Ferraz - e - Fusari - A - Educação - Escolar - de - Arte - Tem Uma História
Ferraz - e - Fusari - A - Educação - Escolar - de - Arte - Tem Uma História
Ferraz - e - Fusari - A - Educação - Escolar - de - Arte - Tem Uma História
de 1 Ferraz
Maria F. de Rezende e Fusari
Metodologia do
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro , SP, Brasil)
Ensino de Arte
Ferraz, Maria Heloísa C . de T.
Metodologia do ensino de arte : fundamentos e proposições / Fundamentos e Proposições
Maria Heloísa C . de T. Ferraz, Maria F. de Rezende e Fusari. - 2. ed.
rev. e ampl. - São Paulo : Cortez, 2009.
Bibliografia.
I S B N 978-85-249-1465-2
08-11533 CDD-707
1. Determinantes socíoculturaís
de arte-educadores (a partir dos anos 80), entre outros, a c o m p a n h a r a m o lineados no ensino de arte, após a introdução d a Educação Artística nas
ensino de arte e m s u a expansão n a educação f o r m a l e outras experiências escolas brasileiras c o m a L e i de Diretrizes e Bases 5.692/71;
(em m u s e u s , centros culturais, escolas de arte, conservatórios e t c ) . Desde e) a retomada de m o v i m e n t o s de organização de educadores ( p r i n -
o final do século passado, o debate m a i s eloquente é o d a globalização, o cipalmente as associações de arte-educadores), iniciada nos anos 80;
desenvolvimento tecnológico influenciando a educação, e as teorias d a f) a retomada das investigações e experiências pedagógicas no campo
recepção e d a crítica cultural. Consequentemente, as n o v a s orientações da arte; sistematizações de cursos ao nível de pós-graduação;
educativas, incluindo a arte, estão conectadas com as mudanças, propondo g) a formação de pesquisadores e consequente crescimento de pes-
encaminhamentos que consideram o ser h u m a n o e m seus aspectos singu- quisas n a área;
lares e múltiplos, consciente de sua condição como cidadão do planeta,
h) as novas concepções estéticas e tendências d a arte contemporânea,
m a s também preparado p a r a as transformações e p a r a ser transformador
m o d i f i c a n d o os h o r i z o n t e s artísticos e consequentemente a docência
e integrado e m sua cultura. e m arte;
Isto nos faz ver que as correlações dos m o v i m e n t o s culturais com a i) os debates sobre conceitos e metodologias do ensino de arte, realizados
arte e com a educação e m arte não acontecem no v a z i o , n e m desenraizadas e m caráter nacional e internacional, a partir dos anos 80;
das práticas sociais v i v i d a s p e l a sociedade como u m todo. A s mudanças
j) a luta p a r a inclusão d a obrigatoriedade de A r t e n a escola e a d i s -
que ocorrem são caracterizadas pela dinâmica social que interfere, mo-
cussão d a N o v a L e i de Diretrizes e Bases d a Educação N a c i o n a l , após a
dificando o u conservando as práticas vigentes.
Constituição Brasileira de 1988;'
Dentre as m a i s relevantes interferências sociais e culturais que m a r c a m
k) a promulgação d a L e i de Diretrizes e Bases 9.394/96, tornando o
o ensino e aprendizagem artísticos brasileiros podemos destacar:
ensino de arte componente c u r r i c u l a r obrigatório nos diversos níveis dçi
a) os comprometimentos do ensino artístico (desenho) c o m a i n d u s - educação básica;
trialização visando a u m a preparação para o trabalho (operários), originado
no século 19 durante o B r a s i l I m p e r i a l e presente até as p r i m e i r a s décadas
1 . A C o n s t i t u i ç ã o Federal de 1988 tratou d a e d u c a ç ã o básica, i n c l u i n d o a e d u c a ç ã o infantil, c o m o
do século 20; dever do E s t a d o e r e s p o n s a b i l i d a d e dos m u n i c í p i o s , a t r i b u i n d o " à U r ú ã o , aos estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre e d u c a ç ã o , cultura, ensino e d e s p o r t o " cf. José C a r l o s L i b â n e o
b) os princípios do liberalismo (ênfase na liberdade e aptidões i n d i v i -
et a l . , A estrutura e a organização do ensino no Brasil. S ã o Paulo: C o r t e z , 2003, p. 241-248. O r g a n i z a d a
duais) e do positivismo (valorização do racionalismo e exatidão científica), a sociedade, f o r a m discutidas no país inteiro as s u g e s t õ e s de r e d a ç ã o d a n o v a L e i de D i r e t r i z e s e
Bases d a E d u c a ç ã o N a c i o n a l , e, entre elas, o Projeto d e L e i n . 1.258-C, de 1988, que t a m b é m incluía
por u m lado, e d a experimentação psicológica, por outro, influenciando
a obrigatoriedade do ensino de arte n a e d u c a ç ã o básica. N e s s e Projeto, o ensino de arte tinha p o r
a educação escolar e m geral (escolas " t r a d i c i o n a l " e " n o v a " ) e também a finalidade: "... d e s e n v o l v e r a c r i a t i v i d a d e , a p e r c e p ç ã o e a s e n s i b i l i d a d e estética, respeitadas as es-
educação e m arte, ao longo do século 20; pecificidades de c a d a l i n g u a g e m artística, pela habilitação e m c a d a u m a d a s á r e a s , s e m prejuízo d a
i n t e g r a ç ã o das artes c o m as d e m a i s d i s c i p l i n a s " ( C a p . V I l , art. 33).
A EDUCAÇÃO ESCOLAR DE ARTE TEM UMA HISTÓRIA
METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTE 41
1) a elaboração dos Parâmetros C u r r i c u l a r e s N a c i o n a i s de Arte pelo P a r a este estudo, apresentaremos u m a síntese das tendências pedagó-
Ministério de Educação ( M E C ) e o Referencial C u r r i c u l a r N a c i o n a l p a r a gicas mais influentes no ensino de arte no Brasil, com vistas à compreensão
a Educação Infantil n a última década do século 20.
da prática educacional d a arte e s u a relação c o m a v i d a dos brasileiros.
A preocupação c o m a educação e m arte t e m m o b i l i z a d o pesquisado-
res, professores, estetas e artistas, que p r o c u r a m f u n d a m e n t a r e intervir
nessas práticas educativas. N o Brasil, desde o f i n a l dos anos 80 têm-se
2. Tendências pedagógicas no ensino de Arte
d i v u l g a d o inúmeros trabalhos desta o r d e m , tanto aqueles elaborados
aqui quanto os de outros países. São propostas que refletem atuações em arte
O s tratados sobre a educação escolar brasileira i d e n t i f i c a m o século
e são baseadas:
19 como o marco d a sistematização do ensino e o predomínio do E s t a d o
• nas necessidades psicológicas dos alunos o u e m suas necessidades laico. A n t e c e d e n d o esse período, a educação escolar no B r a s i l foi, sobre-
e problemas ambientais, comunitários e sociais; tudo, responsabilidade de grupos religiosos, entre os quais p r e v a l e c e r a m
• no ensino e a p r e n d i z a g e m pensados a partir da própria arte, como os jesuítas. Depois das reformas do Marquês de P o m b a l e o período e m
u m sistema de conhecimento do m u n d o ; no conhecimento d a que D . J o ã o V I , rei de Portugal, trouxe a Corte ao B r a s i l (1808-1821), o
arte a d v i n d o do fazer artístico e t a m b é m d a apreciação e história Estado a s s u m i u as conduções do ensino.
da arte;
N o s colégios jesuíticos europeus, a educação estava v o l t a d a p a r a os
• nas articulações dos atos perceptivos e de verbalização dos a k m o s nobres e burgueses abonados, deixando completamente de lado a e d u c a -
como base d a experiência estética; ção popular. N o B r a s i l f u n d a r a m "escolas de ler e escrever" e de d o u t r i n a
• nos alcances e limites d a interdisciplinaridade e entre os diversos e m vários locais. A s crianças e r a m atraídas principalmente pelos métodos
métodos de ensinar e aprender os conhecimentos de arte; que os jesuítas u t i l i z a v a m , e que f a z i a m do conhecimento u m a t r a t i v o ,
• nas necessidades de mudanças d a formação do(a) professor(a) aproveitando a música, o canto coral, o teatro e mesmo u m grande aparato
de arte, v i s a n d o à m e l h o r i a d a qualidade de escolarização desde cerimonial. O s colégios criados por eles como suporte d a missão t i n h a m
a infância. por f i n a l i d a d e a formação religiosa e e r a m destinados aos filhos d a elite
da colónia. C o m relação aos nativos, e r a m educados nas missões e nos
A História que estamos considerando, portanto, é aquela que está sendo sistemas de " r e d u ç õ e s " destinadas à catequese. A s reduções, a s s i m c o m o
construída por professores e altmos e m suas práticas e teorias pedagógicas. as residências e os colégios, tornaram-se verdadeiras "escolas-oficinas"
E , observando a história do ensino artístico, percebemos o quanto nossas que f o r m a v a m artesãos e pessoas p a r a trabalhar e m todas as áreas fabris.
ações também estão demarcadas pelas concepções de cada época. Nesses locais, os "irmãos o f i c i a i s " e x e r c i a m e e n s i n a v a m vários ofícios,
É importante frisar-se também que o esforço de caracterização da tais como p i n t u r a , carpintaria, instrumentos m u s i c a i s , tecelagem etc. E m
história da educação brasileira, a partir d a análise das relações entre a cada redução no século 17 foi criada u m a escola de canto coral, música e
escola e a sociedade, p e r m i t i u identificar tendências que f o r a m denomi- dança. Segundo relatos, como o do abade suíço Clóvis L u g o n , e m seu l i v r o
nadas tradicional, n o v a , tecnicista e progressista. E s s a s tendências f o r a m A República "Comunista" Cristã dos Guaranis (1977), os nativos a p r e n d e r a m
percebidas e utilizadas como u m a matriz analítica das práticas pedagógicas i n c l u s i v e a construir e tocar os m a i s v a r i a d o s i n s t r u m e n t o s e t a m b é m
e das políticas públicas p a r a a educação. composição m u s i c a l .
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A EDUCAÇÃO ESCOLAR DE ARTE TEM UMA HISTÓRIA
METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTE 43
Q u a n d o o Marquês de P o m b a l e x p u l s o u os jesuítas de P o r t u g a l e
do Brasil, e m 1759, o sistema educacional ficou desorganizado, e h o u v e
mudanças de algtms cursos, p r i n c i p a l m e n t e o de h u m a n i d a d e s , que era
a base dos estudos jesuíticos, e foi substituído por " a u l a s régias" ( G h i -
raldenijr.,2006).
2 . Jean-Baptiste D e b r e t n a s c e u e m Paris e m 18 de a b r i l de 1768 e faleceu nessa m e s m a c i d a d e 3 . Ver A l m e i d a , J o s é R i c a r d o Pires, Instrução pública no Brasil (1500-1889). História e legislação,
anos. Ver Debret, Jean-Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Belo H o r i z o n t e ; Itatiaia; S ã o P a u l o : p. 179. Ver t a m b é m M a n f r e d i , S i l v i a M a r i a . Educação profissional no Brasil, S ã o P a u l o : C o r t e z , 2002,
E d i t o r a da U n i v e r s i d a d e de S ã o Paulo, 1989. p. 78: entre 1858 e 1886 foram c r i a d o s os liceus d o R i o d e Janeiro, S a l v a d o r , Recife, São P a u l o , M a -
ceió e O u r o Preto.
A EDUCAÇÃO ESCOWR DE ARTE TEM UMA HISTÓRIA METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTE 45
N o Brasil, como na Europa, o desenho era considerado a base de todas O ensino de desenho nas escolas primárias e secundárias valorizava o tiaço,
as artes, tornando-se matéria obrigatória nos anos iniciais de estudo d a o contorno, a configuração, e era voltado sobretudo p a r a o aprimoramento
A c a d e m i a I m p e r i a l . N o ensino primário e secundário, o desenho também do conhecimento técnico e estética neoclássica. Daí ser muito reconhecida
tinha por objetivo ser útil e desenvolver as habilidades gráficas, técnicas a habilidade de saber copiar as figuras, objetos o u outios desenlios que
e o domínio d a racionalidade. C o m isso, os professores p r e p a r a v a m os e r a m apresentados pelo professor. Este, apoiado e m referenciais de ordem
alunos p a r a serem, no futuro, bons profissionais e com formação regida imitativa, levava aos alimos os modelos que e r a m selecionados da tradição
por regras fundamentadas no pensamento dominante, como a estética d a clássica o u de livros, p a r a serem repetidos pelos aprendizes. O perfeito
"beleza e do b o m gosto". conhecimento das formas como a reprodução de desenhos de ornatos (es-
C o m relação à música, que era a manifestação artística preferida d a tilização de elementos naturais), a cópia e o desenho geométiico^ v i s a v a à
corte portuguesa, somente a partir de 1854 é que foi estabelecido oficial- preparação do estudante p a r a a v i d a profissional e p a r a as atividades que
mente o s e u ensino nas escolas brasileiras,* pois, até esse momento, fazer se d e s e n v o l v i a m tanto e m fábricas quanto e m serviços artesanais.
músi^ca n a escola significava p r i n c i p a l m e n t e cantar seguindo as formas O s programas de desenho do n a t u r a l , desenho decorativo e dese-
e temas europeus. E m documentos como a publicação de José R i c a r d o n h o g e o m é t i i c o e r a m centrados nas representações c o n v e n c i o n a i s de
Pires de A l m e i d a (2000) sobre a Instrução pública no Brasil (1500-1889), vê- imagens; os conteúdos e r a m b e m d i s c r i m i n a d o s e a b r a n g i a m noções de
se claramente citados a obrigatoriedade das disciplinas Desenho Linear, proporção, perspectiva, construções geométricas, composição, esquemas
Música e Ginástica no ensino primário. de l u z e sombra. N a s Escolas N o r m a i s , os cursos de desenho incluíam
N a s famílias m a i s abastadas, as m e n i n a s e r a m educadas e m s u a s a i n d a o "desenlio p e d a g ó g i c o " , e m que os alunos a p r e n d i a m esquemas
casas, onde t i n h a m aulas de música (piano) e bordado, entie outias. de constiuções gráficas p a r a " i l u s t i a r " suas aulas.
Nesse período, a nossa historiografia não i n f o r m a sobre o ensino de N e s s a concepção t r a d i c i o n a l de educação, o que v a l e sempre é o pro-
teatio. Aparentemente, foi João Caetano q u e m primeiro tentou criar u m a duto a ser alcançado: é m a i s importante o resultado dos trabalhos do que o
Escola de A r t e Dramática no Rio de Janeiro, e m meados do século 19, m a s desenvolvimento dos alunos e m arte. Isto ficava (e fica ainda) evidente pela
sem conseguir efetivá-la''. preocupação com as mostras dos trabalhos em finais de períodos escolares,
como ocorria também com as apresentações de música (canto orfeônico),
de teatro e até de dança, especialmente preparadas p a r a esse fim.
A "Pedagogia Tradicional" e as aulas de Arfe
D o ponto de v i s t a m e t o d o l ó g i c o , os p r o f e s s o r e s , s e g u i n d o essa
" p e d a g o g i a t r a d i c i o n a l " (que p e r m a n e c e até hoje), e n c a m i n h a v a m os
N a s primeiras décadas do século 20, o ensino de arte, mais especial-
conteúdos através de atividades a serem fixadas p e l a repetição e t i n h a m
mente o desenho, apresentava-se i m p r e g n a d o do sentido utilitário de
por finalidade exercitar o olho, a m ã o , a inteligência, a memorização, o
preparação técnica para o tiabalho, irúciado no século anterior. N a prática.
) A partir dos anos 50, além do Desenho, f a z i a m parte do currículo A "Pedagogia N o v a " , t a m b é m conhecida por M o v i m e n t o d a E s c o l a
) escolar as matérias Música, C a n t o Orfeônico e Trabalhos M a n u a i s , que N o v a , tem suas origens n a E u r o p a e Estados U n i d o s (século 19), e no B r a s i l
> m a n t i n h a m de a l g u m a forma o caráter e a metodologia do ensino artístico v a i surgir a partir de 1930, passémdo a ser d i s s e m i n a d a dos anos 40 aos
anterior. O Canto Orfeônico, e m particular, fora instituído por Villa-Lobos 60 c o m as escolas experimentais. E s s e m o v i m e n t o s u r g i u com o Manifesto
com a finalidade de difundir ideias sobre u m a pedagogia revolucionária dos pioneiros da Educação Nova (1932) e foi resultante das reivindicações e
que pudesse levar às novas gerações e a toda a sociedade o acesso à arte conscientização de d i v e r s a s mobilizações sociais sobre a necessidade de
' culta, assim como o folclore, sinónimo de nossa brasilidade: "... a consciên- democratização da educação brasileira. Estruturado c o m base pedagógica
) cia m u s i c a l d a criança não deve ser f o r m a d a tão-somente pelo estudo dos renovada, defendia u m a escola piiblica obrigatória p a r a todas as classes
) mestres clássicos estrangeiros, m a s simultaneamente pela compreensão sociais.''
) racional e quase intuitiva das melodias e dos ritmos fornecidos pelo próprio
N a Escola N o v a , a ênfase é a expressão como u m dado subjetivo e i n d i -
folclore n a c i o n a l " ^. N o entanto, firmara-se pela valorização dos aspectos
v i d u a l que os alunos m a n i f e s t a m e m todas as atividades, as quais p a s s a m
nacionalistas, noções de c i v i s m o e organização. A temática das músicas
de aspectos intelectuais p a r a afetivos. A preocupação c o m o método, c o m
escolhidas era diversificada e c o m base n a c u l t u r a popular brasileira. O
o aluno, seus interesses, s u a espontaneidade e o processo do trabalho carac-
' canto e m conjimto era enriquecido com as variedades melódicas o r i u n d a s
terizam u m a pedagogia essencialmente experimental, fLmdamentada e m
) das diferentes canções folclóricas, o que poderia favorecer o d e s e n v o l v i -
novos estudos pedagógicos, filosóficos e psicológicos. F o r a m importantes
) mento d a educação estética, mas a formalização pedagógica tradicional e
no desenrolar desse m o v i m e n t o as reflexões assentadas nos trabalhos de
V o conservadorismo d e r a m lugar às conduções reprodutivistas e diretivas
dos professores e demais gestores escolares.'^ psicanálise, psicologia c o g n i t i v a e gestalt.
B r a s i l ria S E M A ( S u p e r i n t e n d ê n c i a d e E d u c a ç ã o M u s i c a l e Artística), q u a n d o p r e p a r o u t a m b é m u m
7. Ver V i l l a - L o b o s , s . d . , p. 33 a p u d L i s b o a , A l e s s a n d r a C o u t i n l i o , Villa-Lobos e o Canto orfeônico:
Guia prático.
Miísica, n a c i o n a l i s m o e i d e a l civilizador. São P a u l o : U n e s p , 2005, p. 28. D i s s e r t a ç ã o de M e s t r a d o .
9. Ver L i b â n e o , J o s é C a r l o s et a l . Educação escolar: políticas, e s t r u t u r a e o r g a n i z a ç ã o . S ã o P a u l o :
8. A p a r t i c i p a ç ã o d e V i l l a - L o b o s deu-se i n i c i a l m e n t e e m 1930, q u a n d o a p r e s e n t o u ao G o v e r n o
C o r t e z , 2003.
de São P a u l o u m p l a n o de e d u c a ç ã o m u s i c a l ; dois a n o s d e p o i s foi n o m e a d o s u p e r v i s o r m u s i c a l no
48 A EDUCAÇÃO ESCOIAR DE ARTE TEM UMA HISTORIA METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTE 49
10. Ver Instituto N a c i o n a l de E s t u d o s e P e s q u i s a s E d u c a c i o n a i s , Escolinha de Arte do Brasil. 11. A C o l e ç ã o de desenhos de c r i a n ç a s de M á r i o de A n d r a d e faz parte do acervo do Instituto
Brasília: I N E P , 1980. Ver t a m b é m A z e v e d o , F e r n a n d o A n t o n i o G o n ç a l v e s de. Movimento Escolinhas de de E s t u d o s Brasileiros d a U n i v e r s i d a d e de São P a u l o e foi e s t u d a d a p e l a p e s q u i s a d o r a Rejane
Arte: e m cena m e m ó r i a s de N o é m i a Varela e A n a M a e Barbosa. São Paulo: E s c o l a de C o m u n i c a ç õ e s G a l v ã o Coutiiúio e m s u a tese de D o u t o r a d o A coleção de desenhos infantis do acervo Mário de Andrade,
e Artes d a U n i v e r s i d a d e de São Paulo, 2000 ( d i s s e r t a ç ã o d e Mestrado). apresentada à Escola de C o m u n i c a ç õ e s e Artes d a U n i v e r s i d a d e de S ã o Paulo, e m 2002. Sobre as
50 A EDUCAÇÃO ESCOLAR DE ARTE TEM UMA HISTÓRIA
METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTE 51
13. F o r a m muito importantes as contribuições de C a r l Orff ( A l e m a n h a ) , E m i l e Jacques Dalcroze Pode-se considerar como u m marco dessa tendência tecnicista a insti-
(Suiça) e Zoltan Kodály (Hungria). tuição da L e i n . 5.692/71, que introduz a Educação Artística no currículo
14. Conf. Janete de A n d r a d e Sartori, e m s u a d i s s e r t a ç ã o de M e s t r a d o , A arte da fazer Arte
escolar de 1°. e 2°. G r a u s (Ensino Fundamental e Médio). A s disciplinas de
na escola: resgate histórico e prática docente, São Paulo, Centro Universitário Salesiano, 2000, p. 36, a
distinção entre disciplinas e práticas educativas foi estipulada no Parecer n . 131/62 do C F E : "as
arte existentes, como Desenho, Música, Trabalhos Manuais, Artes Aplicadas,
atividades que d e v e m atender às necessidades do adolescente de ordem física, artística, cívica, m o r a l Educação Musical, deixam de existir e os professores têm que complementar
e religiosa, colocam o acento principal na m a t u r a ç ã o d a personalidade, c o m a f o r m a ç ã o dos hábitos
suas formações. A s dificuldades são inúmeras. Os professores aderem e m
correspondentes, embora necessitem t a m b é m da a s s i m i l a ç ã o de certos conliecimentos".
suas práticas às orientações pedagógicas tradicional e escolanovista, sem
52 A EDUCAÇÃO ESCOIAR DE ARTE TEM UMA HISTÓRIA MEFODOLOGIA DO ENSINO DE ARTE 53
questionamentos ou reflexões sobre o que seria melhor para o ensino de teriais didáticos, como apostilas, livros e m a n u a i s curriculares. O s livros
arte. Enfatiza o "saber construir" reduzido aos seus aspectos técnicos e ao didáticos nos anos 70/80 estão e m pleno auge mercadológico, apesar de
uso de materiais diversificados (sucatas, por exemplo), ao mesmo tempo sua discutível qualidade e não-compartilhamento de recursos para o apri-
em que admitem o "saber exprimirem-se" espontaneísta, na maioria dos moramento dos conceitos de arte. A l g u m a s revistas de grande circulação
casos caracterizando poucos compromissos com o conhecimento de lin- contribuíram para a divulgação e adesão ao ideário tecnicista'^
guagens artísticas, que se transformam e m meras atividades.
Segundo o educador José C e r c h i F u s a r i , u m resultado desastroso d a
A tendência tecnicista manifesta-se principalmente a partir da segun- influência tecnicista n a educação escolar foi a descrença gerada no pro-
da metade do século 20, no m u n d o , e a partir de 1960/1970, no Brasil, fessorado, incluindo os professores de Arte, e m relação ao planejamento
seguindo as mudanças ocorridas n a sociedade i n d u s t r i a l e tecnológica e do ensino. Planejar as aulas, ao invés de transformar-se e m algo desejado,
as novas metas económicas, sociais e políticas. necessário e até prazeroso, transformou-se e m u m pesadelo para os profes-
N a "Pedagogia Tecnicista", o professor tende a ser responsável por sores, pois tiveram que adotar o modelo mecanicista de produzir planos,
seu planejamento, que deve se mostrar competente e incluir os elementos nos quais t i n h a m que executar a modelagem dos objetivos educacionais,
curriculares essenciais: objetivos, conteúdos, estratégias, avaliação. A d i - passando para os conteúdos, às estratégias e à avaliação. E não u m a pro-
nâmica do ensino e da aprendizagem não é questionada, pois o elemento posta n a qual esses elementos se interdependem e dialogam entre s i " .
principal é o sistema técnico de organização da aiãa e do curso. Orientados por
u m a concepção mais mecanicista, os professores brasileiros passaram a
tratar seus planejamentos e planos de aulas centrados nos objetivos que Tendência Realisfa-Progressisfa e o ensino de Arfe
eram operacionalizados de forma minuciosa. C o m isso, p o d i a m verificar
as mudanças nos comportamentos dos alunos segundo o estabelecido Segtmdo Libâneo (1985), a tendência progressista manifesta-se nos
nesses objetivos, e a s s i m atender às n o r m a s sociais. F a z parte a i n d a movimentos pedagógicos que apontam p a r a u m a anáUse crítica das rea-
desse contexto tecnicista a recomendação do uso abundante de recursos lidades sociais e u m a educação conscientizadora.
tecnológicos, audiovisuais, sugerindo u m a " m o d e r n i z a ç ã o " do ensino. A s s i m , ao lado das tendências pedagógicas tradicional, escolanovista
A l g u m a s escolas trabalhavam inclusive com gravadores, projetores de e tecrúcista, desponta no Brasil, entre 1961 /1964, u m importante trabalho
slides e filmes, além de outros meios, como o mimeógrafo, cartazes etc. desenvolvido por Paulo Freire, que repercutiu politicamente pelo seu mé-
A educação escolar, como já explicitado anteriormente, tem u m cará- todo revolucionário de alfabetização de adultos. Voltado para o diálogo
ter de intencionalidade (objetivos educacionais) e sistematização (atende educador-educando e visando à consciência crítica, influencia principal-
às características dos sistemas de ensino, por exemplo, a seriação, ciclos mente movimentos populares e a educação não-formal. Retomado a partir
e t c ) . Para desenvolver o processo de ensino e aprendizagem, a educação de 1971, é considerado nos dias de hoje como u m a "Pedagogia Libertadora",
escolar necessita de u m a base técnica, que é necessária e bem-vinda. O e m u m a perspectiva de consciência crítica d a sociedade.
que ocorre principalmente a partir da intiodução da L D B N n. 5.692/71 é a Partia de u m a concepção de filosofia d a educação de que o h o m e m
supervalorização da dimensão técnica da educação, sem bases reflexivas, é o "sujeito da história" e não seu "objeto". E , no Brasil, que v i v e r a seu
o que acaba no seu desvirtuamento para o tecnicismo.
Devido à ausência de bases teóricas mais fundamentadas, muitos 15. Ver as revistas Escola, Nova Escola, Ensino, publicadas d e s d e a d é c a d a de 1980.
seguem os planejamentos, as propostas e atividades d i v u l g a d a s por m a - 16. Depoimento do prof. José C e r c h i F u s a r i à autora e m j u n h o de 2008.
METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTE 55
54 A EDUCAÇÃO ESCOIAR DE ARTE TEM UMA HISTÓRIA
A partir dos anos 80, acreditando e m u m papel específico que a escola U m a p e d a g o g i a que leve e m conta esses objetivos, no d i z e r d e
tem c o m relação a mudanças nas ações sociais e culturais, educadores D e m e r v a l S a v i a n i , valorizará a escola;
brasileiros m e r g u l h a m e m u m esforço de conceber e d i s c u t i r práticas
e teorias de educação escolar para essa realidade. Conscientizam-se de não será indiferente ao que ocorre em seu interior; estará empenhada em
que a escola funcione bem; portanto, estará interessada em métodos de en-
como a escola se configura no presente, com vistas a transformá-la r u m o
sino eficazes. Tais métodos se situarão para além dos métodos tradicionais
ao futuro. E nos c o n v i d a m a discutir as ações e as ideias que queremos
e novos, superando por incorporação as contribuições de uns e de outros.
modificar n a educação e m arte, como u m desafio e compromisso c o m a
Portanto, serão métodos que estimularão a atividade e iniciativa dos alunos,
tiansformação da sociedade.
sem abrir mão, porém, da iniciativa do professor; favorecerão o diálogo dos
Começa a se "desenhar" u m a reformulação pedagógica que incorpora alunos entre si e com o professor, mas sem deixar de valorizar o diálogo
criticamente aspectos positivos das pedagogias tradicional, nova, tecnicista com a cultura acumulada historicamente; levarão em conta os interesses
e libertadora e pretende ser mais "realista e crítica". A função da educação dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico,
e d a escola pode ser sintetizada nos seguintes aspectos: mas sem perder de vista a sistematização lógica dos conhecimentos, sua
ordenação e gradação pra efeitos do processo de transmissão-assimilação
dos conteúdos cognitivos.
(...) agir no interior da escola é contribuir para transformar a própria socieda-
de. Cabe à escola difimdir os conteúdos vivos, concretos, indissoluvelmente Não se deve pensar, porém, que os métodos acima indicados terão um caráter
ligados às realidades sociais. Os métodos de ensino não partem de um eclético, isto é, constituirão um somatório dos métodos tradicionais e novos.
saber espontâneo, mas de uma relação direta com a experiência do aluno Não. Os métodos tradicionais assim como os novos implicam uma autono-
mização da pedagogia em relação à sociedade. Os métodos que preconizo
mantêm continuamente presente a vinculação entre educação e sociedade.
17. Ver Ghiraldelli J r , P a u l o , História da educação brasileira. São P a u l o : C o r t e z , 2006, p. 108.
56 A EDUCAÇÃO ESCOIAR DE ARTE TEM UMA HISTÓRIA METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTE 57
Enquanto no primeiro caso professor e alunos são sempre considerados em enquanto e m outras encontrávamos proposições sem clareza ctirricular.
termos individuais, no segundo caso, professor e alunos são tomados como Vários municípios e até estados da União ainda mantinham os cursos com
agentes sociais (Saviani, 1980, p. 60-61). professores ministrando aulas de A r t e sem formação específica na área
(licenciados e m outras disciplinas, arquitetos, pedagogos, publicitários
Libâneo (1985) também contribui p a r a este novo rumo pedagógico, etc.) e, inclusive, havia locais com ausência total desses profissionais. A
ressaltando a natureza do trabalho docente hoje, no qual " u m saber, u m carga horária era indefinida n a grande maioria das cidades. Ausência de
saber ser e u m saber fazer pedagógico" d e v e m "integrar os aspectos mate- cursos de formação em muitas regiões. Essa é ainda a nossa realidade,
r i a l / formal do ensino e, ao mesmo tempo, articulá-los com os movimentos embora nos últimos dez anos tenha h a v i d o u m esforço de melhoria tanto
concretos tendentes ã transformação d a sociedade".'* do ensino como da formação irúcial e contínua de professores.
Depois dessas reflexões, fica então u m a questão: que história d a Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram propostos como diretrizes
educação escolar e m Arte queremos fazer?
pedagógicas e considerados um referencial importante para a educação
escolar no país, por seu comprorrússo de assegurar a democratização e u m
ensino de qualidade para todos os estudantes. P a r a muitos, os P C N s têm
3.0 ensino da Arte na conternfioroneidade demonstrado a sua contribuição, como u m a proposta de prática educa-
tiva adequada às necessidades sociais, económicas e culturais brasileira.
Analisando os documentos e observando o cuidado e m seu detalhamento,
A novo LD8N n. 9.394/96 e os Parâmetros Curricuiares
vê-se que o texto em geral engloba ideias, premissas, procedimentos e
Nacionais
conteúdos condizentes com as teorias e práticas contemporâneas, e tem
como direcionamento tanto os conliecimentos próprios das áreas compo-
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de A r t e para o ensino f u n d a - nentes do currículo, como os saberes considerados fundamentais para o
mental ( P C N s - A r t e ) inserem-se no processo histórico do ensino e apren-
fortalecimento da identidade e a formação do cidadão. C o m referência aos
dizagem de arte, logo após a divulgação de sua versão preliminar e m
P C N S de A r t e , tais saberes foram direcionados ao autoconhecimento, ao
1996, quando foram apresentados para discussão e crítica aos professores
outro, ao fazer e perceber arte com autonomia e criticidade, ao desenvolvi-
e m todo o B r a s i l . "
mento do senso estético e à interação dos indivíduos no ambiente social/
No momento de sua primeira divulgação, a situação do ensino de Arte tecnológico/cultural, preparando-os para u m m u n d o e m transformação
em nosso país mostrava-se (e ainda se mostra) de grande disparidade: havia e para serem sujeitos no processo histórico.
propostas renovadoras em algumas regiões, com professores atuaUzados,
N o Brasil, havia u m compromisso com a elaboração do Plano Decenal
de Educação para Todos (1993-2003) — diretrizes políticas voltadas para
18. Ver Libâneo, José C a r l o s . Democratização da escola pública: pedagogia crítico-social dos con- a recuperação da escola fundamental — e o cumprimento da recém-pu-
t e ú d o s . São Paulo: L o y o l a , 1985.
blicada L e i de Diretrizes e Bases d a Educação Nacional (Lei n . 9.394/96),
19. O s Parâmetros Curriculares Nacionais—Arte para oV.eZ". Ciclos do Ensino Fundamental foram
publicados e m 1997 e os P C N s - Arte, 3". e 4". C i c l o s e m 1998. F i z e r a m parte da e l a b o r a ç ã o desses
que enfatizava a educação básica como u m processo de continuidade
documentos: Rosa lavelberg ( c o o r d e n a ç ã o dos P C N s , 1°. e 2°. C i c l o s ) , M a r i a E R. F u s a r i , M a r i a H e - e a p r i m o r a m e n t o da c i d a d a n i a . A L D B N resultara de extenso debate
loísa C . T. Ferraz, Regina S. B. M a c h a d o , como elaboradoras; consultoria de A n a Mae T. B. Barbosa,
e participação da sociedade pela defesa do ensino público e gratuito e
I n g r i d D . K o u d e l a e Assessoria de Heloísa M . Salles, Isabel A . M a r q u e s , Iveta M . M . A . F e r n a n d e s ,
K a r e n Muller, Ricardo Brein, entre outros. entre suas proposições, ficou estabelecido o que seria núcleo c o m u m e
METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTE 59
58 A EDUCAÇÃO ESCOLAR DE ARTE TEM UMA HISTÓRIA
e inovadoras metas do ensino de arte, que busca o diálogo com todas as conduzir nosso trabalho de professores a posicionamentos m a i s claros.
Dentie as suas proposições lembramos a ênfase que faz na recuperação
culturas e formas de arte, do erudito ao popular. A proposição d a área,
histórica do ensino de arte, para que se possam perceber "as realidades
como consta dos P C N s de Arte, passou a incorporar as quatro linguagens:
pessoais e sociais, aqui e agora, e lidar criticamente com elas".^°
Artes Visuais, Dança, Música e Teatro, de modo que os educandos, ao longo
do curso, possam ter acesso fundamentado a essas modalidades artísti- Outro encaminhamento orientado por A n a Mae Barbosa (1991), e
cas. Mas não significa que o documento esteja sugeriiido a retomada d a que v e m interferindo qualitativamente no processo e melhoria do ensino
polivalência, como foi entendido por muitos professores, o u seja, que o de arte, é a "proposta tiiangular". Desenvolvida a partir das experiências
professor de Arte integre e m sua prática essas modalidades artísticas e, feitas no M u s e u de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo,
s i m , que a escola possibilite a presença de professores habilitados para
assumirem as diversas linguagens de arte. C a d a u m a dessas linguagens 20. Ver A n a M a e Barbosa, Arte-Educação: conflitos e acertos. São Paulo: M a x L i m o n a d , 1984,
p. 39. Ver a i n d a Arte-Educação no Brasil. Das origens ao modernismo. São Paulo: Perspectiva, 1978; O
pressupõe conhecimentos específicos, que f o r a m analisados e sistemati-
ensino da Arte e sua história. S ã o Paulo: M A C / U S P , 1990; Tópicos utópicos. Belo H o r i z o n t e : E d i t o r a
zados também por especialistas, autores do documento. C / A r t e , 1998; John Dewey e o ensino da Arte no Brasil. São Paulo: Cortez, 2001; Inquietações e mudanças
no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2002; Arte/Educação contemporânea. Consonãncias internacionais.
A s ideias contidas nos P C N s p r o p a g a r a m - s e no país e, m e s m o
São Paulo: C o r t e z , 2005.
quando rebatidas, h o u v e apoio a novas discussões e pelo acréscimo dos
60 A EDUCAÇÃO ESCOIAR DE ARTE TEM UMA HISTÓRIA METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTE 61
difundiu-se amplamente desde a década de 1990 e hoje integra bibho- neste capítulo. Consultar livros, documentos, material iconográ-
grafias e projetos curriculares. T e m por base a conexão de três facetas do fico, internet, educadores o u pessoas da comunidade, arrolando:
conhecimento e m arte — o fazer artístico, a análise de obras artísticas e épocas, locais, materiais e técnicas utilizados, Uvros didáticos,
a história d a arte. modalidades artísticas e estéticas trabalhadas.
Atualmente, e m nosso país, é bastante evidente a modificação de • Localizar e m bibliotecas de universidades e v i a internet artigos,
conceitos e a variedade de métodos, como a abertura para a incorporação monografias, trabalhos de conclusão de curso, dissertações de
da diversidade cultural e a inclusão dos eixos de aprendizagem (produção, Mestrado e teses de Doutorado sobre o ensino e a aprendizagem
fruição, reflexão) presentes nos P C N s e e m muitas propostas de nossos de Arte.
dias, o que modifica o entendimento d a área e possibilitam às crianças e • Analisar criticamente propostas do e para o ensino de Arte, veicula-
jovens a ampliação de suas potencialidades. das nas mídias e, e m especial, por revistas de grande circulação.
A c r e d i t a m o s que a consciência e a interferência sobre o processo
educativo (e, neste caso, mais especificamente, de arte) é fundamental
para o professor, para os alunos, enfim, para todos os querem u m a e d u - Leituras de aprofundamento
cação transformadora. A consciência histórica e a reflexão crítica sobre os
conceitos, as ideias e as atuações educacionais de nossa época possibilitam A Z E V E D O , Fernando de. " A arte como instrumento da educação popular na
nossa contribuição efetiva na construção de práticas e teorias de educação reforma", conferência realizada em 1930 e publicada no livro Novos caminhos
e novos fins: a nova política de educação no Brasil. São Paulo: Melhoramentos,
escolar e m arte que atendam às implicações i n d i v i d u a i s e sociais dos a l u -
1958, pp. 117-131.
nos, às suas necessidades e interesses, e, ao mesmo tempo, proporcionam
BARBOSA, Ana Mae (org.). Inquietações e mudanças no ensino da Arte. São Paulo:
o domíruo de conhecimentos básicos d a arte.
Cortez, 2002.
O compromisso com tal projeto e d u c a t i v o exige u m competente
BRASIL. Secretaria de Educação Fi.mdamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
trabalho docente. N o caso da ação educativa de arte, direcionada para
arte. Brasília: MEC/SEF, 1998.
crianças e jovens, o professor terá de entrelaçar a sua prática-teoria artís-
F O N T E R R A D A , Marisa Trench de Oliveira. "Desenredando a Trama da Música
tica e estética a consistentes propostas pedagógicas. E m síntese, é preciso
na Escola Brasileira". In: De tramas e fios. Um ensaio sobre música e educação. São
aprender a saber arte e saber ser professor de arte. Paulo: Editora UNESP, 2005, pp. 191-259.
G H I R A L D E L L I JR., Paulo. História da educação brasileira. São Paulo: Cortez,
2006.
Atividades complementares MARQUES, Isabel A. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2003.
•REZENDE E FUSARI, Maria R de & F E R R A Z , Maria Heloísa C. de T A arte no
• Discutir os tópicos deste capítulo, comparando com sua história currículo escolar. I n : Arte na Educação Escolar. 2. ed. revista. São Paulo: Cortez,
pessoal (lembranças) de aprendizado de arte como aluno (a) na 2001, pp. 17-50.
escola. S A N T A N A , Arão P. Teatro e formação de professores. São Luís: E D U F M A , 2000.
• • Fazer u m a pesquisa sobre a história do ensino e aprendizagem T I R A P E L I , Percival. Arte no Império. Do Neoclássico ao Ecletismo, séc. 19. São Paulo:
de arte de sua localidade, comparando-a ao histórico apresentado Editora Nacional, 2006.