Resumo de Biologia - Biodiversidade e Obtenção de Matéria

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Biodiversidade

Diversidade e organização biológica


A organização biológica assenta numa hierarquia de níveis estruturais de complexidade crescente:
Átomo → Molécula → Organelo → Célula → Tecido → Órgão → Sistema de órgãos → Organismo →
População → Espécie → Comunidade biótica → Ecossistema → Bioma → Biosfera/Ecosfera
 Habitat – ambiente físico onde cada espécie desenvolve as suas atividades vitais.
 Espécie – conjunto de organismos com características morfológicas semelhantes, capaz de se
reproduzirem e originar descendentes férteis.
 População – conjunto de indivíduos de uma espécie que ocupam um determinado habitat.
 Comunidade biótica/biocenose – conjunto de populações das diversas espécies que ocupam uma
determinada área.
 Ecossistema – abrange a comunidade biótica, todas as relações que se estabelecem entre os seus
elementos e entre estes e o meio.
 Biótopo - condições abióticas específicas (de luz, temperatura, humidade e tipo de solo) onde se inter-
relacionam as populações de uma comunidade biótica.
Relações intraespecíficas – os indivíduos de uma espécie estabelecem relações entre si.
Relações interespecíficas – os indivíduos de uma espécie estabelecem relações com indivíduos e populações
de outras espécies.
Seres autotróficos – obtêm a energia e a matéria inorgânica proveniente do meio abiótico (por exemplo luz e
sais minerais).
Seres heterotróficos – sua nutrição depende da matéria orgânica produzida por outros seres vivos.

Seres autotróficos, capazes de produzirem matéria orgânica a partir de matéria


Produtores inorgânica do meio, utilizando uma fonte de energia. São organismos produtores
as plantas, algas e algumas bactérias.

Seres heterotróficos que, de forma direta ou indireta, utilizam como fonte de


Consumidores energia e de nutrientes a matéria orgânica sintetizada pelos produtores. Todos os
animais pertencem a esta categoria.

Seres heterotróficos que transformam matéria orgânica do meio novamente em


matéria inorgânica, que pode ser utilizada pelos produtores novamente. Fecham o
Decompositores
ciclo da matéria nos ecossistemas. São organismos decompositores bactérias e
fungos do solo.

As transferências de matéria e de energia entre produtores e consumidores realizam-se de forma linear,


através de relações alimentares, que constituem uma cadeia alimentar/trófica, que ao se interrelacionarem
constituem redes tróficas. Os seres vivos que ocupam a mesma posição numa cadeia alimentar pertencem ao
mesmo nível trófico.
Ao longo das cadeias alimentares, a energia flui unidirecionalmente e a quantidade transferida vai
diminuindo com o aumento do nível trófico.
A diversidade biológica ou biodiversidade inclui todas as formas de vida, os seus genes, os seus habitats, os
seus ecossistemas e os biomas. A biodiversidade é a fonte do bom funcionamento dos ecossistemas.
As principais causas de extinção de espécies: Medidas que podem ser tomadas para a proteção
das espécies:
 Destruição ou alteração do habitat
 Introdução de espécies invasoras  Criação e manutenção de áreas protegidas
 Sobre-exploração dos recursos naturais  Divulgação de informação
 Poluição  Envolvimento das populações locais
 Alterações climáticas  Desenvolvimento de projetos de
conservação em conjunto com outros países

Células
Teoria Celular:
 A célula é a unidade estrutural e funcional de todos os seres vivos. Todos os organismos, desde os
mais simples aos mais complexos, são constituídos por células.
 Todas as células tem origem em células preexistentes.
 A célula é a unidade de reprodução, desenvolvimento e hereditariedade de todos os seres vivos.
Tipos de microscópios:
 Microscópio ótico composto (MOC):
 Utiliza o sistema de lentes e feixe de luz
 Tem um poder de resolução limitado
 Microscópios eletrónicos de transmissão (MET) e de varrimento (MEV):
 Utilizam feixes de eletrões
 Tem um poder de resolução muito maior
 Permitem visualizar detalhes da ultraestrutura celular
Seres vivos unicelulares – constituídos por uma única célula, a qual corresponde ao organismo.
Seres vivos multicelulares – constituídos por vários tipos especializados de células.

Células procarióticas
 Seres procariontes são unicelulares.
 Não possuem um núcleo organizado. O seu material
genético (DNA) encontra-se disperso no nucleoide.
 Constituição:
 Parede celular (peptidoglicanos)
 Membrana plasmática
 Citoplasma
 Nucleoide (DNA)
 Ribossomas
 Algumas pode ter:
 Pili
 Flagelo(s)
 Cápsula

Células eucarióticas
 Resultam da evolução das procarióticas, sendo mais complexas e maiores.
 Possuem um núcleo organizado. O seu material genético (DNA) encontra-se separado do
citoplasma por uma membrana dupla.
 Seres eucariontes podem ser unicelulares ou multicelulares.
Constituição:

O Citoplasma das células eucarióticas é o conjunto de:


 Citosol (ou hialoplasma) – água e substâncias minerais e orgânicas.
 Organelos (ou organitos) – alguns são comuns a todas as células eucarióticas, enquanto outros são
exclusivos das células animais ou das células vegetais.

Estrutura e funções dos organelos celulares


Núcleo
 Contém DNA (informação genética) e cromatina (associação de proteínas e DNA)
 Possui nucléolos que participam na formação dos ribossomas
 Limitado por uma membrana dupla (membrana nuclear) com poros nucleares que permitem a
comunicação com citoplasma
 Controla a divisão celular, descodifica o DNA e determina a síntese proteica.

Membrana celular ou citoplasmática


 Delimita exteriormente o citoplasma
 Permite e controla a passagem de substâncias entre o meio externo e o meio interno (permeabilidade
seletiva)

Parede celular
 Nas células vegetais é composta por celulose e poros de comunicação – plasmodesmos
 Nos fungos é composta por quitina
 Nas células procarióticas é constituída por peptidoglicanos (de natureza glicoproteica)
 Confere suporte e proteção, mantendo a forma da célula

Mitocôndrias
 Possuem membrana dupla: a membrana interna delimita a matriz e possui pregas – as cristas
mitocondriais
 São organelos semiautónomos: tem DNA próprio e ribossomas
 Realizam a respiração celular (reações de obtenção de energia na presença de oxigénio)

Cloroplastos
 Existem apenas nas células vegetais fotossintéticas
 Possuem membrana dupla: membrana interna com pigmentos fotossintéticos organizada em lâminas
– os tilacoides
 São organelos semiautónomos: tem DNA próprio e ribossomas
 Realizam a fotossíntese (reações de síntese de compostos orgânicos na presença de luz)
Centríolos
 Existem apenas nas células eucarióticas animais
 São constituídas por microtúbulos (proteínas)
 Existem um par por célula – centrossoma
 Intervém na divisão celular

Citoesqueleto
 É constituído por uma rede de microtúbulos e filamentos que se entrecruzam no hialoplasma
 Confere forma à célula, sustenta os organelos e regula os seus movimentos
 Em algumas células, os microtúbulos são constituintes de cílios e flagelos, os quais conferem
mobilidade.

Vacúolos
 Nas células vegetais existe geralmente um grande vacúolo central
 As células animais geralmente não possuem vacúolos
 Regulam o pH
 Controlam a entrada e saída de água da célula
 Armazenam substâncias
 Fazem a digestão intracelular
 Excretam e reciclam resíduos da célula

Peroxissomas
 Organelos membranares que possuem enzimas no seu interior
 Intervêm na síntese e degradação dos compostos com iões peróxido (ex: peróxido de hidrogénio)

Ribossomas
 São constituídos por duas sub-unidades
 São organelos não membranares
 Existem livres no citoplasma e, nas células eucarióticas, existem também associados ao RER e nas
mitocôndrias e nos cloroplastos
 Intervêm na síntese de proteínas

Retículo endoplasmático
Retículo endoplasmático rugoso

 Sistema membranar de sáculos, cisternas e vesículas que comunicam entre si.


 Apresenta ribossomas associados à sua superfície
 Tem função de síntese e transporte de proteínas
Retículo endoplasmático liso

 Sistema membranar de sáculos, cisternas e vesículas que comunicam entre si


 Não possui ribossomas associados à sua superfície
 Tem função de síntese e transporte de lípidos, sendo importante para a síntese das membranas
celulares
O RE interage com o complexo de Golgi através de vesículas de transporte

Complexo de Golgi
 É formado por um conjunto membranar de sáculos achatados (cisternas) empilhadas e vesículas.
 Possui duas faces:
 Face Cis (face de formação):
 Está mais próxima do RE
 Recebe as vesículas de transporte provenientes de RE
 Face Trans (face de maturação):
 Liberta vesículas com moléculas processadas e maturadas no interior das cisternas
 Recebe, armazena e torna funcionais as moléculas previamente sintetizadas no RE
 Sintetiza polissacarídeos e proteínas da membrana (glicoproteínas)

Lisossomas
 Vesículas formadas na Face Trans do Complexo de Golgi que contém enzimas digestivas – enzimas
hidrolíticas ou hidrólases
 Realiza a digestão intracelular de produtos do exterior da célula (heterofagia) ou da própria célula
(autofagia)
 Heterofagia:
 Através de um processo de endocitose (captação de substâncias do exterior da célula para o
seu interior) forma-se uma vesícula endocitica-fagossomas
 Os lisossomas fundem-se com o fagossoma formando fagolisossomas (vacúolo digestivo)
 O conteúdo proveniente do fagossoma é então digerido pela ação das enzimas hidrolíticas
contidas no lisossoma
 Os produtos da digestão úteis à célula (ex.: aminoácidos e monossacarídeos) são libertado
no citoplasma para serem utilizados
 O material não digerido é eliminado da célula por exocitose
 Autofagia
 Vesículas formadas com RE recolhem organelos celulares danificados
 O lisossoma funde-se com a vesícula que contém os organelos a destruir formando o
vacúolo autofagia
 As enzimas digestivas decompõem os organelos e os compostos orgânicos resultantes da
digestão são libertados no citoplasma onde são reutilizados - permitindo a renovação
contínua da célula

Vesículas
 Formam-se no RE: vesículas de transporte
 Formam-se no Complexo de Golgi:
 Vesículas de secreção: fundem-se com a membrana plasmática, libertando o seu conteúdo no
espaço extracelular – exocitose
 Vesículas de digestão intracelular (autofagia e heterofagia): lisossomas
 Vesículas de renovação e crescimento da membrana plasmática
O Retículo Endoplasmático, o Complexo de Golgi e os Lisossomas trabalham em conjunto mantendo uma
continuidade estrutural e funcional que é fundamental para a célula.
A matéria viva é composta essencialmente por quatro elementos químicos: Oxigénio (O), Carbono (C),
Hidrogénio (H) e Nitrogénio (N). Existem elementos que, apesar de existirem em menor quantidade nos
seres vivos, são imprescindíveis e insubstituíveis – oligoelementos.
Compostos inorgânicos – substâncias que existem em todos os subsistemas terrestres (ex.: água, dióxido de
carbono e sais minerais).
Compostos orgânicos – são sintetizados pelos seres vivos e encontram-se principalmente associados às suas
atividades.
Importância da água
 A água é uma molécula polar. A polaridade da molécula de água deve-se à partilha desigual de
eletrões nas ligações covalentes entre o oxigénio e o hidrogénio.
 A água é um solvente universal. O facto de ser uma molécula polar permite-lhe dissolver substâncias
polares e iões
 A água participa em reações químicas entre pensavas a vida Ex.: digestão
 A água é uma substância coesa devido às ligações de hidrogénio. Ex.:
 Dificuldade que se verifica na queda de uma gota de água
 Transporte de água desde a raiz até às folhas das árvores
 Capacidade de alguns insetos se deslocarem na superfície da água
 A perda de água refresca. Na transpiração, a evaporação da água implica quebra de ligações de
hidrogénio. A energia libertada nesse processo - calor - acaba por baixar a temperatura do organismo

Biomoléculas
São compostos orgânicos que existem na constituição dos seres vivos e que possuem organização e
propriedades muito características determinadas pela sua composição e estrutura molecular.
São formados por cadeias de carbono (abertas ou fechadas) às quais se ligam grupos de átomos com
composição específica - grupos funcionais. Estes grupos funcionais são os responsáveis pelas propriedades e
funções de cada biomolécula. (Os átomos de carbono são relativamente pequenos e podem estabelecer quatro
ligações covalentes com diversos átomos.)
Podem ser:
 Micromoléculas – formadas por um pequeno número de átomos
 Macromoléculas – formadas por milhares de átomos (muitas são polímeros)
Monómero – unidade básica dos polímeros, vários monómeros formam polímeros
Reações de polimerização (ou de síntese/desidratação/condensação) – permitem a formação de polímeros,
com libertação de moléculas de água.
Reações de despolimerização (ou de hidrólise/descondensação) – implicam a separação do polímero em
monómeros, através da utilização de moléculas de água.
Grupos de biomoléculas:
 Glícidos
 Lípidos
 Prótidos
 Ácidos nucleicos

Glícidos
 São compostos ternários, ou seja, têm na sua constituição três tipos de átomos: carbono (C),
hidrogénio (H), e oxigénio (O)
 São produzidos essencialmente por plantas e algas
 Principal fonte de energia de todos os seres vivos
 Monómeros: monossacarídeos (açúcares simples ou oses simples)
 São classificados de acordo com o número de átomos de carbono (C) que possuem:
 Trioses (C3)
 Pentoses (C5)
 Hexoses (C6)
 Grupo funcional: hidroxilo (OH)
 Ligação glicosídica: ligação que se estabelece entre um grupo hidroxilo (OH) de um monossacarídeo
e um grupo hidroxilo (OH) de outro com libertação de uma molécula de água.
A existência de diversos grupos hidroxilo (OH) em cada monómero permite a polimerização dos glícidos
em cadeias mais ou menos longas podendo estas ser ramificadas ou não.
A Glicose pode polimerizar em vários polissacarídeos com propriedades e funções distintas.

Glícidos Funções
Função energética: usada pelas células para
Glicose (monossacarídeo)
obtenção de energia
Função energética: existe no néctar das flores,
Sacarose (dissacarídeo)
dos frutos e a seiva das plantas
Função energética: reserva energética dos
Glicogénio (polissacarídeo)
animais ex.: músculo)
Função energética: reserva energética das plantas
Amido (polissacarídeo)
(ex.: batata)
Função estrutural: constitui a parede celular das
Celulose (polissacarídeo)
células vegetais
Função estrutural: existe na parede celular dos
Quitina (polissacarídeo)
fungos em exoesqueleto dos insetos

Lípidos
 São essencialmente compostos ternários: têm na sua constituição três tipos de átomos: carbono (C),
hidrogênio (H) e oxigênio (O)
 São muito heterogéneos (não formam polímeros típicos)
 São insolúveis em água (hidrofóbicos)
 Grupos funcionais:
 Carbolixo (COOH) – ácidos gordos
 Hidrolixo (OH) – glicerol
Glicerol (glicerina)

 É usado em produtos cosméticos pela sua consistência e capacidade de absorver água


 É usado em misturas com álcool etílico e água, para produzir gel desinfetante
Ácidos gordos

 Constituído por uma cadeia carbonatada com um grupo carboxilo terminal (COOH)
Podem ser:

 Saturados
 Não possuem ligações duplas na cadeia de carbono
 Estão associados ao aumento do risco de doenças cardiovasculares por aumento do
colesterol LDL (“mal colesterol”)
 Insaturados
 Possuem uma ou mais ligações duplas na cadeia carbonatada
 São mais saudáveis
Triglicerídeos
 Possuem uma ou mais ligações duplas na cadeia carbonatada
 São formados por uma molécula de glicerol ligada a três moléculas de ácidos gordos por ligações
éster (cada ligação éster resulta de uma reação de desidratação)
 Função: reserva energética
Fosfolípidos
 Uma molécula de glicerol liga-se através dos grupos hidroxilos a duas moléculas de ácidos gordos e
um grupo fosfato (com carga negativa)
 É uma molécula anfipática – apresenta uma região apolar (hidrofóbica) e outra polar (hidrofílica)
 Função: estrutural (encontrando-se em membranas de todas as células)
Ceras
 São moléculas complexas que podem incluir centenas de compostos diferentes mas apresentam
sempre ácidos gordos na sua constituição
 São compostos hidrofóbicos que formam barreiras que impedem a perda de água
 Função: impermeável
 Ex.: cutícula das folhas das plantas e a cera das abelhas
Esteroides
 São constituídos por quatro anéis de carbono ligados entre si (na sua composição não estão presentes
ácidos gordos)
 Funções: estrutural e hormonal
 Ex.: colesterol e hormonas sexuais

Prótidos
 São compostos quarternários: carbono (C), hidrogénio (H), oxigénio (O) e nitrogénio (N)
 Monómeros: aminoácidos (a.a.)
 Grupo funcionais: amina (NH2) e carboxilo (COOH)
 Ligação entre a.a.: grupo carboxilo de um a.a. e grupo amina de outro a.a. – ligação peptídica
 Os peptídeos são sequências lineares de a.a. formadas a partir de polímeros resultantes das ligações
peptídicas (reações de desidratação)
 Por possuírem muitos a.a., alguns desses peptídeos são designados polipeptídeos ou polipéptidos
 Polímeros: proteínas
 As proteínas são unidades funcionais constituídas por um ou vários polipeptídeos com uma estrutura
tridimensional específica que determina a função que realizam:
 Estrutura primária: sequência linear de aminoácidos
 Estrutura secundária: estrutura primária numa hélice α ou folha β pregueada
 Estrutura terciária: estrutura secundária dobrada
 Estrutura quaternária: resulta da união de duas ou mais cadeias polipeptídicas com estrutura
terciária.
Variações da temperatura ou do pH podem levar à quebra das ligações que sustentam as estruturas
secundária, terciária e quaternária, fenómeno a que se dá o nome de desnaturação das proteínas.
Nessa situação, a proteínas ficam inativas e deixam de realizar a sua função.
 Funções: enzimática, armazenamento, estrutural, motora, recetora, defesa, transporte e reguladora
Enzimas, um tipo especial de proteínas
A vida dos organismos depende de um conjunto de reações químicas cujo controlo é da responsabilidade de
enzimas.
 São biocatalisadores – aceleram reações químicas sem se consumirem nelas
 Atuam numa reação química (ex.: hidrólise) baixando a energia de ativação (energia mínima
necessária para iniciar uma reação química)
 Atuam sobre um substrato específico
 A ligação ao centro ativo (o local onde o substrato se liga temporariamente na enzima) permite a
formação do complexo enzima-substrato (associação que se estabelece entre a enzima e o seu
substrato)
Ácidos nucleicos
 Monómeros: nucleótidos
 Tipo de ligações:
 Fosfodiéster: estabelecem-se entre o grupo fosfato de um nucleótido e um grupo hidroxilo da
pentose do outro, com a libertação de uma molécula de água
 De hidrogénio
 Os polímeros de nucleóticos ligam-se em longas cadeias lineares – cadeias polinucleotídicas
 As moléculas do ácido desoxirribonucleico (DNA ou ADN) são constituídas por cadeias
polinucleóticas duplas, enrolada em hélice
 As moléculas do ácido ribonucleico (RNA ou ARN) são constituídas por cadeias polinucleóticas
simples ou duplas
 Funções:
 Suporte e transmissão da informação genética (DNA)
 Conversão da informação genética em proteínas (RNA)
Obtenção de matéria
Obtenção de matéria pelos seres vivos heterotróficos
Ingestão, digestão e absorção
Nutrição – processo que permite a aquisição de energia e de compostos químicos que garantem a
manutenção, a reparação, o crescimento e a reprodução dos organismos.
Seres heterotróficos – seres vivos cuja nutrição implica o consumo de matéria orgânica produzida por outros.
Ingestão – entrada de alimento no organismo
Digestão – conjunto de processos físicos e químicos que transformam os alimentos.
 Digestão mecânica – processo físico de fracionamento do alimento
 Digestão química – transformação de macromoléculas em micromoléculas por ação de agentes
químicos, onde se incluem as enzimas digestivas, que são um tipo de hidrólases.
Absorção – ocorre quando as micromoléculas passam para o citoplasma das células
Egestão – eliminação de resíduos do processo digestivo
Existem dois tipos de seres heterotróficos quanto ao tipo de nutrição:
 Microconsumidores – têm nutrição por absorção, que é um processo que implica a libertação e
atuação das enzimas digestivas no exterior dos seus organismos – digestão extracorporal.
 Macroconsumidores – têm nutrição por ingestão, pois o alimento é conduzido para o interior do
organismo, onde se processa a digestão – digestão intracorporal.

Evolução de sistemas digestivos em animais


Os sistemas digestivos foram ganhando complexidade e aumentando o seu grau de especialização e
eficiência.
Digestão intracelular – digestão no interior das células (nos vacúolos).
Digestão extracelular – ocorre no interior de cavidades digestivas.
Tubo digestivo pode ser:
 Incompleto: corresponde à cavidade gastrovascular; tem apenas uma abertura, que funciona como
boca e ânus.
 Completo: tem duas aberturas: boca e ânus. (Nestes organismos a digestão ocorre exclusivamente na
cavidade digestiva – digestão extracelular)
Secções de um tubo digestivo completo:
 Secção anterior – ingestão, início da digestão e condução dos alimentos ao longo da boca, faringe e
esófago.
 Secção média – acumulação, digestão química dos alimentos (sucos ácidos e hidrólases) e digestão
física (movimentos mecânicos).
 Secção posterior – sobretudo absorção (meio alcalino) e eliminação de resíduos.
Movimentos peristálticos – movimento coordenado dos músculos das paredes do tubo digestivo que assegura
a progressão dos alimentos.
Esfíncteres – anéis musculares que podem bloquear a passagem do alimento e permitem controlar o tempo
de permanência dos alimentos ingeridos em algumas secções do tubo digestivo.
Glândulas anexas – glândulas salivares (saliva), fígado (suco biliar) e pâncreas (suco pancreático) que
produzem sucos digestivos capazes de auxiliar a digestão de grandes quantidades de alimentos.
Lúmen – interior do tubo digestivo que alberga uma comunidade de microrganismos, particularmente
bactérias, a que se atribui a designação de microbiota ou micorbioma. Estes seres vivos têm um papel
importante no processo digestivo e favorecem o crescimento e a saúde do seu hospedeiro.
Vantagens de um tubo digestivo completo:
 Digestão por etapas – sequencial.
 Regiões especializadas para cada etapa do processo digestivo.
 Maior eficácia no processamento dos alimentos e na absorção.
 Ingestão de maior quantidade de alimento.
 Maior disponibilidade de energia.

Adaptações do tubo digestivo


O tubo digestivo está adaptado ao regime alimentar:
 Os carnívoros e os insectívoros têm tubos digestivos mais curtos.
 Os herbívoros têm tubos digestivos mais longos e cecos desenvolvidos.
Quanto maior for a superfície de absorção, mais eficaz é este processo. Cada organismo desenvolveu
estruturas específicas para isso.
 É o caso do tiflosole na minhoca e das vilosidades intestinais no ser humano.

Membrana plasmática
Modelo do mosaico fluido – a membrana plasmática é uma estrutura dinâmica e fluida e os seus
componentes apresentam alguma mobilidade.
Principais componentes das membranas:
 Lípidos
Os lípidos da membrana são, essencialmente, fosfolípidos
(moléculas anfipáticas – têm regiões hidrofóbicas e
hidrofílicas). Cada uma dessas moléculas apresenta:
 Duas caudas hidrofóbicas (dois ácidos gordos) – região
apolar
 Uma cabeça hidrofílica – região polar
Movimento dos fosfolípidos:

 Movimento lateral – os fosfolípidos podem mover-se na mesma camada da membrana.


 Movimento flip-flop – os fosfolípidos podem mover-se entre camadas da membrana.
Nas membranas das células animais ainda existe outro lípido – o colesterol.
 Proteínas
As proteínas associadas à membrana e ao transporte de substâncias podem classificar-se como:
 Proteínas intrínsecas ou integradas – se apenas podem ser removidas quando a membrana é
destruída. Muitas destas proteínas atravessam a membrana de um lado ao outro e, por isso,
designam-se transmembranares.
 Proteínas extrínsecas ou periféricas – se estão ligadas por ligações fracas (pontes de hidrogénio
e//ou ligações iónicas) às regiões hidrofíllicas das proteínas transmembranares ou às regiões
polares dos fosfolípidos.
 Glícidos
Os glícidos presentes na membrana localizam-se no exterior da membrana e projetam-se para o meio
extracelular. Estão ligados a lípidos ou a proteínas intrínsecas (por ligações covalentes), formando,
respetivamente, glicolípidos e glicoproteínas.
Funções da membrana plasmática/celular:
 Integridade da célula
 Barreira que separa o meio intracelular do extracelular, controlando a passagem de certas substâncias
entre eles (nas células animais, o colesterol controla a fluidez da membrana)
 Adesão a outras células (nos animais)
 Ligação ao citoesqueleto
 Superfície de trocas de energia, substâncias e informação
 Reconhecimento celular (através dos glícidos das glicoproteínas e dos glicolípidos, que em algumas
células constituem o glicocálix, funcionando como marcadores que identificam cada tipo de célula)

Transportes transmembranares
É através da membrana plasmática que as trocas realizadas pelas células com o meio extracelular ocorrem. A
membrana possui uma permeabilidade seletiva/semipermeável.
O transporte classifica-se em:
 Transporte não mediado – sem intervenção de proteínas transportadoras da membrana. Osmose e
Difusão Simples.
 Transporte mediado – com intervenção de proteínas transportadoras da membrana. Difusão
Facilitada e Transporte Ativo.
Meios:
 Meios isotónicos – os dois meio têm a mesma concentração total de solutos.
 Meio hipertónico – meio com maior concentração de solutos.
 Meio hipotónico – meio com menor concentração de solutos.
Quanto à célula:
 Célula plasmolisada – num meio hipertónico, a água sai da célula, que perde volume.
 Célula túrgida – num meio hipotónico, a água entra na célula, que aumenta de volume.
Potencial hídrico – energia livre associada às moléculas de água. No meio hipotónico o potencial hídrico é
maior do que no meio hipertónico.
Pressão osmótica – pressão necessária para impedir o movimento de água por osmose. O meio hipertónico,
relativamente ao hipotónico, apresenta maior pressão osmótica.
Pressão de turgescência – pressão exercida sobre a parede celular pela água que entra na célula vegetal.
Lise celular – a entrada de água pode levar ao rebentamento da célula animal.
Transporte passivo
É a favor do gradiente de concentração e ocorre sem gasto de energia (ATP) pela célula.
 Difusão simples
 É a passagem do soluto do meio mais concentrado para o menos concentrado
 É o único transporte que ocorre através da bicamada fosfolipídica
 Este processo ocorre até as concentrações se igualarem, atingindo-se um equilíbrio dinâmico.
 As substâncias transportadas desta forma são os gases, como o O2, o CO2, e o N2, ou outras
moléculas apolares e lipossolúveis.
 Osmose
 Movimento da água do meio hipotónico em direção ao meio hipertónico
 Na membrana plasmática, ocorre preferencialmente por aquaporinas (canais proteicos
transmembranares)
 Difusão facilitada
 São transportados iões e moléculas polares, como a glicose e outros açúcares
 Transporte através de proteínas intrínsecas da membrana plasmática
 Podem ser proteínas de canal (como as aquaporinas) ou permeases (prendem as moléculas a
transportar e mudam de conformação para efetuar o transporte)
 Quando todas as proteínas estão saturadas (estão todas ocupadas no transporte), a velocidade de
transporte estagna
Transporte ativo
É contra o gradiente de concentração e ocorre com gasto de energia pela célula.
A energia gasta para este transporte encontra-se armazenada na célula, em moléculas designadas ATP –
adenosina trifosfato.
A molécula de ATP funciona como uma bateria, armazena energia pronta a utilizar pelas células para
qualquer processo celular que a requeira.
 Ex.: Bomba de sódio-potássio (Na+ /K+). A bomba Na+ /K+ é uma ATPase que transporta 3 iões
Na+ para o meio extracelular e 2 iões K+ para o meio intracelular.
Endocitose e exocitose
Endocitose – entrada de macromoléculas através de vesículas. Pequenas porções da membrana plasmática
formam invaginações (reentrâncias ou bolsas) que se vão aprofundando na célula até se desprenderem da
própria membrana e formarem vesículas que transportam moléculas, partículas orgânicas ou bactérias para o
interior da célula.
A endocitose pode ser de três tipos:
 Fagocitose – as vesículas formadas a partir da membrana englobam partículas sólidas, como
alimento, através da emissão de prolongamentos citoplasmáticos - os pseudópodes.
 Pinocitose – as vesículas aglomeram gotículas de fluido extracelular e, consequentemente, a célula
obtém as moléculas que estão dissolvidas nessas gotículas.
 Endocitose mediada por recetores – - as macromoléculas que vão ser endocitadas ligam-se a
proteínas específicas que vão desencadear a invaginação e formação da vesícula.

Impulso nervoso
Os neurónios são a unidade básica funcional do sistema nervoso.
 Corpo celular – onde se encontra o núcleo, citoplasma e os organelos
celulares.
 Dendrites – prolongamentos finos e ramificados do corpo celular, que
recebem o impulso nervoso de outros neurónios ou de células sensoriais.
 Axónios – prolongamento mais longo e com ramificações terminais
(arborização terminal), sendo responsável pela condução do impulso nervos
pela sua transmissão a outro neurónio ou a células efetoras (ex.: células
musculares e glandulares).
Nos neurónios há concentrações iónicas diferentes entre os meios intracelular e extracelular: em repouso,
quando não há transmissão do impulso nervoso, existe maior concentração de iões sódio (Na⁺) no meio
extracelular do que no meio intracelular. Acontece o oposto com os iões potássio (K⁺). A manutenção deste
gradiente é resultado da atividade da bomba sódio-potássio.
A desigualdade na distribuição de cargas entre os dois lados da membrana gera um potencial elétrico,
denominado potencial de membrana. Quando está em repouso, este potencial tem um valor de -70 mV a -60
mV. Potencial de repouso – Os canais de Na+ e de K+ encontram-se fechados. A bomba Na+/K+ mantém a
diferença de potencial de -70 mV.
 Despolarização – com a chegada do estímulo, os canais de Na+ abrem e entram iões Na+ por difusão
facilitada. Os canais de K+ estão fechados. Quando se atinge o limiar de ação/limiar de
excitabilidade/estímulo limiar (-55 mV) abrem-se mais canais de Na+ e inicia-se um potencial de
ação que gera um impulso nervoso.
 Repolarização – os canais de Na+ fecham, os canais e K+ abrem e há saída de iões K+ da célula por
difusão facilitada.
 Hiper-repolarização – os canais de K+ continuam abertos até a membrana atingir os -80 mV. Os
canais de Na+ continuam fechados.
 Regresso ao potencial de repouso: Os canais de K+ fecham e os canais de Na+ continuam fechados.
A bomba Na+/K+ repõe as concentrações dos dois iões de ambos os lados da membrana de forma a
repor o potencial de repouso (-70 mV).
A passagem do impulso nervoso entre dois neurónios consecutivos faz-se através de sinapses. A informação
é conduzida da arborização terminal do axónio do neurónio pré-sináptico para as dendrites ou para o corpo
celular do neurónio pós-sináptico.
As sinapses podem ser elétricas, quando há pontos de contacto entre os neurónios ou químicas quando há
separação através da fenda sináptica. Neste caso, a passagem do impulso nervoso é garantida por
mensageiros químicos – neurotransmissores.

Obtenção de matéria pelos seres vivos autotróficos


Fotossíntese
Os seres autotróficos são capazes de sintetizar matéria orgânica a partir de compostos inorgânicos. Os que
utilizam a fotossíntese (um processo dependente da luz) são fotoautotróficos/fotossintéticos.
 Realizada por cianobactérias, algas (unicelulares e pluricelulares) e plantas.
 Equação geral: 6 CO2 + 12 H2O → C6H12O6 + 6 O2 + 6 H2O
 Nas plantas ocorre, regra gral, nas células do parênquima clorofilino, em organelos designados
cloroplastos.
Os cloroplastos são limitados por duas membranas – membrana externa e membrana interna – que
envolvem um líquido denso designado estroma. No seu interior, encontra-se um conjunto de
estruturas membranares, formando discos achatados – os tilacoides.
A luz propaga-se através de fotões. Os pigmentos fotossintéticos (como a clorofila) têm a capacidade de
captar a energia dos fotões da luz visível e desencadear a fotossíntese.
Nas plantas existem:
 Clorofila a e clorofila b – pigmentos de cor verde
 Carotenoides – pigmentos de cor amarela ou laranja
Engelmann realizou uma experiência que revelou quais os comprimentos de onda da luz visível mais
eficazes para a realização da fotossíntese. Comprovou-se que sob uma luz verde, praticamente não ocorre
fotossíntese e as radiações azul-violeta e vermelho-laranja são as mais absorvidas pelos pigmentos
fotossintéticos e são também aquelas nas quais a taxa fotossintética é maior.
Quando as clorofilas absorvem um fotão, as moléculas ficam excitadas provocando a transição de um eletrão
para um nível energético superior. Consoante o nível energético do eletrão, podem acontecer quatro
situações:
 O eletrão tem um nível de energia tão grande que é transferido para outra molécula. Neste caso, a
molécula de clorofila que perde o eletrão fica oxidada e a molécula aceitadora do eletrão fica
reduzida. A energia luminosa é transformada em energia química.
 O eletrão transfere a energia para um eletrão numa molécula vizinha – ressonância.
 O eletrão liberta a energia sob a forma de luz – fluorescência.
 O eletrão liberta a energia sob a forma de calor.
Todas as células utilizam ATP nos processos que necessitam energia, consumindo-o rapidamente. A
desfosforilação ou hidrólise do ATP dá origem a produtos (ADP e P) que possuem menos energia que ele
próprio – é uma reação exoenergética. A síntese de ATP por fosforilação do ADP é uma reação
endoenergética.

Fases da fotossíntese
A fotossíntese compreende duas fases: uma fase fotoquímica (dependente da luz) e uma fase química (não
dependente da luz).
Fase fotoquímica
 Ocorrem nos tilacoides do cloroplasto.
 Reações dependentes diretamente da luz.
 Os pigmentos fotossintéticos estão associados a proteínas, em complexos moleculares designados
fotossistemas.
 Duas moléculas de clorofila, ao receberem a energia de um fotão captado pelo fotossistema, perdem
um par de eletrões – oxidação das clorofilas.
 Ocorre a oxidação da água – esta molécula é dissociada em protões, eletrões e oxigénio, sendo este
libertado como subproduto.
 Os eletrões provenientes da água e energizados pelos fotões são conduzidos através da cadeia
transportadora de eletrões (CTE) para o NADP+, que é reduzido a NADPH.
 A energia dos eletrões da CTE é usada para o transporte ativo de H+ do estroma do cloroplasto para
o lúmen do tilacoide. A acumulação de H+ no lúmen, gera um gradiente de concentração que é
usado pela ATP sintase para a fotofosforilação do ADP, formando-se ATP.
 A energia dos fotões é convertida em energia química, acumulada nas moléculas de NADPH e ATP.
Fase química (ciclo de Calvin)
 Ocorre no estroma dos cloroplastos.
 Não depende diretamente da luz, pois são utilizados os produtos resultantes da 1ª fase.
 É um ciclo com três etapas:  Fixação do carbono – o CO2 é incorporado na molécula RuBP. Esta
reação é catalisada pela enzima RuBisCO, formando-se um composto com seis carbonos que, devido
à sua instabilidade, se divide em dois compostos com três carbonos.
 Redução e produção de açúcares – os compostos com três carbonos produzidos anteriormente são
fosforilados pelo ATP (que sofre desfosforilação e se transforma em ADP) e depois reduzidos pelo
NADPH (que fica oxidado, originando NADP+). No final desta etapa, forma-se uma triose (G3P),
que pode ser utilizado para a produção de glicose e de outras biomoléculas.
 Regeneração da RuBP – as moléculas de G3P que não forem utilizadas para a formação dos açúcares
são fosforiladas pelo ATP, regenerando a RuBP, que fica disponível para fixar mais CO, por ação da
RuBisCO

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