Lei Anticrime
Lei Anticrime
Lei Anticrime
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GETULIO VARGAS/RS
2023
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GETÚLIO VARGAS / RS
2023
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ELABORADO POR
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Aprovado em: / /
COMISSÃO EXAMINADORA:
Prof.xxxx
Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai –
UNIDEAU
Prof.ª.
xxxx
Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai -
UNIDEAU
GETÚLIO VARGAS / RS
2023
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AGRADECIMENTO
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Aristóteles
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RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
1 INTRODUÇAO 9
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO PENAL 11
2.1 ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 15
conhecido como Período Humanitário, onde se almejava uma lei penal que fosse
simples, clara, precisa e escrita em língua pátria (LOPES). Tal lei deveria ser rígida,
a ponto de combater a violência e a criminalidade, e que tornasse o processo penal
eficaz e rápido.
O Sistema Penal, ao longo da história, passou por diversas mudanças, que
foram condensadas em três modelos principais: Acusatório; Inquisitivo e Misto.
Segundo Silva (2016) no período da Grécia Antiga o Sistema Acusatório era
vigente, onde se distinguia crimes de responsabilidade pública dos de
responsabilidade privada, assim como em Roma, inicialmente. Compreende pelo
qual o juiz era mero regulador do procedimento, pois os próprios envolvidos
apresentavam a acusação, as provas e argumentavam sobre o caso, e ao final o
júri dava o veredicto. O júri era composto por um grande número de pessoas,
porque acreditava-se que quanto mais indivíduos julgando, maior a probabilidade
de se fazer justiça.
No modelo acusatório, se permitia liberdade de defesa e acusação e não
seguiam normas ou leis. Para Silva (2016) o Sistema Inquisitivo surgiu no século
XIII como um substituto do processo penal acusatório e se consolidou em toda a
Europa continental no século XVI, este processo alterou todo o sistema penal e
tentava corrigir, de certa forma, as falhas do antigo Sistema, esse fenômeno
estimulou de uma forma direta a mudança do sistema penal e marcava também a
restauração do estudo do direito romano, bem como uma reformulação da
concepção do direito, uma consequência de outros fatores políticos e filosóficos da
época.
Portanto, no sistema inquisitivo foi criado o Ministério Público, e após a
Revolução Francesa, o sistema penal foi alterado originando o Sistema Misto, haja
vista que o processo continha em uma parte inquisitiva e outra acusatória.
Segundo Tourinho Filho (2012, p. 112) o processo misto constitui o sistema penal
na grande maioria dos países, assim como no Brasil, sesse sistema o processo
segue os passos:
Após a conclusão do IP, não sendo caso de arquivamento, pois assim não
se tem a perda do objeto, contudo, antes do oferecimento da denúncia,
evitando a instauração do processo, o parquet poderá oferecer acordo não
persecutório. Sua propositura poderá ser em qualquer delito, desde que
com ausência de violência ou grave ameaça, inclusive cabendo para delitos
que envolvam a Administração Pública e em se tratando da seara eleitoral.
Além disso, estabelece que a pena mínima para o delito cometido, seja
inferior a 4 anos, para que coincida com o limite aplicado às penas diversas
da privativa de liberdade, podendo ainda sofrer redução de 1/3 a 2/3,
estabelecida no ato da negociação, além disso, no quantum mencionado,
considera-se as causas de aumento e diminuição da pena (BRASIL, 2023,
p. 257).
Nessa ressalva vale destacar que de acordo com inciso V do artigo 28-A do
Código de Processo Penal (CPP), o MP pode estipular outra condição, que se atente
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Portanto, se fizer uma análise para os dois benefícios, não é isso que ocorre.
Para Guaragni (2021) a suspensão condicional do processo impõe um período de
prova de 2 a 4 anos, condição inexistente para o acordo de não persecução penal.
Ademais, é muito frequente a colocação de condição de prestação pecuniária ou
prestação de serviços à comunidade, com fulcro no art. 89, §2º, da Lei n. º
9.099/1995, o que não permite diferenciar o primeiro benefício do último neste
tocante.
Com isso, percebe-se que a necessidade de confissão é o ponto que
diferencia os institutos e permite o ANPP como mais gravoso do que a suspensão
condicional do processo. Segundo Martinelli (2021, p. 745):
Se essa confissão não puder ser utilizada como prova posterior e for
encarada como mero requisito formal, como já expresso, passa a ser uma
exigência inútil e que deveria ser extirpada, por outro lado, se para o
investigado ficar a advertência de que, se descumprir os termos do acordo
de não persecução, será contra ele ajuizada a competente denúncia, que,
ainda por cima, contará com a confissão por ele mesmo realizada, isso
servirá de forte elemento de estímulo para que dê o adequado cumprimento
das condições com as quais concordou para se livrar da ação penal.
seu delito, o magistrado poderia punir sem se sentir culpado, que foi confessado
seus pecados.
No entanto, esse ranço inquisitório deve ser abandonado em prol de um
processo penal acusatório, no qual o interrogatório, mais do que qualquer coisa,
consiste em um meio de defesa do acusado e a confissão em um elemento
probatório que deverá ser considerado somente quando compatível com as demais
provas produzidas (LOPES JR., 2020).
Sendo assim, é fundamental avaliar se a exigência do criminoso confessar o
crime praticado, para que o MP possa oferecer o acordo de não persecução penal
está de acordo com os princípios constitucionais e processuais penais que regem o
sistema penal acusatório.
Segundo Cunha (2020, p. 119):
será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por
meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade
(CUNHA, 2020).
Para Cardoso (2020) no acordo de não persecução penal, não há como se
falar em voluntariedade da confissão, mas tão somente em voluntariedade por parte
do indiciado em realizar o acordo, uma vez que o beneficiário é obrigado a confessar
para obter a proposta, pois, se a confissão é obrigatória, porque requisito para o
ANPP, falar em voluntariedade é ilusão.
Nesse sentido, Casara (2011) destaca que o uso de modelo negociais não se
apresenta como uma verdadeira “composição entre as partes, pois o poder de
coerção do Estado-Administração desequilibra a relação processual e compromete a
livre manifestação de vontade do réu, por isso, destaca-se que há acordo e não
verdadeiro acordo de vontade.
Apesar de a lei se valer da palavra acordo argumenta que se trata, no
máximo, de uma espécie de contrato de adesão, uma vez que as partes não estão
em condição de igualdade e o investigado não pode tomar a iniciativa das
negociações ou propor penas, diante disso, a lei não cuida propriamente de
‘voluntariedade’, o agente tem apenas a opção de concordar ou não com o Parquet
(FRANCO, 2022).
Além disso, a confissão somente poderá ser valorada como elemento
probatório se for realizada sem coação. Trata-se de uma garantia judicial prevista no
art. 8.3, do Decreto nº 678/1992 (Convenção Americana de Direitos Humanos -
Pacto de San José da Costa Rica), que assim dispõe: “A confissão do acusado só é
válida se feita sem coação de nenhuma natureza (CASARA, 2011).
Com isso, destaca-se que exigir que o investigado confesse seu crime como
critério para que seja proposto o ANPP pode se caracterizar como forma de coação,
que segundo Franco (2020, p. 89): “ A coação constitui vício de manifestação de
vontade com natureza diversa do erro e do dolo”, sendo que a confissão não será
livre nem espontânea.
Dessa forma, se estiverem presentes os requisitos objetivos para a
propositura do acordo de não persecução penal, exigir a confissão como condição
restante é uma forma de sutilmente coagir o acusado a assumir a autoria do crime,
ainda que não o tenha cometido, em troca de não ter de responder a uma ação
penal (MARTINELLI, 2021).
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Durante o processo penal são inúmeras as situações que fazem com que o
criminoso prefira às condições estabelecidas em um acordo de não persecução
penal ao invés de se submeter a um processo criminal. Nesse sentido Seger (2022)
cita que o processo penal, em si, constitui um fardo na vida do acusado, a par da
pressão psicológica ínsita à possibilidade de virtual condenação, também a
exposição social de quem figura no banco dos réus apresenta seus efeitos.
Portanto, fica claro que exigir que o réu confesse o crime se trata de uma
coação moral e psicológica, de uma chantagem institucional em face do indiciado:
ou ele confessa formal e circunstancialmente a prática do delito ou terá que se
submeter a todas as mazelas que um processo criminal poderá lhe acarretar
(DUCLERC e MATOS, 2022).
No Brasil, o sistema de justiça não apresente controle jurídico confiável,
principalmente no que ao momento de oferecimento da peça acusatória. O CPP, em
seu art. 28-A não tangencia essa questão e tampouco exige que o instrumento do
acordo venha acompanhado da peça acusatória que porventura será apresentada
em caso de descumprimento dos termos do acordo por parte do investigado
(DUCLERC e MATOS, 2022).
Para Castelliano e Neto (2020, p. 52):
Por fim, existe o princípio da paridade de armas que é violado pela exigência
da confissão no ANPP. Cravo (2020) cita que o princípio da paridade de armas se
traduz na igualdade de tratamento entre as partes do processo em relação ao
exercício de direitos e deveres, bem como à aplicação de sanções processuais, em
vista disso, é necessário que defesa e acusação tenham as mesmas oportunidades
para influenciar o julgador.
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fundamentos robustos no sentido de que não se está a praticar uma injustiça contra
um inocente ao se celebrar o acordo, essa confissão serve para reforçar a justa
causa que já existia para a propositura da ação penal e para conferir seriedade e
peso à realização do acordo, já a Função Processual é a de fornecer ao órgão
acusador um elemento de vantagem processual no caso de descumprimento do
acordo (CABRAL, 2022).
Portanto, o criminoso sofrera consequências caso ele descumpra sem
justificar o que foi acordado entre as partes. Martinelli (2021, p. 355) descreve que:
elemento central e base de uma futura ação penal, mas também como uma fonte de
informação que pode vir a possibilitar a obtenção de outras provas.
Portanto, mesmo essa ideia ser ilegal e inconstitucional, o controle do
judiciário é limitado. Mesmo que o parágrafo 4º do art. 28-A do CPP disponha acerca
da possibilidade de o juiz não homologar o acordo caso verifique a sua ilegalidade, a
valoração dos elementos probatórios por parte do Ministério Público em âmbito
extraprocessual tem caráter eminentemente subjetivo e, portanto, de complexa
fiscalização (DARGÉL e CORSETTI, 2021).
Segundo Mattos (2020, p. 13):
como crime. Percebeu-se que a presunção da inocência não vai de encontro com a
confissão no ANPP, pois se a lei dava mais benefício ao infrator que o inocente, não
se mostra aplicável o princípio na norma penal brasileira.
Notou-se que para evitar problemas futuros caso torna-se obrigatório a
confissão, o ideal seria adequá-lo de acordo com o Acordo de Não Persecução
Penal, assemelhando-se com a Transação Penal dos Juizados Especiais e conceda
o acordo a todos os que se enquadrem nos requisitos, com exceção da confissão.
Caso o acusado opte ainda assim pela confissão, teria mais benefícios dentro do
cumprimento dele, estando respeitado a isonomia e desta maneira o devido
processo legal seria respeitado.
O acordo de não persecução penal é um tema novo no âmbito jurídico
brasileiro, pois, o setor criminal é uma área que pouco possibilita a disponibilidade
de direitos, mesmo tendo pontos positivos, pois, promete satisfazer os anseios
sociais de ver punir os infratores e resguardar a boa reputação do Poder Judiciário,
muitos obstáculos surgem a da aplicabilidade do ANPP, principalmente no que tange
à confissão, que denota irrelevância para constituição.
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REFERÊNCIAS
BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo penal. 9. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2021.
MARTINELLI, João Paulo (org.). Acordo de Não Persecução Penal. 2. ed. São
Paulo: D’Plácido, 2021.
LIMA, Renato Brasileiro de. Processo Penal. Volume único. 8ª ed. Salvador:
JusPodivm, 2020.
LOPES, Jose Reinaldo de Lima. O direito na história. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2012.
LOPES JÚNIOR, A. Direito Processual Penal. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
MENEZES, Maiá. Vítimas de racismo perdem 57,7% das ações. Ed. O Globo, São
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ROSA, Alexandre Morais da; ROSA, Luísa Walter da; BERMUDEZ, André Luiz.
Como Negociar o Acordo de Não Persecução Penal: limites e possibilidades.
Florianópolis: Emais, 2021.
MARTINELLI, João Paulo (Org.). Acordo de não persecução penal. 2. ed. Belo
Horizonte, São Paulo: D’Plácido, 2022.
SILVA JÚNIOR, Walter Nunes da; HAMILTON, Olavo (orgs.). Pacote anticrime:
temas relevantes. Natal: OWL, 2021.