Prova 10 (Ped)
Prova 10 (Ped)
Prova 10 (Ped)
direito e é desviado para o átrio esquerdo pelo sífilis precoce consistem em lesões
forame oval ou por uma comunicação interatrial. maculopapulares ou lesões vesicobolhosas
Parte do sangue que chega ao ventrículo esquerdo (pênfigo). A goma é uma alteração da sífilis
retorna ao ventrículo direito por uma comunicação terciária.
interventricular. Ainda assim, o ventrículo esquerdo
recebe uma mistura de sangue oxigenado e
desoxigenado, não havendo a diferença pré e pós- 4. Gabarito: A
ductal descrita no caso. E, por fim, nos casos de
transposição dos grandes vasos, a aorta emerge Comentário: A icterícia é um dos problemas mais
do ventrículo direito e a artéria pulmonar emerge frequentes no período neonatal, estando frequente
do ventrículo esquerdo. O resultado é que essas em 60% dos recém-nascidos a termo e em 80%
duas circulações existem em paralelo. Um shunt dos recém-nascidos prematuros em sua primeira
(pelo forame oval e pelo canal arterial) entre as semana de vida, sendo a causa mais frequente de
duas circulações possibilita a mistura do sangue e reinternações durante este período. É mais comum
viabiliza a vida. Não há esta cianose diferencial. em indivíduos da raça asiática, ao comparar com
as raças branca e negra. A doença é decorrente do
aumento da fração indireta da bilirrubina e, de
2. Gabarito: D forma menos frequente, da fração direta. A forma
mais comum de aumento da fração indireta é a
Comentário: . Vamos avaliar as alternativas: A: icterícia fisiológica, que está relacionada a uma
incorreta. A incompatibilidade ABO ocorre adaptação do RN ao metabolismo da bilirrubina.
comumente em mães O e bebês A ou B. B: Normalmente ela não cursa com concentrações
incorreta. Icterícia nas primeiras 24h de vida é elevadas de bilirrubinas, porém pode ocorrer e com
sempre patológica e nunca fisiológica. C: incorreta. possibilidade de se difundir e impregnar as células
A atresia de vias biliares é uma causa importante nervosas do encéfalo. Para avaliar o grau de
de colestase neonatal, com hiperbilirrubinemia à extensão, utiliza-se a avaliação pelas zonas de
custa da fração direta. D: correta. Galactosemia e Kramer, pois sabe-se que a progressão da icterícia
tirosinemia são causas de colestase neonatal com se faz de maneira craniocaudal, de forma que
hiperbilirrubinemia direta, sendo, portanto, causas concentrações mais relacionadas de bilirrubina
possíveis de icterícia neonatal. estão relacionados com a extensão da coloração
amarelada em direção à extremidade distal dos
membros inferiores.
3. Gabarito: D
Comentário: Vejamos cada uma das afirmativas 5. Gabarito: B
feitas sobre a sífilis congênita. A opção A está
incorreta; o hepatocarcinoma não é uma sequela Comentário: A infecção congênita pelo CMV ocorre
tardia associada à sífilis congênita, tratada ou não mais frequentemente quando a mãe se infecta pela
no período neonatal. Esta condição está primeira vez durante a gestação e, mais
tipicamente relacionada com a transmissão raramente, é resultado de reativação de um
perinatal do vírus da hepatite B. A opção B processo latente. Se a mãe desenvolve a infecção
também está incorreta; as crianças com sífilis primária na gestação, ela transmite o vírus em 30%
congênita sempre irão receber tratamento com dos casos. Entre os RN afetados, somente 10%
alguma forma de penicilina parenteral: seja a nascem com infecção sintomática, e a grande
penicilina cristalina por via intravenosa, seja a maioria, isto é, 90% destes bebês são
procaína por via intramuscular. A opção C também ASSINTOMÁTICOS. Do grupo dos sintomáticos,
está incorreta; as crianças tratadas com penicilina 90% desses apresentam sequelas e
cristalina ou procaína irão receber um tratamento aproximadamente 10% evoluem para óbito. A
com duração de apenas 10 dias, não 21. A opção maior gravidade da infecção sobre o feto ocorre
D está correta; na investigação dos recém- quando a transmissão ocorre em fases iniciais da
nascidos em que há a suspeita da infecção gestação, ao passo que a maior probabilidade de
congênita, ainda que eles estejam completamente contaminação se dá no último trimestre. A
assintomáticos, todos os exames descritos transmissão vertical (mãe-feto) encontra-se
deverão ser realizados. A opção E está incorreta; associada à eliminação do vírus pelo RN em sua
as lesões cutâneas habitualmente encontradas na urina, saliva e secreções da nasofaringe durante
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
periostite e osteocondrite, lesões do sistema penicilina G procaína 50.000 UI/kg, dose única
nervoso central e lesões do aparelho respiratório, diária, IM, durante 10 dias.
hepatoesplenomegalia, rinite ou coriza
sanguinolenta, pseudoparalisia de Parrot (paralisia
dos membros), pancreatite e nefrite. A forma grave 11. Gabarito: E
inclui anemia, icterícia e hemorragia. Nos recém-
nascidos de mães com sífilis não tratada ou Comentário: Atente para os seguintes detalhes:
inadequadamente tratada, independentemente do parto cesáreo, ausência de trabalho de parto, fiO2
resultado do VDRL do recém-nascido, é 30% e cisurite. Eles são a chave para o
diagnóstico deste desconforto respiratório
mandatório realizar hemograma, radiografia de apresentado pelo RN. A taquipneia transitória do
ossos longos, punção lombar (na impossibilidade recém-nascido, ou síndrome do pulmão úmido, é
de realizar este exame, tratar o caso como uma condição que está relacionada ao retardo da
neurossífilis). No caso descrito temos diagnóstico absorção do líquido pulmonar após o nascimento.
clínico e laboratorial (VDRL positivo) de sífilis A criança nasce “afogada”! O grande fator de risco
congênita. Como não temos o liquor, tratamos para o desenvolvimento do quadro parece ser o
considerando neurossífilis. O tratamento nascimento na ausência de trabalho de parto. De
preconizado pelo Ministério da Saúde é feito com que forma isso é possível? Pelo nascimento
penicilina cristalina na dose de 50.000 UI/kg/dose, através da operação cesariana eletiva (por isso o
por via endovenosa, a cada 12 horas (nos parto cesáreo é um fator de risco para a condição).
primeiros 7 dias de vida) e a cada 8 horas (após 7 O tratamento é essencialmente de suporte. Em
dias de vida), durante 10 dias. E não por 7 a 10 geral, o desconforto respiratório não é grave e são
dias. Apesar da elaboração de recurso na época necessárias baixas concentrações de oxigênio,
do concurso, a banca manteve como gabarito a como o nosso paciente em questão. Os aspectos
letra A, que refere tratamento por 7 a 10 dias, ao radiográficos típicos da taquipneia incluem um
invés do correto, que seria por 10 dias. aumento da trama vascular, a presença de cisuras
marcadas e, por vezes, pequenos derrames.
Também pode haver hiperinsuflação e
10. Gabarito: D cardiomegalia.
Comentário: A questão nos traz um neonato com
24 horas de vida e alguns sinais patológicos,
12. Gabarito: D
como: icterícia patológica (iniciada antes de 24
horas de vida), hepatoesplenomegalia, rash Comentário: Paciente prematuro com desconforto
cutâneo e alopecia – ou seja, dados que, por si, respiratório precoce piorando progressivamente. A
sugerem infecção congênita. Na história radiografia de tórax evidencia infiltrado difuso, nos
gestacional, confirma-se o diagnóstico de sífilis remetendo a imagem de vidro fosco. Tais achados
inadequadamente tratada, pois não há confirmação clínicos e radiológicos nos fazem pensar na
das 3 doses de penicilina (7.200.000) registradas síndrome do desconforto respiratório (ou doença
em cartão de pré-natal, nem confirmação de da membrana hialina), caracterizada pela
parceiro tratado ao mesmo tempo e nem mesmo deficiência quantitativa e qualitativa de surfactante
confirmação da queda sorológica (VDRL) pós- pulmonar associada à imaturidade deste órgão.
tratamento. Vamos relembrar: para os RN de mães Atualmente, esse quadro pode ser modificado pelo
com sífilis não tratada ou inadequadamente tratada uso precoce de surfactante exógeno e suporte
(como o nosso em questão), independentemente ventilatório. Esse, sempre que possível, deve ser
do resultado do VDRL do recém-nascido, deve-se iniciado com ventilação não invasiva. A ventilação
realizar: hemograma, radiografia de ossos longos e mecânica invasiva está indicada para os casos de
punção lombar. Se houver alterações clínicas insuficiência respiratória ou episódios repetidos de
(como em nosso paciente) e/ou sorológicas e/ou apneia, não descritos na questão.
radiológicas e/ou hematológicas, o tratamento
deverá ser feito com penicilina G cristalina na dose
de 50.000 UI/kg/dose, por via endovenosa, a cada 13. Gabarito: A
12 horas (nos primeiros 7 dias de vida) e a cada 8
horas (após 7 dias de vida), durante 10 dias; ou Comentário: Esta questão abordou alguns
aspectos conceituais relacionados com a doença
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14. Uma criança de 18 meses é atendida no Não apresenta febre e o início foi súbito, durante a
ambulatório com relato de três episódios de madrugada, estando com discreta coriza há um
“chiado no peito” logo após ter completado o 1o dia; mantém bom estado geral, mas se mostra
semestre de vida. Que outros dados da história ansiosa. Exame físico: sem cianose ou dificuldade
clínica aumentam a probabilidade de asma de respiratória; oximetria de pulso normal. A
apresentação precoce? prescrição a ser feita neste caso é:
a) Sinais de dermatite atópica + tosse noturna. a) Antibiótico oral.
b) Sibilância induzida por vírus + um dos pais com b) Nebulização com adrenalina.
asma.
c) Corticosteroide oral.
c) Sintomas nasais (prurido e rinorreia) + sinais de
d) Máscara com oxigênio
dermatite atópica.
d) Dados clínicos sugestivos de refluxo
gastroesofágico + rinorreia 18. Um lactente de oito meses de idade é trazido a
uma unidade de pronto atendimento pelos pais às
duas horas da madrugada. Informam que a criança
15. Juliana, 3 meses de idade, vem apresentando estava bem ao dormir e que acordou há cerca de
há cerca de 4 dias quadro de tosse, coriza e meia hora com tosse metálica e rouquidão. Ao
desconforto respiratório. O exame físico mostra exame, a criança apresentava temperatura axilar
taquidispneia, tiragem intercostal, sibilos e de 36,7°C e mantinha bom estado geral, sem
estertores bolhosos bilaterais, sem melhora sinais de toxemia. O único achado digno de nota
significativa após uso de nebulização com no exame era um estridor inspiratório, além da
broncodilatador. Raio X de tórax evidenciou tosse e da rouquidão relatados pelos pais. Após
hiperinsuflação pulmonar difusa bilateral, com duas horas de observação, a criança havia
áreas de hipotransparências em bases de ambos apresentado uma melhora significativa. O
os pulmões. O diagnóstico mais provável é: diagnóstico MAIS PROVÁVEL dessa situação
clínica é:
a) Aspiração de corpo estranho.
a) Epiglotite
b) Asma brônquica.
b) Laringite bacteriana
c) Bronquiolite viral aguda.
c) Laringite espasmódica
d) Traqueobronquite.
d) Laringite virótica
e) Pneumonia bacteriana
3. Gabarito: D
GABARITOS E COMENTÁRIOS Comentário: Esta questão certamente deve ter sido
1. Gabarito: B baseada nos materiais dos cursos de capacitação
em AIDPI (Atenção Integrada às Doenças
Comentário: Sobre os quadros de sinusite na Prevalentes na Infância), que fazem parte de uma
infância: Afirmativa I) A grande maioria das estratégia inicialmente desenvolvida pela
infecções de vias aéreas superiores são de Organização Mundial da Saúde e pelo Fundo das
etiologia viral, tendendo à resolução espontânea Nações Unidas para a Infância e a Adolescência
em poucos dias, CORRETA. Afirmativa II) Na faixa que tem o objetivo de promover uma rápida e
etária pediátrica a radiografia de seios da face não significativa redução da mortalidade na infância.
acrescenta grande utilidade no diagnóstico Estes treinamentos permitem que rapidamente
etiológico, podendo ser considerada alterada sejam identificadas situações de risco e define de
mesmo em criança normais. Nos menores de 5 forma bem objetiva qual conduta deve ser adotada.
anos tem baixa especificidade e baixa O que temos aqui é uma criança com menos de
sensibilidade, INCORRETA. Afirmativa III) Nas dois meses de idade, atendida com taquipneia
sinusites agudas está recomendado o tratamento (lembre-se de que até dois meses considera-se
antimicrobiano com o intuito de evitar as taquipneia uma frequência respiratória ≥ 60 irpm).
complicações supurativas. A escolha inicial é a Basta isso para afirmarmos que é uma pneumonia.
amoxicilina, que deve ser associada a clavulanato Porém, mais do que isso: toda pneumonia em
apenas em casos específicos (menores de 2 anos, menor de 2 meses é considerada grave. No caso
frequentadores de creche, uso de antibióticos nos descrito temos também a descrição da tiragem
últimos 3 meses e falha terapêutica inicial), subcostal, o que reforça ainda mais essa
CORRETA. Afirmativa IV) O diagnóstico da caracterização, mas ainda que tal dado estivesse
sinusite é clínico e nas crianças maiores e ausente, bastaria a idade da criança para
adolescentes deve ser suspeitado quando houver: definirmos que o quadro é grave. A conduta diante
secreção nasal prolongada, tosse de um quadro grave é a administração imediata da
predominantemente noturna e cefaleia frontal. Nas primeira dose do antimicrobiana ainda na unidade
crianças menores, as manifestações mais comuns de saúde e a remoção para o hospital
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
demonstrar hiperemia faríngea e amigdalite com grupo dos que sibilam nos primeiros dois/três anos
exsudato branco-amarelado, petéquias em palato e de vida irão persistir com esses episódios
adenomegalia cervical anterior dolorosa. Essas
(são os ditos sibilantes persistentes que nada mais
manifestações nem sempre estão todas presentes
são que crianças com o provável diagnóstico de
e sua ausência não exclui a possibilidade de
asma). Assim, sempre que avaliamos o lactente
faringite estreptocócica. A presença de sintomas
sibilante devemos buscar por alguns dados que
de resfriado como tosse, coriza e obstrução nasal
nos auxiliem a prever quem será o sibilante
falam mais a favor de faringoamigdalite viral. O
transitório e quem será o sibilante persistente, pois
antibiótico de escolha é a penicilina, geralmente a
este último pode beneficiar-se do tratamento
penicilina G benzatina em dose única IM (dose
intercrise com corticoides inalatórios, por exemplo.
para menores de 27 kg: 600.000 U; para maiores
Os principais fatores preditores incluem
de 27 kg: 1.200.000 U). Alternativas são: penicilina
diagnóstico de eczema nos três primeiros anos de
V oral por 10 dias ou amoxicilina oral por 10 dias.
vida; pai ou mãe com asma; diagnóstico de rinite
O tratamento antibiótico deve ser implementado
nos três primeiros anos de vida; sibilância sem
visando erradicar o Streptococcus da orofaringe e
resfriado (virose); e eosinofilia sanguínea maior
prevenir as complicações não supurativas graves
que 3% (na ausência de parasitoses).
que são a febre reumática e a glomerulonefrite
pós-estreptocócica
15. Gabarito: C
13. Gabarito: B Comentário: Temos uma lactente de 3 meses com
tosse, taquidispneia e ausculta com
Comentário: .A sinusite costuma se manifestar
broncoespasmo e estertores bolhosos, sem
como um “resfriado que demora a passar”, com
melhora após uso de broncodilatador e com sinais
tosse e secreção nasal por mais de 10-14 dias. A
de hiperinsuflação no exame de imagem. História
tosse costuma piorar à noite pela presença de
compatível com uma bronquiolite aguda. Quadro
gotejamento pós-nasal, como descrito no caso.
mais comum em lactentes, especialmente em
Diferente de crianças maiores e adolescentes que
menores de 6 meses, de etiologia
têm cefaleia e dor facial espontânea ou à
predominantemente viral (vírus sincicial
percussão, crianças de até 7 anos não apresentam
respiratório, parainfluenza, adenovírus, entre
esses sintomas, uma vez que não possuem o seio
outros). Podem haver pródromos de vias aéreas
frontal formado. Também é possível o diagnóstico
superiores, com evolução para tosse e dispneia.
de sinusite com um quadro clínico mais exuberante
Ao exame físico, comumente podemos observar
e grave quando há febre alta (≥ 39ºC) e coriza
sibilos e tempo expiratório prolongado, além dos
purulenta por 3-4 dias consecutivos ao quadro
sinais de desconforto. A radiografia de tórax
respiratório. O marco clínico da laringite é a tosse
evidencia hiperinsuflação, podendo haver
ladrante e o estridor. A taqueíte deve ser pensada
infiltrados e atelectasias. O tratamento é baseado
como hipótese diagnóstica quando além dos
em medidas de suporte e oxigenoterapia. Os
sintomas de obstrução respiratória alta (tosse
broncodilatadores não apresentam benefícios
metálica, estridor) também ocorre febre alta,
comprovados cientificamente e devem ser
dispneia. Finalmente, a asma é uma doença
mantidos apenas quando houver resposta.
obstrutiva das vias aéreas inferiores, e cursa
clinicamente, com tosse seca, dispneia, sibilos e
tempo expiratório prolongado.
16. Gabarito: A
Comentário: De acordo com o preconizado pelo
14. Gabarito: C AIDPI (Atenção Integrada às Doenças Prevalentes
na Infância), temos os seguintes critérios de
Comentário: A avaliação do lactente com repetidos
internação para pacientes com pneumonia: idade
episódios de sibilância é um grande desafio na
abaixo de 2 meses, tiragem subcostal, crise
prática pediátrica. Sabemos que um percentual das
convulsiva, sonolência, estridor em repouso,
crianças que apresentam episódios de sibilância
desnutrição grave, não aceitação de líquidos,
nos primeiros dois/ três anos de vida irão parar de
sinais de hipoxemia, comorbidades (cardiopatia,
sibilar após essa idade (são os ditos sibilantes
pneumopatia e doença falciforme), derrame
precoces transitórios); porém, sabemos que um
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diagnóstico de uma infecção estreptocócica menos que pode estar associado, devendo-se realizar
provável (afirmativa III errada). radiografia simples de tórax.
d) Meningite pneumocócica evoluindo com febre
por hipersensibilidade às medicações empregadas
20. Gabarito: B
já que encontra-se em bom estado geral, devendo-
Comentário: O enunciado nos traz um lactente se alterar a antibioticoterapia, conforme o
jovem (1 mês e 5 dias) com bronquiolite viral antibiograma.
aguda, ou seja, uma PNEUMONIA VIRAL. Este
e) Meningite pneumocócica evoluindo com febre
está em regular estado geral, taquipneico
devido a provável abscesso cerebral que é
(frequência > 60 irpm) e dispneico. Em crianças
complicação frequente nessa etiologia,
menores de 2 meses, a presença de taquipneia ou
necessitando tomografia de crânio para
tiragem subcostal caracteriza a apresentação de confirmação
uma PNEUMONIA COMO GRAVE. O tratamento
da pneumonia grave deve ser com assistência
hospitalar e, em caso de suspeita de etiologia
2. Diante de uma criança de 5 meses de vida e
bacteriana associada, a terapêutica antimicrobiana
meningite bacteriana há dois meses com derivação
deve ser iniciada por via venosa. Portanto, a FR
ventriculoperitoneal, responda: quais os agentes
determina o diagnóstico de PNEUMONIA, e a
etiológicos mais prováveis?
idade (< 2 meses) informa a possibilidade de
GRAVIDADE. a) Staphylococcus coagulase negativo e
Staphylococcus aureus.
b) Staphylococcus aureus e Neisseria meningitidis.
QUESTÕES – MENINGITE
c) Streptococcus pneumoniae e Listeria
1. Lactente de 6 meses encontra-se internado por
monocytogenes.
meningite com o seguinte resultado de Líquido
Cefalorraquidiano (LCR) à admissão: celularidade - d) Streptococcus pyogenes e Staphylococcus
694 (72% neutrófilos, 18% linfócitos e 10% aureus
monócitos); glicose = 10 mg/dl e proteínas = 94
mg/dl. Bacterioscópico – presença de diplococos
Gram-positivos aos pares. Recebeu dexametasona 3. Diante de uma criança de 9 meses de idade,
por 4 dias e ceftriaxona atualmente no quinto dia internada para tratamento de meningite bacteriana,
completo. Evolui com melhora do estado geral qual das abaixo representa indicação para uma
porém permanece com febre diária. Feito novo segunda punção lombar após 48 horas de
LCR com celularidade – 89 (83% linfócitos, 10 tratamento?
monócitos e 7% neutrófilos); proteína = 82 mg/dl;
glicose = 37 mg/dl e ausência de bactérias ao a) Celularidade liquórica maior que 800
gram. células/mm³
GABARITOS E COMENTÁRIOS
7. As meningites bacterianas agudas são infecções
graves, potencialmente fatais e que acometem 1. Gabarito: A
com maior frequência crianças com idade inferior a Comentário: O LCR apresentado possui aumento
5 anos. Considerando os dados atuais sobre a da celularidade às custas de polimorfonucleares
sensibilidade aos antimicrobianos dos agentes hiperproteinorraquia e hipoglicorraquia,
etiológicos - meningococo, pneumococo e características compatíveis com meningite
Haemophilus influenzae - no Brasil, o esquema bacteriana aguda. Além disso, o GRAM nos mostra
antimicrobiano empírico mais adequado para o diplococos GRAM-positivos, o que nos dá o agente
tratamento dessas infecções é: etiológico: o Streptococcus pneumoniae. Apesar do
a) Ceftriaxona. tratamento ter sido instituído de maneira correta, o
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
paciente mantém febre, já com um LCR estéril. vômitos, convulsões e abaulamento da fontanela.
Neste contexto, devemos investigar a presença de Note que a maioria das manifestações são
uma coleção subdural, que apesar de incomum em totalmente INESPECÍFICAS, o que torna a letra C
adultos, ocorre em mais de 10% das crianças com incorreta, sendo o gabarito da questão! Portanto,
meningite bacteriana aguda, tornando mandatória nessa faixa etária, uma punção lombar sempre
a realização de uma tomografia de crânio. deve ser realizada em casos de sepse. Quanto aos
agentes etiológicos, a informação varia de acordo
com a fonte consultada. O Nelson fala que no
2. Gabarito: A período neonatal o principal agente é o
Streptococcus agalactiae, e que de 1 mês aos 12
Comentário: . Memorize de uma vez por todas: em anos é o Meningococo, o que tornaria as
portadores de Derivação Ventrículo Peritoneal alternativas A e B incorretas. Não vamos discutir
(DVP) os estafilococos (S. aureus e S. epidermidis) com a questão, já que a alternativa C está
são as bactérias que mais causam meningite claramente errada!
bacteriana aguda! Vamos aproveitar pra relembrar
rapidamente as etiologias das meningites. No
Brasil, o meningococo é o primeiro lugar, já nos
5. Gabarito: E
EUA (e pelo Harrison) o pneumococo ocupa a
primeira posição. Vamos lembrar do risco de Comentário: A antibioticoprofilaxia é indicada para
Listeria em neonatos, idosos, transplantados, “contactantes íntimos” dos casos de meningite
gestantes e pacientes com câncer e meningocócica e meningite por hemófilo tipo b.
imunossuprimidos. Do Streptococcus agalactiae Vale lembrar que não se indica antibioticoprofilaxia
em recém-nascidos e pacientes com mais de 50 para contactantes de meningite pneumocócica. Os
anos e doenças crônicas. Além dos bastonetes esquemas preconizados são: (1) hemófilo b =
Gram-negativos em alcoólatras, diabéticos, rifampicina 20 mg/kg (máx. 600 mg) 1x ao dia por 4
pacientes com infecção crônica do trato urinário, dias; (2) meningococo = rifampicina 10 mg/kg
estrongiloidíase disseminada, ou submetidos à (máx. 600 mg) de 12/12h por 2 dias.
neurocirurgia!
6. Gabarito: E
3. Gabarito: C
Comentário: .Guarde na sua cabeça um conceito
Comentário: A principal recomendação de se primordial da medicina de emergência: diante de
repetir o estudo do liquor em uma criança que está todo e qualquer paciente (de qualquer idade) com
em tratamento de uma meningite, é a ausência de queixa de FEBRE de início agudo, temos que
resposta clínica após 24-48 horas de tratamento, o pesquisar ‒ sempre ‒ dois sinais clínicos que
que pode ser visto em crianças com meningite por indicam a possibilidade de doença meningocócica
pneumococo resistente a cefalosporina ou nos (ou outras formas menos comuns de sepse
pacientes com meningite pneumocócica que foram fulminante): (1) rigidez de nuca; (2) rash
tratados com dexametasona. Além disso, paciente hemorrágico (petéquias e equimoses na pele). E
com meningite causada por Gram-negativos claro: se você suspeitar de doença meningocócica,
também devem ser submetidos a uma nova colete pelo menos 2 amostras de hemocultura (se
punção lombar visando determinar o tempo de possível liquor também) e inicie o quanto antes a
tratamento. antibioticoterapia sistêmica com ceftriaxona (ou
outra cefalosporina de 3a geração) pela via
intravenosa, internando o paciente de preferência
4. Gabarito: C na terapia intensiva. Resolvido nosso problema
aqui? Ainda não. Essa questão merece outras
Comentário: A meningite em menores de 2 anos, considerações a respeito de qual opção deve ser
principalmente em menores de 9 meses, marcada. Veja: (1) não podemos marcar
geralmente NÃO APRESENTA SINAIS DE “meningite meningocócica” porque não há qualquer
IRRITAÇÃO MENÍNGEA, sendo que outros sinais sinal clínico de meningite (cadê a síndrome de
e sintomas permitirão a suspeita diagnóstica: febre, irritação meníngea, com rigidez de nuca, Kernig e
irritabilidade ou agitação, choro persistente e Brudzinski ?). É bem verdade que a doença
recusa alimentar, acompanhada ou não de meningocócica disseminada pode cursar com
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7. Gabarito: A
Comentário: Como ainda não temos uma elevada
prevalência de pneumococo com alto grau de
resistência à penicilina na população, a ceftriaxona
segue como droga de escolha para o tratamento
empírico das infecções por este germe. No caso
das meningites bacterianas comunitárias, os três
principais patógenos envolvidos (pneumococo,
meningococo e hemófilo) são bem “cobertos” com
ceftriaxona em monoterapia. Em regiões com
elevada prevalência de pneumococo resistente o
tratamento empírico da MBA é feito com
ceftriaxona + vancomicina (esta última para “pegar”
pneumococo resistente).
8. Gabarito: C
Comentário: A pressão normal do liquor está entre
5-18 cmH2O, logo, não há hipertensão liquórica
aqui, o que fala contra a hipótese de meningite
bacteriana aguda. Também afastam tal hipótese a
presença de glicorraquia normal (> 40 mg/dl) e
celularidade < 500 céls/mm3. Logo, só podemos
ficar em dúvida entre as letras B e C. O que ajuda
a diferenciar uma coisa da outra? A
proteinorraquia. Nas meningites virais, a
proteinorraquia costuma ficar entre 20-80 mg/dl, ao
passo que na meningite tuberculosa, a
proteinorraquia está tipicamente > 100 mg/dl.
d) A síndrome de Reye pode ser uma complicação, ( ) Eritema em todo o corpo, com pequenas
pápulas;
caso se utilize paracetamol como antitérmico
( ) Período prodrômico com febre, conjuntivite,
fotofobia;
7. Nas doenças exantemáticas é CORRETO
afirmar que: ( ) Causado pelo herpesvírus tipo 6;
( ) Evolução do exantema em três fases,
a) A escarlatina inicia-se abruptamente com febre
recorrente;
alta, dor de garganta, anorexia, vômitos, cefaleia e,
às vezes, dor abdominal. Após 12 a 48 horas surge ( ) Exantema maculopapular róseo, início em face.
o exantema que é típico: eritematoso, micropapular
e áspero como uma lixa. a) I, IV, V, III e II.
encefalite, a síndrome de Reye e, como lembrado grave subjacente e, por isso, em algumas crianças
pela banca, a síndrome de Guillain-Barré. torna-se necessária a realização de exames
Considera-se que a síndrome de Guillain-Barré complementares com o intuito de se identificar um
seja uma polineuropatia pós-infecciosa, que se maior risco para uma infecção bacteriana,
relaciona com diversos agentes. O mais permitindo que seja instituído precocemente o
comumente associado é o Campylobacter jejuni, tratamento antimicrobiano apropriado. Porém, esta
mas diversos agentes virais também podem estar preocupação destina-se principalmente às crianças
relacionados. A opção B está errada; sabemos que menores, em especial nos primeiros 36 meses de
a principal característica da fase exantemática da vida, ou naquelas com alguma morbidade
varicela é a presença de um exantema polimórfico, subjacente. Não é este o caso! Estamos vendo um
com lesões em diversos estágios evolutivos: escolar de sete anos que tem apenas febre e
máculas, pápulas, vesículas e crostas. Estas cefaleia de curta duração. Ao exame, não há sinais
lesões, tipicamente iniciam-se na cabeça e tronco que indiquem irritação meníngea (o que seria
e depois progridem para os membros. Além de esperado nesta faixa etária, caso houvesse
acometer a pele, tais lesões também acometem infecção do sistema nervoso central) ou outros
diversas superfícies mucosas, como a mucosa oral sinais de alarme. Por esta razão, não é necessário
e a genital (opção C errada). Enquanto houver o que seja feita qualquer complementação
surgimento de novas lesões, o paciente está laboratorial. O caso pode ser apenas
infectante e deve ser afastado de suas atividades acompanhado. Poderíamos mesmo nos questionar
laborativas ou de escola. Apenas quando não se haveria necessidade de ser prescrito algum
houver o surgimento de novas lesões, o que pode antitérmico. Crianças com temperatura inferior a
durar mais do que quatro dias, o retorno às 39oC e sem comorbidades podem permanecer
atividades usuais é permitido (opção D errada). sem receber os antitérmicos. Ainda assim, a
melhor resposta seria a letra E.
2. Gabarito: B
4. Gabarito: D
Comentário: Esta questão abordou uma das
doenças exantemáticas clássicas da infância: o Comentário: Temos um lactente menor de 3 meses
sarampo. Na fase prodrômica, o paciente apresentando febre sem foco (condição na qual
apresenta febre alta, tosse e conjuntivite. Pode, não se identificam sinais/sintomas localizatórios,
ainda, apresentar, como no caso descrito, uma com duração menor que 1 semana). Apresenta ao
sinal patognomônico - as manchas de Koplik (as exame físico: febre, irritabilidade e desidratação.
lesões descritas no interior da cavidade oral). A Faz-se necessária a sua hospitalização para, antes
fase exantemática é caracterizada pelo surgimento de tudo, tratar a desidratação. Além disso, a
de lesões na região retroauricular que sofrem internação possibilita a coleta de um rastreio
progressão craniocaudal lenta. Esta lactente ainda infeccioso completo, no intuito de identificar o sítio
não tem as lesões cutâneas, mas as mesmas irão de origem da febre e permitir início precoce de
aparecer em poucas horas/dias. antibioticoterapia, caso necessário, muito
importante pelo alto risco de bacteremia oculta,
comum nesta faixa etária.
3. Gabarito: E
Comentário: A febre é uma queixa muito frequente 5. Gabarito: C
nos atendimentos pediátricos. Ao nos depararmos
com uma criança febril, devemos nos lembrar que Comentário: Quadro sucinto, como são todos os
essa manifestação pode ter várias causas, como quadros desta afecção típica dos lactentes: o
causas infecciosas, neoplásicas ou exantema súbito, ou roséola infantil. A doença está
reumatológicas, por exemplo. Na maior parte das associada, na maioria das vezes, com a infecção
vezes, a febre será manifestação de alguma pelo herpesvírus humano tipo 6. O agente é
doença infecciosa subjacente. Com muita transmitido a partir do contato com a saliva de um
frequência, essa doença será tão somente um portador assintomático do vírus, que é capaz de
quadro viral benigno e autolimitado. É evidente estabelecer infecção persistente nas glândulas
que, eventualmente, a febre poderá ser a primeira salivares. O pico de incidência da infecção é no
manifestação de alguma infecção bacteriana mais segundo semestre de vida, como neste caso. O
23
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
quadro caracteriza-se pela presença de febre alta início agudo com febre alta, calafrios, vômitos,
por poucos dias, com nenhum outro sintoma ou cefaleia, prostração, amigdalite e dor abdominal.
com sintomas inespecíficos associados. A febre Em 24 a 48 horas, costuma haver o surgimento do
tipicamente desaparece de forma súbita (em crise) exantema, de aspecto eritematoso e micropapular.
e é sucedida, após algumas horas, pelo A pele tem uma textura áspera e semelhante a
surgimento de exantema maculopapular ou uma lixa. Pode haver, ainda, a presença dos
morbiliforme que se inicia no tronco e sofre clássicos sinais de Pastia (acentuação do
disseminação centrífuga. A doença é benigna e exantema em superfícies flexurais) e Filatov
autolimitada, não sendo necessária qualquer (palidez peribucal). Opção B: INCORRETA. O
intervenção específica. Aproveitando, para exantema da escarlatina se inicia no tórax e se
relembrar: o parvovírus B19 causa o eritema dissemina em direção ao pescoço e aos membros,
infeccioso; o vírus da rubéola causa, poupando palmas e plantas. Opção C:
evidentemente, rubéola; o estreptococo do grupo A INCORRETA. É importante não confundir os sinais
associa-se com a escarlatina; os Coxsackievirus e sintomas entre as doenças exantemáticas. Os
causam várias doenças, sendo a erupção cutânea sinais de Filatov (palidez perioral com bochechas
mais típica a síndrome mão-pé-boca. eritematosas) e de Pastia (exantema intensificado
nas regiões flexurais) são característicos da
escarlatina. No eritema infeccioso temos aquela
6. Gabarito: B apresentação em 3 estágios, sendo o primeiro
deles caracterizado por exantema em face com
Comentário: Questão de diagnóstico simples. aspecto de face esbofeteada. Opção D:
Criança apresentando lesões polimórficas (em INCORRETA. A doença de Kawasaki é
vários estágios de desenvolvimento) como as da caracterizada por ser uma vasculite de vasos de
foto, é varicela. A varicela é causada pelo vírus médio calibre, acometendo, principalmente,
varicela-zóster, cuja infecção primária costuma artérias coronárias, podendo haver evolução para
ocorrer abaixo dos 15 anos de idade. Os lactentes aneurismas, tromboses, estenoses e quadros de
e os adultos infectados apresentam, em geral, infarto e óbito. Opção E: INCORRETA. O eritema
quadros mais graves e com maior risco de infecção infeccioso é a manifestação mais comum da
bacteriana secundária e óbito. O vírus é altamente infecção pelo parvovírus B19 e, durante a sua
contagioso, e a transmissão da doença se dá viremia, o paciente apresenta febre, mal-estar e
através do contato direto com a secreção das rinorreia. A crise aplásica é outra manifestação
vesículas e através de gotículas de secreção clínica da infecção pelo parvovírus B19, consiste
respiratória. O indivíduo infectado começa a em uma condição transitória, que se dá nos
eliminar o vírus dois dias antes de surgir o rash e indivíduos com anemia hemolítica crônica, levando
deixa de transmitir quando todas as lesões virarem ao agravamento da anemia. O quadro crônico
crostas. O exantema inicia no couro cabeludo, face pode se estabelecer em imunossuprimidos
e pescoço, disseminando para tronco e membros
em seguida. Tipicamente as lesões são
polimórficas, podendo haver pápulas, vesículas, 8. Gabarito: B
pústulas e crostas. Pode haver febre, anorexia e
mal-estar. O tratamento é de suporte, com uso de Comentário: Temos uma questão sobre
sintomáticos, como antitérmicos e anti- apresentação clínica das doenças exantemáticas:
histamínicos. É importante lembrarmos de nunca O sarampo se inicia com uma fase prodrômica
prescrever salicilatos pelo risco de síndrome de caracterizada pelo surgimento de febre, tosse
Reye, que é uma encefalopatia associada à produtiva, coriza, fotofobia e conjuntivite, que se
hepatite, que ocorre pela ingestão de salicilatos segue pela fase exantemática após 2 a 4 dias. O
durante o curso de uma infecção viral, comumente exantema maculopapular avermelhado inicia pela
a varicela. Os antibióticos estão indicados apenas região retroauricular, disseminando-se pelo
quando houver infecção secundária associada. pescoço, dorso e extremidades. Na infecção pelo
vírus da rubéola, a primeira manifestação clínica
pode ser o surgimento do exantema maculopapular
7. Gabarito: A puntiforme róseo. Ele se inicia em cabeça e
pescoço, evoluindo para tronco, dorso e
Comentário: Vejamos cada uma das afirmativas. extremidades, com tendência à confluência. A
Opção A: CORRETA. A escarlatina apresenta escarlatina é uma infecção do trato respiratório
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
refere que a filha esteve internada em outro serviço c) Ausência de internações prévias.
há 4 meses, quando foi diagnosticada infecção
d) Ausência de alterações ao exame físico.
urinária. Foi tratada com cefazolina por 5 dias e
recebeu alta sem prescrição e solicitação de
exames. Exame físico: TA = 38,8ºC; estado geral
regular; irritada; sem outras alterações. Exames GABARITOS E COMENTÁRIOS
atuais: hemograma com leucocitose e desvio à 1. Gabarito: Infecção urinária numa criança do
esquerda; urina I com nitrito negativo, leucocitúria sexo masculino é um evento absolutamente
e bactérias abundantes; urinocultura (por saco inesperado que deve obrigar o médico a pesquisar
coletor) E. coli : 200.000 unidades Formadoras de malformações anatômicas do trato urinário.
Colônias (UFC). Diante do quadro atual, a conduta Estatisticamente, a principal malformação
CORRETA é: congênita urinária, principalmente em meninos
a) Repetir a urinocultura. (2:1), é a estenose da JUP (junção ureteropélvica).
Em 60% dos casos a obstrução é à esquerda, e
b) Prescrever um antimicrobiano com boa somente em 10% ela é bilateral. O quadro de
concentração estenose de JUP é caracterizado exatamente pelo
que foi descrito pelo enunciado: hidronefrose
urinária e sanguínea.
(dilatação pieloureteral) unilateral, com ureter
c) Prescrever um antimicrobiano com boa ipsilateral de calibre normal.
concentração
urinária.
2. Gabarito: B
d) Prescrever um antimicrobiano por 14 dias e a
seguir Comentário: Se a mãe desta criança tivesse feito
um pré-natal minimamente satisfatório, o que inclui
quimioprofilaxia. a realização do ultrassom morfológico por volta de
20 semanas, provavelmente teria sido dado o
e) Prescrever um antimicrobiano por 14 dias e a
diagnóstico antenatal de obstrução urinária (pela
seguir
detecção de hidronefrose bilateral já neste exame).
quimioprofilaxia e investigação radiológica. Diversas são as etiologias possíveis para um
quadro de obstrução urinária em crianças
pequenas (ex.: cálculos, estenose pós-infecciosa,
6. Menina de 18 meses iniciou quadro de febre pós-cirúrgica etc), mas o grupo de causas mais
(39,5°C) há 24 horas. A mãe nega qualquer outro comuns nesta faixa etária é o das obstruções
sintoma. Ao exame físico, apresenta-se afebril, em urinárias CONGÊNITAS. A entidade mais
bom estado geral, hidratada e eupneica, ausência frequentemente observada é a estenose da JPU
de linfonodomegalias, orofaringe e otoscopia sem (Junção Pieloureteral), uma condição tipicamente
alterações, ausculta respiratória e cardíaca unilateral (em 60% no lado esquerdo) que cursa
normais, palpação do abdome indolor e sem apenas com hidronefrose (dilatação da pelve
visceromegalias. Não há história de intercorrências renal), sem a presença de megaureter ou bexiga
neonatais ou internações prévias. Ao checar o distendida. Em crianças pequenas, as obstruções
cartão de vacinas, encontram-se: BCG ao nascer, urinárias graves em topografia mais distal
hepatite B uma dose, pentavalente três doses + envolvendo hidronefrose e megaureter bilateral,
reforço DTP, VIP duas doses, VOP uma dose + além de bexiga distendida (que com o tempo
reforço, pneumocócica três doses + reforço, desenvolve uma parede espessada, com
rotavírus duas doses, meningocócica duas doses + divertículos e resíduo pós-miccional elevado), têm
reforço, tríplice viral uma dose, e tetraviral uma como causa mais provável a chamada válvula de
dose. O pediatra opta por colher apenas EAS e uretra posterior, que nada mais é do que uma
urinocultura para afastar a hipótese de infecção membrana intraluminal obstrutiva localizada na
urinária. O menor risco de bacteremia oculta nessa porção da uretra que vem após a uretra prostática.
criança é justificado pela: Assim como em outras causas de obstrução
urinária, a válvula de uretra posterior se caracteriza
a) História vacinal. por infecções urinárias de repetição, que podem
levar à destruição do parênquima renal e
b) Idade superior a 12 meses.
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
Comentário: O enunciado apresenta uma pré- a) A penicilina benzatina é uma das drogas de
escolar com um quadro de ITU ALTA, isto é, uma escolha.
pielonefrite aguda (no caso “não complicada”). A
b) A eritromicina é uma das drogas indicadas
infecção urinária baixa (cistite) não causa febre,
nesses casos.
assim como também não resulta em lesão renal.
Nas meninas, 75-90% de todas as infecções c) As cefalosporinas de primeira geração são as
urinárias são causadas pela Escherichia coli, medicações de primeira escolha.
seguida por Klebsiella spp. e Proteus spp. Nem
todas as pielonefrites da infância necessitam de d) Os casos de S. aureus meticilina resistentes
internação para antibioticoterapia venosa. Apenas podem ser tratados com vancomicina ou
os lactentes < 3 meses, os pacientes com sinais de sulfametoxazol + trimetoprima.
sepse urinária, ou frente à incapacidade de ingerir
líquidos (ex.: vômitos incoercíveis) têm indicação
de internação. Se o estado geral for bom, como no
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
2. Quando diagnosticamos em uma criança de três caracterizado por lesões papulares eritematosas,
anos de idade lesões de pele tipo impetigo, na associadas a pústulas que se rompem formando
região do pescoço, qual é a conduta? crostas grossas. O tratamento do impetigo pode
ser TÓPICO caso o paciente possua poucas
a) Eritromicina por via oral.
lesões de pele (opções de drogas são o
b) Curetagem removendo a parte mais central. mupirocina e ácido fusídico). No caso de muitas
lesões, o tratamento deve ser SISTÊMICO, sendo
c) Anti-histamínicos orais. as cefalosporinas de primeira geração a primeira
d) Pomadas com antifúngico e corticoides. escolha (ex.: cefalexina via oral – C correta).
Drogas que podem ser utilizadas de modo
e) Mupirocina tópica. alternativo incluem as aminopenicilinas associadas
a inibidores da betalactamase (ex.: amoxicilina +
clavulanato), clindamicina e macrolídeos (embora
3. Jovem, 18 anos, com história de tinea pedis (pé esse último grupo possua resistência crescente
de atleta) desenvolveu febre associada a edema, entre os estafilococos e estreptococos – B correta).
dor e lesão no dorso do pé e perna esquerdos. Ao No caso de estafilococos meticilina-resistentes
exame, a lesão era elevada, eritematosa, quente e (MRSA), a melhor droga para tratamento via oral é
bem demarcada, sendo nítido o limite entre lesão e o sulfametoxazol + trimetoprima; a vancomicina
pele sã. Assinale, dentre as opções abaixo, aquela também pode ser utilizada, embora em geral seja
que MELHOR se adequa ao quadro clínico reservada para doenças mais graves com
descrito: necessidade de internação, já que se trata de
medicação de uso intravenoso (D correta). A
a) Trata-se de celulite e os seus agentes penicilina benzatina não possui eficácia terapêutica
etiológicos mais frequentes são bactérias no tratamento do impetigo (A incorreta).
aeróbicas Gram-negativas.
b) Trata-se de celulite que se caracteriza pelo
acometimento das camadas mais externas da 2. Gabarito: E
derme e dos vasos linfáticos superficiais.
Comentário: O impetigo é uma piodermite
c) Trata-se de erisipela e há necessidade de (infecção bacteriana da pele). Em 70% das vezes o
cultura de aspirado da lesão para se definir o tipo de impetigo é do tipo “crostoso”, geralmente
diagnóstico e iniciar o tratamento. causado pelo S. pyogenes (raramente S. aureus).
O impetigo “bolhoso” é bem menos frequente,
d) Trata-se de erisipela e os agentes etiológicos sendo predominantemente causado pelo S.
mais frequentes são estreptococos beta- aureus. Em ambos os tipos, o tratamento pode ser
hemolíticos. feito com antimicrobianos TÓPICOS (ex.:
mupirocina) ou SISTÊMICOS (ex.: cefalexina). De
um modo geral, o tratamento tópico é reservado
GABARITOS E COMENTÁRIOS para as lesões localizadas, desde que longe da
cavidade oral ou couro cabeludo, e é justamente
1. Gabarito: A
isso que o enunciado dá a entender (lesões
Comentário: O impetigo é a infecção cutânea restritas ao pescoço, sem outros comemorativos).
bacteriana superficial mais comum em crianças de Tratamento sistêmico será preferível nos casos
2 a 5 anos, sendo fatores predisponentes as más que apresentarem: (1) acometimento “profundo”,
condições de higiene, residência em regiões como infecção de fáscias ou músculos; (2) febre;
tropicais e subtropicais e presença de lesões (3) linfadenomegalias satélites; (4) lesões próximas
prévias (traumas, escoriações, picadas de inseto, à cavidade oral (ex.: cantos dos lábios, onde uma
dermatite atópica e eczema). Existem 2 tipos criança pequena pode tirar o ATB tópico com a
principais: o impetigo bolhoso (causado pelo língua); (5) couro cabeludo (pela dificuldade em
Staphylococcus aureus) e o impetigo crostoso passar a loção nessa região); (6) presença de > 5
(causado pelo S. aureus ou Streptococcus lesões (lesão extensa).
pyogenes). O primeiro se manifesta como
vesículas superficiais com líquido claro que se
torna purulento, havendo formação subsequente 3. Gabarito: D
de crostas finas acastanhadas; já o segundo tipo é
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
Comentário: Porta de entrada (“frieira” ou “pé-de- d) Indicar aleitamento materno com leite
atleta” = micose em pododáctilos por Tinea pedis) ordenhado após congelamento.
lesão eritematosa de bordos elevados e nítida
e) Indicar aleitamento materno com leite
demarcação com a pele sã, que se alastra pelo
ordenhado após pasteurização.
membro ipsilateral e vem associada a uma
síndrome de resposta inflamatória sistêmica (febre,
calafrios, taquicardia), são achados que permitem
o diagnóstico clínico de erisipela, uma forma de 3. Acerca do aleitamento materno, assinale a
piodermite aguda potencialmente grave quase alternativa CORRETA:
sempre causada pelo Streptococcus pyogenes a) São contraindicações absolutas ao aleitamento
(“estrepto beta-hemolítico”, um germe capaz de materno: mãe HIV positiva, tuberculose materna
“comer” os estratos mais superficiais do tecido com doença ativa e uso de drogas antineoplásicas
subcutâneo). Justamente por causa desta elevada pela mãe.
associação etiológica, de um modo geral, não se
recomenda obtenção de material para análise b) Uma boa técnica de amamentação engloba
microbiológica em casos típicos de erisipela (em deglutição visível e audível, a boca do bebê deve
casos típicos, o tratamento pode ser estar bem aberta e abocanhando a maior parte da
empiricamente direcionado apenas contra o S. aréola da mama, o lábio inferior invertido e o
pyogenes, por exemplo, utilizando-se penicilina queixo deve estar tocando a mama materna.
cristalina IV se o paciente precisar ser internado).
c) O colostro possui maior concentração de
C errada e D correta. A erisipela é diferente da
proteínas, imunoglobulinas, sais, vitamina A,
celulite, a medida que, clinicamente, a celulite é
vitamina E e lactoferrina, com menor concentração
uma piodermite mais profunda, isto é, o eritema
de gordura e lactose em relação ao leite maduro.
não tem bordos elevados, e seus limites com a
pele sã são menos nítidos (A e B erradas). d) A betalactoglobulina é a proteína do soro de
maior concentração no leite materno.
e) O aleitamento materno misto ou parcial é
QUESTÕES – CONTRAINDICAÇÃO DE
definido quando o bebê se alimenta de leite
ALEITAMENTO MATERNO
materno associado a alimentos sólidos ou
1. É contraindicação absoluta ao aleitamento semissólidos.
materno a presença da seguinte infecção materna:
a) Hepatite B.
4. Sobre o aleitamento materno, assinale a
b) Hepatite C. alternativa que apresenta contraindicação(ões):
d) Citomegalovirose. b) Hepatites B e C.
GABARITOS E COMENTÁRIOS
1. Gabarito: E 4. Gabarito: A
o vírus da hepatite B. A mulher com tuberculose comprovada por diversos estudos. Em alguns
bacilífera pode amamentar; são adotados alguns países em desenvolvimento, o aleitamento
cuidados adicionais com o recém-nascido, que não materno pode ser vital para o lactente, tornando,
irá receber a vacina BCG e irá iniciar segundo a OMS, aceitável o risco da transmissão
quimioprofilaxia com isoniazida. Quando a mulher pelo HIV, mesmo na alta taxa de infecção da
tem infecção em atividade pelo vírus herpes- doença. Nesses países, os riscos da não
simples, o cuidado que deve ser adotado consiste amamentação suplantam os riscos da transmissão
em evitar que a criança tenha o contato direto com da doença. Outra contraindicação absoluta é o
as lesões; nos casos de herpes labial ou genital aleitamento por mães HTLV-1 e HTLV-2 (letra D
basta que a região esteja coberta. E, por fim, a correta). A tuberculose ativa não é contraindicação,
prótese de silicone não contraindica de modo desde que a mãe utilize máscara durante o período
algum a amamentação. bacilífero (letras A e C incorretas). Não há
contraindicação para o aleitamento materno
quando a mãe estiver sob tratamento adequado
5. Gabarito: D para hanseníase (letra B incorreta). Porém, são
necessários cuidados com a secreção nasal
Comentário: Existem poucas situações que, de materna, o contato pele a pele e a higiene das
fato, são contraindicações verdadeiras para o mãos; a mãe deve usar máscara para proteção
aleitamento materno. Vejamos cada uma das das secreções nasais, lavar as mãos antes de
situações lembradas pela banca. Nos casos de amamentar e usar lenços descartáveis. O antígeno
infecção materna pelo vírus herpes-simples, de superfície da hepatite B (HBsAG) foi detectado
quando houver lesões em atividade o cuidado que no leite de mulheres HBsAG positivas. Apesar do
se deve ter é evitar o contato da criança com as vírus poder ser excretado no leite materno, a
lesões. Quando a mulher apresentar lesões labiais transmissão da doença se dá principalmente no
ou genitais, basta que as lesões sejam cobertas e período perinatal (80 a 90%), por meio do sangue
seja feita higiene das mãos antes das mamadas. e secreções maternas. Estudos sugerem que a
Apenas no caso de lesão mamilar o aleitamento presença do vírus, no leite, não aumenta o risco de
será temporariamente contraindicado na mama infecção para o recém-nascido (letra C incorreta).
acometida (opção A errada). O diagnóstico O RNA do vírus da Hepatite C (HVC) e os
materno de hanseníase, como regra geral, não irá anticorpos contra o vírus foram detectados no leite
contraindicar a amamentação, se o tratamento de mães infectadas com HCV, porém, não foi
materno for adequado. Há alguma controvérsia em demonstrado relação com infectividade. A
relação ao tempo que se deve aguardar após o transmissão do HCV pela amamentação não foi
início do tratamento para permitir a amamentação documentada em mães positivas pelo anti-HVC
(opção B errada). Em relação ao vírus da hepatite (letra B incorreta). O risco de transmissão do vírus
C, o mesmo já foi detectado no leite de mulheres herpes-simples, pelo leite materno, é muito baixo.
infectadas, mas sem relação com infectividade. Por conseguinte, em casos de acometimento da
Embora exista o risco teórico de infecção – e isso nutriz pelo herpes, a amamentação deve ser
deve ser informado para as mulheres –, esta não mantida, exceto quando há vesículas herpéticas
está documentada por esse meio. E, por fim, nos localizadas na pele da mama. Nesse caso, a
casos de varicela materna a amamentação será criança não deve sugar a mama afetada enquanto
temporariamente contraindicada quando as lesões persistirem as lesões. No entanto, a alternativa E
surgem de cinco dias antes até dois dias após o contempla as mamas (no plural), o que
parto. O contato da criança com a mãe só deverá contraindica temporariamente a amamentação. A
ser permitido na fase de crostas e a criança deverá banca anulou a questão por considerar corretas as
receber a imunoglobulina específica contra o vírus letras D e E.
varicela-zóster.
QUESTÕES – ANEMIAS (FALCIFOMRE,
HEMOLÍTICA E TALASSEMIA)
6. Gabarito: D e E 1. A deficiência de ferro em lactentes e crianças
Comentário: Questão que gerou muitas dúvidas e maiores, acompanha-se clinicamente de todos os
que acabou sendo anulada pela banca. O HIV no sinais e sintomas, EXCETO:
Brasil é uma contraindicação absoluta, visto que a a) Irritabilidade.
transmissão do vírus através do leite materno já foi
31
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
2. Uma criança do sexo feminino, de 11 meses de d) Hbg, VCM normais; RDW elevado; ferro sérico e
idade, é levada ao pediatra por falta de apetite e ferritina baixos.
palidez. História de prematuridade e aleitamento
materno exclusivo até os 2 meses de idade, sendo
então introduzido leite de vaca. Sem icterícia 5. Lactente com diagnóstico de anemia carencial
neonatal. Hemograma: hemoglobina = 7,1 g/dl; ferropriva. Nunca fez suplementação com ferro.
hematócrito = 21%; VCM = 55 fl; reticulócitos = Marque a opção CORRETA sobre os achados
0.5%; leucócitos = 6000/mm³; plaquetas laboratoriais para esse paciente.
700.000/mm³. Assinale a hipótese diagnóstica mais
a) Ferritina diminuída, ferro sérico diminuído,
provável e os exames necessários para a
protoporfirina eritrocitária livre aumentada,
confirmação:
capacidade de ligação de ferro aumentada,
a) Esferocitose - fragilidade osmótica. Volume Corpuscular Médio (VCM) diminuído e
reticulócitos diminuídos.
b) Anemia ferropriva - eletroforese de
hemoglobina. b) Ferritina diminuída, ferro sérico diminuído,
protoporfirina eritrocitária livre diminuída,
c) Talassemia - dosagem de hemoglobina fetal.
capacidade de ligação de ferro aumentada,
d) Deficiência de G6PD - dosagem de G6PD. Volume Corpuscular Médio (VCM) diminuído e
reticulócitos diminuídos.
e) Anemia ferropriva - dosagem de ferro sérico e
ferritina. c) Ferritina diminuída, ferro sérico diminuído,
protoporfirina eritrocitária livre aumentada,
capacidade de ligação de ferro diminuída, Volume
3. Pré-escolar, 2 anos, sexo feminino, apresenta Corpuscular Médio (VCM) diminuído e reticulócitos
diagnóstico de anemia por deficiência de ferro, diminuídos.
sendo prescrito sulfato ferroso - 5 mg/kg/dia de d) Ferritina diminuída, ferro sérico diminuído,
ferro elementar. O parâmetro laboratorial mais protoporfirina eritrocitária livre aumentada,
específico para aquele diagnóstico e o parâmetro capacidade de ligação de ferro aumentada,
laboratorial de resposta mais precoce ao Volume Corpuscular Médio (VCM) diminuído e
tratamento são, respectivamente: reticulócitos aumentados.
a) Ferritina e reticulócitos. e) Ferritina aumentada, ferro sérico diminuído,
b) Ferritina e hematócrito. protoporfirina eritrocitária livre aumentada,
capacidade de ligação de ferro diminuída, Volume
c) Ferro sérico e hemoglobina. Corpuscular Médio (VCM) diminuído e reticulócitos
diminuídos.
d) Ferro sérico e reticulócitos.
e) Saturação de transferrina e hemoglobina.
6. Lactente feminino, 20 meses de idade, é levado
para consulta de puericultura sem queixas. Usou
4. A carência nutricional de ferro afeta o leite materno até o quarto mês de vida, quando
desenvolvimento mental de 40 a 60% das crianças. começou a usar a alimentação complementar
Assinale a alternativa com as principais alterações adequada e também leite de vaca 6 vezes ao dia.
bioquímicas encontradas na depleção de ferro Não usa ou usou medicamento algum. Trouxe um
SEM anemia: hemograma que mostra Hb = 9,2 g/dl, VCM = 61
micro3, RDW = 18%. Assinale a alternativa que
32
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
c) Sideroblástica. a) Leucemia.
história de que sempre teve anemia, tendo sido até 13. Gabarito: A
mesmo transfundido! Ou seja, parece que estamos
Comentário: As crianças com anemia falciforme
diante de uma anemia hereditária crônica, com
podem apresentar cálculos biliares devido à
uma complicação aguda, o que faz da alternativa C
hemólise crônica. A morte das hemácias no baço
o gabarito da questão! Em geral, os primeiros
gera bilirrubina indireta a partir da protoporfirina.
sinais e sintomas da anemia falciforme começam
Essa bilirrubina é carreada ao fígado, conjugada
aos 5-6 meses de idade, geralmente com o quadro
em bilirrubina direta e excretada na bile. Quando
da “síndrome mão-pé”, a chamada DACTILITE
em grande quantidade, pode formar os cálculos de
FALCÊMICA, que decorre da isquemia aguda dos
bilirrubinato de cálcio, que são pequenos, “pretos”
ossos da mão e do pé, manifestando-se com
e aparecem na radiografia de abdome (isto é, são
intensa dor e edema dos dígitos, eventualmente
cálculos radiopacos).
com febre e leucocitose. O início é abrupto e a
duração oscila entre 1-2 semanas, podendo
recorrer até os 3 anos. Algumas condições, como
infecções, desidratação, frio e estresse emocional, 14. Gabarito: C
podem desencadear as crises. Comentário: Falcêmicos são pacientes por
definição imunodeprimidos, que apresentam uma
enorme propensão às infecções invasivas por
11. Gabarito: C germes encapsulados, com destaque para o <em>
pneumococo. Tal tendência é justificada pela
Comentário: Um importante diagnóstico diferencial
asplenia que acompanha a doença, a qual, por sua
para anemia ferropriva (principal causa de anemia
vez, é explicada pelo processo de
microcítica e hipocrômica) é a talassemia minor
“autoesplenectomia” progressiva característico dos
(também chamada de traço talassêmico), anemia
primeiros 5 anos de vida desses doentes. A
causada por uma alteração em uma das cadeias
autoesplenectomia decorre de microinfartos
beta da molécula de hemoglobina. Manifesta-se
cumulativos no parênquima esplênico, secundários
através de anemia leve microcítica e hipocrômica
ao constante afoiçamento de hemácias na polpa
(HT geralmente > 30%) com RDW geralmente
vermelha do baço, o que leva a uma perda
normal, e uma eletroforese de hemoglobina
essencialmente completa deste órgão, tanto em
evidenciando um aumento da concentração de
termos funcionais quanto anatômicos. De fato, as
hemoglobina A2.
infecções pelo pneumococo representam uma das
principais causas de morte em portadores de AF,
em particular na faixa etária pediátrica! Assim, na
12. Gabarito: B
criança falcêmica, qualquer indício clínico que
Comentário: Tendo em vista que a anemia sugira a possibilidade de infecção deve
falciforme é um distúrbio genético qualitativo da desencadear uma abordagem empírica agressiva
hemoglobina, o exame para confirmação do seu considerando que o diagnóstico é de infecção até
diagnóstico é a eletroforese de hemoglobina. Em prova em contrário! Por este motivo, febre ≥
caso de anemia falciforme, teremos um percentual 38,5ºC, em uma criança falcêmica, por si só já
elevado de hemoglobina S, ou HbS > 85-90%. constitui indicação para início imediato de
Estes pacientes também têm hemoglobina fetal antimicrobianos contra o pneumococo, lembrando,
(HbF entre 2-15%) e hemoglobina A2 (HbA2 < é claro, que antes de ministrar o medicamento
3,5%). Neste exame, as diversas hemoglobinas devemos coletar material para cultura conforme o
migram na placa de acetato de celulose de acordo contexto clínico (isto é, no mínimo, coletaremos
com o seu peso e ponto isoelétrico – cada uma duas amostras de hemocultura, mas se houver
com uma posição característica. Pelo perfil de sinais e sintomas sugestivos de infecção em algum
hemoglobinas presentes, bem como pelas suas sítio específico deve-se coletar também material a
proporções, geralmente é possível estabelecer um partir dali, como urina e liquor, por exemplo).
diagnóstico preciso. Somente nos raros casos de
dúvida após a realização de eletroforese é que
outros exames diagnósticos mais apurados devem 15. Gabarito: C
ser solicitados, como a pesquisa genética. Para a
Comentário: Essa questão exemplifica muito bem a
maioria das situações práticas uma eletroforese de
hemoglobina resolve o diagnóstico. importância do RDW (índice de anisocitose): no
37
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
diagnóstico diferencial das anemias microcíticas 4. Você é chamado para avaliar um recém-nascido
(VCM 16%) enquanto na betatalassemia minor ele com 2 horas de vida, cuja mãe é portadora de
permanece na faixa normal. Logo, a principal hepatite B. Sorologias maternas: HBsAG =
hipótese para o caso em tela é a betatalassemia positivo; HBeAG = negativo e anti-HBe = positivo.
minor (uma hemoglobinopatia), que deverá ser A CONDUTA EM RELAÇÃO À CRIANÇA É:
confirmada por meio da eletroforese de
a) Administrar imunoglobulina nas primeiras 72
hemoglobina. Vale lembrar: a presença de
horas após o nascimento.
pontilhado basofílico nas hemácias do sangue
periférico é compatível com este diagnóstico. b) Administrar imunoglobulina e vacina para
hepatite B nas primeiras 72 horas de vida.
c) Administrar vacina para hepatite B nas primeiras
QUESTÕES – IMUNIZAÇÕES
72 horas de vida.
1. Assinale a alternativa que apresenta uma vacina
d) Administrar imunoglobulina e vacina para
que é contraindicada para uma criança
hepatite B nas primeiras 12 horas de vida.
imunodeprimida:
a) Rotavírus.
5. É contraindicada durante a gravidez a vacina
b) Vírus influenza.
contra:
c) HPV.
a) Sarampo, caxumba e rubéola.
d) VIP.
b) Difteria e/ou tétano.
e) Hepatite B.
c) Influenza.
d) Hepatite B.
2. Qual das situações abaixo constitui
e) Hepatite A.
contraindicação às vacinas de bactérias ou vírus
atenuados na infância?
a) Desnutrição. 6. Em relação à vacina BCG, pode-se afirmar que:
b) Doença neurológica com sequela. a) Não deve ser aplicada em recém-nascidos com
peso inferior a 2.500 g.
c) Impetigo.
b) Deve ser aplicada logo após o nascimento em
d) Uso de 2 mg/kg/dia de prednisona durante os
recém-natos de mães sabidamente bacilíferas.
últimos 15 dias.
e) Antecedente familiar de convulsão. c) É composta por antígenos do Mycobacterium
tuberculosis, protegendo contra todas as formas de
tuberculose na infância.
3. Menor faz uso contínuo de aspirina. Assinale a d) No Brasil, não é mais recomendada a 2ª dose
alternativa que apresenta a vacina que pode para a profilaxia da tuberculose em crianças e
acarretar complicações ao ser utilizada adolescentes.
concomitantemente ao AAS:
e) É administrada por via intramuscular.
a) Febre amarela.
b) Varicela.
GABARITOS E COMENTÁRIOS
c) BCG.
1. Gabarito: A
d) Hepatite B.
Comentário: A grande preocupação existente em
e) Vacinas conjugadas (H. influenzae, relação à vacinação dos imunodeprimidos diz
pneumococo, meningococo). respeito ao uso de vacinas de micro-organismos
vivos. Sabemos que as vacinas de agentes vivos
são compostas por agentes atenuados, ou seja,
38
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
agentes que perderam parte de sua virulência. São HBV junto com a imunoglobulina hiperimune
vacinas seguras para a maioria da população, (HBIg) nas primeiras 12h de vida (idealmente ainda
mas, em pacientes imunossuprimidos, podem na sala de parto e em grupamentos musculares
causar doença com maior frequência. As vacinas diferentes). Quando a mãe é HBeAg ou tem carga
de micro-organismos vivos disponibilizadas em viral elevada (> 1.000.000 UI/ml), devemos fazer
2015, ano do concurso, eram: BCG, vacina contra também TENOFOVIR a partir da semana 28 de
rotavírus, vacina oral contra poliomielite, vacina gestação, mesmo que a mãe não possua — de
contra febre amarela, vacina tríplice viral, vacina outro modo — indicação de tratamento. Se este for
tetra viral. Assim, apenas a opção A estaria o caso, o TDF poderá ser suspenso 30 dias após o
contraindicada. As demais vacinas são de agentes parto. Se a mãe possuir indicação de tratamento
não vivos. da hepatite B, este poderá ser feito desde o início
da gestação (e mantido após o parto) com TDF.
Perceba que o enunciado não faz menção à carga
2. Gabarito: D viral da mãe, que deveria ter sido dosada (haja
vista que o HBeAg foi negativo. Se o HBeAg
Comentário: Questão clássica. As vacinas de tivesse sido positivo não seria necessário dosar
agentes vivos não devem ser administradas em carga viral).
indivíduos imunodeprimidos. Sabemos que as
vacinas de agentes vivos são compostas por
agentes atenuados, ou seja, agentes que
5. Gabarito: A
perderam parte de sua virulência. São vacinas
seguras para a maioria da população, mas, em Comentário: As vacinas de agentes vivos
pacientes imunossuprimidos, podem causar atenuados são contraindicadas em gestantes pelo
doença com maior frequência. Uma situação de risco de passagem transplacentária do agente e
imunossupressão é justamente o uso de infecção fetal. Para relembrar, são vacinas de
corticoterapia em dose imunossupressora agentes vivos aquelas contra sarampo, caxumba,
(prednisona na dose de 2 ou mais mg/kg/dia por rubéola, varicela, rotavírus, febre amarela; além de
mais do que 14 dias). Todas as outras condições BCG e a Vacina contra Poliomielite Oral (VOP).
representam falsas contraindicações para o uso de
vacinas.
6. Gabarito: D
1. Lactente de 11 meses, na relação peso para hipercalórica e sonda vesical de demora para
estatura e comprimento para idade, encontra-se no controle de diurese
escore-Z abaixo de -3. A medida da circunferência
c) Verificar e corrigir hipoglicemia, hipotermia,
do braço foi menor que 115 mm. Ao exame físico,
hidratação, distúrbio hidroeletrolítico e avaliar
constata-se que a criança está muito emagrecida,
possibilidade de infecção
pele com turgor e elasticidade diminuídos,
ausência de gordura subcutânea, pregas cutâneas d) Puncionar acesso venoso central para infusão
longitudinais e atrofia muscular. Não havia edema, de coloide, passar sonda nasoenteral para uso de
lesões cutâneas e alteração da cor de cabelos. O hidrolisado, coletar exames e iniciar com
hematócrito era 21%, hemoglobina de 7 g/dl e o antibioticoterapia profilática
VCM de 68. A forma clínica da desnutrição, o tipo
de anemia e a alteração eletrolítica possível de
ocorrer na fase de recuperação nutricional são, 4. Em relação à conduta frente a uma criança que
respectivamente: está acometida de desnutrição grave, é CORRETO
a) Marasmo, anemia aplástica e hipocalcemia afirmar que:
de 2 a 6 semanas, consiste em dieta hiperproteica quadro, nossa primeira hipótese para o diagnóstico
e hipercalórica, com reposição de vitaminas e nutricional desta criança é desnutrição grave. As
macronutrientes, com suplementação de ferro, algo formas clínicas da desnutrição grave podem ser:
que não se inicia na fase aguda do tratamento da Kwashiorkor: edema, hipoalbuminemia, alterações
desnutrição; 3) Terceira fase: duração da 7a à 26a de pele e cabelos, hepatomegalia. Estes achados
semana, consiste no acompanhamento da criança clássicos foram descritos no enunciado; Marasmo:
e da família, para prevenir recaída e assegurar ausência de edema e hepatomegalia,
continuidade do desenvolvimento da criança emagrecimento acentuado, lesões cutâneas raras.
4. Gabarito: A 6. Gabarito: C
Comentário: Sabemos que a desnutrição grave é Comentário: O enunciado apresenta um lactente
uma condição potencialmente letal e, deste modo, com Z-score abaixo de -3 nos indicadores de peso
o manejo destas crianças requer que sejam para a idade e altura para a idade, recebendo os
seguidos protocolos bem estabelecidos. A adoção diagnósticos antropométricos de muito baixo peso
desses protocolos já se mostrou capaz de diminuir e muito baixa estatura para a idade (letra D
a mortalidade em vários cenários clínicos. Parte incorreta), ou seja, uma desnutrição
das crianças com desnutrição deverão ser energeticoproteica grave (letra A incorreta). Se a
internadas. O tratamento das crianças internadas criança está magra e com estatura adequada,
pode ser dividido em três fases distintas. Na trata-se de desnutrição aguda. Porém, no caso
primeira fase, de estabilização (1-7 dias), são descrito, a criança tem deficit de peso e estatura,
prevenidas e tratadas as principais condições tratando-se, portanto, de desnutrição crônica (letra
ameaçadoras à vida do paciente desnutrido grave, E incorreta). O deficit cognitivo decorrente da
que são: hipotermia, hipoglicemia, distúrbio desnutrição é provocado pelo deficit nutricional e
hidroeletrolítico e infecção. Todos os desnutridos pela privação psicossocial, sendo mais grave
graves são considerados, a princípio, como quanto mais precoce, intensa e duradoura for a
infectados, devendo ser tratados com antibiótico desnutrição (letra C correta).
empírico (opção A certa). Os sinais de infecção
não costumam estar presentes e quando há hipo
ou hipertermia, letargia e hipoglicemia associadas, 7. Gabarito: D
pode-se considerar a infecção como grave (opções
C e E erradas). Nas crianças com quadro mais Comentário: Vamos avaliar cada uma das opções:
grave, o esquema parenteral empírico consiste na A - INCORRETA. O nanismo é uma nomenclatura
associação de ampicilina com gentamicina (opção para avaliação de desnutrição crônica, e não há
B errada). Lembre-se de que os desnutridos relação com redução de apetite. A classificação de
graves podem ter seus calendários vacinais Waterlow é estabelecida pela avaliação de dois
atualizados, sem contraindicações para qualquer parâmetros: peso por estatura e estatura por idade.
vacina (opção D errada). De um modo geral, o comprometimento do peso
para a estatura é o que nos permite dizer se a
criança é ou não desnutrida no momento atual; já o
comprometimento da estatura por idade nos
5. Gabarito: B
permite saber há quanto tempo a criança é
Comentário: O enunciado apresenta um pré- desnutrida. Nesta avaliação, comparamos o peso
escolar de 2 anos, que recebeu aleitamento da criança com o peso ideal para a sua estatura e
materno até os 2 meses quando foi interrompida a vemos o percentual de adequação; quando o peso
amamentação. A partir de então, começou a é ≤ 90% do peso ideal para a sua estatura, há
receber dieta em quantidades insuficientes, já que emagrecimento. A estatura da criança também é
a tia informou que o leite era diluído acrescentado comparada com a estatura ideal para sua idade;
de arrozina. Além disso, a dieta era pobre de quando a adequação é ≤ 95%, diz-se que há
frutas, carne, verduras. Ao exame, criança apática, nanismo. B - INCORRETA. O Kwashiorkor é
hipocorada, dermatose generalizada, hiperemia conhecido como a “doença do primeiro filho
perianal importante, presença de edema periorbital quando nasce o segundo”, em que há deficiência
e de membros inferiores, hepatomegalia, cabelo de dietética de proteína. Apesar da energia adequada,
duas cores (sinal da Bandeira). Diante desse a deficiência de proteínas de alto valor biológico
42
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
promoção de alimentação saudável. Com relação sinal de puberdade em meninas é a telarca e ela
ao assunto, assinale a alternativa CORRETA: ocorre entre 8 e 12 anos.
a) Aumentar o tamanho das porções dos
alimentos.
3. Gabarito: A
b) Estimular a “política do prato limpo”.
Comentário: Questão direta sobre a obesidade
c) A partir dos dois anos, substituir laticínios infantil, que é um assunto cada vez mais comum
integrais por laticínios com baixos teores de em provas de residência e consultórios de
gordura. pediatria. Vamos, portanto, analisar cada letra:
Letra A: a obesidade não só da mãe, mas dos pais
d) Manter horários flexíveis de alimentação.
e de toda a família, é um fator extremamente
e) Aumentar o consumo de cereais integrais e associado com o surgimento da obesidade infantil
diminuir o de frutas e vegetais (INCORRETA). Letras B, C, D e E: conceituais e
perfeitas (CORRETAS).
4. Gabarito: E
10. Criança de 3 anos é levada ao pediatra para
avaliação ponderoestatural. Na curva do gráfico, Comentário: O principal indicador usado para o
observa-se IMC (Índice de Massa Corporal) para diagnóstico da obesidade na prática clínica é o
idade entre os valores +1 e +2 do escore-Z. Índice de Massa Corporal (IMC). A simples
Assinale abaixo a classificação que deve ser avaliação do peso por idade nos permite apenas
atribuída a esta criança de acordo com o escore-Z: identificar crianças que tenham peso elevado para
idade, o que não necessariamente implica em
a) Risco de sobrepeso. obesidade. Não existe apenas um valor de IMC
b) Eutrofia. que seja usado para definir puberdade na infância
e na adolescência. Os valores variam em função
c) Sobrepeso. do sexo e da idade do paciente e, deste modo,
devem ser plotados em gráficos que trazem os
d) Obesidade.
valores de percentil ou de escore-Z (e-Z) para as
várias idades. Os valores de e-Z usados para
caracterizar o sobrepeso e obesidade são: e-Z 1,
GABARITOS E COMENTÁRIOS e-Z 2 e e-Z 3. Uma particularidade importante
1. Gabarito: D dessa classificação é que ela será diferente em
função da idade da criança, da seguinte forma:
Comentário: A criança subnutrida apresenta-se para crianças de até 5 anos (0 a 5 anos
apática, letárgica, hipoativa, com prega cutânea incompletos), dizemos que o e-Z maior que 1 e ≤ 2
lentificada (turgor frouxo) e com sinais de carência caracteriza o risco de sobrepeso; maior que 2 e ≤ 3
nutricional, vitamínica e de oligoelementos. Pode caracteriza o sobrepeso; e maior que 3 caracteriza
haver edema, alterações de pele e fâneros, obesidade. Para crianças e adolescentes de 5 a 19
anorexia e outros sinais. anos, os mesmos pontos de corte caracterizam,
respectivamente, sobrepeso, obesidade e
obesidade grave. Assim, a classificação correta
2. Gabarito: D está indicada na última opção
adequado) e alimentação adequada (aleitamento entre ganho e perda de energia, com balanço
materno exclusivo até o sexto mês, alimentação energético positivo. Nas últimas décadas,
balanceada e variada, redução do consumo de sedentarismo, disponibilidade de alimentos cada
sódio e alimentos industrializados/processados, vez com maior densidade calórica (ex.: biscoitos,
intervalos e quantidade de refeições corretos). O salgados) e mudança dos hábitos alimentares
uso de medicamentos como medida preventiva favoreceram o aumento de peso, que está
não está indicado, devendo estar reservados associado ao maior risco de eventos adversos na
apenas para tratamento da obesidade sintomática vida adulta (ex.: hipertensão, doenças
e associada a comorbidades graves. cardiovasculares, diabetes). Apenas 10% dos
casos de obesidade na infância são secundários a
doenças endógenas.
6. Gabarito: C
Comentário: : De acordo com os critérios da
9. Gabarito: C
Organização Mundial de Saúde (OMS) para
avaliação de peso e estatura, adotados pelo Comentário: Visando uma alimentação saudável e
Ministério da Saúde, podemos classificar esta prevenção da obesidade e outras doenças, o
criança como: - Z-score acima de +2 para Peso x Ministério da Saúde recomenda que: 1) a partir dos
Idade: peso elevado para a idade, - Z-score entre 2 anos, substituir laticínios integrais por aqueles
+1 e +2 para Estatura x Idade: estatura adequada com baixos teores de gordura; 2) Aumentar o
para a idade, - Z-score entre +2 e +3 para IMC: consumo de frutas, vegetais e cereais integrais; 3)
sobrepeso Evitar ou limitar o consumo de refrigerantes; 4)
Evitar o hábito de comer assistindo a televisão; 5)
Diminuir a exposição a propagandas de alimentos;
7. Gabarito: C 6) Limitar o consumo de alimentos ricos em
gordura e açúcar (que têm elevada densidade
Comentário: Nas últimas décadas estamos energética); 7) Estabelecer e respeitar os horários
testemunhando um alarmante aumento da das refeições; 8) Diminuir o comportamento
obesidade na população infantil, com todas as sedentário; 9) Atividades físicas estruturadas; 10)
consequências em longo prazo que essa condição Diminuir o tamanho das porções dos alimentos
acarreta. Por conta disso, mesmo quando não
questionado pela família, o pediatra deve, em
todas as consultas, tentar dar orientações no 10. Gabarito: A
sentido de evitar o estabelecimento desta
condição. A única afirmativa que traz orientações Comentário: classificação nutricional é diferente
corretas é a letra C. Não se esqueça das várias em função da faixa etária: há uma classificação
orientações que são preconizadas nos dez passos para crianças de 0 a 5 anos e outras para crianças
para uma alimentação saudável em menores de e adolescentes de 5 a 19 anos. Os pontos de corte
dois anos: doces/guloseimas não devem ser são o escore-Z (e-Z) 3, 2 e 1. Nos menores de 5
oferecidos para menores de dois anos; o anos, temos o seguinte: o IMC acima do escore-Z
aleitamento deve ser exclusivo por seis meses. E +3 indica obesidade; o IMC acima do escore-Z +2
em relação às atividades físicas, deve ser e ≤ escore-Z +3 indica sobrepeso; o IMC acima do
estimulada a prática diária de alguma forma de escore-Z +1 e ≤ -Z +2 indica risco de sobrepeso.
atividade e devem ser dadas orientações para Entre 5 e 19 anos, os mesmos pontos de corte
redução do tempo gasto com atividades indicam, respectivamente, obesidade grave,
sedentárias. obesidade e sobrepeso. Assim, a criança de 3
anos com IMC entre o escore-Z + 1 e 2 tem risco
de sobrepeso.
8. Gabarito: D
Comentário: A etiologia da obesidade é QUESTÕES – SÍNDROMES DIARREICAS
multifatorial, com a participação de fatores
genéticos, comportamentais e ambientais. A 1. Paciente de 3 anos, previamente hígido, chega à
herança genética, por exemplo, é de natureza emergência com história de diarreia e vômitos há 4
poligênica. Na obesidade ocorre um desequilíbrio dias, redução do volume urinário há 24h. Na
46
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
avaliação inicial apresenta-se sem edema, 4. Menina, 1 ano e 6 meses, apresentou febre,
taquipneico com frequência cardíaca de 130 bpm; vômitos e diarreia líquida há 18 dias. Os sintomas
pressão arterial de 100 x 60 mmHg; saturação de duraram quatro dias, porém, as evacuações
oxigênio 96%. Exames laboratoriais: sódio sérico permanecem em número aumentado (três a cinco
130 mEq/L; potássio sérico 5,0 mEq/L; bicarbonato vezes ao dia), amolecidas e com odor forte. Mãe
13 mEq/L; ureia 62 mg/dl; creatinina 1,4 mg/dl; relata distensão abdominal leve; não há história de
fração de excreção de Na < 1%. Qual a conduta doenças ou uso de medicações anteriormente.
imediata: Neste caso, a classificação da diarreia e o
diagnóstico, respectivamente, são:
a) Administração de solução de cloreto de sódio a
3%. a) Crônica; síndrome pós-enterite.
b) Administração de bicarbonato de sódio 8,4%. b) Aguda; sobrecrescimento bacteriano.
c) Administração de diuréticos. c) Crônica; infecção por rotavírus.
d) Expansão volêmica com soro fisiológico 0,9%. d) Aguda; alergia alimentar.
e) Instalação de método dialítico.
5. Menina de 18 meses apresenta há 12 horas
quadro de diarreia aguda líquida, cerca de oito
2. Lactente, 5 meses, chega ao hospital com
episódios até o momento, sem sangue ou muco
história de 6 episódios de fezes líquidas há 1 dia, 3
nas fezes. Mãe relata que a criança recusa
episódios de vômito, febre não medida e
alimentação, mas aceita líquidos, embora tenha
irritabilidade. Está em aleitamento artificial. Exame
notado que a diurese está um pouco reduzida. Ao
físico: fontanela deprimida, choro sem lágrimas e
exame, encontra-se irritada, olhos fundos, boca
turgor elástico; perfusão periférica normal. O
seca, chora sem lágrimas, o sinal de prega
diagnóstico e a conduta são:
desaparece em menos de 2 segundos,
a) Diarreia aguda com desidratação; iniciar terapia temperatura axilar de 37,8°C. O peso anterior a
de reidratação oral. este quadro era de 12 kg e atualmente é de 11,2
kg. A pesquisa de leucócitos nas fezes foi
b) Diarreia aguda com desidratação; iniciar negativa. A localização intestinal foi mais
hidratação endovenosa. acometida, o estado de hidratação e a conduta
c) Diarreia aguda sem desidratação; indicar terapia nesta criança são, respectivamente:
de reidratação oral e antiemético. a) Delgado distal, desidratação grave e soro
d) Diarreia aguda sem desidratação; trocar leite de fisiológico ou Ringer lactato 20 ml/kg IV.
vaca por leite de soja. b) Delgado distal, desidratação e soro reidratante
oral 50-100 ml/kg entre 3 e 4 horas.
3. Lactente, 6 meses, pesando 7 kg, está com c) Delgado proximal, desidratação e soro
diarreia líquida há dois dias, sem muco, pus ou reidratante oral 50-100 ml/kg entre 3 e 4 horas.
sangue, com vômitos e febre (38°C em média) há d) Delgado proximal e distal e desidratação grave e
um dia. Após avaliação pelo pediatra é classificado soro fisiológico ou Ringer lactato 20 ml/kg IV.
como plano B e iniciada hidratação com:
a) 280 ml de sais de reidratação oral durante 4
horas e aleitamento materno quando hidratada. 6. Lactente previamente saudável, do gênero
masculino, oito meses de idade, desenvolve, há
b) 700 ml de sais de reidratação oral durante 4 três dias, febre, vômitos e diarreia com sangue e
horas e aleitamento materno quando hidratada. pus, além de choro intenso ao evacuar. Sua
c) 280 ml de sais de reidratação oral durante 4 alimentação é composta de fórmula láctea de
horas e aleitamento materno logo que possível. seguimento, frutas e duas refeições de sal. A
causa mais provável para explicar o quadro
d) 700 ml de sais de reidratação oral durante 4 diarreico é:
horas e aleitamento materno logo que possível.
a) Imunológica: alergia à proteína do leite de vaca.
47
Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
à vômito, febre e irritabilidade. Podemos classificá- exemplo, podem demorar mais tempo para o
la como aguda por apresentar um período inferior a restabelecimento da integridade epitelial, isto pode
14 dias de doença. Observa-se que o lactente ser chamado de uma síndrome pós-enterite. Essa
apresenta sinais de piora clínica, tais como a perda de integridade pode acarretar em uma
irritabilidade, fontanela deprimida e choro sem intolerância secundária à lactose por uma
lágrimas, no entanto sem sinais de gravidade, por diminuição na quantidade de lactase secretada.
apresentar turgor e perfusão periféricas normal. Essa diminuição faz com que parte da lactose
Desta forma, o menor apresenta grau moderado de consumida não seja digerida e chegue intacta às
desidratação, devendo ser tratado com o plano B, porções terminais do intestino, levando ao
que envolve reidratação por via oral em unidade de aumento da osmolaridade e consequente diarreia
saúde. osmótica. Não bastasse isso, essa lactose sobre a
ação de bactérias intestinais com formação de
gases e ácidos, o que explica a distensão, a
3. Gabarito: D flatulência e a hiperemia, consequente à
acidificação do pH fecal.
Comentário: Desta vez a banca sequer nos inquiriu
sobre o estado de hidratação da criança e,
simplesmente, nos perguntou como deve ser feito 5. Gabarito: C
o plano B. Sabemos que alguns detalhes
relacionados ao plano B podem variar em função Comentário: Esta lactente apresenta-se com uma
da referência utilizada (há pequenas diferenças diarreia aguda e sabemos que tal quadro pode ser
entre os planos do Ministério da Saúde e da decorrente de diversos mecanismos
Organização Mundial de Saúde - OMS). Porém, fisiopatológicos distintos. O quadro descrito é
como regra geral, os pontos mais importantes são: compatível com o diagnóstico de uma diarreia que
a criança deverá ser reidratada na unidade de se estabeleceu por um mecanismo não
saúde; a solução usada deve ser a solução de inflamatório (por secreção de enterotoxinas ou por
reidratação oral, padronizada pela OMS; durante a aderência e invasão superficial). Este mecanismo
terapia de reidratação oral a alimentação deve ser leva, tipicamente, a uma diarreia aquosa sem a
suspensa, sendo permitido apenas o oferecimento presença de leucócitos nas fezes, e é o
de leite materno. A OMS recomenda a oferta de 75 mecanismo tipicamente encontrado no quadros
ml/kg em um período de 4 horas; o Ministério virais e em vários casos bacterianos. O intestino
indica o uso de 50-100 ml/kg em um período de 4 a delgado proximal é o sítio tipicamente acometido.
6 horas. Avaliando as alternativas, a que melhor se As diarreias com acometimento do intestino
encaixa em um dos planos terapêuticos é a letra D delgado distal costumam ser quadros que levam à
(não há razão para postergar o aleitamento, como presença de leucócitos nas fezes. A avaliação do
indicado em B). estado de hidratação nos permite identificar sinais
de desidratação, mas sem sinais de gravidade. A
conduta consiste, então, no plano B: solução de
4. Gabarito: A reidratação oral (75 ml/kg ou 50-100 ml/kg em um
período de aproximadamente quatro horas). A
Comentário: No caso apresentado deveríamos, em localização e conduta estão corretamente descritas
primeiro lugar, classificar a natureza da diarreia na letra C.
quanto a sua duração, e, a seguir, definir qual a
etiologia do processo. Classicamente, a diarreia
aguda é aquela com duração de até 14 dias; as 6. Gabarito: B
diarreias persistentes duram entre 14 e 30 dias,
enquanto as crônicas duram mais do que um mês. Comentário: A presença de sangue nas fezes em
Porém, alguns autores também classificam os um lactente pequeno sempre deve levantar a
episódios com duração superior a 14 dias como possibilidade de alergia à proteína ao leite de vaca
sendo episódios crônicos. Fato é que uma doença e, na época do concurso, alguns pensaram nesta
com duração de 18 dias não poderia ser chamada possibilidade. Porém, perceba o seguinte: este
de aguda. Em relação à causa dessa persistência, lactente era previamente hígido. Nos foi dito que
devemos pensar na possibilidade de uma sua alimentação é composta por fórmula infantil
complicação pós-infecciosa. Alguns pacientes, (não sabemos desde quando), mas os quadros de
após uma doença aguda pelo rotavírus, por proctocolite ou enterocolite costuma manifestar-se
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GABARITOS E COMENTÁRIOS
1. Gabarito: D
Comentário: : A dor abdominal funcional em geral
não está associada a qualquer anormalidade
funcional do sistema gastrointestinal e deve ser
acompanhada para uma adequada orientação dos
responsáveis e do paciente. Como esta criança
apresenta constipação associada, pode haver
relação com a dor. Desta forma, orientações para O diagnóstico principal para esse caso é:
mudanças dos hábitos alimentares (aumento de
ingestão de água e fibras), de vida e de toilete são a) Impetigo.
importantes. b) Larva migrans.
c) Tinea corporis.
2. Gabarito: C d) Lesão por maus tratos físicos
Comentário: : A dor abdominal é um problema
comum em escolares. É definida na presença de,
pelo menos, três episódios de dor suficientemente 2. A síndrome de Löeffler pode ser causada pelos
fortes para interferir nas atividades habituais da agentes:
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Maria Tereza Azevedo, Talyssa Cavaléro e Yasmin Calderaro
a) Amebíase. E. Ancilostomíase.
b) Giardíase.
c) Estrongiloidíase. A associação CORRETA é:
5. Um menino com 7 anos de idade é trazido por d) 1-C / 2-D / 3-E / 4-A / 5-B.
sua mãe à unidade básica de saúde, apresentando e) 1-B / 2-D / 3-E / 4-C / 5-A.
dor abdominal em cólica e diarreia intermitente há
2 meses. A mãe relata que o filho está apático,
pálido, sem vontade de brincar e que apresenta,
7. Os vermes adultos de Ascaris lumbricoides
ainda, episódios de tosse e sibilância, sem
habitam no:
antecedentes de atopia. Informa, ainda, que foi
realizado um hemograma na semana anterior, cujo a) Intestino grosso.
resultado demonstra hemoglobina = 8 g/dl (valor
de referência: 10,5 a 14,0 g/dl). Nesse caso, a b) Intestino delgado.
conduta adequada é: c) Ceco e o cólon ascendente.
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b) Ascaridíase; cambendazol.
c) Ancilostomíase; mebendazol. 3. Gabarito: C
C4 e CH50 eram normais. Proteinúria = 1.280 b) Síndrome nefrótica / prednisona via oral.
mg/24h. O diagnóstico mais provável é:
c) Síndrome nefrítica / tratamento com digitálico.
a) Síndrome Nefrótica por glomerulonefrite
membranoproliferativa. d) Síndrome nefrítica / restrição hídrica, diurético,
avaliar a necessidade de anti-hipertensivos.
b) Síndrome Nefrótica por vasculite pauci-imune.
e) Síndrome nefrótica / antibiótico devido à
c) Síndrome Nefrítica por glomerulonefrite pós- possibilidade de peritonite bacteriana espontânea.
infecciosa.
d) Síndrome Nefrítica por nefropatia por IgA.
GABARITOS E COMENTÁRIOS
6. Há aproximadamente 2 semanas, menino com 3
1. Gabarito: D
anos de idade iniciou com edema bipalpebral e
aumento do ganho ponderal. Mãe relata que foi Comentário: Questão clássica! A glomerulonefrite
ajudá-lo e percebeu edema escrotal e que havia pós-estreptocócica consiste em uma síndrome
“eliminado pequena quantidade de urina”. Ao nefrítica pura (oligúria, edema, hipertensão e
exame físico, apresentava PA = 86 x 46 mmHg, hematúria dismórfica) que ocorre por reação imune
edema importante de pálpebra, escroto e MMII cruzada ou deposição de antígenos de cepas
com sinal do cacifo. Nos exames laboratoriais estreptocócicas nefritogênicas. A incidência é
apresentava proteinúria acentuada, colesterol total: maior em crianças (2-15 anos), ocorrendo cerca de
493; HDL: 44; C3 normal. Assinale a alternativa 1-2 semanas após infecção faríngea, e 3-6
CORRETA, que indica o diagnóstico mais provável semanas após infecção cutânea, tendo prognóstico
e a lesão histológica mais comum. excelente nesta faixa etária, com 95% de
recuperação completa. Mesmo a biópsia sendo de
a) Síndrome nefrótica – Tipo histológico, lesão
exceção nesta patologia, precisamos estar atentos
mínima glomerular.
ao que foge da evolução esperada, indicando
b) Síndrome nefrótica – Tipo histológico, lesão então a biópsia renal: 1. Oligúria > 1 semana; 2.
membranoproliferativa Hipocomplementemia > 8 semanas; 3. Proteinúria
nefrótica; 4. Evidências clínicas ou laboratoriais de
c) Síndrome nefrótica – Tipo histológico, lesão
doenças sistêmicas 5. Evidência de
glomeruloesclerose.
glomerulonefrite rapidamente progressiva, como
d) Síndrome nefrítica – Tipo nefropatia por IgA. anúria ou aumento acelerado das escórias
nitrogenadas. A sociedade brasileira de pediatria
e) Síndrome nefrítica – Pós-estreptocócica. ainda acrescenta as seguintes indicações: 1.
Hipertensão ou hematúria macroscópica > 6
semanas 2. Azotemia acentuada ou prolongada.
7. Aline, quatro anos, chega à emergência Note que a questão foi mal formulada e deveria ter
pediátrica acompanhada de sua mãe que refere sido anulada já que, além da alternativa D
que a menina há dois dias parece estar com o (gabarito liberado pela banca), a alternativa C
“rosto mais inchado” e mal-estar. Exame físico: (hipertensão arterial e hematúria macroscópica)
bom estado geral com edema bipalpebral; ausculta também indica, pela Sociedade Brasileira de
cardíaca normal; PA: 130 x 90 mmHg; crepitações Pediatria, a biópsia renal após 6 semanas. O
em bases pulmonares; abdome normotenso, enunciado da questão fala sobre um período de 8
fígado a 2 cm do rebordo costal direito; edema de semanas! Infelizmente o recurso não foi aceito e a
membros inferiores 2+/4+ com pequenas lesões alternativa D permaneceu como gabarito único.
crostosas. Exame de urina: densidade: 1.025; pH:
5,5; leucócitos: 12/campo; hemácias: 50/campo;
albumina +. Ureia: 12 mg/dl e creatinina: 0,4 mg/dl. 2. Gabarito: A
Radiografia de tórax: aumento discreto de área
cardíaca. A hipótese diagnóstica e o tratamento Comentário: Criança com idade entre 2-15 anos,
inicial para o caso são, respectivamente: apresentando anasarca, hipertensão (diastólica de
90 mmHg) e hematúria, com lesões crostosas na
a) Pielonefrite / antibiótico venoso. pele sugerindo impetigo em fase cicatricial. Qual é
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a principal hipótese diagnóstica? Claro que vamos normalidade. Logo, não há nada o que estranhar
pensar em síndrome nefrítica por glomerulonefrite neste caso: trata-se de uma síndrome nefrótica
pós-estreptocócica. A presença de sinais de ICC clássica (proteinúria, anasarca, hipoalbuminemia).
(aumento de área cardíaca, congestão pulmonar) Sabemos que na faixa etária entre 1-8 anos a
apenas corrobora ainda mais nossa hipótese. imensa maioria das síndromes nefróticas é
Como a doença é autolimitada, o tratamento “primária”, isto é, idiopática, e que o padrão
consiste em medidas de suporte, essencialmente histopatológico subjacente mais comum é a
(1) repouso e (2) restrição hidrossalina (pois na Doença de Lesão Mínima (DLMi). Em casos típicos
glomerulonefrite aguda a hipervolemia decorre de como este (que inclusive tem a clássica história de
uma tendência ao balanço positivo de sal e água infecção viral inespecífica antecedente), a conduta
promovido pelos rins). Nos casos — como este — é partir direto para o tratamento empírico com
em que se observam sinais de ICC (congestão glicocorticoide em dose imunossupressora,
pulmonar) é mandatório utilizar diuréticos de alça esperando-se, na maioria das vezes, uma resposta
e, não raro, associar agentes anti-hipertensivos, dramática do quadro clinicolaboratorial.
como os antagonistas de canais de cálcio de longa
ação (ex.: nifedipino)
5. Gabarito: D
7. Gabarito: D
Comentário: Escolar apresentando de forma
aguda um quadro marcado por: (1) edema, (2)
hipertensão arterial e (3) hematúria, até prova em
contrário deve ser encarado como um quadro de
<em>síndrome nefrítica, e a principal etiologia
nesta faixa etária, como sabemos, é a
glomerulonefrite pós-estreptocócica. Examinando a
paciente, observamos lesões compatíveis com
impetigo recente. O impetigo é uma forma bastante
comum de piodermite estreptocócica, e a GNPE é
uma complicação tardia e não supurativa das
infecções de pele ou orofaringe pelo estreptococo
do grupo A de Lancefield. Logo, o diagnóstico aqui
é GNPE/síndrome nefrítica, e o tratamento vai
consistir de: (1) restrição hidrossalina +
diureticoterapia de alça, objetivando a
“negativação” do balanço hídrico e controle das
manifestações congestivas de hipervolemia; (2)
posterior avaliação da necessidade de anti-
hipertensivos, caso os sintomas persistam após a
conduta número 1.