Lei Anticrime

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1

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI


CENTRO UNIVERSITÁRIO
IDEAU CURSO DE DIREITO

(IN) CONSTITUCIONAL DO REQUISITO DA CONFISSÃO


PARA PROPOSTA DO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO
PENAL - ANPP

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

********

GETULIO VARGAS/RS
2023
2

*********

(IN) CONSTITUCIONAL DO REQUISITO DA CONFISSÃO PARA


PROPOSTA DO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL - ANPP

Projeto de Pesquisa, apresentado


ao Curso de Direito, do Instituto
de Desenvolvimento Educacional
do Alto Uruguai, como parte dos
requisitos para obtenção de
aprovação na disciplina de
Estágio de Prática Jurídica III.

Orientador: Prof. Danubia Desordi

GETÚLIO VARGAS / RS
2023
3

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI


CENTRO UNIVERSITÁRIO IDEAU
CURSO DE DIREITO

A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de


Conclusão de Curso

(IN) CONSTITUCIONAL DO REQUISITO DA CONFISSÃO PARA


PROPOSTA DO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL - ANPP

ELABORADO POR
*******************

Como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito

Aprovado em: / /

COMISSÃO EXAMINADORA:

Prof(a). M(a). Nome do orientador(a) – Orientador(a)


Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai –
UNIDEAU

Prof.xxxx
Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai –
UNIDEAU

Prof.ª.
xxxx
Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai -
UNIDEAU

GETÚLIO VARGAS / RS
2023
4

AGRADECIMENTO
5

A base da sociedade é a justiça; o julgamento


constitui a ordem da sociedade: ora o
julgamento é a aplicação da justiça.

Aristóteles
6

RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso aborda a temática (in) constitucional do


requisito da confissão para proposta do acordo de não persecução penal – ANPP. O
objetivo central desta pesquisa é analisar se as exigências de confissão para a
oficialização do ANPP infringem os princípios constitucionais do processo legal e da
presunção de inocência, bem como seus efeitos, a pergunta de pesquisa que norteia
este estudo é: Tal exigência de confissão para a oficialização do ANPP infringe os
princípios constitucionais do processo legal e da presunção de inocência, bem como
seus efeitos? Sendo que a confissão foi feita de extrajudicial e sem a observação
das garantias constitucionalmente previstas no CPP. Após a elaboração de todo o
trabalho pode-se dizer que o ANPP é um assunto completo que gera e vai gerar
muitos debates no Direito Processual Penal, está previsto no artigo 28-A do Código
Processual Penal e está inserido pela Lei nº 13.964/2019), é uma ferramenta
utilizada antes do processo com o objetivo de solucionar de forma consensual aos
casos criminais de média ofensividade entre a acusação (MP) e o criminoso.
Percebeu-se que seguindo a mesma linguagem da Constituição Federal e a lei que
o instituiu o ANPP, fica claro que é inconstitucional, pois, o correto seria dispensar o
requisito da confissão quando os doutrinadores já tinham provas suficientes para
formar a justa causa, evitando reflexões quanto a sua existência ou não e evitando
violar os direitos e garantias constitucionais do investigado. Portanto, os princípios
violados ferem o processo legal, pois, a lei não concede a ampla defesa,
principalmente quando o réu confesso da conduta tida como crime. Percebeu-se que
a presunção da inocência não vai de encontro com a confissão no ANPP, pois se a
lei dava mais benefício ao infrator que o inocente, não se mostra aplicável o princípio
na norma penal brasileira.

Palavras-Chave: Princípio Da Inocência. Confissão. ANPP.


7

ABSTRACT

This Course Completion Work addresses the (in)constitutional theme of the


confession requirement for the proposal of the criminal non-prosecution agreement -
ANPP. The central objective of this research is to analyze whether the confession
requirements for the officialization of the ANPP violate the constitutional principles of
the legal process and the presumption of innocence, as well as their effects, the
research question that guides this study is: Such a confession requirement for does
the officialization of the ANPP infringe the constitutional principles of the legal
process and the presumption of innocence, as well as their effects? Since the
confession was made extrajudicially and without observing the guarantees
constitutionally provided for in the CPP. After the elaboration of all the work, it can be
said that the ANPP is a complete subject that generates and will generate many
debates in Criminal Procedural Law, it is provided for in article 28-A of the Criminal
Procedural Code and is inserted by Law nº 13.964/2019 ), is a tool used before the
process with the aim of consensually solving criminal cases of medium offense
between the prosecution (MP) and the criminal. It was noticed that following the
same language of the Federal Constitution and the law that instituted the ANPP, it is
clear that it is unconstitutional, since the correct thing would be to dispense with the
confession requirement when the scholars already had enough evidence to form the
just cause, avoiding reflections on its existence or not and avoiding violating the
constitutional rights and guarantees of the investigated person. Therefore, the
principles violated harm the legal process, since the law does not grant full defense,
especially when the defendant confesses to the conduct considered as a crime. It
was noticed that the presumption of innocence does not go against the confession in
the ANPP, because if the law gave more benefit to the offender than the innocent,
the principle is not applicable in the Brazilian criminal law.

Keywords: Principle of Innocence. Confession. ANPP.


8

LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Quadro 1 Fatos históricos do Direito Processual Penal. 14


Figura 1 Requisitos para a aplicação do ANPP art. 28ª, incisos I e II. 19
Quadro 2 Características sobre o ANPP. 21
9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇAO 9
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO PENAL 11
2.1 ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 15

2.2 A CONFISSÃO NO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL. 18


2.3 DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E SEUS
CONSECTÁRIOS 22
2.4 DA IRRELEVÂNCIA DA EXIGÊNCIA DE CONFISSÃO NO ACORDO DE
NÃO PERSECUÇÃO PENAL 28
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 34
REFÊRNCIAS 35
1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema a (In) constitucional do requisito da


confissão para proposta do acordo de não persecução penal – ANPP. Foi o
Conselho Nacional do Ministério Público, através da Res. 181/17, e da Res. 183/18
que criaram o acordo de não persecução penal (ANPP), sendo assim, o presente
trabalho propõe uma discussão sobre o ANPP e a Lei Anticrime nº 13.964/2019 que
reestruturou o Código de Processo Penal (CPP) abrindo espaço para o art. 28-A
com alterações referentes a justiça penal negocial. Esse novo acordo abriu lacunas
quando se exige do suspeito uma confissão formal e circunstanciada, como provas a
consecução do acordo.
Portanto, para o ordenamento jurídico é um acordo inovador, por ser uma
nova alternativa de acordo, além das já previstas nas Leis n. º 9.099/95 que aborda
a transação penal e a suspensão condicional do processo e n. º 12.850/13, que
destaca os rumos da colaboração premiada. Sendo assim, pretende-se abordar se a
confissão pode ser entendida como uma simples hipótese do acordo ou como um
meio de prova.
O processo penal estava precisando de um instrumento como o ANPP que
apresenta atributos que reforçam a confiança no seu cumprimento integral. Portanto,
a partir da alteração feita na Lei Anticrime é que se pretende se fazer uma reflexão
10

se a produção ou não de efeitos processuais em desfavor do suspeito em caso de


descumprimento do que foi ajustado no acordo.
Antes da publicação da Lei Anticrime e do ANPP, não era exigido o
reconhecimento da culpa do suspeito ou investigado, apenas era feito a suspensão
condicional do processo e a transação penal. Sendo assim, essa exigência levanta
reflexões negativas quando não houver o cumprimento das condições pelo
investigado ou quando o juiz se recusar a homologar o acordo, pois, após ser
instaurada a ação penal depois da rescisão do acordo, o suspeito já terá assumido a
responsabilidade do delito cometido e confessado o crime de forma detalhada.
Com isso, o presente trabalho levanta a seguinte problematização: Tal
exigência de confissão para a oficialização do ANPP infringe os princípios
constitucionais do processo legal e da presunção de inocência, bem como
seus efeitos? Sendo que a confissão foi feita de extrajudicial e sem a observação
das garantias constitucionalmente previstas no CPP.
O objetivo geral é analisar se as exigências de confissão para a oficialização
do ANPP infringem os princípios constitucionais do processo legal e da presunção
de inocência, bem como seus efeitos, e os objetivos específicos são: apresentar a
natureza jurídica da confissão do ANPP; investigar se há a produção ou não de
efeitos processuais caso aconteça o descumprimento do que foi acordado; verificar
se há violação ou não no direito à ampla defesa e observar se existe a possibilidade
de utilizar a confissão do acordo mesmo quando não homologado o que foi
combinado, no processo criminal.
Sendo assim a escolha do tema justifica-se por apresentar relevância
acadêmica, política e social, pois, o acordo de não persecução penal remete a uma
reflexão contraria acerca dos princípios jurídicos fundamentais relacionados a
presunção de inocência a ampla defesa, e a não autoincriminação, A contradição a
tais princípios não vão de encontro com as garantias penais e processuais inerentes
a todo ser humano, independente da natureza jurídica que se infere da confissão.
Para Azevedo (2022) no novo instituto, no espaço de discricionariedade
regrada (poder-dever) que lhe concede a legislação e a própria concepção do
instituto sob foco, o Ministério Público (MP) poderá se negar a formular proposta ao
investigado, pois deverá ponderar previamente e fundamentar se o acordo é
necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime no caso concreto.
11

Portanto, para Menezes (2022) são pressupostos cumulativos do acordo: a)


existência de procedimento investigatório; b) não ser o caso de arquivamento dos
autos; c) a pena mínima abstratamente cominada ser inferior a 4 (quatro) anos,
sendo que, para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput
deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição, aplicáveis ao
caso concreto (§1º.);d) o crime não ser cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa; e) o investigado ter confessado formal e circunstancialmente a prática do
crime.
Com isso, é de fundamental importância desenvolver um estudo nesse cunho,
pois possibilitará a aquisição de novos conhecimentos sobre as mudanças no CPP e
o aperfeiçoamento no que se trata de Leis Anticrimes, bem como contribuirá na
formação e capacitação profissional.

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO PENAL

O processo penal faz parte do âmbito jurídico, e destaca-se por possuir


legislação própria e previsão constitucional, portanto, para se entender o direito
penas e os princípios que o regem é preciso fazer uma análise acerca da história do
processo penal, para que entender o poder punitivo no âmbito jurídico atual.
O direito penal faz parte da história do homem e não é um assunto
contemporâneo, a escravatura é um marco do direito processual penal, pois, existam
atos de violência, agressões, mortes, maus tratos; muitas guerras, penas de morte,
torturas, prisões, banimentos, crimes de sangue; até nos relatos bíblicos tem-se o
registro de diversos acontecimentos cruéis (WOLKMER, 2016).
Destaca-se que o direito aparece como garantia social, para que o homem
possa viver em Lopes (2012) em virtude da escravidão, o direito processual penal
se preocupou em definir os crimes e atribuir-lhe pena, com o objetivo resolver o
conflito entre o interesse de punir e da responsabilidade criminal.
No âmbito jurídico, o processo penal é o meio que o juiz vai definir quem é o
culpado ou inocente. Contudo, tendo em vista que o crime afeta todo o meio social,
o Estado é titular do direito de punir (jus puniendi), tal direito deve dispor-se do
12

princípio da reserva legal, no qual só será considerada infração penal, a conduta


prevista em lei (WOLKMER, 2016).
Na época em que não havia pena, as pessoas faziam justiça com as próprias
mãos, as penas judiciais era vingança coletiva, de modo que um criminoso sofria
castigos muito mais severos e cruéis do que os próprios males que havia praticado
(WOLKMER, 2016). E esse tipo de ato era uma obrigação, não era ilícito e sim,
correto se vingar.
Com isso, surgiu a Lei de Talião, olho por olho, dente por dente, essa Lei foi a
primeira delimitação do castigo; o crime deveria atingir o seu infrator da mesma
forma e intensidade do mal causado por ele, existia ainda a vingança divina, na qual
o direito se confundia com a religião e a vingança pública, a qual assegurava a
segurança do monarca (LOPES, 2012). Portanto, vencia os que eram mais fortes.
Sendo assim, para Wolkmer (2016) o direito processual penal, portanto,
direciona a apurar a culpa do réu, determinar a pena para quem realmente é culpado
e, além disso, a pena deve ser imputada ao infrator de acordo com o crime que o
indivíduo cometeu. Vale destacar também que o direito processual penal sofreu
influência do Direito Canônico e do Iluminismo, que segundo Lopes (2012, p.96):

O direito Canônico deu uma atenção ao aspecto subjetivo do crime,


combateu a vingança privada, humanizou as penas, reprimiu o uso de
ordálias e introduziu as penas privativas de liberdade em substituição às
patrimoniais, buscou- se a recuperação dos criminosos através do
arrependimento com a utilização de penas e métodos severos, forão os
canonistas responsáveis por formular critérios de racionalização e
formalização do Direito, dentro do Processo Penal Canônico, surgiram
também as novas penas que não eram simples reparações de danos,
multas, banimentos ou perda de títulos.

Portanto, entende-se que a partir do Direito Canônico a vida jurídica dos


europeus foi reestruturada. Para Wolkmer (2016) o iluminismo foi um movimento
político, científico e cultural, marcado por uma valorização do homem e de sua
racionalidade, trouxe a reforma dos estatutos do ensino jurídico, proibição do
julgamento por costumes, aplicação lógico-literal do Direito pelos tribunais e a
possibilidade de incorporação das leis esclarecidas da Europa, a partir da Lei da
Boa Razão (1769).
Por meio do iluminismo os doutrinadores reorganizaram o deito como
legislação. Portanto, com a propagação das ideias iluministas no século XVIII, era
preciso romper com os convencionalismos e tradições vigentes, este foi um período
13

conhecido como Período Humanitário, onde se almejava uma lei penal que fosse
simples, clara, precisa e escrita em língua pátria (LOPES). Tal lei deveria ser rígida,
a ponto de combater a violência e a criminalidade, e que tornasse o processo penal
eficaz e rápido.
O Sistema Penal, ao longo da história, passou por diversas mudanças, que
foram condensadas em três modelos principais: Acusatório; Inquisitivo e Misto.
Segundo Silva (2016) no período da Grécia Antiga o Sistema Acusatório era
vigente, onde se distinguia crimes de responsabilidade pública dos de
responsabilidade privada, assim como em Roma, inicialmente. Compreende pelo
qual o juiz era mero regulador do procedimento, pois os próprios envolvidos
apresentavam a acusação, as provas e argumentavam sobre o caso, e ao final o
júri dava o veredicto. O júri era composto por um grande número de pessoas,
porque acreditava-se que quanto mais indivíduos julgando, maior a probabilidade
de se fazer justiça.
No modelo acusatório, se permitia liberdade de defesa e acusação e não
seguiam normas ou leis. Para Silva (2016) o Sistema Inquisitivo surgiu no século
XIII como um substituto do processo penal acusatório e se consolidou em toda a
Europa continental no século XVI, este processo alterou todo o sistema penal e
tentava corrigir, de certa forma, as falhas do antigo Sistema, esse fenômeno
estimulou de uma forma direta a mudança do sistema penal e marcava também a
restauração do estudo do direito romano, bem como uma reformulação da
concepção do direito, uma consequência de outros fatores políticos e filosóficos da
época.
Portanto, no sistema inquisitivo foi criado o Ministério Público, e após a
Revolução Francesa, o sistema penal foi alterado originando o Sistema Misto, haja
vista que o processo continha em uma parte inquisitiva e outra acusatória.
Segundo Tourinho Filho (2012, p. 112) o processo misto constitui o sistema penal
na grande maioria dos países, assim como no Brasil, sesse sistema o processo
segue os passos:

(1) O inquérito, o qual é, segundo o glossário Jurídico, o “procedimento


para apurar se houve infração penal. A partir do inquérito se reúnem
elementos para a proposta de Ação Penal.”, ou seja, são todos os objetos,
depoimentos e pistas recolhidas que correspondem a indícios de provas;
(2) A denúncia ou acusação (formal) emitida por um órgão público, como,
por exemplo, o Ministério Público; (3) Pronúncia, onde o acusado conhece
14

as acusações, é interrogado e tem direito de se manifestar e escolher um


advogado; e (4) O julgamento, que é onde interroga-se o réu
(publicamente); faz-se a leitura de todo o processo (caso); interroga-se os
acusadores e toma-se o depoimento das testemunhas (prublicamente); há
o debate das partes legais de defesa e acusação, como, promotoria e
advogado; e, por fim, a decisão do júri, se for o caso, e a leitura da
sentença.

A história da nossa sociedade evolui rapidamente, bem como as leis e os


métodos para aplicá-la de maneira adequada sem que inocentes sejam lesados. A
história nos remete a fazer uma reflexão acerca da justiça e na evolução do
processo, pois, tanto na história antiga como na moderna o ideal é o mesmo que
aquele ou aqueles que cometem crimes deverão pagar.
Tais mudanças buscaram a evolução na procura pela melhor forma de se
fazer justiça, o que nem sempre ocorreu, devido a ideologias retrógradas em
períodos obscuros da história. Diversos fatores influenciaram a alteração nos
sistemas penais, como a organização política e econômica, ascensão da Igreja, a
Revolução francesa, deixando claro que em todos os períodos históricos houveram
práticas punitivas.
Com isso, o quadro 1 demostra os principais fatos históricos do Direito
Processual Penal.
Quadro 1: Fatos históricos do Direito Processual Penal.
Vinda da Família Real em As leis passaram a ser editadas no Brasil e se
1808 comutavam as penas. A igreja foi uma poderosa
instituição e seu representante, Papa Inocêncio II,
elaborou formas para o início do procedimento
criminal.
Em 1822 ocorreu a A partir de então, houve a possibilidade do país formar
independência do Brasil ordenamento penal e processual penal próprio.
Outorga da 1ª Poder moderador, a qual dispunha com precisão o
Constituição Brasileira em Princípio da Legalidade: “nenhum cidadão pode ser
1824 obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa,
senão em virtude de lei” (Artigo 5º inciso II da CF).
Edição do código Criminal Veio solucionar a definição de tipos penais e algumas
em 1830 normas proibindo certas condutas.
Instituição do primeiro Tal Código foi liberal e oferecia muitas garantias de
Código de Processo defesa aos acusados.
Criminal de Primeira
Instância
A Constituição Federal Aboliu a pena de morte, salvo em caso de guerra.
Republicana de 1891
15

A legislação processual Providenciou- se a promulgação do atual Código de


penal foi unificada com a Processo Penal. A carta outorgada no Brasil aboliu
Carta de 1934 e com o torturas e outras penas cruéis.
advento da Carta
Constitucional de 1937
No ápice da Segunda O Código foi criado por Getúlio Vargas durante o
Guerra Mundial (1839- período do Estado Novo. Tinha como princípio a
1945), surge o Código de culpabilidade, priorizava-se a segurança pública. A
Processo Penal, Decreto redação original ressalta a questão de reforçar os
Lei 3.689, de 3 de outubro poderes dos agentes policiais e a ampliação da
de 1941 liberdade probatória do juiz.
A Constituição Federal de Redemocratizou o país, atribuiu ao Ministério Público a
1988 exclusividade de exercício da ação penal pública,
instrumento utilizado pelo Ministério Público para
postular ao Estado a aplicação de uma sanção
decorrente de uma infração penal. A ação penal
objetiva a aplicação da lei, ou seja, é o direito de
evocar-se o poder judiciário para a aplicação do direito.
Fonte: WOLKMER, (2016).

Destaca-se que o Código de Processo Penal, Decreto Lei 3.689, de 3 de


outubro de 1941 está vigente até os dias de hoje, e mantem o inquérito policial e o
procedimento escrito, sendo assim, no decorrer da história o direito Processual
Penal buscou elaborar leis cada vez mais punitivas e severas viando diminuir o
índice de criminalidade.

2.1 ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL

O acordo de não persecução penal é um instrumento pré-processual que visa


à solução consensual de casos criminais de média ofensividade, também é um
acordo de vontades, um negócio jurídico processual entre órgão de acusação e o
investigado. Sua constitucionalização se deu através da lei 13.964/19.
A lei 13.964/19 intitulada de Pacote Anticrime, que em seu artigo 3º atribuiu
ao Código de Processo Penal (CPP) o artigo 28-A que disciplina toda a matéria de
não persecução em âmbito pré-processual penal, antes do acordo tal lei era
regulamentado pelas resoluções 181/2017 e 183/2018, ambas do Conselho
Nacional do Ministério Público – CNMP, (BRASIL, 2023).
16

A ausência de amparo legal para os procedimentos necessários em agilizar


os julgamentos dos casos causou inúmeras polêmicas, sendo assim, o pacote
Anticrime foi concebido diante da crescente impunidade dos agentes delituosos por
consequência de vários motivos, inclusive por serem agraciados pela prescrição
decorrente da demora em processar e julgar os casos (LIMA, 2017).
A realização do ANPP vai de encontro com as ações que se tornam positivas
para o Poder Judiciário, fazendo com que se reduza as demandas processuais, para
Lopes Junior (2020) poupará dispêndio público para toda a instrução criminal, em
decorrência da sua irrelevância, vez que o conflito será previamente resolvido
mediante o consenso entre o acusador e o acusado.
Se falando primeiramente em nível internacional o Conselho Nacional de
Justiça – CNJ (2023, p. 87) descreve que existe a denominada Regras de Tóquio:

Á Resolução 45/110 da Organização das Nações Unidas (ONU),


denominada Regras de Tóquio, prevê a adoção de medidas
despenalizadoras ainda na fase pré-processual, conforme o item 5.1 da
Resolução: sempre que adequado e compatível com o sistema jurídico, a
polícia, o Ministério Público ou outros serviços encarregados da justiça
criminal podem retirar os procedimentos contra o infrator se considerarem
que não é necessário recorrer a um processo judicial com vistas à proteção
da sociedade, à prevenção do crime ou à promoção do respeito pela lei ou
pelos direitos das vítimas. Para a decisão sobre a adequação da retirada ou
determinação dos procedimentos deve-se desenvolver um conjunto de
critérios estabelecidos dentro de cada sistema legal. Para infrações
menores, o promotor pode impor medidas não privativas de liberdade, se
apropriado.
Sendo assim, percebe-se que à Resolução 45/110 prevê medidas não
privativas de liberdade sem desconsiderar a singularidade de cada Estado, o Brasil
ao incorporar o ANPP circunda a Resolução 45/110 da ONU. Para Lopes Junior
(2020) a fase pré-processual penal brasileira ou fase inquisitorial, encerra-se com a
conclusão do inquérito policial (IP), mediante relatório feito pelo Delegado de Polícia,
que terá encaminhamento ao órgão ministerial para adotar à medida que achar
cabível.
A lei 13.964/19 possibilita ao MP propor também o ANPP, tornando-se uma
quarta possibilidade à adoção das medidas como optar pelo arquivamento do feito;
solicitar novas diligencias junto à autoridade policial, para complementação das
investigações; ou oferecer a denúncia, em caso de satisfação do IP, por garantir
indícios suficientes de autoria e materialidade do fato delituoso para que o Ministério
Público (MP) possa peticionar e dar início à ação penal (BRASIL, 2023). Essas
17

medidas poderão ser adotadas logo após o recebimento do IP e antes da


instauração do processo penal.
De acordo com o caput do artigo 28-A do CPP:

Após a conclusão do IP, não sendo caso de arquivamento, pois assim não
se tem a perda do objeto, contudo, antes do oferecimento da denúncia,
evitando a instauração do processo, o parquet poderá oferecer acordo não
persecutório. Sua propositura poderá ser em qualquer delito, desde que
com ausência de violência ou grave ameaça, inclusive cabendo para delitos
que envolvam a Administração Pública e em se tratando da seara eleitoral.
Além disso, estabelece que a pena mínima para o delito cometido, seja
inferior a 4 anos, para que coincida com o limite aplicado às penas diversas
da privativa de liberdade, podendo ainda sofrer redução de 1/3 a 2/3,
estabelecida no ato da negociação, além disso, no quantum mencionado,
considera-se as causas de aumento e diminuição da pena (BRASIL, 2023,
p. 257).

Com isso, percebe-se que ao implementar o ANPP a prioridade será os casos


que passarão pelo trâmite tradicional do devido processo legal e satisfazer as
finalidades do direito penal, assim, independentemente do uso de medidas privativas
da liberdade, o que se torna mais relevante é a efetividade da ressocialização,
sendo necessário e suficiente para tanto, atentando a proporcionalidade (TÁVORA,
2022).
Portanto, o ANPP deverá ser necessário e suficiente à reprovação e
prevenção do crime. Os incisos do caput do artigo 28-A do Código de Processo
Penal (CPP) descreve e assegura para o acordo condições com alternativas de
poder escolher uma ou outra ou cumulativas podendo adotar duas ou mais
condições, sendo elas:
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de
fazê-lo; II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo
Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; III -
prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois
terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); IV -
pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade
pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que
tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou
semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou V - cumprir, por
prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde
que proporcional e compatível com a infração penal imputada (BRASIL,
2023, p. 258).

Nessa ressalva vale destacar que de acordo com inciso V do artigo 28-A do
Código de Processo Penal (CPP), o MP pode estipular outra condição, que se atente
18

à proporcionalidade, averiguada detalhadamente. Com a nova previsão legislativa


do ANPP, Brasil (2023) descreve que é visível a sua incidência em mais de 70% dos
crimes penais, ultrapassando o que existe na lei 9.099/95, mas, o requisito da
confissão formal e circunstancial está gerando polêmicas no momento da aplicação
do acordo de não persecução penal, vez que denota desnecessidade e consequente
inconstitucionalidade material.
Entretanto, a confissão, é considerado um elemento ilícito entre órgão
acusador e o sujeito acusado, prejudicando o direito ao silêncio, previsto no artigo
5º, LXIII, da Constituição da República (1988), assegurando ao preso o direito de
permanecer calado com a devida assistência familiar e de defesa técnica (BRASIL,
2023) CF. Com isso, entende-se que ninguém deverá produzir provas que
prejudique a si mesmo, ou seja, se auto incriminar.
Nas palavras de Mendes e Branco (2018) a confissão do crime fere o
princípio da Dignidade Humana, contido no artigo 1º, inciso III, da Constituição da
República, pois, sendo ele a base de todo o Estado Democrático de Direito, tratando
os indivíduos como sujeitos de direito dentro do âmbito persecutório penal, não mais
como objeto, a confissão como cessão necessária por parte do indiciado apresenta-
se como fundamento à instauração da ação penal, tornando-se verdade real, por
assim dizer, finda por tornar objeto o indivíduo, servindo apenas aos caprichos do
ius puniendi.
Portanto, entende-se que independente do que o acusado optar ele estará
interligado às imposições feita no acordo ao aceitá-las, estará automaticamente
confessando o delito, podendo fazê-lo não só por questões de ser de fato o autor do
crime, mas pelos benefícios que se angaria ao momento do oferecimento do ato
formal não persecutório, tal como a não formação de antecedentes criminais, para
fins de reincidência, ou o fato de não haver punição com pena privativa de liberdade
(MENDES e BRANCO, 2018).
Com isso, nota-se que o acordo ANPP é considerado inconstitucional por ter
como principal requisito a confissão do indiciado e isso vai contra o que se descreva
na Carta Magna. Para Cunha, et al. (2020) já que o Brasil opta pelo sistema misto
na sua persecução penal apenas reforça o quão necessário é este princípio para
realização da justiça, demonstrando assim uma arbitrariedade do legislador ao
prever a confissão como condição com o intuito de garantir um benefício para as
partes. Sendo assim, tal acordo mostra-se abusivo sendo desnecessário a confissão
19

no ANPP, já que a finalidade do mesmo é agilizar os processos para crimes


pequenos visando a ressocialização do infrator.

2.2 A CONFISSÃO NO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL.

Percebeu-se nas concepções do tópico anterior que a confissão no acordo de


não persecução não pode se limitar apenas como um simples requisito, deve ser
prova a ser utilizada na futura ação penal em caso de rescisão (BEM, 2021). Portanto,
se o acordo de não persecução penal, não for homologado, é descabida a utilização
da confissão.
Para Cabral (2020) na hipótese de o acordo não ser homologado, volta-se ao
status quo ante, não sendo possível, por força do princípio da lealdade e da
moralidade administrativa, o seu uso em prejuízo do investigado. Nessa ressalva os
doutrinadores devem recorrer a outros princípios como da existência, validade e
eficácia.
Segundo Cabral (2020, p. 123):

A possibilidade de utilização da confissão se situa no plano da eficácia e


terá lugar após o inadimplemento, pelo investigado, das condições
acordadas. No entanto, para que tal eficácia decorra do acordo de não
persecução penal, é prévia condição de eficácia a homologação judicial, a
qual deverá analisar a legalidade do pacto, assim entendida a avaliação dos
planos de existência e validade do negócio (CC/02, art. 104): agente capaz;
objeto lícito, possível e determinado ou determinável; forma prescrita em lei;
vontade livre e consciente.

A existência de confissão formal e circunstancial se afigura como condição


para validade do acordo de não persecução penal, pois, é forma prescrita em Lei,
notadamente no art. 28-A do Código de Processo Penal, que tem como requisito a
pena mínima inferior a 4 anos. Isso sugeriria que o primeiro benefício seria menos
rigoroso do que o último, já que aplicável a crimes menos graves (BEM, 2021). A
figura 1 demostra os principais requisitos para a aplicação do ANPP art. 28ª, incisos
I e II.

Figura 1: Requisitos para a aplicação do ANPP art. 28ª, incisos I e II.


20

Fonte: CABRAL (2020).

Portanto, se fizer uma análise para os dois benefícios, não é isso que ocorre.
Para Guaragni (2021) a suspensão condicional do processo impõe um período de
prova de 2 a 4 anos, condição inexistente para o acordo de não persecução penal.
Ademais, é muito frequente a colocação de condição de prestação pecuniária ou
prestação de serviços à comunidade, com fulcro no art. 89, §2º, da Lei n. º
9.099/1995, o que não permite diferenciar o primeiro benefício do último neste
tocante.
Com isso, percebe-se que a necessidade de confissão é o ponto que
diferencia os institutos e permite o ANPP como mais gravoso do que a suspensão
condicional do processo. Segundo Martinelli (2021, p. 745):

Se essa confissão não puder ser utilizada como prova posterior e for
encarada como mero requisito formal, como já expresso, passa a ser uma
exigência inútil e que deveria ser extirpada, por outro lado, se para o
investigado ficar a advertência de que, se descumprir os termos do acordo
de não persecução, será contra ele ajuizada a competente denúncia, que,
ainda por cima, contará com a confissão por ele mesmo realizada, isso
servirá de forte elemento de estímulo para que dê o adequado cumprimento
das condições com as quais concordou para se livrar da ação penal.

O entendimento de que a confissão seria um simples requisito, gerariam uma


disparidade no acordo de não persecução penal e uma verdadeira quebra em seu
21

caráter direto, porque o descumprimento do acordo seria desprovido de


consequências. Segundo Rosa (2021, p. 258):

A única consequência seria possibilitar ao Parquet o oferecimento da inicial


acusatória, mas isso já lhe era possível antes do acordo, não agregando a
rescisão em nada neste tocante (ou melhor, como outra sanção tem-se a
ausência de oferta de suspensão condicional do processo – CPP, art. 28-A,
§ 11 –, mas, nestes moldes, o benefício do art. 89 da Lei n.º 9.099/1995
seria mais gravoso de qualquer forma). Ou seja, nesta construção
argumentativa, o investigado apenas conseguiria retardar indevidamente a
marcha persecutória, fragilizando o material probatório da acusação, como
já explanado. Em suma, o acordo de não persecução penal, nos moldes
propostos pela interpretação da confissão como mero requisito, se
transforma em instrumento de exclusivo benefício da defesa. Fica ao bel
prazer do investigado optar se cumpre os termos do acordo, porque não lhe
interessa sofrer a ação penal, ou, caso não esteja interessado em cumpri-
lo, aceite celebrá-lo como forma de chicana processual, já que a rescisão
levaria ao status quo ante.

Portanto, nota-se que há arbitrariedade regrada se tratando do Ministério


Público, este pode escolher por meio da lei oferecer ou não o acordo de não
persecução penal. Para Lima (2020), havendo margem discricionária em especial no
que tange aos conceitos jurídicos indeterminados contidos no trecho do caput do art.
28-A: “necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.
Portanto, ao oferecer uma vez o ANPP, o Ministério Público se limita aos
interesses do investigado. Portanto, Cabral (2020) descreve que, pode ser que o
Ministério Público, ao formular a proposta, não tenha pleno conhecimento da
extensão do dano, pois não necessariamente o procedimento investigatório
conseguiu amealhar todos os elementos para sua aferição, deve-se entender que há
possibilidade de que a vítima peça a complementação do valor arbitrado do dano.
Sendo assim, a situação é diversa do que ocorre na sentença penal
condenatória, em que há um título executivo judicial reconhecendo a existência do
fato e um valor mínimo de reparação, situação em que a vítima precisará apenas
promover a liquidação para comprovação da real extensão do dano (LIMA, 2020).
No caso do acordo de não persecução penal, a vítima poderá promover uma ação
de conhecimento, em que deverá comprovar o ato ilícito ensejador do dever de
reparação, situação em que a confissão do investigado servirá como prova da
existência do fato ilícito e da culpa.
O quadro 2 descreve algumas características importantes sobre o Acordo da
Não Persecução Penal.
22

Quadro 2: Características sobre o ANPP.


Conceito: Trata-se de um instituto de justiça penal consensual,
destinado a infrações de médio potencial ofensivo, que,
mitigando o princípio da obrigatoriedade de ação penal,
autoriza que o MP realize acordo com o autor do delito para
imediato cumprimento de sansão não privativa de liberdade.
Requisitos  Não ser caso de arquivamento;
objetivos  Confissão;
 Ausência de violência ou grave ameaça;
 Pena mínima inferior a 4 anos;
 Não ser cabível a transação penal;
 Necessidade de suficiência para a prevenção do crime
 Violência doméstica e familiar contra a mulher.
Requisitos Se preenchidos afastam a possibilidade do acordo, podem
ser:
 Reincidência: não faz jus ao benefício.
 Habitualidade: havendo elementos que indique
habitualidade á pratica criminosa de modo reiterado ou
profissional, salvo os crimes insignificantes.
 Concessão de benefício anterior: a concessão de
transição penal, servir ao outro acordo, nos 5 anos
anteriores ao cometimento da nova.
Finalidade Busca conferir maior celeridade na aplicação das sanções
para os delitos menos graves, permitindo ao MP e ao Poder
Judiciário demandar maior atenção aos crimes mais graves.
Condições para  Reparação do dano
o ajuste  Renuncia voluntaria aos bens indicados pelo MP
 Prestação de serviço à comunidade ou a entidades
publicas
 Prestação pecuniária
 Outras condições estabelecidas pelo MP
 Cumprindo integralmente o acordo torna-se extinto a
punibilidade do fato.
Procedimento  Formalização previa
 Recusa do MP no oferecimento do acordo
 Homologação
 Intimação da vitima
Discordância Entendendo há inadequação, insuficiência ou abuso de poder
judicial o juiz devolvera os autos ao MP para reformulação da
proposta do acordo.
Recusa da homologação: o juiz poderá recusar a
23

homologação restituindo os autos ao MP para analise ou


oferecimento da denúncia.
Descumprimento O MP deverá comunicar o juiz para fins de rescisão do acordo
do acordo e posterior oferecimento da denúncia, o que poderá ser
utilizado como fundamento para o não oferecimento da
suspensão condicionada ao processo.
Fonte: AMORIM (2021).

Por tanto, o Acordo de Não Persecução Penal, chamado simplesmente de


ANPP, disciplinado no art. 28-A, do CPP, redigido pela Lei n.º 13964/19, é o maior
marco até os dias atuais no direito processual penal brasileiro na construção de um
modelo de justiça penal negociada.

2.3 DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E SEUS


CONSECTÁRIOS

A legalização do ANPP, expandiu a área do Direito Penal brasileiro e trouxe


novas reflexões sobre a justiça penal negocial, em virtude da inovação legislativa.
Sendo assim, é preciso rever alguns conceitos sobre a confissão para que se possa
compreender se é adequado exigi-la em âmbito negocial penal. Para Nucci (2019),
confessar, no âmbito do processo do processo penal, é admitir contra si, por quem
seja suspeito ou acusado de um crime, tendo pleno discernimento, voluntária,
expressa e pessoalmente, diante da autoridade competente, em ato solene e
público, reduzido a termo, a prática de algum fato criminoso.
Entende-se que a confissão é testemunho, que para Marques (2020) que é
contrário aos interesses daquele que o fornece e, especificamente, voltado ao
reconhecimento da prática de um delito. Lima (2020, p. 760) conceitua a confissão
como um testemunho duplamente qualificado: “[...] do ponto de vista objetivo, porque
recai sobre fatos contrários ao interesse de quem confessa; e do ponto de vista
subjetivo, porque provém do próprio acusado, e não de terceiro”.
No decorrer da história cristã, a confissão passou a valer como prova
principal, nesse sentido, Lopes Jr. (2020) cita que a confissão, no processo penal
inquisitório, passou a ser buscada a todo custo, isso porque o sentimento de culpa
judaico-cristã levava a crer que o criminoso deveria, em tese, declarar-se culpado e
arrepender-se de seus pecados. Portanto, entende-se que o criminoso confessando
24

seu delito, o magistrado poderia punir sem se sentir culpado, que foi confessado
seus pecados.
No entanto, esse ranço inquisitório deve ser abandonado em prol de um
processo penal acusatório, no qual o interrogatório, mais do que qualquer coisa,
consiste em um meio de defesa do acusado e a confissão em um elemento
probatório que deverá ser considerado somente quando compatível com as demais
provas produzidas (LOPES JR., 2020).
Sendo assim, é fundamental avaliar se a exigência do criminoso confessar o
crime praticado, para que o MP possa oferecer o acordo de não persecução penal
está de acordo com os princípios constitucionais e processuais penais que regem o
sistema penal acusatório.
Segundo Cunha (2020, p. 119):

Para que possa ser realizada uma análise acerca da (in)constitucionalidade


do requisito da confissão para que seja ofertado o acordo de não
persecução penal, se faz necessário estabelecer qual é o seu valor
probatório e, especialmente, se a confissão poderá servir como prova em
caso de não cumprimento do acordo por parte do investigado, nesse
contexto, ressalta-se que há divergência entre os órgãos ministeriais e
significativa parcela dos doutrinadores sobre se a natureza da confissão do
ANPP é de meio de prova ou de mero pressuposto para a pactuação do
acordo.

Portanto, o descumprimento do acordo não valida a confissão como prova


porque não há processo ainda, aplicável a regra do artigo 155 do CPP, ademais, a
situação assemelha-se à delação premiada desfeita, em que as provas
autoincriminatórias não podem ser utilizadas em desfavor do colaborador
(MAZLOUM, 2020).
Sendo assim, mesmo que seja necessário o investigado confessar, não se
reconhece totalmente a culpa, pois, para Cunha (2020) há, no máximo, uma
admissão implícita de culpa, de índole puramente moral, sem repercussão jurídica. A
culpa, para ser efetivamente reconhecida, demanda o devido processo legal.
Portanto, de acordo com o autor, a confissão não tem muito peso e é
considerada apenas um requisito simples para formalizar o ANPP, pois, seria ilícito
ser utilizado para outros fins. Lopes Jr. (2020) descreve que parece evidente que
não poderá ser utilizada contra o réu, devendo ser desentranhada e proibida de ser
valorada.
25

Entretanto, em sentido contrário, Cunha (2020) defende que a confissão


apresentada como condição para o acordo poderá ser utilizada pelo órgão
acusatório nos casos em que a rescisão do negócio jurídico puder ser atribuída ao
acusado. Isso porque entender de modo diverso, em tais casos, seria o mesmo que
anuir que o acusado pode ser beneficiado por uma situação que deu causa.
Nessa ressalva, segundo Lima (2020, p. 28) cita que:

O Ministério Público poderá trazer, como suporte à denúncia a ser


oferecida, a confissão formal e circunstanciada do investigado por ocasião
do acordo, tendo em vista que, se foi o próprio investigado que deu ensejo à
rescisão do acordo, é evidente que não se poderá desprezar os elementos
de informação por ele fornecidos: A propósito, eis o teor do Enunciado nº 27
do Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal
(GNCCRIM), do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios
Públicos dos Estados e da União (CNPG): Havendo descumprimento dos
termos do acordo, a denúncia a ser oferecida poderá utilizar como suporte
probatório a confissão formal e circunstanciada do investigado (prestada
voluntariamente na celebração do acordo). E do Enunciado nº 24 da
Procuradoria-Geral de Justiça em conjunto com a Corregedoria-Geral do
Ministério Público de São Paulo (PGJ-CGMP/MPSP) a respeito do pacote
anticrime: Rescindindo o acordo de não persecução penal por conduta
atribuível ao investigado, sua confissão pode ser utilizada como um dos
elementos para oferta da denúncia.

Portanto, mesmo pensado ao contrário do que diz a doutrina, é indiscutível


que a confissão do investigado na celebração do ANPP, posteriormente anulado,
seja valorada pelo magistrado no momento de julgar o caso. Para Ducler e Matos
(2022) acreditar que o ato da confissão não será utilizado como meio de prova no
caso de revogação do acordo é uma posição excessivamente idealista, que
desconsidera a centralidade que a confissão possui na formação da culpa no
sistema de justiça brasileiro e a cultura institucional desse mesmo sistema de justiça,
acostumado a valorizar no momento da instrução elementos de informação
produzidos em desrespeito ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla
defesa.
Sendo assim, para que a confissão sirva como prova no sistema processual
penal é preciso analisar o processo legal, garantia fundamental descrito no art. 5º,
inciso LIV, da Constituição de 1988, com isso, destaca-se que para a confissão deve
ser feita de modo espontâneo, para que haja respeito ao princípio do devido
processo legal.
No caso do acordo de não persecução penal, o parágrafo quarto do art. 28-A
do CPP estabelece que, “para a homologação do acordo de não persecução penal,
26

será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por
meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade
(CUNHA, 2020).
Para Cardoso (2020) no acordo de não persecução penal, não há como se
falar em voluntariedade da confissão, mas tão somente em voluntariedade por parte
do indiciado em realizar o acordo, uma vez que o beneficiário é obrigado a confessar
para obter a proposta, pois, se a confissão é obrigatória, porque requisito para o
ANPP, falar em voluntariedade é ilusão.
Nesse sentido, Casara (2011) destaca que o uso de modelo negociais não se
apresenta como uma verdadeira “composição entre as partes, pois o poder de
coerção do Estado-Administração desequilibra a relação processual e compromete a
livre manifestação de vontade do réu, por isso, destaca-se que há acordo e não
verdadeiro acordo de vontade.
Apesar de a lei se valer da palavra acordo argumenta que se trata, no
máximo, de uma espécie de contrato de adesão, uma vez que as partes não estão
em condição de igualdade e o investigado não pode tomar a iniciativa das
negociações ou propor penas, diante disso, a lei não cuida propriamente de
‘voluntariedade’, o agente tem apenas a opção de concordar ou não com o Parquet
(FRANCO, 2022).
Além disso, a confissão somente poderá ser valorada como elemento
probatório se for realizada sem coação. Trata-se de uma garantia judicial prevista no
art. 8.3, do Decreto nº 678/1992 (Convenção Americana de Direitos Humanos -
Pacto de San José da Costa Rica), que assim dispõe: “A confissão do acusado só é
válida se feita sem coação de nenhuma natureza (CASARA, 2011).
Com isso, destaca-se que exigir que o investigado confesse seu crime como
critério para que seja proposto o ANPP pode se caracterizar como forma de coação,
que segundo Franco (2020, p. 89): “ A coação constitui vício de manifestação de
vontade com natureza diversa do erro e do dolo”, sendo que a confissão não será
livre nem espontânea.
Dessa forma, se estiverem presentes os requisitos objetivos para a
propositura do acordo de não persecução penal, exigir a confissão como condição
restante é uma forma de sutilmente coagir o acusado a assumir a autoria do crime,
ainda que não o tenha cometido, em troca de não ter de responder a uma ação
penal (MARTINELLI, 2021).
27

Durante o processo penal são inúmeras as situações que fazem com que o
criminoso prefira às condições estabelecidas em um acordo de não persecução
penal ao invés de se submeter a um processo criminal. Nesse sentido Seger (2022)
cita que o processo penal, em si, constitui um fardo na vida do acusado, a par da
pressão psicológica ínsita à possibilidade de virtual condenação, também a
exposição social de quem figura no banco dos réus apresenta seus efeitos.
Portanto, fica claro que exigir que o réu confesse o crime se trata de uma
coação moral e psicológica, de uma chantagem institucional em face do indiciado:
ou ele confessa formal e circunstancialmente a prática do delito ou terá que se
submeter a todas as mazelas que um processo criminal poderá lhe acarretar
(DUCLERC e MATOS, 2022).
No Brasil, o sistema de justiça não apresente controle jurídico confiável,
principalmente no que ao momento de oferecimento da peça acusatória. O CPP, em
seu art. 28-A não tangencia essa questão e tampouco exige que o instrumento do
acordo venha acompanhado da peça acusatória que porventura será apresentada
em caso de descumprimento dos termos do acordo por parte do investigado
(DUCLERC e MATOS, 2022).
Para Castelliano e Neto (2020, p. 52):

A exigência da confissão formalizada para interromper a persecução e


impor deveres decorrentes do acordo inaugura um novo método de
arbitramento de responsabilidade, já que antecipa a conclusão acerca do
mérito do caso, sem que nem mesmo haja exigência legal de que a
pretensão acusatória seja formalizada, portanto, corre-se o risco de que,
embora o conteúdo indiciário não apresente elementos consistentes e
suficientes para sustentar uma acusação criminal, o órgão acusador venha
a propor o acordo de não persecução penal para angariar uma confissão
formal e circunstancial do investigado.

Sendo assim, o MP poderá utilizar o instrumento como forma de obter a


confissão, que servirá como meio de prova e como elemento informativo que poderá
possibilitar a obtenção de demais elementos probatórios para embasar uma futura
ação penal caso seja descumprido o acordo.
Conforme cita Franco (2022), toda prova que venha a ser utilizada como
elemento de convencimento deve ser produzida sob o contraditório, e o
contraditório, por sua vez, pressupõe possibilidade efetiva de conhecer a imputação
integralmente e de se contrapor ao oponente processual, logo, como não há
28

contraditório na confissão anômala tomada no ANPP, por consequência, tal


elemento não poderia servir como parte do conjunto probatório.
Nessa ressalva é valide destacar que em um sistema processual penal
acusatório, deve haver contraditório não só com relação ao material probatório
produzido, como também em relação à matéria de direito debatida, isso porque nem
sempre as questões de direito poderão ser resolvidas em um simples processo de
subsunção, qualificar juridicamente os fatos, em muitos casos, é uma tarefa
complexa, na qual podem surgir problemas de concurso aparente ou real de normas,
bem como conflitos de lei no tempo e no espaço (BADARÓ, 2021).
Portanto, sem a contradição sobre as situações de direito, tudo é tirado das
reflexões das partes. Portanto Franco (2022) no acordo de não persecução penal
não há debate acerca do conjunto probatório produzido e muito menos quanto às
matérias de direito envolvidas, na prática, o Ministério Público tão somente indica
qual foi a infração penal supostamente cometida e apresenta as condições para que
seja decretada a extinção da punibilidade.
Com isso, entende-se que cabe ao criminoso aceitar a tipificação dos fatos
atribuída pelo MP, juntamente com a ajuda de seu defensor e verificar os elementos
colhidos na investigação para saber quais são os apontamentos de sua suposta
conduta delituosa que serão valorados caso se recuse a realizar o acordo. Nesse
sentido, explicam Ribeiro e Costa (2019, p. 85):

Em outras palavras, tem-se a situação em que o Ministério Público poderá


dispor de um extenso rol de elementos incriminadores, obtidos de forma a
violar garantias fundamentais, sem que o acusado possa questioná-los
antes do acordo e sem que exista a segurança jurídica de que esses
elementos sejam declarados nulos posteriormente, na hipótese da escolha
pela instrução processual, assim, na prática, a exigência de confissão prévia
representa uma indevida antecipação sobre o mérito da ação penal, o que
viola à lógica do contraditório e, consequentemente, desestrutura a
dimensão epistêmica do processo penal, base do sistema constitucional
acusatório.

Por fim, existe o princípio da paridade de armas que é violado pela exigência
da confissão no ANPP. Cravo (2020) cita que o princípio da paridade de armas se
traduz na igualdade de tratamento entre as partes do processo em relação ao
exercício de direitos e deveres, bem como à aplicação de sanções processuais, em
vista disso, é necessário que defesa e acusação tenham as mesmas oportunidades
para influenciar o julgador.
29

Para Badaró (2021) deve haver igualdade entre os sujeitos parciais no


processo. Mas, no ANPP é nítido a concentração de poderes amplos e demasiados
sobre a propositura do acordo e o estabelecimento das cláusulas unicamente nas
mãos e ao arbítrio do acusador. Não bastasse isso, permitir que a confissão venha a
ser usada contra o agente no caso de rescisão do acordo só manifesta ainda mais a
disparidade de poderes, sejam eles econômicos ou informativos, entre os atores
negociais (TODESCHINI, 2019).
Sendo assim, nota-se que há desacordo em relação ao processo legal ao se
exigir que o investigado confesse a prática da infração penal para que tenha
acesso ao acordo. Badaró (2021) descreve que não é coerente que, em um
processo penal que se diz ter estrutura acusatória, o investigado seja posto em
situação de manifesto desequilíbrio em relação ao Órgão que o acusa, o qual detém
total controle sobre a confecção do acordo.
Pois, além de não poder interferir na elaboração do acordo fica em
desvantagem caso seja dado início à ação penal, uma vez que já terá confessado a
prática do crime e possivelmente informado detalhes que auxiliarão na produção de
provas em seu desfavor.

2.4 DA IRRELEVÂNCIA DA EXIGÊNCIA DE CONFISSÃO NO ACORDO DE


NÃO PERSECUÇÃO PENAL

É importante ir além dos direitos e garantias violados pela inserção da


confissão como requisito para a celebração do acordo de não persecução penal,
sendo assim é essencial fazer uma reflexão se essa exigência é, relevante para que
os objetivos, sejam alcançados com a inclusão do ANPP no ordenamento jurídico
brasileiro.
É importante notar que em outros acordos de justiça penal negocial que
visam a evitar a persecução penal, como a transação penal e a suspensão
condicional do processo, previstos respectivamente nos artigos 76 e 89 da Lei
9.099/1995, não há qualquer exigência de confissão por parte da pessoa investigada
(BRASIL, 1995). Com isso, percebe-se que a legislação se contenta com a
aceitação das condições formuladas pelo órgão acusatório.
30

Portanto, a Lei n. 13.964/2019 inseriu o acordo de não persecução penal no


sistema processual penal brasileiro com o requisito da confissão e dessa exigência
podem surgir diversas questões problemáticas nos casos em que o acordo não for
homologado pelo juiz ou em que houver descumprimento das condições pelo
investigado (BRASIL, 2019).
Nessa ressalva, é importante buscar a função da confissão para o
oferecimento do acordo. Segundo Silva Júnior e Hamilton (2021, p. 238):

Na Exposição de Motivos referente ao Pacote Anticrime (EM n° 00014/2019


MJSP) consta que o acordo no processo penal serve para descongestionar
os, serviços judiciários, a fim de que os juízos tenham mais tempo para os
crimes mais graves. Se essa for, de fato, a finalidade do acordo, qual seja,
garantir maior celeridade às resoluções de delitos de baixa a média
complexidade supostamente cometidos, a confissão é desnecessária e
chega até mesmo a ser contraproducente. Para que ocorra um acordo, por
lógico, deve haver anuência de ambas as partes. E para que o investigado
concorde em participar, a avença lhe deve parecer ser vantajosa e mais
benéfica do que se submeter a um processo criminal. Logo, se não se tratar
de caso de arquivamento e, portanto, tendo o Ministério Público elementos
probatórios suficientes para sustentar uma demanda criminal, a exigência
da confissão servirá somente como forma de desestímulo à realização do
acordo por parte do investigado. Além de analisar se as condições
propostas pelo Parquet lhe são mais favoráveis, o investigado ponderará
acerca das consequências que assumir a culpa de um delito poderá lhe
causar.

Conforme já dito, o acordo de não persecução penal somente poderá ser


proposta se houver justa causa, compreendida como conteúdo probatório mínimo de
autoria e materialidade para a propositura da ação penal (MARTINELLI, 2021).
Sendo assim, a confissão não possui nenhuma finalidade e torna-se desnecessária,
visualizando de outra maneira, se não houver justa causa para a ação penal, será
caso de arquivamento da investigação.
Ainda para Martinelli (2021) essa situação demonstra a existência de um vício
na exigência da confissão, pois se não houver justa causa para a ação penal, a
investigação deve ser arquivada; se a justa causa estiver presente, a confissão é
desnecessária. Basendo-se nessas afirmações expostas Cabral (2022) levanta a
seguinte reflexão: se houver justa causa para a propositura da ação penal, qual será
a finalidade da confissão?
Vale destacar que a confissão na fase do acordo é legítima e possui duas
funções: Função de Garantia e Função Processual. A primeira delas é a de que,
quando a confissão é crível e detalhada, ela fornece ao Ministério Público
31

fundamentos robustos no sentido de que não se está a praticar uma injustiça contra
um inocente ao se celebrar o acordo, essa confissão serve para reforçar a justa
causa que já existia para a propositura da ação penal e para conferir seriedade e
peso à realização do acordo, já a Função Processual é a de fornecer ao órgão
acusador um elemento de vantagem processual no caso de descumprimento do
acordo (CABRAL, 2022).
Portanto, o criminoso sofrera consequências caso ele descumpra sem
justificar o que foi acordado entre as partes. Martinelli (2021, p. 355) descreve que:

A função de garantia não convence, uma vez que os “fundamentos


robustos” devem ser prévios ao próprio oferecimento do acordo. Se a
confissão for necessária para corroborar a convicção do Ministério Público,
é sinal de fragilidade do lastro probatório amealhado. Com relação à função
processual, Martinelli afirma que a “vantagem” dada ao órgão acusador
viola a necessidade de paridade de armas entre defesa e acusação. O
descumprimento injustificado do acordo permite que se dê início ao
processo, contudo isso deve ocorrer em igualdade de condições entre as
partes. O autor aduz, ainda nesse contexto, que não se pode falar em
torpeza do acusado ao não cumprir o acordo, pois o lastro probatório
mínimo de culpa deve existir no momento da denúncia, com ou sem
confissão.

Outro problema levantado por Bem (2022), é que o requisito em comento,


embora objetivo, concretiza-se apenas por meio da valoração subjetiva, assim,
apesar de o legislador não ter exigido confissão minuciosa do delito, não se pode
descartar a hipótese de que, ante a ausência de riqueza de detalhes, o membro do
Ministério Público venha a entender não se tratar o acordo de medida necessária e
suficiente para a reprovação e prevenção da infração.
Portanto, mesmo com a confissão do crime, o réu poderá não ter o acordo
ofertado em seu favor. Bem (2022) afirma que a finalidade pretendida com a
confissão pelo Ministério Público é, de fato, ter uma vantagem no caso de o
investigado descumprir injustificadamente alguma condição do acordo. Dessa
maneira, estando com a certeza moral da autoria do fato, o Ministério Público teria
facilitada sua atuação e uma futura condenação seria questão de tempo.
Sendo assim, isso só reforça que a exigência da confissão no acordo de não
persecução penal causa desequilíbrio e disparidades de armas entre as partes. Para
Mattos (2020) que há a possibilidade de o M P ofertar o acordo, mesmo não
possuindo provas suficientes da autoria e materialidade do crime, com a finalidade
de obter a confissão, está poderá vir a ser utilizada pelo Parquet não só como
32

elemento central e base de uma futura ação penal, mas também como uma fonte de
informação que pode vir a possibilitar a obtenção de outras provas.
Portanto, mesmo essa ideia ser ilegal e inconstitucional, o controle do
judiciário é limitado. Mesmo que o parágrafo 4º do art. 28-A do CPP disponha acerca
da possibilidade de o juiz não homologar o acordo caso verifique a sua ilegalidade, a
valoração dos elementos probatórios por parte do Ministério Público em âmbito
extraprocessual tem caráter eminentemente subjetivo e, portanto, de complexa
fiscalização (DARGÉL e CORSETTI, 2021).
Segundo Mattos (2020, p. 13):

Ainda que o legislador tenha previsto a hipótese de não homologação do


acordo de não-persecução penal pelo juiz, hipótese que será rara de
acontecer, o que se visualiza é que o Ministério Público, nos procedimentos
de acordo de não persecução penal, assume a posição de um gestor
político-criminal do processo. Isso porque é sua atribuição legal indicar se o
acordo e, por consequência, a confissão do investigado atendem às
finalidades de prevenção e reprovação atribuíveis à pena. Cabe-lhe, ainda,
estipular, segundo seu próprio entendimento de proporcionalidade, outras
condições que entenda pertinentes e indicar quais bens podem ser
renunciados pelo investigado, pois, é da relação do acordo de não
persecução penal com o instituto da colaboração premiada. Conforme
aduzem os referidos autores, a colaboração premiada se trata de um
negócio jurídico processual para a obtenção de provas.

Portanto é essência que o criminoso confesse o ato, pois, o ANPP é uma


medida despenalizadora, instituída no ordenamento jurídico brasileiro para
desafogar o sistema de Justiça Criminal. Dargel e Corsetti (2021) descrevem que a
origem da necessidade da confissão no acordo de não persecução penal pode ter
sido ocasionada por conta de uma interpretação equivocada dos termos da
colaboração premiada por parte do CNMP na elaboração da Resolução nº 181/17,
consistente na não observância das finalidades precípuas dos referidos
instrumentos. Interpretação esta que foi agasalhada pelo legislador sem qualquer
filtro constitucional.
Nessa ressalva Franco (2022) argumenta que o ANPP é um instrumento
criado para evitar que haja persecução penal em determinados casos, que não se
examine se o agente é ou não culpado, assim, não há necessidade alguma da
admissão do fato por parte do investigado para que haja acordo entre as partes.
Para além disso, faz-se necessário questionar quais são os limites do alcance
do acordo de não persecução penal em face dessa necessidade de confissão. Isso
33

pois, ao se exigir do investigado a confissão circunstancial da prática da infração


penal, poderá haver, consequente e inequivocamente, a obrigatoriedade de realizar
a delação das demais pessoas envolvidas na empreitada criminosa, embora não
seja este o escopo da medida despenalizadora prevista no art. 28-A do CPP
(DARGÉL e CORSETTI, 2021).
Na prática, o que pode acabar ocorrendo é que o conteúdo da confissão do
corréu que celebrou o acordo de não persecução penal venha a ser utilizado para
condenar o coautor ou partícipe, assim, nas hipóteses em que houver mais de um
investigado, a exigência da confissão viola não só as garantias do devido processo
legal e do contraditório do participante do acordo, como também do corréu delatado
(FERREIRA e NICOLAI, 2020).
O ANPP foi criado para evitar a instauração da ação penal, sua finalidade é
ser uma alternativa ao processo criminal. Portanto, para Mattos (2020), o sistema
processual penal brasileiro já conta com a suspensão condicional do processo para
os casos de menor potencial ofensivo, porém esse instrumento não exige a
confissão. A própria transação penal, com condicionantes que muito se assemelham
às do acordo de não persecução penal, dispensa qualquer formalização de
confissão.
Com isso, percebe-se que não existe relação de interdependência entre o ato
de não denunciar e o ato de confessar e para evitar uma persecução penal ou
suspendê-la, o ato da confissão não é muito importante. Segundo Silva Junior (2021,
p 51):

Há um outro ponto de fundamental importância para a discussão acerca


d a c o n f i s s ã o e d o A N P P , um dos argumentos em prol da exigência
da confissão é que a intenção político-criminal do legislador teria sido
evitar a formalização do acordo quando o investigado for inocente, sendo
assim, o sistema apresentaria, então, uma solução negociada para o
culpado, enquanto ao inocente não restaria outra alternativa, senão
enfrentar o processo, portanto, verifica-se a necessidade de reputar
dispensável e inconstitucional esse requisito, pois, é inviabilizado ao
inocente optar por uma solução rápida e eficiente do caso penal pela via
consensual. Se estiver disposto a celebrar o acordo a fim de não ter de se
submeter ao processo criminal, será obrigado a confessar um delito que
não praticou. E são inúmeras as situações em que a não persecução penal
pode aparentar ser mais vantajosa do que enfrentar o risco de uma possível
condenação. Diante de tudo que foi exposto e em resposta à questão
central que aqui foi posta, chega-se à conclusão de que a finalidade da
confissão no acordo de não persecução penal, pelo menos na prática, é
prejudicar o investigado caso venha a ser instaurado contra ele processo
criminal por não ter cumprido integralmente os termos do acordo.
34

Percebe-se que a confissão para ser um castigo para o criminoso do que um


requisito válido. Nesse sentido, Mattos (2020) descreve que entregar a uma só
instituição poderes performativos de acusação e punição não faz reluzir o brilho
dignificante que se espera de um processo penal democrático, o acordo de não
persecução penal, antes regulado pela resolução n. 181/2017 do Conselho Nacional
do Ministério Público - CNMP, é uma novidade cansada, continua a utilizar o velho
expediente de obtenção de soluções rápidas para o processo penal: a confissão.
Por fim, é valido destacar que tramitam no Supremo Tribunal Federal as
Ações Diretas de Inconstitucionalidade 6304 e 6345, ajuizadas, respectivamente
pela Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (ABRACRIM) e pela
Associação Nacional das Defensoras e dos Defensores Públicos – ANADEP
(MATTOS, 2020). Em ambas as ações, as referidas entidades questionam, dentre
outros aspectos, a constitucionalidade e necessidade da confissão para realização
do acordo
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a elaboração de todo o trabalho pode-se dizer que o ANPP é um


assunto completo que gera e vai gerar muitos debates no Direito Processual Penal,
está previsto no artigo 28-A do Código Processual Penal e está inserido pela Lei nº
13.964/2019), é uma ferramenta utilizada antes do processo com o objetivo de
solucionar de forma consensual aos casos criminais de média ofensividade entre a
acusação (MP) e o criminoso.
Percebeu-se que seguindo a mesma linguagem da Constituição Federal e a
lei que o instituiu o ANPP, fica claro que é inconstitucional, pois, o correto seria
dispensar o requisito da confissão quando os doutrinadores já tinham provas
suficientes para formar a justa causa, evitando reflexões quanto a sua existência ou
não e evitando violar os direitos e garantias constitucionais do investigado.
Nota-se que a exigência de confissão para a oficialização do ANPP infringe
sim os princípios constitucionais do processo legal e da presunção de inocência,
pois, tal exigência acabaria trazendo vantagens para réus confessos do que para os
réus inocentes, pois, poderiam ficar anos sobre os poderes jurisdicional, buscando
provar sua inocência sem nenhuma garantia para esse fim.
Portanto, os princípios violados ferem o processo legal, pois, a lei não
concede a ampla defesa, principalmente quando o réu confesso da conduta tida
35

como crime. Percebeu-se que a presunção da inocência não vai de encontro com a
confissão no ANPP, pois se a lei dava mais benefício ao infrator que o inocente, não
se mostra aplicável o princípio na norma penal brasileira.
Notou-se que para evitar problemas futuros caso torna-se obrigatório a
confissão, o ideal seria adequá-lo de acordo com o Acordo de Não Persecução
Penal, assemelhando-se com a Transação Penal dos Juizados Especiais e conceda
o acordo a todos os que se enquadrem nos requisitos, com exceção da confissão.
Caso o acusado opte ainda assim pela confissão, teria mais benefícios dentro do
cumprimento dele, estando respeitado a isonomia e desta maneira o devido
processo legal seria respeitado.
O acordo de não persecução penal é um tema novo no âmbito jurídico
brasileiro, pois, o setor criminal é uma área que pouco possibilita a disponibilidade
de direitos, mesmo tendo pontos positivos, pois, promete satisfazer os anseios
sociais de ver punir os infratores e resguardar a boa reputação do Poder Judiciário,
muitos obstáculos surgem a da aplicabilidade do ANPP, principalmente no que tange
à confissão, que denota irrelevância para constituição.
36

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