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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA

LICENCIATURA DE MÚSICA

Raffael Igor Souza da Silva

Ensino da Música através de aplicativos: Um relato de experiência

NATAL-RN

2018
Raffael Igor Souza da Silva

Ensino da Música através de aplicativos: Um relato de experiência

Monografia apresentada à Universidade Federal


do Rio Grande do Norte, na área de Educação
Musical como parte dos requisitos para obtenção
do título de Licenciatura em Música.

Orientador: Heather Dea Jennings

NATAL-RN

2018
Catalogação da Publicação na Fonte
Biblioteca Setorial da Escola de Música “Pe. Jaime Diniz”

S586e Silva, Raffael Igor Souza da.


Ensino da música através de aplicativos: um relato de experiência /
Raffael Igor Souza da Silva. – Natal, 2018. 39 f.: il.; 30 cm.

Orientador: Heather Dea Jennings.

Monografia (graduação) – Escola de Música,


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2018.

1. Educação musical – Monografia. 2. Música e tecnologia


– Monografia. 3. Aplicativos para celular – Recursos
educacionais – Monografia. 4. Tecnologia e Educação. I.
Jennings, Heather Dea. II. Título.

RN/BS/EMUFRN CDU 78:3

Elaborada por: Elizabeth Sachi Kanzaki – CRB-15/Insc. 293


AGRADECIMENTOS

Gostaria de primeiro agradecer ao Universo pela minha existência.

A minha orientadora Heather Dea, por ter paciência, atenção, e por ter me ajudado a
finalizar este trabalho.

A minha família, que me apoiou nas horas que precisei.

A minha amiga e companheira Anielle Bruna, que me ajudou e me incentivou a terminar


este trabalho em momentos difíceis.
Resumo
Este trabalho é um relato de experiência envolvendo o uso do celular nas aulas de música por
meio de aplicativos. O trabalho foi aplicado em uma turma da 3º série da E.E. Peregrino Júnior e
o aplicativo escolhido foi o Ouvido Perfeito. Como resultado, percebemos que uma abordagem
mais prática envolvendo o celular torna as aulas mais atrativas e atuais. Para tratar do ensino de
música, nos ancoramos em alguns autores, como Dalcroze, Ausbel, Correia e outros. Utilizamos
ainda considerações sobre a juventude e sobre o ritmo, conteúdo escolhido para ser abordado nas
aulas em questão.

Palavras-Chaves: Música; Aplicativo; Ensino; Ritmo; Celular; Educação.


Abstract
This work is an experience report involving the use of the cellphone in music classes via
the use of applications. The work was applied to a 3rd grade class from E.E. Pilgrim Junior
elementary school. The application chosen was “Perfect Ear”. As a result, we gained an
understanding that a more practical approach involving the cell phone makes classes more
attractive and relevant to today’s age. To address the teaching of music, we use the works
of author’s, such as Dalcroze, Ausbel, Correia amongst others. We also took such topies as
youth and rhythm into considerations and used these as content to be addressed in the
classes in question.

Keywords: Music; App; Teaching; Rhythm; Cell phone; Education.


Sumário
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................7

1.1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA......................................................................9

1.2. TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA...........................................................................9

1.3. ENSINO DE MÚSICA..............................................................................................................11

1.4. RITMO..................................................................................................................................13

1.5. ADOLESCÊNCIA E MÚSICA....................................................................................................15

2. METODOLOGIA.............................................................................................................................16

2.1. ESCOLHA DOS APLICATIVOS.................................................................................................18

2.2. DETALHES BÁSICOS DO Ouvido Perfeito...............................................................................20

2.3. COMO JOGAR?.....................................................................................................................25

3. ROTEIRO DE EXPERIÊNCIA............................................................................................................26

3.1. 1° DIA – Primeira observação...............................................................................................26

3.2. 2° DIA – Segunda observação...............................................................................................27

3.3. 3° DIA – Primeira aula...........................................................................................................27

3.4. 4° DIA – Segunda aula...........................................................................................................29

3.5. 5° DIA – Terceira aula...........................................................................................................30

3.6. 6 ° DIA - Quarta aula.............................................................................................................31

4. REFLEXÕES....................................................................................................................................32

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................................33

6. REFERÊNCIAS................................................................................................................................34
1. INTRODUÇÃO

Com a globalização, é cada vez mais comum o uso de celulares no cotidiano das pessoas, e não é
diferente nas escolas. Muitas vezes os celulares são utilizados para fins não didáticos, e, por isso, acabam
sendo mal vistos pelos professores. No entanto, é cada vez mais difícil para a escola duelar contra essa
tecnologia, que não está presente só na vida dos alunos, mas também no cotidiano dos professores, que
muitas vezes fazem chamadas e gravam conteúdos através de aplicativos. Uma pesquisa da GlobalWebIndex
constatou que o Brasil é o terceiro país do mundo que mais fica tempo online no celular.
(http://www1.folha.uol.com.br/tec/2015/09/1679423-brasil-e-terceiro-pais-do-mundo-que-fica-mais-tempo-on-line-
no-celular.shtml)
Este pequeno aparelho reúne funções que eram exclusivamente do telefone, da câmera fotográfica e
do computador. Os celulares invadiram a sala de aula, é inevitável ignorar seu uso e, por isso, o professor
precisa se adaptar e usar a tecnologia como ferramenta de ensino. Ademais, o uso de aplicativos para ensino
em sala de aula pode mudar a maneira como os professores veem os celulares, geralmente como uma
ameaça, e a maneira como o aluno entende a disciplina, passando a enxergá-la de uma maneira divertida.
É cada vez mais comum usar o celular para tirar determinadas dúvidas, como o significado de uma
palavra ou para facilitar a realização de um cálculo matemático com o uso da calculadora no aparelho. Indo
mais longe, muitos professores têm se aproveitado de grupos de Whatsapp ou Facebook para compartilhar
conteúdos de sua disciplina com a turma. O celular pode ser usado para fazer pesquisas em sala de aula
quando não há uma sala de computação, como é o caso de muitas escolas. Pode ainda ser uma ferramenta
para trabalhar a produção de imagens e vídeos pelos alunos, dentre tantas outras funções.
Mas não adianta apenas trazer tecnologias novas em sala de aula sem ter benefícios significativos, por
isso o planejamento da aula é tão importante. A aula precisa ter uma finalidade sempre voltada para uma
aprendizagem significativa. Sem um planejamento adequado, a tecnologia pode não apenas atrapalhar a aula,
mas também prejudicar o ensino dos alunos.
O receio dos professores é compreensível, uma vez que a multiplicidade de funções acumuladas por
esse pequeno aparelho torna difícil para o docente ter o controle sobre o que os alunos estão fazendo. Muitos
alunos podem se aproveitar dessa ferramenta para tirar fotos constrangedoras sem a autorização do outro,
praticar bullying com algum colega, copiar conteúdos da internet quando deveria produzir seu próprio
conteúdo, cometendo plágio, compartilhar conteúdos impróprios de uma maneira geral, dentre tantas outras

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funcionalidades maléficas que desviariam a turma do tópico da aula. Mas será uma boa opção abominar o
uso do celular?
Nesse sentido, as escolas têm manifestado diversas atitudes. Algumas delas são tão radicais que
punem o aluno simplesmente por trazer o celular para a escola, podendo realizar até vistorias. Outras
impedem o uso do aparelho quando em sala de aula, mas permitem no intervalo e quando é utilizado em prol
de uma atividade didática elencada pelo professor. Outra atitude comum é a escola permitir que o aluno use
em sala de aula em determinados momentos, como permitir o uso do fone de ouvido quando o professor está
copiando o conteúdo no quadro, por exemplo; isso se dá de forma negociada entre docentes e discentes ou
entre a direção e o restante do corpo escolar. De alguma maneira ou de outra, já há um reconhecimento de
como o celular está atrelado a nossas vidas, o que tem levado a essas concessões citadas acima.
Pensamos que seja realmente necessário inserir toda e qualquer tecnologia na medida do possível na
escola, pois acreditamos em uma escola do presente, atualizada. Uma escola do presente deve seguir o ritmo
das evoluções que surgem, especialmente quando a mudança é tão gritante, capaz de adentrar o ambiente
escolar, seja proibido ou permitido. A proibição do celular é uma medida paliativa, estaríamos assim sempre
‘remando contra a maré’. Podemos e precisamos reverter toda e qualquer situação desagradável e aproveitar
o uso desses aparelhos como ferramenta de aprendizagem.
Aqui nos interessa, sobretudo, o ensino de música e como o celular poderia ajudar na compreensão de
alguns conteúdos curriculares da disciplina de música. Dito de outra maneira, a questão central de nossa
pesquisa é compreender como o uso de aplicativos pode funcionar como uma ferramenta de aprendizagem
nas aulas de música e, consequentemente, como os aplicativos voltados para ensino de música podem ajudar
o professor dessa disciplina na escola básica. Oferecemos nosso relato de experiência e uma proposta de
trabalho em sala de aula, com a ressalva de que é sempre necessário observar a realidade da escola para
avaliar qual planejamento pedagógico melhor se enquadra no caso.
Dito de outra forma, este trabalho se propõe a entender como os aplicativos voltados para ensino de
música podem ajudar o professor dessa disciplina na escola de educação básica. Inserimos, assim, o uso de
aplicativos na disciplina de música e realizamos aqui um relato de experiência sobre os resultados e as
questões advindas dessa inserção. Nosso campo de estudo foi a Escola Estadual Peregrino Júnior, localizada
na zona norte da capital do RN-Natal. Realizamos a pesquisa com alunos as 3ª série do ensino médio.
Entre os conteúdos diversos no ensino de música, escolhemos trabalhar ritmo, por ser um conteúdo
básico e essencial para a formação musical. O aplicativo Ouvido Perfeito ajuda a fixar os conteúdos sobre
ritmo de uma maneira simples, prática e divertida. Além disso, usamos a tecnologia com foco nos

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aplicativos nesta pesquisa por ser algo cada vez mais comum no dia a dia as crianças e adolescentes se
divertindo com o uso de aplicativos de jogos ou aprendizagem. Falaremos mais sobre essas escolhas em
outros tópicos.
Trabalhos como esse, envolvendo novas metodologias, podem ser ferramentas importantes para o
professor em formação e para os professores em sala de aula, uma vez que apontam para novas formas de
ensinar, mais próximas do cotidiano de uma geração moderna, que não responde mais tão bem aos métodos
de ensino tradicionais.

1.1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA

Esse trabalho se fundamenta, quanto ao processo de ensino aprendizagem, na Teoria da


Aprendizagem Significativa de David Ausubel e na metodologia para o ensino de música de Dalcroze (1965
apud PICCHIA, ROCHA, PEREIRA, 2013), além de levar em consideração o que dizem os documentos
oficiais quanto ao ensino de maneira em geral e quanto ao ensino de música de maneira particular.
Acreditamos que as teorias utilizadas são bastante compatíveis entre si e chamamos atenção para uma
consideração de Dalcroze (1965 apud PICCHIA, ROCHA, PEREIRA, 2013) que foi essencial para a
construção da nossa metodologia, a ideia de que os alunos devem primeiro sentir, perceber, para depois
entender a teoria subjacente àquela experiência. Nesse caso, sentir equivale a realizar atividades de
percussão corporal na sala de aula e a jogar ou usar o aplicativo de maneira geral, o que exige uma posição
ativa por parte do discente.

1.2. TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

A Teoria da Aprendizagem Significativa se enquadra no grupo das teorias cognitivas interacionistas


de aprendizagem e seu principal expoente é David Ausbel. A teoria de Ausbel defende que o conhecimento
novo é mais facilmente incorporado à estrutura cognitiva quando consegue se ancorar em aspectos
relevantes da estrutura cognitiva preexistente do indivíduo. Esse aspecto pode ser uma ideia, uma imagem
ou um termo e é conhecido como subsunçor. Em outras palavras, busca-se que o ensino em sala de aula
dialogue sempre com aquilo que o aluno já conhece, formando uma ponte, a partir da qual vai derivar a
aprendizagem. Assim, a tarefa do docente é buscar subsunçores para estabelecer ligações entre os conteúdos.

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Quanto mais ligações o aluno for capaz de fazer e quanto mais fortes essas ligações, mais significativa é a
aprendizagem.
Dessa forma, aprender significativamente para Ausubel (apud MOREIRA & MENSINI, 2006) é
conseguir ampliar e reestruturar ideias e conceitos já existentes na estrutura cognitiva, sendo assim, capaz de
relacionar e acessar novos conteúdos. Para isso, o conteúdo novo deve ser revelador, desafiante, novo
realmente e relevante, ou seja, “potencialmente significativo” para o contexto local. Além disso, o aluno
precisa estar estimulado e ter uma postura ativa para relacionar os conteúdos de maneira eficiente, não
arbitrária e não literal. O professor pode estimular esse processo através de perguntas, que levem o discente a
reestruturar suas ideias de maneira mais ativa, autônoma; em vez de fornecer uma explicação pronta, já que
esta tem caráter mecânico, arbitrário, não substancial.
Isso não quer dizer que a explicação mecânica seja de toda inútil. Diferente do que afirmam outras
teorias de aprendizagem, na Teoria da Aprendizagem Significativa, a memorização e a aprendizagem
mecânica podem ser consideradas produtivas, apenas não podem constituir uma finalidade por si só, mas sim
um meio até que se chegue à aprendizagem significativa. Na aprendizagem mecânica, os links entre os
conteúdos ainda estão fracos ou mesmo soltos, mas esse estágio fraco e solto pode ser utilizado para gerar
novos questionamentos e sistematizações em um momento posterior. Cabe ao professor, reconhecer em que
momento a prática mnemônica pode ser um instrumento útil, junto com outras práticas, que movimentem o
sistema afetivo, a memória de trabalho e o sistema motor. O conhecimento significativo apresenta várias
vantagens em relação ao mecânico, pois é mais duradouro, pode ser aplicado, amplia a estrutura cognitiva
tornando maior a capacidade de criar outros links e leva o estudante a pensar a seu respeito no cotidiano fora
da sala de aula.
A teoria da aprendizagem significativa foi uma fonte de inspiração para o relato de experiência que
aqui se encontra, mas ressaltamos que não pudemos aplicá-la em toda sua amplitude, porque para garantir
que o discente estabeleça um número de links razoável entre conhecimento antigo e novo, seria necessário
conhecer melhor os discentes e sua bagagem de experiência. Tal aplicação só se tornaria viável em salas
com número mais reduzido de alunos, coisa que Ausubel (apud MOREIRA & MENSINI, 2006) também
defendia em sua teoria. Ainda assim, isso não é razão para relegar às suas considerações teóricas.
Em relação ao ensino de música, com base na teoria de Ausubel (apud MOREIRA & MENSINI,
2006), partimos do pressuposto de que o professor deve respeitar e utilizar dos conhecimento prévios, nesse
caso, do universo e do repertório musical dos alunos para então mostrar-lhes novos tipos de músicas e
trabalhar conceitos sempre com base em identificação e aplicação. Seria necessário utilizar não apenas do

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conhecimento teórico, mas do movimento corporal para a construção de uma aprendizagem significativa.
Além disso, ressaltamos a prevalência de uma metodologia que valorize a aprendizagem por descoberta,
através da ação, da reflexão a partir de questionamentos e da experiência antes da teoria. Essa é uma das
razões pelas quais é mais comum começarmos a aula com teoria finalizada, mas com um vídeo ou uma
atividade de experimentação, para depois resgatarmos essa ação coletiva – que não deixa de ser individual,
pois cada um percebe da sua maneira – e construir conceitos com base nisso.

1.3. ENSINO DE MÚSICA

O ensino de música, que já foi centralizado na leitura de partituras e na aprendizagem mnemônica,


hoje, pelo que se tem nos documentos oficiais, parece estar mais centrado na interpretação das músicas,
como a LDB e a ONCEM. O essencial é entender e identificar os símbolos típicos dessa linguagem para
compreender a canção e não decifrar os símbolos por si só, sem um significado posterior. Dito de outra
forma, deixa-se de estudar aspectos isolados da canção a serem reproduzidos em prova e passa-se a ter, em
tese, mais momentos de escuta, análise e mesmo produção. Isso pode ser depreendido através da leitura das
Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006), um dos documentos que rege as práticas de ensino na
atualidade. Outro documento de grande relevância é a LDB.
Em 2008, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, 1996) foi alterada pela lei
11.769 que dispôs sobre a obrigatoriedade do ensino de música. Desde então, a abordagem de conteúdos
próprios da disciplina de música é parte integrante e obrigatória da disciplina de Artes, o que não exclui a
possibilidade de haver em alguma escola uma disciplina específica para o conteúdo de música. Apesar de
considerarmos que essa obrigatoriedade é um avanço e talvez o mais importante marco na legislação para o
ensino de música no Brasil até o momento, acreditamos que a prática polivalente pode ser um pouco
prejudicial para o ensino, pois acaba tornando a abordagem das diferentes linguagens artísticas relativamente
superficial. Segundo Penna (2004), esse problema tem rendido diversas críticas por parte de teóricos afeitos
de uma ou outra subárea englobadas no ensino da arte.
Apesar de obrigatório, não há muita garantia de que haverá ensino de música nas escolas, pois a LDB
aponta para uma flexibilidade da escolha da disposição dos conteúdos, o que é em parte positivo, podendo
propiciar projetos mais criativos nascidos no seio dos estados e das escolas. Mas é também em parte
negativo, porque não se tem muita clareza sobre como distribuir o tempo entre as diferentes modalidades
artísticas ou sobre em que faixa de série se deve aplicar determinados conteúdos, por exemplo.

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O professor de música ainda enfrenta muitos desafios, como a falta de materiais didáticos auxiliares e
a pouca importância que alguns discentes atribuem à disciplina. Atualmente, parece que o documento que
melhor oferece um caminho comum aos professores no âmbito do ensino médio são as Orientações
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCNEM), embora a parte a essa disciplina dispensada seja de
cerca de cinco páginas. As OCNEM citam alguns conteúdos relevantes e propõem algumas estratégias de
ensino, caminhando sempre para a articulação entre teoria e prática (criar, executar e escutar), que parece
estar presente e com razão em quase todos os materiais que versam sobre o ensino de música. Além disso,
apontam para uma abordagem eclética que considere gêneros musicais diversos.

Tomando como base o processo de comunicação que sustenta a estrutura deste documento,
produzir música e interpretar música implica ações musicais como criar (improvisar,
compor, fazer arranjos), executar (cantar, tocar, dançar) e escutar. Assim, as estruturas
mencionadas anteriormente podem ser trabalhadas tendo como base a produção e a
interpretação musicais. Essas estruturas constituem materiais e possibilidades de organização
de vários idiomas, estilos ou gêneros musicais. Podem, portanto, ser estudadas a partir de
uma ampla gama de músicas. (OCNEM , p. 195, 2006)

Como já afirmamos, em consonância com as OCNEM e para dar-nos um embasamento teórico


pensado para o ensino de música, utilizamos a abordagem de Dalcroze (1965 apud PICCHIA; ROCHA;
PEREIRA, 2013). O teórico e professor de música considera que há uma forte interação entre o corpo e a
mente. Para ele, um dos grandes problemas da aprendizagem é centrar-se na mente e esquecer que também
aprendemos com o corpo. Assim, o cérebro e corpo devem ser estimulados continuamente e paralelamente.
Essa relação que Dalcroze estabelece se relaciona com a ideia de uma articulação entre teoria e prática, já
que as experiências corporais são frequentemente relacionadas com a prática no ensino de música
(DALCROZE 1965 apud PICCHIA; ROCHA; PEREIRA, 2013). Além disso, um conhecimento que é
aplicado tende a ser mais significativo, fazendo um paralelo com a teoria de Ausbel (2006). Percebe-se,
portanto, que os autores se complementam e estão em consonância também com os documentos oficiais,
orientando juntos este trabalho.
Dalcroze (1965 apud PICCHIA; ROCHA; PEREIRA, 2013) desenvolveu uma didática que utiliza a
música como meio e como fim através de movimentos e percepções corporais, principalmente centrado no
ritmo. Sentindo o ritmo através do corpo, segundo ele, o cérebro e o corpo aprendem juntos. Seu método é
conhecido como rítmica e inspirou muitos trabalhos posteriores. A Rítmica consistia em fazer movimentos
ordenados com todo o corpo (pés, mãos, dedos) seguindo o ritmo de uma música programada para a

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atividade. Na sua abordagem, é perceptível que a música não é somente uma atividade intelectual, mas uma
prática essencial, indissociável da vivência completa.
Entre as vantagens da Rítmica estão o fato de ele desenvolver a concentração, a prontidão, os
reflexos, a precisão dos movimentos, a flexibilidade, o sentido muscular de tempo, de espaço e um
desenvolvimento do corpo enquanto um instrumento de comunicação, de expressão, de espontaneidade,
explorando suas possibilidades. Alguns dos exercícios práticos mais explorados na Rítmica são a marcha e o
canto. Embora tenha sido criado e desenvolvido no passado, o método da Rítmica é bastante atual e inspira
muitas das atividades práticas que se verificam hoje nas escolas.
Não cabe aqui um relato detalhado do método, uma vez que não realizamos uma aplicação do seu
método, apenas utilizamos seus princípios como inspiração para levar um pouco desse movimento corporal
para sala de aula ao se trabalhar com um tema tão caro a essa metodologia: o ritmo.

1.4. RITMO

O conceito de ritmo remonta a antiguidade e sempre esteve ligado à ideia de movimento. O termo se
origina da palavra grega rythmós, que significa qualquer movimento regular, constante, simétrico.
(CORREIA, 2014)
Em sua dissertação, Correia (2014) pontua algumas das definições atribuídas a ritmos. Uma primeira
definição, apresenta ritmo com tudo aquilo que diz respeito ao tempo da música, o que inclui efeitos de
pulsações, acentuações, compassos, agrupamento de notas em tempos, agrupamento de tempos em
compassos, de compassos em frases, dentre outras possibilidades.
Uma outra possibilidade de definições aponta para as qualidades do ritmo na nossa vida, buscando
uma definição menos mecânica do que a tradicional. Na verdade, trata-se mais de uma ressalva feita no
momento de definir ritmo, para que o considere um elemento natural, não simplesmente mecânico e
matemático. Além disso, para mostrar a importância no ritmo na música, pontua que o ritmo que dá forma à
música o faz como o tronco e os ramos dão forma à árvore. Assim, podemos pensar em quatro elementos
fundamentais da natureza da música: ritmo, melodia, harmonia e timbre.
Uma vez que o ritmo é um elemento natural e também vital para o ser humano, aposta-se em uma
vivência intensa em sala de aula para se sentir o ritmo, compreender com o corpo e depois co m a
consciência, o que dialoga perfeitamente com os dizeres de Ausubel e Dalcroze (1965 apud PICCHIA;

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ROCHA; PEREIRA, 2013), apresentados anteriormente e também com as considerações de Correia (2014),
transcritas abaixo.

O educador deverá treinar o aluno a sentir o movimento quer este seja vivido ou imaginado,
de forma instintiva ou por imitação e, só depois, de forma mais consciente.
Consequentemente obtém-se então a ordem, a ordenação de forma a canalizar o ritmo de
forma a se poder escrever e ler (Willems, 1970). Este músico crê assim que “a vivência
corporal intensa dos elementos do ritmo (pulso, apoio, divisão binária e ternária e o esquema
rítmico da canção ou “ritmo real”) prepara o aluno para a fase posterior e tomada de
consciência, momento determinante no processo de aprendizagem” (Martins, cit. in
Gramani, 1996, p.9). (CORREIA, 2014)

O ritmo faz parte do ser humano e da maneira como ele vive. Há ritmo nas batidas do coração, no
andar de cada um de nós. O estudo do ritmo na disciplina de música é essencial, já que ele é o elemento mais
basilar da canção. Foi por ser um conteúdo inicial e de extrema importância que pensamos em ensinar para
os alunos leitura rítmica através do uso de aplicativos. Além disso, segundo Dalcroze (1965 apud PICCHIA;
ROCHA; PEREIRA, 2013), o ritmo ajuda na concentração, memória, criatividade, entre outras capacidades
sensoriais, afetivas e mentais. Portanto, trabalhar ritmo traz inúmeras vantagens para outros campos do
conhecimento, atuando no desenvolvimento e aprimoramento de algumas habilidades cognitivas.
Utilizamos aqui a metodologia de ensino de Dalcroze (1965 apud PICCHIA; ROCHA; PEREIRA,
2013), reforçada por Correia (2014), fazendo com que os alunos sintam primeiro para depois entenderem o
conteúdo de forma sistematizada. Através do método Dalcroze (1965 apud PICCHIA; ROCHA; PEREIRA,
2013), explicamos que ritmo é movimento e que precisamos usar o corpo para aprender música. Assim,
terão o primeiro contato com as figuras musicais apenas sentindo e reproduzindo.
Acrescentamos que, segundo França e Swanwik (2002 apud SILVA JUNIOR, 2015), existem cinco
maneiras de vivenciar ou sentir música: através da composição, da apreciação, da literatura, da performance
e da execução. Estas cinco maneiras de vivenciar a música o autor chama de Modelo CLASP. A
composição ajuda o aluno a organizar suas ideias e escolher qual é a melhor opção. A apreciação é o meio
ativo de vivenciar a música, sendo a maneira essencial para o desenvolvimento musical e também é a
maneira mais acessível de vivenciar a música. Já a performance, é a melhor forma de o aluno expressar o seu
“pensamento musical”, e é preciso ter plateia. A literatura é onde todo conteúdo está organizado, fazendo o
aluno entender mais profundamente. Por último a execução, a execução é quando o aluno pratica várias
vezes, até está pronto para performance. Nesse relato, utilizaremos três deles, a apreciação, literatura e a
execução. Essas três maneiras foram escolhidas por serem mais simples dos alunos vivenciarem e por não
precisar de muito tempo, pois os encontros eram uma vez por semana.

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1.5. ADOLESCÊNCIA E MÚSICA

A adolescência é uma fase de auto-descoberta e a música tem um papel importante nesta fase. É nesta
época que os adolescentes começam a formar sua identidade e procuram manifestar-se através das
vestimentas, gostos, humor, comportamento, e começam a ficar mais próximos de pessoas em comum,
compartilhando gostos musicais, formando grupos de amizade, e construindo a sua personalidade.
Segundo Sloboda (2008 apud MEIRELLES; STOLTZ; LÜDERS, 2014), a aprendizagem musical
dos jovens decorre principalmente de dois lugares: da família, através de um aprendizado inconsciente ou
“enculturação”, e do ensino, pelo aprendizado consciente. A família é o primeiro meio de socialização do
jovem, são as pessoas perto das quais ele passa mais tempo, formando o seu repertório musical inicial,
através de um processo de absorção da cultura que o cerca, ou “enculturação” nas palavras da autora. Nesse
momento, o jovem escuta apenas o que está no meio que ele convive, tendo uma participação passiva. Se o
jovem não tem muito contato com músicas de estilos diferentes, ele pode começar a ter preconceito com
outros estilos por puro desconhecimento.
O segundo local é na escola, onde o aluno tem contato com estilos diferentes, mas geralmente cerca-
se de outros jovens semelhantes a ele, e isso pode resultar em grupos de amizades de jovens que contém
gostos em comum. Aqui, alguns podem ter a predisposição de participar de vários grupos diferentes,
enquanto outros se restringem a um círculo social mais restrito. Souza (2004) discorre sobre esse processo
de identificação entre os jovens com base em tribos musicais:
Os adolescentes, por exemplo, se identificam com suas tribos musicais (...) frequentando os
espaços multiculturais na cidade, como shows de música sertaneja/caipira/country, e lugares
como boates, onde se sincronizam com o rock, a tecno music, o hip hop, a música “pop”
como o axé-music, pagode, etc. Nesses locais, é freqüente a expressão festiva do coletivo, o
desejo do encontro do jovem adolescente, de ser visto e ver, identificar e socializar-se,
marcando entre grupos e seus pares suas semelhanças e divergências, assumindo-se como
seres sociais complexos e contraditórios. Com os estilos de música eles expressam também
sentidos da cultura juvenil, manifestados no vestir, no comportar, no corpo, na linguagem e
gestos, revelando a identidade: são pagodeiros, neosertanejos, roqueiros, etc. (SOUZA,
2004, p. 10)

O professor quando entra no meio desses jovens para intervir sobre seu conhecimento musical, tem o
dever primeiro de respeitar o estilo individual dos alunos, que é parte de sua identidade. Em contrapartida,
deve considerar que essa identidade sofre constantes processos de transformação, sendo reconstruída dia
após dia. Nesse sentido, como já mencionamos, acreditamos que o professor deve submeter os discentes a

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um amplo leque de estilos musicais. O aumento do repertório não visa apenas o respeito mútuo por
diferentes estilos, mas torna o aluno mais crítico e capaz de avaliar a construção de uma música, tarefa árdua
e que requer mais tempo do que o proposto pelo nosso trabalho.
No mundo de hoje, com a tecnologia que temos com os dispositivos móveis, os adolescentes
possuem seu próprio acervo musical, entrando no seu mundo particular para esquecer seus problemas e
conflitos através da música. Nesse momento, ele já tem uma postura mais ativa no que diz respeito à música,
diferente de quando era criança.

2. METODOLOGIA

Para dar cabo ao objetivo elencado na sessão anterior, delineamos alguns procedimentos
metodológicos que fornecem uma visão mais detalhada sobre a ação em campo. Antes, ressaltamos em que
grupo metodológico se enquadra a pesquisa. Trata-se, naturalmente, de uma pesquisa de abordagem
qualitativa, em que o pesquisador lança uma interpretação sobre os resultados encontrados. Nesse sentido é
natural que haja interferência de certa subjetividade por parte do pesquisador, o que não invalida a pesquisa
enquanto estudo empírico.
Salientamos ainda que é uma pesquisa de natureza aplicada, já que é levada a campo, ou, dito de
outra forma, é uma pesquisa na qual há aplicação de teorias ou considerações já conhecidas no universo
científico. Vale lembrar que pesquisas de natureza aplicada também podem trazer contribuições teóricas, já
que através da aplicação pode ser possível pensar em novas teorias ou novos paradigmas, sobretudo quando
aquelas utilizadas não conseguem explicar o fenômeno estudado de maneira satisfatória.
Para oferecer um panorama da nossa metodologia e dos procedimentos, iniciamos tratando do
planejamento pedagógico. Sabemos que planejamento é fundamental para qualquer aula, porque serve como
um guia para o professor chegar no objetivo final, que seria a aprendizagem do conteúdo de música.
Com relação às aulas, podemos dividir em três momentos distintos, que vamos aqui chamar de
execução, apreciação e literatura. A intenção é que no primeiro momento os alunos fiquem mais ativos.
Como a aula é no turno matutino e no primeiro horário, os alunos ainda estão cansados e a atividade deve
deixá-los mais atentos para a segunda parte. A atividade consiste em uma percussão corporal com figuras
rítmicas, que vão ser ensinadas no momento da aula. Como já explicamos, isto está em consonância com a
teoria de Dalcroze (1965 apud PICCHIA; ROCHA; PEREIRA, 2013). Depois que a prática já foi realizada,
a aprendizagem se torna mais significativa.

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O segundo momento será reservado para apreciar músicas fora do cotidiano deles. Assim vão
aprender mais sobre ritmos ouvindo músicas diferentes e, em seguida, fazemos questões para entenderem
quais instrumentos foram utilizados. Exploramos os timbres dos instrumentos e quais ritmos foram usados
ou misturados nas músicas apresentadas na aula. As questões servem para pensarem e aprenderem com os
próprios erros.
O terceiro momento é dedicado à explicação do conteúdo. Depois desses dois momentos, o aluno vai
ter fixado o conteúdo que foi passado no primeiro momento por meio da prática, e ter ouvido os ritmos no
segundo momento através das músicas. A teoria costuma ser mais cansativa e difícil para os alunos, por isso
é preciso os momentos anteriores, que acabam por otimizar o momento final. Após a explicação, utilizamos
o aplicativo escolhido para os alunos se divertirem jogando e aprendendo o que foi ensinado, assim,
causando uma boa impressão da aula e deixando-os com mais vontade de participarem do próximo
momento.
Utilizamos os videoclipes de bandas de vários estilos musicais, para ampliar conhecimento de
repertório musical, os vídeoclipes que foram mostrados foram: Aurora – I running with the wolves, Hey
Smith – Dandadan, Aurora - Conqueror, MACHETE BOMB - O Contra-Ataque.
Escolhemos o clipe Aurora – Conqueror, porque a música contém um estilo rítmico parecido com o
Forró, que é um estilo tradicional do nordeste, mas cantada de uma maneira diferente. Assim trazemos algo
comum para os ouvidos dos alunos, mas de uma maneira diferente. O clipe Hey Smith - Dandadan foi
escolhido por misturar o rock com reggae e usa instrumentos de metais, que é algo mais raro em bandas de
rock. O clipe MACHETE BOMB - O Contra-Ataque foi escolhido por ser uma banda brasileira
diferenciada, que mistura vários ritmos musicais como o pagode, eletrônica, rock, e rap, além de usar o
Cavaquinho como uma guitarra, assim fazendo vários efeitos diferenciados. Já o vídeoclipe Aurora - I
running with the wolves é uma música Pop da mesma cantora da música Conqueror.
Nas aulas, sempre buscamos estimular os alunos a questionarem, criarem, experimentarem, sentirem,
para serem ativos na sala de aula e aprenderem de uma maneira mais prática. A comunicação faz com que
os alunos sintam-se importantes e com que eles sintam cada vez mais vontade de ir para aula. Uma aula
monótona faz com que os alunos e o professor fiquem cansados e desmotivados em aprender.
Uma das funções do professor de música é mostrar a = de manifestações musicais da cultura local e
das mais distantes, fazendo com que eles compreendam, aumentando as vivências dessas manifestações
culturais e, assim, ultrapassando as barreiras do preconceito contra um ou outro estilo musical e ampliando o

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seu universo musical. É muito importante que esse respeito à multiplicidade seja construído, especialmente
durante a idade jovem.

2.1. ESCOLHA DOS APLICATIVOS

Esse trabalho parte do pressuposto de que há uma necessidade de a escola acompanhar o avanço das
novas gerações e o aplicativo é uma das linguagens tecnológicas mais comuns na atualidade.
E, se a escola quiser acompanhar a velocidade das transformações que as novas gerações
estão vivendo, tem que se voltar para a leitura das linguagens tecnológicas, aproveitando a
participação do aprendiz na (re)construção crítica da imagem-mensagem, sem perder de vista
o envolvimento emocional proporcionado, a sensibilidade, intuição e desejos dos alunos
(PORTO, 2006, p.49).

O aplicativo foi escolhido como ferramenta pedagógica – dentre tantas outras ferramentas
tecnológicas – por algumas razões, como o fato de:
 ser algo que praticamente todos os adolescentes possuem em seus aparelhos, já havendo, portanto,
uma certa afinidade dos jovens com a estrutura dos aplicativos;
 ser mais interativos do que a maioria das outras ferramentas, como sites e vídeos em geral, em que o
aluno observa muito mais do que age;
 despertar mais a curiosidade dos jovens, porque é bastante incomum os professores trabalharem
aplicativos como recursos didáticos em sala de aula; no máximo, eles recomendam a procura.
O termo aplicativo costuma ser abreviado na sigla app ou apps, no plural. A título, segundo o site
siglaseabreviaturas, um app ou aplicativo é “um software desenvolvido para dispositivos móveis, como um
celular, um smartphone ou um player de música”. O site acrescenta ainda algumas curiosidades sobre onde
encontram-se os apps e sobre sua procura.
Os App podem ser encontrados em lojas on-line, tais como App Store, Google Play ou
Windows Phone Store. Boa parte dos aplicativos são gratuitos, alguns possuem versões
gratuitas e os demais são pagos.. Os Apps tornaram-se populares em 2008, de lá para cá, o
número de downloads só fez crescer. A tendência está associada diretamente com a venda de
smartphones. Este último possui um crescimento de 74% ao ano.Inicialmente os aplicativos
móveis foram classificados como ferramentas de suporte á produtividade e à organização de
informações pessoais – calendário, contatos, correio eletrônico, informações meteorológica e
mercado de ações eram os principais App. Com a crescente procura, a expansão para outras
categorias foi inevitável. Entraram na lista os jogos, GPS, redes sociais, bancos e outros

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inúmeros utilitários que atendem as mais diversas necessidades do usuário.
(Siglasabreviaturas)

Depois de escolher trabalhar com aplicativos, era necessário realizar a escolha de qual app seria o
mais adequado para atender nossa demanda. A escolha do aplicativo foi um momento essencial, porque era
preciso seguir alguns critérios que atestassem sua viabilidade para o uso dos alunos, de maneira que sua
utilização por si só não constituísse uma dificuldade para a pesquisa. Foram encontrados vários
aplicativos que traziam apenas teoria, de forma semelhante a uma apostila. Não temos nada contra a apostila
ou teoria, mas acreditamos que, nesse caso, não seria produtivo e muito menos de inovador, já que o app não
se distanciava muito de um livro didático. A mudança ocorria apenas na forma, no suporte físico que deixava
de ser uma folha de papel e passava a ser uma tela; mas não na estrutura e na função. Um aplicativo desse
tipo pode até ser pior que um livro, já que muitas vezes não permite que o aluno faça anotações na superfície
e seu uso excessivo e descuidado tende a causar problemas de vista, como miopia, visão turva e até dores de
cabeça (SILVA, 2015) . Sendo assim, optamos por procurar mais. Como queríamos um app que mantivesse
mais facilmente a atenção dos alunos por sua dinamicidade, procuramos por aplicativos mais práticos e
divertidos, até que encontramos dois aplicativos: o Rhythm Trainer e o Ouvido perfeito.
O Rhythm Trainer é um aplicativo que é difícil de usar e não contém um design atrativo. Além disso,
o app é em inglês, que não atende as condições que estipulamos e precisa de mais espaço de
armazenamento. Já o Ouvido perfeito é em português, tem um design mais atraente, fácil manuseio e precisa
da aproximadamente metade do espaço de armazenamento, comparando com o app anterior.
O Ouvido Perfeito também calibra a porcentagem de acertos, tem a parte teórica caso o aluno esteja
interessado, não precisa do acesso a internet para utilizar, contém mesmo estilo layout de jogos, com
conquistas, desempenho, desafios, o aluno aprende se divertindo e não encara o conteúdo de música como
algo chato, e pode jogar nas horas vagas. O Ouvido Perfeito não é 100% gratuito, mas as atividades que
estão disponíveis são o suficiente para o aluno aprender sobre leitura rítmica.
Em suma, queríamos um app em que o "jogador" interagisse com o aplicativo, fazendo com que a
experiência dele seja mais lúdica e com que memorize mais facilmente por está usando também a memória
corporal, tem uma jogabilidade simples e fácil, além de ser fácil de encontrar. O Ouvido Perfeito foi o que
mais se aproximou desses critérios, por isso optamos por usá-lo em nossa pesquisa.
Os principais critérios que utilizamos nesse momento foram o fato de o aplicativo:
Aplicativo Ouvido Perfeito Rhythm Trainer

Fácil manuseio Sim Não

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Espaço de armazenamento 4,1 Mb 6,3 Mb

Gratuidade A maior parte das atividades Poucos exercícios

Necessidade de utilizar a Não Não


internet

Línguas disponíveis Português e Inglês Inglês

Design atrativo Sim Não

Teoria aliada à prática Sim Sim

2.2. DETALHES BÁSICOS DO Ouvido Perfeito

A primeira imagem que encontramos quando abrimos o aplicativo é esta abaixo, no inferior está a
barra de menu, e a opção selecionada é Treinamento de Ouvido. Nesta opção, há vários conteúdos com
exercícios.

Na sessão Exercícios com intervalos, temos os seguintes tópicos:


 Teoria;
 Comparação de intervalos;
 Identificação de intervalos;

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 Cantar Intervalos;
 Leitura de intervalo.
Logo abaixo da sessão Exercícios com intervalos há a sessão Exercícios de Escala que contém os seguintes
tópicos:
 Teoria;
 Identificação de Escalas;
 Leitura de Escala;
 Ditado Melódico.
A última sessão da opção Treinamento do Ouvido é o Exercícios de Acordes que contém os seguintes
tópicos:
 Teoria;
 Identificação de Acordes;
 Inversões de Acordes;
 Leitura de Acordes;
 Progressões de Acordes.
Cada sessão contém um botão que o nome Estatísticas como vemos na imagem abaixo, onde mostra todos
os acertos e os erros de cada tópico da sessão selecionada através de porcentagens.

De primeira vista vemos que o aplicativo é simples mas completo, contém conteúdos até um pouco
avançado para alunos iniciantes, como foi dito o app é fácil o manuseio, o usuário só precisa selecionar o
exercício desejado para começar a jogar.

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A opção ao lado na barra de menu é a Treinamento de ritmo como vemos na imagem abaixo:

Nesta opção só contém uma sessão que é a Exercícios Rítmicos que contém os seguintes tópicos:
 Teoria;
 Tocando Ritmo;
 Entrada de Ritmo;
 Imitação Rítmica.
A próxima opção que contemos na barra de menu é a Treinadores que vemos na imagem abaixo:

Esta opção é para colocar os exercícios em prática, a primeira sessão desta opção é o Treinamento de
equipe nesta sessão temos o tópico:
 Treinar Leitura à Primeira Vista.
Depois temos a sessão de Treinamento de tons que contém os seguintes

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tópicos:
 Treinador de altura absoluta;
 Treinar Canto de notas.
A próxima sessão é a Treinamento com violão que contém o tópico:
 Treinador de Escala.
E por último temos a sessão Treinamento em teoria que contém o tópico:
 Círculo das Quintas.
A última opção do menu principal é o Perfil que contém o gráfico dos pontos obtidos nos últimos 3
dias como vemos na imagem abaixo. Também contém uma sessão de Desafios que mostra todas as
conquistas realizadas no jogo. Também contém o instrumento para ser ouvido nos exemplos de exercícios,
contém 2 opções, o violão ou o piano. E a última sessão é denominada Pontuação e Quadros de Líderes, nela
são mostrados todos os jogadores e suas melhores pontuações.

Notemos a barra de menu da imagem acima. Nela, há um livro e os tópicos dos conteúdos teóricos
utilizados no aplicativo.

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Nesta opção tem os seguintes tópicos:
 Introdução aos Intervalos;
 Introdução às Escalas;
 Círculo das Quintas;
 Acordes: Tríades;
 Acordes: Acordes com Sétima;
 Inversões de Acordes;
 Modos;
 Escala Cromáticas;
 Ritmo.
A seguir, temos os painéis de Configuração e os créditos. Aqui nos concentramos na opção
Treinamento de Ritmos na sessão Tocando Ritmo. Quando abrimos esta sessão, vemos os exercícios, dos
quais são gratuitos. Eles fazem uma grande diferença no aprendizado dos alunos.

Como vemos, contém duas abas, o Padrão e o Personalizado, na aba Padrão contém os exercícios em
ordem. Na aba Personalizado, o usuário pode escolher seus exercícios preferidos ou que os de maior nível de
dificuldade.
Se o aluno tiver mais dificuldades de saber quanto vale o tempo de cada figura musical, ele pode ir no
tópico Teoria na aba Dicionário que vemos na imagem abaixo, que mostra auditivamente a duração de cada
figura e a sua representação em pausa. E também contém a aba Teoria, que explica em formato de texto.

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2.3. COMO JOGAR?

Como vemos na imagem abaixo, contém figuras musicais em uma pauta rítmica. Logo abaixo, temos
um metrônomo e as opções repetir e pular, junto com o número 1/10. O metrônomo fica tocando
continuamente. Cada barra abaixo do metrônomo representa a duração de 1 tempo do compasso. O usuário
precisa tocar no aparelho celular no ritmo que contém na pauta rítmica acima do metrônomo. Se o exercício
for muito difícil, o usuário pode pular selecionando o botão de pular, ou caso o mesmo erre, ele pode repetir
selecionando o botão de repetir. O número 1/10 mostrado na imagem representa a quantidade de exercícios e
em qual exercício o usuário está no momento.

Caso o usuário acerte, aparece a resposta mostrada na imagem abaixo, cada acerto nas figuras
rítmicas aparece um sinal de acerto verde, e a cada erro aparece um sinal vermelho. Se os acertos forem

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maior que o número de erros, o exercício é contado como acerto. Caso contrário, aparece a resposta
mostrada na imagem abaixo e o exercício é contado como errado. Essa função é muito útil, pois ajuda o
aluno ter sensibilidade se tocou adiantado ou atrasado.

3. ROTEIRO DE EXPERIÊNCIA

3.1. 1° DIA – Primeira observação

A pesquisa foi feita com alunos da terceira série, com idade entre 16 a 18 anos. As aulas ocorriam
pela manhã. Alguns alunos já haviam estudado alguns conteúdos da disciplina com o professor de Artes
chamado Francisco Luiz da Silva, que é especialista em música e desenvolve vários projetos com
direcionamento para esta área do conhecimento. A princípio, ao receber a notícia de que participariam da
pesquisa, os alunos pareceram empolgar-se, porque nunca haviam participado de uma pesquisa, segundo eles
próprios.
Primeiro, observamos duas aulas do professor, em que foi analisado o comportamento dos alunos, e a
maneira que o professor ministrava sua aula, o que poderia nos dar um norte. Nesta primeira aula, o
professor falou sobre dança e sobre registro musical. Nesse momento, percebemos que os alunos prestam
atenção, o professor estava lendo e explicando como uma aula expositiva, mas tinha a interação dos alunos
através de questionamentos. Foi então que pensamos em usar algo com mais movimentação física, e surgiu a
ideia de usar percussão corporal nas aulas, para eles começarem o dia mais ativos e menos sonolentos.

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Depois, percebemos que apesar de eles se movimentarem, era essencial que houvesse a presença efetiva de
música na aula, por isso inserimos uma parte voltada para a apreciação musical, mesmo que em princípio
fossemos trabalhar apenas com ritmo.
O professor da disciplina conseguia estimular muitos alunos a participarem através de questões feitas
oralmente. Apesar de em geral a turma parecer bastante empolgada, alguns alunos não se sentiam muito à
vontade. Atribuímos isso em parte à timidez, talvez porque esse tipo de atividade era incomum para os
alunos, talvez motivado pelo fato de sermos novos naquele ambiente ou mesmo pela dificuldade de superar a
barreira entre docente e discente que preconiza uma participação mais passiva do alunado.

3.2. 2° DIA – Segunda observação

Na segunda observação, o professor trouxe copos vazios de requeijão e entregou um copo para cada
aluno. Em seguida explicou sobre o que é um som grave e um som agudo demonstrando com o copo de
requeijão. O som agudo era feito com a parte de baixo do copo, e o som grave com a parte de cima. Depois
da explicação, ele escreveu quadrados representando figuras musicais como uma partitura no quadro, e
separou em duas partes. A parte de baixo representava o som grave e a parte de cima o agudo. Separou a
turma em dois grupos e pediu para que um grupo tocasse a partitura de baixo e o outro a de cima. Aos
poucos os alunos foram melhorando até que conseguiram tocar o que estava escrito no quadro, logo depois o
professor pediu para trocarem de grupo, e o grupo que estava com grave estaria com agudo e do mesmo jeito
com o outro. O sinal tocou e os alunos saíram. Percebemos que os alunos gostaram mais desta aula pela
interação e a participação ativa na aula. Isso só reforça que uma das melhores maneiras de alcançar bons
resultados é causando maior interação com os alunos através de aulas em que eles participem mais
ativamente.

3.3. 3° DIA – Primeira aula

No primeiro dia, a aula iniciou às 7:15 em ponto, o horário em que começa a aula. Eles ficaram um
pouco surpresos por chegarmos tão cedo, normalmente a aula demora um pouco para os professores
chegarem na sala de aula. Então começamos montando o projetor e em seguida pedi para eles se levantarem

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e formarem um círculo. Eles ficaram perguntando o porquê de formar um círculo, e falamos que a aula iria
ser um pouco diferente. Começamos com alongamento dos pés, e em seguida os outros membros até a
cabeça. O alongamento é um passo importante para ninguém ter uma pequena lesão quando estiver fazendo
a atividade de percussão corporal. Quando começamos com os primeiros exercícios de percussão corporal,
eles não conhecem a figura musical semínima nem a colcheia, apenas pedi para eles me imitarem. No
começo, eles bateram os pés usando o tempo de uma semínima para cada batida, e em seguida bateram
palmas usando o tempo de duas colcheias. Este exercício serve como aquecimento.
Alguns alunos tiveram dificuldades na execução do exercício, mas a dificuldade era mínima. Após 5
minutos, todos já estavam conseguindo executar. Depois mostrei um exercício mais complicado para eles se
surpreenderem com que podemos fazer com o corpo, e não acharam que este exercício era algo infantil.
Pedimos para eles tentarem fazer lentamente, ensinando passo a passo. Aos poucos eles foram conseguindo.
Com um tempo limitado de treino, eles conseguiriam executar perfeitamente, mas não queria que a
percussão corporal ocupasse toda aula. Depois pedi para todos se sentarem e liguei o projetor para mostrar
os vídeos. Como os alunos tinham uma experiência musical antes, eles aprenderam rapidamente. Passamos o
vídeo da cantora Aurora com a música Conqueror e peguntamos o que eles perceberam na música. Um aluno
falou que ela usa muito o corpo para se expressar, que facilita a perda da timidez. Outra aluna falou que não
precisa de muitos equipamentos para fazer uma música linda. Em seguida perguntamos se eles não
perceberam nada no ritmo. Eles falaram que não, e falamos que está música usa uma célula rítmica do forró.
Quando eles perceberam, ficaram impressionados e pediram para ouvi-la novamente.
Logo começamos outro momento da aula. Para começamos a falar sobre ritmo perguntamos o que é
pulsação, uma aluna respondeu que é “quando vemos um crush” (Crush é uma gíria que significa quando
uma pessoa tem um amor platônico por outra pessoa).
Todos alunos riram. Outra aluna respondeu que tem a ver com o batimento cardíaco. Depois
respondemos com exemplos, e demos o exemplo da forca (um jogo de infância onde se preenche linhas com
letras até formar a palavra), mostrando que podíamos entender cada linha como um tempo. Mostramos as
figuras semínima e colcheia e explicamos que a semínima tem uma duração de um tempo, logo, ela só podia
ser colocada em uma linha, e a colcheia de meio tempo. Então, pedimos para eles preencherem cada linha
com a semínima ou duas colcheias. Depois de preenchido no quadro, pedimos para eles lerem batendo na
carteira com a caneta, e não demorou muito tempo para eles conseguirem. Um aluno falou que estava fácil e
perguntou se existiam outras figuras. Nesse momento, inserimos a figura de tempo chamada mínima. Eles
conseguiram facilmente. Um aluno perguntou: “Professor, como escrevo o ritmo dessa música?”.

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A música mostrada era tocada em ritmo de Funk Carioca, então pedimos para ele escrever e trazer na
próxima aula, e ele ficou ansioso para fazer em casa. No último momento da aula, mostramos para eles o
aplicativo chamado Ouvido absoluto, explicamos o funcionamento do aplicativo. Acharam bastante
divertido e perguntaram se o aplicativo consumia muita memória do celular, se precisava do uso da internet.
Pedimos para instalarem o aplicativo em casa e trazer na próxima aula, até que o sinal da escola tocou e
acabou a primeira aula.
A todo momento foi perguntado para os alunos sobre o que eles achavam o que era tal assunto, pois é
muito importante ter essa conversa entre professor e aluno, fazendo com que eles tenham a interação com o
professor a todo momento, além disso o professor de música da turma estava a todo momento em sala de
aula observando e ajudando quando era necessário.

3.4. 4° DIA – Segunda aula

Na segunda aula, pedimos para o professor da turma o projetor. Mas houve um problema com o
projetor e tivemos que usar apenas uma caixa de som para a parte de apreciação musical. Por causa desse
problema, os alunos não prestaram tanta atenção na hora da apreciação por não ter um vídeo. Ao chegarmos
na sala de aula, pedimos para fazerem um círculo como na aula anterior, mais alunos vieram para esta aula,
então explicamos rapidamente o que houve na aula passada e começamos o alongamento. Alguns alunos se
sentiram mais à vontade nesta aula, e estavam interagindo mais conosco. Após o alongamento, passamos a
atividade de percussão corporal. Alguns já conseguiam executar com facilidade, e outros estavam um pouco
tímidos, e dois alunos não quiseram participar da atividade. Supomos que o motivo fosse timidez.
Os alunos começaram a gostar cada vez mais da percussão corporal. Após a atividade, começamos a
segunda parte da aula, que é a parte de apreciação musical. Trazemos sempre bandas diferentes, e a banda
que trazemos nesta aula para apreciação chamava-se MACHETE BOMBS, uma banda brasileira da Bahia
que mistura os ritmos de rap, rock, pagode, e música eletrônica. O guitarrista dessa banda toca um
cavaquinho com efeitos de guitarra trazendo uma sonoridade peculiar. A nossa intenção nesse caso é fazer
com que os alunos apreciem mais a sonoridade do que a letra.
Foi perguntado para os alunos o que acharam da música. Alguns gostaram do ritmo da música. Em
seguida, perguntamos quais instrumentos ele achavam que tinham na música. Falaram bateria, guitarra,
baixo, e vocal. Quando falamos que não continha guitarra eles não acreditaram. Então falamos quais eram os
instrumentos presentes: cavaquinho, baixo, bateria, percussão e dj.

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Partimos para o terceiro momento da aula, que é o uso do aplicativo. Revisamos as figuras musicais
para os alunos relembrarem e os alunos que faltaram aprenderem. Na revisão foi mais fácil de os alunos
acertarem as atividades, então começamos o uso do aplicativo. No início da tarefa, havia muitas dúvidas o
uso do aplicativo. Tiramos todas as dúvidas e observamos eles jogando, divertiam-se e alguns alunos
começaram a ganhar a primeira fase, mas a aula acabou.
Nesta aula descobrimos que os alunos ficam mais focados com vídeos do que com áudios apenas e
também ficaram mais dispersos, não participaram muito, então pensamos que as aulas precisam sempre
trazer algo novo para manter mais a atenção deles.

3.5. 5° DIA – Terceira aula

Chegamos na aula às 7:10 e pedimos o projetor ao professor, pois como vimos na aula passada os
alunos ficam dispersos se não houver um vídeo com a música no momento da apreciação, o que se
confirmou. Alguns alunos falaram que usaram o aplicativo em casa e conseguiram fazer algumas atividades
do app, e que ficaram felizes por resolver, mostraram o celular e acertaram cerca de 80% de algumas
atividades e pediram ajuda em outras atividades que continham as figuras de pausas. Então falamos para ter
calma que vamos explicar nesta aula sobre as pausas.
Começamos fazendo um círculo para a prática de percussão corporal. Como as aulas são feitas uma
vez por semana, alguns alunos não praticam frequentemente, mas com um tempo começam a acertar mais os
ritmos propostos na aula. Desta vez todos participaram neste momento da aula, sentimos um avanço da parte
dos alunos. Focamos em fazer ritmos com pausas para em seguida apresentarmos as pausas para eles.
Após a atividade, entramos no momento de apreciação musical. Nesta aula, passamos a música
Dandadan da banda Hey Smith. Esta banda é um grupo de rock originalmente do Japão e seu diferencial é a
utilização de instrumentos de metais, algo que não é comum em bandas de rock. Além disso, ela misturas
alguns ritmos, nesta música mistura o reagge, ska com o Rock.
Agora é o momento que explicamos as figuras de pausas, falamos a pausa da colcheia e semínima.
Para começar, usamos aquele mesmo método utilizado na primeira aula, em que são feitas linhas no quadro
e os alunos preenchiam com figuras musicais, cada linha é representado com o espaço de 1 tempo, após
preencher as linhas fazemos um ditado rítmico, os alunos faziam o som da sílaba “tá” para as figuras que
representava com som, e silêncio nas pausas.
Em seguida, fizemos dois grupos e separamos em duas vozes, para treinarmos a concentração deles.
Após esta atividade, pedimos para eles utilizarem o aplicativo, jogando as primeiras atividades da opção

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“Tocando ritmo” que é o começo da parte de ritmo. Alguns alunos não tinham instalado o aplicativo ainda e
como não tínhamos Internet na sala de aula, pedimos para eles fazerem duplas com quem já tinha instalado.
Praticaram por 15 minutos. Alguns alunos disputavam entre si o título de quem obtinha a maior pontuação.
Como a competição entre eles parecia bastante saudável, observamos isso como um indício de que a
atividade os estimulava. Então a aula chegou ao fim. Esta aula foi produtiva por que os alunos interagiram
bastante e não foi cansativa. Aos poucos estamos se acostumando com as aulas e aprendendo a lidar com a
turma.

3.6. 6 ° DIA - Quarta aula

Chegamos às 7:23, preparamos o projetor e pedimos para os alunos se levantarem para fazermos a
percussão corporal. Fizemos o alongamento e começamos a praticar as sequências que estudamos nas aulas
passadas. Os alunos conseguiram mostrar mais domínio na percussão corporal. Então fazíamos uma vez
todos juntos e depois um aluno fazia, assim passava de um para o outro, claro que a sempre algum que tem
um pouco de dificuldade, mas no geral a turma conseguiu executar bem.
Agora passamos para a próxima atividade que é a apreciação musical. Trouxemos de novo um vídeo
da artista Aurora. O vídeo se chama I running with the wolves, trouxemos ela novamente porquue os alunos
gostaram e por suas músicas não serem algo que os alunos escutam normalmente em seu dia a dia.
Perguntamos o que acharam da música. A maioria gostou. Então perguntamos quais instrumentos
continham na música. Ficaram confusos, pois na música são usados muitos efeitos eletrônicos. Alguns
responderam violoncelo, outros, teclado. Perguntamos para incentivá-los a diferenciar e separar os
instrumentos em uma música.
Em seguida, fizemos o mesmo exercício feito na aula passada, o ditado rítmico. Após a revisão,
passamos a explicar as pausas de mínima e semibreve e fizemos novamente o exercício de ditado rítmico
para fixar melhor todas as figuras que eles aprenderam. Quando faltava 23 minutos para o fim da aula,
pedimos para os alunos usarem o aplicativo. Alguns conseguiram terminar algumas atividades em 80%, a
maioria acertou em média 60%. Isso é um número ótimo para o número de aulas dadas. O desenvolvimento
dos alunos melhorou aos poucos. Embora haja alguns alunos que não estão tão interessados, a maioria estava
fazendo as atividades corretamente.
Após o final da aula, um aluno falou para nós que está gostando muito de usar o aplicativo, que se
divertia bastante nas horas vagas e também tirou algumas dúvidas, mostrando bastante interesse no assunto.

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4. REFLEXÕES

Sobre a forma como organizamos as aulas, colocar a apreciação como a primeira atividade mostrou-
se muito positivo, o que se manifestou pelas reações dos alunos, de curiosidade e de surpresa. Não a toa essa
posição parece ser reiterada por Ausbel (2006), quando fala em aprendizagem por descoberta, Dalcroze
(1965 apud PICCHIA, ROCHA, PEREIRA, 2013), quando defende sentir e depois aprender, e Correia
(2014), quando fala que a vivência deve preceder a consciência. Além do mais, sem saber exatamente qual
seria a próxima atividade, eles eram levados a prestar bastante atenção no vídeo de uma maneira geral e só
depois de maneira mais direcionada. A aprendizagem por descoberta de Ausbel (2006) também vinha por
forma das perguntas que fazíamos após a exibição dos vídeos e durante outras atividades, que tentavam
sempre estabelecer uma ponte com o conhecimento dos jovens. Além disso, fazíamos links entre as
atividades que iam sendo realizadas durante as aulas, inclusive durante as partes de uma única aula. Dito de
outra forma, quando íamos realizar atividades no celular ou introduzir a teoria, recuperávamos essa
experiência prática anterior, que foi gerada no próprio ambiente escolar. Assim, criávamos uma espécie de
subsunçor recente e coletivo de que podíamos nos servir posteriormente.
O uso do celular apresentou no final algumas vantagens. A atividade foi a que se mostrou mais
desafiante e motivadora na nossa percepção, pois houve interesse extra-aula e uma participação massiva na
aula. Utilizar o celular no final da aula também foi bastante produtivo, porque o final da aula é um momento
em que os alunos frequentemente já estão cansados e rendem menos e isso não acontecia devido à parte mais
dinâmica ter ficado justamente para o final. O rendimento da turma no jogo, fazendo um apanhado, variou
de 60% a 80% no tempo em que atuamos na escola, ou seja, uma média de 70%, o que consideramos um
resultado bom, principalmente porque o número de acertos ia progressivamente aumentando em comparação
com o número de erros. Outra vantagem do jogo foi a memorização, os alunos lembravam mais facilmente
dos conteúdos de partitura rítmica presentes no jogo, o que percebíamos no momento de passar e revisar a
teoria.
Entre os empecilhos, destacamos a falta de interesse de alguns alunos que não realizavam as
atividades práticas, embora eles representassem uma minoria na turma. Atribuímos isso em parte ao status
da disciplina que é vista por alguns como um conteúdo menor, em parte à timidez de alguns. Talvez dentro
de algum tempo a mais eles viessem a se incluir no grupo maior dos alunos, uma vez que alguns que
inicialmente ficavam mais quietos foram aos poucos participando das atividades.

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Em suma, a experiência supriu nossa expectativa e pode servir para inspirar o trabalho de outros
professores através do nosso relato. Nosso ponto de vista é de que a sala de aula deve sempre ser encarada
como um laboratório em que vamos testando várias metodologias de trabalho de forma a estar cada vez mais
preparados para fazer um trabalho com mais qualidade, com diferentes públicos de diferentes maneiras.
Devido a toda diversidade de públicos, reconhecemos também que o que aqui relatamos pode não surtir
efeito ou surtir pouco efeito em outros contextos de aprendizagem.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebemos que a cada dia o mundo evolui, surgem novas formas de tecnologia, novas maneiras de
se comunicar. Precisamos sempre nos adaptar para compreender o mundo ao nosso redor. No nosso
país há pouco recursos para um professor, especialmente de música, então para a sobrevivência do ensino de
qualidade, precisamos nos adaptar com os recursos que temos. Nesse sentido, é essencial ter a perspicácia de
utilizar-se dos recursos que a tecnologia nos dispõe e de que os alunos se valem em seu cotidiano. Nesta
pesquisa, trouxemos apenas uma “ponta do iceberg” de milhões de possibilidades de ensino de música
através da tecnologia. No nosso caso, optamos pelo uso de aplicativos, mas outras ferramentas, como o uso
das redes sociais, blogs, canais de vídeo, games podem ser excelentes ferramentas de aprendizagem quando
aliadas a um projeto de ensino eficiente.
Os celulares podem ser uma grande distração para os alunos, mas também podem ser uma grande
arma para o professor, sobretudo porque possuem cada vez mais funcionalidades à semelhança do
computador. O professor pode estimular o aluno a usar mais o aparelho de uma maneira produtiva e motivá-
los. Como o celular é um dos aparelhos mais utilizados pelos jovens, podemos utilizar esse aparelho como
um subsunçor para fazer um link com o novo conteúdo que na nossa situação é o ritmo, assim facilitando a
aprendizagem, e a motivação dos alunos.
Esperamos que este relato de experiência sirva para ajudar ou impulsionar de alguma maneira novas
pesquisas na área de ensino de música com o uso da tecnologia.

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6. REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de dezembro de 1996.
CORREIA, Vítor Horácio Esteves. O ensino do ritmo no 1º e 2º graus da disciplina de formação musical
do ensino especializado da música. 2014. Dissertação (Mestrado em Música) – Universidade Católica
Portuguesa, Porto.
FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios, ensaio sobre música e educação. São
Paulo: Unesp, 2005.
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