, de proceder com effic.acia a
mundo civilisado, devião os prejudicados, ser indem- essas reclamações pelo direito que assiste aos cida-
nisados de tantos damnos, pelos quaes muitos fica- dãos prejudicados. A' esta camara, porém, não
rão inteiramente perdidos. Ora, quando se faz a pertence mais do que dizer ao governo que este e
guerra, não é permittido aos combatentes destruir os mais cidadãos estão nas circumstancias de entrar
os edificios publicas, nem os particulares : a guerra na liquidação que se deve principiar segundo os
tambem tem suas leis, que não devem ser violadas, e tratados.
por isso a indemnisação de taes prejuizos deve entrar ·o SR. LINO CouTINHO :-Parece-me que no tra-
em condição de tratados. Porém, quando o governo tado só ha declaração de indemnisação aos portu-
não convenciona sobre os damilos recebidos pelos guezes ; , e por isso creio que não resta recurso
seus subditos, fica responsavel a satisfazel-os: deve, algum ao governo para fa~er essa re. ela mação. Isto
portanto, indemnisal-os de todas as perdas, que ex- é o que me parece que I! no tratado : não o tenho
perimentarão os.pacificos e honrados cidadãos. presente, e por isso não allirmo. Porém, se é como
O inimigo na Bahia arrasou e incendiou não só penso o governo não póde reclamar esta indemni-
o engenho de Antonio Vaz de Carvalho, negociante saçào ; porque o tratado é uma lei política que
muito acreditado e amigo da sua patria, como tam- obriga ambas as nações: e não se tendo nelle feito
bem desolou outras muitas propri!)dades e lavouras, esta estipulaçfw, ficão os prejuízos compensados uns
sem que essa destruição fosse necessaria para a de- por outros; e nenhum direito tem o governo de
fesa_da praça, que injustamente occupava. Pelo qne reclamal-os da nação portugueza,
os ctdadãos lesados requerem ao governo, de quem O SR. SouzA FRANÇA :-No art. 9• do tratado se
4
Câmara dos Deputados -Impresso em 02/01/2015 16:44- Página 3 de 18
--- 1
22 SESSÃO El\1 3 DE JULHO DE 1826
"deremos a{lresentar-lhes para as .attrahirmos ao teiro. Nelle : estabelece-se a regra geral, eimpre- i
nosso grem10. terivel, pela qual o govemó póde conceder cartas de ·
Tenho-me explicado com franqueza. Não me oppo- naturalisação. Por elle todo o estrangeiro de maior
nho á lei, passe embora, porém_passe com as res- idade, que tendo feito explícita declaração de per-
triccões, que lembrei, e que já "foi redigida pela manecer no imperio, contar depois de~ta- declaracão
conimissão _. 10 anno·s de.domicilio continuo, sendo-solteiro,"ou
'7, sendo casado com mulher brazileira, póde obter
O SR.." Onol\tco 1\IENDES: - Eu penso igualmente carta de naturalisacão, provando boa cooducta..Esta
como o illustre preopinante, e já tenho expandido é regra universal, ê impreterível. Se porém occor-
quasi a mesma opinião. Comtudo reconheço que rerem razões para modificar esta dete.-minacão o
esta lei, se não é só por si bastante para augmentar corpo legislativo providenciará, dispensandô na
a nossa população, comtudo tende a facilitar a lei. Eis aqui a que se reduzem todas as emendas
emigraÇão dos estrangeiros para o nosso pniz. E' propostas nesta camara.
um novo estimulo, que os póde despertar, e ani- Julgou comtudo a commissão que não deveria
mal-os a deixar com desapego a sua patria . Eu sei que metter em linha de conta os bens, ou industria do
ha muitos estrangeiros, que estão a espera della estrangeiro, porque está entendido, que todo o es-
para solicitarem cartas de naturalisação. Entretanto trangeiro, que residir no Brazil, ha de ter mais ou
nem por isso· devemos deixar de ser cautellosos a menos, com que súbsistir. S~ elle é homem de boa
respeito desta concessão, porque se ha alguns poucos conducta; se é casado, se tem estado sempre com
que pretendem naturalisar-sc com animo de se in- nosco, e quer ser nosso concidadão, de nada póde
teressar pela nossa sorte, é incomparavelmente servir a consideração de ter muitos ou poucos bens,
maior o numero dos que já contão com os bons em- ter est~ ou aquelle ·modo de vida, etc. Demais,
pregos da nação, e que em lugar de procurarem Sr. presidente, póde um estrangeiro muito rico
beneficia l-a, só têm em vistas fazer fortuna á custa perder toda a sua fortuna no decimo anno do seu
do dinheiro dos povos, e da sua felicidade. domicilio entre nós, e não seria uma injustiça de-
Portanto não se póde dizer que a lei é ínutil abso- negar-se-lhe o rôro de cidadão, que um anuo antes
lutamente, eu a julgo muito necessaria por todas lhe poderia ter sido conferido ? E se depois de na-
as razões, mas pede a razão, que seja dictada pela turahsadó viesse qualquer a perder todos os seus
maior circumspecção, e com todas as clausulas sa- bens, de que serviria essa cautella da lei? Aqui está
lutares. · - a razão porque a commissão ommittio essa clau-
O Sr. VAscoNCELLOs: -Sl'. presidente, eu pouco sula.
tenho a accrescentar, já disse quanto •entendia a Quanto á emenda do Sr. Souza Fran~a, a eom-
respeito desta lei. Não póde entrar jámais em du- missão procurou modificai-a para pôr a sua dou-
vida, se devemos ou não fazer esta lei, é da nossa trina em harmonia com os preceitos constitucionaes.
obrigação fazer todas as leis regulamentares, e a Ora a emenda do illustre deputado vem a privar o
constituição marcou esta entre as que têm seme- poder executivo do direito, que a constituição lhe dá
lhante nome, portanto nada temos para metter este para passar as cartas de naturalisação, pois por
- iilcid.ên-ié-em~.qiiest'&ü: !!O!.!Y~ ~uem. avançasse, que ella só a asscmbléa fica com esse poder. Se aquella
desta lei nenhuma utilidade po<Thm. tirar os pov(l~ rfo emenda passasse t~! qual, vinha 1·ealmente a tor;.·
Brazil. Esta idéa é nova na camàr-a;-a·o principio n<u-:-~~·utillâ ' a let; -e nesse caso melhor seria rejeitar
ningut>m ousou duvidar da sua utilidade; todos o projecto in limine. Eu ainda avanço mais e digo
unanimemente se mostrarão convencidos de ser um que a emimda, sem a modificação, que lbe fez a
meio proveitoso e necessario para augmento da po- commissão, é anti-constitucionaL Portanto não vejo
puJacão, e civilisação do imperio. Uma cousa é pa- motivo para que se não approve a redacção do ar-
tentêar sem medida nem di!'cripção o-'ingre.sso a tigo. . · -
todos os estrangeiros, e a admissão ao fôro de ci- O Sa. BAPTISTA PEnEIRA:- O illustre preopi-
dadãos brazileiros, e outra cousa é convidai-os por nante prevenio em grande parte as minhas idéas,
este meio directo :para virem fazer causa commum e por isso pouco mais poderei avançar ao que se
comnosco aquelles, em que concorrerem as qua- acabou de expender, e ao que já tenho :ponderado
~ _lidades requeridas, para se poderem dizer verda- para manifestar a minha opinião a resp~1to da ma-
deuos cidadãos brazileiros. . teria. Não me posso todavia dispensar de aventurar-
Eu accrescentarei, senhores, que todas as nações ainda algumas reflexões sobre certas proposições,
civilisadas e cultas têm leis de naturalisação, e que _se tem enunciado, e com as quaes eu me.não
que todos os politicos as propoem como uma medida posso accommodar.
de -muita utilidade. A differeoça, que se nota entre Eu estou intimamente persuadido de que, ha-
ellas, ·'é a que eu já ponderei nesta casa. Umas são vendo summa necessidade de . braços para o pro-
mais francas, e outras mais mesquinhas a respeito gresso da nossa industria, deveremos empregar
da admissão dos estrangeiros> e_ todas para assim todos os esforços, ainda com algum sacrificio, para
obrarem, attendem . ãs suas circumstancias par- augmentarmos a população do nosso paiz. As nossas
ticulares. Eis as bazes dos meus argumentos. A lei fabricas, a nossa ·agricultura, a navegação, toda a
é necessaria, porque a constituição a manda fazer, nossa industria, em uma palavra, não se podem_ pôr
é util, porque contribue para o augmento da po- em acção sem grandes forças yisto que não temo!',
voação, deve' porérn ser feita com sabedoria, porque nem tão _cedo teremos as macbmas, que tanto faci-
as circumstancias do nosso paiz não permittem litão o trabalho, o nosso paiz emfim é todo novo; é
franqueza, e nímia liberdade na concessão do ti- preciso abrir estradas~ . tornar navegaveis muitos
tulo ôe cidadão brazileiro. · rios, .etc., e isto não se faz sem muitos braços~
Estas mesmas forão as vistas da commissão, . Além disto nósotemos centenas e eenten •,,
quando redigio as emendas apoiadas pela cam _·ara. legoas de p~,iz inculto, e não serã necessario ·
A commissão reduzio estas emendas a um novo ar- estrangeiros- venhão ajudar-nos · nas, nossas
tigo, que realmente vem a perfazer o projecto in- prezas, e · ter parte nos interesses ~ue proviE
Câm ara dos Deputados - Impresso em 02101/20 15 16:44 - Página 12 de 18
nos primeiros dias; assim, ainda que este cidadão póde renunciar estes direitos: primeiramente pa-
se haja de retirar para outro lugar, receber outra rece-me que isto é anti-constitucional, perdoe-me
patria ou aceitar privilegias de naturalisação de o illustre deputado,- porque se a constituição de-
outro estado, nunca, nunca fica desonerado, porque clara que aquelle cidadão, que se naturalisar em·
o primeiro direito é o direito natural, é um con- paiz estrangeiro, perde os fóros de cidadão brazi-
tracto celebrado entre o cidadão que nasceu na- leiro, admitte a constituiçãc o principio que póde
quelle paiz e o seu governo : por consequencia, renunciar e perder estes direitos, e o. nobre depu-
ainda que este cidadão que i ra renunciar este direito, ta do vem portao to,· ·com a sua opinião contrariar o
será necessario tambern que o governo, que é outra que determina a constituição; demais; que direitos
parte conlractante, haja de aceitar esta renuncia, renunçia o cidadão estrangeiro que quer entrar na
haja -de CODV'ir neste contracto, sem o que não se nossa sociedade, que sejão inalienaveis? O illustre
póde fazer uma total renuncia des_te direito. Esta deputado não me apóntou 1liÍl só; referi o-se á opi-
é a opinião da maior parte dos publicistas. Qbservo niào de -escriptores _que não citou, e de certo me
mais, que· um- historiador refere que um celebre não lembro de o ter visto em escriptor algum, talvez
inglez da primeira idade emigrou para a França, lá por ter lido pouco. Se o illustre ·deputado dissesse
teve educação, e por fim veio a servir contra os que devia ser s~pprimido o artigo, porque é lei
inglezes ;. sendo elle preso na guerra, ainda que es- geral de todas as nações, que logo que um cidadão
tava naturalisado na Franca, por 1ss~que não tinha se naturalisa em um paiz estrangeiro, perde o fôro
prestado aqueila vassallage"m que devia aos inglezes, do seu paiz, então bem ia; mas nem por esse prin-
foi processado e el-rei de Inglaterra teve a genero-· cipio deveria ser supprimido; porgue o estrangeiro
sidade de o perdoar, de o agraciar e de nãoccon.: se poderia valer· da ignorancia da lei para residir
sentir que se executasse a pena ; portànto, con- sómente como cidadão emquanto lhe fizesse conta,
cluo dizendo que sendo esta lei seguida pelas nações por isso acho que deye o estrangeiro renunciar t()dos
as mais policiadas, parece que um novo cidadão os direitos e· fóros do .paiz, porque do contrario
ou um estrangeiro que vem adquirir o fôro de ci- virião os estrangeiros procurar a naturalisação para-
-dadão em uma sociedade estranha, não póde fazer ce~tos fins temporarios; portanto, voto que passe-
uma total renuncia dos direitos e fóros do seu paiz, o artigo. - . · · ' . .
porque ainda que o faça não poderá ella ter effeito o sn:. MAncos ANTONIO :-Como.o honrádo mem..:
-sem que o governo respectivo do paiz, onde elle bro não.sàbe onde-vem isto, cumpre-me dizer-lhe
nasceu, e que lhe deu a primeira protecção, haja de que vem no 'direito p· ub.lico de Blackstone, cap. lo.
aceitar a mesma renuncia. Estas são as consida- #
rações que julguei necessario fazer, ellas são abo..' eu conservo isto de quando andei pela Inglaterra.
nadas por grandes publicistas. . .
o Sa. SouzA FRANÇA. : - O illustre preopinante
o SR.·. C~HA MATT~S :-Voto pelo artigo ; à opi-
nião do illustre deputado, se está admittida na Tn-.
parece-me que confundio de alguma . maneira os glaterra, não o· está aqui, pois a nossa constituição
direitos do estrangeiro, que tem residencia tempo- manda o contrario. Eu me lembro que um celebre
raria em um paiz, com as diversas obrigacões da.: general sueco foi processado por ter abraçado o
quelle, que ~h tendo carta ·de naturalisação se toma serviço da Russia. Tªmbem sei~ Sr. presidente; que
cidadão desse paiz. Um" estrangeiro que-yai habitar nq tempo de Bonaparte houve ·a reclamação_ dos
simplesmente um paiz,- seja qual for o numero de irlandezes, que. se forão introduzir no territorio
annos,- é sempre sujeito ás leis do paiz sómenté em- de H.amburg.o, por par. Le do.rei de lnglate:qa, a. cti.~a.
quanto nelle reside:· elle se deve em tudo e por entrega se oppoz lJonap_~te_; aipda outra, .os in·"',
tudo ·conformar 'com as i eis do paiz ; ·mas· é pro- glezes, .na. guerra, ' -que. t1verao com os .amencano:s
cessado como rebelde, quando se revolta contra a tambem reclamarão. e. quizerão passar pelas arma~:
sua nação; quando, porém, obtem carta de natu- aquelles soldados, que acharão com armas ~a.m· '
ralisação implicitamentl3 renuncia a todos os di- mettidos entres as:fil~l_ra~ dosEstados-~nidos. T1 .1
SESSÃO EM 4 .DE JULHO DE 1826 35
bem aconteceu que os inglezes passarão revista a O SR. OoaRICO :-Eu me levanto para apeiar o
uma fragata americana, dizendo que havia nella que disse o Sr. Baptista Pereira. Os inglezes, que
marinheiros seus, isto deu lugar a muitas contesta- se deixarão ficar na America, na época da guerra
ções, é verdade, mas não tiv erã o exito, porque a com a Inglaterra, nunca mais farão considP.rados
nacão se considerou muito superior, e como nós inglezes, n em tao pouco reclamados.
nãÓ estamos neste .caso, por isso acho que se deve O SR. CRuz FERREIRA.:-0 estrangeiro naturali-
observar a doutrina do artigo. sado perde todos os fóros políticos do seu paiz, mas
O SR. BAPTISTA PEREIRA :-Eu creio que o i.llustrt os naturaes, esses nunca elle póde perder . Todas as
deputado se equivocou, talvez por não estar bem vezes que o estrangeiro naturalisado fôr achado com
lembrado da doutrina, que citou de Blackstone; pois as armas na mão contra a sua patria, é punido de
·parece-me haver uma differen~ mui consideravel. morte,. porque nunca se lhe póde admittir a Tenun-
Quando os inglezes pretendem ter direito sobre cia dos sentimentos innatos ao homem que o obri-
qualquer inglez, que se ache natura!isado em O\]tro gão a defender o paiz onde nasceu.
paiz, não é sobre qualquer que nasce na Iqglaterra, . O Sn. SouzA FRANÇA :-Està lei não é senão para
mas sim sobre aquelles que se achaviio ao seu ser- que o governo possa dar cartas de naturalisação,
viço, e é isto o que diz Blackstone. Por exemplo vamos agora ver se ella preenche o seu fim. Disse-
um soldado ou um ollicial de marinha que desertou se que ~para se concederem cartas de naturalisacão
ainda que se tenha naturalisado em-outro paiz, con- é preciso que renunciem os naturalisados os fóros
serva a nação sobre elle o seu direito, como se vê do seu paiz,_mas póde muito bem ser que haja uma
em um offici~l de marinha, que apezar de estar ao constituição, pela qual seja prohibido ao cidadão o
serviço do Brazil, porque Lambem estava ao de sua naturalisar -se em outros paizes. Para es te caso se
nação, foi reclamado e em qualquer occasião que deve accrescentar a clausula de que o governo n ão
appare.cer será castigado ; não acontece assim com naturalise um tal estrangeiro, porque não póde
os mais cidadãos, e é necessa rio esta differença. Os preencher a clausula da lei que suppõe que elle póde
inglezes reconhecem que um só individuo não póde renm~eiar os fóros de seu paiz.
ser cidadão de muitos paizes , e quando elles pre- Ultimando- re a discussão e proposto o artigo foi
tendem ter direito sobre algum individuo não é approvado tal qual se acha.
porque nasceu na In glaterra, mas pelo contracto,
porque este individuo se li gou, de servir á nação como Imm ed iatamente offereceu o Sr. Maia os seguintes
addiciona es ao projecto.
nesta ou. naquella fa culdade ; mas, uma vez que
não é funccionario publico, ou foi e deixou de ser, « Art. 1. •-Em nenhum caso se concederá a carta
não podem mais exigir obrigação nenhuma, se o de naturalisação a quem não a pedir competen-
exigem· no outro caso é con tra o funccionario, que tem ente. »
deixa o seu emprego sem licença da nação. Parece- << Art. 2.•-0 requerimento que se fizer ao poder
me que é este o sentido em qu e Se explica Black- executivo para se obter carta de naturalísação, serã
stone. acompanhado de authentica justificacão dos requi-
sitos declarados nos artigos. ·
O S11. CuNHA MATTos : -A respeito da Inglaterra « Art. 3.•-A jUstificação será feita ou nesta
é justamente o que acabou de dizer o Sr. B~ptista côrto, perante o corregedor do cível, ou aquel\e ma-
Pereira: é verdade que não é assim nos outros gistrado qu·~ ao futuro o substituir; seja qual fôr
paizes, póde haver uma tal circu mstancia que a a provín cia ou o districto em qne resida o preten-
nacão ou chefe do poder executivo precise por um dente, ou perante o juiz do local em qu e tenha a
mômento de receber, ou á testa do seu exercito ou sua actual residencia.
da esquadra um homem que poderá fazer grandes « Art. 4.•-A justificação só poderá ser veri-
sél·viços. Ao chefe do poder executivo cumpre saber ficada por· meio de documentos origmaes e bem
dos conhecimentos e meritos deste official, julgo authenticados, e as testemunhas apenas se admit-
tambem que aquelle, que por pouco tempo ou por tiráõ para prova de identidade de pessoa.>>
um momento vier servir entre nós, deve ficar aqui
ligado temporarian;~ente, como se fosse a patria onde Sendo apoiados, disse ·
nasceu, mas que voltando ao seu paiz deve deixar O Sn. BAPTISTA PEREIRA:- Eu quizera qu e se
de gozar destas prerogntivas, e por assim dizer deve lêssem os artigos vencidos, porque creio qu e n elles
deixar de ser cidadão brazileiro . Assim aconteceu estão estas providencias agora propostas. (Lêrão-se).
entre os americanos. Os americanos ti verão em seu - Nestes artigos se diz que é necessario boa con-
paiz muitos mil inglezes, fez~s e a paz e quizerão ducta, justificada perante o juiz do domi cilio, esta
depois roclamar o direito de cidadãos de Inglaterra. justificação ha de principiar por um peditorio . Por-
0 ~R. BAPTISTA PEREIRA :~0 i!lustre deputado tanto não se póde dar a carta de naturalisacão a
não fez distincção dos que são naturalisádos e dos quem não a pede , •
que vêm servir ~empqrariamente. Não tem nada O SR . MAIA:- Nestes artig-os apenas se põe a
uma co usa com a outra, o caso é' depois de natura- condição de boa conducta, mas é necessario que
lisados. E' necessario fazer esta differença. Se vem prove residencia continua, que faça a declaração
temporariamente fica· sendo subdito do paiz onde perante a camara, etc., por isso é que eu estabeleci.
nasceu : mas se pedio carta de naturalisação está a fórma d19 justificar estes requisitos que a lei exige .
na -regra geral. Demais, este argumento de. outras O SR. SouzA FRANÇA :-A lei seria manca, se se
nações que se tem apontado, póde não servir para não admíttisse de alguma maneira a emenda do
o nosso caso, porque é necessario ter em vista os Sr. Maia; porque a lei trata em these que se conce-
tratados que são leis particulares. deráõ cartas de naturalisação áquelle que tiver uma
O SR. CuNHA MATTOS :-Eu em tudo me conformo residencia de dez annos, ou seja, ou não ca-
com o que dis~e o Sr. Baptista P ereira; eu fallei dos sado, etc.; mas como se hão de verificar estes re-
quo vêm servir temporariamente e apontei um quisitos 1 Esta á a questão ....,.como se . h a de levar
facto. ao conhecimento do poder executivo a verificação
Câmara dos Deputados -Impresso em 02/01/2015 16:44- Página 7 de 12
--- 41
andamento á constituição fossem os tomar as palavras determina o séu chefe, porém ·ord~na-me o meu ·
em um sentido diverso di!quelle em que ella as en- general que vá demolir uma casa, que devaste
tende. Não me demorarei mais sobre este artigo~ a um campo. que faça retirar os moradores para fóra .
seu tempo se conhecerá quem tem razão, . do seu domicilio, etc. Se eu não obedecer á ordem
Respondendo agora . a oútro illustre deputado, que me é dada, perde-se a subordinacão, e seguem-
ainda 9igo que não entendo a. sua. em~nda suppres- se t~vez. as mais tristes consequenciâs, entretanto
siva, porque quando a doutrma e ma e · desneces-; eu. na o_ he1 de obed~er cegamente, hei de · pedir ex:..
saria, supprime:-se, mas quando se reconhece que e phcaçoes, quando JUlgue que ellas podem ser admit-
nccessaria; não se póde propôr a suppressão. tidas, mas se ainda depois de minhas retlex<ies se
O Sa; LINO CoUTINHO:- O illustre deputado me intima a ordem, devo logo e logo obedecer
mostrou que no sentido da constituição responsa~ porque aliás perde-se, torno a dizer a disciplina; ~ .
-bilidade é o mesmo que justiçabilidade, porém me Jica o exercito sem energia.
. parece que o illustre deputado conhecendo isto, Ordens têm havido que a primeira vista parecerão
está em contradicção- comsigo mesmo, pois se o erradas, e ainda crueis, ·mas quando chega a occa-
illustre deputado sabe que a constituição toma a sião de justificai-as, tjm-se mostrado que forão re-
palavra responsabilidade pór justiçabilidade, como !ultado de ponderação e grandes cenhecimentos.
autor deste projecto deveria pôr aqui aquillo mesmo Os subordinados, Sr. presidente, só não são obri-
pelo que a constituicão torna responsavel o empre- gados á execução de ordens oppostas do direito na-
gado publico, isto é "o art. 179 § 29. (Leu-o.) tural, mas as do direito · da guerra deve as exe-
De facto neste lugar respon~abilidade quer dizer cutar. Se um commandante determina a um seu su-
a mesma co usa que justiçabilidade ; mas o illustre balterno que vá matar um official, ou soldado com
deputado admittio a . differença de justiçabilidade e quem teve uma pendencia não deve ser obedecido.
responsabilidade, pois diz. logo no 1o § do artigo porque a morte neste caso é contra o direito na·
(leu-o.) Pois é crime dar uma ordem sem s~ ter tural, mas se o bem do serviço exigir que·este offi.-
mostrado se é boa ou má 'l O empregado, que der ciàl ou soldado seja .morto, ·deve o chefe ser obe-
uma. ordem, é sujeito a av~riguação, isto é á res- decido, assim as nossas leis o exigem, e dellascde-
ponsabilidade, mas não é logo justiçavel. pende a conservacão dos exercitas.
Eu não tenho êonhecimentos de jurisprudencia,
Os militares têm conselhos de averiguacão e con- mas sei alguma cousa da minha profissão·, e posso
selhos de guerra : o offi.cial que entregou Üma prà.~é! fallar do serviço militar. Não vàmos abrira porta á
é .sujeito ao conselho .de averiguação, pois não se insubordinação dos subditos, não se escureça a
sabe se a entregou com motivos justos ou sem elles, gloria dos .superiores, pão se deprima a dignidade
sabe-se que de facto entregou a praça e procede-se de· ~e.us cargos, para se não perder a segurança d!i
ao conselho de av~rigu'ação para se saber as cir- naçao ~
cumstancias : eis aqui a responsabilidade nos mili-
tares, mas a justicabilidade é o que ~lles chamão O Sa. SoLEDADE : - Fallou-se contra a genera-
conselho .de guerra,~ em que já ha um crime. · lidade deste artigo, pretendendo que não po1lem ser
incluídos todos os seus numeras debaixo do titulo de
Se porém o illustre deputado, dizendo que é res- responsabilidade. Eu .não . posso convir com estas
ponsavel aquelle. que der qualquer ordem verbal idéas. Os emptegados puolicos são re!!ponsaveis,
quiz, que. se não entend~ss~ ~qui a justiçabilidade, segundo a constituição, por tndo que commetterem
então sah1o fóra da constltUiçao, que entende res- ou executarem contra a lei, por abuso de· poder, e
ponsabilidade ppr justiça bilidade. - ommissão, a responsabilidade comprehende pois
Vamos adiante,-Aquelles - por cujos votos fôr toda e qualquer sorte de actos, pelos quaes póde 'ser
tomada qualquer deliberação-diz o § 2°. Mas a de- criminavel o empregado. Justiçavel embora se diga
liberação póde ~er boa ou póde ser mã : se ella fôr quando se reputar que as acções merecem castigo,
boa, o votante não. póde.ser castigado, e eis aqui porém isto eu acho que não faz objecção alguma ao
admiltindo-se a .distincção de responsabilidade e artigo; eu entendo que elle deve passar.
justiçabilidade. . Deu a este tempo a hora. pelo que ficou a ma-
· Em todos .os outros numeros · se·:vê esta mesma teria adiada.
distincção,.como .en já mostrei. Portanto . se acaso a =o Sa. CosTA ÃGUIAR leu a seguinte declaracão
· constituição tem . responsabilidade ,por · jnstiçabili- de voto do Sr. Feijó, assignada tambem pelos
dade os autores deste projecto sahirão fóra da cons- Srs. Paula e Souza, Odorico, Lino .Coutinho, Ledo,
tituição, fazendo essa distincção, -em cons·equencia Mour~, Costa e Silva; Queiro_?; Carreira e Costa
da qua~ a epigrapbe-responsabilidade-não ~e ?asa Carvamo.
bem com os ns. 3°/ e 4°. que devem ser supprumdos. Fui de voto que se não snpprimisse o art.·2•,
porque já .tratão de ~rimes, que pertencem ao titulo porém que .se admittissem as restricções propostas
se~jnte. . pelo Sr. Baptista Pereira. ·
O Sa. CU!fRA ·MAnos :.- ' Sr. presidente que:ro O voto é ..relativo ·á lei da natu.ralisação doses-
accrescentar ao que acaba de dizer o illustre de-:- trangeiros. · -
putado- o Sr. Lino Coutinho, em cujos ·sentimentos . O Sa. VIcE-PRESIDENTE deu para ordem dia: 1.0
concordo, que se não houverem·as mais exactas e A continuacão da discussão do projecto de lei sobre
circumstanciadas •declarações a . respeito do n. 5o, a responsabilidade dos empregados publicos. 2. 0 A
está .então perdida· a disciplina militar. A consti- continuação da dis~ussão do projecto de lei da na-
tui~o no art. 179.§ lO exc~ptua. do que determina turalisação dos estrangeiros. 3.0 Havendo tempo, 2as
geralmente ácerca ela prisão antes da culpa formada, leituras de pareceres de commissões. -
as ordenanças militares, e pelo que respeita á exe- Levantou-se a sessão depois das 3 horas da tarde.
cucãó das-ordens digo que se o inferior jnlgár que
ha-difficuldade ou ipconveniencia na execução, deve -José Rica·rdo da Costa -4guiar d~ Andrada.
J.pedir esclarecimentos, e ;.nunca oppôr-se ao que
11
Camara dos Deputados - Impresso em 02/0 1/20 15 16:44- Página 1 de 12
(1) ComÔ faltassem á . sessão os tachigrapbos do 1o turno, não se puderão alcançar os discursos qne se .
,pronunciárão na discussão sobre este arti~o, desde o principio da sessão até ao meio dia. · ~
l
Câmara dos Deputados - Impresso em 02101/20 15 16:44- Página 2 de 12
···-----·- · ·· 4ir·--·
Primeira rior á lei e manda praticar actos que lhe são oppo_s-
. · · tos, é que se deve rigorosamente cnamar anafchísta,
« Proponho a suppressã;o dos §§ "lo, 2o e 5o do rebelde, revolucionario;~ porque não quer lei, . não
0
art.l ,_e que_este se addicione e redija _na fór91a quer ordem, não quer governo legitimo . . Pelo con-
seguinte : , · · . . · trario; aquelle que desobedece a semelhantes or-
« Aii. 1. 0 São responsaveis os empregados pu- dens manifestamente repugnantes á lei, é um_bom
blicos : · · . · _servidor d~ nação. c;:umpre com o_seu dever e mos-
. « 1°. Pelos erros de omcio, abusos do poder, . d~ tra-se capt1vo da le1. :
lictos e prevarições q'üe commetterem no e~erClClO Supponha-se, por exemplo, que o ministro dos
dos seus empr~gos~ - · negocios do imperio expedio um aviso á· juntada
<< 2°. Pelas omissões praticadas no desempenho fazenda de uma província, para entregar certa
de suas funcéões. quantia do dinheiro publico. Será anarchica a
« ao. Por ·não fazerem effectivamente responsa- junta, se acaso de.sobedecer e recusar cumprir se-
. veis.os seus subalternos. (Constituição, arts. 156 e . melhante ordem? Não certamente. As juntas de
164,§ 11; e ar~.179, § 29.)-Julho,4 de 1826.-Cle- fazenda recebem ordens immediatas do ministro do
mente Pereira. >> thesouro ; . a lei assim o dete.r mina; a junta o sabe
Segunda ou deve saber: logo, a quem deve obedecer. á lei ou
ao ministro do imporio? Quem é nesta hypotnese o
<< Ao n. 5°-0s execütóres de ordens illegaes~-:- anarchista 'l E' sem duvida o ministro, que se re-
Tei:ieira de Gouvêa.» · bella contra a lei.
Terceira Outro exemplo. O juiz da alfandega tem foral,
Jeis e ordens invariaveis, por que se rege aquella
<< Ao_ mesmo n_~e!o:-Os executores de ordens repartição: manda 0 minjstro da fazenda, que elle
contrarias á cons~1tu1çao .-Souza França. » deixe passar certas fazendas sem pagar os dtreitos
Quarta que a lei manda: se o juiz não cumprir, quem é o
· revolucionario, o anarchista, o demagogo? E se
« Ao mesmo:-São responsaveis os executores cumprir, poder-se-lia livrar da responsabilidade só
de ordens contrarias á constituição, ou que claudi- porque apresenta uma ordem illegal ? o adminis-
carem na formula designada por lei.-Lino Couti- trador do correio não sabe que a inviolabilidade do
'Jl.hO.» · segredo das cartas é firmada pela constit~ição e que
· Quinta contra a constituição não prevalecem ordens algu-
« Ao mesmo:-0 executor de ordens, de que, mas '1 Logo, se responder a um aviso que lhe fôr_
trata 0 capitulo 12 do .titulo 2o.-Vasconcellos. » dirigido, para entregar c~rtas Cl!rtas-não quero,-
Todas forão convenientemente apoiadas e fizerão ~~1o ~emagogo, anarchista; rebelde, revolucio-
parte da materia em discussão. Mas, posto que o Senhores; com estas palavras é que se pretende
debate fosse aturado e renhido, só se puderão obter resalvar os inimigos do povo e das suas. mais ~ sa-
os discursos que seguem transcriptos. gradas instituições. Reb.elde é_ o ~!nistro que ataca
·o· Sa. SouzA FRANÇA!-.-Sr. presidente, o illustre as leis e calca aos pés a constitmçao; ~ue assen~ ·.
deputado (1) trata do direito de resistencia ou da que ·não é para a nação, mas que a naçao é p~a_s1;
obediencia activa. E' regra geral, que todos são e por isso declara guerra a todos os que nao fo-
• obrigados a cumprir os mandados dos seus supe- rem cegos executores dos seus caprichos e arbitra-
rioresi: a autoridade deve sempre ser obedecida, riedades.
pois ella mesma é responsavel pelos abusos que Portanto eu não deixarei · de propugnar a fa~or
commetter. Porém esta regra padece suas exce- da doutrina do n. 5~ e estou firmemente persº'adido
peões. Os melhores publicistas e a experiencia de de que a opinião contraria é repugnante á consti-
séculos tê~proyado a necessidade ~a resistencia e tuicão do. estado: é só propria dos tempos de bar-
desobediencia em certos casos espeCiaes. - . baridade, que já ·passarão. . .· · _ · ·
Senhores; á proporção que se têm. augme~?-tado e Eu, Sr. presidente, tenho deiXado por mUitas ve- ·
propagado as luzes, t~m-se reconhecido mllllos er- zes de cumprir ordens por entender contrarias ás
ros que ainda ha pouco passãvão por verdades; e.a leis, á_s quaes eu devo primeiro obediencia. Um su-
lib~rdade dos povos vàtcriando rai~es. Hoje já ' não · balterno =nünca deve executar mandados oppostos
podem vogar certos pri~?-cipios, que· sóctendi~o .a ao-seu ·regimento e ·ás leis de direito publico ~u
conservar os homens n:a 1gnoranma dos seus direi- particular da nacão. ,Elle deve saber do seu offic1o
tos e em uma consummadã escravidão. Hoje não e ter presenté a "constituição. Se qualquer funccio-
ha quem deixe de conhecer a necessidade da resis- nario publico receber ordem do seu superior para.
tencia ás ordens tyrannicas e contrarias claramente atacar por qualquer ·fórma a sociedade · em que_ v:i-
. ás leis. . .. ", vemos, deverá ir muito promptani.ente cnmpril-a,
O eieéutor, qualquer que ·sej31, pec(:_a cérta~ente, para depois repres~ntar ? I~to é ·que ~u c~~o
cumprindo uma ordem contraria ás leisclar«s· e ex- principio de anarchia ~ dontrma revoluCionona.
pressas. Diz-se que ·est.e principio é anarchico. Mas Conclú~ do quetenho dito que o paragrapho deve
quem é neste caso que faz a anarchia 't E' certa-
ml'nté a autoridade, que .expede ordens diametral- passar· · · . _•
mente oppostas ás leis do paiz. Não é o subalterno, O SR. LINO CoUTINHO :-Eu julgo tão essenc11!1
que deixa de . as cumprir; ·. antes este mostra ser os; 5° deste.artigo, que elle por si só póde ;;u{>~nr
muito obediente á lei e executor dos seus decretos. a todos os outros, no caso de serem. supprrmi os.
A palavra ~anarchia- bem entendida ..exprime ' De fâcto, meus senhores, se não houvessem exe-
esta mesma Idéa . .Aquelle. que se quer fazer -supe- ·cutores .cégos _e passivos, _n~o haverião. mandões e~ .
1 (1) Pela razão jáapoJ!tada não se pódé- saber, à qtiem alluda o illwtre ~eputado.
Câmara dos Deputados - Impresso em 02101/20 15 16:44- Página 3 de 12
a~toridades ~bitrari~ e despoticas. .Onal é ·'! mo- ·rei c~ntra . elle (ustibus et glaàis, _e procurarei pa-
tlvo, porque Lemos Vl~to tantas autor1dades violan- gar-The caro o seu atrevimento~
do .a cada pa~so as_leis "! E' -porque ellas a~~avão Tem-se dito que o§ 5o podia ser admittido ácerca ·
sempre _sate}lte~ _v1s e escra'!'os,. que cumpnao os· d~s exe_cuto:es civis, mas.nunca dos militares, que ·
s~us mandatoS' tmquo~ e arbitranos. Os -executor~s sa~ essencialmente obedtentes e passivos. Que é
sao empregados publicos e como taes responsaveis p01s · um soldado 'l Será por ventura um aut.omato
pelo que fizerem contra o seu ofticio. mechido por cordeis a bel-prazer de um comman- ·
Não se diga que eu quero introduzir a insubordi- d!inte? Não será ~idadã~, ou não pertencerh: â so-
nação, deixando os executores arbitros das qrdens, Cledade, que o crta, e ahm~nta? Com.o é po1s que -
que lhes são dadas pelas autoridades competentes, se pretend~ qu~ elle possa tmpune'!len~e ~x~cutar
todo o cidadão é obrigado a saber de cór as leis, ordens arbttr~Ias contra as garantias mdiVlduaes
{pelo menos aquellas que reduzidas a uma ,breve de ~eus concidadãos, consagradas na constituição, _
cartilha, formão o codigo fundamental ou a consti- q,ue Ignalmente o r~ge 'l Se o militar, senhores, não
tuição.) O executor pois, ainda o mais ínfimo, que tlvesse outro officw senão:o da guer~a, se elle n_ão
executar uma ordem, que não venha ornada com morasse dentro dos nossos muros e cidades, e sim
todas as clausulas da lei; o exer.utor, que executar nos seu~ acampall?entos, como antigamente já fez
um ~an~at? .contra a c~nsti~uição, contra as ga- uma naçao da Grec1a; ~~eU~ fosse emfi~ _umcor}'O
ranhas mdtv1duaes do Cldadao, bem como seja a sem cont~cto ~<!m a c1te (seJa-me permtttldo ass1m
segurança de sua pessoa, a inviolabilidade de seu fallar) então dma que o . soldado deve ser um cégo
domicilio, o livre uso .de sua religião, etc., é pela exe~utor de todas as ordens boas _ou más ~e ::;eu su-
justiça universal e pela mesma constituição, j~sti- penor ~ com mandante: mas amda a~sim .est~rá
çavel por taes execuções; e o· cidadão, contra quem ell~ obrigado a ex~cutar or~e~s contrarias á JU'>t~a
se praticarem taes attentados, autorisado para re- umversal, ~ontranas aos d1re1tos da natureza'! De
sistir. - certo que nao.
Disse um ilhistre deputado qne o direito de resis- Se .um commandante ordenar a um soldado seu a
tencia, não se achando declarado na constituição, gratmta. morte d~ um cidadão, o incendio de uma
bem como succede entre os iy;Iglezes, o cidadão casa, VIlla ou .Cidade, o deverá eiie fazer? 9 sol-
brazileiro não póde resistir ãs execucões arbitra- dado, Sr. presidente, como cidadão deve Igual-
rias sem commetter um crime, e que _â. adopcão de mente saber de cór a constituição; deve saber, qne
uma semelha~ te dout~ina póde trazer comsigo a nem o se~ commandante pó~e dar ordens, q_ue a~a
desordcm e a msubordmacão. quem as hberdades e 'garantias de seus conc1dadaos
Oh! Sr. presidente, estr~nha me é de certo uma e q_ue nem elle as deve ~x_ecutar~ · . . . .
semelhante linguagem t Pois a constituição que O sol~ado p_or prectsao fórma a po~I~Ja, e vJgJa
declara essencialmente involaveis as garaliti;s in- na segurança mter_na (desgraçada precisao) p~rque
dividuaes do cidadão, deixarâ comtndo essas ga- elle na verdade de':I~ s~ trabalhar no seu o.fticJO de
rantias ao máo coração, ou má cabeça de um ou f~zer a ~uerra _aos Inimigos do estado ; e s~ndo as- ,
dous esbirros, de uma ou _outra patrulha de solda- sim, miseravets de. nós ~utros homens pacificos, e-
dos, que, só porque o magistrado ou o seu chefe desarmados, se se ~nc~tlr em sua cabeça, que elle .
mandou despoticamente arrombar as portas da mi-. deve ser executor . as cegas de toda e gualquer or-
nh~ morada, baluatte sagrado da minha segurança, dem de seus c_ommandantes ou. chefes •. Na lngla-
apossar-se da minha pessoa, que não póde ser ca- terra, Sr•. prestdente, terra classica da hber~ade, a
pturada sem dec_:lara~ão _de culpa, que só digo, por trop~ muitas vezes é chamada para accommo~l!-r
uma ordem arbitrana quer ser executor cego e pas- ~otms populares,_mas p~r.quem é chamada~ ~ui- _
si vo t De certo que nao ; e se tal é 0 espírito da g1da ? Pela .autondade ClVll do lugar ;_pelo JUIZ de
nossa coJtstituicão se ella consente que executores paz, e nunca pelo seu commandante mlhtar.
vis e escravos átaquem os direitos naturaes do ci- E' este j!_liz de paz o que fali~ e admoesta o povo
dad,ão, as suas liberdades individuaes, que não .de- por tres vezes, para que, se retire socegado aos seus
pendem do capricho de nenhum legislador direitos láres, e desgraçado do soldado, que mecher a ponta
e liberdades, que fórmão o codigo da justiça uni- da ~bay~neta contra o povo, sem a ordem expressa
ve!s_al e q'!le é a essencia da Divindade; se a consti- desse JUIZ, depois das tres admoestações canonicas.
tt!-IÇaot _d_1go, consente que U':fi miseravel esbirro Ensine..,se pois ao soldado, que elle é essencial-
possa_Impun~me~te levar sacr~lega~ m~os contra o mente passivo, e obediente _ em tudo quanto diz res-
pal~d!o cons!ItuciOnal,_ sell?: que o !!Idadao lhe possa peito ao seu· officio de fazer _a guerra, mas que
r~~tstu, então desde _Já _digo mu1 clara .e franca- quando se trata de elle obrar ácerca . de seus
~ente, que· arrenego de ~emelhant~ const.ituição, concidadãos, elle.não é obrigado a executar ordens
porq~e el~a em Lal cas_o s~r1a 11m codigo do mferno, sejão de quem fôr~ contra a recta razão a justiça·
qu~· auto_nsava ~ anmqmlamento da nature~a hu- universal, os direitos naturaes do ci<!adã~, divini-
:m~nif:,.a oppressao e ba11eza,e tudo quanto ba de vil sados n~ constituição; e contra as quaes não se
e Indigno. póde obrar impunemente : embalem-se portanto os
· lllas não, meus senhores, a constituição quer a meninos brazileiros com a constituição : ensine-se•
resistencia contra ataques arbitrarios .das nossas lhes a lei fundamental; como se ensina o padre
g!irantias: todo o _cidadão brazileiroé por ella auto- noss?; e não tere!Dos e!ltão medonem dos execu.,._
risado a ·repulsar pela forca um executor, que com tores e nem da resi<stencta: voto portanto· pelo §5o
força tambem quizer violar a santidade da sua casa, tal como se-acha redigido. ·
que pretender . a:possar-se de sua I?essoa se~ ~ulpa O SR .. Cauz FERREIRA : ..,..... Eu tambem approvo o -
formada, qne qutzer 9bstar ao livre e_xerciciO do . paragrapho, que trata da responsabilidade dos exe-
seu culto, ao me~os eu, emquanto .a mtm affianço cutores das ordens ; não approvando - ao mesmo
que, se algum nuserav~l executor mtentar cousas 1tempo muitas partes do projecto ; pois nelle vêm-se
semelhantes contra as mmhas garantias, me arma- confund~dos os delictos dos empregáilos pub-~co~,._
Câmara dos Deputados -Impresso em 02101 /20 15 16:44- Página 4 de 12
45
com o.que é :verdadeira~ente responsabilidade_con- um chefe absoluto na sua íamilia, e em que Bruto -
stitucional. · ' · · ' condemnava ã· mprte seus proprios filhos,-por se-
Eu -sóu contra a obediencia · passiva, porque o rem traidores.il patria. - .
executor de ordens tem olhos e razão, para .êonhé- Portanto eu. approvo o paragrapbo e julgo que:
cer se a ordem quo recebeu estã em fórma, e nas sem elle nãó deve passar esta lei. ·
circumstancias da lei : v. g. se é uma ordem de O SR. CLElrENTE PEREIRA : ·- Seja-JQe permittido
prisão, deve examinar, so tem os requisitos neces- dizer, que se tem já gastado muito tempo em ques-
sarios, se vai expressa a culpa, se é assignada por tões superfluas. Por vei'rtura alguem aqui disse,
ministro competente, etc. Isto póde saber qualquer que _os empregados publicos não devão ser respon':"'
official de justiça, ou Gens d'arme, como na França. save1s 'l Ha alguma :.emenda sobre a mesa, que não
Qualquer empregado tem bastante entendimento seja fundada neste principio 'l Parece.:me que não . .
para conhecer os termos da justiÇa, afim de nunca A differença só está no Diodo, porque pretende
excedel-a na -.execução, nem praticar 11ctos contra- cada um exprimir melhor a letra e o espírito da
rios ã justiça natural: pois não ha homem algum, nossa constituição. Parece-me portanto muito as-
salvo se é -verdadeiramente estupido, 'ou inteira- cusado repetir-se nestaJei que todos os empregados ·
mente dosnaturalisado, que não tenha no seu cora- são responsaveis; por ser principio bem sabido, e
ção sementes da moral universal. · regra sem excepção: e por isso acho preferível a
Daqui ·não se segue que elle deva de ser juiz das emenda, que offereci.
ordens do seu superior. Em regra todo o executor Originou-se-..depois a questão sobre o direito de
deve óbedecer e cumprir os mandados dos seus su.- resistencia, que nos fez sahir inteiramente do ponto
periores ; . porém esta regra tem excepções, que as principal · da discussão. · E' verdade que da decisão,
_circumstancias tornão ·indispensaveis, c a justiça que se tomar ácerca deste principio, depende are-
approva; O executor não é um automato, não deve solução a respeito do . o. 5 do artigo. Porém eu
cumprir ás cégas, pois nesse·caso podem seguir-se ãssento que é muito mais prudente abrir mão desta
muito mãus resultados. questão, -e supprimir-se o numeró, visto que sem·
Esta doutrina tem lugar até na ordem militar. elle a lei fica perfeita.
Bem que a força armada seja essencialmente obe- Este principio se não é anarchico, é pelo menos
diente, o que é expresso na nossa constituição, e muito perigoso, pois vai autorisar a qualquer· exe-
em todas, e lhe seja defeso ~~liberar e~ corpo, com cutor para interpretar as ordens, que lhe são com-
tudo ha casos, em que o m1htar não deve obedecer municadas :- e nós sabemos que nem todos podem,
cég~mente ao seu superior. · ·· nem devem entrar na intelligencia dos planos ou
~· Um dos illustres preopinantes trouxe o exemplo meios, . de que se servem ilS primeiras autoridades
·desse governador· em França do tempo de Carlos para o melhor desempenho do que lhes incumbe, e.
IX. Eu accrescentarei que tendo elle Tecebido or- p~de o interesse do estado. _ · .
dem .do rei para matar todos os Huguetl.otes na ceie- Quantos abusos, e quantos males pão resultarãõ, ·
bre noite de S. Barthol6l!leu, não a quiz executar, ·se qualquer subalterno tiver a liberdade de. reagir -
c escreveu ao rei, que na sua província não havia contra os mandados dos s-eus superiores 1 Nunca
rebeldes, ·que todos os subditos erão muito affeiçoa- pois se .deve exprimir do artigo desta lei semelhante .-
dos e obedientes â Stia Magestade. Aqui temos direito, embora se falle em ordem legitima ou ille-
uma formal resistencia á ordem de um soberano : gitima. O executor não é que ha de julgar, se a :
mas esta: . desobediencia, ·•este facto d~ resistencia ordem é legal ou não é legal. '
tem sido · geralmente louvado por todos os contem- · Deixemos portanto esta questão; não se tóme
ppraneos, e. por todos ~s est:riptores da nossa idi!de deliberação alguma sobre semelhante controversia;
e até consagrado pela h1stona. . . . suppi'ima-se o paragrapbo ; e trate-se de organis~r
Eu accrescento: . se um general mandar ao seu a lei de sorte, que todos os funccionarios sejão effe-
subalterno lanêar fogo a um armazem de polvora, ctivamcnte responsaveis pelos seus abusos e pre~- ·
o que vimo)!. âinda á pouco na praça de Almeida, ricações. Logo que as primeiras· autoridades se-
deverá ser executada semelhante ordem?. Lembra- jão de facto contidas. ~os seus deveres, nenhuma
me - um facto da vida de Turenne. No contlicto de dellas passará ordens ·oppostas á lei; e por cõnse-
utna batalha mandou este general pelo seu ajudante quenc~a -não haverá necessidade ·desse direito ·de
de ordens a um tambor, que tocasse a retirada~ O resistencia, que posto seja innegavet; é comtudo ·
' tàmbor que observou que os inimigos naquelle mo- muito perigo&o na pratica. Isto é o que me parece
mento mudavão de -posiÇãb, e fazião varias mano-. mais conforme á p~udencia e á, razão; e por isso -
bras e evoluções favoraveis . ao ataque, tocou a insisto na minha opinião. ·
avancar, e .·effectivamente . com esta désobediencia o SR. LINÓ CoUTINHO= -- Sr. presidente, o illus~
fez ·dêcidir a victoria completa por parte do seu ge- tre deputado, . que insiste em dizer que os executo-
neral.- . · ' . res não devem ser responsaveis, que não se póde
Deixemos o facto de Manlio, que retirando-se do resistir ·a uQJa execução iníqua, e arbitrari11, .e que .
exer~ilo, e deixando em seulugar a seu filho com se assim· acontecer toda a Ç>rdem ~ocial se pertur- ·
ordem expressa de não dar combate em sua ausen- bará, vindo dahi a anarchiae a desordem, parece
cia, o condemnou· á morte, depois de lhe conceder não haver bem. attentado nos argumentos .de quasi .
as honras do triumpho ; porque o. filho achando todos os Srs. deputados, que nesta occasião, e so-
occasião,favoravel combateu contra a sua ordem, bre tal assumpto têm íallado, porque o illustre de-.'
posto que conseguisse. nesta batalha .derrotar com- putado pensa que aqui se tem emittido uma dou-
pletamente o inimigo. Esta seve1·idade _romana só trina. geral, dequenca á discrição do executor a-va-
. podià'ter lugar no tempo das suas her~icas virtudes, .liar, .segundo sua cabeça, e entendiment~, o hOJJ),
yci .teri(pó da · pure~a da :stia_moral,- no tempo em ou~ máu· de-- tõd~ ~ qualq~er ordem; e que sendo
• "'Ue o povo se .regla, ma1s pelos costumes .do que ass1m; _nenhum JUIZ podia mandar; que o anda-
~elas leis, que erã.o bem poucas, e ~uito sim)>_lice.s, mento pratico da justiça . .forense set:,i_~ paralysado,
po .tempo fin~lmente em que um pa1 de família era · uma ·vez que, por exemplo, um meumho entrasse
) J ' - . ~ ,.,
Câma ra dos Deputados - Im presso em 02101/20 15 16:44 - Página 5 de 12
---- - --:~, - -!
·-_-:~,::~__,-~~~~':o- -f~ • _:;: .-;:~~·~'ç,._,~;;~~~-· ·-· ~~~;_:_:.,· ;, ~: -'-: _--.· :;~" ··-<'. , ,.. - _'·::·~:~~-:::t:~--- ~~-.\~.: .·
48 SE8Sio·. Eif 5 DE1IDLHO DK :lS!&:f: -
éonside;a~o;ce· po~_- issÕ .d~ve 'hà~e.;~~~-~Ôr,~cruE''• ·~ ;~m. ãr~el_ltado;~~bre_esíeponto; ,ao -meu,ver, .
· pulo. Emõora ·o. procl!-fa~o~1 d~ . CO!"Ôil, ~a- ~rte ,res- ,ms!_gmficantiSslmo. ·Na o .tem lugar.a al~ração que
!i~s;~~:;;a:!:~Jf:i~%!1Js~~i~:~~~~1'
fiscal, que a e1Ja sirva de .parte. .
~' ;:Mfi~~!!i1fmÍd:~a~3}:c~~Ó~~~~~~i:e~ii~~
Sr.- presidente á v.9tação, foi approvado o arLigo-:da
Esta ,é a wnhà. opinião; e taes são as razões, em Jórma em gue estava redigi~o, ficando prejudicada
que me fllndo :·· ppr isso insisto no mesmo voto. a emenda doSr. Cruz Fe_rretra e a .proposta ve~bal
o· Sa.o SoÚu FRANÇA;- Trata-se .da fiscalisaçao do Sr._Paula -eSouza. . . • .
do processo preliminar de justificacão para se obter Então, consult_aJ?-dO o ~r. pres1de1_1te a c_am~ra se
a carta de cidadão brazileiro. NenhÜm processo póde da"!l Jl~r finda ~· d~scussao da d~utrma do proJeCto,
haver da natureza . deste, sem certos termos essen- dec!dlO se que s1m • e man~ou-se r~~etter o mes~o
ciaes,. que necessariamente devem ser preenchidós. proJe~to com as emendas a- commlssao de re~~cçao .
As partes _ deste processo sao o estrangeiro, que de le.Is,, para pôr-a matena em ordem e SU)eltal-a .
quer naturalisar-se, e a na cão, que·o recebe no seu depo:s a approvaçao fin~l d!l camara. · - . .
gremio ; e por parte da naêão representa a autori- Pa:.SO';I-se, portanto, a 3• parte da ordem 4o ~Ia,
dade legitima, que é 0 procurador da corôa e sobe-· C(,Ue devia versar _sobr~ pareceres. de commissoes.
raoia nac_ional. - E havendo o Sr. prestdente conv1dado os Srs. re-
. . _ . . latores para que houvessem de os apresentar, leu
So~re a Justdlcaçao, qu~ .faz o estr~~g:euo, pro- 0 Sr. Ledo, por parte da com missão de fazenda · ·o
nuneta, ou sentencêa o JUIZ do domtcdio; porém seguinte · · · - · '
antês dê o fazer deve ouvir o procurador da corôa ,, PARECER
sobre os termos do processo, ·e sobre o seu mereci-
mento; e no caso de não haver um procurador da « A commissão de fàzenda, exaniinando o ollicio
corôa effectivo, nomeia um cidadão de conceito; do ministro e secretario de estado dos negocias da
que faça as suas vezes, e manda-lhe o feito . com fazenda de 3 de Junho corrente, com o qual reenviou
vista para elle responder. · a folha que esta cnmara lhe mandara expedir dos
Isto é o que se pratica nas JUStificacões e pro- vencimentos dos deputados da mesma camara, en-
cessos desta natureza. Preenchidos estês termos e tende, que supposto se pl'ocedera ·em regra p"elo.
julgada a justificação porsentença, vem para a côrte modo com que se processára -a mesma folhà sem
remettida ao governo ou ·ao tl·ibunal competente, e se lançarem nella as addições ·dos vencimentos de
um dos primeirps passos que dá este negocio é ir cada um dos mesmos deputados, é comtudo justi-
com vista ao procurador da corôa, que serve na ficado o motivo peloqual deixára o ministro de pro-
casa da supplicação. Este interpõe .o _seu parecer, e ceder ao pagamento pela mesma folha; porquanto,
exige o cumprimento das clausulas, que julga fal- incum~indo-lhe a elle executar a lei e fiscalisar os
tarem, até que preenchidas as fórmas legaes, defere- dinheiros. do cofre naéionalnos pagamentos feitos
se afinal, .como parece de justica. Isto é oque se a seus credores de qualquer ordem ou cathegoria
pratica ordinariamente em semelhantes negocias, .e que sejão, não podia, consequentemente haver-se o
o que parece conforme com a razão e com as nossas Jespeito com·a devida -fiscalisação sem que houvesse
instituicões. Querer que venha o pro-cesso á côrte, expressa declaracão dos dinheiros que por conta dé
e não séja~ ouvido sobre elle o procurador da corôa, é seus vencimentõs tem ; recebido os Srs. deputados
querer que a causa da nação .corra ã revelia. O artigo; ~as províncias pelas thesourarias das· respectivas ·
pois, está muito bem concebido; cõntém tudo o que JUntas ; e é de p~recer que a camara ordene que os
é n'ecessario e bastante: e por isso deve passar sem mesmos. Srs. deputado~ fação essas ·declaraçqes na
emendas. - , o ····· • • - · secretaria, -para se-enviarem como supplemento da
o SR. ÁLMEIDA E ÁLBUQUERQUÊ :.;:_Eu nunca pen- folha folha aq mesmo ministro, lançando-se na· mesma
sei que · esta redacção feita pela com missão sobre bros desta as a_ddições, do que tiverem vencido os mem- -
as .emendas apoiadas, - désse motivo a tanta§ inter- ca_da um dos camara, á razão de seiscentos mil réis por
m~zes desta sessão, por ser ma-
pretações e contendas~ Está claro ·que o procurador teria· de lei, quatro jã declarada em anterior resolução.
da ·corôa sempre ·ha de sei ouvido sobre o processo Paço da camara dos deputados,:> de Julho.de 1826•.
da justificação; .logo, a causa . da naCão não ha de·
correr ã revelia. Em quasi todas as prÕvihcias exis:. -Joaquim Gonçalves L~do.-José · Berna,·dino · Bap-
te!Jl -procuradores da corôa,e quando não existem tista Pereira.-JoSé de, Rezende Costa.~Nicoláo
são nomeados advogados para aquelle fim : portanto, Herrera.-Marcos Antonio .Bricio. >l '
não póde ha ver . r~ceio d'e . faltar esta solemnidade. Sendo estê parecer lido pelo Sr. secretario Costa
Eu desejava, Sr. presidente, que se'~ me dissesse Aguia:r _e. posto em· dis.cussao foi approvado sem
quaes são . essas pessoas que ebtrão najustificação, oppos1çao. · ·
e qual é o objecto, sobre que ellas tetn de depôr. · · Logó . o mesmo Sr. Ledo leu por parte das com~
Eu creio que as testemunhàs hão dé ser da escolha missões de fazenda-e guerra este outro - :· .
do justificantc e que este não irã buscar os.seU:s ini- « ' PARECER
migos para depôr: parece-me que prova testemu-:-
, nhavel só se poderá admittir ácerca de sua conducta; . . (( .· A s comni~sões de.fazenda e giterii examimuão
porque a respeito "do mais elle deve apresentar do- os reqq.erimentos que a esta: éainara têm'sid6 remet-
(lUmentos e não testemunhas. A idade, o juramentQ tidos pelo govern(), de diversas~viuvas .e filhas de om.:.
na . camara .(io districto, a ·. residencia, et~.• hão de ciaes militares· das provincia,s do. 'imperió; em que ~
ser .provadas. por :certidões;-0 juiz que ba d~ sen- pedem os soldos umas, e õs meios soldos outras, d;ts
ten~tar, deye saber di_ s to; e se.o.não p'raticar, -como patentes de seus re,spectir.os-maridose pais falleei- .·
é seu officlO,-O procurador da corôa quando vierem ,dos : e são ·de parªcer que, tocando á líonra nacionàl.
os_autos para.a côrLe virá com essa ·duvida, e não se acudir e · prover á subsistencia da:s viuvãá e filhà!-
concederá a carta: Portanto, não sei ~ara que_tanto dos ·omcia.es do,.exercito_éo~ o menor ·gravam~ que
Câma ra dos Deputados - Im presso em 02101/20 15 16:44 - Página 8 de 12
sente lei para fazer abonar pelo thesouro naciOnal favorece estes e outros estabelecimentos de pubhca
ás viuvas e filhas orphãs dus officiaes milif:ares bra- utilidade ; e nós que .os não temos, que em nossa
zileiros dos postos combatentes do exerc1to a me- antiga e pêca legislação respectiva ao Brazil desco-
tade do soldo que vencião seus fallecidos maridos e brimos uma grande lacuna a. tal respeito, devemos
pais pelo assentamento das suas patentes emquanto quanto antes cuidar de os admitlir e favorecer:
se conservarem viuvas as primeiras e solteiras as e isso é o objecto de uma lei particular, que deve
segundas. · autorisar essa arca de piedade, essa companhia phi-
« Art. 2. 0 As habilitacões das ditas viuvas e lanlropica, de cujo capital não perceberáõ soccorros
orphãs c~~sistiráõ na mêra aprese~taç~o de cer- todavia senão as viuvas e as filhas orphãs dos mes-
tidões ongmaes de casamento das pr1mmras, reco- mos accionistas ou officiaes que houverem de ser
nhecidas pelo tabellião do lugar ou districto do do- contribuintes. A caixa do monte-pio, em uma pa-
micilio e de justificação de identidade de pessoas, lavra, nada ou talvez muito pouco terá da nação,
feita perante o juiz do territorio, e as das segundas segundo fôr a sua organisação ; é toda dos mesmos
na apresentação dos !D~smo~ ~ocumentos aco_mpa- officiaes militares, cujas mullwres e filhas hão de
nhados de mais da cerhdao ongmal de seu baptlsmo, ser por ella soccorridas: e cnnsequentemente não
tambem reconhecida pela maneira acima dita. podem participar dos seus soccorros, quando mui
« Art. 3. 0 No acto do pagamento, em que as prestes seja estabelecida, essas viuvas e orphãs sup-
mesmas viuvas e orphãs não forem presentes e re- plicantes de que falla o parecer da commissão. De
conhecidas do pagador, se apresentará por parte necessidade é pois o fazer-se um outro projecto de
dellas certidão de vida, provada pelo paroclio da lei que tenha por fim manter especialmente estas
freguezia onde re~idi~em e recon_h~~ida pelo tabel- viuvas e orphãs desgraçadas, que têm nestes ul-
lião do lugar ou dtstncto do dom1c1ho. · timos tempos perdido o amparo de seus maridos
c< Art. 4. o As vi uvas ou orphãs que forem agra- e pais, com CUJO soldo se mantinhão. Uma nação
ciadas do meio soldo de seus respectivos maridos e que necessita de soldados deve de justiça prover á'
pais, na conformida~e desta )ei. ficão sujei~as ~s ·subsistencia dos officiaes do seu exercito e á de suas
disposicões que na le1 da creacao do monte-pto mi- mulheres e filhas que estão ao desamparo. Um mi-
litar se' houverem de fazer por uniformidade de litar ·as mais das vezes é um cidadão forcado a
systema dos soccorros prestados ás filhas e viuvas abraçar este modo de vida, em que entrou por um
dos officiaes do exercito em geral. Paço da camara recrutamento talvez violento ; e não está na ordem
dos deputados, 4 de Julho de 1826.-Seguem as as- dos outros cidadãos, que muito de seu arbítrio esco-
signaturas supra. » lhem esta ou aquella profissão.
Sendo estes parecer e projecto lidos na mesa·e Porém, isto não é tudo : posto que o dever. da
postos em discussão, pedio logo a palavra: e disse justiça seja uma grande razão, ha ainda um motivo
O SI\. ÁLM:EIDA E A.J,BUQUERQUE :-Apezar de que de conveniencia nacional para se admittir este pro-
conheça que este projecto é de alguma utilidade, ject~ de le~. No antig~ governo despotico de que
não o julgo de alguma necessidade. Dizendo o pa-: sah1mos faz1a-se um obJecto de graça e de mera be-
recer que se está fazendo um projecto de monte-pio neficencia arbitraria ·do soberano a concessão do
que está mais adiantado do que esta lei, não sei para meio soldo de seus maridos á taes ou quaes viuvas
que ·deva entrar em discussão este, que de modo de officiaes militares.
nenhum vem remediar .· o mal,· que se pretende 'Essa beneficencia, verdade é, · não chegava a:
sanar. A lei do monte-pio, creio que se concluirá todas", mas soccorria á algumas, e agora que o go-
mais depressa d~ que esta outra : e portant?, este verno .não póde assim dispôr do dinheiro da nação,
. _d)rojecto vem a ser superfluo, e acho que nao tem pelo systema representativo abracado, não se con-
lugar. . . . cede a nel!huma por falta de leis. E qual é o .re-
O Sa. SouzA FRANÇA :-"~u vou explicar os mo- sultado? O'". conceito que ficão fazendo essas mtse-
13
Câmara dos Deputados - Im presso em 02101/20 15 16:44 - Página 9 de 12
Tendo terminado o tempo da sessão, e julgado « Contra os crimes por abuso da liberdade dO
basta~temente discutido o parecer, foi este posto á
volaçao, e approvado. · imprensa.
1st? feito,_ assiguou o ~r. pre_:;idente para a ordem « A .assembléa geral legislativa •do imperio d(
do dta segumte: 1°, a dtscussao do projecto de lei Brazil decreta:
Câm ara dos Deputados -Impresso em 02/01/2015 16:44- Página 2 de 22
- ·~
59
não pertencem ·.a esta lei, como todos_reconheeem. ç!ig). Es_te enunciado me parecemais exacto, e por ·
_Logo, para q:ue havemos de deixar para o fii'n . :tanto, voto pela substituiçã.o : - ·-
aquillo, que ja se sabe que não _póde ter lugar nesta A ·este tempo veio á _. mesa_•e foi lida a seguinté
lei t _U malei, senhores, não é um tratado dejurispru- . .
dencia onde se pretende demonstrar .por princípios 11 EMENDA
q ue for passar daqui é ir contra 0 enunciado.... fringidos na sociedade aquelles mesmos direitos
essencialissimos ao homem t
O SR. LEno (interrompendo) :-Foi titulo que se A liberdade de pensar é essencial ao homem:
deu na secretaria; mas tambem a liberdade de communicar os seus
O Su. VERGUEmo (continuando):-Aindá <{Ue seja pensamentos é essencial á natureza humana e tão
posto na secretaria, deve-:-se emendar já. Vendo-se essencial como a primeira. E se é inutil declarar
que o titulo do projccto prometle tratar tão sómente em uma lei aquella liberdade, porque razão não
dos abusos da liberdade da imprensa, só delles se se julga ser igualmcnteinutil a declaracão de um
deve tomar conhecimento e nada mais. Ou se ha de direito tão essencial como aquelle? Sr. p·residente,
emendar já o titulo do projecto ou regeitar todas as Milton nas suas obras políticas explica-se por estes
n1aterias que estão fóra delle. O contrario é marchar termos a respeito do povo romano.-Se Roma não
fóra da ordem. Se a inscripção do projecto é por tivesse perdido a liberdade de pensar, não teria
semelhante _theor, como é que no titulo lo deste chegado a ser o ludibrio das nacões.-Eis o que diz
m~smo ·projecto se promettem determinações sobre um dos maiores genios do seculÓ passado •. E porque
a liberdade de pensar, seus abusos e penas 'l Kpara não havemos .nós de adoptar esta phrase que, não
que havemos de guardar esta questão para depois, fazendo mal algum, póde, fazer grande bem?
quando della dependem muitos princípios; que nos Argumenta:-se que a liberdade de pensar não
hão de regular na formação desta lei? O que primeiro p6de ser coartada, e por consequencia, não é ob-
se nos offerece a resolver é, quaes ·devem ser os jecto de lei. Não póde ser coarctada directa e imme-·
objectos, quaes . os fins ·da lei que vamos fazer : diatamente ; mas quem duvida que o possa ser pelos
portanto, a questão sobre a sua inscripção não é de meios indirectos? Os governos têm muitas vezes
mera redacção, não. é tão simples como parece. coartado esta liberdade por milhares de estratage-
Jâ della nasceu uma outra prejudicial que muito mas. Sirva de exemplo o que se têm praticado nas
importa resolver antes de tudo: já temos duas opi- escolas onde obrigão a pensar de uma maneira
niões diametralmente contrarias : uma defende que muito diversa daquella porque :Pensaria qualquer se·
a lei dev~ só comprehender os abusos da imprensa, não fosse guiado por certos prmcipios. Não se tem
outra qiler que se estenda aos das palavras por feito monopolio das sciencias, principalmente das
qualquer fórma enunciadas. E não se lia de decidir moraes e politicas'l Tem-se inventado muitos meios
primeiro sobre esta prejudicial '! de atacar o modo de pensar de cada um e de fazer
Tem se dito que, posto nã() seja essencial o tratar- disso um crime,e crime gravíssimo. Quem o ignora'?
se da liberdade de pensar, comtudo é de muita uti- Não se póde coarctar a liberdade de pensar! .•• Por
lidadea declaração que se faz no I o art. Eu não sei que razão no tempo do despotismo se ,mandava_en-
como possa resultar-utilidade alguma;, ainda a mais sinar nas êscolas só por ~ertos livros, e se vedavão
insignificante de se~elhante declaração, que _me to(}os quantos não fossem da mesma doutrina!
parece totalmente redundante. Poder.;.se-ha por ven- Quem .estuda · por certos livros diftic ultosamente
tura pôr á votação da camara, se o homem teiD pensa por modo diverso daquelle, que estudou. Por
ou não liberdade de pensar -? Não. Se o homem é tanto, não é inutil esta declaração : inutil acho eu
um ente natural e essencialmente intelligente e o gastar-:-se .tanto tempo em uma mataria tão sim-
pensador, se não póde deixar de pensar, ainda·que ples e corrente. Tenho emittido o meu voto.
queira, pot·que ·não está na sua vontade o pensar; · O Sa. SouZA FRANÇA :~Eu me levanto só :para
bavemos nós declarar em uma,lei esta qualidade fazer uma. explicacão. Disse-se que se não póde ·
essencial no bomem·'que della não póde ser privado coarctar.a liberdaáe de pensar. , O modo de pensa.r, . ~
sem a desorganisação do cerebro'l Isto seria uma re- eis o argumento. não ~ - sujeito ao governo : :logo, ·
dundancia · insupportavel. Senhores, _nós . tratamos como póde ser regulado por uma lei'! Mas, pergunto
dos abusos da: enunciação dos pensamentos, e não eu: que quer dizer fazer:-se a um cidadão' um crime
. dos pensamentos em si, que emse não manifestando por ler certo livro no seu cubiculo, no recinto de
:ficão reconcentrados no liomem'e não podem ser su- sua· casa? Não será isto COCIICtar o pensamento t Os
jeitos ás _leis positiVas. O artigo da constitliicão está crimes . do santo ofticio não erão -outros. senão os do .
certamente enunciado inuito .melhor . por uin me- pensamento. Todo o mundo o sab~~ Não se 'assava.
thodo mais . preciso e :determinado. ·Eu até queria um; homem pelo amor de Deus, depois dé ser pri-:
que • se substituíssem nesta ,lei •os •.p~oprios .termos vado · elle · .e . todos . os ·. seu5 herdeiros dos bens que
da consti~úição. ••• (Leu .o paragrapho .ela constitu~ .possuia ein proveito do mesmo. santo.oflicio, só por ..
Câmara dos Deputados - Impresso em 02/01/2015 16: 44 - Página 7 de 22
61
que por esta maneira se impera na
facUldade de mas faculdade, ou exercício de faculdade naturàl.
pensar innata no homem. Mas por ventura o direito de fallar não é tambem
Es!tt mate_r~a pois é {»ropri~ de outras leis; que uma faculdade filha da organisação do homem ?
te~dao a fac1ht_ar os meios da mstrucção publica, e · Entretanto propoz-se. a suppressão da palavra
· a ·tnal-a do m1seravel estado, .a ·que a ·reduzirão : e -pensar- no tit. 1o da .lei, por se julgar que era
·o mais que se poderá dizer a tal respeito é, que redun~hnte. Eu me con!ormei com este voto, posto
·entre os estratagemas, que se tem posto em accão; g:~e na~ poss~ achar o~aosa a proposição do artigo.
para reter os homens no captiveiro, o principaí foi Nao se1 que nrconveniente póde resultar de seme-
Impedir, que a sua razão se aperfeicoasse, e che- lha!lte enunciado:· anteuarece-me muito neces-
gasse áquelle grão de luz, que repugna aos ferros sar10 que se repita, qde se assevere mil e milhões
da escravidão. Portanto ou se adopte a emenda pro- de vezes, que o nomem tem direito de pensar livre-
p~sta, ou se . transcreva aqui o artigo da constitui- mente.
~ao ; porque nelle achamos tudo quanto ha a dese- () SR. CusToDio DIAS:- Na liberdade de expres-
Jar• sar os pensamentos é que póde haver criminalidade~
Outro Sr. deputado pretende que nesta lei se não aquillo, que está recondito no :pensamento, não
deve tratar senão dos abusos da liberdade da im- póde de maneira alguma ser crimmoso, senão para
pr~nsa. Porém com effeito já se mostrou, que o com Deos. Ora o dizer, que o homem, sendo pensa-
artigo da constituição manda fazer a IE;i não só dor por sua natureza, estâ nas circumstancias de
contra os abusos da . imprensa, mas tambem contra pensar eomo homem, assim como o cão pensa como.
os da palavra. ·.· . - cão, ataca: um dos princípios da nossa religião: é
Portanto não eslã no nosso poder·separarmo-nos ser ma~en~l~sta. Nós os christãos não estamos por
desta determinação. Até se faz indispensavel, que esse pr10c1r10. ·
s~ dêm já providencias sobre este artigo de legisla- E' verdade que cada um tem a sua religião, mas
çao, e que sejão ligadas ás disposições da lei, que segundo a sua religião tem princípios, pelos quaes
vamos fazer; não só pela amnidade da materia, mas deve dirigir os seus raciocínios.
tambem porque segundo a legislação existente as Dizer-se que ha pensamentos criminosos pelai
penas estabelecidas são nimiamente severas, e re- leis civis, e que a faculdade de pensarpóde ser coar-
pugnantes ás nossas instituições constitucionaes. tada 11 ••• Nem o poder papal chegará a tal gráo.
Disse o mesmo honrado membro, que este objecto A enunciação dos pensamentos está dentro da al-
~ra proprio das leis. policiaes, e não do juizo dos çada dos legisladores e dos criminalistas, mas o
JUrados : mas se ass1m pensou, é porque não at- proprio pensamento não, só é sujeito ás leis do Di-
tend~u, a que a nossa constituição admitte o juizo vino legislador.
por JUrados tanto em materias civeis, como nas cri- Supponhamos que me veio á lembrança susten-
minaes; ·e que nenhum inconveniente póde dar-se, tar:-m.e de carne. humana (o que De~s não .permitta)
em que o .Process~ sobre taes delictos seja julgado seria 1st~ um cnme, em.qunnto o nao pratle<!sse, ou
em um Jury, asstm como os que se formão sobre commumcasse aos ma1s membros da soctedade 't
abusos da liberdade · da imprensa. Em conclusão Não certamente. O pensamento, a tenção mais
digo que substituindo-se este art. 1o pelo paragra- 'damnada não está sujeita ao castigo mundano, em-
Jlbo da constituição, ficão salvas todas as dimcul- quanto está occulta na mente do homem.
dades. · · Eu não irei com tudo contra a doutrina do 1o ar-
O Sa. ALMEIDA. E ALBU(lUERQUE: -Eu insisto na tigo, porque ~ cer~o qu~ a ex.pressiio dos p~nsa
ópill_ião de que estas palavras aqui não são ociosas, mentos... (Nao fo1 mrus ouvtdo pelo tachtgra-
-apezàr dos argumentos, que tenho ouvido. Ninguem pho.)
poderá negar, que muitas vezes o silencio é repu;.. O Sa. CLEIIEMTE PEREIRA: -Eu não fazia tenção
tado criminoso. . de fallar sobre a materia, nem fallaria se se não.
·· Nós conserva!Dos.,um rifão antigo-quem cala, tivesse prolong}ld? tanto est9: questão. Tem-s~ tra-
consente. -Eu Jã. dtsse, S~. presidente, que os g()- tado com especialidade da eptgraphe deste 1°.lltulo,
vernos tê_m. a ~r te de forçar os~P.ensamentos, ainda e alguns senhores pr~tendem, que pel~ maneu~, em
que o façao mdue.ctamente. Por 1sso insisto no meu ~e se acha, ella nao corresponde a materta da
voto. Prohibir certos meios de instruccão, ou dar le1. _
instrucção d~baixo de certas restricções; não é ou- Eu digo que corresponde perfeitamente, e não·
}ra cousa ma1s, do qu~ forçar, e coarctar a faculdade vejo motivo para tão grande escrupulo. Que se vai
de pensar. ·.·.· .·. ·· . . fazer na promulgação desta lei 'l Punir os abusos,
E' exactissimamente dominar a razão dos ho- que se commetterem no exercicio de communicar·
mens. .Portanto . ilã<t. são ocios~s estas palavras. os pensamentos por palavras ou por escripto.
Sabe Deos, quantas· pessoas têm soffrido por não · Ora quando se estabelece este principio -Todo·
terem . manifestado as suas opiniões. Ajuíza-se o cidadão póde communicar aos outros os seus pen-
d~ll~s, como se quer; e Ci desgraçado vem a ser sarnentos-não se reconhece evidentemente outro
.V1ct1ma das opiniões dos outros, .e não do seu modo principio, em .g:ue este se acha comprehendido, e
de pensar. Portanto cada vez me confirmo mais na vem a ser - Todo o cidadão tem. liberdade de
·necessidade dêse·fazer ·esta~ declaração. . pensar 1 _. Que muito é pois que na epigraphe se
··. O . sa·. LEno:~Todo . .o cidadão ·tem direito · de suscite . estaidéa'l Logo que a lei trata de fazer res-
pensar por natureza; -Este direito é reconhecido ponsavel o cidadão qu~ abusa! d.e !liD direito, que·
pela sociedade: eis portanto o que faz 0 projecto. todo o mundo e a propna constltutçao reconhecem,
Não se conced~Um direito político. mas reconhece-se nã!? h_!l .inco~veniente algum em s~sC?itar-se na in-
aquelle; que é concedido pela natureza. · . · ·. scnpçaoda leu lembrança deste duetto. ·
Disse um illustre deputado que -este direito nas- Todavia pelo que -. pertence á enunciacão do 1.0
cia da·organisação physica do homem, e que por.: artigo, eu não duvidaria: sub~creveraõ voto da-
tanto se não podia chamar ".propriamente "direito, quelles senhores, · que ·pedem. a suppressão da pa-
16
Câmara dos Deputados -Impresso em 02/01/2015 16:44- Página 9 de 22
impresso ou. auijjgrapho? Já aqui se sustentl)_u que se falle em uma cousa, é dar a entender que
que a ,epigraphe de,via,ser .t ratada J?-O .fim; porta11to, ella não é boa. Porém, airida não é tempo de con-
é preciso .que saibamos se·nesta·lelsecomprehende ceder esta amp,alib~rdade. · . .
sómente _o escripto impresso ou ~ambem o que .é .o .Projecto 'só condemna os attaques dírectos . .
. feito com _letra de mão ... Ha muita ,dif!erança ~~tre · Mas~ senhores, os inimigos .que temos a combater
á naturErLa do impresso e a do manuscnpto. Os 1IIl- não nos attacãosenão indirectamente.
pressos multiplicão-se com muita facilidade, espà- Sr. presidente, nós não fomos testemunhas dos
lh_ão-se e circulão com rapidez, .o que não acontece tta • d·
. com os manuscriptos, cujas cópias sã9 .ditllcultosas a ques In lrectos, que constantemente fez ao
de tira. r. Por isso deve-se_ dec_larar, _quaes_ são_e.stes systema recebido pela nação este redactor, que até
, agora escrevia o Diario do Governo, que depois se
escriptos, se sãc impressos ou f eitos a penna. chamou Diario Flumi1zense? .·
Passando agora ao primeiro numero observarei Quantas vezes não blasphemou da constituição, in-
. antes de tudo o que disse um illustre membro dos vectivando-a, e . redicularisando-a .por . todos os
que me precederão. Declarou elle, que segundo o modos figurados? Eu IDe. lembro de ter lido. com
seu modo de ,pensar, não acha criminalidade na.; horror .entre outras muitas passagens de igual ca-
quelle e~riptor, que ataca o systema representativo libre, este ataque formal não EÓ ao systema, mas
e que se approva a doutrina do artigo, é para se- até á- propria nação.-Eu oliv.i dizer que o povo não
guir a opinião geral. . sabia lêr pela cartilha nova, mas pela velha.-Que
Firma o honrado membro a sua opinião na re- quer dizer isto? Que o system.a não é bom, e que o
. conhecida excellencia desta fórma . de governo, e antigo é 0 melhor.
no principio de que a verdade não tem medo de E não é um ataque in:directo, que equivale ao
embustes. directo 'l Pois estas e outras blasphem.ias não só fi-
Assim é, Sr. presidente, quando a verdade é carão impunes, mas até forão .bem acceitas pelas
clara, quando a verdade é patente, quando é pal- autoridados, a que está confiada a guarda da .lei da
pavel, quando, finalmente, tem aquella evidencia imprensa, ao mesmo passo q~te se declarou viva
mathematica, de que se não póde duvidar, então guerra a todo aquelle, que onsou defender a con-
por mais que se falle contra, nenhum mal se lhe stituicão. Portanto fique á consciencia, á sabedoria
poderá fazer. · e ao patriotismo dos juizes de facto a qualificação
Appareção milhões de homens a dizer que 2 ve- do attaque, e da . sua criminalidade; declarem elles
zes 2não são quatro, que o todo é menor que a parte se o ataque é directo ou indirecto; porém devem
ninguem os acreditará; mas quando se trata de haver dous generos de penas, uma mais forte para
problemas politicos, não é assim: estes não são o escriptor, qne attacar directamente, e outra mais
resolvidos de uma só maneira por todos os homens. leve para quando o attaque fôr indirecto. Isto é de
Quando uma .nação tem adoptado por melhor justiça. ··
certa forma de governo, e outra. nacão tem abra- _ Passemos agora a tratar das penas. Diz o para-
cado outra por mais excellente, póde-se dar a pre- grapho •.. {Leu 0 paragrapho.). Ora _tendo nós de
ferencio a qualquer destes systemas por uma de-
monstração de evidencia matliematica '! fazer uma classificação de penas, é preciso que su-
Um republicano dirá que 0 systema monarchico bamos do mínimo gráo ao maximo, ou vice-versa.
h" Eu sou de parecer que esta pena de extermínio
representativo é um erro: · 0 monarc tco represen- perpetuo seja a maxima, e por consequencia recaia
tativo :dirá da sua parte que o republicano é imper- naquelle, cujo escripto tiver causado sedicão.
feito ; e cada um delles diz a verdade na fórma que Aquelle que tiver atacado directamente o systeina,
entende. Portanto, não póde prevalecer- 0 argu- sem comtudo haver causado motim, deve ser con-
mento do illustre deputado. d d d
E'· preciso que caracterisemos 0 nosso systema emna o a.o extermínio po_r' ez annos. Finalmente
como .uma _verdade, contra a qual não se pódein- cinco annos de extermínio devem constituir a pena
vectivar·, . é preciso .que sobre tal ob;ecto ce.sse a li- para o .que .atacar indirec'tamente. Eu mandarei. a
herdade_. de escrever, e quem entender ~
ao contrario emenda ã mesa.
, vá . escrever fóra daqui. .Entre nós não é licito es- Sobre o intervallo de tempo entre a publicacão do
crever contra o systema actual. .. , . escripto e a manifestação da sedição, disse um
Torno a dizer não ha unia fóqna de governo ·illustre dêpulado .que a lei o não pod1a taxar, e que
marcada pela natureza; cada nação ,adopta aquella isto ficasse ao discernimento dos juizes; á·vista das
que lhe faz conta-; a nossa : adoptou ,esta fórma .de provas, que se apresentassem. · . .
monarchia mixta; lQgo é preciso q~e ,santifiquemos Isto é uma verdade em regra; mas serã admis-
este systema como o mellior, e. como _u ma verdade sivel no caso presente? Demais não é arriscar in-
i:nfallivel. Não é permittido nem tole~a,do que qmil- teiramente a sorte .do escriptor 'l Como poderá .ser
quer cidadão o attaqne e menos airi.da que ó destrua. este carac terisadocomo autor de uma rebellião, que
· - Sr. presidente, se de facto o nosso .systema .mo- appareceu dons· ou quatro ànnos depois do seu .es•
narchico constitucional estivessé .bem .fortificado, cripto 'l Quem se animará a escrever com seme·
.ell: concordaria .em que deixassem ladrar .esses _es- Ihante perigo 'l E quem o fizer não ficará em con· .
cnptotes porque ~s homens de bem ,não farião caso tinuo susto :de lhe ser attribuida qualquer sediÇão,"'~
·lllgum de. seus .lati~ os, e os ~povos ainda .menos. movida:talvez por causas muito alheias, e por q_uaes·
Mas quando vemos hoinens,.que concitão camaras quer, açcidentesc'l o su.sto continuado é pena 1nsu-
.. e .povos, p~a deitar abaixo este systema e declarar portavet :· --: ·· · ·
o 'absolutismo, serem abs()lridos pela easa dàsup- .Portanto é.indispensavel' ·que se determine um.
plicação, é preciso que tome!llOS esta e O~tras me- prazo certo; eu nãO quereria que elle Se estendesse a
~ di~as energtcas, _e que santifiquemos 0 systema. .mais de oito dias: antes escapem ao castigo -cem.
Qua,n~o elle estiver natilraliSàdc) rio)iossó' solo, .eu culpados, do que soffra : ~m .innocente. :Tenho· ex·
• Jne~mo s.erei o primeiro a riscar.este . artigo ; deixa- pendido a minha opinião na materia.
·rei_quoe digão o que lhes pàr~r;·. porq11e .d.efender: · ·•Ten_dô ~ss~ f.àna~o,' i!Iiln-do_u t JlleSá a seguinte
Câmara dos Deputados - Impresso em 02101/20 15 16:44- Página 15 de 22
.
SESSÃO EM . 6
(Y
D' JULHO.DE.1826 71
que nos achamos por· ora, e a necessidade de to;;' \ Quantô á differença, que se fez entre estrangeiros;
marmos medidas contra os ataques dos .inimigos da e nacionaes, . eu não a admitto. Esta .lei trata só da
constituição. . .. - ~iber~a~e. _que te~ os. cidadãos, de escrever e
E' verdade que opiniões 'erroneas' podem prÓduzir liDJ?rliDJ.r. o e~trangeiro não é nella CO!Dprehendido,
males consideraveis, . mas é necessal,"io considerar as_sim .como n~o póde ser compre~endtdo em_ outras
que muitaS. vezes essas opiniões nascem de erro.~~ lets. Nós. l~gtsl~mos pa~a ?~ nac10naes, e _nao. para
enLendiniento, não. da vontade,. e P91" con. sequcnCia os estra~geuos,. a constlt!!lçao é nossa, .na?~e dos_
não são realmente criminosas.. Muitas. vezes para e~tr~ngeuos. Estes .regulao-se pelos·, ~rlDCl plOS. do
cheaarmos ao canhecimento da verdade passamos drreito ~asgentes. Se algum estrangeiro abusar da ,
pel~ estado 'do erro. E' pois mister o maior cuidado concessao, que s.e lhe faz, de escrever enLr~ nó~,
para discernir o crime e a inl!ocencia. Comtudo as faça-se 0 que dtsse um h_onrado membro · seJa
nossas circumsta~ciasractu.ae.s P.OS o~rigão a estas ~nçado f?ra da noss~ sociedade, como um máo
cautellas e a não conceder 1lltm1tada franqueza de osped~, mca~a~_!le Vlver. comnosco. , _
f 11 · ' ·· · • · 'ul - d' 1 · te A mmha optmao é pms, que se suppnmao as
a !ir e escre!er, e por.Isso J. ~o 1 ll. tspensave. es ..; palavr!ls- seja julgado causa~,, etc.--e que se não
artigo da _lei, a qual de ma~elra nenhuma vat c~ faça d1fferença de pena. A le1 hmita a faculdade de
arctar a ~tberd~de de escre er,ll ':erdade, mas te escrever,, e prohibe os ataques feitos ao systema
por fim 1mpedtr os e~ros, ~rmmpalmente ~squ! recebido, porque pódem causar damno, . mas este
nascem de ~m!l ~etermmada vontad~ de d'3rnbar damno não póde entrar em calculo : o que nos deve
nossa constitUIÇé!.O, e as suas gara!ltlas. Por outra regular. é a prohibicão da lei, e não o effeito do
parte dev~mos _confessar, <lue os maiOres males! <Ide ataque. Até .me parêce que, a hypothese da 2a parte
prov~II!- _a soctedade pela tmpensa, nascem ~ais a deste numero jamais se poderá verificar; porque o
p~ohtblçao, do que dos. abus~s della. Por Isso e~ escriptor que trata de dispôr os animos para uma
n_ao se1 o que. tenha stdo peiOr ?ara a causa n~ sedição proxima, não a publicará, nem atacará
Ciona!, se a licença, que se deu aos que at!'-<:a~ao directamente a fórma do governo, que tenta
pel~ Imprensa ao '!osso systema, se ~ pro!nbiçao~ ~er~ibar: us!lrá · de outros. meios, e cooperará
que de facto se põz aq~elles, que s~ anm:~avao a d~ md1rectameme para· conseguir o fim, que se propõe.
fendel-o. Que tem felt«? esses escnpto:e~ favoreci- Isto é o que me parece e occorre sobre o que tenho
dos e fautores do despot1smo ? Consegu1rao por ven- ouvido '
tura. apag~r ~ .fogo da libe_:r~ad.e. nos corações. dos · . .
braz1leuos? Nao, o que fi,zeraofm confirmal':'o amda O SR. VERGUEIRO ·:-Pouco poderei a~crcscentar
mais, e mostrar a. impoten:cia de seus infames es- ao que se tem expend~do. O art1go enunCia os abu~os
criptos. Pelo contrario a prohibição imposta aos da rmpre~sa contra riOs ao systema da nossa socie-
que escrevião a favor. da constituição, causou males, da_de, e dlz-:-escnptos · de qualquer natureza que
e males consideraveis, pois livresosinimigos da seJa:-Eu qutzera que s~ declarasse a natureza do
censura, com que erão denunciados á opinião pu- escnpto, se ba de ser Impre~so ou auth_ograp~o.
blica, pelos ataques que diariame.qte lhe dirigião, Os !Dales, que póde fazer um Impresso, sao mUito
poderáõ conseguir que .eua.· fosse verdadeiramente maiOres, do que os· quo produz um authographo.
nominal e nulla · · Creio que a intenção do autor do projecto é fallar
Deve~os pois· attênder não tanto a evitar ~s dos _impressos, e não dos ma11uscriptos, mas isto é
t · - f · t · preciso declarar-se. .•
a aques, que se queuao aze.r ao sys mna pe1a rm- Tem-se proposto_ uma emenda para supprimir-se
pr~nsa, como a manter. a liberdade, por um es- a palavra-directos ....;...Supprimida ella, entendo que
Crlpto~ comprado vara mfamar .0 systema, appa- acabada está a liberdade da imprensa. Se nós
recer~o dez, que_ hvremen~e . tomem .a s~a d~fez~. autorizarmos .a imposição desta, .pe1:1a por qualquer
Com 1sto p~rém n~o quero d1zer que se deixe mte1:- ataque, quer :directo, , quer indirecto, abriremos
rament~ livre a 1mprensa, por9:u~ ~em é P.0 r:or~_ porta· franca a todas as interpretacões, que se queirão
convemente, nem a nossa c.~ns~l tutçao o perm1tte, dar ás palavras, ainda as máis innocentes do
quero só mostrar •a necess1da,de de ,ser~os pru- escriptor, não haverá impresso, que não possa ser
d~n~es, par<~;~ qu~ as pen11s, que nesta ~~~ s~ com-: taxado de criminoso o Portanto 'Voto pelo artigo tal
~mao, re. ca1a.o ta~ sómente sobre o verdade.uo de- qual nesta parte. Não se tem. ão tanto os escrip.tores
lmquente,? á medtdado mal: ~ue c_ommetter. contra o systema; Quando a liberdade é igual para
Quanto a _pena de extorm1mo, d1go que ella me todos, todos os escriptores gozão d'ella : , embora
parece a ma1s adaptada. . - , . · •· ·. .· ·. . appareçãõ expressões contrarias ao sy5tel!la, não
O escriptor, que se tem pronunciado contra o- faltará quémasrefute: a verdade se apura, e afinal se
nosso systema de governo, é indigno de viver entre manifesta, e triumpha. Nunca pois é· perigosa a
nós. Porém não me parece admissivel a distinccão consequencia. Uma vez que todos pódem escrever,
que se quer fazer, · quando o escripto é sediciôso~. e a liberd11.de é de facto geral para todos, ba de
Semelhante qualificação é muito diffi.éultosa. na infa1livelmente·vencer a razão> justiça, e a verdade~
pratica, e o que nós devemos•ter·ém vi~ta é evitar o O mal apparece, quando só ha liberdade _Para uns.
mal, que póde resD.ltar do acto criminoso punindo o escriptores, e não para os outros. Então e que. se
crime, e não o atreito ·do mesmo · crime. O que póde . persuadir um erro ao. publico, que não ~~
disparou uma arma com •intenção de matar, é tão outros escriptores de . opinião . contraria. Porém.
criminoso .matando, como deixando_ de conseguir qúando a liberdade de escrever eigual. não ha esse.
o seu intento. O escriptor·que·promove com seus perigo. 'As revoluções nascem sempre d()s abusos dá
escriptos a sublevaÇão do_s povos contra• a: fórina de administração, não da liberdade de. escrever. Sejão
governo recebida, é tão ·çriminoso conseguindo o quaes forem as ·instituições, uma .vez qu~:se .não
seu intento, como tendo -perdido· o seu trabalho. abusa do poder, não .ha. nação, que se.r.evolte•. Os
Portanto o máo escripto .sempre é· um. mal; e o seu escriptos . são sempre .posteriores ãs .verdadeiras
autor deverá ser c_astigado ·conforme · o •gráo do causas das·· revoluÇÕes e· as causas das revoluções
reato. ·· , são os erros·· do governo, não são:os.escriptos, que.
Câmara dos Deputados- Im presso em 02/01/2015 16:44- Página 19 de 22
73
extenso, porque um tratado; que ataca o syste~a, pecial para o estrangeiro, se assim se julga pre.
que seguimos, não produz os males, que_mmtas ciso. Segundo a minha mente, não é necessaria,
vezes causa um papel avulso, que facilmente mas tambem não a reprovarei.
convida á leitura. O Sa. CusTolno DIAs :-Que muito é que se obste
Então o Sr. secretario Maia declarou terem vindo áquelles que pretenderem fallar contra o systema
á mesa e leu as seguintes monarchico-constitucioual ! Eu não ·terei duvida
EMENDAS em tolerar o homem, que de boa fé procura atacar
uma ou outra imperfeicão deste systema. Nunca o
<< Proponho que em lugar das palavras-civis ou julgarei culpado : porém procurar desacredital-o só
militares--no art. 2° se diga"--empregos de qualquer com o fim de amotinar os povos !. . . • (Continuou,
natureza.-Pedreira. » mas não foi ouvido pelo tachigrapho.)
· « No 1° § do art. 2° em vez da expressão-ou Cessou emflm a discussão, por se julgar suffi-
militares- diga-se -militares, écclesiasticos, ou ciente, e o Sr. presidente, pondo a materia á vota-
politicos.-Odorico Alendes. » ção, dividio-a da maneira seguinte: Offereceu o
« A' palavra- escripto -accrescente-se -im- principio do artigo, o qual foi approvado com a
presso. emenda additiva do Sr. Vergueiro, accrescentando
« A pena seja .prizão de 3 a 9 annos, e de um a á palavra -escripto-o adjectivo-impresso.
tres contos_de reis.-Vergueiro. » Propoz o n. }o até as palavras-seu chefe- e pas-
Todas forão apoiadas. e entrarão em 'discussão, souPropoz tal qual.
a }a parte do paragrapho seguinte até a
pedindo logo a palavra, palavra -militares.-Foi approvado com a emenda
O Sa. DuARTE SILVA :-Não quero mostrar pelo do Sr. Vergueiro, nestes termos :-A pena seja de
meu silencio, que fui convencido. Emquanto se me prisão de 3 a 9 annos e de 1 a 3 contos de réis.-
não provar, qne o estrangeiro não tem o direito de A 2a parte, que principia das palaras -sendo o
communicar entre nós por escripto e pela imprensa escripto- até ao fim, foi supprimida, segundo a
os seus pensamentos, não _estou convencido. Logo emenda do Sr. Souza França.
que póde escrever, acho que é muito estranho, que Todas as mais emendas forão rejeitadas.
venha um estrangeiro introduzir-se no Brazil, para
escrever o que quizer, e que se vá rindo de nós, Passou-se á 2a parte da ordem do dia, que era:
emquanto o nacional está soffrendo na cadeia, ou leitura de pareceres e indicações, e logo o Sr. se-
em uma fortaleza, ou é expatriado . pela mesma cretario Maia, leu, por ter vindo á me~a. a se-
especie de crime. E não se póde duvidar que guinte
qualquer destas classes de castigo, é um genero de << INDICAÇÃO
morte. Não estou · pois convencido das razões << Proponho que se não discutão epigraphes de
contrarias, e levantei-me só para que se me não Lilulos, capítulos e secções, senão quando forem
suppozesse ceder a ellas. apresentadas as leis pela commissão dn redaccão.-
O SR. ALMEIDA. E ALBUQUERQUE:- Neste proje- Vasconcellos.»-Ficou para segunda leitura, •
cto de lei trata-se de acautelar os males, que podem Produzio o mesmo senhor os seguintes
provir· á sociedade da circulação de impressos in-
cendiarias e perturbadores da paz publica e parti~ OFFICIOS
cular. .Neste artigo previnem-se os males mais " lllm. e Exm. Sr.-Em resposta ao officio de
graves. V. Ex., da data de hontem, sobre a necessidade de
Eis aqui o que diz o artigo: (Leu o artigo.) Logo supprir-se por algum correio a falta do que sel'Via
pouco importa a declaração da natureza do escripto na camara dos deputados, em quanto durar . o seu
e ainda menos o saber-se quem seja o escriptor, se impedimento, participo á V. Ex., que já se orde-
é nacional, se estrangeiro. Ninguem nega o crime nou que fosse substituir o impossibilitado, um dos
ao estrangeiro; mas a minha opinião é que o meio que servem esta secretaria de· estado. _·
mais proprio de corrigir os males da imprensa não ,, Deus,guarde· áY. Ex. Paço, em 5 de Julho de
é o enfurecer-se contx:a a pessoa do escriptor, qtier 1826. -'José Felicianno Fernandes Pinheit·o.-
seja nacional, quer estrangeiro. Isto já. eu demons- Sr. José Ricardoda Costa Aguiar de Andrada.>>-
trei muito concludentemente~ Disse e sustento que Ficou a cam~ra inteirada. . '
seja embora punido omâo escriptor; mas porque '' lllm. e Exm .. Sr.-Tendo S. M. o Imperador
maneira 'l Pór aquella, pela qual elle fica inhabi- mandado proceder á consulta inclusa, sobre o re-
litado dé continuar a escrever no nosso . paiz: seja querimento de D. Anna Angela de Lomba, a qual
expulso. · ·· · · . · pretende a parte do . monte-pio, que percebia sua
Torno a dizer, para fundamentar o meu voto, que irmã D.·Francisca Candida de Lomba; e dependendo
eÍl estou intimamente ·persuadido, que as opiniões este negocio de interpretação de lei, ha o mesmo
erroneas só podem e devem ser destruídas por outras augusto senhor por bem, que eu remetta á V. Ex.,
opiniõe·s, fundadas na verdade e deduzidas por a mencionada consulta, para ser presente á camara
uma luminosa demonstração. · Este é· o . verdadeiro dos deputados e proseguir-se. nos termos marcados
e efficaz reniedio a semelliante mal. Quando se es- pela constituicão. . .·
crever contra ~ - nosso systema, o melhor expediente «Deus guarde ã V. Ex. Paço, ern 5 de Julho de
é·. escrever tambem a favor e mostrar os erros do 1826 ......:.Visconde de Paranaguá.;_Sr. José IUcardo
escripto opposlo. Como porém não sejulgapor ora da _Cosia Aguiar de Andrada. »-Foi dirigido ás
bastante este meio e seja · prêciso · lancar •mãô de commissões de fazenda .e de marinha e guerra.
outro coercivo, eu julgo que o melhor é inbabi- . Leu igualmente o seguinte . . . .. -.
litar. o escriptor . para -continuar a : escrever-entre
nós; e por isso quer elle seja .nacional, ·quer estran- «PARECER
geirl),- acho que deve ser expulso da .nação. Todavia « A commissãc)' de fazenda: ·examinando o proje-
não me opponbo a que se estabeleça uma pena es- cto de lei ·apresentado pel~ Sr. deputado Ignacio.
19
Câmara dos Deputados- Im presso em 02/01/2015 16:44- Página 21 de 22
Havendo sido proposta, não foi apoiada. imprensa : as opiniões podem-se des truir com ou-
O Sn. ALMEIDA ALBUQUEl\QUE: - Eu penso mui tras opiniões em contrario; mas a injuria dirigida
di!Ierentemente dos illustres dep utados, que ·tem contra o imperante póde ser rebatida com outra in -
fallado sobre a ma teria. Emquanto a mim o publicar juria? E' preciso pois a severidade das penas : um
injurias contra o imperanw é um do s maiores cri - crime todo filho da penersidade não pód c deiHr de
mes, que se pód e commetter no abuso da liberdade ter uma pena proporcional. Esta é a minha opin ião .
de imprensa: eu o reputo maior que aquelle, de O SR. BAPTISTA PEREIRA:- Sr. presidente, eu
que trata o§ 1. 0 disse que se devia attender neste artigo ás injurias
Os ataques contra qualquer systema de governo qu e se possão publicar co n tra os princi pes das na-
pod em provir muitas vezes de boas intenções de ções estrangeiras, e ainda es tou nesta op inião. Eu
quem escreve, de maior ou menor som ma dos co - sei que em toda a par te, quando se faz uma inju ria
nhecimentos, que elle tem, dos princípios que elle a qualquer estrangeiro , o embaixador ou o encarre-
considcra como os mais solidos e verdadeiros, e ga do da sua nação reclama e exige uma sat isfilçào
mais capazes de fazer a felicidade dos l:omens_; n~o desta injuria, mas co mo n ós tratamos das penas e
acontece ass1m nos escnptos que atacao e lllJUl'Jao estas não es tão marcadas n em se marcão para se-
a pessoa do imperante; a raiva e a maldade são os melhante caso neste artigo eu quizera qu e ellas se
uni cos incentivos que se pod em descobrir em quem j declarassem, não torno a dizer para dar o di r eito
os espalha . Eu bem vejo que espalhar idéas, que da reclamação que já existe, mas para fixai-o ou para
vão de- encontro a um systema, que se tem ado p- · que n ão possa o estran geiro r eclamar fóra dell e , e
tado, póde ser de muito perigo, e é por isso que lambem para determinar a punição qu e ali ás fi ca
nós devemos oppor-nos fortemente a tudo aq uillo, arbitraria.
que po~sa enfraquecer o nosso systema; mas, nisto O SR. FERREJRA FRANÇA :-(('llada se pôde colligir
m esmo e mister d1scermmento e prudencJa : e pre- do que alcanco u o tachigrapho).
ciso desviar de n ós o mal, sem todavia mostrarmo- : , .
nos oppostos ao justo desenvolvim ento dos conhe· Como, porem, mandasse a. m esa a seg uinte
cimentos humanos. Nós vivemos no sec ul o das « EMENDA
luzes, no seculo da lifierdade: não devemos ser
meuos liberaes que outros povos incomparavelmente « Que fiqu e a pena á discripção dos jurados. »
menos adiantados quo nós em civilisação e conhe- « Sendo lida· e antes de apoiada disse:
ci mentos, e quo aliá s tanto respeitarão a liberdade O Sn . LED O: - A emenda que se propõe faz er o
de pensar e de commnnicar os pensamentos: fallo Sr. F erreira França não tem lugar ; os jurados nito
dos romanos· antes do seculo, em que prin cipiou a são juizes de direito, são juizes de facto ; demais,
sua litteratura. Entregues todos elles unicamente Deus reserva outros r.astigos para as culpas, e nós
ao gosto da guerra, sem outros co nheci m entos po- não es tamos a tratar da eternidade, tratamos do pre-
líticos, nem religiosos mais, que o conhecimento sente, por isso ...
da lei das doze ta boas, e as instru cções que re ce- O Sn. Onmuco :-Sr. presidente, é prec iso ver
bião dos seus sacerdotes, dos augures e do s fia- antes se se apoia a emenda .
min es , nem por isso elles se mostrarão jámais ini-
migos da liberdade de pensar. Nós lemos na histo ria Propondq-a o Sr. vice-presidente, n ão foi apoiada.
o emp enho, com qu e Di ogenes e os seus dous com- O Sn. SouzA FRANÇA:- Já que a minha emenda
panheiros procurarão introduzir naquelles povos não foi admittida, seguirei a emenda -do Sr. Mai a,
inteiramente guerreiros um systema tota lm ente n ovo qu e em tal caso me parece mais razoavel,e diz (L w).
para elles, sem que disso se lhes fizesse um crime, Quando se trata da inviolabilidade co nstitu cional do
e Catão, que ao principio se tinha indignado contra imperante n'outro sentido se falia, que não neste em
a nova philosophia, é o mes mo que depois se en- que todos são inviolaveis, porque a respeito de
trega todo ·a ella, e r ende as maiores homenagens todos veda a lei que se lhes digão injurias : é por
aos tres athenienses . esta co nn exã o de idéas que eu me pronuncio pela
Quasi por esses mesmos tempos apparecem Nevio dita emenda. Agora passarei a combater um dis-
e Plauto, apresentando nos theatros as suas scenas curso que ouvi, no qual se pretende perverter a
20
78 SESSÃO EM 7 DE JULHO DE 1826
devida proporção de penas irrogadas contra os <C EMENDA
excessos da palavra commettidos pela imprensa .
Por mais tratos que dê ao meu entendimento não " Proponho que a pena dos abusos da liberdade
posso na verdade concluir o como esses excessos, de imprensa nos casos do n. 2• seja a mesma que se
atacando a pessoa do imperante, sejão de maior im- arbitrou nos casos do n. 1. o »
putaçilo do que atacando o systema politico-consti- Foi lida e apoiada. E como ninguem mais fallasse,
tucional, pelo qual o mesmo imperante é o supremo julgou-se a materia sufficieutemente discutida.
chefe da nação, e pelo qual impera sobre ella, e Propoz o Sr. vice-presidente se a 1• parte do n. 2°
por isso não posso convir em maior gráo de pena -Injurias contra a pessoa do imperante, sagrada'e
contra aquelle delicto do que contra este. inviolavel pela lei-: contra a de sua augusta esposa
O SR. ALMEIDA ALBUQUERQUE :-Sr. presidente, e a do herdeiro presumptivo do imperio -passava
as penas não se decr etão segundo os resultados dos tal qual se acha redigida.-Venceu-se que não.
delictos : eu jú trouxe hontem por exempl'J o caso Propoz se passava a emenda do Sr. Maia suppres-
do assassino, que disparou uma arma e ferio, mas siva das palavras -sagrada e inviolavel pela lei;
que nào matou pret endendo matar: a pena que ven ceu-se que sim, por não ser necessaria aqui esta
a lei tom decretado é a mesma que se elle effecti- declaração expressa na constituição.
vamente tivesse feito a morte. Propoz a 1• parte da emenda do Sr. Baptista Pe-
Um escriptor póde escrever verdades da primeira reira-Injurias contra a pessoa do imperador, sua
intuição e dahi resultar grande damno á sociedade; augusta esposa e principe herdeiro- foi approvada,
ou pelo contrario escrever e publicar absurdos e pa- e bem assim o principio da segunda parte --Injurias
radoxos que sejão bem recebidos e acreditados com coutra a mais família imperial-; não passou,
proveito geral; mas não é pelos resultados dos S0tls porém, o resto da emenda.
escriptos que havem os de faz er a lei : o limitar a Propoz mais o Sr. vice-presidente a 2• parte do
liberJade de pensar e de communicar o que se pensa n . 2° -Os responsaveis incorrem, etc.-; não pas-
é mais ditncultoso do que parece; nenhuma regra sou tal qual se acha redigida.
certa se p6de determinar ; e por isso nós não po- Neste acto, pedindo a palavra, disse
demos dizer com justiça qne aquillo que algumas O SR. L1No CounNHO: -Antes db se votar sobre
vezes nos parece uma offensa ao nosso sys\ema seja as penas eu queria mandar uma emenda a esta parte
realmente um ataque que se nos queira fazer. Não do artigo; que agora mesmo me occorreu.
acontece assim na injuria escripla contra o impe-
rante; ella não póde equivocar-se com outra al- Notando-se, porém, que não podia ser admittida
guma causa: a má Yontade alli apparece ; e n e- a emenda por estar cerrada a discussão, resolveu a
nhum outro fim se póde considerar senão o de camara que novamente se abrisse para este effeito
desacreditar o chefe da nação para com esta, e isto oómente.
não é menos que fazer a desordem na sociedade. Veio, em consequencia, a emenda nos seguintes
Eis-aqui a razão porque eu olho para este crime termos:
como um dos mais graves, e por isso sustento t[Ue (( EMENDA
a pena deve tambem sor maior e proporcional á
natureza do delicto . " Que a pena contra as injurias feitas ao resto da
O SR. SouZA FRANÇA: -Eu nunca disse que as família imperial seja pela metade da que fôr imposta
injurias contra o imperante não devião ter uma ás injurias feitas ao imperador, sua mulher e her-
pena maior; o que eu disse foi que se devia guardar deiro da corôa. >>
proporção e reservar a ma teria para o co digo penal ; Foi apoiada e como mandasse immediatamente o
é necessario não confundir as idéas que eu emitto; Sr. Marques de Sampaio a seguinte
por tal modo que me venhão a ter em conta de
demagogo. « PROPOSTA
O SR. ALMEIDA E ALBUQUERQUE: -0 illustre de- " Proponho que volte a lei ao autor e que unido
putado dá satisfações ; eu ni\o argui o illu!"tre depu- este á commissão de leis regulamentares, propo-
tado, fnllei em geral sobre a materia conforme o nhão um systema de penas, visto que está alterado
meu parecer. o do projectõ. »
O SR . CLE~IENTE PEREIRA:- Sr. presidente, eu Foi esta immediatamente approvada, resolvendo-
nada queria dizer sobre esta matBria; entretanto, se que voltasse á commissão o n. 2• para na parte
como se não tem dado toda attenção á pena que relativa ás penas, á vista das emendas offerecidas
deve haver neste caso e a pena que está marcada com audiencia do autor, o reformar Pm harmonia
não póde ter lugar, pois 8 necessario que vamos com o vencido na l' parte : ficando consequente-
~oherentes com o que se estabeleceu no 1o numero; mento de novo aberta a discussão a tal respeito.
eu direi que emquanto a mim o crime de injuriar O Sr. Costa Aguiar, tendo recebido as seguintes
á pessoa do imperante está na mesma razão dos declarações de votos, leu-as em seguida.
ataques feitos ao systema; pois quem atacar o im-
perante ataca o mesmo systema; o fim de uma tal " Declaramos que na presente sessão votámos
injuria não póde ser outro senão de fazer perder ao contra a suppressão das palavras-:-sagrada e invio-
monarcha. a consideração e a boa opinião, o que lavel pela lei.- Albuquerque.- Bricio.- Cunha
mesmo va1 oi.fender o systema de quem é chefe ; Mattos.- Marques de Sampaio. »
por c.onsequencia, entendo eu que a injuria sendo «Declaro que votei contra a suppressão das pa-
igual ou tendo os mesmos effeitos que 11. commi- lavras-sagrada e inviolavel pela lei.-Camara dos
nada no n. 1o a pena deve ser toda a mesma ; e para deputados, 7 de Julho de 1826.-Queiroz Car 7
isso mando esta emenda. nira. »
Veio a emenda e era concebida nos te rmos se- " Declaramos que na sessão de hoje 7 de Julho
guintes : votámos contra a suppres!"ão das palavras -sagrada
Câm ara dos Deputados -Impresso em 02/0 1/2015 16:44 - Página 4 de 12
O Sn. LINO CouTINHO~- No que acabou de dizer Ex. o projecto incluso para ser presente á camara
" meu amigo e honrado collega creio que não tem dos deputados.
muita razão, porque se acaso eu visse que era uma cc Deus guarde á V. Ex. Paço do senado, em 7·de
só declaração, concordava, mas apparecem immen- Julho de 1826.-João Antonio Rodrigues de Carva-
sas declarações, que de certo vem a fazer uma vo- lho.-Sr. José Hicardo da Costa Aguiar de An-
tação nominal; quand9 aqui se SUJ?primem i~,snen drada. n
~as palavras, quando se mudão artigos dos pcs para
a cabeca, ninguem faz declaração de voto, e agora << Projecto que accusa o oflicio
vêm tornando-se assim mansamente as declarações
de voto em votação nominal, e a camaxa não ha de << Art. 1. o Dous dias antes da primeira instal-
reparar em uma cousa tão estranha ? O povo per- lação do conselho geral de província, que se seguir
gunta o que se fez, e o que se disse, e os que virão, e á sua eleição, as pessoas para elle eleitas. se reu-
ouv1rão dizem, na camara acconteceu tal, ou tal niráõ pelas nove horas da manhã na sala destinada
cousa, lerão-se taes, e taes declaraçõ1ls de votos: para as sessões, trazendo cada uma o seu diploma.
taes, ou taes deputados forão de parecer que não se As despezas da sala serão feitas pelas respecti \'as
supprimissem as palavras-inviolavel, c sagrada.- juntas de fazendas.
1\[as isto ha de apparecer nos Diat·ios, diz o hon- << Art. 2. 0 Verificando-se o numero sufficiente
rado membro, mas quando hão de elles apparecer? para haver sessão, na fórma da constituição, art. 78,
Daqui a muitos mezes, e com as falias todas mutila- nomearáõ ~entre si por acclamação o presidente e
das; portanto é preciso que se saiba que nesta casa não um secretario·.
se trata senão de questões conformes ao systema << Art. 3. 0 O presidente e secretario assim no-
constitudonal. meados conservaráõ os seus lugares, até que instai-
O Sn. MAIA:-(Não se ouvio.) lado o conselho, sejão nomeados o presidente, vice·
presidente, secretario, e SU{lplente, que hão de
O Su. CuNHA MATTOS:-Sr. presidente; eu sou servir nos dous mezes da reumão do conselho.
soldado, e ordinariamente aquelle, qu~ se acha no
<< Art. 4. 0 Nesta sessão preparatoria, logo que
meio do fogo, procura estar muito a sangue frio.
Eu não sei que nesta camara se tenha dito o contra- forem nomeados o presidente, e secretario, apre-
rio do que está na constituição, e ninguem ainda sentaráõ os conselheiros eleitos os seus diplomas, e
ouvi o a um só deputado mostra r por palavras, nem nomear-se-hão á pluralidade relativa, por escrutí-
mesmo por acênos, que com effeito dezejasse vili- nio, duas commissões de tres membros; uma para
pendiar a sagrada pessoa do imperad()r. examinar a legalidade dos diplomas de todos que
não sahirem nomeados para ella; e a outra para o
Todos nós temos mostndo o respeito, veneração, exame dos poderes dos tres membros da primeira
e fidelidade, que consagramos ao noss1l soberano, e commissão.
á sua augusta família imperial : esta é a linguagem c< Art. 5. 0 As commissões apresentaráõ o resul-
geral, e nunca se poderá imputar a nenhum de nós tado dos seus exames dentro do mais curto tempo
a mais leve ommissão, ou desvio a este respeito. preciso para apurarem a legitimidade dos diplomas
Um illustre deputado tem dito por muitas vezes- á vista da copia authentica da acta geral da eleição
quod abundat, non nocet-eu digo ()Utro tanto, e apurada, que deve ter sido remettida pela camara
achei na minha consciencia que aquellas palavras- da capital da província.
inviolavel, e sagrada-de nenhuma maneira se po-
<< Art. 6. 0 A approvação dos diplomas será deci-
dião tirar.
dida á pluralidade de votos, na fórma do art. 82 da
Eu não me qu-ero singularisar, mas sómente de- constituicão.
sejo expor a minha opinião como todo o honrado << Art:7. 0 Deve sahir da sala o eleito, se houver
brazileiro. Entendi que se devião consErvar as pala- duvida, e emquanto se questiona sobre a legitimi-
vras, sem comtudo ter vistas particulares, porque dade da sua eleição ; e não concorrerá mais ás ses-
não me considero nem servil, nem liberal : sou sões aquelle, cuja eleição não foi julgada legitima:
membro independente, e não entrei nesta casa se~ para completar o numero designado para o conse-
não par:a desempenhar a minha obrigação. lho, se chamará o immediato em votos ao ultimo
O Sa. SouzA FRANCA :-Os Srs. deputados têm dos apurados pela camara.
cc Art. 8. 0 Esta resolucão com os seus fundamen-
direito de mandar o seu voto, e quem tem o traba-
lho é o Sr. secretario que ha de fazer na acta essas tos subirá á assembléa geral, para sua final decisão;
desnecessarias declarações : mas o :regimento as fazendo-se a remessa na fórma do art. 84 da con-
.admitte, e não se póde ir em contrari(). stituicão •
« Árt. 9. 0 O secretario formará uma lista dos
Não havendo mais quem fallasse sobre a materia, conselheiros, cujos diplomas forem approvados.
resolveu-se que se mandasse inserir 11a acta as de- Estes se depositaráõ no archivo do conselho, e da
clarações por serem conformes com o regimento. lista, depois de conferida, se entregará uma copia
O Sa. CosTA AGUIAR leu o segui11te officio do a cada conselheiro. ·
secretario do senado. « Art. 10. Verificados os diplomas, o presidente
levantará a sessão, indicando antes a hora, em que
OF FI CIO
no dia seguinte se reunirá o conselho para prestar
o juramento,
<< lllm. e Exm. Sr.-O senado ellvia á camara . cc Art. 11. f! secretario formará a acta, refe-
dos depu~ados a proposição junta, e pensa que tem rmdo s~mmar1amente o que se.tratou, e se res_olv~u
}urrar pedir-se ao Imperador a sua sanccão. ·na se~sao. Dará p~rte ao presidente da provmcia,
"' • por via do secretariO do governo, de se achar con-
cc O se!la~o- em cumprimento desta determinação cluida a verificação dos diplomas, e da hora apra-
da constltmçao art. 57 me ordena que remetta á V. zada para o conselho prestar o juramento, afim de
Câmara dos Deputados -Impresso em 02101/2015 16:44- Página 6 de 12
- - - ·-
nao trata senao dos livros usados e não · fallou de lllm. e Exm. Sr"~A camara dos deputados, ap- .
livros novos, nós sabemos muito bem qtie os livros provando o parecer da commissão de fazenda 'sopre
para os_ homens de lE:tras são tão ne~essarios,; como um projecto offerecido .para suppressão das contri;..
Câm ara dos Deputados -Impresso em 02/01/2015 16:54- Página 1 de 13
- --- ·- ------
88 SESSÃO IDI 8 DE JULHO DE 1826
buições e quotas, q~e d~baixo do _nome de . pen~õcs armas da provincia da Parahyba, a respeito dos
pagão alguns propnetanos de fabncas de assucar na réos militares, cujas sentenças soffrião demora, es-
província de Pernambuco c que ti verão origem no tando dependentes da confirmacão da superior ins-
tempo dos donatarios: resolveu que pela 1·epartição tancia, .e outra de 24 de Abril·deste anno, âcerca
de V. Ex. se pedissem previamente as oecessarias da pretenção dos officiaes de ordenanças da cidade
instruccões áeerca deste assumpto, principalmente de S. Paulo, para gozarem dos privilegios conce-
sobre a ·origem de tal contribuição. O que participo didos ás ordenanças da côrte, resolveu, quanto á
á V. Ex. para que suba á presença de Sua !\Iages-: primeira, qne estando a entrar em discussão o.pro-
tade )m pcrial. jccto de lei geral sobre os conselhos de guerra, da
Deus guarde á V. Ex. Paço da camara dos depu- sua sancção deverião ficar dependentes as provi-
tados, em 7 de Julho de 182(>.-José Ricardo da dencias, que se pretendem para a província 11a Pa-
Costa Aguia1· de Andrada.-Sr. Visconde de Bae- rahyba; c quanto á segunda, que não obstante
pendy. serem muito judiciosas as reflexões do conselho, so-
lllm. e Exm. Sr.-A camara dos deputados, afim bre os distinctivos e privilegias do quo devem gozar
de deliberar com conhecimento de cansa, sobre o os corpos de ordenanças, cumpria com tudo que esta
officio do presidente da província do Espírito-Santo materia ficasse reservada para quando se t1·atar do
de 12 de Novembro do anno proximo passado, re- regulamento daquelles corpos, que fazem parte da
lativo ao requerimento de Ignacio Pereira Dnarte força armada do, 1mperio. O que participo a V. Ex.,
Carneiro, q11e pretende por sesnwria uma data de para que suba a presença de Sua Magestadc Im-
terras na nova estrada, que communica aquella perial.
província -com a de 1\Iinas-Geraes; o ·qual oficio Deus guarde á V. Ex. Paço da camara dos depu-
foi remettido pela repartição de q~e V. Ex. se acha tados, em 7 de Julho de 1826.- José llicardo da
encarregado, para ser presente a mesma camara, Costa Aguiar de Andrada.-Sr. Barão de Lages.
resolveu em conformidade do parecer da commissão
de agricultura, que eu solicitasse de V. Ex. copias Sessão em 8 de Julho ele ,t828
da portada de 13 de l\larço de 1822 e da imperial
l'Csolucão de 7 de Outubro de 1823, de que se faz PRESJDENCIA DO SR. PEREIR ..\ ·DA NOHREG ,\
menção no sobredito omcio, que só para esse fim
vai incluso c que deverá reverter para a ultima de- Heunidos os St·s. deputados ás lO horas fez-se a
cisão do seu conteúdo. O que participo á Y. Ex., chamada e se acharão presentes 66, faltando com
para subir ao conhccimrnto de Sua Magestade participação os Srs. Vergueiro, 1\laia, Castro Vianna
I mpel"ial. e Lobo.
Deus guarde á Y. Ex. Paço da camara dos depu- O Sr. presidente abrio a sessão, e lendo o Sr.
tados, em 7 de Julho tle 1826.-losé Ricardo da Araujo Vianna a acta da antecedente foi approvada.
Costa Aguiar de A11drada.--Sr. José Felicianno , O Si·. Cunha l\Iattos apresentou um requcrimPnto
Fernandes Pinheiro. de Nicoláo 1\Iasson, que se remetleu á commissão
, 111m. c Exm. Sr.-Procedendo hoje a camara dos de petições. .
/ deputatlos á eleicão da mesa que deve servir o mez O Sr. Costa Agumr, dando conta do expediente,
que principia no dia de amanhã, forão nomeados fez a leitura do seguinte
na fórma do regimento, para presidente o cleQUtado OFFICIO
.Luiz Pereira da Nobrega de Souza Coutinhô; p;ra
vice-presidente o deputado Marcos Antonio· de cc lllm. e Exm. Sr.- Tendo o juiz de direito e o
Souza e para secretarios em ]o lugar eu e em 2°, promotor fiscal do conselho dos jurados, reprc~>:en
3° e 4° os deputados José Antonio da Silva 1\laia, tado, pelos inclusos officios a duvida. que lhe~ oc-
1\lanoel José de Souza França e Candido José "de corria sobre o dever continuar aquelle juizo, á
Araujo Vianna, pela ot~dem em que vão indicados. vista do decreto de 22 de Novembro de 1H23. que
O que participo a V. Ex., pam que suba ao conhe- manda pôr""em execução o projecto da ass,..., bléa
cimento de Sua Magestade Imperial. geral constituinte até a installação da asse•uhléa
Deus guarde á V. Ex. Paço da camara dos depu- legislativa: de ordem de Sua 1\lagestade o Impe-
tado.;, em 7 de Julho de 1826.-José Ricardo da rador passo ás mãos de V. Ex. os indicados ollkios,
Costa. Aguiar de Andrada.- Sr. José Felicianno para que fazendo-os presentes á camara do!' '••pu-
Fernandes Pinheiro. lados, haja ella ,de resolver o que for conwniente
Illm. e Exm. Sr .-Accusando a recep!:ào do offi- emquanto não ha lei de liberdade de imprc>nsa e
cio da data de hoje, em que V. Ex. declara remetter do juizo proprio para conhecer e punir o,.: ~eus
um dos planos para o estabelecimento do monte-pio abusos.-Deus guarde a V. Ex. Paço, em 7 d1· Julho
militar, com os pareceres de alguns conselheiros de 1826. -Visconde de Caravellas. -Sr. José lU-
de guerra e votos de outt·os militares, afim de ser cardo da Costa Aguiar de Andrada.ll-Foi ren:P.t.tido
tudo. presente á camara dos deputados, cumpre-me á commissão de constituição e legislação.
prevenir a V. Ex., que o plano e pareceres de que . Passou-se então á ordem do dia, e o Sr. presi-
trata, não vierão inclusos no mencionado officio. dente declarou em discussão depois de se han·r lido
Deus guarde á V. Ex. Paço da cama'ra dos depu- o 3° § do art. 2° da lei da liberdade de impr·cnsa,
tados, em 7· de Julho de 1826.- José Ricardo da concebido nestes termos:
Costa .Ag·, tial' de A·n drada.-Sr. Barão de Lages. CC 3.° Concitações directas do povo, ou sejãn para
lllm. e Exm. Sr.-A camara dos deputados, con- rebellar-so contra as leis e contra as autor'clatles
formando-se com o parecer da commissão de constitui das, ou sejão para punir. cc m a força e a
guerra, sobre as consultas do conselho supremo violenciainjustiças verdadeiras ou fictícias, ahu~os
militar, remettidas por V. Ex. em oficio de 30 do verdadeiros . ou suppostos da administração t> das
mez proximo passado, uma de 7 de Dezembro ul- autoridades; ou sejiio para qualquer outra a•·ção
timo, sobre as representações do commandante das designada crime pela lei~ ·
Câmara dos Deputados - Im presso em 02/01/2015 16:54 - Página 2 de 13
89
« Os responsaveisincorrem na pena de privação vag~m •inco~pati vel com as lefs da ~ociedade, ou
dos direitos políticos · e suspensão de todos os em- entã_o .c .!! liberdade dos falsos, dos maldizentes e
pregos e honras, seõs tiverem; pelo tempo de tres dos mtmii?Os do syst~ma constitucional. Ha de cha-
annos com um armo de prisão : e não os tendo in- mar-se I~ d~ esci~avulã?, po~que se querew coarctar
corre~· na pena da suspensão dos direitos políticos abusos? ~ntã? nao haJa Iers e a licenca tornará os
e prisão por tres annos. Nas reincidencias incorrem homens . tao hvres quu daqui virá a anarcbia.
no dobro. No caso de apparecer ~ediçã? do povo,
indigitada a alguns dos fins apontados, c Isto dentro ~ Dis~e _mais o illustrc deputado que como se quer
dos oit{• dias depois da publicação do escripto e especiah_sar o podct· legislatiyo o mesmo se deve
este for julgado a cau!;lll della, os tres annos de fazer pa1a com o .poder e~ecuhvo : mas que se en-
prisão serão consignados a serviços publicas. >> tende. ~or pod~r exec~Livo, não é o monarcha 1
Os mmtstros nao forma? o pod?r executivo; por
Antes de principiar a discussão o St-. Ledo offe- q_ue quem o representa c U!D _unrco individuo phy-
receu como artigo addicional o seguinte : stco, é o. monarcha. Os muustros são unicamente
Injurias contra o corpo legislativo. Os respon- ~andatarws do poder cxecutil•o, e se acaso os mi-
saveis incorrem na pena de um a tres annos de mstros re~resentassc~ este poder, então 0 nosso
prisão. ~y~te!Da ua? se podena chamar monarchico : as
E sendo apoiado e declarando-o o Sr. presidente lllJUrw~, po1s, contra o poder executivo estão já
preferir uo dei.Jate, immediatamenle padio o Sr. Cle- prevcmdas. n.a .pessoa do monarcha. Resta agora
mente Pereira o adiamento que tambem foi apoiado. tratar das I~JUria~ co~tra o poder legislativo; por
Sol>re o adiamento, pois, principiou a discussão, tanto, o arttgo nao pude deixar de passar.
encetando-a pelos termos seguintes : · O Sn. SoLEDA_DF:: -Vou rasponder ao honrado
O Sn. VAsco:scELJ.os: -0 adiamento, Sr. presi- d~putado que dtsse q~e ~ poder executivo era re-
denle, parece-me que não póde ter lugar; a ma- pre_senl!ldo por umaS? P~~so~. Este poder, o poder
teria é clara; está vencido um artigo que trata' l~g~slahvo e 0 poder J!•drc~arw. são trcs poderes di-
das injurias contra a pessoa do imperador o im- vtdtdos: 0 poder legrslatJ vo c representado pelas
pcrador é o chefe da nação, é parte da represen- ~uas camaras: o P?~er executivo creio ~ue é pelo
tação nacional, segue-se, pois, trata~ ~a ~utra parte Imperador e seus 101 ~Is~t·os: o P.o~er judtc_iario se
ou do corpo ll'gislativo; portanto, IDJUnas contra completa ~m todos o, ramos_do_sJurzos e tnbunaes.
o corpo lcgislath·o devem estar na mesma razão, Q';land_o dtsse que s~ suppnmrsse este artigo não
nem isto púde ser obj~cto de discussão; já se Yenceu foi P!l- 1 ::'- ~c oppur a pc~a <1ue deve ter qualquer·
que quem injuriasse o imperador estava incurso nas ~ue InJunar 0 corp~ le;;J_s_lat!Y?, mas sim por sm·
penas do art. 1°, logo do corpo legislativo, que está lSto redundante, pms c Ja sniHdo que a.quellc que
na m~sma razão, deve dizer-:;e o mesAto. Todas as atac~_r a forma do SO\'Crno por injurias, atacar
leis da liberdade de imprensa não tem esquecido 0 s;p:tema que te1.nos adoptado ha de ter as penas
isto e nem o podem razoavelmente esquecer, pois que forem ~ec~etadas; ·C f! que d~go é que se acaso
se quem ataca o systema ou o governo geral deve se ha de _expl_tcar no artigo a mdependencia do
soffrer castigo, tambem o deve soffrer quem injuriar po_der legtslatlvo d.a mesma maneira se deve ex-
as pessoas que figurão neste governo, isto é, o que P! 1 c~r a d? execu~n·o, bem c~ mo. a ~o poder judi-
se acha em todas as leis. etano, pOis um nao tem ma1s d1re1tos do que os
O Sn. SOLEDADE: -Crew . que nos• vamos fazendo outros
d" . : portanto - ' se não . fôr red un dan t e, t orno a
uma lei de escravidão em luaar de uma lei de li- 1 ~er que en 1ado se adrmtta o poder executivo;
herdade· de imprensa. A lei o que nós tratamos de pois. dque ot 0 dpo 0er executivo. . e• o governo, e· o Im- ·
fazer, é para garantir o direito, que todo o cidadão pem or. e os ~ seus mtmstros.
tem de exprimir seus pensamentos. E' muito justo Termtnando 0 Illustre orador, veio <Í mesa, man-
que todo aquelle que escrever contra o poder le- dada pelo Sr. Deputado Basto a seguinte
gislativo ••• (A' ordem).
« EllEXDA
Continuou o· illustre deputado ; porém, não foi
mais ouvido pelo tachigrapho. - « Que á emendn do Sr. Ledo se accrescente-ou
O Sn. CLEMENTE PEREIR.\. :-Eu ainda não disse contra cada uma das suas camaras.' >>
uma- só palavra sobre a necessidade do artigo : Foi apoiada, e c~ntimÚmdo a discussão clisse
sem duvida hei de votar por ene·; mas o que digo O S_n. V~scoNCELLOS :-;-Sr. presidente, parece-me
é se o artigo póde ser neceEsario, tambem o adia- que nao pod_e haver duvtda alguma, este artin-o deve
mento o póde sei<; porque nenhum corpo legisla- entrar ~!_a let.c. d_eve pas~ar. Que são injuria~? São
tivo deve .deliberar com precipitação e artigos ad- e~pressoes. dmgtda~ _unicamente a indispôr na opi-.
dicionaes são materia diversa que não podem mao pubhca o S';1Jeito contra quem se dirigem;
decidir-se no mesmo dia. Isto é o que eu quizera podem alguns escnptorcs entrar neste sentido a des-
que se adoptasse para todos os casos. · acredi~ar a ca!Dara e a tornai-a desprezível; isto é
Ultimando-se a discussão sobre a proposta do um cnme mmto gra\·e e que não póde deixar de ·
adiamento sujeitou-a o Sr. presidente á votaçãoe entl·ar nesta lei. Quanto 8.<?S. mi_nistros que duvida
não passando, continuou o debate sobre o artigo l1a que elles, quando forem IDJunados, têm os meios '·
addicional do Sr. Ledo, .dizendo . competentes de se desaffrontarem '1 Eu não sei como
O Sn. LINO CoUTINBo:;_;,.E' com efflüto~ Sr. pre- se possa argumentar deste . modo con~a o artigo
sidente, de lamentar que se chame a esta lei, lei Emfim eu tenho de accrescenta1· quanto á emenda·
de escravidão em lugar de ·lei da liberdade d~ im- que agora s~ aprese.ntou, que eu . me~conformo co~
prensa. Será liberdade deixar ao arbítrio do hómem a ~.ua doutrma, po1s que ella es~ concebida com
malvado atacar o systema constitucional 't ·Não, se- mais clareza~ para que se não entenda que atacando
nhor presidente, isto não é conforme a lei, esta uma ou outt:a das C3!naras em parti~ular se não in-
seria a liberdade absoluta, o estado do homem sei- corre no artigo da le1. · · · __
Câmara dos Deputados -Impresso em 02/01/2015 16:54- Página 3 de 13
O Sn. CtE»ENTE PEnEIRA: -Quando propuz o que o poder executi\·o está na mão de um só (mone
adiamento não foi por não querer que se admittisse a1·che) unicum principium.-Se o illustre deputado
este artigo, mas sim para que elle se não discu- admitte que o poder executivo cst<í na mão de muitos
tisse sem a de,, ida reflexão ; porém, já que se trata indivíduos, é preciso então que admitta que não é
de o discutir agora. direi que o poder executivo está monarchico, o nosso systema, porque.· quando é
expresso no art. 102 da constitui~ão,que é represen- monarchico, o poder execulivo está na mão de uma
tado pelo imperador e exercitado pelos ministros, as unica pessoa : é preciso algumas idéas exactas : o
injurias feitas ao imperador estão prevenidas no 1° poder executivo é representado pelo imperador, os
numero do artigo, e as injurias contra os ministros ministros !.'ão os seus agentes, por via dos quaes
hão de ser comprehendidas no artigo que trata de elle exercita este poder, não formão parte do mesmo
todos os particulares. Concluo, pois, que o artigo poder, e tanto é assim que os ministros são despe-
deve passat· addicionado na conformidade da emenda didos, quando agrada ao monarcha. Como é que se
que se acaba de apresentar, pois tem-se tratado das ha de entender que o poder executivo se acha
injurias contra o poder executivo, é necessario co- tambem na mão dos ministros ! Isto é contra todas
hibi-las contra o poder legislativo. as idéas do nosso systema monarchico represen-
O Sn. SouzA FnANCA.- E' necessario discorrer tath·o. Quanto ao que mais disse o illustre deputado
por todas as partes do artigo, para não estarmos que então tambem se deverá aqui tratar das injurias
a duvidar sobre a sua doutrina. Tratou-se, Sr. pre- contra o poder judicial, deve o illustre deputado
sidente, das injurias feitas ao systema em geral: advertir que o poder judicial não é um poder
os representantes da nação l>razilcira pelo. consti- supremo, como disse, mas !.'irn um poder secundario,
tuicão art. 10 são o imperador c o poder legislativo ; e responsavel. O poder supremo nunca tem respon-
tratou-se das injurias feitas ao imperador, não póde sabilidade senão a moral, tal é o poder executivo, e
de nenhuma maneira ommittir-se as injurias feitas o poder legislativo, uma vez que se trata aqui das
á outra parte que representa a nação que é o corpo injurias cont.ra estes dous supremos poderes, não
legi!.'lath·o. Seria isto uma lacuna, que pareceria é preciso tratar do poder judicial; porque este
muito de proposito deixada nesta lei. entra na classe de todo e qualquer cidadão, conforme
Demais, Sr. presidente, as injurias que aqui se adevo sua graduação, ou emprego. Portanto o. artigo
passar, como tambem a emenda do 1Uustre
cohibem, são as que forem feitas contra o poder le- deputado o Sr. Basto, que tira toda a duvida.
gislativo, ou alguma das suas partes collectivamente
porque injurias feitas a um ministro de estado tem o O Sn. AL!IEID.\ E ALBUQUERQUE ;-Tem-se dito
seu lugar no n. 8°, e esta mesma disposição se en- que é preciso cohibir as injurias feitas a um dos
tende com as pessoas encarregadas das funcções poderes, mas que não é preciso tratar-se disto
publicas. emquanto ao poder judicial .... (o illustre deputado
· A 1·cspeito do que se tem dito que os ministros, e o não foi ouvido por um pouco. ) E' principio geral-
chefe da nacão fazem o poder executivo, é isto uma mente estabelecido que nenhum cidadão póde
o
questão impertinente. Oi: ministros pódem ser injuriar outro ; mas o contrario é que accontece
accusndos por qualquer particular, todo o cidadão muitas vezes, e por via da imJ?rcnsa é que mais se
tem direito de os accusar naquillo, que diz respeito espalhão as detracções, e as inJurias que se desejão
<Í seguranca dos direitos, isso fica livre. Portanto fazer: para evitar pois estes abusos fez-se a lei da
digo em conclusão que o artigo não póde deixar de liberdade de imprensa; eu já tenho dito por mais de
passar com a emenda, muito principalmente com a uma vez que o cidadão s•1pposto que possa censurar
obsenacão que sobre esta se fez, porque do modo, os actos do governo com o necessario comedimento,
que esta o artigo redigido quando succedesse e respeito, pois que todo o povo é interessado na bôa
atacar-se a camara dos deputados, que parece a mais administração, e em que os primeiros funccionarios
proxima a esses reveze!.', como não fse ataque o publicos não abuzem de seu poder, todavia é
senado, e ainda o imperador, póde dizer-se que se necessario que essas censuras se não torn•~m em
não atacou o corpo legislativo. Eis-aqui porque voto injuria e detracção, e ~sto seja com este ou com
que o artigo passe com a emenda. aquelle outro poder. E um erro muito grande
O Sn. SoLEDADE. (Não se ouvio.) suppôr que os cidadãos têm todo o direiLo de expôr
O Sn. LINO CouTINHO :-0 illustre deputado, que as .suas idéas para promover o melhoramento dos
se oppõe ao artigo addicional, o reprova como negocios publicos, e querer que se ·não falle do
redundante; e diz que uma vez que no n. 1o deste poder judicial : nisto não concordo.
artigo se trata das injurias ou ataques contra o O . SR. LINo CoUTINHO : - Ninguem aqui tem
svstema monarchico representativo, já se entende fallado em sentido de admitlir que haja direito de
que os ataques feitos ao poder legislativo ficão alli injuriar a nenhum particular quanto mais as auto-
corilprehendidos, mas o que talvez não será redun- ridades, mas o que se tem dito é que se deve entrar
dante é a pergunta: porque o honrado deputado primeiro pelas injurias feitas ao systema abraçado
não achou redundancia, quando se tratou da pessoa pela nação, para ao depois se fazer mencão das
dó monarcba, e quando se trata agora do poder injurias contra os indivíduos ; tambem nãô quero
legislativo acha redundancias ? Se ha redundancia dizer que se coarcte a opinião publica, ou essa
para um caso não a ha para o outro ? Por conse- responsabilidade moral : o cidadão tem direito de
quencia havendo passado o artigo no que respeita ás fazer reflexões sobre o proceder de qualquer auto-
injurias feitas ao monarcha, deve passar tambem ridade, isto não é injuriar uma vez que as reflexões
pelo que respeita ao poder legislativo. O illustro sejão fundlldas sobre principias, ou que alguma
deputado disse que entendia por poder executivo o autoridade procedeu mal, ou que emfim se afastou
imperador, e os ministros, mas isto emquanto a: da norma geral, isto nunca é prohibido, nem a lei o
mim é erro de politica. O que quer dizer systema póde fazer, sejão mesmo as reflexões sobre qualquer
monarchico t·epresentativo 1 Quer dizer que o poder individuo encarregado de funccões publicas : o que
legislativo está. na mão dos nomeados pelo povo, e se prohibe é dizer injurias, isto é o que é contra alei.
Câmara dos Deputados -Impresso em 02/01/2015 16:54- Página 4 de 13
tim prohibir que se escreva contra a religião 't Tudo Tellho observado que os delictos contra a Divin-
o que se poderá dizer, não ha de ser senão mentira, .dade são o o.bjecto dos tratados dos grandes publi-
e a mentira não ha de prevalecer contra-a verdade. cistas, co~o p_64~ o illustre pr~opinantelêr no cap.
Esta certeza, mesmo a temos do seu divino autor, 20 de FilaogJ.en, _na sua sc1encia de legislação,
que ·nos dis_se - et portre inferi non prevalebunt tomo 4°. Logo .me parece necessario , que discu-
aàversus eam.- . ... tindo esta camara um projecto de lei sobre os ,que
_Portanto não tenhamosmédó dos ataques contra abusarem da liberdade de imprensa, deverá ser em
a religião, ella ha de existir até o fim do mundo, ha primeiró lugar considerado o crime contra a mesma
-de_ prevalecer contra a mentira, sem que precise religião _e comminada a mais rigorosa pena.
apOiar -se ·nesta -lei, que ·vell) assim - a ser ociosa Um escrip_to contra a verdade e moral da religião
além de prejudicial-em outros -sentidos. Demais, é sem})re muito _perigoso. (Apoiado.) Lembro-me ·
Sr• . presidente se alg_hm homem doudo atacar a re- de _ter lido· Ferrandi,_ celebre .escriptor, _o qual sus-
ligi~o. pois que um tal ataque não_sep_gde considerar tenta que as revoluçoes emmateria de _religião são
· senao . como -uma loucura, deixemos a sua cor- as mais perigosas pe,l!)s gravíssimos males, que re-
recçã.o aos ecclesiasticos, e nisto _iremos conforme sultão á ,sociedade. · - · ·
com~ evange~o ~ ~i_cto ~cclesia1; ~ e não q úeira-
mos • IntrodUZir na le1 de liberdade da imprensa um
àrtigo, . que lhe não pertenCe e que vai atacar a di'- J ... ) . Esta falia-- foi müi , unperleitaJDenle colhida
vinda~e. querendo ·_ nós impôr penas, que ella tem pelo tachigtapho.
Câmara dos Deputados -Impresso em 02/01/2015 16:54- Página 7 de 13
Aquillo porém, que é de disciplina accidental e .não por meios indirectos, e tanto mais perigosos,
que sendo variavel póde oppôr-se ás leis do paiz, e quanto mais solapados, e proprios para surpre-
comprometter a tranquillidade dos povos, ·está su- bender a mocidade incauta, ou irr_êflectida.
jeito á inspecção do magistrado político, que em Não posso igualmente deixar de conformar-me com
virtude da suprema autoridade, póde deixar de ad- a idéa, que acaba de .produzir um illustr!} deputado
mittir, quando _assim convier á felicidad~ , dos seus a respeito da jurisdicção dos bispos na censura das
subditos, essas leis disciplinares, sem offensa do obras já publicadas sobre materiá de religião; e
:respeito devido ao poder da igreja, cujo espírito de tanto mais me conformo, quando vejo que algumas
sabedoria nunca póde presumir-se éontrario aobem ~onstituições, como por exemplo a de Portugal, '.d e-
temporal das nàcões. Eis aqui a doutrina dos mais clarão expressamente que fica salva sobre este oh-
celebres publicÍstas sobre o denominado direito jecto a autoridade dos bispos, aos quaes o governo
· - circa sacra- doutrina lumin!)sa, que deveria deve prestar a necessaria coadjuvação~ . .. · '
dissipar todas as du:vidas do illustre depu~ado sobre CoJD·effeito os bispos são por direito divino juizes
a latitude, que parece deixar-se ao arbítrio dos ju- natos da fé, e só a elles compete qualificar, e J!Ugar
rados em pontos de disciplina ecclesiastica. . a doutrina, ou seja em ponto de dogma, ou de.cos-
. Fundou-se nas mesmas razões o nobre deputado tumes. Esta jurisdiccão essencial, e inseparavel.do
para combater a suppressão da palavi-a-directos- episcopado, foi exercitada desde os primeiros s.e -
segundo algumas emendas mandadas á mesa ; mas culos do christianismo; e S. Paulo não só prevenia
quem não vê que restringindo-se os abusos da li- os fieis contra os sophismas de uma capciosa, e rã
·berdade religiosa aos ataql.les directos contra a reli- philosopbia, mas .achando-se em . Epheso fez :até
gião, se abre um vasto campo á impunidade de se- queimar alguns livros .de perigosa doutrina~ Os -suc-
melhantes delictos 'l · cessares dos apostolos continúão .a usar dos mesmos
Quem não sabe que os inimigos do christianismo direitos sem contradicção alguma, e ébem sabido
mudan!lo de tactica já não -atacão hoje directamente o decreto do papa Gelasio publicado em um con-
os dogmas ou verdades reveladas, ~;orno fizerão os cilio emRoma no anno 1~, no. qual se especlficão
antigos heresiarcas, mas recorrendo aos artificios de os livros, que a igreja approvava, e os que ella 're-
umasacrilega ironia procurão expôr:ao dP.sprezo e jeitava .como apocnphos;ou-hereticos, ensinando
2ombària o 4111e haJ}e _ ~1liS: él~gusto ~- - ~grado na assim ao~ fieis õs queelles podião lêr sem.perigo.
Câmara dos Deputados -Impresso em 02/01/2015 16:54- Página 9 de 13
. gndade, defeza, dtgmdade, ou mteresses da naçã,o, ( Foi-lhe concedida. ) Principiando pela epigraphe
ou seja por tratados, ou· por qualquer outra maneira entendo que seilevem supprimir as palavras- dos
directa ou indirectamente. deli_c~os ...._e dizer:s~ simplesmente--!. da respon-
« 5. o Attentando contra a pessoa ou vida do sabilidaQe- dos mm1stros- pojs que esta lei com:..
imperador, imperatriz, ou de algum dos príncipes, prehende duas partes, a I• especifica a natureza dos
ou princezas da imperial família. delictos, e a segunda regula a forma do processo,
« 6. o Em todos os casos dos artigos precedentes, e como cada uma destas partes faz o ·objecto dos ca-
ficará o réu inçurso na pena de perda de honras, e pitul?s, em que o titulo está subdividido parece que
mercês, ~incorrerá na. pena de morte, qu inhabil- a. ep!graphe só deve expressar o objecto geral da
dade perpetua, e prisão de dous annos ou inhabili- Ie1, No art. lo tambem parece que seria mais exacto
dade perpetua sómente. · add~cionar- os ~inistros- antes das palavras.
« '1. 0 A ommissão não salva aos ministros da -Sao responsaveiS.- O numero 1o póde, passar em
responsabilidade >l. o numero2"; porém acho ociosa 1!- palavra-existencia
Sendo lido este artigo, e .declarado em discussão . -uma ve~ que passe o numero lo, porque a~h~do-
vierão immediatamente á mesa as seguintes : , s~ prevemdos neste os attenta~os, que os mm_Istros
· · - podem commetter contra a forma estabelecida do
« EMENDAS governo, . está dito tudo. pois que não póde existir
D 0 s "Cl t ·p- · p h governo sem fõrma, e quem atacar a fórma do go~
• r.~ emen e. erena : - « ropon o, que na verno, attenta sem duvida contra a existencia do
ep1graphe do titulo se supprimão as pàlavras -
dos delictos de_ e se diga simplesmente_ dares- mesmo governo, seria . por tanto bastante dizer-se
. ponsabilidade dos ministros etc.- -impedindo o livre exercicio dos poderes políticos
« Que no art. }o se diga_ os ministros de es- -porque de facto póde impedir-se o livre exer-
-tado são responsaveis etc.- -. cicio dos poderes sem todavia attentar contra a
ue no 2o s p· · - - fórma de governo, e este será talvez o ataque que
_ « .Q. • e su puma<? as pa1avras - contra mais b~ja que temer, e que porconsequencia cumpra
e
li~~!~~~~i~io.~- se dlga -2o impedindo 0 prevemr com palavras que não admittão duvida
_ « Q~e nos num~ros 6o, e 7o~ se suppr~a a nu- deve _.finalmente suprimir-se a numeração-6o e 7~
meraÇilo, por ser oc1osa )) • · -
Do Sr. Vasconcellos : - « Que o n. 7°, do art. 1o ( * ) A emenda comprehende até o art. 6.o, não vai
.passe a formar um artigo, e que se ponha antes do aqui toda por terem de vir as ·outras partes nas se-
art. 6. 0 » - guintes sessões aonde pertencem~.
Câm ara dos Deputados -Impresso em 02/01/2015 16:54- Página 6 de 8
são não é facto. E' preciso que haja um artigo ge- E como !Da1s nmpuem se propuzesse a fallarso-
ral, qne diga, que em nenhum caso a ommissão _bre a matez:.Ja d~ artigo, con~ultada a camara, r!Js~l
póde salvar o ministro da responsabilidade ; aqui veu que ~nmeiro ~e com'Qmassem pela c'?mm1ssao
aiz 0 n. 1o, attentanào,-e o 2°, diz usurpando, etc., de redacçao das leis, as emendas o~ereCidas, e ~e
o
e ne~tes factos positiYo_:l, não se póde di~er que ha pozessem em c~nvemente harmoma com o ma~s
ommtssão: portanto na o póde estar aqui este nu:- contexto do. proJecto, para a mesma camara dali-
mero e deve ir para o fim, ainda depois do art. 7° berar sobre Isto. .
para que declare que a ommissão não salva em ge- Leu-se então o seguinte officio, que entretanto
ral os ministros .da responsabilidade. tinha vindo á mesa
O SR. VASCONCELLOS :-A ommissão de que se OFFICIO
trata neste n. 7°, é aquella ommissão, que não é
expressa na lei. Quando 011 ministros deixão de « 111m. e Exm. Sr.-Desejando o senado, como
observar o que a lei determina, ha um artigo par- já exprimio á camara dos deputados, que em tudo
ticular a este respeito, que é o artigo 6°, mas é que fôr commum a uma e outra camara, se mostre
preciso ·saber-se, que em to.dos os casos em que o sempre nas suas deliberações o mais perfeito accor-
ministro tem de cumprir os seus deveres, por om- do, e reciproca intelligencia: por isso nomeou uma
missão é responsavel, assim como por traição ; e commissão, e convida ã camara dos deputados, a ·
eis aqui a razão deste artigo, que eu entendo, que fazer a nomeação de _outra, . para unidas organisa-
deve passar para antes do art. 7. 0 rem o projecto do regimento commum. Assim o
A este tempo mandou o Sr. Ferreira França á participo a V. Ex., para levar ao conhecimento
mesa a seguinte , .. da mesma camara. . ·
« EMENDA. « Deus guarde a V. Ex.-Paço do senado, em 10
de Julho de 1826.~João Antonio Rodrigues de Oar-
« Do num~>ro 6,do art. 1°, peço que se suppri~a valho.-Sr.' José Ricardo da Costa Aguiar. 11
-incorrerá ·na pena de morte-, e quanto ás ma1s Ficou a camara inteirada, e se mandou remetter
penas, que se harmonise com a lei da liberdade da o officio á commissão do regimento interno.
unprensa. » o •
Tendo igualmente vindo ã mesa uma memoria)
E sendo lida, pedio immediatamente a palavra, apresentada ·por ·Francisco das Chagas Silva do
e disse o illustre autor da emenda. Amaral, contendo observações a respeito de diffe-
O SR. FERREIJÜ FRANÇA :-Eu desejava combi- rentes objectos de administração publica, e obser-
nar esta lei com· a da liberdade da imprensa, e vando o Sr. secretario Costa Aguiar, que a dita
peco a attenção da camara a este respeito, Ou eu memoria era muito extensa para se ler, e que po-
estou enganado, ou ha um engano aqui : a lei da dia ir para a secretaria, para alli a examinarem
lib~rdade de imprensa diz, ataques, etc, e aqui na os Srs. deputados, ou aliás que se remetesse á' uma
lei d~t'responsabilidade esfã~ são responsaveis quan- commissão, disse
·do attentarem, etc. Pergunto eu se estes crimes O SR. CLEMEl'iTE PEREIRA :-Sr. presidente, como
são os mesmos, ou se são differentes.?·.· Eu estou essa memoria contém ·diversas matarias, parecia-·a
pensando, que podem ser os mesmos, . podem os proposito, que se n..omeasse uma commissão espe-
ministros atentar por escripto contra aJórma esta- cial, para fazer o relatorio, e dar a esta camara uma
belecida do governo. pequena informação com o seu parecer sobre ella.
Ora combinemos as penas: no ~ 6° dopre~ente o· SR. VERGUEIR0:1Não me parece que seja
artigo,· diz, que incorre na pena de mo~e (Leu,) preciso nomear-se agora uma commis_são especial
quando na lei. de -liberdade de imprensa, não se dá. para isso ; supposto que ·trata de muitos objectos,
esta pena de modo que as penas sã_o muito diffe- julgo qüe será bastante~· que se remetta á com mis-
rentes, e parecia que o caso sendo o mesmo, -devia são de leg!slação para dar o seu parecer. -
Câmara dos Deputados - Impresso em 02/01/201 5 16:54 - Página 8 de 8
-
SESSÃO
.
EM 11 DE JULHO DE 1826 113
« Art. 6. o A approva~o
dos diplomas será deci.o. « Art .. 18. Nesta sessão, eleger-se-hão o presi-
dida á pluralidade de votos, na fórma do art. 82 da den!e, v~c«:-presidente, secretario, _ e supplente.
constituição. - Sera~ preside_!lte, e. sec;:retario de.ste acto, os que
« Art. 7. o Deve sahir da sala o eleito, se ·houver o Corao da sessao ordmana.do anno Immediato. •
duvida, e emquanto se questiona sobre alegitimi,. « ,Art. 19. No mesmo dia, dada a posse ao pre-
dade da sua -eleí~o ; e não concorrerá mais ás sid~~te, e secret~io elei~s, proceder-se-ha ao acto
sessões aquelle, cuJa eleição não foi julgada legitima reltgtoso determmado no art. 12, sem o juramento
para ·completar o numero designado para o conse- e se observará a disposição do art. 15. '
lhe, se chamará o immediato em votos ao ultimo
dos apurados p_ela camara. « TITULO I
<< Art. 8. 0 Esta resolucão com os seus funda-
mentos subirá á assembféa geral, para sua final ct Do presidente e secretario
decisão; fazendo-se a remessa na fórma do art. 84
da constituição. « Art. 20. Compete ao presidente manter a ordem-
<< Art. 9. 0 O secretario formará uma lista dos
no conselho, fazer observar o seu regimento e a
conselheiros, cujos diplomas forem approvados. ceder constituição, dirigir a ordem dos trabalhos; con-
Estes se depositaráõ no archivo do conselho; e da ques~o, a palavra, estabelecer com clareza o estado da
lista depois de conferidas se entregará uma copia colher ossobre a qual ha de recabir a votacão re-
votos, e declarar por elles a deéisã~ do
a cada conselheiro. conselho.
u Art. 10. Verificados os diplomas, o presidente
levantará a sessão, indicando antes a hora, em que << Art. 21. Deve pôr em actividade o conselho
no dia :seguinte se unirá o conselho para prestar 0 evitando a inacção, e que os conselheiros nas diS.:
juramento. cussões, não se apartem da questão principal. »
« Art: li. O ~ecretario formará a acta, referindo Passou-se ao art. 22, assim concebido
summanamente o que se tratou, e se resolveu na (( Art. 22. o presidente é o orgão do conselho
sessão. Dará parte ao presidente da província, por todas as vezes que este tiver de enunciar-se col-
via do secretario do governo, de se achar concluída lectivamente. P?derá propor, ~iscutir, e votar,
a verificação dos diplomas, e da hora aprazada para mas qua.ndo quiZ~r ent~ar .em d1scu~são, largará a
o conselho prestar o juramento, afim de se mandar sua cadeua, e sera substltu1do pelo vice-presidente
apromptar o que fõr preciso para este solemne emquanto estiver discutindo"· '
acto. -
« Art. 12. No dia seguinte, reunidos os conse- Finda a leitura, e offerecido este artigo á discus-
lheiros na sala das sessões, á hora designada se são foi impugnado desta maneira por
encaminharáõ todos á catliedral, ou igreja principal, O Sa. SouzA FRANÇA -Eu acho. senhores, que
a implorar o Divino Auxilio pela missa votiva do melhor seria, que ao presidente não fosse permittido
Espírito Santo, que será celebrada pelo bispo, ou discutir .sobre os . negocios propostos no conselho,
pela prim~ira dignidade ecclesiastica. · porque Isto podena trazer grande confusão. Quem
('( Art. 13. ·O bispo, ou a primeira dignidade ec- é que mantem a ordem nas corporacões desta na-
clesiastica, depois. de estar concluída toda a accão tureza? Quem é que dirige a·discússão? Parece-
religiosa receberá o juramento dos conselheiros me portanto que se não deve conceder ao presi-
dando o primeiro o presidente, repetindo em alta dente do conselho semelhante faculdade. Eu offe-
voz com a mão direita posta sobre o evangelho as recerei ·uma emenda suppressiva sobre esta parte
palavras da formula, que será lida pelo secretario, do artigo. ·-
e depois os mais dous a dous, pondo a mão sobre o O SR. LINo CouTINHO : - Esta razão que dá o hon..:
missal, e dizendo -assim juro. ~- rado membro, não póde subsistir. No mesmo ar-
« Art. 14. A formula do juramento será do theor tigo se previne o inconyeniente, que allega o nobre
seguinte: -Juro aos santos evangelhos promover deputado, pois o vice-presidente occupando a
fielmente, qúanto em m~m couber, o bem geral r.adeira do presidente, deve manter a ordem
desta província .•. dentro dos limites mílrcados pela e dirigir a discussão, emqua!')to este estiver occu-
constituição do imperio. Assim Deus me ajude. pádo neUa: Portanto não ha razão alguma: para re-
« Art. 15. Cantado o hymno _, Veni Sancte formar o artigo ( Apoiado ) .
Spiritus, - e prestado o juramento, voltará«? todos Como n~o continuasse a discussão, foi o artigo
como vierão, para a-~ala das sessões. Lida,_e ap- posto á votação, guardadas as formalidades, e ap-
pron.da a acta da sess~o antecedente, o presidente provado tal qual se achava.
nomeará u~a deputaçao·de tres membros, para no 0 - · sea · i - d ·
dia seguinte, em qU:e se ha de installar o conselho, _ s aEtJgos oumtes orao approva os sem Im-
re_cebcr o presidente da província na casa imJDediata pugnaçao. _ _ . _
das se:ssões, e acompanhai-o até ao mesmo lugar « Art. 23. As !uncçoe_s do secretano, sao .formar
na sua sabida. as actas das sessoes, ass1gnal-as com o presidente,
« Art. .16. Feita a installacão do conselho se- depois ~e approv:adas p~lo conselho, fazer a _leitura
gundo o art. 80 da constituição; e depois da sabida dos otfic1os, e mais papei.s, qae _forem_ remett1dos ~o
do presidente da província, lerá 0 secretario a acta conselho, ou offereCidos a ~ua discussa~, e resolu~ao
da sessão antecedente, e 0 conselho-procederá im- contar os votos, fazer :eg1strar nos Jfvros pxopr10s
m_ed.iatamente á eleição do presidente, e vice-pre- as propostas, e resoluçoes, proceder a chamada dos
sidente por escrutiDlo, e a pluralidade absoluta de mel!lbros d~ _conselho, ·e !inalmente exercer o ex--
votos, e á do secretario, e supplente por escrutínio, ped1ente da correspondenCla.
e á pluralidade relativa de votos. - ' « Art. 24. Não se achando o presidente á hora
« Art. 1'7. Nos 'mais annos successivos_ ~té ao aprazada para principiar a sessão, fará as suas vezes
quarto inclusive, a sessão preparatoria se celebrará o vice-presidente, e na falta de ambes, o secretario,
no dia antecedente ao da installação. e este será supprido pelo seu stipplente. -
29
Câmara dos Deputados- Im presso em 02/01/2015 16:54- Página 6 de 25
Disse um illustre membro,;que pelo interesse a • Como é ·possivel:C:Jue elle queira atravessar lu-"- ~
maior parte dos homens quert:ráõ ~~r ·conselheiros gares tão doentios para ' servir :ôa capital, quando ·
de província; e que poucos ~e1xarao as s':la~ casas, vai ser punido em vez de ser premiado Y
quando teilhão rendas supenores !los subsidio;;, que Eu estou·capacitado . que a maior parte doS-ho-
se assignarem . ., Esta hypothese e toda gratw~; .e · mens não quereráõ aspirar a·um tal emprego, e :mar-
em . contraposiÇão direi, que e::.se inconvemente char. ,160 ou : mais leguas por~. lugares doentios, ·
imaginario, quando houvesse 3:lguma vez de rea- fazendo despezas superiores ás suas possibilidades. ·
JL<;a_r-se, não póde entrar em lmha de co~ta com Se alguns têm que gastar, assim como eu tinha,
o que se seguirá, se pur falta dos. nece~sa~ws s.oc- não está na mesma razão um .pobre homem que
corros não poder .o eleito conse~e1ro vu !i cap1tal fôr nomeado para ir á capital sflr conselheiro de
servir o seu logar, não . tendo abunde me1os para província. ·
subsistir fóra do seu lar, nem para pagar as des-
pezas da viagem muitas vezss .de 80 e 100 le~uas; Tenho ouvido fallar da Inglaterra e França. Em
O meu voto é decididamente que se indelll:mse a França e na Inglaterra não ha longes, e aquell_es
todos os cidadãos que se empregão no serviço da que são nomeados para as camaras sabem ·que vao
nacão, sendo este serviço util á mesma nação. empolgar os primeiros lugares õ.o estado ; ·ao mesmo·
Se não ha dinheiro, cortem-se as despezas super- passo que os conselheiros, que têm de ~>e conservar
fluas que exhaurem o thesouro do estado. _ _ na capital da província, ~cão sujei_t~s a g_randes .
Se ainda assim não chegar, o que na o creio, despezas, e talvez no cammho a~qmrao malignas e .
ponhão-se tributos; com tanto que quem trabalha sezões que os levem para a etermdade. Isto merece
para a nação seja alimentado _p~la nação. alguma contemplação.
Quando se tratar dos subs1d10s dos membr?s da O SR. VERGUElRO :-Tem-se produzido exemplos
assembléa, sustentarei o mesmo voto, porque Julgo da assembléa geral: mas não estamos no mesmo
p9rmim. caso; porque os membros de lia desamparª-o os seus .
Se eu fôr nomeado novamente, não poderei vir estabelecimentos, e deixão os que são empregados
aqui de graça. . os seus empregos; e os conselheiros de província
O SR. ALliiEIDA ALBUQUERQUE :-Tem-se d1to que supposto que saião das suas casas, não têm nunca
é preciso pagar a es~es homens, porque ~êm grande tanto incommodo. Além disso a eleição sempre ha
incommodo, o que nao póde ser de mane1ra alguma de recahir sobre as pessoas mais notaveis da pro-
porque então seria preciso tambem pagar ás orde- víncia ; e aquelles que são de fóra, ainda que
nanças e aos que servem os cargos da governança soffrão algum incommodo não desamparão os seus
e •outros muitos. negocios, eomo ·acontece a respeito daquelles, que
Entretanto, alguns Srs. deputados dizem que esses mudão de província. E' verdade que em alg~mas
homens vêm de distancias muito grandes, e que províncias ha loga~es mui apartados da caplta]-;
não se sabe se tem meios de subsistencia : mas, mas nesses lugares e que estão as pessoas quo hao
porque se não fazem estas mesmas observaçõ~ a de ser nomeadas para os conselhos?
respeito de ,torlos os q1_1~servem os ~argos _pubhcoi Será cousa muito rara, porque ali não ha tanta
sem paga; e que alia~ ta~bem sao obr1~ado~ a civilisacão, para que se escolhão as pessoas para
caminhar po. r longas distanCias, e com muttos m- taes enipregos. Se se admitte a regra de pagar a
commodosY todos os que servem, entr11mos em uma despeza
O' SR: PAULA E SouZA:-(Não se ouvio.) enorme, e seguramente deveremos pag~! ~ todos os
officiaes de ordenancas, a todos os m1hmanos, e a
O SR. CuNHA MATTOS :-A declaração que acabou outros cidadãos empregados. Não vejo differença
de fazer o illustre deputado é justa, mas nós deve- de uns aos outros; antes vejo que o capitã_o mór tem
mos observar que .muito~ membros d~s ~onselhos mais trabalho, do que tem um conselheiro de pro- ·
sãó . habitantes das cap1taes das provmc1as,_ nm- vincia, e não ambiciona o lugar pelo imeresse, que
quanto outros ficão distantes das mesmas capitaes. tenha até muitas vezes dá som mas para o obter : por
Nas· províncias internas ha logares em qu~ as consequencia- não póde ser admissivel pagar-se ao
molestiàs concorrem muito para aggravar os m- conselheiro de provincia.
commodos das jornadas ; alguns . homens morrem
quasi de repente, ,_e agora. acab~ d~ succede! u~. publicos, Era necessario que o cidadão rejeitasse cargos
caso muito .triste,· mas multo ordmar10 na pro~c1a principalment~ aquelles, que s~o honros~s
dê Goyaz.· Um parente meu, qu~ . é .membro d~ con- e que eu visse que muitos emp~egos nao se ambl-
selho habitava a 120leguas distante da capital, e cionavão ·com avidez, sem produzirem ~ousa alguf!!a.
mud;ndo-se da sua fazenda do Sumidouro, para a O espírito publico não está tão alhe10 de serv1r á
cidadê sallindo .com40individuos de família, tendo patria. Portanto porqu~ não ha ~e .acon~_7cer .o
a pena~ caminhado 18 leguas, achava-se com quatro mesmo com·os conselheiros de provmma 'l Na o veJO
p~ssoas em ··saude,, as mais ficarão doentes, e al-
necessidade ·alguma .de os convidar pelo interesse:
gumas em perigo de vida. . . por isso voto contra a indicação.
Quasi: todas as . províncias centrae~ são atravessa- O SR. CAVALCANTI DE ALBUQUERQ_uE : - ( Fall~u .
das de rios insalubres,. e estão cheias de lugares em voz tão baixa, que não foi ouv1do pelo tachi-
pantanosos, em que a· morte está de continuo a grapho.}
ameacar o h.omem. .. Veio á mesa, . e ioi lida .pelo Sr . . lo secretario
O·conselheiro de província, pondo-se em .marcha esta .
em·vez .de-premio·arrisca.;.se ao -castigo quasi c~rto .
da sua temeridade, .porque tem de- atravessar rm-·
ménsos ,rios: pestilenci~es. « ·Os conselheiros, que pedirem, perceberáõ um
E como ha de fazer jornadas o desgraçado_ con- subsidio pecuniario • durante :as . sessões, .uma . v~~
sellieiro ·no .meio ·- destes ~ :obstaculos, se elle •nao fôr que ·•não residão ·~ na - capital~ ' ou• que_ n_ão r,ecebao
líbmem~rwo 'l·~· · algum: ordenado•.ou·:soldo; •Este··subs1dio por.agora
32
Câm ara dos Deputados - Impresso em 02101/20 15 16:54 - Página 18 de 25
será arbitrado pelos presidentes em conselho, gistro da citada resoluÇão não se acha a data de 7,
emquanto não fôr determinado por lei.-Paula e mas a de 9 do dito mez e anno.
Sou:::a. » « Deus guarde a V. Ex. Paço, em lO de Julho
Foi apoiada, e por isso admittida á discussão, de 1826. -José Feliciano Fernandes Pinheiro.-
porém estando acabado o ·lempo destinado para as Sr. José Ricardo da Costa Aguiar de Andrada. n -
leis regulamentares, o Sr. presidente declarou Foi dirigido á sobredita commissãô com as copias
adiada a discussão. indicadas.
Então o Sr. secretario Costa Aguiar accusou a cc Illrn. e Exm. Sr.- O senado envia á camara
recepção, e fez a leitura dos seguintes. dos deputados a proposição junta, e pensa que tem
lugar pedir.:.se ao imperador a sua sancção. ·
OFFICIOS << O senado em cumprimento des.a determinação
da constituicão art. 57 me ordena que remetta á
u Illm. e Exm. Sr.-:\ccuso a recepção do officio V. Ex. o prÕjecto incluso, para ser presente á ca-
de V. Ex. de 3 do corrente, em que me participa o mara dos deputados.
que a camara dos deputados precisa que se lhe (( Deus guarde á V. Ex. Paço do senado, em 11
remetta desta secretaria de estado, para tomar de Julho de 18"26. -João Antonio Rodrigues de
medidas tendentes a melhorar alguns ramos de Carvalho.-Sr. José Ricardo da Costa Aguiar de
administração. publica na província de S. Pedro. Aguiar. ,,
E communico a V. Ex. para o fazer presente na (( PROlECTO DE LEI
mesma camara.
« Lo Que o reql1erimento dos mm·~~ores da cc A asserubléa geral legislativa do imperio do
freguezia de S. Francisco de Paula foi remettido á Brazil decreta:
mesa do desembargo do paco. e que consultando cc Art. 1. O acto solemne do reconhecimento do
esta sobre elle, resolveu S. 1\1. o Imperador actual, e dos futuros príncipes imperiaes, como sue-
em 18 de Dezembro de 1823, que não tinha lugar o cessares do throno do imperio, será celebrado pela
pedido, porque a assem~léa geral. co~stituinte se assembléa geral, reunida no paço do senado, no dia,
propunha regular os diversos. d1stnctos, c~mo e hora, que se designar por accordo de ambas as
convinha ao bem dos póvos, e mteresses do Im- camaras.
perio :0 cc Art. 2. Reunidos os senadores, e deputados, o
cc 2. Qae sobre a representação dos moradores presidcnle fará verificar o numero de uns, e outros;
da freouezia do Piratinim, havia o conselho da e achando-sP. presentes os membros de cada uma das
pro\'in~ia mandado informar a camara da Villa do camaras, que são precisos nel!as para a cele?r~~o
Hio Grande, o que cst.a executou indicando certas das suas sessões, na conformidade da coostituiçao
restriccões, e que tendo sido muito provavelmente tit. 4 cap. 1 art. 23, annunciará por um breve dis-
tudo presente ao conselho na proxima reunião curso 0 fim, para que se· congregou a assembléa
passada, recommendo na data deste ao presidente geral legislativa.
dn província a remessa, por cópia authenlica, não << Art. S. Feito 0 annuncio pelo presidente, con-
só da actarespcctíva, mas daquella, em que se trai ou sultará este a assembléa geral se approva que se
dn concessão do rendimento de dous annos da de- lavre 0 acto solemne do reconhecimento do príncipe
cima das casas para as despezas da extincção dos imperial successor do throno. Decidindo-se que
areaes, que affrontão a. referida villa, com ~s sim, o 1o secretario lavrará Pm duplicado o instru-
informacões a que sobre Isto se procedeu, e ma1s mento do 1·econhecimento.
documentos concernentes a este objecto : « Art. 4:. o instrumento ha de conter expressa,
u 3. 0 Que quanto a trabalhos estatísticos, com e necessariamente: lo o anno, mez, dia, hora, e
efficacia no anno passado se cuidava delles, quando lugar, em que se celebrou o acto do reconheci-
rebentou a guerra na provincia, e difficultou a mento: 2o 0 numero de senadores, e deputados, que
conclusão do censo, e mais investigaçõesnecessarias a elle forão presentes: 3° o nome do presidente,
por se attender sómente a meios de defesa, e que que 0 dirigio: 4o o nome do principe imperial com
considerando ultimamente, quanto convinha apre- todos os sobrenomes que tiver, e os nomes dos
sentar taes trabalhos com a possível perfeição, se seus augustos pais: 5o o dia, mez, e anno do nasci-
mandarão estampar tabellas, como a que se remette mento do príncipe imperial, e o do s~u ~aptismo,
com este aviso, para se enviarem a todos os com declaração do lugar onde, e da dignidade, ou
Jlresidentes afim de se seguirem por ellas, e con- pessoa ecclesiastica, por quem lhe foi minis-
seguir-se por systema uniforme um resultado trado.
completo em todas,as províncias do imperio. « Art. 5. Acabada a escripturação do. instru-
(( Deus guarde á V. Ex. Paço, em lO de Julho menlo, em duplicado, o segundo secretario do se-
de 1826.-José Felíciano Fernandes J>inheiro.-Sr. nado lerá em voz alta os dous autograpbos; e lidos
José Ricardo da Costa Aguiar de Andrada. »-Foi os entregará ao primeiro, para fazer nelles declara-
remettido com as tabellas. a que se refere, á ção desta leitura, encerral-o3, e sqbscrevêl-os.
commissão de commercio. cc Ar. 6. Os dous autogràphos serão assignados
« Illm. e Exm. Sr. -Em resposta ao officio de pelo presidente, e por todos ~s senadores e deputa-
V. Ex. de 7 do corrente, em que particiJ>a, que pre- dos presentes, semprecedencras.
cisa a ca~.ara dos.deputados, para resolver sobre o Art. 7. Um dos autographos será recolhido, e
requerimento de Ignacio Pereira Duarte Carneiro, guardado no archivo publico, e o outro, por uma
copia da portaria de 13 de Março de 1822, e da im- deputa cão extraordinaria de ambas as camaras será
perial resolução de 7 de Outubro de 1823, de que levado; e apresentado ao imperador no dia, e hora,
se faz menção no officio do presidente da província que elle designar para fazer a aceitação em nome do
do Espírito Santo de 12 de Novembro de 1825, re- principe imperial. . _
metto a V. Ex. as ditas copias, restituindo o officio « Art. 8. No dia designado para a depl.ltaçao.,
do mencionado presidente, e notando que no re- ' outra vez se reunirá a assembléa geral no paço do
Câmara dos Deputados - Impresso em 02101 /20 15 16:54- Página 19 de 25
...,.~""""n.tr· .a:.u.a.- --.L .a; · .aJ.a.;, <~u.u.u.v · v.a:.· --.a:u:wv · - ----- -------•.&"'""..-""'•;-
senadci; e reunida se conservará desde a ida até á camara não póde fazer idéa de um projecto, como
volta da mesma deputação. este, ouvindo-o lêr uma só · vez. Será melhor, dis-
« Art. 9. Os dias da reunião das duas camaras pensando-se esta solemnidade, remettel-o jã á com-
para estes actos serão de grande gala na assembléa missão de leis regulamentares, para o examinar, e
geral. _· dar sobre elle o seu parecer. (Apoiado).
n Art. 10. Uma copiaauthentica do"'instrumento · ~sim se ,decidio, e o projectoié o que segue tran
de que tratão os arts. 3°, 4°, 5o e 6° será impressa, scnpto. - .
c publicada por decreto do imperador, remetten- « A assembléa geral legislativa decreta :
do-se para as províncias exemplares em numero
sufficiente. cc TITULO I
« Formula do Instrumento cc Da Administracção .e Economia das Províncias.
« Saibão quantos este instrumento virem, que « Art. 1. Haverá na capital de cada província
no anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus um presidente, um commandante de armas, uma
Christo de mil oitocentos e vinte seis, quinto da thesouraria, um conselho geral, uma camara, e
ndependencia do imperio do Brazil, aos- do mez tantos juizes de paz, quantos mil parochianos hou-
de- pelas -horas da manhã, nesta muito leal, e verem; além dos juizes, e tribunaes, que a lei.desi-
her(}ica cidade do Rio de Janeiro, no paço do se- gnar.
nado, onde se reunirão as duas camaras, de que se cc Art. 2. Nas villas haverá um commandante
compõe a assembléa geral legislativa do mesmo delegado do presidente da província, uma camara, .
imperio, estando presentes -senadores, e deputa- um juiz de paz na villa; e no termo um á cada 500
dos, sob a presidencia de F. para se fazer o reco- a 1,000 parochianos. •
nhecimento do príncipe imperial, na conformidade " Art. 3. Nas freguezias, e capellas curadas, ha-
da constituição titulo quarto, capitulo primeiro, verá uma junta municipal, e juizes de paz na pro-
artigo quinze, paragrapho terceiro, se procedeu ao porção do artigo antecedente.
acto solemne do dito reconhecimento; e o Sr. D. Pe-
dro de Alcantara, Joã~, Carlos, Leopoldo, Salvador, « TITULO li
Bibiano, Francisco, xavier, de Paula, Leocadio,
Miguel, Gabriel, Raphael, Gonzaga: príncipe impe- cc Regimento do Presidente de Província.
rial, filho legitimo, e primeiro varão existente do ccArt. I. O presidente é a primeira autoridade
senhor D. Pedro primeiro imperador constitucional da província. Terá o tra lamento de Excellencia, e
e defensor perpetuo do Brazil, e da senhora D. lUa- as demais honras concedidas aos ministros de es-
ria Leopoldina Josepha Carolina imperatriz sua mu- tado; porémosómente dentro da vrovincia.
lher, archiduqueza d' Austria, nascido aos dous do « Art. 2. O presidente tem mspecção sobre to-
mez de Dezembro de mil oitocentos e vinte e cinco, das as autoridades da província, tanto civis e milita-
e baptisado aos nove do dito mez, e a~n?, na impe- res, como ecclesiasticas, não para intrometter-se
rial capella desta côrte pelo excellentlSSlmo e reve- nas suas juridiccões, mas para fazel-as executar
rendíssimo D. José Caetano da Silva Coutinho, conforme a lei. •
bispo diocesàno, capellão mór de Sua l\lagestade << Art. 3. O presidente além de vigiar constan-
Imperial, pela assembléa geral legislativa foi reco- temente na observancia das leis, fazendo para esse
nhecido por successor de seu augusto pai no throno, effeito as advertencias necessarias, exigindo dos
e corôa do imperio. do Brazil,. se~~ndo_ a orde~ da funccionarios publicas a participação. do resultado
successão estabelemda na conshtmcao, titulo qumto, de suas ordens, mandará fazer effecttva a respon-
capitulo quarto, artigo cento e dezesete, com tadC?s sabilidade dos mesmos na fórma determinada pela
os direitos e prerogativas, que pela mesma consti- lei.
tuição competem ao príncipe imperial, successor « .Art. 4. Annualmente dará parte ao governo, e
do throno. á assembléa geral das infracções da ·constituição,
« E para perpetua memoria se lavrou este auto, que ti verão lugar na província: das providencias
em duplicado, na conformidade da lei, e para os fins dadas a esse respeito : do resultado dellas: bem
nella declarados, o qual foi lido por F. 2° secretario como dos i'lconvenientes encontrados na execução
do senado, em voz intelligivel perante a assembléa de algumas \eis. .
geral legislativa, .cujos membros abaixo vão assi- cc Art. 5. Annualmente remetterá ao governo, e
gnados; e eu F. primeiro secretario do senado es- á assembléa geral a conta da receita e despeza da
crevi, e subscrevo. província, depois de fiscalisada por elle bem como
« Paco do senado, em 11 de Julho de 1826.- um mappa ctrcumstanciado das forças da 1• e 2&
Visconde de Santo Ama·ro, presidente. João Anto- linha da mesma, ajuntando á cada um destes obje-
nio Rodrigues de Carvalho, 1° secreta:t:io. Francisco ctos as notas, e reflexões que julgar convenientes.
Carneiro de Campos, como 2° secretano. » << Art. 6. Remetterá ao governo as queixas do-
Foi este projecto remettido ás commissões de cumentadas sobre erros de officio, e abusos de
constituição, e do regimento in terno. poderes contra os ministros da relação, co.m. infor-
Declarando então o Sr. presidente, que se devia mação dos meios empregados para os cohtblr. , .
entrar na segunda parte da ordem do dia, o inter- « Art. 7. Quando ãlgum dos membros da relação
rompeu por estes termos. violar a constituição, dete~m~na~á! que a mes~a
relacão proceda a mformaçao JUdtctal, e '(lronuncta;
O SR. CosTA AGUIAR:- Duas palavras, Sr. pre- para· que, sendo esta procedente, sejão os culpados
sidente. Está aqui um projecto do Sr. deputado remettidos perante o tribunal respectivo.
Feijó para regimento dgs presidentes das provín- « -.Art. 8. Ao presidente compete fazer o recruta-
cias, e das ~maras municipaes.- mento de 1a e 2• linha. ·. ·
E' ·muito extenso, «;! levar-nos-ha muito tempo a << Art. 9. Determinar á tbesouraria os pagamen-
sua leitura, aliás de mera formalidade, porque a tos, que ella deve fazer em consequencia da lei, de
Câmara dos Deputados- Impresso em 02/01/2015 16:54- Página 20 de 25
que ' fará expressa menção na portaria passada para « Art. 6. · Receberáõ durante as sess'ões um
esse fim. - modíco subsidio marcado pelo governo com attenção·
« Art. 10. Reconhecer a ,aulhenticidade dos tí- ás . difl'eremes províncias, até que por lei se fixe
tulos dos funccioaarios publicos nomeados pelo im- - esta . mataria. Este subsidio não receberá o que
perador. pot· qualquer titulo receber soldo, ou ordenado .da
« Art. lL Nomear · todos os empregados, cuja fazenda publica, nem .o conselheiro que não pedir.
nomeação não esteja por lei designada á outrem; « Art. 7 . .o_conselho chamará o supplente mais
e interinamente prover os empregos, que vagarem, proximo, na falta do proprietario, até que este
de immediat.a nomeação do imperador, dando-lhe compareça.
logo parte. <e TITULO VI
« Art. 12. Formar cada 5 annos a estatística da « .Do .regimento das camaras
província.
« Art. 13. O presidente receberá o ordenado, CAPITULO .I
que actualmente recebe. << · Art. 1. A camara da · capital do imperio
« Arb 14. Todas as Ô~dens do presidente serão constará de ·11 vlreadores. As camaras de povoações '
expedidas por meio de portarias, ou despachos de mais do 3,000 habitantes, constarão de 9. Nas
proferidos nos requerimentos das partes. povoações de menos de 3,000 constarão -de 5.
« Art. 15. O presidente para exercer o seu em- ,, 2. Farão sessões ordinarias annualmente nas.
prego avisará á camara à.a Cf!Pital. e em dia _por elle duas primeiras semanas de -Janeiro, Abril, Julho, e :
destinado, se apresentara a mesma com o tu.ulo da Outubro, que duraráõ o tempo necessario, nas quaes
sua nomeacão: prestará juramento de bem, e fiel- se terá por objecto o seguinte~ ·
mente desempenhar as obrigações do seu cargo; e t< Art. 3. Deliberar sobre os meios de promover
assignará com a camara o termo de posse. a tranquillidade, saude, commodidade geral dos·
« Art. 16. No impedimento do presidente, ser-
habitantes. Sobre o aceio, segurança, elegancia, e -
virá o vice-presidente, o !Jilal ~er~ nomeado pelo regularidade externa dos edífiCios, e ruas da
mesmo presidente, sobre hsta tnphce proposta pelo povoação.
conselho geral, ot\ pela camara da capital na falta cc Art. 4, Fazer applicação de suas rendas, e
deste. Este deve primeiro prestar juramento na fór- propor ao conselho geral os meios de augmental-as,
ma do artigo antecedente. sendo necessario.
<< Art. 17. Para o expediente haverá um secre-
« Art. 5. Formar sobre os objectos mencionados
tario nomeado pelo imperador, e mais officiaes nos 2 · artigos antecedentes, suas posturas policiaes
necessarios nomeados pelo presidente. O seu as quaes com tudo ~ómente serão dadas ã execução,
numero porém, e ordenado será marcado por lei, depois de approvadas pelo conselho geral, excepto .
precedendo informação do mesmo presidente, e do nos casos urgentíssimos, em IN e se · não admitta
conselho geral, continuando entretanto a observar-se demora.
o que até agora se pratica. <c . Art. 6; Propor ao eunselho geral as medidas
<< ·TITULO 111 que julgar convenientes para fomentar; e proteger ·
a ,· agricultura; commercio, industria, artes ·· e
Para o regimento do commandante de armas se educação Il_ublica.
discutirá o do Sr. lllattos. << Art. 7 ., Dar conta annualmente ao conselho .
geral 'da sua receita~ e despeza.
<< TITULO IV « Art.' 8. Dar parte annualmente, e ainda antes,
« Do regimento da thesou·r aria. se convier, ao presidente de província, e conselho
geral das infracções de constituição,
Esta constará dos mesmos membros que até « Art. 9. Vigiar sobre os estabelecimentos
agora; servindo de presidente o mais graduado de caridade · já existentes : propor a creação de,:
d'entre estes. novos, promovendo subscripções voluntarias para:
«. TITULO · V esse fim, as quaes sómente duraráõ um anno,
11 Do_~ regimento dos conselhos, geraes _
podendo , ser renovadas annualmente; indicando os
estatutos, que-lhe parecerem apropriados para esse
« Art. 1. O conselho geral para • bom ;: desem- fim;
penho de suas ·attribuições, obterá do presidente da ((-Art. 10 ~ Receber queixas. contra , qualquer
província os esclarecimentos necessarios sobre os funccionario publico, motivadas, e se possível fôr, .
objectos ·de suas deliberações~ provadas por. documentos, ouvir sobre ellas os
« Art. 2. Fará responder os funccionarios mesmos funccionarios, e achando-as verdadeiras,
publicos· de 'qualquer natureza, e , graduação, que remettel-as ao presidente da província, e conselho
sejão. sobre• as queixas contra ·os mesmos afim de geral com a resposta tios accusados, se as -hOU1'erem
dirigir a esse resp!3ito representações na fórma do dado em tempo: ·
n~· 4° do·art. 82'da,constituição. << Art. 1L .Participar ao :conselho geral os máos
cc : Ar~. 3; RAverá a!;: posturas• das camaras para· tratamentos, e actos de crueldade para com os
approval-as·; ·ou ·-rejeital-as, se: forem contra lei escravos, indicando os meios de prevenil-os.
exp1·essa,- ou ·contra •os interesses do mu{!icipio. « Art. 12. Em cada reunião nomeará tresjuizes
(( ·Art. 4 .. Fiscalisarã·: a receita~ e déspeza das de paz, para que visitem aspi·isões,_e -lhe. informem .
camaras - para : determinar · o ' ·que convier 'a- esse ~o seu estado, , fazendo que ellàs se conservem
respeito. segundo deter~ina a constituição.
u Art. 5.- Os' conselheiros . são inviolaveis pelas « ·Art. 13. As camaras compete repartir' o termo
opiniões; que : proferirem : no :.exercício ·das suas em·districtos : nomear almotacés; os'·seus offiCiaes;
ftincçõcs ; nem serão prez.os,· senão nos casos; ~· e dar título aos j11izes de ·-paz, e offi.ciaes destes;
pelo modo marcadô nos: artsi' 27~ e'28 da consti- fazendo publicar por ·editaes ">s'nomes;- e empregos
túiçã(L destes!ftinccionarios;·
Câmara dos Deputados - Im presso em 02/01/2015 16:54 - Página 21 de 25
res, na sociabilidade deve ·haver mutua coadjm•a- gados nos conselhos. Se tal disposição teve lugar
ção; membra cuncta valent, membris cun~ membra neste regimento, porque razão não o terá tambem
Javantur : at bene nutrilo cor s&ne centre cadit. o artigo, em que se mandão abonar as despezas
O Sn. VASCONCELLOs : - Eu não ouvi bem os ar- dos conselheiros 'l Eu não quero com isto sustentar
gumentos do illustre deputado, mas direi alguma a minha opinião; faço tão sómente esta reflexão,
cousa sobre o que lhe percebi. Creio que não fallou para que não apparecão resolucões da camara con-
conforme a ordem, porque aqui ·não se trata das trarias entre si. • •
pessoas, que devem ou não ser eleitas; isto está O Sa. AutEIDA E ALBUQuimQUE :-Sr. presidente
determinado pela constituicão ; trata-se de uma a reflexão, que acaba de fazer o honrado membro,
emenda, que quer dar alguma cousa aos conselhei- n_ão conclue o gue elle pretende. No primeiro ar-
ros. ;. tigo deste regimento trata-se de despezas, é ver-
Disse o illustre deputado que se deu pela lei das dade : mas que despezas '1
eleições um subsidio aos deputados e senadores, e São aquellas indispensaveis para a reuniãu dos
que tambem devemos por isso taxar nesta lei um conselhos, como para o preparo da casa, para os
subsidio para os consellieiros. Primeiramente a lei serventes, etc. Isto é muito diverso dos subsídios
das eleições é muito diversa do regimento dos tra- aos membros do!1 conselhos. (Apoiado). Os homens~
balhos dos conselhos : na lei das eleicões se decla- que se empregão naquelle serviço, são mercenarios,
rava, que se devia proceder á eleiÇão desta ou que não hão de ir preparar a casa, e tratar dos ar-
daquella maneira; e aqui trata-se unicamente do ranjos, e apresentar os moveis, e mais artigos in-
methodo do trabalho dos conselhos, e da sua policia dispensaveis para as sessões dos conselhos, sem re-
interna e externa : isto é muito diverso. Se a lei ceberem . a paga competente tanto do seu preslimo,
das eleições pódfJ servir de argumento, então eu o como dos artigos que comprarem. Portanto não
emprego contra o illustre deputado ; porque a lei procede o argumento.
taxou subsidio aos deputados e senadores, e não aos Quero tambem fazer uma reflexão sobre algumas
conselheiros ; então por essa lei não lhes compelia proposicões, que aqui se tem proferido. Sustenta-se
subsidio algum. Isto é para me servir dos mesmos que nenhum cidadão é obrigado a servir a nação sem
argumentos. a conveniente paga pecuniaria. Senhot·es, este prin-
Passando á materia, sou de opinião, que não fa- cipio é contrario inteiramente ús bazes, em que se
çamo_s taes artigos additivos ao regimento, porque funda a sociedade civil. Pelo contrario todo o ci-
o reg1mento deve tratar só do methodo do trabalho dadão é obrigado a contribuir com quanto esteja
dos conselhos, e de sua policia interna e externa na de sua parte para o bem da sociedade, pois que
fórma que a constituição determina. Disse-se, que elle deve á sociedade a sua segurança e a sua feli-
é preciso fazer-se esta declaracão: mas digo que cidade. Se a sociedade o indemniza dos seus ser-
tambem é preciso fazerem-se múitas outras; e en- vicos, é para fazer recahir em todos igualmente os
tão vamos fazer, não um regimento, mas outra lei, coinmodos e os incommodos publicos: E' para que
que vem alterar um projecto, que foi concebido na aquelle, que a serve directamente, se alimente á
fórma da constituição. Fazemos uma grande alte- custa do monte, para o qual concorrem aquelles,
ra~o, mettendo doutrinas, que não são proprias do que desfructão os commodos, sem soffrerem os in-
prOJeCtO. commodos. Não se diga pois que o cidadão não
Por isso voto contra as emendas, não porque não de\'e servir sem justa paga. Semelhante principio é
sejão importantes, mas porque são proprias de ou- destruidor do germen de todas as virtud·~s so-
tra lei, que se deve ·fazer immediatamente, para ciaes ( Apoiado geral ) .
regular a . convocação dos conselhos, declarando Devo lembrar mais uma cousa, pois se tem ar-
aquelles, que devem vir, os empregados publicas, gumentado com o exemplo dos membros do corpo
por exemplo, se devem, ou não deixar os seus em- legislativo. Muitos dos Srs. deputados que se sentão
pregos, e irem para o conselho da província; e nesta camara não se alimentã.o só com os 6,000 cru-
marcar os privilegios, de que gozão os conselheiros; zados, que lhes dá o estado. Eu mesmo tanto na as-
se elles podem ser prezos sem autoridade dos con- sembléa constituinte, como nesta. tenho recorrido
selhos, etc., emfim fazer uma lei, pela qual possão á alguns . subsídios da minha casa. Nunca os em-
os conselhos ser convocados. ' pregos que tenho servido, me derão para as
minhas indispensaveis despezas. Ora os conselhei-
O SR. SouzA FRANÇA :-Sr. presidente, eu bon- ros não estão no mesmo caso : elles não saem de
tem já disse a este respeito q;ue era de necessidade suas províncias, não desampárão as suas casas e
indemnisar ao cidadão, que e chamado para servir famílias, e nã.o vêm para uma cidade, como esta,
o emprego de conselheiro. Estou nos mesmos prin- onde todos os generos necessarios á vida estão por
cípios : porém tendo meditado sobre a materia, re- um preço enorme.
conheço que este artigo não póde ter lugar nó regi- Sr. Presidente, é preciso que os cidadãos
mento, que estamos a discutir. Portanto .deve ficar sirvão desinteressadamente para. .bem servirem á .
reservado para uma lei especial, que se ha de orga- nação. Aquelle, que ca~cula o. r~ndimento do em-
nisar para semelhante fim. prego, não é o que mais se d1stmgue no seu des-
O SR. PAULA E SouzA :-Eu não deveria tratar empenho. Taes são as opservações, que tenho a
mais desta materia ; porém como ouvi aos illustres fazer sobre alguns proposilos, que se tem susten-
deputados, que este negocio não pó de .ter lugar na tado ácerca desta materia. ·
lei que estamos a discutir, por versar sobre dinhei- Terminada a discussão por voto da camara,
ros do estado, o que vale o mesmo que pedir que a propoz o Sr. presidente a indicação verbal do·
ma teria fique .adiada, devo lembrar á camara, que Sr. VasconceUos, que por envolver adiamento,.
no· 1o artigo deste mesmo projecto se trata de di- prejudicava O"Utraqualquer votação, e foi approvada,
nheiro, pois se mandão pagar pelas juntas de fa- decidindo-se · que . o artigo addici~nal proposto pelo·
zendas as despezas dos conselhos. Sr. Xavier Ferreira, e as .emendas respectivas não
Neste ·mesmo titulo manda-se pagar aos empre.;. tinhão lugar neste regimento, remett.endo-se tudo á .
35
Câmara dos Deputados -Impresso em 02/01/2015 16:55- Página 5 de 18
coromissao de fazenda, para entrar o seu objecto art. 57, e se estiver nos cásos expressos nos arts. 59
em lei particular. e 77.
Proseguindo-se na mesma materia da ordem, '' Art. 101. O presidente concederá a palavra a
forão successivamente apprO\·ados sem impugna- quem primeiro a pedir, guardada todavia a prefe-
ção,. guardados os termos do regimento, os artigos rencia do art. 58. Quando muitos se levaotão ao
segumtes: mesmo tempo para ped1rem a palavra, o presidente
<< TITULO VIl
dará a preferencia a quem lhe parecer.
« Art. 102. Toda a falla, ou discurso será dirigido
cc Das pessoas empregadas no ser·viço do conselho ao conselho, ou ao presidente, e não á determinada
pessoa.
<< Art. 90. Haverá um official para o expediente, cc Ar. 103. Quando se fallar de algum conselheiro
registo, e guarda dos livros da secretaria, umpor- será este sempre tratado pelo seu appellido dizen-
teiro da casa do conselho, com dous ajudantes, os do-se-o Sr. (F.)
quaes serviráõ alternadamente, um dentro da casa cc Art. 104. Quando algum conselheiro fallar sem
do conselho, para o que alli fôr preciso, devendo ter obtido licença, o presidente o advertirá com a
tambem arrumar os assentos dos assistentes, e outro palavra- A' ordem.- Se sendo advertido segunda
nas commissóes, sendo juntamente o porteiro, e vez, não obedecer, dirá o presidente- póde re-
correio da secretaria, e substituindo-se um ao tirar-se, - e sahirá logo sem replica.
outro. « Art. 105. Só para reclamar a execucão da lei
u Art. 91. O presidente da província nomeará os poderá interromper-se quem estiver t'állando, ~
sobreditos empregados, tirando-os de alguma das que se fará, dizendo"- A' ordem.-
rP.partições, em que estejão servindo, qttando assim « Art. 106. Os conselheiros, que na sessão não
seja praticavel, ou nomeando-os de fóra com uma gua~darem o decóro devido, serão advertidos pelo
gratificação correspondente ao seu respectivo ser- presidente com a palavra - attençào : - se esta
'iço, e pelo tempo sómente, que elle durar. advertencia não bastar, o yresidente dirá,- senhor
cc Art. 92. A disposição do artigo antecedente ou s~nhores ( FF) AUençào.- Se fór ainda in~
não se entenderá com o porteiro da casa, que deve fructlfera esta segunda advertencia, o presidente os
ser permanente para a todo o tempo cuidar nella, e mandará sahir da sala com esta formula-o senhor
responder pelo que alli se achar. O presidente da ou senhores {FF) pódem retirar-se - e estes sa~
provincia nom2ará para este emprego ressoa capaz hirão logo sem replica.
e cuidadosa com ,·encimento annua sufficiente '' Art. 107. Se no calor da disputa qualquer
para pôr á sua custa quem trate do aceio e limpeza conselheiro empregar palavras desattenciosas ou
de toda a casa. Este ordenado será provisorio até por qualquer maneira se exceder, o presidenie o
ser legalmente sanccionado. advertirá primeira e sf!gunda vez com a expressão
cc Art. 93. Todos estes empregados estão sujeitos - A' ordem- Se apezar disso elle se não cohibir
immediatamente á commissão de policia, á excepcão então o presidente lhe dirá - o senhor ( F, ) nã~
do official da secretaria, que deverá receber· as póde deliberar, - e o conselheiro sahirá imme-
ordens directamente do secretario. diatamente da sala. ·
<< Art. 108. Quando um conselheiro fallando se
<< TITULO VIII ingerir em materia, que não é da attribuição do
<< Da policia conselho, o prêsidente o interromperá, chamando-
o logo_ á or~em. Se ~iv.agar ~a questão que se trata
<< Art. 94. Na parede do topo da sala das sessões ou qu1zer mtroduzn mdev1damente materia nova
estará collocado em lugar elevado o augusto retrato para a discussão, o presidente lhe fará lembrar a
do imperador debaixo do doccl. Conservar-se-ha ordem do dia, e se tendo sido advertido duas vezes
. ordinariamente coberto com cortinas, e só se fará insistir, mandai-o-ba sentar-se, usando da formul~
patente n~s dias solemnes d'abertura e encerra- -o senhor( F.) póde sentar-se. -O que o con-
mento do conselho. selheiro executará promptamente. -
<< Art. 95. Os conselheiros tomarãõ assento na cc Art. 109. Quando nos casos acima mencionados
mencionada sala em fórma circular indistincta- não forem bastantes os meios indicados para se
mente, e sem 11referencia alguma. O presidente conseguir a ordem o presidente levantará a sessão.
porém, e o secretario têm lugares distinctos. cc Art. 110. Os espectadores terão lugar proprio
cc Art. 96. A cadeira do presidente será de es- em que possão assistir, sem comtudo se mistura-
paldar, á sua esquerda estará o secretario, ambos rem com os membros do conselho, e com elles com-
terão diante a mesa collocada no topo da sala. municarem na sala durante a sessão.
« Ar. 97. Todos concorreráõ á sala a tempo, que << Art. lU. Os espectadores guardaráõ silencio, e
se possa abrir a sessão ás horas aprazadas. jámais darão signal algum de approvação, ou re-
« Art. 98. Se algum tiver impedimento, qu.J não provação, se algum o fizer, será posto fóra.
exceda a tres sessões!.. o participará ao presidente « Art. 112. Tambem serão expulsos aquelles, que
por um recado, quanao fõr mais tempo o commu- perturbarem a sessão por qualquer maneira, uma
nicará ao secretario, pedindo que o faça constar ao vez que sendo advertidos pelo presidente com a pa-
conselho. lavra- ordem- se não cohibirem.
« Art. 99. Todos fallaráõ do seu lugar, e em pé, c< Art. ll3; Quando a inquietação do publico, ou
á excepção do presidente, ou daquelle conselheiro, mesmo dos conselheiros, não tiver cessado pelas
que por enfermo obtiver do presidente a permissão admoestações do presidente, levantará este a sessão.
de fallar sentado. « Art. 114. A commissão de policia deve dar as
« Art.lOO. Nenhum conselheiro poderáfallar sem providencias para que se mantenha a ordem, e uma
ter pedido a palavra, esta não será concedida âquelle, boa policia dentro da casa do conselho.
que já tiver fallado duas vezes na matcria, que se « Art. 115.. Para serem effectivas estas provi-
trata, salvo nas segundas discussões de propostas, dencias, o presidente. da provincia entendendo-se
Câm ara dos Deputados - Impresso em 02101/20 15 16:55 - Página 6 de 18
com o commandante das armas, mandará collocar O SR. LEno : - A concessão de títulos, honras, e
ã porta da casa do .conselho uma guarda militar, se tratamentos parece pertencer ao poder executivo.
fôr requerida. O seu commaadante executará as Eu assento que o melhor é não · entrarmos nessa
ordens do conselho, e a distribuição das sentinellas materia. Nós já de algum modo · reconhecemos
será determinada pela com missão de policia>>. aq!lelle direito, pois aqui temos um decreto, que
Ultimada assim a discussão sobre todos os artigos ve10 dar o tratamento de excellencia aos presidentes
deste projecto, otrereceu o Sr. presidente para ser e secretarias das camaras legislativas. Parece-me
debatido o 2° artigo addicional proposto pelas com- pois •.. (A' ordem, á ordem.)
missões de constituição, e r~gimento, ácerca do Julgado o artigo sufficientemente discutido e
tratamento, que se devia dar aos conselhos provin- posto á votação, foi rejeitado.
ciaes. E logo que o Sr. primeiro secn·tario fez a lei- Consultou então o Sr. presidente o voto da camara
tura na fórma c;ostumada, pedio a palavra e disse sobre _os dous pontos seguintes: 1. 0 Se se julgava
O Sn. CLEllffiNTE PEREIRA :-Parece-me, senho- concluida a discussão do projecto de regimento dos
res que este additamento não tem lugar na lei, que ~onselhos provinciaes: 2. 0 Se se sanccionava o pro-
se acaba de discutir' pe;las mesmas razoes, porque Jecto com as emendas approvad<ts: em ambos deci-
não se julgou admissivel o artigo addicional sobre diu-se affirmativamente.
subsídios. Esta lei é o regimento interno dos con~ Findo este acto levantou-se e disse
selhos, e só tem por fim regular a marcha das suas
sessões. Como é J?Ois que se vão agora estabelecer O SR. Lr:so CouTrNno: -Eu creio que a palavra
nella artigos, CUJa natureza excede muito o :-sancc~onar- é impropria deste acto, e que por
objecto e fim da lei? Este objecto é totalmente Isso se nao deve escrever na acta.
estranho do nosso proposito, e deve ser regulado O SR. PRESIDE:>iTE: - 0 regimento diz assim ••.
por uma lei especial. Portanto nesta intelligcncia (Leu .o art. 112 do regimento). Portanto cu empre-
voto contra a emenda da commissão. guei as mesmas palavras do regimento quando per-
O Sn. AuiEII>A E ALBUQUERQUE : - Eu tenho para guntei á camara, se approvava o projecto.
mim, que este objecto não nos deve occupar nem
~ SR. Lr:so CouTINHO : -Não ha duvida que o
agora, nem em tempo algum: Creio que os membros
dos conselhos provinciaes, pensaráõ da mesma regimento manda usar dessa expressão, mas o re-
gimento não póde prevalecer contra a constituicão.
fórma, que eu penso sobre tratamentos. Em se me Sanccionar
dando um- vossa mercê, -fico muito satisfeito. derador. projectos de lei pertence ao poder mo-
Jmes Lambem não hão de servir pela senhoria, ou
excellencia. . Sanecionar é acto definitivo; e a camara ~ ·Js de-
O Sa. LINO CoUTnmo: -Se eu legislasse para putados não póde praticar este aclo. Eu não quero
que a camara pratique o que lhe não compete, e
mim, ou para homens dos meus sentimentos, faria dê por isso motivo á censura. E' preciso que mar-
o mesmo, que propoz o honrado membro, porque
estou bem convencido de que o melhor tratamento chemos com reflexão.
é o do antigo- vossa mercê,- porém como es- O SR. VASCONCELLOS : -Pela regra do honrada
tamos em tempo moderno, e os conselhos admi- membro o verbo-sanccionar-não póde màis ser
nistrativos das províncias têm o tratamento de ex- applicado, senão ao acto, porque o· poder modera-
cellencia, assento que sempre se deve dar alguma dor aceita um decreto da assemhléa legislativa. Eu
attencão a este objecto, conferindo-se o mesmo tra- não entendo assim.
tamento aos conselhos deliberativos. Se se mandou O poder moderador sancciona um decreto da
dar este tratamento a uma corporação de 5 mem~ros, assembléa, para que este passe como lei; e a ca-
como se ha de negar a esta composta de mais de mara dos deputados sancciona um projecto do se-
20 ? Por este motivo as commissões encarregadas nado, para que elle passe outra vez áquella camara.
de examinar .o regimento julgarão dever accres- A significa cão deste termo varia, conforme a pes- .
centar este artigo. soa, que o émprega. Quem me póde vedar que eu,
O Sn. TEIXEIRA DE GooVÊA : -Eu sou de parecer approvando um contracto proposto por alguma
que nec;ta lei de regimento se não faca mencão de pessoa particular, diga- sancciono este trato 'l-
semelhante mataria. · • • Portanto não sei, qual seja a impropriedade, que
O Sa. LINO CoUTI:VHO : -Os povos, e cada um descobre o honrado orador. -
dos cidadãos hão de dirigir aos conselhos as suas Eu não tenho duvida, em que na acta se use
representações, muitos hão de ser os requerimentos, deste vocabulo, do qual se servem todos os publi-
e participações, que lhes hão de ser apre_sentadas, cistas. -
e que tratamento se lhes dará nestes papeis? O Sa. LzNo CoUTINHO : - Sr. presidente, todas
O Sa. TEIXEIRA DE GouvÊA: -Senhores do con- as vezes que nesta casa se allegão os publicistas, o
selho.-Nada mais é preciso. honrado membro diz que não quer saber delles,
O Sa. VASCONCELLOS :-Sr. presidente, eu tam- qúe não quer, senão a constituição, que não vale o
bem sou de voto que os conselhos tenhão um trata- que se escreve, mas o que está escripto na consti-
mento honorifico, e que este não seja inferior ao tuição.
que se concedeu aos conselhos administrativos. E como agora allega a linguagem dos publicistas,
Porém como se tem assentado de fazer-se uma lei e dos escriptores? Não entendo isto: em uns casos
especial sobre as honras, e subsídios dos conselhei- quer a constituição, em outros os publicistas! Pois
ros, e este objecto seja mais proprio dessa lei, do a nossa constituição é bem clara e expressa : élla
que deste regimento, parece-me que se deve para diz que ao poder moderador compete sanccionar os
ella reservar .a resolução sobre o tratamento. Na decretos da assembléa. Eu . já mando uma proposta
verdade esta materia é impropria do regimento sobre este objecto.
interno dos conselhos. Dito isto, enviou ã mesa esta
Câmara dos Deputados - Im presso em 02/01/2015 16:55- Página 7 de 18
Esta claro )lue a camara, que recusa as emendas, é concorderii as camaras. Portanto nada nos póde dis-
~ qu.e ~omtda, e po~tant_o n.o caso e1~~ que e!tamos pensar de um regimento commum approvado pelo
e o ~e nado quem _de' e. p10por _a reumao. Lo"!o se o senado e pela camara dos dep tados
senado nos convidar nemos a sua casa no d1a que _ .u · .
fõr designado, tomaremos assentos indistinctamente .Ora com~ na o tenham.os amda este regime.nto, e
e a mesa do senado dirí" irá a sessão. Temos mai"' seJa convemente ao pubhco que se leve a effe1to al-
I
q;ue a di~cussão ha de se~ só uma, porque neste ar: gumas das l~is, que estão em discussão aq~i e ~o
I
ttn-o se dtz- o resultado da discussão_ e não diz senado, por 1sso propuz quA adoptassemos mten-
_:: das discussões_:_. Finalmente, terminada ella, namente. o regimento ~aquella camAra, na parte que
segue-se a votação desta assembléa geral, e 0 que a ~r apphcavel. ás ses~oe~ .d!l assemblea geral. Mas
maioria absoluta decidir é o que se deve abracar dtsse-se que e urna IDClVIhdade,. que o hospede se
como .lei. Aqui est<i _ ~ois explicado. tudo, quê é 1 metia em a~provar as cer~momas da ..:~asa, para
essencial para a dec1sao dos nen-oc1os: 0 mais é I onde é convidado. Sr: presidente! eu nao gosto de
accidental, é de méra formalidade. Como é que 0 argumentos de analog1a: é um me10 muito fraco de
nc;»b~e deputado diz que nada achou na sua con- argumentar. E~emplos e comp!lrações só conven-
stltmção '? - cem, quando sao exactos; porem que comparação
Dev~ retratar-me s?bre uma _preposição, que pó~e ter a entra~a de um homem na casa. do s~u
avance1. _9uan.do eu disse q~e ~ao consentiria na am1go, com a. reu?1ao das du~s cama!~s, que formao
approvaçao amda que provtsona do re.,.imento o corpo legtslat~vo da naçao braz1hca? Esta ca-
que o senado tinha feito contra dir~ito, ent~ndi qu~ mara quando va1 ao senado, vai para a sua propria
o honrado membro alludia a alo-um ren-imento com- casa: somos por ventura ho!1-pedes dos senadores
mum, que o senado houvesse apresenfado. Por isso naquellaoccasião? N~o é nossaaquella casa?j Admira
requeri a leitura da sua indicacão e acrora conheco certamente que o tllustre deputado concebes..e e
que nella se pede a approvaçãô não d~algum reii- proferissesemelhan~ecomparaçã~,muitomaissendo
ll?ento commum, mas do .Proprio regimento priva- eU~ mesmo quem d1sse poucos dtas antes da instal-
hvo do .senado. Agora veJO que me enganei, e qne laçao da assembléa g.eral, que ~q~elJ~ casa era tam-
não ex1ste semelhante regimento commum feito bem nossa nesse d1a! Que mc1v1hdade ha pois
pelo senado. Porém se ·eu assim pensei, é porque no passo que eu aconselho? Será incivilidade mos-
não me podia passar pela lembrança que se propo- t!armos a nossa confiança no senado! Será incivi-
zesse nesta camara a approvação de um regimento, hdad~ leva: a nossa bo!l fé a ponto de adaptarmos
que lhe não pertence, e é todo privativo do senado. sem dtscussao o seu regtmento, só para que a nação
Pergunto eu.: sendo conv~dado para ho~pede de possa gozar quant~ an.tes de alguns frncto~ dos tra-
uma casa, he1 de m~ndar d1zer antes de la ir, que balhosdocor~o leg~slatwo't ~or.c~nsequenCla nem os
approvo _o ceremomal, que. está em uso naquella arg,umentos t1rados da const1tu1ça.o, ne~ os de ana.,
casa? Nao, certamente. Eu ~,ei de me sujeitar aos !ogt.a t~m valor algum contra a urgenCia c;Ja minha
usos da casa, para onde sou convidado : mas dizer mdtcaçao.
que não vou lá, sem approvar o regirnen interno!... O SR. MAlA: -Eu assento que não ha tal ur-
No senado . pede-se ·a palavra do mesmo modo que· gencia. O argumento de se não approvarem as
Câmara dos Deputados -Impresso em 02/01/2015 16:55- Página 10 de 18
eu de nenhum modo convenho na pena de morte, Terminando o illustre orador mandou á mesa a se-
parece-me isto uma pena mui grave ••• guinte
. o· Sa. PRESIDENTE:- Sobre a pena de morte já <<EMENDA
houve uma emenda, que não foi apoiada.
· ·Assentancro-se então 0 illustre deputado, obteve « Proponho que se conceba o art; 2° desta fórma
a palavra, e pelos termos segnintes motivou a dis- -Contra o exercício de algum dos poderes poli-
cussão . ticos ou privando-os da liberdade no desempenho
de suas funcções. )) . · · ·
O Sa. VAscoNCELLOS:- Sr. presidente, eu me
opponho ao§ 2o deste artigo; parece-me que diz... Sendo lida e apoiada, novamente se levantou e
(leu-o) e assim concebido não comprehende tudo disse o mesmo illustre deputado
quanto de~eria comprehender. Os mmistros de es- O Sa. VASCONCELLOS: -Isto é uma ilxplicação
tado podem embaracar o exercício dos poderes po- que vou fazer sobre o n. 4. A commissão entende
liti~os ' e po~em tanibem tirar a liberdade aos que que não salva aos ministros da responsabilidade, a
1
estão mveshdos destes poderes: e não deve passar omissão em prevenir os deliCtos, ainda que os
. o paragrapho na fórma. em que e~~ redigido; por- casos não snjão expressos .n a lei. Não se quiz pois
~e trata sómente do livre exercrcro, e suppõe que F.ntender, por omissão a falta de observancia da
na o póde haver outra hypot.hese, quando 0 ministro lei,lporque ·dessas omissões tratá o art. 4. o Quanto
póde embaraçar totalmente esse exercício: por á minha emenda nada mais accrescentarei, porque
exemplo : oppondo-se á convocação da asl!embléa. ella ó : bem clara e não se póde duvidar de sua ne-
Pergunta~se: o ministro é neste caso respo.nsavel 'l cessidade. · · ' ·
E'.· Logo parece-me que a redacção não está exacta, O Sa. Luu) CotJTINHo : - .A doutrina .deste para~
pois que deveria co~prehender todasashypotheses, grapho está approvada, Sr. presidente, por conse-
e~ que qual~~er m1mstro se possa oppôr á algum dos · quencia, o CJ..Ue ·me .. parece é que V . .Ex. deve pôr á
direitos · pohttcos. Tambem me opponho . a outro votação, se e occasião de tratar desta collocacão, ou
paragrapho, que. me parece ser o 4° da redacção se bastará Jio;ifim do capitulo. •
39
Câm ara dos Deputados - Impresso em 02101/20 15 16:55 - Página 3 de 10
estado, de que se devia tratar na lei fosse unica- de que a haja de levar ao conhecimento da camara
mente o suborno passivo: mas emlim reflectindo dos .deputados.
commigo mesmo, e ouvindo alguns discursos sobre << Deus guarde á V. Ex. Paço, 13 de Julho de
esta materia, tenho mudado. de opinião. e a minha 1826.-Barão de Lages.-Sr. José Ricardo da Costa
franqueza é tal que quando erro confesso que er- Aguiar de Andrada. »
rei.
As autoridades subalternas, Sr. presidente, peccão « Copia da informação junta
mais pelo suborno passivo, quando o suborno nos << Illm. e Exm. Sr.-E' com incxplicavel estra-
ministros é sempre activo; porqu~ o ministr~ se nheza que acabo de receber o aviso de V. Ex. e a
considera em uma esphera supenor, e por 1sso determinacão de Sua 1\lagestade o Imperador, em
muito póde influir, para haver suborno act.-~'0 esta que se me· ordena, haja de enviar quanto antes á
circumstancía : o ministro de estado está ac1ma de essa secretaria de estado uma exacta informacão
todos, e sendo um agente immediato do imperador sobre o ter mandado sorprehender, carregar de fer-
póde obrar sobre as maiores autcridades, como aca- ros e remetter para essa côrte a um corpo de. tropa
bou de explicar um illustre deputado. • da 2a linha, composto de lavradores, fazendetros e
Todo o homem, que depende do ministro de es- proprietarios: e ~com igual estr<;tnheza e co~ sm~
tado, faz-se seu amigo, e é preciso ter uma rigeza ma admiracão mmha, que o mot1vo desta e.XIgenc1a
grande de caracter para não fazer, o que ped~ ~ seu tivesse a súa origem na camara dos augustos de-
superior; todos querem ter relacões com o m1mstro putados, aontle _com f?loria de to_do o imperio d_o-
de estado ; todos querem ter a homa de ter sobre a mina a sabedona, a cucumspecçao e a prudenc1a,
sua mesa uma carta du ministro de estado. Porcon- pois vejo, que só pela informacão de um de seus
sequencia a responsabilidade passiva nos subalter- membros procedeu a uma formal e decidida delibe-
nos póde encontrar-se facilmente : porém n'uma racão , como se o facto fosse de evidencia e estivesse
grande autoridade não se conhece tão ordinaria- inteiramente comprovado: todavia, nada ha mais
mente. · falso, como eu passo a mostrar á Y. Ex, para assim
O suborno activo é aquella arma de que o mi- o fazer constar á Sua Magestade.
nistro se ha de servir sempre para seus fins sinis- « Sem duvida já V. Ex. presentemente estará
tros; com ella pó de fazer, com que os eleitores convencido, de quesouberão illudir ao Sr. deputado
nomêem taes deputados da sua amisade, e da sua informante e de qne um tal acontecimento só teve
faccão. Nós somos homens, e ha muitos homens lugar na imaginacão do inventor, como dos docu-
fraêos, que podem cegar-se com a amizade de um mentos, que vou â produzir plenamente se conhe-
ministro, e porisso o ministro póde obrar activa- cerá, bem como quanto foi temeraria e injusta tão
mente não só na eleição, mas ainda sobre os depu- dissonante imputação.
tados depois de estarem dentro desta camara; e que << Tendo-me sido declarado por aviso de V. Ex ..
males não se seguiráõ á nação deste suborno? Ao de 4 de Fevereiro, que remetto por copia n. 1, a
menos a destruicão total deste systema; e se deste vontade de Sua Magestade, em que me ordenava
suborno activo, que o ministro maneja póde resul- fizesse descer com a mais prompta celeridade um
tar a.destruicão total do systema constitucional, e batalhão de caçadores, para irem s11bstituir _aos
póde resultar a destruiçã.o total da nação, como não destacados nessa côrte; e não Jme sendo posstvel
havemos nós de apresentar nesta lei o suborno cumprir de prompto uma tal determinação pela re-
activo, unico caminho por onde o ministro póde pugnancia, escusa e total aversão, que declarada-
manejar para taes fins 1 mente mostrão todos os indivíduos da 2• linha, e
Portanto não se póde deixar de declarar nesta lei com particularidade os que compoem os batalhões;
e é mais essencial declarar o suborno activo nos representei em officio de 18 de Fevereiro, n . 2, di-
ministros do que nas outras autoridades o passivo. rigido á V. Ex., a difficuldade de fazer immediata-
Como ninguem mais fallasse sobre a materia,jul- mente uma semelhante remessa e os motivos que
gando-se discutida, propoz o Sr. presidente á vo- occorrião para espaçar até o dia de Corpus-Christi
tacão o artigo e foi approvado o 1° §,com a emen- o concluir a expedicão da gente requisitada, decla-
dá do Sr. Maia, que a palavra -multa- se sub- rando no mesmo m·eu officio á V . Ex., que, como
stitua a de -pena;- o 2° e 3° igualmente, com a tinhão. de se juntar e comparecer nesse dia, era oc-
emenda do Sr. Maia, para se accrescentar ás penas casião opportuna, dos que então comparecessem,
mais a de -perda do emprego;- adaptadas t.am- escolher os menos pensionados e que menos falta
bem as dos Srs. Paula e Souza e Baptista Pereira, fizessem; e para confirmação ·de que procedi em
quanto ao suborno activo: e remetteu-se o artigo ã regra e de que o silencio de V. Ex; pôz o cunho á
commissão para novamente o redigir segundo o minha deliberação, concluía assim o meu offiicio :
vencido. . -e para que se possa concluir esta diligencia da
Em seguida leu o Sr. secretario estes officios que maneira que levo dito, julgo necessario não se pu-
se acha vão sobre a mesa.; blicar nos Diarios o aviso, que por V. Ex. me foi
Primeiro expqdido.- Decorrendo, pois, quasi tres mezes,
desde 18 de Fevereiro a 25 de Maio, era de suppôr
« Jllm. e Exm. Sr.-O governo, a quem causára estar approvado o meu arbítrio, mui principal-
sensacão a noticia de ter sido para esta côrte re- mente não ignorando V. Ex., que, a não ser a!:-sim,
mettido da província de Minas-Geraes ·um corpo de nenhum outro meio havia para mandar tropas da
tropa, por aquella maneira descripta no officio que 2a linha.
V. Ex. me dirigio em 16 de Junho proximo passado, « No meu dj.to officio de 18 de Fe\'ereiro indi-
da parte da camara dos deputados, por assim ter cava á V. Ex. as pessoas a quem tinha encarregado
sido informado por um dos seus membros, mandou esta diligencia em Sabará e em S. João d'El-Rei, e
logo exp_edir ordem .para obter exacta · informação nelle dizia que tinha reservado para mim .l\Jariann:a
sobre semelhante facto, e como ella agora cbegasse, e o Ouro-Preto. Fez~se com effeito a escolha no dia
apresso-me em transmittir por copia á V. Ex.; t~flm aprazado, e no omcio de :U:de Maio, n. 3, dei parte ·.
Câmara dos Deputados- Im presso em 02/01/2015 16:55- Página 8 de 10
i'~1f
160
~
tra a possibilidade. de se tiràrem grandes. riquezas que forão particulares ao Rio de Janeiro, quando
dos t.rabalnos do mmeração naquella provmc1a. Sua . Magestade Imperial achou que era necessario
u Deus guarde á V. Ex~ Paço, em 12 de Julho facilitar os meios de recrutamento pelo referido de-
de 1826.-José l''eliciamw Ferna/lldCS Pinheiro.- creto no comeco da lucta do Brazil. .Este decreto
Sr. José Ricardo da Costa Aguiar de Andrada. »- foi mandado prórogarero tantos de Janeiro doanno
Remetteu-se á commissão de estatística e minas. passado, que mandou que · esta fórma de recruta-
mento se conse1·vasse, isto é, que os alistados na
Quarto íórma do 1° decreto se conservassem até o reco-
<< lllm. e Exm. Sr.-Ficou Sua 1\lagestade o Im- nhecimento da independencia. Portanto o primeiro,
perador inteirado de ter a camara dos de{lutados, e o segundo tem expirado, e por consequencia as
procedido á eleição da mesa, que deve servu o mez instrucções devem ter expirado, e como queremos
que começou rio dia 8 do corrente e das pe~s~as pois fazer vogar estas instrucções, que não podem
que para P.sse fim forão nomeadas. O que parhctpo estar mais em vigor?
â V. Ex., em resposta ao seu officio da data de 7, Desta fórma considero que o projecto pecca á
para o fazer co-nstar na referida camara. priori, e digo que pecca á posteriori, porque não
« Deus guarde á V. Ex. Paço, em 12 de Julho descubro fim urgente, pois que sabemos que temos
de 1826.-José Feliciamw Fernandes Pinheiro.- leis mais interessantes á tratar, temos alvarás,
Sr. José R.icardo da Costa Aguiar de Andrada.»- muitas ordens, e instrucções, pelas quaes se está
Ficou a caroara inteirada. regulando o recrutamento do Brazil, ou bem, ou
mal. Mesmo este meio ·não póde ser applícavel
..;:; Segub-se então a 2• parte da ordem do dia, a 1• a todas as províncias, porque esta maneira de pro-
discussão do pr<Jjecto de lei sobre as instrucções ceder ao recrutamento nas províncias ha de causar
para o recrutamento, apresentado coro o parecer da uma confusão immensa, que ora já existe, e não me
respectiva commissão á este respeito, na sessão de parece que st>ja conveniente augmentar-se mais com
19 de Junho; e sendo lido e declarado t:>m discus- novas instrucções. Eu achava conveniente que isto
são, veio imroediatarnente á mesa, offerecida pelo fosse objecto de uma lei particular, em que se es-
Sr. Cavalcanti, a seguinte tabelecesse a fórma de proceder no recrutamento
t< E)lENDA no Brazíl. Dir-se-ha que À difficil fazer esta lei em
pouco tempo, mas pergunto eu, por este meio vamos
<< Addicionando ás palavras -supprimidos os §§
tirar os inconvenientes? Eu vejo que se estabele-
1° e.2o- e accommodados ás autoridades provin- cem doutdnas, que estão adoptadas nestas, e outras
ciaes os §§ 15, 16 e 17, na fórma seguinte: instrucções, e leis, que estão em vigor, por exemplo,
« § 15. Os commandantes de districtos irão re- que são isentos os casados, os fazendeiros, etc.
metlendo ao quartel-general (na côrte) e aos presi- etc •• tudojsto já é prohibido pelas leis, que existem
dentes (nas províncias) successivamente os recrutas e que são praticadas. Para que pois havemos de
que forem aptuando, acompanhados da competente mandar pôr em execucão as · instruc~ões por este
escolta para sua guarda, sem que jâmais empre- ·decreto'! E' dar uma medida imperfe1ta, ao passo
guem correntes, algemas ou manilhas. que poderíamos discutir uma lei de imperiosa ne~
« § 16. Os recr-utas viráõ a·companhados das duas cessidade, sobre uma circumstancia, ã que se não
relacões (na côrte), · e uma (nasprovincias), in- houvesse ainda dado remedio. Disse-seque era pre-
dica"tivas de suas circumstancias, e assignadas pelos ciso que alguns destes artigos passassem, e que
respectivos commandantes de districtos, (na côrte) sobre isto se dessem providencias, como por ext:m-
uma para a secretaria de estado da guerra, e outra plo, para que não sejão presos, e conduzidos á
entregue no quartel general, e nesta declarem o côrte carregados de ferros, correntes, algemas etc.,
dia, em que as escoltas partem do districto : (nas mas ·isto podia ser objecto de uma lei, e não de in-
províncias) será a relação circumstanciada, di- struccões, que não podem estar em vig()r.
rigida ao presidente. . - · Eu" mesmo não sei, se esta medida, que foi feita
<< § 1'7. A cada uma das praças, de que se com-:- para o , Rio de Jaraeiro, póde ter lugar em todas as
pozer a escolta, se abo~ará pela thesouraria geral provincias do Brazil. Recrutas, que são conduzidos
dali tropas (na cõrte ) , e pagadoria nas províncias, por 30, · 40, e. mais leguas, e por lugares desertos,
oitenta réis diarios contados, etc., o final deste devem. vir com aJguma segurança. Acho portanto
paragrapho ,,. que não póde · passar a segunda discussão,
Sendo apoiada, pedio a palavra, e nos ~nnos se~ porque por esta maneira augmentamos a legislação
guintes abrio a discu:;são. 1 . a . pedaços, como se tem feito até agora, e o re-
O Sa. SouzA MELLO:- Sr. presidente, tendo re- sultado será ainda maior confusão. Estes são os ar-
corrido á escripturação dos trabalhos desta camara gumentos, que me ·parecem convenientes. :
do mez de Julho, em que foi apresentado o pro- O Sa. VAscoNcELLos: - Pelas razões do illustre
jacto em questão, afim de colher as razões, em que deputado devia passar o .projecto a segunda dis-
se fundou, nada consegui porque apenas temos cussão, se elle diz, que não lía lei não póde negar
Diarios até a 19 de Maio. Entretanto apezar de não que seja _precisa uma lei, . e segtw-se que deve
saberasrazões, em quese funda, sou de opinião que passar a segunda . discussão. O mesmo ministro.
se rejeite, e que não passe ã segunda, discussão, e quando falla á este respeito no seu offic~o, disse que
expenderei as minhas razões. Eu digo que não deve não havia outras,. se não -estas. Trata-se de 'exa-
passar, não porque a maLeria das instrucções, que minar se devem ou não merecer aapprovacão da
o acompanhà(), não seja ;;audavel, mas. porque este camara estas instrucções. Eu creio que é necêssario
projecto pecea á priori, e á . pos\eriori, p~cca á uma lei, mas tenho varias duvidas. Uma é que nós
-prioi'i, . porque o .projecto nada,tem de novo, ou de- não sabemos, ~e ha necessidade deste recrutamen~o.
seu, . porque não faz mais, doque reviver umas in7 outra , é ' que estas leis não .devem :ser fixas, e "per-
strp.cçõ~s. que foriio mandadas exec.utar em con- manentes, e . sempre deyem ser accommodadas ,âs
seq~encia do decreto de 30.deJaoeiro de 1822, e circumstancias, em que · nos -:podemos . âchar, "se
Câmara dos Deputados - Im presso em 02/01/2015 16:55- Página 10 de 10
l « ARTIGO UI
RESOLUÇÃO DA CAMARA j
Illm. é Exm. Sr.- Por ordem da eamara dos de-
putados revertem á v_. Ex. o officio incluso do pre-
l « Por. abuso do poder
« § 1.0 Usando da sua autoridade para praticar
Câmara dos Deputados - Impresso em 07/0 1/2015 14: 11 - Página 2 de 13
~
cousas, se este mims
lei não faz essas . cousas, mas outt:as, jmtão isto é t; '4.° F...a.llando agora .da .e m.en.da do S. r. Maia, di
·.·go
abuso : a lei por exemplo dá ao ministro.a autoridade e ella . não ·. póde por · nenhuma maneira passar ;
de .fazer aquillo, .. que_. fôr .a -bem . da .na cão, se o rque· a lei não aulorisa nunca os ministros para
nnnistro faz o contrario,- dó que
detêrmína aleil azerem actos· illegaes, . como ella suppõe, -qliando
commette uma infracção; se poréni se'serve dalet diz-nos actos ill~aes etc.-e por co~seguinte
para fins, que ·não são 'aquelles, que-ella tem em quando os ministros commettem actos illegaes não
vista, mas outros quaesquer~ ' abusa da·lei, islQ são abusão, obrão com infracção das leis, e estes crimes
cousas muito differentes : ·emfim ·· abuso de· poder fazem uma classificação á parte~ Portanto voto contra
' .
Câmara dos Deputados- Im presso em 07/01/2015 14:11 - Página 3 de 13
170
julgar necessario, comtan to que não seja contrario O Sn. P.tvLA E SouZA.:- Eu queria que se dis·
á lei, q_ue de!e sabe!, á prosperidade e bem geral sesse-commissão especial- para se entender, que
da naçao, umca razao por que forão nomeados. se nomeará para este caso uma commissão: e é isso
Disse-se, que de um máu conselho, que não teve para que se não saiba quaes hão . de ser os seus
effeito, não resulta mal nenhum : resulta muito membrt>s.
grande mal : basta ser máu o conselho, basta a E terminando mandou á mesa a seguinte
enunciação _de princípios contrarios á lei, para fazer
um mal mu1to grande. Esse conselho vai influir nas 11 EMENDA
idéas do povo no modo de pensar e obrar ; demais,
o cons9lheiro fez o que estava ao seu aicanCé, se u Ao termo --commissão-ajunte-se-especial.,~
deu conselho, é porque não póde obrar e fez o que -Foi apoiada. · ·
podia. O Sa. L1xo CouTINHO :-Isso pertence á redac-
Disse-se, que não se póde conhecer a intencão ção. lá aqui se fallou a este respeito na outra dis-
perversa f. • • Conhece-se pela maneira da exprés- cussão.
são, ou por qualquer outra maneira. Demais, que _O SR. 1\lARcos ANTONIO :-E eu quizera, Sr. pre-
duvida póde haver em conhecer as intencões dos s1deu~e, que houvesse o espaço de dez dias para! se
conselheiros, que sabem qual é a lei. do paiz, ~ue exam1~at: be~ o objecto e que antes deste prazo a
devem querer o bem geral da nação e dão um pare- _com1ms_sao nao apresentasse o seu parecer: é o que
cer contrario a isto 'l Qual deverá ser a intenção tenho VIsto em algumas outras legislações.
delles? O bem geral da nação? Não; ~orque nin- Tambem enviou á mesa o illustre deputado, esta
guem póde aconselhar para mal com a mlenção de
fazer bem. Por isso, digo que deve ficar; não só '' EliEl'o"D.l
porque não coarcta a liberdade do conselheiro, commissão espec~l nomeada para apresen-
como tambem, porque do máu conselho podem re- tar(< oA seu parecer, o nao apresentará em menos
sul~ar muitos etreitos; e se conhecem quaes erão os
meios ao seu alcance, para fazer o bem e não o fez; prazo de dez dias.»
está claro que não tinha boas intenções, não fez Sendo, porém, proposta não foi apoiada e conti-
mais porque não pôde. nuou a discussão, dizendo
q SR. ~AULA E SouZA:-:-- ?arecia-m~ que este O SR. VASCONCELLOS :-A com missão deve ser de
arllgo dev1a voltar á comro1ssao. 'Nós não podemos infracções, já se entende; mas não se declarou por-
votar bem, sem primeiro vêr o systema que ella que poderá ser que na occasião convenha outra
adopta. A pena, como e3tá, com effeito é alguma cousa: qt.te convenha, :por exemplo, a nomeação de
causa grande. uma commissão espec1al, deve ficar ao arbitrio da
Julgando-se terminada a discussão, .venceu-se tal camara ; que necessidade ha de declarar que será
uma commissão especial nomeada para isto ? fique
qual, esta parte do art. 1°; ao arbítrio da camara.
« Os conselheiros de estado incorrem pelos con-
selhos nas mesmas penas, em que os ministros e se O_ SR .. CLEtn:NTE. PEREUU. : - Creio que q~ando
secretarias de estado incorrem pelos factos.» d1scut1o este pro1ecto, se moveu a questão, se no
caso de haver inquirição de testemunhas, esta devia
A outra parte foi vencida com a emenda do Sr. ser feita na camara ou na com missão, e parece-me
Vasconcellos. que se venceu que fosse na camara. Desejava que
Passou-se á discussão do capitulo 3° que trata do isto se rne declarasse, porque creio que houve vo-
processo. · tação a este respeito; eu queria fazer a emenda no
« ..\rt. 11. l'odo o cidadão póde denunciar O!Z mi- caso de assim não estar vencido.
nistros e secretarias de estado e os conselheiros de Por occasíão desta duvida o Sr. presidente pro-
estado, pelos delictos especificados nesta lei, e os poz que, emquanto se examinavào as actas a tal
~strangeiros tendo interesse proprio. respeito, se suspendesse a discussão deste artigo e
« A.'s commissões da camara cumpre denunciar
se passasse aos seguintes.
os delictos . que encontrarem no exame de quaes- Assim se decidio, e entrou para a discussão o
quer negocio. >> <( Art. 14. Findo o prazo para a resposta ou ella
não rejeite, mal]dará, sendo necessario; juntar nó- de encerramentó ·da sessão~ um dos primeiros tra-
yas provas ·e proceder á formação dellas, que serão balhos da sessão seguinte será a continuação da
Igualmente ~xar:ninadas n~ commissãó ·e parecen- accusação. » ' ··
do-lhe attendiv-e1s, mandara responder o denuncia- Tambem passou, salVa a redacção, sem qlÍe sobre _
do, remettendo-lhe copia de tudo e fixan_do o pra~o elle se movesse debate o .art. 16 ; .achava-se conce-
em que de':e dar a resposta . por es~npto. Este bido . nestes termos : -. .. . .
prazo podera ser prorogado á requerimento do res-
ponden te. » · · · · '' Art. 1~~ 'Ierminando o debate~· a camara dos :
deputados decteta, que tem lugar a a~cusaç.ão con~ ·
Sob~e este · artigo posto em ~iscussão, disse . t.ra o ministro e se~~tario de estado dos negocios .
·'I
Câmara dos Deputados- Impresso em 07/01/2015 14:11 - Página 10 de 13
O Sn. VASCoNcELLos:- Sr. presidente, é preciso teúdos, de1íber1• a camara o que julgar conveniente.
considerar mais um caso neste artigo. E' necessario Deus guarde a V •. Ex.
figurar uma hypothese. Quando estes ministros « Paço, em 13 de Julho de de 1826.-José Feli-
forem todos delinqucntes, e criminosos, a quem se ciano Fernandes Pmheiro.- Sr. José Ricardo da''
ha de dirigir o offi.cio? Por este motivo deve-se Costa Aguiar de Andrada ».
fazer uma emenda, para que vá uma deputação ao Ficou a camara inteirada, emquanto os papeis
imperador com o decreto de accusação, para lhe en- remett.erão-se á commissão de poderes, e a de fa-
tregar, porque não sehademandar ao ministro que zenda, cada uma na parte respectiva.
éo delinquente. Quero tambem, que se declare,.que « Illm. e Exm. Sr.- Requerendo Ioa.quína Ale-
este decreto possa ser apresentado ao imperador xandrina de Carvalho; viuva do 2<> tenente de arti-
por qualquer àos ministros de estado, ainda que não lharia
seja da reparticão competento, por exemplo, se o Rolim, de Pernambuco, João Felippe de Souza
e D. 1\laria Margarida de Mendonça, viuva
mmistro dajusiiça fôr criminoso, este seja remet- de Anselmo José Gomes, alferes do batalhão de ar-
tido· pelo ministro do imperio, etc., etc. Disse um tilharia, c infantaria província do Rio-Grande de
illustre deputado, que o decreto da accusação, sup- S. f>edro o meio soldo da das patentes dos seus fallecidos
põe sllmpre o ministro na côrte, em regra assim ê, maridos, cumpre-me remetter a V. Ex., para serem
Sr. presidente, emquanto estiver exercendo o em-
prego, mas póde dar-se a hypothese em que o não epresentes á camara dos deputados os requerimentos
documentos dos recorrentes, acompanhando o da
esteja exercendo, e é preciso providenciar. Devem-se primeira informação do respectivo governador das
propôr este;; casos em artigos additivos, que são armas. Deus guarde a V. Ex.
novos, e acho que por isso era melhor, que tudo « Paco, 14 de Julho de 1826.-Barão de Lages.-
fic~sse para se decidir amanhã, ou depois.
Sr. José Ricardo da Costa Aguiar de Andrada)).-
O Sn. CLEMENTE PEREIRA :-Eu me levanto para Remetterão-se á commissão de guerra.
apoiar .o adiamento por ser materia nova. Con- Concluída a leitura, pedio o Sr. Cruz a palavra,
formo-me, ao que disse o illustre deputado, no caso annunciando ter negocio urgente, e sendo-lhe con-
de serem todos criminosos, e como o decreto deac- cedida leu pela commissão de legislação este
cusação tem para este effeito uma verdadeira força
de lei, seria melhor para dar mais consideração ao cc PARECER
mesmo decreto, e evitar os extravios que elle pó de cc A commissão de legislação e de justica civil e
ter, que fosse apresentado ao imperador por uma criminal vio o omcio do ministro e seccetarlo de es-
deputação desta camara. tado dos negocios da justiça de 7 do corrente, á que
O Sa. L1No CoUTINHO : - Eu não possa admittir acompanharão as represcntacões do conselheiro cor-
semelhante co usa. O decreto sempre deve ir diri- regedor do crime da côrte e· casa, como juiz de di-
gido a um ministro de estado, para apresentar a reito, e do desembargádor promotor fiscal do con-
Sua Magestade, e sómente na bypothese, que aqui selho de jurados, expondo a duvida que lhes occor-
se .figurou, e que estou bem persuadido que ria sobre a continuação daquelle juizo á vista do
nunca pôde ter lugar, é que se poderia enviar uma decreto de 22 de Novembro de 1823, que manda
deputação ao imperador. Mas ir uma deputação da l)ôr em execução o projecto de lei da assembléa
camara dos deputados levar o decreto para apre- geral constituinte de 2 de Outubro .do mesmo anno
sentar ao ministro! t Isto não póde ter lugar sobre os abusos da liberdade da imprensa proviso-
nenbum. riamente até a in-stallação da assembléa gerallegis-
O Sa.VERGUEinO :-Tambem não concordo que se lativa, visto se ·ter ~erificado o caso, e chegado o
leve o decreto ao imperador. Quem será responsavel termo, até o qual foi marcada a sua execução. A
da falta de execução '!Não' o sabemos. Demais a exe- commissão é de parecer, que posto a mente do de-
cuçãó deste decreto pertence ao governo; e por isso ereto não . possa ser outra senão, que ·aquelle pro-
deve ser remettido a uma secretaria de estado, para jecto de lei tivdsse execulão até ,que a assembléa
ficar responsavel. Não tem lugar a deputa·cão, quer gerallegislativa fizesse uma ei sobre os delictospor
no caso extraordinario de ser criminoso todo 0 mi- abuso da liberdade da imprensa e sua fórma de pro-
nisterio, · como em qualquer outro casó. Se estiver cesso, por não· dever existindo a liberdade de es-
todo 0 ministerio criminoso, então deve-se mandar crever, faltar. ou ficar por algum·tempo suspensa a
lei que · reprime os abusos, com tudo como á vista
uma deputação, mas é para pedir a d~missão delle. da letra do mesmo decreto com a installacão da as-
J;>ando ~uas horas, ficou adiada a d1scussão deste sembléa geral legislativa.expirou o·termo pro visorio
arttgo,_ass1m como tambema do art. 13. · marcado . para a execução do projecto,; é bem fun-
0 Sa ·SECRETARIO Cosu AGiiUR leu immedia*a- dada a duvida, e para que continue a ter execução·
mente o~ seguintes: . ' . ~ 1 até que ·.se publique lei sobr': esta ~ateFia, fàz~se
· necessana uma prompta medtda legtslattva, ·e para
OFPtcros esse fim offe~ece a commiss~o o segujnte
« PROJECTO
« Jllm. eExm. Sr.-SuaMagestade o imperador,
manda remetter a y. Ex.• para serem presentes na « A assembléa getal ~egislativa decreta:.
camara . Jos deputados, o offi.cio de Augusto Xavier · « o·:p:rojecto ' de lei da assembléa geral ccmsti-
de Carvalho, deputado pela província da Parahyba, tuinte de 2 de Outubro· de 1823 mandado executar
em~ 111e expõe, o que tem demorado a sua sabida provisoriamente . até a instaUação da assembléa ·
para .esta cô~te, e o !equerimento de Antonio g~rallegislativa por -d~creto · de 22 ~e ~ovembro ~o
!oaqu1m Pereua _da S1lva, que se offerece a fazer dito anno~ contmuara .a ter sua ·mte1ra exeeuçao
á na custa, os reparos, e obras novas, que se pre-, até a· publicacão da lei sobre os deliclos por abuso ·
- :\Iaramba1a, - para · que á · VISta dos· seus con- 1 bros· da commusã o»·' '.
cisill-em no ~terrado, e pontes do '_lugar denoininado~ da'' lioord,ade ~iUmprensa~ - ;Assignad,os os mem-
· ,,·· · < · ,,·· .
Câmara dos Deputados - Impresso em 07/0 1/2015 14:11 - Página 12 de 13
momento, em que se alistão no servi~o das ar- faz com tal susto, que põe espias para dar signal á
mas. chegada destas escoltas armadas : em uma fazenda
Um dos artigos desse juramento é que antes mor- houve descuido de dar aviso; e sendo accomettidos
reráõ em seu posto na defesa da patria, do qne o os trabalhadores procurarão fugir, mas · a escolta
desamparilm: um ,juramento dP. tal natureza é a fazendo fogo matou um (dizem) e fcrio outro, o
quinta cssencia das virtudes cívicas, e um homem, certo é que passados dias, o que se dizia comman-
de quem se espera o seu cumprimento, não deve dante da partida, que perpetrou este horroro~o cri-
ser tratado com desprezo, e menoscabado. (Apoiado me, veio á ,ma do Rio~Grandê, e tendo o juiz della
geralmente). já p31rticipação de tal successo o mandou segurar;
Seguiu-se na palavra ao íllustre orador o Sr. porem o aggressor, que estava bem montado, e hem
Souza 1\lello, que tendo pronunciado um discurso, arm~do se evadio, t(llvez fosse para a campt,n h< l
de que nada .colligio o tachígrapho, pedia o adia- contmuar em taes delictos, seguro de que sempr<·
mento da materia; mas não foi apoiado. Conti- ha de ficar impune.
nuando pois a discussno, sustentou ainda a neces- E não é isso atacar o direito individual do .cida-
sidade do projecto pelo!' termos seguintes. · dão'! Quem se di~á tranquill~ com taes aggressores t
O Sn. XAVIER FERREIRA :-Sr. presidente, apezar Taes homens ass1m persegutdos, e amarrado: vào
das razões, que se tem expandido para adiar este par.a a cam.J!anha, não ha duvida; porém á pri-
projecto, para quando se tratar da lei geral do re- meira occas1ao que se lhes apresenta fogem, e vão,
crutamento, eu lambem voto po·r elle; muito prin- ou engrossar as fileiras dos nossos detestaveis ini-
cipalmente, pelo que se tem dito, que existe uma migo;;, ou augmentar o numero dos desertores, que
força mili~ar no imperío, e que o goYerno ha de povoão os mattos, e selvas, e de cidadãos tornZ!o-se
recrutar, para supprir as praças que fallarem salteadores, procurão devastar uma patria que de-
Daqui a que passe a lei do recrutamento levará fenderião com valor. se fossem levados por meios
muito tempo, e é natural que se não discuta nesta mais doccis, e se o rccru tamcl)lO se flze!>se eom
sessão, porque o ministro r1-1spectivo nada propoz justiça, c equidade.
ainda a tal respeito; e no entanto como remediare- Resumindo pois minhas idéas, digo que s(· ado-
mos os males,e arbitrios que todos os dias se comet- ptem proYisoriamente estas instrucções para il re-
tem contra os nossos concidadãos? Como evitaremos crutamento, porque deste modo evitaremos os ma-
~a_taques e abusos, que se perpetrão nos recruta- les, e gravames, que pezão sobre os nossos c onci-
~mentos'! Niio é tão recente a noticia que chegou a dadãos, e levaremos este negocio, se não a ur; grno
esta camara do modo iníquo com que no Ceará se perfeito. ao menos á a1gum melhoramento, e d:amo
recrutou'! Que barbaridades se não praticarão na- a attenção da camara, para que passe este proje ~: to
quella desgraçada província f ••• á segunda discussão.
Sr. presidente, quando estas instrucções fossem Fallarão mais sobre a materia os Srs. Lino Cou-
desnecessarias para outras províncias, para a mi- tinho, e Cunha Mattos, que tambem não foril ü al-
nha se tornavão indispensaveis: pois que sendo cançados pelos tachigraphos. E afinal julgando-se
ella hoje o theatro da guerra, está por isso mesmo sufficiente esta primeira discussão, o Sr. presidente
recrutando continuamente, e praticando attentados propoz, se o projecto passava a 2. •-Venceu"se pela
incríveis. ,. affi.rmativa.
Eu não fallo do recrutamento, á que tem mandado O Sa. HoLLANDA CAVALCANTr, mandou á mesa
proceder os presidenws da minha província; consta- como urgente uma indicacão, .mas tendo dado a
me, que têm sido legaes : clamo sim contra os hora, propoz o Sr. presidente, se ,se prorogava a
que praticão os commandantes de fronteiras de dis- s~ssão para tratar-se da indicação.-Decidio-se, que
trictos, e outras autoridade, que lhe estão subor- nao. ·
dinadas, que a torto, e a direito, agarrão gente para Estava na mesa um requerimento de Estevão
.levarem aos pontos, que guarnecem, quando a ~aria Ferrão, que se remetteu á commissão de peti-
maior part7 deste~ ci.d~dã?s se occ~pão nos empre- çao.
gos, e offictos ute1s, e md1spensave1s na sociedade. O Sa. PRESIDENTE deu para a ordem do dia:
Eu avancei que . este modo de recrutar ataca o di- 1.° C(lntinuação da discussão do projecto de lei da
reito de propriedade, e a segurança pessoal; e os responsabilidade dos ministros : 2. o Discussão do
dous casos que passo a narrar provarãõ a minha parecer da .commi_ssão ,de c~mmercio sobre o pro-
these, e pelo dedo se conhecerá o gigante. Jecto de le1 relatiVo a agncultura, e povoacão,
Um negociante fazia conduzir para a sua char- adiado ; e 3. o Leitura de parecf'res de commis-
queada uma .tropa grande de gado: esta era escoltada sões.
pelo capataz, e mais gente necessaria a este servico: Levantou-se a sessão depois das tres boras.-José
encontrão uma escolta armada, que recrutáva Ricardo da Costa Aguiar .d~ Andrada.
{illegalme?le) a qual prende os conductores do gado,
este ~e d~spersa, foge1 e ·p~uco . se aproveitou: o
proprtetano reclama a autondade, que tinha man- RESOLUÇÕES I)A CAMARA
dado fazer esta deligencia; não é attendido: recla;..
m!'- ao _gover~ador d~ armas, não tem deferimento IDm. e Exm. Sr.- Accuso a recepcão do offi.cio
e Julgo que amda. ~OJe está, e estará no desembolco que V. Ex. me dirigio, •enviando-roê para sere~
do seu grave preJUlZO. • presentos á camara · dos·deputados dons officios·do
Câmara dos Deputados - Impresso em 07/01 /20 15 14:11 - Página 1 de 22
10::=.
conselhos provinciaes, pela razão da maior liber- inteira. estou bem longe de p!\nsar que do contrario
da de, que de fact.o terião os conselheiros, que aliás póde a commissão abusar da confiança . nella posta.
poderião ,·otar muitas vezes contra a sua propria Os moth·os que tenho são outros e o fim a que me
convicção; e que dando-se a mesma necessidade a dirijo, é muito mais nobre: o meu fim é franquear
respeito do depoimento c.las testemunhas, admira-se lodos aquelles meios, pelos quaes a camara possâ
de ''cr a camara inclinada a decidir hoje contra o julgar por si da criminalidade do denunciado ou da
que ha dous dias defendeu. Isto porém, nem tem calumnia do denunciante; porque ha uma grande
alguma analogia, nem vem ao caso. differença entre o lêr, ou o ouvir os depoimentos
Os votos, sendo dados por escrutínio, ficão em das testemunhas. Creio que ninguetn duvidará
]1erpetuo segredo, o que não acontece com 0 dcpoi- disto; além de quP., sendo ellas interrogadas na pre-
memo das testemunhas, que apezar de não ser dado scnça da camara, ha lugar para cada um dos senho-
logo em publico, ha de a seu tempo ser patente, e res fazer as observaçães que bem lhe pa1ecer, bem
por consequencia dá-se sempre o mesmo motivo entendido, guardada a ordem devida ; e eis aqui
para occultar a verdade, quer sejão as testemunhas mais um meio de se apurar a verdade. Por conse-
interrogadas nesta sala, quer na commissão: afinal quencia este argumento tambem cabe por terra.
sempre se ha de saber qual foi 0 que depoz a fa,ror, Tambem se estabeleceu como um principio de
qual cont.ra 0 ministro . argumentação, que a camara não é o juiz neste pro-
Demais, senhores, os actos são muito ditrerentes: cesso para poder tiraras testemunhas. Eu não sei a
uma cousá é votar. julgar, decidir, segundo a pro- que veio este proposito; pois se a camara não é o
pria opinião. e outra é re,·elar um facto, dizer 0 juiz, m_ui_toJl!enos o póde ser uma comm1ssão de srrF
que se sahr. sol.lre o que se pergtmta; c os incon- membros, que àpéõa-s-rórma uma-fracção . Senho_.,__
venientes que se s,.guem de um, não têm compa- res, estas razões não servem; é pr·eciso que mar-
ração com os que nascP-m do outro. chemos de um principio certo e estavel: deixemo::
Parece, pois, que tenho mostl·ado que semelhante analogias e hypotheses figuradas a arbítrio e conh ~ -
argumento não póde entrar em linha de conta. çamos definitivamente quaes são as nossas attribui- .
o Sa. SouzA E MELLO :-Eu desejan, Sr. pre- çõ~s_. A camara, quando decreta a accusação nos
sidente,que SE: !11s:;:e no,·amrmte a emenda ... (leu-se.) m1mstros de estado, levanta-se em grande jury . .
Quo faz este grande jurado? Conhece se ha ou n fto
O meu voto é qu~ a inquirição seja publica 0 darei criminalidade, e pronuncia ou absolve o denunciado-
as razões.··· (continuou a orar, porém não foi ou- E não terá necessidade de ver todas as pecas com-
vido pelo tachigrapho, por fallar em voz baixa.) probantes, e ouvir de presença as proprias Íestenm-
0 Sn. CLE)IE~TE PER EIRA :-1\luito já se tem dito nhas que se hou,·erem de produzir'! Nós estan1cs
a faYor e contra a minha proposta. Não tratarei de em caso muito ditrerente de simples pronuncia, comt'
a defender directamento, limitar-me-hei a respon- se tem querido inverter a questão, para ter em se u
der aos principaes argumentos da opposição. Um abono o artigo da constituição. Esta pronuncia •k
dos ma is fortes, de que aqui se alardeou, é que, ha- que falla a con~tituição, é sómenle propria para
Yendo fnllado .a fa,·or da vota~ão secreta nas delibe- formar culpa a um simples cidadiio, e não por ,'e-
rações dos conselhos gnraes de províncias, era uma Iictos de responsabilidade, e por isso póde ser ,,;n
contradicçào votar agora pela publicidade da inqui- segredo, sem ser ouvido o denunciado, conformo ns
ricão das testemunhas; estranhando-se os que se leis geraes actualmenle em vigor: porém nã o é
distinguirão tanto naqnella como nesta discussão. assim a decretacão resolvida nesta camara contra
Eu não descubro a analogia, nem me parece sub- um ministro de estado, que posto esteja para com a
sistente semelhante argumento. lei · em parallelo ~om os mais cidadãos, não o está
Quando se votou nesta camara, que em certos todavia quanto aos etreitos de uma accusação ou
casos fosse permittida a votação secreta nos conse- ainda pronuncia, quer ella se julgue procedente,
lhos das provincias, além de muitos outros motivos quer insubsistente, principalmente quando nós re-
a qne se teve consideração, attendeu-se sobretudo ferirmos estes effeitos ao todo da nação, e não á
ao fim primado, que eta a liberdade na emissão de simples pessoa do ministro . Quem póde duvidar da
votos, visto . que real e etrectivamente fica vão em impressão que produz em uma população inteira um
completo sigillo. Acontece, porém, o mesmo, se o decreto . de accusação passado nesta camara contra
interrogatorio das testemunhas fôr em segredo '1 qualquer ministro de estado'! Logo o caso não é ho-
Ninguem o dirá. mogeneo, ·como se pretende insinuar; e por tal
Segundn o que propoem os senhores que se J>ro- razão muito bem se tem resolvido neste projecto,
nunciarão contra a minha emenda, as testemunhas que o ministro seja ouvido antes da pronuncia, que
l:ão de ser ouvidas por uma commissão composta as peças justificativas sejão examinadas em uma
de setemcmbros;na ~asa dacommissãoentrará quem commissão de 7 membros, . que sejão patentes nesta
quizer; os depoimentos hão de SHr escriptos; hão de casa e sujeitas a todos os debates, etc., etc., requi-
ir ao senado, etc., ele., onde existe aqui o segredo? sitos estes que se não dão em qualquer processo de
Ondt' pois está o argumento? simples pronuncia. Consequentemente tambem não
Outra grande razão, com que se quiz . captar 0 acho força neste argumento.
Tolo da camara, é que, fazendo-se a inquirição na 'Recórreu~se ao lugar commum do respeito quasi
camara, · pareceria que esta desconfiava da probi- servil, que geralmente se presta a um funecionario
dade dos membros da commissão • . Parece-me que de taL graduaçãó' e poder; dizendo-se que ainda
tal lembrança nunca occorreu, nem póde occorrer este~ homens são temid!)S como di.!indades, e .que
áquelles senhores, que se declaravã_o . pela emenda. por Isso as testemunhas se atterranao, sendo con-
Ao menos eu jámais tive semelhante tenta cão; não v1dadas a revelar factos em sen desabono e de que
é essa a raziio porque propuz a emenda; ·o argu- lhes pudesse resultar a accusação. Ora, senhores, eu
mento .pois fica com q11em o acarretou. Pela minha não ·esperava ouvir semelhante proposi~o profe-
parte digo, que quando defendo e insto,'qutJ as tes- rida · n~sta camara ••• E se acaso tal se julga o ter-
temunh.:s de,·em ser interrogadas perante a camara · rorismo emanado desta classe .de funccionarios que
SESSÃO El\1 15 VE JULHO DE 1826 183
se recêa, que uma tes temunha notific ada para depôr 'rarei só motivar o meu voto sem aspirar á gloria de
sob juramento, o que souber, e que não vem ex- convencer pelo meu discurso. Eu não posso deixar
pontaneamente, occulte a verdad e dos factos; como de me pronunciar contra a emenda; duas são as
se espera que possa animar-se qualqu er cidadão a razões: l •, porque adaptando-se aquelle rnethodo,
aprese ntar uma denuncia contra qualquer ministro póde perigar a verdade necessaria para a julgação
de estado, fazendo as vezes de accusador? Demais da criminalidade do den unciado ; 2•, porque nos
é mister advertir qu e aquelle que pelo temor não é virá interromper os trabalhos legis lati vos, sendo o
capaz de dizer a verdade em publico, lambem o não pouco tempo das sessões indispensavel para ser
é para "dizer em particular, quando sabe perfeita- applicado aos actos mais urgente s da nossa institui-
lllente que o seu dito h a de vulgarisar-se, como jã se ção ; pois se nos mettemos a inquerir testemtmhas,
ponderou aqui. E porque se não receia o mesmo todo o nosso tempo irá nisso. Disse que a verdade
inconveniente qu ando ellas forem inqueridas no se- póde perigar: nós não podemos duvidar de que
nado? O que mais merece a nossa prevenção é que muitas vezes as corporações e os tribunaes, seja
não vão depôr naquella camara o co ntrario do que qual fàr a sua natureza, são arrastados pela op ini ão
disserão aqui na com missão: isto é o que devemos do tempo , e isto aco ntece não poucas vezes no juizo
r eceia r e acautelar. E não poderá qualquer teste- dos jurados. Este é um dos perigos qu e apontão e
munha affirmar no se nad o, que aqui se escrevêra o lembrão os escriptores, ainda aquelles que mais
seu depoimento de modo ditferente do sentido, em advogão aquella instituição. Certamente a opinião
que fallára? E que se seguirá? Tudo, senhores, e publica antecipadamente pronunciada tira a liber-
principalmentc o descredito da camara se deve dade dos jurados, assim como de qu aesquer corpo-
evitar; e o modo de o prevenir é o que tenho pro- rações deliberantes: e porque? Porque todos os a c tos
posto. Portanto este argumento não conclue. do processo são feitos publicamente e á face da mui-
Produzirão-se exemplos das nações estranhas, e tidào , cuja presença só por isso é bas l.ante para
veio o processo do Duque de Yorck; porém por ven- . imp ôr e atterrar. Seja-me permittido figurar um
tura não está estabelecido no proj ecto que possa I caso: supponhamos que urn monarcha é inj uri ado
hav er essa inquirição secreta, logo que se receia na sua pessoa, e qu e se procede contra o delinquente:
perigo? Já está acautellada essa hypothese: e que lembrar-se-h ia alguem de pro pôr quu neste caso
mais podemos tem er'? Em contraposição a este fo ssem as testemunha s in queridas perante a pessoa
exemplo, eu apontarei outro. Quando na França do monarcha '! Não certamente, ainda que outro
se tratou de julgar o assassioo do duque de Berri, qualquer injuriado tenha direito de o faz er, c 1 razão
todo o processo foi feito em publico. é porque a pessoa do monarcha é de tanto respeito
Houve quem se lembrasse de recorrer á brevi- que necessariame nte obrigaria a testemunha n per-
dad e do acto, para defender a inquirição secreta. jurar. Appliquem os isto ao nosso caso, Uma Leste-
Sr. presidente, creio que em lugar de marcharmos munha chamada para depôr sobre uma dennncia de
p elo caminho mais breve, devemos preferir e lançar interesse nacional, sendo interrogada neste salão,
mão do meio mais seguro, porque este sempre vem se presenciou os factos denunciados, muito facil-
a ser o mais breve. Esta camara ha de votar, se mante pó de aflirmar uma falsidade, vendo que os
tem ou não lugar a accusação, e se os artigos da olhos da multidão, que occupa as galerias, estão
denuncia dependerem de provas de testemunhas, pj>stos sobre a sua pessoa, sobre a sua face. Só esta
não ficaráõ os seus membros mais certos, mais consideração seria bastante para rejeitar o methodo
conscios, para votar sagundo a sua eonvicção e con- proposto. Eu não digo que sejão pergu ntadas a
sciencia, ouvindo a expressão dessas testemunhas portas fechadas, mas não quero que se proceda a
em suas respostas e vendo com os seus proprios este acto na presença e face da nação representada,
olhos o seu geslo e porte, tendo ao mes mo tempo a e da multidão que occupa as galerias. A isto res-
liberdade de pedir uma ou outra explicação, e atten- pondeu-se que estas tes temunha s pod em ser cha -
dendo a todas as circumstancias, ainda aquellasque madas ao senado, e que sendo alli interrogadas em
parecem mais insignificantes? Isto não será muito plena sessão, podem deixar de ractificar o que aqui
mais breve para a ultimação do negocio? disserão. Eu digo que issn não pó de ter lugar, por-
Senhores, os inconvenientes que se tem ponde- que os depoimentos em particular são lidos e exa-
rado são nenhuns, antes pelo contrario adaptando- minados pelas testemunhas, antes de assignados:
se a minha proposta colhem-se as mais importantes antes me parece um meio de procurarem sustentar
vantagens, como se tem demonstrado, e quanto a o que firmárão com sua assignatura, por isso que
mim duas são de todo o preço, e a par dellas des- expenderáõ no senado em publico muitas circum-
apparecem todos os phantasticos receios que parece stancias, que aqui tivessem callado. Aqui vem por
prender a alguns dos nobres membros desta camara: um dever imposto pela lei e lã é movido pela ne-
1•, o credito que d'ahi resulta a este congresso da cessidade de salvar a sua honra e reputação.
nação, não praticando um ~ó acto occulto, afim de Conclúo, ponderando aos dignissimos membros
confundir os encarmçndos mlmJgos della; 2•, a se- desta camara, que o seu oflicio não é o de um in-
gurança com que qualquer dos seus membros vota quiridor mas é ode um legislador.
em <emelhante processo, colhendo por si mesmo 1 _ .
todos os esclarecimentos que o podem conduzir ao ~ Sn. PAULA E SouzA :-(Nao se ouvw, por fallar
descobrimento da verdade. mUlto bauo.)
As outras razões que se têm expendido já farão O Sn. BAPTISTA PEREIRA:- Um illustre onrdor,
egregiamente refutadas pelos dignos membros, que querendo refutar o exemplo que eu apresentei da a c-
me têm precedido; e portanto concluo o meu dis- cusaçâo do duque de Yorck, trouxe em contrario
curso, visto que me propuz não tanto a sustentar a outro da do assassino do duque de Berri; accres-
minha proposta com argumentos directos, como centando que o processo do primeiro fôra em se-
patentear a insubsistencia dos contrarias. gredo, po~ causa do perigo que corria a tranquilli-
0 Sn. ALMEIDA E ALBUQUERQUE: -Direi muito d·a de publica. Eu penso que o honrado orador se ·
pouco, porque a materia já está exbaurida, Procu- engana. O duque de Yorck foi processado em se-
184 SESSÃO m1 15 DE JULHO DE 1826
grcdo, porque era par, e não porque houvesse pe- Então o Sr. presidente declaro u, C{lle se passava
rigo algum. Quanto ao exemplo quo clto1~, resp.on- ao art. 17, que juntamente ficára adiado da sessão
do, que o assassin o do duque. de Bem, nao fm JU_l- de hontem, comas emendas apoiadas dos Srs. Paula
gado por pares, mas por um JUry, ass1m como sao e Souza e Vergueiro. E logo que o Sr. 1° secreta-
processados quaesquer outros delinqu•mtes. Nós rio fez a leitura, segundo o estylo, assim rompeu a
tratamos do jury exercido pelas camaras legislativas discussão
e nã<' dos que julgão as causas ordinarias . Portanto O SR. VASCONCEL LOS: -Sr. presidente, eu vou
o exe mplo não é be m applicado . faz er uma outra emenda ou artigo additivo. Eu
O SR. Sn uzA E MELLO: - A cama ra dos pares quero que se declare nesta lei , qu e qualquer minis-
nunca julga em segredo . ... tro de estado é competente para a execução do de-
creto de accusação, e que quando aconteça, que to-
O SR. BAPTISTA PEREII\A :-Não tratamos aqm dos os ministros sejão accusados, ou se reputem
de jul gar. crimin osos; uma deputação de 7 mem bros vá apre-
O SR. VAscoNCELLOs:- Eu requeiro a palavra se ntar ao im perad or o decreto ou. decretos, de ac-
para fazer uma explicação .... cusação, para lhe mandar dar cumprimento, como
O SR . PnESIDENTE :-Não póde ler lugar, porque entend er justo .
Póde ser, que o ministro denunci ado seja o com-
o illustre deputado já fall ou duas vezes. petente para a execução do decreto, e portanto é
0 SI\. VASCONCELLOS :-Pois bem, não explicarei. preciso providenciar. Pó de tamb em accontecer,
A es te tempo o Sr. secretario Arauj o Vianna pe- qu e seja crimin oso todo o ministerio: logo convém
dia lice nça para se retirar, por inco mm odado, e o prevenir, e tomar medidas nesta hypo1hese . Eis o
Sr. presidente chamou para o substi tuir u Sr Feijó, que desejára, que se fizesse, e proponho que em tal
secretario supplente. crise seja o decreto ap rese ntado por um a deputação
Send o j ulgad a sulli.cien te a discussão, propoz o ao throno, pois então nã o ha rigoro sa mente minis-
Sr . presidente a ma taria iÍ votação, e fa rão appro- teri a, a que se dirija o decreto.
vados o artigo 13 e a emendn do Sr. Paula e Souza Quero finalmente prevenir outro caso, que me
e rejP-itada a do Sr. Clemente Pereira, vencendo-se occorre. Supponhamos. que ao tempo ela accusa-
á proposta do Sr. presidente, qu e as testemunhas ção já o ministro está demittido, como hontem aqui
serião interro gadas por uma commissão. se ponderou; dado clle, eu julgo que nã o ha ne -
Apenas concluído este acto, ped ia a palavra, di- cessidade de se verifica r o arti go deste projecto,
zendo que maneJ a dar audiencia ao denunciado, para se
O S1L v.,scoNCEL LOS : - Será necessario fazer proceder ao decreto de accusação ; pois tendo ces-
uma explicação so bre o que es tiÍ vencido. Aqui se sado a causa, deve cessar o effeito.
dis s(: , que a eolllmissâo faria as pcrgLmtas a porta, Quando se resolveu, que o ministro fosse ouvido
ab ertas, podendo ter en trada fran ca qu alquer dos antes da accusação, o motivo (Dais forte, que mo-
Srs. dep utad os. Pergunto, se tamb em se rá licitn veu a camara a dar este passo, foi a consideração
fazer algumu s reflexões no acto de inquiri ção e ain- de se não empecer o andamento do governo, admit-
da fazer algumas perguntas, que a cada um lem- tindo-se denuncias temerarias, e precipitadamente
brarem. julgadas na camara , pois uma vez que assi m se
procedesse, serião es tas denuncias fa cilmente in-
O SR. PA ULA E SouzA:- (Não foi ouvido pelo tentadas; e estando os ministros em continuas pro-
ta chigrapho.) nuncias, entorp ece r-se-hia a acçào do governo com
O SR. PRESIDENTE :-Creio qu e o honrad o mem- grave prejuízo da ca usa publica .
bro fi ca satisfei to com a res posta do Sr. Paula e Mas esta razão não voga, quando um ministro
Souza. está demittido; pois nesse caso fica co nsiderado
O SR. Lr No CouTI NHO :-0 Sr. Vasconcellos quer como um simples cidadão ; já os se us actos não po-
ou1.ra ca usa, quer qu e qualquer deputado possa in- dem influir na marcha do governo. Portanto assim
quirir testemunhas .... como as leis geraes não exigem audi encia de qual-
O Sr\. VAsCO'lCELLOS :·-E' preciso fazer uma in- quer denunciado para ser pronunciado, da mesma
dicaçãu a esta resp eito. Aqui sP. disse, que cada de- fórma quero que se proceda para com o ex-ministro
putad o podia ir á com missão fazer as perguntas que Eu passo já a ler a minha proposta.
quizesse. E' preciso saber se voga ou não este prin- Cessando este discurso, leu o illusl.re deputado , e
cipio . . .. enviou á mesa e sta
O SR. BAPTISTA PEREIRA :-Parece que isso não <<EMENDA
póde entrar agora em votação . Tal n1ed ida é um
meio de illudir a decisão, que se aca ba de to mar " Quando o denuncia do esteja demittido, não
sobre esta materia . A camara, segundo está ven- ser:i necessaria a audi encia do artigo antecedente.
cido, incumbe os inlerrogatorios a uma co mmis~ão: '' Qualquer ministro de estado, é o competente
esta ha .de pro~e d er com franq ueza, podendo os para a execução do decreto de accusação. (..)uando
Srs. de putados, que quizerem, ir assisti r a elles ; porém todo o ministerio fôr criminoso, nma depu-
porém fazer perg untas ! ... Nunca, porque tal fa- tação de sete membros da camara, irá apresentar
cuhlade, annullaria tudo quanto agora se acabou ao Imperador o decreto ou decretos de accusacão,
de resolver. para que dê as providencias, que j ulgarnecessarias.
O SR . CosTA AGUIAR:- Abria-se uma nova -Vasconcellos. »
discussão, que se vae prolongando, sem se saber ao Foi apoiada, e entrou em discussão com o artigo
certo so bre que; pois não ha indicação alguma so- sendo logo impugnada por
bro a mesa. O illustre depu ta do, se quizer, reduza . O SR. So~z A E MELLO:- Parece-me que admit-
a escnpto a proposta , que lhe lembra: nós não po- tída a pnme1ra parte desta emenda, fica a lei des-
dem os, nem devemos interromp er a ordem. · igual, porque vem o ministro a perder lodos os di-
SESSÃO EM 15 DE JULHO DE 1826 185
reitos, que tem qualquer cidadão ... (Não· foi ouvido O SR. TEIXEIRA DE GouvÊA :-Senhores, quando
mais pelo tachigrapho.) pela primeir~ vez se tratou aqui desta especic, eu
O ·SR. VASCoNCELLOS :-Eu penso que o illustre fu1 de op1mao contrana, e vote1, que assim como
deputado não me entende11, ou eu não me expli- todos os mais cidadãos estão suj eitos á pronuncia
quei bem. O honrado membro pensa, que para hav er e seus elfeitos, sem serem . ouvidos, da mesma
pronuncia, sempre é necessaria a audiencia do réo. maneira se procedesse com os mini stros de estado
Isto 'não acontece entre nós, nem entre as nações nos crimes de responsabilidade ; e assentei commigo
mais civilisadas e livres, segundo alguma causa, que semelhante privilegio era contrario á igualdade
que tenho lido. Na Inglaterra forma-se a culpa sem· legal. Nenhum cidadão, senhores, é ouvido sobre a
a udiencia do culpado : h a comtudo certos generos denuncia antes de pronunciado, e só depo is que se
de processos · summarissimos, mas são para deter- trata da ·accusação e do livramento é que se lh es dá
minada classe de crimes, como são os de policia. vista para dizer em sua defesa e apresenta r as_
Portanto não é como diz o nobre membro, que provas, que tiver. A respeito dos mini stros de
certamente não poderá produzir em sou abono um estado é que aqui se quiz faz er esta excepcão da
só exemplo. Quanto aJ que diz a respeito das pro- regra geral, e por isso me declarei contrá essa
vas para se decretar a accusação contra os minis- opinião. Todavia passou o artigo , e contra ell c já
tros, mostra que pensa como eu penso, e está nos agora nada direi, porém uma vez que o mini stro
meus princípios. Elles exercem funcçõ es da mai or está demittido, não ha incoherencia algum a no que
importancia, e não convém que soffrão os effeitos pretend e o Sr.- Vasconcellos, porque sem duvida as
do decreto de accusação, sem uma cspecie de pro- razões, que então se derão para se conceder esto
va plena de seus delictos; e se acaso fossem accu· extraordinario privilegio, forão para qu e se nãó
sados por qualquer motivo, paralizar-se-hia a mar- impedisse a marcha do governo, para melhor
cha 'do governo a cada momento com grave damno mformação desta camara, afim de que se não deli-
da nação; e· de certo ninguem quereria aceitar berasse a passar um decreto de· aceusação se m os
semelhante cargo, principalmente sendo ml,litos os conhecimentos previas, e não obrasse precipi tada-
casos, pelos quaes são responsaveis, conforme a mente em materia de tanta ponderação, e de
n ossa constituição, que nesta parte é sem duvida a pengosas consequenc1as. Se estas razõ es valnão
mais liberal de todas quantas ha. · então para se estabelecer aquella excepção, qu e não
Portanto julgou-se, e julgou-se muito bem, que deixa de ser sempre odiosa, as razões co ntrarias
não podessem ser pronunciados sem audiencia ; e devem valer. agora para se restabelecer a regra geral
esta é a regr!l estabelecida neste proj ecto : porém da verdad eira igualdade da lei. Quanto a mim nem
proponho eu agora como excepção desta regra a as primeiras, nem as segundas têm valor algum,
hypolhese de haver qualqu er commettido delictos . porque rejo-me por outros principias, porém como
de responsabilidade sendo ministro de estado, e ser assim se venceu, já me não compete mai;; do que
denunciado a esta camara depois de demitlido. sujeitar-me á decisão da camara.
Neste caoo sou de opinião, que cessando a razão da Quanto ao que se observou sobre a duvida
lei, deve tambem cessar a sua disposição : não é proposta, se este privilegio do fôro compete aos
necessaria a audiencia do denunciado : já não se ministros tanto nos casos de responsabili dad e como
entorpece a marcha -do governo, já não soffre a nos delictos individuaes, devo dizer que o nobre
causa publica, se elle for pronunciado, e preso. Eis membro não attendeu com reflexão sobr e o artigo
a razão da minha emenda. da constituição, quehapouco se citou; pois alli bem
expressamente se acha determinado, qu e ao senado
O SR. ARAUJO. BAsTo :-Esta emenda do Sr. Vas- pertence conhecer tanto de ·un s como de outro s.
concellos, pelo que diz respeito ao caso da demissão Pelo que pertence aos crimes individuaes, uma vez
do ministro, suppõe um principio, que. póde ser que qualquer -deixou de ser ministro de es tado;
muito duvidoso : isto é, que aquelle, que deixou de perdeu tambem o fôro, e deve ser julgado no fàro
ser ministro de estado, conserva o fôro pelos crimes commum. Eis como se deve entender o artigo da
de responsabilidade. Eu tenho fundam entos para constituição : e aos deputados succede o mesmo.
julgar, que o conserva, porém outros não estaráõ Quanto .porém aos crimes de responsabil idad e não
por este parecer : portanto é preciso liquidar-se ae;ontece o mesmo : a constituição manda que de
este ponto. taes delictos só o corpo legislativo possa conhecer;
Eu penso que ainda na que !la hypothese se guarda e por isso quer continue a ser ministro, quer não,
o fôro, porque .I!o art. 47 § 1o d'a constituição deter- sempre se ha de formar a denuncia e a accusação
minando-se que o senado ha de conhecer dos crimes nas camaras legislativas, pois este fôro é de ca usa,
dos senadores .e deputados, diz-se muito explicita- e não de pessoa : mudada esta, nem por isso· se
mente, que isto assim será durante a legislatura, muda a natureza da causa.
porém o mesmo aão se diz, quando no dito paragtapho Ha tan1bem uma parte na emenda do Sr. Vas-
se estabelece que aquella camara'deve conhecer dos concellos, na qual concOTdo em geral com uma
casos de . responsabilidade dos conselheiros, e mi- alteraç'áo. Propõe o digno deputado, que n o caso de
nistros de estado. Eu penso por este modo, todnvia .haver uma accusação contra todos os ministros,
não faltará, quem siga opinião diversa, e por isso posto quq: raríssimas vezes possa acontecer, se mande
deve esclarecer-se este ·ponto. o decreto por uma deputação ao thron o. Eu
O SR. PAULA E SouzA :-Nós estamos tralan~o dos· designaria outra maneira : em lugar de levar o
crimes de responsabili<hde, e do seu processo, e não decreto, eu quereria, que fosse· a deputação, réquerer
dos crimes communs a todas as classes de cidadãos. só mente ao imperador, que demittisse os ministros,
Determinou-se que nas causas de responsabilidade e nomeasse outros, a quem se deveria remetter o
os ministros fossem ouvidos antes- da pronuncia .... decreto, porque a pessoa do imperador é inviolavel,
O Sr. deputado disse, que era a bem da causa e sagrada, e portanto· não se poderia exigir a
publica, que se lhes havia concf'dido este pre - respon sabilidade pela falta de execução do decreto
vilegio .... (Não foi mais ouvido pelo tachigrapho.) de accusação, -e ficaria esta medida inteiramente
47
186 SESSÃO EM 15 DE JULHO DE 1826
·musoria . Demais, eu àcho este meio pouco decoroso, nacão já nada tem _de especiaL com a s~a pessoa,
e pouco analogo ao respeito. devido ao chefe da quâl ha de ser pois o motivo, porque se não ba ·de
naç~o. Portanto eu emendana a prop osta ass1m : guardar com elle a disposição geral da nossalegis-
que · a deputação pHdisse a S. M. Imperial, que lacão? Se .se vencer semelhante doutrina, então
desse as · pr-ovidencias necessarias, uemittindo os tenho sobeja razào para dizer, que se quiz conce-
ministros, ou nomeando um, a quem se dirigisse o der aos ministros de estado um privilegio pessoal,
drcreto de accusação. Eu reduzo já a escripto o meu contra o espirito, e letra da constituição. Na hy-
parecer. . pothese que temos figurado, senhores, prevalece o
Veio <6. este tempo á mes·a, e foi lida esta disposto ua nossa legislação criminal, e se houver-
mos de fazer alguma alteração a es te respeito,
« EMENDA guarde-se para o codigo, que se deve organisar de
novo, e seja univ ersal para todos os cidadãos bra-
,, Quando o dem\nciado já não fôr ministro de zilionses, não façamos excepções odiosas em favor
-esta do, marcar-se-lhe-h a um prazo razoa vel, dentro dos ministros , que já por vezes se tem dito , que não
do qual haja de responder.-Paula e Souza. »-Foi en trão nà classe daquelles, a quem as leis chamão
.apoiada, e admiltida. mis eraveis.
Achava-se neste ponto a di sc us.são, quando nerão Quanto ao fôro, em que deYem respond er cs mi-
-duas horas : e perguntando o Sr. presidente; se se nistros, ainda depois de demittidos, digo, que
devia adiar a materia, ou prorogar- se o tempo quando a nossa constituição assim o determinou (e
destinado para o seu debate, resolveu-se pela todas as constituições têm legislado o mesmo, ex-
segunda, e portanto continuou-se a discussão. cepto a de Lisboa) houve attenção não tanto á qua-
Veio á mesa a seguinte lidade das pessoas, mas á dos ·delictos. Reconhe-
« EMENDA ceu-se que só os representantes da !)a çã o costu-
mados a tratar dos negocias políticos, podião bem
« Que em lugar de apres en tar o decreto, se peça respon sabilisar por taes crimes. Não se- concedeu
ao imperador providencia de um outro ministro, a um privilegio pessoal, como já o mostrei, mas um
quem se mand e o decreto.-Teixeira de.Gouvêa. » privilegiO real, e por conseq uencia o tribunal com-
Sendo lida pelo Sr. secretario Cos ta Aguiar, foi petente, para conhecer desta materia e, e sempre
apoiada competentemente, e entrou na discussão . será o corpo legislativo .
Tendo então a palavra, orou por este modo. O SR . PAULA E SouzA : -Por eu 'julgar, assim
O SR. AÚIEIDA E ALBUQUERQUE :-Eu não apoiei como o illustre deputado, que este privilegio é de
a emenda do Sr. Paula e Souza, porque entendo, causa, e não de pes~oa, é que defendo que o ex-mi-
que se não póde deixar de approvar a do Sr. Vas- nistro deve ser ou vido antes da pronuncia pela ma-
concellos. A differença do ministro, que está neira, que propuz na minha emenda. E' justamente
exercendo as suas funcções como tal, áquelle, que asse o motivo por que'não posso admittir a di:fferença,
já foi demittido, .é clara, e atP. palpavel, porque Bsle ou excepção, que pretende a honradq ·membro,
já não póde soffrer um dos principaes efieitos da porque esta excepção está ligada ao genero da causa
accusaçaõ, qual é a suspensão do emprego de mi- qu e se ventila, e não á qualida de da pessoa do mi-
nistro, além de muitas outras circumstancias, que nistro. Sabemos muito bem qu e se a denuncia, e
espontaneamente occorrem á lembrança de qua !quer. acc usação versasse sobre outros delictos, que não
Portanto nenhum direito pód e ter a uma excepção, pertencem á classe dos de reponsabilidade, então
-que ou por bem da causa publica, ou por outro dev ia o processo correr perante o fôro commum .
qualquer · motivo, sobre o que nos . não devemo s As justiças ordinarias ... ( Não foi mais ouvido) .
demorar, foi concedida aos ministros e conselheiros Q SR. SouzA FRANÇA : - Eu não posso fazer dif-
-de estado, e qJJe por isso é 'personalíssima. ferença entre ministro deposto, e ministro que está
0 SR. VASCONCELLOS:-Sr. presidente, eu j á no exercício de seu emprego. Logo que um cidadão
expuz as razões, porque se julgou necessaria a au- na gualidade de minist~o commetter um crime,
diencia do mini stro de esta do antes do decreto de pelõ qual se acha responsavel segundo esta lei, está
àccusaÇão, e estas razões.não são comprehensivas da- sujeito ao juizo da nação : á nação por consequencia
guelle qu~ _d eixou o .lugar, ._que já não é ministro. tem obrigação de responder: tem de responder pe-
..Va acc.usaçao deste Já se nao póde temer pengo á rante o juizo accusador, que é a camara dos depu-
causa publica. Se se adaptar a emen_da do Sr. Paula tados, e perante o juizo julgador, que é a camara
e Souza, dá-se um passo inutil, é nma declaracão dos senadores . Bem: o ministro demittio-se, nno é
superflua. Sr.· presiden t.e, os ministros de está do mais ministro, mas a camara dos deputados adquirio
merecem toda a contemplação, não pelas suas pes- o direito de accusar o ministro, á camara dos de-
.soas., mas pelo bem _geral .do esta_d o. Haverá hy- putados pois pertence fazer a accusação . E póde
·pothese, em que convlfá ma1s á naçao qu e se tolere prejudicar a este direito da camara dos_deputados·
·um ministro máo, ·do que demittil-o, ou ainda sus~ a demissão do ministro, que a dá voluntariamente,
pendel-o. ·Eis o motivo capital porque a consti- porque, segundo o systema adaptado, póde dal-a
tuiç!o estabelece a respeito dos delictos destesfunc- livremente ? De nenhuma maneira. Nós vemos,
eionarios alguns artigos esp eciaes, e diff(trentes do que elle póde demittir-se, quando quizer, ,g:uando
·que dispoz a respeito dos mais funccionarios, e dos lhe parecer, e eis qu e fica ao ãrbitrio do ministro o
ticradãos em geral. . ser sentenciado·neste jury, ou não o ser, porque, se
· Porém lima 'vez que um cidadão deixou de ser não quer ser sentenciado neste juizo, demitte-se.
mi,nistro àe_estndo, que. motivos podem embaraçar Por consequencin de nenhum modo posso admittir
os honrados membros desta câmara para o classi- esta differenqa, que se quer.
ficar na ordem dos mais cidadãos? Tem cessado Uma vez que o mini>tro commette algum crime
todas as -razões, em que &e fundava a excepção, de r esponsabilidade, ha de necessariamente ser ac-
a cabarão-se as r elações entre elle, e o ministerio, a cusado pela camara dos dPputados, e ha de ser sen-
SESSÃO EM 15 DE JULHO DE 1826 187
tenciado pela camara dos senadores, quEr seja mi- as providencias, que em sua sabedoria achar justas.
nistro, quer tenha já deixado de o ser porque na Pelo contrario, se póde haver alguma causa de in-
outra hypothese deixáva-se ao seu arbítrio o poder decoroso, é o que propõe o nobre deputado, pois
illudir o .juizo, e isto não deve ser. Portanto voto quer que se indique ao imperador, que nomêe um
contra a emenda. Voto lambem contra a emenda do ministro para executar o decreto da camara. Por
Sr. Teixeira de Gouvêa, porque mesmo na hypothese tanto ou nenhuma das duas medidas propostas é
de ser eriminoso todo o ministerio, a camara não indecente ao ;monarcha, ou a ser alguma, é certa-
tem nada que entender-se eom a pessoa do impe- mente a que indicou ~honrado membro.
rador immediatamente, entende-se com o governo, . Trouxe-se por argumento, que praticando-se pela
eu digo o como. Eu estou persuadido que o caso de maneira por mim lembrada, não se poderia verificar
serem todos os ministros de estado crimintlsos é a responsabliidade, se o decreto não fosse executado
uma hypothese gratuita, mas ainda mesmo nesta ficando assim illudida a deliberacão da camara. Mas
hypothese, d1go que a camara dos deplltados não Se presidente, quem poderá duvida_!', que o impe-
tem necessidade de fazer a accusacão a todos col- rador, vendo um decreto de accusação contra todo
lectivamente, porque ha differentês repartições, e o ministerio, o não demitta logo, por sua livre von-
as suas attribuições são ·muito diversas, é o mi- tarte, sem para ioso ser supplicado? Quererá o chefe
nistro criminoso, vai-sedecretando a accusacão dos do poder executivo servir-se com ministros cri-
ministerio um atraz do outro, e se não ·execu- minosos, e pronunciados por um decreto de accu-
tasse o. decreto aquello, que era disto encarre- sação, que não póde passar, sem as fórmas esta-
gado, mais responsavel ficaria. Portanto não belecidas nesta !oi, e que por consequencia in-
admitto, por ser inconstitucional, que a camara se duzem quasi certeza de delictos? Eis aqui uma
dirija á pessoa do imperador para este fim, ha meios hypothese, que se póde dizer intrinsecamente
de que se pó de- lançar mão. Isto é o que me parece. impossível. Não, não é admissivel, não é possível.
O Sa. VAsCONCELLOS : -A minha emenda não O imperador conhecendo, que os seus ministros são
póde admittir a modificação que o Sr. Teixeira de criminosos, são traidores, ha de demitti-los neces-
Gouvêà lhe quer dar, porque a doutrina da emenda sariamente, o contrario·repugna á razão. um mi-
suppõe todo o ministerio criminoso. Supponhamos nisterio criminoso para çom a nação, traidor ao
que todo o ministetio é traidor, que elle julga, que a Brazil, é igualmente criminoso, e traidor ao seu
camara dos deputados o não sabe mas a ca- chefe. Por conclusão não prevalecem os argumentos
mara dos deputados procedeu em segredo a este contra o meu voto.
respeito, e pronuncia a todos os ministros de es- O Sa. TEIXEIRA DE GouvÊA: -Eu nem quero,
tado, quer a emenda que se peça ao imperador, que que se officie a algum dos ministros complicados
o demitta, para poder ter lugar a accusação, eis em crime, como propoz o Sr. Souza Franca, nem
ahi, Sr. presidente, inutil o processo occulto, que tambem approvo in tatnm a emenda do Sr. Vas-
já se· admittio nesta camàra, eis manifestado o de- concellos. Na hypothese em questão, eu seguiria
licto, por consequencia dar-se-h a aos ministros de outro expediente, quizera, que vá uma deputação
estado o meio de procurar evadirerfi-se á accusação. ao Imperador, que em vez de Ih e entregar o decreto
O Sr. Souza 'França disse que ésta hypothese é in- de accusação, o que, como já i!isse, e insisto, jJa-
teiramente gratuita, e julgou-a impossi ve!, mas eu rece-me algum tanto indecoroso, peça a S. M. I.,
não o julgo assim, antes posso julgai-a muito pos- que dê as providencias, exponc'o-lhe as razões oc-
sível, porque todo o ministerio é composto de ho- correntes em um discurso ànalogo, e supplicando
mens, póde ser traidor, e ser ,pronunciado ao mesmo ao mesmo t<~mpo, que nomêe um ministro, a quem
tempo. E por consequencia quando SB verificar esta se possa dirigir o decreto passado nesta camara,
especie. . . (Foi interrompido por alguns dos Srs. v,isto, que todos os outros decahirão de opinião, e
deputados, dizendo que a camara não se póde com- se achão pronunciados. Qual é a falta de decoro,
municar immediatamente com a pessoa do impe- que o illustre deputado descobre nesta segunda sup-
rador, e. o illustre orador continuou ) . O nosso 're- plica ao throno? Quantas vezes tem acontecido nos
giinenfo não o prohibe, antes diz qúe nos podemos governos constituciimaes pedir ao corpo legislativo
communicar por meio de uma deputação, penso que o chefe do executivo demitta os seus ministros.
eu, não sei; se estou enganado, porque não sou E não é isto pedir que se nomêem outros ministros,
muito versado no regimento, porém como o regi- que os substituão? Se acaso, como disse, falha a
mento está sobre a mesa, serei chamado á ordem, minha emenda, entao falhão toda~ as outras.
se não fallar em fórma .... mas vamos ao ponto da Affirmou um digno deputado que esta hypcithese era
questão. · gratuita. Pó de ser que assim seja ( Deus o queira ! )
Dada esta hypothese, o meio mais obvio, e mas não é tão gratuita, como o pensa. Nós ainda
prompto é certamente o que lembrei, envia-se uma não sabemos como trabalharáõ o&I)linistros, porque
deputação ao throno pedindo providencias, e a- ainda se não fez· a lei regulamentar a este respeito
presentando o decreto, para que o imperado~ obre e de que tant~ l?recisamos ..N~o sabémos, se ha-
conforme entemj.er justo. Diz-se que este meio é vemos de ter m1msterw ou m1mstros, se todos hão
indecoroso á pessoa do monarcha, e o que propõe de trabalhar nos actos propriamente de ministerio,
o honrado membro é mais decente? Eu não sei em se ha dei haver conselho de ministros, ou se cada
qu<} seja indecoroso este arbítrio, não sei em que um ha de servir destacadamente na sua repartição.
se falte ao respeito devido ao throi10. A camara Se houver ministerio, e se um negocio fôr decidido
manda-lhe appresen tar o de<:reto, pedindo provi- por todos os ministros, não-serão todos rrsponsa-
dencias para· que elle possa ser executado, qual é o veis por elle? Não haverá lugar ã accu_sação contra
ataque que nisto se faz á pessoa do chefe ? Eu não todos? Ha de haver porforça, tGdos os que assi-
o vejo. A camara não manda intimar o decreto, gnarão o protocolo, são responsareis. A minha
para que o imperador lhe dê. execução: isso não me emenda altera muito pouco a do.utrina do Sr. Vas-
lembrou, nem póde pas§ar pela cabeça de ninguem, concellos, comó se vê, só não approvo a entrega do
envia-lhe sim o decreto, e pede que S. M. I. dê decreto ao imperador, porque não julgo isto muito
cama ra dos Deputados- Impresso em 07/01/201 5 14: 11 - Página 14 de 22
:':~. .p.d~:=r~~~;:~1~~~~t~~~~~fg2~?;~·· .
··Fazer -O"'ímperador~xeclltorde ·:!'~:deerewt ·--~· :J.)e _ o ~f~eJt: :m.ll~~ ·~o : · ~enu~çta~o, _ - _. e ,o ~o~_t.l'o.:ao se.- .·
· mais,_:;:;_senh'?~co1lfor!De ..~ :.esp~r1to ; d,0}!10~:sys~~ ;na!f9~~ ;.;., ;-: ·•• -,,;'L.- .- \ ~' ~~~·ii%;_,;:,;;{j':;~~;:@;;i~:.;J:~~;-;:,•S
tema- ,consti~llClona,l; .nunCil }J, COJ:'Pº ~e~sl;~trv.:o7 .o~ -)"'V!'i Jgu!l~e~te.- app~:oradaa_~me*-~â;·"º~§r)\~er..,
qualqu.er.-. _da~~ Çllm~, . p_e_v~_ e~e(J~rum~ ;~r~em! . gueJ.rf.l-- apo~adana . mesma : sessa9;:~1!tnm: C()Jteebida:
· um: decret~~ -_obte}~UJa' execuçaonao •. possa .extgu· ·a • -• · - -~Estana~,fJia~.ôrte, , em24~or~;~;~ ;tõra.;:: ~().,~~~
,responsa~tli.dade do executor.~eout~a sorte onde ma1sbreveposs1vel.» :· _-._-.•,- -. c.,•- ,, - --, _~~.: ~ ::: : _
está_ a dtgn~dade da t:t>P.~seotaçao nacional 'l ~es_t~ · Nesta -.émenda se . julgou . comprehendida a •.do ·
~so, conforme a OPl!lt~o do Sr. Vasconcellos, nós Sr.-Paulo e Souza, proposta .tambem)1a dita•sessão.
n3:o a P~deremos eDgir, .qu_ando pre"Y.aleeendo a destetheor:.;;..;.crQue se marque o prazo,-dentro .do
.mlDh8: pro{>osta, nós n~s bmita~;Do~ umcamente a qual se fará ã intimação )f . · . , , ·_ ;_.;,f.~
uma, suppliea. E se nao é admtsstvel a recusa ~o . . · _ •. . ". - - · _. . _ ·_ ___<___ _ · . -
throno .· ao decreto de accusação, como com razao Fot .approvada a emend~ que o .m~smo se1_1hor
poudera o nobre deputado, menos ainda devemos otrereceu -na presen.te s~~sa~, assu~ ~nceb1da :.:-.
esp_erar, -que o imperador deixe de ter coosidera~o -uQuando o denunciado Ja nao fôr numstro de es-
á supJ)lica, que lhe faz ésta camara da parte da tado, ma~ea~se-lhe-ha um prazo . raz~~vel, dentr_o
nação. Finalmente, nós sóment.e divergimos quanto do ~ual haJa de responder,»-sendo reJei_tada a pr:l-
á .·remessa do decreto, com o que eu jámais me metra parte da ~menda do Sr. yasconcellos, pro-
. êonformarei. · pqsta ~esta sessao, eomprehendl~!l até ás palavras
· oS~. SouzA FRANÇA :-A constituição no artigo ~«Arttgo antecedente.- _ . ~- _
que · trata do poder moderador diz mui claramente Approvou-se a 2• ·parte. d!i mesma emendl;l• nestes
que o Im\)erador póde demiltír os ministros quando termos : - «Qualquer _mrDistro de estado e_ o c?m-
quizer; e do seu livre arbítrio. -E iremos nós pedir petenle. para a execuçao :do ~ec~e.to de acc~saçao.~-· ·
uma cousa que depende da sua vontade, c sob que A ulttma parte, porém, . foi _reJeitada~ ass1m como
póde haver vagar para a deliberacão'l De D" numa' a emenda do Sr. Teixeira de Gouvêa. ..., .
maneira. • Conchtida a votação, participou o Sr. secr~ario
· ~or consequeucia, voto que nem se · - ~ o de- Costa Aguiar haver recebido, e le11 este~ ~ ,
ereto nem se dirija suppliea, porque e...a camara ·:~
ficar eomprometUda, sendo indeferi o o seu reque- OFFJCJos.
rimento. -" - u Illl_ll. e Exm. Sr.-Sua Magestade o lmpetádor
m~~d:ão admitto, pois, nem uma, nem ou~ra me otdena que remeLta a V. Ex ..a consulta da junta
D~
- ouvt• ·.-A mt"nha e-m = -e~-n·d·-~a do collJmercio, agricultura, fabricas e navegação .
O SR. TEIXEIRA A com os mais papeis inclusos, que acompanharito o
não falia em deJJ9s - de ministros, Calla em no- ofllcio de V. E:s:. na data de 10 ao.cori·ente; noqual
meação de um ·nunistro que seja o execlltor do de- v. Ex. participa ser necessaria a remessa das me-
ereto de aceusação., morias e planos do .desembargador Joaquim .Theo-
0 Sn. VAscoNCBLLos:-Eu serei muito breve, tonio Segurado-, para servirem de esclarecimento
para não tomar o tempo. sobre os meios de melhorar-se o estado decadente
Di~se-se que é indecente ~u pouco decoroso (não da provincia de Goyaz. E em re.Spósta aoreferido
sei bení de que expressão se servio o illust.re depu- oftlcio cumpre-me dizer a V. Ex.· que, - além dos
tado, porém, pouco importa isso) o remetter-se o mencionados papeis, nada mais existe nesta secre-
decreto de accusação ao imperador, e q11e não con- taria de estado, . relativo a este . objecto. ,O que
vinha peJir-se-lhe a demissão dos ministros, por- V. Ex. fará presente na camara dos deputados.
que talvez fosse indefe;l'ida a supplica desta ca- « Deus guarde a V. Ex. Paco, em 14 de Julho de
mara. ,· 1826.-José Feticiat~no Fernándes Pi1theiro.-Sr .
. ·.Quanto á primeira, respondo que, a ser \)roce- José Ricardo da Costa Aguiar de Andrada. >>
dente semelhante motivo, tambem se deve JUlgar « _lllm. e Exm. Sr.-Sua Magestaàe o Imperador
-indecente e indecorosa a remessa que a constituição me ordena que remeita,aV. Ex., para ser .presenle
manda fazer ao 1.hrono dos decretos da .assembléa, na camara dos deputados, o officio incluso diuice ..
.para,receberem a sancção imperial. pr~sidente -_ da provincia de S. Paulo na- data do
. Quanto á segundB:.t digo afoutamente q11e não 1o do corrente, acompanhando uma representação
. .pOS!i!O , admitlir sememante facto. Se todos os mi~ dos commerciantes da mesma · proviocia sobre os
n_istr-os estão pronuncíãdos. _o imperador. sabe que prejuízos que lhes causão os privilegias · conferidos.
élles não pódem exercer as funcÇõés dos seus car- aos agricultores de assucar. - · ...· -
g9s, {>Ois, acbão-se legitimamente suspensos e u Ueus guarde a v. Ex. ' Pa~o, ein U ,de1ulho de
prohib1dos de çootinuar no"exercício de ministros e 1826.-José Felicianno Fernandes ·Pitiheiro,::_Sr.
ae quaesquer ·empregos p11blicos. .. ·José R.icatdo da Costa Aguiar de .An!lrada._» ·
,E como quer o honrado membro suppôr q11e o « .lllm. e Exm. Sr.-Respondendo ao -0 mcio que
imperador . não ha ·,de demitti_r _o ministerio f~ Esl8 v. Ex., por ordem da camara dos deputados, me
é,,qu_e eu,cb~o u_o;aa_suppostça_o. tod_a gr_atwta e dirigio com data de hontem, cumpre-me declarar a
a~ de .etfelto.unposstyel. _. . · _ . ,. ···· v. Ex. para. o fazer constar ·á mesma camara, que
-· ·Aqut te~mou a d,!:Scussao e se JUlgou su~ciente pensei _ter satísfeit() ao·· art. 1'72 , da.éons~it!!!ção,
e logo &tta a _votaçao, guardadas as formabda~es,, mandando o balanço geral da receita e d~peza do
resultouo segumte, · · .· · _ _ ,, .. ·. . _; tbesóuro nacion~ do: ann<faotecedonte_, -e ~-~ õrça-
.P-art.J7· passou, salva~ as emendas e a re~acçao. mento .de todas as despezas públicas dó anuo futuro
' '..'· F_oi ~á.pprovada --!- -· emenda do Sr. · V~eoncellos :e:daJmportancja.de ~od~~.as ~nJ.r}buiç9.es.e_, r~d~s
~1ferer.1da ·. na .sessao precedente, . nestes· termos; •publicas~ Entendi que _dev~ndo âbm;;se:.ª :assemblea
'~uOdecreto ~e"~cusa~~ a~i6Dado pelo PreSidente e.m ·. ~ ~~(Maio. · ~o . cc:n'i'ente ·. anno~a JOrD!Ii' d_~ ;·cons
. e dous_secretarlOS, sera •:tedig1d0 _em'dOUS•IlUtOBrA• tl\WÇA01 O_aUDO anteÇeden~ era•O. de, l82fi, ;~e que
Câmara dos Deputados -Im presso em 07/01/2015 14:11 - Página 15 de 22
mente Pereira, lanço antes mão desta ultima do· nda ~o Sr. Ve!guerro ã mmha, e voto por ella
Sr. Vergueiro, que me parece mais exacta e frisante.j co~o mais ex.pres~tva. _ .
Ella faz desapparecer toda a duvida ou má intelli- . tan arou aqm a dtscussa?, e como se J~lgasse ~as
gencia, que de proposito se quizesse dar ã letra ! te, propôz o Sr. presidente a materta do arttg~,
legislacão, que marca 20 annos para a prescripcão
!
deste artigo ; ella é conforme ao espírito da nossa : ~!:!~u com salva das ~mend~. Propôz depots
. da do Sr. Vergueuo, .VIsto se terem pro-
dos crimes: deste modo não ficaráõ impunes déli- ~l!nc~ado. por ella os Srs. Odonco. e Çlemente Pe-
ctos, que aliãs o serião; e os nossos cidadãos terão v:faa._ foi . approvada, ficando preJudtcada por esta
ao menos a consoladora idéa de que os vexames e çao a emenda do Sr · Pa_ula e ~.ouza.
oppressões que para o futuro se lhe· fizerem não O Sa. 1\IAIA, requereu ao Sr. presidente, que antes
poderáõ escapar á perspicacia e zelo dos repr~sen- de se passar a 2a parte d_a ordem do ~ia, lhe désse a
tantes da nação. Resumindo pois minhas idéas,voto j palavr~,- por ter· negOCl_? de urgencta; e sendo-lhe
que passe a emenda do Sr. Vergueiro, na qual se 1 concedtda le!! ~ redaCÇ<I;O das emendas, que a ca-
achão comprehendidas as do Sr. Clemente Pereira e 1 ~ar~ fizera a l~I do regtmento dos conselhos pro-
Odorico. j vu~c1aes orgamsada no- senado, concebida nos se-
o . .
SR. VERGUEIRO : -Eu tinha p3dido a palavra
· gumtes termos : .
·
para responder ao honrado membro, e apezar de já << Emendas ao P!OJC:Cto de regimento dos conse-
ter sido prevenido, direi alguma cousa. lhos geraes de provmcia. .
O honrado membro disse que insistia na sua opi- « ~o art. 29. Em lugar ~as palavras-que txver
nião, e fundou os seus argumentos na legislação rece~1do do governo-substl~uem-se estas-e mais
ingleza. Disse que estando os ministros debaixo da papexs que lhe forem remetttdos. »
grande vigilancia do parlamento; e debaixo da grande «Um artigo addicional depois do art. 70 :
vigilancia da liberdade da imprensa, é facil serem « Art. 71. Os membros dos conselhos são invio-
acc~sa«!os d~>ntro do espaço de 3 a~ nos, m!ls como laveis pelas opiniões, que proferirem no exercício de
a~ut. nao acontece o mesmo, a paridad~ nao é ad- suas funcções-Emendada por conseguinte a nume-
!Dlssxvel. Na Inglaterra ha uma grande liberdade de ração do arts. 71 e seguintes.
Impren~a, e faz-se '!-m grande ~so della! mas entre u Paço da camara dos deputados, 17 de Julho de
n_ós a hber.dade de impren~a nao é prat1ca. Quaes 1826.-:-Seguem-se as assignaturas dos membros da
sao os escnpteres que atacao com verdade os actos. commissão. >>
ministeriaes? Não ap_p~~ecem. Tem-se visto escri- Depois de lida esta redacção, foi approvada, sem
ptos atacarem as .ol?xmo~s dos deputados desta _ca- que sobre ella se movesse discussão: e com as ditas
mara, u~terpondo JUIZOS m~ecentes e desprop~s1ta- emendas se mandou voltar 0 projecto d
dos, é isto o que temos visto atacar, mas nao os . ao sena o.
actos ministeriaes. Portanto não tendo nós liber- O .SR. MARcos ANTONIO pedxo tambem a palavra
dade de imprensa pratica, e não havendo outro meio, para 1!1-terrom~er a correnteza da or~ em do dia com
é necessario que tenhamos toda a vigilancia e está nego~IO urge~ te; e sendo-lhe concedida, orou pela
claro que é necessario dar mais tempo porciue de- manetra segumte :
vemos ponderar que na Inglaterra ~presenta-se 9 ~R. ~ARCOS ANTONIO : - Eu indiquei nos
qualquer delicto dos ministros em publico, hamuito prxmeiros dtas .das sessões desta camara a necessi-
quem esqua.drinhe as cousas, e que_m_ tenha coragem dade_ ·de se cr1ar um esta~elecimento lit.terario,
de descobnr as faltas de· um mmistro de estado; consid~rando as despezas, e mcommodos, que sotrre
mas aqui não acontece assim. E' portanto necessa- a moctdade brazileira . em ir l?roct.rar !os conheci-
rio mais tempo, porque o imperio é muito vasto, e mentos, . e aprender· as setencias nos paizes
seria diffi.cil vir ao conheciniento desta caniara uma estrange~os, e remotos, mas esta indicação não foi
infracção feita por algum m_inistro de estado na discuti~a, nem sanccionada, e por isso me parece
extremidade do globo. Em um paiz, onde circulão convemente apresentar outro-projecto mais simpli-
com muita rapidez as noticias, estas infracções ainda ficado. · ,
que sejão praticadas longe, chegão facilmente ao Tem .sc;>ado as ~eus ouvidos o queixume dos pais
conhecimento do parlamento, mas aqui quem nos ~e f~xha, ,9:~e nao podem e~ucar ~eus filhos no
ha de contar as ordens que têm dado os ministros IIDper1o, SUJeitando-os a cons1derave1s despezas, e
aos. age':ltes diplomaticos nas nações estrangeiras? perigos, em_ ir mendigru: a edu«:ação litteraria
Mu1to dtffi.cultosamente hão de chegar a nosso co- fóra da patna, sendo a ma1s attendtvel a corrupção
nhecimento. Je costumes, longe das vistas de seus pais.
Disse um honrado membro que o ministro tem Por esta razão, e attendendo ao grito geral de
obrigação de apresentar os tratados que fizer, para todas as províncias do. Brazil, d~terminei:-me a
a c:amara os approvar, sem o que não podem ser apresentar ? P!eSeJ!te proJecto de le~, concebido em
vahdos: qual é o tratado que nos foi jã apresentado? termos mrus s1mphces, requerendo JUntamente que
E~ sei que nós devemos conhecer dos tratados pu- s~ dê I?rin~ipio a alguma . acade}Dia, ·u~iversidade,
bhcos, e dos secretos logo que cessar o perigo por- hceu, mstltuto, ou curso htterano, debaixo de qual-
que assim-· o diz a nossa constituicão~ Entretanto :quer denominação, que lhe quizerem dar. Para o
consta-nos pelos papeis publicos ·que têm havido futuro póde ser trasladado, e engrandecido na capital
estes tratados, mas qual é o que tem sido apresen- d~ S. Paulo, levantando-se um edificio magnífico, e--
tado ã·esta camara1 Além disto não. ha: por ventura magestoso,. como cumpre ã dignidade do imperio.
tratados secretos, e não levão muitas vezes aimos a ., Leu o projecto · concebido em os termos que·
saber-se o que contém? Por todas e~tas razi'\es pois seguem : _
cama ra dos Deputados- Impresso em 07/01/201 5 14: 11 - Página 8 de 9
206
O Sn. VASCOJSCELLOS :-Eu julgo que o projecto semelhante respeito, afim de V. Ex. os levar ao co-
não está emendado, pois não sei como se faça uma nhecimento da eaBHll'a àes deputado11
lei para Paulo ou João, as leis nunca se fazem para « Deus guarde á V. Ex. Paço, em 14 de Julh_o
indivíduos particulares : essa •fórmula do instru- de 1826.- Visconde de Baependy,-Sr. José RI-
mento não póde fazer parte da lei, isto parece-me cardo da Costa Aguiar de Amlrada. »--Remette11-se
da primeira evidencia; pois se o instrumento faz á commissão de fazenda.
parte da lei, então seria esta lei só para um in- Como fosse dada a hora, o Sr. presidente assignou
dividuo. O senado sabe muito bem o que é lei e a para ordem do dia: 1.0 A continuação da discussão
fez geral para todos os successores do throno bra- do projecto de lei da responsabilidade dos minis-
zileiro. tros e conselheiros de estado; 2. o Discussão do pa-
Portanto eu acho que deve ir só a participação recer adiado da commi!)são de commercio sobre o
de que a camara approvou tal qual o projecto, e se projecto de agricultura e povoação, e leitura de i'a-
tem a sancção do imperador; approvando-se que receres.
tem a sauccão, ha-de-se então remetter ao impera- Levanto11-se a sessão depois das tres horas da
dor, na fórina da constituição .. tarde.- José Ricardo da Costa Aguiar de An-
O Sn. CosTA AGUL\R :-Para que, senhores, estes drada.
argumentos 'l O projccto deve voltar ao senado, se
o senado considera como nós esta formula do ins-
trumento, estão acabadas as duvidas, e remette-se RESOLUÇÚES DA CAMARA
o projecto ao imperador; se não estiverem pela nossa lllm. e Exm. Sr.- Por ordem da camara dos
opinião, e julgarem o projecto emendado, seguiremos deputados passo ás mãos de V. Ex., inclusa a re-
então o que detet·mina a constituição. solução da dita camara, tomada sobre o projecto de
O Sn. PAUL.\ E SouzA: -Sr. presidente, não regimento dos conselhos geraes de província, en-
houve nenhuma emenda á este projecto, o que houve viado pelo senado com o projecto original.
foi uma declaração ; os Srs. deputados que appro- Deus guarde á V. Ex. Paço da camara dos depu-
varão o pt·ojecto tal qual, dcrão esta declaraçào do tados, em 17 de Julho de 1826. -José Ricm·do da
seu voto: eu, sim, queria q1te houvesse emenda; Costa Aguiar de Andrada.-Sr. João Antonio Ro-
mas uma vez que esta não foi aceita a _lei está tal drigues de Carvalho
qual. cc A camara dos deputados envia ao senado o seu
projecto de regimento dos· conselhos geraes de pro-
O S1t. VERGUEIRO:- Então ainda será pt·eciso víncia com as emendas juntas, e pensa que com
saber, se remettendo-se ao imperador, ha de ir com ellas tem lugar pedir-se ao imperador a sancção im-
essa declaração ou não. perial.
O SR. VA.sco:scELLOs:- Ha de ir tal qual o pro- cc Emendas approvadas pela camara dos deputados,
jecto, t• vai junto â formula do instrumento-saibão ao projecto de regimento dos conselhos geraes de
quantos-etc. Não ha duvida ; e vamos reduzil-o a província, enviado pelo senado.
decreto pelas mesmas palavras do senado, e for- Ao ART. 29.- c< Em lugar das palavras-que
mula do instrumento. tiver recebido do governo-substituem-se estas -e
Mandou então á mesa o Sr. deputado Vergueiro mais papeis que lhe forem remettidos.
a seguinte « Um artigo addicional depois do art. 70.-
«PROPOSTA Art. 71.- Os membros dos conselhos são invio-
laveis pelas opiniões, que proferirem no exercício
<< Propollho se a apresentação do projecto ao im- de suas funcções.- Emendada por conseguinte a
perador ha de ser acompanh~da df! deliberação, que enumeração dos arts. '71 e seguintes.
a camara tomou. >>-Não fot apotada. « Paco da camara dos dep11tados. em 17 de. Julho
E ultimando-se finalmente o debate depois de de 1826.-Luiz Pereira da Nobrega, presidente.-
mais algumas reflexões, propoz o Sr. presidente se José Ricardo da Costa Aguiar de Andrada, secreta-
o projecto voltava ao senado com a declaracão da rio.-José Antonio da S·ilva lJfaia, secretario. >>
da camara emquanto á formula do auto.-Venêeu-se lllm. e Exm. Sr.- Forão presentes á camara dos
que não. deputados o officio de V. Ex. de 14. do •· corrente, e
Propoz mais se devia ir incorporada a formula o. que o acompanhava do presidente da província
com o decreto de lei, ou se devia fazer contexto á de S. Paulo. relativo ao requerimento dos com-
parte.-Venceu-se que fosse incorporada com o merciantes da mesma província sobre os privilegias
decreto. dos fabricantes de assucar: e cum"{lre-me participar
á V. Ex., para que chegue ao ·conhecimento de
O SR. SECRETARIO CosTA ÁGUIA"!\ leu um officio S. M. I.. que a camara tem feito dar a este negocio
do ministro d~t fazenda concebido nos seguintes a direcção que lhe_ pertence.
termos: Deus guarde á V. Ex. Paço da camara dos depu-
OFFICIO tados, em 17 de Julho de 1826.-José Ricardo da.
Costa Aguiar de Andrada.- Sr. José Felicianno
« lllm. e E-xm. Sr.- Sendo presente á Sua 1\la- Fernandes Pinheiro.
gestade o imperador o officio de V. Ex., datado em
10 do corrente mez, em que solicilára por esta re-
partição a remessa dos requerimentos de Antonio Sessão em ~8 de Julho de ~828
Va7. de Carvalho, e outros {lrejudicados pela lropa PRESIDE"NCIA. DO SR. PEREIRA. DA , KOBREGA
lusi.tana na província da Bahia: ha o mesmo au-
gusto senhor por bem mandar remetter á V. Ex. A's 10 . horas da manhã acharão-se á chamada
os inclusos papeis, que se achão nesta estação a 63 Srs. deputados, por faltarem-com participação
Cfrnara aos Dep<.~aaos- lm!J"esso em 071U112015 14:11 - Pêgina 2 ae 21
208
crimes de . responsabilidade, por serem crimes de . tigo, com que me conformo, qual a de não poderem
igual natureza, a por ser eite juizo aquelle que a intervir na nomeação dos juizes, sobre o que nada
constituição determin~, que se estabeleça quanto se d!z na: em_enda do Sr. Vasconc_ellos; o que, qua~to
antes para todos os delictos. . a m1m, dev1a ser expresso. po1s que uma cousa é
Attendeu-se ainda a uma outra razão, e é, que a não poder ser juiz e outra é o escolher ou não esco-
essencia do jury _e a sua excellencia_ PJ.!l~icl!- sobr~ lher este mesmo juiz.
outro qualquer tnbnnal o~ conselho J~diClarxo, está Ninguem certamente é mais franco do que eu na
radicalmente na rea:I distmcção e_ dti!erença entre maneira de emittir suas opiniões. e é por isso que
os juizes ·de facto e os juizes de dueito, sendo 11ns eu insto que antes passe a doutrina deste artigo,
eleitos pela nação e tirados de todas as ordens da do que a emenda. Esta lei é feita para acautelar
sociedade, e os outros nomeados p~lo poder execu- males, que des!ITaçadamente podem verificar-se
tivo e escolhidos da ordeJJ?- dos magistrados. . um dia se ell~s hoje não existem, podem existir
Considerando ~u, porem, qu~ no senado nao se amanhã: e o legislador deve prevenir tudo quanto
dava, nem sé po_d1a dar esta raz3:o, J?Or~~e todos os póde acontecer, com particularidade aquelles factos~
senadores são 1guaes por sua mstltUiçao, e todos que tendo a sua razão sufficiente nas paixões e in-
formão um só corpo, propuz est_a emenda, q:ue me teresses dos homens, po~em mais facilmente pra-
parece, além de tudo, mmto ma1s analoga a con- ticar-se pelo choque de mteresses cruzados, pela
stituicão. consideracão de amizade etc.. e até pelo espírito
Eu julgo que nos não ext!aviaremos adopt~ndo de corporâção. Em um estado livre, Sr. presidl!nte,
esta medida, que tem aproveitado ~m outros pa1zes, é muito mais dímcil achar juizes imparciaes, do
que nos podem dar lições na matet:_la. que accusadores corajosCIS, por via de regra nós
Em Inglaterra, por ~xemplo, nao se conhece tal temos sempre uma opinião nossa em matel'ias po-
differença, nem se dis~u~guem ~a ~amara _d?s pares í liticas, que não deixamos, quando somos chamados
os juizes de facto dos JUizes de due1to. Al_h JUlga-se I para juizes, na hypothese mesmo de um juiz hoil-
collectivamente, bem como nos nossos lribunaes de Irado, e quç não é corruplivel para desfigurar os Ia-
justiça. . ctos, é innega'l'el tambcm que as suas opiniões em
Portanto, par_ece qu~ a_mm_ha ~menda ~eve passar politica podem fazer-lhe encarar esses mesmos
afim de se abohr tal ~1stu~cçao 1mpropr1a da natu- factos por um lado muito diverso daquelle, por
reza das camaras leg1slallvas. · onde devia considerar a materia. Esta observacão,
o SR. VERGUEll\0 :-Eu sustento a emenda por- que deixo referida, é lembrada por illustres escri-
que com elfcito, parece mais conforme á constitui- ptores, e de entre elles me lembrarei do que diz o
ção, que sc:jão JUlgados _os ministros po~ ~odos os Lor !o~n- Russel no se~ ensaio historico sobre a
senadores 1gualmente, a1nda que tenha Ja fallado const1tutcao, e o governo mglez. ·
e votado em sentido contrario. Elle tem notado este mesmo defeito na camara
Posto que eu já tenha propugnado, e esteja con- dos Lords, e é esta a razão, porque, quando eHes
vencido de que a melhor fórma de julgar em todos estão dispostos em favor do accusado procurá o fazer
os casos seja a que se exerce por juizes de facto se- nascer uma disputa entre os pares, e os communs,
parados dos juizes de direito, com tudo estou agora afim de .evitar a decisão da questão, e o juizo do
deste accordo, porque tenho considerado que na mesmo accusado. Foi isto o que aconteceu na causa,
hypothese de que se trata não se dá a mesma razão, e processo de Lord Damby, e de Lord Somers, e de
que geralmente corre. Nós não temos neste caso muitos outros, e em tempos mais modernos no ce-
uma classe donde se tirem os juizes para o exame lebre processo de Hastings, de que hontem fallei
do facto, e os magistrados para applicar a lei: todos aqui. Eu não sou inclinado a exemplos alheios, e
no senado estão na mesma ordem, todos por con- se agora me fiz cargo destes, foi para responder a
sequencia devem . conhecer e julgar do facto e do alguns membros, que mes(l).o por alguns factos da
direito, porque todos são juizes pela constituição. historia ingleza se póde sustentar a doutrina do ar-
O que me parece é que a emenda, desfazendo · tigo em questão. Deixemos portanto exemplos
tudo quanto a este respeito está organisado no alheios 7 elles só nos podem aproveitar em falta dos
. projecto, não substitue perfeitamente a nova dou- domest.1cos, e quando admit.tidos aquelles, é mister
trina que propõe; -e por isso se ella se adaptar, que as circumstancias de ambas as nações sejão
proponho que a parte deste, projecto relativa ao em tudo as mesmas, e identicas, o que e em ver-
processo volte á commissão para o pôr em harmonia dade muito difficil a verificar-se.
e redigil-o de novo, segundo o que se vencer. . Se pois na Inglaterra, onde o systema consti-
Quanto ao que disse o illustre deputado, que a tucional está plantado ha tanto tempo, ainda appa-
emenda não exclue os ministros e conselheiros de recem os factos, de ·que fallei, que poderá ser entre
estado de intervir na nomeação dos juizes, não nós, onde o systema é novo, e onde ainda por fa-
. póde mais ter lugar, logo que se tirou a differença talidade nossa ha alguns inimigos do estado actual
de juizes de facto a juizes de direito, e se estabelece das . cousas! Oxalá, Sr. presidente, que eu me en-
que todos são igull1Jnente juizes nat~s. ganásse 111 Mas como desgraçadamente é isto uma
Por conclusão; -eu voto pela doutrma da emenda, verdade, .cumpre que quanto em nós couber pro-
e requeiro . que vá á.commissão com os mais artigos curemos cortar semelhantes inconvenientes, e é por
s~bre o processo~ todas estas considerações, que voto contra a emenda
o Sa. CosTA ActJIAR :-Sr• .presidente, eu já d_o Sr. V~scon~ellos, e a lavor da doutrina do ar:-
ponderei as razões porque não podia.admittir esta tlgo em d1scussao• .
emenda do Sr. Vasconcellos, nãosó.porque ellaes- o.sa.PAULA ESOUZA: --Esta materiame parece
tabelece uma fórma diversa de julgar os crimes de muito seria, ella nos deve merecer mais considera~
que tratamos neste projecto~ - mas principalmente Ção •. .A. emenda do :Sr. Vasconcellos toca em um dos
. porque excluindO:-Se os ministros e conselheiros de pontos . essenciaes .do pr.ocesso, .e do julgamento, .e
estado ·do numero dos juizes, não-tocai nem se faz mqitas das razões, com que.atem ,;evestido alguns
cargo de uma outra especie, de que se embra o àr- des se~~~~~ que' a·defendem, são' de muito pezo,
cama ra dos Deputados- Impresso em 07/01/201 5 14: 11 - Página 4 de 21
210
O Sa. VEnC:UEIRO :-0 argum~ntoproduzidopelo E diz-se que esta é a norma, que a constituicão
illustre deputado, permiUa-se-me assim o dizer, nos deu! Nunca subscreverei a ella.. •
nada vale, não tem força alguma. A constituição, 0 Sll. VASCONCELLOS :-Eu não sei como se in-
quando diz ( lendo a constituição) nos casos e pelo siste em que a distincção dos juizes de facto e dos
modo, que os codígos . determinarem, uão só não juizes ~~ direito é declarada na constituição, e que
comprehende todos os casos indistinctamente, mas a abohçao... ·
até faz dependentes os cndigos a especificação O S11.. BAPTISTA I>EREIRA (interrompendo) :-Eu
desses casos, e a . fórma de julgar. 1\lais ainda, a não disse que esta distinccão se acha declarada e
mesma constituição excluio desta regra os delictos marcada na constituição para o juizo, que exerce o
dos .ministros de estado, dos conselheiros de estado. senado : disse que esta fórma de julgar se acha mar-
dos deputados, dos senadores, das pessoas da fa- cada. na constituição para todos os delictos, e todos
mília imperial, e tah·ez de mais alguns, do que os reos.
:~gora me não lembro. Pelo contrario o que se tem
vencido neste projecto ácerca da f9rmação do • O Sll. V.AsccNCELLOS (continuando) : -A decla-
juizo do senado, é que parece opposto á letra e ração é a -do art. 151 da constituicão : eis aqui o
mente da constituiç.'lo. que diz ..• (Leu este artigo.) Porém· nem por isso
Eu não digo que o seja em rigor, mas o que eu se segue que o senado para julgár se deva d1vidir em
affirmo alfoitamente é que a formação do jury em dous tribunaes.
uma das camaras legislativas é inteiramente re- Todos os seus membros são iguaes, têm as mes-
pugnante tanto á natureza do jury, como á do corpo mas attribuições, e exercem as mesmas funccões.
legislativo, porque diz-se na constituição que os Quando a constitui cão determina que esta· classe
juizes de di1·eito hão de ser perpetuas, e quaes são de dclictos seja do conhecimento do senado, faz uma
t.lS juizes perpetuos existentes no senado'? Serão e~r.epç~o das regras,_ que ella mesma tem estabele-
cldtos, conforme o projecto dentre os membros Cido : e essa a excepçào, que se diz odiosa, e con-
du senado, como se combina isto? Serão chamados traria á constituição. Oca, eu mostrarei agora por
Je fóra? outro argumento a verdade da minha opinião, já
Outro argumento, que ouvi, é, que os ministros que parece que de proposito se despreza a luz das
de estado, por isso que o são, não devem ser julga- minhas razões.
Permilta-se-me perguntar: quando a constituição
dos por uma maneira odiosa. Mas eu não sei que estabelece as relações e o supremo tribunal dejusti-
seja odiosa esta fórma de julgar, e se nisto ha des- ça·para julgar em segunda e ultima, instancia, que-
favor, no que niio concordo, quem é que o insti- rerá tambem que estes tribunaes se subdividão em
tuio '? Não é a constiluicão '? Em que é que os mi- juizes de facto e juizes de direito 'r
nisiros podem ter a suá justiça mais segura, quer Quererá que em cada um destes tribunaes, destas
sej[w julgados por um jurado, quer pela maneira relações hajão membros nomeados para conhecer do
até agora usada, uma vez que ( e isto vale tudo) hão
fa~to, e magistrados perpetuas para a applicação das
de ter por tribunal a camara dos senadores? Enten- le1s 'r :oo _
damo-nos, senhores, se eu insisto neste novo pa-
recer, é pelo mesmo motivo, que os illustres depu- . Parece-me que ninguem me responderá affirma-
tados da opposição têm allegado. Julgão os senhores tlvamente.
que pela maneira vencida caminha-se em mais con- Então porque motivo, com que fundamento se
formidade com a constituição, e cu estou persuadido pretende entender, que, quando a constituicão in-
que a emenda é que melhor preenche os seus fins, dica-e declara · que a camara dos senadoreS' será o
e mais se liga á sua letra, e por isso a defendo, e tribunal para conhecer dos ministros e conselheiros,
desejo que a commissão de leis regulamentares des- quer que este tribunal julgue pelo modo ordinario,
envolva a sua doutrina para ser presente ã ca- que e\la estabelece para os mais cidadãos, .isto é, por
mara. juizes de facto e juizes de direito '1 Agora qne se me
O Sa: BArTtsT.\ PERJURA :-Até ã nossa feliz re- responderá '1 ·.
generação um mesmo juiz conhecia tanto dos factos, Confesso, Sr. presidente, que eu não esperei já-
como do direito ; porém como a experiencia de se- mais que a minha emenda fosse combatida por tal
cu los tem mostrado, que, divididas estas duas func- maneira. .Que a condemnem por outros qual'squer
çõcs, e confiadas a distinctas autoridades, secolhiào fundamentos, não me admirarã: •mas como contra-
melhores resultados. por voto unanime da nação, ria á constituição 1 ..
determinou a nossa lei r.onstitucioilal, que este me- . Contrario á constituição é o que se temvencido, e
thodo de julgar fosse estabelecido entre nós para com o que eu concordei de mmto boa fé~ antes de
todos os casos cíveis e crimfls. pensar melhor sobre o cas_o ; porque realmente
Assim está . fi~mado pela ~onstituição : logo para assim parecia á primeira vista.
que havemos de u em oppos1cão, só porque ternos O Sa. BAPTISTA. PEBEliu. :-~Estou ainda firme na
de julgar crimes de responsâ.bilidade perpetrados minha opinião, ·pois a não destróe a razão, ·que se
por ministros de estado ?Isto nunca. d~. de sere~ os. senadores igua.e:; em attribuições.
Os ministros de estado, e os delictos de respon- Amda que sao 1guaes na essencxa do emprego, po-
sabilidade hão de ser julgados pela mesmissima fór- dem ·variar quanto ao es:ercieio temporario de suas
ma, porque _devem ser julgados todos os réos, e funcções, sendo nomeados uns juizes · de direito e
todos os delictos. outrosjuizes de facto. · . · · _: ·-
Não queiramos, senhores, o que a constituição E como aquelle, que é hoje juiz de direitO, póde
n~o 9.~er; !lão façàmos uma declaração, que a con- amanhã ser juiz de .facto, estão equilibradas as fa-
_!>tltm~o na~ fez, quando marcou o fôro a estes réos culdades de cada membro. . - ' ·. ·
_e delictos : _. -assim . iremos mais _ligados -as suas dis- · Quanto.ao que o illusire deputado poridera
_ posições~ Que a camara dos senadores julgue collec- das relações. _ ou f.rib~à.~ ·.dti ~~~gun,da instancia 7
âceroa
tivam~.lle tanto do facto c~ino do dire1to I · ·- respondo que es~s tnbunaes · hao. de ser formãdós
~ - } - --. ~ ' - -_ , • • --- • • - - • ' .. '. ' - . ;. • w - • ; •• .:.; ·-:.:_ • ••
Câmara dos Deputados- Impresso em 07/01/2015 14:11 - Página 6 de 21
~ ------~
por leis regulamentares ; .e quando se tratar da sua Gostão mais dos. jurados das fortalezas do. que da·
creação, regular-se-ha a maneira de julgar. quella, ou de outra lei ••• (llisadas nas galerias).
Por ora tratamos deste tribunal formado na ca:- O Sr. Cruz Ferreira ã poucos dias leu aqui um pa•
mara dos senadores. recer sobre um officio a respeito desta lei •••
Julgando-se diScutida a materia_, propoz o Sr.
presidente, ã votação o artigo, qúe toL approvado, Parece-me que se dizia que ella não devia exis-
ficando rejeitada a emenda. tir. . • Emfim eu não acho tão mã : com alguma
pequena reforma, com algum toque fica rã perfeita .••
Findo este acto, teve a palavra o Sr. Custodio Porém o que eu quero saber é, se o artigo toma á
Dias, o qual depois de um breve discurso, que não commissão.
foi ouvido pelo tachigrapho, enviou ã mesa o se-
guinte O SR. BAPTISTA PEREIRA: - Quando disse que a
CC ARTIGO ADDITIVO lei tem muitas cousas más, não me persuadi que
me querião obrigar a entrar agora na sua analyse;
cc Proponho por emenda addítiva, que os conse- por isso fallei em geral, e disse que ella não era boa.
lheiros de estado lavrem uma acta, em que declarem Querendo o illustre deputado destruir a minha pro-
seus votos, sendo responsaveis pela falta, quando o posição, deve-o provar, o não exigir de mim que o
não declarem.--0 deputado, Dias. 111 faça.
Não foi apoiado, e por conseguinte não se tomou Diz que é muito boa, qull com pequenas emendas
em consideração. se tornará perfeita : então para que adoptou esta
Passou-se ao seguinte art. 23. cc Serão tirados á camara um novo projecto, que se acha em dis-
sorte pelo presidente a terça parte dos senadores, e cussão '1
destes serão escolhidos por escrutínio secreto tres Porém quer dê uma, quer de outra sorte, insisto
para juizes de direito : o que tiver mais votos será que o artigo não deve passar assim como está: é pre-
presidente e relator; no caso de empate decidirá a ciso examinar, quaes são esses outros artigos appli-
sorte.» caveis ao caso em que estamos.
Passou sem debate ; e logo f6i posto em discussão O SR. AurEJD,\ E ALBUQUERQUE :-Sr. presidente,
o seguinte se o projecto ha de voltar á commissão para accres-
(( Art. 24. Dos senadores restantes será formada centar esses outros artigos, então para que estã a
a lista dos juizes de facto, e em tudo o mais se pro- camara a gastar tempo nesta discussão 't
cederá na fórma da lei sobre os abusos da liberdade Perguntou então o Sr. presidente se se julgava
da imprensa com as seguintes alterações.» sufficiente a discussão, e respondendo-se, que sim,
Foi impugnado por esta maneira, por propoz o artigo, salva a redacção; e assim foi appro-
O SR. BAPTISTA PEREIRA :--Sr. presidente, diz este vado ; resolvendo-se mais, que a com missão incluis-
artigo. (Leu o artigl).) Da sua simples leitura se evi- se na lei os artigos, a que este se refere, sobre a for-
denceia que na ordem do processo nos regularemos ma do processo, para maior clareza; devendo de-
pela lei dos abusos da liberdade de imprensa, nos pois suJeitar-se tudo á discussão e approvação da
casos que forem applicaveis. camara.
E qual serã esta lei ? Sem duvida a que estiver Passou-se ao seguinte
sanccionada e em vigor ao tempo, em que tiver (( Art. 25. O aceusado poderá ·recusar até a 4•
lugar qualquer accusação contra os ministros: isto parte dos juizes de facto. e a commissão de accusa-
é evidente. Ora, estando nós a discutir um projecto ção até a Sa parte, não declarando os motivos. Os
de lei a tal respeito, porque pretenderemos inserir senadores restantes serão todos juizes de facto.»
na lei da responsabilidade artigos de outra, na qual,
posto que existão cousas boas, outras ha quesão O SR. SEcRETARIO CosTA AGUIAR depois de o ler,
más? Temos porventura dejã ejá accusarummi- leú tambem esta
nistro 'l Não é isto mostrar uma ancia por vermos «EMENDA
em·accusacão esses funccionarios 'l
Sr. presidente, longe de nós taes idéas. Conclua- a Que se supprima desde-os senadores restantes
mos esta lei, e·passemos depois á da li~erdade da -até o fim.-Pedreira. »
imprensa : não confundamos as mater1as, _porque Sendo apoiada, entrou em discussão com o artigo,
dessa mistura só resultará desordem, confusao, m- otierecendo-se logo a fallar
terpretações, e em ultima co.nclusão a impunidade
dos crimes, e o nosso descredito. O SR. FERREIRA FRANÇA :-Eu peço licença, para
· :o ~R. VAscoN'cEiLós':-Eu proponho que este ar-
tigo vã á éomn~issão, ·. p3:rà <IU;e ella menc!one aqui,
fazer algumas observações. (Leu o artigo.) . ~ste
art. 25 eu comparp com o art. ~•. onde Ja se
venceu que alguns senadores fossem excluídos ·de
e inclúa os artigos dale1 da hberdade da 1mprensa, ser juizes, e de nomear os juizes, ou, por outras pa-
a que este se refere, devendo depois stibmêtter tudo lavras, forão riscados ; e pergunto : por parte de
ã deliberacão da camara. . quem!
Digo quê torne á commissão para este ·fim, e põr
este motivo, porém não. porque eu ache aquel19: lei Por parte do accusador, que é esta camara, por-
má na parte, que trata do processo. Tem· mu1tas que era possivel. que fossem... a favor do accusado.
·cousas boas. O Sr. deputado deve citar os artigos Então como é que a commissão ainda ~a. de recusar
que acha ~áos, e não dizer ~11!- g~ral ~e é mâ• · . mais juizes, quando ao accusado só é liclto recuSlir
Sr. presidente, aquella le1 e tão ma, que os mi- um numero dado 'l ·
nistros de estado a não querem. . . ·Isto não póde ser, não tem lugar algum~ O accu-
Quando . apparece algum escripto; ·. qne patenteia sado ha de recusar tantos, .quantos forão. riscados
os seUs erimes, prescindem della, mandão o esc~- por esta lei, e não menos ; e a .::ommissão não pode-
• ptor para a fortaleza de Santa Cruz; até IJUe o naVIo, rá rejeitar mais algum, porque já a lei tem excluído
que o ha de receber e deportar, . passe JUD,to della. aqu~lles, eni-que, reCilhe lll()Livo de !!USpeita.
Câmara dos Deputados -Im presso em 07/01/2015 14:11 - Página 7 de 21
- ·Isto é, o que me parece mais conforme á justiç8, que · fosse . apoiada pela terça parte dos membros
e á razão. presentes, na fórma do regimento.
- - Outra causa tenho mais a ponderar.. O· Sa. VERGUEiao :-E' indispensavel, ·que vão
O accusador e o accusado podem rejeitar os seus no artigo cstaspalavras, ou outras, que exprimão a
juizes de facto, e porque não hão de poder rejeitar mesma idéa. O projecto original dizia que dos se-
os de direito 'l E que mal vem dessa rejeição 'l nadores restantes sahirião 12 juizes de facto, e não
Esta liberdade para recusar os juizes provém dos havendo este numero, se faria o jury de 9 pessoas.
princípios da justiça, que manda que ninguem possa Entendeu;;.se porém que isto assim não deveria ser,
ser julgado, senão por homens desapaixonados e in- e substituirão-se as palavras, que se achão agora no
telligentes, para que se co~heça bem a verdade, e se artigo, e se querem suppriinir com esta emenda.
dê a sentença segundo a le1. Não se diga que sem essa declaração ficava bem
Portanto creio eu, que assim como podem as par- entendido deverem ser juizes de facto todos aquel-
tes ter mo ti vos para recear dos seus juizes de facto, les, que não esta vão excluídos pela lei pois logo que
tambom os podem ter para suspeitar dos juizes de est._a lei se remet~ á ~a _liberdade da imprensa, se-
direito: e se aquelles se podem riscar, tambem gula-se que ficana o JUIZO formado com 12, e não
estes o poderáõ ser. Além disso eu me persuado com todos os membros do senado; quando a inten-
que em materia tão delicada, como é esta, em que ção da camara foi que nesta parte se não adaptasse
se trata de julgar crimes, e tão graves, deve-se de- a lei da liberdade da imprensa.
terminar que no senado não valha a sentença quer Demais uma cousa são listas de jurados, e outra
de uns quer de outros juizes, senão com unanimi- cousa são jurados. No art. 24 tratou-se de formar
dade de votos. listas geraes dos jurados, agora trata-se de sortear
Isto eu não sei se já está declarado aqui : pois se da lista os ·que hão de ser juizes ; pois na sessão
não está, parece-me que se deve declarar .•• .passada venceu-se que não houvesse numero deter-
(Houve algum rumor nas galerias, e o illustre de- minado, mas que fossem todos os senadores res,..
putado não foi ouvido por breve tempo.) tantes. ·
Quizera pois que o accusado pudesse riscar tantos Veio a este tempo á mesa, e foi lida a seguinte
dos senadores, quantos tenhão sido pela outra parte
excluídos em consequencia desta lei, e que além « EIIENDA
destes não tivesse a commissão faculdade para mais
l:'ejeitar, nem um só. « Excluidos os ministros e conselheiros de estado
Sr. presidente, aqui está a emenda, que eu es- na fórma do artigo 22, e os ·tres juizes de direito, 1le
crevi, e que contém o essencial do que eu acabei de que falia o artigo 23, o accusado poderá recusar a
dizer. Tenha a bondade de a mandar buscar. quarta parte, e a commissão a oitava dos outros se-
Veio etrectivamente á mesa, e foi lida esta nadores, sem darem os motivos; e feitas estas ex-
clusões, todos os mais senadores serão juizes de
« E31El'iDA facto·.-Odorico. »-Foi apoiada, e leve lugar na
discussão. ·
« }.o O accusado recuse tantos, quantos forão O SR. BAPTISTA PEREIRA :-Eu convenho no que
excluídos. (Art. 22). Em consequencia a commís- acaba de dizer o illustre deputado o Sr. Vergueiro;
são de ar.cusacão não possa recusar mais. mas acho que devemos fazer uma explicação, que
(( 2. 0 Que se possão recusar assim juizes de di- vá evitar toda a interpretacão futura; e por isso
reito ; como se podem recusar juizes de facto. • queria otrerecer esta emenda que realmente ·é de
'' 3. 0 Nas sentenças de facto e de direito haja redacção. ·
para valer unanimidade de votos. - Ferreira
Franca. " Leu e mandou á mesa a seguinte
'NãÔ foi apoiada em alguma das suas partes, e .«EMENDA
por isso não foi admittida; e progredindo' o debate
disse
« No art. 25 supprimão.. se a~ palayras - sena-
O Sa. VASCONCELLOS: -Sr. presidente, eu não dores restantes-dizendo-se-fe1ta a hsta na·forma
ouvi bem a emenda do Sr. Pedreira; queira V. Ex. do art. 23, proceda-se :i lista, etc.-Baptista :Pe-
mandai-a lêr. (Foi satisfeito). Eu explico a mente reira.-·Foi apoiada. ' . . . ·
da. com missão, quando assim redigi o o artigo.-
Os senadores restantes serão todos juizes de facto. o Sa. vERGUEIRO:- Eu assento. que estas emeO:-
-,-Quiz a commissão indicar qne os senadores res· das de redacção devem.ser remettidas á commissão
tantes; ou fossem 10, 20 ou 30, fossem juizes, para competente, para as tomar e~ consideracão, e re-
se conformar com o que a constituição prescreve, digir por en.as o artigo visto. que ellas nãÓ são con-
quando diz que ao senado pertence o conhecimento tra a doutrma ; .e os seus ·a~lores, segundo .creio
destes delictos. não se opporáõ a isso. ,. . ·. . ~
, Esta declaração .era além disto indispensavel, Os Sas. BAPTISTA PEREIRA E PEDREIRA :-Eu con-
porque ref~rindo.:.se o artigo antecedente á lei da venho • .
liberdade da imprensa nas disposicões respectivas . Feitas as perguntas ·do regimento, foi este artigo
ao processo, poder-se-hia talvez julgar que os se- approvado, salva a redacção; e as emendas se inan-
nadores juizes de facto não t>Odião ser nem .inais dárão á com!Dissão ~e redacção de leis, para as
nem menos de 12, porque e este o numero que tomar em devtda cons1deracão. - ··
-aquella lei prescreve para · o juizo da accusação. Então obtendo a palavr~ lembro~ · o Sr~ Paula e ·
--S.endo pois este o sentido destas -palavras, não se Souza, que este talvez fosse 'o lugar·proprio ·pãra se
'])óde fazer a suppressão,: que se pretende. · tratar do artigo já vencido;quemas escàpãra nare-
·''..:Demais sendo··aemenda relativa á materia, e não daéção, que se 'fizera· para esta '3* iliscüssão,; o ·qual
á redac'ção, nãõ deveria . entrar em discussão, sem artigo era assim concebido: •; ·
cama ra dos Deputados- Impresso em 07/01/201 5 14: 11 - Página 8 de 21
claro é, que uma vez que a camara dos deputados praticado por esta, quer por aquella outra c.a mara :
·recommenda ao ministro certo negócio, certa ao menos eu não descubro a ditrerença. Portanto
marcha, e ellc não faz caso da recommendação, não poderá jámais dizer-se, que a camara dos
mestra dólo, e dólo manif~sto na sua conducta, e senadores não póde recommendar á consideração do
portanto aggrava-se o delicto e se eleva ao ma- governo qualquer objecto, nem que por isso deixe de
ximo gráo de imputação, e por consequencia a pena aggravar-se a culpa do ministro, que lhe não d~r o
deve ser a mais aspera possiv~l. devido valor. ·
Nisto não póde haver duvida, e portanto tem todo Eu accrescento ainda mais, e digo que não des-
o lugar o artigoaddicional. Quanto porém a ser are- cubro esses inconvenientes, que encontrou o illustre
commendação feita por qualquer das camaras oppo- deputado. Av;mçou que no caso do minist.r o não
nho-me, e creio qUe para a recommendação poder satisfazer, como deve, não póde o seu a do compellil-o
produzir esse elfeito eaggravara pena, sódeve se-:: procedendo contra elle, equeacamaradosdeputados
feita pela cam~z-a dos deputados, só esta tem esse póde, visto que a esta pertence a accusação, e
direito. Tenho dous fundamentos para assim pensar, áquella " juizo final. Porém o mesmo honrado
Jo porque se a camara dos deputados recommendar membro lembrou o meio, de que póde o senado
ao ministro certo negocio, e elle o tratar em menos lançar mão para proceder contra o ministro, e
· consideracão, tem esta eamara os meios de pro- neste meio eu não acho os perigos, que nota; antes
ceder contra ulle, ·~passar décreto de accusação para parece-me que esta camara jã se expressou neste
ser julgado no senado, sentido, quando, tratando das denuncias, se mani-
Pelo contrario- se o senado recommendar um festou aqui uma opinião geral de que ao senado era
negocio, e o ministt-o o niio cumprir, não tem livre denunciar os delictos de responsabilidade,
aquella camara meio algum de o compelir, e qt_tando ainda que lhe competisse depois ser o julgador.
algum se off•; reça, não será decente, nem JUsto. Tambem não admitto que por haver procedido á
·Digo que não tem mew, porque não póde pwceder diligencia, que a constituição lhe incumbe, se deva
contra os ministros para formação da culpa, só se julgar suspeito. Esta mesma marcha e recebida em
qui:r.er entender-se com esta camara, para que o todas as repartições : as autoridades, a que incumbo
tome em consideração, e proceda contra o ministro: a vigilancia sobre a guarda das leis, não se fazem
porém este ml'io é indecente e inju!'to, e podem suspeitas, quando recommendão a sua observancia.
delle resultar muitos inconvenientes, e gravíssimos Entre o corpo legislativo, e o executivo não se dá
choques entre as camaras, porque póde a caruara superioridade, nem inferioridade, e por isso quando
dos deputados não querer tomar em consideração uma das camaras lembra ao ministro qualquer
esta solicitação do senado. Além de que este meio é negocio, não procede como superiora, mas como
injusto e illegal, Sr. presidente, e esta é a 2• razão. executora da constituição, e guarda especial da sua
A camara dos senadores sendo o tribunal compe- observancia, e quando accusa ou julga o ministro,
tente pat·a jnlgar dos ministros de estado, torna-se exerce outras funcçõs distinctas, expressas na mesma
suspeita, quando recomrnenda ao seu cuidado constituiçãe. Applicarei um exemplo: o juiz que
algum negocio. visto que tem de conhecer da sua conhece dos embargos, é o mesmo . que deu a
c
propria recomm t•ndação, e manifesta o seu voto sentença, e ninguem jámais se · lembrou de o dar
antes da sentença. Eis duas razões fortíssimas :I
por suspeito, por haver já manifestado a sua opinião
1 • porque tem de conhecer da infracçào da lei em · sobre a questão. Torno a dizer os actos são de
um negocio, recommendado por ella: 2• porque natureza muito diversa, e por isso não ha impli-
manifesta o seu voto antes de dar a sentença, e é cancia alguma.
regra de direi to, que o juiz, que antes da sentença Demais. Sr. presidente, a recommendação, ou a
manifesta a sua opinião, torna-se suspeito. Estas advertencia não ha de ser julgada, sem a pronuncia,
razões porém não podem valer para a camara dos ou decreto de accusarão, e creio que não hamotivos,
deputados, porque esta camara é a accusadora: o para se entender quê estes actos aqui e no senado
que importa é que o juiz não seja suspeito. Por deixem, de ser praticados com toda a rectidão. Tudo
estas pois, e muitas outras razões, que poderia pois me confirma na opinião, de que não existem
produzir. mas que ommitlo, para não ser mais taes fundamentos, para que deixe o senado de
longo, opponho-me <Í parte do artigo, em que se dá conhecer das suas proprias recommendações aos
ao senado o direito de recommendar com taes ministros. Ainda mais: na ordem ecclesiaslica se
e !feitos. observa isto mesmo, adverte, e depois castiga; e
O Sn. V ERGUEIRO :-Sr. presidente, eu concordo ~em por isso ha mo~ivo de su~peição, antes esta
em toda a materia do artigo. Seria limitar, as e a regra geral, e mUito b~m sablda.-
attribuições do senado negar-lhe o direito, que tem Concluo ~o que te~ho dito, que mnda qll;e_fosse_m
de recommendar aos ministros de estado, que reaE!s esses mconvem~ntes, que se ponderarao, nao
cumprão com as suas obrigações, da mesma fórma pod1a o senado. s~r pr1vado da faculdade de r~cOI~
que compete a esta camara igual direito. A consti- mendar aos ~mtstros de estado, quanto mais ~ao
tuição incumbe á assembléa legislativa o vigiar o velar ha ,·ando. razao al~uma para semelhante receio.
sobreaguardadaconstituição,equandodiz-aassem- Voto pms pelo artigo, qual se acha.
bléa legislativa- comprehende tanto a camara dos O SR. BAPTISTA PEREIRA :-Sr. presidente o
senadores, como a dos deputados: e portanto cada artigo addicional não póde ter lugar algum. Nós
uma dellas exerce estas funcções por direito proprio estamos fazendo uma lei de . responsabilidade, e
e inalienavel. Por isso que a camara dos senadores marcando as penas correspondentes aos delictos
julga sobre a accusação, não se segue que uma possa deste genero: os · delictos estão especificados na
recommendar, e excitar · o cuidado dos ministros constituição, e não vejo nella que seja um crimé a
sobre certos negocias, e a outra não. Accusar, falta de execução ã recommendação do corpo legis-
julgar, e recomruendar são actos bem ditrerentes. lativo. Tratamos de impôr penas ã .falta de execução
Quaesquer inconvenientes, que pareção nasrer deste ás recommendações das camaras, ou aos crimes
direito de recommendar, são iguaes, quer elle seja marcadosnaconstituição?Nõs.e stamo_s amalgamando
Câmara dos Deputados - Impresso em 07/01/2015 14:11 - Página 14 de 21
220
ção da camara parà obrar bem continuou a obrar {) SR. LINo CounNuo : - Eu emitti Õmeu pare-
mal. Eis a verdadeira intelligencia. E~ uma regra, cer fundado na intelligencia, que se concluía da
Sr. presidente, que a reincidencia augmenta o cri- emenda á primeira vista; como porém o seu nobre
me; isto acontece mesmo na Inglaterra ; semere a autor explicou o verdadeiro sentido, muito diffe-
pena é segundo a reincidencia, porque de facto rente do que me pareceu antes, tenho de retratar-
aquelle, que está costumado por exemplo a matar, me: e não admira, quando o proprio autor confessa
é mais criminoso do que aquelle, que por um acaso que a redação podia induzl.l' a erro.
imprevisto matou um homem: e assim o que rouba Pensei que se tratava dos crimes commettidos
porque se conhece que está enraisado no crime. pelos ministros de estado, mas agora vejo que o
Mas uma recommendacão da camara serve para artigo refere-se aos delictos dos empregados subal-
mostrar a reincidencia do "ministro 1 De modo ne- ternos, e á omissão dos ministros. Nessa intelli-
nhum : s€1 o ministro commetteu um crime, e se a gencia parece-me que o illustre deputado teve ra-
camara lhe faz a recommendação pelo crime com- zão em propôr o artigo. Não posso comtudo deixar
mettido, obra mal ; pois em lugar de formar a ac- de dizer que a phrase, em que está é muito escura,
cusacão, manda recomrnendar ·? E' cousa nunca e sujeita a interpretações.
vista·! t! N'em isto é da nossa attribuicão. Deus nos Se pois se entende da omissão dos ministros so-
livre, que, conhecendo a camara Ó crime de um bre a conducta dos empregados subalternos. e da
ministro, não lhe mande logo formar a accusação. hypothese de não fazerem caso de qualquer recom·
Ou commetteu ou não com meteu; se commetteu, mendacão~ _que se fez a tal respeito, eu concordarei
mande ·Se logo formar a accusacão; e se não com- porque· então o ministro mostra uma verdadeira
metteu, para que é arecommendação 'l Por conse- connivencia, e o crime do subalterno é tambem
quencia não ha recomendação que aggrave o deli- crime do ministro. Portanto não votarei contra o
to. Se foi feita a recommendacão sobre delicto artigo, uma vez que seja rPduzido a termos menos
comruettido, obrou mal a camara, porque devia ambíguos, e se conforme com estes princípios, que
proceder á accusação ; e se não ha delicto ; não ha expuz. -
recommendacão : uma recommendacão não mostra O SR. MAIA: - Recommendacões não podem ter
reincidencia ·de crime. O meu parecer é que não lugar antes, nem depois que· qualquer ministro
passe semelhante artigo addicional, e que deixe-se a praticou algum acto, antes porque o ministro deve
lei ir como está. saber das suas obrigações, e das leis, a que está
O SR. PAULA E SouzA:- Não duvido CI_Ue por sujeito, e depois, porque só póde ter lugar a accu·
mal enunciada a minha emenda tenha soffndo tão sacão para tornar effectiva a sua responsaDilidade.
grande opposição ; mas qnando eu a propuz, de- Pôrtanto não é admissivel o artigo.
elarei logo salva a redacção. Que quer dizer este O Sa. VASCONCELLOS: -Levanto-me sómente,
artigo addicional que offereci '! Quer dizer que toda para lembrar que nesta camara já se deliberou que
a vez que aqui appareça alguma queixa, ou donun- se recommendasse ao governo a causa de uns africa~
cia sobre qualquer facto, que se diga contrario á nos, que dirigirão a nós o seu requerimento, e que
constituição ou ás leis, póde a camara tanto esta de facto se recommendou, segundo me lembro, ao
como a dos senadores, recommendar o negocio á ministro da justiça.
vigilancia ou ao exame do governo, por isso que 0 SR. CosTA AGUIAR:_ Segundo a explica•
não podendo saber, se acaso é tal como se apresenta ção, que 0 Sr. Paula e Souza acabou de dar da sua
limita-se a esta. reco!Dmendação, para. que o go- emenda, poderá,com effeilo verificar-se o caso, em
verno dê as prov1denc1as, que entender JUStas. · d 1 E 1 b d · d
Ora com isto não fica o govetno obrigado a obrar que pó e ter ugar. u me em ro a es~ecxe os
0 que se lhe recommenda : póde a ceei ta r ou reieitar africanos : e pelo que o illustre autor já eclarou,
~ semelhante etieito nunca poderá verificar-se em deli-
a recommendação, c obrar como julgar mais acer- cto, de responsabilidade, mas em caso -de omissão.
tado ; e por isso não se diga, que assim atacamos a Estes africanos fizerão a sua representação á ca-
independencia do poder executivo. Porém o que mara; e 0 que fez a camara 'l Não podendo inter-
proponho, como uma medida muito justa, e fun- · ·b ·
dada nos princípios da legislacão, é que no caso de vir no negocio, porque não estava nas suas attri Ul•
ser este ministro, a quem se recommendou algum ções, e julgando ao mesmo tempo, que o negocio
negocio, accusado e condemnado por delicto de era de sumll?-a consideração, por uin omcdio recom-
responsabilidade sobre 0 mesmo negocio, se lhe mandou-o a ·attenção do governo, para. ar as p_roa
· videncias, que fossem da sua çompetcnma.
agg-ravem as penas 1mpostas por esta lei sobre Supponhamos, que na decisão daquelle pleito os
aquelle delicto. Eis-aqui o sentido do artigo: agora magistrados forão injustos manifestamente, e 0 mia
passo a dar a l'azão desta doutrina... - nistro competente, apezar da recommendação da
(O illustre orador continuou por muito tempo, camara, não os fez responsaveis, ou não tomou as
porém em voz tão baixa, que o tachigrapbo apenas medidas para mais se não repelirem os factos, que
conseguio phrases truncadas, e sem sentido.) derão motivo áquella queixa; <! que o corpo legis-
0 SR. AL!IIEIDA E ALBUQUERQUE :-Ainda que o lativo toma afinal conhecimento desta omissão, pa-
honrado membro explicou o sentido da sua emenda rece que a pena se deverá aggravar: porque na
dando as razões, em que a fundou, todavia oppo- realidade houve uma reincidencia, houve uma cul-
nho-me á sua doutrina. As penas, Sr. presidente, pa mais lata, um total esquecimento dos deveres
devem ser relativas aos factos, e á sua intensidade; ligados ao cargo de ministro de estado. Não nasce
e de maneira nenhuma posso concordar, que sendo pois da recommendação a gravidade da <:ulpa, e da
um delicto do ao grão, haja augmento de pena por pena: nasce da obstina~.ão, e da reincidencia: nem
semelhante motivo. _A recommendaçào é uma lei! . s~ póde dizer que com isto invadimos as attribuições
- Não : como p~i~ poderá fazer a pena mais a~gra- do governo. _ · _ ,
van~e 'l A · pumçao ha «fe nascer do facto crim10oso J A.o governo é li vr~ aceitar, ou n~~ .fazer caso da
e nao da recommendaçao. recommendação : porem se alb'tlm nuntstro, a quem
Câmara dos Deputados - Impresso em 07/01/20 15 14: 11 - Página 16 de 21
~~~~miô~~~~~~i~~~~=~~~~~:~:~~~;,~;~~e,· ·
yier~ a;, s_er;:.:. C<>nde~q1iad_otpºr. f3lle, , ~m: ~.o~e.qu_~Iic~~ ;~~;:,V()Il :· - ~C?slnr·. ; ~ /Ou,~ndo_ .~ p~n~ .o ,delip_ y; d~;
ae;a}guma· denuneia;_, so~erá ·pena-· mllls grave7_po~~ ·responsabilidadef s~g:u~~e .· est_ a J e!• · q11e.: ~.Ym.Jo~
inost~u; maior ·omissão nos ~,us _deveres. : ~ · •.·: > ·fazendo_;.·Esta lel.dete:.:mma~que se a~grave a•pen~ . .
O!!a~to ao que -ãqui"se ~~s~e, para ~ostrar que quando pr~ce~er Uf!!a· reco~en~açao de qua~quer .
ao · senado; não competê o dire1to de recommendar, d~~ camaras. · • A.- reco!Dme_nda~o é desta le1._. ~ • .·
ji \éstá bastao te.~ente t:espóndido: e por is~o não ~E o que se pôde obter do d1scnrso, qu~ ~rofeno o .
me. alargo mais neste-discurso. Nao ha motlV!) al- Illustre orador.) . . - . ·c _
guf!i.. plausível para semelhante distincção' entre as O Sa. CusTODJO DIAs :..:...Eu já fui em parte pre..:
camaras. Portanto acho que. este artigo póde ser venido em muitas idéas ; mas qu(:lro accrest'entãr,
admittido na lei • . · . _ · . que. além de se aggrayar a culpa pela obstinação.
Ô Sa. TEIXEIRA DE GouvtA :-E· principio g~ral sempre os tribunaes de justiça julgárão que aquelle 7
que os minis_tros e todos os funccionarios publicos que ~e ensob~rbecia á face de quem o accusa, obra-.
são _responsaveis, não só pelo que_ comm_etterem, va amda mais contra~ seu dever,_ fto_ que ~quelle,
mas ainda peJa· sua omis~o, em nao _faz~rem res-: q!_le delle se esquece. N!lo quero deuar ~e diZ~r que
ponsaveis os seus subordmados, · prmCipalmente nao posso crer, q~e .haJI!- re~ommendaçao ·ma:or do
. quando as partes o requererem. AS ·partes podem que a des~ lei. ·Esta let vai n:tost!ar qul!-es. ~ao os
re_querer ao p~de.r ex~c~tivo ~u a_ssembl~a. . ã_ . . c~nsec~r1os dos fact'?s contranos a const~tmçao e ás
. ·Ora dá-se mfracçao de uma lei CQmmetbda por J~1s geraes. e espeCiae.s. Ella· d~ve s_empre estar
qualqu~r aUtoridade subalterna : _a. parte em lugar d1ante dos olhos d_estes ~ltos funcc10nanos: e aqu_elle
de representar ao executivo. queiXa-se a esta camara que fôr contra, nao deve encontrar desculpa, nao a
e aponta as suas razões: que faz a .camara t Re- tem. · ·
malte aéi .governo. e diz-lhA que a pparece aquella Portanto nesta parte não houve um argumento,
queixa, e q'ue eonvém .exàininal~a e providenciar. g!Ie me podesse f.azer duvidar do· voto pela emenda •.
como fôr de lei. .Ogoverno não faz caso. e a queixa Vem ao nosso conhecimento um facto; nós·mos-
é justa.: por ventura o ministro deve soffrer a mos- tramos ao ministro, que deve dar as providencias
ma pena. que . soffreria, não se lhe tendo feito este conforme as leis ; elle continúa na inaccão, ou na
aviso. se algum dia fôr jnlgado incu)"so em .omissão marcha cont-raria ás leis: quando fôr accÜsado p_elo
e 'responsavel por ella 'l Não seguramente: apetra crime, que commetteuapesar .desta recommenda-
deve aggravar-se, porque na realidade o crime ag-. ção, deve ser castigado com maior pe_n a ; porque
gravou-se. -Voto portanto a favor da emenda, mas reconhece-se evidentemente, ~ue teve Yontade po-
não -..admitto a differença,· que se quiz fazer entre sitiva de_se oppôr ás leis. Nestas circumstancias
esta · ·camara · e· a · dos c;enadores·: são membros do não se póde deixàr de approvar o artigo.
mesmo corpo. ambas formãõ a ·assembléa geralle- o Sa. VERGuEli\0: _Disse-sê .que por aquella
·gislativa-~ · c - " · · .. · , emenda'viria a punir-se um ministro por 11m crjme,
O Sn. ALMEIDA E .fiBUQUERQUE:- Eu continúo que não é de lei; mas parece que assim não é·bem.
na minha opinião. Senhores, a recommendaÇão explicado o artigo.· O ministro não vem a_ser pu~
das camaras poderá servir par~ . não adínittir da nidó·pelo facto de recommendação, mas p~lo des.;. ·
parte' do ministro escusa · de i.gnorancia do ·facto ; prezo, que mostra, de .velar pela guarda da ·lei e <la
Isto. entendo eu :_ porém para augmentar a pena de ·ordem.-Sabendo pelo av1so, que.se lhe.faz •. que ha
riénhuma . maneira . .Uma recommendação ·fazendo tal .OU' tal abuso,. ou- infracção de lei.- não faz caso
ao minisLro sciento de certos' factos, tira-lhe os deste áv.iso, e deixa j.r_ tudo como «J'ante·s . Eis a
meios· decdefeza, quando ·_elle se _queira chamar á razão porque se lhe aggrava .a pena. porque na rea-
ignorancia; mas _que _possa_ :aggravar a _pena_, ·de lidade se aggravou .a culpa. · · ··
.sorte nenhuma.posso consentn ; porque,nao- se1 q~e Disse um honrado membr<1 que não noscompetia •
seja -.lei_ ' uma rec~mmen_da~o •.-E se,não tem força: recommendar, mas accusar,. e á camara dos sena-
de obrigar, como confessao todos os senhores da dores·o direito de sentenciar. Eu quizera que se me .
opposição, . como : é que. da sua transgressão, ou.do explicasse o· que é velar pela guarda da constitui-
setr desprezo póde na!;Cer culpa·? O ministro, que- ·ção. Por. ventnra . não é prestar lõda a attenção e
infringe a lei. tein a :pen_a na mesm.a lei. observar se -as autoridades cumprem a constituição
A pena deve ser sempre pro.porc10nada, e as suas e as leis? E'chamal:.as ao seu cumprimento-? Isto é
relações existem-entre;.:. o facto e a lei: mas entre a 0 que eu. chamo vela~ pelas leis. Por coósequencia
recommenda~ão e ·a lei não <se-dão.relações.,Nos ou não se negue este •direito ás camaras ou risque-
. aggravos de or_denação não .~ar«!_ada exige-se, .que se ,o ·artig9 _da constituiÇão. Uma vez que a assem-
se:apon~e a lei, para que o JUlZ nao tenha d~sculpa ·bléa guarda a constituição e as leis. ha de admittir
· d~. qualidade éllguma. ·O , m~smo s~ póde ·daer do as queixas q11e se lhe fizerem §Obre infracções com-
JDlnlStr~, á que~ antes ·s.e ~enh~fe1to um~ recom- mettidãs pelas a 11toridades subãlt~rnas; é o ·pri,_
' men~açao, e exe1ta.do a VIgilancia., por me10 de :U~ :ineiro passo que tem a dar .é remettêl-as . ~o _ II!i-
. oftlCJo .de qu~quer. da!icamaras. ·._ ·, - . . -- · . nistro ._ respectivo •para ..exammar e fazer venficar ,a ·
. .~- P~rta:nto · sér:Viiá ' PaE8- prova do ~u mã~. animQ, r-esponsabilidad_e_•· Até .a~ui não é culpadoo_minis-·. ·
sertuá para- se -lJ;ie nao dar escusa: mas nunca no·;:.. mas se . nao cumpr1r·o seu:dever,cse nao fizer
··:Pa,~a a~gravl';r · !l ·P~ri~~·· Tal . d~te~~a~~ seri~ · ~mil ~erificara · res~onsab}lid.áde dos •pre\..~icador~, tor~
·· das mm~res mJ!lSti~~· que ~· po.dem·fazer _:-sena.: o na:=se ~ulpayel, e mais_.ll![l!i~. _se de_P,Ols~ d_a !1-dve_!~n
··. m~mo _qu_e llele~mtnaz. , que ·e enm~ a transgress_ao e~a e-recommendação _nao diligenc!ar a satisfaçao .da
,·da-lei.,-·e que é--crime; a tratúlgressão<do .que:- não ~ lei . ~ da parte a·ggravada~ Não é istoso nestes casos
leit '· ~povúa .re_cornm.e~~ação por c9o,seoso unanim~. de ,·respo11osabilid_ad~~ ~as ~D1. •l!luitos, outros.P.§tip-
. ' Jiã,o~: terp ~orça. de l~111.ao,· P~.d~ obngar.: · ·. . _.• •··•· · .> :·.· .· ponbamop que :che~u á not1c1.a desta caman~ • que
:"' ·o · Sa>Pxüu B ~· sou:iA :t..;... O .illustt:e _d~putado uma naçao estrangei~!l prete~dta do· n_osso go!ern~
. raciocinou muito bem segundo os.;;prmc1p1os, que um .tratado que ataca:va os_~I_tlteresse~ danaçao ou
Càna ra dos Depli:ados + Impresso em 07/0 1/2015 14: 11 +Pág ina 17 de 2 1
autorisal-'a. Eu limitarei o meu discurso a estas tres dito, mas eu a todos. os argumen~os responderei que
proposições. - , _ . o saber no caso consiste em prevenir os abusgs, e
· Sr. pre_sidente, nada me "(Jare('.e tão frívolo como não condemnara especie. - · · . ..
:argumentar d~ co~s~s pelo odio da~ palavras com Agora passarei . da .questão em th~se á 9u~~tão
que · ellas. se deno.mmao. Tenho ouvtdo como ana- em hypothese que é a 2• parte de mmha divtsao :
thematisar aqui as companhias lucrativas por-fontes isto é,- se a companhia proposta nos é eonveili~nte
de males para os estados, qllo as têm admittido e ou ottensiva dos · direitos individuaes communs a
Câmara dos Deputados- Impresso em 07/01/20 15 14:11 -Página 20 de 21
fim que claramente se conhece de ser _nocivo aos pres ~revem _por oppress1vas, e ~ppost~~ a nqueza
-· indios, privando-os do diroit_o de propr~eda~e,_ que publica. Nao_ desprezo _a ecl?nom1a pohnca, ape~ar
á todo o hrazileiro ó garantido P.~la ~onst1tmçao. de que_ se d1~3: qu~ nao existe, e que a ve~dadeua
.Quanto mais, supponhamos que SeJaO lao barbaros, eco~omiU pohhca e recorrer aos conheCimentos
· que não conhcção o direito da razão, mngucm póde pra.~Icos de um ou outro homem, que ~penas sabe
negar que conhecem, o que ó bom e máo, elles as~1gn~r o ~eu_ nome. Tenho p~tra num que e~ta
fazem dislinctas idéas dos beneficios, c oppressões, sc1enc1a é mdispensavel ao legislador. Esta e a
que se lhes fazem. Qual é a razão, porque depois minha opinião.
que se fez a aldeaçào dos índios nos Tocantins, Eu digo que nós não temos autoridade alguma
nunca mais fizerão hoHilidades,_ havendo aliás para estabelecer estas companhias, e se a usurpamos
n;:~ções, que antes erão muito ininug~s '! ha direito de resistir, porque nós não temos direito
E\les no dia de hoje estão mmto socegados, de cnarctar a liberdade dos cidadãos, senão quando
vivP.ndo na sua aldt1 a. Em uma aldêa, que mandei póde prejudicar a outrem. Os brazileiros são i9uaes•
fundar, por . isso que o presidente ~stava longe! perante a lei, (apoiado,. apoiado .) e como se ha de
determinei que se praticasse o conlrano do que at_e prohibir a um, o que é permittido a outro cidadão 't
aq '!ellc tempo se tinha praticado, que se .conv1- (Apoiado, apoiado.) A lei não deve prohibir senão o
dassem os índios, attrahindo-os aos nossos costumes que é .nocivo á mesma sociedade, aos mesmos
·pelo exemplo, mostrando-lhes a conveniencia, que cidadãos, á sua industria, (apoiado) isto estã na
d_ahi lhes podia resultar, que os _nossos cost~m~s constituição, que n'o art. 179 d.eclara ~icitos todos os
sao melhores do que os delles, e lia via eu de ~onsentir generos de trabalho, e industna. Aqut por desgraça
que agora se puzessem em pratica estes mews '! Não, nem se faz caso do que diz a consti\.uicão no art. 179,
Sr. presidente- A commissão conheceu a iniquidade .e quer-se prohibir a industria d() cidâdão brazileiro,
de_ um ~em elllan_te_ plan_o, não digo que;_ quando criando-se c~mpan~ias exclusivas, ~rohi~indo-se_á
fo1 proJect.ado, nao tiVessem o~ seus lllustres um o que e perm1ttido a outros. Se pots tal pre-
autores boas intenções; niio dundo mesmo que, Leocão· é contra a literal disposicão da constituição,
quando fosse possível por-se _em P!·atir.a, delle n_ão n éstabelecimento de taes companhias, torna-se
resultassem grandes beneficios, disto estou mmto evidente, que não convém ã nação, e que por isso
convenc!do, mas não é exequivel: demais o projecto não deve ter lugar. O seu principal effeito será
falla em um terreno immenso, ( leu ) segundo o desviar os capitaes dos empregos mais rendosos,
meu ca~culo, :mda' por_ 2 mil. leguas quadradas, para outros menos ren:lo_soso que se ~rova, porque
terreno mHuenso, que nao podJa ser todo occupado se o emprego das companhias fosse o mais rendoso não
por esta companhia, qne apenas poderi~ occupar era necessario o exclusivo:. a direcção do-s capitaes é
parte das margen_s desLes ~•os ( leu) •. Fmalmente sempre para o omprego mats lucrativo:
apeza r de que este;a persuadido de g.ue tal vez para _o Logo vê-se que em lugar de augmentar a riqueza.
iuturo pudesse um tal estabelecimento prodttzir nacional, vai diminuil-a, porque os capitaes passão
al9un_1a_ utilidade, com tudo desejaria que não fos~e a produzir menos ; são axiomas de economia
prmCipiado por este- modo. O mal lia de recahir politica, que nós todos devemos saber. O que faz
sol)l:e os povos do Maranhão. Nós somos r~presen- uma companhia 'l Uma companhia vende os generos ·
tant"s da nação, e por isso devemos !omarmteresse do seu-exclusivo pelo preço, que lhe agradar, e não
na sorte destes homens: talvez haJa homens, que olha para ,o preço natural, porque não teme a
se queirão ir estabelecer para esses lug~res, porque concurrencia, e estã certa que os consumidores
são muito ricos estes rios, .mas eu votana. então que Ih' os hão de necessariamente comprar. Temos visto
á estes se concedesse .uma isenção de tributo Sr. presidente, queimar-se na Hollanda os genero;
por 10 annos, do que tem . haviclo exemplo, sendo o vindos da In dia, para que estes não }>aixassem de
I
fito principal a civil~sação . dos. índios, sen~o P!lra preço 1 Esta grande companhia, de que tanto se tem
este f!.m_ «presentado um_ p_roJecto. pela 11lus~re iaUado •. chegou muitas vezes ~queimar os productos
comnnssao; eu nelle connre1 como JUSto, e mmto da lndia, para que não baixassem de preço pela
conveniente, m~s expellindo os índios 1 nunca, e quantidade t Não ha .pois augmento de- r~gueza
nunca, Sr. presidente publica, ba transmutação de riqueza da bolca dos
O Sn. VASCONCELLos :-Sr. presidente, eu lastimo consumidores para a dos privilegiados, seguida da
o tempo, que temos perdido em negocio particular publica miseria. As . companhias têm feito muitos
de uma província, quando ~e podia tratar em geral. homens procurarem nos bosques asylo, que a socie-
( Apoiado, apoiadQ, apoiado. ) E' uma desgraça 1 dade lhes tinha negado, como dizBenjamm Constant:
_, q_J.!Q __g?~!ljªmos perdendo tempõ tão necessario para tão oppressivas são ellast I
Câmara dos Deputados- Impresso em 07/01/2015 14:11 - Página 9 de 17
« A's camaras cumpre examinar se estes trata os adherindo-lhe as elucidações apontadas nesta ex-
contêm materia de prejuízo, ou deshonra da nação, . -
pelo qual sejão responsaveis, e justificaveis os mi- po! ~.~· As razões que mallograrão os tratados com
1
nístros negociadores: ás camaras fazer a applicação a Inglaterra e instrucções sobre o estado das nego-
dos fundos para os pagamentos dos valores, por essa -ciacões com esta potencis..
convencão debitados ao Brazil; e t(>da'\"ia 0 procedi- c( 4. 0 Esclarecimentos que facão conhecer a ca-
mento do ministro . relatanle parece induzir dcsne- mara, se depois de installada a assembléa tem con-
cessidade da intervencão das camaras em malerias tinuado a nomeação de agentes diplomaticos para
de sua competencia, "pelo art. 14, tit. 4 da consti- as côrtes da Europa, não havendo ainda a lei que·
tuição e por isso julgou ser sufficíente a pequena deve crear estes empregos, marcar-lhes o seu cara-
idéa que lhe transmitte no seu rclatorio. .
<c Acabando de expõr os negocios de Portugal, cter, numero e vencimentos. _
faz uma rapida transic.âo para a E_rnnc.a, deixando <c Paço da camara dos deputados, 18 de Julho de
1826.-Assignados os membros da commissão, me-
a el'ta camara em profunda treva sobre os motivos nos 0 Sr. Rezende Costa. »
porque não forão ratificados os tratados celebrarlos
com Inglate1·ra e que com sobeja confiança forão Sendo este parecer posto em discussão, pedio a
aqui pul>lica~os, e nem ao menos dá a usada ligeira palavra e !lisse
noticia do estado actual dessa·s negociações. O Sa. Onoatco :-Eu acho muito bem lançado
• << Tratando, porém. mesmo da França, não jul- este parecer, mas assim mesmo deve-se mandar
gou a proposit.o informar a camara dos motivos ne- imprimir para melhor se ponderar sobre elle.
cessarias, que obrigárão os negociadores brazileiros O Sa. VASCONCELLOS:- Sr. presidente, eu sou
a conceder aos francezes uma diminuição de direi- da opinião do illustre deputado e tambem julgo
tos contra a lei não 'revogada em 1808, nem os que muito necessario o adiamento deste parecer. Nós
impellirão o ruinisterío ao apt·cssado ajuste do tra- devemos pedir ao ministro, que nos mande ·o que
tado de commercio com a França, sendo por ''ia de no parecer se exi~c, devemos pedir estas informa-
regra semelhantes tratados solemnes concessões de ções; e se o mirustro julg~r que taes informações
privilegios. compromet.tem a segurança do estado, então a todo
<< Tão pouco, julgou o ministro ser necessario o tempo teremos a lei da responsabilidade, para ir-
enviar a esta camara copia official deste tratado, e mos sobre elle, se elle abusar.
pareceu-lhe que, ou ella não deve ter conhecimento 0 Sn. MAncos A:sTONIO :-Eu ouvi que no pa-
de objectos de tamanha importancia,ou deve conten- recer se pede ao ministro as razões, por que não está
tar-se com os que os seus membros possão adquirir concluído o tratado com Inglaterra, mas diz a con-
pela leitura dos jornaes; porquanto apenas diz so- stituição que é att~buição do poder executivo -fa-
bre esta: materia -que cessando os escrupulos dos zer tratados de alhança otfensiva e de(ensiva, do
governos europeus, apresentou-se ã França para subsidio e commercio, levando-os depois de coa-
encetar com o imperio um tratado de commercio e cluidos ao conhecimento da assembléa geral, quan-
navegacão, e que desejando S. M. I. manter are-
lação de benevolencia e a:misade com os outt·os es- do o interesse e segurança do estado o permitti-
tados, mórmente em artigos d9 van~agem para o reD~g:~t~~oncluo eu, que não e~tando os tratados
Brazil, nomeou plenipotenciarios para nogociar com Inglaterra concluídos, não é da nossa attri-
com a Franca e celebrou-se o tratado de Janeiro
deste anno, que já se publicou, pàra ser executado. buição procurar as razões por que não se tem con-
<c Continúa 0 relatorio dizendo, que já em 1824 cluido estes tratados; os tratados pendentes sempre
tinha a nossa independencia sido reconhecida pelos envolvem algum segredo e não podem assim ser
E.stados:Unidos da Americ.!l e que ao presente o apresentl\dos. ·
está por todos os governos europeus, menos 0 da Portanto, eu nã9 acho conforme esta parte .do
Hespanha e da Russia; aquelle pelas desconfianças parece!.' e voto que se supprima, pcrque nos não
a nosso respeito, ácerca dos negocios do sul, que compete saber dos tratados, senão depois de ulti-
hão de desapparecer '-ã vista da nossa justiça, e este ~ada a ne~oci~ção, ao menos não envolvendo ces-
pelas conhecidas mudanças ultimamente alli oc- sao de terntono.
conídas. Mas naãà diz da missão, que muito antes O Sa. SouzA FRANÇA:-,.Sr. presidenle, nós com9
I
desses successos fôra enviad_a para o dito imperio. representantes da nacão brazileira, não devemos
« Conclue finàlmente, que estamos em paz com os saber os actos do governo, senão pelo que o minis-
diversos estados independentes da AmericaMeridio- tronos informar; poder-se-ha dizer, que esse tra- -
nal,á excepção das províncias argentinas,pelo rom- tado sahio nas gazetas e papeis publicas, etc., mas
pimento a que nos obrigou Buenos-Ayres, para de-, que temos nós com as gazetas 't Se ha segredo a
fender-se a integridade do imperio, direitos do respeitar o ministro manda â mesa da camara em
throno e honra nacional, e que existem actualinente carta fechada o seu officio ; o secretario abre e o
alguns enviados extraordinarios e ministros pleni- Sr. presidente pede sessão secreta para lêl-o e_ assim
Câmara dos Deputados- Im presso em 07/01/2015 14:11 - Página 15 de 17
153
muita moeda falsa, sem ·que os empregados pu- uma dasjirovincias ser .tratado: 1•, nos conselho•
blicos possão ser taxados -de descuido em seus de- geraes das mesmas províncias, aos quaes toca pelo
veres; tal é a destreza e, astucia com que ella é art. 81 da constitui~ãó, formar projec~os peculiares
admittida; o que poderia em muito pouco tempo e accommodados á suas localidades e urgencins, en·
pôl-a nas JUesmas circumslancias em que estã a tende que cumpre reenviár-se ao governo _esta re·
llahia, se se não déssem providencias a tempo. Todos presentação, afim de ser objecto dos Pt:Ímeiros tra-:-
conhecem o grotnde commercio que a província do balho~ do conselho da_ província de S. Paulo. logo
Rio-Grande tl'lll com as províncias da Bahia e de que t1ver as suas sessoes.
Pernambuco: estas envião para aquella grandes Paço da camara dos deputados, 4 dé Julho de 1826.
sornmas de moedas de cobn!,e é natural que alguma -Manoel José de Souza, Franca .-José Benwrdino
seja falsa, se não fOr a maior parte : e qual serã o Baptista Pereira.-Joaquim GÓncalves Ledo_-Mar-
1·esultado disto, Sr. presidente? O que o illustre de· cos A~tonio Bricio.-José de Rezende Costa.-João
putado acaba de expô r a esta camara: prisões, des- Braulio Mu1~iz.-Nicoláo Herrera. •
graças e míser~a ; e a justiça obrigada a estender o Offerecido este parecer â discussão, disse
seu braço. E·Vltemos pois estes males com provi-
dencias dadas a tempo; evitemos tambem o desappa- O Sn. VASCONCELLQS :-Elles querem mudança do
recimento da moeda de prata e ouro como damno registro da Coritiba ••• Eu não ou•ri bem .•• (leu-se
que soffre a província, quando tiver de verificar a novamente o parecer.) Bem; isto é um negoe1o que
falsidade da mu~da de cobre. Os estrangeiros tam- nem pertence á assembléa nem ainda ao governo.
bem vão comprar generos á provincia, e é de suppôr O conselho administrativo póde dar as providencias
que levem tal moeda. Os resultados não são só os necessarias. Estando eu no conselho de Minas-Ge-
ruale s ditos nesta camara como os que experimen- mes, derão-se muitas providencias a semelhante
tão os negociant~s, que tendo de pagar grandes respeito. Não são precisas medidas legislativas. Se
quantias nas nlfandegas, c não recebendo estes se- fosse para diminuição de direitos, então sim. mas
não uma certa quantia em cobre, se vêm nas criti- para isto não.
cas cicumstancias de não poderem satisfazêl-as pela O Sn. CosTA AGUIAR :~Elles ainda pretenJem ou-
consideravel falta de moeda de prata; e por conse- tra co usa: querem que se faca uma estrada á custa
guinte obrigados a recorrerem a meios extraordi- da fazenda publica, como aqui se diz_ •. (leu parte
narios com sacrillcios e prejuízos. Portanto sou de do parecei'.)
parecer que se nomêe uma commissão ad hoc na O Sn. ·. VASCONCELLos:-Então bem, uão me op-
fórma da indicacão, que se occupe exclusivamente ponho.
deste objecto. Como ninguem mais !aliasse, procedeu-se á vo-
'J ando terminado a discussão, preenchidos todos tação, na qual foi approvado o pal'ecer. -
os termos do regimento, foi approvada a indicação Foi depois disto lido e approvado sem objeccão,
do Sr. Araujo Hasto, e logo o Sr. presidente, em guardadas as formalidades, o seguinte -
conformidade desta dclibernção da camara, nomeou
para membros da comrnis~ão especial para tratar « P.\RECBR
dos meios de preve11ir e acautelar a falsificação da
moeua de cobre, os Srs. Araujo Basto, Duarte Silva, « J commissão de fazenda examinou o reqüeri-
e Sih·a Guilllarães. mento de D. Maria Victoria Puleh.eria <la Silva e
Contin~tando-se na materia da ordem do ·uia lea o D. Thereza de Jesus da Silva, N!l que pretendem
Sr. C•Jsta ,\guiar este se lhes coni.lnue o benepcio da pensão. com qüe se
concedera a seus irmãos Henrique Xavier da Silva,
« P.\RECEn c por fallecimento deste ao outro João Cliwaco da
« A conunis:;õ.u d<l fazenda e~:mlinou a r€pre:;en- Silv.a, a Fc.r~enlia do offic~o de escrivão da récebe-
taçáo da ..-illa do Principe da província de s. Paulo dona do d1~1mo do algodao na !llfandcga_ de Per-
situada nu entrada do serlüo, que a divide da vil!~ nambuc~, vrsto que ten~o este ultuno fallecldo t?:m-
J ,_~ Lages, província de Santa Catharina, por uma ·bem, fm o offiCJo pn~v1do em. 1_1m cxt~anho : e .e de
ma.tta de 40 le ~~ u;:s, além de outras 30 mal po vo.:i- pa~ecer que o requel'J?lento e !nrlefer_Ivel rela ma-
tias, 5endo tod ') esse terreno povo '-Ido de geuüo ter;a, P?rque os -?~CIOS l!Ub! ~~ C)~ nao CO!JSt~tuem
bravo, que ataca os ,·iandantes do s. Pedl'O do Sul !Jem ~c, em const~.mr patnmomcs de pil_rtu·u,are~,
em transito, du qun uliás percel>e a faZéilda publica m~uzmdo c?mo_ mduzem no seu prov1m e ~to d1- _
muitos intere:::;es pelas exacções do l'egislro de Co- re1tos .e obngaçoes em que os serve_; e pela mc?m-
ritiba; e requer que se faca uma estrada á custa da petencta porqu~ . a · esta ~~~ara ~ao to~a npphcar
mesma fazenda publica, e· da chamada casa doada, aos casos partl.culares .as ~e~s !lo 1mperw, qu•l &ão
visto que esta . recebe meios direitos dos a,ümaes ao poder execullv~ ou JUdlCiario, aos quaes P?d~m
que pas::ão pelo dito reg-istro. Igualmeut'l pede a r ecconer as supp~u-:antes no cas? de tere~ d!re1to
mudança do dito rcgislto de Coritiba para 0 Rio Ne- fundado p~ra e:ugn· que o officw se penswne e:~
gro; po~ ser aquelle pesado aos \·iandantes,que tendo seu b>enefic10. -- .., ;
urgenc1a de recorrer ás villas de Coritiba Parana- cc 1 aço da camara dos deputado~, 1 de Julho ~e
guá e Antonina, pam onde levãv os seus' generos, 18~6;- Jose de_ Re:;ende Costa.• .- illarc?s Aulom_o
e d'ondo se surtem do preciso, têm de rodear mais RraCtf!.-Joa:qmm Gonçalves ledo.-Joa_o Brattlw
~e cinco leguas pela obl'igaçào, .do imposlo em Co ri- J{tmtz.-N,colao Herrera.-111 a1wel Jose de Souza .
ttba; sendo que.a facilidade de se evadir :aos direitos I· rança. 11 .
se torna grandé pelos muitos báixios no rio 'dc Corí- Apresentott-se em s~guica um parecer da com-
tíba. quanuo o rio Negro p'ela sua profundidade missão mixta do ecclesiastico, e da instrucçãó pu-
torna aquelle_ if!1P?Ssivel c dis~ensa a guarda. b~íca sobre ~ projecto do S_r. Lino Coutinho~ otfere-
«_ A comnussao Julga este obJeCto digno de ponde- ctdo na sessao rle 27 de .1\~aiO para se estabelecerem
raçao, mas devendo elle, como outros quaesquer, nos conventos das religiosas escolas de primeiras
que respeitem aos interesses particulares de cada letras, e de outros :ramos da instrucção primaria ~
64
Câmara dos Deputados- Im presso em 07/01/2015 14:11 - Página 11 de 18
E como entendesse a commissão que o projecto não de estado dos negocios da justiça de 15 do passado,
podia ser admittido sem ser alterado na maior parte a que acompanhou a resposta do conselheiro corre-
dos seus ártigcs, por . serem oppost.os ás regras da gedor do crime da Côrte e casa sobre o requerimento
clausula, resolveu a camara que o parecer, voltasse que a esta camara apresentou Candida Joaquina de
á commissão, para redigir as emendas, que dizia Jesus, queixando-se de lhe não haver o dito ministro
deverem-se fazer ~ao projecto, afim de entrarem facultado os recursos legaes, obrigando-a a em-
simultaneamente.em discussão. (1) barcar para o degredo em que fôra condemnada por
· Apresentou-se igualmente com as ·formalidades assento da visita, antes de passados os dez dias que
do estylo este a lei lhe permitlia para embargar a sentença.
« A commissão acha a resposta do ministro fun-
cc PARECER dada em direito, e na disposição do § 5o do alvará
<( A commissão de polícia attendendo ao requeri- de 25 de Junho de l'i60, excitado pelo alvará de 5 de
mento do ajudante do porteiro da secretaria e con- Fevereiro dn 1771, que só concede aos réos con-
tínuos desta camara, em que pedem algum razoavel demnados em visita vir com uns embargos dentro de
augmento na gratificação que actualmente perce- 24 horas: e assim tem sido constantemente enten-
bem, considera que de facto é insufficiente a quantia dida esta ~isposiçã? da lei peles tribunaes de justiça
de 25$, que mensalmente se dá aos supplicantes, de Imper10, e praticada com taes réos : portanto a
para poderem viver decentemente : e por isso com commissão é do mesmo parecer, qne já expoz de
attenção tambem ao trabalho, de que estão one- que não tinha havido injustiça, nem violacão de lei
rados, é de parecer que so lhes fará justiça, aug- com a queixosa, e que de mais ainda lhe "competia
mentando-se-lhes a gratificação com a quantia de o remedio ordinario e legal do aggravo do despacho
1008 por anno, continuando a receber cada mez a do juiz, do qual devera ter usado.
quota correspondente. Camara dos deputados, 2 de Julho de 1826.-José
Camara dos deputados, 6de Julho de 1826.-José da Cru::: Ferreira.-Antonio Augusto da Silv·a .-
Antonio da Silva !ti aia.- José Custodio Dias.- Antouio da. Silva Telles. >l
Candido José de Araujo Viamta. >l Lido este parecer na mesa, e posto em discussão
Como se observasse quo este parecer não estava oppoz-se dizendo .
assignado por todos os senhores, que formão a com- O Sn. BAPTISTA PEREIRA : - Sr. presidente, eu
missão de policia, resoh•eu-se que tornasse á com- voto contra o parecer da commissão. E' bem sabido
missão, para se satisfazer a este requisito. de t.odos que têm estudado jurisprudencia, qual é
Seguio-se a leitura deste outro o processo dos crimes, que podem ser julgados nas
visitas da cadca ; e é igualmente bem conhecida de
<C PARECER todos a lei de 6 de DQzembro de 1612, que reformou
« A commissão de policia yio os requerimentos a justiça nos casos crimes.
de Mannel Rodrigues de Carvalho e Sabino Fran- No § 17 desta loi se diz que dns decisões das vi-
cisco de Malheiros, que pedem ser em pregados em siH.s não compete outro recurso, senão o de embar-
alguns dos officios do serviço desta camara, e é de gos aos seus assentos, os quacs deYem ser for-
parecer que supposto ainda seja preciso para o bom mados dentro de 2! horas. A lei falla da formacão
serviço da casa um ajudante de porteiro da secre- dos emba.rgo~, e não do tempo, dentro do quai se
taria, que sirvaalli quando este vier occupar o lugar póde pedir VIsta : donde claro fica, que ella só teve
de porteiro-mór, e sirva lambem de continuo nesta em Yista prevenir a morosidade dos advogados, in-
camara, quando não tiver de substituir o dito por- timando-lhes que elles não possão guardar os autos
teiro da secretaria, não compete comtudo a esta mais de 24 horas. E não vejo no § 17uma só palavra
camara fazer o provimento: e que por isso devem os contra o réo condemnado, e esta é a opinião de_
supplicantes dirigir-se ao poder executivo. muitos jurisconsultos. Portanto creio que ã ré, de
<c Paço da camara dos deputados, em 30 de Junho que se. tr~ta ':: não fez justiça, e que o parecer da
de 1826.-Luiz Pereira da Nobrega. Sou::a Cou- commissao va1 com os abusos e corruptellas, e não
tiflho.~José Ricardo da Costa Aguiar de Afldrada. com a letra e sentido da lei ; e por isso opponh'o-me
-J.osé Antonio da Silva Jlf aia..-L1lCio Soa.res Tei- o que passe. "
xeira de Gouvia.-Jesé Custodio Dias. >> · O Sn. Cnuz FERRE1U :-A lei não explica se as
j)o'sto:em discussão, levantou-se e disse 24 horas são para embargar, ou para formar os em-
' O Sn. VAsCONCELLOS :-Por occasião da leitura bargos. Porém tanto a lei que o illustre deputado
deste parecer · póde suscitar-se duvida, se os empre- cita da reformação das justiças, como as outras
gados desta casa devem ou não ser nomeados pelo apontadas pela commissão, que todas se referem á
poder executivo. Por isso eu peco que fique adiado. lei da-reformação das justiças, têm sido interpre-
tad~s, e const~nt~mente executadas da maneira que
Demais nós já aqui temos um exercito de pessoas expoe a commissao.
inuteis: e nenhum empregado mais é preciso.
Sendo apoiado, e approvado o addiamento·, o - Não tratarei de sustentar a justiça de semelhante
Sr. presidente o declarou por oito dias. intelligencia e pratica, nem se ella é confórme aos
Logo o Sr. Cruz -Ferreira, depois de um breve princípios da nossa legislacão : porém quando uma-
preambulo, leu da parte da commissão de legislação pratica semelhante é invariavelmente usada . e sus-
este . tentada. por mais de um seculo sem que até agora
a PARECEll. se ~enha t~atado de injusta, não se póde dizer já
ma1s abusiva, nem introduzida e seguida por cor-
« A com missão de legislacão justica civil e cri- ruptella ...
minal examinou o officio dÕ ministro e secretario A maior parte dos reinicolas são desta opinião •••
~ logo que com esta mu_lher se praticou, o q11e inva-
{1) Não se transcreveu este parecer, porse haver navelmente se tem praticado com todos os réos con-
extraviado na commissão, para onde voltou _ demnados em visita; não ha razão para se dizer que
Câmara dos Deputados- Impresso em 07/01/2015 14:11 - Página 12 de 18
o magistrado foi injusto. Estamos em tempo de re- minalé um monstro, fci'Illado de tudo quanto ha
formar a legislação... (O· illustre deputado conti- do mais barbaro e extravagante do direito canonico
nuou por muito tempo, mas a rapidez·com que fallou gothíco, e visi-gothico. Não é só neste caso, em roi-
não permittio que se colhesse mais do seu discurso.) lhares de casos vê-se a jurisprudencia criminal em
O Sa. BAPTISTA PEREII\A : - O nobre deputado, completa con lradicção com a razão, com a j ustica e
qtte acaba de fallar, concorda commigo, porém diz com os proprios principies da legislacão civil, cómo
que esse§ 17 acha-se interpretado pelos tribunaes cu poderia agora mesmo demonstrar, se me fosse
e pela casa da s!-'pplica~o, e que lal é a pr?tica im- permittido exceder a ordem. -· ·
memorial : porem permllta-se que eu lhe diga, que Ora á commissão não se encornmendou ql,!e pro-
eU e não desconhece que a autoridade de que gozava puzesse os meios de reformar essa pratica. Nós es-
até agora a casa da supplícação para interpretar as tamos em tempo de à fazer e de crear um novo di-
leis, só podia ter lugar por assento; e eis o que não rei to. Quando disso se tratar eu exporei as minhas
existe, ao menos eu delle não tenho noticia. Ainda ídéas P. por ellas se verá que não sou sectario dos que
mesmo querendo admittir-lhe a interpretação usual, aconselhão ferro e fogo.
eiie não ignora, que segundo a lei de 18 de Agosto 6 Sn. SouzA FnANÇA :-Sr, presidente, todos os
de 1769 o uso para poder vingar dev.e ser fundado réos podem embargar qualquer sentenca dentro de
na boa razão, e não vejo nada tão contrario como õ 10 dias : e como é que a estes só se éoncedem 24
de que se trata ; porque se de sentencas civcis se horas ? •.• Quem oeeupa a cadêa por 10, 20 mezes,
póde aggravar dentro de dez dias, quando o réo e mais, póde demorar-se mais 10 dias ••• A pratica
solto e livre póde antes e quando quízer fazel-o, é essa, mas a pratica deve-se reformar ••• Portanto
como será razoavel que ao prezo a que se tolheu a a lei favmcce estes desgraçados ... (E' quanto se
liberdade, a quem faltão todos os recursos, no meio pôde c9nsoguir, pela rapidez com que fallou o illustre
do desamparo e da luta da dôr, só se eoncedão 24: deputado.)
horas para pedir vista e vir com embargos 'l Seja 0 SR. TEIXEIRA DE GouvÊA: -Eu peço 0 adia-
embora essa a pratica, mas deYo confessar que é
pessima, 0 só póde achar sectarios nesses peitos mento. Conheço que o corregedor do crime não
empedernidos, a quem a desgraça alheia não faz obrou injustamente, porque a pratica é esta.
mossa, o entre gente, em quem o habito de con- Com effeito o lei não concede mais de 24: horas,
demnar tem feito desconhecer nos outros os senti- e sempre foi assim entendida ••• Não se póde dizer
mentos de piedade, e os effeitos da dôr. Voto pois que a pratica é inteiramente abusiva, porque algu-
contra o parecer, porque n sua doutrina me hor- mas leis posteriores á da reformação das justiças as
rorise. confirrnão,ou parecem confirmar. Portanto é mate·
O Sa. Cnuz FP.nREIR.\ :-0 illus-tre depntaqo de- ria, que se não póde discuttir sem primeiro pensar
clara-se co~tra 0 parecer da com missão, dizendo que e estudar ..•. O C(UC _não soffre duvida ~Jue _sem e~
a sua doutrma 0 horrorisa, sem com tudo mostrar. lh~n~e deternunaçatU'-~lha do_ noss? antl,o S) ste~1.1
em que é que o parecer da com missão 0 horroriza .. cnmmal, que n~ ~eahdade e pessu~10. Que se nao
Porventura a com missão defende semelhante pra- faculte ao ré o o direi to c o tempo par a se defender l
tica ? Eu mesmo não disse â pouco que não respon- Pi!aJ!dO se trata da fazenda, conced~m-se rec~1rso~
dia pela justiç~ desta interpt·etação 't Como então se· Illu~utados, e quand~ se trata da p_e,.soa, negao-se
apoda a comrmssão de sectaria de abusos e de defen- os 1ecursos I. . . Por~ttnlo fique. adiado o. parecer,
sora de erradas e reprovadas doutrinas '1 Que se re- para se tratar depo1s com ma1s conhec1men\o de
commendou á commissão? Que examinasse a queixa causa.
desta mulher. e visse se o magistrado lhe faltára Sendo apoiada, e approvada esta proposta, o Sr.
com os recursos que lhe são permittidos. presidente declarou adiado o parecer por oito dias;
E que fez a commissão 't Executou este mandado Leu então o Sr. Cmz Ferreira, como relator da
da camara: examinou o requerimento, a resposta do commissão de legislação o seguinte
ministro, e do magistrado ; comparou tudo com as
leis e com. a pratica seguida de mais de um seculo, e (( PARECER
nunca disputada; e disse á camara, que segundo as
leis e a pratica, o magistrado tinha obrado sem a cc A commissão de legislação e justiça, civil e cri-
menor injustiça ou violencia ; antes a ré deixára minal, examinando o requerimento de Gonçalo
de usar não só do recurso de que se trata, mas até José da Silva, que pede dispensa de lapso de tempo
do aggravo, que poderia interpor da ordem do juiz. para ser confirmada a ~>esmaria, de que está rle
Que mais deveria accrescentar a commissão, se posse no districto da villa de Cuyabã da província,
~xecutou ã risca o que s.e lhe incumbio 't Agora o de Matto-Grosso, a qual se acha medida· e demar-
1llustre deputado sem se tmportar com o ponto prin- cada, allegando ter já requerido essa dispensa ao
cipal e unico da questão, passa a invertel-o, e a desembargo do paco, e haver por despacho que re-
~~uir a com missão, por não declarar esta pratica queresse ã assembiéa legl~lativa; é d_e parecer que
lnJusta, e por consequencia injusto o magistrado não tem lugar a prete~çao do supph~nte, porque
pela haver seguido. sendo concedida a menc10nada sesmana ao coronel
Gabriel da Fonseca e Souza em "7 de Outubro de
Os ar~m~ntos, que expende o iilustre deputado, 1Sl5 com a clausula de obter carta de confirmacão
e qu~ nao s~o novos, servem p~ra reformar essa no prazo de dous annos. o dito coronel, sem que a
p_ratlca abusiva, se po"entura e com effeito abu- tivesse feito medir e demarcar como era obrigado
stva; porq~e ~ cou~a não é tão liquida e corrente pelo decreto de 20 de Outubro de 1753, e pelo al-
como á pnmeira VIsta parece: ha muito que se dizer vará de 25 de Janeiro de 1809; e sem que por isso
P~_la ~P_ini~o ~o-ntraria, ainda mesmo segundo ale- tivesse adquirido algum dominio nella, passou em
~!açaQ cnmmal, com a qual se não póde comparar 6 de Julho de 1819, quasi 4 annos depois da con<~e;:
a ctvel. são da mesma, a cedel-a, ~ t.raspassal-a ao snppli-
Não se ignora que a nossa jurisprudencia cri- cante.
Câm ara dos Deputados - Impresso em 07/01/20 15 14: 11 - Página 13 de 18
E posto que este a fizesse depois medir e demar- realidade o titulo da concessão já havia caducado
car em virtude do pertence, que oble,·e do referido inteirnmente, por se haver faltado ás clausulas ex-
coronel, com tudo como este meio de acquisição foi pressas, · debaixo ·das ·quaes é feita. -
illegal, e não póde ser rivalidado pelo simples acto Hoje porém tem-se conhecido a injusti~a e'impo-
dessa mellicão, nenhum deferimento se pódc dar litica Je semelhante pratica. Nem o desembaTgo do
ilO que o supplícantc pretende. ·
I
paço, nen1 o governo podem conceder estas dispen-
(( Paço da camara dos deputados 5 de Julho de sas de uma lei expressa, c muito sauda:vel e justa.
1826. -José da Cru: Ferreira.-Antonio Augusto Ora existe já nesta camara um projecto offerecido
da Silva.-A.ntonio áa Si ira Telles. u por mim sobre esta maleria. Elle foi dirigido á com-
Posto este parecet· em discussão, pedio logo a pa- missão de agri~ultura para_ ~er exa_min!ldo. Uom é
lavra e àisse que se sobresteJa n~sta dec1sao, nao so para que a
o Sa. T~:rxEJR ,\ DF. GouvÊA :-Eu peço que esta eamara melhor se mstrua no assumplo deste pare-
materia fique adiada. Segundo a minha lembranca cer, mas tambem porque entretanto póde a com-
·~xiste uma r~solucão da assembléa constituinte· a missão dar o seu parecu sobre o projccto, que tem
t-•ste respeito; e paz:a que se não proceda a uma vo- muita analogia com este caso. (Apoiado geral.)
tação pre~ipitatla sobre este assumpto, t·equeilo que Como ninguem mais se offerecesse a fallar, jul-
>e sobrestr:ja ~or alrrum tempo P rase examinu gou-se sufficiente ;; discuss~o e res!Jlven a camara!
0 í'!l'l ha so!>r/elle ~-l oi do 1 ' ·a que este parecer ficasse ad1a~o ate quo passe a le1
1 • • P a · geral sobre as datas de sesmanas.
U Sn. v. . sco:scELLOS: -Sr. president~, eu n~o I Leu 0 111e.-mo S Cruz Ferre· a e"Le out"o
'!Stou certo do que resolveu a assemblea const1- - r· tr - •
tuinte a respeito dn concessão da dispensa do lapso << P.\RECER
t!e temp•.> para a confirmação das sesmarias.
Sei sómenta quü tratou-s0 destas dispensas, assim u A comm1ssao de lt>gislação e do justiça civil e
wmo de outras, bem como para as habilitações ne- criminal, examinou a representação de Nicoláo
ressarias para a profissào :ras ordens militares. Po- Masson, que pretende, que esta camara haja de to-
ré:n pelo quo ouvi" agora não se trata de semelhan.l mar medidas posilÍYas para pôr termo aos males,
t~s dispensas. I que tem soffrido, pois qu~ tendo alcancado uma ses-
Diz o parecer qu\! o rlesemhargo do paço não en- i maria, que lhe foi concedida por portària da secre-
ten<leu a lei, como queria este homem. Entào todas taria de estado dos negocios do imperio em data de
a:; vezes quo o desembargo do p<:~co não entenG.er as 3 tle Outubro de 1821, c tratando de preP.ncher as
1-;:í::; ue certo mouc, ha de se requêrer a esta camara? formalidades da lei para faze l-a metlir e obter o sr11
E para a decisão dt!sla camara ha de se requeret· titulo. mandando até vir homens, quu o ajudassem,
at!iamcnto? A cot::mi;;~ão diz que examinou bem e comprando escravos, apparcceu a resohtt:ão de
1)5 papd~, o as leis o ordens; que mais temos nós consulla do desem!Jargo do paço de 17 de Julho de
eom isto '! Para qtw demorar a decisão'! Os senho- 18'.?2, inserta no documento n. 2 pe!a qual S. M. I.
res da commisiiio nl!hmão que o supplicante não 1 manda sobrestar nas datas de se:imarias, o que
está no caso de ::oet· deferido, depois de haverem 1 tem servido de fundamento no mesnio desem-
·~xaminauo muito bem o negocio. Logo para que i bargo do paço para negar lambem os títulos das
adiar-se este parecer? Eu opponho-me ao. adia-,1 que j•i ti.nhão sido concedida~, fazendo extensiva
mento, e requeiro quo se ponha a votos. a estas ;~quolla resolucão, não obstante a p-ortaria
O Sr.. YEnGuEmo :--Eu pelo contrariv Yotarci 1do goYcrõo de 4 de Setembro do dito anno, ins.::rta
pelo adiamento, c para esrlar€címento da ma teria i no do~umento n. 3, na qual se lhe dec~arou quE- s~1 se
direi, que o desembargo do paço não tem nutoridade j achavao su~pensas. .as nov3:s sesmanas, mas nao a
p<H"~ di:;pensar neste lapso de tempo. Que diz a • consummaça? d_as J': concedidas.
ear la de ~e~n1ar ia ? Diz que o sesmeiro medirá de- _« Acomm1ssao ve no documento n. 1 que o sup-
marcarâ, far<i. confirmar, c cullitar, etc., e que phcante alcançou ordem para que a m~sa do desem-
quando o não fizer, pérderá a sesmaria, pois não,1 b~rgo do paço_ lhe conceda de ~e~mana na confor-
guardou as clausulas, e caducou a doação. ! m1dade da le1, e com as cond1çoes, que ~lia pres·
Portanto dispen sando-se neste nrdadeiro cem-~ creve, o terreno, que pretende; mas _elle nao mostra
misso, fa:1.-se realmente uma nova concessão; c que tenha alcançado algum~ ses~~na, ~tem ao me-
isto não pó de fazer o desembarao do paco se,.undo ., nos que fizesse as necessanas diligencias por ob-
il iegislaçiw actual, .e as nov:s ordens· a' este res- tel-a na fórma da. lei, como se determinou na mes-
peíto. Ha muitos sesmeiros, quo nem medem, nem · ma o~dem. . _
cultivão as sesmarias, de sorte que até nem se sabe, « E como pela prov1~ao de 22 de Outubro de 1823
se elles as possuem no lugar. Isto acontece em S. 1\[. L em resuluçao de consul~ do desem-
muitas pro\·incia::, principalmente na de S. Paulo. bargo do paço ~andop. que se nao • concedes-
Succcde frequentes Yezes, que homens trabalhadores s~m I?-ovas sesmanas ate que a assemblea ger~ll_e
'"ntrão pelos sertões cultivão o terreno, e o tornão g1slat1va regu!e esta mal~na ; pare~e á commts~ao
!.!til na persunsão de que é livre, e de repente appa· que a pretenç!lo do supphcante esta comprehendzda
reca um sesmciro ~_ ize ndo-isto é meu-c apre· nesta resolu~o, e que por~nto o desembargo do
cou: e afinal vem a rcpellir o outro, que, segundo a I
senta um titulo, que por todas as razões já cadu:.. paço nada pode por ora defertr-lhe.
n Pao;o da camara dos deputad~s 15 de Julho de
natureza destas concessões, é o verdadeiro sesmeiro. 1826.-Segnem-se as mesmas ass1gnaturas. »
Isto é duro, senhores, e muito contrario acs mo- Ha>en~o o Sr. presidente, facultado a palavra a
ti vos c fim, porque se dão as terras. Porém em ou· qu~m qU1zesse fallar sobre este parecer, .levantou-se
tro tempo não ~e a Ltendia a estas razões, comtanto e dtsse
q;;e rcqu'Jresse, concedia-se a dispensa, e com uma O Sa. VERGUEIRO :-Este parecer está na mesma
simples provisão ri,•alidava-se- a sesmaria, atropel- razão geral d.:~ primeiro, e por isso eu assento que
jando-se o direito por outros adquirido, porque na tambem de,·erá ficar adiado até que se tomem me-
SESSÃO EM 20 lJE JULHO DE 1826 257
didas geraes e terminantes a respeito desta impor- tribuições da camara avocar pleitos, e tomar delles
tantíssima ma teria. (Apoiado ge1'almente.) conhecimento, como pedia o supplicante.
Versou portanto a discussão sobre o adiamento o Leu mais os seguintes
qual foi approvado com as mesmas clausulas do an-
tecedente, não obstante haver sido impugnado pelos « PARECERES
Srs. Gonçalves Martins, Lino Coutinho, Souza " A commissão de legislação e de justiça civil, e
França e outros: de cujos discursos nada obteve o criminal vio o requerimento de José Monteiro Tei-
tachygrapho. xeira Cardoso, que se queixa de se lhe haver negado
Continuando-se na mesma materia da ordem pro- revista das n ullas sentenças proferidas contra elle
duzia o dito Sr. Cruz Ferreira mais estes na casa da supplicação, sem que os ministros do
tribunal do rlesembargo do paço, que lh'a negarão,
« PARECERES dessem a razão, porque assim deferirão, sendo aliás
<< A commissão de legislação c de justiça civil e obrigados a i~so por direito, no que praticarão no-
criminal, examinou o requerimento de Francisco da taria injustiça, calcando as leis, e dando lugar a
Costa Alves, que pede dispensa de lap~o de tempo que se executem sentenças nu !las contra o seu casal
para ser confirmada a sesmaria, que possue no dis- por divida, a que não era responsavel a sua falleci-
tricto da villa da constituição da província de S. da mulher D. Emerenciana, que tinha sido primei-
Paulo; a qual se acha cultivada, medida e demar- rame:nte casada com Manoel José da Costa Martin-
cada, e observando que o supplicante tem preenchi- gil, pelo qual seusfilhos Justino Joaquim de Azeve-
do os requisitos exigidos nn alvará de 25 de Janeiro do :rtlartingil, e Justiniano Florencio de Azevedo,
de 1809, para a confirmação della, obstando-lhe forão inteira dos de suas legitimas maternas, não
unicamente o lapso de tempo, pois que lhe foi dada lhes restando direito para pedirem, como pedirão
em 23 de Março de 1821, julga estar nos termos de depois da morte do dito seu pai, fundados em uma
ser deferido pelo desembargo do paço, a quem senlenca de partilha, 4:378$024 dos rendimentos t.le
compete pelo decreto de 22 de Junho de 1808. metadé d9 urna casa na Prainha, que lhes tinha sido
adjudicada, e de que tomarão posse em 19 de Julho
« E porque o desembargo do paço, talvez tendo de 1802, não podendo a conta daquelles rendimen-
em vista a provisão de 22 de OutuLro de 1823, em tos, desde a s11ntença da adjudicação em partilha
que se ordenou ás juntas dos governos provisorios até a effectiva entrega da casa, orçar a tal quantia,
das províncias do imperio, debaixo da mais stricta nem devendo ser-lhes abonados os rendimentos an-
responsabilidade, que se abstivessem de conceder teriores por competirem a seu pai; accrescendo a
sesmarias até que a assembléa geral legislativa re- isto que os filhos daquelle fallecido não intentarão a
gule esta materia, entrasse em duvida, se a disposi- sua accâo em vida delle; mas sim depois de morto,
ção da mesma provisão comprehende as sesmarias quandÔ a dita D. Emerenciana tinha passado a se-
já concedidas a esse tempo, e por isso deixasse de gundas nupcias com o supplicante; e accrescendo
deferir ao requerimento do supplicante; julga tam- ainda a nullidade da prova dos autores, que 3 fize-
bem a commissão, que é uecessaria uma medida rão com testemunhas, quando devião provar com
legislativa, que declare a intelligencia da referida documentos, e recibos dos inquilinos; procedendo-
provisão para se regularem os casos occorrentes em se até com falta de habilitacão de um dos litigantes,
iguaes circurnstancias. que falleceu; e se conclue· pedindo a esta camara
" Paço da camara dos deputados, em 5 de Julho que mande vir os autos, que correrão, e pendem
de 1826.-Corn as mesmas assig:.naturas. >> no cartorio do escrivão José dos Santos Rodrigues;
Ficou adiado por oito dias. e que vistos elles por urna commissão se lhe faça a
" A commissão de legislação e de justiça civil e justiça, que os tribunaes lhe não conferirão.
criminal examinou o requerimento de Antonio José " A commissão entende que o desernbargo do
da Cunha, que se queixa de ter sülo lançado, com paço na sua decisão se conformou com o direito es-
violação das leis, da accusação, que intentou perante tabelecido na ord. liv. 3° tit. 95, e no alvará de 3 de
o corregedor do crime da côrte, e casa contra sua Novembro de 1768, declarando expressamente a
mulher adultera, a cuja accusação tinha sido nova- razão, por que não concedeu a revista pretendida
mente adrnittido por portaria do poder executivo, pelo supplicante, como se vê do documento n. 1 ;
a quem tornou a recorrer, e não foi attendido, e e igualmente entende que esta nova pretenção é con-
pede por fim a esta camara que haja de chamar os traria ao art. 179, § 12 da constituição, e por isso é
autos ao seu conhecimento, e nomear uma commis- de parecer que não ha nada a deferir ao suppli-
são ad hoc para ser provido de remedio contra as cante.
injustiças que tem experimentado, " Paco da carnara dos deputados, em 20 de Julho
" A commissão não podendo ser inteirada da de 1826·.-com as mesmas assignaturas. »
transgressão de leis nos julgados, de que o suppli- Ficou adiado por quatro dias.
c.ante se queixa, pois que não são sufficientes os do- « A com missão de legislação e de justiça civil e
cumentos, que el!e ajuntou ao seu requerimento: e criminal, 1 examinou a representação do conselho do
entendendo que esta camara não póde fazer vir au- governo da província de Minas-Geraes, que pelo
tos á sua presença, como quer o mesmo supplicante ministro e secretario de estado dos negocias do im-
julga dever-se pedir esclarecimentos sobre este ne- perio foi remettida a esta camara.
gocio do poder executivo pela repartição compe- " Expõe o conselho, que examinando, como lhe
tente, para á vista de tudo poder dar o seu parecer. incumbe a carta de lei de 20 de Outubro de 1823,
" Paço da camara dos deputados, em 12 de Julho art. 24 n. 11, as contas de receita e despeza de algu-
de 1826.-Com as mesmas ass1gnaturas. " mas camaras, que lhe forão apresentadas, observou
Posto este parecer em discus,a.o, foi geralmente o abuso, em que os juizes e officia8s das ditas cama-
impugnado, e oflerecido á votação ficou rejeitado, ras, á excepção dos da Villa do Príncipe, continua-
indeferindo-se ao requerimento por exceder ás at- vão, de receber propinas annuaes, e fazer outros
65
258 SESSÃO EM 20 DE JULHO DE 1826
dispendios em festividades, entretanto que as ren- cumprindo ao governo fazer os ditos magistrados
das não chegão para as despezas ordinarias na crea- cumprir e executar estas leis.
ção dos expostos, conservação e reparo das pontes, cc Camara dos deputados, em 15 de Julho de 1826.
e para as mais obras publicas, e conclue por ped1r -Com as mesmas assignaturas. ))-Foi plenamente
as seguintes providencias : approvado. ·
" 1. o Que os juizes, vereadores, e procuradores " A commissão de legislação e de justiça civil e
das camaras de quaosquer cidades, e villas não ven- criminal, examinou os documentos ultimamente
cão propinas uma vez que as rendas não chegãopara juntos, que tinhão sido por ella exigidos, e os achou
ás despezas ordinarias : em tudo fielmente conformes ao que na sna petição
expoz Francisco Dias de Castro; procurou mais vêr
" 2." Que se mande pÔ!' em observ ancia o plano o original testamento, com que falleceu o doador
junto á mesma representação, dado f!elo ex-gover- reverendíssimo vigario-geral Antonio Rodrigues de
nador daquella província, o marquez de Palma, Miranda, e achou que havendo elle fallecido em 13
para o augmento das rendas das camaras das cida- de Abril de 1821, havião decorrido quatro annos e
des de illarianna, e quasi approvado pelo governo oito mezcs depois da doação das casas feita em 17 de
em 1811, já com os retoques e informações exigidas Junho de 1816, e que tendo o supplicante estado na
pelo mesmo governo, só com a differença de se não posse dellas todo essp, tempo, o doador em sua vida
admittir a mesma proprina de cincoenta mil réis dei- se não arrependeu, nem por sua morte as conside-
xada no plano para os juizes, vereadores, e procu- rou mais na massa de seus bens para dispor dellas
radores, e de ser extensiva a toda a provinda, a em seu testamento, o que induz certeza de tr;r con-
reforllla, proposta sórnente para a camara de Ma- firmado a doação ; estas razões, que accrescem ás
rianna; e de ser lodo o augmento, que resultar, que a commissão já expendeu no primeiro parecer,
applicado para as dospezas proprias dos conselhos, a confirmão no mesmo, de que o desembargo do
e não para outro objecto, que tiver em vista aquelle paço não teve fundamento legal para negar ao sup-
plano: plicante a imperial insinuação, e julga que concor-
" 3. 0 Para que as camaras procedão a fazer os dando a outra camara deve ser remettida ao gover-
tombamentos nos tempos marcados pela lei, afim de no, para a fazer insinuar.
terem lugar as justas modificações ;.e que visto o " Camara dos deputados, em 19 de Julho de 1826.
desleixo, em que se acha r'ste ramo de cobrança na -Com as mesmas assignaturas. ''
villa de S. João de El-H.ei, se regulasse da data do Posto este parecer em discussão, oppoz-se-lhe por
novo tombamento. este modo
" A commissão é de parecer quanto á 1• parte da 0 SR. VAscoNCELLOS :_Sr. presidente, eu me
representação, que esta camarajá a tem tomado em opponho a este parecer.
consideração com o projecto de lei que nella existe 0 desemhargo do paço nflo quiz confirmar a doa-
para a reduccão das festividades das camaras, suas - , · 1
despezas, e propinas, que por occasião dellas perce- çao : 1ogo que temos nos com rsso
bião os juizes, vereadores, e officiaes das camaras; Julgaráõ que a camara é tribunal de appellação 1
e quanto ás outras propinas, que por lei, ou provi- Pensaráõ que nós somos juizes? Se o desembargo
sões percebem os juizes, ouvidores, e seus offieiaes, do paço não quiz insinuar a doação, por conhecer
não lhes podem ser tiradas estas emquanto não hou- que era contra a lei, está o negocio acabado.
ver outro regulamento a respeilo dos ordenados A commissão não pôde conhecer disto; nada tem
destes empregados, de tJUe ellas hoje fazem parte, e o corpo legislativo de intrornetter-se em questões
de que elles pagão novos direitos. particulares.
" Quanto á 2• parte, não julga a commissão Recambie-se o requerimento ao governo, se veio
admissivel o plano junto, a que se refere a represen- remettido pelo governo, e responda-se-lhe nesta con-
tação, porque o angmento de rendas, que delle re- formidade. O parecer até se me figura contrario ã
sulta, consiste em um accrescentamen to de ortava, constituição.
ou duodecima parte de contribuição em diversos O SR. CusTODIO DIAs :-(Fallou por algum tempo,
objectos como nas lojas, vendas, botequins, tendas, mas não foi ouvido pelo tachigrapho).
mascates, e outros, o que importa o mesmo, que o SR. BAPTISTA PEREIRA :-Sr. presidente, eu voto
augmento de tributos, o qual se não deve consentir contra 0 parecer, porque as razões, que nelle se
parcialmente para uma, ou outra província; e quan- expendflm, se não conformão com os meus princi-
do isto tivesselu(\ar, devia ficar r.eser~ado aos con- piOs.
s~lhos de provmc1as exammar e d1scutJr esta mate- Já um político havia dito, que as leis são como as
na, ~ara em v1rtude d~ sua pro poeta com ~leno C?- têas de aranha, que só prendem os insectos peque-
nheCJmento a assemblea dar .as prov~denc1as leg1s- 1 nos, pensamento, que desgraçadamente a experien-
latlvas, que conv1erem : cons1ste ma]s o augmento cia me mostra ser verdadeiro. Vejamos o que ha
das rendas, segundo o plano, na reducçao das despezas sobre doacões.
em festividades, e _Propinas, das quaes parte já ~stá Sr. presidente, é regra sabida, que depende da
prevemd~ pelo proJeclo de le1 ~era.l, a este resperto, livre voni:lde fazer ou deixar de fazer algum bene-
e parte nao tem lugar pelas razoes Ja ditas em o pn- ficio : uma vez porém feito, o seu cumprimento tor-
mmro caso. na-se necessario.
" Quanto á 3• parte julga a commissão não haver Neste caso estão as doações, cuja validade, no
alguma necessidade de medida legislativa para o exeesso da lei, a ord. liv. 4" tit. 62 e a novel de 25
tombamento das terras dos conselhos, porque este de Janeiro de 1775 fizerão depender da insinuação,
objecto está suffieientemente providenciado, e muito ouvido o doador e interessados; providencia necessa-
recommendado aos juizes de fóra e ouvidores pelo ria para evitar o dolo, a dissipação, etc.
alvará de lO de Fevereiro de 1634, alvará de 15 de J No caso em questão sabe-se que um vigario geral
Julho de 1744, e alvará de 26 de Outubro de 1745, desta côrte doou causa dotis uma morada de casas,
SESSÃO m1 20 DE JULHO DE 1826 259
e por seu fallecim ento não contando com ellas entre « PARECERES
os mais bens, tamb em dellas não fez menção em
verba testamentaria. O donata rio tem-se conserva- « A commissão de saude publica, ten do em vista
do no seu gozo e poss e. a in dicação do Sr. deputado Vasconcellos, de 11
Suscita-se questão com elle por um inquilino, de Julh o, áce rca dr, um primeiro pareeer, que já
quo duvida do seu bom direito, por não ter sido insi- d:ra . sobre ~ represe ntação do pres idente da pro-
nuada a doação. vmcra de Mm as Geraes, e outra do ouvi dor de Pa-
ra catú, relativas ao estabe leci men to e creacão de
Recorre ao desembargo do paço ; porém este tri- lazaretos naquella proví ncia, procurou escrupulo sa-
bunal indefere o requ erim en to, porq ue não póde mente na secreta ria deste paço, e por todas as com-
ouvir o doador fallecido, co mo a lei mand a; jul gan- mi ssões as ditas informa ções, e proposta s, e não
do que caducá ra a doação no excesso da quautia ar- podendo enco ntrar semelhantes papeis, e dllcu -
bitrada p ela lei. Até aqui vamos bem. menlo, é de opinião, que su bsista o se u prim eiro
Vejamos se o procedimento seguinte vai fundado pareeer, em o qual se ped ião informações ao go -
el1J justiça . verno ácerca dos quesitos por ella des ignados, afim
Certamente não; porquanto devendo aquellas ca- de melhor estabe lece r as provi de ncias exig idas.
sas, invalidada a doa ção, passar aos herdeiros do fi- « Paço da camara dos deputados em 13 de Julho
nado, e convindo estes, sendo ou vidos , e á face de de 1826.- Francisco Goncalves Mar tins. - Fran-
uma escriptura publica, em novamente doarem essas cisco Xavie r Fe?Teira.-JÔsé Lino Cou.tinho. -José
mesmas casas, sbm fund amento ind eferia o desem- Avelino Barbo:::a. - Antonio Fen·ei?·a França, ven-
bargo do paço ao nov o requerimen to que o donata- cido"·
rio lhe fez ; pel o principio qu e a qualquer é livre " A comm issão de saude publica leu o requeri-
dispôr do que. é seu; e uma vez qu e se i·econhece o mento do Dr. J oão F ernandes Tavares, que pede
direito de possuir, e a vontade de dispôr, e se achão se r lente de med icina legal, e ao mesmo tempo a
cumpridas as deter mi nações legaes, nenh uma auto- memo ria por ell e offerecida a esta camara sobro a
ridade póde ter o executor para furtar-se á obe- nece ssidade de se estabelecer o ensin o des te ramo
diencia . de medicina, E' á vista de um , e outro, é de parecer,
Em taes termos voto contra o parecer, por fazer que, com qu anto ella conheça a necessidade
a decisão deste n egocio depende nt e do voto da as- de crea r-se uma cadeira de medicina legal e hy-
sembléa legislativa. gien e publica, comtudo havendo de se es tabelecer
em outro pé m uito mais regular e adia ntado as
O SR. ALMEIDA E ALBUQUERQUE :-Eu sou de opi- actuaes escolas medico-cirurgica3, então se ntte nda
nião muito diversa. a? suppli cant e á vista do exposto n o seu reque-
A primeira doação cad uco u inteiramente, e não nm ento.
podem os herdeiro~ revalidal-a por urna escriptura, " Paço da ca mara dos deputados, em 13 de Julho
no que póde haver simulação em fra ude da lei, que de 1826.- Francisco Goncalves l'tfartins .- José
o tribunal deve sustentar. Avelino Barboza.- José Lino Coutinho. - F?·an-
Não póde portanto a com missão decidir o negocio cisco X avier Fen·eira. -Antonio Fe1·reira F1·ança ».
por semel hante maneira, p ois dá - se lu gar a appare- « A com missão de saude publi ca, á vista da in-
cer para o futuro o verdad eiro proprietario, e rei- dicação do Sr. dep utado Maia de 7 de Junho, em
vindicar a sua propriedade . que pede se proponhão os meios de se instruirem,
Se porém os herdeiros legitimas ou testamenta- e habili tarem os boticarios, para bem dese mpenha-
rios, tomando posse da casa, fizerem uma nova rem s uas obrigações: é de parecer, que havendo de
doa ção legal, poderá esta ser insinuada, porque o se estab elecer um pla no mais regular e completo
negocio já então muda de figura. de estudos de medicina, onde de n ecessidade deve
entrar o ra mo de pharmacia, se es pere para esse
O SR. BAPTISTA PERE IRA :-Todos os herdeiros t em po, e por esta r eforma, que marcará os estud os,
existentes forão ouvidos, e reconhecem a doacào ; e exames proprios dos que se destinarem a este
não poem duvida alguma. • ramo.
O unico, que embara ça é o inquilino, que não « Paço da camara dos deputados, 13 de Julho de
quer pagar os alugueis ao donatario. 1826.- Com as mesmas assignaturas ».
Ainda que caducou a p rim eira doação, de nada Farão lodos approvados sem objecção.
serve isso, uma vez _qu e aquelles para quem reverte o Leu depois disto o Sr. primeiro secretario o se-
objecto da doação, têm conlirmado a sua effectivi- guinte :
dade ; tudo o mais são meras formalidades.
OFFICIO
Como se requeresse que este parecer fi casse adia-
do, e fosse apoiada e approvada es ta proposta, '' Jllm. e Exm. Sr.- Passo ás mãos de V. Ex.,
declarou o Sr. presidente o adiamento por oito para ser presen.te á ca mara dos deputados, o re-
dias. querim\)nto e documentos annexos · de D. Maria
Apresentou finalm ente o mesmo Sr. Cruz Ferrei- Therez& Hangel, viuva do capi tão do 4.• batalhão
ra um requerimento, dizendo ter sido remettido á de cacadores da 1• linha do exercito, João Martins
commissão, mas que ella não podia tomarconhe- de Amorim, a qual pede ser soccorrida com me-
cimento, por estar assignado por diversas pessoas, tade do soldo, que ve::tcia seu marido. Deus guarde
o que era contrario ao regi men to :e resolveu a ca- a V. Ex.
rnara que o requerim en to tornasse á commissão, " Paço em 19 de Julho de 1826.- Barão de
para dar por escripto esta mesma razão. Lages.- Sr. José Ricardo da Costa Aguiar de An-
Continuando-se na ma teria da ordem, produzia o drada>>.
Sr. Lino Coutinho por parte da commissão de sau- Foi remettido com os papeis, a que se refere, ás
de publica os seguintes . commissões de guerra, e fazenda.
260 SESSÃO EM 20 DE JULHO DE 1826
Obteve então a palavra o Sr. Teixeira de Gouvêa, ·não em cousequencia do art. 4o do men?ionado
e da parte da commissão de constituição, leu estes plano, que só trata de filhas donzellas ou vwva do
offici al fallecido, mas sim do art. 7°, que trata de
(( PARECERES irmã, no· qual não declara a clausula sómente
expressa no art. 4°, e sendo o parecer do
« A commissão de constituição, á vista do rr- conselho supremo militar, que a supplicante seja
querirnento de Estevão Maria Ferrão Castello Branco attendida, não como pretende, mas sómente com
que se queixa de haver sido esbulhado do seu offic10 metade do '1Ue percebia sua fallecida irmã, por
de feitor do pateo, e ponte da alfandega, por por- quanto sendo· o monte-pio divisível em partes i~ua~s
taria do ex-ministro da fazenda o V1sconde de .Bar- pelas irmãs, a outra metade pertence a outra trma,
baccna sem ter havido previa senten•(a, co mo or- residente em Lisboa, que tambem percebe um terço
den a a' co ustituicão do imperio, é de parecer, que deste monte-pio, como a supplicante, fundado este
para melhor opi"nar a respeito, se peção esclareci- parecer, em que, se o art. 7°, não declara a
mentos ao governo a tal negocio, e mui principal- clausula da successão, tambem não se oppõe a
mente a informação, que áccrca do supplicante deu ella . Observando a commissão; que á vista da con-
o desembargador juiz da alfandega, sulta do conselho supremo, é qu e o go verno pede
" Paco da cama r a dos deputados em 20 de Julho interpretação da lei, parece á mesma commissão,
de 1826.- José Lino C01blinho.- Lucia Soans que se exija do governo a copia do plano, que
Teixei-ra de Go1wêa .'-- Bernardo Pere·ira de Vas - baixou com a resolucào de 6 de Outubro de 1795.
cocenllos ». " Paco da camarâ dos deputados, 13 de Julhc de
« Foi visto na commissão de constituição o re- 1826.-° FTancisco das Chagas Santos.- Ray-
qu erimento de José Francisco do Espírito Santo, rnundo José da Cunha JJ:/ atlas. - Antonio Fmn-
alferes r ~fo rm ado da província de Pernambuco, em cisco de Paula I:follanda Cavalcanti de Albu-
que se queixa, de que tendo sido mandado paraes ta qve?·que >> .-Foi logo approvado.
côrte pelo brigadeiro Francisco de Lima e S!l~a, « A commissão de guerra examinando o pro-
ainda na mesma se conserva, sem que lhe tenha stdo jecto de lei do Sr. Gab~·iel Getulio, em q?-e p~opõe
possível obter passapo rte, por mais instancias, que isencão do serv1co mtl1tar a favor dos tndtvJduos
tenha feitt', para voltar á sua casa, onde tem mulher, em pregados na návegação int_crior, e nas conducções
e filhos, pedindo em ultimo providencias. A com- terrestres; ex aminan do ma1s as prov1denc1Rs mdl-
missão antes de dar o seu final parecer, é de opinião, cadas pelo referido Sr. deputado a bem do com-
que se peção illustrações ao governo. mercio e navegação, e assim como as que respeitão
" l'aco da ca mara dos deputados, 20 de Julho de á saude das tripulacões: E' de parecer, que per-
1826.- · Seguem as mesmas assignaturas >>. tencendo simultaneamente o conhecim ento de pro-
<< Foi vista na commissão de constituicão a de- jecto em questão ás commissões de saude publica,
nuncia dada por José Gomes da Silva, de· algumas commercio, e legisl ação , a commiss~o deg:uerra só
infraccões de constituição praticadas pelo ex-juiz tem a dizer, que a isenção do serVIÇO m1l!tar pr~
ordinârio de Itaguahy, Jo~o José Figueiroa, assim posta a favor dos indivíduos empregados nas tn-
como queixas contra José Francisco de Carvalh o,.~ pulacões, e nas conducções terrestres, fica compre-
como o denunciante não prova, que estes fac1o s Ja hendida na generalidade das instrucções de lO de
foss em submettidos á consideração do governo, Julho de 1822, que tratão do recrutamento. Paço da
sendo aliás praticados por autoridades subalternas, camara dos deputados, em 18 de Julho de 1826.-
a commissão é de parecer, que se remetta ao go- Seguem as mesmas assignaturas ».
verno a dita denuncia , afim de que o mesmo go - Foi approvado depois de algumas observações;
verno a tome em co nsideração, fazendo observar a que fizerão sobre a ordem os Srs . Getuho, Souza
le1. França, Vergueiro, Cunha Mattos, e Hollanda Ca-
<< Paco da camara dos deputados, em 20 de Julho
valcanti, do que pouco colheu o tach1grapho.
de 1826'.- Com as mesmas assignaturas » .
Pedia então a palavra o Sr . Custodio Dias, e de-
Farão todos estes pareceres approvados sem im- pois de uma breve introducção, leu o seguinte:
pugnação.
Seguia -se o Sr. Chagas Santos, que na qualidade ~< PROJECTO DE LF.l
de relator da commissão de marinha e guerra pro-
duzio estes « A assembléa gera l legislativa do imperio de-
« PARECERES creta :
« Art. l. o Todas as rendas e impostos, que ora
'' A com missão de marinha, examinando o offi cio se percebem pela intendencia geral da policia, serão
do ministro e secretario de estado dos negocias da de hoje em diante cobradas pela administração das
marinha, que cobre o requerimento de D. Anna diversas rendas nacionaes, e nas pr ovíncias pelas
Angela de Lomba, preten dendo a parte do monte- juntas de fazenda.
pio que percebia sua irmã D. Francisca Can- " Art. 2. 0 Todas as folhas de despczas a cargo
dida de Lambe. requerimento este informado da policia serão processadas na sua contadoria, e
pelo intendente lia marinha, e pelo contador da- depois de rubricadas pelo intendente geral da po-
quella repartição, e consultado pelo conselho su- licta enviadas ao thesouro, para serem examinadas,
premo militar, tendo o contador informado favora- e pagas.
velmente a pretenção da ôUpplicante, fundad o no « Art. 3.• O intend en te geral da policia re-
art. 4• do plano, que baixou com a resolução da con- metterá á sobredita administração pelo ministro da
sulta de 6 de Outubro de 1795, e que até agora tem fazenda a tarifa de todas as taxas, e impostos que
sido observado neste imperio, e o intendente da ma- percebe, fazendo expressa menção das leis, ou
rinha, que não tem lugar porque o monte-pio, que ' ordens, que as crearão.
a supplicante, e suas duas irmãs percebião, di-1 << Art. 4. 0 Na administração dar-se-ha uma ce -
vidido em tres partes íguaes, lhes fôra conferido, dula, ou recibo a cada um dos contribuintes, de-
SESSÃO EM 20 DE JULHO DE 1826 261
c!arando a quantia paga, e o fim para que estes teúdo do dito officio, tem resolvido, de conformidade
forão na policia co mpetentemente despachados. com o parecer das commissões de faze nda e diplo-
« Art. 5. o O ministro do thesouro apreH'nlará matica, que para cabal conh ec.imento do estado e
no orçamento geral o artigo policia.- O deputado na tureza destes negocias, de que pendem as deli-
Dias" · berações, que se hão de tomar, não só sobre a
applicação dos fundos necessanos para o pagam en to
Tendo- o enviado á mesa, proseguio o mesmo das contri buicões debitadas ao es tad o, mas tambem
Sn. CusTamo DIAS:- Sr. presidente, eu peço sobre mu itos 'outrcs artigos, que na fórma da con-
que este projecto se declare urgente, pois é na ver- stituição são da privativa altribuiçâo da assembléa,
dade urgente a providencia, que nelle proponho . se pedissem ao governo,pelo interm edio de V. Ex.,
Esta repartição da policia é verdadeiramente um }o um a authentica do tratado e co nvenção feita
Status in Statu, não se sabe o que ella seja. Sabe- com o governo ~e Portugal: 2° uma dita do tratado
se qu e im põe tribu tos , e se subdivide em un s de co mm ercio celeb rado com o goyern o de França,
certos regulos, que se chamão commissa ri os de po- adherindo-se-lh e os molivos, qne obrigarão os ne-
licia, e que estão pondo em contribuição todas gociadores brazil ciros a concede r aos subditos da-
essas tabernas, e hospedarias ahi de fóra, e flagel- q uella na ção uma diminuição de direitos con tra a
lando os miseraveis povos. Eu confesso que não sei lei de 1808, que não se acha revogada, bem como
que qualidade de gente é essa, nem quem lh es deu as razõ es, qu e impellirão o ministro á concl usão
jurisdicção , porqu e não me consta que haja lei al- deste trata do: 3° fin almente, esclarecimentos que
guma, que autorise se melhantes delegados, nem fa ção co nhecer á camara, se depois da inslallação
qu e autoridade tenh a o intendente para delegar po- da assembléa tem continuado a nomeacão de agen-
deres. Só sei que o clamor é geral. Na verdade não tes diplomaticos para as cô rtes da Éuropa, não
ba meio algum de vexar e opprimir, que se não existindo ainda a lei, que deve crear estes empre-
tenha inventado, e que o infr.rno não tenha vo - gos, marcar-lh es o seu caracter, numero, e venci -
mitado, para atormentar os desgraçados cidadãos mentos. O que part1cipo á V. Ex. para que suba ao
brazileiros. co nhecimento da S . M. o Imperador.
Demais as despezas pu blicas vão crescendo, assim Deus gu arde á V. Ex. Paco da ca mara dos depn-
como a divida publica, sem que se saiba em qu e, e tados, em 20 de Jul ho de '1826.-José Ricardo da
como se emprega o dinheiro do estado , qu e é da Costa Aguia·r de Andrada .-Sr. Visconde de Inh am-
nação, e que só com a nação se deve gasta r. Sei que bupe.
as contribuições para a policia são enormes, e que
são cobradas vi!·ga ferrea, mas em que se em pre- 111m. e Exm. Sr. -Sendo apresentada na ca-
gão ? Irá tudo em paga r a espiões, e armar ciladas mara dos · deputados uma indicação ~elaliva aos
aos desgraçados cidadãos 7 Até certo tempo, Sr. pre- abusos, qu e se diz terem intervindo na administra-
sidente, apparecião algumas con tas impressas todos ção da casa de misericordia da imperial cidade do
os mezes da receita e despeza desta, e de outras re- Ouro Preto : e não sendo o conhecimen to de seme-
par tições. E agora? Nada. Será para poupar-se essa lhante materia da compelencia do corpo legislativo ,
desp eza? Não : é para so não dar essa confia nca ao resolveu a me sma camara, de conformidade com o
povo, que nenhuma necessidade, nem direito" tem parecer das com missões de sauda publica e fazenda ,
de saber do fim, que le1•a a sua fazenda •.. ( Che- que uma copia da referida indicação fosse rem ettida
gava aqui o illustre deputado, quando soarão as 3 ao governo de Sua Magest.ade Imp erial pela r epar-
horas) Deu a h ora, sP. não, eu faria·hoj•: mesmo tição, de que V. Ex. se acha encarregado, afim de
ver n esta camara a necessidade que ha deste pro- que se possão dar as providencias, que o .caso me-
jecto. Entretanto, Sr. presidente, eu peco a ur- recer. O que participo á V. Ex. pa~a que seja pre-
gencia. • 6en te ao mesmo augusto senhor
O Sr. presidente declarou a proposta adiada, por De us guarde á V. Ex. Paço da cama r a dos depu-
se ter acabado o tempo da sessão, e logo a~signou tados, em 20 de Julho de 1826.-José Rica1·do da
para ordem do dia seguinte: 1°, continuacão da dis- Costa Aguiar de Andrada . - Sr. José Feliciano Fer-
cussão do projecto de lei da responsabilidade dos nandes Pinheiro.
ministros e conselheiros de estado: 2. 0 discussão Illm . e Exm. Sr.- Tendo rep resentad o Norberto
do proj ecto de lei vindo do senado, declarand o os João Dourado, capitão da 2• linha da província do
dias de festa nacio nal; 3°. terceira discussão do pro- Maranhão, .achar-se preso na fortaleza da ilha das
jecto de lei ácerca das cartas dos alumnos das aca- Cobras desde 12 de Maio deste anno, por ordem do
demias medico -cirurgicas; 4°, finalm ente segunda governador das armas desta cõrte, sem qu e se lhe
discussão do projecto de lei para socco rro das tenha ainda form. ado culpa; resolveu a mes ma ca-
viu vas e orphãs dos officiaes militares, qu e não têm mara, conformando-se com o parecer da commis-
monte-pio, e se houver tempo, segundas leituras de são de co nstituição, que ,se pedissem ao govern o.
projectos e indicações. illustrações a este respeito, tanto pela repartição
Levantou-se a sessão ás 3 horas da tarde. - José dos negocias da guerra como pela dos de justiça.
Ricardo da Costa Aguiar de Andrada, secretarío.- O que pa~tiCij)O á V. Ex. enviando incluso, o reque-
F-rancisco Go-mes de Campos, o redigio. rimento origmal, afim de que seja presente a Sua
Magestade Imperial.
Deus guarde V. Ex. Pnco da camara dos depu-
tados,-em 20 de Julho de 1826.- José Rica rdo da
RESOLUÇÕES DA CHIARA Costa Ag1,iar de Andrada.- Sr. Barão de Lages.
Illm . e Exm. Sr.- Foi presente á camara dos Illm. e Exm. Sr. -Tendo representado Norberto
deputados o officio de 19 do mez proximo passado, João Dourado, capitão da 2• linha da província do
em que V. Ex. faz o reln to rio das operações do go- Maranhão achar-se preso na fortaleza da ilha da s-
verno praticadas pela repartição dos negocias es- Cobras desde 12 de Maio deste an no, por ordem do
trangeiros: e inteirada a mesma camara do con- governador das armas da côrte, sem que so lhe·
66
26:2 SESSÃO EM 21 DE JULHO DE 1826
tenha ainda formado culpa: resolveu a mesma ca- nhas, e entre ella, e o comparecimento mediará
mara, conformando-se com o parecer da com missão pelo menos o espaço de oito dias . No caso de re-
de constitui cão, que se pedissem ao governo illus- velia, se nomeará um advogado por parte do réo.
trações a este respeito, tanto pela repartição dos « Art. 4. No dia aprazado, principiará o acto
negocias da guerra, como pela dos da JUStl ça. O que pelas rec usações do art. 22, quando as partes quei-
participo á V. Ex., envi an do inclusa a copia do rão fazel-as.
requerimento original, afim de ser tudo presente « Art. 5. As testemunhas serão juramentadas,
a Sua Magestade Imperial. e inquiridas pelo juiz de direito, relator, mas qual-
Deus guarde á V. Ex . Paço da camara dos depu- quer membro da commissão accusadora, e do se-
tados, em 20 de Julho de 1826. - José Rica·rdo da nado, poderáõ exigir as perguntas, que julgarem
Costa Aguiar de Andrada.-Sr . Visconde de Ca- necess arias.
ravellas. · " Art. 6. Findo este acto, o juiz relator mandará
lllm . e Exm . Sr.- Havendo r ep resentado á ca- lê r todo o processo.
mara dos deputados Venccsláo José de Oliveira « Art. 7. Tanto o accusado, .como a commissão
Cavalcan ti, ajudante reformado da provincia de accusadora, poderáõ no mesmo acto arguir as tes-
Pernambuco, ora nesta côrte, haver-se-lhe denegado temunhas, sem as interromper, assim como poderáõ
o passapo rte, que por vezes tem requ erido pela verbalmente fazer as suas allegações, e defe-
reparti çao dos negocias da gu erra , para poder re- zas.
gressar áquella provincia, onde possue o seu patrio- « Art 8. O juiz de direito, fará um relataria
tismo ; qualificando este proc edime nto como op- resumido, indicando a; provas, e fundamentos de
posto á liberdade, que a constitui ção ga rante a todos ambas as partes; e propondo as questões do artigo ...
os cidadãos no art. 1'79: a mesf!Ja camara, confor- aos juizes de facto, serão decididas na mesma ses-
mando-.;e com o parecer da commissão de constituição, são, sem que haja mais discussão. Depois do que os
resolveu, que pelo intermedio de V. Ex ., se pedis- juizes de direito applicaráõ a lei.
sem os nccessarios esclarecimentos a respeito do « Art. 9. Des tes julgados, não ha recurso algum .
conteúdo do dito requ erimento, que para isso vai - Berna1·do Pereira de Vasconcellos.- Nicoláo
inclus o. O que participo á V. Ex., para que suba Pe1·eira de Campos Vergueiro.- José Lino Cou-
ao conhccimentü de Sllü Magestadc Imperial. tinho. "
Deus g uarde iÍ V. Ex . Paço da camara dos depu- Sendo estes artigos postos em discussão, cada
tados, em 20 de Julho de 1826.- José Ricardo da um de per si, farão successivamente approvados,
Costa Aggiar de Andrada.-- Sr. Barão de Lages. sem a menor impugnação, guardadas todas as for-
malidades do regimento. Depois do que perguntou
o Sr. presidente, se a camara julgava coucluida a
Sessão em ~t de Julho de t 826 terceira discussão do projecto de lei da responsabi-
Pl\ESIDENCIA DO SI\. I' EI\EIRA DA NOBREGA lidade dos ministros, e conselheiros de estado: e
respondeu-se affirmativamente. E perguntando mais
A's lO horas fez-se a chamada, c acharão-se pre- se a camara approvava o projecto com as suas
sentes 69 Srs. deputados, faltando com participacão emendas na fórma deliberada, respondeu-se tam-
de causa os Srs. Costa Aguiar, Rocha Francô, e bem pela affirmativa. Em consequencia do que de-
Clemente Pereira, c sem participação o Sr. Silva terminou-se, que o dito projecto com as emendas
Lobo. O Sr. Maia passou a occupar o lugar de 1" se- fossem remettidos á commissão da redaccão de leis,
cretario; c aberta a sessão, foi lid a a acta da antece- para o redigir em ordem. ·
dente pelo Sr. secretario Souza França, e appro- Seguia-se a segunda .Parte da ordem do dia, que
vada. era a discussão do projocto de lei, remettido pelo
Lo go o Sr. sec retario Maia deu parte de um senado, declarando os dias de festividade ~aciona!. E
requerimento de Joanna Margarida, qn eixando-se logo o Sr. secretario Maia leu os dous artigos do
do intendente geral da policia, e foi diri gido á com- projecto assim concebidos.
missão de petições. << Art. l. Serão de festividade naciodal em todo o
Entr eu-se logo na primeira parte dJ ordem do imperio, os dias 9 de Janeiro, 25 de Março, 7 de
dia, quo era a discussão do projecto de !oi da res- Setembro, e 12 de Outubro.
ponsabilidade dos ministros, e conselheiros de es- « Art. 2. Cessará · nos mesmos dias o despacho
tado, na parte relativa aos artigos do processo, dos tribunaes, e se farão todas as demonstrações
deduzidos da lei da liberdade da imprensa, os quaes publicas proprias de semelhantes festividades. n
se mand~rão incluir por inteiro, e não por meio
de rem1ssao, como se ac!Java. no art. 24 do projecto, Aberta a discussão, pedia logo a palavra, e disse
quando entrou em lerceu·a d1scu ssão . O Sn. LINO CouTINHO:- Neste projecto de lei,
O Sr. primeiro secretario leu os artigos redigidos eu só tenho a accrescentar uma declaração no art. 2,
pela comm1ssão de leis r eg ulamentares, assim con- pois alli só se falia em tribunaes, e eu quizera, que
cebidos : o feriado seja extensivo a todas as estações publicas,
" Art. l. Apresentado o decreto de accusação porque sendo esses dias de festa nacional, e grande
com o processo, o senado mandará notificar o réo, gala, não devem só participar uns, e outros não.
para que por s1, ou seu procurador, compareca em O Sn. Cnuz FERREIRA: -Seria melhor dizer-se,
certo, c designado dia. • que cessarião todos os trabalhos civis, e forenses .
<< Art. 2. Antes da notificacão , terá a commis- O SR. VERGUEmo: - Ci:eio, que está decidido,
são de accusação apresentado Õ libello accusatorio que os projectos vindos do senado, tenhão uma só
com os do~umentos, que tiver', e rol da$ testemu.; discussão, na .qual primeiro se trate da converlien-
nhas, querendo produzi-las. cia da materia ·. em geral, e depois ·admittida . esta,
<< Art. 3. A notificacão será acompanhada da se examine cada um .dos artigos de per si. Portanto
copia do libello, documentos, e rol das testemu- deve-se guardar essa ordem.
SESSÃO EM. 21 DE JULHO DE 182fi 263
O Sn. PAULA ll SouzA:- Sobre isto ha duas in- brimento do Brazil. Portanto não póde deixar de
dicações, uma do Sr. Costa Carvalho, que foi a p- entrar no numero daqu elles, que devem ser cele-
provada, e outra minha, que se acha na commissão brados como festividad e nacional.
do regimento, qt:e ainda não deu o seu parecer. O SR. VASCONCELLOS : - Sr. presidente, eu me
Peço por isso ao Sr. presidente, que convide a com- opponho a esta em enda , e a julgo desnecessaria.
missão para o apresentar, afim de termos já um Querem se multiplicar os dias de festa l Se por
regimento certo a este respeito. qualquer plausível moti\'O formos a fazer fes tivida-
Consultou então o Sr. presidente o voto da ca- des nacionaes, então não se trabalh e mais, não se
mara, que satisfez ao Sr. Paula e Souza, ficando a cu ide em mais nada.
commissão na intelligencia de tratar com urgencia Accrescentem-se estas festas ás festas da igreja,
da mencionada indicação. e veremos, qu e di o.s re stão para os n egocias publi-
Pedia então a palavra, dizendo cas, e particulares. Sejão de festa n aciona l os dias
O SR. VAscoNCELLOS:- Sr. presidente, tem-se 25 de Março, em que se jurou a co nstituição, 9 de
resolvido nesta camara, que sobre as leis regula- Janmro pela resolução ele S. l\L T. em fi.car no
mentares haja duas discussões, por isso que a Braz!l, 7 de Setembro pela proclamação !la inde-
primeira que deve versar sobre a utilidade da ma- pendencia do Brazil, e 12 de Outubro por ser dia da
teria em geral, está por sua natureza dispensada, ncclamação do imp erad or. Os outros sejão de gala.
visto que as leis regulamentares têm o seu funda- Ha muitos dias de grande gloria para a nacilo, e se
mento na mesma constituição. Este projecto não está vamos a declarai-os de fest ividad e, tudo fi'cará em
nesse caso, e póde ser rejeitado in limine: por festas.
isso julgo, que se póde ada ptar a proposta do Sr. Eu não sei dar a preferencia entre tantos aconte-
Paula e Souza já para es ta discussão, propondo cim entos gloriosos para a nação: se o dia 3 de Maio
V . Ex. primeiramente a materia em ge ral, e im- é de rego sijo publico, muitos outros ha de igual mo-
mediatamen te artigo por artigo. tivo. Portanto defendo o projecto, e opponho-m e á
O SR. VERGUEIRO:- A camara já admittio a emen da.
mat~ria do projecto, quando approvou o parecer da O SR. SouzA FRANÇA:- Is to é o que eu não
com missão, a que foi encarregado o exam e . Por- posso ouv ir . Se n ão deve haver este dia de fest a,
tanto o que resta é discutirem-se os artigos. Demais tambem não deve passa r este projec to . Estas dif-
este projecto é t.ão simples, que não admiLte longos ferenças eu não posso admittir; pois a m esma ra-
debates, nem tantas formalidad es . (Apoiado, apoia - zão, que h a para se celebrarem os dias apontados no
do .) projecto, milita a respeito do dia 3 de Maio.
Então com approvação da camara, abriu o Que diria a nação brazileira ,·vendo que o dia da
Sr. presidente a discussão sobre o primeiro artigo, instal!ação da sua assembléa legislativa nã o era
e tendo-o hdo o Sr. secretario Ma1a, rompeu a dis- marcado en tre os de regosijo publico ? Eu n ão quero,
cussão nestes term os que se augmentem os feriados, antes procurarei,
O SR. SouzA FRAilÇA:- Senhores, em todas as que elles diminuão.
Não quererei, que se guardem tantos feriados,
nações, e em lodos os tempos se mpre se festejárão que até agora tem sido introduzidos, ás vezes por
certos dias, que suscitão memorias de jubilo nacio -
motivos de bem pouca consideração; o meu voto é,
nal. que, ex cepto es tes dia s de verdad eira festa nacional,
Eis o motivo porque eu não só não me opponho,
mas antes spprovo este proj ecto. Estes dias apon- não hajão outros feriados. P ortanto n ão va le a
tados aqui (leu o projecto) são verdad eira mente de razã o, que allega o n ob re depu tado : n ão se multi-
regosijo publico, porqu e record ão acontecimentos plicão as fe stas , antes se r eduzem a um num ero
de summo interesse para o Brazil. muito menor.
Porém, Sr. presidente, porque razão o não será O SR. BAPTISTA PEREIRA :-Eu lambem reconheco ,
lambem o dia 3 de Maio? (apoiado geralmente.) Dia que devemos ter dia3 de fes ta nacion al, e não darei
da installação do corpo legislativo I (apoiado.) Dia as razões, porque são bem pat entes , e sa bidas.
marcado pela constituição ! Não será este dia tão Admitto os dias apontados no proj ecto, pois touos
grande, como os outros, para o povo do Brazil? são assignalados com rnclivos relevantes, com tudo
(apoiado.) Dia que affiança a todos nós a nossa li- assen to, que a accresccntar-se mais algum , então
berdade,, a nossa verdadeira felicidade l (apoiado em lu ga r do di a 3 do ~!ai o, d;1rei a preferencia ao
geml. ) Como ha de ser omnnsso? De nenhuma ma- de 3 de Junho. O dia 3 de l\Iaio é o da ab ertm·a das
neira . Eu mando esta emenda ... camaras, e co mo annualmenle se ha de renovar es te
Leu, e passou ao Sr. 1• secretario a seguinte acto, tanto basta para o fazer celebre na nossa
nação. P orém o dia 3 de Junho, quanto a mim,
cc E!IENDA POR ADDITAllENTO suscita uma memoria do maior interesse, e gloria
nacion al, e que por isso deve ser conservnda perpe-
cc Será enumerado nos dias de fes ta nacional o tuamente, p orque n este dia foi convoca da a prim eira
~ia 3 de Maio, rnarcado pela co~sti tui ção do impe- assembléa constituinte, o letJislativa da nacão
no para a abertura da assemblea geral legislativa brazileir4. Esta convocução foi que sellou a nossa
do mesmo imp erio.- Souza Fmn ça.. » felicidade, foi que verdadeiramente marcou uma
Foi apoiada, e entrou em discussão, tendo a pa- gloriosa época na histeria da nossa nação. Portanto,
lavra · torno a dtzer, que se acaso se accrescenlarem os dias
O Sn. QuEmoz CARnEIRA: -O illu·s tre deputado de festividade nacion al, eu antes me decido pelo
preveniu-me. Eu já tinha aqui uma emenda (mos- dta 3 de Junho, do qu e pelo de 3 de 1\'Iaio.
trando-a) para este mesm o fim. O dia 3 de Maio é O SR. VEnGuEmo :-Sr. presidente, eu tambem
mui grande para o Brazil, por ser o dia da instal- n ão desejo que se multipliquem as festas em pre-
lação da assembléa geral, e ainda por outra razão juízo dos negocios publicas, e particulares da nação,
por ser dia da Santa Cruz, anniversario do desca:. porém rec.onheço, que devem haver algumas, e uma
264 SESSAO EM 21 DE JULHO DE 1826
dellas é certamente a que propõe o Sr. Souza Demais a nação perde muito com estas festas, porque
~rança no seu additamento (Apoiado) E' o dia da com ellas não só cessa o expediente nas repartições
mstallação da representação nacional I Se nós publicas, mas até os trabalhadores {,ieixão os seus
congratulamos os dias do poder exec utivo, porque empregos, attrahidos dos espectaculos, foguetes,
não havemos de congratular tambem o dia 3 de etc. Se se calculasse a perda da nação om um destes
Maio, dia consagrado ao poder legislativo : Eu dias, o resultado seria espantoso, montaria a muitos
julgo indispensavel esta festividade nacional, e para contos de réis.
isso antes quizera, que se supprimisse uma, ou duas
outras festividade s, para se dar lugar a esta. O SR. HoLLANDA CAVALCANTI : -Eu apoiei a
Supprimão-se os dias 7 de Setembro, e 25 de suppressão dos dous dias da emenda do Sr. Ver-
MarQo, porque sendo na verdade de gloria para o gueiro, assim como apoiaria qualquer outra, só
Braztl, comtudo tirão o lngar a outros dignos de para ter lugar o dia 3 de Maio. (Apoiada, apoiado).
memoria igual, e talvez superior. No dia 7 de Tomára saber se ha para o Brazil um dia mais
Setembro proclamou-se a nossa independencia memoravel de que seja o dia 3 de Maio! (Apoiado)
política, porém proclamou-se em uma província , Eu mesmo nunca ac red itei em constituição, senão
tendo já d'antes sido applicados os meios para a no dia 3 de Maio . Para mim é um dos maiores dias.
venficar, e sendo aquelle acontecimento contado á O SR. CusTODIO DIAS :-Eu pasm o, senhores, de
muito ontre os q.ue devião necessariame nte ter ver que h a quem se !em bre de propor que o dia 3 de
lugar. Que o Brazil seria independen te, nem ao Maio não seja de festa nacional: eu, que queria que
menos duvidavão os nossos inimigos : era uma todas as festividades se reduzissem á do dia 3 de
re_volução marcada nos calculas de todos os políticos.Maio I Pois de que vale a independencia, ajuramento
Nao quero todavia que daqui se conclua, que eu da constituição, etc. se a representação nacional
ten~o em pouco apreço aquelle celebre acto, quando não fosse installada, se a assembléa não tivesse
a mmha intenção é mostrar, que o dia 3 de Maio o acção, e entrasse em exerci cio? Eu não sei o que é
excede em glona para a nação brazilei ra, por ser constituição, nem para que ella possa servir, se
aqu elle, em que ella se vio pela primeira vez repre- ficar só em papel. Que seria o Brazil sem consti-
sentada. (Apoiado geral.) Eu mandarei uma emenda tuição, sem a sua representação nacional? Sem
a este respeito. cnnstituicão um só instante não estarei no Brazil:
0 SR. VASCONCELLOS :-Eu CO~tinuo na minha irei vivêr nesses desertos distantes, e até fugiria de
opinião. Querer comparar o dia 3 de Maio áquelle, habitar com homens . Senhores, ao dia 3 de Maio se
em que se ju~ou ·a constituição do imperio, parece devem dedicar todas as festas publicas. Eu não
que e querer Igualar o pigmeu ao gigante. Suppri- quereria que fosse fest ejado só com foguetes, tiros
!lllf-se o dia 7 de Setembro, em que se proclamou a de peças, e theatros, mas desejára que se empre-
mdepend~nc.ia em umaprovincia 1Foi proclamada em gassem os festejos religiosos, que se consagrassem
uma provmcia, mas foi proclamada pelo imperador louvores ao nosso Deus, por nos ter favorecido com
então regente deste imperio. Este acto, se foi prati~ este bem inapreciavel, e que se praticassem actos
ca~o e~ uma. pro·vincia, teve uma completa de heneficencia a favor dos povos, principalmente
rat1fic~çao f!O d1a 12 de Outubro em todo, ou qu asi aos necessitados . Pois que <>eria de nós, se a assem-
todo 1m peno, e finalmente foi sellado no dia 25 de bléa se não instalasse? Haveria um só homem
Mar1o pelo juramento daconsti tuicão que é a garantia independente ? Sem constituicão, e a assembléa,
dos 1ôros da nacão. • que seria o Brazil? Portanto voto pela emenda do
Todos estes actos são fundamentos para a instal- Sr. França.
laciio da assembléa, de sorte que este dependeu O Srr. TEIXEIRA DE GouvÊA :-Sr. presidente, é
daquelles, e não aquelles deste. Portanto nem o dia forçoso, ou marcar um só dia, ou no caso de passar
3 de Maio, nem o dia 3 de Junho, em que se o projecto, accrescentar mais um, que é o dia 3 de
con~ocou _ a assembléa constituinte, apresentão Maio, dia em que o Brazil viu pela primeira vez a
mottvos tao relevantes para o jubilo publico, do nação reunida, e legitimamente representada. E não
~ue aquelles, que estão marcados no projecto. será grande este dia? A passar o projecto, deve
Comtudo como cada um encara este objecto pelo tambem passar este additamento ; ou então seja só
seu lad?, póde decidil-o a seu modo. O que me o dia 12 de Outubro, porque n'elle estão compre-
parece ~, que nem devemos gastar muito tempo hendidos todos os outros. Porém de>ignando-se
nesta dis?ussão, nem na resolução, que se tomar, mais de um dia, não se póde por maneira alguma
se d~vera fazer a vontade aos empregados publicas, ommiltir o de 3 de Maio. Este é o meu voto.
mult1phca~do os dias de ferias. Segundo o mel\ Julgando-se sufficiente a discussão, propoz o
voto. o artJgo deve passar sem alteração, e por isso Sr. presidente lo se a camara admittia o projecto:
opponho-me a todas as emendas. deci diu-se que sim : 2° se approvava o art. 1°,
Veio a este tempo á mesa, e foi lida pelo salvas as emendas : decidiu-se pela affirmativa.
Sr. secretario Maia a seguinte Propoz em seguida a emenda do Sr. Vergueiro, que
por suppressiva tinha a prioridade : foi rejeitada.
« EMENDA Propoz finalmente o additamento do Sr. Souza
« Que se supprima o dia 7 de Setembro, e o França, o qual foi approvado.
de 25 de Março.-Vergueiro. » Passou-se ao art. 2°, o qual foi lido pelo Sr. se-
Foi apoiada, e. admittida á discussão, teve a cretario Maia, bem como as seguintes
palavra
« EliENnAS·
O SR. ALMEIDA E ALBUQUERQUE :-Eu me declaro
contra~ ~menda, que propõe augmento no numero « Que ao 2° artigo se accrescente-e todas as
das festividades nac10naes. Senhores, as festas estão estações publicas.-Lino Coutinho. »
na razão de todas aquellas instituicões, que perdem « Cessaráõ nestes dias todos os negocias civis,
de valor sendo multiplicadas, e ao' alcance de todos. e forenses.-Cruz Fe·rreira . . >> -
SESSAO EM 21 DE JULHO DE 1826 265
Forão apoiadas, e entrando em discussão, forão chega o nosso desejo relo emprego dos homens no
impugnadas por esta maneira por trabalho, então devenamos fechar as galenas, e
não consentir que derivassem das suas occupações
O SR. V1 SCONCELLOS:-Eu me opponho ás emendas. aquelles que vêm ser meros espectadores nesta
O artigo está excellen te. Ha estações, que não casa, po~que elles aqui estão ociosos. Daqui conclúo
devem cessar de trabalhar, como seja a alfandega que nos dias de festividade nacional, ou não deve
etc. Certos trabalhos publicos são indispensaveis, haver feriado para os tribunaes, ou deve ser geral
e não devemos causar prejuízo aos povos. Por isso para todos, os que são empregados em serviço da
não admitto as emendas.
na cão.
O SR. SouzA FRANÇA :-Eis-aqui está uma opinião, O SR. VASCONCELLOS :-As festas nacionaes são
com que eu me conformo : nisto acho que o illustre uteis, e indispensaveis, posto que ~evem ser em
deputado tem toda a razão em se oppor ao addJClO- mfnor numero do que se acha no proJecto ...
namento, quo se quer fazer com estas emendas. qs 0 SR. SouzA FRANCA (interrompendo):-Eu chamo
tribunaes podem suspender o trabalho por um dJa á ordem 0 illustre dêputado :já houve votação em
ou outro, sem grave prejuízo do publico, porém contrario ...
certas estações, como a alfandega, consulado, etc. 0 SR. VASCONCELLOS :-Qual é a votação ? Queira
não podem estar fechadas sem damno do commerc10 fazer 0 favor de ver a acta .... Eu creio que o illustre
Sabe Deus o prejuízo que soffre o publico com deputado se enganou; quando me chamou á ordem.
tantos dias santos, em que aqnellas casas não Ainda se não votou sobre 0 art. zo Sr. pres 1dente,
abrem despachos. Eu até seria de opinião, que em a um deputado sempre é permittido repetir uma
muitos domingos estivessem em exercício, ainda idéa, quando quer explicar 0 seu voto,_ e fazer
que se augmentasse o ordenado aos empregados. alguma observação sobro as razões c_ontranas, toda~
Portanto sigo o mesmo voto : defendo o projecto, e as yezes que se fundão em falta de _mtelhgencw. E
reprovo as emendas. 0 que eu pretendia fazer. Ora aqm se d1sse que os
O SR. CRuz FERREII\A :-(Fallou tão rapidamente, espectadores das galerias são homens ocwsos. Eu.
que nada se obteve do seu discurso). Sr. presirlente. não posso de1xar pas~ar sen:elh~nte
O Sa. SouzA FRANCA :-0 exemplo, que apresenta proposição. Como se podem syppor ocwsos c1dadaos,
o illustre deputado, "das nações da Grecia, não me que estão vendo, como nos._ defendemos os seus
convence. Naquellas nações o systema do governo interesses? Talvez elles este] aO notando o tempo,
era inteiramente diverso do nosso : e se o systema que perdemos em cousas de tão pouca importancia.
do governo era tão differente, que direi dos seus Bom é que elles csl8jão presentes, para que proce-
principios, das suas instituições economicas, e de damos com mais circunspecção, e cautela. Ass1m
financas, das fontes das suas riquezas, etc. ? Quaes fossem elles mais severos.
erão os seus habitas, os seus costumes ? Havia por 0 Sn. Cui'iHA MATTOS :-0 illustre deputado me
ventura commercio, ou outro genero de industria attribuio uma proposição que eu nunca avan~ei
a que se desse o povo, assim como succede actual- nem aqui nem fórn d'aqni. Os Srs. que me ouv1rao
mente entre todas as nações? Não: o povo, ltvre bem entenderão<' sent1do em que falle1. Pelo con-
dedicava-se inteiramente ás armas, e emprega vão traria eu demonstrei que elles aqui nunca se podem
exclusivamente os escravos na agricultura, donde dizer ociosos. E serão ociosos os cidadãos que vêm
tiravão com pouco trabalho rendas superiores aos assislir ás sessões dos seus representante;, e teste-
poucos gastos, que fazião ; e até em alguns povos munhar a diligencia que elles fazem a bem da sua
todos os cidadãos trabalha vão, e se sustentavao em gloria e dos seus interesses? Prouvera a Deus que
commum. Portanto podião dedicar ao ocio mJ_Jitos as nossas sessões se podessem celebrar em uma
dias do anno 1 sem que dahi lhes resultasse proJmzo praca ou em um campo onde coubessem 500,000
algum· , espêctadores, para que dessem fé do interesse que
O SR. VASCONCELLOS :-Senhores, eu não gosto d•J tomamos no seu bem !
fazer emendas, por conhecer que quasi sempre Terminada a discussão, foi o art. zo approvado tal
em~araç_!io a discussão se~ grande rrove1to · ::;e qual se achava, regei ta da as emendas. Pergm;tou
assim nao fosse, eu propona que os tnbunaes nao então 0 Sr. presidente se estava conclmda a ullima
deixassem d~ trabalhil;r nesses _mesmos dtas ap~n- discussão deste projecto: decidia-se qu: s1m. Pro-
tado no proJecto. CreiO que nao se póde festeJar poz mais se a camara adaptava o proJecto com a
melhor um glorioso acto nacional, do que dando emenda ~pprovada: venceu-se do mesmo modo.
senteuç~s justas, e c~ncorrendo para o augmen_t_? e Foi portanto a emenda i~mettida, á com missão de
prospendade da naçao. Tal é a mmha op1mao. redaccão de le1s, para a por em forma.
O Sn. CuNHA MATTos ;-Eu defendo as emendas. FeÚo isto deu o Sr. secretario Maia parte de haver
Não ha, Sr. presidente, razão alguma para que dos recebido, e leu o seguinte
empregados publicos uns trabalhem, emquanto
outros estão em ferias. Se acaso tres ou quatro d1as OFFIClO
de descanso em um anno são prejudiciaes á nação, I
então não haja feriado nem nos tribunaes, nem nas " Illm. e Exm. Sr.-Tendo eu de propôr na ca-
outras estações publicas. Porém distmcções entre mar a dos deputados, de ordem de S. M. o Imperador
homens, que servem igualmente, .e são pagos uma provideneia legislatiYa, afim de se~ tomada na
igualmente pelo estado!.. Não admrtto. Dema1s, devida consideração; ass1m o commumco a V. Ex.
Sr. presidente, que são 3 ou 4 dias na rod_a do. an~o para o fazer constar á referida camara, e designar-
para que sejamos tão escrupulosos? Nao d1sse .Já se-me o dia em que ahi devo comparecer.-Deus
um illustre deputado, que por estes dias, que a~o~a guarde a V. Ex.
se vão celebrar por esta lei, hão de se suppnm1r «Paço, ,em 20 de _Julho de 1826.-Visconde de
muitos outros feriados, que enchem o calendano?: Paranagua.-Sr. Jose Ricardo da Costa Aguiar de
Logo não ha motivo para tal rigor. Se a tal ponto' Andrada.»
67
'!Gb SESSÃO EM 21 DE JULHO DE 1826
Pelo que consultando o Sr. presiden•.e o voto da rida deputação no domingo 23 do corrente, pelas
camara, determinou-se que se assignasse o dia de onze horas e meia da manhã no paço da eidade.-
amanltã, e assim se participasse já ao ministro. Ao Deus guarde a V. Ex.
que pedio a palavra, e disse « Paço, em 21 de Julho de 1826. -José Feli-
O Stt. LtNO Co uTIN HO :-Eu tenh o a dizer a V.Ex. cianno Fernandes Pinheiro.--Sr. José Hicardo da
que o mini stro da marinha me affirmou que não Costa Aguiar de Andrada. » -Ficou a camara in-
podia vi r a esta cama ra nos diag de despacho que teirada.
~ão terças, quintas e ~abbados. Faço esta partici- « Illm. e Exm. Sr.-Por ordem de S. M. o Impe-
pasüo para qu e, se poder ser, se assigne outro dia. rador remetto a V. Ex. o officio incluso do presi-
O SR. VA sco:-~rELLOS :-0 ministro escreveu um dente da província de S. Pedro ele 17 do mez pro-
offic io para que se lhe assig nasse dia para vir a esta ximo pas,ado, com o requerimento dos moradores
casa: alli é que tin ha lugar declarar o seu impedi- do Boq ueirão do Serrito, para qu e seja tomado na
men to em certos dias. Não o fez: logo julga-se consideração que merecer pela camara dos deputa-
prompto em todos. Den111is se elle nito puder vir dos, na parte em que pedem que se desmembre da
amanhã, o participará. l'lão é da dignidade da ca- Matriz o curalo de Nossa Senhora do R ozari o. -
ruara r~ceber recados por vias particulares. Está Deus gua rde a V. Ex.
deci dido que venha amanhã: se puder e quizer vir, «Paço, em 21 de Julho de 1826.- José .Feli-
venha, e 'e n:w pud er participará e assigna -se ou- cianno Fe·rnandes Pinheiro. -Sr. José Ricard<> da
tro dia. Costa Aguiar de Andrada. ))-Foi remettido á com-
missão de ecclesiastico.
O S11. LtNo CouTt:'!HO :-Admira-me assás que em
cousa tão simples o illustre de putado tan to se tenha « Illm. o Exm. Sr.-Por ord em de S. M. o Im-
form alisado pugnando pela dignidade da camara I perador rem e tto a V. Ex. as duas inclu,as repre-
Só me faltava ouvir diz er em face-Qitod d-ixi ,dixi , sentacões da camara da villa do Bornsuccesso e do
quod scr-ipsi, scn:p s-i.-Quo duvida póde haver, em paroc'ho J osé de Souza Barradas, sobre o plan o de
qu e um meu amigo me participasse que não podia divisão ele freg uezias, ofl'erecido pelo conse lho da
vir a esta casa em laes e taes dias, por serem para província do Minas Geraes, para que V. Ex. as leve
elle occ up~do s e legitimamen te imp edid os; e qu e ao conhecimento da camara dos deputados.-Deus
eu o participe mui naturalmente a esta cama ra? E' guar de a V. Ex.
algunJü co usa do outro mundo, para tanto agucar a «Paço, em 21 de Julho de 1826.-José Felicianno
ene rgia c severidade do honrado nt em hro, para jjzer Fernandes Pinheiro.- Sr. José Ricardo da Costa
á bo<:a cheia- não é da dig nidade desta camara l- Aguiar de Andrada. " - Foi reme ttido ás commis-
Bem me embaraça r1ue seja sa bbado, quarta ou sões de es tatís tica e do ecclesiastico .
quinla-f•~ira, ou o utro qualquer dia. Uepeti o qu e O mesmo Sr. seeretario Maia, como relator da
se me havia dit o em conversa ; mas não o diss e commissão da redacção de leis, apresentou redigida
como moço de recados, para o que tenho muito a emenda ao projecto diseutido hoje sobre as festas
pouco geito . nacion aes, e a leu.
O S11. SouzA FnAKÇA :-E' realmente contra a Era assim co ncebida:
dign idade desta camara rcceb~ r recados particula- «Ao art . 1°.-Depois das palavras-vinte e cinco
res, como bem disse um illustre deputado; e muit o de Marco-accrescente-sc-tres do Maio.
mai s é alterar-se a decisão ~o rn ada. U ministro man- « PaÇo da ca mara dos deputados, 21 de Julho de
dou este otficio ú camara para su lhe marcar dia, nada 1826.-José Antonio da Silva llfa.ia.-CandidoJosé
pre,·enio; a camara já reso lveu ; porque motivo sn de Araujo Fianna.-José da Costa:can;a/Jw .,
ha de desfazer o que e> tú feito, só porque um dos E propondo-a o Sr. presidente a votos, foi appro-
mGmbros da camara co mrnuni ca urna conve rsa par- vada.
ticular, que tere com cllo? Se o il!Ltst rc deputado Passou-se ti 3• parte da ordem do dia, que era a
tiv e,se prevenido antes da votação, então tinha 3• di sc ussão do projecto de lei apresentado e nova-
algum lugar: agora n ão . mente redigido pela commissão de saude publica
O S11. Lt!'!O CouTINHO :- Eu não estava pn~srnte sob re as cartas dos alumnos das acatlemias medicn-
na uccns ião, em que se tratou disto. cirurgicas.
O Srt. SouZA Ji'tl.\:I ÇA :-Nilo é da dignidade da Leu- se a nova redacção nestes lermos:
canwra ... « A assembléa geral legislativa decreta :
O S11. . LtNO CouTtNIIO (interrompe·udo) :-0 dito « Art. l. o Todos os estudantes que nas escolas
por oito dito, Sr. prestdente: não estejam os a gastar de cirurgia do Rio de Janeiro e Bahia tiverem con-
tem po com ninl•arias . cluído o curso de 5 annos ou 6, haverão as cartas
Terminada esta que stão in ci dente, leu o Sr. se- designadas n os arts. 14 e 15 dos estatutos das r efe-
cretario l\Iuia os seguin Les ridas escolas . Ficiio compre hendid os neste artigo
OFf'ICIOS
os alutnnos uas ditas escolas que, havendo frequen-
tado e conseguido n sua approvação , se acharem
« lllm. c Exm. Sr.-Send o presente a S. M. o ainda hoje sem cartas.
Imp erador o oillcio de V . Ex. da data de 19 do cor - '' Art. 2. 0 As cartas serão passadas p elos direc -
r ente m ez, em que parti cipa ter a camara elos de- tores das escolas ou pelos lentes, que suas vezes fi-
putados resolvido env iar á sua augusta presenca zerem; assignadas pelos lentes de pratica medica e
uma deputação de se te membro>, pedindo a süa cirurgica e subscripta pelo secretario da escola,
sancçito ao dec reto da assernbléa geral legislativa com sello pendente de fita amarella. Cada uma das
relativo á formula do reco nh eci mento do príncipe ditas esco las poderá escolher o sello que bem lhe
impe rial; deseja nd o para ess1·~ fim sab er o dia, hora parece r.
e lu gar erll que se digna recebêl-a. O mesmo senhor <r Art. 3. 0 As cartas de simples cirurgião e ci-
m e ordena , que diga a V . Ex., que receberá a refe- rurgiâo formado seriÍõ passadas em linguagem vul-
Câmara dos Deputados- Im presso em 07/01/2015 14:11 - Página 6 de 16
a viuva é solteira; istü é uma cousa clara; portanto « As viuvas, mães e orpbãs, sejão estas filhas ou
dizendo-se--:--emquanto se conservarem solteiras- irmãs dos miiitares de postos combatentes do exer-
acbava-se tudo comp-rehendido. · cito do Brazil, serão abonadas pelo thesouro publico
Este project_o precisa de muitas emendas, e uma coma metade do soldo, que vencião seus fallecidos
dellas é, declarar-se desde quando a lei deve ter maridos, nos casos e pela maneira que se segue:
effeito; porque se forem incluídos lodos aquelles u. Caso 1. 0 Quando os militares tiverem morrido
militares, que até ao presente têm existido no em manifesta defesa da patria, seja contra inimigo
Brasil, então o exercito dos mortos será maior do externo ou. interno, seja qual fõr a sua praça ou
que o dos vivos; será preciso para esta despeza vêr patente, seja ou não a sua familia rica ou pobre.
um meio·magico de metter dinheiro nos cofres.
E' necessario, pois, marcar desde 1819 ,ou 1820, « Caso 2. o Quando o militar, sendo oficial de
- • · · h · patente tiver morrido em serviço de paz e a sua
porque d0 contrano sera Impossive1 aver mews familiajustifique que ficou na indea:enç.ia péla morte
de satisfazer estas despezas. ~ -
Tambem se quer que as vi uvas dos soldados tenhão delle. Exceptua-se deste caso a família do official que
soldo; parece;-me quc-= ha uma emenda, que diz não tiver senidopelo menos seis annos; tendo então
isso. Eu me opponho a esta emenda, Sr. presidente. esta direito unicamente a ser soccorrida com meio
orque razão devem ter meios soldos as vittvas dos soldo por tantos annos quantos tiver servido o offi-
P
olficíaes ? é por não parecer conforme com os prin- cial.
cípios da humanidade, que mm-riw de miseria as cc No 1. o caso : a familia que tiver direito do meio
·pessoas que vivião deste> soldo, pessoas tão caras soldo do o~~ial fallecid? habilitar-sc::-ha, aprcsen-
a estes elliciaes, como são as suas mulheres e filhas. tando certtdoes authenhcas .da aulondade compe-
Por este motivo deve na realidade dar-se alguma tente que qualifi!Juem a morte do militar, e de_ ca-
r,ousa a estas vi uvas, por contemplação para com i samento _se for vmva, e do casamento do fallecrdo,
os nossos defensores, e nisto mostraremos já uma e de ba_Ptrsmo se _fôr orphã. Uma vez verificadas
generosidade extmordinatia; porque em todas as esla_s cn-cumstancJas perant~ 0 governo, es_te man-
partes só se concede ás viuYas dos officiaes que ~ara a~ tl~esouro ~~bhco satisfazer a quant1a a que
morrerão em campanha. hver d1re1to a famtha prete~dente, devendo conla~-
1\Ias as vi uvas dos soldados não estão nesta razão; s~ o pagamento desde o dra em que falleccu o ml-
ellas não vivem dos soldos de seus maridos, por- htar.
que a sua importancia apena!; se limita ao restri- ~~No 2.o caso: !'- famili~ que tiver direit(! no
ctamente necessario, e nem para isso chega : antes meu~ ~oldo do offl?1al, habiltta•·-se-ha, apresenla!ldo
é um dos pontos da disciplina militar, que os sol· cerltdoes ~uthenttcas ~o. parocho ·de_ .. u~ freguez1a e
dados não tenhão bastante soldo para se não entre- da autol'ldade mumc1pal do d1stncto , pelas
gare~1. á embriaguez e a todas as outras qualidades quaes se conl~eça que ficou na indi~encia; de_ casa-
de vJcros. O estado por isso lhes faz todas as des- mento e baptlsmo na fórma que ,.ai estabelectda no
pezas, d~ndo-lhes quartel, hospital, fardamentos, Io ca~o, para as differ~ntes circurust~ncias dos
calçado, etc., etc. As mulheres dos soldados vivem h~rdeiros; e uma vez verificadas estas cucumstan-
do seu trabalho; c se assim vh'em emquanto casa- cws perante o governo proc€1ler-se-ha tambem como
das, continuem a trabalhat depois de viuvas. no I.oeaso.
~m _consequ~ncia, ,-o~o contra esta emenda; pois, « Ein ~mbos os casos terá precedencia ao dir~ito
ate. nao haveria dmhcn·o para dar a tantas filhas de pensao aquelle lterdeiro que o militar fallectdo
e vmvas de soldados ~ . tiver determinado em testamento ou declaração que
. E_u tambe~1_me opponho á _e!llenda que chama as o valha: Não tendo, porém, o militar determina!lo
umas do? ml11~are~ P.~ra part1c1par d!:ste _so~c?rro: ? he~detro, a viuva e orphãos prccç~em em dire1to
essa provtdencm so pode ter lugar na mst1t.u1çao do a ma e. O orphão. varão perde o dtreito logo que
monte-pio, de que vamos tratar com brevidade. cesse a orphandade. Os generaes ou commandantes
Nós não podemos fazer tantos fal'ores do dinheiro militares debaixo do commando dos quaes, ou em
da_ nação, ne~ o e~tado de nossas finanças nos per- cujo districto tiver fallecido o militar em immediata
ro1tte taes hberaltdades : devemos fazer as cousas defeza da patria, maudaráõ Jorro proceder por um
em regra, e atte~derm?s unicat}-1ente áqu~llas pes_...; numero de offieiaes competente á qualificac~o da
so~s que_ se achao ma1s uece.ssttadas e tem um d1- morte do official em um conselho de disciplma, e
re1t~ ma1s forte a serem ahmentadas á custa da farão e:xtrahir certidão do resultado do conselho para
naçao. a remetter ex-o{ficio á família. do morto ; ficando
Entretanto essas outras, que se podem considerar responsaveis no caso de omissão á perda da met.ade
em segunda classe, ficaráõ contempladas na institui- dos seus respectivos soldos por tempo de um anno,
ção do monte-pio. a beneficio da familia do fallecido.-0 deputado,
Portanto, nesta parte sigo estricta.mente a le_lra Cavalcanti de Albuqnerque. »
do artigo. . - Foi apoiada, assim como o seguinte
Eu mandaria uma emenda .á mesa; porém,
como gosto pouco de emendas, reservarei as minhas « ARTIGO ADDICI0:-1.-\L
observações para quando o projecto fôr á commis- << Ficão comprehendidas- e sujeitas ás condições
são de redacção, em cuja sabedoria muito confio.
Pedio então a palavra o Sr. Hollanda _Cavalcanti; do art. 1° as mães viuvas e irmãs legitimas rde
e tendo proferido um pequeno discurso, que não officiacs solteiros que estiverem por elles amparadas
foi ouvido pelo tachigrapho, por ter sido pronun- e soccorridá.s.-Queiroz Carreira. ,,
ciado em voz mui baixa, enviou á mesa a seguinte Sendo ambas admittidas a discussão, teve a pa-
lavra ·
<1 EMElli'DA
O Sa. MAncos ANToNIO :-Sr. presidente, eu me
« Proponho como emenda ao art. 1o o artigo levanto para defender o artigo com a emenda que-
seguinte: lhe propuz.
Câmara dos Deputados- Im presso em 07/01/2015 14:11 - Página 8 de 16
.
SESSAO EU 21 DE JULHO DE 1826
Sendo ru;sim, vejamos se a disposição deste. artigo daCJl:lelle, a quem desprezou em vida. O proprio
271
não é desproporcionada e injusta. marido, se ressuscitasse, não quereria que o go-
Disse-se que esta concessão do meio soldo nãó é verno lhe concedesse.
por · carida~e, nem por es~ola, mas sim por .o!Jri- Disse-se que nesta lei se não devia fazer distinc-
gaeão perfeita, porque as vmvas e filhas dos m1hta- ção da mulher, que vive honestamente, daquella
res têm direito ao meio soldo de seus finados mari- que não tra,ta da boa lama: Admira-me muito que
dos, ou pais. se avance neste recinto semelhante doutrina. Q11e o
Então porque se não declara tambem, que as viu- governo se não deve embaraçar com a moral do ci-
vas e filhas de (quaesquer empregados publicos têm dadão l
direito á metade dos ordenados de seus maridos ou Senhores, a moral publica é um dos objectos di-
pais?_ . _ _ g!los da maior attenção de um governo, de um Ie-
Pots os ma1s empregados nao estao nas mesmas gtslador.
circumstancias, não servem igualmente á nação? - E' preciso que todas as leis tenhão sempre em
Entretanto os militares têm, e os mais não l Não vista este fim. que é certamente o mais proveitoso.
posso entender que isto seja de justiça! Uma proposição semelhante, um tal epicurismo
Portanto a formarmos uma lei para soccorro das offende o sensorio de qualquer homem circum-
viuvas e filhas dos militares, que não morrerão em specto.
campanha, devemos deduzir os princípios não da Querer o honrado orador que a viuva do militar,
rigor~sa justiça, mas da equídade, e da benefi- tenha a conducta que tiver, seja como fôr, haja de
cenCJa. vencer o meio soldo de seu marido ! ...
Pecca mais este artigo contra as regras da justiça, Não deve, respondo eu, e responderá muita gente
quando exclue a mãi e irmã do militar. boa: ha de provar a sua conducta, ha de mostrar
Pois ha de a filha do militar gozar deste bf<nefi- que tem vivido com honestidade e honra, para se
cio e sua mãi não 't Os nossos verdadeiros herdei- lhe conceder este beneficio; porque a nacão não faz
ros pe\a natureza são nossos filhos c nossos pais: o beneficios a prostitutas, a nacão não deve susten-
pai tem direito de herdar do filho, assim como o filho tar a mulheres indignas, ã mulheres perdidas.
do pai. (Apoiado, apoiado), a quem não tem honra. Ha de
· A mulher não está em igual condição: os seus justificar a sua conducta, torno a dizer.
direitos são adquiridos, mas não são da natureza ; Porém, como se fará essa justificação'? Como se
são direitos concedidos pela sociedade, não são di- ha de mostrar que viverão sempre com bonesti-
reitos do sangue. dade? ..•
Por conse~uencia a mãi tem mais direitos sobre Pois, não ha a censura publica, que preoíêa e
o filho, relativamente á herança. do que a propria castiga a virtude e o vicio com a boa ou má opi-
mulher deste, se elle não tem filhos. nião? .
Lo~o falta-se á justica, se se exclue a mãi do mi- Não ha visinhos que sabem da boa ou má condu-
litar tallecido. • cta do seu visinho 't Não ha os parochos, que de-
. Parece que nesta lei se pretende seguir a ordem do vem saber da vida de seus parochianos 't
direito de lieranca; e então devia-se chamar a mãi Não ha entre nós o costume de se provar o bom
do militar, no câso deste não ter mulher e filhos. As ou má o comportamento com attestado de seus vi-
irmãs, quando tenhão sempre vivido debaixo da zinhos e do seu parocho ? ·
protecção, e amparo do falleeido, estão na razão de Logo, seja essa a maneira por que as vi uvas dos
serem igualmente soccorridas : de outra maneira a militares devão coUUlrovar sua conducta, se quize-
lei não póde deixar de ser enca.rada como injusta. rem ser agraciadas com a pensão.
Esta lei, torno a dizer, é de eq_uidade e de favor Finalmente, seja este ou qualquer outro o meio
para uma só classe de indivíduos, 'Isto é, para os mi- da habilitação, nunca me conformarei, nem qual-
litares ; · porque a ser uma lei de justica universal, quer se conformará com a opinião de que a nação
dever~a abranger todos aquelles, que servem ao deve fazer esmolas com os olhos fechados a pessoas
estado. quer nas armas,. quer nas lettras,. ·.quer fi- immoraes e indignas. ·
nalmente -em qualquer. outra occupação: e sendo . Além de tudo isto. Sr. presidente, convém que
·assim, porque não terá a nação, que faz este favor, este .soccorro não recaia indistinctamente. E' in-
esta equidade, o direito de impôr as condições, com dispensavel qns se tenha atténção ao estado em que
que a quer fazer? cada· '?-ma ficou por morte do seu marido, para não
E por ventura quererá a n~ção, e o seu governo confundirmos aqueua· a quem ficarão meios de sub-
-empregar. este favor, esta eq01dade em pessoas in- ·sistencia; com a· outra que se acha reduzida á rui-
dignas? · seria~ . E\ demais, preciso · ter attenção aos annos
Haverá alguem,. que dê esmolas a quem se não de serviço do marido ; pois, não se póde comparar
comporta com honra, e é eonbecidamente -immoral ó que tem servido 20, 30 e mais annos, coni aquelle
· e perverso 'l E seassim é, como .se poderá deixar de que apenas contou um ou dous. A caridade tem
averiguar, se taes mulheres têm ou não vi vido com suas regras. pelas quaes. se administra. ·
·seus maridos honestamente, para então se lhes con- Portanto,- deve-se marcar um tempó certo do ser-
. ceder a pensão, que o estado dã em contempla cão viço-prestado; :de· õutra sorte seremos prodigos do
para com seus maridos? Eu até desejaria que·se (Ie- dinheiro . da' nacão; ,que'só nos confiou. a adminis-
.clarasse, .que não receberião esta pensão •. sem que traçãó e não o Üsó e l>ropriedade: nem elle é tanto
. tivessem sido. verdadeiras comJJanheiras de seus ma~ que chegue pará taes ge,nerosidades. · · ·
ridos em todos. os. seus. trabãlhos e .·necessidades: ··Eu CQnhe~o' :viuvas de":officiaes· que .ficarão com· a
.pois, como muito bem ponderou. um .honrado .mein- sobreVivénCia· de offif?ios ·conferidos a seus maridos.
bro, ha mulheres. que se dedign,ão !!e. servir iellS ~~~nto ' eu: te~o 'estas ·V!nvas necessi~ade do
_proprios maridos, .<@e ~ julg~o inj U!ia~as e10 lhes mex() S()ldo. 'l 'P,~r ~r.to· que nao•
.lavar. a roupa· e em lhes .fazer a ,eomxda •. Umà·mu- .... O. que .pretendemos. ·com ·.esta .lei· é. socoorrer ás
lher semelliante é indigna d.e receber o meio S()ldo , necessitadas é nunca ~ugmentar o pàtrimonio da-
Câmara dos Deputados-Impresso em 07/01/201514:11- Página 11 de 16
assento que não será grande o numero das que as- ções de que elle está sobrecarregado. E como po-
sim tiverem vivido. Isto é o que por ora meoccorre derei lembrar ainda mais condições para,obstar a
sobre o artigo e sobre. o que tenho ouvido. esse bem applicado soccorro que a nação vai_ pres-
O Sa. VASCONCELLOS : -:- Senhores, depois do que tar a essas _miseraveis? Não consentirei jámais que
tão sabiamente discorrerão os illustres deputados os esta concessão, que se faz ás vi uvas tios militares
Srs. França e Mattos, eu nada deveria accresc!,'lntar, sirva de embaraço ás suas segundas nupcías. Pois
porque na verdade esgotarão a materia. Porém como então em que pecca, ainda mesmo venialmente,
o primeiro destes senhores discordou em alguns uma viuva por se casar segunda- vez 'l E então para
pontos da minha opinião e a combateu, eu expen- que ha de sotrrer a pena da privação do meio soldo
derei algumas razões para justificar e defender as que a nação lhe deu? Eu não entendo assim, nem
minhas proposições. essa-:; devem ser as vistas dos legisladores.
Quando eu disse que a commissão de redaccão Senhores, a nação brazileira deve ser generosa
faria as emendas necessarias, estava bem longe· de para com aquelles que a servem, e mesquinha para
julgar a esta commissão propria para accrescentar com aquelles que só tratão de a opprimir e vexar.
ou diminuir cousa alguma na materia do projerto, A nação tem muito, Sr. presidente, para estas des-
porque sei muito bem que nem esta nem outra ai-! pezas, que são da primeira necessidade. Faça-se o
guma com missão tem poder de alterar o vencido. que ha pouco disse um honrado membro desta ca-
Entendi porPm e entendo que a com missão, es- mara, que apparecerá dinheiro de sobra. (Apoiado
tantlo.presente e ouvindo as opiniões que aqui se geral.) Não choremos cem, duzentos ou trezentos
emittem sobJOe a fórma porque se acha ordenado mil réis, com que se mata a fome a uma honrada
um artigo, e sobre as palavras nelle empregadas, família, á mulher e ás filhas de um benemerito mi-
póde muito bem julgar, qual é o espírito da camara litar, que cego de amor pela sua patria, pelos seus
~ or·ganisar por elle a redacção do artigo, sem com- coucidadãos, empregou os seus braços, as suas vi-
tudo tocar na ma teria. Demais esta proposicão só se gilias, o seu sangue, a propria vida na defeza dos
referia á palavra-thesouro-que eu notéi de im- interesses e da honra nacional. Não choremos esse
propria naquelle lugar; e sustento ainda que não dinheiro : pelo contrario é a despeza mais bem em-
convém usar della. pregada. Choremos, senhores, lamentemos. os enor-
A definição da palavra-thesouro-está no art. 170 mes roubos que se tem feito á nação : milhões e roi-
da constituição: é esta .•. (Leu o artigo da co11- lhões de cruzados t Onde estão? ••. (rumor 11as ga-
slituição) Logo tenho razão quando digo que esta ex- lerias) Os ladrões premiados c exaltados 1••• Por-
pressão póde causar embaracos para o futuro, e q11e tanto conserve-se o meio soldo ainda depois que
a commissão da redacção deve mudai-a por outra passarem a segundas nupcias. -
que represente a mesma idéa, sem risco de inter- Quanto á prostituição, pergunto eu: qual é a
prelações. causa das causas? E' a pobreza, é a indigencia das
Disse que a emenda do Sr. Marcos Antonio não famílias. A necessidade não tem lei, e dizem que
produzia o effeito que elle esperava, e substitui uma é inimiga da virtude. O pai de família, que tem
emenda verbal que ainda não vi combatida formal-' meios, cuida 'logo de casar as suas filhas e as põe
mente. Fallei das pnlavras-víuvas as primeiras e assim a abrigo da prostituição. A mulher que ~e
solteiras as segundas.-E isto não pertence á com- vê sem amparo e na indigencia, com facilidade dá
missão de redacção'l Como é então que se maravi- ouvidos á seducção e perde-se. Portanto só depois
lhou o illustre deputado por eu resl:'rvar estas alte- de uma sentença é que se poderá excluir por das-
rações para aquella commissão'l Porém sobre que honesta e depravada uma mulher para perceber
eu mais instei e insisto ainda, é sobre a declaracão este beneficio que a· na!:.ão. faz em attenção· e re•
do tempo em que esta lei ha de ter vigor; porquê se muneração dos serviços do seu· marido.
esta disposição abranger a todas as viuvas e orpbãs Será cousa odiosa que a assembléa nacional por
de qualquer época atrazada, então não haverá di- esta lei dê occasião á _pesquiza da conducta pri-
nheiro para tal despeza; vada de uma família. Portanto nada de restricção~
E' preciso que se declare expressamente que só ;tn~es tenhão: parte. ~~:estes soccorros dez mulheres
tenhão direito a este benefiCio as viuvas e orphãs mdt_gnas de os I?arttctparem, do que se ponha em
que perderão seus maridos e 'pais, por exemplo, da d!lVlda a honestidad~ e a _honra de uma ~esgraçada
~poca da nossa independencia para cá ou desde vu~va! ~e uma orpha !'JllSeravel. _J)ebauo destes
qualquer outro anno. Se o não fizermos, tambem prmmpws voto pelo artlg?.
serão muitos os embaraços que se hão de suscitar O SR. SouzA FRANÇA:-Sr. presidente,. tem-se
na execução. Tambem ainda não vi combatida confundido, e não sei porque razão, a pensão que se
esta proposição, e creio que facilmente não :Será dá em ·remuneração de serviços, C?m. ? ·meio soldo
refutada. . · que agora se pretende estabelecer as VIuvas e filhas
QLianto ao mais que se tem expendido, digo que orphãs dos militare~.· Senhores,· por esta lei não se
são. razões mui attendiveis e poderosas, mas que vão· estabelecer as regras da remuneração de servi-
não servem para o nosso caso, não têm applicacão ços milit11res : ellas já estão estabelecidas por lei,
para esta lei que estamos fazendo~ porém st-rvêm que se acha em vigor, porque ainda não foi revo-
parn quando tratarmos dainstituição do monte-pio gada.
mili~ar e e!vil. Alli se levaráõ ~m conta todas essas Os militares do Brazil, conforme as suas patentes
consrderaçoes para se proporcionarem •soccorros. á e annos •.. de serviços, . têm certas pensões estabele-
tod.as aquellas pessoas qu. e p.uderem. ser cha.madas a cidas:.• para si ou para aquelles a quem elles.legão
ter parte, segundo o ~alcul? que se fizer dos fundos esses ser,viços.' PoréiD nc,5s agóra ·não estamos. nesse
e r~ndas do cofre. E1.s aqu! o meu voto: approv:o o ca~o,· a._nossa hypothese é inteiramente diversa.
art1go com as mod1ficaçoes, que tenho proposto. Trata-se de soccorrer as familias dos militares inde-
0 Sa. CUSTODIO DIA.s:-Sr. 'presidente, eu pelo '(lendenlemente . da. remuneração dos seus serviços:
~ontrario approvarei o artigo, se tirarem as restric- e portanto não· liguemos· agora a idéa de paga, C?U
Câmara dos Deputados- Impresso em 07/01/2015 14:11 - Página 14 de 16
remuneração, mas aidéa de soccorros devidos a quem para a nação, que não está em circumstaneias ·de
merece e está morreódo de miseria. Por esta pro- ser 'tão _generosa, como á qui se -tem dito. sejão
videncia que se vai dar, não se tira ao herdeiro ou quaes forem as causas da urgencia do thesouro.
legatario dos serviços _do ~ilitar a acção que tem, Tomando á mate ria do artigo, sustento,-que as
á _legitima remuneraçao: 1sto é cousa totalmente declarações propostas pelo Sr. Cavalcanti são dignas
separada. de adaptar-se. Não se póde conceder pensão alguma
Lembrou um íllustre deputado que tambem se sem razão sufficientc, do contrario cahiremos no
devia ter attenção aos annos de serviço ~ara taxar a mesmo vicio da administração passada, em que se
a quao tia destes soccorros; eu adopte1 essa lem~ concedião . pensões sem atteiicão ao merito das pes-
branca, e-por isso propuz na minha emenda que se soas, e ao seu estado de indigência. Quasi todos em-
seguisse a regra das reformas, e creio que assim pregados obtinhão pensões .para suas mulheres, sem
temos preenchido o nosso fim. sevel'ifiearem as razõesdepenuria, e por semelhante
Se o militar ao tempo do seu fallecimento estava maneira longe de se preencher o um da lei, pelo
nas circum!'tancias da lei, para ser reformado com contrario só resultará avultar a despeza do thesouro.
o soldo por inteiro, vem a sua mulher a ter metade (Apoiado). Uma das clausulas pois, que aqui se
desse soldo por inteiro ; se menos, menos; se mais, devem estabelecer, é, que só venção este meio
mais. Acho que por esta maneira guardam(•S as soldo as verdadeiramente necessitadas, como bem
regras da justiça, seguindo uma lei estabelecida e jâ lembrou um illustre depu lado, porquanto o di-
antiga. Quanto _ao mais, torno a dizer: longe de nós rei to, que ellas têm, não nasce da heranca ou da re-
a idéa de · remuneração de seniços; ao menos as presentação do militar falleCJdo, mas nasce do seu
commissões reunidas nunca ti verão isso em lem- estado de indigencia, e da necessidade de ser ali-
brança, quando fizcriio este projecto. mentada pela nação, negando-se-lhes quando tenhão
O Sn. VERGUEIRO:-Sr. presidente, posto que eu meios de subsistir, não se faz ataque algum â sua
tenha que dizer a respeito da redacção deste artigo, propriedade, porque nesse caso cessa o direito.
porque muito gosto de ver as .leis bem explicadas Parece ã primeira vista, que, em cas;mdo a vi uva,
, em termos concisos e expressivos, todavia reservo cessa a razão deste beneficio, e portanto deve tambem
as observacões que tenho a fazer, para a seguinte cessar o beneficio, porém eu sigo a opinião daquelle
discussão, é entrarei já na materia. - Sr. deputado, que propoz a continuação delle ainda
Temos â vista um projecto, pelo qual se vão esta- depois de -~)assar a segundas nupcias, pois esta
belecer pensões ás famílias dos militares mortos ·ell! clausula póde contribuir para prevaricacão dos cos-
scrviço. Dizem os illustres membros das commissões tomes, e poderá ser illudída por muitos meios torpes,
c;~ue o redigirão, que este projecto é fundado em preferindo muitas o concubinato, só para não
JU:>tiça e caridade; porém bem se vê que isto é re- perder a pensão. Demais é preciso remover todos
pugnante: as regras da justiça são umas e as da os obstaculos aos casamentos, e que muito é
caridade são outras; é preciso distinguir e a!;sentar que uma, ou outra venha . a gozar desta pensão
em um dos dous princípios. Se é fundado em jus.: depois de casada, quando o estado póde lucrar muito
tiça, então eu não poderia admittir este artigo tal com esse casamento T Eu só admittiria essa con;.
qual . se acha, não .consentiria que fossem excluídos dição em um caso, e é, se a viuva c acasse com mi-
os filhos varões e as mães dos militares, porque têm litar, porque, se tornasse a enviuvar, ,.inha a gozar
0 mesmo direito que as filhas. segunda vez da pensão, e não ficava exposta á mi-
.. ~Se é fundado em equidade, nesse caso serã pre- seria, como succederia, -se tivesse casado segunda
ciso distinguir o uierito das P.essoas, e a qualidade vez com um homem de outra classe, o qual 1\:ie não
do serviço, que prestou o militar. Estou certo que deixasse meios sutllcientes para os seus alimentos.
esta lei ~ão vai estabelecer as regras da remune- Ar~umentou-se com os direitos da mãe e irmãs
ração dos servicos militares, porém uma vez que J>or do mtlitar, para se concluir, que ellas devem sempre
ella se prestão pensÕ"S por princípios de equidaile, ser chamadas a ter parte neste favor. Eu não con·
sempre se torna indispensavel determinar as qua- sidero as cousas por este modo, nem julgo poder
lidadas,' que devem concorrer tanto na pessoa da -ter lugar tão ampla medida. Ainda st>rvindo-me
beneficiada, como na daquelle, por cujo merito .se desses mesmos princípios de direito, que, como já
torna cr~dora -a beneficenl!ia da nação, e neste caso disse, não são applicaveis a uma medida de bene-
eu ·preferiria sem duvida alguma ·a emenda do ficencia ··e •de mera equidade, mostrarei que ha uma
Sr. Cavalcanti; emquanto faz distincção daquelles grande differança entre a origem das obrigações e
militares, que morrem em defeza do estado, dos direitos dos pais para com os filhos, e a destes para
outros, que fallecem em serviço de paz, e segundo com aquelles. As obrigações do pai para seu filho
esta distincção arbitraria as pensões chamando a tem um principio certo -na propria natureza,nasce
ellas ora umas, ·.. ora outras pessoas da família do do facto ·da -procreação, e as obrigações do filho
morto. Islo entendo eu ser fundado em verdadeita para com o pai tem o seu fundamento mais na gra-
equidade, pois não se at.tende ao direito perfeito de tidão e respeito, do que na necessidade imposta
cada uma destas pessoas á herança do fallecido, mas pela natureza. Ora, .fundando-se o beneficio desta
e
contempla-se o seu merito, e o valor do prestimo lei ·. na equidade; não no rigoroso direito, como já
do militar. Portanto é esta emenda, a que me pa- fica demonstrado, não ba razão alguma, nem ao
rece, mais completa e conforme ao principio e fim meno~ plausive1, para que se julgue o esta!lo no
desta lei. . dever de pagar as obrigações, que o militar con-
. Conformo-me com o artigo, quando falia sómente trahíra para com seus pais- por principio de gra~
dos officiaes de ,patente, poi! os inferiores e sol- ·tidão. Portanto eu me opponho a tanta franqueza.
dados, posto , que estcjão na tnesma linha de conta E' necessario não dar muito~ para não ficar em nada
para eom a patl'ia agradecida, ' todavia já se mostrou e faltar-se claramente 'ao promettido por falharem
muito bem. que elles recebem outros subsídios, além os ·meios . . Nem se digá, que esta lei é provisoria.
do seu soldo, como·quartel, hospital~- fardamentos, os termos; em que ella é concebida; induzem a UH-a
r.oupa, ração, .ctc.;e demais seria um pezo enorme . como permanente, e é na realidade perniànente~
Câma ra dos Deputados- Impresso em 07/01 /20 15 14:11 - Página 15 de 16
i
276 _._SESSÃO · EM 21 .nR -JULHO DE -f§§
Quanto á epoC!l, que se dev::e '?arcar, para pruci- « A camara .dos deputados envia ao senado o seti
piar a ter cumpnn~ento esta lei, !ulgo que n~n~u!Da projecto de lei da declaração dos dias . de festividade
outra poderá designar-se, senao a que prmctptou nacional, com a addição junta, e pensa, que com ella
no dia 9 de Janeiro de 1822. Esta lei é dedicada tem lugar pedir-se ao imperador a sanccão imperial.
a nossa independencia, e o dia 9 de Janeiro de 1822, « Addição ao projecto de lei, vindo dÓ senado, de-
foi sem duvida o primeiro da no~sa emancipação clarando os dias de festa nacional · ·
politica. « Ao Art. 1. 0 - Depois das palavras-vinte e
As viu vas daquell~s militares, que fallecerão antes cinco de 'Março -se accrescente -tres dé Maio
dessa epoca, não têm · fundamento algum .para se « Paço da camara dos deputados, em 21 de Julho
queixar, porque não havendo até então le1, que o de 1826 ~- Luiz Pereira da N obrega de Souza Cou.;.
determinasse, nenhum direito tem a este favor, e linho, prnsidente.-José Antonio da Silva JJ/a.ia;
por consequencia nenhuma injustiça se lhe~ faz. secretario.-Candido de José de A·r aujo Vianna,
Em conclusão, eu adopto a emenda do Sr. Caval- secretario».
canti approvando a distincção, que nella se faz dos lllm. e Exm. Sr.- Passo ás mãos de V. Ex.,-
serviÇos dos militares, e offereço ã consideração da inclusos o requerimento de Joaquim da Silva
camara as reflexões, que acabo de fazer. Girão, que pretende ser declarado no gozo não in-
Tendo terminado este discurso depois de dada a terrompido do fôro de cidadão braz!leiro, a_ç_Qp,ia
hora o Sr. presidente declarou adiada a discussão, anthentica do parecet· da com missão de constituicão
e o 'sr. secretario Maia participou haver naquelle da camara dos deputados sobre o conteúdo do d"ito
momento recebido, e passou a lêr este requerimento. e sou antorisado a participar a V, Ex.;
para que o faça presente no senado, que a mesma
OFFICIO camara tem approvado este parecer.
Deus guarde a V. Ex. · Paço da camara dos
.~- Illm. e Exm. Sr.- Remetto a V. Ex., para ser deputados em 21 de Julho de 1826.- José Ricardo
presente á camara dos deputados o projecto mcluso, da Costa Agtliat· de .Andl'ada.- Sr. João Antonio
para o estabelecimento de um monte-pio militar, Rodrigues deCarvalho.
offerecido pelo brigadeiro Manoel da Costa Pinto, Illm. e Exm. Sr.- Accuso a recepção do officio
<< Deus guarde a V. Ex. Paço, em 21 de Julho de 19 do corrente mez, no qual V. Ex. reriletteu,
de 1826.- Barão de Lages.- Sr. José =Ricardo para ser presente á camara dos deputados, o reque-
da Costa Aguiar de Andrada n.- Foi remettido á rimento D. Maria Thereza Rangel, que pede ser
commissão de guerra. soccorrida com metade do soldo, que vencia seu fal-
O SR. PRESIDENTE designou para a ordem do dia lecido mar!do, e cumpre-me pat·Licipnr a V. Ex.,
seguinte: 1° discussão do projecto de lei sobre os para que seJa presente a S. M. l., que a mesma ca-
abusos da liberdade de imprensa ; 2°continuação mara tem designado no dito requerimento n con-
da discussão do projecto de lei para o soccorro ás veniente direcção, afim de ser deferido, como fôr
viuvas, e orphãs dos officiaes militares ; 3° dis- justo.
cussão do parecer das commissões de constituição, Deus guarda a V. Ex. Paço da camara dos de-
e de guerra sobre os otlicios do ministro e secretario putados, em 21 de Julho de 1826.-JoséRicardo da
de estado dos negocias da guerra, e do governador Costa Aguiar d~A'Tidrada.- Sr. Barão do Lages.
das armas da província de Minas Geraesa respeito lllm. e Exm . Sr.- Foi presente â camara dos de-
da remessa dos milicianos da dita província. putados o officio datado de hontem, em que V. Ex.,
Levantou-se a sessão depois das 3 horas da tarde. participou ter de propô r ã mesma camara, de ordem
-José Ricardo da Costa Aguiar de Andrada, s~ de . S. l\1. I., uma providencia legislativa, afim de
cretario.- Francisco Gomes de Campos, o redigio. ser tomada na devida conside~ação, desejando, que
indicasse o dia em quo V. Ex., deve comJlarecer.
E a. mesma camara me autorisa a declarar V. Ex.,
RESOLUÇÕES DA CA.MARA que tem designado o dia de amanhã para o fim
que V. Ex. propõe. . . .·. ·
lllm. e Exm. Sr •......,.. Sendo . presente na camara Deus guarde a V. Ex. )>aço da camara dos -depu-
dos deputados o requerimento incluso de José Gomes tados em 21 de Julho de 1826.-José Antonio Silva
da. . Silva, contendo denuncias de factos praticados Maia.~Sr. Visconde de Paranaguá.
pelo ex-iuiz ordinario da viUa de ltaguahy, e queixas 111m. e Exm. Sr.- Representando José Fran;.
contra José Francisco ·de Carvalho da dita villa, e cisco do Espírito Santo Lanoia, alferes reformado
reconehcendo a mesma camara, que semelhantes da província de Pemambuco, .achar-se nesta côrte
factos i.mputados ás autoridades subalternas, de- á do às annos por ordem do · governo de Sua Ala~
vendo ser antes , subme~tidos â ~onsideração, do go- gestade o imperador, . denegando-se-lhe em todo
verno, o que o supphcante nao prova haver feito, este tempo o passaporte, que por vezes tem .reque-
não podem ser objecto de suas deliberações resol- rido para regressar áquella província; sua patria;
veu, . de conformidade com o parecer da commissão onde tem mulher, filhos, e casa, resolveu a camara·
de constituição, que se remettesse o sobredito re- dos . deputados, de conformidade com o parecer dá
queriment~ ao governo de S. M, f. pela repartição, de comm!ssão de · constituição, que se pedissem pela
que V. Ex. se acha encarregado, para que posea repartição de que V. Ex. se acha encarregado, . os
ter a consideração, que se julgar merecer. O que necessarios esclarecimentos. sobre o conteúdo do
participo a V. Ex., para que suba ao conhecimento dito . requerimento,_ gue para esse fim ·remettoin;
do mesmo augusto senhor. cluso. O que partiCipo a V. Ex., para que suba a ·
Deus g.uardo a V. Ex. PaÇo da camara dos de- presença do mesmo augusto senhor. · · .• :
putados, em 21 de Julho de 1826.-losé Ricardo Deus gúarde a V. Ex. Paço da camara dos de-·
âa Costa Aguiar de Andrada ~- Sr. Visconde de pulados em .21 de' Julho de 1826•...;... José RicarJo
Caravellas. da Costa .4.guiar de Andrada.-Sr. Barão de Lages~
Câmara dos Deputados- Impresso em 07/01/2015 14:11 -Página 16 de 16
- ../
arguido de crime póde mostrar que o não com- para verificar a sua responsabilidade, e cessar o que
metteu: voto portanto pela emenda do Sr. Ver- a estes com~ete na falta de tal documento. ,, '
gueiro, e que se não supprima o artigo. Veio á mesa immediatamente a seguinte emenda
O Sn. SouzA FRANÇA. :-E· de toda evidencia, aue do Sr. Lino Coutinho ,
a emenda do Sr. Vergueiro cstã compreheodida"no «EMENDA
art. 4o,-que diz: (Leuj.
Pois diz a emenda: (Leu). cc Para qualquer se livrar da responsabilidade a
Ora, que duvida póde haver. de que isto seja o que está sujeito, ê preciso apresentar urna obrigação
mesmo, que está disposto no art. 4°? pela qual se constitua responsavel e · que dá o es-
·Diz a emenda do Sr. Vergueiro: que é necessario cripto para se imprimir, para se vender, ou distri-
que além da assigoatura se dê o consentimt:oLo por buir, reconhecida por tabellião ou por cinco teste-
escripto, para se imprimir a obra ; o autor do pro- munhas fidedignas._»
jacto porém já acautellóu essa especie não pelas Sendo apoiada e posta em discussão com o art.igó
mesmas palavras, de que usa o Sr. Vergueiro na sua disse o seu illustre autor
emenda ; mas por outras, que lhe equivalem na dou- O Sn. Liso Counsuo .-Para irmos conformes,
trina. é necessario vêr o que est.í vencido. (Leu). Eis a
Quanto ao art. 2° jã disse que votava pela sua unica cousa que se tem vencido até agora.
suppressão ; mas como se tem dito que cumpre Este art. 4° fica, portanto, sendo agora o segundo
ficar para defeza do autor o direito de mostrar tal- e se é assim, elle deve ser concebido nestes ter-
vez que é falsa a assignat•ua, que o comprometteu mos :-Para qualquer se livrat· da responsabilidade
na responsabilidade, fique embora, mas não deve é preciso apresentar uma obrigação desta responsa~
de nenhum modo passar a emenda do Sr. Vergueiro; bilidad~ assignada por aquelle de quem se recebeu
. porque já está acautellada no art. 4°, como se mos- a obra, para imprimir~ publicar, vender ou dis-
trou. tribuir-como se acha na minha emenda, porque
Julgando-se discutida a materia, e posta á vota- assim fica claro, e concebido em poucas palavras.
ção, não foi approvado o artigo, nem lão pouco as O Sa. VAscONCELLOs :-Voto pela suppt·essão
emendas: c ficou, portanto supprimido. deste artigo, porque não sei para que se ha de en-
Entrou para a discussão o sinar aqui como se ba de provar quem levou o pa-
pel á imprensa, e~. A forma, porque islo so ha de
u' Art. 3.0 Na falta do autor e do _aprosentante são
responsaveis : 1.0 o impressor; 2. o o editor; 3.0 provar, não é necessario dizer· se aqui : ist..o está _
o vendedor, ou distribllidor não provando de quem na legislação geral, e não é preciso estarmos a de-
recebera o impresso para ser ,·endido ou dis(ri- clarai-o em qualquer lei, que trata de algum ob-
buido.» · jecto particular, se não é que queremos que as leis
,
Sendo lido veio immediatamente á mesa a se- sejão immensas, e de um nunca acabar. Portanto
guinte emenda do Sr. Soleda_de opponbo-me ao art. 4°, e voto pela sua suppressão.
O Sa. LINO CouTINHO :- E' preci:zo declaràr-se,
<<EMENDA Sr. presidente, e declarar com muita especialidade
as cucumstancias, que fazem a respon~bilidade de
« Indico que a palavra-Distribuidor-se aug- qualquer destGs indivíduos. Eu conto um facto acon-
mente a de-Vendedor,-approvada no art. 1. 0 » teeido na Bahia, que deve fazer um panto saliente
Foi apoiada e em.seguida disse . · nos faslos dos jurados da Bahia.
O SR. TEIXEIRA DE GouvÊA :-Eu creio que a ma- Na Bahia appareceu uma folha que deprimia um
teria deste artigo foi prejudicada pela votação do magistrado, e como-não estavão criados os jurados,
art. 1o veudedor e distribuidor fazem grande dill'e- não pôde este magistrado chamar a jurados o seu
rença: eu queria saber se se approvou a emenda autor, ou' editor; mas passados oito mezes, em que
que trata do distribuidor, ti por isso requeiro que se ftzerão aseleicóes, côamou este homem effendido
v. Ex. mande ler o vencido (Leu-se). a jurados o suppósto réo,e o que fez então o redactor
O SR. VAscoNcEÍ.Los :-A palavra distribuidor da folha, e que es-a amigo do individuo autor da
não póde deixar de entrar, uma vez que entrou a correspondencia TNão apresentou o verdadeiro auto-
de vendedor; o melhor era que este artigo fosse á grapbo, e sim outro semelhante com o nome de um
commissão para o redigir, e estava tudo acabado. ind1viduo ausente e condemnado á morte por uma
.. Não fallan!lo mais ninguem sobre-a ma teria, as- commissão militar ; sendo esta firma reconhecida
sentou-se que estava discutida, e sujeitando-a o oito mezes depois da . data em que elle imprimiu
Sr. _presidente á votação, foi approvada a emenda esta eorrespondencia; reconhecimento in util, pois
do Sr. Soledade, passando para o art. 1o a palavra- que elle nãl~ asseguravã a identidade do autor antes
distribuidor--:e supprimindo-se ·quanto ao mais o de estar impressa a cor.respondencia, como era da
art. 3. 0 .obrigacão do redactor da folha ; o deprimido dos-
connaúdo que a assignatura fosse falsa e que não
Seguio-se o era.daquelle, que tinha sido sentenciado, e que .an-
« Art. 4.• Para esta prova é mister apresentar dava fugido, fez vir mais de 40 assignaturas origi-
urna obrigação de responsabilidade assignadà por naes daquelle individuo ; chamou um exame de
aq!lelle de que r~cebeu a obra para ser vendida; ou todos os tabelliães, e mostrou que era falsa, até por-
distribuida~- sendo pessoa domiciliada no paiz, bas- que escrevendo o dito. individuo fu~do bem o seu
tará ~e a assignatura seja reconbecidà ·por um nome:-de José loaquim-com~l-)ota, o tal, _qne
tabellião ~ e não sendo deverá ser garantida com estava assignado no papel apresentado, havia es- 1
assignatura . reconhecida de dous cidadãos domici- cripto com I-,-vogal. ' e assim . discordava : de mais
liados no paiz. mostrou-se que era falso, porque .o dito tabellião q11e
c Esta mesma obrigação deve dar o autor ou reconheceu, confessou e disse que não tinha no seu
apresentante do escripto ao impressor ou editor, li~ aquella assignat.ara e · que a reconhecera por
Câm ara dos Deputados - Impresso em 07/01/2015 14:11 - Página 8 de 12
se-hão cincoenta contos de réis para soccorro das cer o subsidio por um decreto, que acompanhou as
viuvas e orphãos indigentes, dos officiaes militares instrncçõ es para a convocação da asssembléa . A
combatentes do exercito do Brazil, que por outt'O constituição diz-durante as sessões- , e é sobre
titulá nã.o tenhão sido soccorridos até o fim de Ju- a intell igencia desta expressão, co mbinada com a
nho de 1827. letra do deereto, que apparecêrão as duvidas, qu e
" 2:0 O governo fará distrib!lir es tas pensões se- todos_ sabemos, no governo e nesta camara.
gundo as circumstancias, em que se acharem ~s Porém os inconvenientes, que resultão da maneira,
ditas vi:.! v as e orphãos; não podendo conceder ma1s porque se fazem os pagamentos são mLtitos e gra-
de meio soldo do fallecido á família, que !llerecer a víssimos já para a nação, !á para cada um dos mem-
pensão . · bros desta camara e do se nado, visto qu e não se tem
" 3. 0 Se no decurso da distribuição das pensões acautelado muitas e difierentes hypoth eses, qLte
appar8Cer um numer_o tal de ~rete.~dentes, _qu e ftlias se podem facilmente verificar. Nada se tem
absorvão a cons1gnaçao, as pensoes Ja concedidas preven ido a respeito daquelles, que por um justo
serão -cotisadas de maneira tal, que jamais deixe de impedimento não podem comparecer, nada daqu el-
ser soccorrida a nova família indigr. nte. les, que, finda a sessão annual voltão as suas casas,
" Pu co da camara dos deputados, 26 de) ulho do ou aos seus empregos, nada finalmeute de outras
1826.--.: Antonio Francisco de Paula Ilollanda Ca- muitas hypolhcses: e não se_ póde ne '\a r que esta
valcanti·de Albnqne1·q1w. )) ommissào póde, e ha de necessariamente causar in-
Sendo ·apoiada a urge11cia req uerida, abriu-se convenientes e prejuízos a muitos, quando outros,
sobre ella a discussão, sustentando a sua proposta segundo a maneira, que se adoptou, vem a accu-
O SI\. CAVALCANTI DE ALBUQUEI\QUE:- E' urgen- mular, o subsidio aos ordenados com prejuízo da
tíssima, Sr. pr esidente, ~ lei da responsabilidade nação, cnja faz enda mais que a ninguen1 incumbe
dos ministros de estado, e urgentJSSlma a le1 sobre aos representantes da nação economisar, e ze-
os abusos da liberdade da imprensa, é urgentíssima lar. ·
esta lei. que proponho. Estes são os ponderosos motivos,. que mr, imp el-
Senhores, talvez, excedem á 300 a:> ,famílias, qu e lirão a redigir este proj ec to, qu e não faz mais do
vivem na miseria, que estão morrendo de fome, por que regular a perr.epção do subsidio que a con-
falta de promptos e efficnzes soccorros á sua indi- stituição e o decreto do governo têm estabele-
gencia. Um dos pnmmros passos, q';le devenamos cido.
dar, logo que se installou _a assemblea, sem duvtda Tende assim fallado, passo u logo a lêr o seguinte.
haveria de ser a dar o aunho a tantas pessoas des- << PROJECTO DE LEI
graçadas pertencentes a esses militares benemeritos
que sacrificarão os seus commodos e a sua propna « Â assembléa geral legislativa decreta:
vida em ~erv1ço da patna. Tmha-se prom.ett1do a << O subsidio pecuniario, que o art, 39 da con-
sua subsistencia : o governo dizia-lhes sempre, es- stituicão concede aos doputados, e o art. 51 aos
perem pela assembléa, requeirão á assembléa. senad.ores, fixado pela lei de 26 de Março de 1824
Agora que -a assembléa está em acção, agora que para a presente legislatura na quantia de seis mil
ellas requererão, que dirão vendo o vagar, e os cruzados áquelles , bem como as despezas de v.ia-
embaraços postos ao projecto, em que se autoriza gens, regular-se-hão nos tres ultimos annos da
o governo para lhes conceder o meio soldo das mesma legislatura da maneira seguinte.
patentes d'esses militares?_ Dirâ? sem duvida: se " Ai't, 1. 0 Os deputados venceráõ o subsidio de
estivessemos no tempo ant1go, Ja o Imperador nos 7$ réis por dia, desde a 1• sessão preparatoria, se
tinha dado os socconos, que pedimos, e de que nella assistirem, ou desd e o primeiro dia, em que
necessitamos: está a assembléa reunida, e ainda não assistirem á sessão annual, até o dia do seu encer-
tratou de remediar a nossa indigencia: Eis o que ramento. Este ,;ubsidio continuará na prorogação
ellas. dirão: eis ao que os nossos inimigos .não dei- da sessão annual, havendo-a, e terá igualmente
xaráõ de ii.S animar; porque elles não se esquecem lugar nas sessões de convocação extraordinaria.
de empregar quaesquer meios, para nos calumniar, « Art. 2. 0 Os deputados residentes fóra da pro·
e desacreditar o systema representatiVO, . vincia do Rio de Janeiro, que declararem não poder
E não será urgente, e urgenllSSJmo este obJccto? regressar á sua província, não ficando na côrte por
Eu digo que a, conclusão desta ma teria é tão neces- negocio proprio, venceráõ por- dia, no intervallo
saria, como é o comer, nem entra na ordem daqnel- das sessões, 38500 réis.
las providencias, que admittem .demora. E' s.ó por << ArL 3. o Os senadores venceráõ, nas circum-
isso que eu me lembrei de . propôr este_ proJecto, sta ncias do art. 1o, 10$500 réis por dia, c nas cir-
organisado do sorte, que certamente nao levará cumstancias do nrt 2°, 5$250 réis.
muito tempo a discutir-se, e apresenta fac1hdade na ,, Art. 4. o Os senadores e os deputados, que re-
pratica. . ceberem os subsídios declarados nesta lei, ou seja
Como ninguem se o!Terecesse a faliar J ul~ou-s~ durante a c!Tectiyidade dPs sessõ'es, ou na vacancia
ultimada à discussão, e por voto da camara nao fo1 dellas, não poderáõ receber outro algum venci-
approvada a urgencia; ficando por isso o projecto mento da fazenda nacional, de qualquer natureza
reservado para a 2• leitnra. que seja, ainda que exerção outro emprego. J>ode-
Teve então a palavra, e assim se explicou ráõ porém renunciar os subsidias do anno inteiro
308 SESSÃO EM -26 DE JULHO DE 1826.
e com documento desta renuncia haver os ven ci- << TITULO 3°
mentos u que tiverem direito. « Do modo de julgar os delictos
" Art. -5.• As indemnisações para ida e volta se-
rão arllitradas pelos conselhos geraes das pro-vin- " Art. l. o Todos os crimes e delictos do abuso
cias, que as fixará õ desde a capital da província, da liberdade de pensar serão julgados pelo tribunal
com augmento tambem fi xo por legua, aos que mo- dos jurados. ))
rarem em maior distancia, e diminuição aos que Posto em disçtJSsào, disse
morarem em menor. Na falta dos conselhos geraes 0 SR. LJNO C<iunNHO: _Eu não me Qpporei a
as juntas da fazenda farão este arbitramento. este artigo, Sr. presidente, uma vez qu e elle seja
" Pa ço da cama r a dos deputados, 26 de Julho de redigido de nov;o, e na conformidade do que se acha
1826. -N icolá.o PeTeira de Campos Vergueú·o. " vencido. Esta lei não é da libe<dade de pensar, )liaS
Pedida, ap oiada e approvad a a urgenci a, pro ce- da liberdade de communicar os pensamentos. Por-
deu-se á 2• leitura e julga nd o-se o proj ecto digno tanto se se emendar a phrase, e !l convirei no artigo
de deliberação, foi remettido ás commissões reuni- porque sobre o mais tudo corre de plano. O canse-
das de fazenda e de leis regulamentares . lho dos jurados é que ha de julgar dos abusos da _
Então o Sr. Vasconcellos pedia li cença parare- impren sa: sobreisto não.se póde objectar; porém
tirar o projacto •rue antes havia offerecido sobre a quanto á expressão, não posso concordar. (Ap't!iado
mesma ma teria, dizendo que adaptava o do Sr . Ver- em· geml.)
gueiro, por achar preferível ao seu e por voto da Na
o SR. SouzA FRANCA:- verd ade es le enun-
camara lhe foi concedida a permissão. 'ciado de nenhuma maneira póde passar . Porérn não
O SR. Cus'I'omo DIAS mandou iJ mes a um re- dev e ser isso agora motivo de dem ora, e de lo~go
querim ento fe ito em n ome dos vendedores de mo - debate. Approve-se a maleri a, e fi(J:ue arAda<;çau,
lhados desta cidade, em. que ins.tavão pelo deferi - para ser corngtda depms. N esta mtelligene1a eu
m en to de outm, que já havião apresentado contra tambem convenho em que passe o art1go. (A powdo,
varias procedimentos do physico-mor do imperio .- apotado.) . . . .
Foi mandado á commissão de petiçõ ~s . Julgando-se óufficiente a discussiio , fo1 o arltgo
Entrou-se na 1• parte da ordem do dia, quo era offerecido á votação, e approvaclo, salva a redacção.
a continuação da discussã o do proj ect0 de lei regu- Passava-se ao artigo seguinte , quando pedindo á
lamentar da impr ensa. E devendo-se principiar palavra, disse
pelo art. 11 do tit. 2•, o Sr. secre tario Costa Aguiar o SR. v ASCO:'!CELLOS : - Sr .. presidente, estando
o leu, conceb tdo nes tes termos: eu hontem com 0 meu honrado collega, autor deste
" Art. 11. Nenhum cidadão poderá ser perse- proje cto, affirmou-me, que havia feito uma nova
gu ido, processado e punido por possui r ou haver redaccão do titulo dest e projeeto, qu e trata do pro,
comp osto e imprimido, publicado, e vendido escri- cesso; para o apr eséntar á camara. Ell e não corn-
pto ou gravu ra , que n ão esteja comprehendido nos pareceu hoj e, porque além de outros graves motiv os
artigos desta lei: assim co rno pela declara~ào ener- que lhe não pPrmittem sahir, acha-se ern pregadQ
gica de sua opini ão sobr e qu alquer objecto da ptt- em serviço importante'd esta casa . Pedia-me qu e eu
blica administração, analyse razoavel das leis, em seu nome propuzesse- o adiamento desta parte
reclamação de providencias, censura de abusos, do seu projecto, até qu e . elle apresente o novo tl-
que flagellão o povo, represe ntação dos erros na tulo do processo. Talv ez ell e · possa oomparecer
administração da justiça e finança s , e finalm ente amanhã . P eço a V. Ex. que consulte a vontad e da
a declaração de seus pensamentos so bre qualquer camara sobre esta prop os ta: eu a julgo atte ndivel.
objecto de geral e publico in.teresse, e felicidade, Satisfazendo o Sr . presidente a es ta pe tição, foi .
com tanto que não caia nos ab us os, que ficão incl ui- ap provado o adiamento por nnanime voto da ca-
dos nos artigos desta lei. » mara ·.
Lo go que 0 Sr. presidente declarou aberta a dis- Teve então lu_gar a~· parte_ t~a· ordem _do dia, ,qu~
cussão teve a pal avra e disse. era a contmuaçao da 3 dtscussao do ~roJecto de lm
' do Sr; Souza Ftanca sobre laudemws , adtado da
O Sn. SouzA FRANÇA: -Sr. presid~nte , eu a?ho sessão proxima passada: e lo go qu e o Sr. se cretario
toda a doutnm do art. 11 compre~end1da essencral- Costa Aguiar fez a competente leitura! romp e ~ a
mente no art. So tiL l o deste proJecto. Compare-se discussão . o Sr. Cruz F erreira. que depots de emlt-
um corn outro, e ach ar-so-ha ~ que eu d1go: tir um breve dis cu rso , que, por ser profendo com
amb~s dtzern a mesma co usa p_or dtversas _pa lavras . rapidez, não pôde ser colhido pelo tachygrapho,
Por Isso eu voto pela suppressao de ste arttgo, para en Yiou a mesa esta
evitar uma repetição, visto que o outro artigo já « EMENDA
passou com approvação da camara. Evitemos pois
esta redundancia. " Que se supprima n o art. 1• a ultima proposição
Dito isto, passou ao Sr. lo secretario esta - fi cão abol idos os laudemios não estipul ados nos
contractos de aforame nto para o fu tu ro. =-0 depu-
«EMENDA tado, Cruz FerTeira. "
Sendo apoiada, e ntrou em discussão tendo a pa- .
<c. Suppri!lla-se o art. 11 do tit: 2°- O deputado lavra.
Souza França. ,
O · SR . SouzA FRANÇA:- Eu apoei esta emenda
Foi apoiada, e entrou em discussão; mas como por ser na verdade inutil aq uella clausula, visto
não houvesse quem a impugnasse, foi logo posta a que as condições deste co ntracto ficão todas de~n
votos e approvada, guardados os termós do regi- dentes da vontade dos eontrahent e ~. Demais esta.
mento. doutrina é propria para entrar no codigo grral,
Passou-se ao art. lo do tit. 3o que era deste theor quando se tratar deste genero de contractos; pois o
Câmara dos Deputados -Im presso em 07/01/2015 14:11 - Página 4 de 19
. \
O Sn. CUNHA MAnos :-Sr. presidente, a refle- esseneial, e inteiramente ligados aos cargos por uti-
xão, que acabei ha pouco de fazer, nasce da combi- lidade publica.
nacão da ·: primeira parte do artigo primeiro com a Logo o que deveria mostrar é, que o fôro pessoal
doÚtrina do terceiro, no que respeita aos crimes dos ecclesiasticos está essencial, e inteiramente li-
militares. gado .aos cargos ecclesiasticos por utilidade publica:
As occasiões, as circumstancias, e os lugares, em e isto é o que não provou, nem jámais o ha. de
que elles podem ser commettidos, fazem com que provar. .
eu repute um crime civil, como delicto militar. E' chamado a juizo um ecclesiastico por um crime
Eu tenho bastante pratica do serviço, para co- civil: pergunto' este crime está ligado ao ministé-
nhecer os terríveis inconvenientes, que resultarião rio do ecclesiastico '! Não.
á disciplina das tropas, de serem julgados pelas au- O ecclesiastico contrahio dividas, e outras obriga-
toridades ordinarias todos os crimes civis perpetra- ções por contractos civis, que nada tem com o seu
dos pelos militares, sem se olhar ao tempo, ás cir- ministerio : pergunto : estas dividas, .e obrigacões
cumstancias, e aos lugares, em que elles forão pra- estão essencial e inteiramente ligadas ao ·seu
ticados. cargo ?
Não : logo como pretende o illustre deputado va-
Sr. presidente, estabeleçamos com madureza um ler-se da intelligencia forçada de um artigo da con-
edifficio, que nos dê honra, e não solapemos com stituição, para destruir o que a mesma constituicão
precipitação aquelle, que se acha bem consolídado. tão sabiamente tem estabelecido. •
Os regulamentos forão escriptos com grande conhe- Empreguem-se os ecclesiasticos no seu ministerio
ciment<:' de causa,· e os soldados, quando sejão jul- proprio ; deixem-se de ser fazendeiros, artistas,
gados no fôro civil, não serão punidos mais severa- negociantes, etc., que não terão occasião de serem
mentt>, do que perante um tribunal militar. chamados ao foro civil.
O Sn. 1\l.mcos ANTONIO :-Sr. presidente, a pri- Contenhão-se no circulo das suas obrigações, guar-
meira cousa, que encontro logo na frente da lei é o dem as leis civis, não commettão crimes, não que-
fôro dos ecclesiasticos, pois no primeiro artigo deste brantem as leis do estado : e não serão obrigados a
projecto é abolido o privilegio do fôro ecclesiastico ; comparecer perante juizes leigos.
porém no meu parecer esta disp.lsição regulamentar Quando as causas forem verdadeiramente eccle-
se não deriva do artigo da constituicão, como pre- siasticas, serão tratadas no juizo ecclesiastico;
tendem os illustres autores do mcsm"o projecto. quando forem civis, hão de ser conhecidas pelos jui-
0 art. 179 n. 16 determina.-Ficão abolidos todos zes civis, e só pelos juizes civis. ·
os privilegias, que não forem essencial, e inteira- o
Assim é que eu creio que entenderá artigo da
mente ligados aos cargos por utilidade publica. constituicão todo o homem de senso commum, com
Ora, a utilidade publica exige, que se conserve tanto quê esteja desapaixonado, e trate de procurar
este fôro, e que os ecclesiasticos não compareção a verdade desinteressadamente.
perante juizes temporaes; porque sendo o clero por O honrado membro recorre á antiguidade deste&
sua profissão, e estado sujeito ás autoridades eccle- privilegios, e quer com isto firmar direito ; quando
siasticas, a estas inteirl!mente cQmpete decidir todas este argumento só serve para mostrar a cegueira
as causas dos seus subditos, á excepção daquellas, em que jazeu a Europa, e o captiveiro, em que os
que o mesmo bem publico requer, que sejão decidi- padres ti verão os povos por tão dilatados annos!
das por outras autoridades judiciaes, e que são mar- Na verdade querer se constituir direito do dolo,
cadas em as leis existentes. do abuso, do escandalo, com que os ecclesiasticos
Além ·disto desde as primeiras éras da igreja ca- avassalarão por seculos os reis, os povos, a Europa
tholica têm sido os ecclesiasticos julgados por seus inteira !
pares, consentindo os príncipes christãos. Isto eu já não esperava ouvir, principalmente
Ora, sendo este privilegio estabelecido, e sanccio- dentro deste recinto.
nado pela longa duração de 15 seculos, como pre- Senhores, se nos lembrarmos dessa desgraçada
tende a assembléa legislativa do Brazil destruir obra época, seja sómente para lamentarmos tanta ceguei-
tão antiga? ra, .seja. pa1a aprendermos dos erros .dos nossos
Cnmo se projecia abolir esta legislação em um maiores, seja para nos acautelarmos 'das tentativas,
paiz onde a religião. e 0 respeito consagrado aos que se fação para reduzir-nos ainda ãquelle estado,
· · • di d - d t d posto que parece que não será facil a em preza.
seus mlmstros esta ra ca o em o coraçao e o os os O illustre deputado quer uma lei para a sua classe.·,
seus habitantes ? .
Logo voto, que seja supprimido 0 artigo, e con- e outra para o resto dos homens, Nósjá não estamos
servado o pr~vilegio do fôro ecclesiastico. nos seculos XI, e XII. Os tempos das isenções,
esses tenebrosos tempos já passarão.
O Sn. VERGUEIRO :-o· illustre dêpútado, que me Porém para que havemos de recorrer a argumen-
precedeu, notou vir logo á frente do artigo a aboli- tos, e divagar sem necessidade 'l
ção do privilegio dos ecclesiasticos. Temos a nossa constituicão : ella assim o deter-
Se nisto está a duvida, reserve-se-lhe o lugar mina, e contra ella não se â.dmittem razões.
para o fim. O :(ôro ecclesiastico em causas, que não O fôro pessoal dos cct~lesiasticos está acabado;
são ecclesiasticas, está abolido pela lei fundamental; porém não o fôro das causas verdadeiramente eccle-
já nada póde valer para a sua conservação. siasticas, porque estas estão fóra das leis civis. Não
Esta lei não vai abolir, nem crear fóros, porque é a assembléa que o cassou, é a constituição.
já a constituicão delerminou, quaes erão os que de- E se acaso a ordem ecclesiastica. se desgosta com
vião cessar, qÜaes os que se havião de guardar.; em- esta reforma, tambem a classe militar se deve des-
bora _procure o honrado . !~lembro entender esta de- gostar, e todas as mais classes, que ficã<i privadas
termmacão em um sentido favoravel ã sua classe. de semelhante privilegio odioso, prejudiciâl, e até
Referi~~e ao art.179 § 16, onde se diz (lendo). elõcandaloso a uma nação il}~eira que qu~r ser livre.
Ficão abolidos todos os privilegiós~ que não 1orem Nem taes argumentos devenao ser profendos só para
Câmara dos Deputados- Impresso em 07/01/2015 14:11 -Página 4 de 15
subditos do juramento de fidelidade, não se vio que :deve caracterisaros ministros de uma reliiião
igualmente os príncipes arrogarem-se, ou extor- de paz e de caridade, mas já que o nobre deputado.
quirem direitos, que -nunca tiverão antes dos -lO tanto exagera os males, que produzirão na sociedade
primeiros_~eculos, como os chamados de Regalia, a essa~ gu~rras de religião, eu o convidarei-a que Iêa
a·presentação de beneficios,· que -_ então erão -no- a h1stor1a da Inglaterra, pelo celebre Hum e, e alli
meados pelo clero, e povo, e não pelo soberano só- verá, que ellas produzirão tambem grandes bens, e
mente? (Apoiado) Porquerazãopoisse hadeclamar que ao fanatismo _dos religion!lrios, foi a Hollanda
tanto contra as usurpações dos papas, e se hão de deved_ora da sua mdependenc1a, e a Inglaterra da
dissimular, ou calar as usurpações dos soberanos! sua hl>e~dade, e da constituição, que o despotismo
Por que motivo, em vez de dizer-se que as concor- de Hen nque VIII, e seus successores, tinha feito
datas forão concessões arrancadas pela igreja á fra- esquecer inteiramente·. Nada mais direi, por que
quezã' dos príncipes, não se ha de antes dizer, que torno á repetir, não me -levantei para defende_r a
ellas forão convencões, ou tratados, onde se esti- immunidade pessoal dos clerigos, mas só para com-
pularão vantagens reciprocas 't bater certas expressões, que me parecerão pouco
Pedia por certo a justiça, e imparcialidade, que respeitosas, e até improprias de philosophos, e ora-
se olhassem semelhantes transaccões comó filhas dos dores, que só com as armas do raciocínio, devem
prejuízos, que, nomeio das trevas, queentãocobrião refutar, e destruir a forca das razões contrarias.
a Europa, erão communs aos papas, e aos soberanos, Convirei por tanto, que pâsse o art. 1° e quanto ao
e quando se pretendesse repôr a igreja no seu es- segundo, quando tratarmos da sua doutrina, vo-
tado primitiYo, despojando-a desses privilegios ex- tarei pela emenda do Sr. Clemente Pereira, por
torquidos ou usm·pados, era preciso deixai-a em isso que ella determina o sentido vago do artigo,
toda a sua liberdade, com todas as suas attribuicõcs, especificando com mais exactidão as causas mera-
tirando tambem aos governos as prerogativas; que mente ecclesiaslicas, e privativas de fóro, que
elles se arrogarão, ou que a condescendencia da chamão de causa.
igreja lhe concedera, mas querer 9.ue a J.lrescripção, O SR. VAscoNCELLos:- :1\luita admiracão me
e a posse de muitos seculos constitua dueito só em causa, que estejamos aqui a gastar inutihnente o
favor do poder temporal, é seguramente faltar ás tempo, que nos é tão precioso, descutindo pontos
regras da equidade, e da boa razão. de histor1a 1 Nós não somos historiadores, mas }e-
Ouvi accusar os p11pas de haverem com suas in- gisladores. Porque se deixou escapar uma expressão
terprezas.ambiciosas accendido o facho da discordia, contra o juizo ccclesiastico, e contra as usurpações
e per I urbado a tranquillidade das nações, isto, da igreja, co usa de quo ninguem dtnida, por que é
Sr. presidente, é argumentar do particulat: para o um ponto inquestionavel, ha de haver uma dis-
geral, ~e concluir o abuso de uma cousa contra o cussão eterna, puram~nte historicn. c'!io principal
uso legitimo della1 methodo de raciocinar muito efl'eito é gastar tempo 1 Requeiro a V. Ex., que não
máo, e vicioso, p01s por que alguns papas cedendo consinta, que continue a discussão sobre pontos
ás preocupacões de S"U seculo, abusarão do ·seu historicos.
poder, por que um Gregorio VIl., um Innocencio O SR PI\ESIDENTE :-Os illustres deputados têm
IV., um Bonifacio Vlll., e outros encherão de con- (aliado neste sentid_ õ_, e por isso era licito ao hon-
fusão, e desordem a França, e A.llemanha, con- d0 b - -d
cluir-se-ha, que é preciso revogar todas as conces- ra mem ro respon er aos seus argumentos.
· sões dos imperantes, e espiritualisar inteiramente a -O SR. VASCONCELLOS :-Então por que um
autoridade ecclesiastica 't Se fosse licito argumentar transgredio o rugimento, todos o podem trans-
deste modo, então cu responderia ao illustre de- çedirt ·
puta do com uma longa serie de papas, que honrarão o SR. LII'fO CouTINHO : - Eu quizera tratar só-
a igreja pelas suas luzés, e moderação, e que mais mente da ma teria do artigo, e mostrar, que não
de uma vez sustentarão os thronos dos -monarchas, devia ser concebido em t('rmos geracs. mas in di-
e salvarão _os povos do flagello da guerra, e da anar- viduaes. · Porém como o nobre deputado, que ulti-
chia. · Lembrarei com tudo um facto, que agora me Iriamente respondeu aos meus argnmento$, disse de
occorre, e que prova bem,- que o' espírito da tolera o- certo modo, que eu tinha faltado os princípios reli-
cia, e de humanidade é iminentemente o espirito da giosos, é forçoso detender-me.
igreja de Jesus Christo, tal-foi a perseguição atroz, ·O honrado membro depois de mil protestos de
que no seculo XIV; se declarou em toda a Europa que não quer sustentar ofôropessoal, bate apan-
contra os judeos, arguidos de haverem causado_uma cada sobre a solfa, e_quer sempre o fôro, apezar dos
peste horriv~l e assoladora, envenenando os poços, protestos. Pois. eu faltei ao acatamento devido ás
e cisternas. instituições réligiOS!!-S? Sr. presidente, muito me
l\lassacrados sem' _compaixão por toda a parte, admira, que o honrado membro confunda fôro
o'nde -_erão encontrados, elles não acharão asylo, . ecelesiastico · com instituições religiosas, porque
senão, á sombra· dàsta igreja, que se accusa de in- são cousasmuito distinctas, ediversas.Iesus Christo
tolerante, e 0 papa Clement_e VI, foi 0 unico, que mandou que os padres não fossem cidadãos? Iesus
lévantou a voz a favor destes infelizes, fulminando Christo ordenou que tivessem um fôro particular 't
penas I gravíssimas .contra aquelles; que tão barba- Que os ,padres fossem julgados por outros padres, e
ramente os maltratavão.-e perseguião. Declamou-se e -nunca pelas justiças secula!'6s? Não, pelo con-
ultimamente contra as guerras excitadas pelo fa- t~rio eu ouço dizer a-Jesus ~briSto, o «Jlle ~de Deus,
natismo dos padres. Eu convenho, Sr. presidente, dai a ·De'!s, e .o -que é de Cezar, da1a Cezar. E -o
que nada- é mais ·opposto aos dic'!lmes do ,evan- que-quer ISto _dlzer!. _ _ _ .
gelho~ - e ·ao esp_irito' de Jesus , ChrJSto, ·que repre~ , ·Que : o _padre é Cldadao,que: deve pagar os tr~
·hendeu- ·severamente·: aquel\es : diseipulos, :que·pé..;! botos a Cezar, que de:ve .<~er JUlgado por um tn-
dião·fogo:do céo ·P.ara-pnnir.os samaljta~o_s, est.oti· b~nal ~o~petente instituído por Cezar, e~ a do~
Pt!!saadido,_qu~-a;·lll~oleranÇia, e pel'SegUJÇélf!, · é~~ tr1!1a dmna •. Ella ~o~ra, ~que , Jesus Christo n~o
~tramentemcompative} : com a doçura; epaCleneta 2 -qnu. .que os ecclesxas\ICOS:ttvessem um fôro parti-
&
Câmara dos Deputados- Im presso em 07/01/2015 14:11 - Página 10 de 15
'
336
·:;.;
SESSlõ Ri !7 ·bk JdtM DE 1926
"" puô'ir ~s ·séus subalt~rnos por certos crimes. e por tuição~ especificando . sómente aquelles pri vilegios,
esta ordem: isto não entra eni duvida; porém este que ficão subsistindo. - ·
não é o lugar proprio ; guarde-se essa ma teria ·para Aqui . concluio·se · a .discussão .por se julgar suffi.-
o àrtigo, em que se trata do fôro de causa. Neste ciente, e procedendo-'-se á .votação, houve em resul-
1o artigo faz-se menção do f~ro militar por privi- tado .o seguinte.
legio pessoal: esse sim é que está abolido pela con- O artigo não passou tal qual, mas determinou-se
stituição. que fosse substiluido no seu primeiro período-por
Nós aqui não tratamos, se convém ou não convém outro que se redigisse naconfórmidadedas emendas
a sua extincção: esta questão já não é permittída, dos Srs. Çlemente. Pereirà e Vasconcellos; e que, o
pois a constituição o tem determinado: Toda a dis- outro per10do.-Tem cessado, etc.,-ficasse subsis-
eussão deve só versar sobre o modo, porque se hão tindo com salva da redacção.
de extremar os pri vilegios pessoaes dos que são A emenda do Sr. Souza França, ·foi approvada e
propriamente de causa. Os militares, assim como a· do Sr. Rocha Franco ficou prejudicada pela sub-
os ecclesiasticos, tinbão fôro privilegiado tanto pelas stituição da primeira parte do artigo. .
suas pessoas, como pelas suas causas: o fôro pri- Dada a hora adiou-se a discussão do projecto,
vilegiado pelas pessoas está extincto em uns e outros, e o Sr. secretario Cos ta Aguiar leu á camara o se-
porém o que é relativo ás causas não, esse ha de se guinte
guardar a uns e outros. · OFFlCIO
TPnho exposto , o tneu parecer a respeito das : · -
eme~das, que se propozerão; e segundo 0 meu votQ u Illm;; e Exm. Sr.-Versandoosdousrequerim;n-
0 artigo deve passar como se acha. tos índusos de Bernardo Francisco de Azevedo, mais
o Sa. v.-~.scoNCELLOS: _Eu ainda uma vez me negociantes, e outras pessoas da cidade de S. Paulo,
levanto só para defender a minha emenda e a do e villas da mesma província, e de José Leonardo Pe-
Sr. Clemente Pereira. Digo que se não devem espe- _r~ir~, e outros da '!illa ~e S. Carlo~ da referida pro-
citlcar os fóros privilegiados, porque sendo elles vmcia, sobre providenCia só proprla do pod~r legis-
concedidos por leis, e decretos, que muitas vezes se lativo ; de ordem de S. M. o Imperador os remetto
a V. Ex. para que sendo presentes á camara dos
não publicavão, póde ser que de muitos não tenha- deputados, obtenhão a resolução, que parecer con-
mos a necessaria noticia, e por isso seremos levados veniente.
a erro. « Deus guarde á V. E.r:. Paco, em 26 de Julho
Eis aqui o que diz a constituicão (leu um artigo de 1826.-Viscon.de de Caravellãs.-Sr. José Ricar-
da con~Li~uiQão.) Pela sua leiturà se conhece que do da Costa Aguiar de Andrada. 11
estes prlVllegiOs, apezar de por ella serem abolidos, Foi remettido á commissão d.e Ie0nislaca.-o.
nem por isso deixarão desde logo do existir. Os
julgadores com razão . não podíão entender abolidos Em seguida deu-parte o mesmo senhor de uma
os privilegias, sem que houvesse uma lei, qué os representação de l\liguelJoaquim Prestes, comman-
especificasse, . e declarasse, . quaes aqueHes, que dante d~ Cabo-Frio, sobre providel!cias a bem da-
erão de causa, quaes os de pessoas. se 0 fizessem, quelle d1stricto ; a qual representação foi dirigida á
commettião um grande erro, e invadião 0 poder commissão de commercio e agricultura ; e de ~ma
l~gislativo. que_ é só quem pódé interpretar authen- queixa de Clemente José. Ferreira. Braga, contra os
t1camente as le 1s. encarregados das visitas da saude, a qual se enviou
(Leu novamente o artigo da Constituição). Como á commmissão de petições.
poderião julgar extinctos os privilegies pessoaes de Quando o Sr. pres1dente- declarava que se devia
fôro, se elles em muitos pontos se confundem com pass!lr á 2• part~ da ordem do dia, pedio a palavra
os de causa, e estes com aquelles? explicando-se asslDl •
E' cousa muito difficultosa em direito, e na pra- O SR. ARAUJO BASTO :-Sr. presidente, eu tenho
tica marcar o limite entre-estes dous privilegias, de apresentar á ca.m~a l;liD negoc_io urgente. Seja-
tanto._ que s? is.to tem dad~ motivo a grandes con- me portant.o :eerm1t~1~0 mterromper a ordem.
testaçoes. Naoe como aqu1 se· tem dito. . ~ commtssao ~special, encarregada de p~op~r os
~.As palavras· da constituição-tem' cessado-de-:- me1os de remediar o mal causado -pela em1ssa<. de
Vlao-se entender _em termos babeis: is~o é! quando· !'moeda de cobre_, ·tem de offerecet:'á-camara o seu
apparecer uma lei, que declare os priVllegtos . que pare~r. Eu aqw o tenho. , , . .,
ftcão extinctos, e os que ficão subsistindo.. ' Como .este nego~io , foi en'?ar~egadô á commissão
.P?r ~onsequencia não se póde dizer, que estes C«?m mwta urgenc!a; e ella lim1ta-se. por ora a pe-:-
priVllegtos têm-se conservado contra.' a constituição: ~ eer~s eselar~cunentos , pa~a contmuar,,nas su_as
têm~se conservado por .falta da competente lei regu- mdagaçoes, . creio · que -..é mot1vo para se. mterr.,o m-
1amentat:. Não é só este arLigo. que está nesta de- perem os trabalhos destmados para hoje; e dar.--:se
pendenCia ;-_ outros- ba que se achão ainda sem exe- lugar a este assumpto. .
cução por falta de leis regulamentares: . Havendo a .camara>assentido a : esta proposta, leu
Tornando á primeira questão ; eu não sei, ·eomo o illustre deputado o seguinte · . .
0
se possão especificar .aqui todos os· privilégios, ·
quando se· mostrou, que· nem·-todos tiribão lugar ,«· PAR.ECBR..
neste artigo,-como .é o da bulia da cruzada. Não é « A comrms• ..· são _e special e.n ca.rre·gnda de. aprese.n -·
fuer uma•lei imperfeita 'l tar - ~ · proJecto sob!e·a .moeda falsa ' de cobre, que
•Para' 'lU~ daremos ;~U:gar a questÕes dé maneira) particularmente _enste ·em tanta •·abuódancia na
que nos seJa necessar10fazer declaracões diarias t P!Ovin~ia·da-Bahiá; persuadida de que uerihuiriame·
Eis porque, ·sr~ presiden~e~ eu juJio· que a riliilha dida se •pód':ftoma.r•. a .-e~'peito, eotp' a ".utilidade, a
emendaJev~ ser adoptada, e quetambem deve ser q!le s~ ·propoe estaaugusta cama~, e que tev&_em
a do Sr. Clemente Pereira. · · · •• . · Atsta,o·illustre depatado'O ·Srd1ioo'- Coutinlío lia ini-
A~sim corri primos á risca o que manda a ·constl• eiativa, ··e· projecto ·pôr·ene·ôtrerecido; '.·!em'· que se:
Câmara dos Deputados- Impresso em 07/01/2015 14:11 - Página 13 de 15
- . .-..: -~--~-_,::. . ':"!"_~~- --- -·~~:~ ..,::. :: '!.,·./~·~: ":,..--.::fi._. ~~~::t~~--: -- ~~--- .'
·--~~0t( n>~7~DEI~IJLH.~.u~~~;.é
"~-~- .!'-~·~·-.": ··.E
~~-/ ......
-. _ ,_ ·- ·. 337;__
'altere.absolllfa!Jlente:o:peso~valor1 ;;e-typo de seine,: . , O ·2<'q~~ito.vers.it~obre: . i . ·· íÍ1al
~ante moe~:guar,daniki-sea ~~u)r.P.roporção:pos,.; \rado .com 0 valor real.. · _ -a va or- nom ·.c~~~~~-
~~ti~J:::!~!~-0;!1:J:'~~~if~::~~~:r~~::~~~:ri t~~~~~.~-~~ôf~~er~-ll~r-se· a,omi_rii~~~~l·p·~~--
desJ~'-sse com:certeza:o fundo preciso pàraseiexe- ·0 0
. mnn _o scrue. CJU6 eonf?rme_·:as __chap~~
cutar o novo plano, que se estabelecesse' . no, qó.e ,que. h:oJe se c~~~ao, u~ah_bra ·de cobre, CUJo··preço:
sem duvida con!!iste uma 'das ·grandes diffi~uldadês, .v~ed ~o- Ille~, ~~-. ~pr~duz ·~e 'lf30() a :2.000 réis em
atleJ!tO O estado~. das ·rend~ pu~licas; e a falta-do
preCiso numerar10 para• à circulação; julga neces-
"~ mO :;. :· · ·· ._· :· ·- .. .: -. . .·... ·.
. d · dé Inteiramente _desnecessano; porque' na
sario; que com·urgencia se:peÇão ao ministerio pela 11!0 ~. a e cobr.e nunca-poderá 'haver essa propor,.!'
repartição· dos_. negocios •da . fazenda . os; esclareci- çao, que se pretende, e: que· só, póde tez: Iu,gàr nas
mentOSi e informações SObre OS seguintes quesit.OS, woedas_ d~ !Jletacés' preclO~OS, -como· ouro e prata~
ainda que a respeito de algum delles 0 mesmo mi"" em_ ao ~lDistro que compete regular~ essa pro.:
nistro informe aproximadamente porçao: e a assembléa. que ha de dar o valor, peso·.
- -Q . . .· · .. ' . e typo,as moedas: (Leu ·o-4o_quesito)' . ;•
·'« 10 •• u~ quan~Idade" de moeda 'de cobre existe :Po~m para poder 'êalculai' este fundo necessario •
em mr~ulaçao no If!!peno. . é ~ndlspensavel que saiba a _quantidade da ID.oed~:
_ !'- 2. _A proporçao entre o seu valor real, e no- enstente em circulacão. .· . ' .
n_un~.o Q _ • :Como poderá o nifriistro dizer qual é o fundo pre-·
« :~· ue proporçao Julga dever,.se guardar entre c1so para a amorti;;ação da moeda fraca.· se elle n-
os-ditos-valores. · - póde calcula - · .. · t - ·. · '"d ao
.« 4.o. Que fundo serã neces~a~o paraâ actualde- moeda 'l r, co~o._Ja mos,rel a quantl ade dessa
feituosa moeda de cobre substituir-se· uma nova com Estamos por conseqllencia na mesma impossibi-
maiorJpeso; · ·. lidade _d~ 1° quesito. {Leu o 5°). Este passe; . . -··
á. 5; 0 ·Porque meios se poderá obter este fundo, O mm1stro deye·~aber disto, deve ser financeiro:
se por emprestimo, ou por qualquer outro, de que póde portanto . md1car-nos algum plano digno de
resulte maior vantagem ao publico, e á: nação. adoptar-se. (Leu o 6°). · ·
· « 6.~ Que tempo se poderá: taxar para se suspen-
der: o cunho da actual moeda de oobre, e dar-se prin- o tempo está cláro que não póde ser mais breve·
cipio ao da nova, que deve substituil-a; que o de UIJ! anuo .. ~ntre.tanto eu não séi, .que im':.;
· « 7. 0 Se haverá algum inconveniente para se porta saber Isto. • · · · "'' ·
abolir, ou alterar a moeda provincial de cobre.~~= Logo que se fôr recolhendo a moeda fraca vai-se-
u 8. o Que ~uantidado. de moeda de cobre será e.mittindo outra n?ais_forte~ ~ núóca em tant~ quan-.
preci~a- q~e haja pa_ra o necessario giro, e commodo
tidade, como.~ prim~ua, p01s o grandemaloprovéin
dos -mdadaos. .. da dt.Sproporçao.em que .está esta moeda para eom a.
outra de prata e Quro. ·_ . . ,
« ;Finalmente n commissão certa de que os minis-
tros,;;e·secretarios de estado. pela, pratica dos nego- O dinhe.iro d~ cobre deve apenas chegar para-os,
cios de suas . reJlartições devem ter obtido exactos tro~~s necessano~ ao ~o~modo dos cidad~os, e. para ·
con.hecimetítos.delles, ~ por~onseguinte propôr com facilidade das transaeçoes do commercio. (Leu
m~!s.-va!ltagem as proyidenCias, ·que se fação neces""
o 7°). Se ha inconvénientel Pois nós jã não o sa..
sar1as,]ulga .que se poção lambem ao mesmo mi,. hemos? : ·
nistro da fazenda o> seu parecer sobre • um plano Todas as moedas• de cobre estão alteradas : é u~a
complé~ de reforma ·nesta qualidade de moeda de moeda fra~ e fraquissima : então porqua se•não. há
cobre; e que quando se -omciar·ao.ministro, se lhe de remed1ar esse: mal 'l· Que.inconveniente poderá
r~e~ta _uma ·copia de •todo este parecer, .se ·assim
haver nisso! E~ · boa pergunta 1 (Leu o.8°).- . ·
çonVIer:a esta augusta camara~ ' · A este s.ó. o$'anjos póãem'respónder.
l' «-.PâÇoida·camara dos deputados, ?17 de Julho de . '• ·Sen~ores,: d~poi~ 'de.~ma''Cêr.tà .Ie~ .feita' pelos admi•
1826~!.;..;..L'.' P. de Araujo Baato.~Joào Joaquim da. nistrlldores- c;to · b~~ep ·sobre um~· · cbãmadá: .tabélla'
Silva ,G1Limarães.-D(ogo DuarteSilva. » . · ' ' • de· trocos, ·dep~is :qú~·.:_as .le.~tra_s: do. bà._!l,éó pa~sa~ão à''
.• _oji'érepi_d~. e~~,p~reêer: á,'discus~io. ·pedio logo a ~oe~a papel, sem~l~ante' pêrgu!lta na·o ·póde s_er~!l;;
pala~ra;e'dissEL · - ...• · t~sf~lla C_!tbalment,e; J!Orque faltão os princípios eer--
.o sa :LINo''cbmNuÓ. :;.Eu
> ..
·.na
••• :
·~····'
_· Rigorosamente ·nós hoJe nao' temos, moeda de· um ·
>' . _ . . '
Sidente, · -p~ra, .,de alg!l~· modo . esçlar~cer a C81Jl_ara~ :valor certo'; \l9rque todos.sabémos quanto te'm varia..-·
e most".Ir ql,le Q:easo,nao pertence.ao governo, nem do o nlor. das '~atacàs,:e· dàs moedas de ouro;· ComG-·
temJugar.a~g~ID~·esta i~ormaçã,o, .,quese lhe.quer
p~r. Q l 0 .qu,es1t0.• .. : (Leu). , . , , . . . é 'q_ue se podara .calcular neste 'esta'do 'de· co usas! ····· •·
Tod~s. e~ta's'perglintãs só 'se pódein'~tisfaz'er com.'·
Parece;-m~,qu~, se trll~- de saber a CP,àntidade da
moeda ;_qp.e, ·~~ :tem! em,itt~~.oJ~.gitimam~nte. • . . . · algnm grão de proba;bilida'de. um~"veique se resti-:•
o estado ·das finanças· ao anttgo pé~ ,- Nas• cii'..,,
. ~s, I!;SO, m.es109 ,, Pllre:ee:-!Jle . ~e ·'.é ;1mpossivel, ao tua·
cums~ncias a.c.tüaes e .IJrii,il~lpossi:vel~·' ·. ... . .·· ,. , :. ,·
min!str,o., , ...~.,·. . .. ·. . . , , . ~... . . . . .<
l!óis,como ,poderãi),os.miiiistros ter eon,hecimento 1. Demais. ell' não deseubro''üti:Iidade,: nem· nee65Si~
da ~.o.éda 1·4~ côbre;Ailê, ·se;;~~, c~n,~ado 11o· BraZil 'd,á âe nest~s ~iuJ,àgawe~ parã''o fim~'qúe;se'í#-téüªe[
Có'nelúo pois'~ que~ no casódese qtter~-~o*súltár o·
:~!:i~#'::a~~·~~~~t~ t~~J~o,~;~~~ ~~~r,~~: ~lc;~~- v.~t~. do . ~ini.str::o .~o~r~ estll, p-u1te.ria; 'I"ét:lijão~s.é'os:
- AS f-8-Sas de moeda do Brazil estão,·c~ cunhar ~esd~ quesitOS .df3 outra·sorte;',porqueaSSlm ~ÓDiO se•acnão
naô p_odeiri:~er-Sâtis_feitos,'nãó:'á'presenião'utilfdàde'
~~~~;~~e1r~<».r,~al~~~~~.-~~~~~~9;:~~~r~e~ ~~~~t·~~~o~~i:~~~~:.~:·-.s:J:-~f~iJ~1:~~.:c~~r.·.~~io·
•. P.-ortanto·n~o:s~rálfacill!lChar:ós-dados.para:seme:
lhaaieJcaJcnloi= .esl!' ·indagaçãO-'oSótse..poderá:,fazer pe!o ,p~ft:lcer,~a. c~~~s~~;, e: ass~~t'Q~~q~e ·se d~:Vêml
deí;cer~staM051pantl:á:;,r.· ' : :-~~· L . . · :- · p~eir.~eJ:l~J :P.é,dir,, a~--~tn.~~ro . estes·esc~e~-.
Câm ara dos Deputados - Impresso em 07/01/20 15 14: 11 - Página 14 de 15
339 ~
deseja~se que :.elle· interponha:'()<i~e~ ~ré~r ;.Ô~re, (Y:.;:f:x~ ::para :a fazer ..presente ácamara ,_dos,depu- ' ,"
esta operação .;; K;qnemal · d~ulta~'l· A" re~lto ,tados. ·. ·:. : _ ·r: .·, . .: :.:: :..:' ·:. ·~· . <:.:,,. :, i:-.·
dos outros quesitos vogão;as': •mesmaslrazões·:: não: ~ · •u·. Deus ~ guarde ~_. -á _ ::V;. ::Ex" .. PaÇQ; ·,26 de:".Julho
sei pois:que ·motivo de duvidâ' possa haver :em ·se de:l826.-Yisconãe _de. Baepencly~-sr.Iosé Ricardo :
pro porém a 0 governo. Correspondaino-n.os; se.ohores .da Costa Aguiar de, ~ndrada. »-A's com missões de
com o ministro, ouçamos o seu. parecer, ~ s1gamos ,fazenda, _e eommerc1o •. ., ,,- _•·-· ::·. .:. . ___ , .• "L
o que se julgar :_mais ac_ertado. Isto, é:: O-:: que ,me · . Tendo: dado ·a :hora?..designou :o Sr. : presidepte
parece razoavel. Eu não. tenho_,,o dllm .da palavra para o~dem· do ~a 28:: 1. , C~~tin~ação da discussã~ .
0
para ,' poder mov:er. os, Jllustr~s_ .10embros _desta do pr~Je~to de le1 so~re. o priVilegio pessoal do ,(õro.- ::
càmara com · aforca das:minhas •.express!)es, mas. 2. 0 Dtscussãodo proJecto feito sobre a proposi~o .do
creio que llS razõ(:IS que. tenbo .exposto, ainda·ptesmo pode.r .executivo; ' ficando o Sr. Secreta.rio Costa
despidas de ~rnàto;· bastão para:convencer da_neceS:- A~~1ar encarreg~do de. fazer ~ :participação . ao
sidade de .se_approvar este parecer. . · mm1stro da marmha, para asslShr, qnerendo, . á .
Aindà mais algumas reflexões se fizerão até que dis~ussão : 3.o A continuaç~o ,·da - discus~ão do .
julgada a . ma teria discutida, e procedendo-se á _prOJ~cto P~~a :soccor~o , . [ls ,;,vu~vas, , e ~rphas . ~o~:
votacão foi o parecer approvado. Offictacs. ~llhtares: 4 . . p1sCUS~O do prOJeCtO.de let
. . ~ _' . ·.· . · . . · .... · . . - . -. . , para faCJhtar a navegaçao dos ~rioS;- ... ·, •. . ·_ ... · :
·~ Ent3;o o .sr~ Costa Ag~ar , ~eu Jlarte de terem Levantou-se a sessão ás .3 .horas da tarde.~Josê-
nndoa mesa •.:~Jeu os ,segutlltes. : : • Ricardo da Costa ..4.guiar de Andrada, secretario.
~Francisco Gomes de Campos; . o redigio.
OFFICIOS .
«111m. e Exui.'.Sr:...;:.Rêmetto ã.V. Ex. de ordem
d~ . S.)\L ô 'IIDi>.er~dor; a.S d~as !:onsnltas inclusàs RESOLUÇÕES DA CAMARA
do conselho ,'da fazenda uma relativa·ao methodo da m~. e Exm. Sr .-De~énd~ eni.r ar em discussa~
arreeadáÇão - dos .dízimos na provinéia de S. J>edro, na sessão de àmanhã , o projecto de lei organisado
e a outra sobre o requerim'e nto dos negociantes da pelas com missões re 1\nidas de J~gislªção, . e: de
mesma · província, para· sererri desobrigados das guerra e marinha, sobre a proposição,. que· v_. Ex.
fianças, que · prestarão -aos dízimos de •couros, · e por ordem de s. M. _ Jmp~ral: : offerece~ á camàra:
charques ex'portados.para esta côrt.e, afim:de V. Ex. dos deputados no dia 22. _do - corrente,-. contendo
as fazer--presentes• á-camara · dos deputailos; á qual prCividencias relativas aos conselhos de guerra :
compe'te o eonhecimento .dos objectos, que nellas· se assim 0 participo á v: ·Ex. -por ordem dn mesma
tratãO. ·'• :·o:::-• ·· ' <' -:,_ · · ·· ;_- , ··' ' ''' ·_. camara, , paraque,.: sendo ·de •sua-- vontade;possa
«Deus guarde á V. Ex·. Paço; 26de1ulho de 1826.' V. Ex. assistir e discutir a materia do projecto, que
-Viscon4e ·, de ·Baependy. -'~._sr-. Jos~ :~ l\ica,rl}o da ·p_!lra esse fim remetto incluso por cópia;:ficando
Costa ·cAguiar: de A~~;drada. »-:-Foi .· á.commissão da v. '(':x. _na intelligencia,de .que á hora do meio dia
fazenda: ' · · terá lugara discussão; :. · , ', - · · . , . - .
« '.lllm ~ : e' E:iiri. ' Sr. ..:...Serido -:d a competeilcia da Deus guarde, á ,V. Ex~ .Pilço·da camara dos depu-:-
~sembléa legislativa_ o conhecimento do ()bjecto; 'de lados, eni 2'1 de Julho ·de ·1826;-José Ricardo ela.
que trata a consulta mclusa do conselho da fazenda· Costa dguiar de Anclrada.-Sr~ ' Viscondede Para-
ácerca das :'representações : da · camara: da Villa de naguá~ - · - ' · -- .- - -
Cúnha, pedindó a applieação decertas ·rendas para lllm. e Exm. Sr.--:A camara dosdeputadosvendó
obra, e conservação -da -- estrada: da· Serra : Manda o · o·mci~, ·que · V. F!x: mo dirigio: ~in.'cill.ta _d~ 1~.~o
s~ ·M. o :.Jmperador ' ·remetter •ã::Y> Ex. ·a dita-·con~ corrente ·mez, e a mformação, que·o ·aco·mpaólíara
sulta, para que haja de a fazer•presente a cam·ara: dada pelo commandante militar, da Pt:ovincia de
dos deputados; · ·· · · - ·· · '· ·.. - · '- - Mirias-Geraesso):)r_e a remessa da trop_a miJiçiana
uDeus·guarde ã V. Ex. Paço. 26deJulbo de 1826: daquella provincia para es.ta· c~íte~ ' dequetratoü o
--Visêonde de Baepencly.-Sr: ;· Josê • Ricardo da meu' ófficlo de 16 do' m·e~pronDio passado;a}éiri-de
Costa Aguiar i de :A~:!drada ~ ' »·.:.:...~!5 commissões ·de notar . o_ desc~medi~o· . estjló'" em.'qu'e . ~ · refei'i_do
fazenda · e-commermo~-;-., , -- ''! ,, ,-,.._, -< -;- •l ', ··· --· ;- -commandante -se : ammou ··-a·· escrever o seu-omClo
~illi.· ;e.~~ftn.. sr.~~n~peri,:~~n-~O:.i d.~-··ra:!.o8~Ç!~, a:s~~i:;~~?:~~ee 1d!~:!~ ~:~:s~E~ei~l!?-i
. ·_ v.' •
de le1a, deç1S~~:.:da ·cpnsW.ta ,da Jun~A~ ~ 0 ~D.!er~~O. , ramente convencida dâ demâsiada ~ãfé, com que o
s~b_re o J:~q!+~rlJ!lento deJo.~~r:L.9P.t!'lDoÇo, ,J?~as, em. mesmo . procedera - quandó tendo· ·convocado ·
que pede 1sençao de .d1r~1~~s .. - d,e., COJ1S~IOO das · T . ' f . - d _as
fazendas, ·que pi'elend_e ·e:ipàrtar' pará. Ó r~g~~-e ,,ae; ,_ trop~ m1 lCtana:' par_a a es.t a e ~rO,ClSSa~ ~corpo de
escravos allegando a mudao~ de Clrcurostanclas ,Deos,.passou ,a ~urprehendel as . p~a as remette.r
entre_e~ie ·.#.nperi~,.~ ·as:p_oss.~g~ p~~iuguei,a~. ila, ;1:S~!~=~~~s:J:: '~e~~~~:i,t;d~~~J:lis~Z:f~J.
Ços~A .í\~I~ ,:-_ IJ,landa S,. ~~ o; ~p~rlid~_r, :r:_?.m~t.~r; :de 18'.U, que . declara .. a inaneira,;.por que devem:
a V..E~.· ~ d1ta. C?R-~'ª~om, 0 reqll~.~·u~e.~~p. e 1Jl 8!~: 'marchar as ditas. tropas para o serviço activõ• desta!
~f::~· cfa~:a~:~:h~ll, ~~ Ie:v~ ~~d~, ~o ~~l,l~~c~.:" ;côrte: , •:·- • - .., ~ ·:;; ~ '" ·· \· · ' ; .•· ,,.,:; ~::.
cé 'DetiS' .· uarde ' 'á y; Ex; ' Pàco,' 26'' 'd8' 'lúlhô ; ,Que amda : quando se ,q ueira dar IDte~o . credi_to:
d 1826''·~· v~ " M ' d' B ' ' ·a· r.•s ~ ~ ' é' R' " ''d. .., áscoarctadas,~ :a; ue se-recorre na«{{lella.. .wformaçaoi
de·_c- - (-~ ~r:o â.<À epir·.
d_ ·.·· ·A.J;.~_·o~_.- . .~~i'·_ :_comd udo: não de , a :camara -deiXar de2conhecer
f~eJda,;' -;~ua · . ~ · .~ ,t;~ 3::~~n · ···~~~~~~!'~ '~: :por;pro~r!~co • ~ó; do menci~n!ldocom!Dandante;;·
Y_. •
-- :: •,·<;<i -,;:·· : :· ; •· ": :_,_,; ~"'''; , , ., :_,; •;;.;; ---. ::::<ii ,;;-- :que:elle,VIoláramm clara .e.;postttvamente,o;,decreto->
« .Jllin~ .e :Exm·~sr.~, v~rsando aeons'wta inclusa ;de•.2fde,Mai~del82h~ias instrucçi)és de lO de.Iulho.'
do .~ eo,nselho_", da ;: fazenda ~o.hre.· :a.;crea~o nle ; uma • 'de<ri~,r:polS . ·:prohibmdo':'lle;,pelo,; decreto -O·laDçar.l
allandega, e tima inspecCão do algodão na .V}Ua.!d_a ~erros,,.~da. :a-r:criminosps; , ~pelas ,ins!fUcç~~aos;
P-4r0,~yba .:.imand,a:S...,JI.,·o .lmperadorr: ennal-a. ã ~emtas, vê-se de. s!l8s propnasexpressoe~ que.eUe)
Câmara dos Deputados-Impresso em 07/01/201514:11- Página 1 de 12
_. - g,_~io~H•i~5n~P~~;:~~~ -.-·-~>::"~-'§<
.manüestamente ;· ob:-ara · o .· · ~n~rario ·· com . ~ció~o· 1 ' ,. c~.:Ark 3~~:~~~~~nt~)e! não compreh~!Ide aquet-·
·iodiv~duos; , _d~ . quç _fiJ;Z • me.~~o D? . seu omclf?•·Ã i ;les p~ost ~.;q~)I?MO~~rac&o~ .anterrores .se te- .
camara.nota: ainda· malS ~a arbltrane~ade, Cf?ID -'10~. ;nhã: determma~é.o..;~ontrario. . . <' · • : , _., · · •·.
forão .taxados . de r~voltosos e -· perturbad()res ·~ dous : ·-' « •Paço·da;·eamara dos deputados,•.em 26:.de Julho .
dos cincos citados milicianos; e por isso remeU.idos de 1826. ~José •A•to1lio da Silva Maia • ..:..José da
em ferros, sem culpa for•nada, · envian~Q-set· p~ra ·costa :CartJal~o. ·» _; . · . · • ·. ·
tomar~m - lugar.~ntre o.sde!ensore~ da pa~Ja hom~ns, . · ' Approvou~se_ '.'a' redacçãoj e se·niandou _enviar á
que aliás devermo serJusttçados, quando_verdadetras, camara• dos •senaaores~ ·- . ·· . ·· . · " - . · c·
as · ~mputações: e C?onclue do •: · exp.osto. > q!l~ · ~em : Te've então -'lugatii o'r dem do dia: e immediata-
duvtd~ · se · achao VIoladas as garat;ttias mdlVIduaes. mente que se: entrou~ · nella 9 . o ·. Sr~ Cunha Mattos
dos c1dadãos! . sem ~e ao sobredllo C!>~~an~ante mandou :á · mesa a 'seguinte emenda; : ao projecto da:
possa aprove1tar. o disposto . na constttmçao t1t. So es:tiricÇão dos privilegios de fôro; cuja· ~iscussão
art. 179 § 10, -pois se no presente caso _elle. encarou adiada da sessão antecedente devia aqui con:ti..
os dons indivíduos como recrutas, . devm a seu nua:r• .
respeito observar as instrucções já citadas; se como « EKENDA
criminosos~ o decreto acima-indicado, se finalmente
como soldados refractarios, não obstante podel"'os 11 F.xceptuão·se á·s 'commissões especi~es, ·q ue fo_.
-11render sem culpa formada,-nunca devia comtudo rem necessarias -para · julgarem _os ... crimes ·atrozes.
e
metter em ferros, e· ainda mPnos remettel-os sem contra a segurança · ·salvaçãõ publica: iías 'cidadést
haver precedido sentença final. Pelo que resolveu, viUas, aldêas, e lugares de guarnição, que se acha-
em conformidade com o parecer das commissões de rem debaixo de rigorõsó bloqueio ou assedio, o'U
constituição e guerra, qúé se otferecessem as razões com fortes cordões saoitarios. _. Os membros que
. apontadas á consideração do · governo de S. 1\f. compuzereni as ta~ ·com1Dissões para.julgarcm ci.,.
· Imperial, afim ·de que se faça responsabilisar o dadãos paisanos, serão do fôi:o do i'éo; e·as ·senten-
sobredito commandante militar na {órma da lei. ças . confirmadas pelo·governador, ·ou commanda,ine
O;que participo á V; Ex. para que suba ao conheci- militar da praça sitiada. » .. . . . . . . . .. .
mento do mesmo augusto senhor. Sendo admittida a discussão, e apoiada, , disse
Deus guarde á V. Ex. Paço da camara dos·depu- O Sa•. Cauz FER.l\EIRA : - Eu acho está emenda•
tados; em 27 de Julho de 1826.- José Ricardo da muito complicada• ·. em seu lugar bastaria· sómente
Costa Aguiar de Andrada.-Sr. Barão deLag~s. ' fazer esta declaraÇão; a saber.....:. todos.ós· ~rim és_de
·militar . commettidos ·.em campanha serão .julgados
~- em ~8 de ~alho de I8SS militarmente.;_ parece-me que esta expressão bas~
. _ . tava~i ·. . :- · . . ' . . . ,.
PRESIDENCIA DO SR. PEREIRA DA NOBREGA oSR~ CLÊnm PEREIRA:- Por causa da ordéin;
. . .. . Estéf"doutrina'está 'Do ark ao:que trata dosmilita-:
Feita a chamada ás lO horas, se acharão présen~. res : eli não sei como se possa tratar della antes-
tes 68 Srs. deputados, 'faltando os Srs:, Araúj() deste artigo sem jnterromper a ordem.do traba-
Vianha, Carreira,.Moura, Lobo . e Herrera. lho. ·· · • . .. ·· · · · ·· · · · · .,_
. o-sft.. PREsiDENTE. declaro1i aberta a 5es~ão: e. -~: ~·o sa. : VER.G~Íl\o' ; ~A · emenda não tém lugar,
Sr. secretario Maia leu a acta da antecedente, que Eorque é .contra. a constituição. Nós:-não podemos.
t_o~~m'!~i~~_ ri;ente_ 'o Sr~ ._ Marcos A.ntoni~ ·m · .8-.n ·d...ou' azer excepções; a ~ constituição diz muito .c lara-_·.·
mente~ -:-A·,·excepçao das causas, que, por sua.na;.
á. JI1ê8a a seguinte · · · ·· . . ·· tureza-. , pertenceni' a. juizos, 1 particulares; ' na . confot~
11 DECLARAÇÃO DE .voTo .- · midade das leis, não ha.vera Jôr() privilegiado, .ne·m
· · · · ·· · · - · · commissões especià.es, nas causas civeis; ou crimi+
. «.No dia antecedente votei contra 'a eJ:tincçãó ~ do naes ~logo ; está éClaro que esta: emend!l.é.contraria
f~ro.ecclesiastico, ta11to tio civi[ como, noérimiÚaL~ á.co11stitui_ç ão; .0 . que ,.se .•póde· fazer é quando· se-
~· Marcos Antonio' ~e Souza.: » · · . · . · . · : tratar ,:do . artigo _ 3,. tomár em.: consideração· o caso•
·.•0 -•Sa. MAIA -deu , conta: á ,camara. do·projecto,so-:- que aqui ·se pretende prevenir, · para .o .provi,d encilr
bre, osJaudemios, redigido.· da maneira seguinte : conforme .as leis e : 11. constJtuição ; mas nunca ad-
« , PaontTo · · i mittindo •c<immisSões·· espéCiaes _que'éstà reprova.
. . - . -. . . ~~- ~ -tij~·· -p~açás ~~lí~ ~8 hafer_' trib~nae~. de'j_usti.Çil{
. .
o
.«.i .asseinbtê& :.geral . legislativa.li imperi~ · ci ê:- accresc~nte~se4hes--por ·exemplo·.a·· ultxma .mstan-:·
ereta.~ ' . . : ciil: porém adlll~tti~. com missões esp~cia~s ' de modo,
·-~~~~~~i~~i~~~~~:~l~~~l~:~~:~~~::~t:.1~:~m;·; r-~~;~:;t~;~~:/•~ii~~~.,~:t~~;~J;~~~ri:';riiti~:
"~~~p,~. ,_etJ!~rc,ajl~ •;;•; ., ;Ü;~ ~~p~\1}1,0..,. qJl?, lfB~ .':~~~· ,~e!! ' ~()S~~emJ.lr~;·de :que.ella;se C()ID.JlOOm .-?·.e U~~ :
castlgos d1z.~ Ü!!.CleliCt9S1IDalOfeS;-_Sdllre.tudo () ID~ . commlSsaO ' espeClàl hçomp()'Slll}de :paiSanos; pares;,
~., C?,,!lQJffi~~W-~~~(~Oi.~~,t:à~<(e·,~i.tr~i~ói~.~~f,dõ' ;oú'igu~és·.~ós ; outros, pilisa~psi; ~,e :digo qúe;assen-
~~r, pe,na 4e ~OF(e .:.:Q.r~o: P.~~~rá.P~1as .'~fmas; :s.~rá , ;.t enças ' seJao 'CO!Jfirmada~!pelcrgove~ador,da .p raça
~!orcado, · ou- pãd~~~!.~-~o'rte' mais severa·nos 'casos· por ser a autondade · mJ~.I.or~a . mais Imnortante. :e _a,
Câmara dos Deputados- Impresso em 07/01/2015 14:11 - Página 3 de 12
342
mais competente •que exi~te dentr1• della.como re- ·; /a::,. paonCTo
:~~sj~~a~~ni~~~d~ti~~l:,ga:1!f!~~~d~ n~b~~ri~g.
0
« A assell)blé_â g~iallegislativa decreta:
mui" interessante, e de cuja conservacão depende " Art. !.o Os conselhos de guerra em que hou-
talvez a felicidade geral do estado. • verem de ser. julgados officiaes generaes,. &erão
O SR. VERGUEIRO :---,0 honrado membro diz que compostos de um presidente, que terá maior·gra~
não propõe commissões militues, mas aqui não se doação ou antiguidade do que a do.réo ; do auditor
trata de taes commissões, trata-se das com missões com voto, e de 5 vogaes, officiaes generaes da mes-
especiaes; a- const-i~uicão mui .claramente diz, ma ou menor graduação do que a do dito .réo. .·
to~;no a repetir-A excepção das causas que por sua .~ Ar~. 2." .Não havendo official general mais gr~
natureza não haverá fôro privilegiado, nem com- d.uad() ou antigo do que o réo para servir de pre-
missões especiaes-isto. é muito claro na constitui- si dente, nomear-se-ba para este e:xercicio um. con-
ção, nós não podemos entrar na averiguação, se selbeiro de guerra o qual, porém, não terá voto na
devem ou não haver estas commissões: a consti- instancia superior. . : . . ·
tuição já o decidio c não temos mais nada que tra- « Art. 3.° Ficão derogadas todas asleis,alvarás,
tara este respeito: agora se os crimes que com- qecretos e resoluções em contrario.» .
metterem os cidadãos, em taes casos devem ser Seguidamente. pedio a palavra, e disse
julgados pelo-fôro mili~~r, ainda mesmo que não _ o Sa. VASCONCELLOS :-Eu penso que se·hade
sejão commettidos por milHares~ parece•me.tam- tratar em primeiro -lugar, se convém ou não este
bem que não tem lugar· projecto, porque elle póde ser rejeitado na primeira·
Na praça sitiada hão de haver tribunaes: isto discussão, como diz a constitnicão: embora o nosso.
pertence á ordem dos· processos, qúando disso sé regimento de outra fórma dispÕnba. ·
tratar: então se dirâ qual é o poder q11e ha de ter Portanto, íallarei agora sobre a conveaiencia do
o governador; mas aqui não pertence tratar disto. projecto. Sou de opinião que elle passe á segunda
Esta lei não é mais do que o desenvolvimento.deste discussão: porque com .effeito .ha uma grande
paragrapho da constituição que é bem claro e in- lacuna na lei, emquanto exige que o presidente dos
te}ligivel. conselhos de guerra seja de patente superior, e nã·o
Eu voto, portanto, contra a emenda chamo a
attenção da camara sobre esta ma teria, pois, que
e acautelou a hypothese em que o não liouvesse.
Em minha opinião deve o projecto soffrer uma.
ella se oppõo diamentralmente ao que determina emenda e consiste') .em que esta lei seja declaratoria
a constituição. da de 1816 afim de comprehender todos os casos an-
O Sa. CRuz ;-:-Eu estou pelo que disse 0 Sr. Ver- teriormente succedidos, dos quaes se não tenha
gueiro; mas sobre os crimes civis 0 militares em podido tomar conhecimento; por esta fórma pa.;.,
campanha, elles devem ser julgados todos em con~ rece-me que fica o projecto em estado de passar ;
selho de guerra; porque é regra geral que os cri- mas isto· deve ser tratado na segunda discussão,
mes dos soldados commettidos em campanha não po~ ora digo que póde passar o projecto pela pri-
podem ser julgados por outra maneira, sem. entor- me1ra.
pecar o andamento da guerra e as suas operacões, O SR. DIAs :-Segundo o que. percebi, esta lei
que todas devPm ser rapidas. • apezar de util, quer · o illustre deputado que· seja
O Sn. VASCONCELLOs:-Eu não fallarei sobre a retr<iact.iva, rio que não conVirei de modo algum;·
ma teria: sou inimigo declarado das commissões se ella o não ·rôr, como •parece que não deve ser,
militares, quero, porém, examinar a emenda do então a reconhecerei de summa utilidade, mas uma
Sr.. Cunha Mattos. .· . . vez ·que com tal declaração· se pretende: fazer re.;
Esta emenda me parece que é um artigo additivo, troactiva; opponho.:me inteiramente á sua conve..:•
e de grande importancia, ora quando se offerecem niencia. Em taes circumstaneias seria bom que isto
artigos· addi tivos,' é -pratica de todas as assembléas se decidisse, para não admittirmos uma co usa.- que:
faze l-os adiar para o fim da discussão. Isto é .mes- depois ·havemos de a rejeitar, pois que tornando-5e'.
mo conforme com o nosso regimento: elle ·manda retroactiva, eu julgo que de modo nenhum poderá
que os projectos passem por duas leituras comin- passar~ . · ·· · · •... ·.. ···· .· · • . .
tervallo ~e dias de uma: a outra, e por discussões. . ·o 'Sa. VASCONCÊ~os :~sr. ~:presideri_te, est~ lei1
que nunca podem ser no mesmo dia, ainda que se não .. -~ rett:~aeti"ya·;·nei:ri vejo que Isto's_é declare nos
d~clare a urgencia~ E o. que é um artigo additivo; ait~gos qu~_!>~ Jerão:Qu~i!~.Y.Ex~'faz~r ofavor.de\
senão ·umproje(!to mais ou menos grande! , mandar. ler novamente 'para: melhor me certificar.:'
Portanto; ·sou •de opinião que a discussão desta (Lêu.;.se): Ora :bêiJi ;' esta'Claro qtie ~· 'le~ não é re..;'
emenda· fiquereservada para o fim do projecto, isto troaetiva, mas eu entendo que póoe ·comprebeôder'
é, peco o·adiamento; . ·. ·.•.·•·· ' . os.·. cásos p'àssados; ·porque' a ·1e(_de ·1816 teve ~m
Foi" apoiado o· adiamento ; ··.como porém; ninguem vista: f~rmalisar os processos dos conselhos de glierLf1
mais fa,lass'e sobre elle;propon.do:-o o.sr;pre~idente, ra, e _não declar~u bp_m çomo' se liayião de fa~~r' nó;
não·. passou,: e em·consequencta · 1a rcontmuar.•a ~o •. em qu~ _nao ~ouve_,ssem o~maes ~neraes'de~
discussão sobre ·a emenda; mas· sendo· chegada ·a:· pattmte, super1.or, ou1gual parajulgar. E necessario
~ora :aprazada' para :ter 'lugar a discussão,do· pro-~ St1PP&~~s~_'la,cuna·•. :·: · ··· .;,•-, 'o ··.·-•.: .··',!•i? .·t
Jecto órgaoisado' sobre a proposta•do·governo pelo · .. Se e_~ttr algum,:m.iljf.ar cobarde,l,raidor,··que'sa;;.·
minjstro da marinha, e annunciando-s'e esteá.porta·. c'ri_fiquec o,sinter~s~es·daj;~a_paVi~;'lia, de·fiçai'im::•
do~alãoda camara para assis~ir ao.~ebat;E!,do ~e~mo p~uqe~ .. p();,;qu~ h()'!!.e... f~!~·- ~e •~ecla~~?;nal~it·
proJecto, ···segundo o convite; que . a~ste,respe1to. se P..en,so que .nao; :e . por ISSO aêhaya · .CIU:e' se devià'
lhe fiz~ra, . se interroiopeu.·àquelle o~tro.trana,lhói' acere5~entar:que,·est~;lei ~- deêlarátoiia ; ;· ·mas acho·
e introduzido o: mesmo . ministro, . se. abrio â' dis-.· que:é:JJi'âis proprió da.·sêgúnda'iliscüs~ãôlt, '~·;:;c ..;.;;;_.
cussão , 5obre · esta segun~a; pàr~ da ord.~ln ,do)l.i_a·~, · 1:;!,~~-l!t?,;,t.àJx.t~EI!!i·' ·~... P.~P~~,;;q~~:t.i:rp~a._y~_ cJu!~ ~~t
lendo-se o '· ·6... - l131,P~ll~ , ,,OJil . pe,~ ,J?~-~~ra.~c.~~~a~~ s_e_ ~f~~~~.
Câm ara dos Deputados - Impresso em 07/0 1/2015 14:11 - Página 4 de 12
boj e mesm.o_ fi ~egunda ;_dise~~-si_~ ~~P}'qlle, .:·foi. .. decla~._ .-deve ~ admittii· q~e o . IIJiniS'!o _vo~: . pàt:a. ciep~~,;~~
rada UI genllSSlma, e,nao seunpnm10 por .este . mo~ tratar de uma le1 deeláratona•d~ste artigo da con-
tivo. Como, pois, na votação tem. de retirar-se:o stituição; discuta, mas só vote provisoriamente, em-
Sr. ministro, lembro a V.Ex. que convide ao mesmo. quanto não se faz uma lei. Esta duvida já eu.a sus-
senhor, . para e~ per~ r um pouco na sala para isso citei hontem e não foi tomada em consideração.
destióada, e tomar a vir Jlara a segunda diScussão,~ Portanto ·sou de opinião que sejà provisoriamente
q11ando se vença, que a dia de.ve passar a .proposi- admittido a votar o ministro, emquanto não faze-
ção_ do -governo por .ser util :ou .necessal'ia, pois, mos<uma lei decla:-atoria do artigo da constituição.
ass1m ficava desembaraçada .em menos tempo. . O Sa. ·LINO CooTINuo:-Diz o art. 54 da consti-'-'
O Sn. ·Dus :-Os argumentos de que .se servio () triição no cap. 4° o.seguinte: (leu) pergunto eu:· de
nobre deputado, cada vez mais me convencem· de que camara falia a constit11icão neste lugar? E' claro
que aJei é retroactiva, porque vae castigar crimes que falia da camara •dos deputados, porque aqui é
passados, segundo a emenda que o· nobre deputado que se fazem estas proposicões: e aqui é que a com-
lhe offerece ;, . portanto, não admitto tal lei sem sá missão -lê o seu relatoriÕ; logo .onde é que . póde o
declarar se é ou não retroactiva. .. ministro assistir á votação; onde é que póde votar;
Se a lei que temos fosse confusa, inintelligivel, sendo deputado ou senador? E' na casa dos depu-
ainda haveria desculpa, pois, que nós temos o di- todos, porque ou..o ministro é ou não senador;· se
reito de interpretar as leis; mas. se não é confusa, elle é senador, .está no caso do artigo da constitui-
não póde · t!lldeclaração ser admissivel; portanto, . ção ; póde assistir á votação e votar na camara dos
subsiste o nieu argumento. · deputados, porque se não quizesse que votasse se-
Nós temos·Iei; não somos um povo barbaro, que· não quando fosse deputado, então diria;__salvo sendo
estivessem os sem ellas. · . deputado-e não usaria das palavras-ou senador-.
Os crimes commettidos por qualquer individuo Ou- é uma dijunctiva e quer marcar duas cousas
que seja, estão sujeitos ás leis que existem. Nestas ditferentes; deputado e senador, e assim temos duas
circumstancias .não. acho necessaria a dedaração. proposições d1versas, a saber :-Póde votar sendo
As leis existem e são tantas, que mais diffi.cil é co- senador .-Póde votar sendo deputado.-Nesta ana-
ubecel-as do ·que applical-as~ .··. . . lyse grammatical _da constituição . não . ha duvid~
.Não é pela falta .de leis que se não faz justiça, é alguma, porque ella é clara, é obvia; porque se o
sim· pela falta de execução dellas; é. pelas preva- ministro deve aqui votar só quando é deputado; e
ricações ·que -tem havido. -· na camara dos senadores passandoo projecto,quando
Portanto, nunca serei de voto que haja lei ne- fôr senador, então' nessa parte a cori;stituição, será
nhuma que seja retroactiva. redundante, pois que declara cousa escusada; por~
O SR.- Y•scoNDE DE PARANAGUÁ :-'-Eu não fallarei que o ministro como deputado havia por_forÇa votar.
ainda· Eobre a utilidade' da lei;· nem se.é retroactiva na sua ~amara, b~m como o · sen~d«?r_no ~e~ado.
nem se deixa de o ser; ; fallarei, só sobre um ilici;. ~las aqu1, Sr; presidente, a consh~u!çaf? na.o fa_lla _
dente, que: appareceu ·' na discussão; e que é neces-· a-;:erca ~o senado, tr~ta _di!- propos1çao e prtmerra
sario tomar em consideração.• A constituição me dá d1scus~a? d~ . ~ma l~1 ~XIg_tda pelo governo, e ess~
a prerogativa .· de assistir á votação, porque ella diz propos1çao .e .dtscussao_ e fetta na camara dos dep~--,
-salvo se fôr senador, ou deputad~; . esta- quali~ _t~dos, por Isso a votaçao em que póde entrar () ml..,
dade. de '·sena.dor teriho ·:. o· artigo -é claro a este mstro, sendo senador ou deputado é' na camara dos
respeito. . .: deputados. . ... . _ . . .' ,.
Portanto, ·. antes :· de se . • proceder .· á votação, peço .. Q~andó a .pr()p~s~d() m.if!istr() .de es~(}~ é !ic:lop-'
que se declare isto . ."..• >• • • " . o · · .' ·. •· · _·. ·.·. ta da pela camal"a dos ·depu~ dos; ella _deu:a de per-
Para,ter,lugar ~sta: ques~ão se retirou .o : min!s~ro, tencer·· ao gÇ~,verilo_ e fic.a',se~do ..nos~a, e éOm() ~~
e offerecendo..,a -o Sr. presidente á eons1deraçao da passa para a ·dos senadores. com,o um ~outro: qual..,
camara, ~ di!Se · . . . . . .. · f , l : • . . ' '. ;;_., quer_proj~ct~ 40eip_rppô~.~o,. p,~ralgU.m ,<l,~e~tr.eMs;
o SR.0DOR1CO :...;.;.Convenho que·· se veíitile'pii- e.«.mta() o 1Jl1Dl~tro, ~ fôr: s,e~a-~çr, ,Y:9ta,n~t s~a ~.... .
meiramentê á questão própos_ta; e _entrando .riella, · ma!a; mas. aqu! .v~1!1 c~mo. }I~m~tro_, -PC? r _um _pr,tVl.., ·
digo qpe· ni~ Jlllre~e ,não ter , o' mi11is~ro . ra~ão ~DÍ legto" da . const~tW,Çél(), c9n(!~~1do _a()~ }In~nstro~; 1;1~~
querer · votar·:.lll'. . cam~a _dq~' dep_ut_ados; · 'poi;<IU!3. a ~~re.W .~e~~~o~. M.c~r~o ,~~s}.a!•v_o . e!~\, ~-~ra~. '.r;:.:! ••r ,
admit~ir~e talopini~~~vut~~.~:~r, do_~~ .V.~~S';l!llll~ ., .. ~;me Jl_er~~~t"e_m: e. ~stc;l ~)lQ.mY0 1)Irf:l•· que ~a«?,,
ma ma:teria um·só'representante 'd.a m~~o, a.·saber; mas aqm _nao·se .trata d«:~faz~r-de · nov.o .a con.~tltw~~
e
um aqut ~ittro quan~~· Oprójê,c!~ ~ÍlSS\l_SS~' ao:s.e~~~~ cã~," .IÍ!3ÍD :de ~!Íl-éD~a~.:a:·; . t~â ~is_é _ p_e .fazer ;O que :~!1~;
o queé' ~m · absurdo cón,t~~o·esp~to da cop.~tltWÇl!.C?.' · m~nda, ou bom ou mão, e por 1sso o s~ntzdo obyzQ,
Se esta_._.'_.~Sa.:d!!_.·s. p_a la vras_-_· ·. sa.lv~ . s.e f.· o_rem_. ·~.e!lad:o.r~s e li.t~e. rai. ~_o_. ._a_.r__t •. ~' q!l~.s,e.d_ ~:v:e_....s,e_..g.~
,-- '. _e_._eU~.- ~e_ r.
c
ou deP,utado~é_ Para;'~o~tr~ que elles v:otão s~i 1101n~ ; m1mst~() q~~ - -~·roJlJ.lZ.~r; u~a ler ~a par~ .d«?,
P
_.._· 4
ma~ ~da ~-~-. ~.~:a : st,Ia.·: ,co!D.pe_tl:ln.~ , Ca,tPa.r a. Is~?-~~. gºvel'Jl.o,:,"fotena_RB~,~ra,, do~~.depl,l!l~,o~, s,en_~p ~~~r
mtuto .~larono:.Jli~U-~O.Il~~~to~~· ·. ·· . ·:·•··~ •··· , · ·•. _. <-···;:
se~u~d~r' ~':l. ;4~PU,til,dQ;_._'nl~.<!o,f~rterpp~,t~~~~~9.~! ..·
o Sá: vlscól'iclüios' ::2Pára 'iiü~ _é iii'teit-ª.in~nt.e. dE!. ~~~~~~! ,~s~~, .neg~ç1o' P-~~~ . , ~~ . o l!ll~~ro, ~.E!lllii ~
indiffe!'CJ!~ . que · OI! .m~str,o~.ass~s.~o: J,'diSc~São e 01! :!i.a<:' . ~eJa: ~_embr~ 4() ~,9~, lf-g~~lati"':~• -~ ~lp_P,~
votação~ :.- n?a~ ·segun~!>' ()'' m,od() ,' p~~Cl'llf ef!ten~o. _á , fi.lllllStr?, eDl.q~-~p.~o :J)fOp~e U~ll: .!el,d~,,p~~' ,C,.p gRib
constit':ti,Ǫ9·!~,~~~o.~ s~': d~!e ' ~e.~a~~n.~~ · ~~~l!~.~· ver_nQ," e.:co~~-" ''~1 .n,t~1lc~t. de~~- ~ ~~f· :YO.t9,, ~~Hr~
.entender C()mo a·entendeuo. IDlDlSlro~ .'·. :'. , · ~ · ·• ··1 ~s~-~ta..J .\fO~~Q·,. So,u,.):l~. p~rec~r, .. P<?~~g~~ ,qq~ .~~
Oartig({'d ii' @.e p'ódêrãõ' diScum!ê 'a5sistü: a 'dis~' m•mstro , póde ·votar na c act~al dis_cussao,- ~~;.~~~'
:. > · <-~ .-. . . _:~ ;~F- ::~. .:> ·:_,~-- --~~-- -- ~ · . - --- -- -~<_:::· _- - -..--~~~ -;;~ ·:_;;·:·:_·:.~< ·x-'_-;~- - :~ :_:·:~..._- ·:-·_ :;.:~~--~~:·~~-:~:; ~:;· .
á'~j:. • ·.·. ,., SE~ 'AO' · Etf'i!8•} DE ~JULHOi-DEf~tf:Si6
quant~:.nã~ iiõuver.·~rm(teí. que·.aeélare está· i~~~~- .poi:cõrisequenc!a· :a~~~-çã'<l~~(&:é"~liá_"C:âs_í(dos .' ~eíl_a;.
li~ncia; v1s1o haver duvida nesta caJ]lara; . · · . .-· . · dores~ · ~as ~aqut; ~pqrq~e. SQ ' o_1Il1Dlstl'<! na~ !ôt:·sen_a--
,_. ó SR. TEtXEl.IU. DE GouvÊA. :;-Não ha duvida na dor não põe.os p€8 no S(3nado; COQ1o ·se ha de entao
cainara~ ..... . .. . . .. ·. . ent'e'ôder'' ~ue esta disposição;é,~inb'em P.ara'à ca..;.
·. ·-._· · ·. s·.· ·. . · N. a · ·. "d·.·.· ·a_ ·a -· • .• ~ ".. mara dos senadores, quando nao_póde la entrar o
. 0. , a. 1 INO . - a a e !Jle_ 1_ as proVIsonas, _-:-Ig~ 'ministro 'l ·
mos o que manda a constltutçao. . . -· ;,•~ - · · : : ·<~Disse~se ~ue a proposta é sempre do ministro::
O Sa. VAsco!'íCELLOS :-Como se podera conceber não ba tàl; e propostll, do governo, eJl}quanto a ca-
que um homempossa ser me~bro<!e ambas as;ca_- mara não 'a adopta, mas depois que ve01 de · uma
maras contra_. ~ es:pressa debberaçao . da_ constitu~~- conímissão, ~e pois que a commiss~o deu o seu pa-
ção, . que . pos1t1vamente declara, que _nao poderã rece_r, e depots que. offerece um proJecto e que a ca-
ninguem ser deputado e senador ao mesmo temp~? mar~ decide que é materia de deliberação, é sua.
Pela opinião do nobre deputado segue-se que o mt- Sr. presidente, uma· cousa é propôr; e outra . é
nistro de estado, que . fôr senador, é membro . de fazer. · sua a proposição. ·A proposta é nossa, depois
ambas· as camaras. . que foi a uma commissão que apresentou o project~
__ As propostas do governo . nunca se poderá dizer que se adopta; e vai para o senado como projecto
qu<l .são . da cama r~ dos deputados: tambem com- nosso e não _como do ministro de estado; --' .. - c '
pete a~ pod~r execut~V? '? -c~ntribuir na proposi~O -0 ministro dê e~tado COMO ministro de · e~~~O
das le1s: elle tem a_mtctallva na fórma da const1- não póde pôr os pes no senado; não pó~ e ass1stir
tuição; : mas o mimstro não póde votar na camara á discussão; mas diz a constituição q~e o j)óde fazer
dos deputados, quando não fôr deputado, porque sendo senador ou deputado; logo e · dentro desta
infringe-se manifestamente a constituição que de· casa. O honrado_membro não me respondeu · ao ar-
clara que ningnem póde ser senador e d~putado a_o guinento que fiz da disjunctiva..;;.;.ou--e eu torno a
mesmo · lEI~po, porque votando elle aqut como m1- rept-t.il-o. .·•·· .. . ·
nistro _de estado e na camara do senado como ~e na- Supponhamos que escondemos a pala na senador
dor, e1s que é membro das duas camat·as em todos fica salvo se fôr depurado·;· escondamos agora a pa-
os · casosem que ha propostas do poder executivo; lavra deputado, fica salvo se fôr senador, portanto
isto é ,f}tpresso. . na,. constituição, !B~s tem par~ci~o quer seja depu~ado, quer · senador; . pôde vo~r, po~
dm•idoso até porque o mesmo m1n1stro cootr!b~1o que est11s são as condições debaixo das quaes o ml-
para isto quando d~clarou que lhe compele o .~ne~to nistro de estado podera votar nesta casa: · ·_
().e votar,,e. por ISSO eu propun_ha que provtsoria- . . Sr.· presidente; disse:.. se que é contrarxo á constl-
~e!lte elle vota_ss~, _e emquanto nao se declara o es- tllição, porque ninguem póde ser membro ~e ambas
p1r1to .~a COJ_lStltmçao. · ·· . . ._ . . as , camaras. O monarcha! -o ~ poder executrv:o sane-
. ,-, A~~ se d1sse que é expre~so n~ ~onst1tutçao~ q~e ciona<a Jei: ou,não'l.' sancc10na; logo ,é uma'p.arte .d o
o~m.. I.t. us~.ro .p.ó.de vota_r_, e_u na o veJO. tal;.__a const.1tu1- pod·e· rJ_e.g is.· l a. tivo, e_por v_entu_ra o Q. 100._a.r~. ha. e·. s_ en_ ~
çao quando ,declara o modo de votar d1z-apresen- dor ou deputado 'LNão: por·consequenCJa a. constl-
~-se-ha.. a .proposta na .•:amara dos deputados e tuiçãomarcou a prerogativa, de que ,o,ministrQ de
não . principiaráa discuss_ão_senão depois de red~- estado possa .assistir-á votação na camara dos depu-
zi,da -a decreto pela c_o~m1ssao. c~m~et~nte-:dep?JS ta dos, · seni ·com tudo . se tornar membro da camara
d1z! q11e podet:á o m1mstro ~ss1stu a d1scussao,dis- dos deputados . porque . eu. chamo membro, aquelle
éut1r, mas não votar, como ministro de estado, salvo ·que tem matclcúla e assento ordinario dElotro . da
s!:fôrcsena4o!",ou de~\l~ado. .· . _. , .. .: . . . • casa• . Mas aquelle que traz a propusta de uma lei, e
:p_ergun,to e11: . tollla~;;s,e ,as .l}eclso.~~ só na ~~D1ara que vem f~zer uma ~un~~o •. não .é ._membro . .. . '·
d~s ~ .dep\ltados., <otl. ,to!D~'7~s .ta!;Dbem ,a ~1nar~ d() • O .que diz , a·_constlttuçaoe~que m~;~guem _p~de_ t~r
s~nad,o 1. Am~as as. ca,m,aras .~omao a .me~ma. d~l~be., matricula em ,uma .e :outra casa ;·. mas 1a c_onsttlu1çao
~~çiiQ .::· quando fôr ,_ ~enii,dO_r· ..y~ta ;n~ ~~na~ô, .e1~ ,o. pó de .inar~ar uin privilegio, uma acçãó. fó1-a qa acção
~Ç.t«? " ,d~ ,_<tue.;,falia , ·a ,constttutçao, -m~s ql!a!ldo ~e~; 4i~a; ..que .. comp~te . ,a :; qualquer ..~!~;iJli~tt:o, :, «:o~o
~q!lt, ,n,ap , f . como SIJD;Ad«?~, m~s com? mupst.rl;) , .d!3 real~ente ac!l~a .de; m~ca~ • ._Pon;opseq~e.n'?a . é .do
~~~li~o, e, como. tal ,~1~ute . !1: . 10a~eua;. mas com~ éspW~c)., ~á, :...Cc?ns.~ituição ;qllc~o, ní~ist~o Se9-4oA_e-
mm1St~ •.lln ,~sta,do ,n~o_póde !,O~r, s.alw : ~~ .fôr,d(l;-" pu~d9 ;,ou: s.~~:*~or, ,p()~~a ;~()~.r; d~Ji!-!õ:J~·~s.ta~.casa. _
P(l~~o, ,porql;le ,, ~ _sena~or na? : ':O~il; .liqut, :V«?láno Aind~. JI.l.IWI•. D,~s~! ~~~t•go, ~ , co~.s~•t,IH~o_,~J~W.po,~:a
se11a~o. _Pon~so a!!hllva qlle ~ 1~11~1st.ro d~~a votar p~vra , ~~n~d9r ;.a LJ~!1~v_raAeputaª,(), ,.e . S~i.~O_!ll
p~~VIsortameD;te; e111quan~o ~a~· ;v:er;w:t a le1 declara-:: .etrei~<),n~ô,p1ld.~.e . Y.()bn::~!lqul ;<sep4() ,se~ador~eiitio
~r1a ·dest~ .a~~~g~ ·-~~- eo11~~~ t.(IIÇ~o, .v:1st.o ._q ue h~. ,~u~: p,ã~ê~r~~; ,cóntf.ãni~(~l'1!i:_pil, eiitao ;a;!?i*~tit~~ÇãO,_ de;.
~.d~~· -. ··.· · ,.. ,, ,. , .., . .. · "' •. . . . • . . , ,.. v~Eln~a,, ,d.1Zer~ep~tad()~ .~~se~lldOJ'~_; !-f;l•Sp~oJezas-
.~.p ~ Sa~ _Lu~o: Ço,UTI~.B() . ~ .. ::'Vere~· ~e;.lile . possQ;leril';' . ~~~ -: - !l~tep~z~pa~~~a , ~~nad9~~~ :;~-P~l~;r_r.a .d~p~~
l_)jll~: ,.d~(~!O~~~' ;'o!;: . arg~pe,p~~~ ;:dO,}lPJ?.r~ . d~p-~~~~~ ~~9.s, e,·: ~: qu~ P,C?~~-~ .v,~tar .~!Rll• . -~~~ pó~e eo1~
P.~':"._ ,·. 9s;}~ ;'!;~#ys,an~o,_ :,'!, ,.f!l~~,a, .c~q~~~J~~.c:t ~~~ .haver . duVIda . , alguma?d!~:Jl,~Jl~ .;eo}J,O~Çi31;l.,~~~ ,d~éiS .
· · ~:··~~\re~~I~twJ·r~l~~rio~di~~~~~~~w~na:sP.~~J· . •x:~~~~~~?:3o~~Z.P,~~·r;w.~~j~~:~~f;~d-~~!r
~~~~l:n~{~~~~~Cil~~:6;;t:'·~~~~~~~~:~~~:;~~ •·D1esmo
(~i~~~~:~o~;.f~~·
~n~~~r , ~.~ , ~~p~~~~. pQder~ .xo~,,~~ 1ca_~a!"!;,~,O.~, .
.
~~~r;~~~~~-~~~~~~l~~~~J. qu~ ~r~~g~~~~ - ço~~~~,~~lçãp:~~Jê;lp.~Jio-,(:]~l"Q
~~pu~~os, . pf?rq\1~ -qo · senado , n~o - se fazeiJl.~ ·e< não se.1 o como , se., tem :.posto ,, duvta~..:.: (Leu .os
q.u. ali.dad_. e_ .. d.e_ s_eriad_o_.r exer_. cer_ -vo.to... _··_n a cam__ a·._ra O Sa. Oooarco: - As t'azões · expandidas em
,._dos deputados!,Não acho muito conforme á consti:. contrario ainda me não ·' f!zerão variar de pare-
tuição. · · ·.•....·_. . ..· . · · · . · .· · . · eer; ' pois das palavras da constituição não posso
· Stipposto ag<>ra nã()àpor::ate~, .comt~do ~de âcon- entender que ella a um só representante da nação
tecer .para .o ·.futuro e . estou persuad1do d1sso, .que désse ó. direito de ter dous votos na mesma questãQ.
na"Jegislaturá, qüe. vem,. se .os ministros não forem Seja .· muito embora a proposta já da ~camara~o e não
senadóres; hão de ser deputados; ' e se '6 uiiQistro do poder e,íecutivo, isto não muda a ' natu~za das
fôr deputado, ba de ir votar á camara dos senado.;, cousas; sempre o mini~cro, ou para melhor dizer•
... . · ·---- - - · ·· -- ------- - --- ----·---- - - -- - ··- -· - ·-·· "'
Câmara dos Deputados - Impresso em 07/01/2015 14:11 - Página 7 de 12
dispoe a constltwçao art. •102 ·S 14. .. . . . . . lares, mas'támbem ós clerigos .. e ·os frades· estão
Esta emenda, Sr. presideÚte~ \ oiierec~,duas.! im~ ~~rigad~s a•obedecer a jurisdicçãó ~mporal. ' ...,
. ~ortantes qu~stõ.es: 18: - comp~te . ,a,()jllÍz.o, e~es_i_!ls- -Isto é confór~e ao evangelh~, :J?O~s que S. Lucas
uco o co.nhec101ento sómente das·caasas.meramente cap. 12 § 7 ensma que Jesus ChmtO sendo rogado
. ecclel!iasticas~ 2• ~- se, U;i~- ~_IÍlpête ; ~;és~ ;'i~iUl~~i-;. .pa~ decidir a quest.ã() · de. uma· heran~" e~tre· dous ·
mento, _quaes são, as ~ausas meramen,e ,ecclesiasti..: rrmaos;, elle-serecusou, dizendo que nao tmha :an-
cas !~t!IS q~~stões;;.;ml'_f.e~o1 ~ $er; t~ta~llS; é9.jji:s_i.; ~~ri,da.d,e; p~ra _julgar - esta: ~ _c?:úsa~'Honw;_ · quis ' tne
sudeza; e. por ISSO.:nl!,o,~r~ ~-~~ti.Jt.o, ~e .e~ ,IJ,le .de~ -c~h!tnt )'ILdtcem aut dt:!'~ore!»' super v~s ? ' Os
more sobre o exame·de ,c cada 11ma dellll$ _, "' ,__ ,:,;:· . , pr1meuos Imperadores . chnstaos lambem nao: co-
P!'iin~),J:a .qÜ~o:;Ci?i:Dp~~ ~o j~~ e~l~si~ic~ ~b"é~e~ão ua'primei~ . i~reja _ ·outra ·jurisdicçã'? qae
o conheCimento-, sóinenle. das , .causas .. méra,in.ente ·a ·meramente ccclesiastica ; . e será bastante· Citar a
.e~l&;Si~~ti~ ? . Se ':O •d:u~:i.d_a . i ,e " ~xp~S9 · ,n~ ~ Ç~~~ este . r~sp~Ito .a _L. 23 cod •.Th~qd •..De .EP_iscopis . et
st~tu~~,;:_ao, do 1mpeno; e .e sta r!i~()·}:)asta~ ,D.iz i~ :ço)l-. p~nc_&S• . • -~ . · - . ._. ~ .-~ · . . . : · •: ·
stitu1çao . no . ~.• l7S}§,~. , ~~~~~~ep~_:.~ . ,cau~as,' ·: · ·'Esta · _ lel-f~tltrada . de ~a.constituiça,~·dostmpe-
qu_e p__o__r_._ su__a.n_a_tu.~za_._P
_e.• t:Y~~-eem _.· ;~- J_._ -~_--_-_izo_ ·_·_
s_·_.p_ar_-.ticw_ai~ ~ra.dore_s. Gr__ ac.xano_;_c_ Vale~t.· l. ~~- ano no ~--·n
~3l conf~~dad~.:. 4as:Je1S. :nã.~ :~a~~J~r(J , privil~-; -~ecl~r.a· que ·p~rtenca ao .J ~~z.o . ~c~!esulstxco ··~ p~r:-
_ 11?_ - -d~ - ~- 6,_.,e
g~ado., •••,. , ·.•·:' ,<: , _, ,, _.. , , " ; · · ' : ;;, , , <. . . .. . ;, ,_ -· ~ •• •: i ~'?do.~ d,elictos ~o!ltra ~~ ~~li~a,o; aâ ·Rehgwn\8·
Aqui temos a ·re8fa - de -·coohe~r;· ·;qõáês; Si,o.:~s. obse_'"?Cff'Cwm_·spectan_tta, e·. -~ti.JUizo ' tem~ral_,· o'~- _
ca~s,__qu~~ de~.e.o;s: , .Jl~~ .P~~,?l~~n.~oi: ~Jõ~~rpi:ili-; :~eeun~J?-lo '--~~s _deltç~s CIVIs :·d_o~ ~ .<:lerJgos:t'' ~e
J~gia_d.o~.t e·!leJPi~.esta~lê,e,e,_,...,r:~~ - pro@~~o. mili~r: ~':'_t!~fb~e~ a ~tran~~llidad~ llu~~«:a-Excep~~J'~'
~~.JD.~t(~ra.C:~Qé~o.~c;,,:: ,_~,e'!~~:!P~,;: p~~~~!l~«'t,ao' :q~~!lc~w. crs!'~'?~ltS·~~ oràt!la':'~~~-~~~~~-~~~!-8 _
~~J}:r:~~~~~~~--~~1~~1~~âq~~~: ~~ .- ~r~~oi:~0::~::~~t;~t~~~~{~~~~ió-~~s
18t;~J~ :~ 11!:11~ -.~ J~;~r~~~~:.:da l~tp;~J!',:;~(D.Ier~~n~~ ,liD_P.3~~C:Io,res :~cad10, e)~c:m!)rio·p.ct~ iin~o; dêJ~,
~~~~~:U~%~~~~~t~;~:!f~ii:1{,~Lid~C\?:~~;i.~ ·;;:,~~~d~~;_;~l~io~ç~~~~~e,~~:.~.:~t~êw~~~fit
e, fôf?~éSi~~ti~'~ó :.'~~t~m·:1!~'J~~~~~~~~-- ju~~r:e :'«Btêris: f'er:o :'!~~;~~:fB:_ a~~dr~~
Càna ra dos Depli:ados + Impresso em 07/0 1/2015 14: 11 +Pág ina 3 de 17
354
cognitores, ad '11SUm pubfit:i jurf,s p~tintnt, le9Ü11U perante OS juiz~ OU· tri1iunaes do rei, nelles devião
opportee audiri: quer isto dizer, as causas perten~ respo1id,er: e 'forão.tão-e,ilpeciosos os.pietextos, que
centes á 1-eligião devem ser julgadas pelo! bispo!, aquelle papa tomou, para eondemuar esLa lei que
as que pertencem aos negoeios civis devern ser lUl-, bast11. a. !Ua fu~ilidade para co~vencer ~ que ponto
gadas pelos juizes seculares. · · de desgraca, tinha ehegado a 1gnoranc1a naquclles
Este mesmo direito se acha estabelecido no L. 3 lempo!J~ ~i~(i Clerid_ a f)iri~f S~crclaripu.s vila el
Cod. Theod. De Epíscopalí jut~díctione-110mtm h4bttu àuh~guntur, ~ta et ;udJcia Clcricoru111: a
episcoporum, t>el eorum, qui eccksíce necessitat.ifnu la":ornm -;'ú:diciis _dif1ersa p~nilus i:omprobant-ur,
.serriunt, ne ad judiei a siv c ordinariarum, Sif!e e:&., ass1m c~n:~o ()S ·cler1gos são· dt!Teren tes ·dos seculares .
·traordiflariorum JUdicun~ pertrallatv:r: haben.t illí no se11 modo~ viver, e de vestir devcn1lil.mbem ser
Judices su.cs, 11e~ quidqua11~ llis publici$ commrine julgadOS em jllÍ:ÍOS iÍlteinuncrtto ditfcremes. .
cum legibus,qua1itumadcausas tameueccleriasticc8. Sqbr<!ta:es 1Jrincipios nâo é estranho que l:ddoro
Os ecclesiasticos não_devem s;er citados peran~ os Mercador II.Cbuse toda a facilidade de eslnbelecer a
juizes seculares: pol·que têm seus juizes particulares, ~usa da jurisdic~o ternJ>oral da igrejn nas suas
e não podem ser julgados pelas leis civis; isto, falsas decretaes ; e que Gracianno potlcssc fazer
porém , entende-se só nas cat!sas meramente ec- outro tanto no seu decreto: C<ltn tanta má íê, porém,
clesiastícas, qua71tum- ad ca U$aS tg.men ecclesiastica.s. e tanta falta de ~poio, que· declarando este a im-
E mais claxam~ntc se vê esta dístincçáo cstabele- munidade cleriea! na callsa 2° qul'l!st. 1 can. 5~· e
cida, e sanccionada na mesma lei~ qu:e mais abaix:o valendo-se p;~ra este fim do lfragmcntJ da lei"cod.
diz- Si quQ!stio 11wtG ftterit, qure ad Cliristiat~am Theod. De Bpiscop. Jurisdlct. que relere acima,
pertineat sanclilatem, tunc cos decebit sub eo judice ommitti~ neUe a clasnla~quantum tamen ad cauBt:u
, Uti9are, qui l'rwsul est in suis partibus omnium Eccleiiastitas-pelo qúD respeita sómenleás causa~
' sacerdotum. Quid quid vero 11cgotiorum aliunde ecclesiastíces. fazendo crêr por meio desta falsi1l-
inci.Iet, id ipse prwsu provinciaJ terminabit. A.s cação que -as leis dos imperadores reconhecião a
~ausas, que se moverem sobre duvjdas relativàs á immuuidade clerical.
santidade christit, serão decididas pelos bispos; E quem oito vê, q,ue por esta fórma a jurisdicçio
todas as mais serãG julgadas pela autoridade civil temporal dos eccleslast1cos foi mais obtida por nrti-
da província. · ficiosa, e violenta usurpação, do quo por ·uma
Esta é finalmente a doutrina de grandes publicis- franca, e llvre concessãu dos príncipes seculares
tas da igreja. entre os quaes Gerson de Polesi •. Ed. unica fonte, donde dia podia emanar? '
.Potest.as l!.'cclesiaslica est •.• ad aJdificationem. te- Concluirei dizeudG, rclatiramente á segunda
·-cze.~im milit<m!is secundum leges E1iatlgelicas pro época, que os ecclesiastkos só obtiverão um foro
eonsecutione .felici~li.ç et<erna1. O poder .da igreja !'eglllar; com. todo 'o apparat~ e formalidàdes dos
tem por fim .preparar os l.1omens para a felicidade JUIZOS secula~s; ·segundo as tnstltufeões do direito
e.ierna, e <>S seus meios $ÜO a pratica das leis dD romano, no~l.o 12. · · ~ ·
evangelho. · · · llas deixemàsl dias tão aziàgos 1 ! ! Entrem.os na
Aqui acaba a primeira época, que estabeleci: e terceira época,.na ·qualc~m o auxilio das luzes, que
segundo o que dE>.ixo expen.dído, s_egue-se que .:l forão resuscitando; os reis recobrarão os seus direi-
igreja nos prirneüos~quatro scculos não J"econheceu .tos· invadidos e usurpados. -
em .si outra jurisdicção que a meramente ecclesias- A Fran~ foi quem ,Jl?.&is perdeu em jurisdic!11ío;
tica; _e __ass~ .o t)lltenderão tambem os primeiros e nada ha mail;'certo· que esta verdade para quem
principês catholicos. temal~m estttdo sobre estas materias.; • fo. por
Segue-se a segunda época : . e a respeito. desta isso tambcm que~_, emprehendeu primeiro; o ccim
será ôastante dizer que a historia ecl)lesíastica," em mais valen1ia, a~ -calllia da reclamacão 'dos seus tli-
'materia dej tUisd,it;ção, do seculo 5 ao seeulo 16, se rei tos; ·e assi.al: devia 5er .Jlorque, timto em physica
reduz a uma continuada serie de accõés e reacções como em politita, a·forçada reacção está sempre na
entre os ec~l<lSi?sLicos, e os principes·: .estando 'l"i!~Í r~ão diree1a·. aa ac~o;Apparece co~ _lo~vo! deste
sempt'e n ~1ctona por parte dos primerros, que pl:~ ~mo; ef!tre ontro_s_~ctos, uma conveuçao ass1gnada.
valecendo-s~ da sua prepoteucia, e d~ igÍloranéia, ·pela ·mator ~a~_ aos 68!18 ~agoates, ~ haróés em
,dos .povo~ nao ho11ve pretenção que nao intentasse. -uus, ·pela quál se obr1garao com JUramento a
.para se iniron1etterem _najurisdicção teropofal, :e ·reivirídí~;) ~efenller: a ·j_u~sdicção. temporal' que
não houve causa, que nao declarassem dasua com~ se acbaya·quasi·toda na orao• dos dertgos·•. • · .· ·. · .
•petencia, debaixo .do pretexto de p eccado, ou pi&. -_Enio~forãO.,c~~ os jnagnates;:e b~arões da FraJ.!ça,
dade. . . . : . . J qu~ !e-•armaJao ~o:ntra as ·W?urpaço~s dos cccleslas-
Para ser breve, lembrarei só o escandaloso .~buso,' _tlc~sfó~ ;s.eri.s'reis,· ~.erão· ·.i~.·.' reclamaçã.o; e.: ·.op~
..com que os:I~gados d~ Alexaudrell,_ordeuar~ ·-aos ~osiça.o; . ~ .·l~mb~-:me,: l~r .lido · nas proyas· -~as .
pçrvos de M1lao no melo dp se~ulo lJ.. que denlo ~~ li~~a~es_da'_Jgre.Jo. ·gallicana, ~e ~· Ludonoo p~o
blspos ter: faculdade plena de Julgar as ,eaus~ .dos hibto e:tpressam~nte a ·.cerlo: làgano,,do ·papa,·que
seus, c~erigo!l, par_a que es!es ~endq-seJivre~. ~-peste ·por nenhuma ·fôrma se ·mtromllttesse. ~ 'é?n~ec~r ,(}a
.dos}utzos -scculare$, possao VIver ,socegadoll .no~ser·: causa alg!)ma, que ·pertencesse á sua JUnsdxccao;· e
'Viço de, Dens, e na ~bediencía dos seus p~la_Ms.~.: P_o.d.~,rt~mporal~ ; · : . . .·· · · ' ·. :•• . ·
_Ut ãu_m , Okrici_if~ri'!t. a §q:au~ris iit~iai( _in-;~~ F~_~OO.r. eon~U:!!~ ~~.-!l:efeJ1:der ~.ónie~êrlml:os
-{estat~one -ucu~ 1n dsm~a ; . servtt~te,__ et. ca!lonum. ~;eu~; ~los, ,prohibin.éfo ~.~íii:positivamen~e · por
outo~Jtate con~tStan~; quteh, . el ,Arc1nepescopp_ .,s~: un,:t~d~creto_. ilt'e:p~ti~ç!!' ~9. #;1l9 ~~-l~,',q(t~ 1'#s
. ~b~tl:.g~~ àevot&~ , . '- , , _ , .·. . . , sec:,ul;ll'es.fossem Cltâdos perante os JUlZes ecclaslas-
.. '. ~a:~ · e. menos.:n<>tav~l a animosidade,. coi;t_ .glle. o Uc~,s,:. ~1cep~o : 11u; eáusa~ : s•cramentá~~ ·e ~.mlií'à
:1tapa A:_lexandie I~; Cftndem~ou ~mo otT~D.Sl'fOS_'da. _m,e1!~ ec.çl,~ás~-r~ :c,~~gá~:~~ta~ pont~'a: fiilci!n-
.mun. . utpdade , cl()r1c.al..os art·J. gos de..··. Hcn.~~JUe ll·.jle s...a-.~.o.·.~
. ..· l.~.psd
., _j~.:.o. ~P..(?,~al P9r.~.-.·.
" .e.. d~s._lr:ib.
· U#. ~es.
.~~a.tem,, , pel!)s , .qu~es, entre. o~tras proVJde!lClas, ~do ;~1; ~c,l~~,:rnail~d~.~ ...U.. ~cenas•. foi ; ~jl~.l!â.áP:o
Qtdena-va no art.~ que os clengos sendo c1tailos ordenar·aestes -por diversos ·a.ctos·legislativos;que
"' . -· '
Câmara dos Deputados- Impresso em 07/01/2015 14:11 - Página 4 de 17
356
o .. direilo de proceder cont.ra o.s ~leri~os. que preva.· ·a qnom eUa: devia pertencer, não é ar r}li'cavcl aos
. riearem no desempenho das obngações ;ao seu tn"'bnnaes ccclcsíasticos, .onde de ordinârio~ oão ha.
offieio, e mesmo cou,tra.os christãos,qu.edelinquireni lauto ~nteresse em lançâr mão das trapaças• o
na .falta de obscrvancia das leis da -igreja: C<ittra arnladtlhas _do;fôro._ • . . _ . _ . . .. . .
impõsição.J pqrém, das censuras canonicas sómente . Mas !)mfim deil:cmos isto, como alheio da questão,
quo . ~e ncnarcm sanccionadas por decretos dO$ con· JliO consentindo todavia, passo a·i~é.a aqu~!iinitüda
. cilios, .ou coilstitui~ões ecclesillsticas,-que tiverem -~r um .·nobre .deputado, de. quo _se. JláO.. deyem
obtido heueplacho do poder.. executivo, na fórma admittir factos ' históricos em ás . nossas· discussões,
' que dispõe a constituiçãQ. .• pois estOU: ooilvencldo, 'de. que•a -lliSloria é ii. verda-
. Circnmsto.ncía . que julgo necessario déclarar-se deiia êScolâ ~a . legislaÇão!. da 'moral, Q da poliiiéa,
para eVIt-ar duv1das futuras, (noto em· favor· do e o:s:alá, que .todos os legisladores .bebessem nesta
poder ~·cclesiastico, como dos direitos dos subditos fonte os:·principios, que devem :régubrn sualilarcba.
da igreja, e mesmo porqu~ se nas conslituicões PãSSa.ndo pois à emenda .d o Sr. Clemente Péreira.
ecclcsiasticas se impozer alguma censura, que 5eja eu me pronuncio 'inteiiamenle ppr ·_eUa, Cómo já
aéompanhadn do e lfcitos civis não p6de ser appli~ disse quando em outra sessão se . tratou . detla
cada na cxecucão emqtiarito não obtiver a sanccã.o lllateria • .e conformando-me com as razões,.. que elle
-do poder tempÕral, para estes effeitos civis sómerite; tão eruditamente acal>a de ·produzir, aecresce_o lareí
e esta sancçüo obtem-se polo beneplaeito. • sómente. que . julgo neccssario especillcat· . . os
Conclúo votando pela minha eincnda, e tambero processos. dás caus;~s ccclesiastietts, para se ·não
vótarci que· passe a dou~rioa do artigo, .sendo eut.ender, que sob.preteito de jutisdlccào espiritual
entendido, redigido, e reformado na conformidade da se 'pretendo limitar a autoridade da fgr_e ja ao fóio
mesma· emenda. interno, ou pcnítencial, onde só· se pód.o conhecer do
· . · peccado, e não do crime . ou ·deliclo, segundo a
O Sn. VERGUEJJto : - ( No.da se entende do que distincção,.' '{UC fazem os cnnoriistns, e que a
escreveu o tachigrapho.) providente le1 de.l8 de Agos'to dc.l769 sabiamente
O SR. SEIX~S :-Sr. presidente, eu não r-epetirei o <!Stabeleccu para ol.Jviar os al>usos, que tinbão
que já se tem dito sobre a au loridade, que a igreja nti~ido da farta ~esta importao~ d!sL~nc~ã~. . .
exercitou nos primeiros scculos do christianismo. . Stm~ sem sah1r da espherm ,dtt JUnSdl(:çao cspl-
Todos sabem, que sendo ínvaria-.e\ aquella juris- ritual, a igrcjm tem um fOro ettemo, c ilmal6rma de
dicção propria, c essencial, que clla recebeu imme- proceder baseada na mc:sma doutrina do seu divino
diatamente do seu dh·ino fundador, ·não deixarão fundadór. Se teu irmão peccar contra ti, diz Jesus
. todavia os l>ispos de intervir como arbitros, ou jui1es Christ~, chama-o; e corrige.:.o entre ti, e !!li Osómente
de .paz nas.mesmas causas civis, que se movião entre txJrripe ·~m. inter· te, .et ipsu-m sâlwi~, eis-aq1,1í a
es fieis. Quando a. religião christã foi"·abracada, · e coriecçãoJraterná, ~ .. o .prJrrieit'O gráo do. processo
publicamente admiltida . nQ imperio, longe . de ecclesiasm.b. Se elle te não ouvir, chama mnis uma,
coarctar-se, ou diminuir-se ossa autoridade, ·. a ou doas teslcmuí:ihas, '·si au.teni te t!Cm·.:aúdierit,
piedosa muniflcencia dos príncipes não só a conservou cuiht'"be ttctttn.' ad?luc unu~ cel d11os• .AqÜi·: temos o
mas deu-lhe . mai_or amplitude, . determinando s~gundo,. ~o. do process~,' óu juizo _lia igreja,~· Se
mesmo uma let do 1mperador Honorw noanno408, amda ass1m ellc não quiZer .ouvír; e ceder ás tuas
que as sentenças proferidas pelos . bispos como: admoestações, dize á. igreja Dic .EcclesioJ. ·_ · . ·
.arbitras em ma terias civis, fossem executada.s.sem· , Eiwqul : a. ·:_ denúncia · á "'a.uloridade corop·etente.
appel~açã~, bem como as do prefeito do pretorio. qu~sio os JlaSlores' da !greJa ;..se lloaln!ént.o.elle não
. A IgreJa não. eneontrou protecção ~ómente n.os q1llZJr ounr..m ~o~ d!i•grel~· ~~, ~:lVIdO C~!ll0. 1lJD
Imperadores chr1stãos; rnas achou-a ate nos mesmos. ,paga~_, e.. u~__pub~cano •. ~tt.ft~l SfClll etkntC:US; _et
pagão~, · C?Omo ~ vío, quan~o. o . imperador ..A;nre- pu<can~. ~LS-aqw_ o e fl'e1to d _o. ~ntença.~ q~ellpP,~
liano a mstaDCl!lS dos chnstaos fez eumprtr . a: _a P.ena .de .separ.açao,. pelo ': dtret!O, que .tem .~o~a a
senténça de ~aposição proJ!-unc~ada contra Pimlo ~e. sor.1eda~e..de s~parar !le. si ·?,SIDel'l\~r~s refractaru~s,
Samosate, ·· b1spo de AntJoquut, · que não queria: .e que;;I:~c.~o t;~~ed~qer á~ suas)ms. Ta.~ ,é,o pJa,11o
obedecer. E' forçoso porém confessar: que depois dn qu~ a tgreJn s_egu1u sempreJ:!.!l pumção 'dos:pnJDes; q_u
introducção das falsas dccreta.es de lzidoro M:ercnilor. -~ehct?~ _publi~f!· ~- S()bi.~:·q~~ 4!'!Ie f~~d~.r:;Ji.O a .~Wl
e do · ~ecret.o de Gracianno , . eS!Il ·antoriílade; manona de proceder n_a.s ~u~~ ~~!lUII. t;9ll).PCte~c.Ia_-:
accessor1a, que os bispos exerciào pela liberalidade: _par~e-me 1... ~*~to,_ mw~ .~~_rta(!a a ,emen~~·
dos imp·e radores, se transformou em·um direito, óu _qu,~do . es~ct~ca seme~n~es . pro~éSI!Qs . de·~~t}j._
jurisdicçãci propria, ele que -se íez o mirls estranho. gencias,.qu~.'d!zem r.~peit9. á_s 'CiJ.usas eccle~ia~heà~·
abuso7 introduzindo formulas d~conbecidas ' nos . Ta~~~~ _q~!zera, que se·.fb:~siie il~guma dist~-~C~C!
prilrie1ros · seculos da · igreJa, e que · do . direito: nq 9-11e, .~IJC.IJ.: , :a s . ca'!lsas ., ~atruilomaés,~ ~"!lJO.}ll~l
canooico passarão para os codigos de ·· todas as ..be.Q1...pplld~~-11,:: o... I!ll;(st~e · q.u~~r. d_a emenda,- · p~r
naÇ(ies_da l!:uropa, como é facil d~ conhecer:! vista ,q uanto. ,se . . o. m.~~!JlOI:l~, ..~~ ~~~ao de cont~acto
do·2'> hvro das decretaes de Gregor10 .IX. Entretanto: perJ~n.~. !lo· c;.~p~ec~ento. do, JUIZ s~cu!ar.;. se 1\ ~~e
se os ecclesiãst.ieos forão os. que ·ensinarão; · e intrO:-; ~ompef.e JUlg~~-~nry o·_fa,cto;-,e as obngaç9~ Ct~s
duzirãoaschicanas forenses nos tribunaes -secolare·tt, · PJ:YV_eine,n~s , ~o- m'3li_!li0. .con\~~l!,l 1. .cwn.o dilt~,
onde elles dorriiriarão muito tempo pela suaezclusiv~ ' ~m.eu~s, ,e_te:.'"', .n~:· ~az~o•..~~-; ~·~=~~-lfleut~ •..eAife
lei~~· ~ ..taf!lbem .verdade : qu~: · os.; discípulos ; ,~~lJ,len~~ ,. pn~<~:ttv~ ,~a JUfu.4,~ça9· ~a,,~g.;eJa;·._a
sahtlõO maJs,mstg_nes que O? mestres~ e por&a~to não : .@e~ - ~~~-~O-~P!J.!C Julg~r_.•~a ~~!1, nu!bd~d~, . ou ~#i.·
·é ·exacto · o ·que .disse um 1llustre deputado· quando · ~~' _e . ~~~!IW..P9~!lue l~J.go, o .~,tl~o.~n~'!-tfi.t~~~\e
av~~ou• que a t:bie~mueinava particularin_ente nqs. :P,I)l :Y!l8~, ~-:t:~.~e,t.er~m~~-~· -~;;. c:"~~'"' j ' .• _-~ -~ · ~'. :.;;;·
tr1bunaes e~C!-es~asttcos : de cer~o, Sr. pres!~nte; o: _,,, P~-me. fi.~m_ç~te:~Elf'e!~.IMõG. . ~-~~-~ ~go,~ .
a~l9~0 do lDUnlta_vel ,La _ Fontau1e sobre o·JUll;-.qile· qtJ'Jllt9 .~pqas. de;~D.IUDer~t; ~~~~e~~!!.~~·
~n_goli~> a.,os~ra,- .deua.nd_o ·apenu~~cascas, atM~ d_ous de: gue.a.i~ja n.ãl! p9d~;.;o.J:i.hç~~. ~cõ.~clu~.:~o~-~
litigantes, que recorrerao ao seu J1.1JZO, para deadlr palanar---:nem .~e algUJn ~~*~ ob)ec~-:-fiçan~o. eiiL
Câm ara dos Deputados - Impresso em 07/0 1/2015 14:11 - Página 6 de 17
E~.' crei~~' ·~Jl.~. á.lg~ .P.eiJlb~~'iiias ·à.eho ~e 1· vérei dizer,, -~ue , 'ta:mbêm· :me.:par~-m~'jllSt~nlóe
n_a~· se -~e- ·.·collSétV .._. li.--~-emb~an_._ça-·-de ·_ tan~·eme..n_:;; 1a_quelle_s· senhores, q~e- na: comm1ssao tivere_m :V.tr-:
das, es_tabêleéêDdO ·uma ·eoun.s·umas; e 'ollLras' -0,u• tado conforme os art1go.s, que apparecerem.- .não
tia·••Aebo por· 'isSo 'qilé• gàtllfám<ís •ba:stafite' ifldO' Ó • DOS; levem· tempo em: contrariar o que approvarâO>
artigo ·ã commissão:, ·recoiilmonda:üdO.:.Sê-lhé qü.ê porque approvar uma cousa na com~issão:; e ; otl:.
o apresente· eom·ajpossmt ·b rendade;· · · - --: ·· tra· aqui, e Jlerder tempo·. _
·o SR. - A'I:ioit»AAi'BtJQuiltQt!Ei~Eú--cótivenho Nós iéníós de ajuntar muitos: os senhores~· qíie
que vá ·a ·cominissio, _·máS· para que a et>mmiss;ão 11ão approvarem, . assígnarãõ venç~~~s mas _oi'. sê•
não gnarde' o projeet1:1 -parifo annó que vem, é pte:- nbores, que approvarem, não cieyem~ftcar c.om .: li~
císo•autorisal..a, ·sem oqtie· na'da se· póde'fazer. herdá de_ d~. se opporem? ~orque têm~~ .a eXpia~~
.O SR. Cosn .AGUIAR: ___Q'uarido digo que vá a as s!la~ tdeas na . c~mm1s!?ao, e se approva~e.m_o :IJ!l'é
com'missão ·. é claro ,que:é parà que esta proceda em aqu1ner, porque ~ao_de reprovar o que fizer~o;..
fónila, istO é'.qlie· consulte as e'inelidas~ e· forme úm Porconsequenc1a assento, que seria bóm. ficái,li
eJ.traclo eoilsentàneo, _ou ápresaiite .uiil' projecto c3:mara nestas idéas, para poupar muito tero,'po, que
!"m. termos.: ~~equeJie:ili. ~ '\"~tlnm'ã.àll~ví~o alias se gastará inutilmente. · _·
1mmen~ ~e eme11~as~ a C9D.Jmlss~o, _.~ c.om!_In~s.ao . O Sn._ TEIXEIRA DE GouvÊA : :- Sou perfeitamente
apr~sent.afá . ~s s~':ll trabalhos, ,que serao então dts- de opímão contraria, e sempre .serei contra t~do
cu tidos pela, camara.- . , _ . quanto fôr restringir a liberdade do deputado de emit-
O SR. ' VASCONCELLOS;-~ E:>tas émendas ~ão a tir livremente a sua opinião. . .·
commissão, para· se fazer o mesino, .que se .fez . com Sr. presidente saptentis ~st mutare consilium,
as emendas da . lei . da responsabilidade, _que: foi posso pensar agora de um modo, e logo ser .de outra
guasi toda remeUida á co'mmissão. de que é mem-:- opinião, a ninguem fica mal mudar de opinião . .
-tiro o mesmo -illus\re deputado, que:p~rgunta agora Posso fazer agora um juizo, _e ser de uma opi-
o que vai fazer este artigo· á eommissão,. o que fez -nião, mas se depois entender que não é boa, te-
com que se tratasse des~a lei com muita brevidade. nho dire~to de a com!>ater1 e nã«? me deve ser tol~i
Portanto respondo ao 1llustre .deP.ut.ado,. que per· ~a esta bbP.rdade. Nao pode polS passar tal pnn-
fiunl.a o que vai o a'ttig'o fazer· á: co'mmis'são, que vai ' cipio.·
para .~eira se f~er. ~. ~esmo, que se· fez a r~speito O Sa"" BAPTISTA PEREIRA : __. Não pretendo cóaro.
da le1.da responsàblli~ade. . . . . .. · . . ctar a liberdade de poder cada um Sr. deputado
O SR. BAPTISTA ... PBREIPA:- Convenho, que ..vá mudar de opinião, e eu mesmo mudarei, quando'és-
á commissão, e.que á vista dasem~o~as se possa tiver cQnvencido que estava _enganado; mas creio,
talvez organisar. maispromptame~\e -~D,)&: l~~.mais . que teimas . não devem ter lugar: tcidos _· devemos
perfeita; mas é preciso·retlectir: a):promissão, ,e n- 'guiar"'nos pelo que é melhor, mas não acho pru-
earrogada de formar uma lei a este rosp6ito, com:- dente'qii'e depois de m,adUTo exame, e conve~cãó' de
pr~u ~0_111• • a ~rdem da camara, :ligando-se co!D s~1;1s i~eas, bajão de oppôr-.s_e, ao qu~ a pouco approva:..
prmc1ptos, esegund9ellesnpresentou~sta,l~I:ve1o rao~ s6 porfallar, e teimar; émsto, quenão conve-
P!lra aqui_=: não agradou -~ -camnra! o ,q~e ,!1SSa~ _p ro- . Iili.«y p'orqu~ approvar' -aqui, e lá reprovar sem: úlnà
vao as emendas, qu~ forao otrerec1das : e necessa- razao sumc1ent~, é p~rder tempo~ · --
t:i.o q~e: És seus au}oi'es s~i.ã«? ()úY~~~st 'J)Orqú(. ~ Não seria primeira vez, que istil acontecesse,,p_or a
commtssao talvez nao ~pprove ~semen~s, e esl.as .consequencia isto que proponho não é eoarc'tàr a
s~Jorne~a ,,api"e.se.ri~~ ,outray~z; ~a" ~p:.-~ra!tft~T . lib'~r.d!ide. - , · · · ·· · · ·'
mos· tr&:ti.al~o sernfruclo,~ P_()! !S~(;~é ~e~~~a~lO q~~ · ; "o ::qile ,taJribein me parécepJ11dente_. êqu~ ; d~pois
os. membros, que . oflerecer_a~ emendàs, .s~~~~~ll 8~ .de termos assentado no que deve ficar, .n ão seja per-
ai!~· ~ara· ':'e~e~ se · se c~mbtll.a,o •.do_contr~mo per· inittido fazer~se mais .emendas· sem unia razão cón-
~e-_se. t_em~o. , , _ ___ .· . , . , • > ~ ,, . . _ , :viriceilte : ·omilise perdê r t~~P.ii~-- , · · :' .
.. ~U;t que: sou ··m e.mbrO: da-.-c_omm~ssão nao apprp:ww , , O Slt. TEtilmtA DE GoudA· :-,-,0 que acaba.. d~.di.
.mmta.st ·<:!essas.· ,em,endas, :.porq~e:antes, d~-~sc~e~cr , ·zer o' illustre~ deputado-.faz .suppôr qÚe nós ·vimos
- combi~eJ,: e. pense._l so~re o .proJe~t!)~:rp_or tsso e,n~ .aqui sustentar· opiniões de,capricho; o:que é suppôr
cessaf!,o que ':enhao todos os auto~es das emend~s. : :que as sustentamos de má f~ 1. _ . • , ·'
IJ:a 1 al~umd , a_ d~~e~bçail.~d~~dr,e, ? ·.P.~~~e~~.~~- ,q~es~t~' 1 - ~ Ora'' istôt nl.ci 'se p'ódé' adi:ilittii,'- nem: ' deve' p" âssa_'_r
e a 81 . e..resp~usa _1 a e .• .as .e~enuas, . q~e _1-.. . -· ·.11 . • ··t· .•.dé··" ·(A - · ·a· ·_ . .,,., • ···teJ•
x ·. -··· ''"
n ao si o ouerc\:it as a ess e1 xorao , . _cu 1 !!.~, ..e, T.p ..,... t· , . ·a-- ,, d. ·pota ~ogera.mefl,
. }i·- ··• ··d··· .,.,. ·• ..r.a " · ·" ' ··' ' ·á· ·.} " ·~' " "" '' dis" ·'t··d ·•· -'; SPIDe b8D e1 8~
· • · · lib' ·· d· ·-· , ·· ·.- · ··
approvadas, e estas...não.estão .ná mesmlirazãô·.,. E ; 1 ·-· ~x. ~~-o·n~ -~ __ ores1riDgir_a, .. -~r _ade . d~ exp9-
por,coris'eqüenciã nâ((pód{{ ief.tántil, fácílida:dea1 ~em, a_ss~~s:-~~ID~_()eS ~~ ~rs; depota:~OS. _. , •.. , .
commíssão .ceJiLarrànjar0 estas· emendas_,; e.eu:atei ~. :: ~~S?l~~~-~e_-,qtJ.Jt'· fosse_ ..C()m· ~.da:~l~~do P,tOJ(!9.l();~
;;w · -· h ··" " ''· li ·'d " h ,. -.. ·" · '' ·····c·, A,..ilh·- ·d''· '' eommtssao -respe.- 1va, para o•re I'"r. e novo ~ · em
ag·0 •caac
.,.;.enceres
·="•·.,_, .-t'·"······ a e ·"·'"
o. que ' '"··•·>'···· av:er, ...
summo .. ra.ua ··o".t_"a·•:
., ··s·"·di·
e . se~-.. .d · ··· .. ..... . .. .fli . ·d ····· .o~. , d . . · -·-·-·d· ·
e negocio, . porque ..cada:
..,um r:•.• epu a o, y..,.a•·-.·. as ··emennas- .· . · o ereCJ ascom ·auxenc1a· .. •. , ..e
ql1f:é autot;.' ~de.at'gú.ma'emen'da;·quei- 'de!eiidéHa.:~: se~ atatores~á· t - - . • . t. d . d' . - .d d' , . A- .
Poriã''l"' no ê "d·m·'-It ' - ''l'-o" ao
' · ''''traze ., ..,.' · -"'· deuo.ca-.
· '" ..... ' .· •·J('assoo.,;se ·- . · . .ed" a·cor· -.
' erce1rapar em o- ·ta · ·' ·-e •oue·
minho • . • ·.·-
1 cu oso
._ . _
-verua. .d
_- ~ -- : ·- ··· · -' ' ''·;;;··i I'e!?I o-pea·pn_1 , ·m:e~a · v~z ·a_ IS ussa() ~ prOJ~.-·:· - ~
to'" di
360
. Um destes inconvenientes, é a idéa anti-social de não é tão. sensi!el .n.es~ _g~n~O, ; ba ~lgumas es~
hostilisar. os índios, e expulsai-os dos terrenos;,: q1,1e das .boas, ou,rilas, -.que - com~nunicãp as provínCias
babitão ; . roas tão longe estã de concorrer para isso ceriiraes; . porém .._nada . e~fste d~ nà:vegaçã~ _ de p.os
o projecto da navegacão dos · rios, que ao contrario pelo menos os maiOres do 1mpeno, os que .banhao a
ellepóde Cónlribuir muito paraosattrahir, e , civh minha. proviocil;l, , ~é; llCbãO , iOJl&VegaveiS , por ca_tiu
lisar, facilitando o conimcrcio, que sem duvida é um ~as suas for~ida\'els .catadupas, ou,e,aehoe_iras.. ,
dos mais . prõmptos .vehiculos da ci vilisação .dos Entretanto; nenhumas providencia~ se ·tem dado a
povos. . · . - . . ·· este respeito, e as desgraçadas províncias do norte,
Etú1ãô sero estado dos indios selvagens das oü.: seja lic1to_explicar·me assim; são estreUas, que pare-
tras provincijls, mas posso affirmar, que a maior cem escapar pela su~distapciaaos thel~sco_pios po~i;
p'inte 'd as tribus dispersas . pelas margens -. dos -rios ticos do Rio do 'l'anc1ro.
Amazonas, Madeira.e Tocantins, tem anilunciado as Eu fallo cio _des1eixo ·do antigo governo, . porque é
mais pacificas disposicões, e ni'lo equívocos desejos prec~so confess11r, ~ue o actual ~em to,nlado algumas.
de' Se associarem COmDOSCO, que muit<IS delJas já medidas para estre1tar áS relaçoes, C, 'COrrespon4ell;.
elféctivamerite con1merciãoJ. como mui bem obser- cia com aquellas' partes longiquas, e quasi aestaca-
vou o honrado membro o ::)r. Costa Aguiar, o que das do rosto do imperio, já comprando bárcos de va:.
todas. estarião hoje . christianisadas, se se tivesse por, que todavia não têmsidó muito felizes, já por.
seguido um systema mais humano, e analogo ao meio da regular · expedição ~os co~c!os m~ritim~s,
espirito do christianismo, ein vez dessa bariJara que andão naquclla carreua: mas 1sto a10da nao
perseguição, que os têm alienado, .e disposto con- basta; passão-se mezes,-que no Pará · não - se sabe
tra nós. . nada do Rio de .Janeiro, nem aqui do que se passa
~~:>:E' na verdade um inaudito modo de prégar o no Pará, ·ao mesmo. tempo que desembaraçando-se'
evangelho, dizia um illustre padre da igreja, o que~ a navegação dos rios Tocantins, e Araguaya, pode-
rer extorquir a fé por meio de mãos tratamentos, e riamos ter noticias daquell11 provincill em menos de
pancadas. (Apoiado) ifzàudíta pnedicati.o, quw ver- dous mezes sem os riscos, -ou incertezas a que estão ·
beribus exigit {idem: tdaqui nascem ns suns justas sujeitas as viagens do mar. .
desconfianças das promessas, quo se lhes fazem, e 0 rn,· q,unntos · ·· 1 • 1 • d t f lta. d
P óde-se dizer, que os índios do Pará, e Rio Nerrro, - .ma .
e s . nuo resu tao . es o. a . o
" commumca«ião ! ·
.estão na razão daquelle cacique, que consentia de 0 . .-imeiro é, qúe nenf os governos Iocaes podem
c··
.bom grado em receber o bapusmo, e ir para o céo, h. ·• • •
uma vez que li! não houvessem hespanhóes ; tão marc ar com segurança e armoma, porque 1gnorao
quasi sempre a marcha do governo geral, nem o.es-
gt·ande .era o terror, que lhe ha\·ião incutido as suas pirito publico P. óde ter direcção certa, e pronuoclar-
atrocidades, e violenc1as l . fi · • • 1 l \o \e-
P_.r om. o.vendo-se__ po_rém . a navegac.ão_ dos_rios, e. secof11· . rmeza~~~rmclpameneemquan ·o '&)'B
. .ma rião 'tiver IaJJ1íGdo mais 'Profundas raizes; porque
por consequencia o tratá, e commercio com os sel- ' · b •· ·1 • · · •t d 'l 1 d e ·
vagens, serã muito mais facil humanisaL-os, e tra:- não se sa e, qua e 0 espm 0 a capt a ' 00 e r SI•
zel.os pela persuasão ao gremio da religião, e .,da demospo~eres d!J-~,!lçào;.epotconsequenciaotóeo,
sociedade, evitando-se assim . as hostilidades, que e•0 centro do espullo naelonal. -
algumas dessas hordas mais .ferozes ·ainda praticão Màs o mirloi de.to'dos '· 9s . m_ales •. é a impunidade
com os que frequentão as margens. desertas desses dos.·.·presid~nte~, · e éomma11dan~es das afl!las, que
grandes rios. _ _ __ longe das VIs~as do monarcha pqd~m vexar Jmpune-
. ' O outro inconveniente, que se produzioconti~·a~ ·ménte o desgraÇado cidadão, porque lêmao_seu al:-
companhias, é a odiosidade dos privilegias eX:clusi" cance infinitos mei()s'de ,sulfocar·as vozes do_oppri-
:~:~ ~u~ab~d~~e~~s~~~ei~~iv1k~i~~trg:i~~~ã3!~~; gHtJ~d~.tox:~a~jl~us~r!:.~~-~-odas _ a~,ll3is'. de.. !~s~ons~~
odiosos, e so t.oruão mesmo uteis, e necessarios, . Nad~ - é nui.is fa.Yo'ravel ao
déspóf.!smo,_ e : orgUlh~
CJ!lando as empr~as nem atacão a propriedade indi- dos ~gel}t.es S!lb.~lt~rn~s do qt~e a distanç1a do tl1r0::
Vldual, nem podem ser feitas, senão com fundos, ou n_o, e se 1ss_o prec1sa~se de. prova, ~as~na ~prod!l
capitaes, que excedem as forças dos particulares, e z1r a chromell abo_m.mavel dos ant.tgos: cap1tães g~
do governo ; ora tal é o caso, em que nos achaRlos. ·nerae_:;, .e de :quaSJ ~_odos ~s gov~~?s, que lhes suc--
O art. 4° do meu projecto previne, c .acautella os• cede.rao. _ . _ ··, · .... · ·. . · _. : : .·~ :·. .... ·· _
d~nos, que po~erião resultar á,propriedade, e,se-: .. . ~~t:l~arei . a~r~ d~ ~a1ltllge_ps_; que ~a navegaça~
gura!lça dos habitantes~ e a em_preza ,delazer.nave-. d~s . ·. rJOs. pro~e_!l:l.• ~~4 · cc>,rn,~e~Jo; ~;,agrJcultura, .e .a
gave1s tão caudalosos rios, é tao ardua, e demanda mesma pppulaçao. ·. . :. , , • ; . · .· . . •
· taes despezas,__ que nem os particul-ares, n_e_m _, .o_go- ·_ _- ·__ . Si~; _s_r. _ _Pr_ ~s-. id·~-nt_e_; pQr m_ _ ms
_ • fi_~F~e__ is_.CJ_U.e _seJ__ã_-~- as
verno ~o actnal estado das finança,~ .li; po_dem ten~r, .m.ar~e~s des~ ,r.1os ml!gesto~~s • ..~If!~Uem . ,quererá
eomo e claro a tqdas as luz&s, e euJa demonstre1 na cultíval~as, · fixar .nella~ .o ..seo:dpmlClllo, ~m.quanto
o.
~essão de 12 de 1unho, quando apresentei pJ:O- ~ontiiüiàfa'~r tão,(}if.ll#l;o tran~p~r~~d{)S. ·~n.ero~,
Jecto. . .. oú,;p!4d~~~os ~daJavou~~J>arll.,O~ m.e:r.ca~o.s:i,-; Pnti~ _o
_ Logo .ene- não .tem nenhum .· dos. ~nconvenierites,~ J~~d~r.C>;;_ possa•tx;~c,a.r;! ~ : hll:r~r: !":~Wo; , d~ ;~"- ~·
que excitarão o zelo dos nobres deputados contra o, .ver ·pre.c1sa<r. f i .· · . .· :, , ~ , •c.
_esf:abelecimento d~ c_ompanhias, e nªo pó de pódss<) , ~~~ ap~na~ _se. r,e~9ye~~!!l ta~~ ~í.ffi.çu.l~ll,~e~; e
deixar de ser adm1!tido a segunda «!i~cussão. , .; , ~, ·c~~e~-~--~~ppal'~~~r.,'oas~~!I.S. c!~~e~.~l.~ .aJg-un~
. ,~~ssand~ . a~ora as-vantagens p~s1t1 v~s ·do ·m~mo, -barcos de' vapor. ,ver-iie·.;.ha co~~r .· u~wen~_: _g~nte .
P~Jecto. dtre1, .q ue uma das mais 1mportantes é sem _não só.da Europa, tn(ls até das-outras provmc1as do
: d\lvi~a facilitar a çommu!licaçã.o das .p'f.OVillcias 'en.., imfo.tio~7 :onde ,.fal~~·igoaes'' ~~~i1i>.d.idades,ra a pro-~
_1re SJ_, e_com_a C8:Pltaldo tmp_eno. ·.··-•- · .·.· , . , , ; . ::;., veltar-sedas-rtqoezas ' escondi~a~' nos ,despov~~os
:.· Q_PX:OJ~Cto·da . illusLre ,commiss~o falta ~~~m. d~ te~~no~:d61\.ioJ~égró ; 'e~;;éridô ·l.ã_o --faceis·os :;.llle!05
; !lbel'tura de eslradas,. e constro~o .de,pon~_. t~4~ .de ~ub~stenc1&,' a populaçao terâ um progresSJ.VO m-
istoé~r&amentemwtonecessano;maselllfiíliafalta~aemeoto. ,; r:. -c'f_.,_ .~.: __,:;:>:•'·('! ,: ~ >:,-, _. :• ,;;:,; ,, -
Câmara dos Deputados- Impresso em 07/01/20 15 14:11 -Página 10 de 17
-:368
· · « Art~ · 22:: _F eita a e5colha·dosjoízes: de 'd ireito e :' ·
« '·.Art~ :$.! .0 ministro :de :estado;·:que :depois· ·de
a: . exclusão · dacl~da no'art.-:20,· de·todosr-os:senà...! recommendação,dequalquerdas •camaras, comme!-. -
dores restantes se :formará ,a Jistá·dos juizes 'de"f<!..: -ter:algmn ' dos •delictos enumerados nO i:api.tn!O·~ 1°,
cto; dos ,quaes o ·; acC;QS8do · po·d erá · -recusar. ate•: a alem·-' das :penas- ·ahi estab~lecidas, incorrerá: 'mais
quarta e a comm~ão de accusação '~té !a - oitav~ na de -um:conto.a um · conto e quinhe-ntos mihéis,
parte,·:não •declarando'-~os motivos~ .<-i ···.!. • · : bavendo: Siinples~aboso · de ·poder;.e na,de mai,s ·me-
: « :.Art~ 23••·Apresentado '1). . decreto de· aecusação tade da reSjlecliva ·pena pecúniaria~ nos outros ca-
eom:o processó, .o senado mandará notificar .o i:éo, sos'.· · ~- · · . . .. ' . · - -. :_
- :para·que:·por si ou .seu ·procurador,:eompareça.•em · :; u Art', -40. -· As penas pecuniarias imp_ostas nesta·
certo•e ·designado dia ~ i ;_,.: · . · ; , . •! ., : : •.. - ·•. · • l_e i,serão applicadasás despezas geraes da nação e
. « ·Art~ '24. A :notiflcação •será ;acompanhada 'da recolhidas.nos seus cofres. . ·
-copia· do-libello e , documentos~ que.deverá ser apre- « Art. 41. Se o ministro secretario de estado ou
sentado :á commissão_ de ·accosação ·;:assim como. do .o conselheiro de estado, não tiver meios de. pagar a
rol das testemunhas, no caso ~m •que a· dita ·oom- pena pecuniaria, será esta commutada·em-pena de
missão-as <_{Uei:r:_aproduz~. _ ·. : · , : _· . : .P~ão na propor~ó _desei~ mil.réis por.cadadia.
- ·«·Art. 25. :Entre a notificaçao .e comparectmento · « Art; ' 42~ Dectdmdo o senado; que·tem lugar a
do réo·mediarã, pelo menos, o ·espaço de . oito~dias; indemnisacão, assim se ·declarará na sentenÇa ·e ·~as
~ no >CaS<r·de revelia •se.-:nom.eai:á um :advogado para partes lezã4as poderãõ · dem11ndar por éll~ _' os réos.
a.saa·defeza. . : • .·· .. _ . . 'perante'os:jüizes· dofôro' communi~ '' ::' ·- -- . .
:>;C{ Ark26. No :dia.:aprazado· principiará o : ~cto .«Art. 43. Quando o denunCiado ou:·aeci:Jsadojã
pelas recusações, declaradas .no· ark 22, ·quando a es~ver f<$ra'_ dániinisterio ao. tempo da 'denuncia ou
· com missão ou o accusado ·as queirão .~aíer ~ . · ··. . · .a~c'u5élÇã,O'; . serií' iguálmente ouvi<~:o; ~pela ~ao eira
. · «· Art. Z7~ As testemunhas .serão · JUramE!n~das deelarada na!;-duas·secções do cap_ttulo 3o; ·marcao-
e inquiridas ·pelo juiz· d~ ·d!reit~ relatcr; mas,·.·qual~ .dcr~~l,!le, prazo ,razoa!el para a_ r~sposta ~ _coQ_lpa- .
_.quer·membr" ·da - comm1ssao -:accusado~ e :do sena- rectm'ent<L ·· ·- ' · .: · · :' · · · ·: · " · •··.· ..
.do(poderá -exigir,· se fação as perguntas que.julgar ' :« ' Art'~ 1 44. ·Nó caso dã diss()Iuéão 'dá ~mara dos
necessarias~ · · ·: " :• ... ,, ., ·' ·:: ,,.· • ,,,;, ·. • '··· deputadoii,Jótl'de ·eiiceirameilto '.da· sessãd~ um ·dos
· !~:·«oA:rt:: 28. Tanto.o accusado;.como a.commissão primeiros trabalhos da, sessão seguinte serã a eonti-
:da -accusaçã:o.-:poderáõ,;~ no ;mesmo acto; con~estar , e nuação do processo da · deiitinci!l ou da accusação,
·: árgliir'astestémunhas·semas;interromper; e': pode- qu~ se .- tiyer começado• .· ... . _- :. _, . ·._ ,_;. ._. .··. .
-ráõ:verbalmente fazer. as suás -allegações e defeza. ·; . (( l,aço.da ~camarn; 29 .de ]olho deJ826.•~Seguem
"'" « Art• :29•. Findo este·acto, ;:o: jl.tiz <l'elator.Dian- as assignaturas dos .mr.mbros dil. commissão. » _
dará lêrtodo o processo . .;.-':: •< ·.::· . ·• ·' :.;,.- ·,.;,.,.,, · Ultimando a .leitura,._como, so ·ofl'ereees5em algu-
« A_rt· : ~, 5l.juiz: de· direito,.. fará um: relatorio (Das duvidas, resolveu-se qüe ficasse por tres dias
:resumtdo, mdicando as -- provas .eAtqt<lamen-tos de sobre -.a mesa pa:ra as reftexões, que sobre ella se
ambas as partes e pra.Porâ aos juizes . d~ faeto (éi.s quizessem fazer. . · . . . . .. .. ,
quastã··es: .seguint.e s: .: };o .~:-accUS!ld_o; é· ~c_ri~inoso:_ :YQ sã:;:.' Cos%4' ..A&rua ieu:,o se~inté ~~.!c. i_.o.._...,_,d__.o
·deste· .delicto!? · : ~·~· · · E~ rq~e ~o· e c~~noso"! 'iilinistró' ili(im ·erio ,: . · · · · ··, •· · -
~.o Tem lugar a· 10dem01saça.o ClVll:t · ': ' ·' ; .•.::;!:-. ·:: ·. · :.: _.• : -· · ··· ::.· • p · · • .:•. : '"' ·:
· ·'-« Art. 31.· Decididas :estas ;questões• immediata-· · · '• · -~ · '· · · onrrcxo ·
.mente,- sem:•que-hãja mais. discussão, os. juizes de. .: ; · . · · . ·· . ·· .. . .
direito applicaráõ:.a lei. . " :. , :. ..: ,.,, · « Dlm. e Exm. Sr.-Sua A~agestade o Impera~or
- _, «;: Art~ ·32. Destes''JUlgados . não h a , recúrso , 81., .h~':"ve~or ·bem: nomear para .sen!idos.: :pela ..,provm-
;gtim· •. , . . .. - .- . . . : .. • · . ,,,.. .c1a_~e·.S!· Pedro, ao ·eonego, VI&ario -geral:d,a,mesJDB
-· : ~ · · · · · · . ct"c.U>ri.iJLo IT · ..:: . / . .. pr,oviticia;,:A1ltonio :Vieira da· Soledade, .o -primeir,o
-... ; ... · ~. , -. , _... _., ,. .,:: . . .. :dalistatriplice;;re_m ettida pela .camararespectiva..
. ,;:·_-, _ .::~· ~g:-g_~~.es( ·}~ ~ , : .. ,::_;. -~:t~~~r~~~.~~ ~!~~fa'd~~~.~l~v~.r- ~~f.~ci~
· ''«':Art.·,33~ ~s ; diseu~~ >e· voiações•em:·:ambás: ~' : « ·Deus gúar~e. A•V." · Ex. Paço,:;em _29 · J !f:lho".de
as 'eamaras ·serao_/.pobbeas~ :á<gxcepção•·SómEm~ . do: -l~osé F~lt~no. ~erfl4ndeSbnl~ro~~-- t• ~osé
easo•doar~· l9; c ;.: · r;;y ,;: -,. ·:·: .,,.,, ..~, ;:: .. ; :;•. ~. -R1~ da .Costa. .Agwar;de Andrade.» : .. . , , :::·.
' .~ec<Art~ :;w:; :Nosé·processos;:·em: uina -e • ~utra- ·ca• . Fi~ou a ;camara- inteirada; e se re.."'lveu; •que o_
mara,. ~creveráõ os officiaes-maiores ·da:s'' soas:.se:...
cretanas. · .
:sr:
·se~etal'io; ?~~~e ;a~ :gove~,o.·p~~a: sercha~&:-
: ·do·o supplento:'ào Sr. 'Soledade~- ... . · ·_ · _ ·,
« Art. 35. Quando. forem precisas testem unhas ; ·'''E cómó' fosse dâ:~a ·1f hora~ ileSigoou. o · ~r>presi- .
as C!lmaras _!1.!! ~ão _notifi~r;. e as ordens para com~i ·d~~~ 'J?ar~~~~em:·:aõ;dj}l: : 1.~~ :eol!~n~aç_ão •da •. 'di~ '
Jlellil""'lSserao :e xeeutadas·porquaesquer;ofiiciaes de ' ·cussao·do 'ProJe_ctO~ele~ ·sóbre •OS ·_fóros; ·2<'; con~-
~~~~~'tt0e~~,~~:-~~~%~:,~~~da-~ ~~::~::?:U:~~r~o~~~~·~t~~~3J~i~~
!1~2'>F.ii~~u;~o~: r~· ~J~~~;{'.J~~~:~:~,t~
I"ro(ü'nwor •gr:,.naâcre; 'cfaD'o·= difrfe"nõr.,~~'<f~· ·o : •tàrde;· '~1-RJâ~~~ ~~-~i!hdf~;.~rr~~
__ . .·-,~F:Ssi·(lfÊ'~~-ªl~,i}!:i_1J;.f~R9.EPitt~~-,! . ··';~~5
O privil_e~o ~o . fôro p~soal.tem . muita' connexão de .causar •graJ).d~s einbaraços para o futuro; ~én{
com , o pnvilegto., ~. causa ; _ha certas bypo_Lb~es, de qu~ n~~ :assi~ . ft.cão~ marcadps"' ~dos, os c8Sós.
em que-se ~o!lfuJ)dem. de·~Lal sorte_, que d_tillcul_t_o.~:- Po_r exem_lplo.: ~ crWle_-·._pra_ticado ,dentro.dà .,igreja:é
mente se d1stmguem, e dao motive:~ a renhidas. eon- d,e ,-fôro de. ê!lusa ôu .:do fôró· de, pe5soaT ESté:nãO
tendas ; e por isso muito se h a de ganhar, se ~nse ~ vem aqui especificado', e
conió""' este eu ·podei:ia
guirmos separal-os de fórn]a, que . não.hjljaJugat:.a· apontar muitos outros casos. . . · . . ·_ .. ·
. duvidas: do contrario de nada servirá a lei, _que · Conç!11~ dó _·q'!e : ~e~bo dit(). que ·o artigo deve
estamos a faz~ r. .. . . · . ·· .. : < . . ;· · voltar u:ommu;sao, para qu~ se en:umer~.m e apon-
Porta!lto nao p~deo.lOs d~ax_arde especlfic!lr aqui, -~m ~d~ a!; _caus11s, que ficao gozando no fôro pri.;.
quaes sao os pnvileg10s, que se ch~mão r1_go_ro~- ylle_gta~o: e qu~, ~o casó de se não poder conseguir
mente de causa, e .que como taes ficao subststmdo. ISto~ seJa·supprtmtdo. · . · . .. · ·
(Leu a 1a parte do artigo~) Eu entendo que isto êstã . Foi então lida na mesa e. apoiada a seguióte
bem , escnpto, .tomando-se como uma regra de · · .
excepção â lei geral; porém não basta só _esta pro- « EMENDA
posição, é preciso descer ãs hypotheses. (Continuou
a Jêr.) . . . .. . . . . .. , , . · a: São crimes militares todos os que atacarem a
Porém é indispensavel especificar as causas pura- segurança~ · ou a subsistencia; ou disciplina: do exer-
mente militaresJ ou ao menosindicar de tal sorte a c~t~ em caml!~nha; ou da_ guamiçao_ ~e uma praça
natureza destas causas, que nunêa se pÓ§são con- sl_l~ada, ~useJaO commetttdos por i:mhtares, ou por
fundir com outras. (Continuou. a lêr~) Quanto ao patzanos:- Vergueiro. »
fôro put·amente ecclesiastico, ou fôro da consciencia E. continuando a discussão, disse ·
ou espiritual, como lhe .quize~;em . charnar, não póde · O Sa. CLEMENTE PERJÚRA:- Sr. ·presidente eu
haver duvida, porque as _causas puramente eccle- me. opponbo ao parecer do illustre preopinante. Não
siasticas sãõ bem conhecidas: duvidas poderáõ ba motivo algum, para que se supprima este artigo,
haver a respeito· das chamadas lllixti Fori, de que porque .se não faz .a bem_ do projecto, tambem não
depois se ha de tratat·. causa mal. .
Tambem não póde haver questão ãcerca· das cau- Da mesma • fórma eu não posso concordar, em
.sas da fazenda n'a cional; porém devo advertir que ha que volte ã commissã~, porqu_e nã~sc seguein gran-
iriuilas corporações, que gozão désse mesmo privile- des vantagens. Depms · de .dlSCUttr-se a questão, a
gio, como são as casas de misericordia,· e·outros es-· camara escolherá o que julgàJ.:. convenie~te: _propondo
tabel~ci~entos pios. Em fim o que eu quizera é. que a Y, ·Ex. segundo a ordem. Nao ha necessidade ne-
comaiis;ão desenvolvesse melhor esta .m ateria. e a nhuma que volte á commissão: a questão ·é mui
pozesse em estado de prevenir duvidas, (:l interpre- simples. ·
iações. · - · · . · Segundo a emenda, -que propoz agora o nobre
Portanto eu me conformo com o votado illU:stie autor ' do projecto~ · e segundo as minhas emendas,
deputado, que pede · o adiamento afim de que este que forão apoiadas e sustentadas, ·não póde:ficar o
artigo torne·á commissão; para de novo o·redigir á artigo como está; mas ha' de soffrer alteracões. Digo
vista das emendas apoiadas. · se deve aproveitar o artigo, porque já se ·rezo mes-
ÓSa. Ai.MEIIIA E Aiuúouno'uB: -Eu seguirei o mo·. sobre as causas ecclesiasticas; e quem• tiver em
mesmo . parecer, pois Tcconheço a necessidade de vista o-que se praticou sobre este projecto, conbe-
se refundir u~ novo artigo em lugar dest_e, que não cer~ que vai em ordem, por isso que se d~idio que
pó de de fórma .a!gurua p~ssar. , · . _ : . .· · . . fica vão -· abolidos todos os fóros na ' conformidade· da
Porém, se a~1m ·. se uao _vencer, ~ntao eu propo- constitu.icão art.l79 •§ 17, e'especifiéarã~sejuizós
· nho · a sua total•:suppressao; e _de1xemQs de _argu- para -àqt}éllas ·causas, que ficão subsis~if1do~ ··
mentar, se ello comprebendeou não todos os' casos, · A ·constituiçã.o diz "que ficão subsistindo·aquelies
gue se . devem especificâr. ·. Pergunto: por ventura fóros;'que por sua :naturezapertencem· a· juizos par-
contém este ~rtigo alguma disposição )egis}a~iya T ticulares: · e o -que devemos fazer agora é d~Clarar,
· Cer~amenté que nã.o; elle _é meramente~ ~xpbcattv~. quaes' são os fóros, ' que ·devem •ficar- subsistindo.
Pergunto mais: . se nã~· houver este art1go na _Ie1, Para que irá o·artigo a•commissão ·T' A commissão
fica, on · não ~ca e_!D ·-vigor ~Jôro,de., ca~s-~! ~lca; poderá fazer alguma·cousa 'dà novo'!· A enumeraÇão
logoes~ . artigo_[la~t fªz.. m~I~, , do_ ,qt}e .r~pe_t~r:, por póde 'se •exécutar '·aqui··-na caniara. p·elas enienda's,
~utra:s palavr,as aquill(),:_ qu~ .a co~stlt~~o . Já.~e- qué se tem otrereciao -;e se ;~J.lgum · l!lenhôr achar ai:.
terminou; por o~tra, quer hiiJa, quer. ·nao ·haJll es~ guma cousa ·a adiccionar,tpóde apresentar a's súas
artigo~ o · fôro de ·causa:· ba de' ser conserv.ado; por- emendas. · · - -" ·;: ·, • · :
que àssini o mim da .a co~stil_üi~ã~. ·. · . . '' ' '. _' .. · ' ;Portanto digo, que se se • quizer que seja su~pri:..
: Por ventura fi~ra : a co_n.st1Lu1çao mats bem expb- inido:o'artigo~ supprima-se , quan~o á~ redacçã.o, ·mas
cada com estes exemplos,' que aqui • se aju~tarão1 não quànto: :á· materia, porque 'póde ser redigido·
Certamente . não; porque a duvid~ ·não r se·suscita desta maneira:~ Fica;em vigor : o fôro militar pelo
ácerca da conservação: dos •fóros de causas; óu~s sim que respeita à. crimes 'militáres·~~ ·depois segu~~
ãcerea· dessas causas, a .. que ·~everão• c:omp~tir; e os a :· explica cão: do ; que ·se ·entenda:por crimes mili~
exemplosnãodesfazemi essa: duvid~.:·.: _·' .: •• ·;;: iares;··:·" ·<•.: ;·- ,;·.·· ··:' " '.' · ~~· ··:/ ····:•\i: ·
Senhores, ou se.podem : apontaundrv;lifualmente ··:-Qu!lnto •aos erimes,•-de'q!le _aq~i'se: tem faJ!ado;
essas ;: cauS&s,privilegia!las,· ou : não: : no ::primeiro. como sãoaquelles commett1dos dentro de uma for.;.;
caso, yroceda~se ,a ;,essa es'pecificação:,,no segundo taleza, estes: d_ev~oi ser çonsiderados . de. natur~
supprlma-se o·artigoporinutil. . .··.::.?.".; ::;: ; ~ · miliur;'emquanto _vão•atacar a disciplina' e segu-
Alg.uns illusl_res :(.{ep~~dO!J, o_f!'ereçe~~Q ~diff~I'!Dtes rànça ·da..trop_a.; que a'defende~- , .. , ~ •: "' ' '·''':o.·.:' . -~ .. ·:,;._:
eme'ndàs ·tiradas,.de ·d!~~~- ~*~~!.~~~tas, :, ~,q~~:: ()s crimes_·comiJlet.tidos'jíã_"-igreja"jlodein'set•·oono;;
rendo •estabelecer "•liypot~eses,_ s~br~ ·"·que ··Julgao sidendos"· ecél~ias~icos; :apE!Zar.aaii•·C{tie~ão-idê~ão
recabir ,.a t disposição :CJa,lçt "consti~uCional: P.Or~m. cltf 5er civis:,' ~indâ ·q~e· ·ten_hãO:penas eécle'siislieas~·
Sr;· presidei:)te;' iSÍO Tai f~er uma''coil{usâo;~que ha a
Sê •atgliem fôr,:violâr administração- dos .,sae~en;;;
316 SESSÃO EM 31 DE JULHO DE 1826
tos, qu e duvida ha em que soiTra uma pena eccle- Não ha mais. do que distinguir a pessoa da causa.
siastictl por esta violação? Conclúo que todas as Eu julgo isto tão claro, tão evidente, que me parece
alterações, que se vretendem faz er, são de redacção, inteiramente impossível a confusão da causa com a
e que a ma teria é tão clara, que não é necessario que pessoa. .
volte. á commissão. . O privilegio que é concedido á causa, pertence ·á
. O Sa. ÁL&IEIDA E ALBUQUfRQUE : - Cuido que o causa, seja qual fôr a pessoa; e pelo contrario o que
drgno deputado não me entendeu, ou que eu não me é dado á pessoa, compete á pessoa, seja qual fôr a
expliquri bem. causa. Por isso entendo e sustento que esta defini-
Eu disse que este artigo não envolvia disposicão ção (leu) é muito exacta, e não admiLte duvida al-
legislativa, e o sustento. O arlígo quer que fique guma.
em vigor o fôro de causa, mas por ventura deixará Pelo contrario, se quizermos enumerar todos u~
de ficar em _vigor o fôro de causa, não existindo este fóros particulares, podem resultar inconvenientes
artigo? Seguramente elle ha de subsistir, porque de grande peso ; pois a nossa antiga legislação con-
assi m o manda a constituicão. cedeu muitos privilegias, de que podemos não ter
Acaso adiantar- se-ha a· doutrina do artigo com agora exacla notícia ; e por mais cuidado, que se
um ou dous exemplos? Serão elles bastantes para tivesse, por mais que nós esquai:lrinhassemos os
lhe dar o valor, que elle não tem? Disse o illustre casos, sempre escaparia alguma especie, de que
membro que o artigo não deve voltar á commissão, se não fizesse menção, e cahiriamos no defeito das
porque as emenda> apresentão additamentos sobre leis casuísticas.
os fóros militares e da faz enda nacio nal. Mas por A' vista disto parece- me que tenho demonstrado
ventura serão esses os unicos fóros, que ficào em a necessi dade de se conservar este artigo, e a inu-
vigor? Não. tilidade de se demorar a sua approvação, para ~e
Disse que se deve aproveitar o artigo com as fazer uma nova redacção, para a qual a commtssao
emendas: mas para esse fim é necessario que volte não tem os dados precisos, pois que a camara ainda
á commissão, aliás far-se-ha uma confusão inintel- nada decidi o.
ligi vel, e ta lvez se vá pôr em contradicção o sys- O Sn. SouzA FnANCA :- En quizera que se me ex-
tema do projecto . Portanto eu insisto na mesma plicasse se estes dous casos aponta dos no artigo são
opinião: ou supprima-se, ou torne á commissão, alli mencionadosexemplificattvamente, ou taxativa,
para propor um novo artigo. mente; porque ha muita differença ...
O Sa. V gRGUEIRO :-Sr. presidente, o artigo nem O Sn . VERGUEIRO (interrompendo) :-A dnvida do
deve voltar á commissão, nem deve ser supprimido. illustre deputado nasce de um erro da imprensa ou
Ainda que elle nada mais fizesse do que repetir o cópia.
que. determina a constituição, sempre m ereceria
ser mcerlo neste lugar, para evitar uma lacuna na O Sa. VASCONCELLOS :-Senhores, a cama r a não
lei. Faça-se sempre menção desta regra, e depois pó de votar sobre este artigo, e sobre as emendas
accrescente-se-lhe a explicação, que se julgar no- da fórma e m que a ma teria está. E' preciso · que a
cessaria. commissão organise isto de novo pelas emendas
E para que ha de ir á commissiio novamente este apoiadas, o segundo a opinião que em geral se tem
artigo, sem se vencerem as emendas, que se tem manifestado, sujeitando tudo depois á decisão da
oiTerec1do? Eu na o set o que ha de a commis~ão cam ara : ou do contra1io supprima-se toda esta ma-
teria. Eu antes queria que se lrans~.revesseo artigo
fazer, sem se saber ainda, qual é o voto da cama r a.
(Leu a emenda, que oiTerecera.) Pois ainda é neces-da constituição em lugar deste; pois ao menos não
se exprime a mesma causa com palavras diversas,
sario espe_cificar, quacs são os fóros, que continuão
a subSJstrr? Não bastão estas declaracões? Não se dando-se lugar a duvidas.
ten: já dado .tanto desenvolvimento nes.ta argumen- A primeira que~tão que se suscita logo é, .se os ·
taçao? D e sengan~mo-nos, meus senhores, por mais dous casos apontados são taxativos, ou exemplifica-
srm~hc es que seJãO as materias, sempre se hão de tivos. Qu e duvidas se não hão de originar destas
ongmar questões na sua applicacão. palavras-fazP.nda nacional?- Eis apparecem logo
' Que duvidas não tem apparêcido aqui mesmo todos os rendeiros da fazenda nacional querendo
ácerca do fôro ecclesiastico, cuja mataria por si fôro privilegiado.
· nenhuma dilficuldade apresen ta? Portanto, a não ser de todo refundido, o melhor
_Portanto, · ·_quand~ se tra~ar na pratica de ap-é suppri mil-o . Eu a_té quizera que se declarasse aqui
phcar esta d1spus1çao da le1, sempr e so hão de ori-
extmcto o nefando JUIZO dos ausentes incluindo-se
gmar controvers1as. A constituição é bem clara e a doutrina de um projecto que já par~ isso offereci.
expressa, e entretanto já tem havido quem a queira Emfim, Sr. presidente, é preciso desenvolver e
entender em sent1do totalmente contrario. Porém explic~r a mataria do artigo e das emendas, para
as controversí&s, q~e se propozerem para se inter- que seJa suscepttvel de votação: torne ã com missão
pre~~r esta_ regr~ s1mples e terminante, nunca po- ella o_rganisará d~ novo o artigo, e até addicionará:
derao ser tao ar_ns ca ~as, como as que podem na-scer
as tdeas que passao occorrer ; e a camara resolverá
da m!ll1a e~pec1ficaçao ; porque bastava que urn sócom mais methodo e clareza.
dos foros nao fosse apontado, para com razão se
co_ncl mr, que. elle não ficou COIIIJlrehendido na
Entreta nto~ não _se perde o tempo que se tem
ler. gas_to nesta dt~cussao, J!Orque as idéas que se tem
emttttdo serv1ráõ de gma aos illustres membros da
Ora ningrrem poderá duvidar da facilidade . com commissào.
que se commettem essas ommissões, principalmente
sendo numerosos esses privilegias. O Sn. CuNHA MATTOs :-Eu estou pela opinião que
Alé m d1sto, senhores, eu não descubro a difficul- acaba de expender o illustre d,eputado . ·
dade, que aqui se tem pretendido demonstrar em Ent!etaoto, seja-me pe~mittido a!entumralgumas
diftinguir o fôro pessoal do fôro real ou de c~usa. reflexoes, que talvez srrvao aos d1goissimos mero-
SESSÃO EM 31 DE JVLliO DE 1826 377
bros da comm1ssao que devem organisar um novo mente preso na fortaleza da Ilha das Cobras, se me
artigo. offerece communicar a V. Ex .. para ser presente á
Os regulamentos de cavallaria e infantaria, pelos camara dos deputados, que em consequencia de um
quaes são julgados todos os militares, tratão de officio do presidente da província do Maranhão se
crimes militares e crimes civis. Elles dizem que ordenou em 13 de Janeiro do corrente anno ao des-
todos os furtos e violencias para extorquir dinheiro embargador ouvidor geral do crime da relacão
ou qualquer cousa, serão punidos severamante. da mencionada província , que expedisse cárta
O que fôr ladrão de estrada e o que roubar arma- precataria ás justiças desta côrte, para ser pre-
mento, munições, etc., perderá a vida, conforme as so, e lhe ser remettido o sobredito Norberto João
circumstancias do caso ; eis crimes militares e Dourado, vor ser constante achar-se pronunciado
crimes civis: crimes militares pelo furto de ar- réo de graves crimes n'uma devassa tirada na villa
mamento, muni~ões, etc., e crimes civis em todos de Alcantara; estranhando-se ao mesmo magistra-
os mais roubos, e violencias. do de não haver assim praticado, como era do seu
Outro artigo diz :-Todo aquelle, que usar mal da dever.
sua habilidade e fizer passaportes falsos, etc., terá « Que vindo a carta precataria em dias de Abril,
a pena de morte.~ Eis os crimes civis que são jul- quando o corregedor do crime da côrte e casa, a
gados em conselhos de guerra. quem foi remettida, a mandou executar,· achou que
Hn dous dias fiz a enumeração. daquelles, em quo o supplicante estava ja prew por ordem do general
os militares perdem o privilegio do fôro, e disse governador das armas desta côrte e província, para
que erão os crimes de lesa magestade, contrabando, responder a um conselho de guerra, em consequen-
rcsistencia a officiaes de justiça e da fazenda pu- cia das devassas, que do Maranhão forão remettidas
blica, etc., em nenhum dos quaes são os aggresso- á repartição dos negocias da guerra.
res julgados em conselho de guerra. << Procedeu-se com effeito a este eonselho, e como
Ora, se não houver na lei que estamos discutindo quer que alli se conhecesse que o supplican te pelos
uma muito positiva declaração de cada um dos seus crimes não gozava do fóro militar, seguia o seu
crimes em que os militares perdem o privilegio do processo a marcha ordinaria de ser remettido da se-
fôro (por isso que nós os soldados não somos dos cretaria de estado dos negocios da guerra, para a
mais intelligentes em jurisprudencial talvez ficará da justiça, e desta foi transmittida em 14 do corren-
ella sujeita a immensas interpretações sempre pre- te ao chanceller da casa da supplicação, que serve
judiciaes na pratica : e não sei mesmo, qual será o de regedor, para lhe mandar dar o andamento legal.
militar, que obre com acerto, e que deixe de ter « E' esta a marcha, que até agora tem seguido
muito grandes contestações, quando houver de ser- este negocio; e por esta exposição ficará a camara
vir em conselho de guerra, e qual sará o dia, em dos deputados inteirada do estado em que elle sr-
que não se peção declarações ao general, ao coro- acha; restando-me sómente accrescentar para seu
nel, ou ao governo. maior esclarecimento, que, tendo eu recebido um
Portanto rogo, que se declare muito positiva- officio do corregedor do crime da córte e casa em 26
mente, quaes são os crimes civis, em que os milita- do corrente, offerecendo a duvida, que lhe occorria,
res perdem o seu fôro : se não se especificarem, para fazer progredir este processo na casa da suppli-
ninguem se poderá entender. cação, lhe dei, por ordem de Sua Magestade o Im-
Que o delicto deve ser punido, não entra em du- perador, a resposta, que será constante da copia,
vida, mas saibamos, qual é a autoridade, q ne o ha que inclusa remetto a V. Ex.
de processar, e por que lei. " Deus guarde a V. Ex. Paço, em 29 de Julho de
Deixaremos tudo em confusão, e sujeito á intelli- 18'26.-Visconde de Caravellas.-Sr. José Ricardo
gencia de tantos homens? da Costa Aguiar de Andrada. »-Foi remettido á
Que males, Sr. presidente, não podem dahi re- commissão de constituicão.
sultar l « lllm. e Exm. Sr.-Passo ás mãos de V. Ex.,
Nos processos, em que aquelles, que tenhão de para ser presente á camara dos deputados, o incluso
servir de auditores, forem capitães, e não homens requerimento do coronel Carlos José de Mello, avô, e
letrados (o que póde muito bem acontecer) que con- tu to r dos orphãos menores filhos do fallecido desem-
fusões, que illegalidades não haverá, por falta dos bargador Antonio José Duarte de Araujo Gondim,em
necessarios conhecimentos, se não se apontarem que pelas razões, que allega, pede seja conferido aos
muito positiva, clara, e especificadamente os casos, sobreditos orphãos o ordenado, que percebia seu
em que os militares perdem o pn vilegio de fóro l pai, como corregedor do cível da córte.
Evitemos que a disciplina militar fique perdida: e " Deus guarde a V. Ex. Paço, em 28 de Julho de
se ficar perdida, Sr. presidente, aonde iremos 1826.-José Feliciano Fernandes Pinheú·o. -Sr.
parar? José Ricardo da Costa Aguiar de Andrada. »-A'
Como ninguem mais se offerecesse a fallar, jul- commissão de fazenda.
gou-se finda a discussão; e propondo o Sr. presi- « lllm. e Exm. Sr.-Não convindo o senado na
dente á camara, se o artigo devia voltar á commis- emenda aditiva da camara dos deputados, que con-
são com as emendas, na fórma lembrada pelo Sr. cede a inviolabilidade aos conselheiros das provín-
Vasconcellos, e apoiada por outros senhores, resol- cias nns materias de sua competencia, nem nas
veu-se que sim. emendas ao 1 projecto da naturalisação ; e não pare-
Leu então o Sr. secretario Costa Aguiar os se- cendo praticavel por ora a reunião permittida no
guintes art. 61, pela falta do regimento commum a ambRs
as camaras; ordena-me o mesmo senado, as~im o
" OFFICIOS
participe a V. Ex. para o fazer presente á camara.
« lllm. e Exm. Sr.-Em resposta ao officio, que << Deus guarde a V. Ex. Paço do senado, em 31
V. Ex. me dirigi o em data de 20 do correilte com a de Julho del 1826.-Joào Antonio Rodriguesde Car-
copia do requerimento de Norberto João Dourado, ''alho.-Sr. José Ricardo da Cost.a Aguiar de Andra-
capitão da 2• linha da praça do Marnnhão, actual- da. »-A' commissão do regimento interno.
95
378 SESSÃO m1 31 DE JULHO DE 1826
« ll\rri. c Exm. Sr.-O senado convindo que no pó de desapossar a um homem, que está na retenção
dia 2 de Agosto se celebre o acto solemne do reco- de quaesquer b ens.
nhecimento do príncipe imperial : o1·dena-me que Os meios, que as leis marcão são as aeções ordi-
assim o participe a V. Ex., para o fazer presente á narias : nisso não póde haver duvida alguma. Não
camara dos deputados, parecendo mister que a sessão. approvo porém a segunda parte do parecer, quando
principie ás 9 huras e meia, afim de haver tempo de propõe que se peção esclareci mentos ao governo.
se assignare m os dous autographt>s. Sr. presidente , á pouco se concluio nesta cnmara
" Deus guarde a V. Ex. Paço do senado , em 31 um projecto de lei, para responsabilisar os ministros
de Julho de 1826.-João A'lllom:o Rodrigu.es de Ga!·- de estado, e já aqui se tem dito que ella é sufli-
·ualho.-S r. José Ricardo da Costa Aguiar de An- cicnte para guarda das garantias, e dos artigos con-
drada. »-Ficou a camara inteirada. stitucionaes. Tamb em já se tem demonstrado nesta
Em segu ida o Sr. 1• secreta rio deu parte de um ca mara que se não deve pedir ao governo informa-
officio de Mano el Rodrigues da Costa, eleito depu- ções sem haverem documentos, e que n estas oxi-
tad o pela província dP. 1\Iinas-Gera es, dando os mo- gencias deviamus ser muito, e niuito escrupulosos,
tivos justificados, porque não podia vir tomar assen- para evitarmos alguma· negativa, que por certo se-
to na camara. E fol este officio rem ettido á commis- ria muito desairosa á representaçiio nacional. Se
sã o de poderes. nós por qualquer duvida, que ti vermos, pedirmos
esclarecimentos ao governo, como poderá andar esta
Quando se pas >ava á 2• parte da ordem do dia, machina?
pedio a palaVI'a o Sr. Oapti sta P ereira, annunciando Todas as secretarias de estado serão poucas para
negocio urgente. , para interrompera ordem; e sen - mandar informações a esta camara, porque se e u
do-lhe concP.dida, leu o seguinte me lemb rar de qualquer duvida, e pedir esclareci-
« PARECER mentos a ella, outro senhor fará o mesmo, e assim
multiplicão-se as propostas para se haverem do go-
" As commissões de faz enda e justiça civ il exa- verno informações. Ora unindo-se estas ·ás que são
minarão a matcr ia da indicação do Sr. deputado de absolllta necessidade sobre objectos proprios do
Lin o Coutinho, nu qual pretende que rsta can'lara corpo legislativo, sobre requeriment os de partes,
oflicie ao governo para sobrestar na ent rega da cha- e tc. , formaráõ um vo.lume tão grande, que serão
cara chamada dos J.nvalidos ao procurador do Barão necessatios doze ministros de estado para desempe-
de Alvaiazere, omquanto se não averigua o bom nhar estas informa ções. Por consequencia não ha-
direito, com que o Senhor Rei D. João VI lh'a doá· vendo algum documento, pelo qual se possa co-
ra, e é de parecer, que induzindo essa provideneia nhecer, 9ual seja o direito que tem a nação sobre
um positivo em bargo de propriedade presumida este predlfl, e em que possa assentar a indicação do
alheia ao menos pelo domínio, e posse dP. boa fé, que 1llustre deputado, que suscitou es ta lembranca,
der iva de um titulo ; não é adoptavel pela camara : julgo que ella não deve ser tomada em consideraç.:io.
cumprindo a esta em todo o caso fazer respeitar a O illustre nutor da indicação deveria Ler apresen-
mesma propriedade titulada, seja qua l fôr o vicio de tado algum titulo para firmar o d ireito da nacão
sua origem, que só por sentença profe rida em juizo âqt1elle predio. Acho portanto qu e deve ser despre-
contradic torio com audiencia da parte póde ser qua- zada semelhan le proposta, conforme a primeira parte
l ificado : o que pro cede tanto ma is, quanto a admit- do parecer da com missão, com que me conformo; e
tir-se a medida apontada para o presente caso, era que não devell!os j)Gdir !nformações ao governo
por identidade de raz~o admissivel a resp eito de sobre factos, cuJa ex1stenc1a ignoramos.
outras do açõe s de igual natureza, que fez o mesmo O Sn. PIIESIDENTF:: -A camara já adaptou a in-
Senhor Rei D. João VI, usando do poder que exer- dicação, e mandou que a commissão désse o seu pa-
cita\'âo os in1perantes do antigo governo. recer sob re ella : portanto o illustre deputado jâ não
« Todavia, como em todo o caso convém haver a póde propor a rejeição.
devida fiscalisação, para que se não dissipem os
bens nacionaes por meios i llegitim os, e constando 9 SR . VAscoNCELLOS:- Então proponho que fique
ad1ado o parecer.
que a dita chacara fizera parte dos mesmos bens
Sendo apoiadG o adiamento, impugnou nos termos
com applicação particular, qual era 11 convalescença seguintes ·
dos soldados, entendem as mesmas commissões, que
será conveniente haver do governo esclarecim entos O Sn. BAPTISTA PEREIRA: -Sr. presidente se a
sob re a maneira, porque passou ao domínio do dito · commissào tivesse pronunciado :Um voto decisivo
Barão aquelle predio, e sobre o direito, que nelle ti- sobre oste negocio, para ter effeito fóra dessa casa
nha antecedontemente a fazenda publica. eu seria o primeiro a pedir o adiamento, mas quai
cc Pa ço da camara dos deputados, 30 de Julho é a conclusão do parecer? E' que se peção i Ilustra-
de 1826.-José Bernardino Baptista Pe1·eira. -José ções ao governo. Póis para se resolver, se devemos
de Rezende Costa .-!tfarcos Antonio Bricio.-Ma- ou não pedir estas informações deve ficar adiado o
noel José de Souza. F?·anca.-João Braulio Muniz. parecer? Eu não lhe descubro essa necessidade.
-José da Crnz Feneira.:-Anto'llio Augttslo da. Sil- Quando se adia alguma ma teria, é para estudar-se,
va. - Antonio da Silva Telles. » pJnsar-se, e colherem-se conhecimentos, afim de
dar-se o voto com acerto. Mas estudar para ler, se
Sendo este parecer lido na mesa, e approvada a se devem pedir informações sobre este negocio f E'
urgen cia, apezar da objecção do Sr. Vasconcellos, co usa singular f Ora não é possi 9e\ prescindir destas
e ntro.u em discussão, na qual.fallarilo. . informações, porque muito interessa saber, se esta
O Sn. VASCONCELLOS :-Eu approvo rm parte o chncara era parte dos bens nacionaes. Para isso
pnrP.cer da commissão, emqnanto ·diz que não se precisa-se saber, qual foi o modo porque ella passou
póde mandar suspender a entrega do predio a esse á fazenda publica, ·e t;ual o modo porque passou ·á
Barão de A1vaiazere, ou ao sou p-vocu rador ; porque mão des!P. homem.
é muito certo que· a camara só por so a ordem não Pois porque não temos á vista. documentos au-
SESSÃO EM 31 DE JULHO DE 18'26 379
thenticos, estamos in h a hilitados de fazer alguma chacara pertencente aos bens nacionaes, com-
pergunta ao governo? Temos uma noticia, ou ver- tudo não o poderia fazer, se ella não estivesse in-
dadeira ou falsa, de que um predio da nação vai corporada, póde ainda a nação estar obrigada á
passar ás mãos de um particular, e de um parti- restituição de!la. Por isso julgou a commissão que
cular estrangeiro, não temos direito de perguntar não havia inconveniente algum, antes era mmt~ ne-
ao_ governo, se esta noticia é_verdadeira ou falsa? cessario que se, ped1ssem estas notic1as ao governo,
Nao temos antes uma obngaçao 1mposta pela con-1 qLte as pode dar, e em breve tempo, po1s o negocio
stituição de velar sobre a fazenda da nação? A ca · não é antigo.
mara rlos deputados. senhores, é o verdadeiro fiscal Se a minha informação :valesse ainda como de
dos bens nacionaes, a ella incumbe muito particu- um particular, e11 poderia dar urna exacta noticia
lannente prover, para que se não dissipem esses de todo este negocio. Poderia certificar á camara
bens, e o predio, de que se trata não é co usa de pois o sei de raiz, que aquelle predio.. não está in~
pouco valor, para se deixar ir{! revelia. Um hon- corporado nos proprios da nação. Existe o decreto
rado membro fez a indicação, de que se trata, e ·a da doação, que eu posso apresentar, porque o
fez com aquelle direito, que assiste a todos os mem- tenho. Sei mais que este donatario querendo estar
bros desta camara, esta indicação foi apoiada, e re- seguro desta doação, procurou saber, se o predio es-
mettida ás com missões da fazenda e legislação, a com- lava incorporado nos proprios nacionaes, foi ver ao
missão reunida declara, que precisa saber da his- livro respectivo, e achou que não havia tal incorpo-
toria da alienação deste predio, que motivo pois se ração. Sei ainda mais que subsiste o direito de ter-
apresenta, ainda o mais plausível, para se lhe ne- ceiro a que, a nação está obrigada, e que por isso a
garem estas noticias, ou· ao menos demorar o nego- doação é invalid_a, nem a nação deve pagaraquillo,
cw com um adtamento extemporaneo? que o ret deu, na o sendo seu. Os re1s são para co n-
O bom senso só por si mostra, que não podemos snvar o que é dos subditos em particular e em
tratar da matel'ia da indicação, sern termos as no- geral e não para os privar da sua propriedade dando
ticias indispensaveis,_ e _par~ resolver sobre este re- a uns o que é ~los outr~s, ou revertendo em s'ou pro-
quenrnento da commrssao nao se precrsa de grandes VCJto o que e da naçao., e sobre que elles não têm
preparatorios Portanto se se disser, que o parecer mais do que a administ~ação. Torno a dizer, eu po-
fique adiado, por haver outras matenas mats ur- dena mforrnar asstm a eamara porque sei muito
gentes, de que agora se queira tratar, concedo, bem de todo este negocio, porém á camaru não ha
porém pelas razões. que se allegarão, não convenho. de deliberar pela minha informação, é nec9ssario
O S R. V ASCONCELLOS .· - Deve fiICar a d.la do, 1o que a dê pessoa competente. Portanto devem-se
pedir estes esclarecimentos - d ·-
porque ha mat.eria mais urgente a tratar-se, 2° grandel·n· commod.o ao g e' que nao ~ot ebrao causar
• · · d d. ov rno, po1s e ra a 1110 que
porque e necessano exam1nar, se ~e _:vem pe 1r se faz em uma ou duas horas. '
estes esclareCimentos ao governo. Nos nao havemos
de pedir diariamente informações ao governo, e por O Sa. LINO CouTINHO:- Se ha a tratar ma teria
quaesquer indicações que se fizerem, sem se apre- mais interesoante, sou de parecer que so adie o na-
sentarem munidas com os competentes documentos, goci~, mas~ não haver,. não vejo moti.vos para que
que fa.ção alguma fé. Do contrario passaremos por le- se na o peça o esclarecimentos. D1sse-se que para
via nos, e precipitados, e de mais sobrecarregaremos pedir esclarecimentos era necessario já ter doeu-
os ministros de estado de um trabalho immenso, e mentos sobre o facto, isto é contradictorio. Quem
quasi sempre sem proveito algum. Em todos os go- tem, não pede, porque é gastar tempo inutilmente
vernos constitucionaes procura-se muito não eston- Port~nto devem-se pedir escl~recimentos, quand;
der esta faculdade de pedir informações aos mi- os nao houver, e quando os haJa, não é preciso pe-
nistros, e nunca se faz sem ponderosos motivos. drl-os. D1sse-se que o mmistro tem mais que fazer
Por consequencia não faz mal algum, antes é muito do que dar esclarecimentos, e qual é a sua obriga-
proveitoso, que nada se decida por ora. ção, se não mmistrar os mews, para a camara poder
O Sa. Souz~ FRANÇA:- Todo o negocio senhoree, 1 trabalhar COffi: todo o conhecimento_ de caus!l.?
em que interessa a fazenda publica, é de grande Drsse-se que e prectso haver doze mtm~tros :sejao
ponderação. (Apoiado geralmente) Quando se de- os qlle forem, havemos de trabalhar sobre 08 m for-
nuncia dissipação dos bens nacionaes, sempre se maçoes _ que nos der 0 governo, e o fl'OVerno tem
deve tomar conhecimento, e com urgencia, dessa obngaçao de _as dar quando as nao trvermos.
denuncia, sempre se deve examinar, se ha, ou não Drsse-se que nao se a~hafundam~nto alg:_um par:a se
a dissipação. (Apoiado) Nunca se póde dizer que ~ornar ~rn. c;onstderaçao a mmha mdiCaç~o; a m~nh~
um deputado obrou frivolamente, se acaso propõe mdtcaçao, e mmto be~ ferta. a mmha md1caçao e
algum meio de prevenir, ou remediar a delapidação multo lou~avel, (a.po!ado) P,Orque trata de poupar,
dos bens nacionaes; porque a cama r a dos deputados e eeonomlsar os bens que ,perten:em ao povo d.o
incumbe com especialidade a vigilancia sobre esses Bra~Jl. O h?nradp mer_nbro tem feito mu1tas mdl-
bens. caçoes, e nao vt que aJ.untas~e d.ocul?entos. Pouco
A commissão, Sr. presidente, quando fez a 2• tempo ha que _s~ ~ez aqui uma mdicaç~o s?bre o sue-
parte do parecer, não obrou precipitadamente: me- cesso dos mthcianos de Mmas, e fo1 o.1llustre ~e
ditou sobre o negocio, assim como meditou quando puta~o nml que apontou factos a respe1to desta m-
organisou a 1• parte do mesmo parecer. Eu sou nm dJcaçao. ·- . _
dos seus membros, e vi o decreto, que não é muito Nella se ped1ao 1lllustraçoes ao governo, sem
antigo, pelo qual o SE-nhor D. João VI, conferio a co~tudo .haver docu!llentos. Como pois se po-
este homem o predio, de que se trata. E' portanto dera eug1~ que e~ aJunte ~ocumentos? Como se
I
necessarío saber, se este predio. está incorporado nos me quer t~rar. a f!!mha re~al!a, como deputado de
proprios da fazenda publica. O rei não podia dar o propôr as m~1caçoes, que Julgar convenientes para
que não estava incorporado na fazenda publica. o bem da naçao?
Ainda mesmo que nesses tempos podia dar uma Todas as vezes que souber de alguma cousa, hei
380 SESSÃO EM 31 DE JULHO DE 1826
ue a pro pôr aqui, para saber a verdade, se não fôr para dar as illustrações qu e se de sejão, muito me-
assim, não me ca usa deshonra nenhuma, faço o nos competirá por dar as provid encias com recom-
meu dever, Ll se [ór assim então terei dobrada honra, mendação des ta camara.
dobrada satisfação de fazer entrar na fazenda na- Demais, Sr. presidente,· havemos de recommen-
cional o qu e es tava fór a dos bens, qu e pertencião á dar um negocio de que nós confessamos, que não te-
nação . Por co nsequ encia não pó de o nobre depu- mos exacto con hecimento ? Isto é singular I
tado pri var- me deste proposito de tratar dos be ns Primeirame n te devem-se pedir informações sobre
publi cas, quer tenha, quer não tenha documentos a ma teria, póde ser que a causa não seja como se
na minha mão. diz e póde ser que seja mais do que se diz. Em
P ropoz então o Sr. presidente o adiamen to , e não qu alquer destas hypotheses sempre votarei pelo pa-
sendo approvado, versou a discussão sobre a ma- rece r da commissão.
teria. Peção-se esses esclarecimentos e depois tomare-
O Sn. TEIXEIRA DE GouvÊA:- Eu approvo em mos uma reso lução segura, ou recommendando ao
parte o parecer da co mmissâo, mas em parte não. governo ou abrindo mão do negocio, quando conhe-
Na realidade não se pódc pro ceder a este embargo çnmos que nos não pertence. Po ré m, r ecom mendar
em bens de raiz. Se forem da fa zenda publica, ou sem saber o qu e, é obrar fóra de todo o proposlto I
de qualquer pessoa, poder-se-h a reivi ndicar o pre - Quando se nos apresenta uma indicação sobre ob-
dio, usando-se da acção co mpe tente, mas não por ject.o desta natureza, que n ão é men os do qu o dis-
meio executivo. Não me co nform o porém na seg un- sipa ção dos bens nacionaes, devemos ser in[orma-
da pa rte, em que se pedem esc l ~ reci mentos, não dos do que ha a tal respeito.
pelas razões, que se acabarão de ponderar, mas l~ós não sabemos do facto senão por noticias
porqu e este n egocio pertence ao pod er j udiciario. vagas ; e que mal fa z que esta camara fique in tei-
Po r es tes esclarecimen tos podin realmente conhe- rad a da verdade ?
cer-se , se es tava bem ou mal feita a doação, mas Sobre a doação não se duvida; porém, sabe:uos
como haviamos de revogai-a? se essa do acão é valida?
i'\ un ca por nm<J lei . Se Sfl julgar qne a nação te m Será a pr.ime ira vez em que se delapidão e dissi-
direito áq uell es bens, c que a doação foi mal feita, pão os bens da nação?
o procu rador da co rôa deve in tenta r uma acção de E não pertence a es ta camara prover, quanto em
re1vmd icação contra aquelle, qu e os possue 1llegal - si caiba·, para que se não delapid em os bens naciu-
men te. Por 1sso d1 go que e este n egoc1o inte11·am en- n aes? , ,
te do poder jndiciario, e não tem nada com o poder Portanto ! voto p elo p a rece~; este e qu e me pa-
legislatii'O. Quem ha de deci dir es te negocio, ha de J r ece_ o eamwho dn·eJlo. Depo1s qu e acamara est:-
se r uma sentença. Eu manda rei urna emenda, para ver mteuada do qu e ha sobre o n egociO, resolve ra .
q ue em lugar de' se pedirem esclareci meutos, se O SR. VASCONCELLOS :-Sr. presidente, se se en -
rem etta ao governo a in dicação do nob re depuL<Ldo trega r esse predio ao procurador do barão , seguir-
Lin n Coutinho, para qu e dê as providencias, que se-ha que se perd e o direito qu e a nação a elle tiver?
julgnr necessarias, depois de proced er ás deligen - Não; a todo o tem po se póde reivindicar do barão,
cias que o caso pede. nma vez q11e pertença á fazenda na cional.
O SR . LI NO CouTINHO: -Eu nad a ma is teuho a Por tanto, que prejuizo resulta dessa entrega?
dizer, po rqu e o honrado membro prevenia o que cu Nenhum,_ P?rque sempre se póde intentar contra
pretendia propor. Eu queria tamb em que se man - elle um l!beilo. , .
dassc a minha indic.ação ao govern o, co mo já aqui Declarou-sP, porem, urge~te a m atena deste pu-
se tem prati cado, para que dê as providencias , que rece r; ma s, !lergunto: s e r ~ ma1s urgent e do q~e
achar justas . outras mateJ'las lm portantJSSJmas, que se derao
. _ , . . para a ordem do dia de hoje? Não temos o proj e-
Vt!O en tao a mesa e !OI !Ida esta cto sob re as co m panhias para fazer navegaveis os
(( EME:'i DA
r ios do i nterio r? Não temos o proj ecto para o curso
jurídico ? Não temos outros projectos de alta con-
" Que se rern eLla a indicação, ao governo, afim de sideração?
qu e o mesmo go verno, sendo verdadeiro o facto ai- Disse-se que era cuntradictoria a minha opinião,
lega do, mando procerier na fôrma d~ lei.- Teixe.im quando exijo algum documento para que se peção
de Go·,J.vêa » . informações ao govern o . Não ha, senhores, tal con-
Foi apoiada e continuou a discussão co m ella. tradiccão .
Eu não disse que era praciso ter exacto conheci-
O SR. AuiF.ID A E ALBUQUERQ UE : -Eu me de- mento de um negocio para sobre elle pedirmos i n-
claro por esta eme nda porque põe termo ao negocio ,. formações: di sse e ainda es tou nest e principio, que
e não usa de rodeios . não devemos pedir ao governo esclarecimentos de
Quando podemos andar caminho direito, devemos factos, c•1ja existen cia não nos consta senão pelo
evitar todos os passos que só servem de demorar. rum or; qu e, para es ta camara delib erar-se a dar
Vá a indicacão ao governo, a quem eompete; ou esse pa~so, sempre era preciso qu e tivesse á •·ista
dar as proYiden cias, ou enviar ao pod er judiciario algum docum ento. Parece-me qu e nisto não se dá
em fim, dar a direcçào que o caso pedir, depois d~ co n tradicção alguma.
mte1rar-se das suas c1 rcumsta nci ns . · Respondendo agora ao. iltustre deputado o Sr.
O SR. VER GUEIRO :-Eu não me conformo com Souza Fran ça, direi que não está tãe certificado no
essa opinião e voto pelo parecer da commissão. fact o, como lhe parece . Este predio foi dado por uma
Disse-se que se não pedissem esclarecimentos ao mulher para nell e se fazer um estabelecimento de in·
governo; porque este negoci o lhe não pertence; e valido s. Não se levantou o hospita·l e· passou o ter-
accrescentou-se ao mesmo tempo, que se reme tta reno ao barão; pergunto eu: a qu em . pertence rt<i-
a . i ndicayão ao g~verno para dar as providenci-a s vindicar es$e predio? A' fazenda nacional ou aos
pecessanas. Porem, se não compete ao governo herdei ros dessa mulher? Se acaso não se verifi-c ou
Câm ara dos Deputados - Impresso em 07/0 1/2015 14:11 - Página 13 de 22
.
-: ~~:- - ...._-
-. - ~ .: .·
.·~3.foro::::aif ·f~D"Ei·JUtiÍOiDE+lS~~~- ·
.. Tenho ~uli,do' questi6!lar: -s()~re a··:Ua~~:_do~ · : ~u - ;não sei .como $e ~udéltãC:i<l~p~~de;páre- ·-
bens . naet~maes ': mas, senhores• •-esta ·c«vJestão·•e cer."ÂSsentou•se :·ha; poucos dias~:·:qu&,ad:amara
múlto•in~fodrosil', e de suuinia'· iliffi.culdade~ •SObre sempre~qúe preeisásse.,: •:podia 'e .deVi~p~~dn-
doacõês- 'de' bens, ' anti~mente chamadas· da corôa; formaçoes sobre·factos ; ~agora ' pedem-se :lllfo_rma-
e ·:lioje ; nacionaes, · ha ·;inuito· que ~dizer, · ·e · que ções ~ sóbre ·:factos e ha.; quem· .se>opponha,~iz~do
examinár •.E'· preciso primeiro:. décidir, se•os ·reis de que, isto · é .dar:: muito .que: fazer aos ministros. h ;;A
Portugâlpodiãõ·· dar aõs seus· sub ditos' os,bens; •que camara nunca·.negou este · exp~diente.' à ,..qualquer
qiüzessem -:•· é p~ciso -vêf' as leis~: qbe regulão ·essa's do~ seus-.membros; . e como . o.ila;de cagora.~ negal'. a ..
dõaçl)es, e ··mau> ·_·que ·tudo ··examm~r a natureza uma commissão; réuilidà ?· O··.melhor é~não. mandar· -
1lesses bens. . . . . ' : . ' . . ... .. . : çs negocios ás commissões. . . . ;.., .. .. . - . :_ . '"
' Portanto · a camara fica inteiramente desencar- Portanto; Sr: presidente; ·não se:póde -deixar:.de·
· regada · para com a nação, remettendo este 'negocio haver estes esclarecimentos, '· que·;neõhnm · inconv~·
a ·quein' compete>Vá· pois ao· governo·: elle· dará as niente podem cansar ::.· · ·· c ,., ., .•- ·<·' :..,..;
. provid.eneias, e o des'tinp, que julgar con-v:eniente á '. Eu me declaro c01:Ítra a · ~~enda @à.propÕé~que
'indicação do.- Sr.' Lino C01itinho. . · ·' · · _· esta ind_!cação• seja enviada ao .·.govemo. co~ r~com;.
·o Sli.. TEIXiuRA ' l)E GomA ·:--Felizmentévejo mendaçao.. :. : , . . . ·, :·'. -' ... o·: : : : ..
que ;..t<;>dos ::os senho~es ~ê[n : co.ncordado, _q9.e não · : Nunca se de!e dizerao ,governo que~obre,des~on ·.
pe.rtesee. a~,·p. ..od.e·. r-le·g·~.sl~. ~v
. _o_.o_ ·_to.ma!.c_on.. ·h·E:· cuneJ?-tO daquellamane1ra.; porque• o;.• governo. não que~.~os
aeste negoCIO: Se eu: VlS,S e ·contranado este · prm- nOSSOS •CODselhos OU a;nossa ·opinião. ·.. ··! "' c.: ~· f.
cipio, entao: cederiã, -mas como ainda: ninguem · ·-Em uma camara,-talvezem•mellíóres-.circumstªn.-
-fallou . contra:, sustento' a · emenda, Se · vierem as ·cias do que est3r apresentando..se uma . p~:oppsta
iriform!lções, . havemos de fáZer .uma lei, Para· dizer para recommendar certo.negocio .ao go'terno~ hóuve-
qu.e essas casas não perte~cem _ao barão ·? ·Não: qtiem dissesse, quepõuco ,tempohaviue:ti~aJeito.
par.fque ·pois havemos de ·gastar mais tempo? . .recommondacão sobre . outro negocio, e. que ..e~
. .,A· minlia ·emenda,·,·.diz que se· proceda ·na fórma reêonimendaÇões se nã!> .devião , repetir ' imíitas ye~
da·1é~ .sendõ verdadeira_ · a denuncia. Quando nós zes para 'não perderem aconsideracão.deVida.- / .:·
man~amos· · esta ·indicação ' aO' governo, · mostramos .Utqinada a . discu5são procildeu"7se á 'votação; ,íiil.
que tomamos ·intereSSO na ·conservação ' dos . b,ens qual foi ,'app!OV~do O -p~~cer d~ , CO~i~&a,o_ ~,!1~~
nacioii.aes~ · Eú' não contesto,-··que a camara •possa ficando ·. preJudicada a emenda do · sr~ Tenetra·:ae
pedir illustrações; mas:•qUando · íôr para medidas Goi.iv.ê à. •... ·.· ' ·.. . ;; -~·c .: ·: ·.·:·.·_-:·:.? '>·. L.'~ ~: .
Iegi.Slativa.s, ou -~ara .. responsabilisar os ministros, . Pas5ou:.:se á. 2• parte. da ordem. do dia; q~e· #a~ er-
mas 'n estê .casoe todo o negocioc: pertencente ao continu~tção· ·da 1• :discussão - - do . ,prõjecto ··.~~J~i
poder jildiciario, e mesmo nunca póde ser reivindi- para a cre~~O. de .C?mpau!üas c~~:~ fun. de Ja~~~r
cada a casa senão por uma sentença; e·nunca por a -navagaçao dos l'~<?S-dOlmpeno, a ..qua,l~us~o
uma ordem· ·arbitraria•- e ·por isso não quero'que _ficara a,diada do dia 29 ,docol:l'~nte inez. ~c:~. :. ;;.::· , ,· :
seja. ·desapossado o 'proprietnrio> sem -~ am 'motivo : ' Immediatalnénte: ({~Sr•. 5ecretario· ;:costá_:A~
!e~lA~po~ de'esm.r deci~do · •o· negoeio peló•-poder leu o projecto e a emendaadditivàdoSI:.: Yergne~. ·
J\!d,!Clll,l'J.~; ·-~ . -~ue ~rtence. : · · · ' · · .. · ·" '• .' " ·qiiEv ~- achava •sob_re•.: a : mesa,. concebida n~tes
-~o~ SR.' ' CLEMENTE ~PEREiRA :.:-Sr. 'presidente,- eu tetmos: : ,· . . :_: :.• _.. ''.'"'•
;~~'~ifv::~~~P~:~;r'J!h~ ~f:~: 0~o~f~~~~:
0
!!i~~i~;ts;~ -~5;~4:e~;:_
li~--~~-ça s_a.
~f,f~;
.-.0. ~.• d.o.·:··n.·eg~. 9·_ :_ a ·: ~ta.'
~ara
.. .. : C?óm_pete ~ Vn .. GllEIB __,.:!lg.,. _a pp.-~.-~i9 _ ·
. o :-:Sr.p_re51.,en.te
. tra:w ~ -~ aecosaça():· :~ · . . ·.... <: .<:·: . p~oJ~Çto e as.eme.~d~, n~m ..~~ porqu~ se d~
ç
. a
· •.m
·,Nada ,tem.os·P,or· _QJB.· acerca: .da natmeza •·destes Jeltar.'U1Jl proJecto que assegura QID meto.• alem dos
bens;''n~s • nadá· ~sab~o~ ·e pm ~~os se são ~e · temõsí :~ , pro:ver ás c«>mmodidades- e n·ecet-.
!lec~':"lUc a:Jgam _ élS·_·_medi~ t
.- . qll_e. P_edimo _~-estas
_:
- . informa~es.· · · : • • · ·· · · '· : · ' · · ·~ c · : ', ·' · ·
stci~des puo~eas.,~co_m~ são estr,adas,J)O~~i~nâés,
etc; 'As· rendas: appuCádas~~ estes filís'.Oll;üo::-são
:·, Se~se: ácnar que .a doação' é: beín:. •feita,:;:havendo (mniien~ ~- o11 nãó·:<têm ' sido:'beJn , ·· dirigidiis:1~de
,_·:u~,1rã~:·~r~~e::~;~~=.í~;_ -~re:ea:~;·r~~~~~~~~~e~!c~r:~
j~~=-.ri;:~r~cit~~~~~:~~~ ·fe:r~;~~~#;()~~:~~:r~~;:~~-
:g~-~~e!.r~~P.~_J:;:t!~~.l"O~a~s~~-~dtet· ~-~b~~a~ '!J!C)r_.-f~e:_~o ·~: ~~a:QIJl;~~-u '~~~
attrJÕWPnP<l ~~e'Se·naQueuipt em:ertes: ens. por ' uma ' co'llrNln,~ e',-,nne· ~---se·m · -Uà
-~~~~: ~os'iJ,o lêStà.!Jó-dó''nepcio>iv~.- ile ·_. ·· , . · ··i-:&ntóu,;cá;~tfõS ~·- ·· · · - ~. · ·.
:~--..--~ '""'"- ma&t"lsSOf~':;l;~""""' Tilai>O :-..;,c.(';~ -
,g;:~-~~r~-&ãsifi
Câmara dos Deputados- Impresso em 07/01/2015 14:11 - Página 15 de 22
~383
i .
Srs. Redactores •..:...Lendo o n. 49 do Diario da camara dos deputados, achei .a pag. '7'76 em.
«~mil ~' faÍla minha o seguinte.-Mesmo na Inglaterra e11 vejo pela estatística assignado um ·sub-
-sidio para alguns membros, etc.-Certamenle os . tachigraphos não perceberão o que eu entio
·disse; por quanto não faltei de lnglalerra, mas sim da America do Norte, onde segundo~ o
..que diz Adam Seyben nos sens annnes eslalisticos dos Estados-Unidos, por um acto passado
.em 1818 concedeu-se aos; membros do congresso como indemnisação a quantia de 8 dollars por _
. ~. durante o tempo da sessio, e a sua presença nos debates, além de .mais 8 dollars por
cada- 20 milhu, para as Tiagens de vinda, e Tolta. Peço-lhes hajão de fazer . esta declaraçio,
toso que possível seja. Sou, ete.-coatG .4guiar•
... ~ . -