Sensac-Pers - Es
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Sensac-Pers - Es
A
etapa de elaboração do diagnóstico da de Resíduos Sólidos (Lei Estadual n.º 9.264/2009),
gestão e do manejo das diversas tipologias as premissas assumidas em âmbito nacional são
de resíduos sólidos viabilizou a formulação importantes para proposição de cenários futuros,.
de estratégias de atuação para a melhoria Após o levantamento do panorama do
das condições dos serviços de gerenciamento integrado gerenciamento dos resíduos sólidos e do cenário
no Espírito Santo. Essas estratégias foram construídas econômico e institucional de implantação da Política
para que todos os objetivos, diretrizes e metas definidas em nível nacional, obteve-se o cenário econômico
neste Plano fossem adequadamente alcançadas. Deste voltado à implantação do PERS-ES. Tal análise
modo, o presente Prognóstico apresenta as projeções permitiu o apontamento de três cenários distintos
feitas para três cenários futuros, sendo estes propostos para a economia capixaba no período de 20 anos,
com base em distintas intensidades e probabilidades denominados Cenários Promissor, Conservador
de ocorrência dos fatores mais relevantes às suas e Pessimista. Salienta-se que, além das variáveis
configurações ao longo dos anos de implementação econômicas, a construção destes também envolveu:
deste Plano, sejam estes positivos e/ou negativos. a) valoração de variáveis consideradas essenciais; b)
Neste contexto, os Cenários Prospectivos extrapolação do comportamento futuro das variáveis
caracterizam-se como projeções futuras do encontradas; e c) comparação com padrões de referência
comportamento de importantes variáveis. Constituem- encontrados na literatura ou definidos legalmente.
se em um valioso instrumento avaliativo produzido a Assim, para cada uma das tipologias que organizam
partir de um processo de planejamento de longo prazo. a reflexão, foram selecionadas variáveis que, por um
Também visam à construção de visões de futuro que lado, refletem adequadamente o cenário atual e que,
permitam traçar as melhores estratégias e ações para por outro, são passíveis de parametrizações em termos
o alcance dos mais específicos objetivos almejados ao dos cenários traçados.
longo do tempo. Para orientar a escolha do cenário de
Inicialmente, é fundamental compreender a referência, também foram observadas as aspirações
situação atual do gerenciamento dos resíduos sólidos sociais, econômicas e técnicas (ambientais e sanitárias)
no Espírito Santo. Para tanto, precisa-se analisar que envolvem o processo de gerenciamento dos
o diagnóstico feito para cada tipologia, bem como resíduos sólidos. Esta análise foi construída de forma a
as capacidades administrativas de cada município contemplar os anseios e as lacunas identificadas pelos
e as principais tendências de desenvolvimento setores envolvidos em todas as etapas da construção
socioeconômico observadas no Estado no passado deste Plano. Seu resultado contribuiu com a escolha do
recente. cenário com requisitos que possivelmente minimizarão
Feito isso, é necessário compreender os as barreiras na implantação das diretrizes do PERS-ES.
elementos que nortearam a proposta de implantação Cada uma das etapas necessárias à escolha
da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal do cenário de referência são detalhadas nos tópicos
n.º 12.305/2010). Embora também tenham sido seguintes, de acordo com o fluxograma ilustrado pela
considerados os requisitos da própria Política Estadual Figura 6-1.
327
Figura 6-1 - Procedimentos para a escolha do cenário de referência de elaboração do PERS-ES
N
esta seção foi sintetizado aquilo que pode ser entendido como o panorama atual do gerenciamento de
resíduos sólidos no Estado, conforme apresentado anteriormente no Diagnóstico Técnico. Esta discussão
estabelece um ponto de partida para o entendimento tanto da projeção de geração de resíduos quanto
das metas que serão propostas para as diretrizes deste Plano. Desta forma, o Quadro 6-1 adiante mostra
as principais constatações feitas para cada tipologia de resíduos, bem como as variáveis utilizadas na construção
dos Cenários Prospectivos.
328
Quadro 6-1 - Constatações do Diagnóstico Técnico e variáveis empregadas na construção dos Cenários Prospectivos
Variáveis Importantes à
Tipologia Principais Constatações do Diagnóstico Técnico
Construção dos Cenários
- Estimou-se a geração de 861.308 toneladas de RSU no ano de 2017;
- A titularidade pela gestão dos resíduos fica a cargo de Secretarias, como de Meio Ambiente, de Obras e de Serviços Urbanos, e
48 municípios declararam apresentar instrumentos legais específicos a essa formalização;
- Todos os 78 municípios apresentam Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB), embora 2 destes ainda não detenham
os itens obrigatórios referentes à gestão dos resíduos sólidos em seu conteúdo;
- 65 municípios terceirizam parte dos serviços de limpeza urbana, sobretudo as etapas de destinação, disposição final e - Cobertura da coleta convencional;
transporte; - Cobertura da coleta seletiva;
Resíduos Sólidos - 38 municípios, especialmente aqueles na faixa de até 30.000 habitantes, trabalham com soluções consorciadas; - Disposição adequada;
Urbanos (RSU) - 95% da população é abrangida pela coleta convencional; - Equilíbrio nos procedimentos
- 64 municípios realizam coleta seletiva; adotados entre os municípios/
- 41% das 41 Estações de Transbordo do Estado estão regularizadas; regiões.
- 58% das Organizações de Catadores de Materiais Recicláveis (OCMR) possuem contrato com as prefeituras, sendo que os
principais compradores dos materiais beneficiados nestes locais são intermediários/sucateiros (48%) e empresas de reciclagem
(35%);
- 87% dos municípios relataram encaminhar seus resíduos a aterros sanitários, enquanto o restante (13%) dispõe seus RSU de
forma inadequada (em lixões/aterros controlados).
- Estimou-se uma geração de 161.545 toneladas de RSPS no ano de 2017, sendo 74% desta proveniente de ETAs e 26% de ETEs;
- 71% dos responsáveis pelos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário possuem PGRS;
Resíduos dos - Existência de PGRS;
- 65% das instituições visitadas possuem programas internos voltados à redução de perdas, à não geração de resíduos e ao
Serviços Públicos - Registro de geração;
incentivo do reuso e reciclagem;
de Saneamento - Adequação e registro das formas
- Apenas 35% das concessionárias de serviços de saneamento realiza coleta seletiva;
(RSPS) de destinação.
- Principal destinação do lodo de ETAs é o lançamento no corpo d’água, enquanto o de ETEs é encaminhado para aterros
sanitários.
- Existência de PMGRCC;
- Existência de legislação
relacionada à gestão de RCC;
- Controle dos pontos de disposição
- Estimou-se uma geração de 2.819.510 toneladas de RCC no ano de 2017;
irregular;
- Ausência de legislação específica para classificar os geradores por porte;
- Existência de PGRCC pelos
- Grandes geradores evidenciaram deter um melhor registro quantitativo de seus resíduos em relação aos pequenos;
Resíduos da grandes geradores;
- Apenas 32% dos municípios declararam possuir legislação relacionada à gestão desta tipologia de resíduos;
Construção Civil - Fiscalização do atendimento ao
- Apenas 64% das prefeituras alegaram não fiscalizar a existência e o cumprimento dos Planos de Gerenciamento de Resíduos da
(RCC) PMGRCC;
Construção Civil (PGRCC) de grandes geradores;
- Registro de geração de RCC;
- Sobre a coleta municipal, 61 prefeituras afirmaram realizar o recolhimento dos RCC, encaminhando-os preferencialmente a
- Disposição adequada, de acordo
Prognósticos e Proposição de Cenários
aterros de RCC da Classe A (29%), reaproveitamento (23%) e áreas de transbordo e triagem (21%).
com as Resoluções Conama n.º
307/2002 e suas alterações;
- Determinação de índice de
reciclagem de RCC.
329
| PERS
Variáveis Importantes à
Tipologia Principais Constatações do Diagnóstico Técnico
330
Construção dos Cenários
- Estimou-se uma geração de 22.496 toneladas de RSS no ano de 2017, sendo 48% proveniente de hospitais e unidades básicas de
- Existência de legislação municipal
saúde;
acerca do gerenciamento de RSS;
- 30% das prefeituras apresentam Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS);
- Cobrança pela coleta, tratamento
- 40% dos estabelecimentos visitados possuem PGRSS, sendo que tais planos são controlados por apenas 29% das prefeituras;
e disposição realizada ou financiada
- 17 municípios confirmaram a existência de instrumentos legais voltados aos RSS, sendo a Secretaria de Saúde e a Vigilância
Resíduos de pelas prefeituras;
Sanitária os principais agentes responsáveis pela fiscalização dos empreendimentos geradores;
Serviços de Saúde - Existência de PGRSS nos
- 14 municípios declararam realizar a cobrança pelo serviço de coleta de RSS;
(RSS) estabelecimentos envolvidos e
- Incineração foi a destinação predominante dos RSS de consultórios médicos e odontológicos (22%), drogarias e farmácias
registro destes nas prefeituras;
(25%), laboratórios analíticos (33%), serviços de tatuagem e clínicas (ambos com 50%) e centros de controle de zoonoses
- Práticas de gerenciamento de
(100%);
RSS em acordo com as normas e
- Já a autoclave foi a alternativa exclusiva para os RSS de estabelecimentos de ensino e pesquisa (50%), embora ela também tenha
legislação vigente.
sido utilizada por consultórios (7%) e laboratórios (17%).
- As estimativas conduzidas resultaram na geração de 3.166.575, 1.399, 590 e 0,5 toneladas de RST no ano de 2017 em portos,
aeroportos, terminais rodoviários e terminais ferroviários, respectivamente;
- Existência de PGRS;
Resíduos de - Apenas 37% dos gestores entrevistados souberam informar a existência de licença ambiental para exercerem suas atividades;
- Adequação das formas de
Serviços de - 65% das empresas não possuem Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), sendo que 36% destes são portos e
destinação;
Transportes (RST) aeroportos;
- Ampliação da coleta seletiva.
- Somente 8% dos portos e 10% dos aeroportos realizam coleta seletiva e possuem parceria com OCMR;
- 36% dos terminais rodoviários realizam coleta seletiva , sendo que 31% tem parceria com OCMR.
- Estimou-se uma geração de 8.006.546 toneladas de RM no ano de 2017, sendo 71% proveniente das empresas de extração de
rochas ornamentais, cujo principal resíduo são os estéreis, que são subsequentemente reutilizados no preenchimento da cava
exaurida na ocasião de seu encerramento;
- Existência de PGRS;
- Empresas de desdobramentos, polimento, resinagem e corte/acabamento de rochas ornamentais foram responsáveis por 28%
Resíduos de - Registro de geração;
da geração de RM em 2017. Seu principal resíduo foi a Lama de Beneficiamento de Rochas Ornamentais (LBRO), que, mesmo
Mineração (RM) - Adequação das formas de
com um montante gerado menor que os estéreis, caracteriza-se como um resíduo significativamente mais preocupante;
destinação.
- 96% dos empreendimentos visitados neste diagnóstico declararam ser licenciados, embora apenas 29% deles declarou possuir
PGRS;
- 64% das empresas entrevistadas declararam que fazem coleta seletiva, embora apenas 10% contem com parcerias com OCMR.
- Estimou-se uma geração de 10.066.409 toneladas de RI no ano de 2017, sendo 43% proveniente de siderúrgicas e 40% de
indústrias do setor de metalmecânica;
- 94% das indústrias visitadas declararam ser contempladas por processo de licenciamento ambiental para exercerem suas - Existência de PGRS;
atividades. Entretanto, apenas 38% afirmaram possuir PGRS; - Registro de geração;
Resíduos - 71% das empresas relataram realizar a coleta seletiva, embora somente 20% delas afirmou contar com parceria com OCMR; - Percentual de coleta a partir do
Industriais (RI) - As alternativas preferenciais de destinação dos resíduos perigosos (Classe I) são a reutilização, recuperação e reciclagem (seja valor gerado;
na sinterização, coqueria e/ou briquetagem). Outros métodos indicados foram o coprocessamento, a blendagem e o rerrefino de - Adequação das formas de
óleo; destinação.
- Aterros industriais são a opção preferencial para a disposição dos resíduos da Classe I e II B. Os representantes da Classe II A
são encaminhados principalmente para aterros sanitários.
Variáveis Importantes à
Tipologia Principais Constatações do Diagnóstico Técnico
Construção dos Cenários
- Estimou-se uma geração de 5.701.958 toneladas de resíduos agrossilvopastoris no ano de 2017, sendo 69% relativo à
bovinocultura (pecuária intensiva), cujo principal resíduo é o próprio esterco do animal;
- Existência de PGRS;
- Para o caso das agroindústrias, estimou-se uma geração de 4.240.586 toneladas no ano de 2015, sendo 66% referente às
- Registro de geração;
indústrias de processamento e preservação de alimentos de origem vegetal;
Resíduos - Percentual de coleta a partir do
- 75% dos empreendimentos agroindustriais visitados declararam ser licenciados, enquanto apenas 30% do setor
Agrossilvopastoris valor gerado;
agrossilvopastoril relataram o mesmo;
e Agroindustriais - Registro do quantitativo dispostos
- 75% dos empreendimentos agroindustriais e 85% dos agrossilvopastoris não possuem PGRS;
(RAA) por cada forma utilizada;
- Dos empreendimentos agrossilvopastoris, 61% dos resíduos declarados são destinados internamente, sobretudo na
- Adequação das formas de
compostagem e incorporação no solo agrícola (47%), além da reutilização, reciclagem, recuperação e queima a céu aberto;
destinação.
- A maioria dos resíduos agroindustriais são dispostos em aterros sanitários (36%) e industriais (23%). No caso dos resíduos
agrossilvopastoris, estes são dispostos preferencialmente em aterros sanitários.
- 59% dos empreendimentos visitados (isto é, as instituições públicas e privadas) declararam gerar algum dos resíduos com - Inclusão destes resíduos no PGRS
logística reversa obrigatória; dos empreendimentos;
Resíduos com
- Médias de geração: 2,7 toneladas de pneus/empresa/ano, 0,94 toneladas de pilhas e baterias/empresa/ano; 7.391 L de óleo - Registro de geração;
Logística Reversa
lubrificante/empresa/ano; 2,2 toneladas de lâmpadas/empresa/ano, 0,90 toneladas de embalagens de agrotóxicos/empresa/ano e - Registro dos pontos de coleta
Obrigatória
4,9 toneladas de REEE/empresa/ano; para cada grupo, bem como de
(RLRO)
- Iniciativas: Reciclanip (pneus), Descarte Green (pilhas e baterias), Instituto Jogue Limpo e Abrafiltros (óleo lubrificante), sua cobertura, fiscalização da
Reciclus (lâmpadas), Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (agrotóxicos) e GREEN Eletron (REEE). implantação e monitoramento.
Fonte: Autoria própria
Prognósticos e Proposição de Cenários
331
| PERS
6.2 CAPACIDADE DE GESTÃO MUNICIPAL
A
o longo das expedições de campo, buscou-se voltada às metrópoles nacionais.
obter informações referentes às capacidades Além disso, a avaliação das capacidades
administrativas de todos os 78 municípios administrativas das equipes seguiu a proposta
do Espírito Santo no que tange à gestão de metodológica de Marino, Chaves e Santos Junior (2016).
seus resíduos sólidos. No entanto, deve-se ressaltar que O que se buscou com tal metodologia e seus indicadores
a ausência de informações relevantes e organizadas foi avaliar se as equipes das prefeituras estão minimamente
sobre a gestão pública, por si só, já revela fragilidades. capacitadas para atender sua região e lidar com seus
Para proceder com a análise dos indicadores desafios, uma vez que a necessidade de um determinado
destas capacidades, inicialmente foi realizada a grupo de municípios não é a mesma que a de outro.
classificação dos municípios por porte, seguindo o método A Tabela 6-1 apresenta as informações referentes
proposto pelo Observatório das Metrópoles (2010). à disposição dos municípios capixabas por porte, bem
Neste, os municípios são categorizados pelo número de como o percentual de fornecimento de informações
habitantes que abrigam, sendo que Vitória, devido à sua consistentes acerca de suas capacidades administrativas
capacidade de polarizar parte da capacidade tecnológica para gerir políticas no âmbito dos resíduos sólidos.
nacional, regional e local, recebe a “Classificação A”,
Tabela 6-1 - Distribuição dos municípios capixabas por classe (total e número respondentes por completo)
Percentual de
Municípios que
Percentual de municípios com
Classificação Municípios forneceram respostas
municípios por Classe respostas completas
completas
por Classe
A 1 1% 1 100%
B 0 - - -
C 8 10% 5 63%
D 2 3% 1 50%
E 25 32% 15 60%
F 42 54% 20 48%
Como se pode ver, o percentual de municípios a existência de equipes por si só não garante efetividade e
que respondeu à pesquisa foi de apenas 54%. Em termos bons resultados na implantação da gestão adequada dos
espaciais, a Região do Doce foi a que apresentou maior resíduos sólidos, passou-se então à avaliação da forma
participação efetiva na pesquisa, enquanto as demais com que estão organizadas. Assim, a primeira análise se
tiveram participação de aproximadamente 50% dos deu a partir do número de profissionais que compõe as
municípios que as compõem. equipes, conforme exibe a Figura 6-2, construída com
Avaliando inicialmente a presença de equipes dados fornecidos por 76 municípios capixabas. Ressalta-
para lidar com as questões relacionadas aos RSU, foi se que as Classificações D e E não computam 100%, pois
constatado que todos os municípios dispõem de equipes nem todos os municípios que as compõem forneceram
destinadas a esta atividade. No entanto, considerando que dados à pesquisa.
332
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
Figura 6-2 - Número de profissionais presentes nas equipes de RSU por percentual em cada Classe*
A 100%
25%
C 62%
13%
Classificação
D 50%
E 56%
40%
7%
F 29%
64%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
333
Figura 6-3 - Percentual de presença de certos profissionais nas equipes de RSU de cada Classe*
100%
100%
60%
C 40%
Classificação
20%
53%
40%
E 40%
7%
7%
80%
60%
F 30%
10%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Fonte: Autoria própria. *No Espírito Santo não existem municípios na Classificação B e
os representantes da Classificação D não apresentam profissionais nestas áreas.
multidisciplinaridade das equipes, sua avaliação também miscigenada), todos os demais não dispõem de um grupo
pode ser feita mediante o emprego do Coeficiente de de trabalho miscigenado, fato que pode comprometer a
Miscigenação. Este baseia-se no fundamento de que tais visão sistêmica necessária ao gerenciamento eficaz das
equipes precisam contar com um quadro de profissionais políticas voltadas aos resíduos sólidos.
com formações complementares das áreas da engenharia, Além destas análises, também buscou-se
finanças, direito, meio ambiente e serviços sociais, estudar o Grau de Capacidade Técnica (GCT) dos
principalmente, tratando as particularidades do contexto municípios. Este varia de I a V, de modo que quanto maior
local com mais abrangência durante a implementação das for o grau encontrado, maior é a qualificação técnica. A
políticas municipais de resíduos sólidos. distribuição das municipalidades por Classe em relação ao
Sendo assim, notou-se que, com exceção da seu GCT pode ser vista na Tabela 6-2.
Classificação C (que possui 20% dos municípios com equipe
Tabela 6-2 - Percentual de municípios distribuídos de acordo com seu GCT por Classe*
Grau de Capacitação Técnica
Classificação
I II III IV V
A 100% 0% 0% 0% 0%
C 60% 40% 0% 0% 0%
D 100% 0% 0% 0% 0%
E 100% 0% 0% 0% 0%
F 95% 0% 5% 0% 0%
Fonte: Autoria própria. *No Espírito Santo não existem municípios na Classificação B
334
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
C
onsiderando o período compreendido entre consequências do baixo dinamismo econômico, é
os anos de 2002 a 2016, a série descrita na possível dizer que a taxa média de crescimento do
Tabela 6-3 apresenta o Produto Interno Bruto PIB capixaba foi maior que a média brasileira, que
(PIB) do Espírito Santo calculado pelo IJSN, ficou em 2,23% ao ano neste mesmo período. Como
sua participação relativa no PIB brasileiro (calculado desdobramento disso, a participação do PIB capixaba
segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e em relação ao nacional chegou a 2,34% no ano de 2015,
Estatística) e sua taxa de crescimento anual. seu maior resultado neste específico retrato temporal.
Pela série informada, calcula-se que o PIB Por outro lado, repetindo uma tendência que
capixaba cresceu em média 2,89% ao ano durante o é estrutural na relação entre o PIB do Espírito Santo
período descrito. Durante este intervalo, ele apresentou e o do Brasil, as variações da taxa de crescimento do
várias quedas expressivas, inclusive registrando cinco PIB capixaba são muito mais intensas do que as da
picos negativos (2009, 2012, 2013, 2015 e 2016). Tais economia brasileira. Isso faz com que os ciclos de
decréscimos são reflexos de sérias condições pelas crescimento e queda do PIB no Estado sejam mais
quais a economia capixaba passou nesse período, acentuados do que os do país, conforme demonstra a
como a severa crise mundial que se instalou a partir Figura 6-4.
de 2007 que, em seu arrasto, afetou tanto a economia Como se pode observar, existe uma
brasileira quanto a capixaba; a grave crise brasileira, intensificação no crescimento do PIB capixaba em
deflagrada em 2013, que levou o país a taxas negativas casos em que o PIB nacional está em alta, assim como o
de crescimento; a paralização da mineradora Samarco contrário, quando este está em queda. Essa constatação
em função do rompimento da barragem de resíduos em é de importante relevância à cenarização da dinâmica
Mariana/MG; e, por fim, a crise hídrica que marcou a capixaba para os próximos 20 anos, visto que as taxas
economia capixaba fortemente nos anos de 2014 a 2016. de crescimento esperadas para o Estado tendem a ser
Ainda que esses números reflitam as graves maiores do que aquelas projetadas para o Brasil.
335
Tabela 6-3 - PIB do Espírito Santo, sua relação com o PIB nacional e sua taxa de crescimento anual
Ano PIB ES PIB ES/PIB BR (%) Taxa Anual PIB ES
2002 92.398 2,01% -
2003 95.111 2,04% 2,90%
2004 99.170 2,02% 4,30%
2005 102.682 2,02% 3,50%
2006 111.438 2,11% 8,50%
2007 119.371 2,13% 7,10%
2008 129.664 2,20% 8,60%
2009 120.685 2,06% -6,90%
2010 139.065 2,20% 15,20%
2011 149.366 2,30% 7,40%
2012 148.276 2,26% -0,70%
2013 148.134 2,19% -0,10%
2014 153.043 2,26% 3,30%
2015 152.278 2,34% -0,50%
2016 133.700 2,13% -12,20%
Fonte: IJSN (2018)
Figura 6-4 - Taxas de crescimento dos PIBs capixaba e brasileiro entre 2002 e 2016
20
15
10
Taxa de crescimento (%)
0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
-5
-10
-15
Espírito Santo Brasil
336
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
A
o apresentar suas perspectivas de futuro, investimentos estrangeiros diretos, a
a versão preliminar do Plano Nacional de combinação dos fatores positivos dos
Resíduos Sólidos (PLANARES) definiu ciclos do orçamento público com o
os seguintes elementos como “guias” do aprofundamento do ajuste fiscal e das
processo de cenarização para o Brasil em 2030: reformas microeconômicas também
deverá promover a reativação dos
• Até 2030, a economia apresentará um investimentos produtivos privados
período de crescimento razoável, durante (devendo a relação Investimentos
o qual serão implementadas as reformas Privado/PIB elevar-se de 16,67%, em 2011,
estruturais necessárias e eliminados os para 20,79%, em 2030);
principais gargalos existentes, sobretudo • Haverá uma ampla melhoria dos
na área de infraestrutura econômica; indicadores sociais, com redução das
• Tal desempenho possibilitará que os desigualdades urbanas e regionais;
investimentos em saneamento básico no • A economia mundial experimentará
país, a serem realizados entre 2010 e 2030, um momento bastante favorável, com
se estabilizem em um patamar elevado um crescimento de 3,5% a.a. e com
quando comparado aos recursos federais a inflação em torno de 2,5% a.a. Tal
historicamente aplicados no setor; cenário será guiado pela diminuição
• Neste sentido, os investimentos federais das barreiras comerciais, aumento da
anuais em saneamento básico se elevarão integração econômica e fortalecimento
a uma média anual de R$ 14,5 bilhões (de das instituições de desenvolvimento e
2012 a 2020), decaindo a uma média de R$ melhoria da regulação ambiental;
11 bilhões nos anos seguintes (até 2030); • A estabilidade da moeda será preservada
• O Brasil experimentará um crescimento (isto é, inflação controlada) e haverá
saudável e sustentável baseado em dois mais rigor na austeridade da gestão da
períodos: (a) de 2011 a 2020, com uma taxa macroeconomia. O tripé formado pelo
de crescimento do PIB de 4,5% a.a. e (b) regime de metas de inflação, taxa de
de 2020 a 2030, com crescimento de 5,5% câmbio flexível e superávit primário
a.a. Tal projeção é compatível com uma deverá permanecer como a principal
relação Dívida/PIB decrescente, além de orientação da política macroeconômica
que se dará fortemente em torno de uma brasileira até 2030;
intensa integração externa (com aumento • O arrefecimento da inflação deverá
das exportações) e com a expansão do permitir a queda da relação Dívida/
mercado interno; PIB do setor público, embora se projete
• O Brasil passará por um importante uma queda do superávit primário, entre
crescimento no patamar dos investimentos, 2011 e 2020, ficando abaixo de 3% do PIB.
tanto do setor público quanto do privado. Contudo, a relação Dívida/PIB ainda deve
O Governo Federal conseguirá aumentar decair de 37,8%, em 2009, para 23,2%,
o patamar de investimentos públicos em em 2020. Dessa forma, o equilíbrio das
relação ao PIB (de 3,26%, em 2011, para finanças públicas deverá ser alcançado
4,54%, em 2025, e 3,69%, em 2030) com sem que os investimentos estruturadores
recursos oriundos do Orçamento Geral da e estratégicos sejam estrangulados;
União, emendas parlamentares e outros • Entre 2009 e 2030, tanto a participação
programas governamentais, à medida do Governo quanto a do setor privado
que a economia registrar elevadas taxas nos gastos de consumo no PIB deverão se
de crescimento; reduzir, cedendo lugar ao crescimento do
• Além de permitir maior atração de investimento.
337
Outras premissas importantes para a construção de cenários futuros e que foram assumidas na versão
preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos encontram-se dispostas no Quadro 6-2.
Gestão, gerenciamento, estabilidade e continuidade de políticas Avanços na capacidade de gestão com continuidade entre
públicas / participação e controle social mandatos
C
onsiderando os aspectos tratados nos tópicos anteriores, aqui serão discutidos os elementos fundamentais
à estruturação dos Cenários Prospectivos elaborados para o Plano Estadual de Resíduos Sólidos do
Espírito Santo.
338
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
339
Quadro 6-3 - Cenários para economia capixaba (2018 a 2040)
Cenário Característica Crescimento Econômico
O estado se pauta no desenvolvimento sustentável,
Alto crescimento econômico;
alinhado às tendências internacionais de
Promissor Economia diversificada;
competitividade, ciência e tecnologia, mantendo as
Crescimento superior ao brasileiro.
principais atividades baseadas nas vocações locais.
Marcado pela continuidade das características
Crescimento econômico moderado;
atuais: exportação de commodities baseada em
Concentração das atividades nos
logística dedicada (portos e aeroporto); indústria
Conservador padrões atuais e na faixa litorânea
de transformação e indústria extrativa sem grande
capixaba.
diversificação; economia fortemente dependente da
dinâmica internacional.
Baixo crescimento econômico;
Marcado pela desarticulação dos projetos de
Agravamento da concentração
desenvolvimento capixaba com agravamento dos
Pessimista econômica setorial e regional;
gargalos logísticos e pouca ênfase nas políticas
Agravamento dos impactos
ambientais e de sustentabilidade.
ambientais.
Fonte: Autoria própria
Conforme disposto na Figura 6-5, a situação brasileira, ainda que não tenham sido registrados
fiscal do Governo do Espírito Santo no período de 2015 impactos importantes no crescimento do PIB; (b)
a 2017 foi agravada por uma queda das Receitas Totais. melhora na gestão fiscal; e (c) aumento da receita
O panorama parece ter melhorado nos anos recentes, oriunda de transferência da União ao Estado.
tanto pelo retorno das taxas positivas de crescimento Quanto ao último ponto, o gráfico adiante
da Receita quanto por certa folga fiscal. (Figura 6-6) revela um aumento dos repasses da União
Ainda que pequena, essa relativa folga ao Espírito Santo, fundamentalmente explicado pelo
fiscal é importante tanto em relação à possibilidade de incremento do repasse de royalties e a participação
amortização de dívidas quanto ao aumento do leque especial quanto à exploração de petróleo e gás natural.
de investimento público, necessário, por exemplo, para Quanto às transferências tradicionais e constitucionais,
manter as condições de crescimento e dinâmica da também fica evidente que estas permaneceram estáveis,
economia capixaba. Neste sentido, o enriquecimento e até mesmo reduzidas em alguns casos específicos.
das contas públicas estaduais pode ser explicado a Ainda que pequena, essa relativa folga
partir de: (a) certa retomada da estabilidade econômica fiscal é importante tanto em relação à possibilidade de
340
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
Figura 6-5 - Receitas e Despesas Totais do Governo do Estado – Valores constantes 2018 (IPCA)
17,50
17,00
16,50
16,00
Bilhões de Reais
15,50
15,00
14,50
14,00
13,50
13,00
12,50
2014 2015 2016 2017 2018
341
Figura 6-6 - Repasses da União ao Espírito Santo – Valores constantes 2018 (IPCA)
6
4
Bilhões de Reais
0
2016 2017 2018
Figura 6-7 - Despesas consolidadas dos Governos Estaduais em relação à Receita Corrente Líquida – 2016
250%
232%
213%
203%
200%
175%
150%
103%
100% 94%
78%
73%
60% 58%
56%
50% 50% 26%
50% 45% 44% 42%
41% 40% 39%
35% 33%
30% 30%
14%
9%
3%
0%
RJ RS MG SP AL GO MS AC SE PE BA SC RO PI CE MA AM MT PR RR TO PB DF ES AP PA RN
342
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
Pela análise destes resultados, é evidente que a situação do Espírito Santo é bastante confortável em
relação aos demais por estar distante dos limites estabelecidos pela LRF. Não obstante, é importante ponderar que,
para o ano de 2018, em comparação com 2017, a Dívida Líquida Consolidada do Governo do Estado voltou a subir
(vide Figura 6-8). No entanto, ressalta-se que tal crescimento ainda não demonstra risco à sustentabilidade das
finanças estaduais.
Figura 6-8 - Dívida Líquida Consolidada do Espírito Santo – Valores constantes 2018 (IPCA)
4,00
3,75
3,50
3,18 3,14
3,00
2,57
2,50
Bilhões de Reais
2,11
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
2014 2015 2016 2017 2018
Para se conduzir uma análise da situação fiscal do Governo do Estado, foram levantados cinco indicadores,
conforme exibem os Quadros 6-4 a 6-8. Seus dados foram obtidos no Balanço Geral do Estado do Espírito Santo,
publicado pela Secretaria de Estado da Fazenda (SEFA/ES) e consolidado pelo Tribunal de Contas do Espírito Santo
(TCE-ES).
343
De forma agregada, esse indicador Analisando-o, nota-se um cenário de clara
apresenta o total de receitas e despesas do Estado, melhoria, com um expressivo resultado orçamentário
indicando suas condições de equilíbrio fiscal. Nele, positivo em 2017, conforme demonstra a Figura 6-9.
resultados fiscais positivos demonstram que a gestão No entanto, o valor do ano seguinte aponta para
conseguiu atingir, dentro de um mesmo exercício uma queda, embora esta ainda esteja muito longe
financeiro, uma receita (em todas as suas formas de comprometer o equilíbrio fiscal. Diante destes
de entrada) superior ao valor total das despesas resultados, é possível inferir que a crise econômica à
efetuadas no mesmo período. Quando negativo, qual o Brasil e, consequentemente, o Espírito Santo
indica o valor da necessidade de financiamento do foram submetidos contribuiu fortemente para a
setor público (NFSP). queda dos resultados fiscais positivos.
Figura 6-9 - Resultado Orçamentário Fiscal do Espírito Santo – Valores constantes 2018 (IPCA)
1,20
1,13
1,08
1,05
1,01
1,00
0,80
Bilhões de Reais
0,60
0,40
0,30
0,20
0,00
2014 2015 2016 2017 2018
344
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
De acordo com o Manual de Demonstrativos Fiscais do Governo Federal, esse indicador reflete o
impacto gerado pela política fiscal executada pelo Estado ao evidenciar o resultado fiscal do setor público livre
da “carga” dos déficits incorridos no passado. Sendo assim, a Figura 6-10 apresenta o Resultado Primário Fiscal
estadual atingido entre 2014 e 2018 (representado por uma linha) em comparação com a meta estabelecida
para o mesmo período (ilustrada pelas barras), constantes no anexo de Riscos Fiscais da Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO).
Figura 6-10 - Resultado Primário Fiscal do Espírito Santo – Valores constantes 2018 (IPCA)
800,00
600,00 555,23
494,59 512,32
400,00 471,02
316,57
206,45
Milhões de Reais
200,00
0,00
2014 2015 2016 2017 2018
-200,00
-400,00
-600,00
-807,29 -831,46
-800,00
-973,83 -967,93
-1.000,00
Quando se observa o período, é notório que as metas foram fixadas no campo negativo, o que revela
a suposição, quando do planejamento, de que o Estado não conseguiria suprir as despesas financeiras com
os recursos próprios de cada exercício. Percebe-se, no entanto, que o valor atingido em termos de Resultado
Primário Fiscal foi positivo, inclusive se estabilizando em torno de R$ 500 milhões nos últimos anos. Sob a
ótica fiscal, valores positivos deste indicador revelam uma melhora na gestão das contas públicas no período
de análise.
345
Buscando a melhor avaliação do resultado embora esta volte a decair em 2018. Entretanto, essa
deste indicador, é fundamental uma análise ligeira queda não foi o suficiente para comprometer
conjunta do resultado primário perante o valor das a qualidade da gestão fiscal do Estado no período,
receitas primárias no mesmo período, o que pode conforme exposto anteriormente.
ser mensurado pelo terceiro indicador em estudo, A análise do cenário macroeconômico
o Resultado Primário Marginal. Este apresenta a brasileiro e seus rebatimentos na economia capixaba
relação entre o que foi atingido pelo Estado frente apontam para uma necessidade de prudência na
sua possibilidade (Receita Primária), isto é, indica gestão fiscal do Governo, sobretudo em função
qual a dimensão do resultado obtido diante da das indicações de que o período de dificuldades
margem disponível total. econômicas deve se prolongar ainda nos próximos
Neste contexto, a Figura 6-11 apresenta o anos. Assim, embora se possa dizer que a ligeira
valor do Resultado Primário Marginal apurado no queda no indicador seja um reflexo da crise
período de 2016 a 2018. Sua análise evidencia que, econômica, e não queda na qualidade da gestão,
de 2016 para 2017, houve uma importante melhora,
Figura 6-11 - Resultado Primário Marginal do Espírito Santo – Valores constantes 2018 (IPCA)
4,00%
3,56%
3,46%
3,50%
3,00%
2,50%
2,30%
2,00%
1,50%
1,00%
0,50%
0,00%
2016 2017 2018
346
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
uma tendência continuada da diminuição poderia aumentar a dificuldade do Governo Estadual em continuar
cumprindo com suas despesas fiscais e financeiras ao longo dos próximos anos.
Em termos do Resultado Operacional Líquido, sua importância está relacionada ao fato de que ele
apresenta uma situação simulada na qual o Estado, por ter atingido seu nível máximo de endividamento nos
termos da Lei de Responsabilidade Fiscal, não poderia contrair novos empréstimos ou não poderia abrir mão
de outras receitas financeiras ou, para aumentar o rigor fiscal, partisse da decisão de não aumentar o seu nível
de endividamento. Deste modo, teríamos a situação demonstrada na Figura 6-12.
Conforme demonstrado pelo gráfico, caso o Estado optasse por arcar com suas despesas totais
(primárias e financeiras), bem como amortizar parte de sua dívida e recorrer a receitas financeiras durante
os exercícios analisados, não seria possível arcar com seus compromissos, já que os valores se expressam
negativos para o período. Cabe ressaltar, entretanto, que à medida que esse valor se aproxima do campo
positivo, indica que o Estado poderia cumprir com tal objetivo nos próximos anos, desde que essa tendência
continuasse e não houvesse grandes alterações em suas despesas.
Figura 6-12 - Resultado Operacional Líquido do Espírito Santo – Valores constantes 2018 (IPCA)
0,00
2016 2017 2018
-0,06
-0,20
-0,40
-0,43
-0,60
Bilhões de Reais
-0,80
-1,00
-1,20
-1,40
-1,60
-1,58
-1,80
Fórmula de cálculo: Dívida Fiscal Líquida (Ano n) – Dívida Fiscal Líquida (Ano n-1)
Fonte: Autoria própria
347
Finalmente, outro indicador de condição fiscal.
fundamental importância na análise da gestão Como se observa na Figura 6-13, o Espírito
fiscal das contas estaduais é o Resultado Nominal, Santo apresentou Resultados Nominais negativos
que mede a variação da dívida fiscal em cada ano. nos anos de 2016 e 2017. Isso significa que a dívida
Nele, a indicação de um resultado positivo retrata fiscal líquida capixaba diminuiu neste período,
o crescimento do endividamento, evidenciando um embora tenha sido registrado um aumento para o
agravamento das condições fiscais. Ao contrário, ano de 2018, demonstrando uma piora na situação
um valor negativo significa uma queda da Dívida fiscal.
Fiscal Líquida, resultando numa melhora na
Figura 6-13 - Resultado Nominal do Espírito Santo – Valores constantes 2018 (IPCA)
1,00
0,50 0,46
0,00
Bilhões de Reais
-0,50
-1,00
-1,02
-1,50
-1,57
-2,00
Mesmo com um incremento positivo da Dívida Fiscal Líquida no último ano de análise, vale
mencionar que o Estado ainda se encontra em situação muito confortável quando se analisa seu endividamento
sob as métricas da Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece que a Dívida Fiscal Líquida não poderá
ultrapassar 200% da Receita Corrente Líquida. Sob tal ótica, a Tabela 6-4 mostra os valores registrados para o
Espírito Santo, deixando claro que não há, para o período analisado, nenhum risco de descumprimento dos
parâmetros da LRF.
Finalmente, conclui-se que as finanças públicas do Governo do Espírito Santo têm apresentado um
panorama de melhoria, demonstrando uma situação favorável. No entanto, embora esta seja assertiva por
uma situação favorável, não descuida em indicar a necessidade de monitoramento das condições fiscais do
Governo, uma vez que este apresentou, ainda que ligeiramente, uma deterioração de suas contas – mesmo
que isso ainda esteja longe de significar uma desestruturação das contas públicas. Deste modo, os dados
discutidos apontam para um processo em que há uma melhoria na capacidade de investimento, mas que se
consolidará apenas se a disciplina fiscal permanecer pelos próximos anos.
348
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
Tabela 6-4 - Dívida Fiscal Líquida do Espírito Santo em relação ao limite da LRF
Ano Percentual ES / Limite LRF
2016 26,48% / 200%
2017 17,34% / 200%
2018 18,95% / 200%
Fonte: Adaptado do Balanço do Estado/Painel de Controle-TCE/ES
349
da população, sobretudo devido à continuidade das interacionais, distanciando-se das posições de
principais características e vetores de crescimento que maior competitividade. Sem alinhamento com as
marcaram a economia capixaba nos últimos anos. transformações científicas e tecnológicas, os problemas
A pior situação para a economia capixaba de sustentabilidade e as consequências socioambientais
é concretizada no Cenário Pessimista. Neste, além que precisa enfrentar se intensificarão ainda mais.
da permanência de uma economia concentrada Levando-se em consideração os estudos do
(tanto setorial quanto geograficamente), o grau de IJSN (2018) e Espírito Santo (2013), as taxas médias de
concentração desta avançará ainda mais, intensificando crescimento anual do PIB capixaba deverão ficar em
a desigualdade econômica estrutural. Enquanto a torno de 2,5% ao ano de 2018 a 2040. Diante disto, o
Região Metropolitana consolidará seu protagonismo Espírito Santo não será capaz, de promover mudanças
(acompanhada pelos municípios litorâneos), as demais nos níveis e nas condições de renda da população,
Regiões passarão a enfrentar dificuldades ainda visto a perda de competitividade e os desalinhamentos
maiores para promover seu desenvolvimento, sem científicos e tecnológicos.
condições de sustentar sua infraestrutura de oferta de O Quadro 6-9 resume as principais
serviços sociais. características dos três Cenários Prospectivos
Nesse caso, a economia capixaba não delineados neste Plano Estadual de Resíduos Sólidos.
acompanhará as principais mudanças nos mercados
350
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
N
as seções anteriores foram elencadas as sistematizadas. O fato de algumas das variáveis
variáveis estratégicas que representam o do levantadas se apresentarem como “sem informação”
status quo da gestão dos resíduos sólidos no corresponde a um desafio em várias vertentes,
Espírito Santo. Foi apresentado um amplo tais como: gestão pública, legislação, fiscalização
conjunto de informações sistematizadas acerca do e adequação de conduta. Embora exista uma certa
diagnóstico técnico e de outros estudos, além de terem limitação, estes indicadores são o que há de mais atual
sido apontadas as tendências de desenvolvimento e confiável acerca do gerenciamento das referidas
socioeconômico observadas no passado recente, tipologias de resíduos no Estado.
com destaque à influência de estratégicos vetores de Para a construção dos três Cenários
desenvolvimento. Também foi elaborado um panorama Prospectivos no que se refere às tipologias de resíduos
das capacidades administrativas municipais para a sólidos, o comportamento futuro das variáveis
gestão dos resíduos sólidos urbanos, o que serve de levantadas foi extrapolado, de forma que os resultados
termômetro para a mensuração do grau de adequação alcançados foram comparados, quando possível, com
da gestão pública para lidar com os desafios a serem metas estipuladas legalmente ou com padrões de
impostos pelo PERS-ES. referência disponíveis na literatura. O conjunto de
Para cada tipologia de resíduo em estudo informações apuradas evidenciou que no espectro
foram então identificadas as variáveis passíveis de atual existem variáveis em diferentes estágios
parametrização em termos dos Cenários Prospectivos, de adequação, não representando, portanto, uma
conforme disposto no Quadro 6-10 adiante. Estas realidade homogênea dentro de cada Cenário.
correspondem aos resultados obtidos na etapa do É importante ressaltar que os valores
diagnóstico técnico e refletem todo o esforço de apresentados não se caracterizam como metas para
pesquisa voltado à consolidação do panorama estadual. ações que serão propostas neste Plano. Tratam-
Apesar disso, cabe ressaltar que em muitos se apenas de estimativas que possivelmente serão
casos as prefeituras, empresas, empreendimentos alcançadas pelas variáveis de referência, caso cada um
e/ou instituições entrevistadas não forneceram ou dos Cenários se estabeleça no futuro.
sequer possuíam as informações organizadas e
351
Quadro 6-10 - Valoração das variáveis de referência para cada Cenário Prospectivo
352
Tipologia Variável Unidade Cenário Atual ES (2018) Cenário Promissor Cenário Conservador Cenário Pessimista
Cobertura da coleta convencional População 94,45% 100% Manter Menor que a atual
Menor ou igual ao
Cobertura da coleta seletiva População 28,18% 100% Crescimento (<100%)
atual
Disposição adequada Município 87,18% 100% Manter Menor que a atual
Existência de PMGIRS Município 97,44% 100% 100% Manter
Classificação PMGIRS Município 69,8% (43 municípios) 100% bom Crescimento (<100%) Manter
RSU A partir do nível Majoritariamente a
Grau de Capacidade Técnica Município Majoritariamente nível I Manter
IV partir do nível III
Majoritariamente não
Coeficiente de Miscigenação Município miscigenada (92,86% de 42 100% Miscigenada Crescimento (<100%) Manter
municípios)
Aumento no
Coeficiente de Planejamento de 31% adequada e 28,7% regular 100% no mínimo
Município Manter percentual de
Lideranças (42 municípios) regular
inadequação
Registro de geração de RSPS Massa 62% 100% Crescimento (<100%) Manter
Manejo adequado de RSPS Massa Sem informação 100% Avançar Manter
RSPS
Disposição adequada Massa 72% 100% Manter Menor que atual
Existência de PGRS Sistema 71% 100% Melhoria (<100%) Manter
Existência de PMGRCC Município Sem informação 100% 100% Manter
Legislação RCC Município 32% 100% Melhoria (<100%) Manter
Controle dos pontos de disposição
Municípios 31% 100% Melhoria (<100%) Manter
irregular
100% grandes
Existência de PGRCC Empreendimento 35% Melhoria (<100%) Manter
geradores
Fiscalização do atendimento ao
Município 36% 100% Melhoria (<100%) Manter
RCC PMGRCC
Registro de geração de RCC Empreendimento 22% 100% Melhoria (<100%) Manter
Disposição adequada Empreendimento 51% 100% Melhoria (<100%) Manter
Classe A (33%), Classe B (50%) e
Classe D (27%).
Reciclagem As obras não souberam Classe A (50%)
Massa Manter Manter
(grandes geradores) informar a destinação de classe B (80%)
seus RCC Classe C, além de
tratamento biológico (33%)
Tipologia Variável Unidade Cenário Atual ES (2018) Cenário Promissor Cenário Conservador Cenário Pessimista
353
| PERS
como a implantação de um cadastro estadual digital Especificamente para o setor de saneamento,
georreferenciado e a desburocratização dos processos foi exposto a necessidade de capacitação continuada
de licenciamento de empreendimentos de destinação de agentes municipais para priorização na contratação
de resíduos e disposição de rejeitos. Verificou-se de tecnologias sustentáveis de tratamento de água e
também o desejo de uma ampliação de campanhas esgoto. Já na categoria de Transbordo, Armazenamento,
de conscientização e comunicação continuada dos Tratamento e Destinação (TATD), observou-se o
cidadãos, motivado principalmente pelos seguintes interesse na desoneração da carga tributária para
objetivos: redução e segregação correta dos resíduos; empresas que realizam o gerenciamento de resíduos.
informação sobre cronogramas de coleta convencional, Finalmente, no âmbito das aspirações
especial e seletiva; incentivo à adesão à rede de técnicas (tanto ambientais quanto sanitárias) também
esgotamento sanitário municipal; informação acerca houve bastante congruência entre o conteúdo dos
de cobertura de coleta de esgoto e da qualidade do planos municipais e o que foi averiguado durante
efluente tratado; e destinação adequada de resíduos, as Oficinas Regionais e as visitas realizadas para a
com destaque aos resíduos de saúde do tipo home care. elaboração do diagnóstico. No total, as demandas foram
O fomento à pesquisa para desenvolvimento reunidas em torno de 30 aspirações comuns. Estas
de ciência, tecnologia e inovação também foi identificado envolvem expectativas específicas à infraestrutura,
como aspiração comum aos representantes de quase como a implantação de um aterro sanitário na região
todas as tipologias em estudo. As Organizações de Norte, a reabilitação de áreas degradadas, a adequação
Catadores de Materiais Recicláveis (OCMR) também de Estações de Transbordo e a instalação de usinas
foram citadas no que diz respeito ao aprimoramento de regionais voltadas tanto ao aproveitamento energético
seu sistema de auto-gestão, à melhoria das condições de rejeitos quanto à compostagem de resíduos
de trabalho e ao firmamento de parcerias com a orgânicos.
iniciativa privada. Das aspirações gerais, destacam-se algumas
Além desta, outras aspirações particulares de cunho mais normativo, como o reforço nos
merecem destaque, como a implantação de um sistema processos de fiscalização e revisão das legislações que
de rastreamento de caixa estacionária de coleta tenham incompatibilidades com a atual política de
de resíduos de construção civil, a desmistificação gestão de resíduos, além da busca pela ratificação dos
do reaproveitamento dos resíduos industriais e acordos setoriais estaduais e a implantação de sistemas
de mineração em outros processos industriais e a de informação digital para o controle da geração.
designação de uma autarquia especial para regular Também foram verificadas demandas na capacitação
os serviços de limpeza urbana, saneamento e de de agentes municipais no quesito licenciamento
gerenciamento de resíduos de saúde, construção civil ambiental e aspectos gerais de legislações específicas,
e de serviços de transporte. na mensuração adequada da geração de resíduos nos
Quanto às aspirações econômicas, percebeu- municípios e na formalização de elementos de custos
se demandas organizadas em torno de 7 aspirações. e produtividade, de modo a facilitar e uniformizar o
De maneira geral, elas englobam a desoneração da processo de terceirização.
carga tributária da cadeia da reciclagem, o apoio Tratando-se dos resíduos sólidos urbanos,
técnico e jurídico à realização de cobrança por serviços foi verificada a expectativa de fomentar a ampliação da
e a cobrança ao poder público pela implementação e cobertura de coleta. Além disso, no âmbito do setores
operacionalização de etapas do gerenciamento dos minerário, industrial, agrossilvopastoril, transbordo,
resíduos de responsabilidade do gerador. O fomento armazenamento, tratamento, destinação e logística
e manutenção de consórcios públicos/soluções reversa, foi identificado o interesse na reestruturação
compartilhadas também foi uma aspiração levantada da Bolsa Capixaba de Resíduos.
pelos geradores de grande parte das tipologias de Os Quadros 6-11 a 6-13 mostram como as
resíduos em estudo, assim como o desejo pela criação aspirações vão se repetindo nas várias tipologias de
de linhas de crédito especiais para implantação e/ou resíduos. É interessante notar como as demandas
ampliação da infraestrutura de coleta e transporte e/ou aparecem de diversas formas, embora organizem-se
de unidades de beneficiamento e reciclagem. em um bloco comum de aspirações.
354
Quadro 6-11 - Aspirações Sociais para o gerenciamento de resíduos sólidos
Reforçar estrutura de apoio e treinamento permanentes para utilização de EPI, carteira de vacina
em dia, pagamento de insalubridade e avaliação da saúde do trabalhador para servidores e
terceirizados dos serviços de coleta e triagem (S);
Implantar redes de OCMR para aprimoramento de sistema de auto-gestão e comercialização
centralizadas (S; T; PM);
Designar autarquia especial ou outro ente da administração indireta, para regular e/ou
fiscalizar o serviço de limpeza urbana e gerenciamento de resíduos sólidos (S; PM);
Implantar um cadastro estadual digital georreferenciado com a descrição das empresas com
licenças válidas para os serviços de destinação e disposição de resíduos sólidos (S; T);
Fomentar pesquisa para desenvolvimento de Ciência, Tecnologia e Inovação - CT&I (T, S).
Fomentar a ampliação de parcerias de empresas privadas com OCMR para doação da fração
reciclável de resíduos sólidos (T);
Prognósticos e Proposição de Cenários
Ampliar parcerias com a iniciativa privada para discutir elementos das políticas de resíduo,
elaboração de projetos de gerenciamento de resíduos e seus efeitos no licenciamento de
atividades potencialmente poluidoras (T; S);
Desmistificar a aplicação de resíduos sólidos em processos industriais como matéria prima
secundária (S);
355
Fonte: Autoria própria
| PERS
Quadro 6-12 - Aspirações Econômicas para o gerenciamento de resíduos sólidos
356
Aspirações RSU RSPS RCC RSS RST RM RI RAA RLRO TATD
Implantar aterros sanitários para atender a região Norte (S; PM; PB; T);
Contratar estudo de viabilidade econômica para a instalação de usinas regionais para
aproveitamento energético de lodos de estação de tratamento de esgoto e compostagem para
destinação de rejeitos (S; T; PM).
implementação de regras para contratação de serviços e obras públicas que incorporem o uso
de matérias primas recicladas (S; T);
Revisar/fomentar a revisão das legislações que tenham incompatibilidades com a atual política
de gestão de resíduos (T);
Implantar/ampliar programa de capacitação continuada de agentes municipais sobre
357
licenciamento ambiental e aspectos gerais da legislação específica de gestão de resíduos (S; BB);
| PERS
Aspirações RSU RSPS RCC RSS RST RM RI RAA RLRO TATD
358
Implantar programa de capacitação continuada de agentes municipais sobre operação
sustentável dos serviços públicos e PGRS (S; T);
Instalar ou cobrar a instalação de balanças para a quantificação dos resíduos sólidos (S; T);
Fomentar a criação de instituição privada para gestão de resíduos sólidos (S; T);
Reforçar estrutura para fiscalização do cumprimento de Atos Normativos editados pelo Poder
Executivo vigente (T; S);
Ampliar programa de capacitação continuada de geradores sobre licenciamento ambiental e
aspectos gerais da legislação específica de gestão de resíduos (S);
Fonte: Autoria própria
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
A
dimensão estratégica de um processo de propostos, aquele que apresenta condições de fornecer
planejamento, especificamente a elaboração um avanço necessário e adequado ao panorama atual,
de cenários alternativos futuros, tem por considerando as capacidades administrativas atuais e
objetivo identificar, dimensionar, analisar as almejadas, é o Cenário Promissor. Este é o único
e prever a implementação de diferentes modos de que apresenta condições de fornecer um avanço no
intervenção (inclusive de emergências e contingências). gerenciamento dos resíduos sólidos no Espírito Santo,
Visa, portanto, ao atendimento das demandas e e, alinhando-o com grande parte das premissas
prioridades da sociedade. estabelecidas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos,
Uma vez que as aspirações sociais, objetiva-se que ele oriente a definição de instrumentos
econômicas e técnicas são muitas, as expectativas de intervenção e os programas estratégicos que terão
a serem atendidas no período dimensionado são seus parâmetros de sustentabilidade avançando
elevadas e necessitarão de um avanço considerável das simultaneamente com a economia capixaba.
estratégias de gestão para cada tipologia de resíduo. Vale destacar a consonância desta escolha
Então, é necessário que se proceda com a seleção com outros documentos de planejamento elaborados
daquele que será o cenário de referência capaz de para o Estado, como o Plano de Desenvolvimento
melhor incorporar as demandas apontadas. Neste Espírito Santo 2030 (ES 2030), o Projeto Setores
sentido, dentre os três cenários propostos, aquele que Portadores de Futuro para o Estado do Espírito Santo
apresenta condições de fornecer um avanço necessário 2035 e o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado
e adequado ao panorama atual, considerando as da Região Metropolitana da Grande Vitória (PDUI).
capacidades administrativas atuais e as almejadas, é o Alguns dos elementos que merecem destaque nestes
Cenário Promissor. são:
Percebe-se que o cenário atual do
gerenciamento dos resíduos sólidos no Espírito Santo a) Em vista das possíveis perspectivas
configura-se como referência à construção do Cenário de desenvolvimento econômico e
Conservador, embora este ainda conte com inúmeros social, a recente dinâmica da economia
desafios a serem vencidos. No caso de sua manutenção, capixaba se mostrou apta à atração de
isso apenas demonstraria que o Estado seria incapaz novos empreendimentos, bem como à
de atender às aspirações levantadas, bem como falharia sua diversificação pela construção de
na produção de resultados satisfatórios às soluções já infraestruturas modernas que articulem,
modeladas. de forma integrativa, elementos
Já no caso do Cenário Pessimista, sua função estratégicos que sejam essenciais ao
é somente didática. Seus indicadores econômicos desenvolvimento capixaba;
apresentam tendências negativas, ou seja, não só b) Quando da elaboração do ES 2030, o
eles se mostram cada vez mais preocupantes, como Governo do Estado apresentou três
também as condições existentes de gestão. Trata- cenários prospectivos para o Espírito
se de uma situação com a qual se deseja romper Santo em 2030: (i) Avançar com Inovação
completamente, e por essa razão não deve ser o (otimista); (ii) Reproduzir com crescimento
principal parâmetro de planejamento. Apesar disso, (continuidade) e (iii) Retroceder com
quando se considera a verificação dos motivadores que desigualdade (pessimista). Em vista dos
podem culminar na situação pessimista, tem-se uma estudos e levantamentos efetuados na
referência para as intervenções necessárias à reversão ocasião, o Governo optou pelo primeiro,
do quadro negativo, servindo também como base uma vez que:
para a construção de programas, projetos e ações que “As características vinculadas ao cenário
visem ao rompimento de qualquer tendência negativa. “Avançar com Inovação” projetam o
Esse é o tipo de cenário que Franco (2007) caracteriza Estado à consolidação do seu novo ciclo
como “Projetivo”, em que haveria uma extrapolação de desenvolvimento: integração com
dos fatores negativos, que moldaram o passado, diversificação e sofisticação, pois as condições
influenciam o presente, e são determinantes para o do presente são amplamente favoráveis à
planejamento futuro. construção do futuro desejado; ademais, as
Neste sentido, dentre os três cenários bases para sua construção já foram lançadas
359
desde os primeiros anos do século XXI” paradigma vigente de crescimento, baseado no
(ESPÍRITO SANTO, 2013). volume de exportações de commodities. Esse
c) Já o PDUI também fez um exercício de cenário contempla uma sociedade com elevado
cenarização, empregando os mesmos padrão educacional, empreendedora, capaz de
cenários do ES 2030, porém de forma transformar a sua realidade a partir de suas
atualizada. Em sua análise, também potencialidades e de seus recursos naturais,
optou pelo cenário otimista, apontando de forma sustentável e diversificada, tendo
para isso a seguinte justificativa: a ciência e a tecnologia como instrumentos
para inovar e levar o desenvolvimento às
“O Cenário Avançar com Inovação suas regiões e, consequentemente, ao Estado”
representa o que chamamos de terceiro ciclo (IJSN, 2018).
de desenvolvimento do Espírito Santo. O
terceiro ciclo fundamenta-se na sociedade Por fim, tendo em vista a escolha do Cenário
do conhecimento na qual os capitais social e Promissor, o Quadro 6-14 apresenta uma caracterização
institucional são centrais para o alcance de das condicionantes voltadas à implementação do
melhores índices de desenvolvimento social, PERS-ES.
ambiental e econômico, rompendo com o
360
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
F
eita a escolha do cenário de referência, a foram então transformadas em taxas empregadas nos
etapa seguinte traduziu-se na projetação cálculos de geração até o ano de 2040.
dos quantitativos de geração das diferentes Neste contexto, o Quadro 6-15 apresenta os
tipologias de resíduos sólidos ao longo do principais elementos consideradas nas projeções de
horizonte de implementação deste Plano. Além das cada tipologia. Adicionalmente, os resultados obtidos
estimativas feitas para o ano de 2017, também foram encontram-se ilustrados nas Figuras 6-14 e 6-15, sendo
analisados os principais fatores julgados capazes de esta específica aos resíduos com logística reversa
influenciar o crescimento de cada setor. Tais elementos obrigatória (RLRO).
Quadro 6-15 - Elementos empregados nas projeções das tipologias de resíduos sólidos
361
Figura 6-14 - Projeção da geração das tipologias de resíduos sólidos em estudo (2018-2040)
Milhões de toneladas
35
30
25
20
15
10
5
0
250
200
Mil toneladas
150
100
50
-
2017 2018 2019 2020 2025 2030 2035 2040
362
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
F
eita a escolha do Cenário Promissor e o cálculo outros ainda em desenvolvimento. Dessa forma, não se
das projeções futuras de geração, busca-se trata de apenas propor novas diretrizes, mas de ajustar
agora elencar as diretrizes e estratégias que aquelas já existentes ao Plano, consolidando então as
representam as orientações fundamentais para políticas da área em questão.
o pleno atendimento das premissas de sustentabilidade Sendo assim, abaixo são detalhadas as
estabelecidas pelas Políticas Nacional e Estadual de quatorze diretrizes e suas respectivas estratégias
Resíduos Sólidos. construídas para a implementação deste Plano. Além
Considerando então a evolução na dos elementos supracitados, é importante ressaltar
implementação de políticas públicas no âmbito dos que sua concepção também contemplou as aspirações
resíduos, percebeu-se que no Estado já existem diversas sociais, econômicas e técnicas apontadas pelos diversos
diretrizes e estratégias incorporadas, especialmente setores que participaram ativamente na construção do
na esfera do programa Espírito Santo Sem Lixão e de PERS-ES.
Diretriz 1 - Erradicação dos lixões e aterros controlados e promoção da disposição final ambientalmente adequada
em aterros sanitários.
Estratégias:
E1.1. Reforçar estrutura de apoio do Programa “Espírito Santo Sem Lixão”, para assegurar a eliminação
das práticas inadequadas e proposição de solução compartilhada na forma dos Consórcios Públicos
já existentes;
E1.2. Apoiar o CONORTE na elaboração de projetos e implantação de unidades de disposição final de
rejeitos, erradicando as formas inadequadas de disposição (lixão/aterro controlado) na região deste
consórcio;
E1.3. Apoiar os Consórcios Públicos na elaboração de estudos para ampliação ou adequação dos aterros
sanitários existentes;
E1.4. Fomentar a utilização de procedimentos de controle e monitoramento ambiental das áreas licenciadas
de disposição final;
E1.5. Reforçar a fiscalização e tratamento ambientalmente adequado dos lixiviados gerados em áreas
licenciadas;
E1.6. Elaborar de um Índice de Qualidade dos Aterros Sanitários (IQAS) para orientar ações de melhoria
e acesso a linhas de financiamento.
Diretriz 2 - Promover a universalização da prestação dos serviços de limpeza pública, coleta e destinação final de
RSU em zona urbana e rural dos municípios.
Estratégias:
E2.1. Apoiar os municípios na busca de soluções para ampliação da cobertura dos serviços de coleta
convencional de resíduos sólidos, com priorização para aqueles municípios com cobertura inferior
a 70% população;
E2.2. Apoiar os municípios na busca de soluções para implantação e ampliação da cobertura dos serviços
de coleta seletiva de resíduos sólidos, com priorização para aqueles municípios que ainda não
implantaram ou tem cobertura inferior a 20% população;
E2.3. Incentivar a implantação e ampliação da cobertura dos serviços de coleta seletiva de resíduos sólidos
em comunidades tradicionais e indígenas de forma diferenciada, atendendo às peculiaridades
locais;
E2.4. Fomentar a universalização de serviços de coleta e destinação final em comunidades tradicionais e
indígenas de forma diferenciada, atendendo às peculiaridades locais;
E2.5. Apoiar a disseminação da informação e comunicação à população sobre as formas de coleta
convencional e seletiva, sua regularidade e procedimentos, para possibilitar que os resíduos sejam
destinados adequadamente.
363
Diretriz 3 - Redução dos resíduos sólidos dispostos em aterros sanitários.
Estratégias:
E3.1. Estimular a implementação da compostagem da parcela orgânica dos RSU e RAA;
E3.2. Realizar estudo para implantação de usinas de compostagem regionais, atendendo a regionalização
dos Consórcios Públicos, para destinação da fração orgânica dos resíduos sólidos;
E3.3. Fomentar a implantação de empreendimentos que utilizem os resíduos orgânicos como insumos;
E3.4. Ratificar Acordos Setoriais Estadual para os resíduos com logística reversa obrigatória;
E3.5. Reforçar a estrutura de fiscalização da execução dos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos;
E3.6. Desenvolver índices que permitam classificar os estabelecimentos comerciais e prestadores de
serviços em função do volume de resíduos gerados, de forma que sejam estabelecidos procedimentos
diferenciados para aqueles estabelecimentos classificados como grandes geradores, conforme
preconiza a PNRS;
E3.7. Incentivar a adoção de tecnologias e processos que minimizem a quantidade de rejeitos destinados
à disposição final;
E3.8. Fomentar a pesquisa e o desenvolvimento, visando tecnológicas sustentáveis e econômicas para
reciclagem e aproveitamento energético dos resíduos sólidos, consideradas as especificidades
regionais;
E3.9. Promover a desburocratização dos procedimentos para reaproveitamento de resíduos sólidos como
insumos em outros processos;
E3.10. Estimular a adoção da agenda ambiental na administração pública implantada nas instituições
públicas do estado do Espírito Santo;
E3.11. Incentivar a compostagem domiciliar, quando de baixo volume gerado;
E3.12. Promover eventos e ações para a difusão tecnológica e de conhecimentos dos processos de
biodigestão e compostagem;
E3.13. Reforçar, nos programas permanentes de educação ambiental, a importância da redução da
geração, reutilização e reciclagem dos resíduos sólidos;
E3.14. Criar selo ambiental ou programa de certificação ambiental para as empresas que adotam medidas
para a redução da geração de resíduos sólidos.
Diretriz 5 - Promoção do aproveitamento energético dos gases gerados pelo tratamento e disposição final de
resíduos sólidos.
Estratégias:
E5.1. Fomentar a realização de estudos de viabilidade técnica e econômica para sistemas de captação e
utilização dos gases gerados nos aterros sanitários;
E5.2. Desenvolver mecanismos de incentivo à geração de energia por meio do aproveitamento dos gases
provenientes da disposição final, sempre que viável;
E5.3. Verificar a convergência dos mecanismos de incentivo com os instrumentos econômicos propostos na
Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC) ou outros como o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL) que auxiliem projetos para o reaproveitamento energético dos gases gerados.
364
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
365
FUNDEMA e FUNDAGUA;
E8.5. Incentivar a melhoria das capacidades administrativas municipais e estaduais envolvidas na
implementação das políticas e planos de resíduos sólidos;
E8.6. Implantar programa de capacitação permanente e continuado de capacitação gerencial e técnica dos
gestores públicos envolvidos, inclusive licenciamento e aspectos gerais da legislação específica de
gestão de resíduos, levando em consideração as especificidades das comunidades locais;
E8.7. Desenvolver e implantar o Sistema de Informação e Inventário de Resíduos Sólidos do Estado do
Espírito Santo – Sinir/ES que forneça um banco de dados de rastreamento com informações sobre
cada etapa do gerenciamento de resíduos sólidos e os setores envolvidos;
E8.8. Implantar o Sistema Estadual digital auto declaratório integrado de gestão dos serviços limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos, com capacitação dos agentes para sua adequada utilização;
E8.9. Reforçar estrutura de fiscalização da execução dos planos de gerenciamento de resíduos sólidos;
E8.10. Fortificar a estrutura de fiscalização e controle do órgão ambiental visando acompanhamento da
implementação das ações do PERS-ES;
E8.11. Assegurar a implementação do Plano Estadual de Resíduos Sólidos, bem como sua revisão, a cada
4 (quatro) anos.
Diretriz 10 - Regulação da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
Estratégias:
E10.1. Impulsionar a universalização dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos de forma a garantir a sua regularidade e qualidade;
E10.2. Apoiar os municípios no desenvolvimento de procedimentos contábeis que permitam a correta
identificação das despesas municipais com as diversas ações vinculadas ao gerenciamento dos
resíduos sólidos;
E10.3. Apoiar os municípios no desenvolvimento de metodologia para cálculo de prestação de serviços
ambientais realizados pelas OCMR;
E10.4. Apoiar os municípios e consórcios públicos no desenvolvimento e adoção de mecanismos de
cobrança que assegurem a recuperação dos custos dos serviços prestados em nível municipal e
para a solução consorciada;
E10.5. Oferecer apoio técnico e jurídico na descrição e promulgação de legislação municipal para cobrança
pelos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos;
E10.6. Oferecer apoio técnico e jurídico na promulgação de legislação municipal para realização de
cobrança ao poder público pela implementação e operacionalização de etapas do gerenciamento
dos resíduos de responsabilidade do gerador;
E10.7. Determinar elementos mínimos de composição de custos e produtividade para os serviços públicos
366
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos para serem utilizados como valores de referência
para licitação, regulação e controle;
E10.8. Designar autarquia especial ou outro ente da administração indireta, para regular e/ou fiscalizar o
serviço de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos;
E10.9. Definir responsabilidades (inclusive financeira) pelo gerenciamento de resíduos de concessões e
Parcerias Público-Privadas (PPP) celebrados pelo Estado.
Diretriz 12 - Estabelecimento de regras para o acesso a recursos do Estado destinados às ações e programas de
interesse na área de resíduos sólidos.
Estratégias:
E12.1. Aprimorar os mecanismos de acesso às verbas estaduais para a gestão de resíduos aos municípios
que possuam Planos Municipais de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos adequadamente
revisados;
E12.2. Priorizar propostas de soluções intermunicipais ou consorciadas;
E12.3. Priorizar propostas que incluam OCMR;
E12.4. Priorizar propostas de municípios que tenham fornecido as informações requeridas pelo Sistema
de Informação e Inventário de Resíduos Sólidos do Estado do Espírito Santo – Sinir/ES;
E12.5. Priorizar propostas de municípios que tenham instituído legalmente as medidas de cobrança pelos
serviços prestados;
E12.6. Priorizar propostas de municípios que tenham avançado na implementação da educação ambiental
conforme determinado em seus PMGIRS.
Diretriz 13 - Reforçar as ações de educação ambiental visando a não geração de resíduos sólidos, a produção e
consumo sustentáveis.
Estratégias:
E13.1. Reforçar as ações de educação ambiental vinculadas aos resíduos sólidos no Programa Estadual de
Educação Ambiental, adequando às necessidades do PERS-ES;
E13.2. Ampliar programas continuados de conscientização e capacitação de cidadãos para redução,
segregação e disponibilização adequada de resíduos secos e úmidos, incluindo resíduos sujeitos a
logística reversa obrigatória;
367
E13.3. Reforçar estrutura para ampliação de programas de comunicação continuada de cidadãos sobre
cronogramas de coleta convencional, especial e seletiva;
E13.4. Reforçar a importância da atuação das OCMR na coleta seletiva nos programas de educação
ambiental junto à população, empresas e setor público;
E13.5. Elaborar material de apoio que auxilie nas distintas ações de educação ambiental vinculadas aos
resíduos sólidos no Programa Estadual de Educação Ambiental;
E13.6. Verificar se os projetos de educação ambiental nas escolas rurais envolvem o aprendizado de
técnicas ambientalmente adequadas para destinação de resíduos agrossilvopastoris;
E13.7. Definir como os sistemas de logística reversa vão apoiar as ações do no Programa Estadual de
Educação Ambiental e dos projetos de educação ambiental dos municípios capixabas;
E13.8. Retomar/reativar o Programa Capixaba de Materiais Reaproveitáveis..
Diretriz 14 - Adequação do manejo das diferentes tipologias de resíduos sólidos e estratégias específicas visando
atendimento às políticas vigentes.
Estratégias por tipologia:
368
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
planejamento territorial;
E14.2.10. Fomentar pesquisa para desenvolvimento de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) visando
tecnológicas sustentáveis e econômicas para reciclagem e aproveitamento energético dos RSPS.
369
de tratamento de RSS ou disposição final de rejeitos em conformidade com os instrumentos de
planejamento territorial;
E14.4.12. Fomentar pesquisa para desenvolvimento de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) visando
tecnológicas sustentáveis e econômicas para tratamento dos RSS.
370
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
371
distribuidores e comerciantes, de forma independente dos serviços públicos de limpeza urbana;
E14.9.4. Verificar a cobertura dos sistemas de logística reversa nas áreas rurais;
E14.9.5. Fiscalizar o cumprimento das metas estabelecidas nos acordos setoriais nacional e estadual,
evitando o desequilíbrio de práticas de coleta e destinação adequada entre os municípios capixabas;
E14.9.6. Definir como os sistemas de logística reversa de embalagens em geral vão apoiar os sistemas
municipais de coleta seletiva e envolver as OCMR no Estado;
E14.9.7. Fomentar a criação de instituição privada para apoio na gestão de resíduos de logística reversa
obrigatória;
E14.9.8. Fomentar a participação dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de RLRO
no sistema auto declaratório informando a geração, coleta, tratamento e disposição final.
6.10 METAS
A
s diretrizes e estratégias detalhadas para garantir ou possibilitar o atendimento à meta no
na seção anterior possuem diferentes final do período de implantação do PERS-ES. Além
impactos. As implicações de algumas disso, também foi contemplada a versão preliminar
podem ser percebidas rapidamente ou do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que fornece
até mesmo exigem maior priorização, refletindo, um guia sobre a distribuição dessa evolução das
consequentemente, em resultados mais rápidos. metas ao longo dos anos. Neste, metas ambiciosas
Entretanto, outras envolvem ações continuadas, como foram distribuídas logo nos primeiros anos de
a educação ambiental, de modo que seus resultados implantação, como a total erradicação dos lixões em
sejam efetivamente percebidos apenas no longo prazo. todas as regiões do Brasil nos primeiros quatro anos
Portanto, considerando o horizonte de 20 anos para de implantação – o que já é sabido que não ocorreu.
implementação do PERS-ES (com suas revisões a cada Portanto, considerando a dificuldade na implantação
quatro anos), as metas definidas foram distribuídas de alguns projetos no Estado, verificou-se que propor
por quadriênio, da seguinte forma: metas muito ambiciosas para o primeiro e segundo
quadriênio não seria factível.
• 1º Quadriênio: até 4 anos; Dessa maneira, as metas foram propostas a
• 2º Quadriênio: entre 4 e 8 anos; partir da análise dos objetivos da implementação de
• 3º Quadriênio: entre 8 e 12 anos; cada diretriz, bem como da própria realidade do Estado.
• 4º Quadriênio: entre 12 e 16 anos; Optou-se então por seguir a mesma metodologia da
• 5º Quadriênio: entre 16 e 20 anos. versão preliminar do PLANARES, ou seja, as metas
se apresentam em valores percentuais que incidirão
Ao final do primeiro quadriênio será sobre os resíduos gerados nos anos de implantação do
possível visualizar o resultado das ações imediatas, PERS-ES, bem como na sua projeção até 2040. Dentre
e caso a meta não tenha sido alcançada, deverão ser as metas propostas, destacam-se:
promovidas ações mais efetivas no momento da
revisão do Plano. Já ao final do segundo, as ações de • Completa erradicação das formas de
curto prazo devem ser efetivadas para assegurar o disposição final inadequada de resíduos
atendimento das metas. sólidos urbanos;
Por sua vez, o terceiro quadriênio envolve • Aumento gradual da cobertura da
as metas de médio prazo, enquanto o quarto trata coleta convencional, contemplando os
daquelas com resultado de médio a longo prazo. municípios mais críticos;
Consequentemente, o quinto e último quadriênio • Início e aumento continuado da coleta
refere-se às ações cujos resultados são percebidos seletiva, de modo a garantir sua
apenas no longo prazo. universalização ao final do período de
Para se então distribuir as metas ao longo implantação do Plano;
destes intervalos, foram considerados como referência • Implantação dos projetos de aproveitamento
os valores identificados no atual panorama capixaba e energético que sejam considerados viáveis
o que deve ser alcançado ao final de cada quadriênio técnica e economicamente;
372
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
373
Atual Quadriênio
Meta
(Dez/2018) 1º 2º 3º 4º 5º
Diretriz 5: Promoção do aproveitamento energético dos gases gerados pelo tratamento e disposição final de resíduos
sólidos
Aproveitamento energético dos gases gerados em
aterros sanitários ou no tratamento de resíduos, sempre Protótipo 5% 15% 30% 60% 100%
que viável técnica e economicamente*
Diretriz 6: Incentivo à reutilização e reciclagem de resíduos sólidos
Legislação estadual determinando obrigatoriedade da
- 100% 100% 100% 100% 100%
segregação dos resíduos gerados
Reciclagem de papel e papelão - 30% 40% 50% 55% 60%
374
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
Atual Quadriênio
Meta
(Dez/2018) 1º 2º 3º 4º 5º
Elementos mínimos de custos e produtividade para os
- 100% 100% 100% 100% 100%
serviços públicos de limpeza urbana e manejo de RSU
Legislação municipal estabelecendo cobrança por
42% 50% 100% 100% 100% 100%
serviços prestados de limpeza urbana e manejo de RSU
Legislação municipal estabelecendo cobrança por
serviços prestados para grandes geradores do setor de - 50% 100% 100% 100% 100%
comércio e serviços, RCC e RSS
Definir responsabilidades (inclusive financeira) pelo
gerenciamento de resíduos de concessões e Parcerias - 100% 100% 100% 100% 100%
Público-Privadas (PPP) celebrados pelo Estado
Revisar os contratos de concessão e Parceria Público-
Privadas (PPP) celebrados pelo Estado para verificar
eventual recomposição de seu equilíbrio econômico- - 50% 100% 100% 100% 100%
financeiro, conforme normas aplicáveis a estes
contratos
Diretriz 11: Aperfeiçoamento dos instrumentos fiscais e financeiros para implantação do PERS-ES
Legislação definindo tratamento tributário diferenciado
para processos de tratamento, reaproveitamento e - 0% 50% 100% 100% 100%
reciclagem de resíduos
Legislação definindo política de incentivo fiscal e
financeiro para empresas de tratamento e reciclagem de - 20% 60% 100% 100% 100%
resíduos
Linhas de crédito específicas para implantação de
- 20% 50% 100% 100% 100%
projetos do PERS-ES
Diretriz 12: Estabelecimento de regras para o acesso a recursos do Estado destinados às ações e programas de interesse
na área de resíduos sólidos
Legislação instituindo mecanismo de acesso às verbas
- 0% 100% 100% 100% 100%
estaduais para a gestão de resíduos sólidos
Diretriz 13: Reforçar as ações de educação ambiental visando a não geração de resíduos sólidos, a produção e consumo
sustentáveis
Implantação das metas dos projetos de educação
- 10% 25% 50% 80% 100%
ambiental dos PMGIRS
Redução da taxa de geração per capita de RSU por
- 0% 5% 10% 15% 20%
porte de município
Implantação e ampliação dos projetos de educação
ambiental envolvendo a coleta seletiva nas escolas da - 50% 100% 100% 100% 100%
rede estadual
Fonte: Autoria própria. *A viabilidade deverá ser determinada por estudo a ser realizado, conforme ação proposta (Ação
1, Projeto 5, Programa 4 – tópico 6.11, Quadro 6-36).
375
Quadro 6-17 - Proposição de metas por tipologia para o horizonte de implantação do PERS-ES
Quadriênio
Meta Atual (Dez/2018)
1º 2º 3º 4º 5º
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)
Fluxos otimizados de RSU - 10% 30% 50% 60% 70%
Inventário RSU coletado pela coleta
- 10% 35% 70% 100% 100%
convencional e seletiva
Resíduos dos Serviços Públicos de Saneamento (RSPS)
Inventário dos RSPS 62% 80% 100% 100% 100% 100%
Disposição adequada de RSPS 72% 80% 100% 100% 100% 100%
Existência de PGRS 71% 100% 100% 100% 100% 100%
Resíduos da Construção Civil (RCC)
Eliminar de disposição irregular de RCC - 30% 70%% 100% 100% 100%
Existência PMGRCC - 80% 100% 100% 100% 100%
Legislação RCC 32% 80% 100% 100% 100% 100%
Existência de PGRCC 35% 50% 80% 100% 100% 100%
Registro de geração de RCC 22% 50% 100% 100% 100% 100%
Disposição adequada RCC 51% 70% 90% 100% 100% 100%
Classe A (6%) Classe B
Reaproveitamento e reciclagem de RCC 10% 15% 20% 30% 40%
(13%)
Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)
Legislação municipal sobre ge-renciamento
22% 50% 100% 100% 100% 100%
de RSS
Existência de PGRSS 40% 60% 100% 100% 100% 100%
Registro de geração PGRSS 19% 50% 100% 100% 100% 100%
Tratamento e disposição adequa-da RSS 36% 50% 80% 100% 100% 100%
Resíduos de Mineração (RM)
Existência de PGRS 29% 50% 100% 100% 100% 100%
Registro de geração de RM 39% 60% 80% 100% 100% 100%
Disposição adequada RM - 80% 90% 100% 100% 100%
Reaproveitamento/reciclagem RM - 0% 20% 30% 40% 50%
Resíduos Industriais (RI)
Existência de PGRS 38% 50% 100% 100% 100% 100%
Registro de geração de RI 44% 60% 80% 100% 100% 100%
Disposição adequada RI 75% 80% 100% 100% 100% 100%
Reaproveitamento/reciclagem RI - 0% 20% 30% 40% 50%
Resíduos Agrossilvopastoris e Agroindustriais (RAA)
25% agroindustri-ais e
Existência de PGRS 50% 100% 100% 100% 100%
15% agros-silvopastoris
Registro de geração de RAA 22% 50% 80% 100% 100% 100%
Disposição adequada RAA 67% 75% 90% 100% 100% 100%
Reaproveitamento/reciclagem RAA - 0% 20% 30% 40% 50%
Resíduos de Serviços de Transporte (RST)
376
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
Quadriênio
Meta Atual (Dez/2018)
1º 2º 3º 4º 5º
Existência de PGRS 35% 0% 100% 100% 100% 100%
Ampliação da Coleta Seletiva - 20% 50% 80% 100% 100%
Disposição adequada 66% 75% 100% 100% 100% 100%
Resíduos com Logística Reversa Obrigatória (RLRO)
Registro de geração de RLRO - 100% 100% 100% 100% 100%
Acordos setoriais assinados * 100% 100% 100% 100% 100%
Inclusão nos PGRS - 50% 100% 100% 100% 100%
Coleta de RLRO - 30% 60% 80% 100% 100%
Registro PEV - 100% 100% 100% 100% 100%
Fonte: Autoria própria. *Atualmente já existe um acordo estadual assinado (Embalagens de Óleo Lubrificante – Instituto
Jogue Limpo, Termo de Compromisso Estadual assinado em 2014), no entanto, não é possível estimar a quantidade de
acordos setoriais estaduais passíveis de assinatura no Espírito Santo.
N
essa etapa foram dimensionados os assim como foram estimados seus custos relativos –
recursos necessários aos investimentos e embora certas ações compreendam apenas iniciativas
avaliada a viabilidade das alternativas para a serem executadas pela própria instituição, não
a sustentação econômica da gestão e da dependendo, portanto, de novos gastos. Em todo o
prestação dos serviços, conforme os objetivos do PERS- caso, os custos apresentados são apenas valores de
ES. O entendimento a ser adotado é o de que “Projetos” referência, estimados a partir de publicações, como
necessariamente possuem início, meio e fim, enquanto as do Ministério das Cidades e da Fundação Nacional
“Programas” são caracterizados por intervenções de Saúde, bem como da experiência dos próprios
contínuas. consultores e dos municípios e prestadores de serviços.
Sendo assim, para que as diretrizes, Eles não foram detalhados em nível de projeto básico,
estratégias e metas propostas anteriormente sejam muito menos envolveram cronogramas de execução e
atendidas, os Programas aqui indicados estabelecem materiais a serem adotados. Sendo assim, é importante
o que efetivamente será realizado, quando deverá ser considerar que eles possam apresentar certas limitações,
feito e quais serão os agentes responsáveis pela sua relacionadas principalmente à complexidade que
execução. Sua construção envolveu a triangulação envolve a realização de obras públicas e a dificuldade
entre os principais aspectos que caracterizam a gestão de estimar extensões e unidades que requerem a
integrada dos resíduos sólidos, todos já identificados elaboração prévia de projetos técnicos de engenharia.
nos diagnósticos técnicos e participativos e nos cenários Neste contexto, também é importante que
delineados a partir dos direcionadores de futuro desta sejam agrupadas as possíveis fontes de financiamento
etapa de prognóstico. Seus objetivos são viabilizados e o tipo de ajuste necessário para que o Estado e
por um conjunto de Projetos, sendo que cada um destes os municípios tenham condições de acessá-las.
corresponde a uma demanda específica diagnosticada Diante disto, o Quadro 6-18 reproduz a instituição
ou prognosticada, apresentando soluções integrais ou concedente, o programa/subprograma e as restrições e
parciais (considerando que determinados Programas ajustes necessários aos requerentes de cada fonte. Estas
possuem mais de um Projeto). também foram classificadas em códigos para posterior
Já as ações descrevem uma atividade a correlação com os Programas, Projetos e Ações do
ser realizada dentro de cada Projeto. Para cada uma PERS-ES.
delas foi fixado um prazo para o início da execução,
377
Quadro 6-18 – Fontes de financiamento
Instituição Programa/
Restrições e ajustes necessários aos requerentes Códigos
Concedente Subprograma
Conforme disposições legais da PNRS serão
priorizados, para fins de seleção pública de
investimentos deste programa, os municípios que
optarem pela gestão associada/consorciada dos
Programa de Resíduos
resíduos sólidos e os que implantarem a coleta seletiva PRS
Sólidos
com a participação de cooperativas ou outras formas
Ministério da de associação de catadores de materiais reutilizáveis
Saúde; e recicláveis, formadas por pessoas físicas de baixa
Fundação renda.
Nacional de Saúde As ações devem contemplar a implantação ou
(FUNASA) adequação e equipagem de unidades licenciadas
para tratamento e disposição final, incluindo aterros
sanitários, que poderão envolver projeto adicional de
Programa de
instalações para coleta e tratamento do biogás com PSA
Saneamento Ambiental
vistas à redução de emissões de gases de efeito estufa
(GEE) e aterros sanitários de pequeno porte, bem como
unidades de triagem, compostagem e beneficiamento
de resíduos sólidos.
Programa de
Conservação e Traz a bacia hidrográfica, prioritaria-mente as áreas de
PCRR
Revitalização dos nascentes, como unidade de planejamento e trabalho.
Recursos Hídricos
Rede Brasileira de
Manejo Ambiental
- REB
de Resíduos Sólidos
(REBRAMAR)
Programa Lixo e
- PLC
Cidadania
Programa Nacional de
Educação Ambiental - PNEA
(PRONEA)
Ministério do
Meio Ambiente; Programa 2083 -
- PQA
Fundo Nacional Qualidade Ambiental
do Meio Ambiente
Programa de Pesquisa
em Saneamento Básico - PROSAB
Ministério do (PROSAB)
Meio Ambiente;
Ministério São fixadas as respectivas contrapartidas e
da Ciência, definidas a participação do MCTI de acordo com
Tecnologia, Programa 2021 - as disponibilidades financeiras. Além disso, o
Inovações e Ciência, Tecnologia e apoio poderá ser por meio de editais e/ou outros PCTI
Comunicações Inovação instrumentos via agências de fomento do MCTI,
incluindo-se a possibilidade de implementação pela via
de encomendas, conforme o caso.
378
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
Instituição Programa/
Restrições e ajustes necessários aos requerentes Códigos
Concedente Subprograma
Programa Fundo Clima
Ministério do
e Seus Subprogramas:
Meio Ambiente; A taxa de juros depende da forma de apoio, do
Resíduos Sólidos,
Banco Nacional de porte do cliente e de cada item financiado. Consulta
Cidades Sustentáveis
Desenvolvimento customizada disponível no Manual do Produto PFC
e Mudança do Clima;
Econômico e BNDES Finem. Valor máximo de Financiamento por
Projetos Inovadores;
Social (BNDES); Beneficiário R$ 30 milhões a cada 12 meses.
Gestão e Serviço de
Fundo Clima
Carbono
Excepcionalmente, enquanto o consórcio não
Programa Resíduos
está constituído, o Estado deverá ser o tomador PRU
Sólidos Urbanos
(Informações disponíveis em: www.cidades.gov.br).
Há a necessidade de entes garantidores, quais sejam:
Programa Saneamento
os Estados, os municípios, o Distrito Federal e as PST
Para Todos
empresas públicas ou sociedades de economia mista.
Não são passíveis de repasse de recursos da União
operações para sistemas ou componentes de sistemas
com contrato de concessão para operação dos serviços
com empresa privada;
Em sistemas operados em regime de concessão pública,
o proponente deve comprovar que o instrumento legal
de concessão dos serviços foi formalizado e está em
vigor;
Não são admitidos projetos, em quaisquer
Ministério das modalidades que contemplem, exclusivamente,
Cidades atividades de melhoria da qualidade dos serviços
Programa Resíduos
ligados ao desenvolvimento operacional e gerencial PRSU
Sólidos Urbanos
das concessionárias, por caracterizarem atividade de
custeio;
Não são admitidos projetos, em quaisquer
modalidades que contemplem, exclusivamente, a
aquisição de materiais, equipamentos ou terrenos para
execução de instalações ou serviços futuros;
Em sistemas operados diretamente pelo ente
municipal, o proponente deve comprovar que a
prestação dos serviços está institucionalizada no
formato de autarquia, departamento ou empresa
municipal.
Contrato de Concessão ou de Programa assinado;
Existência de mecanismos de controle social realizado
Avançar Cidades -
por órgão colegiado; Informação acerca da existência ACS
Saneamento
de Plano Municipal de Saneamento, Regularidade
ambiental.
Ministério das
Cidades;
Banco Nacional de Projetos Multisetoriais
Desenvolvimento Integrados Urbanos - PMI
Econômico e (PMI)
Social (BNDES);
Banco do Brasil
379
Instituição Programa/
Restrições e ajustes necessários aos requerentes Códigos
Concedente Subprograma
Valor mínimo de financiamento: R$ 20 milhões. O valor
Leilões de Geração de do crédito será deter-minado conforme a capacidade
LGE
Energia de pa-gamento do projeto, expressa pelo Índice de
Cobertura do Serviço da Dí-vida (ICSD).
Banco Nacional de
Desenvolvimento Seleção Pública por meio de Edital. A pré-qualificação
Econômico e ao recebimento de apoio do BNDES e da FINEP a
Social (BNDES) projetos de inovação conforme o PSC será de até 90%
Plano Inova
do valor total de cada projeto, devendo o restante PIS
Sustentabili-dade
ser alocado pela empresa ou grupo de empresas por
ele responsável, a título de contrapartida financeira
mínima obrigatória.
Meio Ambiente;
Saneamento –
Tratamento de
Resíduos Sólidos; As condições financeiras dessa linha/programa podem
BNDES FINEM Desenvolvimento variar conforme o porte do cliente. Consultar manual FINEM
Integrado dos Finem.
Municípios;
Saneamento Ambiental
e Recursos Hídricos
Para o poder público federal, estadual e municipal não
Ministério da
há necessidade de chamamento público para que um
Justiça; Fundo de Defesa dos
projeto seja apreciado e aprovado pelo Conselho. Já
Fundo de Defesa Direitos Difusos/Banco FDD
para as Organizações da Sociedade Civil-OSC, como o
dos Direitos de Projetos
segmento depende de edital de chamamento público
Difusos (FDD)
específico para apresentação de projetos para o CFDD.
Pró-saneamento - PROSAN
Ministério do PROSANEAR - PROSANEAR
Planejamento,
Orçamento Programa de
e Gestão - Conservação e
Secretaria de Revitalização dos - PASS
Desenvolvimento Recursos Hídricos
Urbano (PASS)
PROGEST - PROGEST
Secretaria de Economia Verde Observar os requerimentos específicos do público alvo. ECOVERDE
Estado de
Desenvolvimento Resíduos Sólidos Observar os requerimentos específicos do público alvo. RESOL
Fonte: Autoria própria
Tratadas as fontes de financiamento, reitera-se que as iniciativas exibidas adiante são sugestivas, com custos
estimados de forma global. Além disso, ressalta-se que todos os Programas, Projetos e Ações são compatíveis com os
respectivos Planos Plurianuais e demais planos e políticas públicas correlatas. A apresentação dos cinco Programas
propostos, bem como seus respectivos Projetos sugeridos para o PERS-ES encontra-se disposta na Figura 6-16. O
detalhamento de suas ações, agentes promotores, custos, prazos e fontes de financiamento é apresentado a seguir.
380
Figura 6-16 – Estrutura dos Programas e Projetos elaborados para a implementação do PERS-ES
381
| PERS
6.11.1 Programa Governança para o PERS-ES
382
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
383
Agente Investimento Possíveis
# Ações Prazo
promotor necessário Fontes
Fomentar linhas de financiamento que privilegiem SEAMA;
ACS;
3 novos projetos visando à melhoria da gestão de SEDES; - Contínuo
PMI
resíduos sólidos BANDES
Estabelecer linha de financiamento e de transferência
SEAMA; ACS;
de recursos aos municípios para investimento na R$
4 SEDURB; Contínuo PMI
melhoria da prestação de serviços públicos em 19.194.429,96
BANDES
resíduos sólidos
Realizar um estudo sobre a viabilidade de Com revisão
financiamento por parte do Estado das ações após as
5 SEDURB - -
contidas nos PMGIRS ou dos Planos Municipais de revisões do
Gestão de Resíduos da Construção Civil (PMGRCC) PMGIRS
Indicadores para o monitoramento e avaliação
- Ato normativo de adequação do FUNDEMA, FUNDAGUA e outros fundos com a mesma função;
- Relatório de priorização das proposições dos PMGIRS e PMRCC;
- Aportes financeiros;
- Recursos empenhados em relação ao total de recursos disponibilizados.
Fonte: Autoria própria
384
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
385
Quadro 6-23 - Plano de Execução do Projeto 5 vinculado ao Programa 1
PROGRAMA 1
PROGRAMA GOVERNANÇA PARA O PERS-ES
PROJETO 5
Sistema Estadual de Informação para Resíduos Sólidos (SEIRS)
OBJETIVO
Fomentar a estruturação de um sistema que relacione as informações de todas as tipologias e agentes envolvidos no
gerenciamento de resíduos sólidos, de forma a incorporar todas as necessidades especificadas no PERS-ES. Se possível,
verificar a integração do Sistema de Informação e Inventário de Resíduos Sólidos do Estado do Espírito Santo – Sinir/
ES que está sendo desenvolvido
Agente Investimento Possíveis
# Ações Prazo
promotor necessário Fontes
Estabelecer o Sistema Estadual de Informação para
Resíduos Sólidos (SEIRS) incorporando informações
de todas as tipologias e agentes envolvidos no FDD;
1 SEAMA R$ 128.000,00 Até ano 3
gerenciamento de resíduos sólidos no Estado PROGEST
e fomentar a incorporação do SEIRS em nível
municipal
386
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
387
Quadro 6-24 - Plano de Execução do Projeto 1 vinculado ao Programa 2
PROGRAMA 2
PROGRAMA CAPIXABA DE RESÍDUOS SÓLIDOS
PROJETO 1
Avaliação ambiental e reabilitação das áreas contaminadas/degradadas por disposição inadequada de resíduos sólidos
OBJETIVO
Avançar nos projetos de reabilitação de áreas degradadas, bem como garantir a reabilitação
de novas áreas que venham a surgir
Agente Investimento Possíveis
# Ações Prazo
promotor necessário Fontes
Reforçar a estrutura de acompanhamento e controle
IEMA; Ano 1 a
1 da remediação das áreas de disposição inadequada - -
SEDURB ano 8
de resíduos sólidos
Apoiar os municípios de forma permanente na
elaboração estudos para o gerenciamento de
áreas degradadas/contaminadas pela disposição IEMA;
2 - Contínuo PCRR
inadequada de resíduos, incluindo áreas degradadas SEDURB
em decorrência da disposição inadequada de RCC ou
outros resíduos
Estabelecer projeto de monitoramento permanente
IEMA;
3 de reabilitação das áreas degradadas por disposição - Contínuo PCRR
SEDURB
inadequada de resíduos sólidos
Realizar estudos para o gerenciamento de áreas
degradadas/contaminadas pela disposição
inadequada de resíduos para dimensionar as ações R$
4 IEMA Ano 2 REB
de mitigação e estimar recursos financeiros para 9.600.000,00
garantir o encerramento e remediação das áreas de
disposição inadequada
Depende do
resultado
Fomentar o aporte de recursos para estudos e
5 SEDURB do estudo Contínuo PCRR
operacionalização das ações deste projeto
realizado na
Ação 4
Monitorar e dar publicidade ao andamento da
6 IEMA - Contínuo -
recuperação de áreas degradadas no Espírito Santo
Indicadores para o monitoramento e avaliação
- Reabilitação de áreas degradadas/contaminadas por disposição inadequada de resíduos sólidos;
- Evolução da execução dos planos de avaliação ambiental e reabilitação das áreas contaminadas/degradadas por
disposição inadequada de resíduos sóli-dos;
- Projeto de monitoramento permanente da reabilitação das áreas de disposição inadequada;
- Aporte de recursos para execução do projeto.
Fonte: Autoria própria
388
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
389
Quadro 6-26 - Plano de Execução do Projeto 3 vinculado ao Programa 2
PROGRAMA 2
PROGRAMA CAPIXABA DE RESÍDUOS SÓLIDOS
PROJETO 3
Regionalização da gestão de resíduos sólidos
OBJETIVO
Fomentar soluções consorciadas e compartilhadas de forma continuada para viabilização de sistemas de tratamento de
resíduos e de unidades de disposição final
Agente Investimento Possíveis
# Ações Prazo
promotor necessário Fontes
390
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
391
Agente Investimento Possíveis
# Ações Prazo
promotor necessário Fontes
Indicadores para o monitoramento e avaliação
- Atendimento a metas do PMGIRS de cada município;
- Municípios com contratação de OCMR;
- Estudo específico para cada município no sentido de otimizar os custos do gerenciamento dos RSU e indicar zonas
favoráveis para localização de unida-des de tratamento de resíduos;
- Municípios com cálculo das despesas municipais com gerenciamento de resíduos;
- Municípios com legislação municipal instituindo ou adequando a cobrança pelos serviços públicos de limpeza urbana
e de manejo de resíduos sólidos;
- Municípios com legislação municipal instituindo ou adequando a cobrança pelos serviços prestados no
gerenciamento dos resíduos de responsabilidade do gerador;
- Municípios com arrecadação suficiente para cobertura das despesas com gerenciamento de resíduos sólidos;
- Municípios com Planos Municipais de Gestão de RCC.
Fonte: Autoria própria
392
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
atual gestão: “agilizar e desburocratizar os processos diagnóstico conduzido tenha constatado deficiências
de licenciamento ambiental e descentralizar as que necessitam de ações específicas para sua melhoria.
decisões para esfera municipal. Deve ser priorizada
a integração de todos os órgãos responsáveis pela Projetos (Quadros 6-28 a 6-31):
autorização de funcionamento dos empreendimentos”
(FINDES, 2018). Entretanto, aprimorar o licenciamento 1. Regulamentação da Gestão de Resíduos
também está relacionado à implementação de medidas Sólidos;
eficazes de fiscalização (conforme proposto no Projeto 2. Documentação dos processos de Gestão de
4 do Programa 1). A partir disso, espera-se incentivar Resíduos Sólidos;
a regularização dos empreendimentos existentes e a 3. Aperfeiçoamento dos Processos de
abertura de novas instalações para o tratamento e a Licenciamento Ambiental envolvendo
destinação de resíduos sólidos. Tudo isso, no entanto, Resíduos Sólidos;
requer capacidades administrativas condizentes para 4. Capacidades Administrativas para a Gestão
lidar com o desafio da gestão adequada, embora o dos Resíduos Sólidos.
393
Agente Investimento Possíveis
# Ações Prazo
promotor necessário Fontes
Fomentar a apresentação anual do inventário de resíduos
SEGER;
9 sólidos coletados pelas prefeituras dos municípios - Ano 4 -
SEAMA
capixabas
Fomentar que os municípios mantenham banco de dados
SEGER;
10 de PGRS para geradores de RSS, RI, RST, RM, RSU e - Ano 4 -
SEAMA
grandes geradores de RCC
Fomentar os municípios a oferecerem coleta de RCC para
SEGER;
11 pequenos geradores e estabelecer mecanismo de cobrança - Ano 6 -
SEAMA
para o serviço prestado
Fomentar a adequação dos produtos adquiridos pelos
SEGER;
12 municípios sujeitos a logística reversa após sua utilização - Ano 4 -
SEAMA
ou fim de vida útil
Definir elementos mínimos para garantir o funcionamento
dos consórcios públicos que sejam regulados pela SEGER;
13 - Ano 1 a 5 -
autarquia especial ou outro ente da administração SEAMA
indireta designada
Fomentar a comprovação pelos municípios dos resultados
alcançados pelas ações visando a redução de resíduos
SEGER;
14 (fração seca e úmida) enviados aos aterros sanitários, - Ano 7 -
SEAMA
e vincular este documento comprobatório ao acesso a
recursos estaduais
Estabelecer regras para o acesso a recursos do Estado
SEGER;
15 destinados às ações e programas de interesse na área de - Ano 5 -
SEAMA
resíduos sólidos*
Realizar estudo para determinar elementos mínimos de
composição de custos e produtividade para os serviços SEDURB;
16 - Ano 2 a 4 PROGEST
públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, IJSN
estabelecendo valores de referência
Fomentar para que os municípios nos processos
licitatórios e de fiscalização/controle utilizem valores de
17 referência mínimos para os elementos de composição SEDURB - Ano 6 -
de custos e produtividade para os serviços públicos de
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos
Inserir agregados alternativos (de RCC, da Siderurgia,
dentre outros) nas licitações de obras públicas e licitações
Órgãos
18 do Estado, e sua priorização a partir de um percentual
Estaduais
- Ano 4 -
que deve evoluir gradativamente, considerando os
resultados do estudo obtido pela ação anterior
Indicadores para o monitoramento e avaliação
- Autarquia especial ou outro ente da administração indireta designada para regular o serviço de gerenciamento de
resíduos sólidos;
- Instrumentos legais referentes às ações do Projeto Regulamentação da Gestão de Resíduos Sólidos (Programa 3);
- Marco legal único para a gestão de resíduos sólidos no Estado elaborado na forma de minuta e encaminhado para
Assembleia Legislativa do Espírito Santo.
Fonte: Autoria própria. *Somente municípios que tenham fornecido as informações requeridas pelo Sistema Declaratório Anual
e que tenham instituído legalmente as medidas de cobrança pelos serviços prestados poderão pleitear recursos, após um período
para adequação. Além disso, as regras devem envolver priorização para municípios que possuam PMGIRS adequadamente
revisados; que estejam envolvidos em soluções intermunicipais ou consorciadas; que tenham formalmente incluído as OCMR
nos seus sistemas de coleta seletiva e que tenham avançado na implementação da educação ambiental conforme determinado
em seus PMGIRS. Estes mecanismos de acesso às verbas estaduais devem ser aprimorados periodicamente para incluir o
avanço na cobertura da coleta convencional e seletiva, ou seja, deve se ajustar para incluir revisões nos critérios de priorização
dos municípios que buscam a universalização dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
394
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
395
Agente Investimento Possíveis
# Ações Prazo
promotor necessário Fontes
Elaborar e dar publicidade ao Inventário Estadual de
Resíduos Sólidos consolidando as informações de todas SEAMA;
13 - Contínuo -
as tipologias e da evolução do Índice de Qualidade dos IJSN
Aterros Sanitários (IQAS) e de implantação dos PMGIRS
Integrar as informações dos Inventários Estaduais com os
SEAMA;
14 dados do Sistema Declaratório Anual, quando este estiver - Ano 5 a 8 -
IJSN
implantado
Implantar e atualizar anualmente um cadastro estadual
digital georreferenciado com a descrição das empresas Órgãos
15 R$ 75.000,00 Contínuo -
com licenças válidas para os serviços de coleta, licenciadores
tratamento, destinação e disposição de resíduos sólidos
Indicadores para o monitoramento e avaliação
- Número de relatórios publicados anualmente em relação ao planejado (12 relatórios anuais);
- Cadastro estadual de prestadores de serviço implantado e atualizado.
Fonte: Autoria própria
396
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
397
verificam-se muitos desafios na participação dos 3. Cadeia produtiva da reciclagem;
agentes envolvidos ou até mesmo a falta de orientação 4. Sistemas de valorização e tratamento de
de como proceder adequadamente. resíduos sólidos;
5. Aproveitamento energético;
Projetos (Quadros 6-32 a 6-38): 6. Sistemas de Logística Reversa;
7. Pesquisas para desenvolvimento de
1. Coleta seletiva solidária; tecnologias e difusão tecnológica voltadas ao
2. Incentivos econômicos e fiscais para tratamento de resíduos sólidos.
valorização dos resíduos sólidos;
398
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
399
Quadro 6-34 - Plano de Execução do Projeto 3 vinculado ao Programa 4
PROGRAMA 4
PROGRAMA DE VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
PROJETO 3
Cadeia produtiva da reciclagem
OBJETIVO
Fomentar a expansão da cadeia produtiva da reciclagem no Estado
Agente Investimento Possíveis
# Ações Prazo
promotor necessário Fontes
Designar grupo de trabalho para elaborar um estudo
sobre a adequação ou elaboração de atos normativos para SEAMA;
qualificar os resíduos para reinserção na cadeia produtiva SEDES;
1 - Ano 3 a 5 -
da reciclagem, envolvendo a desmistificação da aplicação SECTI;
de resíduos sólidos em processos industriais como matéria FAPES
prima secundária
400
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
- Estudo realizado de viabilidade técnica e econômica para sistemas de geração de energia a partir de resíduos sólidos;
- Empreendimentos com aproveitamento energético dos resíduos sólidos com licenciamento ambiental aprovado.
Fonte: Autoria própria
401
Quadro 6-37 - Plano de Execução do Projeto 6 vinculado ao Programa 4
PROGRAMA 4
PROGRAMA DE VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
PROJETO 6
Sistemas de Logística Reversa
OBJETIVO
Fomentar os Sistemas de Logística Reversa no Estado em acordo com os objetivos do PERS-ES
Agente Investimento Possíveis
# Ações Prazo
promotor necessário Fontes
402
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
403
Ambiental (vide Resolução n.º 2, de 15 de junho de do PERS-ES com o Programa Estadual de
2012, do Conselho Nacional de Educação). Educação Ambiental (PEEA);
2. Práticas de consumo sustentável;
Projetos (Quadros 6-39 a 6-41): 3. Reforçar a importância dos resíduos sólidos
na educação ambiental junto aos programas
1. Articulação das ações de educação ambiental de ensino formais da educação básica.
404
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
405
6.11.6 Priorização dos Programas, Projetos e Ações
406
Quadro 6-42 – Critérios, justificativas e pontuação utilizado na elaboração da Matriz de Prioridades
Pontuação
Critério Justificativa
4 3 2 1
Análise do grau de relevância do Programa para a resolução dos
Atendimento ao problemas mais graves relativos aos Resíduos Sólidos Estaduais. Atende Atende Atende
Atende
objetivo principal Aqui, analisa-se a contribuição do programa para o atendimento completamente parcialmente indiretamente
do objetivo principal do PERS-ES.
Impacto da medida Análise do grau de relevância do Programa para o aumento
Grande impacto Impacto razoável Baixo impacto Impacto indireto
quanto ao grau global da salubridade ambiental. Como são programas
na salubridade na salubridade na salubridade na salubridade
de salubridade transversais, o foco da valoração está naqueles programas que
ambiental ambiental ambiental ambiental
ambiental afetam diretamente a salubridade.
Análise do grau de relevância global para a melhoria dos
indicadores de do PERS-ES. Aqui, o foco da valoração está Programa Programa com Programa com Programa
Grau de relevância
nos programas que apresentam maior grau de integração e sistêmico e alta integração média integração específico e com
global
transversalidade entre os vários programas, comprometendo ou sinérgico entre as áreas entre as áreas baixa integração
potencializando toda a execução do PERS-ES.
Análise da contribuição do programa para ampliação dos Ampliação Ampliação Ampliação Sem relações com
Ampliação dos
serviços globais na área de Resíduos Sólidos. Quanto maior a sua significativa dos moderada nos indireta nos a ampliação dos
serviços
contribuição para melhorar o cenário, maior será sua valoração. serviços serviços serviços serviços
407
| PERS
Quadro 6-43 - Matriz de priorização dos Programas e Projetos propostos no PERS-ES
Atendimento ao
Financiamento
Salubridade
Precedência
Relevância
Ampliação
Pontuação Grau de
Urgência
Objetivo
Programa/Projeto
total prioridade
408
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
Atendimento ao
Financiamento
Salubridade
Precedência
Relevância
Ampliação
Pontuação Grau de
Urgência
Objetivo
Programa/Projeto
total prioridade
Pela análise das informações dispostas, Estes receberam esta pontuação, pois o atraso
nota-se que a maioria dos Projetos vinculados em sua execução pode comprometer o alcance
ao Programa Governança para o PERS-ES tem das metas ao final do período de implantação do
prioridade Absoluta, assim como o Projeto que PERS. Portanto, devem ser iniciados logo, de modo
permite documentar e formalizar as informações que os resultados esperados ao final dos 20 anos
dos processos de gestão de resíduos sólidos, planejados sejam garantidos.
independentemente da existência do SEIRS. Adicionalmente, nove Projetos tiveram
Tal grau de prioridade reflete o papel essencial seu grau de prioridade considerado Médio, visto
destes instrumentos na estruturação de elementos que requerem menor esforço para sua execução
mínimos necessários ao funcionamento deste – embora seja importante ressaltar que isso não
Plano. implica que estes não devam ser executados. O
Também destaca-se a existência de oito mesmo vale para o único Projeto classificado como
Projetos considerados como de Alta prioridade. de Baixa prioridade.
409
6.12 MECANISMOS DE ACOMPANHAMENTO, CONTROLE E AVALIAÇÃO
O
emprego do processo de avaliação como das metas e prazos estabelecidos, aferindo,
prática voltada ao aprimoramento de consequentemente, a própria eficácia do Plano.
políticas públicas vem ganhando espaço Desta forma, apresentam-se adiante os mecanismos
nos debates da administração pública. que permitirão o acompanhamento, o controle e a
Tal comportamento ganhou força na década de 1990, fiscalização da implementação do PERS-ES.
quando em vários países emergiu a necessidade de Antes disso, é importante salientar a
melhorar a eficiência no gasto dos recursos públicos necessidade de se definir responsabilidades para tais
aplicados, assim como de promover a transparência atividades. Isso deve ocorrer na fase de execução do
da atuação governamental (SANTOS, 2012). Já no primeiro Projeto proposto neste Plano: “Planejamento
Brasil, a adoção das atividades de monitoramento e de integrado para implantação do PERS-ES” (vide
avaliação de programas do Governo Federal aconteceu Quadro 6-19). Em sua ação de planejamento integrado
a partir do Plano Plurianual 2000–2003, que introduziu visando à articulação das ações de implementação, ele
a cultura gerencial orientada para resultados no âmbito estabelece a definição de qual instância estadual ficará
da administração pública de forma mais sistemática responsável por cada atividade do PERS-ES, isto é, os
(CALMON; GUSSO, 2002). responsáveis por monitorar os indicadores, elaborar
Em termos do PERS-ES, seus elementos as análises de evolução da implantação, contribuir
propositivos envolvem diversas medidas relativas à com sua revisão, dar o suporte nas muitas atividades
dinâmica de gestão e manejo dos resíduos gerados no de fiscalização e articular a garantia dos recursos
Espírito Santo. Sua implementação deve ser seguida de humanos e financeiros para a execução das demais
uma sistemática de monitoramento do cumprimento ações propostas.
6.12.1 Acompanhamento
O Art. 17º da Política Nacional de Resíduos proposta neste Plano, indicando mecanismos para
Sólidos estabelece que os Planos Estaduais devem ser solucioná-los e reorientar o atendimento futuro das
elaborados com horizonte de atuação de 20 anos, com metas.
revisões a cada 4. Assim, as ações de acompanhamento Neste contexto, um Sistema Estadual de
do PERS-ES devem ser organizadas a partir de uma Informações sobre Resíduos Sólidos (SEIRS) é um
estrutura institucional que seja responsável por mecanismo importante na coleta de dados relevantes.
essa supervisão, garantindo não só o cumprimento Este pode ser entendido como uma plataforma de
das medidas propostas, como também eventuais recebimento das informações relativas os municípios
retificações necessárias ao cumprimento de metas e/ e aos demais geradores, garantindo a transparência do
ou procedimentos. Também destaca-se o conjunto de processo de implantação do PERS-ES pela divulgação
indicadores de desempenho previamente definidos no de relatórios de monitoramento. Entretanto, sabe-
PERS-ES para o controle destas ações. se da complexidade em seu desenvolvimento. Deste
O monitoramento dos Projetos é então uma modo, até que ele seja implantado, ferramentas como
importante etapa vinculada ao controle e avaliação das o Sistema Declaratório Anual de Resíduos Sólidos,
ações, tendo sido contemplado no âmbito do Projeto os Diagnósticos Anuais por tipologia e o Cadastro
Processos gerenciais para controle e avaliação da Estadual Digital Georreferenciado das empresas com
implantação do PERS-ES (vide Quadro 6-20). Neste, as licenças válidas para os serviços de coleta, tratamento,
informações obtidas pelo cumprimento de suas ações destinação e disposição final de resíduos sólidos podem
deverão ser descritas na forma de relatório, o qual garantir a obtenção das informações necessárias ao
deverá ser submetido ao COGERES/CONSEMA após acompanhamento e controle das ações.
ser dada a devida publicidade de seu conteúdo. Além Assim sendo, os primeiros quatro anos
disso, este Projeto deverá identificar os motivos para de implantação do PERS-ES serão cruciais, pois
eventuais atrasos no atendimento a qualquer meta envolverão esforços no desenvolvimento das
410
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
ferramentas gerenciais, na articulação com as pela coordenação das ações do Conselho Estadual de
atividades de fiscalização, na garantia dos recursos Meio Ambiente (CONSEMA), dos Conselhos Regionais
para sua execução e na obtenção das informações de Meio Ambiente (CONREMAS) e do Comitê Gestor
necessárias ao monitoramento e análise (inexistentes de Resíduos Sólidos (COGERES), dentre outras
até então). Portanto, a agenda de implementação do atribuições. Para garantir a participação social durante
Plano deverá seguir os prazos apontados para cada o processo de monitoramento do PERS-ES, a Seama
Projeto e privilegiar aqueles classificados como de poderá atribuir funções não somente aos Conselhos
Prioridade Absoluta, além de emitir relatórios anuais descritos acima, como também ao COGERES. Caberá
de monitoramento e um relatório quadrienal da então aos Conselhos apreciar e discutir as minutas
evolução da implantação do Plano. de legislação no âmbito dos resíduos sólidos que
Considerando que a Seama é a responsável venham a ser propostas pelo Estado, podendo emitir
pela coordenação das políticas estaduais nas áreas de as recomendações cabíveis.
meio ambiente e recursos hídricos, entende-se que esta Finalmente, sugere-se que sejam utilizadas
deverá ser a responsável pela coordenação das ações as estruturas funcionais do Sistema de Monitoramento
de acompanhamento da implementação do Plano. e Avaliação de Políticas Públicas do Espírito Santo
Entretanto, ressalta-se que tal atividade deverá ser (SIMAPP) para apoiar o processo de monitoramento
articulada com outros órgãos que também possuem das ações previstas no PERS-ES. Instituído pela
atribuições correlatas, como a Sedurb (quanto ao Lei Estadual n.º 10.744, de 05 de outubro de 2017, o
Saneamento), a Aderes (pela articulação com os SIMAPP já tem como competência operacionalizar o
catadores), e o Idaf (por sua relação com os Resíduos monitoramento e avaliação de Políticas Públicas. No
Agrossilvopastoris e Agroindustriais). caso deste Plano, além do que já é monitorado pelo
Criada em 1987 para orientar as ações da próprio Sistema, também deverão ser consideradas
sociedade para o uso sustentável dos recursos naturais e as metas e o conjunto de indicadores de desempenho
a melhoria da qualidade de vida, a Seama é responsável propostos para cada Projeto.
6.12.2 Fiscalização
411
6.12.3 Regulação
Conforme apontado anteriormente, deve-se setor, fomentando a ampliação de seu papel regulador.
estabelecer um marco legal único elaborado na forma No entanto, cabe lembrar que será necessário um
de minuta e encaminhado à Assembleia Legislativa acordo de delegação dos municípios para com a
do Espírito Santo para a gestão estadual de resíduos ARSP, considerando a competência constitucional
sólidos, visto que a existência de instrumentos e institucional destes. Logo, ela deverá ampliar o
legais específicos forneceria o respaldo necessário à seu papel, caso escolhida como agência reguladora,
implantação deste Plano. Sendo assim, uma autarquia passando a ser também a entidade reguladora
especial ou outro ente da administração indireta dos serviços de resíduos sólidos. Caso isso ocorra,
deveria ser designado para regular o serviço de ela deverá adotar instrumentos e procedimentos
gerenciamento de resíduos sólidos, garantindo a regulatórios específicos para o setor, além de garantir
regulação dos serviços prestados. a qualificação tanto de seu pessoal quanto da sua
Neste contexto, sabe-se que a Agência infraestrutura, assegurando o equilíbrio de interesses
Regulatória dos Serviços Públicos do Espírito Santo entre usuário e prestador de serviços.
(ARSP), criada por meio da Lei Complementar n.º Esta autarquia terá a autonomia para
827/2016, tem a competência de regular, controlar e estabelecer meios para controle, monitoramento e
fiscalizar, no âmbito do Espírito Santo, os serviços fiscalização das atividades que garantirão a qualidade
públicos de saneamento básico, infraestrutura viária da gestão, incluindo requisitos mínimos para os planos
com pedágio, energia elétrica e gás natural, passíveis de gerenciamento obrigatórios e sistemas de logística
de concessão, permissão ou autorização. Entretanto, reversa. Também será de sua competência coordenar
esta não contempla os serviços públicos de manejo a discussão e a definição de atribuições entre poder
de resíduos sólidos, especialmente aqueles geridos na público, fabricantes, importadores, distribuidores
sede do consórcio. e comerciantes, com o intuito de delimitar a
Tendo em vista este cenário, considera-se responsabilidade compartilhada de cada parte da
apropriado delegar à ARSP o papel de regulação do cadeia.
6.12.4 Indicadores
412
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
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Diretriz Estratégia Projeto Indicador
9 E9.1, E9.2 2.3 Resíduos Sólidos Urbanos dispostos por solução consorciada
6, 14 E6.7, E.14.3.12 2.4 Obras públicas com utilização de agregados da construção civil
Licitações com compras sustentáveis com elementos específicos para
6 E6.6 2.4
resíduos sólidos
Licitações com inclusão de elementos específicos para aquisição de
6 E6.6 2.4
produtos que se tornarão resíduos com logística reversa obrigatória
3 E3.10 2.4 Instituições com agenda ambiental na administração pública implantada
Manual com procedimentos para adequação aos Sistemas de Logística
6 E6.6 2.4
Reversa
414
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
7 E7.1, E7.2, E7.3 4.1 Formalização da integração dos sistemas de coleta seletiva com as OCMR
E2.2, E2.3, E.14.5.2,
2, 14 4.1 Cobertura da coleta seletiva
E.14.8.8
7 E7.4 4.1 Implantação da rede capixaba de OCMR
7 E7.5, E7.8, E7.10 4.1 Implantação do projeto permanente de capacitação das OCMR
Número de parcerias para doação da fração reciclável dos resíduos
7, 14 E7.3, E14.3.9 4.1
sólidos
E3.3, E3.7, E5.2,
3, 5, 11, E5.3, E11.1, E11.2,
4.2 Incentivos tributários oferecidos
12, 14 E11.3, E11.4, E12.3,
E14.3.7,
415
Diretriz Estratégia Projeto Indicador
E.14.5.4, E.14.9.4,
14 4.6 Cumprimento das metas dos acordos setoriais específicos
E.14.9.5,
E3.8, E14.2.10,
Patentes registradas relacionadas com produto de pesquisa e
E14.3.14, E14.4.12,
3, 14 4.7 desenvolvimento de tecnologia para tratamento, reciclagem e
E14.6.6, E14.7.9,
aproveitamento energético de resíduos sólidos
E14.7.10, E14.8.10
E3.12, E5.1,
E14.3.14, E14.4.12,
Eventos de difusão tecnológica sobre tecnologias relacionadas a resíduos
3, 5, 14 E14.6.6, E14.7.9, 4.7
sólidos
E14.7.10, E14.8.10,
E.14.7.4, E.14.8.2
416
Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
Q
uando considerados eventos de degradação fiscais para a efetiva aplicação das Políticas Nacionais
ambiental, pode-se afirmar que as atividades de Saneamento Básico (Lei n.º 11.445/2007) e Resíduos
econômicas são capazes de provocar danos Sólidos (Lei n.º 12.305/2010), bem como da Política
ao bem-estar da população. Estadual de Resíduos Sólidos (Lei n.º 9.264/2009). O
Nestes casos, tais externalidades negativas preceito geral reside na necessidade de se avançar com
podem ser corrigidas pela utilização de Instrumentos incentivos e a desoneração das cadeias (ecotributos),
Econômicos (IEs), cuja principal finalidade é garantir de forma a permitir que inovações nesses tributos
que o poluidor internalize os custos sociais nas possam impulsionar ainda mais a reciclagem e o
estruturas de produção e consumo da economia. aproveitamento de resíduos no Espírito Santo.
Por outro lado, estes instrumentos também podem Neste sentido, destacam-se como principais
– e devem – ser utilizados como formas de incentivo objetivos dos chamados ecotributos:
econômico (financeiro ou tributário) às atividades que
empreguem práticas ambientais mais sustentáveis, de • Minimizar o dano ambiental,
modo que estas possam reduzir seus efeitos negativos internalizando seus custos e sem impedir
e até mesmo gerar alguma externalidade positiva. o desenvolvimento industrial;
Influenciando o comportamento dos agentes • Influenciar a conduta dos sujeitos
econômicos, os IEs representam, portanto, uma das passivos, de modo a reduzir suas
estratégias de intervenção pública ao aperfeiçoamento atividades poluidoras;
do desempenho da gestão e sustentabilidade ambiental. • Construir instrumentos de indenização
Assim, entendemos pertinente e necessária a proposta para a sociedade;
de criação de ferramentas e de incentives econômicos e • Criar incentivo para reduzir a quantidade
417
de produtos poluentes, cujo êxito O Quadro 6-45 apresenta os principais
depende de um alto nível de informação tributos na esfera federal, estadual e municipal
à população e à existência de um ente sobre os quais podem ser aplicados instrumentos de
arrecadador apto; desoneração. Ressalta-se que, uma vez que o PERS-
• Fonte de financiamento do custo ES tem abrangência apenas no Espírito Santo, serão
ambiental, utilizando a arrecadação para tratados neste documento apenas os IEs em nível
desenvolver dispositivos de segurança, estadual e municipal.
além de reduzir o custo do produto
reciclado (YOSHIDA, 2005).
FEDERAL
ESTADUAL
MUNICIPAL
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Prognósticos e Proposição de Cenários | PERS
28
O diferimento do ICMS refere-se a situações nas quais há a suspensão do pagamento na operação que está sendo realizada naquele
momento, sendo feito o recolhimento do tributo numa etapa futura, geralmente quando da saída da mercadoria.
419
6.13.3 Dinamização da Logística Reversa e Reciclagem
Este Plano assume que as medidas que visam federais, tais como PIS, COFINS e IPI;
à desoneração completa de tributos diretos e indiretos • Garantir medidas estruturantes voltadas
incidentes sobre os resíduos sólidos nas cadeias de à redução dos custos para os setores
logística reversa e reciclagem são absolutamente envolvidos na logística reversa onerosa;
necessárias para aumentar a dinâmica do uso de • Incentivar o investimento e financiamento
resíduos em processos industriais, bem como para do custeio da logística reversa;
estruturar as cadeias de logística reversa que ainda • Garantir a extensão da incidência do
se encontram em fase de estruturação. Nesse sentido, crédito presumido sobre uso de resíduos
as ações do poder público (em todas as suas esferas) sólidos como matéria-prima em processos
precisam ser orientadas na direção de: industriais;
• Reduzir ou eliminar a incidência do ISS
• Desoneração completa dos tributos, em serviços de separação e reciclagem
diretos e indiretos, estaduais e municipais, de resíduos e em todos os serviços
incidentes sobre os resíduos sólidos nas concernentes à preparação dos resíduos
cadeias de logística reversa, desde a coleta, para utilização em novos processos
recuperação e reciclagem, tais como ICMS produtivos, bem como na prestação de
e ISS; serviços de transporte de resíduos dentro
• Qualificar a mobilização junto ao governo do município e terceiros.
federal para desoneração dos impostos
A
implementação do PERS-ES representa um responsável por consolidar o PERS-
avanço em termos da formulação de uma ES como uma forte ferramenta de
política pública estadual, mas enfrentará planejamento no campo dos resíduos
uma série de desafios no processo. sólidos gerados no Espírito Santo;
Descrevem-se, a seguir, os pontos considerados • Clara definição do nível de participação
como fortes e fracos deste Plano, além dos desafios e do Estado, que assume o papel de
oportunidades que virão com sua implantação.• fomentar políticas indutoras da não
Desoneração completa dos tributos, diretos e indiretos, geração, minimização, reaproveitamento
estaduais e municipais, incidentes sobre os resíduos e descarte adequado, garantindo suporte
sólidos nas cadeias de logística reversa, desde a coleta, técnico, financeiro e jurídico para os
recuperação e reciclagem, tais como ICMS e ISS; municípios e fiscalizando o cumprimento
Pontos Fortes das metas estabelecidas no PERS-ES e nos
PMGIRS;
• Visão sistêmica e objetiva de todos
os pontos relacionados à gestão e • Incentivo às soluções técnicas,
gerenciamento dos resíduos sólidos, individualizadas ou compartilhadas
possibilitando a definição de políticas e e às ações de interação entre os vários
ações (inclusive econômicas) para cada agentes públicos estaduais, e desses com
tipologia de gerador de resíduo; os agentes públicos de nível municipal,
• Inclusão formal da figura do Estado como harmonizando suas atuações em busca
agente indutor das soluções técnicas de resultados comuns, como a educação
definidas por meio de critérios técnico- ambiental, a fiscalização da destinação
econômicos; adequada dos resíduos sólidos e a
• Construção de um banco de dados instituição de incentivos fiscais e outros
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