Prova 10 (Ped)

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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

QUESTÕES – DOENÇAS DO PERÍODO e) Presença de gomas sifilíticas na pele e nas


NEONATAL mucosas do neonato são sinais de maior gravidade
da sífilis congênita
1. RN de termo desenvolveu, logo após o
nascimento, cianose ++++/4, necessitando de
oxigênio a 80% (FiO2). Medidas de oximetria: no
4. Em relação à icterícia no período neonatal,
membro superior direito, foi 93% e, no inferior
analise as assertivas abaixo e assinale a
esquerdo, 84%. Assinale a alternativa que
INCORRETA
apresenta o provável diagnóstico:
a) Doença da membrana hialina a) A icterícia constitui-se um dos problemas mais
frequentes no período neonatal e corresponde à
b) Hipertensão pulmonar primária expressão clínica da hiperbilirrubinemia. É mais
comum em recém-nascidos de pele clara e
c) Transposição de grandes vasos da base
asiáticos, com tipo sanguíneo diferente do materno
d) Atresia tricúspide e, por vezes, também do paterno

e) Tetralogia de Fallot. b) A “icterícia fisiológica” representa uma possível


adaptação neonatal ao metabolismo da bilirrubina
c) Por vezes, a hiperbilirrubinemia indireta decorre
2. Recém-nascido a termo, idade gestacional de 38 de um processo não patológico, podendo-se
semanas, peso de nascimento 2.640 g, mãe A+, alcançar concentrações elevadas de bilirrubinas
RN O+, apresenta icterícia discreta, observada lesivas ao cérebro
com 16 horas de vida. Com base nessas
informações, assinale a alternativa CORRETA d) A hiperbilirrubinemia significante, presente na
primeira semana de vida, é um problema comum
a) Provavelmente trata-se de icterícia por em RN a termo e pré-termo tardio. É causa
incompatibilidade ABO frequente de reinternações em leitos de hospitais
b) Por tratar-se de icterícia discreta, a hipótese pediátricos.
principal é de icterícia fisiológica e) A icterícia neonatal apresenta progressão
c) Se a dosagem de bilirrubina evidenciar cefalocaudal. A visualização da icterícia depende,
predomínio de bilirrubina indireta, a atresia biliar além da experiência do profissional, da
intra-hepática está entre os diagnósticos pigmentação da pele do RN e da luminosidade,
diferenciais sendo subestimada em peles mais pigmentadas e
em ambientes muito claros e prejudicada em locais
d) Galactosemia e tirosinemia são possíveis com pouca luz
causas para a icterícia do recém-nascido

5. Ao nascer, a maioria dos recém-nascidos com


3. Assinale a assertiva CORRETA sobre sífilis infecção congênita por citomegalovírus é:
congênita
a) Asfixiada
a) Hepatocarcinoma é uma sequela frequente caso
a sífilis congênita não tenha sido tratada no b) Assintomática
período neonatal c) Pré-termo
b) Penicilina por via oral é o tratamento de escolha d) Pequeno para a idade gestacional
para o recém-nascido cuja mãe realizou tratamento
incompleto na gestação e) Natimorto

c) Penicilina G cristalina intravenosa por 21 dias é


o tratamento de escolha para o recém-nascido
6. A icterícia constitui-se em um dos problemas
d) Avaliação complementar do neonato com mais frequentes no período neonatal e
possibilidade de sífilis congênita inclui um exame corresponde à expressão clínica da
de VDRL no sangue periférico e no liquor, hiperbilirrubinemia. A hiperbilirrubinemia na
hemograma e raio X de ossos longos primeira semana de vida é encontrada tanto no
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recém-nascido a termo como no prematuro. Diante a) Sífilis congênita


de um prematuro de 36 semanas de idade
b) Toxoplasmose congênita
gestacional, existem fatores epidemiológicos que
orientam o neonatologista para uma investigação c) Doença de Chagas congênita
clínica e laboratorial. Quais das situações abaixo
significam alta probabilidade da icterícia ter origem d) Infecção pelo citomegalovírus congênita
patológica?
a) Icterícia com início antes de 24-36 horas de 9. Elisa, 3 dias de vida, nasceu de parto normal
vida, independente da idade pós-natal com 37 semanas de gestação, pesando 2.400 g e
b) Icterícia com início após 24 horas de vida, com medindo 44 cm. Apgar - 8 e 9. Mãe - G1P1A0, não
pico no terceiro dia de vida fez pré-natal, pai ignorado. RN pálido, fígado a 4
cm da RCD e baço a 6 cm da RCE, muito choroso
c) Icterícia em recém-nascidos com perda elevada ao exame, coriza serossanguinolenta, lesões
de peso bolhosas em palmas e plantas. Exames da RN:
d) Icterícia na presença de bossa serossanguínea toxoplasmose - IgG positivo e IgM negativo;
rubéola – IgG positivo e IgM negativo; VDRL -
1/32; anti-HIV negativo; hemocultura - negativa.
Assinale a opção CORRETA, em relação à
7. Correlacione a primeira coluna, dos agentes conduta:
etiológicos, com a segunda, que se referem à
manifestação clínica mais significativa da infecção a) Penicilina G cristalina por via endovenosa por 7
congênita, e escolha a resposta CORRETA: a 10 dias
I- Rubéola; b) Penicilina G benzatina por via intramuscular em
dose única
II- Citomegalovírus;
c) Ampicilina associada a aminoglicosídeo
III- Toxoplasmose;
d) Aguardar 30 dias de vida e repetir as sorologias
IV- Vírus herpes-simples;
e) Sulfadiazina e pirimetamina
V- Sífilis.
( ) Vesículas e conjuntivite;
10. Passando visita no alojamento conjunto, o
( ) Microcefalia e calcificação intracraniana;
pediatra encontra um bebê, com 1 dia de vida, com
( ) Catarata e cardiopatia congênita; exantema maculopapular difuso e icterícia em zona
1 de Kramer. Ao examinar a criança com mais
( ) Hidrocefalia e coriorretinite; cuidado, ele nota também hepatoesplenomegalia e
( ) Exantema maculopapular e lesão óssea. </p> áreas com alopecia no couro cabeludo. Ao
conversar com a mãe, o pediatra descobre que ela
a) III-II-IV-I-V teve sífilis durante a gestação e que a doença foi
tratada adequadamente, porém, ela não fez
b) V-III-I-II-IV
seguimento sorológico pós-tratamento. Assinale a
c) IV-II-I-III-V alternativa que apresenta a opção mais adequada
quanto à investigação a ser realizada e o
d) V-III-I-IV-II tratamento a ser realizado:
e) IV-II-III-V-I a) Como a mãe afirma que tratou adequadamente
a sífilis durante a gestação, o pediatra considera o
bebê tratado e dá alta para seguimento
8. Dos diagnósticos citados abaixo qual o mais ambulatorial, sem coletar exames
provável para o recém-nascido, cuja mãe não fez
pré-natal e apresenta baixo peso, anemia, icterícia, b) Como a mãe afirma que tratou adequadamente
hepatoesplenomegalia, hidrocefalia e a sífilis durante a gestação, o pediatra faz 1 dose
coriorretinite? de penicilina benzatina no bebê e dá alta para
seguimento sorológico ambulatorial
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c) O pediatra colhe sorologia do bebê e da mãe a) Diurético de alça


(VDRL) e, se o título do VDRL da criança for
b) Corticoide sistêmico
superior ao da mãe, ele inicia o tratamento com
penicilina cristalina por 10 dias c) Ventilação mecânica
d) O pediatra colhe hemograma, VDRL, RX de d) Surfactante exógeno
ossos longos, liquor e VDRL no liquor da criança e
inicia tratamento com penicilina cristalina por 10
dias 13. Qual dos achados abaixo é característico em
e) O pediatra colhe hemograma, VDRL, RX de um prematuro com doença da membrana hialina?
ossos longos e, caso algum desses exames venha a) Redução do murmúrio vesicular à ausculta
alterado, ele complementa com liquor e inicia torácica
penicilina procaína por 10 dias
b) Radiografia de tórax com hiperexpansão
pulmonar
11. Recém-nascido de parto cesárea, na ausência c) Dificuldade respiratória iniciada entre 24 e 48h
de trabalho de parto, prematuro tardio e peso de após o nascimento
nascimento: 2.350 g, evoluiu com desconforto
respiratório precoce, necessitando de suporte de d) Alcalose respiratória
oxigenoterapia, sob hood com fiO2: 30%,
e) Retardo na absorção do líquido pulmonar fetal
apresentando à radiografia de tórax: alargamento
de espaços intercostais, com retificação de arcos,
além de cisurite à direita. O diagnóstico mais
provável neste caso é: GABARITOS E COMENTÁRIOS

a) Síndrome do desconforto respiratório 1. Gabarito: B

b) Síndrome de aspiração meconial Comentário: Temos um recém-nascido que


apresentou cianose logo nas primeiras horas de
c) Síndrome de aspiração do líquido amniótico vida. Sabemos que essa manifestação clínica em
momento tão precoce deve nos remeter ao
d) Pneumonia intrauterina
diagnóstico diferencial entre dois grupos de
e) Taquipneia transitória do recém-nascido doenças: os distúrbios respiratórios e as
cardiopatias congênitas. Porém, existe uma
informação bastante importante neste enunciado,
12. RN de 36 semanas apresenta desconforto que é a grande diferença entre saturação pré e a
respiratório precoce, com gemência audível com pós-ductal. Isto indica que está ocorrendo um
estetoscópio, com leve batimento de asa de nariz, grande desvio de sangue não oxigenado oriundo
tiragem intercostal, sendo colocado em CPAP da artéria pulmonar para a aorta através do canal
nasal com progressiva necessidade de aumento de arterial. A única situação dentre as descritas que
fração inspirada de oxigênio. A radiografia de tórax seria compatível com isso seria a hipertensão
no leito com 6 horas de vida é mostrada a seguir: pulmonar. Nas demais condições, a cianose e a
queda importante de saturação seriam verificadas
em todas as medidas. Na tetralogia de Fallot, pode
não haver cianose desde o nascimento, mas
quando o grau de estenose na via de saída do
ventrículo direito for importante, haverá shunt
precoce da direita para a esquerda por uma
comunicação interventricular, o que faz com que a
saturação pré-ductal seja baixa, pois o sangue que
atinge a aorta é uma mistura de sangue
desoxigenado oriundo da comunicação
interventricular e sangue oxigenado das veias
Qual a conduta que melhor beneficiaria o recém-
pulmonares. Na atresia tricúspide o sangue não
nascido, ocasionando menos riscos, dentre as
consegue seguir do átrio direito para o ventrículo
abaixo citadas?
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direito e é desviado para o átrio esquerdo pelo sífilis precoce consistem em lesões
forame oval ou por uma comunicação interatrial. maculopapulares ou lesões vesicobolhosas
Parte do sangue que chega ao ventrículo esquerdo (pênfigo). A goma é uma alteração da sífilis
retorna ao ventrículo direito por uma comunicação terciária.
interventricular. Ainda assim, o ventrículo esquerdo
recebe uma mistura de sangue oxigenado e
desoxigenado, não havendo a diferença pré e pós- 4. Gabarito: A
ductal descrita no caso. E, por fim, nos casos de
transposição dos grandes vasos, a aorta emerge Comentário: A icterícia é um dos problemas mais
do ventrículo direito e a artéria pulmonar emerge frequentes no período neonatal, estando frequente
do ventrículo esquerdo. O resultado é que essas em 60% dos recém-nascidos a termo e em 80%
duas circulações existem em paralelo. Um shunt dos recém-nascidos prematuros em sua primeira
(pelo forame oval e pelo canal arterial) entre as semana de vida, sendo a causa mais frequente de
duas circulações possibilita a mistura do sangue e reinternações durante este período. É mais comum
viabiliza a vida. Não há esta cianose diferencial. em indivíduos da raça asiática, ao comparar com
as raças branca e negra. A doença é decorrente do
aumento da fração indireta da bilirrubina e, de
2. Gabarito: D forma menos frequente, da fração direta. A forma
mais comum de aumento da fração indireta é a
Comentário: . Vamos avaliar as alternativas: A: icterícia fisiológica, que está relacionada a uma
incorreta. A incompatibilidade ABO ocorre adaptação do RN ao metabolismo da bilirrubina.
comumente em mães O e bebês A ou B. B: Normalmente ela não cursa com concentrações
incorreta. Icterícia nas primeiras 24h de vida é elevadas de bilirrubinas, porém pode ocorrer e com
sempre patológica e nunca fisiológica. C: incorreta. possibilidade de se difundir e impregnar as células
A atresia de vias biliares é uma causa importante nervosas do encéfalo. Para avaliar o grau de
de colestase neonatal, com hiperbilirrubinemia à extensão, utiliza-se a avaliação pelas zonas de
custa da fração direta. D: correta. Galactosemia e Kramer, pois sabe-se que a progressão da icterícia
tirosinemia são causas de colestase neonatal com se faz de maneira craniocaudal, de forma que
hiperbilirrubinemia direta, sendo, portanto, causas concentrações mais relacionadas de bilirrubina
possíveis de icterícia neonatal. estão relacionados com a extensão da coloração
amarelada em direção à extremidade distal dos
membros inferiores.
3. Gabarito: D
Comentário: Vejamos cada uma das afirmativas 5. Gabarito: B
feitas sobre a sífilis congênita. A opção A está
incorreta; o hepatocarcinoma não é uma sequela Comentário: A infecção congênita pelo CMV ocorre
tardia associada à sífilis congênita, tratada ou não mais frequentemente quando a mãe se infecta pela
no período neonatal. Esta condição está primeira vez durante a gestação e, mais
tipicamente relacionada com a transmissão raramente, é resultado de reativação de um
perinatal do vírus da hepatite B. A opção B processo latente. Se a mãe desenvolve a infecção
também está incorreta; as crianças com sífilis primária na gestação, ela transmite o vírus em 30%
congênita sempre irão receber tratamento com dos casos. Entre os RN afetados, somente 10%
alguma forma de penicilina parenteral: seja a nascem com infecção sintomática, e a grande
penicilina cristalina por via intravenosa, seja a maioria, isto é, 90% destes bebês são
procaína por via intramuscular. A opção C também ASSINTOMÁTICOS. Do grupo dos sintomáticos,
está incorreta; as crianças tratadas com penicilina 90% desses apresentam sequelas e
cristalina ou procaína irão receber um tratamento aproximadamente 10% evoluem para óbito. A
com duração de apenas 10 dias, não 21. A opção maior gravidade da infecção sobre o feto ocorre
D está correta; na investigação dos recém- quando a transmissão ocorre em fases iniciais da
nascidos em que há a suspeita da infecção gestação, ao passo que a maior probabilidade de
congênita, ainda que eles estejam completamente contaminação se dá no último trimestre. A
assintomáticos, todos os exames descritos transmissão vertical (mãe-feto) encontra-se
deverão ser realizados. A opção E está incorreta; associada à eliminação do vírus pelo RN em sua
as lesões cutâneas habitualmente encontradas na urina, saliva e secreções da nasofaringe durante
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vários meses. O concepto que adquire a infecção 7. Gabarito: C


durante o nascimento não apresenta virúria em
seus primeiros dias de vida. Comentário: Vejamos as manifestações clínicas de
cada doença: I- Rubéola: quando sintomática, as
principais são deficiência auditiva, retardo do
crescimento intrauterino, cardiopatias congênitas,
6. Gabarito: A
como a persistência do canal arterial e estenose
Comentário: Como bem lembrado no enunciado, a pulmonar, e manifestação ocular, sobretudo,
icterícia é uma condição muito comum no período catarata. II- Citomegalovírus: microcefalia,
neonatal. Justamente por isso, as questões sobre calcificações intracranianas periventriculares,
esse tema são tão comuns. Sabemos que a coriorretinite, perda auditiva neurossensorial,
principal causa de icterícia nos primeiros dias de prematuridade, retardo do crescimento intrauterino,
vida é a icterícia fisiológica, decorrente de um hepatoesplenomegalia, hepatite, icterícia,
esperado aumento nos níveis de bilirrubina indireta pneumonia, trombocitopenia. III- Toxoplasmose:
após o nascimento. Porém, nem sempre que calcificações intracranianas difusas, coriorretinite,
estivermos diante de um recém-nascido ictérico, hidrocefalia, retardo mental e
poderemos afirmar que este quadro é fisiológico. hepatoesplenomegalia. IV- Herpes-simples:
Como ocorre em qualquer outra fase da vida, a vesículas cutâneas, alterações oculares e
icterícia pode ser manifestação de algum processo hidro/microcefalia. V- Sífilis congênita precoce:
mórbido subjacente. Alguns dados de história, de lesões cutâneo-mucosas, lesões ósseas,
exame físico ou mesmo de avaliação hepatoesplenomegalia, anemia, coriorretinite e
complementar poderão ser usados para outros.
pensarmos que o quadro apresentado pelo
pequeno paciente merece uma avaliação mais
cuidadosa e que, possivelmente, não é apenas 8. Gabarito: B
fisiológico. Um deles é o início precoce da icterícia,
Comentário: A infecção congênita mais relacionada
ainda nas primeiras 24-36 horas de vida. É sabido
à hidrocefalia e à coriorretinite é a toxoplasmose
que o acúmulo dito fisiológico da bilirrubina faz
congênita. A manifestação clássica mais
com que a icterícia fisiológica surja entre o 2º e 3º
encontrada nesta doença em sua forma
dia de vida, em um recém-nascido a termo, ou
neurológica é a hidrocefalia tipo obstrutiva. Na
entre o 3º e 4º dia de vida, nos prematuros. O
forma generalizada da doença podemos observar
surgimento ainda nas primeiras horas de vida deve
a tétrade de Sabin, caracterizada por coriorretinite,
sempre levantar a suspeita de causa mórbida
calcificações intracranianas difusas, hidrocefalia ou
subjacente, em especial de uma doença hemolítica
microcefalia e retardo mental. A coriorretinite é o
(opção A certa). O pico da hiperbilirrubinemia no 3º
comprometimento clássico mais frequente nesta
dia de vida pode ser encontrado nos recém-
forma da doença, sendo bilateral em 60 a 80% dos
nascidos a termo com icterícia fisiológica; nos
casos. A sífilis congênita precoce tem como
prematuros, o pico costuma ser um pouco mais
manifestações clássicas as lesões cutâneo-
tardio (opção B errada). Algumas condições
mucosas e lesões ósseas. A citomegalovirose
clínicas aumentam o risco de que a criança
congênita se manifesta com prematuridade, CIUR,
apresente uma hiperbilirrubinemia significativa.
icterícia, hepatoesplenomegalia, hepatite,
Uma dessas condições é o céfalo-hematoma (não
trombocitopenia, anemia e alterações do SNC
a bossa serossanguínea – opção D errada). Na
(calcificações intracranianas periventriculares,
ocasião do concurso, muitos candidatos
microcefalia, coriorretinite e surdez
questionaram por qual razão a opção C não iria
neurossensorial).
sugerir um quadro patológicos. Realmente, a perda
ponderal excessiva é um fator de risco para
hiperbilirrubinemia significativa. Porém, caso a
icterícia esteja, por exemplo, restrita à face, 9. Gabarito: A
poderemos continuar pensando que o quadro é Comentário: A sífilis congênita precoce se
apenas fisiológico. Por mais que a opção C tenha caracteriza por lesões cutâneo-mucosas, como
suscitado dúvidas, aposte no que é certo. Não há placas mucosas, lesões palmoplantares, fissuras
dúvidas de que a opção A descreve um quadro radiadas periorificiais e condilomas planos
patológico. anogenitais; lesões ósseas, manifestas por
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periostite e osteocondrite, lesões do sistema penicilina G procaína 50.000 UI/kg, dose única
nervoso central e lesões do aparelho respiratório, diária, IM, durante 10 dias.
hepatoesplenomegalia, rinite ou coriza
sanguinolenta, pseudoparalisia de Parrot (paralisia
dos membros), pancreatite e nefrite. A forma grave 11. Gabarito: E
inclui anemia, icterícia e hemorragia. Nos recém-
nascidos de mães com sífilis não tratada ou Comentário: Atente para os seguintes detalhes:
inadequadamente tratada, independentemente do parto cesáreo, ausência de trabalho de parto, fiO2
resultado do VDRL do recém-nascido, é 30% e cisurite. Eles são a chave para o
diagnóstico deste desconforto respiratório
mandatório realizar hemograma, radiografia de apresentado pelo RN. A taquipneia transitória do
ossos longos, punção lombar (na impossibilidade recém-nascido, ou síndrome do pulmão úmido, é
de realizar este exame, tratar o caso como uma condição que está relacionada ao retardo da
neurossífilis). No caso descrito temos diagnóstico absorção do líquido pulmonar após o nascimento.
clínico e laboratorial (VDRL positivo) de sífilis A criança nasce “afogada”! O grande fator de risco
congênita. Como não temos o liquor, tratamos para o desenvolvimento do quadro parece ser o
considerando neurossífilis. O tratamento nascimento na ausência de trabalho de parto. De
preconizado pelo Ministério da Saúde é feito com que forma isso é possível? Pelo nascimento
penicilina cristalina na dose de 50.000 UI/kg/dose, através da operação cesariana eletiva (por isso o
por via endovenosa, a cada 12 horas (nos parto cesáreo é um fator de risco para a condição).
primeiros 7 dias de vida) e a cada 8 horas (após 7 O tratamento é essencialmente de suporte. Em
dias de vida), durante 10 dias. E não por 7 a 10 geral, o desconforto respiratório não é grave e são
dias. Apesar da elaboração de recurso na época necessárias baixas concentrações de oxigênio,
do concurso, a banca manteve como gabarito a como o nosso paciente em questão. Os aspectos
letra A, que refere tratamento por 7 a 10 dias, ao radiográficos típicos da taquipneia incluem um
invés do correto, que seria por 10 dias. aumento da trama vascular, a presença de cisuras
marcadas e, por vezes, pequenos derrames.
Também pode haver hiperinsuflação e
10. Gabarito: D cardiomegalia.
Comentário: A questão nos traz um neonato com
24 horas de vida e alguns sinais patológicos,
12. Gabarito: D
como: icterícia patológica (iniciada antes de 24
horas de vida), hepatoesplenomegalia, rash Comentário: Paciente prematuro com desconforto
cutâneo e alopecia – ou seja, dados que, por si, respiratório precoce piorando progressivamente. A
sugerem infecção congênita. Na história radiografia de tórax evidencia infiltrado difuso, nos
gestacional, confirma-se o diagnóstico de sífilis remetendo a imagem de vidro fosco. Tais achados
inadequadamente tratada, pois não há confirmação clínicos e radiológicos nos fazem pensar na
das 3 doses de penicilina (7.200.000) registradas síndrome do desconforto respiratório (ou doença
em cartão de pré-natal, nem confirmação de da membrana hialina), caracterizada pela
parceiro tratado ao mesmo tempo e nem mesmo deficiência quantitativa e qualitativa de surfactante
confirmação da queda sorológica (VDRL) pós- pulmonar associada à imaturidade deste órgão.
tratamento. Vamos relembrar: para os RN de mães Atualmente, esse quadro pode ser modificado pelo
com sífilis não tratada ou inadequadamente tratada uso precoce de surfactante exógeno e suporte
(como o nosso em questão), independentemente ventilatório. Esse, sempre que possível, deve ser
do resultado do VDRL do recém-nascido, deve-se iniciado com ventilação não invasiva. A ventilação
realizar: hemograma, radiografia de ossos longos e mecânica invasiva está indicada para os casos de
punção lombar. Se houver alterações clínicas insuficiência respiratória ou episódios repetidos de
(como em nosso paciente) e/ou sorológicas e/ou apneia, não descritos na questão.
radiológicas e/ou hematológicas, o tratamento
deverá ser feito com penicilina G cristalina na dose
de 50.000 UI/kg/dose, por via endovenosa, a cada 13. Gabarito: A
12 horas (nos primeiros 7 dias de vida) e a cada 8
horas (após 7 dias de vida), durante 10 dias; ou Comentário: Esta questão abordou alguns
aspectos conceituais relacionados com a doença
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da membrana hialina, ou síndrome do desconforto


respiratório, uma doença que acomete
2. Sobre os seios da face e as sinusites na
essencialmente os recém-nascidos prematuros e
infância, analise as assertivas abaixo e assinale V,
que tem na deficiência de surfactante alveolar a
se verdadeiras, ou F, se falsas.
justificativa para suas manifestações (opção E
errada; o retardo na absorção de líquido pulmonar ( ) O diagnóstico de sinusite aguda só pode ser
é a causa de outro distúrbio respiratório do período feito e o tratamento instituído após a realização de
neonatal, a taquipneia transitória do recém- tomografia computadorizada;
nascido). A deficiência na concentração do
surfactante leva à instabilidade alveolar, com ( ) Os seios frontais e maxilares existem desde o
progressivo colapso expiratório dos alvéolos e nascimento, e os etmoidais e esfenoidais são
desenvolvimento de microatelectasias difusas. Por formados a partir do sexto ano de vida;
essa razão, a radiografia tipicamente revela ( ) Os seios paranasais possuem a função de
hipotransparência com infiltrado reticulogranular aquecer e umidificar o ar inspirado antes de
difuso e diminuição do volume pulmonar (opção B alcançar os pulmões, além de contribuírem na
errada). O quadro clínico tem início logo após o constituição da voz e diminuírem o peso do crânio,
nascimento e vai progressivamente piorando nas facilitando sua sustentação;
primeiras horas de vida. O retardo no início do
quadro clínico é algo que torna este diagnóstico ( ) A radiografia de seios da face possui baixa
menos provável e sugere outras possibilidades, sensibilidade, alta especificidade, responsável em
como um quadro de pneumonia (opção C errada). alguns raros casos por resultados falso-positivos.
Em relação às alterações gasométricas, a primeira
A ordem CORRETA de preenchimento dos
delas é a hipoxemia, por diminuição no tempo de
parênteses, de cima para baixo, é:
troca gasosa. Com a progressão da doença, há
acidose respiratória por hipercarbia e também a) V – V – V – V
pode haver acidose metabólica, por alterações na
perfusão tecidual (opção D errada) b) F – V – F – V
c) V – F – F – V

QUESTÕES – IVAI, IVAS E LACTENTE d) F – F – V – F


SIBILANTE e) V – V – F – F
1. Em relação à sinusite na criança, considere as
afirmativas:
3. Criança de 1 mês e 15 dias de idade é levada à
I - A maioria das infecções do trato respiratório Unidade de Básica de Saúde (UBS) pela avó por
superior melhora em 7 a 10 dias; não estar conseguindo mamar e apresentar
II - A abordagem inicial inclui raio X ou tomografia “cansaço” há 3 horas. No exame físico, a sua
dos seios da face; médica de família e comunidade observa tiragem
subcostal e FR de 65 irpm. Qual das alternativas
III - A amoxicilina é a primeira escolha no representa a conduta CORRETA?
tratamento da sinusite bacteriana;
a) Administrar oxigenoterapia e observar a criança
IV - O quadro clínico é semelhante ao dos na UBS até melhora dos sintomas.
adolescentes, com cefaleia, dor facial, tosse,
edema facial. b) Solicitar radiografia de tórax urgentemente e
agendar retorno na UBS em 24 horas.
As alternativas CORRETAS são:
c) Prescrever antibiótico oral por 10 dias e agendar
a) II, III, IV. retorno na UBS em 48 horas.
b) I, III. d) Administrar a primeira dose do antibiótico na
UBS e remover para o hospital.
c) I, III, IV.
d) III, IV.
e) II, IV.
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4. Considere hipoteticamente que determinado a) Adenovírus.


paciente de três anos de idade apresenta quadro
b) Mycoplasma.
de febre alta há três dias, associado à coriza,
espirros e tosse produtiva. Ao exame físico, c) Metapneumovírus.
observa-se criança em bom estado geral, ativa,
reativa, frequência respiratória de 45 irpm e d) Vírus sincicial respiratório
murmúrio vesicular reduzido a ausculta de
hemitórax direito. A radiografia de tórax evidenciou
infiltrado broncopneumônico em hemitórax direito, 7. Sobre os sinais clínicos de insuficiência
velamento de seio costofrênico à direita e leve respiratória aguda, assinale a alternativa
desvio de traqueia para a esquerda. Foi realizado INCORRETA:
toracocentese com saída de secreção purulenta
a) Tiragem intercostal.
com pH de 7,1 e glicose de 36 mg/dl. Com base
nesse caso, assinale a alternativa que indica a b) Gemência expiratória.
conduta CORRETA:
c) Hipotensão arterial.
a) Tratamento ambulatorial com uso de amoxicilina
oral por dez dias com orientação de retorno em 48 d) Taquicardia.
horas para reavaliação clínica. e) Agitação, euforia, choro, torpor e coma.
b) Internação hospitalar e antibioticoterapia
parenteral.
8. Em relação à sinusite bacteriana aguda na
c) Internação hospitalar, antibioticoterapia criança, é CORRETO afirmar que:
parenteral, oxigenoterapia e drenagem torácica
fechada. a) O tratamento inicial da sinusite bacteriana aguda
não complicada pode ser feito com amoxicilina.
d) Internação hospitalar, antibioticoterapia
parenteral, oxigenoterapia e nova toracocentese de b) Haemophilus influenzae tipo B, Streptococcus
alívio, se necessário. pneumoniae, Moraxella catarrhalis e
Staphylococcus aureus são os agentes etiológicos
e) Internação hospitalar para observação clínica mais frequentes.
por, no mínimo, 24 horas e avaliação quanto à
necessidade de iniciar antibioticoterapia c) Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis
dependendo da evolução clínica do paciente. raramente são betalactamase positivos.
d) Cefaleia e dor facial são manifestações
frequentes da sinusite bacteriana aguda em
5. Qual o achado na otoscopia de maior valor crianças.
preditivo positivo para o diagnóstico de otite média
aguda em crianças? e) As radiografias dos seios da face são úteis para
confirmar a sinusite bacteriana aguda e devem ser
a) Hiperemia da membrana timpânica. solicitadas para avaliação diagnóstica.
b) Abaulamento da membrana timpânica.
c) Opacidade da membrana timpânica. 9. Paciente de 5 meses de idade, previamente
d) Dor durante a realização do exame. hígido, há 3 dias iniciou quadro de tosse e coriza,
com progressão há um dia para dificuldade
e) Palidez da membrana timpânica. respiratória, sem febre. Ao exame: BEG; corado;
ausculta pulmonar com sibilos difusos e estertores
grossos bilaterais; tiragem subdiafragmática e de
6. Um lactente de 8 meses apresenta febre alta há fúrcula; frequência respiratória = 48
4 dias associada à conjuntivite não purulenta, movimentos/minuto; saturação = 92% em ar
rinorreia, hiperemia de orofaringe, linfadenopatia ambiente; frequência cardíaca = 140/min; sem
pré-auricular e cervical. Evolui com tosse, dispneia outras alterações.
e sibilância. Qual é o PROVÁVEL agente etiológico
do quadro descrito acima?
9
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

d) O isolamento do agente etiológico em cultura do


derrame pleural é positivo em mais da metade dos
casos.

11. Uma criança de dois anos de idade é trazida à


consulta apresentando sintomas compatíveis com
infecção das vias aéreas superiores há duas
semanas. Adicionalmente apresenta história de:
febre elevada há dois dias, secreção nasal
purulenta e tosse noturna de forte intensidade. A
criança frequenta regularmente creche e teve
tratamento recente com antibióticos. Qual a
principal hipótese diagnóstica e recomendação
terapêutica para esse caso?
Com relação ao quadro descrito e a imagem a) Laringite bacteriana aguda; cefuroxima oral.
radiológica correspondente, podemos afirmar que
se trata de: b) Adenoide bacteriana aguda; claritromicina oral.

a) Pneumonia em ápice e base direita e o c) Traqueíte bacteriana aguda; ceftriaxona


tratamento adequado é associação de intramuscular.
cefalosporina de 2a geração ou penicilina +
d) Rinossinusite bacteriana aguda; amoxicilina +
macrolídeo.
clavulanato oral.
b) Bronquiolite, devendo-se prescrever hidratação
adequada e inalação com beta-2-agonista, se
houver responsivo a teste. 12. Sobre o tratamento da faringoamigdalite
estreptocócica:
c) Aspiração de corpo estranho indicada pela
hiperinsuflação pulmonar observada na radiografia a) O tratamento indicado para erradicar o
simples de tórax. estreptococo é o uso de azitromicina por três dias.
d) Crise aguda de asma, devendo-se iniciar b) O tratamento de escolha é a penicilina G
corticoide sistêmico e beta-2-agonista inalatório, benzatina por via intramuscular, dose única.
seguido de sulfato de magnésio se manutenção do
desconforto respiratório. c) Na criança é a tetraciclina por via oral, por dez
dias.
d) Não existem opções de tratamento oral na
10. Na suspeita de derrame pleural, complicando profilaxia primária da febre reumática.
quadro de pneumonia em criança de quatro anos
de idade, é CORRETO afirmar que:
a) Sua confirmação deve ser feita por método de 13. Pré-escolar apresenta obstrução nasal e tosse
imagem, se destacando a radiografia do tórax nos produtiva principalmente noturna. Há 10 dias
casos de hemitórax opaco. apresentou infecção de vias aéreas superiores,
segundo relato da mãe. Neste caso, qual
b) Seu diagnóstico é suspeitado ao exame físico diagnóstico provável?
quando se encontra submacicez à percussão,
aumento de frêmito toracovocal à palpação e a) Laringite.
redução do murmúrio vesicular à ausculta. b) Sinusite.
c) O Streptococcus pneumoniae é o agente mais c) Traqueíte.
comum de pneumonia complicada com derrame
pleural. d) Asma.
10
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

14. Uma criança de 18 meses é atendida no Não apresenta febre e o início foi súbito, durante a
ambulatório com relato de três episódios de madrugada, estando com discreta coriza há um
“chiado no peito” logo após ter completado o 1o dia; mantém bom estado geral, mas se mostra
semestre de vida. Que outros dados da história ansiosa. Exame físico: sem cianose ou dificuldade
clínica aumentam a probabilidade de asma de respiratória; oximetria de pulso normal. A
apresentação precoce? prescrição a ser feita neste caso é:
a) Sinais de dermatite atópica + tosse noturna. a) Antibiótico oral.
b) Sibilância induzida por vírus + um dos pais com b) Nebulização com adrenalina.
asma.
c) Corticosteroide oral.
c) Sintomas nasais (prurido e rinorreia) + sinais de
d) Máscara com oxigênio
dermatite atópica.
d) Dados clínicos sugestivos de refluxo
gastroesofágico + rinorreia 18. Um lactente de oito meses de idade é trazido a
uma unidade de pronto atendimento pelos pais às
duas horas da madrugada. Informam que a criança
15. Juliana, 3 meses de idade, vem apresentando estava bem ao dormir e que acordou há cerca de
há cerca de 4 dias quadro de tosse, coriza e meia hora com tosse metálica e rouquidão. Ao
desconforto respiratório. O exame físico mostra exame, a criança apresentava temperatura axilar
taquidispneia, tiragem intercostal, sibilos e de 36,7°C e mantinha bom estado geral, sem
estertores bolhosos bilaterais, sem melhora sinais de toxemia. O único achado digno de nota
significativa após uso de nebulização com no exame era um estridor inspiratório, além da
broncodilatador. Raio X de tórax evidenciou tosse e da rouquidão relatados pelos pais. Após
hiperinsuflação pulmonar difusa bilateral, com duas horas de observação, a criança havia
áreas de hipotransparências em bases de ambos apresentado uma melhora significativa. O
os pulmões. O diagnóstico mais provável é: diagnóstico MAIS PROVÁVEL dessa situação
clínica é:
a) Aspiração de corpo estranho.
a) Epiglotite
b) Asma brônquica.
b) Laringite bacteriana
c) Bronquiolite viral aguda.
c) Laringite espasmódica
d) Traqueobronquite.
d) Laringite virótica
e) Pneumonia bacteriana

19. Em relação às tonsilites bacterianas na


16. O tratamento das pneumonias em crianças
infância, são feitas as assertivas seguintes:
deverá ser hospitalar nas seguintes condições,
EXCETO: I. Seu agente etiológico mais frequente é o
Streptococcus pneumoniae, causador das
a) Saturação de oxigênio inferior a 95%.
complicações supurativas e não supurativas.
b) Sonolência excessiva.
II. Ocorrem principalmente após os cinco anos de
c) Complicações radiológicas como derrame vida.
pleural.
III. Cursam com tosse seca, rinorreia e febre alta.
d) Idade inferior a 2 meses.
Está/Estão CORRETA (S) a (s) afirmativas (s):
e) Estridor em repouso.
a) I, apenas.
b) II, apenas.
17. Criança, 2 anos, é levada à emergência c) I e III, apenas.
apresentando “tosse de cachorro”, rouquidão e
estridor inspiratório. d) II e III, apenas.
11
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

e) I, II e III. são tosse e secreção nasal por tempo prolongado


e descarga nasal purulenta, INCORRETA.
Afirmativas I e III corretas.
20. Maria de 35 dias é atendida no pronto-socorro
com quadro de bronquiolite viral aguda. Mãe relata
prematuridade de 35 semanas, AIG, não 2. Gabarito: D
necessitando de cuidados ventilatórios. Exame
Comentário: . Vamos avaliar cada uma das
físico: regular estado geral, dispneica, FR: 82 irpm,
afirmativas. A primeira afirmativa é falsa; o
sem tiragem ou batimento de aletas nasais, MV
diagnóstico de sinusite bacteriana aguda na
presente e diminuído universalmente, com sibilos
infância é um diagnóstico essencialmente clínico.
esparsos. Exames complementares: saturação de
Não há recomendação para realização de qualquer
O2 de 95% em repouso; radiografia de tórax:
exame da imagem. A segunda afirmativa também
pulmões hiperinsuflados com reforço da trama
é falsa; apenas os seios etmoidais estão presentes
broncovascular. O pediatra assistente decide pela
desde o nascimento. No momento do nascimento,
internação hospitalar. As alterações clínicas ou
estão presentes apenas os rudimentos do seio
laboratoriais que determinaram essa decisão
maxilar. O seio maxilar está aerado apenas por
foram:
volta dos quatro anos de idade. A terceira
a) Radiografia do tórax e idade. afirmativa é verdadeira e descreve, corretamente,
a finalidade dos seios da face. E, por fim, a última
b) Estado geral e prematuridade.
afirmativa é falsa; a sensibilidade é boa, mas a
c) Saturação de O2 e prematuridade. especificidade é baixa, pois não permite a
diferenciação entre um quadro viral e um quadro
d) Idade e FR elevada. bacteriano.
e) Radiografia de tórax e saturação de O2.

3. Gabarito: D
GABARITOS E COMENTÁRIOS Comentário: Esta questão certamente deve ter sido
1. Gabarito: B baseada nos materiais dos cursos de capacitação
em AIDPI (Atenção Integrada às Doenças
Comentário: Sobre os quadros de sinusite na Prevalentes na Infância), que fazem parte de uma
infância: Afirmativa I) A grande maioria das estratégia inicialmente desenvolvida pela
infecções de vias aéreas superiores são de Organização Mundial da Saúde e pelo Fundo das
etiologia viral, tendendo à resolução espontânea Nações Unidas para a Infância e a Adolescência
em poucos dias, CORRETA. Afirmativa II) Na faixa que tem o objetivo de promover uma rápida e
etária pediátrica a radiografia de seios da face não significativa redução da mortalidade na infância.
acrescenta grande utilidade no diagnóstico Estes treinamentos permitem que rapidamente
etiológico, podendo ser considerada alterada sejam identificadas situações de risco e define de
mesmo em criança normais. Nos menores de 5 forma bem objetiva qual conduta deve ser adotada.
anos tem baixa especificidade e baixa O que temos aqui é uma criança com menos de
sensibilidade, INCORRETA. Afirmativa III) Nas dois meses de idade, atendida com taquipneia
sinusites agudas está recomendado o tratamento (lembre-se de que até dois meses considera-se
antimicrobiano com o intuito de evitar as taquipneia uma frequência respiratória ≥ 60 irpm).
complicações supurativas. A escolha inicial é a Basta isso para afirmarmos que é uma pneumonia.
amoxicilina, que deve ser associada a clavulanato Porém, mais do que isso: toda pneumonia em
apenas em casos específicos (menores de 2 anos, menor de 2 meses é considerada grave. No caso
frequentadores de creche, uso de antibióticos nos descrito temos também a descrição da tiragem
últimos 3 meses e falha terapêutica inicial), subcostal, o que reforça ainda mais essa
CORRETA. Afirmativa IV) O diagnóstico da caracterização, mas ainda que tal dado estivesse
sinusite é clínico e nas crianças maiores e ausente, bastaria a idade da criança para
adolescentes deve ser suspeitado quando houver: definirmos que o quadro é grave. A conduta diante
secreção nasal prolongada, tosse de um quadro grave é a administração imediata da
predominantemente noturna e cefaleia frontal. Nas primeira dose do antimicrobiana ainda na unidade
crianças menores, as manifestações mais comuns de saúde e a remoção para o hospital
12
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

fraqueza muscular e, algumas vezes, sinais de vias


aéreas inferiores.
4. Gabarito: C
Comentário: Estamos atendendo um pré-escolar,
de 3 anos, que apresenta uma pneumonia 7. Gabarito: C
comunitária. A simples realização do exame físico
Comentário: Ao avaliarmos a criança com um
já nos sugeriu que esta criança apresentava um
quadro de insuficiência respiratória, podemos
derrame pleural e isto foi confirmado pela
encontrar uma série de sinais. A tiragem subcostal
realização da radiografia de tórax. Sabemos que
e a gemência, bem como o batimento de asa
sempre que estivermos diante de um derrame
nasal, são sinais encontrados em crianças com
pleural parapneumônico, devemos realizar a
aumento marcado do trabalho respiratório e
toracocentese (isso só não será feito se o volume
indicam maior gravidade do quadro. A criança com
for deveras reduzido). A toracocentese permitirá
insuficiência pode ter uma insuficiência hipóxica,
que seja definido se o líquido é apenas um
em que predomina o prejuízo da oxigenação, ou
derrame inflamatório ou se já houve a formação de
hipercarbia, com maior comprometimento da
um empiema. A descrição de um aspecto
ventilação, ou ainda, uma forma com os dois
purulento, juntamente com o pH baixo (< 7,2) e a
componentes. A hipóxia leva à agitação; a
glicose baixa (< 40 mg/dl), indica que esta criança
hipercarbia pode levar ao torpor e coma.
já evoluiu com a formação de empiema. Nestas
Tipicamente, iremos encontrar taquicardia e
situações, além da antibioticoterapia parenteral (a
hipertensão, não hipotensão, como mecanismos
penicilina cristalina pode continuar sendo a droga
compensatórios.
de escolha, pois o Streptococcus pneumoniae
continua sendo o patógeno mais prevalente),
deverá ser feita a drenagem torácica. A única
opção que contempla esta conduta corretamente é 8. Gabarito: A
a letra C. Causa alguma surpresa a indicação de Comentário: Vamos às afirmativas: Letra A) O
oxigenoterapia, pois não parece haver razão clara tratamento das sinusites bacterianas agudas está
para tal no enunciado. Ainda assim, trata-se da indicado com o intuito de reduzir a evolução para
melhor resposta, pois descreve todo o resto de complicações supurativas e tem como escolha
maneira precisa. inicial a amoxicilina - CORRETA. Letra B) Os
agentes mais comumente envolvidos na etiologia
dos casos de sinusite aguda são o Streptococcus
5. Gabarito: B pneumoniae, o Haemophilus influenzae e a
Moraxella catarrhalis. O Staphylococcus aureus
Comentário: Na otite média aguda, todos os sinais
está mais relacionado ao quadros subagudos
descritos podem estar presentes. Mas considera-
prolongados e crônicos - INCORRETA. Letra C) Na
se que o achado de maior poder diagnóstico na
dependência da localidades, podem existir H.
OMA seja o abaulamento da membrana timpânica,
influenzae e M. catarrhalis produtores de
que apresenta 67% de sensibilidade e 97% de
betalactamase, sendo a amoxicilina associada ao
especificidade. Estudos têm questionado essa
ácido clavulânico uma boa opção terapêutica -
importância, mas conceitualmente ela ainda
INCORRETA. Letra D) As principais manifestações
permanece válida.
em crianças menores são a tosse persistente e a
secreção nasal purulenta. A presença de cefaleia e
dor fácil é mais comum em crianças maiores e
6. Gabarito: A
adolescentes - INCORRETA. Letra E) Os exames
Comentário: O enunciado da questão nos relata radiológicos não estão indicados em menores de 5
um quadro clínico característico de febre anos, pois podem estar alterados até mesmo em
faringoconjuntival, causada comumente pelo crianças saudáveis e não são capazes de realizar
adenovírus tipo 3. Trata-se história de febre diferenciação etiológica - INCORRETA.
geralmente alta por cerca de 4 a 5 dias, associada
à faringite (dor de garganta e hiperemia de
orofaringe), conjuntivite não purulenta, rinite e 9. Gabarito: B
adenomegalia pré-auricular e cervical. A criança
pode também apresentar cefaleia, mal-estar,
13
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

Comentário: . Temos na questão um lactente de 5 11. Gabarito: D


meses apresentando tosse e coriza com evolução
Comentário: O enunciado descreve um PRÉ-
para taquipneia, taquicardia, sinais de esforço
ESCOLAR de 2 anos com uma SÍNDROME DE
respiratório, broncoespasmo e estertoração à
VIAS AÉREAS SUPERIORES caracterizado por
ausculta. A radiografia fornecida mostra retificação
quadro de “resfriado prolongado”, atualmente
dos arcos costais e hipertransparência pulmonar:
marcado por febre + tosse noturna + secreção
sinais de hiperinsuflação. Quadro típico de
nasal purulenta, sugerindo o diagnóstico
bronquiolite. Ela acomete vias aéreas superiores e
topográfico de RINOSSINUSITE OU SINUSITE
inferiores e é acompanhada de sinais de
BACTERIANA. Muitas vezes, o quadro inicial de
broncoespasmo. O primeiro e mais grave episódio,
rinossinusite viral (resfriado) “complica” com
em geral, ocorre nos primeiros seis meses de vida,
posterior infecção bacteriana. Devemos pensar
e 80% dos casos ocorrem até o primeiro ano. O
neste diagnóstico todas as vezes que houver
agente etiológico principal é o vírus sincicial
persistência da tosse > 10 dias ou da secreção
respiratório. O tratamento consiste, basicamente,
nasal purulenta por mais de 4 dias associada à
em medidas de suporte, principalmente
piora da febre ou aparecimento da mesma. A
oxigenoterapia e hidratação venosa. O uso de
laringite e a traqueíte são causas de estridor, tosse
beta-2-agonistas pode produzir melhora a curto
metálica e desconforto respiratório que não estão
prazo em algumas crianças, mas seu uso nem
presentes no quadro descrito. Adenite não é uma
sempre é clinicamente significativo. Por isso faz-se
hipótese pois manifesta-se como uma
o “teste” e, havendo resposta, a intervenção é
linfonodomegalia dolorosa e com sinais flogísticos,
mantida. Os corticosteroides não são
não descritos no caso. Quanto ao tratamento,
recomendados em lactentes previamente hígidos
em seu primeiro episódio de sibilância. considerando-se o pneumococo como principal
agente etiológico, o tratamento de escolha é feito
com amoxicilina, na dose de 40-45 mg/kg/dia. No
Brasil, em que não temos registro de alta
10. Gabarito: C
prevalência de pneumococo com resistência
Comentário: Vamos analisar as alternativas sobre intermediária à amoxicilina, fazemos a dose
pneumonias com Derrame Pleural (DP) na dobrada desse antibiótico apenas em crianças com
infância: A- INCORRETA. A suspeita clínica de fatores de risco para essa resistência (menores de
derrame pleural se faz mediante sinais clínicos de 2 anos, crianças que frequentam creche, os que
pneumonia grave (taquipneia, dispneia) e de sinais fizeram uso de betalactâmicos recentemente, os
sugestivos ao exame físico (redução do murmúrio com anomalia facial ou imunodeprimidos). A
vesicular, abolição do Frêmito Toracovocal (FTV) e resistência intermediária do pneumococo ocorre
macicez à percussão). A confirmação do DP se faz por alteração da afinidade das proteínas de ligação
mediante exames de imagem, tais como à penicilina (PBP – PenicillinBinding-Proteins) e
ultrassonografia de tórax e radiografia de tórax. A nesses casos, o aumento da dose aumenta a
afirmativa está incorreta porque traz “radiografia de concentração da droga e é capaz de “vencer” essa
tórax nos casos de hemitórax opaco”, ora, o diminuição de afinidade. A associação da
hemitórax opaco é visto pela radiografia, e nestes amoxicilina com clavulanato fica geralmente
casos, o mais indicado é a toracocentese para reservada para os casos de falha terapêutica, em
análise bioquímica e bacteriana do líquido pleural. que se pretende então cobrir Haemophilus
B - INCORRETA. Diante de um DP encontramos: influenzae não tipável e a MoraxellaCatarrhalis,
expansibilidade torácica diminuída, redução do que podem ter resistência à amoxicilina pela
MV, abolição do FTV e macicez à percussão. C - produção de betalactamase. Sendo assim, o mais
CORRETA. Apesar do aumento da incidência do correto no caso em questão seria prescrever
M. pneumoniae como principal agente etiológico amoxicilina na dose de 90 mg/kg/dia.
das pneumonias em maiores de 5 anos, a bactéria
que ainda mais comumente se associa ao DP é o
pneumococo. D - INCORRETA. A taxa de 12. Gabarito: B
positividade bacteriana em cultura a partir do
líquido pleural é baixa. Comentário: . A faringite estreptocócica tem maior
incidência em pacientes de 5 a 15 anos.
Apresenta-se com odinofagia geralmente
associada à febre alta além de, ao exame físico,
14
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

demonstrar hiperemia faríngea e amigdalite com grupo dos que sibilam nos primeiros dois/três anos
exsudato branco-amarelado, petéquias em palato e de vida irão persistir com esses episódios
adenomegalia cervical anterior dolorosa. Essas
(são os ditos sibilantes persistentes que nada mais
manifestações nem sempre estão todas presentes
são que crianças com o provável diagnóstico de
e sua ausência não exclui a possibilidade de
asma). Assim, sempre que avaliamos o lactente
faringite estreptocócica. A presença de sintomas
sibilante devemos buscar por alguns dados que
de resfriado como tosse, coriza e obstrução nasal
nos auxiliem a prever quem será o sibilante
falam mais a favor de faringoamigdalite viral. O
transitório e quem será o sibilante persistente, pois
antibiótico de escolha é a penicilina, geralmente a
este último pode beneficiar-se do tratamento
penicilina G benzatina em dose única IM (dose
intercrise com corticoides inalatórios, por exemplo.
para menores de 27 kg: 600.000 U; para maiores
Os principais fatores preditores incluem
de 27 kg: 1.200.000 U). Alternativas são: penicilina
diagnóstico de eczema nos três primeiros anos de
V oral por 10 dias ou amoxicilina oral por 10 dias.
vida; pai ou mãe com asma; diagnóstico de rinite
O tratamento antibiótico deve ser implementado
nos três primeiros anos de vida; sibilância sem
visando erradicar o Streptococcus da orofaringe e
resfriado (virose); e eosinofilia sanguínea maior
prevenir as complicações não supurativas graves
que 3% (na ausência de parasitoses).
que são a febre reumática e a glomerulonefrite
pós-estreptocócica

15. Gabarito: C
13. Gabarito: B Comentário: Temos uma lactente de 3 meses com
tosse, taquidispneia e ausculta com
Comentário: .A sinusite costuma se manifestar
broncoespasmo e estertores bolhosos, sem
como um “resfriado que demora a passar”, com
melhora após uso de broncodilatador e com sinais
tosse e secreção nasal por mais de 10-14 dias. A
de hiperinsuflação no exame de imagem. História
tosse costuma piorar à noite pela presença de
compatível com uma bronquiolite aguda. Quadro
gotejamento pós-nasal, como descrito no caso.
mais comum em lactentes, especialmente em
Diferente de crianças maiores e adolescentes que
menores de 6 meses, de etiologia
têm cefaleia e dor facial espontânea ou à
predominantemente viral (vírus sincicial
percussão, crianças de até 7 anos não apresentam
respiratório, parainfluenza, adenovírus, entre
esses sintomas, uma vez que não possuem o seio
outros). Podem haver pródromos de vias aéreas
frontal formado. Também é possível o diagnóstico
superiores, com evolução para tosse e dispneia.
de sinusite com um quadro clínico mais exuberante
Ao exame físico, comumente podemos observar
e grave quando há febre alta (≥ 39ºC) e coriza
sibilos e tempo expiratório prolongado, além dos
purulenta por 3-4 dias consecutivos ao quadro
sinais de desconforto. A radiografia de tórax
respiratório. O marco clínico da laringite é a tosse
evidencia hiperinsuflação, podendo haver
ladrante e o estridor. A taqueíte deve ser pensada
infiltrados e atelectasias. O tratamento é baseado
como hipótese diagnóstica quando além dos
em medidas de suporte e oxigenoterapia. Os
sintomas de obstrução respiratória alta (tosse
broncodilatadores não apresentam benefícios
metálica, estridor) também ocorre febre alta,
comprovados cientificamente e devem ser
dispneia. Finalmente, a asma é uma doença
mantidos apenas quando houver resposta.
obstrutiva das vias aéreas inferiores, e cursa
clinicamente, com tosse seca, dispneia, sibilos e
tempo expiratório prolongado.
16. Gabarito: A
Comentário: De acordo com o preconizado pelo
14. Gabarito: C AIDPI (Atenção Integrada às Doenças Prevalentes
na Infância), temos os seguintes critérios de
Comentário: A avaliação do lactente com repetidos
internação para pacientes com pneumonia: idade
episódios de sibilância é um grande desafio na
abaixo de 2 meses, tiragem subcostal, crise
prática pediátrica. Sabemos que um percentual das
convulsiva, sonolência, estridor em repouso,
crianças que apresentam episódios de sibilância
desnutrição grave, não aceitação de líquidos,
nos primeiros dois/ três anos de vida irão parar de
sinais de hipoxemia, comorbidades (cardiopatia,
sibilar após essa idade (são os ditos sibilantes
pneumopatia e doença falciforme), derrame
precoces transitórios); porém, sabemos que um
15
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

pleural, abscesso pulmonar, pneumatocele, LARINGITE ESPASMÓDICA e afastam etiologia


problemas sociais, falha terapêutica ambulatorial. infecciosa, viral e bacteriana. O crupe
A internação em Unidade de Terapia Intensiva está espasmódico é uma doença semelhante à
indicada quando: hipoxemia (saturação abaixo de laringotraqueobronquite, porém acomete crianças
92% em vigência de FIO2 acima de 60%), apneia, mais novas, entre um e três anos, e os achados de
desconforto respiratório importante e hipotensão infecção estão ausentes. A etiologia é controversa
arterial. e fatores alérgicos e psicológicos também são
importantes. O início do quadro é súbito,
geralmente, à noite, precedido por coriza leve a
17. Gabarito: C moderada e rouquidão. A criança acorda ansiosa,
com uma tosse metálica característica, inspiração
Comentário: Enunciado descreve um quadro de ruidosa e dificuldade respiratória. Normalmente,
crupe (obstrução aguda da laringe) que é não há febre e a dispneia pode ser agravada por
caracterizado por tosse “de cachorro” ou agitação. Em geral, a intensidade dos sintomas
estridente, e pode estar associado a rouquidão, diminui dentro de várias horas, com melhora
estridor inspiratório e angústia respiratória. Os importante no outro dia, restando apenas
vírus são os principais causadores de crupe e, por rouquidão leve e tosse.
isso, a maioria dos pacientes apresenta uma
infecção do trato respiratório superior, com
rinorreia, faringite, tosse e febre baixa 1 a 3 dias
19. Gabarito: B
antes dos sinais e sintomas de obstrução da
laringe. No entanto, estes pródromos virais NÃO Comentário: Questão relativamente simples sobre
estão presentes na questão. Devemos então uma afecção muito comum na prática pediátrica: a
pensar no crupe espasmódico, como diagnóstico faringite estreptocócica. Os quadros de faringite
diferencial. Esta patologia pode ser precedida de aguda na infância são, na maior parte das vezes,
coriza e rouquidão, geralmente não tem febre. provocados por vírus. Porém, a grande
Ocorre com maior frequência em crianças de 1 a 3 preocupação do pediatra ao se deparar com uma
anos, no período noturno. A criança acorda faringite aguda é tentar identificar o quadro de
ansiosa, assustada e com o quadro de obstrução faringite estreptocócica, pois, nesses casos, além
de laringe. Sua etiologia não é bem definida, mas do risco das complicações supurativas, há a
fatores alérgicos e psicológicos parecem ser possibilidade de desenvolvimento de febre
importantes, além da causa viral em alguns casos. reumática. O agente etiológico responsável por
Em muitas situações, o tratamento medicamentoso esses casos é o estreptococo beta-hemolítico do
não é necessário, uma vez que a gravidade dos grupo A (SGA), Streptococcus pyogenes
sintomas diminui em algumas horas. Contudo, vale (afirmativa I errada; o S. pneumoniae é
lembrar-se de que a eficácia dos corticoides orais é responsável por diversas outras infecções
bem estabelecida, e seu uso se mostra benéfico respiratórias agudas, como otites, sinusites e
nos casos de crupe leve, moderado e grave. Se a pneumonias). As faringites estreptocócicas são
sua vontade foi marcar letra B, lembre-se: o uso da mais comuns a partir dos cinco anos de idade. O
nebulização com adrenalina só está indicado nos pico de incidência dessa condição vai dos cinco
casos de crupe moderado ou grave. Clinicamente aos onze anos (afirmativa II certa). Essa
isso significa estridor em repouso moderado a informação é muito útil na prática clínica (e
intenso, possível necessidade de intubação, também na avaliação de questões sobre o tema).
angústia respiratória e hipóxia. E estes achados Quando estivermos atendendo um lactente com
NÃO se encontram no enunciado. um quadro de faringite aguda, certamente o quadro
não estará sendo causado pelo SGA, mas por um
dos vários vírus que podem causar faringite. Além
18. Gabarito: C da idade, a associação com outras manifestações
clínicas também pode ser útil à distinção clínica
Comentário: O enunciado nos traz um lactente com entre a etiologia viral e a etiologia bacteriana. Nos
quadro de ESTRIDOR INSPIRATÓRIO + TOSSE quadros virais, pode haver a associação com
METÁLICA + ROUQUIDÃO, configurando uma outras manifestações que indicam infecção viral
síndrome de obstrução de vias aéreas ou laringite. das vias aéreas superiores, como tosse e rinorreia.
A ausência de sintomas catarrais virais, ausência A presença dessas manifestações torna o
de febre e boa evolução sugerem o diagnóstico de
16
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

diagnóstico de uma infecção estreptocócica menos que pode estar associado, devendo-se realizar
provável (afirmativa III errada). radiografia simples de tórax.
d) Meningite pneumocócica evoluindo com febre
por hipersensibilidade às medicações empregadas
20. Gabarito: B
já que encontra-se em bom estado geral, devendo-
Comentário: O enunciado nos traz um lactente se alterar a antibioticoterapia, conforme o
jovem (1 mês e 5 dias) com bronquiolite viral antibiograma.
aguda, ou seja, uma PNEUMONIA VIRAL. Este
e) Meningite pneumocócica evoluindo com febre
está em regular estado geral, taquipneico
devido a provável abscesso cerebral que é
(frequência > 60 irpm) e dispneico. Em crianças
complicação frequente nessa etiologia,
menores de 2 meses, a presença de taquipneia ou
necessitando tomografia de crânio para
tiragem subcostal caracteriza a apresentação de confirmação
uma PNEUMONIA COMO GRAVE. O tratamento
da pneumonia grave deve ser com assistência
hospitalar e, em caso de suspeita de etiologia
2. Diante de uma criança de 5 meses de vida e
bacteriana associada, a terapêutica antimicrobiana
meningite bacteriana há dois meses com derivação
deve ser iniciada por via venosa. Portanto, a FR
ventriculoperitoneal, responda: quais os agentes
determina o diagnóstico de PNEUMONIA, e a
etiológicos mais prováveis?
idade (< 2 meses) informa a possibilidade de
GRAVIDADE. a) Staphylococcus coagulase negativo e
Staphylococcus aureus.
b) Staphylococcus aureus e Neisseria meningitidis.
QUESTÕES – MENINGITE
c) Streptococcus pneumoniae e Listeria
1. Lactente de 6 meses encontra-se internado por
monocytogenes.
meningite com o seguinte resultado de Líquido
Cefalorraquidiano (LCR) à admissão: celularidade - d) Streptococcus pyogenes e Staphylococcus
694 (72% neutrófilos, 18% linfócitos e 10% aureus
monócitos); glicose = 10 mg/dl e proteínas = 94
mg/dl. Bacterioscópico – presença de diplococos
Gram-positivos aos pares. Recebeu dexametasona 3. Diante de uma criança de 9 meses de idade,
por 4 dias e ceftriaxona atualmente no quinto dia internada para tratamento de meningite bacteriana,
completo. Evolui com melhora do estado geral qual das abaixo representa indicação para uma
porém permanece com febre diária. Feito novo segunda punção lombar após 48 horas de
LCR com celularidade – 89 (83% linfócitos, 10 tratamento?
monócitos e 7% neutrófilos); proteína = 82 mg/dl;
glicose = 37 mg/dl e ausência de bactérias ao a) Celularidade liquórica maior que 800
gram. células/mm³

Assinale a alternativa CORRETA quanto a essa ao diagnóstico.


evolução:
b) Convulsões antes do início do tratamento.
a) Meningite pneumocócica evoluindo com
c) Ausência de melhora clínica após 48 horas de
provável coleção subdural, que é a complicação
tratamento.
mais frequente, necessitando tomografia de crânio
para confirmação. d) Crianças menores de 1 ano de idade.
b) Meningite pneumocócica de evolução arrastada
evoluindo com febre por provável resistência
intermediária do agente etiológico, devendo-se 4. Sobre as meningites na criança, marque a
alterar a antibioticoterapia, conforme o alternativa INCORRETA:
antibiograma. a) Streptococcus pneumoniae é o agente mais
c) Meningite pneumocócica evoluindo com febre frequente entre 2 e 12 meses de idade.
por provável pneumonia, já que este é o quadro
17
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

b) Neisseria meningitidis é o agente mais frequente b) Penicilina cristalina.


depois dos 12 meses de idade.
c) Ampicilina.
c) Os sinais e sintomas de meningite bacteriana
d) Vancomicina.
são bem específicos, principalmente em crianças
mais jovens. e) Ciprofloxacino
d) Trombocitopenia grave 50.000/mm3 contra
indica a coleta do liquor.
8. Diante de um paciente com suspeita de
meningite, cujo liquor apresenta glicose de 60
mg/dl, pressão inicial de 18 cmH2O (decúbito
5. Nos casos de meningite bacteriana em algumas
lateral), celularidade de 400 células/mm3, proteína
situações indica-se quimioprofilaxia para os
de 51 mg/dl (suboccipital), o mais provável agente
contatos íntimos. Nas meningites por hemófilos e
etiológico é:
meningococo a profilaxia com rifampicina deve ser
usada, respectivamente por: a) Neisseria meningitidis.
a) 2 e 3 dias. b) Mycobacterium tuberculosis.
b) 2 e 4 dias. c) Herpes-simplex.
c) 2 dias em ambas situações. d) Listeria monocytogenes.
d) 3 e 2 dias. e) Staphylococcus aureus
e) 4 e 2 dias

9. Pré-escolar de cinco anos é levado ao pronto-


socorro. Mãe refere que, há uma semana, a
6. Menina de 1 ano iniciou com quadro de coriza e
criança vem apresentando febre (38 a 39°C),
tosse há dois dias. Durante a noite, teve febre alta
cefaleia e vômitos. Ao exame, apresenta-se
e, pela manhã, a mãe observou manchas
orientado, sem sinais localizatórios e com rigidez
arroxeadas nas pernas. Chegou ao Posto de
de nuca. Exame do líquido cefalorraquidiano: 150
Saúde com febre e vômitos. Recebeu uma dose de
células, sendo 80% de linfomononucleares;
penicilina benzatina e foi transferida para o
proteinorraquia: 60 mg/dl; glicorraquia: 70 mg/dl.
hospital. Chegou ao pronto-socorro de referência,
Qual o diagnóstico mais provável?
sonolenta, taquipneica, desidratada, com petéquias
e algumas equimoses. Qual sua hipótese a) Meningite tuberculosa.
diagnóstica para esse quadro?
b) Meningite viral.
a) Meningite meningocócica.
c) Abscesso cerebral.
b) Meningoencefalite.
d) Meningite bacteriana.
c) Sepse meningocócica.
e) Síndrome de Reye.
d) Coagulação intravascular disseminada.

GABARITOS E COMENTÁRIOS
7. As meningites bacterianas agudas são infecções
graves, potencialmente fatais e que acometem 1. Gabarito: A
com maior frequência crianças com idade inferior a Comentário: O LCR apresentado possui aumento
5 anos. Considerando os dados atuais sobre a da celularidade às custas de polimorfonucleares
sensibilidade aos antimicrobianos dos agentes hiperproteinorraquia e hipoglicorraquia,
etiológicos - meningococo, pneumococo e características compatíveis com meningite
Haemophilus influenzae - no Brasil, o esquema bacteriana aguda. Além disso, o GRAM nos mostra
antimicrobiano empírico mais adequado para o diplococos GRAM-positivos, o que nos dá o agente
tratamento dessas infecções é: etiológico: o Streptococcus pneumoniae. Apesar do
a) Ceftriaxona. tratamento ter sido instituído de maneira correta, o
18
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

paciente mantém febre, já com um LCR estéril. vômitos, convulsões e abaulamento da fontanela.
Neste contexto, devemos investigar a presença de Note que a maioria das manifestações são
uma coleção subdural, que apesar de incomum em totalmente INESPECÍFICAS, o que torna a letra C
adultos, ocorre em mais de 10% das crianças com incorreta, sendo o gabarito da questão! Portanto,
meningite bacteriana aguda, tornando mandatória nessa faixa etária, uma punção lombar sempre
a realização de uma tomografia de crânio. deve ser realizada em casos de sepse. Quanto aos
agentes etiológicos, a informação varia de acordo
com a fonte consultada. O Nelson fala que no
2. Gabarito: A período neonatal o principal agente é o
Streptococcus agalactiae, e que de 1 mês aos 12
Comentário: . Memorize de uma vez por todas: em anos é o Meningococo, o que tornaria as
portadores de Derivação Ventrículo Peritoneal alternativas A e B incorretas. Não vamos discutir
(DVP) os estafilococos (S. aureus e S. epidermidis) com a questão, já que a alternativa C está
são as bactérias que mais causam meningite claramente errada!
bacteriana aguda! Vamos aproveitar pra relembrar
rapidamente as etiologias das meningites. No
Brasil, o meningococo é o primeiro lugar, já nos
5. Gabarito: E
EUA (e pelo Harrison) o pneumococo ocupa a
primeira posição. Vamos lembrar do risco de Comentário: A antibioticoprofilaxia é indicada para
Listeria em neonatos, idosos, transplantados, “contactantes íntimos” dos casos de meningite
gestantes e pacientes com câncer e meningocócica e meningite por hemófilo tipo b.
imunossuprimidos. Do Streptococcus agalactiae Vale lembrar que não se indica antibioticoprofilaxia
em recém-nascidos e pacientes com mais de 50 para contactantes de meningite pneumocócica. Os
anos e doenças crônicas. Além dos bastonetes esquemas preconizados são: (1) hemófilo b =
Gram-negativos em alcoólatras, diabéticos, rifampicina 20 mg/kg (máx. 600 mg) 1x ao dia por 4
pacientes com infecção crônica do trato urinário, dias; (2) meningococo = rifampicina 10 mg/kg
estrongiloidíase disseminada, ou submetidos à (máx. 600 mg) de 12/12h por 2 dias.
neurocirurgia!

6. Gabarito: E
3. Gabarito: C
Comentário: .Guarde na sua cabeça um conceito
Comentário: A principal recomendação de se primordial da medicina de emergência: diante de
repetir o estudo do liquor em uma criança que está todo e qualquer paciente (de qualquer idade) com
em tratamento de uma meningite, é a ausência de queixa de FEBRE de início agudo, temos que
resposta clínica após 24-48 horas de tratamento, o pesquisar ‒ sempre ‒ dois sinais clínicos que
que pode ser visto em crianças com meningite por indicam a possibilidade de doença meningocócica
pneumococo resistente a cefalosporina ou nos (ou outras formas menos comuns de sepse
pacientes com meningite pneumocócica que foram fulminante): (1) rigidez de nuca; (2) rash
tratados com dexametasona. Além disso, paciente hemorrágico (petéquias e equimoses na pele). E
com meningite causada por Gram-negativos claro: se você suspeitar de doença meningocócica,
também devem ser submetidos a uma nova colete pelo menos 2 amostras de hemocultura (se
punção lombar visando determinar o tempo de possível liquor também) e inicie o quanto antes a
tratamento. antibioticoterapia sistêmica com ceftriaxona (ou
outra cefalosporina de 3a geração) pela via
intravenosa, internando o paciente de preferência
4. Gabarito: C na terapia intensiva. Resolvido nosso problema
aqui? Ainda não. Essa questão merece outras
Comentário: A meningite em menores de 2 anos, considerações a respeito de qual opção deve ser
principalmente em menores de 9 meses, marcada. Veja: (1) não podemos marcar
geralmente NÃO APRESENTA SINAIS DE “meningite meningocócica” porque não há qualquer
IRRITAÇÃO MENÍNGEA, sendo que outros sinais sinal clínico de meningite (cadê a síndrome de
e sintomas permitirão a suspeita diagnóstica: febre, irritação meníngea, com rigidez de nuca, Kernig e
irritabilidade ou agitação, choro persistente e Brudzinski ?). É bem verdade que a doença
recusa alimentar, acompanhada ou não de meningocócica disseminada pode cursar com
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

sinais e sintomas sistêmicos, na ausência de Comentário: FEBRE, CEFALEIA e RIGIDEZ DE


meningite, ou então o paciente pode não ter sinais NUCA formam uma tríade que deve nos fazer
clínicos de meningite (principalmente uma criança pensar obrigatoriamente em meningite. A
pequena) mas o exame de liquor revelar a gravidade da apresentação da doença em geral
presença desta complicação. O fato é que, com as varia com o agente causador e com as condições
informações fornecidas pelo enunciado, não do hospedeiro. Esta entidade pode ser causada
poderíamos escolher a letra A (tampouco a letra B, por uma série de patógenos, fazendo com que a
que é idêntica); (2) dentre os múltiplos fenômenos punção lombar seja essencial nos casos suspeitos
fisiopatológicos que subsidiam a ocorrência do (salvo nas contraindicações). A análise básica do
rash hemorrágico típico da sepse meningocócica LCR já consegue nos apontar os principais grupos
(que alguns chamam de purpura fulminans), etiológicos de meningite (bacteriana, viral e
encontramos o quadro de CIVD (Coagulação tuberculosa). Liquor alterado mas pouco
Intravascular Disseminada). No entanto, entre as expressivo nos indica a possibilidade de etiologia
letra C e D, a “melhor” é sem dúvida a letra C! viral, como é o caso em questão. Vamos ver os
CIVD é o diagnóstico de uma das complicações da resultados esperados na análise do LCR das
sepse meningocócica (este sim um diagnóstico de principais formas de meningite infecciosa na tabela
base mais completo). a seguir.

7. Gabarito: A
Comentário: Como ainda não temos uma elevada
prevalência de pneumococo com alto grau de
resistência à penicilina na população, a ceftriaxona
segue como droga de escolha para o tratamento
empírico das infecções por este germe. No caso
das meningites bacterianas comunitárias, os três
principais patógenos envolvidos (pneumococo,
meningococo e hemófilo) são bem “cobertos” com
ceftriaxona em monoterapia. Em regiões com
elevada prevalência de pneumococo resistente o
tratamento empírico da MBA é feito com
ceftriaxona + vancomicina (esta última para “pegar”
pneumococo resistente).

8. Gabarito: C
Comentário: A pressão normal do liquor está entre
5-18 cmH2O, logo, não há hipertensão liquórica
aqui, o que fala contra a hipótese de meningite
bacteriana aguda. Também afastam tal hipótese a
presença de glicorraquia normal (> 40 mg/dl) e
celularidade < 500 céls/mm3. Logo, só podemos
ficar em dúvida entre as letras B e C. O que ajuda
a diferenciar uma coisa da outra? A
proteinorraquia. Nas meningites virais, a
proteinorraquia costuma ficar entre 20-80 mg/dl, ao
passo que na meningite tuberculosa, a
proteinorraquia está tipicamente > 100 mg/dl.

9. Gabarito: B QUESTÕES – FEBRE E EXANTEMA


1. Em relação à varicela é CORRETO afirmar que:
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

a) A síndrome de Guillain-Barré pode ser uma 4. Lactente de 2 meses é trazido à emergência


complicação. pela mãe, que refere que o paciente não está
sugando direito há pelo menos 12 horas,
b) Geralmente as lesões de pele iniciam-se nos
apresentando-se mais irritado. Neste período, teve
membros.
2 picos febris adequadamente aferidos, sem outros
c) Não acomete a mucosa oral. sinais ou sintomas. O médico examina este
paciente: aspecto irritado ao manuseio, mucosas
d) O paciente pode retornar às suas atividades um pouco ressecadas, temperatura de 38,7°C, FC
usuais após o quarto dia de início das lesões de = 160 bpm sem sopros/ritmo cardíaco regular, sem
pele. desconforto respiratório ou alteração à ausculta
pulmonar, sem qualquer outra alteração ao exame
físico. Assinale a alternativa CORRETA, que
2. Criança de 9 meses apresentou febre, hiperemia apresenta a conduta mais adequada:
conjuntival bilateral com intensa fotofobia, rinorreia
e tosse por dois dias. Ao ser examinada no terceiro a) Como não apresenta alteração ao exame físico,
dia do início dessas manifestações, estava com liberar o paciente para casa e pedir para a mãe
39°C de temperatura, prostrada e chorosa. Na fazer medicação antitérmica. Caso a febre persista,
orofaringe, na parede interna das bochechas e na trazer novamente à emergência para reavaliação.
altura dos pré-molares, apresentava pontos b) Como não apresenta alteração ao exame físico,
esbranquiçados sobre uma superfície hiperemiada. solicitar que a mãe traga o paciente em 24 horas
Sem outros achados. O diagnóstico mais provável para reavaliação (pois, como o quadro é recente,
desse lactente é: pode não ter aparecido nenhum foco evidente).
a) Dengue. c) Como o paciente tem 2 meses de idade, o ideal
b) Sarampo. é fazer uma hidratação endovenosa associada à
medicação antitérmica e liberá-lo para casa com
c) Herpangina. orientações.
d) Doença de Kawasaki. d) Paciente deverá ser internado para hidratação e
ser submetido à coleta de diversos exames a fim
e) Febre faringoconjuntival por enterovírus.
de detectar o foco do processo febril, mesmo que
não tenha completado 24 horas de evolução.

3. Menino de sete anos apresenta febre há 24 e) Paciente apresenta sinais de desidratação,


horas e cefaleia há três horas. Ao exame físico, devendo ser internado apenas para reidratação.
criança em bom estado geral, não se observando
outras alterações, além da temperatura axilar de
38,5°C. A conduta mais adequada é: 5. Lactente de nove meses apresentou febre
elevada e irritabilidade durante 3 dias. No 4o dia da
a) Usar antitérmico parenteral e colher hemograma
doença, surgiu exantema maculopapular na face e
e sedimento urinário para esclarecimento
tronco, persistindo por 3 dias e não sendo
diagnóstico.
observado febre no período do exantema. A
b) Não usar antitérmico, colher hemograma e fazer etiologia mais provável para o caso é:
radiografias dos seios da face e tórax para
a) Parvovírus B19.
esclarecimento diagnóstico.
b) Vírus da rubéola.
c) Usar antitérmico por 48 horas e
antibioticoterapia por cinco dias. c) Herpesvírus humano tipo 6.
d) Usar antitérmico e antibiótico e colher d) Estreptococos do grupo A.
hemograma e proteína C-reativa.
e) Coxsackievírus
e) Usar antitérmico oral e observar a evolução por
24 a 48 horas
6. Menino de 5 anos de idade, há 3 dias com febre
de até 38°C, lesões pruriginosas na forma de
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

vesículas, pápulas e crostas, de aparecimento e) O eritema infeccioso é causado pelo parvovírus


progressivo em tronco, couro cabeludo e períneo. B19 e na fase virêmica o paciente apresenta-se
Abaixo imagem das lesões. Qual das afirmativas com febre, mal-estar, cefaleia, mialgia e prurido
abaixo é CORRETA com relação à doença discreto. É nessa fase que, nos indivíduos com
apresentada pelo paciente? patologias hematológicas, se instala a crise
aplástica que se torna crônica, levando a uma
aplasia medular persistente da série vermelha.

8. Relacione as doenças exantemáticas da infância


na COLUNA 1 com as suas características
apresentadas na COLUNA 2 e, em seguida,
escolha a opção que contém a sequência
CORRETA. COLUNA 1:
I. Sarampo;
a) Deve-se investigar alergia a medicamentos ou
II. Rubéola;
alimentar, dependendo de informações adicionais
da anamnese. III. Escarlatina;
b) A doença é transmissível enquanto houver IV. Eritema infeccioso;
vesículas.
V. Exantema súbito.
c) O tratamento consiste em limpeza local e
antibiótico tópico. COLUNA 2:

d) A síndrome de Reye pode ser uma complicação, ( ) Eritema em todo o corpo, com pequenas
pápulas;
caso se utilize paracetamol como antitérmico
( ) Período prodrômico com febre, conjuntivite,
fotofobia;
7. Nas doenças exantemáticas é CORRETO
afirmar que: ( ) Causado pelo herpesvírus tipo 6;
( ) Evolução do exantema em três fases,
a) A escarlatina inicia-se abruptamente com febre
recorrente;
alta, dor de garganta, anorexia, vômitos, cefaleia e,
às vezes, dor abdominal. Após 12 a 48 horas surge ( ) Exantema maculopapular róseo, início em face.
o exantema que é típico: eritematoso, micropapular
e áspero como uma lixa. a) I, IV, V, III e II.

b) Na escarlatina, o exantema, que se inicia no b) III, I, V, IV e II.


tronco e evolui para pescoço e membros, ocorre c) II, I, III, IV e V.
principalmente nas palmas das mãos e planta dos
pés. d) III, II, I, IV e V.

c) No eritema infeccioso as bochechas são e) III, I, IV, II e V.


avermelhadas e a região perioral apresenta-se
pálida, o que é conhecido como sinal de Filatov. O
exantema é mais acentuado nas dobras cutâneas GABARITOS E COMENTÁRIOS
e surgem áreas de hiperpigmentação, com a
formação de linhas transversais nas dobras de 1. Gabarito: A
flexão, denominado sinal de Pastia. Comentário: Questão que abordou diversos
d) A doença de Kawasaki é caracterizada por uma aspectos relacionados com a varicela. Vejamos
vasculite sistêmica que afeta artérias de grandes cada uma das afirmativas. A opção A está correta
calibres, como a aorta. A ruptura de aneurisma da e foi o gabarito da banca. De fato, existem diversas
aorta é a complicação mais temida. complicações neurológicas que podem estar
relacionadas com a infecção pelo vírus varicela-
zóster, tais como a ataxia cerebelar aguda, a
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

encefalite, a síndrome de Reye e, como lembrado grave subjacente e, por isso, em algumas crianças
pela banca, a síndrome de Guillain-Barré. torna-se necessária a realização de exames
Considera-se que a síndrome de Guillain-Barré complementares com o intuito de se identificar um
seja uma polineuropatia pós-infecciosa, que se maior risco para uma infecção bacteriana,
relaciona com diversos agentes. O mais permitindo que seja instituído precocemente o
comumente associado é o Campylobacter jejuni, tratamento antimicrobiano apropriado. Porém, esta
mas diversos agentes virais também podem estar preocupação destina-se principalmente às crianças
relacionados. A opção B está errada; sabemos que menores, em especial nos primeiros 36 meses de
a principal característica da fase exantemática da vida, ou naquelas com alguma morbidade
varicela é a presença de um exantema polimórfico, subjacente. Não é este o caso! Estamos vendo um
com lesões em diversos estágios evolutivos: escolar de sete anos que tem apenas febre e
máculas, pápulas, vesículas e crostas. Estas cefaleia de curta duração. Ao exame, não há sinais
lesões, tipicamente iniciam-se na cabeça e tronco que indiquem irritação meníngea (o que seria
e depois progridem para os membros. Além de esperado nesta faixa etária, caso houvesse
acometer a pele, tais lesões também acometem infecção do sistema nervoso central) ou outros
diversas superfícies mucosas, como a mucosa oral sinais de alarme. Por esta razão, não é necessário
e a genital (opção C errada). Enquanto houver o que seja feita qualquer complementação
surgimento de novas lesões, o paciente está laboratorial. O caso pode ser apenas
infectante e deve ser afastado de suas atividades acompanhado. Poderíamos mesmo nos questionar
laborativas ou de escola. Apenas quando não se haveria necessidade de ser prescrito algum
houver o surgimento de novas lesões, o que pode antitérmico. Crianças com temperatura inferior a
durar mais do que quatro dias, o retorno às 39oC e sem comorbidades podem permanecer
atividades usuais é permitido (opção D errada). sem receber os antitérmicos. Ainda assim, a
melhor resposta seria a letra E.

2. Gabarito: B
4. Gabarito: D
Comentário: Esta questão abordou uma das
doenças exantemáticas clássicas da infância: o Comentário: Temos um lactente menor de 3 meses
sarampo. Na fase prodrômica, o paciente apresentando febre sem foco (condição na qual
apresenta febre alta, tosse e conjuntivite. Pode, não se identificam sinais/sintomas localizatórios,
ainda, apresentar, como no caso descrito, uma com duração menor que 1 semana). Apresenta ao
sinal patognomônico - as manchas de Koplik (as exame físico: febre, irritabilidade e desidratação.
lesões descritas no interior da cavidade oral). A Faz-se necessária a sua hospitalização para, antes
fase exantemática é caracterizada pelo surgimento de tudo, tratar a desidratação. Além disso, a
de lesões na região retroauricular que sofrem internação possibilita a coleta de um rastreio
progressão craniocaudal lenta. Esta lactente ainda infeccioso completo, no intuito de identificar o sítio
não tem as lesões cutâneas, mas as mesmas irão de origem da febre e permitir início precoce de
aparecer em poucas horas/dias. antibioticoterapia, caso necessário, muito
importante pelo alto risco de bacteremia oculta,
comum nesta faixa etária.
3. Gabarito: E
Comentário: A febre é uma queixa muito frequente 5. Gabarito: C
nos atendimentos pediátricos. Ao nos depararmos
com uma criança febril, devemos nos lembrar que Comentário: Quadro sucinto, como são todos os
essa manifestação pode ter várias causas, como quadros desta afecção típica dos lactentes: o
causas infecciosas, neoplásicas ou exantema súbito, ou roséola infantil. A doença está
reumatológicas, por exemplo. Na maior parte das associada, na maioria das vezes, com a infecção
vezes, a febre será manifestação de alguma pelo herpesvírus humano tipo 6. O agente é
doença infecciosa subjacente. Com muita transmitido a partir do contato com a saliva de um
frequência, essa doença será tão somente um portador assintomático do vírus, que é capaz de
quadro viral benigno e autolimitado. É evidente estabelecer infecção persistente nas glândulas
que, eventualmente, a febre poderá ser a primeira salivares. O pico de incidência da infecção é no
manifestação de alguma infecção bacteriana mais segundo semestre de vida, como neste caso. O
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

quadro caracteriza-se pela presença de febre alta início agudo com febre alta, calafrios, vômitos,
por poucos dias, com nenhum outro sintoma ou cefaleia, prostração, amigdalite e dor abdominal.
com sintomas inespecíficos associados. A febre Em 24 a 48 horas, costuma haver o surgimento do
tipicamente desaparece de forma súbita (em crise) exantema, de aspecto eritematoso e micropapular.
e é sucedida, após algumas horas, pelo A pele tem uma textura áspera e semelhante a
surgimento de exantema maculopapular ou uma lixa. Pode haver, ainda, a presença dos
morbiliforme que se inicia no tronco e sofre clássicos sinais de Pastia (acentuação do
disseminação centrífuga. A doença é benigna e exantema em superfícies flexurais) e Filatov
autolimitada, não sendo necessária qualquer (palidez peribucal). Opção B: INCORRETA. O
intervenção específica. Aproveitando, para exantema da escarlatina se inicia no tórax e se
relembrar: o parvovírus B19 causa o eritema dissemina em direção ao pescoço e aos membros,
infeccioso; o vírus da rubéola causa, poupando palmas e plantas. Opção C:
evidentemente, rubéola; o estreptococo do grupo A INCORRETA. É importante não confundir os sinais
associa-se com a escarlatina; os Coxsackievirus e sintomas entre as doenças exantemáticas. Os
causam várias doenças, sendo a erupção cutânea sinais de Filatov (palidez perioral com bochechas
mais típica a síndrome mão-pé-boca. eritematosas) e de Pastia (exantema intensificado
nas regiões flexurais) são característicos da
escarlatina. No eritema infeccioso temos aquela
6. Gabarito: B apresentação em 3 estágios, sendo o primeiro
deles caracterizado por exantema em face com
Comentário: Questão de diagnóstico simples. aspecto de face esbofeteada. Opção D:
Criança apresentando lesões polimórficas (em INCORRETA. A doença de Kawasaki é
vários estágios de desenvolvimento) como as da caracterizada por ser uma vasculite de vasos de
foto, é varicela. A varicela é causada pelo vírus médio calibre, acometendo, principalmente,
varicela-zóster, cuja infecção primária costuma artérias coronárias, podendo haver evolução para
ocorrer abaixo dos 15 anos de idade. Os lactentes aneurismas, tromboses, estenoses e quadros de
e os adultos infectados apresentam, em geral, infarto e óbito. Opção E: INCORRETA. O eritema
quadros mais graves e com maior risco de infecção infeccioso é a manifestação mais comum da
bacteriana secundária e óbito. O vírus é altamente infecção pelo parvovírus B19 e, durante a sua
contagioso, e a transmissão da doença se dá viremia, o paciente apresenta febre, mal-estar e
através do contato direto com a secreção das rinorreia. A crise aplásica é outra manifestação
vesículas e através de gotículas de secreção clínica da infecção pelo parvovírus B19, consiste
respiratória. O indivíduo infectado começa a em uma condição transitória, que se dá nos
eliminar o vírus dois dias antes de surgir o rash e indivíduos com anemia hemolítica crônica, levando
deixa de transmitir quando todas as lesões virarem ao agravamento da anemia. O quadro crônico
crostas. O exantema inicia no couro cabeludo, face pode se estabelecer em imunossuprimidos
e pescoço, disseminando para tronco e membros
em seguida. Tipicamente as lesões são
polimórficas, podendo haver pápulas, vesículas, 8. Gabarito: B
pústulas e crostas. Pode haver febre, anorexia e
mal-estar. O tratamento é de suporte, com uso de Comentário: Temos uma questão sobre
sintomáticos, como antitérmicos e anti- apresentação clínica das doenças exantemáticas:
histamínicos. É importante lembrarmos de nunca O sarampo se inicia com uma fase prodrômica
prescrever salicilatos pelo risco de síndrome de caracterizada pelo surgimento de febre, tosse
Reye, que é uma encefalopatia associada à produtiva, coriza, fotofobia e conjuntivite, que se
hepatite, que ocorre pela ingestão de salicilatos segue pela fase exantemática após 2 a 4 dias. O
durante o curso de uma infecção viral, comumente exantema maculopapular avermelhado inicia pela
a varicela. Os antibióticos estão indicados apenas região retroauricular, disseminando-se pelo
quando houver infecção secundária associada. pescoço, dorso e extremidades. Na infecção pelo
vírus da rubéola, a primeira manifestação clínica
pode ser o surgimento do exantema maculopapular
7. Gabarito: A puntiforme róseo. Ele se inicia em cabeça e
pescoço, evoluindo para tronco, dorso e
Comentário: Vejamos cada uma das afirmativas. extremidades, com tendência à confluência. A
Opção A: CORRETA. A escarlatina apresenta escarlatina é uma infecção do trato respiratório
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

superior associada à erupção cutânea com padrão acompanhamento no período pré-natal. A


característico: exantema micropapular, que ultrassonografia indicada mostrou hidronefrose
aparece dentro de 24 a 48 horas após o início dos bilateral, bexiga distendida, com paredes
sintomas, inicialmente em pescoço, espalhando-se espessadas e ainda resíduo pós-miccional
para tronco e membros. A escarlatina exibe dois significativo. O diagnóstico mais provável a ser
sinais muito característicos: o sinal de Filatov confirmado por uma uretrocistografia miccional
(palidez perioral) e o sinal de Pastia (acentuação deve ser:
do exantema nas áreas de dobras). A
a) Ureter retrocava.
apresentação mais característica do eritema
infeccioso é a presença de exantema que, em b) Válvulas de uretra posterior.
geral, não está associado a outros sintomas e
ocorre em 3 estágios típicos: face esbofeteada, c) Refluxo vesicoureteral primário.
aspecto rendilhado e reaparecimento do rash por d) Estenose de junção pieloureteral
fatores desencadeantes. O exantema súbito,
comum em lactentes, é classicamente
caracterizado por história de febre alta com
3. Sobre infecção urinária, assinale a alternativa
surgimento súbito de exantema após o
CORRETA:
desaparecimento da febre. O exantema é róseo,
maculopapular e não pruriginoso, de início no a) As crianças do sexo feminino têm maior chance
tronco com disseminação posterior para pescoço, de serem acometidas por tal enfermidade nos
face e extremidades. O principal agente etiológico primeiros 3 meses de vida.
é o herpesvírus humano 6, podendo, em alguns
poucos casos, também ser causado pelo b) As alterações hormonais, presentes no
herpesvírus humano 7. Desta forma, temos: III, I, climatério, não contribuem para o aumento na
V, IV, II. incidência de infecção urinária.
c) A partir dos 60 anos, devido ao aumento da
ocorrência de problemas prostáticos obstrutivos, o
homem passa a ter maior incidência de infecção
urinária.
QUESTÕES – OBSTRUÇÃO DE VIAS
URINÁRIAS (CAUSAS CONGÊNITAS) E ITU d) Na infância, as alterações anatômicas com
refluxo vesicoureteral e válvula de uretra posterior
1. Menino de 11 meses de idade com antecedente
não aumentam a incidência de infecção urinária.
de um episódio de infecção urinária há 2 meses é
tratado domiciliarmente. Apresenta tumor cístico e) A atividade sexual e o uso de espermicida não
palpável em flanco esquerdo, indolor. Submetido à contribuem para o aumento de infecção urinária
ultrassonografia que identificou dilatação de pelve
e cálices renais à esquerda. O ureter esquerdo 4. Uma menina de 5 anos de idade, sem qualquer
tinha calibre normal. Rim direito e bexiga normais história prévia, desenvolve quadro de disúria e
para idade. O exame de urina evidencia 2.000 febre até 38,2°C, com alterações no exame de
leucócitos e 6.000 hemácias. Baseado no relato: urina tipo I sugestivas de infecção do trato urinário.
Qual o diagnóstico mais provável? Está em bom estado geral. Uma escolha para
iniciar o tratamento antibiótico, neste caso, é:
QUESTÃO DISCURSIVA
a) Amoxicilina, via oral.
b) Sulfametoxazol + trimetoprima, via oral.
2. Menino de 17 meses de vida chega ao pronto
atendimento com quadro febril agudo e sinais de c) Cefuroxima axetil, via oral.
toxemia. A investigação durante a internação d) Amicacina, via parenteral.
diagnosticou pielonefrite, através da cultura de
urina e outros exames complementares. A e) Ceftriaxona, via parenteral
anamnese revela que havia dois episódios febris
anteriores tratados como infecção do trato urinário,
tendo como base anormalidades no sedimento 5. Lactente, feminina, 9 meses, com febre (TA =
urinário, e, ainda, que não houve 39ºC) há 3 dias, além de irritabilidade. A mãe
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

refere que a filha esteve internada em outro serviço c) Ausência de internações prévias.
há 4 meses, quando foi diagnosticada infecção
d) Ausência de alterações ao exame físico.
urinária. Foi tratada com cefazolina por 5 dias e
recebeu alta sem prescrição e solicitação de
exames. Exame físico: TA = 38,8ºC; estado geral
regular; irritada; sem outras alterações. Exames GABARITOS E COMENTÁRIOS
atuais: hemograma com leucocitose e desvio à 1. Gabarito: Infecção urinária numa criança do
esquerda; urina I com nitrito negativo, leucocitúria sexo masculino é um evento absolutamente
e bactérias abundantes; urinocultura (por saco inesperado que deve obrigar o médico a pesquisar
coletor) E. coli : 200.000 unidades Formadoras de malformações anatômicas do trato urinário.
Colônias (UFC). Diante do quadro atual, a conduta Estatisticamente, a principal malformação
CORRETA é: congênita urinária, principalmente em meninos
a) Repetir a urinocultura. (2:1), é a estenose da JUP (junção ureteropélvica).
Em 60% dos casos a obstrução é à esquerda, e
b) Prescrever um antimicrobiano com boa somente em 10% ela é bilateral. O quadro de
concentração estenose de JUP é caracterizado exatamente pelo
que foi descrito pelo enunciado: hidronefrose
urinária e sanguínea.
(dilatação pieloureteral) unilateral, com ureter
c) Prescrever um antimicrobiano com boa ipsilateral de calibre normal.
concentração
urinária.
2. Gabarito: B
d) Prescrever um antimicrobiano por 14 dias e a
seguir Comentário: Se a mãe desta criança tivesse feito
um pré-natal minimamente satisfatório, o que inclui
quimioprofilaxia. a realização do ultrassom morfológico por volta de
20 semanas, provavelmente teria sido dado o
e) Prescrever um antimicrobiano por 14 dias e a
diagnóstico antenatal de obstrução urinária (pela
seguir
detecção de hidronefrose bilateral já neste exame).
quimioprofilaxia e investigação radiológica. Diversas são as etiologias possíveis para um
quadro de obstrução urinária em crianças
pequenas (ex.: cálculos, estenose pós-infecciosa,
6. Menina de 18 meses iniciou quadro de febre pós-cirúrgica etc), mas o grupo de causas mais
(39,5°C) há 24 horas. A mãe nega qualquer outro comuns nesta faixa etária é o das obstruções
sintoma. Ao exame físico, apresenta-se afebril, em urinárias CONGÊNITAS. A entidade mais
bom estado geral, hidratada e eupneica, ausência frequentemente observada é a estenose da JPU
de linfonodomegalias, orofaringe e otoscopia sem (Junção Pieloureteral), uma condição tipicamente
alterações, ausculta respiratória e cardíaca unilateral (em 60% no lado esquerdo) que cursa
normais, palpação do abdome indolor e sem apenas com hidronefrose (dilatação da pelve
visceromegalias. Não há história de intercorrências renal), sem a presença de megaureter ou bexiga
neonatais ou internações prévias. Ao checar o distendida. Em crianças pequenas, as obstruções
cartão de vacinas, encontram-se: BCG ao nascer, urinárias graves em topografia mais distal
hepatite B uma dose, pentavalente três doses + envolvendo hidronefrose e megaureter bilateral,
reforço DTP, VIP duas doses, VOP uma dose + além de bexiga distendida (que com o tempo
reforço, pneumocócica três doses + reforço, desenvolve uma parede espessada, com
rotavírus duas doses, meningocócica duas doses + divertículos e resíduo pós-miccional elevado), têm
reforço, tríplice viral uma dose, e tetraviral uma como causa mais provável a chamada válvula de
dose. O pediatra opta por colher apenas EAS e uretra posterior, que nada mais é do que uma
urinocultura para afastar a hipótese de infecção membrana intraluminal obstrutiva localizada na
urinária. O menor risco de bacteremia oculta nessa porção da uretra que vem após a uretra prostática.
criança é justificado pela: Assim como em outras causas de obstrução
urinária, a válvula de uretra posterior se caracteriza
a) História vacinal. por infecções urinárias de repetição, que podem
levar à destruição do parênquima renal e
b) Idade superior a 12 meses.
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

insuficiência renal crônica irreversível. E de forma caso apresentado, o tratamento antimicrobiano


específica (por ser uma obstrução urinária “baixa”) poderá ser feito em domicílio e por via oral. As
na válvula de uretra posterior existem ainda sinais opções terapêuticas são: cefixima (cefalosporina
e sintomas de obstrução ao fluxo urinário, de 3a geração) VO, ceftriaxona IM seguida de
lembrando muito a síndrome de prostatismo típica terapia VO com cefalosporina de 3a geração,
de idosos com HPB (isto é, hesitação, jato amoxicilina + clavulanato de potássio VO e
miccional fraco e entrecortado, estrangúria). O ciprofloxacino (nos maiores de 17 anos). No
tratamento é relativamente simples, sendo feito tratamento empírico, as sulfas (SMZ-TMP) devem
pela ablação endourológica da membrana ser reservadas para os casos de ITU baixa.
congênita. O diagnóstico é suspeitado por exames
de imagem como a ultrassonografia, podendo ser
confirmado com mais detalhes pela 5. Gabarito: E
uretrocistografia miccional retrógrada. Só mais
uma observação: no RVU (Refluxo Vesicoureteral) Comentário: A criança apresenta urinocultura
não há por que haver dilatação de bexiga, o acima de 105 unidades, o que confirma a hipótese
mesmo sendo válido para o ureter retrocava. diagnóstica de Infecção do Trato Urinário (ITU),
não sendo necessário repetir o exame. No entanto,
a criança apresenta uma ITU febril e está em
3. Gabarito: C regular estado geral, compatível com quadro de
pielonefrite, sendo indicada a antibioticoterapia
Comentário: No primeiro ano de vida, a ITU incide parenteral por 10 a 14 dias sob internação
mais em meninos do que em meninas, hospitalar. Ao mesmo tempo, será iniciada a
principalmente pela maior prevalência de formas investigação radiológica por se tratar de uma
congênitas de obstrução urinária em meninos, pielonefrite e, até finalizar toda a investigação, a
como a válvula de uretra posterior (A e D erradas). criança será submetida à quimioprofilaxia, que será
A deficiência estrogênica do climatério induz atrofia iniciada assim que finalizar o período de
da mucosa vaginal, predispondo à colonização tratamento.
dessa região por enteropatógenos que assim têm
chance aumentada de colonizar e infectar o trato
urinário adjacente (B errada). O coito é um 5. Gabarito: A
poderoso fator de risco para ITU, pois auxilia,
mecanicamente, a ascensão de uropatógenos até Comentário: 2
a bexiga (E errada). Enfim, homens idosos passam
a ter aumento no risco de ITU devido à crescente
frequência de prostatismo, o que gera estase QUESTÕES – INFECÇÕES DE PELE
urinária aumentando a chance de colonização de
bexiga.
1. Em casos de impetigo, algumas vezes é
necessário o uso de antibióticos sistêmicos. Sobre
4. Gabarito: C essa conduta, é INCORRETO afirmar que:

Comentário: O enunciado apresenta uma pré- a) A penicilina benzatina é uma das drogas de
escolar com um quadro de ITU ALTA, isto é, uma escolha.
pielonefrite aguda (no caso “não complicada”). A
b) A eritromicina é uma das drogas indicadas
infecção urinária baixa (cistite) não causa febre,
nesses casos.
assim como também não resulta em lesão renal.
Nas meninas, 75-90% de todas as infecções c) As cefalosporinas de primeira geração são as
urinárias são causadas pela Escherichia coli, medicações de primeira escolha.
seguida por Klebsiella spp. e Proteus spp. Nem
todas as pielonefrites da infância necessitam de d) Os casos de S. aureus meticilina resistentes
internação para antibioticoterapia venosa. Apenas podem ser tratados com vancomicina ou
os lactentes < 3 meses, os pacientes com sinais de sulfametoxazol + trimetoprima.
sepse urinária, ou frente à incapacidade de ingerir
líquidos (ex.: vômitos incoercíveis) têm indicação
de internação. Se o estado geral for bom, como no
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2. Quando diagnosticamos em uma criança de três caracterizado por lesões papulares eritematosas,
anos de idade lesões de pele tipo impetigo, na associadas a pústulas que se rompem formando
região do pescoço, qual é a conduta? crostas grossas. O tratamento do impetigo pode
ser TÓPICO caso o paciente possua poucas
a) Eritromicina por via oral.
lesões de pele (opções de drogas são o
b) Curetagem removendo a parte mais central. mupirocina e ácido fusídico). No caso de muitas
lesões, o tratamento deve ser SISTÊMICO, sendo
c) Anti-histamínicos orais. as cefalosporinas de primeira geração a primeira
d) Pomadas com antifúngico e corticoides. escolha (ex.: cefalexina via oral – C correta).
Drogas que podem ser utilizadas de modo
e) Mupirocina tópica. alternativo incluem as aminopenicilinas associadas
a inibidores da betalactamase (ex.: amoxicilina +
clavulanato), clindamicina e macrolídeos (embora
3. Jovem, 18 anos, com história de tinea pedis (pé esse último grupo possua resistência crescente
de atleta) desenvolveu febre associada a edema, entre os estafilococos e estreptococos – B correta).
dor e lesão no dorso do pé e perna esquerdos. Ao No caso de estafilococos meticilina-resistentes
exame, a lesão era elevada, eritematosa, quente e (MRSA), a melhor droga para tratamento via oral é
bem demarcada, sendo nítido o limite entre lesão e o sulfametoxazol + trimetoprima; a vancomicina
pele sã. Assinale, dentre as opções abaixo, aquela também pode ser utilizada, embora em geral seja
que MELHOR se adequa ao quadro clínico reservada para doenças mais graves com
descrito: necessidade de internação, já que se trata de
medicação de uso intravenoso (D correta). A
a) Trata-se de celulite e os seus agentes penicilina benzatina não possui eficácia terapêutica
etiológicos mais frequentes são bactérias no tratamento do impetigo (A incorreta).
aeróbicas Gram-negativas.
b) Trata-se de celulite que se caracteriza pelo
acometimento das camadas mais externas da 2. Gabarito: E
derme e dos vasos linfáticos superficiais.
Comentário: O impetigo é uma piodermite
c) Trata-se de erisipela e há necessidade de (infecção bacteriana da pele). Em 70% das vezes o
cultura de aspirado da lesão para se definir o tipo de impetigo é do tipo “crostoso”, geralmente
diagnóstico e iniciar o tratamento. causado pelo S. pyogenes (raramente S. aureus).
O impetigo “bolhoso” é bem menos frequente,
d) Trata-se de erisipela e os agentes etiológicos sendo predominantemente causado pelo S.
mais frequentes são estreptococos beta- aureus. Em ambos os tipos, o tratamento pode ser
hemolíticos. feito com antimicrobianos TÓPICOS (ex.:
mupirocina) ou SISTÊMICOS (ex.: cefalexina). De
um modo geral, o tratamento tópico é reservado
GABARITOS E COMENTÁRIOS para as lesões localizadas, desde que longe da
cavidade oral ou couro cabeludo, e é justamente
1. Gabarito: A
isso que o enunciado dá a entender (lesões
Comentário: O impetigo é a infecção cutânea restritas ao pescoço, sem outros comemorativos).
bacteriana superficial mais comum em crianças de Tratamento sistêmico será preferível nos casos
2 a 5 anos, sendo fatores predisponentes as más que apresentarem: (1) acometimento “profundo”,
condições de higiene, residência em regiões como infecção de fáscias ou músculos; (2) febre;
tropicais e subtropicais e presença de lesões (3) linfadenomegalias satélites; (4) lesões próximas
prévias (traumas, escoriações, picadas de inseto, à cavidade oral (ex.: cantos dos lábios, onde uma
dermatite atópica e eczema). Existem 2 tipos criança pequena pode tirar o ATB tópico com a
principais: o impetigo bolhoso (causado pelo língua); (5) couro cabeludo (pela dificuldade em
Staphylococcus aureus) e o impetigo crostoso passar a loção nessa região); (6) presença de > 5
(causado pelo S. aureus ou Streptococcus lesões (lesão extensa).
pyogenes). O primeiro se manifesta como
vesículas superficiais com líquido claro que se
torna purulento, havendo formação subsequente 3. Gabarito: D
de crostas finas acastanhadas; já o segundo tipo é
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Comentário: Porta de entrada (“frieira” ou “pé-de- d) Indicar aleitamento materno com leite
atleta” = micose em pododáctilos por Tinea pedis) ordenhado após congelamento.
lesão eritematosa de bordos elevados e nítida
e) Indicar aleitamento materno com leite
demarcação com a pele sã, que se alastra pelo
ordenhado após pasteurização.
membro ipsilateral e vem associada a uma
síndrome de resposta inflamatória sistêmica (febre,
calafrios, taquicardia), são achados que permitem
o diagnóstico clínico de erisipela, uma forma de 3. Acerca do aleitamento materno, assinale a
piodermite aguda potencialmente grave quase alternativa CORRETA:
sempre causada pelo Streptococcus pyogenes a) São contraindicações absolutas ao aleitamento
(“estrepto beta-hemolítico”, um germe capaz de materno: mãe HIV positiva, tuberculose materna
“comer” os estratos mais superficiais do tecido com doença ativa e uso de drogas antineoplásicas
subcutâneo). Justamente por causa desta elevada pela mãe.
associação etiológica, de um modo geral, não se
recomenda obtenção de material para análise b) Uma boa técnica de amamentação engloba
microbiológica em casos típicos de erisipela (em deglutição visível e audível, a boca do bebê deve
casos típicos, o tratamento pode ser estar bem aberta e abocanhando a maior parte da
empiricamente direcionado apenas contra o S. aréola da mama, o lábio inferior invertido e o
pyogenes, por exemplo, utilizando-se penicilina queixo deve estar tocando a mama materna.
cristalina IV se o paciente precisar ser internado).
c) O colostro possui maior concentração de
C errada e D correta. A erisipela é diferente da
proteínas, imunoglobulinas, sais, vitamina A,
celulite, a medida que, clinicamente, a celulite é
vitamina E e lactoferrina, com menor concentração
uma piodermite mais profunda, isto é, o eritema
de gordura e lactose em relação ao leite maduro.
não tem bordos elevados, e seus limites com a
pele sã são menos nítidos (A e B erradas). d) A betalactoglobulina é a proteína do soro de
maior concentração no leite materno.
e) O aleitamento materno misto ou parcial é
QUESTÕES – CONTRAINDICAÇÃO DE
definido quando o bebê se alimenta de leite
ALEITAMENTO MATERNO
materno associado a alimentos sólidos ou
1. É contraindicação absoluta ao aleitamento semissólidos.
materno a presença da seguinte infecção materna:
a) Hepatite B.
4. Sobre o aleitamento materno, assinale a
b) Hepatite C. alternativa que apresenta contraindicação(ões):

c) Sífilis. a) HIV, HTLV e galactosemia.

d) Citomegalovirose. b) Hepatites B e C.

e) HIV/Aids. c) Tuberculose pulmonar bacilífera.


d) Herpes-simples labial ou genital.

2. Recém-nascido a termo, parto normal, pesando e) Prótese de silicone nos seios.


3.600 g. Exame físico: normal. Os exames pré-
natais indicaram infecção em atividade pelo
citomegalovírus no final da gestação. A 5. Nas situações em que há restrição ao
recomendação em relação à alimentação é: aleitamento materno, pode-se afirmar que:
a) Indicar aleitamento materno em regime de livre a) O aleitamento materno está contraindicado no
demanda. caso de infecção materna por herpes-simples,
mesmo sem lesões herpéticas ativas nos seios.
b) Contraindicar a amamentação e prescrever
fórmula láctea. b) Em mães com hanseníase não deve ser feito o
aleitamento porque a transmissão depende do
c) Contraindicar a amamentação e prescrever
contato prolongado da criança com a mãe.
fórmula láctea e aciclovir.
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c) A infecção pelo vírus da hepatite C contraindica


o aleitamento ao seio pela possibilidade de
3. Gabarito: C
contaminação via sangue materno.
Comentário: Vejamos cada uma das afirmativas. A
d) Se a mãe apresentar vesículas de varicela até
opção A está errada; a infecção pelo HIV é, de
dois dias após o parto, recomenda-se o
fato, uma contraindicação absoluta para o
afastamento até as lesões adquirirem forma de
crosta. aleitamento materno, mas o quadro de tuberculose
não. Em relação às drogas antineoplásicas, a
maioria não é compatível com a amamentação,
mas há uma ou outra exceção em que o uso da
6. A Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta
medicação pode ser de uso criterioso. A opção B
aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de
está errada; o lábio inferior deve estar Evertido
idade. Sobre as condições maternas que
(pequeno detalhe para pegar um candidato que
contraindicam a amamentação, assinale a
fizesse uma leitura mais rápida). A opção C está
alternativa CORRETA.
certa; essas são as principais diferenças
a) Mães com HIV sem tratamento e tuberculose. encontradas no colostro quando comparado ao
leite maduro. Vale lembrar que a maior
b) Mães em tratamento para hanseníase e hepatite concentração da vitamina A confere ao colostro
C. sua típica coloração mais amarelada. A opção D
c) Mães infectadas com tuberculose e hepatite B. está errada; a principal proteína do soro no leite
humano é a alfalactoalbumina. A
d) Mães infectadas pelo HIV, HTLV-1, HTLV-2. betalactoglobulina está presente em grande
quantidade no leite de vaca. E, por fim, a opção E
e) Mães infectadas por vírus herpes-simples nas
está errada; esta é a definição de aleitamento
mamas.
complementado. Chamamos de aleitamento misto
a oferta de leite humano e outros tipos de leite.

GABARITOS E COMENTÁRIOS
1. Gabarito: E 4. Gabarito: A

Comentário: As contraindicações absolutas ao Comentário: Questão relativamente simples, pois


aleitamento materno são infecção materna pelo trouxe contraindicações clássicas ao aleitamento
Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), infecção materno. Sabemos que o aleitamento materno
materna pelo HTLV-1 e 2, galactosemia no pode ser contraindicado em caso de doenças do
neonato, psicose puerperal grave e uso de lactante, doenças do lactente ou pelo uso de algum
antineoplásicos pela mãe. As demais condições medicamento pela nutriz. As principais doenças
infecciosas listadas de A até D não contraindicam maternas que irão contraindicar a amamentação
a amamentação. são a infecção pelo vírus HIV e pelo vírus HTLV.
Em ambos os casos, há possibilidade de infecção
da criança pelo leite. Em relação às doenças da
2. Gabarito: A criança, a principal contraindicação é o diagnóstico
de galactosemia. Na galactosemia, o indivíduo não
Comentário: O Citomegalovírus (CMV) não é é capaz de metabolizar a galactose; assim, a
contraindicação absoluta para a amamentação. criança não pode receber o leite materno e
Apesar do CMV ser transmitido pelo leite materno, nenhum outro alimento com lactose em sua
somente os recém-nascidos com menos de 32 formulação. Deste modo, todas as condições
semanas de idade gestacional têm risco de descritas na opção A são contraindicações. Em
desenvolver doença mais grave, se infectados, relação às condições descritas nas outras opções,
devendo então receber leite materno ordenhado, sabemos que a hepatite C não contraindica o
congelado e pasteurizado. Como o paciente em aleitamento; no caso de infecção crônica pelo vírus
questão se trata de um recém-nascido a termo, da hepatite B, a mulher poderá amamentar, só que
não há necessidade da realização de todo este além de receber a vacina contra a hepatite B nas
procedimento. Sendo assim, a recomendação a primeiras 12 horas de vida, a criança também
ser indicada é o aleitamento materno exclusivo em deverá receber a imunoglobulina específica contra
livre demanda.
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

o vírus da hepatite B. A mulher com tuberculose comprovada por diversos estudos. Em alguns
bacilífera pode amamentar; são adotados alguns países em desenvolvimento, o aleitamento
cuidados adicionais com o recém-nascido, que não materno pode ser vital para o lactente, tornando,
irá receber a vacina BCG e irá iniciar segundo a OMS, aceitável o risco da transmissão
quimioprofilaxia com isoniazida. Quando a mulher pelo HIV, mesmo na alta taxa de infecção da
tem infecção em atividade pelo vírus herpes- doença. Nesses países, os riscos da não
simples, o cuidado que deve ser adotado consiste amamentação suplantam os riscos da transmissão
em evitar que a criança tenha o contato direto com da doença. Outra contraindicação absoluta é o
as lesões; nos casos de herpes labial ou genital aleitamento por mães HTLV-1 e HTLV-2 (letra D
basta que a região esteja coberta. E, por fim, a correta). A tuberculose ativa não é contraindicação,
prótese de silicone não contraindica de modo desde que a mãe utilize máscara durante o período
algum a amamentação. bacilífero (letras A e C incorretas). Não há
contraindicação para o aleitamento materno
quando a mãe estiver sob tratamento adequado
5. Gabarito: D para hanseníase (letra B incorreta). Porém, são
necessários cuidados com a secreção nasal
Comentário: Existem poucas situações que, de materna, o contato pele a pele e a higiene das
fato, são contraindicações verdadeiras para o mãos; a mãe deve usar máscara para proteção
aleitamento materno. Vejamos cada uma das das secreções nasais, lavar as mãos antes de
situações lembradas pela banca. Nos casos de amamentar e usar lenços descartáveis. O antígeno
infecção materna pelo vírus herpes-simples, de superfície da hepatite B (HBsAG) foi detectado
quando houver lesões em atividade o cuidado que no leite de mulheres HBsAG positivas. Apesar do
se deve ter é evitar o contato da criança com as vírus poder ser excretado no leite materno, a
lesões. Quando a mulher apresentar lesões labiais transmissão da doença se dá principalmente no
ou genitais, basta que as lesões sejam cobertas e período perinatal (80 a 90%), por meio do sangue
seja feita higiene das mãos antes das mamadas. e secreções maternas. Estudos sugerem que a
Apenas no caso de lesão mamilar o aleitamento presença do vírus, no leite, não aumenta o risco de
será temporariamente contraindicado na mama infecção para o recém-nascido (letra C incorreta).
acometida (opção A errada). O diagnóstico O RNA do vírus da Hepatite C (HVC) e os
materno de hanseníase, como regra geral, não irá anticorpos contra o vírus foram detectados no leite
contraindicar a amamentação, se o tratamento de mães infectadas com HCV, porém, não foi
materno for adequado. Há alguma controvérsia em demonstrado relação com infectividade. A
relação ao tempo que se deve aguardar após o transmissão do HCV pela amamentação não foi
início do tratamento para permitir a amamentação documentada em mães positivas pelo anti-HVC
(opção B errada). Em relação ao vírus da hepatite (letra B incorreta). O risco de transmissão do vírus
C, o mesmo já foi detectado no leite de mulheres herpes-simples, pelo leite materno, é muito baixo.
infectadas, mas sem relação com infectividade. Por conseguinte, em casos de acometimento da
Embora exista o risco teórico de infecção – e isso nutriz pelo herpes, a amamentação deve ser
deve ser informado para as mulheres –, esta não mantida, exceto quando há vesículas herpéticas
está documentada por esse meio. E, por fim, nos localizadas na pele da mama. Nesse caso, a
casos de varicela materna a amamentação será criança não deve sugar a mama afetada enquanto
temporariamente contraindicada quando as lesões persistirem as lesões. No entanto, a alternativa E
surgem de cinco dias antes até dois dias após o contempla as mamas (no plural), o que
parto. O contato da criança com a mãe só deverá contraindica temporariamente a amamentação. A
ser permitido na fase de crostas e a criança deverá banca anulou a questão por considerar corretas as
receber a imunoglobulina específica contra o vírus letras D e E.
varicela-zóster.
QUESTÕES – ANEMIAS (FALCIFOMRE,
HEMOLÍTICA E TALASSEMIA)
6. Gabarito: D e E 1. A deficiência de ferro em lactentes e crianças
Comentário: Questão que gerou muitas dúvidas e maiores, acompanha-se clinicamente de todos os
que acabou sendo anulada pela banca. O HIV no sinais e sintomas, EXCETO:
Brasil é uma contraindicação absoluta, visto que a a) Irritabilidade.
transmissão do vírus através do leite materno já foi
31
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

b) Geofagia. a) Hgb, VCM, RDW normais; ferro sérico e ferritina


baixos.
c) Hipertrofia das papilas gustativas.
b) Hbg, ferro sérico e ferritina baixos; RDW e VCM
d) Anorexia.
normais.
e) Palidez.
c) Hgb, ferro sérico, ferritina e VCM baixos; RDW
normal.

2. Uma criança do sexo feminino, de 11 meses de d) Hbg, VCM normais; RDW elevado; ferro sérico e
idade, é levada ao pediatra por falta de apetite e ferritina baixos.
palidez. História de prematuridade e aleitamento
materno exclusivo até os 2 meses de idade, sendo
então introduzido leite de vaca. Sem icterícia 5. Lactente com diagnóstico de anemia carencial
neonatal. Hemograma: hemoglobina = 7,1 g/dl; ferropriva. Nunca fez suplementação com ferro.
hematócrito = 21%; VCM = 55 fl; reticulócitos = Marque a opção CORRETA sobre os achados
0.5%; leucócitos = 6000/mm³; plaquetas laboratoriais para esse paciente.
700.000/mm³. Assinale a hipótese diagnóstica mais
a) Ferritina diminuída, ferro sérico diminuído,
provável e os exames necessários para a
protoporfirina eritrocitária livre aumentada,
confirmação:
capacidade de ligação de ferro aumentada,
a) Esferocitose - fragilidade osmótica. Volume Corpuscular Médio (VCM) diminuído e
reticulócitos diminuídos.
b) Anemia ferropriva - eletroforese de
hemoglobina. b) Ferritina diminuída, ferro sérico diminuído,
protoporfirina eritrocitária livre diminuída,
c) Talassemia - dosagem de hemoglobina fetal.
capacidade de ligação de ferro aumentada,
d) Deficiência de G6PD - dosagem de G6PD. Volume Corpuscular Médio (VCM) diminuído e
reticulócitos diminuídos.
e) Anemia ferropriva - dosagem de ferro sérico e
ferritina. c) Ferritina diminuída, ferro sérico diminuído,
protoporfirina eritrocitária livre aumentada,
capacidade de ligação de ferro diminuída, Volume
3. Pré-escolar, 2 anos, sexo feminino, apresenta Corpuscular Médio (VCM) diminuído e reticulócitos
diagnóstico de anemia por deficiência de ferro, diminuídos.
sendo prescrito sulfato ferroso - 5 mg/kg/dia de d) Ferritina diminuída, ferro sérico diminuído,
ferro elementar. O parâmetro laboratorial mais protoporfirina eritrocitária livre aumentada,
específico para aquele diagnóstico e o parâmetro capacidade de ligação de ferro aumentada,
laboratorial de resposta mais precoce ao Volume Corpuscular Médio (VCM) diminuído e
tratamento são, respectivamente: reticulócitos aumentados.
a) Ferritina e reticulócitos. e) Ferritina aumentada, ferro sérico diminuído,
b) Ferritina e hematócrito. protoporfirina eritrocitária livre aumentada,
capacidade de ligação de ferro diminuída, Volume
c) Ferro sérico e hemoglobina. Corpuscular Médio (VCM) diminuído e reticulócitos
diminuídos.
d) Ferro sérico e reticulócitos.
e) Saturação de transferrina e hemoglobina.
6. Lactente feminino, 20 meses de idade, é levado
para consulta de puericultura sem queixas. Usou
4. A carência nutricional de ferro afeta o leite materno até o quarto mês de vida, quando
desenvolvimento mental de 40 a 60% das crianças. começou a usar a alimentação complementar
Assinale a alternativa com as principais alterações adequada e também leite de vaca 6 vezes ao dia.
bioquímicas encontradas na depleção de ferro Não usa ou usou medicamento algum. Trouxe um
SEM anemia: hemograma que mostra Hb = 9,2 g/dl, VCM = 61
micro3, RDW = 18%. Assinale a alternativa que
32
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

apresenta o diagnóstico MAIS PROVÁVEL para o a) Anemia, icterícia, esplenomegalia,


quadro acima. hemoglobinúria e reticulocitose.
a) Anemia falciforme. b) Icterícia, petéquias, hepatomegalia,
esplenomegalia e reticulocitose.
b) Talassemia minor.
c) Adenomegalia, icterícia, esplenomegalia,
c) Esferocitose hereditária.
equimoses e reticulocitopenia.
d) Anemia ferropriva.
d) Hematúria, esplenomegalia, prurido,
e) Anemia hemolítica autoimune. adenomegalias e anemia.
e) Anemia, icterícia, equimoses, petéquias e
reticulocitopenia
7. Menina de 18 meses, com diagnóstico de
doença falciforme, é trazida ao pronto atendimento
pela mãe com quadro de febre (37,8°C), tosse
10. Menino de 2 anos de idade é trazido pela mãe
produtiva e coriza há dois dias. Ao exame físico, a
ao pronto atendimento com quadro de febre,
criança apresenta-se em regular estado geral;
prostração e dor nas articulações de início há dois
muito pálida; TAx. = 37°C; FC = 148 bpm; FR = 48
dias. Ao exame físico, a criança apresenta-se com
irpm; ausculta cardíaca e respiratória sem
choro intenso, pálido, taquipneico, taquicárdico,
alterações. O abdome é doloroso à palpação, sem
edema de mãos e punhos. A mãe relata que seu
sinal de irritação peritoneal e o baço é palpável a 4
filho sempre teve anemia e já recebeu duas
cm do RCE. O diagnóstico mais provável, a
transfusões de sangue. Assim, pode afirmar-se
alteração esperada no hemograma e a conduta
que:
adequada são, respectivamente:
a) A informação da mãe não ajuda a definir o
a) Sepse; leucocitose; antibioticoterapia venosa.
diagnóstico, portanto, deve ser ignorada.
b) Pneumonia; leucocitose; antibioticoterapia
b) Deve-se pensar em esferocitose hereditária
venosa.
como principalhipótese diagnóstica.
c) Crise aplásica; anemia grave com reticulocitose;
c) A doença falciforme deve ser considerada como
transfusão de concentrado de hemácias.
provávelhipótese diagnóstica.
d) Sequestro esplênico; anemia com reticulocitose,
d) O quadro clínico não permite pensar em uma
transfusão de concentrado de hemácias.
hipótesediagnóstica.
e) A principal hipótese é a doença de Kawasaki.
8. Um paciente com palidez e icterícia, que tem ao
exame laboratorial: Hb = 9%, reticulócitos > 2,
aumento sérico de bilirrubina indireta e bilirrubina 11. Um pré-escolar com anemia discreta, hemácias
direta normal e DHL aumentada, deve ser hipocrômicas e microcíticas e poiquilocitose, vem
classificado com anemia: recebendo ferro em dose terapêutica para anemia
ferropriva, há vários meses, sem melhora.
a) Falciforme.
Sabendo-se que o resto doexame físico é normal,
b) Hemolítica. o principal diagnóstico diferencial é:

c) Sideroblástica. a) Leucemia.

d) Mielodisplásica. b) Anemia falciforme.

e) Megaloblástica. c) Traço talassêmico.


d) Esferocitose hereditária.

9. Assinale o conjunto de sinais e sintomas que


geralmente estão presentes nas anemias
12. Qual é o teste laboratorial útil no diagnóstico da
hemolíticas na infância:
anemia falciforme?
33
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

a) Teste de Coombs. provável dessa anemia e o exame para


confirmação laboratorial são:
b) Eletroforese de hemoglobina.
a) Anemia ferropriva; dosagem de ferritina séricap.
c) Diagnóstico morfológico primário.
b) Anemia megaloblástica; dosagem de vitamina
d) Haptoglobulina sérica.
B12.
c) Talassemia menor; eletroforese de hemoglobina.
13. Cálculos biliares na infância são incomuns,
e) Traço falciforme; teste de falcização de
porém, podem ser observados em qual situação?
hemácias.
a) Anemia falciforme.
GABARITOS E COMENTÁRIOS
b) Verminose crônica.
1. Gabarito: C
c) Hepatite crônica autoimune.
Comentário: A maioria das crianças com
d) Fibrose cística. deficiência de ferro é assintomática. Quando
sintomática, a palidez é o sinal clínico mais
importante da deficiência de ferro, porém, não é
14. Criança, 6 anos, é trazida para atendimento normalmente visível até que a hemoglobina caia
com história de febre superior a 40°C iniciada nas para 7-8 mg/dl. Quando o nível de hemoglobina cai
últimas 8 horas. É portador de doença falciforme para menos de 5 mg/dl, a irritabilidade, a anorexia
com acompanhamento regular. Exame físico: e o desenvolvimento letárgico costumam aparecer.
hidratado; perfusão e pressão arterial adequadas. Pica, o desejo de ingerir substâncias não nutritivas,
Foi iniciado antibiótico por via intramuscular com e o desejo de ingerir gelo (pagofagia) são sintomas
solicitação de exames laboratoriais e de imagem. sistêmicos da deficiência de ferro. Das
Pode-se afirmar, sobre o momento adequado para manifestações descritas nas alternativas, a única
iniciar antibióticos em casos como este, que: que não é descrita na deficiência de ferro é a
HIPERTROFIA das papilas gustativas. Na
a) O indicador para seu uso é a bacteremia realidade, em qualquer anemia carencial
detectada através de hemocultura. (ferropriva e megaloblástica) pode ser observado
um quadro de ATROFIA das referidas papilas
b) Como não apresentava sinal de gravidade,
(condição conhecida como glossite atrófica).
deveria ter aguardado os exames.
c) A presença de febre é indicação de uso desta
medicação imediatamente. 2. Gabarito: E
d) Seu uso desnecessário é evitado pela Comentário: Temos uma criança apresentando
observação por 24h sob internação. uma anemia microcítica, sem reticulocitose, com
história de prematuridade e aleitamento materno
15. Menino de 1 ano e 2 meses de idade, na UBS.
exclusivo somente até os 2 meses, com introdução
HMA: em atendimento rotineiro de puericultura. EF:
do leite de vaca e sem suplementação de ferro.
apresenta palidez cutâneo-mucosa leve (+/4+) e é
Logo, a hipótese diagnóstica mais provável é
solicitado hemograma. ES: dados hematimétricos e
anemia ferropriva. Sabe-se que prematuros e
de morfologia da série vermelha: Eritrócitos: 5,4
crianças com baixo peso ao nascer devem receber
milhões/mm³ (Valor Normal (VN): 3,6 - 5,6
suplementação de ferro a partir dos 30 dias de
milhões/mm³)/ Hemoglobina: 9,01 g/dl (VN: 11 - 15
vida, até os 2 anos de idade. É importante lembrar
g/dl)/ Hematócrito: 27% (VN: 31 - 43%)/ Volume
também que o leite de vaca é um leite com muito
Corpuscular Médio (VCM): 51,93 fl (VN: 72 - 88 fl)/
baixa biodisponibilidade de ferro, já o leite materno
Hemoglobina Corpuscular Média (HCM): 17,87 pg
apresenta alta biodisponibilidade deste nutriente.
(VN: 23-31 pg) / Concentração de Hemoglobina
Então, diante da suspeita de anemia ferropriva,
Corpuscular Média (CHCM): 33,9 g/dl (VN: 32 - 36
devemos dosar o ferro sérico e a ferritina.
g/dl)/ Red Cell Distribution Width (RDW): 11,9%
(VN: 11,5 - 14,5%)/ SÉRIE VERMELHA:
microcitose e hipocromia. Presença de algumas
hemácias com pontilhado basofílico. A causa mais 3. Gabarito: A
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

Comentário: A ferritina é o parâmetro laboratorial a capacidade total de ligação de ferro (TIBC)


que melhor reflete os estoques corporais de ferro, aumenta gradualmente, assim como as
substituindo a mensuração de ferro medular como protoporfirinas, marcando o segundo estágio. Uma
padrão-ouro para o diagnóstico de deficiência de vez que a saturação de transferrina cai abaixo de
ferro na maioria dos pacientes. Quando iniciamos o 15 a 20%, a síntese de hemoglobina passa a ser
tratamento de pacientes com anemia moderada a prejudicada e algumas hemácias passam a ser
grave por deficiência de ferro, o melhor parâmetro microcíticas, justificando o aparecimento de
para se avaliar a resposta ao tratamento é a anisocitose no sangue periférico. No terceiro
ocorrência de reticulocitose entre o sétimo e estágio, em que há anemia ferropriva propriamente
décimo dia de tratamento (indício de recuperação dita, a hipocromia e microcitose começam a se
da hematopoiese que precede a normalização dos tornar mais evidentes. A microcitose é evidenciada
níveis de ferritina). pelo Volume Corpuscular Médio (VCM) diminuído.
Portanto, este lactente com anemia carencial
ferropriva terá ferritina diminuída, ferro sérico
4. Gabarito: A diminuído, protoporfirina eritrocitária livre
aumentada, capacidade de ligação de ferro (TIBC)
Comentário: Sabemos que o primeiro estágio da aumentada, Volume Corpuscular Médio (VCM)
carência de ferro se chama balanço corporal diminuído e reticulócitos diminuídos nos exames
negativo de ferro, em que o ferro que é laboratoriais.
naturalmente perdido supera em quantidade o ferro
absorvido na dieta. Nesta fase, o paciente ainda
possui estoques endógenos de ferro (os quais 6. Gabarito: D
permitem a manutenção temporária da
eritropoiese), e por este motivo não desenvolve Comentário: Guarde o conceito: a causa mais
franca anemia. Acontece que mesmo assim comum de anemia na infância é a anemia
algumas alterações passam a ser ferropriva! Os primeiros meses e anos de vida são
progressivamente notadas, na medida em que o caracterizados por um crescimento corporal
estoque corporal de ferro vai se esgotando, por intenso e grande aumento da massa eritrocitária. A
exemplo: (1) a ferritina, que é o principal marcador quantidade de ferro necessária para atender a
do tamanho desses estoques, diminui; (2) o ferro essa demanda é muito alta e frequentemente não
sérico começa a circular em níveis cada vez mais é atendida apenas pela alimentação. Justamente
reduzidos, pois há menos ferro sendo liberado dos por isso, a maioria absoluta das crianças é
estoques; (3) a transferrina aumenta, fazendo o candidata ao uso de suplementos de ferro nos
TIBC aumentar e a saturação de transferrina primeiros dois anos de idade. Apenas com base
diminuir. Como dissemos, pelo fato de ainda não neste conceito, nossa principal hipótese já poderia
haver franco comprometimento da eritropoiese, a ser esta, mas o enunciado nos traz mais
contagem de hemácias e o índice hematimétrico informações. Identificamos a presença de fatores
são perfeitamente normais neste momento! de risco para a anemia ferropriva, que é o tempo
curto de aleitamento materno e o uso excessivo de
leite de vaca. O leite de vaca associa-se com a
5. Gabarito: A anemia ferropriva por dois motivos: em primeiro
lugar, tem baixo teor de ferro e o ferro aí
Comentário: A anemia carencial ferropriva é uma encontrado é mal absorvido; em segundo lugar,
anemia hipoproliferativa e, por isso, o número de crianças que recebem leite de vaca têm risco de
reticulócitos não estará aumentado. Na fase inicial apresentarem alergia ao alimento e evoluírem com
pode ser normal e com a piora do quadro tornar-se perda sanguínea intestinal. Por fim, a avaliação
diminuído. Vamos entender os estágios da complementar apresentada corrobora a suspeita:
deficiência de ferro para entendermos os achados além da anemia, há microcitose com índice de
laboratoriais do paciente com esta anemia. O anisocitose aumentado, achados típicos dessa
primeiro estágio da deficiência de ferro caracteriza- condição. Na talassemia, também haveria
se pela depleção do estoque do mesmo sem microcitose, mas não há RDW aumentado, pois
anemia, caracterizado pela queda da ferritina e do todas as hemácias são “igualmente” pequenas.
ferro na medula óssea. A eritropoiese deficiente
em ferro ocorre quando os estoques começam a
ser depletados e o ferro sérico começa a diminuir,
35
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

7. Gabarito: D entanto, isso não basta para confirmar a


classificação etiopatogênica: é preciso demonstrar
Comentário: Crianças falcêmicas com < 2 anos de
laboratorialmente os sinais bioquímicos de
idade representam o grupo de maior incidência da
hemólise. São estes: (1) aumento predominante da
chamada crise de sequestro esplênico, a mais
bilirrubina indireta, (2) LDH aumentada, (3)
grave das crises anêmicas da doença falciforme,
haptoglobina reduzida, (4) índice de produção
atingindo uma letalidade de 10-15% já no primeiro
reticulocitária aumentado (> 2-2,5). Logo, a
episódio. O sequestro esplênico é uma forma
despeito de o enunciado mencionar “reticulócitos >
peculiar de crise vaso-oclusiva, na qual as
2”, e não “IPR > 2”, percebe-se que a única opção
hemácias afoiçadas acabam obstruindo a
viável de resposta (levando em conta as demais
drenagem venosa do baço, o que gera intensa
informações) é sem dúvida a letra B. Perceba que
congestão aguda deste órgão! Assim, o sangue
a letra A não pode ser marcada: estamos em uma
“entra”, porém não “sai” do baço, que literalmente
etapa mais genérica de classificação diagnóstica
se transforma em uma “esponja” repleta de
da anemia do paciente (quer dizer, sua anemia
sangue, com risco de ruptura (e consequente
hemolítica até pode ser causada por doença
hemorragia interna) em função de sua dilatação
falciforme, mas outras etiologias também poderiam
rapidamente progressiva. O quadro clínico é
explicar os mesmos achados). O fato é que não há
marcado pela combinação de queda vertiginosa da
qualquer pista do diagnóstico etiológico no
hemoglobina (acompanhada de reticulocitose enunciado.
intensa) + hipovolemia (pois além de hemácias há
sequestro de volume também). Como toda crise
vaso-oclusiva, o sequestro esplênico geralmente
9. Gabarito: A
tem algum desencadeante identificável, como uma
infecção benigna qualquer (ex.: IVAS). A grande Comentário: Nos quadros de hemólise
pista diagnóstica é o encontro de esplenomegalia “descompensada”, teremos: (1) anemia, (2)
dolorosa (aguda), principalmente se os pais icterícia à custa de bilirrubina direta, (3)
tiverem sido orientados sobre como medir o baço reticulocitose, (4) aumento de LDH, (5) queda da
de suas crianças, situação em que podem nos haptoglobina, (6) hemoglobinúria (se hemólise
afirmar com segurança que houve um aumento intravascular), (7) esplenomegalia (se hemólise
significativo nas últimas horas (ex.: 4 cm de extravascular). Perceba que o enunciado não se
distância do RCE é muita coisa para uma criança refere a nenhum diagnóstico específico, e sim ao
com < 2 anos). Ora, por que a crise de sequestro conjunto de diagnósticos mais comuns na infância
esplênico é típica dos falcêmicos com < 2 anos de (ex.: hemoglobinopatias e outras anemias
idade, sendo rara a partir daí? Não vamos hemolíticas hereditárias). Pois bem, não
esquecer que a anemia falciforme é uma condição esperamos petéquias, pois isso reflete
que cursa com o fenômeno de autoesplenectomia, plaquetopenia, o que não tem nenhuma relação
que geralmente se completa até o quinto ano de direta com anemia hemolítica. O mesmo é válido
vida! A autoesplenectomia é explicada pelos para adenomegalia, que sugere mais uma leucose.
constantes infartos esplênicos secundários ao Hematúria sugere doença glomerular ou do trato
afoiçamento ininterrupto de hemácias na urinário (ex.: glomerulonefrite ou ITU), e, de
microcirculação do órgão! O tratamento qualquer modo, nas anemias hemolíticas não se
emergencial consiste na hemotransfusão, que em espera reticulocitopenia, a não ser que a anemia
um só tempo corrige a hipovolemia e diminui a hemolítica seja complicada por alguma deficiência
concentração de hemoglobina S, reduzindo o nutricional como ferropenia ou deficiência de
afoiçamento. Resolvida a crise aguda, é importante folato/vitamina B12.
não esquecer de realizar uma esplenectomia
cirúrgica no paciente! O motivo é que a crise de
sequestro esplênico tem elevadíssima chance de 10. Gabarito: C
recidiva.
Comentário: Temos um lactente com um quadro
AGUDO de febre, prostração e artralgia. Ao exame
8. Gabarito: B temos edema das mãos e punhos, uma possível
dactilite! Além disso, ele se encontra pálido
Comentário: A dupla palidez e icterícia sugere (anemia?), com uma síndrome hipercinética
clinicamente que a anemia é hemolítica. No compensatória (taquicardia e taquipneia), além da
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

história de que sempre teve anemia, tendo sido até 13. Gabarito: A
mesmo transfundido! Ou seja, parece que estamos
Comentário: As crianças com anemia falciforme
diante de uma anemia hereditária crônica, com
podem apresentar cálculos biliares devido à
uma complicação aguda, o que faz da alternativa C
hemólise crônica. A morte das hemácias no baço
o gabarito da questão! Em geral, os primeiros
gera bilirrubina indireta a partir da protoporfirina.
sinais e sintomas da anemia falciforme começam
Essa bilirrubina é carreada ao fígado, conjugada
aos 5-6 meses de idade, geralmente com o quadro
em bilirrubina direta e excretada na bile. Quando
da “síndrome mão-pé”, a chamada DACTILITE
em grande quantidade, pode formar os cálculos de
FALCÊMICA, que decorre da isquemia aguda dos
bilirrubinato de cálcio, que são pequenos, “pretos”
ossos da mão e do pé, manifestando-se com
e aparecem na radiografia de abdome (isto é, são
intensa dor e edema dos dígitos, eventualmente
cálculos radiopacos).
com febre e leucocitose. O início é abrupto e a
duração oscila entre 1-2 semanas, podendo
recorrer até os 3 anos. Algumas condições, como
infecções, desidratação, frio e estresse emocional, 14. Gabarito: C
podem desencadear as crises. Comentário: Falcêmicos são pacientes por
definição imunodeprimidos, que apresentam uma
enorme propensão às infecções invasivas por
11. Gabarito: C germes encapsulados, com destaque para o <em>
pneumococo. Tal tendência é justificada pela
Comentário: Um importante diagnóstico diferencial
asplenia que acompanha a doença, a qual, por sua
para anemia ferropriva (principal causa de anemia
vez, é explicada pelo processo de
microcítica e hipocrômica) é a talassemia minor
“autoesplenectomia” progressiva característico dos
(também chamada de traço talassêmico), anemia
primeiros 5 anos de vida desses doentes. A
causada por uma alteração em uma das cadeias
autoesplenectomia decorre de microinfartos
beta da molécula de hemoglobina. Manifesta-se
cumulativos no parênquima esplênico, secundários
através de anemia leve microcítica e hipocrômica
ao constante afoiçamento de hemácias na polpa
(HT geralmente > 30%) com RDW geralmente
vermelha do baço, o que leva a uma perda
normal, e uma eletroforese de hemoglobina
essencialmente completa deste órgão, tanto em
evidenciando um aumento da concentração de
termos funcionais quanto anatômicos. De fato, as
hemoglobina A2.
infecções pelo pneumococo representam uma das
principais causas de morte em portadores de AF,
em particular na faixa etária pediátrica! Assim, na
12. Gabarito: B
criança falcêmica, qualquer indício clínico que
Comentário: Tendo em vista que a anemia sugira a possibilidade de infecção deve
falciforme é um distúrbio genético qualitativo da desencadear uma abordagem empírica agressiva
hemoglobina, o exame para confirmação do seu considerando que o diagnóstico é de infecção até
diagnóstico é a eletroforese de hemoglobina. Em prova em contrário! Por este motivo, febre ≥
caso de anemia falciforme, teremos um percentual 38,5ºC, em uma criança falcêmica, por si só já
elevado de hemoglobina S, ou HbS > 85-90%. constitui indicação para início imediato de
Estes pacientes também têm hemoglobina fetal antimicrobianos contra o pneumococo, lembrando,
(HbF entre 2-15%) e hemoglobina A2 (HbA2 < é claro, que antes de ministrar o medicamento
3,5%). Neste exame, as diversas hemoglobinas devemos coletar material para cultura conforme o
migram na placa de acetato de celulose de acordo contexto clínico (isto é, no mínimo, coletaremos
com o seu peso e ponto isoelétrico – cada uma duas amostras de hemocultura, mas se houver
com uma posição característica. Pelo perfil de sinais e sintomas sugestivos de infecção em algum
hemoglobinas presentes, bem como pelas suas sítio específico deve-se coletar também material a
proporções, geralmente é possível estabelecer um partir dali, como urina e liquor, por exemplo).
diagnóstico preciso. Somente nos raros casos de
dúvida após a realização de eletroforese é que
outros exames diagnósticos mais apurados devem 15. Gabarito: C
ser solicitados, como a pesquisa genética. Para a
Comentário: Essa questão exemplifica muito bem a
maioria das situações práticas uma eletroforese de
hemoglobina resolve o diagnóstico. importância do RDW (índice de anisocitose): no
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

diagnóstico diferencial das anemias microcíticas 4. Você é chamado para avaliar um recém-nascido
(VCM 16%) enquanto na betatalassemia minor ele com 2 horas de vida, cuja mãe é portadora de
permanece na faixa normal. Logo, a principal hepatite B. Sorologias maternas: HBsAG =
hipótese para o caso em tela é a betatalassemia positivo; HBeAG = negativo e anti-HBe = positivo.
minor (uma hemoglobinopatia), que deverá ser A CONDUTA EM RELAÇÃO À CRIANÇA É:
confirmada por meio da eletroforese de
a) Administrar imunoglobulina nas primeiras 72
hemoglobina. Vale lembrar: a presença de
horas após o nascimento.
pontilhado basofílico nas hemácias do sangue
periférico é compatível com este diagnóstico. b) Administrar imunoglobulina e vacina para
hepatite B nas primeiras 72 horas de vida.
c) Administrar vacina para hepatite B nas primeiras
QUESTÕES – IMUNIZAÇÕES
72 horas de vida.
1. Assinale a alternativa que apresenta uma vacina
d) Administrar imunoglobulina e vacina para
que é contraindicada para uma criança
hepatite B nas primeiras 12 horas de vida.
imunodeprimida:
a) Rotavírus.
5. É contraindicada durante a gravidez a vacina
b) Vírus influenza.
contra:
c) HPV.
a) Sarampo, caxumba e rubéola.
d) VIP.
b) Difteria e/ou tétano.
e) Hepatite B.
c) Influenza.
d) Hepatite B.
2. Qual das situações abaixo constitui
e) Hepatite A.
contraindicação às vacinas de bactérias ou vírus
atenuados na infância?
a) Desnutrição. 6. Em relação à vacina BCG, pode-se afirmar que:
b) Doença neurológica com sequela. a) Não deve ser aplicada em recém-nascidos com
peso inferior a 2.500 g.
c) Impetigo.
b) Deve ser aplicada logo após o nascimento em
d) Uso de 2 mg/kg/dia de prednisona durante os
recém-natos de mães sabidamente bacilíferas.
últimos 15 dias.
e) Antecedente familiar de convulsão. c) É composta por antígenos do Mycobacterium
tuberculosis, protegendo contra todas as formas de
tuberculose na infância.
3. Menor faz uso contínuo de aspirina. Assinale a d) No Brasil, não é mais recomendada a 2ª dose
alternativa que apresenta a vacina que pode para a profilaxia da tuberculose em crianças e
acarretar complicações ao ser utilizada adolescentes.
concomitantemente ao AAS:
e) É administrada por via intramuscular.
a) Febre amarela.
b) Varicela.
GABARITOS E COMENTÁRIOS
c) BCG.
1. Gabarito: A
d) Hepatite B.
Comentário: A grande preocupação existente em
e) Vacinas conjugadas (H. influenzae, relação à vacinação dos imunodeprimidos diz
pneumococo, meningococo). respeito ao uso de vacinas de micro-organismos
vivos. Sabemos que as vacinas de agentes vivos
são compostas por agentes atenuados, ou seja,
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

agentes que perderam parte de sua virulência. São HBV junto com a imunoglobulina hiperimune
vacinas seguras para a maioria da população, (HBIg) nas primeiras 12h de vida (idealmente ainda
mas, em pacientes imunossuprimidos, podem na sala de parto e em grupamentos musculares
causar doença com maior frequência. As vacinas diferentes). Quando a mãe é HBeAg ou tem carga
de micro-organismos vivos disponibilizadas em viral elevada (> 1.000.000 UI/ml), devemos fazer
2015, ano do concurso, eram: BCG, vacina contra também TENOFOVIR a partir da semana 28 de
rotavírus, vacina oral contra poliomielite, vacina gestação, mesmo que a mãe não possua — de
contra febre amarela, vacina tríplice viral, vacina outro modo — indicação de tratamento. Se este for
tetra viral. Assim, apenas a opção A estaria o caso, o TDF poderá ser suspenso 30 dias após o
contraindicada. As demais vacinas são de agentes parto. Se a mãe possuir indicação de tratamento
não vivos. da hepatite B, este poderá ser feito desde o início
da gestação (e mantido após o parto) com TDF.
Perceba que o enunciado não faz menção à carga
2. Gabarito: D viral da mãe, que deveria ter sido dosada (haja
vista que o HBeAg foi negativo. Se o HBeAg
Comentário: Questão clássica. As vacinas de tivesse sido positivo não seria necessário dosar
agentes vivos não devem ser administradas em carga viral).
indivíduos imunodeprimidos. Sabemos que as
vacinas de agentes vivos são compostas por
agentes atenuados, ou seja, agentes que
5. Gabarito: A
perderam parte de sua virulência. São vacinas
seguras para a maioria da população, mas, em Comentário: As vacinas de agentes vivos
pacientes imunossuprimidos, podem causar atenuados são contraindicadas em gestantes pelo
doença com maior frequência. Uma situação de risco de passagem transplacentária do agente e
imunossupressão é justamente o uso de infecção fetal. Para relembrar, são vacinas de
corticoterapia em dose imunossupressora agentes vivos aquelas contra sarampo, caxumba,
(prednisona na dose de 2 ou mais mg/kg/dia por rubéola, varicela, rotavírus, febre amarela; além de
mais do que 14 dias). Todas as outras condições BCG e a Vacina contra Poliomielite Oral (VOP).
representam falsas contraindicações para o uso de
vacinas.
6. Gabarito: D

3. Gabarito: D Comentário: Questão bem simples, mas que


deveria ser lida com cuidado, para não cair na
Comentário: É bem sabido que o uso de ácido pegadinha. A opção A está ERRADA por um
acetilsalicílico em vigência de algumas infecções detalhe: a vacina não é administrada nas crianças
pode estar relacionado com o desenvolvimento da nascidas com menos de 2.000 g, não nas nascidas
síndrome de Reye. As principais infecções com menos de 2.500 g. A opção B também está
implicadas são as pelo vírus influenza e pelo vírus ERRADA; as crianças que coabitam com um
varicela-zóster. Justamente por isso, pacientes indivíduo bacilífero não recebem a vacina BCG ao
usuários crônicos de AAS têm recomendação nascer. Essas crianças iniciam a quimioprofilaxia
especial para receber a vacina contra esses primária com isoniazida e só receberão a vacina se
agentes pelos Centros de Referência para apresentarem uma prova tuberculínica não reatora
Imunobiológicos Especiais. Porém, como a vacina três meses após. A opção C traz dois erros; a
contra varicela é composta pelo vírus vivo vacina BCG é composta de cepa de
atenuado, o uso do AAS deverá ser suspenso por Mycobacterium bovis e previne apenas as formas
seis semanas após a administração da vacina. graves de tuberculose (miliar e meningoencefalite).
A opção D está CERTA; a segunda dose da vacina
não é mais feita rotineiramente há quase uma
4. Gabarito: D década. E, por fim, a opção E também está
ERRADA; a via de administração é intradérmica, e
Comentário: A conduta básica PARA O RECÉM- não intramuscular.
NASCIDO perante uma potencial exposição
vertical ao vírus B (mãe HBsAg) consiste na
administração da vacina recombinante contra o
QUESTÕES – DEP
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1. Lactente de 11 meses, na relação peso para hipercalórica e sonda vesical de demora para
estatura e comprimento para idade, encontra-se no controle de diurese
escore-Z abaixo de -3. A medida da circunferência
c) Verificar e corrigir hipoglicemia, hipotermia,
do braço foi menor que 115 mm. Ao exame físico,
hidratação, distúrbio hidroeletrolítico e avaliar
constata-se que a criança está muito emagrecida,
possibilidade de infecção
pele com turgor e elasticidade diminuídos,
ausência de gordura subcutânea, pregas cutâneas d) Puncionar acesso venoso central para infusão
longitudinais e atrofia muscular. Não havia edema, de coloide, passar sonda nasoenteral para uso de
lesões cutâneas e alteração da cor de cabelos. O hidrolisado, coletar exames e iniciar com
hematócrito era 21%, hemoglobina de 7 g/dl e o antibioticoterapia profilática
VCM de 68. A forma clínica da desnutrição, o tipo
de anemia e a alteração eletrolítica possível de
ocorrer na fase de recuperação nutricional são, 4. Em relação à conduta frente a uma criança que
respectivamente: está acometida de desnutrição grave, é CORRETO
a) Marasmo, anemia aplástica e hipocalcemia afirmar que:

b) Marasmo, anemia ferropriva e hipofosfatemia a) A antibioticoterapia deve ser utilizada desde o


início do tratamento, sendo, a criança,
c) Kwashiorkor, anemia por deficiência de selênio e presumidamente portadora de infecção.
hipernatremia
b) O tratamento preconizado na internação é a
d) Kwashiorkor marasmático, anemia ferropriva e associação de vancomicina e cefepima.
hipomagnesemia
c) Sinais de hipertensão intracraniana e irritação
meníngea são frequentes
2. A desnutrição energética proteica grave forma d) O calendário de vacinas não deve ser atualizado
Kwashiorkor é caracterizada por: na internação
a) Edema generalizado, lesões de pele, e) O sinais clínicos de infecção, tais como febre,
hepatomegalia e cabelo descolorido. inflamação e dispneia, em geral, estão evidentes
b) Perda do tecido celular subcutâneo, apatia e
emagrecimento intenso
5. A tia leva o menor A.S.R., 2 anos, ao PSC Zona
c) Lesões periorificiais, fraturas, “crânio tabes” e Norte com história de 3 dias com diarreia e febre,
alargamento de epífises ósseas porém mãe informa que todo mês ela tem diarreia.
Eles moram em uma invasão na Zona Leste, a
d) Queratomalácia, xerose cutânea, queda de
água não é tratada, tem um lixão próximo onde a
cabelos e sangramento gengival
criança brinca às vezes. Recebeu leite materno só
até o segundo mês de vida, pois a mãe achava o
leite “fraco”. Atualmente recebe 4 mamadeiras de
3. Lactente desnutrido, grave forma, marasmo, dá
leite (que recebe do programa da prefeitura), com
entrada na UPA Vila Luzita acompanhado da sua
a seguinte composição: 1 medida de leite (obs.:
mãe que conta que ele apresentou 3 episódios de
divide o leite com seus outros 5 irmãos), 6 medidas
vômitos hoje. Hemodinamicamente estável, ativo e
de arrozina para 200 ml de água, não come frutas,
reativo. Qual a conduta inicial tendo em vista o
nem carne, nem verduras. Ao exame, criança
Protocolo dos Dez Passos do Tratamento da
apática, hipocorada, dermatose generalizada,
Criança Gravemente Desnutrida Hospitalizada da
hiperemia perianal importante, presença de edema
Organização Mundial de Saúde?
periorbital e de membros inferiores, hepatomegalia,
a) Verificar possibilidade de infecção, desidratação, cabelo de duas cores (sinal da Bandeira). Qual o
coletar exames e aguardar resultados para iniciar diagnóstico nutricional?
antibioticoterapia se necessário
a) Marasmo
b) Puncionar acesso venoso periférico para b) Kwashiorkor
hidratação, passar sonda nasogástrica para dieta
c) Deficiência exclusiva de vitamina C
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d) Deficiência exclusiva de zinco evidentemente, a carência de diversos


micronutrientes e por isso é comum o achado de
anemia. A mais comum é a anemia ferropriva e a
6. Luana, 15 meses de idade, é levada ao descrição de uma anemia microcítica corrobora
ambulatório de pediatria, encaminhada pela esta suspeita. Uma das complicações encontradas
enfermeira do PSF por conta do ganho do peso durante o tratamento dessas crianças é o
inadequado. A família tem condições desenvolvimento da síndrome de realimentação,
socioeconômicas muito desfavoráveis. Após cuja principal característica é o desenvolvimento
exame, o pediatra verifica que a lactente encontra- de hipofosfatemia. Essa síndrome ocorre após o
se abaixo de -3 Z-score nos indicadores peso para início da alimentação e liberação de insulina, com
idade e altura para idade, sem edemas. captação celular de vários elementos, levando à
Considerando o caso, assinale a alternativa hipofosfatemia, hipomagnesemia e hipocalemia.
CORRETA:
a) Trata-se de uma desnutrição leve
2. Gabarito: A
b) Pode-se afirmar que se trata de Kwashiorkor
Comentário: O edema é a manifestação mais
c) A desnutrição, nesse caso, poderá interferir no importante e frequente nesse tipo de desnutrição,
sistema nervoso central podendo afetar qualquer parte do corpo, sendo
comum se iniciarem, em crianças que sabem
d) Os dados são insuficientes para diagnóstico de andar, pelos pés e membros inferiores. A
desnutrição hipoalbuminemia e redução da proteína sérica total
e) Os dados sugerem que trata de desnutrição são fatores importantes na fisiopatologia do
aguda edema. Diferente da criança marasmática, a com
Kwashiorkor tem tecido celular subcutâneo. Essas
crianças apresentam apatia, hipoatividade. Os
cabelos sofrem alteração de cor e textura, são
7. Sobre síndromes de desnutrição proteico-
quebradiços, podendo estar presente o “sinal da
calórica em criança, podemos afirmar que:
bandeira” (alteração em faixas da coloração dos
a) No nanismo nutricional o apetite está reduzido cabelos) revelando períodos de melhor e pior
alimentação. Geralmente apresentam
b) No Kwashiorkor encontramos ausência de hepatomegalia por esteatose. A pele da face está
edemas geralmente despigmentada e há áreas de
c) No Kwashiorkor a criança encontra-se apática dermatose principalmente em regiões de atrito
como região inguinal e períneo (letra A correta).
d) No Marasmo o peso da criança está menor do
que 60% do peso esperado
e) No Marasmo encontramos edemas 3. Gabarito: C
Comentário: O tratamento da Desnutrição
Energeticoproteica (DEP) é realizada em 3 fases:
GABARITOS E COMENTÁRIOS 1) Fase inicial ou de estabilização: duração de 1 a
7 dias, envolve o tratamento e a prevenção de
1. Gabarito: B
hipoglicemia (importante causa de morte nos
Comentário: Esta criança apresenta sinais clínicos primeiros dois dias de tratamento), de hipotermia,
da forma mais comum de desnutrição grave, que é de desidratação (e consequentemente de
o marasmo. A criança com marasmo apresenta-se distúrbios eletrolíticos), tratamento precoce das
com emagrecimento acentuado e perda importante infecções e parasitoses intestinais (na criança com
de tecido celular subcutâneo, levando ao desnutrição grave, diferentemente da criança
surgimento de pregas cutâneas e fácies simiesca, eutrófica, frequentemente ocorrem infecções sem
além de importante atrofia muscular. A criança com sinais clínicos evidentes). Ainda nessa fase deve-
kwashiorkor, por sua vez, tem como característica se iniciar uma dieta cautelosa (não hiperproteica
principal a presença do edema, com tecido ou hipercalórica), preferencialmente por via oral,
subcutâneo relativamente preservado. As crianças suplementação de vitamina A, ácido fólico, zinco e
com desnutrição grave apresentam, cobre; 2) Segunda fase ou de reabilitação: duração
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de 2 a 6 semanas, consiste em dieta hiperproteica quadro, nossa primeira hipótese para o diagnóstico
e hipercalórica, com reposição de vitaminas e nutricional desta criança é desnutrição grave. As
macronutrientes, com suplementação de ferro, algo formas clínicas da desnutrição grave podem ser:
que não se inicia na fase aguda do tratamento da Kwashiorkor: edema, hipoalbuminemia, alterações
desnutrição; 3) Terceira fase: duração da 7a à 26a de pele e cabelos, hepatomegalia. Estes achados
semana, consiste no acompanhamento da criança clássicos foram descritos no enunciado; Marasmo:
e da família, para prevenir recaída e assegurar ausência de edema e hepatomegalia,
continuidade do desenvolvimento da criança emagrecimento acentuado, lesões cutâneas raras.

4. Gabarito: A 6. Gabarito: C
Comentário: Sabemos que a desnutrição grave é Comentário: O enunciado apresenta um lactente
uma condição potencialmente letal e, deste modo, com Z-score abaixo de -3 nos indicadores de peso
o manejo destas crianças requer que sejam para a idade e altura para a idade, recebendo os
seguidos protocolos bem estabelecidos. A adoção diagnósticos antropométricos de muito baixo peso
desses protocolos já se mostrou capaz de diminuir e muito baixa estatura para a idade (letra D
a mortalidade em vários cenários clínicos. Parte incorreta), ou seja, uma desnutrição
das crianças com desnutrição deverão ser energeticoproteica grave (letra A incorreta). Se a
internadas. O tratamento das crianças internadas criança está magra e com estatura adequada,
pode ser dividido em três fases distintas. Na trata-se de desnutrição aguda. Porém, no caso
primeira fase, de estabilização (1-7 dias), são descrito, a criança tem deficit de peso e estatura,
prevenidas e tratadas as principais condições tratando-se, portanto, de desnutrição crônica (letra
ameaçadoras à vida do paciente desnutrido grave, E incorreta). O deficit cognitivo decorrente da
que são: hipotermia, hipoglicemia, distúrbio desnutrição é provocado pelo deficit nutricional e
hidroeletrolítico e infecção. Todos os desnutridos pela privação psicossocial, sendo mais grave
graves são considerados, a princípio, como quanto mais precoce, intensa e duradoura for a
infectados, devendo ser tratados com antibiótico desnutrição (letra C correta).
empírico (opção A certa). Os sinais de infecção
não costumam estar presentes e quando há hipo
ou hipertermia, letargia e hipoglicemia associadas, 7. Gabarito: D
pode-se considerar a infecção como grave (opções
C e E erradas). Nas crianças com quadro mais Comentário: Vamos avaliar cada uma das opções:
grave, o esquema parenteral empírico consiste na A - INCORRETA. O nanismo é uma nomenclatura
associação de ampicilina com gentamicina (opção para avaliação de desnutrição crônica, e não há
B errada). Lembre-se de que os desnutridos relação com redução de apetite. A classificação de
graves podem ter seus calendários vacinais Waterlow é estabelecida pela avaliação de dois
atualizados, sem contraindicações para qualquer parâmetros: peso por estatura e estatura por idade.
vacina (opção D errada). De um modo geral, o comprometimento do peso
para a estatura é o que nos permite dizer se a
criança é ou não desnutrida no momento atual; já o
comprometimento da estatura por idade nos
5. Gabarito: B
permite saber há quanto tempo a criança é
Comentário: O enunciado apresenta um pré- desnutrida. Nesta avaliação, comparamos o peso
escolar de 2 anos, que recebeu aleitamento da criança com o peso ideal para a sua estatura e
materno até os 2 meses quando foi interrompida a vemos o percentual de adequação; quando o peso
amamentação. A partir de então, começou a é ≤ 90% do peso ideal para a sua estatura, há
receber dieta em quantidades insuficientes, já que emagrecimento. A estatura da criança também é
a tia informou que o leite era diluído acrescentado comparada com a estatura ideal para sua idade;
de arrozina. Além disso, a dieta era pobre de quando a adequação é ≤ 95%, diz-se que há
frutas, carne, verduras. Ao exame, criança apática, nanismo. B - INCORRETA. O Kwashiorkor é
hipocorada, dermatose generalizada, hiperemia conhecido como a “doença do primeiro filho
perianal importante, presença de edema periorbital quando nasce o segundo”, em que há deficiência
e de membros inferiores, hepatomegalia, cabelo de dietética de proteína. Apesar da energia adequada,
duas cores (sinal da Bandeira). Diante desse a deficiência de proteínas de alto valor biológico
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impede a adaptação do organismo à desnutrição. a) Puberdade precoce e obesidade


Assim, há alterações de pele (lesões hipocrômicas
b) Peso adequado e puberdade adequada
ao lado de hipercrômicas, com descamação),
hepatomegalia, face de lua, edema de membros c) Baixo peso e puberdade atrasada
inferiores e/ou anasarca e apatia. O edema é muito
frequente e é considerado a manifestação mais d) Sobrepeso e puberdade adequada
importante dessa síndrome. C – Podemos dizer e) Peso adequado e puberdade precoce.
que esta opção é CORRETA. Apesar de a apatia
não ser a principal marca dessa forma de
desnutrição, esta característica pode estar
3. No desenvolvimento da criança, há situações
presente no Kwashiorkor. A apatia é um sinal de
frequentemente associadas à obesidade. Na
desnutrição, seja ela edematosa ou não. D -
identificação destes fatores de risco podemos citar
CORRETA. O Marasmo, por definição, significa
todas as condições abaixo, com EXCEÇÃO de:
“desgaste”, inanição. É um estado de má nutrição
que resulta de uma deficiência calórica total, tanto a) A obesidade da mãe, mesmo antes da
de energia quanto de proteínas. Não há edema gestação, não possui relação direta com obesidade
nem lesões cutâneas. Observam-se deficit de peso infantil, mas fundamentalmente com os hábitos e
e estatura, com nádegas e coxas atróficas e estilos de vida que a criança venha a adquirir
irritabilidade, os cabelos são finos e escassos e o durante o seu desenvolvimento
comportamento apático (aqui, a apatia é ainda
mais marcante). O deficit de peso é maior que 60% b) A inatividade física, que pode ser avaliada pelo
(como definido por Gomez, lembram-se?), o que número de horas em que a criança assiste
caracteriza essa forma de desnutrição como uma televisão, por exemplo.
desnutrição grave. E - INCORRETA. Como já c) Hábitos alimentares da família e práticas
vimos, o Marasmo é uma forma de desnutrição alimentares não saudáveis dos cuidadores da
grave não edematosa. Assim, as opções C e D são criança.
CORRETAS, o que gerou confusão na ocasião do
concurso. O gabarito liberado foi a opção D. d) Ausência de aleitamento materno. A maioria dos
estudos atribui ao aleitamento materno uma ação
protetora contra a obesidade em crianças.
QUESTÕES – OBESIDADE e) As refeições devem incluir o desjejum, lanches,
1. Uma criança entre os percentis 3 e 0,1 de índice almoço e o jantar. A merenda escolar deverá
de massa corporal é denominada com adequar-se aos hábitos regionais, devendo ser
classificação nutricional de magreza. A anamnese evitado o uso de alimentos não saudáveis, como
e o exame físico permitem diferenciar entre salgadinhos, refrigerantes e guloseimas.
magreza e subnutrição. Qual das opções evidencia
sinal ou sintoma que leve ao diagnóstico de
subnutrição? 4. Que critério (s), dentre os abaixo, é (são)
considerado (s) para definir obesidade em crianças
a) Turgor pastoso segundo a Organização Mundial da Saúde?
b) Desenvolvimento neuropsicomotor normal a) Peso para a idade acima de 2 desvios-padrão
c) Bom estado geral para crianças de 0-10 anos

d) Turgor frouxo b) Peso para a idade acima de 3 desvios-padrão


para crianças com até 5 anos e acima de 2
e) Corada e eupneica desvios-padrão para crianças com mais de 5 anos
c) Peso para a idade ou Índice de Massa Corporal
(IMC) para a idade acima de 3 desvios-padrão
2. J. K. L., sexo feminino, 10 anos e 6 meses,
para crianças de 0-10 anos
estágio de Tanner M2P2, peso 44 kg, estatura 143
cm, IMC: 22 kg/m² (percentil entre 85-95). Assinale d) IMC para a idade acima de 2 desvios-padrão
a alternativa que indica os diagnósticos para crianças de 0-10 anos
CORRETOS:
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e) IMC para a idade acima de 3 desvios-padrão b) As crianças em aleitamento artificial devem


para crianças com até 5 anos e acima de 2 receber mamadeiras acrescidas de farinha, açúcar
desvios-padrão para crianças com mais de 5 anos. e/ou achocolatado a partir do desmame. Alimentos
ricos em gorduras como frituras, bolachas
recheadas, sorvetes, embutidos (salsicha,
5. A prevalência da obesidade tem aumentado de mortadela, linguiça, presunto, toicinhos) não
forma acelerada nas crianças brasileiras. Ela pode devem ser oferecidos antes de 1 ano. Limitar
comprometer de forma significativa à saúde, não comportamentos sedentários a 4 horas por dia.
só da criança, mas do adulto que ela será. Entre as
c) Manter aleitamento materno exclusivo até o 6º
medidas a seguir, aponte a única que NÃO tem
mês de vida da criança. Quanto mais tempo a
impacto positivo na prevenção da obesidade.
criança mama no peito menor a chance de se
a) Aleitamento materno. tornar obesa. Evitar o consumo excessivo de leite
de vaca, que está associado à obesidade entre
b) Atividade física regular. crianças menores de 2 anos. Não oferecer comida
c) Uso de hipoglicemiante oral. para a criança enquanto ela assiste TV. Nenhuma
criança deve ver TV mais que duas horas por dia.
d) Reduzir o uso de alimentos processados.
d) Manter aleitamento materno exclusivo até o 6º
mês de vida da criança. Oferecer açúcar, doces
em geral, salgadinhos, refrigerante, refrescos
6. Os pais levam seu filho de 3 anos para consulta
artificiais, achocolatados, gelatinas e outras
de puericultura. Após avaliação detalhada, verifica-
guloseimas apenas depois de 6 meses de vida. A
se que o Z-score do peso da criança encontra-se
criança que come arroz, feijão, verdura e carne
entre +3 < +2; estatura/ idade entre +2 < + 1; IMC
duas vezes ao dia não tem risco de desenvolver
entre +3 < +2. Segundo os critérios da OMS, 2006.
obesidade. O consumo excessivo de leite de vaca
Assinale a alternativa com a avaliação do estado
está associado à obesidade entre crianças
nutricional desta criança:
menores de 2 anos.
a) Peso e estatura adequados para idade; risco de
sobrepeso.
8. A obesidade é uma doença crônica que vem
b) Peso adequado para idade; estatura adequada
apresentando um rápido aumento de sua
para idade; eutrofia.
prevalência nos últimos anos, tornando-se uma
c) Peso elevado para idade; estatura adequada epidemia mundial. Assinale os fatores etiológicos:
para idade; sobrepeso.
a) A maioria das causas da obesidade é endógena.
d) Peso elevado para idade; estatura adequada
b) A maioria dos casos é associada ao uso de
para idade; eutrofia.
medicamentos.
c) Não há relação entre alimentos de alta
7. Maria vem à unidade básica de saúde densidade energética e obesidade.
preocupada com seu filho Tomás, de 3 meses.
d) Mudança no estilo de vida relacionada a
Relata que em sua família e na do marido existem
padrões alimentares e atividade física.
vários casos de obesidade, e solicita orientação
para diminuir os riscos de Tomás também evoluir e) Não há risco de doença cardiovascular na
com excesso de peso. Qual das assertivas contém obesidade infantil.
pelo menos 3 recomendações CORRETAS para
prevenção da obesidade que podem ser fornecidas
pela equipe?
a) As crianças em aleitamento artificial devem 9. A obesidade é hoje um grave problema a ser
receber mamadeiras acrescidas de farinha, açúcar enfrentado pela pediatria em nível mundial. Nesse
e achocolatado apenas a partir de 6 meses. Limitar contexto, para sua prevenção na infância e na
comportamentos sedentários a 4 horas por dia. adolescência, é fundamental implementar ações de
Suspender as mamadas noturnas a partir de 2
meses de idade. Permitir apenas refrigerantes diet.
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

promoção de alimentação saudável. Com relação sinal de puberdade em meninas é a telarca e ela
ao assunto, assinale a alternativa CORRETA: ocorre entre 8 e 12 anos.
a) Aumentar o tamanho das porções dos
alimentos.
3. Gabarito: A
b) Estimular a “política do prato limpo”.
Comentário: Questão direta sobre a obesidade
c) A partir dos dois anos, substituir laticínios infantil, que é um assunto cada vez mais comum
integrais por laticínios com baixos teores de em provas de residência e consultórios de
gordura. pediatria. Vamos, portanto, analisar cada letra:
Letra A: a obesidade não só da mãe, mas dos pais
d) Manter horários flexíveis de alimentação.
e de toda a família, é um fator extremamente
e) Aumentar o consumo de cereais integrais e associado com o surgimento da obesidade infantil
diminuir o de frutas e vegetais (INCORRETA). Letras B, C, D e E: conceituais e
perfeitas (CORRETAS).

4. Gabarito: E
10. Criança de 3 anos é levada ao pediatra para
avaliação ponderoestatural. Na curva do gráfico, Comentário: O principal indicador usado para o
observa-se IMC (Índice de Massa Corporal) para diagnóstico da obesidade na prática clínica é o
idade entre os valores +1 e +2 do escore-Z. Índice de Massa Corporal (IMC). A simples
Assinale abaixo a classificação que deve ser avaliação do peso por idade nos permite apenas
atribuída a esta criança de acordo com o escore-Z: identificar crianças que tenham peso elevado para
idade, o que não necessariamente implica em
a) Risco de sobrepeso. obesidade. Não existe apenas um valor de IMC
b) Eutrofia. que seja usado para definir puberdade na infância
e na adolescência. Os valores variam em função
c) Sobrepeso. do sexo e da idade do paciente e, deste modo,
devem ser plotados em gráficos que trazem os
d) Obesidade.
valores de percentil ou de escore-Z (e-Z) para as
várias idades. Os valores de e-Z usados para
caracterizar o sobrepeso e obesidade são: e-Z 1,
GABARITOS E COMENTÁRIOS e-Z 2 e e-Z 3. Uma particularidade importante
1. Gabarito: D dessa classificação é que ela será diferente em
função da idade da criança, da seguinte forma:
Comentário: A criança subnutrida apresenta-se para crianças de até 5 anos (0 a 5 anos
apática, letárgica, hipoativa, com prega cutânea incompletos), dizemos que o e-Z maior que 1 e ≤ 2
lentificada (turgor frouxo) e com sinais de carência caracteriza o risco de sobrepeso; maior que 2 e ≤ 3
nutricional, vitamínica e de oligoelementos. Pode caracteriza o sobrepeso; e maior que 3 caracteriza
haver edema, alterações de pele e fâneros, obesidade. Para crianças e adolescentes de 5 a 19
anorexia e outros sinais. anos, os mesmos pontos de corte caracterizam,
respectivamente, sobrepeso, obesidade e
obesidade grave. Assim, a classificação correta
2. Gabarito: D está indicada na última opção

Comentário: De acordo com o gráfico para


adolescentes (10-19 anos) de IMC para idade da
5. Gabarito: C
OMS, pacientes com IMC entre os percentis 85 e
97 encontram-se na faixa de sobrepeso. De acordo Comentário: Nas consultas de puericultura o
com a maturação sexual, a paciente já apresentou sobrepeso e a obesidade devem ser combatidos
a telarca e o crescimento de pelos pubianos através de diversas medidas profiláticas que
esparsos e finos em grandes lábios, o que é precisam ser devidamente orientadas a pais e
perfeitamente normal para a sua idade. O primeiro responsáveis: hábitos de vida saudáveis (prática
regular de exercícios físicos, horário de sono
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

adequado) e alimentação adequada (aleitamento entre ganho e perda de energia, com balanço
materno exclusivo até o sexto mês, alimentação energético positivo. Nas últimas décadas,
balanceada e variada, redução do consumo de sedentarismo, disponibilidade de alimentos cada
sódio e alimentos industrializados/processados, vez com maior densidade calórica (ex.: biscoitos,
intervalos e quantidade de refeições corretos). O salgados) e mudança dos hábitos alimentares
uso de medicamentos como medida preventiva favoreceram o aumento de peso, que está
não está indicado, devendo estar reservados associado ao maior risco de eventos adversos na
apenas para tratamento da obesidade sintomática vida adulta (ex.: hipertensão, doenças
e associada a comorbidades graves. cardiovasculares, diabetes). Apenas 10% dos
casos de obesidade na infância são secundários a
doenças endógenas.
6. Gabarito: C
Comentário: : De acordo com os critérios da
9. Gabarito: C
Organização Mundial de Saúde (OMS) para
avaliação de peso e estatura, adotados pelo Comentário: Visando uma alimentação saudável e
Ministério da Saúde, podemos classificar esta prevenção da obesidade e outras doenças, o
criança como: - Z-score acima de +2 para Peso x Ministério da Saúde recomenda que: 1) a partir dos
Idade: peso elevado para a idade, - Z-score entre 2 anos, substituir laticínios integrais por aqueles
+1 e +2 para Estatura x Idade: estatura adequada com baixos teores de gordura; 2) Aumentar o
para a idade, - Z-score entre +2 e +3 para IMC: consumo de frutas, vegetais e cereais integrais; 3)
sobrepeso Evitar ou limitar o consumo de refrigerantes; 4)
Evitar o hábito de comer assistindo a televisão; 5)
Diminuir a exposição a propagandas de alimentos;
7. Gabarito: C 6) Limitar o consumo de alimentos ricos em
gordura e açúcar (que têm elevada densidade
Comentário: Nas últimas décadas estamos energética); 7) Estabelecer e respeitar os horários
testemunhando um alarmante aumento da das refeições; 8) Diminuir o comportamento
obesidade na população infantil, com todas as sedentário; 9) Atividades físicas estruturadas; 10)
consequências em longo prazo que essa condição Diminuir o tamanho das porções dos alimentos
acarreta. Por conta disso, mesmo quando não
questionado pela família, o pediatra deve, em
todas as consultas, tentar dar orientações no 10. Gabarito: A
sentido de evitar o estabelecimento desta
condição. A única afirmativa que traz orientações Comentário: classificação nutricional é diferente
corretas é a letra C. Não se esqueça das várias em função da faixa etária: há uma classificação
orientações que são preconizadas nos dez passos para crianças de 0 a 5 anos e outras para crianças
para uma alimentação saudável em menores de e adolescentes de 5 a 19 anos. Os pontos de corte
dois anos: doces/guloseimas não devem ser são o escore-Z (e-Z) 3, 2 e 1. Nos menores de 5
oferecidos para menores de dois anos; o anos, temos o seguinte: o IMC acima do escore-Z
aleitamento deve ser exclusivo por seis meses. E +3 indica obesidade; o IMC acima do escore-Z +2
em relação às atividades físicas, deve ser e ≤ escore-Z +3 indica sobrepeso; o IMC acima do
estimulada a prática diária de alguma forma de escore-Z +1 e ≤ -Z +2 indica risco de sobrepeso.
atividade e devem ser dadas orientações para Entre 5 e 19 anos, os mesmos pontos de corte
redução do tempo gasto com atividades indicam, respectivamente, obesidade grave,
sedentárias. obesidade e sobrepeso. Assim, a criança de 3
anos com IMC entre o escore-Z + 1 e 2 tem risco
de sobrepeso.
8. Gabarito: D
Comentário: A etiologia da obesidade é QUESTÕES – SÍNDROMES DIARREICAS
multifatorial, com a participação de fatores
genéticos, comportamentais e ambientais. A 1. Paciente de 3 anos, previamente hígido, chega à
herança genética, por exemplo, é de natureza emergência com história de diarreia e vômitos há 4
poligênica. Na obesidade ocorre um desequilíbrio dias, redução do volume urinário há 24h. Na
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

avaliação inicial apresenta-se sem edema, 4. Menina, 1 ano e 6 meses, apresentou febre,
taquipneico com frequência cardíaca de 130 bpm; vômitos e diarreia líquida há 18 dias. Os sintomas
pressão arterial de 100 x 60 mmHg; saturação de duraram quatro dias, porém, as evacuações
oxigênio 96%. Exames laboratoriais: sódio sérico permanecem em número aumentado (três a cinco
130 mEq/L; potássio sérico 5,0 mEq/L; bicarbonato vezes ao dia), amolecidas e com odor forte. Mãe
13 mEq/L; ureia 62 mg/dl; creatinina 1,4 mg/dl; relata distensão abdominal leve; não há história de
fração de excreção de Na < 1%. Qual a conduta doenças ou uso de medicações anteriormente.
imediata: Neste caso, a classificação da diarreia e o
diagnóstico, respectivamente, são:
a) Administração de solução de cloreto de sódio a
3%. a) Crônica; síndrome pós-enterite.
b) Administração de bicarbonato de sódio 8,4%. b) Aguda; sobrecrescimento bacteriano.
c) Administração de diuréticos. c) Crônica; infecção por rotavírus.
d) Expansão volêmica com soro fisiológico 0,9%. d) Aguda; alergia alimentar.
e) Instalação de método dialítico.
5. Menina de 18 meses apresenta há 12 horas
quadro de diarreia aguda líquida, cerca de oito
2. Lactente, 5 meses, chega ao hospital com
episódios até o momento, sem sangue ou muco
história de 6 episódios de fezes líquidas há 1 dia, 3
nas fezes. Mãe relata que a criança recusa
episódios de vômito, febre não medida e
alimentação, mas aceita líquidos, embora tenha
irritabilidade. Está em aleitamento artificial. Exame
notado que a diurese está um pouco reduzida. Ao
físico: fontanela deprimida, choro sem lágrimas e
exame, encontra-se irritada, olhos fundos, boca
turgor elástico; perfusão periférica normal. O
seca, chora sem lágrimas, o sinal de prega
diagnóstico e a conduta são:
desaparece em menos de 2 segundos,
a) Diarreia aguda com desidratação; iniciar terapia temperatura axilar de 37,8°C. O peso anterior a
de reidratação oral. este quadro era de 12 kg e atualmente é de 11,2
kg. A pesquisa de leucócitos nas fezes foi
b) Diarreia aguda com desidratação; iniciar negativa. A localização intestinal foi mais
hidratação endovenosa. acometida, o estado de hidratação e a conduta
c) Diarreia aguda sem desidratação; indicar terapia nesta criança são, respectivamente:
de reidratação oral e antiemético. a) Delgado distal, desidratação grave e soro
d) Diarreia aguda sem desidratação; trocar leite de fisiológico ou Ringer lactato 20 ml/kg IV.
vaca por leite de soja. b) Delgado distal, desidratação e soro reidratante
oral 50-100 ml/kg entre 3 e 4 horas.

3. Lactente, 6 meses, pesando 7 kg, está com c) Delgado proximal, desidratação e soro
diarreia líquida há dois dias, sem muco, pus ou reidratante oral 50-100 ml/kg entre 3 e 4 horas.
sangue, com vômitos e febre (38°C em média) há d) Delgado proximal e distal e desidratação grave e
um dia. Após avaliação pelo pediatra é classificado soro fisiológico ou Ringer lactato 20 ml/kg IV.
como plano B e iniciada hidratação com:
a) 280 ml de sais de reidratação oral durante 4
horas e aleitamento materno quando hidratada. 6. Lactente previamente saudável, do gênero
masculino, oito meses de idade, desenvolve, há
b) 700 ml de sais de reidratação oral durante 4 três dias, febre, vômitos e diarreia com sangue e
horas e aleitamento materno quando hidratada. pus, além de choro intenso ao evacuar. Sua
c) 280 ml de sais de reidratação oral durante 4 alimentação é composta de fórmula láctea de
horas e aleitamento materno logo que possível. seguimento, frutas e duas refeições de sal. A
causa mais provável para explicar o quadro
d) 700 ml de sais de reidratação oral durante 4 diarreico é:
horas e aleitamento materno logo que possível.
a) Imunológica: alergia à proteína do leite de vaca.
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

b) Infecciosa: bactéria invasiva. e) Por ser diferente dos quadros relacionados a


outros agentes, como a Escherichia coli
c) Osmótica: intolerância à lactose.
enterotoxigênica, não é necessária a investigação
d) Parasitária: tricocefalíase. laboratorial específica.

7. Lara, 35 dias, é atendida na unidade de saúde 9. Um bebê de 18 meses é levado à unidade de


com história de sangue vivo (raias) nas fezes há saúde da família com quadro de diarreia há dois
três dias. Não há relato de febre, vômitos ou dias. Em relação à avaliação da desidratação e do
dificuldade alimentar. Primeiro filho, gravidez sem quadro clínico, é CORRETO afirmar que:
intercorrências, parto cesáreo. Peso de
a) No caso de desnutrição, a dobra cutânea pode
nascimento: 3.100 g. Leite humano exclusivo. ser correlacionada com o grau de desidratação.
Paciente em boas condições, ativo, acianótico,
anictérico, eupneico, afebril, hidratado, corado, b) Eletrólitos séricos, ureia e creatinina alteram o
sem edemas. Peso atual: 4.050 g. A conduta manejo inicial desses quadros.
CORRETA é:
c) Coproculturas devem ser solicitações de rotina
a) Internar o paciente e iniciar com antimicrobiano na doença diarreica aguda.
EV e dieta de exclusão de leite de vaca e ovo para
a mãe. d) A alteração do estado mental e os olhos fundos
sinalizam desidratação.
b) Iniciar com antimicrobiano oral após coleta de
coprocultura e hemograma.
GABARITOS E COMENTÁRIOS
c) Retirar aleitamento materno e iniciar com
fórmula de soja por quatro semanas. 1. Gabarito: D
d) Iniciar exclusão de frutos do mar, amêndoas e Comentário: Caso que retrata uma condição muito
castanhas da dieta materna e associar frequente nos pronto atendimentos do Brasil:
antimicrobiano oral. desidratação secundária à gastroenterite aguda! A
criança em questão vem com relato de diarreia e
e) Iniciar exclusão de leite de vaca e derivados da
vômitos há 4 dias, tendo evoluído com oligúria nas
dieta materna e reavaliar o paciente
ambulatorialmente. últimas 24 horas. A taquicardia e a tendência à
hipotensão apenas corroboram à presença de
hipovolemia, enquanto que a taquipneia reflete a
acidose metabólica apresentada (HCO3: 13).
8. Apesar dos avanços em prevenção e controle de
Apenas pelo contexto clínico deveríamos
doenças infecciosas no mundo, as doenças
interpretar a oligúria e a retenção de escórias
diarreicas agudas ainda são consideradas como
nitrogenadas a uma insuficiência renal pré-renal,
um dos principais problemas de saúde pública.
por depleção do meio intravascular; contudo, o
Acerca das diarreias causadas pelo rotavírus,
autor ainda nos oferece outras “pistas”:
assinale a alternativa CORRETA.
hiponatremia (provavelmente uma hiponatremia
a) A diarreia é profusa, sanguinolenta e, na maioria hipotônica hipovolêmica), uma proporção
das vezes, acompanhada de cólicas abdominais. ureia/creatinina > 40 e uma FeNa < 1%, todas
compatíveis com IRA pré-renal. Neste contexto, a
b) Os vômitos são intensos, incoercíveis e primeira medida deve consistir em expansão com
precedem a diarreia de um a dois dias, podendo solução cristaloide, visando melhorar o status
manifestar-se isoladamente e com duração volêmico do paciente e, consequentemente, a
prolongada. perfusão renal.
c) A febre é discreta e somente surge quando se
instala a diarreia.
2. Gabarito: A
d) Além de não gerar imunidade, nova
contaminação por rotavírus acarretará episódios Comentário: O diagnóstico de gastroenterite ou
diarreicos geralmente mais graves. diarreia é identificado pelo enunciado diante do
número de episódios de fezes líquidas associadas
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

à vômito, febre e irritabilidade. Podemos classificá- exemplo, podem demorar mais tempo para o
la como aguda por apresentar um período inferior a restabelecimento da integridade epitelial, isto pode
14 dias de doença. Observa-se que o lactente ser chamado de uma síndrome pós-enterite. Essa
apresenta sinais de piora clínica, tais como a perda de integridade pode acarretar em uma
irritabilidade, fontanela deprimida e choro sem intolerância secundária à lactose por uma
lágrimas, no entanto sem sinais de gravidade, por diminuição na quantidade de lactase secretada.
apresentar turgor e perfusão periféricas normal. Essa diminuição faz com que parte da lactose
Desta forma, o menor apresenta grau moderado de consumida não seja digerida e chegue intacta às
desidratação, devendo ser tratado com o plano B, porções terminais do intestino, levando ao
que envolve reidratação por via oral em unidade de aumento da osmolaridade e consequente diarreia
saúde. osmótica. Não bastasse isso, essa lactose sobre a
ação de bactérias intestinais com formação de
gases e ácidos, o que explica a distensão, a
3. Gabarito: D flatulência e a hiperemia, consequente à
acidificação do pH fecal.
Comentário: Desta vez a banca sequer nos inquiriu
sobre o estado de hidratação da criança e,
simplesmente, nos perguntou como deve ser feito 5. Gabarito: C
o plano B. Sabemos que alguns detalhes
relacionados ao plano B podem variar em função Comentário: Esta lactente apresenta-se com uma
da referência utilizada (há pequenas diferenças diarreia aguda e sabemos que tal quadro pode ser
entre os planos do Ministério da Saúde e da decorrente de diversos mecanismos
Organização Mundial de Saúde - OMS). Porém, fisiopatológicos distintos. O quadro descrito é
como regra geral, os pontos mais importantes são: compatível com o diagnóstico de uma diarreia que
a criança deverá ser reidratada na unidade de se estabeleceu por um mecanismo não
saúde; a solução usada deve ser a solução de inflamatório (por secreção de enterotoxinas ou por
reidratação oral, padronizada pela OMS; durante a aderência e invasão superficial). Este mecanismo
terapia de reidratação oral a alimentação deve ser leva, tipicamente, a uma diarreia aquosa sem a
suspensa, sendo permitido apenas o oferecimento presença de leucócitos nas fezes, e é o
de leite materno. A OMS recomenda a oferta de 75 mecanismo tipicamente encontrado no quadros
ml/kg em um período de 4 horas; o Ministério virais e em vários casos bacterianos. O intestino
indica o uso de 50-100 ml/kg em um período de 4 a delgado proximal é o sítio tipicamente acometido.
6 horas. Avaliando as alternativas, a que melhor se As diarreias com acometimento do intestino
encaixa em um dos planos terapêuticos é a letra D delgado distal costumam ser quadros que levam à
(não há razão para postergar o aleitamento, como presença de leucócitos nas fezes. A avaliação do
indicado em B). estado de hidratação nos permite identificar sinais
de desidratação, mas sem sinais de gravidade. A
conduta consiste, então, no plano B: solução de
4. Gabarito: A reidratação oral (75 ml/kg ou 50-100 ml/kg em um
período de aproximadamente quatro horas). A
Comentário: No caso apresentado deveríamos, em localização e conduta estão corretamente descritas
primeiro lugar, classificar a natureza da diarreia na letra C.
quanto a sua duração, e, a seguir, definir qual a
etiologia do processo. Classicamente, a diarreia
aguda é aquela com duração de até 14 dias; as 6. Gabarito: B
diarreias persistentes duram entre 14 e 30 dias,
enquanto as crônicas duram mais do que um mês. Comentário: A presença de sangue nas fezes em
Porém, alguns autores também classificam os um lactente pequeno sempre deve levantar a
episódios com duração superior a 14 dias como possibilidade de alergia à proteína ao leite de vaca
sendo episódios crônicos. Fato é que uma doença e, na época do concurso, alguns pensaram nesta
com duração de 18 dias não poderia ser chamada possibilidade. Porém, perceba o seguinte: este
de aguda. Em relação à causa dessa persistência, lactente era previamente hígido. Nos foi dito que
devemos pensar na possibilidade de uma sua alimentação é composta por fórmula infantil
complicação pós-infecciosa. Alguns pacientes, (não sabemos desde quando), mas os quadros de
após uma doença aguda pelo rotavírus, por proctocolite ou enterocolite costuma manifestar-se
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

mais precocemente, ainda no primeiro semestre de protozoários) e cirúrgicas (intussuscepção,


vida nas crianças em uso de fórmula. Assim, obstrução, apendicite).
tratando-se de um quadro de início tão agudo,
iremos pensar, prioritariamente, em uma causa
infecciosa. A principal causa de disenteria em 9. Gabarito: D
nosso meio é a shigelose, que leva ao
desenvolvimento do quadro por um mecanismo Comentário: Questão que aborda alguns aspectos
invasor. bem práticos na avaliação e no manejo da criança
com uma doença diarreica aguda. Vejamos cada
uma das alternativas. A alternativa A está
7. Gabarito: E ERRADA. Sabemos que a avaliação da
desidratação em uma criança com desidratação
Comentário: Estamos diante de uma lactente de 35 grave é algo mais complexo, pois muitos dos sinais
dias de vida, com história de sangue vivo nas fezes que indicam desidratação podem ser encontrados
há 3 dias, sem outros sintomas associados. Não no desnutrido, como mucosas mais secas,
tem antecedentes neonatais, em aleitamento diminuição do turgor cutâneo com alteração na
materno exclusivo com bom ganho ponderal avaliação das pregas e dobras cutâneas. Nessas
(acima de 30 g/dia) e exame físico normal. De cara crianças, devemos avaliar principalmente a
já descartamos a possibilidade de internação ou de qualidade dos pulsos e sinais que não dependem
se tratar de uma possível infecção grave, visto que tanto do turgor cutâneo. A alternativa B está
a criança apresenta boas condições clínicas. Além ERRADA. Não há qualquer recomendação para a
disso, qual doença comumente se inicia com solicitação rotineira de exames laboratoriais no
quadro de sangramento retal em bom estado geral manejo da criança com doença diarreica aguda. A
entre 3 e 6 semanas de vida? A proctocolite avaliação do estado de hidratação é feita com base
alérgica induzida pela proteína do leite de vaca. na identificação de sinais clínicos e o tratamento
Lembrar que a criança não recebe o leite de vaca pode ser instituído sem a necessidade de qualquer
diretamente, mas sim através do leite humano que avaliação complementar. A alternativa C também
vem da mãe. O princípio básico do diagnóstico da está ERRADA. As indicações para a coprocultura
alergia alimentar é a exclusão da proteína são limitadas. O exame deve ser solicitado nos
alergênica e observar se a criança cursa com casos de disenteria e no atendimento a algumas
involução dos sintomas apresentados, assim como subpopulações de risco, como os desnutridos e
o retorno destes com a sua reintrodução. imunodeprimidos. A única afirmativa CERTA é a D.
Para definição do estado de hidratação, a OMS
preconiza que sejam avaliados principalmente
8. Gabarito: B quatro parâmetros – estado geral, olhos, sinal da
prega e sede. As alterações no estado mental e a
Comentário: Sobre a infecção por rotavírus vamos presença de olhos mais fundos indicam
avaliar as alternativas: A) As fezes apresentam-se desidratação.
sem sangue ou muco visíveis, sendo
caracterizadas por episódios aquosos e
frequentes. Incorreta. B) Em geral o quadro se QUESTÕES – DOR ABDOMINAL
inicia após um período de incubação de menos de
2 dias, com febre de intensidade leve a moderada 1. Escolar, sexo feminino, 10 anos, apresenta dor
e vômitos intensos, que podem desaparecer após abdominal contínua semanal há 2 (dois) meses e,
48 horas ou se manter. Correta. C) A febre pode de acordo com os Critérios de Roma III, foi
ser leve a moderada e tipicamente precede o início diagnosticada como dor abdominal funcional. A
da diarreia em cerca de 2 dias. Incorreta. D) Após queixa é periumbilical, não relacionada com
a infecção natural inicial, as crianças apresentam alimentação, apresentando alteração do ritmo
proteção aumentada contra qualquer infecção intestinal, com constipação, sem ocasionar
subsequente e diarreia grave, principalmente. despertar noturno (pela dor). O exame
Havendo novas infecções, esta proteção tende a parasitológico, pesquisa de sangue oculto,
aumentar ainda mais. Incorreta. E) A investigação hemograma, exame de urina, urocultura,
laboratorial específica é necessária para permitir a radiografia e ultrassonografia do abdome não
diferenciação de causas infecciosas (bactérias e apresentam alterações. Diante do quadro poderá
ser benéfica a recomendação de:
50
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

a) Sucralfato. criança por um período mínimo de três meses.


Apesar de não informar a duração da queixa, a
b) Procinético.
criança apresenta quadro de dor abdominal
c) Bloqueador H2. aparentemente de caráter crônico e recorrente.
Apresentou exame físico normal e sem alterações
d) Aumento da ingestão de fibras. na avaliação laboratorial e em exame de imagem,
e) Exclusão da proteína do leite de vaca. como a ecografia abdominal. Sendo assim, diante
da benignidade do quadro e levando-se em conta a
hipótese diagnóstica mais provável, possivelmente
trata-se de Dor Abdominal Funcional Recorrente
2. Menino de 11 anos é levado ao pediatra com
(DAR), presente em 10% das crianças em idade
história de dor abdominal. A dor é referida na
escolar. A DAR caracteriza-se por dor episódica ou
região periumbilical e dura algumas horas. É
dor abdominal contínua com ausência de critérios
esporádica, mas pela intensidade fica
para outros distúrbios gastrointestinais funcionais e
impossibilitado de ir à escola e não foi observada
ausência de evidências de processo inflamatório,
relação com a alimentação. Não há referências de
anatômico, metabólico ou neoplásico. Para o
doenças na história pregressa. O exame físico é
diagnóstico de DAR é essencial uma análise
normal, inclusive a palpação abdominal. O pediatra
completa da queixa e dos outros componentes da
solicita a seguinte avaliação laboratorial:
história, um exame físico meticuloso e um
hemograma, exame parasitológico das fezes,
raciocínio criterioso de investigação. Crianças que
pesquisa de sangue nas fezes, coprocultura,
apresentam sinais de alerta na história e no exame
exame qualitativo de urina, urocultura e ecografia
físico necessitam de maiores investigações com
abdominal. Os resultados são todos normais. A
exames. No caso deste paciente, ele não
hipótese diagnóstica mais provável é:
apresentava nenhum sinal que justificasse a
a) Epilepsia abdominal. investigação, mas auxiliou para a formulação do
diagnóstico
b) Doença inflamatória intestinal.
QUESTÕES – PARASITOSES INTESTINAIS
c) Dor abdominal funcional recorrente.
1. Paciente do sexo masculino, seis anos, é levado
d) Doença diverticular dos cólons. pela mãe à consulta médica com queixa de lesão
e) Intolerância aos hidratos de carbono. de pele que vem aumentando. Ao exame,
apresenta a lesão mostrada na imagem

GABARITOS E COMENTÁRIOS
1. Gabarito: D
Comentário: : A dor abdominal funcional em geral
não está associada a qualquer anormalidade
funcional do sistema gastrointestinal e deve ser
acompanhada para uma adequada orientação dos
responsáveis e do paciente. Como esta criança
apresenta constipação associada, pode haver
relação com a dor. Desta forma, orientações para O diagnóstico principal para esse caso é:
mudanças dos hábitos alimentares (aumento de
ingestão de água e fibras), de vida e de toilete são a) Impetigo.
importantes. b) Larva migrans.
c) Tinea corporis.
2. Gabarito: C d) Lesão por maus tratos físicos
Comentário: : A dor abdominal é um problema
comum em escolares. É definida na presença de,
pelo menos, três episódios de dor suficientemente 2. A síndrome de Löeffler pode ser causada pelos
fortes para interferir nas atividades habituais da agentes:
51
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

a) Enterobius vermicularis e Strongyloides a) Solicitar teste da fita adesiva, para pesquisar


stercoralis. Enterobius vermicularis.
b) Strongyloides stercoralis e Necator americanus. b) Solicitar aspirado duodenal para pesquisa de
protozoários.
c) Trichocephalus trichiurus e Necator americanus.
c) Solicitar exame parasitológico de fezes, para
d) Enterobius vermicularis e Trichocephalus detecção de helmintos.
trichiurus.
d) Solicitar exame de fezes por centrifugação, para
e) Strongyloides stercoralis e Trichocephalus
detecção de trofozoítos.
trichiurus

6. Relacione as colunas 1 e 2, que tratam,


3. Criança de 5 anos apresenta diarreia crônica
respectivamente, das manifestações clínicas e
com sangue nas fezes, prolapso retal, anemia
agentes.
microcítica e hipocrômica. Julgando tratar-se de
parasitose intestinal, o parasita mais provável é: Coluna 1:
a) Taenia saginata. 1- Enterorragia e prolapso retal;
b) Ascaris lumbricoides. 2- Prurido anal e vaginal;
c) Trichocephalus trichiurus. 3- Anemia ferropriva;
d) Strongyloides stercoralis. 4- Bacteremia por Gram-negativos;
e) Enterobius vermicularis. 5- Diarreia com sangue e tenesmo.
Coluna 2:
4. Uma criança de dois anos, que permanece oito A. Estrongiloidíase;
horas por dia em uma creche, está sendo
B. Amebíase;
investigada devido a uma síndrome de má
absorção. Os três exames parasitológicos de fezes C. Tricuríase;
foram negativos para vários parasitas. Esse quadro
pode ser devido à: D. Oxiuríase;

a) Amebíase. E. Ancilostomíase.

b) Giardíase.
c) Estrongiloidíase. A associação CORRETA é:

d) Ancilostomíase. a) 1-B / 2-D / 3-A / 4-E / 5-C.

e) Ascaridíase b) 1-A / 2-D / 3-B / 4-C / 5-E.


c) 1-C / 2-E / 3-D / 4-A / 5-B.

5. Um menino com 7 anos de idade é trazido por d) 1-C / 2-D / 3-E / 4-A / 5-B.
sua mãe à unidade básica de saúde, apresentando e) 1-B / 2-D / 3-E / 4-C / 5-A.
dor abdominal em cólica e diarreia intermitente há
2 meses. A mãe relata que o filho está apático,
pálido, sem vontade de brincar e que apresenta,
7. Os vermes adultos de Ascaris lumbricoides
ainda, episódios de tosse e sibilância, sem
habitam no:
antecedentes de atopia. Informa, ainda, que foi
realizado um hemograma na semana anterior, cujo a) Intestino grosso.
resultado demonstra hemoglobina = 8 g/dl (valor
de referência: 10,5 a 14,0 g/dl). Nesse caso, a b) Intestino delgado.
conduta adequada é: c) Ceco e o cólon ascendente.
52
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

d) Ceco e o cólon descendente está avermelhada e escoriada. Exceto pela


secreção vaginal esbranquiçada, a região da fralda
da criança está limpa. O diagnóstico mais provável
8. Uma criança de seis anos de idade, com retardo para esse caso é infestação por:
mental, apresenta diarreia, dor abdominal a) Ascaris lumbricoides.
epigástrica de forte intensidade e flatulência. Há
uma semana apresenta rash eritematopapular b) Ancylostoma duodenale.
pruriginoso e sintomas asmatiformes. Qual a
c) Enterobius vermicularis.
parasitose mais provável e o tratamento
correspondente associado a esse quadro? d) Trichuris trichiura.
a) Amebíase; etofamida.
b) Ancilostomíase; albendazol. 11. Menino de 10 anos deu entrada na emergência
com crise convulsiva de difícil controle. Após as
c) Esquistossomose; praziquantel.
medidas de suporte iniciais, realizou tomografia de
d) Estrongiloidíase; ivermectina crânio a qual evidenciou lesão hiperdensa ovalada,
de contorno regular com cerca de 2 cm de
diâmetro no lobo frontal, com área de edema
9. Ricardo de 8 anos, proveniente de Surubim, é perilesional. O médico radiologista de plantão
levado à unidade de saúde da família com história levantou a suspeita etiológica de parasitose. Quais
de febre, astenia, anorexia, palidez e aumento do seriam a doença e o agente etiológico desta
volume abdominal há 30 dias. Refere, ainda, parasitose?
diarreia e dor abdominal intermitente. Costuma a) Teníase e Taenia solium.
tomar banho de rio perto de sua residência. Ao
exame, apresenta-se hipocorado, com fígado b) Neurocisticercose e Taenia saginata.
palpável a 4 cm do rebordo costal direito e baço
c) Teníase e Taenia saginata.
palpável a 8 cm do rebordo costal esquerdo. Traz
hemograma com hemoglobina 8,5 g/dl; leucócitos d) Neurocisticercose e Taenia solium
18.500/mm³; neutrófilos 65%; eosinófilos 10%;
linfócitos 20%; monócitos 5%; plaquetas
90.000/mm³. Qual a melhor combinação de 12. Uma criança com seis anos de idade, natural e
investigação laboratorial e terapêutica para esse procedente da região norte do Brasil, é internada
caso? em hospital com história de febre há seis meses,
a) Mielograma / antimoniato de N-metil-glucamina. de caráter intermitente. Não apresenta diarreia.
Perda de 3 kg de peso desde o início do quadro.
b) Mielograma / anfotericina B lipossomal. Ao exame físico apresenta-se eupneica; hidratada;
c) Mielocultura e coprocultura / ceftriaxona. murmúrio vesicular presente bilateralmente, com
sibilos esparsos; bulhas cardíacas rítmicas e
d) Hemocultura e coprocultura / oxamniquina e normofonéticas; fígado a 4 cm do rebordo costal
ampicilina. direito e a 4 cm do apêndice xifoide; baço a 3 cm
do rebordo costal esquerdo; sem edemas. Exames
e) Mielocultura e pesquisa de ovos de Schistosoma
laboratoriais: hemoglobina = 10 g/dl (valor de
mansoni nas fezes / praziquantel e cloranfenicol
referência: 11,5-13,5 g/dl); hematócrito = 36%
(valor de referência: 34-40%); leucócitos =
15.000/mm³ (valor de referência: 5.500-
10. Mãe leva filha de 2 anos à unidade de saúde 14.500/mm³); neutrófilos = 38%; eosinófilos = 42%;
com queixa de, há 2 semanas, a criança estar monócitos = 1%; linfócitos = 19%; plaquetas =
apresentando prurido perineal e perianal. O prurido 160.000/mm³ (valor de referência: 150.000-
ocorre mais à noite, e a mãe nega ocorrência de 350.000/mm³); proteínas totais = 6,2 g/dl (valor de
febre, diarreia ou vômitos. A menina frequenta referência: 6,0-8 g/dl); albumina = 2,5 g/dl (valor de
creche. Ao exame físico, a região perianal está referência: 2,9-4,7 g/dl); globulina = 3,7 g/dl (valor
avermelhada e irritada, o tônus do esfíncter anal de referência: 1,4-3,2 g/dl). A hipótese diagnóstica
está normal e não se encontram evidências de
trauma por penetração. A região perineal também
53
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

e a investigação complementar necessária para hospedeiros humanos. Em cada ponto de


confirmação diagnóstica são: inoculação larvária, surge uma pápula pruriginosa,
que 2-3 dias após transforma-se em uma lesão
a) Febre tifoide; solicitar reação de Widal.
serpentiforme extremamente pruriginosa, de
b) Leishmaniose visceral; solicitar mielograma. tonalidade marrom-avermelhada, levemente
elevada, devido à migração da larva numa
c) Toxocaríase; solicitar IgE sérica e sorologia velocidade de alguns milímetros por dia (por isso a
específica. lesão “vai aumentando”). O acometimento é
d) Esquistossomose mansônica; solicitar geralmente nos pés ou nas mãos, mas qualquer
parasitológico de fezes. área do corpo pode ser afetada. À medida que o
verme migra, novas áreas da pele podem ser
afetadas a intervalos de poucos dias e diversos
traçados podem estar presentes. O diagnóstico é
13. Um pré-escolar, com dois anos e nove meses
clínico e o tratamento deve ser feito com
de idade, é trazido à unidade de saúde de sua
tiabendazol tópico, ou ivermectina ou albendazol
cidade com os resultados dos exames
via oral. Mesmo sem tratamento, as larvas
anteriormente solicitados. Naquela ocasião, a mãe
morrerão após semanas, com resolução das
relatou que a criança apresentava cansaço e falta
lesões cutâneas
de apetite, além de dor abdominal e episódios de
diarreia e vômitos esporádicos. Há algumas
semanas apresentou vesículas e prurido intenso
nos pés. Exame físico: regular estado geral, 2. Gabarito: B
emagrecido e pálido; com distensão abdominal. Comentário: A síndrome de Löeffler consiste no
Hemograma: hemoglobina = 9,9 g/dl (valor de quadro clínico resultante do ciclo pulmonar de
referência = 11,5-13,5 g/dl); hematócrito = 33% algumas espécies de larvas, resultando em
(valor de referência = 34-40%); volume corpuscular manifestações pulmonares como tosse seca,
médio = 72 fl (valor de referência = 70-86 fl); broncoespasmo e imagens radiológicas de
hemoglobina corpuscular média = 22 pg/cél (valor infiltrados intersticiais múltiplos e migratórios. O
de referência = 22-31 pg/cél); leucócitos = laboratório geralmente revela uma eosinofilia
9.200/mm³ (valor de referência = 5.500- importante (10-30%), que costuma ceder após o
14.500/mm³); basófilos = 0%; eosinófilos = 10%; término do ciclo pulmonar larvário. Para lembrar
bastões = 1%; segmentados = 40%; linfócitos = dos vermes envolvidos, basta memorizar a regra
50%; monócitos = 0%. O diagnóstico CORRETO e mnemônica “SANTA”: Strongyloides stercoralis,
tratamento indicado para essa criança são: Ancylostoma duodenale, Necator americanus,
a) Giardíase; metronidazol. Toxocara canis e Ascaris lumbricoides.

b) Ascaridíase; cambendazol.
c) Ancilostomíase; mebendazol. 3. Gabarito: C

d) Larva migrans cutânea; tiabendazol Comentário: Existem algumas “pistas” que


devemos sempre procurar em questões de prova,
visando estabelecer “vínculos cerebrais”. É o que
acontece quando vemos uma questão que traz
GABARITOS E COMENTÁRIOS
uma criança com diarreia, enterorragia e
1. Gabarito: A PROLAPSO RETAL! A presença desta última
complicação nos obriga a pensar na infecção pelo
Comentário: .A lesão apresentada é característica Trichuris trichiura, a tricuríase. Quais seriam os
da larva migrans cutânea, também conhecida vínculos das outras doenças? A teníase não tem
como bicho geográfico ou bicho de praia. É um quadro clínico muito específico, sendo
causada pelas larvas de vários nematódeos, diagnosticada em geral apenas na investigação de
principalmente ancilostomídeos de cães e gatos, mal-estar abdominal e perda de peso (A errada); a
sendo o mais comum o Ancylostoma braziliensis. A ascaridíase cursa, na maioria dos pacientes, de
doença é autolimitada e caracteriza-se por forma assintomática (B errada); o quadro clínico da
migração das larvas na pele, pois os parasitos não estrongiloidíase também não tem um marco muito
conseguem completar seu ciclo de vida em específico (a título lembrete, recorde a forma
54
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

disseminada da doença); e a enterobíase - ou história de prurido perianal noturno. Isso ocorre


oxiuríase - tem como vínculo cerebral um porque as fêmeas migram à noite para as regiões
desconfortável prurido anal (E errada). perianais e perineais, onde depositam seus ovos
(número 2). E – Ancilostomíase: o Ancylostoma
duodenale e o Necator americanus são
4. Gabarito: B nematelmintos que possuem uma cápsula bucal
responsável pela fixação desses agentes na
Comentário: A giardíase pode se manifestar mucosa do intestino delgado. Como consequência,
através de um quadro crônico caracterizado por ocorre espoliação de sangue, podendo evoluir para
má absorção, cólicas abdominais, perda ponderal anemia ferropriva (número 3).
e fadiga, sendo muitas vezes difícil o seu
diagnóstico através do exame parasitológico, uma
vez que a eliminação dos cistos da giardia nas 7. Gabarito: B
fezes ocorre de maneira intermitente, tornando
necessária a coleta de inúmeras amostras. Comentário: Vamos aproveitar para relembrar
rapidamente o ciclo do Ascaris. O ser humano
geralmente se contamina com a ingestão de ovos
5. Gabarito: C em água e alimentos contaminados. Após
passarem pelo estômago, as larvas eclodem no
Comentário: Sempre que estivermos diante de lúmen intestinal, penetram na parede intestinal e
uma criança que se apresenta com sintomas migram para os pulmões pela circulação venosa.
gastrointestinais (dor abdominal e diarreia) de Posteriormente são deglutidos e retornam ao
caráter subagudo/crônico, principalmente se intestino delgado, onde amadurecem até se
associados a anemia, devemos pensar em tornarem vermes adultos.
parasitose como uma das principais hipóteses
diagnósticas. O relato de episódios de tosse e
sibilância nos remonta para os parasitas que 8. Gabarito: D
possuem ciclo pulmonar de Looss (Strongyloides
stercoralis, Toxocara canis, Necator americanus, Comentário: Dentre as parasitoses listadas, as que
Ascaris lumbricoides, Ancylostoma duodenale), podem causar os sintomas asmatiformes são a
caracterizando a chamada síndrome de Löeffler. estrongiloidíase e a ancilostomíase. Os quadros de
Logo, o primeiro passo diagnóstico consiste na estrongiloidíase podem ter manifestações
solicitação de um exame parasitológico de fezes intestinais de intensidade variável. Podemos
encontrar diarreia, dor abdominal e flatulência, com
ou sem anorexia, náusea, vômitos e dor
6. Gabarito: D epigástrica, que pode simular quadro de úlcera
péptica, assim como foi descrito na questão. Além
Comentário: Vamos analisar as opções: A – disso, também há manifestações extraintestinais
Estrongiloidíase: É potencialmente fatal pela que, como o prurido e a erupção eritematosa,
capacidade de fazer a síndrome de ocorrem no local de penetração da larva. Os
hiperinfestação, na qual larvas se disseminam pelo sintomas respiratórios relacionam-se com o estágio
organismo, levando consigo a microbiota intestinal. de migração larvar pulmonar. Existe mais de uma
Tal fenômeno pode resultar em bacteremia e opção terapêutica e o uso da ivermectina é uma
sepse (número 4). B – Amebíase: Sua forma delas. Poderíamos pensar por qual razão a
intestinal caracteriza-se por colite disentérica. ancilostomíase não seria a causa do quadro. De
Disenteria é definida por eliminação de fezes fato, a ancilostomíase também cursa com lesão de
sanguinolentas, com muco, em pequeno volume, pele urticariforme com prurido (local onde a larva
associada ao tenesmo e à urgência para defecar penetrou) e pneumonite eosinofílica. Porém,
(número 5). C – Tricuríase: As manifestações pensaríamos nessa hipótese se no quadro
clínicas são muito variáveis e dependem da intestinal encontrássemos o relato de hemorragias,
intensidade da infecção, ocorrendo desde quadros diarreia profusa ou constipação intestinal, além de
leves (oligo ou assintomáticos) até casos graves perversão do apetite, anorexia ou polifagia e graus
com diarreia crônica, enterorragia, disenteria e variáveis de anemia. Nenhuma dessas alterações
prolapso retal (número 1). D – Oxiuríase: Seu consta no enunciado e, assim, ficamos com a
diagnóstico é fortemente suspeitado quando há estrongiloidíase.
55
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

Löeffler, diarreia com enterite catarral e anemia


ferropriva. Letra D – Trichuris trichiura. A
9. Gabarito: E
localização preferencial do parasita é no ceco, colo
Comentário: O enunciado, ao mencionar o fato de ascendente, apêndice e últimas porções do íleo.
o paciente tomar banhos de rio, não o faz por As manifestações clínicas são muito variáveis e
acaso. Tal dado, epidemiologicamente, deve dependem da intensidade da infecção, ocorrendo
sempre nos lembrar da possibilidade de desde quadros leves (oligo ou assintomáticos) até
esquistossomose, diagnóstico que cabe para este casos graves com diarreia crônica, enterorragia,
paciente, tendo em vista a esplenomegalia. Mas disenteria e prolapso retal. Há descrição de
será apenas este o diagnóstico? Veja você que, sintomas tóxico-alérgicos caracterizados por crises
além da ESPLENOMEGALIA DE GRANDE de urticária e eosinofilia (10 a 15%), que cedem
MONTA (com consequente bicitopenia), o paciente com a eliminação dos vermes. Nas crianças
tem FEBRE há 30 dias, combinação que, no desnutridas com infestação maciça, observa-se
contexto epidemiológico sugestivo de com maior frequência: disenteria aguda, similar à
esquistossomose, DEVERÁ SEMPRE te lembrar da colite amebiana, enterorragia e prolapso retal.
de uma complicação dessa parasitose, a
ENTEROBACTERIOSE SEPTICÊMICA
PROLONGADA (ou Salmonelose de curso 11. Gabarito: D
prolongado). O que acontece é que o Schistosoma
Comentário: Mesmo sem a descrição do caso
transforma-se em um verdadeiro reservatório de
clínico com detalhes, a única resposta possível
Salmonella. O exame de maior rendimento para o
seria a opção D, que traz a condição que cursa
diagnóstico de salmoneloses é o mielograma e o
com acometimento do sistema nervoso central e o
seu tratamento é feito, de acordo com o Ministério
seu possível agente etiológico. As tênias são
da Saúde do Brasil, com cloranfenicol, enquanto
adquiridas pela ingestão de carnes cruas ou mal
que a esquistossomose é tratada com o
praziquantel. cozidas. A T. solium é adquirida pela ingestão da
carne de porco; já a T. saginata é adquirida pela
ingestão da carne bovina. No parasitismo pela T.
solium, existe a possibilidade do homem tornar-se
10. Gabarito: C
o hospedeiro intermediário e desenvolver a
Comentário: O quadro descrito é característico da cisticercose; quando ocorre no sistema nervoso
oxiuríase, causada pelo Enterobius vermicularis, central, configura-se a neurocisticercose.
cuja principal manifestação clínica é o prurido anal,
podendo haver corrimento vaginal em meninas por
invasão genital (resposta: letra C). Em relação às 12. Gabarito: C
outras verminoses, um comentário breve: Letra A -
Comentário: .Não deve ser febre tifoide porque não
Ascaris lumbricoides. As manifestações clínicas e
há sintomas abdominais (com 6 meses de
a correlação com o estágio evolutivo do parasita
evolução a febre tifoide ou teria melhorado
estão descritas a seguir: - estágio larvar –
espontaneamente ou teria levado o paciente à
predomínio dos sintomas respiratórios como
perfuração intestinal). Não deve ser calazar
broncoespasmo, pneumonia intersticial e sinais de
(leishmaniose visceral) porque não há franca
insuficiência respiratória com sintomas
pancitopenia, um achado quase que universal
respiratórios (síndrome de Löeffler) - verme adulto
nessa doença. Não deve ser esquistossomose
– eliminação do parasita pelos orifícios naturais
crônica porque nesta condição esperamos
(boca, nariz, ouvido e ânus), dor periumbilical, dor
hipertensão porta e sangramento de varizes
abdominal, náuseas, vômitos e flatulência;
esofágicas, e não um quadro de febre prolongada.
complicações – suboclusão ou oclusão intestinal,
Enfim, há vários indícios condizentes com um
migração para via biliopancreática, apêndice e em
diagnóstico de toxocaríase: febre prolongada,
ferida cirúrgica. Pode cursar com complicações –
broncoespasmo, hepatoesplenomegalia, eosinofilia
suboclusão ou oclusão intestinal, migração para
periférica e inversão da relação albumina/globulina.
via biliopancreática, apêndice e em ferida cirúrgica.
O diagnóstico é confirmado por exames
Letra B – Ancylostoma duodenale. A maioria dos
sorológicos, sendo corroborado pela presença de
infectados é assintomática. No entanto, a
hipergamaglobulinemia policlonal, especialmente
ancilostomíase pode cursar com Síndrome de
se houver aumento expressivo da IgE total.
56
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

b) Síndrome nefrótica / prednisona via oral /


restrição hídrica/ dieta hipossódica.
13. Gabarito: C
c) Síndrome nefrítica / tratamento com digitálico /
Comentário: Dos parasitas citados, aqueles que anti-hipertensivo/ dieta hipossódica.
têm maior propensão a causar anemia ferropriva
(diagnóstico mais provável para uma anemia d) Pielonefrite / antibiótico venoso.
intensamente microcítica em um paciente com
sintomas abdominais e perda ponderal que refere
dermatite (penetração de larvas) nos pés algumas 3. Em crianças, consideram-se valores nefróticos
semanas antes do início do quadro) são, sem (síndrome nefrótica) a proteinúria maior que:
dúvida nenhuma, os ancilostomídeos (N.
americanus e A. duodenale). A primeira escolha a) 12 mg/kg/dia.
para o tratamento da ancilostomíase é o b) 20 mg/kg/dia.
MEBENDAZOL 100 mg 2x dia durante 3 dias.
c) 50 mg/kg/dia.
d) 100 mg/kg/dia.
QUESTÕES – SÍNDROME NEFRÍTICA E
NEFRÓTICA e) 150 mg/kg/dia.

1. Na glomerulonefrite difusa aguda pós-


estreptocócica, são indicadores de biópsia no 2º
4. Um menino de 3 anos de idade chega ao pronto-
mês de evolução da doença:
socorro com história de inchaço ao redor dos
a) Hematúria e cilindrúria. olhos, membros inferiores, abdome e região
suprapúbica. Refere dor abdominal e diminuição
b) Colesterol aumentado e hematúria. da diurese. Sua mãe relata que há duas semanas
c) Hematúria macroscópica e hipertensão arterial. atrás estava “gripado”. No exame de sedimento
urinário evidenciou-se 3+ de proteína e a relação
d) Proteinúria nefrótica e fração C3 do entre a concentração de proteína e creatinina é de
complemento baixa. 0,4 mg. Apresenta ainda hipoalbuminemia, ureia,
e) Hipertensão arterial e colesterol aumentado. creatinina e complementos normais. Qual é a
principal hipótese diagnóstica e terapia a ser
instituída?
2. Escolar de oito anos de idade, do sexo feminino, a) Glomerulonefrite aguda pós-estreptocócica /
chega à emergência pediátrica acompanhada de administrar albumina, penicilina benzatina e anti-
sua mãe que refere que a menina há dois dias hipertensivo.
parece estar com o “rosto mais inchado’’ e mal-
b) Síndrome nefrótica por lesão histológica mínima
estar. Exame físico: bom estado geral com edema
/ diurético e albumina.
bipalpebral; ausculta cardíaca normal; PA: 130 x
90 mmHg; ausculta pulmonar: estertores c) Síndrome nefrótica por lesão histológica mínima
subcrepitantes em bases; abdome normotenso, / corticoterapia.
fígado: 2 cm do rebordo costal direito; membros
inferiores: edema 2+/4+ e pequenas lesões d) Síndrome nefrótica por depósito de IgA / dieta
crostosas. Exames laboratoriais: exame de urina: hipossódica, repouso, albumina e furosemida.
densidade: 1025, pH: 5,5; leucócitos: 12/campo,
hemácias: 50/campo, albumina +. Ureia: 12 mg/dl
e creatinina: 0,4 mg/dl. Radiografia de tórax: 5. Vilma tem 32 anos e foi internada para
aumento discreto de área cardíaca. A hipótese investigação diagnóstica. Tem hipertensão arterial
diagnóstica mais provável e o tratamento inicial recém-diagnosticada (ao redor de 160 x 100
para o caso são, respectivamente: mmHg), edema discreto de membros inferiores
+/++ em 4+. Sem outras queixas. Seu exame de
a) Síndrome nefrítica / restrição hídrica, diurético, urina tipo I tinha proteinúria +++/4+, hemácias
avaliar a necessidade de anti-hipertensivos. dismórficas de 67.000/ml, leucócitos 12.000/ml.
Creatinina = 1,6 mg/dl. Seus valores séricos de C3,
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

C4 e CH50 eram normais. Proteinúria = 1.280 b) Síndrome nefrótica / prednisona via oral.
mg/24h. O diagnóstico mais provável é:
c) Síndrome nefrítica / tratamento com digitálico.
a) Síndrome Nefrótica por glomerulonefrite
membranoproliferativa. d) Síndrome nefrítica / restrição hídrica, diurético,
avaliar a necessidade de anti-hipertensivos.
b) Síndrome Nefrótica por vasculite pauci-imune.
e) Síndrome nefrótica / antibiótico devido à
c) Síndrome Nefrítica por glomerulonefrite pós- possibilidade de peritonite bacteriana espontânea.
infecciosa.
d) Síndrome Nefrítica por nefropatia por IgA.

GABARITOS E COMENTÁRIOS
6. Há aproximadamente 2 semanas, menino com 3
1. Gabarito: D
anos de idade iniciou com edema bipalpebral e
aumento do ganho ponderal. Mãe relata que foi Comentário: Questão clássica! A glomerulonefrite
ajudá-lo e percebeu edema escrotal e que havia pós-estreptocócica consiste em uma síndrome
“eliminado pequena quantidade de urina”. Ao nefrítica pura (oligúria, edema, hipertensão e
exame físico, apresentava PA = 86 x 46 mmHg, hematúria dismórfica) que ocorre por reação imune
edema importante de pálpebra, escroto e MMII cruzada ou deposição de antígenos de cepas
com sinal do cacifo. Nos exames laboratoriais estreptocócicas nefritogênicas. A incidência é
apresentava proteinúria acentuada, colesterol total: maior em crianças (2-15 anos), ocorrendo cerca de
493; HDL: 44; C3 normal. Assinale a alternativa 1-2 semanas após infecção faríngea, e 3-6
CORRETA, que indica o diagnóstico mais provável semanas após infecção cutânea, tendo prognóstico
e a lesão histológica mais comum. excelente nesta faixa etária, com 95% de
recuperação completa. Mesmo a biópsia sendo de
a) Síndrome nefrótica – Tipo histológico, lesão
exceção nesta patologia, precisamos estar atentos
mínima glomerular.
ao que foge da evolução esperada, indicando
b) Síndrome nefrótica – Tipo histológico, lesão então a biópsia renal: 1. Oligúria > 1 semana; 2.
membranoproliferativa Hipocomplementemia > 8 semanas; 3. Proteinúria
nefrótica; 4. Evidências clínicas ou laboratoriais de
c) Síndrome nefrótica – Tipo histológico, lesão
doenças sistêmicas 5. Evidência de
glomeruloesclerose.
glomerulonefrite rapidamente progressiva, como
d) Síndrome nefrítica – Tipo nefropatia por IgA. anúria ou aumento acelerado das escórias
nitrogenadas. A sociedade brasileira de pediatria
e) Síndrome nefrítica – Pós-estreptocócica. ainda acrescenta as seguintes indicações: 1.
Hipertensão ou hematúria macroscópica > 6
semanas 2. Azotemia acentuada ou prolongada.
7. Aline, quatro anos, chega à emergência Note que a questão foi mal formulada e deveria ter
pediátrica acompanhada de sua mãe que refere sido anulada já que, além da alternativa D
que a menina há dois dias parece estar com o (gabarito liberado pela banca), a alternativa C
“rosto mais inchado” e mal-estar. Exame físico: (hipertensão arterial e hematúria macroscópica)
bom estado geral com edema bipalpebral; ausculta também indica, pela Sociedade Brasileira de
cardíaca normal; PA: 130 x 90 mmHg; crepitações Pediatria, a biópsia renal após 6 semanas. O
em bases pulmonares; abdome normotenso, enunciado da questão fala sobre um período de 8
fígado a 2 cm do rebordo costal direito; edema de semanas! Infelizmente o recurso não foi aceito e a
membros inferiores 2+/4+ com pequenas lesões alternativa D permaneceu como gabarito único.
crostosas. Exame de urina: densidade: 1.025; pH:
5,5; leucócitos: 12/campo; hemácias: 50/campo;
albumina +. Ureia: 12 mg/dl e creatinina: 0,4 mg/dl. 2. Gabarito: A
Radiografia de tórax: aumento discreto de área
cardíaca. A hipótese diagnóstica e o tratamento Comentário: Criança com idade entre 2-15 anos,
inicial para o caso são, respectivamente: apresentando anasarca, hipertensão (diastólica de
90 mmHg) e hematúria, com lesões crostosas na
a) Pielonefrite / antibiótico venoso. pele sugerindo impetigo em fase cicatricial. Qual é
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

a principal hipótese diagnóstica? Claro que vamos normalidade. Logo, não há nada o que estranhar
pensar em síndrome nefrítica por glomerulonefrite neste caso: trata-se de uma síndrome nefrótica
pós-estreptocócica. A presença de sinais de ICC clássica (proteinúria, anasarca, hipoalbuminemia).
(aumento de área cardíaca, congestão pulmonar) Sabemos que na faixa etária entre 1-8 anos a
apenas corrobora ainda mais nossa hipótese. imensa maioria das síndromes nefróticas é
Como a doença é autolimitada, o tratamento “primária”, isto é, idiopática, e que o padrão
consiste em medidas de suporte, essencialmente histopatológico subjacente mais comum é a
(1) repouso e (2) restrição hidrossalina (pois na Doença de Lesão Mínima (DLMi). Em casos típicos
glomerulonefrite aguda a hipervolemia decorre de como este (que inclusive tem a clássica história de
uma tendência ao balanço positivo de sal e água infecção viral inespecífica antecedente), a conduta
promovido pelos rins). Nos casos — como este — é partir direto para o tratamento empírico com
em que se observam sinais de ICC (congestão glicocorticoide em dose imunossupressora,
pulmonar) é mandatório utilizar diuréticos de alça esperando-se, na maioria das vezes, uma resposta
e, não raro, associar agentes anti-hipertensivos, dramática do quadro clinicolaboratorial.
como os antagonistas de canais de cálcio de longa
ação (ex.: nifedipino)
5. Gabarito: D

3. Gabarito: C Comentário: HIPERTENSÃO + EDEMA +


HEMATÚRIA DISMÓRFICA = SÍNDROME
Comentário: Questão simples e conceitual. A NEFRÍTICA. E pronto! A proteinúria é subnefrótica
síndrome nefrótica é causada por doenças renais (< 3,5 g/24 horas), portanto eliminamos as
que aumentam a permeabilidade através da alternativas A e B! Não existem dados de
barreira de filtração glomerular, sendo faringoamigdalite ou piodermite prévios, e a idade
caracterizada pela excreção de proteínas maior não é epidemiologicamente compatível com GNPE
que 3 a 3,5 g/dia em adultos e, em crianças, maior (glomerulonefrite pós-infecciosa). Além disso, não
que 50 mg/kg/dia. Além da proteinúria, outros há um dos dados laboratoriais mais característicos
componentes da síndrome nefrótica são a da GNPE: consumo do sistema complemento. Só
hipoalbuminemia, edema e hiperlipidemia. nos resta a alternativa D! A nefropatia por IgA ou
doença de Berger é a GLOMERULOPATIA
PRIMÁRIA MAIS FREQUENTE, bem como a
4. Gabarito: C causa mais comum de hematúria dismórfica
glomerular. O paciente típico é um homem jovem,
Comentário: Muita gente deve ter achado e o diagnóstico definitivo sai pela biópsia renal.
“estranho” o valor da relação proteína/creatinina na Existem 3 apresentações possíveis: (1)
amostra urinária deste paciente. Sabemos que tal HEMATÚRIA – NADA – HEMATÚRIA (forma mais
medida estima com razoável precisão a proteinúria comum); (2) achado ocasional no EAS: hematúria
de 24h, sendo útil, na prática, para poupar o dismórfica isolada; (3) Síndrome Nefrítica, que é o
paciente da coleta de uma urina de 24h (exame caso em questão, representando menos de 10%
chato e demorado, sujeito a erros). Perceba que, dos casos.
em uma criança pequena, esta ideia é ainda mais
aplicável que no adulto, pois é muito mais difícil
coletar a urina de 24h nesta população! Ora, em 6. Gabarito: A
crianças pequenas, de fato, a definição de
proteinúria significativa pela relação Comentário: Anasarca, proteinúria acentuada e
proteína/creatinina na amostra urinária é diferente hipercolesterolemia são achados sugestivos de
da definição do adulto. Aqui, o valor dado é mg de SÍNDROME NEFRÓTICA, e a ausência de
proteína por mg de creatinina (no adulto utiliza-se hematúria, HAS e hipocomplementemia permite
mg de proteína por grama de creatinina), e afastar a hipótese de síndrome nefrítica por GNPE
considera-se como normal uma relação < 0,2 mg. (Glomerulonefrite Pós-Estreptocócica), que seria a
Então, podemos afirmar que existe proteinúria causa mais comum de síndrome nefrítica na
significativa neste paciente, haja vista que seu EAS criança. Pois bem, sabemos que na imensa
já sugeria isso pelo método semiquantitativo (3+/4+ maioria das vezes a síndrome nefrótica em
de proteína), e sua relação proteína/ creatinina na crianças é do tipo “primária” (sem etiologia
amostra urinária é o dobro do limite superior da identificável), e que o padrão histopatológico mais
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro

comumente encontrado é a Doença de Lesões


Mínimas (DLM idiopática) . Vale lembrar que em
casos típicos não é necessário biópsia renal: após
suspeita clínica podemos partir direto para o
tratamento empírico, que consiste na corticoterapia
em dose imunossupressora (ex.: prednisona 1
mg/kg/dia). A resposta terapêutica costuma ser
dramática. Resposta certa: A.

7. Gabarito: D
Comentário: Escolar apresentando de forma
aguda um quadro marcado por: (1) edema, (2)
hipertensão arterial e (3) hematúria, até prova em
contrário deve ser encarado como um quadro de
<em>síndrome nefrítica, e a principal etiologia
nesta faixa etária, como sabemos, é a
glomerulonefrite pós-estreptocócica. Examinando a
paciente, observamos lesões compatíveis com
impetigo recente. O impetigo é uma forma bastante
comum de piodermite estreptocócica, e a GNPE é
uma complicação tardia e não supurativa das
infecções de pele ou orofaringe pelo estreptococo
do grupo A de Lancefield. Logo, o diagnóstico aqui
é GNPE/síndrome nefrítica, e o tratamento vai
consistir de: (1) restrição hidrossalina +
diureticoterapia de alça, objetivando a
“negativação” do balanço hídrico e controle das
manifestações congestivas de hipervolemia; (2)
posterior avaliação da necessidade de anti-
hipertensivos, caso os sintomas persistam após a
conduta número 1.

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